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O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E O CORRETO

ENQUADRAMENTO FISCAL PARA REDUÇÃO DA


CARGA TRIBUTÁRIA

Gabriela Gomes Pereira


Graduanda em Administração
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP – Campus Guarujá
gabrielagope14@gmail.com

Mardônio da Silva Girão


Docente dos cursos de Administração e Direito
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP – Campus Guarujá
mardonio.girao@gmail.com

Resumo: Este artigo destaca a importância do Planejamento Tributário, enquanto


instrumento legal para a redução da carga tributária paga pelas empresas
brasileiras, a partir da correta escolha do enquadramento fiscal. É exatamente diante
da complexa legislação tributária, que a aplicação do Planejamento Tributário, por
parte das empresas, constitui-se em caminho viável para a diminuição, o adiamento
ou a completa anulação de tal obrigação. É a partir de concepções doutrinárias e
legislação específica, que o presente texto mostra, na prática, o respectivo
aproveitamento do Planejamento Tributário numa perspectiva favorável à redução
da carga fiscal, cuja perspectiva e resultado utilizam estudos comparativos, cálculos
e correspondentes regimes tributários, com exemplos que reforçam a eficiência do
Planejamento Tributário, mostrando, assim, a economicidade que o sujeito passivo
obtém ao analisar as opções tributárias, no caso pela escolha adequada do
enquadramento fiscal. A metodologia utilizada foi o levantamento e a análise de
documentos e dados oficiais, na área tributária, de referências bibliográficas
relevantes e, também, da legislação brasileira incidente.

Palavras-chave: Planejamento Tributário; enquadramento fiscal; carga tributária.


Área de Conhecimento: Humanas.

1. Introdução
Considerando o poder Estatal e o seu direito em exigir o pagamento dos
tributos, as empresas são chamadas a repensarem a atual gestão, para que essa
reorganização lhes permita alcançar benefícios na redução dos custos, com
destaque aos fiscais, oferecendo assim maior competividade e lucratividade.
Com relação à carga tributária, observa-se, no Brasil, uma variação
constante da porcentagem dela. Segundo uma pesquisa realizada pela Receita
Federal em 2017, entre 2003 e o ano da pesquisa houve um aumento de
arrecadação de tributos de 1,04% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo em 2003 a
porcentagem de 31,39% e em 2017 a margem de 32,43%.
Além disso, dentro da América Latina, o Brasil é o segundo país com maior
carga tributária, representado por 32,3% do PIB em 2016 e ficando atrás somente de
Cuba com 41,7% do PIB no mesmo período (RECEITA FEDERAL, 2018).

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Para as empresas que atuam dentro de um cenário com cargas tributárias
tão altas e oscilantes é necessário que elas se organizem a curto, médio e longo
prazo, pois cerca de 6% das empresas no Brasil enfrentam dificuldades no primeiro
ano em relação aos tributos e 16% descrevem os tributos elevados como a principal
causa de sua insatisfação com o seu negócio (SEBRAE, 2014).
Diante do exposto, torna-se necessário que, para sua sobrevivência e maior
lucro líquido, as empresas planejem e analisem os impostos incidentes sobre seu
negócio. Para auxiliar na administração dessas obrigações, o Planejamento
Tributário é utilizado para assessorar na gestão e na tomada de decisão pela
organização, ajudando a reduzir custos e evitar prejuízos financeiros (SIQUEIRA,
2019).
Para VELLO e MARTINEZ (2014), o Planejamento Tributário consiste em
um conjunto de ações que auxiliam a empresa a reduzir a carga tributária a ser paga
e, consequentemente, a não gerar custo operacional desnecessários,
proporcionando, assim, mais eficiência e competitividade.
Através de uma pesquisa qualitativa, este trabalho aborda os conceitos
básicos do Sistema Tributário Nacional, os princípios constitucionais que regem a
tributação no país, bem como os possíveis regimes tributários e, concomitantemente
à apresentação de estudos comparativos exemplificativos de enquadramento fiscal,
destaca a importância do Planejamento Tributário como uma ferramenta estratégica
de gestão empresarial, especialmente a serviços das empresas na busca da
redução da carga tributária.

2. Objetivo
Apresentar e destacar a importância do Planejamento Tributário enquanto
instrumento para redução, de maneira legal, da carga tributária paga pelas
empresas brasileiras, a partir da correta escolha do enquadramento fiscal.

3. Metodologia
Este trabalho é estruturado no formato de artigo cientifico com abordagem
de pesquisa qualitativa, através de um levantamento de dados, mediante uma
pesquisa bibliográfica e da legislação tributária aplicável e exemplificado com base
em estudos comparativos.

4. Desenvolvimento
Antes de tratar do Planejamento Tributário em si, e a fim de melhor subsidiar
a compreensão teórica e prática desse instituto enquanto instrumento a serviço dos
interesses das empresas, é necessário conhecer, brevemente, alguns elementos do
Sistema Tributário Nacional constante do arcabouço legislativo e doutrinário
brasileiro, desde os tipos tributários e seus componentes, a competência dos entes
federativos, os princípios constitucionais aplicáveis, bem como os regimes
tributários.

4.1 Os tipos de tributos


O artigo 3º do Código Tributário Nacional (CTN) define tributo como “Toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,

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que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada”.
Portanto, fica definido como obrigatório o pagamento em dinheiro desta
prestação, não abrindo margem para algo voluntário, mesmo que contrarie o
interesse do sujeito pagante (CARVALHO, 2002).
Ainda, segundo o artigo 145 da Constituição Federal do Brasil de 1988, cabe
a União, aos Estados, os Distritos Federais e aos Municípios instituírem tributos,
sendo eles: impostos, taxas e contribuições de melhorias. Entretanto, alguns autores
incluem mais dois tipos de tributos, sendo eles a contribuição especial e o
empréstimo compulsório.
Nas disposições gerais do CTN, art. 16, é descrito os impostos como sendo
o “tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
Portanto, para CARVALHO (2002), o imposto é um “tributo que tem por
hipótese de incidência um fato alheio a qualquer atuação do Poder Público” (p. 36),
isso pode ser desde o ganho líquido do sujeito passivo até a prestação de serviços.
Além disso, o imposto pode ser definido em direto e indireto. Para SABBAG
(2016), imposto direto é definido como sendo aquele que é arcado pelo contribuinte,
ou seja, quem realizou a ação tributável, enquanto que o imposto indireto é aquele
que se tornou incumbência de uma terceira pessoa, não sendo quem realizou o fato
gerador. Ou seja, o imposto direto é suportado pelo sujeito que realizou a ação
tributável, bem como o indireto é transferido para o próximo consumidor do produto
ou serviço da cadeia ou é recolhido por um terceiro da relação jurídico tributária.
Nas palavras de CARVALHO (2002, p. 39), o tributo, em forma de taxa, é
conceituado como “amostras de ações do governo orientada diretamente ao
contribuinte, assim, diferenciando-se dos impostos, podendo elas serem cobradas
pela prestação de serviços públicos ou do poder de polícia”.
O CTN, no artigo 77, informa que as taxas têm como “fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”.
Acrescenta, no parágrafo único, que “a taxa não pode ter base de cálculo ou fato
gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do
capital das empresas”.
Ainda, CARVALHO (2002) relata que além dos impostos e das taxas que os
municípios, os estados e a União podem arrecadar compulsoriamente dos
contribuintes há, ainda, a contribuição de melhoria que é arcada por todos os donos
de imóveis que prosperam ou/e se privilegiam financeiramente com alguma
atividade estatal, como obras do governo.
O CTN, em seu artigo 81, define que a contribuição de melhoria como:
“é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra
valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como
limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado”.
Já o empréstimo compulsório, conforme o art. 15 do CTN, é um tributo que
somente o Estado pode cobrar nas seguintes situações: “I - guerra externa, ou sua
iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender
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com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção
temporária de poder aquisitivo”, ou seja, empréstimo compulsório é utilizado
somente para despesas extraordinárias de decorrência de calamidade públicas ou
situações que, assim entendidas pelo governo, necessite (CARVALHO, 2002).

4.1.1 Os elementos do tributo e da relação jurídica tributária


Para fundamentação do tributo, faz-se necessário entender os principais
elementos que o fazem existir, como o fato gerador, o contribuinte e a base de
cálculo.
O CTN biparte a definição de fato gerador, descrevendo-a nos artigos 114 e
115, como:
Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência;
Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não
configure obrigação principal.

CARVALHO (2002) cita que o fato gerador é uma ação previamente descrita
em lei. Por sua vez, TRISTÃO (1998) complementa, que “denomina-se fato gerador
a situação que faz nascer a obrigação de pagar a importância pecuniária
correspondente”, e ainda descreve o fato gerador do imposto (sendo uma ação do
Estado não necessariamente voltada ao contribuinte), da taxa (tendo como
contrapeso uma atividade do Estado para o sujeito passivo) e contribuição de
melhoria (tendo como fato gerador uma atuação do Estado que valorize seu imóvel).
Já o contribuinte, segundo lei aplicável e diversos tributaristas, é definido
como sujeito passivo. O art. 121 do CTN define que o “sujeito passivo da obrigação
principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”.
Acrescenta, informando e que “o sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa
obrigada às prestações que constituam o seu objeto”.
Não obstante, o sujeito ativo é o credor que executa a retirada compulsória
de patrimônio do colaborador e esse sujeito se divide em sujeito ativo direto (União,
Estados-Membros, Distrito Federal, Municípios) e indireto (“os parafiscais”),
enquanto que o sujeito passivo é quem tem retirado de seu patrimônio, contribuindo
compulsoriamente (SABBAG, 2016).
Além disso, faz-se necessário a diferenciação de contribuinte e responsável.
O responsável encaixa-se também no sujeito passivo, tendo ele uma obrigação
indireta instituída em lei de responder pelo tributo, como exemplo o “empregador em
relação ao imposto de renda retido devido pelos seus empregados”, enquanto que o
contribuinte é o sujeito passivo que tem relação direta com o fato gerador (PNEF,
2005, p. 53).
Enquanto que a base de cálculo, segundo a PNEF (2005), é um montante,
devidamente regulamentado por lei e geralmente de cunho pecuniário, que serve
para calcular o valor devido pelo contribuinte ou responsável. JUNQUEIRA e
CASTRO (2016) afirmam que a base de cálculo é a importância na qual se aplica a
alíquota para saber o total de tributo a ser recolhido.

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4.2 A competência Tributária
AMARO (2006) explica que a competência tributária é o ato de alguma
esfera da Federação (União, E-M, DF e Municípios), dentro de suas respectivas
limitações constitucionais, instituir um tributo. O autor (p. 95) divide essa proficiência
em 3 (três) modalidades, sendo elas privativa (“competência para criar impostos
atribuída com exclusividade a este ou àquele ente político”), residual (“atribuída a
União atinente aos outros impostos que podem ser instituídos sobre situações não
previstas”) e comum (que são referentes às taxas e contribuições de melhoria,
atribuída a todos os órgãos).
Um dos entes competentes dessa atividade está descrito no art. 153 da
Constituição Federal de 1988, onde destaca os impostos que podem ser cobrados
apenas pela União, sendo eles:
I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de
produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer
natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários: VI - propriedade
territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos
não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua
criação.

Outras esferas que detêm o poder de tributar são os estados e o Distrito


Federal. O art. 155 da CF de 1988 descreve os impostos a serem cobrados por
estes entes, que são:
I - Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II -
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III -
propriedade de veículos automotores.

Além desses, ainda há os Munícipios, que são autorizados pela


Constituição, no art. 156, a cobrar os seguintes impostos:
I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "intervivos", a
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão
física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não
compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

4.3 Os Princípios Constitucionais Tributários


AMARO (2006) descreve que os princípios são “uma série de proposições
que, em rigor, nem sempre correspondem a meros enunciados gerais de
concretização de valores [...]; são já, proposições que atingem um grau praticamente
exaustivo de normatividade” (p. 110).
No direito tributário, CARVALHO (2002) explica que o Princípio da
Legalidade possui grande rigorosidade, pois é com base nesse princípio que os

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entes da federação só poderão instituir novos tributos ou alterar os já existentes com
base e respaldo em lei.
Outro princípio descrito no art. 150 da CF, item III e alíneas b e c, é o da
anterioridade, onde veda a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os
Municípios, de cobrarem tributos dos contribuintes “no mesmo exercício financeiro
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”, a cobrança só será
permitida após decorridos noventa dias de sua publicação ou no ano seguinte.
Ainda, conforme descrito do artigo 150 da Constituição Federal de 1988,
item a, há o princípio da irretroatividade tributária, sendo ele uma das limitações de
cobrança de tributos que os entes federativos possuem “em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado”, ou seja, é vedado aos órgãos competentes arrecadar os tributos recém
instituídos daqueles que realizaram a incidência tributária antes de sua publicação.
Não obstante, na Constituição Federal Brasileira vigente, no art. 150, é
descrito que é vedado às unidades federadas “utilizar tributo com efeito de confisco”,
ou seja, é constitucionalmente vedado a esses órgãos competentes pela tributação
que retenham de maneira exacerbada o patrimônio do contribuinte, de modo a fazê-
lo sentir que está sofrendo algum tipo de sanção do Estado, o que seria
inconstitucional.
Além destes, a Carta Magna do Brasil no art. 145 ainda traz o princípio da
capacidade contributiva, definindo-o como:
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Embora vinculado ao princípio da isonomia, o princípio da capacidade


contributiva realça os elementos da igualdade onde a busca por justiça tributária se
faz valer cobrando igualmente dos contribuintes iguais e desigualmente dos
contribuintes desiguais (SABBAG, 2016).
Entre outros, há o princípio da isonomia, também conhecido como princípio
da igualdade, que nasce do artigo 5º da CF de 1988, onde é descrito que: “Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
AMARO (2006) argumenta que todos aqueles que se encaixam na descrição
de uma determinada lei estarão sujeitos a segui-la e que a redação dada pela
Constituição não é direcionada aos contribuintes e sim aos legisladores que não
podem diferenciar os sujeitos passivos, dentro daqueles que se encaixam, ora sim e
ora não para aplicação da norma.
Além disso, a isonomia tributária visa vetar o tratamento desigual aqueles
que se encontram em circunstâncias equivalentes, coibindo a odiosidade tributária e
comandos legislatórios discriminatórios (SABBAG, 2016).
Atendendo ao objetivo do presente estudo, qual seja a seriedade e
importância do Planejamento Tributário para as empresas visando a diminuição dos
custos fiscais, é apropriada a abordagem acerca dos regimes tributários presentes
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na legislação tributária brasileira, o que oferecerá melhores condições aos
empresários, se estes fizerem a escolha correta quanto ao enquadramento fiscal
legal.

4.4 Os enquadramentos tributários


Segundo a Lei Complementar (LC) nº 123 de 2006, é disponibilizado para
alguns tipos de empresas o regime tributário do Simples Nacional, que é uma forma
simplificadora de apuração dos tributos para as estas. Ainda, conforme a Lei nº
9.430 de 1996, que determina sobre a apuração do imposto de renda e contribuição
social, faz saber outros três regimes tributários, sendo eles o lucro real, lucro
presumido e o lucro arbitrado.

4.4.1 Simples nacional


O Simples Nacional foi criado a partir da lei complementar nº 123 de 2006
para instituir o Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno
Porte. Conforme disposto, nessa norma fica estabelecido a “apuração e
recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive
obrigações acessórias”.
Ainda, em uma Cartilha do SEBRAE “SIMPLES NACIONAL: MUDANÇAS
PARA 2018” o Simples Nacional é definido como um sistema que acopla 8 impostos
sendo eles Federais, Estaduais e Municipais em uma via única de liquidação
mensal.
Além disso, a LC 155 de 2016, em alteração a LC 123 de 2006, estabelece
que para as Microempresas serem optantes do Simples Nacional ela precisa
obrigatoriamente ter faturamento de receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00
anual. Já para as Empresas de Pequeno Porte o faturamento deve ser igual ou
superior a R$ 360.000,00 e inferior a R$ 4.800.000,00 anualmente.
As porcentagens das alíquotas são definidas de acordo com o faturamento
bruto que a empresa obteve em seu ano-calendário vigente, sendo diferenciadas
para o comércio, indústria, locações de bens e imóveis e prestações de serviços.
De acordo com a Lei Complementar 123 de 2016 fica definido que na guia
única de arrecadação do Simples Nacional serão recolhidos seguintes impostos:
Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II - Imposto sobre
Produtos Industrializados - IPI; III - Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL; IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social - COFINS; V - Contribuição para o PIS/Pasep; VI - Contribuição
Patronal Previdenciária - CPP; VII - Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; VIII - Imposto
sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.

Vale lembrar que a base de cálculo do Simples Nacional é a própria


arrecadação de receita da empresa em 12 (doze) meses, encaixado na alíquota
correspondente (Barboza, 2017).

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4.4.2 Lucro real
CREPALDI (2012) descreve que o regime tributário de Lucro Real é um
enquadramento tributário calculado com base no lucro contábil ajustado pelas
adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação
fiscal. Isto é, a partir do lucro líquido contábil auferido pela empresa em consonância
com a legislação contábil e a partir da equação básica: receitas deduzidas dos
gastos incorridos no período, é feito ajustes de acordo com a legislação tributária,
resultando em um lucro real, o qual será a base de cálculo para definir o montante
dos tributos (IRPJ1 e CSLL2) a serem pagos.
Neste regime tributário, para fins de sua apuração é obrigatória à empresa
utilizar o regime de competência, sendo consideradas receitas e despesas aquelas
determinadas quando da ocorrência do fato, sem necessariamente ter havido
recebimento ou pagamento, conforme Lei Nº 12.814/2013. Ainda, conforme disposto
na Lei Nº 12.814/2013, a apuração do Lucro Real é obrigatória para as empresas
que auferirem em seu ano-calendário uma receita bruta superior a R$
78.000.000,00, bem como as empresas:
II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos,
bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de
previdência privada aberta; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos
de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação
tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do
imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado
pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n°
9.430, de 1996; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e
contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de
crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou
de prestação de serviços (factoring). VII - que explorem as atividades de
securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.

Devido este enquadramento tributário se dar pela equação supracitada, é


necessário que seja feito todo o arquivamento e controle das documentações
comprobatórias do cálculo, tornando-o, assim, um sistema de tributação mais rígido.
Ressaltando que este modelo de tributação pode ser auferido anualmente ou
trimestralmente (SABBAG, 2016).

4.4.3 Lucro presumido


O Lucro Presumido é uma modalidade de tributação opcional para aqueles
que não são obrigados ao enquadramento do Lucro Real, neste modelo há uma
base de cálculo para o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e para a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), sendo variável sua porcentagem

1IRPJ corresponde ao imposto de renda para pessoas jurídicas, específico para empresas com
cadastros jurídicos.
2A CSLL é a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, tributo federal que incide sobre todas as
Pessoas Jurídicas domiciliadas no Brasil, objetivando apoiar financeiramente a Seguridade Social.
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de acordo com o faturamento e possuindo recolhimento trimestral (CREPALDI,
2012).
Não obstante, BARBOZA (2017, p. 17) relata que o “Regime do LUCRO
PRESUMIDO estabelece uma parte do faturamento das empresas como base de
cálculo dos tributos IRPJ e a CSLL”. Vale ressaltar que, segundo a Lei nº 9.430 de
1996, as empresas optantes do lucro presumido que excederem o valor de R$
20.000,00 após o cálculo do montante do imposto de renda a ser pago, deverá
sujeitar-se a um adicional deste tributo de 10%.
SABBAG (2016, n.p.) comenta que este estilo de tributação geralmente,
após um Planejamento Tributário, costuma ser a opção que mais atende as
“necessidades para as pequenas e médias empresas que sejam prestadoras de
serviço, porquanto os principais custos estão na folha de pagamento”.
Adicionalmente, é possível afirmar que, em regra, quando os gastos totais
incorridos forem superiores a determinado percentual do faturamento – estipulado
por lei – o regime do lucro presumido será benéfico para a empresa.

4.4.4 Lucro arbitrado


O Lucro Arbitrado é um regime de apuração do imposto de renda pessoa
jurídica em que é possível um arbitramento da base de cálculo do imposto, ou seja,
a legislação define metodologias de arbitramento de faturamento para que, partindo
deste e de maneira semelhante ao cálculo do lucro presumido, uma alíquota seja
aplicada, definindo o montante do imposto devido.
As hipóteses de incidência do lucro arbitrado estão previstas na IN RFB nº
1.700, de 2017 no artigo nº 226, sendo elas:
I - O contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não
mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais ou deixar de
elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II - A
escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios
de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável
para: a) Identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive a bancária;
ou b) determinar o lucro real; III – O contribuinte deixar de apresentar à
autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e
fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese prevista no parágrafo único do art. 225;
IV - O contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro
presumido; V - O comissário ou representante da pessoa jurídica
estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 201; VI - O
contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis
recomendadas, livro Razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por
conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário; VII - o contribuinte
não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária as
informações necessárias para gerar o FCONT por meio do Programa
Validador e Assinador da Entrada de Dados para o FCONT de que trata a
Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009, no caso de
pessoas jurídicas sujeitas ao RTT e tributadas com base no lucro real; ou
VIII - o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade
tributária a ECF.

Além disso, SABBAG (2016) relata que pelo lucro arbitrado a autoridade
tributária tem o poder de desconsiderar os valores tributários lançados pelo sujeito
passivo em razão da inidoneidade (sendo a apresentação de documentos que não
condizem com a realidade) ou a omissão de documentos, diante disto o Fisco fica

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autorizado a encontrar uma base de cálculo para aquela obrigação tributária
compatível com o mercado.
Em suma, o lucro arbitrado é um meio de calcular o tributo devido por
iniciativa do contribuinte, quando este não consegue apurar o montante do tributo
devido pelo lucro presumido ou real, ou geralmente do pela iniciativa do Fisco,
quando a documentação contábil da pessoa jurídica esta desqualificada. Ainda, este
cálculo ocorre trimestralmente sobre a receita bruta (SABBAG, 2016)

4.5 O Planejamento Tributário


Está pacificada pela doutrina, com consenso da maioria dos empresários
que atuam no mercado interno, a ideia de buscar a redução do ônus fiscal por meio
do Planejamento Tributário.
Nesse sentido, ALVES (2018) destaca que no mundo globalizado torna-se
uma busca insaciável das empresas pela redução de custos, uma vez que as
mesmas podem se tornar mais competitivas no mercado. E, para isso, os gestores
utilizam o Planejamento Tributário como um instrumento legal.
Além disso, para ALVES (2018), é dever de todo o administrador aumentar a
margem de lucratividade das empresas e buscar a minimização dos custos. No art.
153 da lei Nº 6.404/76, norma das sociedades por ações, é descrito que o
administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o
cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na
administração dos seus próprios negócios.
JUNQUEIRA e CASTRO (2016) afirmam que os resultados dos cálculos dos
tributos da organização devem estar junto aos outros custos estabelecidos pela
empresa. Assim, as autoras estabelecem que a busca realizada pelos responsáveis
da organização a redução desses custos fiscais faz nascer a necessidade de um
Planejamento Tributário.
BARBOZA (2017, p. 22) define o Planejamento Tributário como:
Um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de
tributos. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu negócio da maneira
que melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos de seu
empreendimento, inclusive dos impostos. Se a forma celebrada é jurídica e
lícita, a fazenda pública deve respeitá-la.

Ainda, CHAVES (2010, p. 13) classifica o Planejamento Tributário em 3


classes, sendo o conservador, o moderado e o agressivo.
O conservador, segundo o autor, é o modelo onde se aplica o que está nas
leis primárias, sem aprofundamento do CTN e CF; O moderado, sendo a segunda
categoria, já exige um conhecimento maior do Código Tributário Nacional, da
Constituição Federal e posicionamentos do Poder Judiciário; Enquanto que o
agressivo é regido por interpretações do CTN e CF (sem levar em conta as leis
primárias), onde necessita da interpretação e aval das autoridades fiscais.
Não obstante, SIQUEIRA (2019, IBPT) aponta cinco erros fatais para os
gestores que atuam no mercado brasileiro em relação ao Planejamento Tributário.
Em primeiro lugar o autor aponta a escolha errônea do enquadramento; o
segundo erro está em entender o Planejamento Tributário como um ônus; em

10
terceiro ele menciona o uso excessivo dos mecanismos legais (que o fisco pode
entender como abuso do Planejamento Tributário).
Mais adiante, SIQUEIRA (2019) menciona também a falta de controle e
acompanhamento do que foi planejado e em quinto, mas não menos importante,
realizar um Planejamento Tributário fragmentado.
Além disso, CHAVES (2010, p. 14) descreve o “Planejamento Tributário
Elementar, que consiste em anualmente a empresa fazer uma avaliação de qual a
melhor forma de tributar o seu resultado”, onde a empresa deve escolher uma das
formas de enquadramentos tributários em vigor para auferir o Imposto de Renda e a
Contribuição Social, evitando assim o primeiro erro fatal.
Ainda, faz-se necessário o entendimento de elisão e evasão fiscal. BORGES
(2015) conceitua a elisão fiscal como as atividades técnicas organizacionais,
legalmente válidas, que visam por meio de seus processos anular, reduzir ou adiar o
pagamento de tributos.
Este autor ainda acrescenta mais um tipo de Planejamento Tributário
denominado Elusão Fiscal, que busca livrar-se do ônus fiscal utilizando-se “do abuso
de direito e do abuso de formas jurídicas”.
CREPALDI (2012) descreve a evasão fiscal como uma forma que o
contribuinte adere para mascarar seu comportamento fiscal de modo fraudulento, ou
seja, são os atos que o contribuinte executa que vão em desencontro com as leis e
regulamentos fiscais.
Para tanto, a evasão fiscal é a busca ilegal, geralmente após a ocorrência do
fato gerador de alguma obrigação tributária, da redução de pagamento de tributos.

4.6 Exemplos de Planejamento Tributário


Inobstante a apresentação de entendimentos doutrinários no sentido da
relevância do Planejamento Tributário, oferecendo melhores condições fiscais e de
lucro às empresas, considerando a escolha do regime tributário e correspondente
enquadramento fiscal, é na prática que se visualiza as reais possibilidades, formas
de alteração, ganhos e avanços na pretendida redução da carga tributária, com
aumento no lucro e maior competitividade.
Destacam-se, portanto, estudos que evidenciam a eficiência do
Planejamento Tributário através de casos, mostrando, assim, a economicidade que
o sujeito passivo pode obter ao analisar todas as opções tributárias disponíveis a
ele.
CAETANO e RIBEIRO (2017) apresentam um estudo de caso de uma
empresa do ramo da construção civil, com o objetivo de demonstrar os benefícios do
Regime Especial de Tributação (RET) proporcionado para as organizações desse
segmento. Segundo os autores, o RET é um enquadramento tributário diferenciado
para as empresas desse setor, oferecendo uma simplificação dos tributos IRPJ,
CSLL, PIS e COFINS.
Para isto, CAETANO e RIBEIRO (2017) utilizaram o Balanço Patrimonial, a
Demonstração do Resultado do Exercício e os Controles Fiscais como
demonstrativos contábeis para cálculo dos enquadramentos tributários.

11
Observa-se, no gráfico a seguir, a diferença entre as apurações:

COMPARAÇÃO: CAETANO e RIBEIRO (2017)


R$140.000,00
R$120.000,00
R$100.000,00
R$80.000,00
R$60.000,00
R$40.000,00
R$20.000,00
R$-
2014 2015
Lucro real R$45.264,00 R$59.183,00
Lucro Presumido R$110.605,00 R$131.557,00
RET R$30.560,00 R$40.640,00

Gráfico 1: Comparação Regimes Tributários, CAETANO e RIBEIRO (2017).


Fonte: Adaptado pelos autores.
CAETANO e RIBEIRO (2017) apontam que a diferença do RET para os
outros regimes tributários é a porcentagem de incidência do CSLL e do IRPJ, onde
para o Lucro Presumido e Real as alíquotas são de 15% e 9%, respectivamente, e
para o Regime Especial de Tributação é de 1,26%.
Segundo o gráfico, ao optar pelo RET ao invés do Lucro Real a empresa irá
economizar uma quantia de R$ 14.704,00 em 2014 e R$ 18.543,00 em 2015. E ao
comparar o RET com o Lucro Presumido consegue-se identificar uma diferença de
R$ 107.605,00 em 2015 e R$ 131.557,00 em 2016, sendo a escolha do Regime
Especial de Tributação mais vantajosa para a empresa.
Ainda, para efeitos de comprovação da importância da utilização do
Planejamento Tributário como ferramenta de redução de custos, CAIRES e
GAVIOLA (2016) apresentam um estudo de caso realizado com uma empresa
denominada Açai+Sabor, no período de maio de 2015 a julho de 2016. Os regimes
tributários utilizados para comparação foi o Simples Nacional, o Lucro Real e o Lucro
Presumido. Para fins de cálculo, os autores usaram os demonstrativos contábeis da
empresa.
O gráfico a seguir apresenta os montantes apurados:

COMPARAÇÃO: CAIRES e GAVIOLA (2016)


R$100.000,00
R$80.000,00
R$60.000,00
R$40.000,00
R$20.000,00
R$-
2015 2016
Lucro real R$42.910,71 R$94.921,10
Lucro Presumido R$40.658,92 R$76.587,14
Simples Nacional R$19.730,87 R$41.431,61

Gráfico 2: Comparação Regimes Tributários, CAIRES e GAVIOLA (2016).


Fonte: Adaptado pelos autores.

12
A empresa Açai+Sabor encontrava-se enquadrada no Simples Nacional até
o momento desse estudo de caso. Após análise e comparação dos enquadramentos
tributários, conclui-se que a organização já se encontrava no melhor regime
tributário de “custo/benefício, contribuindo para seu crescimento e desenvolvimento
financeiro” (CAIRES; GAVIOLA, 2016).
De acordo com o gráfico apresentado, constata-se que o melhor regime
tributário para a empresa em questão é o Simples Nacional, uma vez que
comparado aos outros enquadramentos fiscais ele mostra-se quase R$ 20.000,00
menos custoso que o Lucro Presumido e Real.
Ademais, JUNQUEIRA e CASTRO (2016) demonstram a importância do
Planejamento Tributário ao comparar o regime tributário do Lucro Presumido e
Simples Nacional para uma empresa prestadora de serviços de passageiros
localizada no Rio de Janeiro. Para este estudo, os autores utilizaram o DRE
referente ao ano-calendário de 2014 da empresa.
O resultado total da apuração de cada regime é visto no gráfico a seguir:

COMPARAÇÃO: JUNQUEIRA e CASTRO (2016)


R$45.000,00
R$40.000,00
R$35.000,00
R$30.000,00
R$25.000,00
R$20.000,00
R$15.000,00
R$10.000,00
R$5.000,00
R$-
2014
Simples Nacional R$24.862,84
Lucro Presumido R$39.156,69

Gráfico 3: Comparação Regimes Tributários, JUNQUEIRA e CASTRO (2016).


Fonte: Adaptado pelos autores.
JUNQUEIRA e CASTRO (2016, p. 63) apontam “que apesar da CPP3 e do
ISS4 serem superiores no Simples Nacional, no montante geral, é mais vantajoso
para a empresa se enquadrar nesse regime de tributação” gerando assim, uma
margem de lucro líquido maior.
A partir do gráfico, consegue-se observar uma diferença de R$14.293,85
entre o Simples Nacional e o Lucro Presumido para esta empresa no ano de 2014,
gerando um maior benefício financeiro encaixar-se no Simples Nacional.

Reforçando ainda mais a importância do Planejamento Tributário para as


empresas, o estudo exemplicativo a seguir destaca essa ideia, onde é possível
considerar os benefícios observados às empresas classificadas como
“microempresa de comércio”, contabilizando economia para as mesmas, como
aconteceu no caso delineado por DIESEL, PINHEIRO, e FURTADO (2017) que
resultou na economia equivalente a R$ 325.725,01 em 2016 ao optar pelo Simples
Nacional em detrimento do Lucro Presumido, conforme o gráfico abaixo.

3 Contribuição Patronal Previdenciária


4 Imposto sobre serviços de qualquer natureza
13
COMPARAÇÃO: DIESEL, PINHEIRO e FURTADO (2017)
R$600.000,00

R$500.000,00

R$400.000,00

R$300.000,00

R$200.000,00

R$100.000,00

R$-
2015 2016
Simples nacional R$139.781,57 R$162.391,72
Lucro presumido R$408.190,64 R$488.116,73

Gráfico 4: Comparação Regimes Tributários, DIESEL, PINHEIRO e FURTADO (2017).


Fonte: Adaptado pelos autores.

É possível também visualizar este benefício no estudo de caso apresentado


por SANTOS e BRITO (2017), onde no ano de 2013 a empresa apresentada, ao
escolher o regime tributário do Lucro Real, economizou o equivalente a
R$ 92.408,44 em comparação ao Lucro Presumido e R$ 111.968,65 em
comparação ao Lucro Arbitrado, assim como no ano de 2014 onde a economia foi
de R$ 112.271,61 em relação ao Lucro Presumido e R$ 135.218,81 ao Lucro
Arbitrado e, por fim, no ano de 2015 o valor economizado foi de R$ 135.092,96 em
comparação ao Lucro Presumido e R$ 162.900,96 em relação ao Lucro Arbitrado,
conforme exposto no gráfico abaixo:

COMPARAÇÃO: SANTOS e BRITO (2017)


R$800.000,00
R$700.000,00
R$600.000,00
R$500.000,00
R$400.000,00
R$300.000,00
R$200.000,00
R$100.000,00
R$-
2013 2014 2015
LUCRO REAL R$443.832,08 R$533.129,51 R$530.139,43
LUCRO PRESUMIDO R$536.240,52 R$645.401,12 R$665.232,39
LUCRO ARBITRADO R$555.800,73 R$668.348,32 R$693.040,39

Gráfico 5: Comparação Regimes Tributários, SANTOS e BRITO (2017)


Fonte: Adaptado pelos autores.

5. Considerações finais

Considerando todo o exposto no presente artigo, é possível apresentar


considerações e destacar aspectos que reforçam a necessidade do Planejamento

14
Tributário para as empresas, máxime enquanto instrumento que permite a redução
da carga tributária, a partir da correta escolha do regime fiscal.
Vale destacar que as concepções, em matéria tributária, apresentadas por
diversos autores, se complementam, quase não havendo divergências de ideias, o
que possibilita o encontro de um vasto acervo de material bibliográfico de fácil
entendimento.
Sendo assim, a temática do Planejamento Tributário, pela visão dos autores,
é reconhecida como de extrema importância para os profissionais atuantes da área
com o objetivo de auxiliar a empresa na redução, adiamento ou anulação de seu
ônus tributário, a fim de aumentar sua margem de lucro.
Face à conjuntura tributária brasileira provocar imensa complexidade no
momento da apuração do montante dos tributos a serem pagos pelas empresas,
com isso o Planejamento Tributário é reconhecidamente considerado indispensável
à boa administração empresarial, uma vez que é necessário para a sobrevivência e
competitividade.
Ainda, mostra-se de extrema relevância o empresário conhecer as
possibilidades do Planejamento Tributário, amparado em lei, para evitar as práticas
de crimes tributários como sonegação fiscal e outros.
Pode-se dizer, também, que esta ferramenta de análise tributária é realizada
de acordo com tipo empresarial da organização, bem como leva em consideração a
área de atuação da empresa e todos os seus processos internos a fim de localizar,
em lei, todos os incentivos fiscais e formas de redução de custos tributários
disponíveis a ela.
Por ocasião da apresentação e apreciação dos resultados dos casos
exemplificativos, fica elucidado ser o Planejamento Tributário uma poderosa
ferramenta auxiliadora para a gestão organizacional na tomada de decisão e busca
de redução de custos.
Desta forma, as empresas, ao utilizarem essa ferramenta de planejamento
fiscal, reduzem as despesas, aumentando assim as margens de lucro. Isto se
sobressai com a apresentação dos estudos de casos comparativos que demonstram
a vantagem financeira que uma empresa pode obter ao utilizar esse instrumento,
chegando ao alcance de até R$ 300.000,00 economizados ao escolher o regime
tributário mais vantajoso e admitido por lei.
Constata-se, portanto, que diante dos exemplos de comparativos dos
enquadramentos fiscais possíveis apresentados, o Planejamento Tributário constitui-
se em técnica, no caso elisão fiscal, e ao mesmo tempo ferramenta que permite as
empresas reduzirem os custos com os encargos fiscais e concomitantemente
aumentarem a margem de lucro sem cometer ilicitudes.
Ainda fica demonstrado que o Planejamento Tributário, ao reduzir os custos
da empresa, fornece a ela a oportunidade de tornar-se mais eficiente e competitiva
no mercado, uma vez que a economia desse encargo fiscal poderá ser utilizada em
investimentos na empresa ou até mesmo na redução do preço do produto ou serviço
oferecido pela organização.
Entre outro benefício, a realização de um Planejamento Tributário bem
estruturado é a possibilidade de os gestores enxergarem as melhores oportunidades
de negócio, uma vez que para a execução desta ferramenta é necessário o
15
conhecimento de todas as atividades da empresa, fazendo com que o profissional
encontre as oportunidades no mercado mais especificas e aplicáveis à organização.
Porém, ainda que seja um direito do empresário na condição de sujeito
passivo em buscar reduzir o ônus fiscal a partir do Planejamento Tributário, o Estado
tem encontrado formas de limitar essa faculdade impondo condicionantes, a
exemplo da lei complementar Nº 104/2001, que alterou e adicionou itens ao Código
Tributário Nacional a fim de limitar a elisão fiscal.

6. Referências

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16
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