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CONTABILIDADE DAS

ORGANIZAÇÕES
AULA 1

Prof. André Júnior de Oliveira


CONVERSA INICIAL

Estamos embarcando em mais uma “aventura” em que aprenderemos


mais acerca da contabilidade, sendo esta uma importante ferramenta que os
gestores têm ao seu alcance, com a finalidade de registrar, controlar, analisar e
evidenciar o patrimônio das organizações. Nesta aula, teremos condições de
visualizar o patrimônio das empresas, saber quais são os seus componentes e
ainda sabermos os mecanismos de apuração do lucro ou prejuízo das
empresas.

CONTEXTUALIZANDO

Geralmente o conceito que carregamos acerca de patrimônio está


relacionado à herança familiar, que são, em sua maioria, compostos de bens
cuja posse, em determinado momento, é repassada para outra pessoa. Na
contabilidade, de certa forma, não é diferente, visto que Patrimônio são bens,
direitos e obrigações de uma pessoa, podendo essa pessoa ser física ou
jurídica.
A importância de controle do patrimônio é datada antes mesmo do
surgimento de uma ciência chamada contabilidade. Na atualidade, tal processo
tem sido aperfeiçoado, visando assim o processo de tomada de decisão, que
está alicerçado a sistemas contábeis eficientes, uma vez que estes devem ser
passíveis de fornecer informações de ordem financeira e não financeira,
oportunas e precisas, de forma a facilitar aos responsáveis humanos o
processo de tomada de decisão, visando assim à continuidade das
organizações.

TEMA 1 – PATRIMÔNIO – DEFINIÇÃO E EQUAÇÃO PATRIMONIAL

1.1 Definição

Patrimônio, no campo do direito, é entendido como o conjunto de bens,


direitos e obrigações de valor econômico, pertencentes a uma pessoa (física)
ou empresa (pessoa jurídica), que a qualquer momento serão objeto de análise
diante de ações em que se fizerem necessárias a posse ou a desapropriação
de itens componentes do patrimônio, das pessoas intituladas autoras ou rés
dos processos ora formalizados.
Patrimônio, em contabilidade assim como no direito, continua
apresentando características de posse de bens, direitos e obrigações,
propostos pelas correntes do patrimonialismo e neopatrimonialismo.
De acordo com Sá e Sá (2012), O neopatrimonialismo é um corpo de
doutrinas que foi se formando ao redor do mundo latino, devido ao avanço
científico de teorias defendidas por grandes autores. Essa vertente tem por
objetivo o estudo do patrimônio dos empreendimentos humanos com a
finalidade de alcançar a prosperidade desses empreendimentos. É importante
destacar que o neopatrimonialismo tem origem no patrimonialismo, que no
Brasil começou no século XX, devido à reunião de intelectuais da contabilidade
no estado de Minas Gerais.
De acordo com Marion (2015), “O patrimônio pode ser definido como um
conjunto de bens, direitos e obrigações”. Dessa forma, pode ser considerado o
objeto de estudo da contabilidade, ou seja, caso não exista patrimônio, não há
condições de existir contabilidade.

1.2 Equação patrimonial

Quando falamos em patrimônio, perguntas do tipo “O patrimônio das


empresas surgiu em que momento?” “O patrimônio do sócio é o mesmo da
empresa?” podem ser facilmente respondidas tomando por base a equação
patrimonial, em que se tem um vislumbre da composição do patrimônio das
empresas, mais especificamente do balanço patrimonial.
O balanço patrimonial é composto por três componentes: o ativo, o
passivo e o patrimônio líquido. A posição financeira da empresa é refletida
diante da relação desses grupos na dinâmica empresarial da empresa. O termo
balanço indica equilíbrio entre eles, o que pode ser demonstrado pela seguinte
equação:
Figura 1 – Equação patrimonial

Fonte: Dumont Treinamentos, 2018.

Se observamos a figura acima, podemos denotar que: ATIVO (–)


PASSIVO (=) PL (PATRIMÔNIO LÍQUIDO) ou ATIVO (=) PASSIVO (+) PL. Os
grupos de ativo e passivo são comumente chamados de grupos de controle, ao
passo que o patrimônio líquido é considerado o capital próprio, visto que nele
são registrados o capital inicial para início das atividades da empresa e os
resultados advindos da dinâmica empresarial, sendo estes mutações
produzidas pelo patrimônio, pelos atos e pelos fatos contábeis, tendo por base
a atividade econômica da empresa.
Conforme visto na Figura 1, a forma mais comum de se representar o
patrimônio é em forma de “T”, Por meio dessa forma percebe-se que, do lado
esquerdo, temos o grupo do ativo, considerado elemento positivo, e que é onde
se têm classificado os bens e direitos; do lado direito, há os elementos
negativos, representando assim as obrigações, e o patrimônio líquido,
contendo o capital investido e os resultados advindos da atividade empresarial.
O Balanço patrimonial lembra uma balança. Dessa forma, o valor do
ativo deve corresponder ao mesmo valor do passivo, juntamente com o
patrimônio líquido, ou seja, é necessário que o demonstrativo demonstre um
equilíbrio. Para melhor visualizarmos essa situação, observemos a Figura 2:
Figura 2 – Situação líquida

O patrimônio líquido representa a situação líquida da empresa, ou seja,


caso este seja positivo, isso representa que o ativo é maior que o passivo; caso
contrário (ou seja, se for negativo), automaticamente entendemos que o ativo é
menor que o passivo e caso seja zerado, inexistente ou nulo, sabemos que o
valor do ativo é exatamente igual ao valor do passivo.

TEMA 2 – ORIGEM E APLICAÇÃO DE RECURSOS

No Balanço patrimonial, se analisado sob uma ótica financeira, é possível


evidenciar, por meio do grupo do passivo, as fontes de recursos financeiros, sendo
que estes têm a finalidade de financiar as atividades da empresa. O capital é
evidenciado no grupo do passivo, considerado juntamente com o Patrimônio líquido,
desde que o capital ali demonstrado seja próprio ou de terceiros. No grupo do ativo, é
possível observar como e onde foram aplicados esses recursos. Daí temos o conceito
de origem e aplicação de recursos.

2.1 Origem de recursos

A constituição de uma empresa acontece por meio da injeção de


recursos fornecidos pelos sócios, com a finalidade de formação do patrimônio
empresarial, ou seja, a origem de recursos inicial se dá mediante a
integralização do capital social pelos sócios no ato de constituição da empresa.
Esse capital é classificado/contabilizado no grupo do patrimônio líquido na
conta capital social. Dessa forma, é considerado recurso próprio e origem de
recursos. Diante disso, é possível considerar essa conta e todos os aumentos
provenientes de aumento de capital, assim como os recursos advindos dos
resultados positivos apurados na atividade empresarial, como tendo origem de
recurso próprio.
A continuidade da empresa é marcada pela dinâmica de investimentos e
prospecção de recursos junto ao mercado, seja junto aos fornecedores,
entidades bancárias, governo ou servidores, que podem ser considerados
terceiros junto à empresa, ou melhor, são os credores. As dívidas ora
assumidas perante esses terceiros representam obrigações da empresa,
assumidas para aquisição de bens e serviços, pagamento de salários e
tributos, entre outras ações que, com a finalidade de manter o nível de
atividade da empresa, são consideradas como origem de recursos para com
terceiros.
No balanço patrimonial, esses recursos de terceiros são representados
no grupo passivo exigível de curto ou longo prazo. Os recursos adquiridos junto
aos sócios são representados no patrimônio líquido. Somando os recursos de
terceiros e recursos próprios, tem-se o capital total à disposição da empresa,
sendo representado pelo total do passivo, ou seja, a soma do passivo exigível
com o patrimônio líquido.
Se analisarmos o grupo do passivo, notaremos que é possível identificar
quais são as fontes ou origens de recursos. Por exemplo, o capital social
investido pelos sócios na constituição das empresas ou um empréstimo,
adquirido junto a uma instituição bancária, ambos são origem de recursos que
permeiam as decisões de financiamento das operações da empresa. Caso seja
constatado um passivo de valor superior ao comparado com o patrimônio
líquido, temos uma indicação de que os ativos foram financiados por capital de
terceiros, e, consequentemente, tem-se um elevado nível de endividamento,
contudo caso seja constatado um patrimônio líquido elevado em comparação
com o passivo exigível da empresa, isso indica que os ativos em sua maioria
foram financiados por capital próprio, o que transmite maior segurança para os
credores e para os investidores.
O passivo representa de onde veio o dinheiro: se a fonte ou origem de
recursos foi própria ou de terceiros.

2.2 Aplicação de recursos

Se, por um lado, conforme o tópico anterior menciona, o passivo


representa as origens de recursos, por outro, o ativo representa as aplicações
de recurso. No grupo do ativo encontram-se as contas representativas dos
bens e dos direitos, e nestes bens e direitos é que o dinheiro da empresa está
aplicado. É importante observamos que quando adquiro um bem para uso nas
atividades da empresa ou quando compro um item para compor o estoque da
empresa, estou fazendo uma aplicação de recursos, e a conta Duplicatas a
receber também pode ser caracterizada como uma aplicação de recurso, visto
que quando se vende a prazo, a empresa está usando seu próprio dinheiro
para financiar aquela venda a prazo para o cliente, ou seja, é uma aplicação do
seu recurso. Caso o valor dos direitos seja maior que o valor das obrigações
representadas no grupo do passivo, podemos dizer que a situação líquida da
empresa é positiva; caso inverso, é negativa, e caso o valor de ativo e passivo
forem iguais, podemos dizer que a situação líquida é nula. Por meio da análise
dos valores de ativo e passivo ainda podemos classificar a situação líquida da
empresa como em estabilidade absoluta, relativa, equívoca ou com insolvência
absoluta ou relativa.
Estabilidade absoluta representa que a empresa não possui obrigações,
ou seja, os bens classificados no ativo estão cobertos por recursos próprios,
contudo, caso a empresa estiver em estabilidade relativa, existem obrigações,
mas todas estas têm cobertura nos bens e direitos registrados no ativo. Caso a
empresa demonstrar estabilidade nula ou equívoca, as obrigações existentes
são para com terceiros, inexistindo patrimônio líquido, e o grupo do ativo
totaliza o mesmo montante das obrigações para com terceiros registradas no
passivo.
Quando a empresa revela insolvência relativa, isso significa que o valor
das obrigações é muito significativo, demonstrando assim um patrimônio
líquido negativo ou, como podemos dizer, temos assim um passivo a
descoberto. Por fim, quando a empresa está com insolvência absoluta, pode-se
afirmar que a situação é ruim, pois esta representa somente passivo e nenhum
ativo. Nesse caso, os credores estão sem possibilidade de receber pelos seus
créditos.
Quadro 1 – Exemplo de insolvência relativa

Ativo Passivo
Caixa 50,00 Fornecedores 600,00
estoques 200,00 Patrimônio (100,00)
Líquido
Duplicatas a 250,00 Capital social 500,00
receber
Prejuízo (600,00)
acumulado
Total 500,00 Total 500,00

Observando o quadro acima, percebemos que o valor do passivo é


maior que o valor do ativo, demonstrando que parte das obrigações não tem
cobertura de valor em ativos. Percebemos ainda que temos um Passivo a
descoberto, ou seja, o patrimônio líquido é negativo, uma vez que o grupo
Patrimônio Líquido é composto pelas contas de capital social e prejuízos
acumulados, contudo o valor dos prejuízos é maior que o valor do capital
social, resultando assim em um passivo a descoberto.

TEMA 3 – POSTULADO DA ENTIDADE

Antes de estudarmos o postulado da entidade, é preciso lembrarmos ou


relembrarmos que a contabilidade é a ciência que tem a finalidade de estudar e
controlar o patrimônio de forma a fornecer informações que serão utilizadas
pelos usuários como sendo um instrumento básico para a tomada de decisões.
Em contabilidade, temos a teoria da contabilidade, uma área dedicada
aos estudos teóricos da contabilidade. A teoria da contabilidade tem por
finalidade ser o embasamento necessário e suficiente para que as práticas
contábeis não percam a sua essência, e essa essência seja refletida nos
demonstrativos contábeis produzidos pela contabilidade.
De acordo com Niyama e Silva (2011), a estrutura conceitual da
contabilidade no Brasil é definida pelos seguintes órgãos regulamentadores:
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC). O CFC tem, dentre outras finalidades, orientar, normatizar e
fiscalizar o exercício da profissão contábil, por meio dos conselhos regionais de
contabilidade (CRC). O CFC também edita Normas Brasileiras de
Contabilidade de natureza técnica e profissional. O CPC é o órgão responsável
por buscar a convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais.
O CPC é composto pelas seguintes instituições: Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Fundação
Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e o CFC.
As Normas Brasileiras de Contabilidade têm por objetivo estabelecer
regras de conduta profissional e procedimentos técnicos, alinhados aos
princípios fundamentais de contabilidade. Em contabilidade, temos os
postulados, que podem ser entendidos como os pilares da contabilidade, uma
vez que estes são a base de toda a teoria da contabilidade. Os postulados são:
entidade e continuidade. Trataremos do postulado da entidade dentro deste
tópico e, no seguinte, falaremos acerca do postulado da continuidade.
De acordo com Niyama e Silva (2011), o postulado contábil da entidade
define a entidade contábil, dando a esta autonomia patrimonial e necessidade
de diferenciação patrimonial particular do universo de patrimônio existente nas
empresas, uma vez que determina o patrimônio de total necessidade de
diferenciação do patrimônio, o que se deve ao fato de que os reflexos das
variações verificadas neste patrimônio também são controladas/contabilizadas
de forma individualizada.
Quando os sócios necessitarem de dinheiro advindo das
disponibilidades (caixa ou banco) ou até mesmo que seja feita a retirada de
mercadoria do estoque da empresa, estes precisam contabilizar tais operações
como retirada pró-labore ou retirada de lucros. Quando a retirada for de cunho
financeiro ou venda de mercadoria ao sócio, debita-se na conta do ativo que o
caracterize como um cliente ou no adiantamento ao sócio. Caso esse controle
não for efetivo, em algum momento a empresa pode se ver em necessidades,
passando por dificuldades financeiras.
Comumente os teóricos da contabilidade dão para o postulado da
entidade as conotações anteriormente destacadas, contudo é importante
consubstanciarmos na contabilidade o postulado da entidade nas seguintes
dimensões: jurídica, econômica, organizacional e social.
Na dimensão jurídica, os preceitos consistem na diferenciação do
patrimônio, conforme anteriormente analisados. A dimensão econômica
caracteriza-se como massa patrimonial, de forma que a evolução patrimonial
tanto qualitativa quanto quantitativa necessita de acompanhamento, sendo este
necessário para avaliar o desempenho econômico e financeiro real da
organização. A dimensão organizacional consiste no entendimento de que
como grupo de pessoa ou pessoas, estas exercem controle sobre as receitas e
despesas, sobre os investimentos e nas distribuições a serem efetuadas. A
dimensão social pode ser examinada em suas transfigurações sociais, no
sentido de que a entidade pode ser avaliada não só pela utilidade que a si
acresce, mas também pelo que contribui no campo do social em termos de
benefícios sociais.

TEMA 4 – POSTULADO DA CONTINUIDADE

De acordo com o postulado da continuidade, a entidade é uma empresa


em andamento e que nunca terá um fim, visto que tem intenção de existência
indefinida, representando assim uma situação de conveniência, uma vez que
deve sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado
pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros (Azevedo, 2010).
De acordo Niyama e Silva (2013), o postulado da continuidade tem a
função de primar pela continuidade da empresa, ou seja, tudo deve ser feito
para que a empresa não venha a ficar em situação de descontinuidade, a qual
caracterizada pelos seguintes fatores: redução das suas atividades,
paralisação das atividades, extinção via processo falimentar ou liquidação
ordinária, entre outros fatores.
Entre as diversas funções do postulado da continuidade, cabe destacar
que este tem a função de encarar a entidade como um meio capaz de produzir
riqueza e gerar valor de forma contínua, não havendo interrupções. Na
verdade, o entendimento de exercício financeiro anual ou semestral é uma
ficção determinada pelas diretrizes da empresa, de acordo com o seu ciclo
operacional. O ciclo operacional das empresas é o período compreendido
desde a compra da matéria-prima até o recebimento das vendas dos produtos.
Assim, entendemos que as operações da empresa devem possuir
continuidade, de forma que o processo de financiamento, estocagem e venda
faça parte de uma engrenagem, que se renova ao final de cada ciclo.
TEMA 5 – CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO

De acordo com Bächtold (2011) conta é o nome técnico utilizado para


registrar os elementos, considerando aspectos qualitativos e quantitativos, ou
seja, identifica cada componente pertencente ao patrimônio (bens, direitos e
obrigações) e elementos de resultado (despesas e receitas).
As contas são endereços situados dentro do patrimônio. Sempre que
houver a necessidade de movimentar um elemento, o registro deve ser
efetuado dentro desse endereço, que consequentemente alterará o saldo
desse elemento.
O registro contábil é efetuado por meio de contas. É por meio delas que
a contabilidade consegue exercer o seu papel, visto que todos os
acontecimentos (atos e fatos administrativos) que ocorrem diariamente na
empresa, tais como compras, vendas, pagamentos e recebimentos, são
registrados pela contabilidade em contas próprias. Como exemplo disso,
podemos citar o fato de que todas as movimentações em dinheiro são
registradas em uma conta denominada caixa, e os objetos comercializados
pela entidade são registrados em uma conta denominada
mercadorias/estoques.
Outro exemplo da importância das contas pode ser ilustrado pela
seguinte situação: o ato de abrir uma conta em determinado banco, efetuar um
depósito em dinheiro nela, no banco em que você se tornou correntista
(portador de conta corrente), significa que a ela tem um nome, nesse caso o
seu nome, em que serão efetuados os registros de entradas (depósitos) e
saídas (saques) e, sempre que preciso, você emite um relatório da
movimentação da sua conta. Da mesma forma, as empresas utilizaram contas
para registrar as transações ocorridas e, quando preciso, emitem um relatório
da conta com a finalidade de consulta ou conciliação.
São elementos essenciais das contas:

a. Nome da conta;
b. Valor a ser debitado;
c. Valor a ser creditado;
d. Saldo devedor ou credor;
e. Histórico de lançamento;
f. Data de lançamento.
As contas aumentam a débito ou a crédito. As que aumentam a débito
são as chamadas contas de natureza devedora, e as que aumentam por meio
de crédito são chamadas de contas de natureza credora.

Figura 3 – Natureza das contas

Fonte: Elaborado pelo autor

Com a finalidade de melhor compreensão acerca das contas


patrimoniais e de resultado, as contas podem ser classificadas em contas
patrimoniais e contas de resultado.
As contas patrimoniais são as contas de ativo, passivo e patrimônio
líquido, sendo estas representativas dos bens e dos direitos e das obrigações.
As contas de resultado são aquelas representadas na Demonstração do
Resultado do Exercício, sendo estas as que representam as receitas e as
despesas da entidade. Se as operações da empresa envolvem tais contas,
podemos dizer que teremos a apuração do resultado econômico da empresa,
ou seja se obteve lucro ou prejuízo.
Pensemos na seguinte situação: entrada e saída de dinheiro no caixa.
Essa entrada pode ser advinda de entrega de dinheiro pelos sócios no ato de
integralização de capital ou proveniente de recebimento a vista da venda de
mercadorias. Nesse caso, quais contas foram envolvidas? Patrimoniais ou de
resultado? Podemos responder que as duas situações aconteceram. No
momento da integralização do capital, debitou-se a conta caixa e creditou-se a
conta de Patrimônio Líquido, pois nesse momento somente movimentamos
contas patrimoniais. Já na segunda situação, entrou dinheiro do caixa
proveniente das vendas de mercadorias, movimentamos contas patrimoniais
(caixa) e resultado (receita de vendas) e a realização dessas operações e
contabilizações serão vistas posteriormente. Por enquanto, é importante que
saibamos apenas as movimentações que ocorreram por meio de contas
contábeis e que elas podem ser classificadas como patrimoniais (aquelas que
demonstram tudo que a empresa tem ou usufrui de bens e direitos, e tudo que
ela deve, seja para terceiros ou para os sócios ou acionistas) e de resultado,
que demonstram se a empresa obteve lucro ou prejuízo no período analisado.
O acompanhamento dos registros efetuados nas contas acontece por
meio dos demonstrativos contábeis, ficando mais evidente no balanço
patrimonial as contas patrimoniais e na Demonstração de Resultado do
Exercício as contas de resultado.

TROCANDO IDEIAS

Como podemos perceber no decorrer desta aula, a contabilidade é uma


ciência que controla o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas,
demonstrando assim grande importância das informações geradas nas
organizações. Diante disso, podemos afirmar que a execução da contabilidade
junto às organizações depende de profissionais preparados, que, de forma
assertiva, dinâmica e competitividade, produzam algo que servirá de base para
a tomada de decisões além do cumprimento das obrigações acessórias
impostas por outros usuários da informação contábil. Durante a capacitação
dos estudantes de contabilidade, cabe destacar que é necessário que este
aprenda desenvolvendo atividades próximas da realidade do mercado e em um
ambiente rico e desafiador, vendo a si mesmo como um profissional
participante de forma ativa e responsável no mundo empresarial
contemporâneo, desenvolvendo capacidades de gestão, negociação e
liderança.
Com base no acima exposto é possível afirmar que o papel do contador
deve ser o de prestar informações adequadas, de forma que a empresa tenha
em mãos um guia para a tomada de decisões, contudo o perfil deste tem
sofrido mudanças ao longo do tempo.
Saiba mais
Note no artigo: “O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do
Brasil”, que a profissão contábil tem passado por mudanças significativas, o
que requer do contador um perfil diferenciado. Já pensou em como seria essa
readequação para os profissionais atuantes no mercado, para aqueles com
formação consolidada em épocas em que as exigências eram diferentes das
requisitadas atualmente, e para os que estão em formação?
GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do
Brasil. Revista Exame, 18 dez. 2017. Disponível em:
<https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais-
estaveis-do-brasil/>. Acesso em: 7 maio 2019.

Após a leitura do artigo, discuta com seus colegas acerca das


habilidades e competências exigidas do contador de ontem, de hoje e de
amanhã. Aproveite e responda as seguintes perguntas: Qual tipo de preparo é
exigido dos contadores já atuantes e que tipo de preparo é exigido dos
contadores que estão em formação? Quais os desafios enfrentados por
ambos? E qual é a influência que essa mudança de perfil trará para a
qualidade da informação contábil?

NA PRÁTICA

Considerando os relatórios contábeis de certa empresa, foi descrito que


no ano de 2018 ela incorreu nas seguintes situações:

a. Compra a prazo no valor de R$ 25.000,00, referente a mercadorias.


b. Integralização de capital social no valor de R$ 200.000,00;
c. Pagamento de despesa com energia elétrica no valor de R$ 500,00;
d. Pagamento de despesa com aluguel no valor de R$ 1.500,00;
e. Venda a prazo no valor de R$ 50.000,00, referente à venda do total das
mercadorias ora adquiridas.
f. Aquisição de máquina para auxílio nas atividades da empresa no valor de
R$ 7.500,00.

Informe, em cada situação, se foi movimentada conta patrimonial ou


conta de resultado.
Solução:

d. Pagamento de despesa com aluguel no valor de R$ 1.500,00 -


Movimentação em conta patrimonial (Caixa – Ativo) e resultado
(despesa com aluguel – DRE).
e. Venda a prazo no valor de R$ 50.000,00, referente à venda do total das
mercadorias, ora adquiridas. Movimentação em conta patrimonial (Caixa
– Ativo) e resultado (receita da venda de mercadorias – DRE).
f. Aquisição de Máquina para auxílio nas atividades da empresa no valor de
R$ 7.500,00. Movimentação em contas patrimoniais (Imobilizado, caixa –
Ativo).

FINALIZANDO

Para fechar os conteúdos desta aula, é importante que tenhamos em


mente que o objetivo era trazer conceitos iniciais de contabilidade nas
organizações e, como vimos, o patrimônio das organizações é o objeto de
estudo da contabilidade, patrimônio este composto por bens, direitos e
obrigações, demonstrados no relatório e no balanço patrimonial. O balanço
patrimonial é composto por três elementos: o ativo, o passivo e o patrimônio
líquido. Por meio deste, temos como analisar, em tempo dinâmico, a posição
financeira da empresa, uma vez que esta é refletida diante da relação da
dinâmica da empresa.
O Balanço patrimonial indica o equilíbrio entre as contas que o
compõem, o que é demonstrado pela equação: ativo – passivo = patrimônio
líquido, a equação patrimonial, a qual promove o equilíbrio entre as contas do
ativo (devedoras, em sua regra, salvo as contas retificadoras), e as contas do
passivo e patrimônio líquido (credoras, salvo as contas retificadoras). A
equação ainda contempla o resultado apurado e transferido para o patrimônio
líquido em forma de lucro ou prejuízo. A apuração ocorre por meio do confronto
das contas de receita e despesas (devedoras).
O objeto de estudo da ciência contábil é o patrimônio da entidade. As
contas pertencentes a este patrimônio são classificadas em contas patrimoniais
e contas de resultado. As contas patrimoniais são do ativo, passivo e
patrimônio líquido, sendo estas representativas dos bens e dos direitos e das
obrigações. As contas de resultado são aquelas contas representadas na DRE,
sendo estas as que representam as receitas e as despesas da entidade.
Percebe-se que a contabilidade, embora não seja uma ciência exata,
utiliza da lógica matemática para mensuração, registro e controle do patrimônio
das pessoas físicas e jurídicas. Dessa forma, entendemos o termo ciência
social aplicada, visto que a contabilidade é feita por um ser social (contador)
para outros seres sociais (pessoas físicas e jurídica – representada pelos
sócios), visando assim o incremento da riqueza destes.
REFERÊNCIAS

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FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do Brasil.


Revista Exame, 18 dez. 2017. Disponível em:
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IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo:


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S%C3%A1-e-Luiz-Fernando-Coelho-Lopes-de-S%C3%A1-OK.pdf>.. Acesso
em: 7 maio 2019.

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