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LAWRENCE FLORES PEREIRA

pela rue du caire ou em tramandaí, eu te observo, poeta, há noites em


[no anúncio da vindima ou no elã, [teu retiro,
[tu segues, esquecido de si,
lavrado pelas notícias do mar.
e já todos os nomes do mundo me
[parecem pouco o claror nos pulsos, teus sóis ainda
para dizer do outro livro que há neste [sem vísceras erguendo-se em canções,
[livro, mar adentro [andanças,
um violão que cruza a turquesa da
aberto, [estação mais quente,
o lírio de sal nos teus lábios.
intocado miráculo,
infinito dói num homem a mulher
[amada ali onde lhe dói o mar.
como um fogo.
nós já estivemos aqui antes —
e tu eras ave em meus pulmões de

MAR ADENTRO
[organza,
e eu era passo em teus pés. dizíamos

MAR ADENTRO eis o início


[de tudo

lawrence flores pereira esta cidade: suas meninas dormindo


[inclinadas nas janelas,
a rosa dos ventos ainda entregue
às figuras do impensado,
os cabelos em naufrágio sobre os
[parapeitos, casas afora, afogando
[gentes,
ruas e avenidas.

só se aprende o mar pelo


[que o mar devora.

eu te observo, poeta, em teus escuros


[de retiro,
entreaberto pela boca apenas — teu
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[vocabulário de óbulo de jaspe.

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