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REDACTORES

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r». ]. F. Guimarães eJ. F. Freire

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Maria Velleda, Santos Fonseca, Dr. Pedro


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NUMERO UNICO

REDACTORES: -

Dr. :r. F. Guim3.rlies e :r. F. Freire Pires

COLLABORADORES: -
Maria Velleda, Santos Fonseca, dr. Pedro Manuel Nogueira

FARO, 9 DEl OUTUBRO DE �S97


©t;!�©©-..��§©©©©§�§�©©©§©§©§©©©©©§©©§�©§©§@@©§©§©§§©§§©§§�©O©

ridentes, estas fleri­

d�s campin.as, gue ou­

vtrarn os
pnmelros ac­
centos da harmoniosa
d do
lyra o cantor

STÃO no Campo de Flores, e

Algarve que inspiraram o

os Reis maior poeta do amor

de Portu- dos nossos dins;­


todas essas bellezas
gal.
Bem vindos se­ históricas e naturaes,
em summa, illumina­
jam!
Ha mais de qua­ das pelo sol esplen­
tro seculos que os so­ dente do meio dia,
beranos port¡,¡gu ezes deviam despertar no
não pisavam o solo coração dos sobera­
nos portuguezes esse
algarvio. do
E' forcoso dizei-o. vivo sentimento
Esta parte do paiz grandioso bello, e do

parecia não ser digna qué é o encanto do


da visita do chefe da espirito e faz ainda
nacão. E todavia a vibrar a alma genui­
distancia entre a ca­ namente portugueza!
do reino da Em paiz con­
um
pital e

provincia não era ta­ stitucional, onde en­


tre o
povo e o rei
manha, que apresen­
tasse os inconvenien­ deve existir a mais
de intima allianca e on­
tes. uma jornada
de o soberano como
pengosa.
Relem brâmos es­ representante augus­
não to da nação tern de
tes factos, como
attender desvelada­
censura, que seria im­
mente ao bem estar
propria na
presente
do povo, escutando
conjunctura, mas para
significar o nosso ce­ as suas supplicas, pro­
conhecimento e 1 a vendo ás suas neces­
p
vinda de Suas SUA MAGESTADE EL-REI D. CARLOS I sidades, vendo bem
Mages­
de os
rades, que, por mais peno quaes
seus recursos, o seu
de uma vez, teem ma­
nifestado o louvável desejo de vir a esta provincia, que � modo de vida; em um paiz, como o nosso, é neces­
os recebe com contentamento e alvoroco inexcediveis
� sario até que o soberano conheça bem a nação onde
E, na verdade, patria dos Gil Annes, dos Lecors,
a
i� reina,
lhe fôr
assim poder fazer inteira justiça, C¡""Jando
para
primeiro magistrado que é.
dos Esteves, dos Ruy Barretos e de tantos outros he- pedida, como

roes
que a honraram com os seus altos feitos; -o pro- � Justiça sempre tem feito ás que tem honra,
terras
� do ser-nas-ha feita agora, co­
rnonrorio de Sagres, grande infante D. Henrique
onde o com a sua visita; justiça
creou a celebre escola nautica, da qual sairam os mais i mo d'ella carecemos, para quesejam satisfeitas as nos­
ousados navegantes do munde, rasgando o negro véo � sas legitimas aspirações.
do mar tenebroso, atravez do qual despontava a es- ! E foi este, precisamente, o pensamento e não a

trella que mais tarde havia de illuminar as nossas con- simples curiosidade, que impulsou os nossos soberanos
quistas d'além mar, dando-nos a gloria immoredoura i a vir ao Algarve, fazendo-nos esquecer ess indifferença
dos
magoava, por este povo tam amante
dos primeiros navegantes do seculo IG.o;--este mar nos seus
� que
� reis, da patria e da liberdade.
que foi o glorioso theatro onde COIT'�ÇQU gigante
a

este littoral de onde t Bem vindos sejam, repetimos.


epopêa das nossas descobertas;
-

partio o primeiro grito da independencia da patria, no i Saudamos jubilosos os augustos soberanos e con­

visita,
começo d'este seculo;-este solo reg:,jo com o sangue � gratulam'o-nos com a
provincia inteira, pela sua

de tantos martyres, ,que se sacrificaram pela sancta � fazendo os mais ardentes votos ao Altissimo pe]a ven­
t
causa da liberdade;-este canto da terr+, que via -'ascer tura da familia real e pela prosperidade da nação portu­
João de Deus; estes montes vice; antes, estes rales
-

¡ gueza.

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!(�� �

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¡ que nós queremos, admiramos e veneramos o descen-

I EL-REI
'
:
dente de heroes, o
coroa
Augusto Monarcba que hoje cinge
esplendorosa dos Reis Portuguezes.
a

I i, Bem vindo seja Sua Magestade.


Faro. S. F.
l

E compulsarmos a historia patria desde a ;
����r ,
fundação da sociedade portugueza pelas ,
mãos robustas do Conquistador até aos
nossos dias, vemos que grande numero de
¡
t
UMA PRECE
Reis e Principes consagrararn a sua vida á ¡
nobre profissão das arrnas, vertendo o san­ , A' RAINHA SENHORA D, AMELIA

gue nos campos das batalhas; e a casa de ,
Bragança, que é fonte perenne de valor e i
meritos militares, tem sabido seguir as tra­ �
Se o da realeza
esplendor

dições de seus predecessores não desde­ , Tem brilho que fascina,
o
nbando os seus membros entrar nos quar­
t Outra luz ha mais divina
reis, subir posto a posto a escala hierar­ i Que tem mais vivo fulgor;
I chica militar, revestindo-se assim de titulos
que
ao
correspondem
senr.mento innato
á sua

em
alta gerarchia
Monarchas Por-
e
:

i
Essa luz que nos encanta
Que é d'arnor e de Deus filha,
E' nas trevas que mais brilha
l tuguezes. ,

EI-Rei, senhor D. Carlos 1.0, que hoje visita pela


t
..
¡
Lá onde se occulta a dor!

I
I
primeira vez o torrão algarvio, esta tão ridente quão
formosa provincia, berço de tantos heroes, mãe cari-
:

f
Do throno
Que engrandece
vem essa
a
gloria
Magestade;
nhosa do maior poeta elo amor nas litteraturas conterri- , Mas ter n'alrna a caridade
puraneas, o Pestalozze portuguez, era ainda Principe • Para os pobres soccorrer,
de tenra idade, e ja as suas vistas se fixavam no pe- :
_
E' condão de mais valia
queno mas
orgulhoso exercito portuguez,
que
sombro do maior capitão dos tempos modernos, seguin-
foi o as-
¡ Que virtude em si encerra ...

, O fazer bem cá na terra


do-lhe os passos, advinhando-Ihe os pensamentos na ¡ E' a gloria merecer.
sua ancia de se elevar e ser uril ao ¡
paiz, na sua apo-
theose de triumphador, acompanhando-o de uma terna
sollicitude, inter essando-se por tudo que o podesse
¡ Não sois rainha sómente
cercam os nobres;
, Quando vos

melhorar, levantando e fortalecendo assim o moral , Rainha sois, quando aos pobres
d'essa soberba ins tituicão. ¡ Estendeis piedosa mão;
Ainda muito joven
cava ás cousas
o
'já
Augusto Monarcha se dedi-
militares, estudando e aprendendo nas
i Que os esplendores do sólio,
Do regia manto os arminhos,

lições dos grandes mestres, como Von Schmidt, Du- � Não valem mais qu<t os carinhos
erat, Berthand, Wolseley, Napoleão, Saxe, Von der i' Da nossa sancta affeição.
Goltz e outros nomes illustres �
�) Não valem, não, que essas galas
Como Kaiser Wilhelm, esse joven e extraordina-
o �
� Tem aroma que se evola ;
rio soberano, electrisa as tropas pelo exemplo, trocando
Mas a essencia d 'uma esmola
as comrnodidades de Rei pelo desconforto do soldado, ! .

actividade que assombra, verriol'o agora, Não se extingue nem se esvai;


e CO.-:1 uma ,
¡ E' de flor que nunca murcha,
assistindo aqui a um exercicio de combate, acolá aos �
trabalhos de uma escola pratica, mais alem, a um con- Flor do ceu que não perece,
curso de tiro, depois exercitando-se no tiro ao alvo, ¡ E' sublime como a prece
*
sendo considerado atirador consummado e talvez um

Que de labios puros sai.
dos primeiros do mundo, cu caçando nas suas proprie- , Alivio dar aos que soffrern ...

dades, ou ainda percorrendo a costa em estudos ocea- ,


Vestir a creanca nua ...

nographicos, tudo isto, indifferente ás cruezas do tem- f Das garras da'sorte crua
po, sem que a sua organisação especial se resinta, guer ¡­ A presa ir-lhe arrebatar,
o nordeste
supre rijo em manhã agreste de dezembro � Aos
que soffrem dar consolo .

e faça
enregelar os membros arroxeados pelo frio, quer i Dar ao velho alento e vida .

o sol a
prumo dos mezes de julho e agosto faça doer Rerer a
que já pendida
as carnes fláccidas como

do n'ellas profundamente
pontas rubras de aço entran- ¡ Sobre o
abysmo vai tombar,

Por onde passa o soldado passa tambem EI-Rei; é � E' é nobre e é sancto!
digno,
desde as ultimas reservas ás avançadas, tudo é percor-
i Se Deus bem vos destina,
ao

.rido por Sua Magestade, que observa e vê com olhos ¡ Na terra missão tam dina
de mestre, assistindo ás differentes phases de combate , Tendes tudo p'ra a cumprir:
desde a preparação ao assalto, ora trepando aos mon- ¡ Rainha tendes grandeza;
-

tes esgalgados. ora descendo aos valles apertados e : Mulher e mãi a bondade; -

profundos; e é por estes- exemplos pouco vulgares na ¡ De christã a caridade;


-

historia geral dos Reis, é pela corôa de glorias da nossa � E dos anjos o sorrir.
--

,
grao<'ie mestra da vida das epopêas humanas a maior
-


em heroicidades desde a fuadacão da monarchia até
-
Berndita seja a que desce
á formação do mais vasto imperio
do mundo e d'ahi ás
recentes victorias de Africa, bastos e tamanhos louros
i Ao casebre da
desgraça;
E alli como um anjo passa
¡
colhidos á sombra dos nossos Reis, é por estas tra- 1 Occulta n'um 'spesso veu ;
N'essa fronte que se esconde
.
dições
mente
tão profundamente monarchicas, tão genuina-
portuguezas, é emfim por este passado tão gran-
¡i, Quando a esmola se offerece
diose c brilh.uue verdadeira ternpcstade de triLll'.¡¿Lv.s
-

;, A auréola resplundc..e

I crúzada insistentemente de relampagos de gloriasv-« , D'essa luz que vem doceu.

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I
li. •
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princeza Por senda que ao bem conduz 'Ainda ha pouco a excelsa deu
, uma prova do seu bonissimo
ao
Al�arve
Proseguí sempre, Senhora; coração, mandando inter-
Pois que a esmola é redernptora
E quem a dá redemptor;
i nar nos
de
asylos da capital infelizes creanças, orphãs
tres
hora luctariam com os horro-
, pai e mãi, que a esta
Nas tempestades da vida da fome se a sr." D. Amelia lhes não tivesse es-
i res

Quando mais ruge a procella, •


tendido a sua mão protectora.
Da miseria sede
Como
a estrella
salvador !
I Sm. Santidade Leão XlII, um dos mais eminentes
homens d'este seculo, concedeu-lhe a ,'osa de ouro, que
• phanal ,.

, uma outra rainha de


Portugal- a rainha Santa lzabel
-----===��ee=�----- 1 -

já havia possuido, como premio das suas virtudes.


It Justa recompensa a uma sancta senhora, que só vive

A SENHOR,A D, AMELIA t
!
para os seus filhos e para os seus subditos, que tam­
bem seus filhos são, que chora com elles as suas des­
venturas, quando a desgraça lhes bate á porta e tem
: nos labios um sorriso angelico nos seus dias de
pros­
� peridade e
alegria!
_ ..... ��'·��EMBRAM.SE ainda os que tiveram a ,
t
Sente a
gente vontade, quando a nobilissima prino
dita de assistir á recita de gala em ceza passa, sorrindo indistinctamente ao rico e ao po­
S. Carlos, em honra dá sr." D. Ame­
Lis­
i bre, tendo sempre uma palavra amoravel para os que
se lhe acercam, de ajoelhar a seus pés, e, beijando a
lia, em
seguida á sua
chegada a
,
boa, e á qual fimbria do seu vestido, dizer­
a ill u s r r e lhe: oh! doce, oh! meiga, oh!
pnnceza as­ celestial creatura, cuja vida
sistio, de te­ é um rosario de luz, sêde bem­
rem de I á dita entre as mulheres!
saido encantados com a affa­ Eis, em breves palavras, a
bilidade das suas maneiras, biographia da sr." D. Amelia,
com a distincção do seu porte, rainha de Portugal.
( com a
simplicidade do seu tra­
jarde uma
elegancia ,·.;¡tfiné e
encantadora.
Se a nobilissima princeza
da
de
casa de Orleans,
tomar assento no camarote
em vez
Á RAINHA SENHORA D, A1IELIA
real, tivesse n' essa noite as­
sistido incognita ao espectacu­
lo em uma frisa, ou em um Nos caminhos da vida em que a
desgraça
camarote de primeira ordem, Os espinhos da dôr alii semeia,
Em procura do bem que o peito anceia
a sua
presença aurahiria im­
mediatamente A grande multidão dos tristes passa.
a
attenção ge­
ral, tanto nas mais pequeni­
Para
nas se
cousas revelava uma aquelles que a sorte em gasa escassa

de sangue. Co' O dardo da miseria os alanceia.


princeza
n'essa noite a sr." A luz da meiga estrella bruxoleia
Logo
D. Amelia avassalou todos os Como dom celestial de encanto esraça.
corações; e, no dia seguinte,
era a
imprensa da capital Nos páramos escuros da indigencia,
unanime eon tecer-lhe os mais Para o infeliz esplende corno a aurora

calorosos elogios, applaudindo �Após


noite em que a dôr tem mais violencia 1

enthusiastic amente o enlace da


casa de Orleans com a casa SUA MAGESTADE A RAINHA D. AMELIA B-,.m vinda sejas tu aqui, senhora,
de Bragança. QIl<: da tUR alma gentil toda clemencia
São já passados Il annos. Vem luz
essa
b�mdit.l G redemptora!
Publico e imprensa não se enganaram no jutizo qUt, f
em um volver de olhos, fizeram da illustre princeza, '
t
1
porque, desde o seu cor.sorcio com o sr. D. Carlos até
hoje, tem exhuberantemente demonstrado as suas altis-
simas qualidades de coração e caracter.
¡
� '�,�
Rainha desce innumeras vezes do solio dourado
-

,
para entrar no albergue do indigente afim de matar-lhe
a fome, tendo ao mesmo tempo para lhe suavisar o
soffrirnento uma palavra de carinho e conforto, que
t

i If
O sul de Portugal exulta jubiloso
muita vez vale mais que a propria esmola; mulher=-- �
...

� E corre a multidão em fervido anceiar ;


é o prototypo da honra e do dever, perante quem todos
Dos alcantís da serra até ao Val-formoso
se descobrem reverentes ; rnãi

mosa seus
não a ha mais extre- -

filhos, para quem unicamente vive,


¡, Por seus augustos Reis vir hoje saudar. aqui
para
completamente alheia ás intrigas, pullulam
gue nos
i Bem vindos são ! O sol mais
paços reaes, e a quem educa na pratica do bem e da
com fulgor esplende
E brilha como a luz de
virtude para um dia virem a ser os continuadores da
sua obra, toda de caridade, de
¡ guiador phanal
Seu manto d'esmeralda o velho oceano estende
...

paz e de amor. =
O dispensario é uma prova eloquente do que avan- t Como franja prateada em fulgido areal.
t
çâmos,
Quantas vezes o Rei dos
alto do seu throno cravejado de estrellas, terá sorrido,
Reis, contemplando-a do
i Essa vasta theatro foi de gloria
amplidão
mil
.

Façanhas tantas hoje recordar


vem .

ao vel-a
esparzir na terra os seus numerosos bene-! Feitos de qlle não ha em povo
-

memoria, algum
ficios ! ! Que só soube Camões na
lyra etermsaJ'., .

�������������������������������i�
/
e

.��������������. véo dos tenebrosos


Rasgámos o atro mares .

espada o pedestal da Cruz


Talhámos
Das quinas
com

o
a

pendão em mastros alterosos


.

HONTBM B HOJE
O'vante tremulou de Ceuta até Ormuz.

Partindo d'aqui sós, das praias do Occidente,


+ ...

Apenas confiando em nossa


intrepi�ez, .� � ::a::ON"TEM..

Abrimos á Europa as
portas do Oriente
mundo todo encheu
J
I D IlESPONT
E portuguez! A VA de
pnrnavera do
o o nome a anno

0t 1249.
Ninguem
Nós fomos
Livrámos todo
nos
sem
excedeu,
rival na
nem Gregos nem Romanos
fama e no poder;
dos féros Mauritanos,
...

, ��
t Nas fortes muralhas do castello da
¡ villa de Faraon, onde tremulava a ban­
o mar deira do crescente, erguia-se o pendão
E em cem lides campaes soubemos só vencer!

Tu foste grande então, ó patria da minha alma I


�rt>li
I'iJl'\;,
v1}
real das hostes portuguezas, annunciando
a queda do poder musulmano no al-qharb,

Às terras fronteiras de Africa desde o


;)�
Dos filhos teus será a gloria inda immortal. ..
.

if Ana até ao Promontorium sacrum eram Ja


Do sangue dos heroes brot�)U virente palma, �' em poder dos portuguezes.

Que só na terra coube, a u, meu


Portugal. � O ultimo baluarte dos filhos do-deserto,
t succumbira perante o tenaz esforço dos va-
O' tempo fama e gloria!
desplendor, riqueza, lentes guerreiros de D. Affonso 3.0, e o altivo monar­
Tempos que já lá vão: talvez não voltem mais!
cha, ao repousar sob a volta da muralha onde se abria
Embora; que as nações de mais brilhante historia a
porta do lado do oriente, engastára mais uma joia
Tambem sujeitas sâo da vida ás leis fataes! preciosa nos esplendentes florões da sua coroa.
O alcaide Aloandro e o almoxarife Aben-Barran á
Subimos ao apogeu depois nós declinámos,
...
frente dos mingoados restos dos dominadores de cinco
E o imperio do mar forçoso foi ceder! ...

séculos. levavam para o exilio, onde iam esconder a sua


Mas esse patrio amor, gue dos avós herdámos, dôr, a saudade desta terra do Andaluz, em que as poe­
Não ha-de não, jamais, no peito fenecer. ticas filhas de Allah cantavam ao alaude as proezas dos
vencedores de Rodrigo.
Desse sagrado fogo a vida despojada E em quanto os vencidos, sob o pezo do infortúnio,
E' chamma que não queima, alento sem vigor ...
a caminho do desterro, deploravam o exodo angustioso,

E' profanado altar sem pedra consagrada ...

os vencedores
por entre as ameias da conquistada for­
E' crença sem ideal, é culto sem fervor! taleza entoavam os hymnos jubilosos do triumpho.
Portugal completara o seu trabalho de expansão no
A patria é mãe commum que os filhos seus adora; continerite tendo sempre a espreitai-o a invejosa ancie­
,

Estrella da manhã da lusitana grei. 'dade de Castella.


Por ella a vida dar leal dever exora, D. Aftonso 3.0, como habil politico, ,soube manter
E guem a patria amar, amar deve o seu Rei. em respeito as desmedidas ambições do rei castelhano.

Desde então, este bello paiz do occidente, o Algar­


Nestas do sul, paiz da liberdade,
terras ve d'aguem, foi, por assim dizer, o remate da: grande
O povo seio d'alma affectos tem sem par.
no obra iniciada pelo conde D. Henrique; e do Minho ao
Aqui só ha, Senhor, firmeza e lealdade, Guadiana tremulava aos quatro ventos do ceo a ban­
Singelos corações que sabem só amar. deira de Affonso Henriques.

Nós não temos, ó 'I(d, da pqmpa os aureos brilhos ...

::a::OJE
O fausto que das mãos des opulentos sai;
Mas ternos esse amor profundo dos bons filhos,
Que não esquecem nunc? o affecto do bom pai. Começa o outomno de 1897. São passados 648
annos.

E vós, Senhor, sois pa; do povo gue vos ama ...


O grito do progresso, sahido do seio da locomotiva,
echôa pelas quebradas dos montes e extensas veigas
Do povo que aqui vem contente vos saudar ...
I
E á excelsa Rainha a quem a santa chama
desta ridente facha do litoral algarvio, annunciando a
vinda dos augustos soberanos portuguezes a esta terra,
Vai com extremo ardor um culto lhe prestar.
que nenhum outro soberano pisava depois de Affonso 3. o.
E os E' hoje dia de festa. Os repiques incessantes
Principes que são sorrisos d'uma esp'rança,
os arreboes gentís,
nas terres da cidade, os cantos jubilosos, os hymnos
_E de ridente aurora
a multidão anciosa e
agitada, tudo significa
r

..J Entre os povos e o Rei, penhor são d'alliança, festivaes,


este povo essencialmente
De paz e de ventura em um porvir feliz. que hospitaleiro e fiel exulta
dé contentamento ao receber no seu seio os soberanos
.

Bem vindos sejaes vós ao sul da lusa terra ... portuguezes


Honrem, sobre as ruinas de
imperio que desaba­um
Que berço de heroes foi nas pugnas d 'alem-mar ...

lar ainda
E que bellezas mil seu litoral encerra
'
va, e no
fumegante dos
vencidos tripudiavam
No mar, no ceo, na luz, na briza a ciciar ...
as hostes
aguerridas do vencedor
de Far"a01I; e aos la­
mentos dos deixavam a terra que fôra
que regada com
o suor do seu rosto e agora orvalhada com as lagrimas
A este jardim formoso á beira-mar plantado ...

do desespero, succediarn os cantos marciaes dos trium­


Onde o tomilho cresce á sombra do rosal ...

E o sol ao despontar oscula enamorado phadores, exaltados com os laureis da victoria e com o
O arroio gue murmura em leito de crista!. prazer da conquista. .

Hoje, porem, que não ha vencidos nem vencedores;


que no meio de uma paz invejavel, nem ha odios de ra-
ças, nem ambições de conquistas; que a nossa naciona­
o sui da luza terra exulta jubiloso ... lidade se acha firmemente constituida; que á sombra
E vem a multidão em fervido anciar, das instituições, que nos regem, gosamos de uma liber­
Dos alcantis da serra até ao Val-formoso, dade inextimavel; que, ás vibrações patrioticas da nossa
Por seus augustos Reis vir hoje aqui saudar! alma, sentimos pulsar no peito o coração de verdadei-

�.,����������������iI
í
II·����������������II
ros
d�� esses
portuguezes por gloriosos feitos dos nossos t irncianva e por issolimitar-nos-hemos a conta dos
soldados alem mar; hoje, ernfim, que recebemos a & e de
em actos mais importantes �erdadeIn� utilidade para
amavel e promettida visita dos nossos soberanos, reju-
bilamo-nos ao dizer-lhes: sejam bem vindos, e ao -
¡ o
paiz na sua
lhe deram entre nós
já longa �
e
g!onosa
la fora o
carr�lra politica,
proemmente lagar
que
que
i
saudal-os sentimos esse
prazer que o exilado ex
peri" i occupa de estadista consumado.
menta após os desconsolos do Os de
principaes projectos
desterro, ao ver alvejar por lei de sua sâoi-e-re-
iniciativa,
entre o arvoredo a casinha forma penal, reforma do pro-
onde nasceu, illuminada pelo cesso civil, reforma da instru-
sol esplendente da liberdade! ccão primaria e secundaria,
Hontem glorificava-se um creação do conselho superior
feito de armas, que engrande- de instruccão publica, reforma
cia a terra da patria. do supremotribunal adrninis-
Hoje festeja-se a realisação trativo, etc., etc.

de uma
promessa, que será o O conselheiro José Lu-
sr.

auspicioso inicio de uma era de ciano de Castro comecou a sua


prosperidade para a provincia. vida politica aos vinte annos,
Hontem D. Affonso 3.°, des- em
seguida a ter concluido bri-
cançava das fadigas d'uma lucta Ihantemente a formatura em

grandiosa sob a aboboda do Ar- direito. Foi isso em 1853; e


co do Repouso, nas desde então até haver sido
antigas mu-
ralhas do castello de Faraon. nomeado par do reino foi sem-
Hoje D. Carlos 1.0 vem, pre ou
quasi sempre deputado
no remanso da paz, contem- pelo circulo da Feira ou pela
piar reliquias venerandas
essas
Anadia, onde gosa de grandis-
de poder que se extinguiu,
um sima popularidade.
junto ás quaes a civilisação Chamado pela primeira vez,
e
progresso com o seu alen-
o em I �69, aos conselhos da co-
to vivificador alevantaram esta roa, tomou conta da pasta da
nobre e fidelissima cidade, que justiça em um ministerio pre-
se atavia com as suas maiores sidido pelo duque de Loulé.
galas, para receber com gentile- Dez annos mais tarde foi en-

za os seus augustos soberanos.


CONSELHEIRO JOSÉ LrcIANO DE CASTRO
carregado da gerencia da pas-
Bemvindos sejam! ta do reino em um ministerio

CONSELHEIRO AUGUSTO JOSÉ DA CUNHA CONSELHEIR� FRANCISCO A�TONIO DA VEIGA BEIRÃO

i organisado por Anselmo Braamcarnp, de saudosa me­


i moria. Em 1886 foi pela terceira vez ministro e pela
i primeira presidente do conselho e em fevereiro do cor­
i rente anno foi novamente incumbido de formar

nete, ficando, como em 1886. com a pasta do reino.


gabi­
i
'1 Tem, pois, o sr. conselheiro José Luciano de Castro
de um homem da estatura do
biographia t sido por quatro vezes ministro, sendo em duas presi-
conselheiro José Luciano de Castro,
sr. i dente do conselho.
.

presidente do conselho e ministro do reino


e illustre chefe do partido
i E' tambem um orador parlamentar eloquente e como
tal tem os seus creditas ha muito firmados. As suas
progressista, não i
se
pode traçar em duas palavras. t esporas de ouro ganhou-as elle em renhidos combates
As columnas d'este jornal seriam insufficientes , em uma camara em que havia homens como José Es-
pa-
ra conter a lista dos projectos de lei, de que, como
ministro, deputado ou par do reino, tem tomado a
f tevão, o principe dos oradores portugucz es e quiçá da
i peninsula, e outros grandes artistas da palavra, como

1i����������������;iI
���������������������������
Casal Ribeiro, Latino Coelho, Rebello da Silva, Fomes
, lhe as faces e a acariciar-lhe os cabellos brancos os ne-
Pereira de Mello, Dias Ferreira, etc. ¡ tinhos, que adora.
No mundo scientifico é não menos considerado ¡ Para uns, uma
pasta é a
suprema ambição, para a

pel.os.
'D!"ettq�
seus bellostrabalhos jurídicos publicados no
de que. ha longos annos, é director e
¡, conquista da
qual seriam até capazes de escalar o ceu;
pro- para outros, e n'esse caso está o sr. conselheiro Angus­
pnetano, , to José da Cunha, representa um sacrificio, um pesa·
Deu tambem l-rado no seu
tempe como jornalista ¡ dissimo sacrificio, a que já por duas vezes se tem su­
politico,no
tempo em que havia jornalistas da estatura
de Antonio Rodriuues
Sampaio. Teixeira de Vascón-
¡ bmettido talvez. para ser agradavel ao seu Real disci­

cellos e Lopes de Mendonça. Ainda hoje, de


, �ulo e tambem em obediencia ás indicações do seu par­
longe em ¡ tido, a que não sabe faltar.
longe, o. Correio da ,\uite, orgão official do partido ¡ O sr. conselheiro Augusto José da Cunha reune
progressista, tem ii honra da sua collaboração em ani-
,gos que evidentemente são da sua penna, a que os seus
¡ todosos
requisitos, que ainda os mais exigentes lhe
¡ reconhecem, para o cabal desempenho do alto cargo
adversarios politic, s se atiram como
Sant'iago aos rnou- ¡ que exerce; t: por isso, de novo o "repetimos, é consi­
lodos ¡
ros,.mas em
que os
que mourejam na imprensa derado como um dos vultos mais
syrnpathicos e mais
diana reconhecem a poderosa individualidade do an-
tigo polemista do Observador, do Commercio do Por-
¡ proeminentes do partido progressista.
¡
to, da Revolução de Sele/libra, da Gazeta do POliO, do
.
¡
]Jazi, etc. ¡
O illustre pre-idente de ministros é par do reino.. ,
ANTONIO DA VEIGA BEIRÃO
vogal do Conselho de
administrative,
Estado, juiz do supremo tribunal ¡ CONSELHEIRO FRANCISCO
grã-cruz da. Torre Espada, dis-
e ;
tincção esta raras vezes concedida, mas com que S. M. *
houve por bem agracial o, em attencão aos relevantes ;
>

serviços prestados ao paiz.


Pelo fallecimento do honrado estadista Anselmo
f actual ministro da justiça e interino da
¡ marinha, coma hoje 56 annos de idade,
Braamcamp recahio a chefatura do partido progressista ¡ pois nasceu a 24 de julho de 1841.
no sr. conselheiro José Luciano de ¡ Filho do abalisado professor de ma­
Castro; e manda a
verdade que se diga, que a gloriosa bandeira d'este
f teria medica na Escola Medico
Cirurgica
partido não podia ser confiada a mãos mais firmes, ¡ de Lisboa, Caetano Maria Ferreira da
mais experimentadas, mais habeis e mais honestas, , Silva Beirão, herdou de seu pai não só o
accudir em defesa das instituições, ¡ talento,
sempre promptas a >
mas o primero- o caracter.
da patria e da liberdade.
¡ �� Tendo terminado
,862 em o curso
As instituições,
O tempo
a
patria e a liberdade devem-lhe ¡ �� l;tlca,
ge direito, .
seguida vida poentrou em na

!11ui.to. se
encarregará de lhe fazer inteira ¡ �' 1869 e tornou em assento na camara

jusnça. ;
¡
�t� dos deputados, fazendo parte da maioria que
apoiou ministerio Sa-Vizeu. D'essa
e ��� o

tarn bem fez par fallecido estadista


ca-

¡
¡
"'tW mara

Saraiva de
te o

Carvalho, cuja perda o partido


¡
CONSfLHEi�O AUGUSTO JOSÉ DA CUNHA •
¡
progressista
fôra s eu condiscipulo
e todo o
paiz ainda hoje deplora, e que
na universidade de Coimbra. O

• sr. conselheiro Beirão ganhou logo n'essa situação os


, creditos de orador fluente e correcto, creditos que dia
ft sr. conselheiro A ugusto José da a dia teem
a, ministro
� das obras publicas, é um dos vultos mais presti- Cunh. ¡¡ um dos
augmentado, sendo hoje considerado corno
mais
eloquentes oradores da camara a que
giosos do partido progressista, pelo seu vasto saber e , pertence, e
argumentador de primeira ordem.
como um

pela sua inconcussa probidade. Foi pela primeira vez , Deputado pela minoria do circulo do Porto na cama­
chamado ao poder em 1891 e encarregado da pasta da , ra que foi dissolvida
pelo gabinete Hintze-Franco, quan­
fazenda. E' director da da moeda, onde tem pre-
casa

stado importantes -erviços e introduzido grandes melho-


¡ do se pretendia iazer votar um novo regimento que
cerceava as liberdades
; parlamentares, o sr. conselheiro
ramentos, e muito estimado por tedo o pessoal d'aquel- • Beirão proferio um eloquentissimo discurso, que deu
le estabelecimento do estado, pela sua affabilidade e brado em todo o paiz, em defeza d'essas liberdades,
bondoso coracão. f sendo-lhe retirada a palavra, occorrendo então os
e
Quem escreve estas linhas teve já occasião de apre- ¡ acontecimentos, que airida estão bem vivos na memoria
ciar- uma e outro, cm circumstancias ¡ de todos, para que seja nec essario relernbr al-os.
que não vem pa ra
referir, mas cuja lembrança conserva bem viva O sr. conselheiro Veiga Beirão desde 1869 até ho·
o caso

no coração.
¡ je tem quasi sempre occupado uma cadeira no parla­

E' tambem professor da cadeira de calculo mento, discutindo com a maior proficiencia e criterio
" integral ¡
differencial, maior as mais
e
que rege com a proficiencia, na ¡ importantes questões, que ah se teem ventilado.
¡
-

Escola Polytechnic a, e faz parte do corpo docente do E' auctor do Codigo Commercial, que na opinião
Instituto de agronomia e veterinaria, tendo a seu cargo
a cadeira de mechanica e topograpbia. Como homem
: dos mais doutos jurisconsultos é considerado como obra
de grande folego intellectual. e que lhe valeu uma me-
I;
I
¡
de sciencia poucos o igualam; e, á enorme somma de ¡
¡
dalha de ouro conferida pela Associação Commercial I
conhecimentos de que dispõe, deve o ter sido escolhido, do Porto, que tambem mandou collocar o seu busto,
em
tempo, pelos collegios scientificos,
para os repre- ¡ em marmore, na sala das suas sessões, como tributo
sentar como par do reino electivo na camara alta. ¡ de sonsideração e respeito ao notavel e honrado esta­
O sr. conselheiro Augusto José da Cunha foi um , dista.
dos preceptores de el-rei, que d'esse tempo se não es- E' conservador do registo predial em Lisboa, logar
queceu, tanto é o
empenho que põe em mostrar, em
f que obteve por concurso, sendo classificado em primei­
¡
particular e em publico, a consideração e estima que ¡ ro
logar. E' tambem lente da cadeira de direito com­
lhe tributa. , mercial portuguez, no Institute industrial e commercial,
A de leve ,
politica nem seduz. Estamos convenci-
o
que tambem obteve por concurso publico, sendo mi­
dos de que trocaria, com a mais viva satisfação, a farda
bordada de ministro pela modesta sobrecasaca de pro-
¡ nistro da justiça no gabinete
presidido pelo sr. conse­
lheiro José Luciano de Castro, que subiu ao poder em
;
fessor.e as estopadas diarias da secretaría pelos encan- • 1886.
da vida d, familia, principalmente tendo a I O conselheiro Beirão é trabalhador
beijar- sr.
Veiga um

aOS �
i
\

I
������������ que não tem
poupado esforços para ser uti I , cantos da sua alma ás grandes alegrias de a receber con-

I infatiga.velpaiz.
ao

exercer
, lagarQuando
seu deixa
de conservador e o de advogado nos
O
de ser ministro, volta a �

¡
dignamente
E maravilha de
na sua
querida diocese.
certo ver como o
.

bom Prelado de­


auditorios de Lisboa. O gu,: talvez muita gente ignore, � sannuvia as
rugas dos seus importunos padecimentos
é que o illustre ministro da justiça é um Iitterato dis- physicos ostentar as irradiacões fulgurantes do,
f• seu para
tincto, que maneja a penna com a mesma facilidade e
, se e
espirita gentil e do seu coração formoso, ani mando­
competencia com que profere um discurso, e que ama rejubilando-se n'esta visita de Suas Magestades.
o convivia dos homens de letras.
Muito illustrado e muito honrado, desviando-se sem-
I Mil felicitações ao sabio e bondoso Antistite.
i
P. NOGUEIRA
pre dos '{ig-'{ags para seguir a linha recta, é muito res- t
peitada pela magistratura judicial e gasa de justas sym-
pathias em todas as classes da sociedade portugueza.
t
*
Poucos, aos 56 annos de idade, podem ufanar-se i GOVERNADOR CIVIL DE FARO
de ter uma tão larga e brilhante folha de serviços pre- i
tados ao seu paiz. ,
.�
f !íÆ O sr. Seabra de Lacerda, illustre governador
� civil d'este districto, compete-lhe um logar de
C AnCE�ISrO·�ISFO D� ALGAnVE i
i
honra n'este jornal, a par do mui digno arcebispo-bispo
do Algarve, por haver poderosamente contribuido para
* a visita de Suas Magestades a esta formosissima
pro­
� sr. D. Antonio Mendes Bello é um dos mais insignes
¡ vincia, a mais bella talvez de Portugal, e tam bern pela
� prelados do reino de Portugal. Entrelaça admi-
,
sua fina educação, pelo seu coração caritativo. e pela
ravelmente a
rigideza da sua austeridade e a
energia * nobreza do seu caracter.

D. ANTONIO �IE�DES BELLO


.\
JOSÉ VAZ CORREIA SEABRA DE LACERDA

do seu
governo com as suaves e meigas virtudes do Desde gue paz pé em terra alga; via até agora, nem
i
seu bonissimo coracão. , um só dos seus actos, como delegado do governo, dei­
Imperterrito na defensa dos seus sagrados direitos, ; xou de ser fidalgo e correctu, merecendo por isso, de
desce á condolencia, que se exteriorisa cm Jagrimas, � um a outro extremo da provincia, os encomios da I
t
ante o
conspecto da dor e da miseria. gente mais illustrada e sensata. /
Não lhe toquem nos seus padres, gue o bom prela-
do quer-lhes tanto como a filhos seus.
i No trato particular é de uma lhaneza e amabilidade
, captivantes ; como governador civ.l, no exercicio das
Tem a rara virtude, o peregrino condão de se fa- , suas funcções, ninguem até hoje se acercou d'elle a
pe­
zer amar pelo seu clero e estremecer

cesanos.
pelos seus dio- i dir-lhe um obsequio, que não renha sido affave'mente
acolhido e prornptamernc satisfeito.

E n'este ponto é muitissimo mais feliz que alguns � A familia do sr. Seabra de Lacerda não era deseo-
dos seus
collegas. � nhecida no Algarve. Um dos seus antepassados, José
Tem soffrido os seus desgostos, porgue para um
i Seabra da Silva, sendo ministro de D. Maria r ,";: foi
bispo que lhe
a cruz
pende ao peito, pelo facto de
ser
, guem nomeou D. Francisco Gomes de Avellar, de sa'qI-
de ouro, não deixa de ser cruz. , dosissima memoria, bispo do Algarve.
Mas taes desgostos, nascidos do triste espectaculo t O sr. Seabra de Lacerda tem sido deputado pelo,
das actuaes desmoralisações de uma sociedade gue quer
I circulo de S. Pedro do Sul, on.ie couta innumeras sym-
'

fugir de Deus, teem por compensação, primorosos affe- � pathias e dedicações, e muitas vezes presideñte da ca-
ctos e sinceras dedicações
gue lhe offerecem os seus t mara d'aguelle concelho.
filhos crentes e virtuosos. ., Tem-se obstinadamente recusado, com uma modes- "
E' justo n'esta occasião felicitar o Venerando Bispo
¡ tia superior a todo o elogio. a ac eirar JS honrarias gue 1\
·do Algarve.
t
'\ Amigo como é da Familia Real, abre todos os re- " collocados; e, se aceitou o
governo Ci v.l de Faro, foi

,¡�-��������������" ,-

.'J

\
\

'. \

I.
_j
I�����������������
exc1,!siva�enteunica. e
VISITA REGIA AO ALGARVE
para agradavel ao sr. con- ser
i "

sel��lro J?se Luciano d� Castro, de quem é antigo cor- t



religionario e
amigo muito dedicado.
deixar a t
Quando ad�inistração superior d'este dis- 'Dia 8 Partida de Lisboa para o Algarve ás IO
-

i
.

tr icto, haverr:os de sentir a sua falta, porque é raro en- h, da noite.


contrar reunidas em um só homem as brilhantes qua- * Dia 9 Chegada á estação de Albufeira ás 8 h. on­
-

lidades que possue, e que o teem tornado respeitado e � de as M. M. recebem os cumprimentos da camara muni­

querido dos habitantes do Algarve. cipal, auctoridades e demais pessoas convidadas pela
cA tau! seigneur, lout honneur. ¡ camara. Chegada á estação de Loulé ás 9 horas. Re­
� cepção da camara, auctoridades e convidados. A's 9 e
---#Z�-- ¡
40 minutos chegada a Faro. S. S. M. M. da gare se­
t
.. i:... VEl, RElGIN A! , guem, em carruagem descoberta, para a Sé, onde será
� cantado um solemne Te-Deum, em acção de graças,
� havendo em seguida recepção official no paço episcopal,
t onde se alojam. Depois do almoço visita ao museu la­
Ao passardes, �
feliz, desabrochando � pidar «Infante D. Henrique,» Escola Industrial, Hospital
A flor 'dos da Misericordia, Albergue, Museu Maritimo e Santo An­
vo�sos labios purpurinos, �
Cantam Glorias os loiros pequeninos, t tonio do Alto. Da gare até' á Sé o cortejo seguirá, pelas
Vosso nome de mel abençoando. i ruas de
t �isboa, da Parreira e infante D Henrique, praça
D. Francisco Gomes e Arco da Villa. Bodo a 1:000 po­
E' que vós, Ó Rainha entre as
Rainhas, �
i bres. A' noite illuminação do largo da Sé, praça D.
Sois fada do Lar, o Anjo do Bem
a ...

: Francisco Gomes e outras ruas da cidade, musicas, fo­


Soisa Luz, sois o
Riso, sois a Mãe �
Dás loiras e das pobres creancinhas gos de artificio, etc.
... � Dia lo-Pelas o horas da manhã saem S. S. M.
i
MARIA VJ:LLEDA
t M. de Faro, por terra, para Villa Real de Santo An­
i tonio, entrando em Olf ão, onde se demorarão al­

guns minutos, afim de receberem os cumprimentos da
t carnara e auctoridades.
Chegada a Tavira ás 12 hêras
�A VEM A RAINHA �
� da manhã. Em seguida almoço em casa do sr. José
� Firmino Pires Padinha, retirando-se para Villa Real ás
� 4 horas da tarde. Na noite de lO grandes illuminações
� em
'1I>I!"!--."tll':l', NTRA pela primeira vez no seu reino do Al­ terra, fogos de artificio, musicas, serenatas no rio,
¡
M. M., em seguida á chegada a Villa
garve. Traz no lindo semblante a serenida­ t etc. S. S.
._� de da virtude, irradia-lhe da alma a fulgu­ � Real, recebem na casa da cámara os
cumprimentos da
..
ração da magestade. � municipalidade, funccionarios publicos, etc.
¡ Visita á mina de S. Domingos. S. S. M.
A sua belleza é incomparavel.
$
Dic¡ 11 -

Não a vedes,
algarvias gentís? � M. saem de Villa Real pelas 6 horas da manhã, em­
Mas vede-a antes com os olhos da alma, Z barcados, chegando á Mina ás IO horas. Almoço
¡ e visita ás minas. Partida para o Pomarão ás 4 e meia
que a belleza terrena murcha, secca e des­
� da tarde e
faz-se nas transformacões da natureza ..

� chegada a Villa Real ás 8 horas e meia.


Surprehendei-Ihe � sorriso, que é mais Dia 12 Partida de 'madrugada, por mar, para Sa
-


fino e delicado que o desabrochar do lyrio � gres e desembarque em Lagos, pelas tres e meia da
em fresca manhã de abril. t tarde. Recepção na camara, visita á cidade e lançamen­
� to da
Fixae o seu rosto, que é mais limpido e

primeira pedra pará a construcção do paredão,
amoroso que o azul do nosso ceu. cerimonia a que S. S. M. M. assistem em um pa­

E' que a Rainha de Portugal pediu em­ % vilhão expressamente armado para tal fi m. Pelas 6 ho­
prestadas á meiga Nazarena todas as virtu­ t ras da tarde partem para Portimão, onde chegam ás

des excelsas em que se crystallisou a verdadeira belleza,
¡ 7 e meia. Na noite de 12 grandes iJluminações na ponte,
emblemada nos cantares do oriente. caes e ruas principaes da villa e musica de caçadores

Ella não ostenta vaidades ephemeras, que desappa­ � cinco no coreto do passeio.
recem como a plumasinha que vôa. Tem canduras e £ Dia 13 Partida de S. S. M. M. de Portimão
-


simplezas como as donzellas, liadas com affectuosas � para Monchique, pelas 8 horas da manhã. A' ida, ou á
visita Banho. Chegada á formosa e pittores-
dedicações de esposa. E aos santos, purissimos enle­ � volta,
ao

vos do amor de mãe, enlaça os diamantinos ca villa de Monchique, pelas I I horas da manhã, sen-
primores �
de uma caridade, que se desdobra em milhares de con­ � do servido o almoço em casa do digno presidente
¡ da camara e antigo deputado, sr. José Joaquim Aguas.
solações a rorejarern sobre as creancinhas desvalidas e t
sobre o desamparo da velhice. Depois effectuar-se-ha o passeio á Foia. No regresso

�I
¡
Na pratica do bem, na beneficencia modesta, sem � S. S. M. M. recebem os cumprimentos da Cama-
t ra e pessoas por esta convidadas. Saída de Monchique
os
ouropeis da vanidade, nem as arrogancias impo­ ¡
nentes de empolada grandeza, é que ella é soberana e ao anoitecer, chegando a Portimão pelas 7 e meia.
¡
Dia 14- Visita a Lagôa; partida para Silves, pe-
magestosaínente Rainha. ¡
las duas horas da tarde, onde S. S. M. M. che-'
.

S¡ udae-a, filhas do Algarve! Ella é o crystallino es- ¡


pelho a que vos deveis compôr. t gam pelas 3 e um quarto, alojando-se no palacete do
i sr. conde ue Silves,
Não deixeis que pize os tapetes com ,que adornaes que lhes offerecera um jantar. Re­
,
a estrada do seu
triumpho. Arrancae antes, vi vos, pal­ ¡ cepção.
Visita á cidade, que estará embandeirada, Sé,
picantes, os vossos corações e com elles fabricae um � Hospital, Castello e talvez a algumas fabricas de corti­
throno que sirva de pedestal ao brilho deslumbrante da ¡ ça. Depois S. S. M. M. partem para S. Bartholomeu
t de
(sua magestade. Messines, onde tomarão o comboyo real para Lis­

Enfeitae-a de flores, que as petalas das flores são , boa, pelas Ilharas da noite,
pa .. .culas de amor. , Dia IS Regresso a Lisboa.
-

; Tanto em Villa Real de Santo Antonio, como em


Beijae-lhe a mão caridosa, que o ciciar dos vossos ,


Portimão, S. S. M. M. dormirão 1. bordo do hiate D. I
beijos será o hymno que vae resoar nas mysteriosas al­ , Amelia.
/' turas do amor.
¡ í ¡
,
I Saudae-a, filhas do Algarve! ¡ Os navios que veem ao Algarve e aqui estarão du- 1
¡ rante a visita de S. S. M. M., são : hiates D. Ame-
I
'

Viva a Rainha! Bemdicta seja!


-

P. NOGUEIR.A, , 'Ha, já citado, e Lia, e canhoneiras Mandovy e Zaire. I 1

I J�����������������������
!P-:'i
Yf/ Typ. do C/Jlgarve e
eâlemtejo, rua êo Albergue, 17 cIg-FARO

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