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Português 9º ano – Os Lusíadas: Adamastor

Adamastor
Canto V – estâncias 39-60
A viagem da esquadra é

Introdução 37 Porém já cinco sóis passados rápida e próspera até

Que dali nos partíamos, cortando uma nuvem que escurece

Os mares nunca doutrem navegados, os ares surge sobre as


Preparação do
cabeças dos navegantes.
cenário
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Hipérbato
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.

A nuvem escura que surgiu vinha Discurso na 1ª


38 Tão temerosa vinha e carregada,
tão carregada que encheu de pessoa – mostra
medo os navegantes. O mar, ao Que pôs nos corações um grande medo;
que o narrador é o
longe, fazia um grande ruído ao Bramindo, negro mar de longe brada,
Vasco da Gama.
bater contra os rochedos. Como se desse em vão nalgum rochedo.
Vasco da Gama pergunta à
“Ó Protestante (disse) sublimada:
comparação tempestade quem ela é na
Que ameaça divino ou que segredo realidade, pois parecia mais do
Este clima e este mar nos apresenta, que uma simples tormenta.
Que mor cousa parece que tormenta?” Esta descrição fará a imagem do
Gigante ainda mais terrível e
Desenvolvimento 39 Não acabava, quando uma figura assustadora.

Se nos mostra no ar, robusta e válida, Descrição do mostrengo


Aparecimento do De disforme e grandíssima estatura;
mostro e a sua O rosto carregado, a barba esquálida, - rosto fechado
descrição Os olhos encovados, e a postura - olhos encovados

Medonha e má e a cor terrena e pálida; - má postura


Vasco da Gama ainda não tinha
Cheios de terra e crespos os cabelos, - cabelos crespos e cheios de
terminado de falar quando
terra
surgiu uma figura enorme, que A boca negra, os dentes amarelos.
- boca negra com dentes
o interrompe.
amarelos

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40 Tão grande era de membros, que bem posso Referência a exemplos


Certificar-te que este era o segundo clássicos. Neste caso refere-
De Rodes estranhíssimo Colosso, se ao Colosso de Rodes que
Introdução da fala do gigante,
Que um dos sete milagres do mundo. foi uma das sete maravilhas
com a descrição da sua voz.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso, do mundo antigo.

Voz horrenda e grossa que faz Que pareceu sair do mar profundo.
arrepiar os cabelos e o corpo Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
dos navegantes. A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!
O gigante reconhece o
Desenvolvimento mérito dos portugueses.
41 E disse: “Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas, Chama os portugueses de ousados
Discurso do Tu, que por guerras cruas, tais e tantas, e afirma que nunca repousam e
gigante E por trabalhos vãos nunca repousas, que tem por meta a glória
(1ª parte) Pois os vedados términos quebrantas particular, pois chegaram aos
E navegar nos longos mares ousas, confins do mundo.
Salienta que aquelas águas
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
nunca tinham sido navegadas e
Nunca arados d’estranho ou próprio lenho: Apóstrofe
que ele é o guardião das
mesmas.
42 Pois vens ver os segredos escondidos
Os portugueses vão descobrir
Como os portugueses descobriram Da natureza e do único elemento,
e ver o que nenhum ser
os segredos do mar, o gigante A nenhum grande humano concedidos
humano viu antes.
ordena-lhes que estes terão de De nobre ou de imortal merecimento, O facto de terem sido
ouvir os sofrimentos futuros, Ouve os danos de mi que apercebidos atrevidos e destemidos fará
consequências do atrevimento de Estão a teu sobejo atrevimento, com que consigam conquistar
cruzar os mares. Por todo largo mar e pola terra muitas terras, mas também
Que inda hás de sojugar com dura guerra. lhes trará muito sofrimento.
Premonições

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43 Sabe que quantas naus esta viagem O gigante afirma que os


Avisa que perderam parte da navios que fizeram aquela
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
armada (4 naus) num viagem terão aquele cabo
Inimiga terão esta paragem,
naufrágio, pois o perigo é como inimigo.
Com ventos e tormentas desmedidas!
sempre maior quando os
navegantes são apanhados
E da primeira armada que passagem A armada a que se refere é a

desprevenidos. Fizer por estas ondas insofridas, de Pedro Álvares Cabral, que
Eu farei de improviso tal castigo será seguinte a atravessar

Que seja mor o dano que o perigo! aquele cabo.

Uso do futuro, mostrando 44 Aqui espero tomar, se não me engano,


que se tratam de De quem me descobriu suma vingança.
premonições. Promete vingar-se do seu
E não se acabará só nisto o dano
De vossa pertinace confiança: descobridor, Bartolomeu Dias.

Antes, em vossas naus verei, cada ano, Por isso, outras embarcações
Afirmações ameaçadoras,
portuguesas serão destruídas por
afirmando que o mal Se é verdade o que meu juízo alcança,
ele.
menor será a morte. Naufrágios, perdições de toda a sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte!

45 E no primeiro Ilustre, que a ventura


Com fama alta fizer tocar os Céus, Refere-se a Francisco de
Serei eterna e nova sepultura, Almeida, o primeiro vice-rei

Por juízos incógnitos de Deus. da Índia e da sua vitória


sobre os turcos.
Aqui porá da Turca armada dura
Os soberbos e prósperos troféus;
O gigante continua ameaçador, Premonição
Comigo de seus danos o ameaça
dizendo que junto a ele haverá
A destruída Quíloa com Mombaça.
sempre perigo, apesar de todas
as conquistas.

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46 Outro também virá, de honrada fama,


Significa
O gigante cita a desgraça da Liberal, cavaleiro, enamorado, destino
família de Manuel de Sousa E consigo trará a fermosa dama
Sepúlveda, cujo o destino Que Amor por grão mercê lhe terá dado.
será trágico. Sofrem um Dupla
Triste ventura e negro fado os chama
naufrágio e depois sofrerão adjetivação
Neste terreno meu, que, duro e irado,
muito.
Os deixará dum cru naufrágio vivos,
Pera verem trabalhos excessivos.

Continua a apresentar as 47 Verão morrer com fome os filhos caros,


desgraças da família de
Em tanto amor gèradas e nacidos;
Manuel Sepúlveda. Diz que os Continua a usar o futuro,
Verão os Cafres, ásperos e avaros, evidenciando as
seus filhos irão morrer à
Tirar à linda dama seus vestidos; premonições.
fome e que a sua esposa será
violentada pelos habitantes Os cristalinos membros e perclaros
de África, depois de À calma, ao frio, ao ar verão despidos,
caminhar pela areia do Despois de ter pisada, longamente,
deserto. Cos delicados pés a areia ardente. Perífrase:
Refere-se aos
48 E verão mais os olhos que escaparem sobreviventes.
De tanto mal, de tanta desventura,
Os sobreviventes do naufrágio,
Os dous amantes míseros ficarem
serão as testemunhas da morte
Na férvida e implacábil espessura.
de Manuel e da esposa que
Ali, despois que as pedras abrandarem
ficarão no mato quente e
inóspito. Com lágrimas de dor, de mágoa pura,
Abraçados, as almas soltarão Eufemismo:
De fermosa e misérrima prisão. Refere-se à morte.

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Desenvolvimento 49 Mais ia por diante o monstro horrendo,


Dizendo nossos Fados, quando, alçado,
Interpelação de Lhe disse eu: -“Quem és tu? Que esse estupendo
Vasco da Gama Corpo, certo, me tem maravilhado!” O gigante continua o seu

A boca e os olhos negros retorcendo discurso fatalista, quando


é interrompido por Vasco
O gigante começa a sua resposta E, dando um espantoso e grande brado,
da Gama.
com uma voz pesada evidenciando Me respondeu, com voz pesada e amara,
Gama está maravilhado
que se está a recordar do seu Como quem da pergunta lhe pesara:
com aquela figura
passado triste.
medonha e ao mesmo
Desenvolvimento 50 “Eu sou aquele oculto e grande Cabo tempo fascinante.
A quem chamais vós outros Tormentório,
Discurso do Que nunca a Ptolomeu, Pompónio, Estrabo,
gigante Plínio, e quantos passaram fui notório. O gigante apresenta-se e
(2ª parte) Aqui toda a africana costa acabo localiza-se no espaço
Neste meu nunca visto Promontório, geográfico.
Mostra-se extremamente
Que pera o pólo antárctico se estende,
ofendido com a ousadia dos
A quem vossa ousadia tanto ofende!
portugueses.
Perífrase:
51 Fui dos filhos aspérrimos da Terra, Refere-se a Júpiter.
O Adamastor diz que era um dos Qual Encélado, Egeu e o Centimano;
titãs, gigantes que lutavam contra Chamei-me Adamastor, e fui na guerra
Júpiter e que sobrepunham montes
Contra o que vibra os raios de Vulcano;
para alcançar o Olimpo.
Não que pusesse serra sobre serra, A sua missão era procurar a
Mas, conquistando as ondas do Oceano, armada de Neptuno nos
Fui capitão do mar, por onde andava mares.
A armada de Neptuno, que eu buscava.

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Perífrase:
52 Amores da alta esposa de Peleu Refere-se a Tétis.
Me fizeram tomar tamanha empresa;
Todas as Deusas desprezei do Céu,
Recorda o dia em que a viu
Só por amor das águas a princesa;
Adamastor cometeu a loucura nua na praia e se apaixonou
Um dia a vi, coas filhas de Nereu,
de lutar contra Neptuno por por ela.
amor a Tétis, por quem Sair nua na praia e logo presa
Ele continua apaixonada por
desprezou todas as Deusas. A vontade senti de tal maneira,
ela.
Que inda não sinto cousa que mais queira.

53 Como fosse impossíbel alcança-la

Como jamais conquistaria Tétis,


Pola grandeza feia de meu gesto,

porque era muito feio, ele Determinei por armas de tomá-la


resolve conquistá-la por meio E a Dóris meu caso manifesto.
da guerra e manifestou a sua De medo a Deusa então por mi lhe fala.
intenção a Dóris, mãe de Tétis, Mas ela, cum fermoso riso honesto,
que comunicou à filha. Respondeu: “-Qual será o amor bastante Tétis considera este
De ninfa, que sustente a dum Gigante? amor impossível.

Tétis continua a sua


54 Contudo, por livrarmos o Oceano resposta, dizendo que
De tanta guerra, eu buscarei maneira para livrar o oceano de
Com que, com minha honra, escuse o dano.” tanta guerra encontrará
Tal resposta me torna a mensageira. uma solução digna.
Eu, que cair não pude neste engano
(Que é grande dos amantes a cegueira), Afirma que, como estava

Uso do lírico Encheram-me, com grandes abondanças, cego de amor, não percebeu
que as promessas que Dóris e
O peito de desejos e esperanças.
Tétis lhe faziam eram
mentira.

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55 Já néscio, já da guerra desistindo,


Uma noite, louco de amor, o
Hua noite, de Dóris prometida, gigante, desiste da guerra e
Me aparece de longe o gesto lindo aparece-lhe o lindo rosto de
Da branca Thetis, única despida. Tétis, única e nua.
Como doudo corri, de longe, abrindo
O gigante correu abrindo os Os braços pera aquela que era vida
braços para a sua amada e Deste corpo, e começo os olhos belos
começou a beijá-la. A lhe beijar, as faces e os cabelos.

Uso da
56 Oh! Que não sei de nojo como o conte! Adamastor expressa a mágoa
interjeição.
Que, crendo ter nos braços quem amava, que sentiu, porque, achando
que beijava e abraçava Tétis,
Abraçando me achei cum duro monte
Ficou tão transtornado, imóvel e encontrou-se abraçado a um
De áspero manto e de espessura brava.
sem palavras que se fundiu com o duro rochedo.
próprio rochedo e ficando para Estando cum penedo fronte a fronte,
sempre aprisionado. Que eu polo rosto angélico apertava,
Não fiquei homem, mas mudo e quedo
Sentiu-se como uma rocha diante E, junto dum penedo, outro penedo!
doutra rocha. Invoca a Tétis para lhe perguntar
porque é que manteve a ilusão de
57 Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano,
que o ia abraçar, bastava disser
Já que minha presença não te agrada,
Invocação da que não o amava.
Que te custava ter-me neste engano,
Tétis.
Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?
Daqui me parto, irado e quase insano Este parte magoado, para
Da mágoa e da desonra ali passada, outro lugar que não o
A buscar outro mundo, onde não visse ridicularizasse.
Quem de meu pranto e de meu mal se risse.

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Os titãs, irmãos do Adamastor,


58 Eram já neste tempo meus Irmãos foram vencidos e soterrados para
Vencidos e em miséria estrema postos, maior segurança dos deuses,
E, por mais segurar-se os Deuses vãos, contra quem não era possível
Alguns a vários montes sotopostos. lutar.
E, como contra o Céu não valem mãos,
Eu, que chorando andava meus desgostos,
Adamastor anuncia, então, Comecei a sentir do Fado imigo,
seu triste destino. Por meus atrevimentos, o castigo:
A carne do gigante transformou-
se em terra e os ossos em pedra.
59 Converte-se-me a carne em terra dura;
A sua figura e os seus membros
Em penedos os ossos se fizeram;
alongaram-se pelo mar.
Estes membros que vês, e esta figura
Por estas longas águas se estenderam.
Os Deuses fizeram dele um cabo.
Enfim, minha grandíssima estatura
Neste remoto Cabo converteram
Para que sofra o dobro, Tétis
Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,
costumava banhar-se nas
Me manda Tethis cercando destas águas.”
águas próximas.

Epílogo 60 Assi contava; e, cum medonho choro, O gigante desapareceu

Súbito de ante os olhos se apartou. chorando.

Desfez-se a nuvem negra, e cum sonoro


Bramido muito longe o mar soou.
Eu, levantando as mãos ao santo coro Vasco da Gama ergue os braços
Dos Anjos, que tão longe nos guiou, ao céu e pede aos anjos que as
A Deus pedi que removesse os duros premonições de Adamastor não

Casos, que Adamastor contou futuros. se realizem.

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Estrutura
Inspirado em Homero e Ovídio, o episódio do Adamastor é o mais rico e
complexo do poema. É de natureza simbólica, mitológica e lírica.

No plano histórico, simboliza:


o A superação dos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”, das superstições
medievais que povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos.
o Adamastor é uma visão, um espetro, uma alucinação que existe só nas
crenças dos portugueses. É contra os próprios medos que os navegadores
triunfam.

No plano lírico:
 É um dos pontos altos do poema, retomando dois temas constantes da lírica
camoniana – o do amor impossível e o do amante rejeitado.

No plano mitológico:
 Adamastor, um dos gigantes filhos da Terra (titã), apaixona-se pela nereida
Tétis. Não correspondido, tenta tomá-la à força, provocando a cólera de
Júpiter. Este transforma-o no Cabo das Tormentas, personificado numa
figura monstruosa, lançada nos confins do Atlântico.

Importância do episódio concentração das grandes linhas da epopeia


 O real maravilhoso – dificuldade na passagem do cabo.
 A existência de profecias – história de Portugal.
 Lirismo – história de amor.
 É também um episódio trágico, de amor e morte.
 É um episódio épico, em que se consolida a vitória do homem sobre os
elementos - água, fogo, terra, ar.

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Resumo do enredo

Introdução (37-38)
Preparação do ambiente para o aparecimento do gigante:
 Depois de cinco dias claros, com ventos calmos, com os marinheiros
“descuidados”, surge uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que
põe “nos corações um grande medo” e leva Vasco da Gama a interpelar o
próprio Deus todo-poderoso.

Aparecimento do monstro e a sua descrição (39-40)


Caraterização direta e indireta do monstro, sobretudo através de uma adjetivação
sugestiva e abundante, para realçar a imponência da figura e o terror e a
estupefação de Gama e dos seus companheiros.

Discurso do gigante -1ª parte (41-48)- glorificação épica


Discurso de carater profético e ameaçador, através do qual Adamastor, num tom
de voz “horrendo e grosso” anuncia os castigos e danos por si reservados para
aquela “gente ousada” que invadira o seu reino (dos mares):
 A “suma vingança” (a morte) de quem o descobriu (Bartolomeu Dias);
 A morte de D. Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da Índia;
 O naufrágio e a morte da família Sepúlveda;
 Para além destes casos particulares, as naus portuguesas terão sempre
“inimiga esta paragem” através de “naufrágios, perdições de toda sorte/
que o menor mal de todos seja a morte”.

Interpelação do Gama (49)


Gama já incomodado com todas aquelas profecias de desgraça, interroga o
monstro sobre a sua identidade. É essa pergunta tão simples que promove a
profunda viragem do seu discurso, fazendo-o recordar a frustração amorosa
passada e meditar na sua atual condição de degredado solitário e petrificado.
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Discurso do gigante – 2ª parte (50-59) – lirismo amoroso


A resposta à pergunta de Gama tem carater autobiográfico e tom elegíaco
(lamentação, triste), pois assistimos à evocação do seu passado amoroso infeliz.

Epílogo (60)
Súbito desaparecimento do Gigante, agora choroso pela recordação do seu triste
passado, levando consigo a nuvem negra e o “sonoro bramido” do mar com que
aparecera. Pedido de Gama a Deus para que remova todas as premonições
proferidas pelo gigante.

Ficha de trabalho resolvida


Lê atentamente as estâncias 39 a 44. Em caso de necessidade, consulta o
vocabulário apresentado.

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1. Localiza as estâncias transcritas na estrutura interna e externa d’Os Lusíadas.


O excerto apresentado enquadra-se no plano da narrativa, mais propriamente no
pano da viagem, no canto V. Este representa o episódio conhecido como “O
adamastor”.

2. Demonstra como a descrição do Adamastor procede do geral para o particular.


A descrição da Adamastor começa com a figura, ou seja, o aspeto geral, passando-
se à estatura. Depois, a descrição detém-se em aspetos particulares como o rosto,
a barba, os olhos, os cabelos, a boca, os dentes.

3. Explica a expressividade da comparação contida nos quatro primeiros versos da


estância 40.
O Adamastor é comparado ao colosso de Rodes, de forma a enfatizar o seu carater
gigantesco e extraordinário. Deste modo, o Adamastor é colocado no mesmo plano
do colosso e esta comparação é uma marca do estilo épico de Camões, uma
estratégia de engrandecimento dos feitos e vicissitudes dos navegadores. Assim,
ao ultrapassarem este desafio, as suas proezas serão ainda maiores, mais gloriosas
e mais extraordinárias.

4. Demonstra como o discurso ameaçador do Adamastor redunda,


intencionalmente, num elogio aos portugueses.
O discurso do Adamastor é animado, não só pela fúria, mas também pelo espanto
perante tamanhas proezas. Deste modo, ao ameaçar os navegadores, ao mesmo
tempo e, inadvertidamente, vai elogiando-os. Assim, qualifica os portugueses
como gente incomparável, incansável, indagadora e destemida.

4.1. Em que medida este discurso pode ser considerado uma profecia?
A primeira parte do discurso do Adamastor é essencialmente ameaçador para com
a audácia dos portugueses. Como forma de vingança, este vai numerando todas
consequências que este ato trará, sejam positivos ou negativos. Assim, ao longo
do discurso utiliza verbos conjugados no futuro, mostrando que tudo o que está a

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proclamar são premonições do que irá acontecer no futuro aos portugueses que
ali voltarem a passar. Como exemplos dá o naufrágio de Bartolomeu Dias e a
desgraça que cairá sobe a família Sepúlveda.

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