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Os Lusíadas
Luís de Camões
RESUMO DA OBRA
1 «ESTAS sentenças tais o velho honrado 2 «Entrava neste tempo o eterno lume
Vociferando estava, quando abrimos No animal Nemeio truculento;
As asas ao sereno e sossegado Vento, e do E o Mundo, que co tempo se consume,
porto amado nos partimos. Na sexta idade andava, enfermo e
E, como é já no mar costume usado, lento. Nela vê, como tinha por cos
A vela desfraldando, o céu ferimos, tume, Cursos do Sol catorze vezes cento,
Dizendo: – «Boa viagem!»; logo o vento Com mais noventa e sete, em que corria,
Nos troncos fez o usado movimento. Quando no mar a armada se estendia.
61 «Já Flégon e Piróis vinham tirando, 62 «A gente que esta terra possuía,
Cos outros dous, o carro radiante, Posto que todos Etiopes eram,
Quando a terra alta se nos foi mostrando Mais humana no trato parecia
Em que foi convertido o grão Gigante. Que os outros que tão mal nos receberam.
Ao longo desta costa, começando Com bailos e com festas de alegria
Já de cortar as ondas do Levante, Pela praia arenosa a nós vieram,
Por ela abaixo um pouco navegámos, As mulheres consigo e o manso gado
Onde segunda vez terra tomámos. Que apacentavam, gordo e bem criado.
75 «E foi que, estando já da costa perto, 76 «Etíopes são todos, mas parece
Onde as praias e vales bem se viam, Que com gente milhor comunicavam;
Num rio, que ali sai ao mar aberto, Palavra algũa Arábia se conhece
Batéis à vela entravam e saíam. Entre a linguagem sua que falavam;
Alegria mui grande foi, por certo, E com pano delgado, que se tece
Acharmos já pessoas que sabiam De algodão, as cabeças apertavam;
Navegar, porque entre elas esperámos Com outro, que de tinta azul se tinge,
De achar novas algũas, como achámos. Cada um as vergonhosas partes cinge.
CONSIDERAÇÕES DO POETA