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Confiabilidade e Manutenção

Com a evolução da Aviação, aeronaves maiores, mais velozes e dispositivos cada vez mais
sofisticados e complexos foram criadas. Uma preocupação por parte de todos, a qual a aviação
e parte integrante (órgãos regulamentadores, fabricantes e passageiros) e que, a segurança de
voo fosse mantida. Dessa forma dispositivos e diretrizes foram criados para que um padrão de
segurança fosse mantido.

A Teoria da Confiabilidade na Aviação de é o novo paradigma, a teoria abrange desde a


diretrizes dos órgãos regulamentadores, passando pelas instruções e manuais do fabricante
(estudos estatísticos da Vida útil de vários componente, dispositivos e acessórios da ANV) à
manutenção de todos os dispositivos da aeronave.

Diretrizes dos Órgãos Regulamentadores


Uma empresa na qual aspirar revisar ANV`s deve se adequar as diretrizes de
aeronavegabilidade, tanto do país no qual tal empresa irá operar e também as diretrizes dos
países no qual a ANV que será revisada, presta serviço Ex: Uma oficina de manutenção de
Motores de ANV no Brasil deve estar de acordo com as resoluções da Anac pela resolução
RBHA 145 que estabelece requisitos necessários à emissão de Certificados de Homologação de
Empresas de Manutenção que estabelece requisitos necessários à emissão de
Certificados de Homologação de Empresas de Manutenção. E se essa Oficina faz
manutenção de MO de empresas de outros países como o EUA deve também
preencher requisitos para efetuar a manutenção desses motores (FAR 145, FAA).

Todas a normas da RBHA estão de acordos com o FAA e a EASA ( European


Aviation Safety Agency)

Organizações de Manutenção Aeronáutica


No Brasil, o Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica - RBHA
145 - é o documento que estabelece requisitos necessários à emissão de
Certificados de Homologação de Empresas de Manutenção (CHE) de
aeronaves, células, motores, hélices, rotores, equipamentos e partes dos
referidos conjuntos. Estabelece ainda regras gerais de funcionamento para
os detentores de tais certificados, definindo padrões, classes, tipos de
serviço e limitações para a emissão de cada CHE.
A Manutenção é subdividida em etapas, como manutenção preventiva,
modificações, reparos ou inspeções. As empresas do ramo são
classificadas em padrões e classes. Seus certificados de homologação são
limitados ainda à manutenção, modificações e reparos em um (ou mais de
um) particular modelo de aeronave, motor, hélice, rotor, equipamento,
acessório ou instrumento de um particular fabricante, ou de um (ou mais
de um) particular tipo de serviço especializado de manutenção. Para que
isto seja determinado, a empresa deve possuir dados suficientes sobre
cada modelo referente ao equipamento no qual pretende efetuar a
manutenção.
Para que a manutenção ocorra com segurança, deve prover também locais
adequados, de modo que o trabalho sendo executado seja protegido dos
elementos atmosféricos, poeira e calor e os executantes estejam
protegidos de condições físicas e ambientais.

Pessoal e Qualificações
Somente pessoas habilitadas e com vínculo empregatício para executar,
supervisionar e inspecionar o trabalho podem efetuar os serviços para o
qual a empresa é homologada. Os responsáveis pela direção devem
selecionar cuidadosamente seus empregados e examinar sua capacidade
para executar atividades de manutenção, tomando por base testes práticos
e experiência anterior. Em qualquer situação, o pessoal responsável por
funções de direção e controle de qualidade deve estar habilitado pelo
CONFEA/CREA, o pessoal responsável por funções de supervisão e
execução deve estar credenciado e habilitado pela ANAC. As organizações
devem ter um sistema de inspeção que possa produzir controle de
qualidade satisfatório, e que atenda a diversos requisitos.
O pessoal de inspeção deve estar perfeitamente familiarizado com os
métodos, técnicas e equipamentos de inspeção a serem usados em sua
especialidade para determinar a qualidade ou aeronavegabilidade do
produto sendo mantido, modificado ou reparado. A empresa deve prover
métodos satisfatórios de inspeção em material recebido, de modo a
assegurar que antes dele ser colocado em estoque para uso em uma
aeronave ou em partes da mesma, ele esteja em bom estado de
conservação e uso e livre de defeitos ou falhas aparentes.

Material Aeronáutico e Condições para Rastreabilidade da Manutenção


A fim de coibir o emprego de material não aeronáutico, ou seja, material
não homologado ou certificado para ser empregado em aeronaves, a ANAC
solicita que a empresa utilize métodos de controle de qualidade no
recebimento dos mesmos. A documentação pertinente deve ser
cautelosamente analisada. O material deve ter um ou mais de um dos
seguintes documentos:
- Especificação técnica e origem conhecida, comprovando ser material
aprovado que satisfaz os padrões mínimos de segurança previstos nos
RBHA;
- Registros de manutenção (histórico, última inspeção, revisões, reparos
e/ou alterações sofridas, conforme aplicável); e
- Atestado de boa condição de uso do material, emitido pelo fabricante, por
empresa homologada no Brasil, ou por empresa homologada em outro país
segundo requisitos equivalentes.

As empresas de Manutenção devem possuir todos os meios para se adequar as normas


proferidas pelos órgão regulamentadores e assim assegurar que a Confiabilidade de seus
Serviços prestados sejam atingidos.

Fabricante
Quando o fabricante vende a ANV ele, disponibiliza um conjunto de logísticas , para que a
implantação e operação de tal item seja mantida com altos níveis de segurança.
Ao adquirir-se um determinado modelo de ANV, tende se estar sempre de acordo com
as especificações do fabricante, seguindo as determinações de seu manual(Manual de
manutenção, Revisão, Reparos Estruturais, Catalogo Ilustrado de Peças) cumprindo as
modificações incorporadas visando a melhoria de um determinado item. Entretanto,
apesar das publicações técnicas do Fabricante ser a mesma, alguns itens podem
apresentar desempenho inferior do que o esperado ou algum tipo de desgaste em
uma área não prevista em seu manual. O fabricante em relação à deterioração de
peças e sistemas não prevê todas as circunstancias de operações que seu produto será
submetido, então terá de ser feito um histórico estatístico do defeito de tal peça ou
sistema por parte do revisor do item junto ao fabricante , para que se faça melhorias
no item deteriorado.

Tais incorporações de melhores feitas pelo fabricante (boletins de serviço) visam manter a
eficiência de operação e a segurança da ANV e seus componentes, tendo em vista que esses
itens podem operar por décadas. Assim dizendo o cumprimento de melhorias incorporado
pelos fabricantes e seu devido cumprimento são ingredientes essenciais para se manter a
Confiabilidade de Operação ao longo do tempo de operação da ANV.

Manutenção
A manutenção tem por finalidade manter a funcionalidade de um dispositivo que ainda não
apresentou falha, ou corrigir e/ou restauras as propriedades de um dispositivo no veio
apresentar algum tipo de falha. As ações de manutenção podem incluir os vários tipos de
Inspeções, revisões, reparo, modificações, substituições dentre outras.

Um programa de inspeção bem estruturado consegue sanar a maior parte futuros problemas
que possa vir a ocorres com um determinado item.

Inspeções são exames visuais e manuais detalhados, para se determinar a condição de


componentes, dispositivos, sistemas ou de uma ANV.

Inspeções Obrigatórias (Programadas)- São mecanismos criados para que todas as


especificações de inspeções sejam metodicamente cumpridas em intervalos especificados,
com a finalidade de comprovar o melhor estado possível de um determinado item ou
dispositivo.

Manutenção Corretiva- É realizada sempre que ocorre uma situação indesejada, no intuito de
restaurar a condição operacional de tal equipamento.

Manutenção Preventiva-É realizada independente de falhas, em intervalos programados,


quantidade de ciclos ou horas de voo, baseados em uma estimativa média de ocorrência de
falhas.

O cumprimento das inspeções gerais e periódicas aliadas à manutenção preventiva tente a


sanar todos os problemas inerentes a manutenção.
Segundo Firmino et al (2004), a confiabilidade e uma ferramenta que permite a elaboração de
estratégias de manutenção, pois visa garantir o bom funcionamento do produto, em
decorrência de seu tempo de uso e fatores que possam influenciar seu desempenho.

Gerenciamento de Recursos em Manutenção


Para que a garantia de qualidade esteja ao alcance de todas as empresas, inclusive as de
pequeno porte, o Brasil introduz o programa de segurança intitulado GRM - Gerenciamento de
Recursos de Manutenção, adaptado do americano MRM - Maintenance Resource
Management, desenvolvido em 1999 como soma de diversos estudos realizados no mundo por
diversos psicólogos, técnicos e especialistas.

O GRM visa reduzir o erro humano e seus efeitos; aumentar a consciência situacional
individual e do grupo; melhorar a comunicação interna nas empresas; desenvolver habilidades
para o trabalho em equipe e principalmente, criar uma cultura de segurança nas Organizações
de Manutenção Aeronáutica. Desta forma, todos os departamentos de uma organização de
manutenção devem estar envolvidos.

Algumas dificuldades que contribuem para deficiências na comunicação são as trocas de


turnos e de equipes e as próprias dificuldades com os idiomas nativos dos trabalhadores, que
têm a necessidade de interpretar o idioma inglês.

Fatores psicológicos advindos do estresse, da idade dos mecânicos (geralmente avançada), seu
estado geral de saúde, tabagismo, alcoolismo, medicamentos, alimentação e falta de
descanso, devem ser rastreados e controlados de alguma forma. O trabalho de GRM deve
atingir todo o Sistema de Manutenção.

Dentro os tipos humanos de atividade que são universais nas tecnologias do risco - controle
sob condições normais - controle em emergência e atividades relacionadas com manutenção,
a última envolve maiores problemas de fatores humanos. Além disto, nos dois principais
elementos da manutenção - desmontar e montar componentes, o último resulta em maiores
números de acidentes.

Estão envolvidos em GRM conhecimentos sobre erro, violação, omissão, falhas latentes,
gerenciamento de custos e recursos, atenção e vigilância, fadiga e muitos outros. Pos isto o
trabalho deve ser contínuo e executado por profissionais.

· Sete causas (erros de manutenção) que provocam parada de motor em vôo:

- Instalação incompleta - 33%

- Estragos nas peças durante a instalação - 14,5%

- Instalação imprópria - 11 %

- Equipamento não instalado ou perdido - 11%

- Danos por Objetos Ingeridos (FOD) - 6,5%


- Falta de isolação, inspeção e teste - 6%

- Equipamento não ativado ou não desativado - 4%

Resultados do MRM nos países de primeiro mundo


Taylor (2000) divulgou resultados do seu projeto de pesquisa dirigido ao Gerenciamento de
Recursos de Manutenção (GRM), cujo objetivo era compreender a evolução e a validade do
impacto destes Programas de Treinamento e outras intervenções deles advindas, como
atitudes particulares, opiniões e finalmente, evolução do desempenho da Segurança. Em seu
estudo, várias organizações foram observadas e medidas as pontuações em estágios de pré-
treinamento e pós-treinamento em etapas que foram medidas de 2, 6 e 12 meses.

Em seus estudos estiveram presentes diversas organizações de manutenção dos Estados


Unidos que aplicaram os programas de GRM e mediram, a qualquer tempo, seus próprios
resultados. Os quatro modelos ideais classificados foram: 1) mudanças individuais x mudanças
no sistema completo, 2) mudança de consciência x mudança de comportamento, 3)
acontecimentos x programas em andamento e 4) treinamento para mecânicos x treinamento
para todo o pessoal da manutenção.

Como resultado de seus estudos e práticas, foi divulgado artigo que esclarece a eficiência do
GRM nas maiores empresas do mundo.

Resultado de aplicação do GRM:

1. Os programas de GRM podem melhorar o conhecimento dos envolvidos;

2. Programas de GRM podem mudar suas atitudes;

3. O entusiasmo aos programas de MRM não será mantido se não forem seguidos por
mudanças da organização como um todo;

4. O treinamento em MRM pode ser implantado independentemente dos tipos de


profissionais, organizações ou culturas, mas os efeitos de tais treinamentos tendem a ser
diferentes.

Taylor concluiu que quando as organizações assim como os indivíduos, estão aptos a
melhoramentos espontâneos em buscar uma operação mais segura, os programas de MRM
implantarão uma forte cultura de segurança em tais empresas.

· Erros mais comuns em Manutenção:

- Falhas de reconhecimento
- Lapsos de memória

- Distração

- Erro de hábito

- Erros assumidos

- Erros baseados em conhecimento anterior

- Violação

Conclusão
No ramo da Aviação pelo fato de muitos componentes, dispositivos, sistemas e a própria ANV
operarem muitas das vezes por décadas, precisa sempre estar na mente, de todos que
integram o ramo da aviação, que a Confiabilidade deve ser uma força impulsora para o futuro
da aviação, pois ela tem se mostrado como um dos mecanismos mais eficaz na segurança de
voo. A teoria da confiabilidade em aviação como foi mostrado abrange desde o cumprimento
das diretrizes de aeronavegabilidade , cumprimento das especificações do fabricante,
treinamento e conscientização de pessoas até o cumprimento de um programa estruturado
de manutenção, sempre com a finalidade de garantir a segurança de todos os que atual direta
e indiretamente na Aviação

Bibliografia
Carlos Duek- Dissertação de Mestrado (Analise de confiabilidade na manutenção de
componentes mecânicos de aviação)

Site – Manutenção de Aeronaves ( artigo-Manutenção Aeronáutica e Controle de Qualidade


em Prol da Segurança de Vôo)

Apostila- (matérias básicas- Cap.- Princípios de inspeção)

Fonte: BOEING, Maintenance Error Decision Aid. Seatle, Boeing Commercial Airplane Group.
1994.

Fonte: REASON & ALAN (2003)

Fonte: Taylor, J.C.; Robertson, M.M. & Choi, S.W. "Empirical Results of CRM Training for
Aviation Maintenance Technicians." Proceedings of the Ninth International Symposium on
Aviation Psychology.

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