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Leptospirose

Leptospira

ESPIROQUETAS BACTERIA
Características do patógeno
O agente etiológico é uma bactéria helicoidal
(espiroqueta) aeróbica obrigatória, altamente móvel,
com elevada capacidade de sobrevivência no meio
ambiente.
A Leptospira foi observada pela primeira vez em
1907 em lâminas de tecido renal de uma vítima com
leptospirose que foi descrita tendo sua morte como
"febre amarela.”

Leptospira interrogans
Fatores de patogenicidade
Existem dois aspectos principais da patogênese da
leptospirose: (1) a lesão direta do endotélio vascular; (2)
adesão das leptospiras à membrana das células.
Mais de 200 sorotipos da L. interrogans, estando a
virulência da doença relacionada ao sorotipo
Podemos ter disfunção orgânica com pouca ou nenhuma
inflamação.
Na forma grave de leptospirose os órgãos mais afetados
são o fígado, o rim, o pulmão, o coração e o músculo
esquelético.
Transmissão
É uma doença infecciosa febril aguda.
- É transmitida a partir da exposição direta ou indireta à
urina de animais - principalmente ratos - infectados
pela bactéria leptospira.

Sua penetração ocorre a partir de:


- Pele com lesões
- Pele íntegra imersa por longos períodos em água
contaminada
- Por meio de mucosas

O período de incubação - intervalo de tempo entre a


transmissão da infecção até o início das manifestações
clínicas - pode variar de 1 a 30 dias e pode ocorrer entre
7 a 14 dias após a exposição à situação de risco
Fisiopatologia
● Colonização
● Multiplicação
● Patogenia

Leptospirose BACTERIA
Colonização
As Lepstospiras utilizam proteínas de adesão (lipoproteína
LigA e a proteína Loa22 )para se ligar as celulas
hospedeiras e penetrarem na célula. Uma vez dentro elas
manipulam as vias de sinalização da hospedeira para
sobreviver e se multiplicar

Elas utilizam proteínas de secreção para se mover e se


comunicar com outras bactérias, além de manipular a
resposta imune do hospedeiro para evitar sua eliminação.

É importante ressaltar que a colonização celular varia de


acordo com o tipo celular infectado. Por exemplo, as
leptospiras tendem a se multiplicar em células renais e
hepáticas, causando lesões nesses órgãos. Já em células
do sistema nervoso central, as leptospiras são capazes de
se multiplicar dentro dos neurônios, causando sintomas
neurológicos graves.
Multiplicação
A multiplicação da bactéria da leptospirose ocorre dentro
das células do hospedeiro. Uma vez que as leptospiras
conseguem invadir as células, elas passam a utilizar os
recursos disponíveis dentro da célula para se multiplicar.
As leptospiras são bactérias aeróbicas obrigatórias. Elas
utilizam várias vias metabólicas para gerar energia e
produzir os nutrientes necessários para sua multiplicação.
Durante a multiplicação, as leptospiras se dividem por
fissão binária
A multiplicação das leptospiras também é influenciada pelo
sistema imunológico do hospedeiro. A resposta imune pode
levar à eliminação da infecção. Por outro lado, as
leptospiras podem manipular o sistema imune do
hospedeiro para evitar sua eliminação e se multiplicar de
forma mais eficiente.
Patogenia
A leptospirose também produz endotoxinas que podem
causar danos celulares e teciduais. Essas endotoxinas
estimulam a produção de citocinas, como o fator de
necrose tumoral alfa (TNF-α), a interleucina 1 (IL-1) e a
interleucina 6 (IL-6). A produção excessiva de citocinas
pode levar à síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS) e, em casos graves, à sepse.

As leptospiras tendem a se multiplicar em células renais e


hepáticas, causando lesões nesses órgãos. Já em células
do sistema nervoso central, as leptospiras são capazes de
se multiplicar dentro dos neurônios, causando sintomas
neurológicos graves.

A leptospirose tem afinidade por tecidos renais, hepáticos e


pulmonares. A infecção pode causar necrose tubular aguda,
hepatite, pneumonia e também pode afetar o sistema
nervoso central, causando meningite, encefalite e mielite.
Manifestações clínicas

Período de Incubação: de 1 a 30 dias, sendo mais frequente entre 5 e 14 dias.


Desde formas assintomáticas ou oligossintomáticas até manifestações fulminantes.
Fases evolutivas da doença: precoce (leptospiremia) e tardia (fase imune).
Fase precoce
Essa fase tende a ser autolimitada e regride em 3 a 7 dias sem deixar sequelas.
É frequentemente diagnosticada como “síndrome gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma
época, como dengue ou influenza.
Corresponde a (90% dos casos), apesar disso, a menor parte dos casos é identificada, devido às dificuldades
inerentes ao diagnóstico clínico e à confirmação laboratorial.
Principais Sintomas:
início súbito de febre, cefaléia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos. Podem ocorrer diarreia, artralgia,
hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse.
O exantema ocorre em 10-20% dos pacientes e apresenta componentes de eritema macular, papular,
urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial.
Hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia podem ocorrer, mas são achados menos comuns (<20%).
Sinais e sintomas sugestivos
Sufusão Conjuntival, observado em cerca de 30% dos pacientes (aparece no final da fase precoce da doença
e é caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais).
Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver (petéquias e hemorragias
conjuntivais).
Geralmente, é associada à intensa mialgia, principalmente, em região lombar e nas panturrilhas.
É importante obter dos casos suspeitos uma história sobre exposição epidemiológica de risco que possa
auxiliar no diagnóstico clínico da leptospirose. Uma história de exposição direta ou indireta a coleções hídricas
(incluídas água e lama de enchentes), urina de animais infectados ou outros materiais passíveis de
contaminação, além de pacientes provindos de área de risco da doença, podem alertar o clínico para a
suspeita de leptospirose.
Fase tardia
(10%-15%) ,geralmente, após a 1ª semana de doença;
A manifestação clássica é a Síndrome de Weil, caracterizada pela tríade:
Icterícia;
Insuficiência renal; e
Síndrome da hemorragia pulmonar.
Outras manifestações frequentes na forma grave da leptospirose são:
Miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias agravadas por distúrbios eletrolíticos;
pancreatite; anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação
meníngea.
A leptospirose é uma causa relativamente frequente de meningite asséptica.
Com menor frequência ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios
visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de
Guillain-Barré e mielite.
Fase de convalescença
Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas.
A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana ou, mais raramente, por
vários meses após o desaparecimento dos sintomas.
A icterícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou semanas.
Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns
casos, permanecem elevados por vários meses.
Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após
a infecção, podendo persistir por anos.
Culturas no sangue
- Hemocultura

Exames sorológicos: detectam no sangue do paciente a presença de anticorpos contra as espécies de


leptospira, e na cultura de material coletado em condições ideais que permitam identificar a proliferação da
bactéria. Às vezes, reação em cadeia da polimerase (PCR).
Para pacientes com suspeita, devem ser realizadas culturas no sangue, dosagem de anticorpos na fase aguda
e convalescente (3 a 4 semanas), hemograma completo, exames bioquímicos no soro e testes de função
hepática.

- Como se confirma a leptospirose?

Contagem de leucócitos geralmente normal ou ligeiramente elevada no sangue periférico; a presença de 70%
de neutrófilos ajuda a diferenciar leptospirose de doenças virais. Confirma-se o diagnóstico quando o título de
anticorpos de aglutinação para Leptospira aumenta em 4x, além do teste de imunoadsorção enzimática
(ELISA) que detecta infecções em 3 a 5 dias.
Tratamento
- Penicilina
- Doxiciclina

A terapia antibiótica é mais eficaz quando iniciada no começo da infecção. Na doença grave, recomenda-se
um dos seguintes:

- Penicilina G 1,5 milhões de unidades IV a cada 6 horas durante 7 dias


- Ampicilina 500 mg a 1000 mg IV a cada 6 horas por 7 dias
- Ceftriaxona 1g IV a cada 24h por 7 dias

Nos casos graves, cuidados de suporte, incluindo líquidos e terapia eletrolítica e, às vezes, terapia de
reposição renal e/ou transfusão de sangue, também são importantes.

Nos casos menos graves, pode-se administrar um dos seguintes:

- Doxiciclina 100 mg por via oral a cada 12 horas durante 5 a 7 dias


- Ampicilina 500 a 750 mg por via oral a cada 6 horas durante 5 a 7 dias
- Amoxicilina 500 mg por via oral a cada 6 horas durante 5 a 7 dias
-
O isolamento do paciente não é necessário, mas a urina deve ser manipulada e dispensada cuidadosamente.
Epidemiologia
Boletim Epidemiológico:

Mundo: Bahia:
11.000.000 1.327

Nordeste: Brasil:
6.335 41.602
Análise descritiva no Brasil
1- Analisados 9.644 casos confirmados, com média anual de 3.214 casos,
incidêndia de 1,52\100 mil habitantes e taxa de letalidade de 9,0%.

2- Área urbana: 80%

3- Indivíduos do sexo masculino 80 %, faixa etária de 20 e 49 anos 60%

4- Região sul, responsável pela maior parte dos casos 35,84%


Mecanismo de defesa

● São resistentes a morte por neutrófilos


● Se multiplicam no espaço intersticial e nos
humores orgânicos
● Lesões primárias
● Fase de cessamento
Bibliografia
Marinho, Márcia. "Leptospirose: fatores epidemiológicos, fisiopatológicos e imunopatogênicos."
Veterinária e Zootecnia 15.3 (2012): 428-434.

Younes-Ibrahim, Maurício, and Omar da Rosa Santos. "Fisiopatologia da leptospirose-hipótese para a


insuficiência renal aguda peculiar." An. Acad. Nac. Med (1995): 26-35.

Barbosa, William. "Leptospirose—epidemiologia e fisiopatologia." Revista de Patologia Tropical/Journal


of Tropical Pathology 1.1 (1972).

Leptospirose: definição, etiologia e fisiopatologia. Disponível em: Leptospirose: definição, etiologia e


fisiopatologia - Sanar Medicina

Ben Adler, Alejandro de la Peña Moctezuma, Leptospira and leptospirosis, Veterinary Microbiology,
Volume 140, Issues 3–4, 2010.

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