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1590/1982-02752016000400003
Resumo
Este artigo tem por objetivo, primeiramente, apresentar uma abordagem do desenvolvimento na área de saúde da
criança, focalizando modelos teórico-conceituais sobre o impacto do estresse precoce no desenvolvimento e na saúde.
Em segundo lugar, busca apresentar pesquisas na área de Psicologia Pediátrica, que foram realizadas no âmbito de um
hospital universitário público, com neonatos e crianças hospitalizadas, cujas condições clínicas ou de tratamento
médico envolviam situações altamente estressoras. O artigo trata dos principais modelos teórico-conceituais sobre
estresse precoce com impacto no desenvolvimento e na saúde, a saber: Sameroff; Evans e Wachs; Shonkoff; e Kazak.
As pesquisas, por sua vez, abordam a exposição a estressores durante a hospitalização de neonatos e crianças, bem
como suas mães, e intervenções preventivas para manejo de estresse e/ou dor. Ao final do artigo, é apresentado um
modelo com diretrizes para promover a transferência de evidências científicas para a prática clínica, visando implementar
mudanças no âmbito hospitalar.
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil; Estresse precoce; Psicologia da criança; Saúde da criança.
Abstract
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1
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento.
Av. Tenente Catão Roxo, 2650, Campus Universitário Monte Alegre, 14051-140, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: <linhares@fmrp.usp.br>.
Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Processo n° 304916/2015-3). 587
resposta ao estresse tóxico (Shonkoff, 2010, 2012; macrófago que, segundo os autores citados, é cen-
Shonkoff, Boyce, & McEwen, 2009; Shonkoff & tral em diferentes enfermidades crônicas. Deve-se
Bales, 2011; Shonkoff & Levitt, 2010; Shonkoff et considerar que o modelo Incorporação Biológica,
al., 2012b). Esse tipo de estresse pode provocar uma como apontado por Miller et al. (2011), decorre de
disruptura no circuito cerebral, assim como em outros modelos formulados previamente, como:
outros órgãos e sistemas metabólicos em períodos modelos sobre a “origem fetal” dos problemas de
590 sensíveis do desenvolvimento do indivíduo (Shonkoff saúde na fase adulta; a “cadeia de riscos” no ciclo
científicas suficientes sobre manejo, avaliação e ma- das barreiras, na definição do papel do facilitador
nejo da dor. No âmbito internacional, as diretri- como auxiliar das equipes, atingindo objetivos defi-
zes do Childkind (Schechter, Finley, Bright, Laycock, nidos e vencendo desafios e barreiras, e nas habi-
& Forgeron, 2010) estão orientadas para proteção lidades e atributos do facilitador, como habilidade
contra a dor pediátrica; já no nacional, no HCFMRP- de comunicação interpessoal e reflexão crítica.
-USP, com o programa HC-Criança Sem Dor, e no Dessa maneira, na área da Psicologia Pediátrica
596 Instituto Fernandes Figueiras, com o programa deve-se ter o compromisso de reconhecer os direitos
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