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EMEF “ANÁLIA QUEIROZ DA SILVA”

ALUNO: __________________________________________________________ .
TURMA: 9º Ano .
PROFESSOR (A): GRAZIELA C. SANTANA DATA: _____/______/______.
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA VALOR: 15,0 NOTA:

Muitas vezes nos vemos diante de questões como decidir se vamos ou não ver um filme, se vamos a uma
exposição de pinturas ou a um show, que livro ler, que jogo eletrônico comprar. Onde encontrar informações que nos
orientem? Leia a resenha crítica de um livro que narra a história de um garoto de 15 anos e sua paixão pelos Beatles, e
que encontra, em sua própria vida, uma inesperada correspondência com esse famoso quarteto musical. Será que essa
resenha despertará seu interesse em ler o livro?

Diante dos olhos de Marcelo

Os olhos castanhos de Marcelo eram únicos naquela família e não havia mais como negar as evidências.
Na aula, o professor de Biologia explicara as leis da hereditariedade, quais características dominantes, quais
recessivas e agora são as ervilhas de Mendel que rodam dentro da mente do rapaz. A velha desconfiança, afinal,
tinha um fundamento! Nenhuma foto da mãe esperando por ele, Marcelo jamais esteve em seu ventre: seus
olhos não tinham a cor do mar, a cor do céu, a cor dos olhos da mãe, a cor dos olhos do pai. Era um só Marcelo,
diferente e só, adotado.
O que sente e pensa Marcelo? Algo como tristeza ou desespero? Amargura, por quinze anos vividos sob
a custódia de uma traição? Seus pais – ou melhor: eles, Inês e Pedro Paulo não tinham o direito. De trocar uma
história por outra! E o rapaz caminha pelo quarto, como se tudo ali fosse diferentemente novo. Estranho. No
entanto, algumas coisas permaneciam familiares... Ele, que não era exceção às regras de Mendel, o filho de
coração, sentia-se o verdadeiro rapaz que não era de Liverpool. De fato, os Beatles eram apenas quatro, como
Pedro Paulo, Inês, Ramiro e Maria. Alguém sobrava naquela casa. O quinto Beatle não existiu. E era ele.
Encarando os outros, olhos nos olhos: qual a sua verdadeira história?
Muitos dizem que a vida pode passar diante de nossos olhos – sejam claros, escuros, castanhos, azuis,
não importa –, como um filme em alta velocidade. Caio Riter traduz essa sensação para o leitor, emprestando
voz para o personagem: é Marcelo, em primeira pessoa, quem narra o torvelinho de imagens e emoções num
rápido pulsar de fragmentos que o autor ordena com técnica cinematográfica. O texto é dividido em cinco
capítulos, nos quais a ação no presente se estende por pouco mais que uma semana e alguns dias. Esse plano
narrativo é interrompido por cenas que são a força das digressões, trazendo tanto a memória de fatos isolados
da infância e da juventude de Marcelo quanto os poucos instantes que antecederam a conversa com a mãe. É
também a derradeira confirmação que marca o início da narrativa, às primeiras linhas do capítulo um.
“— Não, Marcelo, você não nasceu de mim!
Ela disse. Falou o que eu queria-temia escutar. Falou. As palavras foram claras. Sem sombras. Sem
dúvidas. A confirmação ali, naquela frase tão simples. Tão. Não era minha mãe. Não era. E, no entanto.
Estendeu a mão. A mão que muito carinho já me fizera. A mão. Tremia? Queria ser toque. Acarinhar
meu cabelo, daquele jeito calmo que eu tanto gosto. Gostava.
Leve toque em meu braço.
Fugi.
Lágrimas nos olhos dela.
E nos meus.
Fugi para meu quarto. [...]”
Nenhum leitor mais se espanta com o congelamento da ação presente para introduzir um FLASHBACK,
recurso que ajuda a erguer estruturas não lineares de efabulação, em idas e vindas dentro de um texto. É
exatamente na interpolação de diferentes planos que vai se afirmando a originalidade do autor e um laborioso
trabalho técnico. Caio Riter interrompe por dezessete vezes o fluxo dos capítulos, com cenas numeradas e
subtítulos, em que o leitor salta para o passado de Marcelo. As lembranças surgem encaixadas pelo incurso do
MATCH CUT, isto é, alguma informação do instante presente (um nome, uma foto, uma palavra, uma dor)
repete uma situação já vivida, assim deflagrando a visão do passado. De outro modo, a saída das dezessete
cenas é feita sem avisos ou abruptas separações, flutuando o pensamento de Marcelo em efeitos de FUSÃO
com o presente.
Da estrutura geral da obra à estrutura das frases, a linguagem privilegia um ponto de vista e uma fala
em perfeita síncope. Das emoções. É a pon tuação rígida e seca que para. O pensamento entrecortado que se
permite. Das lacunas entre palavras ao fosso existencial. São fendas e senhas: por interrupção, intermitência:
interrogações. A todo instante, torcemos por Marcelo. Pela resposta que procura, pela paz. Céu e mar para o
rapaz que não era de Liverpool.
O SAGAE, Peter. Diante dos olhos de Marcelo. Dobras da Leitura O’ Blog, 3 jun. 2009. Disponível em:
<http://dobrasdaleitura.blogspot.co.at/2009/06/diante-dos-olhos-de-marcelo.html>. Acesso em: 21 jun. 2018.

Vocabulário:
Digressão: divagação, desvio momentâneo de assunto.
Efabulação: narração ficcional. match cut: técnica cinematográfica que consiste em um corte na sequência da
narração, permitindo a transição entre dois planos que se correspondem. Flashback: interrupção da sequência
cronológica em uma narrativa (em livro, novela, série, filme), com volta a eventos passados.
Fusão: técnica cinematográfica que consiste na passagem gradativa, com sobreposição, de uma imagem para
outra.
Incurso: entrada, introdução.
Interpolação: introdução ou inserção de cenas em um texto.
Laborioso: cuidadoso, bem trabalhado.
Liverpool: é uma cidade da Inglaterra conhecida por ter revelado a famosa banda de rock The Beatles, com
quatro integrantes: John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison.
Torvelinho: movimento em espiral, redemoinho.

1. Pela leitura da resenha, é possível ter uma noção do enredo.


a) Qual é o conflito vivido pelo personagem Marcelo? (0,5 ponto)
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b) De acordo com a resenha, qual é a importância da relação entre as ervilhas de Mendel e a cor dos olhos de
Marcelo para o estabelecimento desse conflito? Para mais informações, leia o boxe sobre os estudos de
Mendel. (0,5 ponto)
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2. Em relação ao enredo, anote no caderno quais frases a seguir se referem ao presente vivido pelo personagem
(a dor de saber a verdade) e quais a um tempo passado (as lembranças). (01 ponto)
I. Nenhuma foto da mãe esperando por ele, Marcelo jamais esteve em seu ventre [...].
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II. Ele, que não era exceção às regras de Mendel, o filho de coração, sentia-se o verdadeiro rapaz que não era
de Liverpool. [...] Qual a sua verdadeira história?
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III. [...] trazendo tanto a memória de fatos isolados da infância e da juventude de Marcelo, quanto os poucos
instantes que antecederam a conversa com a mãe.
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IV. E o rapaz caminha pelo quarto, como se tudo ali fosse diferentemente novo. Estranho. No entanto, algumas
coisas permaneciam familiares...
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3. Releia.

Nenhum leitor mais se espanta com o congelamento da ação presente para introduzir um
FLASHBACK, recurso que ajuda a erguer estruturas não lineares de efabulação, em idas e vindas
dentro de um texto. É exatamente na interpolação de diferentes planos que vai se afirmando a
originalidade do autor […].

a) O que você entende por “idas e vindas dentro de um texto”? (0,5 ponto)
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b) Interpolar significa “alternar, revezar”. Quais são os diferentes planos que se alternam na narrativa? (0,5
ponto)
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4. Em uma resenha, podem estar presentes outras vozes além da do autor, seja de forma implícita ou explícita.

a. Há algum momento, no texto, em que aparece explicitamente a voz do autor? Justifique sua resposta. (01
ponto)
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b. Releia esta afirmação: “Muitos dizem que a vida pode passar diante de nossos olhos [...] como um filme em
alta velocidade.” A quem se refere o pronome muitos, empregado pelo autor? (01 ponto)
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c. Releia o primeiro parágrafo do texto.

Os olhos castanhos de Marcelo eram únicos naquela família e não havia mais como negar as evidências. Na aula, o
professor de Biologia explicara as leis da hereditariedade, quais características dominantes, quais recessivas e agora são as
ervilhas de Mendel que rodam dentro da mente do rapaz. A velha desconfiança, afinal, tinha um fundamento! Nenhuma
foto da mãe esperando por ele, Marcelo jamais esteve em seu ventre: seus olhos não tinham a cor do mar, a cor do céu, a cor
dos olhos da mãe, a cor dos olhos do pai. Era um só Marcelo, diferente e só, adotado.

 Nesse parágrafo, quando o autor da resenha apresenta o resumo da história, é possível “ouvir” a voz do
personagem. Procure identificá-la e explique por que a selecionou. (01 ponto)
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d. Em que momento, no texto da resenha, aparece a voz do narrador da história do rapaz que não era de
Liverpool? E quem é esse narrador? (01 ponto)
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5. Leia este trecho do conto “O homem que procurava a máquina”, do escritor Ignácio de Loyola Brandão. (02
pontos – 0,5 cada)

[...]
Não foi da noite para o dia que os alicerces surgiram e começaram a erguer as paredes. Houve preparação
do terreno, medições, marcações, durante meses. Acontece que os fatos posteriores ficaram nebulosos,
criaram-se lendas e hoje todos juram que os alicerces apareceram num dia, o edifício ficou pronto no outro e a
grande máquina foi instalada no terceiro. Em seguida, passaram a contratar pessoas.
Na verdade, o início pouco interessa. Os dados relativos àquela época, essenciais à situação, são os
seguintes: instalaram a grande máquina num bairro operário, sem calçamentos e esgotos, não atingido pela
especulação imobiliária. Era apenas um bairro distante de uma cidade que vivia da agricultura. [...]

a. De acordo com o trecho, um prédio começou a ser erguido normalmente, mas não se sabe bem o que
aconteceu depois. Por quê?
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b. O narrador se valeu do sujeito indeterminado em vários momentos para construir o texto. Em quais formas
verbais na 3ª pessoa do plural não é possível identificar gramaticalmente o sujeito?
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c. Nesse trecho, as orações com sujeito indeterminado contribuem para criar um clima de humor, romantismo,
mistério ou terror? ____________________________________________________________________________

6. Leia este trecho de um texto sobre a Patagônia chilena. (1,5 pontos – 0,5 cada)

a) Que substantivos, adjetivos e verbos são usados no trecho com a intenção de despertar o interesse do leitor?
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b) De que modo é possível, de acordo com o contexto, estabelecer uma relação entre o uso desses termos e o
local ser descrito como um paraíso?
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c) Releia este fragmento: “amanhece às 5 horas e só anoitece perto das 22 horas”. É possível identificar o sujeito
dessas orações? Por quê?
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7. Analise o texto do cartaz que segue. (2,0 pontos)

Baseando-se no texto desse cartaz e em seu conhecimento sobre verbos e seus complementos, escreva, nos
parênteses a seguir (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as falsas. Explique o erro das sentenças falsas.

a) ( ) O verbo dar, utilizado em “Não dê tempo para a dengue”, apresenta dois complementos: um sem e
outro com preposição.
b) ( ) O verbo dar pode ser classificado, gramaticalmente, como verbo transitivo direto e indireto, ou então
como verbo bitransitivo.
c) ( ) O adjetivo atento, presente na oração “Fique atento aos locais [...]”, funciona como predicativo do sujeito,
já que se refere a um estado do sujeito, que, neste caso, corresponde ao leitor da propaganda.
d) ( ) Tanto o verbo dar quanto o verbo ficar, utilizados na propaganda, indicam ações.
e) ( ) A locução verbal podem acumular e o verbo manter, usados na propaganda, não necessitam de
complementação para dar sentido às orações em que foram empregados.
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8. Leia, com atenção, este trecho de um texto. (2,0 pontos)

Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e
calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos
ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então, sentir falta de não ter esse
amor... Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se
sacrificar.
[...]
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um
amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de
memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, e que nos chame de amigo, para ter-se a
consciência de que ainda se vive.

Levando em conta a revisão realizada no Capítulo 1, sobre índice de indeterminação do sujeito e também
sobre verbos e seus complementos, analise as afirmações que seguem, referentes ao trecho lido.

I. Em “Procura-se um amigo”, o “se” é índice de indeterminação do sujeito.


II. Na oração “Procura-se um amigo”, o sujeito é “um amigo” e recebe a ação de “ser procurado”.
III. Os sujeitos de “Procura-se um amigo” e “Precisa-se de um amigo [...]” são distintos.
IV. O verbo precisar, utilizado em “Precisa-se de um amigo [...]”, é classificado como transitivo direto.
V. Em “Para não se viver debruçado no passado [...]”, não dá para determinarmos quem é o sujeito,
devido ao uso da partícula se, que acompanha o verbo viver — verbo intransitivo.

 Estão corretas SOMENTE as afirmativas:

a) ( ) I e V.
b) ( ) II, III e V.
c) ( ) I e IV.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) III, IV e V.

Muitas bençãos
para você! Boa
prova!

Professora Grazy

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