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Metafisica (Aristoteles)
Metafisica (Aristoteles)
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1. [A sapiência é conhecimento de causas]1 ot/{() 8(()C
Todosos homens, por natureza, tendem ao saberl.Sinaldisso 980"
é o amor pe1as sensações. De fato, e1esamam as sensações por si
mesmas, independentemente da sua utilidade e amam, acima de
todas, a-sensação da visão. Com efeito, não só em ,vista da ação,
mas mesmo sem ter nenhuma intenção de agir, nós preferimos o
ver-;-em certo sentido, a todas as outras sensações3. E o motivo:
está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimentos
do que todas as outras sensações e nos toma manifestas numero- 25
sas diferenças entre as coisas".
Os animais são naturalmente dotados de sensação; mas em ,t:>
alguns da sensação.não nasce a memória, ao passo que em outros
nasce. Por isso estes últimos são mais inteligentes e mais aptos
a aprender do que os que não têm capacidade de recordar.São 98()b
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METAFIsIcA.
A 1,981 08. b5
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Por exemplo, o ato de julgar que determinado remédio'
fez bem a Cálias, que sofria de certa enfermidade, e que tam-
bém fez bem a Sócratese a muitos outros indivíduos, é próprio
da experiência; ao contrário, o ato de julgar que a todos esses 10
indivíduos, reduzidos à unidade segundo a espécie,que pade-
ciam de certa enfermidade, determinado remédio fez bem (por
exemplo, aos fleumáticos, aos biliosos e aos febris) é próprio
da arte'.
Ora, em vista da atividade prática, a experiênciaem nada
parecediferir da arte; antes, os empíricos têm mais sucessodo
que os que possuema teoria sem a prática. E a razãodissoé a 15
seguinte:a experiênciaé conhecimentodosparticulares,enquan-
to a arte é conhecimento dos universais;ora, todas asaçõese as
produçõesreferem-seao particular.De fato, o médico não cura o
homem a não seracidentalmente,mascuraCáliasou Sócratesou
qualquer outro indivíduo que leva um nome como eles,ao qual 20
ocorra ser homem8. Portanto, se alguém possui a teoria sem a
experiênciae conheceo universalmas não conheceo particular.
que nele estácontido, muitas vezeserraráo tratamento, porque
o tratamentosedirige,justamente,aoindivíduoparticular. -;{}
Todavia, consideramos que o saber e o entender sejam mais"
próprios da arte do que da experiência, e julgamosos que pos- 25
suem a arte mais sábios do que os que só possuem a experiên-
cia, na medida em que estamos convencidos de que a sapiência,
em cada um dos homens, corresponda à sua capacidade de co-
nhecer. E isso porque os primeiros conhecem a causa, enquanto
os outros não a conhecem. Os empíricos conhecem o puro dado
de fato, mas não seu porquê; ao contrário, os outros conhecem
o porquê e a causa9. . 30
Por isso consideramos os que têm a direção nas diferentes
artes mais dignos de honra e possuidores de maior conhecimen-
to e mais sábios do que os trabalhadores manuais, na medida 9gl~
em que aqueles conhecem as causas das coisas que são feitas; ao
contrário, os trabalhadores manuais agem, mas sem saber o que
fazem, assim como agem alguns dos seres inanimados, por exem-
plo, como o fogo queima: cada um desses seres inanimados age
por certo impulso natural, enquanto os trabalhadores manuais
agem por hábito. Por isso considera~os os primeiros mais sábios, S
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I N,\fTAFíSICA, AI, 981 b 6 -982 a 3 I 7
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ml~ afirma o provérbiol6. E assim acontece, efetivamente, para
fic ar nos exemplos dad~~, uma vez que se tenha conhecido a
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" cat lsa:nada provocariamais admiração num geômetra do que 20
t!!,1 se '::}diagonal fosse comensurável com o ladol7.
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"! Fica estabelecido, portanto, qual é a natureza da ciência
buscada, e qual o fim que a nossa pesquisa e toda nossa inv~s-
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tiga ção devem alcançarl8. '
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G?averdadeé conhecimentodas'causasJI
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H dê-Ia de modo nenhum2: de fato, se cada um pode dizer algo a 993"
respei to da realidade3, e se, tomada individualmente, essa contri-
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buiçã() pouco ou nada acrescenta ao conhecimento da \'erdade,
todavia; da união de todas as contribuições individuais decorre
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'ti:.1 ,,111 , um res;ultado considerável.Assim,se a respeito da verdadeocorre
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!IOprovérbio"Quem poderiaerraruma porta?"i,
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,,, a verda :de em geral e não nos particulares mostra a dificuldade
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I '; ;I 'I da que stã05. E dado que existem dois tipos de dificuldades, é
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d i'U! possíve I que a causa da dificuldade da pesquisa da verdade não
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esteja n as coisas, mas em nós6. Com efeito, assim como os olhos
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dos morcegos reagem diante da luz do dia, assim também a in-
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11 t~ligência que está em. nossa alma se comporta diante das coisas 10
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Om, é justo ser gratos não só àqueles com os quais dividi-
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' qH' mos as olpiniões, mas também àqueles que expressaram opiniões
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1 1 até mesmo superficiais; também eles, com efeito, deram algu-
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ma contribuição à verdade, enqÜanto ajudaram a formar nosso
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hábito especulativ08. Se Timóte09 não tivesse existido, não tería- 15
I!!!! mos gran,de número de melodias; mas se FriniJOnão tivesse existi-
:!;!i do, tampouco teria existido Timóteo. O mesmo vale para os que
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METAfís!CA. a ]/2.993 b 18-994 a9 I! i
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2. [As causas são necessariam~nte limitadas tanto em
espécie como em número] I ! :
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Ademais,é evidente que existe'um princípioprimeiroe que 9a."
as causas dos seres não sã/) (A) nem uma série infinita <no âm-
bito de uma mesma espécie>2, (B) nem um número infinito de
espécies3. . . , .
MEíAFiS'ICA.
a 2. 994 a 10 - 31
! :
(Com efeito, o que deriva do processo do devir não é o CJueestá
cm devi r, mas é <o que> existe depois do processo do devir) 1°. 994b
Assim o di,l deriva da aurora, porque ve1~1depois dela e, por isso,
:1aurora não pode pro~!.r.~I?dia_jb) ~o' segundo, sentido, ao
contdr-io: os termos sãoié~ler~I\7eis:-0ra, ~ffi ainbos os casos é
impossível um processo ao infinito. (a)!N6 primeiro caso, deve
ncccssarial~1cntehaver um fim dos termos intermediários. (b) 5
No segundo caso, os elementos se transformam reciprocamente
um no outro: a corrupção de um é geração de outro. Ademais,
se o primeiro tenno da série fosse eterbo seria impossível que"
perecesse. E porque o processo de geração não é infinito na série
das causas, necessariamente não é etemo!o primeiro termo de
cuja corrupção gerou-se o outroll. ; i. i
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:,;1 / METAFiSICA.C12/3,994b24.995013!
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:; V I: deve ser pensada por algo em nós que não se mova de uma parte
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'i 3. [Algumas observações metodológicas: é necessário adaptar
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o método ao objeto que é próprio da ciência]l
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ii!!ii A eficácia das liçães2 depende dos hábitos dos ouvintes. Nós
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;" ,;> exigim6s, com efeito, que se fale do modo como estamos fami-
,;.;" liarizadbs; as coisas que não nos são ditas desse modo não nos
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parccem as mesmas, mas, por falta de hábito, parecem-nos mais
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idi; difíceis Ide compreender e mais estranhas. O que é habitual é
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'] / mais facilmente cognoscível.
:111 A força do hábito é demonstrada pelas leis, nas quais até o
'li! que é rnítico e pueril, em virtude do hábito, tem mais força do
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que o p~óprio conhecimento. ;;.
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I" Oral' alguns não estão dispostos a ouvir se não se fala com
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rigor ma~emático; outros só ouvem quem recorre a exemplos, en-
quanto outros ainda exigem que se acrescente o testemunhõde
:!j poetas. Álguns exig~m que se diga tudo com rigor; para outros,
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:Ii ao contr'ário, o rigor incomoda, seja por sua incapacidade de
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':1 compreeinder os nexos do raciocínio, seja pela aversão às sutile-
zas. De fato, algo do rigor pode parecer sutileza; e por isso alguns 10
o consideram um tanto mesquiriho, tanto nos discursos como
nos negócios.
Por isso, é necessário ter sido instruído sobre o método que
é próprio de cadaciência, pois é absurdo buscar ao mesmo tem-
po uma ciência e seu método. Com efeito, não é fácil conseguir
nenhuma dessas duas coisas.
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