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A questão do

conhecimento em
Aristóteles
Professor: Fernando Placides
Quem foi
Aristóteles?
Aristóteles foi um filósofo macedônico que
nasceu em 384 a.C. numa cidade chamada
Estagira.
Ele começou a se interessar por filosofia quando
tinha 18 anos. Ele participou da academia de
Platão, por volta no ano 348 a.C.
Pelo fato de estar na Macedônia, Aristóteles teve a
chance de ser professor de Alexandre, o Grande,
que conquistou um imenso império na época.
A influência de
Aristóteles no
Ocidente
Aristóteles influenciou imensamente o
pensamento ocidental não só na filosofia, mas
também na ciência, na política, na ética e na
literatura.
Só pra você ter noção, a física de Aristóteles
afirmava que a terra era imóvel. Isso ficou
conhecido como teoria Geocêntrica. Essa teoria
durou 1.800 anos. Só foi questionada na
renascença.
Como o
conhecimento é
formado?
Aristóteles acredita que o conhecimento pode ser
formado por sensações, experiências, pela arte [ou
técnica] até atingir o saber teórico.
Para ele, existem vários tipos de conhecimentos. A
filosofia, por exemplo, era considerada como a
ciência das causas primeiras.
Ele afirma que a filosofia nasce do “espanto” e da
“admiração” diante das coisas. Este espanto e
admiração é o que nos motiva a procurar
respostas nas causas primeiras e nos princípios
gerais.
Ou seja, é o conhecimento dessas causas e
princípios que constituem a tão deseja Sabedoria
filosófica. Vamos ver como ele desenvolve este
raciocínio.
“O homem deseja,
por natureza, o
conhecimento”
(Aristóteles)
De maneira mais simples, podemos dizer que os
nossos sentidos nos revelam uma forma de
conhecimento.
Por exemplo: a visão nos faz conhecer as cores e
os movimentos. Esse tipo de conhecimento tem
um valor em-si-mesmo. Ou seja, ver a cor dos
objetos já é o valor que é próprio da visão.
Algumas pessoas preferem mais a visão do que os
outros sentidos, pelo fato dela revelar diferentes
contrastes e variações múltiplas da natureza.
Experiência e
Memória
Sabemos que tanto homens quanto animais
enxergam. Mas qual a diferença do conhecimento
que eles adquirem?
Aristóteles diz que os animais não têm memória. E
o fato de não terem memória, isso os torna
incapazes de apreender.
A memória humana é aquilo que constitui a
experiência humana por meio das lembranças que
ele vai construindo.
“É pela experiência [e
pela memória] que
os homens adquirem
ciência e arte”
Segundo Pólo, “a experiência produz arte e a
inexperiência produz acasos e imprevistos”
(Marcondes, 2011, p. 46)
Como a arte
(conhecimento) é
produzida?
Aristóteles acredita que a arte é produzida quando
as várias experiências vividas pelo homem se
transformam em um juízo universal sobre os
objetos.
Diferença entre
experiência e arte
A experiência se revela quando um médico julga
que o seu paciente está sofrendo com uma
determinada dor e que um determinada coisa lhe
fez se sentir bem. Isso é chamado de Experiência
[médica].
A arte se revela quando o médico julga que essa
coisa que fez o seu paciente se sentir bem,
também faz com que todas as outras pessoas se
sintam bem, ou que não sintam dor.
Ou seja, a arte é produzida quando as várias
experiências vividas pelo homem se transformam
em um juízo universal válido para todos.
Para ficar mais claro, podemos dizer que:

A experiência é o conhecimento de coisas


particulares: um paciente se sentir melhor com
uma determinada medicação.

A arte trata de coisas universais: receitar a mesma


medicação a todos os pacientes que tiverem os
mesmos sinais e sintomas.
Aristóteles adverte: uma pessoa que possui teoria,
mas não tem experiência, sempre falhará.
Desta forma, a arte [médica] não deve conhecer
apenas o fato, mas também o porquê, a causa da
dor.
Por essa razão ele diz que: os artistas são mais
sábios que os homens dotados apenas de
experiências.
Os mestres são considerados superiores em
sabedoria, pelo fato de possuírem um teoria e
conhecerem as causas dessa teoria.
A diferença entre
Conhecimento e
Ignorância
Aristóteles afirma que podemos diferenciar
Conhecimento de Ignorância pela capacidade que
cada um tem de ensinar.
Neste sentido, a arte será considerada como o
conhecimento científico, pois os artistas são
aqueles que podem ensinar, enquanto que os
ignorantes não podem.
O que podemos dizer
sobre os nossos
sentidos?
Para Aristóteles, os sentidos [e as sensações] não
podem ser considerados como um tipo de
Sabedoria.
Os sentidos são nossas principais fontes de
conhecimento sobre as coisas particulares, mas
eles não são capazes de nos oferecer razão para
nada.
Os sentidos nos revelam que o fogo é quente. Mas
eles não conhecem a razão porquê o fogo é
quente.
Para Aristóteles, a arte vai além dos sentidos e das
sensações. Foi desse “ir além dos sentidos” que
nasceram as ciências.
Sobre as ciências
As ciências não se relacionam com os prazeres,
nem com as necessidades da vida. Para se fazer
ciência é necessário ter tempo livre.
Sabe por que a ciência matemática surgiu no
Egito? Porque havia ali os sacerdotes que
dispunham de tempo livre para desenvolvê-la.
(Marcondes, 2011, p. 48)
Em síntese:
O que podemos dizer a respeito da questão do
conhecimento [e da sabedoria] em Aristóteles é:
1) O homem que tem experiência é mais sábio do
que aquele que apenas sente as coisas;
2) O artista é mais sábio que o homem experiente;
3) O mestre é mais sábio que o artesão;
4) As ciências especulativas são mais sábias
[doutas] do que as ciências práticas.
Concluindo
Para Aristóteles, “sabedoria é o conhecimento de
certas causas e princípios”.

Desta forma, o filósofo é aquele que busca


conhecer essas causas e princípios a partir do
espanto e da admiração que ele sente diante das
coisas.
Fonte:
MARCONDES, Danilo. Aristóteles. In Textos básicos de filosofia: dos Pré-
socráticos a Wittgenstein. 7 ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 45-50.

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