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Calígula

Calígula nasceu no ano 12, em Antium — atual Anzio —, na Itália, e era um


dos seis filhos do ilustre general romano Germanicus e de Agrippina Maior,
que era ninguém menos que neta do primeiro imperador romano, Augusto.

Essa era uma cáliga


Na verdade, seu nome era Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus, mas
Calígula ficou conhecido pelo apelido — que significa “Botinhas” — que
recebeu dos legionários a serviço de seu pai, que achavam graça de vê-lo
quando ainda era pequenino vestido de militar e usando “cáligas”, como
eram chamadas as sandálias usadas pelos soldados.

Os problemas começaram quando Augusto, o Imperador, adoeceu e decidiu


nomear Tibério, seu enteado, como sucessor. Nós já falamos um
pouquinho sobre esse cara — pra lá de perverso — aqui no Mega Curioso,
e a realidade é que ele não era uma figura muito querida pelos romanos.
Então, sabendo que a população não aceitaria muito bem sua decisão,
Augusto convenceu Tibério a adotar Germanicus como filho e nomeá-lo
como herdeiro.

Traumas familiares e ascensão


Quando Augusto faleceu, Tibério se tornou imperador e, rapidamente,
despachou Germanicus em missões diplomáticas pelas províncias romanas.
Só que o pai de Calígula acabou morrendo de forma estranha, levantando
suspeitas de que ele teria sido assassinado — e Agrippina, furiosa, não
pensou duas vezes antes de acusar Tibério de se livrar de seu marido por
considerá-lo um perigoso rival.

Pintura retratando a morte de Germanicus


O Imperador ordenou que Agrippina fosse aprisionada em uma ilha remota
— onde ela morreu de fome — e mandou prender dois dos irmãos de
Calígula, um que cometeu suicídio e outro que também morreu de inanição.
“Botinhas”, que ainda era muito pequeno, foi enviado junto com suas irmãs
para viver com a bisavó Lívia, esposa de Augusto, e permaneceu afastado
da vida política até o ano 31, quando foi adotado por Tibério, o homem que
causou todo esse drama familiar.

No fundo, Calígula odiava Tibério, mas, como no início ainda tinha um


pouco de juízo, ele tratava o Imperador com respeito. Entretanto, todos os
traumas vividos pelo jovem romano — assim como ter que suportar a ideia
de ser “filho” de Tibério — acabaram por afrouxar alguns parafusos na
cabeça de Calígula. Dizem que ele adorava assistir a torturas e execuções
e passava suas noites em orgias malucas.
Com os gastos públicos descontrolados perseguiu, ordenou a execução dos romanos
mais ricos e e matou muitas personalidades importantes, para confiscar-lhes os bens.
Vítima de diversas conspirações, como a do senador Marco Emílio Lépido, acabou
assassinado em um complô armado por Cássio Quéreas, tribuno da guarda
pretoriana. Em termos de obras públicas a sua mais importante foi o início da
construção do aqueduto Cláudia, iniciado em 38 e terminado no governo de Cláudio
(Tiberius Claudius Drusus Nero Germanicus, Claudius I), seu sucessor.

no ano de 37, e Calígula, então com 24 anos, foi nomeado Imperador e


começou seu governo com o pé direito: mandou libertar cidadãos presos
injustamente, eliminou vários impostos e patrocinou inúmeros eventos
públicos — como lutas com gladiadores, corridas de bigas e peças teatrais.
No entanto, seis meses após assumir o posto, Calígula adoeceu e quase
morreu. Foi a partir daí que as coisas começaram a degringolar.

começou a declarar para todo mundo que ele era um deus. Calígula
começou a aparecer em público vestido como várias divindades da época,
como Hércules, Mercúrio, Júpiter, Apolo e até Vênus, a deusa do amor. O
Imperador também mandou substituir as cabeças de deuses de vários
templos por bustos seus.

Dizem ainda que Calígula mandou construir uma ponte entre seu palácio e
o templo de Júpiter — para que ele pudesse visitar a divindade —, e que o
Imperador costumava conversar com a Lua. Mas isso não era nada...
Segundo alguns relatos, Calígula desenvolveu vários métodos de tortura
horripilantes e transformou as sessões em espetáculos públicos. Ademais,
ele adorava mutilar seus prisioneiros ou jogá-los para serem devorados por
leões famintos.

Incitatus, o amado cavalo que Calígula teria tentado nomear como cônsul e
para quem mandou construir um estábulo de mármore equipado com uma
manjedoura de marfim. O animal teria vários serventes ao seu dispor — e
era alimentado com grãos misturados com flocos de ouro.

Três fatos loucos sobre Calígula

 Ele teria começado a praticar o incesto com suas irmãs ainda na


adolescência, inclusive publicamente, e sua favorita era Drusilla. Pois
a moça acabou ficando grávida e Calígula, com medo do nascimento
do pequeno semideus, teria eviscerado a coitada para remover seu
útero e o bebê. Depois da morte da irmã, o Imperador a transformou
em divindade;
 Certa vez, Calígula teria ordenado a morte de uma família inteira,
mas, como a lei romana proibia que meninas virgens fossem
executadas, ele primeiro obrigou a garota a assistir seus familiares
serem torturados e mortos e, depois, fez com que o carrasco
violentasse a coitada e mandou que ela fosse enforcada;
 Calígula curtia a ideia de devorar os testículos de seus inimigos e,
para isso, mandava que suas vítimas fossem amarradas de cabeça
para baixo, e as mantinha nessa posição enquanto arrancava o órgão
pouco a pouco a mordiscos.

Existe ainda a teoria de que Calígula possivelmente sofria de vários


problemas de saúde, entre eles o hipertireoidismo, a epilepsia e a Doença
de Wilson, uma doença hereditária que pode provocar instabilidade mental.
Isso sem falar na dramática infância do romano que, certamente, teria
deixado qualquer um meio maluco.

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