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Quem Foi Pôncio Pilatos?

Por Daniel Conegero

Pôncio Pilatos foi o governador romano da Judéia entre 26 e 36 d.C. Ele ficou
conhecido especialmente por ter sido aquele que condenou oficialmente Jesus
Cristo. Isso significa que Pilatos era o líder da Judeia a serviço de Roma durante
todo ministério terreno do Senhor Jesus.
Seu nome sugere que ele era romano da ordem equestre. Isso significa que ele
pertencia à classe média superior. Alguns estudiosos acreditam que “Pilatos” era
um cognome atribuído a ele no serviço militar.

Pôncio Pilatos, governador da Judeia


Pôncio Pilatos assumiu a regência da Judeia em 26 d.C. Naquela época o senhor de
Roma era Tibério César. Antes desse período não nenhuma informação realmente
confiável sobre quem foi Pôncio Pilatos.

Ele foi nomeado pelo imperador Tibério como o quinto procurador da Judéia.
Historicamente ele é designado como governador, prefeito ou procurador da
Judeia. Nesse caso específico de Pilatos, todos esses termos podem ser entendidos
como equivalentes.

Como governador por Roma, Pôncio Pilatos exercia controle sobre toda a província.
Também estava sob sua responsabilidade o exército romano de ocupação. Isso
significa que ele detinha poderes militares. Com relação à parte criminal, ele
também dava a última palavra referente à aplicação de sentenças capitais. Dessa
forma ele poderia condenar ou absolver. Ele poderia até reverter uma sentença
decretada pelo Sinédrio.

Pôncio Pilatos também era o encarregado de nomear os sumo sacerdotes. Dessa


forma, ele também controlava o Templo incluindo seus recursos financeiros.

A tirania de Pôncio Pilatos


Fontes históricas indicam que Pôncio Pilatos em certo aspecto era um tirano. Assim
que nomeado ele se mostrou antagônico aos judeus. Em sua obra, Filo indica que
Pilatos adotava uma postura antissemita.

A obra do historiador Flávio Josejo é uma excelente fonte de detalhes sobre o


governo de Pôncio Pilatos. Ele escreve que Pilatos provocou a ira dos judeus
quando trouxe para Jerusalém estandartes com a imagem do imperador. Esse tipo
de atitude era uma ofensa direta a lei judaica. Nenhum de seus antecessores havia
tomado atitude semelhante para não afrontar os costumes judaicos.

Diante do protesto dos judeus, Pôncio Pilatos ameaçou matá-los. Mas mesmo
assim eles se mantiveram firmes em sua posição. Eles diziam que preferiam morrer
a transgredir a Lei. Foi só então que Pilatos recuou e removeu os estandartes para
Cesaréia.

Depois Pilatos foi alvo de novos protestos quando se apropriou do fundo


monetário do Templo para construir um aqueduto. Então milhares de judeus se
manifestaram contra essa ação de Pilatos. Na ocasião o governador romano
colocou soldados disfarçados no meio da multidão. Com armas escondidas, eles
mataram muitos judeus.

Essa natureza tirana de Pôncio Pilatos também fica evidente no Evangelho de Lucas.
Em certa ocasião Pilatos matou alguns galileus. Sobre isso Jesus diz que Pilatos
misturou o sangue desses galileus com seus sacrifícios (Lucas 13:1).

Foi por conta de seu comportamento tirano que Pôncio Pilatos perdeu sua posição
de procurador da Judéia. Ele ordenou um massacre contra um grupo de
samaritanos que se reuniu no monte Gerizim para procurar utensílios sagrados
supostamente deixados por Moisés ali. Naquela ocasião muitos samaritanos foram
covardemente mortos, enquanto outros foram capturados.

Pilatos e o julgamento Jesus Cristo


Quando Jesus foi preso, Ele foi conduzido até Pilatos. O Sinédrio já havia decidido
pela condenação de Jesus, mas como governador da província, cabia a ele decidir o
julgamento pela pena de morte. Porém no episódio do julgamento de Jesus, a
postura de Pilatos não em nada lembra o tirano descrito pelos historiadores. Ao
contrário disso, Pilatos aparece até como uma pessoa fraca e irresoluta.

Talvez isso possa ser explicado pela condição precária em que ele se encontrava.
Pilatos já havia se envolvido em muitos problemas na Judeia, e provavelmente já
temia que sua posição pudesse estar em risco. Obviamente o imperador romano
não ficava satisfeito com protestos em suas províncias. Qualquer coisa desse tipo
poderia gerar uma revolta complicada.

Os Evangelhos não mostram Pilatos como alguém que desejava condenar Jesus.
Jesus havia sido acusado falsamente de representar uma ameaça ao Império
Romano. Porém Pilatos não estava convencido disso. Pilatos ficou até
impressionado com o fato de Jesus se recusar a responder às acusações que os
líderes judeus apresentaram contra Ele (Mateus 15:2-5).

O texto bíblico afirma que por três vezes Pilatos admitiu que Jesus era inocente
(Lucas 23:4-22; João 18:38; 19:4,6). Mateus registra algo interessante sobre isso. Ele
fala que a esposa de Pilatos havia sido avisada em sonho sobre a inocência de
Jesus (Mateus 27:19).

Pilatos condena Jesus


Certamente Pilatos tinha medo de piorar ainda mais sua reputação com Roma ao
condenar um inocente. Mas por outro lado ele também não poderia contrariar as
autoridades judaicas, mesmo sabendo que Jesus havia sido preso por inveja
(Marcos 15:10). A situação delicada de Pilatos pode ser percebida na seguinte
declaração dos judeus: “Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz
rei é contra César” (João 19:12).

Pilatos tentou escapar daquela situação complicada enviando Jesus a Herodes


Antipas, o tetrarca da Galileia. Além de aliviar sua situação, essa manobra ainda
serviria para reconciliá-lo com Herodes, com não tinha boa relação. Sua tentativa
de reconciliação deu certo, mas Antipas devolveu Jesus à jurisdição de Pilatos.
Cabia a ele decidir pela condenação do Salvador.
Ainda assim ele ainda tentou oferecer alternativas. Ele se propôs a castigar Jesus e
soltá-lo, mas também não obteve sucesso. Também sugeriu a troca de Jesus pelo
líder rebelde Barrabás, mas o povo preferiu soltar o criminoso (Marcos 15:6; Lucas
23:16;22).

Quando percebeu não ter saída, Pilatos lavou as mãos perante o povo num ritual
inútil que indicava sua intenção de se eximir da culpa pelo sangue de Jesus (Mateus
27:24). Mas segundo o decreto de Deus, nenhum dos que participaram da afronta
contra Jesus, puderam escapar de sua culpa (cf. Atos 4:27,28).

Pilatos também escutou da própria boca de Jesus que seu reino não é deste mundo
(João 18:36,37). Muitos estudiosos apontam a iniciativa de Pilatos em colocar sobre
a cruz a inscrição “O Rei dos Judeus”, como uma prova de seu comportamento
antissemita.
Pilatos não queria se indispor ainda mais com Roma e com o povo, mas não resistiu
à oportunidade de fazer uma ofensa final. Alguns intérpretes dizem que ao colocar
aquela frase sob o Cristo crucificado, Pilatos estava indiretamente zombando dos
judeus. É como se ele estivesse indicando que aquele povo era tão infeliz, que seu
rei estava crucificado numa cruz, a pior e mais humilhante pena de morte da época.

O fim de Pôncio Pilatos


Em conexão com o massacre orquestrado de Pilatos contra os samaritanos, seus
dias como governador da Judeia chegaram ao fim. Os samaritanos apelaram a
Vitélio, o governador da Síria. Vitélio ordenou que Pôncio Pilatos se apresentasse
em Roma, para se explicar ao imperador.

Depois de sua partida a Roma, nada se sabe sobre Pilatos. Parece que Tibério
faleceu antes da chegada de Pilatos, e não há nenhum relato sobre seu julgamento.
Uma tradição grega indica que Pilatos foi obrigado a cometer suicídio durante o
reinado de Calígula. Porém não há como se ter certeza disso.

Posteriormente também surgiram lendas que alegavam uma transformação em seu


caráter. Algumas delas diziam que ele havia se tornado um homem justo e
bondoso. Outras falavam dele como um convertido ao cristianismo. Mas esses
relatos parecem ser pura fantasia. As melhores fontes sobre a biografia de Pôncio
Pilatos sem dúvida apontam para um fim melancólico do deposto procurador da
Judeia.

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