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Módulo 5: Sustentação do instrumento

5.1 - Apresentação

O presente módulo trata de uma questão muito particular e difícil para os


flautistas:

Como sustentar a flauta?

Como veremos neste módulo, a sustentação da flauta difere bastante da


sustentação de outros instrumentos musicais.

5.2 - Objetivo do módulo

O objetivo inicial deste módulo é o de apresentar questões relativas à


sustentação da flauta, além de apresentar abordagens possíveis para uma
sustentação eficiente do instrumento. Inicialmente serão apresentadas
considerações gerais sobre as relações entre a sustentação dos instrumentos e
as questões posturais. Em seguida será apresentada uma breve comparação das
formas de sustentação de diversos instrumentos, para em seguida serem
pontuadas situações características da sustentação da flauta. Por fim serão
apresentadas abordagens possíveis para sustentar a flauta.

5.3 - Sustentação e postura corporal

No presente curso adotaremos a seguinte definição para sustentação:

Os modos como trazemos, mantemos e equilibramos a flauta próxima ao nosso


corpo, de forma a poder tocá-la. 

5.3.1 - Principais grupos musculares em pregados na sustentação da flauta 

No caso da flauta, os principais grupos musculares envolvidos na sustentação


do instrumento são:

- Ombros (e cintura escapular)

- Membros superiores (braços e antebraços)

- Mãos (pulsos e dedos) 

Figura 5.1 - Musculatura diretamente envolvida na sustentação da flauta


(Fonte: https://musclecharts.net/) 

5.3.2 - A sustentação e postura em outros instrumentos 

A sustentação dos instrumentos é intimamente ligada às questões posturais,


pois é o corpo – em suas possíveis posturas – que vai sustentar (carregar, em
alguns casos, apoiar, em outros) e equilibrar os instrumentos no momento de
tocá-los.

As posturas vão influenciar diretamente a forma como sustentamos um


instrumento, mas os instrumentos também influenciam – e muito! – na postura
do instrumentista (como vimos no Módulo 4: Postura). Entendo que o melhor
modo de abordar as questões de sustentação de um instrumento é fazer tal
abordagem ao mesmo tempo, ou logo a seguir ao treinamento inicial sobre
questões posturais.

Ao trabalharmos as questões sobre sustentação do instrumento – que podem


ser entendidas como questões sobre a manutenção do equilíbrio de um
instrumento - não devemos perder de vista as questões sobre postura, que
podem ser entendidas como questões sobre a manutenção do equilíbrio do
corpo ao se tocar um instrumento.

Portanto, mantenham em mente neste – e em todos os módulos futuros – as


questões trabalhadas no Módulo 4: Postura.

5.4 - A sustentação em diferentes instrumentos


Os instrumentos musicais variam enormemente de tamanho, peso, formato e
forma de tocar. A maioria dos instrumentos prevê, já em seu desenho original,
formas para que possa ser equilibrado em frente ao músico, de modo a ser
tocado.

Em alguns instrumentos – como no trompete, trombone ou pandeiro – uma


mão sustenta o instrumento, enquanto que a outra toca o instrumento. Já em
outros instrumentos, as duas mãos são empregadas para tocar, ficando a
sustentação do instrumento à cargo de outras partes do corpo, como nos casos
do violão e da tuba, onde o instrumento fica no colo do instrumentista. Em
outros casos de instrumentos que são tocados com as duas mãos são
acrescentados aos instrumentos “acessórios” que têm por função auxiliar a
sustentação, como no caso dos saxofones, fagotes, corne inglês (em alguns
casos clarinetas e oboés) – que se utilizam de correias para a sustentação, ou
dos violinos e violas modernos – que se utilizam de espaleiras (ou ombreiras),
ou dos violoncelos, contrabaixos e clarones (e em alguns casos também
fagotes) – que se utilizam de espigões fincados ao chão. Em outros
instrumentos tocados com as duas mãos a sustentação é distribuída entre as
mãos através de uma parte acrescentada ao instrumento – geralmente um
suporte para algum dedo – como no caso da clarineta, oboé e trompa,
lembrando que nos primeiros – assim como nos saxofones – a boca, ao fixar a
boquilha entre os lábios, também contribui para a sustentação.

Todos os casos descritos acima têm em comum o mesmo objetivo, que é:

Estabilizar o instrumento (deixa-lo “parado”), de forma a que as partes do corpo


cujos movimentos são necessários para o tocar – dedos, mãos, braços, lábios –
possam sempre encontrar os pontos de contato desejados.

5.5 - A sustentação da flauta I: os problemas

A sustentação da flauta apresenta algumas características particulares:

- O instrumento é tocado com movimentos das duas mãos e dos lábios

- As digitações exigem movimentos de todos os dedos da mão esquerda, e de


quatro dedos da direita – somente o polegar direito não aciona chaves

- O bocal é mantido fora da boca do instrumentista – apoiado no queixo (ou


lábio inferior) – e os seus lábios se movimentam durante o tocar

- O instrumento é mantido horizontalmente, à direita do flautista (de forma


assimétrica ao seu corpo)
- O instrumento é um cilindro (redondo), sem superfícies dedicadas à
sustentação do instrumento

Estas características trazem então o seguinte problema:

Como sustentar um cilindro horizontalmente ao corpo sem a utilização dos


dedos (somente o polegar direito está “disponível”)?

5.6 - A sustentação da flauta II: os três pontos de apoio

Existem diversas abordagens com soluções para esta questão, porém todas vão
partir do princípio de que existem três pontos de sustentação para flauta
(pontos de contato da flauta com o corpo do instrumentista):

- Queixo (ou lábio inferior)

- Lateral da mão esquerda (abaixo do dedo indicador)

- Polegar da mão direita. 

Figura 5.2 - Vetores de força ativos na sustentação da flauta

(Fonte: Fonseca, 2013, p. 32)

A figura acima apresenta estes pontos de apoio (pontos de sustentação),


exemplificando através de setas a direção das forças exercidas por estes apoios.
Note-se que estas forças são todas aplicadas no plano horizontal, ou seja, não
existem forças aplicadas “de baixo para cima”, não há nada que “carregue” o
instrumento. O instrumento é sustentado e estabilizado através do “jogo” de
forças entre estes três pontos. Este sistema de forças segue o princípio do que
na física se denomina alavanca.

5.7 - Alavancas

As alavancas são sistemas utilizados para multiplicar a força aplicada sobre um


objeto, e são constituídas por um ponto de apoio e dois pontos de aplicação de
forças (que geralmente são chamados de resistência e ponto de aplicação de
força). A teoria das alavancas foi desenvolvida pelo filósofo grego Arquimedes
no séc. III a.C. Sendo um sistema de multiplicação de forças, Arquimedes disse:

Deem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu deslocarei o mundo.

Existem três tipos de alavancas, que se diferenciam pela localização do ponto de


apoio e das forças, conforme a figura abaixo demonstra:

Figura 5.3. -Tipos de alavancas

(Fonte: baseado
em https://vidadefisioterapeuta.wordpress.com/2015/09/30/biofisica-
sistemas-de-alavancas/)

Notem como a alavanca “b” é exatamente a representação das forças aplicadas


nos pontos de contato da flauta, como apresentado na seção 5.6 - A
sustentação da flauta II: os três pontos de apoio, acima.

5.8 - Abordagens
Como já dito anteriormente, existem diversas abordagens para os problemas de
sustentação da flauta, e essas abordagens partem do conceito de alavanca. O
que varia entre as abordagens é geralmente a distribuição das forças entre os
pontos de contato. Alguns defendem mais força no ponto da mão esquerda,
outros no ponto da mão direita, outros no queixo (ou lábio inferior), outros
ainda defendem uma distribuição uniforme entre os pontos, além dos outros
que defendem as mais diversas combinações da distribuição das forças. 

5.8.1 - A “outra” alavanca da mão direita

Uma abordagem vai entender que além dos pontos de distribuição de força
descritos acima (5.6. - A sustentação da flauta II: os três pontos de apoio). Um
outro sistema de forças, uma outra alavanca, também é utilizada para a
sustentação da flauta.

Este outro sistema é similar ao sistema de sustentação dos arcos em


instrumentos de cordas, e ocorre exclusivamente na mão direita.

Figura 5.4 a e b -Princípio da alavanca no arco e na mão direita da flauta

(Fonte: baseado em https://docplayer.com.br/73893965-Principios-basicos-


para-quem-deseja-iniciar-os-estudos-de-violino.html)
(Fonte: baseado em http://www.vivarte.mus.br/flauta-transversal)

No caso da aplicação da alavanca da mão direita na flauta é importante


entender os seguintes princípios:

1) O dedo mínimo da mão direita pressiona a chave do ré # em quase todas as


notas da flauta, podendo então servir como ponto de aplicação de força

2) O ponto de força mais à esquerda da flauta é o próprio peso do instrumento,


que é contrabalanceado tendo o polegar direito como ponto de apoio e o dedo
mínimo direito como o outro ponta de força, funcionando como a avalancha “a”
apresentada na figura da seção 5.7 - Alavancas, acima.

IMPORTANTE!: Não tente sustentar a flauta comente com este sistema de


alavanca da mão direta, pois a flauta é muito pesada para este sistema
sozinho. Recomendo treinar esta alavanca com o bastão de limpeza da flauta,
lápis, caneta, ou algum outro objeto cilíndrico mais leve que a flauta. 

5.8.2 - A lateral da mão direita

Para o ponto da lateral da mão esquerda, existem diferentes abordagens


possíveis para o ponto de contato com a flauta, tanto no plano vertical, como
no plano horizontal, como a figura abaixo mostra: 

Figura 5.5 -Pontos de contato da flauta com a mão esquerda


Em todo caso, a flauta NÃO deve repousar entre o polegar e a mão esquerda,
pois isto reduziria a mobilidade do polegar.

O ponto de contato com a lateral da mão esquerda vai influenciar a torção


desta mão (mais próxima ou mais afastada da flauta), assim como a curvatura
deste pulso, e não existe um consenso sobre qual seria o ponto ideal aqui,
variando a depender do tamanho da mão e da abordagem sobre sustentação
adotada pelo flautista.

5.8.3 - O polegar da mão direita

Também não existe consenso sobre como e onde deve ser o ponto de contato
do polegar direito com a flauta. Este ponto de contato pode variar tanto no
plano horizontal do ponto de contato (abaixo de que chaves ou dedos deve
ficar o polegar direito). 

Figura 5.6 -Posições do polegar da mão direita


(Fonte: https://woodwindsection.com/how-to-hold-a-flute/)

Este ponto vai variar também em relação a que ponto no plano vertical o
polegar direito entra em contato com a flauta. Esta variação vertical ocorre
principalmente quando o flautista adota a estratégia de utilizar a ponta superior
do polegar (mais próxima a unha) como nas imagens do centro e direita da
figura acima. 

Figura 5.7 - Pontos de contato da flauta com a mão direita

(Fonte: baseado em Debost, 2000 p. 107)

Estas variações nos pontos de contato no tubo da flauta e no polegar direito


vão impactar diretamente na posição do polegar (mais reto ou curvo, mais
aberto ou fechado em relação à mão) e na curvatura do pulso direito. 

5.8.4 - O queixo (ou lábio inferior)


Este ponto de contato também vai variar entre flautistas, tanto no que diz
respeito à posição do ponto (mais próximo ou mais afastado da abertura da
embocadura) como na pressão exercida no ponto, tendo um impacto direto na
embocadura e na produção do som. Portanto, este ponto será tratado em mais
detalhe no  Módulo 8: Embocadura I: Foco e no Módulo 9: Embocadura II:
Registro e Flexibilidade  deste curso.

5.9 - Qual abordagem adotar para sustentação?

Como pode-se perceber, existem diversas abordagens possíveis à sustentação


da flauta. Estas variações se originam tanto de preferências pessoais como de
tradições de ensino, e não se pode afirmar que uma é “melhor” ou “pior” do
que outra.

Considero que, dentro desta variedade de possibilidades, a melhor estratégia


para se desenvolver um modo de sustentar a flauta é inicialmente estar
consciente das diversas possibilidades, e testar quais são mais confortáveis ou
eficientes para cada indivíduo. Porém é muito importante entender que cada
abordagem diferente vai acarretar em diferenças na pressão muscular das mãos
e braços, no ângulo dos pulsos e cotovelos, na embocadura, etc. É então
importante procurar entender as correlações entre as diferentes possibilidades
de pontos de apoio e os outros diversos aspectos do tocar. Geralmente ao
adotar um determinado ponto de apoio para o polegar direito, por exemplo, os
demais pontos de apoio da lateral da mão esquerda e do queixo (ou lábio
inferior) e vão ser impactados, demandando uma abordagem específica para
embocadura, ou para a postura. E vice-versa: mudanças em algum aspecto
técnico específico vão acarretar ou exigir mudanças em outros aspectos do
tocar, aparentemente não diretamente relacionados ao aspecto que mudamos
inicialmente.

É fundamental então neste processo de experimentações de diversas


abordagens atentar sempre sobre como cada mudança de abordagem afeta
outros aspectos, avaliando constantemente como as mudanças são percebidas
por nosso corpo, e como afetam o nosso tocar.

5.10 - Exemplo de abordagem para sustentação

A título de exemplo – a abordagem apresentada a seguir é somente uma, entre


tantas possibilidades - apresento a seguir uma abordagem para sustentação da
flauta, que é a que adoto para tocar e ensinar. O objetivo de apresentar esta
possibilidade é principalmente realçar como os diversos aspectos envolvidos na
sustentação do instrumento interagem entre si, e como devemos estar atentos a
estas interações. Deste modo detalharei uma das possíveis maneiras de abordar
a sustentação, levando em conta diversos aspectos (pontos de contato, postura
das mãos e braços, etc.). Certamente outras abordagens para sustentação
apresentarão diferenças para a que apresento, porém, os focos de atenção que
abordo serão também de importância para estas outras abordagens, mesmo
que estas apresentem soluções diferentes entre si (pontos de contato, ângulo
dos pulsos e braços, etc.).

5.10.1 - Sustentação em alavancas I

Esta abordagem adota o princípio que se deve evitar o máximo possível a


utilização dos dedos para a sustentação da flauta – com exceção do polegar
direito. Deste modo, ao não sustentar o peso do instrumento, os dedos poderão
ganhar maior velocidade e suavidade de movimentos. Esta abordagem é
também conhecida como “ posição de Rockstro”, em alusão ao flautista
inglês Richard Shepherd Rockstro (1826 – 1906) que no seu método publicado
em 1890 descrevia esta abordagem
(https://www.cs.dartmouth.edu/~wbc/rockstro/).

5.10.1.1a - Exercício para treinamento da alavanca – sem flauta

O objetivo deste exercício é treinar a estabilidade e equilíbrio do instrumento


somente através da utilização dos três pontos de apoio: queixo (ou lábio
inferior), lateral da mão esquerda e polegar da mão direita, conforme
apresentado na seção 5.6 - A sustentação da flauta II: os três pontos de apoio,
acima, utilizando os princípios de aplicação de força das alavancas (5.7 -
Alavancas,  acima). Este exercício desenvolve a consciência dos pontos de
contato e das relações de forças entre estes pontos. Busca-se aqui também
evitar sobrecargas de pressão nos pontos, objetivando a identificação da menor
força necessária para se manter o instrumento estável e equilibrado.

IMPORTANTE!: este exercício deve ser feito inicialmente com o bastão de


limpeza da flauta ou algum outro objeto cilíndrico rígido mais leve que a flauta.
Somente após se alcançar estabilidade e segurança sustentando o bastão, é que
se pode tentar fazer o exercício com a flauta.

1) Abra as mãos - com as palmas viradas para fora – e os dedos em frente ao


seu rosto, mantendo mãos e dedos relaxados.

2) Partindo da posição das mãos descrita na etapa acima, tente agora equilibrar
o bastão utilizando o polegar da mão direita, a lateral da mão esquerda e a
lateral esquerda do rosto – bochecha esquerda (em lugar do queixo ou lábio
inferior). As mão e dedos devem estar abertos e relaxados – na posição
alcançada na etapa anterior - e o bastão apoiado no rosto de forma que seja
possível ver o bastão e as mão, conforme a figura abaixo: 
Figura 5.8 - Exercício para sustentação (com o bastão de limpeza) (I)

(Fonte: autor)

a) Observe para que o ponto de contato do polegar direito seja na extremidade


superior do dedo, e que o polegar esteja reto e relaxado, sem curvatura para
dentro ou para fora da mão.

b) Observe que o ponto de contato da lateral da mão esquerda deve ser abaixo
do dedo indicador, no osso da mão logo abaixo dos ossos do dedo.

3) Varie a pressão nos pontos das mãos, notando o efeito desta variação na
pressão sentida na lateral do rosto, e no equilíbrio e estabilidade do bastão.
Procure qual a menor pressão das mãos é necessária para manter o bastão
estável e equilibrado, evitando também muita pressão na lateral do rosto. O
bastão deve ser sustentado da forma mais “leve” possível.

4) Altere os pontos de contatos da mão esquerda e polegar direito COM O


BASTÃO, aproximando e afastando as mãos uma da outra, e observando os
efeitos destes diferentes pontos de contato para a estabilidade e equilíbrio do
bastão.

5) Após conseguir sustentar o bastão de forma estável e equilibrada, e sem


muita pressão em nenhum dos pontos de contato, tente - sem alterar a forma
das mãos nem os pontos de contato delas - virar os pulsos para dentro, de
forma que as palmas das mãos fiquem voltadas uma para outra, mais próximas
da posição necessária para que os dedos possam acionar as chaves da flauta,
conforme a figura abaixo: 

Figura 5.9 - Exercício para sustentação (com o bastão de limpeza) (II)


(Fonte: autor)

Faça este movimento lentamente, algumas vezes, voltando para a posição


original com as mãos abertas, sempre observando a estabilidade e equilíbrio do
bastão. O objetivo desta etapa é despertar a consciência do movimento dos
pulsos, sem afetar a estabilidade e equilíbrio de sustentação.

6) Após conseguir sustentar o bastão com o apoio na lateral do rosto – olhando


para as mãos, deve-se agora tentar sustentar o bastão trocando o ponto de
apoio da lateral do rosto para o queixo ou lábio inferior (ponto em que o porta
lábio da flauta tem contato com o corpo no momento de se tocar). Nesta
posição – mais próxima àquela utilizada para se tocar, não será mais possível
visualizar as mãos. Procure nesta posição repetir os movimentos dos pulsos,
como explicados na etapa anterior.

5.10.1.1b - Exercício para treinamento da alavanca – com flauta

Após desenvolver a consciência das forças aplicadas nos pontos de contato com
o bastão, tente aplicar a sustentação com os pontos de contato com a flauta.
Agora o peso será muito maior, dificultando a estabilidade e equilíbrio do
instrumento.

Figura 5.10 - Exercício para sustentação (com a flauta)

https://youtu.be/kB2Uu_Ge3vI

1) Execute todas as etapas de 10.1.1a. Exercício para treinamento da alavanca –


sem flauta, porém agora com o instrumento.

Dicas:
- Muito cuidado com o instrumento! Pratique inicialmente sentado em frente a
uma mesa, com uma almofada ou travesseiro logo abaixo e perto da flauta, de
modo a que se o instrumento cair, não seja danificado.

- Preste atenção para que o polegar da mão direita toque somente no cilindro
(parte lisa) da flauta, não entrando em contato com nenhuma ferragem ou
chave).

- Agora com o peso maior, preste atenção para manter o ponto de contato com
a lateral da mão esquerda, sem “carregar” a flauta entre o polegar e a mão,
conforme explicado na seção 5.8.2 - A lateral da mão direita, acima.

2) Ao executar a etapa 5 (que trata da torção dos pulsos), procure posicionar os


pontos de contatos COM A FLAUTA (das mãos direita e esquerda), de modo
que os dedos possam alcançar as suas respectivas chaves de modo relaxado e
confortável, sem precisar “esticar” ou “encolher” nenhum dos dedos. Procure
variar os pontos de contatos COM A FLAUTA (não os pontos de contato com a
mão ou dedos) e observe como os dedos que irão tocar as chaves devem
permanecer relaxados, com uma leve curva – como será explicado a seguir
no 5.10.2 - Exercício para a forma e relaxamento da mão e para o ângulo dos
pulsos.

Os pontos de contato na mão e na flauta vão variar para cada pessoa (afinal
temos mãos em tamanhos e formatos diferentes) não existindo pontos
“corretos”, que sirvam para todos – conforme explicado nas seções 5.8.2 - A
lateral da mão direita e  5.8.3 - O polegar da mão esquerda. As figuras
apresentadas nestas seções citadas mostram os pontos de contato com a mão
esquerda e com o polegar direito, respectivamente. A figura abaixo apresenta
“áreas” onde normalmente os pontos de contato com a flauta podem ocorrer:

Figura 5.11 - Áreas de contato das mãos com a flauta

(Fonte: autor)
5.10.2 - Exercício para a forma e relaxamento da mão e para o ângulo dos
pulsos

O objetivo deste exercício é desenvolver a consciência corporal de um formato


e posição das mãos relaxados, assim como entender quais angulações dos
pulsos ao sustentar o instrumento são mais adequadas para cada indivíduo.

1) Posicione as mãos na frente do plexo solar (centro do peito), com as palmas


voltadas uma para a outra.

2) Junte a base das palmas das mãos, deixando as palmas das mãos e os dedos
totalmente relaxados.

Figura 5.12 - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (I)

(Fonte: autor)

3) Encoste suavemente as pontas dos dedos das mãos esquerda e direita


(polegar direito com polegar esquerdo, indicador direito com indicador
esquerdo, e assim por diante). Note como as palmas das mãos e os dedos
estarão levemente curvos, como se as mãos estivessem envolvendo uma bola.

Figura 5.13 - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (II)
(Fonte: autor)

4) Sem alterar a posição alcançada pelas mãos e dedos, mova os cotovelos para
cima e para baixo, como indicado no Módulo 4: Postura, em seu exercício 4.4.1.4
- Exercício para a abertura dos braços e cotovelos. Observe a movimentação das
escápulas. 

Figura 5.14 - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (III)

(Fonte: autor)

5) Buscando manter as escápulas relaxadas, observe o ângulo alcançado pelos


pulsos. 

Figura 5.15 - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (IV)
(Fonte: autor)

6) Mantendo o formato das mãos e dedos e a angulação dos pulsos, afaste a


mão direita para a frente, “descolando” as mãos, em uma posição similar àquela
utilizada para sustentar a flauta. Observe a postura alcançada e – fechando os
olhos – procure ganhar consciência desta postura. 

Figura 5.16 a e b - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (V)

(Fonte: autor)

7) Procure aplicar o formato das mãos e ângulo dos pulsos alcançados neste
exercício ao sustentar a flauta. 

Figura 5.17 a e b - Exercício para a posição dos pulsos e forma da mão (VI)
(Fonte: autor)

8) Para a mão esquerda, observe que as chaves do si/si bemol devem tocar na
base do polegar, mais próxima a palma da mão, e não na ponta do polegar.

5.11 - Conselhos sobre questões sobre a sustentação da flauta

- Estejam sempre atentos para não tensionar exageradamente os dedos, palmas


da mão, braços e ombros. A força necessária para sustentação do instrumento
deveria permitir que possamos movimentar confortavelmente os dedos, mãos,
pulsos, braços e ombros.

- Ao sentir qualquer dor nos confortavelmente os dedos, mãos, pulsos, braços


ou ombros parem imediatamente de treinar sustentação. Caso isso aconteça,
descansem, relaxem, e tentem novamente, parando imediatamente com
aparecimento de qualquer dor.

- Observem a todo momento a postura e a distribuição do peso, conforme


treinado no Módulo 4: Postura.

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