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Relátorio Espectreoscopia - Ramdom Lasers e

Backscattering of light
Isabela Ramos Almeida
June 2020

1 Resumo
Os lasers Aleatórios é um tipo de laser não convencional que não possuem cavi-
dade óptica e que se difere em vários aspectos do laser comum. Primeiramente
vamos entender o processo da formação de luz do laser comum, posteriormente
dos Lasers Aleatórios e então as aplicações do retroespalhemento de luz que se
demostra um estudo paralelo aos LAs.

1.1 Laser Comum


O laser comum é um dispositivo que produz radiação eletromagnética com car-
acterı́sticas especı́ficas, ser monocromático comprimento de onda definido, coer-
ente todos os fótons que compõem a radiação está em fase, e também colimado,
dando esse aspecto de uma luz que percorre em linha reta.
No laser o comprimento de onda é constante, os fótons são idênticos e se
propagam paralelamente. Para que o laser produza luz é preciso que o número
de átomos excitados seja maior que o número de átomos no estado fundamental,
já que o laser é formado a partir de átomos excitados submetidos a radiação.
No processos em que o átomo emite luz se essa luz for juntado e amplificada
teremos o efeito conhecido como raio laser, a luz do laser provém justamente da
emissão que ocorre quando elétrons decaem de seus nı́veis energéticos de forma
estimulada, produzindo um feixe de luz onde todas os fótons se comportam
identicamente. O laser é formado por três partes a primeira é o meio ativo que
pode ser sólido ou lı́quido, que é de onde sai a matéria prima que forma a luz,
já que é constituı́do pelos átomos que serão excitados para formar luz fótons, a
energia de um fóton emitido esta relacionado com o seu comprimento de onda,
então para construir um laser que emite um determinado comprimento de onda
é preciso de um meio ativo que apresenta átomos com elétrons em nı́veis cujo
espaçamento tenha justamente a energia do feixe de luz que desejamos obter.
A segunda parte do laser é a fonte externa de energia que permite com que o
elétron mude seu nı́vel de energia, a fonte produz estados excitados para que
com o decaimento haja produção de luz, Ela atua no meio ativo, muitas vezes
emitindo fótons sobre ele, e isso faz com que um grande número de átomos

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fiquem no estado excitado. A terceira parte importante do laser é a cavidade
ótica ou ressonador, que tem a função de fazer com que os fótons que emergem
do sistema voltem é produzam mais emissão estimulada, Isso é feito por meio
de espelhos que são colocados nas extremidades dessa cavidade e provocam a
reflexão dos fótons de volta à amostra.

Figure 1: Laser Comum

1.2 Laser Aleatório


A pesquisa com lasers aleatórios começou por volta de 1994, quando fı́sicos da
Universidade Brown, Estados Unidos, anunciaram a criação do primeiro laser
aleatório de alta eficiência o estudo demonstrou pela primeira vez a possibilidade
de gerar laser a partir da emissão e do espalhamento desordenado de luz no
interior de um material, assim como foi proposto em 1966 a invenção do laser
convencional aprisionando luz dentro de um material feita por Nicolay Basov,
um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Fı́sica de 1964.
O Laser convencional como vimos é gerado aprisionando um feixe de luz
entre dois espelhos que atravessam um meio de ganho e assim emite luz com
eficiência, as reflexões no espelho estimula o meio de ganho a transmitir luz
com mais intensidade. A produção de lasers aleatórios não usam espelho e
sim materiais com propriedades de absorver, emitir e espalhar luz de forma
desordenada, a luz é confinada em uma região ativa por elementos difusivos que
são o próprio meio de ganho.

Figure 2: Laser Aleatório

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Nos LA, assim como nos lasers convencionais, ocorre a amplificação da luz,
essa amplificação é dada pelo meio de ganho bombeado e o retorno da luz espal-
hada pela dispersão das partı́culas, as partı́culas dispersantes são incorporadas e
distribuı́das aleatoriamente no meio de ganho. Uma partı́cula de dispersão adi-
ciona uma contribuição de fase aleatória e imprevisı́vel à onda incidente. A onda
dispersa se propaga e é espalhada novamente, adicionando mais contribuições de
fase aleatória. Se todas as contribuições de fase em um loop fechado somam um
múltiplo inteiro de 2π em uma determinada frequência, é permitido que exista
um modo de frequência nessa frequência. Os LAs podem emitir luz incoerente
não ressonante e luz coerente ressonante, as ressonâncias com larguras de linha
nanométricas observadas em regime ressonante sugerem uma contribuição da
fase óptica, enquanto o regime não ressonante é entendido como amplificação
da luz dispersa com nenhuma relação de fase fixa entre os fotons que foram
amplificados.
Os Lasers aleatórios já foram testados a partir de uma grande variedade
de materiais, por exemplo, fibras ópticas, semicondutores, soluções coloidais de
corante em partı́culas dispersantes e polı́meros. Devido à emissão de saı́da com
baixa coerência espacial e eficiência de conversão de energia semelhante a laser,
os LAs são dispositivos atraentes para aplicações de iluminação energeticamente
eficientes. O regime de operação depende não apenas do material em uso, mas
também do tamanho e formato da luz usada para bombeamento. Isso sugere que
o regime não ressonante é realmente composto por um grande número de modos
estreitos que se sobrepõem no espaço e na frequência e são fortemente acoplados.
No regime ressonante, menos modos são excitados, eles não competem entre si
por ganho e não se unem apresentando vários picos.
São diversas as aplicações dos LAs por exemplo em diagnósticos médicos.
O fı́sico Randal Polson, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, veri-
ficou que tecidos contendo células cancerı́genas tingidos com corantes especi-
ais, quando iluminados por um laser convencional, emitem uma luz laser mais
aleatória do que a produzida por tecidos de células sadias. Em 2012, um es-
tudo coordenado pela fı́sica Hui Cao, da Universidade Yale, nos Estados Unidos,
demonstrou que objetos microscópicos iluminados com laser aleatório produzem
imagens mais nı́tidas (com resolução espacial maior) do que as de um objeto
iluminado por led ou laser convencional. O laser convencional ao incidir sobre
um objeto cria ilusões de óptica na forma de uma nuvem de pontos luminosos
que embaçam a imagem captada por uma câmera. A desordem das ondas do
laser aleatório atenua esse efeito.[1]
Um dos obstáculos dos LAs é que pelo fato dele produzir espectros de luz
aleatórios é difı́cil controlar suas emissões, a dificuldade está em controlar essa
aleatoriedade, para que o laser funcione de forma necessária a cada aplicação
prática, porém é importante lembrar que apesar disso ele tem sido extremamente
versátil além de ser muito mais barato de fabricar do que um laser comum.

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1.2.1 Retroespalhamento de Luz
O retroespalhamento é uma técnica usada para estudar o livre caminho médio
que as partı́culas de luz (fótons) percorrem dentro de um determinado material.
O livre caminho médio é a distância média entre dois eventos consecutivos de
espalhamento que a luz percorre dentro do material, ou seja espaço percorrido
entre a entrada e saı́da de luz, após ser espalhada no material. Toda matéria
é formada por partı́culas dispersas aleatoriamente, quando a luz é incidida na
matéria ela pode ser refletida, espalhada ou absorvida, atenuada, no caso de
retroespalhamento estamos lidando com luz espalhada na matéria.
Essa técnica pode ser utilizado por exemplo para verificar se o material
é um possı́vel LA, já que o caminho que a luz percorre dentro do material
está estritamente ligado com a distribuição de particulas e centro espalhadores,
quando obtemos um livre caminho médio de retroespalhamento curto isso diz
que a luz tem alta chance de ser espalhada na amostra, para livres caminhos
médios mais longos a luz vai se atenuando.
A luz incide em um material com centros espalhadores, essa é espalhada
sofrendo sucessivos espalhamentos de tal forma que através dessas reflexões pode
ser descrito um efeito de interferência (destrutiva ou construtiva) entre ondas
distintas. Com os ângulos incidentes e refletidos, como mostrado na Figura, e
considerando duas ondas eletromagnéticas e com mesmo comprimento de onda,
mesma direções e sentidos de incidência, através da diferença de fase entre as
ondas e fazendo alguns ajustes, conseguimos obter uma formula que descreve o
retroespalhamento de luz em função dos ângulo de incidencias.

Figure 3: Retroespalhamento

A diferença de fase com algumas manipulações pode ser escrita seguinte


forma: s 
2π 6cls 2π p
∆φ ≈ θ t= θ 2ls s (1)
λ 3 λ
Para que duas ondas que atravessam caminhos invertidos tenham inter-
ferência construtiva, a diferença de fase entre elas deve ser pequena ( ∆φ 2π  1),
de forma que existe um limite de ângulo, chamado de ângulo crı́tico, no qual
essa condição será satisfeita e existirá interferência construtiva, esse ângulo é
descrito como
λ
θc ≈ √ (2)
2ls s

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A implicação que esta equação causa é que as duas ondas parciais devem ser
somadas coerentemente para obter sua contribuição para a intensidade total na
direção exata de espalhamento, enquanto que a soma de ondas, agora incoerente,
pode ser usada para descrever a intensidade quando os ângulos são maiores que
θc , essa chamada de luz de fundo incoerente.

Figure 4: Ilustração do cone de intensidade em função do ângulo obtido pela


técnica de retroespalhamento de luz coerente.

Sendo assim, a forma esperada para a distribuição de intensidade do cone de


retroespalhamento, ilustrada na Figura , será dada pelos caminhos nos quais exi-
stirá apenas contribuições coerentes dentro de um ângulo relativamente pequeno
em relação à direção de retroespalhamento. Também, o ângulo crı́tico tende a
diminuir à medida que o comprimento total do caminho de fótons dentro do
material aumenta, existindo assim uma dependência da largura da distribuição
de intensidades do cone de retroespalhamento com o comprimento médio do
caminho livre de espalhamento dentro da amostra.
A largura máxima do cone angular de intensidade é o ângulo de coerência
crı́tico obtido para o menor comprimento total do caminho, sendo o menor
comprimento médio do caminho dado por s = ls , produzindo uma largura do
cone máximo de
λ
θmax ≈ √ (3)
2ls s
Substituindo o valor de s=ls temos:
λ
θmax ≈ √ . (4)
2ls
De forma que quanto maior o caminho percorrido dentro da amostra, menor
será o ângulo do cone do retroespalhamento, se a luz percorrer um caminho
muito grande dentro dessa amostra, ela perderá informação e não será possı́vel
ver o retroespalhamento, por isso é necessário que a luz incidente tenha coerência
grande, e que o material utilizado tenha seus centros espalhadores da ordem ou
maior que o comprimento de onda da luz incidente.

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1.2.2 O Retroespalhamento de Luz em átomos frios
Por último gostaria de destacar um estudo que foi feito usando essa técnica de
retroespalhamento coerente em dispersão múltipla de luz em átomos frios.
Um estudo realizado por Labeyrie analisando amostras de Estrôncio(Sr) e
Rubı́dio(Rb), de modo a compará-las utilizando o conhecimento da estrutura
eletrônica de ambos para observar os efeitos que os diferentes nı́veis de energia
atômicos causam no efeito de retroespalhamento coerente. A diferença obser-
vada na intensidades obtida para os dois conjuntos de átomos diferentes são
explicadas pelo fato do Rb possuir um nı́vel fundamental degenerado, fazendo
com que ocorram diversas transições elástica e inelástica, quebrando parte da
simetria das ondas com momento reverso ao alterar o caminho percorrido. Já o
átomo Sr possui um nı́vel fundamental não-degenerado, fazendo com que haja
um número menor de transições, quebrando a simetria do sistema um número
menor de vezes, causando portanto um aumento maior da intensidade retroes-
palhada do que no átomo de Rb.
Os átomos como dispersores elementares são um meio interessante para es-
tudar as manifestações quânticas da interação entre luz e matéria. Tal situação
seria muito difı́cil de ser alcançada com ressonadores clássicos como, por ex-
emplo, esferas dielétricas de alta fineza. Devido a essa ressonância estreita, o
livre caminho médio da luz no meio atômico pode ser variado por ordens de
magnitude, deslocando a frequência da onda a algumas larguras de linha da
transição atômica. Várias razões motivam o uso de átomos frios para observar
o retroespalhamento.
Em conclusão, os experimentos com atomos frios demonstram que é uma
ferramenta poderosa para estudar as propriedades de transporte quântico em
meios desordenados onde consegue se extrair o tempo de espalhamento elástico,
o tempo de transporte e observar e estudar a evolução do pico de retroespal-
hamento das amostras.[2]

References
[1] A. S. L. GOMES. Observation of lévy distribution and replica symmetry
breaking in random lasers from a single set of measurements. Scientific
Reports, 2016.
[2] G Labeyrie, C A Müller, D S Wiersma, Ch Miniatura, and R Kaiser. Obser-
vation of coherent backscattering of light by cold atoms. Journal of Optics
B: Quantum and Semiclassical Optics, 2(5):672–685, oct 2000.

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