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DIREITO CONSTITUCIONAL

Inês Espinhaço Gomes

2022/2023 | T2 e T3
SEMANA 10| SUMÁRIO
• A fiscalização da constitucionalidade e as restantes garantias da
Constituição. Noção de inconstitucionalidade e os seus diferentes tipos.
• Os modelos de justiça constitucional e os seus diferentes critérios de
classificação. O sistema de constitucionalidade das normas na
Constituição de 1976.
• Fiscalização preventiva: noção, requisitos processuais e efeitos da
pronúncia.
• Fiscalização sucessiva abstrata: noção, requisitos processuais e efeitos
da declaração de inconstitucionalidade.
v Os institutos de garantia da Constituição

1. Vinculação de todos os poderes à Constituição, art. 3.º, n.º 3 CRP


2. Os limites de revisão constitucional, arts. 284.º a 289.º CRP
3. Princípio de separação e interdependência dos poderes, arts. 2.º e 111.º CRP
4. A constitucionalização dos estados de exceção, arts. 19.º, 134.º, al. d), 138.º, 161.º, al.
l), 162.º, al. b), 197.º, n.º 1, al. f) CRP
5. A fiscalização jurisdicional da constitucionalidade das normas, arts. 277.º a 283.º CRP
v Inconstitucionalidade: noção e tipos

1. Inconstitucionalidade por ação e por omissão


2. Inconstitucionalidade originária ou superveniente
3. Inconstitucionalidade consequencial/sucessiva
4. Inconstitucionalidade presente ou pretérita
5. Inconstitucionalidade material, formal e orgânica
6. Inconstitucionalidade total ou parcial (parcial horizontal ou quantitativa ¹ parcial vertical ou qualitativa)
7. Inconstitucionalidade direta e indireta
v Parâmetro de controlo

1. Constituição, arts. 277.º, nº 1, 278.º, 280.º, n.º 1, 281.º, n.º 1, al. a) , 281.º, n.º 3 CRP
2. Leis de valor reforçado, arts. 280.º, n.º 2 e 281.º, n.º 1, b) a c) e 281.º, n.º 3 CRP

v Objeto de controlo
- Depende do tipo de fiscalização: ”normas imperfeitas” ou normas segundo o “conceito funcional”
v Modelos de controlo da constitucionalidade das normas jurídicas

1. Critério dos titulares do controlo: quem controla?


1.1. controlo político
1.2. controlo jurisdicional: a) concentrado ou b) difuso
2. Critério dos modos de controlo: como se controla?
2.1. por via principal > abstrato
2.2. por via incidental/de exceção > concreto
3. Critério do momento em que se realiza o controlo: quando se controla?
3.1. preventivo
3.2. sucessivo
4. Critério da legitimidade processual ativa: quem inicia o controlo?
4.1. universal
4.2. restrito
5. Critério dos efeitos da decisão: que efeitos advêm do controlo?
5.1. gerais/ erga omnes 5.3. retroativos/ ex tunc
5.2. restritos às partes/ inter partes 5.4. prospetivos/ ex nunc
Inconstitucionalidade por ação Inconstitucionalidade por omissão
Arts. 277.º - 282.º CRP Arts. 283.º CRP

Fiscalização Fiscalização sucessiva


preventiva
Abstrata Concreta Abstrata Mista: Abstrata
com base na
fiscalização
concreta
Arts. 278.º, 279.º Arts. 204.º, Arts. 281.º, Arts. 281.º, n.º 3 CRP
CRP 280.º CRP 282.º CRP

Arts. 57.º-61.º Arts. 69.º- Arts. 62.º-66.º Arts. 82.º LOTC Arts. 67.º-68-º LOTC
LOTC 85.º LOTC LOTC

pronunciar julgar declarar declarar verificar


FISCALIZAÇÃO ABSTRATA
PREVENTIVA DA
CONSTITUCIONALIDADE
Arts. 278.º e 279.º CRP e 57.º - 61.º LOTC
• Controlo abstrato, preventivo e concentrado
• Razão de ser

v Requisitos processuais subjetivos

a) Quem fiscaliza?
• TC, art. 278.º, n.º 1 CRP
(em plenário, art. 224.º, n.º 2, 2ª parte CRP)

b) Quem desencadeia?
(Legitimidade processual ativa)
• PR, arts. 278.º, n.º 1 e 4, 134.º, al. g) CRP
• Representantes da República (RR) (decretos legislativos regionais), art. 278.º, n.º 2 CR
• PM e 1/5 Deputados (além do PR) – leis orgânicas (art. 166.º, n.º 2), art. 278.º, n.º 4 CRP
v Requisitos processuais objetivos

a) Objeto i. Tratados, antes da ratificação


ii. Acordos internacionais, antes da assinatura
• Normas imperfeitas iii. Atos legislativos nacionais, antes da promulgação
iv. Decretos legislativos regionais, antes da assinatura
v. Leis orgânicas, antes de promulgação

• Propostas de referendos pela AR, pelo Governo (art. 115.º), pelas Assembleia Legislativas
regionais (art. 232.º, n.º 2) ou pelas Autarquias Locais (art. 240.º) – submissão obrigatória, art.
115.º, n.º 8 CRP

b) Prazos - A contar da receção do diploma pelo PR ou RR, art. 278.º, n.º 3 CRP
- A contar da data em que é dado conhecimento do envio do decreto
• Para requerer fiscalização: 8 dias para promulgação (lei orgânica), art. 278.º, n.º 6 CRP

• Para pronúncia do TC: 25 dias, art. 278.º,n.º 8, 1ª parte CRP


Nota: arts. 278.º, n.º 8, 2ª parte CRP - A contar da entrada do pedido de fiscalização ou do último pedido
e 60.º LOTC (motivo de urgência) em caso de apensação
v Efeitos

Decisão de pronúncia Decisão de não pronúncia


(pronúncia no sentido da inconstitucionalidade) (pronúncia no sentido da não inconstitucionalidade)

• PR/RR devem: • PR/RR não podem vetar por


> exercer veto por inconstitucionalidade inconstitucionalidade
(expresso e fundamentado), art. 136.º, n.º 5 ou > assinam/promulgam ou exercem
art. 233.º, n.º 5 CRP veto político, art. 136.º, n.º 1 e n.º 4
+ CRP ou art. 233.º, n.º 1 CRP
> devolver diploma ao órgão que o tiver
emanado, art. 279.º, n.º 1

(regras próprias quanto às propostas de referendo – Lei


Orgânica do Regime do Referendo)
Decisão de pronúncia
Veto por inconstitucionalidade + devolução do Decisão de não pronúncia
diploma, art. 279.º, n.º 1 Não pode vetar por inconstitucionalidade

Promulga/assina ou exerce veto político,


suspensivo/relativo ≠ definitivo/absoluto art. 136.º, n.º 1 e 4 e 233.º, n.º 1
Diploma da AR * Diploma do Governo

superação conformação expurgação reformulação conversão em proposta de lei

Maioria de 2/3 Deputados Arts. 197.º, n.º 1, al. d) e 167.º: eventual


presentes desde que início de novo procedimento legislativo, mas
PR deixa de ter agora pela AR
superior maioria absoluta
motivo para vetar por
D.e.f., art. 279.º, n.º 2 inconstitucionalidade,
Promulgação/assinatura/ art. 279.º, n.º 2
ratificação como Novo diploma è novo processo
faculdade de controlo, art. 279.º, n.º 3

Art. 279.º, n.ºs 2 e 4 Diploma das Assembleias Legislativas regionais *


Tratados internacionais e Mesmo regime, mas possibilidade de superação?
acordos internacionais TC: não! TC n.º 151/93
PARA A PRÓXIMA SEMANA:

Diferença(s) entre a superação pela Assembleia


da República do veto político (art. 136.º, n.º 2 e
n.º 3 da CRP) e superação pela Assembleia da
República do veto por inconstitucionalidade (art.
279.º, n.º 2 CRP) ?
FISCALIZAÇÃO ABSTRATA
SUCESSIVA DA
CONSTITUCIONALIDADE
Arts. 281.º e 282.º CRP e 62.º - 66.º LOTC
• Controlo abstrato, sucessivo e concentrado
• Razão de ser

v Requisitos processuais subjetivos

a) Quem fiscaliza?
• TC, art. 281.º, n.º 1 CRP
(em plenário, art. 224.º, n.º 2, 2ª parte CRP)

b) Legitimidade processual ativa, art. 281.º, n.º 2 CRP

• PR, al. a) • Provedor de Justiça, al. d), art. 23.º CRP


• Presidente da AR, al. b) • Procurador-Geral da República, al. e)
• PM, al. c)
• 1/10 Deputados à AR, al. f) • Várias entidades regionais, al. g)
v Requisitos processuais objetivos

a) Objeto
• “conceito funcional de norma” pelo TC:
1. Norma que consta de ato legislativo (art. 112.º, n.º 1 CRP), independentemente do conteúdo
2. Ou norma geral e abstrata, independentemente da forma
Atos jurídicos sujeitos a controlo (ex.) Atos jurídicos não sujeitos a controlo (ex.)
ê
Norma jurídica pública
• Leis de revisão constitucional • Atos administrativos
• Normas de convenções • Decisões jurisdicionais
internacionais • Atos privados
• Atos legislativos • Normas de convenções coletivas de
• Regimentos da AR e das ALR trabalho?
• Resoluções normativas da AR e ALR
• Atos normativos do PR
• Regulamentos administrativos

b) Sem prazo para requerer, art. 62.º, n .º1 LOTC


Poderá a Resolução do Conselho Ministros n.º
X/2021, que declara a situação de calamidade,
no âmbito da pandemia da doença COVID-19,
ser sujeita a um controlo abstrato preventivo da
constitucionalidade? E a um controlo abstrato
sucessivo?
v Efeitos: regra

Declaração de inconstitucionalidade/ilegalidade Declaração de não inconstitucionalidade/


não ilegalidade
1. Força de caso julgado – decisão definitiva

2. Efeitos erga omnes – “força obrigatória geral”: • CRP não prevê efeitos
vincula toda a comunidade jurídica, art. 282.º, n.º 1, • Não tem força de caso julgado
in initio
• Norma permanece no ordenamento
3. Efeitos retroativos (ex tunc): retroage a sua eficácia jurídico
ao momento em que a norma entrou no ordenamento
jurídico, art. 282.º, nº 1, in medio • Possibilidade de nova fiscalização
sucessiva abstrata ou fiscalização
4. Efeito repristinatório: implica que a(s) norma(s) que a sucessiva concreta
norma declarada inconstitucional tiver revogado
reentre(m) em vigor, art. 282.º, n.º 1, in fine

Lei n.º x/2016 Lei n.º y/2018 Lei n.º y/2018 declarada inconstitucional
revoga Lei n.º x/2016 reentra em vigor
Efeitos repristinatórios
Efeitos: especificidades, exceções ou limites Norma x da
Norma x passa a ser inconstitucional

Lei n.º z/2000


1. Quanto aos efeitos retroativos
Lei constitucional Declaração de
• Se inconstitucionalidade superveniente, 282.º, n.º 2 n.º 1/2004 inconstitucionalidade
da norma x (2008)
• Se caso julgado, 282.º, n.º 3, 1ª parte
A não ser que (sujeito a decisão pelo TC), 282.º, n.º 3, 2ª parte:
1) matéria sancionatória (penal, disciplinar ou contraordenacional) + 2) norma declarada inconstitucional
de conteúdo menos favorável ao arguido Norma x da Norma y da
(Art. 29.º, n.º 4 CRP) Lei n.º x/2016 Lei n.º y/2018 A
5 a 8 anos 6 a 15 anos Condenação Declaração de
2. Quanto aos efeitos retroativos e repristinatórios transitada em inconstitucionalidade
julgado da norma y (2021)
• TC pode restringir os efeitos previstos no n.º 1 e n.º 2, 282.º, n.º 4
Fundamento: segurança jurídica, razões de equidade, interesse público de excecional relevo

Também quanto aos efeitos erga omnes?

O caso das sentenças apelativas, pp. 187-188

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