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FISCALIZAÇÃO SUCESSIVA
Existem quatro artigos relativos à fiscalização sucessiva: dois presentes na CRP (art.º 281.º e
282.º) e dois presentes na LOTC (art.º 51.º e 62.º), que requerem de análise.
Na Constituição:
O Tribunal Constitucional, no âmbito da fiscalização sucessiva abstrata, toma decisões
quanto à constitucionalidade e à ilegalidade, que produzem efeitos vinculativos gerais.
O efeito de uma decisão quanto à constitucionalidade ou ilegalidade consiste na aplicação
da norma jurídica. Assim, dizer que uma decisão quanto à constitucionalidade/ilegalidade
produz efeitos gerais é o mesmo que dizer que a norma jurídica não poderá ser aplicada a
nenhuma situação da vida em sociedade.
ARTIGO 281.º:
⇨ O art.º 281.º nº1 alínea a), prevê que o TC pode declarar a inconstitucionalidade de
quaisquer normas, ou seja, pode fiscalizar a constitucionalidade de quaisquer normas.
❓ Que tipo de atos jurídicos podem ser objetos s de fiscalização sucessiva abstrata?
PERGUNTA DE EXAME ORAL
Resposta: os atos normativos.
Dentro destes: as leis de revisão constitucional, por eventual respeito dos limites de revisão
constitucional (art.º 284.º a 288.º); todos e quaisquer atos legislativos (art.º 112.º nº1);
todos e quaisquer regulamentos administrativos com eficácia externa (ou seja, que não
sejam produzidos apenas no âmbito da AP, mas que sejam produzidos para a sociedade em
geral. Podem ser provenientes do Governo, Regiões Autónomas, Autarquias locais, ou
Entidades Administrativas Independentes); decretos normativos do PR (ex.: estado de sítio
ou de emergência).
⇨ O art.º 281.º nº1 b) prevê que todos os atos legislativos podem ser fiscalizados quanto à
legalidade (inconstitucionalidade indireta) se estiver em causa a violação de uma lei de valor
reforçado.
⇨ O art.º 281.º nº1 alínea c) e d), visam proteger o Princípio da Autonomia Regional,
previsto no art.º 6.º nº2 da CRP.
Leonor Castro 2022/2023
Podem ser fiscalizados quaisquer normas constantes de diplomas regionais por violação do
Estatuto da Região Autónoma (ex.: regulamentos administrativos do Governo Regional se
não for respeitada a lei estatutária ou o estatuto respetivo); e quanto à ilegalidade,
quaisquer atos normativos/normas, oriundo de um órgão de soberania quanto à legalidade
de violar os direitos proclamados no estatuto de uma Região Autónoma.
❓Que tipo de atos jurídicos não podem ser objetos de fiscalização?
Resposta: As decisões judiciais (sentenças/acórdãos dos tribunais; os atos políticos do PR (o
ato de promulgação/veto jurídico); e os negócios jurídicos (contratos públicos ou contratos
privados).
⇨ O art.º 281.º nº2 alínea a) - f), prevê que tem legitimidade ativa para requerer a
fiscalização sucessiva abstrata da constitucionalidade ou ilegalidade os órgãos enunciados.
O art.º 281.º nº2 alínea g) prevê a legitimidade de determinados órgãos para requerer a
fiscalização sucessiva abstrata de situações específicas, referidas no art.º 281.º nº1 alínea c)
e d).
ARTIGO 282.º:
O art.º 282.º refere-se aos efeitos da inconstitucionalidade pronunciada pelo Tribunal
Constitucional.
O efeito de uma decisão de inconstitucionalidade é a não aplicação da norma a situações
juridicamente relevantes.
⇨ O art.º 282.º nº1 estabelece a regra geral, que prevê que normalmente, uma declaração
da inconstitucionalidade produz efeitos gerais, retroativos e repristinatórios. ⚠️ Tal só não
acontece se o TC não o determinar.
📌 Uma norma será retroativa quando os efeitos do acórdão do TC se produzirem para as
situações verificadas antes da sua publicação. O limite da retroatividade é o momento em
que a norma inconstitucional ou ilegal entrou em vigor. Assim, são consideradas nulas todas
as aplicações passadas daquelas normas.
⚠️ Os efeitos retroativos presumem a nulidade da norma.
⇨O art.º 282.º nº2 e nº4 preveem regras especiais.
O art.º 282.º nº2 aplica-se apenas à fiscalização superveniente, e a CRP determina que o
limite da retroatividade não será a entrada em vigor da norma considerada como
inconstitucional, mas sim a entrada em vigor da norma constitucional que foi desrespeitada.
Assim, só quando a norma passa a ser inconstitucional, é que deixa de produzir efeitos
jurídicos.
O art.º 282.º nº4 prevê que, mediante justificação apresentada pelo TC, pode este
determinar que os efeitos produzidos pela declaração da inconstitucionalidade ou
ilegalidade, são meramente prospetivos ou meramente retroativos (menos retroativos),
desde que devidamente fundamentado com base em relações de equidade, interesse
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público e segurança jurídica, o TC pode estabelecer que uma declaração não produza efeitos
100% retroativos, mas efeitos prospetivos ou
Ex.: uma norma entra em vigor em 2010 e o TC declara inconstitucional em 2022.
O TC pode estabelecer que essa norma não será considerada nula em relação a relações
passadas, ou seja, que o passado é resguardado; sendo apenas nula relativamente a
relações futuras. - Assim, os efeitos são prospetivos.
O TC pode ainda determinar que a norma será inaplicável a situações que decorreram até
2015, ou seja, tudo o que tenha sido realizado entre 2010 e 2015 está salvaguardado; mas
tudo o que está entre 2015 e 2022 será considerado nulo. Deste modo, os efeitos são
meramente retroativos, isto é, têm uma menor abrangência.
⇨O art.º 282.º nº3 contêm uma espécie de clarificação sobre o nº1. Assim, prevê que no
plano em que são consideradas bulas as aplicações das normas a situações passadas ficam
ressalvados (não são considerados nulos) os casos julgados.
Os casos julgados traduzem-se na decisão judicial tornada definitiva ou fixada de forma
definitiva, o que acontece quando se esgotam todos os recursos possíveis e quanto é
ultrapassado o prazo previsto para o recurso.
⚠️ Nas situações em que esteja em causa a aplicação de sanções punitivas (ex.: penas,
contraordenações ou sanções punitivas civis ou disciplinares), o caso julgado não é
ressalvado se tal for benéfico para o arguido (art.º 29.º nº4 CRP).
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Podemos dividi-la, ainda, em dois tipos: abstrata por via principal ou concreta por via
incidental.
Este tipo de fiscalização é desenvolvido pelo Tribunal Constitucional apenas quando é
devidamente requerida pelos órgãos com legitimidade para tal, previstos no art.º 281.º da
CRP. Posteriormente, o tribunal Constitucional vai declara-se pela inconstitucionalidade, ou
não, das normas ou do conjunto de normas que lhe for requerido.
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- 2.º Hipótese: Os juízes, na falta da identificação das normas como sendo consideradas
inconstitucionais ou ilegais, decide aplicar as normas ao caso concreto (art.º 280.º nº1
alínea d) e nº2 alínea d) da CRP).
Neste caso, o recurso para o Tribunal Constitucional só pode ser efetuado pela parte que
tenha suscitado a questão (art.º 280.º nº4 CRP e 70.º nº2 da LOTC).
⚠️ Segundo o art.º 280.º nº5 CRP e 70.º nº1 alínea g) da LOTC, o Ministério Público
também é obrigado a recorrer para o Tribunal Constitucional quando os Tribunais apliquem
normas que já tinham sido anteriormente consideradas ou julgadas como inconstitucionais
pelo Tribunal Constitucional.
Este tipo de fiscalização está prevista nos artigos 283.º da CRP e 67.º e 68.º da LOTC.
Esta fiscalização é realizada pelo Tribunal Constitucional, mas ele não atua por iniciativa
própria.
Caso Prático 1:
Não querendo atrasar a entrada em vigor da Lei do Orçamento de Estado, o PR
promulgou-a, apesar de reconhecer que a referida lei concede ao Governo autorizações
vagas e genéricas para legislar sobre o regime geral da requisição e da expropriação por
utilidade pública.
Precisamente pelas dúvidas de constitucionalidade que tinha à data da promulgação, o
Presidente da República pretende requerer agora a fiscalização da constitucionalidade.
Quid Iuris?
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A fiscalização abstrata é jurisdicional (quanto ao tipo de órgãos), concentrada por via
principal e abstrata (quanto ao número de órgãos e ao modo de controlo), e sucessiva
(quanto ao momento da fiscalização).
❓ Quais as condições exigidas pela CRP para a adoção de uma lei de autorização
legislativa?
Terá de versar sobre matéria presente no art.º 165.º nº1; e respeitar os requisitos
identificados no art.165.º nº2 e nº3.
Neste caso prático, a primeira condição foi respeitada, uma vez que a matéria está prevista
no art.º 165.º nº1 alínea e); porém, a segunda não uma vez que não foi prevista nem a
duração, nem a extensão ou o sentido da autorização.
❓ O PR tem legitimidade ativa para requerer a fiscalização sucessiva?
Sim, de acordo com o art.º 281.º nº2 alínea a)
❓ A Lei do OE pode ser sujeita a fiscalização sucessiva da constitucionalidade?
Sim, tendo por base o art.º 281.º nº1.
O cidadão tem o direito de petição (art.º 52.º nº1), entre outros pedidos, sendo um dos
possíveis o pedido para que um órgão com legitimidade ativa requeira a fiscalização
sucessiva abstrata, mas pode pedir aos órgãos com legitimidade ativa para pedir a
fiscalização da Constituição.
O órgão mais indicado para fazer o pedido é o Provedor de Justiça, principalmente quando
se trata da violação de direitos fundamentais. A função do Provedor de Justiça é
precisamente tender a estes pedidos.
Caso Prático 2:
Com base numa lei de autorização legislativa, o Governo aprovou um decreto para legislar
sobre o regime geral da admissão e vencimento na função pública. Durante o processo
legislativo, o Governo não auscultou as associações sindicais da Administração Pública.
O Presidente da República mandou publicar o diploma.
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Cerca de meio ano após a entrada em vigor do decreto-lei, o Presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte pediu a fiscalização da
constitucionalidade do Decreto-Lei, a fim de obter uma declaração de
inconstitucionalidade sobre o mesmo.
Quid Iuris?
⚠️ Neste caso, o órgão mais indicado para o requerimento da fiscalização, seria o Provedor
da Justiça, que tem legitimidade ativa nos termos do art.º 281.º nº2 alínea d).
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Quanto ao momento do controlo, é sucessiva; quanto ao número de órgãos envolvidos é
concentrado, uma vez que só tem competência para a realizar o Tribunal Constitucional e
abstrato por via principal; e quanto ao tipo de sujeitos, é jurisdicional.
Após o pedido formulado por órgão com legitimidade ativa, o Tribunal Constitucional
pronunciou-se pela inconstitucionalidade do diploma, fundamentando a sua decisão em
normas constitucionais distintas das que foram invocadas no pedido.
Determinou ainda que a declaração não produziria efeitos desde a entrada em vigor do
diploma, mas apenas desde a decisão do TC, a fim de proteger as legítimas expectativas
criadas pelos funcionários recém-admitidos.
❓ Quanto aos fundamentos da decisão o TC agiu com respeito pelas normas aplicáveis?
Sim, por força do art.º 51.º nº5 segunda parte da LOTC.
❓ Quanto aos efeitos determinados, o TC agiu com respeito pelas normas aplicáveis?
Sim, por força do art.º 282.º nº4, exceção à regra geral do art.º 282.º.
Caso Prático 3:
Após iniciativa externa, que contou apenas com os votos de um grupo parlamentar que
não reúne a maioria absoluta, a Assembleia da República aprovou um decreto para alterar
o regime de reaquisição da nacionalidade portuguesa e determinou, entre outras
soluções, a proibição de requisição de nacionalidade portuguesa quando a perda da
mesma se tenha devido a casamento com estrangeiro.
Maria de Fátima, que perdeu a nacionalidade por efeito do casamento, sente-se
inconformada por não poder readquirir a nacionalidade e pretende requerer a declaração
de inconstitucionalidade das normas que a afetam, por violação do princípio da igualdade.
Quid Iuris?
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❓ Os votos de um grupo parlamentar que não reúne a maioria absoluta são suficientes
para aprovar este ato legislativo?
Não, segundo o art.º 168.º nº5 pelo que se assiste assim a um vício formal.
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aprovada pela Assembleia da República. Que normas poderiam ser fiscalizadas pelo
Tribunal Constitucional?
Se se tratasse de um pedido do PM, poderia fiscalizar, mas só o art.º 7.º requerido, por força
do art.º 51.º nº5 1º parte.
❓ De forma geral, que limites se impõem à produção de efeitos jurídicos pela declaração
do TC?
De uma forma geral, os efeitos de inconstitucionalidade não podem afetar os casos
julgados, isto é, as decisões judiciais que se tornaram definitivas, por força do art.º 282.º
nº3.
Caso Prático 4:
Foi publicada no Diário da República a Lei nº 2/2018 que proibia a discussão pública de
processos judiciais em curso, de modo a impedir a prática do crime de violação do segredo
de justiça. Este diploma obteve a votação favorável mínima dos Deputados presentes.
Vicente, jornalista freelancer, entende que a norma da referida Lei é atentatória do
princípio da liberdade de expressão e que promove uma censura seletiva, não consentida
pelo princípio da proporcionalidade em sentido estrito, motivo pelo qual pretende saber
se e como pode obter uma decisão de inconstitucionalidade relativa à norma em causa e
exercer livremente a sua profissão.
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Neste momento, que processos de fiscalização poderiam ser requeridos?
Apenas processos de fiscalização sucessiva, uma vez que o ato já se encontrava publicado
do Diário da República: ou fiscalização sucessiva abstrata (art.º 281.º e 282.º CRP) ou
fiscalização sucessiva concreta (art.º 280.º CRP).
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Caso Prático 5:
O Governo aprovou um decreto regulamentar, independente de lei, que, entre outras
normas, estabelecia a obrigatoriedade de apresentação de um certificado de vacinação
contra a COVID-19 para acesso e frequência do ensino superior.
Após a entrada em vigor do Regulamento, e para dar cumprimento às determinações do
Governo, a Universidade Portucalense adotou regras internas de conteúdo equivalente ao
ato regulamentar do Governo.
Por não apresentar qualquer certificado de vacinação, António foi impedido de renovar a
sua matrícula na Universidade Portucalense, sabendo que, pelo mesmo fator, nenhuma
outra instituição universitária admitiria a sua inscrição.
Sem saber como reagir, António consultou os seus colegas de Universidade, do curso de
Direito, para pedir aconselhamento jurídico.
Caso alguém não concordasse com o que consta dentro das normas regulamentares
privadas, a pessoa que se sinta lesada ou qualquer interessado, apresentam junto do
Tribunal um pedido de condenação da UPT. O Tribunal pode entender, após análise, que
aquele conteúdo privado é ilícito e que ofende a ordem pública constitucional, obrigando a
UPT a mudar o seu comportamento mantendo-o de acordo com o que é defendido e
acordado pela ordem pública. Denomina-se de um “julgamento de ilicitude”.
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O decreto regulamentar do Governo é um regulamento administrativo, o de hierarquia
superior.
Quando o tribunal comum decide que a norma não é inconstitucional e a aplica para a
resolução do litígio do caso concreto, podem as partes, mediante sob certas circunstâncias,
recorrer ao Tribunal Constitucional – recorrem sobre uma decisão negativa de
inconstitucionalidade por parte do tribunal comum. (art.º 280.º nº2 CRP)
A UPT também poderia recorrer se o tribunal comum considerasse que o decreto
regulamentar do Governo era inconstitucional e recusa-se a sua aplicação ao caso concreto,
as partes poderiam recorrer ao TC em virtude de uma decisão positiva de
inconstitucionalidade – recorre sobre uma decisão positiva de inconstitucionalidade por
parte do tribunal comum (art.º 280.º nº1 alínea b) CRP).
O Nº5 DO ART.º 280.º CRP refere-se à aplicação por parte do tribunal comum de uma
norma ordinária que, anteriormente, num processo de fiscalização sucessiva concreta foi
julgada inconstitucional pelo TC. Neste caso, as partes podem recorrer e o Ministério
Público é ORBIAGDO a fazê-lo.
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Nos casos em que há uma decisão positiva de inconstitucionalidade, as partes PODEM
recorrer. Contudo, quando se tratar de um ato legislativo (lei, decreto-lei, ou decreto
regional); de um decreto regulamentar do Governo ou de uma convenção internacional, o
Ministério Público é OBRIGADO a recorrer.
Neste caso, o Ministério Público estava obrigado a recorrer se o Tribunal decidisse que o
decreto regulamentar do Governo era inconstitucional.
ARTIGO 72.º Nº2 LOTC: quando está em causa uma decisão negativa de
inconstitucionalidade e não se trate de uma norma que tenha, anteriormente, sido julgada
como inconstitucional, só pode recorrer para o TC a parte que suscitou a
inconstitucionalidade durante o processo.
Resumindo...
Perante uma decisão negativa de inconstitucionalidade sob uma norma que não tenha sido
previamente julgada como inconstitucional, só pode recorrer direto para o TC quem tiver
arguido a inconstitucionalidade durante o processo (art.º 72.º nº2 LOTC) e quando se
tenham esgotado todos os recursos ordinários possíveis sob o caso concreto (art.º 70.º nº2
LOTC).
Quais são os requisitos que a LOTC prevê para se apresentar um pedido de fiscalização
concreta junto do TC? – ARTIGO 75.º ALÍNEA A) LOTC
1.º: O pedido de fiscalização sucessiva concreta terá de ser requerido num prazo de 10 dias
por razões de certeza e segurança jurídica.
2.º: Quando se tratar de uma decisão positiva da inconstitucionalidade, a parte terá de
identificar o artigo e a alínea da CRP bem como da LOTC que lhe permite recorrer. Para além
disso, a parte que recorre terá de identificar a/s norma/s cuja parte requere.
3.º: Quando se tratar de uma decisão negativa da inconstitucionalidade sob uma norma que
não foi anteriormente declarada inconstitucional, exige-se a identificação da norma
constitucional que está a ser respeitada e terá de ser ainda identificada a peça processual
que comprove que aquela pessoa, durante o processo, requereu a fiscalização da
constitucionalidade.
⇨ ARTIGO 75.º - A Nº1 DA LOTC – Corresponde aos casos previstos no ART.º 280.º Nº1
ALÍNEA A) E Nº2 ALÍENA A) -C) CRP.
⇨ ARTIGO 75.º - A Nº3 DA LOTC – Refere-se ao ART.º 280.º Nº1 ALÍNEA B) E Nº2 ALÍNEA D)
CRP.
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⚠️ Caso a pessoa que apresente o pedido não mostre respeito pelos artigos 75.º e 75.º-A
da LOTC, o pedido deverá ser recusado por força do art.º 76.º nº2 da LOTC.
O Nº5 DO ART.º 280.º CRP refere-se à aplicação por parte do tribunal comum de uma norma
ordinária que, anteriormente, num processo de fiscalização sucessiva concreta foi julgada
inconstitucional pelo TC. Neste caso, as partes podem recorrer e o Ministério Público é
ORBIAGDO a fazê-lo.
Ambas as situações estão previstas no ART.º 72.º nº3 da LOTC. ⚠️ Este artigo, na parte
final, remete para o ART.º 72.º nº4.
O ART.º 72.º nº4 determina que o Ministério Público não está obrigado a recorrer quando,
apesar de ter sido aplicada uma norma ordinária que tenha sido anteriormente considerada
inconstitucional, esta já ter sido alvo de recorrentes e reiteradas decisões de
constitucionalidade por parte do TC posteriores.
LER ARTIGO 70.º DA LOTC E O ARTIGO 280.º DA CRP
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Leonor Castro 2022/2023
⚠️ - A decisão do TC, sobre a questão da inconstitucionalidade ou da ilegalidade, é
definitiva não podendo, no futuro, ser objeto de recurso ou alteração.
⚠️ - Se a decisão de inconstitucionalidade/ilegalidade do TC for distinta da decisão do
tribunal comum do qual se recorreu (dar provimento ao recurso) e, pelo menos em parte,
contradiz o entendimento do tribunal em questão, a decisão do TC impõe que o processo
baixe, isto é, seja devolvido, ao tribunal do qual se recorreu para que esse tribunal reforme,
ou altere a sua decisão.
1.º Efeito: Em caso de decisão positiva, passa a existir uma obrigação de recurso quanto ao
Ministério Público sempre que essa norma foi aplicada ao caso concreto
2.º Efeito: Quando existirem pelo menos três decisões de inconstitucionalidade ou de
ilegalidade quanto à mesma norma ordinária, qualquer juiz do Tribunal Constitucional ou o
Ministério Público podem desencadear o processo de fiscalização sucessiva misto, isto é, um
processo de fiscalização sucessiva que depende da verificação de três decisões de
inconstitucionalidade/ilegalidade e que só após estas é que segue a tramitação da
fiscalização sucessiva abstrata.
Esta possibilidade encontra-se previsto nos artigos 281.º nº3 CRP + artigo 82.º LOTC.
- Artigo 280.º nº5 CRP + artigo 72.º nº3 LOTC
Quando o tribunal comum aplica uma norma cuja inconstitucionalidade ou ilegalidade foi
suscitada durante o processo, se essa norma nunca tiver sido julgada inconstitucional ou
ilegal pelo Tribunal Constitucional, o recurso só é admitido se for feito pela pessoa que
suscitou a questão da inconstitucionalidade/ilegalidade.
Quando o tribunal comum aplica uma norma cuja inconstitucionalidade ou ilegalidade foi
suscitada pelo TC, qualquer uma das partes pode recorrer; o Ministério Público é obrigado a
fazê-lo; e não é necessário que o tribunal comum tenha apreciado a questão da
inconstitucionalidade. Esta situação está prevista nos artigos 280.º nº5 CRP e 70.º nº1 g) e h)
da LOTC.
⚠️ O regime jurídico aplicável será distinto consoante o facto da norma ordinária ter sido,
ou não, julgada pelo Tribunal Constitucional como inconstitucional ou ilegal, num caso
anterior – artigo 280.º nº5 CRP
Resposta: Sim, não vale também a regra de esgotamento dos recursos ordinários e qualquer
parre processual pode recorrer.
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Caso Prático 6:
António foi preso no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, por força de
sentença transitada em julgado, que lhe aplicou 6 anos de prisão efetiva.
Atentas as suas competências profissionais e habilitações académicas, António foi alocado
ao grupo dos presidiários trabalhadores dando formação aos demais sobre orçamento
familiar e sobre-endividamento. Por despacho do Diretor do Estabelecimento Prisional
foi-lhe atribuído um horário de 35 horas semanais e um vencimento de 240,00 EUR.
Por entender que a retribuição determinada não é compatível com o trabalho
desempenhado, António vislumbra uma manifesta inconstitucionalidade no Despacho do
Diretor do Estabelecimento Prisional por violação dos art.º 13 e 59, n.º 1, al. a) da CRP, na
medida em que, caso não estivesse preso, seria remunerado na ordem dos 950,00 EUR.
Tendo conhecimento de que outros reclusos se encontravam na mesma situação, António
contacta-os para os convencer a intentar, em conjunto, um processo judicial, a fim de
obterem uma decisão de inconstitucionalidade sobre os despachos que haviam fixado as
suas remunerações.
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- O António poderia pedir a fiscalização sucessiva concreta, nunca sobre o despacho, mas
sobre o regulamento administrativo que contém a tabela das remunerações nos
estabelecimentos prisionais.
Caso Prático 7:
Foi intentada contra o Vicente uma ação criminal em que este era acusado de ter matado
o seu vizinho Gustavo. Durante o julgamento da 1.ª instância, Vicente indicou como
testemunha Custódio que, apesar de se encontrar interdito por anomalia psíquica, assistiu
aos disparos que vitimaram Gustavo.
O Juízo Criminal de VN Gaia indeferiu o depoimento de Custódio face ao artigo 131.º, n.º
1, do Cód. de Processo Penal (aprovado por decreto-lei) segundo o qual: “Qualquer pessoa
tem capacidade para ser testemunha desde que tenha aptidão mental para depor sobre
factos que constituam objeto da prova e só pode recusar-se nos casos previstos na lei”.
Vicente recorreu para o Tribunal da Relação alegando que a norma em causa seria
inconstitucional por violar o artigo 20.º, n.º 4, da CRP, o princípio da proibição do excesso
decorrente do artigo 18.º, n.º 2, da CRP e garantias de defesa consagradas no artigo 32.º,
n.º 1, da CRP. A Relação entendeu que a norma não era inconstitucional.
Insatisfeito com a decisão da Relação, Vicente pretende saber se e como pode reagir
judicialmente junto do TC. Tal como Vicente, a “Associação dos maiores acompanhados”
pretende obter uma declaração de inconstitucionalidade da norma com força obrigatória
geral.
O ato jurídico é passível de fiscalização quanto à constitucionalidade?
O ato presente no enunciado foi aprovado por um decreto-lei, o que significa que tem a
mesma força que este, sendo por isso um ato legislativo. Sendo um ato legislativo, é
também um ato normativo reunindo normas jurídicas podendo, por isso, ser objeto de
fiscalização sucessiva da constitucionalidade segundo o art.º 281.º nº1 alínea a) (fiscalização
sucessiva abstrata) e o art.º 280.º nº1 alínea a) e b) e nº5 (fiscalização concreta).
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Vicente teria legitimidade para arguir a inconstitucionalidade da norma junto do
Tribunal da Relação?
Sim, por ser parte de um processo judicial (réu) e se a questão da inconstitucionalidade for
uma questão relevante para responder à questão principal.
Neste caso, em que situação é que o Ministério Público estaria obrigado a recorrer para
o Tribunal Constitucional?
Se a situação se enquadrasse nas alíneas g) ou h) do art.º 70.º nº1 da LOTC, o Ministério
Público estaria obrigado a recorrer por que a norma em causa já tinha sido julgada
inconstitucional pelo Tribunal Constitucional anteriormente. (art.º 280.º nº5 CRP).
O MP é também obrigado a recorrer nos termos do artigo 72.º nº3 da LOTC.
Aplica-se também o nº1 e nº3 do artigo 75.º-A da LOTC.
Caso Prático 8:
A 20 de março de 2020, o Conselho de Ministros aprovou um Decreto-lei, derivado de uma
Lei de autorização legislativa, no âmbito da adoção de medidas de contenção pela
pandemia por Covid-19. Com base nesse diploma, um homem foi condenado pelo Tribunal
Judicial de Chaves a 120 dias de multa, à taxa diária de 15,00 euros, pelo crime de
desobediência, por violação do dever de confinamento obrigatório. O arguido recorreu
para o Tribunal da Relação de Guimarães, que o absolveu, considerando que a norma
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Quanto à fiscalização abstrata, o decreto-lei pode ser sujeito à mesma, por força dos artigos
281.º nº1 alínea b) e c) da CRP; e quando à fiscalização sucessiva concreta, por força dos
artigos 280.º nº1 alínea a), c) e d) e nº5 da CRP + artigo 70.º nº1ª alínea c), e), f), g), h) e i) da
LOTC.
Esta fiscalização, pelo Tribunal da Relação de Guimarães, foi feita no âmbito do artigo 280.º
nº2 alínea a), que tem como paralelo o artigo 70.º nº1 alínea c) da LOTC.
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questão paralela à questão principal cuja resposta é relevante para a resposta à questão
principal); difuso; jurisdicional (só tribunais é que podem conhecer das questões de
inconstitucionalidade e ilegalidade).
O pedido de fiscalização sucessiva concreta pode ser feito no prazo de 10 dias (art.º 75.º
nº1).
Poderia recorrer, ao abrigo do art.º 70.º nº2, admitindo que aquela questão é uma questão
relevante para resolver a questão principal.
As condições previstas para reagir judicialmente junto do TC serão distintas consoante o TC
tenha, anteriormente, julgado ou não aquela norma como inconstitucional ou ilegal. Isto é,
no TR. Guimarães, estas normas foram julgadas, duas vezes, inconstitucionais de forma
indireta por violação de lei de valor reforçado. Em ambos os casos, o MP tinha a obrigação
de recorrer para o TC (art.º 72.º nº3), o que significa que o TC terá apreciado a
inconstitucionalidade indireta daquelas normas podendo ter concluído a sua
inconstitucionalidade, ou não, podendo ter tomado uma decisão distinta da decisão tomada
pelo TR. Guimarães.
Se a norma nunca tivesse sido julgada como inconstitucional (direta ou indiretamente) pelo
TC, ou seja, se nunca tivesse existido uma decisão positiva por parte deste, a situação
enquadrar-se-ia no artigo 52.º nº2 LOTC. Assim, nos termos do artigo 72.º nº2 e 70.º nº2 e
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ss. LOTC, Paulino só teria legitimidade para reagir junto do TC, se durante o processo tivesse
suscitado a questão da inconstitucionalidade ou ilegalidade.
- Nos casos do art.º 280.º nº1 alínea b) e nº2 alínea c) CRP e 70.º nº1 alínea b) e f) da LOTC,
desde que cumpra o disposto no art.º 280.º nº1 da CRP e 72.º nº2 da LOTC, tendo em conta
o 70.º nº2 e ss.
- Nos casos do art.º 280.º nº5 CRP e 70.º nº1 alínea g) a i) da LOTC, basta que seja parte com
legitimidade para recorrer – art.º 72.º nº1 LOTC.
- Nos termos do art.º 280.º nº6 CRP e art.º 71.º e 75.º-A nº1, 2 ou 3 da LOTC, sob pena de
aplicação do art.º 76.º nº2. - O recurso teria de ser restrito à questão da
inconstitucionalidade e teria de ser apresentado no prazo de 10 dias.
Neste caso aplica-se o art.º 75.º-A nº1 e nº3 da CRP – identificar a alínea ao abrigo da qual a
fiscalização é requerida (g, h ou i); identificar a norma cuja fiscalização se requere;
identificar o acórdão do TC em que este julgou a norma inconstitucional ou ilegal.
280.º nº5 + art.º 70.º nº1 g): o MP está obrigado a recorrer e as partes particulares
podem recorrer diretamente para o TC, sem esgotar o recurso ordinário, mesmo que não
tenha suscitado uma questão de inconstitucionalidade direta ou indireta no processo e
ainda que o tribunal não tenha fiscalizado a constitucionalidade direta ou indireta daquela
norma de forma expressa.
Questão Extra: que opção poderia ser tomada pelo MP ou pelos juízes do TC se, pela
terceira vez, a norma fosse julgada inconstitucional num caso concreto?
Quando uma norma é julgada inconstitucional ou ilegal no mínimo três vezes pelo TC, pode
qualquer juiz do TC ou o MP podem requerer o início de um processo de fiscalização
sucessiva abstrata sobre aquela norma considerando os fundamentos das decisões
anteriores do TC.
Chama-se a este processo, processo de fiscalização misto, uma vez que depende de três
decisões, no âmbito da fiscalização sucessiva concreta, que conferem legitimidade a estas
pessoas para requerer uma fiscalização que segue a tramitação prevista para a fiscalização
sucessiva abstrata.
Questão extra: no âmbito de recurso para o TC, que normas poderiam ser julgadas
inconstitucionais e com base em que fundamentos?
No recurso para o TC, só pode ser julgada inconstitucional ou ilegal, a norma que o TJ.
Almeida aplicou, com em quaisquer fundamentos – art.º 79.º alínea c) TC.
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de riscos e da proteção civil, tendo determinado numa das suas normas que a TMPC
incidirá sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos ou frações destes, tal como esse
valor é determinado para efeitos de aplicação do Imposto Municipal sobre os Imóveis.
Vicente, proprietário de uma fração autónoma recém-construída na Rua de Cedofeita,
entende que a referida norma é inconstitucional por violação do princípio da igualdade,
pois os prédios que mais pagam IMI são aqueles que, pela sua qualidade construtiva e
localização, menores riscos de segurança oferecem, pelo que o critério adotado não é
idóneo a assegurar plenamente que cada munícipe contribuía medida do custo ou valor
das utilidades prestadas pela proteção civil, frustrando-se a ideia de equivalência que
deve presidir à criação de uma taxa de equivalência. Assim, por não existir um critério
justificativo da diferença de tratamento, não se está a tratar igual o que é igual e desigual
o que é desigual, nos termos autorizados constitucionalmente.
Tendo sido notificado para proceder ao pagamento da TMPC, Vicente requer a sua ajuda
para salvaguardar os seus interesses.
Pode requer ao TC a fiscalização sucessiva abstrata? Não, tem de exercer o seu direito
de petição.
Pode requerer a fiscalização sucessiva concreta? Sim, se for parte de um processo
judicial.
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O ato legislativo (artigo 112.º nº1 CRP) presente é uma lei ordinária da AR (artigo 161.º
alínea c), em concreto, uma lei orgânica por força do artigo 164.º alínea q) da CRP. Deste
modo, vê-se o exercício da competência de reserva absoluta da AR (artigo 164.º CRP), na
medida em que apenas esta pode legislar sobre esta matéria.
Sendo um ato normativo, pode ser objeto de fiscalização por ação em todas as modalidades
previstas.
A possibilidade de fiscalização abstrata de um ato legislativo encontra-se prevista no artigo
281.º nº1 alínea a), b) e d).
Relativamente à fiscalização sucessiva concreta têm de ser abordados os seguintes artigos:
art.º 280.º nº1 e nº2 alínea a), c) e d) da CRP + artigo 70.º exceto alínea d) da LOTC.
O caso ocorre após a publicação do ato legislativo e, por isso, após a publicação da
norma jurídica que é considerada inconstitucional pelo que, nesta fase, só poderia ser
requerida a fiscalização sucessiva.
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A inconstitucionalidade identificada foi: parcial, uma vez que foi apenas uma norma; direta,
uma vez que a norma viola o artigo 35.º, 27.º e 32.º da CRP bem como o Princípio da
Certeza e Segurança Jurídica e o artigo 18.º nº2 e 3 quanto à proporcionalidade; por ação
material; e originária.
- Recurso obrigatório para o TC: artigo 280.º nº1 alínea a) e nº3 CRP + artigo 70.º nº1 alínea
a) e 72.º nº1 alínea a) e nº3 da LOTC.
⚠️ Qualquer entidade que recorra para o TC, seja por decisão positiva ou negativa, terá de
respeitar o artigo 280.º nº6 CRP e artigo 71.º da LOTC (o recurso terá de ser restrito à
questão incidental); o artigo 75.º nº1 LOTC (o recurso terá de se apresentar num prazo de
10 dias); artigo 75.º-A LOTC (requisitos para o recurso; positiva – as partes têm de identificar
a norma cuja fiscalização se requer e a alínea do artigo 71.º da LOTC).
Qualquer desrespeito pelas normas acima referidas, remete para a aplicação do artigo 76.º
nº2 da LOTC - o recurso deve ser rejeitado por falta de verificação das condições.
❓ QUESTÃO EXTRA: Se o juiz decidisse pela não inconstitucionalidade da norma, que tipo
de decisão teria tomado? Decisão Negativa. O Ministério Público estaria obrigado a
recorrer? Depende, se a norma já tivesse sido julgada como inconstitucional (artigo 280.º
nº5 e 73.º segunda parte); se a norma ainda não tivesse, o MP estaria obrigado a recorrer e
esse recurso teria de respeitar o artigo 75.º nº4, 70.º e seguintes.
Neste caso em particular, o MP estaria obrigado a recorrer – artigo 280.º nº5 da CRP +
artigo 70.º nº1 alínea g), h) e i), e 72.º nº3 da LOTC.
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O direito de petição é um direito, liberdade e garantia (direito civil e político de primeira
geração) que é, essencialmente negativo embora lhe sejam também reconhecidas
componentes negativas.
❓ Tendo em conta a decisão do TC, que norma ordinária terá de estar identificada no
pedido apresentado pela Provedora de Justiça?
Terá de estar identificado, pelo menos, o artigo 38.º nº2.
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II
No passado dia 10 de julho de 2021, foi publicada no Diário da República a Lei n.o
15/2021, que continha uma norma pela qual instituía uma subvenção vitalícia para os
Presidentes das Câmaras Municipais.
ANTÓNIO, presidente de uma Junta de freguesia do Município de Vila Nova de Gaia, por
entender que a referida norma padecia de inconstitucionalidade, por violação de
múltiplas normas e princípios constitucionais, intentou, no passado dia 10 de janeiro de
2022, uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, onde pediu a declaração da
inconstitucionalidade da dita norma, por forma a receber de igual modo a mesma
subvenção, desde logo por entender que a função de presidente da Junta de Freguesia
obriga a um maior dispêndio de tempo do que a de Presidente de Câmara.
Em simultâneo, os associados da Associação Nacional de Freguesias subscreveram uma
petição e endereçaram-na ao Provedor de Justiça no sentido de obter aquele mesmo
resultado. O Provedor de Justiça recusou-se a dar sequência ao pedido que lhe foi
endereçado.
Quid iuris?
O ato presente no seguinte enunciado é uma lei da AR (artigo 112.º nº1), em concreto uma
lei ordinária (artigo 166.º nº3) relativa ao estatuto dos titulares dos órgãos de soberania e
do poder local – lei ordinária de valor comum (artigo 164.º alínea m) primeira parte). Uma
lei ordinária de valor comum é uma lei de valor hierárquico comum, devendo obediência à
CRP bem como aos restantes atos legislativos de valor reforçado, sob vício de
inconstitucionalidade.
Sendo uma lei da AR é, nos termos do artigo 112.º nº1, um ato legislativo pelo que é um ato
normativo podendo, assim, ser objeto de fiscalização sucessiva da constitucionalidade por
força do artigo 281.º nº1 alínea a), relativo à fiscalização sucessiva abstrata, e por força do
artigo 280.º nº1 alínea a) e b) e nº5, relativamente à fiscalização sucessiva concreta.
A competência exercida no seguinte caso prático foi direta de reserva absoluta, por força do
artigo 164.º alínea m), na medida em que só a Assembleia da República é que tem
legitimidade para legislar sobre tal matéria.
Esta norma foi, no entanto, caracterizada como inconstitucional por António – presidente
de uma junta de freguesia do Município de Vila Nova de Gaia, por violação de múltiplas
normas e princípios constitucionais. A inconstitucionalidade traduz-se como sendo a
desconformidade de uma norma ou de um ato praticado por órgãos do poder político com o
texto da Constituição, podendo ser apenas atribuída aos atos normativos, isto é, atos
produtores de normas jurídicas. Pode, assim, ser tal inconstitucionalidade referida ser
caracterizada como: por ação; originária e direta, uma vez que estão a ser diretamente
violadas normas face à Constituição vigente; material, na medida em que se verifica a
inconstitucionalidade no conteúdo do diploma indo este contra o conteúdo das normas ao
abrigo da CRP; e parcial, uma vez que é identificada a inconstitucionalidade referente a uma
norma - a que instituía uma subvenção vitalícia para os Presidentes das Câmaras Municipais.
Por sua vez, face à inconstitucionalidade que António identificou, o mesmo intentou uma
ação junto do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, onde pediu a declaração de
inconstitucionalidade da referida norma. Deste modo, desencadeou um processo de
fiscalização sucessiva abstrata por via principal, sendo esta independente de qualquer
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processo a decorrer em tribunal pelo que a fiscalização da norma se revela como sendo o
principal processo a ser realizado. Esta fiscalização é, tal como o nome indica, sucessiva
sendo realizada após a publicação da Lei 15/2021, e jurisdicional na medida em que é
realizada apenas por Tribunais.
Contudo, por força do artigo 52.º da LOTC bem como do artigo 281.º nº2 CRP, António não
tem legitimidade para requerer a fiscalização sucessiva abstrata da constitucionalidade
tendo, para o efeito, de exercer o seu direito de petição, previsto no artigo 52.º CRP, junto
de um dos órgãos com legitimidade para tal, de preferência, da Provedoria de Justiça.
Já em relação à ação realizada por parte dos associados da Associação Nacional de
Freguesias subscreveram uma petição e endereçaram-na ao Provedor de Justiça, tendo
agido com respeito ao artigo 52.º juntando-se a um órgão com legitimidade. Contudo,
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