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A CORPORAÇÃO MODERNA E

A PROPRIEDADE PRIVADA

Adolf A. Berle e Gardiner C. Means

Com uma nova introdução


de Murray L. Weidenbaum e Mark ·Jensen

1'
Editores de transação
New Brunswick (EUA) e Londres (Reino Unido)
CAF'tTULO 1: P"'OPRIEOAOE

E:M "TRANSIÇÃO

AS CORPORAÇÕES DEIXARAM de ser meramente dlsposi ivos legais Pº'. maio


dos quais as transações comerciais privadas de indivíduos podem ser
realizadas. Embora ainda muito utilizada para este fim, a forma
societária tem adquirido um significado maior. A corporação tomou-se, de
fato, um método de posse de propriedade e um meio de organizar a vida
económica. Tendo crescido em proporções tremendas, pode-se dizer
que desenvolveu um "sistema corporativo" - como havia oulrora um
sistema feudal - que atraiu para si uma combinação de atributos e poderes
e alcançou um grau de proeminência que o habilna a ser tratado como
uma grande instituição social.
Estamos examinando esta instruição provavelmente antes de atingir
seu apogeu, Por mais espetacular que tenha sido sua ascensão, todas as
indi-cações parecem ser de que o sistema av~nçarâ parn proporções que surpreenderiam
a imaginação hoje; assim como o sistema corporativo de hoj e estava
além da imaginação da maioria dos estadistas e homens de negócios no
início do presente século. Somente lembrando que os homens ainda
vivos podem se lembrar de uma época em que a situação atual mal era
sonhada , podemos forçar a conclusão de que a nova ordem pode facilmente
tornar-se completamente dominante durante a vida de nossos filhos.
Por essa razão, senão por outra, é desejável examinar este sistema, tendo
em conta que o seu impacto na vida do pais e de cada individuo será
certamente grande; pode até determinar grande parte do comportamento
da maioria dos homens que vivem sob ela.
A organização da propriedade tem desem penhado um papel
constante no equilíbrio de pod0fas que compõem a vida de qualquer época. Não
precisamos resolver a controvérsia sobre se os interesses de propriedade são
invariavelmente controladores. A visão cínica de muitos historiadores insiste
que os interesses de propriedade sempre foram dominantes, visíveis ou invisívefs.

8
JORQl><ltt,,\cEl~ ~w,co PROmli:M CC EM TRAASlCÃO s
Após essa análise sombria, um comentarista da ascensão das corporações com o número de 567.694, esta empresa pode de fa1o ser chamada
observou que elas haviam se tomado os "instrumentos mestres da civilização". de império eoonômico • um império sem limites geográficos, mas
Outro expressou sua depressão pelo fa1o de que o sistema finalmente mantido unido por controle centralizado. Cem empresas desse porte
alcançou um ponto que definitivamente comprometeu a civilização ao governo controlariam toda a riqueza americana; empregaria todos os
de uma plutocracia. Outros ainda viram no sistema uma fase de transição empregados remunerados: e se não houvesse duplicaçãode acionistas,
para o socialismo ou comunismo definitivo. A aceitação de qualquer uma seria propriedade de praticamente todas as familias do pais.
dessas crenças pode ser adiada; mas o pensamento subjacente expresso em Tal organização da atividade econômica repousa sobre dois
todos eles é que o sistema corporativo tomou-se o principal fator na desenvolYimentos, cada um dos quais tomou possivel uma extensão da área
organização econômica por meio de sua mobilização de interesses de sob controle unificado. O sis1ema fabril , base da revolução industrial,
propriedade. colocou um número cada vez maior de trabalhadores diretamente
Em seu novo aspecto, a corporação é um meio pelo qual a sob uma única administração. Então, a corporação moderna, igualmente
riqueza de inúmeros indivíduos foi concentrada em enormes agregados revolucionária em seus efeitos, colocou a riqueza de Inúmeros indivíduos
e pelo qual o controle sobre essa riqueza foi entregue a uma sob o mesmo controle Cêntral. Pórcada uma d9S. .sa·s·inudanÇ3s, o ~- .. . -~
d ireção unificada. O poder decorrente de tal concentração produziu pod-er deis que-controlavam era imensamente ampliado e o status dos
príncipes da indústria, cuja posição na comunidade ainda não envolvidos, trabalhador ou proprietário, era radicalmente al1erado. O
foi definida. A entrega do controle sobre sua riqueza pelos trabalhador independente que entrava na fábrica tomava-se um
investidores efetivamente quebrou as velhas relações de propriedade trabalhador assalariado, entregando a direção de seu trabalho ao patrão
, e levantou o problema de definir novamente essas relações. industrial. O proprietário que investe em uma corporação moderna entrega
A direção da indústria por outras pessoas que na.o tenham arriscado tanto sua riqueza aos que controlam a corporação que ele trocou a
sua riqueza levantou a questão da força motriz por trás de posição de proprietário independente por outra na qual ele pede se 1ornar
tal direção e a distribuição efeliva dos rendimentos da empresa_ mero recebedor dos salários do capital.
Essas corporações têm surgido campo após campo, à medida que Por si só, o dispositivo corporativo não necessariamente 1raz essa
as m iríades de unidades independentes e concorrentes de negócios mudança. Há muito tempo é possível para um indivíduo incorporar seu
privados deram lugar a poucos grandes agrupamentos da corporação semi- negócio, mesmo que ele ainda represente seu próprio investimento, suas
pública moderna. A típica unidade de negócios do século 19 pertencia próprias atividades e suas próprias transações comerciais; na verdade ,
a individuas ou pequenos grupos; foi gerido por eles ou seus nomeados: e ele apenas criou um alter ego legal ao estabelecer uma corporação como

1 era, em geral, limitado em tamanho pela riqueza pessoal dos Individues veiculo nominal. Se a forma corporativa não tivesse feito nada mais do
no controle. Essas unidades foram suplantadas em medida cada que isso, teriamas apenas um costume interessante segundo o qual os
· vez maior por grandes agregações nas quais dezenas e até centenas de negócios seriam conduzidos por indivíduos adolando para esse fim certas
milhares de trabalhadores e propriedades no valor de cen1enas de milhões vestimentas legais. Não envolveria nenhuma mudança radical na posse da
de dólares, pertencentes a dezenas ou mesmo centenas de milhares de propriedade ou na organização da atividade económica; não inauguraria
indivíduos, são combinados através do mecanismo corpora1ivo em uma nenhum "sistema" cÕmparável às inst~uições do feudalismo.
única organização produtora sob controle e gestão unificados. Essa O sis1ema corporativo aparece apenas quando esse tipo de corporação
unidade é a American Telephone and Telegraph Company, talvez o privada ou "fechada" deu lugar a uma fonma essencialmente diferente, _;,
desenvolvimento mais avançado do sistema corporativo. Com ativos de a corporação quase-pública: uma corporação na qual uma grande 'Z
quase cinco bilhões de dólares, com 454.000' funcionários e acionistas medida de separação de propriedade e controle ocorreu através da { _
fl''l..llllplic:açilo de os Pr~ letérios.
1 Thorstein Veblen, "Ab5entee Ownership and Business Enterprise•, N.Y. 1923.
· ·Tal separação pcx:le existir em vários graus Onde os homens
2 Walther R.alhenau, "Dle Neue Wirisch.."lft'". Berllm, 1918
• Relatório Anual da Americai Telephone and Telegraph Company, Nova York, 1930, pp.
respcnsávels por conduzir uma corporação possuem a maioria das ações com
20 e 26, números de 31 de dezembro de 1929. Em 31 de dezembro de 1930, o número direito a voto, enquanto o restante é amplamente distribu ido, controle e
de fun::ionários havia caido para 394.000, presumlvelmente um padrão abaixo do normal.
dlo,lo, , Em 3 1 de dezembro de 1930. Registros da Standard Corporatlon.
l'ROff!eoJ,DE EM í PNISIÇÃO 1

a propriedade parcial está em suas màos. Apenas para os proprietários bancos e fundos de investimento recebem essas economias e as investem em
restantes há separação do controle. Frequentemente , porém , a propriedade t itules corporativos. Para garantir esses fundos, ela geralmente deve se
é tão dispersa que o controle operacional pode ser mantido apenas valer de um mercado aberto de seus valores mobiliários - geralmente listando
com uma participação minoritária. A familia Rockefeller, por exemplo, ações em uma bolsa de valores ou, menos importante, mantendo um
teria mantido participações minoritárias diretas ou indiretas em muitas mercado privado ou "não listado". Tão essencial, de fato, é o mercado aberto
_i das Standard Oil Companies: e no caso da Standard Oil Company de para a quase-empresa pública q ue pode ser considerad o quase tão
i Indiana, essa participação, de apenas 14,5%, aliada à posição estratégica de característico desse tipo de corporação quanto a separação entre propriedade e
1seus titulares, tem se mostrado suficiente para o controle da corporação. controle e a grande agregação de riqueza. ·
'-- Nesse caso, a maior parte da propriedade fica virtualmente sem controle. Essas características não são invariáveis. A corporação privada pode
A separação entre propriedade e cootrole toma-se quase completa quando ser, e em alguns casos é, excessivamente grande; veja a Ford Motor
não existe nem mesmo uma partcipação minoritária substancial, como Gompany, ainda de propriedade e dirigida pelo Sr. Ford e seus associados
na American T elephone and T elegraph Gompany, cujo maior imediatos. Corporações privadas ou "fechacia_s" podem e ocasionalmente se
acionista possui menos de um por cento das ações da empresa. Sob tais valem de um mercado público para suas ações; a Aluminium Company
condições, o controle pode ser mantido pelos diretores ou gerentes titulares of Amarica. embora a maior parte de suas ações seja de capital fechado,
que podem empregar o mecanismo de procura-ção para se tomar um· tem suas ações listadas na New Yorl< Curb Exchange, e uma pequena
órgão autoperpetuador, mesmo que como um grupo possuam apenas uma - fração de suas ações é negociada lá. Mas esses casos são tão ex.c~ionals
pe9uena fração das ações em circulação Em cada um desses tipos, o que confirmam a regra. Na esmagadora maioria dos casos, as corporações
controle majoritário • controle minoritário e coofrÕle gerencial, a separação se enquadram na classe quase pública quando representam grandes
li entre propriedade e controle tomou-se efetiva • foi criado um grande agregações de riqueza e seus títulos estão disponíveis no mercado aberto;
,\ corpo de detentores de valores mobiliários que praticamente não pois em tais corporações parte ou a maioria dos p roprietários quase
\i exercem controle sobre a riqueza com a qual eles ou seus predecessores invariavelmente renunciaram ao controle.
,'!em interesse contribuíram para a empresa. No caso do controle gerencial, Embora a lei americana não faça distinção entre a corporação privada
· a participação acionária do grupo controlador representa apenas uma e a quase-pública. a economia das duas é essencialmente diferente. A
fração muito pequena da propriedade total. Corporações nas quais essa separação da propriedade do c ontrole produz uma condição em que os
separação se tornou um fator importante podem ser classificadas como de interesses do proprietário e do g erente finaJ podem, e freqüentemente o fazem,

caráter quase público, em contraste com as empresas privadas ou de divergir, e onde muitos dos freios qúê ârite-riormente operavam para limitar
capital fechado nas quais não ocorreu nenhuma separação importante de o uso do poder desaparecem. O tamanho por" si.só tende a dar a essas
propriedade e controle. corporações gigantes um significado social não vinculado ás unidades
Surgindo dessa separação estão duas características, quase tão típicas menores da empresa privada. Pelo uso do mercado aberto de valores
da corporação semi-pública quanto a própria separação • o mero tamanho mobiliários, cada uma dessas corporações assume obrigações para com o
e o mercado público para seus valores mobiliários. É precisamente essa público investidor que a transformam de um método legal que veste o
separação entre controle e propriedade que possibilita enormes agregações governo de a lguns Indivíduos em uma instituição, pelo menos
de propriedade. Os Fords e os Me llons, cuja riqueza pessoal é suficiente · nominalmente, servindo a investidores que investiram seus fundos em sua
para financi.a r grandes empreendimentos, são tão poucos que apenas empresa, , Novas responsabilidades para com os proprietáríos, os trabalhadores,
enfatizam a dependência da grande empresa da riqueza de mais do que o os consumidores e o Estado repousam. portanto , sobre os ombros
indivíduo ou grupo de individuas que podem estar no controle. A corporação dos que estão no controle. Ao criar esses novos relacionamentos, pode-se
dizer que a corporação quase-pública opera uma revolução. Ele destruiu
semi-pública comanda seu suprimento de capital de um grupo de investidores
frequentemente descrito como o "público investido r". Ele atrai a u n idade que comumente chamamos de propriedade - dividiu a
assas economias para si mesmo diretamente, quando os individuas compram propriedade em propriedade nominal e o poder anterionmente associado a
ela. Assim, a corporação mudou a natureza da empresa com fins lucrativos.
ações ou títulos, ou in diretamente, como companhias de seguros,
Essa revolução constilui o tema do presente estudo.
• Ver Tabela XII, p. 94.
PRC1"RIEOAOE. EM TR~SIÇÀO 9
O exame das mudanças produzidas pode ;ropriamente começar com : de sua relação com a propriedade que nenhum deles possuía . A iniciativa
as novas relações entre os proprietários, por um lado, e o controle, :•privada, por outro lado, assumiu a propriedade dos in strumentos de
por outro, e é dessas relações que este livro tratará. Isso envolve prodÜção com plenos direitos de propriedade sobre esses instrumentos.
a área aproximadamente denominada "finanças corporativas 11 • as relações Enquanto a organização da vida econômica feudal baseava-se em um
entre a corporação administrada pelo grupo que a controla e aqueles . elaborado sistema de costumes obrigatórios, a organização sob o sistema
que detê m participações nela - seus acionistas, detentores de títulos da iniciativa p rivada baseava-se no interesse próprio do proprietário
e , até certo ponto, seus outros credores.. A mudança na organização da propriedade - um interesse próprio controlado apenas pela concorrência.
interna - a relação da oorporação com seus trabalhadores, sua e as condições de oferta e demanda. Esse interesse próprio há muito
organização fabril e seu problema técnico de produção • não podemos é considerado a melhor garantia de eficiência econômica. Presume-se
considerar neste momento. Nem podemos lidar aqui com suas relações que, se o indivíduo está protegido no direito de usar sua própria
externas, par um lado com seus clientes - os termos em que fornece propriedade como bem entender e de receber todos os frutos de seu uso, Ç
a eles seus produtos ou serviços - e, por outro lado, com o estado seu desejo de ganho pessoal, de lucro, pode ser invocado como um (." .
político - o governo pelo qual pode ser controla do em a lgum incentivo efetivo ao uso eficiente de qualquer propriedade industrial que
1
grau ou sobre o qual pode ler certa medida de domínio Aqui estamos l)OSsua,
preocupados apenas com uma mudança fundamental na forma Na empresa semi-pública, tal suposição não é mais válida. Como
de propriedade e nas relações econômicas que se baseiam nela. vimos, não é mais o próprio indivídÚÕ que usa sua riqueza. Aqueles
que controlam essa riqueza e, portanto, em posição de garantir a eficiência
Externamente, a mudança é bastante simples. Os homens são
menos propensos a possuir os instrumentos físicos de produção. Eles são industrial e produzir lucros, não são mais , como proprietários,
mais propensos a possuir pedaços de papel, vagamente conhecidos como titulares da maior parte desses lucros. Aqueles que controlam os
ações, títulos e outros valores mobiliários, que se tornaram móveis por destinos da corporação moderna típica possuem uma fração tão
meio da maquinaria dos mercados públicos. Por trás disso, no entanto, encontra- insignificante das ações da empresa que os retornos da administração
se uma mudança mais fundamental. O controle físico sobre os lucrativa da corporação revertem para eles apenas em um grau muito
instrumentos de produção foi entregue em grau cada vez maior a grupos menor. Os acionistas, por outro lado. para quem vão os lucros da
centralizados que administram a propriedade em massa, supostamente, corporação, não podem ser motivados por esses lucros a um uso mais eficiente
mas não necessariamente, para o beneficio dos detentores de títulos. O da propriedade, uma vez que entregaram toda a disposição dela
poder sobre a propriedade industrial foi cortado do usufruto dessa aos que controlam a empresa . A explosão do átomo de propriedade
propriedade - ou, em linguagem menos técnica, do direito legal de gozar destrói as bases da velha suposição de que a busca por lucros estimulará
de seus frutos. O controle dos ativos físicos passou do proprietário o proprietário da propriedade Industrial a seu uso efetivo.
individual para aqueles que dirigem as instituições quase-públicas. Conseqüentemente, desafia o principio eocnômico fundamental da iniciativa -;,
enquanto o proprietário retém interesse em seu produto e aumento. Vemos, individual na empresa industrial. Ela levanta para reexame a ·s
de fato. a renúncia e o reagrupamento da Incidência da propriedade , questão da força motriz por trás da indústria e os fins para os quais a /
que antes unia o pleno poder de disposição manual ao p le no direito de corporação moderna pode ser ou será dirigida.
gozar do uso, dos frutos e do produto dos bens físicos. Disso resultou a o sistema corporativo chama a atenção ainda porque seu desenvolvimento
dissolução do antigo átomo de propriedade em suas partes ocmponentes, é progressivo, à medida que suas feições se tomam mais marcadas e
controle e usufruto. novas áreas vão surgindo uma a uma sob seu dominio. O poder econômico,
f Esta dissolução do átomo de propriedade destrói o próprio fundamento em termos de controle sobre os ativos físicos, aparentemente responde
_,,,:0-7( sobre o qual se assentou a ordem econômica dos últimos três a uma força centrípeta, tendendo cada vez mais a se concentrar nas mãos de
,/ séculos. A ini~iativa privada, que moldou a vida econômica desde o final a lgumas poucas diretorias corporativas. Ao mesmo tempo, a propriedade
da Idade Média, está enraizada na instituição da propriedade privada. efetiva é centrifuga, tendendo a dividir e subdividir, a dividir-se em unidades
Sob o sistema feudal, seu antecessor, a organização econômicá\,Úrgiu cada vez menores e a passar livremente de mão em mão. Em outras
de obrigações e privilégios mútuos derivados de vários individues. palavras, a propriedade toma--se cada vez mais dispersa; o poder anteriormente
10 f'ROF'RIEDADEB,jfLUXO

junto a ele toma-se cada vez mais concentrado; e o s istema corporativo


é assim estabelecido com mais
segurança. Este sistema parece ser tão abrangente quanto o sistema
feudal em s~u tempo. Exi,ge que examinemos suas condições e
suas tendências, para uma compreensão da estrutura sobre a qual repousará
CAPITuLO 1. O APAR:ECIM~NTO
a or<iê m económic.a cio fu\uro.

DO SISTEMA CORPORATIVO

CORPORATE ENTERPRISE não é uma instituição nova. Desde os dias


das sociedades anônimas que construiram os impérios mercantis da
Inglaterra e da Holanda no século XVII, a corporação semi-pública
tomou-se bem conhecida. Sua entrada no campo da indústria . porém,
data do inicio do século XIX. Em 1800, a forma societária era utilizada
na América principalmente para empreendiment os de interesse público
direto: a construção de autoestradas, pontes e canais, a operação de
bancos e seguradoras e a c riação de corpos de bOmbeiros. Até aque le
ano, apenas 335 corporações com fins lucrativos parecem ter sido
formadas nos Estados Unidos, quase todas incorporadas na última década
do século XVIII. Destas, 219 eram empresas de pedágios, pontes e
canais. e outras 36 forneciam água e proteção contra incêndio ou instalações
portuárias. Bancos e companhias de seguros tinham apenas
começado a assumir a forma corporativa e somavam 67 no inicio do século.
A indústria manufatureira estava quase totalmente fora do campo
corporativo, sendo representada por apenas 6 corporações.'
Embora algumas dessas primeiras empresas de serviços públicos fossem de
caráter quase público, suas ações sendo mantidas pelo que era. na épcca. um
grande número de ac10nistas, a primeira empresa manufatureira Importante a ser
organizada dessa forma data de 1813. Toe Boston Manufacturíng Com- A empresa,
a primeira das grandes empresas têxteis da Nova Inglaterra, foi estabelecida
em Wallham, Massachusetts. durante aquele ano e foi. em muitos aspectos. o
protótipo das corporações de datas posteriores. Embora ins ignificantement e
pequena em comparação com os gigantes corporativos de hoje. esta empresa linha
todas as suas caracteristlcas essenciais. Dentro de dez anos a partir da data de

1 Joseph S. Davis, "Essays ln l he Early Htstory oi American Corporations•,


Cambridge, 1917, vol. li. pág. 24.
11
J.:l PROPRED.AOE EM Fl.lJXO
1.1

incorporação. suas ações, originalmente detidas por onze acionistas, tomaram- 52 empresãrios aposentados.
46 comerciantes.
se de certa forma dispersas. Em 1830, os acionistas eram 76, nenhum
45 fabricantes e mecânicos.
indivíduo possula mais de 8,5 por cento das ações, foram necessários 12 para
40 fuoclonànos, estudantas o não ospoclficados.
estabelecer o controle majoritário, e a administração estava com um conselho 23 advogados,
de administração cujas participações combinadas somavam apenas 22 16 médicos.
por cento. Vinte anos depois. havia 123 acionistas, o maior dos quais ainda 15 agneult<Jre!.
possuía 8,5 por cento. Cinquenta e um por cento das ações foram distribuldas J instituições.
entre 17 indivíduos. enquanto a administração detinha apenas 11 por cento."
Em virtude de seu tamanho e propriedade generalizada, essas empresas sempre
Embora esses números pareçam pequenos em comparação com as centenas
foram distinguidas na Nova Inglaterra como "The Corporations" em contraste
de milhares de acionistas da American Telephone Company hoje,
c:om as pequenas empresas privadas. embora as últimas fossem frequentemente
eles não são menos significativos. O número de acionistas representava uma
incorporadas.
dispersão bastante considerével. pois o valor nominal de cada ação era de
O desenvolvimento corporativo desse ramo da indústria têxtil era único
US$ 1.000 e o número total de ações disponíveis era pequeno. O capital
no campo industrial antes de 1860. Seu crescimento, a lém disso, foi inlerrompido
integralizado de$ 300.000 • aumentado em 20 anos para $ 1.000.000. era
nos anos após a Guerra Civ il, quando o sistema corporativo estava
uma soma muito grande para a empresa industrial naqueles dias. O tamanho
crescendo rapidamente em outros lugares. de modo que hoje, paradoxalmente,
da planta industrial era correspondentemente grande em relação às empresas
a indústria têxtil é uma das poucas grandes indústrias que não é dominada
concorrentes e , pela primeira vez. todos os processos têxteis. desde
por grandes corporações quase públicas.
a abertu ra do fardo de algodão até o envio do tecido acabado foram
Mais geral no período ante-bellum, e mais significativo para
colocados sob uma única direção. Aqui, também, o "promotor", uma ~g~ra tão
o desenvolvimento futuro, foi a introdução do sistema corporativo
importante no sistema corporativo d e hoje, apareceu claramente . Ao no campo ferroviário. Uma vez construídas as primeiras linhas
"vender ao público", para usar a expressão moderna, os orga nizadores curtas, esta forma possibilitou o próximo passo, a consolidação
originais liberaram a si mesmos e grande parte de seu capital das fortunas
em sistemas maiore s. O primeiro dos grandes agrupamentos, a
de seu primeiro inves~mento e puderam Ofganizar outras unidades corporativas
criação da New York Central Railroad em 1853, foi alcançado
semelhantes. Eles fizeram isso, formando uma sucessão de grandes
por meio dos dispositivos que a corporação oferecia . A propriedade
e mpresas têxteis, todas corporativas em forma, todas capitalizadas em $
de 1 O pequenas empresas entre Albany e Buffalo foi transferida
1.000.000 ou mais em poucos anos de organização, todas equipadas para produção
para u ma nova corporação por meio d e troca de ações e
em massa em grande escala , incluindo todos os processos, e todas de
os 34 milhões de dólares em títulos, em itidos contra as propriedades
capital aber1o. Em Iodas as empresas, a propriedade pertencia ao público e a
combinadas, foram d ispersos entre 2.445 investidores em Albany
direção a uma administração que possuía uma proporção relativamente pequena
e outras cidades do estado de Nova York. _N enhum individuo
das ações. Em 1842, as ações de uma empresa, a Merrimack, eram
ou grupo detinha o controle financeiro da nova corporação."
detidas por 390 pessoas, indui1do: •
As ações das empresas ferroviárias já e ram conhecidas nas bolsas
80 adminSIradores ou cu-aoores, de valores e nos anos 60 as lutas pelo controle de suas propriedades
68 mulheres. haviam se tornado lutas de mercado ou batalhas legais mais
sinistras."
2 Extraido dos Livros de Ações e DMdendos da Boston Manufacturing Company,
preservados na Harvard Business School. Cambridge, Massachusetls A Merrimack Desde a Guerra Civil. a corporação quase pública passou a dominar
" Co foi formada em 1822, a Hamilton em 1B25. a Apptelon and Lowel quase completamente o campo ferroviário. As vantagens da consolidação
Cc.-npanie:s em 1828, a Midelesex em 1830. a Tremont and Suffolk Companies em 1831, e os efeitos desastrosos da competição levaram as empresas a unidades
a_ Soott and Massachusells Companies em 1835 e 1839, lodas em uma única
cidade. de Lowe ll. Os mesmos promotores Lançaram preocupações semelhantes em
cada vez maiores a té q ue, em 1930, 14 grandes s istemas operavam .
outras cidades da Nova Inglaterra e fundaram em 1846 o novo centro têxtil de Lawrence.
2· F. Ware, "Early New England Cotton Manufactura", Boston. 1931. Apêndice
• F. W. Stevens, "The Beginnings of lha New York Central Railroad". N.
Y ., 1926, pp. 352.
'lbid. p._150. • 382. C. F. Adams. "Chapters oi Erte", Boston, 1871, pp.
14 PIIICPA:IE[)AOE EM FLUJ(() l$
86,6 por cento da mllhagem da primeira classe e 81, 7 por cento de toda pelas corporações na atualidade.1 Os assalariados empregados por
a milhagem rodoviária do pais." corporações manufatureiras aumentaram correspondenlemente de 65 por cento
Seguindo o exemplo das ferrovias, na última parte do século · dos empregados nas manufaturas em 1899 para 92 por cento (estimado) em
dezenove e nos primeiros anos do século vi nte, um aspecto da v ida 1929.' Embora na manufatura, as corporações privadas desempenham um
econõmlca após o oulro caiu sob o domínio corporativo. Bancos e companhias papel mais Importante do que nas áreas de mineração e serv,c;os públicos, o
de seguros carregaram o sistema desde os primeiros anos do século. crescimento na manufatura corporativa lotai reflete uma grande medida do
Assim também fizeram os serviços públicos. entre os quais se tornou crescànento das corporações semi-púbicas.
praticamente universal. Mineração e pedreiras seguiram logo atrás dos Em algumas indústrias manufatureiras, a lranslerénc1a para a foona
serviços públicos, sendo 86,3 por cento corporativos em 1902 e 93,6 por c0<p0rativa foi adiada, mas mesmo aqui a mudança é percepllvel. Em
cento em 1919. No último ano, 9·9 por cento dos assalariados na 1920, a indústria de roupas masculinas, com um produto de valor de
indústria 00 cobre eram empregados por corporações, 98 por cenlo em minério mais de um bilhão de dólares, era apenas 54,6% corporativa, a Indústria de
de ferro, 97 por cento em chumbo e zinco e 89 por cento em pão e panlf,cação apenas 51.7%, chapelaria e artigos de renda 46,9%,
petróleo e gàs natural.'º Deve-se nolar. é daro, que a extensão em que um conserto de automóveis 39,1%, roupas femininas 32,9 porcento, artigos de
campo é incorporado não é uma medida exala da presença da sociedade peles 30,1 por cento. fabricação de queijos 20,7 por cento." Essas são as
de economia mista e do regime socletMo, uma vez que as sociedades indústrias manufatureiras mais importantes nas quais a forma corporativa
de capital fechado estão incluídas nos totais. Estas últimas, no entanto, não se tomou esmagadoramente predominante, mas em cada caso a cifra de
representam na maioria dos casos uma proporção relativamente pequena 1920 mostrou uma proporção maior de produção corporativa do que o
da riqueza e da atividade envolvida e, portanto, não invalidam seriamente número do censo anterior Além disso, há boas razões para acreditar que o
tais números como um Indica da extensão da sociedade anônima. censo recente mostrará uma proporção muito maior de atnlidade corporalIva
Exceto pelas corporações têxteis mencionadas acima, o sistema na maío~a desses setores.
corporativo avançou mais lentamente no campo da manufatura. O seu No campo mercanlil, a corporação eslá apenas começando a se
crescimento foi estimulado no período Imediatamente a seguir à Guerra destacar. Números exatos não estão dlsponlveis aqui, mas estimativas
Civil pelo alargamento das unidades industriais e pela difusão da aproximadas colocam a porcentagem de vendas no atacado feitas
produção em massa. Nas úllimas décadas do século XIX. recebeu um estimulo por corporações em 1909 em aproximadamente 30% e em 40% em
adicional do movimento de confiança daqueles anos. Em 1899, 1925. No mesmo período de dezesseis anos, as vendas no varejo por
o censo relatou que 66,7% de todos os produtos manufaturados corporações cresceram de 15 para 30 por cento de todas as vendas no
eram feítos por corporações e o crescimento corporativo no século ·. varejo." O último crescimento Incluiu alguma e><1ansão adicional do
XX foi mais rápido; 87 por cento d os bens foram assim produzidos · comércio atacadista corporativo. já que em muitos casos a corporação
em 1919 12 e é justo supor que mais de 94 por cento da manufatura é varejista também desempenhava a função atacadista. erro quando o censo
de 1930 relata um levantamento completo do ~ o mercantil pela
7 Derivado do relatório do House Commlllee on Interestadual and Foreign primeira vez, o rápido crescimento da corporação nessa área não
Comtnef'C8 on lhe ''Regliatlon of Slock Ownorshlp ln lhe Railroods", 71st Congress, 3rd
Sesslon, House Report No. 2789, 2 1 de feve,elro de 1931, pp. LII. LIV. ' Em pode ser questionado.
1922. 28 milhas de ferrovias elêb'le.as estavam nos mãos de particulares ou sociedades Essa exeansão é quase sinônimo de desenvolvimento da rede de lojas.
Censo de Elec. lnd., Elec R. R.. 1922. pág. 9. Todas as empresas de lelégrafo De 1919 a 1927, as vendas das cadeias de supermercados aumenlaram 287
foram onoorporadasem 1917 CensusofEleC. lnd., Telégrafos 1917 p. 9. Toooo
capital das companhias teletõnlcas em 1922. exceto USS 5 000.000, l!'t'8 COfporahvo Cen60 18 Esli,mrveobeodepelo projeçàodelHla de tendência com base no logar•moda parceniagem
dosTtllofones, 1922. p. 1. Todos menos S 5.200.000da rece,ra bM!l de todas a s empresa, de p,oduto s manufaturados não fabrca<kl$ po, corpo<açôes de aco«lo com os númeroo
não munlcpals de luz e energia elélrica foram recebidos por corporações em 1917 docensode 1899. 1909• 1919.
(99,0%). Census of Elac. lnd.. Cent. Eléc. Tenente & Pr. Sta., 1917, p. 25. Nossos 14 Re.suroo <k> 14" Censo dos Estados Unidos, 1920, p. 1021 para 1899 e ust1mobva
números do censo. o Massachusetls Trust está presumrvelmento lncluid<> coo,o uma (ver nota 13 pn método) para 1929.
OOIJ)Ofaç8o • Rb,umo ES18tl511oo 008 E.srados UnOOO. 1926 16 Resumo <lo 14" Censo doo Ellodos Ur,dos, 1!Y.!0, pp, 1022, 1029. 10 TOdes
p 703 tO Resumo do 14° Censo dos Estados Unodos. 1920. p as ondúslnas rolaladas m Censo como tendo 1m produto de valor supenor a uss
12711. 11 13- C<lflSOd05 Esta<lOS Urr-. 1910, ool. VIII, pAg. 140000.000. menoe de 55 per cen10 dos quois foram ~lldoo per a,,J)()<tlÇÕGS.
135. 1214' Censo dos Estados Unidos. 1920. ,oi. VIII, pp. 14, 108 17 Com base em nUmeros fornecidos pelo Nationel Bureeu of Ecxnomlc Research.
17
" OAP.A.REClMENTO 00 SISTE.W, CORPOAATl'JO

por cento, enquanto as voodas de cadeias de lojas de 5 e 10 por cenlo cresceram emprega o dispositivo-testemunha corporativo, por exemplo, o Port
160 por cento.' A taxa de crescimento dessas cadeias de lojas excedeu em ..-. of NewYorl< Authority. Mesmo aqui, a corporação pode se tornar a forma
muito o crescimento das vendas totais no varejo, representando uma · estabelecida. a propriedade final e, na medida em que a
invasão notável da empresa privada sobre a distribuição. maquinaria democrática é efetiva , o controle final, conferido ao povo.
Para as áreas de construção e o que o censo chama de "insuficiente Assim, campo após campo, a corporação entrou, cresceu e tornou-se
indústrias classificadas" - ou seja. serviços pessoais, diversões, total ou parcialmente dominante . A data de seu surgimento e o grau de
aluguel de prédios comerciais, atividades profissionais de seu dom inio variaram em geral com dois fatores, o caráter público da
médicos, advogados, etc., - números precisos não estão atividade em questão e a quantidade de capital fixo necessário para o exerclcio
disponíveis. Entre quarenta e sessenta por cento de toda a da atividade. Surgiu primeiro nos ramos de serviços públicos, empresas
construção parece ser real izada por corporações, e talvez cerca de 15 de transporte público, bancos e seguradoras (que já na década de
a 25 por cento das indústrias não classiflcadas.20 É impossível 1840 foram concedidas para exercer funções públicas) 22 e por último
descobrir o grau de crescimento nestes campos. pelas nas áreas de serviços pessoais e agricultura; - cedo, com a alta custos fixos
grandes redes. os barbeiros e salões de beleza são encadeados de capital em ferrovias e minas; tarde , em empreendimentos mercantis
e incorporados em número crescente , mas ainda pequeno, as onde o capital consiste em uma extensão tão grande de estoque disponível.
redes de restaurantes cresceram nos últimos vinte anos, Com base em seu desenvolvimento no passado, podemos esperar um
e as corporações proprietárias de imóveis comerciais ampliaram tempo em que praticamente toda atividade econômica será realizada sob
suas operações. , para medir se esses desenvolvimentos a forma corporativa. E onde quer que a corporação tenha se tornado
foram mais rápidos do que o crescimento total dos negócios dominante, ela ocupou seu papel quase público, não privado. Não dá
nossas areas. simplesmente uma roupagem legal à inidallva privada dos indivíduos. Acrescenta
Uma das últimas áreas de atívidade não empresarial, o ramo uma nova qualidade à empresa - a qualidade da propriedade múltipla.
imobiliário, dá sinais de entrada na esfera empresarial. Muitos
22 De acordo car, NathanAppleton, pr incipal íabricantede 1exturas da Nova Inglaterra,
imóveis são detidos por empresas privadas. Corporações imobiliárias Ware, op. clt.. pág. 290.
como a Equltable Office Building. lnc.. com títulos ativos
nas bolsas, já apareceram, e uma Bolsa Imobiliária foi recentemente
formada em Nova Yorl< para negociar exclusivamente com
lltulos de empresas organizadas para assumir Imóveis.
Na agricultura, a corporação fe.r: menos progresso. Em 1920, 61,1% de
todas as fazendas, medidas por seu valor, eram administradas pelo proprietário,
enquanto 34,9% eram administradas por arrendatários. Apenas 4,0 por
cento eram operados por gerentes." Presumivelmente, a agricultura corporativa
estava totalme,1te restrita à última classe. embora as terras mantidas por uma
corporação e operadas não pela corporação, mas por arrendatários, fossem induidas
no segundo grupo.
As operações do governo penmanecem como o único campo de
atividade econômica ainda não considerado. Aqui, é claro, o sistema
corporativo com sua propriedade amplamente dispersa não está em
evidência. Deve..,se notar, no entanto, que mesmo o governo está começando a

18 Natlanal Bureau of E.oonomk: Rasearch, "Mudanças Econômicas Recentes no


Estados Unidos, N. Y .. 1930, p. 362.
19 Com base em números fornecidos p~o Nati::>nal Buraau of Ectnemíc Research.
20 Estlrmth,•a 3proJ1!mada baseada mi d.Jdos do Imposto
d&Re,dá, 2 1 14°Censo dos E.stados Unidos, 1920, \'OI. V, pág, 130.
AOOHCCNIR}CÃO DO FOOCR ECQNÔMICO 19

4.000. Uma empresa de cem mi lhões de dólares seria equivalente em


ativos a quase 200 corporações médias. Claramente, esses grandes
organismos não devem ser pensados nos mesmos lennos que a empres3
média. A Companhia Telefônica já controla mais riqueza do que está
contido nas fronteiras de vinte e um dos estados do país.
CAPIT ULO Ili: A CONCENTRAÇÀO A grande extensão em que a a tividade econômica é hoje exercida
por tais grandes empresas é claramente indicada pela lista anexa das
DE PODER ECONÔMlCO duzentas maiores corporações não bancàrias, compilada em 1º de janeiro
de 1930. Quase todas essas empresas tinham ativos de mais de um cem
milhões de dólares. e quinze tinham ativos de mais de um bilhão de dólares.
Seus ativos combinados totalizaram oitenta e um bilhões de dólares
ou, como veremos, quase metade de toda a riqueza corporativa nos
Estados Unidos.
Essas grandes empresas formam a própria estrutura da indústria
O sistema CORPORATIVO fez mais do que desenvolver uma norma pela
americana. O indivíduo deve entrar em contato com eles quase
qual os negócios são oonduzidos. Dentro dela existe uma atração
constantemente. Ele pode ter interesse em um ou mais deles, pode ser
centrípeta que reúne a riqueza em agregações de tamanho cada vez maior,
empregado de um deles, mas , acima de tudo, está continuamente aceitando seus
ao mesmo tempo em que lança o controle nas mãos de cada vez
serviços. Se ele viajar qualquer distância, é quase certo que viajará em
menos homens. A tendência é apârente; e nenhum limite ainda está à vista.
um dos g randes sistemas ferroviários. A locomotiva que o atrai
Se fosse possível dizer que as circunstâncias determinaram a concentração,
provavelmente foi construida pela American Locomotive Company ou pela
mas que não havia base para opinar sobre a conlinuidadê do
Baldwin Locomotive Works; o carro em que ele dirige provavelmente foi
p rocesso. todo o problema poderia ser simplificado. Mas este não é o
fabricado pela American Car and Foundry Company ou por uma de suas
caso. Tanto quanto pode ser visto, cada elemento que favoreceu a conc.entração
subsidiànas, a menos que ele esteja desfrutando dos serviços da Pullman
ainda existe. e o único fator aparente que pode acabar com a
tendência é o limite na capacidade de alguns seres humanos efetivamente Company. Os trilhos quase certamente foram fornecidos por uma
lidarem com os agregados de propriedade colocados sob seu controle. das onze siderúrgicas da lista; e o carvão pode muito bem ter vindo de
O tamanho da corpo,açâo gigante moderna é difícil de entender. Muitas uma das quatro empresas de carvão, se não de uma mina pertencente à
pessoas considerariam grande uma corporação com ativos de um milhão própria ferrovia. T a lvez o indivíduo viaje de automóvel - e m um carro
de dólares ou uma receita de$ 50.000. Medido pela corporação média, fabricado pela Ford, General Motors. Studebaker ou Chrylser Ccmpanies,
essa ideia seria justificada. Em 1927, dois terços de todas as empresas que com pneus fornecidos pela Firestone, Goodrich, Goodyear ou pela United
reportavam lucros Iiquidos ganhavam menos de US$ 5.000 cada. A SI ates Rubber Company. Ele pode escolher entre as marcas de gás
corporação não bancària média naquele ano teve uma receita de apenas$ fornecidas por uma das vinte empresas de petróleo, todas buscando ativamente
22.000 e ativos brutos de apenas$ 570.000. Em comparação com a empresa seu comércio_Se ele parasse para enviar um telegrama ou telefonar, uma
média, a empresa de um milhão de dólares sena grande. Mas em das empresas listadas certamente atenderia sua necessidade,
comparação com a grande corporação moderna, ambOs são pigmeus. Com base
• Maior de acordo com os ativos brutos menos a depreciação. conforme relatado nos
nos atívos. a Amencan Telephone and Telegraph Company sena equivalente Manuais Ferroviários, de serviços Públicos e Industriais da Moody's. Nos casos em
a mais de 8.000 empresas de tamanho médio, e tanto a United States que não foi apresentado balanço consolida-do na Moody's. foi íeila uma estimativa com base
Steel Corporatlon quanto a Pennsylvania Railroad Ccmpany a mais de nos ativos das cortroladas e nos ativos da controlado-a menos seus investimentos em
coligadas. Essas estimaw as, embora não possam ser perfeilamenle precisas. são suficientes
1 Estatisticas de Renda, 1927, p, 19. para o presenta popóslto. Em dOis casos. nenhLrn balMÇO patrimonial da controladora
• Ibidem. pp. 16 e 17, Não bancârio-é aqui usado para exck.li, bancos, seguradoras foi fornecido, mas foi feita uma estimativa aproximada dos ativos controlados, com
9 fundot. de inveslimenlo. basa nos títulos a ações da controladora e nos atNos de algumas de suas subsiciãrias.
Nertluma empresa estã inck.tkla na lista, cuja maioria de açôes com direíto a voto era
• lbid, pág$. 371 e 372,
conOOdda conci propnedade d9 olha COf'POração.
18
,.COt.C:OtrAACMJOOPOOCRE00»0t,1CO
20 f'ROPRIEDoUle 0 A FLUXO

TABELA 1: As 200 maiores empresas não bancárias dos


Estados Unidos

Ati'l'Os brutos em oo
Abvo& bru100 em cu
fDl'\'glõl ( m l" dlljõll'IGli!Cl d<l 1lllll
por \'Olta d~ 'Iº de ,1Bnelro oe
Nome Em milhões de dólares
Nome 1930, Em mllhOeS do dólaros

o umos PROOUTOS OUiMlCOS, sABôES, ETC, (Continuo)


dive1'SÕ8S
ec,,,,p.--.mtooeOOllfa 250.0
Eastman Koctak co. 163,4
Proder & GamDkl Co, 109.4
General Theatra Equlpmen~ lnc. (Fox Theatres) 360.0
Unloo Carbide & Carbon Corp. 3'.J6.6
Loew's, lnc. 1242
Paramounl Pubix Corp. 236.7 CaNÊIO

Radio Corp. da América 280,0 (est.) Coo'SOlidation Coai Co. 94,0

Warner Bros. Piclures., lnc. 167 1 Glefl Alóert Carvão Co. 300,0 (esl.)
Filadélfia e Reading Coai & lron Corp. 129,0

Pittsburgh Carvão Co. 17 1,5


P ETROLEO

Atlantic Refinlng Co. 167.2 Produtos Alimentícios, Drogas,


Continental O il Co. 198.0 TXIM:c, e'IÇ I.Ac;TEOS

Borden Co. 174,0


Gulf 011 Co rp _ 430,9

Onlo Oil Co. 110.6 Ca11p~fflli:, N;,cional de Produtos Lâct~ 224 ,6

Phillips Petroleum Co. 1-15,3

P rairle Oil & Gas eo_ 209.B United Fruit Co. 226,0

Prairie Pipe Lioe Co. 140.5


P,.ni, Ot Co.-n.t111n~ 2 15.4 Arrnadura & Co. 452.3
131,9 Swifl&Co. 351 2
Richfield Oi Co. da Califórnia
486,4 1Nllsan & Co. 98,0
Shell Union Oi! Corp.
Sinclair Consoti:Jated Oil Corp. 400.6 ACÜCAR

American Sugar Refining Co. 1"7 1


Sinclair Crude OI Purchasing Co. 111.9
604,7 . PtoCluiorde Cana Ci.t>ana. Co. 101.3
Standard Oi! Co. da Califórnia
850,0 (est.)
Standard Oil Co. de Indiana '""''°Amencan Tobac:co Co. 266,4
Standard Oil Co. de Nova Jersey 1787.3
Liggett & Myers T obacco Co. 150,3
7 08.4
Standard Oil Co. de Nova York 110,0
609,8 Lorilard (P.) Co.
Texas Corp. 103.1
251.4
Reynolds Tabaco Co.
Ticte water Associated Oil Co.
OVTROS
Union Oi! Assoc;ialas 240.0 (est.)
COír~3rlhti NXO'!til dv n~ 1~ 3.2
Vacuum Oil Co. 205,7

OU1rtOS m:oooTOS CUl'4003.SFtBôES. ETC. Vl<i"o


2772 Pittsburgh Plate Glass Co. 10 1.6
Alied Chemical & Dye Corp.
Com Products Refining Co. 120,7
Côuro
D.J Poot de Némotits & Co. 497.3
COO'lilQ~ ln1...na®zi11 <1aCi!ile~ 111 .3
lnternat1onal Match Corp. 2 17 .6
PROPRJE Ql,Dll. CM ir\. UXO A CCNCflflRACAO 00 PCOEI" r~co

TABELA 1: As 200 maiores empresas não bancárias dos Estados


Unidos (continuação}

AIIYo9 hfllfM ern Oú Alr'o'Oe brutos em ou por


CICfYol9 cio -P clil~!lrl~ t ,0(1 vona de 1° d3 ~~110 âi 1930.
Em milhões de dólares Em mtllões de dólares

Long Bell Lumber Corp. lt6.t ""LUM,MIO

Aluminium Co. or Amerlca 300,0


J~ ru.n!.I
CQ3fteEciM"80
Orug, lnc. (Uníted Orug Co.) 158,0
American Smelting & Refining Co. 2.fl.O
Great Allantic & Paclfk, Tea Co. 147,3
Anaconda Copper Minlng Co 68-0.6
Kresge Co. 109.5
Kennecott Copper Corp. 337,8
Mac,, (R.H.) & Co. 97,0 (est) Compa,hia U~r NACOna! 108,4
Marshel F ,eld & Co. 137.2
Phldps Dodgo Corp '~~..7.
Montgomery Ward & Co. 187,S
, t:'l'l0[.t()O
Sears. Roebuck & Co. 251,8
American ROlling Mil! Co.
Uniled Stores Corp. (Uniled Cigar Stores) 161.5
Belhlehem Steel Corp.
'º"'
0'.116
Woolworth & Co. 165.4
98.0
CltffCorp.
Pm<titos de metal
Crucible Sleel Co. of Amarica 12,.3
l ntand Steei Co 103.2
N.Jr0f,,i10yEIS
Jones & Laughlin Steei Corp. 2220
Chrysler Corp. 209.7
Corporaçio NJ(IIONII d. Aço 120JI
Ford Mo«or Co 761.0
República Ferro & ~ Co. .JJl.7
General 1.1°"""' Co1p 1400,0 (eSI.)
Un,led States Sleel Corp. 22!l6.1
Studebaker Corp 134.2
Wheeling Steel Corp. 128..3
EQUIPAMENTO ELETRC O
Youngstown Sheel & Tube Co. 235,7
Oonera! Bectric Co, 515.7
Weslmghouse Electtic & Manufacturing Co. 253,9 Papel
NAOUl<AS Coroa Zettetbach Corp. 117.7

Dwr & CO. lnternabonal Papar & Power Co. 888.5

Cõihei2ar:folrn tn1ornaclonal Co. l84,{) Minnesota & Onlario Papar Co. 90,3

S,nger Manufacturing Co. 210,0 (88l)


Serviços Públicos (Agrupados por e mpresas a ssociadas)
United Shoo Ma<hinery Corp. 9< 1
~Õ<5

American Telephone & Telegraph Co.


Amll!ll'ican Can Co. 191,l
Assodated Telephone UllliUes Co.
American car & Foundry Co, 119.5
lnternational Teiephone & Telegraph Corp.
Anwleant..ooorndlvéCo 106.2 Westem Union Telegraph Co.
American RadiatDr & Standoltl Sanita,y Corp ,..... B.Ctf~ICIO<Df E M8
Baldwin Locornot1ve Works 98.8 American Commonwealths Power Corp.
Crare Co. 05,9 Amet"'8n Waler WorkS & Eleo. Co.
24 PAOPR1E~EEUR.\.J)(O ;

T ABELA 1: As 200 maiores empresas não bancárias dos Estados


Unidos (continuação)

A!IYO!i brutos em ou por


Alivoo brutos e m ou
~ ti Cki 1~dúj;llll&lf<ide 100.0
~r volta de 1" de janeno d0
Nom, 1930 Emmllhõesóeoólares Em milhões de dólares

ELETRICIDADE E GÁS (conlinuação) ELETRICIDADE E GÁS (Continuação)


900,4 UNITED CORPORATION GROUP (Continuação)
Associated Gas & E lectric Co.
Commonwealth e Southern Corp. 1193,7
Assoçiação de gãs e eletricldado da Nove Inglaterra 108.7
Niagara Hudson Power Corp. 756.9
As0eiado.s Ferroviérios e, Rod0uiór1os 112.2
Corporação de Serviço Público de Nova Jers.ey 634.6
Central de Serviços Publicos 199.5
Untted Gas lmprovament Co. 002.0
Cldade.s Service Co. 989,ll
1171,5
United Light & Power Co. 520.1
Consolidated Gas Co. de Nova York 11 25,B
135,9 Estados Unidos Electric Power Corp.
Gás Consolidado, Elec. Lt. & Power Co. de Baltimore
296 1
Uti~tles Po1Ner & light Corp. 378,1
Detroit Edlson CO.
Duke PowerCo 212,1 Ferrovias ( cgrupadas de acordo com as empresas associadas)
Edison Elaclric Ili. Co. de Boston \56,3 Alleghany Corp. 1600,0 (est)
Electric Bond & Stere Co.
American Gas & ElectriC Co.
American Power & Ught Co.
756,0

4 3\.0
7$4,1
RuaEri&. C.o.

Kansas City Southem Ry. Co.


Nova York, Chicago e St. Louis R. Co.
..
560,9
, ,
350,0 (est.J
Electrlc Power & Lighi Corp. 560,0 (est .) Wheeling & l.ake Erle Ry. Co. 104.1
Naüonal Power & Light Co. 500,0 (esl.) Atchlson. Topeka e Santa Fé Ry. 1135.4
(5fll)P00E INS't1..,Cft0 Atlantt<: Coast Line R Co. 840,0 (_est.)
Comuniclade EdisonCo, 440,0 (est) Baltimore & Ohio Rd. Co. 1040.8
MJd.dleWest UtiliU@s Co. 1120,0 (est.) Chicago e Alton Rd. Co. 161,6
Mídland Unlted Co. 2!)8,1
Readlng Co. 565,0 (est.)
América do Norte. light & Power Co. 80&,4
Western Maryland Ry, Co. 168.2

Peoples Gas, Llghl & Coke Co. 192.1 Chicago e teste de Illinois Ry. Co. 97,4

190,0 149.2
Companhia de Servlç,os Pôbllcos 00 Noite de lliflúls Chicago Great Western Rd. Co.
KCP?t!RS CO. GRUPO Chicago. Milwaukee, St. Paul & Pacific Rd. Co. 776.1
123,7
· Brookly_
n Union Gas Co. Chicago e North Western Ry. Co. 641,0
156,7

..,.
· Eastom Gas & F1.1él Associ.at&s Chicago, Rock lsland e Pacific Ry. Co. 4 77 4
109,0
Lona Star Gas Corp. Chicago Union Station Co.
North Americsn Co. 810.3_ Delaware & Hudson Co. 2 69.4
Pacific Gas & Elec. Co. 428.2
Delaware, Lackawanna & Westem R. Co. 189,3

Pacific Lighting Corp.


Então. Califórnia Edison Co., Ltd.
203.4

340,6
Denver e Rio Grande westem Rd. Co.
Florida East Coast Ry. _Co.

123.6

Stone & Webster, lnc. 400,D(est.) [Grande Ry do Norte, Co. 812.tl

Tri-Utilities Corp. 348,0 lNorte do Pacífico Ry. Co. 813.9

&IM
GRlPO DE CORPORAÇÕES UNIDAS Chicago, Burl ington & Quincy Rd. Co.
Columbia Gas & Electric Corp. 5292 Spokane, Portland e Seattle Ry, Co.
Jt(X)N'.:ftJl'Mt;1ôDO ~ t eottôMOO 9/i
!'ROPXl:~e.tFWXO

TABELA 1 : As 200 maiores empresas não bancárias dos Estados


Unidos (continuação)
Ativos brutos em ou por
At!vos bruto s em o u
\ld'.a i'.:M 1ºdefll(letl"Oàe-1930,
pd'YO•,,ao 1• <Jo.f1,.lro'_-.,19JQ.
Em milhões de dólares
Nome Em milhões de dólares
Tração (continuação)
Focrovias (continuação) Terceira Avenida Ry. 110,0 (est.)
314,0
Mlssol.1'"1-Kansas-Texas Rd. Co. Co. United Rys, & Elec. Co. de Baltimore !l6,7
Rua Cenlral de. Nova Yort( 2250,0

Co. Nova York, New Haven & Hartford R. Co. 560.8 Transporte
SOsl<1n & Maine Rd. Co, 256.4 Cotripa,r,l\i8 lnterri.:,cOnal óe Mar'inha Mercanle 100,0 (est)
2600,0 (est.) Pu11rr:an, lnc.. 315,S
Pensivânia R. Co.
226,0 \
Lehigh Valley Rd. Co. \
4 97/] 0
Norfolk & Western Ry. O que. Talvez, p or outro lado, o individuo permaneça em sua própria casa
Wabash Ry. Co. 334,6
em relativo isolamento e privacidade. O que as duzentas maiores empresas
Sl Louis-San Francisco Ry. Co. 439.9
significam para ele lá? Ê quase certo que sua eletricidade e gás serão
SI. Louis Southwestem Ry. Co. 13!U
fornecidos por uma dessas empresas de servlços públicos: o alumlnio de seus
SeaboardAir Une Ry._Co. '281.1
utensílios de coz.-.ha pela Aluminium Co, da América. Sua geladeira
Pacífico Sul Co. 2156,7
elétrica pode ser produto ·da General Motors Co., ou de uma das duas
Southem Ry. Co. 655,5
grandes empresas de equipamentos elélricos, General Electric e Westinghouse
Union Pacilic Rd. Co. Electric. As chances são de que a Crane Company tenha fornecido
Rua Cenlrnl de Illinois Co. 660.9
seus encanamentos, a American Radiator e a Standard Sanitary Corp.
152,7
Virgínia Ry. Co. seu equipamento de aq uecimento. Ele p rovavelmente compra pelo
Es1raao do PaclNooOCKlental Corp, 156,0 (esl) menos a lguns de seus mantimentos da Great AUantic and Pa cific Tea
lmobména Co. - uma empresa que esperava vender um oitavo de to dos os
U.S. Realty & lmprovement Co. 124,G mantimentos do pais em 1930 . e obtém algumas de suas drogas, diretamente
o u por via interna diretamente, da United Drug Company. As latas
Borraclla
B. F. Goodrich Co. 163.6 que contêm seus mantime ntos podem muito bem ter sido feitas pela
flrestone Tire & Rubber Co. 161 .6 American Can Company; seu açúcar foi refinado por uma das grandes
empresas, sua came provavelmente foi preparada por Swift, Armour ou Wilson,
Goodyear Tire & R ubber Co. 2A3.2
J07,8 seus biscoitos fabricados pela National Biscuit Company. O jornal que
chega à sua porta pode ser impresso em papel da lntemational Paper
bblGIS
Company ou da Crown Zellerbach Corporation; seus sapatos podem ser de
American Woolen Co. 113.9
urna das marcas da lntemational Shoe Company; e embora seu temo não
Trnçt,o seja feito de tecido da American Woolen Company, sem dúvida foi
Ry elevado de Boslon. Co, 109,7 costurado em uma máquina da costura Singer.
Brooklyn & Manhattan Transit Co. 288.5 Se ele procura diversão por meio d e um rádio, quase sempre usará
Chicago Fig Co. 108.2 um aparelho fabricado sob licença da Radio Corporation of America.
Hudscn Manhattan R. Co. \31,7 Quando ele for ao cinema , provavelrnenle verá um filme da Paramount,
lnterborough Rapid Transit Co. 458,6
4 Wall Streel Joumal, 25dc novembro de 1929.
Philadelphia Rapid Transit Co, 95.6
"' ~l[ONJCQ1flltw 4CONCCNlRJ,CA,o DOPOXR !CONO~co

Fox, ou a foto da Wamer Brothers (tirada no filme Eastman Kodak) em i,andes corporaQães, quaro áreas econômicas serao examinadas: ( 1) o mercado
um cinema controlado por um desses grupos produtores. Não importa de ações de Nova York; (2) toda a riqueza corporaliva; (3) toda riqueza
a qual dos atraentes anunclos de cigarros ele sucumbe, é quase certo empresarial, e (4) a nql.l8Za nacional
que ele se encontrará fumando uma das muitas marcas lançadas pelas No mercado de ações de Nova Yori<, não pode
"quatro grandes" empresas de tabaco e provavelmente para para compra- haver dúvida sobre a posição dominanle da grande
las na loja United Cigar na esquina. . corporação. Tomando a lista de ações publicada
Mesmo onde o individuo n.'lo entra em contato direto, ele não semanalmente pelo "Commercial and Financial O,ror,de"
pode escapar do conta lo Indireto com esses empresas, de Ião onipresentes e cobrindo todas, excelo as ações mais ,nativas
que se tornaram. São poucos os artigos de consumo para cuja negociadas na Bolsa de Valores de Nova Yorl< em uma
produção uma das grandes empresas não lenha contribuído de alguma semana nonnal, 130 das 573 corporações americanas
forma. A lnternational Harvester Company e a Deere Company, independentes representadas podem ser classificadas
fabricantes de arados. aJudaram na produção da maior pane do pão que o como grandes empresas. , cada uma com ativos de
americano come, de grande parte do algodão que ele veste e de muitos mais de cem milhões de dólares." a porcentagem que isso
outros produtos agrícolas que ele consome. Ê quase impossível obter rep resenta dos ativos de todas as empresas
abrangidas.•
energia elétrica de uma concessionária local sem receber serviços de
equipamentos geradores fornecidos por uma das duas grandes empresas de Percen1ur11 do
equipamentos elétricos. Poucos produtos industriais são fablicados sem Tamanho mldido por Número de Ativos brutos dobdos i:>tal deawos
o auxllio em algum ponto do processo do aço derivado de uma das acivos.bNto&S 8 "1)f868S par grupo U!p~Sêl'd,adc:11

grandes empresas. E quase todo artigo envoNe transporte por uma


Abab<o de S 50.000. 000 372 S 7.325.000.000
das grandes ferrovias, seja no estado de matéria-prima ou no estado de
produto acabado.
us•~•uu,00 000000 71 4 .950.000.000
'º'
,..
Acima 00 VSS 100 ooo 000
Embora essas empresas desempenhem parte integrante dos negócios 130 54.714.000.000 81.7
do pais, sua posição dominante só se torna aparente quando procuramos 573 S 66.989.000.000 100~0
examinar sua importancie em relação ao conjunto da economia americana.
! As ações de 678 eml)resas f"!""' inclJídas na lista publcada pelo
Aqui devemos nos voltar para a ferramenta da estatística , pois somente assim Cornmerclel &nd Finaraal ChrOOide" na edJÇão 5818CIOOada. a da semona ti~ca de g
podemos apreender o quadro de nossa vida econômica como um todo. de mar,;o de 1929. Destas, 78 emm s<t,sidiána, de outtas empresas da lsla, 21
Para fazer uma comparação estatística da Importância relaUva das grandes ':'am empresas estrangeiras e 8 eram empresas financeiras. Quando uma empresa
listada ~a bolsa era uma subsidiária de uma empresa nâo listada. a controladora
corporações, primeiro é neoessário decidir sobre uma medida de era coos1dor&da repriasentada na boba Os ativos das empresas llstada5 roram obtidos
importância. Uma vez que este estudo se preocupa principalmente com a nos Manuais da Moody's para 1928 e 1929. Um estudo semelhante
propriedade, tomamos a riqueza, o equivalente econômico da propriedade, • foi leito para as ernpr6Sa1õ Independentes listadas na New Yor1c Curb
Excnang,a, usando aista de Iransações da mesma edição do "Commeraal and
como o crttério de "importância" e assumimos ainda que os ativos brutos" Financ~al Chronicle". Jnrellzmenle, o estudo foi re,to peta primeira ve2 para um
controlados por uma corporação são aproximadamente proporcionais propósilodiferente que envolVeu apenas as empresas exist0<llas em 1927 e uma
à sua riqueza. Sempre que pass ivei, no entanto, os resultados obtidos foram compilação de ativos a partir dessa data. Por esta razão não inclui mudas empresas
verificados pelo uso de uma segunda medida de ganhos llquidos de que deveriam ser adick>!1'tdas. Como a correção provavelmente não faria uma
difere~ radocal no con1unto de porcentagens, seguem abaixo 05 resultados
importãncia. Ao lentar apresentar um quadro das posições relativas desses nl0carigicb9,
Pon::et111~l<t)
• Ativos cruzados menos deprocíação. Em alguns balanços a deprociação é Tamilnho modido por Nume,o (fe ~,"os b'tms oetodo!S klf.afde a.vos
subtralde do ativo e em outros é ricluida como passivo. Ambas as prétlcas são iltN'MtJr\Ao-5 empresas Pot grupo representada,
legitimas, mas a úlbma resulto em um número maior de ativos brutos. Um ajuste
lei, portanto, feio sempre que necessário para oblo, ativos brutos sem depreclaÇllo. Abil.w de US-f, 60 000.000
371 $ 3. 731.()00.000 ,.'
·~·
OS$ 508US$ 100 00CI 000 31 2.308.000.000 IS.O
• Luao llqUdo esia11Aérto c:onbme compdado peJo Oepertamcnto do ToeoUl"O. Isso consiste Maosde$ 100 00000Q
na recato Uquída não trilutada deriYada Por una cO"pQrnçAo diretamente de suas operaQ5tts
81 9.33&000.000
TOlal (:)9
eomor0a11, $ 15,3TT.OOO.OOO 100,0
30 PMOMt~'""-CE e.t FLUXO
A OONí:IHl fW;ÃOOOf'OO!iR EOOHOI.H(O
3!
Além de mostrar a importância esmagadora da grande oorporação, esta uma gande empresa toda e renda derivada da propriedade sob seu controle. Ao
tabela mostra o que talvez seja ainda mais significatívo, a relativa rompotar os números da receita, o Departamento do Tesoi.o tabulou como
e ~ ~s separadas todas es e~resas que a~csemoram declarações separadas de
insignificância da corporação de médio porte com ativos entre S 50.000.000 e
$ 100.000.000 e como um grupo controlando menos de 8 por cento do Imposto de Rend0, mesmo quanclo eram de fato conlroladas por oulfas empresas,
ativos totais representados. As pequenas corporações e neste dia de Uma vez que qualquer empresa subsidiária controlada por propriedade de
gigantes industriais o leitor não deve ficar chocado com a referência menos de 95 por cento de suas ações (ou do capital votante) era obrigada a
a todas as corporações com atívos Inferiores a$ 50.000.000 como apresentar uma declaração separada 18 - e qualque,subsidiána poderia apreseriar
pequenas - embora numerosas, não ocupam uma posição importante. uma declaração separada se assim o dese,asse - rn.ritas empresas estão
É digno de nota, no entanto, que praticamente metade das corporações Incluídas oomo separadas quando na verdade eram eonlrofada& por outras sociedades
inctuldas tinha menos de $ 30.000.000 de ativos e como um grupo e para o presente efeito deveriam ter seus resultados consolidados com
estas tAUmas.
controlava menos de 6 por certo do total."
Quando comparamos os atívos oornbmadoS das duzentas maiores Por exemplo, a American Telephone and Telegraph Company foi
empresas não bancárias com os ab""5 de todas as empresas não bencârias. seu presumi\lelmente representada nas declarações de imposto de renda como pelo
papel dominante é ainda mais enfatizado. Essas empresas, 42 ferr011ias, 52 meoos qualro empresas. a controladora com ativos acima de$ 3.000 mlhões em
serviços públicos e 106 industriais, cada uma com ativos acima de noventa 1928. a Pacific Telephone and Telegraph Company com ativos acima de$
milhões de dólares, tinham ativos combinados no inicio de 1930 de $ 379 milhões, a New England Telephone and Telegraph Company oom US$
81 .074.000.000. De acordo com uma estimabva baseada nos números do 268 milhões em ativos e a Mountaln States Telephone and Telegraph Company
Imposto de Renda, os ativos totais de todas as corporações não bancárias com USS 80 milhões em ativos_ Mesmo os dividendos reoebidos dessas
no inicio de 1930 somavam S 165.000.000.000.• Assim, as duzentas controladas não foram incluldos no lua-o liquido estatutário da controladora.
grandes emp,esas controlavam 49 ;2. por cento ou quase metade de toda a Muitas outras grandes corpcrações estavam na mesma situação. Por esta
riqueza corporativa não bancária, enquanto a metade restante pertencia a razão, os rendimentos auferidos relatados pelas grandes empresas são
mais de 300.000 empmsas menores. freqüentomonlo menores do que os rendimenlos de propriedade sob seu CMlrole.
A mesma posição dorrinante das grandes empresas ê evidenciada Um segundo fator que tende a minimizar a aparente importância da
quando comparamos o lucro l iquido das maiores empresas com o lucro grande corporação é a maior proporção de sua renda que é paga como Juros
liquido de todas as corporações. Em 1929, o ano mais recente para o qual ~- portanto, não é incluída como "receita liquida estatutária". É bastante
as estatísticas do imposto de Renda foram publicadas, as duzentas certo que as grandes empresas, principalmente ferroviárias e concessionárias
maiores corporações não bancãrias, cada uma com uma renda de mais de S de serviços públicos. tendem a ter um endividamento maior na proporção
5.000.000. receberam 43,2 per cento da renda de todas as corporações não
bancárias.12 Mesmo assim número, porêm, tende a minimizar a 18 lei da Receita de 1926, Sec. 240 (a), (e) e (d). No caso de 95 por cento ou
mais dasaQÓttoudocapíal ~tan<• de cada ume àe ClJl\s ou ma..semp&81)S pe,tencetem
i"1)0rtància das grandes empresas. Em grande medida, as estatísticas do aos "mesmos interesses·. as empresas poderiam apresentar uma declaração
Imposto de Renda, nas quais se baseia, não Incluem como parte da renda dos consolidada o, portanto. aparecenam como uma \Inca empresa na~ cstolis.ticas de satâno.
Tal situação surge tão raramente que não precisa ser considerada aqui. 14 Sobsidiárias
• ConstJl8 oAptndice A pa111 umâ tabela méts doto1hada de emprosos de acordo com da Amerk;an Talephone and Tolograph Co!Tl)any pro,umrvelmenle apresenlando declaraçõo,
o tamanho. 10 Nos 26 casos em que umbalanço palrimonial consolldodo não lo, fomGCldo de Imposto de renda separadas da controladora em 1928 (ou seja, menos de 95
peta ~ uma eslmatrva fOI ferta mm base nos ativos das s\bsiclltnas e no~ por cento de propriedade). Formu1ã,;o denvado "Bel! Telephone Securilies-Relerence
ativos da con1roladota menos s.... nvesfmenll!S em emp,esas alilbdas. Essas estimatllY3S. Tables and Descriplionsº, 1929, poblcado peta 8ell Telephone Seo.,ntoes Company,
embora nio passam$~ pl!-rfeatamen.ta preosas, sio 1ufJaertemen1e pte<ISaa peta opte&énle uma subo<doêrtn cn Americm Telephoneand Telegraf)h Company. Números em 31 de
propósito. Em doB casos, nonhum balanço patrimonial da conlroladora foi tomecldo. duembro de 1928.
mas foí lo1to uma estimatrve aproximada das: nbvos controlados, com base nos títulos e
ações da eon1roladom e nos ativos de algumas do suos sub5idiãrlas. odvoe brulOs POrO~Q90m do açõts
e,m,n1h&.s Nome /)fo"ll!n(ellllll j A T. ,U O:!
u Esta esbmaliva foi obti<ia fazendo uma estrTiatlva dos abvos brutos de todas as
corporaçõog não baneàrias em 31 de dezembro de 1929. de acoltlo com o mélOdo Eslo-da montanha T~ & Tal Co.
.,...
$801 72.82
desa,to om "The LaJge CorporallM ln Amencan Economic Lifeº. Amencan Economlc mo Nova lnglalerra Tel & Tet Co.
Review, vol. XXI, março de 1931. pp. 15 e 16,
) 71.6 Paclfle T~I., & Tel Co 82.DO
1.2 V etTQ.bill l\/,
PROPRIEc.\tle. El.1 FLUl<.O ._ CONC.ENTRAÇJr,O 00 PODER EC()N(uco 33

ao seu tamanho do que as pequenas empresas. Se a renda liquida de a riqueza no final de 1928 totalizava$ 360.062.000.000,16
todas as empresas subsidiárias tivesse sido incluida na renda líquida Se assumirmos um aumento igu a l à média
das matrizes, e se a renda tivesse incluído a renda representada por dos seis anos anteriores. deveríamos ter $
quantias pagas como juros, é provável que as duzentas maiores 367.000.000.000 como a riqueza nacional em 1929.
teriam recebido bem mais de 45 por cento do lucro líquido de todas as Como o total de ativos das duzentas grandes empresas
empresas. Este valor tenderia, portanto, a dar suporte ao valor obtido naquele ano totalizou para$ 81.077_000_000",
com base no ativo bruto eles controlavam cerca de 22 por cento da
Os números da renda também indicaram que a empresa de riqueza total do país. propriedade, propriedade pessoal,
médio porte não é um fator particularmente importante. As 800 incluindo automóveis e grande volume de
empresas não financeiras que seguem em tamanho {de acordo propiedade do governo
com o lucro líquido) depois das 200 maiores, receberam apenas Para recapitular, a tabela a seguir apresenta os resultados da
19,3 por cento do lucro liquido de todas as empresas. meio milhão de análise anterior:
dólares, rendimentos que representam ativos que variam
aproximadamente de 18 a 80 m ilhões de dólares. Se todas as empresas lmportãncia Relativa das Grandes Corporações
tivessem apresentado contas de renda consolidadas, as 800 empresas (Por vcita do 1' de JanttO dO 1930)
teriam reportado uma proporção ainda menor da receita
corporativa, uma vez que muitas corporações importantes teriam sido
transferidas para o grupo superior e apenas um ligeiro equilíbrio
"'"'"""'
oblóos
por
viria da adição de abaixo.
Em contraste com a média, a pequena corporação, com receita
comp..laçlO real ........
Llr"l'lllltl

inferior a um milhão de dólares, dá uma mostra importante. Essas


Proporção da riqueza empresaríal (exceto bancâna)
corporações respondiam por 37,5% de toda a receita c01p(lí8tiva, de~o. em controlada pelas 200 maiofes ()()(J)Orações •e 2"
grande m edida. ao peso absoluto dos números entre as m enores Propo<ção da riqueza empresarial (exceto bancária)
unidades. Isso parece indicar que a maior parte da riqueza corporativa conlrolado p otas 200 maiores corporações 38.0% 1 35-45%
era representada por enormes unidades oom ativos na casa das centenas Proporção da rlQueza nacl0!1al conlrolada pelas
de milhões ou por corporações relativamente pequenas com ativos 200 rnalo<M m,po,,,ções 22.0.. 15·25!1.
abaixo de quatro milhões de dólares.
Quando procuramos comparar a riqueza das grandes empresas com
a de toda a industria, encontramos dificuldades, pois parece não haver
base adequada para e stimar a riqueza empresarial total do pais. Uma É evidente a partir desses números que uma parcela mutto considerável
estimativa muito grosseira, no entanto, indica que pelo menos 78 por cento d a riqueza industrial do pais foi ooncentrada sob o controle de um
e provavelmente uma proporção maior da riqueza empresarial número relativamente pequeno de grandes unidades. Havia mais de 300.000
americana é riqueza corporativa. Como as duzentas maiores corporações corporações não financeiras no pais em 1929. No entanto, 200 delas, ou
controlavam aproximadamente 49% de toda a riqueza corporativa, o menos de sete centésimos de um por cento, controlam quase metade da
cálculo aproximado indicaria que elas controlavam 38% ou mais de toda riqueza corpcratJVa.
a riqueza empresarial. Dave~se lembf"ar ainda que a lnftuêncie de uma dossas grandes

Quando tratamos da rique.z a nacional, estamos necessariamente empresas se estende muito além dos ativos sob seu controle direto.
lidando com estimativas que, na melhor das hipóteses, podem ser apenas 16 The Conlerence Board Bullelm r{' 38. (25 de feve<ei"o de 1930). p . 303. Natlonal
aproximadas. O National Industrial Conference Board estimou que o lnoostr;al eonr,,,....,. 8oord, No,,a York.
17 O erro devido â indusão de letras a receber no atovo bruto nàQ é suficientemente
15 O método empregado é descrito em "The Larga Corporallon ln American grande em comparação com o provável erro na estimativa da riqueza
Economic Life; loc. aL pP 19 e 20, nacional para justif"acar um aju1.te,
3' P~EOADE (M A..UXO
A C()t«:Etn'R/11;/ill 00 .FOOEfl S~ I C O S$

Empresas menores que vendem ou compram de empresas maiores TABELA li: Ativos Brutos de 150 Corporações Idênticas Comuns
provavelmente serão influenciadas por elas em uma extensão muito maior a 1919 e 1928 Lista das 200 Maiores Corporações
do que por outras empresas menores com as quais possam negociar. Em Americanas
muitos casos, a prosperidade continua da empresa menor depende do
Ativos b,utos em 31 da dezembro em ni1hõe s dedólar0S '
favorecimento da maior e, quase inevitavelmente, os interesses desta se tomam
os interesses da primeira. A influência da empresa maior sobre os preços 11 35 lSO

-
<4
geralmente aumenta muito devido ao seu mero tamanho, mesmo lfílhO- hd>.11,';I(~ pUbJioo Cotf'O·
Aoo ,açoes
que ela não comece a se aproximar de um monopólio . Sua influência
polltica pode ser tremenda. Portanto, se cerca de metade da riqueza
corporativa é controlada por duzentas grandes corporações e metade por 1919 18.400 14.288 6.017 38.785
empresas menores. é justo supor que mu~o mais da metade da indústria é 1920 20.535 16.186 6.393 43.114

dom inada por essas grandes u nidades_. Essa concentração torna-se 1921 20.1B6 15 590 6.745 42521

20.643 15.962 7,7'->l 44.362


ainda mais significativa quando se lembra que, como resultado dela, cerca de 1922
2.000 indivíduos de uma população de oento e vinte e cinco milhões estão ]923 20.409 17.174 8 ,749 46.332
em condições de controlar e dirigir metade da indústria. 20.839 ' 17.703 9.8 14 48.350
1924
A extensão real em que a concentração de poder progrediu é ]9'25 21.272 19 ,,, 11,508 51.891
bastante impressionante. Mais impressionante ainda, no entanto, é o ritmo 1926 21,86 1 20.569 13.562 56.01 2
em que está avançando. Em 1909, os ativos das 200 maiores empresas 22.462 21.154 15.580 59.192
1927
não bancárias da época somavam apenas US$ 26,0 bilhões.' Em 1919, 1928 23.026 22.075 17.703 63.404
eles haviam atingido US$ 43,7 bilhões, um aumento de 68% em dez anos.
Nos dez anos seguintes, de 1919 a 1929, eles aumentaram para US$ 81 ,1 AumQr'tal'
bilhões, um aumenlo de 85%. · 1919-1928 24% 58% 194~ 63¾

O crescimento de 150 empresas idênticas induidas nas 200


Taxa Anual de
maiores empresas em 1919 e 1928 é dado na Tabela li.
"'--•~
Os ativos da 44 ferrovias idAnllcas aumentaram de $ 18 bilhãas em 19 19 12,3% 5,6¾
1919-19282 2,4% si%

-
para$ 23 bilhões em 1928 ou 24 por cento; 71 corporações industriais
idênticas aumentaram de US$ 14 bilhões para US$ 23 bilhôes no mesmo .l'wrrenr:.tr

período, um crescimento de aproximadamente 58% em nove anos. Na 1924-1928 9,-. ,.,. 31¾

área de utilidade pública, como se sabe, a taxa tem sido muito mais rápida. Taxa Anual de
Nos mesmos nove anos, os ativos de 35 concessíooárlas Idênticas cresceram c ,.sci-na-n.»
1924-1928 2 2,3% 6.0 % 15.9% 7,0¾
de US$ 6 bilhões para US$ 18 bilhões, ou quase três vezes. O crescimento
mais rápido dos serviços públicos compensa aproximadamente o lento
1 Derivado dos manuais lerroViários, de serviços pUbtCos e Industriais da Moody's.
crescimento das ferrovias, e o total das 150 corporações mostra um crescimento
de US$ 39 bilhões para US$ 63 bilhões, ou um aumento de praticamenle 63%. • Composto anualmente.
Embora o crescimento das grandes corpora.ções mostrado nestas
corporações bancárias é necessária, especialmente tendo em vista o
tabelas seja rápido, ele só é verdadeiramente significativo se liver sido
rápido crescimento dos fundos de investimento que foram incluldos, para
mais rápido do que o crescimento de toda a riqueza industrial. Jâ disrutimos o presente p ropósito, com os bancos. No que diz respeito à atividade
a dificuldade de estimar a riqueza industrial total para cada a no: industria l, há razão para excluir tais empresas de cons ideração. Ao
mas, como vimos, existe material mais preciso com referêneia é examinar o crescimento das 200 maiores corporações, o aumento de seus
riqueza das corporações. Aqui. novamente, a distinção entre bancos e não ativos brutos foi aceito como u ma med ida razoável de crescimento.
18 VfJr Tabel1;:1 li. Ao medir o crescimento de todas as empresas não financeiras, não há
,16 PM~E:DADE.EUt-UJJlô "CONCENTRAÇÃO 00 PODER E:CO,t0"-CO 31
pâg. 40) mais um ajuste patrimonial das empresas aJjos balanços não foram
TABELA Ili: Comparação do Crescimento das Grandes Empresas com o
apurados. O ajuste foi íeito assumindo que a riqueza das empresas cujos ati\lOS não
Crescimento de Todas as Empresas eram tabulêdos estava na mesma prop.,rção do valor justo de suas ações que a
riqueza das empresas tabuladas do valor justo de suas ações (ibi<l., p. 31). • Imóveis,
Todas as empresas edihcios, etc .. das sociedadas não financeiras (Estalistteas de Rendimentos,
200 maiores empresas não
não financeiras
1926, pàgs. 360 e 390) a,-,Slados pelas sociedades cujos balanços não foram
fina.1ceiras
tabulados. Esse ajuste foi feito com base na proporção dos balanços apuradoo
Estimado em cada classe da renda. Como mais de 99 por cento da todas as corporações,
Ta,i;á anual excelo as menores. parecem ler skJo tabuladas, o erro na estimativa não pode
Ativo bruto em 31 Taxa arua1de pai rirnónio em
ser grande (íbid., pp. 856, 358, 360 e 398).
cleóezembfo 1 cresdntMto 2 31 de dezembro de cr"oscimenlo
• (milhões de dólares) (por cento) 7 Mesma base de(") (Statisfics of lncome, 1927, pp. 371, 372, 380 • 382),
Aoo (por ce<1lo)

l
(milhões de dóla,es}
• Mesma base de ("). exceto que 97 por cento dos balanços foram consKlerados
(a) (b) (e) (d) labulados. (Estatlslicas de lncome, 1928, pp, 32,380 e 380 • Stalist<:s or
lncome, 1929, pp, 25 e 332.)
1909 $26,063
$63.303°
1919 43.718 valores para ativos brutos eslão disponíveis. Em certos anos. notavelmente
5.1 10
1020 48.436 1921 , 1924 e 1926 a 1929, uma cifra que a Federal Trade Commission
90.507,. designou como " riqueza usada em negócios corporativos" pode, no ent anto,
J92t
1922
47.762
49.729 .., ser empregada como uma medida satisfatória de crescimento. Este item
1923 51.866 4.2 4.3 inclui apenas d inhe iro , estocue, terrenos, edifícios e equipamentos . Em
1924 54.337 4.7 102.658 • } cada um destes anos, o valor baseia-se nos dados fornecidos pelas declarações

} ......
1925 58.3 17 7.2 fiscais e, para tornar os dados dos diferentes anos comparáveis, foram
19.26 63.404 8,7 112.435. necessários alguns ajustes conforme explicado nas notas de rodapé da
1927 67. 155 6.9 117.693 • Tabela Ili. Com esses ajustes, os números dos diferentes anos tornam-se
1928 73. 139 8.6 f24,334" 5.7 razoavelmente comparáveis e devem indicar com razoável grau de precisão
1929 81.074 10.6 131.500B 5.S a taxa de crescimento de todo o patrimônio empresarial, excluindo o· das
1909-1928 54 empresas bancárias. Para o ano de 1909, existe material menos satisfatório;
192 1-1928 6,1 .,.
3.6
mas uma estimativa, envolvendo uma margem de erro m uito maior , foi
~92.a..t92a 7,7 4,9 feita para aquele ano.
Quando as taxas de ':fescimento da riqueza de todas as corporações não
1 Para o m«ooo de oblen~ <19 llgl,fe&. o:::nauht o ldrlo financeiras e dos ativos das 200 maiores corporações são assim
· Quando um intervabde mais de Lm ano inlervén"t entre nUmeros sucessivos, a taxa anual comparadas, e·las mostram que as grandes corporações como um grupo estão
de aesclmento é calculada em uma base quedá uma taxa composta anualmente. • Estimativa
crescendo muito mais rapidamente do que todas as corporações. No período
obtida pela detem)lnaç,ão da percenlagem de crescimento do caprtal social e do
endividamento de todas as sociedades não flnancetras entre 31 de Dezembro de 1909 (Relatório de 1909 a 1928, su a tax a anual de c rescimento foi de 5,4 por cento,
Anwl do Comissário da Receita Federal, 1910, págs. 69 e 74) e 31 de Dezembro de 1924 enquanto a de todas as empresas (supondo que as estimativas sejam
(Estatisticas de Rendimentos, 1925, pp. 31, 43 e 46). t--b último ano, foi usado o valor justo confiáveis) foi de apenas 3,6 por cento, e para outras empresas, exceto as
de tod)s os estoques de capCal, pois era um pouco maior do que o valor nominal total,
mesmo pars as empresas qve retalam o velar nominal. Esta peroantagem foi então aplicada ao 200 maiores, apenas 2.0 por cento.. As grandes corporações, portanto,
patrimônio estimado das SóCiedades não rinaoceiras em 31 de dezerrt>ro de 1924. parecem estar aumentando em riqueza 50% mais rápido do que
• Estimativa da riqueza corporativa não financeira reita pela CoM.Ssão Federal de Comêrcio todas as empresas ou mais de duas ve-zes e meia mais rápido do que as
e com base nas declarações de lmposlo sobre o caÇ4tal para aproX1madamente 31 de
dezembro de 1921, comptladas pelo Departamento do Tesouro. (National Wealth and
empresas menores. De 1921 a 1928, a t axa anual de crescimento das
lncome. Federal Trade Commission, p. 134.) Este valor inclui imóveis, edffidos e equjparnenlos grandes corporações foi de 6, 1%, em comparação com 4,4% para todas
confom,e relatado e estiTiativas de caixa e estoque. Os números cobrem todas as corporações o u 3 ,1% para as empresas menores. De 1924 a 1928,
as corperaQCIE!:s...
• Números de Imóveis, prédios. equipamentos. caixa e estoque de todas as empresas não período de crescimento mais rápido. as taxas anuais foram, respectivamente.
financei "'"· oonform• ISbula<Jos paio Oepartame,uo do Tesouto (Sfatlstics OI I ncome, 1925, 7,7% para os grandes, 4 ,9% para todos e apenas 2,6% para corporações.
,. PROPkE0.-01: EM f"WKO
39 .

TABELA IV: Evolução das Grandes Empresas Indicada pela Relação ~e Seu.:·::··
além das 200 maiores, indicando que as grandes corporações estavam
Lucro Líquido Estatutário com o de Todas as Sociedades Anônimas'
crescendo mais da metade da velocidade de todas as corporações e três
vezes mais rápido do que as menores.
Est1rnado
Essa taxa de crescimento mui to mais rápida das grandes empresas A.!Uloldoljqllldo Estimado
em comparação com o utras empresas é igualmente evid ente quando dos 200 Porl.CnU9:m de receita líq1.rOiJ
examinamos a proporção da receila de Iodas as empresas não bancárias
que foi relatada a cada ano pelas 200 empresas que relatam as maiores
L«)\Íâl

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""º de 600 pn>:iclroo
maíor maior não- porcento
de to.Jos os r,il,o empresa 20Joor. financeiro

-
receitas.10 p!lbp,,6;unc

Para 1921, os resultados são enganosos, pois naquele ano, o ano da financeiros financ.elra poro, corpora,;ões maior
oorporaçõea ÇooS 80Dcor-
depressão, o lucro liquido de todas as empresas foi extremamente baixo e , (mifiões
(M1lhãockl (Ml!Mo de (milhão
por motivos puramente estatísticos, seria de se esperar que a proporção dolar es) dolares) de dólares) dólares) "'""''
çõe~
recebida pelas empresas q ue relataram a maior receita fosse muito alta.
muito maior que o normal. Nos anos restantes, porém, não há razão para $ 6.899 $ 2.307 3'4 S 1.305
pensar q ue os números não sejam razoavelmente comparáveis para
1920
1.354 106

1Q6
Hl2l 3.597 37,6
anos difere ntes. Os resultados são aproximadamente paralelos aos 1922 6.076 1,958 32,2 1.151 •~o
obtidos quando o crescimento dos ativos foi examinado. Assim, enquanto os 1933 7.453 2.445 32Jl 1 386 16.6
anos de 1920 a 1923 não mostram crescimento perceptível na proporção 11)24 6.591 2.378 36)) 1.247 19,0
da receita liquida recebida pelas 200 maiores. de 1924 a 1929 há um
1925 8.060 2.993 37 1 , .522 ,..
aumento muito acentuado na proporção de toda a receita corporativa indo 8 337 3.335 40.0 1.564 1S.7
1026
par a as 200 maiores, aumentando de 33,4 por cento em 1920 para 43,2 por 7 ,459 2.865 38.4 1.360 ••2
19.27
cento em 1929 ou de uma média de 33,5 nos anos 1920-1923 para uma 8.646 3.493 40>-4 1,618 11!,.7
1028
média de 40,4 nos anos 1926-1929.
1929 9.456 4.081 43~ 1.608 ,~.,
Esse aumento na proporção recebida pelas grandes empresas poderia,
Média
teoricamente, ser explicado por dois motivos a lém do próprio crescimento $ 2.015 33.5 S 1.137 139
1~ 1923 S8.000
das grandes empresas. Se tivessem obtido uma taxa crescente de retorno
Méda
sobre seu capital em comparação oom as empresas menores, o aumento 40,7 S 1.587
na proporção da renda poderia ser explicado. Da mesma forma, poderia
1920-1929 $ 8.4 74 $ 3 .444
"''
ser explicado pelo fato de que, para um g rande número de empresas
subsidiárias, o lucto liquido não foi oonsolldado com a controladora nos anos 1 Derivado das Eslalisticas de Rendimentos dos respectivos anos. o rendimento
líquido de todas as sociedades não financeiras é igual ao rendimento líquido
a nteriores e foi consolidado nos anos posteriores. Esta úlbma estatutário de lodas as sociedades que reportam resullados líquidos menos
explicação, no entanto, poderia, no máximo, explicar apenas uma parte rrulto o das sociedades financeiras que reporlam resultados líquidos. A receita das 200
pequena do aumento, uma vez que aproximadamente a mesma proporção de maiores foi estimada tomando-se a receita liquida de todas as empresas não
financeiras reportando renda acima de $5.000. empresas adicionais foram
todos os dividendos corporativos não financeiros foi relatada como recebida consideradas como lendo um lucro líquido de$ 5.000.000. ( Se a receita média
por empresas não financeiras em 1927 e em 1922, indicando que as das empresas adicionadas tivesse sido de$ 4 .500.000, isso teria reduzido a
estimativa em 1921 apenas de 38,4 para:38;1 port:ento Em oulros anos.
subsidiárias foram relatadas como corporações separadas aproximadamente
a mudança teria sido muito menor. eon,o em cada ano havia aproximadamente
na mesma extensão ao longo do perlodo. 800 empresas lendo rendas entre USS 1.000.000 e USS 5.000.000. é improvável
É perleitamente concebivel que uma parte importante do aumento seja que a receita média das poucas empresas necessárias para oompor as 200
explicada pela maior lucratividade das grandes corporações; mas o maiores fosse inferior a US$ 4.500.000 e provavelmente mais próxima de
US$ 5.000.000. A suposição dos últimos números não levaria, portanto, a
fato de que a mudança cor1Cide aproximadamente oom a mudança mostrada para
apreciáveis erro.
A renda das próximas 800 maiores roí estimada tomando-se a renda de todas as empresas
19 VerT.iOOla IV. não financeiras quo relatam renda liquida eslatut:ãna de mais de$ 1.000.000 (aproximadamente
20 20,3 por cento em 1922 e 20,5 por cento em 1927. Derivado de Stalistics 900 emp-esas a cada alC) e adicionando uma estimativa da renda daootras empresas.
or Incarne, 1922, pp. 18, 19 e 22, e lbid.. 1927, pp. 312 e 315.
ACOHCENTRACÃOOO PODER ECO.NÕMOO 41
PROPRl~ O,fl,OE EU n uxo
corporações. Portanto, pode haver pouca d úvida de que a riqueza
empresas nacionais para fazer um total de 1.000, assumindo que as empre~as
extras tenham uma renda de $ 1.000.000. Do valor resultante foi subtrai da a das grandes corporações tem crescido a uma taxa muito mais rápida
renda estimada dos 200 maiores. (O erro devido à probabilidade de que as do que a riqueza nacional lotai.
em resas adicionais tivessem uma renda média um pouco Inferi°' a ,USS 1.000.000 Para resumir as conclusões em relação ao crescimento:
serfa insignmcante. Se a média em 1927 fosse de USS 900.000, isso teria
reduzido a porcentagem apenas de 18,2 para 18,1. Como havia ~u~se 1.000 {1) Com base nos ativos brutos. as grandes empresas parecem ter
empresas com rendas entre$ 500.000 e $ 1.000.000. a renda média das empresas
crescido entre duas e três vezes mais rápido do que todas as outras
adicionadas deve ler sido mais de$ 1.000.000 do que $ 900.000. Em outros anos,
empresas não financeiras.
o erro teria sido ainda mellC7.}
(2) Esia conclusão é corroborada pelos números do resultado corporativo.
a riqueza corporativa tende a fortalecer a conclusão de que_as . (3) Uma vez que uma proporção crescente da riqueza Industrial
grandes corporações aumenta ram multo tanto sua proporçao da riqueza presumívelmenle continua sob o dorn inlo corporaUvo, a proporção da
quanto sua proporção da renda de todas as _corporaç-ões. . riqueza industrial controlada pelas grandes corporações lem aumentado
Embora não seja possível obter cifras sobre o crescimento da a uma taxa ainda mais rápida do que a proporção da riqueza
riqueza industrial, já vimos que a corporação tornou-se cada vez _ corporativa cootrolada por elas.
mais importante setor após setor. Presumivelmente , uma proporçao (4) Uma vez que as estimativas d a riqueza nacional são extremamente
constantemen te crescente de toda a riqueza industrial está sob o aproxiTiadas, não é possival determinar o crescimento na proporção da
riqueza nacional controlada pelas grandes corporaçêíes, mas pode
domínio corporativo." Se for esse o fato, a proporção da riqueza industrial
haver pouca dúvida de que a proporção lem aumenlado rapidamente.
controlada pelas 200 corporações tem aumentado a uma taxa ainda
mais rápida do que sua proporÇão de toda a riqueza corporativa.
O crescimento relativo da riqueza das grandes corporações e da riqueza O que esse rápido crescimento das grandes empresas promete
nacional só pode ser calculado de maneira muito grosseira. como indicamos, para o futuro? Proj etemos a tendência de crescimento dos últimos anos.
a riqueza nacional é u m conceito d ifícil de defin ir e todas as Se a riqueza das grandes corporações e a de todas as corporações
estimativas de riqueza nacional devem ser, na melhor das hipóteses, aproximadas: continuassem a aumentar nos próximos vinte anos em sua taxa
de modo que não se deve confiar demais em qualquer comparação do média anual durante os vinte anos de 1909 a 1929, 70 por cento de
crescimento da riqueza corporativa com o da riqueza nacional. Entre 1922 toda a atividade corporativa seria exercida por duzentos corporações
e 1928, as estimativas do National Industrial Conference Board 22 in~icam em 1950. Se as taxas mais rápidas de crescimento de 1924 a 1929
um crescimento da riqueza nacional de 12,5 por cento em comparaçao com fossem mantidas pelos próximos vinte anos. 85 por cento da riqueza
0 crescimento dos ativos 23 das 200 maiores corporações de 45,6 por cento, corporativa seria mantida por duzentas grandes un idades. Levaria
ou taxas anuais de a escimento de 2,0 por cento e 6,3 por cento4 respecUvamenle, :z• a penas quarenta anos nas taxas de 1909-1929 ou apenas trinta anos nas
embora as estimativas baseadas nos números do censo de 1930 possam taxas de 1924-1929 para que toda a atividade corporativa e praticamente
ser consideravelmente mais altas do que as do Conference Board, as toda a atividade industrial fosse absorvida por d u zentas empresas
estimativas deste último para 1928 teriam que ser aumentadas em mais de 30 por g igantes. Se o crescimento apontado das g randes corporações e da
cento para tornar a taxa de aumento na riqueza nacional igual à dos 200 riqueza nacional se efetivasse de agora até 1950, metade da riqueza
nacional estaria sob o controle das grandes empresas ao r.nal desse período.
zl o censo de 1899 relatou que 66.7% de tod~s os produtos 0
manufab.Jrados são fabricados por corporaçoes, co~tra 87,0 Yo em Se o futuro verá tal absorção completa da atividade econômica em
1919. os números do censo de 1899, 1909 e 1919 indicam algumas grandes empresas, não é passive( prever. Uma olhada na
que em 1929 aproximadamente 94 por cento d~ todos os produtos Tabe la Il i mostrará que a taxa de crescimento não foi uniforme. Os
manufaturados eram fabricados por corporações. Numeras
bâsicos obtidos do 14º Censo dos EUA, vol. viil, PP- 14 e 108. anos de 1921 a 1923 mostraram pouco mais crescimento das grandes
22 Nalional corporações do que de todas, embora essa desacele ração possa refletir
Industrial Conference Boaiu, Conference Board Bulletin No. 38 apenas um período de respiração após o crescimento excessivo dos anos
(25 de fevereiro de 1930), pág. • de guerra. Seria de se esperar. além d isso, q ue a taxa de concentração
303. 28 o uso dos atrvos brutos das empresas em vez de sua riqueza 1anglvel ~ razoável,
uma vaz que a comparação e principalmente para observar mudanças no relacionamento, 26 Assumindo que. 49.2% da rl(Jue.za corporaliva não bancâria era debda pelas 200 maiores
em vez. do um rolack>namoolo absoluto. em 1929 e aplicando as taxas de crescimento indicadas na Tabela Ili ,
24 Composto arualmente.
A CClr,,CENTRA.ÇAo 00 PODER: ecooo1.11eo, ,
" PROPREOollOE F,Ml'll.lXO

d iminuiria à medida que uma pro porção cada vez maior da indústria fosse seus acionistas investidores. Aqui, novamente, a grande corporação
absonada e restasse menos pare ser adicionada. A tendência do passado aumenta a riqueza sob seu controle por esse rneio de expansào em uma
recente Indica , no entanto, que a grande corporação, jâ de uma extensão mutto maior do que as empresas menores. De 1922 a 1927
importãncia tremenda hoje, se tornará cada vez mais importante no futuro. " ' Inclusive, um esl\Jdo de amostra Indica que dois terços de todas as ofertas
Esta conclusão é ainda mais confirmada quando examinamos as públicas de novos titules (conforme relatado pelo "Commercíal and
fonnas pelas quais ocorre o cresdmento das grandes empresas e Financial Chronlele" - excluindO empresas tiancàrias) foram feitas pelas
comparamos seu crescimento por cada método oom o de outras empresas. duzentas maiom$ empresas ou suas subsi:fülrias.
Uma determinada empresa pode aumentar a riqueza sob seu controle de O terceiro e mais espetacular método de crescimento das
três maneiras principais: reinvestindo seus lu<:ros, levantando novo capital
por meio d a venda de Utulos nos mercados ptiblicos e adquirindo o
:·. tri grandes corporações é por fusão ou fusão. Nos onze anos, d e 1919
a 1929, nada menos que 49 empresas registradas entre as duzentas
controle de outras empresas por compra ou troca de Urulos. Embora existam maiores em um momento ou outro durante o perlodo desapareceram
Inúmeras outras maneiras pelas quais um aumento pode ocorrer , como devido à fusão com outras grandes empresas da lista.20 Seria
a venda privada de titulos a indivíduos, esses trõs métodos superam até uma tarefa extensa registrar todas as as empresas menores que
agora outros método s que precisam ser considerados sozinhos. as empresas da nossa lista absorveram. Uma lista de algumas
Urna comparação da poupança das grandes corporações c;om a de todas das fusões industna,s mais importantes em 1928 e 1929 envolvendo
as corporações indica que as grandes empresas como um grupo economizam apenas uma grande empresa pode ser encontrada no Apêndice E.
·, uma proporção maior de seu lua-o liquido. N o período de seis anos de Cerca de 20% do crescimento das maiores empresas que temos
1922 a 1927 Inclusive. 108 empresas (todas as 200 maiores para as quais as observado pode ser atribuído a adoções. através de fusão, um crescimento
demonstrações consotidadas puderam ser obtidas p.1ra cada ano) economizaram que provoca uma redução na riqueza corporativa fora do controle
l 38.5% de seu lua-o líquido d isponivel para dividendos. No mesmo do maio< grupo.
perfodo, todas as empresas combinadas economizaram apenas 29,4 por O crescimento dos abvos das duzentas maiores corporações no
cento do seu lucro líq..do." uma vez que os ganhos das grandes corpora<;ões são perfodo de seis anos de 1922 a 1927 inclusive é dado abaixo bem
incluldos como uma proporção importante nos ganhos de todas as empresas como estimativas da forma de crescimento. •
e uma vez que essas grandes empresas economizaram uma porcentagem maior
do que a média de lucros. as corporações restantes, pmcipalmente empresas Economia esbmada de ganhos S 5. 748.000.000
Cepital no,io estimado da wnda de títulos 11.811000.000
menores, devem ter economizado uma proporção muito menor do que a média,
provavelmente menos de 25 por cento de seus ganhos. A Importância desse C,escimenlo esbrmcto cc,no resuOaclo O!t flt!6es 4,000,000,000
método de crescimento é indicada pelo fato de que cerca de um quarto o $ 21.561 .000.000 100,0'!'.
crescimento das grandes corporações foi derivado de gani-os entre 1922 e 1927. Redução estimada de reavalaç,ões. ele.,
De importância muito maior como fonte de expansão relativa tem e ..-o nas os1mat.1.-a• $ 2 000 000.000
sido o segundo método - a obtenção de novos capitais nos mercados Ctuclmenro llquklooma!NO&. 1922•1927, Inclusive 19.561.000.000
públicos. M a is de 55 por cento d o crescimento das g r andes
empresas tem sido possibilitado pela oferta pública de UtuJos adlclonais,2" fato Uma pergunta a inda permanece: essas empresas provavelmente
que nos preocupa particularmente aqui visto que essas ofertas são sobreviverão? Às vezes se d iz que consolidações de grande magnttude
todas fertas ao investidor público, e víslo que a dependência destes mais cedo ou mais tarde, mais frequentemente antes. entram em um
<X>r· porções sobre o capital novo é, sem dúvida, um dos fatores mais período de decllnlo, que além de um certo ponto a organização se
fortes que determinam a r elação entre os que controlam as CÕrpo rações desintegra e o todo cai por seu próprio peso . Parece, no entanto, haver
2 0 ~ó ~ B , pouca base para tal sugestão. O exame d a condição em 1928 das d uzentas
27 Essa diferença na taxa d e poupança provavelmente não é uma ndtcação de maior e mpresas que eram as maiores em 1919 mostra o seguinte: 80
lberahdade no pagamento de dividendos por pane das pequeres empruas, mas ema
indicação de sua maior probabilidade de perdas. Para ambos os grupos, o lucro ,OPw111otrwum.liCUIMwol. 0al"IM.i.1 & o ~O

liquido do grupo inctula o lucro liquido dos que lucmvam menos as perdas sofridas 80 Um estudo da situação atual das duzentas empresas incluldas como as
pekl r..Ue maiores na lista de 1910 produz resultados percentuais por unidade dê tempo quase
28CoftllJlco ADêf'do,C 1dhiieo8 acisda.is.ta d& 1811l.
A CCHCENTIW;:AO 00 rOOER ECOttôPl.'ICO 46
44 pqor.Q.)EOACIE EM FLUXO

Das 200 maiores corporações em 1919: (1) O mais fundamental de tudo é que agora é necessàrio pensar, em
uma medida muijo Importante, em termos dessa_s enormes unidades. e
23 fundiram-se com empresas maiores4 51
não em termos da muttidâo de pequenos elementos concorrentes da empresa
154 foram ind uídas na lista das 200 maiores corporações em
privada. A ênfase deve ser deslocada para aquela proporção muito grande da
1928. 21 permaneceram grandes e ativas, embora 7 delas tenham indústria nas mãos de um número relativamente pequeno de unidades,
passada pcx- reorgani.zaçêo
unidades que podem ser estudadas individual e concretamente. Esses estudos revetarão
2 liquidado ou equivalente.
a operação de metade da indústria e, o que é mais importante, aquela metade
200 que provavelmente será mais llpica da indústria do futuro."
Esta tabela mostra 25 empresas realmente desaparecendo em nove (2) A competição mudou de caráter e os princípios aplicáveis
anos, ou uma taxa de desaparecimento de 1,4 % ao ano. Se esta às condições atuais são radicalmente diferentes daqueles que se
fosse a taxa normal de desaparecimento, indicaria uma expectativa média aplicam quando as unidades concorrentes dominantes são menores e mais
de mais de 70 anos de vida. Ao mesmo tempo, o d esaparecimento de numerosas. Os p rincípios do d uopólio tornaram-se mais importantes
uma corporação por meio de fusão não indica que sua organização do que os da livre concorrência.
se desfez e que esteja prestes a cair em dissolução; passa, mas não (3) Uma proporçã~ crescente da produção é realízada para uso e
morre. Se considerarmos as duas empresas liquidadas como as únicas que não para venda. Com o aumento das grandes empresas, uma proporção
realmente desapareceram, teríamos uma taxa de dissolução de 1 por maior de bens é consumida pela organização produtora no processo de
cento em nove anos ou uma expectativa média de 900 anos de vida , seja fabricação de outros bens. Nessa med ida, o cálculo de custo versus
como empresa independente ou como parte integrante de um qualid ade p resumivelmente seria resolvido no interesse de produzir um
empreendimento maior. Por outro lado, se aplicarmos as taxas de fusão produto que rendesse o uso máximo por unidade de custo, em vez do lucro
e dissolução simultaneamente, elas indicam que ao final de 360 a nos, máximo por u n idade de investimento. Sob este ú ltimo incentivo , o
dezesseis das duzentas e mpresas teriam desaparecido por dissolução e consumidor recebe apenas incidentalmente o produto que lhe dará o maior
ledas as empresas restantes leriam se fundido em uma única corporação uso por unid ade de custo, a menos que ele próprio seja facilmente
com vida expectativa de mais de 1000 anos. Além disso, se as capaz de medir a utilidade. A adulteração, produtos de má qualidade e
mudanças nos nove anos são uma promessa de fu turo, metade das produtos de qualidade inferior ao que seria economicamente desejéve l são
empresas incluídas na lista de 200 empresas de 1919 também estarão frequentes sob o incentivo ao lucro. Na medida em que a produção é para
representadas em uma lista das duzentas maiores compiladas daqui a um uso da organização produtora, não há tal incentivo:·
século, dez diretamente e noventa como unidades absorvidas nestes dez, (4) A natureza do capita l mudou. Cada vez mais, e la é
Esses números são, obviamente, uma extensão inj ustificada no composta não de bens tangíve is, mas de organizações construidas no
futuro da lendência de nove anos de 1919 a 1928. Eles servem, no passado e disponíveis para funciona r no futuro. Mesmo o valor dos
entanto, para indicar que há pouco na história das 200 empresas no bens tangi veis tende a se toma r cada vez mais dependente de sua
período de nove anos. considerado para sugerir que a grande corp0ração
62 Por exemplo, parece provável que um estudo doo diretores e. execut1Yos
tem u m ciclo de v ida curto terminando em dissolução. sentOres das 200 maiores empresas. seu lreinamenlo, origem social 0 outras
Em conclusão. então, a grande corporação, a corporação com $ caracteristlcas revelaria mais importância vital para a comunidade do que um estudo
90.000.000 de ativos ou mais, passou a dominar a maioria das pri ncipais daqueles na chefe de milhares de empresas menores. O mesmo se aplica
indústrias, senão toda a indústria nos Estados Unidos. Uma proporção cada
a propriedade das grandes empresas, suas polltícas trabalhistas. politicas de
preços, práticas de promoção, ele. Isso não quer dizer que as p<álicas das
vez ma ior da indústria é realizada sob esta forma de or!;!anização. grandes empresas sejam tfpk:as das empresas menores, mas sim que eles seriam
Aparentemente, não há limite Imediato para seu aumento. Está se tomando factualmenle mais importantes.
88 Por exemplo, é vantajoso para a American Telepho<ie and Telegraph Company ter
cada vez mais a unidade indu-strial com a qual a vida econômica, social a
sua subsidiána, a Westem Electrlc Company, para fabricaras melhores tubos de
política americana deve lidar. As implicações desse fato desafiam vâa.Jo posslveis para os lnúf'l'l8f06 contuo1os de repetidores em uso em suas linhas de loAga
muitos dos pressupostos básicos do pensamento atual. dlslâncla. Por outro lado, pode ser vantajoso para uma empresa que fabrica tubos
para venda ao público fabricar tubos de segunda qualidade que se desgastariam
rapidamente e perm11lriam uma segunda vooda com urn segundo lucro,
9 1 Cai\"uba o Apêndoe F,
48 PROPRIEOADE EM FLIJXO

relação organizada com outros bens tanglveis que compõem a propriedade


de uma dessas grandes unidades. _ • n da
(5) Finalmente, uma sociedade em que a produçao e gover _a
por forças econômicas cegas está sendo substitu ida por outra em que a produçao
é realizada sob o controle final de um punhado de individuas. O
poder econômico nas mãos de poucas pessoas que controlam uma CAPÍTULO IV: A DISPERSÃO
corporação gigante é uma força lrem"'.'d~ que pode prejudicar ou benefiaar
uma multidão de indivíduos, afetar d1sl nlos lnle1ros, mudar as correntes DE PROPRIEDADE DE AÇÕES
do comércio, trazer ruína e prosperidade a uma comunidade. para outro.
As organi~ções que eles controlam ultrapassaram em mutt_o_o domínio
da iniciativa privada - tornaram-se instituições quas~ soc1a1s. .
Tal é O caráter da dinâm ica do sistema corporativo. construindo-
se constantemente em agregados maiores e . assi_m , mudando as
condições bàsicas que o pensamento do passado assumiu.
ACOMPANHANDO A CONCENTRAÇÃO do poder econõmico, crescendo a
04 Aproximadamente 2.000 homens eram diretoras das 200 maiores co~rações em 1930,
partir dele e tornando-o possível, veio uma dispersão cada vez
Como um número importante deles está inativo. o controle f,nal de quase
metade do tndúslria e:s;ta1,1a realmente nM mãos <1e a~umas centena! Clé homens. maior da propriedade acionária. Isso, por sua vez, trouxe uma mudança
fundamental no caráter da riqueza - na relação entre o individuo
e sua riqueza, o valor dessa riqueza e a natureza da própria
proprledade. A dispersão na propriedade de empresas separadas parece
ser inerente ao sfstema corporativo. Já avançou muito, está ··-
aumentando rapidamente e parece ser um deserrvolvimento inevitável.
Como era de se esperar, o processo de dispersão de estoques foi
mais intenso nas empresas muilo grandes. As listas de acionistas da
maior ferrovia, a Pennsylvania Railroad . da maior concessionária de
serviços públicos, a American Telephone and Telegraph Company, e
da maior indústria, a United States Steel Corporation, mostram em cada
caso que o principal proprietário em 1929 possuía menos de um por
cento do e stoque em circulação. As participações mais importantes
relatadas foram, respec1ivamente, 0,34 de um por cento, O, 70 de um por
cento e 0,90 de um por cento.' Nessas empresas, nenhum indivíduo detém
uma proporção importante da propriedade total. M esmo as participações
agregadas dos vinte maiores acionistas da Pennsylvania Railroad totalizaram
em 1929 apenas 2,7 por cento, da Telephone Companya 4.0 por
cento e da Steel Companhia para 5,1 por cento. Abaixo dos primeiros
vi'lte, o valor de cada acionista caiu rapidamente para proporções insigniffcantes.
O vigésimo detentor de ações da Ferrovia possuía apenas 0,07 de
um por cento, das ações da Telefone 0,09 de um por cento e das ações da
Aço apenas 0,09 de um por cento. O restante do meio milhão Telefone

1 Ver Tabela XII. pp. 99 e 100.

,1

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