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Fundamentos da organização
A organização surgiu de uma conjunção de ideias e conceitos que vieram de
diferentes áreas do conhecimento. Se já existiam algumas tentativas isoladas
de mobilizar uma quantidade considerável de recursos para a produção de um
determinado bem ainda no século XVII, o percurso até chegar ao arquétipo da
organização foi longo.
Na medida em que as fábricas cresciam não era mais possível controlar o tra-
balho na base do contato visual, era preciso inventar meios formais de fazer isso.
Um sociólogo alemão chamado Max Weber observou a dinâmica de mudan-
ças da sociedade em fins do século XIX. Max Weber começou a notar que o indi-
víduo estava delegando várias atividades que antes ele desempenhava para que
outros as fizessem. Se até então, as famílias se alimentavam do que produziam,
se vestiam com o que costuravam, isso estava mudando rapidamente.
Veja, por exemplo, como as pessoas viviam no início do século XX e como
nós vivemos hoje. As pessoas que vivem nas cidades têm horta, galinha e pés
de fruta no seu quintal? Para fazer macarrão, o indivíduo planta o trigo, trans-
forma-o em farinha, adiciona os ovos que a sua galinha botou, faz a massa e em
seguida passa na máquina para cortá-lo em tirinhas? Se experimentarmos passar
uma semana tentando viver da forma como as pessoas viviam em 1900, acaba-
ríamos tendo que acordar com o primeiro cantar do galo e ir dormir quando a
noite chegava.
E Max Weber estava atento a todo esse admirável mundo novo que surgia
perante os seus olhos e ao mesmo tempo preocupado. Era necessário formalizar
as relações de trabalho e as necessidades de produção nas empresas industriais.
A ideia era aumentar a eficiência da organização. E daí provavelmente deriva a
noção de organização, como uma mobilização de recursos para atingir um deter-
minado objetivo. Weber definiu a burocracia como um tipo ideal de organização
a partir da abstração de suas características.
Com Weber, inicia-se a teorização da organização burocrática racional que é
a organização regida por regras e princípios do racionalismo, mesmo que a ra-
cionalidade das organizações seja uma racionalidade limitada, conforme Simon
formulou posteriormente. Mas foi a organização burocrática que estabeleceu
princípios que viabilizaram a moderna empresa industrial.
De acordo com Chandler (1996), o primeiro passo para a criação da mo-
derna empresa industrial foi o investimento em um complexo de produção
suficientemente grande para obter vantagens de custos em função da escala e
do escopo.
A gênese da burocracia
As empresas surgem com o aparecimento da burguesia, com o desenvolvimento
do comércio, com a separação entre contabilidade privada e contabilidade co-
mercial e com o aparecimento da sociedade por cotas de responsabilidade limi-
tada. Separam-se, assim, o patrimônio e as receitas e despesas familiares dos da
empresa. No entanto, ainda não se pode falar da existência de uma verdadeira
organização. Só mais tarde, com o aparecimento da sociedade anônima − quan-
do as grandes empresas passam a perder paulatinamente seu caráter nitidamen-
te patrimonial − é que o sistema de produção começa a ser dominado por buro-
cracias. Isso, porém, ocorre bem depois da Revolução Industrial (Motta; Pereira,
1983).
O sistema capitalista desempenhou um papel fundamental no desenvolvi-
mento da burocracia. Na verdade, sem ela a produção capitalista não poderia
TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO
Movimento Movimento
Movimento Movimento da Movimento
das relações estruturalista
clássico contingência contemporâneo
humanas sistêmico
FIGURA 1.1 Evolução do pensamento administrativo. Fonte: Adaptado de Escrivão Filho (1996).
Movimento clássico
O movimento clássico foi conduzido sob a ótica da racionalidade da engenharia.
Seus principais representantes, Taylor e Fayol, eram engenheiros. Houve duas
vertentes: a administração científica, cujo foco estava no aumento de produtivi-
dade no chão de fábrica, e a escola anatômica, que procurou estabelecer formal-
mente a estrutura organizacional baseada no princípio de hierarquia. Ambas as
visões da organização foram importantes para implantar e implementar os prin-
cípios da burocracia − formalismo, profissionalismo, impessoalidade e controle
do profissional.
Movimento estruturalista-sistêmico
O movimento estruturalista-sistêmico surgiu como uma crítica à visão do mo-
vimento das relações humanas, pois contempla uma síntese da visão raciona-
lista com a visão das relações humanas. O comportamentalismo é uma evolu-
ção da escola de relações humanas, inserido em uma dimensão maior, que é a
concepção de sistemas. O comportamento humano, nesse contexto, torna-se o
comportamento do indivíduo na organização. A administração, portanto, passa
a elaborar os seus pressupostos para a organização, e não mais para grupos de
indivíduos.
Teoria estruturalista
A teoria estruturalista buscou ser a síntese da teoria clássica (formal) e da teoria
das relações humanas (informal), buscando, na obra de Max Weber, os conceitos
fundamentais para esse movimento. A organização, nesse viés, é uma unidade
social e complexa. Sendo assim, é necessário estabelecer um novo conceito de es-
trutura: é um conjunto formal de dois ou mais elementos que subsiste inalterado,
seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos.
Para os estruturalistas, a relação das partes com o todo mostra que o fenôme-
no social deve cumprir algumas das propostas relacionadas com a estabilidade
da sociedade, buscando um equilíbrio. A soma das partes é mais do que o todo.
Para a teoria estruturalista-sistêmica, o homem participa simultaneamente
de várias organizações (social, industrial e estatal) que esperam que ele seja fle-
xível e deixe de lado as necessidades pessoais para que as organizações atinjam
seus objetivos; refletindo uma personalidade extremamente cooperativista e co-
letivista. A mudança organizacional surge dos conflitos gerados pelo inconfor-
mismo em relação a essas exigências da organização.
O movimento estruturalista-sistêmico começou com o problema de Hobbes
relativo a ordens e prosseguiu com algumas questões importantes (Silverman,
1974):
1. Como a sociedade se gerencia para trabalhar e para continuar a sobreviver às
mudanças pessoais?
2. Como fazer pessoas de diferentes características genéticas e tipos de perso-
nalidade aprender a coexistir e se relacionar de maneira estável?
As organizações formais são caracterizadas por relações sociais harmoniosas
criadas com a intenção explícita de alcançar objetivos e propósitos, ou seja, inte-
ração social de um grupo constituído para alcançar objetivos específicos. Além
disso, são caracterizadas por regulamentos e hierarquia que determinam as rela-
ções entre seus membros, permitindo estruturar o trabalho humano e diminuir a
margem para atitudes individuais. Assim, possibilita a especialização, facilitan-
Teoria de sistemas
O fundamento do enfoque sistêmico é que as empresas só poderão sobreviver
em um ambiente de grande mutabilidade na medida em que, com base nos me-
canismos de retroação, possam adaptar-se a essas mudanças ambientais.
O pioneiro da teoria de sistemas foi o biólogo Ludwig von Bertalanffy, que
procurou identificar as congruências existentes entre as ciências biológicas e so-
ciais. A teoria de sistemas seria o elemento centralizador dessa integração com
vistas à unificação da Ciência. O resultado de pesquisa de uma vida inteira foi
sintetizado no livro Teoria geral dos sistemas.
Bertalanffy (1977) explorou a contraposição dos conceitos de sistemas aber-
tos e fechados. O seu argumento básico era que a Ciência, como a Física conven-
cional, por exemplo, obteve todo o seu desenvolvimento isolando determinados
sistemas de seu ambiente. As leis da termodinâmica só têm aplicabilidade ao
considerar os sistemas fechados. Mas, na natureza, isso não seria possível.
As empresas são abordadas como se fossem um organismo vivo. Todo or-
ganismo vivo depende de um fluxo contínuo de entrada e de saída, que per-
mita a permanência em um estado estacionário que é completamente diferente
de um equilíbrio químico ou termodinâmico. Nesse caso, para o autor, o or-
ganismo vivo deve ser encarado como um sistema aberto, que interage com o
ambiente.
Parsons (1976) foi pioneiro em utilizar o conceito de sistemas abertos no es-
tudo das relações sociais enfatizando a totalidade, as partes e o inter-relaciona-
mento entre elas e das partes com o todo.
O Instituto Tavistock de Londres utilizou o termo “sociotécnico” para ca-
racterizar os fatores sociais e técnicos nos sistemas de produção industriais. Ao
invés do conceito de sistemas abertos, eles optaram pela noção de equilíbrio, que
era utilizada para analisar o contexto de um sistema aberto (Burrell; Morgan,