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Livro: Cão Senso, John Bradshaw

1ª edição de 2012, Editora Record

Resenha por Alexandra Bruch Deitos

A obra Cão Senso foi escrita pelo autor John Bradshaw, após mais de 20 anos de
pesquisa sobre o universo canino. Dividido em 11 capítulos, é denso em informações
científicas e aborda as necessidades da espécie canina. Trazendo muito embasamento para
uma série de pensamentos que por vezes eu tinha como verdade mas não sabia como explicar.
A pretensão do autor, melhorar o entendimento das reais necessidades da espécie e
sua interação com seus donos, é cumprida com maestria conforme mostra os problemas de
cães domésticos surgindo na compreensão equivocada sobre a natureza de suas ações.
Quando fala da comparação: lobos e cães, é extremamente elucidativo: se nos
guiarmos apenas pelo número de genes compartilhados, 99,9%, os cães são lobos, sim.
Porém, esse 1% tem papel muito significativo no desenvolvimento da espécie, bem como a
domesticação, parte fundamental na evolução canina.
Assim, pertinentemente, o autor explica que para entendermos os cães, é preciso que
estudemos os próprios cães, não os lobos. Pois sua ancestralidade não está diretamente
relacionada a nenhuma espécie específica de lobos, mas aos canídeos de modo geral.
A Teoria da Dominância, desenvolvida pelo etólogo David Mech, também é abordada
na primeira parte. E reforçou algo muito importante para mim, a noção de que os lobos
estudados estavam em cativeiro, totalmente fora de seu habitat natural, com exemplares
desconhecidos em parentesco, não sendo possível ter a realidade do que seria sua vida livre.
E, ainda assim, as evidências de cooperação são muito mais marcantes do que de dominância.
Logo, muitos métodos de adestramento, que hoje ainda se baseiam nessa teoria,
tornam-se ultrapassados e obsoletos, apesar de terem forte teor apelativo em programas
televisivos e promessas de soluções rápidas.
Com exemplos e estudos, o autor vai esmiuçando como funciona a aprendizagem dos
cães, os sentidos, as emoções e tudo que envolve uma disparidade na troca de comunicação
entre cães e humanos.
E, ao final, questiona sobre a ordem de desenvolvimento gerada pelo comércio de
cães. Quando a estética passa a ser priorizada em detrimento da principal função dos cães:
animais de companhia. Como resultado, donos não são colocados a par de diversas
informações importantes, e as seleções de pedigrees tornam-se prejudiciais para ambos.
Trazendo para mim um vislumbre de esperança enquanto fecha com dignidade a discussão.

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