Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ao tentar baixar um arquivo do nosso site na Internet (www.cen.g12.br/f2g/jornal), o professor José Leonar-
do baixou um preto velho, mas não conseguiu baixar o arquivo. Para resolver esse difícil problema espiritual,
estamos pensando em pedir ajuda ao mestre Alex dos Santos, que nos escreveu da Bahia - Página 9
O Folhetim está dando. No Alguns perguntam quanto cus- Três adolescentes, alunos do 2o
site www.cen.g12.br/f2g/jornal ta a assinatura do Folhetim. grau, tiveram a maior cara de
baixe (no Folhetim no 2) o pro- Outros não pedem para rece- pau de dizerem que gostam de
grama que permite visualizar ber o Folhetim porque pensam física, durante uma entrevista
trajetórias de projéteis, calcu- que precisa pagar. Gente, o ao Folhetim. Estamos publi-
lar a altura máxima atingida, Folhetim é grátis. Basta man- cando o telefone dos três; se
determinar o alcance e otras dar os dados que a gente pas- alguém duvidar, é só confirmar
cositas más. sa a enviar - Página 6 com eles - Página 8
O
termo caos tem sido muito sempre determinada por uma equa-
Por conta da divulgação de usado na mídia de divulga- ção horária. Pode ser que não co-
nosso projeto para a Física no ção científica, muitas vezes nheçamos a equação horária de um
Ensino Médio, estamos percorren- de forma bastante inadequada. certo sistema, porque ela depende
do o Brasil de "cabo a rabo". E Freqüentemente o termo aparece de condições muito difíceis de se
podemos realmente confirmar: com o "sobrenome" determinístico. tratar (como a resistência do ar, por
êta Brasilzão!!! Mas, afinal, o que vem a ser caos exemplo). Mas este desconhecimen-
Nelson Rodrigues já dizia que
determinístico? Como pode algo que to fica por conta de que nós não
"toda unanimidade é burra". A
se comporta de forma determinís- somos capazes de incluir adequada-
gente acrescentaria que, em se
tica, isto é, evoluindo no tempo se- mente todos os detalhes importan-
tratando do ensino de Física, ela
é impossível. gundo uma regra bem definida que tes, não somos capazes de resolver
Temos encontrado as mais di- determina todo o seu futuro a partir as horrorosas equações que apare-
versas posições, seja quanto ao da situação inicial, ser ao mesmo cem nas teorias, ou mesmo porque
que ensinar (conteúdo), como en- tempo caótico? Em linguagem cor- não somos nem capazes de elabo-
sinar (metodologia) e até onde rente, o termo caos está associado rar teorias suficientemente gerais
ensinar (profundidade). Há tam- a situações completamente de- para tratar o fenômeno físico que
bém diferenças flagrantes no que sordenadas, de futuro imprevisível, nos interessa. Isto não significa que
os vestibulares exigem de nossos e portanto o binômio caos determi- o sistema real em si não tenha seu
alunos (e, em conseqüência, de nístico soa como uma incoerência, comportamento determinado pelas
nosso trabalho). uma incompatibilidade. O que signi- leis da Natureza, mas apenas que
Mas, apesar das divergências, fica isto ? nós não fomos capazes de traduzir
há uma grande "área comum", Sistema determinístico estas leis adequadamente para nos-
como também já se vislumbra uma Um sistema determinístico pode sa linguagem humana. O sistema
certa convergência nos exames ser descrito por uma equação horá- continua sendo determinístico, ape-
vestibulares: são cada vez mais ria que determina a situação em que sar de nossa ignorância no que se
freqüentes questões conceituais se encontra como função do tem- refere à compreensão das leis na-
do que de simples "calculeira"; po. A posição de um objeto em que- turais que regem o seu comporta-
questões contextualizadas substi- da vertical, por exemplo, pode ser mento.
tuem as questões que "não têm descrita pela distância x já percorri- Grau de caoticidade
nada a ver" com a realidade. da desde que foi largada. Como o Num sistema caótico, dois esta-
É também cada vez maior o nú- dos inicialmente muito próximos se
objeto está sujeito tanto à atração
mero daqueles que anseiam e lu-
gravitacional da Terra quanto à re- afastam rapidamente um do outro,
tam por mudanças, por tornar o
sistência que o ar oferece ao seu à medida em que o tempo passa.
ensino de Física mais atraente e
deslocamento (a primeira constan- Consideremos dois valores iniciais
relevante para o aluno/cidadão
do terceiro milênio. te, e a segunda dependente da velo- x0 e x0' distantes entre si um valor
Gostaríamos, pois, de agrade- cidade), a equação horária se torna x0 = x0 x0' arbitrariamente pe-
cer as inúmeras contribuições que um pouco complicada. Porém, esta queno. À medida em que o tempo
já recebemos e que vêm permitin- complicação não importa. O que passa, a distância x(t) = x(t) x'(t),
do tornar o Folhetim um espaço importa é que existe alguma equa- depois de decorrido um tempo t,
de debate e de integração. Simul- ção horária. Desta forma, a distân- deixa de ser pequena. Mais preci-
taneamente, queremos enfatizar cia x já percorrida até o instante t, samente, a distância evolui segundo
que ele está aberto à sua partici- durante a queda, já está determina- uma lei exponencial x = x0 e t,
pação. Só assim poderemos aper- da a priori. Antes mesmo de se fa- onde e = 2,71828 é uma constante,
feiçoar os aspectos nos quais há zer a experiência já se pode prever base natural dos logarítmos (qual-
concordância, e polemizar naque- a posição que a bolinha vai ocupar quer outra constante, por exemplo
les que discordamos. a cada instante t. o número 10, serviria igualmente
Como disse Cazuza: Brasil, Qualquer sistema físico é deter- como base da exponenciação: o va-
mostra sua cara! minístico, sua evolução no tempo é lor 2,71828 foi adotado aqui apenas
para seguir a tradição). O expoente próximas uma da outra: neste caso, nos acidentes contingenciais: o am-
de Lyapunov é positivo, e seu va- não há caos. Caso contrário, num biente pode, num dado instante, se
lor caracteriza o grau de caoticidade rio turbulento, as folhinhas vão rapi- apresentar ligeiramente diferente do
do sistema. damente se separar uma da outra, normal. Caso o sistema seja caóti-
A cara do caos por mais próximas que tenham sido co, as conseqüências deste aciden-
A figura 1 mostra o gráfico da colocadas inicialmente: este é o caso te, por menor que ele tenha sido,
equação acima, para que possamos caótico. Outro exemplo clássico é o serão catastróficas, no sentido de
apreciar seu significado. No caso, do movimento da atmosfera terres- que o sistema irá rapidamente mu-
adotamos x0 = 1 para representar tre, que é caótico. Por mais que se dar o rumo que vinha seguindo ori-
o tal valor "arbitrariamente peque- tenham computadores possantes ginalmente. O comportamento de
no''. De forma coerente, escolhemos dedicados integralmente à previsão um sistema caótico não é robusto
uma escala conveniente para o eixo do tempo, não se consegue fazê-la (ou seja, é sensível) a pequenos des-
vertical, onde se encontram os va- com antecedência maior que uma vios de percurso, por menores que
lores de x, tal que estes fiquem vi- semana. Isto se deve ao fato de que sejam. Pequenos desvios aparente-
síveis até dez milhões (x = jamais conhecemos com precisão mente irrelevantes podem causar
10.000.000): assim, x0 = 1 pode ser absoluta a situação atual de toda a enormes mudanças no futuro, a cur-
considerado "pequeno''. O valor atmosfera, isto é, não podemos co- to prazo. No caso da previsão do
= 2,3 também foi adotado, coinci- nhecer com precisão a velocidade tempo, há uma famosa piada segun-
dindo com o logarítmo natural de 10, do ar em cada posição ao redor do do a qual a mudança de rumo do
de forma que a equação para x se planeta, num dado instante. Assim, vôo de uma borboleta em algum
reduz simplesmente a x = 10t. Na o que se fornece aos computadores ponto do hemisfério sul pode signi-
escala escolhida podemos observar como situação atual, para que os ficar um erro de previsão de tempo
que a partir de t = 5 a variação de cálculos prevejam a partir destes bom para tempestade catastrófica
x se torna explosiva, ou seja, x dados como será a situação futura, na costa leste dos Estados Unidos,
atinge rapidamente valores altís- é apenas uma aproximação da rea- algumas semanas depois.
simos. lidade. Por menor que seja o desvio Pêndulo bem comportado
entre estes dados e a realidade, no O contrário de um sistema caóti-
início do processo, a diferença vai co é um sistema regular, robusto a
acabar rapidamente se tornando um pequenos acidentes que se apresen-
enorme erro de previsão. tem no seu caminho. Por exemplo,
Neste sentido, um sistema caóti- um pêndulo de relógio. Caso alguém
co é imprevisível, mesmo sendo des- esbarre inadvertidamente num des-
crito por leis físicas completamente tes, o pêndulo vai se desviar um pou-
determinísticas, como as que regem co do seu monótono movimento de
os movimentos das partículas de ar vaivém, mas rapidamente voltará ao
na atmosfera. A imprevisibilidade se normal, ao mesmo vaivém que se-
deve não a qualquer tipo de indeter- guia antes do esbarrão. Um outro
minismo nestas leis, mas exclusiva- exemplo é uma amostra radioativa,
mente ao fato de que não se pode com um número inicial (digamos N0
Esta é a característica do caos: duas conhecer as condições iniciais com = 10.000.000) de núcleos atômicos
cópias do sistema que inicialmente precisão absoluta, e qualquer peque- em estado excitado, isto é, com um
não se consegue distinguir uma da na incerteza é rapidamente ampli- excesso de energia no seu interior.
outra, depois de um certo tempo ficada. Esta não é a situação de equilíbrio;
característico se tornam completa- Pequenas catástrofes ao contrário, mais cedo ou mais tar-
mente diferentes, completamente Há uma maneira alternativa de de cada um destes núcleos excita-
descorrelacionadas uma da outra. se compreender o significado do dos irá decair, emitindo a energia em
Um exemplo simples é o de duas caos determinístico. Consideremos excesso sob forma de radiação. A
folhinhas colocadas uma ao lado da um sistema que esteja seguindo sua partir do seu decaimento, cada nú-
outra, boiando num rio. Caso este trajetória (ou sua história) normal- cleo volta ao seu estado normal, não
rio siga um fluxo bem comportado, mente, sob a influência do ambiente excitado, e permanece assim (a
sem turbulências, as duas folhinhas em que se encontra. Durante esta menos que seja artificialmente ex-
vão permanecer por muito tempo evolução, podem acontecer peque- citado novamente no futuro, mas
vamos ignorar aqui esta possibilida- pequena. O perigo ocorre no início nosso exemplo se torna inofensiva de-
de). Obviamente, o número inicial do processo, quando ainda há um pois de aproximadamente um minuto.
de núcleos excitados vai diminuir número grande de núcleos decain- Vida média
sempre, até que não exista mais do quase simultaneamente. O cálculo da vida média pode ser
nenhum na amostra que se torna, feito de forma mais precisa, toman-
então, inofensiva. A pergunta que do-se intervalos de tempo menores
se deve responder é quanto tempo que um minuto. Pode-se, por exem-
demora este processo, depois de plo, considerar que uma fração de
quanto tempo esta amostra já pode 3,8% dos núcleos ainda radioativos
ser considerada inofensiva. decaem a cada segundo (esta é a
Núcleos excitados mesma taxa de 90% a cada minuto,
Para responder esta pergunta, como se pode verificar dividindo o
vamos supor que cada núcleo de- expoente de Lyapunov = 2,3 por
caia instantaneamente, emitindo sua 60). Assim, um total de 380.000 nú-
cleos contribuem com vida radioati-
radiação toda de uma vez, porém
va de um segundo para a média,
num instante completamente alea-
outros 365.560 com dois segundos,
tório. Assim, durante um certo in-
e assim por diante. Realizando este
tervalo de tempo, digamos um mi- Um conceito importante é o de
cálculo mais trabalhoso, a vida mé-
nuto, uma fração fixa dos núcleos vida média da radiação. Durante o dia é então de 26 segundos, ou =
ainda excitados decai. Se esta fra- primeiro minuto, um total de 0,43 minuto, valor mais preciso que
ção for de 90%, por exemplo, dos 9.000.000 núcleos emitiram suas a estimativa anterior, prudente, de
N0 = 10.000.000 núcleos inicialmen- radiações, correspondendo a 90% um minuto. Diferentes materiais ra-
te excitados, apenas N1 = 1.000.000 do número inicial. A vida radioativa dioativos apresentam diferentes va-
restarão depois de decorrido um mi- de cada um deles foi algum valor lores de vida média. Para o 82Rb
nuto. Destes, apenas N2 = 100.000 menor que um minuto, perto de zero (rubídio 82), por exemplo, temos
ainda não terão decaído após dois para alguns, perto de um minuto para = 1,80 minutos, enquanto para o
minutos, e assim por diante. De outros. Por prudência, vamos con- 137
Cs (césio 137), = 43 anos. Da-
maneira geral, depois de t minutos a siderar a pior das hipóteses em que das estas cifras, pode-se compre-
amostra terá ainda N = N0 10 t = todos os 9.000.000 núcleos teriam ender porque o acidente com 137Cs
N0 e2,3 t núcleos a decair no futuro. sobrevivido excitados exatamente ocorrido em Goiânia teve tanta re-
A forma matemática geral é a mes- um minuto, todos eles contribuindo percussão, enquanto ninguém ouviu
ma que apareceu na equação para portanto com um minuto para a vida falar de problemas envolvendo a ra-
x, com a única diferença que o média total. Durante o segundo mi- dioatividade do 82Rb.
expoente de Lyapunov é negativo nuto, outros 900.000 núcleos decaí- Tempo característico
para um sistema regular, não caóti- ram, correspondendo novamente a O leitor poderá verificar (e de-
co. No nosso exemplo de amostra 90% dos que sobreviveram ao pri- monstrar) que a vida média = 0,43
radioativa, temos = 2,3. meiro minuto. Suas vidas radioati- minuto do nosso exemplo é exata-
Perigo no início vas duraram entre um e dois minu- mente o inverso do módulo do ex-
A figura 2 mostra o gráfico do tos, cada um. Ainda por prudência, poente de Lyapunov = 2,3 que
número de núcleos radioativos res- consideremos dois minutos a con- aparece na figura. Em geral, a rela-
tantes como função do tempo me- tribuição de todos estes para a vida ção = 1/|| define o tempo carac-
terístico do sistema em estudo, re-
dido em minutos, no nosso exemplo. média. Seguindo o mesmo raciocí-
lacionado com o seu expoente de
Depois de decorridos aproximada- nio, outros 90.000 núcleos contribu-
Lyapunov . Para sistemas regula-
mente uns sete minutos (aproxima- em com três minutos para a média,
res, com negativo, este é o tempo
damente, porque nunca se tem cer- e assim por diante. O cálculo desta necessário para que a normalidade
teza de quando exatamente ocorre vida média então é simples: seja restabelecida, o chamado tem-
cada decaimento), já não restará 9.000.000 x 1 900.000 x 2 90.000 po transiente, depois que algum aci-
nenhum núcleo ainda excitado. Na x 3 ... dividido pelo total dente de percurso desviou ligeira-
verdade, a amostra já pode ser con- 10.000.000. O resultado é um pou- mente o sistema de sua evolução
siderada inofensiva bem antes dis- co maior do que um minuto, dentro normal. Já para sistemas caóticos,
to, uma vez que a radiação emitida desta hipótese prudente, o que sig- com positivo, este é o tempo de
por cada núcleo individualmente é nifica que a amostra radioativa de espera até que o sistema se desvie
completamente da sua trajetória ori-
ginal, tomando então outro rumo dis-
tinto, também após um pequeno aci-
dente contingencial ocorrido duran-
te o percurso.
Valor finito
O que importa, no entanto, não é
o particular valor deste tempo ca-
racterístico , mas sim a sua exis- Com uma simples vassoura po- equilíbrio, não é difícil concluir que
tência, o fato de ser um valor finito. demos demonstrar uma proprieda- este ponto é o centro de gravidade
Caso o cálculo acima resultasse de bastante interessante, que per- da vassoura!!!
numa vida média infinita, o proble- mite aplicar os conhecimentos so- Esta é portanto uma maneira sim-
ma da radioatividade seria ainda
bre a força de atrito e a estática do ples e interessante de determinar o
muito mais sério do que já é. Feliz-
corpo rígido, além de ilustrar o iní- centro de gravidade de um objeto
mente, a Natureza escolheu a for-
cio de uma discussão em sala sobre extenso. O curioso é que quaisquer
ma matemática exponencial para o
decaimento radioativo, com um va- o centro de gravidade (C.G.). que sejam as posições iniciais dos
lor finito da vida média. Tanto siste- Equilibre a vassoura com seus seus dedos e qualquer que seja o
mas regulares quanto caóticos apre- dois dedos indicadores nas extremi- dedo que é forçado a se mover, é
sentam memória de curto prazo. Em dades do cabo, como mostra a figu- como se a vassoura é quem deci-
ambos, os efeitos de um pequeno ra 1 (as setas indicam as posições disse por sobre qual dedo deslizar,
acidente de percurso ficam "esque- aproximadas dos dedos). de forma a manter o equilíbrio.
cidos'' depois de decorrido um tem- A razão para isso está nas con-
po da ordem de , um tempo dições de equilíbrio de um corpo rí-
transiente finito. No caso de um sis- gido. Considere as forças que agem
tema regular, isto ocorre porque de- sobre a vassoura. Além do peso P
pois deste tempo tudo volta ao nor- que age no centro de gravidade,
mal: não se pode mais saber se hou- duas forças verticais F 1 e F 2
ve ou não qualquer acidente, o que exercidas pelos seus dedos equili-
caracteriza a perda de memória. No bram a vassoura, como mostra a fi-
caso do sistema caótico, porque de- Agora vá aproximando os dedos gura 2.
pois deste tempo o sistema já se bem lentamente um do outro. Você
desviou completamente da trajetó- notará que a vassoura não neces-
ria (ou da história) original que vi- sariamente desliza por sobre ambos
nha seguindo antes do acidente: não os dedos. Às vezes é por sobre o
se pode saber em que situação se seu dedo da mão esquerda que ela
encontrava na época do acidente, e desliza, enquanto o dedo da mão di-
portanto também ocorre a perda de reita permanece solidário à vassou-
memória. Vale lembrar que o tem- ra; às vezes é ao contrário. Mesmo
po característico do sistema, por que você esteja forçando apenas um
depender do inverso do expoente de
dos seus dedos a se mover, ora a As somas das forças e de seus
Lyapunov, assume valores finitos
vassoura desliza por sobre um, ora momentos (ou torques) devem ser
quando este também é finito. O que
ocorreria se o expoente fosse por sobre o outro. E mais: se as mãos nulas, isto é:
nulo? Isso implicaria em termos um forem movidas suavemente, quan- F1 + F2 = P e F1 X1 = F2 X2 (mo-
tempo característico infinito, ou seja, do os dedos se tocarem a vassoura mentos em relação ao C.G.).
um sistema que jamais perderia sua ainda estará em equilíbrio. Assinale Portanto, as forças F1 e F2 de-
memória. Nesse caso não classifi- no cabo de vassoura o ponto em que pendem do peso da vassoura e das
camos os sistemas nem como regu- os dedos se encontraram. Repita o distâncias X1 e X2 (se X1 > X2 en-
lares nem como caóticos. Esses são processo com os dedos em diferen- tão F2 > F1 e vice-versa).
denominados sistemas complexos, tes posições iniciais. Você notará Ao aproximarmos as mãos, a
mas sobre isso falaremos no próxi- que o ponto de encontro é sempre o vassoura desliza por sobre um dos
mo número. Paulo Murilo Oliveira mesmo. Uma vez que após o en- dedos: aquele para o qual a força
(pmco@if.uff.br) contro dos dedos a vassoura está em horizontal exercida sobre o cabo su-
perar a força de atrito máxima en- BOAS RAZÕES PARA SE ENSINAR ALGUMAS NOÇÕES DE
tre o dedo e a vassoura. Sabemos EQUILÍBRIO ESTÁTICO ANTES DAS LEIS DE NEWTON
que as forças de atrito máximas
F1max e F2max dependem das forças
de sustentação F1, F2 e do coefici-
ente de atrito m, segundo as expres- A maior parte dos livros de Física para o ensino médio apre-
sões: F1max = F1 e F2max = F2. senta a Estática da Partícula juntamente com a primeira e a
Assim, se X1 > X2 então F2 > F1
terceira leis de Newton (ou então como um "capítulo ao final
e conseqüentemente F2max > F1max.
Ora, ao empurrarmos os dedos len- do livro", depois de estudada a Dinâmica). Nós optamos por
tamente, uma força horizontal esta- uma seqüência diferente, desenvolvendo esse assunto antes
rá sendo feita por ambos os dedos dessas duas leis (e, portanto, sem referências nem o apoio te-
sobre a vassoura. Como nesse caso órico delas). Imaginamos ter boas razões para tal procedi-
a força de atrito máxima em X1 é mento. Elas estão aqui apresentadas e colocadas em discussão.
menor do que em X2 , a vassoura
O
deslizará pelo dedo em X1. O con- Razões históricas Razões pedagógicas
trário ocorre quando X1 < X2. Em desenvolvimento da Está- Em primeiro lugar, considera-
outras palavras: as próprias forças tica antecedeu em muito o mos que a introdução dos concei-
de atrito envolvidas selecionam o século XVII. Ela teve origem al- tos da Álgebra Vetorial necessári-
dedo por sobre o qual a vassoura guns séculos antes de Cristo, pro- os para nossos alunos são mais fa-
vai deslizar, de forma a que eles sem- vavelmente com Arquimedes. O cilmente compreendidos se apre-
pre se encontrem no centro de gra- desconhecimento das leis de sentados através das forças e não
vidade. Newton - fundamentais, sem som- através das grandezas cinemáticas
Repita a experiência com outros (esse é inclusive um dos motivos
bra de dúvida, para a compreen-
objetos. Isso funciona também em pelos quais não fazemos a abor-
são da Dinâmica - não impediu,
duas dimensões. Experimente, por dagem vetorial da cinemática na
exemplo, apoiar uma bandeja por portanto, que o Homem construís-
se as bases teóricas - e, principal- primeira unidade do livro).
três dedos. Vá aproximando os de- Em segundo lugar, porque as
dos bem lentamente um do outro e mente, práticas - da Estática. Vale
lembrar que a grande “sacada” da pesquisas desenvolvidas em todas
veja o que acontece!! Mauro San-
1a lei de Newton foi mostrar a equi- as partes do Mundo, com alunos
tos Ferreira (mauro@if.uff.br)
de todas as faixas etárias, têm evi-
valência entre o repouso e o movi-
denciado que eles são, na melhor
Seja assinante do mento uniforme: a “novidade” que
das hipóteses, medievais (quando
ele apresenta com a sua 1a lei não
não aristotélicos), no que se refere
diz respeito ao fato de que as for-
à relação força x movimento. Para
ças que agem sobre um corpo em
eles, se um corpo está em movi-
repouso têm resultante nula, mas
mento, deve existir uma força agin-
sim ao fato de que o movimento do na direção desse movimento
uniforme é também um estado de (eles a chamam de impulso, de for-
equilíbrio. Portanto, ele não estava ça inicial etc.). Por outro lado, afir-
negando a idéia intuitiva de que um mam categoricamente que, se um
corpo parado está em equilíbrio corpo está submetido a forças que
(R = 0), mas sim o que o senso se anulam, ele está certamente pa-
comum parece indicar: para um rado. Essas pesquisas mostram,
corpo estar em movimento (qual- portanto, que nossos alunos já tra-
quer que seja esse movimento) deve zem, para a sala de aula, um “prin-
haver uma força desequilibrada cípio intuitivo de equilíbrio estáti-
agindo sobre ele. E, convenhamos, co” (e que pode ser verificado ex-
essa é uma questão muito mais pro- perimentalmente com extrema fa-
pícia para ser discutida no âmbito cilidade); o que eles não aceitam,
da Dinâmica do que da Estática. e têm uma enorme dificuldade para
compreender, é que isso seja ver- Não estaremos, mais uma vez, cris- decompomos as forças nos eixos
dadeiro também para o movimen- talizando e reforçando essas idéi- mais convenientes, etc eetce daí
to retilíneo e uniforme. Inércia, para as, ao discutir no mesmo momento obtemos os módulos de N e T(su-
eles, é estar parado. Parece-nos, a 1a e a 3a leis, e aplicando-as so- pondo que o peso do carrinho te-
então, que discutir a primeira lei em mente a situações de equilíbrio? nha sido dado).
um capítulo dedicado a Estática só Alguém poderia, nessa altura, Não é assim que fazemos? E em
ajuda a cristalizar essa concepção. nos colocar uma pergunta pertur- que momento dessa explicação foi
Por outro lado, a análise dos re- badora: preciso utilizar as referidas duas leis
sultados das provas vestibulares “- Mas como posso, por exem- de Newton?
deixam claro o quanto os nossos plo, fazer o isolamento de um Poder-se-ia ainda argumentar
alunos confundem forças direta- corpo (etapa no 1 da solução de que, para que o aluno compre-
mente opostas que se equilibram um problema de Estática) e de- enda como “aparecem” as forças
(de acordo com a 1a lei) com for- terminar o valor das forças que norma e de tração, ele precisaria
ças diretamente opostas que for- agem sobre o corpo (etapa final da terceira lei. Achamos que não,
mam um par ação/reação (de acor- do problema) sem falar da 1a e pois isso surge de um modo qua-
do com a 3a lei). A figura abaixo da 3a leis de Newton?” se intuitivo, se buscarmos o au-
mostra um caso típico: quem de Vamos mostrar como isso é pos- xílio de uma analogia com as for-
nós não presenciou, muitas e mui- sível a partir de uma situação con- ças elásticas.
tas vezes, alunos responderem que creta, como a esquematizada na fi- Considere duas pequenas es-
o peso e a normal, que equilibram gura (1) abaixo. Ao isolar o cor- feras ligadas por uma mola muito
um corpo apoiado sobre uma po, ao mesmo tempo em que va- dura, como ilustra a figura (3)
mesa, formam um par de ação/re- mos desenhando no quadro a figu- abaixo. Se tentarmos aproximar
ação? ra (2), podemos "mapear" jun- as esferas, a mola atuará em sen-
to com os tido contrário,dificultando sua
alunos
aproximação; por outro lado, se
quais as
tentarmos afastá-las, a mola agi-
forças envol-
rá no sentido de dificultar seu
vidas e discutir
afastamento.
suas origens:
Figura (1)
Outra confusão muito comum, P - força peso,
na interpretação da 3a lei, é imagi- exercida pela N
nar que ela só vale em situações Terra;
T
de equilíbrio. Observe um exem- T - força de Figura (3)
plo concreto que ilustra essa con- tração, exer- Figura
cepção: quantos alunos não dirão, cida
pelo fio; (2) A figura (4) mostra como po-
na situação da figura abaixo, que a N- força normal P deríamos estender esse arranjo
força exercida pelo caminhão so- de apoio, exercida para o espaço tridimensional.
bre o reboque é maior que a do pela superfície. Observe-se que, mesmo haven-
reboque sobre o caminhão, se eles Construído o diagrama de forças, do muito espaço vazio entre as
estiverem acelerados? aplicamos então a condição R= 0, esferas, as forças exercidas pelas
a
Figura (4)
molas impedem a ocupação des- Júlia: Também gosto de mecânica
ses espaços vazios. pelas mesmas razões do Rafael.
Fernando: Prefiro termologia e acho
(Um parêntese: esse modo de ótimo ler sobre física moderna.
apresentar "como funcionam" as
F: O Centro Educacional de Niterói
forças normal e de tração traz, a adota a coleção Física para o 2o
nosso ver, a vantagem de poder- grau. O que vocês acham da cole-
O Folhetim deixa de lado o discur-
mos iniciar uma discussão sobre ção?
so dos mestres para dar voz e vez a Rafael: Gosto muito. Mesmo lendo
as forças de natureza elétrica. 3 adolescentes, todos com 16 anos.
Microscopicamente, elas são as sozinho dá pra entender. É de fácil
Júlia Penna dos Santos, Fernando compreensão.
responsáveis pelas “forças de Assis Garcia e Rafael Bacellar Lima Júlia: Eu gosto, mas preciso do pro-
contato”, e conhecê-las é funda- são alunos da 2a série do 2o grau fessor pra explicar.
mental para que se compreenda, do Centro Educacional de Niterói. Fernando: O livro de história, por
Júlia detesta ficar em casa sem fa- exemplo, tenta ter a mesma postura
entre outras coisas, como pode zer nada e se amarra numa praia. dos livros da coleção de física. Mas,
um corpo sólido ser “duro”, uma Fernando e Rafael têm em comum o livro do Marcelo e do Luiz extrapola.
vez que há mais “espaço vazio” o prazer de jogar RPG, ler e dis- O livro de física tem um vocabulário
no átomo do que propriamente cutir “coisas”. Vamos ver o que eles legal. O de história tem um vocabu-
“matéria”. A esse respeito, suge- pensam quando o assunto está den- lário idiota.
rimos uma análise das seções tro da sala de aula. Na berlinda, o F: Vocês acham que os professo-
professor. res são responsáveis pelo fato dos
dedicadas ao estudo dos “meca-
Folhetim: O Folhetim é um jornal alunos gostarem ou detestarem
nismos” das forças normal, atri-
dirigido “pra galera da física”. A determinadas matérias?
to, tração etc, no capítulo 8 do Júlia: Sim. A maneira de você pas-
relação de vocês com essa matéria
volume de Mecânica, bem como é de amor ou de ódio? sar a matéria faz com que o aluno se
das seções que tratam das carac- (risos)... interesse ou não. Têm matérias que
terísticas microscópicas das fases Rafael: Sou bom aluno. Preciso da são um saco, mas os professores pas-
matéria porque vou fazer medicina. sam de uma maneira legal. Antes eu
da matéria, no capítulo 4 do vo- não curtia matemática, hoje curto por
Júlia: Medicina não precisa de físi-
lume de Termologia e Óptica da ca. causa do professor.
coleção Física para o 2o Grau). Rafael: Já que eu estou estudando Fernando: Acho português um saco,
Finalizando: é claro que, ao ar- física, procuro fazer bem. Em mate- mas o professor consegue passar me-
mática gosto de álgebra, é bom. lhor a matéria.
gumentar que uma corda, ao ser
Júlia: Minha relação com a física está Rafael: Eu passei a gostar de geo-
esticada, exerce “de volta” uma grafia por causa do professor. Eu já
melhorando. Do ano passado pra este
força, puxando aquilo que a esti- ano, melhorou. Acho a física com- tive professores que me detestavam.
ca (assim como ocorre no siste- plexa. É preciso muita sensibilidade F: Qual a relação de vocês com os
ma de esferas ligadas por molas), para mexer com a matéria. A pessoa professores de física?
estamos tratando de uma situa- precisa ser muito intuitiva. Eu tam- Júlia: A minha é boa.
bém vou fazer medicina Fernando: A minha também, sai do
ção na qual está presente o prin- Fernando: Pretendo ser físico e es- espaço escolar.
cípio de ação/reação. Mas será tudo a matéria porque gosto. Ouço Rafael: É muito boa. Todos os pro-
que, só por isso, devemos desen- os professores comentarem que não fessores de física que eu conheci são
volver o estudo da 3a lei nesse existe muito espaço para a pesquisa gente boa. Gosto muito da maneira
momento, arriscando-nos aos em física. Me preocupa a questão de como o Mauro ensina. Ele passa bem
emprego nessa área. a matéria.
“perigos” que comentamos ante- Rafael: Se você não fizer física, qual
riormente? Achamos que seria é a sua 2a opção? F: No capítulo 9 do livro de mecâ-
melhor deixar isso como uma “se- Fernando: Talvez seja economia. nica, sob o título Evolução das Idéi-
as, tem a seguinte frase, do Isaac
mente” para uma futura discus- F: Existe alguma parte no estudo Newton: “Se pude ver mais longe
são, mais completa, sobre a lei da física que desperte uma aten- foi porque me apoiei nos ombros
da ação/reação. ção especial em vocês? de gigantes”. Qual o ensinamento
Rafael: Eu gosto de mecânica. Tem que vocês tiram dessa frase?
a parte intuitiva, mas você consegue Fernando: Ainda não chegamos no
Luiz Alberto Guimarães e perceber porque tem muito no dia-a- capítulo 9, mas já temos uma idéia
Marcelo Fonte Boa dia. Também gosto de mecânica por do que se trata. A frase transmite a
(f2g@cen.g12.br) causa da astronomia. idéia básica que o homem não é só o
momento. Ele é toda a sua história. ficara preocupada com as reve-
Tudo o que está atrás da gente deve lações do Mauro. Pois é, nunca
ser levado em conta na hora de agir- se sabe! Com toda essa confusão
mos. em Brasília....! Outra versão, essa
Júlia: A idéia que me passa é que para mais maledicente, anda dizendo
chegar às idéias atualizadas você deve que é isso mesmo, e que aquilo
buscar algo no passado. Olá Mauro, Luiz, Marcelo que o Mauro diz não se escreve!
Rafael: Lembra a Alegoria da Caver- Vocês sempre inovando e incenti- Daí não ter saído a transcrição
na. Porque fala do homem que está vando professores e alunos. Pa- da entrevista. Vejam só até onde
na escuridão e vê a luz do lado de rabéns pelo Folhetim, li todas as vai a língua dessa gente!
fora, que é o conhecimento. Ele vol- edições e achei super legal. Gos- De qualquer forma, vocês fica-
ta para dentro da caverna para mos- taria de continuar recebendo os ram devendo essa. E, assim, terei
trar que tem luz lá fora. próximos. Gostaria também de que esperar o recebimento, pelo
F: Os professores levam em con- sugerir que vocês tentassem cri- correio, de meu exemplar impres-
sideração as opiniões de vocês? ar uma simulação com o conteú- so do Folhetim de maio para, fi-
Fernando: A proposta desta escola é do de óptica, porque realmente é nalmente, ficar sabendo das coi-
assim. muito sem graça trabalhar um sas que conta o Prof. Mauro.
Júlia: É o que o Fernando disse. tema tão importante e tão experi- Com um grande abraço a todos,
Rafael: Nem todos os professores mental sem auxílio de laborató- José Leonardo
levam em consideração. Mas, em rio. leonardo@nitnet.com.br
contrapartida, existem professores Beijos
que dão muitas oportunidades. ***
Andreia Nogueira Jovens!
F: Qual o maior mico que um pro- dedeia@if.uff.br
fessor pode pagar em sala de aula? Recebi os três primeiros números
Júlia: Eu não sei se é mico... mas é *** do Folhetim e encontrei muito
um professor de português falar co- Valeu a iniciativa!!! Continuem daquilo pelo qual brigo há tem-
metendo erros de português. sempre inovando! pos: contextualização, coisas da
Rafael: Quando um professor fica di- Alex Regis dos Santos vida, Física em Ação. Mutcho
vagando sobre suas questões pesso- Salvador - BA Boon Mêssm! Continuem, acele-
ais. rem, transformem este Jornal no
*** NY Times do pensamento físico
Fernando: É quando um professor não Acredito que, obviamente, este
admite que também pode errar. aplicado (IIHH!). Enviem todos os
ramo do conhecimento (a Física) números, sempre; é um comple-
é de fundamental importância mento perfeito ao livro.
para a autonomia tecnológica de Radamanto Nascimento
qualquer país. Já sou engenhei- Petrópolis - RJ
ro (químico) e pretendo graduar-
me em Física e avançar em estu-
dos a nível de pós-gradução na
área nuclear. Seu material (FO- José Leonardo,
LHETIM) pareceu-me muito inte- Pedimos desculpas pela nossa
ressante e, como tenho filhas em falha técnica. Apesar de ser ver-
idade escolar, desejaria recebê- dade "que aquilo que o Mauro
“
lo para fins de leitura minha e diz não se escreve!", tivemos a
delas. coragem de publicar (o compu-
Fujo, tanto quanto possí- tador é que recusou-se a divul-
Marcelo Fontoura da Silva
vel, do formalismo matemático... gar suas idéias. Desconfiamos
Rio de Janeiro - RJ
Cada dia mais. Não por teimo- que esse computador foi forma-
sia idiota. Por convicção. Escla- *** do na época da DITAdura!?!?!).
reço: não sou contra a matemá- Oi pessoal, De qualquer forma, obrigado
tica na Física. Seria tão imbecil pelo alerta.
como ser contra o tear mecâni- Ao tentar "baixar" a entrevista do Um abraço,
Mauro no último número do Fo- Equipe do Folhetim
co na tecelagem. Conheço bas-
lhetim fui surpreendido pelo avi-
tante a Física para saber que o so: P.S.: Quando teremos o prazer
formalismo matemático é uma HTTP/1.0 404 Objeto não encon- de publicar o vosso primeiro ar-
linguagem, uma ferramenta in- trado tigo (aquele que Luiz lhe pediu)?
“
dispensável. Mas cujo domínio
deve suceder, e não anteceder, a
Caramba!!! falei. Será que sumi-
ram com o Mauro? Seria ele o tal
E o segundo? E o ...
. O problema apontado pelo José
percepção. Objeto não encontrado? Ou tal- Leonardo já foi resolvido e a su-
Pierre Lucie vez fosse a volta da censura que gestão da Andreia anotada.
"Ensina-se Física omitindo-se mas sim como um elemento de par- bém é interessante reaplicar estas
seu processo de construção, des- ticipação efetiva no processo de mesmas questões ao final do cur-
vinculada do contexto histórico, aprendizagem. so, e medir o quanto o ensino for-
social e filosófico. As leis de Foi com essa visão que utiliza- mal foi capaz de modificar essas
Newton, por exemplo: são apre- mos nos livros, em vários momen- concepções.
sentadas como se sempre tives- tos, trechos da história do progres- Questões Exploratórias
sem existido; nenhuma - ou mui- so do conhecimento humano e da Estas questões têm como obje-
to pouca, e às vezes errada - re- evolução de conceitos importantes tivo provocar em você uma refle-
ferência ao que veio antes e ao para a Física. Em particular, que- xão prévia sobre o assunto que irá
que vem depois, no quadro dinâ- remos aqui destacar o capítulo 9 estudar. Não serão usadas para
mico da busca incessante do do volume de Mecânica. Nele, uti- avaliação, de modo que você não
Homem para compreender a lizamos como fio condutor as prin- precisa se preocupar com erros ou
Natureza". cipais linhas da evolução do pen- acertos, mesmo porque terá a
Escrevi estas palavras há alguns samento humano sobre a relação oportunidade de refazê-las quan-
anos, em minha tese de mestrado força/movimento, e procuramos do terminar a atividade. É impor-
em Educação (modalidade Ensino enfatizar conceitualmente - antes de tante, porém, que você as respon-
de Física). Também está lá um pa- uma abordagem mais formal - a da individualmente e com a máxi-
rágrafo de Garcia e Piaget, extraí- grande revolução ocorrida na Físi- ma seriedade, utilizando as idéias
do do livro Psicogênese e História ca no século XVII. que tem agora sobre o assunto.
da Ciência: É interessante observar que nos-
"(A questão do movimento é) sos alunos, em sua grande maioria,
um tema cujo desenvolvimento trazem como pré-conceitos sobre
se mantém, até o começo da ida- a relação força/movimento idéias
de Moderna, suficientemente muito semelhantes às da teoria do
próximo do pensamento pré ci- ímpeto. Assim, tem sido muito in-
entífico da criança ou do adoles- teressante, gratificante e positivo o
cente, quando estes procuram trabalho com esse capítulo (não
explicar os mesmos fenômenos, deixe de ler o depoimento do pro-
para que possamos pôr em evi- fessor Webster, de Brasília, na se- 01) Juquinha impulsiona um carri-
dência um notável paralelismo ção Palanquim). Ao mesmo tem- nho sobre uma mesa horizontal, de
no conteúdo mesmo das noções po em que utilizamos elementos da A até P (veja a figura). Se fosse
que entram em jogo em um e história da Física, aproveitamos possível eliminar todos os atritos e
outro caso". para aplicar a técnica - já apresen- resistências, o que aconteceria com
Vejo que são idéias atuais. É tada no número 2 do Folhetim - de o carrinho no seu movimento so-
cada vez maior o número de pes- explorar as idéias prévias de nos- bre a mesa, depois de perder o
quisadores e professores que re- sos alunos. Transcrevemos a seguir contato com a mão de Juquinha?
conhecem a importância da histó- um conjunto de "questões explo- A) Atingiria o final da mesa com
ria da evolução do conhecimento ratórias" (as tais a que o professor uma velocidade maior do que aque-
como elemento que deve partici- Webster se refere), que podem ser la com que saiu da mão de
par ativamente no processo de utilizadas antes de se iniciar o tra- Juquinha.
aquisição, por parte dos alunos, balho formal com o capítulo 9. Su- B) Atingiria o final da mesa com
deste conhecimento. A tendência gerimos que, depois de aplicá-las, uma velocidade menor do que
mais recente sugere que, tanto nos você faça um levantamento das res- aquela com que saiu da mão de
livros didáticos como no trabalho postas dos seus alunos e posicione Juquinha.
em sala, os tópicos a ela relativos a turma "historicamente" (ou seja, C) Atingiria o final da mesa com
não sejam tratados como "simples em que momento do passado es- a mesma velocidade que saiu da
curiosidade", "leitura suplementar" tão situadas as concepções espon- mão de Juquinha.
ou "adendo de fim de capítulo", tâneas que eles explicitaram). Tam- Justifique sua resposta.
02) Utilizando pequenas setas, A) P = FS e FP = RAR sistência do ar, use as opções a
complete o diagrama abaixo com B) P = FS e FP > RAR seguir para responder aos itens
as forças que, a seu ver, atuam so- C) P > FS e FP > RAR propostos:
bre o carrinho da questão anterior, D) P = FS e FP < RAR
em algum ponto da mesa depois do E) P > FS e FP = RAR
ponto P, onde ele perdeu o conta- F) Outra (escreva qual):
to com a mão de Juquinha. Atri- 05) Uma pequena caixa está para-
bua uma letra para cada uma delas da no chão. Marcelo então dá um
e escreva, ao lado, quem exerce chute na caixa. Ela se move por um
cada uma dessas forças. Lembre- certo tempo e logo depois pára. a) Qual delas representa a(s)
se que estamos considerando que a) Represente, através de pe- força(s) que age(m) na bola A?
todos os atritos e resistências fo- quenas setas, as forças que, a seu b) Qual delas representa a(s)
ram eliminados: ver, agem na caixa em cada um dos força(s) que age(m) na bola B?
instantes representados: c) Qual delas representa a(s)
força(s) que age(m) na bola C?
07) Uma pedra bem pesada é lar-
gada do alto de um prédio. Na fi-
gura abaixo representamos dois
03) Um avião está voando horizon- pontos, A e B, de sua queda. As-
talmente em linha reta. As forças sinale a opção que julga correta
que atuam sobre ele são: para as seguintes perguntas:
- seu peso (para baixo);
- a sustentação (para cima);
- a força de propulsão (para fren-
te);
- a resistência do ar (para trás).