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Em pleno outono, frio rigoroso

no Sul do país. As sensações tér-


micas estão na ordem do dia.
Recentemente, na Áustria, 32
pessoas morreram por avalan-
ches. O que aconteceu com essas
pessoas? Estudos da Termologia,
aplicados ao corpo humano, ga-
rantem que primeiro elas fica-
ram com as pupilas dilatadas. A
dificuldade de respirar foi au-
mentando. O coração deve ter
começado a bater fora do ritmo.
Depois, calafrios, rigidez muscu-
lar e perda da consciência. Com
a obstrução da circulação perifé-
rica, provavelmente ocorreu a
ulceração pelo frio, o que teria
feito as pessoas perderem peda-
ços da orelha e dedos dos pés e
das mãos. A morte por hipotermia
deu-se entre 16oC e 21oC. A pre-
visão é de que o frio pode aumen-
tar no inverno - Página 2

Em entrevista exclusiva ao Folhe-


tim, o professor Mauro explica até
O Pachecão pediu a palavra e inau- como ganhar dinheiro no sistema fi-
O Folhetim ensina a construir
gurou a nova seção Palanquim, nanceiro - Página 7
uma geringonça para você sen-
mais um espaço aberto para a “ga-
tir a diferença de pressão quan-
lera da física” - Página 8
do está naqueles dias. Com o
aparelhinho, é só soprar e falar
O “dono do mundo”, Bill Clinton, 33. Se sairem muitas bolhas, a
lançou um satélite militar. Só falta diferença de pressão está alta,
Cuba lançar - Página 10 o que pode ser resolvido com
Na prática, a teoria é a mesma: um diurético, ou seja, uma cer-
quando um corpo cede, o outro re- vejinha estupidamente gelada.
Este Folhetim está parecendo jornal
cebe. Você vai decidir como a gen- de médico. Mas vale a pena conferir
Se não sairem bolhas, procure
te pode representar melhor esse a receita oftalmo-física do professor um dotô, porque você deve es-
troca-troca caloroso - Página 8 Eden Costa - Página 11 tar enguiçado - Página 6
O
que nos faz perceber a 13oC. Já em ambientes úmidos (den-
O mês de maio foi repleto de temperatura externa - em tro da água, por exemplo) esses li-
bons acontecimentos. Primeira- gradações que vão do "frio mites são muito menores: as nossas
mente, porque continuamos rece- congelante" ao "quente escaldante" células são capazes de suportar
bendo várias cartas e e-mails com - são basicamente três tipos de re- temperaturas de no máximo 45oC e,
elogios, não só pela qualidade, ceptores (fibras nervosas) que se en- no mínimo, 15oC (esses valores re-
mas também pela lacuna que o
contram espalhados por toda a su- ferem-se à média dos indivíduos. A
Folhetim veio preencher. Além dis-
perfície corporal: os receptores do figura (2) mostra, para testes reali-
so, muitos professores nos disse-
ram que estão utilizando, em sala, frio, do quente e os receptores da zados com muitas pessoas, a curva
os artigos e as propostas de ati- dor. Esses receptores transmitem as da distribuição da temperatura
vidades já publicadas. Valeu, ga- informações para o cérebro, provo- cutânea mínima que causa dor).
lera! Esse é justamente o nosso cando sensações que vão do agra- A 45oC tem início o chamado ci-
maior objetivo com o jornal! dável (pense num banho morno no clo da histamina, isto é, o primeiro
Queremos também destacar inverno, ou num mergulho na praia, estágio da queimadura e o início do
nossa ida a Brasília, onde visita- no verão) ao desconforto, podendo mecanismo da dor. É por isso que
mos e fizemos contato com pro- chegar à dor (já encostou o dedo você não consegue manter por mais
fessores e alunos de cerca de 20 num ferro quente?). do que alguns segundos sua mão
escolas. Pudemos constatar a
grande aceitação de nossa pro-
posta para o ensino de Física, ao frio congelante
mesmo tempo em que verificamos rec. do calor frio
impulsos por segundo

10
a efervescência em que Brasília rec. do frio
8 fresco
se encontra, face às mudanças
rec. da dor indiferente
que estão sendo implementadas 6
no sistema de avaliação para o 4 morno
ingresso na UnB. Como ocorre quente
2 rec. da dor
com toda mudança, pudemos ob-
quente escaldante
servar que essa também está tra- 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
zendo, nesses primeiros anos de temperatura (oC)
aplicação, uma certa carga de
ansiedade e insegurança (além, Figura (1)
é claro, de muitos aspectos posi- A figura (1) mostra a inten-
tivos). No entanto, temos certeza sidade com que os três tipos
de receptores - do frio, do
número de indivíduos

que, ao longo do tempo e com as


sugestões que estão surgindo, o quente e da dor - respondem à
processo irá encontrar o equilí- temperatura externa.
brio necessário para que as pes- Observe que os receptores da
soas possam desenvolver seu tra- dor são acionados nos extre-
balho com tranqüilidade. mos do "frio congelante" e do
Tivemos também a oportunida- "quente escaldante"; por isso 43 44 45 46 47
de de receber, de alguns profes- acabam fazendo com que não temperatura (oC)
sores, sugestões que certamente possamos distingui-los, pois
irão colaborar para o aprimora- Figura (2)
ambos - frio e quente exagerados -
mento, na próxima edição, da
coleção "Física para o 2º grau", provocam a mesma sensação dolo- dentro de uma vasilha com água a
publicada pela editora Harbra. rosa. 50oC, por exemplo. Do mesmo
De imediato, queremos apresen- Em ambientes secos, uma pes- modo, você não conseguirá demo-
tar duas dessas sugestões. Veja as soa nua (e, portanto, em contato di- rar-se num banho de rio ou de mar
seções FALHA NOSSA (pág. 5) e reto com o ambiente) pode suportar se a temperatura for inferior a 15oC.
VOCÊ DECIDE (pág. 8). temperaturas que vão de 70oC até Pessoas expostas a água gelada du-
rante 20 a 30 minutos podem mor- entre 36,7oC e 37oC (quando medi- organismo. Considera-se hipotermia
rer por parada cardíaca; em expe- da na boca). No entanto, ela pode moderada temperaturas entre 35oC e
dições a lugares ainda mais frios - sofrer variações, dependendo da ati- 32oC. Nesta faixa, já ocorre compro-
como por exemplo ao Himalaia ou à vidade física, do estado emocional metimento do metabolismo. A
Antártica - é possível que pessoas não e da temperatura ambiente, como hipotermia é considerada média em
protegidas devidamente "percam" par- mostra a figura (3). O próprio me- temperaturas entre 32oC e 28oC; nes-
tes do corpo que congelam (geralmen- tabolismo pode produzir variações na se caso, já tem início a perda de cons-
te pedaços das orelhas e dedos dos temperatura normal de uma pessoa: ciência e o descontrole motor. Em tem-
pés e das mãos). Esse congelamento peraturas inferiores a 28 oC, a
é conhecido como ulceração pelo frio, oC
hipotermia é considerada severa; se
e acontece porque temperaturas ex- 40 mantida por tempo prolongado, pode
cessivamente baixas provocam obs- exercício intenso causar danos para o sistema circula-
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trução da circulação periférica, com tório, cérebro e coração. A morte por
emoção, exercício moderado,
a conseqüente necrose (morte) dos 38 alguns adultos normais, hipotermia ocorre entre 16oC e 21oC.
tecidos celulares.
37
crianças muito ativas

faixa normal
. A febre
A temperatura corporal A febre refere-se à temperatura
. A temperatura normal 36
madrugada,
corporal acima da faixa considerada
Quando falamos em temperatu- tempo frio normal. Ela ocorre por anormalidades
ra corporal normal, devemos distin- no cérebro ou quando são liberadas
Figura (3)
guir a temperatura central da tem- no organismo substâncias denomina-
a temperatura pela manhã pode che- das pirogênios (toxinas capazes de
peratura cutânea. Para uma pessoa
gar a ser da ordem de 1oC mais bai- interferir no centro regulador de tem-
sadia, a temperatura interna - ou
xa do que à tarde. peratura, o hipotálamo). Estas subs-
central - do corpo permanece prati-
camente constante (variações má- . A hipotermia tâncias são produzidas por bactérias
ximas de 0,6oC), independente da Temperaturas corporais inferiores ou por células do próprio organismo
temperatura externa. Já a tempera- a 35oC levam a uma situação deno- em processo de degeneração. É por
tura da pele - ou cutânea - varia minada hipotermia, que produz uma isso que a febre é um alerta de que
numa faixa mais ampla, em função tal diminuição do metabolismo basal algo não vai bem no organismo.
do contato direto com o meio ambi- que pode, inclusive, levar à morte. Quando a temperatura ultrapassa
ente. Para a maioria das pessoas, a Quanto menor for a temperatura, 41oC, ocorre o que se denomina
temperatura interna normal situa-se menor será o tempo de tolerância do intermação. A intermação pode pro-

Deu no jornal - O GLOBO (26/02/1999)


MORTOS POR AVALANCHES NA ÁUSTRIA JÁ SÃO 32.
duzir tonteira, delírio e até mesmo per- tural" é feita através de processos que condução - pode ser acelerada atra-
da da consciência. Se durar muito tem- procuram dificultar o fluxo de calor vés do vento (para baixas velocida-
po (em alguns casos, até mesmo pou- do corpo para o ambiente, em dias des, a perda aumenta aproximada-
cos minutos), pode provocar frios, e facilitar esse fluxo, em dias mente com a raiz quadrada da veloci-
desequilíbrio no sistema nervoso cen- quentes. dade do vento);
tral e, como conseqüência, produzir A velocidade do fluxo de calor é b) Se estamos dentro da água, a
lesões cerebrais fatais (conhecido determinada principalmente por dois perda de calor por condução é muito
vulgarmente por "queimar os miolos"). fatores: pela capacidade de troca tér- mais acentuada que no ar (por isso
A intermação também pode ocor- mica entre a superfície corporal e o sentimos mais frio dentro da água a
rer quando o corpo é exposto durante meio exterior e pela rapidez com que 21oC, por exemplo, do que no ar à
muito tempo em ambientes altamen- o calor é conduzido entre a parte in- mesma temperatura). Isso acontece
te aquecidos (como, por exemplo, pas- terna e a superfície do corpo. porque a água, além de possuir maior
sar um dia inteiro na praia, no verão O primeiro fator está diretamente calor específico do que o ar, também
carioca). Geralmente denominado in- associado ao sistema que isola o cor- conduz melhor o calor, impedindo a
solação, esse estado não deve ser con- po humano do ambiente. Ele é for- formação da tal camada isolante.
fundido com a febre, uma vez que a mado pela pele, pelos tecidos subcu-
insolação é causada pela incapacida- tâneos e, principalmente, pela cama- . Evaporação: mesmo quando
de dos sistemas reguladores de man- da de gordura (é por isso que as pes- não estamos suando, o corpo perde,
terem a temperatura normal do cor- soas mais gordas suportam mais o frio por evaporação através da pele e pe-
po, face à alta temperatura do ambi- do que os magros, embora sofram los pulmões, cerca de meio litro de
ente. Ela é geralmente acompanhada mais em dias quentes). Já o segundo água por dia. Considerando que o ca-
de desidratação (perda de água e sais está intimamente ligado à circulação, lor latente de vaporização da água vale
minerais). Neste caso, o tratamento como veremos a seguir. 540cal/g, é só fazer as contas!
é basicamente feito através de O organismo também deve impe-
esfriamento da pele com água gela- . Quando a temperatura ambi- dir a queda da temperatura central,
da, repouso em ambiente fresco e ente é menor que a do corpo dificultando o fluxo de calor do interi-
hidratação. Nesse caso, a pele deve dificultar o or para a superfície. Para tanto, o prin-
fluxo de calor de dentro para fora do
. Os termômetros clínicos corpo. Mesmo assim, há perdas por
cipal mecanismo é circulatório: há uma
diminuição da circulação periférica, ou
Medimos a temperatura do corpo irradiação, condução e evaporação: seja, uma vasoconstrição periférica (e,
humano através de termômetros es-
peciais, os termômetros clínicos. Eles . Irradiação: ocorre em função como a quantidade de sangue é fixa,
diferem dos termômetros que utiliza- da emissão, pelo corpo, de raios há uma conseqüente vasodilatação in-
mos para medir a temperatura ambi- infravermelhos (se a pessoa está nua, terna). Esse processo dificulta o trans-
ente porque nestes a leitura aumenta e a temperatura ambiente por volta porte de calor pelo sangue, do interior
ou diminui continuamente, conforme de 20oC, cerca de 60% da perda de para a superfície. É por isso que usa-
o ambiente fica mais quente ou mais calor se dá por este processo); mos pedras de gelo, quando quere-
frio. Já os termômetros clínicos, uma . Condução: nas condições ante- mos produzir uma vasoconstrição pe-
vez retirados do paciente, devem man- riores, cerca de 15% das perdas ocor- riférica.
ter registrada a temperatura que me- rem em virtude da transferência de Mesmo com todos esses mecanis-
diram. Os três tipos mais usados hoje calor do corpo para o ar, por condu- mos, as perdas de calor ocorrem, e
em dia são: o termômetro de mercú- ção. Cabem aqui duas observações: devem ser compensadas com a "pro-
rio, o digital e o termográfico. a) Sendo o ar mau condutor e pos- dução" interna de energia, que é obti-
suindo baixo calor específico, a ten- da pela combustão dos alimentos. Por
Mecanismos de regulação da isso devemos comer alimentos que li-
temperatura corporal dência é que rapidamente se forme
uma fina camada de ar em torno do beram mais calorias no inverno do que
1. Mecanismos naturais corpo, com a mesma temperatura da no verão. Os esquimós, por exemplo,
pele, que "isola" o corpo do resto do possuem uma alimentação riquíssima
O homem é um animal homeotér-
ambiente. A partir daí, a transferên- em gordura animal.
mico, ou seja, mantém um controle de
temperatura que não o deixa entrar cia por condução cessa, a não ser . Quando a temperatura ambi-
em equilíbrio térmico com o ambiente que este ar seja removido por ente é maior que a do corpo
(como acontece, por exemplo, com convecção. A convecção do ar - e, Nesse caso, a pele deve dificultar o
um objeto inerte). Esta regulação "na- em conseqüência, a perda de calor por fluxo de calor do ambiente para o cor-
po (para isso ela é isolante!). No en- dulas sudoríparas!
tanto, como a temperatura corporal é Por outro lado, a roupa conserva,
mais baixa que a do ambiente, sem- entre ela e o corpo, uma camada de
pre haverá passagem de calor (por ar em repouso, impedindo a
radiação e condução) de fora para convecção. Colabora, portanto, para
dentro, pois o isolamento não é per- a criação de mais uma camada iso-
feito. Para que o corpo não esquente, lante em torno do corpo, a qual, como Esse negócio de revisão parece não
é necessário facilitar o fluxo de calor vimos, dificulta a troca de calor por ter fim. Aqui vão os erros que a
“galera da física” descobriu e que
dele para o ambiente. condução. Se isso é bom no inverno, passaram em nossas inúmeras
O principal mecanismo de trans- é péssimo no verão, quando devemos revisões dos livros da coleção. Ainda
ferência ocorre através da pele, pela facilitar a perda de calor pelo corpo. bem que não são 7 erros, são
evaporação de líquido (por isso, sua- Portanto, abaixo os ternos e gravatas “apenas” 5! Listamos a seguir as
mos muito em dias quentes). Outra no verão! Verão foi feito para se usar “falhas nossas”, todas no volume de
roupas claras, folgadas e leves (os an- Mecânica:
parte significativa da transferência de
calor ocorre na evaporação da umi- tigos "malandros" cariocas sabiam dis- 1. O gabarito correto do item (a),
dade através das vias respiratórias. so! A esse respeito, não deixe de ver/ exercício 14, capítulo 3, é 8,5m/s2.
ouvir uma das referências ao final do 2. Na página 148, as opções dos
Finalmente, uma pequena quantidade exercícios 27 e 34 estão trocadas (isso
de calor é dissipada internamente, no artigo). vale para quem está com a última
aquecimento de alimentos e bebidas Mais uma vez, vamos buscar nos reimpressão).
ingeridos frios. Por ser agora o prin- esquimós um ótimo exemplo da Físi- 3. Na página 306, está faltando o
cipal mecanismo regulador da tempe- ca aplicada ao cotidiano. Suas roupas, exercício 5 (que tem inclusive
ratura, qualquer fator que dificulte a além de grossas (mais isolamento, resposta!!). Fomos verificar na mais
menos perda de calor por condução), antiga edição do livro (ainda em
evaporação poderá causar um au- computador de 8 bits) e ele está lá.
mento da temperatura corporal. Isso possuem, por dentro, uma fina cama- “Sumiu” na redigitação, e deve entrar
pode ocorrer por fatores congênitos - da metálica (refletora). Assim, a par- entre os exemplos 1 e 2. Aqui vai ele:
pessoas que nascem sem as glându- cela de calor irradiada pelo corpo “Retome os dados do exemplo que
las sudoríparas - ou pelo uso de rou- retorna para ele. Ou seja: a roupa do acabamos de resolver e determine a
esquimó é uma verdadeira garrafa velocidade final do automóvel,
pas inadequadas.
térmica! O problema dessas roupas é supondo que a força resultante tenha
Internamente, a circulação funci- sido exercida no sentido oposto ao
ona de modo inverso ao caso anteri- com a umidade: a roupa molhada - ou movimento”.
or: para facilitar a condução do calor apenas úmida - diminui em cerca de 4. O gabarito do exercício 53 do
do interior do corpo para a superfície, 20 vezes sua eficácia na proteção do capítulo 17 está errado. O certo é: O
há um aumento da circulação perifé- corpo (novamente, a causa é a dife- momento linear de Paulo será maior
rença, entre água e ar, no que diz res- do que ....
rica e diminuição da interna. É por isso 5. Na figura do exercício 56, capítulo
que usamos bolsas de água quente, peito ao calor específico e
17, a corda está frouxa. Deveria estar
quando queremos produzir uma condutibilidade térmica). Daí o gran- esticada.
vasodilatação periférica. de cuidado que eles devem ter em não Se você encontrar mais algum
deixar a roupa ficar úmida. Lembre- “errinho”, escreva para nós.
2. As roupas se disso quando for passar o fim de
Excetuando-se os índios que ain- semana na serra!
da vivem nus, e que portanto só con- Dr. Antonio Carlos Hallais
tam com os mecanismos naturais de (hallais@centroin.com.br)
regulação, nós, os "civilizados", con- Referências:
tamos também com as roupas para GUYTON e HALL. Tratado de Fisiologia
Médica. Revisão técnica de Charles Alfred
ajudar (ou atrapalhar) a manutenção
Esberard. 9a ed. Rio de Janeiro. Guanabara
da temperatura corporal. Koogan S.A.
Em primeiro lugar, temos a ques- WILSON BATISTA e PEDRO AMORIM.
tão das cores. Roupas escuras absor- Lenço no pescoço. 6a música do CD “A ale-
vem mais a radiação que as claras, gria continua”, com Elton Medeiros, Mariana
de modo que ao usar uma camisa pre- de Moraes e Zé Renato. Não deixe de ouvir
esse samba, na voz de Zé Renato. A música
ta em dia ensolarado, você estará dan- está disponível em nosso site. Se possível,
do muito mais trabalho às suas glân- compre o CD. Você não vai se arrepender!
UMAANALOGIA PARAA D.D.P.

Ao explicar o conceito de vol- rente de ar, que tem o papel análo- d.d.p. e a corrente elétrica.
tagem ou diferença de potencial elé- go ao da corrente elétrica. A colu- . Não há corrente fluindo atra-
trico (DDP), bem como sua rela- na de água que se encontra no tubo vés do voltímetro. De fato, um
ção com a corrente elétrica, o pro- inferior se desloca caracterizando voltímetro ideal possui resistência
fessor em geral necessita de ana- uma diferença de pressão (DDP). infinita, e apenas mede a diferença
logias e exemplos que facilitem para Observe que esse barômetro de de potencial (pressão) entre dois
os alunos a compreensão desses água funciona exatamente como se pontos do circuito.
conceitos. É comum, por exemplo, fosse um voltímetro conectado às . O ar flui da região de alta pres-
traçar um paralelo entre as diferen- duas extremidades de um resistor. são para aquela de baixa pressão,
ças de pressão hidrostática das co- Uma certa quantidade de lã colo- analogamente à corrente elétrica
lunas de líquido e a voltagem num cada no interior do tubo superior que se move da região de maior
circuito elétrico. O para a de menor
escoamento de lí- potencial.
quido devido à di-

. As bolhas surgem
ferença de pressão AR no recipiente qua-
(d.d.p.) ilustra o que se que imediata-
acontece com a mente após o so-
corrente elétrica pro na extremidade
quando uma dife- oposta, assim co-
rença de potencial mo a corrente elé-
elétrico (ou de trica responde qua-
"pressão elétrica") é se que instantanea-
aplicada aos termi- mente à aplicação
nais de um elemen- da diferença de
to. A analogia, ape- potencial.
sar de bastante Pode-se ex-
esclarecedora, nem sempre é fácil resiste à passagem do ar, fazendo plorar ainda mais essa analogia,
de ser apresentada na prática, tor- o papel do resistor. O ar que sai trocando-se o tubo com a lã por
nando-se apenas um exercício men- do tubo na extremidade que se en- outros (com diferentes caracterís-
tal ou uma “experiência de quadro- contra imersa num recipiente com ticas) e analisar a relação entre a
negro”. A seguir apresentamos uma água produz bolhas. Quanto maior "resistência" e as características do
sugestão de fácil montagem para a quantidade de bolhas por unida- "condutor". Indo além, pode-se
ilustrar o conceito de DDP, basea- de de tempo, maior a corrente pro- também explorar as ligações em
do não somente na diferença de duzida. Vejamos algumas seme- série e paralelo de resistores dife-
pressão das colunas de líquido mas lhanças entre esse aparato e um rentes.
também na pressão do ar . circuito elétrico real: Acreditamos que esse modelo,
De posse de tubos de plástico . Se não houver diferença nas al- apesar de muito simples, pode ain-
de diferentes diâmetros (tubos uti- turas das colunas de líquido (que da ser utilizado para explicar ou-
lizados em aquários são ideais para equivale ao voltímetro estar marcan- tras propriedades de um circuito
esta experiência), uma certa quan- do DDP nula) não haverá corrente elétrico. Gostaríamos de receber su-
tidade de algodão (ou lã de vidro) de ar, analogamente à relação entre gestões dos leitores, nesse sentido.
e um copo d'água, podemos fazer corrente e diferença de potencial. Mauro Santos Ferreira
a montagem que está esquematiza- . Aumentando-se a diferença de (mauro@if.uff.br)
da na figura que ilustra este artigo. pressão, aumenta-se a quantidade
Referência:
Ao soprarmos por uma extre- de bolhas (corrente de ar), de RICHARD GRANT, The Physics Teacher,
midade do tubo, geramos uma cor- modo análogo à relação entre a Vol. 34, Pg. 188, March 1996
físico é naturalmente um pesqui- zer que ele tem em dar aula e se
sador. Como fica essa questão relacionar com pessoas. Eu vejo o
dentro da realidade brasileira? entusiasmo dele a cada número
Mauro: Eu vou apontar três verten- novo do jornal.
tes em que o físico está pesquisando Luiz: Eu quero fazer uma per-
constantemente e adquirindo novas gunta pro Mauro: há 14 anos -
O Mauro Santos Ferreira che- formas de conhecimento. A primei- gerações e gerações passadas -
gou pra este bate-papo meio ra delas é ir para o magistério de 2o você foi meu aluno. Quando
preocupado com as “câmeras Grau. Obrigatoriamente esse profis- você estava na 2a série eu incen-
e os microfones”. Só relaxou sional não necessita de pós-gradua- tivei você a fazer física. Você
quando Marcelo abriu a pri- ção, mas a competitividade vai exi- hoje é professor do meu filho
meira latinha de cerveja e to- gir dele um melhor currículo acadê- Filipe, que também está pensan-
mico. A segunda vertente é o pró- do em seguir os caminhos da fí-
dos tomaram o primeiro gole.
prio espaço universitário, onde pes- sica. Você agiria com Filipe da
Mauro, 30 anos, faz pós-doc quisa e ensino são intrínsecos. Há mesma maneira que eu agi com
na UFF, é professor do Cen- uma terceira, já existente na Euro- você?
tro Educacional de Niterói, e pa e nos Estados Unidos e começa Mauro: Sim. Apesar das dificulda-
uma das cabeças pensantes a despontar no Brasil, que é a ab- des, que eu coloquei na primeira res-
desta gazeta científica. Se- sorção do físico pelo mercado finan- posta desta entrevista, tenho certe-
gundo Luiz Alberto, grande ceiro e empresas de consultoria. Aí za que o estudo da física dá ao pro-
responsável pelo rapaz ter você vai me perguntar o porquê des- fissional uma formação muito com-
optado pela física e não pelo sa absorção e eu afirmo que é em pleta. A formação intelectual do fí-
samba-rock, o único defeito função do vasto conhecimento que sico permite que ele possa atuar em
do Mauro é ser botafoguense. a física proporciona. O físico é um várias áreas do conhecimento hu-
matemático sagaz e um economista mano. Se o Filipe optar pela física
Folhetim: A maré não está pra ousado, o raciocínio se sobrepõe, por vai ser ótimo.
peixe. São advogados, médicos, exemplo, à ortodoxia dos modelos Luiz: Só pra completar este papo, a
jornalistas, arquitetos, econo- econômicos permitindo, assim, pro- física é para mim uma ciência que,
mistas etc e tal se queixando do jeções exatas. Não é à toa que na acima de tudo, permite o exercício
mercado de trabalho e da falta Inglaterra os físicos são chamados da criação. O pensar e o criar na
de perspectivas profissionais. a atuar nesse setor, anteriormente física são de um prazer imenso. É
Os físicos engrossam esse blo- restrito aos matemáticos e econo- esse prazer intelectual do físico que
co também? mistas. Os salários também são o coloca paralelo ao artista, pois
Mauro: Sim. Hoje, vários físicos muito atraentes, mais que nas uni- ambos têm o maior tesão pelo ato
estão na situação de terem atingido versidades. Mas isso só é possível criativo.
uma excelente formação acadêmi- em economia estáveis.
ca, mas sem emprego. A Socieda-
F: Conta pra gente, como foi que
de Brasileira de Física - SBF está
você veio parar no Folhetim e
distribuindo um questionário para fa- Esta é uma publicação mensal da
por que resolveu comprar essa
zer um levantamento dos físicos que Galera Hipermídia
idéia?
terminaram o doutorado mas encon- Jornalista Responsável:
Mauro: Eu fui aluno do Luiz Alberto.
tram-se sem posição permanente no Sandra Filippo - DRT /BA-739
O Luiz, o Marcelo e eu sempre Redação:
mercado de trabalho. Há no Brasil
mantivemos laços de amizade. Sem- Luiz Alberto Guimarães, Marcelo
dez mil doutores, esse número Fonte Boa, Mauro Santos Ferreira
pre estivemos em contato e temos
abrange todas as áreas de conheci- e Sandra Filippo
formas de trabalhar muito parecidas.
mento. Desenvolvimento de software:
Quando surgiu a idéia do Folhetim Thiago Guimarães
Marcelo: Mas tem um detalhe: um eles pensaram no meu nome e eu Ilustração:
em cada cinco doutores é físico. aceitei prontamente. Marcelo Pamplona
Mauro: Esse dado foi levantado pela Luiz: Faltava gente pra dar o ponta- Diagramação:
SBF há mais ou menos 3 anos. pé nesse projeto. Eu sabia que o
Ovidio Brito
Impressão:
F: Na edição anterior do Folhe- Mauro ia gostar e fazer o Folhetim Centro Educacional de Niterói
tim, o Luiz Alberto falou que o com o maior prazer. O mesmo pra-
questionava o "pra quê que eu
tenho que estudar isso?", tão co-
nhecido por nós professores! To-
dos viam a utilidade da matéria,
que ela era universal e também Em duas das escolas que estivemos
que ela estava em todas as áreas em Brasília, ouvimos de alguns pro-
Com a palavra, o professor do conhecimento humano. Conse- fessores a sugestão de formalizar
qüentemente, todo profissional, algebricamente a conservação de
Alô amigos do Folhetim, aqui independente do seu ramo de ati-
quem fala é o professor Pachecão. energia que ocorre numa troca de
vidade, deveria ter em mente os calor por QCEDIDO + QRECEBIDO = 0,
Sou professor de Física em Belo principais conceitos da Física.
Horizonte há 17 anos. Atualmen- em vez de QCEDIDO = QRECEBIDO,
Acredito, amigos, que um dos como fazemos no livro. Ambas es-
te só trabalho com pré-vestibular, nossos maiores desafios como edu- tão corretas, pois trata-se de uma
mas ao longo da carreira atuei em cadores é fazer dos nossos ensi- questão de convenção de sinais. Na
vários colégios (Promove, Marista namentos instrumentos úteis aos primeira (QCEDIDO + QRECEBIDO = 0),
Dom Silvério, Sistema e Palomar), nossos alunos, na compreensão a parcela correspondente ao calor
trabalhando com todo o segundo do mundo que os cerca, desper- cedido é negativa (pois, ao utilizá-la,
grau e em alguns anos com a oi- tando neles a curiosidade e o in- devemos fazer T = (Tf - Ti) < 0).
tava série. Também trabalhei na teresse pela ciência. E a melhor Na segunda forma, essa parcela é
PUC por dois anos (87/88) com maneira é trazer a física para o positiva (pois, ao utilizá-la, fazemos
Mecânica Aplicada. cotidiano, para o dia-a-dia de T = (Tmaior - Tmenor) > 0).
Sempre procurei mostrar aos cada um. Assim, todos percebem
meus alunos que a Física faz par- Fomos verificar em vários outros
que o mundo da escola é real e o livros: não há unanimidade quanto
te do mundo deles. Na verdade,
que se aprende nela está perto de ao uso de uma ou de outra conven-
no tempo do colégio, nunca come-
todos nós e não só nas cabeças ção. Há livros que usam a 1a delas
çava uma aula sem antes comen-
férteis dos cientistas. (parece ser a maioria), mas há ou-
tar sobre alguns fatos que acon-
Vou ficando por aqui. Na es- tros que, como nós, usam a 2a.
teceram no dia anterior. A inten-
perança de manter um contato A favor da primeira, os principais
ção era mostrar aos alunos que a
mais estreito com os companhei- argumentos são: mantém-se a con-
maioria dos fenômenos noticiados
ros, deixo o meu endereço. Vamos venção para o : valor final - valor
eram físicos, e que para explicá-
conversar e, com certeza, juntos inicial; facilita a resolução de pro-
los, deveríamos ter em mente os
descobriremos métodos interes- blemas de troca de calor envolven-
fundamentos da disciplina.
santes e eficientes que traduzam do mais de dois corpos. Enfim: uma
E assim a sala "curiosa" par-
de forma clara e objetiva os con- convenção mais "matemática".
ticipava dos relatos e juntos pro-
ceitos físicos.
curávamos explicar os aconteci- A favor da segunda: evita o tra-
Um forte abraço do amigo
mentos. Com este procedimento balho com valores negativos (que,
Pachecão
eu conseguia despertar nos meus para o aluno, é sempre um fator
pachecao@ez-bh.com.br complicador); a forma da expressão
alunos a necessidade de saber
http://www.ez-bh.com.br/pachecao - uma igualdade entre dois valores
Física, a importância dela na for-
mação de um cidadão crítico, que positivos - explicita melhor a ques-
ativamente participa da constru- Esta coluna é para você, profes-
tão conceitual (calor é energia em
ção de uma nova modalidade de sor. A sua opinião é bem-vinda.
trânsito: o que um corpo cede, o
relação entre os indivíduos. E outro recebe). Portanto, uma con-
Caso você tenha também algu-
mais ainda, a necessidade da vi- venção mais "física".
ma idéia, algo que deu certo em
são de conjunto de todas as ma- sala, que motivou os alunos, Agora que apresentamos os dois
térias. Se só a Física já explica mande para nós. Teremos o mai- pontos de vista, queremos transfor-
este "montão" de coisas, o que en- or prazer em divulgar para os mar a questão num "Você decide".
tão poderíamos explicar se so- outros professores. Endereços: Remeta-nos a sua posição! Depen-
mássemos a ela a Química, a Bi- Virtual: f2g@cen.g12.br dendo das colocações a favor e con-
ologia, a Matemática e todas as Postal: Rua Macaé, 12 - Pé Pequeno tra cada uma, poderemos, já na pró-
outras matérias? Santa Rosa - Niterói - RJ xima edição, incluir no livro um mai-
Com isto, nenhum aluno Cep: 24240-080 or destaque para a primeira.
canais de comunicação adotados contribuir para o seu ensino.
para maior integração. E por fa- Gostaria de receber os números
lar em integração, seria interes- seguintes. Beijos.
sante divulgar e-mails de outros Wanda da Conceição de Oliveira
professores de Física para que wco@if.uff.br
possamos manter contato. Vale a Instituto de Física - UFF
sugestão.
Sou professor de “Prática de En- ***
Um grande abraço e Parabéns.
sino de Física” e também de “Di- Fala Luiz, fala Marcelo,
William Scaramella
dática Especial de Física I, II” do Muito bom o trabalho de vocês,
williamcs@infolink.com.br
curso de Licenciatura em Física
P.S.: Caso seja possível, uma alu- parabéns. Estou torcendo para
na UFRJ. Também estou conclu-
na me perguntou uma coisa que que o jornal seja um grande su-
indo doutorado no CBPF em Físi-
já li em algum lugar mas não me cesso assim como o projeto do li-
ca Teórica. Tenho discutido mui-
lembro onde: por que o pedaço vro e os experimentos. Vocês dois
to o livro de vocês em meu curso
de giz sempre quebra em três pe- deram um grande passo para pre-
com os alunos. Acho um livro
daços se jogado de uma certa al- encher um “vazio” que existe no
maravilhoso, talvez um marco im-
tura? Se puderem ajudar ou material didático de Física para
portante na história dos livros di-
achar interessante inserir uma o ensino médio. Obrigado pelas
dáticos de Física no Brasil.
matéria no Jornal, ficaria agra- outras fotos estroboscópicas, es-
É isso, grande abraço.
decido. tão ótimas e já serão usadas na
André Penna-Firme
andrepf@cbpfsu1.cat.cbpf.br *** 2a série. Um grande abraço,
Fala, Marcelo!!! Sergio Tobias
*** sergio_tobias@uol.com.br
Recebi o n o 2 do Folhetim e já
Gostei muito do 1o jornal. O en-
achei bem melhor que o primeiro! ***
sino de Física ganha muito com
Ótimas as matérias e valeu pelos Parabéns pelo Folhetim. Estou
essas propostas. Parabéns pela
projéteis! E claro que agradece- otimista, certamente haverá o nú-
criatividade!!! Aquele abraço,
mos muito a matéria sobre óptica mero ANO XXX - N12 FOLHEtim
Cesar Bastos
(Raios que os partam). Sem dúvi- abril - 2029, o jornalzão da “ga-
bastos@ax.apc.org
da o Folhetim pode ser uma troca lera” da physica. Um abraço,
*** de idéias sobre como ensinar de- Eden Vieira Costa
Li o no 02 do Folhetim e gostei terminados assuntos de maneira eden@if.uff.br
muito. Mais uma vez vocês estão mais prática e fácil tanto para o Instituto de Física - UFF
de parabéns pela iniciativa. Se aluno como pra gente! Vou me ca-
possível, gostaria de receber os dastrar agorinha! ... Marcelo, ***
números editados até agora, bem juro que eu tô procurando defei- Caros Colegas,
como (é lógico) os próximos to no Folhetim pra criticar mes- Foi com grande alegria que re-
exemplares. mo, mas não tô encontrando, me cebi o segundo exemplar do
Parabéns e um grande abraço. desculpe! O trabalho tá ótimo! FOLHEtim! Parabéns pela inici-
José Leonardo Ah! Para descarregar o progra- ativa! Espero em breve poder co-
leonardo@nitnet.com.br ma dos projéteis e os vídeos de laborar com algum material. É
óptica tá demorando muito! Re- assim que será possível ir rever-
***
Caros Professores: clama lá dos Bills (Gates e tendo o quadro do ensino de Fí-
Meu nome é William Scaramella, Clinton!!) sica: a partir do professor inte-
Professor e Coordenador de Fí- Um grande abraço do amigo ressado em se renovar e inovar
sica ... tive o primeiro contato di- Arthur Galamba suas aulas. Um grande abraço
reto com o livro didático que lan- cgf@hotlink.com.br para toda a equipe,
çaram (por sinal de excelente *** Isa Costa
qualidade - não conheço nenhum Parabéns pela iniciativa. Ótimo Instituto de Física - UFF
outro livro com teoria mais deta- projeto que melhora o desenvol-
lhada e simples para os alunos vimento adquirido com a coleção A galera da Física está gostan-
entenderem)... Física para o 2o Grau. do mesmo do Folhetim. Agrade-
Gostaria de poder receber sem- Harvey Guimarães Cova Filho cemos o carinho e as manifesta-
pre o Jornal, uma idéia excelen- harvey@urbi.com.br ções de apoio.
te, pois é um veículo de comunica-
ção acessível a todos os níveis e *** Quem se habilita a verificar se é
pode ser montado com a ajuda de Oi Mauro, Marcelo e Luiz Alberto, mesmo verdade que o giz sem-
todos e necessidades dos alunos Gostaria de parabenizá-los pelo pre quebra em três pedaços,
.... conteúdo deste jornal! quando jogado de certa altura?
Finalmente, agradeço a atenção Tenho certeza que o Folhetim, (ver carta do William Scara-
dispensada desejando total êxito além de relacionar a turma do mella).
no livro utilizado, bem como nos segundo grau em Física, irá Respostas para f2g@cen.g12.br
DEU NO JORNAL

Q ualquer um de nós que não


esteja apenas preocupado
em "dar aula", no sentido
restrito de "transmitir a matéria",
ferramenta nessa permanente bus-
ca de "tornar a física da sala de aula
a mais parecida possível com a fí-
sica do cotidiano". Além do fato
exemplo de notícia que pode ser
trabalhada com os alunos. Aguar-
damos outros exemplos, para fa-
zer dessa coluna um espaço habi-
deve ter passado por alguns mo- evidente de estarmos lidando com tual no Folhetim.
mentos de crise do tipo: "Pô, estou algo atual, que "deu no jornal", o Luiz Alberto Guimarães
ensinando uma Física ultrapassada, uso constante dessas notícias como (f2g@cen.g12.br)
que não tem nada a ver com a rea- instrumento de trabalho em sala Com base na notícia abaixo, res-
lidade que rola fora das quatro pa- apresenta várias vantagens. Desta- ponda:
redes da sala de aula. Os proble- quemos algumas:
mas que proponho para os meus .permite que trabalhemos com
1) No texto se lê: "... um dos mais
sofisticados satélites de uso militar
alunos estão fora de contexto, to- uma grande variedade de temas: dos Estados Unidos, o Milstar, que
talmente desvinculados das infor- descobertas recentes da Física, pesa 4,5 toneladas". Ora, a tonela-
mações que eles recebem por aí ..." vinculações com assuntos que "es- da (ton) corresponde a 103 kg, sen-
Quando me dava esse baixo as- tão no livro", abordagens de temas do, portanto, unidade de massa, e não
tral, ficava com uma grande inveja interdisciplinares etc.; de peso.
(no bom sentido, é claro!) de ver .facilita a elaboração de ques- a) Faça a distinção entre os concei-
tos de peso e massa (inercial).
professores de outras disciplinas - tões contextualizadas, que estão
b) Qual é o peso do Milstar, na unida-
principalmente da área de Estudos cada vez mais presentes nos vesti- de SI, num local em que g = 9,8m/s2 ?
Sociais - utilizando os jornais do bulares atuais; 2) O valor que mais se aproxima da
dia como material didático, como . mostra a presença de erros altura do Titan 4B é:
fonte de consulta para as suas au- comuns, que os próprios alunos A) 10m
las. Isso aconteceu até o momento cometem, uma vez que, em geral, B) 30m
em que, em vez de fazer análise os jornalistas que escrevem essas C) 50m
para me curar disso, passei tam- notícias não possuem uma sólida D) 70m
bém a buscar, nos jornais, algumas formação científica; E) 90m
notícias que pudessem ser traba- .permite que os próprios alu-
3) Considere o raio da Terra igual a
6,40 . 103 km. Determine o raio da
lhadas em sala. Assim, as colunas nos tragam para a discussão em órbita do Milstar, e dê a resposta em
científicas do Jornal do Brasil, de sala os temas que são de seu inte- km, utilizando a notação científica,
O Globo, da Folha de São Paulo resse. com o número correto de algaris-
etc. transformaram-se em mais uma Transcrevemos, a seguir, um mos significativos.

Satélite militar já está em órbita


CABO CANAVERAL, EUA - Um fogue- da Guerra Fria para, em caso de guerra
te Titan 4B foi lançado ontem a tarde de nuclear, manter os líderes do governo
Cabo Canaveral levando finalmente ao americano em contato com as forças dos
espaço um dos mais sofisticados satéli- Estados Unidos dentro e fora do país.
tes de uso militar dos Estados Unidos, "Se restasse apenas um sistema de co-
o Milstar, que pesa 4,5 toneladas. Os municações, este seria o Milstar", disse
lançamentos anteriores em agosto pas- o coronel Mike Kelly, da Base Aérea
sado e no dia 9 de abril fracassaram. A Schriever, no Colorado, de onde os sa-
Força Aérea americana informou que só télites militares são monitorados. Outros
hoje saberá com certeza se o foguete dois satélites de comunicações Milstar
(que tem a altura de um prédio de 20 já estão em órbita para orientar mísseis
andares) conseguiu colocar na órbita de cruzeiro em conflitos como o de
correta, a 35.890km sobre a linha do equa- Kosovo e manter as comunicações en-
dor, um dos mais caros satélites de co- tre submarinos, navios, aeronaves e tro-
municações já construídos. pas em combate. (Jornal do Brasil, 01
O Milstar foi desenvolvido na época de maio de 1999)
4) Considerando que, na superfície
da Terra, g = 9,8m/s2, determine:
a) O valor de g na órbita do Milstar.
b) A massa e o peso do Milstar na
sua órbita.
5) No texto se lê: "... conseguiu co-
locar na órbita correta, a 35.890km O olho humano é um sistema óptico composto por duas lentes espes-
sobre a linha do equador, um dos
mais caros satélites de comunica- sas (a córnea e o cristalino), um diafragma (a íris) e um anteparo (a reti-
ções já construídos". na). Esses elementos estão representados na figura 1, que também apre-
a) Considerando a órbita circular, senta alguns dados relevantes sobre eles.
com que velocidade o Titan 4B deve Como as distâncias entre os elementos ópticos do olho são constan-
impulsionar o satélite nessa altitude?
b) Um satélite de comunicações
tes, para se ter sobre a retina imagens nítidas de objetos observados a
como o Milstar deve possuir uma
órbita que seja geoestacionária.
Descreva as características dessa
órbita e verifique numericamente
uma delas, calculando o período de
sua órbita.
Respostas:
1a) O peso é a força com que a
Terra atrai o satélite; a massa é a
medida de sua inércia, ou seja, a
razão entre a força resultante (R)
nele aplicada e a aceleração (a) por
ele adquirida.
1b) 4,4 . 104 N.
2) C
3) 4,23 . 104 km. Dados para a figura 1
4a) 0,22m/s2.
raio(mm) espessura(mm) índice de refração meio
4b) 4,5 . 103 kg; 9,9 . 102 N.
5a) 3, 1 . 103 m/s 1 r1 = 7,8 1 ar
2 r2 = 6,5 e2 = 0,55 1,3771 córnea
5b) A órbita é equatorial, no mes-
mo sentido de rotação da Terra, e 3 r3 = 10,2 e3 = 3,05 1,3374 humor aquoso, íris
seu período é de 24 horas. 4 r4 = 6,0 e4 = 4,00 1,420 músculo ciliar, cristalino
5 r5 = 12,3 e5 = 16,60 1,336 humor vítreo, retina

Seja assinante do
diferentes distâncias, devemos variar a distância focal do cristalino. Isto
se dá através da sua compressão, por meio dos músculos ciliares. Assim,
quando observamos um objeto infinitamente distante, como por exem-
plo, uma estrela, os músculos ciliares estão totalmente relaxados. E, ao
contrário, quando observamos um objeto o mais próximo possível, os
músculos ciliares estão em máxima tensão.
Com os dados apresentados na figura 1, vê-se que não há grande
diferença entre os índices de refração do humor vítreo, do humor aquoso
e do cristalino. Sendo assim, a luz que penetra no olho se refrata princi-
palmente na córnea. O cristalino desempenha um papel de "ajuste fino"
na focalização, mecanismo esse que chamamos de acomodação. À me-
dida que o ser humano envelhece, o cristalino perde flexibilidade, fazen-
do com que os músculos ciliares tenham cada vez mais dificuldade para
comprimi-lo. A perda da capacidade de acomodar com a idade chama-
se presbiopia.
Chamamos de ponto próximo à distância mínima capaz de nos permi-
tir visão nítida. Devido à perda de flexibilidade do cristalino com a idade,
o ponto próximo aumenta durante a vida. A relação entre a idade e o
ponto próximo está representada no gráfico da figura 2.
4. Consultando os gráficos corres-
50 8
pondentes, determine a acomodação

acomodação máxima (di)


máxima e o ponto próximo de uma
40 6 pessoa de 40 anos. Considerando
que o olho normal tem uma profun-
idade (anos)

30 4 didade de 24mm, utilize a equação


dos pontos conjugados e calcule a
convergência do sistema (córnea +
20 2
cristalino) quando em máxima aco-
modação. A partir desse valor, de-
0 termine a distância focal da córnea.
10 20 30 40 50 10 20 30 40 50 60
ponto próximo (cm) idade (anos) Respostas:
figura 2 figura 4 1. A 2 metros
2. Cerca de 12,5cm e 45cm.
Acomodação meça a ser percebida na faixa etária 3. Cerca de 0,5di; 2m.
A convergência de uma lente é dos quarenta, quando surge, por 4. Cerca de 3,2di e 24cm; 45,9di;
o inverso de sua distância focal. A exemplo, a necessidade de se afas- 2,3cm.
unidade SI da convergência é a tar um jornal para a leitura. A par-
dioptria (1di = 1m-1). A acomo- tir de então, o uso de lentes para
dação pode ser determinada por visão de perto torna-se inevitável.
meio da convergência do crista- Contudo, é importante destacar
lino. Se tomarmos como referên- que, quem nunca tiver defeito de
cia para acomodação a conver- visão, também não terá dificulda-
gência do cristalino não compri- de para ver à distância.
mido, a variação da convergên- Eden V. Costa (eden@if.uff.br)
cia na acomodação pode ser vis- Referências:
ta no gráfico da figura 3. Por ele, 1. W. LOTMAR. Theoretical Eye Model
vê-se que, para o olho humano, With Aspherics. Journal of the Optical
Society of America. Vol. 61, No 11, 1971, p.
o "infinito óptico" a 6m é uma boa 1522-1529.
aproximação.
2. R. F. FISHER. Presbyopia and the
Changes with Age in the Human Crystalline
Lens. J. Physiol. Vol. 228, 1973, p. 765-
6 779.
acomodação (di)

3. J. F. KORETZ, P. L. KAUFMAN, M.
W. NEIDER and P. A. GOECKNER.
4 Accomodation and Presbyopia in the
Human Eye-Aging of the Anterior Segment.
Vision Res. Vol. 29, No 12, 1989, p. 1685-
2 1692.

Teste sua capacidade de análise


0
1. O que exige mais esforço dos
200 400 600
distância ao objeto observado (cm)
músculos ciliares: observar um ob-
jeto a 5 metros de distância ou ou-
figura 3
tro, a 2 metros?
Presbiopia 2. Qual o ponto próximo para uma
pessoa de 20 anos de idade? E para
A presbiopia, representada por
uma pessoa de 50 anos?
meio da relação entre a acomoda-
3. Para se observar um objeto a 2
ção máxima e a idade, pode ser metros de distância, exige-se uma
vista no gráfico da figura 4. certa acomodação do cristalino.
A presbiopia não deve ser con- Quanto vale essa acomodação? A
fundida com defeito de visão. Ela que distância focal ela correspon-
ocorre em todas as pessoas. Co- de?

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