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CIÊNCIAS

MARTHA REIS

TECNOLOGIA, SOCIEDADE e AMBIENTE

6º-
ano

MANUAL DO
PROFESSOR
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CIÊNCIAS
TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE

6º-
ANO

ENSINO MANUAL DO
FUNDAMENTAL PROFESSOR
ANOS FINAIS
CIÊNCIAS

MARTHA REIS
Bacharel e licenciada em Química pela Faculdade de Ciências Exatas,
Filosóficas e Experimentais da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Professora de colégios das redes pública e privada e
de curso preparatório para vestibulares.
Editora de livros didáticos.
Autora de livros didáticos de Química e Ciências desde 1992

São Paulo
1ª edição
2022
Título original: CIÊNCIAS TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE - 6º- ano
© Editora AJS Ltda, 2022
Responsabilidade Editorial: Arnaldo Saraiva e Joaquim Saraiva
Coordenação Geral: Thiago Oliver e Nelson Arruda
Edição: Martha Reis
Equipe de Colaboradores: Angela Elisa de Sillos, Cintia Nigro,
Cristiane Mansur , Fabiana Aquino,
George Hideyuki Hirata.
Coordenação Digital: Flávio Nigro
Gerência Digital: Estúdio Aspas
Produção Digital: Estúdio Mondo, Erick Neves,
Heinar Maracy, Nelson Augusto, Jade Arruda
Coordenação de Arte: Vanessa Bertolucci
Editoração eletrônica: Aymée Caroline Guarinos, Bryan Soares, Ellen Caroline, Fernando Dionisio,
Gilbert Julian, João Bueno, Julio Cezar Moreira Castro, Martha Reis, Thaís Pelaes
Pesquisa Iconográfica: Cláudio Perez
Licenciamentos: Carolina Carmini
Revisão: Andreia Dantas, Cristiane Imperador,
Madrigais Produções Editoriais, Rosani Andreani.
Ilustrações: Alex Argozino, Carlos Vespúcio, Fernando Brum,
Osvaldo Sequetin.
Capa: Nelson Arruda
Foto de capa: Getty Images/iStockphoto
Rochas sedimentares no Vale da Lua, Chapada dos Veadeiros,
Alto Paraíso de Goiás, GO, 2016.

Apoio Administrativo: Márcio Teixeira, Elizabete Portela, Thiago Ferreira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Reis, Martha
Ciências : tecnologia, sociedade e ambiente : 6° ano :
ensino fundamental : anos finais : manual do professor /
Martha Reis. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora AJS, 2022.

ISBN 978-65-5878-057-1

1. Ciências (Ensino fundamental) 2. Tecnologia – Ensino


fundamental 3. Sociedade – Ensino fundamental 4. Meio
ambiente – Ensino fundamental I. Título

22-4845 CDD 372.3

Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro


foram produzidas com fibras obtidas de árvores de
florestas plantadas, com origem certificada.

Editora AJS Ltda. – Todos os direitos reservados


Endereço: R. Xavantes, 719, sl. 632
Brás – São Paulo – SP
CEP: 03027-000
Telefone: (011) 2081-4677
E-mail: editora@editoraajs.com.br
APRESENTAÇÃO

Caro(a) professor(a), nesta coleção, adotamos um referencial teórico-metodológico que permite a arti-
culação de disciplinas relacionadas às Ciências da Natureza: Química, Física, Biologia, Meio ambiente e suas
relações com Tecnologia, Sociologia, Geografia e História.
Temos assistido ao rápido desenvolvimento tecnológico que ocorre graças à extração de recursos
naturais que, com outros fatores, tem causado modificações extremas no meio ambiente, com ênfase a
aglomerações humanas, redução da biodiversidade e desequilíbrio nas relações interespecíficas, levando à
aproximação entre animais silvestres e humanos e suas consequências, como zoonoses e pandemias.
Ao mesmo tempo, nossa sociedade se torna cada vez mais dependente e sedenta do consumo de
produtos tecnológicos, o que também tem modificado as relações pessoais e sociais, as relações de
trabalho e a dinâmica da educação.
A abordagem nos permite questionar e discutir todos esses aspectos de modo que o estudante possa
entender a complexidade da sociedade em que está inserido, possa reconhecer as consequências que existem
em cada opção que fazemos, sendo levado a pensar, a questionar, a agir e a interagir com o mundo como
cidadão, com toda a responsabilidade que isso exige.
No que diz respeito a prática em sala de aula, nosso objetivo vai além de despertar o interesse do estu-
dante pelos fenômenos da natureza; queremos ponderar sobre como proporcionar uma educação que pro-
mova o desenvolvimento de valores, atitudes e conhecimentos, capaz de promover uma reflexão sobre a
relação de cada indivíduo com ele mesmo, com o próximo e com o planeta.
Para isso, apresentamos temas que permitem reverberar a capacidade humana de desenvolver a Ciência e
a tecnologia necessárias para minimizar situações de constrangimento, dor, fome, frio e estresse, não apenas
em benefício de nossos semelhantes, mas da vida como um todo, numa tentativa de despertar a cidadania e a
consciência social e ambiental, fomentando o respeito à diversidade e à identificação de problemas de natureza
científica para que, juntos, possamos pensar em soluções que valorizem experiências pessoais e coletivas.
Embora essa jornada não seja fácil, esperamos que esta Coleção contenha os subsídios necessários para
que você consiga guiar os estudantes na construção do conhecimento, por isso, nos despedimos com essa
citação que acreditamos refletir o caminho que aqui se inicia:

Um dos momentos mais bonitos na educação acontece


quando o rosto de uma pessoa, seja ela criança, adolescente ou
adulto, se ilumina e ela diz: ‘Entendi!’, ou ‘Descobri!’. Nesse ins-
tante, a informação torna-se conhecimento e, assim, torna-se
parte do indivíduo, que agora a possui. Mas, isso não quer dizer
que não haverá erros, que tudo foi plenamente apreendido.
O caminho da construção do conhecimento, ligando-o com
conhecimentos e experiências prévias, erros e acertos, é eterno.
Silvia Marina Guedes dos Reis

Conte conosco para o que precisar e tenha um excelente trabalho!

III
SUMÁRIO

O livro didático digital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VIII


Ícones de referência para conteúdos presentes na obra digital. . . . . . . . . . VIII
Estrutura do Manual do Professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . IX
Organização e proposta da coleção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X
A BNCC: o ensino de Ciências da Natureza e sua aplicação na coleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI
Competências gerais da educação básica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI
Competências específicas de Ciências da Natureza para o ensino fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . XIII
Temas Contemporâneos Transversais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIV
Objetos de conhecimento e respectivas habilidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIV
Organização do Livro do Estudante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIX
Infográfico: O que é ciência? E tecnologia? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIX
Abertura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIX
Resgate de conhecimentos prévios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XX
Vida e ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XX
Assunto sério . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XX
Atividade prática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XX
Não é magia, é tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXI
Animais que.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXI
Acesse seus conhecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXI
Mapa conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Revisão de final da unidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Boxes laterais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Discuta com seus colegas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Você sabia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXII
Projeto de final de ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
6o ano: Luz, câmera, o estudante em ação! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
7o ano: Projeto profissões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
8o ano: Pesquisa-ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
9o ano: Teatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Subsídios para planejamento do cronograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Bimestral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIV
Trimestral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIV
Semestral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIV
Apoio teórico-metodológico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXV

IV
Aprendizagem significativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXV
Mapas conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXVI
Diagramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXVI
Atividades colaborativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXVI
Para aprofundar: Aprendizagem significativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Etapa K: O que eu sei sobre o assunto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Etapa W: O que eu quero saber? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Etapa L: O que eu aprendi com o estudo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXIII
Mapa conceitual como facilitador da aprendizagem significativa. . . . . . XXIX
Para aprofundar: Mapa conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXX
Etapa 1: Lista de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXX
Etapa 2: Relacionar conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXX
Letramento científico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXI
Ensino por investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXI
Para aprofundar: Ensino por investigação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIV
Etapa 1: Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIV
Etapa 2: Resolução do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIV
Etapa 3: Sistematização e contextualização dos conhecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIV
Etapa 4: Escrever e desenhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIV
Argumentação no ensino de Ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXV
Para aprofundar: Argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVII
Ação: Retomar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVIII
Ação: Problematizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVIII
Ação: Explorar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVIII
Ação: Qualificar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVIII
Ação: Sintetizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXVIII
A leitura no ensino de Ciências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXXIX
Para aprofundar: Leitura inferencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLI
Estratégia 1: Contextualizar a situação de produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLI
Estratégia 2: Buscar no texto articuladores textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLI
Estratégia 3: Realizar leitura compartilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLII
Tecnologias digitais para o ensino de Ciências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLII
Blogs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIII
Redes sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIV
Simuladores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIV
Programas de multimídia para apresentações e murais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIV
Vídeos, áudios, imagens e podcasts: elaboração e edição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLV
Imagens (repositórios). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLV
Imagens (edição) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLV
Vídeos (repositórios). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVI

V
Vídeo (edição) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVI
Áudio e podcasts (edição). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVI
Podcast (agregadores) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVI
Plataforma Kahoot!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVII
Para aprofundar: quiz utilizando Kahoot!. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVII
Etapa 1: Como criar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVIII
Etapa 2: Como jogar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLVIII
Para aprofundar: Jumble utilizando kahoot! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIX
Pensamento computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XLIX
Habilidades primordiais para o pensamento computacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . L
1. Coleta de dados (pesquisa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . L
2. Representação de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
3. Reconhecimento de padrões (análise de dados). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
4. Decomposição de problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
5. Abstração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
6. Algorítimo (procedimentos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
7. Automação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LI
8. Paralelização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LII
9. Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LII
Para aprofundar: pensamento computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIII
Etapa 1: Demonstração de como fazer uma pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIII
Etapa 2 – Atividade em grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIV
O Professor e o estudante protagonista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LV
Sala de aula invertida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVII
Antes da aula. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVII
Durante a aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVII
Depois da aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVII
Aprendizagem baseada em projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVII
Aprendizagem por pares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LVIII
Etapas de aplicação do método Aprendizagem por pares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIX
Etapa 1: Atividade prévia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIX
Etapa 2: Exposição oral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIX
Etapa 3: Questão conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIX
Etapa 4: Votação e verificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LIX
Etapa 5: Discussão em grupo e nova votação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LX
Etapa 6: Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LX
Seminário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LX
Escolha do tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXI

VI
Roteiro de pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXI
Grupos de apresentação, questionamento e síntese. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXI
Estudo de caso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXII
Projeto de final de ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIII
Luz, câmera, o estudante em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIII
Estudantes em ação: colocando as mãos na massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIV
1. Escolha do tema e divisão de tarefas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIV
2. Preparação para a produção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXV
3. Pré-produção: escrevendo o roteiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXVI
4. Pré-produção: leitura do roteiro e organização da gravação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXVI
5. Pré-produção: ensaios e preparação para gravar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXVII
6. Produção: gravação das cenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXVIII
7. Pós-produção: edição e planejamento da exibição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXVIII
8. Exibição dos vídeos e discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIX
Referências para o desenvolvimento do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXIX

Competências socioemocionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXX


Bullying × empatia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXII
Para aprofundar: competências socioemocionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIV
Escolhendo uma história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIV
Identificando sentimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIV
Compartilhando histórias e oferecendo empatia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIV
Reflexões finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIV

Processo avaliativo no ensino de Ciências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXV


Seminários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXVII
Pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXVIII
Debate. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIX
Autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXIX
Produção de textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXX
Mapa conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXX

Links . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXXI
Referências comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . LXXXV

VII
O LIVRO DIDÁTICO DIGITAL

Professor, esta obra impressa possui uma contrapartida digital. A versão digital é uma obra que res-
peita a acessibilidade, ou seja, é concebida para ser usada por todos os estudantes e professores, incluindo
aqueles com algum tipo de deficiência.
O livro digital permite, por exemplo, que seu texto seja lido em voz alta, desde que utilizado um apli-
cativo adequado, como o Thorium (https://fnxl.ink/NMXBDD).
Ele se adapta às mais diversas mídias eletrônicas, em telas de computador, tablets ou mesmo celulares,
adequando os textos, as imagens e o formato da página, de forma fluida, ao aparelho leitor do usuário.
Baseado no Design Universal de Aprendizagem (DUA), o livro didático digital incorpora novas formas
de apresentação ou ampliação do conteúdo impresso, trazendo GIFs animados, carrosséis de imagens (sli-
deshows), vídeos e áudios. Estão assinalados nas páginas desta obra os momentos em que algum material
alternativo ou complementar se apresenta no livro digital.
Maiores detalhes sobre o uso do livro digital você encontra no Manual do Professor Digital.
Para baixar a versão digital desta obra, consulte as diretrizes fornecidas pelo MEC/FNDE para este
PNLD 2024.

Ícones de referência para conteúdos presentes na obra digital


No Livro do Estudante impresso os seguintes ícones remetem a conteúdos presentes no livro digital.

Gifs animados
GIF ANIMADO

Infográficos interativos INFOGRÁFICO

Slideshow SLIDESHOW

Vídeos
VÍDEO

Áudios ÁUDIO

VIII
Estrutura do Manual do Professor
O manual do professor é um material importantíssimo para o trabalho em sala de aula, pois visa oferecer
referências fundamentais para o desenvolvimento da prática pedagógica, como preparar os planos de aulas
e de avaliação formativa, bem como suprir as dificuldades de aprendizagem dos estudantes.
Sua riqueza não apenas contribui para o desenvolvimento da aula, mas contém relevantes conexões
entre os conteúdos e os elementos da BNCC, fornecendo uma constante atualização e um aprimoramento
para o professor. Nesse sentido, este manual busca oferecer caminhos para a atuação do docente em sala
de aula, contribuindo para que se faça um melhor uso da Coleção e garantindo, assim, a qualidade do pro-
cesso de ensino e aprendizagem.
Para facilitar sua utilização, o manual está dividido em orientações gerais e orientações específicas.
As orientações gerais apresentam a organização do Livro do Estudante, os pressupostos teórico-meto-
dológicos que basearam a elaboração da Coleção, uma reflexão acerca do papel do professor na escola con-
temporânea, incluindo sugestões de metodologias ativas para subsidiar a prática pedagógica, orientações
sobre como promover o desenvolvimento das competências socioemocionais, bem como um convite para
repensar a função do processo avaliativo no ensino de Ciências.
Ao descrever o Livro do Estudante, todas as seções presentes são mencionadas explicitando-se tanto
as relações dessas seções com os pressupostos metodológicos da obra, quanto sua articulação com os ele-
mentos que compõem a BNCC, como as competências gerais e específicas, objetos do conhecimento, habili-
dades e temas contemporâneos transversais.
Vale ressaltar que a seção “Projeto” é específica de cada volume, já que há uma variação entre os anos.
Ao longo das orientações gerais, é possível encontrar um quadro chamado “Para aprofundar”, o qual
apresenta um passo a passo de alguns conteúdos para que o professor possa incorporá-los em sua prática
pedagógica.
Nas orientações gerais, os volumes se diferenciam em dois pontos: o primeiro diz respeito aos qua-
dros “Para aprofundar” dos tópicos “Competências socioemocionais aplicadas à saúde mental, promoção
da cultura da paz e combate ao bullying na escola contemporânea” e “Pensamento computacional”. Eles
possuem conteúdo variável ao longo dos anos a fim de ampliar o repertório do professor, já que se trata
de temas novos no contexto escolar; embora estejam especificados para os diferentes anos, as atividades
sugeridas nos referidos quadros podem ser utilizadas em qualquer ano do Ensino Fundamental II.
O segundo é que os exemplos do Livro do Estudante utilizados são específicos para o volume abordado.
No que diz respeito às orientações específicas, apresenta-se uma versão reduzida de cada página do
Livro do Estudante, em cujas laterais e rodapé são inseridas informações sobre os objetivos da unidade, indi-
cação de competências gerais e específicas, bem como habilidades desenvolvidas, orientações sobre como
conduzir as aulas, sugestões de complementação do conteúdo, especialmente por meio do uso de tecnolo-
gias digitais de informação e comunicação (TIC), além da resolução das atividades propostas.
No que diz respeito a indicação de sites, sabendo de antemão que muitos links indicados quando o livro é
elaborado não levam à página proposta no momento em que o livro chega às mãos do estudante, optamos,
em diversas ocasiões (não todas), por ensiná-lo a buscar determinado conteúdo, por exemplo: "Digite em
um site de busca: “Pálido Ponto Azul - narrado por Guilherme Briggs”, em vez de fornecer um link que pode
simplesmente levar a uma página com erro.

IX
Organização e proposta da coleção
Com a aprovação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), em 2018, a sala de aula brasileira tem pas-
sado por transformações que vão desde o desenvolvimento integral do estudante, com um ensino centrado
em seu protagonismo e a progressão das aprendizagens ao longo de cada ano.
De acordo com esse documento, nos anos finais do Ensino Fundamental, é importante um ensino
que dialogue com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, reconheça suas singularidades
e as mudanças próprias dessa fase da vida, e contribua para uma formação identitária.
Assim, espera-se que a escola contemporânea reconheça os espaços sociais pelos quais os jovens cir-
culam e os levem para o cotidiano da sala de aula, conectando a cultura juvenil ao conteúdo escolar e desper-
tando a curiosidade e o engajamento no processo individual e coletivo de aprendizado.
Nesse sentido, a BNCC enfatiza uma nova postura do professor, atuando diferentemente do proposto
no ensino tradicional. No contexto atual, é preciso

[...] adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e


colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendi-
zagem [...] organizar as situações de aprendizagem partindo
de questões que sejam desafiadoras e, reconhecendo a
diversidade cultural, estimulem o interesse e a curiosidade
científica dos estudantes. (BNCC, 2018, p. 16 e 322)

A expectativa para o ensino de Ciências é formar cidadãos críticos e ativos, que possam contribuir para
a preservação do ambiente e a construção de uma sociedade justa e igualitária, e que se tornem usuários e
consumidores conscientes das tecnologias disponíveis.
Assim, é previsto pela BNCC que essa área de conhecimento tenha como foco central o ensino por inves-
tigação e letramento científico, aliados às vivências e às necessidades dos estudantes.
O ensino de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental é marcado pela formalização dos conheci-
mentos acerca dos fenômenos naturais, do desenvolvimento humano e das transformações tecnológicas, o
que possibilita trabalhar temáticas relevantes nas áreas de saúde, sociedade, tecnologia e meio ambiente.
Essas temáticas contribuem para que o estudante explore aspectos mais complexos das relações con-
sigo, com os outros, com a natureza, com as tecnologias e com o meio ambiente.
Ao explorar esses aspectos, fomenta-se o desenvolvimento de valores éticos e políticos necessários
para que o estudante atue socialmente com respeito, responsabilidade, solidariedade, cooperação e repulsa
a qualquer forma de violência e discriminação.
Nesse sentido, esta coleção propõe situações que sejam utilizadas como deflagradoras de discussões
que contextualizam e problematizam a ciência e a tecnologia, indo além da sistematização de conceitos.
Além de serem uma ponte para despertar a curiosidade dos estudantes, essas situações permitem
seu protagonismo na escolha de posicionamentos e valorizam suas experiências pessoais, propiciando um
ambiente favorável ao desenvolvimento da argumentação.
Para abarcar os diferentes aspectos marcados pela consolidação da BNCC, a coleção foi estruturada de
modo a apoiar a jornada do professor(a), para que ele utilize este material como ferramenta pedagógica para
planejar e conduzir o ensino, favorecendo, assim, a aprendizagem do estudante. Com isso, esta coleção está
organizada em quatro volumes, divididos em três unidades, que correspondem às unidades temáticas da BNCC:
Terra e Universo; Vida e Evolução; Matéria e Energia.

X
Apesar da constância de ordenação das unidades temáticas, é possível que o professor utilize-as de
forma flexível e diferente da original para atender às demandas locais de sua escola.
Independentemente da escolha na ordem de utilização das unidades temáticas, a progressão de aprendi-
zagem dos estudantes é garantida, uma vez que esses eixos são trabalhados ao longo de todos os volumes.
Cada unidade do volume é dividida em três capítulos com o intuito de desenvolver as habilidades e as com-
petências gerais e específicas das Ciências da Natureza previstas pela BNCC. Além disso, os capítulos criam a
oportunidade de trabalho com os Temas Contemporâneos Transversais (TCT), valorizando a formação integral
do estudante para além do seu desenvolvimento intelectual.

A BNCC: o ensino de Ciências da Natureza e sua aplicação na coleção


A BNCC é um documento que orienta a construção dos currículos escolares para garantir a qualidade do
ensino por meio de um conjunto progressivo de aprendizagens essenciais. Por ser uma norma nacional, a BNCC
garante que os conteúdos e as habilidades sejam ofertados igualitariamente em todas as escolas do território
brasileiro, independentemente de seu caráter público ou privado.
As aprendizagens essenciais estão organizadas em competências e habilidades que, em conjunto, contri-
buem para uma formação integral do estudante. De acordo com a BNCC, competências são:
• a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos);
• habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais);
• atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cida-
dania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2018, p. 8).
A BNCC define 10 competências gerais (CG), que devem ser desenvolvidas ao longo da educação
básica e articulam-se na construção do conhecimento, no trabalho com as habilidades e na formação
de atitudes e valores.

Competências gerais da educação básica


1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social,
cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a in-
vestigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas,
elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológi-
cas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também
participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se
expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e pro-
duzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma críti-
ca, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

XI
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiên-
cias que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinha-
das ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender
ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consci-
ência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamen-
to ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversida-
de humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar
com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promo-
vendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de
indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos
de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determi-
nação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
solidários.
Fonte: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, 2018, p. 9-10.
Disponível em: https://fnxl.ink/SJRXHE
Acesso em: 4 maio 2022.

No que tange ao ensino de Ciências da Natureza, a BNCC firma um compromisso com o letramento cien-
tífico, assegurando aos estudantes do Ensino Fundamental:

[...] o acesso à diversidade de conhecimentos científicos


produzidos ao longo da história, bem como a aproximação
gradativa aos principais processos, práticas e procedi-
mentos da investigação científica. (BNCC, 2018, p. 321)

Com isso, espera-se que os estudantes desenvolvam um novo olhar sobre o mundo que os cerca, fazendo
escolhas embasadas nos princípios da sustentabilidade e bem-estar social.
Para alcançar esses objetivos, a BNCC propõe que o ensino de Ciências promova situações a fim de que
os estudantes desenvolvam os seguintes atributos:
• definir problemas;
• levantar, analisar e representar dados (planejar e realizar atividades, desenvolver e utilizar ferramen-
tas para coleta análise e representação de dados, avaliar informação, desenvolver soluções);
• comunicar (divulgar as informações/resultados de investigações de forma sistemática);
• intervir (implementar soluções, avaliar sua eficácia para melhorar a qualidade de vida de todos);
• competências específicas contemplando as peculiaridades de cada área do conhecimento.
Levando em conta esses atributos em conjunto com as premissas das competências gerais (CG), foram
então criadas as competências específicas (CE) da área de Ciências da Natureza, a saber.

XII
Competências específicas de Ciências da Natureza para o ensino fundamental
1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico
como provisório, cultural e histórico.
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como
dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no
debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar apren-
dendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural,
social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exerci-
tando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
base nos conhecimentos das Ciências da Natureza.
4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias
para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mun-
do do trabalho.
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defen-
der ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e
ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos
de qualquer natureza.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comu-
nicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciên-
cias da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética.
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade hu-
mana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da
Natureza e às suas tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente
a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com
base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.
Fonte: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, 2018, p.324.
Disponível em: https://fnxl.ink/PVUCWK.
Acesso em: 4 maio 2022.

Articular as competências gerais e específicas a temas de relevância que conectam diversas áreas do conhe-
cimento é essencial para promover o desenvolvimento do pensamento crítico e científico do estudante. Nesse
sentido, os Temas Contemporâneos Transversais (TCT) têm ganhado relevância no contexto da BNCC, pois
trazem temáticas abrangentes que permitem contextualizar o ensino para atender as demandas da juventude
e impactar positivamente a sociedade. A BNCC chama a atenção sobre os TCT quando informa que:

[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às


escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e compe-
tência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas
a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida
humana em escala local, regional e global, preferencialmente
de forma transversal e integradora. (BRASIL, 2018, p. 19)

XIII
Ao inserir os TCT no contexto da sala de aula, fomentamos a compreensão de questões diversas,
tais como:
• cuidar do planeta, a partir do território em que se vive;
• administrar o próprio dinheiro;
• cuidar de saúde;
• usar as novas tecnologias digitais com responsabilidade;
• entender e respeitar aqueles que são diferentes;
• compreender os direitos e deveres como cidadão (BRASIL, 2019).
Temas Contemporâneos Transversais
Os TCT estão dispostos em seis macroáreas, contemplando 15 microáreas, conforme o organograma
na imagem a seguir.

MEIO AMBIENTE
Educação Ambiental
Educação para
o Consumo
ECONOMIA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA Trabalho
Ciência e Tecnologia Educação Financeira
Educação Fiscal
Temas Contemporâneos
Transversais
BNCC
MULTICULTURALISMO
Diversidade Cultural SAÚDE
Educação para valorização Saúde
do multiculturalismo nas Educação Alimentar
matrizes históricas e CIDADANIA E CIVISMO e Nutricional
culturais Brasileiras Vida Familiar
Educação para o Trânsito
Educação em Direitos Humanos
BRASIL. Ministério da Educação. Temas
Direitos da Criança e Contemporâneos Transversais na BNCC:
do Adolescente Propostas de práticas de implementação.
Brasília, DF: MEC, 2019.
Processo de envelhecimento, Disponível em: https://fnxl.ink/OZLQHY
respeito e valorização do Idoso Acesso em: 4 maio 2022.

Nesse sentido, esta coleção contribui para o desenvolvimento das referidas competências gerais e espe-
cíficas e dos TCT por intermédio de sua abordagem conceitual e seções direcionadas para trabalhar o conhe-
cimento, tanto conectado aos fenômenos naturais e à evolução tecnológica, quanto aos relacionados ao
desenvolvimento socioemocional do estudante.

Objetos de conhecimento e respectivas habilidades


A BNCC contém uma lista de objetos de conhecimento e habilidades necessárias para desenvolver as
competências gerais e específicas, orientando, assim, a estruturação dos conteúdos conceituais trabalhados
ao longo da coleção.

XIV
A seguir, apresentamos um quadro descritivo que contém informações sobre os objetos de conheci-
mento, as habilidades e os TCT desenvolvidos ao longo do 6° ano do Ensino Fundamental.

Eixo temático: Terra e o Universo – Unidade 1 – Planeta Terra

Objeto de conhecimento Habilidade TCT Capítulo

(EF06CI13) Selecionar argumentos e


evidências que demonstrem a esferi- Ciência e tecnologia: ao compreender como
cidade da Terra. a evolução dos equipamentos tecnológicos
têm permitido corroborar hipóteses sobre as
relações da Terra com os outros astros do sis-
tema solar (p. 30). Além disso, na seção Não
é magia, é tecnologia!, discute-se o sistema
global de posicionamento e sua relação com a
sociedade natural (p. 40).

Educação ambiental e ciência e tecnologia:


ao discutir, na seção Animais que..., sobre a
(EF06CI14) Inferir que as mudanças biologia dos Tardígradas e como estudar esses
na sombra de uma vara (gnômon) ao animais pode propulsionar as pesquisas para
Forma e movimentos da longo do dia em diferentes períodos a conquista do espaço (p. 32). Já na seção As- 1 – A Terra no
Terra do ano são uma evidência dos mo- sunto sério, essa discussão é fomentada pelo Sistema Solar
vimentos relativos entre a Terra e o problema gerado pelo lixo espacial e as medidas
Sol, que podem ser explicados por necessárias para minimizálo (p. 36).
meio dos movimentos de rotação e
translação da Terra e da inclinação
Educação em direitos humanos e Ciência e
de seu eixo de rotação em relação ao
tecnologia: ao discutir, na seção Vida e am-
plano de sua órbita em torno do Sol.
biente, sobre a vida e obra da astrônoma cega
Wanda Diaz Merced, que descobriu outras for-
mas de estudar a astronomia desenvolvendo
uma técnica para “escutar o céu”. Além disso,
a questão traça um paralelo dessa situação
com a história de outros cientistas importantes
que sofreram com deficiências, como Johannes
Kepler e Stephen Hawking (p. 34).

(EF06CI11) Identificar as diferentes Educação ambiental: ao discutir, na seção


camadas que estruturam o planeta Vida e ambiente, aspectos da biologia dos 2 – Estrutura do
Terra (da estrutura interna à atmos- seres vivos das zonas abissais e hadais, que planeta Terra
fera) e suas principais características. são parte do mar profundo (p. 60).

Estrutura da Terra

(EF06CI12) Identificar diferentes ti- Educação ambiental: ao discutir na seção


pos de rocha, relacionando a forma- Vida e Ambiente - Fósseis vivos, algumas es- 3 – Formações
ção de fósseis a rochas sedimentares pécies consideradas sobreviventes dos eventos rochosas
em diferentes períodos geológicos. de extinção em massa (p. 88).

XV
Eixo temático: Vida e Evolução – Unidade 2 – Sistema nervoso

Objeto de conhecimento Habilidade TCT Capítulo

Ciência e tecnologia: ao relembrar


os conhecimentos sobre como fun-
ciona e a história da evolução dos
instrumentos de microscopia (p. 99
(EF06CI05) Explicar a organi- - 100).
zação básica das células e seu
papel como unidade estrutural e
funcional dos seres vivos. Meio ambiente: ao propor, na se-
ção Vida e ambiente, uma reflexão
sobre a devastação ecológica cau-
Célula como unidade 4 – Células, tecidos, órgãos
sada pela alga Caulerpa taxifolia,
da vida e sistemas
traçando um paralelo com o compor-
tamento dos seres humanos que se
assemelha ao das espécies invasoras
(EF06CI06) Concluir, com base
(p. 110).
na análise de ilustrações e/ou
modelos (físicos ou digitais), que
os organismos são um complexo Saúde: ao abordar, na seção Vida e
arranjo de sistemas com diferen- ambiente, os benefícios da micro-
tes níveis de organização. biota e dos vírus presentes no orga-
nismo humano (p. 112).

Saúde: ao discutir sobre a anatomia


e funcionamento do sistema nervoso
e da visão humana (capítulo 5).
(EF06CI07) Justificar o papel do
sistema nervoso na coordenação
Interação entre os sistemas das ações motoras e sensoriais Processo de envelhecimento,
locomotor e nervoso do corpo, com base na análise de respeito e valorização do idoso:
suas estruturas básicas e respec- ao discutir formas de retardar o
tivas funções. processo de envelhecimento da visão
humana, fomentando o autocuidado
e a preservação de suas qualidades
(p. 146).

5 – Sistema nervoso e visão


Educação ambiental: ao discutir, humana
na seção Animais que…, a qualida-
(EF06CI08) Explicar a impor- de da visão de alguns animais, como
tância da visão (captação e inter- as corujas e águias, aprofundando o
pretação das imagens) na intera- conhecimento sobre a fauna (p. 142).
ção do organismo com o meio e,
Lentes corretivas
com base no funcionamento do Ciência e tecnologia: ao discutir,
olho humano, selecionar lentes tanto no texto quanto nas seções
adequadas para a correção de Atividade prática e Não é magia, é
diferentes defeitos da visão. tecnologia! sobre a relação das lentes
de máquinas fotográficas com o olho
humano e dos métodos de cirurgia
corretiva para a visão (p. 144-145).

XVI
Eixo temático: Vida e Evolução – Unidade 2 – Sistema nervoso
Objeto de conhecimento Habilidade TCT Capítulo

Saúde: ao discutir o uso de drogas lícitas


e ilícitas, bem como seus efeitos nocivos
(EF06CI09) Deduzir que a sobre o organismo (p. 167-176).
estrutura, a sustentação e
a movimentação dos animais Processo de envelhecimento, respeito
resultam da interação entre e valorização do idoso: ao explicar as
os sistemas muscular, ósseo e modificações neurológicas e motoras que
nervoso. acometem as pessoas ao longo do proces-
so de envelhecimento (p. 163).
Educação em direitos humanos: ao dis-
Interação entre os siste- cutir sobre o fomento à autonomia das pes- 6 – Sistema locomotor e
mas locomotor e nervoso soas com deficiência e a falta de preparação psicotrópicos
dos ambientes públicos para atenderem às
necessidades dessas pessoas (p. 164).
(EF06CI10) Explicar como o Ciência e tecnologia: ao discutir o posi-
funcionamento do sistema cionamento da Nova Zelândia em relação
nervoso pode ser afetado por ao controle das populações de (p. 179).
substâncias psicoativas.
Diversidade cultural: ao discutir a re-
lação do povo Yanomâmi com o mundo
espiritual e compreender os fundamentos
do seu ritual da morte (p. 180).

Eixo temático: Matéria e energia – Unidade 3 – Economia circular


Objeto de conhecimento Habilidade TCTs Capítulos

(EF06CI01) Classificar como Meio ambiente e Educação para o consu-


homogênea ou heterogênea a mo: ao favorecer uma reflexão, na seção Dis-
Misturas homogêneas e 7 – Classificação de
mistura de dois ou mais ma- cuta com os seus colegas, sobre a origem
heterogêneas misturas
teriais (água e sal, água e óleo, das matérias-primas utilizadas para fabricar
água e areia etc.). materiais utilizados no cotidiano (p. 182).

Educação ambiental: ao discutir os


processos de separação de mistura, ten-
do como foco a problemática causada
pelo lixo (p. 193-195). Em especial, na
seção Vida e ambiente, aprofunda-se
essa reflexão, tratando do lixo orgâni-
(EF06CI03) Selecionar mé- co e da compostagem (p. 199), temas
todos mais adequados para a presentes no cotidiano do estudante.
separação de diferentes siste- Este TCT também pode ser discutido ao
mas heterogêneos a partir da abordar aspectos da biologia das baleias
Misturas homogêneas e
identificação de processos de Jubarte, presentes na seção Animais 8 – Separação de misturas
heterogêneas
separação de materiais (como que... (p. 210). Por fim, ao abordar os
a produção de sal de cozinha, acidentes com derramamento de petró-
a destilação de petróleo, entre leo, cria-se espaço para seus impactos
outros). sobre o ambiente e seres vivos (p. 223).
Saúde: ao discutir o tratamento, a distri-
buição de água potável e as doenças de
veiculação hídrica discutidas tanto na se-
ção Não é magia, é tecnologia (p. 204)
quanto na Atividade prática (p. 208).

XVII
Eixo temático: Matéria e energia – Unidade 3 – Economia circular

Objeto de conhecimento Habilidade TCTs Capítulos

Ciência e Tecnologia: ao refletir, no


boxe Discuta com seus colegas, sobre
os benefícios sociais provocados por
materiais oriundos de transformações
(EF06CI02) Identificar evi- químicas (p. 227). Além disso, ao abordar
dências de transformações os avanços tecnológicos na utilização e
químicas a partir do resultado na produção dos diferentes tipos de ma-
de misturas de materiais que teriais naturais, artificiais e sintéticos,
originam produtos diferentes bem como seus impactos na sociedade.
Transformações químicas
dos que foram misturados
(mistura de ingredientes para
fazer um bolo, mistura de
vinagre com bicarbonato de Meio ambiente e Saúde: ao discutir, na
sódio etc.). seção Assunto sério, os aspectos éti-
cos de produção e consumo do amianto,
material nocivo à saúde e proibido em
diversos países (p. 241).

Meio ambiente e Educação para o


consumo: ao discutir, na seção Assun-
to sério, sobre o consumo excessivo de 9 – Transformações
plástico e os danos ambientais causados químicas
por esse tipo de lixo. Ao propor que os es-
tudantes criem um texto de opinião sobre
o Dia da Sobrecarga da Terra, também é
possível trabalhar esse TCT (p. 249).

(EF06CI04) Associar a pro-


dução de medicamentos e Ciência e Tecnologia e Educação am-
outros materiais sintéticos ao biental: ao discutir, na seção Vida e
Materiais sintéticos desenvolvimento científico e ambiente, a exploração de espécies por
tecnológico, reconhecendo parte dos humanos e refletir sobre o uso
benefícios e avaliando impac- da ciência e tecnologia para a produção de
tos socioambientais. materiais, de forma a evitar a exploração
de outros seres vivos (p. 242).

Saúde e Ciência e Tecnologia: ao dis-


cutir a fabricação de medicamentos e o
uso de diferentes materiais aplicados na
impressão 3D para fomentar avanços
na medicina (p. 252).

XVIII
Organização do Livro do Estudante
O Livro do Estudante (LA) foi pensado para apresentar ao professor grande diversidade de estratégias
metodológicas, possibilitando-o adaptar os conteúdos a seu plano de trabalho.
Em alguns momentos, é priorizado o trabalho individual; em outros, o trabalho em grupo. Há também
momentos de diálogo entre professor e estudante, de pesquisa e investigação, que podem ocorrer na biblio-
teca ou na internet, conforme os recursos da escola, mas sempre orientados pelo professor, e de atividades
variadas, como leituras de textos, discussões e debates para aprofundar o tema. Essa mescla de diferentes
oportunidades de aprendizado considera o princípio de que estudantes diferentes aprendem de formas e em
ritmos diversos; portanto, deve haver oportunidades para a personalização do ensino.
Assim, o trabalho do professor será favorecido pelos recursos disponíveis no livro.
O LA possibilita a incorporação de metodologias ativas às práticas de sala de aula e propicia o protago-
nismo dos estudantes na apropriação dos conhecimentos.
Com essa perspectiva, os conteúdos da coleção são compostos por textos expositivos que abarcam seções
identificadas visualmente pelas vinhetas apresentadas a seguir, o que facilita, para os leitores, compreender a
estrutura do livro e, consequentemente, amplifica seu aproveitamento.
O Livro do Estudante está dividido em três unidades, que correspondem às unidades temáticas, divi-
didas em três capítulos. Todo capítulo inicia-se com uma abertura e termina com uma seção de atividades,
em que são trabalhados os conteúdos nele desenvolvidos. Essas seções constituem ferramentas didáticas
que auxiliam o professor na organização do trabalho pedagógico.

Infográfico: O que é Ciência? E Tecnologia?


Este infográfico visa aproximar os estudantes dos conceitos de Ciência e Tecnologia, definindo seus
papéis, destacando os principais aspectos da natureza das ciências e sumarizando a evolução do conheci-
mento científico e tecnológico.
Nesse sentido, ele representa um importante ponto de partida para discutir a história das ciências e sua
relação com a história da humanidade. A partir dele, é possível trabalhar o TCT Ciência e Tecnologia e iniciar
uma discussão sobre as diferenças e complementaridades entre a pesquisa básica e aplicada, reforçando a
importância de valorizá-las.
Esse também é um momento relevante para desenvolver as CG1 e a CE1, pois o infográfico apresenta a
evolução do conhecimento científico como um produto humano, social e histórico.

Abertura
É composta por imagens que remetem a cada uma das habilidades que serão desenvolvidas ao longo da
unidade. Além disso, as imagens são acompanhadas por legendas e perguntas que visam levantar os conhe-
cimentos prévios dos estudantes e aguçar sua curiosidade sobre os conteúdos que serão desenvolvidos e
introduzi-los ao processo investigativo.
As imagens da abertura não precisam ser discutidas ao mesmo tempo. O professor pode selecionar
apenas aquelas relacionadas às habilidades que serão desenvolvidas no capítulo a ser trabalhado. Uma pos-
sível estratégia é solicitar ao estudante que responda às perguntas previamente, selecionando outras curio-
sidades sobre o assunto para serem abordadas em classe.

XIX
Caso essa estratégia seja adotada, é importante que o professor inicie a aula discutindo as informações
reunidas pelos estudantes. No final de cada unidade, essas perguntas serão retomadas na seção Revisão
final de unidade.
Dessa forma, o estudante poderá confrontar a resposta que havia dado anteriormente com a que é
capaz de elaborar agora, a partir de novos conhecimentos adquiridos, e poderá fazer uma autoavaliação do
rendimento de seus estudos.

Resgate de conhecimentos prévios


Esta seção tem distribuição variável entre as unidades. Seu objetivo é relembrar conceitos desenvol-
vidos em anos iniciais do Ensino Fundamental e, por isso, ela pode funcionar como um excelente organizador
prévio, uma vez que mobiliza os subsunçores necessários para promover a aprendizagem significativa, con-
ceito que será aprofundado posteriormente neste manual.

Vida e ambiente
Esta seção tem ocorrência e distribuição variáveis entre as unidades. Aqui, é possível explorar a leitura
inferencial e expandir a formação do estudante trazendo luz às ações positivas, descobertas e curiosidades
que fomentem um posicionamento responsável perante a sociedade e o ambiente, valorizando suas expe-
riências e sua relação com a natureza, consigo e com o próximo.
As temáticas contidas nesta seção abrem espaço para que o professor desenvolva propostas didáticas
com os TCT favorecendo discussões que valorizem as dimensões física, emocional, social, histórica e cultural.

Assunto sério
Esta seção apresenta distribuição e ocorrência variáveis ao longo das unidades.
Seu objetivo é contrapor benefícios e malefícios do desenvolvimento científico e tecnológico, dando
destaque a problemas que afetam a vida e/ou o ambiente. Nesse contexto, as temáticas abordadas geral-
mente são polêmicas e fomentam discussões argumentativas sobre as aplicações, implicações políticas,
socioambientais e culturais da Ciência, de maneira que o estudante consiga identificar problemas e pensar
em soluções.
Essas temáticas favorecem também o trabalho com a leitura inferencial e permitem a aproximação de
professores de diferentes componentes curriculares, possibilitando, assim, um trabalho interdisciplinar rela-
cionado às macro e microáreas dos TCT.
O professor pode utilizar as temáticas abordadas nesta seção para trabalhar a argumentação baseada
em dados, desenvolver consciência ambiental, valores éticos e políticos, para que o estudante atue social-
mente com respeito, responsabilidade, solidariedade, cooperação e repúdio à discriminação e à violência de
qualquer natureza.

Atividade prática
Esta seção apresenta distribuição e ocorrência variáveis. Ela foi proposta com o objetivo de permitir
que o estudante tenha contato com a experimentação científica e as premissas a ela atreladas, como
levantamento e testagem de hipóteses, análise, comparação, discussão e comunicação de resultados. Com
isso, espera-se despertar a curiosidade e o interesse dos estudantes, utilizando a abordagem própria das

XX
ciências para desenvolver a capacidade de resolver problemas e compreender conceitos básicos. Os expe-
rimentos estão ilustrados passo a passo, com intuito de guiar o estudante ao longo das etapas, e utilizam
materiais de fácil acesso.
Eles podem ser realizados em grupos, permitindo desenvolver a colaboração, o respeito, a autonomia e
a capacidade de argumentação.
O professor pode utilizar esta seção para instigar a curiosidade dos estudantes sobre os assuntos antes
de trabalhar o conteúdo teórico.
Algumas atividades exigem que certas etapas sejam feitas pelo professor, como corte de garrafa PET e
manipulação de etanol, entre outras, o que está claramente apontado no texto.

Não é magia, é tecnologia!


Esta seção, que ocorre uma vez por unidade, foi planejada para favorecer o desenvolvimento da leitura
inferencial, bem como o TCT Ciência e Tecnologia.
Além disso, ela visa valorizar o conhecimento científico e sua construção, tendo como objetivo fomentar
a discussão sobre os impactos da evolução tecnológica na sociedade. As temáticas selecionadas, em geral,
são polêmicas, alimentam o debate sobre as aplicações sociais do conhecimento científico e permitem o tra-
balho integrando outros componentes curriculares.
Dessa forma, é possível também direcionar a discussão para questionar valores éticos, construindo uma
argumentação fundamentada em dados científicos.

Animais que…
Aparece uma vez por unidade e foi proposta para facilitar o trabalho com o TCT Educação Ambiental.
As temáticas abordadas visam aproximar o estudante de curiosidades comportamentais da fauna, estrei-
tando, assim, seus laços com a natureza. Ao integrar esse conhecimento aos conteúdos estudados, favorece
a valorização e o respeito aos seres vivos a partir do entendimento da complexidade e peculiaridade de seus
hábitos e suas relações com o ecossistema que habita.

Acesse seus conhecimentos


Esta seção está presente em todos os capítulos. Ela é composta por atividades variadas contemplando
desde questões de nível cognitivo mais simples, que pedem para o estudante recordar, identificar e des-
crever informações, até mais complexas, que exigem do estudante a capacidade de analisar e julgar dados
e informações, bem como planejar estratégias e propor soluções para um problema baseado nos conceitos
estudados.
Muitas atividades proporcionam momentos de pesquisa, valorizam o trabalho em equipe e a comuni-
cação dos conhecimentos científicos. Há também atividades que utilizam diferentes formas de apresen-
tação, recorrendo a gráficos, tabelas e imagens, a fim de ampliar a capacidade de o estudante interpretar e
inferir com bases em dados. O professor pode utilizar esta seção de acordo com as demandas e individuali-
dades do estudante, para acompanhá-los no processo de aprendizagem. Por isso, as questões não precisam
ser trabalhadas ao mesmo tempo e nem apenas ao final dos estudos.

XXI
Mapa conceitual
Esta seção aparece sempre ao final de cada unidade. Objetiva sintetizar e estabelecer conexões entre os
conceitos trabalhados. Assim, o estudante tem a oportunidade de relembrar o que estudou antes do início de
uma nova unidade. Ao se tornar apto a construir seus próprios mapas conceituais, o estudante poderá usá-los
como instrumento de aprendizagem e até mesmo para fins de autoavaliação. O professor poderá sugerir distintas
formas de construção desses mapas, seja com ilustrações, no caderno ou com auxílio de um software, fortale-
cendo, assim, o uso responsável da tecnologia em favor da aprendizagem. Essa representação das relações entre
conceitos favorece também o desenvolvimento do pensamento computacional.

Revisão final da unidade


Aparece ao final de cada unidade. A primeira questão resgata as perguntas feitas na abertura das uni-
dades. Além disso, traz uma lista de atividades que podem incluir questões de provas oficiais, com destaque
para questões do Pisa, e que interconectam e recuperam os conceitos estudados ao longo da unidade, pro-
porcionando novas oportunidades de aprendizagem. Algumas atividades proporcionam a interpretação de
gráficos, tabelas e leitura inferencial.
O professor poderá utilizar essas atividades para avaliar e identificar lacunas de compreensão dos con-
ceitos e atuar de forma efetiva para sanar esses problemas.

Boxes laterais
Para tornar o livro mais dinâmico e dar ao professor caminhos possíveis para trabalhar determinado
conteúdo em sala de aula, apresentamos vários boxes nas laterais do livro ou no meio de uma seção espe-
cífica, sempre relacionados ao assunto desenvolvido no texto principal.
Os boxes são apresentados a seguir.

Discuta com seus colegas


Este boxe aparece em diversos momentos do capítulo; arquitetado para dar voz ao estudante, fomenta
seu protagonismo ao expressar seus conhecimentos prévios.
Assim, são criadas condições para que ele possa exercitar a capacidade de expressar opiniões e pontos de
vista de forma coerentes, valorizando suas experiências pessoais e coletivas e desenvolvendo uma escuta ativa.
O professor poderá utilizar o boxe para planejar estratégias mais assertivas e utilizá-lo em prol do apro-
fundamento e da ampliação das conexões entre os conhecimentos prévios e os conteúdos trabalhados.

Você sabia?
Este boxe aparece em diferentes pontos do capítulo. Introduz informações interessantes para ampliar
seu repertório cultural e atrair sua atenção para o tema em estudo.

Glossário
Definição ou significado de palavras ou expressões apresentadas no texto que podem não fazer parte
do vocabulário cotidiano do estudante. Também serve para ampliar o repertório, resultando, assim, em uma
melhora em sua capacidade de leitura.

XXII
Projeto de final de ano
Todos os volumes terminam com um projeto de final de ano visando a integração dos estudantes e a
percepção de que venceram mais uma etapa importante de suas vidas.
Os projetos propostos nos livros são apresentados a seguir:

6o ano: Luz, câmera, o estudante em ação!


Consiste em filmar um curta-metragem utilizando a câmera do celular. Para isso, os estudantes recebem
todas as orientações, desde como montar o roteiro até como editar o filme.

7o ano: Projeto profissões


Tem o objetivo de orientar o estudante sobre como obter informações a respeito de profissões de seu
interesse e, principalmente, como montar uma apresentação tendo essas informações como base.

8o ano: Pesquisa-ação
O objetivo é levar o estudante a prestar atenção nos problemas de sua comunidade, entender a origem
desses problemas, propor soluções para resolvê-los e atuar na comunidade para, de fato, solucioná-los, com-
preendendo e assumindo seu papel de cidadão na sociedade.

9o ano: Teatro
A proposta é que a classe se divida em quatro grupos e que cada grupo trabalhe junto escrevendo e
montando uma peça de teatro cujo tema deve ser o confronto entre a Etnociência e a Pseudociência, com
base nos textos fornecidos e nas pesquisas particulares que cada grupo fizer.
As peças de teatro deverão ter, no mínimo, 15 minutos de duração e, no máximo, 30 minutos.
A critério do professor, elas poderão – como no festival de curta-metragem do 6o ano – ser exibidas apenas
na sala de aula, na escola para todos os estudantes ou em um evento de final de ano para a comunidade.

Subsídios para planejamento do cronograma


A carga horária mínima dos anos finais do Ensino Fundamental é de 800 horas, distribuídas em, pelo
menos, 200 dias letivos, ou seja, cerca de 40 semanas.
Cada diretriz estadual propôs um arranjo curricular com uma determinada quantidade de aulas; para
Ciências elas têm variado de 2 a 4 horas/aula por semana. Logo, para propor um cronograma com base na
coleção, o professor precisa ter em mente que ela contém três unidades divididas em três capítulos.
Além disso, ele deve levar em conta que o tamanho dos capítulos e o perfil de aprendizagem dos estu-
dantes são variáveis, por isso pode utilizar mais ou menos aulas para desenvolvê-los.
A seguir, apresentamos algumas sugestões de cronograma para o 6° ano, considerando 3 horas/aula por
semana, de modo que o professor possa ajustá-lo à sua realidade.

XXIII
Bimestral
Ao utilizar o livro do 6° ano em um cronograma de organização bimestral, sugerimos que:
• nos bimestres 1, 2 e 4, sejam trabalhados dois capítulos em cada um deles; e
• no 3° bimestre sejam trabalhados 3 capítulos.
É possível reservar uma maior quantidade de aulas para os capítulos 1, 8 e 9, enquanto que os outros
requerem menos aula.
Uma possibilidade é planejar:
• 14 aulas para os capítulos 4, 5 e 6;
• explorar os capítulos 1, 8 e 9 em torno de 18 aulas;
• já para os capítulos 3 e 7, pode-se variar entre 5 e 10 aulas.
Observe que este volume inicia-se com um infográfico destacando os principais eventos na história da
Ciência e Tecnologia, por isso é importante dedicar algumas aulas para explorá-lo.
Aproveite e reserve algumas aulas para trabalhar o desenvolvimento do mapa conceitual e oferecer
oportunidades para praticar sua elaboração, já que será o primeiro contato com esse tipo de ferramenta.
Se julgar interessante, inicie o trabalho com os mapas que apresentam temáticas do cotidiano dos
estudantes, por exemplo, esportes, famílias, jogos, pois favorece seu entrosamento com essa habilidade
antes de aplicá-la ao conteúdo.
O restante dos dias letivos podem ser reservados para, além das atividades formais, contemplar ativi-
dades que ampliem o repertório do estudante, como visitas a museus e zoológicos ou implementação de
clubes e feiras de ciências.

Trimestral
De acordo com a organização do 6° ano, a divisão trimestral mostra-se mais orgânica, já que o professor
poderá trabalhar uma unidade por trimestre, sendo que a distribuição de aulas por capítulo deverá ser ajus-
tada de acordo com o tamanho de cada um deles.
O professor deve levar em conta que pode ser necessário reservar algumas aulas para atividades formais
da escola, como avaliações, eventos e atividades extraclasse.
Na Unidade 1, é possível programar mais aulas para os capítulos 1 e 2, enquanto que o 3 poderá ser estu-
dado em menos aulas.
Já na Unidade 2, em que os capítulos possuem um tamanho mais equilibrado, é possível dividir o tri-
mestre equitativamente entre eles.
Na Unidade 3, é necessário reservar poucas aulas para o capítulo 7, enquanto os outros podem ser
desenvolvidos em um maior número de aulas.

Semestral
Para utilizar o volume do 6° ano em uma organização semestral, o professor poderá desenvolver uma
unidade e meia por semestre. É possível selecionar:
• os capítulos 1, 2, 3 e 4 para desenvolver no primeiro semestre;
• deixar os capítulos 5, 6, 7, 8 e 9 para o segundo semestre.
Assim, os estudantes não terão interrupção no estudo do conteúdo de cada capítulo.

XXIV
APOIO TEÓRICO-METODOLÓGICO

Aprendizagem significativa
A compreensão sobre os mecanismos envolvidos na aprendizagem tem passado por profundas
mudanças. Se, antes, a aprendizagem pautada na memorização era a força motriz do ensino escolar, cada
vez mais buscam-se formas de incitar uma aprendizagem que promova a formação de um cidadão capaz de
interferir em seu meio social.
Uma das teorias que têm se distanciado dos princípios conteudistas é a da aprendizagem significativa
proposta por David Ausubel (1918-2008). Essa teoria baseia-se na compreensão sobre como o sujeito cons-
trói significados utilizando estruturas mentais para organizar e integrar as informações.
Nesse sentido, ao ser apresentado a novas informações, o educando cria conexões entre estas e os
conhecimentos que já possui, construindo sentidos e significados que lhe permite aplicar essas novas infor-
mações a diferentes contextos.
Por outro lado, quando uma nova informação é introduzida ao contexto do aprendiz, ele pode incor-
porá-la de forma mecânica, em que apenas consegue reproduzir o conteúdo da mesma forma e no mesmo
contexto em que foi apresentado.
De acordo com a teoria de Ausubel (2003), a estrutura cognitiva prévia é a variável essencial para que a
aprendizagem significativa ocorra. Essa estrutura representa os conhecimentos prévios relevantes do aprendiz
e sua organização hierárquica, a fim de interagir com o novo conhecimento, atribuindo-lhe significado.
Esse conhecimento prévio relevante, muitas vezes referido como subsunçor ou ideia-âncora, serve como
receptor e modificador das novas informações adquiridas; neste processo dinâmico, ele também se modifica.
Assim, enquanto os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito, os conhecimentos prévios
passam a ter novos significados ou maior estabilidade cognitiva (MOREIRA, 2012).
Ausubel (2003) aponta a existência de duas condições necessárias para a ocorrência da aprendizagem
significativa:
1. materiais instrucionais potencialmente significativos; e
2. um sujeito predisposto a aprender.
O primeiro precisa ser relacionável a um subsunçor relevante, que converse com a realidade do aprendiz. Cabe
destacar que não existe material significativo, pois o significado é dado pelo sujeito aprendiz. Logo, aprendizagem
significativa não quer dizer aprendizagem correta, ou seja, o significado atribuído pelo aprendiz pode fazer sentido
para ele, mas pode não ser validado no corpo de conhecimento formal que se quer ensinar.
Por serem significativas, há a possibilidade de algumas aprendizagens serem resistentes à mudança concei-
tual. Por outro lado, ao conhecer as concepções prévias dos estudantes, o professor tem a oportunidade de pro-
mover situações de aprendizagem capazes de favorecer a atribuição de significados formais aos temas tratados.
No que se refere à segunda condição, o indivíduo pode decidir se quer memorizar o conteúdo mecani-
camente ou se irá relacioná-lo a seus conhecimentos prévios, construindo significados e modificando suas
estruturas cognitivas. Isso depende intrinsecamente da vontade do aprendiz de relacionar os conhecimentos
novos aos seus conhecimentos prévios.

XXV
A aprendizagem significativa é progressiva com rupturas e continuidades, portanto é necessário tempo
para consolidar o domínio de um determinado conhecimento.
No ensino formal, muitas vezes é esperado que o conhecimento seja apresentado de forma linear e
cronológica, sem ênfases e sem processos de diferenciação e integração ao que já se sabe, como se tudo
fosse importante e sem iniciar a abordagem partindo dos aspectos mais gerais para depois adentrar os mais
específicos. (MOREIRA, 2012).
Essa orientação lógica frequentemente não facilita a aprendizagem significativa; para que ela seja
fomentada, é importante que o estudante tenha uma visão inicial do todo para depois diferenciar, reconciliar
e ressignificar as partes.
Na maioria das vezes, embora o planejamento escolar não favoreça a aprendizagem significativa, ela
pode ser facilitada com algumas estratégias.
Ausubel (2003) propôs um recurso instrucional, chamado organizadores prévios, a ser utilizado quando
o estudante não apresenta os subsunçores adequados para atribuir significado ao novo conhecimento.
Esses recursos são introdutórios, mais abrangentes e incluem o conteúdo a ser estudado, tendo a função
de criar uma ponte entre o que o estudante sabe e o que ele deveria saber, ou estabelecer comparações que
permitam integrar ou diferenciar o novo conhecimento dos pré-existentes.
Outros facilitadores da aprendizagem significativa, de acordo com Moreira (2012), são:

Mapas conceituais
Estruturas gráficas que permitem construir relações entre conceitos, criando hierarquias sem temporali-
dade ou direcionalidade, e refletem a construção de significados peculiares a cada estudante. Eles podem ser
usados em todas as etapas dos estudos, servindo como forma de avaliação.

Diagramas
Instrumentos heurísticos que enfatizam as relações entre o pensar e o fazer, a partir de questões-foco.
Eles podem ajudar o estudante a acompanhar seu próprio processo de construção dos conhecimentos, bem
como amplificar a discussão de um tema, de modo que seu conhecimento conceitual se torne visível.

Atividades colaborativas
Viabilizam o intercâmbio e a negociação de significados nas relações professor-estudante e estudante-
-estudante, colocando o professor na posição de mediador, sendo a linguagem o meio pelo qual isso acontece.
Cabe destacar que utilizar essas estratégias não garante a ocorrência de uma aprendizagem significa-
tiva, pois depende de como o professor conduz as atividades em sala.
Muitas vezes, se aplicadas sem respeito as seus pressupostos, essas estratégias podem resultar em uma apren-
dizagem mecânica. Por outro lado, a aprendizagem significativa e a mecânica não são mutuamente excludentes.
Na realidade, elas constituem um contínuo, no qual há uma região em que dois tipos de aprendizagem se
misturam, numa zona intermediária; ao inserir o ensino potencialmente significativo, é possível direcionar o
estudante para a aprendizagem significativa, observada na figura a seguir, que apresenta uma visão esque-
mática do contínuo formado pela aprendizagem significativa e aprendizagem mecânica.

XXVI
Ensino Potencialmente Significativo
Aprendizagem Aprendizagem
mecânica significativa

Armazenamento literal, Incorporação substantiva,


Zona Fonte: MOREIRA, M. A. O
arbitrário, sem signifi- não arbitrária, com signifi- que é afinal aprendizagem

cado; não requer com- cado; implica compreensão, significativa? Revista cultural
preensão, resulta em transferência, capacidade La Laguna Espanha, 2012.
Cinza Disponível em:
aplicação mecânica a de explicar, descrever,
https://fnxl.ink/GNZZIM
situações conhecidas. enfrentar situações novas.
Acesso em: 25 abr. 2023.

Considerando todos os aspectos mencionados sobre a aprendizagem significativa, a coleção se inspirou


nessa teoria, com o objetivo de se tornar um material potencialmente relevante.
Assim, nas aberturas de unidades, são apresentadas imagens e questões relacionadas as habilidades que
serão trabalhadas na unidade, para levantar o conhecimento prévio do estudante acerca dos conteúdos que
serão trabalhados.
Esses questionamentos podem funcionar como organizadores prévios, permitindo uma contextuali-
zação do que será ensinado a partir de temas que interessem os estudantes e que sejam relevantes para seu
desenvolvimento como cidadão.
Como muitas das temáticas trabalhadas nas Unidades estão em consonância com a proposta dos TCT
fomentada pela BNCC (BRASIL, 2018), este torna-se um momento favorável de mobilização de conheci-
mentos prévios dos estudantes.
Um exemplo de trabalho com a abertura do 6o ano está na Unidade 3, na questão que se refere aos
produtos reciclados. Ela permite discutir os diferentes pontos de vista sobre investir em reciclar materiais
poluentes versus investir em produzir materiais que não poluem.
Assim, é possível mobilizar os subsunçores, sobre reciclagem estruturados no 5o ano do Ensino Funda-
mental e aprofundar o debate acerca dos impactos ambientais provocados pelo lixo, pela poluição e pela
produção de alguns materiais. Esse debate também contribui para o desenvolvimento dos TCT Educação
para o consumo e Educação ambiental.
Ao propor essa discussão, os estudantes poderão reestruturar seus subsunçores, já que terão a oportu-
nidade de ter uma visão macro sobre os conteúdos antes de abordar suas particularidades, bem como, fazer
a ponte entre os conhecimentos prévios e o que será discutido no capítulo.
Nesse contexto, o professor tem um papel fundamental de ajudar os estudantes a perceberem como os
novos conhecimentos se relacionam aos anteriores e como se diferenciam deles.
Outro exemplo do 6° ano que vale a pena ser ressaltado é a seção Resgate de conhecimentos prévios
da Unidade 3, capítulo 8 (p. 214). Nela, o estudante é convidado a mobilizar os subsunçores relativos às
mudanças de estado físico da matéria para, a partir daí, negociar significados e estabelecer novas conexões
entre seus conhecimentos prévios e as técnicas de separação de mistura.
Além disso, a coleção, a partir do boxe Discuta com seus colegas e outras atividades colaborativas, tem
potencial para assumir o papel de facilitador da aprendizagem significativa por viabilizar o intercâmbio e a
negociação de significados.
Por meio dos questionamentos postos, o professor pode se colocar em uma posição de mediador, e os
estudantes podem se inserir em um processo interativo, no qual a escuta e a externalização das ideias são
necessárias para identificar, negociar e integrar os significados de um determinado tema.

XXVII
Um exemplo do 6o ano é o boxe Discuta com seus colegas presente na Unidade 1, capítulo 1, (p. 37).
As questões propostas ajudam os estudantes a mobilizar seus subsunçores ao pedir que eles resgatem as
memórias de uma brincadeira da infância, o que permite traçar um paralelo com o movimento de rotação
da Terra. Além disso, ao questionar sobre como os corpos das crianças se comportam durante o movimento
realizado na brincadeira, cria-se um organizador prévio para estruturar o conceito de inércia, promovendo,
assim, uma negociação de significados e transformações dos subsunçores dos estudantes para incluir os
conhecimentos científicos que serão desenvolvidos sobre o assunto.

Para aprofundar: Aprendizagem significativa


Aqui, apresentamos uma estratégia metacognitiva, conhecida como KWL (Do inglês: Know, Want
to know and Learn), que permite aos estudante elaborar relações significativas entre os conceitos a
partir da relação entre seus conhecimentos prévios e os conteúdos que serão estudados, fomentando
a aprendizagem significativa.
Essa é uma estratégia que pode ser aplicada mais facilmente nas aberturas de unidade, bem como nas seções
que envolvem leituras de textos e nos tópicos dos capítulos.

Etapa K: O que eu sei sobre o assunto?


Esse é o momento em que o professor mobiliza os conhecimentos prévios dos estudantes sobre um
conceito-chave para gerar informações pertinentes ao que será estudado.
Essa mobilização pode ser feita por meio de uma discussão oral, com perguntas que visem extrair res-
postas que ajudem a ordenar a memória do estudante e a levá-lo a se conscientizar do que ainda não sabe
sobre o assunto. Aqui, também, é necessário criar categorias de informações que ajudem os estudantes a
agrupar os conceitos no mesmo campo semântico.

Etapa W: O que eu quero saber?


Este momento é caracterizado pelo incentivo à criatividade dos estudantes, já que eles são convidados a ela-
borar perguntas sobre o que gostariam de saber sobre o assunto.
A orientação do professor é fundamental, a fim de que as questões sejam direcionadas para o que se
quer ensinar ou o que se quer que o estudante aprenda.
É importante que os estudantes façam anotações sobre as perguntas para as quais gostariam de obter
uma resposta, já que, dessa forma, conseguirão acompanhar a própria aprendizagem.

Etapa L: O que eu aprendi com o estudo?


Nesta etapa, os estudantes devem ser orientados a discutir e elaborar o que aprenderam, a partir da criação
de algum produto (como texto, imagem, gráfico etc.), considerando as questões propostas na etapa anterior.
Caso os estudantes não tenham alcançado respostas para as questões que eles propuseram na etapa anterior,
é importante orientá-los a buscar alternativas de aprofundamento do conteúdo, incentivando, assim, seu pro-
tagonismo e autonomia.
KOPCKE, H. F. Estratégias para desenvolver a metacognição e a compreensão de textos teóricos na Universidade.
Psicologia Escolar e Educacional, v. 1, n. 2 e 3, p. 59-67, 1997. / RIBEIRO, Cássia de A. G.; ROSA, Cleci T. W. da R.; ZOCH, Alana N.
Estratégias metacognitivas de leitura aplicadas ao ensino de Física. Um guia para professores. PGECM/Universidade de Passo Fundo-UFP, p. 13-24, 2022.
Disponível em: https://fnxl.ink/TCQTPH
Acesso em: 21 abr. 2023.

XXVIII
Mapa conceitual como facilitador da aprendizagem significativa
Como mencionado, o mapa conceitual é um instrumento capaz de facilitar a aprendizagem significativa,
pois possibilita ao estudante uma organização do conteúdo, de modo a criar relações hierarquizadas entre
seus conhecimentos, revelando, assim, sua estrutura cognitiva.
Além disso, os mapas constituem ferramentas que permitem ao professor identificar como os estu-
dantes atribuem significados e relacionam conceitos, quais lacunas de conhecimento eles possuem, quais
conexões equivocadas existem em seus subsunçores e como sua estrutura cognitiva se modifica ao longo da
aprendizagem (NOVAK, 1990; NOVAK; GOWIN, 1999; MOREIRA, 2005).
Mapa conceitual representa um conjunto de proposições que evidenciam uma estrutura de conceitos
que parte dos mais gerais para os mais específicos. À medida que os novos conhecimentos são trabalhados
na sala de aula e se estabilizam na estrutura cognitiva do estudante, ocorre um processo de mudança con-
ceitual em sua mente.
Do ponto de vista prático, os conceitos são representados por palavras com significados específicos, deri-
vadas de experiências anteriores, escolares ou não. Um conceito se relaciona a outros, criando novos signi-
ficados. Para que fique clara a relação que se quer estabelecer entre eles, é essencial que seja utilizada uma
palavra de ligação. Uma tríade “conceito 1 + palavra de ligação + conceito 2” forma uma proposição conceitual.
Vamos ver um exemplo na representação a seguir, que se refere às Ciências Naturais:
estuda
CIÊNCIA VIDA

Na proposição conceitual construída no exemplo anterior, "Ciência" e "vida" são conceitos, e "estuda" é
uma palavra de ligação sem a qual não seria possível identificar a relação que se estabeleceu entre os dois
conceitos, por isso poderíamos ter várias interpretações.
Contudo, é importante ressaltar que o significado de um conceito pode se modificar conforme se esta-
belecem novas relações conceituais. Assim, as proposições conceituais mostram que o estudante conseguiu
reconciliar ou se diferenciar dos previamente existentes em estrutura cognitiva, ou seja, produziu novas
proposições conceituais e novos significados (AUSUBEL, 2003).
Na coleção, no final de cada unidade, apresentamos um mapa conceitual, que constitui um recurso visual
para sintetizar os conceitos trabalhados.
Esse mapa ocupa uma página inteira e pode surpreender o estudante que nunca tenha visto um. Assim,
antes de começar uma nova unidade, relembre com a turma todos os conceitos estudados, fazendo per-
guntas sobre como eles se relacionam e mostrando como aparecem no mapa. Tomemos como exemplo o
mapa da Unidade 2, do volume 6 (p. 178), a partir do qual você pode trabalhar as seguintes perguntas:
• Quais os materiais genéticos dos vírus?
• Quais os tipos de célula existentes e como elas se diferenciam?
• Quais sistemas, tecidos e órgãos formam os seres humanos?
Essa prática possibilita ao estudante entender a proposta do mapa conceitual e utilizá-lo para estudar a
temática desenvolvida na unidade. A fim de que ele se aproprie da técnica de construção do mapa conceitual,
inicialmente proponha que faça pequenos mapas como parte das atividades.
Os mapas conceituais ampliam nossa visão, ajudam-nos a perceber conexões que não enxergávamos antes
e, por isso, são uma excelente ferramenta para solidificar o aprendizado.
Um mapa conceitual pode ser mais simples ou mais complexo conforme o aprendizado e o número de
conexões estabelecidas pelo autor, mas é importante perceber que, por ser uma construção individual, não
existe um modelo correto; ele apenas mostra o estágio de aprendizado em que seu elaborador está.

XXIX
Assim, o mapa conceitual pode ser ampliado e se tornar mais complexo à medida que novas conexões
forem percebidas. Ele é bastante flexível e pode ser utilizado para mostrar relações significativas entre con-
ceitos ensinados em uma única aula, em uma unidade de estudo ou em um curso inteiro.
Desse modo, o conhecimento cognitivo do elaborador do mapa é organizadamente exteriorizado. Isso
facilita analisar como ele compreende a ordem e a sequência hierarquizada dos conteúdos trabalhados.
O objetivo é que o estudante se torne apto a construir seus próprios mapas conceituais e possa usá-los
como instrumento de aprendizagem e até mesmo para fins de autoavaliação.
Para aprofundar - Mapa conceitual
Esta proposta visa destacar os passos necessários para que o estudante tenha autonomia na construção
e na leitura dos mapas.
Etapa 1: Lista de palavras
Peça aos estudantes que elaborem uma lista com palavras que representem noções ou significados
ligados ao tema trabalhado na aula, na unidade ou a um questionamento.
A ideia é que se produza um banco de palavras que representem os conceitos mais relevantes para cada estu-
dante. Outra opção é o professor fornecer um banco de palavras que poderá ser enriquecido pelos estudantes.
Etapa 2: Relacionar conceitos
Instrua os estudantes a estabelecer relações entre os conceitos de acordo com o que eles entenderam.
As palavras de ligação são escolhidas por eles, pois o mapa conceitual representará, de forma individual, as
relações que se estabilizaram após as intervenções didáticas.
Exemplificando: vamos imaginar um banco de palavras produzido por um estudante após o seguinte
questionamento:
“O que caracteriza as Ciências Naturais?”
Vejamos, a seguir, um exemplo de banco de palavras e mapa conceitual produzidos com base nos con-
ceitos fornecidos.
• Banco de palavras fornecido: natureza; leis; seres vivos; Terra.
• Conceitos do banco utilizados pelo estudante: natureza; leis e seres vivos.
• Conceitos novos introduzidos pelo estudante: Universo e meio ambiente.
Perceba que nem todos os conceitos foram utili- CIÊNCIAS
zados e novos conceitos foram adicionados, ou seja, cada NATURAIS
mapa é uma representação das relações dos conceitos
que um sujeito aprendiz estabelece durante seu processo estudam a
de aprendizagem. Por isso, a escolha dos conceitos e das
palavras de ligação deve ser flexibilizada. Natureza
Observe, no mapa conceitual esquematizado, que os
conceitos foram inseridos em destaque (retângulos ou procurando que abrange
qualquer outra forma geométrica escolhida). Cada conceito
é, então, ligado a outro por meio de uma linha reta com uma leis seres vivos
palavra de ligação para formar uma proposição conceitual.
Cabe salientar que os diagramas que não apresentam do e
as palavras de ligação não são caracterizados como mapas
conceituais e são conhecidos como mapas mentais. Universo meio Ambiente

XXX
LE TRAMENTO CIENTÍFICO

Ensino por investigação


Ensinar ciências implica considerar todo um conjunto de conhecimentos legitimados pela sociedade que
se interconectam com seus produtos, formas de produção, maneiras de compreender o mundo, os fenômenos
naturais e seu impacto em nossas vidas, aceitando, assim, que o mundo está em constante transformação
(SASSERON, 2015). Nesse sentido, a BNCC tem a preocupação de formar cidadãos letrados cientificamente,
ou seja, inseridos em uma cultura científica e que não apenas a compreendam, mas consigam transformar o
mundo com base na ciência e tecnologia.
A BNCC ainda enfatiza que o estudante deve ter “acesso à diversidade de conhecimentos científicos
produzidos ao longo da história, bem como à aproximação gradativa aos principais processos, práticas e
procedimentos da investigação científica”. (BRASIL, 2018, p. 321).
Segundo Sasseron e Carvalho (2008), a alfabetização científica ou letramento científico está para além
da construção do conhecimento específico de Ciências, pois permite que o estudante interaja com o mundo
e seus acontecimentos a fim de promover práticas conscientes e ancoradas nos conhecimentos científicos
desenvolvidos, inclusive no âmbito escolar.
Assim, espera-se que o estudante seja capaz de tomar decisões de interesse público visando o bem
comum, com base em conhecimentos científicos e tecnológicos.
Diversos teóricos (FOUREZ, 1994; PENICK, 1998; SASSERON E CARVALHO, 2011; HODSON, 2014) dis-
cutem o conceito de alfabetização científica/letramento científico e destacam algumas habilidades e pontos
relevantes que devem ser considerados para que uma pessoa seja alfabetizada cientificamente.
• Conhece e compreende os conceitos científicos utilizando-os para tomar decisões para o bem comum
da sociedade.
• Compreende que a ciência e tecnologia são partes intrínsecas do ser humano, assim como a cultura e
as Artes, utilizando-as como fonte de estimulação para mudar sua visão do mundo, tornando-a mais
rica e interessante.
• Compreende que a sociedade e a ciência e tecnologia existem num processo de iluminação recíproca,
sendo responsável por modificar o outro.
• Reconhece que as ciências e tecnologias podem ofertar benefícios e malefícios para sociedade, esta-
belecendo um senso crítico sobre elas e seus limites de atuação.
• Distingue resultados científicos e opinião pessoal, considerando as premissas do fazer científico,
mesmo com suas subjetividades, e relacionado-os ao compartilhamento do conhecimento.
• Compreende e reconhece como os contextos históricos afetam a produção das ciências e tecnologias
e relaciona a mutabilidade das ciências a suas dimensões culturais, econômicas e sociais.
• Utiliza seus conhecimentos para identificar as fontes válidas de informação científica e tecnológica,
recorrendo a elas quando necessita tomar decisões.
Fazer com que o estudante adquira essas habilidades não é uma tarefa fácil e nem se resume apenas ao
Ensino Fundamental. Na verdade, é necessário considerar que a alfabetização científica é um processo que

XXXI
deve começar desde os anos iniciais do Ensino Fundamental e se estender por toda sua vida, sendo um reflexo
do próprio caráter mutável das ciências e tecnologias.
Uma das formas de favorecer o desenvolvimento das habilidades da alfabetização científica é o ensino
por investigação e argumentação.

Para aprofundar - Ensino por investigação


Um ensino de Ciências pautado em investigação é fomentado pela apresentação de problemas cujas
soluções são possíveis de serem alcançadas, considerando as concepções prévias dos estudantes, suas dis-
cussões com os colegas e utilização dos materiais a eles disponibilizados.
A importância de se usar um problema como gatilho para a investigação baseia-se nos estudos de Piaget
(1896-1980), que também ressalta a importância de transicionar entre a ação manipulativa e a ação intelectual.
Isso significa que um ensino pautado na investigação deve desenvolver o problema a partir de atividades
manipulativas, como o trabalho com experimentos, jogos, textos, reportagens, entre outros. Para que o
estudante construa o conhecimento, é necessário passar dessa ação manipulativa para a ação intelectual.
Isso deve ser feito com o apoio do professor, por meio de questionamentos, a fim de contribuir com
conceitos, ajudando o estudante a sistematizar ideias e tomar consciência de como ele chegou às conclusões.
Essa forma de ensino valoriza o processo e não o resultado, por isso é importante que o professor dê
destaque tanto a descobertas quanto erros que surjam ao longo da atividade a ser realizada.
Outro ponto fundamental para o desenvolvimento do ensino por investigação são as relações no espaço
escolar, embasadas na teoria de Vygotsky (1896-1934). Ele destacou tanto a importância das interações sociais
para a emergência do conhecimento quanto a necessidade de valorizar os conhecimentos espontâneos dos
estudantes para promover a aprendizagem.
Assim, para se ter sucesso na utilização do ensino por investigação é crucial que o professor:
1. leve em consideração os conhecimentos dos estudantes;
2. promova oportunidades de trabalho em grupo;
3. assuma um papel diferenciado para auxiliar os estudantes nesse processo de construção do conhecimen-
to, desafiando-os, orientando-os, estimulando-os, propondo novos problemas e argumentando com eles.
Outro aspecto importante que vale ser destacado é que o ensino por investigação não se resume à
realização de experimentos: ele pode ser aplicado a qualquer atividade, desde que esta se inicie com um
problema, simulando, assim, uma investigação científica. Segundo Sasseron (2016, p. 343):

[...] toda investigação científica envolve um problema, o tra-


balho com dados, informações e conhecimentos já existentes,
o levantamento e o teste de hipóteses, o reconhecimento de
variáveis e seu controle, o estabelecimento de relações entre
informações e a construção de uma explicação.

Muitas habilidades a serem desenvolvidas no ensino de Ciências estão relacionadas com investigações
sobre problemas seguindo passos, como: elaborar hipóteses, testar ideias para comprová-las, planejar como
testá-las, produzir dados, analisá-los e chegar a uma conclusão que comprove ou refute a hipótese inicial.
No quadro a seguir, apresentamos essas etapas, que, por serem parte de um processo dinâmico, não
ocorrem necessariamente nesta ordem.

XXXII
Habilidade Descrição
Elencar suposições sobre um problema ou questão a fim de despertar o interesse do estudante, tanto na
Levantar hipóteses
forma de afirmação como na de questionamento.

Trata-se de ações planejadas, geralmente feitas em pequenos grupos, que colocam as hipóteses elencadas
Testar hipóteses em prova, pela manipulação direta de objetos ou por meio de atividades reflexivo-comparativas baseadas
em experiências vivenciadas.

Nesse momento, os resultados obtidos são analisados e comparados com as hipóteses elaboradas, para que
Justificar
se possa aceitá-las e justificá-las, ou, se for necessário, reformulá-las.

Articular as hipóteses com evidências e resultados obtidos nas fases de teste e de justificativa. Geralmente,
Explicar as explicações são acompanhadas pelas justificativas. No contexto escolar, cabe ao professor auxiliar nas
elaborações das explicações ao longo dos debates e das discussões em sala de aula.

A BNCC (Brasil, 2018) afirma que o processo investigativo deve ser entendido como elemento central na
formação dos estudantes. Por isso, ela propõe a competência específica 1, que tem como foco a construção
social do conhecimento; a competência específica 2, que valoriza a curiosidade intelectual e procedimentos do
fazer científico; e a competência específica 3, que prioriza a aplicação do conhecimento científico para explicar
os mundos natural, social e tecnológico, sendo todas intrinsecamente relacionadas ao ensino por investigação.
Na coleção, a seção Atividade prática configura-se o ideal para o desenvolvimento do ensino por inves-
tigação, pois conta com uma gama de experimentos que podem ser utilizados para aproximar o estudante
dos pressupostos desse ensino e, por conseguinte, da investigação científica.
Nessa seção, o estudante poderá levantar hipóteses acerca de um problema ou comparar resultados obtidos
por meio de experimentos, tendo contato direto com experiências que ampliem seu repertório e visão de mundo.
Um exemplo de atividade dessa seção do volume 6 que pode ser utilizada é a da Unidade 1, capítulo 1 (p. 44).
Nela, os estudantes são convidados a construir um gnômon, a partir de uma ação manipulativa, para responder a
duas perguntas sobre a relação do nascer e do pôr do Sol com os pontos cardeais ao longo do ano.
Depois de construir esse instrumento, os estudantes ainda terão a oportunidade de utilizá-lo para
coletar novos dados que serão sistematizados e discutidos em uma ação intelectual orientada por questões
presentes na página 48. Caso julgue necessário, o professor poderá orientar os estudantes a construir uma
descrição dos experimentos e resultados que servirá como instrumento de elaboração pessoal do conheci-
mento e base para compreensão do conceito de relatório científico, a ser abordado no capítulo 8.
Outro exemplo presente na Unidade 1 do volume 6 está na questão 4 da seção Acesse os seus conheci-
mentos (p. 23). É possível utilizar as perguntas dos itens b e c como disparadoras para desenvolver a ativi-
dade. Os estudantes vão iniciar com uma ação manipulativa, na qual eles farão observações sistemáticas do
céu, coletando dados para serem organizados e comparados com o dos colegas. A discussão dos estudantes
com a mediação do professor é essencial para ajudá-los a passar da ação manipulativa para ação intelectual
no momento em que vão propor explicação para suas observações.
Um terceiro exemplo a destacar no livro do 6° ano é a atividade 2 da seção Acesse os seus conheci-
mentos da Unidade 3, capítulo 9 (p. 238). Nela, o estudante vivenciará uma ação manipulativa ao realizar
experimentos com substâncias químicas e, a partir dos resultados e observações, vai desenvolver uma ação
intelectual, com o objetivo de elaborar explicações sobre as observações com base nos dados coletados.
A seguir, destacamos as principais etapas do ensino por investigação, de acordo com o proposto por
Carvalho (2019).

XXXIII
Para aprofundar: Ensino por investigação
A seguir, são explicitadas as etapas básicas do ensino por investigação e as atividades desenvolvidas
em cada uma delas. Como se trata de uma descrição geral, elas podem ser aplicadas a qualquer atividade da
coleção com esse objetivo, ou seja, iniciada a partir de um problema que se relacione ao contexto cultural do
estudante e que ele possa resolver utilizando seus conhecimentos prévios e os materiais disponibilizados.

Etapa 1: Problema
Parte-se de um problema ou questão desafiadora que sirva de gatilho para a investigação, despertando
sua curiosidade intelectual. Para que o problema selecionado seja adequado, ele precisa pertencer à cultura
social do estudante, motivando seu interesse pela busca de soluções, a qual deve favorecer o uso dos conhe-
cimentos prévios (espontâneos ou já estruturados) sobre o assunto. As atividades desenvolvidas são:
• dividir a turma em grupos;
• distribuir os materiais;
• conferir se todos compreenderam o problema.

Etapa 2: Resolução do problema


As ações necessárias para a resolução do problema são mais importantes do que a própria resposta.
Essas ações fomentam o levantamento e a testagem de hipóteses. A construção do conhecimento ocorre
a partir dos testes de hipóteses, sejam elas corretas ou não. Assim, o erro também é uma fonte valiosa do
aprendizado. As atividades desenvolvidas são:
• formar grupos menores para discussão como duplas ou trios;
• cada estudante propõe ao colega suas hipóteses a fim de que eles possam identificar as variáveis que
interferem ou não na resolução do problema;
• o professor passa pelos grupos para ter certeza de que todos entenderam o problema.

Etapa 3: Sistematização e contextualização dos conhecimentos


Esse é o momento de reunir toda a turma para debater sobre a atividade realizada.
O professor serve de facilitador para permitir que o estudante escute os colegas e responda às per-
guntas, o que favorece relembrar o que fez e construir conhecimento com os colegas. As atividades aqui
desenvolvidas são as seguintes:
• Questione os estudantes: como vocês conseguiram resolver o problema? Por que vocês acham que
deu certo?
• Construção de uma argumentação científica: como vocês explicam o que deu certo?
• Dependendo do resultado, é possível sistematizá-lo na forma de gráficos ou tabelas. O professor
pode ajudar os estudantes na sistematização e na construção de conceitos.
• Oportunidade de aprender termos científicos.

Etapa 4: Escrever e desenhar


Esse é o momento de aprendizagem e registro individual em que os estudantes poderão escrever ou
criar uma ilustração que represente o que aprenderam. A escrita é o instrumento para a elaboração pessoal
do conhecimento. A atividade desenvolvida é:
• escrever e/ou desenhar.

XXXIV
Argumentação no ensino de Ciências
O ensino por investigação permite que o estudante encontre espaço para propor e testar hipó-
teses, construir e relacionar justificativas que o levem a aderir ou não a diferentes opiniões, compar-
tilhando explicações de seu ponto de vista. Assim, a argumentação emerge como atividade essencial
nesse processo.
A comunicação no espaço escolar ocorre de diferentes modos e utiliza diferentes recursos, como as
linguagens escrita, falada e corporal, as imagens, os recursos audiovisuais e os gráficos. Essas formas de
comunicação acontecem tanto nas interações professor-estudante quanto nas interações estudante-es-
tudante, as quais se dão ao longo de conversas, explicações no quadro, apresentações de atividades e uso
do livro ou outros recursos didáticos.
A combinação dessas formas de comunicação resultam em uma comunicação mais eficiente; porém,
no ensino de ciências, existe uma forma mais específica de comunicação que necessita ser aprendida:
a argumentação, definida como a habilidade de concluir sobre dados e avaliar hipóteses e possibili-
dades, utilizar informações experimentais ou outras fontes de evidências para aperfeiçoar explicações
e justificativas.
Assim, concordamos com a definição de Sasseron e Carvalho (2011), de que a argumentação é uma dis-
cussão em que professor e estudantes compartilham suas opiniões de forma compreensível, com base em
evidências e justificativas para as conclusões alcançadas.
No contexto escolar, a argumentação possibilita a revisão crítica durante a construção de expli-
cações e a apropriação do conhecimento pelo estudante, pois atua diretamente na qualidade de seu
raciocínio, por meio de uma organização discursiva envolvida e a partir do uso de evidências que apoiem
suas alegações.
Nas aulas de Ciências, a argumentação possibilita o desenvolvimento de uma visão mais dinâmica sobre
a construção de modelos e teorias pensados coletivamente, cujas explicações estão em constante avaliação
e facilitam a construção de entendimentos sobre diferentes conteúdos das ciências.
O processo de avaliação constante é resultado de interações entre ideias diferentes sujeitas à refutação
e contrapostas à concepção da Ciência com teorias acabadas e inquestionáveis que são transmitidas como
um conhecimento pronto.
É imprescindível exercitar a capacidade argumentativa dos estudantes não só para que eles desen-
volvam a habilidade linguística, mas como um instrumento com potencial para ampliar a visão de Ciência,
aprender os conceitos das ciências e entender a própria atividade científica.
Além disso, em situações argumentativas, os estudantes podem favorecer não apenas a capacidade
de resolver problemas, mas também compreender o processo de aceitação ou descarte de hipóteses e as
analogias e metáforas utilizadas ao longo do desenvolvimento dos argumentos.
Nesse sentido, acreditamos que a argumentação deve ser trabalhada desde os anos iniciais do Ensino
Fundamental por se mostrar primordial para formar estudantes letrados cientificamente, capazes de
atuar de forma democrática na tomada de decisão e escolher entre evidências e teorias de forma cons-
ciente (JIMÉNEZ- ALEIXANDRE; RODRÍGUEZ; DUSCHL, 2000; FERRAZ; SASSERON, 2017).
A BNCC considera a argumentação uma habilidade fundamental, independentemente da área de
conhecimento; por isso, a competência geral 7 postula que:

XXXV
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiá-
veis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos,
a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. (BRASIL, 2018, p. 9)

Na área de Ciências da Natureza, a BNCC enfatiza a necessidade da argumentação por meio da compe-
tência específica 5:

Construir argumentos com base em dados, evidências


e informações confiáveis e negociar e defender ideias e
pontos de vista que promovam a consciência socioambiental
e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando
a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem precon-
ceitos de qualquer natureza. (BRASIL, 2018, p. 324)

Também explicita a necessidade de promover estratégias de comunicação que favoreçam situações


argumentativas, nas quais os estudantes consigam:
• organizar e/ou extrapolar conclusões;
• relatar informações de forma oral, escrita ou multimodal;
• apresentar, de forma sistemática, dados e resultados de investigações;
• participar de discussões de caráter científico com colegas, professores, familiares e comunidade em geral;
• considerar contra-argumentos para rever processos investigativos e conclusões. (BRASIL, 2018, p. 323).
Diante dessas expectativas, o professor passa a ter um papel fundamental para criar e orientar as intera-
ções entre os estudantes, promovendo uma atmosfera colaborativa em que os colegas sintam-se à vontade
para construir o conhecimento e desenvolver a argumentação.
Além disso, o professor precisa se colocar em uma posição de interlocutor que pode mudar de opinião,
evitando, assim, a posição de superioridade e de detentor do saber. Por isso, a mediação e o direcionamento da
argumentação são essenciais e não espontâneos, sendo necessário que o professor conheça os pressupostos
desse processo.
Outro aspecto importante é que, ao apresentar intencionalmente pequenas informações sobre o con-
teúdo a ser investigado, o professor facilita a criação de relações entre os dados, conhecimentos e conclu-
sões, favorecendo a organização das ideias dos estudantes.
Na coleção, é possível desenvolver a argumentação em diversos pontos, mas cabe destacar as seções:
• Não é magia, é tecnologia, a qual permite trabalhar questões relacionadas ao avanço da ciência e da
tecnologia;
• Vida e ambiente, que aborda assuntos relacionados à interação entre seres vivos e meio ambiente; e
• Assunto sério, que busca dar luz à temática sobre benefícios e malefícios do desenvolvimento cientí-
fico e tecnológico, nem sempre distribuídos de maneira igual entre os povos, ficando, geralmente, os
mais ricos com mais benefícios e os mais pobres com mais malefícios.
No volume 6, há dois exemplos de momentos em que as práticas orais de argumentação são favorecidas
na seção Vida e ambiente.

XXXVI
O primeiro, na Unidade 2, capítulo 4 (p. 110), propõe uma discussão sobre se os seres humanos deveriam ser
considerados uma espécie invasora; o segundo, na Unidade 3 (p. 244), focaliza a discussão nos malefícios da explo-
ração das espécies por parte dos seres humanos.
Em ambas atividades, os estudantes precisarão buscar dados para embasar seus argumentos, criando afir-
mações compreensíveis que explicitem seus pontos de vista.
Um exemplo de prática escrita de argumentação aparece na Unidade 2, na seção Revisão final da uni-
dade, (p. 179), em que o estudante deverá elaborar um texto argumentando a respeito das medidas tomadas
pela Nova Zelândia para o controle das populações de coelhos.
Para a elaboração desse texto, o estudante precisará aprofundar seu conhecimento com dados cien-
tíficos, retomando conceitos, explorando seus pontos de vista, qualificando as explicações e produzindo
conclusões lógicas e derivadas dos dados encontrados.
Essa atividade ainda contém uma dinâmica que permite a prática oral da argumentação ao pedir que os
estudantes avaliem a qualidade dos argumentos propostos pelos colegas identificando fragilidades. Por fim,
ao discutir esses pontos de vista, os estudantes também desenvolvem a capacidade de inferir, uma vez que
deverão sumarizar o que compreenderam dos argumentos apresentados durante o debate.
Ainda nesse ano, os estudantes terão a oportunidade de entrar em contato com os pressupostos da
pesquisa e da elaboração de relatórios científicos.
Ambas as informações aparecem na Unidade 3; para que esses conteúdos sejam desenvolvidos profunda-
mente, o estudante deverá compreender a importância de levantar hipóteses e elaborar perguntas, como também
de organizar materiais, procedimentos e dados para propor um encadeamento lógico de ideias e interpretações
que permitam estabelecer conclusões baseadas nos dados coletados.
No caso da pesquisa, o estudante conhecerá os principais marcadores discursivos da argumentação,
os quais, quando identificados no texto analisado, facilitam tanto sua compreensão, quanto evidenciam as
conexões entre ideias presentes.
Além disso, ele também terá contato com diferentes formas de divulgação dos resultados obtidos, favo-
recendo, assim, sua autonomia na divulgação do conhecimento para além do ambiente escolar.
No item a seguir, são apresentadas as principais ações propostas por Ferraz e Sasseron (2017) para pro-
mover a argumentação.

Para aprofundar - Argumentação


A seguir, são explicitadas as ações que podem orientar o professor a criar condições para instaurar e
promover a argumentação em sala de aula. Elas podem ser aplicadas em atividades de cunho investigativo
apresentadas na coleção, ou em qualquer parte do livro que o professor queira partir de um problema, o
qual tenha relação com o contexto cultural do estudante, a fim de que ele possa resolvê-lo utilizando seus
conhecimentos prévios.
Essas etapas não necessariamente ocorrem de forma isolada ou em ordem hierárquica e estão ligadas
tanto a aspectos didáticos-pedagógicos quanto à epistemologia da ciência à explicitação dos pontos de vista
dos estudantes sobre os conteúdos desenvolvidos durante a aula.

XXXVII
Ação: Retomar
É o momento no qual o professor retoma conceitos e diferentes informações necessárias para os estu-
dantes compreenderem o objeto de investigação, pois eles serão subsídios de apoio para a argumentação.
As ações realizadas são:
• retomar informações;
• retomar dados;
• retomar conceitos.

Ação: Problematizar
É o momento em que o professor apresenta o problema aos estudantes. Essa apresentação pode ocorrer
de forma direta, com uma questão, ou pode ser construída ao longo da aula, em meio à apresentação de
conceitos ou ao surgimento de dúvidas sobre pontos específicos, que podem ser aprofundados por meio da
investigação.
As ações realizadas são:
• propor um problema;
• problematizar uma situação.

Ação: Explorar
É o momento em que o professor busca explorar os pontos de vista, opiniões e ideias dos estudantes,
testando hipóteses e explicações, para que eles desenvolvam suas afirmações, construindo e apresentando
conclusões sobre o objeto de estudo explorado.
As ações realizadas são:
• explorar ponto de vista;
• explorar condições de investigação.

Ação: Qualificar
É quando o professor avalia e qualifica as informações trazidas pelos estudantes, delimitando sua perti-
nência com relação ao escopo do objeto de estudo. Com isso, é possível identificar o contexto das informa-
ções, determinando se elas fazem parte da investigação, não contribuem ou são incoerentes.
As ações realizadas são:
• qualificar variáveis ou fenômenos;
• qualificar explicações;
• qualificar pontos de vista;
• qualificar contexto de investigação.

Ação: Sintetizar
Neste momento, o professor organiza e sintetiza as informações e explicações importantes que foram
trazidas à discussão pelos estudantes.
As ações realizadas são:
• sintetizar informações;
• sintetizar explicações.

XXXVIII
A leitura no ensino de Ciências
Os anos letivos de 2020 e 2021 foram marcados pelo contexto pandêmico da Covid-19, causada pelo
coronavírus SARS-CoV-2. Nesse período, os estudantes foram privados do convívio social escolar, limitan-
do-se a interagir com os professores e colegas apenas via internet, o que criou uma defasagem em diversos
aspectos da aprendizagem. Dentre eles, a capacidade leitora pode ter sido uma das áreas mais afetadas,
merecendo, portanto, especial atenção no contexto educacional pós-isolamento.
A leitura é importante para desenvolver o raciocínio, a imaginação, o vocabulário e a criatividade, melhorar
a escrita, exercitar a memória, aprimorar a capacidade interpretativa, sendo, assim, uma ferramenta trans-
formadora da visão do indivíduo frente ao mundo.
A leitura é o principal veículo para o aprendizado das diferentes áreas de conhecimento e, nas Ciências da
Natureza, ela também é fundamental: a leitura e a escrita são imprescindíveis para registrar o conhecimento,
atualizar e sistematizar informações e divulgar resultados. Como apontam Norris e Phillips (2003, p. 226,
tradução nossa):

Ler e escrever são indissociáveis à própria natureza e


estrutura da ciência e por consequência à aprendizagem da
ciência. Sem eles, a ciência e seu ensino deixam de existir; é
como remover a observação, as medidas e o experimento.

Partimos da premissa de que leitura é muito mais do que recitar palavras: ela envolve compreensão,
atenção e valorização do conhecimento prévio.
Segundo Cafiero (2005, p. 17), a leitura pode ser definida como “uma atividade ou um processo cognitivo
de construção de sentidos realizado por sujeitos sociais inseridos num tempo histórico, numa dada cultura”.
Sentindo, nesse contexto, deve ser entendido como algo que faz parte da história de vida do leitor, mas
que se compartilha no processo da leitura, ou seja, o ato de ler se constitui do encontro e confronto das
experiências do leitor com o texto.
O leitor assume uma postura ativa no processo de compreensão leitora, e se modifica, ampliando suas
concepções e estabelecendo novos significados, à medida que aciona seus conhecimentos prévios.
Os significados diferem dos sentidos por se constituírem como algo partilhado por uma cultura.
De acordo com a literatura especializada (SILVEIRA, 2005; MACHADO, 2010; SILVA, 2018), para desen-
volver-se um leitor proficiente/habilidoso, isto é, capaz de aprimorar a capacidade de compreensão sobre um
texto lido ou falado, é necessário, além de fazer uso dos conhecimentos prévios, aperfeiçoar as estratégias
de leitura cognitiva e metacognitiva.
A primeira, refere-se ao comportamento automático e inconsciente do leitor na aquisição da informação
lida, enquanto a segunda envolve o controle consciente de estratégias cognitivas que o leitor utiliza para
monitorar seu próprio pensamento antes, durante e após a leitura. (KATO, 1990; RODRIGUES et al., 2014).
Assim, ao estimular o leitor a desenvolver sua habilidade cognitiva, há uma ampliação de sua habilidade
metacognitiva voluntária e consciente, de forma que se tornará um leitor crítico, autônomo e participativo.
Nessa perspectiva, o processo inferencial tem se destacado como estratégia de leitura na compreensão de
textos escritos e falados, pois possibilita ao leitor estabelecer relações coerentes com o conteúdo apresentado,
fazendo deduções e imprimindo nele a sua interpretação. Como argumentam Ferreira e Dias (2004, p. 441):

XXXIX
É este processo [inferencial] que vai permitir e garantir
a organização dos sentidos elaborados pelo indivíduo na sua
relação com o texto. É a partir dele que o estabelecimento
da relação entre as partes do texto e entre estas e o con-
texto torna-se possível, fazendo dele uma unidade aberta de
sentido. Acredita-se que, além de favorecer a organização
das relações de significado dentro do texto, o processo infe-
rencial permite destacar a malha ou teia de significados que
o leitor é capaz de estabelecer dentro do horizonte de pos-
sibilidades que é o texto. Essas relações não são aleatórias,
mas se originam no encontro-confronto de dois mundos em
situação de leitura: o do autor e o do leitor. [...] Como ativi-
dade cognitiva e intencional que é, a inferência é uma habili-
dade essencial na tomada de decisão em situação-problema.

Ao traduzir a importância da leitura inferencial, Ferreira e Dias (2004) também reforçam seu papel na
tomada de decisão, o que se reflete no protagonismo do estudante ao se tornar um leitor hábil. Um texto
não apresenta um sentido único, e sim um conjunto de possíveis sentidos os quais podem ser individual-
mente inferidos por cada leitor.
Encontrar um significado para o texto lido requer uma interação entre o leitor, com suas experiências
prévias, e o autor, com sua intenção, num processo de construção que se modifica a cada leitura. Com isso,
um dos papéis principais do ensino da leitura é contribuir para que o estudante compreenda os processos
necessários para inferir e gerar inferências de qualidade.
Assim, ao desenvolver a leitura em sala de aula, o professor deve orientar o estudante para que ele
compreenda muito além de palavras, tirando o foco da leitura literal dos textos e da simples localização
de informações.
É necessário que as respostas individuais sejam discutidas em conjunto para que se chegue a uma cons-
trução do conhecimento a partir da integração das inferências de toda a turma.
É importante que a sala de aula seja um ambiente seguro para que todos os estudantes sintam-se à
vontade para participar e expor suas inferências, sem medo de se tornarem motivo de piadas. Nesse sentido,
o professor deve buscar fomentar a empatia e a cooperação, sempre que possível, e valorizar a cultura da
paz entre os estudantes, de forma que até os menos extrovertidos sintam-se acolhidos para se manifestar.
Nas atividades de produção textual e discussão oral, também é possível desenvolver a leitura inferencial,
pois o professor pode incentivar o estudante a usar seus conhecimentos prévios para elaborar inferências.
O fundamental é motivá-lo por meio de perguntas, instigando a curiosidade na busca por respostas.
Dessa forma, os conhecimentos poderão se articular, visto que, por meio da produção textual, eles se orga-
nizam, consequentemente o conhecimento prévio pode se tornar mais rico e elaborado.
Por fim, a escola tem papel social fundamental na formação dos estudantes, instrumentalizando-os para
torná-los autônomos, com a finalidade de gerir seus conhecimentos, o que os torna mais críticos e reflexivos.
Nesta coleção, foram selecionados vários textos sobre assuntos atuais que podem ser utilizados para pro-
mover discussões e fomentar a elaboração de inferências, contribuindo para a formação de leitores críticos e
reflexivos. No 6o ano, as seções Assunto sério, Vida e ambiente e Não é magia, é tecnologia trazem textos que
favorecem essa dinâmica e atividades que também estão voltadas para esse objetivo.

XL
Um dos exemplos que podemos citar de trabalho com a leitura inferencial está na seção Assunto sério,
da Unidade 1, capítulo 3 (p. 91), na qual os estudantes serão conduzidos a leitura acerca da perda de hábitat
das espécies animais. Para responder às questões propostas no tópico “Agora é com você”, os estudantes
deverão atribuir coerência ao texto, estabelecendo relações e descobrindo implícitos textuais a partir de seus
conhecimentos prévios e do que lhes é apresentado.
Outro exemplo a destacar é a atividade 6, da Unidade 2, da seção Revisão final da unidade (p. 180), na
qual o estudante é convidado a fazer uma leitura do texto, identificando as informações implícitas e explí-
citas para, a partir delas, chegar a uma conclusão e responder às questões propostas.
Essa interpretação vai além da superficialidade do texto, pois requer a mobilização de seus conheci-
mentos prévios para a elaboração de sentidos e significados na produção de inferências de qualidade. O tema
dessa atividade também é propenso a desenvolver o TCT Multiculturalismo, uma vez que os estudantes
terão a oportunidade de conhecer, valorizar e respeitar a cultura do povo indígena yanomâmi.
Para auxiliar o professor de Ciências nas atividades que envolvam a leitura inferencial em sala, sugerimos
a ideia proposta no boxe Para aprofundar.

Para aprofundar: Leitura inferencial


A lista, a seguir, apresenta estratégias para fomentar a leitura inferencial e desenvolver com os estu-
dantes processos inferenciais de qualidade, de modo que ultrapassem o nível da superficialidade do texto.
Essas estratégias podem ser usadas em qualquer parte da coleção e são bastante proveitosas nas seções
que contam com textos e questionamentos, como é o caso de Assunto sério, Não é magia é tecnologia e
Vida e ambiente.

Estratégia 1: Contextualizar a situação de produção


É uma estratégia em que o leitor se aproxima da realidade do autor na tentativa de não só compreen-
dê-lo, mas também ampliar sentidos e significados com base em suas concepções prévias de leitor.
Nesse sentido, é importante que o estudante, ao ler o texto, reconheça:
• quem é o autor do texto;
• a quem ele se dirige (público-alvo);
• quando e onde o texto foi escrito;
• onde foi publicado;
• com que finalidade;
• quais recursos discursivos ajudam a compreender as principais ideias veiculadas no texto;
• o resultado decorrente desses recursos.

Estratégia 2: Buscar no texto articuladores textuais


Trabalhar com os articuladores textuais contribui para que o estudante perceba e reconheça sequên-
cias de ideias e as relações lógico-semânticas por elas estabelecidas, facilitando a transmissão e com-
preensão da mensagem.
Como descreve Koch (2002), os estudantes devem buscar expressões no texto que permitam:
• situar eventos no espaço e/ou no tempo: a primeira vez; depois;
• estabelecer relações do tipo lógico-semântico: devido a, para, porque;

XLI
• estabelecer relações tipo discurso-argumentativas: ou, mas, isto é, portanto, ainda que, daí que, afi-
nal, aliás;
• identificar funções de ordem metaenunciativa: geograficamente, economicamente; evidentemente,
aparentemente, infelizmente, desgraçadamente, curiosamente, mais uma vez, é indispensável, opcio-
nalmente, sinceramente.

Estratégia 3: Realizar leitura compartilhada


A leitura compartilhada é uma estratégia que favorece tanto a oralidade quanto a escuta e a compreensão
do texto.
Assim como professores, os estudantes podem assumir a responsabilidade de organizar a tarefa de lei-
tura e promover o engajamento do grupo por meio de questionamentos sobre o texto que será lido. Esses
questionamentos devem ocorrer ao longo da leitura para que os estudantes acompanhem e tirem suas con-
clusões no decorrer da atividade.
Essa atividade envolve quatro passos que não precisam acontecer na ordem indicada, os quais cos-
tumam ser mediados pelo professor. Para cada parágrafo ou frase, tente aplicar os passos a seguir para que
os significados sejam construídos em conjunto.
• ler;
• orientar os estudantes a realizar uma leitura silenciosa e, se possível, uma leitura posterior em voz alta;
• resumir;
• compartilhar um resumo do texto com os estudantes e pedir a eles que compartilhem suas visões;
• solicitar esclarecimentos;
• fazer perguntas que favoreçam o entendimento do texto e sirvam para compartilhar ideias e escla-
recer dúvidas;
• prever;
• estabeleçer previsões sobre o que pode ser esperado do texto que ainda não foi lido.

Tecnologias digitais para o ensino de Ciências


Com a popularização da internet e do acesso aos dispositivos digitais, iniciou-se uma revolução na forma com
que trabalhamos, nos comunicamos, nos relacionamos e até mesmo vivemos. Estar conectado passou a ser, em
muitos casos, uma necessidade e também tem se tornado uma realidade no ambiente escolar. Nesse sentido, o
uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) passou a ser um ponto de atenção do sistema
educacional dada sua importância para a atual realidade em que vivemos, ou seja, a da era da informação.
As TDIC, inicialmente, foram incorporadas ao ambiente escolar por meio de práticas docentes devido
às diversas possibilidades de inovação e personalização na entrega de conteúdos, bem como ao engaja-
mento que geram nos estudantes. Entretanto, a inserção dessas tecnologias no cotidiano do estudante
tem se mostrado uma fonte de aprendizagem e de possibilidades não apenas relacionadas à escola mas
também à sua vivência diária.
Esse relacionamento intenso das pessoas com as TDIC têm mostrado que existe uma necessidade de
educá-las, realizando, assim, uma alfabetização ou letramento digital e midiático a fim de tornar essas
tecnologias e informações acessíveis a todos e promover a inclusão digital.

XLII
Portanto, a BNCC (2018), por meio da competência geral 5, explicita que, ao longo da educação básica,
é necessário:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de infor-
mação e comunicação de forma crítica, significativa, re flexiva
e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares)
para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2018, p. 9)

Considerando todo o dinamismo da área das Ciências da Natureza, a pressão para nos mantermos
informados a todo o tempo, de todos os acontecimentos, parece ser uma constante da era digital. A
qualidade das informações a que temos acesso são determinantes para modelar nosso comportamento e
escolhas, afetando inclusive nossa capacidade de usufruir de direitos fundamentais.
Por outro lado, os crescentes avanços tecnológicos têm fomentado a proliferação de mídias e prove-
dores de informação, os quais têm facilitado o acesso a esse conhecimento e permitido seu compartilha-
mento entre as pessoas.
Contudo, essa facilidade de acesso e compartilhamento de informações trouxe consigo a possibili-
dade de disponibilização em massa de qualquer tipo de notícia, muitas sem dados para corroborar, ou de
cunho falacioso, baseadas apenas em opiniões, como observado na recente onda de fake news que tem
invadido os diversos meios de comunicação. Ensinar o estudante a lidar com esses percalços ao longo
de sua aprendizagem tem sido um dos grandes desafios da alfabetização midiática.
Dessa forma, é necessário trabalhar com as TDIC para construir e disseminar o conhecimento a partir de um
uso muito mais amplo do que apenas acessá-las como complementação de conteúdo e suporte ao trabalho do
professor. Entretanto, atingi-las tem sido um grande desafio, pois pressupõem uma visão crítica e responsável.
O acesso fácil e democrático a materiais com grande potencial educacional e o leque de possibili-
dades de trabalho promovido pela internet ao professor são de valor imensurável.
No ensino de Ciências, os dispositivos móveis do estudante (smartphone, tablet, computadores etc.) ou
da escola são de grande valia para o acesso a vários recursos didáticos associadas à esfera educacional.
Esses recursos, como aplicativos, simuladores, animações e vídeos, podem ser trabalhados na sala de
aula, ou, ainda, como atividade extraclasse. Alguns recursos que merecem destaque são aqueles que per-
mitem a criação e o compartilhamento de conteúdos, os quais serão discutidos a seguir.

Blogs
Um dos mais antigos meios de compartilhamento de ideias e informações na internet foi o blog, o qual
perdeu espaço com o advento das redes sociais.
Os blogs foram concebidos como diários em que é possível escrever e compartilhar textos de extensão
variável, com imagens e vídeos, que podem ou não receber comentários de terceiros. Esses espaços na
internet podem ser utilizados como uma ferramenta da turma para compartilhar informações e atividades,
ou até criar um diário das atividades do ano letivo. As principais plataformas para produção de blogs são:
• Edublogs (focado em educação; em inglês)
https://fnxl.ink/ZQZDSI
• Simple site
https://fnxl.ink/XNFUIW
• Wordpress
https://fnxl.ink/AHRJEE

XLIII
• Wix
https://fnxl.ink/ZMZRFA
• Tumblr
https://fnxl.ink/PJZBTQ
Acessos em: 15 jun. 2022
Redes sociais
Intrinsecamente atreladas às culturas juvenis, as redes sociais podem ser consideradas as mais influentes
e engajadoras entre as TDIC atuais, pois permitem que os jovens expressem significados e valores especí-
ficos de seus modos de vida e práticas cotidianas.
Para tal, os usuários devem criar um perfil, a partir do qual eles podem divulgar informações pessoais e
compartilhar textos, imagens e vídeos, próprios ou de terceiros.
As redes sociais, como o próprio nome já diz, são cadeias de pessoas interligadas por diversos motivos,
desde relacionamentos pessoais até interesses em comum.
Por isso, elas permitem um alcance muito maior de ideias, sejam elas de qualidade ou não, e favorecem
a criação de comunidades com diferentes propósitos. Entretanto, apesar do caráter agregador das redes
sociais, é necessário observar que elas também favorecem comportamentos sociais inadequados, como é o
caso do cyberbullying, por isso não devem ser utilizadas para substituir as interações presenciais.
As redes sociais têm sido tão importantes que, desde o seu surgimento, sofrem modificações para se
adequarem aos anseios da juventude.
Atualmente, as mais populares oferecem a possibilidade de troca instantânea de mensagens, realização
de encontros “ao vivo” e vagas de emprego e estágios. Dentre as principais, podemos citar; Facebook, Insta-
gram, TikTok, LinkedIn, YouTube.

Simuladores
São programas computacionais (software) que, no caso da educação, têm o objetivo de criar ambientes
virtuais capazes de imitar a realidade e ensinar um determinado conteúdo, sendo especialmente importantes
quando os objetos do conhecimento tratado são abstratos.
As grandes vantagens de sua utilização são: a promoção de uma interação prática que fomenta o
protagonismo do estudante na aprendizagem; uma interatividade imersiva em que o estudante pode
tanto testar hipóteses quanto controlar parâmetros de forma mais profunda e precisa do que no ambiente
escolar; e a possibilidade de promover uma prática pedagógica interdisciplinar, relacionando os diferentes
conteúdos e componentes curriculares. Algumas plataformas que contêm simuladores são:
• Phet Colorado:
https://fnxl.ink/XQAPEM
• Museu Light:
https://fnxl.ink/RNJMRP
• Física Games:
https://fnxl.ink/FJXLNV
Acessos em: 15 jun. 2022
Programas de multimídia para apresentações e murais
São programas que permitem a criação, a edição e o compartilhamento de conteúdos gráficos na forma
de apresentações e murais interativos. Esses programas permitem integrar diferentes tipos de mídia, como
áudio, vídeo, imagem e texto.

XLIV
Compreender e utilizar esses programas são uma habilidade importante tanto na elaboração de apre-
sentações no ambiente escolar quanto nas futuras buscas por empregos e estágios. Os principais softwares
para elaborar e editar apresentações são:
• Google Presentations:
https://fnxl.ink/LBTSZX
• Open Office:
https://fnxl.ink/XYUTOS
• Prezi:
https://fnxl.ink/DDHVRD
• Libre Office:
https://fnxl.ink/ERSPTW
• Padlet:
https://fnxl.ink/SBFAPF
• PowToon:
https://fnxl.ink/GPBCOE
Acessos em: 15 jun. 2022
Vídeos, áudios, imagens e podcasts: elaboração e edição
Esses diferentes tipos de mídia, obtidas por meio da internet ou criadas pelos estudantes, são de grande
valia para facilitar a aprendizagem. É importante, no entanto, considerar a necessidade de uma curadoria
detalhada de cada uma delas, para identificar se estão livres de preconceito e de violência de qualquer natu-
reza. Os principais repositórios e editores de imagens, vídeos, textos e áudios disponíveis na internet são:

Imagens (repositórios)
• Wikimedia Commons
https://fnxl.ink/IISHDN
• Freeimages:
https://fnxl.ink/XFWFIS
• Archive.org
https://fnxl.ink/GHPMGG
• Openclipart.org
https://fnxl.ink/WAAWLT
• Freepik
https://fnxl.ink/WDOKAQ
• Agência Brasil
https://fnxl.ink/CTFZBF
• Pixabay
https://fnxl.ink/KOBKCE
• Creative Commons do Vimeo
https://fnxl.ink/UYMYEC
Imagens (edição)
• Fotor
https://fnxl.ink/KDZWMV
• Corel Draw
https://fnxl.ink/QSUOBW

XLV
• GIMP
https://fnxl.ink/NBXCED
• Easel.ly
https://fnxl.ink/FQXMPG
• Photoshop Express
https://fnxl.ink/DQLUPV
• Paint: é parte do Sistema operacional Windows.
Vídeos (Repositórios)
• YouTube
https://fnxl.ink/PKYZSG
• Vimeo
https://fnxl.ink/KQUXLV

Vídeo (edição)
• Avidemux
https://fnxl.ink/DBPAOE
• Animoto
https://fnxl.ink/JDQCGZ

Áudio e podcasts (edição)


• Audacity
https://fnxl.ink/LSCHMW
• Free Audio Editor
https://fnxl.ink/UPVEQH
• Anchor
https://fnxl.ink/OXWUTZ

Podcast (Agregadores)
• Spotify
https://fnxl.ink/LWKKLE
• Podcastaddict
https://fnxl.ink/GNPHYR
• Podbean
https://fnxl.ink/CFYXFD
• Google podcast
https://fnxl.ink/WNEJXS
• Deezer
https://fnxl.ink/ONXHET
Acessos em: 15 jun. 2022
No volume 6, o professor encontrará algumas indicações de vídeos e filmes sobre diferentes temáticas
para usar com seus estudantes e potencializar a aprendizagem.
Por exemplo, ao tratar sobre as descobertas fundamentais para o avanço da Astronomia na atividade 6
da seção Acesse seus conhecimentos, capítulo 1, Unidade 1, o docente pode recorrer ao vídeo sugerido para

XLVI
trabalhar os TCT Ciência e Tecnologia e Educação em Direitos Humanos e Trabalho, os quais podem fomentar
uma discussão sobre as mulheres na carreira científica e, em especial, na Astronomia, considerando os ele-
mentos de exclusão construídos socialmente ao longo dos séculos (p. 50).
Para aprofundar a temática, se o professor julgar conveniente, é possível sugerir aos estudantes que
assistam ao filme “Estrelas além do tempo” (2016), no qual três mulheres negras que trabalham na NASA
precisam enfrentar o preconceito racial e de gênero para provar suas competências.
Outro exemplo pode ser encontrado na mesma seção, na questão 7, em que os estudantes são convidados
a assistir ao vídeo que narra o texto escrito pelo astrônomo Carl Sagan sobre a Terra, fazendo – refletir sobre as
relações consigo, com o planeta e com o (página 50).
Essa discussão é essencial para trabalhar os TCT Ciência e Tecnologia e Educação Ambiental, dada a
interdisciplinaridade desses assuntos, podendo ser explorada pelo professor.
Além disso, é possível também agendar uma visita virtual ao museu do Instituto de Astronomia, Geofí-
sica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) disponível em:
https://fnxl.ink/ZWYIJB
Acesso em: 15 jun. 2022
que conta com palestras e atendimentos para que o estudante se aprofunde nas questões sobre o Sistema
Solar, a Via Láctea e as observações do céu. Ainda é possível citar, no capítulo 1, o boxe Você sabia? (p. 22) e a
seção Acesse seus conhecimentos (p. 23), em que há respectivamente uma sugestão de uso do simulador
Stellarium e do aplicativo sky guide para observação do céu.

Plataforma Kahoot!
A seguir, descrevemos duas possibilidades de trabalho com a plataforma Kahoot!
Cabe salientar que o ensino que tem como recurso um produto tecnológico depende muito mais de como
esse produto é explorado didaticamente do que das suas características técnicas.
A simples presença de um recurso tecnológico em sala não é garantia de qualidade na aula, pois, depen-
dendo da forma que é abordado, pode ser produzido um ensino que se baseie puramente na memorização
de informações. Isso nos mostra como é fundamental o papel mediador do professor na sala de aula.

Para aprofundar: quiz utilizando Kahoot!


Uma forma de utilizar a tecnologia como recurso educacional é por meio de ferramentas que propiciem
feedback, para que o professor possa rever o planejamento e orientar o estudante em outras oportunidades
de aprendizagem.
Sugerimos a utilização do programa Kahoot!, que permite a criação de quiz de perguntas e respostas
para interagir com os estudantes e obter respostas em tempo real. Ele pode ser usado em qualquer parte da
coleção, incluindo as aberturas de Unidade, como também para desenvolver a metodologia ativa método dos
pares (descrita no tópico 4 deste manual).
Apesar de o Kahoot! ser intuitivo, existem vários tutoriais para a utilização da ferramenta na internet.
Os testes podem ser respondidos de forma individual, se o professor quiser conhecer os conteúdos con-
ceituais que precisam ser revisitados, ou em grupo, como um torneio em sala, por exemplo.
As possibilidades são múltiplas e deixam os estudantes engajados o tempo todo.

XLVII
Etapa 1 - Como criar
a) Entre no site https://fnxl.ink/ZEIGXO e clique no botão vermelho: Sign up.
b) Escolha a opção Teacher.
c) Forneça as informações solicitadas (nome de usuário, e-mail, senha etc.).
d) Clique no botão Create a new kahoot no topo da página.
e) Clique em criar um Quiz.
f) Coloque um título para o seu Quiz, por exemplo: Capítulo 6 - Sistema locomotor e psicotrópicos.
g) Escolha deixar o Quiz visível para todo mundo ou apenas para você.
h) Escolha o idioma: português.
i) Indique a audiência: escola.
j) Você pode colocar imagens sugeridas para ilustrar o jogo. Para não ter problemas com direitos au-
torais de imagens, você pode utilizar as figuras disponíveis na versão beta do Google, pois são de
uso livre.
k) Comece escrevendo a questão e adicione quatro respostas (apenas uma correta). Não se esqueça de
clicar ao lado da resposta correta.
l) Escolha um tempo adequado para que os estudantes possam responder à pergunta; em geral, entre
20 e 30 segundos é suficiente.
m) Clique em Next e adicione uma nova pergunta repetindo todo o processo até que todas as perguntas
tenham sido introduzidas.
n) Clique em OK e salve o seu Quiz.
o) Se todos os estudantes tiverem celular, escolha o modo Classic para uma competição individual; se
apenas alguns tiverem o celular, escolha o modo Team para que joguem em grupo.
p) Quando o Quiz estiver concluído, você receberá na tela um número PIN. Guarde esse número para
informar aos estudantes em sala de aula.

Etapa 2 - Como jogar


a) Os estudantes (jogadores) devem baixar o aplicativo no site: https://fnxl.ink/OSMBUO
b) O professor fornece o número PIN que deve ser digitado no local indicado.
c) Cada jogador entra com o nome ou um apelido e inicia o jogo clicando em Play it.
d) Finalizado o tempo de cada questão, o professor clica em Next para a próxima pergunta (também é
possível programar para que as perguntas sigam em sequência após o tempo determinado).
e) Os estudantes recebem pontos pelos acertos e, conforme o resultado, os primeiros aparecem em um pódio.
Apesar de ser um jogo competitivo, os adolescentes costumam se envolver na “brincadeira” e se divertir
muito com ela. O resultado no aprendizado é bastante positivo.

XLVIII
Para aprofundar: Jumble utilizando Kahoot!
Outra possibilidade de explorar a plataforma Kahoot! é utilizando o mesmo cadastro para usar o Jumble.
Nesse caso, basta seguir o roteiro apresentado anteriormente e, em vez de selecionar a opção Quiz, basta
escolher a opção Jumble, um jogo em que se escreve uma frase que deve ser completada com quatro palavras.
Na hora de montar o jogo, o professor coloca as palavras na ordem certa. Quando os estudantes forem
jogar, o programa se encarrega de embaralhar as palavras da frase que será mostrada aos estudantes. O
desafio consiste em colocar essas palavras na ordem certa, de modo que a frase faça sentido.
O professor determina o tempo que os estudantes terão para completar cada frase e se a mudança de
uma frase para outra será automática ou manual.
Exemplos - Estrutura do planeta Terra:
• A _____________ está dividida em três partes: ___________________, litosfera
_________________, sendo que esta última está dividida em seis ___________.
Palavras: Terra – hidrosfera – atmosfera - camadas.
• A _____________ é a camada onde ocorrem os eventos climáticos como ___________ e tem-
pestades. Já na __________________ encontra-se a camada de _______________ que absorve
grande parte da radiação ultravioleta.
Palavras: troposfera – chuva – estratosfera – ozônio.

Pensamento computacional
O pensamento computacional (PC) é um conjunto de habilidades, atitudes e práticas oriundas das ciên-
cias da computação que podem ser aplicadas na resolução de problemas em qualquer área do conhecimento
(WING, 2006; ISTE, 2011; CAVALCANTE et al. 2017).
O pensamento computacional tem sido considerado uma das habilidades mais importantes deste século e
está presente inconscientemente em diversas atividades diárias. Por exemplo, quando organizamos uma lista
de produtos que vamos comprar no supermercado, usamos o conceito de prefetching (pré-busca); ao perder
um guarda-chuva e refazer os passos na tentativa de encontrá-lo, usamos o conceito de backtracking (retro-
ceder) e ao escrever uma receita culinária, usamos o conceito de algoritmo. Essa compreensão vai contra o
imaginário popular de que o pensamento computacional só existe quando atrelado a um computador; consi-
derando a funcionalidade dessa habilidade, é importante que ela seja intencionalmente desenvolvida, assim
como a leitura, a escrita e a realização de operações matemáticas.
Segundo Wing (2006), o pensamento computacional surge da integração da resposta a duas perguntas:
“O que humanos podem fazer melhor que computadores?” e “O que computadores podem fazer
melhor que humanos?”.
Nesse sentido, o pensamento computacional não significa fazer com que os humanos pensem como
computadores. Na verdade, visa a confluência do que há de melhor nos humanos, ou seja, sua criatividade,
persistência e inovação para desenhar soluções, e nos computadores, ou seja, seu maquinário capaz de exe-
cutar tarefas.
Por isso, o pensamento computacional torna possível combinar as competências socioemocionais com o
raciocínio lógico, essenciais para aprender, enfrentar desafios e compreender o mundo.

XLIX
Um dos fundamentos do pensamento computacional é utilizá-lo como uma forma criativa e inteligente
de identificar problemas de qualquer natureza e elaborar soluções independentemente da complexidade do
problema que se quer resolver.
Esse pressuposto, por si só, já favorece o desenvolvimento da Competência Geral 2 da BNCC, pois explora
a curiosidade intelectual e a prática investigativa; quando desenvolvido nas Ciências da Natureza, também
fomenta as competências específicas 2 e 3, já que permite utilizar processos, práticas e procedimentos das
Ciências da Natureza com curiosidade para fazer perguntas e solucionar problemas.
Outras competências que emergem do uso do PC são a autoconfiança, a resiliência, a tolerância a ambi-
guidades e opiniões, além da habilidade de se comunicar argumentando com respeito e escutando ativa-
mente o outro, atributos que favorecem o desenvolvimento das Competências Gerais 7, 8, 9.
Apesar da recente e crescente necessidade de inserção do pensamento computacional no currículo escolar, os
cursos de licenciatura têm se mostrado irresponsivos a essa mudança, deixando o professor carente dos conhe-
cimentos necessários para um efetivo desenvolvimento dessa competência no ambiente escolar (FALCÃO, 2021).
Isso se deve ao fato de que, para que haja o desenvolvimento pleno do pensamento computacional em
sala de aula, o professor deve tanto integrar seus conceitos, intencionalmente, à sua prática pedagógica e
à disciplina lecionada, quanto orientar o estudante para que ele aplique o PC ao seu contexto (ITSE, 2018).
Assim, fica evidente a necessidade de tornar os professores, de todos os níveis e todas as áreas, capazes
de incluir e desenvolver o pensamento computacional no ensino (FALCÃO, 2021).
A evolução das concepções sobre o pensamento computacional tem permitido inserir de forma concreta
esse processo cognitivo no contexto educacional do estudante.
No ambiente escolar, o pensamento computacional favorece o protagonismo do estudante, pois sua
maleabilidade permite que elabore perguntas e crie soluções de acordo com o próprio repertório.
Uma forma de favorecer a integração do PC ao cotidiano é por meio do uso de atividades desplugadas,
ou seja, aquelas que podem ser desenvolvidas sem o uso de dispositivos eletrônicos.
No entanto, para que elas sejam mais facilmente aplicadas e favoreçam o desenvolvimento intencional
do pensamento computacional, é necessário que os professores tenham domínio das habilidades desse pro-
cesso cognitivo.

Habilidades primordiais para o pensamento computacional


A Sociedade Internacional para Tecnologia na Educação (International Society for Technology in Education
- ISTE) desenvolveu um guia para professores propondo diretrizes para o ensino do pensamento computa-
cional nas escolas.
Nele, são definidas nove habilidades primordiais para o exercício do pensamento computacional (ISTE,
2011), detalhadas a seguir.

1. Coleta de dados (Pesquisa)


a) Definição: é um processo por meio do qual se reúnem dados para obter a informação desejada.
b) Como é desenvolvida: em atividades de pesquisa, ao elaborar questionários de pesquisa e ao coletar
dados de forma sistemática, sendo que todas essas estratégias devem ser direcionadas a responder uma
determinada pergunta. É importante direcionar as pesquisas para distintas fontes de informação, como
textos, áudios, vídeos, imagens e infográficos, a fim de favorecer os diferentes perfis de estudantes que
compõem a sala de aula.

L
2. Representação de dados
a) Definição: forma como representamos os dados.
b) Como é desenvolvida: ao explorar e elaborar diferentes formas de representar informações, ou seja,
por meio de gráficos, tabelas, imagens, palavras etc. O estudante poderá apresentar os dados de
diversas maneiras e selecionar a representação visual mais efetiva para comunicar suas descobertas.
Essas possibilidades permitem contemplar distintos perfis de estudantes da turma.

3. Reconhecimento de padrões (análise de dados)


a) Definição: compreender o conjunto de informações coletadas, encontrando padrões e tirar conclusões
sobre as observações.
b) Como é desenvolvida: ao observar um conjunto de dados em diferentes representações (gráficos,
tabelas, imagens) para buscar e descrever padrões e variações, e identificar outliers (dados que não
obedecem ao padrão).

4. Decomposição de problema
a) Definição: decompor tarefas ou problemas em subpartes menores para se trabalhar com pequenas
unidades do problema, as quais são mais fáceis de resolver, facilitando o direcionamento de recursos
e o planejamento de esforços e tempo necessários para se resolver cada parte e o problema/tarefa
maior como um todo.
b) Como é desenvolvida: ao planejar a divisão de tarefas de um trabalho em equipe designando os res-
ponsáveis por cada parte, o tempo e os recursos necessários para a execução das tarefas individuais
e como elas devem ser organizadas na linha do tempo para que tudo fique pronto como planejado.

5. Abstração
a) Definição: é a capacidade de reduzir a complexidade e focar na essência ou nas ideias principais do que
está sendo estudado.
b) Como é desenvolvida: identificar os elementos mais representativos de um bioma, como animais e
plantas endêmicas, características do clima e da fitofisionomia ou elementos da paisagem.
• Certifique-se de oferecer diferentes fontes de informação (áudio, vídeo, sites da internet e livros) para
favorecer os diferentes tipos de aprendizagem entre os estudantes.

6. Algoritmos (procedimentos)
a) Definição: são sequências de passos e processos usados para atingir um objetivo final, permitindo
analisar um problema ou resolvê-lo de forma sistemática. Às vezes, algoritmos podem ser usados para
automatizar a solução.
b) Como é desenvolvida: a qualquer momento em que o professor pedir para o estudante descrever as
etapas necessárias para realizar alguma ação. Pode ser a lista de etapas para um experimento ou criar
um jogo para brincar com os colegas, descrevendo seu manual de instruções e aprimorando-o com o
feedback dos colegas que testaram o jogo.

7. Automação
a) Definição: processo que inclui um dispositivo (máquinas e/ou ferramentas) que realiza tarefas manuais
ou mentais de forma automática, muitas vezes utilizando algoritmos.

LI
b) Exemplo de como aplicar: os estudantes poderão programar um sensor de umidade ou temperatura
para realizar medidas ao longo de um período de tempo e depois analisar os dados obtidos.

8. Paralelização
a) Definição: trabalhar com diversos recursos ao mesmo tempo para obter um resultado em comum.
b) Exemplo de como aplicar: os estudantes poderão trabalhar em equipe para planejar a criação de um ví-
deo com script, propósito e papel da equipe na produção. Será necessário identificar as tarefas que serão
realizadas simultaneamente e os marcos que indicam que as ações em conjunto estão acontecendo no
momento correto para, por fim, realizar a produção.

9. Simulação
a) Definição: representação ou modelo de um processo. A realização de experimentos utilizando modelos
também está incluída nesta categoria.
b) Exemplo de como aplicar: os estudantes podem criar um ecossistema modelo para testar o que acon-
tecerá se 50% dos produtores morrerem; criar um modelo do sistema solar para explicar a interação
entre os planetas ou um modelo de uma flor para explicar a reprodução das plantas.
Vale ressaltar que essas habilidades são independentes, mas podem ser desenvolvidas concomitante-
mente, por exemplo: ao desenvolver a habilidade pesquisa, pode-se utilizar o conjunto de dados obtidos para
trabalhar sua representação e o reconhecimento de padrões.
Outro aspecto importante é que, a partir dos “Exemplos de como aplicar”, o professor poderá identificar
os locais mais apropriados para desenvolver cada uma dessas habilidades tanto ao utilizar a coleção quanto
em tarefas extraclasse.
Isso ocorre porque ele terá subsídios suficientes para repensar as atividades por meio da ótica do
pensamento computacional, aplicando os conceitos explicitados em sua prática educacional. Assim, poten-
cializam-se os resultados de atividades relativamente comuns, mas que podem ser modificadas em prol dos
benefícios oriundos dessas habilidades.
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de explorar o pensamento computacional no volume
do 6° ano:
• Na atividade de construção do Gnômon, na seção Atividade prática (p. 44 a 49): o estudante vai compor
uma base de dados (hab. 1) a partir de informações coletadas por ele sobre a posição do nascer e do pôr
do Sol, com a ajuda do gnômon construído para a realização da atividade. Essa base de dados deverá ser
explorada com distintas representações (hab. 2) que favoreçam o reconhecimento de padrões (hab. 3).
Ao determinar um padrão, o estudante poderá compreender como os povos antigos utilizavam essas
medições para compreender o movimento aparente do Sol e suas relações com as estações do ano.
• Na atividade 8, calendário (p. 51): o estudante é convidado a utilizar o conceito de abstração (hab. 5) ao
analisar um calendário indígena e propor uma versão do mesmo calendário que contemple os eventos
da vida dele. Para isso, ele precisará compreender os fundamentos do calendário criado e traçar um
paralelo entre os principais eventos dos indígenas e os principais eventos em sua vida.
• Na atividade 4, unidade 2 (p. 103); há um exemplo do uso do conceito de abstração, um importante
atributo do pensamento computacional. Nessa atividade, o estudante será relembrado das caracterís-
ticas de uma célula e do conceito de vida para, a partir daí, elaborar um texto que argumente por que
os vírus podem ou não ser considerados seres vivos. Para isso, é necessário que o estudante abstraia as
principais características da vida e extrapole-as para o contexto dos vírus.

LII
• Na atividade 4, unidade 3 (p. 255): o estudante é convidado a pesquisar, no texto estudado, o nome
dos materiais de acordo com as características apresentadas nas alternativas. Essa é uma atividade
simples que trabalha tanto o reconhecimento de padrões quanto a pesquisa, dois pilares importantes
do pensamento computacional.
Utilizar essas nove habilidades intencionalmente na prática pedagógica ainda é uma novidade no contexto
da escola brasileira, o mais comum é que o desenvolvimento do pensamento computacional esteja atrelado a
apenas quatro atributos: decomposição de problemas, reconhecimento de padrões, abstração e algoritmos.
Esses quatro atributos são foco do curso oferecido na plataforma AVAMEC, por isso poderão ser facil-
mente aprofundados pelo professor, caso julgue necessário.
Contudo, ao desenvolver intencionalmente as habilidades estipuladas pelas diretrizes internacionais, é
possível ampliar, ainda mais, tanto a capacidade do estudante de encontrar soluções para problemas com-
plexos quanto de que elas se tornem parte de seu cotidiano.
A seguir, apresentamos uma sugestão de atividade que desenvolve alguns dos nove atributos incluídos
no pensamento computacional.

Para aprofundar: Pensamento Computacional


A atividade proposta pode ser desenvolvida a partir de qualquer temática estudada no ano letivo. Uti-
lizar a internet para realizar pesquisas é uma habilidade essencial na era digital, portanto deve ser orientada
e desenvolvida para que os estudantes alcancem os resultados desejados.
O ideal é que essa atividade, baseada na proposta do CSTA; ISTE 2011, seja desenvolvida no laboratório
de informática da escola.
O objetivo é trabalhar alguns pilares do pensamento computacional com intencionalidade pedagógica,
utilizando a pesquisa como meio e ensinando os estudantes a direcioná-las para que os resultados obtidos
sejam mais significativos.
Além disso, ao realizar uma pesquisa na internet, o estudante pode desenvolver as seguintes habilidades:
• capacidade de analisar e organizar dados de forma lógica;
• representação de dados por meio de abstrações como modelos e simulações;
• generalizações e aplicação da técnica de resolução de problemas em outras áreas;
• comunicação de dados com o objetivo de encontrar uma solução comum.
Não se esqueça de acionar os filtros de busca segura nos buscadores utilizados para evitar que os estu-
dantes tenham acesso a conteúdos inadequados.

Etapa 1: Demonstração de como fazer uma pesquisa


• Passo 1
Selecione um termo do conteúdo estudado e digite-o no buscador. Revise os resultados obtidos com
os estudantes, destacando o número de links encontrados e a velocidade com que os resultados
apareceram.
• Passo 2
Escolha alguns links para abrir, sendo eles relevantes ou não sobre o assunto, e discuta com os
estudantes o que acham que o site de busca “entendeu” para retornar aqueles resultados.
• Passo 3
Peça aos estudantes que sugiram alguns termos relacionados ao conteúdo da pesquisa que, quando
combinados ao termo inicial, podem resultar em uma busca mais específica e relevante para o con-
teúdo pesquisado. Realize com eles diversas buscas, com distintas combinações de termos.

LIII
• Passo 4
Realize novas buscas, aumentando o número de termos, de modo que os resultados mais relevantes
apareçam nas primeiras páginas. Aproveite para discutir sobre como os termos selecionados repre-
sentam uma abstração a respeito do tema principal.
• Passo 5
Mostre como é possível eliminar termos da pesquisa que trazem informações irrelevantes adicio-
nando o sinal de menos (-) antes da palavra. Por exemplo, uma pesquisa sobre constelação poderá
retornar resultados abordando a “constelação familiar” o que pode ser omitido fazendo a busca
pelos termos “constelação - familiar”.

Etapa 2 – Atividade em grupo


• Passo 1
Peça para que os estudantes se organizem em grupos e ofereça uma questão-problema sobre um
conteúdo estudado, a qual deverá ser pesquisada para ser respondida.
• Passo 2
Os estudantes devem discutir e identificar os termos principais que podem resultar na resposta para a
questão, utilizando-os para a busca.
Esta etapa favorece o uso do conceito de abstração.
• Passo 3
Os estudantes devem construir uma tabela ou planilha num software tipo word ou excel, para
classificar os links das três primeiras páginas em relevantes ou irrelevantes. Discuta com eles as
vantagens de usar o computador ou fazer as anotações no caderno. Espera-se que percebam a
possibilidade de automatizar a produção da lista com comandos como: copiar, corta e colar.
Esse momento é relevante para abordar o conceito de automação e sobre como é possível que
tarefas repetitivas sejam realizadas por máquinas. Além disso, ao criar a tabela e categorizar os
dados, os estudantes também utilizam os conceitos de coleta, análise e representação
de dados.
• Passo 4
Peça aos estudantes que identifiquem novas palavras-chave que permitam aumentar a relevância
dos resultados ou encontrem termos que podem ser excluídos da busca a partir dos links irrelevan-
tes obtidos no passo anterior.
Ao identificar as palavras-chave sobre um conteúdo, aplica-se o conceito de abstração.
• Passo 5
Uma outra busca deve ser feita utilizando a nova combinação de termos e, com base nesse novo resul-
tado, a lista de links relevantes proposta no passo 3 deve ser revisada e novos links relevantes devem
ser adicionados a ela quando encontrados.
Essa repetição de tarefas favorece a utilização do atributo algoritmo
• Passo 6
Cada equipe deve produzir uma lista de 20 links relevantes. Essas listas devem ser trocadas entre
os colegas para que eles analisem os resultados obtidos pelas outras equipes e percebam como a
seleção de palavras-chave influenciou os resultados.
Ao combinar os resultados obtidos por todos os grupos, mobiliza-se o conceito de decomposição de
problemas e fomenta-se a habilidade de comunicar resultados para alcançar uma resposta
em comum.

LIV
O PROFESSOR E O ESTUDANTE PROTAGONISTA

No século passado, havia um ensino centrado quase exclusivamente na necessidade de fazer os estu-
dantes adquirirem conhecimentos científicos, por meio da transmissão de grande quantidade de conteúdos.
Os professores – detentores do conhecimento e transmissores de conteúdos – tinham sua eficiência medida
pela quantidade de páginas repassadas aos estudantes – estes, os receptores (CHASSOT, 2003).
Os professores carregavam uma visão que vem desde a obra da Didática Magna do século XVII de
Comenius. Isto é, exercer o magistério era uma tarefa fácil e para qualquer indivíduo que, seguindo um
protocolo técnico, daria conta de promover o ensino e favorecer uma aprendizagem eficaz.
Entretanto, essa visão foi alvo de inúmeras críticas em diferentes momentos da história da Edu-
cação, e muitos estudiosos, como John Dewey, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Laurence Stenhouse, Donald
Schön, buscavam colocar em destaque a complexidade da profissão docente na tentativa de superar a
abordagem excessivamente técnica que caracterizava a atividade de ensino dos professores em sala de
aula. Nas palavras de Ponte (1999, p. 71-72):

[...] um professor é um profissional mutifacetado que tem


de assumir competências em diversos domínios. Não basta
possuir conhecimentos na sua área disciplinar, dominar duas
ou três técnicas para os transmitir a uma classe e ter um bom
relacionamento com os estudantes. Um professor tem de ter
conhecimentos na sua área de especialidade e conhecimentos
e competências de índole educacional. Tem de ser capaz de
conceber projetos e artefatos – nomeadamente, aulas e mate-
riais de ensino. Tem de ser capaz de identificar e diagnosticar
problemas – tanto problemas de aprendizagem de estudantes
e grupo de estudantes, como problemas organizacionais e de
inserção da escola na comunidade. A actividade do professor
requer uma combinação de conhecimentos científicos e aca-
dêmicos de base na sua especialidade com conhecimentos de
ordem educacional.

Diante da globalização e de tantos avanços, nas mais diversas áreas, não há mais espaço para um ensino
conteudista. Deve-se buscar um ensino cada vez mais participativo e para a cidadania. Um ensino que pro-
picie aos estudantes uma atividade proissora de caráter investigativo, possibilitando o desenvolvimento de
diversas habilidades, tais como observação, proposição de inferências e hipóteses, análises de resultados e
suas implicações, argumentação e comunicação de ideias. Tudo isso revela que o trabalho docente exige do
professor um esforço permanente de reelaboração.
Nesse contexto, a BNCC propõe algumas ações que direcionam a atividade docente para atuar na escola
contemporânea. São elas:

LV
• contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-
-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do
lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas;
• selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a rit-
mos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades
de diferentes grupos de estudantes;
• conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os estudantes nas
aprendizagens. (BRASIL, 2018, p. 16-17).
Nesse cenário, o professor não é mais um tecnicista e detentor de todo o conhecimento, mas sim um
pesquisador, por assumir um papel reflexivo e analítico de sua prática pedagógica, de modo a buscar cami-
nhos possíveis de melhoria da ação docente. Ele é, sobretudo, um mediador dos processos de formação dos
saberes e da autonomia dos estudantes.
Em outras palavras, o professor, no contexto atual, é aquele que propõe situações de aprendizagem
que privilegiam a participação ativa do estudante, nas quais podem refletir sobre um problema, buscar
respostas ou ainda elaborar questionamentos, entre tantas outras ações que mobilizem a reflexão, a
atenção e o fazer.
É tarefa do professor propor um problema para investigação, considerando a complexidade de acordo
com o perfil dos estudantes e das expectativas de aprendizagem deles. Ele deve também orientar o tra-
balho, de forma que esses mesmos estudantes possam aproximar suas compreensões e explicações aos
conceitos científicos socialmente aceitos no momento da aula.
Essa é uma forma de promover discussão e debate de hipóteses, o que permite que novos conheci-
mentos sejam ancorados aos conhecimentos prévios, promovendo uma aprendizagem significativa.
Assim, o professor auxilia e orienta o estudante para que ele saiba o que é ser um indivíduo mutável,
que está sujeito a mudanças culturais e éticas, que precisa refletir o tempo todo sobre as consequências
sociais e econômicas dessas mudanças. Desse modo, o professor torna-se articulador do conhecimento
e fortalece a interação entre o estudante e a cultura na qual ele está inserido, orientando esse indivíduo
na busca por significados dos conteúdos conceituais e,
consequentemente, facilitando a transposição de tais Características das metodologias ativas
conteúdos para seu cotidiano.
Nessa perspectiva, a BNCC (2018) incentiva os pro-
Aluno: o
fessores a recorrerem às práticas pedagógicas pautadas centro
pelo método ativo e que valorizem a cultura juvenil.
Nas palavras de Bacich e Moran (2018, p. 25), as
Trabalho em
“metodologias ativas são estratégias de ensino centradas equipe
Autonomia
na participação efetiva dos estudantes na construção
do processo de aprendizagem [...], ao seu envolvimento
METODOLOGIAS
direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do ATIVAS DE
processo, experimentando, desenhando, criando, com ENSINO
orientação do professor.” Professor:
mediador
A figura, a seguir, apresenta os elementos centrais de Reflexão
facilitador
uma prática norteada por esses princípios. ativador

Fonte: DIESEL, A.; MARCHESAN, M. R.; MARTINS, S. N. Metodologias ativas de Problema-


ensino na sala de aula: um olhar de docentes da educação tização da
profissional técnica de nível médio. realidade
Disponível em: https://fnxl.ink/RYSUBW
Acesso em: 4 jun. 2022.

LVI
Assim, apresentamos algumas metodologias ativas em consonância com orientações fornecidas pela
BNCC, as quais podem auxiliar os professores a potencializar a qualidade do aprendizado dos estudantes,
tornando as aulas mais dinâmicas e participativas. Cabe ressaltar que elas promovem o desenvolvimento das
competências gerais.

Sala de aula invertida


Essa metodologia consiste em um ciclo de três etapas: antes, durante e depois da aula, as quais exigem
do professor e dos estudantes um comprometimento para que se obtenha sucesso com essa prática
(SCHMITZ, 2016; SCHNEIDERS, 2018).

Antes da aula
O professor seleciona e disponibiliza com antecedência os materiais que os estudantes vão estudar para
a aula. Pode ser vídeo, leitura do livro didático e resolução de questões de baixa ordem cognitiva, envolvendo
ações de recordar ou reproduzir informações ou conceitos.
Também pode instruir os estudantes a realizarem uma pesquisa orientada, ouvir um podcast, participar
de um fórum sobre determinado assunto, entre outros. Além disso, é importante o professor solicitar aos
estudantes que anotem suas dúvidas e dificuldades para serem trabalhadas no momento da aula.

Durante a aula
Em um primeiro momento, discute-se o que foi visto no período extraclasse, tirando dúvidas e sanando
as dificuldades dos estudantes. Na sequência, a sala de aula ganha relevância para um trabalho de aplicação
dos conceitos e resolução de problemas.
Os estudantes realizam atividades em grupos que exijam um nível cognitivo superior, como analisar
e avaliar situações e problemas e criar soluções. O professor assume uma postura de mediador, acompa-
nhando o desenvolvimento dos estudantes e atuando quando necessário.

Depois da aula
Momento em que os estudantes realizam a revisão do conteúdo e apresentam algum produto como
resultado.
Os produtos podem ser um relatório, um seminário, uma resenha, um podcast, entre outros. É também
com base nesse momento que o professor analisa e decide como serão as próximas aulas.

Aprendizagem baseada em projeto


É um método de ensino no qual os estudantes aprendem engajando-se ativamente em projetos do
mundo real e significativos.
A partir de uma pergunta norteadora, os estudantes ficam imersos, por um longo período, em
estudos e um processo de investigação em busca de respostas com diferentes perspectivas, uma vez
que o método tem como um dos pressupostos a interdisciplinaridade.
Como resultado do processo de pesquisa, elaboração de hipóteses, construção de argumentos e
proposição de uma solução para o problema ou produção do produto final, os estudantes desenvolvem

LVII
os conhecimentos conceituais, o pensamento crítico, a colaboração, a criatividade e as habilidades de
comunicação.
Assim, alguns pontos precisam ser considerados pelos professores ao utilizar esse método na sala de
aula. No quadro a seguir, apresentamos algumas orientações básicas.

Procedimento O que o professor deve saber: significado


Pré planejamento Plano do professor

Problema Marco inicial

Planejamento Elaborado (professor/estudante)

O papel do professor Mediador/Colaborador/Facilitador

1 - Âncora (preparação do cenário para o projeto com informações sobre a temática a ser desenvolvida).

2 - Questão motriz (meta declarada ou questionamento a ser investigado).

3 - Aprendizagem expedicionária (saída da sala de aula para utilizar recursos da comunidade para ampliar
Fases o conhecimento e realizar pesquisa de campo).

4 - Artefatos (evidências de que o processo de investigação ocorreu, sendo registrado por meio de criações
ou produtos ao longo do projeto).

5 - Avaliação (discriminação dos desempenhos dos estudantes e aplicação do conhecimento).

Fonte: LIMA, S. F.; NUNES, E. C.; SOUZA, R. F. Aprendizagem baseada em projetos: um relato de experiência em classe multissérie nos anos iniciais do ensino
fundamental. Revista Dynamis. Furb, Blumenau, v. 26, n. 2, 2020,
p. 177-192. Disponível em: https://fnxl.ink/IVHRQD.
Acesso em: 8 jun. 2022.

Aprendizagem por pares


Este método se baseia no compartilhamento de ideias entre duplas ou grupos de estudantes sobre o
conteúdo estudado, de modo que o conhecimento seja construído a partir da interação entre eles. Nas pala-
vras de Araujo e Mazur (2013, p. 367):

[…] um método de ensino baseado no estudo prévio de


materiais disponibilizados pelo professor e apresentação
de questões conceituais, em sala de aula, para os alunos dis-
cutirem entre si. Sua meta principal é promover a aprendi-
zagem dos conceitos fundamentais dos conteúdos em estudo,
através da interação entre os estudantes. Em vez de usar o
tempo em classe para transmitir em detalhe as informações
presentes nos livros-texto, nesse método, as aulas são divi-
didas em pequenas séries de apresentações orais por parte
do professor, focadas nos conceitos principais a serem tra-
balhados, seguidas pela apresentação de questões concei-
tuais para os alunos responderem primeiro individualmente e
então discutirem com os colegas.

LVIII
O diagrama apresentado na figura a seguir ilustra o processo de aplicação do método.

Etapas de aplicação do método Aprendizagem por pares


Atividade Prévia

Exposição do professor

Questão conceitual

Votação: indicação de respostas

menor que 25% entre 35% e 70%


Verificação dos acertos Discussão em grupos

Considerações finais do professor

Novo item
Fonte: Pereira, F. I. Aprendizagem por pares e os desafios da educação para o senso-crítico. International Journal on Active Learning, v. 2, n. 1, p. 6-12, jan./jun.
2017. Disponível em: https://fnxl.ink/AXQCWA. Acesso em: 4 jun. 2022.

Etapa 1: Atividade prévia


Os estudantes devem estudar previamente o material disponibilizado pelo professor para terem um
primeiro contato com o conteúdo. O material pode ser o mais diversificado possível, incluindo desde o livro
didático e artigos, como também vídeos, filmes, podcast entre outros.

Etapa 2: Exposição oral


O professor deve realizar uma exposição dialogada, de no máximo 20 minutos, sobre os elementos cen-
trais de um determinado conceito ou teoria.

Etapa 3: Questão conceitual


O professor apresenta aos estudantes uma questão conceitual, geralmente de múltipla escolha, com o
intuito de avaliar os conhecimentos do conteúdo abordado.
Assim, os estudantes têm entre um e dois minutos para pensarem, individualmente, e apontar a res-
posta que consideram correta, apresentando uma justificativa para sua escolha.

Etapa 4: Votação e verificação


Os estudantes apresentam suas respostas por meio de uma folha de seu próprio material de estudo, de
gabaritos, de cartões impressos com as letras relativas às respostas, ou ainda por meio de aplicativos, como
o Kahoot!, clickers ou flashcards.

LIX
O fundamental dessa etapa é o professor mapear a porcentagem de acertos alcançados pelos estu-
dantes, identificando o que de fato eles sabem sobre o assunto.
Assim, se a porcentagem de acerto estiver acima de 80%, o professor pode explicar a resposta, depois
propor um novo teste ou encerrar o processo, iniciando um novo tópico.
Caso o resultado seja entre 35% e 70%, os estudantes estão aptos ao trabalho em grupo e devem seguir
para a etapa posterior.
Se o resultado de acertos for inferior a 35%, o professor deve repetir a explicação brevemente sobre o
tema, reiterando novamente as etapas 1, 2 e 3, mas com uma nova questão conceitual.
Etapa 5: Discussão em grupo e nova votação
Essa etapa deve acontecer quando os estudantes, na etapa anterior, obtiverem um percentual de acertos
entre 35% e 70%.
Então, o professor deve reuni-los em pequenos grupos (2-5 integrantes), considerando aqueles que
tenham escolhido respostas diferentes.
O objetivo é promover uma discussão entre os grupos sobre a questão conceitual, de modo que eles
cheguem a uma conclusão acerca da resposta correta e elaborem declaração clara dos seus argumentos.
Uma nova votação é iniciada pelo professor para verificar a compreensão dos estudantes sobre o conteúdo.

Etapa 6: Considerações finais


A partir do resultado do teste anterior, o professor avalia as respostas e, caso o nível de acerto esteja
acima de 80%, pode fazer uma breve consideração sobre o conteúdo, dirimindo possíveis dúvidas e seguindo
para o próximo assunto.
No entanto, se o índice de acerto estiver abaixo de 80%, o professor pode fazer uma nova explicação
e aplicar um novo teste conceitual repetindo a mesma questão, ou é possível apresentar a resposta e suas
justificativas e, em seguida, aplicar uma nova questão conceitual, reiniciando o processo a partir da etapa 3.

Seminário
O seminário consiste em uma metodologia de trabalho socializado, no qual os estudantes estudam, pes-
quisam e debatem um determinado tema.
Ele pode ser realizado individualmente ou em grupo: os estudantes expõem os resultados de suas pes-
quisas utilizando materiais de multimídia como suporte e produzem interações com o público que resultem
numa discussão, a qual pode ser mediada pelo professor.
No entanto, é importante salientar, conforme aponta Gil (2008, p. 171-172), que, embora o seminário
seja considerado

[...] qualquer apresentação feita por estudantes em classe,


até mesmo de resumos de capítulos de livros. [...] A rigor, não
existe uma forma correta. O que mais importa é que o semi-
nário possa ser caracterizado por pesquisa e discussão e não
por exposição feita por estudantes.

Ao fomentar a pesquisa e a discussão sobre um tema, substitui-se o que seria apenas um monólogo do
estudante, por uma interação com intencionalidade pedagógica que garante um aprofundamento de deter-
minado tema e o desenvolvimento de competências e habilidades como a comunicação, a argumentação, o

LX
autoconhecimento, o autocuidado, a empatia e a cooperação. No que diz respeito ao papel do professor na
condução dessa metodologia, Balcells e Martin (1985, p. 90) apontam que:

[...] consiste em coordenar as diversas atividades; orientar e


guiar os estudantes em todas as fases; fazer a síntese. No entanto,
no seminário, o professor é um diretor do trabalho, não é o seu
executante. Quando se estabelece o diálogo, o seu papel é o de
vigiar e orientar a sua evolução, intervindo apenas para formular
com maior exatidão os problemas descobertos pelos estudantes
ou para encaminhar a discussão para outros campos. É uma tarefa
essencialmente orientadora.

Uma possibilidade de trabalhar com seminários em sala de aula de forma a promover uma discussão
produtiva é a organização de três grandes grupos em sala:
• Grupo de Apresentação (GA);
• Grupo de Questionamento (GQ);
• Grupo de Síntese (GS).
Essa dinâmica pode ser realizada de acordo com a descrição, a seguir, baseada em Almeida e Costa (2017).

Escolha do tema
Inicialmente, o professor escolhe o tema que será abordado e disponibiliza o material selecionado por
ele para que os estudantes aprofundem seus conhecimentos individualmente.

Roteiro de pesquisa
Em sala, o professor define os três grupos e apresenta o roteiro de pesquisa que vai orientar a prepa-
ração da apresentação, os questionamentos e a síntese; porém, como esse momento de estudo é individual,
os estudantes precisam investir na busca pelo conhecimento.

Grupos de apresentação, questionamento e síntese


No dia da realização dos seminários, a turma se organiza de forma diferenciada: de um lado, o grupo que
vai questionar; do outro, o grupo que fará a apresentação; e, no centro, ao fundo da sala, o grupo que vai
realizar a síntese geral.
O GA inicia o seminário, apresentando os principais conceitos, teorias, e cada estudante que pertence a esse
grupo pode complementar as informações, discordar de algum colega, apontar problemas conceituais, sempre
acompanhado de argumentos de acordo com suas pesquisas.
Após todos os integrantes se apresentarem no tempo reservado para essa fase, é a vez do GQ: cada
componente desse grupo deve fazer ao menos uma questão ao GA. Nesse momento, a mediação do pro-
fessor é importante para intervir quando perceber incoerências por parte dos estudantes dos dois grupos
e para cuidar da discussão, de modo a ocorrer de forma respeitosa. O GS deverá acompanhar tudo desde o
início e tomar nota textualmente dos acontecimentos.
Quando o tempo indicado para discussão entre GA e GQ tiver terminado, cada estudante que compõe
o GS apresenta brevemente um relato oral do que compreendeu a respeito do tema, incluindo o que ficou
confuso e sem entendimento, como também, complementações do que foi exposto.
Cabe destacar que essa dinâmica para trabalhar com seminários se torna mais interessante se houver
várias temáticas, pois, assim, cada estudante poderá exercer as três funções.

LXI
Estudo de caso
Trata-se de um método que se baseia na aplicação de problemas, no formato de casos investigativos e
com foco nas habilidades de argumentação e de tomada de decisão. Esses casos são entendidos como narra-
tivas de pessoas que precisam solucionar seus problemas diante de determinada questão. Bem elaborados,
compartilham características como:
• narrar uma história real ou fictícia curta, mas incluindo diálogo;
• despertar a curiosidade do estudante, sendo relevante para ele;
• provocar um conflito;
• ter utilidade pedagógica;
• forçar uma decisão;
• ter generalizações.
(SÁ; QUEIROZ, 2010; QUEIROZ; CABRAL, 2016).
O professor pode aplicar esse método de acordo com sua realidade, no contexto de sua disciplina ou de
forma isolada.
Ainda pode decidir por outros métodos para combinar com o estudo de caso. Por exemplo, é possível iniciar
o conteúdo com uma aula dialogada ou investigativa para abordar os conceitos necessários à resolução do caso,
apoiando-se em discussões realizadas em grupos, com experimentação, sala de aula invertida entre outras práticas.
Assim, o professor assume um papel de facilitador do processo de aprendizagem e os estudantes, por sua vez,
assumem a responsabilidade pela sua própria aprendizagem.
Na literatura brasileira, é possível encontrar diversos casos já elaborados, principalmente pelo grupo de
pesquisa da professora Salete Queiroz, os quais envolvem temáticas científicas e sociocientíficas. Alguns
materiais podem ser encontrados em:
https://fnxl.ink/GBCMJV
https://fnxl.ink/CISSVP
Acessos em: 20 abr. 2023.
Independentemente de o professor criar o próprio caso ou utilizar algum existente, é importante levar
em consideração os seguintes questionamentos, como argumenta Graham (2010, p.42):
• O que você deseja que os estudantes aprendam com a discussão do caso?
• Que conhecimentos os estudantes já possuem e podem ser aplicados no caso?
• Quais questões podem ser levantadas na discussão?
• Como o caso e a discussão serão introduzidos por você?
• Como os estudantes devem se preparar? Precisam ler o caso com antecedência? Pesquisar? Escrever algo?
• Que instruções você precisa fornecer aos estudantes sobre o que devem fazer e cumprir?
• Você planeja dividir os estudantes em grupos ou a discussão ocorrerá com a turma toda?
• Você usará simulações de papéis, facilitadores ou relatores? Se afirmativo, como o fará?
• Quais são as questões de abertura?
• Quanto tempo é necessário para que os estudantes discutam o caso?
• Que conceitos devem ser aplicados durante a aplicação?
• Como você avaliará os estudantes?

LXII
PROJETO DE FINAL DE ANO

Mobilizados pelas mudanças que ocorrem na passagem da infância para a adolescência, refletindo
sobre a importância do respeito às individualidades, o projeto proposto objetiva favorecer a aproximação
das culturas juvenis com o ambiente escolar, por meio da utilização de tecnologias audiovisuais que per-
mitam ao estudante expressar seu contexto social, símbolos e valores, ganhando, assim, um papel signi-
ficativo em sua vida.
Nesse sentido, torna-se possível trazer para a sala os comportamentos, hábitos, práticas, modos de
pensar e visão de mundo dos jovens.
Ao realizar esse projeto, o estudante terá a oportunidade de desenvolver as competências gerais:
• CG3, já que ele terá de valorizar e expor sua cultura e vivências para seus colegas;
• CG4, já que ele utilizará diferentes tipos de linguagens para elaborar o vídeo a partir da produção de
um roteiro que deverá ser praticado antes da gravação;
• CG5, pois terá de utilizar diferentes tecnologias para produzir e editar os vídeos;
• CG8, pois poderá se reconhecer na diversidade humana ao compartilhar suas vivências com os colegas;
• CG9, já de terá que trabalhar em grupo, podendo desenvolver a escuta, empatia e colaboração.
Ao valorizar as culturas juvenis e o cotidiano do estudante, essa atividade permite também desenvolver
os TCT Vida familiar e Social e Diversidade Cultural. O projeto do volume 6 está presente ao final da Unidade 3.

Luz, câmera, o estudante em ação


O projeto proposto objetiva favorecer a aproximação das culturas juvenis com o ambiente escolar, por
meio da utilização de tecnologias audiovisuais que permitam ao estudante expressar seu contexto social,
símbolos e valores, ganhando assim um papel significativo em sua vida.
Nesse sentido, torna-se possível trazer para a sala os comportamentos, hábitos, práticas, modos de
pensar e visão de mundo dos jovens.
A produção audiovisual na escola tem um papel importante para o fortalecimento dessa cultura, cul-
minando no desenvolvimento integral dos estudantes, pois desperta o gosto pela leitura, utiliza princípios
do pensamento computacional para produzir o roteiro, promove a socialização e, principalmente, propicia a
articulação do conhecimento de forma interdisciplinar, facilitando a promoção da aprendizagem significativa.
Essa atividade também possibilita a contextualização e estabelece uma ligação fecunda entre Ciências e
Arte, que é dinâmica e prazerosa para eles, pois permite expressarem suas peculiaridades e contexto cultural
nas produções.
O estudante pode se tornar protagonista em sua trajetória educacional por sair do papel de espectador
de filmes, curtas e vídeos e passar a produzi-los.
Uma experiência exitosa na produção audiovisual em uma escola brasileira é a que ocorre no Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAp-UFPE).

LXIII
Lá os estudantes produzem curtas-metragens a partir dos componentes curriculares do campo das Ciên-
cias, articulando conteúdo conceitual de Ciências e sociedade na perspectiva da promoção de uma aprendi-
zagem significativa. A construção do conhecimento oriunda da atividade é avaliada individualmente, por meio
da elaboração de mapas conceituais, e coletivamente, por meio do produto (AQUINO; CAVALCANTE, 2017).
Nessa direção, apresentamos o projeto "Luz, câmera, o estudante em ação", que pode ser desenvolvido
pelo professor de Ciências ou se tornar uma atividade interdisciplinar.
Nesse projeto, o estudante é ativo, protagonista no processo de ensino e aprendizagem. Ele é um pode-
roso recurso para desenvolver componentes socioemocionais das competências gerais da BNCC 3, 4, 5, 9 e
10, e competências específicas de Ciências da Natureza 3, 6 e 8.
Antes de discorrer sobre produção audiovisual pelo estudante, foco desse projeto, comentamos, a seguir,
a utilização de filmes comerciais como recurso pedagógico, uma possibilidade para o ensino de Ciências.

Estudantes em ação: colocando as mãos na massa


O primeiro passo é a definição do tema. Você pode fazer isso sozinho ou com outros professores, se mais
de um componente curricular estiver envolvido.
A produção de audiovisual proposta tem o objetivo pedagógico de gerar conhecimento e deve ser parte
das estratégias que você traçou no planejamento anual. Propomos a produção de vídeos, cuja duração deve
ser negociada com a turma.
Vídeos de 10 minutos de duração são suficientes para promover uma ótima discussão do tema, con-
tudo é possível utilizar versões menores que contenham mais significados.
É importante valorizar o processo de produção, pois, a partir dele, o estudante constrói conhecimento
e, por isso, é fundamental que você acompanhe todas as etapas da produção.

Etapa 1 – Escolha do tema e divisão de tarefas


O tema deve ter um nível de generalização que possibilite sua exploração em mais de uma área do
conhecimento. Um exemplo é a temática “Efeito estufa”, que envolve os conhecimentos de clima e compo-
sição do ar trabalhados nas aulas de Ciências e propicia articulação com a diversidade ambiental e o papel
do ser humano, temática amplamente discutido nas aulas de Geografia, por exemplo.
Esse tema também convida a uma discussão sobre o TCT Meio ambiente para analisar os impactos de
atividades humanas ao ambiente.
Nessa etapa, os professores envolvidos podem promover debates, análise de vídeos ou filmes comer-
ciais ou leitura de textos com o objetivo de trabalhar o tema escolhido para a produção audiovisual.
Esse momento inicial é fundamental para os estudantes se apropriarem do assunto e analisarem o tema
em foco por meio de vários contextos.
Para a produção de audiovisual, sugerimos que cada turma participante do projeto seja organizada em
pequenos grupos. Cada grupo criará sua história, que deve estar inserida no tema escolhido.
A produção de um vídeo ocorre em três etapas: a pré-produção, a produção e a pós-produção.
A pré-produção é uma etapa muito importante, pois nela se define o roteiro e a organização dos atores/
atrizes, e verifica-se o que é necessário para cada cena, ou seja, é feito o planejamento da produção. Essa
etapa utiliza o conceito de algoritmo, importante atributo do pensamento computacional.

LXIV
Na produção, executa-se tudo o que foi proposto. Sem uma pré-produção bem planejada, quase sempre
são gerados conflitos que desmotivam os participantes.
Já a pós-produção é a edição das cenas gravadas, isto é, criação efetiva da história e de sua fluidez.
Para atuarem como editores, os estudantes devem ter familiaridade com recursos tecnológicos e ser
orientados para não utilizar músicas que exijam o pagamento de direitos autorais.
Caso eles se considerem inexperientes, sugira a exploração dos sites do quadro a seguir. (Acessos em:
20 abr. 2023).

Dicas para fazer um curta-metragem


Nome Descrição Onde encontrar

Produções na área de cinema e educação abrangendo aspectos da história do


Cineduc https://fnxl.ink/MQGLBP
cinema e atualidades a respeito do uso do cinema na escola.

Disponibiliza gratuitamente todo o material de apoio para a produção de vídeos


Quimicurta na escola, tanto para professores quanto para estudantes, além de compartilhar https://fnxl.ink/GVHWYO
experiências pedagógicas vivenciadas com a produção audiovisual dos estudantes.

Oficina de
produção de Apostila que auxilia o professor na produção audiovisual na escola. https://fnxl.ink/EHPCIV
vídeos

Etapa 2 – Preparação para a produção


Nessa fase, os grupos devem se reunir para decidir o que será abordado no vídeo.
O importante é que o contexto da história se relacione com o tema proposto. As discussões e as atividades
escolhidas para tratar do tema na Etapa 1 devem nortear a escolha do que será produzido pelos grupos.
Cada grupo deve produzir um texto que conte, em linhas gerais, a história que será abordada no vídeo.
Esse texto deve ser coeso, lógico e de simples execução. Esta é uma parte muito importante, que vai dire-
cionar todas as etapas da produção do vídeo.
O texto deve ser corrigido por você, não só para verificar como os conceitos científicos foram articulados,
mas para verificar possíveis inconsistências conceituais.
Oriente os estudantes a criarem uma história baseada em um filme, uma história real (notícias, por
exemplo) ou mesmo uma mistura desses gêneros. Incentive a criatividade e a colaboração de cada um no
grupo. Após a definição da história, é hora de criar os personagens de acordo com o número de integrantes
do grupo.
Cada estudante deve ter uma função, por isso é importante que escolha livremente aquela que estiver
mais de acordo com seu perfil. Por exemplo: um estudante muito tímido pode não se sentir à vontade atuando
na frente da câmera, mas pode atuar como figurante, ou cuidar do cenário, do figurino, da maquiagem, da
direção, da iluminação, da edição, entre outras funções necessárias.
Reforce a importância do envolvimento de cada um na atividade escolhida, por se tratar de uma ativi-
dade em grupo.

LXV
O quadro, a seguir, relaciona algumas funções que eles podem exercer:

Funcões necessárias para realizar um curta-metragem


Atividade Ações que executa

Roteirista Cria o roteiro do vídeo.

Atores/atrizes e figurantes Atuam como personagens.

Direção de arte Desenvolvem os elementos que vão compor a cena.

Figurinista Responsável pelas roupas de cada personagem nas gravações.

Maquiador Responsável pela maquiagem dos atores.

Cuida da captação de som durante as gravações e separação das músicas que serão tocadas nas cenas
Direção de som
(se houver).

Iluminador Cria os efeitos de iluminação durante as gravações.

Etapa 3 – Pré-produção: escrevendo o roteiro


O roteiro visa orientar a produção do vídeo e pode ser elaborado em grupo ou por parte do grupo.
Durante o desenvolvimento do roteiro, a história criada no argumento (Etapa 2) é desenvolvida em cenas
com as falas de cada ator/atriz. Os estudantes que criam o roteiro são chamados de roteiristas.
Antes do grupo ou do roteirista criar o roteiro, instrua-os a ler alguns exemplos. Sugerimos o site wikiHow,
disponível em: https://fnxl.ink/BFRLPM. (Acesso em: 8 jun. 2022).
Uma dica é assistir ao filme ou ao curta e analisar seu roteiro. Essa atividade promove uma visão mais
ampliada das possibilidades em uma produção audiovisual. Verifique se a coerência do roteiro e os conceitos
utilizados estão no contexto.
Uma sugestão é convidar o professor de Português para essa fase, não só para dar orientações na elaboração
do texto, mas para acompanhar a evolução dos estudantes no campo artístico-literário, o que é importante para o
desenvolvimento da habilidade EF69LP52 proposta para o componente curricular de Língua Portuguesa.
Desafie-os a não criarem videoaulas, mas sim uma história cujo contexto contemple a proposta desse
projeto. Nesse caso, os estudantes vão articular o conhecimento de forma muito mais dinâmica, além de
obter uma visão bem mais crítica da problemática.
Deixe claro para os estudantes que o roteiro deve estar de acordo com o argumento criado em grupo na
Etapa 2. Contudo, adaptações podem ocorrer, pois tudo é muito flexível, por isso você deve valorizar toda
expressão de criatividade.

Etapa 4 – Pré-produção: leitura do roteiro e organização para a gravação


Depois do roteiro pronto, cada membro do grupo deve receber uma cópia. Oriente-os a marcar sua parte
com caneta ou lápis. Com a cópia em mãos, os grupos devem ler o texto: cada estudante em sua respectiva fala.
Todos devem ficar atentos à leitura e anotar sugestões de mudanças na sua cópia. No final, peça a todos
que compartilhem suas observações que, após discussão, podem ou não ser acatadas. A versão final do
roteiro será produzida de acordo com as novas sugestões negociadas pelo grupo.

LXVI
Assim que o roteiro final for definido, o figurinista deve começar a pensar como conseguirá a melhor
roupa para cada cena, o maquiador deve verificar a quem irá pedir a maquiagem emprestada, e o diretor de
arte deve imaginar materiais para compor a cena.
Isto quer dizer que o figurinista, o iluminador e o diretor de arte devem analisar cada cena para providen-
ciar todo o material para o dia da gravação.
A falta de material ou o esquecimento das falas prejudica todo um dia de trabalho.
Às vezes, o grupo se planeja para um dia de Sol, consegue o melhor dia, mas, na hora da gravação, o figu-
rinista esquece um acessório importante para o personagem, ou o diretor de arte esquece aquele adereço
que ia compor a cena.
A falta de organização gera desmotivação, por isso é importante ficar atento para ajudar no planeja-
mento das gravações.

Etapa 5 – Pré-produção: ensaios e preparação para gravar


Os grupos devem se separar, e cada estudante deve cuidar de sua atividade.
Os atores/atrizes ensaiam as falas com os figurantes (se houver), o diretor de arte e sua equipe provi-
denciam os materiais que estarão em cena, e o maquiador e o figurinista pensam na roupa e na maquiagem
mais adequadas ao contexto da história.
O diretor de som e o iluminador pensam nas músicas, no som e na luz. Alguns efeitos com luzes coloridas
podem ser úteis.
Em todas as etapas e atividades, deve haver um professor responsável para acompanhar as equipes
separadamente.
No quadro a seguir, sugerimos alguns endereços eletrônicos com dicas que podem ajudar os estudantes
(Acessos em: 8 jun. 2022).

Pré-produção
Atividade Descrição Onde encontrar dicas

A memorização é fácil para alguns estudantes, mas pode ser um fator complicador
para aqueles que querem atuar. Então, sugerimos o site Portal dos Atores, que
Decorar as falas https://fnxl.ink/RFJOZW
traz várias dicas para quem vai atuar em peças teatrais e é útil para a gravação
de um vídeo.

Figurino é a roupa, o adereço ou qualquer tipo de enfeite utilizado pelos atores.


O figurino pode ser criado e costurado especialmente para a peça, mas roupas
Criação do figuri- dos próprios estudantes podem ser utilizadas ou customizadas. Tudo depende
https://fnxl.ink/ISRXVC
no e maquiagem do contexto da história que será criada. A mesma lógica deve ser utilizada para
a maquiagem, ou seja, as cores escolhidas devem estar de acordo com o papel
de cada personagem.

A iluminação e o som são elementos sensoriais com função estética e, semântica


e permeiam a expressão dos atores/atrizes no vídeo. Contudo, depende, da
Som e iluminação https://fnxl.ink/AWADWW
estrutura do local onde será feita a gravação, um ou outro recurso pode não
ser necessário.

LXVII
A nossa sugestão é que os vídeos sejam gravados com os celulares dos próprios estudantes. Nesse caso,
verifique com eles o aparelho mais adequado, qual câmera tem melhor resolução, boa captação de som etc.
Veja, a seguir, algumas dicas complementares que podem ser úteis para o dia da gravação.
1. Para fazer a gravação sem tremer, utilize um aparato que deixe a câmera imóvel. Desafie os estudan-
tes a criarem um aparato com canos de PVC, por exemplo.
2. Filme durante o dia e ao ar livre para evitar problemas com iluminação.
3. Se fizer filmagens internas, utilize um refletor simples.
4. Para captar áudio, é interessante ter microfones externos. Verifique a disponibilidade desse recurso na
escola ou na associação do bairro.
5. Providencie a autorização dos pais ou responsáveis para o deslocamento dos estudantes, caso a gra-
vação não aconteça na escola.
Etapa 6 – Produção: gravação das cenas
Assim que chegarem ao local de gravação, diga aos atores que vistam o figurino e façam um ensaio sim-
ples das falas enquanto os outros preparam o local. Devem ser verificados a luz do local e barulhos externos.
Tudo deve ser organizado de forma que, quem vai gravar, possa capturar sons e imagens de qualidade
mínima para a edição. Após o ensaio, os atores podem ser maquiados, caso seja necessário. A gravação das
cenas não precisa ser na ordem que está no roteiro. Comece pelas mais fáceis.
Antes de começar a gravar a cena, registre o número da cena (de acordo com o roteiro) para facilitar
a identificação na hora da edição. Nossa sugestão é que um estudante bata palma e diga “Cena 1”, e assim
por diante, sempre que começar a gravação de uma nova cena. Promova um ambiente de muita descon-
tração e cooperação.
Pipoca pode ser levada para o lanche durante os preparativos entre as cenas. Verifique antecipadamente
se será necessário um ou dois dias de gravação. Os procedimentos são os mesmos a cada dia.

Etapa 7 – Pós-produção: edição e planejamento da exibição


É a edição das cenas que atribui sentido ao vídeo. Geralmente, a edição do curta é realizada por aquele
que tem mais familiaridade com ferramentas tecnológicas, mas isso não significa que outros estudantes não
possam ajudar.
Embora cada pessoa trabalhe de um jeito, sugerimos que as cenas sejam transferidas para um compu-
tador, em uma pasta específica para facilitar o acesso.
Caso você perceba alguma dificuldade nessa etapa, fique atento para ajudar na organização geral. Um
recurso fácil de utilizar para gravar e editar os vídeos é o aplicativo VivaVideo. Essa ferramenta é gratuita,
pode ser utilizada no celular e permite a gravação e a edição das cenas de forma rápida e intuitiva no pró-
prio aplicativo.
Na internet, há vários tutoriais sobre o VivaVideo. Caso o grupo queira uma edição mais elaborada, pode
ser utilizado o computador. Nesse caso, o equipamento para edição deve ter instalado um programa editor;
vários são gratuitos e fáceis de serem encontrados. Sugerimos explorar com os estudantes a matéria "Edição
de vídeo: 15 programas para usar". Disponível em: https://fnxl.ink/LODOXI. Acesso em: 8 jun. 2022.
Efeitos especiais e músicas são encontrados livremente na internet, sem a necessidade de pagamento
de direitos autorais.

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Paralelamente à edição do vídeo, sugerimos que os estudantes que não façam parte dessa etapa pla-
nejem, com os professores envolvidos no projeto, a exibição dos vídeos produzidos para a comunidade
escolar e convidados. O local de exibição deve ter um retroprojetor ligado a um aparelho de som, para que
seja bem aproveitado esse momento.

Etapa 8 – Exibição dos vídeos e discussão


Sugerimos que a exibição dos vídeos seja programada de forma organizada para não haver interrupção.
Após cada exibição, o professor pode promover um debate acerca da abordagem feita pelo grupo. As discus-
sões são um caminho privilegiado para a construção de novos saberes, levando à reflexão que não se foca
apenas no entretenimento.
No final de todas as apresentações, é importante promover uma discussão ampliada, de modo que todos
possam participar. Dessa maneira, a exibição de vídeos exercerá sua função social, educativa, artística e enri-
quecedora para todos os participantes.
Os vídeos podem ser hospedados em sites gratuitos ou no site da escola. Eles podem ser utilizados
posteriormente como um rico recurso didático para a retomada do tema na sala de aula ou para iniciar a
discussão em outras turmas ou anos.

Referências para o desenvolvimento do projeto


• ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.
• BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Biruta, 2009.
• CARVALHO, A. M. P.; GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de Ciências: tendências e inovações.
10ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
• DEMO, P. Praticar Ciências: metodologias do conhecimento científico. São Paulo: Saraiva, 2011.
• GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados,
2005.
• HIDALGO, G. A. Didática de ciências naturais na perspectiva histórico‑crítica. São Paulo: Autores
Associados, 2009.
• LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 4ª
ed. São Paulo: Cortez, 2007.
• PONTES NETO, J. A. S. Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel: perguntas e
respostas. Série-Estudos‑Periódicos do Mestrado em Educação da UCDB, n. 21,
p. 117-130, 2006.
• POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao
conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009.
• STAVER, J. R. O ensino das Ciências. Genebra: Unesco, 2007.
• Roteiro de cinema. Disponível em: https://fnxl.ink/UMHYJZ. Acesso em: 2 jul. 2022.
• WERTHEIN, J.; CUNHA, C. (Org.). Educação científica e desenvolvimento: o que pensam os cien-
tistas. Brasília: Unesco e Instituto Sangari, 2009.

LXIX
COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

Veremos, a seguir, as competências sociemocionais aplicadas à saúde mental, à promoção da cultura da


paz e ao combate ao bullying na escola contemporânea.
A ideia central é que essas competências precisam ser ensinadas propositalmente em ambientes
seguros e saudáveis, de modo que os estudantes aprendam a lidar com suas próprias emoções, desen-
volvam o autoconhecimento, se relacionem com o outro, sejam capazes de colaborar, mediar conflitos e
solucionar problemas (figura a seguir).
Categorias das competências socioemocionais e suas habilidades.
Autogerenciamento Fonte: Casel, 2017. Collaborative for Academic,
Social, and Emotional Learning - CASEL. (2017).
Framework for systemic social and
Disciplina e motivação emotional learning. Disponível em:
https://fnxl.ink/OXMHGK
Acesso em: 4 maio 2022.
Regular emoções
e pensamentos
Autoconsciência Consciência social

Identificar emoções e Tomada de perspectiva do outro


pensamentos
Respeito às diferenças
Identificar e reconhecer
limitações e valores Identificar emoções no outro

Relacionamento interpessoal Tomada de decisão

Manter relacionamentos Identificar problemas

Habilidades sociais diversas Refletir sobre as situações

Trabalhar em equipe Solucionar problemas

Um dos principais desafios da escola é desenvolver uma prática educacional que visa oferecer uma for-
mação que vai além do conhecimento acadêmico e intelectual, e preocupa-se com o desenvolvimento social,
emocional, cultural e físico do estudante.
A BNCC firmou esse compromisso e deixa explícito que a educação básica

[…] deve visar à formação e ao desenvolvimento


humano global, o que implica compreender a complexidade
e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com
visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelec-
tual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. (BNCC, 2018, p. 14).

LXX
Dessa forma, as competências socioemocionais ganharam relevância e intencionalidade pedagógica no
contexto educacional desde que elas foram incluídas na BNCC.
As competências socioemocionais podem ser desenvolvidas por meio dos TCT, os quais foram pensados para
fazer a conexão entre questões sociais relevantes e a realidade do estudante.
Essas competências socioemocionais têm sido tão importantes para enfrentar os desafios do mundo
atual que foram distribuídas dentre as dez competências gerais a serem devolvidas no decorrer de toda a
Educação Básica.
Por exemplo, as Competências Gerais 4 e 8 desenvolvem as categorias autoconsciência e autoge-
renciamento, uma vez que é importante que o estudante aprenda a perceber suas emoções nas variadas
situações e a gerenciá-las a seu favor, principalmente em situações desafiadoras, como fazer uma apre-
sentação para a comunidade.
Já as Competências Gerais 7, 9 e 10 abrem espaço para o trabalho com as categorias relacionamento
interpessoal, consciência social e tomada de decisão, pois destaca a importância da argumentação respei-
tosa celebrando a diversidade de saberes e opiniões, acolhimento da perspectiva do outro e competência
de resolver conflito, necessidade de escuta e capacidade de aprender com o outro mesmo nas divergências.
Em um estudo preliminar em uma escola do Rio de Janeiro, os estudantes foram avaliados por meio de
um questionário que permitiu identificar um melhor desempenho escolar entre os estudantes que foram
expostos intencionalmente ao trabalho com competências socioemocionais (PORVIR, 2014).
Assim, as competências socioemocionais promovem comportamentos sociais positivos e menos estresse
emocional, formando cidadãos responsáveis, empáticos e socialmente ativos.
Trabalhar essas competências na escola contribui para aprimorarmos, ao longo do nosso desenvolvi-
mento, a solidez nas percepções e ações sociais e emocionais, culminando na promoção da saúde mental. De
acordo com a OMS (2001), saúde mental é definido como:

[...] um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe


suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses coti-
dianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir
para sua comunidade.

Vale ressaltar que, segundo essa definição, saúde mental não significa apenas a ausência de doenças,
mas também o domínio e compreensão das próprias emoções, permitindo ao indivíduo trilhar um caminho
de equilíbrio e resiliência psicológica.
Sabemos que a temática da saúde mental não faz parte da formação do professor que atua em sala
de aula, resultando, assim, numa ausência de “expertise” no assunto. No entanto, o espaço escolar é um
local privilegiado de estimulação, repleto de conflitos, afetos e relações interpessoais que impactam todos
os aspectos da vida do estudante, o que o torna um ambiente propício para o desenvolvimento das com-
petências socioemocionais e, por conseguinte, para a promoção da saúde mental.
Outro aspecto importante é a necessidade de se conversar com os estudantes abertamente sobre as
temáticas que abarcam a saúde mental, tais como ansiedade, depressão, suicídio, automultilação, bulimia,
gordofobia e anorexia, de modo que eles se sintam seguros para aprofundarem o conhecimentosobre os
temas e tirar dúvidas. Ao levar essas temáticas para o contexto da sala de aula, é preciso tomar cuidado
para que a linguagem seja adequada a cada faixa etária , a fim de permitir que os estudantes compreendam
melhor os mecanismos psicológicos que embasam esses problemas.

LXXI
das mulheres, bem como a perpetuação dessas normas por meio da violência, estão presentes, de uma forma
ou de outra, em todas as culturas. A desigualdade de gênero e a prevalência da violência contra a mulher na
sociedade exacerba o problema. Do mesmo modo, normas sociais que apoiam a autonomia de professores
sobre as crianças podem resultar na legitimação do uso da violência para manter a disciplina e o controle.

A pressão para se conformar às normas dominantes de gênero também é grande. Jovens que não podem ou

Bullying × empatia escolheram não se conformar a estas normas frequentemente são punidos com violência e bullying nas escolas.

As próprias escolas podem ‘ensinar’ as crianças a serem violentas por meio de atitudes, programas e
cartilhas discriminatórias. Caso não controlados, a discriminação de gênero e desequilibro nas relações de
No ambiente escolar,
poder podem outro aspecto
encorajar atitudes que impacta
e práticas diretamente
que subjugam a saúde
as crianças, apoiam normasmental dos aestudantes é a vio-
que promovem
lência escolar e, emdesigualdade
especial,deo gênerobullying . A aviolência
e toleram escolar
violência, incluindo pode
o castigo ser de ordem física, psicológica, sexual e do
físico.

tipo bullying, sendoOaplicada tanto


sistema escolar por professores
e educacional também atua dentroquanto por estudantes.
do contexto de fatores sociais e estruturais mais
amplos, e podem refletir e reproduzir ambientes que não protegem as crianças e adolescentes da violência
O bullying é uma forma
e bullying. de violência
A violência escolar
física e sexual pode, porem que ser
exemplo, hámais
intimidação
predominante nas recorrente, intencional
escolas inseridas em e agressiva,
de ordem física ou violência
psicológica
um contexto em e baseada em uma diferença real ou percebida de poder contra uma pessoa.
que esse tipo de violência é prevalente na sociedade em geral. Estudos sugerem
sexual e assédio contra as meninas é mais intenso em escolas onde predominam outras formas de
que a

e o bullying
A violência escolar violência afetam
e em situações diretamente
de conflitos e emergências. aTambém
aprendizagem, o desenvolvimento,
indicam que a violência
16
de gangues é mais a saúde física e
mental e o bem-estar das crianças e adolescentes, gerando traumas que podem persistir até a idade adulta.
comum em escolas onde gangues, armas e drogas fazem parte da cultura local.

Qualquer estudante estáe adolescentes


2.1.3 Crianças propensovulneráveis
a sofrer com escolar
à violência a violência escolar e o bullying; contudo, os mais pro-
e ao bullying

pensos a se tornarem alvo são os que se enquadram nas características


Crianças e adolescentes vulneráveis por outros motivos correm maior risco descritas
de sofrer violência escolar ena figura a seguir:
bullying.

DESENCADEADORES DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E DO BULLYING

DEFICIÊNCIA GÊNERO POBREZA OU


STATUS SOCIAL

DIFERENÇAS ÉTNICAS, APARÊNCIA ORIENTAÇÃO SEXUAL,


LINGUÍSTICAS OU CULTURAIS FÍSICA EXPRESSÃO E IDENTIDADE
QUE INCLUI O STATUS DE DE GÊNERO
MIGRANTE OU REFUGIADO

Fonte: ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Violência escolar e bullying: relatório sobre
16 Ver UNESCO. School-related gender-based violence is preventing the achievement of quality education for all. Paris: UNESCO-GMR, UNGEI, 2015.
(Policy paper, 17). Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002321/232107E.pdf>; e LIBERIA; UNITED NATIONS. Joint
a situação mundial. Brasília UNESCO, 2019.
Programme on Sexual and Gender Based Violence. In-depth study on reasons for high incidence of sexual and gender based violence in Liberia:

Pensando nesse problema, a BNCC (2018, p. 61) traz como compromisso a necessidade de:
recommendations on prevention and response. Government of Liberia, UN, Oct. 2011. Disponível em: <https://doj19z5hov92o.cloudfront.net/
sites/default/files/resource/2012/11/5876-final_high_incidence_of_sgbv_15_may.pdf>.

16 [...]desnaturalizar qualquer forma de violência nas socie-


dades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de
grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos
tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre
as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola.

De acordo com dados da UNESCO (2019), os estudantes que sofrem com a violência escolar e o bullying
apresentam problemas nas relações sociais, são propensos a ansiedade, solidão, baixa auto estima e
depressão, que podem resultar em pensamentos ou tentativas de suicídio.
Ambientes de aprendizagem em que há violência criam uma atmosfera de medo e insegurança, gerando
a percepção de que não há preocupação com o bem-estar dos estudantes, o que reduz a qualidade de vida e a
educação para todos. Essa violência não afeta apenas as vítimas, mas também seus agressores e as testemu-
nhas, já que um estudo global da ONU sobre a violência escolar identificou que é possível utilizar a participação
no bullying como preditor de futuro comportamento antissocial ou criminoso.

LXXII
Uma forma de combater a violência escolar e o bullying é promover ações que construam, incentivem
e fortaleçam a cultura da paz.
É necessário que o estudante passe por um processo educativo dinâmico, contínuo e permanente,
baseado nos pressupostos da cultura da paz, que, de acordo com o documento Manifesto 2000 por uma
Cultura de Paz e Não-Violência da UNESCO, são:
1. Respeitar a vida; 4. Ouvir para compreender;
2. Rejeitar a violência; 5. Preservar o planeta; e
3. Ser generoso; 6. Redescobrir a solidariedade.
Ao fomentar esses pressupostos, cria-se a oportunidade de o próprio estudante modificar seus pen-
samentos e suas ações, rejeitando a violência e tornando-se um agente propagador da paz, resultando,
também, na transformação do outro (DUPRET, 2002).
Nesse contexto, essa coleção se preocupou em abordar temáticas que trazem luz aos problemas viven-
ciados no ambiente escolar e se refletem na vida diária do estudante, dando especial destaque às temáticas
que favorecem o desenvolvimento das competências socioemocionais.
Por exemplo, na Unidade 2, capítulo 6 do volume 6, há oportunidade de explorar a temática deficiência
física, a qual se enquadra na categoria de um dos desencadeadores do bullying escolar.
A questão 9, proposta na seção Acesse seus conhecimentos (p. 163), convida o estudante a refletir sobre
nossa humanidade compartilhada ao ter uma experiência de se colocar no lugar do outro.
Assim, quando o estudante se imaginar na situação de um cadeirante e escrever uma história expondo
seus sentimentos e emoções diante das dificuldades encontradas, tem a chance de desenvolver empatia,
tolerância, respeito e acolhimento a si mesmo e ao próximo, de modo a estabelecer relações saudáveis, tendo
a oportunidade de desenvolver a competência geral 9.
Além disso, essa atividade contribui para o desenvolvimento dos pressupostos da cultura da paz. Se
o professor julgar interessante, pode, ainda, exibir o vídeo “Empatia - Trecho Brené Brown on Empathy
DUBLADO”, disponível em: https://fnxl.ink/WVNOWC. Acesso em: 14 jun. 2022, e, em seguida, propor uma
reflexão a partir das percepções trazidas pelos estudantes
Ainda no capítulo 6, a questão do envelhecimento é apresentada do ponto de vista fisiológico e de saúde
corporal, mas o professor pode aproveitar o ensejo para explorar a temática em uma perspectiva do cui-
dado ao idoso, valendo-se do convite para caminhar com ele (p. 161), da questão 7 (p. 163), entre outras que
podem ser elaboradas, com o intuito de fomentar o compromisso de salvaguardar os direitos humanos da
pessoa idosa, trabalhando igualmente a competência geral 9.
Se o professor considerar oportuno, pode apresentar o Estatuto do Idoso, dados do IBGE mostrando
a pirâmide etária ao longo dos anos, reportagens sobre a importância desse grupo na sociedade, como
também poderia propor uma reflexão sobre a velhice, pedindo aos estudantes que pensem o que gostariam
de fazer quando fossem velhos e como gostariam de serem tratados.
Essas ações contribuem com o desenvolvimento do TCT Processo de envelhecimento, respeito e valori-
zação do idoso, promovem a cultura da paz e favorecem o trabalho das competências socioemocionais, como
autoconsciência, consciência social e tomada de decisão.
Outro exemplo que vale ser mencionado está também na Unidade 2, capítulo 6, questão 3 (p. 175), da
seção Acesse seus conhecimentos, a qual propõe uma dinâmica para refletir acerca da relação entre as emo-
ções e o refúgio nas drogas.
Essa temática tem merecido bastante atenção, pois o relatório anual de 2020 do Conselho Internacional
para o Controle de Narcóticos (INCB), Incb, fez um alerta sobre o uso e o impacto físico, emocional e social das

LXXIII
drogas psicoativas sobre os jovens entre 15 e 24 anos de idade. Sabe-se que a adolescência é um período de
transição entre a infância e a vida adulta e uma fase na qual ocorrem muitas mudanças físicas, psicológicas e
sociais, levando os jovens a terem conflitos internos e externos. Assim, os adolescentes vivenciam emoções e
sentimentos desconfortáveis, na maioria das vezes, e pouco dão atenção para essas sensações.
Ao escrever uma história coletiva, como a proposta na questão 3 (p. 175), os estudantes poderão
refletir sobre o que gostariam de fazer para aliviar a tensão do “ser adolescente” e iniciar experiências que
culminam na promoção da saúde física e emocional. Essa temática permite um trabalho com o TCT Saúde
e se aproxima da cultura juvenil, principalmente ao abordar o cigarro eletrônico, também conhecido como
vap ou pods, por ser a droga da atual adolescência.

Para aprofundar: Competências socioemocionais


Aproveitando o questionamento do boxe Discuta com seus colegas, da Unidade 1 (p. 90), sobre o apelido
pejorativo “aleijadinho”, é possível aplicar a seguinte dinâmica para desenvolver aspectos das competências
socioemocionais, com o intuito de promover a saúde mental, a cultura da paz e o combate ao bullying.
O objetivo da dinâmica é convidar os estudantes a praticarem um olhar atento e especial para seus pró-
prios sentimentos e para o outro, expressarem suas experiências e receberem empatia dos colegas. Assim,
essa atividade favorece o trabalho com as Competências Gerais 4, 8 e 9 da BNCC, à medida que os estu-
dantes são levados a observarem que todos os humanos compartilham emoções e sentimentos e buscam
por um bem-estar psíquico e um ambiente harmônico.

Escolhendo uma história


1. Distribua uma folha de papel para cada estudante e peça que escrevam uma história curta de al-
guma situação que lhe gerou desconforto. A história pode ser sobre um apelido pejorativo ou algo
similar. Informe aos estudantes que eles não devem registar seus nomes nessa folha de papel.

Identificando sentimentos
1. Peça aos estudantes que coloquem o papel da etapa anterior em uma caixa, previamente preparada
por você.
2. Organize a turma em um círculo e passe a caixa para que cada estudante retire um papel.
3. Cada estudante deve fazer a leitura silenciosa da história escrita no papel.
4. Em seguida, peça a eles que tentem identificar como a pessoa que escreveu a história se sentiu naque-
la situação, nomeando os sentimentos.

Compartilhando histórias e oferecendo empatia


1. Peça a cada estudante que leia a história do papel selecionado.
2. Em seguida, eles devem exercitar a empatia, contando aos colegas quais sentimentos ele pode iden-
tificar ao ler o relato da situação. É importante ressaltar que os estudantes não devem dizer o que
acham que deveria ter sido feito ou dar conselhos sobre o assunto.
3. Depois, peça a eles que contem como se sentiram ao ler a história do outro.

Reflexões finais
1. Para finalizar a dinâmica, pergunte aos estudantes se os colegas conseguiram identificar os sentimen-
tos expostos e abra espaço para que novos compartilhamentos ou aprofundamentos sejam feitos.

LXXIV
PROCESSO AVALIATIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

No cotidiano escolar, muitas vezes a avaliação é do tipo somativa, a qual ocorre ao final dos ciclos de aprendi-
zagem. Sua principal função é classificar os estudantes, por meio da atribuição de notas, de acordo com os níveis
de aproveitamento previamente estabelecidos e, assim, determinar o que se sabe e o que não se sabe.
Infelizmente, esse tipo de avaliação, que usa geralmente o recurso de prova e teste, apresenta uma
estrutura sintética de proposições associada a um enunciado que pouco se articula com o conhecimento
prévio do estudante. Logo, na maioria das vezes, apresenta respostas prontas, com pouca reflexão, e nem
sempre as notas refletem o que realmente foi construído em sua estrutura cognitiva.
Por outro lado, quando se busca o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa que valorize
o protagonismo do estudante e seus saberes, é preciso considerar novas maneiras de avaliar que vão
além de resultados finais para identificar apenas o certo e o errado, sem levar em conta os significados
e a compreensão que são estruturados ao longo do processo. De acordo com Moreira (2012), a avaliação
da aprendizagem significativa:

[...]implica outro enfoque, porque o que se deve avaliar


é compreensão, captação de significados, capacidade de
transferência do conhecimento a situações não-conhecidas,
não-rotineiras. [...] a melhor maneira de evitar a simulação da
aprendizagem significativa é propor ao aprendiz uma situação
nova, não familiar, que requeira máxima transformação do
conhecimento adquirido. (MOREIRA, 2012, p. 24).

Com isso, o objetivo da avaliação deixa de ser uma mera atribuição de notas e passa a ser um instru-
mento de promoção da aprendizagem do estudante. A avaliação é uma ação que deve ser transformada
em reflexão, pois impulsiona o professor para novas ações. Segundo Hoffman (2005, p. 15): “A avaliação
é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questiona-
mento, reflexão sobre a ação”.
A BNCC corrobora essas ideias ao afirmar que as avaliações são fundamentais para garantir que os obje-
tivos de aprendizagem e as competências gerais sejam realmente desenvolvidos pelos estudantes.
Nesse sentido, ela aponta que a escola e o corpo docente precisam

[...] construir e aplicar procedimentos de avaliação for-


mativa de processo ou de resultado que levem em conta os
contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais
registros como referência para melhorar o desempenho da
escola, dos professores e dos estudantes. (BRASIL, 2018,
p. 17).

LXXV
A avaliação formativa pode ser considerada um instrumento orientador do processo de ensino e apren-
dizagem. Por um lado, auxilia o professor a coletar informações acerca do trabalho desenvolvido nas aulas
para uma melhor atuação e, por outro, mostra aos estudantes suas dificuldades, as habilidades não consoli-
dadas e seus avanços.
Ela é considerada processual, porque deve se fazer presente no cotidiano da sala de aula e a serviço da
aprendizagem, de modo que amplie a autopercepção e a autoresponsabilização do estudante durante esse
processo (LOPES, 2011; HADJI, 2001; CORTESÃO, 1993).
Assim, apresentamos a figura a seguir, que sintetiza as principais etapas da avaliação formativa.

Síntese conceitual da avaliação formativa

Onde o estudante Onde o Como


deve chegar? estudante está? chegar lá?

Preparar
Fornecer
discussões, tarefas
devolutivas
e atividades que
que ajudem os
evidenciam o
PROFESSOR OU estudantes.
aprendizado.
PROFESSORA

Compreender
e introjetar os Cada estudante deve ser fonte de
objetivos de aprendizado para seus colegas.
aprendizagem.
TURMA

Cada estudante é responsável


pelo seu próprio aprendizado.

ESTUDANTE

Fonte: Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da UFJF; Fundação Lemann. Guia da ação avaliativa:
estratégias de avaliação diagnóstica e formativa para uso durante as aulas. Disponível em: https://fnxl.ink/DEACKP
Acesso em: 20 abr. de 2023.

Concernentes com essa perspectiva, também consideramos que a avaliação deve ser recursiva, permi-
tindo que o estudante refaça os registros e as tarefas, e revisite suas concepções, ou seja, aproveite o equí-
voco como elemento de aprendizagem.
Nesse sentido, buscam-se evidências da aprendizagem significativa nas externalizações dos estudantes,
sendo necessário lidar com a “zona cinzenta” da aprendizagem, em vez de centrar-se na dicotomia certo
versus errado. (MOREIRA, 2012).
No ensino de Ciências, é importante que sejam valorizadas a compreensão, a aplicação e a interligação
dos conteúdos conceituais estudados.
Assim, buscando uma avaliação formativa, o professor pode utilizar as diversas situações de aprendi-
zagem que ocorrem em sala de aula para:

LXXVI
1. colher informações;
2. diagnosticar, por meio da interpretação das informações coletadas, as possíveis lacunas de compreen-
são dos conteúdos e/ou avanços de cada estudante; e
3. re(orientar) e diversificar as estratégias pedagógicas, de forma a atender à especificidade de cada
contexto.
Nessa perspectiva, os instrumentos avaliativos são fundamentais na avaliação formativa e devem ser
escolhidos a partir do objetivo de ensino e dos resultados que se pretende alcançar em termos de aprendi-
zagem. É importante o professor ter em mente que um único instrumento não é capaz de avaliar todas as
dimensões do sujeito, sendo necessário, portanto, recorrer a variados modelos para ofertar oportunidades
de desenvolvimento.
Deve-se levar em conta que, para o sucesso do processo avaliativo, é fundamental que o professor
defina os critérios que serão observados em cada instrumento de avaliação e realize anotações sistemáticas
sobre eles.
O professor também deve compartilhar esses critérios previamente com os estudantes para que eles
tenham consciência do que será avaliado. Listamos, a seguir, alguns instrumentos que podem e devem ser
utilizados pelo professor para acompanhar os progressos e as dificuldades dos estudantes. Também exem-
plificaremos como a coleção pode ser uma parceira nesse processo.
Além disso, sugerimos a leitura do Guia da ação avaliativa, organizado pelo Movimento pela Base, por
oferecer a descrição de cinco instrumentos avaliativos que podem ser utilizados na sala de aula (Atividades
de múltipla escolha, Atividades de resposta construída, Rubricas com foco no desenvolvimento socioemo-
cional, Observação e registro em sala de aula e Portfólio), disponíveis em https://fnxl.ink/VWVIWC. Acesso
em: 30 maio de 2022.
A avaliação não deve representar o fim do processo de aprendizagem, mas a escolha de um caminho a
percorrer na busca de um procedimento educacional que faça sentido para o estudante.

Seminários
Esta atividade consiste em uma apresentação oral, individual ou em grupo, na qual os estudantes ficam
encarregados de expor um conteúdo para os colegas com possibilidade de discussão.
Os seminários envolvem momentos preparatórios, não se limitando apenas à apresentação em sala. Por
meio deles, é possível avaliar:
1. o domínio dos conceitos e como o estudante os relacionam;
2. a utilização de diferentes linguagens e tipos de mídias digitais para expressar conhecimentos, atribu-
tos da CG4 e CG5;
3. a construção dos argumentos e verificação se estão embasados em dados que suportam as conclu-
sões alcançadas, desenvolvendo, assim, a CG7;
4. a divisão das tarefas e a cooperação da equipe para a produção da apresentação, como preconiza a CG9;
5. autonomia e responsabilidade na organização da apresentação, que desenvolve a CG10.

Os seminários podem ser aplicados a qualquer temática e são uma forma interessante de fomentar o
protagonismo estudantil.

LXXVII
No livro do volume 6, Unidade 2, capítulo 6, questão 5 (p. 180), há uma atividade em que os estudantes
deverão produzir um breve resumo sobre as funções de alguns órgãos para o corpo.
É possível utilizar essa atividade para propor a realização de um seminário no qual os grupos de estu-
dantes apresentem tanto sobre as funções dos órgãos como as principais doenças que os acometem, além
de verificar tipos de sintomas indicam seu mau funcionamento.
Para incrementar a dinâmica, pode-se utilizar a proposta presente na seção 4 deste manual, em que os
estudantes deverão ser organizados em três grupos: grupo apresentação (GA), grupo questionamento (GQ) e
grupo síntese (GS).
Ao abordar o funcionamento dos órgãos e os principais problemas que podem acometê-los, é possível favo-
recer o autoconhecimento e também trabalhar com o TCT Saúde.

Pesquisa
A pesquisa é um conjunto de ações sistemáticas que visam buscar informações para tentar solucionar
um problema ou compreender a realidade a partir da elaboração de um conhecimento.
No âmbito escolar, a pesquisa visa contribuir para que o estudante desenvolva a reflexão, a criatividade
e o senso crítico, pois incentiva a investigação e a construção do conhecimento novo, ressignificando os
conhecimentos adquiridos a partir de indagações.
A atividade de pesquisa se configura em uma excelente ferramenta de avaliação, pois, ao com-
partilhá-la por meio da escrita ou de apresentação oral, o estudante expressa o que construiu a partir
de suas próprias interpretações, demonstrando ou não o domínio de organizar, tratar e analisar as
informações. Além disso, ele revela sua capacidade de argumentar e defender suas ideias baseadas em
referências teóricas e dados científicos.
Assim, o professor pode identificar o desenvolvimento de algumas Competências Gerais da BNCC, tais
como aquelas que focam comunicação (CG4), argumentação (CG7), conhecimento (CG1) e pensamento cien-
tífico, crítico e criativo (CG2).
No volume 6, os estudantes terão várias oportunidades de realizar pesquisas para construir e apro-
fundar seus conhecimentos nas seções Acesse os seus conhecimentos, Revisão final da Unidade, e em
alguns Agora é com você! Como exemplificação, podemos mencionar a atividade apresentada na Uni-
dade 1, capítulo 1, na seção Acesse seus conhecimentos, questão 8 (p. 25). Os estudantes devem realizar
uma pesquisa sobre a relação entre as constelações e a identificação dos pontos cardeais. Além disso,
cabe destacar que esse volume conta com um tópico na Unidade 3 (p. 222) totalmente voltado à prática
da pesquisa.
A partir da proposta feita aos estudantes de pesquisarem acerca do vazamento de petróleo e de seus
impactos no ambiente, eles terão a chance de vivenciar uma investigação para obter um conhecimento espe-
cífico, estruturado sobre o assunto, e desenvolver o espírito investigativo, criativo, questionador, crítico e
analítico. Há também, neste manual, no tópico sobre pensamento computacional, algumas ferramentas que
favorecem o desenvolvimento da prática de pesquisa e que podem ser usadas nas diversas sugestões de
pesquisa encontradas ao longo do volume.

LXXVIII
Debate
O debate é uma atividade planejada para fomentar uma discussão em torno de temas polêmicos em que
dois ou mais pontos de vista são defendidos.
Ele pode assumir diversos formatos, como júri simulado, assembleia simulada, convenções e outras inte-
rações, com interpretação das posições defendidas. Por ser uma atividade essencialmente oral, ele permite
desenvolver diversas competências tanto nas etapas de preparação quanto durante o próprio debate.
É possível destacar, dentre as competências desenvolvidas, a capacidade de argumentar com base em
dados e desenvolver ideias com clareza (CG7); a oralidade e a expressão de ideias com diversas linguagens
e se possível, com o suporte de mídias digitais preconizadas pelas CG4 e CG5; além da empatia, respeito,
cooperação e autonomia, mobilizando as CG9 e CG10.
Algumas atividades do volume 6 promovem práticas orais e escritas de argumentação, convidando o estu-
dante a se posicionar de forma clara e com base em fatos e dados para defender suas ideias sobre diferentes
temáticas, muitas polêmicas, como a participação das mulheres na carreira científica, a extinção de algumas
espécies animais em prol do bem-estar do humano, a ética envolvida no extermínio dos coelhos, entre outras.
Uma atividade que pode ser usada como exemplo é a da Unidade 3, capítulo 9 (p. 243), na seção Assunto sério.
Nela, promove-se uma contextualização acerca da fibra mineral de amianto e a ética envolvida nas práticas de
double-standard (duplo padrão).
Os estudantes são levados a debater, em grupos, sobre as demandas de produção e consumo de fibras
proibidas em diversos países devido aos danos causados aos humanos e ao ambiente. Essa atividade
também colabora com o desenvolvimento dos TCT Saúde e Meio Ambiente.
Outro exemplo que vale ser mencionado, ainda presente na Unidade 3, trata-se da atividade 7 da seção
Acesse seus conhecimentos. Os estudantes precisarão criar argumentos com base nos estudos realizados e
se posicionar quanto ao uso do mercúrio no método de levigação para acelerar o processo de separação e
obter maior lucratividade. Vale ressaltar que o mercúrio é um metal altamente poluente, com potencial de
bioacumulação, e seu uso para esse tipo de processo é proibido, sendo interessante discutir com os estu-
dantes sobre a ética dessa prática para aprofundar os trabalhos com os TCT Saúde e Meio Ambiente.

Autoavaliação
É um instrumento importante da avaliação formativa, pois ajuda o educando a entender e a repensar
suas atitudes, valores, habilidades, conhecimentos, responsabilidades, pontos fortes e fracos, promovendo a
autorregulação da sua própria aprendizagem.
Ao utilizar a autoavaliação com frequência, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver respon-
sabilidade pessoal e a apreciação pelos esforços tanto individuais quanto coletivos. Essas características do
processo autoavaliativo fomentam o desenvolvimento de alguns atributos da CG6, como a autoreflexão; da
CG8, pois promove o autoconhecimento; e da CG10, uma vez que favorece a autorresponsabilidade.
Para que haja sucesso no processo de autoavaliação, é necessário que os professores considerem alguns
aspectos como:
1. identificar momentos oportunos para realizar a autoavaliação, de forma que ela aconteça ao longo de
cada Unidade;
2. elaborar questões específicas para direcionar os estudantes ao que é necessário ser desenvolvido;
3. comentar detalhadamente as observações realizadas pelos próprios estudantes, debatendo as dificul-
dades e mostrando aspectos que passaram despercebidos;

LXXIX
4. evitar solicitar aos estudantes que atribuam suas próprias notas.
Na coleção, há um momento destinado aos estudantes para exercerem a autoavaliação, o qual acontece
na primeira questão da seção Revisão final da Unidade 3.
Nela, o estudante é convidado a retomar e revisar as respostas compostas para as questões da abertura,
modificando-as de acordo com o conhecimento construído.

Produção de textos
A produção de texto é o ato de expor ideias sobre um determinado assunto mobilizando palavras do
nosso repertório que requerem uma elaboração cognitiva considerando o conhecimento que se tem sobre
o que vai ser escrito.
A produção de escrita como ferramenta de avaliação permite ao professor compreender de que maneira
os estudantes constroem seus argumentos, atributo fundamental da CG7 e CE5, como também elaboram
o conhecimento a partir de suas interpretações pessoais, favorecendo o desenvolvimento do pensamento
crítico e científico (CG2).
A coleção oferece diversas oportunidades que contribuem para que os estudantes pratiquem a escrita de
diferentes gêneros textuais, como resumos, relatórios, artigos de opinião, história em quadrinhos entre outros.
No livro do 6° ano, podemos destacar a seção Atividade prática, da Unidade 3, do capítulo 8 (p. 210), a qual
propõe uma investigação cujo produto final é a elaboração de um relatório científico. A seção promove uma
aproximação do estudante com os procedimentos relacionados à prática científica, o que mobiliza as CG2 e CE2.
Para a produção do relatório, é necessário que o estudante compreenda as partes que compõem esse tipo de
texto e qual linguagem é a mais apropriada para compô-lo.
Outro exemplo ainda presente na Unidade 3 encontra-se na seção Acesse seus conhecimentos (p. 251),
questão 6. Os estudantes são conduzidos a realizarem uma pesquisa a respeito do Dia da Sobrecarga da
Terra para, em seguida, escreverem um texto de opinião, no qual deverão sustentar uma argumentação
baseada em dados e informações confiáveis para demonstrar a validade de seu ponto de vista.

Mapa conceitual
Os mapas conceituais ampliam nossa visão, ajudam-nos a perceber conexões que não percebíamos antes
e, por isso, são uma excelente ferramenta para solidificar o aprendizado.
Assim, eles podem ser utilizados pelo professor para verificar indícios de uma aprendizagem significa-
tiva em curso. Uma das possibilidades é usar a avaliação das relações conceituais que o estudante construiu
durante seu processo de aprendizagem, analisada por meio da comparação de dois mapas conceituais, sendo
um construído no início da unidade ou capítulo (representa as concepções prévias dos estudantes) e outro
construído após a intervenção pedagógica.
No segundo mapa, é possível identificar os avanços dos estudantes na construção de novas proposições
e relações conceituais, vinculados às habilidades e às competências específicas de Ciências da Natureza, bem
como às CG1 e CG2.
Por outro lado, é possível reconhecer equívocos na articulação entre conceitos, na hierarquia proposta e
nas frases de ligação. Considerando a importância da avaliação recursiva para a aprendizagem significativa,
é fundamental que um novo mapa seja elaborado pelo estudante a fim de corrigir erros encontrados. Com
base nessa avaliação, novas oportunidades de ensino podem ser oferecidas ao estudante.

LXXX
Links

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http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf https://fnxl.ink/SJRXHE XII

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http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf https://fnxl.ink/OZLQHY XIV

http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf https://fnxl.ink/GNZZIM XXVII

https://www.upf.br/_uploads/Conteudo/ppgecm/2021/Cassia_PRODUTO.pdf https://fnxl.ink/TCQTPH XXVIII

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https://es.simplesite.com/default.aspx https://fnxl.ink/XNFUIW XLIII

https://wordpress.com/pt-br/ https://fnxl.ink/AHRJEE XLIV

https://pt.wix.com/ https://fnxl.ink/ZMZRFA XLIV

https://www.tumblr.com/explore/trending?source=homepage_explore https://fnxl.ink/PJZBTQ XLIV

https://phet.colorado.edu/pt_BR/ https://fnxl.ink/XQAPEM XLIV

https://www.museulight.com.br/aprenda-brincando https://fnxl.ink/RNJMRP XLIV

https://docs.google.com/presentation/u/0/ https://fnxl.ink/LBTSZX XLV

https://www.openoffice.org/pt-br/ https://fnxl.ink/XYUTOS XLV

https://prezi.com/ https://fnxl.ink/DDHVRD XLV

https://pt-br.libreoffice.org/ https://fnxl.ink/ERSPTW XLV

https://padlet.com/ https://fnxl.ink/SBFAPF XLV

https://www.powtoon.com/ https://fnxl.ink/GPBCOE XLV

https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page https://fnxl.ink/IISHDN XLV

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https://archive.org/ https://fnxl.ink/GHPMGG XLV

https://openclipart.org/ https://fnxl.ink/WAAWLT XLV

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https://pixabay.com/pt/ https://fnxl.ink/KOBKCE XLV

https://vimeo.com/creativecommons https://fnxl.ink/UYMYEC XLV

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https://www.easel.ly/ https://fnxl.ink/FQXMPG XLVI

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https://vimeo.com/ https://fnxl.ink/KQUXLV XLVI

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LXXXI
https://anchor.fm/ https://fnxl.ink/OXWUTZ XLVI

https://open.spotify.com/ https://fnxl.ink/LWKKLE XLVI

https://podcastaddict.com/ https://fnxl.ink/GNPHYR XLVI

https://www.podbean.com/ https://fnxl.ink/CFYXFD XLVI

https://podcasts.google.com/ https://fnxl.ink/WNEJXS XLVI

https://www.deezer.com/br/channels/podcasts https://fnxl.ink/ONXHET XLVI

https://www.iag.usp.br/astronomia/atendimento https://fnxl.ink/ZWYIJB XLVII

https://kahoot.com/ https://fnxl.ink/ZEIGXO XLVIII

https://kahoot.it/ https://fnxl.ink/OSMBUO XLVIII

http://www.univates.br/revistas/index.php/signos/article/view/1008 https://fnxl.ink/RYSUBW LVI

https://proxy.furb.br/ojs/index.php/dynamis/article/view/8227/4694 https://fnxl.ink/IVHRQD LVIII

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http://gpeqsc.iqsc.usp.br/estudos-de-caso-interrompidos/ https://fnxl.ink/CISSVP LXII

http://www.cineduc.org.br/ https://fnxl.ink/MQGLBP LXV

https://quimicurta.wixsite.com/curtanaescola https://fnxl.ink/GVHWYO LXV

https://bdm.unb.br/bitstream/10483/16909/1/2015_KateFranciscaAntunes_tcc.pdf https://fnxl.ink/EHPCIV LXV

https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Roteiro-de-Curta-Metragem-Eficiente https://fnxl.ink/BFRLPM LXVI

https://pt.wikihow.com/Memorizar-suas-Falas https://fnxl.ink/RFJOZW LXVII

https://portaldosatores.com/ https://fnxl.ink/ISRXVC LXVII

http://flinksampa.com.br/sobre/ https://fnxl.ink/AWADWW LXVII

https://hotmart.com/pt-br/blog/programas-de-edicao-de-videos https://fnxl.ink/LODOXI LXVIII

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https://www.youtube.com/watch?v=H3eySBgmu2M https://fnxl.ink/WVNOWC LXXIII

https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2021/02/guia-da-av-interativo.pdf https://fnxl.ink/DEACKP LXXVI

https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2021/02/guia-da-av-interativo.pdf https://fnxl.ink/VWVIWC LXXVII

http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen16/REEC_16_1_6_ex1077.pdf https://fnxl.ink/LWCWBU LXXXV

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf https://fnxl.ink/VWJDGW LXXXV

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/guia_pratico_temas_contemporaneos.pdf https://fnxl.ink/GESCMH LXXXV

https://casel.org/fundamentals-of-sel/ https://fnxl.ink/NKKWKI LXXXV

http://ojs.sector3.com.br/index.php/wcbie/article/view/7488 https://fnxl.ink/YIOIHT LXXXV

https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2021/02/guia-da-av-interativo.pdf https://fnxl.ink/LROLIH LXXXV

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https://www.scielo.br/j/pee/a/qN7SbH7nMvtndmg7qvtcJLL/?lang=pt https://fnxl.ink/VWNNBN LXXXVI

https://www.scielo.br/j/pe/a/k4YrXnTw96BYSpSpvrJ9vLL/?format=pdf&lang=pt https://fnxl.ink/KCBPXG LXXXVI

https://proxy.furb.br/ojs/index.php/dynamis/article/view/8227/4694 https://fnxl.ink/YBLZLE LXXXVII

http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf https://fnxl.ink/CQGUJH LXXXVII

http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf https://fnxl.ink/VLTMLC LXXXVII

https://prceu.usp.br/wp-content/uploads/2020/10/2018-UNESCO-Relatorio-Violencia-Escolar-e-Bullying.pdf https://fnxl.ink/PTXBLF LXXXVII

https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/2031/1683 https://fnxl.ink/KTQJJH LXXXVII

https://revistas.unisuam.edu.br/index.php/ijoal/article/view/76/18 https://fnxl.ink/IFZZXI LXXXVIII

LXXXII
https://socioemocionais.porvir.org/#avaliacao https://fnxl.ink/YNMTRG LXXXVIII

https://sites.usp.br/cdcc/wp-content/uploads/sites/512/2019/06/2016-Estudos_de_Caso.pdf https://fnxl.ink/ESEDYV LXXXVIII


https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/598616/2/O%20Ensino%20das%20Estrat%C3%A9gias%20de%20Compreens%C3%A3o%20de%20
https://fnxl.ink/MLNINU LXXXVIII
Textos.pdf
https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/246/172 https://fnxl.ink/QUTMSX LXXXVIII

https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/358/2019/09/Material-Didatico-Instrucional-Sala-de-Aula-Invertida.pdf https://fnxl.ink/LVVMKP LXXXVIII

https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/4711 https://fnxl.ink/QLDBIE LXXXVIII

https://support.google.com/websearch/answer/9817187?hl=pt-br https://fnxl.ink/JWDGYN 11

https://www.youtube.com/watch?v=wiYE6tVUpXg https://fnxl.ink/QWGYRR 16

https://sites.google.com/site/projetoerato/ https://fnxl.ink/KCJWZJ 16

https://pt-br.facebook.com/jornalvox/videos/experimento-erat%C3%B3stenes/319469349574739/ https://fnxl.ink/VHIOQC 16

https://www.youtube.com/watch?v=S56r8lDHqDk https://fnxl.ink/QYOJUZ 17

http://200.144.244.96/cda/jct/cruzeiro-sul/index.html https://fnxl.ink/NDVRGR 20

https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2013/01/como-se-faz-uma-luneta-caseira https://fnxl.ink/LAFVGP 26

https://www.gov.br/aeb/pt-br/programa-espacial-brasileiro https://fnxl.ink/CTBCHG 30

https://www.gov.br/aeb/pt-br https://fnxl.ink/BDLYTY 30

https://www.spanet.iag.usp.br/home https://fnxl.ink/EQICDZ 30

https://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/index.html https://fnxl.ink/IEQKVR 30

https://www.esa.int/ https://fnxl.ink/TKQGEU 30

https://www.esa.int/Space_in_Member_States/Spain https://fnxl.ink/ANUWKB 30

https://www.bbc.com/portuguese/geral-49272456 https://fnxl.ink/FOIYGJ 33

https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia https://fnxl.ink/AFAQXM 34

https://www.tsf.pt/vida/ciencia-e-tecnologia/o-que-cai-mais-rapido-uma-pena-ou-uma-bola-de-bowling-video-4223992.html https://fnxl.ink/PEAQFQ 39

http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-1.html https://fnxl.ink/TEGPKB 43

https://astro.unl.edu/video/demonstrationvideos/ https://fnxl.ink/PYWNQJ 49

https://www.pictureascientist.com/ https://fnxl.ink/HYTQRD 50

https://www.youtube.com/watch?v=UVq2pFHKITo https://fnxl.ink/GISKAN 50

https://www.youtube.com/watch?v=ySpOWt0aAOQ https://fnxl.ink/KNUGUV 63

https://www.antipodesmap.com/ https://fnxl.ink/RVNEPW 67

https://www.youtube.com/watch?v=miCqXRoS4cc https://fnxl.ink/EXCJJB 71

https://www.youtube.com/watch?v=DjAwp9cF968 https://fnxl.ink/ACSERS 72

https://sites.unipampa.edu.br/mvgp/ https://fnxl.ink/JWFMHK 76

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LXXXIII
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diagnosticada%20principalmente%20por%20an%C3%A1lise%20uri
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https://sites.unipampa.edu.br/pibid/files/2020/12/mariane-ha-escolas-que-sao-gaiolas-e-ha-escolas-que-sao-asas-convertido.pdf https://fnxl.ink/PXMQLN 129

https://www.youtube.com/watch?v=aDHooBL3-jY https://fnxl.ink/HNTWYX 132

https://www.youtube.com/watch?v=rzQJd3lztko https://fnxl.ink/YYVPHP 132

https://www.youtube.com/watch?v=J_Lyts9GBLM https://fnxl.ink/WJHSRV 132

https://www.youtube.com/watch?v=AcuGux_Gt48 https://fnxl.ink/IVPVUH 132

https://www.youtube.com/watch?v=BScEPIhBzRE https://fnxl.ink/HHEELJ 132

https://www.ted.com/talks/joshua_klein_a_thought_experiment_on_the_intelligence_of_crows?language=pt https://fnxl.ink/BULYXT 132

https://super.abril.com.br/ciencia/por-que-salivamos-diante-de-uma-comida-apetitosa/ https://fnxl.ink/RPZEIL 135

https://www.hospitalholhos.com.br/doenca-ocular/presbiopia/ https://fnxl.ink/DVLSEP 146

https://www.youtube.com/watch?v=c8mVfCGJ0IE https://fnxl.ink/PXZVTM 150

https://retinacuritiba.com.br/celulas-tronco-sao-usadas-para-tratar-cegueira/ https://fnxl.ink/MVMTJS 151

https://vila360.com.br/tour/mzusp/ https://fnxl.ink/UGBFOZ 159

https://www.cebrid.com.br/ https://fnxl.ink/ORNRIN 168

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https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/ (corrigir o encurtado para este endereço) https://fnxl.ink/SKUEGR 173

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https://www.youtube.com/watch?v=DkWG09ZRXUk&t=6s https://fnxl.ink/LMJASV 183

https://www.youtube.com/watch?v=RR-0a1MVtJs&t=225s https://fnxl.ink/MYKAYU 183


https://www.inesc.org.br/na-cidade-do-maior-projeto-de-minerio-do-mundo-royalties-sao-utilizados-sem-compromisso-com-garantia-
https://fnxl.ink/TTHYPW 185
de-direitos/
https://www.ecycle.com.br/decomposicao/ https://fnxl.ink/HDOEXY 196

https://www.baleiajubarte.org.br/ https://fnxl.ink/PZCAWO 212

https://www.queroverbaleia.com/single-post/o-canto-das-baleias-jubarte https://fnxl.ink/DAVXZA 213

https://www.fisheries.noaa.gov/national/science-data/sounds-ocean#humpback-whale https://fnxl.ink/XVNSZG 213

https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conapesc/2019/TRABALHO_EV126_MD1_SA6_ID2024_01082019184750.pdf https://fnxl.ink/DQLHSL 218

http://www.papacapim.org/2018/09/26/o-bolo-de-laranja-de-lu/ https://fnxl.ink/HQVJGN 237


https://auniao.pb.gov.br/noticias/caderno_paraiba/algodao-colorido-pesquisas-buscam-novas-cores-e-maior-resistencia-do-material-
https://fnxl.ink/OYFKUQ 242
paraibano
https://www.youtube.com/watch?v=2aFv4_rKBpk https://fnxl.ink/CLCLXC 243

https://clubedapipoca.com/blog/porque-milho-de-pipoca-estoura/ https://fnxl.ink/OBYTTD 259

https://www.youtube.com/playlist?list=PLOc9IVPQ8B7U_Lva4vC9elj1LUcgCZdGC https://fnxl.ink/ETOITJ 260

https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/ https://fnxl.ink/NBUEWW 264

LXXXIV
Referências comentadas
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tragens no ensino de Química Orgânica. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 16, n. 1, p. 117-131, 2017. Disponível em:
https://fnxl.ink/LWCWBU. Acesso em: 25 ago. 2022.
O artigo aborda o potencial de curtas metragens como estratégia de avaliação dos estudantes a respeito dos conteúdos de química
orgânica e pode ser uma excelente ferramenta para o professor quando for orientar o projeto Luz, câmera, o estudante em ação.
• AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2003.
Este livro apresenta a versão mais atualizada da teoria cognitiva da aprendizagem significativa e discute tanto os seus pressupostos
como oferece ferramentas para promover a aquisição e retenção de conhecimento a partir da compreensão sobre as principais
variáveis que afetam ou contribuem para a formação da estrutura cognitiva do sujeito.
• ARAÚJO, I. S.; MAZUR, E. Instrução pelos colegas e ensino sob medida: uma proposta para o engajamento dos alunos no processo de
ensino-aprendizagem de Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 30, n. 2, p. 362-384, ago. 2013.
O artigo apresenta dois métodos de ensino que valorizam o protagonismo do estudante e têm sido utilizados bastante nos Estados
Unidos: Instrução pelos Colegas (IpC) e Ensino sob Medida (EsM). Esses métodos podem ser usados nas salas de aula brasileiras,
tomando como base a presente Coleção.
• BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática [recurso eletrônico].
Porto Alegre: Penso, 2018.
O Livro compreende um conjunto de ferramentas e estratégias que podem ser utilizadas para tornar a experiência de aprendizagem
mais viva e significativa para o estudante, reforçando a integração da TDIC à aprendizagem e fornecendo fundamentos para a
implementação do ensino híbrido.
• BALCELLS, J. P.; MARTIN, J. L. F. Os métodos no ensino universitário. Lisboa: Livros Horizonte, 1985.
O livro apresenta uma análise crítica sobre diversos métodos de ensino na Universidade, incluindo seminários, técnica sugerida pela
presente Coleção. O livro pode servir de guia teórico e prático para o professor aprimorar suas prática pedagógica.
• BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2018, p. 324. Disponível em: https://fnxl.ink/VWJDGW. Acesso
em: 4 maio 2022.
A BNCC é um documento normativo que orienta a elaboração do currículo escolar brasileiro apontando as competências gerais e específi-
cas, objetos de conhecimento e habilidades que os estudantes devem desenvolver ao longo da Educação Básica.
• BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: Propostas de práticas de implementação, 2019.
Disponível em: https://fnxl.ink/GESCMH. Acesso em: 4 maio 2022.
Este guia prático sobre os Temas Contemporâneos Transversais apresenta as principais macroáreas e explicita a relevância da uti-
lização destes temas para promover uma aproximação do estudante com os conteúdos que são de interesse tanto para o seu
cotidiano quanto para a sociedade.
• CAFIERO, D. Leitura como processo: caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005.
O caderno do professor apresenta uma discussão em torno dos fundamentos do processo de leitura e ajuda o professor a enten-
der como os alunos decodificam o texto, mas muitas vezes não conseguem compreender o que leem.
• CARVALHO, A. M. P. O ensino de Ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. In: CARVALHO, A M. P. (Orgs.).
Ensino de Ciências por Investigação: condições para implementação em sala de aula. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2019.
Este livro oferece subsídios para a implementação do ensino por investigação em sala de aula, fornecendo um aprofundamento
sobre seus pressupostos e a forma de empregá-la na elaboração de sequências didáticas.
• CASELI, 2017. Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning - CASEL. Framework for systemic social and emotional lear-
ning. 2017. Disponível em: https://fnxl.ink/NKKWKI. Acesso em: 4 maio 2022.
A página da internet (em inglês) fornece conteúdos que visam favorecer a aprendizagem acadêmica, social e emocional, sendo estas
ferramentas indispensáveis para a formação integral de jovens e adultos que desejam manter a saúde mental, desenvolver relações
pessoais e profissionais de qualidade e contribuir para a construção de uma sociedade justa e democrática.
• CAVALCANTE, A. F. et al. Um Estudo Exploratório da Aplicação de Pensamento Computacional Baseado nas Perspectivas de Professores
do Ensino Médio. VI Congresso Brasileiro de Informática na Educação, CBIE 2017. Anais [...] Disponível em: https://fnxl.ink/YIOIHT.
Acesso em: 14 jun. 2022.
Este trabalho tem como objetivo explorar a percepção de professores do Ensino Médio a respeito da aplicação de habilidades
do pensamento computacional em sua prática docente. Foi realizada uma pesquisa de campo com professores de uma escola
pública, na qual aplicamos questionários (survey) e realizamos entrevistas. Os dados coletados foram analisados qualitativa-
mente baseados nas definições da literatura confrotandas com as respostas dos professores, tanto no survey como na entrevista.
Com base nos resultados, há indícios de que as habilidades do pensamento computacional ainda são pouco exploradas no grupo
de professores pesquisados.
• CENTRO de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da UFJF; Fundação Lemann. Guia da ação avaliativa: estratégias de avaliação diagnós-
tica e formativa para uso durante as aulas. Disponível em: https://fnxl.ink/LROLIH. Acesso em: 30 maio de 2022.
O guia da avaliação formativa fornece estratégias de avaliação diagnóstica e formativa para serem utilizadas pelos professores
durante as aulas, de modo que o processo avaliativo seja incorporado ao ensino e à aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento
integral do estudante.

LXXXV
• CHASSOT, A. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Unijuí, 2003.
Este livro apresenta os pressupostos da alfabetização científica, sintetizando reflexões sobre esse processo, a fim de que se com-
preenda que ele deve ser embasado tanto na compreensão da história das ciências e da cultura quanto no desenvolvimento de
questões relacionadas à cidadania, tecnologia, linguagem, política e saberes populares.
• CORTESÃO, L. Avaliação Formativa -Que desafios? Porto: Edições Asa, 1993.
O livro apresenta a potencialidade da avaliação formativa conceituando-a, mostrando seus pressupostos e os principais desafios de
implementá-la na sala de aula. Ao comparar a avaliação com uma bússola orientadora, o professor conseguirá compreender qual é a
sua função e a de seu aluno na caminhada do processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo juntos uma parceria e colaboração.
• DIESEL, A.; MARCHESAN, M. R.; MARTINS, S. N. Metodologias ativas de ensino na sala de aula: um olhar de docentes da educação profis-
sional técnica de nível médio. Disponível em: https://fnxl.ink/ORRWLL. Acesso em: 4 jun. 2022.
O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa em que professores avaliaram a aplicação de metodologias ativas de aprendizagem em
sala de aula. Os principais pontos discutidos envolvem a importância do papel desempenhado pelo professor, a relevância das interações
sociais na aprendizagem e a consideração e reflexão sobre a realidade do estudante durante o processo de aplicação dessas metodologias.
• DUPRET L. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea. Psicol. Esc. Educ., v. 6, n. 1, 2002. Dis-
ponível em: https://fnxl.ink/VWNNBN. Acesso em: 4 maio 2022.
O artigo reforça a importância de promover a cultura da paz intencional, dinâmica e continuamente, destacando as ações necessárias
para que isso ocorra e reforçando que a interdisciplinaridade é um aspecto crucial deste processo.
• FALCÃO, T. P. Computational Thinking for All: What Does It Mean for Teacher Education in Brazil? EduComp’21, April 27-30, 2021, Jataí,
Goiás, Brasil.
O artigo apresenta uma discussão sobre a importância de ensinar os professores a trabalhar com o pensamento computacional em
sala de aula. Contudo, ele mostra que, apesar de todas as exigências para que essa habilidade seja inserida no currículo escolar, os
cursos de licenciatura não oferecem respaldo suficiente para que o professor torne-se proficiente neste quesito.
• FERRAZ, A. T.; SASSERON, L. H. Propósitos epistêmicos para a promoção da argumentação em aulas investigativas. Investigações
em Ensino de Ciências, v. 22, n. 1, p. 42-60, 2017.
Este artigo fornece uma orientação sobre o conjunto de ações necessárias para que o professor fomente a argumentação em sala
de aula. Essas ações são importantes e necessárias para que o professor se posicione como um orientador e problematizador na
construção e na ampliação dos argumentos pelos estudantes.
• FERREIRA, S. P. A.; DIAS, M. A. B. B. A leitura, a produção de sentidos e o processo inferencial. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9,
n. 3, p. 439-448, set./dez. 2004. Disponível em: https://fnxl.ink/KCBPXG Acesso em: 6 maio 2022.
Neste artigo, é possível compreender que a leitura e inferências elaboradas a partir dela são resultantes da interação entre o texto
escrito e as interpretações do leitor, por isso, os sentidos e significados resultantes dessa interação podem variar de pessoa para pessoa.
• FOUREZ, G. Alphabétisation Scientifique et Technique – Essai sur les finalités de l’enseignement des sciences. Bruxelas: DeBoeck-
-Wesmael, 1994.
Neste livro, o autor destaca os principais elementos que caracterizam a alfabetização científica, determinando os objetivos pedagó-
gicos que devem ser alcançados ao se promover o letramento científico.
• GIL, A. C. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2008.
O livro apresenta diversas abordagens didáticas de ensino e seus pressupostos, propõe uma reflexão a respeito do papel do pro-
fessor universitário e oferece informações úteis para o aprimoramento da atividade docente. Vale destacar que, dentre as técnicas
de discussão oferecidas no livro, o seminário foi utilizado na Coleção como uma das possibilidades de promover o processo de
aprendizagem e avaliação dos estudantes.
• GRAHAM, A. Como escrever e usar estudos de caso para ensino e aprendizagem no setor público. Brasília: ENAP, 2010.
Este livro utiliza o estudo de caso como ferramenta para promover a aprendizagem, abordando os benefícios atrelados a essa meto-
dologia e fomentando sua aplicação no setor de administração pública.
• HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Este livro coloca em perspectiva muitas informações sobre avaliação e desmistifica o processo avaliativo permitindo que ele seja
colocado a serviço, e não como um evento desconectado, da aprendizagem, colaborando de forma concreta, para que esta ferra-
menta seja utilizada a fim de contribuir com a formação do estudante.
• HODSON, D. Learning Science, Learning about Science, Doing Science: Different goals demand different learning methods. Interna-
tional Journal of Science Education, v. 36, n. 15, p. 2534-2553, 2014.
Este artigo de opinião destaca a importância de se diferenciar os termos “aprender ciências”, “aprender a fazer ciências” e “fazer ciências”
de forma que se perceba a necessidade de utilizar diferentes metodologias para alcançar os objetivos inerentes a cada um desses termos.
• HOFFMANN, J. M. L. Avaliação, mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 35. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005.
O livro apresenta um conjunto de vivências escolares que visam modificar a visão da avaliação como um evento pontual e classifica-
tório, mostrando que ela, na verdade, se constitui como um processo mediador que acompanha a construção do conhecimento por
parte dos estudantes.
• JIMÉNEZ-ALEIXANDRE, M. P., RODRÍGUEZ, A. B., & DUSCHL, R. A. “Doing the lesson” or “doing science”: argument in high school
genetics. Science Education. 84, 757-792, 2000.
Este artigo representa um estudo de caso em que estudantes de genética foram observados em diferentes contextos na tentativa
de se compreender como se desenvolve a argumentação nos momentos em que estão “fazendo ciências” versus os momentos em
que eles estão “fazendo a lição”.

LXXXVI
• KATO, M. A. O aprendizado da leitura. São Paulo, Martins Fontes, 1990.
Este livro representa uma reflexão sobre a necessidade de desenvolver o interesse pela leitura desde os anos iniciais da educação,
de forma que se consolide como parte integrante da vida do sujeito, a partir de um trabalho preventivo e formativo, fundamentado
nos processos e na aquisição dessa habilidade.
• KOPCKE, H. F. Estratégias para desenvolver a metacognição e a compreensão de textos teóricos na Universidade. Psicologia Escolar
e Educacional, v. 1, n. 2 -3, p. 59-67, 1997.
Este artigo apresenta três estratégias que podem permitir o desenvolvimento da metacognição a partir da leitura e da compreensão
de textos teóricos ao longo da vida universitária.
• LIMA, S. F.; NUNES, E. C.; SOUZA, R. F. Aprendizagem baseada em projetos: um relato de experiência em classe multissérie nos anos
iniciais do ensino fundamental Revista Dynamis. Furb, Blumenau, v. 26, n. 2, 2020, p. 177-192. Disponível em: https://fnxl.ink/YBLZLE.
Acesso em: 8 jun. 2022.
Este artigo apresenta informações oriundas da utilização da metodologia ativa “Aprendizagem baseada em projetos” em turmas do
1° e 2° ano do ensino fundamental e uma escola pública, mostrando as vantagens de utilização desta metodologia com uma aborda-
gem interdisciplinar em que os estudantes têm a oportunidade de pensar, refletir e investigar problemas do cotidiano.
• LOPES, T. C. T. Contribuição da avaliação formativa para o desenvolvimento cognitivo em alunos de física. Tese (Doutorado em Educa-
ção). Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Coimbra, julho de 2011.
Esta tese de doutorado discorre sobre como a utilização da avaliação formativa se reflete no processo ensino aprendizagem, bem como
explora suas contribuições para o desenvolvimento da capacidade cognitiva dos estudantes.
• MACHADO, M A. R. Compreensão de leitura: o papel do processo inferencial. Coleção Olhares, Anápolis: Universidade Estadual de
Goiás, 2010, p. 152.
O livro busca esclarecer o tipo e a qualidade dos processos inferenciais em textos escritos, apresentando diversas teorias que discu-
tem a natureza do processamento inferencial. Além disso, oferece ao leitor um caminho de abordagem não formalista dos processos
inferenciais, defendendo a ideia de que estes processos estão relacionados à questões de natureza sociocognitiva.
• MOREIRA, M. A. O que é afinal aprendizagem significativa? Revista cultural La Laguna, Espanha, 2012. Disponível em: https://fnxl.
ink/CQGUJH. Acesso em: 25 maio 2022.
Este artigo aborda o processo de aprendizagem significativa do ponto de vista da formação da estrutura cognitiva do sujeito, apre-
sentando estratégias que podem servir para permitir que os novos conhecimentos se conectem aos pré-existentes, modificando-os
de forma diferenciada e progressiva.
• MOREIRA, A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Revista Chilena de Educação Científica, v. 4, n. 2, p. 38-44, 2005.
Disponível em: https://fnxl.ink/VLTMLC. Acesso em: 27 maio 2022.
Este artigo discursa sobre a utilização dos mapas conceituais como instrumento potencializador da aprendizagem significativa,
oferecendo tanto possibilidade de utilização quanto explicações sobre como é possível reconhecer a diferenciação progressiva de
conceitos ao longo do processo de aprendizagem.
• NORRIS, S. P.; PHILLIPS, L. M. How Literacy in Its Fundamental Sense is Central to Scientific Literacy, Science Education, v. 87, n. 2,
p. 224-240, 2003.
Este artigo discute a importância de se considerar a leitura e a escrita como habilidades fundamentais do letramento científico, conectan-
do-as à própria natureza constituinte das ciências e destacando a relevância de se possuir um vocabulário mínimo que permita a compreen-
são de textos e argumentos relacionados à ciência e tecnologia.
• NOVAK, J.D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas. 1999.
Os autores do livro relacionam a aprendizagem com o ensino de um modo concebido para auxiliar os professores nas aulas, eviden-
ciando que a aprendizagem humana conduz a uma mudança no significado da experiência. Um dos pontos fundamentais deste livro
que contribui com a Coleção é a potencialidade dos mapas conceituais como estratégia para facilitar a aprendizagem significativa e
como instrumento de avaliação.
• NOVAK, J. D. Concept Maps and Vee Diagrams: Two Metacognitive Tools to Facilitate Meaningful Learning. Instructional Science, v.
19, n. 1, p. 29-52, 1990.
Este artigo relata diversos estudos que, ao longo dos anos escolares até a universidades, utilizaram mapas conceituais e diagramas
V como instrumentos metacognitivos capazes de promover a aprendizagem significativa.
• ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Violência escolar e bullying: relatório sobre a situação mun-
dial. Brasília UNESCO, 2019. Disponível em: https://fnxl.ink/PTXBLF. Acesso: 6 jun. 2022.
Relatório elaborado pelo UNESCO e pelo Instituto de Prevenção à Violência Escolar da Universidade de Mulheres Ewha, com o
intuito de fornecer um panorama geral, a partir de dados existentes acerca do impacto da violência escolar e do bullying. Além disso,
espera-se que esse relatório promova uma conscientização sobre a questão, bem como mobilize ações para eliminar esses proble-
mas nas escolas, de modo a garantir o bem-estar de crianças e adolescentes.
• PENICK, J. E. Ensinando “alfabetização científica”. Educar, Curitiba, n. 14, p. 91-113, 1998. Editora da UFPR. Disponível em: https://fnxl.
ink/KTQJJH. Acesso em: 4 jun. 2022.
Este artigo discute diversos aspectos da alfabetização científica, descrevendo o passo a passo de como facilitar o desenvolvimento
de tal alfabetização. Assim, o professor pode se apoiar nesse material para conduzir uma aula baseada nos princípios da alfabetiza-
ção científica.

LXXXVII
• PEREIRA, F. I. Aprendizagem por pares e os desafios da educação para o senso-crítico. International Journal on Active Learning, v. 2, n.
1, p. 6-12, jan./jun. 2017. Disponível em: https://fnxl.ink/IFZZXI. Acesso em: 4 jun. 2022.
O artigo convida os professores a uma reflexão acerca das perspectivas de ensino e aprendizagem e os desafios da aplicação da meto-
dologia de aprendizagem por pares no ensino universitário, destacando que essa metodologia contribui positivamente com a aprendi-
zagem dos estudantes. O professor pode se apropriar dos resultados desse artigo para refletir e adaptar a metodologia ao seu contexto
de ensino, utilizando a Coleção como base.
• PONTE, J. P. da. Didácticas específicas e construção do conhecimento profissional. IV Congresso da SPCE. Actas [...]Porto: SPCE, 1999, p. 59-72.
O texto discute a importância da formação adequada para que o professor se sinta capaz e seja consciente de suas habilidades para
lecionar, destacando a relevância da didática e da formação profissional para o sucesso do processo ensino aprendizagem.
• PORVIR. O Futuro se Aprende. Especial socioemocionais. 2014. (Série Diálogos). Disponível em: https://fnxl.ink/YNMTRG. Acesso
em: 5 maio 2022.
O texto do site apresenta uma discussão sobre a importância de realizar avaliações que englobam o desenvolvimento de competências
socioemocionais destacando o pioneirismo do Rio de Janeiro ao empregar esse tipo de avaliação nas escolas.
• QUEIROZ, S. L.; CABRAL, P. F. O. (org.). Estudos de Caso no ensino de Ciências Naturais. São Carlos: ArtPoint Gráfica e Editora, 2016.
Disponível em: https://fnxl.ink/ESEDYV. Acesso em: 6 jun. 2022.
Este livro utiliza a metodologia ativa “estudo de caso” como forma de promover a aprendizagem no ensino de ciências na educação básica,
favorecendo a construção de uma prática pedagógica que prioriza o aluno nesse processo.
• RIBEIRO, C. A. G. ; ROSA, C. T. W; ZOCH, A. N. Cássia de Andrade Gomes Ribeiro, Cleci Teresinha Werner da Rosa, Alana Neto Zoch,
Estratégias metacognitivas de leitura aplicadas ao ensino de Física. 2021. Disponível em: https://fnxl.ink/MLNINU. Acesso em:
20 abr. 2023.
Este guia destaca a importância de o professor de Ciências desenvolver a leitura em suas aulas e oferece três estratégias metacog-
nitivas de leitura para apoiá-lo nesse processo: K-W-L; K-W-L Plus e AIM.
• RODRIGUES, C. M.; ALVES, M. A. P.; ALMEIDA, R. D.; SILVA, R. L. M. Intervenção em habilidades cognitivas e metacognitivas de leitura
em alunos do Programa de Educação Tutorial – PET. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 16, n. 1, 181-190. São Paulo, SP, jan.-abr. 2014.
Este artigo objetiva avaliar os efeitos do uso de estratégias cognitivas e metacognitivas baseadas na conjugação dos pilares das
estratégias AIM, K-W-L e K-W-L PLUS para promover a compreensão leitora em estudantes universitários.
• SÁ, L. P.; QUEIROZ, S. L. Estudos de Casos no ensino de Química, 2. ed. Campinas: Átomo, 2010.
A autora descreve o método de estudo de caso, apresentando suas características e suas potencialidades na promoção de um ensino
centrado no estudante e na capacidade de estimulá-los a elaborar argumentos.
• SASSERON, L. H. Interações discursivas e investigação em sala de aula: o papel do professor. In: CARVALHO, A. M. P. de (Org.). Ensino
de Ciências por Investigação: Condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
Neste capítulo, a autora discorre sobre os principais aspectos da alfabetização científica destacando a relevância das interações dis-
cursivas, como a argumentação, a investigação e a divulgação de ideias, para fomentar esse processo. Além disso, são apresentados
exemplos que evidenciam as relações entre a argumentação e os propósitos pedagógicos e epistemológicos capazes de promovê-la.
• SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. Alfabetização Científica: uma Revisão Bibliográfica. Investigações em Ensino de Ciências, v.
16, n. 1, p. 59-77, 2011. Disponível em: https://fnxl.ink/QUTMSX. Acesso em: 6 maio 2022.
O artigo do tipo estado da arte apresenta uma reflexão acerca do conceito de Alfabetização Científica ao longo dos anos, destacando
a pluralidade semântica desse termo e que ele tem sido o objetivo central no ensino de Ciências. A partir das habilidades comuns
apresentadas nos diversos trabalhos estudados, as autoras propuseram os tais Eixos Estruturantes da Alfabetização científica, os
quais podem direcionar a atuação dos professores que desejam promover condições e oportunidades para o desenvolvimento da
Alfabetização Científica entre os estudantes.
• SCHMITZ, E. X. S. Sala de aula invertida: uma abordagem para combinar metodologias ativas e engajar alunos no processo de
ensino-aprendizagem. Santa Maria: Centro de Educação da UFSM, 2016. E-book. https://fnxl.ink/LVVMKP. Acesso: 11 maio. 2022.
Material didático instrucional resultante de um trabalho de mestrado, cujo objetivo é fornecer orientações teórico-práticas acerca
da metodologia ativa sala de aula invertida, apresentando suas características e cada passo de como ser aplicada em sala de aula.
Além disso, oferece uma descrição de outras metodologias ativas de aprendizagem que podem ser integradas ao modelo da sala de
aula invertida.
• SILVEIRA, M. I. M. Modelos Teóricos & Estratégicos de Leitura: suas implicações no ensino. Maceió, AL: EDUFAL, 2005.
O livro alerta para a necessidade de formar estudantes capazes de compreender um texto escrito e de desenvolver habilidades
que o tornem leitores proficientes. Assim, descreve e discute estratégias de leitura de natureza cognitivas e metacognitivas nas
intervenções pedagógicas.
• WING, J. Pensamento computacional- Um conjunto de atitudes e habilidades que todos, não só cientistas da computação, ficaram
ansiosos para aprender e usar. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 9, n. 2, 2016. Disponível em: https://fnxl.ink/
QLDBIE. Acesso em: 10 maio 2022.
Neste artigo, a autora discorre sobre como o pensamento computacional está inserido em nossa vida diária e destaca a importância
de incluí-lo intencionalmente na prática pedagógica para que habilidades essenciais para o desenvolvimento pessoal individual
também possam emergir.

LXXXVIII
CIÊNCIAS
TECNOLOGIA, SOCIEDADE e AMBIENTE

6 Anoo

Ensino Fundamental
Anos Finais
CIÊNCIAS
Martha Reis
Bacharel e licenciada em Química pela Faculdade de
Ciências Exatas, Filosóficas e Experimentais da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
Professora de colégios das redes pública e privada e de
curso preparatório para vestibulares.
Editora de livros didáticos.
Autora de livros didáticos de Química e Ciências desde 1992.

São Paulo
1ª edição
2022
Título original: CIÊNCIAS TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE - 6º- ano
© Editora AJS Ltda, 2022
Responsabilidade Editorial: Arnaldo Saraiva e Joaquim Saraiva
Coordenação Geral: Thiago Oliver e Nelson Arruda
Edição: Martha Reis
Equipe de Colaboradores: Angela Elisa de Sillos, Cintia Nigro,
Cristiane Mansur , Fabiana Aquino,
George Hideyuki Hirata.
Coordenação Digital: Flávio Nigro
Gerência Digital: Estúdio Aspas
Produção Digital: Estúdio Mondo, Erick Neves,
Heinar Maracy, Nelson Augusto, Jade Arruda
Coordenação de Arte: Vanessa Bertolucci
Editoração eletrônica: Aymée Caroline Guarinos, Bryan Soares, Ellen Caroline, Fernando Dionisio,
Gilbert Julian, João Bueno, Julio Cezar Moreira Castro, Martha Reis, Thaís Pelaes
Pesquisa Iconográfica: Cláudio Perez
Licenciamentos: Carolina Carmini
Revisão: Andreia Dantas, Cristiane Imperador,
Madrigais Produções Editoriais, Rosani Andreani.
Ilustrações: Alex Argozino, Carlos Vespúcio, Fernando Brum,
Osvaldo Sequetin.
Capa: Nelson Arruda
Foto de capa: Getty Images/iStockphoto
Rochas sedimentares no Vale da Lua, Chapada dos Veadeiros,
Alto Paraíso de Goiás, GO, 2016.
Apoio Administrativo: Márcio Teixeira, Elizabete Portela, Thiago Ferreira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Reis, Martha
Ciências : tecnologia, sociedade e ambiente : 6° ano :
ensino fundamental : anos finais / Martha Reis. -- 1. ed. -
- São Paulo : Editora AJS, 2022.

ISBN 978-65-5878-056-4

1. Ciências (Ensino fundamental) 2. Tecnologia – Ensino


fundamental 3. Sociedade – Ensino fundamental 4. Meio
ambiente – Ensino fundamental I. Título

22-4844 CDD 372.35

Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro


foram produzidas com fibras obtidas de árvores de
florestas plantadas, com origem certificada.

Editora AJS Ltda. – Todos os direitos reservados


Endereço: R. Xavantes, 719, sl. 632
Brás – São Paulo – SP
CEP: 03027-000
Telefone: (011) 2081-4677
E-mail: editora@editoraajs.com.br
APRESENTAÇÃO

O astrônomo e divulgador científico Carl Sagan disse uma vez:


“Vivemos em uma sociedade extremamente dependente da Ciência e Tecnologia, na qual
pouquíssimos sabem alguma coisa sobre Ciência e Tecnologia. Isto é uma clara prescrição
para o desastre”.
Que tal, então, aproveitar esses quatro anos em que você estará cursando os Anos
Finais do Ensino Fundamental, para mudar esse quadro e aprender diversos aspectos
relacionados à Ciência e Tecnologia?
Não é difícil ouvir um estudante se questionando sobre qual a importância que
determinado aprendizado terá em sua vida.
Não há dúvida de que todo conhecimento adquirido é importante, pois nos faz crescer
e enxergar além do que víamos antes.
O conhecimento em Ciências da Natureza, em particular, irá levá-lo(a) a compreender
melhor o funcionamento do planeta e do universo, da vida em todos os seus aspectos, dos
materiais e do ambiente de onde os recursos para obtê-los são extraídos.
Essas informações irão ajudá-lo(a) a exercer efetivamente sua cidadania e a ter cons-
ciência de suas ações — incluindo o uso da tecnologia —, pois você será capaz de avaliar
o impacto que suas escolhas causam tanto no meio ambiente quanto na sua saúde.
Utilizar o conhecimento adquirido com o estudo de Ciências da Natureza para en-
tender os fenômenos, compreender as notícias, analisar e questionar as informações,
duvidar, verificar se os dados estão corretos, tudo isso permite que você saia do papel
de espectador(a) e passe a atuar como protagonista sobre os problemas que afetam
nossa sociedade.
Esperamos que você goste dos livros e que o aprendizado em Ciências da Natureza
que estamos propondo, seja incorporado definitivamente à sua vida e ao seu exercício
diário de cidadania.
A autora
CONHEÇA SEU LIVRO

Abertura da Unidade
Composta por imagens que remetem a cada uma das habilidades que serão desenvolvidas
na unidade. As imagens são acompanhadas de perguntas para o levantamento de
conhecimentos prévios. Essas perguntas são retomadas no final da unidade.

1
UNIDADE SLIDESHOW
PLANETA TERRA

Núcleo central Como os cientistas


investigaram a composição do interior
Rochas sedimentares Como os
cientistas sabem que o ser humano não

Planeta Terra
do planeta? (EF06CI11)
conviveu com os dinossauros? (EF06CI12)
Imagem 4: representação artística da se-
Imagem 6: Montanhas Arco-íris. Geoparque
ção transversal da Terra vista do espaço
Nacional Zhangye Danxia, Gansu, China.
com elementos fornecidos pela Nasa.

Aurora boreal Qual é a origem


das luzes coloridas que se formam
na atmosfera próximo aos polos?
(EF06CI11)
Imagem 2: aurora boreal em floresta
canadense.

Vlad61/Shutterstock
NASA/Goddard/Arizona State University

Sylvie Corriveau/Shutterstock

Olga Danylenko/Shutterstock

THONGCHAI.S/Shutterstock
Rost9/Shutterstock
A Terra no espaço Quais as evidências
de que a Terra se assemelha a uma esfera?
(EF06CI13), (EF06CI14). Oceanos Até que profundidade Rochas ígneas Como as rochas são
Imagem 1: visão da Terra tirada pela espaçonave existe vida nos oceanos? (EF06CI11) formadas? De onde elas vêm? (EF06CI12)
em órbita da Lua, Lunar Reconnaissance Orbiter, Imagem 3: Peixes em recife de coral no Imagem 5: colunas de basalto, Praia de
Nasa, 2017. Mar Vermelho. Areia Negra, Islândia.

12 Unidade 1 | Planeta Terra Unidade 1 | Planeta Terra 13

ATIVIDADE PRÁTICA Não é magia,


É TECNOLOGIA
São propostas de
experimentos simples, ATIVIDADE PRÁTICA CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Nesta seção, discutimos


Que tal observar o crescimento de cristais utilizando pedrinhas que normalmente você encontra Não é magia,
com materiais de fácil na rua?

os últimos avanços É TECNOLOGIA


Ilustrações: Alex Argozino

Material
3 potes de vidro transparente

acesso, que permitem o


de boca larga, limpos e secos

Corantes alimentícios
amarelo, vermelho na área e procuramos Sistema de Posicionamento Global – GPS
Você concorda que 30 anos não é muito tempo?

levantamento e o teste
Pedras de brita calcárea ou e azul. Pois é, a geração que nasceu há

entender a Ciência
dolomita, (composta de carbonato
mais de 30 anos vivia em um mun-

gstockstudio/Freepik Premium
de cálcio e magnésio)
utilizada em construção Vinagre branco do sem internet, sem smartphone,
sem GPS.

de hipóteses, a análise,
E, naquela época, quem não ti-
Procedimento
que está por trás vesse algum senso de direção, fun-
damental para usar mapas e poder
se localizar, estaria literalmente

comparação, discussão de tecnologias,


perdido.
Imagine agora a seguinte situa-
ção: você consegue viajar no tem-

e comunicação dos
po e levar um smartphone para uma

1 Faça um teste: coloque


a pedra em um copo e
cubra-a com vinagre
2 Discuta com seu grupo:
qual é o gás que
provavelmente está
3 Se ninguém
souber, faça uma
pesquisa
como Sistema de IMAGEM 20: casal perdido
pessoa que está ficando desespe-
rada por não conseguir posicionar
o mapa na direção correta (essa pessoa também não tem uma bús-

resultados.
branco. Se começar uma sendo liberado nessa para investigar. com um mapa na mão.
sola...).

Posicionamento
efervescência, efervescência?
é uma pedra calcária. Ao chegar, você explica que, com esse aparelho, é possível se co-
municar com qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo,
sendo possível ouvi-lo como se estivesse ao seu lado.

Foram ilustradas Global, computadores


“E mais”, você diz: “acionando este aplicativo, uma voz que sabe
exatamente onde você está a cada instante vai guiá-lo, dizendo o
que deve fazer para chegar o mais rapidamente possível ao desti-
no escolhido”.

passo a passo para Coloque uma pedra de dolomita


quânticos, Inteligência Das duas, uma: ou essa pessoa iria rir muito da sua “brincadeira”,
ou ficaria com medo de você, pois algo desse tipo só acontecia em
filmes de ficção científica ou em histórias de bruxas e magia.
5 Deixe o recipiente em Observe e anote o que

eliminar qualquer
4 6 Você sabia?

Artificial, nanomateriais,
no fundo de cada pote, cubra um lugar aberto, onde acontece à medida Talvez você não consiga dimensionar o impacto que toda essa
com vinagre branco e pingue você possa observá-lo que o vinagre vai
algumas gotas de corante em por alguns dias e avise evaporando A invenção do GPS é tecnologia causou em nossa sociedade, afinal, quando você nasceu,
cada pote. para ninguém mexer. dos potes. creditada a três cientistas tudo isso já existia, mas já se perguntou como funciona um GPS?
estadunidenses:
GPS é a sigla para Global Positioning System, ou Sistema de Posi-

dúvida em relação aos entre outros.


Ivan Alexander Getting (1912-
Os corantes não são obrigatórios, você pode fazer o experimento sem eles, ou pode usar apenas -2003), Roger Lee Easton cionamento Global.
a cor que tiver. Por outro lado, se tiver dois, pode misturar para obter mais cores: amarelo e azul (1921-2014) e Bradford Wells Esse sistema começou a ser desenvolvido na década de 1960 pelo
para obter o verde, vermelho e azul para obter o lilás ou vermelho e amarelo para obter o laranja. Parkinson (1935- ).
departamento de defesa militar do Estados Unidos, em um projeto

procedimentos.
denominado “NAVSTAR” (NAVigation Satellite with Time And Ranging,
80 Unidade 1 | Planeta Terra na tradução livre, navegação por satélite com alcance de tempo).

40 Unidade 1 | Planeta Terra

4
ASSUNTO SÉRIO VIDA E AMBIENTE

A ideia é discutir de Trata de descobertas


ASSUNTO SÉRIO VIDA E AMBIENTE
forma ampla e sincera e curiosidades sobre
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Lixo espacial [...] Portanto, o ClearSpace-1 ["Faxineiro do Wanda Díaz-Merced, a astrônoma que ouve as estrelas

as ações humanas que os seres vivos e o meio


Espaço-1"] deve ser lançado no espaço em 2025,
"Em 10 de fevereiro de 2009, o satélite co- Você conhece o poema “Via-Láctea”, do que as pessoas não desistam de seus sonhos e
no compartimento de carga do foguete europeu
mercial americano Iridium 33 esbarrou no saté- poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918)? que vejam as oportunidades que estão à frente.
Vega. Sua missão já está definida: coletar lixo es-
lite militar russo Kosmos-2251 a uma velocida- O trecho mais famoso diz o seguinte: Qualquer pessoa no mundo pode algum dia de-
pacial e levá-lo a uma órbita de reentrada na at-

ambiente e de ações
senvolver uma doença e precisar de uma nova

estão colocando a
de de quase 42 000 km/h. Os dois veículos se
mosfera, onde o atrito vai carbonizá-lo, em uma "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo forma de exibir seus talentos. Somos todos ex-
fragmentaram em mais de 600 pedaços, lança-
chuva de estrelas cadentes. Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, ploradores naturalmente. [...]
dos a 20 vezes a velocidade de uma bala de fuzil.
Foi o primeiro acidente desse tipo registra- O alvo escolhido é uma VESPA: trata-se de Que, para ouvi-las, muita vez desperto A ciência pode se beneficiar imensamente

vida em geral e o meio positivas que ocorrem na


do, mas certamente não o único. Alguns são até um pequeno cone metálico usado para separar E abro as janelas, pálido de espanto… de um aumento de percepção. E eu posso con-
voluntários: russos, americanos, chineses e in- satélites uns dos outros quando o mesmo fogue- tinuar a fazer o que amo e estimular mais pes-
te transporta mais de um. Foi lançado em 2013 E conversamos toda a noite, enquanto soas como eu a não desistir de perseguir seus
dianos destruíram um ou mais de seus próprios
satélites em testes de mísseis. As explosões ti- por um foguete Vega em órbita baixa, a 800 km A via-láctea, como um pálio aberto, sonhos. A ciência tem o dever de promover a

ambiente em situação veram por consequência o lançamento de mais


alguns milhares de resíduos, que podem amea-
çar qualquer nave espacial que esteja em órbita,
da Terra, e pesa 112 quilos.
Ninguém jamais capturou um objeto “não
cooperante” no espaço. A VESPA, que se move
sociedade humana. Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


inclusão. Todos nós podemos contribuir para o
conhecimento humano”.

NG Images/Alamy/Fotoarena
de risco e estimular
inclusive a Estação Espacial Internacional (EEI). livremente girando sobre si mesma, não tem
motorista ou motor. Que conversas com elas? Que sentido
[...] Ao todo, são mais de 8 800 toneladas
de fragmentos incontroláveis de sucata metá- “Os filmes sempre mostram um astronauta Tem o que dizem, quando estão contigo?”
lica sobrevoando no espaço, totalizando quase tentando pegar uma ferramenta, ele faz um mo- E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

mudanças de atitude e
130 milhões de fragmentos, variando, em tama- vimento falso e a ferramenta vai para o espaço, Pois só quem ama pode ter ouvido
nho, desde um grão de arroz até um ônibus. A como uma bola de golfe. Com a VESPA, será
maior parte dela é minúscula, porém, na velo- Capaz de ouvir e de entender estrelas.
exatamente a mesma coisa”, explica Luisa In- Disponível em: https://fnxl.ink/NXAORF.
cidade do movimento, essa sucata faz com que

busca de soluções.
nocenti. O ClearSpace-1 terá de abrir com bas- Acesso em: 31 ago. 2018.
um simples parafuso libere uma energia de uma tante amplitude seus quatro braços mecânicos A porto-riquenha Wanda Díaz-Merced sem-
granada de mão em caso de impacto. pre amou as estrelas. Ela conta que, quando era
para garantir uma captura suave do objeto.
Outra dificuldade: o Sol, que cega as câme- menina, fingia que sua cama era uma espaçona-

NASA
ras e pode tornar o alvo invisível. O “caçador” ve que ela usava para explorar o céu.
terá, portanto, que avançar passo a passo e rea- E foi com esse entusiasmo que ela entrou
valiar constantemente cada movimento, com a para o curso de Astronomia na Universidade de IMAGEM 16: Wanda Díaz-Merced. “A ciência tem o

ajuda da inteligência artificial." Porto Rico. Mas Wanda é diabética e começou dever de promover a inclusão. Todos nós podemos
Disponível em: https://fnxl.ink/VPKZKD a ter complicações com a doença que acabaram contribuir para o conhecimento humano”, diz
Acesso em: 8 maio 2022. causando a perda da visão. Wanda. Foto de 2016.
Agora é com você! Em nenhum momento, porém, ela pensou
E como Wanda conseguiu realizar o seu so-
1. Discuta com seu grupo para propor, em em desistir do seu sonho. Segundo ela mesma
nho de ser astrônoma?
conjunto, uma solução que poderia mini- disse em entrevista ao jornal BBC Brasil:
Não faltou quem a aconselhasse a desistir,
mizar o problema do lixo espacial. “A perda da minha visão, na verdade, me dei-
mas ela diz que nunca admitiu essa possibilida-
xou ainda mais determinada a ser astrônoma”.
ILUSTRAÇÃO 18: desenho da Nasa feito a 2. Por que, apesar do elevado custo da de porque sentia que era capaz de fazer um tra-
operação, as agências espaciais acreditam E acrescentou: “Quando faço palestras ou balho tão bom nessa área como qualquer outro
partir de modelos usados para rastrear
detritos na órbita da Terra. que o investimento compensa? dou aulas, minha principal missão é estimular colega.

36 Unidade 1 | Planeta Terra 34 Unidade 1 | Planeta Terra

Animais que...

Animais que... Tardígrado


Conta um sobrevivem no espaço
Osvaldo Sequetin

Você conhece esse animal? • à falta de oxigênio e de água;


Ele é um pequeno invertebrado, parente • a substâncias muito corrosivas e noci-

pouco sobre as próximo dos artrópodes (uma classe de ani- vas, como ácidos e bases fortes.
mais que inclui os crustáceos, os insetos, os Tudo isso foi comprovado em 2007, em
aracnídeos e as centopeias). testes feitos no espaço pela Agência Espacial
Europeia.

características
O corpo dos artrópodes é dividido em
partes rígidas e articuladas entre si. O segredo do tardígrado para sobreviver
Os tardígrados têm uma região da cabe- em condições tão adversas que matariam ins-
ça bem desenvolvida e um corpo curto, com- tantaneamente outros seres é a criptobiose.

surpreendentes de
posto de quatro segmentos fundidos, cada A criptobiose é uma espécie de hiberna-
qual com um par de membros curtos, robus- ção ou estado de letargia máxima, por meio
tos e sem juntas, geralmente terminados por da qual seu corpo se desidrata até ficar com
várias garras afiadas. apenas 1% da água de que necessita normal-

outros seres que Seu nome, tardígrado, vem do latim e sig- mente, ao mesmo tempo que fabrica um re-
nifica “passo lento”, mas também é conhecido vestimento extra de cutícula para protegê-lo
como urso-d’água ou leitão de musgo. É ino- do ambiente. Essa desidratação inibe os pro-
fensivo ao ser humano e não é difícil de achar. cessos que o levariam à morte.

compartilham o Você só não o vê com frequência porque


ele é microscópico, tendo, em média, entre
0,05 mm e 1,2 mm de comprimento.
O tardígrado pode permanecer nesse es-
tado indefinidamente e só voltar à vida nor-
mal quando as condições estiverem favorá-
veis novamente.

planeta conosco,
Gosta de lugares úmidos, à sombra, e
pode ser encontrado nas florestas, sobre os Agora é com você!
liquens e musgos dos quais se alimenta, em 1. Como se sabe que o tardígrado é
samambaias próximas a um lago ou até mes- resistente ao vácuo do espaço?

afinal só podemos mo em um jardim.


Até aí, nada de mais, parece um bichinho
normal, não é? Mas o tardígrado é surpreen-
2. O que significa criptobiose? O que
ocorre durante esse processo?
3. Por que é importante fazer pesquisas
dente. É um poliextremófilo, ou seja, é capaz com o tardígrado?

amar e proteger de suportar várias condições extremas dife-


rentes. Os tardígrados sobrevivem:
• a temperaturas inferiores a –250 oC e
Hengherr S, (CC BY 2.5)

aquilo que
superiores a 150 oC;
• congelados em um bloco de gelo;
• a níveis de radiação por raios X em do-
ses mil vezes superiores à dose letal

conhecemos. ILUSTRAÇÃO 17:


tardígrado no
para seres humanos;
• a álcool etílico em ebulição;
• a uma pressão seis vezes maior que a do
espaço. ponto mais profundo do oceano; IMAGEM 15: tardígrado em atividade visto em
• às condições existentes no espaço, um microscópio eletrônico de varredura (SEM,
como vácuo parcial; na sigla em inglês).

32 Unidade 1 | Planeta Terra Unidade 1 | Planeta Terra 33

RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Retoma, apenas No 5° ano você provavelmente estudou o conceito de esfera ce-


Exercícios variados ACESSE SEUS CONHECIMENTOS
NÃO ESCREVA
NO LIVRO

que você pode utilizar


leste. Vamos recordá-lo? 1. Explique por que podemos concluir, com base 5. Para observar o céu com mais detalhes, é pos-
Discuta com seus colegas em imagens de satélite, que a Terra é esférica, sível ir a um planetário ou a um observatório

quando necessário,
Esfera celeste é uma esfera imaginária centrada na Terra, com
apesar de as fotos mostrarem uma imagem astronômico.
raio indefinido, na qual projetamos as estrelas como se estivessem Quando você observa o céu
bidimensional.
por um longo tempo, tem a
Yoshiya Kusamura/Shutterstock

em um mesmo plano.

para verificar seu 2. Cite três evidências visuais que mostram que a
impressão de que a Terra está
É algo que, apesar de não ser real, tem nos ajudado a prever a girando ou que as estrelas estão

conceitos importantes
Terra é esférica. Explique sua resposta.
chegada das estações do ano e a nos localizar à noite, no meio do girando em volta da Terra?
oceano, ou de uma floresta, por exemplo. 3. Explique o conceito de esfera celeste e por IMAGEM 6:

aprendizado.
que ele não é real indicando, como exem- Planetário do
Hemisfério Norte celeste plo, estrelas que fazem parte de uma mesma Ibirapuera, em

que provavelmente
constelação ou asterismo. São Paulo, SP,
Polo Norte 2019.
celeste
4. Forme grupo com alguns colegas para res-
ponder às seguintes perguntas. O planetário é uma máquina que simula o céu
projetando os astros, que poderiam ser ob-
a. Você tem o hábito de olhar para o céu à

foram vistos ao longo ILUSTRAÇÃO 9: esfera celeste. servados em determinado local, em uma data
noite?
específica.
b. Sabe como diferenciar um planeta de uma
Zoroasto/Shutterstock

estrela ao olhar para o céu?

dos Anos Iniciais.


c. Quais planetas podem ser vistos a olho nu
Osvaldo Sequetin

Rotação
aparente (sem necessidade de luneta)?
IMAGEM 7:
da esfera É possível aprender muito criando o hábito de
celeste Observatório
observar o céu por algum tempo à noite. Astronômico,
Caso você more em uma cidade grande, onde em Olinda, PE,
as estrelas e os planetas estejam encober- 2019.
tos pela poluição e pelo excesso de luz, baixe
No observatório astronômico há telescópios
um aplicativo em um smartphone, como o Sky
para observação e estudo dos astros (Lua, pla-
Constelações Guide, que é gratuito.
netas, estrelas), sendo que alguns são apenas
Aponte o smartphone para o céu e você en- para pesquisas e, outros, permitem a visitação
Equador Polo Sul contrará constelações, planetas e satélites
celeste celeste
pública. É possível encontrar uma lista de pla-
que estão em sua região naquele momento. netários brasileiros na internet digitando, em
Hemisfério Sul celeste
Observe que, se você apontar seu aparelho um site de busca, “ABP - Planetários do Brasil”.
para o chão, ele mostrará o céu do outro lado Para encontrar uma lista de observatórios as-
As distâncias astronômicas são medidas em anos-luz. Um ano- do planeta. Por isso, certifique-se de ver na tronômicos, digite: “De olho no céu: lista de ob-
-luz equivale a 9 461 000 000 000 quilômetros e é a distância que a tela a linha do horizonte, e então, apontar o
Distância das estrelas que servatórios nacionais abertos à visitação”.
luz percorre durante o período de um ano. celular para cima.
formam a cruz do Cruzeiro Ainda em grupo, façam uma pesquisa na inter-
Para se ter uma ideia, a luz que é emitida pela superfície do Sol do Sul em relação ao planeta Faça observações individuais durante uma net sobre os planetários, museus de Ciências
demora cerca de 8 minutos para chegar à Terra, enquanto a luz emi- Terra: semana e anote no seu caderno: o horário e museus de Astronomia existentes em sua
tida da superfície de Proxima Centauri, a segunda estrela mais perto 1. Magalhães: 359 anos-luz. em que foram feitas as observações, o local, cidade e verifiquem com o professor a possibi-
da Terra depois do Sol, demora 4,2 anos para chegar até nós. 2. Mimosa: 424 anos-luz. as constelações do céu, passagem de satéli- lidade de visitar esses lugares.
Além disso, estrelas que aparentam estar em um mesmo plano, 3. Rubídea: 88 anos-luz. tes etc. Caso isso seja possível, anotem tudo o que vo-
como as que formam a cruz do Cruzeiro do Sul, podem estar, na ver- 4. Pálida: 257 anos-luz. Depois, reúna-se com seus colegas para com- cês viram na visita e, individualmente, escre-
dade, muito distantes umas das outras. 5. Intrometida: 58 anos-luz. parar as observações e verificar se todos vi- vam um texto descrevendo as impressões que
ram os mesmos astros ou não. tiveram.
Unidade 1 | Planeta Terra 21
Unidade 1 | Planeta Terra 23

5
REVISÃO FINAL
DA UNIDADE
MAPA CONCEITUAL
Exercícios que envolvem todo o conteúdo da unidade Proposta de atividade para ajudá-
para você checar seu aproveitamento, incluindo, -lo(a) a estabelecer conexões entre
eventualmente, questões de provas oficiais. os conceitos estudados.

REVISÃO FINAL
DA UNIDADE
a. O que torna a ionosfera diferente das de-
mais camadas da atmosfera?
a. Povos antigos transportavam frutos do
mar do oceano para essa área.
Mapa conceitual
NÃO ESCREVA
NO LIVRO
b. Qual é a diferença entre rochas intrusivas b. Antigamente, os oceanos eram muito mais O mapa conceitual a seguir é do capítulo 7. Que tal construir no caderno um mapa conceitual dos
e extrusivas? agitados e ondas gigantes levavam os ani- capítulos 8 e 9?
1. Retome as questões da abertura de unidade. Uma forma não muito precisa de “acertar” o
c. Qual é o tipo de rocha mais abundante na mais marinhos para a terra.
Com base no que você aprendeu, reelabore relógio de sol é verificar a hora em um reló-
as respostas que você escreveu quando ini- gio normal – de preferência hora cheia – e ir
litosfera? c. Naquela época, um oceano cobriu essa
ciamos esta unidade, complementando-as ou virando o relógio de sol até que a sombra do d. Por que os cientistas que observavam o área e, mais tarde, retrocedeu. MISTURAS
Aspecto visual Aspecto visual
corrigindo-as, se necessário. ponteiro marque essa mesma hora. céu e o movimento dos astros concluíram d. Alguns animais marinhos viviam na terra não uniforme uniforme
que a teoria do geocentrismo era errada? antes de migrarem para o oceano. podem
2. Que tal construir um relógio de sol? Mantendo-se o relógio de sol nessa posição, tem ser tem
e. O que levou Kepler a afirmar que as ór-
ele irá acompanhar com pouca defasagem a 6. O povo havaiano conta muitas lendas sobre a Heterogêneas Homogêneas
Você só vai precisar de: papelão branco, bitas dos planetas em torno do Sol eram
hora do relógio. Por exemplo: deusa do fogo, da luz, dos vulcões, da dança
transferidor, caneta, tesoura e seguir as ins- elípticas e não circulares como pregava a
e da violência, denominada Pele (palavra que separadas separadas
truções abaixo. Com a caneta, contorne toda teoria do heliocentrismo? Propriedades por por Propriedades
a parte externa do arco do transferidor e pas-
13 12 11 no idioma havaiano significa lava derretida). variáveis constantes
14 10 (Pisa) Exercícios 4 e 5
se um traço ligando uma extremidade do arco 15 9 Uma delas diz que a deusa lança uma maldição
do transferidor à outra. O Grand Canyon está localizado em um deser- sobre quem perturbar ou roubar sua casa (o
16 8 to nos Estados Unidos. Ele é um cânion grande

Alex Argozino
Vulcão Kilauea). Há quem diga que esse mito
17 7 e profundo formado por muitas camadas de foi inventado por um guarda florestal de Big Peneiração Catação Separação Evaporação Destilação Destilação
18 6 rochas. No passado, os movimentos na crosta Island, na tentativa de impedir que os turis- magnética simples fracionada
F IGURA 3: posicionamento do ponteiro. terrestre ergueram estas camadas. tas levassem pedaços de rocha da ilha como

Alex Argozino
Atualmente, o Grand Canyon apresenta 1,6 km lembrança. Ainda assim, todo ano, milhares
Filtração Decantação
de profundidade em determinadas partes. O de pedaços de rocha de lava são enviados de
Rio Colorado percorre todo o fundo do cânion. volta para o Havaí, com pedidos de desculpas,

Freepik Premium
ILUSTRAÇÃO 4 : relógio
F IGURA 1: arco de transferidor. por pessoas do mundo inteiro afirmando te-
analógico para acertar
rem sofrido desgraças horríveis desde que le-

PISA
o relógio de sol. Calcário A
Meça o meio do transferidor com uma régua e varam as pedras da morada de Pele. formam
Argila xistosa A
trace uma reta vertical até a base. Em relação ao texto e aos vulcões, responda:
Depois, com a ajuda do transferidor, divida A maneira correta seria alinhar o relógio de Calcário B a. Existe um princípio entre pessoas que gos- Substâncias
cada lado em cinco partes iguais e coloque as tam de fazer ecoturismo (turismo na nature-
sol com o eixo de rotação da Terra, mas isso que sofrem
horas, da direita para a esquerda, começando Argila xistosa B za) que diz: “Não tire nada além de fotogra-
exige uma série de cálculos, porque nem o
de 6 horas até 18 horas, que é o período apro- gnômon, nem a bússola indicam a localização fias, não deixe nada além de pegadas, não
Xistos e granito Transformações
ximado em que há Sol. desse eixo com muita precisão. mate nada além do tempo, não queime nada
a. Construa um gnômon e um relógio de sol e IMAGEM 28: Grand Canyon, Arizona, EUA. Pisa.
além de calorias e não leve nada além de originando
saudades...” Você concorda com esse pensa-
13 12 11 oriente o eixo principal do relógio na dire-
mento? Você acha que a maioria das pessoas
14 10 ção norte-sul indicada pelo gnômon, com
Veja a foto acima do Grand Canyon, tirada da se comporta dessa maneira? Por quê?
15 9 o ponteiro apontado na direção norte e
observe a sombra formada verificando se margem sul. Várias camadas diferentes de ro- b. Explique como são formados os vulcões e Materiais artificiais Materiais naturais Materiais sintéticos
16 8 o horário que ela marca bate com o horário chas podem ser vistas nas paredes do cânion. por que o solo de terras vulcânicas é fértil.

Alex Argozino
17 7 de um relógio comum. 4. O xisto é uma rocha metamórfica. As rochas 7. O químico holandês Paul Crutzen situou o
18 6 b. Houve defasagem? Se sim, como você a sofrem metamorfoses (modificações) quan- início do Antropoceno no fim do século XVIII, Uma outra possibilidade de estabelecer uma conexão entre os conceitos estudados, parecida
explica? do submetidas a temperaturas elevadas e/ou quando, como se comprova por meio de com o mapa conceitual, é construir um mapa mental.
F IGURA 2: divisão do arco em 12 partes iguais. fortes pressões. Qual é a causa da temperatu-
3. Hoje sabemos que o Sol é o centro do Sistema amostras de núcleos de gelo, os níveis de dió- A diferença é que um mapa mental parte de uma ideia central, da qual vão surgindo outras ideias
Solar e não o “centro do Universo”. Os astrô- ra elevada e/ou da alta pressão? xido de carbono começaram a aumentar. conectadas, semelhante a uma linha de raciocínio.
nomos atualmente nem sequer admitem que Fonte: revista National Geographic Brasil, edição nº 132,
Por fim, faça um ponteiro recortando um pe- 5. Existem muitos fósseis de animais marinhos,
o Universo tenha um centro e muito menos
março de 2011, p. 77. Você pode, por exemplo, organizá-lo em forma de uma árvore, em que a ideia principal seja o
daço de papelão no formato de um esquadro como mexilhões, peixes e corais na camada de
onde esse centro estaria localizado. Que outras evidências apontam para o fato tronco e as ideias secundárias, os galhos. Experimente fazer um mapa mental sobre determinado
e faça um pequeno talho no centro do reló- calcário A do Grand Canyon. O que aconte-
Em relação ao planeta Terra, seus movimen- ceu há milhões de anos para que esses fósseis de que estamos vivendo esse novo período assunto que você for estudar.
gio com a tesoura para encaixar o ponteiro
tos e sua constituição responda brevemente: se encontrassem nessa camada? geológico? Estabelecer conexões estimula o aprendizado.
bem reto.

94 Unidade 1 | Planeta Terra Unidade 1 | Planeta Terra 95 256 Unidade 3 | Economia circular

Discuta com seus colegas Você sabia? Glossário

Quadro lateral com propostas de Quadro lateral para comentários Definição de termos utilizados no
discussão em grupo. genéricos relacionados ao texto. texto que talvez você não conheça.

1
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

CAPÍTULO Asterismo

A Terra no
O asterismo é um grupo de estrelas que, projetadas na esfera CORES FANTASIA FORA DE ESCALA
Você sabia?
celeste da Terra, parecem próximas umas das outras e que, ligadas
O primeiro receptor foi testado em 1982, mas apenas em 1995,

Sistema Solar
A visão de uma constelação por linhas imaginárias, formam diversas figuras e recebem nomes
ou asterismo depende da especiais. Com base em sua cultura, diferentes povos visualizam di- depois de os Estados Unidos colocarem 24 satélites na órbita da Ter-
posição do observador na
ferentes asterismos no céu e os usavam para se orientar no tempo ra, a um custo de 10 bilhões de dólares, o projeto foi considerado con-
Terra. Quanto mais próximo cluído. Atualmente, há, no espaço, quatro programas desse tipo:
do equador, mais constelações e no espaço.
Glossário
dos dois hemisférios é possível Os asterismos podem ser construídos ligando-se estrelas de • GPS e A-GPS (GPS assistido, para telefonia móvel): desen-
Geoestacionários
observar. volvido pelos EUA, utiliza 31 satélites distribuídos em 6 pla-
uma única constelação oficial ou estrelas de constelações diferen- são satélites que completam uma
Você já parou para pensar sobre nosso planeta? Uma sugestão para nos orbitais, garantindo que 24 deles estejam operacionais volta em torno da Terra em
Discuta com seus colegas tes. Um asterismo bastante popular em nosso país são as Três Ma- 24 horas e, portanto, permanecem
Como imagina que a Terra é por dentro? observar o céu é usar 95% do tempo;
um simulador como o
rias, que faz parte da Constelação de Órion. aparentemente parados em
No artigo “Why We Need Se fosse possível cavar um buraco atravessando a Terra, aonde relação a um ponto fixo do planeta
Stellarium. E como podemos usar constelações e asterismos para provar a • GLONASS: desenvolvido pela Rússia, utiliza 24 satélites
To Understand Science”, (geralmente na linha do equador).
iríamos chegar? distribuídos em três planos orbitais;
publicado no The Skeptical Disponível em esfericidade da Terra?
Inquirer, em 1990, o astrônomo Será mesmo que podemos viajar até o centro da Terra, como https://fnxl.ink/KJRWZI/. • Galileo: desenvolvido pela União Europeia, possui 26 satéli-
narrou o escritor francês Júlio Verne (1828-1905) em seu romance Observando, por exemplo, que algumas constelações e alguns
Carl Sagan (1934-1996) disse: tes que prometem uma precisão de 20 cm na localização do
Acesso em: 8 maio 2022. asterismos são vistos apenas em um hemisfério.
“Vivemos em uma sociedade Viagem ao centro da Terra, publicado em 1864? endereço desejado;
Procure observar o
extremamente dependente E qual é o formato da Terra, afinal? Todas as fotografias tiradas • Hemisfério Norte: constelações ou asterismos boreais.
céu em uma posição do • Compass, ou Beidou-2: em fase de implantação pela China,
da ciência e tecnologia,
do espaço mostram que é redonda, mas por que ainda há pessoas equador, de um dos polos, Exemplos: a Ursa Maior e a Ursa Menor, da qual faz parte a tem 30 satélites em órbita média e cinco geoestacionários.
na qual pouquíssimos sabem
alguma coisa sobre ciência e que insistem em dizer o contrário? e de uma região nos dois Estrela Polar.
hemisférios, por exemplo, Em terra, a posição específica de uma localização é determinada
tecnologia. Isto é uma clara Considere, por exemplo, as imagens de satélite da Terra que são • Hemisfério Sul: constelações ou asterismos austrais.
prescrição para o desastre.” Paris (Hemisfério Norte) e simultaneamente por três satélites, que enviam sinais constantemen-

Osvaldo Sequetin / Freepik Premium


mostradas a todo momento na televisão, na internet, nos filmes. São Paulo (Hemisfério Sul). Exemplos: Cruzeiro do Sul, a Centauro e a Fênix. te por ondas de rádio, que viajam na velocidade da luz. Esse processo
Vocês concordam? Por quê? Você conhece o satélite que faz essas imagens? Assim, é possível ver como No século XV, quando estavam no Hemisfério Sul, muitos na- é denominado triangulação.
O que pode ser feito para
O Suomi NPP, na Imagem 1, abaixo, não é o único, mas é um dos é o céu noturno nessas
resolver o problema? vegadores se orientavam pelo asterismo da “cruz” na Constelação Os satélites possuem relógios atômicos. Esse tipo de relógio é
principais. Ele orbita a Terra a uma distância de 824 km, girando em localizações, incluindo o
fato de as constelações Cruzeiro do Sul, já que o eixo vertical da “cruz” ajuda a identificar a tão preciso que atrasa 1 segundo a cada 100 mil anos.
torno do planeta 14 vezes por dia. direção sul.
aparecerem invertidas nos Entretanto, são relógios muito grandes e caros e seu uso nos re-
dois hemisférios, como Há, entretanto, muitas constelações que podem ser vistas niti- ceptores é inviável, o que faz com que o relógio do receptor não este-
Ryan Zuber, Scientific VisualizationStudio/NASA

mostramos abaixo a
damente a partir dos dois hemisférios, como as de Escorpião e de ja sincronizado com os relógios dos satélites. Para resolver esse pro-
de Órion. Sua localização
Órion, onde fica o asterismo das “Três Marias”, formando o “cintu- blema, quando os satélites emitem o sinal para o receptor, emitem
rão” do caçador. também o horário em que o sinal saiu de cada satélite. ILUSTRAÇÃO 20: três

Note, entretanto, que a Constelação de Órion é vista de forma Com base na teoria da relatividade geral, o receptor calcula o satélites enviam o sinal
tempo em que os sinais demoraram para chegar até ele, para obter a simultaneamente para o
invertida de um hemisfério para o outro.
receptor, que calcula quanto
localização exata que estamos procurando. Estima-se que sem essa
tempo cada sinal demorou a
correção, haveria um erro acumulativo de cerca de 15 km por dia na chegar até ele, a sobreposição

Ad_hominem/Shutterstock
Você sabia? 1 2 marcação das posições. desses sinais – denominada
Digite, em um site de busca, IMAGEM 1: satélite Suomi NPP, massa de 2,5 toneladas, 4 metros de Agora é com você! triangulação – indica a
“Google Earth” e entre nessa comprimento e 2,6 metros de largura. Transporta cinco instrumentos localização procurada.
página. Trata-se de um 1. É correto dizer que um GPS é um satélite que se comunica
importantes para obter imagens e dados meteorológicos do planeta Terra. Para aviões, o GPS utiliza
programa de computador ILUSTRAÇÃO 10: Órion com a Terra via ondas de rádio para fornecer uma localiza- ainda um quarto satélite, cuja
que apresenta um modelo O satélite Suomi NPP foi lançado em 28 de outubro de 2011 1. Órion (caçador), ção solicitada? Explique sua resposta. função é informar a altura do
tridimensional do planeta de uma base espacial na Califórnia, Estados Unidos, e seu nome visto no Hemisfério 2. Por que automóveis precisam de três satélites para fornecer receptor em relação ao nível
Terra construído a partir de do mar.
imagens de satélite. Você pode
– Suomi National Polar-orbiting Partnership (em tradução livre: Par- Sul. uma localização, enquanto aviões precisam de quatro?
girar o planeta e clicar em ceria Nacional de órbita polar Suomi) – é uma homenagem ao cien- 2. Órion (caçador), 3. O satélite geoestacionário fica parado sobre um ponto fixo
qualquer ponto para ver uma tista estaduniense Verner Edward Suomi (1915-1995), considera- visto no Hemisfério da Terra? Explique sua resposta.
imagem do lugar. Norte.
do o “pai” da meteorologia por satélite.

14 Unidade 1 | Planeta Terra 22 Unidade 1 | Planeta Terra Unidade 1 | Planeta Terra 41

Ícones

Conteúdos complementares no livro digital

INFOGRÁFICO ÁUDIO NÃO ESCREVA


NO LIVRO

SLIDESHOW VÍDEO Informações sobre imagens


FORA DE ESCALA
GIF ANIMADO
CORES FANTASIA

6
SUMÁRIO
Infográfico: O que é Ciência? E tecnologia? ...................................................................................................................10

1
UNIDADE

Planeta Terra .............................................................................................................12

1 CAPÍTULO

A Terra no Sistema Solar ............................. 14 As órbitas elípticas de Kepler.........................................29


O experimento de Eratóstenes .....................................16 Infográfico: Equipamentos astronômicos ...........30
Observação de grandes navios .....................................19 • Animais que... sobrevivem no espaço!......................32
Viagens de volta ao mundo..............................................19 • Tardígrado ...........................................................................33
• Vida e ambiente –
Constelações e asterismos ..............................................20 Wanda Díaz-Merced, a astrônoma que ouve
• Resgate de conhecimentos prévios as estrelas ............................................................................34
(esfera celeste)...................................................................21 • Assunto sério – Lixo espacial .......................................36
• Acesse seus conhecimentos ........................................23 Movimento de rotação da Terra ...................................37
Como os planetas se movimentam ...........................26 • Não é magia, é tecnologia –
• Resgate de conhecimentos prévios Sistema de Posicionamento Global – GPS ..............40
(telescópio) ..........................................................................27 Movimento de translação da Terra .............................42
Geocentrismo ..........................................................................28 • O gnômon e os movimentos da Terra .......................44
Heliocentrismo .......................................................................28 • Atividade prática................................... ...........................44
• Acesse seus conhecimentos .........................................50

2 CAPÍTULO
Estrutura do planeta Terra.......................... 52 Formação do solo e sucessão ecológica ................64
Camadas da Terra ....................................................................52 Constituição do solo ...........................................................66
Atmosfera ..................................................................................52 Biosfera .......................................................................................67
• Resgate de conhecimentos prévios Camadas internas da Terra .............................................67
(conceito de pressão) ......................................................53
• Resgate de conhecimentos prévios
Crosta terrestre .....................................................................69
(natureza elétrica da matéria) .....................................56 Manto ...........................................................................................71
Hidrosfera ..................................................................................58 Núcleo .........................................................................................72
• Vida e ambiente – Seres abissais e hadais ..............60 • Atividade prática –
• Acesse seus conhecimentos .........................................61 Construção de uma bússola .........................................73
Litosfera .....................................................................................63 • Acesse seus conhecimentos .........................................74

3 CAPÍTULO

Formações rochosas ..................................... 76 Períodos geológicos ..............................................................85


Tipos de rocha ............................................................................78 A escala dos períodos geológicos ...............................87
Rochas ígneas ..........................................................................79 • Vida e ambiente – Fósseis vivos..................................88
• Atividade prática – Rochas metamórficas..........................................................89
Crescimento de cristais..................................................80 • Assunto sério – Perda de hábitat ...............................91
• Acesse seus conhecimentos .........................................81 • Acesse seus conhecimentos .........................................92
Rochas sedimentares ..........................................................82 • Mapa conceitual ................................................................93
• Atividade prática – Registro fóssil .............................84 • Revisão final da unidade ................................................94

7
2
UNIDADE

Sistema nervoso ...................................................................................................96

4 CAPÍTULO

Células, tecidos, órgãos e sistemas .......... 98 • Vida e ambiente –


A maior parte do seu corpo não é humana .......... 112
• Resgate de conhecimentos prévios
(microscópio) ......................................................................99 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 113

A descoberta das células ................................................ 101 Organização do corpo humano ................................. 115
Seres celulares e seres não celulares ..................... 101 Especialização das células ............................................. 116
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 103 • Vida e ambiente –
A incrível conexão cérebro-intestino .................... 117
Infográfico: células procarióticas ............................ 104 Tecidos ...................................................................................... 118
Infográfico: célula eucariótica animal .................. 106 Órgãos ....................................................................................... 119
Infográfico: célula eucariótica vegetal ................ 108 Sistemas ................................................................................... 122
• Vida e ambiente – “Gigantes” unicelulares ......... 110 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 124
Vírus ........................................................................................... 111

5 CAPÍTULO

Sistema nervoso e visão humana ............126 • Animais que... enxergam além! ................................. 142
• Aves de rapina: corujas e águias .............................. 143
Sistema nervoso central ................................................. 127 • Atividade prática – Câmera escura ........................ 144
Sistema nervoso periférico .......................................... 128 Máquinas fotográficas ..................................................... 145
• Assunto sério - Possuir ou conviver? ..................... 129 Visão e envelhecimento ................................................. 146
Movimento ato reflexo.................................................... 130
Problemas de visão ............................................................. 147
• Vida e ambiente - Corvos trazem presentes
para garotinha que os alimenta................................ 132 Hipermetropia e lentes convergentes ................... 147
Neurotransmissores químicos................................... 133 Miopia e lentes divergentes ......................................... 148
• Não é magia, é tecnologia –
Infográfico: Como ocorre o fluxo de Restabelecendo a visão humana ............................. 150
informações pelo corpo................................................... 134 • Atividade prática – Exame de vista ........................ 152
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 137 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 153
Como funciona a visão humana ................................ 139

6 CAPÍTULO
Sistema locomotor e psicotrópicos........155 • Classificação das drogas ............................................. 171

Sistema ósseo .......................................................................... 156 Drogas depressoras............................................................ 172


Função dos ossos ................................................................ 156 Drogas estimulantes .......................................................... 173
Sistema muscular.................................................................. 160 Drogas alucinógenas ......................................................... 174
Função dos músculos ....................................................... 162 • A arte contra as drogas ............................................... 175
Sistema locomotor e envelhecimento ................... 163 • Assunto sério - A droga que mais mata é
Autonomia da pessoa com deficiência................... 164 vendida legalmente ...................................................... 176
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 165 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 177
Psicotrópicos......................................................................... 167 • Mapa conceitual ............................................................. 178
• Ação no sistema nervoso central ............................ 169 • Revisão final da unidade ............................................. 179

8
3
UNIDADE

Economia circular ...............................................................................................182

7 CAPÍTULO

Classificação de misturas ..........................184 Misturas monofásicas homogêneas ........................ 188


Objetos, materiais e recursos .................................... 184 Misturas polifásicas: heterogêneas......................... 189
• Resgate de conhecimentos prévios • Atividade prática – Misturas tetrafásicas ............ 191
(densidade) ....................................................................... 186 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 192
• Atividade prática – Misturas homogêneas
e heterogêneas ............................................................... 187

8 CAPÍTULO
Separação de misturas ...............................194 • Animais que... filtram seu alimento! ....................... 212
• Baleia-jubarte ................................................................. 213
Reciclagem do lixo ............................................................... 194 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 214
Processos mecânicos de separação ........................ 197
Processos físicos de separação de misturas ... 215
• Vida e ambiente – Lixo orgânico
• Resgate de conhecimentos prévios
e compostagem .............................................................. 201
(mudanças de estado físico da água) ...................... 216
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 202
Destilação simples ............................................................. 217
Tratamento de água............................................................ 203 • Atividade prática - Aparelho simples para
• Não é magia, é tecnologia – separar a água do sal .................................................... 218
O “canudo da vida” ........................................................ 206 Evaporação ............................................................................. 219
Infográfico: Relatório científico ................................ 208
Refino do petróleo ............................................................... 220
• Atividade prática –
Filtro simples com garrafa PET ................................ 210 Como fazer uma pesquisa ............................................. 222
Filtração ................................................................................... 211 Liquefação e destilação fracionada ......................... 226
Decantação ............................................................................ 211 • Acesse seus conhecimentos ...................................... 227

9 CAPÍTULO
Transformações químicas .........................229 Fibras têxteis naturais ..................................................... 242
• Assunto sério – Fibras minerais ............................... 243
Sinais de transformação química............................. 230 • Vida e ambiente – Fabricação de seda .................. 244
Formação de um gás ......................................................... 230
Materiais artificiais ............................................................. 245
Mudança de cor ................................................................... 230
Essência de baunilha......................................................... 246
Formação de um sólido ................................................... 231
Materiais sintéticos ............................................................ 247
• Atividade prática – Formação de um gás ............. 231
• Assunto sério – O lixo que mata .............................. 249
• Atividade prática – Mudança de cor ...................... 232
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 251
• Atividade prática – Formação de um sólido ........ 233
Medicamentos sintéticos............................................... 252
Transformações químicas e vida .............................. 234
Impressão 3-D na medicina .......................................... 254
Amadurecimento das bananas .............................. 234
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 255
O concreto que se conserta sozinho ................... 234 • Mapa conceitual ............................................................. 256
Fermento de pão e fermento de bolo .................. 236 • Revisão final da unidade ............................................. 257
• Acesse seus conhecimentos ...................................... 238 Projeto Luz, câmera, o estudante em ação ...... 260
Materiais ..................................................................................... 239 Colocando as mãos na massa ...................................... 261
Materiais naturais – Metais.......................................... 240 Links ................................................................................................. 268
Materiais de construção ................................................ 241 Referências comentadas ................................................ 269

9
O QUE É CIÊNCIA? E TECNOLOGIA?
Professor, o objetivo desse
infográfico é definir o papel da
Ciência e da tecnologia e mostrar A Ciência e a tecnologia estão presentes em tudo o que fazemos no dia a
como esse conhecimento foi dia. Influenciam nosso estilo de vida, nossas relações pessoais e a forma
moldando o desenvolvimento da como lidamos com o ambiente.
humanidade ao longo do tempo.
A exploração do infográfico
possibilita desenvolver A natureza do conhecimento científico
competências da BNCC, como a O ser humano sempre buscou explicar os fenômenos da natureza. Por muito tempo,
discussão da natureza da Ciência, e baseou-se unicamente na simples observação desses fenômenos. Surgia assim o
ajuda a qualificar o estudante para conhecimento empírico misturado a mitos e ao senso comum.
a argumentação científica com A Ciência, porém, não se baseia em dogmas (ideias imutáveis), ou no senso comum,
pois o conhecimento que produz é racional;para serem aceitas, suas explicações
base em dados e evidências. passam por observações, testes e experimentos que devem ser reproduzidos por
cientistas do mundo todo com os mesmos resultados. Caso isso não ocorra, outras
explicações serão procuradas.
A ciência foi construída pela humanidade com o objetivo de explicar do
BNCC infinitamente pequeno, como as partículas que formam a matéria, ao infinitamente
grande, como o Universo. Muito antes da Ciência, porém, o ser humano desenvolveu
O trabalho com o infográfico O que tecnologias para a sua sobrevivência.
é Ciência? E tecnologia? atende as:
Competências gerais: 1, 3, 4, 6.
Competências específicas: 1, 4. Breve história do conhecimento humano
Temas Contemporâneos
Transversais: Multiculturalismo
Pré-história
Ciência e tecnologia. Controle do fogo - A sobrevivência humana no planeta nesse período foi
possível graças às tecnologias como: a produção e o controle do fogo, a
fabricação de armas e ferramentas de pedra; a agricultura; a invenção da
cerâmica; da fiação e da tecelagem; a agricultura; a fundição de metais.
Esses saberes foram transmitidos oralmente, de geração a geração.

Professor, o embrião do
pensamento científico atual surgiu Antiguidade Mesopotâmia
na Grécia e foi elaborado por Escrita - Por volta do ano 3500 a.C., os sumérios da Mesopotâmia
gerações de filósofos naturais. desenvolveram a escrita. O conhecimento registrado por escrito passou a ser
acumulado e transmitido ao longo do tempo, facilitando seu desenvolvimento.
O racionalismo grego inaugurou Também criaram a Astronomia por meio de observações sistemáticas do céu,
o momento do pensamento registradas em milhares de tábuas de argila. É deles a determinação do ano
solar, do mês lunar e da semana de sete dias.
dogmático, que considera as ideias
superiores à observação empírica,
já que elas não mudam.
Antiguidade Egito
Porém, o racionalismo é Grandes obras - A civilização egípcia (cerca de 3200 a.C. a 600 a.C)
abandonado e substituído pelo desenvolveu três tipos de escrita, canais de irrigação, noções de
hidrometria, técnicas de mumificação, medicina, cálculos matemáticos,
pensamento racional e cético, geometria entre outras tecnologias e conhecimentos. A construção das
Fernando Brum

que considera o resultado famosas pirâmides fazem parte desses saberes acumulados.
das observações objetivas e
metódicas.
Assim, hipóteses derivadas da
observação precisam ser testadas
por meio de experimentos. 10
A sociedade contemporânea
está organizada com base no
desenvolvimento científico e
tecnológico. Desde o surgimento
da metalurgia – que produziu
ferramentas e armas, passando
por máquinas e motores
automatizados, até os atuais
chips semicondutores –, Ciência e
tecnologia vêm se desenvolvendo
de forma integrada com o modo
de vida organizado pelas diversas
sociedades humanas ao longo da
história.

10
Antiguidade Grécia
Grandes filósofos - Os filósofos gregos procuravam explicar a natureza
dos fenômenos por meio de experimentos ou de ideias racionais, sem Professor, durante a leitura do
recorrer a dogmas religiosos. Entre os séculos VI a.C. e IV a.C., filósofos infográfico, procure levantar
como Tales de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Parmênides, Sócrates, Platão e
Aristóteles influenciaram o modo ocidental de pensar. Suas ideias ainda o conhecimento prévio dos
estão presentes em muitas de nossas concepções de natureza. estudantes questionando sobre as
imagens que estão representando
cada fase do conhecimento
Idade Média humano.
Alquimia - Na Idade Média (entre os séculos V e XV), os dogmas religiosos
prevaleceram nas explicações sobre o mundo. Foi a era dos alquimistas,
que buscavam o elixir da longa vida, que lhes daria o dom da imortalidade,
LINK
e a pedra filosofal, com a qual poderiam transformar qualquer material
em ouro. Apesar de tal busca ter sido em vão, ela resultou em muito
conhecimento sobre diferentes materiais.
Se possível, digite em um site de
busca “Google Earth” e mostre
aos estudantes como a tecnologia
Idade Moderna nos ajuda a explorar o planeta.
Metodologia científica - A metodologia científica teve início no Se vários de seus alunos tiverem
século XVI. O matemático e astrônomo italiano Galileu Galilei
(1564-1642) retomou o método de observação aristotélico para
celular, mostre-lhes como usar a
formular hipóteses explicativas e usar experimentos para realidade aumentada para colocar
testá-las metodicamente, desenvolvendo, assim, as bases de um um Tiranossauro Rex, por exemplo,
método científico.
dentro da sala de aula. Para isso,
acesse este link:
https://fnxl.ink/JWDGYN.
Idade Contemporânea
Revolução Industrial - A partir do final do século XVIII, ocorreu uma Acesso em: 6 fev. 2022.
sucessão de invenções e descobertas. Máquinas a vapor, motor de
combustão, eletricidade, penicilina, vacinas, a síntese de novos materiais
como os plásticos e o grafeno, avião, submarino, conhecimento da
radioatividade, teoria da relatividade, telefone, cinema, satélites, GPS,
internet... mudaram a nossa forma de viver e de pensar. BNCC

Valorizar e utilizar os
Nova Era conhecimentos historicamente
Futuro - Inteligência artificial, máquinas substituindo o trabalho construídos sobre o mundo físico,
humano, órgãos para transplante fabricados sob medida, carne sintética
produzida em laboratório, energia limpa, turismo espacial, colonização
social, cultural e digital para
de outros planetas. O que o futuro nos trará? Todo esse desenvolvimento entender e explicar a realidade,
poderá nos levar a uma sociedade mais justa, igualitária e harmônica ou continuar aprendendo e colaborar
poderá agravar as injustiças sociais, as desigualdades e os conflitos. para a construção de uma
Tudo depende do caminho que escolhermos seguir.
sociedade justa, democrática e
inclusiva.

Ciências da Natureza
O desenvolvimento da tecnologia permite o avanço
da Ciência, e a aplicação prática do conhecimento
científico resulta no aprimoramento da tecnologia.
Usando a tecnologia o ser humano evoluiu ao
Professor, no entanto, o mesmo
Fernando Brum

conhecimento científico sobre a força da gravidade, à síntese de novos


materiais e combustíveis e transmissão de dados por ondas de rádio, o que desenvolvimento científico e
possibilitou desenvolver tecnologias como o satélite artificial e a internet.
tecnológico que resulta em novos
ou melhores produtos e serviços
também pode causar desequilíbrio
11 na natureza e na sociedade.
Para debater e opinar sobre
questões relacionadas a
alimentos, medicamentos,
combustíveis, transportes,
comunicações, contracepção,
saneamento e manutenção
da vida na Terra, entre muitos
outros temas, são imprescindíveis
tanto os conhecimentos éticos,
políticos e culturais quanto os
científicos. Isso, por si só, justifica,
na educação formal, a presença da
área de Ciências da Natureza e o
seu compromisso com a formação
integral dos alunos.

11
1
UNIDADE
Professor, note que as imagens
que compõem a abertura

Planeta Terra
mostram as habilidades da BNCC
que serão desenvolvidas no eixo
Terra e Universo, do 6 o ano.
Elas informam o que os estudantes
verão ao longo desta unidade.
Aproveite as imagens e os
questionamentos nos quadros
para fazer um levantamento
do conhecimento prévio e da
Aurora boreal Qual é a origem
concepção dos estudantes sobre das luzes coloridas que se formam
cada tema. na atmosfera próximo aos polos?
Pergunte, por exemplo: “Que (EF06CI11)
evidências existem de que a Terra Imagem 2: aurora boreal em floresta
é redonda?” canadense.
Assim, por meio de uma conversa
será possível fazer uma avaliação
diagnóstica do conhecimento
dos estudantes sobre o que irão
estudar em seguida.

Vlad61/Shutterstock
BNCC

O encaminhamento desta unidade


propicia o desenvolvimento das
competências e habilidades a
seguir.
NASA/Goddard/Arizona State University

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7,
9 e 10.
Sylvie Corriveau/Shutterstock

Competências específicas: 1, 2, 3,
4, 5 e 6.
Habilidades: (EF06CI11),
(EF06CI12), (EF06CI13) e
(EF06CI14).

A Terra no espaço Quais as evidências


de que a Terra se assemelha a uma esfera?
(EF06CI13), (EF06CI14). Oceanos Até que profundidade
Imagem 1: visão da Terra tirada pela espaçonave existe vida nos oceanos? (EF06CI11)
em órbita da Lua, Lunar Reconnaissance Orbiter, Imagem 3: Peixes em recife de coral no
Nasa, 2017. Mar Vermelho.

12 Unidade 1 | Planeta Terra

Objetivos integrados da unidade


 Apropriar-se de argumentos demonstrativos da esfericidade da Terra.
 Considerar o impacto do desenvolvimento científico na construção dos modelos representativos do
planeta.
 Identificar as diferentes camadas que compõem a Terra (da estrutura interna à atmosfera) e suas
principais características.
 Verificar a existência de diferentes tipos de rocha e associá-los com as condições que levaram à sua
formação.
 Reconhecer as propriedades de diferentes tipos de rocha e o aproveitamento delas nas mais diversas
atividades humanas.

12 Unidade 1 | Planeta Terra


SLIDESHOW
PLANETA TERRA

Núcleo central Como os cientistas Professor, temos duas sugestões


investigaram a composição do interior
Rochas sedimentares Como os
cientistas sabem que o ser humano não para trabalhar a abertura da
do planeta? (EF06CI11)
conviveu com os dinossauros? (EF06CI12) unidade.
Imagem 4: representação artística da se-
ção transversal da Terra vista do espaço
Imagem 6: Montanhas Arco-íris. Geoparque A primeira é pedir aos estudantes
Nacional Zhangye Danxia, Gansu, China. que leiam as perguntas e as
com elementos fornecidos pela Nasa.
respondam no caderno apenas
com base em seus conhecimentos
prévios, hipóteses e suposições,
sem se preocupar em pesquisar a
resposta certa.
No final da unidade, essas
perguntas serão retomadas e
novamente respondidas.
Dessa vez, porém, o estudante já
terá adquirido o conhecimento
necessário para respondê-las
corretamente e, assim, poderá
confrontar as duas respostas
elaboradas em situações
diferentes e constatar tudo o que
aprendeu ou, eventualmente, o
que ainda precisa ser revisto com
mais cuidado.
Nossa segunda sugestão, depois
de completada essa atividade,
é discutir com os estudantes a
resposta da questão “A Terra vista
do espaço”, que será objeto de
estudo do Capítulo 1.
Ouça o que eles têm a dizer a
respeito e não corrija, nesse
momento, concepções errôneas.
Olga Danylenko/Shutterstock

THONGCHAI.S/Shutterstock
Se quiser, anote algumas
Rost9/Shutterstock

respostas em um canto da lousa


sem identificar o autor, apenas
para que possam confrontá-
las com os conceitos que serão
discutidos a seguir, na aula.

Rochas ígneas Como as rochas são


formadas? De onde elas vêm? (EF06CI12)
Imagem 5: colunas de basalto, Praia de
Areia Negra, Islândia.
Professor, se possível, planeje com
antecedência o experimento do
Unidade 1 | Planeta Terra 13 gnômon, da página 45, pois para
adquirir a habilidade (EF06CI14),
o estudante terá de repetir o
experimento em diferentes
 Relacionar a atividade econômica da mineração com impactos ambientais como desmatamento, poluição períodos do ano (sugerimos, ao
dos rios etc. todo, quatro vezes). Você pode
fazer o experimento logo depois de
 Diferenciar massa de peso e conhecer o conceito de força da gravidade.
explicar os movimentos de rotação e
 Relacionar o movimento de rotação com a duração de um dia; o movimento de translação com a duração translação do planeta, mas, se quiser
de um ano; a inclinação do eixo da Terra com as estações do ano. adiantar, pode fazê-lo logo após a
 Concluir que a rotação e a translação da Terra, com a inclinação de seu eixo de rotação em relação explicação sobre o experimento de
a sua órbita em torno do Sol, explicam as mudanças na sombra de uma vara (gnômon), ao longo Eratóstenes.
do dia, em períodos diferentes do ano.
 Valorizar a ética, a cidadania e o desenvolvimento científico como fundamentos para a promoção da
consciência socioambiental, do respeito a si próprio e ao outro, e da preservação da biodiversidade.

Unidade 1 | Planeta Terra 13


1
CAPÍTULO

Professor, estamos vivendo A Terra no


em uma época em que a Ciência,
muitas vezes, vem sendo
desacreditada e as fake news
Sistema Solar
dominam as redes sociais, em que
cada um fala o que quer, sem a
necessidade de um vínculo com a
realidade. Isso é bastante perigoso Você já parou para pensar sobre nosso planeta?
e precisa ser combatido, por isso Discuta com seus colegas
Como imagina que a Terra é por dentro?
a proposta do boxe Discuta com No artigo “Why We Need Se fosse possível cavar um buraco atravessando a Terra, aonde
seus colegas é importante. To Understand Science”, iríamos chegar?
publicado no The Skeptical
Inquirer, em 1990, o astrônomo Será mesmo que podemos viajar até o centro da Terra, como
Carl Sagan (1934-1996) disse: narrou o escritor francês Júlio Verne (1828-1905) em seu romance
“Vivemos em uma sociedade Viagem ao centro da Terra, publicado em 1864?
extremamente dependente E qual é o formato da Terra, afinal? Todas as fotografias tiradas
da ciência e tecnologia,
na qual pouquíssimos sabem
do espaço mostram que é redonda, mas por que ainda há pessoas
alguma coisa sobre ciência e que insistem em dizer o contrário?
tecnologia. Isto é uma clara Considere, por exemplo, as imagens de satélite da Terra que são
prescrição para o desastre.” mostradas a todo momento na televisão, na internet, nos filmes.
Vocês concordam? Por quê? Você conhece o satélite que faz essas imagens?
O que pode ser feito para
resolver o problema? O Suomi NPP, na Imagem 1, abaixo, não é o único, mas é um dos
principais. Ele orbita a Terra a uma distância de 824 km, girando em
BNCC
torno do planeta 14 vezes por dia.
O trabalho com o capítulo 1 atende
as habilidades indicadas a seguir:

Ryan Zuber, Scientific VisualizationStudio/NASA


(EF06CI13) e (EF06CI14).

Você sabia?
Digite, em um site de busca, IMAGEM 1: satélite Suomi NPP, massa de 2,5 toneladas, 4 metros de
“Google Earth” e entre nessa comprimento e 2,6 metros de largura. Transporta cinco instrumentos
página. Trata-se de um
importantes para obter imagens e dados meteorológicos do planeta Terra.
programa de computador
que apresenta um modelo O satélite Suomi NPP foi lançado em 28 de outubro de 2011
tridimensional do planeta de uma base espacial na Califórnia, Estados Unidos, e seu nome
Terra construído a partir de
imagens de satélite. Você pode
– Suomi National Polar-orbiting Partnership (em tradução livre: Par-
girar o planeta e clicar em ceria Nacional de órbita polar Suomi) – é uma homenagem ao cien-
qualquer ponto para ver uma tista estaduniense Verner Edward Suomi (1915-1995), considera-
imagem do lugar. do o “pai” da meteorologia por satélite.

14 Unidade 1 | Planeta Terra

Objetivos do capítulo
 Reconhecer evidências da esfericidade da Terra e desenvolver argumentos para defendê-la.
 Descrever e explicar os movimentos de rotação e translação da Terra.
 Relacionar o movimento de translação com a duração de um ano e o movimento de rotação com
a duração de um dia.
 Observar, registrar e comparar diferentes posições da sombra de um gnômon em dias distintos e
relacionar os dados obtidos à observação da posição do Sol e aos movimentos de translação da Terra.
 Apropriar-se de noções básicas sobre as estações do ano.
 Compreender que a inclinação do eixo da Terra é responsável pelas estações do ano.

14 Unidade 1 | Planeta Terra


Se observarmos as imagens de satélite do planeta Terra tiradas a
intervalos de tempo regulares, como as apresentadas a seguir, vere- Discuta com seus colegas
mos que elas mostram uma sequência de regiões da Terra diferen- Se a Terra é redonda, então por
tes, o que não ocorreria se a Terra fosse apenas um “círculo plano”. que ninguém “cai” da Terra? Discuta com seus colegas
Professor, vamos estudar a lei da
gravidade mais adiante.
Por enquanto, não é necessário
dar nenhuma explicação, apenas
cheque o conhecimento prévio
dos alunos e deixe que levantem
hipóteses a respeito.

NASA
IMAGEM 2: continente
africano em primeiro
plano.
IMAGEM 3: continente
norte-americano em
primeiro plano.
IMAGEM 4: continente
antártico em primeiro
Muito antes, porém, da evidência inegável do formato da Terra plano.
fornecido pelas imagens de satélite, o ser humano já sabia que a Ter-
ra era redonda.
GIF ANIMADO
Como? Por meio da Ciência. ROTAÇÃO

Ainda segundo Carl Sagan:

“A ciência é muito mais do que um corpo de conhecimento.


É uma maneira de pensar. E isso é fundamental para o nosso
sucesso.
A ciência nos convida a aceitar os fatos, mesmo quando eles
não estão de acordo com nossos preconceitos.
Você sabia?
Ela nos aconselha a levar hipóteses alternativas em nossas
Para fazer as imagens nítidas do
cabeças e ver quais são as que melhor correspondem aos fatos.
planeta Terra à noite, exibidas
Impõe-nos um equilíbrio perfeito entre a abertura sem obstácu- no site do Google Earth, o
los a novas ideias, por mais heréticas que sejam, e o mais rigoroso satélite Suomi NPP teve que
escrutínio cético de tudo – estabelecendo novas ideias e sabedoria. orbitar a Terra 5 247 vezes e
coletar 42 terabytes de dados.
Precisamos da ampla apreciação desse tipo de pensamento.
Funciona. É uma ferramenta essencial para uma democracia em
uma era de mudança.
Nossa tarefa não é apenas treinar mais cientistas, mas tam-
bém aprofundar a compreensão pública da ciência.”
“Why We Need To Understand Science”, publicado no The Skeptical Inquirer, em 1990.

Unidade 1 | Planeta Terra 15

Unidade 1 | Planeta Terra 15


O experimento de Eratóstenes
Discuta com seus colegas Em cerca de 250 a.C., o matemático Eratóstenes, que nasceu em
Professor, nesse tópico é possível 276 a.C. em Cirene (colônia grega do Norte da África), era bibliote-
É possível medir a
usar a metodologia da sala de aula cário da famosa Biblioteca de Alexandria.
circunferência da Terra
invertida. usando apenas uma vareta? A história da antiga Biblioteca de Alexandria não é fácil de ser
Peça aos estudantes que leiam Proponham uma forma de contada, pois os fatos se misturam a vários mitos e lendas, causando
o texto sobre o experimento fazer isso. controvérsia entre os historiadores.
de Eratóstenes previamente, em Fundada por Alexandre Magno, ou Alexandre, o Grande, ela tor-
casa, e que venham preparados
nou-se, por mais de 600 anos, o mais importante centro de estudos
para debater o tema em sala
e de saber da Antiguidade.
de aula.
Seu lema era: “adquirir um exemplar de cada manuscrito exis-
Você também pode mostrar aos
estudantes o vídeo: tente na face da Terra”. Existiu de cerca de 300 a.C. a 300 d.C.

Quer que desenhe? Eratóstenes, O motivo da destruição da Biblioteca de Alexandria também


disponível em: https://fnxl.ink/ não foi esclarecido.
QWGYRR, acesso em: 21 maio 2022. Alguns historiadores defendem que ela tenha sucumbido a in-
Comente ainda sobre o projeto em cêndios, acidentais ou não. Outros, em maior número, baseiam-se
que estudantes de vários países em evidências de que teria havido movimentos de repressão, feitos
reproduzem o experimento de por governantes, ao livre pensar e aos pensamentos discordantes

Osvaldo Sequetin
Eratóstenes e comparam seus dos intelectuais que administravam a biblioteca. Provavelmente, as
resultados. duas causas contribuíram para sua destruição.
Disponível em: Por seu valor na memória coletiva, uma nova Biblioteca de Ale-
https://fnxl.ink/KCJWZJ. xandria foi construída em 2002, próxima ao local em que provavel-
Acesso em: 21 maio 2022. mente existiu a antiga Biblioteca de Alexandria.
Assim, organizando os papiros do acervo da biblioteca, Eratós-
tenes se deparou com a seguinte informação:
Para a maioria das pessoas, essa informação passaria desperce-
bida, mas ela chamou a atenção de Eratóstenes.
Imagina-se que ele tenha pensado:

Equipe Nath
ILUSTRAÇÃO 2: representação imaginária do papiro visto
ILUSTRAÇÃO 1: unicórnio. por Eratóstenes.
Por que acreditar em “Se a Terra for plana, as sombras de gnômons (varetas) devem
unicórnios ou que a Terra é ser iguais em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, pois o Sol
plana se a Ciência pode nos está muito longe da Terra, e seus raios de luz incidem na superfície
comprovar que a realidade é
do planeta paralelos entre si”.
muito mais fascinante?
Essa ideia pode ser representada para um horário em que a inci-
dência dos raios luminosos não produz sombra.

16 Unidade 1 | Planeta Terra

Serendipidade
Serendipidade é a palavra usada para indicar que o acaso favorece as A mente de Eratóstenes estava preparada para enxergar o incrível em um
mentes bem preparadas. evento comum. Foi o que ocorreu com o matemático grego Eratóstenes.
A história das Ciências está repleta de exemplos de descobertas Conta-se que, organizando os arquivos da biblioteca na qual trabalhava,
importantes que aparentemente foram feitas ao acaso, por pura sorte, leu uma informação aparentemente sem importância e conseguiu enxergar
mas, analisando as situações em que ocorreram, constatamos que houve nela a possibilidade de provar que a Terra é esférica e, além disso, de
uma confluência de variáveis que tornaram o evento possível. calcular sua circunferência com grande precisão.
A descoberta somente ocorreu porque o cientista ou estudioso lançou um Incentive os alunos a pesquisar outros casos de serendipidade e a manter a
olhar especial a um acontecimento por muitos considerado banal, que teria mente aberta e preparada para novas descobertas.
passado despercebido por outra pessoa.

16 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

O resultado seria semelhante ao da figura abaixo:


LINK
Raios de luz do sol

Alex Argozino
21 de junho Para incentivar os estudantes a
participar do projeto Eratóstenes,
ILUSTRAÇÃO 3: raios de sol mostre este vídeo:
incidindo sobre a superfície
Experimento Eratóstenes
Assuã 800 km de uma Terra supostamente
Disponível em:
Alexandria plana projetam sombras
iguais em qualquer lugar do
https://fnxl.ink/VHIOQC
planeta. Acesso em: 21 maio 2022.
O vídeo em espanhol, abaixo,
Então, Eratóstenes fez o seguinte experimento: fincou uma mostra crianças da escola primária
vareta no solo de Alexandria em 21 de junho e observou. repetindo o experimento no pátio
do colégio:
Diferentemente da vareta na cidade de Assuã, que, nesse
Mil escolares miden la Tierra como
dia, não projetava sombra alguma, a vareta fincada na cidade
Eratóstenes
de Alexandria, a 800 quilômetros de Assuã, produziu uma som-
bra no solo. FECYT ciencia
Você sabia? Disponível em:
Uma forma de explicar esse fenômeno era comprovar que a
https://fnxl.ink/QYOJUZ
Terra tinha uma curvatura, ou seja, era esférica. Existe um projeto em que Acesso em: 21 maio 2022.
Eratóstenes percebeu que podia utilizar o tamanho da sombra estudantes de vários países
produzida em Alexandria para calcular a circunferência da Terra. reproduzem o experimento de
Eratóstenes e compartilham os
Ele considerou que, se projetasse o prolongamento das va- resultados.
retas na direção em que elas estavam fincadas tanto em Assuã Digite em um site de busca: Professor, note que está sendo
quanto em Alexandria, no sentido do interior do planeta, elas se "Projeto Eratóstenes Brasil". feita uma interdisciplinaridade
encontrariam no centro dele. Disponível em: com Matemática (EF06MA26),
https://fnxl.ink/XZBWQA. trabalhando problema com
Ao fazer essa projeção dos gnômons (varetas) até o centro do
Acesso em: 8 maio 2022. noção de ângulo, e o professor
planeta, ele pôde deduzir o ângulo formado entre elas quando se de Matemática pode ajudar a
encontrassem, pois ele seria igual ao ângulo formado pela som- intermediar esse conhecimento
bra da vareta de Alexandria e uma reta perpendicular correspon- com os estudantes, já que
dente aos raios de sol. o recurso da equivalência/
semelhança dos triângulos será
estudado somente no 9° ano,
Alex Argozino

EF09MA12.
Raios de luz do sol
21 de junho Aqui se trabalha também
a habilidade EF06MA24,
gnômon gnômon
parcialmente.

ILUSTRAÇÃO 4: raios de sol


incidindo sobre a superfície
de uma Terra supostamente
Assuã 800 km Alexandria plana projetam sombras
iguais em qualquer lugar do
planeta.
Com base nessa dedução, Eratóstenes fez os seguintes cálculos,
que vamos explicar como curiosidade.

Unidade 1 | Planeta Terra 17

Unidade 1 | Planeta Terra 17


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Existe uma regra


Raios de luz do sol A
da Matemática, em

Alex Argozino
21 de junho
trigonometria, que
Professor, explique que essas Assuã Alexandria afirma que, quando
regras de trigonometria serão duas retas parale-
estudadas com mais detalhes em las (em preto) são B A=B
Matemática no 9° ano, mas que, A = 7,2º
cortadas por uma
por não serem difíceis de visualizar,
reta transversal
você está explicando sobre elas
agora apenas para que entendam (em azul), os ângulos correspondentes são iguais,
o raciocínio de Eratóstenes e os como mostra o esquema acima e à direita.
B = 7,2º
cálculos que o permitiram chegar Nesse esquema, as retas paralelas correspon-
a um resultado tão preciso do dem aos raios de luz do sol, e a reta transversal
valor da circunferência da Terra, centro da Terra corresponde à sombra projetada pela vareta de
utilizando apenas um gnômon. Alexandria e que segue até o centro da Terra.
ILUSTRAÇÃO 5: cálculo da
circunferência da Terra. 1. Eratóstenes mediu o ângulo A, formado entre o gnômon e a som-
bra projetada (7,2°), e concluiu que o ângulo B, correspondente ao
prolongamento dos gnômons fincados em Assuã e Alexandria até
o centro da Terra, era o mesmo (7,2°).
BNCC
A conclusão era de que a curvatura da Terra de Assuã até Ale-
A leitura e discussão do tópico xandria era igual a 7,2°.
“O experimento de Eratóstenes” Como ele sabia que a distância de Assuã até Alexandria era de
auxilia o desenvolvimento da
800 km e que a medida completa de uma circunferência é de 360°,
habilidade EF06CI13 ao fornecer
mais uma prova da esfericidade ele pôde calcular, por uma proporção simples, a circunferência com-
da Terra. pleta da Terra:
7,2o equivale a 800 km
360 o
equivale a x
7,2 o
800 km 360o . 800 km
= V x= V
360o x 7,2o
ILUSTRAÇÃO 6: medidas da
V x = 40 000 km
Terra.
1. Diâmetro equatorial: Desse modo, com base
Polo Norte
12 756,3 km nessa dedução, Eratóstenes
2. Diâmetro polar:
12 713,5 km
2 concluiu que a circunferência
3. Raio médio da Terra: da Terra media 40 000 km.
4
6 378 km 3 O valor conhecido atual-
4. Circunferência da Terra: Alex Argozino

1
mente para a circunferência
40 176 km
da Terra é de aproximada-
Note que as medidas
mostram que a Terra é mente 40 176 km.
achatada nos polos, pois Concluímos, então, que o
o diâmetro equatorial é valor calculado por Eratóste-
42,8 km maior do que o
nes com instrumentos precá-
diâmetro polar.
rios, há mais de 2 mil anos, foi
Polo Sul
bastante preciso.

18 Unidade 1 | Planeta Terra

18 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Observação de

Osvaldo Sequetin
grandes navios
Professor, quando estamos na
Desde o século II, o ser humano já havia
praia, podemos ter evidências
notado que, quando uma pessoa se encon- da esfericidade da Terra. Ao
tra na praia observando um grande navio se olhar diretamente para a região
afastar da costa em direção ao alto-mar, no Linha do horizonte mais profunda do mar, podemos
horizonte, a parte de baixo do navio é a pri- verificar que existe uma região
meira que desaparece de seu campo de visão central mais elevada que as
e o mastro desaparece por último. Isso ocorre regiões periféricas. Essa situação
porque a Terra é esférica. fica evidente quando vemos
um navio que se desloca para o
Navios se aproximando de alto-mar.
O alto-mar foi, durante muito
montanhas Curvatura da Terra
tempo, um lugar desconhecido
Ao contrário, se uma pessoa está dentro ILUSTRAÇÃO 7: a parte que costumava trazer medo e
de um navio que se aproxima de uma costa montanhosa, ela enxer- superior do esquema mostra desconfiança. Foi assim na época
gará primeiro o pico da montanha e, somente quando o navio se como um observador vê das Grandes Navegações, durante
aproximar suficientemente, passará a enxergar a montanha inteira, uma nau que se afasta do os séculos XV a XVII. Para velejar
litoral. A parte inferior em alto-mar, portugueses e
ou a sua base.
mostra a trajetória da nau espanhóis enfrentaram diversos
acompanhando a linha curva perigos, como tempestades,
Viagens de volta ao mundo da superfície do planeta. encalhes, fome, sede e doenças no
interior dos navios.
GIF ANIMADO
Atualmente, existem navios de cruzeiro que fazem a volta ao HORIZONTE

mundo, ou seja, partem da América, por exemplo, percorrendo ma-


res e oceanos que banham a Europa, África e Oceania, depois vol- BNCC
tam para a América. A leitura e a discussão dos
A circum-navegação só é textos da página 19 possibilitam

Osvaldo Sequetin
possível em uma Terra esférica. ao estudante se apropriar da
concepção de que o conhecimento e
A primeira viagem desse
a tecnologia avançam em conjunto,
tipo foi idealizada pelo explo- impulsionados por realizações
rador português Fernão de humanas, e que a circum-navegação
Magalhães e levou três anos forneceu provas inquestionáveis da
para ser completada. esfericidade da Terra.
A expedição, formada por Desse modo, ajuda a desenvolver
cinco naus e 240 homens, saiu a habilidade EF06CI13.
de Sevilha, na Espanha, em
10 de agosto de 1519.
Inúmeros contratempos,
inclusive a morte de Fernão de
Magalhães nas Filipinas, em decorrência do confronto com os ha- ILUSTRAÇÃO 8: nau portuguesa

bitantes da ilha, fizeram com que apenas uma nau, a Victória, con- do século XV.
seguisse atracar em Sevilha, em maio de 1522, após dar a volta ao
mundo com apenas 18 homens a bordo.

Unidade 1 | Planeta Terra 19

Unidade 1 | Planeta Terra 19


Constelações e asterismos
As constelações e os asterismos podem ser usa-
Professor, o Cruzeiro do Sul,

Yulanlu97 (CC BY-SA 4.0)


dos como mais uma evidência da esfericidade da Ter-
em latim Crux Australis, é uma ra. Para compreender isso, vamos ver o que signifi-
das 88 constelações conhecidas 3 cam esses conceitos.
oficialmente pela União
Astronômica Internacional. Dizem que a Astronomia é a mais antiga das
2 4 ciências.
Antigamente, o Cruzeiro era
considerado parte da constelação 5 Os primeiros registros astronômicos, de aproxi-
de Centauro, porém foi madamente 3 000 a.C., mostram que povos antigos
considerada uma constelação usavam os sinais do céu para medir a passagem do
1
própria devido a sua disposição tempo e, assim, fazer seus calendários e prever a me-
peculiar e ao brilho de suas
lhor época para o plantio e a colheita dos alimentos.
estrelas.
Isso era feito com base em determinados padrões
Fazendo jus ao seu nome, essa
que eles conseguiam identificar no céu noturno a
constelação forma, no céu, a IMAGEM 5: constelação

figura de uma cruz e é uma do Cruzeiro do Sul com o cada estação do ano.
das constelações mais fáceis asterismo da Cruz Entre esses padrões, havia desenhos imaginários que obti-
de encontrar. Posteriormente, 1. Magalhães (Alpha Crucis): nham ligando as estrelas de determinada região do céu, aparente-
algumas dicas serão fornecidas é a estrela mais brilhante mente próximas, para formar figuras de objetos, animais ou seres
para que você mesmo possa da cruz (dizemos que é a
mitológicos.
encontrá-la, claro, se estiver no estrela alfa).
Hemisfério Sul, já destacado em 2. Mimosa (Beta Crucis): é a Inicialmente, esses conjuntos de estrelas e os desenhos que for-
segunda estrela mais bri- mavam eram chamados de asterismos.
seu nome ou em regiões próximas
lhante (estrela beta).
ao equador. [...]
SOUZA, Tamires Cristina de.
3. Rubídea (Gamma Crucis):
possui coloração averme-
Constelação
Cruzeiro do Sul (Jardim do Céu lhada. Com o desenvolvimento científico e a necessidade de uma
na Terra). Centro de Divulgação 4. Pálida (Delta Crucis): é a linguagem mais precisa, esse conceito de asterismos se mostrou
da Astronomia-CDA, 9 jun. 2015. estrela menos brilhante. inadequado.
Disponível em: 5. Intrometida (Epsilon Crucis):
recebe esse nome por não Assim, em 1930, o astrônomo belga Eugène Joseph Delporte
https://fnxl.ink/NDVRGR. integrar a formação da cruz (1882-1955) propôs o conceito de constelação, que foi adotado pela
Acesso em: 27 jul. 2022. (é menos brilhante que a International Astronomical Union (IAU) – União Astronômica Interna-
pálida). cional, em português – que permanece em vigor até hoje.
Observe que a ordem do
Segundo ele, constelação é a divisão da esfera celeste em
brilho das estrelas em um
asterismo segue o alfabeto 88 regiões ou partes, de modo que, ao olhar para o céu de dentro da
grego. A mais brilhante é a esfera celeste, qualquer corpo celeste que estiver na região de uma
alfa, a segunda mais brilhante constelação, bem como as estrelas que a formam, é considerado
é a beta, e assim por diante. parte da constelação, independentemente de participar da figura
ou desenho.
As estrelas e os corpos celestes pertencentes a uma mesma
constelação geralmente não têm relação física entre si e não estão
em um mesmo plano (como pontos em uma folha de papel). A dis-
tância entre esses astros é imensa, mas, como estão muito longe da
Terra, não percebemos isso.

20 Unidade 1 | Planeta Terra

20 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS


Discuta com seus colegas
No 5° ano você provavelmente estudou o conceito de esfera ce-
leste. Vamos recordá-lo? O conceito de esfera celeste só
Discuta com seus colegas tem sentido quando usamos
Esfera celeste é uma esfera imaginária centrada na Terra, com as estrelas para encontrar
raio indefinido, na qual projetamos as estrelas como se estivessem Quando você observa o céu determinada direção e nos
em um mesmo plano. por um longo tempo, tem a localizar no espaço, mas é algo
impressão de que a Terra está
É algo que, apesar de não ser real, tem nos ajudado a prever a apenas imaginário.
girando ou que as estrelas estão
chegada das estações do ano e a nos localizar à noite, no meio do girando em volta da Terra? É a Terra que gira em torno de
oceano, ou de uma floresta, por exemplo. seu próprio eixo, e não as estrelas
que giram em volta da Terra.
Hemisfério Norte celeste Além disso, é importante que
Polo Norte
os estudantes percebam que as
celeste estrelas não estão em um mesmo
plano, como parece quando
observadas da nossa perspectiva
a partir da superfície. Elas estão
ILUSTRAÇÃO 9: esfera celeste.
muito distantes umas das outras.
Osvaldo Sequetin

Rotação
aparente
da esfera
celeste

Constelações

Equador Polo Sul


celeste celeste
Hemisfério Sul celeste

As distâncias astronômicas são medidas em anos-luz. Um ano-


-luz equivale a 9 461 000 000 000 quilômetros e é a distância que a
luz percorre durante o período de um ano. Distância das estrelas que
formam a cruz do Cruzeiro
Para se ter uma ideia, a luz que é emitida pela superfície do Sol do Sul em relação ao planeta
demora cerca de 8 minutos para chegar à Terra, enquanto a luz emi- Terra:
tida da superfície de Proxima Centauri, a segunda estrela mais perto 1. Magalhães: 359 anos-luz.
da Terra depois do Sol, demora 4,2 anos para chegar até nós. 2. Mimosa: 424 anos-luz.
Além disso, estrelas que aparentam estar em um mesmo plano, 3. Rubídea: 88 anos-luz.
como as que formam a cruz do Cruzeiro do Sul, podem estar, na ver- 4. Pálida: 257 anos-luz.
dade, muito distantes umas das outras. 5. Intrometida: 58 anos-luz.

Unidade 1 | Planeta Terra 21

Unidade 1 | Planeta Terra 21


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Asterismo
O asterismo é um grupo de estrelas que, projetadas na esfera
Você sabia?
Professor, asterismos são celeste da Terra, parecem próximas umas das outras e que, ligadas
agrupamentos aparentes de A visão de uma constelação por linhas imaginárias, formam diversas figuras e recebem nomes
estrelas que possibilitam a ou asterismo depende da especiais. Com base em sua cultura, diferentes povos visualizam di-
posição do observador na
formação de figuras, como ferentes asterismos no céu e os usavam para se orientar no tempo
Terra. Quanto mais próximo
deuses e seres mitológicos. do equador, mais constelações e no espaço.
O termo aparente refere-se dos dois hemisférios é possível Os asterismos podem ser construídos ligando-se estrelas de
apenas à aparência que vemos observar.
uma única constelação oficial ou estrelas de constelações diferen-
no céu, pois, como sabemos, Uma sugestão para
a distância entre as estrelas é tes. Um asterismo bastante popular em nosso país são as Três Ma-
observar o céu é usar
astronômica. A visualização um simulador como o
rias, que faz parte da Constelação de Órion.
das estrelas depende do local Stellarium. E como podemos usar constelações e asterismos para provar a
do globo em que o observador Disponível em esfericidade da Terra?
se encontra. Os asterismos https://fnxl.ink/KJRWZI/. Observando, por exemplo, que algumas constelações e alguns
nos ajudam a separar o céu em Acesso em: 8 maio 2022. asterismos são vistos apenas em um hemisfério.
porções menores, que facilitam Procure observar o
a identificação das estrelas mais céu em uma posição do
• Hemisfério Norte: constelações ou asterismos boreais.
brilhantes. Por isso, foram muito equador, de um dos polos, Exemplos: a Ursa Maior e a Ursa Menor, da qual faz parte a
utilizados pelas civilizações e de uma região nos dois Estrela Polar.
antigas, em seus deslocamentos, hemisférios, por exemplo,
e para a identificação das • Hemisfério Sul: constelações ou asterismos austrais.
Paris (Hemisfério Norte) e
estações do ano. São Paulo (Hemisfério Sul). Exemplos: Cruzeiro do Sul, a Centauro e a Fênix.
Assim, é possível ver como No século XV, quando estavam no Hemisfério Sul, muitos na-
é o céu noturno nessas
vegadores se orientavam pelo asterismo da “cruz” na Constelação
localizações, incluindo o
fato de as constelações Cruzeiro do Sul, já que o eixo vertical da “cruz” ajuda a identificar a
aparecerem invertidas nos direção sul.
dois hemisférios, como Há, entretanto, muitas constelações que podem ser vistas niti-
mostramos abaixo a
damente a partir dos dois hemisférios, como as de Escorpião e de
de Órion.
Órion, onde fica o asterismo das “Três Marias”, formando o “cintu-
rão” do caçador.
Note, entretanto, que a Constelação de Órion é vista de forma
invertida de um hemisfério para o outro.

Ad_hominem/Shutterstock
1 2

ILUSTRAÇÃO 10: Órion


1. Órion (caçador),
visto no Hemisfério
Sul.
2. Órion (caçador),
visto no Hemisfério
Norte.

22 Unidade 1 | Planeta Terra

Bandeira do Brasil
A bandeira do Brasil contém estrelas que representam cada estado do país e o Distrito Federal. A posição
das estrelas e da faixa branca está relacionada com o céu da cidade do Rio de Janeiro às 8 horas e 30 minutos
do dia 15/11/1889. A estrela situada acima da faixa branca representa o estado do Pará e fica na constelação
de Virgem, a aproximadamente 260 anos-luz do Sol. As estrelas do Cruzeiro do Sul representam os cinco
principais estados da nação naquela época: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

22 Unidade 1 | Planeta Terra


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS
NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. Porque sequências de imagens


1. Explique por que podemos concluir, com base 5. Para observar o céu com mais detalhes, é pos-
tiradas a intervalos de tempo
em imagens de satélite, que a Terra é esférica, sível ir a um planetário ou a um observatório
regulares mostram regiões
apesar de as fotos mostrarem uma imagem astronômico.
distintas do globo terrestre.
bidimensional.

Yoshiya Kusamura/Shutterstock
2. Quando um navio parte da
2. Cite três evidências visuais que mostram que a costa em direção a alto-mar, o
Terra é esférica. Explique sua resposta. mastro do navio é o último a
3. Explique o conceito de esfera celeste e por IMAGEM 6: desaparecer do campo de visão.
que ele não é real indicando, como exem- Planetário do Quando um navio em alto-mar
plo, estrelas que fazem parte de uma mesma Ibirapuera, em se aproxima de uma costa
constelação ou asterismo. São Paulo, SP, montanhosa, a primeira visão
2019. é a do topo da montanha. É
4. Forme grupo com alguns colegas para res- possível dar uma volta completa
ponder às seguintes perguntas. O planetário é uma máquina que simula o céu
projetando os astros, que poderiam ser ob-
ao mundo partindo de um
a. Você tem o hábito de olhar para o céu à ponto e voltando ao mesmo
servados em determinado local, em uma data
noite? lugar. Algumas constelações
específica.
b. Sabe como diferenciar um planeta de uma e asterismos só são vistos no
estrela ao olhar para o céu? Zoroasto/Shutterstock Hemisfério Sul ou no Hemisfério
c. Quais planetas podem ser vistos a olho nu
Norte. Se a Terra fosse plana,
seria possível ver as mesmas
(sem necessidade de luneta)?
IMAGEM 7: constelações e asterismos de
É possível aprender muito criando o hábito de Observatório qualquer ponto do planeta.
observar o céu por algum tempo à noite. Astronômico, 3. A esfera celeste é a região do céu
Caso você more em uma cidade grande, onde em Olinda, PE,
observável a partir da superfície
as estrelas e os planetas estejam encober- 2019.
da Terra que envolve o planeta
tos pela poluição e pelo excesso de luz, baixe
No observatório astronômico há telescópios como uma esfera, na qual
um aplicativo em um smartphone, como o Sky
para observação e estudo dos astros (Lua, pla- enxergamos as estrelas como se
Guide, que é gratuito.
netas, estrelas), sendo que alguns são apenas estivessem projetadas ali, em um
Aponte o smartphone para o céu e você en- para pesquisas e, outros, permitem a visitação mesmo plano, todas circundando o
contrará constelações, planetas e satélites pública. É possível encontrar uma lista de pla-
planeta. Não é real, porque, devido
que estão em sua região naquele momento. à distância das estrelas em relação
netários brasileiros na internet digitando, em
ao planeta Terra, perdemos a
Observe que, se você apontar seu aparelho um site de busca, “ABP - Planetários do Brasil”.
percepção da profundidade.
para o chão, ele mostrará o céu do outro lado Para encontrar uma lista de observatórios as- Estrelas que aparentam estar em
do planeta. Por isso, certifique-se de ver na tronômicos, digite: “De olho no céu: lista de ob- um mesmo plano e fazem parte
tela a linha do horizonte, e então, apontar o servatórios nacionais abertos à visitação”. de um asterismo, como a cruz
celular para cima. Ainda em grupo, façam uma pesquisa na inter- do Cruzeiro do Sul, por exemplo,
Faça observações individuais durante uma net sobre os planetários, museus de Ciências estão, na verdade, há vários anos-
semana e anote no seu caderno: o horário e museus de Astronomia existentes em sua luz de distância umas das outras.
em que foram feitas as observações, o local, cidade e verifiquem com o professor a possibi- 4.
as constelações do céu, passagem de satéli- lidade de visitar esses lugares.
a. Resposta pessoal.
tes etc. Caso isso seja possível, anotem tudo o que vo-
b. As estrelas emitem luz própria
Depois, reúna-se com seus colegas para com- cês viram na visita e, individualmente, escre-
(são corpos luminosos) e, por
parar as observações e verificar se todos vi- vam um texto descrevendo as impressões que
isso, cintilam (ficam piscando).
ram os mesmos astros ou não. tiveram.
Os planetas não emitem luz
própria, eles refletem a luz do
Unidade 1 | Planeta Terra 23 Sol e, por isso, não cintilam.
Partindo do conceito de esfera
celeste, o movimento aparente
das estrelas ocorre de modo que
5. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos descrevam o que viram e relatem o que essa experiência todas se deslocam ao mesmo
significou para eles. tempo em determinada região
do céu. Os planetas apresentam
um movimento distinto em
relação às estrelas.
c.  Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter
e Saturno. Note que esses
planetas não são visíveis o
tempo todo e nem ao mesmo
tempo, tudo depende da época e
do local de observação.

Unidade 1 | Planeta Terra 23


NÃO ESCREVA
CORES FANTASIA FORA DE ESCALA
NO LIVRO

6. Estrelas que parecem estar em um mesmo a. próximas, visão, distância, futuro, estrela,
plano na esfera celeste estão, em geral, a asterismo.
distâncias muito diferentes da superfície da b. distantes, audição, sonorização, passado,
6. Alternativa d. Terra, como mostram os exemplos do gráfico estrela, cinturão.
abaixo (distância da estrela em relação à su- c. longe, visão, distância, presente, Lua,
7. A explicação correta é a
perfície da Terra, em anos-luz).
alternativa a. Comente asterismo.
com os estudantes que as d. distantes, visão, profundidade, passado,

Ad_hominem/Shutterstock
constelações do zodíaco são, estrela, asterismo.
de fato, 13: e. longe, visão, distante, passado, galáxia,
Peixes, Áries, Touro, Gêmeos, Meissa
x cinturão.
atri
Câncer, Leão, Virgem, Libra, Bell 7. Algumas constelações e os asterismos que as
Escorpião, Ofiúco, Sagitário, representam são utilizados nos hemisférios
Betelgeuse
Capricórnio e Aquário. Sul e Norte para marcar as estações do ano.
Mintaka Observe:
Alnitak Alnilam • Constelação de Órion, asterismo do caça-
dor, aparece no Hemisfério Sul no verão e,
Rígel no Hemisfério Norte, no inverno.
Saiph • Constelação de Escorpião, asterismo do
escorpião, aparece no Hemisfério Sul no in-
ILUSTRAÇÃO 11: Órion (caçador).
verno e, no Hemisfério Norte, no verão.
Anos-luz • Constelação de Leão, asterismo do leão,
1344 aparece no Hemisfério Sul no outono e, no
Hemisfério Norte, na primavera.
• Constelação de Pégaso, asterismo do cavalo
alado, aparece no Hemisfério Sul na prima-
642,5
vera e, no Hemisfério Norte, no outono.
O Sol, a Lua e os planetas do Sistema Solar
244,6 não fazem parte de nenhuma constelação.
Betelgeuse Alnilam Estrela
Assinale a alternativa correta para explicar o
Bellatrix
motivo. (Se não souber, pesquise).
FIGURA 1: gráfico – distância das estrelas.
a. Quem está na superfície da Terra olhando
Analise o gráfico (elaborado pelo autor) ante- para o espaço tem a impressão de que o
rior e leia o texto a seguir. Depois, assinale a Sol se movimenta, passando, ao longo de
alternativa que tem as palavras que comple- um ano, por 13 constelações diferentes (as
tam os espaços na ordem correta: constelações do zodíaco).
“O gráfico mostra que as estrelas estão bas- b. O Sol, a Lua e os planetas do Sistema Solar
tante umas das outras, mas a hu- giram em torno da Terra, mudando de uma
mana não consegue perceber a a uma constelação para outra.
distância tão grande, por isso, quando olhamos 8. O braço maior da cruz do Cruzeiro do Sul,
para o céu, relacionamos essas estrelas como formado pelas estrelas Magalhães e Rubídea,
parte de uma mesma figura. Inclusive, os as- funcionam como um relógio aparente, pois
trônomos afirmam que olhar para o céu é olhar enquanto a Terra gira, quem está na sua su-
o , pois a luz de uma que vemos perfície, no Polo Sul, vê esse braço da cruz dar
hoje foi emitida há muito tempo. Por exemplo, uma volta completa em 24 horas.
quando olhamos a estrela Alnilam, que faz par- Além disso, esse braço pode ser usado para
te do das Três Marias, a luz que vemos localizar o Polo Sul, que fica a uma distância
agora foi emitida há 1 344 anos. de 4,5 vezes a longitude da cruz.

24 Unidade 1 | Planeta Terra

24 Unidade 1 | Planeta Terra


NÃO ESCREVA
CORES FANTASIA FORA DE ESCALA
NO LIVRO

É preciso traçar uma linha imaginária desse 9. A bandeira do Brasil contém 27 estrelas, que
comprimento e, em seguida, uma perpendicu- representam os 26 estados e o Distrito Fede- 8.
lar até a superfície. Depois de localizado o Sul ral. Observe, a seguir, de qual constelação faz
a. As Três Marias surgem a Leste
geográfico, é fácil encontrar os demais pontos parte a estrela que representa o seu estado:
e se põem a Oeste.
cardeais.
Observe o seguinte esquema: b. Há um mito que diz que
Órion foi morto pela picada
4 do escorpião, que até hoje
continua perseguindo o

Alex Argozino
Rubídea 1 5 caçador, mas que toda vez
Mimosa Pálida que o escorpião surge no céu,
Intrometida 2 9
Longitude da cruz 6
8 a Leste, o caçador desaparece
Magalhães 3 a Oeste (lembre-os de que
7 as Três Marias fazem parte
Linha imaginária
do cinturão do asterismo do
de comprimento
FIGURA 3: constelações na bandeira do Brasil. caçador).
4,5 vezes a
longitude da cruz.
• 1. Cão Menor (Canis Minor): visível no verão, 9.
representa o estado do Amazonas. a. Constelação é uma das 88
• 2. Cão Maior (Canis Major): visível no ve- áreas em que a esfera celeste
rão, representa os estados de Mato Grosso, foi dividida. Cada constelação
Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins. engloba todos os corpos
• 3. Quilha (Carina): visível no outono, repre- celestes que podem ser
senta o estado de Goiás. avistados nessa área a partir
Linha imaginária
perpendicular até • 4. Virgem (Virgo): visível no outono, repre- da superfície da Terra, mesmo
a superfície da senta o estado do Pará. que estejam muito distantes
Terra uns dos outros. Asterismos
• 5. Hidra Fêmea (Hydra): visível no verão, re-
Polo Geográfico Sul são figuras obtidas ligando-se
presenta os estados do Acre e Mato Grosso
estrelas por meio de linhas
N Para uma pessoa do Sul.
que esteja
imaginárias. Essas figuras
• 6. Cruzeiro do Sul (Crux): visível o ano todo estão relacionadas aos mitos e
O L olhando de frente
para o Sul, atrás (a máxima visibilidade é no outono), repre- culturas de diferentes povos.
está o Norte, à senta os estados de São Paulo, Rio de Janei- No Ocidente, a Astronomia
Alex Argozino

esquerda o Leste ro, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.


e, à direita, o Oeste. utiliza oficialmente os
S • 7. Sigma do Oitante (Octans): visível no in- asterismos criados na Grécia
verno, representa o Distrito Federal. Antiga.
FIGURA 2: localização do Cruzeiro do Sul.
• 8. Triângulo Austral (Triangulum Australe): b. É uma esfera imaginária
Também é possível usar o asterismo de uma visível no outono, representa os estados do centrada na Terra, com raio
constelação para encontrar o asterismo de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. indefinido, na qual projetamos as
outra, por exemplo, se traçarmos uma linha
imaginária entre a estrela Mimosa (do braço
• 9. Escorpião (Scorpius): visível no inverno, estrelas como se estivessem em
menor da cruz do Cruzeiro do Sul) e a Intro- representa os estados do Piauí, Maranhão, um mesmo plano.
metida, essa linha vai passar muito perto das Ceará, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Gran- c. A esfera celeste é aparente,
Três Marias, que formam o cinturão do caça- de do Norte e Pernambuco. pois considera apenas a
dor na Constelação de Órion. a. Qual é a diferença entre constelação e as- perspectiva de um observador
Pesquise como é possível determinar o Les- terismo pela definição da União Astronô- na superfície do planeta,
te e o Oeste a partir das seguintes constela- mica Internacional, estabelecida em 1930? e não a distância real
ções: b. O que é “esfera celeste”? entre os diferentes corpos
a. Três Marias. c. A esfera celeste é real ou aparente? celestes presentes em cada
constelação.
b. Escorpião e Órion. Por quê?

Unidade 1 | Planeta Terra 25

Unidade 1 | Planeta Terra 25


Como os planetas se
movimentam
Professor, a construção de luneta
Se você fez a atividade de observação do céu em vários momentos
é uma atividade que une o lúdico IMAGEM 8: Atualmente, as

com o cognitivo, ao demonstrar lunetas são reservadas para durante a noite, ou visitou um planetário, provavelmente constatou
que a tecnologia proporciona a observação de paisagens que todos os astros estão em movimento.
novos conhecimentos, por e também para astrônomos
As estrelas não mudam de posição umas em relação às outras en-
amadores, embora muitas
exemplo, fazer descobertas e quanto a noite avança. O movimento da Terra, no entanto, faz parecer
descobertas importantes
compreender as órbitas dos que todas elas se movimentam em conjunto (é a rotação aparente da
tenham sido feitas com elas.
planetas. esfera celeste).
Existem diversas maneiras de Mas se você conseguiu observar planetas
construir uma luneta com material

Meridy/Pixabay
como Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter ou Sa-
de baixo custo. É importante que
turno, todos visíveis a olho nu, terá percebido
você participe desta atividade,
que está disponível em: que eles mudam de posição em relação às es-
https://fnxl.ink/LAFVGP trelas ao longo da noite.
Acesso em: 6 fev. 2022. Há séculos o ser humano contempla o céu e
Ela pode ser realizada em grupo. o movimento dos astros e faz registros dessas
Se possível, marque uma noite observações, que sempre eram feitas a olho nu.
com os estudantes para testar Por volta de 1500, alguns fabricantes de
a luneta. Peça que desenhem os lentes passaram a combiná-las para ampliar
astros que conseguem ver para imagens de objetos distantes, construindo a
identificá-los em pesquisa na
luneta e, mais tarde, o telescópio.
internet.
Na Antiguidade, já eram conhecidas cerca
de 6 mil estrelas, os cinco planetas visíveis a
olho nu, a Lua e o Sol.
Os filósofos e estudiosos da época tenta-
vam elaborar teorias para elucidar o compor-
tamento desses astros.
Uma boa explicação científica é aquela
que consegue fazer previsões acertadas para
o fenômeno em estudo, dentro de uma mar-
gem de erro aceitável.
O problema é que, sem instrumentos ade-
quados para fazer observações criteriosas,
principalmente tratando-se de fenômenos
astronômicos, muitas “teorias” acabavam
sendo criadas com base no senso comum e
eventualmente, no intuito de atender os an-
seios religiosos e culturais da sociedade, sem
conseguir de fato explicar e prever com pre-
cisão os fenômenos astronômicos. Vamos co-
nhecer as duas principais: o geocentrismo e o
heliocentrismo.

26 Unidade 1 | Planeta Terra

26 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS


BNCC

No 5º ano, o estudante deve


No 5º ano, você provavelmente estudou, em linhas gerais, o fun-
ter desenvolvido a seguinte
cionamento de um telescópio. habilidade:
Vamos recordar isso? (EF05CI13) Projetar e construir
A luneta é um tipo de telescópio simples, denominado telescó- dispositivos para observação
pio refrator. a distância (luneta, periscópio
A refração ocorre sempre que a luz muda de meio de propaga- etc.), para observação ampliada
Você sabia? de objetos (lupas, microscópios)
ção. No caso da luneta, a luz que se propagava no ar muda o meio de
ou para registro de imagens
propagação (e de velocidade) ao atravessar as lentes de vidro (sofre Os espelhos côncavos, que (máquinas fotográficas) e discutir
refração). possuem o centro mais fino do
usos sociais desses dispositivos.
que as bordas, são divergentes,
Já o telescópio refletor usa espelhos no lugar de lentes. ou seja, espalham a luz que
O espelho só precisa ter a curvatura certa: pode ser muito fino, incide sobre eles. Por outro
bem mais leve, além de ser mais fácil de polir e de limpar. lado, os espelhos convexos,
que possuem o centro mais
O único problema é que um espelho curvo (como o espelho pla- largo do que as bordas, são
no-côncavo da ilustração 12) inverte a imagem. Por isso, é neces- convergentes, concentram a
sário um segundo espelho menor (plano-convexo) para colocar a luz que incide sobre eles.
imagem novamente na posição correta. Professor, observe que as
O telescópio espacial Hubble é um exemplo de telescópio refletor. lunetas e os telescópios com os
quais trabalhamos ao lado são
um resgate do que os estudantes
spaceplace.nasa.gov/

spaceplace.nasa.gov/
3 2 1 provavelmente viram no Ensino
4
Fundamental – Anos Iniciais.
3
1 Esses telescópios atualmente
se restringem à Astronomia
contemplativa amadora.
4 Os astrônomos profissionais
2 trabalham com telescópios
que podem chegar a 10,4 m de
diâmetro, como o Gran Telescopio
ILUSTRAÇÃO 12: Luneta, telescópio refrator. ILUSTRAÇÃO 13: Telescópio refletor. Canarias, situado na Ilha de La
Palma, em Canárias, Espanha.
1. Entrada de luz. 1. A luz do objeto penetra no telescópio. Sem contar os telescópios
2. A lente objetiva (maior) capta a luz do 2. Um grande espelho plano-côncavo cap- espaciais como o James Webb
objeto. ta a luz e a reflete para o espelho menor. (que trataremos no volume 9).
3. Ponto de foco. Note que nesse ponto 3. Um espelho menor, geralmente plano- Esses telescópios mais modernos,
ocorre a inversão da imagem, porque a -convexo, coloca a imagem na posição em geral, são do tipo refletor
luz que veio de cima, na lente objetiva, correta e a envia para a ocular. Cassegrain. Há um esquema desse
está sendo projetada na parte de baixo 4. A lente ocular amplia a imagem e focali- tipo de telescópio na página 30.
na lente ocular, e vice-versa. za a luz para os olhos do observador.
4. A lente ocular (menor) aumenta a ima-
gem e focaliza a luz para os olhos do
observador.

Unidade 1 | Planeta Terra 27

Unidade 1 | Planeta Terra 27


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Geocentrismo
Segundo o filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), a Terra
Professor, no século II da Era era esférica e estava posicionada no centro do Universo (do grego
Cristã, Cláudio Ptolomeu propôs geo = terra e kentron = centro).
um novo modelo de Universo, Essa ideia ia ao encontro do senso comum, pois a visão
no qual os planetas e o Sol se
que temos do espaço é geocêntrica.
moviam em torno da Terra
(modelo geocêntrico). A descrição Esse pensamento, baseado na observação de como os
da composição de movimentos fenômenos se manifestam através do tempo ou do espaço,

ValentinaKru/Shutterstock
circulares dos planetas no espaço era o pensamento científico da época.
e em torno da Terra era bem Na Idade Média, período entre os séculos V e XV, essa
complicada, mas satisfazia os teoria ganhou força e foi adotada pelo cientista grego
dogmas da Igreja Cristã, então foi
Cláudio Ptolomeu (90-168) que elaborou estratégias ma-
adotado. Quando o astrônomo
temáticas para reproduzir o movimento dos astros.
polonês Nicolau Copérnico
(1473-1543) publicou, no ano de sua Embora o modelo de Ptolomeu e os cálculos matemáti-
morte, seu modelo heliocêntrico cos que ele propôs permitissem prever vários eventos as-
em uma obra denominada Sobre ILUSTRAÇÃO 14: movimento dos tronômicos com grande precisão, ele apresentava falhas e
as revoluções das órbitas celestes, astros considerando a Terra imprecisões que permaneciam sem explicação.
entre outros ajustes, a busca da como “centro do Universo”.
simplicidade colocava o Sol no
centro da trajetória considerada Heliocentrismo
circular da Terra.
Outro filósofo grego, Aristarco de Samos (310 a.C.-230 a.C.),
propôs que o Sol (do grego helio = Sol) deveria estar no centro do
Universo e que tudo girava em torno dele, inclusive a Terra.
Em 1543, o cientista polonês Nicolau Copérnico (1473-1543)
BNCC
provocou uma revolução no pensamento ocidental ao refutar a
O trabalho com o texto teoria de Cláudio Ptolomeu e adotar o sistema heliocêntrico, afir-
“Geocentrismo e Heliocentrismo” mando que a Terra e os demais planetas se movimentavam em
atende as competências e os
ArtShotPhoto/Shutterstock

órbitas circulares ao redor do Sol.


temas indicados a seguir.
Apesar de esse modelo ir contra o senso comum – a par-
Competências gerais: 1 e 2. tir da Terra, observamos todos os dias o sol nascer de um lado
Competências específicas: 1, 2 e 3. e se pôr do outro – contra os ensinamentos da Igreja Católi-
Temas Contemporâneos ca, ele permitia explicar diversos fenômenos que não podiam
Transversais: Ciência e ser explicados pelas diferentes teorias geocêntricas, entre os
Tecnologia e Multiculturalismo. quais o movimento irregular dos planetas no céu.
No final da Idade Média, com a ajuda do telescópio desen-
volvido pelo alemão Hans Lippershey (1570-1619) e aperfei-
çoado pelo filósofo italiano Galileu Galilei (1564-1642), ob-
servou-se que esse modelo fazia previsões muito melhores
ILUSTRAÇÃO 15: movimento dos
do movimento dos astros, embora apresentasse alguns problemas
astros considerando o Sol
– um exemplo era a posição de Marte no céu. Para manter o modelo
como “centro do Universo”.
de trajetória circular para todos os planetas, era necessário admitir
que em alguns momentos Marte seguia outro trajeto, o que fragili-
zava a teoria.

28 Unidade 1 | Planeta Terra

Leis de Kepler
A primeira lei afirma que as órbitas dos planetas em A terceira lei relaciona o período de translação do
torno do Sol são elípticas e que o Sol está em um dos planeta com a distância média entre ele e o Sol, de
focos da elipse. tal forma que quanto maior for a distância entre
A segunda está relacionada à velocidade orbital de um o planeta e o Sol, maior será o tempo gasto para
planeta em torno do Sol, que não é constante como que ele efetue uma volta completa ao redor do
supunham alguns astrônomos da época. A velocidade de planeta. Por isso, o planeta-anão Plutão demora
translação da Terra é maior no periélio (quando a Terra cerca de 248 anos para dar uma volta completa
está mais próxima do Sol) do que no afélio (quando a Terra em torno do Sol, enquanto a Terra leva 365 dias
está mais distante do Sol), por exemplo. para completar sua translação.

28 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

As órbitas elípticas de Kepler


O matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630) era um
grande defensor do heliocentrismo de Copérnico, que, apesar de ir Você sabia? Professor, de formação cristã e
contra o senso comum e proporcionar previsões melhores sobre o protestante, o astrônomo alemão
movimento dos planetas, ainda apresentava imprecisões nas previ-
O último grande astrônomo Johannes Kepler (1571-1630)
observacional antes da
sões dos movimentos. enfrentou diversos problemas
invenção do telescópio foi
Tycho Brahe, que fazia suas
com a Contrarreforma católica. Ao
Kepler nasceu prematuro e, ainda na infância, contraiu varíola. ser expulso da cidade austríaca
medidas com absoluto rigor.
A doença reduziu muito a sua visão e o deixou com pouca mobilida- de Graz, onde vivia, por não se
Ele construiu toda a base
de nas mãos. para o que foi desenvolvido converter ao catolicismo, aceitou
Essa situação o impediu de fazer suas próprias observações pre- por Kepler, que herdou o convite do imperador da Boêmia
cisas como astrônomo. seus dados observacionais. para trabalhar como assistente do
Tycho realmente acreditava famoso astrônomo dinamarquês
O estudo desenvolvido por Kepler foi baseado na observação no modelo geocêntrico Tycho Brahe (1546-1601), em
de outros cientistas, principalmente Tycho Brahe (1546-1601), para de mundo e o defendia,
Praga, atual República Tcheca.
quem Kepler, enquanto estudante, trabalhou como assistente, a enquanto Kepler, mais jovem,
já conhecia o trabalho de Após a morte de Tycho, em
convite do imperador da Boêmia, atual República Tcheca.
Copérnico e se abriu a novas 1601, Kepler passou a utilizar os
Após a morte de Tycho Brahe, Kepler herdou seus dados e pôde possibilidades. Trata-se de dados que o dinamarquês havia
trabalhar neles (Tycho tinha um certo ciúmes em relação aos dados que um processo de evolução do conseguido em suas observações
obteve observando Marte, não os tendo compartilhado com Kepler). pensamento científico. nas órbitas planetárias. Com base
Assim, ao analisar uma grande quantidade de observações, prin- em seus estudos e em diversos
cipalmente em relação a Marte, Kepler elaborou algumas previsões ajustes, Kepler enunciou três leis
para o movimento dos planetas,
mais acertadas sobre o movimento dos planetas ao redor do Sol e
que ficaram conhecidas como as
determinou que suas órbitas não eram circulares, mas sim elípticas. três leis de Kepler.
NASA

Netuno

Urano Sol
Saturno Júpiter Marte

Terra

Vênus
Mercúrio

ILUSTRAÇÃO 16: modelo de


Atualmente, os cientistas têm à disposição equipamentos muito mais sistema planetário com
sofisticados que um telescópio para estudar o movimento dos astros. órbitas elípticas.
Observe alguns deles nas páginas a seguir.

Unidade 1 | Planeta Terra 29

Unidade 1 | Planeta Terra 29


Equipamentos astronômicos
Atualmente, os astrônomos já não usam lunetas. Eles têm à dis-
Professor, é importante que o posição equipamentos muito sofisticados para estudar os astros e
estudante tenha consciência de seus movimentos, o que tem feito o conhecimento em Astronomia
toda a tecnologia que está por avançar a passos largos.
trás do conhecimento científico
que temos atualmente para Radiotelescópio: é um aparelho com uma
evitar que seja enganado por fake

Tenderlok/Effelsberg (CC BY-SA 3.0)


antena parabólica de grandes dimensões
news, como as propagadas por que capta as ondas de rádio vindas do
“terraplanistas”. espaço. Essas ondas de rádio são enviadas
a um computador e interpretadas por um
Uma boa ideia para trabalhar esse
astrônomo.
conteúdo é aplicar a metodologia
No Brasil, temos o radiotelescópio instalado
da sala de aula invertida.
no Radiobservatório do Itapetinga, em
Divida os estudantes em seis Atibaia, São Paulo, que consiste em uma
grupos e dê a cada grupo um antena parabólica de 13,76 m de diâmetro,
instrumento diferente para projetada para operar na banda de 18 a
pesquisar e apresentar aos 100 GHz, que está em atividade desde 1974.
colegas. Eles devem usar as IMAGEM 9: radiotelescópio
informações do texto como base, Effelsberg, Alemanha.
mas precisam ir além, trazendo
outras informações e curiosidades Telescópio espacial: é um satélite
que não constam no livro.

doomu/Freepik Premium
artificial não tripulado que transporta
Peça aos estudantes que pesquisem um grande telescópio para a luz visível e
em sites oficiais, como da Nasa, da infravermelha.
ESA, e se atentem ao Programa O Hubble é um telescópio refletor Cassegrain
Espacial Brasileiro. Sugestões de (como a maioria dos telescópios profissionais).
sites para pesquisa: A luz de objetos celestes viaja por um tubo,
passa por um espelho primário, com a borda
https://fnxl.ink/CTBCHG
mais grossa para dentro e refletida em
https://fnxl.ink/BDLYTY direção a um espelho secundário menor,
https://fnxl.ink/EQICDZ curvado para fora. O espelho secundário
reflete a luz de volta ao espelho primário e
https://fnxl.ink/IEQKVR através de um orifício em seu centro. A luz
https://fnxl.ink/TKQGEU é focada em uma pequena área chamada
https://fnxl.ink/ANUWKB plano focal, na qual é captada por seus vários
instrumentos científicos. A lente corretora
Acessos em: 21 maio 2022. aumenta a área útil da imagem.
Se pesquisarem em sites de agências
NASA

IMAGEM 10: telescópio espacial Hubble. Naves tripuladas: são naves


internacionais, oriente-os para que levam seres humanos
fazer a tradução com o professor lente corretora espelho primário (astronautas) ao espaço.
de Inglês, ou usar um aplicativo de Uma dessas naves foi a Apollo 11,
tradução disponível na internet.
Carlos Vespucio

que levou o astronauta


Neil Armstrong à Lua em 1969.
IMAGEM 11: ônibus espacial Atlantis
depois de se desencaixar da
BNCC espelho secundário Estação Espacial Internacional,
setembro de 2006.
O trabalho com o infográfico
Equipamentos astronômicos FIGURA 4 : telescópio Cassegrain.

atende as competências e o tema


indicados a seguir. 30 Unidade 1 | Planeta Terra

Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 1, 2 e 3 .
Tema Contemporâneo
Transversal: Ciência e Tecnologia.

30 Unidade 1 | Planeta Terra


Satélite artificial: é qualquer corpo artificial

NASA
colocado em órbita ao redor da Terra, como
satélites do Sistema de Posicionamento Global
(GPS), satélites de comunicações, satélites
Professor, em 25 de dezembro
científicos, satélites militares e lixo espacial.
de 2021, a Nasa, em parceria com
Aqui vale uma reflexão: quando todos esses
a Agência Espacial Europeia e
equipamentos chegarem ao final de sua vida
a Agência Espacial Canadense,
útil se tornarão lixo espacial, ou seja, estamos
poluindo não só a Terra, mas o espaço também.
lançou em órbita o Telescópio
Espacial James Webb.
IMAGEM 12: primeiro satélite geocêntrico usado
em comunicação, o Syncom 1, desenvolvido Seu espelho é cerca de 2,5 vezes
em 1960. maior que o do Hubble.
Ficará posicionado a 1,5 milhão
de quilômetros da Terra, em um
ponto em que a gravidade do Sol e
da Terra se anulam.
Sonda de sobrevoo: é
Ele vai captar imagens em
NASA

programada para passar perto


de um planeta ou outro corpo infravermelho (calor) e, para não
celeste e tirar fotos ou fazer interferir nelas, vai operar a
análises com instrumentos. –233 °C.
A sonda Voyager 1, por Seu escudo solar, necessário para
exemplo, foi lançada pela Nasa manter todos os instrumentos
em 1977 para observar os
na sombra e na temperatura de
planetas mais externos, como
operação, é do tamanho de uma
Júpiter e Saturno. Atualmente,
ela se encontra a 18 bilhões de quadra de tênis. Foi dobrado para
quilômetros da Terra. Um sinal caber no foguete, como se fosse
que ela emite leva mais de um origami, e foi desdobrado com
34 horas de ida e volta ao sucesso no espaço em 4 de janeiro
nosso planeta. A Voyager 1 se de 2022.
tornou a primeira sonda a sair
do Sistema Solar, em agosto
de 2012.
IMAGEM 13: Voyager 1, lançada
pela Nasa em 1977.

Estações espaciais: são uma


NASA
estrutura artificial concebida
para a permanência humana
no espaço. Podem suportar a
vida no espaço por semanas,
meses ou até anos.
São utilizadas para fazer
experimentos científicos em
ambientes de microgravidade
e para estudar o efeito desse
ambiente no corpo humano.
IMAGEM 14: Estação Espacial
Internacional.

Unidade 1 | Planeta Terra 31

Unidade 1 | Planeta Terra 31


Animais que...
sobrevivem no espaço!

Osvaldo Sequetin
Professor, o tardígrado é um
animal poliextremófilo, ou seja,
capaz de sobreviver em diversas
condições totalmente incompatíveis
com as formas de vida que
conhecemos.
Pesquisadores japoneses
da Universidade de Kyoto
identificaram qual proteína o
tardígrado produz que o torna
resistente aos raios X. Esses
cientistas concluíram que é possível
transferir essa proteína para
células de outros animais, como os
humanos, para torná-los também
resistentes a essa radiação, o
que pode ser interessante para
astronautas que forem enviados
a Marte ou a qualquer ponto mais
distante no espaço.

BNCC

O trabalho com a seção


Animais que... sobrevivem no
espaço – tardígrado atende as
competências e o tema indicado
a seguir.
Competência geral: 2.
Competência específica: 2 e 3.
Tema Contemporâneo
ILUSTRAÇÃO 17:
Transversal: Meio Ambiente.
tardígrado no
espaço.

32 Unidade 1 | Planeta Terra

32 Unidade 1 | Planeta Terra


Tardígrado
Você conhece esse animal? • à falta de oxigênio e de água;
Ele é um pequeno invertebrado, parente • a substâncias muito corrosivas e noci-
Agora é com você!
próximo dos artrópodes (uma classe de ani- vas, como ácidos e bases fortes.
Tudo isso foi comprovado em 2007, em 1. Ele foi levado para a Estação
mais que inclui os crustáceos, os insetos, os
testes feitos no espaço pela Agência Espacial Espacial Internacional e
aracnídeos e as centopeias).
submetido a uma série de
O corpo dos artrópodes é dividido em Europeia.
experimentos.
partes rígidas e articuladas entre si. O segredo do tardígrado para sobreviver
2. É uma espécie de hibernação,
em condições tão adversas que matariam ins-
Os tardígrados têm uma região da cabe- ou estado de letargia máxima,
ça bem desenvolvida e um corpo curto, com- tantaneamente outros seres é a criptobiose. por meio da qual seu corpo
posto de quatro segmentos fundidos, cada A criptobiose é uma espécie de hiberna- se desidrata até ficar com
qual com um par de membros curtos, robus- ção ou estado de letargia máxima, por meio apenas 1% da água de que
tos e sem juntas, geralmente terminados por da qual seu corpo se desidrata até ficar com necessita normalmente, ao
várias garras afiadas. apenas 1% da água de que necessita normal- mesmo tempo que fabrica um
mente, ao mesmo tempo que fabrica um re- revestimento extra de cutícula
Seu nome, tardígrado, vem do latim e sig-
vestimento extra de cutícula para protegê-lo para protegê-lo do ambiente,
nifica “passo lento”, mas também é conhecido o que inibe os processos que o
como urso-d’água ou leitão de musgo. É ino- do ambiente. Essa desidratação inibe os pro-
levariam à morte. O tardígrado
fensivo ao ser humano e não é difícil de achar. cessos que o levariam à morte.
pode permanecer nesse estado
Você só não o vê com frequência porque O tardígrado pode permanecer nesse es- indefinidamente e só voltar
ele é microscópico, tendo, em média, entre tado indefinidamente e só voltar à vida nor- à vida normal quando as
0,05 mm e 1,2 mm de comprimento. mal quando as condições estiverem favorá- condições estiverem favoráveis
veis novamente. novamente.
Gosta de lugares úmidos, à sombra, e
pode ser encontrado nas florestas, sobre os Agora é com você! 3. Pelo fato de o ser humano
liquens e musgos dos quais se alimenta, em 1. Como se sabe que o tardígrado é ter interesse em colonizar o
resistente ao vácuo do espaço? espaço e conhecer como o
samambaias próximas a um lago ou até mes-
tardígrado consegue sobreviver
mo em um jardim. 2. O que significa criptobiose? O que
às condições extremas do
Até aí, nada de mais, parece um bichinho ocorre durante esse processo? local pode ajudar a elaborar
normal, não é? Mas o tardígrado é surpreen- 3. Por que é importante fazer pesquisas estratégias para a sobrevivência
dente. É um poliextremófilo, ou seja, é capaz com o tardígrado? humana nas mesmas condições.
de suportar várias condições extremas dife- Além disso, buscamos
rentes. Os tardígrados sobrevivem: compreender a origem e
Hengherr S, (CC BY 2.5)

evolução da vida. Temos apenas


• a temperaturas inferiores a –250 oC e
um modelo de vida, que é o que
superiores a 150 oC;
vemos aqui na Terra.
• congelados em um bloco de gelo; É importante pesquisar indícios
• a níveis de radiação por raios X em do- de vida em outros planetas, para
ses mil vezes superiores à dose letal que possamos compreender
para seres humanos; qual é o gerador, o gatilho, ou
• a álcool etílico em ebulição; se a vida é algo absolutamente
• a uma pressão seis vezes maior que a do singular à Terra.
ponto mais profundo do oceano; IMAGEM 15: tardígrado em atividade visto em
• às condições existentes no espaço, um microscópio eletrônico de varredura (SEM,
como vácuo parcial; na sigla em inglês).

Unidade 1 | Planeta Terra 33

Tardígrados na Lua
“A Lua pode ser o novo lar de milhares de indivíduos considerados como alguns dos mais indestrutíveis do
planeta Terra. [...]
[Os tardígrados] estavam viajando em uma espaçonave israelense que se acidentou ao pousar na Lua em abril.
E o cofundador da organização, que os colocou lá, acredita que eles ainda estejam vivos. [...]
‘Acreditamos que as chances de sobrevivência para os tardígrados são extremamente altas”, disse Nova
Spivack, chefe da Arch Mission Foundation.’”
Disponível em: https://fnxl.ink/FOIYGJ. Acesso em: 6 fev. 2022.

Unidade 1 | Planeta Terra 33


VIDA E AMBIENTE
Professor, Olavo Bilac (Olavo Braz Wanda Díaz-Merced, a astrônoma que ouve as estrelas
Martins dos Guimarães Bilac),
jornalista, poeta, inspetor de Você conhece o poema “Via-Láctea”, do que as pessoas não desistam de seus sonhos e
ensino, nasceu no Rio de Janeiro, poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918)? que vejam as oportunidades que estão à frente.
RJ, em 16 de dezembro de 1865, e
O trecho mais famoso diz o seguinte: Qualquer pessoa no mundo pode algum dia de-
faleceu, na mesma cidade, em 28
senvolver uma doença e precisar de uma nova
de dezembro de 1918. Foi um dos "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
fundadores da Academia Brasileira forma de exibir seus talentos. Somos todos ex-
de Letras, criou a cadeira nº 15, que Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, ploradores naturalmente. [...]
tem como patrono Gonçalves Dias. Que, para ouvi-las, muita vez desperto A ciência pode se beneficiar imensamente
Sua obra poética enquadra-se E abro as janelas, pálido de espanto… de um aumento de percepção. E eu posso con-
no Parnasianismo, que teve na tinuar a fazer o que amo e estimular mais pes-
década de 1880 a sua fase mais E conversamos toda a noite, enquanto soas como eu a não desistir de perseguir seus
fecunda. Embora não tenha A via-láctea, como um pálio aberto, sonhos. A ciência tem o dever de promover a
sido o primeiro a caracterizar o Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, inclusão. Todos nós podemos contribuir para o
movimento parnasiano, pois só
Inda as procuro pelo céu deserto. conhecimento humano”.
em 1888 publicou Poesias, Olavo
Bilac tornou-se o mais típico dos Direis agora: “Tresloucado amigo!

NG Images/Alamy/Fotoarena
parnasianos brasileiros, ao lado de
Alberto de Oliveira e Raimundo Que conversas com elas? Que sentido
Correia. Tem o que dizem, quando estão contigo?”
Disponível em: E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
https://fnxl.ink/AFAQXM.
Acesso em: 27 maio 2022. Pois só quem ama pode ter ouvido
Observação: Parnasianismo é Capaz de ouvir e de entender estrelas.
um movimento literário que se Disponível em: https://fnxl.ink/NXAORF.
Acesso em: 31 ago. 2018.
opõe ao Romantismo. Utiliza
a poesia em forma de sonetos, A porto-riquenha Wanda Díaz-Merced sem-
estabelecendo um rigor formal, pre amou as estrelas. Ela conta que, quando era
com temáticas realistas e menina, fingia que sua cama era uma espaçona-
naturalistas. ve que ela usava para explorar o céu.
E foi com esse entusiasmo que ela entrou
BNCC
para o curso de Astronomia na Universidade de IMAGEM 16: Wanda Díaz-Merced. “A Ciência tem o
O trabalho com a seção Vida Porto Rico. Mas Wanda é diabética e começou dever de promover a inclusão. Todos nós podemos
e ambiente – Wanda Diaz- a ter complicações com a doença que acabaram contribuir para o conhecimento humano”, diz
Merced, a astrônoma que causando a perda da visão. Wanda. Foto de 2016.
ouve as estrelas atende as
competências e os temas Em nenhum momento, porém, ela pensou
E como Wanda conseguiu realizar o seu so-
indicados a seguir. em desistir do seu sonho. Segundo ela mesma
nho de ser astrônoma?
disse em entrevista ao jornal BBC Brasil:
Competências gerais: 1, 2, 4, 5, 6, Não faltou quem a aconselhasse a desistir,
7 e 9. “A perda da minha visão, na verdade, me dei-
mas ela diz que nunca admitiu essa possibilida-
Competências específicas: 1, 2, xou ainda mais determinada a ser astrônoma”.
de porque sentia que era capaz de fazer um tra-
3, 4 e 5. E acrescentou: “Quando faço palestras ou balho tão bom nessa área como qualquer outro
Temas Contemporâneos dou aulas, minha principal missão é estimular colega.
Transversais: Saúde, Ciência e
Tecnologia e Cidadania e Civismo. 34 Unidade 1 | Planeta Terra

Professor, o texto traz algumas informações sobre o trabalho intermédio de radiotelescópios. Enquanto um telescópio óptico
desenvolvido por Wanda, que realizou seu estágio na Nasa. produz imagens por meio da luz visível, um radiotelescópio capta
Auxiliada por seu orientador, ela desenvolveu uma técnica para perturbações emitidas por fontes de rádio, normalmente por meio de
analisar dados estelares por radiotelescopia. Utilizando a técnica, antenas parabólicas.
a equipe conseguiu detectar emissões de energia em explosões Como sabemos, as ondas de rádio podem ser convertidas em ondas
estelares que não haviam sido percebidas na análise visual. A técnica sonoras, que podem ser ouvidas pelas pessoas. As ondas de rádio
desenvolvida converte dados de ondas eletromagnéticas em sons são ondas eletromagnéticas formadas por oscilações de campos
audíveis usando variações de duração, tom e timbre, entre outras elétricos e magnéticos que se propagam em alguns meios materiais
características das ondas sonoras. e no vácuo, mas elas não são visíveis. Já as ondas sonoras são ondas
A Radioastronomia é um ramo da Astronomia que estuda as mecânicas que necessitam de um meio material para se propagar.
radiações eletromagnéticas emitidas ou refletidas pelos corpos A vida de Wanda é um incentivo para as pessoas conquistarem seus
celestes. A recepção dessas radiações eletromagnéticas é feita por espaços na sociedade.

34 Unidade 1 | Planeta Terra


Wanda sabia que muito do conhecimento Somente em 2016, mais de mil exoplanetas
que temos hoje sobre o espaço foi obtido com foram catalogados por esse método e acres-
a ajuda da Radioastronomia, uma ciência desen- centados a uma base de dados internacional.
volvida a partir de 1932, quando os astrônomos Agora é com você!
Wanda atualmente trabalha no Observa-
começaram a captar e a interpretar as ondas de tório Astronômico Sul-Africano, na Cidade do 1. Com certeza, não. Como mostra
rádio emitidas pelos corpos celestes. Cabo, África do Sul. Ela continua suas pesquisas
o texto, há diversos exemplos
de pessoas com deficiência que
A oportunidade de Wanda ocorreu quando em Astrofísica e também dá aulas para crianças
fizeram trabalhos extremamente
ela foi aceita para fazer um estágio na Nasa, e cegas utilizando amostras de suas sonificações. importantes na área de Ciências.
seu orientador, o astrofísico Robert M. Candey, Além disso, percorre o mundo dando pa- 2. Resposta pessoal.
propôs que ela desenvolvesse uma técnica para lestras pelo projeto da União Astronômica
Como, no imaginário popu-
analisar os dados coletados pelos radiotelescó- Internacional (UAI) e pelo projeto Tecnologia, lar, a Astronomia está muito
pios de última geração. Entretenimento e Planejamento (TED), em que relacionada à observação visual,
E foi o que ela fez. Wanda criou, com a ajuda distribui vendas para os olhos dos espectado- é possível que alguns estudantes
de matemáticos e colaboradores, uma técnica res, para que todos tenham a oportunidade de nunca tenham pensado que uma
para converter dados complexos em sons au- aprender a ouvir estrelas. astrônoma cega poderia fazer
díveis, usando variações de duração, tom e tim- um trabalho tão relevante.
Agora é com você!
bre, entre outras propriedades. 3. Kepler elaborou as duas leis que
1. Na sua opinião, portar uma deficiência regem o movimento planetário,
Usando essa técnica, a equipe conseguiu de- física é impedimento para fazer boa denominadas Leis de Kepler.
tectar emissões de energia em explosões este- ciência? 4. A Cosmologia é um ramo da
lares que não haviam sido percebidas na análise 2. Você imaginava que uma astrônoma Astronomia que estuda a
visual. cega poderia fazer um trabalho tão im- origem, a estrutura e a evolução
O trabalho de Wanda agregou dados impor- portante, a ponto de ser reconhecido no do Universo a partir das leis
tantes à pesquisa, pois o som ampliou a quanti- mundo inteiro? estabelecidas pelas Ciências.
dade de informações que os astrônomos podem 3. O astrônomo austríaco Johannes Kepler
coletar. (1571-1630) contraiu varíola e escarlatina
Ainda na entrevista ao jornal BBC Brasil, na infância, doenças que o deixaram com
Wanda disse: as mãos deformadas e a visão debilitada,
“Nossa civilização é muito orientada para mas isso não o impediu de estudar os as-
o visual, e isso se reflete na ciência. Ficamos tros, decifrar o enigma do movimento dos
acostumados em confiar apenas nos dados planetas e revolucionar a Astronomia.
que vemos, quando nossa percepção pode ser Qual seu principal trabalho?
aumentada se também dermos atenção a 4. Considerado um dos maiores gênios da
outros sentidos”. atualidade, o cientista britânico Stephen
O trabalho da astrônoma agora está voltado Hawking (1942-2018) foi diagnosticado
para a busca de exoplanetas, ou seja, planetas aos 21 anos com uma doença motora
fora do Sistema Solar. degenerativa, a esclerose lateral amio-
trófica (ELA), doença rara e incurável
Interpretando os dados sonoros que coleta,
que paralisa os músculos do corpo.
ela consegue informações sobre condições at-
Mesmo assim, realizou diversos trabalhos
mosféricas e propriedades químicas, sempre com
em diferentes campos da Física e ficou fa-
o objetivo final de contribuir com as pesquisas
científicas sobre se o planeta oferece condições moso por seus trabalhos em Cosmologia.
para a existência de vida tal como a conhecemos. Pesquise o que essa ciência estuda.

Unidade 1 | Planeta Terra 35

Professor, essa discussão é importante para desfazer preconceitos O músico Ludwig van Beethoven (1770-1827), que nasceu na Prússia,
sobre a limitação de pessoas com deficiência. Espera-se que os hoje Alemanha, realizou sua primeira apresentação como pianista
estudantes percebam que a inclusão social permite desenvolvimento com apenas 8 anos. Antes de completar 20 anos, já era conhecido
cultural e intelectual para toda a humanidade, e que uma pessoa com como um pianista e compositor brilhante. Mas, em 1796, ele começou
deficiência é tão capaz quanto qualquer outra. a perder a audição. Mesmo com esse problema, criou inúmeras
Além do físico Stephen Hawking, apresentado no livro didático, sinfonias e concertos.
citamos o matemático norte-americano John Forbes Nash Jr. A pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) contraiu poliomielite aos 6
(1928-2015), um estudante brilhante, que se formou em Engenharia anos de idade, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e
Química e Matemática e inspirou o filme Uma mente brilhante. Em operações que sofreu ao longo da vida e, mesmo assim, foi uma artista
1959, ele começou a apresentar sinais de paranoia e, no mesmo ano, conceituada, cultuada até hoje.
foi diagnosticado com esquizofrenia. Depois do tratamento, Nash
começou a se recuperar e a realizar seus trabalhos.

Unidade 1 | Planeta Terra 35


ASSUNTO SÉRIO FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Professor, para seu


conhecimento, as transmissões
Lixo espacial [...] Portanto, o ClearSpace-1 ["Faxineiro do
de televisão e de telefonia são Espaço-1"] deve ser lançado no espaço em 2025,
"Em 10 de fevereiro de 2009, o satélite co-
efetuadas por meio de satélites no compartimento de carga do foguete europeu
mercial americano Iridium 33 esbarrou no saté-
estacionários. Vega. Sua missão já está definida: coletar lixo es-
lite militar russo Kosmos-2251 a uma velocida-
Ondas eletromagnéticas são pacial e levá-lo a uma órbita de reentrada na at-
emitidas pelas antenas fixas no de de quase 42 000 km/h. Os dois veículos se
mosfera, onde o atrito vai carbonizá-lo, em uma
solo e são recebidas e reemitidas fragmentaram em mais de 600 pedaços, lança-
chuva de estrelas cadentes.
pelos satélites, que orbitam a dos a 20 vezes a velocidade de uma bala de fuzil.
Terra a aproximadamente 35 Foi o primeiro acidente desse tipo registra- O alvo escolhido é uma VESPA: trata-se de
785 km de altura. Esses satélites do, mas certamente não o único. Alguns são até um pequeno cone metálico usado para separar
descrevem órbitas que são voluntários: russos, americanos, chineses e in- satélites uns dos outros quando o mesmo fogue-
denominadas geoestacionárias. te transporta mais de um. Foi lançado em 2013
dianos destruíram um ou mais de seus próprios
Um satélite é estacionário em satélites em testes de mísseis. As explosões ti- por um foguete Vega em órbita baixa, a 800 km
relação à Terra se seu período de veram por consequência o lançamento de mais da Terra, e pesa 112 quilos.
translação for igual ao de rotação
alguns milhares de resíduos, que podem amea- Ninguém jamais capturou um objeto “não
do nosso planeta (1 dia) e sua
órbita circular estiver contida no çar qualquer nave espacial que esteja em órbita, cooperante” no espaço. A VESPA, que se move
plano equatorial da Terra, ou seja, inclusive a Estação Espacial Internacional (EEI). livremente girando sobre si mesma, não tem
esse tipo de satélite permanece [...] Ao todo, são mais de 8 800 toneladas motorista ou motor.
em repouso em relação a pontos de fragmentos incontroláveis de sucata metá- “Os filmes sempre mostram um astronauta
fixos no planeta. No Brasil, os lica sobrevoando no espaço, totalizando quase tentando pegar uma ferramenta, ele faz um mo-
satélites estacionários estão 130 milhões de fragmentos, variando, em tama- vimento falso e a ferramenta vai para o espaço,
localizados, aproximadamente,
nho, desde um grão de arroz até um ônibus. A como uma bola de golfe. Com a VESPA, será
sobre a cidade de Macapá, capital
maior parte dela é minúscula, porém, na velo-
do Amapá. exatamente a mesma coisa”, explica Luisa In-
cidade do movimento, essa sucata faz com que nocenti. O ClearSpace-1 terá de abrir com bas-
Em 1979, a nave espacial Skylab,
um simples parafuso libere uma energia de uma
lançada pela Nasa, caiu cinco tante amplitude seus quatro braços mecânicos
anos após seu lançamento. Essa granada de mão em caso de impacto.
para garantir uma captura suave do objeto.
nave foi o maior objeto celeste Outra dificuldade: o Sol, que cega as câme-
NASA

lançado ao espaço até então, com


ras e pode tornar o alvo invisível. O “caçador”
36 metros de comprimento, 6,7
metros de diâmetro e massa de terá, portanto, que avançar passo a passo e rea-
91 toneladas. A maior parte da valiar constantemente cada movimento, com a
Skylab queimou-se na reentrada. ajuda da inteligência artificial."
Poucos fragmentos caíram no Disponível em: https://fnxl.ink/VPKZKD
chão, em uma parte inabitada da Acesso em: 8 maio 2022.

Austrália. Agora é com você!

1. Discuta com seu grupo para propor, em


conjunto, uma solução que poderia mini-
mizar o problema do lixo espacial.
Agora é com você!
2. Por que, apesar do elevado custo da
1. Resposta pessoal. Uma possível ILUSTRAÇÃO 18: desenho da Nasa feito a
partir de modelos usados para rastrear operação, as agências espaciais acreditam
solução seria programar os
detritos na órbita da Terra. que o investimento compensa?
satélites para que entrassem
em autocombustão assim que
fossem desativados. O problema 36 Unidade 1 | Planeta Terra

é que seria necessário um


grande controle da operação,
para que não provocasse um
acidente com outro satélite que
BNCC
estivesse próximo.
2. Segundo a reportagem, O trabalho com a seção Assunto sério – Lixo espacial, atende as competências e os temas
o mercado potencial para recolher indicados a seguir.
lixo espacial é avaliado em vários Competência geral: 7.
milhões de dólares ao ano e, com Competências específicas: 1, 2, 3 e 4.
o desenvolvimento da tecnologia,
os custos do lançamento devem Temas Contemporâneos Transversais: Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.
diminuir.

36 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Movimento de rotação da Terra


A Terra não está parada no espaço. Assim como os demais
astros, ela realiza vários movimentos. Discuta com seus colegas Professor, as questões do boxe
Um deles é o responsável por existir o dia e a noite e também
Você já brincou em um gira-
localizado no centro superior da
pela sensação que temos do movimento aparente do sol no céu, -gira como este? página são para levantamento
“nascendo” na região leste todos os dias e se pondo na região oeste. de conhecimentos prévios e
para instigar a curiosidade dos

Fernando Favoretto/Criar Imagem


Como a Terra é aproximadamente esférica e gira em torno do
estudantes e levá-los a participar
Sol, e não o contrário, para explicar o movimento das sombras e a da aula. Eles não precisam
sequência de dias e noites em nosso planeta, os cientistas concluí- responder corretamente, porque
ram que a Terra gira em torno de um eixo imaginário que cruza seus ainda não estudaram os conceitos
polos e passa pelo seu centro. relacionados ao fenômeno.
Esse movimento, denominado rotação, ocorre no sentido oeste IMAGEM 17: crianças Devido à inércia, tendência
para leste, ou seja, no sentido anti-horário. brincando em um gira-gira no que os corpos têm de manter
parque. indefinidamente seu estado
O que ocorreria se as crianças de movimento ou de repouso,
estivessem girando em alta desde que não sofram nenhuma
Osvaldo Sequetin

Eixo de
rotação Raios solares
velocidade e soltassem as mãos? perturbação, se as crianças
A Terra gira em torno de seu estiverem girando em alta
próprio eixo, na velocidade de velocidade e soltarem as mãos
cerca de 1 674 km/h. Por que,
(que, nesse caso, é o que as
então, não somos lançados em
direção ao espaço?
mantém “presas” ao gira-gira),
elas tenderão a manter seu
movimento circular e serão
lançadas para fora do brinquedo.
A Terra gira a uma velocidade
muito alta, e não somos lançados
ao espaço porque a atração da
gravidade nos mantém presos à
superfície do planeta. Porém, se a
Terra Terra parasse repentinamente seu
movimento de rotação, devido à
inércia, seríamos todos lançados
ILUSTRAÇÃO 19: esquema representando o dia e a noite devido ao ao espaço, junto a tudo o que se
movimento de rotação da Terra. Devido à posição da Terra nesse encontra na superfície do planeta,
instante, o Hemisfério Sul está mais iluminado. pois tenderíamos a manter esse
Você consegue identificar, na figura acima, a posição da América movimento na mesma velocidade.
do Sul, onde se localiza o Brasil, e do equador, que divide a Terra nos
Hemisférios Norte e Sul?
Observe, nessa figura, o eixo de rotação da Terra, levemente
inclinado, seu ângulo de inclinação é de 23o. Esse eixo passa pelos
polos Norte e Sul e pelo centro da Terra.
Por essa razão, os hemisférios são iluminados de formas dife-
rentes ao longo do ano (fato que também está ligado ao movimento
da Terra em torno do Sol).

Unidade 1 | Planeta Terra 37

O pêndulo de Foucault
O astrônomo francês Jean Bernard Léon Foucault (1819-1868) percebeu que, ao deixar um pêndulo oscilando,
além do movimento esperado, ele realizava um movimento de rotação – causado pelo movimento da Terra
em torno do próprio eixo. Por meio de cálculos, ele determinou que o período dessa rotação era influenciado
diretamente pela latitude do local onde a medição fosse feita.
Nos polos, o movimento levaria cerca de 24 horas, e exatamente na linha do equador não existiria movimento
circular, com o pêndulo indo e voltando, sempre na mesma linha.

Unidade 1 | Planeta Terra 37


Uma rotação completa da Terra sobre seu eixo demora aproxi-
madamente 24 horas, e é isso o que determina as sucessões dos dias
e das noites.
Professor, todo corpo nas O comprimento da linha do equador é de 40 176 km. Conside-
proximidades do planeta, inclusive
rando que a Terra demora 24 horas para dar uma volta completa em
a atmosfera, está sob influência
da gravidade da Terra, por isso, torno de si mesma, qual é a velocidade de uma pessoa que está em
se um helicóptero ficasse parado alguma localidade próxima da linha do equador?
sobre uma região, ele continuaria Observe:
em repouso em relação a essa 40 176 km 24 horas
região, mas estaria efetuando o
movimento de rotação junto a x 1 hora
tudo que está no planeta. 1 . 40 176 km
x= V x = 1 674 km/hora
Se necessário, recorra ao 24 horas
professor de Matemática para Esse valor equivale a 465 m/s, uma velocidade muito eleva-
retomar a explicação sobre a regra

Freepik Premium
da. Porém, note que na linha do equador a velocidade é maior,
de três.
pois nessa área a circunferência da Terra é máxima.
Proponha aos estudantes que
Conforme vamos nos aproximando dos polos, a velocidade
façam uma pesquisa sobre o
de um ponto na superfície da Terra diminui.
fuso horário em uma atividade
interdisciplinar com Geografia. Na cidade de Porto Alegre, por exemplo, a velocidade da
O objetivo é introduzir noções rotação terrestre cai para 1 450 km/h (cerca de 403 m/s).
do ambiente e o movimento de Você pode se perguntar:
rotação.
“Como a Terra gira tão rápido? Se um helicóptero pudes-
Em 1884, uma reunião com
se ficar parado no ar a 100 metros de distância do solo, por
representantes de diversos países
24 horas, será que ele veria o mundo dar a volta a seus pés?”.
definiu os 24 fusos horários.
O planeta leva aproximadamente A resposta é não! E sabe por quê? Porque tudo o que está
24 horas para realizar uma volta na Terra, inclusive a atmosfera, se movimenta com o planeta.
completa, o que equivale a um IMAGEM 18: helicóptero Não sentimos esse movimento por causa de um fenômeno cha-
deslocamento angular em torno "parado" no ar. mado inércia, descrito por Galileu Galilei.
de si mesmo. Podemos concluir
que se em 24 horas ele percorre o
equivalente a 360°, em uma hora Inércia é uma tendência natural dos corpos de
se desloca 15°. manter seu estado de movimento ou de repouso,
O fuso referencial para a a menos que sofra alguma perturbação.
determinação das horas é o
Meridiano de Greenwich, cujo Considere o seguinte exemplo: quando estamos viajando de ôni-
centro corresponde 0°. A partir
bus, mesmo sentados, estamos nos movendo na mesma velocidade
daí, foram estabelecidos os
outros limites de fusos horários. do ônibus.
A Terra realiza seu movimento Se todas as janelas do ônibus estão fechadas, não sentimos o
de rotação girando de oeste vento (ar em movimento) porque o ar dentro do ônibus está se mo-
para leste, em torno do próprio vendo na mesma velocidade que ele, embora o ar esteja parado em
eixo. Por esse motivo, os fusos a relação às pessoas que estão dentro do ônibus.
leste de Greenwich têm as horas
Quando abrimos a janela, forma-se o vento porque o ar começa
adiantadas (+), enquanto os fusos
situados a oeste do meridiano a se movimentar dentro do ônibus.
inicial têm as horas atrasadas (–).
O horário oficial do Brasil é o de 38 Unidade 1 | Planeta Terra
Brasília, que está atrasado três
horas em relação a Greenwich.

38 Unidade 1 | Planeta Terra


O movimento de rotação da Terra é mantido por inércia. Acre-
dita-se que há bilhões de anos os planetas se chocaram e começa- Você sabia?
LINK
ram a girar em torno de si, e esse movimento se mantém enquanto A massa de um astronauta é
a mesma tanto na Lua como Se possível, passe para os
não surgir uma força capaz de fazê-lo parar.
na Terra, mas seu peso na estudantes o vídeo que mostra a
E você, já descobriu por que não somos lançados para o espaço, Lua é apenas 1/6 de seu peso força da gravidade agindo sobre
apesar de a Terra estar girando em alta velocidade? na Terra, por isso, apesar de uma pena e uma bola de boliche
É por causa de uma lei universal, a gravidade, que o físico inglês usarem trajes que chegam a em uma câmara de vácuo. O vídeo
Isaac Newton (1643-1727) percebeu após os seguintes questiona-
pesar 127 kg, os astronautas é em inglês, mas tem legenda em
podem andar aos saltos, sem português do Brasil.
mentos: nenhum esforço na superfície
do nosso satélite natural. Nasa
• Por que os corpos caem, em vez de subir?
O que cai mais rápido: uma pena
• Que força é essa que nos mantém firmemente presos ao ou uma bola de bowling? (vídeo)
chão e nos traz de volta a ele quando pulamos?
Não responda, sobretudo se acha
Newton chamou essa força de atração entre os corpos que faz a que a resposta é a bola.
Terra atrair tudo o que se encontra em sua superfície de gravidade.
Disponível em:
Com base em seus estudos e observações, Newton elaborou o
https://fnxl.ink/PEAQFQ.
enunciado da lei da gravidade:
Acesso em: 6 fev. 2022.

"Quanto maior a massa de um corpo, maior a força


de atração gravitacional que ele exerce".

Como a Terra tem uma massa muito maior que a dos


Neil A. Armstrong/NASA

corpos que estão em sua superfície, a força que ela exer-


ce sobre eles é proporcionalmente muito grande. Por isso,
todos os corpos jogados para cima caem de volta ao chão.
A Lua tem uma massa cerca de 81 vezes menor do que a
massa da Terra. Por isso, a gravidade na Lua é bem menor, e
ela gira em torno da Terra, e não o contrário.
Nosso peso é a força com que a Terra nos atrai para sua
superfície, ou seja, é a força originada pela gravidade.
Também podemos dizer que peso é uma força que apa-
rece nos corpos por causa de uma atração gravitacional en-
tre massas.
Por isso, aqui, na Terra, o peso de um corpo indica a for-
ça gravitacional que o planeta exerce sobre a massa desse
corpo.
Logo, massa e peso, apesar de estarem relacionados,
são conceitos diferentes, e, por isso, não podem ser trata- IMAGEM 19: astronauta
dos como sinônimos. Buzz Aldrin (1930-) na Lua,
Todo corpo tem massa, mesmo que esteja isolado no Universo, missão Apollo 11.
mas só terá peso se estiver próximo a algum outro corpo, pois, assim, Imagem feita pelo astronauta
Neil Alden Armstrong
a força de atração entre eles (que é o peso) se estabelecerá. Um cor-
(1930-2012) em 20 de julho
po isolado não tem peso. de 1969.

Unidade 1 | Planeta Terra 39

Unidade 1 | Planeta Terra 39


Não é magia,
Professor, atualmente existe um
É TECNOLOGIA
sapato que possui um localizador
instalado no interior do pé
esquerdo e que permite mostrar Sistema de Posicionamento Global – GPS
a localização do usuário em um Você concorda que 30 anos não é muito tempo?
smartphone ou computador. Ele
Pois é, a geração que nasceu há
é especialmente útil para localizar
mais de 30 anos vivia em um mun-

gstockstudio/Freepik Premium
idosos com doença de Alzheimer,
caso eles saiam de casa e se do sem internet, sem smartphone,
esqueçam como voltar. sem GPS.
E, naquela época, quem não ti-
vesse algum senso de direção, fun-
damental para usar mapas e poder
se localizar, estaria literalmente
perdido.
Imagine agora a seguinte si-
tuação: você consegue viajar no
tempo e levar um smartphone para
uma pessoa que está ficando de-
Professor, implantes do tamanho
de um grão de arroz, colocados, sesperada por não conseguir po-
IMAGEM 20: casal perdido
por exemplo, entre o polegar e o sicionar o mapa na direção correta (essa pessoa também não tem
com um mapa na mão.
indicador, estão sendo vendidos uma bússola...).
aos milhares nos Estados Ao chegar, você explica que, com esse aparelho, é possível se co-
Unidos e permitem abrir portas, municar com qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo,
destravar computadores, fazer sendo possível ouvi-lo como se estivesse ao seu lado.
pagamentos em lojas, fornecer
número de telefone a alguém “E mais”, você diz: “acionando este aplicativo, uma voz que sabe
apenas encostando a mão no exatamente onde você está a cada instante vai guiá-lo, dizendo o
celular da pessoa, entre outras que deve fazer para chegar o mais rapidamente possível ao desti-
possibilidades. no escolhido”.
O implante contém um chip que Das duas, uma: ou essa pessoa iria rir muito da sua “brincadeira”,
se comunica por radiofrequência ou ficaria com medo de você, pois algo desse tipo só acontecia em
e atua em uma área restrita filmes de ficção científica ou em histórias de bruxas e magia.
a poucos centímetros do Você sabia? Talvez você não consiga dimensionar o impacto que toda essa
proprietário. Por isso, não pode
ser localizado por GPS. A invenção do GPS é tecnologia causou em nossa sociedade, afinal, quando você nasceu,
creditada a três cientistas tudo isso já existia, mas já se perguntou como funciona um GPS?
Para as pessoas que temem que estadunidenses:
o implante possa ser hackeado Ivan Alexander Getting (1912- GPS é a sigla para Global Positioning System, ou Sistema de Posi-
para obter dados pessoais de seu -2003), Roger Lee Easton cionamento Global.
usuário, o fabricante informa que (1921-2014) e Bradford Wells Esse sistema começou a ser desenvolvido na década de 1960 pelo
os smartphones são bem mais Parkinson (1935- ).
departamento de defesa militar do Estados Unidos, em um projeto
perigosos nesse sentido. São mais
denominado “NAVSTAR” (NAVigation Satellite with Time And Ranging,
fáceis de hackear e podem se
na tradução livre, navegação por satélite com alcance de tempo).
converter em um espião perfeito
com microfone, câmera e GPS,
devassando a privacidade de 40 Unidade 1 | Planeta Terra
quem o possui.

BNCC

O trabalho com a seção Não é magia, é tecnologia – Sistema de Posicionamento Global – GPS,
atende as competências e o tema indicados a seguir.
Competências gerais: 1, 2 e 5.
Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6.
Tema Contemporâneo Transversal: Ciência e Tecnologia.

40 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA A gravidade
O primeiro receptor foi testado em 1982, mas apenas em 1995,
segundo Einstein
depois de os Estados Unidos colocarem 24 satélites na órbita da Ter- Enquanto para Newton os
ra, a um custo de 10 bilhões de dólares, o projeto foi considerado con- conceitos de espaço e tempo são
cluído. Atualmente, há, no espaço, quatro programas desse tipo: independentes, para o físico alemão
Glossário Albert Einstein (1879-1955), o
• GPS e A-GPS (GPS assistido, para telefonia móvel): desen-
Geoestacionários espaço-tempo é um contínuo que
volvido pelos EUA, utiliza 31 satélites distribuídos em 6 pla- são satélites que completam uma
volta em torno da Terra em
pode ser tratado geometricamente,
nos orbitais, garantindo que 24 deles estejam operacionais formando uma espécie de “malha
24 horas e, portanto, permanecem
95% do tempo; aparentemente parados em geométrica”.
• GLONASS: desenvolvido pela Rússia, utiliza 24 satélites relação a um ponto fixo do planeta
(geralmente na linha do equador). Nesse caso, os pontos na malha
distribuídos em três planos orbitais; espaço-tempo são denominados
• Galileo: desenvolvido pela União Europeia, possui 26 satéli- eventos, e cada evento é definido por
tes que prometem uma precisão de 20 cm na localização do um conjunto de quatro coordenadas:
endereço desejado; x, y, z e (c · t), sendo x, y e z as três
dimensões espaciais; c a velocidade
• Compass, ou Beidou-2: em fase de implantação pela China,
da luz no vácuo (uma constante
tem 30 satélites em órbita média e cinco geoestacionários.
de valor aproximadamente igual a
Em terra, a posição específica de uma localização é determinada 300 000 km/s), e t é o tempo.
simultaneamente por três satélites, que enviam sinais constantemen- Desse modo, eventos de apenas

Osvaldo Sequetin / Freepik Premium


te por ondas de rádio, que viajam na velocidade da luz. Esse processo 1 segundo, separados no tempo,
é denominado triangulação. estão a 300 000 km de distância no
Os satélites possuem relógios atômicos. Esse tipo de relógio é espaço-tempo.
tão preciso que atrasa 1 segundo a cada 100 mil anos. É importante perceber que o fator
Entretanto, são relógios muito grandes e caros e seu uso nos re- tempo aplicado às velocidades que
ceptores é inviável, o que faz com que o relógio do receptor não este- praticamos na Terra é desprezível
ja sincronizado com os relógios dos satélites. Para resolver esse pro- (praticamente igual a zero). Por isso,
Sua localização o produto c · t  não interfere em
blema, quando os satélites emitem o sinal para o receptor, emitem
nosso dia a dia, e as leis de Newton
também o horário em que o sinal saiu de cada satélite. ILUSTRAÇÃO 20: três
continuam válidas para nós, mas
Com base na teoria da relatividade geral, o receptor calcula o satélites enviam o sinal para as velocidades das radiações
tempo em que os sinais demoraram para chegar até ele, para obter a simultaneamente para o eletromagnéticas, no funcionamento
receptor, que calcula quanto
localização exata que estamos procurando. Estima-se que sem essa do GPS ou nas pesquisas com
tempo cada sinal demorou a
correção, haveria um erro acumulativo de cerca de 15 km por dia na chegar até ele, a sobreposição
aceleradores de partículas, o produto
marcação das posições. desses sinais – denominada c · t  é importante e faz toda a
Agora é com você! triangulação – indica a diferença.
1. É correto dizer que um GPS é um satélite que se comunica
localização procurada. Segundo Einstein, a gravidade
Para aviões, o GPS utiliza não é uma força de atração, e sim
com a Terra via ondas de rádio para fornecer uma localiza- ainda um quarto satélite, cuja uma consequência da distorção do
ção solicitada? Explique sua resposta. função é informar a altura do espaço-tempo.
2. Por que automóveis precisam de três satélites para fornecer receptor em relação ao nível
do mar. Para a teoria da relatividade geral,
uma localização, enquanto aviões precisam de quatro?
a Terra possui uma massa elevada
3. O satélite geoestacionário fica parado sobre um ponto fixo e provoca uma distorção na malha
da Terra? Explique sua resposta. espaço-tempo. Essa distorção é o
que faz a Lua entrar em órbita ao
redor da Terra.
Unidade 1 | Planeta Terra 41 Da mesma forma, é a distorção na
malha espaço-tempo causada pelo
Sol que mantém os planetas e demais
corpos celestes do Sistema Solar
girando ao seu redor.
Einstein conseguiu provar
Agora é com você! experimentalmente a existência
1. Não, porque o GPS trabalha na superfície terrestre com três satélites simultaneamente, e no ar (aviões), dessa distorção por meio de um
com quatro satélites ao mesmo tempo. eclipse solar que ocorreu em Sobral,
2. No processo de triangulação, três satélites enviam o sinal para o receptor, que calcula quanto tempo cada no Ceará.
sinal demorou a chegar até ele, a sobreposição desses três sinais indica o ponto onde se localiza o receptor
na superfície terrestre. No caso de um avião, o cálculo da altura em que se encontra a aeronave é feito por
um quarto satélite.
3. Ele não fica parado, movimenta-se na mesma velocidade que a Terra na linha do equador e, portanto, está
sempre posicionado em relação a um ponto fixo do planeta.

Unidade 1 | Planeta Terra 41


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Movimento de translação da Terra


Enquanto gira ao redor de seu eixo, a Terra gira também em tor-
Professor, movimentos no do Sol, e esse movimento é denominado translação.
periódicos são aqueles que se A trajetória aproximadamente circular completa que a Terra
repetem em intervalos de tempo
percorre em torno do Sol mede em torno de 930 milhões de quilô-
iguais. Um movimento periódico
que está relacionado à translação metros.
da Terra é a própria duração do Para completá-la, a Terra leva aproximadamente 365 dias e 6 horas,
ano e também a existência das ou aproximadamente um ano, a uma velocidade de 30 km/s, cerca de
estações do ano (verão, outono, 108 000 km/h.
inverno e primavera), que se Apesar de ser uma órbita aproximadamente circular, ainda as-
repetem em intervalos de tempo
sim podemos identificar uma variação na distância da Terra e do Sol
praticamente constantes e estão
relacionadas com a quantidade de ao longo dessa trajetória. Há um momento em que a distância da
incidência solar em determinado Terra ao Sol é mínima, de cerca de 147 milhões de quilômetros, e em
hemisfério da Terra por conta da outro que ela é máxima, de cerca de 152 milhões de quilômetros.
inclinação do eixo de rotação do Justamente por essas distâncias serem muito próximas é que
planeta. Vale a pena reforçar para consideramos a trajetória da Terra, no movimento de translação,
os estudantes que as estações do praticamente circular, e não exatamente elíptica.
ano não estão relacionadas com a
distância entre a Terra e o Sol. A ilustração abaixo mostra quatro posições da Terra em um mo-
vimento de translação completo em torno do Sol.

Translação da Terra - movimento em torno do Sol


Professor, alguns estudantes
podem ter uma ideia equivocada 20 ou 21 de março: Equinócio. 20 ou 21 de
de que as estações do verão e Início da primavera no Hemisfério Norte e dezembro: Solstício.
Início do inverno no
do inverno ocorrem conforme a Início do outono no Hemisfério Sul.
Hemisfério Norte e
Terra se aproxima (147 milhões de início do verão no
quilômetros) ou se afasta Hemisfério Sul.
(152 milhões de quilômetros)
do Sol.
Insista com eles que essa

Osvaldo Sequetin
diferença de 5 milhões de
147 milhões de 152 milhões de
quilômetros não é relevante em quilômetros quilômetros
termos astronômicos e que, por
isso, a órbita da Terra em torno 20 ou 21 de
junho: Solstício.
do Sol pode ser considerada Início do verão
praticamente circular. O que causa no Hemisfério
as diferentes estações do ano em Norte e início do
inverno no
locais não próximos à linha do Hemisfério Sul.
equador é a diferente quantidade
de calor solar que chega aos
hemisférios devido à inclinação do
eixo terrestre em relação ao plano 22 ou 23 de setembro: Equinócio.
de sua órbita. Início do outono no Hemisfério Norte e
ILUSTRAÇÃO 21: movimento de início da primavera no Hemisfério Sul.
translação da Terra.

Professor, se achar necessário,


42 Unidade 1 | Planeta Terra

peça ajuda ao professor de


Matemática para que ele
introduza o que é uma elipse e
seus elementos de Geometria,
como a excentricidade.

42 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Observe que os dois hemisférios, Norte e Sul, nunca ficam dire-


tamente expostos à luz solar ao mesmo tempo devido à inclinação
Você sabia?
Movimentos da
da Terra sobre o plano da elipse (ângulo de 23o 27’). “... o ano das estações tem
uma duração de cerca
Terra, estações
As estações do ano dependem da inclinação do eixo de rotação de 365,25 dias. O valor
da Terra. Essa inclinação faz com que a orientação da Terra em rela- usado atualmente, de
“As estações são causadas pela
ção ao Sol mude continuamente enquanto a Terra gira em torno do aproximadamente 365 inclinação do eixo de rotação da Terra
Sol. Por isso, as datas em que cada estação tem início podem variar dias, 05 horas, 48 minutos em relação à perpendicularidade ao
ligeiramente de ano para ano. e 46 segundos, é obtido por plano definido pela órbita da Terra
observações meridianas (plano da eclíptica).
Durante o ano ocorrem dois momentos de equinócio: feitas por instrumentos
Essa inclinação faz com que a
• de outono (dia em que inicia o outono); astronômicos de alta
precisão.“ orientação da Terra em relação ao
• de primavera (dia em que inicia a primavera), quando o movi-
Fonte: Sociedade Astronômica
Sol mude continuamente enquanto
mento aparente do Sol no céu alinha-se com o equador da Terra. Brasileira. Revista Brasileira de a Terra gira em torno do Sol. O
Durante o ano, ocorrem também dois momentos de solstício: Astronomia, Encarte especial 2, 2021.
Disponível em: https://fnxl.ink/NKGPBG
Hemisfério Sul se inclina para longe
Acesso em: 20 abr. 2023. do Sol durante o nosso inverno e
• de verão (dia em que inicia o verão);
em direção ao Sol durante o nosso
• de inverno (dia em que inicia o inverno). verão. Isso significa que a altura
Nesses dias, o movimento aparente do sol no céu alinha-se com do sol, o ângulo de elevação do sol
os trópicos de Capricórnio (verão) e de Câncer (inverno). acima do horizonte, para uma dada
No Hemisfério Sul, o solstício de verão ocorre em dezembro. hora do dia (por exemplo, meio-
Quando essa estação inicia, temos o dia mais longo do ano, ou seja, dia), varia no decorrer do ano. No
o período iluminado do dia se estende por um tempo maior. hemisfério de verão, as alturas do sol
ILUSTRAÇÃO 22: divisão do são maiores, os dias, mais longos e
O solstício de inverno ocorre em junho. Quando essa estação globo terrestre em zonas há mais radiação solar. No hemisfério
inicia, temos o dia mais curto do ano, com o menor período de tem- climáticas. A intensidade da de inverno, as alturas do sol são
po iluminado pelo sol. radiação solar sobre as áreas menores, os dias, mais curtos e há
mais próximas do polo, como
Divisão da Terra em zonas climáticas menos radiação solar.
os trópicos de Câncer e de
Capricórnio, é menor do que A quantidade total de radiação
Eixo de rotação Círculo Polar Ártico sobre a linha do equador. Essas solar recebida depende não apenas
da Terra regiões apresentam estações da duração do dia como também
Norte do ano mais bem definidas. da altura do sol. Como a Terra é
Osvaldo Sequetin

Zona Polar curva, a altura do sol varia com a


Ártica Trópico de Câncer latitude. A altura do sol influencia
a intensidade de radiação solar,
ou irradiância, que é a quantidade
Zona temperada Linha do equador de energia que atinge uma área
do Norte
unitária por unidade de tempo
(também chamada densidade de
fluxo), de duas maneiras. Primeiro,
Zona tropical
Trópico de Capricórnio quando os raios solares atingem
do Norte
a Terra verticalmente, eles são
mais concentrados. Quanto menor
Zona tropical
Círculo Polar Antártico a altura solar, mais espalhada e
do Sul menos intensa a radiação. Segundo,
Zona Polar
a altura do sol influencia a interação
Zona temperada
do Sul Antártica da radiação solar com a atmosfera.
Se a altura do sol decresce, o
Sul percurso dos raios solares através
da atmosfera cresce e a radiação
solar sofre maior absorção, reflexão
Unidade 1 | Planeta Terra 43 ou espalhamento, o que reduz sua
intensidade na superfície.“
Disponível em:
https://fnxl.ink/TEGPKB
Acesso em: 22 maio 2022.
Professor, a Terra tem dois movimentos principais: rotação e translação. A rotação em torno de
seu eixo é responsável pelo ciclo dia-noite. A translação se refere ao movimento da Terra em sua
órbita elíptica (quase circular) em torno do Sol. A posição mais próxima ao Sol, o periélio (147 · 10 6
km), é atingido aproximadamente em 3 de janeiro, e o ponto mais distante, o afélio (152 · 10 6 km), em
aproximadamente 4 de julho. As variações na radiação solar recebida são pequenas em virtude da
distância do Sol à Terra.

Unidade 1 | Planeta Terra 43


O gnômon e os movimentos da Terra
O gnômon (vara, em grego) é um instrumento simples, mas mui-
Professor, para o to útil para observações astronômicas importantes.

DocteurCosmos (CC BY-SA 2.5)


encaminhamento dessa Como vimos no experimento de Eratóstenes, ele foi utilizado
atividade, será necessário que para medir a circunferência da Terra.
as observações ocorram em Além disso, vários povos da Antiguidade, como os gregos, utili-
quatro dias do ano, que sejam
zaram a comparação da variação do comprimento da sombra de um
ensolarados e próximos do início
das estações. Essa condição gnômon para construir relógios de sol, medir a passagem do tempo
requer bastante organização e padronizar os horários.
do professor. A última data de Comparando as diferenças das sombras produzidas em diferen-
observação, referente ao verão, tes dias, puderam também calcular a duração do ano, com cerca de
deve ser planejada para a semana 365 dias, bem como definir o período de cada estação do ano e pla-
anterior ao final do ano, quando nejar suas atividades agrícolas.
ainda haverá tempo hábil para a IMAGEM 21: relógio de sol em

análise dos resultados. Lannion, Bretanha, França Sabemos que prever épocas de muita ou pouca chuva é impor-
2016. tante para o plantio e a colheita de alimentos.
Estudantes que cursaram o 4º
ano do Ensino Fundamental O gnômon também possibilita definir as regiões em que ficam os
na vigência da Base Nacional pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste), ajudando na localização
Comum Curricular (BNCC) já espacial e na construção de mapas.
estudaram a formação de
sombras e desenvolveram a ATIVIDADE PRÁTICA
habilidade EF04CI09. Se tal
aprendizagem não ocorreu,
avalie se os estudantes já têm os Será que é possível localizar exatamente os pontos cardeais com
conhecimentos necessários, ou base apenas na observação da sombra de um gnômon em dois horá-
seja, se eles conhecem a natureza Você sabia? rios do dia?
da propagação retilínea da luz e se  O Brasil tem quatro fusos Será que o sol nasce sempre no mesmo ponto do horizonte, o
sabem que a formação de sombra horários diferentes. Isso faz com leste, e se põe sempre no mesmo ponto, o oeste, em todos os dias do
ocorre quando a luz encontra um que cidades muito distantes, ano? Nesta atividade, você e seus colegas construirão um gnômon
anteparo opaco, que interrompe como Cuiabá (MT) e Rio Branco e, por meio dele, vão responder a essas questões.
sua passagem. (AC), que estão a quase 2 000
km uma da outra, tenham o Vão, também, comparar o comprimento e a posição das sombras
mesmo horário, por exemplo, e relacioná-los com os movimentos de rotação e translação da Terra.
meio-dia. Mas o tamanho da Organize-se com os colegas e o professor para fazer as medidas das
sombra não depende do relógio,
sombras solicitadas nesta atividade em quatro dias diferentes do ano.
BNCC depende da posição do sol, logo,
o meio-dia do relógio pode não Por exemplo:
O trabalho com a Atividade ser o horário de sombra mínima
• próximo a 20 de março (outono);
prática – Gnômon, atende as em determinada cidade. Fique
competências e o tema indicados atento a isso! • próximo a 20 de junho (inverno);
a seguir. • próximo a 22 de setembro (primavera);
Competências gerais: 1 e 2. • perto do final das aulas de dezembro (verão);
Competências específicas: 1, 2 e 3. Sempre de acordo com as instruções do professor.
Tema Contemporâneo Se não tiver sol ou se chover no dia combinado para fazer as me-
Transversal: Ciência e Tecnologia. didas, agendem uma nova data.

44 Unidade 1 | Planeta Terra

Encaminhamento da atividade
Durante os encaminhamentos, considere que, com base em nossas observações sensoriais cotidianas, é
difícil aceitar e compreender os movimentos da Terra. Nossos sentidos nos levam a pensar que a Terra
está parada no espaço, abaixo de nossos pés, e o Sol se move diariamente, aparecendo no lado leste e
desaparecendo no lado oeste.
O objetivo desta atividade é a transposição do que é observado para um modelo, isto é, com base no
observável, que os alunos tenham evidências dos movimentos de rotação e translação da Terra. Assim,
poderão fazer uma associação entre o que veem do movimento diário do sol e os movimentos que aprendem
na escola.

44 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Ilustrações: Alex Argozino


Material Se tiver dificuldade de conseguir a
madeira, pode usar papelão, EVA,
Palito grosso de uma placa grossa de isopor ou até
madeira de 20 cm mesmo o chão de terra batida do Professor, sugere-se que esse
de comprimento pátio do colégio e, nesse caso, use um experimento seja feito em quatro
pedaço de cabo de vassoura como
gnômon. Pode improvisar. dias do ano, a cada mudança de
O importante é anotar no caderno o estação.
Placa de madeira dia do experimento, o horário em que
de 50 cm de lado foi feito e o tamanho das sombras. Se escolher fazer o experimento
no pátio da escola, oriente os
estudantes para usar uma pedra
60 cm de
barbante
Folha de para riscar o chão de terra. Se tiver
cartolina
branca Esquadro com um laboratório de Química na
ângulo reto escola, é possível usar um suporte
de 90° universal como gnômon e riscar o
Régua
Tesoura sem chão de cimento com giz.
ponta

Lápis preto
e lápis Massa de
colorido modelar ou cola Fita adesiva
Professor, para um melhor
entendimento de que o sol
Procedimento
não aparece nem desaparece
exatamente do mesmo ponto
todos os dias, peça aos estudantes
furo central que tirem fotos do nascer ou do
pôr do sol por quatro semanas,
três dias em cada semana, sempre
focalizando um mesmo local do
horizonte e baseando-se em um
referencial, como um prédio, uma
árvore ou uma antena.
Solicite, então, que enviem as
1 Vamos ensinar como fazer o experimento usando 2 O professor fará um buraco 3 Prenda a cartolina em
a placa de madeira, que pode ser reutilizada ao no centro da placa de cima da placa de madeira imagens por e-mail para um
longo do ano nos outros três experimentos e, nos madeira para encaixar o com fita adesiva e encaixe endereço eletrônico que seja
anos seguintes, com outras turmas. gnômon bem verticalmente. o gnômon no buraco.
possível ser acessado na escola e
mostre-lhes as variações de região
do nascente (ou poente).

4 Use o esquadro para confirmar se o 5 Se necessário, complete o espaço entre o


ângulo do gnômon com a placa de gnômon e a base de madeira com massa
madeira é de 90o. de modelar ou cola e espere secar.

Unidade 1 | Planeta Terra 45

Unidade 1 | Planeta Terra 45


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Ilustrações: Alex Argozino


Medindo as sombras
barbante

Professor, para repetir o


barbante
experimento, instrua os alunos fim da sombra
a voltar, em junho, ao mesmo sombra
local em que foi feita a primeira
observação, em março. Caso
essas datas não coincidam com
o período de aulas, você pode
utilizar datas aproximadas. Se 6
Amarre uma das pontas do
7
Logo de manhã, leve seu
8
Marque na cartolina o local no
realizar a última observação – barbante na parte inferior do gnômon para um lugar qual termina a sombra do gnô-
gnômon. Fixe bem, para que tranquilo e ensolarado. mon e anote o horário em que ele
quarto dia – na primeira semana o gnômon não se incline. foi feito (o ideal é 10 h).
de dezembro, o resultado será
satisfatório. Leste

Oeste
Como é de manhã e o sol Usando a régua e o Estenda o barbante desde o
9 10 11
“nasce” a leste, essa sombra é lápis, cubra com uma gnômon até a extremidade
formada a oeste (no sentido linha a sombra da sombra e amarre o
contrário ao sol). formada. barbante no lápis.

Leste Oeste

circunferência circunferência

linha da linha da
sombra sombra
da manhã da manhã

Oeste marcar ponto Leste

12 Deixe o instrumento nesse local até o meio-dia e 13 Depois, à tarde, um pouco antes das 14 h,
volte a ele para medir, com a régua, o tamanho da volte ao local do gnômon e espere até a
sombra formada pelo gnômon nesse horário. Anote no extremidade da sombra dele coincidir com
seu caderno qual a estação do ano e qual o tamanho um ponto da circunferência.
da sombra do gnômon ao meio-dia. No final do ano Faça uma marca nesse ponto.
você tentará estabelecer uma relação entre esses dois Note que, como o sol se põe a oeste, a
dados. Em seguida, girando o lápis, trace uma sombra da tarde se forma a leste.
circunferência cujo centro seja o gnômon.

46 Unidade 1 | Planeta Terra

Encaminhamento da atividade
Durante os encaminhamentos, considere que, com base em nossas Inicie lendo com os alunos o trecho introdutório e peça que respondam
observações sensoriais cotidianas, é difícil aceitar e compreender os às questões propostas, incentivando a participação de todos na
movimentos da Terra. Nossos sentidos nos levam a pensar que a Terra discussão.
está parada no espaço, abaixo de nossos pés, e o Sol se move diariamente,
Decida se a atividade será individual ou em grupos. Se for individual, isso
nascendo no lado leste e se pondo no lado oeste.
facilitará o registro das sombras, já que deverá ser feito às 10 h, ao meio-
O objetivo dessa atividade é a transposição do que é observado para um
dia e às 14 h. Nesse caso, peça que os alunos mantenham o gnômon em
modelo, isto é, com base no observável, os alunos tenham evidências dos
casa.
movimentos de rotação e translação da Terra. Assim, poderão fazer uma
associação entre o que veem do movimento diário do sol e os movimentos Em seguida, organize o material entre os alunos e leia com eles as
que aprendem na escola. instruções para a montagem.

46 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Ilustrações: Alex Argozino


Professor, deixe os estudantes
encontrarem a resposta
experimentalmente.
Os pontos determinados indicam
apenas as direções Leste, Oeste,
Norte e Sul, não os pontos
O L O L cardeais.
O sol só nasce exatamente no
ponto cardeal Leste no equinócio
14 Usando o lápis e uma régua, cubra a sombra 15 Trace um segmento de reta ligando as extremidades de outono.
formada às 14 h, do centro do gnômon até o das linhas das duas sombras (em azul, no esquema
ponto marcado, traçando uma linha reta. acima). Essa linha coincide com a direção Leste-Oeste. No solstício de inverno, o sol nasce
bastante deslocado para o Norte
(ou à esquerda do Leste).
O
S No solstício de verão, o sol nasce
bastante deslocado para o sul (ou à
L direita do Leste).
braço
N
direito

braço
O L esquerdo

O
S
Este é o ponto médio L
do segmento que liga as N à frente fica o norte
duas sombras

16 Em seguida, calcule o ponto médio da linha 17 Se você se posicionar diante do gnômon com os braços
azul (Leste-Oeste) e trace uma outra reta estendidos, de modo que o braço direito fique voltado
que passe por esse ponto médio e siga na para o Leste, à sua frente estará o Norte e, atrás de você,
direção do gnômon até a outra extremidade estará o Sul. Mas os pontos que você determinou são
da circunferência. Essa linha tracejada no os pontos cardeais N, S, L e O ou indicam apenas a
esquema coincide com a direção Norte-Sul. direção desses pontos?

Rosa do ventos Norte

Noroeste Nordeste
Alex Argozino

Os pontos cardeais são pontos de referência para orientação


espacial, indicados pela rosa dos ventos:
• Norte (N), setentrional ou boreal.
• Sul (S), meridional ou austral. Oeste Leste
• Leste (L) ou oriente.
• Oeste (O) ou ocidente.
Para responder à questão do quadro anterior, você precisa
repetir esse experimento pelo menos mais uma vez e terá Sudoeste Sudeste
uma visão completa, ao repeti-lo a cada estação do ano.
Sul

Unidade 1 | Planeta Terra 47

Unidade 1 | Planeta Terra 47


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Medindo e comparando sombras ao


longo do ano
Respostas Guarde a sua montagem em local seguro; você vai utilizá-la no-
Você sabia?
1. Próximo ao meio-dia (o que vamente repetindo todos os procedimentos no mesmo local mais
varia de região para região), Como dissemos na página 44, três vezes ao longo do ano. Troque a folha de cartolina cada vez que
observamos a menor sombra o tamanho da sombra não repetir o experimento.
do dia. Seu comprimento depende do relógio, depende da
variou nos quatro dias em posição do Sol, logo, o meio- 1. Como é a sombra do meio-dia? Ela foi sempre igual nos dias em
-dia do relógio pode não ser que você fez as observações?
que as observações foram o horário de sombra mínima
feitas. Tomando como base na sua cidade. Os astrônomos 2. O sol surge sempre no mesmo lugar no horizonte? Podemos dizer
observações na altura do Trópico costumam chamar o horário que o sol nasce no ponto cardeal Leste e se põe no ponto cardeal
de Capricórnio, ao meio-dia em que ocorreu a sombra Oeste? Por quê?
temos a sombra mais curta em mínima em determinada região
3. Qual é a relação entre o comprimento das sombras e a posição que
dezembro, no verão, e a mais de "meio-dia local ou meio-dia
elas ocorrem:
comprida ocorre em julho, no solar", pois é nesse horário que
inverno. o Sol atinge seu ponto mais alto a. no início do outono e da primavera?
aparente no céu, o que depende b. no inverno e no verão?
2. Há variação na posição em que da longitude e da data e pode
o sol surge no horizonte; porém, variar de forma significativa em 4. Qual é a relação entre a altura da sombra do gnômon em épocas
constata-se que ele sempre relação ao horário do relógio. diferentes do ano e o clima (estação do ano)?
nasce no lado do Leste e se põe 5. Como pode ser explicado o movimento aparente do sol nos quatro
no lado do Oeste. ciclos estudados?
3. 6. Discuta com seu grupo se a afirmação a seguir é falsa ou verdadeira.
a. No outono e na primavera, as
"No inverno, a Terra se encontra no ponto mais distante do Sol,
sombras têm comprimentos e
e, no verão, encontra-se no ponto mais próximo do Sol.“
posições semelhantes.
b. No inverno e no verão, as Ao amanhecer, a sombra do gnômon é bem longa, ao meio-dia,
sombras têm comprimentos e está no seu tamanho mínimo e, ao entardecer, alonga-se novamen-
posição muito diferentes. te, como mostra a figura a seguir.
4. Quanto maior for o comprimento
da sombra, mais baixa estará a Ao entardecer, vemos Ao amanhecer, vemos

Alex Argozino
o sol sumir a Oeste. o sol surgir a Leste.
temperatura.
5. Espera-se que os alunos
concluam que a explicação
envolve a formação das estações
do ano, em decorrência da ol
os
zd
inclinação do eixo terrestre d e lu
em 23° em relação ao plano io
ILUSTRAÇÃO 23: esquema Ra
da órbita do movimento de de formação de sombras
translação da Terra ao redor do ao longo de um dia entre
Sol. o solstício de verão e o
equinócio de primavera
6. Espera-se que os alunos Sombra
em uma cidade
concluam que a afirmação não é próxima ao Trópico de
correta. A temperatura aumenta Capricórnio.
no verão, mas isso ocorre porque
As sombras da manhã Ao meio-dia, a sombra As sombras da tarde
a insolação aumenta na região, GIF ANIMADO
se formam a Oeste. possui o menor comprimento se formam a Leste.
SOMBRAS
desde que ela seja mais afastada no dia.
do equador. Essa variação da
insolação é explicada na questão 48 Unidade 1 | Planeta Terra
anterior.

Fuso horário
Professor, comente com os estudantes que o Brasil, estão no mesmo fuso horário (GMT -4). Isso significa
por sua grande extensão territorial, possui 4 fusos que o meio-dia do relógio em Porto Velho e em
horários (GMT -2, GMT -3, GMT -4 e GMT -5) e Campo Grande é o mesmo, porém, o meio-dia solar
que muitas vezes a distância entre dois locais com o é diferente. Por isso, é importante estar atento ao
mesmo fuso é bem grande, por exemplo, a distância meio-dia solar de sua região, aquela em que a sombra
entre Porto Velho, em Rondônia e Campo Grande, é mínima e que provavelmente não é exatamente o
no Mato Grosso é de 2164,3 km e ambas as cidades meio-dia do relógio.

48 Unidade 1 | Planeta Terra


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Reúna-se com os colegas, comparem e analisem as montagens


realizadas nos quatro dias diferentes. Respondam:
Respostas
1. O que as quatro montagens têm de semelhante?
1. Todos os dias, a Terra gira ao
2. O que elas têm de diferente?
redor de seu eixo imaginário de
O gnômon e as estações do ano rotação e sua superfície expõe-
se ao Sol e, em seguida, opõe-se
Utilizando o gnômon, os povos antigos passaram a estudar e a a ele, gerando a sucessão dos
interpretar o movimento aparente do sol, observando que ele não períodos claros e escuros do
ocorre sempre na mesma trajetória, modificando-se ao longo do ano. dia, ou seja, do dia e da noite. A
Observaram ainda que a sombra ao meio-dia era a mais longa de projeção das sombras ocorre no
todas quando os dias eram os mais curtos do ano. período claro, e a variação de seu
tamanho ocorre em função do
E o contrário, que a sombra próxima ao meio-dia era a mais cur- movimento de rotação.
ta de todas quando os dias eram os mais longos do ano.
2. As estações do ano ocorrem
• Ao longo de um dia, a durante o movimento de
Arco de sol no verão
sombra é máxima ao translação e decorrem da
nascer e ao pôr do inclinação do eixo terrestre em
Arco de sol
sol e é mínima próxi- no inverno
relação ao plano da órbita de
ma ao meio-dia. translação terrestre.
• Ao longo de um ano
(e à mesma hora do
dia), a sombra é má-
xima no solstício de
inverno e mínima no
solstício de verão.
Definiram, então, que o iní-

Alex Argozino
cio do inverno ocorria quando a
sombra ao meio-dia era a mais
longa, e o início do verão ocorria
ILUSTRAÇÃO 24: esquema LINK
quando essa sombra era a mais curta, como pode ser visto na figura.
mostrando a inclinação dos
No seu experimento, você deve ter observado que, no inverno, a Professor, para seu
arcos de inverno e de verão.
sombra do gnômon é maior e, no verão, ela é menor (considerando conhecimento, há um site da
medidas feitas no mesmo horário). Isso acontece porque no inverno Universidade de Nebraska,
o sol aparece mais baixo no horizonte e, no verão, o sol passa pelos EUA, com excelentes vídeos
pontos mais altos do céu. explicativos sobre Astronomia,
com narração em inglês. Verifique
Na primavera e no outono, a posição da sombra do gnômon com o professor de Inglês a
equivale a um valor intermediário entre os comprimentos medidos possibilidade de fazer a tradução
no verão e no inverno. do vídeo Armillary Sphere 1: The
Com base nas montagens dos modelos e nas anotações do ca- Tropics.
derno, deve ser possível comprovar as diferentes posições do nas- Disponível em:
cer e do pôr do sol em cada época do ano. https://fnxl.ink/PYWNQJ.
Concluímos, então, que as estações do ano estão relacionadas Acesso em: 27 maio 2022.
com a altura do movimento aparente do sol, e não com a distância
entre a Terra e o Sol.

Unidade 1 | Planeta Terra 49

Professor, o ângulo entre o plano do arco e o terrestre. Para regiões localizadas em latitude
plano que demarca a superfície terrestre é de 90° – menor, essa inclinação aumenta.
latitude em que se encontra o observador. Pergunte aos estudantes o que ocorreria se as
Para um observador localizado no Trópico de observações fossem feitas sobre o equador. Nesse
Capricórnio, por exemplo, em uma latitude de 23°, caso, não haveria inclinação e todos os planos dos
arcos seriam perpendiculares ao equador.
esse ângulo seria de 90° – 23° = 67º.
É possível saber a latitude exata onde se encontra
Portanto, todas as representações do arco do a escola, colocando o endereço em um aplicativo de
sol no céu feitas na figura ao lado têm a mesma mapas e clicando em cima do balão que vai aparecer
inclinação, de entre o plano do arco e a superfície sobre o mapa.

Unidade 1 | Planeta Terra 49


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. A afirmação está errada, porque


1. Leia a seguinte afirmação: A falta de reconhecimento do trabalho de mu-
tudo o que está dentro do ônibus
lheres em áreas científicas, aliada ao preconcei-
está se movimentando com ele Se jogarmos uma bolinha para o alto, dentro
na mesma velocidade. Logo, se de um ônibus em movimento, com as janelas to e subestimação do intelecto feminino, atinge
jogarmos uma bolinha para cima fechadas, a tendência é de que ela caia atrás as mulheres desde sua infância. Um estudo re-
com o ônibus em movimento e de nós, porque, durante o tempo em que ela cente, publicado na revista Science, mostrou que
as janelas fechadas, ela cairá no ficou suspensa no ar, o ônibus continuou an- meninas a partir dos 6 anos são menos prová-
mesmo lugar. dando para a frente. veis que os meninos de acreditar que mulheres
2. A alternância entre o dia e a Você considera essa afirmação falsa ou ver-
são ‘muito, muito inteligentes’.”
noite. Disponível em: https://fnxl.ink/VBFWGU
dadeira? Explique sua posição.
3. A Terra gira a uma velocidade de Acesso em: 22 jun. 2022.

1 674 km/h na linha do equador. 2. Qual é o evento mais facilmente observável Digite em um site de busca: "Mulheres na As-
Tudo o que está na superfície na Terra decorrente do movimento de rota- tronomia e Astrofísica cda-cdcc" ou acesse o
da Terra está girando próximo a ção do planeta? Explique sua resposta. link: https://fnxl.ink/LXQYMC . Acesso em: 22
essa velocidade. maio 2022.
3. Discuta em grupo: o que vocês acreditam que
Se a Terra parasse ocorreria com as pessoas e tudo o mais que há Assista ao vídeo e, em seguida, debata com seus
repentinamente seu movimento na superfície do planeta se a Terra parasse re- colegas qual é a razão de as mulheres não serem
de rotação, por uma questão de valorizadas e respeitadas por seu intelecto e o
pentinamente o seu movimento de rotação?
inércia, tudo o que está em sua que pode ser feito para combater essa injustiça.
superfície continuaria girando 4. Explique por que os polos Norte e Sul do pla-
na mesma velocidade que tinha neta nunca ficam diretamente expostos à luz 7. “Pálido Ponto Azul” é o nome, em português,
antes de a Terra parar de girar solar. de uma fotografia da Terra tirada em 14 de fe-
e seria lançado da superfície do vereiro de 1990 pela sonda espacial Voyager 1,
planeta. 5. Discuta com seu grupo e, se necessário, faça
que foi lançada pela Nasa em setembro de 1977
uma pesquisa para verificar se as afirmações
4. É porque o eixo de rotação da com o objetivo de estudar os planetas do Sis-
Terra é inclinado em 23° 27’ e, a seguir são verdadeiras ou falsas. Em segui-
tema Solar com órbitas mais externas do que a
dessa forma, quando um dos da, escreva sua resposta, justificando-a.
Terra, mais afastados do Sol, e o espaço sideral
polos é iluminado pela luz do sol, a. A força da gravidade é sempre constante não ocupado por corpos celestes.
o outro permanece na escuridão. em qualquer ponto do planeta Terra.
A Voyager 1 tinha completado sua missão prin-
5. b. Um equipamento abandonado em órbita cipal e estava deixando o Sistema Solar quando,
a. Falso. A intensidade da ao redor da Terra é um satélite. a pedido do astrônomo americano Carl Sagan
aceleração da gravidade varia c. A rotação do planeta Terra ocorre no sen- (1934-1996), recebeu comandos da Nasa para
de localidade para localidade da tido anti-horário (de Oeste para Leste) e se virar sua câmera e tirar uma última fotografia
Terra por questões relacionadas
completa em aproximadamente 24 horas. da Terra, em meio à vastidão do espaço, a uma
à altitude e à composição dos
solos. 6. “A pequena participação das mulheres em vá- distância de 6 bilhões de quilômetros.
b. Falso. Satélites são objetos com rias áreas da ciência tem origem em elemen- Com base nessa fotografia, Carl Sagan escre-
funções específicas lançados ao tos de exclusão construídos socialmente ao veu um texto.
espaço para entrar em órbita. longo dos séculos. No entanto, na Astronomia Se possível, digite em um site de busca: “Pálido
Um objeto abandonado em isso não ocorre, já que a Astronomia moderna Ponto Azul, de Carl Sagan - narrado por Gui-
órbita da Terra é um lixo não seria o que é hoje sem a contribuição de lherme Briggs” ou acesse o link:
espacial. tantas mulheres que trouxeram avanços fun- https://fnxl.ink/BLSBEI
c. Verdadeiro. A rotação do damentais para esse campo.
planeta Terra ocorre no sentido Acesso em: 22 maio 2022.
anti-horário (de Oeste para
Leste) e se completa em 50 Unidade 1 | Planeta Terra
aproximadamente um dia
(24 horas).
6. Resposta pessoal. Espera-se
que os estudantes tomem significativo para a área da Astronomia. Saiba mais no site Picture a Scientist (acesso em: 22 maio 2022):
consciência de que não Disponível em: https://fnxl.ink/HYTQRD.
existe nenhuma diferença de 7. Resposta pessoal. Preferimos dar o nome do filme, porque o link https://fnxl.ink/GISKAN muda com
intelecto entre os sexos e que frequência. Espera-se que os estudantes tomem consciência de que não estamos cuidando do planeta
a mulher é tão capaz quanto como deveríamos nem convivendo em sociedade de forma justa e igualitária e que precisamos mudar essa
o homem de colaborar com o situação para garantir um futuro melhor para todos.
desenvolvimento da Ciência e
da tecnologia. Você também
pode indicar para os estudantes
que assistam ao documentário
Picture a Scientist, que é
um filme atual e bastante

50 Unidade 1 | Planeta Terra


NÃO ESCREVA
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA
NO LIVRO

Assim, você assistirá a um vídeo curto sobre 9. Em relação ao movimento de translação da


a história dessa fotografia, com a narração do Terra, explique:
texto de Carl Sagan ao fundo. a. o que é equinócio.
Depois, escreva um texto sobre a forma como b. o que é solstício. 8. Resposta pessoal. Espera-se que
as pessoas estão tratando o planeta e como os estudantes reflitam sobre a
estão tratando uns aos outros. Quando ter- 10. A seguir, ilustrações da vista frontal dos arcos
sazonalidade temporal e a forma
minar, troque de texto com o seu colega do de sol mostrados lateralmente, na página 49,
como esse conceito se aplica na
lado e leia o texto dele enquanto ele lê o seu, em diferentes momentos.
vida deles.
depois, conversem a respeito.
9.

Osvaldo Sequetin
8. Pelo fato de observarem o céu, os povos indí- anoitecer
genas criaram uma astronomia própria, com
amanhecer
20h16min
a. São os dias em que inicia a
6h10min
base na qual se orientavam para as atividades primavera ou o outono, quando
de caça, pesca, coleta e agricultura, definindo o o movimento aparente do sol no
tempo do plantio e da colheita. céu alinha-se como o equador
Eles aprenderam que todas essas atividades da Terra.
eram sujeitas a flutuações sazonais e monta- b. São os dias em que inicia o verão
ram calendários nos quais marcavam o tempo ou o inverno. Nesses dias, o
das chuvas, a duração das marés, as vazantes e movimento aparente do sol no
as cheias. céu alinha-se com os trópicos de
Além disso, suas observações do céu deram ori- Capricórnio e de Câncer.
gem às explicações para fenômenos naturais,
10.
aos mitos e às histórias com ensinamentos mo-
rais, que eram repassadas de geração a geração. a. A ilustração 26 indica verão, e a
Observe o calendário indígena a seguir e crie
ILUSTRAÇÃO 26: momento em que o arco de sol é 27, indica inverno.
maior, e o dia, mais longo. b. No Brasil, o verão inicia próximo
um semelhante sobre sua vida, destacando
os eventos principais que se repetem a cada a 21 de dezembro e termina
mês, ano após ano. próximo a 20 de março.

Osvaldo Sequetin
amanhecer anoitecer O inverno inicia próximo a 22 de
JANEIRO 7h21min 17h37min
RO FEV junho e termina próximo a 22
E
MB RE
de setembro (essas são datas
ZE IR
O
DE aproximadas, que podem variar
de um ano para o outro).
O
BR

M
AR
M

c. O movimento de translação em
VE

ÇO

torno do Sol.
OUTUBRO NO
ilustracartoon

ABRIL

BNCC
O
BR

O trabalho com o “exercício 8”,


MA

ILUSTRAÇÃO 27: momento em que o arco de sol é


EM

atende as competências e o tema


IO

menor, e o dia, mais curto.


ET

indicado a seguir.
S

JU
a. Qual delas indica inverno e qual indica ve- Competências gerais: 1 e 3.
O NH
ST O O
rão? Explique sua resposta.
AG
Competências específicas: 1 e 5.
JULHO
b. No Brasil, a situação da ilustração 26 ocorre
ILUSTRAÇÃO 25: Calendário indígena Suyá. Marca a
em que época do ano? E a da ilustração 27?
Tema Contemporâneo
principal atividade de cada mês. Transversal: Multiculturalismo.
c. Qual movimento da Terra causa a alter-
Fonte: Disponível em: https://fnxl.ink/YCMZZV.
Acesso em: 22 maio 2022.
nância entre as ilustrações 26 e 27?

Unidade 1 | Planeta Terra 51

Unidade 1 | Planeta Terra 51


2
CAPÍTULO

Professor, comente que a Estrutura do


denominada linha de Kármán –
situada a uma altitude de 100 km
acima do nível do mar – é o limite
planeta Terra FORA DE ESCALA

estabelecido entre a atmosfera CORES FANTASIA


terrestre e o espaço exterior (que
inclui a termosfera e a exosfera).

Você sabia? Camadas da Terra


O paraquedista austríaco Agora que conhecemos como é a Terra vista do espaço, vamos
Felix Baumgartner detém o começar a estudar suas camadas mais externas e, em seguida, as
recorde de altura no salto mais internas.
em paraquedas. Em 2012,
Para efeito de estudo, a Terra foi dividida em três partes: atmos-
ele saltou sobre o estado do
Novo México (sudeste dos fera, hidrosfera e litosfera.
Estados Unidos), direto da Vamos ver, a seguir, as características de cada uma delas.
estratosfera, a 38,97 km de
BNCC altitude, alcançando, por
certo tempo, a velocidade
Atmosfera
O trabalho com o capítulo 2 supersônica de 1 363 km/h, A camada mais externa da Terra é a atmosfera.
atende a habilidade indicada a ou cerca de 379 m/s. A atmosfera é composta de diversos gases, sobretudo nitrogênio
seguir: (cerca de 78%) e oxigênio (em torno de 21%), além de outros gases em
(EF06CI11). menor quantidade, como argônio, gás carbônico e vapor de água, e
está dividida em diferentes zonas, conforme a concentração de gases
ILUSTRAÇÃO 1: camadas da e os eventos que ocorrem em cada uma. Observe esta ilustração.
atmosfera.
Camadas da atmosfera

2. Linha de Kármán
1. Ionosfera (entre 60 km
(a 100 km de altitude)
e 1 000 km de altitude) Exosfera
3. Camada de
1 Termosfera ozônio (a 30 km
de altitude)
Estrelas cadentes 2

Comente com os estudantes que Mesosfera


aquilo que chamamos de estrelas
cadentes (na ilustração) são Estratosfera
meteoros, pedaços de rocha com até
3
4 m de diâmetro que se incendeiam Troposfera
ao entrar em contato com a
mesosfera, devido ao atrito com os
gases e à alta velocidade do corpo
celeste (cerca de 252 000 km/h).
Osvaldo Sequetin

É isso que deixa um rastro de luz no


céu noturno.

52 Unidade 1 | Planeta Terra

Objetivos do capítulo
 Identificar as diferentes camadas que compõem a Terra (da estrutura interna à atmosfera) e suas
principais características.

52 Unidade 1 | Planeta Terra


RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS
BNCC

No 5o ano, o estudante
No 5º ano, você provavelmente deve ter visto o conceito de
provavelmente adquiriu a seguinte

Simon/Pixabay
pressão atmosférica quando estudou as mudanças de estado da habilidade:
água. Vamos recordar isso?
(EF05CI02) Aplicar os
Em Física, pressão é definida como “força aplicada por unidade de conhecimentos sobre as mudanças
área”. Assim, a pressão atmosférica é a pressão exercida pela massa de estado físico da água para
de ar existente em determinado local sobre a superfície do planeta. explicar o ciclo hidrológico e
analisar suas implicações na
Força aplicada agricultura, no clima, na geração
Pressão = de energia elétrica, no provimento
Unidade de área de água potável e no equilíbrio dos
ecossistemas regionais (ou locais).
A concentração dos gases que compõem a atmosfera diminui As mudanças de estado físico da
com a altitude, ou seja, com a distância vertical da superfície ter- água ocorrem em determinadas
restre a partir do nível do mar. Por isso, quanto maior a altitude do condições de temperatura e
local, menor é a pressão atmosférica. pressão. Por isso, esses conceitos
Por outro lado, quando descemos uma serra em direção ao mar, devem ter sido mencionados no
a massa de ar (e a força exercida por essa massa) sobre nosso orga-
5 o ano, ainda que superficialmente.
nismo aumenta, ou seja, ocorre um aumento da pressão atmosférica. Neste momento, estamos
retomando o conceito de pressão
Esse aumento é sentido principalmente nos ouvidos, pois essa
para nivelar o conhecimento dos
região do corpo é sensível a variações de pressão, causando a sen- estudantes e prosseguir com as
sação de surdez, ou ouvido “tapado”. habilidades, de modo que todos
Ao nível do mar, a pressão é igual a 1 atm e é denominada pres- possam acompanhá-las.
são normal. O símbolo atm (atmosfera) é uma unidade de pressão, IMAGEM 1: Monte Everest,

assim como m (metro) é uma unidade de comprimento. Himalaia, Nepal, 2020.


O quadro a seguir traz exemplos de como a pressão atmosférica
varia com a altitude e de como isso afeta a temperatura de ebulição.

PRESSÃO ATMOSFÉRICA × ALTITUDE × TEMPERATURA DE EBULIÇÃO

Pressão Temperatura de ebulição


Local Altitude/m
atmosférica/atm da água/oC

Monte Everest 8 882 0,316 71

Lhasa, Tibete 3 676 0,516 87

Quito, Equador 2 851 0,625 90

Denver, Colorado, Estados Unidos 1 610 0,788 95

Tóquio, Japão (nível do mar) 0 1,0 100

Mar Morto (abaixo do nível do mar) -395 1,052 101

PERRY, R. H.; GREEN, D. W. (Eds.). Perry’s Chemical Engineer’s Handbook. 6. ed. Kansas: McGraw-Hill, 1997. (Chemical Engineering Series).

Unidade 1 | Planeta Terra 53

Unidade 1 | Planeta Terra 53


Troposfera
É a região que vai da superfície da Terra até 15 km de
altura. Nessa camada estão concentrados cerca de 75%
Professor, a região da troposfera
e o início da estratosfera é onde dos gases de toda a atmosfera (como nitrogênio, oxigênio
se formam as nuvens. Há vários e argônio).
tipos de nuvem, com nomes e O nome troposfera vem do grego tropo, mudança, e
características diferentes. sphaira, bola; é a camada da atmosfera onde ocorrem as
• Estrato (St): entre 0 km e 2 km de maiores mudanças, tanto na temperatura como na concen-
altitude. tração de gases.
• Estrato-cúmulo (Sc): entre 0 km Ambos os fatores, temperatura e concentração de ga-
e 2 km de altitude. ses, vão diminuindo conforme a altitude aumenta.
• Cúmulo (Cu): entre 0 km e 3 km de Estima-se que a cada mil metros de altitude na tropos-
altitude. fera, a temperatura diminua, em média, 6,5 °C, podendo
• Cúmulo-nimbo (Cb): entre 1 km chegar a –60 °C.
e 3 km de altitude. (Essas são as
É nela que se formam as nuvens e onde se desenvol-
nuvens de tempestade.)
vem diversos fenômenos responsáveis pelo clima da Terra

wirestock/Freepik Premium
• Nimbo-estrato (Ns): entre 0 km e
(como ventos, raios, chuvas e tempestades).
4 km de altitude.
• Alto-estrato (As): entre 2 km e Estratosfera
7 km de altitude.
É a região situada entre 15 km e 50 km de altitude.
• Alto-cúmulo (Ac): entre 2 km e
O nome estratosfera vem do grego stratós, material
7 km de altitude. nuvens de
IMAGEM 2:
tempestade se formam na espalhado.
• Cirro (Ci): entre 7 km e 18 km de
troposfera. Nessa camada estão concentrados cerca de 20% dos gases da
altitude.
atmosfera. Devido à baixa concentração de gases e à ausência de
• Cirro-cúmulo (Cc): entre 7 km e
18 km de altitude. nuvens, é a camada em que o ambiente é mais calmo e estável.
• Cirro-estrato (Cs): entre 7 km e O antigo avião Concorde, por exemplo, que voava acima da velo-
18 km de altitude. cidade do som, fazia sua rota pela estratosfera, a 16 km de altitude.
Você sabia? A cerca de 30 km de altura, está localizada a camada de gás ozô-
nio, que protege a Terra absorvendo boa parte da radiação ultravio-
O ozônio na estratosfera leta do Sol.
(a cerca de 30 km de
altitude) protege a vida na Essa radiação é fundamental para vários processos fisiológi-
Terra da ação nociva dos cos, como a síntese de vitamina D na pele, mas pode causar quei-
raios ultravioleta do Sol. maduras, mudanças na pigmentação da pele, alterações imunoló-
Porém, quando formado na gicas e tumores.
troposfera, é considerado
extremamente nocivo aos Grande parte da radiação emitida pelo Sol é bactericida e ger-
seres vivos. micida, ou seja, incompatível com a vida. O ozônio disperso nessa
Na troposfera, o ozônio é camada ajuda a proteger os seres vivos das radiações mais nocivas.
um poluente secundário, ou Como o ozônio presente na estratosfera absorve a radiação ul-
seja, é formado pela reação
travioleta do Sol, a temperatura na estratosfera aumenta com a al-
química entre poluentes
primários (aqueles emitidos titude, podendo passar de aproximadamente –60 °C para cerca de
diretamente na atmosfera 21 °C. É o oposto do que ocorre na troposfera, onde a temperatura
por fontes de poluição). diminui com a altitude.

54 Unidade 1 | Planeta Terra

54 Unidade 1 | Planeta Terra


Mesosfera
Região localizada entre 50 km e 80 km de altitude.
O nome mesosfera vem do grego meso, meio. Professor, para explicar melhor os
A concentração de gases nessa camada é muito baixa. conceitos envolvidos nos fenômenos
A temperatura é a menor de todas, variando de cerca de –10 oC FORA DE ESCALA que ocorrem na ionosfera, recorde
a até aproximadamente –100 oC. CORES FANTASIA com os estudantes a eletrização
por atrito, que eles viram no 5o ano
Ionosfera (detalhada na página seguinte).
Alguns experimentos – como o do
Fica localizada entre 60 km pente que, ao ser esfregado nos
e 1 000 km de altitude. cabelos limpos e secos, atrai pedaços
Especificamente na região de papel picado – são bem simples e
que fica entre a mesosfera e a Ondas de rádio Ionosfera podem facilmente ser reproduzidos
termosfera, ocorre uma série em sala de aula para otimizar a
compreensão dos conceitos.
de fenômenos importantes
para o ser humano, como a re-
flexão das ondas de rádio.
Uma estação de rádio na
superfície da Terra envia uma
onda para essa região da io-
Estação Estação
nosfera. transmissora receptora
A onda chega e é refletida
de volta para uma estação re-

Osvaldo Sequetin
ceptora situada em outro lu-
gar do planeta. Desse modo,
os programas de rádio podem
ser transmitidos a longas dis- ILUSTRAÇÃO 2: transmissão de
tâncias. ondas de rádio por meio da
É aqui que ocorrem os fenômenos da aurora boreal e austral. ionosfera.

Termosfera
Região situada entre 80 km e 500 km de altitude.
O nome termosfera vem do grego termo, quente, pois nessa ca-
mada a temperatura volta a subir e pode alcançar 1 500 oC.
Isso ocorre porque o pouquíssimo ar que existe nesse local re-
cebe muita radiação solar, e também é por isso que a temperatura
nessa camada aumenta com a altitude. Você sabia?
A denominada linha de Kármán
Exosfera – situada a uma altitude de
É a camada acima de 500 km de altitude. 100 km acima do nível do
mar – é o limite estabelecido
O nome exosfera vem do grego exo, para fora. entre a atmosfera terrestre e
Essa camada é composta dos gases hidrogênio e hélio, em baixa o espaço exterior (que inclui a
termosfera e a exosfera).
concentração, e sua temperatura supera os 1 500 oC.

Unidade 1 | Planeta Terra 55

Unidade 1 | Planeta Terra 55


RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Professor, não queremos
No 5o ano, você deve ter estudado a natureza elétrica da
aprofundar muito esse assunto
com os estudantes neste momento, matéria. Para entender como funciona a ionosfera, precisa-
porque a ideia é apenas recordar mos recordar o que você aprendeu.

upklyak/Freepik Premium
o que eles estudaram no 5 o ano. Você deve ter visto, por exemplo, que ao esfregar um ba-
Além disso, vamos estudar o lão de aniversário nos cabelos limpos e secos, esse balão pas-
fenômeno da eletrização da matéria Campo elétrico
sa a atrair uma lata de alumínio em sua direção. Isso ocorre
em detalhes no volume 8. Apenas porque o atrito com o cabelo eletrizou o látex do balão.
para seu conhecimento, a lata de
ILUSTRAÇÃO 3: balão de Como qualquer outro material, o látex é eletricamente
alumínio sofre um deslocamento de
aniversário (bexiga) e lata de neutro a maior parte do tempo, porque possui o mesmo número de
cargas elétricas, ou seja, os elétrons,
alumínio.
que possuem certa mobilidade cargas elétricas positivas e negativas (as cargas negativas são cha-
nos metais, se deslocam para um madas de elétrons):
FORA DE ESCALA
extremo da lata, deixando o lado cargas + = cargas − V matéria eletricamente neutra
CORES FANTASIA
próximo ao balão com deficiência
de elétrons, portanto com carga O atrito, porém, pode
positiva. Caso surja o assunto, eletrizar a matéria (eletri-
comente que não é correto dizer zação por atrito).
que o papel picado ou a água O látex, por exemplo,
ficam eletrizados; o que ocorre é a arranca elétrons do cabelo
polarização desses materiais, em e fica carregado negativa-
que a parte do papel ou a parte
mente.
da água mais próxima do balão
eletrizado por atrito concentra O cabelo, por sua vez,
carga elétrica oposta à do balão, fica carregado positiva-
causando a atração. mente e os fios passam a se
repelir, ficando eriçados.
Ao aproximar o balão
eletrizado da lata de alu-
mínio, ocorre a indução

Galkina Lena/Shutterstock
do movimento de cargas
na superfície do alumínio
BNCC
(eletrização por indução),
No 5o ano o estudante trabalhou e a lata passa a ser atraída
a seguinte habilidade: (EF05CI01) pelo balão.
Explorar fenômenos da vida cotidiana IMAGEM 3: a rede da cama
Resumindo:
que evidenciem propriedades físicas elástica (que é de plástico)
dos materiais – como densidade, atrai os cabelos da menina, 1. Apenas as cargas negativas (elétrons) podem se movimentar
condutibilidade térmica e elétrica, que ficaram eletrizados pelo pela matéria. O atrito pode arrancar cargas negativas de um
respostas a forças magnéticas, atrito com o ar, enquanto ela objeto, nesse caso:
solubilidade, respostas a forças pulava em um ambiente de
tempo seco. • um objeto com excesso de cargas negativas fica eletrica-
mecânicas (dureza, elasticidade etc.),
mente negativo (–)
entre outras. Estamos retomando
alguns desses conceitos porque são • um objeto com falta de cargas negativas fica eletricamente
importantes para o prosseguimento positivo (+)
do aprendizado.
56 Unidade 1 | Planeta Terra

56 Unidade 1 | Planeta Terra


2. Quando a matéria está eletricamente carregada, cria-se, no
Comportamento de
seu entorno, um campo elétrico de atração ou de repulsão. cargas elétricas
3. Cargas opostas criam um campo elétrico de atração e cargas
iguais criam um campo elétrico de repulsão. Professor, curiosidades sobre a
aurora boreal:
E o que ocorre na ionosfera? As diferentes cores que aparecem
no céu ocorrem devido aos
A ionosfera é a região que fica entre a mesosfera, onde a tem-
diferentes íons presentes na
peratura oscila entre –10 oC e –100 oC, e a termosfera, onde a ionosfera. Íons de oxigênio
temperatura alcança 1 500 oC, ou seja, é a região mais próxima da podem emitir luz verde ou
Terra, que recebe a maior quantidade de radiação solar (energia vermelha (mais raro), enquanto
emitida pelo Sol). os íons formados pelo nitrogênio
podem emitir luzes laranja ou
A intensidade da radiação solar nessa região arranca elétrons

Carlos Vespucio
vermelha.
das partículas dos gases que circulam no local, que passam a ficar
As auroras podem ser vistas
eletricamente carregadas.
do espaço e fotografadas por
Ao perder elétrons, as partículas dos gases ficam carregadas FIGURA 1:comportamento de satélites.
cargas elétricas.
positivamente e passam a ser chamadas de íons positivos (daí o Não é um fenômeno exclusivo
nome ionosfera, ou da Terra, sendo que o telescópio
“esfera de íons”). espacial Hubble já fotografou
Desse modo, na auroras em Júpiter e em Saturno,
muito maiores do que as vistas
região da ionosfera,
por aqui.
há elétrons livres
As fotografias que vemos das
e íons positivos,
auroras são obtidas por câmeras
ao invés de gases sensíveis após uma longa
eletricamente neu- exposição. Para a visão humana, as
tros, como ocorre auroras são relativamente tênues.
na troposfera (ca- A luz avermelhada, por exemplo, é
mada mais próxima difícil de ser avistada porque está
da Terra). no limite da faixa de radiações que
a visão humana é capaz de captar.
Esse conjunto
É impossível prever com exatidão
de partículas carre-
quando e onde vai ocorrer

wirestock/Freepik Premium
gadas eletricamen-
uma aurora, porque o campo
te tem a proprie- magnético da Terra está sempre
dade de refletir as se deslocando.
ondas de rádio emi-
tidas de um local da
IMAGEM 4: aurora boreal.
Terra, enviando-as
para outro local, a longa distância.
É na região da ionosfera também que ocorrem a aurora boreal
(no Hemisfério Norte) e a aurora austral (no Hemisfério Sul).
Trata-se de um espetáculo de luzes em movimento promovido
pela colisão entre o vento solar (partículas emitidas pelo Sol) e os
íons existentes na região.

Unidade 1 | Planeta Terra 57

Unidade 1 | Planeta Terra 57


Você sabia? Hidrosfera
O nome “zona hadal”, foi dado
Professor, comente que em A hidrosfera é o conjunto de todos os rios, lagos, lagoas, mares,
em homenagem a Hades, o
maio de 2019 foi realizada uma deus grego do submundo. oceanos e águas subterrâneas, assim como as águas glaciais, lençóis
nova expedição à Fossa das A Nasa está construindo um de gelo e vapor de água da atmosfera.
Marianas, comandada pelo veículo subaquático autônomo Representa aproximadamente 70% de toda a superfície terres-
investidor americano Victor para explorar e mapear a
zona hadal, que os cientistas tre e, por esse motivo, a Terra é chamada de planeta água.
Vescovo. Essa expedição
acreditam ser semelhante ao Na Terra, a água é o hábitat de uma diversidade de seres que
encontrou sacolas plásticas que existe em alguns satélites vivem em lagos e lagoas, rios e riachos, estuários e mangues e em
e embalagens de balas a uma do Sistema Solar. O veículo foi
profundidade de 10 927 m. mares e oceanos.
denominado Orpheus, nome
em inglês do herói grego que Os fatores que influenciam o tipo de vida que se desenvolve nos
foi ao submundo e voltou. ambientes aquáticos são a salinidade (concentração de sais minerais
dissolvidos), a luminosidade, a temperatura e o oxigênio dissolvido
na água. De todos os conjuntos ou depósitos de água que existem
na Terra, o mais extenso e profundo é o oceano.
A profundidade média do oceano é de 3 870 m.
Para efeito de estudo, os oceanos foram divididos em zonas,
conforme mostramos no esquema abaixo.
ILUSTRAÇÃO 4: diferentes zonas
dos oceanos. Camadas da hidrosfera
Zona fótica: da superfície até o máximo de 600 m de profundidade. Recebe a luz do sol.

200 m
Zona crepuscular
1 000 m

Zona batial

4 000 m
Zona abissal

6 000 m

Conforme a região e a limpidez da água,


O ponto mais profundo dos
é possível que uma luz tênue alcance a
oceanos é a Fossa das Marianas,
profundidade de 600 m, constituindo a
localizada no Oceano Pacífico, a Zona zona fótica (camada da coluna de água que
11 034 m de profundidade. hadal ainda é iluminada pela luz solar). A partir
dessa profundidade, a escuridão é total.
Osvaldo Sequetin

11 034 m

CORES FANTASIA FORA DE ESCALA


58 Unidade 1 | Planeta Terra

Água potável
A quantidade de água existente no planeta é praticamente constante, mas a de água potável, não. Ela
corresponde a cerca de 2,5% de toda a água da hidrosfera e é fundamental para a vida. A água potável que
ingerimos provém de represas e é tratada pelas empresas fornecedoras.
Além de precisar ser tratada, a água das represas depende basicamente da precipitação, de tal forma que nos
períodos de estiagem, em que o nível dessas represas diminui, a distribuição de água potável é afetada.
Há regiões do planeta que não dispõem de sistemas de tratamento adequado para a água, e regiões onde
há poucos recursos hídricos, por isso é tão importante economizarmos água e cuidarmos desse recurso
fundamental para manter a vida no planeta.

58 Unidade 1 | Planeta Terra


A zona localizada entre 2 000 m e 6 000 m de profundidade nos
Você sabia?
oceanos é denominada zona abissal.
Os seres vivos que habitam essa região são denominados seres A água no estado líquido é
abissais. Eles suportam pressões muito elevadas, baixas temperatu-
uma das condições principais Professor, abaixo de 4 mil
para a existência de vida em metros de profundidade, nas
ras e ausência de luminosidade. nosso planeta, pois entra na regiões abissais e hadais,
A zona com profundidade maior que 6 000 m nos oceanos é de- composição de todos os seres
não chega luz, o alimento é
vivos que habitam a Terra.
nominada zona hadal. Os seres vivos que habitam essa região são escasso e a temperatura é
A busca por água em outros
denominados seres hadais. baixa. Além disso, a pressão
planetas é justamente a busca
O local mais profundo dos oceanos é a Fossa das Marianas, que por indícios de vida.
atmosférica à qual os animais
estão submetidos é suficiente
fica a leste das Ilhas Marianas, na Micronésia, no Oceano Pacífico,
para comprimir, até a morte, as
atingindo 11 034 m de profundidade.
espécies comuns da superfície.
O ser humano já esteve três vezes na Fossa das Marianas. Por isso, muitos habitantes
A vida nessas áreas não é abundante a olho nu, mas uma das ex- desses locais profundos só
pedições que visitou o lugar em 2012, o Deepsea Challenger, por sobrevivem nessas regiões e,
exemplo, conseguiu isolar, além de vários microrganismos, alguns quando trazidos à tona, o corpo
deles incha de forma similar
isópodes (pequenos crustáceos achatados e sem carapaça) e seis
ao que aconteceria com os
espécies de anfípodes (semelhantes a camarões). astronautas se não usassem
O que permite que a vida se desenvolva em um lugar aparente- roupas especiais no espaço.
mente tão inóspito para a maioria dos seres vivos são as substâncias
químicas e o calor emanado pelas chaminés de vulcões submarinos,
como os que existem no fundo da Fossa das Marianas.
Esses seres evoluíram para se adaptar às condições do local, in-
clusive às pressões colossais; observe que a pressão aumenta cerca
de 1 atm a cada 10 m de profundidade.
Organismos maiores também podem ser encontrados em zonas
hadais.
IMAGEM 5: Abyssobrotula
Em 1977, foi capturado, na Fossa de Porto Rico, entre o Mar
galatheae, uma espécie de
do Caribe e o Oceano Atlântico, um peixe Abyssobrotula galatheae a
enguia que cresce até o
8 370 m, a maior profundidade já relatada para um ser dessa espécie. comprimento de 16,5 cm.
California Academy of Sciences

Unidade 1 | Planeta Terra 59

Unidade 1 | Planeta Terra 59


VIDA E AMBIENTE
Professor, saber que existem
seres vivos complexos que habitam adultos já foram encontrados em profundidade
Seres abissais e hadais
regiões totalmente inóspitas à de até 7 500 metros.
nossa espécie e à vida como a A princípio, supunha-se que não haveria vida As estratégias de reprodução dos habitantes
conhecemos na superfície nos faz na zona abissal e na zona hadal, pois a escuridão das zonas abissais e hadais também são únicas.
pensar na possibilidade de vida é total, a temperatura varia entre 1 °C e 4 °C e
em planetas com características A fêmea pode chegar a 20 cm de compri-
a pressão ultrapassa em mais de 1 000 vezes a mento, e o macho não passa de 2 cm.
totalmente distintas das da Terra.
pressão atmosférica normal.
Talvez algum estudante comente, Ele não sobrevive sozinho, perde seu siste-
Mas a partir da década de 1960, pesquisas
ao ver essas imagens, que os seres ma digestivo na fase adulta e gruda no corpo da
abissais e hadais são “muito feios”, científicas nos possibilitaram começar a conhe- fêmea para compartilhar os nutrientes de sua
ou até “monstruosos”. cer os diferentes seres que habitam esses locais. corrente sanguínea. Com o tempo, o corpo do
Se isso ocorrer, esclareça que Em 2008, cientistas japoneses filmaram um macho se degenera, restando apenas as glându-
nosso padrão de feio ou bonito tipo de peixe de olhos pequenos e pele quase las sexuais, que vão liberar os espermatozoides
(relacionado aos peixes que habitam transparente vivendo a 7,7 quilômetros de pro- quando a fêmea estiver apta a ser fecundada.
regiões próximas à superfície) não fundidade na costa japonesa
se aplica nesse caso. Há motivos do Oceano Pacífico, o Pseudoli-
para que os seres abissais e hadais paris amblystomopsis, com cerca
tenham bocas e dentes tão grandes, de 30 cm de comprimento.
olhos enormes ou nenhum olho, ou
que se reproduzam de uma maneira Apesar de viver em uma
que nos parece bizarra. zona hadal, esse peixe se mos-
trou muito ativo, para espanto

Norbert Wu/ Minden Pictures/ Fotoarena


dos cientistas. Esperava-se que
fosse menos ativo, para econo-
Agora é com você! mizar energia, já que o alimento
1. Os seres abissais habitam no local é escasso.
entre 4 000 m e 6 000 m de
Antes disso, em zonas abis-
profundidade, e os seres hadais
habitam a partir de 6 000 m. sais já haviam sido encontrados SLIDESHOW
vários animais com caracterís- PEIXES ABISSAIS
2. Não, o organismo desses animais
ticas peculiares.
está preparado para viver sob IMAGEM 6: exemplar do Anoplogaster cornuta,
diferentes pressões, que podem Muitos são bioluminescen- popularmente conhecido por peixe-ogro. Este
chegar a 1 000 atm. tes, ou seja, produzem luz. E, para poder enxer- é um peixe encontrado em profundidades
gar o entorno com a pouca luz gerada, têm olhos superiores a 2000 metros. Possui longas presas,
A bexiga natatória regula
proporcionalmente ao tamanho do seu corpo, 16
a densidade do peixe em enormes.
cm, são uma das maiores dos oceanos.
diferentes profundidades. Se Há os que desenvolveram outros sentidos e
um peixe de profundidade é têm olhos pequenos, ou não os têm. Muitos po-
Agora é com você!
trazido rapidamente para a 1. Qual é a diferença entre seres abissais e
dem engolir presas quase de seu tamanho por
superfície, a pressão diminui seres hadais?
causa do tipo de boca.
e os gases dentro da bexiga
2. Seres abissais ou hadais podem sobrevi-
natatória dilatam-se, levando-o O peixe-ogro, por exemplo, tem grandes
ver na zona fótica? Por quê?
a estourar. dentes, que o auxiliam na captura de presas.
3. Existe vida na Fossa das Marianas? Se não
3. Sim, há um grande número de Cresce até 18 cm e vive entre 2 000 metros e
souber, pesquise.
espécimes vivos altamente 5 000 metros de profundidade. Exemplares
desenvolvidos e adaptados à
colossal pressão encontrada 60 Unidade 1 | Planeta Terra
nessas profundidades.

BNCC

O trabalho com a seção Vida e


ambiente – Seres abissais e hadais
atende as competências e o tema
indicados a seguir.
Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3 .
Tema Contemporâneo Transversal:
Meio Ambiente.

60 Unidade 1 | Planeta Terra


NÃO ESCREVA
ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NO LIVRO

1.
1. A coluna 1 relaciona as camadas da atmosfera 3. Em relação ao conceito de pressão e pressão
terrestre e a coluna 2 fornece algumas carac- atmosférica, assinale a alternativa correta. a. e IV)
terísticas importantes de cada camada. Rela- a. É mais rápido cozinhar um ovo em Quito, b. e VII)
cione corretamente os itens da coluna 1 com no Equador, do que em Tóquio, no Japão. c. e I)
os itens da coluna 2. b. A pressão atmosférica aumenta com a al- d. e VIII)
Coluna 1 titude.
e. e V)
a. Troposfera. c. A água ferve a 100 oC, ou seja, esse valor é
f.   e III)
b. Camada de ozônio. uma das constantes que caracterizam essa
c. Estratosfera. substância. g. e II)
d. Mesosfera. d. A pressão atmosférica é a pressão exerci- h. e VI)
e. Ionosfera. da pela massa de ar existente em determi- 2.
f. Linha de Kármán. nado local sobre a superfície do planeta. a. Na troposfera formam-se as
g. Termosfera. e. As pessoas que escalam o Monte Everest nuvens e desenvolvem-se
h. Exosfera. precisam levar oxigênio, porque lá não tem muitos fenômenos responsáveis
nenhum. pelo clima do planeta,
Coluna 2
4. As máscaras profissionais utilizadas na pro-
como ventos, raios, chuvas,
I. Local onde está situada a camada de ozônio.
tempestades etc.
II. Região onde a temperatura alcança teção contra a covid-19 não funcionam como
uma peneira, retendo as partículas que não b. A estratosfera situa-se entre
1 500 oC.
conseguem passar pelo espaço entre as tra- 15 km e 50 km de altitude.
III. Linha imaginária que estabelece o limite
mas do material, elas funcionam mais como Nessa camada há pouquíssimos
entre a atmosfera terrestre e o espaço ex-
uma teia de aranha, cujo objetivo é aderir às gases, o que impede a ocorrência
terior. de nuvens e demais fenômenos,
partículas que as atravessam, impedindo que
IV. Camada que possui 75% dos gases de toda como raios e chuvas; por isso,
sejam aspiradas pela pessoa.
a atmosfera. ela é mais estável.
V. Camada que reflete as ondas de rádio en- As máscaras filtram o ar, retendo as partículas
dispersas, que podem ser divididas em três ta- c. A camada mais fria da atmosfera
viadas para outros lugares da Terra. terrestre é a mesosfera (a
VI. Região composta de gases hidrogênio e hélio, manhos.
temperatura varia de −10 °C a
onde a temperatura supera os 1 500 oC. Partículas grandes (> 1 µm; µm é o símbolo −100 °C) e a camada mais quente
VII. Camada que protege a vida na Terra das para micrômetro, sendo que 1 mm equivale a é a exosfera (temperatura superior
radiações ultravioletas do Sol. 1 000 µm): por serem grandes, elas caminham a 1 500 °C).
VIII. Camada que apresenta a menor tempera- em linha reta devido a um fenômeno chama-
d. A ionosfera é importante porque
tura, podendo chegar a –100 oC. do inércia e acabam 100% aderidas às fibras
é uma camada com propriedades
das máscaras.
2. Em relação às características de cada parte da específicas, onde ocorrem
atmosfera terrestre, responda: Partículas pequenas (< 0,1 µm): por serem fenômenos como as auroras
pequenas, elas ficam colidindo com os com- boreal e austral e a reflexão de
a. Quais são os principais fenômenos que
ocorrem na troposfera?
ponentes do ar atmosférico (oxigênio, nitro- ondas de rádio.
gênio, argônio) e quicando de um lado para o
b. Por que o Concorde, avião que voava aci- 3. Alternativa d.
outro, adquirindo um movimento em zigue-
ma da velocidade do som, realizava sua
-zague e acabam 100% aderidas às fibras das 4. Alternativa b. As partículas
rota pela estratosfera?
máscaras.
ficam carregadas por indução,
c. Qual é a camada mais fria da atmosfera uma vez que as fibras da
Partículas de tamanho médio (em torno de máscara são eletrizadas.
terrestre? E a mais quente?
0,3 µm): são carregadas com o ar conforme
d. Qual é a importância da ionosfera?
ele flui em volta das fibras, o que significa

Unidade 1 | Planeta Terra 61

Unidade 1 | Planeta Terra 61


NÃO ESCREVA
NO LIVRO

que elas poderiam passar por entre as fibras Coluna 1


atravessando até uma máscara de múltiplas a. Zona fótica.
camadas.
b. Zona crepuscular.
5. Para barrar essas partículas, as fibras da
c. Zona batial.
a. e III) máscara são eletrizadas e atraem as partí-
d. Zona abissal.
b. e IV) culas por meio do campo elétrico gerado.
Pelo menos 95% das partículas de tamanho e. Zona hadal.
c. e II)
médio existentes no ar ficam aderidas em Coluna 2
d. e I) suas fibras e não são aspiradas, daí a espe- I. Habitada por muitas espécies que são
e. e V) cificação N95. transparentes e sem olhos devido à total
6. Escolha uma das seguintes alternativas para falta de luz, ou, então, por espécies que
a. Atrair presas e avistá-las em explicar de que forma essas partículas são conseguem emitir luz própria por meio de
meio à escuridão. eletrizadas para que fiquem aderidas à más- algum processo bioluminescente.
cara e esclareça seu ponto de vista.
b. Atrair parceiros para se II. Habitada por lulas-gigantes, que a cacha-
reproduzir. Essa conclusão inclui a. As partículas ficam carregadas devido ao lote, uma espécie de baleia, mergulha para
os cogumelos bioluminescentes, atrito com o ar atmosférico, em um proces-
capturar a uma profundidade superior a
que controlam a emissão de so semelhante ao do balão de aniversário
1 000 m.
luz e o fazem com o intuito de que ficou carregado ao ser esfregado no
cabelo limpo e seco. III. Habitada por corais e microrganismos fo-
disseminar esporos, ou seja,
tossintetizantes.
ajudar no processo reprodutivo. b. Como a fibra da máscara é eletrizada, as
partículas ficam carregadas por indução, IV. Habitada por diversas espécies, entre
em um processo semelhante à lata de alu- as quais os sifonóforos, uma colônia flu-
mínio que ficou carregada ao se aproximar tuante de pequenos seres translúcidos
do balão de aniversário eletrizado. que nadam, juntos, a 600 m de profundi-
5. A Fossa das Marianas, por exemplo, só foi vi- dade, formando uma estrutura que pode
sitada três vezes. passar de 40 metros de comprimento.
A primeira vez foi em 23 de janeiro de 1960, V. Habitada por pequenos crustáceos acha-
quando o submarino Batiscafo Trieste levou tados e sem carapaça, capazes de supor-
9 horas para descer a 10 911 m de profun- tar pressões superiores a 1 000 atmosferas.
didade, com dois tripulantes, o engenheiro e 6. A bioluminescência é a capacidade que al-
oceanógrafo suíço Jacques Piccard e o tenen- guns seres vivos apresentam de produzir luz
te Don Walsh. visível. Essa característica é observada princi-
A segunda foi em 25 de março de 2012, quan- palmente nos oceanos, nos seres que habitam
do o veículo Deepsea Challenger, projetado regiões onde a luz não alcança, mas também
pelo cineasta James Cameron, atingiu a pro- há inúmeros seres bioluminescentes que ha-
fundidade de 10 898 m.
bitam a Terra, como cogumelos, vagalumes e
A terceira vez foi em maio de 2019, quando besouros.
Victor Vescovo, da expedição Five Deeps,
Em relação à bioluminescência, explique:
atingiu 10 927 m, profundidade na qual en-
controu, além de algum sinal de vida, sacolas a. Que vantagens essa característica pode
plásticas e embalagens de balas. oferecer para os seres que vivem nos ocea-
Sobre a presença de vida nas diferentes pro- nos, em zonas batiais e abissais?
fundezas dos oceanos, relacione as zonas b. Que vantagens essa característica pode
listadas a seguir com as características dos se- oferecer para os seres que vivem na super-
res vivos que as habitam. fície terrestre?

62 Unidade 1 | Planeta Terra

62 Unidade 1 | Planeta Terra


Litosfera
LINK
A litosfera é a camada rígida mais externa de um planeta.
Professor, se possível, passe para
O limite da litosfera em direção ao interior do planeta é determi-
os estudantes este vídeo, disponível
nado por uma superfície de temperatura constante (uma isoterma) na internet:
de aproximadamente 1 200 oC.
Como países estão reflorestando
As rochas que se situam acima dessa superfície ainda são consi- desertos - DW Brasil
deradas suficientemente frias para permanecerem rígidas. Disponível em:
Por outro lado, as rochas que se encontram abaixo dessa superfí- https://fnxl.ink/KNUGUV.
cie perdem a rigidez, ou seja, apresentam-se como um fluido viscoso.
Acesso em: 27 maio 2022.
A litosfera engloba tanto as regiões continentais como as re-
Esse vídeo pode servir de base para
giões oceânicas. uma discussão sobre a litosfera, o
Nas regiões continentais, pode atingir uma profundidade de até processo de formação dos solos e a
200 km. Nas regiões oceânicas, a espessura da litosfera atinge, no importância que eles representam
máximo, cerca de 100 km. para a vida no planeta.

Camadas da litosfera

Camada de
rochas rígidas
Mar
de até cerca
de 200 km de
profundidade. Camada de
rochas rígidas
de até cerca
de 100 km de
profundidade.
Camada de
rochas com
plasticidade
(sem rigidez).

Alex Argozino

ILUSTRAÇÃO 5: esquema
O solo é formado a partir das rochas mais externas das regiões
mostrando as diferentes
continentais.
camadas da litosfera.
O processo de formação do solo é dinâmica. Teve início há mui-
tos milhões de anos e permanece até hoje em constante evolução.
O solo é habitado por um número imenso de seres vivos de dife-
rentes espécies que atuam em sua transformação; é de onde obte-
mos a maioria de nossos alimentos.
Para entender como ocorre a formação e a transformação do
solo, acompanhe os eventos nas páginas a seguir.

Unidade 1 | Planeta Terra 63

Unidade 1 | Planeta Terra 63


Formação do solo e sucessão ecológica
Professor, em 19 de setembro Ocorre uma erupção vulcânica em uma
de 2021, o vulcão Cumbre Vieja, ilha e uma grande quantidade de rocha
nas Ilhas Canárias de La Palma, derretida é expelida, cobrindo extensa
na Espanha, entrou em erupção. área de superfície.
Estima-se que a lava que chegou IMAGEM 7: vulcão em erupção.
ao mar já tenha acrescentado
mais de 10 hectares ao território
da ilha (1 hectare = 10 000 m 2).

jmarti20/Pixabay
Com o tempo, o intemperismo e a
sucessão ecológica, a ilha poderá
ganhar uma grande área de
solo fértil.
Por outro lado, a erupção do
vulcão Hunga Tonga-Hunga
Ha’apai, em Tonga, na Oceania, foi
tão violenta que fez desaparecer Com o tempo, essa camada de lava
uma ilha vulcânica ao norte de ou rocha derretida esfria e endurece,
Nuku’alofa, capital de Tonga. O formando o basalto.
barulho da erupção foi ouvido IMAGEM 8: lava endurecida.
na Nova Zelândia, a mais de 2 mil

lortz/Pixabay
quilômetros de distância.

O basalto começa a ser transformado


pela variação de temperatura (calor
Galyna Andrushko/Freepik Premium

de dia e frio de noite), pela ação


BNCC
dos ventos, das chuvas e de fontes
O trabalho com o infográfico próximas de água, como rios e/ou mar
Formação do solo e sucessão e, por fim, pela ação dos seres vivos.
ecológica atende as competências IMAGEM 9: basalto transformado pela

e o tema indicados a seguir. ação das intempéries.

Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3 .
Tema Contemporâneo Transversal:
Meio Ambiente.

A alternância entre calor e frio provoca

tawatchai07/Freepik Premium
fraturas nas rochas. A água das chuvas
penetra nessas fraturas e acelera
seu desgaste e decomposição em
pequenos fragmentos.
IMAGEM 10: mostra da fragmentação da
rocha basáltica pela ação do tempo.

64 Unidade 1 | Planeta Terra

64 Unidade 1 | Planeta Terra


Normalmente, os primeiros seres vivos
a se instalar para colonizar uma área
rochosa são os liquens. Saiba mais
Liquens são uma associação de Discuta com os estudantes
diferentes seres vivos (algas, fungos e
o intemperismo e como esse
bactérias) que vivem juntos em colônia,
ajudando-se mutuamente para obter
fenômeno pode ser observado na
natureza. Pergunte se já viram
wirestock/Freepik Premium

energia e água. São indicadores de


qualidade do ar, e algumas espécies só estátuas antigas: Qual é a aparência
ocorrem em locais com ar puro. delas? Use a resposta para fazer uma
IMAGEM 11: liquens sobre rocha. analogia com as rochas e esclareça
que elas mudam de forma e se
desgastam com o passar do tempo.
Chame a atenção para a imagem
dos liquens sobre as rochas e
comente que eles são os primeiros
Esses organismos complexos seres vivos a colonizar uma região
produzem ácidos que ajudam rochosa.
a decompor as rochas,
É das rochas que, pela ação do
abrindo espaço para que
intemperismo e dos seres vivos
sementes de outras plantas

youranedopekin/Freepik Premium
trazidas pelos ventos possam ao longo do tempo, se formam os
se fixar no local. solos, os quais, por um processo
IMAGEM 12: plantas de
de sucessão ecológica, dão origem
diferentes espécies à vegetação e à comunidade de
colonizando uma área animais adequada ao clima da região.
rochosa.

Com o tempo, os liquens e as primeiras plantas


que se instalaram nas rochas começam a morrer
e a formar matéria orgânica, que é decomposta
pela ação de microrganismos.
Essa matéria orgânica decomposta se acumula
na superfície e, junto aos fragmentos de rocha,
vai formando um solo cada vez mais rico em
nutrientes.
Outras plantas e sementes trazidas pelo vento,
que não haviam se desenvolvido antes por não
encontrarem condições apropriadas, começam
a prosperar no local.
Nesse ponto tem início o que os biólogos
chamam de sucessão ecológica, ou seja, uma
série de diferentes organismos começa a povoar
a área até que a vegetação típica adequada ao
wirestock/Freepik Premium

solo e ao clima da região se estabeleça de forma


estável.
IMAGEM 13: floresta tropical formada ao longo
do tempo.

Unidade 1 | Planeta Terra 65

Unidade 1 | Planeta Terra 65


Constituição do solo
De modo geral, a desintegração das rochas origina os três com-
Professor, o solo é composto ponentes básicos do solo: argila, areia e calcário.
de matéria orgânica (húmus),
A matéria orgânica proveniente da decomposição de seres vivos
minerais, areia e argila, em

Marco Aurélio Esparza (CC BY-SA3.0)


proporções variáveis, originadas por microrganismos dá origem ao húmus.
da desagregação das rochas, que A proporção desses quatro componentes – argila, areia, calcário e
ocorre ao longo do tempo sob a húmus – determina as características do solo e as espécies de plantas
ação direta ou indireta de agentes adaptadas para viver em cada um.
naturais. Entre esses agentes,
estão a temperatura, o vento, a Solo argiloso
umidade e a ação de organismos Tem pelo menos 30% de argila (barro) em sua composição, além
vivos. A qualidade do solo, para IMAGEM 14: plantação de de alumínio e ferro. É formado por grãos bem pequenos e compactos,
o bom desenvolvimento da laranja em solo argiloso. que retêm grande quantidade de água e o deixam encharcado.
vegetação, também está relacionada
à capacidade dele de reter Há grande variedade de cores e fertilidade.
corretamente a umidade. Veja as Um tipo de solo argiloso é o de terra roxa (na verdade, é um
características a seguir: solo que tem coloração avermelhada), encontrado em São Paulo
• Solo com areia em excesso: a água e no Paraná. Ele é fértil e favorável para o cultivo de café, maçã,

anaterate/Pixabay
o atravessa rapidamente, sem que laranjas, trigo, arroz, milho e aveia.
a planta tenha tempo de absorvê-
-la, e carrega os nutrientes, em um Solo humoso
processo de lixiviação. Tem mais de 10% de húmus, o que dá à terra a coloração escura
IMAGEM 15: plantação de ervas
• Solo com argila em excesso: retém em solo humoso. (terra preta). Tem muitos nutrientes para as plantas, sendo fértil e
água por muito tempo, o que pode bom para o plantio de ervas, vegetais e frutas.
apodrecer as raízes de plantas não
resistentes. Solo arenoso
De acordo com o tipo de matéria Tem cerca de 70% de areia. Como os grãos de areia são relativa-
Ruslan Kalnitsky/Freepik Premium

orgânica (húmus) presente no solo, mente grandes, a água não fica retida, passando livremente por ele.
ele adquire certo grau de acidez.
É possível alterar essa acidez com É favorável ao cultivo de abacaxi, melancia, caju, palma, tâmaras
a adição de calcário – que tem e batata-doce.
características básicas e, portanto,
Solo calcário
neutraliza o ácido – para adequar
o solo às exigências da espécie Tem pelo menos 30% de um mineral denominado cálcio. É for-
IMAGEM 16:plantação de
cultivada. mado por partículas de rochas.
tâmaras em solo arenoso.
Esse solo é característico de regiões desérticas. No Brasil, o solo
calcário é encontrado na região do Semiárido nordestino. É favorá-
vel ao cultivo de oliveiras, avelãs, uvas, cenouras, aroeiras, agave e
@rsooll/Freepik Premium

cactos.

Professor, se houver tempo e Biosfera


interesse dos estudantes, planeje o Biosfera é o conjunto formado pela atmosfera, a hidrosfera e a
cultivo de alguma espécie vegetal litosfera, incluindo todos os seres vivos que habitam cada um des-
adequada ao clima da região. A IMAGEM 17: plantação de
ses lugares. Ela engloba todos os ecossistemas do planeta, desde a
atividade pode ser feita em um cenouras em solo calcário.
montanha mais alta até o ponto mais profundo do oceano.
canteiro da escola ou em pequenos
vasos, individualmente ou em grupo,
e deve começar com o preparo do 66 Unidade 1 | Planeta Terra

solo, seguindo a proporção dos


materiais indicada na seção Saiba
mais. Peça que pesquisem as
necessidades da espécie escolhida: Saiba mais
rega, exposição ao sol, replantio
e algum tratamento extra (como Uma boa mistura para o cultivo de plantas em vasos, na Observação: vermiculita é um silicato hidratado de
adição de farinha de osso). Solicite proporção ideal dos componentes do solo, é: magnésio, alumínio e ferro que permite a drenagem
também que façam um relatório  6 partes de areia; da água e evita o encharcamento da terra no vaso.
do que observarem durante o Também é possível acrescentar farinha de osso
desenvolvimento da planta. Se algo  3 partes de argila;
à mistura para fornecer fósforo à planta, o que
der errado, eles devem investigar o  5 partes de adubo natural (húmus);
ajuda no seu desenvolvimento, e cálcio, que evita a
que aconteceu.  1/2 parte de calcário. acidez do solo.
Misture tudo cuidadosamente com uma espátula,
coloque essa mistura no vaso, sobre uma camada de
vermiculita, e plante a muda.

66 Unidade 1 | Planeta Terra


Camadas internas da Terra LINK
Nosso planeta tem um diâmetro equatorial de 12 756 km e, por-
A ideia de que se fosse possível
tanto, um raio equatorial de 6 378 km.
cavar um buraco atravessando a
Em 1989, o ser humano chegou à profundidade máxima conquis- Terra, a partir do Brasil, sairíamos
tada até hoje, cerca de 12,3 km, cavando um buraco com um diâme- no Japão não é totalmente correta.
tro de 92 cm na superfície e 21,5 cm na parte inferior. O lugar diametralmente oposto a

Kuki Ladron de Guevara/Shutterstock


A escavação, que ocorreu na Península de Kola, na Rússia, entre uma pessoa que está em Fortaleza,
1970 e 1992, é chamada de poço superprofundo de Kola. por exemplo, é bem diferente do
lugar diametralmente oposto ao
O objetivo inicial era cavar até 15 km em direção ao centro da
de outra pessoa que está em Porto
Terra, mas, devido às altas temperaturas encontradas na profundi-
Alegre.
dade de 12 km, 240 oC, a exploração foi interrompida, pois previa-
Se quiser conhecer o lugar
-se que a 15 km a temperatura seria de 300 oC.
diametralmente oposto ao seu, visite
Provavelmente, você está pensando: se a maior profundidade IMAGEM 18: a luz, que
o site a seguir (em inglês):
cavada até hoje foi de 12,3 km, como os cientistas sabem o que há também se propaga na
forma de onda, atravessa https://fnxl.ink/RVNEPW.
no centro da Terra?
diferentes meios, como o Acesso em: 5 fev. 2022.
Como não é possível atravessar a crosta terrestre, o que sabe- ar e a água, com diferentes O termo antípoda significa “dois
mos sobre o interior do planeta são deduções, com base na análise velocidades. É isso o que
lados diametralmente opostos em
de dados obtidos com sismógrafos. causa o fenômeno da
uma esfera”. Para a maioria das
refração, que faz parecer
Os sismógrafos que o lápis imerso no copo
pessoas que utilizar o aplicativo, o
são aparelhos que de água está quebrado outro lado do planeta é um ponto
registram as ondas Ondas sísmicas no oceano; já para quem vive
que se propagam Os gráficos a seguir comparam duas ondas especificamente na cidade de Honório
sísmicas, S e P, que surgem em diferentes Serpa, estado do Paraná, o outro lado
pelo planeta, por
intervalos e são captadas por dois sismógrafos é a ilha de Okinawa, no Japão.
exemplo, durante
em diferentes estações (A e B). As ondas P são as
terremotos natu- primeiras a chegar, seguidas das ondas S.
rais ou explosões
provocadas para VÍDEO
Sismógrafo A SISMÓGRAFO
fins de pesquisa.
As caracterís- Onda P Onda S
ticas de uma onda
dependem do ma-
terial pelo qual ela Intervalo entre as FIGURA 2: gráficos de ondas
se propaga. ondas S e P: 0,95 s
sísmicas.
Se uma onda 1s 2s 3s 4s É possível calcular onde foi
que se propaga Sismógrafo B
o epicentro do terremoto
em um meio sóli- a partir do intervalo de
tempo entre a chegada da
Benjamin J. Burger (CC BY-SA 4.0)

do muda repenti- Onda P Onda S


onda P e a chegada da onda
namente de velo- S na estação onde é feito o
cidade, é porque registro. Quanto maior esse
mudou o material intervalo, maior a distância
Intervalo entre as
por onde se pro- da estação ao epicentro do
ondas S e P: 0,54 s
pagava. terremoto.

Unidade 1 | Planeta Terra 67

Temperaturas das camadas externas e internas


A menor temperatura já registrada na superfície da Terra ocorreu em 1983, na estação Vostok, na Antártica, e
foi −89,2 °C. E no interior do planeta?
Em qualquer região da Terra, a temperatura aumenta de acordo com a profundidade. Medidas demonstram
que a proporção em que a temperatura aumenta é de 20 °C a 40 °C por km, mas, conforme nos
aprofundamos, esse aumento é mais acelerado, sobretudo por causa da elevação da pressão.

Unidade 1 | Planeta Terra 67


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Outras análises que fornecem pistas sobre a constituição do inte-


Você sabia? rior do planeta são:
A litosfera abrange a crosta • o interior de grandes meteoritos;
Professor, no estudo das Ciências, terrestre (continental e
a onda é uma perturbação que oceânica) e a parte superior do • a composição de rochas da superfície expelidas por vulcões;
envolve o transporte de energia manto externo. • o campo magnético terrestre.
sem o transporte de matéria. A luz Por meio de todos esses estudos, os cientistas concluíram que a
e o som são exemplos de ondas. VÍDEO
Terra pode ser dividida em três camadas principais: crosta (terres-
CAMADAS DA TERRA
A luz propaga-se na ausência
tre e oceânica), manto (externo e interno) e núcleo (externo e inter-
de matéria (vácuo), enquanto o ILUSTRAÇÃO 6: camadas
no), como mostra a ilustração a seguir.
som precisa de um meio material internas do planeta Terra.
para se propagar. Quando a onda
muda de meio de propagação, sua

Osvaldo Sequetin
velocidade se altera. Dizemos que Camadas internas da Terra
ela sofre refração.
E foi pela análise das ondas emitidas
pelo movimento da Terra e captadas Crosta engloba as crostas continental e oceânica
por sismógrafos que os cientistas terrestre
identificaram as diferentes camadas
no interior do planeta. parte superior: até 400 km
Manto externo
transição: de 400 km até
1 000 km
Manto
interno
entre 1 000 km e 2 900 km
de profundidade

Núcleo externo
entre 2 900 km e 5 150 km
de profundidade

Núcleo interno
entre 5 150 km e
6 378 km de profundidade

Crosta continental
entre 25 km e 50 km de espessura

Crosta oceânica
entre 5 km e 10 km de espessura

A Terra não é uma esfera perfeita:


Raio equatorial da Terra: 6 371 km Não é possível saber com exatidão a extensão de
Raio polar da Terra: 6 357 km cada camada. Os valores acima são aproximados.

68 Unidade 1 | Planeta Terra

68 Unidade 1 | Planeta Terra


Crosta terrestre
É a camada mais externa na superfície da Terra e
também a mais fina. É a parte que resfriou e se soli- Professor, as Cordilheiras dos
dificou, formada por rochas, minerais e um solo com Andes foram formadas pelo
vários níveis. choque frontal entre placas
A espessura da crosta terrestre é variável: tectônicas – Placa de Nazca e
Placa Sul-Americana – em um
• é maior onde há grandes montanhas, como a Cor- movimento convergente.
dilheira dos Andes, com 8 000 km de extensão, e
tem altura variando entre 4 000 m e 6 962 m;
• é menor onde há fossas oceânicas, como a Fossa
das Marianas.
Sob os oceanos, a crosta costuma ter, em média, 7 km
de espessura, e, sob os continentes, em média 40 km.
As espessuras extremas estão em 5 km e 70 km.
A crosta terrestre é dividida em crosta continental
e crosta oceânica.

Atosan/Shutterstock
Crosta continental
Apresenta entre 25 km e 50 km de espessura e é forma-
da essencialmente de silicatos aluminosos (ou óxidos de
silício e alumínio, SiAL), com uma composição semelhan-
IMAGEM 19: Cordilheira dos
te à do granito. As ondas sísmicas se propagam na crosta Andes, Patagônia, Chile,
continental a uma velocidade de 5,5 km/s. 2020.
Crosta oceânica
Glossário
Apresenta entre 5 km e 10 km de espessura e é formada essen-
Silicatos
cialmente de silicatos magnesianos (ou óxidos de silício e magnésio), combinação de um óxido de silício
com uma composição semelhante à do basalto. As ondas sísmicas se com outro elemento, por exemplo,
o alumínio.
propagam na crosta oceânica a uma velocidade de 7,0 km/s. Óxidos
A litosfera engloba a crosta e a parte rochosa do manto exter- substâncias formadas por oxigênio
e outro elemento, como óxido de
no. Sua espessura pode chegar a cerca de 100 km nas regiões de silício (areia) ou óxido de magnésio
crosta oceânica e a mais de 200 km nas regiões de crosta terrestre. (magnésia).

Apesar de sua composição parecer muito estável, a litosfera é


formada por diversos blocos soltos, compostos tanto pela crosta
continental quanto pela crosta oceânica.
Esses blocos são chamados de placas litosféricas, ou placas
tectônicas.
A parte mais interna do manto externo, como veremos a seguir,
tem consistência pastosa.
Isso possibilita que as placas tectônicas flutuem e se movam
lentamente (alguns centímetros por ano), ou seja, a litosfera não é
estática como aparenta.

Unidade 1 | Planeta Terra 69

Unidade 1 | Planeta Terra 69


O movimento de placas tectônicas desencadeia uma série de fe-
nômenos, entre eles os terremotos e os vulcões.
A ilustração a seguir mostra a divisão do globo terrestre em pla-
Professor, pergunte aos cas tectônicas.
estudantes: analisando o mapa, onde
vocês acreditam que a possibilidade 180° 120° O 60° O 0° 60° L 120° L 180°
de ocorrer um terremoto é maior? Círculo Polar Ártico

A natureza da crosta oceânica é PLACA EURASIÁTICA


basáltica, e a da terrestre, granítica.
A litosfera é formada pelas crostas PLACA
NORTE-AMERICANA PLACA IRANIANA
PLACA DO
PACÍFICO
terrestre e oceânica, e parte do Trópico de Câncer PLACA
PLACA
manto superior, rochosa e sólida, PLACA DO OCEANO
PLACA AFRICANA ARÁBICA
DAS
FILIPINAS OCEANO
forma diversos blocos relativamente
CARIBE
PLACA ATLÂNTICO PACÍFICO
Equador DE COCOS
bem encaixados, semelhantes a um 0º
PLACA DO PACÍFICO

Meridiano de Greenwich
OCEANO
quebra-cabeça, que dão a impressão PLACA
DE ÍNDICO
de estabilidade. Trópico de Capricórnio NAZCA PLACA
SUL-AMERICANA PLACA INDO-AUSTRALIANA

Esses blocos praticamente flutuam


OCEANO PACÍFICO
sobre o manto terrestre, formando
o que conhecemos como placas
tectônicas. Vamos estudar as placas
PLACA DA ANTÁRTICA
Círculo Polar Antártico

Carlos Vespucio
tectônicas mais detalhadamente no Área de choque de placas Área de deslizamento

volume 7. Área de afastamento de placas entre placas


0 2 590 km

ILUSTRAÇÃO 7: mapa-múndi
As localidades onde ocorrem mais terremotos são as que estão
placas tectônicas. Fonte:
nas extremidades das placas tectônicas, como é o caso do Chile, na
Atlas geográfico escolar: Ensino
Fundamental do 6o ao 9o ano. Rio América do Sul, localizado na extremidade da Placa Sul-Americana,
de Janeiro: IBGE, 2010. p. 103. próximo à Placa de Nazca.
O Brasil encontra-se em uma localização privilegiada, pratica-
mente no meio da Placa Sul-Americana e, por isso, as ocorrências
de terremotos intensos no país não são comuns, embora eventual-
mente possam haver.

SLIDESHOW
TERREMOTOS

IMAGEM 20: os países onde


ocorrem mais terremotos
são aqueles localizados nas
extremidades das placas

Vladimir Platonow/Agência Brasil (CCBY 3.0 BR)


tectônicas como é o caso
do Chile, na América do Sul
onde, em 2010 um terremoto
de 8,8 graus de magnitude
destruiu a região de Maule
ao longo da costa do Chile.
Na imagem é possível ver
um prédio residencial que
tombou durante o terremoto
fazendo vítimas fatais.

70 Unidade 1 | Planeta Terra

70 Unidade 1 | Planeta Terra


Manto
Logo abaixo da crosta terrestre, encontra-se o manto,
que tem uma extensão de 2 950 km. Professor, se possível, passe
Em razão de suas características, pode ser dividido para os estudantes este vídeo,
em duas partes: manto externo, ou superior, e manto in- disponível na internet:
terno. #incrível 50 000 Terremotos em
3 semanas Despertaram o Vulcão
Manto externo
Disponível em:
É a parte do manto mais próxima da crosta terrestre. https://fnxl.ink/EXCJJB.
É denominada astenosfera, (do grego sthenos, que signi-
Acesso em: 27 maio 2022.

Eduardo Robaina/Creative Commons


fica "sem força").
Estende-se inicialmente a uma profundidade de
400 km, onde se inicia uma zona de transição para o
manto interno, que vai até cerca de 1 000 km.
O início do manto apresenta uma temperatura de cer-
ca de 100 °C e uma consistência semelhante à da crosta,
com velocidade de ondas sísmicas de 28 000 km/h.
IMAGEM 21: erupção do vulcão
É constituído de óxidos de magnésio, silício e ferro. Cumbre Vieja, na ilha espanhola
de La Palma, 2021, devido ao
Manto interno choque entre placas tectônicas.
Note, porém, que não é apenas
É a parte do manto mais próxima do núcleo externo.
o movimento de aproximação
Sua constituição é a mesma do manto externo, mas sua consis- e choque entre placas tectô-
tência é mais líquida e fluida. nicas que provoca a formação
de vulcões. O movimento de
Sua temperatura é bem maior, podendo chegar a 2 200 oC, ou
afastamento das placas tectô-
até 3 500 oC, segundo alguns estudiosos, com velocidade de ondas nicas também pode ocasionar
sísmicas de 48 600 km/h. o fenômeno, principalmente no
Há, no manto terrestre, alguns locais mais quentes, deno- fundo do mar.
minados hotspots (pontos quentes). Nesses locais, o material do
manto exerce uma pressão maior sobre a crosta (terrestre ou
oceânica), tendendo a subir e a atravessá-la. Quando isso ocorre,
forma-se um vulcão.
Em uma erupção vulcânica, quando o magma extravasa e atinge
a superfície da crosta, passa a ser denominado lava. Você sabia?
Normalmente, a lava se solidifica quando resfria na superfície *No Havaí, por exemplo, onde
terrestre. Muitas vezes, a lava também escorre por túneis laterais. a Placa Tectônica do Pacífico
se desloca para noroeste, há
Um vulcão formado nos limites entre placas tectônicas vai se um alinhamento de vulcões
deslocando em tempos geológicos devido ao movimento das pla- na direção noroeste-sudeste.
cas. Assim, ao longo de muito tempo, quando ocorrer nova erupção, Apenas os vulcões do extremo
pode se formar outro vulcão. sudeste, como o Kilauea, estão
em atividade. Também há um
O fenômeno pode se repetir várias vezes, e o resultado é uma novo vulcão em formação no
fileira de vulcões, dos quais só o último permanece em atividade*. fundo do mar, que ainda não
atingiu a superfície.

Unidade 1 | Planeta Terra 71

Unidade 1 | Planeta Terra 71


Você sabia?
Núcleo
Abaixo do manto interno fica o núcleo, localizado no centro da
Se não houvesse um campo
Professor, se houver magnético em torno do planeta,
Terra. É a camada mais densa do planeta, com espessura de apro-
possibilidade, passe para os não haveria vida na Terra. ximadamente 3 471 km, que representa mais da metade da medida
estudantes o trailer do filme A O campo magnético protege do raio do planeta, que é de 6 378 km.
Era do Gelo 4, que propõe uma a Terra dos ventos solares, A massa da Terra é de cerca de 6,0 . 1024 kg. O núcleo da Terra,
“teoria” para explicar como o partículas de alta energia
sozinho, representa pouco mais de 30% dessa massa.
núcleo da Terra começou a girar emitidas continuamente
no interior do planeta. pelo Sol. Vários animais Acredita-se que 85% do núcleo interno seja composto de ferro,
utilizam o campo magnético 10% de níquel e 5% de silício.
Pode ser um momento de do planeta para se localizar
descontração e uma forma de em seus deslocamentos, Essas proporções foram reproduzidas em laboratório e subme-
conseguir a atenção dos estudantes entre eles os seres humanos, tidas a temperaturas semelhantes à do centro da Terra.
para o assunto. mas, nesse caso, por meio de
Os resultados obtidos com a propagação de ondas através dessa
instrumentos como a bússola.
Disponível em: mistura foram compatíveis com os das ondas sísmicas nas profun-
https://fnxl.ink/ACSERS. dezas do planeta.
Acesso em: 27 maio 2022. Em função da pressão sofrida pelo núcleo, ele é separado em
duas partes: núcleo externo e núcleo interno.

Núcleo externo
É a camada que fica logo abaixo do manto interno e vai de
2 900 km de profundidade até 5 150 km. Nessa região, a pressão é
menor e, por isso, o núcleo externo é líquido.
O núcleo externo é composto, prin-
Polo Sul Polo Norte cipalmente, de ferro, silício e enxofre.
magnético geográfico

Núcleo interno
É a camada mais interna, que vai de
cerca de 5 150 km de profundidade até
6 378 km, e a que sofre a maior pressão.
Estima-se que a pressão no núcleo
interno seja 3 milhões de vezes maior
que a da superfície terrestre.
Osvaldo Sequetin

Essa pressão é tão intensa, e a com-


pressão tão grande, que o núcleo inter-
Polo Norte
no é sólido.
Polo Sul
geográfico magnético É composto principalmente de níquel
e ferro (por isso, é chamado de NiFe), e
acredita-se que sua temperatura possa
ILUSTRAÇÃO 8: campo atingir 6 000 oC, semelhante à da superfície do Sol.
magnético da Terra
Por ser sólido, esférico e imerso em um meio líquido, o núcleo
formado pelo movimento
de rotação dos núcleos interno gira (movimento de rotação) e, por ser formado de material
externo e interno. magnético, o movimento do núcleo interno e externo gera um cam-
po magnético ao redor do planeta.

72 Unidade 1 | Planeta Terra

72 Unidade 1 | Planeta Terra


ATIVIDADE PRÁTICA

Vamos observar o magnetismo do planeta Terra construindo


Professor, o experimento pode
uma bússola com materiais caseiros. ser feito em grupos, e a bússola
do celular pode ser utilizada para

Ilustrações: Alex Argozino


Material verificar a orientação da
bússola caseira.

Ímã Bolinha de isopor


Agulha de Tigela BNCC
costura cortada ao meio
com água
O trabalho com a Atividade prática
Procedimento
– Bússola atende as competências
S
Ficou e o tema indicado a seguir.
grudada! Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia.
N

Esfregue várias Não faça É preciso direcionar Verifique se a


1 2 3 4
vezes o ímã na agulha, movimentos o magnetismo para agulha está imantada
sempre em um único de vai e volta. formar os polos aproximando-a de
sentido, para imantá-la. N e S na agulha. um objeto de ferro.

N
L

S
N

Espete a agulha na metade da Para identificar qual extremidade da agulha


5 6
bolinha de isopor e coloque esse está apontando para o Norte, é preciso usar
conjunto no meio da tigela com água. uma outra bússola, que pode ser a do celular.

Feito isso, basta tirar a agulha da água e fazer uma marca ver-
melha no isopor, próximo à extremidade que aponta para o Norte.
Depois, se você tiver um mapa do Brasil, pode posicioná-lo pró-
ximo à bússola para investigar em que direção ficam os pontos ex-
tremos localizados ao norte, no Monte Caburaí, na nascente do rio
Ailã, em Roraima; e, ao sul, no arroio Chuí, no Rio Grande do Sul.

Unidade 1 | Planeta Terra 73

Unidade 1 | Planeta Terra 73


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. d, f, b, h, a, c, g, e.
1. A formação do solo é um processo dinâmico 3. Com base em tudo o que foi descrito sobre os
2. Sucessão ecológica. que envolve uma série de eventos e fatores diferentes tipos de solo, selecione as alterna-
3. abióticos (sem vida), como o vento, o sol, as tivas corretas.
a. Correta. diferenças de temperatura, as chuvas e tem- a. Todo tipo de solo é bom para o plantio,
pestades, e bióticos (com vida), como a ação desde que se escolha a espécie de planta
b. Correta. de seres vivos, que vão agindo e se sucedendo adaptada a ele.
c. Errada. em determinado local. Os eventos descritos b. Se um agricultor tenta mudar as caracte-
d. Errada. abaixo, fora de ordem, são um exemplo de rísticas do solo, é porque deseja cultivar
como o solo pode se formar ao longo do tem- uma espécie não adaptada àquele tipo es-
e. Correta.
po. Coloque-os na ordem correta em que pro- pecífico de solo.
f. Errada. vavelmente ocorreram. c. O melhor solo para cultivar cajueiros é o
g. Correta. a. Os primeiros seres vivos que normalmen- solo humoso.
h. Correta. te se instalam são os liquens. Esses seres d. O melhor solo para cultivar laranjas é o
4. produzem ácidos que ajudam a decompor solo arenoso.
as rochas. e. O melhor solo para cultivar arroz, que gos-
a. Os liquens são uma associação
b. Fatores abióticos, como vento, chuva, sol, ta de áreas alagadas, é o argiloso.
de diferentes seres vivos (algas,
diferenças de temperatura e, eventual- f. O solo calcário só serve para a plantação
fungos e bactérias) que vivem
mente, a ação da água do mar, vão trans- de cactos.
juntos em colônia. Algumas
formando o basalto. g. É possível modificar as características do
espécies só ocorrem em lugares
com ar puro. Por isso, são c. O trabalho dos liquens permite que se- solo de um lugar para plantar uma espécie
considerados indicadores da mentes de plantas trazidas pelo vento se adaptada a outro tipo de solo.
qualidade de um ambiente. instalem e se desenvolvam no local. h. Plantar espécies adaptadas ao solo e ao cli-
d. Ocorre uma erupção vulcânica e o magma, ma de determinado local é uma forma de
b. Com o tempo, os liquens e
rocha derretida, extravasa do interior do preservar a natureza.
as primeiras plantas que se
planeta para a superfície.
instalaram nas rochas começam 4. Em relação à formação do solo, responda:
a morrer e a formar matéria e. Os nutrientes liberados permitem que se-
a. Os liquens são os primeiros seres vivos a
orgânica, que é decomposta pela res ainda mais complexos prosperem no
se instalar em uma área rochosa para co-
ação de microrganismos. Essa local até que uma vegetação típica ade- lonizá-la. Explique o que são liquens e por
matéria orgânica decomposta quada ao solo e ao clima da região se esta- que são considerados indicadores de qua-
se acumula na superfície e, beleça de forma estável. lidade de um ambiente.
junto aos fragmentos de rocha, f. Com o tempo, o magma esfria e endurece, b. Explique como se forma a matéria orgâni-
vai formando um solo cada formando o basalto. ca que dá origem ao solo.
vez mais rico em nutrientes. g. Com a morte dos liquens e das primeiras
5. A temperatura em direção ao centro da Ter-
Outras plantas e sementes plantas que chegaram, começa a se formar
ra vai se tornando progressivamente maior,
trazidas pelo vento, que não uma camada de matéria orgânica, que é
tanto que a escavação que chegou à profun-
haviam se desenvolvido antes decomposta por microrganismos, liberan-
didade de 12,3 km, o máximo até hoje, teve de
por não encontrarem condições do nutrientes.
ser interrompida porque a temperatura a essa
apropriadas, começam a h. As fraturas provocadas pela ação abiótica altura já era de 240 ºC.
prosperar no local, até que a permitem que a água penetre na rocha,
Desse modo, para obter informações sobre o
vegetação típica adequada ao acelerando seu desgaste e fragmentação.
interior da Terra, os cientistas utilizam os sis-
solo e ao clima da região se
2. Qual é o nome que os biólogos dão à alternân- mógrafos, aparelhos que registram as ondas
estabeleça de forma estável.
cia de seres vivos que vão ocupando e trans- que se propagam no planeta quando ocorre
formando um local até que uma população um terremoto, ou por explosões feitas para
estável se estabeleça? fins de pesquisa.

74 Unidade 1 | Planeta Terra

74 Unidade 1 | Planeta Terra


NÃO ESCREVA
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA
NO LIVRO

Em relação aos sismógrafos, assinale a alter- V. Possui consistência fluida e temperatura


nativa incorreta: que pode chegar a 3 500 oC.
a. A velocidade e a direção de propagação de VI. Engloba as crostas terrestre e oceânica e a
uma onda dependem do material que ela parte superior do manto externo. 5. Alternativa e.
atravessa. VII. É chamado de astenosfera e é sobre onde 6.
b. Se uma onda está se propagando com de- flutuam as placas tectônicas, ou seja, os
a. e VI)
terminada velocidade e essa velocidade blocos soltos constituídos de crosta con-
muda de repente é porque o meio mudou. tinental e crosta oceânica. b. e IV)
c. Quando ocorre um terremoto, várias on- c. e I)
7. Sobre os fenômenos desencadeados pelo
das são emitidas e captadas pelos sismó- movimento das placas tectônicas: d. e VII)
grafos. e. e V)
a. Cite uma forma pela qual esse movimento
d. A diferença de tempo de chegada entre a está relacionado aos terremotos. f. e II)
primeira onda (P) e a segunda onda (S) per-
b. Responda: os vulcões podem se formar g. e III)
mite calcular o epicentro (o ponto a partir
pelo choque ou pelo afastamento das pla-
do qual foi desencadeado o abalo sísmico).
cas tectônicas? Explique sua resposta. 7.
e. Quanto maior o intervalo entre a chegada a. Os terremotos podem ocorrer,
8. A ilustração 9, a seguir, mostra como o campo
das ondas P e S, mais perto o epicentro se por exemplo, quando duas placas
magnético da Terra protege a vida contra os
encontra da estação onde está o sismógrafo. tectônicas em movimento se
ventos solares emitidos pelo Sol.
6. Em relação às camadas internas do planeta, chocam.
relacione corretamente as colunas 1 e 2. b. Das duas formas. Quando duas
Coluna 1 Vento solar placas tectônicas se chocam
a. Litosfera. Campo magnético na crosta continental, pode
da Terra ocorrer afloramento do magma
b. Crosta continental.
na superfície, com a formação
c. Crosta oceânica. de um vulcão. O afastamento
d. Manto externo. de placas tectônicas costuma
e. Manto interno.
Getty Images/iStockphoto

provocar a formação de vulcões


f. Núcleo externo. submarinos. Também existe a
g. Núcleo interno. possibilidade de se formarem
Coluna 2 Vento solar
no meio de uma placa pelo
fenômeno de hotspot.
I. Trata-se da camada mais fina de todas e
apresenta uma composição semelhante à 8. Alternativa e. A camada de
Com relação ao campo magnético da Terra, ozônio protege a Terra das
do basalto.
assinale a alternativa incorreta. radiações ultravioleta do Sol,
II. Região que vai de 2 900 km de profundi-
a. Aves migratórias utilizam o campo magné- mas não barra as partículas
dade até 5 150 km. É constituída principal-
mente por ferro, silício e enxofre.
tico da Terra para se localizar. eletricamente carregadas que
b. O ser humano usa o campo magnético da compõem o vento solar.
III. É sólido e esférico, e gira devido ao movi-
Terra em instrumentos de navegação ma-
mento de rotação do planeta, ocasionan-
rítima, aérea e terrestre.
do a formação de um campo magnético
em torno da Terra, por ser formado de c. A vida na Terra depende da existência do
ferro e níquel (materiais magnéticos). campo magnético.
IV. O ponto mais alto é o pico do Monte Eve- d. O movimento do núcleo interno gera o
rest, que atinge a altura de 8 848 m acima campo magnético da Terra.
do nível do mar. O ponto mais baixo é a ci- e. A camada de ozônio ajuda a proteger a
dade da Jordânia, no interior da Palestina, Terra dos ventos solares.
onde fica o Mar Morto, a –430 m abaixo do
nível do mar.

Unidade 1 | Planeta Terra 75

Unidade 1 | Planeta Terra 75


3
CAPÍTULO

Professor, comece a aula Formações


perguntando aos estudantes
se há alguém na classe que
coleciona rochas. A pergunta
rochosas
visa desencadear uma discussão
sobre o tema. Caso ninguém
colecione rochas ou conheça
alguma curiosidade sobre o Se você pudesse escolher uma viagem para qualquer lugar do
assunto, proponha a visita a um mundo, para onde iria? Não é uma decisão fácil, com tantos lugares
museu de geologia, nem que seja incríveis para conhecer. Veja, por exemplo, as sugestões a seguir.
virtual, como:
IMAGEM 1: Cidade de Petra, Jordânia,
https://fnxl.ink/JWFMHK
wirestock/Freepik Premium
2021. Fundada em 312 a.C. e famosa
Acesso em: 23 maio 2022. por suas construções esculpidas em
rochas de arenito – como o palácio
da foto –, a cidade tornou-se ponto
Rochas no dia a dia importante de rotas comerciais.
Sofreu dois grandes terremotos que
Tanto a argila como a pedra-sabão, destruíram a cidade. Foi abandonada
por suas propriedades, têm diversas no século V e redescoberta em 1812.
aplicações. A argila é largamente Atualmente, é considerada uma das
utilizada na fabricação de cerâmicas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
que podem tanto ser utilizadas na
produção de tijolos em olarias como IMAGEM 2: Pirâmides do Egito. Idade
na indústria de semicondutores

superstarphoto/Freepik Premium
estimada de 4 500 anos. A Grande
(materiais utilizados em Pirâmide de Gizé, construída em
computadores), além de aplicações calcário e granito, é a única entre as
em medicina alternativa. Sete Maravilhas do Mundo Antigo
A pedra-sabão, por sua vez, é que continua em pé. Foi erguida em
utilizada em isolantes elétricos, na torno do ano 2560 a.C. para ser a
construção de lareiras, na produção tumba do rei Queóps e tinha cerca de
146,5 m de altura, mas, por causa da
de talco, etc.
erosão e do vandalismo, as medições
Em geral, a argila é moldada pelas atuais indicam 138,8 m.
próprias mãos do artesão ou com o
auxílio de algum instrumento, até IMAGEM 3: A Grande Muralha,
faabi/Freepik Premium

adquirir a forma desejada, como China, 2019, feita de argila, granito e


um prato ou uma escultura. A calcário.
pedra-sabão (esteatito) é esculpida É composta de várias seções, que
com uso de ferramentas como a começaram a ser construídas
entalhadeira. no início no século V a.C. Foram
unidas pela primeira vez por volta
de 220 a.C., somando 6 259 km de
extensão e 359 km de trincheiras. Foi
declarada patrimônio mundial pela
BNCC
Organização das Nações Unidas para
O trabalho com o capítulo 3 Educação, Ciência e Cultura (Unesco)
atende a habilidade indicada em 1987.
a seguir:
76 Unidade 1 | Planeta Terra
(EF06CI12).

Objetivos do capítulo
 Identificar e reconhecer rochas ígneas, metamórficas e sedimentares.
 Compreender a origem, a formação e as propriedades desses materiais.
 Discutir as consequências da atividade de extração de minérios sob o ponto de vista socioambiental.
 Relacionar a formação de fósseis a rochas sedimentares.
 Reconhecer semelhanças e diferenças entre sistemas de numeração.

76 Unidade 1 | Planeta Terra


IMAGEM 4: Moais na Ilha de Páscoa,

svstrelkov/Freepik Premium
Chile, 2019.
Construídos pelo povo rapanui em
basalto obtido da cratera vulcânica Professor, é comum os
de Ranu Raraku. estudantes reconhecerem o
Foram encontradas 887 estátuas mármore e o granito, que são
distribuídas pela ilha, a maioria muito utilizados no acabamento
com 4,5 m a 6 m de altura, a maior da construção de moradias,
entre 20 m. como pisos e pias. O granito
A massa das estátuas varia entre é constituído por minerais
10 toneladas e 270 toneladas. conhecidos como quartzo, mica
e feldspato.
IMAGEM 5: Estátuas dos 12
O quartzo é matéria-prima para
Rita Marcia/Pixabay

profetas, Congonhas, Minas


lentes e fibras ópticas, vidros em
Gerais, 2021. No destaque, o
geral e produtos eletrônicos, além de
profeta Ezequiel feito em pedra-
-sabão.
ser usado como areia na construção
civil. A mica é usada na indústria
Foram esculpidas entre 1794
em equipamentos como fornos de
e 1804 pelo artista Antônio
Francisco Lisboa (1738-1814), o micro-ondas, transistores, filtros
Aleijadinho, e estão localizadas no ópticos especiais e reguladores
adro do Santuário do Bom Jesus térmicos; é explorada também
de Matosinhos. na indústria bélica, em mísseis
teleguiados.
O feldspato é usado na fabricação de
IMAGEM 6: Machu Picchu, nome vidros, para aumentar a durabilidade

wirestock/Freepik Premium
que significa “velha montanha”, e a resistência de cerâmicas e na
Peru, 2021. Foi construída, com indústria de tintas, plásticos e
blocos de granito encaixados, borracha.
no século XV, pela civilização
inca, nome que significa “filho Instigue os estudantes a pensar
do Sol” e se referia ao soberano de que maneira povos antigos
que reinava sobre o povo conseguiram distribuir pela Ilha de
quíchua. Páscoa estátuas que tinham, no
A cidade tem pirâmides com mínimo, 10 toneladas de massa.
degraus, calendários solares, E como conseguiram construir
templos e moradias. Machu Picchu em uma altitude
próxima dos 2 430 m, entre a
IMAGEM 7: Taj Mahal, Agra, Índia, 2021. Cordilheira dos Andes e a Selva
wiganparky0/Pixabay

Palácio feito de mármore. Amazônica Peruana?


Em 1631, o líder do Império Mogol,
Shah Jahan, perdeu sua esposa favorita,
Arjumand Banu Baygam, durante
um parto. Mandou, então, construir BNCC
um mausoléu todo de mármore
O trabalho com o texto
para abrigar seus restos mortais.
Arjumand Banu Baygam era conhecida
“Formações rochosas” atende
por Mumtaz Mahal, que significa “a as competências e os temas
preferida do palácio”. O nome Taj Mahal indicados a seguir.
é uma abreviação de Mumtaz Mahal. Competências gerais: 1, 2 e 3.
Competências específicas: 1 e 5.
Unidade 1 | Planeta Terra 77 Temas Contemporâneos
Transversais: Ciência e Tecnologia
e Multiculturalismo.

Unidade 1 | Planeta Terra 77


Tipos de rocha
Já decidiu para onde gostaria de ir?
Professor, o estudo científico das Você sabia? Reparou que todas essas grandes construções, que estão entre
rochas é chamado de Petrologia, um as mais famosas do mundo, são feitas de algum tipo de rocha, como
ramo da Geologia. É comum as pessoas
arenito, pedra-sabão, basalto, granito, argila, calcário, mármore?
confundirem rochas com
De acordo com os cientistas, Você conhece esses materiais de seu dia a dia?
pedras. Afinal, qual é a
nosso planeta teria se formado diferença?
como uma massa pastosa, com As rochas são agregados sólidos formados naturalmente de ma-
Pedra é qualquer pedaço de
temperaturas elevadíssimas. terial existente no manto externo terrestre. São constituídas por um
substância ou de mistura de
Durante o resfriamento do substâncias que se apresentam conjunto de minerais.
planeta, começaram a surgir no estado sólido. Assim, por Os minerais são substâncias sólidas cristalinas de composição
as primeiras rochas, que exemplo, podemos ter uma química definida, formadas por processos naturais.
foram denominadas ígneas ou pedra de gelo, uma pedra de
Uma substância é cristalina quando tem estrutura geométrica
magmáticas. Esse período ficou sabão ou mesmo uma pedra de
conhecido como Pré-Cambriano. mármore (rocha). Já as rochas definida.
são minerais. As imagens abaixo mostram alguns exemplos de minerais, como
o quartzo, a mica, o feldspato, a calcita, a biotita, a apatita etc.

Matilde Spagnolo (CC BY-SA 4.0)


Pascal Terjan (CC BY-SA 2.0)
LisaRedfern/Pixabay

IMAGEM 8 : quartzo, usado em IMAGEM 9 : mica, usada em IMAGEM 10 : feldspato, usado em


relógios analógicos. fornos de micro-ondas. vidros e cerâmicas.
Rob Lavinsky/iRocks (CC-BYSA-3.0)

Raimond Spekking (CC BY-SA 4.0)


Fred Kruijen (CC BY-SA 3.0)

IMAGEM 11 : calcita, usada em IMAGEM 12 : biotita, usada em IMAGEM 13 : apatita, usada na


instrumentos ópticos. isolamento de paredes. fabricação de fertilizantes.

78 Unidade 1 | Planeta Terra

78 Unidade 1 | Planeta Terra


Dependendo do modo pelo qual as rochas foram formadas na
natureza, elas podem ser classificadas de três maneiras: ígneas ou Você sabia?
magmáticas, sedimentares e metamórficas. Os minerais que formam
o granito podem ser Professor, para facilitar o
Rochas ígneas identificados a olho nu: entendimento: intrusão é o
quartzo, mica e feldspato. movimento para dentro e extrusão é
As rochas ígneas são também denominadas magmáticas porque O quartzo é responsável pela o movimento para fora.
são formadas durante o processo de resfriamento e solidificação do resistência; a mica, pelo brilho;
O granito, cujo nome é uma
magma do manto externo. e o feldspato pela grande
variação de cores (negro, cinza,
referência à textura granulada da
Nesse caso, elas podem ser intrusivas ou extrusivas. avermelhado, rosado, creme- rocha, é utilizado no revestimento de
-acinzentado etc.). pisos, paredes e tampos de pias.
Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas
O basalto é o tipo de rocha
São aquelas que se formam quando o magma originário do manto magmática mais comum, pois cobre
externo vai penetrando nas camadas de rochas localizadas em gran- cerca de 70% da superfície terrestre.
des profundidades, sofrendo lentamente um processo de resfriamen- Ele também está presente na
to e solidificação sob a pressão da crosta terrestre que se encontra superfície de outros corpos celestes,
logo acima. como na Lua, em Vênus e em Marte.
Além disso, essa rocha é encontrada
Por serem formadas em um processo lento – que leva milhares de em meteoros que atingem a Terra.
anos –, essas rochas intrusivas (internas) apresentam uma estrutura ILUSTRAÇÃO 1: formação de
Trata-se de uma rocha de coloração
cristalina bem desenvolvida. Assim, é possível diferenciar mais facil- rochas extrusivas e intrusivas.
escura, rica em ferro e magnésio, que
mente os minerais que constituem a rocha. FORA DE ESCALA
costuma ser empregada na forma de
Um exemplo de rocha ígnea intrusiva é o granito. CORES FANTASIA paralelepípedo para o calçamento
de ruas.
Rochas ígneas Rochas ígneas extrusivas Geralmente, o paralelepípedo é
extrusivas de origem vulcânica. Os
cinza, e eventualmente tem tons
cristais são pequenos
São aquelas que (pouco desenvolvidos) pelo de marrom. O nome vem da figura
se formam quando
resfriamento rápido. geométrica, o paralelogramo, que
possui seis faces.
o magma originário
do manto externo

Osvaldo Sequetin
Rochas ígneas intrusivas
é expelido para a (plutônica). Os cristais são
superfície por meio bem desenvolvidos pelo
resfriamento lento.
de erupções vulcâ-
nicas.
Quando aconte-
ce isso, a solidifica-
ção é bastante rápi-
da, ocorrendo sob
pressão atmosféri-
ca, e os cristais for-
mados são bem pe-
quenos. Um exemplo
de rocha ígnea ex-
trusiva (externa) é o
Câmara de magma do
basalto. manto externo.

Unidade 1 | Planeta Terra 79

Unidade 1 | Planeta Terra 79


ATIVIDADE PRÁTICA CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Formação de
cavernas Que tal observar o crescimento de cristais utilizando pedrinhas que normalmente você encontra
na rua?
A água ácida das chuvas pode
desencadear e acelerar o processo

Ilustrações: Alex Argozino


Material
de formação de cavernas em regiões 3 potes de vidro transparente
onde o subsolo é composto de de boca larga, limpos e secos
rochas calcárias.
Corantes alimentícios
Ela vai aos poucos se infiltrando amarelo, vermelho
nas juntas e nos poros dessas Pedras de brita calcárea ou e azul.
rochas, alargando os vazios, abrindo dolomita, (composta de carbonato
canais e, às vezes, cavando grandes de cálcio e magnésio)
Vinagre branco
utilizada em construção
espaços ocos – as cavernas. Essas
cavernas apresentam-se sob a
forma de corredores e salões
subterrâneos, alguns de grande Procedimento
extensão.
No caso de o teto dessas cavernas
desabar, ocorre o afundamento do
terreno sobrejacente e a formação
de depressões afuniladas, que são
chamadas dolinas. Eventualmente,
as depressões acumulam água,
dando origem a lagoas mais ou
menos circulares. Se ocorrerem 1 Faça um teste: coloque 2 Discuta com seu grupo: 3 Se ninguém
a pedra em um copo e qual é o gás que souber, faça uma
em áreas habitadas, esses cubra-a com vinagre provavelmente está pesquisa
desabamentos podem provocar branco. Se começar uma sendo liberado nessa para investigar.
efervescência, efervescência?
a destruição de edifícios e vias é uma pedra calcária.
públicas.
Nas cavernas calcárias, ocorre a
infiltração das águas superficiais
ou de lençóis de água subterrânea
carregadas de bicarbonato de
cálcio, que afloram no teto, de onde
gotejam.
Com o tempo e o característico
aumento de temperatura dos
salões subterrâneos, ocorre a
Coloque uma pedra de dolomita 5 Deixe o recipiente em Observe e anote o que
decomposição do bicarbonato 4
no fundo de cada pote, cubra um lugar aberto, onde
6
acontece à medida
de cálcio, que volta à forma de com vinagre branco e pingue você possa observá-lo que o vinagre vai
carbonato de cálcio cristalino algumas gotas de corante em por alguns dias e avise evaporando
cada pote. para ninguém mexer. dos potes.
(calcita), liberando gás carbônico
no local.
Assim, é de esperar que o interior Os corantes não são obrigatórios, você pode fazer o experimento sem eles, ou pode usar apenas
das cavernas contenha ar com um a cor que tiver. Por outro lado, se tiver dois, pode misturar para obter mais cores: amarelo e azul
alto teor de gás carbônico, que se para obter o verde, vermelho e azul para obter o lilás ou vermelho e amarelo para obter o laranja.
acumula próximo ao solo, por ser
mais denso que o ar. Isso representa 80 Unidade 1 | Planeta Terra
um perigo para os exploradores de
cavernas e, em alguns casos, chega
a impedir a entrada de pequenos
animais, que são sufocados pelo
gás carbônico acumulado próximo BNCC
ao solo. O trabalho com a Atividade prática – Crescimento de cristais atende as competências e o tema
Com o tempo, esses cristais de indicado a seguir.
carbonato de cálcio fundem-se Competências gerais: 1 e 2.
em grandes massas pendentes do
teto das cavernas, dando origem Competências específicas: 2 e 3.
às estalactites, que podem assumir Tema Contemporâneo Transversal: Ciência e Tecnologia.
as mais variadas formas. Também
é possível observar a formação de
estalactites em edifícios antigos que
têm parapeitos de mármore.

80 Unidade 1 | Planeta Terra


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1. Todas as alternativas estão


1. Sobre pedras, rochas e minerais, assinale a(s) 3. A cidade pré-colombiana de Machu Picchu,
corretas.
alternativa(s) correta(s). no Peru, é um símbolo do Império Inca. Foi
2.
a. Rochas são agregados sólidos formados a construída em 1 450 a.C. e nomeada uma das
partir do material do manto externo. novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno a. Basalto.
b. Rochas são constituídas de diferentes mi- em 2007. b. O basalto é uma rocha extrusiva,
nerais. De acordo com o arqueólogo americano Gary porque é formado quando o
Ziegler, Machu Picchu era um santuário reli- magma, originário do manto
c. Um pedaço de rocha é uma pedra.
gioso dos incas. A cidade foi construída com a externo, é expelido por meio
d. Os minerais apresentam estrutura crista- de uma erupção vulcânica
lina (arranjo geométrico) visível a olho nu. forma de um condor, ave considerada sagrada
na cultura inca.
para a superfície, sofrendo um
e. As rochas podem ser ígneas, sedimentares resfriamento rápido, formando
ou metamórficas. Machu Picchu também foi um observatório os cristais bem pequenos que
astronômico, e o seu relógio solar Intihuatana caracterizam o basalto.
2. A Ilha de Páscoa é o local habitado mais iso- indica com precisão os dois equinócios (perío-
lado do mundo (fica a 3 700 km do Chile e a c. A Ilha de Páscoa é uma ilha
dos do ano em que o Sol, em seu movimento
2 000 km da Polinésia). vulcânica.
aparente, corta o Equador, fazendo com que o
Os moais foram esculpidos em Rano Raraku, dia e a noite tenham a mesma duração).
3. Alternativa e.
uma cratera vulcânica com cerca de 550 m de As estruturas de Machu Picchu foram cons-
diâmetro.
truídas com uma técnica chamada Ashlar, na
A população polinésia da Ilha de Páscoa pré- qual as rochas são cortadas para se encaixar
-histórica não possuía guindastes, rodas, má- sem aparentemente nada que as ligue. O corte
quinas, instrumentos de metal, animais de foi feito com tanta precisão e as rochas encai-
tração ou qualquer outro meio que não fosse xadas tão perfeitamente que nem mesmo um
a força humana para transportar as estátuas e cartão de crédito pode ser inserido entre elas.
erguê-las ao longo da ilha.
As rochas são de granito não polido, e o es-
Para criar as esculturas, transportá-las e er- forço que essa civilização realizou para cortar
guê-las é necessário uma sociedade populosa os blocos de granito é admirável, porque eles
e complexa, além de um ambiente rico o sufi- não tinham ferramentas de ferro – conheciam
ciente para sustentá-la. apenas o bronze, uma liga muito menos rígida.
Entretanto, quando os europeus chegaram à Machu Picchu foi construída pelos incas em
ilha, em 1722, não havia mais do que alguns uma área montanhosa próxima à Floresta
poucos milhares de habitantes. Amazônica, vencendo inúmeras dificuldades.
As evidências apontam que um desastre eco- Em relação ao material utilizado na constru-
lógico, provavelmente de origem vulcânica, ção, assinale a alternativa incorreta.
possa ter dizimado a sociedade avançada que a. É uma rocha ígnea intrusiva.
um dia habitou o local. b. Trata-se de uma rocha magmática porque
a. Qual é o tipo de rocha utilizada para cons- foi formada a partir do magma do manto
truir os moais? externo.
b. Trata-se de uma rocha intrusiva ou extru- c. É uma rocha plutônica.
siva? Por quê? d. Apresenta em sua composição três mine-
c. Quais as evidências de que o material uti- rais que podem ser identificados a olho nu:
lizado na construção das estátuas é facil- quartzo, mica e feldspato.
mente encontrado na ilha? e. É uma rocha ígnea extrusiva.

Unidade 1 | Planeta Terra 81

Unidade 1 | Planeta Terra 81


Rochas sedimentares
As rochas sedimentares representam aproximadamente 75% das
Professor, as rochas sedimentares rochas existentes na superfície do planeta, embora, em termos de
também são classificadas de acordo volume da crosta terrestre, representem apenas 5%.
com o material de que são formadas. FORA DE ESCALA É o único tipo de rocha formada na superfície da crosta terrestre
• Rochas sedimentares detríticas: CORES FANTASIA ou da crosta oceânica a partir de minúsculos fragmentos de outras
são predominantemente rochas.
constituídas pelos detritos de Os minúsculos fragmentos se depositam uns ao lado dos outros
outras rochas preexistentes,
e uns sobre os outros, e, após muito tempo (períodos geológicos),
resultantes do processo de
formam uma nova rocha.
meteorização.
• Rochas sedimentares ILUSTRAÇÃO 2: bacia de Veja, a seguir, na ilustração, de uma colina e uma bacia de sedi-
quimiogênicas: originadas de sedimentação. Relevo mais mentação marinha, o passo a passo dos processos que envolvem a
baixo nos continentes ou no formação de uma rocha sedimentar.
um processo de precipitação de
fundo dos mares e lagos.
minerais em solução ou por uma
reação química com formação
Osvaldo Sequetin

de sólido. É o caso, por exemplo,


do calcário (formado pela ação 1
da chuva ácida sobre rochas que
contêm cálcio, processo encontrado
em cavernas), do gesso e do
sal-gema.
• Rochas sedimentares biogênicas:
constituídas de sedimentos de
origem biológica, ou seja, formadas
pela ação dos seres vivos ou por 2
seus restos físicos que sofreram
ação do tempo, pressão e calor. 2
Exemplos de rochas sedimentares
biogênicas são o calcário (formado
pelo acúmulo de microrganismos
como cianobactérias ou restos de
corais) e o carvão (formado por
troncos, raízes, galhos e folhas de
árvores gigantes que cresceram há 3
3
250 milhões de anos em pântanos
rasos).

4
5
6

82 Unidade 1 | Planeta Terra

Intemperismo
O intemperismo é o processo físico, químico e biológico que altera o relevo do planeta. A estrutura em
camadas das rochas sedimentares é visível e resulta da sobreposição gradual de diferentes camadas
de sedimentos, que leva milhares e milhares de anos. Nessas sobreposições, pode ocorrer a morte de
animais ou vegetais, originando fósseis. Assim, o estudo dessas rochas é um modo de se investigar o
passado geológico e biológico da Terra.

82 Unidade 1 | Planeta Terra


1. Meteorização: processo de fragmentação e desagregação

Ermell/by Reinhold Möller (CC BY-SA 4.0)


de rochas provocado pelo vento, pela chuva e pela ação dos
seres vivos.
2. Erosão: os fragmentos formados começam a ser removidos Professor, uma pesquisa
do local de origem, também pela ação do clima. desenvolvida em uma área da
Bacia do Rio Parnaíba, no Piauí,
3. Transporte: novamente pela ação dos ventos e das chuvas,
descobriu fósseis de três espécies
os fragmentos são transportados até um local de onde não
de anfíbios e de um réptil, que
podem mais ser movidos. Esse local é uma bacia de sedimen- possuem cerca de 278 milhões de
tação, em geral um local baixo, no fundo de lagos ou oceanos. anos, correspondentes ao Período
4. Sedimentação: os fragmentos ou sedimentos se depositam Permiano, final da Era Paleozoica.
em camadas na bacia de sedimentação, em áreas baixas do IMAGEM 14: fóssil de um Os animais viviam em lagos tropicais
relevo. pterossauro ctenochasmatídeo no Nordeste brasileiro e são
encontrado em uma pedreira mais antigos que os dinossauros.
5. Compactação: o acúmulo de sedimentos faz com que as cama-
em Wattendorf, exposto no
das de cima exerçam pressão sobre as camadas de baixo. Realizada pelo paleontólogo da
Museu de Ciências Naturais
6. Cimentação: se houver água entre os sedimentos, ela é expul- Universidade Federal do Piauí (UFPI),
de Bamberg, Alemanha.
Juan Carlos Cisneros, com mais cinco
sa e a pressão das camadas superiores forma uma espécie de
cientistas estrangeiros, a pesquisa,
cimento que une os sedimentos em uma nova rocha. intitulada “Nova fauna permiana do
À medida que as rochas sedimentares se formam, muitos animais Gondwana tropical”, foi publicada na
e plantas morrem, e eventualmente os corpos desses animais e plan- revista Nature Communications.
tas podem se depositar entre os sedimentos que formarão as rochas, Fósseis mais antigos que
IMAGEM 15: Chapada dos
antes do processo de cimentação. dinossauros são encontrados no
Guimarães, Cuiabá, Mato Piauí. GP1, 14 nov. 2015.
Se as condições em que a rocha foi formada forem adequadas, o Grosso, 2020, formada por
corpo desses animais ou plan- rochas sedimentares. Disponível em:
tas pode ser bem preservado, https://fnxl.ink/CTBCHG.
Carlos Souto (CC BY-SA 4.0)

então teremos um registro Acesso em: 20 abr. 2019.


fóssil do período geológico
em que esses seres habitaram
o planeta.
As rochas sedimentares
têm grande importância eco- BNCC
nômica, uma vez que são uti- A leitura do tópico “Rochas
lizadas nas construções e co- sedimentares” contribui para o
mo fontes de energia, como é desenvolvimento da habilidade
o caso do carvão mineral. EF06CI02 ao fazer com que os
São exemplos de rochas estudantes associem a formação
de fósseis às rochas sedimentares.
sedimentares o arenito, o ar-
gilito, o carvão mineral, o cal-
cário, o sal-gema etc.
Muitas formações de ro-
chas sedimentares também
são pontos turísticos impor-
tantes devido à sua beleza.

Unidade 1 | Planeta Terra 83

Âmbar
O âmbar é uma resina vegetal cujas propriedades estão relacionadas diretamente com a eletricidade.
Desde a Antiguidade, sabe-se que o âmbar atritado é capaz de atrair pequenos objetos (palhas secas, por
exemplo) por um processo conhecido como eletrização por atrito, que foi observado por Tales de Mileto.
A resina é uma secreção de algumas plantas, como pinheiros. Essa secreção é obtida por meio de cortes
feitos no tronco e nos galhos da árvore; ela escorre lentamente e endurece quando exposta à atmosfera,
podendo aprisionar pequenos animais, como insetos, fossilizando-os.

Unidade 1 | Planeta Terra 83


ATIVIDADE PRÁTICA CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

LINK

Sugerimos uma visita a algum


museu de História Natural ou Você sempre sonhou em ter o seu próprio registro fóssil? Não
Faculdade de Biologia e de Geologia, precisa mais sonhar, vamos fazer um agora mesmo!
que costumam manter exposições de

Alex Argozino
Material
fósseis e rochas.
Para auxiliar a organização da visita, Massa de
consulte o Guia de Centros e Museus modelar Óleo
de Ciências do Brasil – 2015, que
fornece informações sobre diversos
museus de ciências. Consulte:
https://fnxl.ink/AHDMFK 1 Fósseis são restos ou vestígios de 2 Eles fornecem muitas informações Uma folha
animais, plantas ou outros seres vivos, que ajudam a desvendar os de planta de
preservados em rochas sedimentares, acontecimentos ocorridos
Para informações sobre todo os gelo ou âmbar (resina vegetal). há milhões ou até bilhões de anos.
tamanho médio
museus do Brasil, explore o site:
https://fnxl.ink/AYPDTS Uma tigela Uma tira de Procedimento
cartolina medindo
Acessos em: 5 fev. 2022. 20 cm de
comprimento e
5 cm de largura

½ copo 5 colheres Pressione a massa de modelar


Fita de água 3
de gesso em pó sobre uma superfície plana,
adesiva
como a sua carteira.

BNCC

O trabalho com a Atividade 4 Passe óleo sobre a massa de modelar 5 Pegue a tira de cartolina 6 Encaixe o anel de cartolina
e sobre a folha e posicione a folha e faça um anel, unindo as sobre a massa de modelar
prática – Registro fóssil atende sobre amassa de modelar. pontas com a fita adesiva. em volta da folha.
as competências e o tema
indicado a seguir.
Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo
Transversal: Ciência e Tecnologia.

7 Coloque o gesso na tigela e 8 Cubra a massa de modelar, dentro 9 Depois, separe o gesso
acrescente água aos poucos, do anel de cartolina, com essa do restante e você terá
mexendo bem até que mistura e espere cerca de trinta um “fóssil vegetal”.
a mistura fique homogênea. minutos para que o gesso seque.

Procure na internet se a sua cidade tem um Museu de História


Natural e combine uma visita com seus amigos ou família para ver de
perto um registro fóssil de verdade.

84 Unidade 1 | Planeta Terra

84 Unidade 1 | Planeta Terra


Períodos geológicos
A Terra se formou há cerca de 4,54 bilhões de anos, e muita mu-
dança ocorreu desde sua formação até os dias de hoje. Professor, ao longo do tempo
Será que há uma maneira de acompanhar essas mudanças? Existe geológico ocorreram vários episódios
de extinção em massa devido a
uma linha do tempo da Terra?
impactos de asteroides, erupções
A resposta é sim! Pesquisadores que estudam as rochas, suas vulcânicas, alterações climáticas e
marcas, seus tipos e sua composição conseguem recontar a história explosões de estrelas, com emissão
da Terra. de radiação nociva para a Terra.
O profissional que estuda os registros fósseis é o paleontólogo. Acredita-se que a colisão do
O registro é feito de acordo com a camada em que o fóssil é lo- asteroide no final da Era Mesozoica
Glossário
levantou uma nuvem de poeira que
calizado. Quanto mais perto da superfície estiver a camada rochosa, Éon: palavra de origem grega
que significa eternidade. É a maior bloqueou a luz solar por um longo
mais recente é o fóssil, uma vez que as rochas mais profundas geral- unidade do tempo geológico, período, eliminando quase toda
mente são mais antigas, e as próximas da superfície da crosta definido como “uma unidade de a vegetação. Sem vegetação, os
tempo arbitrariamente grande”.
geralmente são mais novas. animais herbívoros morreram de
Era: corresponde ao modo
Muitos eventos deixam marcas nas rochas, como o surgimento de como os continentes e os oceanos fome e, com o tempo, os animais
montanhas, a separação de placas tectônicas, as atividades vulcâni- se distribuíam no globo terrestre carnívoros, privados de seu alimento,
e quais seres vivos habitavam a
cas, entre outros. Terra.
também morreram. Esta é uma das
Período: divisão da era explicações para a extinção dos
O tempo passado desde a formação do planeta até os dias atuais geológica. dinossauros.
é dividido em períodos geológicos marcados por grandes eventos.
Acompanhe a seguir os acontecimentos importantes que ocorre-
ram em cada período.
• No Éon Hadeano, há 4,54 bilhões de anos, não há ne- Didier Descouens (CC BY-SA4.0)

nhum registro geológico porque a Terra ainda estava em


formação.
• No Éon Arqueano, há 4 bilhões de anos, ocorreu a forma-
ção da crosta terrestre e o início da solidificação do magma,
dando origem às rochas ígneas, como o granito e o basalto.
São desse período os registros mais antigos de rochas se-
dimentares e fósseis, evidência de vida procariótica (seres
microscópicos primitivos).
• No Éon Proterozoico, há 2,5 bilhões de anos, ocorreu a acu-
mulação de oxigênio na atmosfera da Terra, o que levou à
extinção em massa de bactérias anaeróbicas obrigatórias
(que só vivem na ausência de oxigênio).
• Na Era Paleozoica houve a evolução e diversificação de pra-
ticamente todos os grupos de organismos: plantas, animais
e fungos. Há mais registros fósseis de animais com exoes-
Antropoceno
queleto (esqueleto externo), como o trilobita. Surgiram os O termo Antropoceno foi criado
IMAGEM 16: fóssil de trilobita.
liquens, as briófitas (musgos) e, mais tarde, as primeiras considerando o impacto da
O tamanho aproximado do
grandes florestas. Peixes, aranhas, centopeias, insetos ala-
animal é de 5 centímetros.
acelerada acumulação de gases
dos e répteis também são desse período. de efeito estufa sobre o clima,
a biodiversidade e os danos
irreversíveis causados pelo consumo
Unidade 1 | Planeta Terra 85 excessivo de recursos naturais.

Unidade 1 | Planeta Terra 85


• Na Era Mesozoica iniciou-se a divisão do continente único,
Você sabia? denominado Pangeia. Ocorreu a formação do petróleo e
LINK
Pesquisas realizadas em surgiram os primeiros mamíferos, os pterossauros (répteis
Se possível, passe para os uma área da Bacia do Rio voadores), a primeira ave, os dinossauros e as primeiras
estudantes o filme: Parnaíba, no Piauí, com a plantas com flor.
Iremos para as estrelas? - Um participação de cientistas
monólogo de Carl Sagan estrangeiros em parceria com • No final da Era Mesozoica ocorreu a extinção dos dinossau-
a Universidade Federal do ros e de outros grupos de organismos devido provavelmen-
Senhor do Tempo Piauí e o paleontólogo Juan te ao choque de um asteroide de 10 km de diâmetro com a
Disponível em: Carlos Cisneros, culminaram
Terra. Acredita-se que a colisão do asteroide levantou uma
com a descoberta de fósseis
https://fnxl.ink/LVKOKW de três espécies de anfíbios nuvem de poeira que bloqueou a luz solar por um longo pe-
Outra sugestão é o filme: e de um réptil, que possuem ríodo, eliminando quase toda a vegetação.
cerca de 278 milhões de
#NossoPlaneta Como salvar o nosso • No Período Terciário da Era Cenozoica formaram-se os
anos, correspondentes ao
planeta Período Permiano, final da Era Andes na América do Sul, os Alpes na Europa e o Himalaia
WWF-Brasil Paleozoica. Os animais viviam na Ásia. Nesse período surgiram várias espécies de mamífe-
Narrado por Sir David Attenborough em lagos tropicais no Nordeste ros, aves e primatas.
brasileiro e são mais antigos
e legendado em português. • No Período Quaternário da Era Cenozoica, os continentes
que os dinossauros.
​Disponível em: adquiriram a conformação atual e surgiu a espécie humana.
https://fnxl.ink/QEWMJT Glossário
As rochas sedimentares guardam os registros fósseis dos seres
Época: corresponde a
Acessos em: 6 fev. 2022. determinado intervalo menor de vivos que habitaram a Terra em cada período geológico.
tempo dentro do período.
Não há registro fóssil de seres humanos nas mesmas camadas
sedimentares em que são encontrados os registros fósseis de dinos-
IMAGEM 17: fogo na Floresta sauros na Era Mesozoica. Por isso, sabemos que o ser humano nunca
Amazônica, outubro de 2019. conviveu com os dinossauros.
Atualmente, existe um

Toa55/Shutterstock
debate entre os cientistas
para definir uma nova época
geológica denominada An-
tropoceno ou a Era da Hu-
manidade.
A palavra antropoceno
vem de anthropos, que signifi-
ca “humano”, e cenos, “novo”.
A ação humana sobre o
planeta tem causado a extin-
ção de espécies, alterado o
clima, o fluxo de gases na
atmosfera, o equilíbrio dos
oceanos e provocado danos
irreversíveis ao planeta pelo
consumo excessivo dos re-
cursos naturais e o descarte
sem controle de lixo e produ-
tos tóxicos.

86 Unidade 1 | Planeta Terra

86 Unidade 1 | Planeta Terra


A escala dos períodos geológicos
Professor, se possível passe para
os estudantes o filme: A história
do Universo em 4 minutos — e
Civilização humana como podemos levar a Terra à
Osvaldo Sequetin

ÉPOCA Presente prosperidade ou à catástrofe


Antropoceno 0,2 Filme disponível em:
Homo sapiens sapiens
ÉON ERA Holoceno
PERÍODO Primeiros hominídeos https://fnxl.ink/RGEHMV
Pleistoceno 1,8
Acesso em: 6 fev. 2022.
CENOZOICA

QUATERNÁRIO
Plioceno
NEÓGENO
5,3 Estima-se que a Terra tenha passado
PALEÓGENO Mioceno
Cães, cavalos, ursos por cinco extinções em massa e que
65 a sexta esteja atualmente em curso.
CRETÁCEO
23 Não se sabe ao certo por que elas
Idade dos Oligoceno Gatos e cervos ocorreram. Os indícios mais fortes
dinossauros estão relacionados a seguir.
MESOZOICA

33,3
146 Primeira extinção em massa: Período
JURÁSSICO Cambriano, há 542 milhões de anos.
Idade dos Baleias primitivas
dinossauros
Eoceno Os seres mais afetados foram as
e das amonites
200 trilobitas (ancestrais de insetos e
TRIÁSSICO
Primeiros 55
aracnídeos).
FANEROZOICO

dinossauros 251
Paleoceno Primeiros mamíferos
1. Uma forte redução no nível do
PERMIANO mar pode ter eliminado o hábitat
Final da agregação 65
da Pangeia das espécies de águas rasas.
299 2. Mudanças nas correntes
CARBONÍFERO
Primeiros marítimas podem ter levado
répteis muitas espécies para águas frias
359 e sem oxigênio.
PALEOZOICA

DEVONIANO Observação:
Primeiros os números em vermelho Segunda extinção em massa:
anfíbios são valores aproximados e Período Ordoviciano, há 444
416 estão em milhões de anos.
SILURIANO milhões de anos.
Plantas saem da água
444 Os seres mais afetados foram os
ORDOVICIANO invertebrados marinhos.
Primeiros corais
Peixes primitivos Coral 1. Uma possível era do gelo
488 exterminou as espécies não
Trilobita.
CAMBRIANO
Diversificação adaptadas ao frio.
Idade das trilobitas
542 dos seres vivos. 2. O gelo acumulado nos
Explosão cambriana. continentes reduziu o nível do
mar, eliminando o hábitat de
PROTEROZOICO Primeiros registros de seres pluricelulares eucarióticos espécies aquáticas.
2 500 (seres mais complexos do que os procarióticos).
Terceira extinção em massa: Período
Devoniano, há 359 milhões de anos.
Os seres mais afetados foram os peixes.
ARQUEANO Registro dos fósseis mais antigos.
3 850 1. Há indícios de que houve um
ILUSTRAÇÃO 3: escala aquecimento, seguido de rápida
HADEANO
FORMAÇÃO DA TERRA
Ausência de qualquer registro dos diferentes períodos glaciação, associado a uma
4 540 geológico terrestre. geológicos da Terra. diminuição do oxigênio nos
oceanos.
Unidade 1 | Planeta Terra 87 2. Há evidências de um grande
impacto de asteroide no período.

Quarta extinção em massa: Período Permiano, há 251 milhões de anos. 2. Há indícios de fortíssima atividade vulcânica no período, com conse-
Os seres mais afetados foram os répteis anteriores aos dinossauros. quências semelhantes ao impacto do asteroide.
1. Um derramamento de lava onde hoje é a Sibéria causou a maior de Sexta extinção em massa: Período Haloceno ou Antropoceno (período atual)
todas as extinções. Os seres mais afetados foram as plantas e os animais.
2. Um asteroide com mais de 6 km de diâmetro se chocou com a Terra. 1. Ação do ser humano, principalmente na destruição de hábitats, migração
Quinta extinção em massa: Período Cretáceo, há 65 milhões de anos de espécies e mudanças climáticas.
Os seres mais afetados foram os dinossauros. 2. Maior atividade solar pode explicar parte das mudanças climáticas.
1. A queda de um asteroide de mais de 10 km de diâmetro próximo a onde Disponível em: https://fnxl.ink/MAXDUK. Acesso em: 11 jun. 2022.
hoje é o Golfo do México.

Unidade 1 | Planeta Terra 87


VIDA E AMBIENTE
Professor, o objetivo é despertar
o interesse dos estudantes por Fósseis vivos Por muito tempo, pensou-se que esse peixe,
que pode chegar a 2 m de comprimento e 52 kg,
outras espécies, mostrando que Fóssil vivo é a espécie encontrada viva nos dias
muitas delas estão no planeta estava extinto. Em 1938, porém, ele foi desco-
atuais que também tem registro fóssil de muitos
desde a Era Paleozoica, como o berto junto a outros peixes apanhados por um
náutilo, ou conviveram com os milhões de anos. pescador na África do Sul.
dinossauros, como os crocodilos, A conclusão é de que essa espécie sobreviveu
que estão no planeta há cerca de aos eventos de extinção em massa que extermi- Caranguejo-ferradura
248 milhões de anos. naram outros animais de sua época. É possível encontrar registros fósseis do ca-
Essas espécies sobreviveram a O fóssil vivo apresenta poucas alterações em ranguejo-ferradura (Limulus polyphemus), ou lí-
diversos episódios de extinção em relação ao registro fóssil.
mulo, de 450 milhões de anos.
massa. Veja exemplos de fósseis vivos a seguir.
O caranguejo-ferradura é um animal marinho
O ser humano (Homo sapiens)
está na Terra há pouco mais de
Náutilo que se alimenta de pequenos moluscos, outros
200 mil anos, e sua ação tem Foram encontrados registros fósseis datados invertebrados e algas. Mede cerca de 60 cm.
modificado o planeta e colocado de 500 milhões de anos do náutilo (Nautilus pom- Sua aparência lembra muito um trilobita (que
em risco a sobrevivência de várias pilius), um molusco marinho da família dos cefa- está extinto).
espécies. lópodes. Apesar do nome, é um animal mais próximo
Temos inteligência e poder Das cerca de 2 500 espécies de náutilo iden- das aranhas e dos escorpiões do que dos caran-
de escolha. Podemos decidir tificadas nesses registros, apenas seis estão vivas guejos. Seu sangue é azul e é considerado muito
preservar o planeta e cuidar de
até hoje, ou seja, resistiram à extinção. valioso na Medicina para o combate a infecções
seus habitantes para que nossa
espécie, daqui a milhões de anos, bacterianas.
C. Dani & I. Jeske/De Agostini/Album/ Fotoarena

SLIDESHOW
também faça parte da lista de ANIMAIS
fósseis vivos. AQUÁTICOS Crocodilo
Os crocodilos atuais vivem na Terra há cerca
de 84 milhões de anos, desde o Período Cretá-
ceo, tendo sobrevivido à extinção dos dinossau-
ros. Todas as espécies são predadoras semiaquá-
ticas, a maioria vive em água doce.
O maior crocodilo de todos, porém, o croco-
dilo-de-água-salgada, que pode chegar a 7 me-
IMAGEM 18: os náutilos são um tipo de molusco tros e 1,5 tonelada, é encontrado no norte da
da espécie Nautilus pompilius que sobreviveu Austrália e nas ilhas do sudeste da Ásia.
durante milhões de anos aos eventos de extinção
em massa que exterminaram outros animais. São Agora é com você!
BNCC encontrados atualmente em ilhas do Pacífico. São
1. Por que os animais tratados nesta seção
altamente vulneráveis devido a baixas taxas de
O trabalho com a seção Vida e são chamados de fósseis vivos?
reprodução, crescimento lento e aquecimento das
Ambiente – Fósseis vivos atende 2. Pesquise: por que o sangue do carangue-
águas oceânicas. Medem cerca de 20 cm.
as competências e o tema indicado jo-ferradura é azul?
a seguir. Celacanto 3. Por qual motivo os crocodilos costumam
Competência geral: 1.
Há registros fósseis do celacanto (Latimeria alternar banhos de sol e mergulhos na
Competência específica: 3. água ao longo do dia?
chalumnae) datados de 400 milhões de anos.
Tema Contemporâneo Transversal:
Meio Ambiente. 88 Unidade 1 | Planeta Terra

Agora é com você!


1. Porque o registro fóssil desses animais apresenta poucas alterações em relação às espécies vivas
atualmente.
2. Nosso sangue é vermelho porque a hemoglobina, presente nas hemácias, responsável pelo transporte de
oxigênio, possui ferro na forma de íons. O sangue do caranguejo-ferradura possui cobre no lugar do ferro,
por isso é azul.
3. Para regular a temperatura corporal. Os répteis, ao contrário dos mamíferos e das aves, que são
endotérmicos, são animais ectotérmicos, ou seja, obtêm o calor de que precisam do meio externo.

88 Unidade 1 | Planeta Terra


Rochas metamórficas
Quando ouve a palavra metamorfose, você se lembra da lagarta
que se transforma em borboleta? De fato, a palavra metamorfose Professor, é recomendável
está relacionada à transformação. fornecer algumas amostras de
Uma rocha metamórfica é aquela que foi formada pela transfor- calcário, mármore, granito etc. aos
mação de uma rocha ígnea ou sedimentar. estudantes. Peça a eles que sintam
a textura e observem as ranhuras e
Essa transformação ocorreu em um tempo geológico (isso signi-
a beleza dessas rochas. Eles podem
fica milhões de anos) e pode ter sido provocada pelo calor existente perceber que algumas rochas
nas camadas mais profundas da Terra ou porque a movimentação metamórficas são formadas por
das placas tectônicas criou movimentos que levaram rochas super- camadas distintas conhecidas como
ficiais para camadas mais profundas da crosta. foliadas (xisto e gnaisse) e outras
A tabela a seguir fornece alguns exemplos de rochas metamórfi- não foliadas (mármore).
cas que você deve conhecer do dia a dia.

EXEMPLOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS

Rocha-mãe Metamorfismo Rocha metamórfica

Normal
Aleksandr Pobedimskiy/
Shutterstock

Aleksandr Pobedimskiy/
Shutterstock
Ocorre em condições de
elevada temperatura e
pressão. Nesse caso, a LINK
composição química da
IMAGEM 19: calcário. rocha original é mantida. IMAGEM 20: mármore. Para saber mais sobre rochas
metamórficas consulte o site:
Normal https://fnxl.ink/UOUAPD
Montree Nanta/
Shutterstock

LesPalenik/Shutterstock
Ocorre em condições de Acesso em: 8 fev. 2022.
elevada temperatura e
pressão. Nesse caso, a
composição química da
IMAGEM 21: granito. rocha original é mantida. IMAGEM 22: gnaisse.

Grau de metamorfismo
vvoe/Shutterstock

intermediário
Ocorre aproximada-
mente a 320 °C a 450 °C
Palii Oleg/
Shutterstock

e a pressões moderadas.
IMAGEM 24: xisto.

Grau de metamorfismo
Tyler Boyes/
Shutterstock

baixo
IMAGEM 23: argila.
Ocorre em temperatu-
ras entre cerca de
200 °C e 320 °C e pres-
são relativamente baixa. IMAGEM 25: ardósia.

Unidade 1 | Planeta Terra 89

Unidade 1 | Planeta Terra 89


Escultura em rochas metamórficas
Discuta com seus colegas
A pedra-sabão é uma rocha metamórfica maciça, composta
Você acha justo que uma
principalmente de talco (esteatite).
Professor, existem diversos pessoa fique conhecida por
museus que disponibilizam boa um apelido pejorativo como É uma rocha muito branda e de baixa dureza, facilmente ras-
parte do acervo em ambiente “aleijadinho”? Se estivesse pada com estilete, mas, apesar de ser de modelagem fácil, é bem
digital, inclusive em 360º. no lugar dele, como você se
resistente ao sol e à chuva.
sentiria?
O acervo do Museu de Arte
1. As esculturas de Antônio É bem lisa ao tato e aceita polimento.
Sacra de São João del-Rei, em
Francisco Lisboa seguem O escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila
Minas Gerais, por exemplo, é
o estilo barroco. Você
composto de registros de diversos conhece esse estilo?
Rica, Minas Gerais, é reconhecido atualmente como um dos escul-
períodos históricos importantes Como o descreveria? Caso tores e artistas plásticos mais importantes que o Brasil já teve.
do período da mineração e da não conheça, pesquise a Não existe um registro oficial de seu nascimento ou morte,
produção artística dos estilos respeito!
acredita-se que ele viveu entre 1730 e 1814.
barroco e rococó. Há cerca de 450
peças provenientes de doações A falta de documentos provavelmente se

Pedro Henrique Ponchio (CC BY 2.0)


SLIDESHOW
particulares e religiosos da diocese e, ANTÔNIO
deve ao fato de ele ter sido filho de uma es-
principalmente, de comodato, como FRANCISCO LISBOA crava com um mestre de obras português.
o acervo pertencente às confrarias, Como seu pai era entalhador, ele acabou
irmandades e ordens das igrejas da
aprendendo o ofício ainda criança e foi se
cidade. O visitante poderá conhecer,
por meio da contemplação dos aperfeiçoando ao longo da vida.
objetos, algumas características Por volta dos 40 anos de idade, come-
do estilo barroco, usufruir de uma çou a desenvolver uma doença degenera-
parte do universo religioso dos tiva nas articulações e a perder os movi-
períodos históricos de Minas Gerais mentos dos pés e das mãos.
e compreender a importância dessa
religiosidade na formação histórica e Nessa época, Antônio Francisco Lisboa
cultural da cidade. ganhou o apelido pejorativo pelo qual é
conhecido até hoje: “Aleijadinho”.
Se possível, proponha aos estudantes
uma visita virtual ao Museu de Arte Contudo, sua habilidade para entalhar
Sacra de São João del-Rei era tamanha que, mesmo sem os movimen-
(https://fnxl.ink/FWFGXZ). tos das mãos, prosseguiu trabalhando.
Eles poderão produzir um texto sobre IMAGEM 26: detalhe da obra Cristo é Aprisionado
Contam que ele pedia que um ajudante
as obras de que mais gostaram. (1796), escultura de Francisco Antônio Lisboa, em
madeira policromada. amarrasse as ferramentas em seus punhos
para que pudesse esculpir as peças.
Foi nessa situação tão difícil que Antônio Francisco Lisboa
Professor, “a porfiria cutânea trabalhou na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas
Você sabia?
tardia é acarretada pela deficiência Gerais. Uma de suas obras mais famosas, Os doze profetas, é um
da enzima uroporfirinogênio Não se conhece ao certo conjunto de esculturas em pedra-sabão, nas quais ele trabalhou
descarboxilase, gerando qual a doença que fez
entre 1794 e 1804, para a fachada da Igreja de Bom Jesus de
manifestações cutâneas e hepáticas Antônio Francisco Lisboa
aos portadores. Fatores como perder os movimentos, Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo, Minas Gerais.
estrógenos, álcool, Hiv, HCv, junto mas há registros de que ele Infelizmente, todo o talento e esforço do nosso maior escultor
com o ferro, podem desencadear foi acometido por quatro
não foi reconhecido enquanto ele era vivo.
doenças graves: AVC,
a doença, que é diagnosticada Antônio Francisco Lisboa morreu pobre, doente e abandona-
poliomielite, hanseníase e
principalmente por análise urinária.”
porfiria cutânea tardia. do na cidade de Ouro Preto.
Disponível em:
https://fnxl.ink/UWEIMC
90 Unidade 1 | Planeta Terra
Acesso em: 23 maio 2022.

BNCC Estilo barroco


O trabalho com o texto “Escultura O estilo barroco nasceu e se desenvolveu no início do século XVII, em Roma, na Itália, sob clara influência
em rochas metamórficas” atende da Igreja Católica. Na cidade de Braga, no norte de Portugal, existe o santuário de Bom Jesus do Monte,
as competências e os temas que influenciou diretamente a arquitetura e a fachada da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de
indicados a seguir. Congonhas do Campo (MG), onde está a obra Os doze profetas, conjunto de esculturas em pedra-sabão
Competência geral: 1, 3, 6, 9 e 10. produzidas por Antônio Francisco Lisboa.
Competência específica: 1 e 5. O estilo foi largamente utilizado na arquitetura, na pintura, na música, na escultura, no teatro e na
literatura. As principais características da arte barroca são: contraste, dualidade e excessos na pintura,
Temas Contemporâneos
na arquitetura e nas esculturas; temas religiosos e profanos; e uso de figuras de linguagem na literatura,
Transversais: Multiculturalismo e
como antítese, metáfora e prosopopeia.
Cidadania e Civismo.

90 Unidade 1 | Planeta Terra


ASSUNTO SÉRIO
Professor, muitas vezes, não
Sem plantas, não há alimento para os animais
Perda de hábitat e, consequentemente, para nós.
paramos para pensar na dimensão
dos estragos que estamos causando
O hábitat de uma espécie é o lugar que ofere- As perguntas que temos de fazer são: para manter nosso modo de vida.
ce as condições necessárias para que ela sobre- É possível continuar com nosso padrão de vi- Parar um momento para refletir a
viva, alimente-se e reproduza-se. da sem destruir o ambiente? respeito pode ser muito proveitoso.
A perda de hábitat é a principal causa de ex- O que devemos mudar para garantir o futuro
tinção de espécies e nós somos o maior respon- do ser humano e de todas as espécies com as
sável por essa perda. quais compartilhamos o planeta?
BNCC
Desmatamos florestas para construir cidades
O trabalho com a seção Assunto

AnnaHang/Pixabay
e criar áreas cultiváveis, escavamos o solo para
extrair minérios e rochas; essas atividades modi- sério – Perda de habitat atende as
competências e os temas indicados
ficam o ambiente e destroem os hábitats.
a seguir.
As pedreiras, por exemplo, de onde extraí-
Competência geral: 7.
mos as rochas para obter as pedras de brita pa-
Competência específica: 3.
ra a construção, funcionam de forma altamente
destrutiva. Temas Contemporâneos
Transversais: Meio Ambiente e
Geralmente, as rochas são dinamitadas, o
Ciência e Tecnologia.
que gera um enorme estrondo, grande volume
de poeira e provoca o surgimento de imensas
crateras.
Após a retirada de minérios e das rochas, a área
onde está a pedreira não tem mais serventia para
a atividade mineradora e, nesse caso, o local é
abandonado ou transformado em depósito de lixo.
Segundo o cientista Clinton Jenkins, doutor
em Ecologia pela Universidade de Tennessee, o
ser humano aumentou em mil vezes a taxa de
extinção natural de espécies.
No período de um ano, naturalmente, a cada
um milhão de espécies existentes no planeta,
uma, no máximo, é extinta. Atualmente, porém, IMAGEM 27: imagem da destruição da vegetação de
a taxa é de cerca de mil espécies extintas a ca- uma montanha para a obtenção de calcário.
da ano.
Agora é com você!
Na natureza, tudo está relacionado.
1. O que pode ser feito para evitar que um
O ser humano também é afetado pelo desma-
número tão grande de espécies seja ex-
tamento, pela perda da biodiversidade ou polui-
tinto a cada ano?
ção que causa.
2. É importante nos preocuparmos com Agora é com você!
Com água e solo poluídos não há crescimento
isso? Por quê? 1. Resposta pessoal. Espera-se
de plantas.
que os estudantes percebam
que precisamos mudar
Unidade 1 | Planeta Terra 91 rapidamente o nosso estilo de
vida, de explorar o ambiente
até esgotar os recursos, de
usar e jogar fora, de achar que
a Terra pertence aos seres
humanos e que outras espécies
não têm direito de estar aqui.
2. Sim, muito, porque a vida dos
seres humanos depende da
saúde do meio ambiente, dos
recursos hídricos, do solo, da
disponibilidade de alimentos,
da qualidade do ar e de toda a
cadeia de espécies que mantém
esses recursos.

Unidade 1 | Planeta Terra 91


PARA MAIS INFORMAÇÕES VEJA
REFERÊNCIA (PAG. 85 A 87).

ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA


NO LIVRO

1.
1. Relacione corretamente a coluna 1, que traz 3. Leia o texto das páginas 85 a 87 e relacione
a. e III) as etapas de formação de rochas sedimenta- corretamente o período geológico com o prin-
b. e IV) res, com a coluna 2, que informa o evento que cipal evento ocorrido nesse período.
c. e VI) ocorre em cada uma delas. Coluna 1
d. e I) Coluna 1 a. Éon Hadeano.
a. Meteorização. b. Éon Arqueano.
e. e V)
b. Erosão. c. Éon Proterozoico.
f. e II)
c. Transporte. d. Era Paleozoica.
2.
d. Sedimentação. e. Era Mesozoica.
a. Fósseis são restos ou vestígios f. Era Cenozoica.
e. Compactação.
de animais, plantas ou outros
f. Cimentação. g. Possível Antropoceno.
seres vivos, preservados em
rochas sedimentares, gelo ou Coluna 2 Coluna 2
âmbar (resina vegetal). Esses I. Os fragmentos se depositam em cama- I. Primeira extinção em massa devido à
registros são preservados como das na bacia de sedimentação. elevada acumulação de oxigênio na at-
moldes do corpo ou de partes II. A pressão das camadas superiores for- mosfera.
dele, além de rastros e pegadas. ma uma espécie de cimento que une os II. Ação humana modificando o clima, o
b. Geralmente em escavações no sedimentos em uma nova rocha. equilíbrio dos oceanos, a atmosfera,
subsolo. exaurindo os recursos naturais e levan-
III. Ao longo do tempo, a ação do vento, do
do milhares de espécies à extinção.
c. Rochas sedimentares. gelo, da chuva e dos seres vivos frag-
mentam e desagregam as rochas. III. Formação da Cordilheira dos Andes, dos
d. Pelo súbito desaparecimento Alpes e do Himalaia. Surgem várias es-
de determinadas espécies nas IV. Devido ao clima, os fragmentos forma-
pécies de mamíferos, aves e primatas.
camadas de rochas sedimentares dos começam a ser removidos do local
IV. Tempo em que a Terra estava em for-
superiores. de origem.
mação. Não possui nenhum registro
e. Não há nenhum registro fóssil de V. As camadas de sedimentos que vão se geológico.
ser humano encontrado junto a formando exercem pressão sobre aque-
V. O continente único, Pangeia, começa a
registros fósseis de dinossauros. las já existentes no local. se dividir em blocos. Ocorre a extinção
3. VI. Pela ação dos ventos e das chuvas, os dos dinossauros.
a. e IV) fragmentos são transportados até uma VI. Grande diversificação de espécies: plan-
bacia de sedimentação. tas, animais e fungos. Guarda registros
b. e VII)
2. Em relação ao trabalho dos paleontólogos, fósseis da trilobita.
c. e I)
explique: VII. Formação da crosta terrestre, originan-
d. e VI) do as rochas ígneas, intrusivas e extru-
a. O que são fósseis?
e. e V) sivas. Guarda os registros fósseis mais
b. Onde podemos encontrar fósseis?
f. e III) antigos.
c. Qual é o tipo de formação rochosa que os
g. e II) paleontólogos escavam em busca de fós- 4. As rochas metamórficas são formadas pela
4. seis? Por quê? transformação de rochas ígneas ou de rochas
sedimentares. Em relação a esse assunto, res-
a. No metamorfismo normal ocorre d. Como os paleontólogos sabem que em
ponda:
uma mudança na estrutura determinado período da história da Terra
a. Qual é a diferença entre um metamorfis-
cristalina, mas a composição ocorreu uma extinção em massa?
mo normal e um metassomático?
química da rocha é mantida. No e. Como se sabe que os seres humanos não
metamorfismo metassomático, b. Cite exemplos de rochas metamórficas.
conviveram com os dinossauros?
ocorre a transformação química
da rocha original. 92 Unidade 1 | Planeta Terra
b. Mármore, gnaisse, xisto, ardósia.

92 Unidade 1 | Planeta Terra


Mapa conceitual
Fazer um mapa conceitual é uma forma exce- Em seguida, essa palavra-chave é ligada a ou-
lente de organizar as ideias e perceber as conexões tra por meio de uma seta; ao lado da seta, escre- Professor, o mapa conceitual
entre tudo o que você estudou e aprendeu sobre ve-se uma palavra de ligação como “é”, “pode é uma estrutura gráfica que
determinado assunto. É uma construção individual ser”, “que”, entre outras, para demonstrar de que ajuda a organizar ideias,
e, em geral, diferente para cada pessoa, pois de- forma um conceito se relaciona ao outro. conceitos e informações de
pende do número de conexões que cada um é ca- Observe a seguir um exemplo de mapa concei- modo esquematizado. Consiste
paz de fazer com o assunto. tual para esta primeira unidade. em uma ferramenta de estudo e
aprendizagem em que o conteúdo
Consiste em determinadas palavras-chave Depois, feche o livro e faça o seu próprio mapa é classificado e hierarquizado de
que representam os conceitos, escritas dentro conceitual no caderno, acessando seus conheci- modo a auxiliar na compreensão dos
de uma figura geométrica como um retângulo, mentos. estudantes.
por exemplo.
Por meio dele é possível ter uma
visão global a respeito dos assuntos
trabalhados nesta unidade e
apresentar uma sistematização do

Fernando Brum
conhecimento adquirido.
PLANETA TERRA

formato

REDONDO – ACHATADO
NOS POLOS
movimentos

Rotação Translação
ocorre ocorre
dura dura BNCC
Em torno de seu próprio eixo Em torno do Sol
O trabalho de construção do mapa
Um dia interno externo Um ano conceitual atende às:
Competências gerais: 2, 4.
Competências específicas: 2, 3.
Crosta Manto Núcleo Litosfera Hidrosfera Atmosfera

Oceânica Interno Interno Crosta Toda água Gases ao


do planeta redor do
e e e e planeta

Continental Externo Externo Manto


superior
dividida responsável responsável formam
em por pelo rochas

Placas Formação Campo


tectônicas de rochas magnético ígneas, sedimentares e metamórficas

Unidade 1 | Planeta Terra 93

Unidade 1 | Planeta Terra 93


REVISÃO FINAL
DA UNIDADE NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. • Há muitas evidências, como


1. Retome as questões da abertura de unidade. Uma forma não muito precisa de “acertar” o
estar na praia e observar um
Com base no que você aprendeu, reelabore relógio de sol é verificar a hora em um reló-
navio desaparecer pouco a
as respostas que você escreveu quando ini- gio normal – de preferência hora cheia – e ir
pouco no horizonte, ou, estar
ciamos esta unidade, complementando-as ou virando o relógio de sol até que a sombra do
no mar e observar o cume de
corrigindo-as, se necessário. ponteiro marque essa mesma hora.
uma montanha surgir primeiro,
para só depois ver a sua base, 2. Que tal construir um relógio de sol? Mantendo-se o relógio de sol nessa posição,
a possibilidade de dar a volta ele irá acompanhar com pouca defasagem a
Você só vai precisar de: papelão branco,
ao mundo, a possibilidade hora do relógio. Por exemplo:
transferidor, caneta, tesoura e seguir as ins-
de se orientar no céu por truções abaixo. Com a caneta, contorne toda
asterismos que podem ser a parte externa do arco do transferidor e pas-
13 12 11
14 10
vistos em um hemisfério, mas se um traço ligando uma extremidade do arco 15 9
não em outro, e o experimento do transferidor à outra. 16 8
de Eratóstenes que mediu a

Alex Argozino
circunferência da Terra com 17 7
grande precisão usando apenas 18 6
uma vareta (gnômon). F IGURA 3: posicionamento do ponteiro.

Alex Argozino
• É possível encontrar
seres vivos em qualquer
profundidade. A vida na Fossa

Freepik Premium
ILUSTRAÇÃO 4 : relógio
das Marianas (o ponto mais F IGURA 1: arco de transferidor. analógico para acertar
profundo dos Oceanos), por o relógio de sol.
exemplo, não é abundante Meça o meio do transferidor com uma régua e
a olho nu, mas uma das trace uma reta vertical até a base.
expedições que visitou o lugar Depois, com a ajuda do transferidor, divida A maneira correta seria alinhar o relógio de
em 2012, o Deepsea Challenger, cada lado em cinco partes iguais e coloque as sol com o eixo de rotação da Terra, mas isso
conseguiu isolar, além de horas, da direita para a esquerda, começando exige uma série de cálculos, porque nem o
vários microrganismos, alguns de 6 horas até 18 horas, que é o período apro- gnômon, nem a bússola indicam a localização
isópodes (pequenos crustáceos ximado em que há Sol. desse eixo com muita precisão.
achatados e sem carapaça)
a. Construa um gnômon e um relógio de sol e
e seis espécies de anfípodes
(semelhantes a camarões). 13 12 11 oriente o eixo principal do relógio na dire-
14 10 ção norte-sul indicada pelo gnômon, com
• O que causa as auroras nas 15 9 o ponteiro apontado na direção norte e
regiões polares é o choque entre observe a sombra formada verificando se
as partículas carregadas emitidas 16 8 o horário que ela marca bate com o horário
Alex Argozino

pelo Sol (vento solar) com os íons 17 7 de um relógio comum.


existentes na ionosfera. b. Houve defasagem? Se sim, como você a
18 6
• E xiste vida adaptada a todas as explica?
profundidades do oceano. F IGURA 2: divisão do arco em 12 partes iguais.
3. Hoje sabemos que o Sol é o centro do Sistema
• Com aparelhos denominados Solar e não o “centro do Universo”. Os astrô-
sismógrafos, que registram Por fim, faça um ponteiro recortando um pe- nomos atualmente nem sequer admitem que
as ondas que se propagam daço de papelão no formato de um esquadro o Universo tenha um centro e muito menos
pelo interior do planeta, como e faça um pequeno talho no centro do reló- onde esse centro estaria localizado.
a característica de uma onda gio com a tesoura para encaixar o ponteiro Em relação ao planeta Terra, seus movimen-
depende do material por onde ela bem reto. tos e sua constituição responda brevemente:
se propaga, foi possível deduzir a
composição interna da Terra. 94 Unidade 1 | Planeta Terra

• As rochas ígneas são formadas


pelo resfriamento do magma,
que pode ocorrer lentamente
no subsolo ou rapidamente • Porque, por exemplo, não há registros fósseis de humanos nas mesmas camadas geológicas
quando a lava é expelida sedimentares em que comumente são encontrados fósseis de dinossauros.
para a superfície; as rochas
2.
sedimentares são formadas por
um processo de sedimentação a. Resposta pessoal.
de minúsculos fragmentos b. Geralmente, há uma pequena defasagem que pode ser atribuída a erros de marcação ou leitura.
de outras rochas; e as rochas 3.
metafóricas são formadas pela
a. A ionosfera é a região mais próxima da Terra que recebe a maior quantidade de energia solar e, por isso,
transformação de rochas ígneas
as partículas de gases existentes na região são ionizadas, o que faz com que as ondas de rádio enviadas de
e sedimentares, por exemplo,
um ponto da Terra até esse local, sejam refletidas para outro ponto da Terra distante do primeiro.
submetidas a altas pressões e
temperaturas.

94 Unidade 1 | Planeta Terra


a. O que torna a ionosfera diferente das de- a. Povos antigos transportavam frutos do
mais camadas da atmosfera? mar do oceano para essa área.
b. Qual é a diferença entre rochas intrusivas b. Antigamente, os oceanos eram muito mais
e extrusivas? agitados e ondas gigantes levavam os ani- 4. Os movimentos da crosta
c. Qual é o tipo de rocha mais abundante na mais marinhos para a terra. terrestre ou as forças tectônicas
litosfera? c. Naquela época, um oceano cobriu essa (inclusive os terremotos). O
d. Por que os cientistas que observavam o área e, mais tarde, retrocedeu. atrito das crostas umas contra
céu e o movimento dos astros concluíram d. Alguns animais marinhos viviam na terra as outras. Por causa dos
que a teoria do geocentrismo era errada? antes de migrarem para o oceano. movimentos da crosta terrestre.
e. O que levou Kepler a afirmar que as ór- A atividade vulcânica sob a
6. O povo havaiano conta muitas lendas sobre a crosta. O peso das camadas
bitas dos planetas em torno do Sol eram
deusa do fogo, da luz, dos vulcões, da dança rochosas superiores pode causar
elípticas e não circulares como pregava a
e da violência, denominada Pele (palavra que esta temperatura e pressão nas
teoria do heliocentrismo?
no idioma havaiano significa lava derretida). rochas inferiores.
(Pisa) Exercícios 4 e 5 Uma delas diz que a deusa lança uma maldição 5. Alternativa c.
O Grand Canyon está localizado em um deser- sobre quem perturbar ou roubar sua casa (o
to nos Estados Unidos. Ele é um cânion grande Vulcão Kilauea). Há quem diga que esse mito 6.
e profundo formado por muitas camadas de foi inventado por um guarda florestal de Big a. Resposta pessoal. Seria
rochas. No passado, os movimentos na crosta Island, na tentativa de impedir que os turis- interessante pedir que
terrestre ergueram estas camadas. tas levassem pedaços de rocha da ilha como alguns voluntários leiam suas
Atualmente, o Grand Canyon apresenta 1,6 km lembrança. Ainda assim, todo ano, milhares respostas, para compartilhá-las
de profundidade em determinadas partes. O de pedaços de rocha de lava são enviados de e, assim, ampliar o repertório da
Rio Colorado percorre todo o fundo do cânion. volta para o Havaí, com pedidos de desculpas, turma sobre atitudes positivas e
por pessoas do mundo inteiro afirmando te- negativas.
rem sofrido desgraças horríveis desde que le- b. Os vulcões são formados
PISA

Calcário A
varam as pedras da morada de Pele. em consequência da pressão
Argila xistosa A
Em relação ao texto e aos vulcões, responda: que o manto exerce sobre as
Calcário B a. Existe um princípio entre pessoas que gos- crostas terrestres e oceânicas.
tam de fazer ecoturismo (turismo na nature- Normalmente a lava, ou o
Argila xistosa B za) que diz: “Não tire nada além de fotogra- magma, se solidifica quando
fias, não deixe nada além de pegadas, não alcança o topo da montanha
Xistos e granito
mate nada além do tempo, não queime nada e passa a escorrer apenas
além de calorias e não leve nada além de por túneis laterais. O magma
IMAGEM 28: Grand Canyon, Arizona, EUA. Pisa. somente é expelido pela cratera
saudades...” Você concorda com esse pensa-
mento? Você acha que a maioria das pessoas do vulcão se a erupção for muito
Veja a foto acima do Grand Canyon, tirada da se comporta dessa maneira? Por quê? violenta. Esse fluxo faz a Terra
margem sul. Várias camadas diferentes de ro- b. Explique como são formados os vulcões e tornar-se extremamente rica
chas podem ser vistas nas paredes do cânion. por que o solo de terras vulcânicas é fértil. em minerais, o que permite a
renovação dos solos.
4. O xisto é uma rocha metamórfica. As rochas 7. O químico holandês Paul Crutzen situou o 7. Mudanças climáticas devido
sofrem metamorfoses (modificações) quan- início do Antropoceno no fim do século XVIII, à queima de combustíveis
do submetidas a temperaturas elevadas e/ou quando, como se comprova por meio de fósseis, à extinção em massa de
fortes pressões. Qual é a causa da temperatu- amostras de núcleos de gelo, os níveis de dió- diferentes espécies (estima-se
ra elevada e/ou da alta pressão? xido de carbono começaram a aumentar. que cerca de 1 000 espécies
Fonte: revista National Geographic Brasil, edição nº 132,
5. Existem muitos fósseis de animais marinhos, março de 2011, p. 77. de seres vivos estejam sendo
como mexilhões, peixes e corais na camada de extintas por ano), à poluição
Que outras evidências apontam para o fato
calcário A do Grand Canyon. O que aconte- dos oceanos e rios por plásticos
de que estamos vivendo esse novo período
ceu há milhões de anos para que esses fósseis e microplásticos, à poluição
geológico?
se encontrassem nessa camada? da atmosfera por diferentes
substâncias químicas, à
Unidade 1 | Planeta Terra 95 alteração nos níveis de
nitrogênio pelo uso extensivo
de fertilizantes na agricultura,
ao aumento da dispersão de
(continuação do exercício 3) substâncias radioativas no
planeta após muitos testes com
b. As rochas intrusivas são formadas no interior do planeta sob alta pressão e resfriamento lento. São
bombas nucleares.
cristalinas. As rochas extrusivas são formadas na superfície do planeta pelo resfriamento rápido do magma
sob pressão ambiente. São amorfas (não são cristalinas).
c. As rochas sedimentares, que representam aproximadamente 75% das rochas existentes na superfície do
planeta, embora, em termos de volume da crosta terrestre, representem apenas 5%.
d. Porque essa teoria apresentava falhas e imprecisões que não podiam ser explicadas considerando a Terra
como o “centro do Universo”.
e. As análises dos dados observacionais que ele herdou de Tycho Brahe, principalmente relacionadas ao
planeta Marte.

Unidade 1 | Planeta Terra 95


#
2
UNIDADE
Professor, note que as imagens que

Sistema
Título da
compõem a abertura são baseadas
nas habilidades da BNCC que
serão desenvolvidas no eixo Vida e
Evolução do 6o ano. Elas abordam o
que os estudantes irão estudar ao
longo desta unidade.
unidade
nervoso
Assim, utilizando os
questionamentos propostos nos
quadros, por meio de uma conversa,
será possível fazer uma avaliação Encéfalo De que forma o encéfalo
diagnóstica do conhecimento dos recebe os estímulos do ambiente, os
processa e reage a eles? (EF06CI06)
estudantes sobre o que irão estudar
em seguida. Imagem 2: ressonância magnética do
cérebro de um menino de 13 anos com
suspeita de meningite.

BNCC

O encaminhamento desta unidade


propicia o desenvolvimento das
competências e habilidades a seguir.
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8, 9 e 10. Neurônios Como as unidades que Movimentos interrompidos Por que
constituem os seres vivos se agrupam para podemos perder certos movimentos quando
Competências específicas: 1, 2, 3, 4, formar um organismo completo? (EF06CI05) sofremos uma fratura na coluna vertebral?
5, 6, 7 e 8. Ilustração 1: representação artística de (EF06CI07)
Habilidades: (EF06CI05), células de neurônios formando uma rede Imagem 3: jogos paraolímpicos, Austrália, 1996.
(EF06CI06), (EF06CI07), de comunicação.
(EF06CI08), (EF06CI09) e bettervector/Shutterstock Suttha Burawonk/Shutterstock Adam Pretty/Getty Images

(EF06CI10)

96 Unidade 2 | Sistema nervoso

Objetivos integrados da unidade


 Reconhecer a célula como unidade de vida e a constituição dos  Avaliar o papel do sentido da visão na interação do indivíduo com o
organismos com base na estru­tura celular. meio e conhecer lentes corretivas adequadas a diferentes defeitos
 Constatar, por meio da leitura e da análise de imagens, que os da visão.
organismos são formados por um complexo de sistemas com  Conhecer a relação entre o sistema nervoso e o sistema locomotor.
diferentes níveis de organização.  Discutir o conceito de substân­cias psicoativas e explicar suas formas
 Conhecer algumas funções dos órgãos e sistemas do corpo humano, de atuação no sistema nervoso central.
com foco na interação entre os sistemas nervoso, sensorial e
locomotor.

96 Unidade 2 | Sistema nervoso


SLIDESHOW
SISTEMA NERVOSO

Visão Por que algumas pessoas Alucinações O que são drogas


têm dificuldade de enxergar de Professor, temos duas sugestões
psicotrópicas? Como elas agem no
longe ou de perto? (EF06CI08). para trabalhar a abertura da
sistema nervoso central? (EF06CI10).
Imagem 4: representação artística unidade.
Imagem 6: detalhe da obra O grito (1893)
do escaneamento de íris do olho de pelo artista norueguês Edvard Munch A primeira é pedir aos estudantes
que leiam as perguntas e as

MuseuNacionaldeArte,ArquitecturaeDesign,Oslo-Noruega
uma mulher. (1863-1944). Pintura a óleo, têmpera e
pastel em cartão, 91 cm X 73,5 cm. respondam no caderno apenas
Galeria Nacional de Oslo, Noruega. com base em seus conhecimentos
prévios, suas hipóteses e suposições,
sem se preocupar em pesquisar a
resposta certa.
No final da unidade, essas perguntas
serão retomadas e novamente
respondidas.
Nesse momento, porém, o
estudante já terá adquirido o
conhecimento necessário para
respondê-las corretamente e,
assim, poderá confrontar o que
havia respondido antes de ter
estudado o assunto e conseguirá
constatar tudo o que aprendeu ou,
eventualmente, o que ainda precisa
ser revisto com mais cuidado.
Nossa segunda sugestão, depois de
completada essa atividade, é discutir
com os estudantes a resposta da
questão que aparece no quadro da
imagem 1, que será objeto de estudo
do capítulo 4.
Ouça o que eles têm a dizer a
respeito e não corrija, nesse
momento, concepções errôneas.
Ievgen Repiashenko/Shutterstock

Se quiser, anote algumas respostas


em um canto da lousa sem
identificar o autor, apenas para
que possam confrontá-las com os
conceitos que serão discutidos a
seguir na aula.

Movimentos O sistema nervoso coordena os


movimentos do organismo, mas o que sustenta
esses movimentos? (EF06CI09).
Sergey Nivens/Shutterstock
Imagem 5: bailarina executa movimentos
de dança.

Unidade 2 | Sistema nervoso 97

Unidade 2 | Sistema nervoso 97


4
CAPÍTULO
Discuta com seus colegas
Os estudantes provavelmente
aprenderam sobre bactérias e
Células, tecidos,
vírus no quarto ano do Ensino
Fundamental Anos Iniciais. Faça uma órgãos e sistemas
avaliação diagnóstica para ver o que
eles lembram sobre esse assunto.
Pergunte:
O que são bactérias? Elas são Alguma vez você já examinou seu próprio corpo?
grandes? Podemos vê-las a olho Discuta com seus colegas
nu? Do que elas são formadas? E os Olhou ou tocou com atenção suas mãos, unhas, rosto, cabelo?
O que define um ser vivo?
vírus? Eles são maiores ou menores Já parou para pensar: “Do que o meu corpo é feito?”.
do que as bactérias? Eles são iguais Vírus são seres vivos? Por quê?
“Do que é feita a vida?”.
as bactérias ou são diferentes?
O objetivo do nosso estudo, agora, é começar a responder a essas
Ao longo do capítulo, discutiremos perguntas.
o conceito de célula, a estrutura
básica dos dois tipos de organização Todos os seres vivos, com exceção dos vírus, são formados por
celular, as células procarióticas e IMAGEM 1: Sobreiro (Quercus unidades estruturais e funcionais denominadas células. As unidades
suber), árvore da qual se retira
eucarióticas, e sua ocorrência nos estruturais guardam todas as informações a respeito de cada ser. A
a cortiça. Pode atingir 20 m
diferentes seres vivos, além de denominação das células só foi possível com a invenção do micros-
de comprimento e viver até
trabalhar a estrutura dos vírus. 300 anos. cópio óptico.
A cortiça é utilizada em Em 1665, o cientista inglês Robert Hooke (1635-1703) estava
rolhas, painéis e coberturas. examinando uma fatia bem fina de cortiça em um microscópio óptico
composto e notou que ela era formada de pequenos compartimentos,
BNCC
os quais ele chamou de cellas, do latim, câmaras. Mais tarde, os cien-
O trabalho com o capítulo 4 tistas passaram a usar o termo “célula”.
atende a habilidade:
(EF06CI05). Células de cortiça ao microscópio (ilustração)
rosshelenphoto/Freepick Premium

Museu Nacional de Saúde e Medicina


ILUSTRAÇÃO 1: a ilustração
ao lado foi feita a partir da
observação da cortiça no
microscópio e foi publicada na
obra Micrographia em 1665.

98 Unidade 2 | Sistema nervoso

Objetivos do capítulo
 Reconhecer a célula como unidade de vida e a constituição dos organismos com base na estru­tura
celular.
 Reconhecer os vírus como seres vivos não celulares.
 Constatar, por meio da leitura e da análise de imagens, que os organismos são formados por um
complexo de sistemas com diferentes níveis de organização.
 Conhecer algumas funções dos órgãos e sistemas do corpo humano, com foco na interação entre os
sistemas nervoso, sensorial e locomotor.

98 Unidade 2 | Sistema nervoso


RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS
BNCC

No 5o ano, você talvez tenha projetado, construído e estudado


No 5o ano, o estudante
provavelmente adquiriu a habilidade:
alguns aparelhos, entre eles um microscópio. Vamos recordar?
(EF05CI13) Projetar e construir
O microscópio é um aparelho que permite observar e estudar dispositivos para observação a
estruturas que não são vistas a olho nu, ampliando várias vezes a sua distância (luneta, periscópio etc.),
imagem. Embora não haja um consenso, acredita-se que foi inventa- para observação ampliada de

Dominio Publico Creative Commons


do pelo fabricante de óculos holandês Zacharias Janssen (1582-1635), objetos (lupas, microscópios) ou
com a colaboração de seu pai. Para obter imagens ampliadas de ob- para registro de imagens (máquinas
jetos eles utilizaram duas lentes de vidro montadas nas extremidades fotográficas) e discutir usos sociais
desses dispositivos.
de um tubo.
Mais tarde, o comerciante, também holandês, Antonie van
Leewenhoek (1632-1723), construiu outro tipo de microscópio adap-
tando uma única lente, pequena e praticamente esférica, entre duas
placas de cobre.
Essas descobertas inspiraram Robert Hooke a encomendar um
microscópio ainda mais poderoso de um fabricante de Londres,
Christopher Cock, com duas lentes ajustadas nas extremidades de
um tubo de metal, uma ocular e uma objetiva. Por ter duas lentes, o
microscópio de Hooke ficou conhecido como microscópio composto.
Muitos outros microscópios foram desenvolvidos nessa época, e IMAGEM 2: microscópio
o avanço desses aparelhos, ao longo da história, possibilitou oberva- utilizado por Robert Hooke,
ções e o estudo de estruturas até então desconhecidas, represen- parte integrante da coleção
tando um grande avanço na Ciência. de Microscópio Billings,
Museu Nacional de Saúde
e Medicina, Instituto
IMAGEM 3: microscópio Lentes
oculares de Patologia das Forças
óptico binocular com Armadas, Inglaterra.
lentes oculares.

Professor, o sangue é uma


Kitinut/Freepik Premium

mistura coloidal. Esse tipo de


SCIENCE PHOTO LIBRARY

mistura, geralmente, tem a


CHOKSAWATDIKORN/

Lentes objetivas
com ampliações
aparência de mistura homogênea,
diversas quando observada a olho
nu, e a aparência de mistura
heterogênea, quando observada
Ajuste
de foco
Suporte para IMAGEM 4: microfotografia de ao microscópio.
a amostra sangue humano; ampliação:
Observação: na Imagem 4,
x320 quando impressa em
microfotografia é uma técnica
largura de 10 cm. O microscópio
Fonte de luz
monocular permite uma
fotográfica de obtenção de
ampliação de 40x até 1 000x. imagens ampliadas.
O microscópio binocular permite
uma ampliação de até 1 600x.

Unidade 2 | Sistema nervoso 99

Robert Hooke
O cientista escreveu um livro com desenhos detalhados de suas descobertas microscópicas, denominado
Micrographia. Para fazer suas descobertas no século XVII, o cientista inglês precisou de múltiplas habilidades:
ele, ao mesmo tempo, aperfeiçoou um microscópio, para ser capaz de promover uma ampliação de 50 vezes e,
ainda, desenhou o que enxergava no aparelho. Criou também diversos experimentos curiosos, como ser picado
por uma espécie de piolho para observar o percurso que o sangue fazia nas entranhas do inseto.

Unidade 2 | Sistema nervoso 99


Atualmente, há microscópio com tecnologia mais avançada e ca-
pacidade de ampliação muito maior, como o eletrônico (imagem 7),
e o microscópio eletrônico de varredura (imagem 8), que atua como
Professor, comente o trabalho com um scanner fazendo uma varredura da amostra e projetando uma
microscópios do holandês Anton imagem de alta resolução no computador.
van Leeuwenhoek (1632-1723), que
desenvolveu uma pequena lente
quase esférica fabricada por ele

National Cancer Institute/Science Photo Library/Fotoarena


mesmo que permitiu, pela primeira

Pan Xunbin/Shutterstock
vez, enxergar e documentar a
existência de seres microscópios.

LINK

Professor, mostre aos estudantes


as imagens obtidas em um
microscópio eletrônico de quando
um vírus Sars-CoV-2 infecta uma
célula humana.
Disponível em: IMAGEM 7: amostra de sangue humano vista no

https://fnxl.ink/AIMYXY microscópio eletrônico.


O aparelho permite uma ampliação de 5 000x até
Acesso em: 16 Junho. 2022. 500 000x (ou mais).

IMAGEM 5: microscópio eletrônico.

National CancerInstitute at Frederick (NCI-


Frederick)/Domínopúblico/Creative commons
1

3
Anucha Cheechang/Shutterstock

IMAGEM 8: células sanguíneas.


1. Hemácias do sangue: transportam
oxigênio por todo o organismo.
2. Plaquetas: fazem o sangue coagular
(parar de escorrer).
IMAGEM 6: microscópio eletrônico de varredura
3. Glóbulos brancos: defendem o
(MEV). A capacidade de ampliação é de mais de 500
organismo contra agentes externos.
000x, com alta resolução.

100 Unidade 2 | Sistema nervoso

100 Unidade 2 | Sistema nervoso


A descoberta das células
A descoberta de que praticamente todo ser vivo é formado por
células é o alicerce da Biologia, o estudo da vida. Para compreender Professor, chame a atenção dos
o fenômeno da vida, é preciso estudar as células. estudantes sobre o fato de a Teoria
Quando as células foram descobertas, os cientistas começaram a Celular considerar que todo ser vivo
é composto de células.
se questionar sobre sua origem. Havia aqueles que acreditavam que
elas se formavam espontaneamente a partir da aglomeração de Essa premissa é válida quando
definimos um ser vivo como aquele
determinadas substâncias, enquanto outros afirmavam que uma cé-
que nasce, tem metabolismo próprio
lula somente podia se originar de outra célula preexistente.
(produz energia quando se alimenta ou
Em 1776, Abraham Trembley (1710-1784), naturalista suíço, respira), se reproduz, evolui e morre.
observou pela primeira vez bactérias se multiplicando por meio da Segundo essa definição, os vírus são
divisão binária. partículas infecciosas, e não seres
Em 1850, Matthias Schleiden (1804-1881), botânico alemão, vivos, porque os vírus não nascem,
Theodor Schwann (1810-1882), fisiologista alemão, e Rudolf Virchow são replicados; não possuem
(1821-1902), médico alemão, estabeleceram a Teoria Celular: metabolismo próprio (usam o
das células hospedeira); não se
• todo ser vivo é composto de células; reproduzem, replicam-se.
• as transformações químicas que ocorrem no organismo são Nesta coleção, porém, adotamos a
realizadas em nível celular; definição de vida como autopoiesis
(capacidade de se autoconstruir).
• toda célula é originada da divisão de outra célula preexistente.
IMAGEM 9: divisão binária De acordo com essa definição, os
da cianobactéria marinha vírus são seres vivos, pois mesmo
Procholorococcus marinus. usando o material da célula de um
São organismos hospedeiro, eles se autoconstroem.
microscópicos que fazem Além disso, muitos cientistas
fotossíntese produzindo argumentam que os vírus evoluem,
oxigênio. pois seus materiais genéticos são
Estima-se que 20% de todo passíveis de passar mutações e,
o oxigênio existente na Terra portanto, novas variantes virais
seja produzido por eles.
surgem. Eles têm estrutura acelular,
Courtesy of Chisholm Lab

A cota indica 500 nm. ausência de metabolismo e são


Para efeito de comparação: todos parasitas intracelulares
1 mm = 1 000 000 nm obrigatórios; logo, até podem ser
mm = milímetro chamados de partículas infectantes,
nm = nanômetro mas não deve haver dúvidas de que
são seres vivos.
Seres celulares e seres não celulares
Um número imenso de seres vivos chamados de seres unicelulares
são formados de uma única célula. As cianobactérias, as bactérias e
os protozoários são alguns exemplos.
Os seres vivos, cujo organismo é formado por mais de uma célula,
são chamados seres multicelulares. Estima-se que o corpo humano
seja formado por cerca de 216 tipos de células diferentes e que o
corpo de um adulto tenha mais de 30 trilhões de células.

Unidade 2 | Sistema nervoso 101

Unidade 2 | Sistema nervoso 101


Uma estrutura fundamental, entre outras existentes nas células,
Discuta com seus colegas é o material genético, composto de uma substância conhecida pela
Você já ouviu falar em DNA? sigla DNA. Sob o comando do DNA, outra substância, o RNA, sin-
Professor, é provável que os Conte para os colegas o que tetiza as proteínas que formam as estruturas celulares e diversas
estudantes mencionem o vírus você sabe a respeito. outras estruturas e substâncias fundamentais para o funcionamen-
Sars-CoV-2, que desencadeou a to do organismo.
pandemia de covid-19 e questionem
sua origem. Nesse caso, explique que Cada espécie viva – seja uma mosca, um tubarão, uma árvore, uma
se trata de spillover, fenômeno em bactéria, seja um ser humano – tem seu genoma, que é a sequência
que um vírus que costuma infectar completa de DNA (conjunto de todos os genes de um ser vivo). O
determinado animal “transborda” genoma traz informações específicas e detalhadas, não apenas para
para a espécie humana. a espécie mas também para cada indivíduo da espécie. No caso do
Ainda não se sabe a exata origem Glossário ser humano, é o genoma – herdado em parte do pai e em parte da
do coronavírus SARS-CoV-2, mas é DNA e RNA: DNA significa mãe – que determina características como textura de cabelo ou sar-
ácido desoxirribonucleico, e
provável que tenha tido origem em RNA, ácido ribonucleico. O DNA das no rosto, por exemplo. Informa ainda se o indivíduo é propenso
um morcego que o transmitiu para contém todas as informações a desenvolver alguma doença de caráter hereditário (herdada dos
um hospedeiro intermediário do qual genéticas utilizadas para orientar o
pais) e, portanto, algumas vezes possibilita agir para evitá-las.
desenvolvimento de um organismo
ele “transbordou” para o ser humano. e o RNA é o responsável pela
Isso apenas ocorreu porque o ser síntese das proteínas. Os vírus
humano está invadindo cada vez Em relação ao modo como o DNA está disposto nas células, elas
mais o espaço que caberia aos
podem ser classificadas em procarióticas ou eucarióticas, como ve-
animais silvestres.
FORA DE ESCALA
remos no próximo tópico.
Também a criação de animais para
abate e o consumo de carne de Apesar de ainda haver alguma discussão sobre se os vírus são ou
CORES FANTASIA
animais exóticos colaboram para não são seres vivos, uma vez que não são seres celulares, existem
que haja spillover. fortes argumentos a favor.
Apesar de não serem formados por
kjpargeter/Freepik Premium

células, os vírus usam a célula de outro


ser vivo para se replicar. Além disso, uma
das definições de vida mais atuais e mais
bem aceitas pela comunidade científica
é a autopoiesis. Essa teoria foi elaborada
pelo biólogo chileno Humberto Matura-
na (1928-) com a ajuda de seu ex-aluno,
o biólogo chileno Francisco Varela
(1946-2001).
A palavra autopoiesis vem da união de
duas palavras gregas: “auto” (para si mes-
ILUSTRAÇÃO 2: concepção
mo) e “poiesis” (criação). Desse modo, os
artística do DNA. O ser seres vivos são sistemas autopoiéticos, ou seja, sistemas capazes
humano já desenvolveu de regular e construir a si mesmo.
técnicas para manipular o
É justamente a capacidade de autoconstrução o que define a
código genético de seres
vivos e, dessa forma, vida. Um objeto inanimado não pode se autoconstruir. Como os
modificar algumas de vírus constroem-se a si mesmos, ainda que utilizando a célula de
suas características. outro ser, eles são considerados seres vivos.

102 Unidade 2 | Sistema nervoso

102 Unidade 2 | Sistema nervoso


NÃO ESCREVA
ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NO LIVRO

1. Responda aos itens a seguir relacionados à in- As células HeLa são uma linha celular imortal,
1.
venção do microscópio óptico composto. o que significa que são capazes de se dividir a. O microscópio amplia imagens,
a. Para que serve esse aparelho? perpetuamente. permitindo ver detalhes de
b. Qual é a importância dessa invenção para O estudo dessas células possibilitou a pesqui-
objetos e seres extremamente
o estudo dos seres vivos?
pequenos.
sa sobre a natureza de diversos tipos de cân-
c. Cite, pelo menos, duas descobertas impor- cer, a criação de vacinas, o mapeamento de b. O microscópio permitiu observar
tantes que foram feitas inicialmente com o genes, os mecanismos envolvidos no desen- as células, estruturas presentes
uso desse aparelho. volvimento de doenças e as possíveis formas na maioria dos seres vivos.
d. Nomeie as partes do microscópio óptico de tratamento. As células HeLa também fo- c. A células e a bipartição de
composto esquematizado abaixo, indica- ram fundamentais no estudo da tuberculose, bactérias, mostrando que uma
das pelos números nas cotas. do HIV e do papilomavírus humano (HPV). célula sempre se origina de outra
A observação de células se dividindo, no caso preexistente.

Kitinut/Freepik Premium
1
a bipartição de bactérias, deu origem à Teoria d. 1. Lentes oculares; 2. Lentes
Celular, estabelecida em 1850. objetivas; 3. Suporte para a
Explique os principais pontos dessa teoria. amostra; 4. Fonte de luz para
iluminar a mostra; 5. Ajuste de
2 3. Em relação ao material genético presente nas foco.
células, indique, no caderno, as alternativas
2.
5 3 corretas:
A Teoria Celular se baseia nos
a. O genoma de um ser vivo representa a se-
4
seguintes pontos:
quência completa de seu DNA.
b. O material genético é composto de RNA,  todo ser vivo é composto de
responsável pela síntese das proteínas e células, que são as unidades
de DNA, que armazena e transmite as in- básicas da vida;
IMAGEM 10: microscópio óptico.  as transformações químicas
formações genéticas e determina a ação
2. As células, na imagem a seguir, são HeLa, do RNA. que ocorrem no organismo
uma linha celular cultivada que foi deriva- c. Todas as espécies de seres vivos apresen- são realizadas em nível
da de uma biópsia de um tumor cervical de tam o mesmo genoma. celular;
Henrietta Lacks, que morreu de câncer no d. Características como cor de olho ou textu-  toda célula é originada
colo do útero em 1951, aos 31 anos. ra de cabelo são determinadas pelo RNA. da divisão de outra célula
e. Quimicamente, tanto o RNA como o DNA preexistente.
Dr. JosefReischig CSc.(CC BY-SA 3.0)

são ácidos. 3.
a. Correta.
4. Os vírus não são formados por células, eles
precisam infectar um hospedeiro e penetrar b. Correta.
em suas células para se replicar (formar có- c. Errada.
pias de si mesmo). d. Errada.
Essas cópias saem da célula invadida e vão e. Correta.
infectar outras células, repetindo o proces-
4. Na autopoiesis, que afirma que
so. Dessa forma, podemos dizer que os vírus
um ser vivo é aquele capaz de
10 µm constroem-se a si mesmos, utilizando as célu-
construir a si mesmo.
las de outros seres.
IMAGEM 11: élulas HeLa. A cota indica Com base em qual teoria podemos afirmar
10 µm, o equivalente a 0,01 mm. que os vírus são seres vivos?

Unidade 2 | Sistema nervoso 103

Unidade 2 | Sistema nervoso 103


FORA DE ESCALA
Célula procariótica
CORES FANTASIA

Professor, comente com os Ribossomos: constituídos de RNA,


estudantes que as células fazem a síntese de proteínas.
procarióticas também Plasmídeos: DNA disperso
fora do nucleoide formando Hialoplasma: solução de
apresentam complexos Nucleoide: região
estruturas circulares que consistência gelatinosa que
processos metabólicos, embora central onde o
exercem funções específicas. preenche o interior das
sejam estruturas mais simples material genético
células.
(DNA) fica disperso
quando comparadas às células diretamente no
eucarióticas. O envoltório citoplasma. Flagelos: são
celular de bactérias, por exemplo, apêndices
é bastante particular, tanto que algumas
bactérias
estruturalmente como em relação às
usam para
funções que desempenha na célula. locomoção.
Entre essas características,
podemos mencionar a capacidade
de resistência a variações osmóticas

Carlos Clarivan/Science Photo Library/Fotoarena


do meio, a permeabilidade seletiva
a diferentes solutos que entram
e saem da célula, a resistência à
ação de certos antimicrobianos e
outras substâncias, a manutenção
do equilíbrio iônico dos meios intra
e extracelular, a proteção contra
diferentes componentes do sistema
imune do hospedeiro, a habilidade
de adesão e invasão de células e Cílios, fímbrias ou pile:
tecidos de organismos hospedeiros, recobrem algumas bactérias
a atuação no processo de divisão como essa da ilustração, uma
celular e a mobilidade celular. Escherichia coli. Podem ajudar na
locomoção.

Cápsula: tem a função


de proteger a célula de Membrana celular: recobre a
um ataque biológico ou parte interna da célula.
químico e, por conter
água, também protege a Parede celular: tem a função
célula da desidratação. de proteger a célula e definir
seu formato.

ILUSTRAÇÃO 3: célula
procariótica, bactéria. Fonte: As células procarióticas são consideradas células primitivas. Os
Crawford, Dorothy H. The primeiros seres vivos a habitar o planeta Terra, há 3,5 bilhões de anos,
Invisible Enemy. Oxford.
eram seres procariontes.
Londres, 2002.
Todas as bactérias são seres procariontes constituídos por uma
única célula procariótica. Várias delas são muito resistentes e po-
dem sobreviver em ambientes inóspitos para a maioria dos outros
seres vivos.

104 Unidade 2 | Sistema nervoso

Staphylococcus aureus
A Staphylococcus aureus, além de ser responsável por sérias infecções em humanos e animais devido a seu
diversificado arsenal de fatores de virulência, também é reconhecida como um dos maiores problemas no
tratamento de infecções de pacientes hospitalizados, uma vez que pode apresentar resistência a praticamente
todas as classes de antimicrobianos disponíveis hoje como opções terapêuticas.

104 Unidade 2 | Sistema nervoso


Nas células procarióticas, o material genético fica disperso no cito-
plasma, em uma região central denominada nucleoide. Fora da região Você sabia?
nucleoide, há também DNA formando os plasmídeos, que exercem As arqueas, do grego
funções específicas, como promover a resistência da bactéria à ação antigo, também são
seres unicelulares, com
de antibióticos.
características intermediárias
O hialoplasma, uma solução de consistência gelatinosa, preen- entre os procariontes e os
che o interior das células. Nele, ficam dispersos, além do DNA, os eucariontes (animais e vegetais).
ribossomos, que são constituídos de RNA e regulam a produção Acredita-se que as arqueas
estão entre os primeiros
de proteínas. seres a habitar o planeta.
Lembre-se, porém, de que é o DNA – a sede da hereditariedade Suas características únicas
e das características da espécie e do indivíduo – que se expressa por permitem que elas vivam em
ambientes com extremos
intermédio do RNA, que só então sintetiza as proteínas que exercem de temperatura, salinidade,
várias funções nos seres vivos, entre elas a estrutural (participam da acidez, radiação, entre outros.
construção das células). São, por isso, denominadas
seres extremófilos.
O tamanho das células procarióticas varia bastante. Há bactérias,
por exemplo, que variam de 2 µm a 5 µm (µm é símbolo do micrô- Professor, segundo uma
metro). Como referência, podemos citar que 1 milímetro equivale a corrente de pensamento,
o termo arqueobactéria é

NASA
1 000 micrômetros, portanto, um ser que mede 2 µm só pode ser
visto por meio de microscópio. considerado equivocado, pois,
de uma perspectiva molecular, o
Por outro lado, há bactérias, como a Thiomargarita namibiensis
domínio Archaea (anteriormente
(imagem 12), descoberta na Baía de Walvis, na costa atlântica da Arqueobactéria) apresenta menor
Namíbia, que podem atingir 0,75 mm (que equivale a 750 µm), o que identidade com outros seres
as torna as maiores do mundo. procariontes (domínio Bactéria)
Cianobactérias são seres procariontes. Constituem um grupo de do que com membros do domínio
bactérias que obtêm energia fazendo fotossíntese. Também são Eucarya.
chamadas de algas azuis (verde-azuladas) ou cianofíceas. Essa orientação conceitual visa
auxiliá-lo no andamento das
discussões. Não é necessário abordar
SLIDESHOW
BACTÉRIAS IMAGEM 12:
os sistemas de classificação neste
momento.
microfotografia de
Thiomargarita namibiensis Imagem 12: microfotografia (técnica
colorizada artificialmente, fotográfica de obtenção de imagens
2007, Nasa. ampliadas)

IMAGEM 13: cianobactérias.


Colônias arredondadas
quando jovens, alongadas,
ovais ou aneladas, quando
Elif Bayraktar/Shutterstock

adultas, formadas por células


densamente arranjadas. As
células esféricas, tem um
diâmetro entre 2,4 µm e 3,2
µm. Ampliação 360X quando
impresso na largura de 10 cm.

Unidade 2 | Sistema nervoso 105

Unidade 2 | Sistema nervoso 105


FORA DE ESCALA Célula eucariótica animal INFOGRÁFICO
CÉLULA ANIMAL

CORES FANTASIA

Professor, conhecer um pouco as Retículo endoplasmático: rede Núcleo: regula as reações Nucléolo: região mais
teorias de evolução dos diferentes de sacos e tubos membranosos químicas da célula, densa no interior
componentes da célula ajuda a que atua na síntese da armazena o material do núcleo, onde é
membrana celular, além de em genético (DNA) e produz produzido o RNA
compreender a fisiologia dela. outros processos metabólicos RNA. É revestido por ribossômico. Fica
Uma explicação concisa da Teoria (que envolvem a síntese e a uma membrana porosa imersa no plasma
Endossimbiótica ou Simbiogênica, degradação de substâncias). denominada membrana nuclear, um fluido que
Possui regiões granulosas nuclear, que pode trocar preenche o núcleo
de Lynn Margulis, pode ser substâncias com o
(perfuradas por ribossomos) e das células e contém,
encontrada em: não granulosas. citoplasma. principalmente, água e
https://fnxl.ink/QALZQM. sais minerais.

Acesso em: 6 fev. 2022.


Ribossomos
Margulis aponta evidências de Citoesqueleto
origem bacteriana de mitocôndrias
e de plastos por causa da presença Membrana
de um sistema genético vestigial, plasmática
mas ainda funcional, dentro dessas
organelas. Elas têm o próprio DNA Citoplasma:
e todo um aparato molecular para conjunto de
replicá-lo e construir proteínas. hialoplasma,
organelas e
Os trabalhos do pesquisador estruturas
Christian de Duve são referências celulares.
clássicas, e sua teoria sobre a
origem das células eucarióticas
modernas pode ajudar na discussão
do tema. Ele propõe que um grande

Tefi/Shutterstock
micróbio fagocitário, detentor
da maioria dos atributos das
células eucarióticas modernas, Complexo
teria fagocitado um ancestral golgiense: atua
na síntese, na
procariótico, e ambos começaram
modificação, no
a viver em endossimbiose. Ao direcionamento
longo de 1 bilhão de anos ou mais e na secreção
dessa relação, originou-se a célula de produtos
eucariótica moderna. celulares.

Centríolo:
estrutura Mitocôndrias: é onde ocorre a
relacionada ao respiração celular, que – de modo
processo de simplificado – se baseia na reação
divisão celular. entre glicose e oxigênio, produzindo
Lisossomos: responsável pela
gás carbônico, água e energia. A
digestão intracelular (que ocorre ILUSTRAÇÃO 4: energia obtida nesse processo
dentro da célula), promove
a absorção de nutrientes e a
Representação é utilizada para as atividades da
artística de uma célula.
reciclagem de componentes
celulares envelhecidos (processo célula eucariótica
conhecido por autofagia). animal.

106 Unidade 2 | Sistema nervoso

106 Unidade 2 | Sistema nervoso


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

As células eucarióticas apresentam algumas diferenças em relação


às células procarióticas. Você sabia?

1. Complexidade: são muito mais complexas do que as células As organelas das células
procarióticas, embora seja errado dizer que são mais evoluí- exercem funções semelhantes Professor, as células eucarióticas
das (são igualmente evoluídas).
às dos sistemas de órgãos do geralmente têm um diâmetro
corpo humano: por exemplo, que varia entre 10 μm e 30 μm
• Núcleo diferenciado: a palavra eucariótica vem do grego eu, digestão (lisossomos) e (1 000 μm = 1 mm).
"verdadeiro" e karyon, que significa núcleo, pois essas células respiração (mitocôndria) e são
revestidas por membranas. São caracterizadas pela presença,
possuem um núcleo protegido por uma membrana nuclear, no citoplasma, de várias
Desse modo, há uma
a carioteca, onde fica o material genético (DNA e RNA). Fora controvérsia em relação estruturas (organelas) com
da região do núcleo, apenas as mitocôndrias possuem um aos ribossomos que não funções especializadas, além de
DNA diferenciado da célula. são revestidos por um núcleo que contém o material
2. Presença de organelas: são uma série de pequenos órgãos membranas. Alguns biólogos genético, DNA, que em sua forma
definem os ribossomos como ativa tem aspecto de filamentos
com funções específicas dentro das células, geralmente organelas não membranosas.
envoltos por membrana ou camada lipoproteica formada de desespiralizados e pode ser chamado
Outros, por esse motivo,
lipídios (gorduras) e proteínas. preferem dizer que ribossomos
de cromatina. Quando os filamentos
não são organelas. espiralizam, tornam-se inativos
A função das demais organelas está descrita na página anterior.
geneticamente e originam os
• Ribossomos: são as únicas organelas (não revestidas por cromossomos.
membranas) que também estão presentes nas células pro- Nessas células, o citoplasma é
carióticas. São constituídos de RNA e responsáveis pela sín- ILUSTRAÇÃO 5: representação permeado por membranas que
tese das proteínas. artística de permeabilidade formam uma rede de compar­
• Os ribossomos que estão livres no citoplasma sintetizam
seletiva. A membrana timentos com diversas funções.
plasmática deixa passar
as proteínas que serão usadas dentro da célula, e os que a estrutura em vermelho
ficam aderidos ao retículo endoplasmático rugoso sinteti- (oxigênio), mas não a
zam as proteínas que serão enviadas para fora da célula estrutura azul (nitrogênio).
pelo complexo golgiense.
Abaixo descrevemos a função das es- Permeabilidade seletiva
truturas celulares.
Nitrogênio
• Citoesqueleto: proporciona a for-
Oxigênio
ma, a sustentação da célula e sua re-
sistência mecânica. Membrana
plasmática
• Citoplasma: é o nome que se dá ao
conjunto constituído pelo hialoplas-
ma (ou citosol), um fluido líquido que
preenche o interior das células e as
organelas e estruturas celulares.
• Membrana plasmática: tem a fun-
ção de revestir e proteger a célula
Osvaldo Sequetin

e possui permeabilidade seletiva,


isto é, seleciona as substâncias que
podem entrar e as que podem sair
da célula.
Possui estrutura lipoproteica.

Unidade 2 | Sistema nervoso 107

Unidade 2 | Sistema nervoso 107


Célula eucariótica vegetal
FORA DE ESCALA

CORES FANTASIA
Professor, pergunte aos estudantes Membrana nuclear, Glioxissomos:
quais dife­renças eles percebem entre núcleo e nucléolo produzem açúcares
a célula animal e a vegetal. Discuta a Vacúolo: a principal a partir de gorduras.
função dos vacúolos é a São encontrados em
função da parede celular. Qual seria osmorregulação, ou seja, abundância nas células
a vantagem para as plantas? O que controlam o volume da Retículo endoplasmático
das sementes por
são cloroplastos? Não é necessário célula vegetal regulando a serem fundamentais na
aprofundar o assunto para que eles entrada e saída de água e de germinação.
sais minerais.
respondam a essa pergunta, mas
é importante saberem que, nessa
organela, a luz – que não precisa ser
necessariamente a luz do Sol, ou
seja, qualquer fonte de luz branca
permite a realização de fotossíntese
– é captada pelas células vegetais
e convertida nos cloroplastos em
energia química (ATP), que, então,
é armazenada em suas ligações
de fosfato. As células animal e ve­
getal apresentam semelhanças em
diversos aspectos.
Se possível, providencie um mo­
delo grande de célula (como o
que sugerimos). À medida que
for explicando aos estudantes

Frank Liu/Dreamstime
a função de cada organela,
identifique­-a no modelo.

Plasmodesmo:
são interligações
entre membranas
de células vizinha, Mitocôndria
formando pontes
citoplasmáticas. Citoplasma
Complexo golgiense
Parede celular: é a
principal diferença
entre célula animal
e vegetal. Reveste Cloroplastos: pertencem ao
Parede celular: da a membrana Membrana plasmática grupo dos plastos (formados
célula adjacente plasmática, protege por uma dupla membrana
(ao lado). a célula da entrada Possui permeabilidade
com DNA próprio). Possuem
excessiva ou da seletiva e seleciona
a clorofila (pigmento verde)
perda demasiada as substâncias que
e realizam a fotossíntese,
de água, além podem entrar e sair das
que transforma água, gás
de auxiliar no células.
carbônico e energia luminosa
ILUSTRAÇÃO 6: representação transporte, na em glicose (açúcar) e
artística de célula eucariótica absorção e secreção oxigênio.
vegetal. de substâncias.

108 Unidade 2 | Sistema nervoso

Modelo de célula
Para fazer um modelo de célula procariótica ou eucariótica (animal ou vegetal), você vai precisar de:
 um tubo de 40 g de cola de isopor (transparente);
 bicarbonato de sódio;
 100 mL de água boricada (solução aquosa de ácido bórico);
 corante alimentício (opcional);
 dois copos de vidro;
 duas colheres de sopa;
 meio maracujá grande e vazio ou um recipiente redondo transparente (desses de guardar comida).

108 Unidade 2 | Sistema nervoso


As células eucarióticas vegetais também possuem o material

wirestock/Freepik Premium
genético contido em um núcleo diferenciado e apresentam basica-
mente as mesmas organelas (com as mesmas funções) das células
eucarióticas animais, com algumas diferenças, conforme apresen- Professor, observe que as
tado a seguir. bactérias e os fungos também
1. Presença de parede celular constituída de celulose: exclusi- possuem parede celular, porém com
constituição distintas.
va das células vegetais.
2. Ausência de colesterol: células vegetais não possuem co- Bactérias: a parede celular é
lesterol (um tipo de lipídeo ou gordura) na constituição da constituída de aminoglicanos, cuja
principal função é proporcionar
membrana plasmática como as células animais.
elasticidade e resistência à célula,
3. Presença de um grande vacúolo central: os vacúolos ocor-
evitando que se rompa.
rem raramente nas células animais, mas nesse caso são
pequenos. Nas células vegetais, estão sempre presentes e Fungos: a parede celular é
constituída de quitina, cuja função
podem ocupar até 95% do espaço interno. IMAGEM 14: folha verde contra
é proteger, proporcionar forma e
4. Ausência de centríolos: apenas plantas mais simples pos- o Sol. A planta absorve gás
permitir a comunicação intracelular.
suem essas organelas, como as briófitas (exemplo: musgos) e carbônico do ar, água e sais
as pteridófitas (exemplo: samambaias). minerais do solo. Na presença
de luz, a clorofila promove a
5. Presença de plastos ou plastídeos: organelas exclusivas das
reação entre o gás carbônico
células vegetais. São estruturas que apresentam seu próprio e a água, formando oxigênio
DNA e são capazes de se autoduplicar. (liberado para a atmosfera)
e glicose que ela utiliza para
Há diferentes tipos de plasto, que são divididos em três grupos
obter energia.
principais conforme o pigmento que possuem. alphacell/Freepik Premium
Professor, os modelos são usados
• Cloroplastos: acumulam o pigmento verde deno- com o objetivo de tornar a Ciência
minado clorofila, essencial para o processo de fo- mais fácil de entender, definir,
tossíntese, por meio do qual a planta produz o seu quantificar, visualizar ou simular por
próprio alimento. Possuem mobilidade dentro da meio de conhecimentos comumente
aceitos. Em muitas situações
célula e se posicionam de modo a otimizar a cap-
distintas, essas representações são
tação de luz.
criadas por softwares e complexas
• Cromoplastos: acumulam pigmentos que variam estratégias matemáticas e de
entre o amarelo e o vermelho. São carotenoides modelagem 3-D. Além disso, vários
(como o betacaroteno, que proporciona a cor laranja da ce- IMAGEM 15: o betacaroteno, games lançam mão de recursos
noura ou o licopeno, que dá cor vermelha ao tomate). São formado no cromoplasto, dá dessa natureza para a criação dessas
cor laranja às cenouras. realidades virtuais.
responsáveis por atrair os polinizadores, pois conferem cor
às pétalas e aos frutos. Na produção de conhecimento
• Leucoplastos: não possuem pigmento. Eles ar- científico, a modelagem possibilita
mazenam substâncias de interesse para a célula a criação de representações que
e recebem nomes específicos, conforme a subs- estruturam experimentos, que dão
a direção de como se estrutura o
tância que armazenam. IMAGEM 16:
que está sendo investigado, e a
os amiloplastos armazenam amido (nas células o licopeno,
recriação desses resultados gerados
timolina/Freepik Premium

animais, os açúcares são armazenados na forma também


experimentalmente em ambientes
de glicogênio); formado no
cromoplasto,
virtuais. Muitas vezes, é possível
os proteinoplastos armazenam proteínas; dá cor enxergar a estrutura estudada, que
os elaioplastos ou oleoplastos armazenam vermelha pode ser, por exemplo, uma pequena
lipídeos (óleos e gorduras). aos tomates. organela da célula, em um processo
do qual ela participa. Os modelos
científicos ainda hoje têm papel
Unidade 2 | Sistema nervoso 109 importante na construção científica.

Em um dos copos, coloque 100 mL de água boricada. Acrescente 1 colher de sopa de bicarbonato de
sódio e mexa bem. Continue acrescentando bicarbonato e mexendo até que pare de formar gás. No
outro copo de vidro, coloque 40 g de cola e 2 ou 3 gotas de corante (se quiser). Mexa bem. Em seguida,
coloque toda a solução de borato de sódio que você preparou sobre a cola com corante, mexa bem e
pronto.
Para fazer a célula, coloque certa quantidade desse material no maracujá vazio e use a criatividade para
representar as organelas com materiais alternativos que você tiver à mão, como bolinha de pingue-pongue,
bolinha de gude, grão-de-bico, feijão, sementes de gergelim, sementes de maracujá, macarrão cru de diferen-
tes formatos etc.

Unidade 2 | Sistema nervoso 109


VIDA E AMBIENTE

Professor, o tamanho “gigante” da


Tem um núcleo único localizado na base de seu
alga unicelular Caulerpa taxifolia, “Gigantes” unicelulares
corpo e pode se regenerar completamente se a
encontrada no Mar Mediterrâneo, é
resultado da interferência humana. Há um limite para o tamanho celular, que está parte superior for removida.
No hábitat, na região tropical, ela associado à capacidade de se nutrir e obter a
Caulerpa taxifolia (3 metros)
não chega ao tamanho que atinge no energia necessária, sem contar que o aumento
Mediterrâneo. de tamanho ocorre proporcionalmente à com- A Caulerpa taxifolia, originária do Havaí, é a
plexidade do transporte de alimentos e dejetos. maior alga unicelular do mundo. Nos locais em
No entanto, existem exceções: seres unicelula- que foi introduzida, como no Mar Mediterrâneo,
res que não são microscópicos e podem ser até ela é considerada uma espécie invasora.
maiores do que você. Vamos conhecer alguns? O que ocorreu é que, na década de 1970, um
Agora é com você! Quando ouvimos falar sobre seres unicelula- aquário alemão comprou algumas dessas algas e
res, imaginamos imediatamente que se trata de procurou reproduzi-las, fazendo uma seleção ar-
1. Significa um ser vivo constituído
seres microscópicos (microrganismos). A maioria tificial privilegiando as algas que cresciam mais
de uma única célula, que pode
ser observado a olho nu; alguns dos seres unicelulares, de fato, são menores que rapidamente e eram mais resistentes a produtos
desses seres podem ter de 5 mm 0,1 mm. químicos, à radiação ultravioleta e às águas frias.
a 3 m. Em 1980, esse aquário alemão passou a dis-
2. Sim, os ovos, em geral são
Chaos carolinensis (5 mm) tribuir sua alga selecionada a vários outros aquá-
formados de uma única célula O Chaos carolinensis pertence à família rios na Europa. Quatro anos mais tarde, aconte-
(gameta feminino). Amoebidae, porque em muitos aspectos se as- ceu o inevitável: algumas algas do aquário em
3. Como essas listas são feitas por semelha às amebas. Locomove-se usando seus Mônaco acabaram no Mar Mediterrâneo.
seres humanos, nós não nos pseudópodos (falsos pés) e, como as amebas, A Caulerpa taxifolia é resistente à poluição, po-
consideramos uma “espécie se alimenta envolvendo e absorvendo micror- de se regenerar de fragmentos muito pequenos
invasora”, mas dentro do ganismos. (1 cm) e produz toxinas. Ela chegar a ter 200 ra-
conceito de ocupar um ambiente
A diferença é que as amebas têm um único mificações e pode atingir 3 metros de compri-
e causar devastação ecológica e
a destruição de outras espécies, núcleo e a Chaos carolinensis tem até mil núcleos mento.
sim, deveríamos fazer parte dispersos sem nenhum padrão.
Agora é com você!
dessa lista.
Acetabularia (10 cm) 1. Para você, o que significa o termo “gigan-
A Acetabularia é uma alga em forma de guar- te unicelular”?
da-chuva que cresce até 10 cm de comprimento. 2. Um ovo (de galinha ou de avestruz) pode
É encontrada em grupos e vive em águas rasas ser considerado uma única célula?
BNCC
de regiões subtropicais, repletas de pedras. 3. A Caulerpa taxifolia causou uma grande
O trabalho com a seção Vida e devastação ecológica no ambiente em
ambiente – Gigantes unicelulares que foi solta e, por isso, recebeu o apelido
atende as competências e o tema
Vardhan Patankar, (CC BY SA 4.0)

de “alga assassina”, além de um lugar na


indicados a seguir.
lista de 100 piores espécies invasoras do
Competências gerais: 2 e 7. Global Invasive Species Specialist Group.
Competências específicas: 1 e 2. Discuta com seu grupo: o ser humano
Tema Contemporâneo Transversal: também deveria fazer parte da lista de
Meio Ambiente. espécies invasoras? Justifiquem a opinião
IMAGEM 17: Acetabularia. de vocês.

110 Unidade 2 | Sistema nervoso

110 Unidade 2 | Sistema nervoso


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA
Vírus
Nem todos os vírus têm formato esférico, como o influenza (gripe)
e o da covid-19 (SARS-CoV-2), que são exemplos de retrovírus, ou
Professor, em 2018, no entanto,
seja, cujo material genético é constituído apenas por RNA.
foi descoberto no Brasil um vírus
Em geral, os vírus têm um ciclo que se baseia nas seguintes etapas: gigante, o Tupanvírus, com 2,3 µm de
(1) reconhecer e se fixar na célula hospedeira; (2) penetrar e inserir comprimento. Este é o maior vírus já
identificado no planeta.

Osvaldo Sequetin
o material genético viral na célula; (3) replicar-se, ou seja, fazer a
célula produzir cópias do material genético viral; (4) estabelecer a Foi encontrado em dois lugares
montagem, organizando os componentes virais replicados em novos distintos: nas lagoas salinas do
vírus; e (5) promover a liberação dos vírus formados, produzindo Pantanal e a 3 mil metros de
enzimas que rompem a célula hospedeira. Esses vírus liberados irão profundidade, na Bacia de Campos,
repetir o ciclo infectando outras células. no Rio de Janeiro.
O vírus o H1N1, que usa uma saliência chamada hemaglutinina A equipe que descobriu o vírus,
da Universidade Federal de Minas
(H) para reconhecer um receptor da célula, conseguir entrar e utilizar
ILUSTRAÇÃO 8: vírus
Gerais, já havia identificado em
a estrutura celular para se replicar, produzindo cópias de si mesmo.
complexos Adenovírus 2014 o Samba Vírus, originário da
Em seguida, essas cópias saem da célula, utilizando uma enzima
(material genético, DNA). Amazônia, e o vírus Rio Negro, que
(um tipo de proteína de ação digestiva) chamada neuraminidase (N), É bacteriofágico (infecta não é gigante, mas é um virófago
para, então, infectar outras células e repetir o processo. bactérias). capaz de parasitar um vírus gigante.
Há também 9 tipos de neuraminidase (N). As que permitem a saída Para saber mais acesse o link :
do vírus de células humanas são a 1, a 2 e a 8. Por isso, o vírus da gripe, Disponível em:
H1N1, causa tanta preocupação. Por outro lado, por exemplo, um vírus https://fnxl.ink/JAFAVL
H4N6 não tem a estrutura necessária para infectar seres humanos. Acesso em: 16 ago. 2022.

Osvaldo Sequetin
N

ILUSTRAÇÃO 9: adenovírus
(material genético, DNA).
Kateryna Kon/Shutterstock

Exemplos: vírus da
pneumonia e da hepatite.
Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 7: H1N1. Na natureza, há 16 subtipos de hemaglutinina ILUSTRAÇÃO 10: retrovírus

(H), sendo que apenas a 1, a 2 e a 3 podem reconhecer receptores (material genético RNA).
de células humanas e, assim, infectá-las. Há também 9 tipos de Exemplo: vírus do mosaico
neuraminidase (N). As que permitem a saída do vírus de células do tabaco.
humanas são a 1, a 2 e a 8. Por isso, o vírus da gripe, H1N1, causa tanta
preocupação. Por outro lado, por exemplo, um vírus H4N6, não tem a Fonte: Crawford, Dorothy H. The
estrutura necessária para infectar seres humanos. Invisible Enemy. Oxford. Londres, 2002.

Unidade 2 | Sistema nervoso 111

Mimivírus
Mimivírus é uma classe de vírus gigantes de DNA (adenovírus). Estudos recentes comprovam que o mimivírus
é um potencial patógeno humano causador de pneumonia. Entre os já isolados pelo grupo de pesquisa da
Universidade Federal de Minas Gerais, mas ainda não caracterizados geneticamente, estão o Niemayer Vírus,
encontrado na Lagoa da Pampulha, em frente ao Museu de Artes; e o Cipó Vírus, localizado na Serra do Cipó.
A pesquisa se concentra em lagos com matéria orgânica acumulada. Esse tipo de lago normalmente contém
amebas, e os vírus gigantes podem ser encontrados em amebas.

Unidade 2 | Sistema nervoso 111


VIDA E AMBIENTE

Professor, a leitura proposta abre


espaço para a introdução do conceito
A maior parte do seu corpo não é humana
de microbioma e suas diversas
aplicações. Os primeiros estudos Nas últimas décadas, o estudo dos microrga- Isso se deve em grande parte ao fato de a área
de microbiomas basearam-se em nismos que hospedamos cresceu vertiginosa- das paredes intestinais de um adulto ser equiva-
métodos dependentes do cultivo mente, dando origem a um novo campo da micro- lente à de uma quadra de tênis – é, portanto, um
de bactérias, mas hoje se sabe que biologia. Desde então, essa comunidade amigável imenso espaço para interações entre o tecido
a maioria dos microrganismos que de minúsculos seres vem sendo chamada de mi- humano e os micróbios.
habitam o corpo humano não é crobiota (ou ainda flora, microflora e microbioma,
cultivável in vitro. entre outros nomes).
Foi necessário o desenvolvimento de Embora não a enxerguemos a olho nu, a mi-
outros métodos, não dependentes crobiota é parte importante de nosso organismo.
de cultivo, para que o estudo do

Kateryna Kon/Shutterstock
Estima-se, por exemplo, que mais da metade do
microbioma humano avançasse.
material das fezes seja composto de células mi-
O microbioma oral, por exemplo, crobianas.
mostrou-se bastante diversificado
ao ser analisado de acordo com Calcula-se que, no corpo de um adulto, exista
novas metodologias de estudo. cerca de 1 kg de micróbios. O papel importante
desses seres microscópicos fica ainda mais evi- IMAGEM 18: representação artística da
Hoje podemos perceber que a
cavidade oral inclui vários nichos dente quando comparamos o número de células microbiota humana.
ecológicos, como a saliva, as fendas humanas e microbianas no nosso corpo. Essa associação começa cedo. No instante em
gengivais, a superfície da língua e a Estimativas indicam que há 10 vezes mais mi- que nasce, por parto normal, o bebê é colonizado
faringe posterior. cróbios em nossos corpos do que nossas próprias por bactérias do canal vaginal da mãe. Já bebês
Centenas de espécies de bactérias, células. Em outras palavras, quanto ao número que nascem por cesariana têm uma microbiota
estima-se de 500 a 700 ou mais, de células, somos 90% micróbios e apenas 10% diferente, composta principalmente de micróbios
colonizam a cavidade oral. humanos. da pele da mãe e dos profissionais de saúde en-
A placa dental, ou biofilme, Mas não para por aí. Assim como os humanos, volvidos no parto.
da superfície do dente e áreas esses microrganismos também têm seus genes, Após a colonização inicial, a comunidade mi-
subgengivais representam uma que determinam como eles vivem e interagem crobiana do bebê é simples e instável. Entretanto,
complexa reunião de micróbios, e com outros organismos. após o primeiro ano de vida, a composição desta
tal comunidade microbiana bem se estabiliza e se torna semelhante à de um adul-
Se calcularmos o número de genes microbia-
estruturada reside em contato to. A partir daí, a microbiota continua evoluindo,
nos presentes em nosso corpo, chegamos à im-
íntimo com os tecidos do hospedeiro. mas de forma mais estável.
pressionante conclusão de que abrigamos 100
Comunidades microbianas vezes mais genes microbianos do que humanos. Luis Caetano Martha Antunes. A microbiota humana. Ciência Hoje,
associadas à saúde podem São Paulo, [20--]. Disponível em: https://fnxl.ink/EZCRKG.
Assim, em termos de número de genes, somos Acesso em: 25 maio 2022.
conferir proteção a infecções, mas
99% micróbios e apenas 1% humanos. [...] Agora é com você!
existem comunidades implicadas
em doenças sistêmicas e locais, A microbiota está presente na boca, no estô- 1. O que significa microbiota e onde ela se
como periodontais, endocardites e mago, no intestino, nos tratos geniturinário e concentra no organismo?
pneumonia por aspiração. respiratório, nos olhos, na pele etc. Embora esta 2. Como adquirimos a nossa microbiota?
se distribua por todas as áreas de contato com o 3. O uso de antibióticos pode prejudicá-la?
exterior, a maior parte da colonização (cerca de 4. Nosso organismo também possui um
70%) ocorre no trato gastrointestinal. viroma humano. Pesquise o que é e quais
BNCC os benefícios que ele proporciona.
O trabalho com a seção Vida e
ambiente – A maior parte do seu 112 Unidade 2 | Sistema nervoso
corpo não é humana atende as
competências e os temas indicados
a seguir.
Competências gerais: 2 e 8.
Microbiota vaginal
Competências específicas: 2, 3 e 7 .
Temas Contemporâneos A microbiota vaginal tem importante papel na prevenção de infecções do trato urinário e vaginais. Sabe-se
Transversais: Meio Ambiente e que a composição dessa microbiota varia com a idade, pH e níveis hormonais. Lactobacilos são considerados
Saúde. mais prevalentes em mulheres saudáveis na pré-menopausa, conhecidos por seu papel protetor ao hospedeiro
por supressão da colonização de patógenos. Tais efeitos podem ser decorrentes da aderência à mucosa pelos
lactobacilos, produção de ácidos orgânicos, redução do pH vaginal e produção de compostos antimicrobianos
que previnem a proliferação de patógenos.

112 Unidade 2 | Sistema nervoso


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1. A coluna 1 traz uma relação de seres vivos e a Coluna 2


1.
coluna 2, algumas de suas características. I. Importante no processo de divisão ce- a. e IV
Relacione corretamente a letra da coluna 1 lular. b. e V
com o número da coluna 2. II. As organelas que estão livres no cito- c. e I
Coluna 1 plasma sintetizam proteínas para a o in- d. e III
terior da célula; as que estão aderidas ao
a. Bactérias. e. e II
retículo endoplasmático sintetizam pro-
b. Arqueas. teínas para fora da célula. 2.
c. Seres eucarióticos animais. III. Exclusivas das células vegetais, são es- a. e IV
d. Seres eucarióticos vegetais. truturas que apresentam seu próprio b. e VII
e. Vírus. DNA e são capazes de se autoduplicar;
entre outras funções, atuam na fotossín- c. e I
Coluna 2
tese. d. e VI
I. Seres cujas células possuem organelas
e um núcleo diferenciado, onde o ma- IV. Atua na digestão intracelular e na reci- e. e II
terial genético fica protegido por uma clagem de componentes celulares enve- f. e V
lhecidos.
membrana celular. g. e III
V. Entre outras funções, envia as proteínas
II. Seres que não são formados por célu- 3.
sintetizadas pelos ribossomos para fora
las, mas usam a célula de um hospedeiro
da célula. a. Porque os vírus são capazes
para se replicar.
VI. Atua na síntese da membrana celular. de construir a si mesmos (são
III. Seres eucarióticos que possuem um autopoiéticos), ainda que
VII. Atua na respiração celular, transforman-
grande vacúolo central e plastos, como utilizando a célula de outro ser.
do oxigênio e glicose em gás carbônico,
os cloroplastos, que acumulam clorofila
água e energia. b. O adenovírus possui DNA como
para o processo de fotossíntese.
material genético, o retrovírus
IV. Seres unicelulares procariontes; seu 3. Os vírus foram descobertos a partir de traba-
possui RNA.
material genético fica disperso no cito- lhos realizados, separadamente, pelo biólo-
go russo Dimitri Iwanowski (1864-1920), em Observação: existem vírus
plasma.
1892, e pelo botânico holandês Martinus Bei- que possuem DNA e RNA em
V. Seres unicelulares com características momentos diferentes de sua
jerinck (1851-1931), em 1893. Por serem mui-
intermediárias entre os procariontes e fase de replicação, como o vírus
to pequenos, eles não podem ser vistos em
os eucariontes; vivem em ambientes ex- um microscópio comum. Por isso, os estudos HIV, que causa a síndrome da
tremos. nessa área só avançaram na década de 1940, imunodeficiência adquirida, e
2. Faça o mesmo que foi pedido no exercício an- quando surgiram os primeiros microscópios o hepadnavírus, que causa a
terior, relacionando agora a organela com sua eletrônicos. O SARS-CoV-2, por exemplo, que hepatite B.
respectiva função. causou a pandemia da covid-19, tem entre c. A hemaglutinina possibilita
Coluna 1 50 nm e 200 nm. a entrada do vírus na célula
a. Explique por que os vírus são considerados hospedeira.
a. Lisossomos.
seres vivos, apesar de não serem formados A neuroamidase possibilita
b. Mitocôndrias. por células. a saída do vírus na célula
c. Centríolo. b. Qual é a diferença entre adenovírus e re- hospedeira.
d. Retículo endoplasmático. trovírus?
e. Ribossomos. c. Qual é a diferença entre hemaglutinina, H,
f. Complexo golgiense. e neuraminidade, N, no tocante à ação do
g. Plastos. vírus na célula hospedeira?

Unidade 2 | Sistema nervoso 113

Unidade 2 | Sistema nervoso 113


4. Os fungos são organismos microscópicos do muito semelhante à humana, minimizando a
grupo eucariontes, ou seja, que possui núcleo necessidade de procedimentos caros e com-
celular fechado por uma membrana. Esses se- plexos de purificação.
4. res vivos possuem, na definição taxionômica A Saccharomyces cerevisae é a levedura predo-
da biologia, um grupo próprio: o reino fungi. minante para a produção de insulina em larga
a. Bactérias são seres proca­riontes
Ou seja, eles não pertencem aos reinos dos escala.
e fungos são seres eucariontes.
animais, bactérias ou plantas.
Bactérias são unicelulares e Ruan Fernandes. Fungos. Educa Mais Brasil,
os fungos, em geral, são seres [s. l.], 2019. Disponível em: 4%
pluricelula­res, com exceção https://fnxl.ink/BUVQVR
Acesso em: 25 maio 2022.
da levedu­ra, que é um fungo 13%
O pão integral, feito de farinha não refinada,
unicelular.
fornece muitos nutrientes ao organismo e
b. O fermento biológico, tem grande quantidade de fibras. As fibras

Equipe NATH
geralmente utilizado para fazer reduzem o risco de doenças como diabetes 56%
pães, é composto de levedu­ras de tipo 2, doenças cardiovasculares ou cân- 24%
do gênero cer do cólon.
Saccharomyces, e a espécie Os microrganismos que fazem a fermentação
mais usada é o Saccharomyces da farinha para a obtenção do pão são fungos
cerevisiae. Le­veduras são um do gênero Saccharomyces, os mesmos utiliza-
3%
tipo de fungo: elas liberam dos para fabricar cerveja e vinho.
gás carbônico no processo de
A espécie mais conhecida é a Saccharomyces Escherichia coli
fermentação da glicose, obtida cerevisiae, denominada levedura de cerveja ou
pela quebra de moléculas de levedo de cerveja.
Sacchramyces cerevisae
farinha. Já o fermento químico,
a. Qual é a principal diferença entre bacté- Cultura de células de insetos
comumente utilizado para fazer
rias e fungos?
bolos, é constituído por subs­ Cultura de células de mamíferos
tâncias químicas que rea­gem ao b. Qual é sua hipótese sobre a diferença entre
Animais e plantas transgênicos
fermento biológico e fermento químico?
entrar em contato com a massa
úmida, liberando gás carbônico. 5. A insulina foi descoberta em 1921 pelo médi- FIGURA 1: gráfico de fabricação de insulina.

5. co canadense Frederick Banting (1891-1941) Fonte: Nabih A. Baesher et al. Cell factories for insulin
production. Microbial Cell Factories, [s. l.], 2014. v. 13. p. 141.
em parceria com o fisiologista canadense
a. Cultura de células de mamí­feros. Charles Herbert Best (1899-1978).
b. Animais e plantas transgê­nicos. Analise o gráfico e indique:
Antes disso, a única forma de tratamento para
a. Qual é o método mais utilizado na produ-
6. o diabetes era uma dieta altamente restritiva
ção de insulina atualmente?
Alternativa e. e a expectativa de vida era baixa.
b. Qual é o método menos utilizado?
Até a década de 1980, o pâncreas dos animais
abatidos nas fazendas era utilizado na produ- 6. Em relação aos vírus, assinale a alternativa
ção de insulina em larga escala. correta:
No início da década de 1980, uma empresa a. Todos os vírus apresentam DNA como ma-
de biotecnologia anunciou que havia produzi- terial genético.
do essa substância ao introduzir a sequência b. Os vírus infectam apenas os animais, entre
de DNA da insulina humana em uma cepa de os quais os humanos.
bactérias Escherichia coli (cepa significa bacté- c. Os vírus não possuem células, portanto
rias que descendem de uma mesma linhagem não são seres vivos.
ou mesma família).
d. Existem vírus gigantes que podem ser vis-
Atualmente, as bactérias E. coli produzem tos a olho nu.
mais de 24% da insulina consumida no mundo.
e. Os chamados retrovírus possuem RNA
O restante pode ser obtido utilizando células
como material genético.
de leveduras, já que elas secretam insulina

114 Unidade 2 | Sistema nervoso

114 Unidade 2 | Sistema nervoso


Organização do corpo humano
Vimos que os seres humanos têm mais de 30 trilhões de células
em seu organismo. Professor, no 5o ano, os estudantes
estudaram os sistemas circulatório
• Como essas células se organizam?
e digestório e receberam noções de

wayhomestudio/Freepik Premium
• Como o corpo humano é formado? alimentação saudável. Reforce com
• Como o nosso organismo funciona? eles a importância de fazer escolhas
É importante que você adquira esse conhecimento; afinal, é ques- saudáveis sempre que possível,
tão de conhecer o próprio corpo. Quanto mais você souber a respei- fazer exercícios físicos e caminhadas
to do seu organismo, melhores serão suas decisões em relação aos
e cuidar bem do próprio corpo,
escovando corretamente os dentes
cuidados que deve tomar com ele, não é mesmo?
e lavando as mãos com frequência
Ao estudar o corpo humano, você entenderá a razão da necessi- IMAGEM 19: pai e filho como forma de prevenção de
dade de: escovando os dentes. Manter diversas doenças.
a higiene bucal em dia é uma
• alimentar-se bem ingerindo produtos saudáveis (pelo me- atitude importante para
nos na maior parte do tempo); prevenir o mau hálito e a
proliferação de bactérias que
• praticar exercícios físicos regularmente, sem exageros;
causam o tártaro, as cáries e a
• consultar um médico antes de tomar qualquer medicamen- gengivite. Professor, chame a atenção para as
to e jamais tomar um remédio que viu na propaganda ou imagens. Comente a importância de
que foi indicado por um amigo; escovar os dentes após as refeições e
• manter a higiene sempre em dia, com banhos diários, lavan- principalmente antes de dormir para
Glossário manter, não apenas a saúde bucal,
do as mãos com frequência e escovando os dentes após as
Tártaro: placa bacteriana ou mas de todo o organismo, pois tudo
refeições. biofilme dental que endurece na o que compõem o corpo humano é
São atitudes simples, mas que podem significar uma vida melhor, superfície dos dentes e só pode ser interdependente e integrado. Chame
com saúde e disposição para o que vier pela frente. removido por um dentista.
Cárie: destruição dos dentes
a atenção também para o fato de
Convencido? Vamos começar! causada por bactérias. que cuidar da saúde ao longo da vida
Gengivite: inflamação proporciona um envelhecimento
(reação do organismo a uma saudável e ativo.
infecção, ou seja, uma invasão de
microrganismos, no caso, bactérias)
na gengiva.
camandona/Freepik Premium

BNCC

O trabalho com o texto “Organização


do corpo humano” atende às
competências e aos temas indicados
a seguir.
Competência geral: 8. 
Competência específica: 7.
Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde e Cidadania e
IMAGEM 20: casal de idosos com pranchas de surf na praia. Civismo

Quer chegar à idade deles com essa disposição?


Então comece a cuidar do seu corpo agora!

Unidade 2 | Sistema nervoso 115

Unidade 2 | Sistema nervoso 115


Especialização das células
Chegamos a mencionar anteriormente que o corpo humano tem
mais de 216 tipos de células diferentes.
Professor, procuramos aqui
esclarecer a natureza, a origem e Você já parou para pensar qual é a origem dessas células? De on-
as funções das células-tronco, um de elas vieram? Como foram formadas?
assunto que geralmente causa Provavelmente, você já ouviu na televisão, nos jornais ou na inter-
polêmicas em relação às suas net algum comentário sobre as células-tronco.
aplicações justamente por falta de
conhecimento. As células-tronco são as primeiras células que se formam quando
um ser vivo concebido, ou seja, aparecem nos primeiros estágios de
As células-tronco podem ser de
vários tipos. desenvolvimento. São células não especializadas, isto é, não têm uma
função específica no organismo (dizemos que são indiferenciadas).
1. Totipotentes: são capazes de FORA DE ESCALA

originar qualquer tipo de célula Após determinado momento, as células-tronco começam a se es-
CORES FANTASIA
do organismo, inclusive placenta pecializar e a se transformar em células nervosas, células da pele,
e tecidos extraembrionários. Um células do sangue, e assim por diante.
exemplo é o zigoto. Apesar de todas as células-tronco terem o mesmo DNA, para que
2. Pluripontentes: são capazes a especialização celular ocorra é necessária a ativação de algumas
de originar diferentes tipos partes do DNA e a desativação de outras.
de célula (menos a placenta e
Assim, células-tronco com um mesmo material genético se dife-
tecidos extraembrionários),
como a medula óssea vermelha. Neurônios: células do renciam em células com formas e funções diferentes, que originarão
tecido nervoso. todos os tecidos e órgãos.
3. Multipotentes: quando estão
Epiteliais: células do tecido
associadas a um único tipo de
epitelial que formam o
célula, como as epiteliais. Hemácias
tecido mais externo da pele
Célula-tronco
Para discorrer sobre os diversos (pluriestratificado não especializada
tipos de célula, as inúmeras e queratinizado). Adiposas
funções que desempenham, Condrócitos: células presentes
bem como sua organização no tecido cartilaginoso,
em órgãos e sistemas, é distribuídas em várias partes
interessante abordar primeiro as do corpo, como nariz, orelhas,
células percursoras e o processo joelhos, entre outras.
de diferenciação celular. Nesta Enterócitos: células da camada
seção, portanto, apresentamos superficial dos intestinos Neurônios
as células-tronco como a origem delgado e grosso.

Osvaldo Sequetin
comum de todas as células que Músculo cardíaco: células
compõem o nosso organismo, o encontradas apenas
começo de tudo. Note que não é no coração.
preciso falar sobre concepção ou Adiposas: células que
desenvolvimento embrionário armazenam gordura, compõem Músculo cardíaco
nesse momento, informe apenas o tecido adiposo.
que são as primeiras células Hemácias: células sanguíneas
que surgem na formação de um (glóbulos vermelhos), cuja Epiteliais
organismo. função é transportar oxigênio
pelo organismo.
Condrócitos Enterócitos

ILUSTRAÇÃO 11: representação artística da especialização de células-tronco.

116 Unidade 2 | Sistema nervoso

116 Unidade 2 | Sistema nervoso


VIDA E AMBIENTE

Agora é com você!


A incrível conexão cérebro-intestino
1. Respostas pessoais. Para guiar
a discussão, considere que a
O coração, o fígado e os rins que nos perdoem, mais de 30 mensageiros químicos montados no
ideia de termos neurônios
mas não há órgão mais fascinante que o intestino. ventre. no intestino é mais aceita
A começar pelo seu tamanho descomunal: se pelos estudantes quando eles

Anatomy Image/Shutterstock
abríssemos e esticássemos seus dois trechos – o percebem que muitas de suas
delgado e o grosso –, ele ocuparia uma área de emoções são acompanhadas
250 metros quadrados, o equivalente a uma qua- pela sensação de “frio na
barriga” ou “aperto no
dra de tênis. Tudo está enrolado e compactado
estômago”. Por essa razão,
dentro do ventre. as perguntas os auxiliam a criar a
Espera: neurônios lá no abdômen? Sim, fala- conexão entre as emoções
mos das mesmíssimas células que constituem o e o intestino.
cérebro. “O intestino tem cerca de 500 milhões IMAGEM 21: conexão cérebro-intestino. 2. Sim, porque emoções como
delas”, calcula o gastroenterologista Eduardo “estar apaixonado” provocam
Essas substâncias são encarregadas de trans- reações do sistema nervoso
Antonio André, do Hospital do Servidor Público
mitir recados de um lado para o outro e estabe- entérico que as pessoas
Estadual, em São Paulo.
lecer comunicação eficiente entre o intestino e o reconhecem como “borboletas
É menos que a massa cinzenta, que tem bi- cérebro de verdade. no estômago”, embora a maior
lhões, mas o suficiente para formar um sistema parte dos neurônios do sistema
“Essa conversa acontece diretamente por
nervoso próprio, responsável por coordenar digestório esteja concentrada
meio do nervo vago, estrutura que passa pelo nos intestinos, e não no
tarefas como a liberação de substâncias diges-
tórax e liga o sistema gastrointestinal à cabeça”, estômago propriamente dito.
tivas e os movimentos que estimulam o bolo
descreve o endocrinologista Filippo Pedrinola, 3. O organismo humano é dotado
fecal a ir embora.
da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Me- de um sistema complexo que
“Esses circuitos operam sozinhos, ou seja, in- tabologia. O nervo vago é uma via de mão dupla: envolve neurônios específicos
dependem do comando cerebral”, destaca André. assim como o abdômen manda mensagens para para estimular o apetite
Dá para entender por que apelidaram o intestino a massa cinzenta, o correio inverso também ocor- (orexígenos) e para expressar
de segundo cérebro? re. “É por isso que, diante de uma situação de a saciedade (anorexígenos),
Os neurônios intestinais chamam a atenção comandados pelo hipotálamo.
estresse, podemos sentir frio na barriga ou von-
Esse assunto não foi discutido
também pela sua farta produção de serotonina, tade de ir ao banheiro”, esclarece Pedrinola.
no livro. A ideia com essa
substância que nos leva ao estado de bem-estar André Biernath. A incrível conexão cérebro-intestino.
questão é apenas incentivar as
Saúde Abril, São Paulo, 2019.
– 90% da serotonina descarregada pelo corpo Disponível em: https://fnxl.ink/RDZRMB. discussões e a curiosidade dos
é fabricada ali. Acesso em: 14 abr. 2019.
estudantes. De qualquer forma,
“Esse neurotransmissor [substância que é li- Agora é com você! não é errado considerarmos
que os neurônios do intestino
berada entre os neurônios e permite a transmis- 1. Você já sentiu uma sensação de “frio na
também estão envolvidos no
são dos impulsos nervosos ao longo dos nervos] barriga” ou “aperto no estômago”? Em processo de apetite e saciedade,
é importante porque garante o funcionamento que situação? uma vez que todos os órgãos
adequado do órgão”, diz o médico Henrique Bal- 2. Faz sentido um apaixonado dizer que e sistemas do corpo humano
lalai, da Academia Brasileira de Neurologia. Mas sente “borboletas no estômago”? são integrados, e que essas
se sabe que ele ainda pode exercer um efeito 3. O apetite ou a falta dele podem estar sensações são percebidas
sistêmico. O fato é que a serotonina é só um dos relacionados aos neurônios do intestino? na região do organismo que
compõe o sistema digestório.
Unidade 2 | Sistema nervoso 117

BNCC

O trabalho com a seção Vida e


ambiente – A incrível conexão
cérebro-intestino atende as
competências e o tema indicado
a seguir.
Competências gerais: 2 e 8.
Competências específicas: 2 e 7 .
Tema Contemporâneo Transversal:
Saúde

Unidade 2 | Sistema nervoso 117


FORA DE ESCALA
Tecidos
Os tecidos são formados por células de mesma forma e função. O
CORES FANTASIA
organismo humano, por exemplo, é formado por quatro tipos funda-
Professor, ao falar de tecidos, é
importante que o estudante retome mentais de tecido nervoso, epitelial, muscular e conjuntivo.
o conceito de que sua unidade
Tecido nervoso
básica são as células. Os tecidos
podem ser formados por mais O tecido nervoso é formado pelos neurônios e pelas células da glia,

user20966292/Freepik Premium
de um tipo de célula, que, dentro responsáveis pela nutrição, sustentação e defesa dos neurônios.
desse “microambiente”, trabalham Apresenta várias ramificações pelas quais as informações são
associadas para promover o bom
transmitidas de um ponto a outro do organismo com uma velocidade
funcionamento da unidade.
quase instantânea.
Da mesma maneira, a integridade
da estrutura dos tecidos e suas Tecido epitelial
relações dentro de um órgão são
fundamentais para o funcionamento ILUSTRAÇÃO 12: representação É formado por células epiteliais sobrepostas umas às outras. As
dele. Também é importante ressaltar artística de neurônios da epiderme têm formato de prisma.
que as características dos tecidos formando tecido nervoso. Essa característica faz
que compõem um órgão estão com que o tecido epitelial
diretamente relacionadas com a atue como uma barreira
função exercida por ele.

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protetora no organismo,
Isso pode ser ilustrado tomando dificultando a perda de
como exemplo o sistema água e a entrada de agen-
cardiovascular, em que o coração VÍDEO
TECIDO tes externos. Fonte: Jane B. Reece. et al. Biologia de
exerce o papel de uma bomba NERVOSO Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
contrátil e os vasos sanguíneos É o tecido de revestimen-
epiderme. Células
ILUSTRAÇÃO 13:
cumprem a função análoga à de uma to da parte externa do corpo
formando o tecido epitelial da
mangueira dentro de um circuito e das mucosas internas dos
camada superficial da pele.
fechado, ligando-o a essa bomba órgãos.
com certa quantidade de líquido
(sangue) em seu interior. Para Tecido muscular
cumprir essas funções, a composição É formado por células alongadas, em forma de fibras, agrupa-
do coração se dá essencialmente
das em grandes feixes, com capacidade para se contrair e se alon-
por células musculares altamente
capacitadas para esse tipo de gar, conforme os movimentos do corpo.
contração, enquanto o tecido que Pode ser de três tipos:
compõe os vasos sanguíneos é
• tecido muscular liso: encontrado nos órgãos que apresen-
constituído principalmente por
tam cavidades como estômago, útero, bexiga, artérias, veias,
fibra muscular lisa, oferecendo
Osvaldo Sequetin

complacência ao fluxo sanguíneo vasos sanguíneos, entre outros.


em vez de propulsão, como faz o • tecido muscular estriado esquelético: encontrado no siste-
coração. ma muscular esquelético.
• tecido muscular estriado cardíaco: encontrado apenas no
coração, que atua como uma bomba, contraindo e relaxan-
do para enviar o sangue por todo o organismo.

ILUSTRAÇÃO 14: representação artística de células do tecido muscular estriado esquelético.

118 Unidade 2 | Sistema nervoso

118 Unidade 2 | Sistema nervoso


Tecido conjuntivo
É um tecido de preenchimento e suporte que dá sustentação aos

Tinydevil/Dreamstime
órgãos e faz a conexão entre as diversas partes do organismo.
São exemplos os ossos, as cartilagens, os tendões, que ligam os
músculos aos ossos, e os ligamentos, que unem os ossos entre si.
As células adiposas também constituem um tipo de tecido conjun-
tivo, assim como o sangue.
No interior dos ossos, principalmente os mais longos, há uma mas-
sa gelatinosa (tutano) denominada medula óssea, que é outro tipo de
tecido conjuntivo.
Na medula óssea vermelha de determinados ossos, a concentração
ILUSTRAÇÃO 15: células
de células-tronco é maior, pois ali são fabricadas todas as células do
formando o tecido conjuntivo.
sangue, como as hemácias e os leucócitos (glóbulos brancos), que Fonte: Jane B. Reece. et al.
Biologia de Campbell. 10. ed.
atuam na defesa do organismo contra agentes externos. Porto Alegre: Artmed, 2015.

O transplante de medula óssea consiste em colher células-tronco


da medula de um doador compatível e inseri-las na medula de uma
Professor, lembre os estudantes
paciente que tenha, por exemplo, leucemia (um tipo de câncer que de que cada órgão tem uma função
afeta os leucócitos e, portanto, compromete a imunidade às doenças). diferente, mas que depende de
Você sabia?
Todos os órgãos do corpo humano têm certa quantidade de célu- outro órgão para realizá-la. Por
las-tronco para renovar as células que envelhecem ou morrem ao
Perceba que os tecidos exemplo, os rins filtram sangue, mas
epiteliais não são quem leva o sangue até os rins é o
longo da vida. vascularizados; logo, coração. No caso da digestão dos
As células-tronco de um ser humano adulto tanto podem se divi- não sangram se forem alimentos, então, cada segmento do
feridos. Quando temos tubo digestório realiza um trabalho
dir para formar uma nova célula-tronco como podem se especializar
um sangramento na pele
em determinada célula, e assim é possível atender às necessidades
diferente, levando nutrientes de que
é porque o ferimento foi
as células necessitam para que o
do organismo. além do tecido epitelial e
atingiu o tecido conjuntivo.
organismo funcione adequadamente.

Órgãos A ação enzimática ocorrida


no estômago está associada
Vimos que os tecidos são formados por um conjunto de células apenas à pepsina, que atua sobre
de mesma especialização e possuem determinadas funções no proteínas, permitindo a liberação de
polipeptídeos, que sofrerão posterior
organismo.
degradação no duodeno sob ação de
Os órgãos, por sua vez, são formados de um ou mais tecidos, tripsina secretada pelo pâncreas, que
compondo estrutura responsável por uma função específica no liberará aminoácidos. No duodeno,
organismo. ainda, ocorrerá a liberação de ácidos
graxos e glicerol, a partir da digestão
É importante que todos os órgãos estejam funcionando bem e em de lipídios, de nucleotídeos, a partir
conjunto para que o organismo se mantenha saudável. da digestão de ácidos nucleicos; e
Quando um único órgão funciona mal ou deixa de funcionar, todo de monossacarídeos, a partir da
digestão de dissacarídeos. Todos os
o organismo é prejudicado.
nutrientes liberados até o duodeno
Veja, nos quadros a seguir, uma relação dos principais órgãos e serão absorvidos no jejuno e íleo.
suas funções. Desse modo, cada segmento
do tubo digestório hidrolisa um
Unidade 2 | Sistema nervoso 119 substrato, liberando o respectivo
nutriente.

Unidade 2 | Sistema nervoso 119


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

PRINCIPAIS ÓRGÃOS DO CORPO HUMANO E SUAS FUNÇÕES

Órgão e função Imagem Órgão e função Imagem


Professor, a pele participa da
termorregulação e, portanto, Pele: é o maior Cérebro:

Osvaldo Sequetin
está associada diretamente com órgão do corpo comanda

Osvaldo Sequetin
o metabolismo energético. Há o humano. Protege pensamentos
armazenamento de lipídios no o organismo, é e movimentos
tecido adiposo e o processo de sensível a estímulos enviando
transpiração, ambos conectados com e atua no controle informações para
essa questão. de temperatura. os membros,
que geram uma
O cérebro, por sua vez, é responsável
resposta imediata.
por reflexos associados com a
nutrição, como a salivação e os
movimentos gástricos, por exemplo.
Os órgãos dos sistemas respiratório
e digestório basicamente são
IMAGEM 22: pele. ILUSTRAÇÃO 16: cérebro.
responsáveis por captar, processar
e distribuir os gases e nutrientes Coração: bombeia Pulmões: sua
necessários para a liberação de o sangue, fazendo-o principal função é

Osvaldo Sequetin
energia por meio do processo de

Osvaldo Sequetin
circular por todos oxigenar o sangue
respiração celular. os órgãos por e eliminar o gás
meio dos vasos carbônico do
No interior das células, o oxigênio
sanguíneos. organismo.
proveniente da respiração e os
nutrientes obtidos pela digestão são
transformados em gás carbônico,
água e energia. A transformação de
energia deve ser abordada como o
princípio básico para a manutenção
da vida; afinal, toda atividade
que ocorre em nosso organismo
é dependente de energia, seja a ILUSTRAÇÃO 17: coração. ILUSTRAÇÃO 18: pulmões.
realização de exercícios, como
Fígado: Pâncreas: é
os movimentos, a percepção dos
responsável responsável
sentidos, o funcionamento dos
por processar pela produção
órgãos, seja a própria manutenção
e armazenar de enzimas
do metabolismo celular.
nutrientes, digestivas e

Osvaldo Sequetin
processar hormônios, como
medicamentos a insulina, que
Osvaldo Sequetin

e hormônios controla os níveis


BNCC e purificar o de açúcar
O trabalho com os quadros organismo no sangue.
“Principais órgãos do corpo de toxinas.
humano e suas funções” atende às
competências e ao tema indicado a
seguir. ILUSTRAÇÃO 19: fígado. ILUSTRAÇÃO 20: pâncreas.

Competência geral: 8.  Fonte: Friedrich Paulsen; Jens Waschke. Sobotta Atlas of Anatomy. [S. l.]: Ed. Urban & Fischer, 2018.

Competência específica: 7.
Tema Contemporâneo Transversal: 120 Unidade 2 | Sistema nervoso

Saúde.

120 Unidade 2 | Sistema nervoso


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

PRINCIPAIS ÓRGÃOS DO CORPO HUMANO E SUAS FUNÇÕES

Órgão e função Imagem Órgão e função Imagem


Professor, se possível, indique
Baço: produz Estômago: libera para os estudantes onde estão
e armazena suco gástrico localizados os órgãos mencionados
anticorpos e (ácido clorídrico) nos quadros das páginas 120 e 121.
linfócitos (células para solubilizar o Faça com que cada estudante toque
de defesa do alimento e ajudar no próprio corpo a região próxima a
organismo), no processo da esse órgão. Isso é importante para o
liberando-as na digestão. É onde autoconhecimento e o autocuidado,
circulação sempre se inicia a digestão necessário ao desenvolvimento

Osvaldo Sequetin

Osvaldo Sequetin
que necessário. das proteínas. saudável.

ILUSTRAÇÃO 21: baço. ILUSTRAÇÃO 22: estômago.


Intestino Intestino grosso
delgado: finaliza (circundando
a digestão dos o intestino
alimentos e delgado): parte
absorve os do tubo digestório
nutrientes, que onde ocorre
são levados pelo a reabsorção
sangue para nutrir . de água e sais

Osvaldo Sequetin
as células de todos minerais, e os
Osvaldo Sequetin

os órgãos. resíduos da
digestão são
conduzidos para
o reto.

ILUSTRAÇÃO 23: intestino delgado. ILUSTRAÇÃO 24: intestino grosso.


Rins: filtram o san- Bexiga: os tubos
gue para eliminar na parte superior
substâncias nocivas são ureteres, que
ao organismo. recebem a urina
Localizam-se na re- dos rins para ser
gião lombar, acima armazenada. O
da cintura. tubo inferior é a
uretra, por onde a
urina é eliminada.
Osvaldo Sequetin

Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 25: rins. ILUSTRAÇÃO 26: bexiga.


Fonte: Friedrich Paulsen; Jens Waschke. Sobotta Atlas of Anatomy. [S. l.]: Urban & Fischer, 2018.

Unidade 2 | Sistema nervoso 121

Unidade 2 | Sistema nervoso 121


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Sistemas
Um sistema é formado por um conjunto de órgãos diferentes, autônomos, interdependentes e que
se relacionam para realizar uma função sistêmica mais ampla.
Professor, comente com os
estudantes que neste livro vamos O corpo humano apresenta diversos sistemas que trabalham de forma integrada, ou seja, a sepa-
estudar os sistemas nervoso, ração feita a seguir é somente para fins didáticos.
visual (que faz parte do sistema
sensorial) e locomotor (que inclui o
sistema muscular e esquelético); em
seguida, veremos como as drogas
psicotrópicas atuam modificando
e prejudicando as funções desses
sistemas. No 8o ano, retomaremos
esse assunto e veremos mais alguns
sistemas do corpo humano, como
digestório, respiratório, circulatório,
endócrino e genital.

BNCC

O trabalho com as fichas “Sistemas”

Ilustrações: Osvaldo Sequetin


atende às competências e ao tema
indicado a seguir.
Competência geral: 8. 
Competência específica: 7.
Tema Contemporâneo Transversal:
Saúde.
ILUSTRAÇÃO 27: representação ILUSTRAÇÃO 28: representação ILUSTRAÇÃO 29: representação
esquemática do sistema esquemática do sistema esquemática do sistema ósseo.
nervoso. É formado pelo muscular. É formado pelo É constituído pelos ossos e
encéfalo, medula espinal e conjunto de músculos, tendões articulações do corpo e atua
uma imensa rede de nervos e e ligamentos e atua associado associado ao sistema muscular
neurônios, que são responsáveis ao sistema ósseo para promover para promover a movimentação
por captar as mensagens e a movimentação do corpo, do corpo (junto aos músculos e
os estímulos do ambiente, produção de calor, postura e às articulações); produz células
interpretá-los, arquivá-los ou sustentação do corpo. sanguíneas, protege os órgãos e
responder a eles. atua como reserva de minerais.

O sistema genital é constituído O sistema imunológico é O sistema tegumentar é


pelos órgãos associados à formado por células, como formado pela pele (incluindo
reprodução. Os sistemas genital leucócitos, macrófagos a derme e a epiderme) e por
feminino e masculino são e linfócitos. Reconhece estruturas como unhas, cabelo,
diferentes, mas complementares, microrganismos invasores, pelos e receptores sensoriais.
e atuam juntos no processo como vírus e bactérias nocivas, Protege o corpo da invasão de
reprodutivo, garantindo a e atua na defesa do organismo microrganismos, evitando a
perpetuação da espécie. para evitar que causem danos. perda de água para o ambiente.
Fonte: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. pp. 128, 203.
Fonte: Netter, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 6 ed. Prancha 527. Ed. Elsevier, 2019.

122 Unidade 2 | Sistema nervoso

122 Unidade 2 | Sistema nervoso


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Corpo humano
Reforce com os estudantes a ideia
de que, apesar de estudarmos
os sistemas do corpo humano
separadamente e de procurarmos
um médico especialista em
determinado órgão do corpo humano
quando ficamos doentes, nosso
organismo é totalmente integrado,
e tudo o que ocorre com um órgão
acaba afetando os demais.
Osvaldo Sequetin

Osvaldo Sequetin

Osvaldo Sequetin
ILUSTRAÇÃO 30: representação ILUSTRAÇÃO 31: representação ILUSTRAÇÃO 32: representação
esquemática do sistema esquemática do sistema esquemática do sistema
digestório. É constituído cardiovascular. É formado linfático. É constituído pelos
pelo trato gastrointestinal, pelo coração e pelos vasos vasos linfáticos e pelos
e seus órgãos anexos da sanguíneos, como veias, artérias linfonodos. É responsável por
boca, o fígado e o pâncreas, e capilares, e distribui o oxigênio drenar para o sangue o excesso
que digerem e absorvem os e os nutrientes para as células de líquido intersticial, em que
diversos nutrientes presentes do organismo, além de levar as células ficam imersas e do
nos alimentos, necessários ao os resíduos das células para os qual retiram seus nutrientes e
funcionamento das células que órgãos encarregados de eliminá- eliminam seus resíduos.
constituem o organismo. -los do organismo.

O sistema urinário (excretor) é constituído O sistema endócrino é formado pelas glândulas


pelos rins, pela bexiga urinária, pelos endócrinas, que secretam seus hormônios diretamente
ureteres e pela uretra. Promove a eliminação no sangue. Produz hormônios que regulam a liberação
dos resíduos do organismo, além de fazer a de energia (metabolismo), o volume e o conteúdo de
filtragem do sangue e a regulação do teor de líquidos, o crescimento, o desenvolvimento sexual, o
água e sais minerais. comportamento e o envelhecimento.

O sistema respiratório é formado pelos O sistema sensorial é formado pelos órgãos dos
pulmões, pelo nariz, pela faringe e pela sentidos, a língua, o nariz, as orelhas, os olhos e a pele.
laringe. Faz as trocas gasosas com o meio É responsável por captar os estímulos do ambiente e
ambiente, absorve o oxigênio do ar e elimina está relacionado aos cinco sentidos: paladar, olfato,
o gás carbônico produzido pelas células. audição, visão e tato.

Fonte: Friedrich Paulsen; Jens Waschke. Sobotta Atlas of Anatomy. [S. l.]: Urban & Fischer, 2018.

Unidade 2 | Sistema nervoso 123

Unidade 2 | Sistema nervoso 123


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. 1. Assinale verdadeiro ou falso para as afirmati- Coluna 1


a. Falso. Existem seres unicelulares vas a seguir: a. Tecido nervoso
que podem ser vistos a olho nu. a. Seres unicelulares são sempre muito peque- b. Tecido muscular
b. Verdadeiro. nos e só podem ser vistos ao microscópio. c. Tecido epitelial
c. Falso. Existem seres eucariontes b. As células têm formas variadas e desempe- d. Tecido conjuntivo
que também são unicelulares, nham diferentes funções no organismo.
Coluna 2
como a ameba, por exemplo. c. Seres unicelulares são todos procariontes.
I. Revestimento da parte externa do corpo
d. Verdadeiro. d. Seres pluricelulares são todos eucariontes. e das mucosas internas dos órgãos.
e. Falso. Os adenovírus possuem e. Os vírus não possuem DNA, seu material II. Preenchimento e suporte que dá susten-
DNA como material genético. genético é necessariamente o RNA. tação aos órgãos.
f. Verdadeiro. É a forma que elas f. As bactérias sofrem bipartição. III. Relacionado aos movimentos do corpo.
usam para se reproduzir. g. Sem o advento do microscópio óptico, os IV. Responsável por transmitir impulsos
g. Verdadeiro. cientistas não teriam estabelecido a Teoria nervosos ao longo do organismo.
2. Alternativa c. Celular.
4. Em relação à organização celular de um ser
Condrócitos são células pre- 2. Analise as afirmações abaixo sobre as células humano, escreva no caderno as palavras que
sentes no tecido cartilaginoso, e indique a incorreta. Justifique sua resposta. completam as frases a seguir.
distribuídas em várias partes a. As hemácias são células do sangue, elas
do corpo como nariz, orelhas, a. Milhares de células
transportam oxigênio para outras células e em determinada função se unem para for-
joelhos, entre outras. levam gás carbônico para que seja expeli- mar um .
3. do pelos pulmões.
b. Dois ou mais tecidos são agrupados para
a. e IV b. As células adiposas (adipócitos) formam formar um .
b. e III o tecido adiposo, um tipo de tecido con-
c. Vários trabalhando de
c. e I juntivo que atua como isolante térmico na
modo integrado formam um .
proteção dos órgãos contra choques me-
d. e II d. Um organismo vivo é formado pela inte-
cânicos e também serve de reserva ener-
4. gética.
gração de vários .
a. especializadas, tecido. c. Os condrócitos são células existentes na 5. Alguns sistemas trabalham de forma integra-
b. órgão. camada superficial dos intestinos delgado da, por exemplo, o sistema nervoso e o siste-
e grosso. ma digestório.
c. órgãos, sistema.
d. sistemas. d. Os neurônios, junto com as células de glia, Os seres humanos possuem cerca de 500 mi-
constituem o tecido nervoso, responsável lhões de neurônios nos intestinos, que mui-
5. Sugestões: “frio na barriga” em tos dizem ser um “segundo cérebro”.
por transmitir informações de um ponto a
uma situação de risco, “aperto
outro do organismo com uma velocidade Cite alguns exemplos de sensações que você
no estômago”, em uma situação
quase instantânea já teve e que podem comprovar esse fato.
estressante e “enjoo” diante da
visão de algo desagradável. e. As células-tronco são células não especiali- 6. A microbiota tem um papel altamente espe-
zadas que podem se transformar em qual-
6. Isso ocorre em grande parte cífico no organismo. Cada segmento do apa-
porque a área das paredes intes- quer uma das células do organismo. relho digestório, como estômago, intestino
tinais de um adulto é equivalente 3. A coluna 1 traz uma relação de tecidos, a co- delgado e intestino grosso, é habitado por um
à de uma quadra de tênis – é, luna 2, a função desses tecidos no organismo. conjunto de micróbios diferentes que exer-
portanto, um imenso espaço Relacione corretamente as duas colunas. cem funções importantes no organismo e são
para interações entre o tecido fundamentais para a nossa saúde.
humano e os micróbios.
124 Unidade 2 | Sistema nervoso

124 Unidade 2 | Sistema nervoso


Explique por que a mi- FORA DE ESCALA ILUSTRAÇÃO 33:

crobiota se concentra no organismo humano.


CORES FANTASIA
sistema digestório, princi- Fonte: Friedrich Paulsen;
palmente no intestinos del- Jens Waschke. Sobotta 7.
gado e grosso. Atlas of Anatomy. [S. l.]:
Urban & Fischer, 2018. a. e 2 (estômago)
7. Escreva no caderno o nome b. e 1 (pulmão)
dos órgãos numerados na
c. e 4 (fígado)
ilustração ao lado e, em se-
guida, relacione o órgão à d. e 3 (pâncreas)
função – entre as listadas a e. e 6 (intestino grosso)
seguir – que ele estabelece f. e 5 (intestino delgado)
organismo. g. e 7 (pele)
a. Solubiliza o alimento
8. O sistema excretor composto
pela ação do suco gás- 7
por rins, bexiga, ureteres
trico e inicia a digestão 1
e uretra.

Osvaldo Sequetin
das proteínas. Alternativa e.
b. Responsável por oxige- 9.
nar o sangue e eliminar
a. Os movimentos voluntários
o gás carbônico do orga-
são realizados pelo sistema
nismo. locomotor (ósseo e muscular) e
c. Trabalha para eliminar são comandados pelo sistema
as toxinas do organismo. 4 nervoso central.
d. Produz insulina para 2 b. Os movimentos involuntários são
controlar a quantidade controlados pelo nó vital, que fica
de açúcar no sangue. 3 no bulbo, localizado no tronco
e. Absorve água e sais mi- encefálico, que também faz parte
nerais dos resíduos da do sistema nervoso central.
digestão, evitando que
sejam eliminados. 6 5
f. Finaliza a digestão dos
alimentos e envia os nu-
trientes para o sangue.
g. Maior órgão do corpo
humano.

8. Assinale o sistema que não está em evidência na ilustração do exercício anterior.


a. Respiratório.
b. Cardiovascular.
c. Digestório.
d. Ósseo.
e. Excretor.
9. Todas as funções dos órgãos descritas no exercício 7 e dos sistemas relacionados no exercício 8 im-
plicam sensações e movimentos – voluntários e involuntários – do organismo.
a. Qual é o sistema do corpo humano responsável por comandar todas essas ações?
b. Qual é o órgão específico que comanda os movimentos involuntários do organismo?

Unidade 2 | Sistema nervoso 125

Unidade 2 | Sistema nervoso 125


5
CAPÍTULO

Professor, embora as analogias Sistema nervoso


e visão humana
devam ser usadas com cuidado e
parcimônia, pois, muitas vezes,
podem confundir mais do que
ajudar na compreensão dos
fenômenos, acreditamos que
fazer a analogia da rede www,
que conecta o mundo inteiro, Provavelmente você conhece a sigla www.
com o sistema nervoso, que Discuta com seus colegas
Essa sigla vem do inglês World (mundo) Wide (ampla) Web (rede),
conecta todo o organismo, pode O ser humano consegue ou seja, representa uma ampla rede de computadores interligados
ser bastante proveitosa. controlar todos os movimentos
ao redor do mundo, que estão constantemente trocando informações
do corpo?
Por que quando uma pessoa
entre si.
sofre um traumatismo na Se considerarmos o organismo humano como um “mundo”, o www
coluna perde os movimentos? desse mundo seria o sistema nervoso.
BNCC
O sistema nervoso é responsável por coordenar nossas funções
O trabalho com o capítulo 5 vitais e enviar informações a todas as partes do organismo para or-
atende as habilidades: denar movimentos e sensações. Podemos considerar o sistema ner-
(EF06CI06), (EF06CI07) e voso dividido em duas partes principais

Pixabay
(EF06CI08). apresentadas a seguir:
Sistema nervoso central (SNC): com-
posto de dois órgãos, o encéfalo e a me-
dula espinhal (formada de tecido nervo-
so que ocupa o espaço dentro da coluna
vertebral).
Sistema nervoso periférico (SNP):
composto pelos nervos cranianos que
partem do encéfalo e pelos nervos raqui-
dianos que partem da medula espinhal.
O sistema nervoso periférico, por
sua vez, pode ser dividido em somático
e autônomo.
IMAGEM 1: www: a ampla rede
O sistema nervoso somático é constituído de fibras nervosas pe-
de computadores interligados
riféricas que enviam informações para o SNC, e por fibras motoras
no mundo todo formando
uma teia de informações. que inervam os músculos esqueléticos, que apresentam movimento
voluntário.
O sistema nervoso autônomo regula as funções subconscientes,
como pressão arterial, frequência cardíaca, motilidade do intestino
e diâmetro das pupilas.
Existe ainda o chamado sistema nervoso entérico, que atua de
forma independente e é parte integrante do sistema digestório.

126 Unidade 2 | Sistema nervoso

Objetivos do capítulo
 Avaliar o papel do sentido da visão na interação do indivíduo com o meio e conhecer lentes corretivas
adequadas a diferentes defeitos da visão.

126 Unidade 2 | Sistema nervoso


CORES FANTASIA

Sistema nervoso central FORA DE ESCALA

É composto pelo encéfalo e pela medula espinhal. Professor, para sua informação:
O encéfalo engloba o cérebro, o tronco encefálico e o cerebelo, “Muitas pessoas têm dificuldades
como mostra a ilustração a seguir. de entender ou aceitar como alguém
pode estar morto, mas com o

anatomy online/Shutterstock
ILUSTRAÇÃO 1: representação
dos componentes do sistema coração batendo. A morte encefálica
nervoso central. é a morte do cérebro e do tronco
1. Cérebro. cerebral. O quadro é irreversível e
2. Cerebelo. significa a morte legal [em termos
1
3. Mesoencéfalo. jurídicos] do indivíduo. Isso porque
4. Ponte. as funções vitais controladas pelo
5. Bulbo. cérebro deixam de ser realizadas
6. Nervo óptico. espontaneamente, provocando
7. Medula espinhal. o colapso de todos os órgãos em
poucos minutos. Com a intervenção
O tronco encefálico é de aparelhos, os órgãos continuam
6 3 composto pelas regiões 3, 4 ativos por alguns dias, no máximo
e 5. Note que o nervo óptico até uma semana.”
4 também faz parte do sistema
2
Fonte:
nervoso central.
5
https://fnxl.ink/ZRVNDJ
Acesso: 8 fev. 2022.

7 Você sabia?
O cérebro é responsável pelos
pensamentos, julgamentos,
pelas percepções sensoriais e
pelos movimentos voluntários.
Também está relacionado à
inteligência, ao raciocínio, à
linguagem, à consciência, ao
aprendizado e à memória.
Uma pessoa que ingere
bebida alcoólica em excesso,
O cerebelo é o centro nervoso que controla os movimentos vo- por exemplo, não consegue
manter o equilíbrio, porque
luntários do corpo, a postura, a aprendizagem motora, o equilíbrio e
o álcool etílico interfere nas
o tônus muscular. transmissões nervosas que
Na porção inferior do tronco cerebral, fica o bulbo, centro ner- ocorrem no cerebelo.
voso que controla alguns reflexos, como mastigação, movimentos
peristálticos, fala, piscar de olhos, secreção lacrimal e vômito. No
bulbo, há uma região denominada nó vital, da qual parte o nervo
pneumogástrico, que controla os movimentos respiratórios que
ocorrem independentemente da nossa vontade, assim como os
batimentos cardíacos, os movimentos do sistema digestório e do
sistema excretor.

Unidade 2 | Sistema nervoso 127

Unidade 2 | Sistema nervoso 127


FORA DE ESCALA
CORES FANTASIA Sistema nervoso periférico
Professor, o primeiro regula Sistema nervoso central Sistema nervoso periférico Esse sistema é composto de
atividades que independem de nossa 12 pares de nervos cranianos que
vontade, como o controle dos órgãos conectam o encéfalo aos órgãos
Encéfalo
internos, enquanto o segundo age do sentido e aos músculos, prin-
Nervos cranianos
sobre a musculatura esquelética, (12 pares) cipalmente os localizados na re-
ou seja, está relacionado com a Medula espinhal gião da cabeça. Também é com-
contração muscular voluntária. ou espinal
Nervos espinais posto de 31 pares de nervos
O sistema nervoso autônomo ou raquidianos raquidianos que partem da me-
regula o metabolismo do organismo (31 pares)
dula espinhal conectando-a com
e funciona como uma via de mão as várias partes do corpo, até as
dupla, podendo promover tanto a
suas extremidades.
estimulação quanto a inibição dos
Gânglios Observe a ilustração esque-
órgãos. Esse sistema é dividido
em sistema nervoso simpático, matizada ao lado:
que funciona pela transmissão Da mesma forma que o en-
principalmente de adrenalina e Nervo radial céfalo é protegido pelo crânio,
noradrenalina, e sistema nervoso a medula espinhal é protegida
parassimpático, que tem como
pela coluna vertebral, consti-
principal neurotransmissor a
acetilcolina. O funcionamento
Nervo tuída por um conjunto de ossos
mediano
dessas duas vias é fisiologicamente bem articulados denominados
complexo, ao contrário do sistema Nervo vértebras, com orifícios, onde
isquiático
simpático, que costuma agir ou ciático
encontramos nervos e a medu-
promovendo estímulos excitatórios. la espinhal.
O sistema parassimpático A medula espinhal transmite
normalmente está ligado a
as ordens que o encéfalo emite
estímulos inibitórios, mas, por
para os nervos.
exemplo, no intestino, pode agir
promovendo sua estimulação. Nervo pudendo Cada parte específica da me-
dula espinal é responsável por
movimentos de uma região do
corpo, assim, quando uma pessoa
Nervo fibular sofre uma lesão na coluna, a per-
comum
da motora irá depender da posi-
ção (altura) da vértebra rompida
e do nervo lesionado.
Nervo tibial
Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 2: Os nervos
distribuídos por todo o corpo, que
recebem e levam informações até
o encéfalo constituem o sistema
nervoso periférico.
Fonte: Netter, Frank H. Atlas de Anatomia
Humana. 6 ed. Prancha 527. Ed. Elsevier, 2019.

128 Unidade 2 | Sistema nervoso

128 Unidade 2 | Sistema nervoso


ASSUNTO SÉRIO
Professor, reflita sobre esse
realmente de pássaros e quer tê-los sempre por
Possuir ou conviver? bonito texto de Ruben Alves que
perto, o que pode fazer? fala de pássaros e escolas e, se
As aves, como os seres humanos, têm um sis-
Uma opção é criar um ambiente favorável à achar conveniente, leia para
tema nervoso central e periférico com 12 pares
visita de pássaros próximo à casa, ao apartamen- os estudantes.
de nervos cranianos.
to, ao escritório etc. “[...] Há escolas que são gaiolas e
O encéfalo delas apresenta um cerebelo bem há escolas que são asas. Escolas
À medida que o ser humano foi ocupando mais
desenvolvido, que lhes garantem muito equilíbrio que são gaiolas existem para que
e mais o ambiente, os outros animais, entre eles
para o voo. Também possuem medula espinal e os pássaros desaprendam a arte
os pássaros, foram sendo expulsos de seus hábi-
órgãos de sentido aguçados. tats e obrigados a viver em cidades, em condições do voo. Pássaros engaiolados
Em outras palavras, as aves se assemelham nem sempre favoráveis. são pássaros sob controle.
aos seres humanos em muitos aspectos. Engaiolados, o seu dono pode
Se disponibilizarmos alimento adequado – levá-los para onde quiser.
Algumas pessoas adoram pássaros, gostam de principalmente no inverno –, se plantarmos uma Pássaros engaiolados sempre
ouvi-los cantar e querem tê-los sempre por per- árvore na calçada ou colocarmos um vaso na va- têm um dono. Deixaram de ser
to, por esse motivo os prendem em gaiolas. randa, os pássaros virão e poderemos desfrutar pássaros. Porque a essência dos
Quem cria pássaros em gaiola costuma argu- de sua companhia e compartilhar a felicidade de pássaros é o voo. Escolas que
mentar que dessa forma as aves estão mais se- ter encontrado o correto equilíbrio entre a são asas não amam pássaros
guras. Recebem água, comida e proteção contra segurança e a liberdade. engaiolados. O que elas amam
predadores. “Pássaros em gaiola vivem mais.” são os pássaros em voo. Existem
Agora é com você! para dar aos pássaros coragem
Mas será que temos o direito de tomar posse 1. O uso intensivo de defensivos agrícolas para voar. Ensinar o voo, isso elas
da vida de outro ser? Afinal, um ser vivo não é no campo impede que os pássaros se não podem fazer, porque o voo já
uma “coisa” que podemos guardar e usar quando alimentem com segurança, e o desmata- nasce dentro dos pássaros. O voo
for conveniente. mento os deixa sem lugar para pousar, não pode ser ensinado. Só pode
Os seres vivos têm necessidades próprias que descansar, fazer ninhos e se alimentar. ser encorajado. [...]”
nem sempre podemos entender e satisfazer. Uma Nas cidades eles encontram praças com Rubem Alves. Gaiolas e asas.
delas é a liberdade. árvores, insetos e restos de comida no Disponível em:
Sobre esse assunto, Zygmunt Bauman (1925- chão e, por vezes, pessoas dispostas a https://fnxl.ink/PXMQLN
-2017), filósofo polonês, afirmou que a felicida- alimentá-los. Muitos condenam o ato de
Acesso em: 17 jul. 2019.
de depende de um equilíbrio entre segurança alimentar aves livres. Mas nós as expul-
e liberdade. samos dos campos e as deixamos sem
alternativa. Discuta com seu grupo: que
Segurança sem liberdade é escravidão. Professor, alerte os alunos
solução vocês teriam para esse problema?
Liberdade sem segurança é caos. que têm pássaros em gaiola
2. Na internet há uma ilustração de um
Cada vez que ganhamos mais segurança, per- que soltá-los simplesmente
pássaro sentado na poltrona, lendo um pode não ser uma opção (a
demos um pouco da liberdade. livro e ouvindo com prazer um homem menos que sejam silvestres e
E, ao contrário, quanto mais aumenta nossa dentro de uma gaiola "cantar". O pássaro tenham sido retirados de seu
liberdade, mais diminui nossa segurança. Por es- pensa "se está cantando é porque está habitat recentemente), porque
sa razão, o equilíbrio entre segurança e liberdade feliz!". O homem, na verdade está gritan- dificilmente um pássaro que
é necessário. do: "Socorro!" "Ajuda!" "Me tirem daqui!" nasceu em gaiola ou foi criado
Um pássaro na gaiola tem toda a segurança e Seguindo essa mesma ideia, faça um de- em uma por muito tempo
nenhuma liberdade. Não pode ser feliz. Mas co- senho criticando a forma insensível como conseguiria sobreviver no meio
mo resolver esse dilema? Se uma pessoa gosta alguns seres humanos tratam os animais. ambiente sem passar por um
longo “treinamento” sob a
Unidade 2 | Sistema nervoso 129
orientação de especialistas (o
que infelizmente somente é
feito com pássaros vítimas do
tráfico de animais que estejam
em condições de reabilitação).
BNCC Então, se os alunos refletiram e
perceberam que não é correto
Trabalho com a seção Vida e Ambiente – Possuir ou conviver? atende as competências e o tema prender animais, a ideia é não
indicado a seguir. repetir esse ato.
Competências gerais: 7 e 10.
Competência específica: 3.
Tema Contemporâneo Transversal: Meio Ambiente.

Unidade 2 | Sistema nervoso 129


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Quando queremos andar, por exemplo, precisamos movimentar


as pernas, então, um sinal parte do encéfalo e percorre a medula
Você sabia?
espinhal até chegar a um nervo conectado ao músculo da perna,
Professor, no movimento de ato Uma lesão em uma vértebra “avisando” que ela deve fazer esse movimento.
reflexo, os neurônios sensitivos baixa (próxima à cintura)
Os sinais nervosos também podem percorrer o caminho inver-
aferentes enviam uma mensagem pode levar à paraplegia, que
que parte das extremidades em é a perda do movimento das so. Imagine, por exemplo, que você está passeando na praia e é
direção ao sistema nervoso central. pernas. picado na perna por um mosquito. Nesse caso, o sinal nervoso
Ela, então, é recebida pela medula, Uma lesão em uma vértebra começa na perna, percorre o nervo, chega à medula espinhal e
que, por sua vez, envia um sinal em alta (próxima ao pescoço) sobe até o encéfalo.
pode levar à tetraplegia, que
direção ao tecido-alvo por meio É quando você se conscientiza de que foi picado e toma uma de-
é a perda dos movimentos das
de neurônios motores eferentes. pernas, braços e tronco. cisão, como passar a mão na perna ou sair do lugar.
Ressalte que os estímulos captados
por neurônios sensitivos são sempre Provavelmente, nesse momento, o mosquito já terminou de se
aferentes (conduzem o impulso da alimentar e geralmente consegue fugir.
periferia para um centro nervoso),
e a resposta de neurônios motores Movimento ato reflexo
são sempre eferentes (conduzem o 1 O movimento ato reflexo é um mo-
impulso de um centro nervoso para 2 vimento involuntário e inconsciente
a periferia).
que ocorre quando temos uma reação
3 a algo inesperado.
Nesse caso o sinal parte diretamente da me-
dula espinhal (e não do encéfalo) ordenando
4 5
que o corpo faça o movimento necessário.

Um exemplo conhecido é o reflexo patelar, mostra-


Osvaldo Sequetin

do na ilustração 3, que ocorre quando o tendão do


6 músculo da coxa, inserido na patela (um osso do joelho),
é estimulado pelo martelo.
Você pode checar o seu movimento ato reflexo cruzan-
do a perna e batendo no joelho com o canto da mão estira-
da ou com uma borracha, por exemplo (não é necessário
usar muita força).
ILUSTRAÇÃO 3: reflexo patelar,
um tipo de movimento Para que ocorra esse movimento involuntário, é necessária a
ato-reflexo. participação simultânea de neurônios associativos e de neurônios
1. Medula espinhal motores.
2. Neurônios associativos
3. Neurônios motores • Neurônios associativos: são os neurônios receptores,
4. Músculo extensor aqueles que recebem os estímulos externos e levam a men-
(extensão da perna) sagem para a medula espinhal ou para o encéfalo por meio
5. Estimulação do tendão do nervo sensorial.
patelar
6. Extensão da perna • Neurônios motores: são os que recebem a mensagem da
Fonte: Fisiologia do Sistema Nervoso medula espinhal ou do encéfalo e a levam por meio do ner-
Motricidade Somática: Medula
Espinhal Comoli, Eliane. Depto
vo motor até o órgão locomotor (normalmente um múscu-
Fisiologia FMRP-USP lo) para que realize a ação ordenada.

130 Unidade 2 | Sistema nervoso

130 Unidade 2 | Sistema nervoso


Assim, a batida do martelo gera um impulso nervoso transmitido FORA DE ESCALA

até a medula espinhal, de onde, por um neurônio associativo, é CORES FANTASIA

transmitido para o neurônio motor, que enerva os músculos


da perna levando a pessoa fazer o movimento involuntário do “chu- Professor, o movimento
involuntário é um ato reflexo. A
te no ar”.
via nervosa é um arco reflexo,
Vamos ver um outro exemplo? formado por um neurônio sensitivo
Imagine uma pessoa que vai pegar uma travessa de comida em (sensorial ou aferente), um neurônio
associativo (localizado no interior
cima do fogão para colocar na mesa, mas a travessa está muito quen-
da medula espinal) e um neurônio
te e ela não sabe. motor (efetuador ou eferente).
Assim que toca a travessa, imediatamente, ela recua tirando as Outros exemplos de ato reflexo são a
mãos. Esse movimento rápido e involuntário foi coordenado pela tosse, o espirro, o vômito e a salivação
medula espinhal e não pelo encéfalo. (que pode ocorrer quando vemos um
alimento que julgamos saboroso).
Portanto, é um movimento ato-reflexo.

A medula também manda um sinal


Panela quente. para o encéfalo avisando o ocorrido.

Osvaldo Sequetin
Medula espinhal.

O sinal para
afastar a mão do
fogo vem direto da Contração muscular
medula espinhal. involuntária.

Ao mesmo tempo, a medula manda um aviso ao encéfalo para que ILUSTRAÇÃO 4: movimento de

você perceba o que aconteceu e verifique se queimou as mãos. Mes- ato reflexo ao tocar um objeto
com elevada temperatura.
mo uma pessoa que tenha a coluna vertebral danificada e a ligação
Fonte: Fisiologia do Sistema Nervoso
entre a medula espinhal e o encéfalo interrompida, pode apresentar Motricidade Somática: Medula
Espinhal Comoli, Eliane. Depto
movimentos de ato reflexo. Fisiologia FMRP-USP
Isso ocorre, porque o sinal vai direto da medula espinhal para o
membro atingido (não parte do encéfalo), ou seja, o movimento ato
reflexo é controlado pela medula espinhal. Porém, num caso de lesão
grave em que a medula espinhal acabe totalmente destruída (não
apenas danificada), todas as transmissões de sinais para o corpo
são interrompidas.
Quando isso acontece, apesar de vivo, o organismo não pode mais
reagir a nenhuma situação.

Unidade 2 | Sistema nervoso 131

Unidade 2 | Sistema nervoso 131


VIDA E AMBIENTE
Professor, comente com os
estudantes que todo pássaro é Corvos trazem presentes para garotinha que os alimenta
uma ave, mas nem toda ave é
um pássaro. Você conhece o corvo? O corvo é um pássaro Um caso que confirma essa teoria ocorreu
Aves são animais vertebrados grande, negro e extremamente inteligente. com uma menininha chamada Gabi Mann, de
homeotermos, cujos membros Alguns estudiosos afirmam que esse pássa- Seattle, nos Estados Unidos, que sempre gostou
anteriores foram modificados ro é tão inteligente quanto um chimpanzé ou de conviver com os corvos e de alimentá-los.
em asas. São exemplos de aves:
um golfinho. Vendo o interesse da menina pelas aves, a mãe
pinguim, pato, tucano, beija-flor,
arara, periquito, ema e flamingo. Os corvos já foram filmados em situações mui- dela, Lisa, resolveu reservar um espaço para os
to curiosas; por exemplo, se reunindo aos bandos corvos no jardim, providenciando um lugar para
Os pássaros são aves canoras e
pertencem à ordem Passeriforme. em volta de outro corvo que morreu, numa espé- beberem água e um comedouro que elas abaste-
São exemplos de pássaros: cie de “velório de corvo”. ciam diariamente com amendoins.
canário, curió, corvo e bem-te-vi. Os biólogos Kaeli Swift e John Marzluff, da Os pássaros ficaram tão gratos pela ajuda
Há várias ordens dentro do Universidade de Washington, nos Estados Uni- que começaram a trazer presentes regular-
grupo aves. Além da ordem dos, estudando esse comportamento, concluíram mente para a menina. Comiam o amendoim e
Passeriforme, outra ordem muito que os corvos fazem isso para coletar informa- deixavam na bandeja algum objeto brilhante
conhecida é a Psittaciforme, como forma de agradecimento, uma bijuteria
ções sobre a causa da morte daquele indivíduo
que abrange araras, papagaios,
e, assim, evitar ter o mesmo destino. quebrada, uma pedrinha colorida, um parafuso,
maritacas, periquitos e cacatuas.
Os beija-flores e andorinhões Corvos também já foram filmados deixando um clipe de papel.
estão na mesma ordem, a uma noz no meio de uma avenida movimentada A menina também conta que certo dia saiu
Apodiforme, e os tucanos e pica- durante o farol fechado. Quando o farol abre, os para fotografar e acabou perdendo a tampa da
-paus estão na ordem Piciforme. carros passam por cima e quebram a noz. Quan- lente na rua, mas, algum tempo depois, encon-
LINK do o farol fecha novamente, o corvo volta e pega trou a tampa no bebedouro dos corvos.
seu alimento. No video de segurança da casa, a mãe conta que
O vídeo que mostra um corvo é possível ver um corvo pousando com a tampa
cuidando do gatinho está Outro vídeo curioso é de um corvo que resol-
veu adotar e cuidar de um gatinho abandonado. de plástico no bico e lavando a tampa na água
atualmente disponível em:
Ele alimentou o gatinho com insetos e minhocas do bebedouro antes de ir embora. Elas concor-
https://fnxl.ink/IVPVUH
e salvou sua vida. Tudo documentado em vídeo. dam: “Foi intencional”.
(Preferimos ensinar no livro do
estudante o caminho pelo site Isso é que é aprender a conviver. Agora é com você!
de busca para que eles adquiram E você já deve ter visto algum filme que se pas- Discuta com seu grupo: é possível a amizade
autonomia e, principalmente, sa no inverno de um país europeu, com crianças e a convivência pacífica entre diferentes espé-
porque esses links são brincando na neve, não viu? cies?
constantemente quebrados.)
Então, corvos são como crianças. Há vídeos Observação:
Outros links sobre os corvos que mostram corvos rolando na neve e se diver-
que podem ser mostrados aos Para ver o vídeo sobre o corvo que adotou um
estudantes são: tindo escorregando por telhados cobertos de gatinho, digite em um site de busca: " Este gatinho
gelo, com a ajuda de um pedaço de papelão. estava abandonado, mas achou um amigo fora
Corvos brincando como crianças,
Sibéria, Rússia: Há estudos que indicam que os corvos são do comum que salvou sua vida" ÓtiMundo.
https://fnxl.ink/HHEELJ capazes de sentir empatia, consolar outros cor- Para ler sobre a história de Gabi, acesse o link:
vos que perderam uma batalha e ainda guardar
Uma experiência cuidada https://fnxl.ink/YTOZWV
na memória quem são seus amigos e aqueles a
sobre a inteligência dos corvos – Acesso em: 25 abr. 2023.
quem devem temer.
Joshua Klein”
Vídeo legendado em português
Disponível em: 132 Unidade 2 | Sistema nervoso

https://fnxl.ink/BULYXT
Acesso em: 25 abr. 2023.

BNCC

O trabalho com a seção Vida Agora é com você! https://fnxl.ink/HNTWYX


e Ambiente – Corvos trazem Há inúmeros vídeos na internet que provam Incrível amizade entre homem e crocodilo -
presentes para garotinha que os que é possível, sim, uma amizade verdadeira Chito e Pocho - Lawrence Wahba
alimenta atende as competências entre diferentes espécies. Selecionamos a https://fnxl.ink/YYVPHP
e o tema indicado a seguir. seguir as mais improváveis. Se houver tempo,
A história de Christian, o Leão
Competências gerais: 7 e 10. mostre ou indique o link aos estudantes.
https://fnxl.ink/WJHSRV
Competência específica: 3. Urso, tigre e leão vivendo juntos – Maiores do
Tema Contemporâneo Transversal: Mundo
Meio Ambiente.

132 Unidade 2 | Sistema nervoso


Neurotransmissores químicos FORA DE ESCALA

CORES FANTASIA
As informações transmitidas por meio dos nervos são extrema-
mente rápidas, porque são de natureza elétrica. Essas informações Professor, em um movimento
são transmitidas ao longo do tecido nervoso de um neurônio para de contração muscular, por
exemplo, a informação transmitida
o outro.
pelas células do tecido nervoso
O sistema nervoso central é constituído de bilhões de neurônios estimulam diretamente as células
formando uma rede complexa de comunicação. que compõem o tecido muscular,
Ocorre que os neurônios não se conectam diretamente, há um que vão apresentar uma resposta
espaço entre eles denominado fenda sináptica (*). de contração, culminando no
movimento de certa parte do corpo.
O conjunto formado pela célula que envia a mensagem (pré -si-
náptica), a fenda sináptica e a célula que recebe a mensagem (pós-
Isso mostra a interação entre
dois sistemas diferentes e como o
-sináptica) é chamado de sinapse.
sistema nervoso coordena
É na sinapse que ocorre o processo de neurotransmissão. Fonte: US National Institutes of nossos movimentos.
Health, National Institute on Aging.
Esse processo foi

National Institute on Aging/Creative Commons


descoberto em 1921 pe-
lo farmacêutico alemão Neurônio
Otto Loewi (1873-1961).
Ele notou que o sinal elé-
trico transmitido pelo
nervo libera substân-
cias químicas que atuam
sobre o músculo.
Dendritos
Essas substâncias quí-
micas – denominadas me-
diadores químicos ou Axônio

neurotrans-missores –
têm o efeito de transmitir
os
o impulso nervoso de um tric
s elé
neurônio para outro. lso
pu
Im
Os mediadores quími-
cos são substâncias que Neurotransmissores
interferem diretamente
na transmissão nervosa
e atuam na sinapse.

ILUSTRAÇÃO 5:
representação do
Receptores
mecanismo de liberação Sinapse
de neurotransmissores
através da fenda sináptica.

Unidade 2 | Sistema nervoso 133

Unidade 2 | Sistema nervoso 133


Como ocorre o fluxo de informações pelo corpo
Professor, destaque que o sistema FORA DE ESCALA

nervoso tem a característica de CORES FANTASIA


interpretar, associar, memorizar e Quando uma pessoa recebe um
recordar informações. Mostre como estímulo através de seus órgãos dos
isso ocorre de modo dinâmico e sentidos, a mensagem é enviada ao
frequente em diversas situações. sistema nervoso central, onde ocorrem
O exemplo fornecido, em que
o processamento da informação, a
uma pessoa foge de um carro
ao atravessar a rua, é conhecido interpretação, a memorização,
como “reação de fuga ou luta”, a associação com outras memórias etc.
caracterizado por uma resposta
essencialmente simpática por meio
da liberação de adrenalina. Essa
liberação prepara o corpo para essa Sistema nervoso Sistema nervoso
periférico central
situação de diversas maneiras, por
exemplo, aumentando batimentos Nervos cranianos e Encéfalo e
cardíacos e ventilação pulmonar, nervos raquidianos medula espinhal
constrição de vasos para aumentar
Encéfalo Encéfalo
a pressão do fluxo sanguíneo e Nervos
Cérebro
(parte do
contração muscular. Outra liberação cranianos encéfalo)
apresentada é a estimulação de
órgãos, no caso, o estômago e as Medula
glândulas salivares, via sistema Nervos
espinhal raquidianos
nervoso autônomo, a partir de um Bulbo
Cerebelo
estímulo visual associado à memória.

Medula
espinhal

BNCC
Nervos
O trabalho com o infográfico periféricos
Alex Argozino

Como ocorre o fluxo de


informações pelo corpo atende às
competências e ao tema indicado
a seguir.
Esses
Competências gerais: 2 e 8.  processamentos
Competências específicas: 2 e 7. ocorrem em
milésimos de
Tema Contemporâneo Transversal: segundos e se
Saúde. repetem milhões
de vezes ao longo
do dia

134 Unidade 2 | Sistema nervoso

134 Unidade 2 | Sistema nervoso


Alex Argozino
Nem todas as associações que fazemos são agradáveis
Professor, “A visão do prato e seu
Por exemplo, se uma Outro impulso nervoso em direção aos cheiro estimulam o cérebro, que
pessoa tenta está atra- músculos coordena o movimento de fuga. aciona as glândulas produtoras
vessando na faixa e vê
um carro vindo em sua Além disso, o episódio fica gravado na de saliva, isso acontece porque o
direção, imediatamente memória e um impulso nervoso ativará organismo já está se preparando
um impulso nervoso essa memória para lembrar o indivíduo antecipadamente para a digestão.
segue para o cérebro do ocorrido quando uma situação
associando a imagem a semelhante aparecer. [...]
uma situação de perigo.
Essa reação é um exemplo de
reflexo condicionado, descoberto
pelo fisiologista russo Ivan Pavlov
(1849-1936) em um experimento
clássico. Toda vez que alimentava
um cão com um pedaço de carne,
Pavlov fazia soar antes uma
campainha. Resultado: sempre
que ouvia esse som, o cachorro
começava a salivar, mesmo sem
ver a carne nem sentir seu cheiro,
prova de que havia sido criada, em
seu cérebro, uma associação entre
a campainha e a hora em que o
alimento era servido.
O curioso é que a quantidade de
salivação varia de acordo com o
estado motivacional da pessoa. “Um
E por que a visão de um alimento de que gostamos pode indivíduo faminto tende a salivar
nos deixar com água na boca e um aperto no estômago? muito mais diante de um prato de
comida do que alguém com menos
Tudo começa pela visão: a Uma vez identificada a fome”, afirma a fisiologista Sara
imagem do prato atinge a retina imagem do alimento, o Shammah Lagnado, da Universidade
do olho e de lá parte um impulso impulso nervoso caminha
nervoso que caminha até a até outra região do cérebro,
de São Paulo (USP).”
parte posterior do cérebro, onde é feita a associação da Por Bighetti, Carlos.
atingindo o córtex visual. imagem com algo que
conhecemos e gostamos. Disponível em:
Glândulas
salivares https://fnxl.ink/RPZEIL
Feita essa associação, o
impulso nervoso segue em Acesso em: 28 maio 2022.
duas direções distintas: para
as glândulas salivares, que
passam a secretar saliva
(sensação de água na boca);
e para o estômago, que se
contrai (aperto no
estômago). Tudo isso
acontece muito rápido.

Estômago

Unidade 2 | Sistema nervoso 135

Unidade 2 | Sistema nervoso 135


A sinapse é uma região de proximidade entre neurônios vizinhos
Você sabia? ou entre um neurônio e uma célula muscular ou glandular por onde
O café é uma droga. Claro que o neurotransmissor conduz o impulso nervoso.
Professor, outro conceito ainda não causa tantos transtornos De fato, algumas substâncias podem estimular a atividade do sis-
não mencionado sobre o sistema como outras drogas que
tema nervoso, como o café e o chá-mate, em razão da presença de
nervoso central é que ele pode ter conhecemos, mas altera o
seu funcionamento alterado pela funcionamento do organismo cafeína.
e, por isso, não é recomendado
ação de certas substâncias. Por A cafeína presente no chá-mate e no café inibe a ação da adeno-
que crianças tomem café
se tratar de uma estrutura tão regularmente.
sina, um calmante natural do cérebro, deixando-o em constante es-
delicada, ele apresenta uma barreira tado de alerta.
fisiológica altamente seletiva como

diego_leite/Pixabay
forma de proteção à entrada de
agentes nocivos.
Entretanto, algumas substâncias
têm as características necessárias
para transpassar essa barreira e
atuar nas células nervosas.

IMAGEM 2: xícara de café


em meio a grãos de café. A
cafeína é uma substância
estimulante do SNC.
Outras substâncias atuam de forma inversa, diminuindo a atividade
do sistema nervoso central. É o caso, por exemplo, da apigenina, pre-
sente no chá de camomila e também na salsa e no tomilho.
Estudos indicam que a apigenina atua promovendo a síntese do
ácido gama-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor ini-
bidor do sistema nervoso central. Por isso, muitas pessoas têm o
hábito de tomar chá de camomila antes de dormir para garantir um
sono tranquilo.

congerdesign/Pixabay
IMAGEM 3: xícara de chá de
camomila em meio a flores
de camomila. A apigenina é
uma substância calmante, que
inibe as funções do SNC.

136 Unidade 2 | Sistema nervoso

136 Unidade 2 | Sistema nervoso


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1.
1. Você gosta de histórias? Separamos duas pe- 2. Você já se perguntou por que os acessos de tos-
quenas histórias reais para você. Leia com cal- se ocorrem com maior intensidade no período História 1: Alternativa b.
ma e, depois, relacione o número da história da noite, perturbando o sono das pessoas? Cerebelo.
com a parte específica do sistema nervoso Uma das razões é que o quarto de dormir, História 2: Alternativa c. Tronco
central que atuou em cada uma. principalmente se houver umidade, atua como encefálico (bulbo + nó vital).
História 1 refúgio de ácaros (que habitam travesseiros e 2.
O filme A travessia conta a história real do colchão) e fungos (presentes no ar-condicio- A tosse e o espirro são
francês Philippe Petit, que, aos 24 anos, em nado e no guarda-roupa); esses seres que pro- movimentos de ato reflexo.
7 de agosto de 1974, atravessou o vão entre vocam alergia, com a poeira e outras sujida-
as torres gêmeas do World Trade Center, em des presentes no ar, potencializam os acessos
Nova York, a 417 metros de altura. de tosse e espirros em pessoas predispostas.
O equilibrista, com a ajuda de amigos e ile- Forme duplas para discutir por que tossimos e
galmente, estendeu um cabo de aço entre os espirramos mesmo contra nossa vontade.
imensos edifícios, andou de um lado para o
3. A tela abaixo, do pintor norueguês Edvard
outro 8 vezes e permaneceu suspenso no ar
Munch (1863-1944), denominada O grito, é um
sem nenhum tipo de proteção por 45 minutos.
exemplo de pintura expressionista, na qual a
Essa façanha só foi possível porque um dos
paisagem se une ao sentimento do ser huma-
órgãos do encéfalo de Philippe era excepcio-
no retratado em primeiro plano. Encontra-se
nalmente desenvolvido.
exposta no Museu de Oslo, na Noruega.
História 2
A brasileira Karoline Meyer, nascida em Recife
em 1968, é recordista mundial de mergulho em
apneia (modalidade em que o atleta mergulha na

Museu Nacional de Arte, Arquitectura e Design, Oslo - Noruega


maior profundidade e pelo maior tempo possível
sem a ajuda de equipamentos para respiração).
Em 2009, ela se tornou a mulher com o maior
tempo de apneia no mundo, com 18 minutos
e 32 segundos submersa sem respirar, além
de descer a 121 metros de profundidade, fei-
tos que foram registrados no Guinness World
Records movimento ato reflexo.
Para controlar a respiração a esse nível, é
preciso um longo treinamento. Uma pessoa
comum dificilmente consegue prender a res-
piração por mais de 2 minutos.
Os movimentos envolvidos na respiração, nos
batimentos cardíacos e na digestão ocorrem
independentemente da nossa vontade e são
controlados por um órgão específico localiza-
do no encéfalo.
a. Cérebro.
b. Cerebelo. IMAGEM 4: O grito (1893), de Edvard Munch.

c. Tronco encefálico (bulbo + nó vital). Óleo, têmpera e pastel em cartão, 91 cm × 73,5 cm.
d. Medula espinhal. Galeria Nacional de Oslo, Noruega.

Unidade 2 | Sistema nervoso 137

Unidade 2 | Sistema nervoso 137


NÃO ESCREVA
NO LIVRO

Aparentemente, a pessoa retratada viu algo c. Em casos de acidente muito grave, em que
que a apavorou e houve um fluxo de informa- a coluna vertebral é totalmente destruída,
ções que percorreu seu corpo a partir do mo- a pessoa perde os movimentos voluntários,
3. mas os movimentos involuntários como
mento da visão.
Ordem do fluxo de informações Escreva os itens a seguir na ordem em que respiração e batidas do coração continuam
no sistema nervoso: d, f, a, e, provavelmente ocorreu o fluxo de informa- normalmente. Por que isso acontece?
b, c. ções em seu sistema nervoso. 5. O texto a seguir foi retirado de uma resenha
4. a. Do córtex visual, o impulso nervoso segue escrita por Tânia Regina Vizachri no livro
a. A fratura de uma ou mais para uma região do cérebro onde é feita a Quando os elefantes choram: a vida emocional
vértebras da coluna vertebral associação da imagem com algo que a pes- dos animais.
impede que os impulsos nervosos soa julga apavorante. “Atualmente, a ciência que mais se aproxima
enviados pelo encéfalo cheguem b. Ao mesmo tempo, outro impulso nervoso das emoções animais é a etologia, que estuda
aos membros. Se essa fratura chega às extremidades dos braços e a pes- o comportamento animal. Porém, esta procu-
ocorre em uma vértebra baixa, soa leva as mãos ao rosto. ra explicações causais para o comportamen-
próxima à cintura, apenas os c. A pessoa permanece paralisada – uma atitu- to dos animais, e não emocionais, recorrendo
movimentos da perna são de possível diante de um perigo extremo –, quase sempre aos instintos como justificativa.
interrompidos, porém, se ocorre acredita-se que seja uma reação involun- A visão tradicional diz ser mais recomendável
em uma vértebra alta, próxima tária do organismo para tentar passar des- estudar o comportamento do que tentar che-
do pescoço, são interrompidos os percebido diante de uma grande ameaça. gar às emoções subjacentes. Afinal, emoções
movimentos de pernas, braços e
d. A visão da imagem atinge a retina do olho. são difíceis de serem catalogadas ou simples-
tronco.
e. O cérebro envia um impulso nervoso em mente descritas por palavras. Quando a des-
b. Porque o movimento de ato direção a uma região central denominada crevemos, estamos racionalizando um senti-
reflexo não é enviado pelo amígdala cerebral, que irá desencadear mento, algo por si só subjetivo. Mas como não
encéfalo, ele parte da medula o grito. racionalizar? Como compreender a emoção
espinhal. por si? Será possível termos empatia suficien-
f. Da retina, parte um impulso nervoso que é
c. Porque os movimentos transmitido até o córtex visual. te para nos colocarmos no lugar dos animais
involuntários são controlados e entendermos com a mente/emoção deles?”
pelo nó vital, que fica no bulbo. 4. A imagem de raio X a seguir mostra um caso
Fonte: Tânia Regina Vizachri. Emoção nos animais: uma ponte
grave de coluna vertebral fraturada.
5. para a ética? São Paulo: IME - USP , [20--].
Disponível em: https://fnxl.ink/JPDAUD.

SORANAT7/Shutterstock
a. O sistema nervoso. Acesso em: 28 nov. 2019.

b. É provável que a maioria dos Formem grupos para discutir:


estudantes responda que já a. Qual é o sistema do organismo responsá-
convive ou teve a oportunidade vel pelas emoções de animais humanos e
de conviver com cachorros, não humanos?
gatos, pássaros etc. b. Com qual animal (livre ou doméstico) vo-
c. É provável que algum estudante cês já tiveram oportunidade de conviver?
more em sítio; incentive-os a c. Como foi essa experiência?
compartilhar a experiência de d. Quando estiveram juntos, foi possível ob-
conviver com animais como servar o animal expressar alguma emoção?
IMAGEM 5: raio X de coluna vertebral.
porcos, galinhas, patos etc. Qual?
d. Provavelmente, o estudante irá a. Uma fratura na coluna vertebral pode le- e. A Lei no 14.064/2020, aprovada em 7 de
relatar que observou alegria, var uma pessoa a ficar paraplégica ou te- agosto de 2019, reconhece os animais
tristeza, medo, dor, raiva. traplégica. O que determina cada situação? como seres sencientes, ou seja, que têm a
e. Resposta pessoal. Espera-se que b. Explique por que pessoas que perderam capacidade de sentir e, portanto, devem
o estudante perceba que, como os movimentos das pernas devido a uma ter os seus direitos respeitados. Por que o
o ser humano desde os tempos fratura na coluna ainda podem apresentar ser humano tardou tanto a reconhecer que
mais remotos costuma explorar movimentos de ato reflexo. os animais têm emoções?
os animais, utilizando sua força de
trabalho para transporte de carga, 138 Unidade 2 | Sistema nervoso

guia, guarda, obrigando-os


a exercer atividades de
entretenimento, utilizando-os
em experimento de laboratório,
criando-os para abate, entre
outras formas de exploração, fica
mais fácil lidar com o que fazemos
se acreditarmos que animais não
têm emoções. Provavelmente foi
essa a razão pela qual tardamos
tanto a reconhecê-las.

138 Unidade 2 | Sistema nervoso


Como funciona a visão humana
O ser humano possui cinco sentidos principais: visão, audição,
olfato, paladar e tato. É por meio da visão que a maioria das pessoas Professor, comente com os
percebe o mundo ao redor, as cores, as formas, os tamanhos, as dis- estudantes alguns cuidados básicos
tâncias e as nuances de claro e escuro. Para quem enxerga, a visão é que eles devem ter com os olhos:
o sentido mais utilizado. 1. nunca esfregar os olhos, eles são
Apenas quando não a possuímos, ou quando a perdemos, é que
sensíveis e podem se ferir;
os outros sentidos passam a ser utilizados mais intensamente para 2. nunca levar as mãos sujas aos
compensar essa perda e passamos a sentir e a reconhecer o mundo olhos, sempre lavem as mãos
se for necessário tocá-los,
de forma diferente.
para evitar contaminação por
O órgão responsável pelo sentido da visão é o olho, um órgão al- microrganismos;
tamente sensível à luz. 3. evitar passar muito tempo em
Ao contrário de muitos animais, o ser humano é incapaz de distin- frente de aparelhos eletrônicos,
guir objetos na total ausência de luz. Você sabia? como televisão, computador ou
Nesse sentido, podemos classificar os objetos em dois tipos: lumi- celular;
Até hoje, não há evidências
nosos e iluminados. científicas de que ler um
4. lembrar de nunca olhar
livro em um ambiente pouco diretamente para o Sol e de
• Objetos luminosos: são capazes de emitir luz de alguma proteger os olhos de lanternas e
iluminado prejudique a
forma, por exemplo, uma vela acesa, um fósforo aceso, uma visão. Os cientistas, porém, canetas laser;
lâmpada acesa, a tela de um celular ligado, entre outros. Di- continuam estudando o tema. 5. se notar qualquer problema,
zemos que esses objetos, nessas situações, são fontes de No entanto, há evidências
consulte um oftalmologista –
claras de que ficar muito
luz primária, pois emitem luz própria.
tempo diante da tela do o médico especializado em
• Objetos iluminados: são aqueles que não emitem luz computador todos os dias problemas de vista – para que
própria em nenhuma situação e, portanto, só podem ser pode prejudicar a visão. ele avalie seus olhos e garanta
vistos pelo ser humano na presença de um objeto lumi- uma boa visão.
noso (entre eles, o Sol). Exemplos: livro, mesa, cadeira,
xícara, entre outros.
jcomp/Freepik Premium

IMAGEM 6: pessoa lendo a luz


de vela. A vela acesa emite
luz própria e é um corpo
luminoso. O livro necessita
de luz para ser visto. Ele não
emite luz própria e é um
corpo iluminado.

Unidade 2 | Sistema nervoso 139

Unidade 2 | Sistema nervoso 139


E como a luz que vem de um objeto iluminado penetra no olho
humano e forma a imagem desse objeto?
FORA DE ESCALA Para responder a essa pergunta, é necessário conhecer as princi-
Professor, nossa visão é muito pais partes do olho humano: pupila, íris, lente e retina.
CORES FANTASIA
dependente de luz, diferentemente
de outros animais que conseguem

Osvaldo Sequetin
Fibras zonulares Músculo reto superior Coroide
enxergar com menos luminosidade. Esclera
Chame a atenção dos estudantes para
o uso dos sentidos na determinação Lente  
dos hábitos de uma espécie. Retina
Podemos comparar nosso modo Pupila Fóvea
de vida ao de outros animais cujos
hábitos são noturnos, porque têm
um aparelho visual adequado para Íris
enxergar em ambientes com pouca
luminosidade. Esses animais vão em Córnea
busca de alimentos somente durante
a noite, quando apresentam maior Cavidade anterior Nervo
(contém humor aquoso) óptico
probabilidade de sucesso e menor
risco de serem vítimas de predadores.
Fonte: Myron Yanoff; Jay S. Duker.
Outro ponto a ser explorado é como Oftalmologia. 5 ed. Disco óptico
(ponto cego)
podemos nos adaptar à perda de São Paulo: Elsevier, 2019;
TORTORA, G. J.; DERRICKSON,
um sentido, desenvolvendo outras B.; Corpo Humano: Fundamentos de Músculos
Vasos sanguíneos
da retina
formas de interagir com o meio em Anatomia e Fisiologia. 10 ed. Porto ciliares
Alegre: Artmed, 2017. p. 304. Câmara vítrea
que vivemos, explorando melhor Músculo reto inferior (contém humor vítreo)
os outros sentidos, por exemplo. É ILUSTRAÇÃO 6 : esquema com
interessante ressaltar que até em vista lateral em corte vertical Quando direcionamos nossos olhos para um objeto, a luz que es-
uma mesma espécie, tomando os do olho humano. se objeto transmite é captada pela pupila.
seres humanos como exemplo, a
A pupila é um orifício que fica no centro da íris (a parte menor e
interação de indivíduos com o meio
mais escura do olho).
em que vivem pode acontecer de
forma completamente diferente, de É por esse orifício que a luz entra no olho, mas quem controla a
acordo com o desenvolvimento dos quantidade de luz que deve entrar é a íris.
sentidos de cada um. A íris é a parte colorida do olho. Sua coloração pode ser castanho-
-escuro, castanho-claro, azul, verde, entre outras, e sua função é
controlar os níveis de luz, assim como faz o diafragma de uma câme-
VÍDEO
DILATAÇÃO DA PUPILA ra fotográfica.
Esse controle de entrada de luz ocorre da seguinte maneira:
• se o objeto estiver muito ilumi-
David Pereiras/Shutterstock

sruilk/Shutterstock

nado, a íris faz com que a pupi-


la se estreite, deixando passar
menos luz (imagem 7);
• se o objeto estiver pouco
iluminado, a íris faz com que a
pupila se alargue, deixando passar
IMAGEM 7: pupila retraída. IMAGEM 8: pupila dilatada. mais luz (imagem 8).

140 Unidade 2 | Sistema nervoso

140 Unidade 2 | Sistema nervoso


Depois de passar pela pupila, a luz atravessa a lente. A função
da lente é concentrar a luz que vai formar uma imagem invertida FORA DE ESCALA
do objeto em uma região localizada no fundo do olho denomina-
CORES FANTASIA
da retina. Professor, o processo de formação
de imagens realizado pela interação
O cérebro transforma os impulsos elétricos do sistema óptico com o sistema
recebidos na imagem real do objeto. nervoso é complexo.
Não enxergamos diretamente os
objetos, e sim a luz refletida por
eles, a qual é percebida por células
específicas em captação de luz
(bastonetes) e cores (cones).
Objeto Como a luz ocorre em diferentes
intensidades na natureza, é
Imagem necessário um mecanismo que
invertida controle a intensidade de sua

Osvaldo Sequetin
formada
sobre a retina captação, o que é feito pela íris.
Esse processo adaptativo pode ser
exemplificado em uma situação em
que, ao se apagar as luzes de um
ambiente, não podemos enxergar de
imediato, entretanto, se esperarmos
Lente
ILUSTRAÇÃO 7 : representação alguns minutos, passamos a enxergar
artística da formação da pouco a pouco. Da mesma maneira,
imagem invertida de uma às vezes, quando saímos de um
silhueta humana na retina ambiente muito escuro para outro
Na retina, além da formação das imagens, ocorre a percepção das e a correção da posição da muito claro, podemos sentir um
cores e tonalidades por meio das células fotossensíveis presentes em imagem no cérebro. desconforto, que é aliviado conforme
sua composição, denominadas cones e bastonetes. a íris controla a entrada de luz.

Por fim, essa imagem invertida formada na retina é transmitida


para o cérebro por meio do nervo óptico na forma de impulsos elé-
tricos. O cérebro interpreta e traduz esses impulsos elétricos trans- Você sabia?
formando-os na imagem real do objeto.
Os raios de luz provenientes
Outras partes do olho e suas funções são: do objeto, que na ilustração
• córnea: tecido transparente na frente do olho que atua acima é representado por
uma lâmpada (fonte de luz
como uma camada protetora e funciona como uma lente
primária), são obrigados
sobre a íris, focando a luz em direção à retina; a atravessar um pequeno
• vítreo: substância gelatinosa e viscosa, mantida sob pres- orifício – a pupila. Ao fazer
isso, os raios de luz que
são para dar a forma esférica do olho;
iluminavam a parte de cima
• mácula: área especializada no centro da retina, responsável da lâmpada se cruzam com
pela nitidez da visão, contém a maior densidade de células aqueles que iluminavam a
parte de baixo, projetando no
bastonetes, que permitem a percepção de claro e escuro, e
interior da retina uma imagem
cones, responsáveis pela percepção das cores; invertida. Posteriormente,
• esclera: também chamada de branco do olho, é um tecido o cérebro se encarrega de
fazer a correção.
fibroso que reveste e protege o globo ocular.

Unidade 2 | Sistema nervoso 141

Unidade 2 | Sistema nervoso 141


Animais que...
enxergam além!
Professor, na cultura grega, o
silêncio da noite proporciona o
momento ideal para os estudos e
o pensamento filosófico. Como a
coruja tem hábitos noturnos, olhos
grandes capazes de enxergar na
escuridão e um pescoço com grande
amplitude de movimentos, que lhe
possibilita perceber rapidamente tudo
o que ocorre à sua volta, ela passou
a representar a busca pelo saber. A

Chris Hill/Shutterstock
mascote da deusa grega Atena, deusa
da sabedoria, era uma coruja.
A coruja-buraqueira tem hábitos
tanto diurnos como noturnos
(escondendo-se apenas nas horas
mais quentes do dia), mas é bastante
ativa durante o crepúsculo. É
exatamente pelo seu hábito diurno
que é mais fácil de ser vista. Corujas
de hábitos noturnos podem ser
vistas nos parques das cidades ou
em áreas mais arborizadas durante
as madrugadas.
ÁUDIO
SLIDESHOW
AVES DE RAPINA

BNCC

O trabalho com a seção Animais


IMAGEM 9: Falcão peregrino
que... enxergam além! Aves de
rapina: corujas e águias atende às (Falco peregrinus) empoleirado
competências e ao tema indicado em um toco. É o animal mais
veloz que existe podendo
a seguir.
ultrapassar 320 km/h.
Competência geral: 2. Pode alcançar 58 cm de
Competência específica: 2. comprimento.
Tema Contemporâneo Transversal:
Meio Ambiente.

142 Unidade 2 | Sistema nervoso

142 Unidade 2 | Sistema nervoso


Aves de rapina: corujas e águias
A unidade adotada pelo Sistema Interna- Mas, além de excelente visão noturna, as
cional (SI) para medir a luminosidade é o lux. corujas possuem um sistema auditivo muito Agora é com você!
Uma noite de Lua cheia (sem iluminação arti- sensível, que detecta o menor ruído da presa, 1. As corujas podem mover a
ficial) tem luminosidade da ordem de 0,02 lux. e uma plumagem diferenciada, que torna seu cabeça em 270 graus de um lado
Uma noite sem Lua, com céu encoberto, voo bem silencioso para surpreender sua caça. para o outro e 180 graus de cima
tem luminosidade da ordem de 0,0004 lux. para baixo. Esse movimento está
As águias também possuem visão aguça- relacionado à visão, pois, quando
Cientistas provaram que as corujas da. A águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), por movem a cabeça em círculos,
são capazes de enxergar sua presa em am-
exemplo, é capaz de enxergar um pequeno estão buscando a localização
bientes onde a luminosidade não passa de tridimensional do objeto; de cima
roedor correndo na relva enquanto voa a
0,00000074 lux. para baixo, estão analisando a
5 mil metros de altitude.
Assim, uma coruja pode enxergar um pe- altura do objeto; e de um lado
Para efeito de comparação, se um ser hu- para o outro, observando a
queno roedor na escuridão total a 80 metros
de distância. Os fatores que explicam essa mano tivesse a visão dessa águia, seria capaz largura dele. As águias precisam
visão excepcional são: de enxergar uma formiga andando no jardim mover a cabeça para mudar a
de cima de um prédio de 10 andares. direção de sua visão por causa
• seus olhos estão localizados na parte
do tamanho de seus olhos,
frontal da face achatada e, assim, fun- Os olhos das águias são muito grandes, enquanto nós, seres humanos,
cionam como um telescópio, aproxi- correspondendo a cerca de 15% do peso da apenas movimentamos o globo
mando a imagem; cabeça. Por isso, não conseguem movê-los ocular em qualquer direção. Essa
• seus olhos são muito grandes (2,2 ve- como os humanos (na horizontal e na verti- diferença anatômica é explicada
zes maiores do que a média para as cal). Para olhar para os lados, as águias preci- por uma diferença de função: os
aves do mesmo peso) e sensíveis, po- olhos da águia têm características
sam virar a cabeça.
dendo captar qualquer quantidade de que lhes conferem alta eficiência
luz, por menor que seja; Seus olhos são voltados para a frente, re- na localização de uma presa.
sultando em uma visão binocular, o que dá 2. A forma pela qual as espécies
• o número de células sensíveis à luz
(bastonetes) na retina é muito alto, va- uma noção de distância e profundidade, pos- percebem o mundo por meio
riando entre 46 000 e 56 000 bastone- sibilitando manobras aéreas e certeiros ata- de seus órgãos de sentido
tes por milímetro quadrado; ques contra as presas. está relacionada a seu
comportamento. A visão da
• apesar de o movimento dos olhos ser Suas retinas têm 600 mil cones fotorre- águia, associada à dinâmica de
limitado, as corujas podem virar a ca- ceptores por mm2, o que proporciona um seu voo, e o formato de suas
beça em 270 graus de um lado para o poder de resolução entre 2 e 8 vezes maior garras e do bico possibilitam-lhe
outro e 180 graus de cima para baixo. que a dos humanos, ou seja, são capazes de a identificação e captura (quase
Os movimentos de balançar a cabeça es- enxergar mais detalhes, cores mais vivas e sempre) certeira das presas.
tão relacionados à sua visão: muito mais tons. As corujas, por sua vez, são pre-
• quando movem a cabeça em círculos, dadores noturnos (a maior parte
Agora é com você! do tempo), podendo enxergar
as corujas estão localizando tridimen-
sionalmente o objeto; 1. Compare o movimento de cabeça das presas a 80 metros de distância
corujas e das águias. De que forma em uma escuridão absoluta.
• quando balançam a cabeça de um lado
para o outro, as corujas estão analisan- esses movimentos estão relacionados Dessa forma, são seres total-
do a largura do objeto; à visão? mente adaptados às funções
2. Compare a diferença entre a visão
que executam no ambiente;
• quando movem a cabeça para cima e logo, não há como compará-los
para baixo, as corujas estão analisando das corujas e das águias. Qual animal dizendo qual deles enxerga mais
a altura. enxerga mais longe? Explique. longe.

Unidade 2 | Sistema nervoso 143

Mãe coruja
No Brasil, utiliza-se a expressão “mãe coruja” em possa cumprir a promessa quando encontrá-los.
referência a uma mãe incapaz de ver qualquer A coruja descreve seus filhotes como as criaturas
defeito em seus filhos. A origem dessa expressão mais lindas, perfeitas e encantadoras que já
está relacionada à fábula de La Fontaine “A águia existiram. No dia seguinte, durante um voo, a
e a coruja”. Nessa fábula, as aves estabelecem águia avista um ninho cheio de filhotes que ela
um acordo de paz, no qual a águia promete não considera bem feinhos, dá um mergulho, captura e
devorar os filhotes da coruja. A águia pede então devora todos. Só depois descobriu que se tratava
que a coruja descreva seus filhotes para que ela justamente dos filhotes da coruja.

Unidade 2 | Sistema nervoso 143


FORA DE ESCALA

ATIVIDADE PRÁTICA CORES FANTASIA

Professor, a construção da câmera


Que tal construir uma câmera escura para observar como as imagens são projetadas em seu interior?
escura é um experimento que
ilustra de forma clara e prática Separe os materiais e siga as instruções abaixo.
o mecanismo físico responsável
pela formação de imagens que nos

Ilustrações: Alex Argozino


Material
possibilita ver e que é empregado
em aparelhos tecnológicos, como
Papel
as máquinas fotográficas, as quais vegetal
iremos comparar com nosso sistema
Fita
óptico quanto ao processo de adesiva Caixa de
formação de imagens. sapato Cartolina preta

Nesse experimento, a caixa deve ser


escura e construída de modo que
não haja penetração de luz em seu
interior, para que a imagem a ser Cola
Tesoura
formada não seja comprometida. Papel preto para forrar a caixa Lupa ou lente com pontas
A única entrada de luz deve ser de aumento arredondadas
Em relação à passagem de luz, os objetos podem ser:
o orifício ocupado pela lente da
lupa, responsável por concentrar Opacos: impe-
Translúcidos: impedem Transparentes: não impedem
os raios luminosos, atribuindo foco dem a passagem
parcialmente a pas- a passagem de luz. O vidro
de luz. O papelão
conforme a movimentamos. Ao é opaco.
sagem de luz. O papel liso e incolor (da lente de
vegetal é translúcido. aumento) é transparente.
entrar na caixa, os raios de luz se
cruzam formando uma imagem
invertida, que é projetada no Procedimento
papel vegetal, onde será possível
visualizar a imagem. Cuide para que o cabo da
lupa fique do lado de fora do
cilindro de cartolina e que a
lente esteja firmemente presa
na cartolina com durex.
BNCC

O trabalho com a Atividade


prática – Câmera escura atende às 1
Forre por dentro a caixa de sapato
2
Prepare a lente enrolando a cartolina preta ao redor da
competências e ao tema indicado com papel preto para direcionar lupa (ou da lente de aumento) para formar um cilindro
a entrada de luz. com a lente na extremidade
a seguir.
Competência geral: 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia.

Desenhe em um dos Recorte esse círculo No lado oposto da caixa, desenhe um retângulo
3 4 5
lados da caixa um e encaixe o cilindro, um pouco menor que o próprio lado, recorte-o e
círculo com o mesmo mantendo a lente prenda papel vegetal com fita adesiva pelo lado
diâmetro do cilindro. para fora. interno da caixa, cobrindo o buraco.

144 Unidade 2 | Sistema nervoso

144 Unidade 2 | Sistema nervoso


Alerta!

Professor, neste item, traçamos


um paralelo de como o processo
físico que funciona como base
para a geração e interpretação de
6
Tampe a caixa e olhe pela lente fixada no Aponte a lente para um objeto de 7 É importante que o objeto imagens em nosso organismo pode
cilindro. Tente movê-lo para a frente e para seu interesse, mas nunca aponte esteja bem iluminado, se pos-
trás, para ajustar o foco. A distância ideal a lente da câmera escura direta- sível pelo Sol, e que o papel
ser extrapolado para outras esferas,
da câmera até o objeto depende do foco da mente para o Sol. Você pode até vegetal esteja na sombra. por exemplo, ser empregado para
lente e do comprimento do cilindro. ficar cego de modo irreversível. fins tecnológicos. Tomando como
exemplo as máquinas fotográficas,
Se você não conseguir um lugar com sombra para a câmera escu- apresentamos o conceito de foco e
Você sabia?
ra, tente colocar um pano (como uma toalha) sobre você e a parte da quais estruturas possibilitam essa
caixa com papel vegetal, a fim de deixá-la na sombra, como faziam os Caso não consiga a lupa ou a habilidade em nosso sistema ocular,
fotógrafos mais antigos. lente de aumento, apenas faça comparando com as estruturas
um pequeno buraco em um
Caso não consiga a lupa ou a lente de aumento, apenas faça um responsáveis por essa mesma função
dos lados caixa de sapato; em
pequeno buraco em um dos lados da caixa de sapato; em seguida, seguida, cubra esse buraco
dentro de uma câmera fotográfica.
cubra esse buraco com papel alumínio e faça nele um furinho com com papel-alumínio e faça nele Em decorrência dos avanços
um alfinete. Os demais procedimentos são os mesmos. um furinho com um alfinete. tecnológicos e da invenção de
Como a imagem do objeto aparece no papel vegetal?
Os demais procedimentos são máquinas fotográficas digitais,
os mesmos. as câmeras analógicas caíram
Máquinas fotográficas em desuso e provavelmente os
estudantes não estão familiarizados
Você já viu uma máquina fotográfica comum, dessas em que a
com esse tipo de câmera. Nelas, a
imagem sensibiliza um filme que depois é “revelado” com a ajuda de imagem é formada em um filme
determinadas substâncias químicas? plástico que tem uma fina camada
Com a evolução da tecnologia, as máquinas digitais tomaram con- composta de cristais de prata, que
ta do mercado, e hoje as máquinas com filme estão mais voltadas às são sensibilizados pela presença
fotografias artísticas. Mesmo assim, é interessante observar o quan- de luz, determinada pelo clique
to a máquina fotográfica apresenta semelhança com o olho humano, FORA DE ESCALA
do fotógrafo. Posteriormente, a
na maneira de formar uma imagem. imagem fotografada é revelada por
CORES FANTASIA
meio de um tratamento químico
Máquina fotográfica responsável pela “queima” dos
Máquina: entrada de locais sensibilizados pelos cristais.
Ilustrações: Alex Argozino

luz pelo diafragma.


Olho humano: entrada Objeto Antigamente, o tempo de exposição
de luz pela íris. necessário para a sensibilização do
filme era muito maior, o que explica
o fato de que normalmente as
pessoas não apareciam sorrindo em
Máquina: lente.
retratos fotográficos.
Olho humano: lente.
Concentram a luz que vem do
Máquina: a imagem é formada sobre um filme. objeto para formar a imagem.
Olho humano: a imagem é formada na retina.
ILUSTRAÇÃO 8: representação
Outra semelhança entre os olhos humanos e as máquinas foto- de uma máquina fotográfica
gráficas é que ambos focam os objetos, ou seja, permitem visualizar caseira, mostrando a
apenas um plano de cada vez, o que está perto ou o que está longe. semelhança com o
Nunca os dois ao mesmo tempo. olho humano.

Unidade 2 | Sistema nervoso 145

Saiba mais
Na hora em que os raios de luz transmitidos pelo objeto atravessam a lente da câmera, eles se invertem,
de modo que os raios de luz que iluminavam a parte superior do objeto são projetados na parte de baixo
da câmera, e os raios de luz que iluminavam a parte inferior do objeto são projetados na parte de cima;
assim, a imagem no interior da câmera aparece invertida. É exatamente o mesmo processo que ocorre no
olho humano quando a luz dos objetos atravessa nossa pupila. A imagem formada na retina é invertida,
mas imediatamente o cérebro decodifica a imagem, colocando-a na posição correta.

Unidade 2 | Sistema nervoso 145


Visão e envelhecimento
Hoje em dia, sabemos que é possível envelhecer com qualidade
Professor, comente que a catarata de vida, chegar aos 60 anos, 70 anos, 80 anos ou mais tendo uma
ocorre com frequência em animais vida ativa e independente. Mas isso depende muito das possibilidades
domésticos e que o problema pode de escolhas e das decisões que são feitas ao longo da vida, como
ser resolvido com uma operação alimentação saudável, exercícios físicos regulares, não fumar, evitar
simples, devolvendo qualidade de FORA DE ESCALA bebidas alcoólicas, evitar se expor ao Sol sem proteger a pele e os
vida ao animal. olhos, entre outros.
CORES FANTASIA
Os olhos, apesar de serem Muitas pessoas passam a vida se deslocando
órgãos sensíveis a lesões físicas, sob o Sol sem nenhuma proteção, como um
apresentam alta capacidade Olho normal
Lente boné ou óculos escuros, porque não têm cos-
imunológica, visto que funcionam transparente tume de usar e acreditam que não terão pro-
como uma porta de entrada do
organismo, sempre aberta para blemas com isso. Ocorre que esse descuido
o meio externo. É interessante pode desencadear alguns problemas com o
refletir sobre a quantidade de avanço da idade; um deles é a catarata.
microrganismos (o que inclui A catarata é a perda de transparência da
o SARS-CoV-2) e substâncias lente que temos no olho, cuja função é ajustar
que afetam nossos olhos
Osvaldo Sequetin

o foco da visão em diferentes distâncias. Esti-


constantemente, por exemplo,
ma-se que uma em cada cinco pessoas com
quando os tocamos com as
mãos sujas. mais de 65 anos desenvolvem catarata. A pro-
porção aumenta para uma a cada duas a partir
Outro problema de visão associado
dos 75 anos.
ao envelhecimento é a chamada
“vista cansada”, ou presbiopia. São fatores de risco para desenvolver a
Ela é semelhante à hipermetropia catarata, à medida que envelhecemos, as ex-
(explicada na página 145), e posições ao Sol sem proteção, o diabetes, o
ocorre normalmente em pessoas Olho com catarata
tabagismo, o uso de corticoides (substâncias
com mais de 40 anos. Conforme Lente que apresentam ação anti-inflamatória), en-
envelhecemos, a lente perde a opaca
tre outros.
elasticidade. O foco da visão é feito
em conjunto, com movimentos O tratamento da catarata é feito por meio
leves da lente e movi- mentos de cirurgia, na qual o médico substitui a len-
maiores dos músculos que te natural por uma lente artificial, feita sob
controlam a abertura/fechamento medida, de acordo com a curvatura da córnea
da pupila. Mais informações em:
Osvaldo Sequetin

do paciente.
https://fnxl.ink/DVLSEP Se você conhece algum idoso nessa situa-
Acesso em: 27 jul. 2022. ção, procure ajudá-lo e incentive-o a procurar
tratamento.
A cirurgia é rápida, bastante segura e pro-
BNCC porciona aumento de qualidade de vida.

O trabalho com o texto “Visão Fonte: Myron Yanoff; Jay S. Duker. Oftalmologia.
e envelhecimento” atende 5. ed. São Paulo: Elsevier, 2019.

às competências e aos temas


indicados a seguir. ILUSTRAÇÃO 9: o olho normal tem a lente transparente.
A catarata deixa a lente opaca.
Competências gerais: 2 e 9.
Competência específica: 2. 146 Unidade 2 | Sistema nervoso
Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde e Cidadania
e Civismo.

146 Unidade 2 | Sistema nervoso


Problemas de visão
Quando uma pessoa enxerga normalmente, a imagem de qualquer
objeto, em seu campo de visão, se forma diretamente sobre a retina, Professor, uma pequena alteração
como mostra o esquema a seguir. no formato pode mudar a função de
FORA DE ESCALA
um órgão, impactando diretamente
nossa sobrevivência e modo de
CORES FANTASIA
vida. O ser humano, no entanto,
é uma espécie que dispõe de alto
conhecimento e tecnologia para
enfrentar problemas como esse, que,
em outras circunstâncias, poderia
Osvaldo Sequetin

significar uma redução drástica em


nossas chances de sobrevivência
ILUSTRAÇÃO 10: o esquema na natureza, pois, dentro de um
mostra que, quando a visão é grupo de indivíduos semelhantes,
adequada, a imagem se forma um que não enxergue direito é mais
exatamente sobre a retina. suscetível ao ataque de um predador.
Em nossa realidade, isso se relaciona
Algumas pessoas, porém, podem apresentar um problema es-
com a qualidade de vida, visto que
trutural no olho, ou seja, um formato mais curto ou mais alongado
enxergar direito facilita a realização
do que o normal, o que faz com que a imagem em seu campo de de várias atividades.
visão se forme depois da retina ou antes dela. Nesse caso, a pessoa
A invenção dos óculos com
terá dificuldade de enxergar direito de perto ou de longe, confor- lentes corretivas é algo
me o caso. relativamente simples, mas de
Vamos agora estudar esses problemas e a possibilidade de corri- uma importância enorme, dada
gi-los utilizando lentes. a grande incidência dessas
alterações na população mundial.
Hipermetropia e lentes convergentes
A hipermetropia ocorre quando o olho apresenta um formato mais
curto do que o normal.
A imagem se forma atrás da retina e, por isso, as pessoas têm di-
ficuldade de enxergar de perto (objetos próximos).
Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 11: o esquema


mostra que, na visão com
hipermetropia, a imagem se
forma atrás da retina.

Unidade 2 | Sistema nervoso 147

Unidade 2 | Sistema nervoso 147


Assim, para corrigir a hipermetropia, é necessário usar lentes que
concentrem a luz para que a imagem recaia sobre a retina. Essas
lentes são ditas convergentes.
Professor, é possível corrigir a FORA DE ESCALA
hipermetropia cirurgicamente. CORES FANTASIA
Para isso, é preciso ter o grau de
hipermetropia estabilizado por um
período de 6 meses a um ano, ter
mais de 21 anos e boa saúde.
As sequelas que a cirurgia pode

Osvaldo Sequetin
ILUSTRAÇÃO 12: o esquema
trazer são: alteração na produção e mostra que a lente
distribuição das lágrimas; fotofobia convergente traz a imagem
(sensibilidade à luz); visão embaçada/ para cima da retina,
borrada na recuperação. permitindo uma visão
adequada.
Nas lentes convergentes, os raios de luz incidem paralelamente
ao eixo principal e, após atravessarem a lente (sofrerem refração),
concentram-se em um único ponto, denominado foco.

Osvaldo Sequetin
F Eixo

FIGURA 1: o esquema mostra


a luz atravessando a lente
convergente.

O foco das lentes convergentes é dito real, pois ele é formado


pelo encontro dos raios de luz refratados.
Glossário

Miopia e lentes divergentes


Refração: mudança de direção
do raio de luz (devido a uma
mudança de velocidade) quando
atravessa de um meio para outro, A miopia ocorre quando o olho apresenta um formato mais longo
por exemplo, do ar para a água. do que o normal. A imagem se forma antes da retina e, por isso, as
pessoas têm dificuldade de enxergar de longe (objetos distantes).
Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 13: o esquema


mostra que, na visão com
miopia, a imagem se forma na
frente da retina.

148 Unidade 2 | Sistema nervoso

148 Unidade 2 | Sistema nervoso


Assim, para corrigir a miopia, é necessário usar lentes que espa-
lhem a luz e façam a imagem recair sobre a retina. Essas lentes são
ditas divergentes.
FORA DE ESCALA Professor, comente que a cirurgia
CORES FANTASIA
para correção da miopia não pode
ser feita em crianças e adolescentes,
porque, para que tenha sucesso,
é preciso que o desenvolvimento
das estruturas oculares já tenham
se completado, o que ocorre
Osvaldo Sequetin

aproximadamente aos 21 anos.


ILUSTRAÇÃO 14: o esquema
mostra que a lente divergente
leva a imagem para cima da
retina, permitindo uma visão
adequada.

Nas lentes divergentes, os raios de luz incidem paralelamente ao


eixo principal e, após atravessarem a lente, sofrem dupla refração e
se espalham.

Osvaldo Sequetin

F Eixo

FIGURA 2: o esquema mostra


a luz atravessando a lente
divergente.
O foco das lentes divergentes é dito virtual, pois ele não é forma-
do pelo encontro dos raios de luz refratados.
Muitos casos de miopia e hipermetropia podem ser corrigidos por
uma cirurgia refrativa em que é utilizado um feixe de laser (luz mo-
nocromática) para modelar suavemente a superfície central da cór-
nea, modificando sua curvatura.
Glossário
dmitrytph/Freepik Premium

Laser: luz monocromática,


ou seja, que não pode ser
decomposta. É o oposto de uma
luz policromática, como a luz
branca emitida pelo Sol, que pode
ser decomposta nas sete cores do
arco-íris.

IMAGEM 10: detalhe de uma


cirurgia a laser para correção
de miopia.

Unidade 2 | Sistema nervoso 149

Unidade 2 | Sistema nervoso 149


Não é magia,
Professor, note que uma pessoa
É TECNOLOGIA
cega de nascença não pode ser
beneficiada pelo implante Argus 2,
porque o cérebro precisa interpretar Restabelecendo a visão humana
a imagem formada. Se a pessoa Pessoas diagnosticadas com retinose pigmentar severa, uma doen-
nunca enxergou uma imagem, seu ça genética que causa degeneração das células da retina sensíveis à
cérebro não tem como receber e luz, podendo levar à cegueira total, podem ser beneficiadas com um
interpretar nenhum sinal.
“olho biônico”.
Trata-se de um sistema chamado Argus II, composto de um par de
LINK óculos equipados com câmeras e ligados a eletrodos que são implan-
tados aos olhos. Esse sistema conduz informações visuais ao cérebro.
Mais sobre o olho biônico em:
O Argus II consiste em:
https://fnxl.ink/PXZVTM
• óculos escuros;
• minicâmera de vídeo na parte frontal dos óculos;
• transmissor-receptor anexado na parte lateral dos óculos;
BNCC
• microprocessador de dados ligado por fio aos óculos para ser
O trabalho com a seção IMAGEM 11: equipamento transportado pelo paciente junto ao cinto;
Não é magia, é tecnologia – que compõe o Argus 2, • o implante de um conjunto de eletrodos no fundo do olho na re-
Restabelecendo a visão humana, desenvolvido para melhorar tina do paciente junto a uma antena receptora implantada sob a
atende às competências e ao tema a visão e a qualidade de vida
indicado a seguir. membrana mucosa do olho, chamada conjuntiva.
de pessoas com retinose
Competências gerais: 1 e 5.  pigmentar severa.
Microprocessador de dados
Competências específicas: 2, 3 e 8.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia. Minicâmera

Transmissor-receptor

Divulgação/Sylmar
Minicâmera

Esse conjunto integrado funciona da seguinte maneira: a câmera


de vídeo na parte frontal dos óculos captura as imagens e as envia
para o microprocessador no cinto, que transforma as informações
recebidas em sinais elétricos e as envia para o transmissor-receptor
na lateral dos óculos.

150 Unidade 2 | Sistema nervoso

150 Unidade 2 | Sistema nervoso


Professor, um grupo de médicos
O transmissor-receptor recebe o sinal e o envia sem o uso de fios
Você sabia? britânicos está desenvolvendo um
para a antena receptora do implante, que, por sua vez, transmite os procedimento inovador que pode
sinais por meio de um cabo minúsculo para o conjunto de eletrodos “Terapias com o uso de células- ajudar na cura da Degeneração
colocados na retina. O conjunto de eletrodos estimula diretamente -tronco (que têm capacidade de
Macular Relacionada à Idade (DMRI).
se transformar em diferentes
as células que conduzem ao nervo óptico.
tecidos do corpo) fizeram com
A técnica consiste no implante de
O sinal atinge uma área do cérebro denominada lobos occipitais, que 82 pessoas que perderam uma espécie de curativo com células-
onde são processados os estímulos visuais, e o cérebro percebe os a visão por causa de produtos -tronco dentro do olho.
padrões de manchas claras e escuras correspondentes aos eletrodos químicos ou queimaduras vol- A DMRI é uma das maiores causas
tassem a enxergar. [...] dizem os de cegueira do mundo, responsável
estimulados. Os pacientes aprendem a interpretar os padrões visuais
pesquisadores da Universidade
produzidos, traduzindo-os em imagens significativas. por 2,9 milhões de casos no Brasil.
de Modena, na Itália.
A doença atinge pessoas com idade
O implante de Argus II só pode ser feito em pessoas com mais de A maior parte dos pacientes teve
acima de 50 anos.
25 anos. Para fazer o transplante, a pessoa precisa ter o funciona- queimaduras em apenas um olho,
mento da retina interna intacto e ter tido a capacidade de perceber a equipe da médica Graziella A cirurgia com células-tronco
formas em algum momento da vida. Isso é necessário porque o cé- Pellegrini conseguiu tratá-las com consiste no implante de células
células-tronco retiradas da córnea oculares derivadas de células-
rebro precisa interpretar a imagem formada. Se a pessoa nunca en- do órgão sadio.” -tronco embrionárias na parte
xergou uma imagem, seu cérebro não tem como receber e interpre- Disponível em: de trás da retina da pessoa com
tar nenhum sinal. https://fnxl.ink/QJDRGU.
DMRI. O “curativo” permite que
Acesso em: 28 maio 2022.
Outra tecnologia que vem sendo desenvolvida para tratar a reti- as novas células substituam as
nose pigmentar é o transplante com células-tronco obtidas da me- células doentes.
dula óssea do próprio paciente, portanto, sem risco de rejeição. O Fonte: https://fnxl.ink/MVMTJS
procedimento consiste em coletar, por meio punção por agulha, o Acesso em: 8 fev. 2022.
material no osso da bacia do paciente. Em seguida, esse material é IMAGEM 12: usuário de retina
processado no laboratório para separação das células-tronco.
artificial Argus II, aprovada
Cerca de cinco horas após a punção, as células são injetadas no para venda na Europa em Agora é com você!
olho do paciente, com anestesia local, sem necessidade de internação. 2011. 1. Resposta pessoal. Espera-se
O tratamento tem apresentado resultados promissores com melho-
que o estudante reflita que sim,
Philippe Psaila/Science Photo Library/Fotoarena

ra significativa da visão e já vem a saúde é um direito de todo


sendo adotado em vários hos- cidadão e voltar a enxergar
pitais do Brasil. pode melhorar muito a
Agora é com você! qualidade de vida da pessoa.
1. Discuta com seu grupo 2. Porque o cérebro precisa
se é importante que o interpretar a imagem
Sistema Único de Saúde formada. Se a pessoa nunca
(SUS) proporcione o enxergou uma imagem, seu
implante Argus 2 para
cérebro não tem como receber
e interpretar nenhum sinal.
pessoas que poderiam se
beneficiar com ele.
2. Por que uma pessoa que
já nasceu cega não pode
voltar a enxergar com o
implante Argus II?

Unidade 2 | Sistema nervoso 151

Unidade 2 | Sistema nervoso 151


ATIVIDADE PRÁTICA

Professor, para preservar a


Que tal simular um exame de vista na escola com seu professor para saber o que acontece no
privacidade das crianças, não faça o
exame em grupo. Peça ajuda de um oftalmologista?
assistente para ficar com a turma,
faça o exame individualmente e Material e procedimento
não divulgue o resultado, apenas

Alex Argozino
Alex Argozino
peça aos pais que procurem um
oftalmologista para a criança, caso
veja necessidade (o oftalmologista
faz vários outros exames em
seguida para diagnosticar
corretamente o problema).
Toda pessoa que conseguir ler, a uma
distância aproximada de 6 metros,
sem precisar de lentes de aumento,
as letras que estão na linha 20/20 do
gráfico, tem uma visão considerada
20/20 ou acuidade visual “normal”,
mesmo que não consiga ler a letras
menores na tabela a essa distância. Tabela de Snellen: foi criada pelo oftalmologista Tabela do E: foi criada para avaliar a acuidade visual
holandês Hermann Snellen (1834-1908). Possui de crianças que não sabem o alfabeto ou por
11 fileiras de letras maiúsculas. A primeira geral- algum problema cognitivo ou de timidez têm difi-
mente é um E. As demais contêm letras progres- culdade em dizer as letras em voz alta. Nesse caso,
sivamente menores. A pessoa que consegue ler ela deve apontar com a palma da mão e os dedos
BNCC até a fileira 8 tem uma visão considerada normal. esticados a direção “dos dedos” da letra E (para cima,
para baixo, para a direita, para a esquerda).
O trabalho com a Atividade
prática – Exame de vista, atende 1 Para que o exame tenha validade, a leitura deve 2 Uma criança que já nasce com um problema de
ser feita a uma distância de 6 metros do cartaz. visão não tem referência sobre o que é “enxergar
às competências e ao tema bem” e pode passar por distraída e desatenta.
indicado a seguir.
Competência geral: 8. 
Alex Argozino

Alex Argozino

Alex Argozino
Competências específicas: 2 e 7.
Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde e Ciência e
Tecnologia.

3 Se você constatar que enxer- 4 Se você tomar 5 Óculos podem


ga perfeitamente, a atividade consciência de que não dar um charme a mais na
foi válida para conhecer como enxerga direito, é hora sua aparência, e enxergar
é feito inicialmente um exame de falar com seus bem pode aumentar
de vista. responsáveis para marcar muito sua qualidade
uma consulta com o de vida.
oftalmologista.

152 Unidade 2 | Sistema nervoso

152 Unidade 2 | Sistema nervoso


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1.
1. A seguir, são listados uma série de hábitos Coluna 1: Olho
que as pessoas adquirem sem perceber. a. Íris
b, c, e, f.
Alguns deles podem ser prejudiciais à saú- b. Retina a. Pode irritar e arranhar o globo
de visual. ocular.
c. Lente
Forme duplas para discutir a respeito e d. Pode prejudicar a visão a médio
Coluna 2: Máquina fotográfica
escolher apenas os hábitos que devem prazo.
d. Filme ou sensor
ser cultivados. 2.
e. Lente
a. Coçar os olhos quando entra um cisco. a. e IV
f. Diafragma
b. Pedir que um adulto pingue soro fisiológi- b. e V
co para retirar o cisco. Coluna 3: Função
c. e VI
c. Limitar o uso de eletrônicos a 1 hora por I. Concentrar a luz do objeto.
II. Controlar a entrada de luz. d. e I
dia e manter o aparelho o mais distante
possível dos olhos. III. Formar a imagem do objeto. e. e II
d. Passar várias horas em frente à tela de ele- f. e III
4. Analise as lentes abaixo e responda às per-
trônicos, bem perto dos olhos. guntas a seguir explicando sua resposta. 3.
e. Nunca olhar diretamente para o Sol. a. f, II
f. Usar bonés sempre que for se expor ao Sol b. d, III

trishbaldezhnaya/Freepik Premium
para proteger a visão. c. e, I
2. Associe corretamente as colunas 1 e 2. 4.
Coluna 1 a. Lente B, divergente (para
a. A visão humana depende diretamente da miopia).
existência de: b. Lente A, convergente (para
b. Um objeto muito iluminado provoca o es- hipermetropia).
treitamento da: FIGURA 3: variações de um mesmo tipo de c. Lente A, convergente (para
c. A imagem formada na retina é enviada ao lente A. hipermetropia).
cérebro pelo: d. Lente B, divergente (para
d. Dificuldade de enxergar objetos distantes: miopia).

trishbaldezhnaya/Freepik Premium
e. Dificuldade em enxergar objetos próximos:
f. Unidade adotada pelo SI para medir a lu-
minosidade:
Coluna 2
I. miopia
II. hipermetropia
III. lux FIGURA 4: variações de um mesmo tipo de
IV. luz lente B.
V. pupila a. Qual é usada para corrigir a miopia?
VI. nervo ótico b. Qual é usada para corrigir a hipermetropia?
3. Em relação ao sentido da visão, associe corre- c. Qual possui um foco real?
tamente as colunas 1, 2 e 3. d. Qual possui um foco virtual?

Unidade 2 | Sistema nervoso 153

Unidade 2 | Sistema nervoso 153


NÃO ESCREVA
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA
NO LIVRO

5. O astigmatismo é um defeito óptico originado por uma curvatura assimétrica da córnea, às vezes, do
cristalino ou mesmo do globo ocular.
Uma pessoa com astigmatismo enxerga a imagem “dobrada ou multiplicada”, porque o defeito óp-
5. Na miopia, a imagem se forma tico provoca a formação de dois ou três focos diferentes da imagem sobre a retina, como mostra a
antes da retina; por isso, as ilustração a seguir.
pessoas têm dificuldade de
enxergar objetos distantes.
Na hipermetropia, a imagem se
forma atrás da retina; por isso,

Osvaldo Sequetin
Osvaldo Sequetin
as pessoas têm dificuldade de
enxergar objetos próximos.
6.
Você é incrível.
Resposta pessoal. ILUSTRAÇÃO 15: o esquema mostra que, na ILUSTRAÇÃO 16: o esquema mostra que o uso da
Espera-se que esta atividade visão com astigmatismo, a imagem se forma lente correta pode trazer a imagem para um único
ajude o estudante a entender to- em múltiplos focos, sendo multiplicada. foco, permitindo uma visão adequada.
das as dificuldades que a pessoa
O astigmatismo pode ser corrigido com o uso de óculos, que devem ser receitados por um
com deficiência visual precisa
oftalmologista após analisar o problema específico do paciente.
enfrentar em nossa sociedade e,
assim, e criar mais empatia para Em relação ao foco da imagem, explique a diferença entre miopia e hipermetropia.
com elas. 6. As pessoas com deficiência visual utilizam o sistema Braille para ler livros e estudar. Esse siste-
ma de escrita e leitura foi desenvolvido pelo francês Louis Braille (1809-1852) quando ele tinha
15 anos de idade.
O sistema é composto de seis pontos pequenos em relevo feitos em um papel especial (um pouco
BNCC mais grosso do que o normal).
O trabalho com o “exercício 6”, Combinações diferentes de pontos correspondem a letras e símbolos diversos, conforme mostra
atende às competências e aos o alfabeto Braille a seguir.
temas indicados a seguir.
A B C D E F G H I
Competências gerais: 4 e 9. 
Competência específica: 8.
Temas Contemporâneos J K L M N O P Q R
Transversais: Saúde e Ciência e
Tecnologia.
S T U V W X Y Z Ç

Á É Í Ó Ú Â Ê Ô Ã
FIGURA 5: alfabeto Braille.

Infelizmente, não temos papel especial nem meios de fazer o relevo para você tentar ler em Braille
utilizando o tato, mas você pode exercitar o reconhecimento visual desse alfabeto de duas maneiras.
Descubra o significado da frase abaixo.

FIGURA 6: frase escrita com o alfabeto Braille.


Forme duplas. Cada um irá escrever uma pequena frase usando o alfabeto Braille e trocar com o
amigo. Enquanto ele decifra sua frase, você decifra a dele.

154 Unidade 2 | Sistema nervoso

154 Unidade 2 | Sistema nervoso


6
CAPÍTULO

Sistema locomotor Professor, muitos estudantes dessa

e psicotrópicos faixa etária gostam de praticar


esportes mas também há aqueles
que acabam se habituando a uma
vida mais sedentária, o que pode ser
prejudicial a seu desenvolvimento.
Nesse caso, a prática de esportes
Você gosta de assistir às Olimpíadas ou às Paralimpíada? deve ser incentivada.
Discuta com seus colegas
A visão daquelas pessoas correndo velozmente, batendo recordes, No extremo oposto ao
nadando como um peixe, praticamente voando no tablado de ginás-
Você pratica ou gostaria de sedentarismo, está o atleta que vive
praticar algum esporte? Qual?
tica artística, superando os próprios limites... é praticamente impos- testando os próprios limites.
Atletas de elite vivem no
sível não se emocionar. limite da resistência física, A vida de um atleta é muito difícil.
Como elas fazem esses movimentos? Como conseguem? isso é saudável? Eles são submetidos a treinos
longos, exaustivos e constantes.
Além da aptidão física, ou seja, do fato de terem um biotipo ade- Muitos atletas profissionais
quado ao esporte que praticam, elas se esforçaram muito para estar acabam sofrendo lesões graves ou
ali. Cumpriram anos de exercícios e descansos planejados e alimen- problemas de saúde que os obrigam
tação rígida com tanta determinação que acabaram conseguindo um a abandonar a carreira.
sistema locomotor muito bem treinado.
correndo_lubhz/Pixabay

Gajahsolo (CC BY-SA 4.0)


BNCC
O trabalho com o capítulo 6 atende
as habilidades indicadas a seguir:
(EF06CI09) e (EF06CI10).

IMAGEM 1: atletas em uma prova de corrida,


Londres, 2012.

E como funciona o sistema locomotor? O que


acontece no organismo que possibilita esses
movimentos?
Para que um movimento tenha início, impulsos IMAGEM 2: paratletas em um
nervosos, de natureza elétrica, percorrem a medula espinhal até joque de basquete. Pequim,
chegar a um nervo conectado aos músculos das pernas ou dos braços, 2008.
“avisando” que determinado movimento foi “ordenado”.
Desse modo, o que permite a realização do movimento são os
músculos conectados aos nervos, que trazem as mensagens enviadas
pelo encéfalo e/ou pela medula espinhal, informando qual movimen-
to deve ser realizado.

Unidade 2 | Sistema nervoso 155

Unidade 2 | Sistema nervoso 155


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Sistema ósseo
Os ossos associados aos músculos sustentam todo nosso organis-

Alex Mit/Shutterstock
Professor, a conexão entre o mo. Os músculos, os ossos e as articulações (regiões de contato entre
Fêmur
sistema locomotor e o sistema dois ou mais ossos) trabalham em conjunto para proporcionar o mo-
nervoso ocorre na junção 1 vimento do corpo humano.
neuromuscular, onde há uma
Atividades que vão desde caminhar ou correr, até escrever um
conexão sináptica direta entre uma
célula nervosa e uma célula muscular. texto ou colocar uma linha na agulha, são executadas por esse con-
2
Um movimento é decorrente de 4
3 junto de estruturas corporais que compõem o sistema locomotor.
3 2
um músculo, ou de um conjunto No corpo humano, há ossos e músculos de vários tamanhos e
de músculos ligados aos ossos; formas, que trabalham juntos para realizar um movimento.
portanto, está associado ao sistema
nervoso periférico. Função dos ossos
Dessa forma, o sistema nervoso Tíbia
Fíbula O conjunto de todos os ossos do organismo é denominado esque-
pode modular nossos movimentos
leto e sua função é sustentar e dar forma ao corpo, proteger os órgãos
controlando a força e a precisão
deles, o que nos torna aptos a ILUSTRAÇÃO 1: concepção
internos e produzir células sanguíneas.
realizar até as atividades mais artística da articulação do Um bebê apresenta entre 300 e 350 ossos ao nascer, mas duran-
minuciosas. joelho. As extremidades dos te o crescimento alguns ossos fundem-se e, na idade adulta, o corpo
ossos são revestidas por
De fato, uma das maiores vantagens humano apresenta 206 ossos.
cartilagem e os ossos são
evolutivas da nossa espécie em Os ossos de um bebê são macios e flexíveis, porque ainda não
unidos por ligamentos.
relação aos nossos ancestrais é a completaram o processo de mineralização; são compostos basica-
1. Ligamento colateral fibular.
presença do polegar opositor, que
2. Ligamentos cruzados. mente de cartilagem – um tecido flexível e liso; mas, conforme a crian-
nos habilita a manusear qualquer
3. Meniscos. ça cresce e recebe cálcio e vitamina D do leite materno e dos banhos
tipo de objeto de maneira muito 4. Cartilagem articular.
precisa. de Sol, os ossos endurecem.
Apesar de resistentes, os ossos são muito leves e correspondem
a aproximadamente 14% da massa de um adulto. Isso ocorre porque,
apesar de parecerem sólidos, o interior deles é composto de aproxi-
madamente 50% de água, além de colágeno e sais minerais.

• Colágeno: proteína que garante certa flexibilidade


aos ossos para que não quebrem quando submetidos
Iracema Cerdan Zavatela Galves

a esforços.

• Sais minerais: cálcio e fósforo na forma de fosfato de


cálcio, cuja função é proporcionar rigidez aos ossos.

Nos recém-nascidos, a maioria dos ossos é preenchida


com medula óssea para a produção de células sanguíneas.
Nos adultos, apenas alguns ossos continuam exercendo
essa função hematopoiética, ou seja, de produção de hemá-
cias, leucócitos e plaquetas, como os ossos do crânio, da
coluna, da bacia, do esterno, das costelas e as epífises (ex-
IMAGEM 3: os ossos de um bebê são tremidades) dos ossos do braço e da coxa, onde se encontra
menos rígidos que os de um adulto. a medula óssea vermelha.

156 Unidade 2 | Sistema nervoso

Saiba mais
Para que um feto possa se desenvolver dentro do útero e o parto possa acontecer, é necessário que o esqueleto
do feto seja maleável, por isso ele é formado essencialmente por tecido cartilaginoso. A partir do nascimento,
o osso passa a crescer a partir de uma matriz cartilaginosa, que é então mineralizada, dando origem ao tecido
ósseo. Esse tecido é considerado o segundo mais resistente do nosso corpo, perdendo apenas para os dentes, e
pode se organizar de três maneiras: formando ossos chatos, alargados e esponjosos (como os ossos do crânio e
da pelve), sesamoides (pequenos ossos irregulares, como os do carpo) e longos (representados pela maior parte
dos ossos, como o fêmur e o úmero). Esses três tipos de osso formam nosso esqueleto.

156 Unidade 2 | Sistema nervoso


Em outros ossos, encontra-se o tecido adiposo amarelo (tutano), FORA DE ESCALA

constituído principalmente por células adiposas, que acumulam gor-


CORES FANTASIA
dura como material de reserva.
Células fabricadas na medula óssea são enviadas à corrente san- Professor, ao longo da história,
o ser humano evoluiu para andar
guínea por meio de pequenos vasos ligados aos ossos. As extremidades dos ossos
são revestidas de cartilagem, usando apenas os membros
O esqueleto é formado pelo encaixe dos ossos uns nos outros por um tecido elástico e flexível. inferiores, mas não é totalmente
meio das articulações, que podem ser fixas, semimóveis ou móveis. correto dizer que os humanos são
• Nas articulações fixas, os ossos estão firmemente unidos eretos, pois a coluna vertebral não
é “reta” e totalmente perpendicular

Osvaldo Sequetin
entre si, como as articulações do crânio.
ao solo. Existem as curvaturas
• Nas articulações semimóveis, os ossos têm movimento limi- fisiológicas torácica, cervical
tado, por exemplo, os joelhos, os cotovelos e os dedos têm e lombar, que têm a função
um movimento denominado dobradiça, que pode ocorrer de aumentar a flexibilidade, a
em apenas uma direção. capacidade de absorver choques
e, ao mesmo tempo, manter a
• Nas articulações móveis, os ossos possuem movimentos
tensão e a estabilidade adequada de
amplos. O ombro, os quadris e o pescoço possuem articula-
Medula articulações ou discos intervertebrais
ções que permitem movimentos em várias direções. óssea (articulações localizadas entre os
Os ligamentos são estruturas filamentosas responsáveis por unir corpos das vértebras adjacentes,
os ossos, são constituídos por tecido conjuntivo fibroso e estão fir- conferindo rigidez e flexibilidade à
memente aderidos às membranas que revestem os ossos. coluna, ajudando a suportar a massa
do organismo, a movimentação do
tronco e proporcionando o ajuste de
posição indispensável para manter o
Osvaldo Sequetin

equilíbrio e a postura).
Ligamento
talofibular posterior Os ossos podem ser considerados
Tíbia
anatomicamente como órgãos,
devido ao papel da medula óssea de
Ligamento
Fíbula talofibular anterior produzir células sanguíneas.

ILUSTRAÇÃO 2: visão interna de


um osso humano.
Fonte: Paulsen, Friedrich; Waschke,
Tálus Jens. Sobotta Atlas of Anatomy. [S. l.]:
Urban & Fischer, 2018.
Calcaneus

Ligamento calcaneofibular Professor, comente com os


estudantes que quando ouvimos que
ILUSTRAÇÃO 3: ligamentos entre os ossos do pé e da perna. um jogador de futebol rompeu um
Fonte: Paulsen, Friedrich; Waschke, Jens. Sobotta Atlas of Anatomy. [S. l.]: Urban & Fischer, ligamento, isso significa que uma
2018.
estrutura que ligava dois ossos foi
comprometida.
O fêmur (o osso da coxa) é o osso mais longo do ser humano, e
o menor é o estribo, localizado na parte interna da orelha.
A ilustração, na próxima página, traz o nome dos principais
ossos humanos, e os asteriscos (*) indicam onde ficam as principais
articulações.

Unidade 2 | Sistema nervoso 157

Unidade 2 | Sistema nervoso 157


Osvaldo Sequetin
Ossos do
neurocrânio
Maxila

Professor, as fraturas ocorrem


quando uma queda ou um impacto Mandíbula
provoca o rompimento de um Clavícula
segmento ósseo. Se, nesse processo,
o osso não romper a pele, a fratura
é fechada e pode ser sanada Escápula Esterno
imobilizando-se o local atingido por
determinado tempo para que o osso Costelas
volte a calcificar.
Úmero
Se o osso romper a pele, a fratura
é exposta e é considerada mais Vértebra da
perigosa, pois a probabilidade de coluna vertebral Cíngulo do
ocorrer uma infecção (osteomielite) membro
é maior. inferior

Rádio
Sacro

Ulna Ossos
carpais

Professor, a fratura mais perigosa


Metacarpo
é a do colo do fêmur. Ela é fatal para
Púbis
cerca de um quarto dos pacientes no
Falanges
primeiro ano depois da fratura.

Fêmur

Patela

Indicam as
principais
articulações
Tíbia

Fíbula

ILUSTRAÇÃO 4: nome
dos principais ossos do
Ossos
esqueleto humano. tarsais Ossos
Fonte: TORTORA, G. J.; metatarsais
DERRICKSON, B.; Corpo Humano:
Fundamentos de Anatomia e
Fisiologia. 10 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017. p. 128. Falanges

158 Unidade 2 | Sistema nervoso

158 Unidade 2 | Sistema nervoso


A coluna vertebral é a principal estrutura de sustentação do cor-
Você sabia?
po humano, embora isso não seja de grande importância em termos
de biodiversidade. De qualquer forma, devido a essa estrutura, é Animais invertebrados
possível classificar os animais em invertebrados ou vertebrados. apresentam outros sistemas
de sustentação, como Professor, comente com os
1. Invertebrados: não possuem crânio nem coluna vertebral. mostram os exemplos a seguir: estudantes que na natureza a
• Estima-se que constituem cerca de 97% das espécies de Possuem esqueleto coluna vertebral não é significativa
animais existentes no planeta. hidrostático (cavidade em termos de organismos que a
cheia de líquido para dar possuem; na verdade, esse critério
2. Vertebrados: possuem crânio e coluna vertebral.
sustentação ao corpo): considera um referencial humano.
• São animais vertebrados: os mamíferos, os répteis, os pei- minhoca, vermes, lesmas, lulas, Há quase 1 milhão de espécies de
xes, os anfíbios e as aves. polvos. artropodos, que ecologicamente
As imagens abaixo são exemplos de animais vertebrados. Possuem esqueleto externo e evolutivamente podem ser
ou exoesqueleto: formigas, considerados tão significativos ou
abelhas, lacraia, aranhas,
mais que os cordados vertebrados.

H. Zell (CC BY-SA 3.0)


caranguejos.
A ideia pode ser apresentada, mas
precisa ser contra-argumentada,
pois biologicamente é importante.
Sem contar que há uma infinidade
SLIDESHOW
de soluções para a sustentação na
ESQUELETOS DE ANIMAIS natureza, em animais ou vegetais. A
celulose é a molécula orgânica mais

Amada44 (CC BY 3.0)


IMAGEM 4: esqueleto de golfinho-de-bico-brando. Museu Estadual de
abundante na Terra, por exemplo,
História Natural, Karlsruhe, Alemanha, 1846. e tem um papel estrutural e de
sustentação enorme.
H. Zell (CC BY-SA 3.0)
Malhas e redes proteicas
em esponjas; esqueletos
hidrostáticos em cnidários,
platelmintos e asquelmintos; tubos
dermomusculares em anelídeos;
conchas em moluscos; exoesqueletos
em artrópodos; placas dérmicas
IMAGEM 7: esqueleto de sapo,
2011. em equinodermos, entre outras.
Portanto, o critério da presença
de coluna vertebral precisa ser
IMAGEM 5: esqueleto completo de uma víbora do Gabão, 2016. visto dentro do contexto para
Maky Orel Domínio Público
não interferir no entendimento
da biodiversidade e de sua
Tiia Monto (CC BY-SA 3.0)

complexidade.
Faça uma visita virtual ao Museu de
Zoologia da USP
Disponível em:
https://fnxl.ink/UGBFOZ
Acesso em: 25 abr. 2023.
IMAGEM 8: esqueleto de
pato selvagem. Faculdade
de Educação da Charles
IMAGEM 6: esqueleto de peixe no Castelo de Annecy, França, 2019. University, Praga, 2019.

Unidade 2 | Sistema nervoso 159

Unidade 2 | Sistema nervoso 159


Sistema muscular
Os músculos podem ser classificados em dois grupos:
Professor, para seu conhecimento,
os músculos podem ser classificados • músculos de contração involuntária:

Osvaldo Sequetin
e nomeados principalmente de músculos cuja contração e relaxamento
acordo com três características: não dependem de nossa vontade; são
forma, função e origem. Em relação Bíceps aqueles que movem o estômago, o intes-
à forma, há três variedades de contraído
tino, o coração etc.
tecido muscular em nosso corpo:
• músculos de contração voluntária:
músculos estriados esqueléticos,
que compõem parte do sistema músculos cuja contração e relaxamento
locomotor; músculos lisos, dependem de nossa vontade; são aque-
encontrados em vasos sanguíneos e les que atuam nos movimentos de pés,
linfáticos e em alguns órgãos; e um pernas, braços, mãos, pescoço etc.
tipo de músculo estriado específico, Tríceps Os músculos de contração voluntária apoiam-
circular, que ocorre somente no estirado
-se nos ossos em uma mesma orientação longitu-
coração e é altamente especializado dinal, o que possibilita o movimento de erguê-los
em contrações rápidas e vigorosas, ILUSTRAÇÃO 5: quando o bíceps se contrai, o tríceps devido à contração das fibras musculares. Assim,
necessárias ao batimento cardíaco. relaxa (estira). o sistema locomotor funciona pela combinação
Em relação à função, os músculos Fonte: Paulsen, Friedrich; Waschke, Jens. Sobotta Atlas of Anatomy.
dos sistemas ósseo e muscular coordenados pelo
são nomeados de acordo com a ação [S. l.]: Urban & Fischer, 2018.
sistema nervoso, que controla a realização de ca-
que geram no local de sua inserção.
da movimento. Quando o cérebro transmite um
Essa ação pode ser, por exemplo, de
flexionar (músculo flexor), estender impulso nervoso, os músculos, que são os recep-
(músculo extensor), rotacionar tores dessa mensagem, se contraem ou relaxam.
(músculo rotador) ou levantar A maioria dos músculos trabalha aos pares, ou

Osvaldo Sequetin
determinada estrutura (músculo seja, quando um se contrai, o outro relaxa e vice-
supinador). Quanto à origem, os -versa: por exemplo, quando levantamos o braço,
músculos são nomeados em relação Bíceps o bíceps se contrai e o tríceps relaxa; quando des-
à quantidade de tendões de que se estirado
cemos o braço, o bíceps relaxa e o tríceps se con-
originam, ou “cabeças”, por exemplo,
bíceps, tríceps e quadríceps. trai, como mostra a ilustração ao lado.

Caso queira simplificar essa No corpo de um ser humano adulto, há cerca


explicação para os estudantes, de 639 músculos diferentes (na verdade, esse
comente apenas o tipo de fibra do número não é consenso entre os especialistas,
músculo, ou seja, estriada ou lisa, e mas vale como referência). Os músculos repre-
sua localização, isto é, esquelética sentam cerca de 50% da massa do corpo de um
Tríceps
ou cardíaca. A análise do tipo de contraído homem adulto e 1/3 da massa do corpo de uma
contração se desdobra em seguida, mulher adulta.
apresentando-se a contração
voluntária e involuntária. O músculo mais longo do corpo humano é o
ILUSTRAÇÃO 6: quando o tríceps se contrai, o bíceps
músculo da coxa, denominado sartório, ligado ao
relaxa (estira). fêmur (o osso mais longo). O menor músculo é o
Fonte: Paulsen, Friedrich; Waschke, Jens. Sobotta Atlas of Anatomy. estapédio, que se liga ao menor osso, o estribo,
[S. l.]: Urban & Fischer, 2018.
ambos localizados na orelha.
A ilustração na próxima página destaca alguns
músculos importantes do corpo humano.

160 Unidade 2 | Sistema nervoso

160 Unidade 2 | Sistema nervoso


Occipitofrontal
Temporal

Esternocleidomastóideo
Professor, os músculos lisos são
Bucinador
controlados de maneira involuntária
pelo sistema nervoso autônomo,
Trapézio assim como a musculatura do
coração. Os músculos do sistema
locomotor são controlados pelo
Deltoide
sistema nervoso somático, conforme
descrito anteriormente neste
Peitoral maior capítulo. Chame a atenção dos
Bíceps braquial
estudantes para a importância dos
músculos lisos na manutenção do
Serrátil anterior organismo. Esse tipo de músculo
Braquial está presente em várias estruturas
do corpo, atuando de formas
Braquiorradial variadas. Por exemplo, são eles que
Tríceps braquial promovem a dilatação ou contrição
de vasos, controlando a pressão
Oblíquo externo sanguínea, ou criam movimentos
Reto do abdome
do abdome peristálticos no intestino. Relembre
o conceito de arranjo celular: é a
relação entre forma e função. É o
arranjo das fibras musculares que
determina o tipo de contração
Tenares de um músculo. Por exemplo, um
músculo pode ser adaptado para
Hipotenares fazer contrações vigorosas e rápidas,
como os bíceps, ou elásticas e lentas,
Adutor longo
como os deltoides, que sustentam a
Sartório articulação dos ombros.

Vasto lateral

Reto da coxa
(reto femoral)
Vasto medial

Gastrocnêmio Tibial anterior

ILUSTRAÇÃO 7: nome dos Fibular longo


principais músculos do
corpo humano.
tin

Sóleo
ue

Fonte: TORTORA, G. J.;


eq
oS

DERRICKSON, B.; Corpo Humano:


ld
va

Fundamentos de Anatomia e
Os

Fisiologia. 10 ed. Porto Alegre:


Artmed, 2017. p. 203.

Unidade 2 | Sistema nervoso 161

Unidade 2 | Sistema nervoso 161


Função dos músculos
Listamos a seguir, como curiosidade, a função de alguns dos prin-
FORA DE ESCALA
Professor, comente a expressão cipais músculos do corpo humano.
“calcanhar de Aquiles”. Ela é usada CORES FANTASIA • Bucinador: atua indiretamente na mastigação, empurrando o
quando uma pessoa quer se referir bolo de alimento de volta aos dentes para serem mastigados.
ao ponto fraco de alguém.
• Esternocleidomastoídeo: movimenta a cabeça para a fren-
A origem dessa expressão está na te, para trás e para os lados.
mitologia grega.
• Trapézio: desloca a cabeça para baixo.
Há várias versões dessa história, e
• Deltoide: responsável por quase todos os movimentos do
uma delas diz que Aquiles, filho do

Eraxion/iStockphoto
rei Peleu e da deusa Tétis, tornou- braço e do ombro.
-se invulnerável quando, ao nascer, • Peitoral maior: move o braço para o lado e para a frente do
foi banhado pela mãe nas águas corpo.
do Rio Estige. Apenas o calcanhar • Tríceps braquial: estica o antebraço.
por onde Tétis o segurou não foi
• Reto do abdome: atua na postura, na flexão do tronco e au-
molhado e continuou vulnerável.
xilia na respiração.
Assim, Aquiles cresceu forte, bonito
e aparentemente invencível. • Oblíquo externo do abdome: atua na flexão e rotação
Foi um dos guerreiros da Guerra de do tronco.
Troia e o protagonista da Ilíada, de Tendão • Bíceps braquial: flexiona o antebraço sobre o braço e gira o
Homero. No entanto, Aquiles acabou calcâneo antebraço.
sendo morto em uma batalha • Adutor longo: move a coxa para fora e para dentro.
quando foi flechado no calcanhar por
• Sartório: flexiona a coxa no quadril e gira a coxa para fora (é
Páris, que conhecia seu segredo.
o maior músculo do corpo).
• Reto da coxa: usado para correr, saltar e escalar.
• Tríceps sural (formado pelos músculos gastrocnêmio e só-
leo): flexiona o joelho e estica o tornozelo.
• Tibial anterior: flexiona o pé para cima e permite o movi-
ILUSTRAÇÃO 8: concepção mento de rotação do pé.
artística do tendão de Aquiles
ou tendão calcâneo. O que liga os músculos aos ossos são os tendões (fitas ou cordões
fibrosos, formados por tecido conjuntivo).
O tendão calcâneo (ou tendão de Aquiles), por exemplo, é uma
estrutura localizada na região posterior do tornozelo, que liga a mus-
culatura da panturrilha ao osso do calcanhar (calcâneo). Sua função
é transmitir a força gerada pela musculatura da perna até o pé, para
que possamos caminhar, correr ou saltar. A ruptura do tendão calcâ-
neo é uma lesão que ocorre comumente em pessoas que praticam
esportes de alto impacto e pode levar à incapacidade de andar.
Lembre-se, porém, de que nem todos os músculos ligam-se aos
ossos. Os músculos dos órgãos internos, como estômago, intestino
e coração, não estão ligados a nenhum osso.
Como vimos, o movimento desses músculos é controlado pelo nó
vital, que fica no bulbo, em uma região do encéfalo.

162 Unidade 2 | Sistema nervoso

Músculos e exercícios físicos


Os músculos podem se adaptar ao exercício exe- tas vezes, isso leva uma pessoa a ter hábitos pouco
cutado. Entre as formas de adaptação, um músculo saudáveis para o organismo e, em muitos casos, os
pode principalmente tornar-se mais flexível, ou hi- prejudicados são justamente os músculos e o es-
pertrofiado. O processo de adaptação deve ocorrer queleto. Exercícios que sobrecarregam a capacidade
de maneira gradual, caso contrário, o músculo sofrerá física de uma pessoa causam danos a essas estrutu-
algum tipo de lesão. ras. Em busca do corpo “ideal”, é comum as pessoas
Um tema relacionado à saúde que deve ser levan- ultrapassarem esse limite. Quando isso ocorre na
tado novamente é a preocupação com a aparência, infância, é um grave problema, porque alguns danos
principalmente por jovens que passam por um pro- estruturais podem ser incorrigíveis e permanecer pelo
cesso de mudança e afirmação do próprio ser. Mui- resto da vida.

162 Unidade 2 | Sistema nervoso


Sistema locomotor e envelhecimento

dtur/Frreepik Premium
O envelhecimento é parte integrante do ciclo da vida e caracteri-
za-se por uma série de declínios fisiológicos, entre os quais está a Professor, a osteoporose está
diminuição da massa muscular e da densidade óssea e o aumento relacionada à perda de massa óssea
simultâneo do percentual de gordura corporal. que acompanha o processo de
O metabolismo – que é uma série de processos que o corpo utili- envelhecimento. Os ossos ficam mais
za para formar algumas substâncias e transformar outras para obter frágeis, aumentando a probabilidade
energia – diminui e, com ele, também a resistência cardiorrespiratória. de ocorrer fraturas.
À medida que o organismo envelhece, também ocorre a diminui- É mais comum entre mulheres (uma
ção da produção de algumas células que renovam os tecidos do sis- a cada quatro mulheres acima de 50
anos tem a doença).
tema musculoesquelético. Aos poucos, esse sistema começa a sofrer
alterações em suas principais estruturas.
As consequências podem ser:
• perda de força muscular;
• artrose: desgaste da cartilagem que reveste as articulações;
• bursite: inflamação na bursa, uma estrutura em forma de
almofada, que contém um líquido lubrificante em seu inte-
rior, cuja função é manter as articulações funcionando per- Professor, o uso de substâncias
feitamente (costuma atingir ombros e/ou quadris); IMAGEM 9: mulher praticando esteroides com o objetivo de
exercícios ao ar livre para aumentar a massa muscular
• osteoporose: doença silenciosa, caracterizada pela pro- obter melhor qualidade de é extremamente danoso ao
gressiva fragilidade dos ossos, que se tornam mais porosos. vida. organismo, porque sobrecarrega
Geralmente, só é diagnosticada quando ocorre uma fratura. metabolicamente o fígado e os
A melhor maneira de ter uma boa qualidade de vida e manter a rins, além de causar outros danos,
autonomia pelo maior tempo possível é manter-se sempre ativo. como comportamento agressivo e
Os exercícios aeróbios, como a caminhada, a natação e a ginástica esterilidade.
ILUSTRAÇÃO 9: comparação
de baixo impacto, ajudam a manter ou até melhorar a função cardio-
entre um osso (fêmur) normal
vascular.
(à esquerda) e um com
O treinamento com levantamento de pesos desacelera a perda osteoporose (à direita).
de massa muscular e a diminuição da densidade óssea, reduzindo Fonte: Netter, Frank H. Atlas de
anatomia humana. Elsevier, 2019.
as chances de desenvolver osteo-
porose. BNCC

É muito importante ao idoso fa- Partynia (CC BY-SA 4.0)


O trabalho com o texto “Sistema
zer uma avaliação médica antes de locomotor e envelhecimento”
atende as competências e os temas
iniciar qualquer atividade física e
indicados a seguir.
cuidar bem da alimentação.
Competências gerais: 1, 2, 7, 9 e 10.
Você tem um idoso em casa?
Que tal convidá-lo para caminhar Competências específicas: 2, 5 e 8.
com você? Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde, Ciência e
Tecnologia e Cidadania e Civismo.

Unidade 2 | Sistema nervoso 163

Unidade 2 | Sistema nervoso 163


Autonomia da pessoa com deficiência
Você sabia?
Imagine a seguinte situação: uma pessoa leva uma vida bastante
O conceito de acessibilidade ativa, anda, sobe escadas, toma ônibus, pratica esportes, passeia por
Professor, a questão da mobilidade é descrito na legislação
urbana é assunto da maior todos os lugares. Mas, de um momento para o outro, tudo isso acaba.
brasileira como a condição
importância nas grandes cidades. para utilização, com Uma ultrapassagem mal calculada do motorista de ônibus, um
Uma urbanização precária causa segurança e autonomia, total mergulho errado na piscina, um escorregão na escada e, de repente,
problemas para grande parte da ou assistida, dos espaços,
ela não pode mais andar. Vem o choque, a negação, a tristeza e, por
população, não somente às pessoas mobiliários e equipamentos
fim, a aceitação: daqui para a frente ela terá que se locomover de
com deficiência, que, claro, sofrem urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos cadeira de rodas.
dificuldades ainda mais brutais,
dispositivos, sistemas e meios
muitas vezes, sendo privadas de seu de comunicação e informação,
O incentivo dos médicos, das enfermeiras e das pessoas que estão
direito constitucional de ir e vir. por pessoa com deficiência ao seu lado a faz pensar: “Está bem, eu sou capaz, eu consigo!”. Mas,
ou com mobilidade reduzida ao sair de casa, ela encontra um mundo hostil, totalmente desprepa-
(BRASIL, Decreto nº 5.296, de rado para recebê-la:
2 de dezembro de 2004).
BNCC • calçadas sem rebaixamento, es-
O trabalho com o texto “Autonomia

JACOB STEPHENSON/TT News Agency via AFP


buracadas, desniveladas, com
da pessoa com deficiência” atende degraus;
as competências e os temas indicados
a seguir. • ônibus não adaptados para a
locomoção de pessoas com de-
Competências gerais: 1, 7, 9 e 10.
ficiência;
Competências específicas: 2, 5 e 8.
• ausência de rampas na maioria
Temas Contemporâneos Transversais: dos lugares que ela costumava
Saúde, Ciência e Tecnologia e
frequentar;
Cidadania e Civismo.
• portas e corredores estreitos
por onde a cadeira de rodas
SLIDESHOW não passa;
DEFICIÊNCIA MOTORA
• banheiros não acessíveis.
IMAGEM 10: Stephen Hawking Assim, algo que poderia ser superado de maneira mais suave, tor-
(1942-2018). Um dos maiores na-se um enorme problema. E agora?
físicos de todos os tempos.
Para muitos, esse foi apenas um exercício de imaginação, mas
Ocupou a cadeira do físico
inglês Isaac Newton para outros é a dura realidade.
(1643- 1727) na Universidade O certo é que lutar pelos direitos da pessoa com deficiência não
de Cambridge até 2009, é apenas uma questão de exercer empatia, é uma questão de lutar
comunicando-se com os
pelos próprios direitos.
movimentos da bochecha.
Não podemos prever o que irá nos acontecer quando o ônibus fizer
a próxima curva... mas podemos lutar para que o lugar onde vivemos,
os estabelecimentos que frequentamos, as calçadas, os banheiros,
tudo esteja preparado para nos receber caso algo aconteça.
Glossário
Empatia: capacidade de se Viver em uma cidade adaptada à locomoção de pessoas com de-
colocar no lugar de outra pessoa, ficiência, onde elas possam transitar com liberdade e autonomia,
entendendo seu ponto de vista e
seus sentimentos, ou seja, a aptidão
frequentando todos os lugares e participando ativamente da socie-
para se identificar com o outro. dade, é imperativo: tem de ser.

164 Unidade 2 | Sistema nervoso

164 Unidade 2 | Sistema nervoso


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. Em relação ao sistema de locomoção humano, 3. Assinale a alternativa correta em relação ao


responda: seguinte texto.
a. Por que os bebês humanos não conseguem As partes do corpo humano em que dois os-
sustentar o próprio pescoço? sos se encontram são denominadas articula-
b. O que justifica o fato de os músculos re- ções. Ali, os ossos podem se deslocar, permi-
presentarem uma parcela muito maior da tindo ao esqueleto realizar movimentos. Esse
massa de um ser humano do que os ossos? movimento ocorre suavemente sem desgaste
c. O que significa dizer que um jogador de fu- dos ossos graças à presença de:
tebol rompeu um ligamento? a. tecido muscular nas suas extremidades. 1.
2. A figura abaixo é de um esqueleto humano. b. tecido nervoso nas suas extremidades. a. Porque seus ossos são
As letras indicam alguns dos ossos mais im- c. tecido epitelial nas suas extremidades. constituídos de cartilagem, um
portantes. d. tecido cartilaginoso nas suas extremidades. material macio e flexível.
Escreva no caderno o nome desses ossos. e. tecido adiposo nas suas extremidades. b. Os ossos não são maciços, seu
a 4. Animais como jacarés (répteis), sapos (anfíbios) interior é constituído de 50%
e elefantes (mamíferos), apesar de muito di- de água.
ferentes, pertencem a uma mesma classe, da c. Significa que ele rompeu uma
qual também fazem parte os peixes e as aves. estrutura filamentosa que ligava
a. Observe o esqueleto desses animais e indi- um osso ao outro.
que a que classe eles pertencem. 2.
a. Ossos do neurocrânio.

BlueRingMedia/
Shutterstock
c
b
b. Costelas
c. Coluna vertebral
d. Fêmur
ILUSTRAÇÃO 11: concepção artística do e. Patela
esqueleto de um jacaré.
3. Alternativa d.
4.

BlueRingMedia/Shutterstock
d a. São animais vertebrados.
ILUSTRAÇÃO 12:
b. Presença de coluna vertebral.
concepção artística
do esqueleto de um
e
elefante.
BlueRingMedia/Shutterstock
Osvaldo Sequetin

ILUSTRAÇÃO 13:
concepção artística
do esqueleto de
um sapo.
ILUSTRAÇÃO 10: esqueleto humano. b. Qual é a estrutura, em seu organismo, que
Fonte: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; Corpo Humano: garante que esses animais pertençam a
Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 10 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017. p. 128. essa classe?

CORES FANTASIA FORA DE ESCALA


Unidade 2 | Sistema nervoso 165

Unidade 2 | Sistema nervoso 165


NÃO ESCREVA
NO LIVRO
5. Sobre os músculos relacionados à locomoção, a. Exercícios físicos estão relacionados com o
associe corretamente as colunas 1 e 2. aumento da massa muscular.
Coluna 1 b. Os músculos esqueléticos são ligados aos
5. a. Movimentos de saltar, correr e escalar. ossos pelos tendões.
a. e I b. Movimento de braço para o lado e para a c. De maneira geral, os músculos esqueléti-
b. e IV frente. cos realizam movimentos antagônicos.
c. e II c. Movimento de rotação de tronco. d. O músculo esquelético apresenta contra-
d. Movimento da cabeça em todas as direções. ção involuntária.
d. e III
Coluna 2 e. Os movimentos ocorrem devido à contra-
6. ção das fibras musculares.
I. Reto da coxa
a. e IV
II. Oblíquo externo do abdome 8. Responda brevemente no caderno aos itens a
b. e III III. Esternocleidomastoídeo seguir.
c. e II IV. Peitoral maior a. Quais são as principais consequências do
d. e I 6. Relacione os números da figura com os mús- envelhecimento para o sistema locomo-
7. Alternativa d. Os músculos culos dos números romanos I, II, III e IV da co- tor humano?
esqueléticos apresentam luna 2 do exercício anterior. b. Qual é a diferença entre artrose e osteo-
contração voluntária, desde que porose?
a pessoa não tenha nenhum c. O que um idoso pode fazer para minimizar
problema nos nervos. as consequências do envelhecimento?
a
8. b
9. Pessoas com deficiência têm todos os seus di-
a. Perda de massa muscular e de reitos de locomoção garantidos por lei, mas,
densidade óssea. na prática, não é o que acontece e cenas como
b. A artrose é um desgaste da a da imagem a seguir são corriqueiras.
cartilagem que reveste as Imagine que você é a pessoa na cadeira de ro-
articulações e a osteoporose é o das dessa imagem.
aumento de porosidade dos ossos, Escreva uma história com, pelo menos, cinco pa-
que se tornam frágeis e podem se rágrafos contando:
romper por qualquer impacto. Para onde você estava indo? Como você se sen-
c
c. Alimentar-se bem, fazer tiu quando encontrou esse obstáculo em seu
exercícios físicos aeróbios e de caminho? Quem é essa pessoa que ajudou você?
levantamento de peso, depois de Você pretende tomar alguma atitude em rela-
consultar um médico. d ção ao ocorrido, como registrar uma reclama-
9. Resposta pessoal. Espera- ILUSTRAÇÃO 14: ção na prefeitura, por exemplo? Sim ou não?
se que, ao tentar escrever a músculos do Explique sua decisão.
Osvaldo Sequetin

história, o estudante tome corpo humano.


consciência do absurdo dessa Fonte: TORTORA,

degraus_@kuprevich/Freepik Premium
G. J.; DERRICKSON,
situação, do quanto ela é errada B.; Corpo Humano:
e injusta. Ao tentar se colocar Fundamentos de
Anatomia e Fisiologia.
no lugar do outro, o estudante 10 ed. Porto Alegre:
terá uma visão mais clara do Artmed, 2017. p. 203.

problema e da necessidade
urgente que temos de melhorar 7. Os músculos esqueléticos são aqueles asso-
como sociedade. ciados à sustentação e aos movimentos do
organismo humano.
A esse respeito, analise as alternativas a se-
guir e indique a incorreta no caderno. IMAGEM 11: cadeirante e os obstáculos do dia a dia.
BNCC
O trabalho com o “exercício 9” 166 Unidade 2 | Sistema nervoso

atende as competências e os temas


indicados a seguir.
Competências gerais: 1, 7, 9 e 10.
Competências específicas: 2, 5 e 8.
Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde, Ciência e
Tecnologia e Cidadania e Civismo.

166 Unidade 2 | Sistema nervoso


Psicotrópicos
Você já notou que o lugar onde compramos remédios também é
chamado de drogaria?
Discuta com seus colegas Professor, observe que deixamos
De fato, é uma drogaria, porque vende drogas, substâncias que o item “psicotrópicos” para o final
podem provocar mudanças no organismo ou no comportamento de
Você já tomou algum remédio da unidade, porque o uso dessas
para alergia, tosse ou resfriado substâncias altera o funcionamento
uma pessoa. que o fez ficar com sono?
do sistema nervoso central e,
Um exemplo são os remédios: podem nos aliviar a dor em deter- Já tomou algum tipo de portanto, também afeta o sistema
minado órgão, interromper uma reação do organismo, como uma anestesia no dentista ou em
visual (pode provocar alucinações,
um procedimento cirúrgico?
febre, nos deixar mais ativos ou com mais sono.
Você lembra o que aconteceu?
perda momentânea da acuidade
Uma origem possível para a palavra droga é o termo holandês visual, visões embaraçadas) e
droog (folha seca); isso porque, antigamente, quase todos os medica- descontrole no sistema locomotor,
mentos eram feitos à base de vegetais desidratados.
afetando o equilíbrio e impedindo
a pessoa de controlar seus
movimentos adequadamente;

Divulgação/Ministério da Cidadania
portanto, de dirigir veículos e operar
máquinas. Dessa forma, concluímos
que seria mais proveitoso trabalhar
esse item depois que o estudante
tivesse uma visão geral dos
sistemas diretamente afetados por
psicotrópicos.
A abordagem desse assunto é difícil,
mas absolutamente necessária,
principalmente se o estudante não
recebeu informações consistentes a
esse respeito da família ou de outra
instituição de confiança.
A melhor proteção contra as drogas
é a informação.
IMAGEM 12: reflita a respeito Como educadores, não podemos
"por que você nunca será livre deixar que a falta de informação leve
se escolher usar drogas"? o estudante a tomar um caminho
Uma droga psicoativa ou psicotrópica (do grego psico, psiquismo, que prejudique seu desenvolvimento
futuro.
e trópos, transformação) é uma substância que age principalmente
no sistema nervoso central. A droga psicotrópica altera a função
cerebral e muda temporariamente a percepção, o humor, o compor-
tamento e a consciência do usuário.
Glossário
Para ser classificada como droga psicotrópica, a substância deve Tolerância: nas relações
humanas, a tolerância é uma
apresentar três propriedades: desenvolver tolerância, levar à depen-
qualidade bem-vinda. Significa BNCC
dência e provocar síndrome de abstinência. aceitar o outro sem pre-
1. Desenvolver tolerância
julgamentos. Em relação às O trabalho com esse item atende à
drogas, é a diminuição do efeito
habilidade:
Tolerância é a necessidade de usar doses cada vez maiores da ao longo do tempo, que resulta na
droga para obter o mesmo efeito que inicialmente era sentido com
necessidade do uso de doses cada (EF06CI10).
vez maiores para obter os mesmos
uma pequena dose. efeitos iniciais.

Unidade 2 | Sistema nervoso 167

Unidade 2 | Sistema nervoso 167


Por exemplo, suponha que uma pessoa utilize uma quantidade X
Você sabia? de certa droga para obter determinado efeito, como aliviar a dor ou
LINK
“Nas primeiras décadas do conseguir dormir.
Para obter mais informações sobre século 21, cerca de 500 mil Em pouco tempo, essa quantidade X não faz mais o mesmo efeito
drogas, acesse o site do Centro americanos morreram por
Brasileiro de Informações sobre conta de overdose relacionada
inicial, então a pessoa passa a usar uma quantidade Y, maior do que
Drogas Psicoativas (Cebrid): a algum opioide, seja de uso X. Depois de mais um tempo, essa quantidade Y, maior, também dei-
https://fnxl.ink/ORNRIN ilegal ou receitado por um xa de fazer o efeito esperado e a pessoa aumenta para uma quanti-
Acesso em: 8 fev. 2022. médico, segundo o Centro para dade Z.
o Controle e Prevenção de
Doenças dos Estados Unidos E assim vai, progressivamente, até que, em determinado momen-
(CDC, na sigla em inglês)." to, ela acaba usando uma quantidade da droga que seu corpo não é
Fonte: https://fnxl.ink/WLVBHF capaz de processar. Quando isso ocorre, o organismo entra em co-
Acesso em: 20 abr. 2023.
BNCC lapso. É o que os médicos chamam de overdose.
O trabalho com o texto Uma possível consequência da overdose é a morte.
“Psicotrópicos” atende as 2. Levar à dependência
competências e os temas indicados
Dependência é a necessidade compulsiva de ingerir uma nova
a seguir.
dose da droga com frequência para obter o efeito que ela proporcio-
Competências gerais: 8 e 10. na. Se o dependente não ingeri-la, ele pode entrar em síndrome de
Competências específicas: 7 e 8. Glossário abstinência.
Opioide: substâncias que
Temas Contemporâneos deprimem o SNC, induzindo ao 3. Provocar síndrome de abstinência
Transversais: Saúde, Ciência e sono; eram prescritas nos EUA Síndrome de abstinência é o desenvolvimento de sintomas físicos
Tecnologia e Cidadania e Civismo. indiscriminadamente para aliviar a
dor. Causam dependência. e psíquicos muito desagradáveis que surgem quando a pessoa deixa
de ingerir por determinado período a droga a que está habituada.
Os sintomas provocados pela síndrome de abstinência variam de leves
a extremamente severos, conforme a droga e o organismo da pessoa.
Bebidas alcoólicas, por exemplo, são drogas, por-

BlenderTimer/Pixabay
que causam tolerância, levam à dependência e pro-
vocam síndrome de abstinência.
A síndrome de abstinência do álcool é um quadro
que aparece pela redução ou parada brusca da in-
gestão de bebidas alcoólicas após um período de
consumo crônico.
Tem início de 6 a 8 horas após a parada da inges-
tão de álcool e é caracterizada pelos sintomas a
seguir.
• Abstinência leve: tremor das mãos, dis-
túrbios gastrintestinais, distúrbios de
sono e inquietação geral.
• Abstinência severa ou delirium tremens:
tremores generalizados, agitação intensa
e desorientação no tempo e no espaço. Em
IMAGEM 13: labirinto.
Envolver-se com drogas é como entrar em um geral, ocorre com cerca de 5% daqueles
labirinto de difícil solução. que entraram em abstinência leve.

168 Unidade 2 | Sistema nervoso

Anfetaminas
As anfetaminas são um tipo de droga usada para tratar o déficit de atenção, a narcolepsia (condição
neurológica crônica em que a pessoa está constantemente sonolenta, chegando a adormecer em vários
momentos do dia, mesmo após ter dormido bem durante a noite) e a obesidade. Elas e seus derivados atuam
sobre os neurotransmissores dopamina e serotonina, modificando o funcionamento do cérebro. Provocam
excitação, insônia e falta de apetite por um período de até 12 horas. Passado o efeito, as conexões cerebrais
são interrompidas e a pessoa se sente deprimida e sem energia, o que poderá levá-la a consumir outra dose
do remédio ou aumentar a dose, conforme o caso.
As anfetaminas causam pressão alta, alteração do ritmo do coração, tremor, gastrite, irritabilidade e até
acidentes vasculares cerebrais.

168 Unidade 2 | Sistema nervoso


Ação no sistema nervoso central
O sistema nervoso é composto de dois tipos de nervos principais:
os cranianos, que partem do encéfalo, e os raquidianos, que partem Professor, neste tópico, retomamos
da medula espinhal. Esses nervos se ramificam e se conectam por o conceito de sinapse, lembrando o
todo o organismo, transmitindo sensações e levando mensagens estudante de como ocorre o fluxo
para coordenar ações e movimentos. de informações entre o sistema
As células nervosas responsáveis pela transmissão das mensagens nervoso e as demais estruturas
por meio dos nervos são os neurônios. Como vimos, os neurônios
do nosso corpo. Apresentamos os
principais mediadores químicos
não estão ligados de modo contínuo, e o espaço entre eles é deno-
envolvidos na comunicação
minado fenda sináptica (veja página 131). neuronal, bem como a variedade
A sinapse é justamente o conjunto formado pela extremidade do da natureza do tipo de mensagem
neurônio (pré-sináptico), que envia a mensagem na forma de um que podem transmitir. Esse conceito
impulso elétrico, a fenda sináptica e a extremidade do neurônio, que é necessário para o estudante
recebe a mensagem na forma de impulso elétrico (pós-sináptico). perceber que esses mecanismos de
comunicação funcionam como alvos
Na fenda sináptica, o impulso elétrico transmitido de um neurônio
farmacológicos do sistema nervoso
a outro é mediado por substâncias chamadas de quando tratarmos da ação dos
neurotransmissores ou mediadores químicos. Al- diferentes tipos de droga psicoativa.

valuavitaly/Freepik Premium
guns exemplos de neurotransmissores são: A ideia é que ele compreenda que
• dopamina: substância que atua no con- o processo de comunicação entre
trole dos movimentos, no aprendizado, no um neurônio receptor, o sistema
humor, na atenção e na memória. Produz nervoso e um neurônio motor pode
ser alterado em vários estágios, de
sensações de satisfação, prazer e é res-
diversas maneiras, definidas pela
ponsável pelo desejo de repetir algo pra-
ação dos diferentes mediadores
zeroso; apresentados. E ainda que o próprio
• serotonina: substância relacionada à me- funcionamento do sistema nervoso
mória e à aprendizagem, regula o humor, pode ser alterado, comprometendo
o sono, o apetite, a sensibilidade à dor, a sua capacidade de percepção e
temperatura corporal e a atividade se- integração de resposta.
xual, entre outras atividades;
• adrenalina: substância que induz a um
estado de alerta e excitação física e mental;
• adenosina: substância que induz ao sono;
• endorfinas: é uma classe de substâncias
que proporcionam bem-estar, prazer e
relaxamento, reduzindo a depressão, a
ansiedade e atuando no controle da dor;
• ácido gama-aminobutírico (Gaba): atua
principalmente inibindo as atividades do
SNC, agindo como depressor; IMAGEM 14: relaxamento e
• ácido glutâmico ou glutamato: atua principalmente esti- bem-estar são sensações
mulando as atividades do SNC, agindo como estimulante. relacionadas à liberação de
endorfinas.

Unidade 2 | Sistema nervoso 169

Unidade 2 | Sistema nervoso 169


E como os neurônios utilizam esses mediadores químicos para
Você sabia? enviar mensagens?
A brincadeira do “telefone Vamos explicar utilizando uma analogia.
Professor, ajude o estudante a sem fio” consiste em juntar
Os neurônios transmitem as mensagens para todo o organismo
associar o funcionamento do sistema um grupo de pessoas em
nervoso central com o dos demais fila (ou em roda). A primeira por um processo semelhante ao da brincadeira do telefone sem fio.
órgãos do corpo, considerando seu pessoa da fila cochicha uma Por exemplo, suponha que você esteja passeando por uma savana
frase qualquer no ouvido da
papel de controle das atividades no continente africano e ouça o rugido de um leão.
segunda pessoa, e essa, por
realizadas pelo organismo. sua vez, cochicha no ouvido Um neurônio do encéfalo “conta” ao neurônio seguinte que é hora
Assim, devemos deixar claro que, da terceira pessoa a frase de ficar alerta. A “conversa” entre neurônios ocorre por meio de uma
quando alteramos o comportamento que escutou. E assim vai até linguagem química, então eles fazem isso liberando adrenalina.
do sistema nervoso central, chegar à última pessoa da fila,
que deve dizer a frase em voz O neurônio que recebe a mensagem “entende” o que aconteceu
consequentemente alteramos o
alta. Experimente brincar com porque ele tem receptores para a adrenalina e, ao contrário do que
comportamento de órgãos que estão
os colegas, geralmente rende ocorre na brincadeira do telefone sem fio, que geralmente acaba em
conectados intrinsecamente a esse boas risadas!
sistema. uma grande confusão, essa mensagem é repassada de neurônio a
Com isso, podemos chamar a neurônio pelo corpo inteiro, de forma extremamente rápida e efi-
atenção para o fato de que o sistema ciente. Imediatamente você entra em alerta e está pronto para tomar
nervoso pode ser adotado como alvo uma decisão: voltar para o carro? Tentar se esconder?
intermediário quando se quer alterar Algumas drogas psicoativas têm, em sua constituição, substâncias
a função de determinado órgão. que se assemelham a determinados mediadores químicos que podem
Do mesmo modo, às vezes, “enganar” os neurônios. Essas substâncias podem fazer com que os
queremos atingir um órgão neurônios transmitam mensagens falsas ao organismo – por exemplo,
específico com o uso de uma que você está bem-disposto quando, na verdade, está muito cansado.
substância que causa, ao mesmo Ou, então, podem simplesmente bloquear as mensagens que o en-
tempo, alterações distintas em
céfalo envia para serem repassadas pelos neurônios ao organismo.
outros órgãos, conhecidas como
efeitos colaterais, termo que os Em ambos os casos, se essa situação se repete com regularidade,
estudantes provavelmente já a integridade do sistema nervoso pode ficar comprometida e, com
ouviram falar. ela, a saúde de todo o organismo.

Freepik Premium
IMAGEM 15: turistas observam
um leão selvagem em uma
reserva na África. É imperativo
permanecer no veículo ao
visitar o território de um
predador selvagem.

170 Unidade 2 | Sistema nervoso

170 Unidade 2 | Sistema nervoso


Classificação das drogas
As drogas psicoativas atuam diretamente no sistema nervoso cen-
tral e podem ser classificadas em depressoras, estimulantes ou alu- Professor, apresente o texto
cinógenas, de acordo com o efeito predominante que provocam no a seguir, Drogas em um mundo
organismo. conturbado.
A droga não constitui problema
Drogas depressoras específico dos jovens [...]. Existem
As drogas depressoras são as que diminuem a atividade do siste- problemas sociais, igualmente sérios,
Glossário
que vêm abalando, continuamente,
ma nervoso central, reduzindo seu funcionamento. Comprometem Tabagismo passivo: é a
absorção da fumaça do cigarro o alicerce estrutural da família,
a capacidade de raciocínio, de julgamento, de decisão e tornam os por não fumantes e também a ponto de desnortear o jovem,
reflexos mais lentos. pode causar problemas de saúde. levando-o a uma total insegurança.
Vários estudos demonstram
Os exemplos mais comuns são os opiáceos (como a morfina e a que os não fumantes expostos São problemas advindos do mundo
à fumaça do cigarro absorvem conturbado de hoje, reflexo de uma
heroína) e as bebidas à base de álcool etílico ou etanol. nicotina, monóxido de carbono explosão urbana descontrolada, da
e outras substâncias da mesma
Drogas estimulantes forma que os fumantes, embora crescente aceitação de novos valores
em menor quantidade. A da sociedade de consumo, das
As drogas estimulantes são as que aumentam a atividade do sis- quantidade de tóxicos absorvidos desigualdades sociais etc. [...]
depende da extensão e da
tema nervoso central, potencializando seu funcionamento. Provocam intensidade da exposição, além As reações da sociedade ao uso
perda de sono e um estado de alerta geral, que tornam os reflexos da qualidade da ventilação do medicinal das drogas que induzem
ambiente onde se encontra a
mais rápidos, embora causem a perda de controle das atitudes. pessoa. ao vício dependerão da maneira pela
qual as pessoas e as instituições
Os exemplos mais comuns são a nicotina do cigarro – que pode compreendam os problemas
ser absorvida inclusive por meio de tabagismo passivo, justificando relacionados com sua utilização. [...]
as leis que proíbem fumar em ambientes fechados), e os derivados  A razão pela qual as pessoas
da cocaína, como o crack e a merla. usam drogas.
 Os efeitos imediatos e
360b/Shutterstock

Drogas alucinógenas
retardados dessa prática.
As drogas alucinógenas são as que  Alguns aspectos do sistema
agem modificando qualitativamente a de valores da sociedade. [...]
atividade do cérebro, que passa a fun- Dentre as causas que levam
cionar fora do seu normal, ocorrendo ao vício, podem ser citadas,
um estado de perturbação e confusão aleatoriamente, as seguintes:
curiosidade, conflito
mental em que a pessoa vê e vivencia
familiar, espírito grupal,
situações que não estão acontecendo fuga às responsabilidades,
de fato e reage a essas situações como desorientação para
se fossem reais. o lazer, imaturidade,
insegurança, personalidade
Os exemplos mais comuns de dro-
instável, desprezo por
gas alucinógenas são a maconha e os parte da sociedade, vazio
inalantes como o “lança-perfume”, éter existencialista, desinformação
e clorofórmio. e identificação com artistas
Os quadros das páginas a seguir re- IMAGEM 16: pulmão humano de fumante, tratado (plastinado)
famosos. De maneira geral,
em exibição no Museu Menschen (Museu Humano), Berlim,
duas ou mais causas atuam
lacionam as principais drogas e seus
Alemanha, 2015. simultaneamente, como,
efeitos negativos no organismo. por exemplo, a curiosidade
e a desinformação, que,
Unidade 2 | Sistema nervoso 171 juntas, podem levar o jovem
a usar, pela primeira vez,
determinado tipo de droga
[...].”
BATISTA, Cid Martins. Drogas não!
Para pais e professores. Viçosa: CPT,
Professor, é muito provável que o estudante já tenha provado café e pode ser até que haja alguns que 2001, s/p. (Série Desenvolvimento
tenham experimentado outro tipo de droga. É importante não fazer nenhum julgamento dessa atitude. É Humano).
preciso estabelecer um clima de confiança e compreensão para que possamos ajudá-los. Se eles ficarem
constrangidos, vão se fechar completamente em relação ao tema e não falarão mais a respeito com nenhum
adulto. Tente apenas guiar a conversa, de modo a fazê-los refletir sobre a ação dessas substâncias no
organismo, com frases como: “O café provoca agitação e tira o sono”; “Quando anestesiamos a boca no
dentista, não conseguimos controlar o movimento dos lábios”; “Uma vez eu vi uma pessoa alcoolizada e ela
estava tonta”; “O antialérgico me deixou com muito sono”, e assim por diante.

Unidade 2 | Sistema nervoso 171


Drogas depressoras
BEBIDAS
Professor, a bebida alcoólica ALCOÓLICAS
é amplamente divulgada pela

Fernando Brum
Droga lícitas para Ilícitas para quem
mídia como algo que faz parte maiores de 18 anos dirige ou opera máquinas
dos momentos de descontração e
alegria. É facilmente encontrada
em qualquer estabelecimento
comercial e está presente em muitas Efeitos imediatos Efeitos posteriores Consequências sociais
casas, integrada aos hábitos da
família. O que a propaganda não
mostra são os acidentes de carros, Quanto mais cedo o contato Ressaca (sobrecarrega Acidentes de carro
a desestruturação familiar e os com a bebida, pior o fígado)
episódios de violência doméstica
contra a mulher e a criança Violência doméstica
Dependem do organismo e da Hipoglicemia (fraqueza
desencadeados pelo alcoolismo. quantidade ingerida e mal-estar)
É provável que muitos dos
estudantes conviva de perto com o
problema ou conheça alguma família Visão embaçada Perda de emprego
Desidratação
que convive.
É preciso muito tato e respeito Falta de
para falar sobre esse assunto. coordenação motora Alcoolismo Famílias desestruturadas
É importante deixar claro que o
alcoólico é uma vítima, uma pessoa
doente que precisa de ajuda, sem OPIÁCEOS:
Droga lícita para uso médico Ilícita em
esquecer que as pessoas que (câncer ou cuidados paliativos)
DERIVADOS DA
qualquer situação
convivem com ele também estão PAPOULA
fragilizadas e precisam ser acolhidas.
Oriente-os para que, caso conheçam potente extremo
alguém nessa situação, informem
a essa pessoa que ela pode buscar MORFINA: NATURAL HEROÍNA: SEMI-SINTÉTICA
ajuda em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS), sempre lembrando
que alcoolismo não tem cura, é efeitos semelhantes
necessário disciplina e abstinência Efeitos psíquicos Efeitos físicos
total de bebida.

Aumento do sono e Elimina qualquer Paralisia do estômago Dilatação


diminuição da dor emoção e do instestino das pupilas

Depressor do sistema Pode deprimir Forte prisão Coceiras,


nervoso central o nó vital de ventre boca seca

Síndrome de abstinência: provoca Síndrome de abstinência: tão


vômitos e dores violentas violenta que pode levar ao suicídio

172 Unidade 2 | Sistema nervoso

Epidemia de opioides nos Estados Unidos


O círculo vicioso em que se revolvem a pandemia e o aumento da violência nos Estados Unidos contém
um terceiro e letal elemento: o vício em opioides, na forma de potentíssimos analgésicos que são consumidos
não para amenizar dores, mas pela sensação de relaxamento e prazer que provocam. Essa outra epidemia
foi responsável por um trágico recorde recém-divulgado: em um ano, mais de 100 000 pessoas morreram de
overdose, um aumento de 28,6% em relação ao período anterior, superando o total de óbitos provocados por
armas, acidentes de carro e gripe.
Disponível em: https://fnxl.ink/DCJQOE
Acesso em: 8 fev. 2022.

172 Unidade 2 | Sistema nervoso


Drogas estimulantes
CIGARRO
(NICOTINA) Professor, parar de fumar faz
muito bem, mas exige esforço para

Fernando Brum
Droga lícita para Ilícita em
maiores de 18 anos ambientes fechados enfrentar a síndrome de abstinência,
que inclui sintomas como dor de
cabeça, dificuldade de concentração,
irritabilidade, agressividade e
Características Efeitos brandos Efeitos severos alterações no sono.

A queima pode liberar 4700 90% dos casos de


Dentes amarelados
substâncias tóxicas câncer de pulmão

30% dos casos de


60 mg de nicotina/kg é fatal Mau hálito câncer em geral
LINK
Alcatrão: fica impregnado no 25% dos
Pele envelhecida Parar de fumar sempre vale a pena
pulmão, não pode ser removido derrames cerebrais
em qualquer época da vida, mesmo
que a pessoa já tenha alguma
Dificuldade para subir
Monóxido de carbono: inativa 25% das mortes doença causada pelo cigarro, como
escadas, correr, dançar,
as hemácias do sangue por infarto câncer ou enfisema. Veja dicas sobre
praticar esportes
como conseguir no site a seguir:
https://fnxl.ink/CSPAOB
O fumo passivo (inalar a fumaça de cigarro de outra pessoa)
pode causar os mesmos problemas de saúde do fumante. Acesso em: 8 fev. 2022.

Purificada é ilícita em O chá de folhas de coca é


qualquer situação COCAÍNA lícito no Peru e na Bolívia

CRACK MERLA

efeitos semelhantes Professor, sob a forma de chá,


Efeitos psíquicos Efeitos físicos pouca cocaína é extraída das folhas
e menor ainda é a quantidade
absorvida pelos intestinos.
Causa fissura: compulsão incontrolável Contrações musculares, taquicardia, A pouca cocaína que passa para
para repetir a dose elevação da pressão arterial, coma a corrente sanguínea dessa
forma é levada ao fígado, onde é
Hiperatividade, excitação, insônia, Rabdomiólise: degeneração irreversível metabolizada antes de chegar ao
perda de cansaço, falta de apetite dos músculos esqueléticos cérebro; portanto, utilizada dessa
forma, não causa nenhum prejuízo
ao organismo.
Comportamento violento e agressivo, O usuário tem cheiro de produtos químicos
tremores, delírios, paranoia (solventes) que ele exala na transpiração

Unidade 2 | Sistema nervoso 173

Professor, os dados estatísticos sobre os efeitos severos da nicotina no corpo humano foram obtidos do
site Saúde Brasil - Eu quero parar de fumar.
Disponível em:
https://fnxl.ink/SKUEGR
Acesso em: 24 ago. 2022.
Veja também:
Inca - Instituto Naciona de Câncer
Disponível em: https://fnxl.ink/MXJNTA
Fiocruz - Tabafismo - O Mal da Destruição em Massa
Disponível em: https://fnxl.ink/SKRLLN
Acessos em: 24 ago. 2022.

Unidade 2 | Sistema nervoso 173


Drogas alucinógenas

MACONHA
Professor, um possível efeito
colateral da maconha é tornar o

Crédito: Fernando Brum


Ilícita para Aguarda regulamentação
homem estéril durante o período de uso recreativo para uso medicinal
uso. Há estudos que indicam que o
THC (tetrahidrocarbinol, o princípio
ativo da maconha) diminui em até
60% a quantidade de testosterona Efeitos psíquicos Efeitos físicos Indicações na medicina
(hormônio sexual masculino)
fabricada pelo organismo.
Pode interferir na capacidade Deixa os olhos vermelhos Epilepsia: atua como
de aprendizagem e e a boca seca anticonvulsivo
memorização

Aumenta os batimentos Depressão intensa: atua como


Pode causar síndrome e afeta a visão antidepressivo
amotivacional (o usuário
perde a motivação para
qualquer coisa) Diminui a fertilidade Hipertensão: atua como
masculina anti-hipertensivo
Professor, a inalação de solventes
pode ser involuntária ou voluntária.
É involuntária no caso de Pode causar acessos de Prejudica o sistema Inflamações: atua como
paranoia ou ataques de pânico imunológico anti-inflamatório
trabalhadores de indústrias de
sapatos, sapateiros, pintores,
marceneiros ou manicures, que
ficam o dia inteiro expostos ao ar INALANTES
contaminado pelos solventes.
É voluntária no caso de pessoas, Ilícito para Pode ocorrer por exposição
principalmente crianças e uso recreativo ocupacional
adolescentes, que se viciam,
por exemplo, em cheirar cola
de sapateiro.
Efeitos psíquicos Efeitos físicos Exposição ocupacional

Euforia, tontura, perturbações Pode causar lesões Sapateiros


visuais e auditivas irreversíveis no cérebro

Carpinteiros
Depressão, confusão
metal e palidez
A inalação crônica
pode levar à destruição Marceneiros
dos neurônios
Dificuldade de concentração e
déficit de memória
Manicures
Sob efeito do inalante, um
Alucinações e convulsões, grande esforço físico pode
pode levar ao coma levar ao colapso do coração Químicos industriais

174 Unidade 2 | Sistema nervoso

174 Unidade 2 | Sistema nervoso


A arte contra as drogas

mr.prof/Freepik Premium
Nos anos 1950, a médica brasileira Nise da Silveira
(1905-1999) percebeu que poderia usar arte como
terapia para substituir o tratamento com eletrocho-
ques e o confinamento das pessoas nos manicômios.
Hoje, há muitos psiquiatras, psicólogos e educado- Professor, indique aos estudantes
o documentário/drama: “Nise - o
res que adotam oficinas de artesanato, música ou
coração da loucura”, que conta
mesmo a leitura e a elaboração de poesias como par-
a história de Nise Silveira, uma
te integrante do tratamento do usuário compulsivo de psiquiatra que usa o amor e a arte
drogas. IMAGEM 17: artesanato em detrimento de choques elétricos
A arte atua como facilitadora na abordagem de temas normalmen- em cerâmica. A arte para ajudar seus pacientes.
te “espinhosos” para o paciente, como corpo, autoimagem, família, acalma, ajuda na O filme foi lançado no Brasil em 21
comunicação, relacionamentos, amor, doenças, vida e morte. A prá- concentração e promove o de abril de 2016 e conta com Gloria
autoconhecimento. Pires no papel principal.
tica constante de atividades artísticas promove o autoconhecimen-
to e acalma, potencializa as chances de recuperação e minimiza a
recaída.
Normalmente, as drogas são uti-

Miriam Doerr e Martin Frommherz/Shutterstock


lizadas como fuga de uma rotina
aborrecida, sem realizações satisfa-
BNCC
tórias, ou de problemas que a pes-
soa não consegue enfrentar e resol- O trabalho com o texto “A arte
ver. contra as drogas” atende às
competências e aos temas indicados
Em ambos os casos, a prática de
a seguir.
atividades artísticas pode preen-
cher a lacuna de uma forma saudá- Competências gerais: 3, 8 e 9. 
vel, ajudando o paciente a buscar um Competências específicas: 7 e 8.
caminho mais construtivo. Temas Contemporâneos
Transversais: Saúde e Cidadania e
Civismo.
IMAGEM 18: musicoterapia:
promove integração e
Pixabay

relaxamento.

IMAGEM 19: pintura: é uma


forma de linguagem que
permite expressar emoções
que não seriam ditas de outra
forma.

Unidade 2 | Sistema nervoso 175

Unidade 2 | Sistema nervoso 175


ASSUNTO SÉRIO
Professor, algumas pessoas
quando bebem tendem a ficar A droga que mais mata é vendida legalmente
agressivas e têm episódios
de explosão de violência, o As bebidas alcoólicas são drogas lícitas, ou • à desagregação familiar,
que mina os relacionamentos seja, a venda é permitida por lei para maiores de • às perdas materiais e
pessoais no trabalho e na família. 18 anos. A ingestão de bebidas alcoólicas provo-
Outros sintomas importantes • ao desequilíbrio emocional,
ca vários efeitos no organismo. Os efeitos psíqui- o álcool é responsável por
são diminuição da coordenação cos, por exemplo, surgem em duas etapas distin-
motora, visão dupla e alteração • 60% dos acidentes de trânsito no
tas: uma estimulante e outra depressora.
da capacidade cognitiva, que Brasil e
estão associados ao alto índice de Nos primeiros momentos após a ingestão da
acidentes de carro por motoristas bebida, podem aparecer os efeitos estimulantes, • aparece em 70% dos laudos das
embriagados. como euforia, desinibição e facilidade para falar. mortes violentas.
A homologação da lei seca foi Pouco tempo depois, começam a aparecer os O consumo excessivo de álcool gera altos cus-
criada com o intuito de combater efeitos depressores, como falta de coordenação tos para a sociedade e deve ser encarado como
o consumo de bebida alcoólica motora, descontrole e sono. Se o consumo for um sério problema de saúde pública.
associado à direção de veículos exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, Estima-se que um em cada três leitos hospi-
automotores. A lei vem ajudando a podendo levar ao coma. talares no Brasil é ocupado em decorrência
reduzir acidentes dessa natureza.
Os efeitos do álcool também variam de pessoa direta ou indireta do consumo abusivo de
Promova a sensibilização dos
estudantes quanto à gravidade para pessoa em razão de vários fatores, como o bebidas alcoólicas.
desse hábito, que também é costume de ingerir a bebida (tolerância), a estru- O alcoólico passa por crises contínuas ou pe-
vulgarizado e ocorre de maneira tura física e a herança genética familiar. Pessoas riódicas de perda de controle sobre a ingestão de
frequente na nossa sociedade. que ficam enjoadas facilmente quando bebem bebida e tende a negar que esteja doente, o que
O alcoólico, em certos aspectos, acabam ingerindo pouco álcool e têm menos pro- frequentemente se torna o maior obstáculo na
pode ser considerado uma vítima babilidade de se tornarem dependentes. As mais sua recuperação.
da sociedade, que o convida e o resistentes, que não sofrem rapidamente os efei- No entanto, se o alcoólico aceitar, existem gru-
estimula a beber o tempo todo, mas tos desagradáveis do álcool etílico no organismo, pos de apoio e profissionais especializados em
o abandona quando ele desenvolve correm risco maior.
a doença. alcoolismo que podem ser muito úteis no proces-
E o que é ser alcoólico? O que é alcoolismo? so de reabilitação.
A definição mais simples para essa questão é Devemos sempre ter em mente que o alcoó-
a do professor de psiquiatria Donald W. Good- lico é uma pessoa doente e que precisa de ajuda.
BNCC win, (1931-) da Universidade do Kansas: O alcoolismo não tem cura, a única forma de con-
trolá-lo é parar completamente a ingestão das
O trabalho com o texto A droga que
mais mata é vendida legalmente bebidas, após superar a crise de síndrome de
“Alcoólico é a pessoa que bebe, tem pro-
atende às: abstinência.
blemas crescentes pelo fato de beber, quer
Competências gerais: 7, 9 e 10. parar de beber, mas continua bebendo.” Agora é com você!
Competências específicas: 5, 7 e 8. 1. A propaganda relaciona a bebida alcoóli-
Temas Contemporâneos ca com alegria e diversão. Essa relação é
O alcoolismo é uma doença muito grave que
Transversais: real? Ela reflete a vida de um alcóolico e
não afeta apenas o doente, já que os comporta-
Saúde sua família?
mentos do alcoólico atingem todos os que con-
2. Por que as pessoas acreditam que é preci-
Cidadania e Civismo vivem com ele. Além de estar associado:
so beber para se divertir?

176 Unidade 2 | Sistema nervoso

Agora é sua vez!


1. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante reflita e perceba que essa relação é uma fantasia utilizada
para vender um produto, que a vida das pessoas que são alcoólicas ou convivem com alcoólicos é muito
difícil e nada alegre.
2. A força da propaganda é muito grande, tudo é planejado para convencer o público de que aquilo que se diz é
verdadeiro, mesmo que claramente não seja. Além disso, a bebida alcoólica é frequentemente usada como
meio de fugir de uma realidade dura e de frustrações. É importante que o estudante reflita que fugir não
resolve nenhum problema, ao contrário. Enfrentar a realidade e buscar meios de melhorá-la pode ser um
caminho mais árduo, mas é, sem dúvida, mais promissor.

176 Unidade 2 | Sistema nervoso


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1. Algumas drogas são ilícitas, ou seja, são de uso 3. Em apenas duas décadas, a Islândia conseguiu
proibido por lei, e quem as produz ou comer- fazer com que a juventude que mais bebia na
cializa pode ser preso. Outras são lícitas, isto Europa se tornasse a que adota o estilo de
é, tirando algumas restrições, como a venda vida mais saudável no continente.
para menores de 18 anos, podem ser consu- E como conseguiram isso? 1. Resposta pessoal. Uma hipótese
midas livremente. é que elas matam mais porque
Os educadores, na Islândia, perceberam que
As drogas lícitas, no entanto, são as que mais
são mais acessíveis.
os jovens estavam ociosos e procuravam as
matam. Proponha uma hipótese para explicar drogas como forma de “lidar com o estresse”, 2. Alternativa d. Nunca se deve
por que isso acontece. “correr riscos”, ter “emoções” e sentir “prazer”,
utilizar um medicamento
sem orientação médica.
2. Vimos que os medicamentos, em geral, são algo que funciona no início, mas é altamente
Medicamentos possuem uma
definidos como drogas porque provocam al- destrutivo a curto ou médio prazo, e concluí-
série de efeitos colaterais ruins.
guma modificação no funcionamento do or- ram que existem atividades que podem ser
Tomar um medicamento errado
ganismo. disponibilizadas aos jovens e que causam es-
causa mais problemas do que
sas mesmas sensações, inclusive com libera-
Algumas pessoas têm o hábito de se autome- não tomar nenhum.
ção de endorfinas no cérebro, como:
dicar comprando remédios divulgados pela 3. Resposta pessoal. Espera-se
propaganda ou que foram indicados por um • praticar um esporte;
que os estudantes tomem
conhecido para combater os sintomas de al- • aprender um estilo de dança; consciência de que há muitas
guma doença que elas próprias diagnostica- • aprender a tocar um instrumento; atividades interessantes e
ram em si.
• ter aulas de teatro e montar uma peça; prazerosas que eles podem
As alternativas abaixo tratam da automedica- buscar para aliviar as tensões e
• aprender a pintar ou fazer esculturas.
ção. Qual é a alternativa incorreta? ter prazer, e que a droga nunca
Vamos escrever um texto coletivo sobre a ne- deve ser uma opção, pois o
a. Pode encobrir doenças graves: a inges-
tão de antitérmicos (para baixar a febre) e
cessidade de praticar atividades extras que dano à saúde, principalmente na
sejam prazerosas e tragam alívio para os pro- adolescência, é muito sério e não
analgésicos (para diminuir a dor) pode dar
blemas que temos de enfrentar. compensa.
a falsa ideia de melhora, enquanto a doen-
ça que provocou esses sintomas continua Pegue uma folha de papel do caderno e escre-
progredindo. va o primeiro parágrafo bem inspirador sobre
o tema: “Eu adoraria poder (praticar, apren-
b. Pode ter efeitos sinérgicos: a combinação
der, fazer...) ‘esta atividade’, porque...” e passe
de medicamentos no organismo pode tan-
para o colega do lado. Dessa forma, você re-
to potencializar a ação de cada um a níveis
ceberá de outro colega do grupo uma folha de
perigosos, como também pode anular a
papel com um primeiro parágrafo escrito.
ação de todos, agravando o problema.
Leia o parágrafo que ele escreveu e faça a
c. Pode causar alergias: o uso de certas subs-
continuação (o segundo parágrafo). Em segui-
tâncias por pessoas sensíveis pode causar
da, passe para outro colega.
reações alérgicas. Algumas reações alérgi-
cas podem ser graves e até mesmo matar. O professor poderá coordenar a troca de fo-
d. Pode significar uma economia de tempo e lhas até que todos tenham escrito cinco pa-
rágrafos, sendo que o quinto parágrafo deve BNCC
dinheiro: comprando o remédio indicado
concluir o texto.
por um amigo, poupamos o tempo de ir O trabalho com o exercício 3
ao médico, o dinheiro do transporte e até O professor chamará um ou dois estudantes atende às:
mesmo da consulta, pois um amigo conhe- para ler o texto coletivo na frente da classe.
Competências gerais: 3, 8, 9 e 10.
ce você melhor do que o médico. Que tal se apresentar como voluntário?
Competências específicas: 7 e 8.
Temas Contemporâneos
Unidade 2 | Sistema nervoso 177 Transversais:
Saúde
Cidadania e Civismo

Unidade 2 | Sistema nervoso 177


Mapa conceitual
O mapa conceitual a seguir é do Capítulo 4. Construa no caderno
Professor, a construção do mapa um mapa conceitual para os Capítulos 5 e 6 e verifique se há uma
conceitual pode ser usada como item ligação entre eles.
de avaliação do estudante, porque possuem

Crédito: Fernando Brum


permite observar as conexões que se reproduzem Retrovírus RNA
ele é capaz de fazer com base nos Na célula de VÍRUS
outros seres possuem
conceitos trabalhados. podem Adenovírus DNA
não tem ser

Na célula de CÉLULAS
Possuem
outros seres um núcleo
que que
BNCC Procarióticas Eucarióticas
tem tem
O trabalho de construção do mapa
DNA disperso no de de DNA protegido
conceitual atende às: Competências
gerais: 2, 4. Competências citoplasma formam por membrana
celular
específicas: 2, 3.

Bactérias Arqueas Animais Vegetais

TECIDOS

Nervoso Epitelial Muscular Conjuntivo

formam

ÓRGÃOS

como

Cérebro Coração Pulmões Intestino Fígado Pele Baço Rins

formam

SISTEMAS

como

Nervoso Cardiovascular Respiratório Imunológico Digestório Ósseo

formam

ORGANISMO

178 Unidade 2 | Sistema nervoso

178 Unidade 2 | Sistema nervoso


REVISÃO FINAL
DA UNIDADE
 Quando queremos andar,
1. Retome as questões da abertura de unidade. sando febres e espasmos, coágulos sanguí- por exemplo, precisamos
Com base no que você aprendeu, reelabore neos e problemas respiratórios. De acordo movimentar as pernas, então,
as respostas que você escreveu quando ini- com o MPI [Ministério da Agricultura], essa um sinal parte do encéfalo e
ciamos esta unidade, complementando-as ou estirpe age de maneira mais rápida, matando percorre a medula espinhal
corrigindo-as, se necessário. coelhos em um prazo de apenas dois a quatro até chegar em um nervo
dias após a infecção.” conectado ao músculo da
2. Identifique para cada item se a característica Disponível em: https://fnxl.ink/ZUJGKR perna, “avisando” que ela deve
descrita se refere a uma célula de bactéria, de Acesso em: 20 abr. 2023. fazer esse movimento. Quando
um animal ou de um vegetal. Em relação ao texto e aos vírus, responda às quebramos a coluna vertebral
a. Apresenta parede celular revestindo a questões a seguir. esse fluxo de informações é
membrana plasmática. a. Por que os vírus, mesmo não sendo forma- interrompido. Uma lesão em
b. Apresenta lisossomos, organelas respon- dos por células, podem ser considerados uma vértebra baixa (próxima à
sáveis pela digestão intracelular. seres vivos? cintura) pode levar a paraplegia,
c. Possuem cloroplastos que podem se mo- b. A gripe causada pelo vírus influenza existe que é a perda do movimento
ver dentro da célula posicionando-se para das pernas.
há mais de 20 anos. Por que os seres huma-
otimizar a captação de luz. Uma lesão em uma vértebra
nos ainda não se tornaram imunes a ele?
d. Não possui núcleo diferenciado, ou seja, o alta (próxima ao pescoço)
c. A covid-19, que causou a pandemia de
pode levar a tetraplegia, que é
material genético fica disperso diretamen- coronavírus, é um exemplo de vírus que a perda dos movimentos das
te no citoplasma. “transbordou” de outros animais para hu- pernas, braços e tronco.
e. Todos os seres dessa espécie possuem manos. Há outros exemplos como Ebola,
 Porque possuem hipermetropia
centríolos em suas células, organela res- HIV, H1N1, H5N1 etc. Existe a chance de
ponsável pela divisão celular. ou miopia. A hipermetropia
que o vírus RHDV1-K5, lançado no am-
ocorre quando o olho apresenta
f. É envolta por uma cápsula que protege a biente para matar coelhos, também “trans- um formato mais curto do que
célula da desidratação e de possíveis ata- borde” para os humanos? o normal.
ques químicos ou biológicos. d. Escreva um pequeno texto argumentando A imagem se forma atrás da
3. “A Nova Zelândia está planejando espalhar por que você concorda ou não com as me- retina e por isso as pessoas
um vírus para coelhos em uma tentativa de didas tomadas na Nova Zelândia. Procure têm dificuldade de enxergar
controlar o crescimento da população desses fazer uso em seu texto de argumentos em- de perto (objetos próximos).
animais. [...] basados em conceitos científicos. Depois, O problema pode ser
troque de texto em seu grupo, leia o texto corrigido com o uso de lentes
Os coelhos selvagens competem com o gado
do colega e debatam a respeito. convergentes adequadas ao
pelo pasto e danificam a terra com seu hábito
grau de hipermetropia.
de cavar. 4. Diferentes células se unem para formar os
A miopia ocorre quando o olho
quatro tecidos básicos: nervoso, epitelial,
Uma primeira estirpe da doença hemorrágica apresenta um formato mais
viral do coelho (RHDV, na sigla em ingês) foi muscular e conjuntivo, que constituem os longo do que o normal.
introduzida na Nova Zelândia em 1997. órgãos do corpo humano. Em relação aos di- A imagem se forma antes da
ferentes tecidos, assinale a alternativa falsa e retina e por isso as pessoas
O vírus, que só afeta coelhos e não outros ani-
mais, era muito eficiente no início, mas depois
justifique sua escolha. têm dificuldade de enxergar
de mais de 20 anos os coelhos se tornaram a. O tecido muscular é formado por células de longe (objetos distantes).
imunes a ele. alongadas, em forma de fibras, agrupadas O problema pode ser corrigido
em grandes feixes, que podem se contrair com o uso de lentes divergentes
O que será lançado no mês que vem [março adequadas ao grau de miopia.
e se alongar.
2018] é uma nova estirpe coreana, conhecida
b. Existem mais células de microrganismos  Os sistemas ósseo e muscular
como RHDV1-K5.
do que células humanas em nosso corpo, e que juntos compõem o sistema
Ela afeta os órgãos internos do animal, cau- locomotor.
elas se concentram no tecido epitelial.
 São substâncias que alteram
Unidade 2 | Sistema nervoso 179 a função cerebral e mudam
temporariamente a percepção,
o humor, o comportamento
e a consciência do usuário.
1. trabalhando juntos formam Elas podem ser estimulantes,
aumentando a atividade
 As unidades que constituem os seres vivos, um organismo.
cerebral, podem ser
em geral, são denominadas células (com  O encéfalo recebe informações do ambiente por depressoras, diminuindo a
exceção dos vírus que são acelulares). meio dos órgãos do sentido como, por exemplo, atividade cerebral ou podem
Muitos seres vivos são unicelulares a visão, (mas também pode ser pelo tato, pela ser alucinógenas, modificando a
(formados por uma única célula). Nos seres audição, paladar ou olfato). No caso da visão, a atividade cerebral.
vivos pluricelulares, as células agrupam-se imagem atinge a retina do olho e de lá é enviado
formando tecidos. Dois ou mais tecidos podem um impulso nervoso que caminha até a parte
se agrupar formando órgãos. Um conjunto posterior do cérebro, atingindo o córtex visual que
de órgãos trabalhando de forma integrada a identifica e produz uma reação no organismo
constitui um sistema e vários sitemas relacionada ao tipo de imagem identificada. (Continua na próxima página)

Unidade 2 | Sistema nervoso 179


c. A camada de gordura existente entre os um pouco das cinzas ao mingau de banana e
órgãos, também chamada de tecido adipo- o bebem. O restante é enterrado no mesmo
so, é um tipo de tecido conjuntivo. lugar onde fizeram o fogo e, por fim, todos os
2. d. Quando sofremos um corte, ocorre um pertences do morto são queimados.”
sangramento, porque o tecido epitelial é Arteiro, Daniel. Mitos e ritos yanomâmis. Yanomami224. , [s. l.], [20--].
a. Vegetal. d. Bactéria. Disponível em: https://fnxl.ink/LHZJOA. Acesso em: 25 maio 2022.
ricamente vascularizado.
b. Animal. e. Animal. Seguindo sua cultura, um índio yanomâmi
e. O tecido nervoso é formado por neurô-
c. Vegetal. f. Bactéria. nios. Os seres humanos possuem cerca de recusou-se a fazer um transplante de fíga-
3. 500 milhões de neurônios nos intestinos, do, mesmo sabendo que tinha cirrose (doen-
que, por isso, são considerados um “segun- ça em que o fígado deixa de trabalhar ade-
a. Como os vírus constroem-se a
do cérebro”. quadamente) e poderia morrer por isso. Ele
si mesmos, ainda que utilizando
estava internado na Fundação Instituto de
a célula de outro ser, eles são 5. O organismo de um ser vivo pode ser compa-
considerados seres vivos. Medicina Tropical de Manaus e foi chamado
rado a uma orquestra sinfônica, pois também
para ir a Fortaleza, onde estava disponível o
b. Porque os vírus evoluem e é formado por diferentes partes: os órgãos
fígado de um doador compatível. O índio en-
sofrem mutações, de modo que (do latim organum, instrumento em portu-
tão se recusou a fazer a viagem e voltou para
todo ano é necessário elaborar guês). Cada órgão desempenha uma função
sua tribo.
e tomar uma nova vacina contra específica ou um grupo de funções no orga-
a gripe. nismo. a. Discuta com seus colegas por que o índio
tomou essa decisão.
c. Sempre existe a possibilidade de É importante que todos os órgãos estejam
b. Para você é importante respeitar a cultu-
um vírus que infecta um animal funcionando bem e em harmonia para que o
ra e a crença de outros povos sem impor a
transbordar para a espécie organismo se mantenha saudável.
humana, pois não sabemos nossa cultura e os nossos valores?
Quando um órgão funciona mal ou deixa de
que tipo de mutações ele pode funcionar, todo o organismo é prejudicado. 7. A coluna 1 traz uma relação de sistemas do
sofrer; por isso, nunca é uma Resuma brevemente a função dos seguintes corpo humano e a coluna 2, a função desses
boa ideia liberar vírus no meio órgãos do corpo humano. sistemas no organismo. Relacione correta-
ambiente. mente as duas colunas.
a. Pele. c. Pâncreas. e. Rins.
d. Resposta pessoal. Espera-se Coluna 1
b. Fígado. d. Baço. f. Pulmões.
que o estudante perceba que a. Nervoso.
a crueldade com animais não 6. "O mundo espiritual do povo yanomâmi é b. Imunológico.
deveria ser a resposta para bastante rico. Eles acreditam que o Univer-
c. Sensorial.
um problema que nós mesmos so é formado por três camadas de terras so-
criamos. brepostas. Na camada superior, moram os
d. Tegumentar.
4. Alternativa d. O tecido epitelial mortos e os seres mitológicos, embaixo desta e. Linfático.
não é vascularizado. Quando camada, vivem vários espíritos que a seguram Coluna 2
um corte causa sangramento para que não caia, pois ela é velha e rachada. I. Seu trabalho é reconhecer microrganis-
é porque ele atingiu o tecido Na camada do meio, vivem os homens e um mos invasores e defender o organismo
conjuntivo. grande número de espíritos. dos danos que podem causar.
5. Acreditam ainda que cada homem tem um II. Evita que o organismo perca água e se de-
ego e um animal e, se o matarem, matam tam- sidrate, além de formar uma barreira de
a. Protege o organismo, é sensível
a estímulos e atua no controle bém a pessoa com que ele é relacionado. E, na proteção contra os microrganismos.
de temperatura. camada de baixo, habitam seres carnívoros e III. Estabelece uma rede de comunicação en-
terríveis. tre todas as partes do organismo, capta
b. Responsável por processar
e armazenar os nutrientes, No ritual de morte, eles colocam o corpo em mensagens do ambiente, interpreta-as e
processar medicamentos um jirau e penduram os corpos em árvores. responde a elas ou apenas as arquiva.
e hormônios e purificar o Após algum tempo, quando o corpo já se de- IV. Capta os estímulos relacionados aos cin-
organismo de toxinas. compôs, recolhem os ossos e os queimam. co sentidos; paladar, olfato, audição, visão
Em rituais familiares, os parentes misturam e tato.
c. Responsável pela produção de
enzimas digestivas e hormônios
como a insulina, que controla os 180 Unidade 2 | Sistema nervoso

níveis de açúcar no sangue.


d. Produz e armazena anticorpos
e linfócitos (células de defesa
do organismo), liberando-as na 6.
circulação sempre que necessário. a. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a se manifestar e a levantar hábitos e costumes da comunidade deles.
e. Responsáveis por filtrar o Facilite a percepção de que outros povos ou comunidades têm seus valores e cultura, o que cria uma identidade
sangue para eliminar substâncias para seus membros. O indígena agiu de acordo com a cultura de seu povo.
nocivas ao organismo. Estão b. Resposta pessoal. Durante a conversa, solicite que reflitam sobre a liberdade dos povos de criar e manter
localizados na parte posterior suas tradições culturais. Lembre-os da importância de agirmos eticamente, ou seja, respeitando a cultura e
do corpo. os valores de outros povos, assim como queremos que nossa cultura seja respeitada.
f. Responsáveis por oxigenar o 7.
sangue e retirar o gás carbônico a. e III c. e IV e. e V
dele, para então ser eliminado do
b. e I d. e II
organismo.

180 Unidade 2 | Sistema nervoso


V. Seu trabalho é drenar o líquido existente Qual das seguintes opções é uma função do
entre as células para eliminar os resíduos pulmão?
que elas produziram. a. Bombear o sangue oxigenado para todas
as partes do corpo. 12.
8. (Pisa) Tabagismo
b. Transferir oxigênio do ar que respiramos a. O ecstasy atua como
O tabaco é consumido em cigarros, charu-
para o sangue. alucinógeno e estimulante. As
tos e cachimbos. As pesquisas mostram que principais alterações psíquicas
c. Purificar o nosso sangue, reduzindo a zero
as doenças relacionadas ao tabaco matam causadas pela droga são euforia,
o conteúdo de dióxido de carbono.
cerca de 13 500 pessoas por dia, no mundo alterações na percepção do
d. Transformar as moléculas de dióxido de
todo. Há previsões de que, por volta de 2020, tempo, diminuição do medo,
carbono em moléculas de oxigênio. alucinações visuais, psicoses e
as doenças relacionadas ao tabagismo serão
responsáveis por 12% de todas as mortes na 10. O tabagismo aumenta o risco de contrair cân- ataques de pânico. As principais
escala mundial. cer de pulmão e outras doenças. alterações físicas são o aumento
Também aumenta o risco de se contrair as da frequência cardíaca (o ecstasy
A fumaça do tabaco contém muitos produtos
também age como estimulante),
tóxicos. Os mais nocivos são o alcatrão, a ni- doenças abaixo?
elevação da temperatura
cotina e o monóxido de carbono. Responda “Sim” ou “Não” para cada opção. corporal (hipertermia), boca
Algumas pessoas usam adesivos de nicotina a. Bronquite. seca, náuseas, sudorese. O uso
para conseguir parar de fumar. Os adesivos b. HIV/aids. contínuo do ecstasy diminui
são colocados em contato com a pele e libe- c. Doenças cardíacas. a serotonina no organis­
mo (hormônio que regula a
ram nicotina no sangue. Isso ajuda a diminuir d. Catapora.
atividade sexual, o humor e
a vontade de fumar e os sintomas de absti-
11. Utilizam-se vários métodos para estimular as o sono), provo­can­do a médio
nência quando as pessoas param de fumar.
pessoas a parar de fumar. prazo efeitos totalmen­
Para estudar a eficácia dos adesivos de nico- te opostos aos procurados
As opções abaixo são maneiras de atacar o
tina, foi escolhido ao acaso um grupo de 100 por quem toma a droga. A
problema com base na tecnologia?
fumantes que queria parar de fumar. O grupo síndrome de abstinência
Responda “Sim” ou “Não” para cada opção.
deverá ser estudado por seis meses. A eficá- causa irritabilidade, tremores
cia dos adesivos de nicotina deverá ser avalia- a. Aumentar o preço dos cigarros. e depressão intensa, é difícil
da, descobrindo-se o número de pessoas do b. Produzir adesivos de nicotina para ajudar controlá-la.
grupo que não terá voltado a fumar no fim do as pessoas a largar o cigarro. b. Sim, o ecstasy é um exemplo; o
estudo. c. Proibir o fumo em áreas públicas. álcool etílico, que tem uma fase
d. Oferecer aconselhamento para as pessoas estimulante e outra depressora,
Entre as experiências apresentadas abaixo,
que estão tentando parar. é outro. A maconha também
qual é a melhor?
e. Inventar um medicamento, sem nicotina, pode causar alucinação e
a. Todas as pessoas do grupo usam os adesi- depressão do sistema nervoso
que ajude as pessoas a parar de fumar.
vos. central.
b. Todas usam adesivos, exceto uma pessoa 12. O ecstasy é uma droga sintética fabricada em
que tenta parar de fumar sem eles. laboratórios clandestinos a partir de uma
substância denominada safrol, extraída do
c. As pessoas escolhem se usarão ou não
sassafrás, planta utilizada no Brasil como aro-
adesivos para parar de fumar.
matizante em aguardentes.
d. Metade das pessoas, escolhidas ao acaso,
a. Pesquise a que classe de drogas o ecstasy
usam os adesivos e a outra metade não.
pertence: depressora, estimulante ou alu-
9. A fumaça do tabaco é inalada pelos pulmões. cinógena?
O alcatrão proveniente da fumaça deposita- b. Uma droga pode apresentar mais de um
-se nos pulmões e impede que eles funcionem dos efeitos relacionados no item anterior?
corretamente. Cite exemplos.

Unidade 2 | Sistema nervoso 181

8. Alternativa d.
9. Alternativa b.
10.
a. Sim. c. Sim.
b. Não. d. Não.
11.
a. Não. d. Não.
b. Sim. e. Sim.
c. Não.

Unidade 2 | Sistema nervoso 181


3
UNIDADE
Professor, um dos principais
objetivos desta unidade é
desenvolver a consciência ambiental
do estudante. Usando os conceitos Economia
circular
de mistura, separação de mistura e
substância que eles devem adquirir,
trabalhamos a ideia do ciclo de
vida dos objetos e da extração
de recursos para obtenção dos
materiais necessários para fazer
esses objetos. Já ultrapassamos
o limite de capacidade que o Obtenção de alumínio É
planeta tem de repor os recursos possível transformar uma matéria em
que utilizamos. É imperativo outra, como, por exemplo, bauxita em
encontrarmos rapidamente novas alumínio? (EF06CI02)
formas de lidar com a natureza e com Imagem 2: lingotes de alumínio
os recursos que temos. A reciclagem metálico obtidos pela transformação
ainda é um pequeno passo, mas da bauxita.
absolutamente necessário enquanto
não encontramos soluções mais
sustentáveis.

BNCC

O encaminhamento desta unidade


propicia o desenvolvimento das
competências e habilidades
a seguir.
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8, 9 e 10.
Competências específicas: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7 e 8.
Habilidades: (EF06CI01),
(EF06CI02), (EF06CI03) e
(EF06CI04).
Linha de produção Há
Extração da bauxita De que forma as benefícios em extrair e transformar
substâncias que utilizamos em nosso dia a dia recursos em uma substância que não
são encontradas na natureza? (EF06CI01) existe na natureza? (EF06CI03)
Imagem 1: extração da bauxita, minério Imagem 3: fabricação de latas
de alumínio. de alumínio.
rezoff/Shutterstock Olegs Semjonovs/Shutterstock NavinTar/Shutterstock

182 Unidade 3 | Economia circular

Objetivos integrados da unidade


 Classificar como homogênea ou heterogênea a mistura de duas ou mais substâncias.
 Identificar evidências de transformações químicas em situações variadas pelo produto de misturas
de materiais.
 Conhecer métodos de separação de misturas.
 Selecionar métodos de separação mais adequados para sistemas heterogêneos por meio da
identificação desses métodos.
 Diferenciar materiais naturais, artificiais e sintéticos.
 Associar a produção de materiais sintéticos ao desenvolvimento científico e tecnológico.

182 Unidade 3 | Economia circular


SLIDESHOW
ECONOMIA
CIRCULAR

Latas inutilizadas Vários Produtos reciclados O que é Professor, temos duas sugestões
objetos que demandam muitos mais vantajoso: investir na reciclagem de para trabalhar a abertura da
recursos para serem produzidos materiais poluentes ou na produção de unidade.
são usados uma única vez e jogados NZ3/Shutterstock
materiais que não poluem o ambiente? Por A primeira é pedir aos estudantes
fora. Isso é sustentável? Por quê? quê? (EF06CI04) que leiam as perguntas e as
(EF06CI04) Imagem 6: latas de alumínio coloridas, respondam no caderno apenas
Imagem 4: latas amassadas jogadas feitas com o metal reciclado. com base em seus conhecimentos
na Rodovia BR-367, Porto Seguro. prévios, hipóteses e suposições,
sem se preocupar em pesquisar a
resposta certa.
Ao final da unidade, essas
perguntas serão retomadas e
novamente respondidas.
Dessa vez, porém, o estudante
já terá adquirido o conhecimento
necessário para respondê-las
corretamente e, assim, poderá
confrontar o que responder na
ocasião com essas primeiras
respostas elaboradas sem ter
estudado o assunto e poderá
constatar tudo o que aprendeu ou,
eventualmente, o que ainda precisa
ser revisto com mais cuidado.
Nossa segunda sugestão, depois de
completada essa atividade, é discutir
com os estudantes a resposta da
questão 1, que será objeto de estudo
do capítulo 7.
Ouça o que eles têm a dizer a
respeito e não corrija, neste
momento, concepções errôneas.
Se quiser, anote algumas respostas
em um canto da lousa sem
identificar o autor, apenas para
que possam confrontá-las com os
conceitos que serão discutidos a
seguir na aula.

Lixão ou vazadouro Há maneiras


melhores de lidar com o lixo do que LINK
enviá-lo para um vazadouro? Quais?
Se possível, assista aos filmes a
(EF06CI04)
Joa Souza/Shutterstock Kutsal Lenger/Freepik Premium
seguir ou, conforme a programação,
Imagem 5: máquinas compactando o lixo
indique-os aos estudantes.
a céu aberto.
Procure em um site de busca na
Unidade 3 | Economia circular 183 internet:
A História das Coisas (versão
brasileira)
Disponível em:
https://fnxl.ink/YCSRIR
Alternativa berço a berço - Parte 1
Disponível em:
https://fnxl.ink/LMJASV
Alternativa berço a berço - Parte 2
Disponível em:
https://fnxl.ink/MYKAYU
Acessos em: 27 maio 2022.

Unidade 3 | Economia circular 183


7
CAPÍTULO

Professor, chame a atenção dos


estudantes para o contraste entre Classificação de misturas
as imagens em que aparecem os
objetos que adoramos utilizar
no dia a dia e as imagens de
destruição da natureza na página
seguinte. Lembre-os de que todos
somos responsáveis pelo que Não importa onde você esteja, a qualquer momento você esta-
Discuta com seus colegas
está acontecendo, pois esse dano rá cercado de objetos: livro, caderno, caneta, lápis, copo, cadeira,
só ocorre devido à obtenção dos • De quais materiais são
mesa, celular, computador…
recursos necessários para fabricar feitos os objetos que
os objetos que adoramos comprar (e

rawpixel.com/Freepik Premium
você utiliza no dia a dia?
depois jogar fora!).
• De onde vêm esses IMAGEM 1:

materiais? estudantes
reunidos na
• A produção desses
biblioteca com o
materiais causa professor, cercados
impactos na natureza? de objetos diversos,
BNCC Quais? como mesa,
papéis coloridos,
O trabalho com o capítulo 7 atende a computadores e
habilidade indicada a seguir: livros.
(EF06CI01). Diferentes objetos são feitos de diferentes materiais: papel,
plástico, madeira, alumínio, ferro, vidro, entre outros.

Objetos, materiais e recursos


E de onde vêm os materiais que utilizamos para fazer os objetos?
A maioria deles não existe na natureza como tal. Eles são fabricados
a partir de recursos extraídos do solo e submetidos a uma série de
victoriafly/Freepik Premium

tratamentos e transformações. Por exemplo:


• o papel é fabricado a partir da madeira;
• os plásticos, a partir do petróleo;
• a madeira, a partir das árvores;
• o alumínio, a partir da bauxita;
• o ferro, a partir da hematita;
• o vidro, a partir da areia.
IMAGEM 2: materiais O processo de extração de recursos do solo e a posterior trans-
produzidos a partir de formação em materiais (ou matérias-primas), para a fabricação de ob-
recursos extraídos da
jetos, causa sérios danos ao meio ambiente e aos seres vivos em geral,
natureza – ferro, papelão,
plástico, vidro – que podem inclusive aos humanos. Por isso, é tão importante otimizar o uso des-
ser reciclados e reutilizados. ses recursos e reutilizar e reciclar os objetos fabricados a partir deles.

184 Unidade 3 | Economia circular

Objetivo do capítulo
 Classificar como homogênea ou heterogênea a mistura de duas ou mais substâncias.

184 Unidade 3 | Economia circular


O ferro é o metal mais

photography/Shutterstock
utilizado mundialmente: re-
presenta cerca de 95% em
peso da produção mundial Professor, “No Brasil, a extração
de metais. O aço é uma liga de minério de ferro responde por
metálica – mistura variável 69% da CFEM arrecadada pela
exploração mineral. Na sequência
de ferro (cerca de 98%) e
vem o cobre, com 7%, o ouro
carbono (até 2%). com 5%, e a bauxita, com 3% dos
O aço é utilizado na fa- valores arrecadados. Em paralelo
bricação de máquinas, ferra- aos volumes extraídos e valores
mentas agrícolas, construção gerados por essa exploração, o
naval, veículos de transporte, município de Canaã dos Carajás
material elétrico e bélico, entre enfrenta graves problemas
de desemprego, desmonte da
outros.
agricultura familiar, violência,
IMAGEM 3: Mina de Carajás, no Pará, a maior mina de minério de ferro – acesso precário a direitos sociais.”
hematita – a céu aberto do mundo.

A madeira é utilizada na

Wilson Dias/Agência Brasil


fabricação de móveis, obje-
tos de decoração, utensílios Professor, para saber mais, digite
domésticos, instrumentos em um site de busca: “Na cidade
musicais, palanques, pisos do maior projeto de minério do
laminados, barcos e, princi- mundo, royalties são utilizados
palmente, papel e papelão. sem compromisso com garantia
de direitos.”
Todos os recursos que
extraímos da natureza são
Ou acesse o link :
formados por misturas. É https://fnxl.ink/TTHYPW.
extremamente raro encon- Acesso em: 29 maio 2022.
trar uma substância isolada
na natureza como uma pe-
pita de ouro, por exemplo,
conforme vemos abaixo. VÍDEO IMAGEM 4: madeira proveniente do
PERDA FLORESTAL desmatamento da Floresta Amazônica
sendo transportada pelo rio.
Glossário
Hans Braxmeier/Pixabay

Substância
BNCC
é um tipo específico de matéria.
A água, por exemplo, é uma
substância, assim como o oxigênio, O trabalho com o texto “ Objetos,
o alumínio, o ferro, entre outras. materiais e recursos” atende as
Nenhuma dessas substâncias, competências e os temas indicados
porém, é encontrada na natureza
de forma isolada. a seguir.
IMAGEM 5: pepita de ouro
Competência geral: 1, 2, 7 e 10.
sobre granito. Eventualmente, Competências específicas: 2, 3, 4 e 8.
o ouro é encontrado na Tema Contemporâneo Transversal:
natureza na forma isolada. Meio Ambiente e Ciência e
Tecnologia.
Unidade 3 | Economia circular 185

Unidade 3 | Economia circular 185


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS


Professor, lembre os estudantes
Vamos agora começar a estudar as misturas homogêneas e he-
que o conceito de densidade
provavelmente foi visto no 5o ano. terogêneas.
Essas misturas são classificadas conforme:
• o aspecto visual;
• as propriedades ao longo de sua extensão, por exemplo,
densidade e temperaturas de fusão e de ebulição.
No 5o ano, você provavelmente estudou essas propriedades da
matéria. Vamos recordar?
Densidade: é a razão entre a massa e o volume ocupado por um

M. Fonseca
corpo (porção de matéria).

densidade = massa
volume

Um material com elevada densidade, como o chumbo, possui


muita massa em pouco volume.
BNCC Um material com baixa densidade, como o algodão, possui pou-
ca massa em muito volume.
No 5 o ano do Ensino Fundamental
Anos Iniciais, o estudante
provavelmente adquiriu as
seguintes habilidades: IMAGEM 6: aranha de plástico
flutua na água e a pedra
(EF05CI01) Explorar fenômenos afunda. Isso ocorre devido à
da vida cotidiana que evidenciem

M. Fonseca
densidade dos materiais. O
propriedades físicas dos materiais plástico é menos denso que a
– como densidade, condutibilidade água e a pedra é mais densa.
térmica e elétrica, respostas a
forças magnéticas, solubilidade,
respostas a forças mecânicas
(dureza, elasticidade etc.), entre
outras.
M. Fonseca

Assim como os conceitos de IMAGEM 7: balança de pratos com 1 kg de algodão, à esquerda, e 1 kg


temperatura de fusão e ebulição, de chumbo, à direita. O algodão é menos denso que o chumbo, por isso
necessários ao estudo das mudanças ocupa um volume maior.
de estado da água.
(EF05CI02) Aplicar os Temperatura de fusão: é aquela em que a matéria passa do es-
conhecimentos sobre as mudanças tado sólido para o estado líquido. Por exemplo, o gelo (água sóli-
de estado físico da água para da) derrete, ou seja, passa para o estado líquido na temperatura
explicar o ciclo hidrológico e analisar de 0 ºC, ao nível do mar.
suas implicações na agricultura, no Temperatura de ebulição: é aquela em que a matéria passa do
IMAGEM 8: fusão do gelo,
clima, na geração de energia elétrica, passagem do estado sólido estado líquido para o estado vapor. Por exemplo, a água entra em
no provimento de água potável e no para o estado líquido. ebulição, passando para o estado vapor a 100 ºC, ao nível do mar.
equilíbrio dos ecossistemas regionais
(ou locais).
186 Unidade 3 | Economia circular

186 Unidade 3 | Economia circular


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

ATIVIDADE PRÁTICA
Vamos separar alguns materiais simples e preparar misturas
Professor, se possível, traga
homogêneas e heterogêneas com eles.
os materiais necessários para
fazer o experimento e oriente

Alex Argozino
Material Serragem de
madeira
os estudantes a agir de forma
científica e responsável consigo
mesmos, com os colegas e com o
Pedras de gelo
ambiente.
Café solúvel
Eles devem analisar o material
disponível, as possibilidades
de misturas e executar apenas
Areia
aquelas necessárias para testar
Óleo de uma hipótese, comprovando ou
Água Sal de cozinha
(cloreto de sódio)
cozinha Colheres para refutando um pensamento prévio
pegar materiais
sobre o assunto.
Peça ao estudante que, antes de
Procedimento
fazer a mistura planejada, anote

? as hipóteses que pretende testar


Vamos reciclar!
Utilize recipientes feitos de
fundos de garrafa PET transpa- no caderno e, depois de fazer
rente cortadas por um adulto experimento, cheque se estavam
(pelo menos três por grupo). corretas ou não.

? É importante economizar materiais


(em laboratório trabalhamos em
pequena escala), usando apenas
1 Analise os materiais disponíveis e faça di- a quantidade imprescindível para
ferentes misturas utilizando água e mais obter uma conclusão sobre o
dois ou três desses materiais de cada vez. fenômeno.

BNCC

O trabalho com a Atividade prática -


Mistura homogênea e heterogênea
atende as competências e o tema
indicados a seguir.
Competência geral: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia.
2 Procure trabalhar com uma 3 Seja econômico, use o míni- 4 Depois, classifique cada mis-
postura investigativa, estabeleça mo de material necessário tura obtida em homogênea ou
critérios. para poupar os recursos da heterogênea, com base em seus
natureza. conhecimentos prévios.

Anote no caderno as misturas que você fez e como as classifi-


cou. Anote também as que foram feitas pelos seus colegas e que
você achou mais interessante.

Unidade 3 | Economia circular 187

Unidade 3 | Economia circular 187


Você sabia? Misturas monofásicas homogêneas
A água que ingerimos é uma Vamos analisar juntos as imagens de algumas misturas que po-
Professor, explique aos alunos que solução. dem ser feitas com os materiais propostos.
a concentração dos componentes Veja um exemplo de rótulo de Considere, por exemplo, uma mistura de água e pouco sal (cerca
nos rótulos de água mineral está água mineral abaixo. de 200 mL de água e 5 g de sal).
expressa em mg/L, mas também Água mineral natural
Se você preparou uma mistura semelhante, deve ter percebido que:
pode ser expressa em partes Composição química provável
por milhão (ppm), unidade que (em mg/L) • seu aspecto visual é uniforme, ou seja, é o mesmo em toda
eventualmente é utilizada em Sulfato de estrôncio: 0,04 a sua extensão;
exames de sangue. Sulfato de cálcio: 2,29 • o valor de qualquer propriedade ou característica examina-
A água é um solvente atóxico e Sulfato de potássio: 2,16 da também é o mesmo, não importa se retirarmos a amos-
acessível, por isso é muito comum Sulfato de sódio: 65,71 tra a ser testada da superfície ou do fundo do recipiente.
utilizarmos a água como solvente Carbonato de sódio: 143,68 Esse tipo de mistura tem uma única fase, é monofásica.
nas escolas. O problema é que esse Bicarbonato de sódio: 42,20
uso enfático acaba levando o aluno a Dizemos que se trata de uma mistura homogênea.
Cloreto de sódio: 4,07
concluir que as soluções são sempre Fluoreto de sódio: 1,24
líquidas. Para evitar essa conclusão Toda mistura monofásica – com aspecto
Vanádio: 0,07
errônea, é importante destacar visual uniforme e propriedades constantes – é
• Qual substância está
que as soluções também podem homogênea e constitui uma solução.
presente em maior
ser sólidas ou gasosas e comentar quantidade por litro?
alguns exemplos. • E em menor quantidade? O componente presente em maior quantidade em uma solução
• Você já tinha ouvido falar é denominado solvente e o(s) componente(s) presente(s) em menor
dessas substâncias?
quantidade é (são) denominado(s) soluto(s).

Solução = soluto + solvente

Veja a seguir alguns exemplos de soluções líquidas.


A água de torneira

M. Fonseca
(imagem 9), é uma solu-
ção, ou seja, uma mistu-
ra homogênea de vários
sais minerais que se dis-
solveram na água ao lon-
fase única go do caminho, da nas-
cente até o manancial,
onde a água foi captada.
Além disso, por ser
uma “água tratada”, ela
apresenta resíduos de
produtos que foram uti-
lizados em seu trata-
mento, como o cloro, por
exemplo.
IMAGEM 9: água de torneira.

188 Unidade 3 | Economia circular

Água – solvente universal


Não é um mito dizer que a água é um solvente universal. possibilita o transporte de nutrientes a diversos
Pesquisas científicas constataram que, em condições processos biológicos nos seres vivos. É também um
de alta temperatura e pressão, as propriedades da água excelente veículo para a condução de princípios ativos
tornam-se completamente diferentes. Por exemplo, de medicamentos, cosméticos e produtos de limpeza.
acima de 300 °C e submetida a pressões muito Mas essa propriedade de dissolver várias
elevadas, ela continua no estado líquido, no entanto, substâncias diferentes faz também com que a água
adquire a propriedade de dissolver óleos e gorduras. seja o destino final de todo poluente que tenha sido
Mesmo em condições ambientes, a água é um lançado não apenas diretamente nela, mas também
solvente muito importante, por ser o meio que no ar e no solo.

188 Unidade 3 | Economia circular


A água tratada também apresenta substâncias que foram adi-
cionadas nos programas de saúde pública, como o flúor, indicado
para reduzir a incidência de cárie dentária.
Os óleos que utilizamos na Professor, não é muito intuitivo
para o estudante a ideia de que o
M. Fonseca

cozinha (imagem 10), também


óleo de cozinha é uma mistura de
são misturas homogêneas de substâncias. Em geral, ele entende
diferentes substâncias. como óleo de girassol, ou óleo de
O óleo de girassol, por soja, ou óleo de canola e, como o
Glossário
fase única exemplo, contém principalmen- aspecto é homogêneo, a tendência
Antioxidante
te os ácidos oleico e linoleico, é uma substância que tem ação é o estudante pensar que é uma
além de vitamina E (tocoferol) conservante, impedindo ou substância única.
retardando a degradação de um
que atua como antioxidante. produto. Nesse caso, se tiver acesso a um
computador ou smartphone, faça
A mistura de água e pou-
uma pesquisa junto aos alunos
co sal (imagem 11) também é colocando em um site de busca:
uma solução, porque possui “composição do óleo de girassol”,
aspecto visual uniforme e pro- ou “composição do óleo de soja”.
priedades constantes em toda Isso deverá mudar a forma como
a sua extensão. os estudantes percebem os

M. Fonseca
IMAGEM 10: óleo de girassol.
As soluções, porém, não materiais.
precisam ser necessariamen-
te líquidas, podem ser sólidas,
Luca Santilli/Shutterstock

como o ouro 18 quilates, por fase única


exemplo, (imagem 12) que é
uma mistura homogênea de
75% de ouro, 12,5% de prata
e 12,5% de cobre.
Também podem ser ga-
sosas, como o ar atmosférico
IMAGEM 12: alianças de ouro
em um ambiente limpo e seco,
18 quilates.
livre de poluição.

Misturas polifásicas: heterogêneas IMAGEM 11: água e pouco sal.


Considere agora uma mistura de água e muito sal (cerca de
200 mL de água e 50 g de sal).
Quando misturamos água e muito sal, podemos observar que o
aspecto visual é desigual e apresenta duas fases:
• fase 1: água com sal dissolvido na parte superior;
• fase 2: sal não dissolvido depositado no fundo do recipien-
te.
Se testarmos as propriedades de uma amostra da fase 1 e de
uma amostra da fase 2, obteremos resultados diferentes.
Por isso, dizemos que a mistura de água e muito sal é bifásica e
heterogênea.

Unidade 3 | Economia circular 189

Unidade 3 | Economia circular 189


As misturas heterogêneas podem ser formadas de substâncias

M. Fonseca
diferentes, como no caso da água e do sal, mas também podem ser
formadas por uma única substância, desde que ela esteja mudando
Professor, o conceito mais difícil de estado físico.
para o estudante é entender que fase 1
Observe, por exemplo a imagem 14, que mostra uma mistura de
uma mistura de água e gelo é
heterogênea, ainda que se trate água líquida e gelo (água no estado sólido).
de uma mesma “substância” Essa mistura apresenta
(na verdade, não é substância, duas fases distintas, a sóli-

M. Fonseca
porque usamos água de torneira da (1) e a líquida (2). Seu as-
fase 2
ou água filtrada para fazer as pecto visual é desigual e as
misturas e apenas a água destilada propriedades, como a den-
é, teoricamente, considerada sidade, por exemplo, são di- fase 1
substância). IMAGEM 13: recipiente com
ferentes – a água no estado
Se houver estranhamento, chame água e muito sal.
sólido possui densidade me-
a atenção para a definição de fase:
nor do que a água no estado
“possui aspecto visual uniforme”. Em
líquido, por isso o gelo flu-
uma mistura de água e gelo, temos
duas fases com aspectos distintos tua na água.
(uma contínua e uma descontínua), Trata-se, portanto, de fase 2
portanto, a mistura é heterogênea. uma mistura heterogênea,
Caso o estudante pergunte se ainda que ambas as fases
“não existe água pura”, explique sejam formadas apenas de
que em Química, quando queremos água.
nos referir à água pura, falamos Você acabou de ver dois
em água destilada, ou seja, uma
exemplos de misturas he- IMAGEM 14: recipiente com água
água que passou por um processo líquida e gelo.
terogêneas bifásicas, mas
físico de separação (a destilação)
e que teoricamente está livre de esse tipo de mistura também
impurezas. Não devemos beber pode ser trifásica, tetrafásica ou polifásica (poli = muitas).
água destilada, pois causa um Se você misturar, por exemplo, óleo de girassol, água e areia, irá
desequilíbrio hídrico em nossas obter uma mistura heterogênea trifásica, como a que mostraremos
células, mas ela pode ser utilizada em na imagem 15, a seguir.
M. Fonseca

baterias de automóveis, em ferros


de passar roupa à vapor, para regar O óleo de girassol, por ser o material menos denso, irá se aco-
plantas carnívoras e na fabricação de modar na superfície e a areia, por ser o material mais denso, irá se
perfumes e cosméticos, entre outras acomodar no fundo do recipiente.
fase 1
aplicações. A mistura heterogênea resultante será trifásica.
Observe que a diferença de densidade entre os materiais é, em
fase 2
geral, responsável pela formação de diferentes fases em uma mistu-
ra heterogênea.

fase 3
Isso ocorre inclusive entre substâncias que formam misturas ho-
mogêneas (solúveis uma na outra) em qualquer proporção, como a
água e o álcool etílico.
Como esses líquidos apresentam densidades diferentes, se fo-
IMAGEM 15: recipiente com rem adicionados um ao outro com bastante cuidado, será possível
óleo, água e areia. observar a formação de fases distintas entre eles.

190 Unidade 3 | Economia circular

190 Unidade 3 | Economia circular


ATIVIDADE PRÁTICA
Que tal observar seu professor fazer uma mistura tetrafásica?
Professor, comente com os

Alex Argozino
Material Óleo de cozinha: Recipiente feito de estudantes que antigamente
fundo de garrafa PET
d = 0,8910 g/mL
transparente cortada o etanol 96 °GL era vendido
a 20 oC
Copo Colher por um adulto. livremente nos supermercados e
utilizado na limpeza doméstica.
Contudo, devido ao grande número
Água: Etanol 96 oGL (lê-se de casos de queimaduras graves e
d= 0,9982 g/mL
a 20 oC
"graus Gay-Lussac"), ingestão acidental, sua venda foi
96% em volume de
etanol e 4% em volu- proibida e agora ele só pode ser
Areia me de água. encontrado em algumas farmácias
Corante alimentício nas
d = 0,7893 g/mL a
cores azul e vermelho. em frascos pequenos ou em lojas de
20 oC.
produtos químicos.
Alerta! Procedimento

BNCC

O trabalho com a Atividade prática


- Mistura tetrafásica atende as
O etanol 96 oGL é altamente 12 Coloque cerca de dois 2 Misture 1/2 copo de água competências e o tema indicados a
inflamável e pode explodir quando dedos de areia no fundo com 3 gotas de corante azul e
usado próximo ao fogo. Não repita do recipiente. acrescente dois dedos dessa seguir.
este experimento em casa! mistura ao recipiente.
Competência geral: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia.

Em seguida, acrescente dois Coloque 6 gotas de corante vermelho em 1/2 copo


3 4
dedos de óleo de cozinha. de etanol e acrescente dois dedos dessa mistura no
recipiente fazendo o líquido escorrer devagar pelas
paredes internas, para que ele se deposite sobre o óleo.

O que você observa? O que você acha que irá ocorrer se o pro-
fessor agitar as quatro fases com uma colher por algum tempo? O
sistema voltará ao estado inicial? Por quê?
Qual aparência ele terá se for agitado? Quantas fases se forma-
rão? Qual é a cor final de cada fase?

Unidade 3 | Economia circular 191

Unidade 3 | Economia circular 191


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS
NÃO ESCREVA
NO LIVRO

1. 4. O volume ocupado por um líquido varia com


1. Cite o nome de cinco objetos que estão ao seu
a. Sugestão: livro feito de papel, redor e indique: a temperatura, por isso, no Brasil, o Instituto
caneta feita de plástico, carteira Nacional de Pesos e Medidas recomenda ex-
a. de que materiais eles são feitos.
feita de madeira, lâmpada feita pressar em massa a porcentagem de água e
de vidro, roupa feita de tecido, b. qual é o recurso utilizado para obter esses
de etanol em uma mistura.
lápis feito de grafite, borracha de materiais.
Desse modo, por exemplo, um frasco de eta-
apagar feita de borracha, pés da 2. Observe as imagens a seguir e classifique as nol com 46º INPM, contém 46 g de etanol dis-
cadeira feitos de metal. misturas em homogêneas ou heterogêneas. solvidos em 54 g de água.
b. O papel vem da madeira extraída No caso de mistura heterogênea, indique Com base nas propriedades do etanol que
das árvores, o plástico vem do também o número de fases. você conhece, proponha uma hipótese para
petróleo, a madeira vem das explicar por que a venda de etanol 46º INPM
árvores, o vidro vem da areia, a. Recipiente 1. b. Recipiente 2.
é feita livremente em supermercados, mas o
a borracha é feita do látex etanol 96º GL é regulamentado.

M. Fonseca
extraído da seringueira (uma
árvore), o metal é extraído 5. Classifique as misturas a seguir, presentes
do solo a partir de minerais em nosso dia a dia, em homogêneas ou he-
específicos. O ferro, por terogêneas.
exemplo, é obtido da hematita. a. Feijão com arroz.
2. b. Chá coado.
a. Mistura heterogênea com três c. Perfume.
fases. d. Água com gás.
b. Mistura homogênea,
6. As imagens a seguir são do experimento de-
monofásica. IMAGEM 16: serragem, IMAGEM 17: água e café
água e areia. solúvel. monstrativo da página 189, antes e depois de
3. O material menos denso é o agitar o sistema com uma colher.
etanol, sabemos disso porque 3. As imagens a seguir mostram um recipiente
o gelo afunda no etanol. O

Sergio Dotta/The Next


contendo água e gelo e outro contendo etanol
material mais denso é a água
96ºGL e gelo.
líquida, porque o gelo flutua
na água líquida. O gelo, então,
possui densidade intermediária
Sergio Dotta/The Next

entre a água e o etanol.


Em ordem crescente:
etanol < gelo < água.
4. Porque o etanol 96 °GL é
altamente inflamável e a causa de
muitos acidentes com fogo que IMAGEM 20: início IMAGEM 21: final (após
ocorreram no passando quando a (montagem). agitação).
venda era livre. O etanol
46 o INPM não queima devido ao IMAGEM 18: água e gelo. IMAGEM 19: etanol e gelo. Em relação a esse experimento, responda:
elevado teor de água que possui. a. Qual é a composição de cada fase no início
Baseado na observação dessas imagens, co-
5. loque a água líquida, o etanol e o gelo em or- e no final do experimento?
a. Heterogênea. dem crescente de densidade (do menos denso b. Proponha uma explicação para o que ocor-
b. Homogênea. para o mais denso). reu após a agitação do sistema.
c. Homogênea.
d. Heterogênea.
192 Unidade 3 | Economia circular

6.
a. No início, temos, de baixo para
cima: areia, água com corante
azul, óleo de cozinha, etanol com
corante vermelho. No final, temos,
de baixo para cima: areia, água e
etanol dissolvidos com corante
azul e vermelho que resulta na
coloração roxa e óleo de cozinha.
b. O etanol e a água, que são
solúveis um no outro em
qualquer proporção, formaram
uma única fase.

192 Unidade 3 | Economia circular


NÃO ESCREVA
NO LIVRO

7. Os materiais são fabricados a partir de recur- Modo de fazer:


sos extraídos da natureza. Indique o principal
Aqueça o óleo e as ceras em banho-maria até
recurso necessário para obter:
que a mistura fique homogênea. Em seguida,
a. papel; 7.
adicione o corante e a essência. Misture tudo.
b. plástico; a. Madeira.
c. alumínio; 11. Para a fabricação do brilho labial e do batom, b. Petróleo.
d. vidro. o óleo e as ceras são misturados. O corante c. Bauxita (mineral).
8. Substância é um tipo específico de matéria. A e a essência são adicionados em seguida. O
d. Areia.
água, por exemplo, é uma substância. batom fabricado com essa receita é firme,
8.
a. Na natureza, a água é encontrada na forma portanto difícil de usar. Para obter um batom
de substância isolada ou de misturas? a. Na forma de misturas.
mais macio, que mudanças você faria na pro-
b. Cite pelo menos três misturas diferentes b. Leite, suco de frutas, café, chá,
porção dos ingredientes?
que contêm água em grande quantidade. sopas, sangue, água do mar,
12. Óleos e ceras são materiais que se misturam água com gás, entre outras.
9. Explique a diferença entre misturas homogê-
nea e heterogêneas em relação: facilmente. A água não se mistura ao óleo e as 9.
a. ao número de fases; ceras não são solúveis em água. a. Mistura homogênea é
b. às propriedades ao longo de sua extensão. monofásica. Mistura
Se uma grande quantidade de água caísse
heterogênea possui duas ou
10. Um recipiente contém apenas água nos esta- dentro da mistura para batom, enquanto essa mais fases (é polifásica).
dos líquido e sólido (gelo). Que tipo de mistura mistura estivesse sendo aquecida, o que pro-
b. Mistura homogênea possui
ele representa? Explique. vavelmente aconteceria? propriedades constantes
(Pisa) Abaixo há duas receitas diferentes de a. Seria obtida uma mistura mais cremosa e em toda a sua extensão.
cosméticos que você mesmo pode fazer. O macia. Mistura heterogênea possui
batom é mais firme do que o brilho labial, que propriedades que variam ao
b. A mistura ficaria mais firme. longo de sua extensão.
é macio e cremoso.
c. A mistura pouco mudaria. 10. Mistura heterogênea,
Brilho labial
d. Pedaços da mistura ficariam boiando na porque forma duas fases de
Ingredientes:
água. aspecto visual diferente, com
• 5 g de óleo de rícino propriedades (como a densidade)
• 0,2 g de cera de abelha 13. Qual é a propriedade da matéria responsável também diferentes.
• 0,2 g de cera de carnaúba por formar diferentes fases em uma mistura 11. Poderíamos usar um pouco
• 1 colher de chá de corante heterogênea? De que forma essa propriedade menos de cera de abelha e
• 1 gota de essência alimentar influi nas diferentes fases? carnaúba, ou adicionar mais óleo
Modo de fazer: de rícino.
14. Chamamos de componentes as diferentes
Aqueça o óleo e as ceras em banho-maria até 12. Alternativa d.
substâncias presentes em uma mistura e de
que a mistura fique homogênea. Em seguida, 13. A densidade, o material mais
fase cada porção homogênea de uma mistura denso se posiciona abaixo do
adicione o corante e a essência. Misture tudo.
Batom
heterogênea (lembrando que uma fase pode material menos denso.
Ingredientes:
ser contínua ou descontínua, como a areia ou 14. Quatro componentes: ferro,
• 5 g de óleo de rícino
pedras de gelo, por exemplo). água, sal e ácido linoleico. Cinco
Com base nessa definição, indique o número fases: pedaços de ferro (fase
• 1 g de cera de abelha
descontínua), solução de água
1 g de cera de carnaúba de componentes e de fases de uma mistura
• e sal, sal não dissolvido, ácido
• 1 colher de chá de corante contendo: pedaços de ferro, água líquida, sal linoleico e gelo.
• 1 gota de essência alimentar dissolvido na água, sal não dissolvido, ácido
linoleico (extraído do óleo de cozinha) e gelo.

Unidade 3 | Economia circular 193

Unidade 3 | Economia circular 193


8
CAPÍTULO

Separação de misturas
Professor, em relação à seção
Discuta com seus colegas, a
resposta é não, a reciclagem não
resolve o problema do lixo, ela
apenas o adia, porque apesar
de alguns materiais, como o
alumínio, por exemplo, poderem
ser reciclados indefinidamente, Discuta com seus colegas Você recicla seu lixo?
a maioria, como os plásticos, só Sabe como funciona uma usina de reciclagem?
podem ser reciclados poucas A reciclagem resolve
vezes, ou seja, fatalmente o completamente o problema do Já parou para pensar em tudo o que é feito para que você receba
plástico de um objeto acabará no lixo? Por quê? água potável em sua casa?
lixo em determinado momento. Já ouviu falar sobre como se obtêm os componentes do petróleo
Assim, para resolver o problema (gasolina, óleo diesel, querosene)?
do lixo precisamos pesquisar,
E sabe como os hospitais conseguem o oxigênio de que ne-
desenvolver e usar apenas
materiais que sejam berço a berço, cessitam em uma emergência, como a pandemia de covid-19,
ou seja, que possam participar por exemplo?
do ciclo de produção e consumo Todas essas perguntas têm uma única resposta: separação
indefinidamente. de misturas.
A separação de misturas é um conjunto de processos mecâni-
cos e físicos, utilizados rotineiramente para a obtenção de misturas
BNCC
mais simples ou substâncias em prestações de serviços, como no
tratamento do lixo e da água de que tanto necessitamos.
O trabalho com o capítulo 8 atende a
rawpixel.com/Freepik Premium

Também é utilizada em diversos ramos industriais, como nos


habilidade indicada a seguir:
processamentos de petróleo, de ar atmosférico e de minérios.
(EF06CI03).
Que tal conhecer agora alguns desses processos e suas implica-
ções em nosso dia a dia?

Reciclagem do lixo
Todo resíduo proveniente das atividades humanas ou gerado
pela natureza nos centros urbanos é considerado lixo.
Conforme a origem do lixo – domiciliar, industrial, hospitalar,
agrícola –, ele pode ser reciclado ou receber, como determina a lei,
uma disposição final.
IMAGEM 1: o símbolo de O lixo domiciliar, de residências, bares, lanchonetes, restauran-
reciclagem (três setas tes, repartições públicas, lojas, supermercados, feiras e comércio,
formando um triângulo) contém basicamente sobras de alimentos, embalagens plásticas,
indica os materiais que papéis, papelões, metais, vidros, trapos etc.
podem voltar ao ciclo de
produção, como plástico, Esse lixo é o que apresenta potencial de reciclagem, ou seja, ca-
metal, papel e vidro. pacidade de voltar ao ciclo de produção do qual foi descartado.

194 Unidade 3 | Economia circular

Objetivos do capítulo
 Conhecer métodos de separação de misturas.
 Selecionar métodos de separação mais adequados para sistemas heterogêneos por meio da
identificação desses métodos.

194 Unidade 3 | Economia circular


Infelizmente, porém, a maior parte do lixo ainda é encaminhada
para aterros sanitários ou, até mesmo, depósitos a céu aberto (lixões).
IMAGEM 2: aterro sanitário, em
Professor, apesar de a reciclagem

Gabriel Jabur/Agência Brasília


Brasília, DF.
não resolver o problema, ela
Em um aterro sanitário, o solo ameniza bastante a pressão
é nivelado e coberto com uma
sobre os recursos naturais e deve
manta de PVC (um tipo de
ser incentivada e implementada
plástico) para que o líquido
(chorume) que escorre do em todos os estabelecimentos,
lixo não contamine o solo e residenciais, comerciais,
a água subterrânea (lençol educacionais e industriais.
freático). O lixo também nunca Nossa sociedade apresenta dois
fica exposto, recebendo uma problemas sérios: o excesso de lixo
cobertura de terra, o que e a demanda crescente por energia
afasta insetos e animais. elétrica. Muitos países resolveram
ambos os problemas gerando
energia a partir do resíduo sólido
urbano. Digite em um site de busca:
IMAGEM 3: lixão ou vazadouro
“Prospecção energias renováveis -
Barueri (SP) terá Unidade de

NZ3/Shutterstock
(deposição de lixo a céu
aberto). Recuperação Energética” e assista
ao filme que trata dessa proposta.
Em um lixão, não há nenhuma
proteção do solo. O chorume
que escorre do lixo penetra na
terra e pode contaminar a água
subterrânea. A decomposição
do lixo a céu aberto exala
mau cheiro que atrai moscas,
baratas, ratos e outros
animais. Pessoas que vivem
nas proximidades podem ficar
doentes.

Esse quadro poderia mudar se todos nós adquiríssemos o hábito


de descartar o lixo já separado para a reciclagem.
Além de reduzir a quantidade de resíduos a ser tratada, a reci-
clagem ameniza outros problemas ambientais de maior gravidade,
observe:
• diminui novas extrações de matéria-prima;
• reduz a poluição atmosférica e a poluição das águas;
• economiza energia.
A economia de energia é uma vantagem importante do ponto de
vista ambiental, porque, no Brasil, a geração de energia implica ma-
nejo do meio ambiente, por exemplo, a derrubada de árvores para
represar grandes áreas e construir hidrelétricas.

Unidade 3 | Economia circular 195

Unidade 3 | Economia circular 195


Há vários fatores que interferem no tempo de decomposição
dos materiais descartados como lixo: o tipo específico do material
(plástico, vidro, papel), o lugar em que foi descartado (solo, mar, rio,
Professor, veja a seguir o nome aterro sanitário, lixão), as condições do lugar (presença ou ausência
de alguns materiais que vão para o de oxigênio, exposição ou não ao sol, à chuva, ao contato com ou-
lixo, cujo tempo de decomposição
tros materiais etc.).
é indeterminado: cerâmica,
esponjas (poliuretano), isopor, Por exemplo, em condições ideais (exposto ao Sol, umidade e
borracha, vidro. oxigênio), o papel de uma folha de caderno leva de 3 a 6 meses para
Hábitos que podem ser úteis: se decompor, porém, quando enterrado em um lugar seco e preser-
vado da ação do oxigênio e da luz, esse mesmo papel pode se man-
 Evite empacotamentos ILUSTRAÇÃO 1: latões de
ter íntegro por décadas.
desnecessários. Leve sua reciclagem: azul – papel e
própria bolsa de compras; papelão; vermelho – plástico; Na coleta seletiva de lixo, os materiais recicláveis, como papéis,
 Não compre embalagens amarelo – metal; verde – plásticos, metais e vidros são separados do lixo orgânico (restos de
vidro; cinza – material não comida e aparas de jardim) para serem vendidos, processados e rea-
descartáveis de refrigerantes reciclável.
e outras bebidas; proveitados.
 Prefira produtos com
embalagens recicláveis;

pch.vector/Freepik Premium
 Compre sempre produtos
duráveis e resistentes;
 Planeje bem suas compras
para não haver desperdício;
Não
 Evite produtos descartáveis; Papel Plástico Metal Vidro
Reciclável
 Diminua o uso de plásticos;
 Sempre que possível,
• jornais; • garrafa PET; • latas de • garrafas em • fraldas e • espelhos;
substitua o papel comum por alumínio; geral;
• revistas; • copos absorventes; • vidro plano;
papel reciclado.
• folhas de descartáveis; • latas de • copos; • papel • lâmpadas;
Fonte: folha de
caderno; • sacolas • embalagens higiênico e • óculos;
https://fnxl.ink/HDOEXY • papel sulfite; plásticas; flandres (aço de alimento. guardanapos
revestido de • cerâmica;
Acesso em: 8 fev. 2022. • fotocópias; • embalagens usados; • porcelana;
estanho);
de produtos
• cartolina; • sucata de • etiquetas • cabos de
de limpeza,
• papelão; ferro; adesivas; panela;
higiene e
• caixas longa alimentos; • sucata de • papel de fax; • espumas;
vida; • canos e tubos. cobre; • papel • acrílico;
• papel toalha • metais em metalizado; • borracha;
molhado com geral.
• papel • clipes;
água.
parafinado • grampos.

A separação do lixo por catação pode ser feita em casa, na es-


cola, em qualquer estabelecimento que produza lixo domiciliar ou
na própria usina de processamento de lixo, presente em alguns
centros urbanos.
Os equipamentos e as operações envolvidos na separação do
lixo em uma usina são apresentados a seguir.

196 Unidade 3 | Economia circular

196 Unidade 3 | Economia circular


Processos mecânicos de separação
A usina de tratamento de lixo é uma instalação dotada de equipa-
mentos eletromecânicos, destinados a separar da massa de lixo os ma- Professor, a catação é um
teriais inertes (plásticos, metais, vidros, papel, papelão e outros, que se- processo de separação de
rão encaminhados para a reciclagem) da matéria orgânica aproveitável misturas heterogêneas entre
(que será encaminhada para a compostagem) e dos rejeitos (que serão sólidos que consiste, basicamente,
encaminhados para o aterro sanitário). em recolher as partículas de
Essas instalações apresentam basicamente os seguintes módulos:
interesse com as próprias mãos
ou utilizando pinças. Trata-se
balança, fosso de recepção, esteiras, transportadores, esteiras de cata-
de um processo razoavelmente
ção manual, trituração, peneiração e pátio de compostagem. simples e pode ser feito quando
Inicialmente o lixo é pesado e enviado a uma esteira, onde passa por as partículas da mistura têm
um processo de catação manual, que separa os materiais inertes. tamanhos relativamente grandes,
para que o processo seja realizado
com eficácia.
IMAGEM 4: catação ou
Quando a mistura tem partículas
polubiatka/Freepik Premium

separação manual do
pequenas, ou os tamanhos são
lixo que ainda pode ser
aproveitado.
muito variados, aconselha-se
realizar outros processos em
sequência, para garantir que não
haja resíduos.

IMAGEM 5: eletroímã
Em seguida, o lixo passa por uma separação magnética feita em um
em usina de
eletroímã, que atrai os materiais metálicos (que possuem propriedades tratamento do lixo.
magnéticas).

M. Fonseca
A foto ao lado mostra um ele-
troímã (A) utilizado para separar C
metais na usina de reciclagem e A
compostagem.
O lixo passa debaixo do eletroí-
mã, o material orgânico segue para a
compostagem pela saída (B) e os me-
tais são atraídos pelo eletroímã. Em
seguida, os metais são levados para D
longe da ação do campo magnético
B
por outra esteira (C) e caem em uma B
saída do separador (D).

Unidade 3 | Economia circular 197

Unidade 3 | Economia circular 197


Os processos mecânicos de separação que constituem o proces-
samento do lixo, também são utilizados em ações cotidianas, como
mostram as imagens a seguir.
Professor, a separação magnética
Catação
é um método de separação

Shalon Adonai
de misturas heterogêneas de Pode ser utilizada em casa
componentes sólidos, mais no processo de escolher o fei-
especificamente para separação jão, separando os grãos co-
de misturas contendo um metal mestíveis das pedrinhas ou dos
magnético, como o cobalto, o grãos estragados.
níquel e, principalmente, o ferro.

IMAGEM 6: catação de feijão


(separando os grãos comestíveis
dos grãos estragados e das
pedrinhas).

Separação magnética

Of-Pix /Pixabay
Pode ser utilizada em ferros-
-velhos para mover e separar
sucata de metais magnéticos e
não magnéticos, por exemplo,
para separar o ferro do cobre.

IMAGEM 7: guindaste dotado


de um eletroímã utilizado para
mover sucatas de ferro.

Também pode ser utilizada

Marian.kabele (CC BY-SA 4.0)


na chamada “pescaria magnéti-
ca”, ou seja, para recolher obje-
tos que são atraídos por um ímã
do fundo de um lago ou escon-
didos na areia ou na grama.

IMAGEM 8: equipamento para


“pesca magnética” feito de um
ímã de nióbio (um tipo de metal)
preso a uma haste flexível. O
pedaço de ferro “grudado” no ímã
foi capturado do fundo do lago.

198 Unidade 3 | Economia circular

198 Unidade 3 | Economia circular


HoaLuu/Pixabay

Shalon Adonai
Peneiração
Pode ser utilizada na
cozinha para:
Professor, a peneiração é uma
• peneirar a farinha técnica de separação de misturas
de trigo ou o açú- heterogêneas que serve para
car, antes de fazer separar sólidos de tamanhos
um bolo; diferentes.
• coar um suco ou Existe um processo de separação
um chá; denominado tamisação, muito
semelhante à peneiração. Nesse
• separar grãos de
caso, são empregados tamises:
areia mais grossos peneiras com malhas muito finas,
dos mais finos na utilizadas em laboratórios de
construção civil. farmácias de manipulação de
medicamentos.
Os tamises têm diferentes
tamanhos de abertura de
IMAGEM 9: peneirando farinha. IMAGEM 10: peneirando areia. malha, por essa razão eles
também podem ser usados para
Dissolução fracionada determinar a granulometria de

Sergio Dotta/The Next


É utilizada para separar
uma substância sólida, ou seja, a
distribuição de tamanhos de seus
misturas nas quais apenas
componentes.
um dos componentes é solú-
Observe que a dissolução
vel em determinado líquido.
fracionada não é um método de
Por exemplo, mistura de separação de misturas conclusivo,
sal e areia. ou seja, ela não pode ser a única
Adiciona-se água. A água alternativa para a separação dos
dissolve o sal, mas não dis- componentes de uma mistura
solve a areia, que pode ser de sal e areia, pois requer,
obrigatoriamente, um método
separada posteriormente por
IMAGEM 11: dissolução fracionada. complementar para separar a
filtração. água do sal.
Sedimentação fracionada Dessa forma, a dissolução
Sergio Dotta/The Next
fracionada é escolhida, por
É utilizada para separar exemplo, para iniciar o processo
misturas de sólidos de densi- de separação de uma mistura.
dades diferentes pela adição
de um líquido de densidade
intermediária.
Por exemplo, mistura de
serragem e areia.
Adiciona-se água. A ser-
ragem, menos densa, flutua
na água e a areia, mais densa,
deposita-se no fundo. IMAGEM 12: sedimentação fracionada.

Unidade 3 | Economia circular 199

Unidade 3 | Economia circular 199


Flotação

agefotostock/Alamy/Fotoarena
A flotação é um processo usado
em mineração para separar mis-
Professor, comente com os turas do tipo sólido-sólido, geral-
estudantes que o mercúrio é um
mente de minérios pulverizados da
metal pesado.
respectiva ganga (impurezas). Ele é
Metal pesado é um nome genérico
realizado com base na diferença de
utilizado para designar todo metal
densidade das partículas.
com densidade acima de 6 g/cm 3.
É um termo aplicado aos metais Nesse método, adiciona-se
de transição comuns, como cobre, óleo à mistura. O óleo adere à su-
zinco, chumbo, mercúrio, cádmio e perfície das partículas do minério,
manganês, que são bioacumulativos tornando-o impermeável à água.
(acumulam-se progressivamente Em seguida, a mistura é lançada
na cadeia alimentar) e/ou geram na água e submetida a uma forte
problemas de poluição ambiental. corrente de ar. O ar provoca a for-
Alguns cientistas incluem o arsênio mação de uma espuma que reúne
nesse grupo. as partículas do minério na super-
O mercúrio, particularmente, é fície e então, se separam da ganga.
muito tóxico, mesmo em pequenas
quantidades. Pode causar danos IMAGEM 13: flotação.
à pele e às mucosas, náuseas
violentas, vômito, dor abdominal,
Levigação

goran_safarek/Shutterstock
diarreia com sangue, graves
problemas nos rins e até a morte. A levigação é usada na mineração para se-
É teratogênico, ou seja, prejudica parar misturas do tipo sólido-sólido, quando um
o feto durante a gravidez, além de dos componentes (em forma de pó) é facilmen-
ser bioacumulativo. te arrastado por um líquido, enquanto o outro,
A contaminação por mercúrio mais denso, não é.
ocorre por absorção cutânea, Emprega-se uma corrente de água ou de ou-
inalação e ingestão. tro líquido adequado para arrastar o componen-
te menos denso (pulverizado). Exemplo: ouro
(em pó) e areias auríferas (que contêm ouro).
Para obter maior lucratividade, os mineiros
utilizam mercúrio no lugar da água na levigação.
Nesse caso, o processo é denominado churra-
gem. O mercúrio combina-se facilmente com o
ouro e facilita a separação das impurezas.
O problema é que o mercúrio é extremamen-
te tóxico, tanto para o trabalhador envolvido no
processo quanto para o ambiente; por isso, esse
método é ilegal e precisa ser abandonado por
meio de uma campanha de esclarecimento.

IMAGEM 14: levigação.

200 Unidade 3 | Economia circular

200 Unidade 3 | Economia circular


VIDA E AMBIENTE

Agora, é com você!


Lixo orgânico e compostagem • laticínios e carnes (que cheiram mal e atraem
moscas e baratas); 1. Sobras de salada temperada do
Você já ouviu falar em compostagem? almoço. Porque provavelmente
• pães, gorduras, alimentos cozidos e tempe-
Compostagem é a re-
tem vinagre ou limão, o que
ros (atraem insetos);
pode deixar o solo ácido.
ciclagem do lixo orgânico, • nozes (liberam substâncias que são tóxicas
como: para certas plantas). Macarrão com molho e queijo
do jantar. Porque o queijo é
• restos de alimen- Algumas estações de tratamento de lixo fa-
um laticínio e, ao se decompor,
tos: cascas de fru- zem a compostagem do lixo orgânico para ven- cheira mal e atrai moscas e

pch.vector/Freepik Premium
tas, talos, cascas der o adubo. baratas, insetos que podem
de ovos, borras de Elas usam grandes equipamentos denomina- causar doenças.
café, podas de jar- Orgânico
dos biodigestores, nos quais os microrganismos 2. A pessoa gera menos lixo e
dim, folhas secas;
fazem a decomposição do lixo na ausência de produz um adubo de qualidade,
• rolinhos de papel oxigênio. Nesse caso, não existem as restrições que vai aumentar a fertilidade
ILUSTRAÇÃO 2:
higiênico ou de pa- da terra que ela usar para
latão marrom anteriores.
pel-toalha, filtros cultivar sua horta. Além disso,
para separar o
de café, saquinhos ela terá à disposição uma comida

M. Fonseca
lixo orgânico.
de chá. saudável, sem defensivos
Para fazer a compos- agrícolas e praticamente de
tagem em casa, basta ir juntando o lixo orgâ- graça, ou seja, terá mais saúde
nico em uma composteira (como uma caixa de fazendo economia.
madeira perfurada, por exemplo) e esperar que
ele se decomponha pela ação de microrganis- BNCC
mos, formando um adubo muito nutritivo para
O trabalho com a seção Vida
as plantas. e Ambiente – Lixo orgânico
IMAGEM 16: biodigestor da antiga Usina de e compostagem atende às
joaquincorbalan/Freepik Premium

Compostagem da Vila Leopoldina, São Paulo, competências e ao tema indicado


capital, desativada por causar mau cheiro e a seguir:
proliferação de insetos em área urbana. Competências gerais: 7, 10.
Agora, é com você! Competências específicas: 3, 8.
1. Considere que sua família resolveu fazer Tema Contemporâneo Transversal:
compostagem caseira para obter adubo Meio Ambiente.
de qualidade e plantar uma horta. Indique
os itens que não podem ir para a compos-
tagem e explique por quê.
IMAGEM 15: caixa com resíduos de frutas e vegetais • Sobras de salada temperada do almoço.
(lixo orgânico) preparada para compostagem
• Macarrão com molho e queijo do jantar.
caseira.
• Cascas de melancia e banana do lanche.
Não convém enviar os seguintes itens para a 2. Adquirir o hábito de fazer compostagem
compostagem caseira: e cultivar hortas traz benefícios pessoais
• frutas cítricas e suas cascas (que podem dei- e ao meio ambiente. Descreva que bene-
xar o solo ácido); fícios são esses.

Unidade 3 | Economia circular 201

Unidade 3 | Economia circular 201


NÃO ESCREVA
ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NO LIVRO

1. O estudante
1. Desenhe no seu caderno o símbolo que devemos procurar em uma embalagem para ter certeza de
deve fazer o
que ela é reciclável.
desenho do
símbolo de 2. Separar corretamente o próprio lixo, dando destino certo aos materiais, é um ato de cidadania, por-
reciclagem. que pode amenizar a poluição, proteger o solo, as águas, o ar atmosférico e evitar a morte de muitos
2. animais. A seguir, fornecemos alguns latões de reciclagem e uma lista de materiais destinados para
ir ao lixo. Promova o descarte correto de cada material relacionando a cor do latão de lixo adequado
a. III. para cada resíduo descartado.
b. IV. a. Pote de vidro I. II. III.
c. I.
b. Revistas
d. V.
c. Garrafas PET
e. II.
Não
f. IV. d. Lata de conserva (folhas de flandres) Plástico Reciclável Vidro

g. II. e. Espelho
h. IV. f. Papelão
i. II. IV. V. VI.
g. Papel plastificado
j. II.

pch.vector/Freepik Premium
k. VI. h. Embalagem longa vida
l. II. i. Espuma
Papel Metal Orgânico
3. j. Papel metalizado
a. Peneiração.
k. Restos de comida
b. Separação magnética.
l. Louça de cerâmica quebrada ILUSTRAÇÃO 3: latões de reciclagem.
c. Catação.
d. Peneiração.
3. Indique o método mais adequado para sepa- 4. Qual é o método de separação de misturas
e. Separação magnética. rar ou tratar as misturas descritas a seguir. que usamos em casa quando separamos o lixo
f. Catação. para ser enviado à reciclagem?
a. Sementes dispersas em um copo de suco
4. Catação. de maracujá. 5. Proponha um método para separar uma mis-
5. Primeiro, usa-se a separação tura de pedras, areia grossa, areia fina e pó
magnética para separar o pó de b. Pó de ferro derrubado acidentalmente em
um chão de terra. de ferro. Descreva cada etapa na ordem que
ferro da mistura. Em seguida, você usaria para separar essa mistura.
por catação, separam-se as c. Pedaços de salsinha no prato de arroz de
pedras. Por fim, faz-se uma uma pessoa que não gosta de salsinha. 6. O processo de flotação também é utilizado no
peneiração para separar a areia tratamento de água e esgoto e na reciclagem
grossa da areia fina. d. Seu pai pede ajuda para fazer um bolo, mas
de PET (polietileno tereftalato), material do
a farinha está empelotada e o açúcar em-
6. Consiste em adicionar óleo qual são feitas as garrafas plásticas, por exem-
pedrado.
à mistura. O óleo adere à plo. Explique no que consiste esse processo.
superfície das partículas e. Recuperar uma pequena relíquia de ferro
do minério, tornando-o perdida na areia da praia. 7. Discuta com seu grupo se é uma boa ideia,
impermeável à água. Em para ganhar dinheiro rápido, usar mercúrio na
seguida, a mistura é lançada na f. Macacos procurando parasitas, como pul- levigação, destruindo a própria saúde, os re-
água e submetida a uma forte gas e piolhos, entre os pelos um do outro. cursos hídricos e o meio ambiente.
corrente de ar. O ar provoca a
formação de uma espuma que 202 Unidade 3 | Economia circular
reúne as partículas do minério na
superfície, que então se separam
da ganga.
7. Não, é uma péssima ideia. O
problema é que as pessoas que
fazem isso, em geral, não têm
conhecimento ou preferem
minimizar os males que estão
causando a elas mesmas e ao
ambiente.

202 Unidade 3 | Economia circular


Tratamento de água
Cerca de 70% da superfície do planeta Terra é coberta de água,
mas a maior parte dessa água, cerca de 97,5%, é salgada. Você sabia? Professor, a água não tratada
É uma água que não serve para beber, regar plantas, cozinhar e pode estar contaminada por
O termo “água doce” não
microrganismos patogênicos, que
nem mesmo para tomar banho. se refere ao sabor da água.
A água potável é incolor e
podem causar doenças como as
A água potável, “doce” e limpa que poderia ser usada para todos descritas a seguir.
insípida (sem sabor). Esse
esses fins é, de fato, muito escassa. termo é usado para se referir Amebíase: após um período de
Observe visualmente, no esquema a seguir, o que isso significa a uma água que não é salgada, 7 a 10 dias da contaminação, causa
nem salobra (aquela com uma diarreia severa e febre.
em termos de proporção:
quantidade de sal média entre
a água salgada e a água doce). Cólera: causa diarreia aquosa
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 intensa, que pode culminar em
1 desidratação severa e morte.

Thiago Oliver
2 Hepatite A: causa diarreia, febre,
3
fraqueza, dor muscular e icterícia
(pele e olhos amarelados).
4
5
6
7
8 FIGURA 1: proporção entre a

9 quantidade de água salgada


( )e a quantidade de água
10
doce ( ) existente na Terra.
Sem contar que a maior parte desses 2,5% de água doce existen-
te está presa em geleiras nos polos do planeta, 69%, e outra grande
parte é água subterrânea, 30%. 1%
35%
Apenas uma quantidade muito pequena de água doce
é encontrada na superfície, em lagos e rios, 1%, e é fa-
cilmente acessível, conforme mos- 69%
Geleiras
tram os gráficos a seguir.

Thiago Oliver
Lagos e rios
A água doce que conseguimos Águas subterrâneas
acessar com certa facilidade –
captada em rios, lagos ou poços
subterrâneos –, atualmente, está
muito poluída e não pode ser Fonte dos dados:
consumida diretamente. Água no mundo
2,5% Agência Naciona de Águas e
Saneamento Básico (ANA)
97,5% Dispoível em: https://fnxl.ink/
ZAUTII. Acesso em: 24 ago. 2022.

Água salgada
FIGURA 2: gráficos da Água doce
distribuição de água
no planeta.

Unidade 3 | Economia circular 203

Unidade 3 | Economia circular 203


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Antes de ser destinada ao consumo humano, essa água precisa


ser enviada para uma Estação de Tratamento de Água (ETA), o que
ocorre por meio de túneis que ligam os mananciais (lugares de cap-
Professor, a contaminação da água tação de água) ao tanque que fica na entrada da ETA.
pode ser decorrente de substâncias
Na ETA, a água passa por vários processos de limpeza para se
nela lançadas, como solventes ou
metais pesados (mercúrio, chumbo, tornar potável e adequada ao consumo humano.
cádmio, cromo, cobre, arsênio, zinco, Esses processos podem ser resumidos no esquema abaixo, deta-
bário) provenientes de rejeitos lhado logo a seguir.
de mineração ou de processos

Osvaldo Sequetin
industriais. Os metais pesados não Distribuição
são eliminados pelas fezes ou urina.
Eles se acumulam no organismo
dos seres vivos, ao longo da cadeia
alimentar, e podem desencadear
uma série de doenças graves.
Os metais pesados não são
eliminados no tratamento de água
comumente feito pelas ETAs. Manancial
Para isso, é necessário um
tratamento mais sofisticado e
caro (tratamento terciário), que
deve ser feito pela indústria Captação
responsável por esse tipo de
contaminação, antes de lançar Bomba
Carvão ativado
Óxido de
seus resíduos nos corpos d’água. alumínio
Areia Cloro
ou cal Cascalho
Água filtrada

Reservatório

Tanque ETA Floculação


Decantação Filtração

Água tratada

ILUSTRAÇÃO 4: esquema
1. Filtração em sistema de grades
de captação, tratamento
e distribuição de água. Grades colocadas em lugares estratégicos permitem a passa-
Na maioria das cidades, gem de água, mas impedem a passagem de peixes, plantas e detritos
a água é bombeada para para dentro do tanque da ETA.
reservatórios, que ajudam a
2. Floculação ou coagulação
regular sua distribuição e que
costumam ficar no alto de Para separar as pequenas partículas de sujeira que ficam boian-
colinas ou no topo de torres. do, dispersas na água, adicionam-se substâncias.

204 Unidade 3 | Economia circular

204 Unidade 3 | Economia circular


Essas substâncias têm a propriedade de aglutinar (juntar) as
partículas em suspensão, formando flóculos maiores que, por se-
rem mais densos, se depositam no fundo do tanque.
3. Decantação ou sedimentação Glossário Professor, chame a atenção
Carvão ativado dos estudantes para o fato
Após a adição de substâncias coagulantes e a formação de fló- é um material altamente poroso de que muitos dos processos
culos, a água é enviada para tanques de sedimentação, onde fica feito de carbono finamente
dividido. Tem a propriedade de de separação utilizados no
retida por cerca de quatro horas para que os flóculos formados de- adsorver (reter em sua superfície) tratamento de água, como a
positem-se no fundo, deixando a água límpida na superfície. as substâncias e partículas de um filtração e a decantação, eles
meio sem sofrer alteração em sua
4. Filtração em leito de carvão ativado, areia e cascalho composição. provavelmente já conhecem
de seu dia a dia, por exemplo,
A água que sai do tanque de sedimenta- o preparo do café pode ser

k-Life/Freepik Premium
ção transborda para tanques menores e mais feito por filtração, um copo de
profundos, constituídos de uma camada de suco de laranja natural deixado
carvão ativado, outra de areia e outra de cas- muito tempo em repouso sofre
calho, depositadas sobre uma base de tijolos decantação.
especiais com orifícios que permitem o escoa-
mento da água.
Esse sistema de filtração imita o que
ocorre na natureza, quando a água da
chuva penetra no solo e é obrigada a atra-
vessar camadas de terra, areia e cascalho,
chegando mais limpa aos depósitos sub-
IMAGEM 17: pote de barro com
terrâneos.
carvão ativado sobre pedaços
5. Cloração ou esterilização de carvão.
A água é, então, encaminhada para tanques de cloração para ser
submetida a uma desinfecção biológica com cloro.
Adiciona-se cloro em exces-
Ministério Público de Pernambuco

so para assegurar que a água se


mantenha potável ao atraves-
sar o caminho da ETA até o con-
sumidor final.
O cloro tem ação bacterici-
da, desinfetante e clareadora.
Ele elimina os microrganismos
causadores de doenças e impe-
de que se proliferem na água de
abastecimento.
Os processos mecânicos
de separação de misturas uti-
lizados no tratamento de água
também fazem parte de ações
cotidianas, como mostram as
IMAGEM 18: técnico recolhe amostra para teste de
imagens a seguir.
potabilidade na ETA de Afogados da Ingazeira, PE.

Unidade 3 | Economia circular 205

Unidade 3 | Economia circular 205


Não é magia,
Professor, em lugares remotos,
É TECNOLOGIA
onde não há tratamento de água,
a utilização de um filtro com alta O "canudo da vida"
tecnologia pode salvar vidas.

O tratamento e a distribuição de água potável à população são


uma medida fundamental de saneamento básico.
Sanear significa curar, sarar.
BNCC No caso da água, significa torná-la limpa, saudável, adequada ao
O trabalho com a seção Não é consumo humano.
magia, é tecnologia – O “canudo Infelizmente, mesmo apesar das recomendações sanitárias ne-
da vida” atende às competências e cessárias à prevenção da pandemia de covid-19, cerca de 35 milhões
aos temas indicados a seguir: de brasileiros – 5,5 milhões nas 100 maiores cidades do País, não
* Disponível em:
Competências gerais: 2, 7. https://fnxl.ink/LHDUHB têm acesso à água potável.*
Competências específicas: 2, 3. Acesso em: 25 abr. 2023. As doenças de veiculação hídrica, ou seja, transmitidas pela
Temas Contemporâneos **Dados mais recentes antes água, levaram à internação de 273 mil pessoas em 2019**, gerando
Transversais: Meio Ambiente e da pandemia. um gasto de 108 milhões de reais ao Sistema Único de Saúde, culmi-
Saúde. Disponível em: nando na morte de 2 734 pessoas.
https://fnxl.ink/EWLFAN Ocorre que não é possível viver sem água e pessoas que não têm
Acesso em: 25 abr. 2023. acesso à água tratada precisam de uma solução.
Filtrar a água em casa, ferver por cinco minutos e adicionar al-
guma substância de desinfecção química na quantidade correta são
algumas possibilidades.
Outra, é o uso do chamado “canudo da vida”.

Edyta Materka/Creative Commons 2.0


IMAGEM 19: demonstração
dramática em que um homem
aceita beber a água de rejeito
utilizando um “canudo da
vida”.

206 Unidade 3 | Economia circular

206 Unidade 3 | Economia circular


ILUSTRAÇÃO 5:
"canudo da vida".
FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Professor, neste canudo, a água


Trata-se literalmente de um canudo, um pouco mais grosso que Carvão atravessa por uma membrana que
o normal, como mostra a imagem na página anterior, com um siste- ativado
não deixa passar nada maior do
ma sofisticado de filtragem que promete reter 99,3% das bactérias que um centésimo da espessura
e vírus presentes na água, além de 99,9% dos parasitas. de um fio de cabelo humano.
O filtro só não consegue reter substâncias provenientes de polui- Assim, o filtro retém 99,9%
ção industrial, como o arsênico, por exemplo, e também não consegue das bactérias e dos parasitas
reter o sal, portanto, não pode ser usado em água salgada ou salobra. presentes na água, evitando a
contaminação de quem a bebe.
Ao ser aspirada pelo canudo, a água passa por um pré-filtro de Cristais
tecido com uma malha cuja abertura é de 100 mícrons de diâmetro de iodo
(um décimo de milímetro).
E assim, sucessivamente, a água vai passando por filtros de ma-
lha cada vez menor.
O último filtro é de poliéster e tem orifícios de apenas 15 mí-
Sequência
crons (1,5 centésimo de milímetro). de filtros de
Em seguida, a água passa por um canal contendo cristais de materiais e
orifícios de
iodo, que é responsável por matar os microrganismos, previnindo tamanhos
as doenças que eles normalmente causam. diferentes

Por último, a água passa através de um granulado de carbono


ativado, cuja função é reter qualquer substância que cause cor, gos-

Alex Argozino
to ou cheiro, tornando a água incolor, insípida e inodora, como deve
ser, adequada ao consumo.
A empresa que comercializa os filtros criou um projeto social, por IMAGEM 20: abaixo, filtro em
meio do qual parte da renda obtida na venda do produto é revertida tamanho grande com a mesma
para oferecer filtros em recipientes grandes para escolas carentes. tecnologia do “canudo da vida”.
Agora, é com você! Destinado às escolas carentes,
tem capacidade para filtrar de
1. Você teria algum problema em beber água que não fosse 70 mil a 100 mil litros de água
límpida, utilizando o "canudo da ao longo de sua vida útil.
vida?" Por quê?
2. E se não houvesse nenhuma RSalud

outra água à disposição, o que


você faria? Explique seu ponto
de vista.
3. Um dos maiores problemas
em beber água não tratada é o
risco biológico, ou seja, ingerir
microrganismos que causam
doenças. Explique como o "ca-
nudo da vida" diminui esse risco
a um patamar aceitável.

Unidade 3 | Economia circular 207

Unidade 3 | Economia circular 207


Professor, os relatórios são RELATÓRIO CIENTÍFICO
muito utilizados em qualquer área
profissional. Também são ótimos
para organizar o conhecimento e
transmiti-lo a outras pessoas de Você sabe o que é um relatório?
forma padronizada. Ao elaborar O relatório é a descrição detalhada de um experimento ou de uma
esse tipo de relatório simples, o atividade prática que permite ao leitor acompanhar e entender todas
estudante estará adquirindo uma as etapas desenvolvidas no experimento e a conclusão obtida.
habilidade importante que irá usar A elaboração de um relatório científico segue um padrão que facilita
ao longo de toda a sua vida. ao leitor encontrar rapidamente as respostas que procura.
Aprender a escrever um relatório seguindo esse padrão vai ser de
muita utilidade ao longo de seus estudos e na sua carreira profissional.
BNCC

O trabalho com o infográfico Veja como é fácil Escola de Ensino


Relatório científico atende as Primeiro, faça uma capa 1 Fundamental
Anos Finais
competências e o tema indicados simples (sem enfeites). Conviver e Aprender
a seguir. A capa do relatório deve
conter apenas as Sistema para
2 obtenção de
Competência geral: 2, 4 e 6. seguintes informações:
água potável
Competências específicas: 2 e 3. 1 - Nome da Instituição Ano 6 - turma A
(nome da escola) Célia Carvalho, no 7
Tema Contemporâneo Transversal: 3 José Cerdan, no 13
2 - Título do trabalho
Ciência e Tecnologia. 3 - Autor ou autores
Kátia Aquino, no 17
Marcelo Pereira, no 21
do trabalho Recife, Pernambuco.
4 - Local e data 4 Março de 2023.

No interior do relatório científico, devem constar os


seguintes itens na ordem indicada na sequência abaixo:
1. Título
O mesmo escrito na capa.
O título deve dar uma indicação clara do conteúdo do relatório.

2. Resumo
É um relato breve sobre o problema que originou a investigação, os objetivos do
trabalho e as conclusões que foram obtidas. O objetivo do resumo é dar ao
leitor informações suficientes para ele decidir se aquele trabalho tem ou não as
informações que procura e, portanto, se deve seguir adiante na leitura.

3. Objetivos
É a descrição das metas que se deseja alcançar
com a realização do experimento.
Alex Argozino

208 Unidade 3 | Economia circular

Avaliação do relatório
Avaliação atitudinal: sociabilidade e trabalho em equipe, postura ética e cidadã, pontualidade na entrega de
trabalhos, organização pessoal, interesse, participação e assiduidade.
Avaliação procedimental: objetivos, resultados e meios para alcançá-los, ações articuladas, passos ou procedi-
mentos implantados e aprendidos.
Avaliação conceitual: aquisição do conhecimento e dos conceitos trabalhados.

208 Unidade 3 | Economia circular


4. Material
Fornece a lista dos materiais utilizados no experimento. Professor, algumas escolas no
Brasil já optam por utilizar as
normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) com
5. Procedimentos algumas simplificações.
Explica de modo resumido a montagem do experimento, os
materiais utilizados, a quantidade exata de cada substância ou
A ABNT é uma entidade que
mistura utilizada, a ordem em que foram colocadase as condições define a formatação padrão de
de temperatura e pressão. textos científicos para diversas
A descrição detalhada do procedimento é muito importante, áreas do conhecimento, com
porque ele que permite que o experimento seja futuramente
replicado por diferentes cientistas em qualquer lugar do mundo, o objetivo de padronizar
nas condições descritas fornecendo os mesmos resultados e, documentos produzidos por
assim, comprovando a validade do experimento. diferentes pessoas.
Comente com os estudantes
que, nos relatórios de divulgação
6. Observações científica, é necessário fazer também
Alguma informação ou informações importantes que
se queira destacar a respeito do trabalho. um resumo em inglês, denominado
abstract. Esse resumo facilita a
divulgação internacional do trabalho,
o que reforça a importância do
7. Resultados aprendizado dessa língua para quem
Descrição do resultado obtido com o experimento. quiser seguir a carreira acadêmica.

8. Análise dos resultados


Discussão sobre se o resultado do experimento atingiu os
objetivos esperados ou não.
Em caso negativo, quais os possíveis fatores que levaram
a um resultado diferente.

9. Conclusão
Organiza tudo o que foi feito ao longo do trabalho
e o resultado obtido.

10. Bibliografia
Fornece uma lista de livros e sites consultados que deram
embasamento teórico ao trabalho. Em caso de sites, é
importante acrescentar a data em que foi feito o acesso.

Unidade 3 | Economia circular 209

Unidade 3 | Economia circular 209


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

ATIVIDADE PRÁTICA

Professor, este método imita o


Vamos construir, em grupo, um filtro simples com garrafa PET
que ocorre na natureza quando
a água da chuva atravessa uma para observar o processo de filtração da água!
camada compacta de terra, areia e

Alex Argozino
Material Algodão
cascalho – materiais permeáveis que Areia fina
funcionam como um filtro, retendo
as impurezas, de modo que a água Água
barrenta Areia grossa
chegue limpa ao aquífero.
O aquífero é formado quando
a água fica retida no subsolo
por uma camada de rocha Duas garrafas PET Cascalho fino Cascalho grosso
impermeável constituída de argila,
por exemplo. Procedimento

A A
BNCC

O trabalho com a Atividade prática


- Filtro simples com garrafa PET
atende as competências e os temas
indicados a seguir. B B Algodão
aqui
Competência geral: 2. 1. 2.
Apenas observe enquanto Agora junte a Coloque um Em seguida, coloque
Competência específica: 2. 1 um adulto corta a garrafa 2
parte A da garrafa
3 chumaço de 4
dois dedos de cada um
Temas Contemporâneos PET 1, na parte inferior, 1 com a parte B algodão na dos seguintes materiais
mais ou menos onde está a da garrafa 2 para garrafa, próximo areia fina, areia grossa,
Transversais: Meio Ambiente e tesoura, e a garrafa PET 2, obter o aparelho ao gargalo. cascalho fino, cascalho
Ciência e Tecnologia. na parte superior, perto da acima. grosso. Nessa ordem!
marca indicada.
Alerta!

Não beba a água recolhida Discuta com seu grupo se


5 Derrame a água barrenta 6 a água ficou limpa e por
no sistema e observe. no recipiente.
que não pode ser ingerida.

Proponha alguma solução para tornar a água recolhida potável; em segui-


da, elaborem em grupo um relatório científico sobre esta atividade prática.

210 Unidade 3 | Economia circular

210 Unidade 3 | Economia circular


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Filtração
Apesar do advento do café solúvel, ainda é comum em muitas
casas o hábito de fazer café pelo processo de filtração. Professor, a filtração é um método
Nesse caso, o pó de café é colocado so- físico de separação de misturas
bre um filtro de papel ou de pano apoiado heterogêneas, quando temos um

Marcos Fonseca
em um suporte. sólido normalmente disperso em um
líquido. Basicamente, passa-
Em seguida, despeja-se água quente so-
-se a mistura heterogênea por um
bre o pó de café. filtro, isto é, um material poroso,
A água quente extrai as substâncias so- no qual ficam retidas as partículas
lúveis do pó de café, formando uma solução sólidas suspensas, e a parte líquida
homogênea que atravessa o filtro. O resí- atravessa o filtro.
duo insolúvel fica retido no filtro.
Assim, podemos dizer que a filtração é
um processo mecânico utilizado para sepa-
rar um líquido de um sólido insolúvel.
IMAGEM 21: café sendo coado

Decantação em filtro de papel. Professor, a decantação é um


método físico usado para separar
A decantação pode ser observada, por exemplo, quando um
misturas heterogêneas que podem
suco de frutas natural, sem coar, é deixado em repouso por algum ser de dois tipos: líquido-sólido
tempo. e líquidos imiscíveis. É utilizada
Nesse caso, as partículas sólidas principalmente em misturas
Emodpk/Freepik Premium
dispersas no líquido se depositam bifásicas, como sólido-líquido
(areia e água), sólido-gás (poeira-

Alex Argozino
no fundo do recipiente formando
duas fases. -gás), líquido-líquido (água e óleo)
e líquido-gás (vapor de água e ar).
Para separar uma mistura de Esse processo é fundamentado
dois líquidos ou de um sólido disper- nas diferenças existentes entre as
so em um líquido por meio da decan- densidades dos componentes
tação, é possível utilizar um apare- da mistura e na espera pela
lho de laboratório denominado funil sua decantação.
de decantação.
Esse aparelho (ilustração 6) fun-
ciona da seguinte maneira: a mistura IMAGEM 22: suco de maracujá
com sementes decantadas.
a ser separada é colocada em seu in-
terior.
Aguarda-se que ocorra a decantação e a mistura se separe es-
pontaneamente em duas ou mais fases.
Em seguida, a torneira é aberta e o líquido mais denso (acomo-
dado na parte de baixo) escorre e é recolhido em outro recipiente.
Fechando-se a torneira, o líquido menos denso (acomodado na
parte de cima) fica retido no funil de decantação. ILUSTRAÇÃO 6: funil de
decantação (aparelho usado
em laboratório de Química).

Unidade 3 | Economia circular 211

Unidade 3 | Economia circular 211


LINK
Animais que...
Ouça o canto da baleia-jubarte.
Disponível em:
filtram seu alimento!
https://fnxl.ink/PZCAWO

Rohit Kushwaha/Pixabay
Acesso em: 8 fev. 2022.

BNCC ÁUDIO
SOM DE BALEIA
O trabalho com a seção Animais
que... filtram seu alimento! – Baleia
Jubarte atende as competências e o
tema indicados a seguir.
IMAGEM 23: baleia-jubarte.
Competência geral: 1.
Competência específica: 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Meio Ambiente.

212 Unidade 3 | Economia circular

212 Unidade 3 | Economia circular


Baleia-jubarte
As baleias-jubarte são animais migratórios Ligadas à mandíbula superior da baleia- Professor, o canto de uma única
baleia-jubarte pode durar de 5 a
(mudam de local conforme a estação do ano). -jubarte existem placas semelhantes a pen-
30 minutos. Já foi observada uma
Elas passam o verão nas águas polares tes, chamadas de barbatanas (observe na
sessão de cantos que durou por
da Antártica, onde se alimentam, e, no inver- imagem da página anterior), que são lâminas 22 horas. Ainda é um mistério
no, viajam mais de 25 000 km até as águas córneas flexíveis feitas de material querati- como elas lembram todo o canto,
quentes do litoral brasileiro, entre os meses noso que atuam como um filtro. e raramente foi registrado algum
de julho a novembro, para se reproduzir e Quando a baleia abre a boca para captu- “erro” na repetição dos temas.
amamentar seus filhotes. rar o alimento (plânctons e pequenos peixes), Já foi demonstrada uma mesma
entram centenas de litros de água junto, en- vocalização por 20 anos em
Uma baleia-jubarte adulta pode chegar a golfinhos nariz-de-garrafa, assim
16 metros de comprimento e 40 toneladas. tão a baleia fecha a boca e expele a água em
sugerem-se maiores estudos na área
um forte sopro.
A gestação leva em média 12 meses de memória para as baleias também.
A água é eliminada e o alimento captura-
e o filhote nasce com cerca de 5 metros e Disponível em:
1,5 toneladas. do fica retido na parte interna das barbata-
https://fnxl.ink/DAVXZA
nas podendo ser engolido.
Acesso em: 18 jun. 2022.
Uma baleia jubarte ingere, dessa forma,
até 2 toneladas de alimento por dia.
Achimdiver/Shutterstock

Para seu conhecimento, os plânctons que


constituem a base da dieta dos animais que
se alimentam por filtração são seres vivos
microscópicos que flutuam nas águas dos
oceanos, mares, rios e lagos.
LINK
Não possuem capacidade de locomoção,
eles apenas flutuam levados pelos movimen- Ouça o canto de diferentes baleias
SLIDESHOW tos das correntes (a palavra plâncton vem (a baleia jubarte é a Humpback
ANIMAIS QUE FILTRAM do grego plagktós, que significa errante ou “o Whale).
IMAGEM 24: baleia-jubarte com filhote. que anda sem destino”). https://fnxl.ink/XVNSZG
Os plânctons podem ser vegetais, fito- Acesso em: 18 jun. 2022.
A baleia-jubarte é um dos vários animais
plânctons, ou animais, zooplânctons.
que obtém seu alimento do meio aquoso por
um processo de filtração, outros exemplos
Agora é com você!
são: moluscos, krill, esponjas, flamingos,
patos selvagens, além de várias espécies de
1. Qual é o alimento da baleia-jubarte?
peixes, inclusive o maior de todos, o tuba-
Como ela faz para se alimentar?
rão-baleia.
Esses animais possuem uma estrutura es- 2. Os plânctons são animais ou vege-
pecializada em seu organismo capaz de deixar tais? Que tamanho eles têm?
a água passar, retendo apenas os pequenos
3. De que maneira a poluição dos oceanos,
seres que lhes servirão de alimento – denomi-
como, por exemplo, um vazamento de
nados plânctons –, além de partículas de ma-
téria orgânica em suspensão, por isso dizemos petróleo, afeta o plâncton marinho?
que eles são importantes para a clarificação 4. Em relação ao item anterior, o que ocor-
das águas em geral. re com a baleia-jubarte, nesse caso?

Unidade 3 | Economia circular 213

Unidade 3 | Economia circular 213


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NÃO ESCREVA


NO LIVRO

1.
1. O esquema a seguir resume de forma simplificada as etapas de tratamento a que a água é submetida
a. 6 para se tornar adequada ao consumo.
b. 3 7

c. 5 Bomba
2
3
4 5 6
1
d. 7

sompong_tom/Freepik Premium
e. 1
f. 8 Bomba
8
g. 2
h. 4
2. O líquido c que, por ser o mais
denso, irá se posicionar mais
perto da saída do funil de ILUSTRAÇÃO 7: estação de tratamento de água.
decantação. 1. Captação 2. Filtração por grades 3. Floculação 4. Decantação
3. Um material adsorvente é 5. Filtração em leito de cascalho 6. Cloração 7. Reservatório 8. Distribuição
aquele que tem a propriedade
Associe corretamente o número da legenda com o processo descrito abaixo.
de segurar outros materiais
em sua superfície. Materiais a. A água recebe adição de cloro para eliminar microrganismos que possam causar doenças.
adsorventes normalmente são b. A água sofre adição de sulfato de alumínio ou óxido de cálcio (cal), que ajuda a aglomerar as par-
muito porosos, como é o caso tículas de sujeira em suspensão formando flóculos.
do carvão ativado. c. A água é enviada para um filtro de carvão ativado, areia e cascalho, onde as partículas de sujeira
Um material absorvente é restantes e os flóculos que não se depositaram ficam retidos.
aquele que tem a propriedade d. A água tratada é bombeada para um reservatório.
de segurar outros materiais e. A água é retirada de rios, lagos ou poços por meio de bombas e enviada por túneis para um tan-
em seu interior. Por exemplo, que na entrada da ETA.
uma esponja absorve a água f. Do reservatório, a água tratada segue para o sistema de distribuição que conecta uma vasta rede
que, por sua vez, penetra de residências, comércios, escolas, hospitais e indústrias.
em seu interior. A esponja é g. A água passa por grades que impedem a entrada de galhos, peixes e detritos na ETA.
absorvente. h. A água é deixada em repouso por algumas horas para que os flóculos formados se depositem no
fundo do tanque.

2. O funil de decantação é um aparelho utilizado 3. Indústrias alimentícias, farmacêuticas, de in-


para separar líquidos imiscíveis. formática, laboratórios, shopping centers, co-
zinhas industriais são lugares onde o grau de
Se colocarmos no funil de decantação uma
pureza do ar interno é regulamentado.
mistura de quatro líquidos imiscíveis, A, B, C
e D, que apresentam os seguintes valores de Para atender às exigências da lei, utilizam-se
densidade: filtros de ar que retêm partículas de poeira,
a. d = 0,93 g/cm3 pólen, fibras e microrganismos contaminan-
tes. Quando é necessário atenuar odores,
b. d = 0,87 g/cm3 usa-se filtros com carvão ativado, um material
c. d = 1,21 g/cm3 altamente adsorvente.
Explique o que significa um material ser ad-
d. d = 0,78 g/cm3
sorvente e pesquise a diferença em relação à
Qual deles será separado primeiro? Por quê? propriedade de ser absorvente.

214 Unidade 3 | Economia circular

214 Unidade 3 | Economia circular


Processos físicos de separação
de misturas
Professor, destaque que é mais
Você viu que a água é uma substância, mas que, na natureza,
difícil separar os elementos de

rawpixel.com/Freepik Premium
nunca é encontrada na forma isolada, apenas como parte de dife- misturas homogêneas do que
rentes misturas. de misturas heterogêneas, pois
Da mesma forma, todos os tipos de água com a qual lidamos em os componentes das misturas
nosso dia a dia, como água tratada, água mineral, água filtrada, são homogêneas estão na mesma
misturas homogêneas ou soluções, pois contêm diversas outras fase. Dessa forma, são necessários
substâncias dissolvidas.
métodos de separação específicos.

E será que existe uma forma de obter a substância água isolada?


Teoricamente sim, se não 100% pura, pelo menos com um grau
de pureza bastante elevado (acima de 99%).
Para isso, utilizamos um processo físico de separação denomina-
do destilação simples.
sompong_tom/Freepik Premium

IMAGEM 26: a água mineral


engarrafada é uma mistura de
água e vários sais dissolvidos
(veja o rótulo em um
supermercado acompanhado
por um adulto).

IMAGEM 25: mecânico acrescentando água destilada (água “pura”) na


bateria do automóvel.

A água destilada é utilizada em máquinas, como bateriais de au-


tomóveis ou ferros de passar roupa a vapor.
Esse tipo de água, porém, não pode ser ingerida por pessoas ou
animais, ou utilizada para regar plantas, pois os seres vivos neces-
sitam dos sais minerais – denominados eletrólitos – presentes na
água da natureza para manter o organismo funcionando adequada-
mente.
Esses eletrólitos participam de uma série de processos vitais do
organismo humano, controlam até as batidas do coração, por isso a
ingestão de água destilada é prejudicial.
Uma pessoa acometida por uma doença que provoque sinto-
mas, como diarreia e vômito, por exemplo, precisa repor não apenas
a água perdida, mas principalmente os eletrólitos. Por isso, ela pre-
cisa tomar soro.

Unidade 3 | Economia circular 215

Unidade 3 | Economia circular 215


RESGATE DE CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Professor, no 5o ano, os
No 5o ano, você provavelmente estudou as mudanças de estado
estudantes devem ter
desenvolvido a habilidade: físico da água. Vamos recordar?
(EF05CI02) Aplicar os A água é uma substância peculiar, porque é a única que pode
conhecimentos sobre as ser encontrada na natureza nos três estados físicos: sólido, líquido
mudanças de estado físico da água e vapor*.
para explicar o ciclo hidrológico Em meio ao ar atmosférico, há água no estado vapor, só não ve-
e analisar suas implicações na mos porque o vapor é invisível (aquela fumacinha que sai da panela
agricultura, no clima, na geração de água fervente não é vapor, é água líquida aquecida).
de energia elétrica, no provimento
de água potável e no equilíbrio Existe água no estado líquido em oceanos, lagos e rios e água no
dos ecossistemas regionais estado sólido em lugares onde a temperatura se mantém próxima a
(ou locais). 0 ºC.
Em condições específicas, a água pode sofrer, resumidamente,
Você sabia? as seguintes mudanças de estado:
*Vapor e gás são conceitos • fusão: passagem de sólido para líquido;
diferentes.
• evaporação: passagem natural de líquido para vapor, que cos-
Você verá o conceito de gás no
9º ano. tuma ocorrer à temperatura ambiente de forma bem lenta,
Por enquanto, basta saber predominantemente na superfície do líquido, sem o apareci-
que água no estado gasoso só mento de bolhas ou agitação;
existe em temperaturas acima
de 374,15 °C.
• ebulição: passagem de líquido para vapor a uma temperatura
Portanto, a água na atmosfera
e pressão específicas, característica de cada substância. É um
encontra-se no estado processo rápido e perceptível, pois ocorre em toda a extensão
vapor (exceto em condições do líquido, com agitação e formação de bolhas;
extremas como nos arredores
de um vulcão em erupção, por • solidificação: é a passagem de líquido para sólido;
exemplo).
• condensação: é a passagem de vapor para líquido.

Fusão Evaporação
Fotos: Shutterstock

Água sólida Água líquida Água vapor

Solidificação Condensação

IMAGEM 27: água sólida. IMAGEM 28: água líquida. IMAGEM 29: água vapor.

216 Unidade 3 | Economia circular

216 Unidade 3 | Economia circular


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA

Destilação simples
A destilação simples é utilizada para separar misturas homogê-
*Valores de temperatura de
neas de substâncias que possuem temperaturas de ebulição muito ebulição considerados ao nível Professor, a destilação simples
diferentes, por exemplo, água, 100 ºC, e cloreto de sódio, 1 490 ºC.* do mar (pressão de é um método físico de separação
1 atmosfera).
É um processo físico e não mecânico, pois se baseia na mudan- de misturas muito utilizado em
ça de estado (transformação física) da substância de menor tem- laboratórios de Química, porque
peratura de ebulição – primeiro de líquido para vapor e, em segui- possibilita a extração de uma
da, de vapor para líquido novamente. Você sabia? substância de determinada
mistura com elevado grau de
Nesse método de separação, a mistura é colocada no balão de Tanto na fusão como na
ebulição, a temperatura
pureza.
destilação (1), que é aquecido em uma manta elétrica (2) (apenas
permanece constante até que
por segurança ou, principalmente, no caso de haver algum compo- toda a mudança de estado se
nente inflamável na mistura), sobre um suporte adequado (3). complete.
Quando a temperatura atinge o ponto de ebulição do compo-
nente mais volátil (de menor ponto de ebulição), o vapor desse
componente segue para o tubo interno do condensador (4), que é
mantido resfriado pela circulação contínua de água fria pelas pa-
redes externas.
Essa água de resfriamento entra pela parte de baixo (5) do con-
densador e sai pela parte de cima (6).
Ao encontrar as paredes frias do condensador, o vapor se con-
densa, passa novamente para a fase líquida e é recolhido em um Professor, muitas indústrias
erlenmeyer (7) posicionado na saída do condensador. utilizam a destilação simples
O processo permanece até que todo o componente de menor para obter matéria-prima ou
purificar seus produtos. Um
ponto de ebulição seja destilado e se separe da mistura. O compo-
exemplo é a indústria de produção
nente de maior ponto de ebulição fica retido no balão.
de álcool etílico retificado e de
bebidas alcoólicas, que emprega
Destilação simples - montagem de laboratório a destilação após a etapa de
fermentação (da cana-de-açúcar,
do milho, da beterraba ou da
Note que as mangueiras
6 de látex conectadas ao batata, entre outros vegetais).
4 condensador não aparecem na
ilustração da aparelhagem de
destilação simples ao lado.

1
ILUSTRAÇÃO 8: montagem
5 de laboratório para
2 destilação simples.

7
Alex Argozino

Unidade 3 | Economia circular 217

Unidade 3 | Economia circular 217


FORA DE ESCALA

ATIVIDADE PRÁTICA
CORES FANTASIA

LINK

Este é um modelo simples de Se você mora em um lugar onde faz sol e calor, pode montar um aparelho simples para separar
destilador solar caseiro.
a água do sal, que funciona por evaporação, recuperando a água no final.
Existem modelos grandes que
podem abastecer uma casa.
Saiba mais no site:

Alex Argozino
Material
Mistura de água
https://fnxl.ink/DQLHSL Um copo de e sal feita com
Acesso em: 8 fev. 2022. vidro água potável.

Um funil que se
encaixe no copo.
Uma tigela de material transparente
BNCC para observar o processo de
Filme plástico separação ocorrendo em seu interior.
Massa de modelar
O trabalho com a Atividade
prática - Aparelho simples para
separar a água do sal atende as Procedimento
competências e o tema indicados
a seguir.
Competência geral: 1, 2 e 7. O filme plástico é feito de PVC,
Competências específicas: 1, 2 e 3. sigla para policloreto de vinila. A
matéria-prima utilizada na sua
Temas Contemporâneos fabricação é o etino (obtido do
Transversais: Meio Ambiente, petróleo) e o cloro (obtido da
água do mar). Por ter cloro em sua
Saúde, Ciência e Tecnologia. composição, a fabricação desse
material libera compostos
tóxicos no meio ambiente. O PVC é Coloque um pouco de massa Acrescente a mistura de
1 de modelar no fundo da tigela 2 água e sal no interior da
reciclável, então para minimizar
a fabricação desse material, não para fixar o copo vazio a fim tigela ao lado do copo
deixe de reciclar todo filme de que ele não se mova. até dois dedos abaixo da
plástico que utilizar. borda do copo.

Faça uma bolinha


3 Encaixe o funil 4 com massa de mo- 5 Deixe a montagem 6 Retire a cobertura
dentro do copo e sob o Sol, de manhã de plástico e prove
cubra a tigela com delar para servir de até o final da tarde. a água de dentro
o plástico filme sem peso e posicione a do copo. Que
esticar demais. bolinha no centro gosto ela tem?
do plástico filme
fazendo-o pender
em direção ao funil.
Discuta com seu grupo: seria possível adaptar esse método para
um processo em larga escala, que usasse a água do mar para obter
água potável? Expliquem!

218 Unidade 3 | Economia circular

218 Unidade 3 | Economia circular


Evaporação
A destilação simples requer que a mistura entre em ebulição, o
que implica gasto de energia. Você sabia? Professor, a evaporação natural
Vimos, porém, que é possível separar misturas homogêneas por Os antigos romanos tinham o é um processo de separação de
evaporação, utilizando a energia do Sol. costume de pôr sal em pratos baixo custo quando comparada ao
O processo industrial de obtenção de sal de cozinha a partir da com verduras para equilibrar a processo que utiliza evaporadores
água do mar, por exemplo, ocorre por evaporação.
acidez de algumas delas, dando ou cristalizadores, pois a única
origem à palavra salada. fonte de energia utilizada é a
No Brasil, cerca de 95% do sal de cozinha consumido é produzi- energia solar, que é renovável.
do nas salinas localizadas em Mossoró e Areia Branca, no oeste do
Rio Grande do Norte.
Essa região apresenta condições ambientais ideais para a pro-
dução de sal.
Durante 9 meses por ano, a temperatura mínima fica em torno
de 34 ºC, com ventos constantes de 22 km/h.
A produção só é interrompida durante o inverno nordestino,
que dura 3 meses e corresponde à estação das chuvas.
A extração do sal – cerca de 600 mil toneladas por ano – ocorre
em uma área de 3 mil hectares, quando os rios formados na época
das chuvas (rios intermitentes) misturam-se com o mar e enchem as
várzeas, formando porções de água que ficam retidas em tanques
(imagem a seguir).
Depois de alguns dias, a água evapora pela ação do calor e do
vento, deixando livres os cristais de sal, que são limpos, secos, tritu-
IMAGEM 30: salinas do Rio
rados e peneirados antes de ser comercializados.
Grande do Norte.

jnmarinho/Shutterstock

Unidade 3 | Economia circular 219

Unidade 3 | Economia circular 219


FORA DE ESCALA CORES FANTASIA

Refino do petróleo
O termo petróleo significa "óleo de pedra", porque o petróleo
Professor, é importante discutir é encontrado, normalmente, impregnado em determinadas ro-
com os estudantes a necessidade chas porosas situadas, na maior parte das vezes, abaixo do fundo
urgente de encontrarmos do mar (lembre que os oceanos recobrem cerca de 70% da su-
substitutos sustentáveis para os perfície do planeta).
componentes do petróleo.
A teoria mais aceita sobre a origem do petróleo afirma que se
trata de um produto da decomposição lenta de pequenos seres ma-
rinhos – em geral seres microscópicos –, que permaneceram soter-
rados, longe do oxigênio e submetidos à ação de bactérias, do calor
e da pressão. Estima-se que as jazidas petrolíferas tenham algo en-
tre 10 milhões e 500 milhões de anos.
Quimicamente, o petróleo é formado por uma mistura muito
complexa de substâncias e muitas apresentam pontos de ebulição
bem próximos ao nível do mar, por exemplo, o hexano (69 ºC) e o
octano (126 ºC).
O método utilizado para separar substâncias com pontos de
ebulição próximos é a destilação fracionada.
Em laboratório, é possível fazer uma destilação fracionada utili-
zando a montagem abaixo.

1. Manta térmica para aque- Destilação fracionada - montagem de laboratório


cer substâncias inflamáveis;
2. Torre de fracionamento 3 Saída de água de
com bolinhas de vidro ou de resfriamento
porcelana para dificultar a
passagem de vapor de subs-
tâncias que possuem maior
ponto de ebulição (apenas
4
a substância com menor
ponto de ebulição consegue
atravessar os obstáculos);
2
3. Termômetro para identi-
ficar o componente que Entrada de
está sendo destilado por água de
meio de sua temperatura de resfriamento
ebulição;
4. Condensador para resfriar
o vapor fazendo com que
ele passe para a fase líquida;
5. Balão de fundo redondo
para recolher a substância 1 5

Alex Argozino
destilada (ele é fechado
porque a substância, nesse
caso, pode ser volátil e
liberar vapores para o
ambiente). ILUSTRAÇÃO 9: montagem de laboratório para destilação fracionada.

220 Unidade 3 | Economia circular

220 Unidade 3 | Economia circular


CORES FANTASIA FORA DE ESCALA
Industrialmente, para separar o petróleo em misturas mais sim-
ples, com poucas substâncias, utiliza-se uma torre de fracionamento, Você sabia?
constituída de uma coluna de aço cheia de “obstáculos” em seu inte- O petróleo é altamente tóxico,
rior. por isso deve ser manipulado Professor, quando ocorre um
O petróleo passa por um forno, onde é preaquecido para, em se- com luvas e, sempre que vazamento de petróleo, os
guida, ser encaminhado para a base da torre de fracionamento (ou
possível, com máscara. problemas surgem por etapas.
Há a devastação inicial, quando
torre de pratos).
a mancha de óleo se alastra
As substâncias de menor ponto de ebulição conseguem atraves- na superfície e muitos animais
sar esses obstáculos e chegar ao topo da coluna. Nessa etapa, são re- morrem ou agonizam. Mas o que
colhidas misturas, como gás natural, gasolina, nafta e querosene. acontece em seguida?
Ao lado de cada prato, há um escape para que as frações que não Alguns componentes do petróleo
foram recolhidas possam descer para o prato inferior. são solúveis em água e se dissipam
nesse meio. Outros (cerca de 30%)
Caso haja alguma substância com ponto de ebulição superior ao evaporam naturalmente em cerca
do prato em que se encontra, ela sofrerá destilação novamente e tor- de dois dias.
nará a subir para ser recolhida.
O restante permanece no meio
As frações mais pesadas não chegam ao topo e vão se acumulan- aquoso, formando uma camada
do em diversos níveis da extensão da coluna. espessa e insolúvel que provoca
A ilustração abaixo mostra o que está descrito no texto. a morte do plâncton e começa a
Destilação fracionada do petróleo - método industrial afundar.
Enquanto afunda, mata algas,

Marcos Fonseca
Faixas de ebulição:
peixes, moluscos e corais, até se
1. de –162 ºC a –75 ºC;
1 Fração gasosa
depositar no fundo do oceano
2. de 90 ºC a 120 ºC; como um “tapete” impermeável.
3. de 40 ºC a 200 ºC; As substâncias tóxicas do petróleo
4. de 150 ºC a 300 ºC; 2 Nafta também se acumulam nos tecidos
5. de 250 ºC a 350 ºC; de peixes, tartarugas, aves e
6. de 300 ºC a –75 ºC; mamíferos, causando distúrbios
reprodutivos e cerebrais.
3 Gasolina

4 Querosene

Petróleo
Saída de
gases de Fornalha 5 Óleo diesel
combustão

6 Óleo lubrificante

7 Resíduo
Marcos Fonseca

Combustível para
aquecimento

ILUSTRAÇÃO 10: coluna de destilação do petróleo.

Unidade 3 | Economia circular 221

Unidade 3 | Economia circular 221


Como fazer uma pesquisa?
Pesquise sobre os principais vazamentos de petróleo que ocor-
Professor, ensinar o aluno a reram nas últimas décadas e os danos que esses acidentes causa-
pesquisar significa dar autonomia ram ao meio ambiente e à vida em geral.
para que ele construa o próprio Daqui para a frente, ao longo de sua vida escolar, você irá se de-
conhecimento. parar muitas vezes com propostas desse tipo.
Propostas de pesquisa são importantes, porque ajudam você a
perceber que é capaz de, sozinho ou em equipe, aprender muito so-
BNCC bre determinado assunto, a ponto de poder ensiná-lo em seguida a
seus colegas.
O trabalho com o texto “Como
E o que é preciso para fazer uma pesquisa com método e eficiên-
fazer uma pesquisa” atende as
competências e o tema indicados cia, de modo a obter resultados confiáveis?
a seguir. Uma pesquisa completa ocorre em quatro etapas:
Competência geral: 1, 2 e 4. 1. busca de informações;
Competências específicas: 1, 2 e 3. 2. interpretação das informações colhidas;
Temas Contemporâneos 3. produção de texto escrito com os resultados obtidos;
Transversais: Ciência e Tecnologia 4. divulgação dos resultados da pesquisa.
e Cidadania e Civismo.
Busca de informações
Antes de começar, formule perguntas relacionadas ao tema da
sua pesquisa, por exemplo:
• Quais foram os acidentes com vazamento de petróleo mais

Wavebreak Media/Freepik Premium


graves ocorridos nos últimos 40 anos?
• Qual foi a causa desses acidentes?
• Onde exatamente eles ocorreram?
• Qual foi o volume de petróleo derramado?
• Qual foi o impacto para o meio ambiente e para os seres
que viviam no entorno?
• O que foi feito para remediar esse impacto e para recuperar
a área afetada?
Em seguida, comece a procurar informações para responder
IMAGEM 31: menino recebe
às perguntas formuladas em várias fontes confiáveis.
ajuda da bibliotecária para
realizar seu trabalho de Você pode fazer uma visita à biblioteca da escola ou do seu bair-
pesquisa. ro. Peça ajuda à bibliotecária, explique o tema de sua pesquisa e ela
indicará os melhores livros disponíveis sobre o assunto.
Também é possível fazer uma pesquisa em um site de busca da
internet. Procure por notícias em jornais da época, publicações de
universidades renomadas, análise de especialistas (evite blogs, pois
muitas vezes eles trazem apenas textos de opinião, sem embasa-
mento científico).

222 Unidade 3 | Economia circular

222 Unidade 3 | Economia circular


Você ainda pode entrevistar pessoas, como os professores de
Química e de Biologia do Ensino Médio do seu colégio, ou conhe-
cidos que possam lembrar de alguma informação relevante sobre o
que aconteceu na época. Professor, chame atenção dos
estudantes para que percebam
E que tal ir a campo?
como a ideia de um “museu do
Se você mora perto de um lugar onde ocorreu um acidente com meio ambiente” é contraditória,
vazamento de petróleo, pode ir com um responsável visitar os arre- afinal o meio ambiente deveria
dores e conversar com as pessoas que moram e trabalham no entor- ser vivo e vibrante e não estar
no para colher depoimentos sobre o impacto causado em suas vidas. encerrado em um museu.
Se a sua cidade tiver um Museu do Meio Ambiente (informe-se
a respeito na internet), combine uma visita com seu grupo, sempre
acompanhado de um adulto.

amigosjb.org

Interpretação das informações encontradas IMAGEM 32: prédio do Museu

Esta é a etapa mais importante da pesquisa. do Meio Ambiente localizado


no Jardim Botânico do Rio de
Você leu vários textos sobre o tema, assistiu a vídeos, analisou
Janeiro, RJ.
fotos, falou com especialistas e pessoas comuns.
Agora, é preciso organizar as informações obtidas, revisar seus
conhecimentos anteriores a respeito do assunto, entender como as
informações se relacionam, verificar se não surgiram outras dúvi-
das e, em caso positivo, buscar as respostas.

Unidade 3 | Economia circular 223

Unidade 3 | Economia circular 223


*Palavras que ajudam Leia novamente todas as suas anotações e vá acrescentando in-
a estruturar o texto, formações, destaque os marcadores discursivos* de argumentação
evidenciando as conexões
ou oposição para ter mais clareza sobre o assunto.
entre as ideias.
Professor, treine com os A tabela a seguir fornece um resumo desses marcadores para
estudantes a leitura de um texto
que você consiga organizar melhor as informações.
auxiliando-os a encontrar os
marcadores e a entender como MARCADORES DISCURSIVOS
eles ajudam a organizar as
informações que o autor deseja Marcadores O que indicam Qual é a função
transmitir. Pois, pois bem, por certo, a propósito... Comentário
Estruturar informações
Primeiro, por outro lado, do mesmo modo... Ordem de ideias

Além disso, mas também, inclusive... Adição de informação

Pois, portanto, por isso, dessa forma... Consequência Conectar informações

Pelo contrário, contudo, mas, entretanto... Contraposição

Ou seja, quer dizer, desse modo... Explicação

Ou melhor, melhor ainda... Retificação Reformular informações

Em suma, concluindo, resumindo... Recapitulação

Produção de texto escrito


Nesta etapa, você vai integrar de maneira coerente e pessoal
as informações que obteve dos diferentes meios, sempre tendo em
mente a necessidade de responder às perguntas que desencadea-
ram a pesquisa.
Dê um título para o seu texto.
Explique os objetivos da pesquisa. Indique como você obteve as
informações que irá apresentar (metodologia).
Responda às perguntas com suas palavras.
No meio da sua produção, você pode citar o trecho de um texto
pvc.vector/Freepik Premium

tirado de outra fonte, mas essa citação deve estar entre aspas e ser
seguida de referência.
Termine explicando as conclusões que você obteve com o traba-
lho e anexe uma lista de todas as referências utilizadas.
E como fazer referência a um texto de terceiro?
• Se for mídia impressa, escreva o sobrenome do autor em
letras maiúsculas, seguido por seus demais nomes em letra
IMAGEM 33: menina focada em
normal. Faça o mesmo com os outros autores da obra (se
escrever seu texto.
houver). Depois, informe o nome da obra, a cidade em que
foi publicada, o nome da editora e o ano de publicação.*
*Caso copie um trecho
Exemplo: ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Quími-
específico da obra, cite
também a página. ca: questionando a vida moderna. São Paulo: Bookman, 2006.

224 Unidade 3 | Economia circular

224 Unidade 3 | Economia circular


• Se for um site, coloque o nome do domínio, seguido pelo link Você sabia?
e o dia do acesso.
"Oficialmente identificado
Exemplo: Ciência Hoje das Crianças em 30 de agosto de 2019, um Professor, sempre que
Disponível em: https://fnxl.ink/MDMGQT derramamento de petróleo
possível, incentive os alunos a
ou óleo bruto atingiu a
Acesso em: 17 nov. 2021.
costa brasileira [...]. Até
se apresentarem na frente da
classe. Falar em público é uma
Apresentação dos resultados o dia 22 de novembro de
habilidade importante e será útil
2019, 4 334 km de costa
Faça a pesquisa sugerida no início do texto e prepare uma apre- em 11 estados do Nordeste independentemente da profissão
sentação de até 5 minutos de duração. e Sudeste, 120 municípios que decidirem seguir.
e 724 localidades tinham
Você pode apresentar o resultado de sua pesquisa para a classe sido impactados, de acordo
ou para a escola em uma feira de Ciências aberta à comunidade, por com o Instituto Brasileiro do
exemplo. Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis. A origem
Faça um cartaz com fotos e legendas sobre os principais pontos presumida do desastre seria
que resumem a sua pesquisa. o acidente com um navio em
Prepare algumas fichas com frases curtas e palavras-chaves trânsito pela costa brasileira,
mas nenhuma hipótese foi
que você poderá olhar de vez em quando para orientá-lo durante a confirmada pelo governo
apresentação. brasileiro. Esse desastre vem
Se tiver acesso a um computador, verifique se você pode prepa- sendo considerado o maior
derramamento de óleo bruto
rar e apresentar slides.
da história do país e um dos
Procure prever as perguntas que podem surgir e esteja prepara- mais extensos registrados
do para respondê-las. no mundo".

Aprender a falar em público é uma habilidade importante para Disponível em:


https://fnxl.ink/WHZYUX
qualquer profissão e requer muito treino, então, não perca a oportu- Acesso em: 17 fev. 2021.
nidade de treinar junto aos colegas que estão aprendendo como você.

IMAGEM 34: vazamento


de petróleo nas praias do
Nordeste, novembro de 2019.

TV Brasil.Gov (CC BY 2.5)

Unidade 3 | Economia circular 225

Unidade 3 | Economia circular 225


Liquefação e destilação fracionada
A atmosfera terrestre é composta aproxi-

Sérgio Dotta/The Next


Professor, o triste episódio madamente de 78,1% de nitrogênio, 20,9% de
em que faltou oxigênio para os oxigênio e 0,93% de argônio.
pacientes de covid-19 em Manaus, A soma desses valores resulta em 99,93%.
em janeiro de 2021, mostra a Os outros 0,07% são constituídos de uma
importância desse processo de
mistura variável de outros gases, como gás
separação de misturas, que pode
carbônico, metano, monóxido de dinitrogê-
salvar vidas.
nio, ozônio e vapor de água.
Isso significa que a separação dos com-
ponentes do ar atmosférico, feita pela lique-
fação – por diminuição da temperatura e
aumento da pressão – e posterior destilação
fracionada, resulta basicamente nesses três
gases cujas propriedades e aplicações estão
descritas a seguir.
IMAGEM 35: cilindro de
Nitrogênio
mergulho contém ar
purificado e comprimido. • Temperatura de liquefação: –195,8 ºC.
• É pouco solúvel em água e é quimicamente inerte, ou seja,
não sofre transformações em condições ambiente, não é
combustível nem comburente.
ACD Systems Digital Imaging

• É utilizado para embalar alimentos (como salgadinhos), para


encher pneus e no interior de lâmpadas incandescentes. No
estado líquido, é usado na conservação de sêmen (bovino e
humano) destinado à inseminação artificial.
Oxigênio
• Temperatura de liquefação: –183 ºC.
• É pouco solúvel em água, não é combustível, mas é combu-
rente (alimenta as combustões). É essencial a muitas formas
de vida.
• É empregado na medicina em aparelhos de respiração
artificial e em inalações contra o envenenamento ocasio-
nado por certos gases, como o monóxido de carbono e o
sulfeto de hidrogênio. É utilizado ainda em equipamentos
de mergulho e nas indústrias metalúrgica e siderúrgica (fa-
bricação do aço).
Argônio
• Temperatura de liquefação: –185,7 ºC.
IMAGEM 36: lâmpada de • É um gás muito raro e inerte, praticamente insolúvel em
argônio. água.

226 Unidade 3 | Economia circular

226 Unidade 3 | Economia circular


NÃO ESCREVA
ACESSE SEUS CONHECIMENTOS NO LIVRO

1.
1. A água não tratada pode ser um veículo de Explique qual é a diferença entre elas em re-
transmissão de várias doenças que provocam lação: a. É uma mistura homogênea.
vômito e diarreia e podem levar à morte por a. à rapidez; b. Porque durante um quadro de
desidratação. b. ao gasto de energia; diarreia e vômito ocorre não
Existe uma forma muito simples e barata de apenas a perda de água, mas
c. à extensão do fenômeno.
evitar que isso aconteça: usar o soro caseiro. também de eletrólitos (sais
4. É bem mais rápido cozinhar feijão em uma minerais) fundamentais em
Trata-se de uma mistura de:
panela de pressão, porque, como ela é her- diversos processos vitais do
• uma colher de chá rasa de sal; meticamente fechada (exceto pela válvula organismo, inclusive as batidas
• uma colher de sopa rasa de açúcar; de segurança), à medida que a água ferve do coração.
• um litro de água fria, previamente filtrada e em seu interior, o vapor formado vai aumen- c. Sim, por destilação simples
fervida durante 5 minutos. tando a pressão interna até atingir valores para recuperar a água ou por
Para ser eficiente, essa mistura deve ser pre-
de 1,44 atm até 2,0 atm, o que faz com que evaporação se a recuperação da
parada cuidadosamente, respeitando essas
a temperatura de ebulição da água aumente água não for importante.
para aproximadamente 120 ºC. 2. A temperatura se mantém
medidas, para imitar a concentração salina
existente no organismo, caso contrário o efei- Explique o que causa a pressão atmosférica constante, porque todo o calor
to pode não ser o esperado. no ambiente e por que ela varia com a alti- fornecido está sendo utilizado
Para contornar o erro nas medidas, os postos
tude. na mudança de estado da
substância.
de saúde passaram a fornecer uma mistura 5. A água entra em ebulição a 100 ºC ao nível
embalada, pronta para ser dissolvida em um do mar, onde a pressão atmosférica é igual 3.
litro de água potável. Essa nova mistura con- a 1 atm. Contudo, conforme a altitude do a. A evaporação é um processo
tém cloreto de sódio, glicose, cloreto de po- lugar, o valor da pressão atmosférica muda lento que ocorre em qualquer
tássio, citrato trisódico e é mais parecida com e, com ele, muda também a temperatura de temperatura. A ebulição é um
as soluções internas do organismo. ebulição da água. processo rápido que ocorre em
Em relação ao que foi descrito, responda: Dentre os lugares mencionados na tabela da uma temperatura e pressão
específicas de cada substância.
a. O soro caseiro é uma mistura homogênea página 42, onde é mais demorado para cozi-
ou heterogênea? nhar um ovo? Por quê? b. A evaporação pode ocorrer
apenas com a energia do
b. Por que a ingestão de água potável não é 6. Antes da industrialização, era muito caro e
Sol. A ebulição necessita do
suficiente para combater a desidratação? trabalhoso obter todo o sal necessário à con- fornecimento externo de
c. É possível separar a água de uma mistura servação e ao tempero da comida. energia.
de soro caseiro? Como? Isso tornou o sal um produto bastante valioso. c. A evaporação atinge apenas a
2. Se estivermos ao nível do mar (sob pressão Economias inteiras já foram baseadas na pro- superfície do líquido. A ebulição
de 1 atmosfera) e colocarmos uma chaleira dução e no comércio do sal. ocorre simultaneamente em
com água no fogo, quando a temperatura da Na Roma antiga, o sal era usado como moe- toda a extensão do líquido.
água atingir 100 ºC, ela entrará em ebulição, da, e as palavras “soldado” e “salário” têm 4.
iniciando a passagem do estado líquido para o origens relacionadas ao ato de entregar ou
O que causa a pressão
estado vapor. O que acontece com a tempera- receber sal.
atmosférica é a massa da coluna
tura da água em ebulição quando mantemos o Os impostos e os monopólios do sal resulta- de ar existente em determinado
fogo ligado? Por quê? ram em guerras em vários lugares do mundo, local. Com o aumento da
3. Há duas maneiras de a água passar do estado da China à África. A raiva por causa do im- altitude, essa massa de ar vai se
líquido para o estado vapor: a evaporação e posto do sal foi uma das causas da Revolução tornando cada vez mais rarefeita
a ebulição. Francesa. e a pressão
atmosférica diminui.
Unidade 3 | Economia circular 227 5.
No Monte Everest, onde a
água ferve a 71 ºC, tornando o
processo de cozinhar um ovo
bem mais demorado.
6.
Utilizando uma versão caseira
de um aparelho de destilação
simples, como o da página 216
ou apenas fervendo a água com
sal na panela. A água acaba
evaporando completamente e o
resíduo que resta é o sal junto a
algumas impurezas.

Unidade 3 | Economia circular 227


NÃO ESCREVA
NO LIVRO

Na Índia colonial, os indianos eram obrigados produção de quase todos os plásticos que
a comprar produtos industrializados da Ingla- conhecemos, borrachas, colas, resinas, lacas,
terra, sendo proibidos de extrair o sal no pró- tintas, vernizes, ceras, lubrificantes, para-
7. prio país. finas, fármacos, corantes, solventes, explo-
a. Porque os diferentes No dia 12 de março de 1930, Mahatma Gan- sivos, fibras sintéticas, detergentes, fertili-
componentes do petróleo dhi (1869-1948) e vários seguidores iniciaram zantes, inseticidas, fungicidas e, portanto,
possuem valores de um protesto pacífico que ficou conhecido de todos os produtos acabados que utilizam
temperaturas de ebulição como a Marcha do Sal. esses materiais que vão de embalagens a
próximos. Eles caminharam por 400 quilômetros du- acessórios, materiais de construção e acaba-
b. Sugestão: gás de cozinha, rante 23 dias até chegar à costa, quando mento, móveis, pneus, sapatos, instrumentos
gasolina, querosene, óleo diesel, Gandhi violou a lei fervendo um pedaço de cirúrgicos, produtos de higiene, cosméticos,
asfalto. barro salgado. roupas e alimentos.
 fração gasosa, gás de cozinha. Depender tanto de um produto altamente tó-

Dinodia Photos
xico, poluente e não renovável, não é uma de-
 nafta, matéria-prima para a
cisão sustentável e, apesar dos avanços que
indústria dos plásticos. o uso do petróleo trouxe para a sociedade,
 gasolina, combustível só conseguiremos prosseguir avançando se
automotivo. IMAGEM 37: encontrarmos substitutos sustentáveis para
 querosene, combustível de Mahatma cada uma das frações do petróleo.
avião. Gandhi: “Você a. Por que se utiliza a destilação fracionada
 resíduos, asfalto. deve ser a e não a destilação simples, para separar as
transformação
8. que quer ver no
frações do petróleo?
a. Liquefação do ar atmosférico e mundo”. Foto de b. Cite três frações do petróleo que você co-
posterior destilação fracionada. 1931. nhece.
b. Nitrogênio e argônio. c. Pesquise uma aplicação para cada uma das
Pessoas por toda a Índia começaram a produ-
seguintes frações do petróleo:
c. Oxigênio: respiradouros, zir o próprio sal como uma forma de protesto,
equipamentos de mergulho, e a marcha se tornou um importante marco na • fração gasosa;
indústria metalúrgica. luta pela independência da Índia. • nafta;
Nitrogênio: embalar alimentos, Ferver uma mistura de água e sal permite ob- • gasolina;
encher pneus, interior de ter o sal, mas a água é perdida. Explique de • querosene;
lâmpadas incandescentes, que forma podemos separar uma mistura de
• resíduos.
conservação de sêmen. água e sal, recuperando também a água.
8. A demanda por oxigênio nos hospitais duran-
Argônio: interior de lâmpadas 7. Quando ouvimos dizer que o petróleo é um
fluorescentes, em aparelhos de te a pandemia provocada pelo vírus causador
recurso não renovável que está se esgotando,
laser e de solda. da covid-19, o SARS-CoV-2, em 2020, foi in-
geralmente imaginamos que, caso a extração
tensa.
de petróleo se torne economicamente inviá-
vel, a única mudança que ocorrerá em nossas A ação desse vírus nos pulmões de muitas pes-
vidas será o tipo de combustível utilizado nos soas infectadas foi devastadora, provocando
veículos. deficiência respiratória e a necessidade do for-
Mas não é só isso! Sem o petróleo teríamos necimento de oxigênio por meio de aparelhos.
que mudar totalmente nossa maneira de vi- a. Qual é o método que a indústria utiliza para
ver, transformar nossos hábitos, nossa con- obter oxigênio a partir do ar atmosférico?
cepção de mundo, a forma como a sociedade b. Quais são os outros componentes do ar
se organiza. obtidos por esse método?
O petróleo não fornece apenas combustí- c. Cite uma aplicação para cada uma dessas
veis, mas também a matéria-prima para a substâncias.

228 Unidade 3 | Economia circular

228 Unidade 3 | Economia circular


9
Economia circular

CAPÍTULO

Transformações Professor, neste capítulo,

químicas vamos estudar as misturas que


resultam em transformações
químicas. Sabemos que ocorreu
uma transformação quando as
propriedades físicas se modificam.

A Química é a ciência que estuda as transformações que envol-


Discuta com seus colegas
vem matéria e energia. BNCC
• Em sua opinião, qual
Se prestarmos atenção a nossa volta, veremos um número imen-
produto, obtido por meio de O trabalho com o capítulo 9
so dessas transformações ocorrendo a todo momento. uma transformação química, atende a habilidade indicada a
Muitas são naturais, e ocorrem sem a intervenção humana, trouxe mais benefícios à seguir:
como a digestão de um alimento, o amadurecimento de uma fruta sociedade? Por quê?
(EF06CI02) e (EF06CI04).
(imagens 1 e 2), a decomposição de um organismo morto, a forma-
ção do petróleo ou o crescimento de um cristal em uma caverna.
Outras transformações só ocorrem com a interferência do ser
humano, como na produção de alumínio (imagens 3 e 4), aço, plásti-
cos, fibras têxteis, papéis, tintas e tantos outros materiais definitiva-
mente incorporados ao nosso dia a dia.
mrsiraphol/Freepik Premium

mrsiraphol/Freepik Premium
transforma-se em

IMAGEM 1: banana verde. IMAGEM 2: banana madura.


Isidre blanc/Creative Commons

Betomtzd10 (CC BY-SA 4.0)

transforma-se em

IMAGEM 3: bauxita. IMAGEM 4: alumínio metálico.

Unidade 3 | Economia circular 229

Objetivos do capítulo
 Identificar evidências de transformações químicas em situações variadas pelo produto de misturas de
materiais.
 Diferenciar materiais naturais, artificiais e sintéticos.
 Associar a produção de materiais sintéticos ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Unidade 3 | Economia circular 229


Sinais de transformação química
As transformações químicas da matéria também são chamadas
Professor, evite trabalhar de reações químicas e podem ser representadas por uma equação
com fórmulas químicas neste química.
momento para não sobrecarregar
A equação química é dividida em três partes.
o estudante que ainda está
assimilando o conceito de • Reagente(s): é a substância (ou conjunto de substâncias)
transformação. que sofre a transformação.

NatalyaZhdanova/Dreamstime
• Seta: indica o sentido em que ocorreu a transformação.
• Produto(s): é a nova substância (ou conjunto de substân-
cias) originada da transformação do(s) reagente(s).

transformação
reagente(s) produto(s)

Há certos sinais que podem indicar a ocorrência de uma trans-


formação química em um sistema, formação de um gás, mudança de
cor e formação de um sólido.

Formação de um gás
Por exemplo, quando dissolvemos um comprimido efervescente
na água, ocorre a formação e a liberação de um gás, ou seja, aconte-
IMAGEM 5: comprimido ceu uma reação química.
efervescente dissolvendo na Da mesma forma, quando acendemos um palito de fósforo, ve-
água. Evidencia uma reação
mos a ponta “pegar fogo” e a madeira queimar, liberando um gás,
química com formação de gás.
assim como quando acendemos uma vela.

Mudança de cor
Glossário
Sistema
é qualquer porção do universo
isolada para estudo. Pode ser Um prego que enferruja, um objeto de prata que escurece com
desde um recipiente onde ocorra o tempo, perdendo seu brilho, ou um pedaço de maçã cortada, que
uma transformação química, até
uma floresta ou um planeta inteiro. fica marrom se não for consumida logo, são exemplos de transfor-
mações químicas que ocorrem com mudança de cor.

tayhifi5/Freepik Premium
Gunnar3000/Dreamstime

transforma-se em

IMAGEM 6 pregos de aço novos. IMAGEM 7 pregos de aço enferrujados.

A ferrugem é uma transformação química que ocorre com o ferro do


aço devido à ação do oxigênio do ar e da umidade.

230 Unidade 3 | Economia circular

230 Unidade 3 | Economia circular


Formação de um sólido VÍDEO

Martyn F. Chillmaid/Science Photo Library/Fotoarena


FORMAÇÃO
Quando o leite azeda formando coágu- DE UM SÓLIDO

los que se separam do resto do líquido, te-


Professor, se tiver acesso ao
mos uma transformação química. livro eletrônico, mostre o filme da
Outro exemplo é quando misturamos reação de precipitação. Visualizar
uma solução de nitrato de prata (usado no o fenômeno ocorrendo otimiza o
tratamento de verrugas) com uma solução aprendizado.
de cloreto de sódio (sal de cozinha): obser-
vamos a formação de um sólido gelatinoso
de cloreto de prata.
BNCC
Que tal agora fazer algumas transforma-
ções químicas para observar esses sinais na O trabalho com a Atividade prática
IMAGEM 8:
prática? – Formação de um gás atende as
béquer com
competências e o tema indicados a
precipitado
de iodeto de seguir.
chumbo. Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
ATIVIDADE PRÁTICA Ciência e Tecnologia.

Prática número 1: formação de um gás


Vamos começar enchendo um balão com um gás produzido em
uma reação química.

Alex Argozino
Material Meio copo
de vinagre

Uma colher
Uma garrafa de sopa de
Um balão de PET transparente bicarbonato
aniversário (bexiga) vazia, limpa e seca de sódio

Coloque o bicarbonato de sódio Adicione o vinagre na garrafa e rapidamente prenda a boca


1 2
dentro da garrafa PET. do balão ao gargalo da garrafa PET e observe o que ocorre.

Qual é o gás formado nesse experimento? Se não souberem,


pesquisem ou entrevistem o professor de Química da escola.

Unidade 3 | Economia circular 231

Unidade 3 | Economia circular 231


Prática número 2: mudança de cor
Vamos preparar um indicador ácido-base!

Professor, esse experimento com

Alex Argozino
Material Uma Liquidificador
repolho roxo também é excelente Um conta- embalagem
-gotas de vidro
para introduzir a ideia de pH Vinagre branco com tampa
(grau de acidez ou basicidade de
um meio), pois a solução adquire
diferentes cores e tonalidades Uma peneira
conforme a acidez ou basicidade
Solução de uma
do meio. colher de chá de
As substâncias presentes no Dois copos de
bicarbonato de
sódio dissolvido
repolho roxo que atuam como Uma folha grande Um litro material em meio copo
de repolho roxo de água transparente
indicadores ácido-base são de água
as antocianinas. Elas também
podem ser encontradas em outros Procedimento
vegetais, frutos e flores de cores
fortes, como beterraba, amora,
hibisco, entre outras.
Oriente os estudantes para que
nunca misturem nada que tenham
em casa sem a prévia autorização
de um adulto, principalmente
produtos de limpeza, pois pode
haver formação de substâncias
Pique a folha de repolho Peneire a mistura. Guarde o líquido envie o resíduo para a
tóxicas e perigosas. 1
roxo com as mãos,
2
na embalagem de vidro
3
compostagem.
coloque-a no liquidificador com tampa e...
e bata-a com a água.
BNCC

O trabalho com a Atividade prática


– Mudança de cor atende as
competências e o tema indicados
a seguir.
Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia. 4 Coloque um pouco da 5 Com o conta-gotas, pingue um 6 Em seguida, pingue um pouco
solução de bicarbonato de pouco da solução de repolho da solução de repolho roxo no
sódio (1) em um dos copos e roxo sobre a solução de outro copo, sobre o vinagre.
um pouco de vinagre (2) bicarbonato de sódio. Agite e Agite e observe. O que você
no outro copo. observe. conclui?

*A solução de extrato de Que tal agora testar outros materiais para saber se apresentam
repolho roxo pode ser características ácidas ou básicas?
guardada na geladeira em
Sugestões: leite, água de chuva, água do mar, desinfetante utili-
um frasco com tampa por até
uma semana. zado na limpeza doméstica, solução de água com sabão, chá preto,
entre outros.

232 Unidade 3 | Economia circular

Explorando os conhecimentos prévios


Ácidos e base Reforce com os estudantes a orientação de nunca provar nenhuma
Algumas substâncias, como as antocianinas (encontradas no extrato de substância que eles não conheçam.
repolho roxo) mudam de cor conforme o meio em que estão, porque sua As bases são compostos que neutralizam os ácidos, ou seja, tem
estrutura se modifica nesse meio. Essas substâncias são chamadas de propriedades opostas a eles, como o bicarbonato de sódio, o hidróxido de
indicadores. sódio (usado para tingir cabelos) ou a soda cáustica (usada em limpa fornos
Neste momento, basta dizer que os ácidos são soluções que possuem, ou para desentupir encanamentos).
entre outras propriedades, um sabor azedo característico, que pode ocorrer Ácidos e bases sofrem reação de neutralização formando sal e água.
no vinagre (que contém o ácido acético) e no limão (que contém o ácido Um exemplo de neutralização seria passar solução de bicarbonato de sódio
cítrico). O ácido sulfúrico, encontrado na bateria de automóvel, é muito na pele para aliviar a picada de uma formiga vermelha ou de uma abelha,
forte e corrosivo e não pode ser provado. cujo ardor é provocado pela injeção de ácido fórmico na pele.

232 Unidade 3 | Economia circular


Prática número 3: formação de um sólido
Vamos preparar uma cola solúvel em água, atóxica e eficiente
para colar papel, papelão e até madeira!
Professor, reforce o alerta de que
os estudantes não podem provar

Alex Argozino
Material o gosto de reagentes ou produtos
1/4 de copo de
durante e após a prática, pois é
água morna Funil muito perigoso; além disso, muitas
Uma colher de chá
de bicarbonato substâncias podem ser tóxicas
de sódio ou irritantes. Lembre-os também
Uma colher de sopa de que, após a atividade, os
de vinagre Duas colheres de leite produtos devem ser descartados
em pó desnatado
Um forno de micro-ondas corretamente.
Coador de papel

Procedimento

1 Dissolva o 2 Adicione o 3 Leve o copo com 4 Retire-o do micro-ondas e


leite em pó vinagre a mistura ao mexa bem. Deve ocorrer
na água. e mexa bem. micro-ondas por uma separação de fases, com
10 segundos. uma massa branca flutuando
sobre um líquido amarelado.
BNCC

O trabalho com a Atividade


prática – Formação de um sólido
atende as competências e o tema
indicados a seguir.
Competências gerais: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal:
Ciência e Tecnologia.
5 Se a separação 6 Passe a mistura pelo 7 Coloque a massa 8 O bicarbonato de
de fases não filtro de papel apoiado filtrada em um copo sódio vai reagir com
ocorrer, leve no funil e lave-a com limpo, acrescente o a caseína formando
a mistura ao 1/4 de copo de água bicarbonato de sódio caseinato de sódio
micro-ondas para tirar o resíduo e mexa-a bem até (cola), neutralizando
por mais 10 de vinagre. ficar homogêneo. o vinagre que
segundos. sobrou.

Guarde o produto de seu experimento em um pote bem fechado


para utilizar em seus trabalhos escolares, principalmente nas aulas
de arte. Só fique atento, pois, como o produto não tem conservan-
tes, ele estraga em pouco tempo.

Unidade 3 | Economia circular 233

Unidade 3 | Economia circular 233


Transformações químicas e vida
Vimos que as transformações químicas

zinkevych/Freepik Premium
Professor, procure sempre ocorrem a nossa volta o tempo todo: em
incentivar bons hábitos nosso organismo, no organismo de cada ser
alimentares nas crianças. Quando
vivo e também no organismo de um ser já
falar em alimentos e digestão,
cite exemplos e mostre imagens sem vida.
envolvendo produtos saudáveis. Os fenômenos biológicos e os fenômenos
químicos caminham juntos, pois estão intima-
mente interligados.
Às vezes, o ser humano aprende uma for-
ma de reproduzir as transformações biológi-
cas que observa na natureza, descobrindo a
química envolvida nessas transformações.
Veja alguns exemplos a seguir.
IMAGEM 9: crianças comendo
salada. A digestão de um
alimento envolve uma série Amadurecimento das bananas
de transformações químicas. Você já ouviu dizer que embrulhar bananas verdes em papel faz
com que amadureçam mais rapidamente?
E, por que isso acontece?
Os cientistas observaram que no processo de amadurecimento,
as bananas exalam um gás denominado etileno, o qual ao ar livre, se
dispersa e o amadurecimento é lento.
Envolvendo as bananas em papel ou plástico, o etileno fica reti-
do e, por isso as bananas amadurecem bem mais rápido.
Geralmente, as bananas são colhidas verdes para serem trans-
portadas a seu destino em boas condições. Quando chegam, são
expostas ao gás etileno para que amadureçam adequadamente e
possam ser vendidas.

O concreto que se conserta sozinho


Concreto é uma mistura de cimento, água, pedra britada (tritu-
rada) e areia. É um material usado na construção civil para fazer ca-
Você sabia?
sas, prédios, pontes etc.
Quando o concreto é colocado
Como o concreto é poroso com o tempo, permite que o ar, a
em armações ou reticulados
de ferro ou aço, formam-se água e outras substâncias químicas penetrem em seu interior, cau-
estruturas denominadas sando rachaduras.
concreto armado, constituindo
a base das grandes obras da
Para evitar esse problema, criou-se o bioconcreto, uma mistura
construção civil que come- do concreto tradicional com colônias da bactéria Bacillus pseudofir-
çaram a ser erguidas por volta mus e uma substância denominada lactato de cálcio. Essas bactérias
de 1848.
são capazes de suportar grandes forças mecânicas.

234 Unidade 3 | Economia circular

234 Unidade 3 | Economia circular


Para isso, elas formam o esporo, uma capa endurecida que a
bactéria fabrica para se proteger quando as condições ambientais
são difíceis ou quando não encontra nutrientes para se alimentar.
Na forma “esporulada”, as bactérias não se reproduzem e Professor, não deixe de
comentar com os alunos sobre o
reduzem ao máximo suas funções vitais, podendo permanecer
bioconcreto ou concreto que se
nesse estado por muitos anos, até que as condições se tornem
conserta sozinho. Além de ser um
novamente favoráveis a seu desenvolvimento, o que ocorre jus- material acessível e sustentável,
tamente quando o concreto sofre uma fissura ou pequena racha- o fenômeno envolvido é muito
dura, permitindo que a água penetre em seu interior. interessante e vai despertar o
interesse de todos.

Freepik Premium
IMAGEM 10: parede de

A água provoca a germinação dos esporos, ou seja, a capa que concreto com fissuras
protege a bactéria incha, se desintegra e as bactérias voltam a se (rachaduras) em uma larga
extensão.
reproduzir e a se alimentar.
O alimento disponível no concreto é o lactato de cálcio.
As bactérias consomem lactato

Pixabay
de cálcio e, como produto final da di-
gestão, excretam calcário (carbona-
to de cálcio).
O calcário (um tipo de pedra) pro-
duzido pelas bactérias é o material
que repara as fissuras do concreto.
Desse modo, é como se a cons-
trução se "consertasse" sozinha.

IMAGEM 11: pedras calcárias


em uma pedreira.

Unidade 3 | Economia circular 235

Unidade 3 | Economia circular 235


Fermento de pão e fermento de bolo
A função do fermento em uma massa de pão ou de bolo é a mes-
Professor, se houver a ma: formar gás carbônico para que a massa cresça, fique leve, mais
disponibilidade de uma cozinha na fácil e agradável de comer.
escola, programe para fazer um
pão com os estudantes. Massa de pão
O material é de baixo custo, os O pão é feito basicamente de farinha de trigo e água, o que re-
fenômenos envolvidos são muito Discuta com seus colegas sulta em uma mistura de consistência bem densa, a qual exige uma
interessantes e as aulas práticas fermentação mais lenta e apurada.
costumam ter um resultado muito • Proponha uma explicação
Desse modo, para fazer o pão, utiliza-se fermento biológico.
positivo no aprendizado. para a bolinha de massa,
imersa na água, subir para
É possível encontrar várias a superfície quando a
receitas na internet.

M Fonseca

RHJPhtotoandilustration/Shutterstock
fermentação é concluída.
Considere a possibilidade de
fazer um pão integral para que
todos tenham a possibilidade de
experimentar.

Shalon Adonai
IMAGEM 12 fermento biológico IMAGEM 13 fermento biológico
em tabletes (fresco). em pó (seco).

A fermentação biológica é um processo utilizado pelos micror-


ganismos para obter energia, semelhante à respiração.
A diferença entre a fermentação e a respiração é que a fermentação
IMAGEM 14: bolinha de massa
é um processo anaeróbio, sem a necessidade de oxigênio para ocorrer,
de pão no fundo de um copo e a respiração é aeróbia, ou seja, ocorre na presença de oxigênio.
com água. A farinha de trigo é constituída basicamente de amido. O fun-
go Saccharomyces cerevisiae

Sandid/Pixabay
Shalon Adonai

quebra o amido em partes


bem pequenas, chamadas de
glicose, um açúcar simples.
Então, o fungo se alimen-
ta da glicose produzida e ex-
creta etanol e gás carbônico,
que fazem a massa crescer.
IMAGEM 16 : a massa do pão é densa.
O etanol evapora da mas-
A fermentação é biológica.
sa quando o pão é assado.
IMAGEM 15: um tempo depois,
Para saber se a massa já fermentou, os padeiros têm um truque:
a bolinha de massa sobe à eles colocam uma bolinha de massa em um copo com água. Quando
superfície indicando que a a bolinha sobe para a superfície, a fermentação da massa foi con-
fermentação foi concluída. cluída, e o pão está pronto para ir ao forno.

236 Unidade 3 | Economia circular

236 Unidade 3 | Economia circular


Massa de bolo
A massa de bolo, ao contrário do pão, é feita com vários ingre-
dientes que a tornam mais leve e aerada.
Professor, outra possibilidade é
Além da farinha, ela leva leite ou suco de frutas, óleo de coco ou fazer um bolo. Há bolos simples
manteiga, eventualmente chocolate, açúcar e ovos. que são muito saborosos, e fazê-
Muitas vezes, as claras dos ovos são ba- los não custa caro. Veja no link a

lev.studio.x/Freepik Premium
tidas à parte até o ponto de “neve”, ou seja, seguir uma receita que sempre dá
certo e não precisa de batedeira
batidas com um garfo ou uma batedeira por
elétrica.
algum tempo, de modo a incorporar ar, au-
mentando de volume várias vezes.
As claras em neve são, então, incorpo-
radas delicadamente à mistura dos demais
ingredientes.
LINK
Para não perder essa consistência leve
e aerada, a mistura de bolo precisa ser fer- Bolo de laranja de Lu
mentada rapidamente; para isso, utiliza-se Disponível em:
fermento químico. https://fnxl.ink/HQVJGN
O fermento químico é uma mistura de algumas substâncias de IMAGEM 17: claras de ovos na
Acesso em: 8 fev. 2022.
batedeira. O ar incorporado
nomes diferentes, como bicarbonato de sódio, fosfato monocálcico
durante o movimento faz com
e pirofosfato ácido de sódio. que a mistura adquira um
O bicarbonato de sódio você já conhece e sabe que apresenta grande volume e coloração
características básicas. Os outros dois sais apresentam caracterís- branca.
ticas ácidas.
Em meio à umidade da massa (que contém leite ou suco), essas
substâncias reagem e se neutralizam (neutralização ácido-base).
Um dos produtos dessa reação é o gás carbônico, que começa a
se formar imediatamente, por isso o fermento é a última coisa que
se adiciona na massa do bolo que, logo em seguida, deve ir para o
forno aquecido.
congerdesign/Pixabay

IMAGEM 18: o bolo tem uma


massa leve e aerada. A
fermentação é química.

Unidade 3 | Economia circular 237

Unidade 3 | Economia circular 237


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1. Alternativa d. O suco de limão,


1. Suponha que você chegue em casa e, no meio palmente em um ambiente úmido e quente,
porque ele possui características
da conversa, seus pais peçam a você que re- pois essas condições favorecem o ataque e o
ácidas como o vinagre.
pita o experimento com formação de um gás, trabalho dos fungos (os microrganismos que
2. a partir de vinagre e bicarbonato de sódio, decompõem o pão).
a. Formação de bolhas, indicando para encher uma bexiga. Quando você vai Em relação ao que foi descrito, responda aos
que houve uma transformação fazer o experimento, porém, descobre que o
itens a seguir.
química com produção de um gás. vinagre acabou.
a. A decomposição do pão pelos fungos
b. A uva-passa, por ser mais densa Seus pais propõem que você substitua o vi-
(bolor) é uma transformação química ou
que a água, se deposita no nagre por um dos seguintes materiais que
física? Justifique.
fundo do copo, então é cercada estão disponíveis:
de bolhas de gás carbônico b. Guardar o pão embalado dentro da gela-
a. café;
(presentes na água com gás, deira pode ajudar a conservá-lo por mais
b. chá de camomila;
que penetram em todas suas tempo. Explique por quê.
c. leite;
reentrâncias, fazendo com que 4. A água sanitária, solução aquosa de hipoclo-
ela suba para a superfície). O gás, d. suco de limão.
rito de sódio, utilizada como alvejante (bran-
em seguida, abandona o sistema, Qual desses materiais você usaria? Por quê? queador) e na limpeza doméstica, apresenta
e a uva-passa desce novamente
2. A Química é uma Ciência experimental, en- características básicas (semelhantes às da
para o fundo do recipiente. Esse
tão vamos fazer mais algumas atividades amônia ou do hidróxido de sódio).
processo se repete várias vezes,
até que a quantidade de gás no práticas. Siga as instruções a seguir e anote Refrigerantes, por sua vez, por terem gás
copo se torne insuficiente para as observações em seu caderno. carbônico dissolvido e acidulantes, como áci-
que ele possa prosseguir. Em cada caso, decida se houve ou não uma do cítrico e/ou ácido fosfórico, cuja função é
3. transformação química e, em caso negativo, realçar o paladar e inibir a proliferação de
proponha uma explicação para o fenômeno. microrganismos devido ao elevado teor de
a. Sim, toda decomposição envolve
Conforme orientação do professor, essa ati- açúcar, possuem características ácidas.
uma transformação na natureza
vidade também pode ser feita em grupo. Assim, quando dissolvemos uma colher de
da matéria, ainda que ela seja
provocada por organismos vivos. a. Consiga algumas cascas de ovos já usados sopa de água sanitária em meio copo de re-
em casa e um pouco de vinagre. Coloque frigerante de laranja, ele fica incolor, como
b. Os microrganismos que atuam
as cascas de ovo em um copo de vidro mostram as imagens a seguir.
na decomposição do pão
transparente e cubra-as com o vinagre.
trabalham melhor em um
O que você observa?

M Fonseca
M Fonseca
ambiente úmido e quente.
b. Consiga uma garrafa de água com gás
Na geladeira, as condições
e uma uva-passa. Abra a garrafa (com
não são favoráveis aos
cuidado) e coloque a água com gás em
microrganismos, por isso o pão
um copo de vidro transparente. Colo-
se conserva por mais tempo.
que uma uva-passa no copo e observe.
4. A substância artificial O que acontece?
responsável pela cor laranja
do refrigerante é um indicador 3. A produção de pães envolve uma série de
ácido-base, como o extrato de transformações químicas: primeiro na fer- IMAGEM 19: copo com IMAGEM 20: a adição de
repolho roxo. mentação da massa, que ocorre pela ação de refrigerante de laranja água sanitária deixa o
microrganismos, depois pelo calor, quando ao lado de outro com refrigerante de laranja
Em meio ácido, ela apresenta
os pães são assados no forno. água sanitária. incolor.
cor laranja e, em meio básico, é
incolor. O refrigerante é ácido, Se não forem consumidos em certo tempo,
por isso a cor laranja. A adição porém, os pães podem embolorar, princi- Proponha uma explicação para o ocorrido.
de água sanitária torna o meio
básico e, portanto, incolor. 238 Unidade 3 | Economia circular

Observação: alguns refrigerantes


podem ter uma certa quantidade
de suco de laranja natural
e, assim, adquirem um tom   BNCC
laranja-claro em vez de ficarem
totalmente incolor. O trabalho com os “exercícios 1, 2, 3 e 4” atende as competências e os temas indicados a seguir.
Competência geral: 1 e 2.
Competências específicas: 2 e 3.
Tema Contemporâneo Transversal: Ciência e Tecnologia.

238 Unidade 3 | Economia circular


Materiais
No início da civilização, os seres humanos dispunham apenas
de materiais naturais, ou seja, extraídos diretamente da nature- Professor, comente com os
za, como madeira, pedras, ossos e peles de animais, para atender estudantes que muitos materiais
suas necessidades de construção de abrigos, utensílios, ferra- sintéticos utilizados em nosso
dia a dia foram fabricados a
mentas e vestimentas.
Você sabia? partir do petróleo.
Os metais são um recurso não renovável, mas é possível reciclá-los,
O fato de que, biologicamente, não
fazendo do produto acabado a matéria-prima de um novo produto. Os metais são obtidos a partir
estamos aptos para viver tanto
de minérios por processos
À medida que a civilização foi se desenvolvendo e as necessida- químicos que transformam o tempo sob uma grande exposição
des aumentando, o ser humano passou a investigar e a produzir no- óxido de metal presente no a substâncias sintéticas, cujas
vos materiais pela transformação desses recursos. minério no respectivo metal consequências para o organismo
puro. humano não compreendemos
Em vez de usar diretamente a pedra para fazer ferramentas, por totalmente, pode explicar o
exemplo, descobriu uma forma de extrair os metais que constituíam motivo de número de pessoas
determinadas pedras ou minérios. com doenças degenerativas estar
Com esses metais, foi capaz de construir ferramentas melhores, Glossário aumentando.
Óxido de metal
mais duráveis e resistentes, que permitiram melhores colheitas, fa- é toda substância que contém
Comente que a essência natural de
cilitaram construções e otimizaram os meios de transporte. oxigênio junto com um metal, por baunilha é muito cara e esse aroma
exemplo, óxido de ferro (contém seria inacessível à grande parte da
Assim, a civilização cresceu, se desenvolveu e passou a neces- oxigênio e ferro), óxido de alumínio
população se não fosse possível
(contém oxigênio e alumínio), e
sitar de novos materiais com propriedades mais específicas em to- assim por diante. obtê-
das as áreas. -la artificialmente a partir de
Ocorre que, muitas vezes, a extração de um recurso natural rejeitos da indústria de polpa de
não é viável para atender a demanda de toda a população. O que os madeira.
cientistas fazem, nesse caso, é procurar um meio de obter o mesmo
material que todos desejam a partir de outro recurso mais barato e
abundante que o original.
Quando isso ocorre, temos um material artificial, ou seja, um
material similar ao natural, mas produzido de forma inovadora,
por exemplo, a essência de baunilha produzida a partir da lignina,
um rejeito da indústria madeireira.
Entretanto, a demanda por materiais, principalmente para
atender aos avanços da tecnologia, nem sempre pode ser resol-
vida a partir de substâncias existentes na natureza ou de simila-
sandatlas/Shutterstock

res produzidos de rejeitos. Às vezes, o material que apresenta


todas as propriedades que desejamos simplesmente não existe.
É preciso criá-lo.
Temos, assim, o material sintético, criado em laboratório, sem
similar na natureza, como o náilon, o polietileno, o policarbonato
entre outros.
Veremos, a seguir, exemplos importantes de materiais que fa- IMAGEM 21: bauxita, contém

zem parte do nosso dia a dia, a fim de identificar se são naturais, de 35% a 55% de óxido de
artificiais ou sintéticos. alumínio.

Unidade 3 | Economia circular 239

Unidade 3 | Economia circular 239


Materiais naturais - Metais

Dmytro Yashchuk/Shutterstock
Kuznechik/Shutterstock
Professor, se possível, traga para

vvoe/Shutterstock
esta aula alguns objetos feitos
de diferentes metais ou pedaços
dos respectivos minerais para
os estudantes explorarem. A
proposta contribui para que eles
observem os materiais com olhar
mais investigativo e analisem cor,
brilho, dureza e sensação térmica. IMAGEM 22: hematita (minério de IMAGEM 23: ferro derretido, IMAGEM 24: portão de ferro,
ferro), recurso natural. matéria-prima. produto acabado.

Fokin Oleg/Shutterstock

Jirik V/Shutterstock

Pabkov/Shutterstock
IMAGEM 25: calcopirita (minério IMAGEM 26: cobre metálico, IMAGEM 27: tacho de cobre,
de cobre), recurso natural. matéria-prima. produto acabado.

Anton Prado PHOTO/Shutterstock


Dorling Kindersley ltd/Alamy/Fotoarena
Albert Russ/Shutterstock

IMAGEM 28: cassiterita (minério IMAGEM 29: estanho metálico, IMAGEM 30: lata de estanho,
de estanho), recurso natural. matéria-prima. produto acabado.

Volodymyr Krasyuk/Shutterstock
VladKK/Shutterstock
Albert Russ/Shutterstock

IMAGEM 31: galena (minério de IMAGEM 32: prata metálica, IMAGEM 33: talheres de prata,
prata), recurso natural. matéria-prima. produto acabado.

240 Unidade 3 | Economia circular

240 Unidade 3 | Economia circular


Materiais de construção
Na cidade, podemos ver muitas construções (produto acabado)
diferentes, como casas, escolas, prédios e hospitais. Professor, nesta parte, é
importante ressaltar que

Kwangmoozaa/Shutterstock

Nina.G/Shutterstock
os recursos naturais só são
considerados matérias-primas
depois de terem sofrido uma
modificação por meio de um
processo anterior.
Matéria-prima é a substância
IMAGEM 35: cal ou óxido de natural ou transformada usada
cálcio. para a fabricação dos mais
variados objetos. É considerada
um insumo básico no processo
produtivo das indústrias.

bogdanhoda/Shutterstock.
Exemplo: a cal é uma matéria-
IMAGEM 34: casa em construção. -prima, pois o minério calcita
(um recurso natural) sofreu um
Por mais diferentes que sejam, alguns materiais básicos fazem
processo de transformação para
parte de todas elas, como madeira, cimento, cal, concreto, areia, pe- se tornar cal.
dra britada, tijolo, vidro.
IMAGEM 36: cimento. Depois de ler o texto com os
Você sabe como classificar esses materiais em recursos naturais alunos ou encaminhar a leitura
ou matérias-primas? Observe: em grupo, conduza a conversa
• madeira: é um recurso natural processado industrialmente para o contexto da escola e peça

AleksandrovIlia/Shutterstock
e tratado para fornecer a matéria-prima que a indústria uti- a eles que indiquem, no prédio da
escola, a presença dos materiais
liza para fazer vigas estruturais, batentes de janelas e por-
mencionados.
tas, por exemplo;
• cal: a cal, ou óxido de cálcio, é uma matéria-prima obtida a
partir de um recurso natural, o mineral calcita ou o calcário
(carbonato de cálcio);
IMAGEM 37: pedra britada.
• cimento: é uma matéria-prima obtida pela mistura de cal
(entre 61% e 67%) e outros materiais, como areia, óxido de
alumínio, óxido de ferro, óxido de magnésio etc.;
• concreto: é uma matéria-prima obtida a partir de uma mis-
tura de cimento, areia, pedra britada e água, em determina- Discuta com seus colegas
das proporções; • Você mora em casa ou
• areia: é um recurso natural a partir do qual são feitos o ci- apartamento?
mento, o concreto e o vidro; • Você conhece os materiais
usados para construir o
• pedra britada: é uma matéria-prima obtida a partir da tritu-
espaço em que você mora?
ração de rochas, como o basalto, um recurso natural;
• tijolo: é uma matéria-prima obtida a partir da argila ou bar-
ro, um recurso natural;
• vidro: é uma matéria-prima obtida a partir de um recurso
natural, a areia.

Unidade 3 | Economia circular 241

DISCUTA COM SEUS COLEGAS


Levante com os estudantes quais são os materiais usados em construção. Pergunte a eles em quais
etapas da construção são usados e incentive o compartilhamento de conhecimento. Essa atividade cria
oportunidade para os alunos olharem com curiosidade os objetos do cotidiano e investigar em quais
materiais eles são feitos.

Unidade 3 | Economia circular 241


Fibras têxteis naturais
As fibras têxteis naturais podem ser obtidas a partir de vegetais,
Professor, veja o que diz o texto de animais ou de minerais.
a seguir sobre o algodão cultivado Veja os exemplos a seguir:
na Paraíba. • fibras vegetais: são obtidas de sementes e frutos, como o
“A Paraíba é o estado onde mais Discuta com seus colegas algodão; do caule de vegetais, como o rami ou o bambu; e
se planta e se colhe algodão • Qual é o tecido de que você das folhas, como o sisal;
naturalmente colorido no Brasil, mais gosta? Por quê? • fibras animais: são obtidas dos pelos dos animais, como a
e também acontecem pesquisas • As roupas que você costuma
importantes para se obter a lã (carneiro, alpaca, vicunha, lhama); e de secreções, como a
usar são feitas de que fibra?
pluma desse algodão com fibras Você sabe?
seda (bicho-da-seda);
compridas e mais resistentes. As • fibras minerais: são obtidas de minerais, como crisotila e
pesquisas da Embrapa Algodão basalto. As fibras obtidas a partir da crisotila conhecidas
buscam uma tecnologia que gere como asbesto ou amianto, foram proibidas pela Anvisa*.
maior produtividade e maior
rendimento de pluma após o

armmit/Shutterstock
Vanraj kumar/Shutterstock

SFIO CRACHO/Shutterstock
descaroçamento.
Outra pesquisa importante é a
que busca cultivares (espécies de
plantas que foram melhoradas
devido à alteração ou à introdução
de características que antes não
possuíam) que tenham plumas de
cor natural azul ou preta. Esse tipo
de algodão está sendo buscado
não apenas no Brasil, a exemplo
do que acontece na Embrapa
Algodão, na Paraíba, no Instituto
Agronômico de Campinas (IAC),
em São Paulo, mas em todo o
mundo, como Estados Unidos IMAGEM 38: fruto do algodão IMAGEM 39: tecido de algodão IMAGEM 40: roupa de algodão
da América, China, Paquistão, (recurso natural). (matéria-prima). (produto acabado).
Austrália, Israel e Índia. No entanto,
mesmo que a cultivar de fibra de Que tal conhecer melhor os tecidos de que são feitas as roupas
*Anvisa é a Agência de
cor azul ou preta se confirme, ainda Vigilância Sanitária. Veja que você utiliza?
resta tomar outras providências, detalhes sobre a proibição
como o melhoramento genético Traga para a escola uma peça de roupa da qual você ainda não
das fibras minerais na página
do material obtido, a exemplo tenha cortado a etiqueta. Pode ser uma blusa, um casaco, uma rou-
a seguir.
das medições do valor de cultivo pa de banho, um short ou até um lenço ou boné.
e uso (VCU) da nova cultivar, Veja na etiqueta qual é a composição do tecido.
o que demanda ainda muito
• Ele é feito de um único material ou é composto de uma mis-
tempo de trabalho, alertam
tura de materiais?
os pesquisadores. Contudo,
empresários paraibanos firmaram • Você conhece os materiais que compõem esse tecido ou o
o desejo de plantar a nova semente nome é estranho para você?
assim que a Embrapa Algodão a • A fibra é natural, artificial ou sintética?
disponibilizar no mercado.
• Sabe dizer qual é sua origem?
Por: Nunes, Alexandre
Disponível em: 242 Unidade 3 | Economia circular

https://fnxl.ink/OYFKUQ
Acesso em: 21 abr. 2023.

Professor, as respostas são pessoais, de modo que os alunos Outros podem responder que gostam do cetim, porque é brilhante,
entendam o porquê das próprias preferências. macio, bonito. Nesse caso, lembre os alunos de que o cetim, o crepe e a
Por exemplo: é provável que muitos alunos respondam que gostam cambraia, entre outros, são tecidos desenvolvidos à base de algodão.
de roupas de algodão, porque ele é barato, resistente, confortável, Há os que preferem a lã, porque é um ótimo isolante térmico. Outros
possibilita que a pele respire e há muitas opções de roupas no podem preferir o náilon (que é impermeável), porque moram em uma
mercado com cores variadas. região muito chuvosa, e assim por diante.
O jeans, por exemplo, é um tecido de algodão trançado (brim) tingido Peça aos alunos que olhem a etiqueta da roupa que estão usando para
com um corante sintético denominado índigo. verificar de qual ou quais fibras ela foi feita.

242 Unidade 3 | Economia circular


ASSUNTO SÉRIO
BNCC

O trabalho com a seção Assunto


Fibras minerais buir toda a malignidade do amianto ao tipo dos
Sério – Fibras minerais atende
anfibólios (que correspondem a menos de 5% de às competências e aos temas
Em 29 de novembro de 2017, o uso do amian-
todo o amianto minerado no mundo), afirmando indicados a seguir:
to crisotila – usado na fabricação de telhas, cai-
que a extração e o uso da crisotila (amianto bran- Competências gerais: 2, 7, 10.
xas-d’água e roupas para combate ao fogo – foi
co da classe das serpentinas) são importantes Competências específicas: 2, 3,
proibido em todo país.
para as populações de baixa renda, pois utilizam 4, 8.
Até então, esse era o único tipo de fibra “re- o material na construção civil, em produtos como Tema Contemporâneo Transversal:
conhecidamente cancerígena” que podia ser co- telhas de amianto e caixas-d’água, além de ser Meio Ambiente Saúde Cidadania
mercializada no Brasil. inofensivo à saúde. e Civismo.
O amianto (do latim amiantus, “incorruptí-
Depois de quase um século de estudos, po-
vel”) é uma fibra mineral natural sedosa, tam-
rém, ficaram bem estabelecidas as doenças gra-
bém conhecida por asbesto (do grego ásbestos,
ves relacionadas a ambos os tipos de amianto,
“incombustível”), que despertava um grande
como a asbestose (doença crônica pulmonar de
interesse na indústria por ser um material de
origem ocupacional), os cânceres de pulmão e
baixo custo, abundante e de excelentes proprie-
do trato gastrointestinal, e o mesotelioma, tu-
dades, como: alta resistência mecânica e térmi-
mor maligno raro.
ca, incombustibilidade, boa qualidade isolante,
O Brasil era um dos cinco maiores produto-
durabilidade, flexibilidade, indestrutibilidade,
resistência a ácidos, bases e bactérias, facilidade res mundiais de amianto, e sua maior mina de
de ser tecida etc. exploração localizava-se no estado de Goiás.
Mesmo após todos os países da Europa terem Agora é com você!
Na natureza, o amianto é encontrado em
proibido o uso do amianto, o Brasil continuava 1. Resposta pessoal. Espera-se
duas formas: serpentinas (amianto branco, que que os estudantes reflitam
sendo um dos maiores consumidores.
corresponde a cerca de 95% das formações que a falta de empatia, senso
geológicas) e anfibólios (amiantos marrom, azul, O Canadá, por exemplo, é o segundo maior de humanidade, ganância,
entre outros). produtor mundial: embora consuma menos de desigualdade social e injustiça
3% da produção, 97% é destinado à exportação tem levado pessoas e nações
O amianto começou a ser empregado para a buscar enriquecimento,
para países como Tailândia e Índia, onde a proi-
reforçar utensílios cerâmicos, conferindo-lhes independentemente do mal
bição ainda não ocorreu.
propriedades refratárias. No século XIX, mais que esteja causando a seus
precisamente durante o período da Revolução A questão do amianto é um exemplo da semelhantes. Para ilustrar
Industrial, o amianto foi muito utilizado para prática do duplo padrão (double-standard), essa indignação, há um filme
isolar termicamente máquinas e equipamentos, que consiste na fabricação de produtos de uso bastante interessante na
proibido em países desenvolvidos para serem
internet, um monólogo de
atingindo seu ápice durante a Primeira e a Segun-
Carl Sagan, intitulado Iremos
da Guerras Mundiais. Nesses períodos, come- vendidos livremente nos países em desenvol- para as estrelas?
çaram a aparecer surtos de doenças, associadas vimento.
Disponível em:
ao uso do amianto, que se tornou um dos males Agora é com você! https://fnxl.ink/CLCLXC
industriais mais estudados do século XX, conhe- 1. Discuta com seu grupo a ética da prática Acesso em: 30 de maio de 2022.
cido como a “poeira assassina”. double-standard.
Se possível, exiba-o para os
Para manter a lucratividade de seus negócios, 2. Pesquise outros exemplos de produtos estudantes.
os grandes produtores mundiais tentaram atri- que obedecem a essa prática.
2. Medicamentos e defensivos
agrícolas também se prestam à
Unidade 3 | Economia circular 243 prática do double-standard.

Explorando os conhecimentos prévios


Há milhares de municípios no Brasil, principalmente no interior do país e nas comunidades de baixa renda, que
ainda têm casas construídas com materiais que contêm amianto, da época em que o uso desse produto era
considerado legal.
Ressalte que o amianto é uma fibra mineral de propriedades impressionantes: resistência a altas temperaturas,
boa qualidade isolante, flexibilidade, durabilidade, incombustibilidade e resistência à ação de ácidos, entre
outras.
No entanto, a exposição durante anos ao amianto aumenta muito a probabilidade de desenvolver câncer (isso
foi cientificamente comprovado). Dessa forma, é relevante a conscientização da nova geração sobre o fato de
que o amianto é extremamente tóxico e seu uso deve ser banido.

Unidade 3 | Economia circular 243


VIDA E AMBIENTE
Professor, a fabricação da
seda é um tópico delicado e,
Fabricação de seda Nesse ponto, a lagarta está pronta para ini-
possivelmente, surgirão na ciar sua metamorfose. Ela possui uma glândula
A descoberta das mariposas brancas que
sala de aula respostas a favor e produzem a seda, Bombyx mori, ocorreu há
a partir da qual expele uma substância denomi-
contra sua utilização. Todas as nada sericina, usada para tecer um casulo.
mais de 3 000 anos a.C., nos países asiáticos,
opiniões devem ser respeitadas.
possivelmente na China, quando começaram a Em um ciclo normal, após 10 dias dentro do
É importante aproveitar esse
momento para que os alunos ser domesticadas. casulo, a lagarta se transforma em mariposa e
compreendam o quanto é Atualmente, essas mariposas não conse- libera uma substância que afrouxa um dos ex-
importante o respeito mútuo e guem sobreviver no ambiente natural. Vivem tremos do casulo para facilitar sua saída.
como é possível conviver bem, apenas criadas pelo ser humano, de quem de- A mariposa vive 16 dias e, nesse período,
mesmo quando discordamos em pendem totalmente para se alimentar, já que
determinados assuntos. ela não se alimenta: dedica-se totalmente à
não conseguem mais voar. reprodução, iniciando um novo ciclo de vida.
É praticamente consenso que a
Tudo leva a crer que suas asas se atrofiaram Mas, isso não ocorre, porque esse ciclo é inter-
seda é um lindo tecido, brilhante,
macio, fino etc. No entanto, é nesses séculos de domesticação, tornando-as rompido pela sericultura (criação do bicho-da-
importante ter a consciência de incapazes de sobreviver em liberdade. -seda para fins comerciais).
que estamos nos apropriando da O drástico processo degenerativo que atin-
Os casulos são removidos da árvore e pos-
vida de outro ser e impedindo que giu a Bombyx mori começou quando os primiti-
ele siga a própria existência. tos para secar; nessa etapa, a maioria das lagar-
vos habitantes da Ásia Central constataram que
tas é morta por desidratação, e as que sobrevi-
os fios produzidos por essas mariposas eram ex-
vem morrem quando os casulos são escaldados
celentes para a confecção de cordões e tecidos.
em água quente (para que possam amolecer e
A seda é obtida da seguinte forma:
ser desfeitos).
A Bombyx mori, mariposa que não voa, coloca
cerca de 500 ovos nas folhas da amoreira. Uma lagarta produz sozinha um fio único de
seda, que pode chegar a 1,3 km de extensão;

sarintra chimphoolsuk/Shutterstock
no entanto, para obter a linha de seda utilizada
na confecção de tecido, são necessários pelo
menos 6 000 casulos.
Agora é com você!
1. O que você pensa sobre o uso de ani-
mais para fabricar e comercializar rou-
pas e objetos?
2. Em sua opinião, a ciência e a tecnologia
podem desenvolver materiais que dis-
pensem o uso de animais? Ou isso
é impossível?
IMAGEM 41: Bombyx mori. 3. Discuta com seu grupo: é um direito
Os ovos se rompem entre 7 e 21 dias, e as do ser humano explorar uma espécie
lagartas se alimentam ativamente das folhas de fazendo ela perder suas características
amoreira por cerca de 40 dias. originais?

244 Unidade 3 | Economia circular

Agora é com você!


Embora não existam respostas fáceis, únicas, corretas ou absolutas para essas perguntas, é imperativo
refletir sobre elas.
É importante que o estudante saiba o que acontece e decida por si mesmo. “Gosto de seda e vou continuar a
usá-la!” ou “Não concordo com essa prática e nunca mais vou usar esse produto”.
Ressalte à turma que, atualmente, as fibras artificiais e sintéticas substituem, com vantagem, as fibras animais
na confecção de roupas para nos proteger do vento, do frio e até para nos embelezar.

244 Unidade 3 | Economia circular


Materiais artificiais
O material artificial é aquele que não existe na na-

Michael Buholzer/Reuters/Fotoarena
tureza nem foi extraído diretamente de um recurso Professor, o uso de materiais
natural, mas foi produzido a partir de uma matéria- artificiais é relevante em nosso
-prima natural, submetida a tratamentos químicos, cotidiano quando comparado ao
de tal modo que, depois de pronto, seu aspecto e suas uso de materiais naturais, o que
merece destaque.
propriedades não se assemelham em nada ao material
que lhe deu origem. Muitos objetos que nos
cercam são feitos de materiais
Um bom exemplo é a fibra de viscose, fabricada a inexistentes na natureza na forma
partir da celulose extraída dos cavacos de madeira de como os conhecemos; eles não
árvores pouco resinosas (árvores que não expelem mui- foram extraídos diretamente de
ta resina, como a seringueira, por exemplo). um recurso natural, mas criados
É utilizada em vestuário, principalmente misturada a outras fi- IMAGEM 42: inspeção de em laboratório e produzidos
bras, podendo inclusive imitar a seda, e em tecidos para toalhas e qualidade de fios de viscose. industrialmente a partir de um
Suíça, 2008. recurso natural. Isso evidencia
estofamento de móveis.
a importância econômica e o
O liocel (tencel), por sua vez, é fabricado a partir das fibras cur- impacto desses materiais na
tas que ficam aderidas à superfície das sementes de algodão, deno- natureza e no progresso industrial
minadas línter do algodão, ou a partir de polpa da madeira, extraída humano.
de árvores cultivadas em fazendas especiais para esse objetivo.
O nome liocel vem do grego lyen, dissolver e, do inglês, cell, Você sabia?
célula. A viscose foi a primeira
Essa fibra foi criada em 1979 e começou a ser produzida em es- fibra artificial (de celulose
cala industrial em 1993. regenerada) produzida em
escala industrial a partir de
Pode ser utilizada tanto na confecção de roupas finas e peças 1905. Outras fibras de base
íntimas como em tecidos para decoração. É mais cara e mais resis- celulósica são o raiom acetato
tente que a viscose. e o raiom viscose.
Aninna/Shutterstock

SSPL via Getty Images

IMAGEM 43: fibra de viscose. IMAGEM 44: fibra de liocel (tencel).

Unidade 3 | Economia circular 245

Unidade 3 | Economia circular 245


Essência de baunilha
Outro exemplo interessante de material artificial é a essência de

Kletr/Shutterstock
Professor, pergunte aos alunos baunilha, que compramos no supermercado para aromatizar bolos
se eles conhecem a substância e mingaus.
baunilha (ou vanila), se já a A essência de baunilha natural é extraída das sementes das fa-
provaram, se conhecem o gosto vas (um tipo de vagem) de uma orquídea denominada vanila.
ou aroma e se sabem de algum
Enquanto verdes, as sementes não têm o aroma nem o gosto
alimento no qual ela é adicionada
(como sorvete, mingau, biscoito, de baunilha. Mas, se forem deixadas para secar ao Sol (ou em uma
bolo, entre outros). estufa), sofrem uma transformação química desencadeada por um
processo de fermentação natural.
Atualmente, muitos produtos
cosméticos, como xampus, IMAGEM 45: orquídea Vanilla
Sob a ação do calor, determinadas substâncias denominadas en-
condicionadores para cabelo, sp. 12 cm. zimas fazem com que as sementes adquiram uma coloração escura
loções e cremes corporais, e o aroma agradável que conhecemos como baunilha.
também têm aroma de baunilha. Para obter o extrato de baunilha natural, esmaga-se a vagem
Nessa abordagem, pode-se

Dionisvera/Shutterstock
seca e deixa-se em infusão no álcool etílico puro por um certo tem-
completar que não só o aroma po, para que as substâncias aromatizantes passem para o meio líqui-
de baunilha, mas muitos outros
do. Esse processo é denominado maceração.
“sabores artificiais” são utilizados
pela indústria química atual. Isso

Sergio Dotta/The Next

Sergio Dotta/The Next


inclui sabores como morango,
laranja e uva, muito utilizados em
sucos de caixinha, pirulitos e balas.

IMAGEM 46: favas da orquídea


Vanilla sp. secas ao sol, 20 cm.

IMAGEM 47: favas de vanila macerando em álcool etílico,


antes e depois.
O produto obtido – essência de bauni-
Mors/Shutterstock

lha natural é bastante caro e um pouco difí-


cil de encontrar.
Já a essência de baunilha artificial – que
compramos no supermercado – por um
preço acessível – é obtida da lignina, um re-
jeito da indústria de polpa de madeira (ima-
gem ao lado).
IMAGEM 48: rejeitos de madeira, dos quais se
obtém a lignina usada na fabricação da essência
artificial de baunilha.

246 Unidade 3 | Economia circular

246 Unidade 3 | Economia circular


Materiais sintéticos
Os materiais sintéticos não existem na natureza e são fabrica-
dos a partir de uma matéria-prima que também não é natural, ou Professor, todos os materiais
seja, foram criados nos laboratórios de Química. mencionados são conhecidos
como polímeros. Os reagentes
Há uma gama imensa de materiais sintéticos definitivamente in-
de partida para a síntese de
corporados a nosso dia a dia. polímeros são, em sua maioria,
As imagens a seguir trazem exemplos de fibras sintéticas. obtidos do petróleo.
Dessa forma, por meio de
processos industriais, fabricamos

123RF/Easypix Brasil
quase tudo a nossa volta,

ruzanna/Shutterstock
como celulares e dispositivos
eletrônicos, automóveis, utensílios
domésticos, roupas, calçados etc.
O petróleo está em praticamente
tudo, inclusive em muitos
sabores como o de morango,
sintetizados na indústria química
por meio de componentes do
IMAGEM 49: náilon ou poliamida (PA). Usado na IMAGEM 50: fios de náilon também são usados na
petróleo. Por isso, essa discussão
fabricação de cerdas de escova. fabricação de fibras têxteis para meias, roupas,
é significativa, pois permite que o
casacos, sacolas e tapetes. aluno compreenda o domínio dos
materiais sintéticos em nossas
vidas e como estamos, cada vez
Nadezda Murmakova/Shutterstock

mais, deixando materiais naturais


Jiri Hera/Shutterstock

e seus derivados de lado.

IMAGEM 51: poliaramida (AR). Fabricação de


coletes à prova de bala, chassis de carros de
corrida, roupas antichamas, revestimentos de
cabos submarinos etc.

Billion Photos/Shutterstock
Getty Images/iStockphoto

IMAGEM 52: poliacrilonitrila (PAN). Substituto da lã IMAGEM 53: poliéster (PL). Usado na fabricação
para fabricar malhas de inverno. de fibras têxteis e garrafas plásticas do tipo PET.

Unidade 3 | Economia circular 247

Unidade 3 | Economia circular 247


As imagens a seguir trazem outros exemplos de materiais sinté-
ticos comuns em nosso dia a dia.

Professor, para tornar a aula mais

Sergio Dotta/The Next


dinâmica e investigativa, instrua
os estudantes a procurar na sala

Getty Images/iStockphoto
de aula ou trazer de casa objetos
feitos de polímeros para que todos
possam manuseá-los e perceber
suas características físicas.
Nas garrafas de plástico,
geralmente consta a informação
de qual polímero o material é
feito. Por exemplo: garrafas PET,
garrafas de PP (polipropileno),
IMAGEM 54: polietileno (PE). Usado em embalagens de alimentos e produtos farmacêuticos.
panelas antiaderentes
(politetrafluoretileno ou PTFE),
sacolas de PE (polietileno), entre

Ratchat/Shutterstock
Mr.Mildz/Shutterstock
muitos outros.

IMAGEM 55: polipropileno (PP). Usado em chapas IMAGEM 56: policarbonato (PB). Usado em vidros à
para proteção de pisos, equipamentos médicos e prova de bala, lentes de óculos comuns ou de Sol,
componentes eletrônicos. coberturas e equipamentos de raio X.

s_oleg/Shutterstock
Bilanol/Shutterstock

IMAGEM 57: poliestireno expandido (EPS). Usado IMAGEM 58: polibutadieno (BR). Usado em
em construção civil, embalagens, confecção de borracha sintética: fabricação de luvas cirúrgicas,
caixas térmicas com isolamento térmico. balões de aniversário, bicos de mamadeira,
elásticos, borrachas escolares e pneus de grande
porte (trator).

248 Unidade 3 | Economia circular

248 Unidade 3 | Economia circular


ASSUNTO SÉRIO ÁUDIO
EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Professor, chame a atenção para


O lixo que mata Podemos fazer “qualquer coisa” de plástico.
a gravidade do problema. Lugares
E fazemos. absolutamente distantes e
Os seres humanos desenvolveram o con-
sumismo com base no hábito de comprar sem
O plástico demora centenas de anos para se inabitados, como as ilhas Midway,
decompor no meio ambiente e, enquanto isso, estão abarrotados de lixo plástico
necessidade e acumular roupas, objetos, brin-
vai causando uma série de transtornos. levado pelas correntes. O plástico
quedos, produtos eletrônicos, que logo perdem foi encontrado até na Fossas das
a serventia e são descartados. Um dos mais graves é que todo esse plástico
Marianas, a cerca de 11 000 metros
que encontramos jogado nas ruas é levado pe-
Infelizmente, o consumismo acarreta dois de profundidade no oceano. O que
las chuvas para os rios e oceanos e muitos ani- estamos fazendo é autodestrutivo
problemas muito sérios: a extração exagerada
mais aquáticos e aves, que se alimentam no mar, e precisa parar.
de recursos para fabricar produtos, muitos des-
confundem plástico com comida.
necessários, e o descarte de produto sem ser-
ventia, gerando montanhas de lixo que agravam Não se sabe o número exato, mas, todos os
ainda mais os danos ao meio ambiente. anos, centenas de milhares de animais mari-
nhos, entre eles, peixes, baleias, tartarugas e
NZ3/Shutterstock aves, morrem devido à ingestão de plásticos.
Até em lugares remotos, como as ilhas
Midway, que ficam a pelo menos 2 100 km de
distância de qualquer lugar habitado, a invasão
do lixo plástico é tão devastadora que os alba-
trozes estão alimentando seus filhotes com pe-
daços de plástico que recolhem nos oceanos.
O resultado é a morte agonizante e precoce
dessas aves.

Forest & Kim Starr (CC BY 3.0)


IMAGEM 59: consumismo é lixo, pois tudo o que
você compra está destinado a ser descartado.
Desse modo, não compre nada sem necessidade e
proteja a vida e o meio ambiente. BNCC

O trabalho com a seção Assunto


Para saber mais, ouça o podcast "O que es-
sério - O lixo que mata atende
perar da black friday?" - Assembleia de Minas
às competências e aos temas
Disponível em: https://fnxl.ink/FSRRYF. indicados a seguir:
Acesso em: 14 ago. 2022. Competências gerais: 2, 7, 10.
Atualmente, quase tudo o que compramos Competências específicas: 2, 3,
vem embalado em plástico. Computadores, fru- 4, 8.
tas, pães, verduras e até água. Desse modo, en- Temas Contemporâneos
contramos muito plástico jogado nas ruas, nos Transversais: Meio Ambiente e
parques, na beira das estradas e nas praias. Economia.
Qual a razão desse uso intensivo de plásticos?
A resposta é uma combinação de: baixo cus-
to de produção, versatilidade, ótima resistência IMAGEM 60: albatrozes das ilhas Midway vivendo
e boa aparência. em meio ao lixo trazido pelas correntes marítimas.

Unidade 3 | Economia circular 249

Unidade 3 | Economia circular 249


Segundo o relatório do Programa das Na- A reciclagem poderia minimizar o proble-
ções Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, di- ma, mas não existem incentivos. Como o plás-
vulgado 10 dias antes da 26a Conferência das tico é um produto muito barato, os catadores
Partes, COP-26, realizada em 31 de outubro não têm estímulo para recolhê-lo do ambien-
de 2021, os plásticos representam atualmente te, e as indústrias que querem fabricar seus
85% do lixo marinho, e seu consumo precisa pa- produtos com material reciclado pagam um
rar imediatamente. imposto maior do que aquelas que trabalham
O relatório prevê que, se nada for feito, a com matéria-prima virgem.
poluição causada por plásticos vai duplicar até Glossário Imposto é uma taxa que fabricantes e
2030, causando sérios prejuízos à economia, à consumidores pagam para custear obras públicas, como
construção de estradas, escolas, hospitais. O governo
biodiversidade, ao clima e à saúde humana. decide onde é necessário investir o dinheiro dos impostos.
Os plásticos foram incorporados a nos-
sa dieta através de frutos do mar, bebidas As indústrias pagam imposto para fabricar
(incluindo a água) e até mesmo sal comum, seus produtos. Essa taxa, em geral, é repassada
podendo causar alterações hormonais, dis- para o consumidor no valor final do produto.
Agora é com você! túrbios de desenvolvimento e anormalidades A esperança é que há muitas pessoas real-
reprodutivas e câncer. mente preocupadas com esse problema, pesqui-
1. Resposta pessoal. Possível é,
mas é extremamente difícil. sando meios de recolher os plásticos dos oceanos

Micha/Shutterstock
e formas de decompor esses materiais mais rapi-
O fato, porém, é que corremos
um risco real de entrar em damente, e desenvolvendo materiais substitutos,
colapso se não tomarmos uma que sejam mais amigáveis à vida e ao ambiente.
atitude.

Tharmaplan Tilaxan
Ao mesmo tempo que se
faz necessário uma nova
visão de mundo, uma
sociedade mais colaborativa
e disposta a trabalhar para a
conservação do ambiente e
da biodiversidade, para que
IMAGEM 61: pelicano confundindo lixo plástico
possamos sair do ciclo de
com comida.
destruição em que estamos
inseridos, sem acabar
consumidos por ele, parece
Kev Gregory/Shutterstock

que muitos líderes e nações


estão escolhendo tomar
o caminho oposto. Existe
sempre a esperança de que IMAGEM 63: manada de 40 elefantes selvagens se
uma nova geração mais alimentando no lixão, em Sri Lanka.
informada e educada escolha
agir de maneira diferente. Agora é com você!
2. É preciso vencer hábitos 1. É possível parar imediatamente com
arraigados, empresas e o consumo de plástico como propõe a
empregos baseados na
Pnuma?
produção desses materiais,
abrir mão de bens de consumo IMAGEM 62: foca cinzenta tragicamente presa nos 2. Quais são as etapas que precisamos ven-
restos de uma rede de pesca. cer para que isso se torne uma realidade?
até que novos substitutos
sustentáveis para esses
materiais sejam encontrados, 250 Unidade 3 | Economia circular
abrir mão de conforto e
facilidades em prol da vida.

250 Unidade 3 | Economia circular


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1. Tijolo: matéria-prima;
1. Classifique as imagens a seguir em: recurso c. Fibra de cânhamo: utilizada em roupas re-
natural, matéria-prima ou produto acabado. sistentes, como jeans ou calçados. Areia: recurso natural;
d. Fibra de liocel: utilizada em roupas finas e Casa: produto acabado;

iampuay/Shutterstock
STCKPHOTOS COM/Shutterstock
resistentes. Argila: recurso natural;
5. Na madrugada de primeiro de maio de 2018, Copos de vidro: Produto
ocorreu um incêndio em um prédio de 24 an- acabado;
dares no centro da cidade de São Paulo. Vidro artesanal: matéria-prima.
O edifício Wilton Paes de Almeida estava 2. O petróleo é um recurso
abandonado há mais de 17 anos e era ocu- natural não renovável, porque
pado por cerca de 90 famílias, que pagavam os processos que o formam
IMAGEM 64: tijolo. IMAGEM 65: areia. mensalidade ao Movimento Luta por Moradia levaram milhões de anos para
Digna. O fogo se alastrou pelo edifício e o pré- se completar; portanto, ele não
Cesar Diniz/Pulsar Imagens

EasyFotostock / Easypix Brasil


dio desabou rapidamente. pode ser reposto
Como a estrutura do prédio era toda em con- 3. A essência de baunilha natural
creto, os especialistas não conseguiram explicar é obtida das sementes das
o motivo de o incêndio ter sido tão intenso, pois favas (um tipo de vagem)
prédios dessa altura são projetados para resistir de uma orquídea do gênero
ao fogo por, no mínimo, três horas, tempo esti- Vanilla. A essência de baunilha
mado para evacuação e ações de salvamento. artificial é obtida da lignina,
Em relação a esse assunto, explique: um rejeito da indústria de
IMAGEM 66: casa. IMAGEM 67: argila. a. Quais são os principais materiais utilizados polpa de madeira.
na construção civil? O princípio ativo (substância
grynold/Shutterstock

Diyana Dimitrova/Shutterstock

b. Esses materiais são naturais ou artificiais? que tem aroma de baunilha) é


c. O concreto é uma das principais matérias-
o mesmo.
-primas da construção civil. Quais são os 4.
principais materiais utilizados na obtenção a. Fibra natural de origem animal.
do concreto? b. Fibra artificial.
d. Explique qual é a diferença entre a cal e o
c. Fibra natural de origem vegetal.
cimento.
d. Fibra artificial.
IMAGEM 68: copos de IMAGEM 69: vidro e. Que sugestões você teria para resolver o
problema de moradia da população? 5. Explique aos alunos que,
vidro. artesanal.
embora não se saiba a causa
6. O Dia da Sobrecarga da Terra é uma data real dessa tragédia, suspeita-se
2. Explique por que o petróleo é considerado
mundial, que marca o momento em que a que o desabamento tenha sido
um recurso natural não renovável.
humanidade consumiu todos os recursos na- facilitado pela rápida propagação
3. Qual é a diferença entre a essência de bauni- turais que o planeta é capaz de renovar du- das chamas, devido à quantidade
lha natural e a artificial? rante um ano. de material inflamável e do fosso
4. Classifique as fibras relacionadas a seguir em Em 2022, países como Catar, Canadá, Emira- do elevador, que teria funciona-
natural ou artificial. dos Árabes Unidos e Estados Unidos atingi- do como uma chaminé. Outra
a. Fibra de carneiro: utilizada em roupas re- ram sua cota já no primeiro trimestre. possibilidade é que a estrutura do
sistentes contra o frio. Faça uma pesquisa sobre o tema e escreva prédio já estivesse fragilizada em
b. Fibra de viscose: utilizada na confecção de um texto de opinião discutindo a gravidade razão da falta de manutenção.
roupas delicadas, imita a seda. desse problema. a. Cal, cimento, concreto, areia, pe-
dra britada, tijolo, vidro, madeira.
Unidade 3 | Economia circular 251

b. São matérias-primas obtidas de recursos naturais. e. Resposta pessoal, que exercita a argumentação, a exposição de ideias e
c. O concreto é obtido a partir de uma mistura de cimento, areia, pedra a criatividade dos alunos. Espera-se que os estudantes se engajem com
britada e água em proporções determinadas. a questão proposta e pensem na desigualdade social do Brasil.
d. A cal é uma substância, o óxido de cálcio. O cimento é uma mistura de 6. Resposta pessoal. Atividade para desenvolver a escrita e a argumenta-
substâncias, entre elas o óxido de cálcio, o óxido de alumínio, o óxido de ção dos alunos. Espera-se que eles reflitam criticamente sobre o uso de
silício (areia), o óxido de ferro e o óxido de magnésio. recursos naturais, avaliando a possibilidade de remediar esse problema.

Unidade 3 | Economia circular 251


Medicamentos sintéticos
Até o início do século XIX, as tentativas de cura de uma pessoa
Professor, a resposta rápida doente se baseavam em métodos empíricos, ou seja, em tentativa
das indústrias farmacêuticas e erro. Não se conhecia a diferença entre a dose benéfica e a dose
na criação de uma vacina para nociva do remédio ministrado, por isso o doente seguia a prescri-
conter a pandemia de SARS-CoV-2
ção do médico e torcia para que o resultado fosse o desejado.
mostra o avanço tecnológico na
área de medicamentos sintéticos. A partir dessa época, porém, isso começou a mudar. Os médi-
cos, os químicos e os farmacêuticos passaram a procurar insisten-
temente os “princípios ativos” dos medicamentos utilizados, ou seja,
exatamente quais substâncias, dentre todas as existentes em de-
terminada planta ou mistura prescrita como remédio, agiam de fato
sobre a doença.
Um exemplo importante é a diabetes, que ocorre quando o pân-
creas deixa de produzir insulina, responsável por levar o açúcar con-
tido nos alimentos até as células, que o utilizam para gerar energia
para o organismo.
Se uma pessoa tem diabetes e não produz insulina suficiente,
ocorre o aumento das taxas de açúcar no sangue, um quadro deno-
minado hiperglicemia, que causa inúmeras complicações, podendo
levar à morte.
Durante muito tempo, a insulina foi extraída do pâncreas de
boi e de porco, sendo que a de porco era mais parecida com a
insulina humana.
Nos anos 1980, os avanços da Engenharia

Photo byfkfkrErbe, digital colorization by Christopher Pooley, both of USDA, ARS, EMU.
Genética permitiram o desenvolvimento da
insulina humana sintética, produzida a partir
de bactérias, especialmente a Escherichia coli,
aumentando a qualidade de vida dos porta-
dores dessa doença.
A introdução de um medicamento novo
no mercado é um processo extremamente
trabalhoso, caro e sofisticado.
Muitos anos e milhões de dólares separam
a primeira síntese em laboratório do remédio
vendido na farmácia.
Além disso, um pesquisador sozinho não
consegue realizar nada de prático na área far-
macêutica. Esse trabalho exige a integração de
equipes de especialistas altamente qualifica-
IMAGEM 70: Escherichia coli. Micrografia eletrônica de
baixa temperatura de um agrupamento de bactérias dos — químicos, engenheiros, farmacêuticos,
E. coli, ampliada 10 000 vezes. médicos, farmacologistas e fisiologistas.

252 Unidade 3 | Economia circular

252 Unidade 3 | Economia circular


As excepcionais possibilidades te-

Kateryna Kon/Shutterstock
rapêuticas da penicilina, descoberta
pelo bacteriologista escocês Alexan-
der Fleming (1881-1955), por exem- Professor, a penicilina é um
plo, só foram estabelecidas em 1941, antibiótico feito do mofo. Em
1928, o médico bacteriologista
pelo patologista australiano Howard
Alexander Fleming tentava
Walter Florey (1898-1968) e pelo descobrir a cura para um bacilo
bioquímico Ernest Boris Chain (1906- que causava uma terrível
-1979), em Oxford (Inglaterra). infecção generalizada. Como seu
Mas, a obtenção dessa substância laboratório ficava no hospital,
um dia ele chegou ao trabalho
na forma pura foi possível com a co-
e descobriu que suas culturas
laboração de 17 grupos ingleses e 22
haviam sido contaminadas por
grupos americanos que, trocando in- mofo. Por sorte, antes de jogá-las
formações, chegaram ao processo de
IMAGEM 71: fungo
fora, ele decidiu examinar como
obtenção de penicilina por fermentação. microscópico (Penicillium) estavam seus experimentos e,
Esse processo é usado até hoje na preparação de vários outros crescendo na casca de uma para sua surpresa, percebeu que o
laranja. mofo havia matado as bactérias.
antibióticos.
O fungo, no caso, era do tipo
O mercado oferece três tipos diferentes de medicamentos. penicillium. Por isso, o nome
• Medicamento de referência “penicilina”.
É, em geral, um medicamento inovador, cuja eficácia, segurança A descoberta da penicilina e sua
e qualidade foram comprovadas cientificamente. produção em larga escala foram
um dos segredos mais bem
O medicamento recebeu o registro no Ministério da Saúde por protegidos pelos Aliados durante
FORA DE ESCALA
meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). a Segunda Guerra Mundial. O
Normalmente, é de uma marca comercial conhecida.
CORES FANTASIA antibiótico era amplamente usado
para recuperar soldados e, por
Foi desenvolvido por um laboratório farmacêutico que investiu
isso, era uma vantagem contra a
tempo e dinheiro na descoberta e na divulgação. Alemanha nazista.
• Medicamento genérico Você sabia?
É aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e Alexander Fleming foi um
forma farmacêutica (drágeas, xarope etc.); administrado do mesmo biólogo e botânico escocês,
jeito, com a mesma indicação terapêutica, oferece a mesma segu- ganhador do Prêmio Nobel
de Medicina de 1945, com
rança que o medicamento de referência. seus colaboradores, pela
O genérico é o único que pode ser intercambiável com o medica- descoberta da penicilina
obtida pela primeira vez a
mento de referência, porque foi testado e aprovado pelo Ministério
partir do fungo Penicillium
da Saúde. notatumcom. Atualmente,
É mais barato porque o fabricante não investiu em seu desen- existem seis variedades de
penicilina sintética produzida
volvimento e em sua divulgação.
em laboratório.
• Medicamento similar
É o medicamento que possui o mesmo princípio ativo, na mes-
ma concentração, forma farmacêutica, via de administração, po-
sologia e indicação terapêutica do medicamento de referência (ou
de marca).

Unidade 3 | Economia circular 253

Unidade 3 | Economia circular 253


Desde a Resolução no 134/2003, os fabricantes de similares pre-
cisam apresentar ao governo estudos comparativos com o medica-
mento de referência. São comprovações de bioequivalência — ou
Professor, a impressão 3-D seja, que o similar pode ser uma alternativa ao medicamento original.
na medicina é uma inovação
Isso significa que, desde 2013, os similares se tornaram equiva-
tecnológica que promete
revolucionar as ciências médicas e lentes aos medicamentos de referência, podendo diferir somente
a vida de toda a sociedade. em características relativas a tamanho e forma do produto, prazo
Outras aplicações que já estão de validade, embalagem, rotulagem, excipientes (substâncias que
sendo utilizadas são: completam massa e volume na cápsula) e veículo, devendo sempre
ser identificados por nome comercial ou marca.
• próteses de baixo custo: próteses
costumam ser muito caras, o
que dificulta o acesso a pessoas Impressão 3-D na medicina
com poucos recursos financeiros. A impressora 3-D foi criada pelo empresário estadunidense
No entanto, estudos realizados Chuck Hull (1939-) utilizando um laser (um tipo especial de luz)
por empresas e universidades para moldar uma resina líquida (uma espécie de plástico), a partir
mostram que é possível criar
de um modelo de um objeto 3-D fornecido por um programa de
próteses com custo muito menor,
por meio da impressão 3-D. computador.

macrovector/Freepik Premium
• impressão de pele em pessoas O processo de impressão é feito em camadas ou fatias, come-
que passam por situações de çando pela parte inferior do objeto.
queimaduras ou doenças de Assim, cada camada impressa, de baixo para cima, é adicionada
pele. No futuro, não será mais à anterior até formar o modelo completo.
necessário retirar tecidos de
Esse método permite criar objetos com uma grande riqueza de
outras partes do corpo para a
reconstituição. Cientistas estão detalhes, como dobradiças de portas, engrenagens de máquinas
adicionando a seu repertório e até protótipos de carros que a indústria automobilística utiliza
a capacidade de imprimir para testes.
células epiteliais por meio de ILUSTRAÇÃO 1: computador
A evolução dos materiais utilizados na impressora 3-D, como di-
impressão 3-D. com instruções na tela sendo
ferentes tipos de plásticos e metais, permitiu que essa tecnologia
enviadas à impressora 3-D.
fosse aplicada em medicina para:
• criação de próteses visando substituir membros, como uma
perna ou um braço perdidos em um acidente;
• partes do esqueleto para implantes ósseos;
macrovector/Freepik Premium

• réplicas personalizadas de órgãos baseadas em exames de


tomografia e ressonância magnética, permitindo que o mé-
dico possa planejar em detalhes uma cirurgia com alto grau
de complexidade;
• partes do corpo, como pele, dedos ou dentes.
Estima-se que, no futuro, será possível, utilizar células vivas
como matéria-prima das peças – a chamada biotinta – no lugar de
resina plástica e metal.
ILUSTRAÇÃO 2: impressora
3-D imprimindo o modelo
Se isso ocorrer, será possível imprimir um órgão saudável, per-
segundo instruções feitamente adequado ao paciente, sem risco de rejeição, pondo fim
recebidas. à agonia da fila do transplante.

254 Unidade 3 | Economia circular

254 Unidade 3 | Economia circular


ACESSE SEUS CONHECIMENTOS

1.
1. Em 1928, o médico bacteriologista Alexan- 3. É fácil encontrar nas etiquetas de roupas e
der Fleming (1881-1955) estava pesquisando acessórios o nome de fibras, como náilon, po- a. Uma hipótese possível é que
liacrilonitrila e poliéster.
os fungos produzem toxinas
a cura para a bactéria Staphylococcus aureus,
para se defender do ataque de
que causava uma terrível infecção generali- a. Como você classificaria essas fibras? bactérias.
zada. Seu laboratório ficava no hospital e, um b. Cite três fibras naturais que você conhece? b. Sim, o remédio anfotericina
dia, ao chegar ao trabalho, ele descobriu que (Se não souber, pesquise). B, por exemplo, utilizado
suas culturas haviam sido contaminadas por c. Qual é o tipo de fibra têxtil que causa me- para combater infecções
mofo. Por sorte, antes de jogá-las fora, decidiu nos impacto na natureza? Por quê? graves causadas por fungos,
examinar como estavam seus experimentos é feito utilizando bactérias
4. A seguir, estão descritas algumas caracterís-
e, para sua surpresa, notou que o fungo Peni- Streptomyces nodosus.
cillium penicillin, havia matado as bactérias. ticas importantes encontradas em materiais
2.
sintéticos.
a. Proponha uma hipótese para explicar por a. O desenvolvimento de um novo
que os fungos produzem compostos capa- Pesquise no texto deste capítulo qual é o nome
medicamento exige a integração
do material que possui as seguintes aplicações.
zes de matar bactérias. de equipes de especialistas
b. A recíproca é verdadeira, ou seja, existem a. Fabricação de pneus de grande porte, altamente qualificados
bactérias que produzem compostos capa- como de tratores. — químicos, engenheiros,
zes de matar fungos? Pesquise a respeito. b. Substituto da lã para fabricação de malhas farmacêuticos, médicos,
e agasalhos. farmacologistas e fisiologistas –
2. A pandemia de Covid-19, causada pelo vírus e o investimento de milhões de
c. Vestimenta de bombeiros por ser resisten-
SARS-CoV-2, levou à perda de mais de 5 mi- dólares em pesquisas.
te e antichamas.
lhões de vidas até o final de 2021, além de inú- b. Medicamento de referência:
d. Caixas térmicas para o transporte de sor-
meros traumas e prejuízos financeiros. é um medicamento inovador,
vetes, por exemplo. cuja eficácia, segurança e
Por outro lado, mostrou a capacidade de a
Ciência buscar soluções para os problemas da e. Substituto dos vidros em carros blindados, qualidade foram comprovadas
sociedade, desenvolvendo em tempo recorde
por ser à prova de bala. cientificamente, além de ter sido
f. Embalagens de alimentos e produtos far- desenvolvido por um laboratório
um medicamento sintético – a vacina – a par-
macêuticos. que investiu tempo e dinheiro
tir de tecnologias inovadoras.
para obtê-lo.
Infelizmente, as vacinas só funcionam a conten- 5. Leia novamente o texto da página 71 e, com
Medicamento genérico: é igual
to para barrar e erradicar um vírus quando pelo base nos conhecimentos adquiridos neste ca- ao de referência, mas é fabricado
menos 70% da população adere ao programa. pítulo, responda aos itens a seguir: por outro laboratório que não
Como há muitas notícias falsas circulando a. Do que são feitos os plásticos? investiu em sua criação.
sobre a vacina e desconhecimento da popu- b. Os plásticos são materiais naturais, artifi- Medicamento similar: são
lação, esse vírus ainda deve continuar nos as- ciais ou sintéticos? similares aos medicamentos
sombrando por um bom tempo. c. Por que os plásticos se tornaram um gran- de referência, diferindo apenas
de problema ambiental? em características relativas a
A respeito dos medicamentos sintéticos:
tamanho e forma do produto,
a. Comente sobre os profissionais e o traba- d. A reciclagem não poderia resolver o pro-
prazo de validade, embalagem,
lho envolvido no desenvolvimento de um blema do plástico no meio ambiente? rotulagem entre outras.
novo medicamento. e. Por que os plásticos são perigosos para os 3.
b. Explique resumidamente, com suas pala- animais, como aves e peixes?
a. São materiais sintéticos, sem
vras, a diferença entre medicamento de f. Que soluções você propõe para resolver o similar na natureza.
referência, genérico e similar. problema dos plásticos?
b. Sugestão: algodão, bambu, rami,
lã, seda, amianto (fibra mineral
Unidade 3 | Economia circular 255 cujo uso foi proibido).

c. As fibras naturais orgânicas, cultivadas 5. d. A reciclagem não resolve o problema, apenas


sem o uso de agrotóxicos, como algodão a. Os plásticos são derivados do petróleo. o adia, porque existe um número limitado de
orgânico e bambu. vezes que um material pode ser reciclado e,
b. São sintéticos, não possuem similar na
4. cedo ou tarde, o plástico acabará descartado.
natureza.
a. Polibutadieno. A única solução possível é parar de produzi-lo.
c. Os plásticos são baratos, versáteis e
b. Poliacrilonitrila. resistentes. Apresentam uma gama imensa e. Porque os animais, ao confundirem o plástico
de aplicações. Por outro lado, são muito com comida, enchem o estômago com ele, não
c. Poliaramida.
resistentes e não se degradam facilmente e, conseguem mais se alimentar e morrem.
d. Poliestireno expandido.
por isso, estão se acumulando no ambiente, f. A melhor solução seria investir maciçamente
e. Policarbonato. principalmente nos oceanos, causando em pesquisas para encontrar substitutos
f. Polietileno. sérios problemas para a biodiversidade. adequados para esses materiais.

Unidade 3 | Economia circular 255


Mapa conceitual
O mapa conceitual a seguir é do capítulo 7. Que tal construir no caderno um mapa conceitual dos
Professor, utilize o mapa capítulos 8 e 9?
conceitual como um instrumento
de avaliação. Por meio dele, é
possível perceber as conexões que

Fernando Brum
Aspecto visual MISTURAS Aspecto visual
cada estudante pode estabelecer
com base no conhecimento não uniforme podem uniforme
adquirido. tem ser tem
Heterogêneas Homogêneas

separadas separadas
Propriedades por por Propriedades
variáveis constantes

Peneiração Catação Separação Evaporação Destilação Destilação


magnética simples fracionada

Filtração Decantação

BNCC

O trabalho de construção do Mapa


conceitual atende as competências formam
a seguir.
Competências gerais: 2 e 4. Substâncias
Competências específicas: 2 e 3. que sofrem

Transformações

originando

Materiais artificiais Materiais naturais Materiais sintéticos

Uma outra possibilidade de estabelecer uma conexão entre os conceitos estudados, parecida
com o mapa conceitual, é construir um mapa mental.
A diferença é que um mapa mental parte de uma ideia central, da qual vão surgindo outras ideias
conectadas, semelhante a uma linha de raciocínio.
Você pode, por exemplo, organizá-lo em forma de uma árvore, em que a ideia principal seja o
tronco e as ideias secundárias, os galhos. Experimente fazer um mapa mental sobre determinado
assunto que você for estudar.
Estabelecer conexões estimula o aprendizado.

256 Unidade 3 | Economia circular

256 Unidade 3 | Economia circular


REVISÃO
FINAL DA UNIDADE
1.
1. Retome as questões da abertura de unidade. Com base no que você aprendeu, reelabore as respos-
tas que escreveu quando a iniciamos, complementando-as ou corrigindo-as, se necessário. • Utilizamos processos
mecânicos, físicos e químicos
(Pisa) Água potável
de separação de misturas,
como catação, filtração,

PISA
destilação fracionada,
combustão, entre outros.
Fonte de água • Sim, a bauxita é
(reservatório ou lago) transformada em alumínio
Água na
torneira por um processo químico que
envolve energia elétrica.
• Sim, podemos nos beneficiar
utilizando uma matéria-prima
(1) Grade como o alumínio – que não existe
na natureza, extraído de recursos
naturais, não apenas para fazer
latinhas, mas também uma
série de outros produtos, como
aeronaves, veículos automotivos,
janelas e portões, ferramentas,
utensílios de cozinha, entre
outros. Precisamos apenas usar
(2) Tanque de (3) Filtro (4) Adição de (5) Análise da
FIGURA 1: os recursos com sabedoria para
decantação cloro qualidade da tratamento não explorar o planeta além
água de água. de sua capacidade, respeitar
a biodiversidade e reutilizar e
A figura anterior mostra como é tratada a De que maneira essa etapa torna a água mais reciclar tudo o que produzimos.
água que abastece as residências nas cidades, limpa?
• Não é sustentável e está
para que ela se torne potável. a. A água torna-se menos ácida. levando o planeta ao colapso.
b. As bactérias presentes na água morrem. É urgente repensarmos o
2. É importante ter uma fonte de água potável modo como estamos tratando
c. O oxigênio é adicionado à água.
de boa qualidade. A água encontrada no sub-
d. Terra e areia ficam depositados no fundo. nossos recursos e abandonar
solo é conhecida como água subterrânea. Dê completamente a ideia de usar e
e. As substâncias tóxicas são decompostas.
uma razão pela qual existem menos bactérias jogar fora.
e partículas de poluição na água subterrânea 4. Na quarta etapa do processo de limpeza, adi- • Sim, podemos reciclar os
do que na água proveniente de fontes da su- ciona-se cloro à água. materiais, fazer compostagem
perfície, tais como lagos e rios. do lixo orgânico e utilizar o
Por que se adiciona cloro à água? lixo que realmente não tem
3. Em geral, o tratamento da água ocorre em vá- mais serventia para obter
5. Suponha que, na estação de tratamento de
rias etapas e envolve técnicas diferentes. O energia elétrica.
água, os cientistas encarregados de testá-la
processo de tratamento mostrado na figura descubram que nela existem algumas bacté-
• É mais vantajoso investir na
envolve quatro etapas (numeradas de 1 a 4). produção de materiais que
rias perigosas, depois de concluído o processo
não poluem o meio ambiente,
Na segunda etapa, a água é coletada em um de tratamento. O que as pessoas deveriam fa-
porque, ao contrário do alumínio
tanque de decantação. zer em casa com essa água antes de bebê-la?
e de outros metais que podem
ser reciclados infinitas vezes, a
Unidade 3 | Economia circular 257 reciclagem de certos materiais
poluentes, como os plásticos só
pode ser feita algumas vezes,
ou seja, por mais cuidado que
se tenha, esses materiais estão
destinados a ir para o lixo um dia.
No tanque de decantação, as partículas suspensas de terra e areia depositam-se no fundo, deixando a água 2. Isso ocorre porque, à medida
sobrenadante limpa. que a água da chuva penetra
4. O cloro atua intensamente sobre a matéria orgânica, podendo matar bactérias, vírus e protozoários, e no solo, ela passa por várias
eliminando microrganismos patogênicos que poderiam surgir e se multiplicar no caminho entre a ETA e a camadas de terra, areia e pedra
rede de distribuição, causando doenças à população. que fazem uma filtragem,
5. Deveria ferver a água por 5 minutos, deixar esfriar e só depois beber, o que pode garantir eliminação retendo a maioria das partículas
dos microrganismos causadores de doenças. e bactérias, de modo que a água
chega limpa ao subsolo.
3. Alternativa d.

Unidade 3 | Economia circular 257


6. Que problemas de saúde podem ser causa-
dos ao tomar água poluída: diabetes, diarreia, Tampa
AIDS, vermes intestinais?
6. Diarreia e vermes intestinais. (Pisa) Massa de pão Recipiente
7. Alternativa C. Para fazer massa de pão, um cozinheiro mis-
8. Alternativa D. tura farinha, água, sal e fermento biológico.
Após misturar a massa, ela é colocada em um farinha, água,
O cozinheiro deveria testar as sal sem
recipiente por várias horas, a fim de permitir
experiências 3 e 4 para verificar fermento
que o processo de fermentação ocorra. A fer-
a variação de massa antes e
mentação é uma reação química na mistura: o Balança
depois da fermentação. Note
fermento (um fungo unicelular) transforma o
que como o recipiente é aberto,
amido e os açúcares da farinha em dióxido de Experiência 2
o gás carbônico formado na
carbono e álcool.
fermentação da massa escapa
para o ambiente resultando em 7. A fermentação faz com que a massa de pão
uma diminuição na balança. cresça. Por quê?
Recipiente
a. A massa de pão cresce porque o álcool é
Aberto
produzido e se transforma em um gás.
b. A massa de pão cresce por causa de um
fungo unicelular que está se reproduzindo. farinha,
água, sal
c. A massa de pão cresce porque ocorre a com fermento
produção de um gás, o dióxido de carbono.
d. A massa de pão cresce porque, durante a fer- Balança
mentação, a água se transforma em vapor.
Experiência 3
8. Algumas horas depois de misturar os ingre-
dientes, o cozinheiro pesa a mistura e observa
que a mistura está pesando menos.
A massa (medida física) da mistura para se fa-
zer o pão é a mesma no início de cada uma das Recipiente
quatro experiências mostradas abaixo. Quais Aberto
são as duas experiências que o cozinheiro de-
veria comparar para averiguar se é o fermen-
to que causa a perda de massa na mistura? farinha,
água, sal
sem fermento

Tampa Balança
FIGURA 2:
Figura 2: sequência
Recipiente Experiência 4 de experimentos.

a. O cozinheiro deveria comparar as experiên-


farinha, cias 1 e 2.
água, sal
com fermento b. O cozinheiro deveria comparar as experiên-
cias 1 e 3.
Balança c. O cozinheiro deveria comparar as experiên-
cias 2 e 4.
Experiência 1 d. O cozinheiro deveria comparar as experiên-
cias 3 e 4.

258 Unidade 3 | Economia circular

258 Unidade 3 | Economia circular


9. Sobre separação de misturas em laboratório, acelera a decomposição da água oxigenada
analise as alternativas abaixo e indique no seu formando um grande volume de gás oxigênio
caderno as alternativas corretas. no local que, algumas pessoas acreditam, atua
a. Os processos mecânicos de separação de como bactericida, ou seja, mata bactérias. 9.
mistura não envolvem nenhum fenômeno
Essa ação bactericida, porém, só se justifica se a. Verdadeiro.
físico ou químico.
houver uma infecção (invasão de microrganis- b. Verdadeiro.
b. A tamisação é utilizada para separar sóli-
dos cujo tamanho das partículas seja dife- mos), caso contrário o uso de água oxigenada c. Verdadeiro. Um dos componen-
rente. É o mesmo que peneiração. pode causar um efeito oposto do que espera- tes, o menos denso, encontra-se
c. A levigação é usada para separar mistura mos, atrapalhando a cicatrização do ferimento. pulverizado.
de sólidos de diferentes densidades com Em relação ao que foi descrito, assinale a alter- d. Verdadeiro.
uma corrente de água. nativa correta. e. Falso. A sedimentação fracionada
d. A flotação é utilizada para separar sólidos a. Se o frasco de água oxigenada for deixado se baseia na diferença de densi-
de diferentes densidades utilizando-se dade entre os sólidos, pela adição
aberto por muito tempo, exposto à luz, e
óleo para aderir às partículas do sólido de um líquido de densidade inter-
depois usado nos cabelos, eles ficarão mais
mais denso. mediária, de modo que o sólido
claros. menos denso passe a flutuar na
e. A sedimentação fracionada baseia-se na
diferença de solubilidade dos materiais na b. Se colocarmos água oxigenada na presen- superfície do líquido e o sólido
fase sólida em um determinado líquido. ça de sangue, em completa escuridão, não mais denso se deposite no fundo
f. É possível separar uma mistura de arroz ocorrerá efervescência de oxigênio. do recipiente.
cru e açúcar adicionando-se água suficien- c. Não devemos limpar um machucado com f. Verdadeiro.
te e filtrando a mistura em seguida. Para água oxigenada a menos que ele esteja in- g. Verdadeiro.
separar o açúcar da água é possível fazer feccionado. 10. Alternativa C.
uma destilação simples. Esse procedimen-
to envolve um processo mecânico e um
d. A água oxigenada ajuda a cicatrizar mais 11.
processo físico. rápido qualquer tipo de machucado. a. Transformação química dos co-
g. A mineração artesanal do ouro envolve um e. A transformação de água oxigenada em água rantes usados para tingir a ca-
processo de levigação. e oxigênio é espontaneamente reversível. miseta causada pela ação da luz
(transformação fotoquímica).
10. Algumas pessoas gostam de mudar a cor do 11. Assinale as alternativas que descrevem uma
b. Transformação química do ferro
cabelo. Esse tipo de mudança normalmente transformação química e justifique suas escolhas: que constitui a palhinha provoca-
envolve transformações químicas. Para cla-
a. Camiseta colorida que desbotou ao ser ex- da pela ação do oxigênio do ar e
rear os cabelos, por exemplo, é possível usar
posta ao Sol para secar. da umidade, formando óxidos de
água oxigenada.
b. Palhinha de aço que se torna avermelhada ferro.
Você já reparou que a água oxigenada é guar-
e quebradiça com o uso. c. Transformação física. Não há alte-
dada em frascos de material opaco, ou seja,
ração na constituição da matéria.
desses que não se deixa atravessar pela luz? c. Água que se torna sólida ao ficar por algu-
O gelo é água sólida.
Isso ocorre, justamente, porque a decom- mas horas no congelador.
posição da água oxigenada formando água d. Transformação física. Apesar de
d. Papel que fica enrugado depois de ser molhado. enrugado, a constituição química
e gás oxigênio pode ser desencadeada pela
luz e, nesse caso, só tem início quando o pro- e. Papel que vira cinzas ao ser exposto a cha- continua a mesma.
duto é passado no cabelo e exposto à luz, ma do fogo. e. Transformação química provo-
momento em que o oxigênio reage com os f. Ovo que fica duro depois de cozido. cada pelo fogo. A constituição
pigmentos naturais do fio provocando seu da matéria muda de papel sólido
g. Ovo cru que boia na água enquanto outros
“desbotamento”. para gases (gás carbônico e vapor
vão para o fundo do recipiente. de água) e cinzas.
Outro uso comum para a água oxigenada é
desinfetar cortes e feridas, pois o sangue con- h. Estourar pipocas. f. Transformação química. O co-
tém uma substância denominada catalase que i. Estourar balões de aniversário. zimento do ovo transforma a
estrutura de seus componentes
Unidade 3 | Economia circular 259 internos (proteínas e gorduras).
g. Transformação química. O ovo
boia na água quando está estra-
gado porque a decomposição da
h. Transformação química. Quando o milho de pipoca é aquecido no óleo quente em uma panela, o amido que gema e da clara forma produtos
tem dentro da casca amolece e começa a se expandir. Quando a temperatura alcança 180 ºC, a pressão in- gasosos.
terna do grão de milho chega a ultrapassar 9 atm, o que faz com que a casca se rompa para liberar a pressão
permitindo que o amido se expanda para fora do grão. Nesse processo também ocorre liberação de vapor
de água, que resfria o amido permitindo que a pipoca assuma seu formato característico.
i. Transformação física. A constituição do látex do balão de aniversário continua a mesma, apenas ficou em
pedaços.
Dica: se os estudantes ficarem curiosos sobre a pipoca, mostre a eles o vídeo disponível em:
https://fnxl.ink/OBYTTD
Acesso em: 30 maio 2022.

Unidade 3 | Economia circular 259


Luz, câmera, o estudante em ação
Você e seus colegas passaram um ano inteiro estudando Ciên-
Professor, esse projeto, criado cias e se apoderando de conhecimentos construídos pelo ser huma-
originalmente para alunos de no ao longo de várias centenas de anos.
Ensino Médio, foi chamado, a
Embora você com certeza, ainda seja muito jovem, não significa

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princípio de QuimiCurta e, depois,
estendido para BioQuimiCurta. que não tenha conhecimentos e opiniões próprias, experiências úni-
cas de vida e muito a dizer ou a indagar.
Foi idealizado pela professora
Kátia Aquino, que trabalha em Você tem sua cultura, seus gostos pessoais, integra uma comu-
Recife, PE, no Colégio de Aplicação nidade específica; portanto, acreditamos realmente que seria muito
da Universidade Federal de rico você dividir um pouco do que é e do que pensa com os outros
Pernambuco, e já conta até com jovens de sua idade.
um canal no YouTube, no qual Propomos que participe do projeto – Luz, câmera, o estudante em
seus alunos postam os vídeos que
ação, por meio do qual poderá trabalhar em grupo, contando para o
fazem.
ILUSTRAÇÃO 3: claquete para mundo o que você e seus colegas mais gostam de fazer, as expecta-
Disponível em: tivas que têm para o futuro, o que está errado no mundo e gostariam
marcar as cenas durante a
https://fnxl.ink/ETOITJ gravação. que mudasse e o que pretendem fazer para “mudar o mundo”.
Acesso em: 3 jun. 2022. A ideia é utilizar a câmera do celular para fazer um curta-metra-
gem, ou seja, um filme de curta duração, com base em um roteiro
escrito previamente, contando uma história que vocês vão decidir
como escrever, contar, interpretar e editar.
Mas, calma, não se preocupe, vamos ensinar o que fazer para
BNCC vencer cada etapa.
O trabalho com o projeto Luz, Preparado para pôr a mão na massa? Então, vamos começar.
câmera o estudante em ação
atende às competências e aos

visualspace/Getty Images
temas indicados a seguir:
Competências gerais: 1, 3, 4, 5, 6,
8, 9, 10.
Competências específicas: 4, 5, 6,
7, 8.
Temas Contemporâneos
Transversais: Multiculturalismo
Cidadania e Civismo

IMAGEM 72: jovens fazendo um filme com o celular.

260 Unidade 3 | Economia circular

260 Unidade 3 | Economia circular


Colocando as mãos na massa
O primeiro passo é a definição

miniwide/Shutterstock
do tema. Vocês podem fazer isso so- Professor, estimule os
zinhos, mas o ideal é discutir previa- estudantes a participarem do
mente com seu professor a respeito. projeto. A elaboração de um
A proposta inicial é que o vídeo curta-metragem permite a
tenha cerca de 10 minutos de du- integração de estudantes com
todos os perfis, de modo que cada
ração e que, após a apresentação,
um possa expressar seu talento.
vocês estejam preparados para Os mais extrovertidos podem
debater o tema e responder às per- interpretar os personagens. Os
guntas do público. mais tímidos podem cuidar do
Esse público pode ser – a cri- figurino ou do cenário. Aquele
tério do professor – apenas seus que gosta de escrever pode
ILUSTRAÇÃO 4: plateia de se encarregar do roteiro. O
colegas de classe, todos os alunos da escola ou até mesmo sua co- cinema. que gosta de tecnologia pode
munidade – pais, parentes, vizinhos e amigos, que poderiam ser cuidar da edição. E, se mais de
convidados para assistir a um “festival de curta-metragem” no colé- um estudante gostar da mesma
gio, com venda de pipoca para arrecadar fundos para a associação tarefa, incentive-os a trabalhar
de pais e mestres, por exemplo, o qual pode ser usado em futuras juntos, pois essa é uma habilidade
excursões da escola. extremamente valorizada no
mercado de trabalho hoje em dia.
É preciso fazer um planejamento detalhado de cada etapa, como
mostramos a seguir, discutindo esse planejamento com o professor,

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antes de executá-lo.
Cada grupo deverá ter o acompanhamento de um adulto res-
ponsável, maior de idade, que pode ser um parente próximo de um
dos alunos e que vai se reportar ao professor, assumindo a supervi-
são dos trabalhos.
Esse adulto deverá estar presente nas filmagens, principalmen-
te se houver alguma tomada externa que deve, necessariamente,
ser autorizada pelos pais ou responsáveis.

Etapa 1: escolha do tema e divisão de tarefas


Vocês deverão contar uma história usando elementos de sua ILUSTRAÇÃO 5: a venda de

cultura e vivência em comunidade, algo que descreva quem vo- pipoca para a exibição de
cês são e os anseios causados pela passagem da infância para a filmes no colégio pode gerar
adolescência. fundos para a associação de
Há várias maneiras de filmar um curta-metragem; a tradicional pais e mestres.
seria com atores interpretando uma história, mas também pode
ser uma narração com imagens passando ao fundo e música ou
até uma sequência de desenhos que vocês mesmos podem fazer.
Usem a criatividade!
Organizem-se em grupos pequenos de até seis integrantes e
reúnam-se para assistir a alguns filmes de curta-metragem.

Unidade 3 | Economia circular 261

Unidade 3 | Economia circular 261


Há muitos curtas-metragens de diferentes estilos, incluindo ani-
mações, disponíveis na internet. Escolham alguns como fonte de
inspiração e debatam no final a respeito da história:
Professor, caso decida levar a 1. Qual é a mensagem da história?
discussão sobre a análise de filmes
2. Existe alguma curiosidade envolvendo o filme?
de curta-metragem disponíveis
na internet para a sala de aula, 3. Que efeitos o filme usou para transmitir essa mensagem?
há algumas sugestões no Manual 4. Vocês mudariam algo no filme se pudessem? O quê?
Geral do Professor para trabalhar Sugestões:
o conteúdo de filmes comerciais. • O filho do vizinho, de Alex Vidigal, 2010. Disponível em:
https://fnxl.ink/FFTSYZ
• Gentileza gera Gentileza Todo Dia (Kindness Boomerang
All Day) Disponível em: https://fnxl.ink/KFHQIS
• História de um urso (Historia de un oso), de Gabriel Oso-
rio, o primeiro curta da América Latina a ganhar um Oscar
(2016). Disponível em: https://fnxl.ink/JGFWZG
• Iremos para as estrelas? Um monólogo de Carl Sagan – Se-
nhor do Tempo. Disponível em: https://fnxl.ink/VGQYYK
• #NossoPlaneta Como salvar o nosso planeta.
WWF-Brasil (legendado em português).
Disponível em: https://fnxl.ink/RGVEMI
• Hapiness (A história da busca implacável de um roedor por
felicidade e realização), de Steve Cutts.
Disponível em: https://fnxl.ink/WIHVYY
Acessos em: 4 jun. 2022.
A produção de um vídeo ocorre em três etapas: a pré-produção,
a produção e a pós-produção.
A pré-produção é uma etapa muito importante, pois nela de-
fine-se o roteiro, quem serão os atores e as atrizes (se houver),
verifica-se o que é necessário para cada cena, ou seja, é feito o pla-
nejamento da produção.

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ILUSTRAÇÃO 6: o debate leva
ao crescimento e a uma
visão maior do todo.

262 Unidade 3 | Economia circular

262 Unidade 3 | Economia circular


Na produção, executa-se tudo o que foi planejado. Se ela
não for bem planejada, a produção não sairá a contento.
Já a pós-produção é a edição das cenas gravadas e a cria-
ção efetiva da história e de sua fluidez.
Professor, acompanhar os
estudantes na criação do
O editor precisará adquirir familiaridade com recursos argumento é uma ótima
tecnológicos e tomar o cuidado de usar músicas que sejam oportunidade para conhecê-los
de domínio público, ou seja, que não exijam a compra de di- melhor, entender suas atitudes,
reitos autorais. dificuldades e, provavelmente
servirá para orientar o trabalho
Etapa 2: preparação para a produção no próximo ano (caso continue
Nesta fase, os grupos devem se reunir para decidir o que lecionando para a mesma turma).
será abordado no vídeo. O importante é que o con- O ser humano está em constante

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texto da história se relacione com o tema proposto. transformação, principalmente
nessa idade; desse modo,
As discussões e as atividades escolhidas para tra- e entender o impacto das
tar do tema na Etapa 1 devem nortear a escolha do experiências que eles vivenciam
que será produzido pelos grupos. Cada grupo deve no desenvolvimento escolar pode
produzir um texto que conte, em linhas gerais, a his- ser a chave para otimizar esse
tória que será abordada no vídeo. Na indústria cine- desenvolvimento.
matográfica, esse texto é denominado argumento.
Esta é uma parte muito importante e que vai dire-
cionar todas as etapas da produção do vídeo. O texto
deve ser corrigido pelo professor.
Vocês também podem tomar, como ponto de par-
tida para a história, algum fato real, uma notícia de
jornal, algo relacionado a um problema que sua comu-
nidade esteja enfrentando.
Sejam criativos, mas, em hipótese alguma, con-
tem histórias de pessoas reais sem a autorização por
ILUSTRAÇÃO 7: um bom
escrito, ou algo que possa constranger alguém, pois argumento é o primeiro
é ilegal e, na indústria cinematográfica, significa o impedimen- passo para o sucesso do
to de exibir o filme, abertura de processos judiciais e indeniza- curta-metragem.
ções milionárias.
Seu professor vai assistir aos filmes e fazer uma avaliação
prévia; assim, se não atender às exigências legais, ele não po-
derá ser exibido ao público; consequentemente, vocês terão
perdido todo o trabalho, por isso sejam responsáveis e profis-
sionais. Quem sabe esse não é o primeiro passo em direção a
uma carreira na área?
Após a definição da história, é hora de criar os personagens
(se houver) de acordo com o número de integrantes do grupo.
Vejam, a seguir, uma lista das funções envolvidas na reali-
zação de um filme e decidam quem é o mais apto para realizar
cada função. Cinema é trabalho em equipe.

Unidade 3 | Economia circular 263

Unidade 3 | Economia circular 263


• Roteirista: cria o roteiro do vídeo.
• Atores/atrizes e figurantes: atuam como personagens.

Professor, o exemplo que • Direção de arte: desenvolvem os elementos que vão

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colocamos no texto é simples e compor a cena.
acessível à faixa etária. Se notar • Cenografista: cuida do cenário em que serão feitas as
um engajamento maior por parte filmagens.
dos estudantes ou uma vontade
de saber mais a respeito, você • Figurinista: é responsável pelas roupas de personagem
pode indicar o site da academia nas gravações.
internacional de cinema. • Maquiador: é responsável pela maquiagem dos atores.
Há um artigo chamado “Como • Direção de som: cuida da captação de som durante as
Fazer um Roteiro” (no caso, de
gravações e separação das músicas tocadas nas cenas
um longa-metragem) que ensina
os nove passos utilizados por (se houver).
roteiristas profissionais para • Iluminador: cria os efeitos de iluminação durante as
elaborar seus trabalhos. gravações.
ILUSTRAÇÃO 8: o diretor é
Disponível em:
responsável por coordenar Etapa 3: pré-produção – roteiro
https://fnxl.ink/NBUEWW. Acesso todas as etapas de produção
em: 12 jun. 2022. do filme. Aqui, entra o trabalho do roteirista. A função do roteiro é
orientar a produção do vídeo. A história criada no argumento
(etapa 2) deve ser desenvolvida descrevendo as cenas, as atitu-
des e as falas de cada ator/atriz.
Por exemplo, se você quiser fazer um curta chamado “O dia
Professor, estimule os estudantes
a trabalhar com profissionalismo. em que ela sumiu”, você não pode apenas escrever.
Como eles falarão deles mesmos, Pedro: Sabe que horas são? Onde essa menina se meteu?
da própria cultura, o que fazem, o
que pensam e o que anseiam, não Lia: Ela já devia estar em casa a essa hora.
será difícil engajá-los no projeto. Um roteiro precisa descrever o cenário e as atitudes de cada
Veja, no Manual Geral do Professor,
personagem, indicar o “clima” da cena, mais ou menos assim:
sugestões de como orientá-los
em cada etapa, a fim de que o Pedro está nervoso. Ele anda de um lado para o outro e,
trabalho saia a contento, e eles como a sala é pequena e cheia de móveis, esbarra no sofá, na
possam ficar orgulhosos do que
mesa, na cadeira. Ele vai até a janela e espia atrás da corti-
fizeram. Seja firme em relação ao
quesito respeito ao próximo. Eles na, depois olha o relógio na parede e se dirige até Lia, visivel-
não podem, em hipótese alguma, mente irritado.
utilizar o filme para constranger Pedro: Sabe que horas são? Onde essa menina se meteu?
ou difamar alguém. Eles podem
Lia também está nervosa, mas está tentando se controlar.
denunciar uma situação que os
Você sabia?
incomoda, como a falta de lazer no Lia: Ela já devia estar em casa a essa hora.
bairro, a necessidade de melhorias Veja mais dicas sobre como A câmera mostra um quadro na estante. É a foto de uma ga-
na escola, o tratamento que escrever um roteiro no Blog de
rota com cerca de 12 anos, sorrindo, de aparelho nos dentes.
recebem da sociedade, mas, de Criação de Roteiros
uma forma geral, sem apontar uma Disponível em: O cenógrafo saberá que se trata de uma sala cheia de mó-
pessoa específica nem reproduzir https://fnxl.ink/QJIXLH. veis, uma janela com cortina, um relógio na parede e um quadro
em cena um fato que todos Acesso em: 12 jun. 2022.
na estante.
conhecem sob o ponto de vista
deles e sem que o outro lado tenha 264 Unidade 3 | Economia circular
oportunidade de se expressar.

264 Unidade 3 | Economia circular


O figurinista saberá que são pais dentro de casa vestidos
informalmente e o maquiador saberá que a maquiagem deve
se restringir a correções para não deixar a pele brilhar com a
iluminação. O diretor saberá como posicionar todos esses ele- Professor, converse
mentos para ter um bom resultado e os atores saberão o estado regularmente com o
emocional dos personagens e como agir em cada cena. Assim, o adulto responsável pelo
roteiro orienta o trabalho de toda a equipe. acompanhamento de cada grupo
nos trabalhos de criação do
Etapa 4: pré-produção – leitura do roteiro e or- curta-metragem.
ganização para a gravação Verifique se tudo está saindo a
contento, se os estudantes estão
Depois do roteiro pronto, cada membro do grupo deve
trabalhando em equipe de forma
receber uma cópia e marcar sua parte com caneta ou lápis. colaborativa ou se surgiu algum

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Com a cópia em mãos, o grupo deve se reunir para ler conflito que não está sendo
o roteiro, debater pontos que não ficaram claros, sugerir facilmente solucionado.
mudanças, se for o caso, e checar a viabilidade dos cená- Nesse caso, chame o grupo para
rios e as soluções para possíveis substituições. conversar ou tente debater em
Nesse momento, é importante que o grupo entre em sala de aula os conflitos de forma
consenso sobre o roteiro e o que será feito. Cada um pre- geral, sem especificar a situação.
cisa expor seu ponto de vista e seus desejos, porém, na Conte que é comum que surjam
certa, terá de ceder em alguns pontos, já que é impossível conflitos na vida profissional
atender em um único roteiro de 10 minutos todas as ideias ILUSTRAÇÃO 9: o ator quando se trabalha em equipe, e
de todos os integrantes. interpreta um personagem que aprender a lidar com eles e
com o objetivo de transmitir resolvê-los de forma satisfatória
É exatamente o que ocorre na vida real. Então, conversem,
ao público as ideias e será fundamental para que
negociem, estabeleçam prioridades e limites, e fechem o rotei- emoções que ele sente. tenham sucesso na carreira que
ro. Uma nova cópia do roteiro final deve ser distribuída entre escolherem.
os integrantes.

Etapa 5: pré-produção – ensaios e preparação


para gravar
É importante que, em todas as etapas e atividades, o adulto
responsável pelo grupo esteja presente.
Com essa cópia em mãos, o figurinista deve começar a pen-
sar como conseguirá a melhor roupa para cada cena, o maquia-
dor deve verificar a quem vai pedir a maquiagem emprestada, o
cenografista vai decidir onde serão feitas as filmagens e o dire-
tor de arte deve imaginar materiais para compor a cena.
Diretor de som e iluminador pensam nas músicas, no som e
na luz. Alguns efeitos com luzes coloridas podem ser úteis para
valorizar determinada cena. Contudo, dependendo da estru-
tura do local onde será feita a gravação, um ou outro recurso
pode não ser necessário.
Os atores devem decorar as falas e ensaiar, fazendo as mar-
cações de cena que estão no roteiro (por exemplo, andando de
um lado para o outro, trombando com os móveis).

Unidade 3 | Economia circular 265

Unidade 3 | Economia circular 265


Desse modo, cada profissional vai analisar o roteiro e fazer
Você sabia?
sua parte para que tudo esteja em ordem no dia da gravação.
A falta de material ou o A sugestão é que os vídeos sejam gravados com um celular;
Professor, peça que o adulto que esquecimento das falas
está acompanhando os grupos pode prejudicar todo um por isso, é importante que pelo menos um integrante do grupo
na criação do curta-metragem dia de trabalho. A fal- tenha celular ou que o adulto responsável pelo grupo se dispo-
busque na internet: ta de organização gera nha a emprestar o seu.
desmotivação e impacta
“Como fazer um tripé para gravar o resultado final. Por isso, Nesse caso, verifique se a câmera tem boa resolução e, prin-
com a câmera de celular” organizem tudo em detalhes. cipalmente, boa captação de som.
Há diversas sugestões e filmes O esforço vai valer a pena
Veja a seguir algumas dicas complementares que podem ser
mostrando o passo a passo e, depois, é só desfrutar o
sucesso do trabalho de vocês. úteis para o dia da gravação.
utilizando canos de PVC, por
exemplo. Alguns pais podem 1. Para fazer a gravação sem tremer, utilize um aparato
trabalhar em construção civil que deixe a câmera imóvel. Peçam ajuda ao adulto para
ou ter feito uma reforma solucionar esse problema.
recentemente em casa e, dessa
2. Filme durante o dia e ao ar livre (no quintal de casa ou no
forma, talvez seja possível
conseguir o material sem nenhum pátio da escola) para evitar problemas com iluminação.
custo. 3. Se fizer filmagens internas, deixe janelas e cortinas aber-
Estimule a participação e o tas e/ou utilize uma luminária sem cúpula como refletor.
envolvimento dos pais e da 4. Para captar áudio, é interessante ter microfones exter-
comunidade no projeto. Isso nos. Verifique a disponibilidade desse recurso na escola
vai valorizar o trabalho dos ou na associação do bairro.
estudantes e, no final, aumentará 5. Para a gravação das cenas, é imprescindível providen-
o interesse de todos em ir ao
ciar a autorização dos pais ou responsáveis sobre o
“Festival de curta-metragens” da
escola. direito de imagem dos estudantes que vão interpretar
os personagens.

Etapa 6: produção – gravação das cenas


Assim que chegarem ao local de gravação, os atores devem
vestir o figurino e fazer um ensaio simples das falas, enquanto
Você sabia? os outros participantes preparam o local.
Gravar um filme é uma Devem ser verificados a luz e os barulhos externos. Tudo
atividade muito estimulante deve ser organizado de forma que quem vai gravar possa cap-
e divertida, mas podem turar sons e imagens de qualidade mínima para a edição. Após
ocorrer imprevistos e demorar
mais do que o esperado; por o ensaio, os atores podem ser maquiados, caso seja necessário.
isso, deixem pipoca e água à A gravação das cenas não precisa ser na ordem do roteiro.
disposição, ou algum outro
Comece pelas mais fáceis.
lanche ou bebida, para que
os “profissionais” possam se Antes de começar a gravar, registre o número da cena (de
servir durante os intervalos. acordo com o roteiro) para facilitar a identificação na hora
Se possível, verifiquem com
da edição.
antecedência se todas as cenas
poderão ser gravadas em um Para isso, basta, por exemplo, que um estudante bata palma
único dia, ou se será necessário e diga “Cena 1” e, assim por diante, sempre que começar a gra-
mais tempo.
vação de uma nova cena.

266 Unidade 3 | Economia circular

266 Unidade 3 | Economia circular


Etapa 7: pós-produção – edição e planejamento
da exibição
É a edição das cenas que atribui sentido ao vídeo. Professor, se conseguir reunir a
Geralmente, a edição é realizada por aquele que tem comunidade para um “Festival de

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mais familiaridade com ferramentas tecnológicas, curta-metragem”, é possível fazer
mas isso não significa que outros integrantes do gru- uma brincadeira semelhante ao
Óscar. Uma sugestão seria montar
po não possam aprender e ajudar. Cada pessoa tra-
um grupo entre professores,
balha de um jeito, entretanto sugerimos que as cenas
diretores e funcionários da escola
sejam transferidas para um computador, em uma para votar e premiar o:
pasta específica para facilitar o acesso.
• melhor roteiro;
Um recurso fácil de utilizar para gravar e editar
• melhor filme;
os vídeos é o aplicativo VivaVideo. Essa ferramenta
• melhor trabalho de edição;
é gratuita, pode ser utilizada no celular e permite a
gravação e edição das cenas de forma rápida e intui- • melhor trilha sonora;
tiva no próprio aplicativo. • melhor atriz;
Na internet, há vários tutoriais sobre o VivaVideo. • melhor ator;
ILUSTRAÇÃO 10: a edição das
Caso o grupo queira uma edição mais elaborada, pode ser • melhor diretor;
cenas é o que dá sentido à
utilizado o computador. história. • melhor iluminação;
Nesse caso, há vários programas de edição gratuitos, • melhor figurino;
do iniciante ao avançado. Veja algumas sugestões no site: • melhor cenário.
Sambatech. Disponível em: https://fnxl.ink/ZWWQXA. Acesso Seja generoso. Todos os grupos
em: 3 jun. 2022. devem sair da escola com algum
Efeitos especiais e músicas podem ser encontrados na inter- prêmio. Lembrem-se sempre
net, mas fiquem atentos apenas para que sejam de domínio pú- de que ainda são crianças, que
precisam ser estimuladas a seguir
blico, ou seja, livres de pagamento de direitos autorais.
em frente.
Última etapa: exibição dos vídeos e discussão Valorize e elogie todos os
trabalhos. Eles se esforçaram e

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Sugerimos que a exibição dos vídeos seja programada de
merecem ser reconhecidos.
forma organizada para não haver interrupção.
Eles querem se sentir importantes
Após cada exibição, o professor pode promover um debate e ouvir que fizeram algo grande.
acerca da abordagem feita pelo grupo.
Os prêmios podem ser simbólicos:
As discussões são importantes e levam a reflexões que vão uma estrela recortada em
além do entretenimento. cartolina, com alguma purpurina
No final de todas as apresentações, é importante promover colada em cima e um alfinete de
uma discussão mais ampla, de modo que todos possam parti- gancho atrás, seria suficiente para
cipar. É um ótimo momento para você se expressar, mostrar o
deixá-los orgulhosos e felizes.
que pensa, seus anseios e dúvidas, valorizar sua cultura e contar A escola é um aprendizado para
seus planos para fazer desse mundo um lugar melhor.
ILUSTRAÇÃO 11: troféu, o
a vida. Que seja o aprendizado
sucesso e reconhecimento para uma vida feliz e repleta de
Os vídeos podem ser hospedados no site da escola e, se os por seu trabalho e esforço. realizações!
responsáveis autorizarem, poderão ser usados para iniciar uma
discussão em outras turmas, em outros anos.

Unidade 3 | Economia circular 267

Unidade 3 | Economia circular 267


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comeca-em-21-de-dezembro/RevistaBrasileiradeAstronomia.pdf
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Astronomia-11-03-2017.pdf
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268 Unidade 3 | Economia circular


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REFERÊNCIAS
COMENTADAS

Unidade 1 - Eixo: Terra e Universo


• BRODY, D. E.; BRODY, A. R. As sete maiores descobertas científicas da história. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
A primeira parte desse livro trata da Gravidade, da Mecânica e da Revolução Científica ocorri-
da nos séculos 17 e 18 com Galileu, Kepler, Copérnico, Tycho Brahe e Newton.
• BRYSON, Bill. Breve história de quase tudo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
O livro trata de vários temas ligados à Ciência, com linguagem acessível.
• CANIATO, R. [Re]descobrindo a Astronomia. Campinas: Átomo, 2013.
Apanhado geral da Astronomia, com conteúdos históricos e experimentos que podem ser feitos
com materiais de fácil alcance, de maneira clara e didática.
• CHASSOT, A. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.
O livro faz um apanhado histórico da Ciência desde os primórdios da civilização humana até o
final do século 20, sendo uma boa referência para os professores.
• DYSON, F. Infinito em todas as direções. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Escrito pelo veterano astrofísico britânico, traz interessantes discussões sobre a vida no Universo.
• FISHER, L. A ciência no cotidiano. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
O livro trata de temas cotidianos sob o ponto de vista de Ciências da Natureza, como o que
acontece com o ovo quando é cozido, como o bumerangue é lançado e retorna ao lançador, e
outros temas ligados ao dia a dia.
• GALILEI, G. Sidereus nuncius: o mensageiro das estrelas. Rio de Janeiro: Museu de
Astronomia e Ciências Afins, 1987.
Livro clássico de Galileu, no qual ele relata suas observações astronômicas da Lua, dos planetas
e das estrelas, com sua luneta.
• GAMOW, G. Gravidade. São Paulo: Edart, 1973.
Com didática clara, o cientista explica a gravidade e algumas de suas consequências, como a
queda dos corpos, as marés e as órbitas planetárias. Livro agradável de ler e muito instrutivo.
• KOMAROV, V. Nueva astronomía recreativa. Moscou: Mir, 1985.
Exposição dos principais temas da Astronomia para o público em geral (divulgação científica),
levantando, em alguns momentos, hipóteses curiosas, como “e se a luz não existisse?”.

Referências Comentadas 269

Unidade 3 | Economia circular 269


• NARDI, R. (org.). Questões atuais no ensino de ciências. São Paulo: Escrituras, 1998.
Livro com 10 artigos de autores variados que discutem o ensino de Ciências, enfocando o ex-
perimento no ensino, concepções de ensino, Educação Ambiental etc. Excelente material de
referência aos professores.

• Verne, Júlio. Viagem ao Centro da Terra. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.


Clássico de ficção, conta a história de uma expedição ao centro da Terra.

Unidade 2 - Eixo: Vida e evolução


• CAMPBELL, M. K. Bioquímica. 3. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Obra de referência no estudo da Biologia, utilizado como base para muitas ilustrações e checa-
gem das informações que constam na coleção.

• COZZOLINO, S. M. F.; COMINETTI, C. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição nas


diferentes fases da vida, na saúde e na doença. 2. ed. São Paulo: Manole, 2019.
Trata-se de um livro sobre nutrição bastante completo. Além de explicar os fundamentos cien-
tíficos da nutrição a partir da bioquímica do organismo, fornece informações sobre as desco-
bertas mais recentes nesse campo para pessoas em diferentes idades e condições de saúde.

• JACKSON, J. S. , Divirta-se com segurança − Um manual para as crianças permanecerem


saudáveis, felizes e seguras. São Paulo: Paulus, 2009.
O livro trata da importância na vida das crianças da orientação de um adulto responsável sobre
o uso adequado dos meios tecnológicos que estão à disposição, como televisão e internet.

• JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.
Obra de referência no estudo da Biologia molecular e celular, o material traz uma base teórica
fundamental na análise das propriedades das células e seus diferentes níveis de organização.

• KANDEL, E. et. al. Princípios de neurociências. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
O livro de referência para o estudo do sistema nervoso foi utilizado como suporte teórico para
que os estudantes pudessem compreender, de forma integrada, como os sistemas nervoso
central e periférico coordenam as funções do corpo humano.

• KOLBERT, Elizabeth. A Sexta Extinção: Uma História Não Natural. Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2015.
O livro apresenta discussões de como o ser humano tem alterado a vida no planeta como ne-
nhuma outra espécie jamais foi capaz de fazer.

• SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 24 ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2018.
Referência no aprendizado da anatomia humana, traz imagens de órgãos e sistemas humanos
com altíssima qualidade.

• TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
A obra é importante para fornecer a base teórica em relação à classificação dos microrganismos.

270 Referências Comentadas

270 Unidade 3 | Economia circular


Unidade 3 - Matéria e Energia
• ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna. São Paulo:
Bookman, 2011.
É um livro universitário de Química Geral que aborda os conceitos de forma dinâmica e atuali-
zada, obedecendo às definições e padronizações da IUPAC (União Internacional de Química
Pura e Aplicada).

• BIRCH, H. 50 ideias de Química que você precisa conhecer. São Paulo: Planeta, 2018.
O livro tem uma linguagem acessível e ajuda a despertar no estudante o interesse pelas Ciências,
enfatizando a interação entre elas, mostrando como os conceitos de Química estão relaciona-
dos a áreas como Meio Ambiente, Biologia, Astronomia, Física e trazendo à tona as possibilida-
des do conhecimento científico para o futuro.

• BOMFIM, M. R. Especialização de mineração e meio ambiente: avaliação de impactos


ambientais da atividade minerária. Cruz das Almas: UFRB, 2017.
O livro, disponível na internet, faz uma análise da atividade de mineração e dos impactos am-
bientais decorrentes dessa atividade, apontando caminhos para torná-la mais segura e susten-
tável.

• BRADY, J. W.; RUSSELL, J. W.; HOLUM, J. R. Química: a matéria e suas transformações. 3.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v. 1.
Traz os fundamentos básicos sobre estrutura da matéria e suas transformações.

• DIAMOND, J. Colapso, como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. São Paulo:


Record, 2005.
O livro mostra a história de civilizações antigas que tiveram seu ápice, mas que, devido a uma
série de fatores, como superpopulação, desmatamento, desperdícios de recursos naturais, di-
ficuldades comerciais e pressões externas, entraram em declínio e desapareceram. Ao mesmo
tempo, mostra que existem sociedades que encontraram soluções para esses problemas e
subsistiram. Será que podemos aprender com elas?

• DIAS, Sonia & CALVI, Gian. Água, meio ambiente e vida. São Paulo: Global, 2010.
Livro sobre os cuidados que devemos tomar com a água. Prega que, para minimizar a ameaça
de escassez e a falta de qualidade da água, é preciso que haja conscientização e mobilização
social.

• GONOCK, L.; CRIDDLE, C. Química geral em quadrinhos. São Paulo: Blucher, 2013.
Apesar de ser um livro universitário, pode ser consultado pelo estudante devido ao apelo visual
e ao fato de os conceitos serem transmitidos por meio de tirinhas bem-humoradas, sem exigir
conhecimentos prévios, uma vez que tudo é explicado do início.

• NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.


Livro clássico indicado para estudantes de Engenharia Civil que discute as propriedades e o uso do
concreto obtido a partir de misturas em diferentes proporções de óxidos, justificando as proprie-
dades do material obtido em função dos fenômenos químicos e físicos relacionados ao uso do
concreto.

Referências Comentadas 271

Unidade 3 | Economia circular 271


• PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry’s Chemical Engineer’s Handbook. 6. ed. Kansas:
McGraw-Hill, 1997. (Chemical Engineering Series).
Livro de referência para as constantes físicas, como densidade, temperaturas de fusão e de
ebulição de elementos e compostos químicos, utilizadas na coleção.

• SOUZA, N. A.; BORUCHOVITCH, E. Mapas conceituais: estratégia de ensino/aprendizagem e


ferramenta avaliativa. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 195-218, dez. 2010.
O artigo foi utilizado para fundamentar as informações sobre mapas conceituais e seu eventual
uso como estratégia.

• TOMA, H. E. Elementos químicos e seus compostos. São Paulo: Blucher, 2013.


O livro tem como objetivo trabalhar os conceitos fundamentais da Química para discutir os
avanços das Ciências nas mais diversas áreas, da nanotecnologia às estruturas bioquímicas da
vida. É um material interessante para o trabalho com a área de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias.

• RICKLEFS, R. E.; RELYEA, R. A economia da natureza. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2016.
O livro foi utilizado para dar suporte à criação de um conteúdo que estimulasse os estudantes
a compreender como as ações humanas representam impactos ao meio ambiente, bem como
a avaliar maneiras de mitigar esses danos, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento sus-
tentável.

• ZANIN, M. Resíduos plásticos e reciclagem: aspectos gerais e tecnologia. São Paulo: Scielo:
Edusfscar, 2009.
O livro defende que, com o aumento vertiginoso da população humana e o consumo e descar-
te de plástico cada vez maior, a reciclagem aparece como uma ação necessária e urgente.

272 Referências Comentadas

272 Unidade 3 | Economia circular

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