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FRANZÃO, A. A.
MELO, B.
SUMÁRIO
Introdução
Variedades
Clima
Propagação
Tratos Culturais
Irrigação
Cultura intercalar
Pragas
Doenças
Produtividade e colheita
Custo de produção
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Introdução
Com um agradável aroma e sabor, aceita pela maioria dos consumidores, pela
precocidade de produção e sua riqueza em vitamina C, a acerola vem despertando
grande interesse por parte dos consumidores, produtores, indústrias e exportadores
dentro da fruticultura nacional e mundial.
Em 1753, a acerola foi classificada por Linaeus, citado por Argles (1976), como
Malpighia glabra. Poucos anos depois, em 1762, o mesmo botânico deu o nome de
Malpighia punicifolia a uma espécie similar ou idêntica.
Asenjo, citado por Alves (1992), informou que novos estudos haviam permitido
concluir que Malpighia glabra L. e Malpighia punicifolia L. são sinônimos, embora se
apliquem a uma espécie diferente de acerola. Informou por outro lado, que seu
nome correto é Malpighia emarginata Dc.
Ruehle, citado por Simão (1971), esclarece que Malpighia glabra L. é um arbusto
de tamanho médio, com 2 a 3 metros de altura. Possui ramos densos e espalhados,
folhas opostas, com pecíolo curto, ovaladas e elíptico-lanceoladas, medindo entre
2,5 e 7,45 cm. A base e principalmente o ápice das folhas são agudos, de coloração
verde-escuro brilhante na superfície superior e verde-pálido na superfície inferior.
Uma vez que os pomares de acerola existentes no Brasil são oriundos de Porto
Rico, acredita-se que sejam formados, essencialmente, a partir de Malpighia glabra
e/ou Malpighia punicifolia. É importante assinalar que em pomares implantados na
região do Submédio São Francisco existem plantas glabras que não produzem
irritação na pele durante a colheita. Outras, entretanto, causam forte irritação
quando em contato com a pele humana, devido à presença de pêlos nas folhas.
Esta observação reforça a hipótese da existência, no Submédio São Francisco, de
Malpighia glabra e Malpighia punicifolia.
Em geral, as acerolas apresentam três sementes por fruto. Cada semente está
inserida num caroço reticulado e mais ou menos trilobado (Simão, 1971). É
bastante comum que algumas sementes sejam inviáveis, em virtude do
abortamento do embrião, que responde pelo baixo índice de germinação
constatado.
De acordo com Batista e outros (1989) e Simão (1971), a acerola ou cereja das
Antilhas produz de três a quatro safras por ano. A observação direta de pomares
irrigados da região do Submédio São Francisco confirma, entretanto, a possibilidade
de produção contínua durante quase todo o ano. Almeida e Araújo (1992) informam
que, se receber irrigação e tratos culturais adequados, a aceroleira pode produzir
quatro a seis floradas por ano. Esse comportamento se deve basicamente às
condições de clima associadas à prática da irrigação, que ao favorecerem vários
surtos de crescimento propiciam também a floração e frutificação quase contínua. É
importante que a planta seja adequadamente suprida de nutrientes essenciais,
sobretudo nitrogênio, e de água após uma floração, pois é comum o abortamento
de flores submetidas a condições adversas.
No Brasil alguns estados já exportam acerola sob a forma de suco, polpa ou fruta
congelada para Holanda e o Japão, alem de explorarem o mercado interno. Vaz,
citado por Alves (1992), informa que o Japão pretende importar o equivalente a
US$ 30 milhões em suco concentrado, polpa e fruta em natura. A produção
brasileira de acerola ainda é suficiente para atender a essa demanda.
Estudada desde 1946 por diversos pesquisadores, dentre eles Asenjo (1959) e
Sena e Pereira (1984), como uma rica fonte de vitamina C, o consumo da acerola
deve ser incentivado pois possui grande valor nutricional e medicinal.
Por ter um alto teor de vitamina C, conclui-se que a acerola pode desempenhar
um papel importante na alimentação das pessoas.
Variedades
As acerolas são classificadas em doces e ácidas. Sendo que as acerolas são mais
ricas em ácido ascórbico. Simão (1971) informa que no Havaí foram selecionados
os seguintes clones: Grupo doce – 4-43 (Mamoa); 9-68 (Rubi Tropical) e 8E-32
(Rainha do Havaí). No grupo ácido destacam-se: 3B-21 (J. H. Beaumont); 22-40
(C. F. Rehnborg) e 3B-1 (Jumbo Vermelho).
Variedades doces:
Variedades ácidas:
F. Haley: Forma boas árvores para pomares, sendo facilmente conduzida para
formar tronco único, e tem hábito de crescimento ereto. Seus ramos são alongados,
com ramagem lateral não esparramada. Os frutos, de tamanho médio, têm
coloração vermelho-púrpura quando plenamente maduros. Esta variedade adapta-
se melhor às áreas mais secas.
Clima
A acerola ou cereja das Antilhas, é planta rústica, desenvolvendo-se em clima
tropical e subtropical, quando adulta (madura) suporta temperaturas de até 0º C.
Para Marty e Pennock (1965), a acerola não exige solos específicos. Os mais
indicados são os de média fertilidade e os argilo-arenosos por reterem maior teor
de umidade. Entretanto, certos cuidados devem ser tomados, como a fertilização
adequada dos terrenos, arenosos e a drenagem das áreas de solos mais pesados
onde pode ocorrer salinação e evitando, nos solos mais arenosos as áreas
infestadas por nematóides.
Propagação
A aceroleira é uma planta considerada de propagação simples, dado que pode ser
multiplicada por vários processos. Ela se propaga facilmente com o emprego de
sementes, estaquia e enxertia (Amaral, 1992; Matry e Pennock, 1965; Holmquist,
1966; Bezerra e outros, 1992).
Cumpre acrescentar que as mudas, quer propagadas por estaquia quer por
enxertia, devem ser adquiridas de entidades ou produtores credenciados e idôneos.
Este aspecto é de primordial importância, pois o sucesso do empreendimento
frutícola depende fundamentalmente da qualidade da muda utilizada.
Tratos Culturais
O controle das plantas daninhas, tem sido feito por capinas manuais na projeção
da copa, deixando o mato para ser rebaixado com roçadeiras ou manualmente com
ferramentas apropriadas. Na Zona da Mata (Região Nordeste); tem sido comum
esta prática no período de chuva.
A poda de ramos indesejáveis deve ser feita assim que necessária para evitar
que a planta gaste energia com ramos que mais tarde terão que ser podados. Se
feito isto tardiamente, poderá determinar a formação de uma copa defeituosa.
A poda drástica tem sido executada uma vez ao ano, quando a planta já adulta,
encontra-se em repouso vegetativo, o que acontece no período de chuva no
Norte/Nordeste ou no inverno para outras regiões.
Essa poda é feita visando reduzir a altura da copa em 1,5 a 2,0m, cortando os
galhos mais vigorosos e mal localizados, facilitando a operação de colheitas que se
concentram na primavera e verão.
A poda corretiva deverá ser feita após cada ciclo fenológico de produção ou
quando necessária, de modo a manter as plantas na altura padrão do pomar. Não
se recomenda as podas destinadas a estimular a frutificação, pois ainda carece de
estudos, e pesquisas antes que tal prática possa ser implementada em pomares
orientados para a produção comercial.
É de forma generalizada, que as aceroleiras com maior volume de copa são mais
produtivas. Daí a necessidade de agir com cautela no que concerne às podas de
frutificação, pois geralmente diminuem o volume da copa da planta o que em
algumas espécies prejudicam a produção.
A poda de limpeza é feita durante toda a vida útil das aceroleiras e torna
indispensável a manutenção da conformação desejada. Devendo ser feita quando a
planta estiver se flores e frutos, sempre que necessário.
Irrigação
Segundo Scaloppi (1986), a escolha dos sistemas de rega depende de uma série
de fatores técnicos, econômicos e culturais com as condições específicas da
propriedade: 1) recursos hídricos (potencial hídrico, situação topográfica, qualidade
e custo da água); 2) topografia; 3) solos (características morfológicas, retenção
hídrica, infiltração, características químicas e variabilidade espacial); 4) clima
(precipitação, ventos e evapotranspiração potencial); 5) culturas (sistema e
densidade de plantio, profundidade efetiva do sistema radicular, altura das plantas
exigências agronômicas e valor econômico); 6) aspectos econômicos (custos
iniciais, operacionais e de manutenção); 7) fatores humanos (nível educacional,
poder aquisitivo, tradição, etc.).
Cultura intercalar
Outro fator que define a espécie da cultura a ser consorciada com a acerola é o
sistema de irrigação adotado. Nas irrigações por sulco ou aspersão, as limitações
restringem-se apenas às espécies de cultura passíveis de consorciação. Se a
irrigação é a localizada, a intercalação de culturas, só pode ser feita entre plantas
ao longo da fileira. Porem se o produtor dispuser a movimentar as linhas laterais
dos sistemas de irrigação localizada – gotejamento, microaspersão, tubos
perfurados, será possível intercalar outras culturas entre as fileiras de aceroleiras.
2 – A deficiência de fósforo, boro, enxofre e ferro não tiveram efeito tão nocivo
sobre o crescimento das plantas quanto o produzido pela carência de nitrogênio,
porem diminuiu drasticamente a produção de frutos.
Silva e Junior e outros (1988), citados por Alves (1992), observaram que o
nitrogênio e o potássio são os elementos extraídos em maior quantidade pelos
frutos.
Simão (1971) recomenda ainda que até o início da frutificação a planta seja
adubada anualmente com esta mistura: 400 gramas de superfosfato de cálcio e
200 gramas de cloreto de potássio. Iniciada a frutificação, recomenda a aplicação
da seguinte fórmula: 660 1.000 gramas de sulfato de amônio ou nitrocálcio; 600 a
900 gramas de superfosfato de cálcio e 375 a 500 gramas de cloreto de potássio.
Esta adubação que é indicada para áreas dependentes de chuvas, deve ser dividida
em duas doses iguais, uma aplicada no início do período chuvoso e a outra no fim
desse período, em faixa circular distante entre 20 e 40cm do tronco ou na projeção
da copa.
A análise química do solo deve ser feita pelo menos a cada dois anos, para que
se possa avaliar a necessidade não só da aplicação, de corretivos, como da
adequação dos níveis de cálcio e magnésio.
Pragas
Os pulgões podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dos
ramos, provocam seu murchamento e morte, o que força a planta a gerar brotos
laterais. É comum o pulgão atacar flores e frutos em formação, prejudicando a
produtividade geral da cultura.
Bicudo (Anthomonus flavus Boheman)
Este inseto faz a sua oviposição no ovário das flores e nos frutos em
desenvolvimento, que serve como alimento a eles (Marty e Pennock, 1965). Quase
sempre os frutos atacados pelo bicudo se deformam. Marty e Pennock sugerem três
medidas básicas:
Nematóides
Choud hury e Coud hury, 1992, recomendam aos fruticultores seguintes medidas
para diminuir a população desses nimatóides.
Doenças
Marino Neto (1986) informa que os clones ou variedades de frutas mais doces
são dotados de grandes resistência a cercosporiose e as ácidas apresentam
diferentes graus de tolerância. Para esse autor, os produtos químicos à base de
cobre na sua formulação controlam essa doença.
Produção e produtividade
A lavagem dos frutos deve ser feita em esteiras rolantes adequadas para o uso
de jatos d’água fria sobre os frutos.
Seu congelamento deverá ser após a seleção e lavagem, levados para câmara ou
túnel de congelamento em recipientes que permitem a passagem uniforme de fluxo
de ar frio pelos frutos. O congelamento deve ser realizado no menor espaço de
tempo possível. No processo de congelamento lento ocorrem alterações físicas
muito drásticas no produto, principalmente formação de cristais de gelo, que
podem perfurar as células, liberando enzimas responsáveis pela degradação dos
principais constituintes (açúcares, vitaminas, entre outros) e provocam alterações
indesejáveis na cor (amarelecimento).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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