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DE

GRAM ÁTICA PHILOSOPHIC!


POR

xy/écinae/’^/oaicd c/a â fi/iia á$edcHc(Â

BACIIARMj FORMADO EM SCIENCIAS S06IAES E JURÍDICAS ^


PROCURADOR FISCAL E DOS FEITOS DA FAZENDA, LENTE
suè S t it u t o de g e o m e t r ia e membro do co selho
d ir e c t o r PA INSTRUCÇÃO PUBLICA NO LYCEU DO
CEARÁ.

CEARÁ:
.ATE A D A
NA TVPOGRAPIIIA SOCIAL,

1861 .
P R E I M ilO

Publicando este Compendio de Crammatica philosopliica , tão


extranho e excêntrico de quantos ha alii sobre esta materia, como
se vê, estou tão longe de presumir ser um trabalho bem acabado ,
que pelo contrario o julgo tão imperfeito, que quasi tenho por
certo o descrédito, em vez de applauso, assim por seus defeitos,
como por suas novidades. Mas, sem embargos disto, tendo es­
tudado e meditado mui attentamente os que tem merecido mais
approvação e nomeada no ensino publico, não julgo este meu in­
digno de entrar em juizo e medir-se com dies.
Digo isto, por que parece-me incontestável que , quanto se ha
escripto sobre Grammatica em nossa lingua, não passa de modi­
ficações mais ou menos bem assombradas e illusorias de dous gran­
des erros, que por sem critica e sem reflexão tem passado desa­
percebidos até hoje. Fallo da philosophia sensualista, que occu-
pou o vasto império do mundo, e da imitação servil da lingua
latina, que tem dominado a nossa.
Aphilosophia sensualista tem materializado a idealogia e lógica
da nossa lingua , e a imitação servil da lingua latina a tem escra­
vizado de tal sorte, que lhe não tem deixado mostrar a sua índole
e genio natural e proprio.
Quer-se por força que por ser a lingua portugueza oriunda da la­
tina tenha o mesmo genio e natureza, e seja sujeita ás mesmas
leis de classificação, de conjugação e de construcção e regencia ,
esquecendo-se que a latina, filha de uma philosophia barbara e
caduca, não pode acompanhar a philosophia moderna em seus
progressos, e modificar-se por elles por ser lingua morta, para ter
direito de submetter ás suas leis uma lingua viva, que no correr
dos séculos se tem vindo transformando e aperfeiçoando por estes
mesmos progressos.
Não se desnega a nossa lingua dessa filiação; mas tão outra
se acha, não só por seu caracter proprio, como por suas trans­
formações, que todo o seu parentesco com a latina se reduz ao
etymologico e orthographico , de que o uso pela pronuncia a tem
em muita parte dispensado.
Os artigos e as preposições da nossa, substituindo os casos da
latina, a tem constituido com feições e caracter tão proprio nas
suas conbinações lógicas e gràmmaticaes, que é força consideral-a
como emancipada, vivendo vida própria na sua independencia
c sobcrãniâ»
Pelo que escrevi, se deixa ao menos entrever, creio eu , que
procurei libertar a nossa lingua dessa servidão que nos legaram
os antigos clássicos, os quaes, como disse o grande Frei Fran­
cisco de S.Luis no seu Glossário, por falta de estudo philosophi-
co da lingua, cahiram em muitos defeitos no que respeita a or­
ganização da phrase e discurso, que hoje seriam erros graves, e
talvez indesculpáveis.
Conto, yorem, cotomuita
íutroducçao tie uma t ‘ym°logia tractou Ja idealogia
«iça; mas e preciso saber-8e que 1 ^ . . ca somente coni a
Soares Barbosa na sua Uaminal P“m0 ^ dei; e delle mesmo,
diflerença de lhe nao dai o' ' tirei auctorização paraad-
alem Charina na sua Lmg, «h ’entendo que uma suppoe a
ínittir uma Synlaxe lógica , P <1 { j exige , em meu pare-
outra. De ruais, o uso * * au se a Etimologia idealo-
« '• n . T O d T ? i . •. ? Syntax, lógica
£ l^ s e " no j . m a , harmoni-

S T i'X T S a r ^ a n d e s homens, que não tenha stdo


arguida destes'’ d'’ ‘luevimenlTpor emprehender 0 que na ver-
Reconheço o meu à idJd mas entendi que sem esse
dade e superior a «{‘‘'^ ^ n rosresso no que domina a rotina,
atrevimento nao pode have P g hamando\ attenção dos sábios
Qniz tirar delia a, nossa hn» > \ obrei bem; por que dahi

ctàdinhos°deSpalavras* que esfarn'en^moda com as novidades .de


algumas subtilezas e arguias* mas a quem per-
iNào me * possível; porque
doaram ellesí Mo espero *. j. Deusar para convencer a
Deus de» ao tomem a v r e sujeilal-o á raíã»
oaila um da faliu» idade d criticam com bom senão
social ou m t^ rsa h M^ t e n ^ a#8 critíeam, de
e eivdidade por amor su ue habitual ; dos que tudo cri-
'«*» P°rí d e tírer cousa ir-
ucam , p°f t. P , j,:cam de tudo, por que nao podem
repreÍ f K i l softer J»e outrem faça o qSe elles não podem
í' * . «festa resposta; Censurae os erros; mas,enatnae
Cucada; por .

t„L^r ; s e m eutabalho por amor da nossa

qyg nus traz atrasados.


Fortaleza Dcsombrô dé\ m i
B$wm>,
DA
LINGUA NACIONAL.
D e f in ir ã o e iH iisã o .
A Grammatica é a arte que ensina as teis da expres- \
são do pensamento por palavras.
Divide-se em geral e particular.
A Grammatica geral ou universal ensina as bases es-
scnciacs da linguagem em tolas as linguãs.
A Grammatica particular ensina as bases essenciaes
da linguagem com as modificações particulares de uma
lingua qualquer,
O vehiculo do pensamento ou da idea é a palavra na
Grammatica universal, e o vocábulo na Grammatica par-
íiculíir *
A palavra é a expressão geral do pensamento por sons
articulados.
O vocábulo é a expressão particular da idea também
por sons articulados.
Desta synonymia vem confundirem-se a palavra e o vo­
cábulo no uso conimum. _ r ,. ,
O som simples ou articulado que não e vehiculo de
alguma idea não é palavra nem vocábulo; porque o
pensamento, querendo fazer-se conhecer, procui a um
vehiculo no som da voz, une-se á voz, encarna de algu­
ma sorte na voz, faz-se voz, sam inseparáveis.
As palavras ou os vocábulos se podem considerar ou
em sua unidade absoluta, ou em suas combinações ordi­
nárias; por isso dividimos a Grammatica, segundo esta
consideração natural, em Etymòlogia e Syntaxe.
A Etymologia, pois, é a parte da Grammatica que
tracta da palavra considerada em sua unidade, mostram
do sua idea e especie, segundo sua origem natural, qua­
lidades ecaracteres. , *
Por ser a idea inseparável da palavra, como vimos,
dividimos a Etymologia em ídealogioa, e Yci la ,
2
A Etymologia Idealogica tracta das ideas, de sua formal
ção, de suas especies e de suas distincções.
A Etymologia Verbal ou Material mostra as palavras que-
sam veliiculos das ideas, e distinguc-as por sua naturcsa, por
suas propriedades, por seus generco, e porseus numeros.
A Etymologia Verbal ou Material, por quo tracta da
palavra separada da idea, pod’c considcrar-se como fal-
lada ou como escripta ; e por isso divide-se em Proso-
diaeOrthoepia ou Orthographia.
A Prosodia ensina os sons propríos e variados da voz,
eom que as palavras se devem pronunciar.
A Orthographia diz as letras e signaes com quo as
palavras se devem escrever.
A Syntaxe é a parte da Grammatica que tracta das pa-
lavras consideradas emsuas combinações,.formando pro-
posições expressivas de nossos juízos e raciocínios,
A combinação de palavras que não exprime um juizo
naõ é proposição recebida na Syntaxe.
A Syntaxe, por que trata das proposições inseparáveis do
juizo e raciocínio, dívide-se em Lógica e Coordenativa
A Syntaxe Lógica tracta do juízo e raciocínio em suas
diversas formas e ligações.
A Syntaxe Coordenativa occupa-se das proposições ex­
pressivas do juizo e raciocínio r segundo a concordância e
regencia de suas partes.
A. Syntaxe Coordenativa divide-se em Syntaxe Natu­
ral c Figurada.
A Syntaxe Natural ensina a combinar as palavras se­
gundo asLers geraes da Linguagem,
A Syntaxe Figurada ensina a combinar as palavras se­
gundo as Leis excepcionaes da Linguagem.
Pelo ensino da Grammatical accrescenlà-se-lhe a A-
nalyse, ©peraçaõ mversa da Syntaxe.
à Analyse, pois, é a arte que ensina a decompor as
proposições para examinar, se se-observaram as Leis da
Etymologia e da Syntaxe, e se sam bem conhecidas as
ideas e as propriedades das palavras na sua unidade, c
us suas relações nas suas combinações,
8
A Analyse divide-se em Grammatical ou de Etymologia,
e Logiça ou de Syntaxe , de que tractaremos no fim (1)

parte i.
D a E tym ologia,
A Etymologia tracta, como vimos, da palavra consi­
derada em sua unidade, e Como vehiculo da idea.
Nada mais falso, diz o padre Venfufa, do que esta pro­
posição ensinada em certas escolas? «A palavra é o signal
do pensamento. » O signal é o indicio da cousa, mas
não a cousa mesma. O fumo é o indicio do fogo, mas
não é o fogo mesmo. Entretanto a palavra é o pensamento
encerrado no vocábulo, tornado sensivel pela voz, e
passando do espírito de quem falia ao de quem ouve.
Por isso foi que dividimos a Etymologia em Idealogica e
Verbal.
TUIÍL01
D a Etymologist Idealogica.
CAPITULO h
H a fo rm a çã o d as ideas#
Depois de haver cfeado uma multidão infinda de dif-
(t ) Entendemos com o Sv Garret que a Grammatics, por
roais rudimentaria qu« s j i , náo pode prescindir destas divi*
sõesfi partes; porque dia elle:
« Cam a boa e bem entendida Grammatica está connexa
( ft talvez mais exactamente, á Grammatica está inherente)
a Ilealogia e a Logiea, ou as artes de formar as ideas de qu?
sam signaes as palavras r
As que temos, saro mais um breve tractado de palavras se­
paradas de toda a idea, do que propriamente uma Grammati­
ca; e por isso cabe-lhes o que disse Soares Barbosa nestes»
termos;
4
ferentes seres especiaes; uns corporeos, oulros incorpo-
reos, de que povoara o ceu c a terra, creou Deife o
homem, composto de alma c corpo suhstancialmcntc uni­
dos na unidade de seu ser, e revelou-llic pelos senti­
dos a existência dos seres corporeos, suas qualidades,
suas modificações e suas relações; c pela sua palavra a
dos incorporeos, suas faculdades, suas modificações, seus
deveres e seu destino.
Saído das mãos de Deus, não podia o homem sem ne­
nhuma idea, sem nenhum conhecimento delle, percebel-o,
concebel-o, e conhecel-o, nem conhecer-se a si, a lei, o de­
ver, o bem e o mal moral, senão pelo ensino de seu Crca-
dor, pela palavra divina, que devia receber c transmit-
tir á sua descendencia, sob pena de perpetua ignorância
do que mais lhe importava saber.
Por esta revelação tanto do mundo físico como do
mundo moral, dotou Deus o homem de - r i i M l d l U t a d e ,
i m a g i i i a f à ^ e « i i t e i i r t i m e n t o , formando-o as-
si mque pela impressão dos objectos corporeos sobre seus
orgãos, seus sentidos recebem a forma destes mesmos
corpos sem a sua materia, bem como a cera a do sinete
de prata ou cobre sem a materia deste, c a transmittem á
imaginação em estado de imagem ou fantasma. A i-
maginação ou fantasia, faculdade sensitiva, que não
excede o particular, não representa senão as imagens
ou fantasmas nas condições individuaes de tempo
e logar, como os sentidos lhe transmittiram e lhe im­
primiram. Ê o entendimento que, reíleclindo sobre
estas imagens ou fantasmas a sua luz intellectual, ou a
sua virtude de universalizar o singular, despoja-os
destas condições de individualidade, espiritualiza-os ain-
« P rem deixada ( d G aromatic^) p los Píiilosophos nas
mãos de homms ou igioruites, ou pouco hibos, se-reduziu
a um systtma informa e minucioso de exemplos e regras, fun­
dadas mais sobre analogies app*r;ntes, que sSbre a rnzaõ a
quem só competi inquirir e assignor a* verdadeiras- cauzas da
l.nguagèm, e segundo eiías ordenar a Grammalica de qualquer
lingua.
da mais do que os sentidos os haviam espiritualizado, ge­
neraliza-os, e forma a i i l e a
A idea é, pois,, a concepção do particular de um modo
universal. Ella ó filha do entendimento sem o menor
concurso do corpo.
O entendimento a gerou de si mesmo em si mesmo,
conhece-a, entretem-se com ella, e tende a manifestal-a
fora de si por signaes, e realizal-a por acções. Este co­
nhecimento é o que se chama o v e r b o /
Assim, o sentido da vista, por exemplo, o olho, formando
a especie intencional, ou a imagem de uma de
uma m e s a , de uma «*a4teirit, sem a sua materia,
não a dispoja de suas condições materiaes de logar e de
tempo. Elle vê sempre Ifista casa, D s t a meza, E s t a
cadeira, ’n e s t e momento, e ’ n e s t e logar; entretan­
to o entendimento, despojando as imagens ou fantasmas
destes objectos destas condições materiaes, generaliza o
que o olho não tinha feito senão espiritualizar, e vê ahi
A casa, %. meza, A cadeira. Assim, os sentidos nos
mostram o ser, o indivíduo; e o entendimento a idéa, a
especie dclle.
Ê por e st; maneira ou economia que, não transmiltin-
do os sentidos á imaginação senão a imagem ou fantasma
de um ser singular, de um ser tendo es as qualidades,
estas relações com os outros, a intelligencia ou o enteu*
dimento forma a idea das qualidades e das relações ge-
raes dos seres, isto é, asidéas de cor, de grandeza, da
acção e de paixão, de cauza e de effeito, de bem e de mal,
de verdadeiro ed e falso, de passado e de futuro, de
substancia e de aocidentes, de indivíduo e de especie?
de concreto e de abstracto, de todo e de parte, de prin­
cipio e de consequência.
Esta é a ordem do desenvolvimento do espirito huma­
no na formação das ideas dos objectos ou seres cor-
poreos; mas* não é a mesma na dos incorporeos
ou insensíveis; porque, como não sam realizados em
alguma materia ou corpo, não formam imagem ou
fantasma de si mesmo ev por si mesmo. Com tudo é
G
certo que o entendimento não pode formar a concepção
geral, a idea destas mesmas cousas iramateriacs, nem
tornar uitelligivel a natureza delias sem o seu particular;
porque tudo quanto existe, mesmo no raun.io espiritual
O moral, não é senão particular.
Em Deus mesmo, que não tem genero, pudemos
distinguir o que lhe-com em ser --o quo real men te é*
podemos considerar a sua natureza separada da sua exis­
tência* e formar a idea del Se, Quanto ao resto das e ou­
sas da mesma ordem espiritual o morei, é neeersa-
rio que qualquer 'ei ias seja representam per una
fantasma ou imagem a niosqia natureza, para o ' men-
dimenlo formar idea della. Ê, pois, a paiavra, quer am
ticulada pela voz, quer expressa pela escriptura, que,
passando pelos olhos eu pelos ouvidos, se colloca como
fantasma na imaginação. Então o entendimento, oluaódo
ao mesmo tempo o objecto particular que a palavra Ín­
dica, e o fantasma ou a mesma palavra em que clle
está encerrado, torna-o intolligivel, esse objecto’ imma­
terial, entretem-se com elle, olha-o em suas condições
nmversaes, discorre e raciocina.
Assim, o homem a quem se revelou o verdadeiro Deus,
os anjos, as almas, bem pode formar idea do Deus, do
anjo e d’alma; mas não poderá formar idea da virtu­
de e do vicio, se lhe faltar neste ponto a instrucção, se
não lhe foi revelado o particular da virtude e do vicio,
ou não se lhe disse que tal acto é virtuoso o tal outro
é vicioso. Mas cumpre notar que, nes as revelações das
cousas immateriaes, o entendimento não procede por
•subiraeção, como quando opera sobre os fantasmas daé
cousas materiaes, mas por addição; porque estas cou­
sas immateriaes não cream de si fantasmas propriamen­
te ditos*
Elle tem já em si as ideas de cauza e de tflbito, da
grandee de pequeno, de quantidade limitada c de quan-
tiúçue -Ilimitada; applica. pois, estas ideas ao Deus do cue
se-lhe-ialla, e ttorna iníehigivel a -Uareu de Deus,
quanto é possível compreheitdel-a. Elle tem também eni
ff

si as ideas de certas cousas hi visíveis, occultas nas ecu*


sas vísiveifc, servindo-lhe de apoio e de cauza de movi­
mento, assim como de outras cousas que s& sentem sem
poder vel-as, nem apprebendeí as, como o ar e o luz:
appiica, pois* estas ideas á alma, e torna intclligivel a
natureza d’clla. Kite tem ideas do bem e do mal tísico;
porque procura um e foge do outro: appiica, pois. estas
ideas aos actos quo so-lbe-representam corno boas ou
maus, e torna intelligive; a virtude ou o vicio, a obriga­
ção e o dever. Assim, a respeito das cousas immateriaes,
não se formam ideas propriamente ditas, abstrabindo o
gerai do particular; mas formam-se conhecimentos mais
ou menos exaetos das cousas particulares da ordem im­
material, addieionan lo-lhes as concepções geraes, que se
tem formado por. occasião Jos fantasmas das cousas da
ordem material.
Revela, porem, saber que, quer os objeotos materlaes de
que se forma idea, quer os immateriaes de que se
forma o conhecimento naõ existem na abstraeção e
no geral, mas no concreto e no particular. Assim, na
ordem incorporea,não existe # anjo, mas sim anjos; não
existe n alma, mas sim almas; na ordem corporea,não
existe homem, mas sim homens; não existe o bru­
to, mas sim brutos; não existe &i cor, «i som, *» sa­
bor, mas sim corpos colorados, corpos sonoros, cor­
pos saborosos; na ordem moral e scientifíca, não exis­
te 4i virtude, o vicio, m sciencia, - arte, .-mindustria,
inas sim actos ou homens virtuosos ou viciosos, sábios,
artistas, industriosos. Tudo isto: # anjo, % alma, O
homem, Ó bruto, .% cor. # som, sabor, vip-
tude, ,!■ vicio, Á sciencia, arte, industria só
existo em nosso entendimento, no estado logico, no es­
tado de concepção mental, no estudo d’idea.
Cabe a qui dizer que, coam o entendimento nao per­
cebe direc aínente as cousas senão nesta concepção uni­
versal, segue-se também que elle não percebe primei­
ramente senão a especie :1a cousa, e que o depois e re­
flexivamente que percebe a cousa, de qm? se forma a
especic; e segue-se também que o entendimento não
percebe nem pode perceber direclamente as cousas sin­
gulares, mas sim iodirectamente e do uma maneira re­
flexa.
Assim S3 operou e opera a revelação do mundo físi­
co pelos sentidos, e a do mundo moral pela palavra ou
ensino, que tem passado na tradição como um íidei-
commisso de geração em geração, alravcs dos séculos,
em todos os povos do mundo; mas é preciso reconhecer
no homem uma faculdade indispensável para recebel-a.
Esta faculdade é a fé natural, assim no testemunho dos
sentidos como na palavra de Deus, e na dos nossos paes
pela tradição; fé indispensável, como o meio para o fim,
como a condição essencial da vida individual e social,
da vida fisica e moral; porque, sem ella, o homem não
poderia confiar-se e julgar-se seguro no commercio e
communicação diaria com os outros, nem aceitaria por
.deveres os que é obrigado a cumprir. (% )

CAPITULO II.
|) a s (H ffe r e n te s e s p e c ie s d e id e a s .
Considerando, de preferencia para a vida, o ser ma­
terial, por ser o de que o homem forma primeiro e
rnais facilmente suas ideas, notemos, em relação á Gram-
matica, quaes as que elle nos offerece, assim na
sua unidade, como na sua multiplicidade.
Considerado na sua unidade, na sua vida intima o
‘frosoluta, o ser corporeo nos offerece dous differentes
aspectos ao entendimento: o seu exterior sensivel,
e o seu interior insensível, involto nesse exterior.
Deste exterior abstrahe e forma o nosso entendimen­
to ienumeras e variadas idéas de suas diversas qualida­
des, patentes aos sentidos na sua natureza, como: m »H?
d # , flu iffe o 9 na sua forma, como: d e i ”
) Extraido do imcomparaVel padre Ventura.
l i n o , ..g r o s s o ,, a g i a s l o ; na sua estatura.,
torno: g r a n d e , p e q u e n o , - i s l t o , b a i x o ; 11a sua
figura , como : m l o n t f o , q n a f i h i a d o , b e i l o ,
í e i « ; na sua superfície , como : l i s o , á s p e r o . ,
c o i i c a v o , c o n v e x o ; na sua dim ensão, com o;
c o m p r i d o , l a r g o , e s t r e i t o ; na sua consis­
tência ou organisaçaõ, como : f o r t e , f r a c o , d u r o ,
e n o i e ; no seu peso , como : g r a v e , l e v e ; na sua
côr , como : b r a n c o , p r e l o , a m a r e l e ; no seu
gosto, como : d o c e , a m a r a s , a z e d o ; no som
c no cheiro, cujas ditlbrenles qualidades , em falta de
lerm os proprios , sc-cxprime.m por lermos mcla-
p h o ric o s, ’cpnio : o s o a a i g r a v e , p s o m a g i a -
« lo , cte.g c finalm ente nas modificações de seu es­
tado quer no tempo , como : i o o ç o , v e '.fiio , m o ­
v o , a n t i g o ; quer no espaço , como ; p r e s e n ­
t e , a u s e n t o , p e r t o , lo n g e .
Do interior , porem , abslrahe e forma somente a idea
de csscncia, de substancia , do pirneipio , a que sc-
grupam e adherem todas estas q u alid ad es, que a revelam
c com eira cm uniaõ intima constituem o ser.
A ssim , poi%, temos a idea do s e r, de substancia e
de qualidade ; a idea do sensível e do insensível.
Mas convém notar que o entendimento , na sua con ­
cepção direcla, formá á idea gerai , e na sua roÇexrõ,
a idea particular do ser, isto é; a idea do ser e com ­
plexa ; p orq u e involve ao mesmo tempo a do in d iv í­
duo o a da especic ; c por isso c necessária a idea do
distincraõ ou dc dclcrminaçaõ , expressa por uma íorma
que generalize ou faça tomar o ser no sentido de os-
jpecio , c por outra que particularize e taça tom ai-o
no sentido do m Jividuo ; pois, sendo infindo o numero
dos seres, naõ era possível dar e conservar de memória
a cada um indivíduo um distinct!vo , isto o , um no­
me proprio, como: Pedro, Rom a, Ceara, etc.
Considerado, porem , na sua m ultiplicidade, na sua
vida de rela çõ es, o ser cor porco, alem da substancia,
da
. ou i. alidade e da disiincçaO .* que
A tem em commum , ol-
10
íéreçc -rnais ao nosso entendimento as suas rela çõ es,
as suas nm dificacões dc acmaõ e de paixaõ e as sus cif-
curnstancias.
■ As relações sam certos-vin cu les intellectuacs , quo
ligam os seres , ,uns aos outros. Elias sam iim um era-
ycís , c para exem plíiicarm ol-as , notaiuos as de num e­
r o , como : u r n a d i e s ; as de tempo determinado , co­
mo : em u m i n s t a n t e ; e as de tempo indeterminado .
como : e m bre ve; as de lugar , como : e m R o m a ;
de F r a n ç a , p o r H e s p a n h a s a P o r t u g a l ; ^ de com pa­
nhia , como \ u m c o m o eaitro; as de posiçaõ vertical-
com o: s o b r e e l l e , s o b d i e ; as d ep o siça õ - orison tal,
como : a n t e d i e , a p o z d i e ; as de posiçaõ m e d ia ,
como : entre, d i e ? ; as de c a m a , co m o :' p o r r l l r ; as
de modo , como : c o m g e i i u . Daqui se-ve que a rela-
ç a õ , , expresso um dos seus termos-, chama pelo outro.
As modificações.dc- acçaõ e de paixaõ dos seres sam
também innum eraveis , como as r e la ç õ e s p o r qiíe a sin -
tolvem debaixo de outra forma. Exem plificando -as, n o ­
tamos as dc acçaõ como : a m a n d o ■■a b o r r e c e n d o l e n •
d o e s c r e v e n d o , d i r i g i n d o e t c ; c as de paixaõ, como:
a m a d o , a b o r r e c i d a l i d o e s c r i p o *tlii i g i d o Cum­
pre notar que distinguim os as m odificações dc acçaõ
das de paixaõ, exprim iu'o aquellas pelos parlicipios
aclives, eeslas pelos neutros,.
As eircum slancias dos seres sam innum eraveis como
as relações; p orq u e tandem as involvem debaixo de
outra forma , e podem exem plificar-se as de tem p o,
como : h o j e k o n u m \ a m a n h ã as de lagar , como ;
a q u i %a l l t y a c o l á as dc quantidade, como : m a i s ,
m e n o > assazç- as dc motlo , como : s i m , n a õ , s o «
m en te
A ssim , temos as ideas de relacaõ , de modificaçaõ de
aeçaõ e de , paixaõ e do circumstancias.
R eleva, porem, observar que assirm como a substancia,
as qualidades- e a distinceaõ se comUnam e reúnem no
se r , assim também as r( tacões, as modificações de ae­
çaõ e de paixaõ e as circumstancias se combinam e rcu -
It
non) no verbo , ro m o : ama, amou, amara
‘I",1, 5,0 luiia Hm dos lortaos da rclacèo channm ln
p e io o u íro .a moãilicaoão do acoão o a c i r i l S k d e

r , . £ a o n , r a «pecks do relações, (tuesãm rnais pro-


no (iDjcurso ijue do pensam ento, one' pertencem
W a facuidiido do fallal- que de pensa,-" c p o r isso L
s-lm d e a m imUlllílS <laS 0lUras l,o r fui'mas áfflferontes; c
^ r i COn,? " “ i !
10. en35a o e i o u t r o ; do opposição,de comoseparação, co-
u til
l n *ÍH * l ^ r « n v e i i i e i i t e ; do cauza, corno : m h e
IJWBjí a i> r .e iiile n ; de comparaçaõ, como a s s i i u
Í.® " f * .......... * " • ««<*!• de condição, como:
» i t a m í q . u e r c ^ e/c;
Assim, pois, alem das ideas das volacOos naturacs tc-
nios também as destas relações artiíieiaes;
Com estas- diversas especies do ideas, bem ou mal
descrim inadas e dem onstradas, se forma o mecanismo
da linguagem , do que passam ora tractar, comecando pela
sua origem.- * 1
TÍTULO IP
í^ it v l^ y n io B o g is t r V e r b a l -
CAPITULO I;
I ^ a o r ig e m - d r
Oa necessidade da fó natural para vida social o nio-
Fál, so-chegi á coirsoq íoncia necessária de que, dan­
do Deus ao lioniem, alem da faculdade de pensar, a
de íallar, nao ílioqio leria fazer conhecer as^ cousas cs-
piriluacs e morde- sem lho ensinar prim eiram ente as ba­
ses essenciaes da lingaagem f pela qual o communieasse
ensinando-lhe a com m àiiicar com es outros)'-e instruindo-o "
c e snas perfeições, de sua soberania, de sua lei, e dos ‘
deveres1e destinos dellc; pois que era impossível ao ho-
m enr inveníal-a, por nao poder elevar-se á sublime o
t f

incom prehcnsivcl idea de .poder encerrar o pcnsaincnlp


11a voz, quasi encarnai-o nolla, e passal-o aos outros.
Não é mesmo possivcl crer que o homem tenha, poi um
feliz acaso, põdicíò encontrar nas proíundczas c.c sua
alm a essa parte misteriosa do discurso, ([ue se chama
__ vjj.g'|$o-—o verbo tem porário, que e todo o oiscuir*
so da intelligcncia crcada, c cm cpie cila se i eflectc toda
inteira e manifesta.
’ Demais,* a experíencia tem mostrado que o homem que
mão tiver aprendido a fallar, sendo m enino, nao ap ren ­
derá jamais quando for homem; porque os orgãos da
palavra que se-tem deixado de exercitar, ejn quanto
na in fan cia por sua flexibilidade sam aptos para se-do-
Tbrareni a todas as inflexões da voz, conjralicm com o
tempo uma rigidez indom ável, que os torna incapazes de
articular os differcnlcs sons; donde resulta a diflerença
das palavras e o mecanismo da linguagem . É por isso
que os que aprendem já homens, nao chegam a p ro n u n ­
ciar peffeitamen te as 'línguas estrangeiras.
Daqui vem que, se o prim eiro homem nao ap ren d es­
se a fallar, o genero hum ano não fallaria; porque ho­
mens quasi em brutecidos, em estado de barbaria, como
se-suppõcm aquellcs a quem se-altribuc a invenção da
palavra, ièvados pelo cego inslinclo, não poderiam in­
ventar a arte incom prchensivcl de formar sons a rticu ­
lados, fixos por um certo num ero de consoantes e vogacs,
e contendo cada um a um pensamento, uma idea. Aíiir-
m ar lal invenção é aflirmar que os inventores tiveram á
sua disposição a palavra antes do lel-a inventado; por
que, dizia ílousscau que «a p a i a v r a n a 11 r e c u ­
s a r i a p a r a tiiv ç ii.f& ftr a g i a l a r r a » »
O certo é que nem a historia, nem a fabula, faliam do
nom e, da patria c do século do seu inventor, como nas
outras artes; e pelo contrario está cscripío no ínonumciijo
da maior antiguidade conhecida, que trouxe Deus a Adaò
todos os aniinacs para este ver como os havia de cham ar,
c que o nome que Adão poz de toda alma vivente, esse
é o seu proprio nome.
0 rcrs rã m te r lade quo A:1am inventou estes no-
r e s ; mas Lnone n revela a existencia <!e uma iinemi-
gem», quando mesmo breve e resum i la, todavia' pm i'm
tJ °; ;u‘7 ada’ em que o Senhor communicava com el>
I tu'cebem-se am la vesligU da exist «meia dessa li.il
goa pnra.tsva, cm que se entroncam todas as outras do
rm iu n , na |"i fula identidudo dos radxaes della, idenb-
c;,s U() f^ e n riíd , e só diíTerenies no a-cid, nial. No pro-
gresso Mas conhecimentos 1m manos , ninguém chegou ain-
( a, ,i <. s o.ort iadicaes diíieceníes nas diversas línguas
(mm ieadas. (d ) õ
C A rm io ii

® a S IP fcllaW tl® .
Todo o mecanismo da linguagem compõe-se de dr'z es-
r ° " ‘-s í!'‘ Ldavr s de que usa n as Imguas sem casos,
d "m . hiícrjciç: o , Suh^aahvo , Pronome, Arhg<>,
xi jn tn'o , Preposição , Pa) tieipjo , Aaveihio, Verbo
t Conjmicção, auvesp,,ridentes on expressnas dus sen-
to n e n ljs e das iueas de s r , de qu li l ide , de quarií.i-
dade, depbsíineoào, de ndacào, de modificação e de cir-
cum sLincia, de qrc já t a t mios.
A l.ilerjeieão é a expressão , a palavra da sensaçfto
ou do sentim ento, modificada pelo gesto com sen , c-
cent) fonico , que varia em suas especies, com o: Ah!
evi re suo de prazer : A*! expressão de dor etc.
0 subsíant vo , tomado de per si só, é uma expres-
?m» inoisíim ui, e a pulava ao mesmo tempo do ser e da
idea, do ser real e do ser log mo. d<> indhwlvo e da espc-
c como: Homem, Coza, Meia. I’esiiugue-se o ser
wnl do ser lot;iro, o nidi, viduo da especie, ou gernoa-
í z n :o o subsían. ivo com. o a rd go para exprim ira idea,
o ser 1>gxn, a es; e de, co no: 0 homem, A casa. A me-
ra, oa {viraeiPaiuza ido-o. já com qualquer dos dm o:.s- .
ím-Lvos para exprim ir o s m* , o s r rea , o in lividuo
| i . s n e , como : E.sle homem , Essa casa, Affwlla
\~'j 1 L--v11vivi.d j i". j ciHiuui, uo lia. Ojjiíú.ú c uc A. Pvicola
;«çp *

u
m s n\ já com algum dos co n ju n tiv o s para exprim ir *
como :

vuliios lamli ia ai,siii!cs ; mas M imo m oí... ‘


s e n to , na imaginação «‘opois de cs ler rero rd a. o remo
neste exemplo . Os alliadas lomauim tol'''f’ n ( i
fartalem peou arrasada. O d em o n su am o
tra como premente a fortaleza a io tn c . . . ,
Cum re notar ,,«e os suãsu.nlm s parunnm ixâd S
pelos (leinonalratiios não leram o arlig», l'l,r ,SU'n''
niesma nam rera que ollc: o qne
parU ndar zndos pelos conjunct vos i l'e" J 1 / . .
O, Pronome não exprim e idea aiguma sua, m<* «* - - ■
exprime a iiiéa ou o ser, expresso \ cio so b sirn m o ^ q\ *
sulistiiue ; é uma espoem oe copia eu uc . 1
que se reprezenta o original, que so r ^ e sei i-
tivo; assim que, se se-iguora o que exprm .e ^
fyjé o nroiioíi e s.uhstitue, este o rum d z. i < ■ 1
re m , attendee á graça e elegancia que el:e ea acMiim u t-
50 , evitando o enjoo da repePçao d > seu simM.tumo-
6 Ariirm com os dem onstraciivos sam, iG m o_un.es,
s exnivssào, a palavra de distinccão cu de term inação.
0 Artigo é como uma chave que abre o su btantno pOi
%iii ia (Untara fazer sahir de!le a id e a , a especie, o genet o
nolle encerrado : cs dem onstrativos sum como outras
chaves que abrem o mesmo substantivo por outio lado
para fazer sahir deite o ser real, particular, m u vidu-
$1.Todos saro, pois, uns distinct'vos. •',
a Ademclivo é a expressão , a palavra da men, ou oe
«na Iidade esmncinl, como: Racional, Moí tal, tie; ou do
qualidade accidental, como: timoco, Prelo, etc; ou de
qu mii d de <let< rm inada, como: U,)i, Dez, Ceio, Mil, ote;
ou do spiuídidaoe; nuetoi nunen a* con o. Coito, A
1,tf.an>i-frv,* etc. Lyqai \tf-bo que os UuiioUoUvuvutí
15
r* oonjumdivos, porque não exprimam nem qualidade nem
quantidade, como estos adjectives, devem pertencer á
classe do artigo, c, segundo M oraes, chamar-se articu ­
lares.
A Preposição é a expressão, a palavra da idea do rc-
iaç;>°, que liga os seres e n tre’ si, ou conyaB suas espe-
cies e géneros, expressos por dons termos como neste
exemplo: l'ae de Jam lia. A prepoçsião— de— mos­
tra a rela -ao de dever que liga os termos pae e família.
iXeste outro exemplo:. Q mestre cam o disc pulo. A.
•pi eposiçao-to/í? - mostra a relaçao de união e com panhia
que liga o ternm mestre com o termo disci pulo. Tarim­
bem neste outro exemplo: Chape o para a cabeça . A
preposiçâo-/;<r/ra-m oslra a relação de fim que liga o
piim ciro termo cffapeo ao segundo cabeça. E ’ cpeIo
verbo que afirm am os a existência destas relações; as­
sim .'nas palavras:.. Cedro em Roma, só ha a relação de
localidade, expressa pela preposição— Em— que liga Pe­
dro a llom a; mas na proposição: Pedro está em Roma,
o verbo está sííinna a existência- desta relação, e assim
nos ma is casos.
O Partieipio é a expressão , a palavra da idea do
inodiíicação de estado ou de accâo, como já vimos, a s­
sim por exemplo: Vagante, Andante, Vindo, Rs •
(ando. Ido, Chegado etc. sam modificações d’esfado pre­
sente c i o passado; Amante, Amando, Amado, Tole.
ran te, Tolerando, Tolerados tc. sam modificações d eac­
ção, e de paixão: as de acção, expressos p elo sp arlicip io s
do presente; as de paixão, expressas pelos parlicipios do
passado.
O Adverbio é a expressão,’ a palavra do circuinstan­
cia do objecto de que se-tráchí, como já vimos; assim:
Aqui, Hoje,Somente, AÂsài, etc. sam circum stancia- de
logar, de tempo, de modo e de quantidade, que ordinaria­
m ente se-m eneionani para determ inar e explicar melhor
o estado, a acção, a qualidade, ou quantidade do ser,
ou seres de quo’ se falia, como: Foi hontem, Esteve*
aqui, Quer isso somente, Da isso ao menos.
16
A coninnceão é a expressão, a palavra da idea do re-
w | o artificial, mats propria do discurso quo do pensa-
inento como iá vimos. Estas relações ligam ou as pa­
lavras! ou as proposições. Na expressão a
coniunccão— e— liga as duas palavras-ffa antes e tu,
<Íp n-is delia, mostrando a relaçao do umao, corno
vimos nas preposições, com que as conjancçoçs se con­
fundem de certo modo. Nesta outra expressão: Eu ou
~,u a conjuncão—jou— liga da mesma s»rte-É« antes.
• I aeD ,is rtclla, mostrando a relação de separaçao dc um
ito outro ^^io\ih\f!E’MSitrpa4or,fnris è e
a coniunccão— rna*T~li?a a proposição B usurpador
antecedente, com a outra è c subseque
trurlo 4 relação de opposição que rema entre eilas.
Nesta finalmente: S»/jurres,vje,a conjuncção-re-liga
n nroposrão ou verbo queres com a proposição, ou
verbo yae, mostrando.*á relação to dependencia condi­
cionai nue entre ellas reina.
Deixemos de propos'd© o verbo por ultimo; porque,
em s a essencia/não exprime idea alguma determi­
n a i é a p davra intima d’alma, é a expressão do seu
: úm. ’a sua affirmãçaovaga do ser indeterminado, sem
ou com as §uas modificações. Só nas suas diversas e
variadas formos aecidentacs é que involve c exprime
uma idea complexa do ser real ou logico, de relação, de
modificações úo tempo c no espaço, combinadas com
a sua affirmação. S r, verbo único-, substantivo, como
se chama, verbo por excellencia, segundo Lamennais,
é sem duvida muito differente de—- fo i, Será.
È* pelo verb»* que sé afiv ma a identidade do mes­
mo ser, como: D us è Dtus; anão identidade de doas
seres, como: Eu nãp sou tu; o ser particular encer­
rado no ser geral, como: Pedro è homem de bem;
T.y;oa idea incluída n’outra, ou a especíe no generó,
como: O homem é mortal
Estas 'iz palavras se podem reduzir somente as que
sam essenciaes ao discurso; e, p ois, excluída a Interjei­
ção por não exprimir o ser logico ou real, nada de
particular ou geral, nem o individuo nem a idea, mas
somente os movimentos d alma, as suas sensações, as nove
outra* palavras que restam se-reduzcma cinco: Substanti­
vo, Artigo, Adjectivo, Verbo, Preposição, ou somente
a trez: Nome , Verbo, e Preposição, comprchendendo no
vocábulo —Nome— os trez: Substantivo Artigo. /Irf-.
jectivo , como faz Soares Barbosa; porque o ser expres­
so pelo substantivo, a destineção expressa pelo artigo
e demonstrativos, a qualidade e quantidade expressa
pelo adjectivo sam, na verdade, cousas de queo Substan•
tivo, o Artigo e o Adjectivo sam nomes. Outros redu­
zem a Substantivo e Adjecíivo somente; porque dizem
quo não lia na natureza senão substancia o qualidades.
Nós também poderíamos reduzir ainda a Nome e Verbo
somente; porque com elles podemos exprimir um pen­
samento perfeitamente, comc : Deu* é Creadon O ho­
mem écreatura ; mas não poderíamos exprimir as re­
lações entre os seres, quando não fossem necessárias co­
mo entre creador e crcatura. Assim podíamos dizer:
Pedro ê pai, e Ánionioê filho; mas, como a relação aqui
não é necessária, porque não lia ura só pae, como lia
um so creador, não^se podo exprimira que existe entre
Pedro e Antonio, senão pela preposição nestes termos:
Pedro è pae de Antonio, ou Antonio é filho de Ped o
Em nossa reducção, omitlimos o Pronome-, porque,
como o está dizendo a própria palavra, é um nome
que se-põe em logar do substantivo, e como elle só pode
por-se em logar do substantivo, e o substituto deve ser
ila natureza do substituído; por isso o consideramos
como tal.
Omitlimos também a Conjuncção\ porque, exprimin­
do ella idea de relação, como a preposição, com ella se
confunde, sem embargos de exprimir, uma, relações de
uma especic, e, outra, relações de outra especie; porque
também os adjectivos de qualidade se confundem com
os de quantidade, sendo aliás differentes.
Omitlimos também o P articipio e o Adverbio: o Par-
liei pio; porque é uma palavra composta do duas outras
18
elementares, isto é, de um verbo e um adjcelivo, ou é
simplesmente um adjectivode modificação como: hsiando,
Amando, Estado, Amado &; o Adverbio; porque tam-*
bem é uma palavra composta dcduasouttas clcmciita­
res, isto é,deum substantivo o um adjcelivo ou participio,
ou de um substantivo c uma preposição. Assim: Hoje vem
do latim Hoc die , suppriraindo o c eo d, o mudando
o i em j, significando neste d a : Hon tem vem go
latim-—Heine an e diem— que quer dizer: antes deste
dia , supprimindo de Hunc o nc, e mudando o u em
e tirando de ante o a eo e, dc diem o di, c
depois juntando— Ho— nt— em— que fazem Hontern^
como a palavra— cadaver— se forma das primeiras sylla_
basdas tres palavras latinas, caro data vermibus. (5^

*
. CâPITULC U i.
Hm P r o p r ie d a d e d iis palsiT ras.
Das palavras umas sam variaveis e outras invariáveis
em suas formas. As invariáveis sam: a Interjeição, pre­
posição, Conjuncção, Adverbio, Part cipio, ou Ge­
rúndio c S upino; as variaveis sam: o S ubstanlivo, Ad­
ject ivo, pronome, krtUo, Verbo.
Esta variação tem por fim unir á idea principal da
palavra uma idea accessoria de numero, de tempo, de
modo, de pessoa, como: Quero Queres Queremos, .
Eu, Mim, Migo; ou serve para exprimir as ideas dií-
fentes de sexo e de numero, como: Elle, Ella. Elies á.
Tractemos década uma em particular, para melhor des­
envolvermos suas propriedades, ou modificações pró­
prias.
SECCAQ
O I.
H a In te r je iç ã o e su a s e s p e e ie s
À alma, diz Mr. Bonald, é sensibilidade, ou facul-

( 5 ) Exlrahido de Chorma, Linguagem


19
dale de resistir á dor e ao prazer nas sensações que os
corpos exteriores produzem sobre o corpo, a que eíla es­
tá unida.
A sensaçíio que minha sensibilidade experimentou, eU
a transporto fura, ou exprimo porraovimentos indeter­
minados,., taes como os choros ou os risos, e por gritos
involuntários. Esta ó a linguagem, ou a expressão na­
tural da sensibilidade. Esta expressão da sensibilidade
ó o que se chama Interjeição.
Como sam poucas, aqui as enumeramos.
A h ! E’ expressão de prazer, o as vezes de desgosto.
Ai ! E’ de dor, e as vezes de prazer.
O h ! E’ de desejo, e as vezes de lastima e de indi­
gnação.
Ha! ha! E’ dc risoásgargalhadas.
Eia! E’ de exhortação e de encorajamento..
Chiton! E’ de imposição de silencio.
O’ E’ do chamamento.
U i! E’ de espanto.
Oxalá ! E’ de desejo ancioso.
Irra ! E’ de aversão.
Sus! E’ de animação.
Alem destas ha outras da linguagem vulgar* como
por exemplo:
Heim? para perguntar
Bravo ! para admirar
Olé 1 para approvar. etc.

SECC&O
o II.
Wo S u b sta n tiv o e d e sa n s e s p e d e s .
O substantivo é a palavra que exprime um ser, ou
uma idea dc um ou de muitos seres, e e fccil de co­
nhecer iuntando-se-lhe qualquer de seus distinc i ,
geral ou particular, corno; o Ceu, a Terra, a Luz, ^
Alma, estaRazão, esta Opinião, a Ordem, a Amua­
do, esta Questão, esta Sentença,
Elle se-divide cm Ires cspccics: propria, commum,
e abstrac/o.
0 proprio exprime um sóindividuo, on a idea do um só
indivíduo dc qualqugr especie, como: Ped/o, Paulo,
JoãoSf, que sam proprios de homem; liorna, Frnnça,
B r a s i l quo sam proprios dellcino oulinperio; Bahia.
Ceará Maranhão $ , que sarr proprios .de cidades;
Amasonas Jaguaribe Bebiribe &, quo sam proprios
de rios; Ibiap ba, Borburerna. Aratanhaà, quo smri
proprios de serras; c assim os de golfos, de lagos, etc,
0 commum exprime uma especie de individuos da
mesma natureza, ou um genero de cspecics do indivi­
duos differentes, como: Arara, Marreca, Peitica, B a ­
leia, Tainha , Corò, Cedro Balsamo, Jucàà , quo
exprimem, cada um, sua especie dc individuos da mes­
ma natureza; e Passar o Peixe, Arvore &, que expri­
mem , cada um, muitas espeei js de individuos do diíle-
rcnlcs formas; porque Arvore, por cx., exprimo Cedro
que é uma especie dos mesmos individuos desta forma;
oxprime Balsamo que é outra especie de individuos
differentes da primeira; exprime Jucá, que lambem ó
outra especie dc individuos differentes das duas primei­
ras; c finalmente exprimo outras muitas.
Por esta distineção devemos chamar cspcciacs aos
primeiros e seus semelhantes, e geraes aos segundos e
outros taes.
Cumpre, porem, notar que podem ser mais ou mcno$
geraes, isto é, uns contem mais, outros menos.
O abstrado não exprime mais do que a qualidade, a quan
Made, a relação. numero, c a modificação do ser. Assim:
Intel/agencia, Virtude, Sciencia &, exprimem qualida­
des do homem, Am izade. Sociedade Ordem a exprimem
relações;Muhidão Caravana, Porção Somma&.nex­
primem numero; Vida Morte Lei. ura E criptura.
Combate, Batalha, Insirucção,- Explicação &expri-
pcm modificações, uns de estado, outros de acção.
Os abslractos dequaiídadosam tambémespociacs e geraes
eomo; fé. Esperança, e Caridade, & que sam qua­
lidades da cspecio humana; Sensibilidade, Imagina­
ção, Memória, &, que sam qualidades do homem, do
bruto; Vegetabiiidade, &, que ó qualidade do homem,
da fera, da a e, do peixe, e da arvore; Alvura, &,
que é qualidade ainda mais extensa.
Daqui se-vê que estes substantivos abstractos sam
comprohensivos de cspecies e de generos menores e
maiores.
Os substantivos abstractos de numero, por ser este
divisível, l^m se-vê que tem graduação, como: Patrulha,
Companhia, Batalhão, Exercito, e outros muitos
Exercito é mais que Bdalhão, Batalhão mais que
Companhia, Companhia mais que Patrulha.
Na classe dos substantivos commons, costumjpi com-
prehender os chama ms augmentativos e diminutivos,
corno: Cay llinho, Cavallão,# ; m s bem se-vê que sam
compostos do substantivo cavallo e da qualidade grande
ou pequena, e por isso sam ao mesmo tempo commons
c abstratos, fí’ que temos palavras que exprimem o ser,
ou simplesmente como: Caza, ou logo qualificado como;
Casão, Cazmha.
Esta composição de palavras é a forma dos abstractos
d’estado de acção. Biles se-compõem, ou mdous substanti­
vos, como: Manobra, que se compõe Ao-robra, e map;
Knemanha, que se compõe de— a> te, e manha , etc; ou
de um substantivo e um participio, como:^ tefacto que so
compõe de—-a* te e facto, participio latino; ou de um
substantivo e um adjective como: b e\ic- dade , quo com­
põe »sc —de feXiz e idade\ ou de um substantivo e um
verbo, como: Obserçação, que se compõe de acçao e
observar; ou de pm substantivo c uma preposição, corno;
Incúria , qúo se compõe de—in e cui latinos, etc.
SECÇÃ3 III.
D o É^rimoMie*
O Pronome é uma palavra que substitue o substantivo
p ara ovilar a repetição dcllc; c por isso já . sc-vè quo
não exprim e, nem pode exprim ir en tra idea quo a do
s.-bslantivo substituído. Talvez fosse niellior direr quo
olio não exprim e u m a.idea, mas significa uma palavra;
e como esta palavra é um substantivo, o pronom e devo
ser considerado como tal; por que o substituto deve ser
da natureza do substituído.
Não obsta que Elle, EHa, Elles, EU as, tenham for­
nias de adjectives; porque elles não concordam com o
substantivo como estes. Ninguém diz, por exem plo: Elle
hem m, Eila mulher como, se-diz: Ho^iem bem,
Mulher bei ta. Demais também ha substantivos que (em
forma de aríjeetivo, como por exemplo: Gato Gaia,
Gaios, Galas, à.
( s pronom es sam s mente Ires: Eu, Tu, Eíle ou E\\a.
Eu é a prim eira pessoa que falia; T u, a segunda a quem so
iaiía; lílíe ou E b a , a terceira de quem se-falla.
Os Grammaticus chamam também pronom es: 1. ° aos
dem onstrativos Este, ts\rvutro. Esse, EsVoutro, A -
q w tfe, Equel 'outro; 2. ° aos possessivos Meu. l e u ,
S u, Nos o Vosso; **. ° aos conjuntivos Que, Qual,
tufo, ou (aja; L° a h>o. Isso kquillo; 5.° a Quem,
A iguem. Outrem. Ninguém; 6. ° ao artigo— O_
qnaudo parece concordar com os nomes m asculinos ,
e femininos; mas julgam os isso um erro.
Os dem onstrativos sam adjectivos; porque exprim em
distineção do ser, e não o mesmo ser: e alem disto con­
cordam , como os adjectivos, com o substantivo claro ou oc-
cuito. Tem i ea propria e concordância, como não tem o
pronom e. Dizemos: Este homem. Esta mulher, e não
Eíle homem Era mulher; e quando o dizemos, é como
quando a p pomos um substantivo a outro, como: O Vadie
João, Dom José, S nhor Marquez,
Os possessivos sam também adjecti vos pela mesma razão:
exprim em a idea de dominfh e posse que sam relações
da cousa, e nfo a mesma cousa; e tem concordância com
o substantivo. Meu Teu, Seu é o mesmo que D e m im ,
D e ii} De si) assim como Divino, Angelicof Humano
óo mesmo quo De Deus, De Anjo, De homem.
Os conj um; ti vos Que, Qual C ajo ou Cuja lambem sam
ndjoclivos e não pronomes; porque exprimem idea de dis-
liiicçâo, oconcordam ou ligam os substantivos, como: O ho­
rn"m o q>ia\ homem; A mulher cuja virtude. Daqui se
yò que d ies sam como os adjectivos: Qual de uma só
term inação como: Grande, Ègual Sf; Cujo do duas como:
Bom, B o a , f t e W o , Bella; Que ó invariável, para distin­
guir-se do Qual, c de Cujo por terem origens differori-
les. Todos ires tem origem latina: Que do adjectivo
Quis o u q u i; Qual do adjectivo Q ui, quoe, quod; e Cujo
do adjectivo Cujus; c por isso sam da mesma natureza.
Isto, Isso, Ar/w/l!o não sam adjectivos, porque não
tem concordância nem plural; e não sam pronomes, por
que não substituem q substanti vo algum , mas a uma propo­
sição ou phrase, como por exemplo: Pedro è* um ho­
mem sabia e honrado: isto é inegávelé Aqui Isto
não substituo nem concorda com Pedro, nem com
homem sábio e honrado; mas substituo oucqraprehen-
dc toda-a phrase— Pedro ê um homem sabio e hon­
rado. Portanto ó preciso, ou considoral-os como sub­
stantivos, ou dar-llics um a denominação ou qualificação
nova, cham ando-os, á semelhança dos pronomes, pro-
phrase.
Quem, Alguém, Ninguém, Outrem devem se
considerar como substantivos, e não como pronomes; por
que sam palavras compostas: Quem, de que. e homem;
Alguém, de algum e hom> m; Ninguém, de9 ne­
nhum e homem; Outrem, de outro e homem. Nelles
predom ina sempre a idea do substantivo homem; poi
que Quem vale tanto quanto: Que homem; Alguém
como: Algum homem; Ninguém como Nenhum ho­
mem; Outrem como Outro homem; palavras que
se contrahom e tomam essa forma de um so nome.
Finalm ente o artigo— O— , mesmo nas phrases eín
que parece neutro ou conter ambos os sexos, m asculi­
no e femeníno, não é pronome mas sim artigo, devendo
se neste caso considerar occulto por Eilipse o substan-
41

u
tivo com que concorda como adjcclivo, segundo a opi­
nião do Mora os; porque ó absurdo dar-lhe o earacler
de Protheu da linguagem, fazendo-o ora arligo, o ora
pronome. Assim na phrase por exemplo: H a v e r d a d e s
q i u a n ó s o não pan c e m , csle-r-o— não c pronome,
como querem, mas artigo com o substantivo s e r oecul-
to por Ellipse. Sem a Ellipse é: Ha v e r d a d e s que à n ó s
não p a r teem o ser que é verdade.

SECCAO
O IV.
Do J^rtigo»

, 0 Ar4ligo— 0 — Ó uni distinctive ou determinativo


geraU que exprime uma idea de distincção ou dc de­
terminação. Não é, pois, como disse Soares Barbosa,
uma pequena palavra quo não tem significação; porquo
assim não seria palavra, e o mesmo se poderia dizer das
preposições—4 c De— e das conjuncções—E cSe— que
lhe sam semelhantes.
Segundo os nossos Grammaticos ha cm nossa Lingua
f|ous artigos: 0 , chamado definito, c Um , chamado indc-
íinito: muitos porem entendem que Um não ó mais do
que adjcctivo numeral,
Pela nossa parte somente notamos que ser Um , ora
artigo ora adjectivo, o Protheu da Linguagem, destroe
ao mesmo tempo o principio logico de que uma cousa
nãcrpóde ser e não ser a mesma coisa, c o principio gram­
matical de que a palavra, que uma vez exprimiu uma
?dea, não pode exprimir outra, em quanto o uso lhe não a-
bolea primeira: ou bem uma, o a bem outra cousa, se não
se quer confessar ingenuamente a ignorância das pro­
priedades do numero. (6)

(C ) 0 numero com effeito por sua natureza, diz Mr. La-


mennais, não corresponde a nada actualmente determinado por
propriedades, ou positivo neste sentido, bem que corresponda
a alguma cousa de real.

0 certo é que a expressão—O homem—generaliza o
ser, indica a ospeois; e a expressão— Uw homem—sin­
gulariza o ser, indica o indivíduo* Assim a expressão
— Um homem-—mo sabemos que outra cousa faça senão
singularizar sem universalizar nem generalizar, senão
distinguir o singular do plural. Um é contraposto
a To tos, assim como Ene, Esse, Aquelle ao A ligo— O:
por onde se-vê que Um se-aproxima mais dos deter­
minativos ou distinctivos particulares que do geral,
é mais semelhante a Ene, Esse, Aquelle, do que ao
Artigo—O.
Como o Artigo determina a especie,e o nome proprio
exprime o indivíduo, não se-juntam; e por isso escrevemos:
Pedro, Antonio, Fará, Ceatà sem Artigo. Quando
porem os juntamos, é porque, havendo muitos indivíduos
do mesmo nome, o consideramos neste caso como com-
mum: e por isso dizemos, o Pedro, o Antero, os Ca­
mões, OS VirgiliOS.
O Artigo não substantiva o adjectivo, o verbo, o ad­
verbio, a preposição e a conjuncção, como ensinam nos­
sos Grammaticos, fazendo-o cabeça de Meduza da lin­
guagem, por não quererem admitlir uma Ellipse. (7)
Não substantiva o adjectivo; porque quando dizemos,
por exemplo:—O justo não teme a morte,—justo não
é um substantivo por graça especial, ou por virtude
magicado Artigo, mas sempre um adjectivo, concor­
dando com— homem—que está occulto por Ellipse. Sem
a Ellipse diríamos:—O homem justo ${ Nestas expres­
sões; O doce, O bei,lo, 0 maraviihoso sempre se en­
tende um substantivo apropriado para concordar com
estes adjectives- porque não ficam substantivados pelo
Artigo. Assim d if eriam )s dizer: O mbor doce, Oser
btllo, O ponto maravilhoso.

( 7 V A principal belleza da nossa lingu *6 ser essencialmen­


te elliptica; e por na se attender a ist , é que se-temintro*
duzido tmtos erros sobre o officio do ârtigo.
26'
Nao substantiva tambcra o adverbio; porque na phra-
se por exemplo:— O com o, e o q u a n d o as cousas ca
bem ,-~o-com o e o q u a n d o não ficam substantivos, mas
advérbios, subentendendo-se m odo e te m p o , occullos
por Ellipse; de sorte que sem cila fica: O m odo com o
Q o tem p o qu ando $(. ’
Também na phrase:— N ão é o mas, porem o se que
m * v ix a ,— este m as e este se não ficam substantivados
pelo Artigo, mas conjuncções, como sam, exprimindo
a lelação de pliiascs occultas, a que cada uma se-refere.
Considerando esta phrase, como resposta desta outra
por exemplo:^—-E stds p e rd id o ; m a s , se fu g ir e s , te
sa /va rà s, --vê-se quo o m as exprime a relação das duas
phrases Estás p e rd id o , m as te sa lva rá s ; e que o se
exprime a relação destas outras duas:— Se fu g ires te
salva ás.
Assim pois o Artigo não substantiva cousa alguma
e muito menos o verbo no infinito. (8 )
Sam Ellipses próprias da nossa lingua, que não é,
como a rranceza, cheia de repetições fastidiosas, corno
se-vê neste trecho:
(8 ) Mrraes considera os verbos no infinito como sub-
■ ntlVÍ!’ e parece-nos que tem razão: 1. ° , porque elles exD ri.
mem a idea v. g do ser simples ou qualificado como: Ser
A7 r eom sua affirm içao; 2 ® , porque elles tem singular
0 pjurrf], como: Ser, Se*e», H a v e r , H a u r e s , C o n t a r , Canfares-
5 1/ P°rqU? ad™lttem concordância dos adjectivos, como:
n et i r Grandes teres. Muno haver. Munos havei es Divino

* * * * ‘ 1 porque s^m também resúdos de nrenr»


s.ç8es, como: 4c*m d,faltr,de ,r Vm 6 &Tm

A*u

° ° ' ^ v ^ o 7 T 'n : ,
«Pode qualquer chegar a ser um grande homem,
sendo dotado de um grande espirito, e de um genio
superior, com tanto que tenha valor, um juizo são, e
uma cabeça bem organizada.»

• SECCÂO
O V.
Do id je d iio .
0 Adjectivo é uma palavra, que exprime uma idea
de distincção; ou de qualidade quer essencial, quer ac­
cidental; ou de qnantidade quer determinada, quer in­
determinada; ou de relação e de modificação.
Assim pois se devem dividir em Distinctivos. Qua-
lificalivos, Determinativos, Relativos e Modifica-
iivos.
ARTIGO I.
D o s D lstivid ivos*
ô s Distinctivos sam; ou geral, como o Artigo— O,
ou particular, como os chamados demonstrativos Este,
Essoutro, Esse, Ess'omro, Aquelle, Aquell outro,
os Conjunctivos Que, Qual, f ujo, e o numeral Um.
Dos demonstrativos, Este mostra o objecto janto de
quem falia; Esse junto, de a quem se-falla,e Aquelle, a-
fastado de um e d’outro. As vezes no discurso usamos
de Este e Aquelle para não repetir os nomes das pes­
soas ou cousas de quem temos fallado , exprimindo
• mais proximo por Este, e o mais remoto por Aquel­
le , como nesta phrase: Opae manda e o filho obe­
dece'. este cumpre ò seu dever, e aquelle obra como
magistrado domestico.
Os Conjunctivos -'Que, Qual, Cujo— sam Distin­
ctivos, que mostram o particular encerrado no univer­
sal, juntando ou ligando o substantivo antecedente, uni­
versalizado pelo artigo, ao verbo seguinte, que o deter-
n

mina pelos seus numeros, tempos, modos e circura-


stancias, como: O Bispo que vem. Sem juntar o sub­
stantivo Bispo e o verbo vem, não se-distinguiria este
bispo de outro qualquer.
Que exprime o mesmo que Qual; porque por um
se-traduz o outro. Juntando o mesmo nome antecedente e
consequente, como:— O home n que— ou— O homem
o qual h >mem —mostram relação de identidade na sua
conjuncção. Cujo porem, juntando um antecedente a ou­
tro consequente diverso, como:—Ocavaito. cujo dono &.
— mostra relação de posse ou domínio. Só Qual é que
tem artigo; e pòr isso não parece tão distinctive como
Que e Cujo.
Cujo nunca concorda com o antecedente; e pois é er»
ro dizer: O hom m, cujo homem. Também é erro
usar delle, em geral, com a preposição de. como: O ca
va lo, de cujo dono, etc. ; porque cujo já tom cm si
a preposição de. Daqui vem entender Mr. Charma
que os conjunclivos sara conj-incções com forma de
adjectivo. excepto Qu , que por ser invariável, se toma
as vezes por conjuncção ,como nesta phrase: D:s e que
ia. E’ um outro Pròtheu da Linguagem, que ora ç
conjunctivo, e ora conjuncção pelo ut latino.
ARTIGO II.

D o s Ç iia lifie a tiv o s

Os Qualificativos exprimem qualidades: ou de espirito,


como: abio. Ju 10 Prudente, etc.; ou do corpo como:
Extenso, Du'o, Branco, etc.
Assim as qualidades espirituaes como as corporae®
sam: ou essenciaès, como: Intefigen e. Bacionqd, qua
lidades do espirito; Material, Divinvl, qualidades d®
corpo; ou accidentaes ;wno: Virtuoso, Vicioso, quali"
dades do espirito; Branco, Prelo, qualidades do corpo*
Ob qsrdiiieathos acoiucniacssmn monos cspooinos p o ­
rem m«iis goracis quo os qualificalivos csseuciacsV nor
(l ilu iUU) compreliendcin loda a espccio a quo so-appli-
easii; mas appiicam-se a m uitas sp ec ie s. Assim, p0r
oxcm pio: Branco, não comprchcnde tod a a-csptU o
iiumai) !, porque ha homens brancos, pretos, p ardos',&;
mas ( oinpioiiCíVic lamhem, alcm do homem, os passa­
res, as feras, c todas as outras cousas brancas. Bacio•
naes sam todos os homens, toda a espocie hum ana;
noss Justos só sam . alguns: donde se vê que estes ac-
cidentacs tem natureza de distinclivos, comparados com
os essenciaes. Hacional compreliende todos os homens*
Justo só parte deites. ’’
Estos adjcclivos dividem -se ora positivos, com parati­
vos e superlativos, conforme. se-l:ãcta de ura só indi­
víduo, ou de dous, ou de muitos, co * parando-os, ou não.
O Positivo ó o que mostra a qualidade da pessoa ou
cousa sem relaçao algum a com outra, como: Homem,
bom Magistrado energico, Cava lo cas anho.
O Comparativo ó o que mostra a pessoa ou cousa
comoarada com outra, como Eg u a i, Oiv> n o , O istincto,
H f f we. Metis, Menos & 9 ) tó duas cousas que
so-oomparam é que se podem dizer eguaes, diversas,
distinctas, rliíierentes, mais, menos: logo exprim em com­
paração; e por isso se devem chamar com parativos.
Os positivos só exprimem comparação juntos com
Mais ou Menos, adverbialm ente tomados, como: Ma-s
justo , Mais prudente, Menos justo, M no* pru­
dente. Chamam lhes, neste caso, com parativos; mas
erradam ente; porque não é o adjective Ju to ou Pru­
dente, que exprime comparação, mas a expressão—Mais
í 9 ) Reconhecemos a nossa temer dade c arrojo nesta no­
vidade de considerar c mo enmpar tivo o que ninguém consi­
derou /som tal; m s a novidade, com diz Bent m n o é
raz o par repeli ir o que a raz o approva. >em ess tomerid de
de dizer c d. um o que entende, muitas verdades ainda hoje
se ignorariam, como « do movimento da terra, a qiui antes se
julgava i.mnovel.
ao
justo, Mois prudente. Alem disto os comparativos
exprimem comparação de um só modo, affirmativa ou
negativamente, e não de ambos os modos, como: Mais
fu to, Mero* justo: donde se-vêquo a comparação
está em Ma is ou em Menos, e não em Justo. Mais
e Menos é que sam adjectivos comparativos, tomados
adverbialmente por ellipse.
Os comparativos . Melhor Peior. Maior Menor
sam alatinados, e não tão naturaos, como os primeiros.
Os superlativos exprimem a qualidade na sua abso­
luta integridade e perfeição, sem a minima falta. For­
mam-se do positivo, accrescentando-se a partícula iss/mo
como: d< Bravo, Bravíssimo', de Douto, Dou/issimo;
de Mesmof Mesmíssimo. & Exceptuam-se uns, que
acabados em l.como na sua origem latina, fazem o super­
lativo, com a partícula illimo, como: bac l , Facíli­
mo &; e ontros, que acabado em r no latim o formam corn a
partícula errimo, como: de Aspeto, Aspérrimo, de I o-
bre t aupe rimo. Mas estes mesmeç, seguem também a
regra; e por isso dizemos: Facíllissirr iisprissimo Pu-
b^issimo, com menos graça e derivação.
Também chamamos superlativo o positivo junto com
muito adverbialmente tomado, como: Muito amav / ,
Muito rico &; mas não é Amável e Rico, que sam su­
perlativos, como erradamente se diz; porem sim a ex­
pressão: Mu to a wave l Muito rico.
Os Superlativos Óptimo, Péssimo, Máximo, Mi-
nimo sam também alatinados, e não proprios da língua,
como: Rtquissimo%Caríssimo Mesmíssimo.
ARTIGO III.
Kfros I k t e r m i n a t i f o g .
O Adjectivo determinativo exprime a quantidade de­
terminada ou indeterminada; e por isso melhor se cha­
mariam, talvez, quantitativos.
Sam Determinativos de quantidade determinada todos
os nu mora es, cardiacs ou ordinaes, como: Vm, Dez,
Virile, I rin a &, cardeaes: Primeiro, "segundo. Ter­
ceiro, Quarto, Quinto à; ordinaes.
Sam determinativos de quantidade indeterminada U w f
A/gurn, Quolquer, Pouco% Muito, Outro Iodo,
A c nhum Sf,
~ Um exprime quantidade determinada e indetermina­
da: porque exprime a unidade certa, pelo que não tem
nem pode tar plural; e a unidade incerta, pelo que
tem o plurar U/u. Quando, pois, não tem plural ex­
prime a quantidade determinada;quando porem otem,ex«
prime a indeterminada. E’ quando exprime a quantida­
de indeterminada que lhe chamam artigo indiíinito
ARTIGO IV.
D o s fi&e la ti vos.
O Relativo é o que exprime a idea de relação, con­
cordando com um dos termos delia, e determinando
logo o outro pelo qual chama, ou deixando-o indeter­
minado.
Sam Relativos, que concordam com um dos termos da
relação, e determinam logo o outro pelo qual chamam,
os dominieues ou possessivos, que mostram relação en­
tre o possuidor e a cousa possuída, como: Meu livro,
Tua carta Seu p nsamento. Njossa patria Vossa
obra Estaio pontifício, Império francez, Orde­
nação affon ina, Palavra D vina. Todos estes adje-
ctivos M u, Tua, Seu Nossa, Vossa,Pontifício, Fran­
cez Affonsina Divtna sam relativos; porque nestes
exemplos exprimem tanto como: Livro de mim. Obra
de vóf Pensamento delle, Pateia de nôs; Obra de
vós. Estado do pon ifice, Império da França, Or­
denação de A ffonso. Palavra de Deus. Ahi estam
determinados os dous termos de cada relação, expressa
pela preposição— de— que se-inelne em cada um deiles.
Sam Relativos, que concordam com um dos termos
32
da relação, o deixam indeterminado o outro pelo qual clia-
Hiani, os que não incluem cm si a preposição, mas a exi­
gem expressa depois do si, como: H o m e m u t i l a , Ne>
g o io d i f í i c d d e , E s t a b e l e c i m e n to p o p t i o p a r a
Pode»se determinar o outro termo da relação deste modo:
H o m e m u t i l a p a tr ia , N egocio d i/fi il d e conse­
g u i r - s e , E s t a b e h e c í m e n i o p r o c r i o p a t a L j c c o . As ­
sim dos mais. -
ARTIGO V.
I$ o s R fo tlifld a tiv o s*
Os Adjectivos modificativos exprimem modificações
ou de estado ou de acção. * *
Sam Modificativos de estado lodos os participios dos
xerbos neutrog, quer do presente como: A r d e n t e , B r i ­
l h a n t e , C o n s t a n t e &; quer do pass*.do, como: 'A c o r -
d c t d o V i n d o , l h e g a d o v. Por elle exprimimos estas
modificações, dizendo: D e s j o a r d e n t e . O l h o s b r i l h a n ­
t e s , A m i z a d e c o n s t a n t e , no presente; H o m e m a c o r d a -
d o , C a r i a s v i n d a s . C o r r e i o c h e g a d o , no passado. Diffe-
rem no tempo que cada um involve.
Sam, porem, Modificativos de acção todos os parti­
cipios dos verbos activos, quer do presente, como: A-
m a n t e . T e m e n t e . O u v i n t e á ; quer do passado, como:
E s c r i p t o , F e i t o , M a n d a d o &. Por elhs exprimimos
estas modificações, dizendo: M u l h e r a m a n t e , F i l h o
t e m e n t e . D i s c í p u l o o u v i n t e , no presente: C a rta
e ^ T Í p ’a , O b t a f e i t a , S e r v o m a n d a d o , no passado.
Differem no tempo, e na actividade ou passividade
que cada um involve. (1 0 )
(10 * Parec que.se devem considerar c mo ad ectivos e
n o cs mo substantiv s os nomes acabad s em or— ou -em —
°ra—como: . «-/.dw, Sm d ra, Can or Caui ra; 1 ° porque
s m uns p rtieipios d p ss do a que se accrescent» um -r
T ' u um~ rí?' d greg - to ; * o porque tem .variaçã0
e imas, como. • ■ Bella; 5 .° torque cone rd m com
substantivos como: Gato mieáor, Cavaúo nnchudor, arvore
pimutiora. ’
38

Considerados os participios uns adjectives verbsre?:*


porque participam alguma cousa cia.natureza dos verso*;
o del los se diri vara, devemos, depois de tractai-os como.
variaveis, fractal-os como invariáveis, era cuja forma eo
chamam gerúndios-.e supines.
Os participios gerúndios sam sempre invariáveis, e ex­
primem um estado ou arção presente com relação de-con-
dição, ou de c-auza, ou de modo, como: Acordando, Vi­
vendo, Dormindo, etc, dos verbos neutros ; e A amido,
Querendo, Pedindo$ etc, dos- verbos aclives.
Chamam-se participios, quando fé combinam, com c.s
verbos Estar, Andar, lr f Vir, fazendo linguagem'com­
posta de .estado ou acçâo com essas relações; e gerúndios,
quando se combinam com outros verbos, explicando o es
iodo ou arção por elles esprema.
Os participies snplnos, porem, só smr, taes o invariá­
veis com os verbos Haver e Ter, exprimindo mn esta
do ou aceão passada e repetida , como : Tenho tão
d corte, Havemos dito a verdade. Se eu tiver ido
á côrte uma só vez, não j odsrei dizer: Tenho ido., mas.
Fui â Côrte, ■
Esta singularidade de ser o partici pio sómente supino
o invariável com estes doas -verbos da mesma ssgm-
ficarão, em-que se confundem .como se fossem ambos
am so, deve convencer-nos de -que isto procede de uma
ellipse., pela qual se deve entender occuilo o mesmo
verbo do' partici pi o no mfinito, como, um substantivo
de estado eu de acçào, concordando com eMe, e formando
■ambos o complemento do verbo Haver on Ter, kssau
a proposição ; Tenho-lhe. feito muitos favores , deve
mer sem ellipse: Tenho o fazer mudos favores feita-
..mdie ; porque favores nào é complemento de feito, quo
é passivo, nem concorda com filio, como oeste raso: ítv
idem muitos famres- feidos d-e-He,- Trr entre: famm m*
u
ê&mmendado os l i v r o s deve ser sem ellipse : Ternos
0 encommendar os livros encommendado, pelas mes­
mas razões de não ser livros complemento nem concordar
com encommendado , nem encommendado com o sujeito
do verbo (11)
Estes participios com os verbos Ser e Estar não sam
supinos e invariáveis, mas exprimem um estado ou ac-
cão propria , sendo de verbo neutro ; e aihêa, sendo
de verbo activo. Assim a proposição: Elle é chegado, ex­
prime acção propria do sujeito ; e est’outra ; Elle está
ferido, exprime acção alhêa sobre o sujeito.
Estes participios com os verbos Ser e Estar formam
o que se chama linguagem de estado ou acção passiva:
e com os verbos Ter e Haver, o que se chama linguagem
composta. É nestas combinações que estes verbos se cha­
mam impropriamente auxiliares; porque auxiliares se
devem chamar os participios a elles juntos, por ser p
verbo a palavra rei, a que por sua nobreza e excellent
cia todas as outras fazem cortejo.

SECÇÃO V II. .
© a s p r o p r ie d a d e s d o s nom es*
Chamamos propriedades dos nomes as suas differente&
variedades de genero, cie forma e de numero, de que
bradaremos em separado.
ARTIGO I.
© o g e n e ro d o s nom es*
Não ha nome que exprima uma idea pura e simples:
todos exprimem uma idea complexa.

(11) Na Syntaxe, teremos occazião de tractar de novo destes


participios gerúndios e supinos, combinados com ostes verbos
<ventão lhe daremos mais desenvolvimento.
35
0 substantivo exprime o ser-indeterm inado juntam ente
com sua especie e genero determ inado, assim: Homem
exprim e um ser da especie hum ana do genero m asculino:
Mulher exprime um ser da especie hum ana do genero
feminino. Ha alguns que determinam a especie, mas
não o genero, como por exem plo: Crocodilo, Javali, etc.
Os generos só sam propríus dos an im aes; mas por
semelhança e concordância se incluiram m etaphorica-
m ente na mesma divisão delles todas as outras cousas,
com o: Ouro, a que se deu o gene o m asculino, Prata
a que se deu o genero feminino, sem todavia terem se-
xos. Assim os mais.
Os pronomes não tem nem podem te r genero pro-
' prio ; porque não exprimem idea sua, mas a do substan­
tivo a que substituem ; e por isso só podem ter o gene­
ro destes. Assim : Eu é m asculino ou fem inino, con­
form e o genero da pessoa que falia. Tu é também o
mesmo. Nós, p o re m , pode ser de um e outro gençr©
como E u ; mas tam bém pode ser de ambos ao mesmo
tempo, se sam homem e m ulher as pessoas que fal­
ia m , e que se exprimem p o r Nós. Fds é também ©
mesmo.
0 Artigo, o Àdjectivo e o Participio sam como o sub-
staníivo, mas com a rliííerença cie terem formas diver­
sas para exprim ir os differences sexos, como: O, A, Jm*
lo, Justa. Feito, Feita, etc.
ARTIGO II.

©as formas e variações dos nomes#


Dos substantivos uns tem form a especial para ex ­
prim ir sómente os indivíduos de um genero como: Ho­
mem, Mulher, Cavalto ,. Egua , etc ; e por isso sam
invariáveis no singular; outro% porem / tem sua form a
commum ou generica para ex p rim ir os individuais de clous
generos, como : Gato, Gala, Rato, Rala, Porco, Póf~
m, etc: e por isso sam variaveis. Ha en tre estas duas um a
tprceira especic, que tem forma singular para expnmir
os indivíduos de ambos os generos sem variação algu**
ma, como i C o b r a , C h a r c o C a n a r i o , R o u x i n o l , etc.
Os pronomes, excepto o da terceira pessoa, tem,. <.
amo vimos, uma só forma para exprimir todos os gene
'ros, porem muitas variações. Variam
No singular ■; Eu em Me, Mim, Migo ;
Tu em Te, Ti,, Tigo ;
Elíe ou Ella em Lire, Se, Si, Sigo .
Mo plural :■' Eu em Nós, Nos, Nosco :
Tu em, Vós, Vos, Voscog
Elle ou Ella em Elies, Elias,‘Lhes, Se, Si, Sigo, ( Táj
As variações'Se, S i, Sigo exprimem , na sua íbrma
■invariável, não só todos, os generos, como também lo-
• dos os numeros, sendo sempre complemento e mine a
sujeito, exepto a forma—Se—, quando por ei ia se traduz
erradamente o O n francez, que sempre é sujeito, conto
neste exemplo: P r o c e d e u 'é e d d e v a s s a , devendo sem ga­
licismo ou ideotismo ser: o J u i z p r o c e d e u ã d e v a s s a .
■ -0 Se junto aos verbos aclivos diz-se que exprime
'•linguagem reflexa, quando o sujei (o é uma pessoa ou
çousa personificada, obrando sobre si, como : P e d r o fc~
r i u - s e , À c id a d e , r e v o l t o u - s e : linguagem reciproca, quero
' do o sujeito c m.ais de uma -pessoa ou cousa pers-oniiicada,
' obrando recíprocameníe uma sobre á outra, como: P e d r o
§ > P a u lo e n c o n t r a r a n i s e e ■s a u d a r a m - s e : linguagem pass?-

í / i i ) H a v ia t a m b é m a v a r i a ç ã o Eílo d e E lle , c o m o Mo do
E s t e , Isso d e E s s e , Aquiíío d e A q u e í t e . A t g u u s a i n d a o a d m i t -
t e m c o u t r a h i d o ^ j u n t o a o in fin ito d o s v e r b o s , c o m o : A m a í- i o
. A b o r r e c e - l o . : m a s s e — 0 — a lg u m a vez é p r o n o m e . c o n t r a /■
q u e . diz M o n ie s , S y u t a x e f i g u r a d a , n o t a ( g ) e n t ã o é coutr:u:çã<-
d e E ito , c o m o o e s t e e x e m p l o : Porventura àccuzarenios a D. A[■
•■fonso de Albuquerque» porque depois de soffrer tantas hostilidades
} s-.engan.os dos reuiegovernadores de Qrmm onão deixou abrasar;
Áípii o s u je i to d e deixou é elle, A ifo irso d e A l b u q u e r q u e <■/
C sío -o p a r e c e q u e '. e s t á p o r id io t is m o e m J o g a r d e '«*, *V-
vòfidò. i i e s t é &s» s e r e o o t r a e ç ã o -de ~E!fc> ç mo V itigu
fH, quando o sujeito soffre a acção de ontro, como;
Mandaram-se- dons correio*, Fez-te uma ponte.
O Artigo, o Adjectivo eoParticipio tem formas diflferen*
tes para cada genero e para cada numero. O Artigo tem a
forma - o—para o genero masculino, e a forma—a—para
o feminino, ambas do singular; a forma—os—para mas­
culino, e a forma—as— para feminino, ambas do plural.
Tal qual é a variação das formas do Adjectivo e do
Paricipio. Ha, porem, Adjectivos e Participios de uma
só forma para exprimir ambos osgeneros, como: Grande,
v Feliz, Facil, etc. adjectivos; Amante, Constante, Bri-
hante, etc., participios, os quae só variam do singular
para o plural.
ARTIGO III.
Ifto IVtim er o dos Montes*
0 Numero mostra a quantidade, e a quantidade repre­
senta-se pela unidade ou pela multiplicidade; por isso
divide-se o numero em singular para exprimir a uni­
dade, e plural para exprimir a multiplicidade. Como o
lome pode exprimir o ser, as suas qualidades, suas re­
lações e suas modificações em unidade ou em multi­
plicidade, tem singular e plural. O singular do Sub-
, gtantivo, do Pronome, do Artigo, do Adjectivo e do Par-
ticipio é como se acha nos Diccionarios; o seu plural,
porem, tem as seguintes formas.
M egra geral*
Forma-se o plural dos nomes accrescentando-se-lhes
ttm_ $ _ sómente, ou também mudando, tirando e au­
gment,ando alguma lettra, excepto o dos acabados em s.
fc^ta regra se divide em trez paites principaes.
I. Accrescent; - e r m - s —no plural aos nomes aca­
bados em vogal no singular, como: Ata, Coité, Oiti, toc,o
Cajií, que fazem Atas, Coités, Oitis, Cocos, Lajus.

%
88
í! Acmwcnía-se InmVcm nrn—»— no plura! aos no­
to os «rabelos em consoan'e ^singular, a saber: I.• mas
acabados em n serT.alíeraçào, como: Joem q::ef z Jb-
vens,: u2.°,‘)os acabados: ou em n/, o/, itl, mud a n d o o l em
e>
/ ,
comr.To C/ lnptuf, FuréJ, l\nU

, (rueíbzcm
'
Cltriskus, ,
Pa-
?.ó.\ r a.mu; cu em cm, im, inn. uni, rnu<l..R.io o m
e a n, como: Bem, Fim , S o m , J e ju m , que í‘ zcm B ern ,
Tins, S o n s , Jejuns; ou em cl, mudando o l em i. como
P a p e l que faz Papéis: 3.° aos acabados o’fc em i l agúdo,
brando sómenle o I, cost.o: F u z i l , que íaz F u z is ; cu cmib
grave, brando o l e inudaiido-.o i em ci, como : D ó c il
que faz Dóceis,
Exceptnam-se os seguintes a que se aeerescenin cst,
1. ° Aos acabados em r ez, como Mar, Sttr, V,zr,
Flor, Cajúr, Gaz, Vez, Raiz Nóz, Cruz, que fazem,
Deres, Vizires, Flores, Catúres, Gazes, Vezes, Raizcs
Mares,Nóze* , Cru zus.
2. ° A Mal e Consul , que fazem Males e Cônsules ,
Jíl Accrescent:,-:, e tami em fmálmente. um—s—no
plural aos nomes acabados em ao no smgular, a saber: ou
Som mudança, como: Cidadão, que faz Cidadãos; ou mu­
dando somente o—o - e t n - q —-como: Ta belli ão, uue faz
T abelhões ; on mudando o ã em õ, e lambem o—o—~>
em —e,— o mo Melão que faz Melões.
Por excepçào da Regra gerai sam-os nomes acabados
< eni s no, plural, como no singular, excepto Deus, S im -
Vuples, que fazem Deuses, Sim pliers , D n p lim ,
Os Pronomes Eu e Ta nào tem regra. 0 ph-.ral dc Eu
sum as suas variações, Nós, Nos, Nusco; o o de Tu, as
suas, Fds, Vos, Vosco.
Oa nomes cuenào tem plural, ccmo: l.o cs- propping
iço» J p u , 1 > te m , í<í,, 2,° «nguns abstract os, como: F é ,
C a r i d a d e , F o m e , S e d e : 3.o M o , Isso, Á q u i i i o , O u t r e m
■ Alguém , Ninguém ,Tudo, Nada.
v•»r> ^r * ou^iiíS.
rtn i
que t T‘
nuo tem síiiuuiar. como: Al a e j-n o ^uiw*
v Pieces, I re cus, Vmeres d. r '
As variações Se , S i , Sigo , sum no plural ccnnrao
Singular.

MR
49

SECÇÃO VIII.
© s i s © i ’eiW íè 1 'fèc s.

As Preposições sara palavras que exprimem as ideas


de relaçaõ das cousas.
Ha preposições simples, como: A, Ante, Apoz, Até,
Com, lontra. De, Desde, Em, Entre, Para, Ver,
Vor, Sem, tob, Sobre: e compostas, como: Diante, Pe­
rante, D’ante, A.
Todo o objecto tem natural e essencial men te um jo­
gar no espaço e no tempo, e pode ser considerado em
relação com este íogar, ou com sigo, ou com outro obje-
cto, ou em repouso, ou em movimento.
A relação do objecto com o seu togar sem conside­
ração de só ou acompanhado exprime-se pela preposi­
ção—Em— quer no espaço, como: Em casa. Na rua,
Em terra, No mar; quer no tempo, como: Em um
mez, Em um anno Na primavera. No verão. Des»
tas expressões naturaes das relações físicas nasceram,
por semelhança, as expressões metaphoricas das relações
nioraes, como: Em si. Em mente. Em regra. Em .
geral, &. Estas relações presuppõem o repouso do objecto
só ou com oukot , s ,
O Íogar pode considerar-se ou n uma linha vertical
supposta cojno do ceu a terra, ou numa linha orison-
tal como de um a outro polo. A relação do objecto com
o seu togar, em qualquer ponto destas linhas, se expri­
me, na consideração de movimento, pela preposição De,
que mostra o ponto de partida, e pelas preposições A
e Para, que mostram o ponto de chegada era ambas as
linhas,-como: Da testa ao rmbigo, De um homb o
a outro, De cá para jà . Também so exprime pela
preposição Desde, que mostra o principio, e pela pre­
posição Até, que mostra o Cm, tomo: Desde o Ceará
até o Pará.
Estas expressões das relações do objecto com o seu
50

ogar no espaço sain as mesmas das_suas relações eoiu


o «eu logar no tempo, como: De Janeiro a -Ftvereiro,
De Março para Abril, Desae Maio até Junho.
Cumpre, porem, notar que a preposição A involve a
idea de voltar; a preposição Para a de ficar; mas a pre­
posição X é deixa incerto o voltar ou ficar.
Destas expressões neturaes nasceram lambem as me<
laphoricas. nas semelhanças dos objectos físicos com os
muraos, como: Do ado a parse não vafe a consequên­
cia. De pae para filho vae um grau. Desde o prin­
cipio até o fim da conversa.
A relação, porem, do objeclo com o seu logar, con­
siderado em repouso, implica a relação do mesmo lo­
gar ou do mesmo.objccto com outro. Assim na linha
vertical, a relação exprime-se pela preposição Sobre, que
mostra superioridade, c pela preposição Sob%que mostra
inferioridade, como: Sobre a terra, So6 n sol, fisica­
mente: Si b e posse. Sob condição, moralmente.
Na linha orison tal, porem, a relação exprime-se pela
preposição Ante,t\\\Q indica posição anterior ou adb
ante,e pela preposição Apoz,que indica posição posterior,
ou atraz, como: Ante o exercito Apoz o ^reíZ£Zo,fisica-
mente, e, Ante a Le;, Apoz a execução, moralmente.
A relação de opposição e resi&tencia exprime se pela pre­
posição Contra, ou reciproca ou só de um objecto contra
outro; porque a prep Sição Ante, que lhe corresponde,
não involve esta idea. Assim dizemos na expressão na•
lurai: Um contra o outro, quer de peitos, quer de
costas; e metaplioricam nte: Acção Contra a Lei.
Assim 11a linha vertical como no horisontal se pode
considerar uma posição me lia implicando uma relação
dupla com os dons extremos, c expiessa pela preposi­
ção Entre, no repouso; e pelas preposições Por e Per,
no movimento. Assim dizemos naturalmente: Entre o
martéllv e a bigorna, no vertical. Entre a espada
e a parede, no orisontal, expressões naluraes; Entre
os perigos. Entre a vida e a morte} Entre alegre
e magoaúa, expressões metaphoricas. Foi por mar
da Capital pa*a o Aracali; Voi pelo Icô da Ca~
xoeira para o Crato; Foi pela secca; Foi por S.
João; no sentido natural. Fez se por si; Cada urn
obra de per si., no sentido metuphorico.
Nas preposições compostas, lia accumulaçaõ' de re­
lações em que ou a palavra junta é regida da prepo­
sição immediate, exprimindo uma relação, e esta mes­
ma palavra e preposição é regida da outra mediata,
exprimindo outra relação, ou entro estas preposições
ha um termo occulto por Ellipse. Assim na expressão:—
Foi perante o rei, ou rei é palavra regida da pre­
posição ante, exprimindo uma relação; e ante o re
é uma expressão regida da preposição per, exprimin­
do outra relação; ou preposição perante se divide ,
cnlendendo-se o termo se entre ellas occulto, fican­
do a expressão deste modo: Foi per si ante o rei. A
primeira intelligencia nos parece raais conforme a ill-
dole da nossa lingua.
Do que fica dito, é facil de ver quaes as preposições
que exprimem repouso, quaes as que exprimem movi­
mento.
SIC Cd à fliX .
D o s A d vérb ios.
O Adverbio é uma palavra invariável, composta como
já vimos, ou de uma preposição e um substantivo, ou
de um substantivo e um adjectivo ou parltcipio; que
exprime uma idea de circumstancia de logar, de tempo,
de qualidade e de quantidade, particularizando o estado
ou a acção do sujeito de que se tracta.
Sam Advérbios de logar: Aqui, Ahi, AM, Cd, lá .
Acolá, Aquém, Alem, Dentro, Fora, Adiante Atraz.
Destes uns exprimem relações cireumstahciaes de lo­
gar entre duas pessoas ou cousas, suposto um objecto
iutermedio, como: Aquem, Alem, Adiante, Atraz, Den­
tro e Fora, ontros exprimem estas relações entre trez pes-
52
soas, ou cousas, supposla alguma dislancia intermediaf
como: Aqui, Ahi, A/li, Cd, /-«. Acolá.
Aquem mostra o logar extremo da parle da pessoa que
falia. Alem o da parte da pessoa a quem se falia
Aqui se junta á pessoa que falia: Ahi. á pessoa a quem
se.falia, Aili á pessoa ou cousa de (piem se falia. Ca expri­
me tanto como Aqui; iá tanto como A hi; Aco/à tanto
como Klli; o por isso seguem a mesma regra. Todos
se juntam indislinclamenlc a qualquer destas trez pes­
soas. Elles mo íilicam o estado ou accao destas pes­
soas deste modo: Eu fu o aqui. 'lues/era ahi. Elle
foi alli. Sem estar circumslanoias ficaria ignorado, on­
de fico cu, onde esperas tu, e aonde foi elle.
Sam Advérbios de tempo: Uontem, Hoje, Nmanhã,
Antes, Já, Depois, Então, Agora, Logo, Ainda,
Quando, Nunca, Sempre, &. Hontem exprime tempo
passado, Ih fe tempo presente, Amanhã tempo futuro:
o mesmo jazem An tea, Ja e Depois. Então denota
tempo passado ou futuro, conforme o objecto deque se
falia. Quando não mostra tempo algum determinado, Nun­
ca exprime negação, e S mpre exprime affirmação de
todos os tempos.
Todos circumstanciam o estado ou acção de qualquer
das trez pessoas: Eu, Tà, Elle.
Sam Advérbios de qualidade: Assim , Como , que
comparam as qualidades de um ou ma is sujeitos, con­
siderados entre si; exemplo; W providente assim co­
mo energico, Cm é assim amavel como o outro.
Os compostos da palavra metve com qualquer ad-
jeclivo ou partícipio, como: Realmente. Falsamente,
Decididamenle , Vronunciadamenle , mostram a
qualidade sem comparação. Sim, Talvez, Quiçá, Não,
oontam-se entre os advérbios de modo; porem elles in­
fluem mais sobre a affirmação, do que sobre a qualidade,
a qual nada accrescenlam como os outros. Sim confirma o
attributo, a qualidade, mostra certeza de sua existência;
Talvtze Q <çá, nem affirmam nem ne^am,. mostrara
duvida, incerteza desta existência; Não nega tal exis-

Haw»**
í>3
toncia. A.’ pergunta: Vais ao theatro*! (\i\?1 quer das
respostas* Sim, [alvez, Não, mostra diílercnte cstsuo
(1’alrna do respondent* : pelo aíílrma, polo ta.ve*
duvida, e pelo /ião nega. ~
Sam Advérbios de quantidade: A ssas, A.penas, Q/a*
si, Sequer, que mostram a quantidade em difterentes
graus Asiás, m ostra sufficiencia; Apenas insuffieiencia,
Quasi, com pouca differjença, Sequer, o menos possível*
Estes advérbios mostram a quantidade de cana m au
vi !uo simplesmente, emquanto os dous Tam, Quarn, a
mostram com parada, como: E' ião rico, quão pobre.
Ha certos substantivos com preposição ou sem cila»
que se tomam por advérbios, como: A ‘ima. Acerca, A-
travez, Acinte, Bem, Mal, Tarde, e dizemos: Falia bem,
Falta mal, Tractou acerca disto.
Ha também adjectivos que se tomam adverbialmente
calando-se por Ellipse o substantivo com que concordam,
e a preposição que os rege, como: Mais, Menos, Muito,
Pouco, Caro, Barato, Perto, Longe, Tanto, Quin­
to, Melhor, Veior &; os quaes, conforme o sentido em
que se falia, concordam com logar, tempo, numero,
ou quantidade, mo to ou qualidade, ou com outro
qualquer mais apropriado Assim, quando dizemos: Pe­
dro é muito rico é como se disséssemos: Pedro e ri­
co de muito modo ou de muito dinheiro: i o nprei caro,
é como se disséssemos: Comprei por preço caro: E ià s
perto, é como se disséssemos: Estas em logar perto.
Os Adjectivos: Mais, Menos, M elhor, Peíor, se-to*
mcmi ad verbialmente, quando se faz comparação; assirn: lu
és mais rico que eltei é como se disséssemos: Tu es ri­
co em mais quantidade que elle.
Ha também finalmente advérbios juntos com prepo­
sições, como: D’aqui, D’alii, Aonde, D’onde D alii. De
dentro, De fora, Por cima, Por baixo, Si; nos quaes
julgam os haver accumulação de preposições que nao
se podem conciliar senão como na acc u m u la te de
preposições. Mas em alguns deste advérbios e de ab­
soluta necessidade adm ittir logo a Ellipse; porque por
u
exemplo: Âqu\ quer rlizor—Nesto logar;—]logo— Da-
qui quer dizer: De neste logar. O que é erro som El­
lipse. Portanto—D aqui,— tirada a Ellipse, quer dizer;
Do principio, ou do ponto neste logar. Assim os mais.

SECÇÃO X.
o

JDas C o iijutieçdes.
As Conjuncções sam palavras invariáveis, simples e
monosylabas, que exprimem a relaçao de nexo c ordem
que as palavras e as proposições tem entre si,
Enumeram-se muitas conjuncções; mas propriamente
so se devem considerar como taes as seguintes: E Mas
Nem, Ou, Pois,Porem, Se. ’ ’
As palavras compostas do conjunctive Oue, e de al­
gum substantivo, ou adjectivo, ou adverbio e preposição
como: Bem que, Posto que. Ainda que, Pelo qu e’
Por que, sam expressões Ellipticas, que representam o
papel de conjuncção pelo cunjunctivo do que se com*
põem. 1
Usam-se também como Conjuncções os advérbios Ora
Logo, Ja, Assim, Também, quando repetidos &; mas nem
por isso deixam de ser o que sam, quando mesmo repre­
sentam este officio alheio nas repetições. 1
As conjuncções qualificam se, segundo as suas func-
çoes, e assim chamaimse:
1. Copulativas, as que unem as proposições ou os seus
membros, como: E, affirmativa, Nem, negativa. Exemplo:
Jutulos e riquezas não dam saber nem virtudes.j
disjuntivas, as que Hgam as proposições ou os
membros, considerando cada um a parte, como: Ou, dubi­
tativa. Exemplo: ’
Escolhe ou um ou outro partido, e segue quer le
va bem, quer te vá mal, 4 ie
3. Adversativhs, as que ligam proposições onnn«
tas, como: Mas, Porem. Exemplo: P P Ç oppo^
X amizade verdadeira não na bonança, mas na
adversidade se conhece.
4. ° Gausaes, as que ligam proposições, das quaes
uma é principio e a outra consequência, como: Pois.
Exemplo:
Não o tenho por fraco; pois já vi obras de seu,
esforço.
5. ° Contficionaes, as que ligam proposições depen­
dentes, uma da outra, pela condição, como: Se. Ex­
emplo:
Se tivetes prudência%vivirás em paz corn todos.
Todas estús conjuncções se substituem pelas expres­
sões conjunctivas, para dar ao discurso a graça da variedade.
Como não ha conjnncção farà ligar as proposições
comparativas, usamos dos advérbios, Àsim, Como,
àão só. Como também, <x. Exemplo:
Seja feita a vossa vontade assim na terra como
noreu.
As conjuneções não influem directamente sobre os tem
pos dos verbos; e por isso ^ erro dizer que os levam
ao conjunctivo,-ou aò condicional.

$E C $D XI.
D o s V erbos.

O verbo é umá palavra quasi indiiinivel para os Gram-


maticos, porque ainda não concordaram em uma deti-
nicão; assim que, segundo diz Char ma, so a sociedade
grammatical estabelecida em França por Domergue lhe
deu 200, sem que nenhuma s atisíizesse.
« O verbo, diz Mr. Lamennais, que manifesta o ser
na sua unidade infinita, o manifesta também na sua tri-
pl cidade essencial de pessoas, contidas na sua noçao-
primeira, absoluta, independente do tê m p o r a s coexis-
tem nelle por umá necessidade essencial* Elias sam, na
S6
sua generalidade, antes de toda a determinação, as trcs
faces debaixo dãs quaes o ser apparcce necessariamente.
As ideas que exprimem resjpectivamente as palavras
euy vós, elley inherentes a idea que exprime a pa­
lavra ser sam de tal sorte inseparáveis delle, que, no
mesmo momento que se tracta de separal-as, effectiva-
mente a idea de ser se-desvanece ’numa noite eterna.
Demais as relações que subsistem entre as pessoas ne<
cessarias do verbo sam identicamente asmesmas que as que
existem entre as pessoas do ser infinito. \ós implica
cm, como seu principio, sem o qual quem jamais teria
podido dizer vôt ? Vòs e eu dizem geralmente elle.
Esta terceira pessoa tem uma relação semelhante corn
as duas primeiras, e as suppõem; porque não se poderia
dizer elle%senão fallando um a outro. Elle pois procede
de todos dous. »
O verbo, quanto a nós, no seu essencial é a affirmação do
ser vaga e confuzamentesem distineção do tempo, numero,
e pessoa que manifesta no seu accidental: é a palavra ex­
pressiva dojuizo.
Ha um verbo unieo, que é o#chamado substantivo, over-
bo ser. Os outros sam uma combinação deste verbo com cer­
tas qualidades ou modificações do ser: assim 4mxr quer
dizer-ser amante ár. Por tanto, chamando-se o verbo
ser substantivo, se devem chamar os outros modificativos,
ou qualificativos.
Chamam os Grammaticosauxiliares os que ajudam o verbo
substantivo a exprimir os diferentes modos de existência
ou começada, ou continuada, ou acabada de qualquer
objecto ou acção: etaes sam, segundo Soares Barbosa
os verbos Ter, Haver, Estar; mas parece nos haver nis­
to talta de critica, mais rotina do que philosophia- nor
que nas phrases— Hei de ser, Eestou sendo Tenho
sido— ém que se-a limitte tal auxilio, não. vemos ou­
tra cousa que a reunião de duas palavras para exnri»
nnr ideas, para as quaes a nossa Língua não formou uma
palavra própria ua
Entendemos que estes sam tão auxiliares, como qual-
57
quer outro que se-junte com o verbo ser; assim por
ex: Quero ser, Devo ser, Desejo ser. Pretendo ser,
Vosso ser, Vou sen lo, An lo sendo, Vivo sendo &, se
devem também neste caso chamar auxiliares.
No mesmo caso se-acham os chamados pronomi-
naes, reflexivos e passivos; porque estas denomi­
nações não lhes competem por sua natureza, nem sam
auctorisadas por alamma razão lógica. Mostrem nos um
verbo pronominal, TOexivo, ou passivo semajuncçào
do pronome , que aceitarem >s a qualificação; mas em
quanto observarmos que é a variação de um pronome
que, unido a qualquer verbo, o faz passivo, reflexo, ou
pronominal, a consideraremos pueril, e mesmo absurda;
porque não comprehendemos, como possa o bom senso
attribuir a uma só palavra a significação de duas diversas,

ARTIGO I.

H a C on ju gação dos V erbos.

A Conjugação é o systema das differentes termina­


ções , que toma a forma primitiva de qualquer verbo,
segundo a ordem dos modos, dos tempos, do numero, e
a qualidade das pessoas. A Conjugação é regular, ou
irregular: a Regular é a que segue uma mesma re«*
gra na formação dos tempos dirivados de seus radi-
caes, e nas terminações defies; a Irregular é a que em
todo ou em parte se desvia desta regra.
Ha tres especies de verbos regulares, formando tres
especies de coujugações differentes: a primeira é a dos
acabados em a r , coma: Amar, Falar, Cantará-
a segunda dos acabados em er, como: Comer, B eber t
Aprender &; a terceira dos acabados em iry como: Diri­
gir, Conduzir, Exig ir &.
Fora destas conjugações temos a do verbo Por e seus
compostos, que seguem mudos differentes.
u
ARTIGOLil
B oh Modos dos Verbos,
Chamam sc modos dos verbos as differentes manei­
ras de enunciar a coexistência do attribute no sujeito da
proposição, isto ó, a espccie ou genero a que o sujeito
pertence. r,
Dividil-as hemos segundo S<*ar<wBarbosa em tres:
Infinito, Indicativo e Subjuntivo:-o Iníini ivo enuncia
pura e simplesmente a coexistência do attribulo no su­
jeito sem determinação alguma, nem de numero, nem
de pessoa; o Indicativo mostra a coexistência do attribu­
te no sujeito de um modo absoluctò e independente; o
subjuntivo manisfestá a coexistência do attribulo no su­
jeito de um modo relativo e dependente de outro verbo.
No Indicativo vae incluído o imperativo e o condia
cional; porque ambos formam proposições direclas, ab­
solutas e 'independentes.
A1ÍT1GÒfflí
M os T e m p o s d o s V e r Mos.
*>■ '
Os modos do tempo sam tres: o Presente, em que se
está fallando; o Pretérito, que precedeu o Presente: e o
Futuro, que se ba de seguir. Mas todos estes modos de
duração se podem considerar: ou como continuados e
não acabados, uo como continuados e acabados; e dahi
a divisão de perfeitos imperfeito, como se verá nas
* conjugações;
ARTIGO IV.
D o s IVdm eros e P e sso a s d o s VerMos.
O Sujeito das proposições pode ser um ou muitos; e
daqui a necessidade de terem os tempos des verbos ter­
minações que indiquem o numero destes sujeitos, Os
49
numeros, pois, dos tempos dos verbos sam dous: singu­
lar c plural. O Singular indica que o sujeito da propo­
sição é um só; o Plural indica que sam muitos.
O Sujeito se divide em Ires pessoas: primeira Eu, se*
gunda Tu, u terceira Elle ou Ella no singular; primei­
ra Nôs, Segunda V.ôt, terceira Elies ou Ellas no
plural.
. A || 1 G0 V. -
«
D a C o n ju g a e ã » «Hs v e rb o s S e r ©E star-
Modo Infinitivo.

I m p e s s o a l.

Ser, Estar. *

P e sso a l.

N. S. N, P.

Ser Eu, Estar Eu. Sermos Nós, Estarmos Nós.


Seres Tu, Estares Tu. Serdes Vós, Estardes Vos
Ser Elle, Estar Elle. Serem Elles, Estarem Elles.

P a r tic ip lo do presente.
Sendo, Estando

Particlpio do passado.

Sido, Estado.
so
M o d e I n d ic ftfiv o .
Tempo presente..
N. S. N . P.
Eu Sou, Eu Estou Nós Somos, Nós Estamos.
Tu Es, Tu Estás, Vós Sois, Vós Estaes.
Elio E* Elle Está Eiles S a ^ Ellcs Eslam.
eleiE i» iu ^ e iíe it u
N. S. N. Vf*
Eu Era, Eu Estava Nós Éramos, Nós Estavamos«
Tu Eras, Tu Estavas Vós Ereis, Vós Estáveis.
Elle Era,Js Elle Estava Ellcs Eram, Eiles Estáveis.
P r e té r ito iierPcito.
N. S. * N. P.
Eu Fui, Eu Estive Nós Fomos, Nós Estivemos.
Tu Foste, Tu Estiveste Vós Fostes, Vós Estivestes.
Elle Foi, Elle Esteve Eiles Foram, Ellcs Estiveram*
P r e te r ito issais q u e p er leito .
N. S. N. P.
Eu Fora, Eu Estivera Nós Furamos, Nós Estivéramos.
Tu Foras, Tu Estiveras Vós Fôreis, Vós Estivéreis.
Elle Fora, ElleEstivera Ellcs Foram, Eiles Estiveram»
Futuro.
N. S. N. P.
Eu Serei, Eu Estarei Nós Seremos, Nós Estaremos^
Au Serás, Tu Estarás Vós Sereis, Vós Estareis.
51
ElleSerâ, Ello Estará Elies Seram, * Elies Eslaram.
Condicional.

N. S. ■ N. P.
Eu Seria, Eu Estaria Nós Seriamos Nós Estaríamos.
Tu Serias, Tu Estarias Vós Serieis, Yós Estaríeis
Elle Seria, Elle Estaria Eiles Seriam, Eiles Estariam.

Imperativo.

N. S. Sê Tu, Está Tu— N. P. Sede Vós, Esláe Vós*

JVIodo sulíjuiictivo.

Tempo presente.
N .S . N. P.
Eu Seja, Eu Esteja Nós Sejamos* Nós Estejamos.
Tu Sejas, Tu Estejas VósSejaes, VósEstejaes.
Elle Seja, Elle Esteja Eiles Sejam, Eiles Estejam. ,

i^reteirto perfeito.
N. S. N. P.
Eu Fosse, Eu Esti vesse Nós Fossemos, Nós Estivéssemos.
Tu Fosses, Tu Estivesses Vós Fosseis, Vós Estivésseis.
Ella Fosse, Elle Estivesse 'Eiles tossem, - Eiles Estivessem.
Fuiuro.

N: S.. N. P.
Bu For,. Eu Estiver Nós Formos, Nós Estivermos,
Tu Fores, Tu Estiveres Vós Fordes, Vós Estiv^des.
Elle For, Elle Estiver E lies Fore na, Ellcs Estiverem.
C onjugação «los V erb os H a v e r e V er.
M odo In fin itiv o .

; Impessoal.

Haver, Ter

Pessoal.

N. S. N. P.
Haver Ter Eu. Havermos Termos Nós.
Haveres Teres Tu. Haverdes Terdes Vós,
Haver Ter Elle. Haverem Terem EHes.

Parlieipio do Presente.

Havendo, Tendo.

Participio do Passado.

Havido, Tido.

ftlotlo In d icativo.
Tempo presente.
N. S. N .P .
Eu Hei, Tenho. Nós Havemos.
Tu Has, Temos.
Tens. Vós Haveis, Tendes.
Elle Ha, Tem. Elies Ham, Teem.
5a
Preteri to Imperfeito.
N. S. ' N. P,
Eu Havia, Tinha, ‘ Nós Havíamos, Tínhamos.
Ta Havias, Tinhas, Yós Havíeis, Tínheis.
Elie Havia, Tinha, Eiies Haviam', Tinham.

. Preteriio Perfeito.
IS; S. N. P.

Eu Houve, Tive, NósHcuveir.os, Tivemos.


Tu Houveste, Tiveste, Vós Houvestes, Tivestes.
Elie Houve, Teve, Eíles Houveram, Tiveram.
>
•Prelerilo mais que Perfeito.

N. S. N. P.
Eu Houvera, Tivera, . Nós Houvéramos Tivéramos.
Tu Houveras, Tiveras, Vós Houvereis, Tivereis.
Elie Houvera, Tivera, Elles Houveram. Tiveram. _

Futuro.
N. S.. N. P.

Eu Iiavcrei, Terei, Nós Haveremos, Teremos.


Tu Haverás, Terás, Vós Havereis, Tereis.
EHe Haverá, Terá, Elles Haveram, Teram,
M
Condicional.
% S. N. P,
sEu Haveria, TH av Nós Haveríamos, Teriamos.
Tu tit* verbs, I - ias, Vós H-veriois, Tonéis.
Elio Haveria, Teria, Elios Haveriam, Teriam.
Imperativo.
'N. S... M P.

SIa T a, Tem Tu, Ilavci Vós, Tende Vós.

Modo Subjun ivo


Te!npo P re sen e.
N. S. ft pt
Eu Haja* Tenha, Nós Hajamos, Tenhamos.
* r u ^ j aS’ Tenei.s, Vós tK jaes, Tenliaos.
E ile H aja, leiiiia, Eii.es Hajam, Tenham*
i eterito hr,perfeito.
n .’ s. u ; p.
Eu Houvesse, Tivesse, NósHmivessemos,T'vpssemos.
i u, . u .“ ' f 8* Vós Houvésseis, Tivésseis,
ii.icH ouvesse, iivesso, Elles Houvessem Tivessem.
futuro
N. S. N P.
Eu íioBvcr, Tiver, Nós Houvermos, Tivermos.
Ta Houveres, Tiveres, .Vós Houverdes, Ti vertes.
Elle Houver, Tiver, Ellos Houverem, Tiverem.

C o n )« ila çõ es dos T e i bog r e g u la r es


a r a lm d ÍH S

em ar, er, ia*.

Modo infinitivo.
/ * pessoal.
Amar, -Comer, Influir.
Pessoal.
N. S.
Amar Eu, Comer Eu, Influir Èii.
Amares Tu, Comerei Tu, Influíres Tíi.
Amar EHe, Comer Efle, Influir EUo.
N. P,
Amarmos Nós, Comermos Nós, Influirmos Nós,
A marries Vós, Comerdes Vós, Influirdes Vós.
Amarem Eíles, Comerem Elles, Influírem Eiles.
1 ar liei pio do resuite.
Amando, Comendo, Influindo.
Farticipi” tío Passado.
Amado, Comido*, Influído,
m
Modo Indicativo.

Tempo Presente.
N. S.
Eu Am-o, Eu Com-o, Eu Influ o.
Tu— as, Tu— os, Tu — is.
Elle— a., Eilc—-o, Elle — e.

N. P.
Nos— amos, Nós— emos, Nós— imos.
Yós—■aes, Yós—eis, Vós—iis.
Elies—am, Elies—em, Elies—em.

Preterito Imperfeito.
4

N. S,
Eu Àm-ava, EuCom-ia, Eu Iuflu-ia.
Tu — avas, Tu — ias Tu — ias.
Elle^—ava, E lle — ia, E lle— ia.
N. P.
N ó s— avamos, N ó s— iaraos, N ós— iamos.
Yós T-aveis, Yós — ieis, Yós — ieis.
E lle s— avam, Elles — iam, E lles— iam.

Preterilo Perfeito.
N. S. ■
Am-ei EuCom-i, ' Eu Influ i.
rz
Tu— aste Tti— esle , Tu— isle,
lille— ou « lille— a i , Elle— iu.

N P
Nós— ámos , Nós— émos , Nos írnos.
Vós— aslos, Vós— estes, ,sí(-'s*
Eilotj— aram, E lles-eram , LHes— iram*.
Pretérito mais que perfeito,
*
N. S,-------- --- —
En Am ara , Eu Com-era , Eu Influ-lra.
Tu — 'as , Tu — eras , Tui — uas.
Elle— ara , E lle-cra , Ellc— ira.

N P.
Nós—aramos , Nós—éramos , Nós-iram os.
\Ó.S_ a reis, -Vó - roto , .Vj s —-r^is.
L iles-a ra m , Elle, eram , tiles iram.
Futuro.

N. S.
Eu Am -arol, Eu Com -etei, Eu M iM ei.
Tu - aràs. Tu - eras, Tu - « *
Elle— ara, E|lt ° 'a ’ ^ ‘

NP.
Nós— aramos,
, BU « -eram ', EUes-iram.
5$
Condicional.
N. S.

Eu Am-ária , Eu Com-cria, Eu Influ-lria.


Tu — arias, Tu crias, T u — í ias.
Elle—aria, Elle— cria , Elle—iria.
N. P.
N õs-ariam os, Nós— eriamos , Nós—iríamos.
Nos —arieis , , Vós crieis, Vós— irieis.
Jides—aiiam , Elics— criam, EI los iriam.
Imperativo.
N. S.

Am-a Tu , Com-e Tu , Influ-e Tu.


N. P.
Am-ae Vós , Com-ci V ós, Influ-í Vós,
Modo subjuntivo.
Tempo presente.
ft

N. S.
Eu Am-e , Eu Com-á , Eu Influ-a.
Tu — es , Tu — a s , Tu — as.
E lle— e , E iie -a , E lle- a.
N. P.
Nós— em os. Nós— amos , Nós—amos,
59
Vós— ois , Vós iios, Vós— aes
lilies— cm, Elies— am, Elios— am".
«
P reterito imperfeito.

H. S.
Eu Am-nssc , Eii Corn-essc, Eu Influ-ises.
J u — asses , Tu — esses , Ti> — isses.
lillc— asso , Elle— esse, Elle— isse.
N. P.

Nós— assemos , Nós— essem os, Nós— isscmos.


— llsso*s » \ ós—esseis , Vós— isseiâ.
Eiles— e.ssem, Eiies— essem , Elies— issem.
F uturo.
N. S.

Eu Am -ar , Eu Com-er, Eu Influ-ir.


J u — ares , Tu — ores , Tu — ires.
Elle— a r , Elle—er , Elle— ir.
N. P.

Nós— arm o s , Nós— ermos , Nós—irmos.


os— ardes , . Vós—erries, Vós— irdes#
Elies— arem, Elles—erem , Elles— irem.

Ha Conjugarão do Verb©,
Pflr.
60
Modo Infinitivo,
Impessoal.
Pôr.
Pessoal.

N. S. N. P.
Por- Eli. Pnrroos Nós.
Pores Tu. Pordes Vós.
Por Elle. Porem Elles.
Participio do presente.

Poud).
Participio do passado.

Posto.
Modo Indicativo.
Tempo presente.
N. S. N. P.
Eu Ponho Nós Pomos.
Tu Pões. Vós Pondes.
EUe Põe. Elies Poem.
Pretérito imperfeito
N. S. N. P.
Eu Punha. Nós Punhemos
/
t)i

Tu Punhas. Vós Púnheis.


Elle Punha. Elles Punham;
P refer Ho |icr feito.
N. S. N. P.
Eu Puz. Nós Pozemos.
Tu Puzesle. Vós Pozestes.
Elle Poz. — - __ Elles Pozeram.
P reterit© msils q u e p erfeito .
N. S. N. P.
Eu Pozera. Nós Pozeramos.
Tu Pczeras. Vós Pozereis.
Elle Pozera. Elles Pozeram.
Faturo,
N. S. N. P.
Eu Porei. Nós Poremos.
Tu Porás. Vós Pereis.
Elle Porá. > Elles Poram.
Condicional.

N. S. N. P.
Eu Poria. Nós Poríamos.
Tu Porias. Vos Porieis .
Elle Poria! . Elles Poriam.
Imperativo.

N. S, N. P.
Põo Tu. Pondo Vós.
*
n
iS e d o iubjuii^TOi
Tempo prezente.

N. S. N. P.
Eu Ponha. Nós Ponhamos.
Tu Ponhas. Y-'rV P: till; ' S .

'Elio Ponha. Elies Ponham.


P r e t ir it o im iie ife ilo .
N. S. N. P.
Eu Pozesse. Nós Pozess°raos.
Tu Pozesses, Vós Po/esseis.
Eile Pozesso. Elies Pozessem.
Futuro.

N. S. N. P.
Eu Pozer. Nós Pozcrmos,
Ta Ps zeros. Vós Pozerdes.
Elio Pozer. Elies Pozerem.
Ha também verbos defectives assim chamados , porque
lhe faltam tempos modos e pessoas , corno : Cho\« Tro
veja, Relampeya etc.
I IP 4.
DA ORTHOGRAPHIA.
Assina como o homem tinha necessidade da palavra
tara communicar suas ideas , suas affeiyões, suas ne»
cessidades , assina lambem a sociedade tinha precisão da
cscriptura para enlabellccer su;<s Leis , manter sua or»
dem , e desenvolver su i civilização : por tanto se ÍDeos
deu ao homem a palavra também é provável que desse á
sociedade a cscriptura.
O certo é que assim como era impossível ao homem
inventar a palavra sem a palavra , também lhe era im«
possível inventar a escripturá sem a escripturá: não podia,
como diz Diiclos , compor de vinte ou írinla son s, se»
gundo o saíphabí los das diversas línguas, essa.infinita va«
riedade de palavras, que, não tendo nada de semelhante
em si ao que *?e passa em nosso espirito , e menos ain­
da aos objeelos que elles exjn imem , descobreip com tu­
do aos outros, lodo o seu segredo , e fazem entender,
aos que não podem penetral-os, todos osjnovimentos da
nossa alma. _
A escripturá dos sons , diz Mr. Bonald , não tem re*
lação alguma com a hieroglyfiea , a symbolica e em­
blemática, com a escripturá dos Egypcios p Chinezes. k li
la, eg vindo o monumento de maior antiguidade que exis­
te, foi dado com a Lei ao povo hebreu,'quando saído
do estado domestico em que vivia no Egypto^se cons­
tituiu em estado político e independente. E isto tao na­
tural que o mesmo Duelos, sem descobrir esta origem,
afin a a, com luto , que a escripturá nasceu de repente
como a luz. ,
Uma tradição diz que ella nasceu entre os Píiinicios»
outra que foi invenção de um secretario de um rei do
uuu«
Egvpto, chamado Tliot. CIK...
fillm de iln rm oc
Hermes , fill
ou M filCUnO
Memino
Trismegista , á quem a fabula costumava ailribmrtudo
cujo inventor ignorava : mas basta saM
e EfiVPeios era o? povos cpmnemanb.s e visinnos dos
h S , parajukm que d e lb ^ r cm ten m a escnpUua
intennetre do nsamenh* e !o ohjedo que a p^íavia en
cerra! Parece que a fabula aos%urqu a verdade nest
raso , chamando ministro do rei do Egypto ao ministro
do senhor, quo traclou.com esso rei a saída dos Hebreus ,
á quem foi dada a Lei cscripta nas tabõas conhecidas de
todas as nações do mundo.
A cscriplura devia , com effoito , naseor do repente
como á luz; porque são semelhantes; ella encerra o
som decomposto , e h.i legar de pensir , diz Mr. La-’
*Émonn lis , que o som e a luz se confundem em seu
principio e não diifrom senão como nu lo do sujeito a
que aífoctam. Um e outro.se suppõom em certa medi*?
da , c so -decompõem em elementos analagos , que se
combinam segundo Leis semelhantes , de sorte que a
. !inguagoin*eiu. to los os homens emprega inleftbronto*
mento as palavras -vero oiivir para exprimir a mesma
idéa. * 1
0 certo é que a luz tem selo cores , como o som
tem sete vozes, e por isso segundo a opinião de Mr. Cha­
ma* as vogaes , sam sete —a , é , é , i , ô , ôí , « —
mas entre nós só se admiltemcinco a , e , i , o , u,
não se contando o y por ser uma composição de dous
—i .— Aboca , diz elle , é um instrumento de espant
são é analyse da voz : atravessando este orgão ella so
extende e decompõe , como a luz que atravessa o pris
ma. A voz torna-se suceessivamente , segundo a bocca se
abre mais ou mem s a , é , ê , i , ó , ô , u .
Tomando os orgãos da bocca tal ou tal disposiçam,
os sons a , é , ê , i , ó , ô, u ,. se modificam , e
tornam por ex : Ba , De , L i, No , Su , ou ainda A b ,
Ed , 11 , O n, U r , ou emfnn Bab, Ded , *Lil , Non ,
Sus. Separada, pela abstraeção , do som a que está
unida , a articulação que a bocca então imprime a vo<"
g a l, e sôa com cila, é a consoante. As consoantes
principaes , que achamos em todos os tempos c lugares,
se tiguram pelos caracteres seguintes; B, P; D, T; G,
K; L; M; N; R; V, F; Z, S.
0 nosso alphabeto tem mais G, X, Q, H, J.
SECÇÃO I a
Vias regras nos mune».
Ôs diversos systemas de Orthographia parece que se
acham bem conciliados e compendiados nssles preceitos
do Sr. Garret.
I Comervar fielmente a Etymologia , quando
não $e lh&-oppõe a pronuncia*
Assim devemos, por exemplo, escrever Pòzemos, Pó-
zestes, Pozeram pela Etymologia Posuimus , Posuistes,
Posuerurit; Mau , Pau , Grau , Ceu . P fl|, Mãe , Dae,
Meu , Teu , Seu^Agua , Egua, Lingua, Egreja , Egual,
Edade, Rendeu, " w f e i e n e i a , Consciência, etc. pela
mesma Etymologia Malum , Palum , Gradus; Coelum ,
Pater , Mater , Date , Meus , Teus , Seus, Aqua, Equa,
Lingua , Ecclesis, iEqualis, AEtas, Reddidit, Vestivit f
Sciontia , Couscientia, etc.
II Combinar com a pronuncia, quando esta se
oppòe à conservação daquelia.
Assim t a m b é m escrevemos, por ex. : Aceitar^CoiilIção
por Acceitar c Condieção , em razão de se não dar na
pronuncia o som dos dous cc. etc.
III Nas palavras de raiz incognita , seguir o uso
gerai.
Assim, por e x ., entendemos que se-deve escrever: Couv
sa e não Coisa, Couro e não Coiro, etc.
IV Nãs diversas modificações dos verbos conservar
a figurativa , quando a pronuncia não obsta.
Assim entendemos que se devo escrever: Deu, Deram,
Viu, Viram , Diz, Fez etc.
V Não pôr accento senão onde a palàvra sem
tile se^confundiria corn outra*
66
Assim devemos , por ex. , escrever E’sta , 'Está, Avo.,
Avó , Só , Sô.
Sam estes os preceitos da Orthographia determinados
pelos m estres, segundo o principio fundamental , quo
modifica a Etymologia péla pronuncia , como seguem
as mesmas illustradas nações da Europa.
A’ estes preceitos accrescentamos um particular:— Não
procurar ém outra Lingua a origem de uma palavra que
a tiver na Latina, d’onde a nossa é oriunda— como de­
monstrou evidentemente o Sr. Alexandre Herculano.

SECÇÃO 2?
R egras nas letras
Ô conhecimento das letras, Wh que as palavras se-
escrevem, sô se-adquire directamente pelo estudo das
Línguas , donde ellas se dirivam : com tudo aqui dare*
mos as regras mais usadas.
I Antes de—b —p— m—se-’eve usar de— m— ,e an.
tes das outras, se-deve escrever—n— .
Apim devemos escrever, por ex.: Bomba, Tempo, Com*
modo, e Contar, Confinar, Banda, etc.
II Usa-se de X e não do C h :
1. ° no principio, em poucas palavras, o de origem ara»
be, com o: Xacoso, Xadrez, X arel, Xarifo , Xarope.
X ofre, Xui etc.
2. ° no meio , antes de a n , e n etc. com o:
Enxaqueca, Enxada, Enxó , Enxarcia. Enxertar, En-.
xofre, Enxovalhar , Enxugar; e depois dos dipthon-
gos, como : Ameixa, Baixo , Caixa , Queixa , Faixa ,
F eixe, Taixa etc.
Qs mais escrevem-se com ch.
III Antes de — e , i , — usa-se de.-rg-r* nas palavras
de origem latina, como: Gigante, G ente, Carruagem,
Estalagem; mas nos tempos dos verbos aoabados em a r ,
67
usa-se do j , como : Festeja, Peleja. Ha excepçoes co'*»v'
mo : Jejum , Sujeito, etc.
IV Usaise Jc z
1. ° no meio das palavras, que em latim tem c ou /,
entre vogaes, como : Dizer, Fazer, Razão , Amizadade,
de Dicere , Facere , Ratio , Amicitia.
2 . ° no fim das palavras que em latim acabam em
x , como ; Feliz , Caliz , Paz , de Filix , Calix, Pax.
V Dobram se as lcttras. —7
« l . ° nas palavras compostas das preposiçõesTãtinasr
ab , ad , ob , in , Com , sub , 'como ; Allegar, Atten-
der , Affirmar, Accuzar , Assento , Commetler, Colligir,
Innocente , Illegal, Occupado,, Officio , Sufficiente , Sug*
gerir. Suppôr. etc. , * ,
2 ° nas em que é ou d i precede a f , como : et-
feito , Efficiente, Difficil; Differente , Diffamadq, etc.

SECÇÃO 3a
D o m odo de partir as palavras.
Quando no fim da linha que se vai escrevendo Pnâo
cabe a palavra inteira, deve esta partiivse de modo , que
iiquem as syllabas inteiras, para ficar ahiparte, epas~
sar parte para a outra linha , segundo as regras seguia»
tes praticas. , . _
I Os nomes compostos das preposições latinas re, i n t
ab, de, a d .e x , com , per, pre, pro , su b , se-devem
partir nellas assim : - R e —sponder, In— sculpir, Up—
star, De— struir, Ad— ministrar, Ex—por, Com— mandar,
Pèr— spicaz . Pre—m unir, Pro—star, Sub stituir.
II Qs dipthongos não se devem partir , mas separar
inteiros , assim ; Que—remos, Qui— tanda , Mai—o *
f " ^ -4.1
III As letras dobradas separam^se uma para o fim da
linha, outra para o principio da seguinte, assim ; At
08
fonso-. Map—pa, Ac—&ão< ete.
IV As consoantes que não sam dobradas separam-se
para a linha seguinte , assim ; O— mnipotente , Inde-'
mnizar, A—cio , Si—gnal, Di—gno. Exceptuamse as que
pertencem a cada syllaba , como ; As— tro Sol—dado,
Amar - go , Es— paço ( 1 5 )
Segundo os princípios de Mr. Charraa, não ha regra
alguma a seguir no partir das palavras ; porque para
elie não ha dipthongos , e toda a consoante fere uma voa
gal, por ser inseparável delia como articulação que é, ( l i )
Parecemos muito bem entendido.

SECÇÃO 4 a
l i o s sig tia e s,
Os signaes recebidos era nossa Lingua sam os se­
guintes :
( 1 3 ) « A syllaba, isto é, .a vogal articulada , diz Çhar-
ma , comprehènde uma vogal e uma consoante Ima vo •
gaL só pode fazer um pé , uma pdavra , m>s nso faz uma
syllaba. Quando duas consoantes se unem a uma vogai, duas
syllabas si o constituídas ; uma que a pronuncia. *destroe,
» que nâo se-conta, e outra que se-evidencia e que so­
mente contamos. »

(14 ) a Os dous elementos de que se-compõe a syllaba,


d,z elle, nâo se dispõe arbitrariamente no systerna que sana
cbamad <s a formar; é necessariamente a consoante que abre-
a maícha Se a vogal se-mos ra primeira, fica inarticuladi,
e a: consoante que vem depois ss liga. a uma vogal que a
esermtara marca ou supprime arbitrariamente. »,
*5 u *\uma syHaha pura; Ad, igual» a Ade. Eu vejo ahi a
syuába—de — cuja articulação somente é representada na lin«
gua escnpta. e a vogal-a — que bastando por si mesmo nàe
sfe<-articulaetc;»»
69
t .° 0 Accento agudo como em Sé.
2. ® O Circumflex© como em Sê.
3. ° O Trema como cm Guela.
d. ° A Risca de união como em Diz«se.
3. ° A Reticência como: Mas...........
6. ° O Paronthese como: ( )ou — ....—
7. ° O Espaço em branco entre palavra e palavra.
8. ° O Ponto final como : (.)
9 . ° O d e Interrogação como : (?)
19. ° O de Admiração como : (!)
11. ° Os Dous- nontos como : (:)
12. ° O Ponto e virgula como :(;)
!3. ° A Virgula como : (,)
Destes signaes uns sam das palavras , outros das pre*
posições. O Trema éjá pouco usado, e o accento grave
orno em Sè é franeez.

ARTIGO i°
!>©s s íg o a e s d a s p a l& v ra s.
Sam signaes das palavras, consideradas em sua uni**
dade, os seguintes; .
1 ° .p Accento agudo, de que se usa para abrir a
vogal em que cae, e abreviaras seguintes, como : E ' s t a f
A poth éote, E sd rú x u lo . .
“2 . ° O Accento circumflex©, deque se usa^ara feixar
a vogal sobre que cae, como : Avô , S é , D é .
3.® O Trema, Diérese, ou-Apices que sam doua ponto?
orisontaes sobre a precedente de duas vogaes, que costu­
mam fazer dipthongos, para mostrar quando o nao torem,
como em Sa ide; ousobre o « das prolações G u , q Q u , para
mostrar quando é mudo ou liquido, como em G u e f r a ,
G u e l a , Q u e m , E q u e v o . Hoje usa* se do accento agudo
como, em S a í d a S a ú d e em logar do trema. .
O Q u seguido de ^ eu i as vezes soa Ke, eKacomo
-70
em Quero, Quinto,quo soam Sero, Sinto; porque o
« e mudo; o as vezes sóa como cm
bloquenle, Liquidar, Quinquagésima, Antiquíssimo
quitaçao, quo sôam Eloku— ente, LAu—iaar Ku—-
inquagearna , , Ekw ~i<ação \ por-*
queo m e liquido. O mesmo a c c e d e com Gm seguido
3? e oh <; porque as vezes o-M é mudo, como q\\\GlU(1
, “€rrt(V' eas vezes é liquido, como em Gmc/<z, Lingue*
Lln8ulJ*ha , Linguista; e por isso e m u m o o u -
tro easo se deve usar do trema ou accent» agudo sobre
o « liquido, assim; LiqúLiar, GiW a. (id)
iun«»amnS18n*es das Palavras’ consideradas na sua união,
nina com outra, as seguintes:
nJ ,.\° 9 Esí)ac° em branco que deve medear entre uma
cn om h .?Vra’ COm° : Mni p a e * em (llie senofo 0 espa-
i0o>Wo í1l n.co fíllc separa Meu e pae.
lornM m nt1? de «não,que serve para distinguir e juntar
iim ?es 1 p0 duas Pa,avras quG se devem ler como
uma so, assim: Semi-radonalista, (-‘seudepro/e*
ou serve Para unir as partes de
v^ osP paradas no fim de uma linha, como já
nofta^n^lm a30061310’ 0U APos,rofe» <IU® é uma virgula
Primi,. n f 3 maconsoante» Para mostrar que se sup*
i o ,V a , ‘1 ) W ir a da palavra seguinte- assilD:
* ABTIGO 2°
If«8 slg iia es da P rop osição.

r ir r t- i—.-s. :?r.',si
Do muito geraes eabstractas as raaras sohrc a vírmiio
appiiCuuas, que cada um as observa a seu mnrin
- gund,L!-!eu ^
í*£) Do Visconde Garret “ “
71
nossos mesmos clássicos modernos, mais philologos e phí-
losoplios que os antigos, não sam conforme entro si, nem
nirnSa com sigo mesmo: assim quo o melhor-preceito, que
iiosfíi mu teria so pode dar, ó o de lel«os com toda a at'"
íoncao c critério, reparando bem a pontuação defies. To»
davia, para orientarmos os principiantes,. daremos ab
guinas regras exemplificadas, definindo primeiro o que enf
tendemos ser uma Proposição, uma Phrase, nm Period o,
Proposição é uma simples combinação domais ou mc«
nos palavras, que não tem mais do que um verbo domo
do pessoal, formando um sentido perfeito, Ex. :
Deus è justo.
Um veado branco foi immolado á rainha do silen *
cio.
Phrase é uma.combinação complexa demais ou menos
palavras, em que entram duas ou mais combinações sim
pies ou proposições , Ex,:
Se a mm.i i! livre, entoo é responsável.
Elies repeti j/u os males, . que pertenciam por herança
aos filho* t( i ierra
Período é urna combinação de proposições ou phrases
cujo todo forma um sentido completo. Cada proposição
ou phrase é membro do. Período, Ex.:
A ata, a se proporciona insensivelmente aos objectos
que a ocnrpam; ( l,c membro) e sam; as grandes occa
siões qur fazem os grandes homens. (2 ° nn mfro ).
Ha. Períodos de tres, quatro e cinco membros; raras .
vezes devem sèr mais longos.
Sam os membros do Período que sc dividem e separam
pela virgula, ponto e virgula e dois pontos; mas cumpre
notar:
l . ° que a virgula marca a pausa ou suspensão da voz
ao fim de cada respiração ordinaria, maior ou menor, com
«j tom com que se deve ler.
que a pontuação mais forte suppoea mais fraca;
72
'isto é, ponto e virgula depois de virgula, c dous pontos do<
pois de ponto e virgula.
Esta regra tem excepções que só a pratica ensina, repa*
rando'se na pontuação de proposições pequenas, mas dm
versas.
§1 °
O si v ir g u la .
I
*¥» s e p a r a ç ã » dos m e m b ro s «la (tro p u
sição
Separam-sc pela virgula:
I Todas as palavras que representam sujeito ou pessoa
do verbo , Ex. :
A ic b a , Ussuna, Merióla. Roja. cair am lhe nas snaos.
AJé, a esperança e a caridade sam virtudes tkeolo~
picas.
aS'O Orpheu , Lino , Homero, ou o velho pae de Âscrêu
■yodiam vencer* nie.
H Todos os substantivos appostos, que formam uma pro*
posição incidente eiliptica, Ex
(jrn subrinho de Affonso 1 , Aurélio filho de seu ir-
maõ rru e lti, e prim o do rei assassinado, subio então ao
ihrono.
III Todos os adjectivos e participios, quo, refirindo*se a,
algum substantivo, podem fazer uma proposição iucidenlo
eiliptica , Ex. ;
Do adjectivo.
O povo da Capital, sempre desejoso de novidades,
mal contente do severo regimento do e l—Hakem, tr a ­
ct ou ■de aproveitar-se da sua ausência para um a revo
luçaõ.
Do participio»
^ P o rtugal , nascido ?io secido X l l . em -um angulo dà
(jraliza, constitui do sem attençaõ âs divisões políticas
anteriores, dilatando-se pelo território do A I —Qhart*
sarraceno, e buscando augm ent ar a sua populaçaõ çom
<is colomas de além dos Pyrenens, G uma nação intei­
ra m nde v ca
IV Os dous adjectivos juntõs pela conjuncção— ou— ,
indicando duvida na qualidade da pessoa ou cousa, a que
o lies se referem. Ex. ;
h i — [Juiam. com- pretexto-, verdadeiro ou falso , de
pro/u’t r i,.y rnosarehts & c
V Todas as palavras que sanT attributes, ou objectos,
ou circumstancias da acçau de um mesmo sujeito.
Ex. do attribute.
Os homens sam um cardume, um mar, um grande
ruído , lagrimas e gritos, algumas vezes , um zombar
amargo.
Ex. do objecto da acçao.
Em todas as linguas, os vocábulos exprimem substan
rias, qualidades, rdações,
Ex. da circumstaneia.
E ' regra de eloquência, sem excepçoõ, faliar conve­
nientemente ás cousas, ôs pessoas, aos U?rpcs, aos lega­
res. e âs circurn: tnncias.
VI Todas as palavras ou proposições, que interrompem
o sentido da em que se entremetlem. Ex.
]. - O bem Jeito estavt., em parle, destruído.
2. ° Carregado, t a l v e z , ê este retracto.
3 . ° Previa este, por isso, uma guerra com seu pa­
drasto*.
4 . ° Peus, p o r é m , soltara a corrente.
5. © Afonso Henrique herdara, a s s i m , apenas o antigo
condado de seu pae. , . _
6 . ° E m tal presupposto, eis, segundo nossa opinião 5
como se passou b successor
7 . ° Esse intuito, d i r e m o s , estava na opinião popular,
convertido em facto consumado,
g o Í |V estylo, d i z B u f f o n , é ò homem mesmo.
VII Todos os substantivos ou pronomes, juntos com ad»
;ectiYos ou parlicipios destacados, e quasi sem relação com

mmm mPt?
'.74
as mass partes dn proposição, como so fizessem uma prope-
siçào por ti có Ex. -
'I banido Loauuso cuptiva D. Tkereza, faltava nú­
cleo â n nhniFdlidnde poitngueza.
VIII Toda a palavra, quo representa a pessoa ou cousa
■personificada a quem se falia. Ex.
Morreu, la lo . . Attilior, trum tres mil.
Ah!Jei asahan.se ao menos Psti vez (ouhecesscs a tua vi*
Sitaci/.n
IX Toda a palavra ou parte da proposição transportada
de seu lugar natural para aquelle que não é proprio, no
principio, no meio e no fim, Ex.
Da mudança para o principio.
Durante um quarto de século, quasi iodos os nossos
cidadãos foram soldados.
Da mudança para o meio.
Elle descobre, ao mesmo tempo, um grande numero de
ideas.
Da mudança para o fim.
Já graças aos vossos con^eihos e á nossa coragem, eu
pude salvar a Era ura
X Todos os membros de uma proposição que exprimem
diversas relações, dependentes umas das outras, como cir®
cumstameias que esclarecem um pensamento ou acção, Ex»
i'ara o inanem sacrificar a longas e aridas investiga­
ções frequentes vezes sem resultado, tolas as faculdades
do espirito quasi todas e$ horas da vida, com o intuito
de dar a,o seu paiz uma historia, se naõ boa ao menos
sincera, è necessário, cr ii eu, algum amor da, nata ia.
XI Todos membros do uma proposição, precedidos das
COnjuncções e, ou, mas, nem, sendo —r-ou dos advérbios
ora quer, como , bem como. & e ~ oxcepto send©
a proposição tão curta, que se tome bem em uma respiração
ordwaria. , w
Ex. da regra com as conjuncções.
T ° Ea escrevo apenas para os sinceros amigos r^a
T5
verdade, e anula receoso, apezar da p u r e z a de meus
desejos, de naõ ser exact,o, ou pela escaceza dos documen­
tos, ou por engano prop rio m apuraçaò dos factos
2. ° Naõ me cegou, im alevolência para com estranhos,
nem parcialidade pela terra natal.
3. c Cezar foi vm ambiciono, mas m vdo clemente.
Ex. da regra com os advérbios.
1. ° Ora victor toso, ora vencido, Ajjou.o morreu em
842.
2. ° Negocio taõ importante ã Religião, como ao
E stado ,
Ex. da ExcepçãOo
.1. 63 A guerra associaram se a peste e a. fom e.
2, 03 Am ava o como a filho.
N. 1E A conjuncção—e—exclud lambem a virgula, quan­
do junta aos nomes proprios o aos numeraes, como;
Joaõ de Mello e Sdva-
M il oitoemtos e chicoenla e oito
XIÍ 0> membros da proposição em que se faz compara*
cão entre certas cousas, ou qualidades delia, Ex.
Mais fáceis a confessaras viciosna pessoa, que na
magestade.
II
jtfa d a s p r o p o siç õ e s.
Separam-se também pela virgula: ,
I As proposições do verbo ser , ou de outros ver aos com
numes que sam objectos de sua acção, sendo o sujeito do
todos o mesmo, Ex.:
Chama, roga, ameaça, e não é ouvido.
Deleitava a todos, movia a muitos e instruía a
poucos. J
Mas o de luso arn z, coumça e malha
Rom o?. c o - t a , d e s f a z , abala e talha.
II As proposições ligadas - pelas coajuncoM e ^ lo s
-.eonjunctivos, exeepto se furem lues, que se piufiram ae
76
uma respiração ordinaria.
Ex. da regra.
1. ° Cumpre que o talento , em nossa terra, seja
como o n lampago, que fulge e passa.
2. c As terras i uliivavam*se na verdade, porque
isto não podia deixar de ser.
3. ° Ella havia acabado a tarefa, que a Provê*
dencia lhe destinara na obrado progresso humano.
Ex da excepção.
Fulge e passa. Descreviam ou narravam
N. B. A conjuncção — mas— só liga proposições que se
separam peia virgula, quando estas proposições sam com­
parativas ou integrantes, Ex. ;
1 Dite que iria , mas que ainda se demoraria,
2 A guerra não só constituía,em geral, o estado ordi­
nário das sociedades naquella época, mas lambem vinha
a ser. em especial, a primeira necessidade de um paiz
assaz pobre e limitado, para viver da vida propria.
Ill As p ’op )sioõ33 ligi las p«plos advérbios —quando ,
onde j aonde, por onde para onde, como, em quanto, oro.
já: quer ôçc.- xiaõ sendo ellas curtas.
Ex. da regra.
1. ° A caroaliar ia dos JJargautm/ios, pouca e mal ar­
mada, ^como lhe era possível, fa z ia a patrulha da cam­
panha.
2. ° A assimilação devia ser tanto mats fa c ’d, quanto
os vrneidos fossem ou mais barbar os, ou de raças mais
77iisturadas.
3 ° Preparava-se jã lssu para a b a ta lh a q u a i dof ao
querer montar a cava/lo9 vacilou e caiu.
4 O novo reformador veia a Marrocos, onde começou
a pregar contra os costumes e erradas opiniões dos mo-
sarebes,
E x . da excepção.
boi aqui onde, dentro em, pouco, as duas republicas
fivaes disputaram qual delias devia perecei'.

5^)gíifijíSV
-2í.13S8S&
77
VI As proposições comparativas, não sendo tào cur­
tas que se tomem de uma respiração.
Ex. da regra.
Elle trabalhava nisto com tanto zelo, quanto se podia
exigir delle.
Ex. da excepção.
O homem tanto tem quanto vale.
V As proposições ligadas pelos conjuntivos— Que,
Cujoe por Quem, não sendo curtas: Ex,
1 . a As mos de Meca, que no amparo do Profeta etc.
2 . a Começando na quelle primeiro Gama, a quem os
mares deram fatal passagem etc.
3 . a Dando-lhe princípios mais illustres, que averigua­
dos, cuja memória conservam suas tradições.
N B Antes de— Qtte— não ha virgula, quando liga
proposições como complemento, uma da outra, assim.
Dizem que fatiou muUo bem.
VI As proposições ellipticas, quando se sobentende nu
seguinte o mesmo verbo da antecedente, como.
*Foi freio a Rumecão, aos nossos muro.
Separam-se pelo ponto e virgula:
1. As phrases, em que se repete a mesma palavra da
antecedente, fazendo anafora, Ex.
Onde o auctor errou involuntariamente, ê condemnavel
o livro ■onde pretendeu illudir os que o leem, a condemna-
cão deve cair sobre o livro ejuntamente sobre o auctor.
II As phrases que tem sujeitos difTerentes, fazendo con­
trastes de suas qualidades, sentimentos, ou acções. Ex.
Elles tractam a historia como uma questaõ de partido;
e eu apenas a considero como matéria de sciencia.
UI a proposição geral da particular nella contida, ma.4
enunciada de um modo independente. Ex.

.
78
lixou o rei enlaff o dia cm que deviam sair de Coimbra
para a empreza; foi uma segunda-feira.
IV A proposição principal absolula cia particular de­
pendente ou subordinada. Ex.
Em geral, os cultores das lettras não saem das classes po­
derosas e abastadas; e em Portugal, aimia hoje, o escriptor
mats bemquisio e mau laborioso não obterá uma fortuna
independente; só a custa de suas vigílias.
V As phrases comparativas umas das outras, com ou
sem anaphora, Ex.
Com. efeito, pode observar-se que o tacto, queproduza sen­
sação da resistência e 4a exknção, é relativo á força: corno
a lista que da a sensapaõ da forma, e o ouvido que per-
ej'be * PWvra sam relativos á intelligenta; como o chei-
f0 en}fím e ogosto, que dirigem o ser na alimeuiaçaõ, sam
relativos ao principio da vida.
\ I As proposições ou phrases ligadas pelas conjunções
mas, porem, e pelas çxpressòe^onjur;tivasporque, assim-
que, postoque, ainda que, bem%ie, por isso etc. Ex.
1. ° 0 patriotismo pode aviventar o cstylo: mas épéssi­
mo conselheiro ao historiador„
2. ° A discussão mire nós fora impossivel; porque se­
guimos caminhos diversos.
N B Estas expressões conjuntivas*—porque, postoque,
bemqne, atnMqne, por uso etc.-d isp en sam o pcfnto e'vir-
guia, quando as proposições a que se j uniam sam in (ei­
ra men te dependentes da principal, antecedente, ou a inter-
rompem suspendendo seu sentido, Ex.
4.» Fosse porque D. Joaô/ / / Wi meiHir a be-
nemeima do p$btónòlutio;fo
f '} ’l EXaw hb w nmaçítõ de elemento pkenime, imemis
.Utrthagmat» «^menitavm,p6fqw m e W M im à f w S
joi particular auma outra Provinda
wrjgm a centro, o. norte, o meio omkMe Mia.
UI As p arte de uma propèsi{ÍSo pflBciftal, treprefUti-
79
tadas por adjeclivos, participios, ou verbos no infinito,
como fazendo continuados os incidentes diversos com o
mesmo verbo subentendido. Ex.
i Portugal, porem, nascido recentemente; incluído no
todo de varias sociedades peninsulares; fundado em fra­
gmentos do solto das antigas divizoes territoreaes da Hespa-
nha celtica, púnica e romana: (ronco, emfim, da arvore leo­
neza, não achava um so parentesco legitimo e exclusivo hos
tempos anteriores da conquista goda. ■.
2 .0 Taes eram estabelecer o processo ordinário só (por
ires annos, esupprimir o confisco só por dez; estatuir como
-facultativo o dever restricto, que os bispos tinham de in­
tervirem nas cauzas de herisia; conceder que tivessem trin­
ta annos os juizes da Inquisição, quando o direito canó­
nico lhes exigia quarenta.
VIU As proposições principaes contrarias, das quaes
uma affirma uma qualidade, outra duvida ou nega Ex.
Sam excedentes, talvez, xis suas intenções; não sei se o
mesmo se pode dizer da sua intelligcncia.
IV As preposições principaes de sujeitos e verbos dif-
ferentes sem contrastes, ligadas sem conjução, mas pela
repetição ou referencia de alguma palavra contida na an­
tecedente Ex.
Sccbia-se da existência da concessão; os christãos novos
invocavam-na; mas seus ejfeitos nã€podiam realizar-se na
pratica. ;
X As proposições comparativas, em que à compara­
ção se exprime por —quanto mais, e tanto mais, sub­
entendido na a o mesmo verbo da A.a Ex.
1 . a Basta ida para perder-se qualquer delles, ter um ini­
migo; quanto mais odiando-os a maioria da nação.
2. '° A consequência seria fazerem os prelados o que até
alli tinham feito, que era faltar a seu dever; e tanto mais
; que, sendo irmãos do proprio monareha, ou creatums suas.
não se atreviam a desobedecer-lhe.
80

Hi
D o s clous |j®niogi
Separam-se por clous pontos:
I As proposições principaes diversas, ligadas pelo mes­
mo sujeito de verbos difterentes, expresso n uma e occulta
n’outra. Ex.
Nas doutrinas de opinuiõ talvez sejam licitas as conces­
sões: mas nas matérias de. factos seriam absurdas.
II As proposições principaes contrarias, de sujeitos c
verbos diíTerentes, e só ligadas pelo objecto comrnum. Ex.
Queria Ma rco delia Ru vere cumprir os mandados pon­
tifícios: oppunha-se elrei.
III As proposições principaes contrarias, uma aífir-
mativa, outra negativa de alguma cousa. Ex.
NaÕ eram, porem, a tolerância christã oa cs impulsos
da humanidade, que o moviam: era a cobiça.
IV As proposições principaes semelhantes, em uma
das quaes se diz geralmente uma cousa, e na outra se
explica essa cousa. Ex.
Adoptou um arbítrio: nomeou os cardeaes Glnnuceo c Ja-
cobacio para examinarem etc.
V As proposições principaes semelhantes, em que o mes­
mo sujeito falia ora a uma, ora a outra pesssoa. Lx-.
Ayres Vaz começou par fazer predições á rainha D. Ca-
tharina: depois, subindo mais alto, fizei a predições políticas
a elrei.
VI As proposições principaes semelhantes, em uma das
quaes se diz parte, c, na outra, parte de uma acção do
mesmo sujeito. Ex.
Não limitava Ayres Vaz os seus estudos á medecina: li-
nha-se dedicado lambem d astronomia.
VII As proposições principaes semelhantes, era uma
das quaes o sujeito refere o que dizem de outro, e p
outra o que dizem delle Ex.
81

Itogia-sc cm Lisboa, que ca recebia dinheiro dos Judeus


que tinha de sentenciar:o mesmojá sedisse de vossa alteza,
VIII As proposições semelhantes, cm que se distri­
buem os sujeitos por numeros: Ex.
Os primeiros não deviam ser considerados como relapsos,
se depois de perdoados reincidissem: gs segundos sel-o-iam.
IX A proposição que em si annuncia alguma sentença,
íalla, discurso, ou dito, da que o contem Ex,
i.° Disse Deus: Faça-se a luz, e a luz foi feita.
2 .0 Tres vezes clamaram em brados confusos: Nazareno f
3.° Mem Rodrigues respondeu com grito de guerra:
Santiago e elrei Affonso.
X A proposição em que se annuncia uma pergunta,
da em que é feita. Ex.
Estupefactos perguntavam ambos com voz temerosa:
Quem sois ?
XI A proposição em que se annuncia uma acção, cujo
resultado se manifesta n’outra destacadamente. Ex,
Olharam: o pavoroso estandarte do terrívellbu—Ernl
estava la, como espectro de morte.
XII As proposições das quaes uma contem a pergun­
ta, e a outra a resposta. Ex.
Perguntou-lhe o infante para onde ia: respondeu que
para Yalhadolid.
XIII As proposições das qtlies uma começa pelas mes­
mas palavras porque a outra acaba, fazendo anadiplose.
Ex. ; -. . , „ e_
Fiae-vos de mim: de mim em quem achareis um irmão.
mais que um irmão, um amigo.
XIV As proposições destacadas do. mesmo e de di\ er­
go sujeito, ligadas sómente pelas relações com a act ao com?
mum ou reciproca. Ex.
Êlle percebeu que eu tornara a mim: poz-me em pe: eu
estendi para elle as mãos: deu-me uma das suas. apcrtçi-
82
a entre as minims, e levei-a d boca, e beijei-a: era descar­
nada e nnjosa como devia ser a de meu pobre pae.
IV.
H o p o s a i© .
Quando a proposição, phrase ou período conícm uma af-
íirmação ou uma negação, termina por um ponlo íinal. Ex.
O espirito é muitas vezes o tolo do coração.
Quando contem uma pergunta ou duvida, termina por
um ponto de interrogação. Ex.
4.° Tu que dizes de ti ?
2.° Que quer dizer este apparalo ameaçador ?
Quando contem espanto ou. surpreza, termina por um
ponto de admiração. Ex.
Bradava por Santiago c pela virgem, e ao mesmo tem­
po dizia aos que estavam no adarve: Eis-me a q u i! E is-
me a q u i! Mettei-os á espada / nenhum escape ao ferro !
ARTIGO IIÍ.
Ho parenthesis*
0 parenthesis é o signal com que se separa a proposi­
ção destacada, com que se interrompe o discurso. Ex.
Sua Santidade—diziam elles— ou (diziam odes) enten­
de que é melhor referir ingenuamente a verdade, do que
recorrer á subtilezas.
CAPITULO V.
m F R o ã ò m iL
ARTIGO I.
Das lettras e accenlos.
<í À palavra na sua maior simplicidade, segundo Ghar-
ma, comprehende e combina em si cinco elementos diver­
sos; é uma voz que se tira de sua generalidade nativa, para
83

lhe dar toda a individualidade que ella comporta; a as­


piração, a quan tidade, o accento pathetico, ep accento tonico.
€ A voz se aspira, segundo os casos, com mais ou me­
nos doçura ou aspreza; e as linguas tem symbolos que
indicam este caractcr, e precisam esto mudança, como o
Cíl e o G dosAllemães, e o II dclles e dos Francezes.
« A voz no momento em que se forma se penetra tam­
bém de amor ou odio, de prazer ou dor, de esperança
ou desespero; e o accento pathetico marca na alternativa
de suas innumeraveis impressões um som, que por toda
a parte não muda.
« A vogal contem a quantidade de som estrictamente
indispensável para sua producção: quando simples, cha­
ma* sc breve, como em— Precipitado—; quando composta
do duas ou mais; chamam-se longas, como em— Cooperar—■
« 0 accento tonico, abrindo ou feixando o som, allon-
ga a vogal sobre que cae, como em— Amámos— ; e abrevia
o da syllaba seguinte, como ern— Pássaro—
« Duas vogues distinctas, que se pronunciam de uma
emissão de voz, chamam-se dipthongo: sendo de ties vogaes
chamam-se tripthongo, e sam necessariamente longas,
ccmo: Pae, Mãe, Céu, Seu, Maio-etc.
A philosophia não pode admittir dipthongos e menos tri-
pthongos; porque é impossível pronunciar duas ou mats vo­
gaes de um jacto de voz; mas jtomo estam admittidos na
practica, tractaremos dos seguintes ., '

D ip th o n g o s oraes*
ae, ai, au, como em— pae, dae, grau, pau, mais.
ei, éi, éo, êo, cu, como em— 'seis, fiéis, bornéo, apogêo, eeu.
iç,ia, iu, como em —serio, batia, vestiu.
ôa, oi, óe, oi, ou, corno ém—prôa, foi, dóe, coníboi, ouço.
ua, ue,com ò em— ptià, quasi, que,
84

D ip tlio n g o s u a sa eâ .
ae, ai, ão, como em— mãe, 'plaina, são.
ee, como em— teem, leem.
ie, como em— fiem, chiem.
õe, como em—põe.
ui, como em— ruim.
As consoantes se distinguem, segundo oorgão especial
que conlribue mais energicamente para sua formação em
Unguaes, denlaes, palataes e labiaes.
As Li.nguaes sam: G, G, Gu, Qu
As Dentaes: E, F, T, V
As Palataes: L, N, J, R, S, X, Z, G, G
As Labiaes: B, M, P
Segundo outras considerações, ellas sam lambem doces,
fortes, liquidas e sibilantes.
As doces sam: B, D, G, J, N, V
As fortes: F, C, Qu, P, T, X, Z
As liquidas: L, M, N, R
As sibilantes: G, S, Z
O— a— em Mas conjunção e em Pâra preposição c fei-
xado, para distinguir-se do a em Más adjectivo, e em Pám
\eib op mas não deve ser feixado de tal modo, que se
confunda Mas com Mez, e Para com Pera, como alguns
pronunciam.
, e 110 principio e no fim das palavras, quando não
e accentuâdo, soa como i, por ex. : Edade, Egreja, Égual, -
Vale, Cidade, Padre. Daqui veiu escrever-se Igreja, Ida­
de, Igual, e t c . porque a pronuncia fez esquecer a ety-
mologia. J
0 o no principio e no meio de certos nomes é fei-
xado no singular, e aberto no plural, como: Ovo Óvos,
Olho Olhos, Corpo Corpos, Miolo Miolos, etc. - Quando não
e accentuado soa como u no fim dos nomes, como: Fallo
Dono, Somnoetc.
O r no principio das palavras soa forte, e no meio
85
brando , corno: Raro , Rozario, il/m r , Mora.
0 5 entro vogaes sòa como z 'nas palavras que não
sam compostas, como : Cousa, Uso, Rosa, etc.
ARTIGO. II.
H a s p a la v r a s *
À palavra compôe-se de syllabas, o a syllaba suppcíe a
combinação de uma consoante com uma vogal, como Pe,
Tu, ou com um diptbongo como: Pae, Mae.
Uma ou duas vogaes sem consoantes também podem fa­
zer vocábulo, como; É, Eu, e duas ou mais consoantes
se podem unir a uma só vogal para lazer um som, uma
palavra, como; Traz, Trem; mas em ambos os casos por
excepção da regra.
Uma syllaba é bastante para exprimir uma idéa, como
nas palavras supra-mencionadas. 0 vocábulo de uma só .
syllaba chama-se monosyllabo; o de duas ou mais cliama-
se polysyllabo.
As palavras alteram-se na sua pronunciaçào, ou sós
ou juntas, por accrescentamento, diminuição, contracção e
mudança de lettras ou syllabas; e a isto se chama íigura de
dicção. Estas sam as seguintes:
Por accrescentamento
Prothese, que accrescenta uma lettra no principio dás
palavras sós: assim por ex. Levantar, Mostrar, fazem Ate-
vantar, Amostrar.
Epenthese, que accrescenta no meio das palavras sós:
assim por ex. Marte, Pagão, fazem Mavorte, Pagano.
Paragoge, que accrescenta no fim das palavras sós: assim
por ex. Feliz, Mobil, fazem Felice Mobile,
Por diminuição
Apherese, que diminue no principio das palavras sós-
assim por e x ., Ainda, Alraz, Àtéque/, iázem Inda,
Traz. Ténue.
86
Syncope, que dirninue no meio das palavras-sós: assim
por ex. Inimigo, Maior, Cuidadoso, fazem, Imirjo,Mor,
Cuidoso.
Apócope, que diminue no íim das palavras sós: assim
por ex. Mármore, Grande, fazem Marmor, Grão: e Da­
mo-nos por Damos-nos.
Por contracção
Synaleplia, quesupprime nas palavras juntas a vogal fr*
nal da antecedente para ferir com a sua consoante a vogal
da seguinte: assim, em vez de dizer-se De aurora, de este, de
aqnelle, de o, de a, diz-se: D*aurora, d’este, d'aquelle,
d’o, d’a.
Ecthlipse, que supprime nas palavras juntas o m da
antecedente quando a seguinte começa por vogal; assim
çm vez de com o duro marts, se diz co'o duro marts. Entre
nós só se usa com a preposição com.
Crase,^ que nas palavras juntas conlráhe em um só o a
preposição com o a artigo, ou o da preposição com o do
demonstrativo aquelle: assim, em vez de Vou ct a casa,
ae ít aquelle amigo, Apphca-se a as let.Iras, diz-se:
Vou a casa, Vae aquelle amigo, Applica-se ás lettras:
Por mudança
A Antithese, muda nas palavras juntas a consoante final
da antecedente por outra que íira mais eufonicamente a
vogal da seguinte; assim diz-se: Amal o por Amar-o: Dil-o
por Diz-o; Nol-o por Nos-o.
A Eufonía accrescenta um n ao artigo depois das
terceiras pessoas do plural dos verbos, como: Deram-no
por Deram-o; Fizeram-no por Fizeram-o.
, ^ Apherese e a Antithese se juntam nas expressões
no, na, nos, nas, neste, nesse, ’naquelle, em vez de
em o em a , em os , em as, em este, em esse, em aquelle•
a Apuerese supprime o e da preposição em, e a Am-
titliese muda-lhe o m em n .
87

PARTE SEGUNDA.
DA SYNTAXE.
A Syntaxe tracta, como vimos, das palavras considera­
das em suas combinações,- formando proposições expres­
sivas de nossos juizos e raciocínios; pelo que se divide
em Syntaxe Lógica e Coordenativa, das quaes passamos
a tractar.
TITULO I.
i ) i s m i u l ó g ic a .
Assim como a Etymologia idealogica tracta da idea en­
cerrada na palavra tomada na sua unidade, também assim
a Syntaxe lógica tracta dó juiz o contido na proposição,
organizada segundo as leis da combinação das palavras.
Estas combinações sam simples ou complexas.
CAPITULO L
Da combinação do pensamento.
SECÇÃO I.
Da combinaçio simples.
Quando se não observam as leis da combinação das pa­
lavras, ellas se juxtapôem, mas não organizam em uru
sentido perfeito, corno: Sobre sobre, Branco negro, Ser ser.
Daqui se vê que a primeira destas leis é que só se-
combinam palavras de differentes e não da mesma espe*
cie, como: Por mim. Mats hello, Ser bom. Estas palavras
não sam sómente juxtapostas, mas combinadas; sam já
uma organização começada, uma parte que chama a outra
parte para completar-se.
Daqui se entrevê que a segunda destas leis é que, para
ser completa a combinação/sam necessários dous termos
e uma relação, que os ligue entre si; por que só assim
podemos ter uma realidade intelligivel, como: 0 homem
ser mortal, O pae amar o filho. Estas palavras contem

8 mm... M warn
88
todos os elementos de uma combinação perfeita, c for­
mam um corpo inteiro; m is falta-lhe a animação, o
sopro de vida. Este sopro de vida que vem animar este
corpo ó uma aflirmação, que o espirito lhe junta, e que
penetra-o todo e faz existir no tempo.
Daqui vê-se que a terceira destas leis ó a afíirmacào,
manifestada pelo verbo, já não vaga mas definitiva, c a re-
laçao que liga estes dous termos, como: O homem é mortal,
O pae ama ao filho
Assim, pois, as ideas dos termos e da relação sam a
materia, e a aííirmação a forma de juizo; e como a cer­
teza é a alma do juizo, este é o que cila é ; c, pois, se cíla
é inteiramente positiva ou negativa, assim também o é
o juizo, como;
Deus, é justo.
O macaco não é homem.
Se porem cila é meio positiva e meio negativa ao mesmo
tempo, se é indicisão ou duvida, o juizo" também o é ;
e então, para exprimil-a, em vez da forma positiva ou ne­
gativa, toma a interrogativa, como;
A luz c materia ?
Deus faltou a Adão?
Haverá gente na lua ? ( {Q)
O verbo é, como se vê, a palavra de vida pela certe­
za manifestada na aflirmação das qualidades e relações
dos seres, ou de suas ideas e conhecimentos, expressos
pelos termos do juizo.
O ser existe no universo; as ideas e os conhecimentos
na mtelligencia. Os sentidos nos ministram, nos phan­
tasmas dos seies corporeos, a materia das ideas; a instruc-
cão ou íevelaçâo domestica e social dos seres incorpore-
os a dos conlieç.mentos/ pelo que se não devem confundir.
(10) De Charnui extracto.
80

Os sentidos, no que c proprio de cada um, como a cor


da \ jsto., o som do ouvido, a extensão do tacto etc.!, sam
sempre verdadeiros; a inteíligencia, quando percebe sim­
plesmente, também c sempre verdadeira; ella só erra
quando compõe ou divide, isto é , quando julga..
No juizo, os termos exprimem-ou os seres, ou as ideas
c os conhecimentos com suas qualidades, ou modifica­
ções, ou relações, ou circumstancias, fazendo o verbo, na
sua affirmação, conhecer o que exprime o primei.ro pelo
que exprime o segímdo.
O ser é expresso no primeiro termo ou por um su b sta n ti­
vo p r o p r io , ou por um su b sta n tiv o com m u m com qualquer
dos demonstrativos E ste , E s f o u tr o , E s s e , E s s ’ou tro,
A q u e lle , A q u eW o u tro , como: P e d r o , E s te hom em : a idea
e o conhecimento, porem, sam expressos pelo s u b s ta n ti­
vo co m m u m com o artigo, como: O h om em , O pac, A le i,
O d ever.
O segundo termo deve ter uma expressão correspon­
dente á do primeiro, e nfio mais lata nem mais estreita,
como melhor se verá nos exemplos.
Se, pois, o primeiro termo exprime o ser ou indivíduo,
o segundo pode ser:
I. Um substantivo proprio como:
E s te hom em é P e d ro .
Nesta forma, o segundo termo P e d r o corresponde bem
ao primeiro E s te hom em sem mais nem menos cxleneão;
porque só se falia do ser individual.
II. Um substantivo commum com o numeral um cla­
ro ou subentendido, para mostrar que é de um ç não
de todos os indivíduos da especie que se falia, como:
E s te h om em , ( ou P e d ro .) é a ssa ssin o .
Nestas formas, subentendendo-se o numeral u m , de serto
que fique « E ste hom em ou P e d ro é u m a ssa ssin o , o segunde
termo— u m assa ssin o — corresponde hem ao primeiro E s -
00
te homem (ou Pedro) porque mostra também que nào
se lalla de todos, mas de um só assassino.
III. Um adjective claro com um substantivo commum
c o numeral um, claros ou occultos, sendo que este sub­
stantivo mostra o genero, o adjectivo a especie d elle, e
o numeral o indivíduo delia, como:
Pedro, ( ou este homem ) é brasileiro.
Nesta forma, subentendendo-se também o substantivo
cidadão, e o. numeral um, de sorte que íique » Pedro, ( ou
este homem ) é um cidadão brasileiro, o «segundo termo um
cidadão brasileiro, corresponde egualmente ao primeiro
Pedro ( ou este homem); porque mostra que se tracta de
um c não de todos os cidadãos, e que este cidadão ê bra­
sileiro, e não francez, inglez, etc.
Se, porem, o primeiro termo exprime, não um ser ou
indivíduo, mas uma idea ou um conhecimento, o segun­
do pode ser:
I. Um adjectivo claro com um substantivo commum
e o numeral um occultos como:
O homem ó mortal
A alma é immortal
Nestas formas, subentende-se um ser, ou uma creatura,
de sorte que ficam assim: 0 homem é um ser mortal;
A alma é um ser immortal; sendo que só assim corres­
ponde o segundo ao primeiro termo, e faz conhecer que
o homem e a alma não sam todo o ser; mas que aquelle
c só o ser mortal, e esta ó só o ser immortal; e ainda
assim não sam todas, mas uma só especie destes seres.
IÍ. Um substantivo, um ou dous adjectivos, e o nume-
vúum todos claros como:
0 homem è um ser animal racional.
A intelligencia é uma potência espiritual.
Nestas formas, os segundos termos correspondem bem
aos primeiros; porque, na primeira, o homem não é todo
9 1
o ser, mas o ser animal, e não ainda o ser animal, mas só­
mente o ser animal racional: e, na segunda, a intelligent
cia não é toda a potência, mas só a potência espiritual.
Também o segundo termo do juizo pode ser um sub­
stantivo commum, ligado com outro pela preposição de,
quer o primeiro exprima o ser, quer exprima a idea ou
conhecimento, como:
Pedro è filho de Paulo.
O homem é rei da creação.
Quando o segundo termo é um substantivo oommum
ligado pela preposição de com outro proprio, o primei­
ro pode ser ou um indivíduo só e sem classe, ou um do
numero desta classe.
No primeiro caso, o substantivo commum do segundo
termo leva o artigo claro ou occulto, como:
Christo é o filho, ou filho de Deus.
No segundo o mesmo substantivo leva o numeral um
do mesmo modo, como:
Pedro ê um filho, ou filho de Paulo.
Vê-se que as formas sam diíferentes nestes dous casos;
porque, no primeiro, só Christo é filho de Deus na gera­
ção divina; no segundo, suppòe-se ter Paulo muitos filhos,
dos quaes Pedro é um. Se Paulo não tivesse ou It o fi­
lho senão a Pedro, então a segunda forma devia ser corno
a primeira.
As vezes, no juizo, se affirma a identidade do ser ou
da idea, ou a sua diíferença.
No primeiro caso', usa-se no segundo termo da mes­
ma palavra que no primeiro, como;
Deus $ Deus.
0 prophéta ê prophéta.
No segundo porem emprega-se, no segando termo., uma
palavra differente, mas de eguaí valor a cio.primeiro, como;
() 2

Eirnão sou tu.


A emu não é ave.
Ve-se que ija primeira forma falla-se de um indivíduo
differente de outro, e no segundo de uma especie diversa
d’outra,
SECÇÃO II.
H a s co m b in a çõ es com p letas*
0 commercio da vida espiritual não se pode fazer só­
mente com essas combinações simples, porque não po­
demos por ellas discorrer sobre todas as qualidades e
relações das cousas, nem sobre as modificações do es­
pirito. Ellas se multiplicam ao infinito, e por isso se
tornam complexas. O juizo é a combinação mais sim­
ples que ha, e exprime-se pela proposição: dous ou mais
juizos, porem, formam uma combinação complexa, mais
ou menos desçriptiva. Assim esta expressão: A alma
é livre, é um juizo; e est’outra: Se a alma é live, ella é
responsável, sam dous juizos, que formam uma combi­
nação complexa, uma descripção, que se exprime pela
phrase.
Os juizos que formam a combinação complexa, expres­
sa pela phrase, devem ser ligados entre si e dependen­
tes unã de outro, como nos exemplos supra, e nos seguintes;
O pae quer que o filho se ordene.
Quem muito abraça, pouco aperta.
Tanto bate agua na pedra até que a fura.
Com as combinações simples ou complexas, se forma
o syllogismo dos Logicòs e suas difíerentes cspecies. Com
as ti es ideas Homem, Animal, e Mortal, e a afíirmação
do verbo se forma o syllogismo, como:
O animal é mortal.
O homem ó animal.
O homem é mortal
93
0 sylogismo é a expressão do raciocínio, pelo qual de­
duzimos um de dous outros juízos.
Aos logicos pertence dar as leis do sylogismo, e de
suas especics, conhecidas pelos nomes deÉntymema, Pro-
sylogismo, Epicherema, Sorites, Dilemma, Exemplo, In-
ducção; das quaes umas sam o sylogismo truncado, outras
o sylogismo dobrado, outras o sylogismo multiplicado, e
outras uma reunião de sylogismos ( Gharma linguagem )
Os Logicos confundem a phrase com a propos cão: os
Grammaticos as distinguem.
Aqui, pois, na Syntaxe lógica , tractaremos da proposi­
ção como os logicos; na Syntaxe coordenativa, porem
como os grammaticos.
TITULO 11.
D a proposição e «la phrase*
A proposição é a expressão de um juizo simples ; a
phase é a expressão de um juizo composto: por isso am­
bas sam expressões de juizo.
A proposição ou phrase é directs, ou inversa, segunda
a sua construcção,
É directa quando está: primeiro, a palavra que mos­
tra o ser ou a idea que se quer fazer conhecer ; segundo,
a palavra porque se affirma ser ou não ser pertencente
a uma .-espécie ou genero conhecido ; terceiro, a pala­
vra que mostra esta espere ou genero porque a primei­
ra se faz conhecida, coma:
Deus é omnipotente.
Deus crecu o universo,
Ê inversa quando a ordem é outra, como :
Omnipotente é Deus,
Creou Deus o universo.
Elias tem pois trez p a r t e s : sujeito, attribute e verbo.
94
0 sujeito é a palavra que exprime um indivíduo ou
uma idéa, que se aííirma ou nega estar incluído ’puma
especie ou genero , expresso por outra palavra.
O altributo é a palavra que exprime o indivíduo, a es­
pecie ou genero, que se affirma ou nega ser o sujeito, ou
em que se aííirma ou nega estar o sujeito incluído.
O verbo é a palavra que exprime a aííirmação da in­
clusão do sujeito na especie oa genero, expresso pelo at­
tribute. Assim nesta proposição :
O assucar é doce.
O assucar ê o sujeito ; porque se aííirma que elle per­
tence á especie das cousas doces; è , o verbo ; porque
por elle se exprime esta aííirmação; doce é o atlributo;
porque mostra a especie a que se affirma pertencer o
sujeito. .
A proposição ou phrase se pode considerar debaixo de
trez pontos de visía ; primeiro , na sua forma; segundo A
na sua materia; terceiro, nas suas propriedades.
SECÇÃO I.
D a form a çla proposição*
0 que constitue a forma da proposição é o verbo; assina
que sem elle claro ou occulto ella não existe. Exemplos.
Deus é eterno.
Aos grandes males ^ grandes remedios.
Na primeira propos‘ção está claro o verbo è ; na se­
gunda porem está occulta o verbo convém.
So o verbo ser f substantivo, contem a forma essence
al da proposição ; porque os verbos adjectivos , ou qua*
lificativos e modificátivos a contem , mas juntamente com
o atlributo, como :
Pedro morreu;
proposição que natunaimente se converte nesta ;
95
Pedro è morlo.
E as vezes contem juntamente a forma cóm o sujeito
e o attributo , como :
Amas.
Amas contem em si a forma , o sujeito e o attribute;
porque equivale a esta proposição.
Tu és amante.
SECÇÃO II.
D a m a té r ia da proposição*
0 que constitue a matéria de uma proposição, sam
os seus dous termos : o sujeito e o attributo.
Considerada em sua matéria, a proposição se divide em
simples, complexa e composta.
A proposição simples é a que tem sómente um sujeito ,
um verbo , um attributo , como:
Pedro é magistrado.
A proposição complexa é aquella cujo sujeito ou attri­
buto , ou ambos juntamente encerram muitas ideas, que
concorrem ao mesmo tempo para completar a idea total ,
ou de um ou de outro. Ex.
Alexandre, filho de Felippe , venceu os Pérsas ,
gente ajfeminada.
Deus, gue é todo poderoso, creou o mundo
que deve acabar. *
É como se dissesse :
Alexandre, que era filho de Felippe, venceu os
Persas, que eram gente affeminada,
Deus, que é todo poderoso, creou o mundo, que
deve acabar.
Estas proposições, assim complexas, é o que chamamos
phrase.
or.
A proposição composta é a que tem muitos sujeitos
aos quaes c o n v é m o mesmo attribute, ou a que t e m m u i t o s
attributes que convém ao m e s m o sujeito, de sorte qu.
toda a proposição c o m p o s t a encerra muitas directas.
Assim quando dizemos ;
O espirito e o corpo sam substancias,
reinos uma proposição composta de dous sujeitos que se
resolve nestas duas:
O espirito é uma substancia
O corpo é uma substanciei
. Quando dizemos:
O homem c um ser sensível e intelligent^,
temos uma proposição de dous attributes que se resolve
nestas outras duas:
O homem c um ser sensível.
0 homem ê um ser intelligence.
À proposição complexa divide-se em principal ou diiecta,
e incidente ou inclirecía. Assim:
Alexandre, filho de Felippe, venceu os Perns,
gente affeminada,
a principal ou directa é :
* Alexandre venceu os Persas;
as incidentes ou indireclas sam :
Que era filho de Felippe
Que eram gente affeminada.
A proposição incidente se divide em determinativa e
explicativa.
A Incidente explicativa é a que torna mais clara emais
destincta a idea do sujeito ; que se pode supprimir sem
97

por isso a proposição principal não muda de natureza.


Assim nesta proposição ou phrase :
As paixões , que sam doenças d’alma, se re­
voltam contra a razão,
-a p r i n c i p a l As paixões se revoltam contra a razão—
não rnuda de natureza, supprimindo-se a incidente ex­
plicativa :— que sam doenças d’alma.
A proposição incidente determinativa, porem restringe a
idea do sujeito da principal; e por isso não se pode supv
primir, porque a principal só é verdadeira , em quanto en­
cerra esta incidente. Assim nesta proposição ou phrase :
Os homens, que prehenchem jiélmente os de­
veres que a religião lhes impõe, seram salvos,
não se podem supprimir as incidentes determinativas;—
que prehenchem jiélmente os deveres que a religião lhes
impõe; porque então a principal:— Os homens seram
saIvos— se torna falsa.
Uma incidente pode gerar outra , como :
Alexandre, filho de Felippe , rei de Macedo­
nia , venceu os Persas.
Onde a incidente Que era filho de Felippe — gera
a outra :— Que era rei de Macedonia.
Para conhecermos se uma proposião é simples ou com­
posta, examinaremos se ella se pode dividir em muitas
outras, que tenham o mesmo sujeito eattributo, como estas;
j)eus nos crcou para adoral-o e servil-o.
Não sejaes hem avarento nem pródigo.
que se resolve nestas:
ficus nos crèoii para adoral-o.
Deus nos creouparaservil-o.
Não sejaes avarento*
Não sejaes prodigo.
98
A proposição composta divide-se em copuiaiiva, con­
dicional , e disjunctiva.
É copuiaiiva, quando os seus membros sam juntos pela
conjiincção E clara ou occulta , como :
Cczar et Catão eram de caracter bem differentes.
E condicional, quando os seus membros sam juntos pela
cormmcoão
O * Se,' como :
Se Deus é justo pune os pcccadores,
É disjunctiva, quando os seus membros sam separa­
dos uns dos outros pela conjuncção Ou, como :
-A alma ou morre com o corpo, ou lhe sobrevive.
A mulher ama y ou aborrece.
Considera-se lambem complexa a condicional , e inci­
dent e explicativa a proposição da conjuncção. Assim
nesta phrase:
Sahirei, sc fizer bom tempo.
e principal a proposição—sahirei x— e incidente explica­
tiva a —se fizer bom tempo.
SECÇÃO 111,
H a s p ro p ried a d es d a p ro p o siçã o .
. Cham am-se propriedades da proposição certos modos ou
circumstançias, que nella se podem observar. Ha delias
duas especies: absolutas e relativas,
yAs propriedades absolutas sam as que .se descobrem
n uma proposição , considerada em si mesm'a e separa­
da de outra. v •
As propriedades relativas sam as que mo se observara ,
senão comparando uma proposição com outra.
9!]

ARTIGO I*
B a s p ro p ried a d es absolutas*
Destinguem-se duas propriedades absolutas: a quan­
tidade e a qualidade.
Por quantidade de uma proposição se entende a cv*
tenção, segundo a qual é concebido o seu sujeito. De­
baixo deste ponto de vista a proposição é ou universal,
ou particular, ou singular.
A proposição universal é aquella, cujo sujeito compre-
liende toda cspccic, ou genero dos indivíduos de que
tracta, com o:
' Todo o corpo è divisível.
Nenhum espirito é mortal.
A proposição é particular , quando o sujeito compre-
íiende sómente parte dos indivíduos da especie de que se
tracta, com o:
Muitos estudam sem proveito.
Algumas nações ainda sam idolatras.
A proposição singular é aquella, cujo sujeito indica um
só indivíduo da especie de que se tracta, como :
D, João de Castro foi Vice-rei n!Asia.
Este homem é prudente. *
Por qualidade de uma proposição se entende a sua af-
lirmação ou negação; e os logicos accrescentam a sua
verdade ou falsidade.
A proposição affírmativa é a que mostra que o sujei­
to pertence á classe expressa pelo attributo, como ;
Deus è previdente
Deus vê o que pensamos.
100
A proposição negativa ç pelo contrario a que affirm a
que o sujeito não pertence á classe expressa pelo attribu-
lo j com o;
O circulo não c quadrado;
O espirito não c matéria-.
ARTIGO II.
D a s p ro p ried a d es r e i» tiv a s.
As propriedades relativas das proposições descobrem-
se pela sua comparação; e só se comparam «as proprieda­
des que tem a mesma matéria, isto é , o mesmo sujeito
e o mesino attribúio.
Nas propriedades relativas se deslinguem duas cousas;
a conversão e a opposição.
A conversão é a propriedade que tem uma proposição
de ser convertida de maneira que o sujeito se torne at­
tribute, e o attribute sujeito. Assim a proposição;
O homem è um animal racional,
pode ser convertida nesta;
O animal racional é homem.
A opposição é a propriedade que tem uma proposição
de não poder Haver affirmaçâo e negação entre seu su-
jaito ú attribute, como /
O corpo ó Unta substantia.
Q*corpo não é uma substancia,
O circulo è redondo,
O circulo é quadrado. (17)

( 17 < t>ô PeTrad e Noel-.


101
SECÇÃO IV.
D os termo» da proposição.
Os termos da proposição sam o sujeito e o attribute,-
Pelo attributo é que se conhece O sujeito, ou se sabe a
que classe natural ou accidental elle pertence. Esta classe
natural ou accidental é o que se chama qualidade do sujeito .
O attributo deve exprimir sempre uma classe, isto é ,
uma especie ou genero natural ou accidental, para que
o sujeito possa ser intelligivel; porque , como vimos na
Etymologia idealogica, a inlelligencià não conhece senão o
especial eo geral abstrahido do individual ou particular, que
lhe offerece a imaginação na imagem ou fantasma dos obje-
ctos. É por uma operação reflexa que a intelhgencia
ve o particular no geral intelligivel; e como se afíirma
na proposição que o sujeito está incluído no attributo ,
ahi se faz elle conhecido como o particular no geral, o
individual no especial.
Ainda mesmo nas proposições:
Este homem é Pedro.
Eu não sou tu.
Os attributes Pedro da primeira, e tu da segunda,
posto que pareçam individuaes , se tomam como geraes,
isto é , como incluídos na idea geral de homem que se
deve subentender, como se se dissesse — Este homem è o
homem chamado Pedro— Eu um homem não sou to
outro homem.
Semelhantemente se deve dizer das proposições.
O sujeito de tens é tu.
O amigo é outro eu.
0 Sujeito e o attributo sam , como as p roposições, sim­
ples , complexos ou compostos.
i 02
Sam simples, quando cada um dclles exprime um só
indivíduo, ou espccie , ou genero corno :
Pedro c pae.
Paulo é filho.
Pedro e Paulo sam sujeitos simples, porque cada um
delles exprime um só indivíduo ; pae e filho sam attri­
butes simples; porque também cada um exprime so­
mente uma especie.
Sam compostos, quando cada um delles exprime mais
de um indivíduo, especie, ou genero , como :
Pedro e Paulo sam amigos.
Abram e Sara eram irmãos e primos.
Pedro e Paulo da primeira, e Abram e Sara dâ segun­
da proposição sam sujeitos compostos ; porque exprimem
mais de um indivíduo : irmãos é primos sam attributos
compostos, porque exprimem mais de umà especie.
Sam complexos, quando exprimem sómente algnfti in­
divíduo , especie, ou genero como os sujeitos e attributos
simples ; porem tem mais que elles algum complemento,
como ;
À bôa fé é a virtude dos contractos.
k bôa fé é sujeito complexo , porque bôa é eomplemen
to de fé: a virtude dos contractos é attributo complexo ,
porque dos contractos é complemento de virtude.
O sujeito e o attributo podem ser ;
Ou um nome proprio como :
Telemaco era filho de Ulysses.
Este philosopho é Platão.
Ou um nome commum como ;
O rei ê pae do povo.
103

Ou um pronome por qualquer nome, como:


Ellenão é tu.
Ou um adjectivo , como
O bello é agradavel.
Ou uma preposição, como :
Per não é por
Ou uma conjunccão, como:
Mas não ê porem,
Ou um adverbio , como :
Hoje não é hontem.
Ou um verbo no infinito , -como :
Crer é ser crente.'
Ou uma. proposição , como :
Parece que não pode haver bem sem mal.
SECÇÃO V.
Do» com p lem en tos.
0 complemento é o que se accrescenta e faz comple­
xos os termos da proposição.
iu complementos se juntam ou aos nomes substantivos
^ adiectivos, ou aos verbos chamados acltvos e neutros.
0 verbo ser não tem em s i , nem se lhe ajunta com-
olemento algum: só aos verbos activos e neutros é que
se iunlam complementos, e que os tem em s i , Pclo (l
Te 'iodem chamar: o verbo ser íncomplementar, e os ver-
bos activos e neutros complementares.
Do camplemento dos nomes.
Geralmente chamam restrictive o complemento dos
iO Í
substantivos e lenninativo o dos adjeclivos e parlici-
pios : para nós, porem, quer o dos substantivos, quer o dos
adjeçtivos e participios é sómente restrictive pela sim­
ples e commum razão de restringirem a significação desses
nomes.
0 complemento restrictive é , pois, toda a palavra regi­
da ou não de proposição, que restringe a significação
geral de ura substantivo commum, ou tie um adjectivo,«
ou dè um participio.
Mesta proposição :
Bruto era filho de Cezar,
Dé Cezar è complemento restrictive de filho ; porque
restringe a significação geral desta palavra, mostrando
que não se tracta do filho de toda e qualquer pessoa,
mas sómente do de Cezar,
O exercido ê utU im menims.
Aos meninos é. complemento restrictivo de ultl/ por
que restringe-lhe a significação geral, mostrando que
não se tracta do util a toda e qualquer pessoa, mas so­
mente do que o é aos meninos.
Estes sam os complementos regidos de preposições: tam­
bém os ha sem serem regidos delias.
Mesta proposição:
A bõa educação faz o fumam.
j p i t Seríi jpepQsiçao complemento restrictivo de edu*
porque rèsMnge a significação geral desta pala­
vra, mostrando que não se tracta indístinçíamente do
fpmlquer educação mas sómente da que é boa.
Mesta outra proposição *.
O ns&tw Àhm da imigna
0 nome proprio Ak?.o ê complemento restrictivo der
105

mestre; porque mostra , rcstrmgindo~lhe a significação ge­


ral, que não se tracla.de lodo c qualquer mestre, mas
somente do que se chama Alexo.
Nesta outra proposição :
Dom João de Castro foi um heroe.
João de Castro é complemento restrictive de Dom , con-
traceão de Domimis, latino, que significa senhor ; porque
restringe-lhe a significação geral, mostrando que não se
tracta de qualquer Dom ou senhor, mas somente do que
se chama João de Castro ; e de Castro é complemento
restrictive de João; porque, tomado João como substantivo
eommum por haver muitos indivíduos do mesmo nome ,
lhe restringe essa significação geral, mostrando que não
se tracta de todo o homem chamado João, mas sómente
do que se chama também de Castro. Sam todos esses no­
mes que fazem o nome proprio ; porque é T) complemento
restrictivo que apropria e individualiza tudo.
Do complemento dos verbos.
Juntam-se sómente ao verbo activo o complemento obr
jectivo, e commumente aos verbos aclivos e neutros os
complementos terminativo e circumstantial, farias dá
também a certos verbos neutros o complemento restri­
ctivo como neste caso— Folgarás de ver, ~^mas parece que,
se de ver é complemento restrictivo , porque restringe a
acção do sujeito de folgarás, então o objectivo e terminativo
também se devem chamar restrictivos pela mesma razão.
O complemento objectivo é o que mostra o object O da
acção do sujeito , como :
Deus creou o mundo
0 mundo é complemento objectivo; porque mostra o
ohjecto da acção de Deus.
O complemento terminativo é o que mostra o fim , o li­
mite , o termo da acção do sujeito , como :
4 0.6
Demos graças a Deus.
O Ministro vae ao Senado.
k Deus é complemento term inativo do verbo activo de*
mos, e ao Senado do verbo neutro vae; porque mostram
q fim, o limite ou termo da aeeào dos sujeitos desses verbos.
O complemmento circumstantial é o que mostra alguma
circumstancia de tempo , de togar, de modo , de cauza ,
de fim, de preço , de instrumento, de materia, de com­
panhia da acção do sujeito, como por ex ;
'Deus, por ultimo, creou o homem de barro ,
com perfeição para gloria.
Por ultimo, de barro, com perfeição, para a gloria
«am complementos circums.tancia.es de tempo, de matéria f
de modo e de fim, juntos ao verbo creou.
Os advérbios tam também complementos cireumstanciaes*
A estas trez especies de complementos juntos aos ver-
bos activos ou neutros, julgamos que se deve accrescen-
ar uma quarta , que chamamos complemento subjectivo ,
0 complemnto subjectivo é a palavra qu e, tendo sido
sujeito da proposição na vóz activa, passa na voz passi­
va , regida da proposição de ou por, a restringir a si­
gnificação do participio do mesmo verbo.
Esta proposição da vóz activa :
Deus ensinou a palavra,
se converte nesta da voz passiva:
A palavra foi ensinada por Deus,
Por Deus deve-se chamar complemento subjectivo e
não restrictivo de ensinado, para conservar a idea ou
memória de sua origem e funeção primitiva , e por con-
ovírmmção ao complemento objectivo.
01 voemos activos e neutros sam complementares p o r 4
107
que se decompõem no verbo ser e em seu participiocom o
temos visto.
A proposição com o verbo activo ;
Pedro ama,
se converte nesta:
Pedro é amante :
Amante é complemento restriclivo de homem ou ser.,
que se subentende; porque a proposição completa é :
Pedro é um homem amante.
A proposição com o verbo neutro:
A fénix renasce,
se converte nesta :
A fénix è renascente.
Renas ente é complemento restrictivo de ave ou ser
que se subentende ; porque a proposição completa é :
à fentx é uma ave renascente.
Os complementos que apparecer*' juntos ao verbo ser,
não sam delle • porque não tem . ; . ui ‘r io , mas dos
acijeetivos ou parties pios que se subentendem. Assim nas
proposições:
O que dies sam poma mês } somos .nos para dies..
Hereges entre nós , não e sam. mire si.
Quem não è dontra 'nós , è por rés
Entende-se ; n.a pri morra , pmgeéos scr y ecu'o se
disséssemos : O que dies som pp-gaom per pura nós.
somos nós julgados ser paro mm; : >.a Sromor; , p-mo­
dos , como se d=ssessenars ‘ Juiúmios leeregss sem non .
nào sam julgados hereges entre u m mmmmi , cSm-,-
derado , como se dissessemos ; i}u4ni nao 6 eonswenn-
contra nós, é considerado por nós
108

TITU LO 11.
H a N y iita ie C oordenativa*
A Syntaxe Coordenativa tracta da combinação das pa­
lavras , segundo as leis geraes e especiaes da construc-
ção da proposição , que é a expressão do juizo. Ella se
divide em Syntaxe Natural e Syntaxe Figurada.
CAPITULO I.
B a S y n ta x e N a tu r a l.
A Syntaxe Natural é uma parte da Syntaxe coordena-
nativa que mostra a concordância e regencia das partes
da proposição ; e por isso se divide em Syntaxe de Con­
cordância e de Regencia.
SECÇÃO I.
B a N y n t a x e d e C oncorda n e la .
A Syntaxe dé Concordância ensina a combinar as pa­
lavras pelas suas relações de identidade ou semilhan-
ca , manifestadas em suas terminações pelas regras se­
guintes: (4 8 )
I. 0 verbo concorda em numero e pessoa com o su­
jeito da proposição claro ou occulto , como :
Queremos. Nós queremos.
Quereis. Vós quereis,
Seria discordância se disséssemos:
Nos quer. Tu quereis.

(tB*) K5o admitiimos concordâncias de proposição: porque


não tem ellas relações de semilhança ou de identidade por nào
terem terminações- Muitassam oppostas , e a opposição é o con­
trario de concordância,

«
109
So o sujeito do verbo do modo finito ou do gerúndio,
é o mesmo do verbo do modo infinito , este não con­
corda, mas refere-se a elle impessoalmente. Assim di­
zemos com o verbo:
Deves estudar—e neto--Deves estudares.
Podem entrar- e não... Podem entrarem.
K dizemos com o gerúndio:
Querendo ser homens de beiú—e naõ-—
Querendo serem homens de bem,
porque o sujeito de ser é o mesmo de querendo.
Se porem cada verbo tem seu sujeito different^, o do ni(p
do infinito concorda pessoalmente com o seu. Assim di­
zemos :
Elle vê esses reis o trahirem-—e não—o train r.
Mostrando os documentos-serem as contas exactas
— e não - - ser as contas exactas. f
II Quando o verbo do modo infinito , impessoal ou pes­
soal quer do singular quer do plural, faz vezes de sujeito
da proposição, figura como um substantivo do singular, e
concorda com elli o verbo do modo finito no singulai.
Assim dizem os:
É manifesto serem duas razões — e não — sam
manifestas ser duas razões.
^ B O mesmo succede com as proposxòes que sam
<tiieitos de outras.
íII O altributo da proposição, quando expresso poi
itm substantivo, concorda em numero com o sujeito , cx-
quando é melonymico. Assim dizemos na regra:
Cicero foi. Consul romano ;
Na excepçao: ■ .
Esau era as delicias da velhice de Isaac.
Nesta proposição se toma delicias mètonytóicâmenfceou
MO
o cfi'eito pela cauza, como sc disséssemos : Esau era a
cauza das delicias da velhice de Isaac.
IV 0 attributo , quando espresso pelo artigo , ou adjc-
ctivo , ou participio ; se exprime qualidade accidental,
concorda com o mesmo sujeito subentendido , se cxpiime
qualidade essencial, concorda com um substantivo geral c
apropriado, lambem subentendido.
Exemplo do primeiro caso :
Este Consul è o de França*
Este moço é prudente.
Nestas pimposições, subentende-se por attributo o mesmo
substantivo'da sujeito , como se disséssemos: Este Con­
sul é o Consul de França; Este moço é um moço pru ­
dente.
Exemplo do segundo caso:
* A alma é immortal.
A materia é creada.
Na primeira proposiçãosubentende-se ser por attribu­
to , como se disséssemos: A alma é un ser immortal:
na segunda entende-se substancia por fttributo , como se
disséssemos : A matéria ó uma substancia creada.
■V Os substantivos chamados continuados ou appostos ,
explicativos do sujeito ou do attributo f sam attributes de
uma proposição incidente, da qual por ellipse estão oc-
cultos o sujeito e o verbo , e por correlação concordam
em numero com o sujeito da principal, quando não sam
melonymicos. Assim nesta phrase :
D. Pedro II, Imperador do Brasil, ó instruído.
Imperador do Brasil ó explicativo do sujeito D. Pedro
II, e attributo da incidente que apparece, dizendo-se:
D. Pedro I t , que é Imperador do Brasil, é instruído.
VI Concordam em gencro e numero com o subsíam
111

tivo sujeito , attribute ou complemento da proposição :


1.0 0 artigo, como :
0 estylo é o homem mesmo.
Ahi está —-o--concordando no mesmo*gcnero e nume»
no com estylo e homem.
2.0 0 adjectivo , como ;
A arvore boa dá bons fructos.
Ahi estam boa concordando com arvore , e bons concor­
dando com fructos no mesmo genero e numero.
3 .0 0 participle, como :
A palavra dada é obrigação aceita.
Ahi estam dada concordando com palavra , e aceita com
obrigação no mesmo genero e numero. _■
Y l f Os Conjuntivos Que, Quem, Qual, Cujo tem
mais natureza de preposição que de adjectivo ; e por isso
mais servem para ligar uma proposição principal a uma
parcial, do que para concordar com algum substantivo delias*
Due e Quem não concordam absolutamente com substanti­
vo akum mas correspondem e se traduzem por Qual,
que concorda sómente em numero com o substantivo pelo
qual liga a principal á parcial; e por isso Que, Quem e
Qual, quando sam sujeitos da proposição pinuai, 1-azcm
0 verbo delia concordar em numero com o suostantivo ua
principal , pelo qual. dies ligam uma a ouira,
P Só Guio, que corresponde e se traduz por uo Quul}
concorda , como verdadeiro relativo , não com o suostaporo
pelo qual liga uma proposição a outra, m as_com
que parece servir-lhe de complemento restnctivo.
Exemplo de proposições ligadas por Que :
Sam as grandes occasions que fazem os grandes homens.
Eu sou a que anda nas mexericadas. (19)
" / j q , Bons escriptores disseram também * Eu soma quean-
d o n a s mexericadas Segundo Moraes esta phrase e mais dasbica,

4
4 1 c2
Nestes exemplos, que não concorda com occasiões e pes-
soa altributo de— Eu sou ; mas equivale a quaes occasiões
do primeiro , e a qual pessoa do segundo ; e por isso faz
concordarem fazmn com occasiões , e anda com pessoa.
Exemplo de proposições ligadas por Quem :
Pregae a quem vos ouça
Neste exemplo „ quem não concorda com pessoa ou ho­
mem, complemento de pregae, mas equivale a qual pessoa ,
ou a qual homem,; e púr isso faz concordar ouça com
pessoa ou homem.
Exemplo de proposições ligadas por Qual :
Vi a Paulo, o qual me conheceu.
Faliei aos homens, os quaes me ouviram,
Nestes exemplos, qual concorda em numero com Paulo
e quaes com homens; e por isso os verbos conhece concorda
com Paulo , e ouviram com homens.
Exemplo de proposições ligadas por Cujo :
Sam vagos os bens cujo dono se não sabe.
Neste exemplo, cujo concorda em genero e numero, não
com bens, mas com dono, de que bens é como comple­
mento restrictivo
VIII Os chamados gerúndios e supinos, bem que par­
ticipem da affirmação dos verbos de que nascem, não
tem com tudo a concordância delles com o seu sujeito.
Os gerúndios de invariáveis não tem numero nem pes­
soa distincta ; e. por isso não concordam com seu sujeito ;
m as, pela relação comprehendida na sua affirmação , refe­
rem-se e ligam-se naturalmente a elle, como neste ex-
enplo.
Sabendo francez , crê uma moça saber tudo.

como esta outra : Eu sou quem sou; mas pareçe-nos que a pri­
meira <í differente da segunda, e força o verbo á tomar a terceira
pessoa , como no exemplo supra. Os tropos de Rhetoric» modi­
ficam muito a natureza da limguagem.
11 3

Ahi está sabendo referindo-se e ligando-se ao seu su­


jeito moça invariavelmente.
0 gerúndio , segundo Soares Barbosa , ora se conjiin-
da com o verbo, como : Concluindo a obra , la estou,
ora com elle se conjuga , como : Estou concluindo a obra;
e alguns chamam gerúndio no primeiro caso, porque lho
subentendem uma preposição, e participid no segundo, por
que não lhe subentendem preposição alguma : mas con ­
cluindo é sempre um complemento circumstantial, no
primeiro caso de tempo, no segundo de modo ; c se tra­
duzem ambos em latim pelo participio e não pelo gerúndio.
Os supinos sam lambem invariáveis na sua juneção com
os verbos Ter e Haver, a cujo sujeito querem que se re­
tiram e liguem sem concordar com elle , como nestas pro­
posições:
Havemos lido suas cartas.
Tenho visto suas obras.
Mas lido e visto juntos a havemos e tenho , activos , for­
mam uma especie de contradição ; e por isso parece for­
çoso convir que taes participios juntos a estes verbos não
sam supinos invariáveis , mas concordam com um substan­
tivo masculino oeculto. Em—tenho visto—eu c o sujeito
de tenho, e por mim o complemento subjectivo de visto ; o
por isso suas obras não é complemento objectivo de tenho,
porque na vóz passiva o verbo só muda de pessoa e não
de forma, como : As suas obras tem sido vistas por mim ;
nem de visto, porque é passivo e invàriavel, quando se
apassiva o verbo com o pronome se , como : As suas obras
tem se visto por mim. Porque , quando se apassiva de um
modo , visto concorda com obras ; e , quando se apassiva de
outro, não concorda ? Salva-se esta irregularidade enten-
dendo-se um substantivo , e parece-nos que deve ser o
mesmo verbo de tal supino no infinito , ficando no exem­
plo proposto deste modo:—Tenho o ver suas obras visto
por mim. (2 0 )
'(20) Moraes, na sua Grammatica, diz que lido e visto sam
114
'U odo 5'apifio o gerúndio parece um puro lulinísiuu ;
e que o stipino é o mesmo participio do passado , e o ge­
rúndio o participio do presente prop rio dc nossa lingua ;
porque os acabado^ em nte, como lenle de ler sam alalia
nados , e.não estamainda geraliuente admUlidos,

SECCAO 11.
H h S y iita x e ile H c g e iic ia .
. À Syniaxe dc regencia ensina as regras da dependên­
cia que devem ler entre si as partes da proposição.
As partes da proposição ou sam essenciaes, de sorte que
sem ellas não pode existir proposição completa e perfei­
ta no seu sentido , ou sam accidentaes , de sorte que a fal­
ta delias não a pode prejudicar.
Nas pi oposições regidas pelo verbo ser , sam partes es­
senciaes o sujeito, o verbo e o attributo, e accidentaes
os complementos : nas regidas pelos verbos activos ou neu­
tros , que contem em si attributo logico incompleto , sam
partes essenciaes o sujeito , o verbo e os complementos
exigidos pelo verbo para completar o seu sentido, como:
Deus creou o mundo; Pedro vem de Roma / e aeciden-
laes os mais complementos.
Só ha duas palavras regentes: o verbo pela affirmação
da inclusão do sujeito no attributo; e a preposição pela
relação que liga os seus termos, antecedente e consequente..
Os verbos activos e neutros só regem o sujeito e o attributo
logico que elles contem gm s i , e não os complementos li­
gados aos attributes ou complementos logicos, nelles con­
tidos ; e pois o complemento objective não é regido do verbo
~*FT'
o mesmo que ver e ler ; peto que—Tenho visto, Havemos lido,
no mesmo que Tenho ver, Havemos ler, o que não satisfaz!
Também el!e diz que se podem apassivar, como : amado-se . li~
dorse ; mas julgamos ser isto um equivoco ; porque, quando dize-
mos, poj exemplo. Tem lido-se a sua historia, este—-se— é com *
^lemento-Q^Tem., e não de lido,;, e assim nos mais casos.
1 i !>.
activo, como so tem entendido, mas sim da preposição
.. - a — clara on occulta.
Só quando é complemento objectivo um substanLivo com-
mum não sc lhe junta a preposição,,, como nestas, pro^
posições :
Deus fez o universo.-
O peccado matou o homem.
Mas nestas proposições e semelhantes a preposição que
!"ege os complementos—universo e homem— está occulta
pelo uso universal, invariável e antiquíssimo da ellipse,
que faz toda graça e elegancia da nossa lingua. Para nos
convencermos de que o çomplemento objectivo. é sempre
regido da preposição-—a —clara ou occulta, basta notar
que ella vem sempre clara :
d.o Quando este complemento é nome proprio , como : '
Milão matou a Clodio;
2 .0 Quando é um pronome, ou um demonstrativo,
ou um possessivo, como.:
Que vença o sogro .tz li, e o genro A este:
Rumecão animava ou reprehendia a os seus;
3.0 Quando é um conjunctive , Quem ou Que, como í
A. quem vossa ousadia tanto offende:
Aos que chamou a estes também justificou;
4>.o Quando é ura terminativo geral ou particular, como:
E um a um nos foram derribando a todos:
D. João da colgadura fez reparar a muitos;
5." Quando ó mesmo algum substantivo coinmum , mas
jnversa a ordem da consiriicção, como .
Combate n o fraco espirito a dor antiga :
G o Quando é mesmo algum substantivo commum, em
çertas proposições, na ordem directa da construcção, como ,
E como visse a um que era injuriado, o defen­
deu ; c vingou a o que padecia a injuria, ma­
tando a o Egypeio.
ti
446
Ora , se , como fica visto , a preposição rege sempre o
complemento objectivo , quando é um pronome , um
demonstrativo, um possessivo, um universal, um parti­
lho , um conjunctivo, ou um nome proprio, ou mesmo
um substantivo commum , na ordem inversa da construe*
cão , e em muitos casos na ordem mesma directa ; por
que razão, sendo em alguns casos sómente tal comple­
mento um substantivo commum sem preposição na ordem
directa da conslrucção, se hade desta excepção formar a
regra de que elle é rigido do verbo aclivo e não da pre­
posição occulta pela ellipse ?
Isto é claramente um erro de rotina , dos que ignoran
do a philosophia e o genio da lingua, o seguiram sem
attender que nestes casos em que a preposição está oc­
culta como nesta proposição:— 0 justo não teme a morte—
ella apparece na decomposição lógica do verbo deste mo­
do— O justo não é temente a a morte.
Esta ellipse é tão natural, que , as vezes, com o mesmo
verbo activo ou neutro se usa do complemento com a pre*
posição clara ou occulta como nestes exemplos
Do verbo activo :
A mae a vossas mulheres;
Amae vossos filhos ;
Do verbo neutro:
Vae com os filhos a entregar-se ;
Vae entregar-se com os filhos.
Os latinistas, que accommodam òs complementos da lin­
gua portugueza aos casos da latina, diram talvez, a seme­
lhança dos verbos latinos com dous accusativos , que té-
mos verbos com dous complementos objectives, como nestas
proposições,
A Ui faz o homem escravo.
El-rei nomeou a D. João Vice-rei.
Mas ahi não ba senão uma ellipse do verbo ser na pri ­
meira, como se se dissesse—A lei faz o homem ser es-
117
cravo— e da preposição para m , segunda como se se dis
sesse— E l-r e i nomeou a D. João para Vicc~rei.
O verbo activo ou neutro , porque envolve em si não.
só a aflirmação , mas também e attribute iogmo, que c tim
dos termos da relação necessária ou accidental entre elle
e o outro que faz o seu complemento, é o termo rei do
todos quantos reune em torno de s i , fazendo apparccer o
seu sujeito incluído nó seu attribulo „ como o centro com
mum de todos os complementos que a eliè se prendem por
suas relações, formando outras tantas proposições par-
ciaes e distinctas, confundidas na principal. Assim toman
do por exemplo o verbo comprar, notamos as seguintes
relações, constituindo cada uma sua proposição.
1.® A relação entre o comprador e a cousa comprada
com a:
Comprei um livro.
2 .0 A relação entre o comprador e o vendedor da cousa,
como :
Comprei a um livreiro.
3.0 A relação entre o comprador e o tempo dá compra,
como :
Comprei este anno.
4 . o A relação entre o comprador e o togar da compra,
como :
C o m p re i em F ra n ç a .
5.0 A relação entre o comprador e o preço da compra.,
como ",
Comprei por déz mil reis.
õ.o A relação entre o comprador e o modo da compra',
como »
Comprei a dinheiro avista.
Todas estas seis relações expressas pela analyse nesus
proposições se agrupam em' tomo do verbo , expressas
ço»a ‘syatese em uma só proposição , assim .
Comprei um Uvro a um livreiro vesle amw , em
Fr# "ma rcr dét.mii -T ; a éviíni' ? d v;C.a.
1 Is

CAPI TULO JL

IHa S yn taxe F ig u r a d a .
Assim como a Elymologia tom suas figuras do dicção
assim lambem a Syntaxe tem as suas de construcçao.
A Syntaxe Figurada tracla da combinação das palavras
por certas regras excepcionaes ou particulares, dando-
lhes apparencias de incorrecta. Esta apparencia procede:
primeiro da falta de alguma palavra que facilmente se en­
tende * segundo da sobra de alguma palavra , que sc lhe
accressenta ; terceiro da deslocação das palavras que se
lhe devem antepor. Daqui trez figuras de construcção da
proposição : Ellipse , Pleonasmo e Hiperbaton.
As combinações figuradas que se desviam de suas regras,
tornando-se não apparente, mas realmente incorrectas,
sam viciosas, e chamam-se: Amphibologia, Solecismo e
Çaeofaton,
% SECÇÃO !.

D a Ellipse.
A Ellipse ó a falta de uma ou mass palavras da propo­
sição que se entendem ou supprem para completar-lhe o
sentido. Divide-se em Zeugma e Syllcpse. A Zeugma é
a ellipse pela qual a palavra expressa em uma proposi­
ção ou parte delia se subentende da mesma forma sem
mudança alguma na outra proposição ou parte della. A
Syllepse é a ellipse pela qual se subentende na mesma
proposição ou parte delia uma palavra differente da ex­
pressa , ou a mesma de forma difíerente.
A Ellipse é do sujeito, do verbo, do attributo, do com­
plemento, do sujeito e verbo , da proposição, do artigo,
do adjectivo ou participio, e da preposição.
Ha Ellipse do sujeito , como nestes casos :
Sou cidadão brasileiro.
1 1{)
F a: hoje v in te dias.
Ha aqui bôas fructas. ,
Entende-se por sujeito da primeira proposição --Eu
a segunda— O tempo , da terceira— A terra.
Ha Ellipse do verbo , como nesle exemplo:
Aos grandes males grandes remedies.
Entende-se o verbo convém.
Ha Ellipse do attributo , como neste exemplo ;
Os princípios do Christianismo sam de fé.
Entende-se por attributo artigos.
Ma Ellipse do complemento, como nestes exemplos :
Hei de faliar-lhe.
Tenho de vel-o.
Entende-se por complemento objective de ambas estas
nroposicões, desejo ou vontade ou intenção.
Ha Ellipse do sujeito e verbo juntamente , como :
Bruto , filho de Cezar, matou opae.
Eu vos prometto, filha, que vejaes.
Entende-se na primeira proposição o sujlito c o verbo
__ mie em— assim : Bruto , que era filho; e na segunda ,
_ que sois— assim: Eu prometto a vós , que sois filha,
Ha Ellipse da proposição, como nestes exemplos :
Lestes o livro ? Sim.
Digam o que quiserem.
O maldito do crendo.
Ai de ti Coroasim.
Entende-se na primeisa proposição o Sim por esta: hu h
o livro ' na segunda esta outra : Eu tolero que digam ele. ,
d terceira este: O maldito /a to do areado; m quer ta
esta: Eu me compadeço de ti Coroasim.
Ha Ellipse do sujeito, como neste caso :
Nossos paes eram melhores•
Entende-se o artigo os , concordando com^nossos paes,
ffa Ellipse do participio, corno :
O livro foi por âè% mil reis„
i c20

Enlemle-se o participio comprado ou vendido.


Ha Ellipga da preposição , como :
Estive trez rnezes em Roma.
Fui caminho da cidade.
Um frango vale dous tostões.
Entende-se na primeira proposição , a preposição por ,
assim: Estive por trez mexes etc.; na segunda “entendei
se pelo , assim • Fui pelo caminho etc.; na terceira en­
tende-se a . assim : Vale a dous tostões.
A Zeugma é , come a Ellipse , do sujeito, der verbo , do
attributo , do complemento , do sujeito e verbo, da pro­
posição , do artigo ou participio, e da preposição.
Ha Zeugma do sujeito, como neste caso :
O prudente vê e calla.
Entende-se por sujeite de calla o mesmo de vê , assim ;
O prudente v ê . e o prudente ro.Uo.
Ha Zeugma do verbo . como neste exemplo \
Mens' rale ser do que parecer.
Entende-se »est.a comparação o mesmo verbo vale assim :
Mens mie ser, do gue vale parecer.
Ha Zeugma do attribute , como neste caso t
Eu já sou , e tu amda has de ser pae de família.
Entende-se por attributo da primeira o da segunda assim:
Eu já sou pae de família , e tu ainda has de ser pae de
família,
Ha Zeugma do complemento , como neste exemplo :
Deus creou e abençoou o homem.
Entende-se por complemento de creouo mesmo de aben­
çoou , assim , Deus crpou o homem  e Deus abençoou o
homem.
• ^eugma do sujeito e verbo , como nestes casos :
Deus creou o Ceu e a terra..
Pedro é sábio e modesto.
Eiitenders® o mesmo, sujeito e. verbo junto na primei-
r a , ao complemento term , e n a s e g u n d a , , a t í r i t o mo*
\â 1
úeslo, assim: Dews creow o Ceu, e Bem creou a terra ;
Pedro é sábio , e Pedro é prudente.
11a Zeugma da proposição, como neste exemplo :
A alma è immortaly ou não ?
Entende-se junto ao não a mesma proposição, assim.:
A alma ó immortal, ou a alma não é immortal ? ,
fia Zeugma do artigo, como neste caso;
A fé , esperança e caridade.
Entende-se o artigo junto a cada nome, deste modo.:
A fé, a esperança e a caridade.
fia Zeugma do adjectivo e participio , como nestes casos.:
Eu estou prompto, e tu não estás.
Eu sou formado, c tu n o és.
Entende-se : na primeira o mesmo adjectivo , assim : Eu
estou prompto j e tu não estás prompto ; e na segunda o
mesmo participio , assim ; Eu sou formado, e tu não és
formado.
Ha Zeugma da preposição, como neste exemplo
O cathalogo das palavras e phrases.
Entende-se a mesma preposição, assim; O cathalogo
das palavras e o cathalogo das phrases.
À Syllepse não é como a Ellipse e a Zeugma, e por
isso a reduzem a trez especies: de pessoa, de genero
e de numero ) mas nós entendemos que a semelhança da
outras ella é do sujeito , do verbo, do attributo, do ai-
tieo , do adjectivo ou participio e do substantivo.
Ila Syllepse do sujeito, como nestes exemplos:
Eu e elle somos amigos.
Parte dos soldados morreram.
Aquelle corneta è insigne.
O lingua era D. Ramiro.
Entende-se Nós por sujeito da primeira; Alguns ou
muitos soldados, por sujeito da segunda ; na terceira en­
tende-se soldado com quem Concorda aquelle, na quai-
ta entende-se homem, com quem còncorda o art 1go o.
Ha Syllepse do verbo , como nestes exemplos :
l ciia
Tu amas as artes; eu as Ultras.
Man podia die do que tu.
Entende-se na primeira amo , assim : Eu amo as lei-,
ras ; e na segunda podes, assim : do que kc podes,
íla Syllepse, do attribute, como nestes exemplos :
Queremos ser entendido, de lodos.
Sêdejusto com os contrários.
Entende-se escriptor ou orador por attribute da primei­
ra , concordando com entendido; homem ou juiz por at­
tribute da segunda ? concordando com
Ila Syllepse do artigo, como neste caso ;
Os termos e expressões francezas.
Enteude-se o artigo as, concordando com expressões.
Ha Syllepse do adjeclivo, como nestes casos :
Seus temores e esperanças eram vãs.
Eram vãos seus temores e esperanças.
O amor e amizade verdadeira.
O verdadeiro amor e amizade.
Certo um e outro eram bons.
Entende-se na primeira vãos, concordando com temores;
na segunda vãs , concordando com esperanças; na tercei­
ra verdadeiro, condordando com amor; na quarta verda­
deira, concordando com amizade; na quinta homens, conT
cordando com bons.
Ha Syllepse do partieipio, como nestes exemplos :
Achou o segredo de sua alma, vestida etc.
Mas jâ o planeta que no Ceu primeiro habita,
cinco vezes apressada etc.
V. M. 1. é adorado dos brasileiros.
Entende-se na primeira Clarinda, concordando com ves­
tida; na segunda lua, concordando com apressada; na
terceira Imperador, concordando com adorado.
ISB Com V. Ex.a , V. S^a e Vmc. se formam proposi-
toes em tudo semelhastes a essa: V. M. I, é adorado
dos brasileiros.
12.1

SECÇÃO II.
D o Pleonasm o.
0 Pleonasmo é , ao contrario da Ellipse, o accrescesa-
lamento de uma palavra desnecessária ao sentido da'proposif
cão, mas propria para lhe dar graça e energia.
Ha pleonasmo':
1.0 Quando se accrescenta o mesmo pronome, como :
Tu a mim me falias assim.
Em me repetido «J^pois de mim está o pleonasmo.
2 . ° Quando se accrescenta o pronome ao artigo, ou o
artigo ao conjunctive, como:
Quem o a elle atormenta.
O menino, que quem o afaga etc.
Em a elle depois de o na primeira proposição, e em o
.depois de que está o pleonasmo.
3 . ° Quando se accrescenta alguma palavra de signifi?
cação já incluída na do verbo da proposição, pomo :
Vi com estes olhos.
Em com estes olhos depois de vi está o pleonasmo.
SECÇÃO 111.
D o Iffjiierh aton ,
0 Hvperbaton é a deslocação das palavras de uma pro­
posição ou phrase .contra a ordem natural de sua dis.r
posição.
Ila Hvperbaton :
1.0 Nas palavras, quando se interrompe a ligação na­
tural delias, mettendo* se outras de permeio para dar in^is
graça e elegancia , como :
Se não fossem seus , todavia distmem . sentimentos.
As palavras—seus sentimentos se separdhirp j:;eta hy-,
perbaton, para metterem-se de permeio ds—nmnene, dis-
tinctos.
2.® Nas phrases, quando se antepõe e pospoem aá
palavras contra a ordem natural, como ;
De repente ao dia alegre e brilhante da Zona tor*
rida êuccede uma noite universal e profunda,
Sem Hyperbaton seria:
Uma noite universal e profunda succede de repen­
te ao dia alegre e brilhante da Zona tórrida.

TITULO III.
D a s C om binações viciosas*
Sam viciosas as combinações de palavras em que se con­
fundem as relações das cousas, ou senão observam as leis
geraes e especiaes da construcção, ou se violam as leis
da harmonia na consonância dos vocábulos.
A confusão das relações das cousas chama-se Amphi-
bologia; a preterição das regras de concordância e re-
gencia , solecismo ; a falta de harmonia ou consonância das
pdavras, Caeofaton.
CAPITULO I.

B a AonpMbologift*
Dá-se Amphibologia;
I o Quando se não pode bem distinguir o sujeito do
complemento, como neste caso : Ama o povo o bom rei,
Não se sabe se o sujeito é povo ou rei.
, '-*0 Quando se usa do pronome EUe, e do adjective
Seu, de sorte que pode ter diversa applicação, como
nestes exemplos : Hyperides imitou a Demosthenes em
tudo o que ellc tem de bello ; Valerio foi á casa de Li-
sandro, e la achou seu filho. Não se sabe bem se ellc
6 Hyporides ou Demosthenes, e se seu filho é de Vale­
rio ou de Lisandro.
Quando se usa do conjunctivo Que ou Quem sem
sc èaber a quem coujuneta, como neste caso ; João An*
125
tipapa com Pedro Diácono, a quem o povo perseguiu etc.
Parece que quem conjuncta a Pedro por eslar mais ■per­
to ; e é o contrario.
4 , ° Quando , depois de fallar-se de duas pessoas ou
cousas, se emprega um adjectivo ou participio continua­
do , de modo que se não sabe a qual se refere , como neste
exemplo : Comélio era de opinião contraria, talvez por
ter dado ao publico o seu Palientes, antes de ter lido
Arisioteles, apoiado em Minturno. Não se sabe se apoia­
do refere-se a Cornelio, se a Arisioteles.

CAPITULO II.

Ho Solecism o.
Da-se Solecismo :
1. ° Quando, fallando-sededous ou mais objectos de
diverso genero, a que deve juntar-se o artigo, o adjectivo ou
a preposição , se junta a um só , como : 0 homem e mu­
lher , devendo ser : O homem e a mulher; Meu paeemãe'
devendo ser : Meu pae e minha mãe; Com os successor,
prosperos e adversos , devendo ser : Com os successes prós­
peros e com os adversos.
2 . ° Quando se emprega a variação lhe em vez de seu
ou delle, como: Admiro-lhe a coragem r por Admiro a
sua coragem, ou a coragem delle.
3 . ° Quando se emprega se, si, sigo por elle, como;
Saiu o Grão Duque a esperai-o, e trezcardeaes com sigo ?
devendo ser : com elle.
4.0 Quando se usa do verbo ha pela preposição a ,
como : Daqui ha um anno, devendo ser : Daqui a um
anno.
5. ° Quando se usa da preposição de em vez de desde
junto as palavras— ha muito— , sem um substantivo antece­
dente , com o: De ha muito se fállu nisto, devendo ser:
Desde ha muito.
6.0 Quando se usa de nem em de não, como: Elle
126

quer tudo , nem sabe o que quer, devendo se r : Elle quer


tudo, mas não sabe o que quer.
7.o ^Quando se usa de cujo, precedido erradamente da
preposição de y ou junto ao nome antecedente repetido
ou ein logar de que , ou quem, ou qual, assim : 0 bem de
cujo Deus sabe, devendo ser : 0 bem cujo ‘Deus sabe;
0 cavallo cujo cavallo te vendi, devendo ser : 0 caval-
lo que te vendi; Pedro cujo é teu amigo, devendo ser:
Pedro que é teu amigo.
8.° Quando se concorda um e outro , ou nem ume
nem outro com um substantivo do plural, assim • Um e
outro Arcebispos , devendo ser : Ume outro Arcebispo
d.® Quando com os verbos Ir, Vir, Chegar se usa da
preposição em em vez de a, assim : Vae na Assembléa
por Vae a Assembléa; Vim no meu sitio , por Vim ao
meu sitio; Cheguei no Recife, por Cheguei ao Recife '
11, 0 Qoando se emprega no finito o verbo que deve
por-se no mfimto , como ; Chega faz r a iv a devendo ser *
Chega a fazer raiva.
. . ° Quando se usa do verbo ha por havia, para ox-
piirnir um tempo passado depois de outro anterior, como
ne.te caso : Ha dous annos que eu estava na corte, quan-
10/d) I a a m ’/ t>Yen,,° ser** Hwia dous annos etc.
; . guando se usa da linguagem chamada composta
do verbo Ter, com ..o. supm.o para exprimir um facto ou
Fraca “ se T 9 cT ° / ^ ando d° que foi uma vez a
diz • Itrnido a trança, devendo ser: Foi d
i3\° Quando se usa de verbos oppostos com o mesmo
d a ^ o ie r b a ^ aze”^0.?msentido absurdo, como(fallando
da soberba ) . A religião censura e ao mesmo tempo ensina
0 remedw contra este vicio, devendo ser: A r S g T l Z

S
Í meÍlel ’6^ íempo ellsina 0 ™™dio con-
14.» Quando se usa'da primeira pessoa do coniiineti
Zdo°l r ft prímeira.Pessoa d° Pretérito, oomo : An-
TU n ’ deven.do ser : dia.
lo . Quando se usa do verbo apassivado com se no-
157
A
singular com o sujeito no plural aoinodo franeez, como.
Fez-se dms posturas para isto, devendo ser; Fizeram-
se duas posturas para isto; As palavras que sc quer fazer
sobresahir, devendo ser; As palavras qm se quer fazer
sobresahirem. (21)
10.0 Quando, rompendo a ligação das palavras se entro-
mettem outras que perturbam o sentido da preposição,
como neste caso : Esta alçada foi occazião de muito des­
gasto ao Arcebispo e muita despeza, devendo ser; Foi
oceazião de desgosto e despeza etc.
17. ° Quando na collocação das palavras se põe em pri­
meiro logar, com ares de sujeito , uma que é complemen­
to, fazendo por isso procurar um verbo que não ha , como ;
Felippe, tendo mandado pedir uma cousa justa aos La-
cedemonios , lhe responderam: Não , devendo ser : Tendo
Felippe mandado pedir etc.
18. ° Quando se repete o conjunctiva que junto a cada
complemento, como ; Não deve o homem ter mais que
um semblante e que uma palavra, devendo ser : mais
que um semblante e uma palavra.
19. ° Quando se repete a mesma preposição com outro
termo de relação, como; Tenho vivido sempre com elle
com a mesma cordialidade, devendo ser ; Tenho vivido
sempre com elle na mesma cordialidade. *
(21) Este erro tein nascido de traduzir-se erradamente por se,
variação de elle, sempre complemento, o on francez, contracção
ou corrupção do antigo hom , ( homem) sempre sujeito, segundo
o sábio Frei Francisco de S. Luiz no seu Glossário. Dahi nos
parece ter nascido o idiotismo clássico formado do verbo Ser e dos
verbos neutros Estar, I r , Dormir, Trabalhar etc., fazendo* lin­
guagem impessoal com se deste modo : Como se é assim. Está-se
firme. Assim vae-se aos astros, Dorme-se muito, Trabalha-se pou­
co , em vez de : Como o homem é assim, O homem está firme,
Assim o homem vae aos astros, O homem dorme muito, Q homem
trabalha pouco.
Parece também que a linguagem passiva formada dos verbos
activos com se , como : Aqui come-se bom doce, foi dirivada me­
nos refletidamente da linguagem reflexiva, como: Pedro feriu-se;
e por isso sabe o idiotismo clássico; pois não podemos dizer: O
doce come-se a si, como dizemos: Pedro feriu-se a si.
m
20.° Quando ’se accrescenta uma proposição particu­
lar já expressa na geral, como ; É o homem mais virtuo­
so que conheço , e tem probidade, Quem diz virtuozo tem
dito probo,
21.0 Quando se ligam muitas proposições parciaes
pelo conjunctivo que repetido , fazendo um soido e con-
strucção fêa e desagradavel, como : Corrige estava taõ sa -
tisfeito do'que ouvia a Rafael, que imaginava que era
mister r que o artista, que fazia taõ brilhante figura no
mundo, devia ser de um mérito superior. Deve-se dar
outra construeção para evitar esta repetição.

CAPITULO 111.

** H o C acofaton .
Da-se o Cacofaton :
1.0 Quando se juntam palavras, que, sendo em si sem
defeito algum, produzem um som ou sentido mau ou tor­
pe , como : Uma ata rachada.
2.0 Quando se separam palavras que devem estar jun­
tas , de que resulta um máu som ou sentido , como ;
Tem meias de mulher aberta f

j S : A parte analytica deste compendio de Gramma-,


matica phílosophica, segundo os princípios nella conti­
dos, só será publicada, quando for reimpresso , se mere­
cer a approvação publica.

FIM,

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