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DE
CEARÁ:
.ATE A D A
NA TVPOGRAPIIIA SOCIAL,
1861 .
P R E I M ilO
parte i.
D a E tym ologia,
A Etymologia tracta, como vimos, da palavra consi
derada em sua unidade, e Como vehiculo da idea.
Nada mais falso, diz o padre Venfufa, do que esta pro
posição ensinada em certas escolas? «A palavra é o signal
do pensamento. » O signal é o indicio da cousa, mas
não a cousa mesma. O fumo é o indicio do fogo, mas
não é o fogo mesmo. Entretanto a palavra é o pensamento
encerrado no vocábulo, tornado sensivel pela voz, e
passando do espírito de quem falia ao de quem ouve.
Por isso foi que dividimos a Etymologia em Idealogica e
Verbal.
TUIÍL01
D a Etymologist Idealogica.
CAPITULO h
H a fo rm a çã o d as ideas#
Depois de haver cfeado uma multidão infinda de dif-
(t ) Entendemos com o Sv Garret que a Grammatics, por
roais rudimentaria qu« s j i , náo pode prescindir destas divi*
sõesfi partes; porque dia elle:
« Cam a boa e bem entendida Grammatica está connexa
( ft talvez mais exactamente, á Grammatica está inherente)
a Ilealogia e a Logiea, ou as artes de formar as ideas de qu?
sam signaes as palavras r
As que temos, saro mais um breve tractado de palavras se
paradas de toda a idea, do que propriamente uma Grammati
ca; e por isso cabe-lhes o que disse Soares Barbosa nestes»
termos;
4
ferentes seres especiaes; uns corporeos, oulros incorpo-
reos, de que povoara o ceu c a terra, creou Deife o
homem, composto de alma c corpo suhstancialmcntc uni
dos na unidade de seu ser, e revelou-llic pelos senti
dos a existência dos seres corporeos, suas qualidades,
suas modificações e suas relações; c pela sua palavra a
dos incorporeos, suas faculdades, suas modificações, seus
deveres e seu destino.
Saído das mãos de Deus, não podia o homem sem ne
nhuma idea, sem nenhum conhecimento delle, percebel-o,
concebel-o, e conhecel-o, nem conhecer-se a si, a lei, o de
ver, o bem e o mal moral, senão pelo ensino de seu Crca-
dor, pela palavra divina, que devia receber c transmit-
tir á sua descendencia, sob pena de perpetua ignorância
do que mais lhe importava saber.
Por esta revelação tanto do mundo físico como do
mundo moral, dotou Deus o homem de - r i i M l d l U t a d e ,
i m a g i i i a f à ^ e « i i t e i i r t i m e n t o , formando-o as-
si mque pela impressão dos objectos corporeos sobre seus
orgãos, seus sentidos recebem a forma destes mesmos
corpos sem a sua materia, bem como a cera a do sinete
de prata ou cobre sem a materia deste, c a transmittem á
imaginação em estado de imagem ou fantasma. A i-
maginação ou fantasia, faculdade sensitiva, que não
excede o particular, não representa senão as imagens
ou fantasmas nas condições individuaes de tempo
e logar, como os sentidos lhe transmittiram e lhe im
primiram. Ê o entendimento que, reíleclindo sobre
estas imagens ou fantasmas a sua luz intellectual, ou a
sua virtude de universalizar o singular, despoja-os
destas condições de individualidade, espiritualiza-os ain-
« P rem deixada ( d G aromatic^) p los Píiilosophos nas
mãos de homms ou igioruites, ou pouco hibos, se-reduziu
a um systtma informa e minucioso de exemplos e regras, fun
dadas mais sobre analogies app*r;ntes, que sSbre a rnzaõ a
quem só competi inquirir e assignor a* verdadeiras- cauzas da
l.nguagèm, e segundo eiías ordenar a Grammalica de qualquer
lingua.
da mais do que os sentidos os haviam espiritualizado, ge
neraliza-os, e forma a i i l e a
A idea é, pois,, a concepção do particular de um modo
universal. Ella ó filha do entendimento sem o menor
concurso do corpo.
O entendimento a gerou de si mesmo em si mesmo,
conhece-a, entretem-se com ella, e tende a manifestal-a
fora de si por signaes, e realizal-a por acções. Este co
nhecimento é o que se chama o v e r b o /
Assim, o sentido da vista, por exemplo, o olho, formando
a especie intencional, ou a imagem de uma de
uma m e s a , de uma «*a4teirit, sem a sua materia,
não a dispoja de suas condições materiaes de logar e de
tempo. Elle vê sempre Ifista casa, D s t a meza, E s t a
cadeira, ’n e s t e momento, e ’ n e s t e logar; entretan
to o entendimento, despojando as imagens ou fantasmas
destes objectos destas condições materiaes, generaliza o
que o olho não tinha feito senão espiritualizar, e vê ahi
A casa, %. meza, A cadeira. Assim, os sentidos nos
mostram o ser, o indivíduo; e o entendimento a idéa, a
especie dclle.
Ê por e st; maneira ou economia que, não transmiltin-
do os sentidos á imaginação senão a imagem ou fantasma
de um ser singular, de um ser tendo es as qualidades,
estas relações com os outros, a intelligencia ou o enteu*
dimento forma a idea das qualidades e das relações ge-
raes dos seres, isto é, asidéas de cor, de grandeza, da
acção e de paixão, de cauza e de effeito, de bem e de mal,
de verdadeiro ed e falso, de passado e de futuro, de
substancia e de aocidentes, de indivíduo e de especie?
de concreto e de abstracto, de todo e de parte, de prin
cipio e de consequência.
Esta é a ordem do desenvolvimento do espirito huma
no na formação das ideas dos objectos ou seres cor-
poreos; mas* não é a mesma na dos incorporeos
ou insensíveis; porque, como não sam realizados em
alguma materia ou corpo, não formam imagem ou
fantasma de si mesmo ev por si mesmo. Com tudo é
G
certo que o entendimento não pode formar a concepção
geral, a idea destas mesmas cousas iramateriacs, nem
tornar uitelligivel a natureza delias sem o seu particular;
porque tudo quanto existe, mesmo no raun.io espiritual
O moral, não é senão particular.
Em Deus mesmo, que não tem genero, pudemos
distinguir o que lhe-com em ser --o quo real men te é*
podemos considerar a sua natureza separada da sua exis
tência* e formar a idea del Se, Quanto ao resto das e ou
sas da mesma ordem espiritual o morei, é neeersa-
rio que qualquer 'ei ias seja representam per una
fantasma ou imagem a niosqia natureza, para o ' men-
dimenlo formar idea della. Ê, pois, a paiavra, quer am
ticulada pela voz, quer expressa pela escriptura, que,
passando pelos olhos eu pelos ouvidos, se colloca como
fantasma na imaginação. Então o entendimento, oluaódo
ao mesmo tempo o objecto particular que a palavra Ín
dica, e o fantasma ou a mesma palavra em que clle
está encerrado, torna-o intolligivel, esse objecto’ imma
terial, entretem-se com elle, olha-o em suas condições
nmversaes, discorre e raciocina.
Assim, o homem a quem se revelou o verdadeiro Deus,
os anjos, as almas, bem pode formar idea do Deus, do
anjo e d’alma; mas não poderá formar idea da virtu
de e do vicio, se lhe faltar neste ponto a instrucção, se
não lhe foi revelado o particular da virtude e do vicio,
ou não se lhe disse que tal acto é virtuoso o tal outro
é vicioso. Mas cumpre notar que, nes as revelações das
cousas immateriaes, o entendimento não procede por
•subiraeção, como quando opera sobre os fantasmas daé
cousas materiaes, mas por addição; porque estas cou
sas immateriaes não cream de si fantasmas propriamen
te ditos*
Elle tem já em si as ideas de cauza e de tflbito, da
grandee de pequeno, de quantidade limitada c de quan-
tiúçue -Ilimitada; applica. pois, estas ideas ao Deus do cue
se-lhe-ialla, e ttorna iníehigivel a -Uareu de Deus,
quanto é possível compreheitdel-a. Elle tem também eni
ff
CAPITULO II.
|) a s (H ffe r e n te s e s p e c ie s d e id e a s .
Considerando, de preferencia para a vida, o ser ma
terial, por ser o de que o homem forma primeiro e
rnais facilmente suas ideas, notemos, em relação á Gram-
matica, quaes as que elle nos offerece, assim na
sua unidade, como na sua multiplicidade.
Considerado na sua unidade, na sua vida intima o
‘frosoluta, o ser corporeo nos offerece dous differentes
aspectos ao entendimento: o seu exterior sensivel,
e o seu interior insensível, involto nesse exterior.
Deste exterior abstrahe e forma o nosso entendimen
to ienumeras e variadas idéas de suas diversas qualida
des, patentes aos sentidos na sua natureza, como: m »H?
d # , flu iffe o 9 na sua forma, como: d e i ”
) Extraido do imcomparaVel padre Ventura.
l i n o , ..g r o s s o ,, a g i a s l o ; na sua estatura.,
torno: g r a n d e , p e q u e n o , - i s l t o , b a i x o ; 11a sua
figura , como : m l o n t f o , q n a f i h i a d o , b e i l o ,
í e i « ; na sua superfície , como : l i s o , á s p e r o . ,
c o i i c a v o , c o n v e x o ; na sua dim ensão, com o;
c o m p r i d o , l a r g o , e s t r e i t o ; na sua consis
tência ou organisaçaõ, como : f o r t e , f r a c o , d u r o ,
e n o i e ; no seu peso , como : g r a v e , l e v e ; na sua
côr , como : b r a n c o , p r e l o , a m a r e l e ; no seu
gosto, como : d o c e , a m a r a s , a z e d o ; no som
c no cheiro, cujas ditlbrenles qualidades , em falta de
lerm os proprios , sc-cxprime.m por lermos mcla-
p h o ric o s, ’cpnio : o s o a a i g r a v e , p s o m a g i a -
« lo , cte.g c finalm ente nas modificações de seu es
tado quer no tempo , como : i o o ç o , v e '.fiio , m o
v o , a n t i g o ; quer no espaço , como ; p r e s e n
t e , a u s e n t o , p e r t o , lo n g e .
Do interior , porem , abslrahe e forma somente a idea
de csscncia, de substancia , do pirneipio , a que sc-
grupam e adherem todas estas q u alid ad es, que a revelam
c com eira cm uniaõ intima constituem o ser.
A ssim , poi%, temos a idea do s e r, de substancia e
de qualidade ; a idea do sensível e do insensível.
Mas convém notar que o entendimento , na sua con
cepção direcla, formá á idea gerai , e na sua roÇexrõ,
a idea particular do ser, isto é; a idea do ser e com
plexa ; p orq u e involve ao mesmo tempo a do in d iv í
duo o a da especic ; c por isso c necessária a idea do
distincraõ ou dc dclcrminaçaõ , expressa por uma íorma
que generalize ou faça tomar o ser no sentido de os-
jpecio , c por outra que particularize e taça tom ai-o
no sentido do m Jividuo ; pois, sendo infindo o numero
dos seres, naõ era possível dar e conservar de memória
a cada um indivíduo um distinct!vo , isto o , um no
me proprio, como: Pedro, Rom a, Ceara, etc.
Considerado, porem , na sua m ultiplicidade, na sua
vida de rela çõ es, o ser cor porco, alem da substancia,
da
. ou i. alidade e da disiincçaO .* que
A tem em commum , ol-
10
íéreçc -rnais ao nosso entendimento as suas rela çõ es,
as suas nm dificacões dc acmaõ e de paixaõ e as sus cif-
curnstancias.
■ As relações sam certos-vin cu les intellectuacs , quo
ligam os seres , ,uns aos outros. Elias sam iim um era-
ycís , c para exem plíiicarm ol-as , notaiuos as de num e
r o , como : u r n a d i e s ; as de tempo determinado , co
mo : em u m i n s t a n t e ; e as de tempo indeterminado .
como : e m bre ve; as de lugar , como : e m R o m a ;
de F r a n ç a , p o r H e s p a n h a s a P o r t u g a l ; ^ de com pa
nhia , como \ u m c o m o eaitro; as de posiçaõ vertical-
com o: s o b r e e l l e , s o b d i e ; as d ep o siça õ - orison tal,
como : a n t e d i e , a p o z d i e ; as de posiçaõ m e d ia ,
como : entre, d i e ? ; as de c a m a , co m o :' p o r r l l r ; as
de modo , como : c o m g e i i u . Daqui se-ve que a rela-
ç a õ , , expresso um dos seus termos-, chama pelo outro.
As modificações.dc- acçaõ e de paixaõ dos seres sam
também innum eraveis , como as r e la ç õ e s p o r qiíe a sin -
tolvem debaixo de outra forma. Exem plificando -as, n o
tamos as dc acçaõ como : a m a n d o ■■a b o r r e c e n d o l e n •
d o e s c r e v e n d o , d i r i g i n d o e t c ; c as de paixaõ, como:
a m a d o , a b o r r e c i d a l i d o e s c r i p o *tlii i g i d o Cum
pre notar que distinguim os as m odificações dc acçaõ
das de paixaõ, exprim iu'o aquellas pelos parlicipios
aclives, eeslas pelos neutros,.
As eircum slancias dos seres sam innum eraveis como
as relações; p orq u e tandem as involvem debaixo de
outra forma , e podem exem plificar-se as de tem p o,
como : h o j e k o n u m \ a m a n h ã as de lagar , como ;
a q u i %a l l t y a c o l á as dc quantidade, como : m a i s ,
m e n o > assazç- as dc motlo , como : s i m , n a õ , s o «
m en te
A ssim , temos as ideas de relacaõ , de modificaçaõ de
aeçaõ e de , paixaõ e do circumstancias.
R eleva, porem, observar que assirm como a substancia,
as qualidades- e a distinceaõ se comUnam e reúnem no
se r , assim também as r( tacões, as modificações de ae
çaõ e de paixaõ e as circumstancias se combinam e rcu -
It
non) no verbo , ro m o : ama, amou, amara
‘I",1, 5,0 luiia Hm dos lortaos da rclacèo channm ln
p e io o u íro .a moãilicaoão do acoão o a c i r i l S k d e
® a S IP fcllaW tl® .
Todo o mecanismo da linguagem compõe-se de dr'z es-
r ° " ‘-s í!'‘ Ldavr s de que usa n as Imguas sem casos,
d "m . hiícrjciç: o , Suh^aahvo , Pronome, Arhg<>,
xi jn tn'o , Preposição , Pa) tieipjo , Aaveihio, Verbo
t Conjmicção, auvesp,,ridentes on expressnas dus sen-
to n e n ljs e das iueas de s r , de qu li l ide , de quarií.i-
dade, depbsíineoào, de ndacào, de modificação e de cir-
cum sLincia, de qrc já t a t mios.
A l.ilerjeieão é a expressão , a palavra da sensaçfto
ou do sentim ento, modificada pelo gesto com sen , c-
cent) fonico , que varia em suas especies, com o: Ah!
evi re suo de prazer : A*! expressão de dor etc.
0 subsíant vo , tomado de per si só, é uma expres-
?m» inoisíim ui, e a pulava ao mesmo tempo do ser e da
idea, do ser real e do ser log mo. d<> indhwlvo e da espc-
c como: Homem, Coza, Meia. I’esiiugue-se o ser
wnl do ser lot;iro, o nidi, viduo da especie, ou gernoa-
í z n :o o subsían. ivo com. o a rd go para exprim ira idea,
o ser 1>gxn, a es; e de, co no: 0 homem, A casa. A me-
ra, oa {viraeiPaiuza ido-o. já com qualquer dos dm o:.s- .
ím-Lvos para exprim ir o s m* , o s r rea , o in lividuo
| i . s n e , como : E.sle homem , Essa casa, Affwlla
\~'j 1 L--v11vivi.d j i". j ciHiuui, uo lia. Ojjiíú.ú c uc A. Pvicola
;«çp *
u
m s n\ já com algum dos co n ju n tiv o s para exprim ir *
como :
*
. CâPITULC U i.
Hm P r o p r ie d a d e d iis palsiT ras.
Das palavras umas sam variaveis e outras invariáveis
em suas formas. As invariáveis sam: a Interjeição, pre
posição, Conjuncção, Adverbio, Part cipio, ou Ge
rúndio c S upino; as variaveis sam: o S ubstanlivo, Ad
ject ivo, pronome, krtUo, Verbo.
Esta variação tem por fim unir á idea principal da
palavra uma idea accessoria de numero, de tempo, de
modo, de pessoa, como: Quero Queres Queremos, .
Eu, Mim, Migo; ou serve para exprimir as ideas dií-
fentes de sexo e de numero, como: Elle, Ella. Elies á.
Tractemos década uma em particular, para melhor des
envolvermos suas propriedades, ou modificações pró
prias.
SECCAQ
O I.
H a In te r je iç ã o e su a s e s p e e ie s
À alma, diz Mr. Bonald, é sensibilidade, ou facul-
SECC&O
o II.
Wo S u b sta n tiv o e d e sa n s e s p e d e s .
O substantivo é a palavra que exprime um ser, ou
uma idea dc um ou de muitos seres, e e fccil de co
nhecer iuntando-se-lhe qualquer de seus distinc i ,
geral ou particular, corno; o Ceu, a Terra, a Luz, ^
Alma, estaRazão, esta Opinião, a Ordem, a Amua
do, esta Questão, esta Sentença,
Elle se-divide cm Ires cspccics: propria, commum,
e abstrac/o.
0 proprio exprime um sóindividuo, on a idea do um só
indivíduo dc qualqugr especie, como: Ped/o, Paulo,
JoãoSf, que sam proprios de homem; liorna, Frnnça,
B r a s i l quo sam proprios dellcino oulinperio; Bahia.
Ceará Maranhão $ , que sarr proprios .de cidades;
Amasonas Jaguaribe Bebiribe &, quo sam proprios
de rios; Ibiap ba, Borburerna. Aratanhaà, quo smri
proprios de serras; c assim os de golfos, de lagos, etc,
0 commum exprime uma especie de individuos da
mesma natureza, ou um genero de cspecics do indivi
duos differentes, como: Arara, Marreca, Peitica, B a
leia, Tainha , Corò, Cedro Balsamo, Jucàà , quo
exprimem, cada um, sua especie dc individuos da mes
ma natureza; e Passar o Peixe, Arvore &, que expri
mem , cada um, muitas espeei js de individuos do diíle-
rcnlcs formas; porque Arvore, por cx., exprimo Cedro
que é uma especie dos mesmos individuos desta forma;
oxprime Balsamo que é outra especie de individuos
differentes da primeira; exprime Jucá, que lambem ó
outra especie dc individuos differentes das duas primei
ras; c finalmente exprimo outras muitas.
Por esta distineção devemos chamar cspcciacs aos
primeiros e seus semelhantes, e geraes aos segundos e
outros taes.
Cumpre, porem, notar que podem ser mais ou mcno$
geraes, isto é, uns contem mais, outros menos.
O abstrado não exprime mais do que a qualidade, a quan
Made, a relação. numero, c a modificação do ser. Assim:
Intel/agencia, Virtude, Sciencia &, exprimem qualida
des do homem, Am izade. Sociedade Ordem a exprimem
relações;Muhidão Caravana, Porção Somma&.nex
primem numero; Vida Morte Lei. ura E criptura.
Combate, Batalha, Insirucção,- Explicação &expri-
pcm modificações, uns de estado, outros de acção.
Os abslractos dequaiídadosam tambémespociacs e geraes
eomo; fé. Esperança, e Caridade, & que sam qua
lidades da cspecio humana; Sensibilidade, Imagina
ção, Memória, &, que sam qualidades do homem, do
bruto; Vegetabiiidade, &, que ó qualidade do homem,
da fera, da a e, do peixe, e da arvore; Alvura, &,
que é qualidade ainda mais extensa.
Daqui se-vê que estes substantivos abstractos sam
comprohensivos de cspecies e de generos menores e
maiores.
Os substantivos abstractos de numero, por ser este
divisível, l^m se-vê que tem graduação, como: Patrulha,
Companhia, Batalhão, Exercito, e outros muitos
Exercito é mais que Bdalhão, Batalhão mais que
Companhia, Companhia mais que Patrulha.
Na classe dos substantivos commons, costumjpi com-
prehender os chama ms augmentativos e diminutivos,
corno: Cay llinho, Cavallão,# ; m s bem se-vê que sam
compostos do substantivo cavallo e da qualidade grande
ou pequena, e por isso sam ao mesmo tempo commons
c abstratos, fí’ que temos palavras que exprimem o ser,
ou simplesmente como: Caza, ou logo qualificado como;
Casão, Cazmha.
Esta composição de palavras é a forma dos abstractos
d’estado de acção. Biles se-compõem, ou mdous substanti
vos, como: Manobra, que se compõe Ao-robra, e map;
Knemanha, que se compõe de— a> te, e manha , etc; ou
de um substantivo e um participio, como:^ tefacto que so
compõe de—-a* te e facto, participio latino; ou de um
substantivo e um adjective como: b e\ic- dade , quo com
põe »sc —de feXiz e idade\ ou de um substantivo e um
verbo, como: Obserçação, que se compõe de acçao e
observar; ou de pm substantivo c uma preposição, corno;
Incúria , qúo se compõe de—in e cui latinos, etc.
SECÇÃ3 III.
D o É^rimoMie*
O Pronome é uma palavra que substitue o substantivo
p ara ovilar a repetição dcllc; c por isso já . sc-vè quo
não exprim e, nem pode exprim ir en tra idea quo a do
s.-bslantivo substituído. Talvez fosse niellior direr quo
olio não exprim e u m a.idea, mas significa uma palavra;
e como esta palavra é um substantivo, o pronom e devo
ser considerado como tal; por que o substituto deve ser
da natureza do substituído.
Não obsta que Elle, EHa, Elles, EU as, tenham for
nias de adjectives; porque elles não concordam com o
substantivo como estes. Ninguém diz, por exem plo: Elle
hem m, Eila mulher como, se-diz: Ho^iem bem,
Mulher bei ta. Demais também ha substantivos que (em
forma de aríjeetivo, como por exemplo: Gato Gaia,
Gaios, Galas, à.
( s pronom es sam s mente Ires: Eu, Tu, Eíle ou E\\a.
Eu é a prim eira pessoa que falia; T u, a segunda a quem so
iaiía; lílíe ou E b a , a terceira de quem se-falla.
Os Grammaticus chamam também pronom es: 1. ° aos
dem onstrativos Este, ts\rvutro. Esse, EsVoutro, A -
q w tfe, Equel 'outro; 2. ° aos possessivos Meu. l e u ,
S u, Nos o Vosso; **. ° aos conjuntivos Que, Qual,
tufo, ou (aja; L° a h>o. Isso kquillo; 5.° a Quem,
A iguem. Outrem. Ninguém; 6. ° ao artigo— O_
qnaudo parece concordar com os nomes m asculinos ,
e femininos; mas julgam os isso um erro.
Os dem onstrativos sam adjectivos; porque exprim em
distineção do ser, e não o mesmo ser: e alem disto con
cordam , como os adjectivos, com o substantivo claro ou oc-
cuito. Tem i ea propria e concordância, como não tem o
pronom e. Dizemos: Este homem. Esta mulher, e não
Eíle homem Era mulher; e quando o dizemos, é como
quando a p pomos um substantivo a outro, como: O Vadie
João, Dom José, S nhor Marquez,
Os possessivos sam também adjecti vos pela mesma razão:
exprim em a idea de dominfh e posse que sam relações
da cousa, e nfo a mesma cousa; e tem concordância com
o substantivo. Meu Teu, Seu é o mesmo que D e m im ,
D e ii} De si) assim como Divino, Angelicof Humano
óo mesmo quo De Deus, De Anjo, De homem.
Os conj um; ti vos Que, Qual C ajo ou Cuja lambem sam
ndjoclivos e não pronomes; porque exprimem idea de dis-
liiicçâo, oconcordam ou ligam os substantivos, como: O ho
rn"m o q>ia\ homem; A mulher cuja virtude. Daqui se
yò que d ies sam como os adjectivos: Qual de uma só
term inação como: Grande, Ègual Sf; Cujo do duas como:
Bom, B o a , f t e W o , Bella; Que ó invariável, para distin
guir-se do Qual, c de Cujo por terem origens differori-
les. Todos ires tem origem latina: Que do adjectivo
Quis o u q u i; Qual do adjectivo Q ui, quoe, quod; e Cujo
do adjectivo Cujus; c por isso sam da mesma natureza.
Isto, Isso, Ar/w/l!o não sam adjectivos, porque não
tem concordância nem plural; e não sam pronomes, por
que não substituem q substanti vo algum , mas a uma propo
sição ou phrase, como por exemplo: Pedro è* um ho
mem sabia e honrado: isto é inegávelé Aqui Isto
não substituo nem concorda com Pedro, nem com
homem sábio e honrado; mas substituo oucqraprehen-
dc toda-a phrase— Pedro ê um homem sabio e hon
rado. Portanto ó preciso, ou considoral-os como sub
stantivos, ou dar-llics um a denominação ou qualificação
nova, cham ando-os, á semelhança dos pronomes, pro-
phrase.
Quem, Alguém, Ninguém, Outrem devem se
considerar como substantivos, e não como pronomes; por
que sam palavras compostas: Quem, de que. e homem;
Alguém, de algum e hom> m; Ninguém, de9 ne
nhum e homem; Outrem, de outro e homem. Nelles
predom ina sempre a idea do substantivo homem; poi
que Quem vale tanto quanto: Que homem; Alguém
como: Algum homem; Ninguém como Nenhum ho
mem; Outrem como Outro homem; palavras que
se contrahom e tomam essa forma de um so nome.
Finalm ente o artigo— O— , mesmo nas phrases eín
que parece neutro ou conter ambos os sexos, m asculi
no e femeníno, não é pronome mas sim artigo, devendo
se neste caso considerar occulto por Eilipse o substan-
41
u
tivo com que concorda como adjcclivo, segundo a opi
nião do Mora os; porque ó absurdo dar-lhe o earacler
de Protheu da linguagem, fazendo-o ora arligo, o ora
pronome. Assim na phrase por exemplo: H a v e r d a d e s
q i u a n ó s o não pan c e m , csle-r-o— não c pronome,
como querem, mas artigo com o substantivo s e r oecul-
to por Ellipse. Sem a Ellipse é: Ha v e r d a d e s que à n ó s
não p a r teem o ser que é verdade.
SECCAO
O IV.
Do J^rtigo»
A*u
° ° ' ^ v ^ o 7 T 'n : ,
«Pode qualquer chegar a ser um grande homem,
sendo dotado de um grande espirito, e de um genio
superior, com tanto que tenha valor, um juizo são, e
uma cabeça bem organizada.»
• SECCÂO
O V.
Do id je d iio .
0 Adjectivo é uma palavra, que exprime uma idea
de distincção; ou de qualidade quer essencial, quer ac
cidental; ou de qnantidade quer determinada, quer in
determinada; ou de relação e de modificação.
Assim pois se devem dividir em Distinctivos. Qua-
lificalivos, Determinativos, Relativos e Modifica-
iivos.
ARTIGO I.
D o s D lstivid ivos*
ô s Distinctivos sam; ou geral, como o Artigo— O,
ou particular, como os chamados demonstrativos Este,
Essoutro, Esse, Ess'omro, Aquelle, Aquell outro,
os Conjunctivos Que, Qual, f ujo, e o numeral Um.
Dos demonstrativos, Este mostra o objecto janto de
quem falia; Esse junto, de a quem se-falla,e Aquelle, a-
fastado de um e d’outro. As vezes no discurso usamos
de Este e Aquelle para não repetir os nomes das pes
soas ou cousas de quem temos fallado , exprimindo
• mais proximo por Este, e o mais remoto por Aquel
le , como nesta phrase: Opae manda e o filho obe
dece'. este cumpre ò seu dever, e aquelle obra como
magistrado domestico.
Os Conjunctivos -'Que, Qual, Cujo— sam Distin
ctivos, que mostram o particular encerrado no univer
sal, juntando ou ligando o substantivo antecedente, uni
versalizado pelo artigo, ao verbo seguinte, que o deter-
n
SECÇÃO V II. .
© a s p r o p r ie d a d e s d o s nom es*
Chamamos propriedades dos nomes as suas differente&
variedades de genero, cie forma e de numero, de que
bradaremos em separado.
ARTIGO I.
© o g e n e ro d o s nom es*
Não ha nome que exprima uma idea pura e simples:
todos exprimem uma idea complexa.
í / i i ) H a v ia t a m b é m a v a r i a ç ã o Eílo d e E lle , c o m o Mo do
E s t e , Isso d e E s s e , Aquiíío d e A q u e í t e . A t g u u s a i n d a o a d m i t -
t e m c o u t r a h i d o ^ j u n t o a o in fin ito d o s v e r b o s , c o m o : A m a í- i o
. A b o r r e c e - l o . : m a s s e — 0 — a lg u m a vez é p r o n o m e . c o n t r a /■
q u e . diz M o n ie s , S y u t a x e f i g u r a d a , n o t a ( g ) e n t ã o é coutr:u:çã<-
d e E ito , c o m o o e s t e e x e m p l o : Porventura àccuzarenios a D. A[■
•■fonso de Albuquerque» porque depois de soffrer tantas hostilidades
} s-.engan.os dos reuiegovernadores de Qrmm onão deixou abrasar;
Áípii o s u je i to d e deixou é elle, A ifo irso d e A l b u q u e r q u e <■/
C sío -o p a r e c e q u e '. e s t á p o r id io t is m o e m J o g a r d e '«*, *V-
vòfidò. i i e s t é &s» s e r e o o t r a e ç ã o -de ~E!fc> ç mo V itigu
fH, quando o sujeito soffre a acção de ontro, como;
Mandaram-se- dons correio*, Fez-te uma ponte.
O Artigo, o Adjectivo eoParticipio tem formas diflferen*
tes para cada genero e para cada numero. O Artigo tem a
forma - o—para o genero masculino, e a forma—a—para
o feminino, ambas do singular; a forma—os—para mas
culino, e a forma—as— para feminino, ambas do plural.
Tal qual é a variação das formas do Adjectivo e do
Paricipio. Ha, porem, Adjectivos e Participios de uma
só forma para exprimir ambos osgeneros, como: Grande,
v Feliz, Facil, etc. adjectivos; Amante, Constante, Bri-
hante, etc., participios, os quae só variam do singular
para o plural.
ARTIGO III.
Ifto IVtim er o dos Montes*
0 Numero mostra a quantidade, e a quantidade repre
senta-se pela unidade ou pela multiplicidade; por isso
divide-se o numero em singular para exprimir a uni
dade, e plural para exprimir a multiplicidade. Como o
lome pode exprimir o ser, as suas qualidades, suas re
lações e suas modificações em unidade ou em multi
plicidade, tem singular e plural. O singular do Sub-
, gtantivo, do Pronome, do Artigo, do Adjectivo e do Par-
ticipio é como se acha nos Diccionarios; o seu plural,
porem, tem as seguintes formas.
M egra geral*
Forma-se o plural dos nomes accrescentando-se-lhes
ttm_ $ _ sómente, ou também mudando, tirando e au
gment,ando alguma lettra, excepto o dos acabados em s.
fc^ta regra se divide em trez paites principaes.
I. Accrescent; - e r m - s —no plural aos nomes aca
bados em vogal no singular, como: Ata, Coité, Oiti, toc,o
Cajií, que fazem Atas, Coités, Oitis, Cocos, Lajus.
%
88
í! Acmwcnía-se InmVcm nrn—»— no plura! aos no
to os «rabelos em consoan'e ^singular, a saber: I.• mas
acabados em n serT.alíeraçào, como: Joem q::ef z Jb-
vens,: u2.°,‘)os acabados: ou em n/, o/, itl, mud a n d o o l em
e>
/ ,
comr.To C/ lnptuf, FuréJ, l\nU
•
, (rueíbzcm
'
Cltriskus, ,
Pa-
?.ó.\ r a.mu; cu em cm, im, inn. uni, rnu<l..R.io o m
e a n, como: Bem, Fim , S o m , J e ju m , que í‘ zcm B ern ,
Tins, S o n s , Jejuns; ou em cl, mudando o l em i. como
P a p e l que faz Papéis: 3.° aos acabados o’fc em i l agúdo,
brando sómenle o I, cost.o: F u z i l , que íaz F u z is ; cu cmib
grave, brando o l e inudaiido-.o i em ci, como : D ó c il
que faz Dóceis,
Exceptnam-se os seguintes a que se aeerescenin cst,
1. ° Aos acabados em r ez, como Mar, Sttr, V,zr,
Flor, Cajúr, Gaz, Vez, Raiz Nóz, Cruz, que fazem,
Deres, Vizires, Flores, Catúres, Gazes, Vezes, Raizcs
Mares,Nóze* , Cru zus.
2. ° A Mal e Consul , que fazem Males e Cônsules ,
Jíl Accrescent:,-:, e tami em fmálmente. um—s—no
plural aos nomes acabados em ao no smgular, a saber: ou
Som mudança, como: Cidadão, que faz Cidadãos; ou mu
dando somente o—o - e t n - q —-como: Ta belli ão, uue faz
T abelhões ; on mudando o ã em õ, e lambem o—o—~>
em —e,— o mo Melão que faz Melões.
Por excepçào da Regra gerai sam-os nomes acabados
< eni s no, plural, como no singular, excepto Deus, S im -
Vuples, que fazem Deuses, Sim pliers , D n p lim ,
Os Pronomes Eu e Ta nào tem regra. 0 ph-.ral dc Eu
sum as suas variações, Nós, Nos, Nusco; o o de Tu, as
suas, Fds, Vos, Vosco.
Oa nomes cuenào tem plural, ccmo: l.o cs- propping
iço» J p u , 1 > te m , í<í,, 2,° «nguns abstract os, como: F é ,
C a r i d a d e , F o m e , S e d e : 3.o M o , Isso, Á q u i i i o , O u t r e m
■ Alguém , Ninguém ,Tudo, Nada.
v•»r> ^r * ou^iiíS.
rtn i
que t T‘
nuo tem síiiuuiar. como: Al a e j-n o ^uiw*
v Pieces, I re cus, Vmeres d. r '
As variações Se , S i , Sigo , sum no plural ccnnrao
Singular.
MR
49
SECÇÃO VIII.
© s i s © i ’eiW íè 1 'fèc s.
Haw»**
í>3
toncia. A.’ pergunta: Vais ao theatro*! (\i\?1 quer das
respostas* Sim, [alvez, Não, mostra diílercnte cstsuo
(1’alrna do respondent* : pelo aíílrma, polo ta.ve*
duvida, e pelo /ião nega. ~
Sam Advérbios de quantidade: A ssas, A.penas, Q/a*
si, Sequer, que mostram a quantidade em difterentes
graus Asiás, m ostra sufficiencia; Apenas insuffieiencia,
Quasi, com pouca differjença, Sequer, o menos possível*
Estes advérbios mostram a quantidade de cana m au
vi !uo simplesmente, emquanto os dous Tam, Quarn, a
mostram com parada, como: E' ião rico, quão pobre.
Ha certos substantivos com preposição ou sem cila»
que se tomam por advérbios, como: A ‘ima. Acerca, A-
travez, Acinte, Bem, Mal, Tarde, e dizemos: Falia bem,
Falta mal, Tractou acerca disto.
Ha também adjectivos que se tomam adverbialmente
calando-se por Ellipse o substantivo com que concordam,
e a preposição que os rege, como: Mais, Menos, Muito,
Pouco, Caro, Barato, Perto, Longe, Tanto, Quin
to, Melhor, Veior &; os quaes, conforme o sentido em
que se falia, concordam com logar, tempo, numero,
ou quantidade, mo to ou qualidade, ou com outro
qualquer mais apropriado Assim, quando dizemos: Pe
dro é muito rico é como se disséssemos: Pedro e ri
co de muito modo ou de muito dinheiro: i o nprei caro,
é como se disséssemos: Comprei por preço caro: E ià s
perto, é como se disséssemos: Estas em logar perto.
Os Adjectivos: Mais, Menos, M elhor, Peíor, se-to*
mcmi ad verbialmente, quando se faz comparação; assirn: lu
és mais rico que eltei é como se disséssemos: Tu es ri
co em mais quantidade que elle.
Ha também finalmente advérbios juntos com prepo
sições, como: D’aqui, D’alii, Aonde, D’onde D alii. De
dentro, De fora, Por cima, Por baixo, Si; nos quaes
julgam os haver accumulação de preposições que nao
se podem conciliar senão como na acc u m u la te de
preposições. Mas em alguns deste advérbios e de ab
soluta necessidade adm ittir logo a Ellipse; porque por
u
exemplo: Âqu\ quer rlizor—Nesto logar;—]logo— Da-
qui quer dizer: De neste logar. O que é erro som El
lipse. Portanto—D aqui,— tirada a Ellipse, quer dizer;
Do principio, ou do ponto neste logar. Assim os mais.
SECÇÃO X.
o
JDas C o iijutieçdes.
As Conjuncções sam palavras invariáveis, simples e
monosylabas, que exprimem a relaçao de nexo c ordem
que as palavras e as proposições tem entre si,
Enumeram-se muitas conjuncções; mas propriamente
so se devem considerar como taes as seguintes: E Mas
Nem, Ou, Pois,Porem, Se. ’ ’
As palavras compostas do conjunctive Oue, e de al
gum substantivo, ou adjectivo, ou adverbio e preposição
como: Bem que, Posto que. Ainda que, Pelo qu e’
Por que, sam expressões Ellipticas, que representam o
papel de conjuncção pelo cunjunctivo do que se com*
põem. 1
Usam-se também como Conjuncções os advérbios Ora
Logo, Ja, Assim, Também, quando repetidos &; mas nem
por isso deixam de ser o que sam, quando mesmo repre
sentam este officio alheio nas repetições. 1
As conjuncções qualificam se, segundo as suas func-
çoes, e assim chamaimse:
1. Copulativas, as que unem as proposições ou os seus
membros, como: E, affirmativa, Nem, negativa. Exemplo:
Jutulos e riquezas não dam saber nem virtudes.j
disjuntivas, as que Hgam as proposições ou os
membros, considerando cada um a parte, como: Ou, dubi
tativa. Exemplo: ’
Escolhe ou um ou outro partido, e segue quer le
va bem, quer te vá mal, 4 ie
3. Adversativhs, as que ligam proposições onnn«
tas, como: Mas, Porem. Exemplo: P P Ç oppo^
X amizade verdadeira não na bonança, mas na
adversidade se conhece.
4. ° Gausaes, as que ligam proposições, das quaes
uma é principio e a outra consequência, como: Pois.
Exemplo:
Não o tenho por fraco; pois já vi obras de seu,
esforço.
5. ° Contficionaes, as que ligam proposições depen
dentes, uma da outra, pela condição, como: Se. Ex
emplo:
Se tivetes prudência%vivirás em paz corn todos.
Todas estús conjuncções se substituem pelas expres
sões conjunctivas, para dar ao discurso a graça da variedade.
Como não ha conjnncção farà ligar as proposições
comparativas, usamos dos advérbios, Àsim, Como,
àão só. Como também, <x. Exemplo:
Seja feita a vossa vontade assim na terra como
noreu.
As conjuneções não influem directamente sobre os tem
pos dos verbos; e por isso ^ erro dizer que os levam
ao conjunctivo,-ou aò condicional.
$E C $D XI.
D o s V erbos.
ARTIGO I.
I m p e s s o a l.
Ser, Estar. *
P e sso a l.
N. S. N, P.
P a r tic ip lo do presente.
Sendo, Estando
Particlpio do passado.
Sido, Estado.
so
M o d e I n d ic ftfiv o .
Tempo presente..
N. S. N . P.
Eu Sou, Eu Estou Nós Somos, Nós Estamos.
Tu Es, Tu Estás, Vós Sois, Vós Estaes.
Elio E* Elle Está Eiles S a ^ Ellcs Eslam.
eleiE i» iu ^ e iíe it u
N. S. N. Vf*
Eu Era, Eu Estava Nós Éramos, Nós Estavamos«
Tu Eras, Tu Estavas Vós Ereis, Vós Estáveis.
Elle Era,Js Elle Estava Ellcs Eram, Eiles Estáveis.
P r e té r ito iierPcito.
N. S. * N. P.
Eu Fui, Eu Estive Nós Fomos, Nós Estivemos.
Tu Foste, Tu Estiveste Vós Fostes, Vós Estivestes.
Elle Foi, Elle Esteve Eiles Foram, Ellcs Estiveram*
P r e te r ito issais q u e p er leito .
N. S. N. P.
Eu Fora, Eu Estivera Nós Furamos, Nós Estivéramos.
Tu Foras, Tu Estiveras Vós Fôreis, Vós Estivéreis.
Elle Fora, ElleEstivera Ellcs Foram, Eiles Estiveram»
Futuro.
N. S. N. P.
Eu Serei, Eu Estarei Nós Seremos, Nós Estaremos^
Au Serás, Tu Estarás Vós Sereis, Vós Estareis.
51
ElleSerâ, Ello Estará Elies Seram, * Elies Eslaram.
Condicional.
N. S. ■ N. P.
Eu Seria, Eu Estaria Nós Seriamos Nós Estaríamos.
Tu Serias, Tu Estarias Vós Serieis, Yós Estaríeis
Elle Seria, Elle Estaria Eiles Seriam, Eiles Estariam.
Imperativo.
JVIodo sulíjuiictivo.
Tempo presente.
N .S . N. P.
Eu Seja, Eu Esteja Nós Sejamos* Nós Estejamos.
Tu Sejas, Tu Estejas VósSejaes, VósEstejaes.
Elle Seja, Elle Esteja Eiles Sejam, Eiles Estejam. ,
i^reteirto perfeito.
N. S. N. P.
Eu Fosse, Eu Esti vesse Nós Fossemos, Nós Estivéssemos.
Tu Fosses, Tu Estivesses Vós Fosseis, Vós Estivésseis.
Ella Fosse, Elle Estivesse 'Eiles tossem, - Eiles Estivessem.
Fuiuro.
N: S.. N. P.
Bu For,. Eu Estiver Nós Formos, Nós Estivermos,
Tu Fores, Tu Estiveres Vós Fordes, Vós Estiv^des.
Elle For, Elle Estiver E lies Fore na, Ellcs Estiverem.
C onjugação «los V erb os H a v e r e V er.
M odo In fin itiv o .
; Impessoal.
Haver, Ter
Pessoal.
N. S. N. P.
Haver Ter Eu. Havermos Termos Nós.
Haveres Teres Tu. Haverdes Terdes Vós,
Haver Ter Elle. Haverem Terem EHes.
Parlieipio do Presente.
Havendo, Tendo.
Participio do Passado.
Havido, Tido.
ftlotlo In d icativo.
Tempo presente.
N. S. N .P .
Eu Hei, Tenho. Nós Havemos.
Tu Has, Temos.
Tens. Vós Haveis, Tendes.
Elle Ha, Tem. Elies Ham, Teem.
5a
Preteri to Imperfeito.
N. S. ' N. P,
Eu Havia, Tinha, ‘ Nós Havíamos, Tínhamos.
Ta Havias, Tinhas, Yós Havíeis, Tínheis.
Elie Havia, Tinha, Eiies Haviam', Tinham.
. Preteriio Perfeito.
IS; S. N. P.
N. S. N. P.
Eu Houvera, Tivera, . Nós Houvéramos Tivéramos.
Tu Houveras, Tiveras, Vós Houvereis, Tivereis.
Elie Houvera, Tivera, Elles Houveram. Tiveram. _
Futuro.
N. S.. N. P.
Modo infinitivo.
/ * pessoal.
Amar, -Comer, Influir.
Pessoal.
N. S.
Amar Eu, Comer Eu, Influir Èii.
Amares Tu, Comerei Tu, Influíres Tíi.
Amar EHe, Comer Efle, Influir EUo.
N. P,
Amarmos Nós, Comermos Nós, Influirmos Nós,
A marries Vós, Comerdes Vós, Influirdes Vós.
Amarem Eíles, Comerem Elles, Influírem Eiles.
1 ar liei pio do resuite.
Amando, Comendo, Influindo.
Farticipi” tío Passado.
Amado, Comido*, Influído,
m
Modo Indicativo.
Tempo Presente.
N. S.
Eu Am-o, Eu Com-o, Eu Influ o.
Tu— as, Tu— os, Tu — is.
Elle— a., Eilc—-o, Elle — e.
N. P.
Nos— amos, Nós— emos, Nós— imos.
Yós—■aes, Yós—eis, Vós—iis.
Elies—am, Elies—em, Elies—em.
Preterito Imperfeito.
4
N. S,
Eu Àm-ava, EuCom-ia, Eu Iuflu-ia.
Tu — avas, Tu — ias Tu — ias.
Elle^—ava, E lle — ia, E lle— ia.
N. P.
N ó s— avamos, N ó s— iaraos, N ós— iamos.
Yós T-aveis, Yós — ieis, Yós — ieis.
E lle s— avam, Elles — iam, E lles— iam.
Preterilo Perfeito.
N. S. ■
Am-ei EuCom-i, ' Eu Influ i.
rz
Tu— aste Tti— esle , Tu— isle,
lille— ou « lille— a i , Elle— iu.
N P
Nós— ámos , Nós— émos , Nos írnos.
Vós— aslos, Vós— estes, ,sí(-'s*
Eilotj— aram, E lles-eram , LHes— iram*.
Pretérito mais que perfeito,
*
N. S,-------- --- —
En Am ara , Eu Com-era , Eu Influ-lra.
Tu — 'as , Tu — eras , Tui — uas.
Elle— ara , E lle-cra , Ellc— ira.
N P.
Nós—aramos , Nós—éramos , Nós-iram os.
\Ó.S_ a reis, -Vó - roto , .Vj s —-r^is.
L iles-a ra m , Elle, eram , tiles iram.
Futuro.
N. S.
Eu Am -arol, Eu Com -etei, Eu M iM ei.
Tu - aràs. Tu - eras, Tu - « *
Elle— ara, E|lt ° 'a ’ ^ ‘
NP.
Nós— aramos,
, BU « -eram ', EUes-iram.
5$
Condicional.
N. S.
N. S.
Eu Am-e , Eu Com-á , Eu Influ-a.
Tu — es , Tu — a s , Tu — as.
E lle— e , E iie -a , E lle- a.
N. P.
Nós— em os. Nós— amos , Nós—amos,
59
Vós— ois , Vós iios, Vós— aes
lilies— cm, Elies— am, Elios— am".
«
P reterito imperfeito.
H. S.
Eu Am-nssc , Eii Corn-essc, Eu Influ-ises.
J u — asses , Tu — esses , Ti> — isses.
lillc— asso , Elle— esse, Elle— isse.
N. P.
Ha Conjugarão do Verb©,
Pflr.
60
Modo Infinitivo,
Impessoal.
Pôr.
Pessoal.
N. S. N. P.
Por- Eli. Pnrroos Nós.
Pores Tu. Pordes Vós.
Por Elle. Porem Elles.
Participio do presente.
Poud).
Participio do passado.
Posto.
Modo Indicativo.
Tempo presente.
N. S. N. P.
Eu Ponho Nós Pomos.
Tu Pões. Vós Pondes.
EUe Põe. Elies Poem.
Pretérito imperfeito
N. S. N. P.
Eu Punha. Nós Punhemos
/
t)i
N. S. N. P.
Eu Poria. Nós Poríamos.
Tu Porias. Vos Porieis .
Elle Poria! . Elles Poriam.
Imperativo.
N. S, N. P.
Põo Tu. Pondo Vós.
*
n
iS e d o iubjuii^TOi
Tempo prezente.
N. S. N. P.
Eu Ponha. Nós Ponhamos.
Tu Ponhas. Y-'rV P: till; ' S .
N. S. N. P.
Eu Pozer. Nós Pozcrmos,
Ta Ps zeros. Vós Pozerdes.
Elio Pozer. Elies Pozerem.
Ha também verbos defectives assim chamados , porque
lhe faltam tempos modos e pessoas , corno : Cho\« Tro
veja, Relampeya etc.
I IP 4.
DA ORTHOGRAPHIA.
Assina como o homem tinha necessidade da palavra
tara communicar suas ideas , suas affeiyões, suas ne»
cessidades , assina lambem a sociedade tinha precisão da
cscriptura para enlabellccer su;<s Leis , manter sua or»
dem , e desenvolver su i civilização : por tanto se ÍDeos
deu ao homem a palavra também é provável que desse á
sociedade a cscriptura.
O certo é que assim como era impossível ao homem
inventar a palavra sem a palavra , também lhe era im«
possível inventar a escripturá sem a escripturá: não podia,
como diz Diiclos , compor de vinte ou írinla son s, se»
gundo o saíphabí los das diversas línguas, essa.infinita va«
riedade de palavras, que, não tendo nada de semelhante
em si ao que *?e passa em nosso espirito , e menos ain
da aos objeelos que elles exjn imem , descobreip com tu
do aos outros, lodo o seu segredo , e fazem entender,
aos que não podem penetral-os, todos osjnovimentos da
nossa alma. _
A escripturá dos sons , diz Mr. Bonald , não tem re*
lação alguma com a hieroglyfiea , a symbolica e em
blemática, com a escripturá dos Egypcios p Chinezes. k li
la, eg vindo o monumento de maior antiguidade que exis
te, foi dado com a Lei ao povo hebreu,'quando saído
do estado domestico em que vivia no Egypto^se cons
tituiu em estado político e independente. E isto tao na
tural que o mesmo Duelos, sem descobrir esta origem,
afin a a, com luto , que a escripturá nasceu de repente
como a luz. ,
Uma tradição diz que ella nasceu entre os Píiinicios»
outra que foi invenção de um secretario de um rei do
uuu«
Egvpto, chamado Tliot. CIK...
fillm de iln rm oc
Hermes , fill
ou M filCUnO
Memino
Trismegista , á quem a fabula costumava ailribmrtudo
cujo inventor ignorava : mas basta saM
e EfiVPeios era o? povos cpmnemanb.s e visinnos dos
h S , parajukm que d e lb ^ r cm ten m a escnpUua
intennetre do nsamenh* e !o ohjedo que a p^íavia en
cerra! Parece que a fabula aos%urqu a verdade nest
raso , chamando ministro do rei do Egypto ao ministro
do senhor, quo traclou.com esso rei a saída dos Hebreus ,
á quem foi dada a Lei cscripta nas tabõas conhecidas de
todas as nações do mundo.
A cscriplura devia , com effoito , naseor do repente
como á luz; porque são semelhantes; ella encerra o
som decomposto , e h.i legar de pensir , diz Mr. La-’
*Émonn lis , que o som e a luz se confundem em seu
principio e não diifrom senão como nu lo do sujeito a
que aífoctam. Um e outro.se suppõom em certa medi*?
da , c so -decompõem em elementos analagos , que se
combinam segundo Leis semelhantes , de sorte que a
. !inguagoin*eiu. to los os homens emprega inleftbronto*
mento as palavras -vero oiivir para exprimir a mesma
idéa. * 1
0 certo é que a luz tem selo cores , como o som
tem sete vozes, e por isso segundo a opinião de Mr. Cha
ma* as vogaes , sam sete —a , é , é , i , ô , ôí , « —
mas entre nós só se admiltemcinco a , e , i , o , u,
não se contando o y por ser uma composição de dous
—i .— Aboca , diz elle , é um instrumento de espant
são é analyse da voz : atravessando este orgão ella so
extende e decompõe , como a luz que atravessa o pris
ma. A voz torna-se suceessivamente , segundo a bocca se
abre mais ou mem s a , é , ê , i , ó , ô , u .
Tomando os orgãos da bocca tal ou tal disposiçam,
os sons a , é , ê , i , ó , ô, u ,. se modificam , e
tornam por ex : Ba , De , L i, No , Su , ou ainda A b ,
Ed , 11 , O n, U r , ou emfnn Bab, Ded , *Lil , Non ,
Sus. Separada, pela abstraeção , do som a que está
unida , a articulação que a bocca então imprime a vo<"
g a l, e sôa com cila, é a consoante. As consoantes
principaes , que achamos em todos os tempos c lugares,
se tiguram pelos caracteres seguintes; B, P; D, T; G,
K; L; M; N; R; V, F; Z, S.
0 nosso alphabeto tem mais G, X, Q, H, J.
SECÇÃO I a
Vias regras nos mune».
Ôs diversos systemas de Orthographia parece que se
acham bem conciliados e compendiados nssles preceitos
do Sr. Garret.
I Comervar fielmente a Etymologia , quando
não $e lh&-oppõe a pronuncia*
Assim devemos, por exemplo, escrever Pòzemos, Pó-
zestes, Pozeram pela Etymologia Posuimus , Posuistes,
Posuerurit; Mau , Pau , Grau , Ceu . P fl|, Mãe , Dae,
Meu , Teu , Seu^Agua , Egua, Lingua, Egreja , Egual,
Edade, Rendeu, " w f e i e n e i a , Consciência, etc. pela
mesma Etymologia Malum , Palum , Gradus; Coelum ,
Pater , Mater , Date , Meus , Teus , Seus, Aqua, Equa,
Lingua , Ecclesis, iEqualis, AEtas, Reddidit, Vestivit f
Sciontia , Couscientia, etc.
II Combinar com a pronuncia, quando esta se
oppòe à conservação daquelia.
Assim t a m b é m escrevemos, por ex. : Aceitar^CoiilIção
por Acceitar c Condieção , em razão de se não dar na
pronuncia o som dos dous cc. etc.
III Nas palavras de raiz incognita , seguir o uso
gerai.
Assim, por e x ., entendemos que se-deve escrever: Couv
sa e não Coisa, Couro e não Coiro, etc.
IV Nãs diversas modificações dos verbos conservar
a figurativa , quando a pronuncia não obsta.
Assim entendemos que se devo escrever: Deu, Deram,
Viu, Viram , Diz, Fez etc.
V Não pôr accento senão onde a palàvra sem
tile se^confundiria corn outra*
66
Assim devemos , por ex. , escrever E’sta , 'Está, Avo.,
Avó , Só , Sô.
Sam estes os preceitos da Orthographia determinados
pelos m estres, segundo o principio fundamental , quo
modifica a Etymologia péla pronuncia , como seguem
as mesmas illustradas nações da Europa.
A’ estes preceitos accrescentamos um particular:— Não
procurar ém outra Lingua a origem de uma palavra que
a tiver na Latina, d’onde a nossa é oriunda— como de
monstrou evidentemente o Sr. Alexandre Herculano.
SECÇÃO 2?
R egras nas letras
Ô conhecimento das letras, Wh que as palavras se-
escrevem, sô se-adquire directamente pelo estudo das
Línguas , donde ellas se dirivam : com tudo aqui dare*
mos as regras mais usadas.
I Antes de—b —p— m—se-’eve usar de— m— ,e an.
tes das outras, se-deve escrever—n— .
Apim devemos escrever, por ex.: Bomba, Tempo, Com*
modo, e Contar, Confinar, Banda, etc.
II Usa-se de X e não do C h :
1. ° no principio, em poucas palavras, o de origem ara»
be, com o: Xacoso, Xadrez, X arel, Xarifo , Xarope.
X ofre, Xui etc.
2. ° no meio , antes de a n , e n etc. com o:
Enxaqueca, Enxada, Enxó , Enxarcia. Enxertar, En-.
xofre, Enxovalhar , Enxugar; e depois dos dipthon-
gos, como : Ameixa, Baixo , Caixa , Queixa , Faixa ,
F eixe, Taixa etc.
Qs mais escrevem-se com ch.
III Antes de — e , i , — usa-se de.-rg-r* nas palavras
de origem latina, como: Gigante, G ente, Carruagem,
Estalagem; mas nos tempos dos verbos aoabados em a r ,
67
usa-se do j , como : Festeja, Peleja. Ha excepçoes co'*»v'
mo : Jejum , Sujeito, etc.
IV Usaise Jc z
1. ° no meio das palavras, que em latim tem c ou /,
entre vogaes, como : Dizer, Fazer, Razão , Amizadade,
de Dicere , Facere , Ratio , Amicitia.
2 . ° no fim das palavras que em latim acabam em
x , como ; Feliz , Caliz , Paz , de Filix , Calix, Pax.
V Dobram se as lcttras. —7
« l . ° nas palavras compostas das preposiçõesTãtinasr
ab , ad , ob , in , Com , sub , 'como ; Allegar, Atten-
der , Affirmar, Accuzar , Assento , Commetler, Colligir,
Innocente , Illegal, Occupado,, Officio , Sufficiente , Sug*
gerir. Suppôr. etc. , * ,
2 ° nas em que é ou d i precede a f , como : et-
feito , Efficiente, Difficil; Differente , Diffamadq, etc.
SECÇÃO 3a
D o m odo de partir as palavras.
Quando no fim da linha que se vai escrevendo Pnâo
cabe a palavra inteira, deve esta partiivse de modo , que
iiquem as syllabas inteiras, para ficar ahiparte, epas~
sar parte para a outra linha , segundo as regras seguia»
tes praticas. , . _
I Os nomes compostos das preposições latinas re, i n t
ab, de, a d .e x , com , per, pre, pro , su b , se-devem
partir nellas assim : - R e —sponder, In— sculpir, Up—
star, De— struir, Ad— ministrar, Ex—por, Com— mandar,
Pèr— spicaz . Pre—m unir, Pro—star, Sub stituir.
II Qs dipthongos não se devem partir , mas separar
inteiros , assim ; Que—remos, Qui— tanda , Mai—o *
f " ^ -4.1
III As letras dobradas separam^se uma para o fim da
linha, outra para o principio da seguinte, assim ; At
08
fonso-. Map—pa, Ac—&ão< ete.
IV As consoantes que não sam dobradas separam-se
para a linha seguinte , assim ; O— mnipotente , Inde-'
mnizar, A—cio , Si—gnal, Di—gno. Exceptuamse as que
pertencem a cada syllaba , como ; As— tro Sol—dado,
Amar - go , Es— paço ( 1 5 )
Segundo os princípios de Mr. Charraa, não ha regra
alguma a seguir no partir das palavras ; porque para
elie não ha dipthongos , e toda a consoante fere uma voa
gal, por ser inseparável delia como articulação que é, ( l i )
Parecemos muito bem entendido.
SECÇÃO 4 a
l i o s sig tia e s,
Os signaes recebidos era nossa Lingua sam os se
guintes :
( 1 3 ) « A syllaba, isto é, .a vogal articulada , diz Çhar-
ma , comprehènde uma vogal e uma consoante Ima vo •
gaL só pode fazer um pé , uma pdavra , m>s nso faz uma
syllaba. Quando duas consoantes se unem a uma vogai, duas
syllabas si o constituídas ; uma que a pronuncia. *destroe,
» que nâo se-conta, e outra que se-evidencia e que so
mente contamos. »
ARTIGO i°
!>©s s íg o a e s d a s p a l& v ra s.
Sam signaes das palavras, consideradas em sua uni**
dade, os seguintes; .
1 ° .p Accento agudo, de que se usa para abrir a
vogal em que cae, e abreviaras seguintes, como : E ' s t a f
A poth éote, E sd rú x u lo . .
“2 . ° O Accento circumflex©, deque se usa^ara feixar
a vogal sobre que cae, como : Avô , S é , D é .
3.® O Trema, Diérese, ou-Apices que sam doua ponto?
orisontaes sobre a precedente de duas vogaes, que costu
mam fazer dipthongos, para mostrar quando o nao torem,
como em Sa ide; ousobre o « das prolações G u , q Q u , para
mostrar quando é mudo ou liquido, como em G u e f r a ,
G u e l a , Q u e m , E q u e v o . Hoje usa* se do accento agudo
como, em S a í d a S a ú d e em logar do trema. .
O Q u seguido de ^ eu i as vezes soa Ke, eKacomo
-70
em Quero, Quinto,quo soam Sero, Sinto; porque o
« e mudo; o as vezes sóa como cm
bloquenle, Liquidar, Quinquagésima, Antiquíssimo
quitaçao, quo sôam Eloku— ente, LAu—iaar Ku—-
inquagearna , , Ekw ~i<ação \ por-*
queo m e liquido. O mesmo a c c e d e com Gm seguido
3? e oh <; porque as vezes o-M é mudo, como q\\\GlU(1
, “€rrt(V' eas vezes é liquido, como em Gmc/<z, Lingue*
Lln8ulJ*ha , Linguista; e por isso e m u m o o u -
tro easo se deve usar do trema ou accent» agudo sobre
o « liquido, assim; LiqúLiar, GiW a. (id)
iun«»amnS18n*es das Palavras’ consideradas na sua união,
nina com outra, as seguintes:
nJ ,.\° 9 Esí)ac° em branco que deve medear entre uma
cn om h .?Vra’ COm° : Mni p a e * em (llie senofo 0 espa-
i0o>Wo í1l n.co fíllc separa Meu e pae.
lornM m nt1? de «não,que serve para distinguir e juntar
iim ?es 1 p0 duas Pa,avras quG se devem ler como
uma so, assim: Semi-radonalista, (-‘seudepro/e*
ou serve Para unir as partes de
v^ osP paradas no fim de uma linha, como já
nofta^n^lm a30061310’ 0U APos,rofe» <IU® é uma virgula
Primi,. n f 3 maconsoante» Para mostrar que se sup*
i o ,V a , ‘1 ) W ir a da palavra seguinte- assilD:
* ABTIGO 2°
If«8 slg iia es da P rop osição.
r ir r t- i—.-s. :?r.',si
Do muito geraes eabstractas as raaras sohrc a vírmiio
appiiCuuas, que cada um as observa a seu mnrin
- gund,L!-!eu ^
í*£) Do Visconde Garret “ “
71
nossos mesmos clássicos modernos, mais philologos e phí-
losoplios que os antigos, não sam conforme entro si, nem
nirnSa com sigo mesmo: assim quo o melhor-preceito, que
iiosfíi mu teria so pode dar, ó o de lel«os com toda a at'"
íoncao c critério, reparando bem a pontuação defies. To»
davia, para orientarmos os principiantes,. daremos ab
guinas regras exemplificadas, definindo primeiro o que enf
tendemos ser uma Proposição, uma Phrase, nm Period o,
Proposição é uma simples combinação domais ou mc«
nos palavras, que não tem mais do que um verbo domo
do pessoal, formando um sentido perfeito, Ex. :
Deus è justo.
Um veado branco foi immolado á rainha do silen *
cio.
Phrase é uma.combinação complexa demais ou menos
palavras, em que entram duas ou mais combinações sim
pies ou proposições , Ex,:
Se a mm.i i! livre, entoo é responsável.
Elies repeti j/u os males, . que pertenciam por herança
aos filho* t( i ierra
Período é urna combinação de proposições ou phrases
cujo todo forma um sentido completo. Cada proposição
ou phrase é membro do. Período, Ex.:
A ata, a se proporciona insensivelmente aos objectos
que a ocnrpam; ( l,c membro) e sam; as grandes occa
siões qur fazem os grandes homens. (2 ° nn mfro ).
Ha. Períodos de tres, quatro e cinco membros; raras .
vezes devem sèr mais longos.
Sam os membros do Período que sc dividem e separam
pela virgula, ponto e virgula e dois pontos; mas cumpre
notar:
l . ° que a virgula marca a pausa ou suspensão da voz
ao fim de cada respiração ordinaria, maior ou menor, com
«j tom com que se deve ler.
que a pontuação mais forte suppoea mais fraca;
72
'isto é, ponto e virgula depois de virgula, c dous pontos do<
pois de ponto e virgula.
Esta regra tem excepções que só a pratica ensina, repa*
rando'se na pontuação de proposições pequenas, mas dm
versas.
§1 °
O si v ir g u la .
I
*¥» s e p a r a ç ã » dos m e m b ro s «la (tro p u
sição
Separam-sc pela virgula:
I Todas as palavras que representam sujeito ou pessoa
do verbo , Ex. :
A ic b a , Ussuna, Merióla. Roja. cair am lhe nas snaos.
AJé, a esperança e a caridade sam virtudes tkeolo~
picas.
aS'O Orpheu , Lino , Homero, ou o velho pae de Âscrêu
■yodiam vencer* nie.
H Todos os substantivos appostos, que formam uma pro*
posição incidente eiliptica, Ex
(jrn subrinho de Affonso 1 , Aurélio filho de seu ir-
maõ rru e lti, e prim o do rei assassinado, subio então ao
ihrono.
III Todos os adjectivos e participios, quo, refirindo*se a,
algum substantivo, podem fazer uma proposição iucidenlo
eiliptica , Ex. ;
Do adjectivo.
O povo da Capital, sempre desejoso de novidades,
mal contente do severo regimento do e l—Hakem, tr a
ct ou ■de aproveitar-se da sua ausência para um a revo
luçaõ.
Do participio»
^ P o rtugal , nascido ?io secido X l l . em -um angulo dà
(jraliza, constitui do sem attençaõ âs divisões políticas
anteriores, dilatando-se pelo território do A I —Qhart*
sarraceno, e buscando augm ent ar a sua populaçaõ çom
<is colomas de além dos Pyrenens, G uma nação intei
ra m nde v ca
IV Os dous adjectivos juntõs pela conjuncção— ou— ,
indicando duvida na qualidade da pessoa ou cousa, a que
o lies se referem. Ex. ;
h i — [Juiam. com- pretexto-, verdadeiro ou falso , de
pro/u’t r i,.y rnosarehts & c
V Todas as palavras que sanT attributes, ou objectos,
ou circumstancias da acçau de um mesmo sujeito.
Ex. do attribute.
Os homens sam um cardume, um mar, um grande
ruído , lagrimas e gritos, algumas vezes , um zombar
amargo.
Ex. do objecto da acçao.
Em todas as linguas, os vocábulos exprimem substan
rias, qualidades, rdações,
Ex. da circumstaneia.
E ' regra de eloquência, sem excepçoõ, faliar conve
nientemente ás cousas, ôs pessoas, aos U?rpcs, aos lega
res. e âs circurn: tnncias.
VI Todas as palavras ou proposições, que interrompem
o sentido da em que se entremetlem. Ex.
]. - O bem Jeito estavt., em parle, destruído.
2. ° Carregado, t a l v e z , ê este retracto.
3 . ° Previa este, por isso, uma guerra com seu pa
drasto*.
4 . ° Peus, p o r é m , soltara a corrente.
5. © Afonso Henrique herdara, a s s i m , apenas o antigo
condado de seu pae. , . _
6 . ° E m tal presupposto, eis, segundo nossa opinião 5
como se passou b successor
7 . ° Esse intuito, d i r e m o s , estava na opinião popular,
convertido em facto consumado,
g o Í |V estylo, d i z B u f f o n , é ò homem mesmo.
VII Todos os substantivos ou pronomes, juntos com ad»
;ectiYos ou parlicipios destacados, e quasi sem relação com
mmm mPt?
'.74
as mass partes dn proposição, como so fizessem uma prope-
siçào por ti có Ex. -
'I banido Loauuso cuptiva D. Tkereza, faltava nú
cleo â n nhniFdlidnde poitngueza.
VIII Toda a palavra, quo representa a pessoa ou cousa
■personificada a quem se falia. Ex.
Morreu, la lo . . Attilior, trum tres mil.
Ah!Jei asahan.se ao menos Psti vez (ouhecesscs a tua vi*
Sitaci/.n
IX Toda a palavra ou parte da proposição transportada
de seu lugar natural para aquelle que não é proprio, no
principio, no meio e no fim, Ex.
Da mudança para o principio.
Durante um quarto de século, quasi iodos os nossos
cidadãos foram soldados.
Da mudança para o meio.
Elle descobre, ao mesmo tempo, um grande numero de
ideas.
Da mudança para o fim.
Já graças aos vossos con^eihos e á nossa coragem, eu
pude salvar a Era ura
X Todos os membros de uma proposição que exprimem
diversas relações, dependentes umas das outras, como cir®
cumstameias que esclarecem um pensamento ou acção, Ex»
i'ara o inanem sacrificar a longas e aridas investiga
ções frequentes vezes sem resultado, tolas as faculdades
do espirito quasi todas e$ horas da vida, com o intuito
de dar a,o seu paiz uma historia, se naõ boa ao menos
sincera, è necessário, cr ii eu, algum amor da, nata ia.
XI Todos membros do uma proposição, precedidos das
COnjuncções e, ou, mas, nem, sendo —r-ou dos advérbios
ora quer, como , bem como. & e ~ oxcepto send©
a proposição tão curta, que se tome bem em uma respiração
ordwaria. , w
Ex. da regra com as conjuncções.
T ° Ea escrevo apenas para os sinceros amigos r^a
T5
verdade, e anula receoso, apezar da p u r e z a de meus
desejos, de naõ ser exact,o, ou pela escaceza dos documen
tos, ou por engano prop rio m apuraçaò dos factos
2. ° Naõ me cegou, im alevolência para com estranhos,
nem parcialidade pela terra natal.
3. c Cezar foi vm ambiciono, mas m vdo clemente.
Ex. da regra com os advérbios.
1. ° Ora victor toso, ora vencido, Ajjou.o morreu em
842.
2. ° Negocio taõ importante ã Religião, como ao
E stado ,
Ex. da ExcepçãOo
.1. 63 A guerra associaram se a peste e a. fom e.
2, 03 Am ava o como a filho.
N. 1E A conjuncção—e—exclud lambem a virgula, quan
do junta aos nomes proprios o aos numeraes, como;
Joaõ de Mello e Sdva-
M il oitoemtos e chicoenla e oito
XIÍ 0> membros da proposição em que se faz compara*
cão entre certas cousas, ou qualidades delia, Ex.
Mais fáceis a confessaras viciosna pessoa, que na
magestade.
II
jtfa d a s p r o p o siç õ e s.
Separam-se também pela virgula: ,
I As proposições do verbo ser , ou de outros ver aos com
numes que sam objectos de sua acção, sendo o sujeito do
todos o mesmo, Ex.:
Chama, roga, ameaça, e não é ouvido.
Deleitava a todos, movia a muitos e instruía a
poucos. J
Mas o de luso arn z, coumça e malha
Rom o?. c o - t a , d e s f a z , abala e talha.
II As proposições ligadas - pelas coajuncoM e ^ lo s
-.eonjunctivos, exeepto se furem lues, que se piufiram ae
76
uma respiração ordinaria.
Ex. da regra.
1. ° Cumpre que o talento , em nossa terra, seja
como o n lampago, que fulge e passa.
2. c As terras i uliivavam*se na verdade, porque
isto não podia deixar de ser.
3. ° Ella havia acabado a tarefa, que a Provê*
dencia lhe destinara na obrado progresso humano.
Ex da excepção.
Fulge e passa. Descreviam ou narravam
N. B. A conjuncção — mas— só liga proposições que se
separam peia virgula, quando estas proposições sam com
parativas ou integrantes, Ex. ;
1 Dite que iria , mas que ainda se demoraria,
2 A guerra não só constituía,em geral, o estado ordi
nário das sociedades naquella época, mas lambem vinha
a ser. em especial, a primeira necessidade de um paiz
assaz pobre e limitado, para viver da vida propria.
Ill As p ’op )sioõ33 ligi las p«plos advérbios —quando ,
onde j aonde, por onde para onde, como, em quanto, oro.
já: quer ôçc.- xiaõ sendo ellas curtas.
Ex. da regra.
1. ° A caroaliar ia dos JJargautm/ios, pouca e mal ar
mada, ^como lhe era possível, fa z ia a patrulha da cam
panha.
2. ° A assimilação devia ser tanto mats fa c ’d, quanto
os vrneidos fossem ou mais barbar os, ou de raças mais
77iisturadas.
3 ° Preparava-se jã lssu para a b a ta lh a q u a i dof ao
querer montar a cava/lo9 vacilou e caiu.
4 O novo reformador veia a Marrocos, onde começou
a pregar contra os costumes e erradas opiniões dos mo-
sarebes,
E x . da excepção.
boi aqui onde, dentro em, pouco, as duas republicas
fivaes disputaram qual delias devia perecei'.
5^)gíifijíSV
-2í.13S8S&
77
VI As proposições comparativas, não sendo tào cur
tas que se tomem de uma respiração.
Ex. da regra.
Elle trabalhava nisto com tanto zelo, quanto se podia
exigir delle.
Ex. da excepção.
O homem tanto tem quanto vale.
V As proposições ligadas pelos conjuntivos— Que,
Cujoe por Quem, não sendo curtas: Ex,
1 . a As mos de Meca, que no amparo do Profeta etc.
2 . a Começando na quelle primeiro Gama, a quem os
mares deram fatal passagem etc.
3 . a Dando-lhe princípios mais illustres, que averigua
dos, cuja memória conservam suas tradições.
N B Antes de— Qtte— não ha virgula, quando liga
proposições como complemento, uma da outra, assim.
Dizem que fatiou muUo bem.
VI As proposições ellipticas, quando se sobentende nu
seguinte o mesmo verbo da antecedente, como.
*Foi freio a Rumecão, aos nossos muro.
Separam-se pelo ponto e virgula:
1. As phrases, em que se repete a mesma palavra da
antecedente, fazendo anafora, Ex.
Onde o auctor errou involuntariamente, ê condemnavel
o livro ■onde pretendeu illudir os que o leem, a condemna-
cão deve cair sobre o livro ejuntamente sobre o auctor.
II As phrases que tem sujeitos difTerentes, fazendo con
trastes de suas qualidades, sentimentos, ou acções. Ex.
Elles tractam a historia como uma questaõ de partido;
e eu apenas a considero como matéria de sciencia.
UI a proposição geral da particular nella contida, ma.4
enunciada de um modo independente. Ex.
.
78
lixou o rei enlaff o dia cm que deviam sair de Coimbra
para a empreza; foi uma segunda-feira.
IV A proposição principal absolula cia particular de
pendente ou subordinada. Ex.
Em geral, os cultores das lettras não saem das classes po
derosas e abastadas; e em Portugal, aimia hoje, o escriptor
mats bemquisio e mau laborioso não obterá uma fortuna
independente; só a custa de suas vigílias.
V As phrases comparativas umas das outras, com ou
sem anaphora, Ex.
Com. efeito, pode observar-se que o tacto, queproduza sen
sação da resistência e 4a exknção, é relativo á força: corno
a lista que da a sensapaõ da forma, e o ouvido que per-
ej'be * PWvra sam relativos á intelligenta; como o chei-
f0 en}fím e ogosto, que dirigem o ser na alimeuiaçaõ, sam
relativos ao principio da vida.
\ I As proposições ou phrases ligadas pelas conjunções
mas, porem, e pelas çxpressòe^onjur;tivasporque, assim-
que, postoque, ainda que, bem%ie, por isso etc. Ex.
1. ° 0 patriotismo pode aviventar o cstylo: mas épéssi
mo conselheiro ao historiador„
2. ° A discussão mire nós fora impossivel; porque se
guimos caminhos diversos.
N B Estas expressões conjuntivas*—porque, postoque,
bemqne, atnMqne, por uso etc.-d isp en sam o pcfnto e'vir-
guia, quando as proposições a que se j uniam sam in (ei
ra men te dependentes da principal, antecedente, ou a inter-
rompem suspendendo seu sentido, Ex.
4.» Fosse porque D. Joaô/ / / Wi meiHir a be-
nemeima do p$btónòlutio;fo
f '} ’l EXaw hb w nmaçítõ de elemento pkenime, imemis
.Utrthagmat» «^menitavm,p6fqw m e W M im à f w S
joi particular auma outra Provinda
wrjgm a centro, o. norte, o meio omkMe Mia.
UI As p arte de uma propèsi{ÍSo pflBciftal, treprefUti-
79
tadas por adjeclivos, participios, ou verbos no infinito,
como fazendo continuados os incidentes diversos com o
mesmo verbo subentendido. Ex.
i Portugal, porem, nascido recentemente; incluído no
todo de varias sociedades peninsulares; fundado em fra
gmentos do solto das antigas divizoes territoreaes da Hespa-
nha celtica, púnica e romana: (ronco, emfim, da arvore leo
neza, não achava um so parentesco legitimo e exclusivo hos
tempos anteriores da conquista goda. ■.
2 .0 Taes eram estabelecer o processo ordinário só (por
ires annos, esupprimir o confisco só por dez; estatuir como
-facultativo o dever restricto, que os bispos tinham de in
tervirem nas cauzas de herisia; conceder que tivessem trin
ta annos os juizes da Inquisição, quando o direito canó
nico lhes exigia quarenta.
VIU As proposições principaes contrarias, das quaes
uma affirma uma qualidade, outra duvida ou nega Ex.
Sam excedentes, talvez, xis suas intenções; não sei se o
mesmo se pode dizer da sua intelligcncia.
IV As preposições principaes de sujeitos e verbos dif-
ferentes sem contrastes, ligadas sem conjução, mas pela
repetição ou referencia de alguma palavra contida na an
tecedente Ex.
Sccbia-se da existência da concessão; os christãos novos
invocavam-na; mas seus ejfeitos nã€podiam realizar-se na
pratica. ;
X As proposições comparativas, em que à compara
ção se exprime por —quanto mais, e tanto mais, sub
entendido na a o mesmo verbo da A.a Ex.
1 . a Basta ida para perder-se qualquer delles, ter um ini
migo; quanto mais odiando-os a maioria da nação.
2. '° A consequência seria fazerem os prelados o que até
alli tinham feito, que era faltar a seu dever; e tanto mais
; que, sendo irmãos do proprio monareha, ou creatums suas.
não se atreviam a desobedecer-lhe.
80
Hi
D o s clous |j®niogi
Separam-se por clous pontos:
I As proposições principaes diversas, ligadas pelo mes
mo sujeito de verbos difterentes, expresso n uma e occulta
n’outra. Ex.
Nas doutrinas de opinuiõ talvez sejam licitas as conces
sões: mas nas matérias de. factos seriam absurdas.
II As proposições principaes contrarias, de sujeitos c
verbos diíTerentes, e só ligadas pelo objecto comrnum. Ex.
Queria Ma rco delia Ru vere cumprir os mandados pon
tifícios: oppunha-se elrei.
III As proposições principaes contrarias, uma aífir-
mativa, outra negativa de alguma cousa. Ex.
NaÕ eram, porem, a tolerância christã oa cs impulsos
da humanidade, que o moviam: era a cobiça.
IV As proposições principaes semelhantes, em uma
das quaes se diz geralmente uma cousa, e na outra se
explica essa cousa. Ex.
Adoptou um arbítrio: nomeou os cardeaes Glnnuceo c Ja-
cobacio para examinarem etc.
V As proposições principaes semelhantes, em que o mes
mo sujeito falia ora a uma, ora a outra pesssoa. Lx-.
Ayres Vaz começou par fazer predições á rainha D. Ca-
tharina: depois, subindo mais alto, fizei a predições políticas
a elrei.
VI As proposições principaes semelhantes, em uma das
quaes se diz parte, c, na outra, parte de uma acção do
mesmo sujeito. Ex.
Não limitava Ayres Vaz os seus estudos á medecina: li-
nha-se dedicado lambem d astronomia.
VII As proposições principaes semelhantes, era uma
das quaes o sujeito refere o que dizem de outro, e p
outra o que dizem delle Ex.
81
D ip th o n g o s oraes*
ae, ai, au, como em— pae, dae, grau, pau, mais.
ei, éi, éo, êo, cu, como em— 'seis, fiéis, bornéo, apogêo, eeu.
iç,ia, iu, como em —serio, batia, vestiu.
ôa, oi, óe, oi, ou, corno ém—prôa, foi, dóe, coníboi, ouço.
ua, ue,com ò em— ptià, quasi, que,
84
D ip tlio n g o s u a sa eâ .
ae, ai, ão, como em— mãe, 'plaina, são.
ee, como em— teem, leem.
ie, como em— fiem, chiem.
õe, como em—põe.
ui, como em— ruim.
As consoantes se distinguem, segundo oorgão especial
que conlribue mais energicamente para sua formação em
Unguaes, denlaes, palataes e labiaes.
As Li.nguaes sam: G, G, Gu, Qu
As Dentaes: E, F, T, V
As Palataes: L, N, J, R, S, X, Z, G, G
As Labiaes: B, M, P
Segundo outras considerações, ellas sam lambem doces,
fortes, liquidas e sibilantes.
As doces sam: B, D, G, J, N, V
As fortes: F, C, Qu, P, T, X, Z
As liquidas: L, M, N, R
As sibilantes: G, S, Z
O— a— em Mas conjunção e em Pâra preposição c fei-
xado, para distinguir-se do a em Más adjectivo, e em Pám
\eib op mas não deve ser feixado de tal modo, que se
confunda Mas com Mez, e Para com Pera, como alguns
pronunciam.
, e 110 principio e no fim das palavras, quando não
e accentuâdo, soa como i, por ex. : Edade, Egreja, Égual, -
Vale, Cidade, Padre. Daqui veiu escrever-se Igreja, Ida
de, Igual, e t c . porque a pronuncia fez esquecer a ety-
mologia. J
0 o no principio e no meio de certos nomes é fei-
xado no singular, e aberto no plural, como: Ovo Óvos,
Olho Olhos, Corpo Corpos, Miolo Miolos, etc. - Quando não
e accentuado soa como u no fim dos nomes, como: Fallo
Dono, Somnoetc.
O r no principio das palavras soa forte, e no meio
85
brando , corno: Raro , Rozario, il/m r , Mora.
0 5 entro vogaes sòa como z 'nas palavras que não
sam compostas, como : Cousa, Uso, Rosa, etc.
ARTIGO. II.
H a s p a la v r a s *
À palavra compôe-se de syllabas, o a syllaba suppcíe a
combinação de uma consoante com uma vogal, como Pe,
Tu, ou com um diptbongo como: Pae, Mae.
Uma ou duas vogaes sem consoantes também podem fa
zer vocábulo, como; É, Eu, e duas ou mais consoantes
se podem unir a uma só vogal para lazer um som, uma
palavra, como; Traz, Trem; mas em ambos os casos por
excepção da regra.
Uma syllaba é bastante para exprimir uma idéa, como
nas palavras supra-mencionadas. 0 vocábulo de uma só .
syllaba chama-se monosyllabo; o de duas ou mais cliama-
se polysyllabo.
As palavras alteram-se na sua pronunciaçào, ou sós
ou juntas, por accrescentamento, diminuição, contracção e
mudança de lettras ou syllabas; e a isto se chama íigura de
dicção. Estas sam as seguintes:
Por accrescentamento
Prothese, que accrescenta uma lettra no principio dás
palavras sós: assim por ex. Levantar, Mostrar, fazem Ate-
vantar, Amostrar.
Epenthese, que accrescenta no meio das palavras sós:
assim por ex. Marte, Pagão, fazem Mavorte, Pagano.
Paragoge, que accrescenta no fim das palavras sós: assim
por ex. Feliz, Mobil, fazem Felice Mobile,
Por diminuição
Apherese, que diminue no principio das palavras sós-
assim por e x ., Ainda, Alraz, Àtéque/, iázem Inda,
Traz. Ténue.
86
Syncope, que dirninue no meio das palavras-sós: assim
por ex. Inimigo, Maior, Cuidadoso, fazem, Imirjo,Mor,
Cuidoso.
Apócope, que diminue no íim das palavras sós: assim
por ex. Mármore, Grande, fazem Marmor, Grão: e Da
mo-nos por Damos-nos.
Por contracção
Synaleplia, quesupprime nas palavras juntas a vogal fr*
nal da antecedente para ferir com a sua consoante a vogal
da seguinte: assim, em vez de dizer-se De aurora, de este, de
aqnelle, de o, de a, diz-se: D*aurora, d’este, d'aquelle,
d’o, d’a.
Ecthlipse, que supprime nas palavras juntas o m da
antecedente quando a seguinte começa por vogal; assim
çm vez de com o duro marts, se diz co'o duro marts. Entre
nós só se usa com a preposição com.
Crase,^ que nas palavras juntas conlráhe em um só o a
preposição com o a artigo, ou o da preposição com o do
demonstrativo aquelle: assim, em vez de Vou ct a casa,
ae ít aquelle amigo, Apphca-se a as let.Iras, diz-se:
Vou a casa, Vae aquelle amigo, Applica-se ás lettras:
Por mudança
A Antithese, muda nas palavras juntas a consoante final
da antecedente por outra que íira mais eufonicamente a
vogal da seguinte; assim diz-se: Amal o por Amar-o: Dil-o
por Diz-o; Nol-o por Nos-o.
A Eufonía accrescenta um n ao artigo depois das
terceiras pessoas do plural dos verbos, como: Deram-no
por Deram-o; Fizeram-no por Fizeram-o.
, ^ Apherese e a Antithese se juntam nas expressões
no, na, nos, nas, neste, nesse, ’naquelle, em vez de
em o em a , em os , em as, em este, em esse, em aquelle•
a Apuerese supprime o e da preposição em, e a Am-
titliese muda-lhe o m em n .
87
PARTE SEGUNDA.
DA SYNTAXE.
A Syntaxe tracta, como vimos, das palavras considera
das em suas combinações,- formando proposições expres
sivas de nossos juizos e raciocínios; pelo que se divide
em Syntaxe Lógica e Coordenativa, das quaes passamos
a tractar.
TITULO I.
i ) i s m i u l ó g ic a .
Assim como a Etymologia idealogica tracta da idea en
cerrada na palavra tomada na sua unidade, também assim
a Syntaxe lógica tracta dó juiz o contido na proposição,
organizada segundo as leis da combinação das palavras.
Estas combinações sam simples ou complexas.
CAPITULO L
Da combinação do pensamento.
SECÇÃO I.
Da combinaçio simples.
Quando se não observam as leis da combinação das pa
lavras, ellas se juxtapôem, mas não organizam em uru
sentido perfeito, corno: Sobre sobre, Branco negro, Ser ser.
Daqui se vê que a primeira destas leis é que só se-
combinam palavras de differentes e não da mesma espe*
cie, como: Por mim. Mats hello, Ser bom. Estas palavras
não sam sómente juxtapostas, mas combinadas; sam já
uma organização começada, uma parte que chama a outra
parte para completar-se.
Daqui se entrevê que a segunda destas leis é que, para
ser completa a combinação/sam necessários dous termos
e uma relação, que os ligue entre si; por que só assim
podemos ter uma realidade intelligivel, como: 0 homem
ser mortal, O pae amar o filho. Estas palavras contem
8 mm... M warn
88
todos os elementos de uma combinação perfeita, c for
mam um corpo inteiro; m is falta-lhe a animação, o
sopro de vida. Este sopro de vida que vem animar este
corpo ó uma aflirmação, que o espirito lhe junta, e que
penetra-o todo e faz existir no tempo.
Daqui vê-se que a terceira destas leis ó a afíirmacào,
manifestada pelo verbo, já não vaga mas definitiva, c a re-
laçao que liga estes dous termos, como: O homem é mortal,
O pae ama ao filho
Assim, pois, as ideas dos termos e da relação sam a
materia, e a aííirmação a forma de juizo; e como a cer
teza é a alma do juizo, este é o que cila é ; c, pois, se cíla
é inteiramente positiva ou negativa, assim também o é
o juizo, como;
Deus, é justo.
O macaco não é homem.
Se porem cila é meio positiva e meio negativa ao mesmo
tempo, se é indicisão ou duvida, o juizo" também o é ;
e então, para exprimil-a, em vez da forma positiva ou ne
gativa, toma a interrogativa, como;
A luz c materia ?
Deus faltou a Adão?
Haverá gente na lua ? ( {Q)
O verbo é, como se vê, a palavra de vida pela certe
za manifestada na aflirmação das qualidades e relações
dos seres, ou de suas ideas e conhecimentos, expressos
pelos termos do juizo.
O ser existe no universo; as ideas e os conhecimentos
na mtelligencia. Os sentidos nos ministram, nos phan
tasmas dos seies corporeos, a materia das ideas; a instruc-
cão ou íevelaçâo domestica e social dos seres incorpore-
os a dos conlieç.mentos/ pelo que se não devem confundir.
(10) De Charnui extracto.
80
ARTIGO I*
B a s p ro p ried a d es absolutas*
Destinguem-se duas propriedades absolutas: a quan
tidade e a qualidade.
Por quantidade de uma proposição se entende a cv*
tenção, segundo a qual é concebido o seu sujeito. De
baixo deste ponto de vista a proposição é ou universal,
ou particular, ou singular.
A proposição universal é aquella, cujo sujeito compre-
liende toda cspccic, ou genero dos indivíduos de que
tracta, com o:
' Todo o corpo è divisível.
Nenhum espirito é mortal.
A proposição é particular , quando o sujeito compre-
íiende sómente parte dos indivíduos da especie de que se
tracta, com o:
Muitos estudam sem proveito.
Algumas nações ainda sam idolatras.
A proposição singular é aquella, cujo sujeito indica um
só indivíduo da especie de que se tracta, como :
D, João de Castro foi Vice-rei n!Asia.
Este homem é prudente. *
Por qualidade de uma proposição se entende a sua af-
lirmação ou negação; e os logicos accrescentam a sua
verdade ou falsidade.
A proposição affírmativa é a que mostra que o sujei
to pertence á classe expressa pelo attributo, como ;
Deus è previdente
Deus vê o que pensamos.
100
A proposição negativa ç pelo contrario a que affirm a
que o sujeito não pertence á classe expressa pelo attribu-
lo j com o;
O circulo não c quadrado;
O espirito não c matéria-.
ARTIGO II.
D a s p ro p ried a d es r e i» tiv a s.
As propriedades relativas das proposições descobrem-
se pela sua comparação; e só se comparam «as proprieda
des que tem a mesma matéria, isto é , o mesmo sujeito
e o mesino attribúio.
Nas propriedades relativas se deslinguem duas cousas;
a conversão e a opposição.
A conversão é a propriedade que tem uma proposição
de ser convertida de maneira que o sujeito se torne at
tribute, e o attribute sujeito. Assim a proposição;
O homem è um animal racional,
pode ser convertida nesta;
O animal racional é homem.
A opposição é a propriedade que tem uma proposição
de não poder Haver affirmaçâo e negação entre seu su-
jaito ú attribute, como /
O corpo ó Unta substantia.
Q*corpo não é uma substancia,
O circulo è redondo,
O circulo é quadrado. (17)
TITU LO 11.
H a N y iita ie C oordenativa*
A Syntaxe Coordenativa tracta da combinação das pa
lavras , segundo as leis geraes e especiaes da construc-
ção da proposição , que é a expressão do juizo. Ella se
divide em Syntaxe Natural e Syntaxe Figurada.
CAPITULO I.
B a S y n ta x e N a tu r a l.
A Syntaxe Natural é uma parte da Syntaxe coordena-
nativa que mostra a concordância e regencia das partes
da proposição ; e por isso se divide em Syntaxe de Con
cordância e de Regencia.
SECÇÃO I.
B a N y n t a x e d e C oncorda n e la .
A Syntaxe dé Concordância ensina a combinar as pa
lavras pelas suas relações de identidade ou semilhan-
ca , manifestadas em suas terminações pelas regras se
guintes: (4 8 )
I. 0 verbo concorda em numero e pessoa com o su
jeito da proposição claro ou occulto , como :
Queremos. Nós queremos.
Quereis. Vós quereis,
Seria discordância se disséssemos:
Nos quer. Tu quereis.
«
109
So o sujeito do verbo do modo finito ou do gerúndio,
é o mesmo do verbo do modo infinito , este não con
corda, mas refere-se a elle impessoalmente. Assim di
zemos com o verbo:
Deves estudar—e neto--Deves estudares.
Podem entrar- e não... Podem entrarem.
K dizemos com o gerúndio:
Querendo ser homens de beiú—e naõ-—
Querendo serem homens de bem,
porque o sujeito de ser é o mesmo de querendo.
Se porem cada verbo tem seu sujeito different^, o do ni(p
do infinito concorda pessoalmente com o seu. Assim di
zemos :
Elle vê esses reis o trahirem-—e não—o train r.
Mostrando os documentos-serem as contas exactas
— e não - - ser as contas exactas. f
II Quando o verbo do modo infinito , impessoal ou pes
soal quer do singular quer do plural, faz vezes de sujeito
da proposição, figura como um substantivo do singular, e
concorda com elli o verbo do modo finito no singulai.
Assim dizem os:
É manifesto serem duas razões — e não — sam
manifestas ser duas razões.
^ B O mesmo succede com as proposxòes que sam
<tiieitos de outras.
íII O altributo da proposição, quando expresso poi
itm substantivo, concorda em numero com o sujeito , cx-
quando é melonymico. Assim dizemos na regra:
Cicero foi. Consul romano ;
Na excepçao: ■ .
Esau era as delicias da velhice de Isaac.
Nesta proposição se toma delicias mètonytóicâmenfceou
MO
o cfi'eito pela cauza, como sc disséssemos : Esau era a
cauza das delicias da velhice de Isaac.
IV 0 attributo , quando espresso pelo artigo , ou adjc-
ctivo , ou participio ; se exprime qualidade accidental,
concorda com o mesmo sujeito subentendido , se cxpiime
qualidade essencial, concorda com um substantivo geral c
apropriado, lambem subentendido.
Exemplo do primeiro caso :
Este Consul è o de França*
Este moço é prudente.
Nestas pimposições, subentende-se por attributo o mesmo
substantivo'da sujeito , como se disséssemos: Este Con
sul é o Consul de França; Este moço é um moço pru
dente.
Exemplo do segundo caso:
* A alma é immortal.
A materia é creada.
Na primeira proposiçãosubentende-se ser por attribu
to , como se disséssemos: A alma é un ser immortal:
na segunda entende-se substancia por fttributo , como se
disséssemos : A matéria ó uma substancia creada.
■V Os substantivos chamados continuados ou appostos ,
explicativos do sujeito ou do attributo f sam attributes de
uma proposição incidente, da qual por ellipse estão oc-
cultos o sujeito e o verbo , e por correlação concordam
em numero com o sujeito da principal, quando não sam
melonymicos. Assim nesta phrase :
D. Pedro II, Imperador do Brasil, ó instruído.
Imperador do Brasil ó explicativo do sujeito D. Pedro
II, e attributo da incidente que apparece, dizendo-se:
D. Pedro I t , que é Imperador do Brasil, é instruído.
VI Concordam em gencro e numero com o subsíam
111
4
4 1 c2
Nestes exemplos, que não concorda com occasiões e pes-
soa altributo de— Eu sou ; mas equivale a quaes occasiões
do primeiro , e a qual pessoa do segundo ; e por isso faz
concordarem fazmn com occasiões , e anda com pessoa.
Exemplo de proposições ligadas por Quem :
Pregae a quem vos ouça
Neste exemplo „ quem não concorda com pessoa ou ho
mem, complemento de pregae, mas equivale a qual pessoa ,
ou a qual homem,; e púr isso faz concordar ouça com
pessoa ou homem.
Exemplo de proposições ligadas por Qual :
Vi a Paulo, o qual me conheceu.
Faliei aos homens, os quaes me ouviram,
Nestes exemplos, qual concorda em numero com Paulo
e quaes com homens; e por isso os verbos conhece concorda
com Paulo , e ouviram com homens.
Exemplo de proposições ligadas por Cujo :
Sam vagos os bens cujo dono se não sabe.
Neste exemplo, cujo concorda em genero e numero, não
com bens, mas com dono, de que bens é como comple
mento restrictivo
VIII Os chamados gerúndios e supinos, bem que par
ticipem da affirmação dos verbos de que nascem, não
tem com tudo a concordância delles com o seu sujeito.
Os gerúndios de invariáveis não tem numero nem pes
soa distincta ; e. por isso não concordam com seu sujeito ;
m as, pela relação comprehendida na sua affirmação , refe
rem-se e ligam-se naturalmente a elle, como neste ex-
enplo.
Sabendo francez , crê uma moça saber tudo.
como esta outra : Eu sou quem sou; mas pareçe-nos que a pri
meira <í differente da segunda, e força o verbo á tomar a terceira
pessoa , como no exemplo supra. Os tropos de Rhetoric» modi
ficam muito a natureza da limguagem.
11 3
SECCAO 11.
H h S y iita x e ile H c g e iic ia .
. À Syniaxe dc regencia ensina as regras da dependên
cia que devem ler entre si as partes da proposição.
As partes da proposição ou sam essenciaes, de sorte que
sem ellas não pode existir proposição completa e perfei
ta no seu sentido , ou sam accidentaes , de sorte que a fal
ta delias não a pode prejudicar.
Nas pi oposições regidas pelo verbo ser , sam partes es
senciaes o sujeito, o verbo e o attributo, e accidentaes
os complementos : nas regidas pelos verbos activos ou neu
tros , que contem em si attributo logico incompleto , sam
partes essenciaes o sujeito , o verbo e os complementos
exigidos pelo verbo para completar o seu sentido, como:
Deus creou o mundo; Pedro vem de Roma / e aeciden-
laes os mais complementos.
Só ha duas palavras regentes: o verbo pela affirmação
da inclusão do sujeito no attributo; e a preposição pela
relação que liga os seus termos, antecedente e consequente..
Os verbos activos e neutros só regem o sujeito e o attributo
logico que elles contem gm s i , e não os complementos li
gados aos attributes ou complementos logicos, nelles con
tidos ; e pois o complemento objective não é regido do verbo
~*FT'
o mesmo que ver e ler ; peto que—Tenho visto, Havemos lido,
no mesmo que Tenho ver, Havemos ler, o que não satisfaz!
Também el!e diz que se podem apassivar, como : amado-se . li~
dorse ; mas julgamos ser isto um equivoco ; porque, quando dize-
mos, poj exemplo. Tem lido-se a sua historia, este—-se— é com *
^lemento-Q^Tem., e não de lido,;, e assim nos mais casos.
1 i !>.
activo, como so tem entendido, mas sim da preposição
.. - a — clara on occulta.
Só quando é complemento objectivo um substanLivo com-
mum não sc lhe junta a preposição,,, como nestas, pro^
posições :
Deus fez o universo.-
O peccado matou o homem.
Mas nestas proposições e semelhantes a preposição que
!"ege os complementos—universo e homem— está occulta
pelo uso universal, invariável e antiquíssimo da ellipse,
que faz toda graça e elegancia da nossa lingua. Para nos
convencermos de que o çomplemento objectivo. é sempre
regido da preposição-—a —clara ou occulta, basta notar
que ella vem sempre clara :
d.o Quando este complemento é nome proprio , como : '
Milão matou a Clodio;
2 .0 Quando é um pronome, ou um demonstrativo,
ou um possessivo, como.:
Que vença o sogro .tz li, e o genro A este:
Rumecão animava ou reprehendia a os seus;
3.0 Quando é um conjunctive , Quem ou Que, como í
A. quem vossa ousadia tanto offende:
Aos que chamou a estes também justificou;
4>.o Quando é ura terminativo geral ou particular, como:
E um a um nos foram derribando a todos:
D. João da colgadura fez reparar a muitos;
5." Quando ó mesmo algum substantivo coinmum , mas
jnversa a ordem da consiriicção, como .
Combate n o fraco espirito a dor antiga :
G o Quando é mesmo algum substantivo commum, em
çertas proposições, na ordem directa da construcção, como ,
E como visse a um que era injuriado, o defen
deu ; c vingou a o que padecia a injuria, ma
tando a o Egypeio.
ti
446
Ora , se , como fica visto , a preposição rege sempre o
complemento objectivo , quando é um pronome , um
demonstrativo, um possessivo, um universal, um parti
lho , um conjunctivo, ou um nome proprio, ou mesmo
um substantivo commum , na ordem inversa da construe*
cão , e em muitos casos na ordem mesma directa ; por
que razão, sendo em alguns casos sómente tal comple
mento um substantivo commum sem preposição na ordem
directa da conslrucção, se hade desta excepção formar a
regra de que elle é rigido do verbo aclivo e não da pre
posição occulta pela ellipse ?
Isto é claramente um erro de rotina , dos que ignoran
do a philosophia e o genio da lingua, o seguiram sem
attender que nestes casos em que a preposição está oc
culta como nesta proposição:— 0 justo não teme a morte—
ella apparece na decomposição lógica do verbo deste mo
do— O justo não é temente a a morte.
Esta ellipse é tão natural, que , as vezes, com o mesmo
verbo activo ou neutro se usa do complemento com a pre*
posição clara ou occulta como nestes exemplos
Do verbo activo :
A mae a vossas mulheres;
Amae vossos filhos ;
Do verbo neutro:
Vae com os filhos a entregar-se ;
Vae entregar-se com os filhos.
Os latinistas, que accommodam òs complementos da lin
gua portugueza aos casos da latina, diram talvez, a seme
lhança dos verbos latinos com dous accusativos , que té-
mos verbos com dous complementos objectives, como nestas
proposições,
A Ui faz o homem escravo.
El-rei nomeou a D. João Vice-rei.
Mas ahi não ba senão uma ellipse do verbo ser na pri
meira, como se se dissesse—A lei faz o homem ser es-
117
cravo— e da preposição para m , segunda como se se dis
sesse— E l-r e i nomeou a D. João para Vicc~rei.
O verbo activo ou neutro , porque envolve em si não.
só a aflirmação , mas também e attribute iogmo, que c tim
dos termos da relação necessária ou accidental entre elle
e o outro que faz o seu complemento, é o termo rei do
todos quantos reune em torno de s i , fazendo apparccer o
seu sujeito incluído nó seu attribulo „ como o centro com
mum de todos os complementos que a eliè se prendem por
suas relações, formando outras tantas proposições par-
ciaes e distinctas, confundidas na principal. Assim toman
do por exemplo o verbo comprar, notamos as seguintes
relações, constituindo cada uma sua proposição.
1.® A relação entre o comprador e a cousa comprada
com a:
Comprei um livro.
2 .0 A relação entre o comprador e o vendedor da cousa,
como :
Comprei a um livreiro.
3.0 A relação entre o comprador e o tempo dá compra,
como :
Comprei este anno.
4 . o A relação entre o comprador e o togar da compra,
como :
C o m p re i em F ra n ç a .
5.0 A relação entre o comprador e o preço da compra.,
como ",
Comprei por déz mil reis.
õ.o A relação entre o comprador e o modo da compra',
como »
Comprei a dinheiro avista.
Todas estas seis relações expressas pela analyse nesus
proposições se agrupam em' tomo do verbo , expressas
ço»a ‘syatese em uma só proposição , assim .
Comprei um Uvro a um livreiro vesle amw , em
Fr# "ma rcr dét.mii -T ; a éviíni' ? d v;C.a.
1 Is
CAPI TULO JL
IHa S yn taxe F ig u r a d a .
Assim como a Elymologia tom suas figuras do dicção
assim lambem a Syntaxe tem as suas de construcçao.
A Syntaxe Figurada tracla da combinação das palavras
por certas regras excepcionaes ou particulares, dando-
lhes apparencias de incorrecta. Esta apparencia procede:
primeiro da falta de alguma palavra que facilmente se en
tende * segundo da sobra de alguma palavra , que sc lhe
accressenta ; terceiro da deslocação das palavras que se
lhe devem antepor. Daqui trez figuras de construcção da
proposição : Ellipse , Pleonasmo e Hiperbaton.
As combinações figuradas que se desviam de suas regras,
tornando-se não apparente, mas realmente incorrectas,
sam viciosas, e chamam-se: Amphibologia, Solecismo e
Çaeofaton,
% SECÇÃO !.
D a Ellipse.
A Ellipse ó a falta de uma ou mass palavras da propo
sição que se entendem ou supprem para completar-lhe o
sentido. Divide-se em Zeugma e Syllcpse. A Zeugma é
a ellipse pela qual a palavra expressa em uma proposi
ção ou parte delia se subentende da mesma forma sem
mudança alguma na outra proposição ou parte della. A
Syllepse é a ellipse pela qual se subentende na mesma
proposição ou parte delia uma palavra differente da ex
pressa , ou a mesma de forma difíerente.
A Ellipse é do sujeito, do verbo, do attributo, do com
plemento, do sujeito e verbo , da proposição, do artigo,
do adjectivo ou participio, e da preposição.
Ha Ellipse do sujeito , como nestes casos :
Sou cidadão brasileiro.
1 1{)
F a: hoje v in te dias.
Ha aqui bôas fructas. ,
Entende-se por sujeito da primeira proposição --Eu
a segunda— O tempo , da terceira— A terra.
Ha Ellipse do verbo , como nesle exemplo:
Aos grandes males grandes remedies.
Entende-se o verbo convém.
Ha Ellipse do attributo , como neste exemplo ;
Os princípios do Christianismo sam de fé.
Entende-se por attributo artigos.
Ma Ellipse do complemento, como nestes exemplos :
Hei de faliar-lhe.
Tenho de vel-o.
Entende-se por complemento objective de ambas estas
nroposicões, desejo ou vontade ou intenção.
Ha Ellipse do sujeito e verbo juntamente , como :
Bruto , filho de Cezar, matou opae.
Eu vos prometto, filha, que vejaes.
Entende-se na primeira proposição o sujlito c o verbo
__ mie em— assim : Bruto , que era filho; e na segunda ,
_ que sois— assim: Eu prometto a vós , que sois filha,
Ha Ellipse da proposição, como nestes exemplos :
Lestes o livro ? Sim.
Digam o que quiserem.
O maldito do crendo.
Ai de ti Coroasim.
Entende-se na primeisa proposição o Sim por esta: hu h
o livro ' na segunda esta outra : Eu tolero que digam ele. ,
d terceira este: O maldito /a to do areado; m quer ta
esta: Eu me compadeço de ti Coroasim.
Ha Ellipse do sujeito, como neste caso :
Nossos paes eram melhores•
Entende-se o artigo os , concordando com^nossos paes,
ffa Ellipse do participio, corno :
O livro foi por âè% mil reis„
i c20
SECÇÃO II.
D o Pleonasm o.
0 Pleonasmo é , ao contrario da Ellipse, o accrescesa-
lamento de uma palavra desnecessária ao sentido da'proposif
cão, mas propria para lhe dar graça e energia.
Ha pleonasmo':
1.0 Quando se accrescenta o mesmo pronome, como :
Tu a mim me falias assim.
Em me repetido «J^pois de mim está o pleonasmo.
2 . ° Quando se accrescenta o pronome ao artigo, ou o
artigo ao conjunctive, como:
Quem o a elle atormenta.
O menino, que quem o afaga etc.
Em a elle depois de o na primeira proposição, e em o
.depois de que está o pleonasmo.
3 . ° Quando se accrescenta alguma palavra de signifi?
cação já incluída na do verbo da proposição, pomo :
Vi com estes olhos.
Em com estes olhos depois de vi está o pleonasmo.
SECÇÃO 111.
D o Iffjiierh aton ,
0 Hvperbaton é a deslocação das palavras de uma pro
posição ou phrase .contra a ordem natural de sua dis.r
posição.
Ila Hvperbaton :
1.0 Nas palavras, quando se interrompe a ligação na
tural delias, mettendo* se outras de permeio para dar in^is
graça e elegancia , como :
Se não fossem seus , todavia distmem . sentimentos.
As palavras—seus sentimentos se separdhirp j:;eta hy-,
perbaton, para metterem-se de permeio ds—nmnene, dis-
tinctos.
2.® Nas phrases, quando se antepõe e pospoem aá
palavras contra a ordem natural, como ;
De repente ao dia alegre e brilhante da Zona tor*
rida êuccede uma noite universal e profunda,
Sem Hyperbaton seria:
Uma noite universal e profunda succede de repen
te ao dia alegre e brilhante da Zona tórrida.
TITULO III.
D a s C om binações viciosas*
Sam viciosas as combinações de palavras em que se con
fundem as relações das cousas, ou senão observam as leis
geraes e especiaes da construcção, ou se violam as leis
da harmonia na consonância dos vocábulos.
A confusão das relações das cousas chama-se Amphi-
bologia; a preterição das regras de concordância e re-
gencia , solecismo ; a falta de harmonia ou consonância das
pdavras, Caeofaton.
CAPITULO I.
B a AonpMbologift*
Dá-se Amphibologia;
I o Quando se não pode bem distinguir o sujeito do
complemento, como neste caso : Ama o povo o bom rei,
Não se sabe se o sujeito é povo ou rei.
, '-*0 Quando se usa do pronome EUe, e do adjective
Seu, de sorte que pode ter diversa applicação, como
nestes exemplos : Hyperides imitou a Demosthenes em
tudo o que ellc tem de bello ; Valerio foi á casa de Li-
sandro, e la achou seu filho. Não se sabe bem se ellc
6 Hyporides ou Demosthenes, e se seu filho é de Vale
rio ou de Lisandro.
Quando se usa do conjunctivo Que ou Quem sem
sc èaber a quem coujuneta, como neste caso ; João An*
125
tipapa com Pedro Diácono, a quem o povo perseguiu etc.
Parece que quem conjuncta a Pedro por eslar mais ■per
to ; e é o contrario.
4 , ° Quando , depois de fallar-se de duas pessoas ou
cousas, se emprega um adjectivo ou participio continua
do , de modo que se não sabe a qual se refere , como neste
exemplo : Comélio era de opinião contraria, talvez por
ter dado ao publico o seu Palientes, antes de ter lido
Arisioteles, apoiado em Minturno. Não se sabe se apoia
do refere-se a Cornelio, se a Arisioteles.
CAPITULO II.
Ho Solecism o.
Da-se Solecismo :
1. ° Quando, fallando-sededous ou mais objectos de
diverso genero, a que deve juntar-se o artigo, o adjectivo ou
a preposição , se junta a um só , como : 0 homem e mu
lher , devendo ser : O homem e a mulher; Meu paeemãe'
devendo ser : Meu pae e minha mãe; Com os successor,
prosperos e adversos , devendo ser : Com os successes prós
peros e com os adversos.
2 . ° Quando se emprega a variação lhe em vez de seu
ou delle, como: Admiro-lhe a coragem r por Admiro a
sua coragem, ou a coragem delle.
3 . ° Quando se emprega se, si, sigo por elle, como;
Saiu o Grão Duque a esperai-o, e trezcardeaes com sigo ?
devendo ser : com elle.
4.0 Quando se usa do verbo ha pela preposição a ,
como : Daqui ha um anno, devendo ser : Daqui a um
anno.
5. ° Quando se usa da preposição de em vez de desde
junto as palavras— ha muito— , sem um substantivo antece
dente , com o: De ha muito se fállu nisto, devendo ser:
Desde ha muito.
6.0 Quando se usa de nem em de não, como: Elle
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S
Í meÍlel ’6^ íempo ellsina 0 ™™dio con-
14.» Quando se usa'da primeira pessoa do coniiineti
Zdo°l r ft prímeira.Pessoa d° Pretérito, oomo : An-
TU n ’ deven.do ser : dia.
lo . Quando se usa do verbo apassivado com se no-
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A
singular com o sujeito no plural aoinodo franeez, como.
Fez-se dms posturas para isto, devendo ser; Fizeram-
se duas posturas para isto; As palavras que sc quer fazer
sobresahir, devendo ser; As palavras qm se quer fazer
sobresahirem. (21)
10.0 Quando, rompendo a ligação das palavras se entro-
mettem outras que perturbam o sentido da preposição,
como neste caso : Esta alçada foi occazião de muito des
gasto ao Arcebispo e muita despeza, devendo ser; Foi
oceazião de desgosto e despeza etc.
17. ° Quando na collocação das palavras se põe em pri
meiro logar, com ares de sujeito , uma que é complemen
to, fazendo por isso procurar um verbo que não ha , como ;
Felippe, tendo mandado pedir uma cousa justa aos La-
cedemonios , lhe responderam: Não , devendo ser : Tendo
Felippe mandado pedir etc.
18. ° Quando se repete o conjunctiva que junto a cada
complemento, como ; Não deve o homem ter mais que
um semblante e que uma palavra, devendo ser : mais
que um semblante e uma palavra.
19. ° Quando se repete a mesma preposição com outro
termo de relação, como; Tenho vivido sempre com elle
com a mesma cordialidade, devendo ser ; Tenho vivido
sempre com elle na mesma cordialidade. *
(21) Este erro tein nascido de traduzir-se erradamente por se,
variação de elle, sempre complemento, o on francez, contracção
ou corrupção do antigo hom , ( homem) sempre sujeito, segundo
o sábio Frei Francisco de S. Luiz no seu Glossário. Dahi nos
parece ter nascido o idiotismo clássico formado do verbo Ser e dos
verbos neutros Estar, I r , Dormir, Trabalhar etc., fazendo* lin
guagem impessoal com se deste modo : Como se é assim. Está-se
firme. Assim vae-se aos astros, Dorme-se muito, Trabalha-se pou
co , em vez de : Como o homem é assim, O homem está firme,
Assim o homem vae aos astros, O homem dorme muito, Q homem
trabalha pouco.
Parece também que a linguagem passiva formada dos verbos
activos com se , como : Aqui come-se bom doce, foi dirivada me
nos refletidamente da linguagem reflexiva, como: Pedro feriu-se;
e por isso sabe o idiotismo clássico; pois não podemos dizer: O
doce come-se a si, como dizemos: Pedro feriu-se a si.
m
20.° Quando ’se accrescenta uma proposição particu
lar já expressa na geral, como ; É o homem mais virtuo
so que conheço , e tem probidade, Quem diz virtuozo tem
dito probo,
21.0 Quando se ligam muitas proposições parciaes
pelo conjunctivo que repetido , fazendo um soido e con-
strucção fêa e desagradavel, como : Corrige estava taõ sa -
tisfeito do'que ouvia a Rafael, que imaginava que era
mister r que o artista, que fazia taõ brilhante figura no
mundo, devia ser de um mérito superior. Deve-se dar
outra construeção para evitar esta repetição.
CAPITULO 111.
** H o C acofaton .
Da-se o Cacofaton :
1.0 Quando se juntam palavras, que, sendo em si sem
defeito algum, produzem um som ou sentido mau ou tor
pe , como : Uma ata rachada.
2.0 Quando se separam palavras que devem estar jun
tas , de que resulta um máu som ou sentido , como ;
Tem meias de mulher aberta f
FIM,