Você está na página 1de 55

1

FITOTERAPIA NA DOR INFLAMAÇÃO E


PLANTAS TÓXICAS

AN02FREV001/REV 4.0

1
2

FITOTERAPIA NA DOR INFLAMAÇÃO E


PLANTAS TÓXICAS

DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00

ATENDIMENTO AO ALUNO
atendimento@faculdadefamart.edu.br
0800 942 5006 | (37) 99836-4736

AN02FREV001/REV 4.0

2
3

Sumário

PLANTAS UTILIZADAS NA DOR E NA INFLAMAÇÃO.......................................... 5


Flores de Camomila (Matricaria Recutita L.) ................................................... 5
Hamamelis virginiana L. (hamamélis) ............................................................ 7
Oenothera biennis L. (primrose, erva-dos-burros) ........................................... 8
Calendula officinalis L. (calêndula) .............................................................. 10
Ananas comosus (L.) Merr. (ananás, abacaxi) .............................................. 13
Arnica montana L. (arnica, arnica-das-montanhas) ....................................... 15
Harpagophytum procumbens DC. (garra do diabo)........................................ 17
Óleo de Hortelã ........................................................................................ 18
Capsicum (pimentão) ................................................................................ 19
Tanacetum parthenium L. (tanaceto, feverfew) ............................................ 21
Cordia verbenaceae L. (erva-baleeira, maria-milagrosa) ................................ 22
Salix (casca de salgueiro) .......................................................................... 23
PLANTAS TÓXICAS .................................................................................... 24
Copo-de-leite ........................................................................................... 25
Comigo-ninguém-pode .............................................................................. 26
Tinhorão .................................................................................................. 27
Taioba-brava ............................................................................................ 28
Banana-de-macaco ................................................................................... 29
Coroa-de-cristo ........................................................................................ 30
Bico-de-papagaio ...................................................................................... 31
Avelós ..................................................................................................... 32
Pinhão-roxo ............................................................................................. 33
Mamona .................................................................................................. 34
Saia-branca ............................................................................................. 35
Saia-roxa................................................................................................. 36
Estramônio .............................................................................................. 37
Lírio ........................................................................................................ 38
Chapéu-de-Napoleão ................................................................................. 39
Oficial de sala ........................................................................................... 40
Espirradeira ............................................................................................. 41
Dedaleira ................................................................................................. 42
Mandioca-brava ........................................................................................ 44

AN02FREV001/REV 4.0

3
4

Coração-de-negro ou Pessegueiro-bravo...................................................... 45
Giesta ..................................................................................................... 46
Joá ......................................................................................................... 47
Esporinha ................................................................................................ 47
Flor-das-almas ......................................................................................... 48
Urtiga...................................................................................................... 49
Aroeira .................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 52

AN02FREV001/REV 4.0

4
5

PLANTAS UTILIZADAS NA DOR E NA INFLAMAÇÃO

Diversas espécies vegetais têm sido indicadas há séculos no

tratamento de inflamações locais, contusões, hematomas, edemas,

cicatrização, eczema, dermatite, acne e de problemas reumáticos, na dor

e na dor de cabeça. É muito comum a utilização de várias espécies de

plantas medicinais em preparações alcoólicas caseiras para aplicação no

local da injúria. O conhecimento popular impulsionou inúmeros estudos

que comprovassem a atividade biológica das espécies utilizadas na

medicina popular, resultando na produção de fitoterápicos na forma de

gel, creme, loções e outras formas farmacêuticas utilizadas na

dermatologia e na inflamação. As pesquisas também levaram a

observação de efeitos adversos e perigos na utilização de muitas espécies

tradicionalmente utilizadas, dessas podemos citar a casca de nogueira que

possui dentre os constituintes a juglona de elevado potencial

carcinogênico e as folhas de mirta que leva a alterações hematológicas.

Flores de Camomila (Matricaria Recutita L.)

Diversos estudos farmacológicos revelam a ação anti-inflamatória e

antiespasmódica das flores de camomila, usadas na medicina desde os

tempos antigos. A camomila é indicada para as inflamações cutâneas e de

AN02FREV001/REV 4.0

5
6

mucosa e doenças cutâneas bacterianas. A planta pode ser utilizada na

forma de banhos e duchas quando indicada nas infecções envolvendo a

região anal e genital.

Os constituintes ativos das flores de camomila são divididos em

compostos lipofílicos e hidrofílicos. Os componentes do óleo volátil

presentes em 0,3-1,5% e compostos hidrofílicos, como as mucilagens e os

flavonoides (1-3%), sendo esses últimos os constituintes mais

importantes. O óleo volátil da camomila possui majoritariamente o

camazuleno (15%) de coloração azul escuro, formado a partir de um

precursor incolor a matricina durante destilação com vapor. Além desses,

é encontrado no óleo o composto 𝛼-bisabolol. Dentre os flavonoides

presentes, a apigenina é um dos principais responsáveis pelos efeitos

antiespasmódicos das preparações de camomila.

As flores de camomila geralmente são utilizadas na forma de

preparações aquosas, como o chá ou na forma de extratos alcoólicos, de

alto teor de constituintes lipofílicos. Essas são indicadas para doenças

inflamatórias e cólicas gastrintestinais, administradas por inalação para

processos inflamatórios e irritação do trato respiratório e por aplicação

tópica para processos inflamatórios cutâneos de origem bacteriana,

cicatrização difícil, abscessos, inflamação da cavidade oral, gengivites,

dermatites e dermatoses. A infusão para duchas e as preparações

semissólidas devem conter 3-10% da droga vegetal.

AN02FREV001/REV 4.0

6
7

Hamamelis virginiana L. (hamamélis)

A hamamélis é uma árvore pequena nativa da região Leste da

América do Norte. Suas folhas, cascas e galhos são processados para

elaboração da droga vegetal. A casca da hamamélis possui uma

concentração elevada de taninos (12%), principalmente hamamelitanino e

galotaninos.

Os taninos possuem propriedades adstringentes fortes que quando

aplicados na pele ou em membranas de mucosas lesada provocam uma

precipitação proteica que forma uma camada superficial. A área em

AN02FREV001/REV 4.0

7
8

contato com taninos leva a uma vasoconstrição capilar e redução da

permeabilidade vascular equivalente a um efeito anti-inflamatório local.

Essa ação de fortalecimento dos tecidos impede a penetração de micro-

organismos, exercendo uma ação antimicrobiana indireta. Os taninos

também exibem uma ação anestésica tópica que reduz a dor e a irritação

local. A hamamélis por conter taninos também é utilizada no tratamento

da diarreia.

As preparações de hamamélis apresentam coloração amarela ou

marrom devido os taninos presentes. Uma indicação comum para os

extratos de hamamélis e outras preparações contendo taninos é a doença

hemorroidal. Preparações na forma de pomada contêm 10% de extrato da

casca de hamamélis; a potência da pomada é equivalente a pomada de

corticosteroide. A dose recomendada é de 0,1- 1,0 g da droga vegetal

aplicadas topicamente várias vezes ao dia; não há relatos quanto a efeitos

adversos ou contraindicações.

Oenothera biennis L. (primrose, erva-dos-burros)

AN02FREV001/REV 4.0

8
9

A primrose é uma planta bienal infértil no primeiro ano e durante o

segundo ano a planta produz sementes que contém até 25% de um óleo

graxo extraído com hexano para fins terapêuticos. Esse extrato possui 60-

80% de ácido 𝛾 -linoleico, um ácido graxo ômega-6 produzido no

organismo por meio da desnaturação do ácido linoleico. O óleo de

primrose é indicado para neurodermatite, uma patologia caracterizada

pela deficiência da enzima responsável pela desnaturação do ácido

linoleico. A dose diária recomendada do óleo de primrose é de 2-6 g que

equivale a 160-480 mg de ácido 𝛾-linoleico. O óleo de primrose promove

um efeito estabilizante na barreira do estrato córneo.

As preparações na forma de cápsula contém 0,5 g de óleo de

primrose que corresponde a 40 mg de ácido 𝛾 -linoleico utilizado no

tratamento e alívio do eczema atópico administrado na dose diária de 2-3

AN02FREV001/REV 4.0

9
10

g em adultos. Os efeitos colaterais incluem náusea, distúrbios

gastrintestinais e dor de cabeça.

Calendula officinalis L. (calêndula)

As flores de calêndula são indicadas na forma de infusão, tintura,

extrato líquido, óleo infuso frio ou pomada para condições inflamatórias da

mucosa oral e faríngea usada internamente e para ulceração e cicatrização

de feridas usada externamente. Os constituintes presentes nas flores de

calêndula atuam promovendo a granulação e facilitando a cicatrização de

inflamações de pele, feridas, queimaduras ou eczemas. Acredita-se que tal

efeito seja resultante de uma ação sinérgica entre os constituintes

presentes no óleo volátil e das altas concentrações de compostos do tipo

AN02FREV001/REV 4.0

10
11

xantofilas. A dose recomendada para uso interno é de 1-2 g de planta

seca e a dose em pomadas para uso tópico é de 2-5 g em 100 g de base.

Não há relatos de efeitos adversos ou contraindicações com a

administração de calêndula tanto para uso interno ou externo.

Óleo de melaleuca

O óleo de melaleuca (tea tree oil) é um óleo volátil obtido da

destilação das folhas de diferentes espécies do gênero Melaleuca,

especialmente Melaleuca alternifolia Cheel. As árvores dessa espécie são

nativas das regiões pantanosas da Austrália e das Ilhas do Oceano Índico.

A utilização dessas espécies para fins medicinais foi aprendida por meio de

nativos destas regiões por colonizadores australianos.

A composição do óleo volátil de melaleuca inclui 1,8-cineol,

AN02FREV001/REV 4.0

11
12

terpineno, L- terpinen-4-ol, terpineol, L-limoneno, 𝛼 -pineno e 𝛾 -pineno.

As preparações do óleo de melaleuca devem conter no máximo 30% de L-

terpinen-4-ol e no mínimo 15% de 1,8-cineol, os principais ativos que

exibem propriedades germicidas e antifúngicas. É observado que tais

preparações são ativas contra diversos micro-organismos causadores de

micoses e infecções bacterianas.

A eficácia dessas preparações foi comparada com um medicamento

antifúngico de referência o clotrimazol (1%) em pacientes com

onicomicoses dos pés, após o tratamento tópico por duas vezes ao dia,

durante seis meses foi verificado que o óleo de melaleuca apresentou

eficácia de cura semelhante ao medicamento de referência. Outro estudo

comprovou a eficácia de um gel de 5% de óleo de melaleuca comparado a

um gel de peróxido de benzoíla 5% em pacientes com acne aplicados

diariamente durante três meses, ambos os tratamentos produziram

melhora do número das lesões, mas o tratamento com o óleo de

melaleuca foi menos relatado quanto aos efeitos adversos, como

ressecamento da pele, sensação de formigamento e vermelhidão.

Recomenda-se avaliação da condição a ser tratada, pois

dependendo o óleo de melaleuca pode ser utilizado diluído em água

(concentrações de 2-10%) ou concentrado, esse há maior probabilidade

de causar irritação no local da aplicação.

AN02FREV001/REV 4.0

12
13

Ananas comosus (L.) Merr. (ananás, abacaxi)

Das plantas, no abacaxi é possível isolar uma mistura de enzimas

proteolítica denominada bromelina. Estudos com essas enzimas

apontaram ações anti-inflamatória e antiexsudativa em modelos

experimentais. Dessa forma, as preparações contendo bromelina são

indicadas em pacientes com inchaço pós- traumático e pós-operatório

agudo, principalmente do nariz e da região paranasal. A dose

recomendada de bromelina é de 80-320 mg por dia administradas em

duas ou três doses. A duração do tratamento não deve exceder 8-10 dias.

Os efeitos adversos da bromelina incluem distúrbios gastrintestinais,

diarreia e reações alérgicas. A hipersensibilidade à bromelina constitui

uma contraindicação ao tratamento. Interações medicamentosas são

AN02FREV001/REV 4.0

13
14

relatadas com a bromelina, como associação com anticoagulantes e

antiplaquetários, fármacos que tem seu efeito potencializado.

Symphytum officinale L. (confrei)

O confrei é uma planta herbácea nativa da Europa na qual suas

folhas e raízes são usadas como droga vegetal. A planta apresenta alto

teor de mucilagem e de alantoína (15% na raiz). As partes aéreas e a raiz

são indicadas na Fitoterapia para o tratamento de contusões, estiramentos

e torções. As mucilagens presentes na plantas atuam como demulcente

local e a alantoína promove a cicatrização de feridas e acelera a

regeneração celular.

As preparações de confrei para o uso externo, como pomadas

devem conter até 20% da planta seca ou quantidades equivalentes de

AN02FREV001/REV 4.0

14
15

extrato. Na composição química do confrei é possível encontrar alguns

alcaloides insaturados de pirrolizidina, que são hepatotóxicos,

carcinogênicos e mutagênicos. Dessa forma, não se recomenda a

utilização de confrei para uso interno, por induzir a doença veno-oclusiva

em humanos. No caso de uso externo deve-se ter cautela com o teor de

alcaloides pirrolizidínicos nas preparações de confrei, não devendo a

quantidade ultrapassar de 1 mg destes alcaloides em uma dose diária, e

não utilizar por mais de 4-6 semanas ao ano.

Arnica montana L. (arnica, arnica-das-montanhas)

A arnica é uma planta herbácea perene nativa das regiões

montanhosas da Europa. As preparações farmacêuticas das flores de

arnica são indicadas para o uso externo no tratamento de condições pós-

traumáticas e pós-operatórias, como hematomas, torções, escoriações,

contusões, edema associados à fratura e dores reumáticas da musculatura

AN02FREV001/REV 4.0

15
16

e da articulação. Além dessas indicações, a arnica é indicada para alergia

à picada de insetos, furunculose, flebite superficial e processos

inflamatórios da orofaringe.

A droga vegetal contém 0,2-0,3% de óleo volátil, incluindo o

sesquiterpeno helenalina e outras lactonas sesquiterpênicas como

princípios ativos. As flavonas também são encontradas nas flores de

arnica em 0,4-0,6%. A arnica tradicionalmente é utilizada na forma de

tinturas e pomadas para aplicação externa. As tinturas para compressas

devem ser diluídas de 3:1 a 10:1 e as pomadas devem conter no máximo

15% de óleo de arnica.

Diversos estudos indicam as propriedades farmacológicas das

preparações da arnica como antimicrobiana, anti-inflamatória, estimulante

respiratória, estimulante uterino. O efeito anti-inflamatório significativo

terapeuticamente se deve a presença do sesquiterpeno helenalina, cuja

ação inclui efeito antiedematogênico. O tratamento tópico com

preparações de arnica pode resultar em dermatite de contato em

indivíduos sensibilizados pela helenalina. O potencial alergênico depende

da concentração deste ativo nas preparações farmacêuticas. Os efeitos

colaterais incluem dermatoses edematosas e eczema por uso prolongado.

Recomenda-se que as preparações de arnica não sejam utilizadas

internamente já que pode levar a um quadro de intoxicação, a ingestão de

70 g de tintura de arnica é fatal.

AN02FREV001/REV 4.0

16
17

Harpagophytum procumbens DC. (garra do diabo)

A garra do diabo é uma planta nativa da África do Sul, onde os

nativos utilizam como tônico amargo, antipirético e analgésico. A droga

vegetal consiste de bulbos periféricos que crescem até 3 cm de espessura

e são cortados em pedaços e expostos ao sol para secagem durante três

dias. Diversos compostos glicosídicos iridoides são encontrados na garra

do diabo, sendo o principal ativo o harpagosídeo que ocorre em 0,5-1,6%

na droga vegetal.

Diversos estudos farmacológicos demonstraram que as preparações

de garra do diabo possuem efeito analgésico e anti-inflamatório. Pacientes

com osteoartrite ativa dor nas costas e problemas reumáticos apresentam

melhora do seu quadro de dor com o tratamento com 2 g da droga

AN02FREV001/REV 4.0

17
18

vegetal em pó durante dois meses. Em um estudo comparativo com

pacientes com dor crônica nas costas, o grupo tratado com um extrato de

garra do diabo contendo 200-400 mg de harpagosídeo durante quatro

semanas contra o grupo placebo mostrou que o número de pacientes que

relataram dor era significativamente menor que o grupo placebo e que o

efeito analgésico do extrato se deu de forma dose-dependente. Dessa

forma, as principais indicações da garra do diabo são para anorexia,

devido ao seu sabor amargo e para o tratamento de doenças reumáticas

degenerativas. A dose para tratamento da anorexia é de 1,5 g e a dose

recomendada para distúrbios inflamatórios e dor é de 4,5 g. As

preparações de droga vegetal e o próprio ativo harpagosídeo possui baixo

índice de toxicidade. A planta é contraindicada em indivíduos com úlcera

gástrica e duodenal.

Óleo de Hortelã

A utilização de óleos essenciais friccionados na pele para alívio da

AN02FREV001/REV 4.0

18
19

dor não é recente. Os óleos de coníferas, cânfora, preparações de

capsaicina, óleo de hortelã (Mentha piperita L.) são comumente

empregados na medicina popular para dor. Evidências científicas apontam

que esses óleos possuem o mesmo mecanismo de ação para alívio da dor,

ou seja, seus constituintes causam irritação nas áreas da pele por meio de

neurônios espinhais desta região. Dentre os constituintes ativos no óleo

de hortelã estão o mentol, mentona, cineol, pineno, timol e carvona.

Soluções etanólicas contendo 10% de óleo de hortelã foram

investigadas quanto à eficácia em reduzir a dor de cabeça tensional

quando aplicada na área frontotemporal. O tempo de sensação do frio foi

avaliado sendo verificado que o óleo de hortelã foi capaz de estimular na

área aplicada receptores cutâneos de frio por mais de 30 minutos, tempo

maior que a área controle. Esse efeito resulta da estimulação de fibras A-

delta sensíveis ao frio e que são capazes de inibir as fibras C polimodais

que conduzem dor e desempenham um importante papel na patogenia da

cefaleia. Outro estudo comparando a ação de analgésicos padrões, como o

paracetamol e o ácido acetilsalicílico com o óleo de hortelã em pacientes

com cefaleia tensional, que atinge 30% da população, mostrou que o

efeito da aplicação do óleo de hortelã na testa destes pacientes

proporcionou uma melhora equivalente aos analgésicos de referência.

Capsicum (pimentão)

AN02FREV001/REV 4.0

19
20

As preparações oleosas ou em água e álcool com os frutos de várias

espécies de Capsicum são usados via tópica para alívio da dor e

tratamento de problemas reumáticos. Os principais constituintes são os

capsaicinoides, sendo a capsaicina a majoritária variando seu teor nas

diferentes espécies (0 a 1,5%). A administração tópica de preparações de

capsaicina incita uma resposta inicial caracterizada pela presença de

eritema, dor e aumento de temperatura, seguida de um período de

insensibilidade marcado por uma dessensibilização reversível das fibras

nervosas aferentes. A resposta inicial dura poucas horas enquanto o efeito

antinociceptivo é persistente durando horas ou semanas.

As formulações semissólidas (0,02-0,05% de capsaicinoides),

líquidas (0,005-0,01%) e emplastros atualmente são indicados para

espasmos musculares dolorosos, envolvendo o ombro, o braço ou a região

espinhal e nevralgias. Recomenda-se que a aplicação tópica não

ultrapasse dois dias devido ao risco de dano ao nervo sensorial devendo-

AN02FREV001/REV 4.0

20
21

se respeitar um intervalo de duas semanas entre os tratamentos.

Tanacetum parthenium L. (tanaceto, feverfew)

As folhas de tanaceto são usadas há anos para alívio da febre e da

dor. Diversos estudos da comprovação do tanaceto surgiram da

observação e relatos que indivíduos mastigavam as folhas para prevenir

ou reduzir a intensidade da dor de cabeça. Os constituintes presentes nas

folhas de tanaceto incluem os componentes de óleos voláteis, como o

acetato trans-crisantenil e a lactona sesquiterpênica partenolídeo,

principal responsável na profilaxia da enxaqueca.

O tanaceto é administrado na forma de cápsulas contendo 120 mg

de droga vegetal equivalente a 0,6 mg de partenolídeo na profilaxia da

enxaqueca uma vez ao dia. A planta é bem tolerada, podendo

ocasionalmente ocorrer dermatite de contato, irritação e ulceração de

mucosa oral, distúrbios gastrintestinais, dor abdominal associados ao uso

prolongado. O extrato de tanaceto é contraindicado em indivíduos

AN02FREV001/REV 4.0

21
22

hipersensíveis à planta e a lactonas sesquiterpênicas; não deve ser

utilizado durante a gravidez e a lactação, devido ao risco de aborto por

induzir contrações uterinas. Interações entre outros medicamentos podem

ocorrer, como antitrombóticos, ácido acetilsalicílico e anticoagulantes.

Recomenda-se o tratamento por um período curto e a suspensão do

tratamento deve ser feita com a redução gradativa da dose.

Cordia verbenaceae L. (erva-baleeira, maria-milagrosa)

A erva-baleeira é um arbusto perene nativo do nosso país,

encontrado principalmente no litoral sul. Tradicionalmente, a planta é

utilizada pela população no tratamento da úlcera gástrica, artrite

reumatoide e diversos processos inflamatórios e infecciosos.

Resultado dos esforços de grupos de pesquisa de universidades

brasileiras, a eficácia e propriedades terapêuticas da erva-baleeira foram

comprovadas; do óleo essencial obtido das folhas foi encontrado os

AN02FREV001/REV 4.0

22
23

compostos 𝛼–humuleno e trans- cariofileno, de ação anti-inflamatória.

Estudos farmacológicos demonstraram que os ativos presentes no óleo

essencial são capazes de inibir a produção de mediadores inflamatórios,

como a prostaglandina E2, citocinas pró-inflamatórias IL-1𝛽 e TNF- 𝛼.

Atualmente, está disponível o medicamento Acheflan®, primeiro

fitoterápico desenvolvido no Brasil, indicado para situações de tendinites e

afecções da musculatura esquelética associada à dor e inflamação, como

dorsalgia e lombalgia. Administrado topicamente a cada oito horas na

forma de creme ou aerossol contendo 5 mg de óleo essencial em cada

grama. O tratamento varia de acordo com a afecção podendo chegar até

quatro semanas. Não há relatos de reações adversas com a administração

de preparações de erva-baleeira.

AN02FREV001/REV 4.0

23
24

Salix (casca de salgueiro)

Desde a Grécia antiga os extratos de plantas que contêm salicina

eram utilizados para alívio da dor e redução da febre. A árvore do

salgueiro é uma espécie de Salix indicada na Fitoterapia para doenças

febris, problemas reumáticos e dor de cabeça, sendo comum sua

utilização na forma de chás antirreumáticos e diaforéticos.

A espécie Salix alba (salgueiro branco), Salix fragilis (salgueiro

frágil) e Salix purpurea (salgueiro roxo) apresentam alto teor de salicilina

– um β-glicosil alcoólico; além de 8-20% de taninos. A presença de

taninos justifica o desconforto gástrico causado pelas infusões da casca do

salgueiro por ser um irritante da mucosa gástrica.

Em estudos clínicos com pacientes com osteoartrite do quadril e

joelho tratados com um extrato de casca de salgueiro, equivalente a 240

mg de ácido salicílico e avaliados quanto a dor foi observado que em

comparação com o placebo, os pacientes tratados com salicilato

apresentaram melhora significativa após 14 dias de tratamento,

evidenciando assim o efeito anti-inflamatório e analgésico desta espécie,

além de sua atividade diaforética.

PLANTAS TÓXICAS

AN02FREV001/REV 4.0

24
25

As plantas tóxicas de maior distribuição no Brasil, de acordo com o

Sistema Nacional de Informações Toxicológicas – SINITOX – são:

Copo-de-leite

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Zantedeschia aethiopica Spreng.

NOME POPULAR: copo-de-leite.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato

(ráfides).

Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua,

palato e faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia.

AN02FREV001/REV 4.0

25
26

Comigo-ninguém-pode

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Dieffenbachia picta Schott.

NOME POPULAR: aninga-do-Pará. PARTE TÓXICA: todas as

partes da planta. PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato

(ráfides). Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua,

palato e faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia.

Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Contato ocular:

irritação intensa com congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

AN02FREV001/REV 4.0

26
27

Tinhorão

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Caladium bicolor Vent.

NOME POPULAR: tajá, taiá, caládio.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato

(ráfides). Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua,

palato e faringe.

Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas, vômitos e

diarreia. Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema,

fotofobia. Lacrimejamento.

AN02FREV001/REV 4.0

27
28

Taioba-brava

FAMÍLIA: Araceae.

NOME CIENTÍFICO: Colocasia antiquorum Schott.

NOME POPULAR: cocó, taió, tajá.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato

(ráfides).

Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua,

palato e faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas,

AN02FREV001/REV 4.0

28
29

vômitos e diarreia.

Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia.

Lacrimejamento.

Banana-de-macaco

FAMÍLIA: Annonaceae.

NOME CIENTÍFICO: Rollinia leptopetala R.E.Fr.

NOME POPULAR: Araticum, Ata-brava, Banana-de-macaco,

Bananinha, Bananinha-de-macaco, Bananinha-de-quemquem, Fruta-de-

macaco, Pereiro PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Oxalato de Cálcio.

QUADRO CLÍNICO: Irritante mecânico por ingestão e contato

AN02FREV001/REV 4.0

29
30

(ráfides). Dor em queimação, eritema e edema (inchaço) de lábios, língua,

palato e faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas,

vômitos e diarreia. Contato ocular: irritação intensa com congestão,

edema, fotofobia. Lacrimejamento.

Coroa-de-cristo

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia milii L.

NOME POPULAR: coroa-de-cristo.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou

vesículas e bolhas; pústulas, prurido, dor em queimação. Ingestão: lesão

irritativa, sialorreia, disfagia, edema de lábios e língua, dor em

queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite (processos

AN02FREV001/REV 4.0

30
31

inflamatórios), lesões de córnea.

Bico-de-papagaio

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia pulcherrima Willd.

NOME POPULAR: rabo-de-arara, papagaio. PARTE TÓXICA: todas

as partes da planta. PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou

vesículas e bolhas; pústulas, prurido, dor em queimação. Ingestão: lesão

irritativa, sialorreia, disfagia, edema de lábios e língua, dor em

queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite (processos

inflamatórios), lesões de córnea.

AN02FREV001/REV 4.0

31
32

Avelós

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Euphorbia tirucalli L.

NOME POPULAR: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-do-

diabo, pau-pelado, árvore de São Sebastião.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Látex Irritante.

QUADRO CLÍNICO: Irritação de pele e mucosas com hiperemia ou

vesículas e bolhas; pústulas, prurido, dor em queimação.

Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia, edema de lábios e

língua, dor em queimação, náuseas, vômitos. Contato ocular: Conjuntivite

AN02FREV001/REV 4.0

32
33

(processos inflamatórios), lesões de córnea.

Obs.: Alguns estudos brasileiros verificaram atividade

anticancerígena de componentes da planta.

Pinhão-roxo

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Jatropha curcas L.

NOME POPULAR: pinhão-de-purga, pinhão-paraguaio, pinhão-

bravo, pinhão, pião, pião-roxo, mamoninho, purgante-de-cavalo.

PARTE TÓXICA: folhas e frutos.

PRINCÍPIO ATIVO: Toxalbumina (curcina).

AN02FREV001/REV 4.0

33
34

QUADRO CLÍNICO: Ingestão: ação irritativa do trato

gastrointestinal, dor abdominal, náuseas, vômitos, cólicas intensas,

diarreia às vezes sanguinolenta. Hipotensão, dispneia, arritmia, parada

cardíaca. Evolução para desidratação grave, choque, distúrbios

hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia, coma. Pode ocorrer insuficiência

renal.

Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.

Mamona

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Ricinus communis L.

NOME POPULAR: carrapateira, rícino, mamoeira, palma-de-cristo,

carrapato.

PARTE TÓXICA: sementes.

PRINCÍPIO ATIVO: Toxalbumina (ricina).

AN02FREV001/REV 4.0

34
35

QUADRO CLÍNICO: Ingestão: ação irritativa do trato

gastrointestinal, dor abdominal, náuseas, vômitos, cólicas intensas,

diarreia às vezes sanguinolenta. Hipotensão, dispneia, arritmia, parada

cardíaca. Evolução para desidratação grave, choque, distúrbios

hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia, coma. Pode ocorrer insuficiência

renal.

Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.

Saia-branca

FAMÍLIA: Solanaceae.

NOME CIENTÍFICO: Datura suaveolens L.

NOME POPULAR: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira,

cartucheira, zabumba.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

AN02FREV001/REV 4.0

35
36

PRINCÍPIO ATIVO: alcaloides beladonados (atropina,

escopolamina e hioscina). QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e

vômitos. Quadro semelhante à intoxicação poratropina: pele quente, seca

e avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase,

agitação psicomotora, febre, distúrbios de comportamento, alucinações e

delírios, vasodilatação periférica.

Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios

cardiovasculares, respiratórios e óbito.

Saia-roxa

NOME CIENTÍFICO: Datura metel.

NOME POPULAR: Saia-roxa.

PARTE TÓXICA: Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloide daturina.

AN02FREV001/REV 4.0

36
37

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos. Quadro

semelhante à intoxicação por atropina: pele quente, seca e avermelhada,

rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora,

febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação

periférica. Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios

cardiovasculares, respiratórios e óbito.

Estramônio

FAMÍLIA: Solanaceae.

NOME CIENTÍFICO: Datura stramonium L.

NOME POPULAR: Zabumba, Mata zombando, Figueira do inferno.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Plantas Beladonadas.

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos.

AN02FREV001/REV 4.0

37
38

Quadro semelhante à intoxicação poratropina: pele quente, seca e

avermelhada, rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação

psicomotora, febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios,

vasodilatação periférica.

Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios

cardiovasculares, respiratórios e óbito.

Lírio

FAMÍLIA: Meliaceae.

NOME CIENTÍFICO: Melia azedarach L.

NOME POPULAR: Lilás ou lírio-da-índia, cinamomo, lírio ou lilás-da-

china, lírio ou lilás-do-japão, jasmim-de-caiena, jasmim-de-cachorro,

jasmim-de-soldado, árvore- santa, loureiro-grego, Santa Bárbara.

AN02FREV001/REV 4.0

38
39

PARTE TÓXICA: frutos e chá das folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: saponinas e alcaloides neurotóxicos

(azaridina).

QUADRO CLÍNICO: Início rápido: náuseas e vômitos. Quadro

semelhante à intoxicação poratropina: pele quente, seca e avermelhada,

rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora,

febre, distúrbios de comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação

periférica. Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios

cardiovasculares, respiratórios e óbito.

Chapéu-de-Napoleão

FAMÍLIA: Apocynaceae.

NOME CIENTÍFICO: Thevetia peruviana Schum.

NOME POPULAR: jorro-jorro, bolsa-de-pastor.

AN02FREV001/REV 4.0

39
40

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por

digitálicos.

INGESTÃO: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas

abdominais, diarreia. Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas,

confusão mental e distúrbios visuais. Distúrbios cardiovasculares:

arritmias, bradicardia, hipotensão. Contato ocular: fotofobia, congestão

conjuntival e lacrimejamento.

Oficial de sala

FAMÍLIA: Asclepiadaceae.

NOME CIENTIFICO: Asclepias curassavica L.

AN02FREV001/REV 4.0

40
41

NOME POPULAR: Paina-de-sapo, oficial-de-sala, cega-olhos, erva-

de-paina, margaridinha, imbira-de-sapo, erva de rato falsa.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por

digitálicos.

Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas

abdominais, diarreia. Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas,

confusão mental e distúrbios visuais.

Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.

Espirradeira

AN02FREV001/REV 4.0

41
42

FAMÍLIA: Apocynaceae.

NOME CIENTÍFICO: Nerium oleander L.

NOME POPULAR: oleandro, louro-rosa.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por

digitálicos. Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas,

vômitos, cólicas abdominais, diarreia.

Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental

e distúrbios visuais.

Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival e lacrimejamento.

Dedaleira

AN02FREV001/REV 4.0

42
43

FAMÍLIA: Scrophulariaceae.

NOME CIENTÍFICO: Digitalis purpúrea L.

NOME POPULAR: Dedaleira, digital.

PARTE TÓXICA: Folha e Flor.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cardiotóxicos.

QUADRO CLÍNICO: Quadro semelhante à intoxicação por

digitálicos.

Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas

abdominais, diarreia. Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas,

confusão mental e distúrbios visuais. Distúrbios cardiovasculares:

arritmias, bradicardia, hipotensão.

AN02FREV001/REV 4.0

43
44

Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival e lacrimejamento.

Mandioca-brava

FAMÍLIA: Euphorbiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Manihot utilissima Pohl. (Manihot esculenta

ranz).

NOME POPULAR: mandioca, maniva.

PARTE TÓXICA: raiz e folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cianogênicos.

QUADRO CLÍNICO: Liberam ácido cianídrico causando anoxia

celular.

Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais,

diarreia, acidose metabólica, hálito de amêndoas amargas. Distúrbios

neurológicos: sonolência, torpor, convulsões e coma.

AN02FREV001/REV 4.0

44
45

CRISE TÍPICA: opistótono, trismas e midríase. Distúrbios

respiratórios: dispneia, apneia, secreções, cianose, distúrbios

cardiocirculatórios. Hipotensão na fase final. Sangue vermelho rutilante.

Coração-de-negro ou Pessegueiro-bravo

FAMÍLIA: Rosaceae.

NOME CIENTÍFICO: Prunus sphaerocarpa SW.

NOME POPULAR: pessegueiro-bravo, marmeleiro-bravo.

PARTES TÓXICAS: frutas e sementes.

PRINCÍPIO ATIVO: Glicosídeos Cianogênicos.

QUADRO CLÍNICO: Liberam ácido cianídrico, causando anoxia

celular. Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais,

diarreia, acidose metabólica, hálito de amêndoas amargas. Distúrbios

neurológicos: sonolência, torpor, convulsões e coma. Crise típica:

AN02FREV001/REV 4.0

45
46

opistótono, trismas e midríase. Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia,

secreções, cianose, distúrbios cardiocirculatórios. Hipotensão na fase final.

Sangue vermelho rutilante.

Giesta

FAMÍLIA: Leguminosae (Fabaceae).

NOME CIENTÍFICO: Cytisus Scoparius.

NOME POPULAR: Giesta.

PARTE TÓXICA: Folha, Caule e Flor.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais:

náuseas, cólicas abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos.

Raramente torpor e discreta confusão mental.

AN02FREV001/REV 4.0

46
47

Joá

NOME POPULAR: Joá.

PARTE TÓXICA: Fruto e Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais:

náuseas, cólicas abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos.

Raramente torpor e discreta confusão mental, sintomas de intoxicação

atropínica e, às vezes, obstrução intestinal. Torpor, astenia e prostração.

Quadro simula abdômen agudo.

Esporinha

AN02FREV001/REV 4.0

47
48

FAMÍLIA: Ranunculaceae.

NOME CIENTÍFICO: Delphinium spp .

NOME POPULAR: Esporinha.

PARTE TÓXICA: Semente.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos (Alcaloide delfina).

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais:

náuseas, cólicas abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos.

Raramente torpor e discreta confusão mental.

Flor-das-almas

AN02FREV001/REV 4.0

48
49

FAMÍLIA: Asteraceae.

NOME CIENTÍFICO: Senecio spp.

NOME POPULAR: maria-mole, tasneirinha, flor-das-almas.

PRINCÍPIO ATIVO: Alcaloides não Atropínicos.

QUADRO CLÍNICO: Predominam sintomas gastrointestinais:

náuseas, cólicas abdominais e diarreia. Distúrbios hidroeletrolíticos.

Raramente torpor e discreta confusão mental. Principalmente crônica pode

causar doença hepática com evolução para cirrose ou S. Budd-Chiari.

Urtiga

AN02FREV001/REV 4.0

49
50

FAMÍLIA: Urticaceae.

NOME CIENTÍFICO: Fleurya aestuans L.

NOME POPULAR: urtiga-brava, urtigão, cansanção.

PARTE TÓXICA: pelos do caule e folhas.

PRINCÍPIO ATIVO: histamina, acetilcolina, serotonina.

SINTOMAS: o contato causa dor imediata devido ao efeito

irritativo, com inflamação, vermelhidão cutânea, bolhas e coceira.

Aroeira

AN02FREV001/REV 4.0

50
51

FAMÍLIA: Anacardiaceae.

NOME CIENTÍFICO: Lithraea brasiliens March.

NOME POPULAR: pau-de-bugre, coração-de-bugre, aroeirinha

preta, aroeira-do- mato, aroeira-brava.

PARTE TÓXICA: todas as partes da planta.

PRINCÍPIO ATIVO: os conhecidos são os óleos voláteis,

felandreno, carvacrol e pineno.

SINTOMAS: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca

reação dérmica local (bolhas, vermelhidão e coceira), que persiste por

vários dias; a ingestão pode provocar manifestações gastrointestinais.

AN02FREV001/REV 4.0

51
52

REFERÊNCIAS

BALUNAS, M. J., KINGHORN, D. Drug discovery from medicinal plants. Life

Sciences, 2005. p. 431-41.

BRASIL, Congresso Nacional. Lei nº 6.360 de 23 de setembro de 1976.

Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos,

as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes

e outros produtos e dá outras providências. D. O. U. Brasília, 24 set.

1976.

BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Resolução RDC nº. 210, de 04 de agosto de 2003. Determina a todos os

estabelecimentos fabricantes de medicamentos, o cumprimento das

diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico das Boas Práticas para a

Fabricação de Medicamentos, conforme ao Anexo I da presente Resolução.

D. O. U. Poder Executivo, Brasília, 14 ago. 2003.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 48

de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos

fitoterápicos. D.

O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 48

de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos

fitoterápicos. D.

AN02FREV001/REV 4.0

52
53

O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 88 de

16 de março de 2004. Dispõe sobre a Lista de referências bibliográficas

para avaliação de segurança e eficácia de fitoterápicos. D. O. U. Brasília,

18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 89 de

16 de março de 2004. Dispõe sobre a Lista de registro simplificado de

fitoterápicos.

D. O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 90 de

16 de março de 2004. Dispõe sobre o Guia para os estudos de toxicidade

de medicamentos fitoterápicos. D. O. U. Brasília, 18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 91 de

16 de março de 2004. Dispõe sobre o Guia para realização de alterações,

inclusões, notificações e cancelamento pós-registro de fitoterápicos. D. O.

U. Brasília, 18 mar. 2004.

Ministério da Saúde. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PN- PIC) no

Sistema Único de Saúde. D. O. U. Poder Executivo, Brasília, 4 maio 2006.

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.813 de 22 de junho de

2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá

outras providências. D. O. U. Poder Executivo, Brasília, 23 jun. 2006.

AN02FREV001/REV 4.0

53
54

COSTA, A. Farmacognosia. Fundação Calouste Gulbenkian. v. I, II e III,

Lisboa - Portugal, 2. ed. 1982.

EVANS, W. C. Pharmacognosy. W. B. Saunders, 5. ed. 2002.

FERRO, Degmar. Fitoterapia: conceitos clínicos. São Paulo: Atheneu,

2008.

FREITAS, Andreia. Estrutura de mercado do segmento de fitoterápicos no

contexto atual da indústria farmacêutica brasileira. Ministério da Saúde,

2007.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. National policy on traditional

medicine and regulation of herbal medicines – Report of a WHO global

survey. Genebra, 2005.

SIMÕES, Maria Oliveira e cols. Farmacognosia: da planta ao medicamento.

UFRGS, 2004.

VOLKER, Schulz.; HÄNSEL, Rudolf.; TYLER, Varro, E. Fitoterapia Racional.

Um guia de fitoterapia para as ciências da saúde. São Paulo: Manole,

2002.

AN02FREV001/REV 4.0

54
55

AN02FREV001/REV 4.0

55

Você também pode gostar