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AVALIAÇÃO E TERAPIA DE

FALA ENVOLVENDO ASPECTOS


MIOFUNCIONAIS
UNIDADE III
ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MÚSCULO
ESQUELÉTICA
Atualização
Profa Wânia Regina Lima

Elaboração
Profa Claudia Gomes Ligocki

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MÚSCULO ESQUELÉTICA............................................................................................ 5

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................28
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ALTERAÇÕES DE FALA
DE ORIGEM MÚSCULO UNIDADE III
ESQUELÉTICA

Fonte: Dra. Irene Queiroz Marchesan.


Especialista em Motricidade Oral pelo CFFa.
Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC – SP.
Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

A fala é a representação motora da linguagem. Para uma fala normal, precisamos


da integridade e da integração da cognição, com os sistemas neuromuscular e
músculo – esqueletal. O estudo da fala, como a articulação dos sons, é realizado
pela fonética e o estudo da aquisição dos fonemas de uma língua é pertinente à
fonologia. A fonética estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas
e a fonologia estuda os sons do ponto de vista funcional como elementos que
integram um sistema linguístico determinado. A fonética descreve os sons da
linguagem analisando suas particularidades articulatórias, acústicas e perceptivas
e a fonologia estuda as diferenças fonêmicas intencionais, distintivas, ou seja, as
que trazem diferença de significado. A unidade da fonética é o som da fala, ou o
fone, enquanto a unidade da fonologia é o fonema.

As alterações de fala correspondem às alterações que afetam os padrões de


pronúncia ou de produção dos sons da língua. Os distúrbios motores da fala
podem ser definidos como distúrbios de fala resultante de deficits neurológicos,
afetando a programação motora ou a execução neuromuscular da fala. Estas
alterações estão ligadas, principalmente, às fases de programação e/ ou execução
neuromotora. Neste capítulo, estudaremos as alterações de fala de origem
fonética. Estas podem ocorrer por alterações neuromusculares ou por alterações
músculoesqueletais. As alterações de fala de origem neuromuscular englobam
as disartrias e as dispraxias. As alterações de origem músculo-esqueletais
correspondem aos distúrbios causados por problemas nas estruturas ósseas, nas
cartilagens e/ou nos músculos envolvidos na produção da fala.

Evidentemente que, para compreender as alterações da fala, temos de estudar


a fisiologia da produção dela, assim como a anatomia das estruturas que a
produzem. Não é o propósito deste capítulo desenvolver com profundidade esses

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aspectos, mas queremos, aqui, levantar alguns pontos mostrando a importância


deste tópico.

Quando dois ou mais órgãos se combinam de forma a mostrar-se como uma unidade
funcional, eles são chamados de “sistema”. Por exemplo, temos os sistemas:
esqueletal, articular, muscular, digestivo, vascular, nervoso e respiratório, entre
outros. Evidentemente, nenhum destes sistemas é independente dos outros. Para
o mecanismo da fala usamos mais uns, do que outros desses sistemas, embora
todos eles sejam necessários para a correta produção da fala. Os sistemas mais
utilizados para a produção da fala são: esqueletal, muscular, nervoso e respiratório.
Quando encontramos alguma alteração na fala, evidentemente todos os sistemas
devem ser verificados, pois um deles, mais provavelmente, é o causador da
alteração encontrada. Assim, o clínico deve ter um bom protocolo de avaliação, o
qual inclua os vários aspectos que poderão interferir na produção da fala.

Para a produção da fala, necessitamos de bons mecanismos de respiração,


fonação, articulação, ressonância, de boa audição e, evidentemente, do feedback
auditivo e proprioceptivo. Claro fica que todos estes processos não ocorrem em
uma determinada ordem, mas tudo acontece simultaneamente, e um aspecto
influencia o outro, sendo todos comandados pelo sistema nervoso central. Por
exemplo, para a correta produção dos sons da fala, precisamos da integridade
dos pulmões, da traqueia, da laringe, das cavidades nasais e da boca. Qualquer
uma das partes não funcionando adequadamente, fará com que o produto não
seja de boa qualidade. Isto significa que conhecer os vários sistemas e as várias
partes que participam da produção da fala é essencial. Assim, quando avaliamos
qualquer alteração na produção de um som, vamos lembrar de que será essencial
verificarmos item a item dos participantes da produção deste som para sabermos
onde está o problema e, consequentemente, do que vamos tratar. Vamos ainda
nos lembrar de que a qualidade de muitos sons pode ser grandemente modificada,
por exemplo, pelas mudanças na configuração do trato respiratório, do trato
vocal e da anatomia da boca e de seus componentes; assim, é muito importante
conhecer em profundidade todos estes e outros elementos participantes da
produção do som para identificar e classificar as alterações articulatórias
encontradas na fala.

Uma analogia física do mecanismo da fala consistiria de: estoque de energia


(representado pelo mecanismo de respiração), elementos de vibração, sistema
de válvulas e dispositivo de filtros. Finalizando, alterações no sistema nervoso

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trariam como consequência problemas na fala de origem neurológica e alterações


das estruturas que a produzem; levariam a problemas de fala de origem muscular
ou esqueletal. Quando estas alterações são apenas da produção sem envolver
a linguagem, dizemos que são de origem fonética de causas neurológicas ou
músculo-esqueletais.

1.1. Alterações de fala de origem fonética


Uma alteração de fala, cuja causa é decorrente de alterações do sistema
nervoso, pode resultar em disartria ou dispraxia. Estas alterações são, em geral,
consequências de lesões neurológicas. Apesar de a causa ser a mesma, os sintomas
de cada uma destas alterações são bem diferentes e já foram bem descritos na
literatura.

1.1.1. Disartria

O termo disartria vem do grego dys + arthroun, que significa ‘inabilidade para
pronunciar claramente’. A disartria é definida como articulação imperfeita da
fala causada por uma lesão no sistema nervoso central ou periférico. Normalmente
os distúrbios causados pela perda do controle muscular dos mecanismos da fala
são fraqueza, paralisia do aparelho fonador ou incoordenação da musculatura da
fala. As características mais comuns da disartria são a imprecisão na articulação
das consoantes, assim como a velocidade lenta da fala 4. Existem vários tipos
de disartrias e elas se diferenciam por diferentes características de fala e de
voz. As disartrias mais citadas na literatura são: flácida, espástica, hipocinética,
hipercinética, atáxica e mista 5. Os principais quadros neurológicos onde as
disartrias costumam ocorrer são nas alterações: do neurônio motor superior –
córtex e trato piramidal; extrapiramidais; cerebelares; de danos de localização
desconhecida e da junção mioneural.

Para avaliar as alterações que ocorrem nas alterações motoras da fala é


fundamental que saibamos a etiologia da disartria, já que algumas ocorrem após
traumas encefálicos e outras são devido a doenças neurológicas degenerativas.
Precisamos avaliar aspectos como força, amplitude e velocidade de cada um dos
movimentos envolvidos na fala. A avaliação constará de aspectos objetivos e
subjetivos. Deverá ser realizada a avaliação dos aspectos vocais e da articulação
da fala 5-9.

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A terapia será planejada de acordo com a origem da alteração e com os achados


encontrados na avaliação. Assim, a avaliação e o conhecimento das causas da
disartria são fundamentais para que se possa obter maior assertividade no
tratamento. Terá forte influência no trabalho a ser desenvolvido: o estado
neurológico, a história de vida, a idade, a presença de ajustes automáticos, o
tratamento multidisciplinar, a personalidade do sujeito e o sistema de apoio, ou
seja, a influência da família no tratamento e outras atividades que o paciente terá
durante ele.

Outros autores sugerem que a terapia deva estar baseada na fisiologia de


funcionamento das estruturas envolvidas na alteração, propondo então a análise
de cada um dos componentes da fala. Considerar os processos básicos da fala –
respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia – pode ser o ponto de
partida para a avaliação e o tratamento.

Evidentemente, o trabalho a ser realizado deverá considerar as particularidades


de cada paciente, considerando-se sempre a causa e a fisiologia das alterações
encontradas.

1.1.2. Dispraxia

A dispraxia, assim como a disartria, também é considerada como uma alteração


motora da fala, causada por uma lesão cerebral. Os termos dispraxia e apraxia
são utilizados muitas vezes como sinônimos na literatura, embora o prefixo
“dis” signifique ‘diminuição’ e o prefixo “a” signifique ‘ausência’. A apraxia ou
dispraxia foi caracterizada como uma alteração articulatória resultante de um
distúrbio na capacidade de programar o posicionamento dos músculos da fala
e de sequencializar os movimentos na produção intencional ou espontânea dos
fonemas 13. Ao contrário da disartria, não há fraqueza ou lentidão significantes, ou
mesmo incoordenação destes músculos nos movimentos reflexos ou automáticos.

Outras interessantes definições sobre dispraxia podem ser encontradas na


literatura como as que se seguem. As dispraxias de desenvolvimento são um
grupo de alterações fonológicas resultante da ruptura dos processos sensório
motores centrais que interferem com o aprendizado motor da fala. A dispraxia
da fala em adultos é um distúrbio neurogênico com neuropatologia documentada
no hemisfério esquerdo incluindo áreas como a de broca e motora suplementar;
primariamente um distúrbio articulatório (fonológico) caracterizado por problemas
sensório motores para posicionar e sequuencializar os músculos para a produção

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voluntária da fala; associada com problemas de prosódia; não sendo causada por
fraqueza muscular ou lentidão neuromuscular; presumindo-se ser uma alteração
da programação da fala.

Algumas das principais características da disartria estão aqui descritas: os erros


de articulação aumentam proporcionalmente à complexidade do ajuste motor
que a articulação exige; a zona de articulação do fonema deve ser considerada já
que os palatais e dentais são mais suscetíveis a erros do que outros sons; o modo
de articulação também interfere na produção da fala, sendo que os fricativos são
mais difíceis de serem articulados do que os plosivos; a repetição de fonemas, de
pontos anteriores para posteriores, é mais fácil; as consoantes iniciais tendem
a serem produzidas mais inadequadamente do que quando em outras posições;
a repetição se apresenta pior do que a fala espontânea; a articulação correta
parece ser influenciada pela forma de apresentação do estímulo. Conhecer, estas
e outras características da dispraxia é importante para avaliarmos corretamente
o paciente, e definirmos qual será a melhor estratégia de terapia para ele.

O propósito da avaliação dos problemas motores da fala é: descrever e detectar o


problema; determinar as possibilidades de diagnóstico; determinar o diagnóstico;
constatar implicações para a localização do problema e o diagnóstico da doença e
especificar a severidade. As diretrizes gerais para o exame são: história do paciente;
características evidentes; sinais confirmatórios e integração dos achados. Para o
exame motor da fala devemos: obter a história; examinar os mecanismos da fala
durante atividades que não envolvam fala; avaliar as características perceptuais da
fala; avaliar a inteligibilidade e obter medidas acústicas e fisiológicas.

Como considerações gerais para o tratamento da dispraxia, podemos elencar os


seguintes itens:

» começar a terapia o quanto antes;

» as sessões devem ser mais frequentes do que o usual;

» considerar se não existem outras alterações associadas;

» adiar o tratamento quando houver afasia associada até que alguma linguagem
seja reestabelecida;

» iniciar cada sessão com tarefas fáceis sempre para depois introduzir as mais
difíceis;

» terminar a sessão com algo de sucesso;

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» estar consciente que o tratamento é essencialmente comportamental;

» estar consciente de que o tratamento é limitado e os efeitos podem ser


indiretos e temporários;

» estar consciente que não adianta usar feedback auditivo atrasado;

» enfatizar a eficiência comunicativa;

» enfatizar a precisão articulatória e, treinar cuidadosamente tarefas de fala


como – fala automática antes da espontânea;

» sons mais frequentes na língua;

» sons em posições iniciais na palavra;

» sons visíveis;

» oral e nasal antes de surdo e sonoro;

» surdo e sonoro antes de modo;

» modo antes de ponto;

» bilabial e línguo-alveolar antes dos outros;

» usar palavras de alta frequência;

» palavras com significado;

» palavras monossílabas e dissílabas antes e palavras antes de frases ou


sentenças 16.

Como procedimentos de tratamento da dispraxia podemos elencar os seguintes


itens:

» psicoterapia e garantir apoio para o cliente e para a família;

» usar práticas consistentes e variáveis;

» produzir modelos de sons com frequência para o paciente poder imitá-lo;

» garantir a prática sistemática para a produção dos sons da fala;

» reduzir o ritmo da fala inicialmente; aumentar o ritmo da fala quando a


precisão articulatória melhorar e estabilizar;

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» usar técnicas que possam promover a prosódia naturalmente;

» trabalhar com a colocação fonética do som e com suas variações;

» usar uma variedade de sons e combinações de sons;

» praticar produções de sons com material significativo;

» dar instruções e demonstrações de produção de fala;

» fornecer feedback específico imediatamente;

» usar instrumental para biofeedback ou feedback quando necessário;

» enfocar as atividades do tratamento em atividades de fala;

» usar atividades com ênfase nos contrastes da fala;

» usar técnicas com pistas; usar contrastes fonéticos; inicialmente usar


atividades de fala automática para evocar fala;

» usar frases simples;

» usar canto;

» usar exercícios para conseguir o fechamento das pregas vocais e a fonação


quando necessário;

» usar laringes artificiais quando necessário;

» enfatizar a comunicação total, combinando o uso de expressões verbais com


gestos, com escrita, com comunicação alternativa; ensinar habilidades de
autocontrole e auto monitoramento;

» usar técnicas de tratamento de alterações articulatórias e de alterações


fonológicas 18-20.

Segundo uma pesquisa desenvolvida em um centro americano 17, a incidência


de alterações motoras da fala, disartrias e dispraxias, é de 36,5%; as alterações
de fala por deficiências anatômicas, 9,3%; as alterações cognitivas-linguísticas,
9,2%. Como podemos observar, alterações de fala por problemas neuromotores
são muito maiores do que as demais. Em geral, o investimento nos cursos de
graduação de fonoaudiologia para ensinar a avaliar e tratar as alterações de
fala de origem fonológica é muito maior do que para os de origem fonética.
Apontamos ainda que, entre as alterações de fala de origem neurológica, a
disartria tem 46,3% e a dispraxia apenas 4,6%.

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1.2. Causadas por alterações nos músculos, cartilagens ou


ossos
Existem influências na produção da fala que não têm como causa os processos
cognitivos- linguísticos ou as alterações neuromotoras. Em algumas alterações,
fica muito claro que não há comprometimento do sistema nervoso. Em outras
alterações, as causas são difíceis de serem detectadas, mas sabemos que não
são alterações, nem neuromotoras, nem especificamente cognitivo-linguísticas.
Estas são as alterações de fala cuja origem pode estar nas alterações dos
músculos, das cartilagens ou dos ossos e são chamadas de alterações de fala de
origem músculo-esqueletais. Temos, como exemplo clássico destas alterações,
a fala dos indivíduos com fissuras de lábio e/ou palato. Podemos considerar
ainda os laringectomizados, os indivíduos que sofreram fraturas nos ossos
da face, as variações anormais na forma e no tamanho da cavidade oral, as
alterações dentárias, as cirurgias que levam a lesões de forma ou do tecido e
assim por diante. A integridade de músculos, ossos e cartilagens é crucial para
se obter uma fala normal. Lesões, ferimentos, doenças, alterações congênitas,
cirurgias, modificações que ocorrem com a idade, poucos cuidados com os
dentes, por exemplo, são fatores a serem considerados nas alterações de fala.
Outras influências físicas, tais como variações anormais no tamanho e na forma
das estruturas da fala ou o efeito de doenças sistêmicas também podem alterar
a fala.

Ao avaliarmos uma alteração de fala, buscando causas de origem músculo-esqueletal,


nós devemos nos centrar, durante a avaliação, na anatomia e fisiologia das
estruturas que participam da produção dela.

As possíveis causas das alterações de fala de origem muscular podem ser por:
paresias, fibroses, atrofia muscular, perda da mobilidade, fasciculações, alterações
de tamanho ou forma.

As alterações de fala de origem esqueletal podem ser por: alterações nos ossos
ou na conformação da face. A ausência de dentes, as próteses, a má-oclusão,
por exemplo, podem afetar a fala. Os sons mais afetados nas alterações
músculo-esqueletais, em geral pelas más condições das estruturas orais,
principalmente as oclusais, são as sibilantes, /s/.

Comentaremos a seguir as interferências mais frequentes nas alterações de


fala de origem músculoesqueletal explicando como estas causas interferem na
produção da fala.

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1.2.1. Tonsilas hipertróficas

Quando há aumento das tonsilas, da faríngea e ou das palatinas, observamos que
a passagem para o ar fica diminuída ou mesmo totalmente obstruída. Quando
isto ocorre, a boca se entreabre e a língua toma uma posição mais baixa. Como
consequência deste posicionamento inadequado de lábios e língua, podemos
ter: flacidez da língua e dos lábios, principalmente do inferior; retração do lábio
superior; possível atresia do arco maxilar; possíveis alterações oclusais, e as que
mais interferem com a fala são as mordidas abertas ou cruzadas unilaterais. As
funções de mastigar e deglutir também podem, como consequência do aumento
das tonsilas, estarem alteradas. É ainda previsto acúmulo de saliva na cavidade
oral, uma vez que o número de vezes que o paciente passa a deglutir se torna
menor. Com este quadro de alterações ósseas, dentárias, musculares e funcionais,
poderemos ter alterações nos fonemas sibilantes que podem estar sendo
produzidos de forma distorcida, principalmente por causa do posicionamento da
língua. Além da distorção, pode ocorrer imprecisão, já que a flacidez da língua
dificulta que os pontos de contato sejam corretos. Em alguns casos, a parte média
da língua fica elevada facilitando o aparecimento do ceceio lateral. Se ocorrer
mordida aberta anterior, também poderemos ter o ceceio anterior. Os indivíduos
que respiram pela boca, não importando a causa, quase sempre terão a língua
posicionada no assoalho da boca, com possíveis alterações musculares, ósseas
e até oclusais, conforme vimos. A respiração oral favorece o aparecimento do
ceceio anterior ou lateral, e a imprecisão articulatória da fala. Isto pode ocorrer
pela flacidez dos órgãos fono-articulatórios e também pelo acúmulo da saliva na
boca.

1.2.2. Dentes

A ausência de elementos dentários, o apinhamento dos dos dentes, a inclinação


lingualizada ou vestibularizada dos incisivos superiores podem levar a uma alteração
do espaço intraoral, dificultando o posicionamento da língua para articular com
precisão os fones. No caso, por exemplo, da inclinação vestibularizada dos incisivos
superiores, os fonemas linguodentais podem estar sendo produzidos com a língua
posicionada anteriormente. Por outro lado, quando há a lingualização dos dentes
superiores e o espaço interno fica diminuído, a língua tende a baixar a sua ponta
e elevar seu dorso para se acomodar melhor dentro da cavidade oral, fazendo
com que os fones sibilantes percam seus pontos de contato ficando distorcidos.
Quando ocorrem doenças periodontais, já numa fase mais adiantada em que as

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peças dentárias podem ter se movimentado com o consequente aparecimento de


diastemas, temos a fala com assobio e maior escape de saliva, além da anteriorização
dos fones linguodentais.

1.2.3. Oclusão e mordida

As mordidas abertas, cruzadas e sobremordidas podem favorecer o aparecimento de


pontos de contato inadequados na produção dos sons da fala. Nas sobremordidas,
é comum o aparecimento do assobio nos sibilantes. Isto ocorre pela diminuição do
espaço vertical interno. Nas mordidas cruzadas, podemos ter o deslizamento da
mandíbula para lateral, o que também favorece a má produção dos sibilantes. As
mordidas abertas podem favorecer o aparecimento do ceceio anterior, assim como
favorecer a anteriorização do ponto de articulação dos fones línguodentais.

Na má-oclusão de Classe II de Angle, pelo fato de haver discrepância


póstero-anterior da maxila com a mandíbula, observamos que os fonemas
bilabiais são produzidos com o lábio inferior, em contato com os dentes incisivos
superiores, ao invés do contato normal que seria lábio inferior em contato com
o lábio superior. O ceceio lateral também pode ocorrer pelo fato da parte média
da língua se manter próxima do palato duro, diminuindo o espaço de saída do
ar. O deslize mandibular anterior também é frequente para ampliar o espaço
interno, facilitando o correto posicionamento da língua na produção dos sons.
Bastante comum ainda é o acúmulo de saliva na cavidade oral, favorecendo uma
articulação mais fechada, evitando que a saliva seja expelida da boca durante a
fala.

Na Classe III de Angle, podemos observar a mudança do ponto articulatório


das fricativas /f/ e /v/, em que a produção delas fica invertida, ou seja, o
lábio superior se articula com os dentes inferiores para produzir estes sons.
Observamos ainda maior uso do lábio superior nos plosivos e maior participação
da parte média da língua durante a fala.

» Disfunção temporomandibular

Segundo Bianchini, pacientes com disfunção da articulação temporomandibular


tenderão a apresentar: redução da amplitude do movimento mandibular; aumento
da atividade da musculatura perioral; lateralização da mandíbula no /s/ e /z/;
diminuição da velocidade da fala e ainda alterações de voz.

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» Movimentos mandibulares

Os movimentos mandibulares inadequados durante a fala, como deslizes


mandibulares frontais ou laterais, assim como a menor abertura de boca ou
os movimentos exagerados da mandíbula, são encontrados em sujeitos com:
respiração oral; Classe II de Angle, 1 a divisão; excessiva sobressaliência;
mordida cruzada lateral ou aberta anterior, assim como nasdisfunções da
articulação temporomandibular. Provavelmente estes movimentos inadequados
de mandíbula ocorram como forma de compensação para encontrar melhor
possibilidade de correta articulação dos fonemas a serem produzidos.

» Saliva

A quantidade e a qualidade da saliva interferem na produção da fala. Quando há


excesso na produção, esta tenderá a se acumular nas comissuras e será expelida
durante a fala. Para que isto não aconteça, há instintivamente a diminuição do
espaço entre os maxilares durante a fala, evitando este escape. No entanto, esta
manobra de compensação para conter a saliva leva a uma imprecisão da fala.
Quando existe pouca saliva, a língua aumenta seus movimentos na tentativa de
buscar mais saliva. Este movimento causa um ruído característico, produzido
também pelos idosos que têm menos saliva, e que acompanha a fala quase o tempo
todo interferindo na sua produção.

» Alterações estruturais da face

O crescimento craniofacial se dá durante a infância e a adolescência. Quando


ele não ocorre de maneira adequada e o crescimento termina com grandes
desproporções maxilo-mandibulares, sejam elas no sentido horizontal, vertical ou
transversal, provavelmente haverá maior possibilidade de ocorrerem alterações da
articulação dos fonemas. As modificações da fala serão totalmente dependentes
do tipo de alteração estrutural encontrada. Faces mais longas, em oposição às
faces curtas, apresentam comportamento da musculatura antagônica, assim como
os espaços internos são distintos. Nas faces longas, observamos maior flacidez da
musculatura, propiciando abertura da boca mais frequentemente com consequente
posicionamento baixo de língua. Nas faces curtas, o espaço intraoral é menor,
propiciando maiores deslizamentos da mandíbula, para anterior ou lateral, com
a finalidade de possibilitar a correta articulação dos sons sibilantes, por exemplo.

Vamos encontrar ainda alterações estruturais na face decorrentes de traumas


ou de cirurgias, como, por exemplo, nos casos de acidentes, queimaduras ou

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UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

câncer na região da face. Estas alterações estruturais são acompanhadas por


modificações musculares adaptadas à estrutura transformada. Observamos o
mesmo fenômeno, nas más formações da face, em síndromes que afetam a face
e em fissuras labiopalatinas, além de outros. Em cada uma destas alterações
poderá haver compensações buscando melhores apoios para uma melhor
articulação dos sons. As estruturas que produzem a fala passam a utilizar os
pontos mais favoráveis para a produção dos fonemas. A compensação sempre
é realizada para que a fala permaneça com suas características, o mais próximo
possível do que se espera como normal. Portanto, as modificações articulatórias
serão dependentes, por exemplo, das cirurgias realizadas ou da grandeza da
má- formação encontrada na face.

» Próteses

As próteses dentárias causam problemas para que se possa articular com


perfeição os sons da fala quando não são bem construídas e/ou adaptadas.
As próteses também podem ser confeccionadas para a melhora da fala, como
se usa com frequência nos indivíduos com fissuras labiopalatinas ou nos
indivíduos com doenças neurológicas evolutivas as quais podem causar perda
da mobilidade do palato mole. Em geral, a prótese dentária, quando não está
bem adaptada, traz problemas do tipo falar com a boca mais fechada para não
perder a estabilidade da prótese e isto acaba por causar imprecisão articulatória.
A diminuição dos movimentos mandibulares também fica evidente, assim como
aparecem movimentos alterados de mandíbula e de lábios numa tentativa de
manter a prótese mais firme e de compensar ou melhorar a precisão da fala.

» Frênulo lingual

O frênulo lingual, quando alterado, traz várias modificações para os movimentos


da língua e dos lábios, assim como para a correta e precisa articulação de alguns
fonemas. Os movimentos da língua ficam reduzidos, a abertura da boca tenderá
a ser menor durante a fala, o /r/ brando poderá estar distorcido, os grupos
consonantais com /l/ e com /r/ podem não ser produzidos de forma clara e
consistente. O que se observa mais comumente é a dificuldade de aquisição
de alguns sons principalmente do /r/, que, mesmo adquirido, deixa a fala fica
imprecisa como um todo, pelo fato de haver diminuição da abertura da boca. Isto
ocorre para que a língua possa alcançar o palato para produzir todos os sons que
necessitam deste ponto de apoio 26-27.

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Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

» Piercing

A inserção de objetos de metal na boca, como o piercing, parece ser moda


principalmente entre os jovens; no entanto, esta nova mania pode trazer
numerosas complicações orais e dentais, mas nem sempre são observadas
alterações de fala, mastigação e deglutição em quem usa este adorno. Os
piercings utilizados na língua são os que mais frequentemente podem interferir
na articulação da fala. É fundamental que os jovens, assim como seus pais,
sejam alertados para as possíveis interferências que podem ocorrer pelo uso
deste adorno. A simples retirada do objeto em geral, já é suficiente para que
qualquer alteração das funções orais desapareçam.

Associado com os distúrbios de fala, pode-se encontrar reações ou sentimentos


negativos, tanto no falante quanto em quem ouve uma fala com distorção.
Poderíamos citar alguns sentimentos ou algumas reações comuns por parte de
quem ouve uma fala apresentando inadequações: impaciência, rejeição, gozação,
imitação, dificuldade de compreensão gerando confusão, embaraços e pena, entre
outros.

Por sua vez, quem fala errado também apresenta sentimentos ou reações que
podem gerar alterações no convívio social como: ansiedade, autoestima baixa,
sentimento de exclusão, desconforto, insegurança e frustração.

Crianças que falam com erros tendem a ser mais tímidas e menos falantes do que
outras, e adultos que cometem erros ao falar se sentem inseguros para buscar
empregos ou novas posições no emprego já existente. Às vezes, a fala é apontada
até como causa de dificuldade para novos relacionamentos, principalmente os
amorosos.

Ao conversarmos com adultos que sempre falaram errado e que foram excluídos
ou se autoexcluíram dos grupos a quem pertenciam, podemos ter uma ideia mais
precisa do que é falar errado, mesmo quando a alteração parece ser pequena para
nossos ouvidos. Relatos desses pacientes nos mostram a importância da correção
o mais precoce possível. Dificuldades de encontrar emprego, não por falta de
competência, mas acima de tudo pela sensação de serem menos, já é um bom
ponto de partida para que se preste a máxima atenção até nos pequenos desvios
encontrados na fala. Muitas vezes, estamos acostumados a nos preocupar apenas
com as omissões ou substituições, pois estas parecem ser mais perceptíveis
dos que as distorções e imprecisões articulatórias. Mas são as distorções e as
imprecisões que mais interferem no dia a dia do sujeito. Quando existe uma

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UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

omissão ou substituição, em geral, é mais simples a resolução do problema, mas


quando aparecem sons distorcidos, é um sinal de que o indivíduo percebeu que
o som não estava sendo produzido adequadamente, tentou uma aproximação do
correto, num esforço provavelmente grande; no entanto, por mais que tentasse,
não conseguiu atingir a produção correta do som. As imprecisões são piores, pois
elas normalmente não atingem um som ou um grupo de sons. Elas prejudicam a
fala como um todo. Independentemente da alteração encontrada, a correção deve
ser realizada o mais cedo possível, para que padrões errados não sejam fixados,
dificultando não só a correção e a instalação de um novo padrão, mas, acima de
tudo, dificultando a automatização da maneira correta de falar.

A terapia de fala, quando as causas da alteração provêm de problemas


músculoesqueletal, pode não ter o sucesso esperado, pois a cura seria dependente
da correção da causa, o que nem sempre é possível. Melhoras são sempre
esperadas e o sucesso da terapia pode ser considerado quando modificações
ocorrem e quando o sujeito reconhece a melhora, entendendo que está mais apto
para enfrentar as situações diárias. Muitas vezes este tipo de terapia envolve uma
equipe maior além do trabalho apenas do fonoaudiólogo. Não raro, é necessário
que o dentista resolva os problemas dentários ou que o médico resolva os
problemas respiratórios que estão interferindo na articulação dos fonemas.

Trabalhar com a correção da fala em criança ou adulto é extremamente gratificante,


uma vez que o paciente, ao melhorar ou eliminar o problema, fica extremamente
feliz e mais confiante em suas atitudes. A fala é a melhor forma de comunicação;
é com a fala que construímos ou destruímos relações. O poder da fala é imenso e
estar privado deste poder é terrível. Nunca devemos considerar como problema
menor, as pequenas alterações de fala, e nunca devemos considerar como
impossíveis de serem resolvidas as grandes alterações de fala. Tanto problemas
pequenos quanto grandes podem ter para o paciente significados totalmente
diferentes daquela impressão e daquele julgamento que fazemos sobre a alteração
que ele tem. Tentar sempre uma modificação do padrão encontrado, ter metas no
tratamento e considerar toda e qualquer mudança como positiva é fundamental
para um caminho mais bem estruturado e, certamente, com final feliz.

1.3. Alterações da fala de origem músculoesquelética:


compreender para melhor tratar (TOMÉ, 2014)
As alterações da fala sempre foram reconhecidas como da clínica fonoaudiológica,
mesmo no princípio da profissão, quando poucos sabiam quem era o fonoaudiólogo

18
Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

e para quem era dirigido o seu trabalho. Ao longo dos anos, a ciência produziu
construções importantes que nos levaram a entender as diferenças entre alterações
de fala de origem fonológica e de origem fonética. Ainda hoje, entretanto, muitas
alterações da fala, decorrentes de alterações anatômicas e funcionais da face ou
da cavidade oral e de suas estruturas, sem alteração do componente fonológico,
causam dúvidas quanto ao seu tratamento.

Quando um profissional depara com alterações de fala, excluídos os fatores


fonológicos, é preciso verificar se a alteração pode ter alguma relação com
características do sistema estomatognático. Quadros como hipertrofia de
tonsilas palatinas ou faríngeas, alterações da oclusão dentária, disfunção
temporomandibular, hipofunção muscular de língua ou lábios, respiração oral e
seus decorrentes, limitação de frênulo lingual, entre outros, podem colaborar para
a instalação de problemas de fala que ficarão mascarados caso o fonoaudiólogo não
os considere na avaliação e, consequentemente, no tratamento.

Tomemos como exemplo o caso de uma mordida aberta anterior. O posicionamento


de língua, nesse caso, é fundamental para o entendimento da etiologia e do
tratamento dessa alteração oclusal. A própria condição pode favorecer o surgimento
de um ceceio anterior. Em alguns casos, com a correção do trespasse vertical, há
um ajuste natural da postura lingual. Em outros, a mordida não fechará facilmente,
pois outras podem ser as características que colaboram para a manutenção do
quadro oclusal. Entre as alterações citadas, a de frênulo lingual sempre é um fator
importante a ser considerado nas alterações de fala. Os estudos recentes da área
(MARCHESAN, 2004; MARCHESAN, 2010) mostram que não há somente um
tipo de frênulo alterado ou mais facilmente reconhecido. Ao contrário, os autores
apontam a existência de pelo menos três variações, além da clássica anquiloglossia,
com língua totalmente fixada no assoalho da boca. São eles: o anteriorizado (quando
na face inferior da língua, a fixação estiver acima da metade); o curto (com fixação
no meio da face inferior da língua), como no frênulo normal, porém de menor
tamanho; o curto e anteriorizado (apresenta uma combinação das características do
frênulo curto e do anteriorizado).

Dados recentes de trabalhos com frênulo lingual em cadáveres e também oriundos


de estudos clínicos (OLIVEIRA et al. 2010;) indicam que é possível objetivar
a alteração do frênulo lingual e, com isso, o que se esperar como resultado
terapêutico. Além disso, esses trabalhos indicam que devemos avançar no
sentido de identificar quais são as alterações esperadas em cada grau de frênulo
lingual, em aspectos funcionais e posturais da língua. As alterações de fala, de

19
UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

acordo com Wertzner (2004), envolvem dificuldades nas habilidades motoras da


produção de sons e podem ocorrer devido à imprecisão de zona de articulação,
tempo, pressão e velocidade da produção, resultando em um som não padrão da
fala. A importância de reconhecer cada quadro é porque, mesmo no caso de uma
limitação no frênulo lingual, nem sempre a alteração é assim tão explícita. Por
exemplo, o problema pode manifestar-se apenas na postura lingual e resultar na
dificuldade em finalizar um caso ortodôntico. Podendo se manifestar na limitação
da elevação da porção lateral da língua e a resultante podendo ser uma distorção
na produção dos fonemas fricativos S e Z ou africados tz e dz. E possível, ainda,
que a limitação da elevação de ponta de língua seja o principal problema e, nesse
caso, poderá ser observada desde a omissão dos fonemas l; r ou lh, a distorção
desses fonemas, que serão produzidos em local de medial a posterior na cavidade
oral, em geral produzidos com o dorso médio da língua contra o palato duro. Ainda
há a possibilidade de haver apoio de lábio inferior, tornando a produção de um /l/
ou /r/ como uma semivogal. Também haverá casos em que, embora a alteração
do frênulo esteja presente, há uma perfeita compensação, fazendo que somente
testes mais sensíveis consigam captar e registrar o que, ao ouvido humano, soará
como normalidade. E, nesse sentido, não há o que ser tratado. A colaboração dessa
discussão para a clínica fonoaudiológica é a compreensão de que o mais importante
é considerar e entender essas diferenças. Nesse sentido, a reflexão nos faz pensar
que, cada vez mais, é necessário que nós, fonoaudiólogos, passemos a considerar,
durante a avaliação, que há características muito peculiares a cada tipo facial e
estruturas que compõem o sistema estomatognático. Além disso, é importante que
cada vez mais nos apossemos e contribuamos com dados e pesquisa para tornar
nossa prática mais fidedigna. Identificar cada subtipo de alteração de fala, validar
as estratégias terapêuticas e seus efeitos parece ser o caminho a percorrer.

1.4. Alterações de fala de origem fonética (COSTA, 2009)


Estudos indicam que problemas de articulação são as alterações mais frequentes
nos distúrbios de comunicação em adultos (MARCHESAN 2005; OLIVEIRA
et al. 2005). Porém, a prática clínica mostra que poucos adultos buscam
tratamento para fala por conta própria e os que o fazem são encaminhados por
outros profissionais da área de saúde. (MARCHESAN, 2005).

Nas alterações fonéticas, o indivíduo percebe o contraste fonológico entre os sons,


mas não consegue produzi-los de maneira adequada devido a questões de ordem
fisiológica. Tais erros incluem a distorção do /s/, conhecida como ceceio, assim

20
Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

como a distorção do /r/, que ocorrem na fala devido a alterações fisiológicas e


funcionais. (RUSCELLO, 2003).

O que se tem observado na prática clínica é que os indivíduos parecem não perceber
a distorção na fala, o que poderia explicar o reduzido número de adultos que
buscam terapia fonoaudiológica. Este dado traz à tona alguns questionamentos,
tais como: Teriam esses indivíduos alguma dificuldade na autopercepção do
problema? Até que ponto este problema interfere na vida social e profissional
destes indivíduos? (ZACKIEWCTZ et al., 1998, OLIVEIRA et al., 2005).

Para Shriberg (1997), Kwiatkowski (1982) e Ruscello (2003), transtornos de fala


que persistem para além do período esperado de aquisição e desenvolvimento desta
função são considerados como um subtipo de transtornos de desenvolvimento,
identificados como “erros fonológicos residuais”. Essa categoria de erros abrange
as distorções de sons, mais comumente das consoantes líquidas, das fricativas
e das africadas. Em termos da gravidade e da interferência na inteligibilidade
de fala, eles se configuram geralmente em pequenos erros, que podem, no
entanto, muitas vezes, ocasionar reações negativas por parte de falantes normais.
(RUSCELLO, 2003).

Para Van Borsel et al. (2007), na vida adulta, a persistência do ceceio pode causar
desconforto ou constrangimento. Marchesan (2004) concorda que indivíduos que
têm problemas de fala, independentemente da causa que leva a esta alteração,
experimenta muitas vezes sensações desagradáveis ao tentar se comunicar. O
ouvinte pode ser impaciente, rejeitar o falante, ter pena, satirizar ou imitar de
forma jocosa, além de outros comportamentos, o que leva o falante a se sentir
ansioso, embaraçado, desconfortável, excluído, inseguro, frustrado, ocasionando
diminuição da autoestima e da autoconfiança.

Entretanto, Van Borsel et al. (2007) relata que existem alguns adultos que não
querem fazer terapia, como também existem pessoas que são conhecidas na sua
vida pública por sua alteração de fala, passando desta forma o ceceio a ser sua
marca registrada e parte da sua imagem.

1.5. Avaliação cefalométrica


A avaliação miofuncional orofacial é um processo imprescindível para que o
fonoaudiólogo verifique as condições estruturais e funcionais de seu paciente,
fato que possibilita o planejamento e a intervenção terapêutica adequada. Essa
avaliação, tradicionalmente realizada de forma qualitativa, vem sendo aprimorada

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UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

com recursos de áreas tangenciais da saúde que permitem complementá-la


com dados quantitativos. Os dados quantitativos/objetivos proporcionam ao
profissional melhor conhecimento das relações existentes entre tecidos duros
e moles do crânio, viabilizando a definição de uma conduta precisa a partir da
reflexão sobre as possibilidades estruturais de cada caso.

Entre os recursos de outras áreas utilizados para avaliações mais objetivas na


motricidade orofacial, destaca-se a cefalometria radiográfica, pela quantidade
de informações relevantes que fornece. Essa técnica, utilizada na Odontologia
desde a década de 1930, foi empregada para o estudo do crescimento do
complexo craniofacial, tornando-se um recurso indispensável para o diagnóstico
e planejamento do tratamento das deformidades craniofaciais. Tal avaliação vem
ganhando espaço na fonoaudiologia nos últimos 20 anos, devido à intima relação
entre as porções anatômicas do crânio e da face e as funções estomatognáticas.

Os traçados cefalométricos fornecem informações sobre o espaço nasofaríngeo,


a posição do osso hioide, a postura da cabeça, além de dados básicos quanto às
medidas lineares e angulares do complexo craniofacial. Desse modo, observa-se
a relevância deste exame como instrumento complementar ao diagnóstico de
alterações miofuncionais. Por esse motivo, faz-se necessário que o fonoaudiólogo
conheça a aplicabilidade da cefalometria como uma ferramenta auxiliar no
diagnóstico das disfunções orofaciais.

A cefalometria, uma avaliação tradicionalmente utilizada na área odontológica,


é uma ferramenta que contribui para o diagnóstico fonoaudiológico, bem como
para áreas afins que têm como objetivo o estudo da constituição crânio-facial.
Visto que dados sobre o crescimento do complexo crânio-facial, a inter-relação
entre as estruturas, bem como sua forma e postura, quando adequadamente
analisados, apresentam indicativos relevantes para a atuação fonoaudiológica.
A cefalometria, por meio do conjunto de valores angulares e lineares obtidos,
tem o propósito de determinar o padrão dento-crânio-facial de um indivíduo,
no intuito de evidenciar mudanças proporcionadas pelo crescimento ou pelas
alterações produzidas por tratamentos terapêuticos, empregando padrões de
normalidade ou morfológicos, para comparar com o estado atual do paciente.

A determinação do tipo facial por meio da cefalometria é a partir do cálculo do


índice VERT de Ricketts, baseado em cinco grandezas cefalométricas (ângulo do
eixo facial, profundidade facial, ângulo do plano mandibular, altura facial inferior
e arco mandibular). Os sujeitos são classificados como dolicofacial (índice VERT

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Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

menor que -0,5), mesofacial (valores entre -0,5 e +0,5) ou braquifacial (VERT
maior que 0,5).

Sugere-se que, para a análise facial ser considerada confiável, é necessário que
os seguintes aspectos sejam aferidos na posição frontal e de perfil: rosto, feições,
simetria, harmonia e proporções faciais; tendência a qual tipo de face; altura e
largura facial; terços faciais, em especial o inferior; largura bizi gomática; contorno
e grau de curvatura do perfil; formato do crânio e da cabeça; linha do cabelo;
testa; olhos; sobrancelhas; orelhas; maxila, forma e altura da mandíbula, largura
bigoníaca, contorno do queixo; lábios, língua, boca, dentes, linha média, posição
do filtro, oclusão e sorriso; bochechas; nariz, ângulo nasolabial, base e projeção
nasal; linha queixo-pescoço; músculos, expressões faciais e marcas de expressão.
Nesse tipo de análise, deve-se levar em conta que a face é uma particularidade de
cada um e não existe uma exatamente igual à outra. A análise deve considerar o
sexo, os traços familiares, a tipologia facial, a raça e a etnia. O fonoaudiólogo é
um dos profissionais que realiza a análise facial em seus pacientes ao avaliar suas
estruturas orofaciais, em que se abordam os aspectos morfológicos, posturais
e funcionais. Além disso, acredita-se que geralmente faz parte da avaliação
fonoaudiológica a definição do tipo de face a partir dos achados clínicos e da
correlação com as características gerais de cada tipo.

Quanto às medidas antropométricas orofaciais: altura do lábio superior (do


subnasal ao estômio); altura do lábio inferior (do estômio ao gnático); altura do
filtro (do subnasal ao labial superior); altura do terço superior da face (do trichio
à glabela); altura do terço médio da face (da glabela ao subnasal); altura do terço
inferior da face (do subnasal ao gnático); distância entre o canto externo do olho e
o cheilion no lado direito ou lado direito da face (ex-ch).

1.6. Aspectos acústicos e articulatórios dos sons /s/


(COSTA, 2009)
O segmento consonantal /s/ é classificado como fricativa alveolar. Para um
segmento ser classificado como fricativo, a área de abertura do conduto vocal deve
ser suficientemente pequena para causar uma fricção audível (LAVER, 1994). Essa
fricção, ou turbulência das moléculas no fluxo aéreo, pode ocorrer no local da
constrição ou pode ser causada pelo direcionamento do jato de ar para um obstáculo,
como, por exemplo, os dentes (STEVENS, 1998). Por este motivo, o critério
para classificar um segmento como fricativo inclui fatores acústicos/auditivos,

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UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

aerodinâmicos e articulatórios. Assim, a estrutura do conduto vocal é de grande


importância na produção desses sons, pois deve haver um canal, com uma forma
bem precisa, para que a turbulência na corrente aérea seja produzida. Santos (1987)
mostrou, em seus estudos, que os fonemas fricativos /s,z/ são os mais agudos. Para
Casaes (1990), nas consoantes fricativas, ocorre um estreitamento da passagem de
ar pela cavidade oral, produzindo um ruído de fricção, sibilo ou chiado, sendo por
isso os fonemas /s,z/ classificados como fricativos sibilantes.

Hanson e Barret (1995) afirmam que os fonemas /s/ e /z/ são produzidos
elevando-se as laterais da língua contra o palato duro, impedindo o escape lateral
do ar.

A pronúncia correta do /s/ pode ser observada em uma faixa de energia de


aproximadamente 4.000 Hz, podendo chegar a 8000 Hz no português falado no
Brasil (RUSSO; BEHLAU, 1993). A quantidade de fluxo aéreo que passa através
do conduto vocal pode influenciar a concentração de energia no espectro da
fricativa, o que explica que o grau de contração da musculatura contribui para
a determinação da intensidade vocal (HALEY et al., 2000), sendo as consoantes
fricativas as mais fracas e agudas do português, com valores médios que ficam
entre 15 e 25 dbNA (RUSSO; BEHLAU, 1993). A duração do /s/ segundo
pesquisas é de cerca de 140 ms em inglês (CHEN; STEVENS, 2001) e para Reis
(1995) 170 ms em português.

Tabain (2001) comparou a produção das fricativas sibilantes /s/ e /z/ com as
dos fonemas dentais /f/ e /v/ e relatou que as alveolares /s/ e /z/ apresentaram
pontos articulatórios mais estáveis, não permitindo várias trajetórias para
atingir o mesmo objetivo sonoro. Esse dado reforça a afirmação da extrema
precisão dos eventos ocorridos na cavidade oral referentes à produção do /s/
e também destaca o fato de desvios desta consoante serem tão frequentes, pois
pequenas variações no formato e na localização da língua alteram a produção
final deste fonema.

A distorção é um erro de articulação do som em que o som gerado no lugar do


som-alvo não segue os padrões da língua do falante.

As distorções na fala seriam, então, segundo Wertzner (2003), Britto Pereira


et al. (2003) e Leite et al. (2008), classificadas como alterações fonéticas, uma
vez que a distorção de um som pode ser definida como a substituição de um
som padrão por um som não padrão, no qual o contraste entre o som distorcido
e os demais sons da língua é mantido, diferente da substituição em que uma
classe de sons é substituída por outra.

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Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

Segundo Kocjancic (2004), a distorção está presente nos adultos, porém, por não
afetar diretamente a compreensão da palavra, é aceita no meio social e não causa
ininteligibilidade da fala. (WERTZNER, 2003).

Para Casarin et al. (2006) e Marchesan (2004), as possíveis causas de uma


distorção são as alterações anatômicas da face, da boca e de suas estruturas e
o posicionamento inadequado dos órgãos fonoarticulatórios, principalmente
de língua, lábios e dentes. Os indivíduos que distorcem estão buscando ajustes
ou compensações para uma fala mais inelegível. As distorções ocorrem mais
frequentemente nos sibilantes e no /r/ brando.

1.7. Distorção do /s/ – ceceio (COSTA, 2009)


Leite et al. (2008) refere-se ao ceceio como a incorreta produção dos fricativos
linguoalveolares.

Powers (1971) define o ceceio como a má articulação de uma ou mais consoantes
sibilantes, sendo a maior ocorrência observada nos fonemas [s] e [z] e o classifica
como: central, lateral e nasal, levando em consideração a alteração da posição da
língua na cavidade oral e direção do sopro respiratório.

Os diferentes tipos de ceceio apresentam características acústicas diferentes


e Britto Pereira et al. (2003) propõem uma classificação caracterizando as
distorções como: dental anterior, interdental anterior, lateral e palatal. O ceceio
dental anterior caracteriza-se quando há elevação da ponta da língua, que toca os
dentes incisivos anteriores inferiores, sem, contudo, haver interposição da língua
entre estes. Em alguns casos, a língua toca os incisivos superiores, prejudicando a
fricção do ar, ficando, desta forma, o som distorcido, similar a um fone oclusivo.
É comum observarmos hipofunção da musculatura labial na emissão do [s] ou
até mesmo um movimento de protrusão dos mesmos como para compensar a
posição inadequada da língua. A função articulatória de lábios e língua parece ser
enfraquecida. Já o ceceio interdental anterior caracteriza-se quando se observa a
interposição anterior da língua nos incisivos centrais, fazendo com que a fricção
ocorra entre os dentes e a língua e não entre o palato e a língua.

No ceceio lateral, observa-se escape lateral de ar, que provoca a distorção sonora,
podendo-se, em algumas vezes, observar até interposição lateral da língua na parte
posterior das arcadas dentárias.

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UNIDADE Iii | Alterações de Fala de origem músculo esquelética

No ceceio palatal, observa-se uma palatalização do som, decorrente da


aproximação da parte dorsal da língua em relação ao palato, durante emissão do
som, modificando a direção do fluxo aéreo. O som distorcido assemelha-se ao
[ch], apesar do contraste entre estes dois sons estar presente.

Van Borsel et al. (2007) realizaram estudo em que foi pesquisada a prevalência
de ceceio em jovens adultos. Os participantes foram 748 estudantes, sendo 374
mulheres e 374 homens falantes do holandês. A análise da amostra revelou um
índice de prevalência de 23%. Significativamente menos participantes da área
de ciências humanas apresentaram ceceio do que os das ciências naturais ou
sociais. Houve uma pequena, mas não significativa, prevalência maior de ceceio
em mulheres do que em homens, que foi interpretada como se os familiares
aceitassem mais estas alterações em mulheres. Ficou determinado que esta
elevada prevalência do ceceio em adultos parecia representar uma tendência
recente ou que a permanência do padrão de fala com ceceio em adultos parecia
estar sendo considerada normal.

As razões para esta prevalência elevada não está totalmente clara para o
pesquisador porquanto este padrão é um fenômeno novo. Uma possibilidade
é que esta prevalência elevada de articulação dental ou interdental realmente
seja de origem recente e que este achado reflita uma mudança de atitude sobre
a articulação em geral e em relação ao ceceio em particular. Outra hipótese é
que hoje em dia haja uma tolerância maior para as imprecisões articulatórias,
fazendo parte de um estilo de fala mais casual. Na ausência de algum dado
sobre prevalência de ceceio em gerações mais velhas para comparação, esta
hipótese torna-se de difícil verificação. Van Borsel et al. (2007) acreditam que
esta hipótese está alinhada com os achados de sua pesquisa a qual mostrou
que 87.4% dos indivíduos diagnosticados com ceceio nunca receberam qualquer
observação sobre sua fala.

1.8. Distorção do /r/


A distorção do /r/ geralmente ocorre devido à não elevação da região anterior da
língua, o que prejudica a correta articulação do som. Muitas vezes o som resultante
desta produção é parecido com o som do /g/ (como na palavra gato), devido a uma
elevação inadequada do dorso da língua.

No entanto, Vuletic (1987 apud KOCJANCIC, 2004) classifica a distorção do /r/ de


duas formas, de acordo com o ponto de articulação: distorção anterior e distorção
posterior.

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Alterações de Fala de origem músculo esquelética | UNIDADE Iii

As distorções anteriores são articuladas na frente da cavidade oral na área labial e


alveolar. Segundo Kocjancic (2004), na Eslovênia, as distorções anteriores são de
dois tipos: rotacismo bilabial e rotacismo lateral.

No rotacismo bilabial, o /r/ é produzido pela vibração dos lábios e no rotacismo


lateral ele é resultante de uma atividade assimétrica da língua. Esses casos são
mais difíceis de correção, pois são de difícil identificação, sendo frequentemente
encontrados nos adultos.

Para Kocjancic (2004), em esloveno, os sons que apresentam distorções anteriores


são articulados atrás da cavidade oral. Existem três tipos de distorção anterior:
dorsal, uvular e laríngeo.

No rotacismo dorsal, o /r/ é produzido com a parte anterior do “velum” vibrando


contra a língua.

No rotacismo uvular, o /r/ é articulado na mesma área, com a diferença que a úvula
vibra contra a parte posterior da língua.

No rotacismo laríngeo, a produção do /r/ ocorre entre a parte anterior da faringe


e a raiz da língua, as vibrações são mais lentas que as outras já mencionadas. Além
desses tipos de rotacismo, existem outros que são descritos, mas não classificados
nessas categorias.

As classificações descritas levam em conta o ponto de articulação e de acordo com


Kocjancic (2004) o uso da análise acústica é importante para um diagnóstico mais
eficaz, assim como a percepção e a experiência do terapeuta.

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