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ATENDIMENTO INICIAL -
PRIMEIROS SOCORROS
SUMÁRIO

1. Definição ......................................................................................................................... 3
2. A Caixa de Primeiros Socorros Ideal..................................................................... 3
3. As Etapas Básicas do Atendimento ..................................................................... 5
4. Referências....................................................................................................................12
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1. DEFINIÇÃO • Porta-agulha;
O atendimento inicial é constituído • Material antisséptico: álcool a 70%,
por cuidados imediatos e temporários, soro fisiológico ou água oxigenada;
prestados de forma rápida e eficien- • Medicamentos: analgésicos e an-
te, para algum paciente que sofreu tieméticos;
um acidente ou mal súbito. Abrange • Materiais curativos: gaze, algodão,
desde a identificação da situação que atadura, curativos adesivos e es-
oferece algum risco de vida à pessoa paradrapos;
- neste caso, procura-se manter as
funções vitais da vítima e a prevenção • Oxímetro de pulso;
do agravamento de lesões - até que • Estetoscópio;
a chegada de assistência qualificada. • Esfigmomanômetro.

Estes três últimos instrumentos geral-


mente não são indicados para a caixa
de primeiros socorros de leigos, mas
quando portados por profissionais da
saúde que saibam como usá-los e in-
terpretar seus resultados, podem aju-
dar bastante na avaliação inicial.
É importante que: os materiais pos-
2. A CAIXA DE PRIMEIROS suam rótulos adequados, os objetos
SOCORROS IDEAL pontiagudos estejam bem protegidos
(devidamente embalados) e as me-
Todos sabem da importância de pos- dicações estejam em bom estado de
suir uma caixa de primeiros socorros, conservação, bem como dentro do
mas muitos não sabem quais são prazo de validade.
seus componentes essenciais. An-
tes de tudo, é fundamental que esta
caixa tenha fácil acesso, seja orga-
nizada e completa com instrumentos
básicos, entre eles:
• Materiais de proteção: luvas e
máscaras;
• Termômetro;
• Tesoura;
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MAPA MENTAL - CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS IDEAL

Instrumentos

Porta-agulha Tesoura Termômetro

Estetoscópio Esfigmomanômetro Oxímetro de pulso

Material antisséptico

Medicamentos

Álcool 70%

Analgésicos

Soro fisiológico

Antieméticos

Água oxigenada

Materiais curativos

Gaze Atadura Algodão

Esparadapo Curativos adesivos


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3. AS ETAPAS BÁSICAS DO ATENDIMENTO


3.1 Avaliação do local do acidente

1 É fundamental que, antes de prestar assistência à vítima (de acidente ou


mal súbito), a segurança do local seja verificada. Afinal, se você não estiver
bem, não conseguirá ajudar. Portanto, observe ao redor possíveis agentes lesi-
vos: fios elétricos, agressor portando arma de fogo ou arma branca, animais ou
outros. Nunca se coloque em risco!

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2 Não havendo nenhum risco ou
tendo cessado, você pode se
aproximar da vítima. Aproveite este
3 Se houver mais pessoas no lo-
cal, dê orientações calmas, pe-
ça-as para se afastar e solicitar auxí-
tempo enquanto se direciona e obser- lio do Serviço de Atendimento Móvel
ve a cena do acontecimento tentan- de Urgência (SAMU), bombeiros ou
do extrair informações. polícia.

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3.2 Abordagem inicial ao paciente: Entenda cada etapa:


ABCD
Antes de tocar o pacien-
te, se paramente! A
A
Airways (vias aéreas)
depender do caso,
a máscara pode até O grande objetivo desta etapa é ga-
ser prescindível, mas rantir a permeabilidade das vias aé-
NUNCA se esqueça reas. Isso pode ser assegurado por
das suas luvas. Isso é alguns indícios observáveis: a vítima
fundamental para sua proteção contra não tem qualquer dificuldade em fa-
fluidos com potencial de contaminação. lar, conversa a todo momento, sem
Apresente-se para a pes- demonstrar estridor, rouquidão ou
soa, tente acalmá-la e sangramento e/ou secreções na re-
transmitir confiança, fa- gião orofaríngea.
lando que está ali para É importante também, neste passo,
ajudá-la. Mantenha avaliar potenciais lesões cervicais.
sempre o contato visual Para proteger esta região, faça a es-
com ela até mesmo durante tabilização manual da cabeça e peça
o exame que você executará. para que a vítima colabore tentando
Este, por sua vez, consiste em um não movimentar.

B
exame direcionado e sistematizado
para atender rapidamente às neces-
sidades mais imediatas da vítima.
Breathing (ventilação)
Dessa forma, simples observações
já trazem informações importan- Faça a inspeção do tórax, de modo a
tes sobre o estado da pessoa. Por verificar a integridade, expansibilida-
exemplo, se a vítima verbaliza sem de e simetria do mesmo. Identifique a
dificuldade, pode-se concluir que presença de sinais de esforço respira-
não há obstrução de via aérea supe- tório: batimento de asa de nariz, tira-
rior (VAS), está ventilando adequa- gem intercostal, uso de musculatura
damente e está com boa perfusão acessória. Ademais,
cerebral. uma ausculta respi-
A sistematização do atendimento ratória pode ser útil
consiste no ABCD, avaliando-se para identificar si-
das lesões que matam mais rapi- nais que indiquem
damente para as que matam mais a presença de pneu-
lentamente. motórax, por exemplo.
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Um bom indício de que paciente está


ventilando bem é a observação de
D
que ele termina as frases de forma Disability (disfunção neurológica)
adequada, sem nenhuma dificuldade
Esta etapa consiste na verificação do
ou ruído estranho.
nível de consciência. Profissionais da

C
saúde fazem uso da escala de coma
de Glasgow. Para os leigos, pode ser
difícil fazer a avaliação através deste
Circulation (circulação)
meio. Desta forma, o nível de consci-
Aqui o maior objetivo é conter san- ência pode ser avaliado observando
gramentos externos, tanto que se há se a pessoa se mantém alerta, ex-
duas pessoas capazes de realizar os pressando-se adequadamente (sem
primeiros socorros, um deve seguir confusão mental) e obedecendo a co-
o procedimento padrão (ABCD), en- mandos.
quanto o outro avalia a circulação e Se houver alguma alteração do nível
contém o sangramento, se for este o de consciência, o indicado é laterali-
caso. Lembre-se que além da hemor- zar a pessoa para proteger a sua via
ragia externa, há localizações específi- aérea, mesmo que ela esteja pérvia
cas mais comuns para sangramentos: na avaliação inicial. No entanto, se
tórax, abdome, pelve e ossos longos. houver suspeita de lesão cervical
Além de hemorragias, são avaliados: não se deve realizar tal manobra.
coloração e temperatura da pele, pul-
so (intensidade e simetria) e perfusão
(tempo de enchimento capilar).

RELEMBRANDO: A escala de Glasgow é pontuada de 3 a 15, avaliando as respostas


ocular (1 a 4), verbal (1 a 5) e motora (1 a 6). Veja a tabela 1.

CRITÉRIO CLASSIFICAÇÃO PONTUAÇÃO


Abertura ocular

Olhos abertos previamente à estimulação Espontânea 4

Abertura ocular após ordem em tom de voz normal ou em voz alta Ao som 3

Abertura ocular após estimulação da extremidade dos dedos À pressão 2

Ausência persistente de abertura ocular, sem fatores de interferência Ausente 1

Olhos fechados devido a fator local Não testável NT


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CRITÉRIO CLASSIFICAÇÃO PONTUAÇÃO


Resposta Verbal
Resposta adequada relativamente ao nome, local e data Orientada 5

Resposta não orientada mas comunicação coerente Confusa 4

Palavras isoladas inteligíveis Palavras 3

Apenas gemidos Sons 2

Ausência de resposta audível, sem fatores de interferência Ausente 1

Fator que interfere com a comunicação Não testável NT


Melhor resposta motora
Cumprimento de ordens com duas ações Às ordens 6
Elevação da mão acima do nível da clavícula ao estímulo na cabeça ou
Localizadora 5
pescoço
Flexão rápida do membro superior ao nível do cotovelo, padrão predomi-
Flexão normal 4
nante não anormal

Flexão do membro superior ao nível do cotovelo, padrão claramente anormal Flexão anormal 3

Extensão do membro superior ao nível do cotovelo Extensão 2


Ausência de movimentos dos membros superiores/inferires sem fatores de
Ausente 1
interferência
Fator que limita resposta motora Não testável NT

Tabela 1 - Escala de Coma de Glasgow

Pressão na
extremidade Pinçamento Incisura
dos dedos do trapézio supraorbitária

Figura 1: Locais para estimulação física

Figura 2: Características da resposta em flexão


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A partir desta pontuação tem-se no- 3.3.2 Exame secundário


ção da gravidade em que se encon-
Este é um exame mais minucioso e
tra o paciente. Além disso, embasa
que deve seguir o sentido craniocau-
a tomada de decisões. A intubação
dal. Assim devem ser avaliados:
orotraqueal, por exemplo, deve ser
realizada quando o paciente possui 1. Cabeça e pescoço
Glasgow ≤ 8.] 2. Pupilas
3. Tórax, abdome e membros
3.3 Avaliação secundária
4. Motilidade e sensibilidade
Segue à avaliação primária (ABCD), a 5. Coluna dorsal
avaliação secundária em que se busca
uma avaliação mais completa do esta-
do do paciente, já tendo sido avaliadas Em paralelo a esse exame físico, há a
as lesões mais letais. Essa avaliação coleta dos sinais vitais:
se dá por meio de história SIMPLES e
exame secundário minucioso.

Frequência respiratória (FR)


3.3.1 História SIMPLES
A faixa de normalidade vai de 14 a 20
A partir do mnemônico, em inglês, incursões por minutos (ipm). É impor-
SAMPLE (simples), é possível coletar tante observar se o paciente apresen-
uma história objetiva e direcionada: ta apneia ou dispneia e se apresenta
Sinais e sintomas; sinais de uso de musculatura
acessória (tiragem intercostal,
Alergias;
batimento de fúrcula,
Medicamentos; batimento de asa de
Passado médico / Prenhez; nariz). Estes são indí-
Líquidos e alimentos (ingeridos re- cios de gravidade.
centemente);
Eventos anteriores (contexto do
que levou ao ocorrido). Pulso
Em pacientes inconscientes sempre
se checa pulso central, de preferên-
cia o carotídeo ipsilateral. Enquanto
em pacientes lúcidos, checa-se pulso
periférico, de preferência o radial.
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O pulso deve ser caracterizado de, deve se encontrar na fai-


quanto a: xa de: 100 a 140 (pressão
• Frequência cardí- sistólica) e 60 a 90 (pressão
aca (FC) - 60 a 100 diastólica).
batimentos por minu- Uma vez identificadas hipo-
to (bpm); tensão ou hipertensão, pode-
• Regularidade - rít- -se pensar em possíveis diagnósticos
mico; diferenciais. Para a hipotensão, por
exemplo:
• Intensidade - cheio
e forte. • Sepse
• Desidratação
• Hipovolemia
Temperatura • Anemia
O local de aferência preferencial é
na axila por um período de 3 a 5 mi- Já para a hipertensão:
nutos. A faixa de normalidade varia • Hipertensão sem tratamento
entre 35,9 e 37,2 ºC. Na ausência
de termômetro, a avaliação pode • Crise convulsiva
ser procedida com o dorso das • Hipertireoidismo
mãos. • Estresse emocional

Estes sinais vitais são essenciais


Pressão arterial para avaliar a gravidade, e devem
A pressão arterial, aferida por meio ser coletados de 5 em 5 minutos, de
do esfigmomanômetro, para estar modo a acompanhar a evolução do
dentro dos parâmetros de normalida- paciente.
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MAPA MENTAL - EXAME PRIMÁRIO X EXAME SECUNDÁRIO

A – Airways (vias B – Breathing C – Circulation D – Disability


aéreas): (ventilação): (circulação): (disfunção
1. Observar se 1. Observe a 1. Identifique neurológica):
não há qualquer integridade, e contenha 1. Verifique o nível
dificuldade do expansibilidade hemorragias; de consciência:
paciente em e simetria do 2. Avalie: escala de coma
falar, bem como tórax; coloração e de Glasgow.
secreções e/ 2. Observe se há temperatura
ou sangue na sinais de esforço da pele, pulso
cavidade oral; respiratório: (intensidade
2. Faça a batimento e simetria),
estabilização de asa de perfusão
manual da nariz, tiragem (tempo de
cabeça, para intercostal, uso enchimento
proteger a de musculatura capilar).
cervical. acessória.

Pré-requisitos:
1. Verifique segurança do local;
2. Se paramente;
3. Se apresente e acalme o paciente

Exame primário

Exame secundário

Cabeça e pescoço Sinais vitais:


1. Pressão arterial;
2. Frequência
respiratória;
Pupila
3. Pulso
(frequência
cardíaca);
Tórax: inspeção, 4. Temperatura.
palpação, ausculta,
expansibilidade,
percussão, frêmito Coluna dorsal:
toracovocal inspeção e palpação

Abdome: inspeção, Membros: Motilidade e


ausculta, palpação crepitações, sensibilidade
superficial e entorses, luxações
profunda
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KARREN, Keith J. et al. Primeiros Socorros para Estudantes, 2012. Capítulos 1 e 3


Protocolo SAMU 192 Suporte Básico de Vida. Ministério da Saúde 2014.
Manual de Primeiros Socorros. Ministério da Saúde 2003. Fundação Oswaldo Cruz – FIO-
CRUZ.
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