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Ficha formativa – 2023/03/17

Redação de respostas: recomendação geral


1. Antes de começar a responder, identifique claramente (i) o assunto ou contexto
em que a questão se enquadra e (ii) a tarefa que é exigida.
2. Pense em como irá organizar a sua resposta: que conceitos e informação e
necessário utilizar? Quais são as várias partes da resposta? Como devem estas
ser sequenciadas? — é aconselhável gastar um minuto a fazer uma lista de itens
ou um pequeno mapa de ideias; isto poupar-lhe-á tempo e dar-lhe-á confiança.
3. Quando passar à redação, é aconselhável seguir a seguinte organização:
a. Comece por expor os conceitos e/ou as premissas necessárias à sua
resposta (observe os exemplos abaixo; tenha em atenção que foram
deliberadamente escritas com redundâncias).
b. Aplique esses conceitos e/ou premissas à análise do
caso/exemplo/problema.
c. Comece a sua exposição pelas ideias e informações mais importantes e
centrais. Deixe os detalhes para segundo lugar. Deixe observações e
opiniões pessoais para terceiro lugar.

Para classificar as suas respostas:

Clareza do uso da
língua e
organização
A B C
1 Resposta completa e sem erros 40 38 36
Nível intermédio 31 29 27
2 Resposta genericamente correta, revelando um razoável 23 21 19
conhecimento das matérias, mas com incorreções ou
lacunas.
Nível intermédio 15 13 11
3 Reproduz parte da matéria, corretamente exposta, mas sem 8 5 0
nexo com a questão

1. Do ponto de vista do determinismo moderado…

(a) Segundo os deterministas moderados, as decisões e comportamentos humanos são


influenciados por fatores (ambientais ou individuais) não voluntários, que o indivíduo não
domina. Aceitam que todo o comportamento sofre a influência de causas anteriores.
Estes pensadores afirmam ainda que, apesar disso, os seres humanos têm alguma
capacidade de fazer escolhas e de controlar as suas ações de uma forma que não é
simplesmente determinada por quaisquer causas involuntárias. Razões:

 Não conhecemos todas as causas do nosso comportamento ou o quanto estas o


influenciam. Sabemos que algumas causas dos nossos comportamentos são
involuntárias. Mas daí não se infere que todas as causas dos nossos
comportamentos sejam involuntárias. As causas involuntárias não impedem que o
indivíduo faça escolhas, tome decisões e controle as suas ações.
 [Dennett: É a biologia humana que nos dota de meios — memória, criatividade,
capacidade de descriminação… — que nos permitem fazer escolhas. A cultura
dota-nos de ideias e capacidades que nos permitem criar projetos e idealizar
formas de vida que ultrapassam o que a biologia nos poderia impor.]

(b) Tendo em conta o que acima foi exposto, podemos afirmar que os deterministas
moderados consideram que somos livres/possuímos livre-arbítrio, porque somos capazes
de fazer escolhas e de agir de formas que não são completamente determinados por
fatores ou causas involuntários.

2. (a) O libertismo de Sartre, tal como o estudámos, assenta em duas premissas:

 Os indivíduos são constantemente obrigados pelo ambiente (as suas


circunstâncias) a fazer escolhas, a tomar decisões e a agir, de uma maneira ou de
outra. Nada lhes diz como devem agir, porque…
 Os indivíduos humanos não têm um modo de ser (essência) pré-definido.
Começam por existir. A sua personalidade, as suas ideias, etc. evoluem à medida
que adquirem experiência. Essa experiência resulta da sua ação. ].Assim, cada ser
humano resulta das decisões que tomou e das ações que realizou (“O Homem faz-
se a si mesmo) [, mesmo daquelas que realizou sem consciência plena].

(b) Assim, do ponto de vista do libertismo de Sartre podemos concluir que a criança que
baleou a professora:

 É livre, porque é obrigada a fazer escolhas…


 Não se encontra[va] determinada, por uma determinada maneira de ser que a
levasse a agir, instintivamente, de determinada maneira…
 …OU pela imprevisibilidade das situações por que passa,

3. (a) Segundo o determinismo radical, as ações e decisões resultam diretamente, e de


forma previsível, de causas que as precedem. Assim, a experiência da escolha é ilusória,
na medida em que esta “escolha” é determinada por causas anteriores que obedecem a
leis inescapáveis — qualquer que seja a natureza dessas causas: físicas, químicas,
biológicas, sociais ou divinas.

(b) Ora, se quem pratica as ações não as escolhe, no verdadeiro sentido do termo, então
essas ações perdem o seu conteúdo moral. A ação da professora ter-se-á devido às leis
físicas que determinam o universo, à química cerebral ou às normas e ideias que a
sociedade colocou na sua mente. Por isso, a sua responsabilidade é ilusória e a sua ação
não é louvável ou reprovável.

4. Falsa analogia: os processos da consciência ou da mente humana são muito menos


conhecidos do que as leis da mecânica e mais complexos que um jogo de bilhar. Além
disso, são objetos de naturezas muito diferentes. Por isso, podemos considerar que não
são comparáveis.

5. Apelo à ignorância: da ausência de informação não se pode afirmar a verdade do


determinismo ou do seu contrário.
Falácias:

1. Apelo ao povo: procura-se utilizar a opinião ou o costume da maioria como


justificação, sendo que um problema de princípios e valores morais não deve ser
avaliado em função das práticas de facto, mas de argumentos racionais.

2. Petição de princípio/argumento circular: O papa tem razão porque se apoia na


Igreja; a Igreja é infalível porque se apoia no Papa…

3. Falso dilema. Receber fundo e entrar em bancarrota não se excluem e não


invalidam outras possibilidades — assim como o aumemto da pobreza e o
aumento da corrupção.

4. Derrapagem: a primeira afirmação é uma probabilidade. Dela depende a segunda


afirmação, que é uma nova probabilidade (mais vaga que a primeira). A terceira
parece ainda menos provável.

5. Apelo à ignorância: se não foi feito o teste, não há informação. Se não há


informação, nada se pode concluir.

6. Generalização precipitada.

7. Espantalho: foi feita uma reinterpretação de uma afirmação de outra pessoa. Se


essa reinterpretação não tiver outro fundamento ou for uma distorção deliberada
do texto ou do sentido do texto original, então trata-se de um argumento
falacioso.

8. Ataque à pessoa: é atacada a competência do comandante do NRP Mondego,


alegando a sua falta de experiência.

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