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REVISTA DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
Nº 03
Março de 2021
Mensal (Março)
____________________________________________
IMEP EDUCACIONAL
imepeducacional.com.br
R2W Design
ISSN 2675-8644
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CDD 370
CDU 37
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Sumário
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGOS E BRINCADEIRAS
BRUNA MACHADO MARTINS.................................................................................................. 10
DA FAMÍLIA E DA SOCIEDADE
KELLY CRISTINA NOGUEIRA DOS SANTOS........................................................................ 167
O ENSINO INTEGRAL E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
SIDNEY MARQUES OLIVEIRA................................................................................................ 178
A PSICANÁLISE NA CRIANÇA
REGINA GOMES ................................................................................................................... 454
QUEM É O PSICOPEDAGOGO?
CINTIA JORDANO................................................................................................................... 468
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
ANGELA DE OLIVEIRA RAMOS DALCIN............................................................................... 506
CRECHES/ PRÉ-ESCOLA
MÔNICA DE SOUZA FERREIRA............................................................................................. 559
A CULTURA INDÍGENA
SANDRA REGINA DOS SANTOS............................................................................................ 597
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O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGOS E BRINCADEIRAS
RESUMO
O presente trabalho é parte de uma monografia em que será analisado o jogo, a brincadeira e o movimento na Educação
Infantil e no Ensino Fundamental I, a fim de analisar o movimento corporal, o nível de desenvolvimento corporal, bem
como evidenciar a capacidade de atividades, jogos, brincadeiras para o processo de aprendizagem. Estes conceitos
constituem-se como uma importante ferramenta para desenvolver a capacidade postural, uma imagem mental do
corpo e, por conseguinte, trabalhar o intelectual da criança, uma vez que corpo e mente são intimamente ligados no
ser humano.
INTRODUÇÃO
Percebe-se que os jogos podem favorecer o desenvolvimento de noções físicas, mentais etc.
A relação entre corpo e mente através do lúdico na Educação Infantil possui atenção de
Utilizo também o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que evidencia
que é neste nível de educação formal que a criança tem o seu primeiro contato com o mundo
escolar. O documento destaca caminhos para desenvolvimento no dia a dia da criança e com
sua visão singular de mundo. Ela é vista como protagonista de suas ações, nas resoluções de
e da capacidade de resolver problema, para que dessa forma as crianças pequenas possam
mental, melhoram a aptidão física, a socialização, a criatividade, dentre outros fatores importantes
criança: rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um pé só, andar para os lados, equilibrar
mediado pelo professor para o desenvolvimento na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Com o lúdico a criança interage com seus pares, desenvolve a memória, a linguagem, a
Conforme Nallin (2008, p. 3), os primeiros jogos foram destinados ao aprendizado das
letras advindo do século XVI e que a palavra jogo vem do latim incus, que quer dizer diversão,
brincadeira. Os dicionários da Língua Portuguesa definem jogo, em linhas gerais, como “brincadeira,
passatempo, divertimento” e que, “muitas teorias surgiram para explicar o significado de jogos”
... uma ação ou uma atividade voluntária, realizada dentro de certos limites de tempo e de
lugar, segundo uma regra livremente consentida, mas imperativa, sentimento de tensão e de
alegria e de uma consciência provida de um fim em si, acompanhada de um sentido de ser
diferente do que se é na vida normal.
Nallin (2005, p. 13) destaca que “o jogo carrega em si um significado muito abrangente.
na ação lúdica”.
Há três níveis de diferenciação para a palavra jogo, de acordo com Gilles Brougère e
Jaques Henriot (1981 e 1983, apud 22 Kishimoto, 2009b), sendo eles: 1. O resultado de um sistema
O jogo adota a imagem e o sentido que lhe é atribuído por cada sociedade. Influenciado por
sua localização e época, assumem significados diferentes. Por exemplo, na Idade Média, o jogo
era visto como não-sério, contudo, nos tempos do Romantismo, era visto como sério e tinha por
Uma característica marcante dos jogos são as regras, nas quais estas podem aparecer
conta.
supõe uma relação com a criança; estimula e expressa aspectos reais, e não possui um sistema de
regras que organizam seu manuseio. Para Brougère (1995, apud Silva et al, 2005):
O brinquedo deve ser considerado como produto de uma sociedade dotada de traços
culturais específicos, necessitando de uma análise de suas duas facetas, uma, enquanto
objeto cultural, o brinquedo por si mesmo; e a outra, como algo que suporta funções sociais
que lhe são conferidas e lhe dão razão de existir, podendo contribuir, dessa forma, para o
desenvolvimento infantil.
Ele faz com que se reproduza o cotidiano, ao substituir objetos reais, aguçando o imaginário.
1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido
voluntariamente; e
2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu
saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. (KISHIMOTO, 2009b, p.37).
As crianças necessitam dos jogos infantis para a aprendizagem dos conteúdos escolares.
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que
estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de
estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-problema
que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações (MEC,
1998, p.47)
Importa mencionar, que os jogos foram reconhecidos como recurso pedagógico, segundo
Jesus (1999, p. 29), no início da década de 80 do século XX, no Brasil, com o aumento da produção
As opiniões eram divididas em relação ao uso na educação, pois a “educação era coisa
séria”, em contrário aos jogos, que eram “pura distração, passatempo”. Atualmente conceitos,
metodologias e práticas pedagógicas enfatizam uma nova perspectiva de ensinar, e faz com que o
Moura (1992a, apud Grando, (1995,2000), p.4) define jogo pedagógico da seguinte
maneira: “o jogo pedagógico é aquele adotado intencionalmente de modo a permitir tanto o
desenvolvimento de um conceito matemático novo como a aplicação de outro já dominado
pela criança.
Aranha (2002, apud Rezende 2006, p. 19) apresenta que Vygotsky (1896-1934) fomenta
a questão da brincadeira e do jogo. Para ele, “a brincadeira, o jogo são atividades específicas da
infância, nas quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos”. Ele utiliza o conceito
de ZDP “Zona de Desenvolvimento Proximal”, que, de acordo com Silva et al. (2005), é:
fazem com que sejam criados e recriados sistemas simbólicos. O papel do educador é propor jogos
e brincadeiras às crianças, pois estes devem estar de acordo com a Zona de Desenvolvimento
Proximal em que ela se encontra. Conforme Rezende, Vygotsky classifica o brincar em três fases:
Na primeira fase a criança inicia seu distanciamento do seu primeiro meio social, representado
pela mãe, começa então, a falar, andar e movimentar-se em volta das coisas. E é nesta
fase, que o ambiente a alcança por meio do adulto e pode se dizer que esse período se
prolonga até que a criança atinja uma idade de mais ou menos sete (7) anos. A fase seguinte
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é caracterizada pela imitação, a criança copia o modelo dos adultos. E a última fase se
caracteriza pelas convenções que surgem através das regras e normas a elas associadas.
(REZENDE, 2006, p. 19)
pelo brinquedo, jogo, e principalmente pela imaginação, pois apreendem novos conceitos.
pelo aluno e a escola torna-se elemento primordial para as atividades intelectuais dele. Por meio
ao jogo valor educacional. Nesse sentido, propõe-se que a escola possibilite um instrumental à
criança, para que, por meio de jogos, ela assimile as realidades intelectuais, a fim de que estas não
jovens para descobrir e inventar; o professor deve provocar na criança a necessidade daquilo que
quer transmitir.
Segundo o autor (apud BOCK, PURTADO, TEIXEIRA, 2002, p.101), “cada período é
caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessa faixa etária”. Esses são
Até os dois anos de idade – sensório motor; de dois a quatro anos - pré-operacional; de
quatro a sete anos – intuitivo; de sete aos 14 anos – operacional concreto; e a partir dessa
idade – operacional abstrato (NALLIN, 2005, p. 5)
Exemplificando: a criança leva a chupeta a boca, consegue tomar a mamadeira sozinha, isto
quando aproxima aos sete meses, porque já coordena os movimentos das mãos;
raciocinar. Por exemplo: quando a criança de 02 anos usa um cabo de vassoura para puxar
um brinquedo que está debaixo de uma poltrona ou o jovem que planeja seus gastos a partir
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Terceiro aspecto, afetivo-emocional refere ao modo particular da criança integrar as suas
experiências. Que é o sentimento. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplo: quando
sentimos vergonha de alguém que nos chamou a atenção, a alegria de rever um amigo de
Quarto aspecto, social refere à reação da criança diante das outras, quando se envolve na
brincadeira ou não. Por exemplo, criança reunida no pátio será possível observar as que
na Educação Infantil, ao professor cabe mediar este desenvolvimento e o crescimento dela nestas
etapas:
cerca através da percepção e dos movimentos. Neste momento ela é recém-nascida e lactente,
p.101):
No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio para atingir um
objeto. Por exemplo, descobre que, se puxar a toalha, a lata de bolacha ficará mais perto dela.
Neste caso, ela utiliza a inteligência prática ou sensório-motor, que envolve as percepções
e os movimentos.
Neste período a criança está descobrindo as percepções dos seus movimentos e da sua
inteligência, e com isso usa a seu favor, para atrair algo do seu interesse.
importante, o qual acarretará as modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social da criança.
Está na primeira infância, ou seja, de 2 a 7 anos. A maturação neurofisiológica está completa, com
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novas habilidades, desenvolvendo a coordenação motora fina, passando a questionar mais sobre
as coisas do mundo.
criança é capaz de cooperar com os outros colegas, de trabalhar em grupo e resolver as coisas
individualmente. No intelectual, a criança realiza ações físicas ou mentais dirigidas para um fim
e as refaz, caso descubra um erro; por exemplo, em um jogo de quebra-cabeças. Para BOCK,
FURTADO, TEIXEIRA:
A cooperação é uma capacidade que vai se desenvolvendo ao longo deste período e será um
facilitador do trabalho em grupo, que se torna cada vez mais absorvente para a criança. Elas
passam a elaborar formas próprias de organização grupal, em que as regras e normas são
concebidas como válidas e verdadeiras, desde que todos as adotem e sejam a expressão de
uma vontade de todos. Portanto, novas regras podem surgir, a partir da necessidade e de um
“contrato” entre as crianças. (2002, p.104).
a pessoa é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça etc., domina progressivamente a
capacidade de abstrair e generalizar, cria teorias sobre o mundo e é capaz de tirar conclusões e de
levantar hipóteses.
geométricas.
para a criança se apropriar da cultura a que ela convive diariamente. O desafio nesse caso é
possibilitar que ela construa as noções e conceitos matemáticos de maneira livre, a partir daquilo
O educador poderá utilizar o local, o pátio da creche para exercitar a observação das crianças
com a relação às formas geométricas. Possibilitar que a criança identifique no espaço e os objetos
Com isso, a criança começa a aprender e desenvolver a sua “visão geométrica” para que
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possa perceber as semelhanças e diferenças dos objetos, utilizando a direção, o sentido, o tamanho,
Propor às crianças pré-requisitos para então prepará-los para as séries iniciais do Ensino
Com isso, para a criança construir sua autonomia, os orientadores destacam a importância da
forma.
e um retângulo. Vale ressaltar que não importa se ela acerta ou erra, o conhecimento é produzido
através de construções sucessivas, e quando a criança busca caminhos para encontrar respostas
Ela desenvolve vários tipos de raciocínio, resolve problemas, compreende as relações pela
observação, troca experiências, vivência e manipula objetos, tudo isso de forma gradual, com
experiências concretas. As crianças refletem sobre o mundo que as cerca e procuram compreendê-
lo. Com isso, a exploração da linguagem matemática contribui para que elas elaborem e sistematizem
conhecimento.
Utilizar o que a criança aprender fora da escola para propor situação de aprendizagem
nas quais englobam o conhecimento matemático para construir novos aprendizados e respeitar o
tempo dela são primordiais para introduzi-lo em sua vida, levando em conta o prévio conhecimento
de mundo dela.
A atividade lúdica torna-se essencial na vida das crianças, que, ao passar pelas etapas de
contribuições de Piaget e Vygotsky servem como base para muitas linhas educacionais e tornam-
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se pertinentes para a aprendizagem de todas as linguagens.
Essa etapa é fundamental para elas, pois é quando deixam de estar em casa para frequentar
a escola. O ambiente escolar deve ser acolhedor e atrativo, fazendo com que ela se interesse
pelo aprender. Com relação à exploração da linguagem matemática, é importante que as crianças
encontrem o espaço para explorar e descobrir elementos da realidade que as cerca, desenvolvendo
A utilização dos jogos vem incrementar a prática pedagógica do professor como um recurso
diferenciado capaz de fazer com que a criança adquira o seu conhecimento de forma significativa
e prazerosa.
Conforme Moura (1991, apud Kishimoto, 2009b) e Souza (1994, apud Kishimoto, 2009b),
destaca-se que o jogo passa a ser defendido como importante aliado do ensino formal, no processo
A criança, ao brincar e jogar, se comunica, faz e elabora ações, constrói sua forma de
Segundo Kamii e Devries (1991, p. 37), o lúdico é prazeroso e um dos seus papéis é o de
“ampliar o domínio da criança sobre as ferramentas que poderá utilizar na resolução de problemas
e de novas aprendizagens”.
vista cognitivo e social. Brincar requer organização e planejamento, respeito às regras, atenção
e antecipação das ações. O mediador deve fazer a intervenção e acompanhar os jogos, propor
desafios e a reflexão, ademais de colaborar com as crianças para que percebam que brincar
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é importante. O brincar, através das diversas brincadeiras e jogos, pode interessar à criança e
constituir um rico contexto, por meio de intervenções, observações e formulação de propostas, que
podem conduzir a criança a desenvolver habilidades que ela ainda não havia potencializado, como
a construção de regras, por exemplo. Ele também se apresenta em caráter coletivo: os jogos e as
brincadeiras permitem que o grupo se estruture e que as crianças estabeleçam relações ricas de
troca, aprendam a esperar sua vez, acostumem-se a lidar com regras, se conscientizando de que
Para Kamii e Devries (1991), em “Jogos em grupo na Educação Infantil”, evidencia-se que
o professor deve propor regras ao invés de impô-las, impedindo, assim, que as crianças elaborem
Segundo elas o jogo é usado tanto para se referir a uma atividade individual das crianças,
na construção com blocos, como as atividades em grupos de canto ou dança. Para se ter o caráter
de jogo, deve haver intenções opostas e regras. O jogo contém oposições, ações e elaborações de
estratégias.
Já para Kishimoto (1997 p. 22), o brincar deve ser interessante e desafiador e, para que
crianças, para que assim permita a autoavaliação quanto ao desempenho durante a participação
ativa.
O brincar deve também ser desafiante. O professor deve considerar os desafios e que é
possível construir um trabalho cada vez mais significante e equilibrado, com jogos e brincadeiras
relevantes para o desenvolvimento das crianças, pois permite que elas próprias avaliem o resultado
Ao pensarmos em crianças, temos que ter em mente que são questionadoras, estão
sempre querendo saber o porquê e para que dos conteúdos. Para solucionar questões como esta,
Para Kishimoto (2003), em “Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação”, definir “jogo” não é
uma tarefa fácil. Quais elementos caracterizam os jogos? Cada um tem suas regras e estratégias,
Conforme a exposição da autora, o jogo pode ser ou não ser, depende da cultura na qual
está inserido, dos significados e das suas atribuições, pois estas são múltiplas para uma proposição
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concreta.
Importa esclarecer que os termos “jogo”, “brinquedo” e “brincadeira”, em nossa cultura, são
muito parecidos. O brinquedo pode ser representado pela ausência de regras, objetos manipuláveis,
que podem ser o ele em si ou ser representado por objetos não estruturados. Já a brincadeira
caracteriza-se pela ação lúdica. E o jogo tem como característica as regras, que coordenam a
interagem-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo. O brinquedo estimula a
do dia a dia, da natureza e das vivencias, substituindo a realidade pelo imaginário. O jogo tem como
característica as regras, que coordenam a brincadeira que ocorre em tempo, espaço e em uma
sequência. Pode ser caracterizado como recreação, educativo, pedagógico, entre outros.
Importar-se com este ato de aprendizagem é função do mediado; elas pensam em diversão, em
Conquanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito mais difícil para
as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar ideias ou
impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados.
De acordo com Piaget, “o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado
é consequência das ações e das interações do sujeito com o objeto de conhecimento, seja do
mundo físico ou da cultura. É uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, que se
Conforme Kishimoto (1997), Piaget em sua teoria, através de seus estudos, percebeu que
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o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio, que substituem uma
as outras através de estágios. Isto significa que a lógica e formas de pensar de uma criança são
de acordo com seu interesse e suas necessidades junto à realidade de um mundo que pouco
conhecem. Através das brincadeiras, a criança reflete, organiza, constrói, destrói e reconstrói seu
universo.
a forma na qual ela constrói seu mundo, e o que ela traz da realidade para este mundo. Ao brincar,
a criança se expressa e deixa transparecer o que sentem naquele determinado momento, ou seja,
A importância do brincar e da brincadeira deve ser clara, pois as brincadeiras que serão
oferecidas devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que esta criança se encontra.
Desenvolver atividades lúdicas direcionadas à educação não é uma tarefa fácil, pois deve-
se considerar que as crianças pequenas ainda estão em desenvolvimento, por isso um olhar mais
Para Piaget as brincadeiras e jogos infantis exercem um papel de além da diversão, pois
intelectual. Ela não é ativa e nem passiva, mas interativa, interagindo socialmente buscando
de problemas.
Segundo Piaget, quando a criança brinca, assimila o real, e deste adapta-se ao mundo social
dos adultos, desenvolvendo uma linguagem própria que vai de encontro ao seu interesse. Desta
forma ao brincar a criança experimenta diversas situações, aprendendo a conviver com o outro. A
sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com seus semelhantes. Por
exemplo, ao examinar as características das brincadeiras infantis, percebe-se que cada criança
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tem o seu papel definido e se estrutura em uma situação imaginária.
enquanto indivíduo, e a construção do conhecimento, e por isso deve ser uma atividade fundamental
Se brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua utilização deveria criar momentos
lúdicos de livre exploração, nos quais prevalecem as incertezas do ato e não se buscam
resultados. Porém, se os mesmos objetos servem como auxiliar da ação docente,
buscam-se resultados em relação à aprendizagem de conceitos e noções ou, mesmo, ao
desenvolvimento de algumas habilidades. Nesse caso, o objeto conhecido como brinquedo
não realiza sua função lúdica, deixa de ser brinquedo para tornar-se material pedagógico
(KISHIMOTO, 1994, p.14).
Segundo Vygotsky (1988), a criança não tem consciência das motivações do brinquedo,
do jogo, tão pouco da sua intencionalidade, contudo são as inter-relações entre as crianças que
ampliam novas aprendizagens. É o que ele chama de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), ou
seja, através da interação com outras crianças ou indivíduos mais experientes, o que ela não teria
A brincadeira socializa a criança, sua diversidade de formas e funções que o brincar assume
na infância, na cultura. Segundo Wajskop (1999, p. 19), nos primórdios da educação grego romana,
Platão não só comentava sobre a importância de aprender brincando, como também sugeria
para a educação das crianças pequenas, o uso de jogos que imitassem atividades sérias
preparando-as para a vida. Não se discutia o uso do jogo como recurso para o ensino,
pois eram destinados ao preparo físico da criança voltando-se para a formação de soldados
e cidadãos obedientes e devotos, e a influência na cultura física, a formação estética e
espiritual. No entanto, somente com a ruptura do pensamento romântico que a valorização
da brincadeira ganha espaço na educação das crianças (WAJSKOP, 1999 p.19).
A criança está inserida, desde o seu nascimento, num contexto social e seus comportamentos
estão impregnados por esta imersão inevitável. Não existe na criança uma brincadeira
natural. A brincadeira é um processo de relações interindividuais, por tanto de cultura. É
preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu ambiente, para se adaptar a suas
capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de conhecimento e aprendizagem.
Vygotsky (1998) evidencia a criança como um ser social, afetivo e cognitivo, e por
consequência a Educação Infantil é o local fora do âmbito familiar em que o educando se socializa,
na qual o educador é o mediador. No ambiente escolar, o brincar tem normas que regulam as
ações pessoais e interações entre o meio e os outros parceiros, já que há a mediação para jogos
e brincadeiras.
O brincar é lúdico seja em qualquer ambiente e, se não for, descaracteriza-se. Deve ser
construção do conhecimento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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escolares de 4 a 6 anos. Tradução Regina A. de Assis. Campinas, Papirus, 1993.
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LE BOULCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor: do nascimento até os 6 anos. Tradução de Ana Guardrola Brizolara.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
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MELLO, A. M. Psicomotricidade: Educação Física Jogos Infantis. São Paulo: Ibrasa, 2006.
PALANGANA, I.C. Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância do social. 5° ed. São
Paulo: Summus, 2001.
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A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de monografia sobre a música e a Educação Infantil. Aqui a ênfase é no que é
música e como ela pode auxiliar à criança no aprendizado no período da Educação Infantil. Apresentará a importância
que a música tem para o desenvolvimento pedagógico das crianças, sobretudo na Educação Infantil. A música tem
apresentado valor inestimável na vida dos seres humanos, por tocar no sentimento e na sensibilidade. Para a educação
ela representa uma importante e valiosa ferramenta de aprendizagem. A música pode ser utilizada como linguagem
musical através dos seus recursos próprios, facilitando a interação, motivação, criando um ambiente estimulante,
divertido e prazeroso para a criança. No currículo da Educação Infantil é possível destacar práticas pedagógicas de
estímulo à musicalização, favorecendo o desenvolvimento da imaginação, da fantasia e dos sentimentos da criança.
A música proporciona ao estudante uma interação social dela e com o meio, contribuindo na formação social, cultural
e emocional. A criança na Educação Infantil precisa ser estimulada a ter o contato com o mundo da arte, conhecendo
e adquirindo uma sensibilidade e capacidade de lidar com movimentos, gestos, falas, sons e outras expressões. Para
tanto, este trabalho é sintetizado a partir de um estudo de cunho bibliográfico, respaldado por autores e documentos
oficiais que historicamente vêm contribuindo para a inclusão da música nas aprendizagens escolares.
INTRODUÇÃO
criança tem a oportunidade de apreciar, reproduzir, vivenciar e construir composições, seja com o
Educação Infantil deve proporcionar uma oferta educativa de qualidade. E a música é um dos
diferentes recursos que pode auxiliar no desenvolvimento emocional da pessoa humana e que
se restringir-se apenas como meio de entretenimento e lazer, mas promover uma prática musical
escolar significativa, que motive as crianças desde a mais tenra idade a interagir no universo de
fazendo uso de uma didática criativa, acreditando-se que tal prática possa vir a contribuir para o
objetivos e conteúdos variados. A música, por ser um recurso diferenciado, que pode ajudar no
desenvolvimento emocional do ser humano, só por isso já merece uma especial atenção.
Atenção especial deveria ser dispensada ao ensino de música no nível da educação básica,
principalmente na educação infantil e no ensino fundamental, pois é nessa etapa que o
indivíduo estabelece e pode ser assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o
no nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. (LOUREIRO 2003, p.141)
Ao contrário do que muitos pensam sobre o ensino de música na Educação Infantil, não é
uma atribuição apenas de quem possui uma formação musical, nem tão pouco ela restringe-se a
O objetivo principal do uso da música no ambiente escolar é dar estímulos, ajudar a criança
na socialização, incentivar a criatividade, facilitar que expresse suas emoções por meio dela e que
Segundo Loureiro (2008), a aprendizagem da música deve ser uma ação desobrigada,
mas prazerosa, que possa ser compartilhada às experiências da criança, sem haver nenhuma
característica obrigatória, para que assim não mine sua criatividade e sensibilidade.
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Seguindo a mesma concepção, estabelece Snyders:
Propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é
preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por
uma alegria que possa ser vivida no momento presente. (SNYDERS, 1992, p. 14)
Verifica-se que na concepção de Snyders, o ensino da música deve ser algo prazeroso e
interessante para o aluno, sem intencionalidade de sua utilização para o futuro, mas apenas para
o momento presente.
uma importante fonte de estímulos, prazer e felicidade para a criança. O ensino da música não
deve ser uma ação descontextualizada e imposta, que iniba o desenvolvimento da sensibilidade
Para as autoras Ilari (2003) e Feres (1998), as canções de brincar, incluindo as do folclore
visual.
Verifica-se, conforme citado pelas as autoras, que o canto seguido de gestos serve de
da Educação Infantil. Ela disciplina o ato de ouvir e escutar de maneira ativa e reflexiva, ajuda na
construção do caráter e da inteligência emocional, uma vez que ela é capaz de proporcionar um
do raciocínio.
A música tem a capacidade de fornecer recursos valiosos para a aprendizagem das crianças,
de modo que elas possam desenvolver habilidades que necessitarão para se tornarem bem-
espírito de equipe e respeito pelo próximo. Tais valores funcionam como agentes culturais que
metodológicas, que as novas abordagens dos conteúdos musicais, que são “O fazer musical” e a
“Apreciação musical”, ambos relacionados à reflexão musical, possam conduzir às novas práticas
O trabalho com música deve considerar, portanto que ela é um meio de expressão e
forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem
necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da
expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de
integração social (BRASIL, 1998, p. 49).
Para Santa Rosa (1990), a música deve ser trabalhada de diversas formas para atingir
seus objetivos, como por exemplo, explorando brincadeiras cantadas, cantos, parlendas, cantigas
de roda, sonorizando histórias, manifestações folclóricas, entre outras. A autora destaca também
que se pode trabalhar com as crianças as sensações e sentimentos, como o medo, tristeza, alegria;
Segundo Silva (1992), as instituições de educação devem dar oportunidades para que a
criança possa fazer descobertas, como pesquisar sons, realizar combinações de ritmo, harmonia,
melodias, além de poderem manipular objetos que emitam sons, para que seja favorecido a
Observando o dito pelos autores e os textos analisados, percebe-se que são unânimes em
se que sua finalidade principal não é o domínio de técnicas vocais e de instrumentos, mas despertar
a sensibilidade musical das crianças, ajudando-as no seu desenvolvimento afetivo e cognitivo e nas
suas relações sociais. No entanto, as escolas necessitam de uma releitura do contexto musical,
de modo que possam explorar com mais intensidade a música como ferramenta didática, para que
ela atinja sua finalidade, assim como as demais disciplinas, e com isso ajudar na construção do
conhecimento.
moderna, com rico e vasto acervo de significados e sentidos, nos mais diversificados setores do
cotidiano. A música se caracteriza por ser uma forma de linguagem de suma importância, pois ela
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proporciona recursos que possibilitam a comunicação, seja por estímulo sonoro ou movimento
que nos dá significação e compreensão a respeito de algo. E a música é uma linguagem universal
possíveis de serem atrelados a outras áreas do conhecimento, como a linguagem oral e a escrita,
na Educação Infantil passa a ser compreendida como linguagem e área de conhecimento, tendo
referido documento, é destacado ainda que os conteúdos musicais estão divididos em dois blocos:
Consta também no RCNEI (1998) que o contado com a expressão musical já nos primeiros
[...] o aspecto mecânico, estereotipado da imitação, não deixando espaço para as atividades
de crianças ligadas à percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas
nos sons. A música acaba sendo tratada como um produto pronto, e não como uma
linguagem, um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças
nas diferentes idades.
Verifica-se no RCNEI que a música passou a ser compreendida como matéria com
de como devem ser utilizados seus conteúdos. Acrescenta que se deve também ser revista a
forma de expressão que remete a algum tipo de engessamento, que não estimule a liberdade e a
[...] é uma linguagem comum a todos os seres humanos e assume diversos papéis na
sociedade, como função de prazer estético, expressão musical, diversão, socialização
e comunicação na escola, [...] a música é linguagem da arte, [...] é uma possibilidade de
estratégia de ensino, ou seja, uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras
disciplinas. (ROMANELLI, 2009 p. 24-25).
29
Assim, entendida como linguagem artística que apresenta organização e fundamentos,
a música representa uma prática social de precioso valor, pois nela estão inseridos valores e
significados destinados aos indivíduos e a sociedade que a constrói e dela se ocupam. Em função
do seu alcance imensurável como recurso motivador, ela vem sendo cada vez mais estudada e
de notas somente a linguagem musical é capaz de realizar, e tais atributos juntos formam uma
expressão única e exclusiva, que nem a linguagem verbal ou outra é capaz de alcançar. A autora
destaca ainda que a língua musical consiste em combinações e sucessões de sons, mas que não
são dotados de significação, como é o caso dos signos de língua oral e escrita. Para a autora,
a linguagem é “sentidos” - estes não nos dizem tudo - e não transparente. A linguagem significa
sentidos a aprender. E dentre estes possíveis, alguns apresentam significação apenas na linguagem
musical.
Conforme exposto pela autora, a música é como se fosse “sentidos”, dos quais alguns
somente têm significados e só podem ser decifrados através da linguagem própria da música.
didático para se chegar aos aprendizados pretendidos, sempre que um conceito ou ideia não for tão
claro apenas por palavras. Ela evidencia uma real compreensão para a criança, tendo relevância
outras habilidades.
Como linguagem, a música é capaz de orientar a reflexão do ouvinte sobre o mundo, o que
se pode observar na sua presença junto às crianças, sendo primordial para que elas compreendam
Na Educação infantil é muito perceptível o quanto a música como linguagem faz com que
música, mas para que elas façam isso é necessário o exercício do pensar, do imaginar e do sonhar,
que são capacidades que adquirem para brincar com a realidade no universo dos adultos. Essas
capacidades estão diretamente ligadas ao ato de sentir. A música desperta os sentimentos vividos
pela criança, de modo que ela cria imagens da realidade, em que tais símbolos transformam-se em
30
A MÚSICA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por muitos anos, o aprender musical era uma exclusividade de poucos, em que somente as
classes elevadas tinham tal oportunidade, cujo aprendizado ocorria apenas em escolas de música
ou conservatórios.
19.890/31, que permaneceu até 1971, que em seguida foi substituída por Educação Artística.
A partir da criação da LDBEN em 1996, em seu artigo 26, § 2º, o ensino da arte passa
a ser componente obrigatório no currículo escolar dos diversos níveis da educação básica, de
modo que favoreça o desenvolvimento cultural dos alunos. Mas somente a partir da Lei nº 11.769,
no § 6 do seu artigo 1º, que altera a LDB, é que se dispõe sobre a obrigatoriedade da música na
educação básica. Diante disso, ela passa a ser pensada como uma ferramenta pedagógica de
dentro do segmento de Artes, a música passou a ser tratada como tendo finalidades musicais: a
da música na Educação Infantil, apresentando objetivos, orientações e conteúdos que podem ser
trabalhados pelos professores, ressaltando que a música é reconhecida como uma linguagem e
área de conhecimento.
importância, já que ela faz parte do cotidiano de toda criança, que já bem cedo interage com sons,
ritmos e movimentos. Faz todo sentido atividades envolvidas neste contexto para alavancar outros
aspectos da aprendizagem.
perfil do indivíduo que se espera, assim redefine o ensino da música para a educação:
professores. Dentro da concepção do documento, a música deve ser compreendida como linguagem
e área de conhecimento, considerando que esta tem estruturas e características próprias, devendo
31
ser considerada como: produção, apreciação e reflexão (RCNEI, 1998).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), na parte dedicada à Música, são abordadas
tecnológico de nossa época, destacando-se também que o ensino da música deve possibilitar
que o aluno traga música para a sala de aula, acolhendo-a e contextualizando-a, e que haja oferta
de acesso às obras que possam ser significativas para o aluno, em atividade de apreciação e
produção.
Ainda que o texto supracitado traz como deve ocorrer o ensino de Música nas escolas, tal
possibilidade de ampliação de escuta pelos meios atuais não é garantia suficiente para dar acesso
Segundo Katsch e Merle-Fishman, citado por Bréscia (2003, p.60), a música favorece
linguísticas e matemáticas.
Nessa mesma linha, Barreto (2000) destaca que a musicalização infantil no ambiente
escolar é um poderoso recurso que desenvolve, além da sensibilidade musical, outros aspectos,
Conforme expresso pelos autores supracitados, percebe-se que a finalidade das atividades
musicais na escola não visa formar músicos, mas criar e proporcionar vivências. A compreensão
Sabe-se que são raras as escolas públicas no Brasil que possuem a disciplina “Música”
inserida em seu currículo. O que encontramos muitas vezes são práticas do cantar, exercidas
datas comemorativas, na hora do lanche, do almoço, da higienização, entre outros, que não se
destinam para um propósito musical em si, mas servem de pano de fundo para realização de
outras atividades disciplinares, ou mesmo apenas como objeto de lazer e recreação. Diante de tal
tratamento dado à utilização da música nas atuais escolas, nega-se ao aluno a oportunidade do
prazer musical.
O trabalho musical na educação, no sentido amplo da palavra, é muito difícil, pois não
será apenas com a imposição da legislação o êxito da disciplina nos atuais currículos escolares da
Educação Básica.
Percebe-se que o ensino de música, apesar dos seus diversos benefícios que justifiquem
32
sua obrigatoriedade no currículo escolar, carece de uma organização e sistematização que lhe dê
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de acesso a bens culturais, através da intencionalidade de planejamento que envolva a arte numa
Para muitos autores pesquisados aqui, a música, aliada ao ensino, torna-se uma poderosa
ou cantar com o foco em formar músicos, mas o objetivo é o desenvolvimento da criança, aliando
O ensino de música no cotidiano escolar trilha por um caminho que necessita de uma
intervenção de rumo, em que importantes ações são necessárias para que se viabilize uma reflexão
Uma visão mais humanista para o ensino da disciplina musical é uma possibilidade de
oferecer às crianças um fazer musical mais atraente e prazeroso, de modo que elas se sintam
seduzidas para se envolverem com a música. Entretanto, para que ocorra uma nova reformulação
das crianças e capacitar os professores para que possam apresentar-lhes alternativas de recursos
musicais, frente aos anseios de uma nova geração que se comunica através de meios metodológicos
33
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35
A INTRODUÇÃO DA LITERATURA AFRICANA ATRAVÉS
DOS CONTOS DE FADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Entrar em contato com a literatura africana permite quebrar os estereótipos relacionados ao continente africano, o qual
possui uma enorme variedade cultural, com centenas de etnias e milhares de línguas, e uma grande diversidade de
valores sociais e morais. Hoje, ela aparece com uma estrutura firmada na história e na realidade contemporânea que
lhe é peculiar, perfilados entre as grandes manifestações culturais do mundo, visto que essa cultura vem carregada
de emoção e contentamento devido às origens e a excelência como foi elaborada. As representações da África,
demostrando a visão do africano por sua terra, seu povo e sua cultura, sendo esta mescla de outras. Por meio dessa
literatura e do discurso, busca romper o colonialismo e demostrar quem são e como é sua terra nas suas perspectivas.
Este artigo objetiva demonstrar o quanto os contos de fadas estão presentes na sala de aula e como podem ser um
excelente recurso no desenvolvimento da criança na Educação Infantil.
INTRODUÇÃO
para a construção da identidade de uma nação. Também é evidente a influência da cultura africana
em nossos costumes, valores, política e economia. Levar esse reconhecimento cultural para a sala
de aula, e, por meio da literatura, proporcionar um ensino que torne possível o amadurecimento da
juventude brasileira, poderá nos assegurar um futuro no qual a miscigenação não seja mais vista
com olhos preconceituosos, mas compreendida como parte da nossa construção como povo.
As culturas africanas estão diretamente ligadas à nossa cultura brasileira, pois entre elas
está a certeza da conquista da liberdade cultural e humana. Sem nomear acontecimentos, colocando
um capítulo de dificuldades à tona, seja pela dor do açoite ou pela dor da morte, a parcela africana
contribuiu para construir uma população etérea e contida na miscigenação dos povos. A linguagem
trouxe palavras que ficaram presentes em nosso vocabulário e confirmaram as suas influências no
36
Brasil, fecundaram nossa terra e fez do fruto uma centelha doce de sabores infinitos.
A Literatura, tal como preconiza a Lei nº 10.639/03, é um dos caminhos possíveis para inserir
nos contextos escolares a História da África e dos Africanos na formação do Brasil. É a partir da
âmbito escolar para alunos e professores – e para estes, por meio de formação continuada. É papel
do professor facilitar a acessibilidade do aluno aos textos literários, para além do âmbito escolar,
para que seja o mais próximo ao cotidiano dele. Deve também promover situações, momentos,
eventos de leitura, para que a memória literária se constitua, ajudando o aluno na compreensão
e, a partir daí, na interpretação, por meio de atividades variadas, questionamentos e análise dos
Os contos de fada fazem, ou fizeram, parte da infância da maioria das pessoas. Princesas,
príncipes encantados, castelos estão na imaginação de grande parte das crianças e adultos. Estas
crescem sonhando que um dia encontrarão seu príncipe em um cavalo branco, ou sua princesa
presa na torre de um castelo esperando para ser salva. Os contos de fada mexem com a imaginação
das crianças, incorporando à vida real um mundo de fantasias, que é desfeito no decorrer do
crescimento e no seu amadurecimento. Apesar de grande parte das fantasias serem desfeitas
com a chegada da adolescência e da vida adulta, alguns resquícios destes contos continuam a
influenciar a vida dos indivíduos, principalmente quando correlacionados com outros modelos de
relações.
Através dos contos de fadas, podemos formar leitores a partir de uma escrita imaginativa
que favoreça a experiência estética e a educação para a sensibilidade. Na interação com essa
linguagem diferente daquela que é vivida pela criança no seu cotidiano, novos outros saberes
acerca da condição humana vão se instituindo e gerando também na criança outras formas de
entender o mundo social que a cerca. A experiência literária possibilita o enfretamento com a dor,
A matriz africana mantém parte de sua essência pela tradição de contar e vivenciar histórias
míticas, consideradas práticas educativas que chamam a atenção para princípios e valores, para
oral pode ser vista com grandes ensinamentos, saberes e conhecimentos que veiculam e auxiliam
de registro, tão complexa quanto à escrita, sendo um modo de expressão para difundir todo o
sobre a importância da inserção da literatura africana, por meio dos contos de fadas, na Educação
Infantil. Os objetivos específicos são: definir literatura; discorrer sobre as os antecedentes históricos
Este trabalho se justifica pela importância de inserir a Lei nº 10.639/2003, de tal modo que
A utilização do termo “literatura” remete aos tempos históricos, com início na Antiguidade
Clássica, na Grécia e Roma. Nesta época este vocábulo designava a arte de escrever letras, ou a
arte de desenhar as letras, não sendo vinculado especificamente às manifestações literárias e seus
gêneros.
Recorria-se aos contos para encantar os pequenos, mas, sobretudo, para ensinar as virtudes
necessárias à “boa formação” da criança. Isso não destoava das concepções escolares
acerca da infância que se pretendia formar no período: a criança moralizada, gentil, polida e
acima de tudo civilizada. O modelo burguês é evidenciado e investe-se na ideia da criança
idealizada, do vir a ser, do futuro adulto útil e ajustado aos conceitos civilizatórios. (2007, p.
164).
Nesse sentido, a literatura revela o homem enquanto homem, sem distinção ou qualificação.
Para Proença Filho (1969), ela surge sempre onde há um povo que vive e sente, ou seja, cultura,
língua e literatura estão estreitamente ligadas. A leitura literária é um tipo especial de leitura. Pereira
(2012), diz que sua especificidade decorre, sobretudo, das características do texto literário. E ela
pode ser valorizada como uma manifestação humana que merece lugar entre as práticas culturais
de nossa sociedade.
Ainda, a história da literatura dentro de uma perspectiva de compromisso social revela que
a prática da leitura depende de interesses políticos e econômicos. Assim, livros literários também
obedecem às necessidades do mercado, dos bens culturais, gerando o cânone literário que é
contados por pessoas comuns em rodas de história. Antes disso, não havia preocupação em como
Elas participavam, juntamente com os adultos, da vida política e social, testemunhando as guerras,
Assim como bem destacado por Silva (1993), se a leitura feita pelo aluno não tiver relação
com seu contexto de vida, e se o contexto do texto lido não proporcionar uma compreensão maior
da realidade do leitor, o texto perde seu sentido e não desperta o interesse para essa atividade. É
“na leitura e na escritura do texto que encontramos o senso de nós mesmos e da comunidade a
que pertencemos” (COSSON, 2006, p. 17). A leitura descontextualizada, que não leva em conta
a realidade dos alunos, é muito comum de ser feita na escola, por isso, não se vê prazer e os
A LITERATURA AFRICANA
historiadores, essa era praticada por homens e por mulheres (os contadores dos betes, da Costa
do Marfim e os feiticeiros, de Mali). Sua importância, hoje, está relacionada ao fato de servir como
fonte de memória do povo africano; a respeito disso, podemos pensar que a literatura oral é muito
importante para a história das civilizações, seja ela africana, seja indígena etc. Relatos afirmam
que o ato de contar histórias era sagrado; elas eram contadas segundo ritos, técnicas de dicção e
ritmos próprios a cada língua africana. Com a invenção da escrita, os textos em línguas africanas
eram escritos em caracteres latinos, de inspiração religiosa. Estudiosos dizem que as literaturas
IX. A escrita árabe tornou-se, com o tempo, meio de expressão da aristocracia negra convertida.
Com a finalidade de divulgar o Corão, a literatura foi um dos meios de se transmitir os ensinamentos
Algumas pesquisas sobre as literaturas africanas abordam a linguagem tecida pelos fios
da imaginação de autores que, no plano ficcional, discutem e reescrevem a história do seu país.
as diferenças que marcam a identidade dos povos africanos. Percebe-se, então, que o discurso
literário, em todas as circunstâncias, serve como aliado na luta que se trava dentro e fora da
39
linguagem. Os confrontos, travados na linguagem, buscam uma expressão própria. O engajamento
visível na literatura dos sujeitos desses processos históricos na luta pela libertação colonial se
consolida em caminhos que se abrem para um futuro que projeta um novo homem e uma nova
nação.
Assim sendo, a existência de uma literatura colonial sobre a África, escrita por europeus ou
colonos, é reconhecida pelas paisagens exóticas e dos povos africanos, constituindo como cenário
para aventuras prometeicas, em que protagonistas de cor branca permanecem diante de diversos
obstáculos para atingir um objetivo moral maior, o qual muitas vezes é envolvido na salvação dos
do jugo colonial.
Outra característica seria um forte impulso nativista, orientado para a celebração das
independências. O termo pós-colonial não pode ser compreendido como fim da colonização, pois
as elites africanas que assumem o poder repetem o comportamento exploratório dos antigos
colonos e continuam a predar seus países. Para analisarmos o surgimento, na África, das elites
no período pós-independência, faz-se obrigatória a leitura dos ensaios seminais de Frantz Fanon.
Para o martinicano, o processo de descolonização, da forma como ocorreu nos países africanos,
nada mais é do que a substituição no poder dos colonizadores europeus por governantes africanos.
Com a independência, as nações africanas passaram a ser governadas por africanos, mas a lógica
autonomia dos modelos europeus, recuperação da tradição oral e redescoberta de contos, lendas
e mitos) são alguns dos conceitos que têm acompanhado a renovação das literaturas africanas de
expressão portuguesa nestas últimas décadas e que já lhes permitiu a conquista de um estatuto de
dignidade internacional.
40
CARACTERIZAÇÃO E ORIGEM DOS CONTOS DE FADA
Contos são gêneros narrativos cuja origem não se pode determinar. Sabe-se que são
antigos e que surgiram pelas narrativas contadas e ouvidas pelos povos de diferentes lugares.
Conforme aponta Carvalho (1985), o conto não tem origem única e seu conteúdo era baseado nos
costumes, relatos orais e ideias desses povos, transmitido de geração a geração. Embora muito
antigo e mesmo diante de toda a tecnologia da atualidade, mantêm seu espaço de destaque no
imaginário infantil.
A razão é que, quando se trata da literatura oral, matriz do que conhecemos por contos de
fadas, o pesquisador defronta-se com verdadeiro labirinto de hipóteses, teses, interpretações
e as mais variadas controvérsias. Como também com teorias sobre a origem, as migrações,
as transformações e, ainda, o bem ou o mal que as milhares de histórias circulantes pelo
mundo possam causar a quem as lê.
aproximadamente no Século II. Os Celtas são considerados pela história um povo místico, que
valorizava a magia. Sua cultura era fundamentada nos princípios espirituais, na fabricação de
armas e no culto a certas expressões espirituais femininas, tais como druidesas e fadas. Coelho
(2010, p. 77) ressalta que, “os celtas consideravam rios, as fontes e os lagos lugares sagrados. A
água era reverenciada como a grande geradora da vida. Foi na água que a figura da fada surgiu
entre os Celtas”.
sozinhos nas florestas, campos e montanhas. Discorriam que, repentinamente, eram incomodados
por uma visão interior muito forte, que os agitavam por inteiro. Corriam então de volta a suas aldeias
e faziam relatos de tudo que lhes acontecera, a todos que quisessem ouvir. Daquela visão inicial,
iam-se formando lendas, e mais tarde “contos maravilhosos”. Não existem registros da primeira
pessoa a narrar os contos de fada, pois eram narrados pelas pessoas do povo, que iam difundindo
entre elas. Em seguida, o homem começa a observar sua própria personalidade e a criar contos a
respeito de si. Apenas na Antiguidade temos relatos dos Contos de Fadas com caráter educacional.
papel central na vida da criança, pois, é por meio deles que o imaginário da criança passou a ser
aguçado para novas descobertas na vida. Foi a partir do século XVII, que as histórias contadas
pelas mães para seus filhos foram escritas. Estas tinham fundos satíricos, por ser uma forma dos
41
intelectuais demonstrarem suas opiniões contra a opressão.
Perrault marca o início da literatura feita para crianças nos anos de 1628 a 1703, na França;
com os irmãos Grimm, no século XVIII, na Alemanha; com Andersen, no século XIX, na Dinamarca;
e com Walt Disney, no século XX, na América. Mas, para Cashdan (2000), a transformação dos
contos de fadas em literatura infantil teria ocorrido no século XIX, nos países de língua inglesa, pelo
trabalho de vendedores ambulantes, que viajavam por diversos povoados vendendo pequenos
volumes baratos. Continham as histórias simplificadas do folclore e dos contos de fadas, sem as
Além disso, os contos originais foram adaptados, pois traziam enredos que chocavam
e assustavam até mesmo os adultos. Inicialmente não eram destinados às crianças, eram sim,
criações populares, feitas por artistas anônimos do povo, as quais sobreviveram e se espalharam
por toda a parte, graças à memória e à habilidade “narrativa de gerações de contadores variados,
que dedicavam parte das longas noites do tempo em que não havia eletricidade para entreter a si
aconteceu paralela à exclusão das crianças do mundo do trabalho, visto que na Revolução Industrial
os espaços de trabalho foram separados do espaço familiar. Além disso, com o advento dos ideais
iluministas, as crianças passaram a ser reconhecidas como sujeitos dotados de uma psicologia
infantil diferente da subjetividade adulta (CORSO; CORSO, 2006, p. 16). Com o passar dos tempos,
No Brasil, foi marcado por Hans Christian Andersen com a história “O Patinho Feio”. A
literatura constituiu-se como gênero durante o século XVII, ocorrendo durante as mudanças na
estrutura da sociedade. A partir do século XVIII, a criança passou a ser considerada como diferente
dos adultos, recebendo então uma formação específica. Foi neste momento que as literaturas se
Psicólogos e psicanalistas do século XX, entre os quais Sigmund Freud, Carl Gustav Jung
e Bruno Bettelheim, interpretaram certos elementos dos contos de fadas como manifestações de
medos e desejos comuns a todos os seres humanos. No livro “The Uses of Enchantment” (1976;
A psicanálise dos contos de fadas), que deu origem a novas discussões sobre o tema, Bettelheim
afirma que a natureza cruel e arbitrária de muitas histórias é, na verdade, uma reflexão instrutiva
sobre a superação natural da criança, de várias fases de iniciação e desenvolvimento. Segundo suas
42
palavras “os contos de fadas dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação,
sugerindo também as experiências necessárias para desenvolver ainda mais seu caráter”.
Para Von Franz (2005, p.15), os “contos de fada são a expressão mais pura e mais simples
dos processos psíquicos do inconsciente coletivo”, porque representam imagens que nos auxiliam
na compreensão de processos basilares da existência humana. Para a autora (p.16) “(...) cada conto
expresso numa série de figuras e eventos simbólicos, sendo desvendável através destes”. Os contos
tornam-se presentes nos fenômenos psíquicos através de imagens reiteradas pela experiência na
história da humanidade e no inconsciente coletivo. Assim, tais narrativas nos orientam, também,
a compreender tais imagens melhor e mais amplamente. O conto traz em si “figuras e eventos
simbólicos” que exprimem significados psicológicos, sejam as tensões relativas à união entre
solidariedade entre pares. Enfim, acontecimentos que permeiam as almas humanas desde mundo.
essas que levaram tais histórias a serem consideradas “infantis”. Atualmente acontece o mesmo,
atender o público infantil, hoje são reinventados para atender as pessoas de todas as idades. Outro
quesito importante diz respeito à influência que os contos de fadas possuem no imaginário coletivo
relação aos existentes nos contos da literatura, existe o questionamento da “modernização” dessas
Na leitura dos contos de fadas, a palavra é “mistério” e também “revelação”. Ainda que,
por vezes, se revele vazia, pode ser plena de sentidos, dependendo da forma como que é dita
ou escrita, lida ou ouvida. Por exemplo, lida com metáforas, cria-se um sentido poético para as
expressões. Não há neutralidade, nem tão pouco inocência na linguagem simbólica e nas imagens
ilustradas que constroem os enredos. É uma leitura que transmite uma mensagem estruturada num
contexto ideológico, histórico, social e cultural, sendo que essas imagens e linguagens agem no
imaginário infantil.
Bernardo (2006) discorre que os contos de fadas apontam e mostram como se desenvolve
a construção de diferentes formas de relação destes com a realidade. Os contos, porém, não
pertencem somente ao passado, pois são processos criativos referentes a um momento histórico
no qual foi produzido através da relação entre a percepção do real agregado ao imaginário, trazendo
43
em si diferentes significados.
Os contos se caracterizam por serem uma narrativa cujos personagens heróis e, ou,
heroínas, enfrentam grandes desafios para, no final, triunfarem sobre o mal. Permeados por
magias e encantamentos, animais falantes, fadas madrinhas, reis e rainhas, ogros, lobos e bruxas
personificam o bem e o mal. No conto de fadas, tapetes voam, galinhas põem ovos de ouro, pés de
feijão crescem até o céu, enfim, traz-se à tona o inverossímil, e é essa magia que instiga a mente
Ao longo das narrativas, as indicações da natureza são limitadas e vagas, o que não permite
determinar com rigor a duração de ação ou localização num contexto histórico preciso. O mesmo
ocorre relativamente com espaço: um palácio, uma casa, uma floresta. Tais características permitem
aos contos um caráter atemporal e universal, concedendo a eles uma atualização permanente, pois
podem acontecer em qualquer lugar e tempo. São textos carregados de simbologia: “rosa: símbolo
do amor; beijo: desperta e faz renascer; lobo mal: algo ou pessoa que, de repente, quer fazer o mal
Ainda sobre a influência dos contos de fada, Radino (2003) ressalta o significado psicológico
deles para as crianças, pois é apresentado de um modo simples, sem fazer solicitações ao leitor,
para que a criança não se sinta inferior, nem compelida a atuar de modo específico. “Longe de fazer
um final feliz” (BETTLEHEIM, 2008, p. 26). Desta forma, fadas, bruxas, princesas e príncipes são
personagens que incorporam problemas típicos do cotidiano, permitindo que a criança estabeleça
personagem.
[...] há uma identificação essencial entre as invariantes que estruturam essas narrativas
maravilhosas e as exigências básicas que a vida faz de cada um de nós, para que nos
realizemos plenamente como indivíduos e seres sociais. As personagens desses contos de
fada, contos exemplares, parábolas, etc., nada mais são do que símbolos ou alegorias da
grande aventura humana, que cada qual vive a seu modo, ou de acordo com as circunstâncias.
(2010, p.116).
O conto de fadas é como um espelho mágico que reflete características do nosso interior
e guia os indivíduos para sua evolução da imaturidade para a maturidade. De início, se identificam
com o protagonista bom e belo, mas são levados a refletir sobre as atitudes dos antagonistas. Ao
estar imerso em uma série de sentimentos, todo conto de fadas traz em seu âmago uma mensagem
semelhante: o que recompensa nossas lutas é a paz que é levada dentro de si e em relação ao
44
mundo. (CADEMARTORI, 1987).
Esse universo tem a ver também com outro aspecto: o da cultura oral. Trata-se de contos
populares, de uma tradição anônima e coletiva, transmitidos oralmente de geração a geração
e transportados de país em país. Muitos deles foram depois recolhidos em antologias por
estudiosos, com maior ou menor fidelidade à versão original de seus contadores e contadoras.
Em vários casos, foram recontados e reelaborados – ora ganhando qualidade literária nas
novas roupagens, ora se perdendo em adaptações cheias de intenções de corrigir as matrizes
populares. Ora mantendo seu vigor original, ora diluindo em pasteurizações. (2010, p. 9-10)
Essa proximidade dos contos de fadas com a subjetividade humana permite afirmar que
eles universalizam a dor e os problemas, dando ao leitor a sensação de não estar sozinho em suas
mazelas; nesse sentido, os conflitos e problemas vividos no texto interagem com a percepção de
mundo e produzem reflexões na criança, gerando um conforto ou prazer, e prazer, em sua essência,
produz alegria, cuja ação, na infância, é basicamente terapêutica (CALDIN, 2004). A partir dessa
afirmação é possível analisar os benefícios que os contos de fadas possibilitam, com toda a sua
Sabemos atualmente que são indiscutíveis o valor e os ganhos que os livros têm na vida
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a
raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade,
e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem
as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não)
brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (Abramovich. 1999, p. 17)
Dessa forma são os contos de fadas. De origem muito antiga, essas narrativas nem sempre
estiveram presentes nos livros. Essas histórias, que hoje nos são tão familiares, foram passando
de boca em boca, de uma cidade para outra, de uma região para outra. Tudo isso de forma oral,
em que os mais velhos iam contando às histórias aos mais novos, passando-as assim de geração
para geração. É por isso que alguns contos de fadas têm origem nos países do Oriente e outros em
É por meio do Conto de Fadas que a criança tem condições de mergulhar num mundo da
imaginação, do encantamento e da fantasia. Pois os contos de fadas, de acordo com Estés (2005,
45
p. 17), “[...] pode contribuir para o aprendizado da vida e para o desenvolvimento da percepção”.
assim potencializando a linguagem infantil. Por isso Bettelheim traz considerações muito importantes
sobre alguns aspectos essências que devem ser priorizados e utilizados nas contações de histórias.
Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar
sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a
desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções: estar harmonizadas com suas
ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo,
sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Resumindo, deve de uma só vez se
relacionar com todos os aspectos de sua personalidade-e isso sem nunca menosprezar a
criança, buscando dar inteiro crédito a seus predicamentos e, simultaneamente, promovendo
a confiança nela mesma e no seu futuro. (BETTELHEIM, 1998, p, 20).
Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, tendo um caminho
deixar fluir o imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que prontamente é respondida no
transcorrer da leitura dos contos. É uma possibilidade de descobrir o mundo colossal dos conflitos,
dos impasses, das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos
problemas que vão sendo encarados ou não, resolvidos ou não, pelas personagens de cada história.
Dessa forma, a leitura dos contos de fadas na Educação Infantil faz-se importante na formação das
crianças, que através deles poderão formar-se e informar-se sobre a vida e os ambientes que as
cercam.
As escolas podem resgatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em casa e nos
ambientes que frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de informação
sobre as diversas formas culturais de lidar com as emoções e com as questões éticas, contribuindo
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação
e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo,
apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor,
preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta
atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as
ilustrações enquanto a história é lida. (BRASIL, 1998, p.144)
Destaca-se, de certa forma, que os contos de fadas remetem os alunos aos sonhos em
que as imagens vão surgindo com o desenrolar de cada cena, com a mesma rapidez mágica
que o contexto histórico acontece. Transportam o leitor para lugares onde tudo pode acontecer. O
46
discurso pertencente aos contos, fala à imaginação e ao coração, e foi inventado para provocar
encantamentos; por isso, a forma de contar as histórias pelo professor e a estratégia que ele irá
utilizar para realizar tal ato é de extrema importância. Enquanto a criança não consegue assimilar
discursiva mediada pela narração do conto. Por todo esse contexto, é de extrema importância
propor a criação de atividades que envolvam os contos de fadas no aprendizado da língua, e assim,
A leitura deve proporcionar a curiosidade, por isso, tem que ser feita com prazer e
interpretação, assim a criança desenvolve o gosto pelo ouvir e futuramente pelo ler, em que poderá
desvendar suas curiosidades como um leitor autônomo, escolhendo e interpretando suas próprias
histórias e se descobrindo no mundo. Ler, além de ser uma forma lúdica que colabora com a
a fantasia tomar formas entre letras e desenhos, atingindo muitos aspectos do desenvolvimento,
A população negra no Brasil sempre foi renegada à margem da sociedade, e, como tal,
muito lutarem para conseguir vencer essa herança colonial, até hoje os negros precisam recorrer
a leis e normas impositivas para fazerem valer seus direitos. Como não poderia deixar de ser,
esse aspecto reflete diretamente no ambiente escolar. Diante disso, perceber a escola enquanto
espaço caracterizado pelas diferenças, de convivência entre alunos dos mais diferentes perfis, e
aceitar esse contexto da maneira mais natural possível é a atitude primordial para contribuir com o
processo de inclusão escolar. Estimular a convivência pacífica e a curiosidade por conhecer melhor
Nacional e estabelece a obrigatoriedade da educação das Relações Étnicas Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, a fim de resgatar a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil. Para regulamentar esta Lei, o
Conselho Nacional de Educação, por meio de seu Conselho Pleno, elaborou o Parecer nº CNE/
documento é uma medida de ação afirmativa que torna obrigatório o ensino da História da África
mais conhecido pelos educadores das escolas públicas e privadas do país. Ele se insere em um
processo de luta pela superação do racismo na sociedade brasileira e tem como protagonistas o
Movimento Negro e os demais grupos e organizações partícipes da luta antirracista. Revela também
uma inflexão na postura do Estado, ao pôr em prática iniciativas e práticas de ações afirmativas na
educação básica brasileira, entendidas como uma forma de correção de desigualdades históricas
que incidem sobre a população negra em nosso país. Em contrapartida, a lei não assegura, por si
só, a concretização de seus princípios. Ela permanece mais uma ferramenta para que, no exercício
sociopolítico e no contexto escolar, com todas as discrepâncias, conflitos e resistências que ainda
Não existe uma articulação frontal e instantânea entre o ensino da história e da cultura
afro-brasileira e a mudança dos paradigmas sociais desiguais, mas ele pode ser um recurso de
e práticas sociais discriminatórias, por intermédio do estabelecimento dos diálogos entre visões,
diversidade, assegurando que alguns grupos não apenas deixem de ser responsabilizados por não
se adequarem a espaços que os discriminam, mas também exclua sua invisibilidade, afastamento
política educacional, na pratica pedagógica e no currículo escolar, que por sua vez refere-se à
dos conteúdos, que inclua o continente africano nas informações sobre a história, a geografia, a
identidade, da história, e da cultura dos povos pertencentes a diferentes grupos sociais. Para que
essa educação seja realmente efetivada, ela depende, como viemos afirmando, de condições
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Literatura Infantil sempre foi um tema que chamou a atenção de educadores e estudiosos
da área. Porém ainda há muito que se refletir sobre isto, de forma a contribuir para a qualidade
e difusão da leitura na escola com prazer e diversão, tendo como resultado uma aprendizagem
cultural cada vez maior. Sem dúvida nenhuma, a Literatura, ontem e hoje, faz parte da educação,
da condução e do desenvolvimento humano. Não apenas por estar na escola, mas por estar
diretamente ligada a pessoa. A leitura é direcionada não somente para quem “lê”, mas pode ser
dirigida a outras pessoas, que também “leem” o texto ouvindo. Os primeiros contatos das crianças
com a literatura ocorrem desse modo. Os adultos leem histórias para elas. E ouvir histórias é
uma forma de ler. A diferença entre ouvir a leitura a somente ler está em que a fala é produzida
espontaneamente, ao passo que a leitura baseada num texto escrito tem características próprias
todas as possibilidades para construir em seus interlocutores conceitos, e desmitificar o que a cultura
e o contato com outras áreas de conhecimento que surgem com a necessidade de compreender a
produção literária.
Mesmo percebendo que a Lei 10.639/03 ainda não está aplicada de forma integral, ao
contemplarmos alguns docentes empenhados em suas funções, sentimos que é possível uma
mudança nesse quadro, desde que consigam – e nesse quesito, nos enquadramos enquanto
Sabemos que é nas interações sociais que nós, humanos, construímos o saber. Também
já faz parte do senso comum dos educadores a convicção de que o conhecimento, antes de sua
apropriação individual, por cada membro da espécie, encontra-se no coletivo. Assim, ao se pensar
no aprendizado da linguagem escrita, é fundamental que não percamos de vista que as condições
adequadas para a construção desse conhecimento específico também estão no coletivo de crianças
e na possibilidade de vivências existentes nas relações que estabelecem mediadas pelo adulto.
Sendo assim, entendemos que a literatura Infantil se apresenta como uma opção pedagógica
49
que facilita e amplia o processo de ensino-aprendizagem da criança, uma vez que é capaz de
papéis, dos quais podemos destacar a construção e reconstrução do conhecimento, que acontece
Ensinar literatura africana não é mais uma questão de vontade pessoal e de interesse
particular. É uma questão curricular de caráter obrigatório, que envolve as diferentes comunidades:
escolar, familiar e sociedade. O objetivo principal para inserção da Lei é o de divulgar e produzir
conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade
étnico-racial, tornando-os capazes de interagir em objetivos comuns que garantam respeito aos
direitos legais e a valorização de identidade cultural brasileira e africana, como outras que direta
10639/03 visa fazer um resgate histórico para que as pessoas negras afro-brasileiras conheçam
É claro que, diante da beleza e dos encantos, assim como pelos mistérios e segredos que
a África esconde, os autores da literatura desse continente são responsáveis pelo desenvolvimento
de um universo bastante único, abrindo-se para trabalhos incríveis. O continente passou ainda
por diversas formas de sofrimento, relacionadas a aspectos culturais, econômicos etc., mas o que
a tornou uma terra sofrida, reconhecidamente pelo mundo, foram os processos de colonização,
assim como pelos conflitos vividos até os dias de hoje e as guerras civis, que chegam com grandes
destruições.
O fato mais sonhado e esperado por todos os professores seria que todas as crianças
conhecimento; provavelmente seriam formados adultos mais conscientes do valor que tem cada
ser humano.
A construção do trabalho também foi importante no momento em que pode descobrir que
existe uma literatura adequada a cada faixa etária e que o interesse pela literatura está associado
ao nível de desenvolvimento psicológico da criança. Que mais do que tentar apenas despertar o
interesse da criança pela literatura, os adultos têm um papel importante no universo dos leitores;
social da linguagem e da escrita. É necessário, ainda, reconhecer que, na relação com o meio e com
50
o lúdico, de forma especial, as crianças possuem muitas formas de internalizar os conhecimentos
necessários.
Pode-se concluir, por fim, que a literatura infantil só tem a contribuir com o desenvolvimento
infantil, e deve ser utilizada como ferramenta com os artifícios certos – oferecendo crescimento
particular e emancipação intelectual – para auxiliar na Educação Infantil. É evidente que esta pesquisa
não teve por objetivo esgotar o tema, ficando aqui algumas impressões dentre tantos teóricos e
51
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53
AS ARTES E OS JOGOS NA CULTURA INDÍGENA
RESUMO
O setor de artes visuais e artesanato indígena oferece benefícios econômicos, sociais e culturais muito significativos. A
arte indígena é considerada o maior presente cultural, e nossa exportação cultural mais profunda, significativa e
importante. Assim como o setor como um todo oferece enormes benefícios culturais, sociais e econômicos para
a comunidade, também os artistas indígenas são capazes de trazer essas vantagens para suas comunidades
imediatas e para a sociedade. Os próprios indígenas se beneficiam financeiramente com a venda de suas artes e
artesanato. No entanto, as submissões observaram que o sucesso da arte indígena não se traduz necessariamente
em grandes benefícios econômicos ou melhores padrões de vida para muitos artistas indígenas. Para se entender
um pouco mais sobre a cultura indígena, este artigo vem buscar reflexões sobre a educação indígena e como os
eles contribuem com sua cultura por meio de jogos e da arte.
INTRODUÇÃO
significativos aos povos indígenas. A participação nas artes visuais aumenta a coesão social
dentro das comunidades, promove a saúde e o bem-estar e fornece uma gama de benefícios em
54
brasileira. (BRASIL, 2008).
O meio de artes visuais tem sido usado com sucesso como uma forma de expressão
para muitos grupos diferentes dentro da comunidade indígena. As artes visuais forneceram, em
compartilhar financiamento federal inadequado - riqueza gerada, na maioria dos casos, pela
extração e exploração de recursos dos quais fomos em grande parte despojados pela colonização,
Muitas são as heranças indígenas na utilização dos jogos que determinavam a cultura
popular.
Produzindo trabalhos artísticos e conhecendo essa produção nas outras culturas, o aluno
poderá compreender a diversidade de valores que orientam tanto seus modos de pensar
e agir como os da sociedade. Trata-se de criar um campo de sentido para a valorização
do que lhe é próprio e favorecer o entendimento da riqueza e diversidade da imaginação
humana. Além disso, os alunos tornam-se capazes de perceber sua realidade cotidiana mais
vivamente, reconhecendo e decodificando formas, sons, gestos, movimentos que estão à sua
volta. O exercício de uma percepção crítica das transformações que ocorrem na natureza e
na cultura pode criar condições para que os alunos percebam o seu comprometimento na
manutenção de uma qualidade de vida melhor. (BRASIL, 1998, p.19)
Entre os Taulipángs, Tapirapés e Tupis encontravam-se jogos com fios, conhecidos como
“cama de gato”. Uma característica interessante desse jogo é que as crianças indígenas tentavam
Entre os indígenas, por exemplo, a “cama de gato” ainda é muito comum. Foram encontradas
55
diferentes formas do desenho com o barbante entrelaçado. Ao mesmo tempo em que mudavam as
posições do barbante, iam contando suas histórias, mantendo a cultura. Também os esquimós e
casca de frutas. A criança dispunha de outros objetos para brincar, como pedaços de madeira e
pedrinhas. Pais e avós talhavam arcos e flechas para as crianças usarem com dois ou três anos
de idade. Eram armas aperfeiçoadas para os maiores acompanharem os pais na caça e na pesca.
As crianças brincavam também com folhas de árvores, bolas de látex, petecas, espigas de
milho, além de fazerem imitação de animais, subirem em árvores, nadarem, correrem e dançarem.
Culturalmente, essas atividades acabavam por criar vínculos com o grupo. “Em algumas tribos, as
crianças rodavam pião, montavam a cavalo em seus irmãos e lançavam objetos lascados de pedra,
Os brinquedos prediletos eram: jogo de beliscão, cantos com mímicas, piões, papagaio de
som, o que justifica a presença do brinquedo chocalho para entreter os bebês indígenas.
As meninas, desde pequenas, auxiliavam suas mães nos serviços domésticos e no cultivo
de produtos.
urbanização, são poucas as brincadeiras indígenas ainda existentes e suas comunidades acabaram
perdendo espaço.
Os estudos antropológicos de Aracy Lopes da Silva (2002) mostraram que entre os xavantes,
são comuns, ainda hoje, algumas brincadeiras. A construção de casinhas representa diferentes
papéis frequentes durante a atividade, na qual as crianças interagem em histórias fabulosas, fruto
crianças. Para a decoração, juntam pedaços de pano, borracha, tampinhas, latas, muitos deles
crianças tentavam pegar as outras. Formavam-se grandes grupos para brincar dessa atividade.
Jogavam-se aos bandos dentro dos rios, porém, não costumavam empurrar uns aos outros, o que
mostra respeito entre eles pelo desenvolvimento dos demais. O rio propicia para as crianças outras
56
atividades durante o ano, tais como atravessá-lo com a água nos joelhos, nadando e correndo; ele
Entre os meninos, desafiar o limite da velocidade é muito comum com o auxílio de uma
roda de bicicleta, um pneu ou até mesmo uma peneira. Quando precisavam ir de um lado para o
outro, nunca o faziam de uma maneira simples. Corriam em um só pé, andavam de costas, cobriam
os olhos, traçavam caminhos ou criavam algo. Também podia-se observá-los girando sobre si para
manter o equilíbrio. Essa atividade poderia ser realizada em grupo ou individualmente. As crianças
“Há, brincadeiras com animais do cerrado, que são transformados de acordo com a
Há as crianças da aldeia Guarani, que cultivam alguns costumes, tais como subir em
árvores, caçar passarinho, brincar com as folhas, representar os papéis sociais, dançar e cantar
nas rodas.
branco através de sua cultura urbanizada, devido ao fato da aldeia ficar perto da grande metrópole.
Não podemos nos esquecer que essas culturas nos ensinaram o respeito, a liberdade e o
prazer de brincar.
O indígena traz contribuições para o folclore brasileiro. Segundo Freyre (1963, p.54),
imitam animais demoníacos em rituais mágicos. É interessante pontuar que os animais estão
Mas o gosto da criança por brinquedos de figuras de animais é ainda de traço característico
da cultura brasileira, embora está desaparecendo com a padronização das indústrias. Ficou no
brasileiro o gosto pelos brinquedos em forma de animais, que é o próprio jogo do bicho, que tem
57
sua origem no resíduo animista e totêmico da cultura indígena, reforçado pela cultura africana.
As culturas indígenas são conformadas por diferentes sistemas, entre eles podemos pontuar:
as relações de parentesco e de gênero; a economia de subsistência e as formas tradicionais
de produção alimentar; a organização socioespacial e a arquitetura tradicional; os rituais e as
cosmovisões; as medicinas tradicionais; os jogos e brincadeiras, os processos educacionais
e de transmissão de saberes (MinC/SCC, 2012, p.33).
adulto, e ao mesmo tempo não se insere a criança em um sistema social de divisão do trabalho.
muitas vezes as crianças não podem brincar de muitas profissões existentes devido ao fato de
BRINCADEIRAS INDÍGENAS
sentimentos mais sublimes, que é o amor, a proteção e o cuidado. O bebê descobre o mundo
através do contato com o seu próprio corpo, no qual desperta todos os sentidos, tais como tato,
O indiozinho descobre o mundo através do seu corpo com o contato com os fenômenos da
Os cuidados especiais são da mulher indígena quando esta dá à luz, cabendo ao pai os
primeiros cuidados com o bebê e de estar atento aos cuidados com a mãe para que a criança não
se debilite. Pois no começo da vida dela, ela é o próprio brinquedo, assim como a sua mãe passa
O bebê utilizava o chocalho feito de casca de frutas para afastar os maus espíritos. Mais
tarde, seus brinquedos seriam as sementes de frutas, pedras, seixos de madeira, ossinhos de
animais, conchas e terra. Os objetos da imaginação infantil eram as penas e asas de aves.
Para distrair e acalmar os filhos, as mães faziam uma espécie de boneca com galhos secos
e folhas. Entre as tribos indígenas brasileiras, as mães faziam brinquedos de barro queimado para
que não quebrassem com facilidade; eles imitavam animais ou um homem com cabeça. As bonecas
indígenas eram fabricadas pelas próprias meninas indígenas. Elas eram enfeitadas com colares de
sementes de casca de caracol com uma faixa colocada na cintura. Mediam aproximadamente vinte
três anos, com material inofensivos e mais tarde eram aperfeiçoadas para as crianças maiores
Não tinham tempo livre, pois cuidavam dos irmãos menores com as faixas nas costas ou
Os jogos de grupos mais apreciados pelos indígenas eram os que imitavam os animais.
outro, cada um agarrando o corpo do da frente. O menino maior representa o gavião. Este se coloca
diante da fila e grita: “piu”, a chamada da ave de rapina que quer dizer: “tenho fome”. O primeiro da
fila oferece alguma coisa para o gavião com as pernas esticadas, se a resposta do gavião for “não”,
vão fazendo isto até que no último menino o gavião diga “sim”. O gavião corre atrás do menino pela
direita e pela esquerda da fila. Os demais tentam impedir voltando a fila no lugar e se o gavião não
consegue pegá-lo, volta para o seu lugar e a brincadeira reinicia, até que uma criança seja pega.
Jogo do jaguar: forma-se uma cadeia de meninos e meninas como no jogo anterior. O maior
representa o jaguar. Apoiado nas mãos e em uma perna, com a outra estirada imitando o bicho, vai
saltando e grunhido de um lado ao outro, diante da fila. Os meninos cantam: “kaikú si mã géle tápe-
wai” (este é um jaguar), movendo a fila de lá para cá. De repente, o menino que representa o jaguar
se levanta de golpe e trata de agarrar o último da fila. Os que são pegos passam a representar
distintos animais, presas do jaguar, como o cervo, o javali, o jabuti, a capivara e outros.
do modo de vida em seu tempo e espaço, que se inicia na infância. Dentro dessa imagem, surgem
Conhecer os motivos que levam uma comunidade indígena a empreender lutas para manter
suas crianças na instituição escolar. Um fato, ocorrido no ano de 2001, mais precisamente
no 4º bimestre, qual seja, o deslocamento de crianças indígenas de uma Escola situada
no centro do município de Doutor Pedrinho-SC para uma escola na própria área indígena,
esta sem as mínimas condições de acolhimento dessas crianças, fez surgir as perguntas
postas como ponto de partida deste trabalho: por que é tão importante para este povo que
as crianças se mantenham na escola? Qual o sentido de escola para o povo Xokleng?
(BARUFFI, 2005, p.06)
59
Segundo Koch-Grünberg, as crianças indígenas eram cuidadas pela mãe ou avó até os
dois anos de idade, ficavam enroladas em faixa de algodão que era pendurada nas costas da mãe.
Elas ficavam nesta posição durante todo o dia, participando de todas as atividades que a mãe
participava. Assim, a vida das crianças transcorria sem violência. Elas se tornavam mais confiantes,
adquiriam algum alimento, este era dividido por todos. A tranquilidade das crianças e a ausência de
brigas era também reflexo do modo de vida dos indígenas, que jamais alteravam a voz ou faziam
recriminações.
Desde muito pequenas as crianças participam da vida dos adultos, assim sendo, quando
os meninos nasciam, eram colocados em seus berços arcos e flecha, que mais tarde usariam para
ajudar o pai na caça e na pesca. Já as meninas eram ensinadas desde pequenas a ajudar a mãe
Tinha o pajé também, que passa o seu conhecimento para as crianças com a finalidade de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que os jogos e as artes estão extremamente enlaçados com a cultura indígena.
Os povos indígenas usam todas as artes como uma forma de comunicação, como uma
ferramenta de ensino na vida cotidiana e como um elemento significativo das práticas cerimoniais,
relacionamentos e reflexões pessoais. Portanto, a arte indígena não pode ser definida de forma
para alimentar suas comunidades. E estas eram aprendidas desde cedo por meio de jogos e
Os povos indígenas, antes da colonização, levavam uma vida plena, rica e equilibrada.
60
Os jogos indígenas tradicionais ensinaram habilidades valiosas, mas também combinaram o bem-
Quanto a educação, os povos indígenas, com muito sacrifício e dedicação, vêm conquistando
com os seus irmãos. Muitos viajam para vários quilômetros em busca de novos conhecimentos, e
O processo de ensino indígena passou por muitas transformações que tentam descolonizar
a concepção das pedagogias brancas e construir um espaço que respeite o ensino e a cultura
indígena.
formações. Eles devem ser capacitados para atuarem como professores em suas aldeias, ou em
qualquer outra profissão que estejam bem e realizados, independentemente das suas escolhas. Os
povos indígenas têm todo o direito de desfrutarem dos conhecimentos, dentro ou fora das aldeias,
61
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O MEIO AMBIENTE DISCUTIDO A PARTIR
DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
RESUMO
Este presente artigo é parte de uma pesquisa maior sobre o meio ambiente e a atuação pedagógica do professor deste
na Educação Infantil. Aqui será tratado o tema em duas frentes: como que o professor pode trabalhar o estudo da
natureza desde a Educação Infantil, apresentando a importância do cuidado com o meio ambiente e a relevância de
se trabalhar a identidade enquanto cidadãos da terra desde cedo. A segunda frente é na discussão sobre a formação
do docente, tanto enquanto para lecionar aos mais novos, quanto no trabalho que as universidades têm na hora de
formar esses futuros profissionais. Acredita-se ser por meio da Educação Infantil que esse trabalho de conscientização
deve ser iniciado. Destaca-se a importância do papel e formação do professor, apontando ainda as leis educacionais
e os desafios encontrados por ele na educação de seus alunos. Apresenta-se algumas orientações teóricas, visando
proporcionar metodologias de exploração aos problemas ambientais orientados por princípios, valores e habilidades
necessárias aos alunos para resolverem problemas.
INTRODUÇÃO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) sugerem que o tema Meio Ambiente seja
obrigatória.
Sabe-se que no ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, bem como
outros meios de comunicação são responsáveis pela educação do indivíduo da sociedade. Dessa
forma, acredita-se que a educação ambiental se constitui numa abrangente forma de educação,
que atingi a todos os cidadãos, por meio de processos pedagógicos, formando no educando uma
no Ensino Infantil, pode auxiliar aos alunos no desenvolvimento de uma consciência preocupada
com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, tendo conhecimentos,
Percebe-se na atualidade haver nas escolas uma preocupação maior com os conteúdos
e atitudes fundamentais para a compreensão dos métodos com os quais a educação ambiental
trabalha.
bibliográfica tem como fonte primordial os registros impressos decorrentes de pesquisas anteriores,
ou seja, livros, artigos ou teses que contêm texto analiticamente processados pelos seus autores.
Essa fonte de pesquisa é amplamente utilizada nos estudos exploratórios devido a sua facilidade
Brandão (2005) acredita que a educação seja o maior contribuinte para a autoformação do
cidadão e dar-lhes-á consciência do que significa uma nação. Tal formação pode permitir enraizar,
Com isso pode-se dizer que a preservação ambiental, tratada de maneira correta nas
escolas e apontada como não podendo ficar restrita apenas ao meio ambiente escolar, estendendo-
se a toda comunidade local, poderia contribuir para a recuperação e preservação dos recursos
natureza e suas transformações tecnológicas, por meio da participação social na gestão de seus
recursos ambientais.
Por isso a educação infantil deve contribuir para a autoformação da criança, para que ela
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assuma a condição humana, de viver e de se tornar cidadão, que é definido em uma democracia
por sua solidariedade e responsabilidade em relação à sua pátria. É preciso se enfoque o fato de
pertencermos à terra.
desta consciência é que permitirá o fortalecimento, por múltiplos canais e em diversas regiões do
e a cidadania ambiental.
Uma das formas de levar educação ambiental à comunidade é pela ação direta do professor
na sala de aula e em atividades extracurriculares. Por meio de atividades como leitura,
trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que
afetam a comunidade onde vivem; instados a refletir e criticar as ações de desrespeito à
ecologia, a essa riqueza que é patrimônio do planeta, e, de todos os que nele se encontram
(MUNHOZ, 2004, p. 235).
Mayer (1998) destaca que um dos objetivos mais importantes da educação ambiental, em
sua opinião
Sales e Nascimento (2011, p. 4) destacam que por meio dos avanços científicos da
Todavia tem-se aumentado também a velocidade com a qual o homem destrói e degrada o meio
ambiente.
interagir com o meio ambiente, de forma a retirar da natureza toda espécie de recursos necessários
Nessa linha de pensamento, acredita-se que desde cedo, no meio familiar, a criança deva
aprender a cuidar da natureza, e é na escola que se deve iniciar a conscientização do cuidado com
o meio ambiente natural, pois esta educação confiará ao educando para o resto de sua vida.
Rocha (2000, p. 63) diz que apesar do compromisso com um resultado escolar que a
65
escola prioriza e que, em geral, resulta numa padronização, estão em jogo na educação infantil
Pode-se então dizer que qualquer ação de proteção ambiental deve passar pela educação.
Com essa afirmação, completa-se que o planeta não vem sendo devastado tão somente pelas altas
tecnologias, mas, principalmente, pela exploração de minérios preciosos, como carvão, metais e
surgiu em altíssima velocidade de desenvolvimento, e o homem, por sua vez, a partir dessas
Vem elaborando normas e meios que permitam a utilização do meio natural, evitando sua
degradação e destruição, fator este que, atualmente, tem causado discussões e manchetes nos
conhecimentos pertinentes à questão ambiental bem estruturados contribuem para a formação dos
educandos, estimulando “uma consciência global das questões relativas ao meio, para que possam
assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria” (BRASIL, 1997,
p. 47-48).
alunos aprendam a reconhecer fatores que produzem o real bem-estar, desenvolvendo espírito
solidariedade quanto ao consumo e uso dos bens comuns e recursos naturais, de modo a respeitar
da célula social, sem agressão ao meio natural, tendo a sustentabilidade como preocupação, não
só dos estudiosos, como também dos empresários a nível mundial, sendo o grande desafio a
de trabalhos e atividades que envolvam a educação ambiental deva ser iniciado a partir das séries
interesses pelos problemas regionais próximos a escola, o que na prática, significa o professor
e o problema do lixo urbano; o aquecimento global e a escassez da água, atividades estas que,
se pensadas nas esferas cognitivas, afetiva, técnica e epistemológica, orientarão o professor para
ações interdisciplinares e transversais, valorizando experiências com a comunidade local por meio
da Educação Infantil.
Contudo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) sugerem que o tema meio ambiente
no ensino formal, em que a educação ambiental deva ser apresentada em diversos níveis de ensino.
na Educação Infantil.
nova mentalidade, ou seja, de modo mais específico, a educação para o consumo é elemento-
Sendo um dos fatores mais importantes, para não dizer primordial, o meio ambiente é
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quem fornece uma boa qualidade e forma de vida. Logo, a harmonia entre o ser humano e o meio
ambiente é fundamental para que haja a preservação dele e das espécies, o que tem sido motivo de
preocupação nos últimos tempos, sendo possível observar na mídia e nos meios de comunicação.
pensamento”, quer dizer então que não é possível construir categorias de pensamento como se
envolvimento total com o que se aprende. Pois no aprendizado, gostar é mais importante que criar
hábitos de estudo.
são mais valorizadas do que os próprios conteúdos de ensino. Valorizam-se mais a transversalidade
e este da atividade humana. Para renovar, é preciso conhecer. A atividade humana é propositada,
não está separada de um projeto. Conhecer não é somente adaptar-se ao mundo, é também uma
Segundo Gadotti (2003 apus SALES & HORTELAN, 2011), a educação é de total importância
para a sobrevivência do ser humano. Para que ele não precise inventar tudo, necessita apropriar-se
da cultura, do que a humanidade já produziu. Dessa forma educar pode ser entendido como uma
aproximação entre o ser humano e o que a humanidade produziu, ou seja, se algo era importante
Todos os educadores precisam ter absoluta consciência sobre o que é aprender, e o que é
aprender a aprender, para que se possa ter uma melhoria no ato de ensinar. Para os educadores,
não basta apenas ter conhecimento de como se constrói o conhecimento, eles necessitam também
Nas palavras de Gadotti (2003), aprender não é o simples fato de acumular conhecimentos,
pois todos podem aprender por meio das próprias experiências vividas. Aprendem-se quando se
tem um projeto de vida, em toda a existência. Não existe um tempo único para se aprender (SALES
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& HORTELAN, 2011, p. 5).
que as informações sejam sedimentadas. Não é possível injetar dados e informações no cérebro
de ninguém, é preciso que se tenha vontade própria, exigindo-se também disciplina e dedicação.
Como diz Paulo Freire (2011, p. 79): “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender”.
Conforme Gadotti (2003, p. 53), muitos educadores não conseguem ver um sentido naquilo
que estão ensinando, e, consequentemente, os alunos também não veem sentido algum no que
deve estabelecer sentido com seus alunos. O processo de ensino-aprendizagem deve ter sentido
para o projeto de vida de ambos, para que dessa forma seja um processo verdadeiramente educativo.
O grande constrangimento de muitos dos professores está no “viver sem sentido” do que estão
fazendo, o ato de educar está basicamente ligado ao “viver com sentido”, à impregnação de
sentido para nossas vidas. (GADOTTI, 2003, p. 53 apud SALES & HORTELAN, 2011).
Ter gosto pelo aprendizado, ter prazer no ato de ensinar, como um médico que cuida de seus
pacientes, para que acolham a cura e, sobretudo, amar o aprendente. Apenas aprendem-se
de verdade quando aquilo que se aprende é realmente significativo para que assim se possa
envolver profundamente no que se aprendeu (PIAGET, 1978).
Com certeza, para o educador ter um bom êxito nessa sociedade aprendente, ele precisa
ter clareza sobre o que é conhecer, como se conhece o que conhece, porque conhecer e aprender,
para que não fique apenas para ele os seus conhecimentos. Um dos segredos do chamado “bom
professor” é trabalhar com prazer, gostando do que se faz. Somente é bem-sucedido na vida aquele
A educação não é só ciência, mas é também arte. O ato de educar é complexo. O êxito do
ensino não depende tanto do conhecimento do professor, mas da sua capacidade de criar espaços
indispensáveis ao exercício docente, apresentando ao educador que ele precisa ter habilidades
para ensinar os conteúdos programados, para o conhecimento escolar de que o aluno necessita.
Segundo Santa Roza (1999), precisa-se urgentemente tomar uma solução a respeito
da formação de adultos educadores, e não nos atermos a uma intelectualização do saber. Pois
matéria de uma maneira mais compreensível e objetiva. Entretanto, pode-se dizer que a produção
acadêmica hoje é fraca, visto que o sistema educacional vem passando por uma crise, devido às
mudanças sociológicas e tecnológicas que o mundo de uma maneira geral vem passando.
São necessários currículos mais completos do que a simples graduação teórica, pois para
que se possa lecionar, é indispensável ter um bom preparo, já que os alunos precisam de
uma didática especial, de modo que possam ter seu aprendizado facilitado. Sendo assim,
é evidente que precisa haver mudanças no processo de formação dos profissionais.
É necessário que passe a existir um campo na faculdade voltado exclusivamente para a
catequização de técnicas especiais de ensino. (SANTA ROZA, 1999).
motivar e dialogar. Pessoas com as quais seja compensativo e satisfatório entrar em contato, para
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo, está
atento ao que não sabe, ao novo. Mostra ao aluno a complexidade do aprender; a nossa ignorância
provisório. Pode-se dizer assim, que aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória, que
Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Dentro
ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz às relações
que estabelecem na forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir, sendo de certo modo visto
Por outro lado, boa parte dos professores é previsível, não nos surpreende; repetem
fórmulas e sínteses. São docentes que repetem o que leem e ouvem, além de se deixarem levar
educacional. Os professores têm muito mais liberdade e opções do que parece. A educação não
evolui com professores mal preparados. Muitos educadores começam a lecionar sem uma formação
adequada, principalmente do ponto de vista pedagógico. Conhecem o conteúdo, mas não sabem
como gerenciar uma classe, como motivar diferentes alunos, que dinâmicas utilizar para facilitar a
Como costumam assumir, por necessidade, um número de aulas cada vez maior, tendem a
reproduzir rotinas e modelos; procuram poupar-se para não sucumbir, dando o mínimo de
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atividades possíveis para diminuir o tempo de correção. Preparam superficialmente as aulas
e vão incorporando esses modelos como “os possíveis”; tornam-se hábitos, cada vez mais
enraizados (MORAN, 2011).
pela percepção de que os cursos são muito longos e de que muitas das informações que acontecem
na sala de aula poderiam ser acessadas ou recuperadas em outro momento. Muitos alunos e
professores estão desmotivados com o ensino uniforme, padronizado, que não se adapta ao ritmo
de cada um.
aprendizagem à sala de aula, sempre com as mesmas turmas, com a mesma programação, nos
mesmos horários. Ainda há o ponto que podem ser complicados os deslocamentos diários de
professores e alunos de lugares distantes para poder estar todos juntos na mesma sala, ao mesmo
Numa visão mais ampliada, a educação na atualidade vive problemas de ordem ideológica,
estrutural, que perpassam o sistema econômico vigente. Influenciada por esses ideários, a
escola encontra-se presa e reproduz a chamada “ideologia dominante neoliberal”, em que,
como exemplo, tem-se os chamados “controles escolares” sugeridos pelo Ministério da
Educação e Cultura – MEC (PRADA, 2008).
O Provão tem sido preconizado nas escolas superiores como um instrumento que define o
bom profissional para o mercado de trabalho, através das notas obtidas. Há cursos e escolas que
preparam aulas e cursinhos específicos para os alunos se saírem bem no Provão (PRADA, 2008
educação superior; novas universidades federais começaram a ser criadas e foi implantado um
sistema de avaliação que aproveita diversas importantes experiências de outros países, envolvendo
as instituições, os alunos e os cursos. Há, ainda uma reforma universitária em gestação, tanto no
Nesse contexto, o governo federal organiza uma estrutura na qual estão sendo definidos
novos atores, com seus papéis, envolvidos com alguns processos, como a supervisão, o
serão mais bem caracterizados. Tais ações apontam para uma reestruturação, não apenas dos atos
legais, mas também da funcionalidade de um conjunto de metas presentes nas políticas públicas
do governo.
Agindo em tais esferas, o Estado fortalece o seu papel de ente que provê o sistema de
71
educação superior, no fomento e na própria produção de políticas que tenham como objetivo a
qualidade, presente nos três pilares da educação superior no Brasil: ensino, pesquisa e extensão.
Ao mesmo tempo, o Estado exerce um papel que regula e avalia todo o funcionamento
das instituições de educação superior, desde o momento da sua formalização, indo além da mera
bem como o papel de mero avaliador, exclusivamente a serviço do mercado, como preconizaram
as propostas neoliberais.
A partir disso, pode-se dizer que a característica principal em todo histórico da relação
entre Estado e educação superior é a presença do Estado, pautada num conjunto de ações que
regulamentam e indicam o que é necessário para que uma escola superior inicie ou continue a
funcionar.
Ensino Superior são diversos e por vezes indicam preocupações que não se relacionam com uma
mínimas de funcionamento.
e crítica, acima de tudo, é sensível e atenta às diferenças e necessidades culturais e até mesmo
Queiroz (2001 apud KADOW, 2006) relata que o educador deve ter como uma de suas
metas a humanização dos alunos. Ele deve ter um espírito libertador intelectual, ser autônomo
moralmente e pluralista em seus pensamentos, ele deve também, em sua prática pedagogia, libertar
2011).
Nacional - Lei nº. 9394/96, em seu Capítulo VI, artigo 66, cita:
As universidades atualmente passam por uma crise de identidade sem precedente. Em seu
interior surgiram as maiores discussões sobre qual a forma que a educação deveria ter, porém ela
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mesma sofre pelas propostas que preparou. Ao lado de manter pesquisas, estudos, publicações
e discussões do mais alto nível e que apontam para as novas formas que a educação no mundo
moderno deveria ter, as salas de aulas continuam tendo a mesma forma e a maior parte do ensino
Por meio do avanço nas ofertas educacionais, de uma ação massificante, ao deixar de
Conforme Finger (2013, p. 8), os papéis do educador universitário podem ser muitos; ele
crê ainda que as respostas podem ser muitas, todas elas, perfeitamente justificáveis (já dizia Balzac
que não tem bobagem que não tenha defensor). As discussões são antigas, eivadas de ideologias,
folclore, justificativas, acirramento de ânimos e, certamente, preconceitos dos mais diversos. Finger
(2013) acredita, porém, que algumas coisas são fundamentais e precisam ser encaradas com
aprendizagem.
Para o autor, é preciso considerar que a atividade profissional de todo docente possui
para o exercício da prática pedagógica: liderança, ação interpessoal para a eficácia da prática,
gestão participativa com a instituição e seus alunos, contribuição para a qualidade da universidade,
Diante do exposto acima, conforme Pimenta (2010), acredita-se que grande parte dos
educadores do ensino superior constrói sua identidade docente por meio das experiências que
adquiriram como alunos de diferentes professores, que lhes possibilitam dizer quais eram os bons
professores, e dessa maneira formam modelos positivos e ou negativos, nos quais se espelham
baseado não apenas nas experiências vividas e no saber específico, mas também no empenho em
construir saberes pedagógicos por meio de uma contínua formação, que viabilize o desenvolvimento
Não posso ser educador se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra,
minha prática exige de mim uma definição, uma tomada de posição, decisão e ruptura. Exige
de mim que escolha entre isto ou aquilo. Assim como não posso ser educador sem me
achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso,
por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é
um momento apenas da minha atividade pedagógica. Tão importante quanto o ensino dos
conteúdos é minha coerência na classe. A coerência entre o que digo o que escrevo e o que
faço. (FREIRE, 2011, p. 39).
Para as Instituições de ensino superior, os requisitos necessários para ser um bom docente
Por sua vez, é Cunha (2005) quem diz que por não ser uniforme, a formação docente
universitária não sofre alteração, porém as seleções para a carreira docente são unânimes com
qualidade; além de utilizar de tecnologias de informação na sua docência produzindo seu trabalho,
não mais de forma isolada, mas em redes acadêmicas dominando o conhecimento contemporâneo
faculdades e universidades) está ligado à função crescente que elas passam a desempenhar nas
relações e interações complexas com o sistema econômico, político e social, evidenciando-se como
fator importante no processo de transformação social, pela sua crescente expansão quantitativa e
Atualmente, com a Lei 9.394, de dezembro de 1996, novas demandas estão postas para
a escola e para os profissionais que nela atuam. A legislação, produzida pelo conhecimento e
pelo debate acadêmico e social de quase duas décadas, reconhece a importância fundamental da
não se restringe somente à sala de aula. Relevante, também, é sua participação no trabalho coletivo
de articulação da escola com as famílias dos alunos e a comunidade em geral. Ampliam-se, assim,
ambos como elementos dinâmicos, plenamente integrados na vida social mais ampla.
específicos, cuja aquisição deve ser o objetivo central da formação inicial e continuada dos docentes.
atribuições que lhe foram legalmente conferidas exige uma renovação do processo de preparação
cidadão, pois desde os atos mais simples à participação dos bens culturais, da vida econômica à
O erro construtivo significa considerar que o conhecimento produzido pelo educando, num
criança e o jovem aprimoram sua forma de pensar o mundo à medida que se deparam com novas
seletiva da escola na sociedade capitalista e, como tal, está atrelada à contradição básica desta
75
sociedade.
trabalho pedagógico na escola, organização esta que é produto das expectativas que a sociedade
ato político, pois devemos ter em mente que estamos formando cidadão críticos.
como se fosse posse fixa do professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica em direção ao
objetivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de maneira correta nas escolas e com a noção de que não deva ficar restrita apenas ao meio
ambiente escolar, estendendo-se à comunidade local, poderia contribuir em muito para recuperar e
Matas, ar, rios, lagos, mares e animais silvestres necessários ao ecossistema e ao equilíbrio
ecológico são bens preservados para uma vida pura. Defender, perante as comunidades, o poder
público e a justiça, todos os patrimônios sociais, mesmo se estiver sob o domínio particular.
Acredita-se que o caminho mais curto e valioso para as manifestações sobre a preservação
do meio ambiente é exatamente na escola; focando em uma educação ambiental que atinja aos
alunos de maneira a conscientizá-los e fazendo com que estes exijam, não só de seus responsáveis,
aos alunos desde cedo sobre a importância do meio ambiente para todos nós.
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A IMPORTÂNCIA DO PSICOMOTRICISTA NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA PRIMEIRA INFÂNCIA
RESUMO
Define-se o recorte temático do presente trabalho, o qual já fora aludido no título, que é a importância do psicomotricista,
por conseguinte da própria psicomotricidade, no que concerne à saúde, educação e cultura, para o desenvolvimento
global da criança de 0 a 3 anos: a chamada primeira infância. O objetivo geral é identificar quais são as correlações
diretas e específicas da intervenção do psicomotricista, atividade que abarca não apenas os aspectos psicomotores,
mas também de saúde e culturais, no desenvolvimento global da criança em primeira infância, devendo ser considerado
o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, psicológico e motor. Subsidiariamente, por objetivos específicos tem-
se: reconhecer os aspectos mentais próprios da criança de 0 a 3 anos; apontar quais os aspectos cognitivos que
devem ser enfatizados pelo educador nessa fase da vida da criança; e, finalmente, caracterizar as potencialidades
de desenvolvimento global a partir da intervenção do psicomotricista. Destarte, desenvolve-se a argumentação aqui
expressas a partir da revisão da literatura. Nestes termos, a caracterização metodológica é de abordagem qualitativa
a partir de uma perspectiva indutiva, em que se parte de exemplos particulares no intuito de se formular minimamente
teorias gerais. Recorreu-se a artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutoramento, assim como a
autores já com ampla obra ratificada na área da pesquisa.
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, podendo ser considerada como
aquela correspondente ao se alcançar o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade,
Nesta etapa a criança será conduzida em seu desenvolvimento físico, psíquico, social,
cognitivo, afetivo e motor, pois as atividades são elaboradas em conformidade com a faixa
etária, variando de 0 a 7 anos. Assim, quando se propõe argumentar sobre a Educação Infantil,
sendo esta etapa o objeto de análise da presente investigação, que no Brasil vai até aos três anos
aspecto a ser considerado é que esse processo é influenciado, ou pode-se dizer determinado,
tanto pelo fator hereditário genético, quanto pelo contexto social, em sua dimensão das interações
estudos e investigações concernentes ao tema consideram três aspectos do eu: físico, cognitivo e
a personalidade. Ainda é importante que se tenha muito nítido que o desenvolvimento acontece
por etapas, as quais são sucessivas e que a seguinte é anunciada pela anterior e exige certa
Ratificando essa concepção da interação entre carga genética, aspectos físicos e contexto
Desta forma faz-se necessário também definir os objetivos norteadores. O objetivo geral
atividade que abarca não apenas os aspectos psicomotores, mas também de saúde e culturais, no
cognitivo, afetivo, emocional, psicológico e motor. Subsidiariamente, por objetivos específicos tem-
se: reconhecer os aspectos mentais próprios da criança de 0 a 3 anos; apontar quais os aspectos
cognitivos que devem ser enfatizados pelo educador nessa fase da vida da criança; e, finalmente,
Existem diferentes correntes teóricas que identificam essas etapas, sendo mais comum a
mas não sobrepostas; e fase adulta. A primeira infância, que compreende do 0 aos 3 anos, é
reconhecidamente aquela em que apresenta maior ebulição de aprendizagens, por meio das
se entrelaça com os relacionamentos sociais” (FELDMAN; PAPALIA, 2013, p. 231). E toda essa
global (FELDMAN; PAPALIA, 2013). O que está acontecendo nessa fase são processos ininterruptos
Isso porque, nessa fase, está acontecendo a internalização de um repertório de informações que
Esse movimento é muito enfático na primeira infância, entretanto não é exclusivo dessa fase,
apresentando intensidades diferentes durante toda a vida do indivíduo (SHAFFER; KIPP, 2012). E
complementa Feldman e Papalia (2013, p. 17): “[...] bebês nascem com a capacidade de aprender
com aquilo que veem, ouvem, cheiram, degustam e tocam, além de terem certa capacidade de
lembrar o que aprenderam”. Por conseguinte, o ambiente no qual a criança está imersa precisa
favorecer desafios, criatividade e autonomia, para que este sujeito tenha contribuição privilegiada
81
do contexto social em seu processo de emancipação.
Pensando em termos sociológicos, é muito difícil afirmar que um contexto adequado seja
possível afirmar que sua contribuição é fundamental. Em contextos que não são estimulantes,
Podemos reconhecer que a proposta de um sistema único de educação reafirma que todos
nós temos nossas deficiências e carências e, por conseguinte, deixa-se de enfatizar as deficiências
enquanto características particulares de cada sujeito, assim como também se retira do sujeito as
afirmar que cada um tem suas capacidades e dificuldades (potencialidades) e a partir dessa
criança que apresente dificuldades específicas, em uma comunidade que não propõe um mínimo de
de pertença e se reconhecer enquanto parte do grupo, nem tão pouco de se reconhecer enquanto
Pontua-se esse aspecto visto que todo indivíduo apresenta alguma carência, o que
de forma que proporcione possibilidades de desenvolvimento. Nesse sentido que pode ser
pensado o psicomotricista, uma profissão que não é muito conhecida, mas revela-se essencial
desenvolvimento.
Nessa mesma esteira, outro aspecto que se destaca é a ideia de construção de saberes
invariavelmente a três autores icônicos no tema: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon. Com
Piaget, apresentar-se-á essencialmente elementos de sua teoria; com Vygotsky, será possível fazer
um contraponto à teoria piagetiana, mas que não necessariamente serão opostas; finalmente, com
Wallon, avaliará ser interessante ressaltar aquele que foi um dos seus principais interesses ao se
humano em Jean Piaget são que, para este autor, as capacidades mentais e cognitivas não estão
dadas, pronta ao nascer – Piaget chama propriamente de inteligência aquele estágio logo posterior
sujeito. “[...] A inteligência não aparece, de modo algum, em um dado momento do desenvolvimento
mental, como um mecanismo completamente montado e radicalmente diferente dos que precederam
E mais que isso, importantíssimo em sua teoria, não se trata também de um movimento
espontâneo, natural, antes, só se efetiva em contextos de interações com a realidade vivida. Tudo
que circunda a vida do sujeito, ou melhor, tudo que constitui o contexto de experiências vivenciadas
global do sujeito. “[...] Apresenta, pelo contrário, uma continuidade admirável com os processos
diferentes contextos, circunstâncias, coisas e objetos. Mas tal potencial apresenta seu nível mais
elevado nas interações e relações humanas. Daí a caracterização de Piaget enquanto teórico
interacionista do desenvolvimento.
83
Levando em conta, então, essa interação fundamental entre fatores internos e externos,
toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores (assimilação a esquemas
hereditários em graus diversos de profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo,
acomodação desses esquemas a situação atual. Daí resulta que a teoria do desenvolvimento
apela, necessariamente, para a noção de equilíbrio entre fatores internos e externos ou, mais
em geral, entre a assimilação e a acomodação (PIAGET, 2011, p. 89).
falar que se torna progressivamente mais sofisticada e complexa a medida do seu desenvolvimento.
Entretanto, essa afirmação sugere uma ideia de “evolução perpétua”, que não é o caso. Provavelmente
existem limites de desenvolvimento mental cognitivo. Mas o que está sendo fomentado à reflexão é
novos assimilados ao já constituído. Ou seja, o que se busca ratificar com essa argumentação
enquanto sujeito, mais uma vez afastando a ideia de desenvolvimento espontâneo da inteligência.
Em uma reflexão mais profundamente filosófica, está se afirmando que o sujeito, em sua
desenvolvimento são muito mais potentes por meio da interação, o que significa afirmar que os
por meio da ação do sujeito sobre eles, que em dimensão escolar que aqui se considera, é a exata
Uma vez feita essa breve conceituação acerca dos processos de desenvolvimento mental
considera mais acertado chamar de “estádios”, tendo em vista que existe uma ordem de aquisição
apenas cronológico ou de maturação mental; antes, estando muito mais atrelado às experiências
A) Todo estágio precisa ser integrador, ou seja, as estruturas elaboradas em determinada etapa
B) Um estádio corresponde a uma estrutura de conjunto que se caracteriza por suas leis de
Uma vez que o recorte da presente pesquisa concerne à educação escolarizada da criança
podendo eventualmente, conforme for necessário para a fundamentação, fazer referências a outros
períodos. É ponto pacífico quando se afirma que o período sensório-motor é aquele no qual há
maior ebulição das atividades cognitivas e, por consequência, que apresenta maior densidade
desenvolvimento global.
Ainda, na mesma esteira, o período sensório-motor pode ser definido como aquele em
que se apresenta as primeiras expressões de pensamento, digamos que ainda em uma forma
inacabada. Diz-se que, no primeiro mês de vida, há esquemas de reflexos naquilo em que concerne
a ações espontâneas em conformidade ou como efeito a algum estímulo. A partir do primeiro mês
até o quarto, há uma fase de desequilíbrio da anterior, de respostas a estímulos por meio de
reflexos, o que levará, progressivamente, à acomodação desse novo esquema, não mais limitado a
respostas reflexas, mas agora de ação. Talvez seja possível definir essa fase como sendo a primeira
de real interação do sujeito com o meio. Se outrora o sujeito precisava de um estímulo para reagir,
nesta fase age-se sobre o meio circundante, tendo por resultante a coordenação dos esquemas já
disponíveis, levando à formação de outros. Isso significa que, a partir desse momento, as próximas
fases e períodos terão por base organizativa e estruturante a ação e respectiva interação sujeito-
objeto-ambiente.
Sem dúvida, a passagem da fase de simples respostas estimuladas à fase de ação sobre o
ação que se encerra em si mesma, o que Piaget chamou de “grupos práticos”, caracterizada pela
daquele universo está atrelada a suas ações. Dito de outra maneira, se trata de um universo
minúsculo, existente exatamente enquanto durar aquela ação, aquele momento. O tempo é simples
que a novidade está em extrapolar o simples encantamento pelo objeto em si, mas também pelas
respostas. E se existe o encantamento por elas, significa que se as prevê. Desta forma, ao se
estabelecer a correlação entre causa e efeito, a partir da ação, concebe-se a primeira forma de
Pode-se falar também que, nessa fase, a criança já é capaz de percebe de modo prático o
de correlação entre causa e efeito e da capacidade de perceber essas relações centralizadas, está
se erigindo a noção de sucessão, a noção de antes e depois, ainda que de forma simplificada, em
da perspectiva mediata, e não apenas imediata. Pode-se buscar um objetivo não exatamente
alcançável pela ação direta, em que o objetivo seja simples resultado da ação-reação. O que está
sendo dito é que entre ação e objetivo, pode existir uma gama de diferentes situação e atos, o que
nos leva a acreditar que esquemas de diferentes situações estão sendo coordenados de forma
intencional. Nesta medida, a criança está mobilizando sua variedade de recursos já adquiridos para
ser aplicados em situações novas. Pode-se falar em um processo de “complexização” das atividades
mentais, na medida em que começa a atribuir às pessoas e objetos atividades próprias, o que
agora deliberadas. A exploração do meio tem por recurso a utilização de todos os artefatos até
então desenvolvidos (reação circular terciária). É também uma fase caracterizada pela criação,
remete, dessa maneira, a não se saciar pelo simples fato de se alcançar um resultado, mas busca-
entretanto, só é concebida a partir do contato direto, sendo incapaz de representação sem o recurso
desenvolvimento da noção de tempo, sucessão temporal, que nos leva a inferir que a memória
86
também está se tornando mais duradoura. Pode-se então definir essa fase como aquela fortemente
convencionalmente, inicia-se em um ano e meio de idade e vai até o segundo ano. Indubitavelmente,
representativa, o que significa afirmar o surgimento das capacidades e funções simbólicas. Ou seja,
prática e passa também à mental. Conceber o mundo, o universo, a realidade, não depende mais
de recursos físicos e práticos, sendo possível apenas com o recurso da representação simbólica
e imagética. Inicia-se aqui o “faz de conta”, em que invenção e representação são recíprocas e
correspondentes.
necessariamente remete-se a Lev Vygotsky, autor que fundamenta a teoria sociocultural, em que se
emocionais, cognitivas, físicas e sociais. Nesta perspectiva, comenta Mello (2004, p. 142): “[...] isso
significa que a relação entre desenvolvimento e aprendizagem ganha uma nova perspectiva: não é
Vygotsky não exatamente refuta Piaget, mas apresenta uma nova perspectiva de concepção
do desenvolvimento humano, que não estabelece etapas e fases, mas sim que este desenvolvimento
acontece por um mecanismo chamado por ele de Zona de Desenvolvimento Proximal, na qual uma
breve definição afirma que a criança, ou sujeito, aprende e se desenvolve com a ajuda de um
outro, com maior experiência, ou seja, essa criança já é capaz de desenvolver certas atividades
com independência, enquanto outras tarefas e atividades estão em vias de ser capaz de realizar,
mas ainda precisa dessa ajuda do outro. Nesse sentido que Vygotsky não define as aprendizagens
enquanto fases, mas sim processos que acontecem durante toda a vida, demandando contextos
têm significado fundamental para o ser humano, e esses aspectos, significados e as próprias
manifestações de práticas lúdicas, vão se transformando à medida que o sujeito amadurece. Foi
do sujeito que Piaget foi capaz de identificar os três grandes tipos de estruturas mentais durante
esse processo de desenvolvimento dos aspectos lúdicos, que resumindo o exposto até aqui são: o
a primeira manifestação do brincar refere-se aos estímulos do exterior sobre o sujeito, sendo o
jogo de exercício, o qual não carrega nenhum significado simbólico e nem possui uma técnica
Desta forma, define-se pela repetição de um dado exercício e/ou atividade pelo simples prazer
do exercício não podem ser definidas enquanto uma prática lúdica, antes, apenas a criança só
o faz para tentar compreender e adaptar-se àquele momento e evento específico; mas durante
esse percurso, a criança pode perceber certo prazer nessa repetição, daí então, transformando o
Piaget complementa afirmando que o intelectual não pode ser separado do físico, ou seja,
uma vez que envolvem tanto capacidades cognitivas, emocionais, psicológicas e físicas (PIAGET,
1998). E ele continua, definindo que a ludicidade é uma atividade essencial para o exercício da vida
durante a vida adulta. Mesmo em jogos essencialmente físicos ou de regras, aspectos afetivos estão
desenvolvimento global.
Três aspectos explicitados por Piaget, assim como por outros teóricos, são fundamentais
percepção a partir do corpo, ou seja, existência antes da essência; 3- interação remete diretamente
88
à produção de conhecimento constituinte da cultura. Percebe-se, portanto, que são aspectos
Esses aspectos influenciam diretamente no fator físico, não especificamente no cérebro, mas
do outro, o psicomotricista está atuando diretamente nos músculos e no corpo como um todo,
movimento para a criança pequena significa muito mais que mexer partes do corpo ou deslocar-se no
espaço. A criança se comunica e se expressa por meio dos gestos das mímicas faciais e interagem
usando fortemente o apoio do corpo” (RCNEI, 1998, p. 18). E na mesma medida, de forma não
tão evidente, os movimentos corpóreos ligados aos estímulos cerebrais também contribuem para
a identidade cultural do sujeito, uma vez que está se produzindo conhecimentos compartilhados,
roda fomentam atividades completas, nas quais se exercita o corpo, exige-se coordenação nos
movimentos, desenvolve o raciocínio e a memória, além de estimular o gosto pela dança e pelo
canto. “A roda, feito espiral em movimento circular ascendente, une todos, e o seu movimento a
cada volta modifica o desenho do cotidiano, da prática pedagógica, integrando papéis e histórias,
ferramenta mais potente de expressividade da criança é o seu corpo. “As expressões não verbais,
além do que, é ela que mobiliza as atividades do sistema cognitivo. É a partir das escolhas afetivas-
emocionais que se prepara o campo do cognitivo para receber novas informações e aprendizagens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que escapem da esfera conteudista, alcançando uma realização prática do corpo em correlação
pior, práticas que entendem a educação escolarizada como devendo ser uma responsabilidade
desse profissional.
Por mais que se tenha expandido o debate acerca da ludicidade enquanto uma alternativa
pedagógica, ou antes, mais que uma alternativa, uma exigência, pouco se efetiva esta prática.
servirão de salvadoras da educação. Fatores que carregam a responsabilidade dessa situação são
a busca de soluções para superação dessa situação, pois a culpa também é compartilhada. Na
mesma medida em que se apresentou aqui que existem mecanismos que favorecem a ativação
talvez, o que deva ser feito é buscar-se uma prática que traga significado à educação para a
organização social.
Todas as ideias aqui apresentadas tiveram por perspectiva uma educação libertária e
Quando se defende que a brincadeira é capaz de trazer à criança uma autonomia em seus
processos decisórios e organizativos, por exemplo, está por se considerar a criança enquanto
educação, de ser libertária e emancipadora, não fossem considerados. Buscou-se assim contribuir
adequada prática pedagógica. Mas se essas mesmas práticas pedagógicas não tiverem por lastro
91
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93
ESTRATÉGIAS INTERVENTIVAS NO AUXÍLIO A TRATAMENTO DE RIOS E CÓRREGOS
RESUMO
O presente artigo é parte de um trabalho maior que fala sobre a degradação que o córrego Itaim, no bairro de Itaim
Paulista, na capital paulista passou. Aqui será comentado sobre as possibilidades de tratamento que esses espaços
de água podem ter após essas deteriorações criadas por mãos humanas. Diante dessa premissa, faz-se necessário
sensibilizar a população devido a sua conduta em relação aos fatores que estão causando a degradação de córregos
e rios, para que assim estas sejam controladas. Por isso são necessários remanejamentos no pensamento social
ambiental da população para que a ação seja efetiva e contínua, e assim ocorra a manutenção e revitalização da área
degradada, contribuindo para a melhoria do local, tornando o lugar mais agradável.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar formas de intervenção, tanto por parte das
autoridades, como pela comunidade, que auxiliem no tratamento de rios e córregos e na manutenção
desses espaços pós-limpeza. Focara-se aqui também no valor do direito a água e dos resultados
do lugar onde moram. Aproveitarão o retorno da água, por meio da recuperação, melhorando assim
que vivem terá um valor econômico melhor e será mais valorizado. Por isso é necessário focar no
trabalho de recuperação desses córregos e rios. E é bom destacar que muitos dos fatores da
94
degradação desses espaços é realização de mãos humanas, tais como lixos e esgotos domésticos
jogados diretamente. Faz-se necessário uma ação de conjunta da comunidade e das autoridades
competentes para que essa água volte para dentro dos parâmetros de qualidade, para que possa
animais.
AÇÕES DE CIDADANIA
em relação ao meio ambiente, como cumprirem as normas de seleção dos resíduos destinados ao
A coleta seletiva do lixo, com vistas à reciclagem, não é uma conquista recente da ciência
e da tecnologia, uma vez que já existe um histórico sobre isso, o qual é muito antigo, mas hoje,
além dos interesses público e privado, a população está sendo sensibilizada através de programas
A reciclagem ensina a população a ver o lixo como algo que pode ser útil ao seu cotidiano,
não jogando assim em lugares indevidos, como córregos, rios etc., pois dessa forma o lixo não
será visto como uma ameaça, mas como princípio de reutilização da reciclagem para fins úteis
(BRANCO, 1992).
de água de uma comunidade, constituído por captação da água de superfície, com adução e
tratamento, que leve a distribuição de água para o consumo humano (CETESB, 1998).
causa corretivas destinadas a anular os efeitos negativos com relação à qualidade da água. Então,
1998).
95
DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO
pela matéria orgânica, ou seja, despejos lançados por esgotos domésticos, excesso de alimentos,
que se alimentam de pão e outros dejetos e respiram oxigênio da água. Quanto maior a quantidade
de material orgânico, maior será a competição por oxigênio que necessitam para consumir, e
quando não é suficiente, acabam por levar à morte desses microrganismos e dos outros seres vivos
demanda biológica, por isso é possível avaliar a força poluidora de resíduos e esgotos domésticos
de mais ou menos 300 a 400 miligramas por litro de esgoto, significa que, quando lançado no rio,
consome de 300 a 400 miligramas de oxigênio. Sabendo que a água do rio no nível do mar possui,
a 20ºC de temperatura, não mais que 9 miligramas de oxigênio, após ser poluído pelos esgotos
das cidades ou por despejos orgânicos de fábricas, a manutenção da vida na água torna-se difícil
(BRANCO, 1993).
RESSUREIÇÃO DE UM RIO
Um rio morto pode ressuscitar se não receber cargas novas de poluição orgânica, pois será
progressivamente depurado pela ação feita dos próprios decompositores. As matérias poluidoras,
no momento, sofrem destruição e o rio começa a absorver oxigênio do ar. A entrada de oxigênio
será acelerada com a turbidez do rio, isto é, se suas águas forem contínuas, agitadas por saltos e
corredeiras, a fotossíntese realizada por algas e bactérias quimiossintetizantes faz esse processo
Segundo Branco (1993), a dimensão que o rio for readquirindo sua clareza, graças
luz solar se tornará possível. As algas começarão a se reproduzir com intensidade, devido à
principalmente em lagos, que pode causar, por um momento, alguns danos no ciclo aquático e
terrestre existentes no entorno. Consequentemente, quando isso ocorre em excesso, pode ser um
problema para que a vida ocorra ali novamente, mas se há crescimento desses pequenos seres
vivos de cor verde de forma controlada, eles acabam por ajudar no fornecimento de oxigênio e
readquirindo oxigênio e sua vida aeróbia. Um processo de autopuração, que traz a ressureição
dele. (BRANCO,1993).
SANEAMENTO BÁSICO
recuperação das águas, tendo necessidade de controle para que o trabalho garanta o fornecimento
1997).
Os direitos e deveres de todos os cidadãos, com relação aos recursos hídricos e saneamento
básico, propõem mostrar um futuro de respeito aos valores ambientais, como base para que possa
haver uma melhoria nas condições de saúde e qualidade de vida (SABESP, 2006).
evidências de que a recuperação da qualidade das águas é mais do que um movimento e ambiental,
mas também social, pois é uma questão de bem-estar, educação e saúde pública (S.O.S MATA
ATLÂNTICA, 2003).
das empresas. Mas para isso é necessário que haja uma mente pautada na educação humanística.
Pois se não a poluição desses dejetos acaba por levar toda a estrutura das águas à morte.
É necessário que não ocorra o despejo de lixos em mananciais, para que não polua a
água e leve à reprodução de bactérias patogênicas, como protozoários e fungos, que se agregam
multiplicando suas formas de vida genética em contato com seu hospedeiro, causando disenteria,
micoses, hepatite infecciosa, corizas, cólera e febre tifoide, em que os poluentes tóxicos lançados
97
pelas fontes industriais e domésticas, ou por contaminantes transportados pela chuva, acabam por
BACIAS HIDROGRÁFICAS
Os recursos da água são consequências de um ciclo hidrológico, que tem a influência das
precipitações pluviométricas junto a preservação das nascentes que a compõem. Sua principal
constituída por um rio principal, banhado por seus afluentes, que devem se iniciar através da
existência de suas nascentes, das quais se localizam nas partes mais altas do relevo, sendo este
Nesse sentido, a junção de vários afluentes e suas nascentes podem se tornar uma grande
bacia hidrográfica. Além disso, como se trata da existência de um ciclo hidrológico, deve existir um
responsáveis pela existência de uma nascente, por consequência das precipitações pluviométricas
(TUNDISI, 2003).
O homem utiliza a água para várias finalidades. Ele procura maximizar a explosão dela
como um recurso natural. Ela é útil no processo de fornecimento de matéria-prima para a vida
completa do homem e da recepção dos resíduos decorrentes dessa atividade (CETESB, 1998).
atividade de transformação industrial, acaba por mostrar que a água é constituída como o principal
veículo da fase de devolução dos resíduos a natureza, para o reprocessamento dentro do equilíbrio
ecológico. É uma das principais matérias-primas do homem e de todas as demais formas de vida
(CETESB, 1998).
O direito ao uso da água é garantido pela natureza, exclusivamente pelo fato de todos
os seres vivos precisarem da água, sendo um direito natural. Este considera a necessidade do
equilíbrio no uso da água, de forma a satisfazer as necessidades de todos os seres vivos (CETESB,
1998).
A questão do direito ao uso da água é muito séria e complexa, pois mesmo tendo direito,
98
os cidadãos não percebem que a sua falta de educação humanística e biológica ainda não lhe
tais medidas não se efetivarem, poderá haver embates políticas sociais causadas por tensões
decorrentes da falta de regras de uso comum da água enquanto recurso natural (CETESB, 1998).
É bom situar que a água em estado de pureza total não existe. Deve-se imaginar como
sua substância se manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de composição muito
Sobre o manancial, é preciso que seja protegido contra qualquer tipo de poluição, capaz
um controle e verificação da água, para assegurar o tratamento dos possíveis riscos de poluição
(CETESB, 1998).
TRATAMENTO DA ÁGUA
que compreende a retirada e adição de substâncias das matérias-primas, por meio utilizado de
O cloro tem sido usado para a desinfecção da água para o consumo humano. Além
dele, estão sendo usados outros desinfetantes alternativos, como ozônio e dióxido de cloro
(LUTTENBARCK,1994).
Eles consistem na oxidação dos compostos orgânicos, avisos de oxigênio e compostos redutores
instáveis em presença de oxigênio, tendo a estabilizar à medida que vão sendo oxidados. É uma
orgânica (BRANCO,1993).
contato com a matéria orgânica. A reação de oxidação é uma ação bioquímica que não se realiza
sem a intervenção de seres vivos, pois suas enzimas são catalisadoras das reações orgânicas.
99
O oxigênio livre é uma estabilização aeróbia. Quando o oxigênio está livre no meio ambiente,
De acordo com a Cetesb (2007), a pré cloração e adição de cloro é utilizada assim que
a água chega a estação, facilitando a retirada de matéria orgânica e metais, adicionando cal ou
soda a água para ajustar o ph aos valores exigidos, e dar continuidade às etapas seguintes do
tratamento, como coagulação, adição de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante,
seguido de uma agitação violenta da água para provocar a desestabilização elétrica das partículas
FLOCULAÇÃO
Floculação é a mistura lenta da água pode provocar a formação de flocos com as partículas.
A decantação é a passagem da água por grandes tanques para decantar os flocos de sujeira,
formados na floculação. Já filtração é a passagem da água por tanques que contém leito
de pedras, areia e carvão, antracito para reter a sujeira que restou da fase de decantação
(CETESB, 2007).
PÓS-ALCALINIZAÇÃO
incrustação das tubulações. Já desinfecção é a adição de cloro a água antes de sua saída da
estação de tratamento, para manter um teor residual até a chegada na casa do consumidor, e
garantir que a água fornecida fique isenta de bactérias e vírus. Há também o ato de fluoretação, que
DESINFECÇÃO DA ÁGUA
O cloro é uma das técnicas mais antigas de tratamento, desde que passou a ser utilizada
houve uma queda no índice de mortalidade infantil, e uma redução das doenças provocadas pela
água contaminada. Atualmente existem técnicas de tratamento mais avançadas com a utilização de
Alguns produtos químicos são utilizados no processo de tratamento, tais como sulfato de
alumínio, substância que agrega às partículas de sujeira que estão na água; a cal, produto que
água; e tem-se também o flúor, substância que auxilia na redução das cáries dentárias (CETESB,
100
2007).
em que ocorre a grosseira retenção dos materiais de grandes dimensões, como latas, madeiras,
papelão etc., chamados de grades médias. Nelas ocorrem a remoção dos materiais sólidos e da
areia contida no esgoto, que depois de sedimentada, vai para o classificador de areia (CETESB,
2007).
Em seguida, vai para o decantador primário, que faz a remoção do resíduo sedimentar dos
esgotos, como gorduras e óleos flutuantes, e após estes materiais serem recolhidos por pontes
raspadoras, são bombeados para digestores. O efluente do decantador passa para o tanque de
aeração uma massa líquida de microrganismos, denominada “lodos ativos”. Estes microrganismos
presença de oxigênio. Já o decantador secundário remove os resíduos sólidos dos flocos de lodo
ativado, que, ao sedimentarem no fundo do tanque, são raspados para um poço central, retornando
para o tanque de aeração. A parte líquida, vertente do decantador, é destinada ao rio (CETESB,
2007).
válvulas para a retirada do sobrenadante (líquido que se separa do lodo digerido), que retorna ao
lodo e escuma, de tração central. O efluente é coletado em um canal periférico e enviado para um
lodo em matéria altamente mineralizada, com carga orgânica reduzida e diminuição de bactérias
Mas é sempre bom lembrar que o melhor tratamento é a prevenção, ou seja, faz-se necessário
101
um tratamento adequado a água, e algumas ações como a coleta regular, acondicionamento e
pontos poderão assegurar uma água de boa qualidade e a redução de causas de diversas doenças.
FOSSA SÉPTICA
sedimentação dos sólidos e retenção do material graxo contido nos esgotos, transformando-os,
de um ou mais domicílios, e com capacidade de dar aos esgotos um grau de tratamento compatível
com a sua simplicidade e custo, como os demais sistemas de tratamento. Deve dar condições
ao abastecimento domiciliar; impede que ocorra alterações das condições de vida aquática nas
lazer e esporte; impede também a poluição de águas subterrâneas, lagos ou lagoas, cursos d’água
De acordo com a definição, o funcionamento das fossas sépticas pode ser explicado nas
por um período racionalmente estabelecido, que pode variar de 12 a 24 horas, dependendo das
processa uma sedimentação de 60 a 70% dos sólidos suspensos, contidos nos esgotos, formando-
se uma substância semilíquida, denominada de lodo. Durante esses procedimentos, parte dos
sólidos não sedimentados, formados por óleos, graxas, gorduras e outros materiais misturados
com gases, emerge e é retida na superfície livre do líquido, no interior da fossa séptica, os quais
são comumente denominados de escuma, digestão anaeróbia do lodo. Ambos, lodo e escuma, são
atacados por bactérias anaeróbias, provocando destruição total ou parcial de material volátil e de
anaeróbia, resultam em gases e líquidos, acentuando a redução de volume dos sólidos retidos e
102
digeridos, que adquirem características estáveis capazes de permitir que o efluente líquido das
De acordo com a Cetesb (2007), são vetados os lançamentos diretos de qualquer despejo
que possam, por qualquer motivo, causar condições adversas ao bom funcionamento das fossas
De bem com a fossa séptica, um digrama é preciso para que possa mostrar a localização do tanque
e de seus tubos de acesso para saber exatamente onde se encontra a fossa no terreno. Para
ela é bom evitar plantas de raiz muito profunda em áreas próximas. Deve-se manter um registro
de limpeza, inspeções e outras manutenções. Deve-se incluir o nome, endereço e telefone dos
técnicos que efetuaram o serviço; a área da fossa deve permanecer sempre limpa, e no máximo
uma cobertura de grama ou relva. Jamais construa piscinas e calçadas próximas da fossa.
É importante ressaltar que a fossa séptica não pode absorver água além da sua capacidade,
pois o excesso que adentrá-la reduz sua capacidade de escoar resíduos e esgoto, aumentando
o risco de os efluentes se agruparem na superfície do solo. Sendo assim não escoe para a fossa
pesticidas, fertilizantes e desinfetantes, pois estes podem passar livre no sistema séptico. Essas
O uso de lodo de esgoto tratado pode ser uma ótima opção econômica para produtores
Antes de ser usado na agricultura, o lodo passa por processos de sanitização, que
(EMBRAPA, 2007).
INDICADORES FECAIS
A água não apresenta riscos de transmissão de bactérias patogênicas quando nela não
existir matéria fecal. Os indicadores de contaminação fecal são verificados pela quantidade de
Os coliformes fecais são bactérias que vivem nos intestinos das pessoas, ajudando na
nossa digestão. Eles se alimentam de alguns subprodutos dela e não transmitem doenças para os
seres humanos, sendo assim utilizados como indicadores fecais (BRANCO, 1997).
ou superior entre eles, faz com que essas características se tornem ideal para um indicador de
RECICLAGEM DE LIXOS
De acordo com a Sabesp (2006), reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por
uma série de atividades, pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados,
novos produtos.
reutilização) de um polímero no mesmo processo em que, por alguma razão, foi rejeitado. Já
termo já venha sendo utilizado popularmente para designar o conjunto de operações envolvidas. O
vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas
104
com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou
Para fazer a coleta desses produtos, há serviços presentes em diversos lugares das
cidades grandes. Um exemplo é São Paulo, onde há pontos básicos de Coleta Seletiva. Há também
os serviços de coleta, que são destinadas às empresas de pequeno, médio e grande porte. Há
equipamentos adequados, de acordo com a necessidade da empresa, para que se faça a retirada
do material diretamente nela, só é necessário que tenha uma quantidade acima de 1500 quilos e
que a empresa esteja localizada na Grande São Paulo ou interior de São Paulo. Para coleta em
residências, infelizmente, ainda não está disponível. No caso, a retirada de material na própria
Resíduo pode ser considerado qualquer material que sobre após uma ação ou processo
produtivo. Diversos tipos de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) são gerados nos processos
Esses resíduos passam a ser descartados e acumulados no meio ambiente, causando não somente
(BAIRD, 2002).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o lixo como qualquer coisa que o proprietário
não quer mais e que não possui valor comercial. Seguindo esta lógica, se assumirmos que parte dos
resíduos gerados nas diversas atividades humanas ainda possui valor comercial, se for manejado
adequadamente, pode ser adotado uma nova postura, só é preciso que assuma o resíduo como
imaginar que o resíduo de uma atividade pode ser utilizado para outra, e assim sucessivamente, de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
com que a população desenvolvesse inadequadamente a sua forma de canalização, o qual era
despejado diretamente no córrego, prejudicando a água e o ambiente ao seu redor. Isso acaba
por levar à poluição do córrego e da água, obtendo a proliferação de odores, coloração e animais
105
indesejáveis, por excesso de lixo (BRANCO, 1997).
Como exemplo, pode-se trazer o trabalho que foi feito com o córrego Itaim. Este,
extremamente poluído, cheio de diversos resíduos jogados tantos por moradores, de forma direta,
quanto por meio de esgotos, sem o apropriado saneamento básico. As pessoas da região sentiam-
que essa poluição causava à toda população local, como lixo, proliferação de animais indesejados
foram fornecidos um valor, através da subprefeitura do Itaim Paulista, para que utilizassem da
Depois, deram início às obras através dos órgãos competentes. Trabalhadores utilizaram
tratores, escavadeiras, cal, cimento, areais, pedra etc. A obra foi executada com apoio total da
população vizinha, inclusive para guardar os materiais. Usou-se de 100% de mão de obra própria
Essas ações, com apoio da comunidade, facilitaram o acesso dos moradores a bairros
vizinhos. Em contrapartida, também foi construída uma passarela de metal com grade de proteção
e com rampa de acesso para cadeirantes, além de plantio de novas árvores e a construção de área
de lazer. Todo esse trabalho de adequação e melhoramento do meio ambiente e do córrego levou
acreditando num desenvolvimento que possa contribuir com a vida ambiental, sobretudo a
106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARBOSA, F (coord). Impactos antrópicos e biodiversidade aquática. In: PAULA, João A. et al. Biodiversidade,
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TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, IIE, 2003
107
O RPG NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior que trata sobre a possibilidade de trabalhar o Roleplaying Game (RPG)
nas aulas de Educação Física. Aqui será tratado mais pontualmente como esse tipo de jogo pode ser executado e
desenvolvimento nessas aulas, a partir da característica do movimento. É possível pensar que diversos trabalhos têm
sido realizados, em todas as áreas, relacionando os jogos com a aquisição de conceitos e atitudes. A partir disso será
apresentado o “RPG Live Action” e como trabalhá-lo nas aulas de Educação Física. O RPG será apresentado como
um grande aliado na formação do sujeito de forma integral, por ser um jogo que imita a vida, levando em consideração
o saber que o aluno leva para a escola em busca de uma aprendizagem significativa. Neste processo de aquisição, o
aluno tem a aprendizagem a partir do momento em que tem interesse e motivação. Desta forma, ele se torna proativo
ao tentar descobrir o novo, reconstruindo e construindo conceitos que aumentem cada vez mais sua vontade de
aprender. A ideia é mostrar o aluno como protagonista no processo de ensino, promovendo sua interação para o que
se sinta capaz. Assim, sugere-se que a utilização do RPG possa transcender à dimensão da estratégia, podendo se
configurar como conteúdo para as aulas enquanto componente curricular em Educação Física.
Palavras chave: Roleplaying Game. RPG. Aprendizagem significativa. Educação Física Escolar.
INTRODUÇÃO
Diversos trabalhos têm sido realizados, em todas as áreas, relacionando os jogos com a
aquisição de conceitos e atitudes. Os jogos do tipo Roleplaying Game (RPG) possuem um potencial
pedagógico rico, em virtude de ter um caráter cooperativo. Pode ser utilizado como apoio dentro
aluno, lhe servindo como estímulo enquanto este se encontra em fase de aprendizagem.
Através de pesquisas bibliográficas, pode-se verificar que o RPG pode contribuir para que
aos professores uma forma de se obter resultados positivos como mediador, e por fim conseguir ter
alunos, que por sua vez contribuirão com uma participação mais ativa.
Hoje o Roleplaying Game não é muito difundido na área da educação, até porque é preciso
mostrar com eficácia seus benefícios na relação ensino-aprendizagem. E por isso se pretende com
este trabalho discutir elementos do RPG que possam contribuir com as aulas de Educação Física
em busca de uma aprendizagem significativa, podendo ser utilizado como conteúdo por meio de
uma estratégia motivadora. Isto fará com que o aluno não seja apenas um mero espectador, mas
alguém que busca seu desenvolvimento integral, facilitando muito mais a sua aprendizagem a ser
para as aulas de Educação Física Escolar, focando em resgatar o protagonismo dos alunos, para
Ademais, este tipo de jogo possui vários conceitos que podem desenvolver o sujeito de
forma integral, já que imita a vida, e a vida é interdisciplinar. Portanto pode ser um recurso para
Por isso aqui será demonstrado como o RPG pode colaborar na formação do aluno nas
INTERDISCIPLINARIDADE
Diversos estudos tratam sobre a interdisciplinaridade, e neste trabalho será discutido a sua
relação com o RPG. Neste tipo de jogo “as aventuras são interdisciplinares por excelência, pois,
como são uma simulação da vida e a vida é interdisciplinar, a aventura também o é. O jogo, então,
estimula essa relação de conteúdos normalmente separados artificialmente (RIYIS, 2004, p.39)”.
Tal afirmativa se deve ao fato de que na vida é preciso ter uma conexão com os diferentes tipos de
conhecimentos, para que se consiga passar pelos diversos desafios que se têm no dia a dia.
deslocamentos, além de diversos outros afazeres, que, levados para o âmbito escolar, cada disciplina
poderá contribuir de uma forma específica. Por isso o indivíduo deve ser formado integralmente,
para que os retalhos do saber sejam conectados. E como é possível fazer isso? Existindo diálogo
entre as disciplinas, para que elas possam se complementar e atingir o objetivo que é alcançar
o todo. Contudo precisamos ir além, porque interdisciplinaridade é mais do que atitude. Em vista
109
disso é necessário vencer a barreira do individualismo nas disciplinas. A partir do momento em que
A interdisciplinaridade passa, então, a não ser mais vista como negação da disciplina. Ao
contrário, é justamente na disciplina que ela nasce. Muito mais que destruir barreiras que
existem entre uma e outra, a interdisciplinaridade propõe sua superação. Uma superação
que se realiza por meio do diálogo entre as pessoas que tornam a disciplina um movimento
de constante reflexão, criação-ação. (JOSÉ, in FAZENDA, 2008, p.94)
para o componente curricular da Educação Física, por ter como uma das principais características
considerando o que ambos têm a oferecer para criar e redefinir conceitos pré-concebidos. Busca-
se significados para que a prática possa alcançar os limites fora da escola. Ao professor que se
apresenta com atitude interdisciplinar, é preciso dar testemunho de seus atos, pois
O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da
rigorosidade do pensar certo, nega como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que mando e
não o que eu faço”. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a
corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo (FREIRE,
1996, p.34).
De acordo com um dos objetivos desse artigo, que é pensar o aluno enquanto protagonista
[...] é o movimento (inter) entre as disciplinas, sem a qual a disciplinaridade se torna vazia; é
um ato de reciprocidade e troca, integração e vôo; movimento que acontece entre o espaço
e a matéria, a realidade e o sonho, o real e o ideal, a conquista e o fracasso, a verdade e o
erro, na busca da totalidade que transcende a pessoa humana (YARED, IN FAZENDA, 2008,
p. 165).
E que ela
[...] questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por
uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles — questiona a
visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida,
historicamente se constituiu (BRASIL, 1998, p. 30).
Japiassu (1976) diz que a interdisciplinaridade pode ser caracterizada como um manifesto
uma intensa troca entre os especialistas, pelo grau de interação real, ou seja, existe um diálogo e
Portanto, a interdisciplinaridade pode e deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física
110
através do “conteúdo” RPG, pois este permite que sejam utilizados temas com abordagens em
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
desde o início dos tempos. Apenas era diferente de acordo com a necessidade de cada época da
ponto que motivou o desenvolver deste trabalho, que é a busca por uma aprendizagem significativa
O que é aprendizagem? Seria necessário outro trabalho para conceituar e defini-la, já que
está diretamente ligado ao comportamento humano, sendo esta uma das muitas definições. Partindo
deste princípio, percebemos como é complexa, justamente por sermos complexos. Porém, pelo
menos, temos já algumas classificações de como aprendemos de acordo com as nossas facilidades.
Elas são divididas em três modalidades: visual, auditiva e cinestésica, conforme o quadro abaixo,
No quadro abaixo, será apresentado as estratégias para se trabalhar com cada uma das
modalidades de aprendizagem:
Diante dos quadros apresentados acima, é possível dizer que o jogo RPG pode contribuir
determinada parte da crônica, usar recursos, como slides e vídeos, entre outros, para atender
aqueles que têm facilidade em aprender visualmente, já que o jogo tem como características a
criação coletiva e a resolução de uma situação problema. O campo auditivo é utilizado geralmente
no discurso dos participantes e na interação do grupo em alcançar os objetivos, mas também podem
ser usados outros elementos, como a música, por exemplo, para se transmitir uma mensagem.
112
Faz-se necessário colocar a mão na massa, ou seja, movimentar-se, contribuindo assim com a
modalidade cinestésica – este ponto fica mais evidente no RPG Live Action. Vale ressaltar que
que outras.
Encontramos significados em muitas coisas, mas em geral é aquilo que nos desperta
interesse em buscar algo a mais, porque de alguma forma é a peça do quebra cabeça que nos
falta. E por isso, quando a encontramos, temos a sensação de que nos tornamos mais completos.
Uma das muitas propostas da escola é a de formar cidadãos, contudo o aluno geralmente
encontra neste lugar apenas um passatempo, já que o espaço não reflete o que ele é, não condiz
ambientar, materializar e problematizar, além de outros fatores e da relevância que terá para o aluno.
Desta forma será apresentado a visão de três autores sobre o que é aprendizagem significativa.
Na teoria de Ausubel (apud, SANTOS, 2008, p.53) a aprendizagem é muito mais significativa
Já Rogers (apud, SANTOS, 2008, p.59) entende que a aprendizagem significativa é mais
Nas aulas de Educação Física Escolar, o jogo RPG pode contribuir abordando assuntos
que tenham sentido para quem aprende. Logo é importante considerar o contexto no qual a maioria
dos alunos estão inseridos, para assim torná-los os protagonistas. O professor deve pensar em
atividades que construam o valor da iniciativa, da descoberta de novas possibilidades. Ele precisa
Física, pode ajudar na apropriação das questões abordadas neste trabalho, contribuindo para uma
na escola, como falta de preparo do professor em dar significado as suas propostas de ensino,
e do aluno, que não tem interesse, e muitas vezes tem uma visão deturpada sobre as aulas de
Educação Física.
LIVE ACTION
Enfim chegamos ao RPG Live Action, sendo esta uma das modalidades que mais pode se
Mas antes vamos nos lembrar de algumas definições acerca do que é o RP. Segundo
Domiciano (2008), este jogo pode ser, 1º, uma mistura de história e jogo; 2º, um teatro verbal
interativo e de improviso; 3º, uma contação de história coletiva; 4º, um jogo de sorte estratégia e
tabuleiro; 5º, uma brincadeira de faz-de-conta com regras; e, 6º, um jogo de criar e contar histórias.
É preciso lembrar que todas as pessoas devem estar envolvidas, desde o professor no papel
de jogador mestre geral, que irá dirigir, intermediar, criar e contar coletivamente a aventura; até os
alunos, em alguns papéis de jogadores mestres auxiliares, e o restante nos papéis de jogadores,
O ambiente é qualquer um que tenha como desenvolver as atividades, apenas deve-se levar
em consideração os possíveis materiais a serem utilizados. Para Riyis (2004), as vantagens do Live
Action são a maior ludicidade, maior movimentação, maior trabalho visual, maior possibilidade de
não deve ser tratado como pano de fundo para que a aventura aconteça, mas deve instigar nos
estabelecendo, dessa forma, relações interdisciplinares, que permeiem fora do ambiente escolar.
DISCUSSÃO
114
Este artigo teve como objetivo trazer a discussão sobre a possibilidade de utilizar o RPG
como conteúdo e estratégia nas aulas de Educação Física Escolar. Mostrou-se que há condições
escolar. Apresentou que muitas aulas hoje não têm significado para o aluno, visto que não há
preparo dos professores e pré-disposição dos alunos em aprender, além de outros fatores, como
didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida.
Vale ressaltar a importância do professor de Educação Física Escolar ao permitir uma participação
ativa do aluno, quanto à elaboração dos objetivos, conteúdos e organizações das aulas.
Por meio da pesquisa realizada, pode-se verificar que, ao se buscar uma aprendizagem
significativa utilizando o RPG como um conteúdo e estratégia que pode trabalhar outros conteúdos,
as aulas terão uma riqueza que terá relevância para o aluno, assim aproximando os conteúdos
a sua realidade. Estudos apontam a necessidade de que na escola sejam considerados outros
disponível para enfrentar situações inesperadas, saber trabalhar em equipe, respeito entre os
muito tempo os conteúdos eram apresentados numa dimensão procedimental (o saber fazer), com
simplesmente reproduzem até hoje o que aprenderam na graduação, ficando evidente a falta de se
O RPG Live Action possibilita a prática dos conteúdos a serem utilizados no plano de ensino
que devem ser utilizadas nas aulas de Educação Física Escolar, conforme propõe os Parâmetros
Curriculares Nacionais. Por isso, cabe ao professor refletir sobre sua prática, pois o profissional
de educação física que leva em consideração todos esses fatores contribuirá para a formação do
115
aluno durante todo o processo educacional, desenvolvendo-os na sua totalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Escolar pode ser apropriado para as questões abordadas neste trabalho, que visa contribuir para
de desinteresse e desmotivação, por parte dos alunos, enfrentados hoje nas aulas de Educação
Física. Trouxe luz em como a falta de preparo do professor em dar significado as suas propostas
de ensino pode ser negativa, e apresentou que o aluno não tem interesse por muitas vezes ter uma
Com este tipo de jogo, as práticas nas aulas de Educação Física Escolar poderão alcançar
o que é um dos fatores mais importantes na aprendizagem: o significado que o aluno vai levar
da escola para a sua vida. Mostrou que o RPG trabalhado em sala é capaz de levar o aluno a
desenvolver a autonomia para decidir suas ações dentro e fora do jogo. Mas também para a vida.
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 8, n. 2, 2009.
117
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TAVARES, M.; Uma experiência interdisciplinar nas aulas de educação física. Revista Movimento, ano 2, n. 3, fev
1995.
118
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ENQUANTO UM PROJETO DE AÇÃO
RENATA DA SILVA
RESUMO
O presente artigo aborda a motivação dos alunos na disciplina de língua inglesa. Com base em conceitos teóricos
e orientada pela metodologia de pesquisa-ação (TRIPP, 2005), foram elaborados questionários para os alunos dos
sétimos anos de uma escola municipal com o objetivo de coletar dados sobre os níveis de interesse deles em língua
inglesa e como as práticas em sala estavam se desenvolvendo. A partir dessa coleta, ajustes foram feitos nas aulas
a fim de torná-las mais interessantes e, consequentemente, mais motivadoras. Houve uma segunda coleta de dados
que permitiu uma análise reflexiva sobre as aulas de inglês para aprimoramento da prática, e foi possível perceber
que a mudança de formato das aulas para algo que gerasse uma aprendizagem significativa aos alunos impactou
positivamente na motivação deles.
INTRODUÇÃO
Este artigo busca analisar fatores relacionados às práticas em sala de aula que podem
aumentar ou diminuir o interesse dos alunos no aprendizado de língua inglesa, visando a responder
a seguinte pergunta: Quais fatores motivam/desmotivam os alunos dos sétimos anos do Ensino
Por meio da análise dos dados coletados nessa pesquisa-ação (TRIPP, 2005), somos
convidados a refletir sobre a prática pedagógica e como o conhecimento dos interesses e tipos de
atividade a que os alunos parecem responder melhor pode aprimorar a nossa prática cotidiana e
119
METODOLOGIA
O método de pesquisa selecionado foi a pesquisa-ação que, de acordo com Tripp (2005), é
um processo contínuo de agir sobre um determinado contexto e investigar sobre ele. Esse método
fundamental I e II, localizada no extremo da zona norte de São Paulo, num bairro criado a partir
transporte público, são absolutamente precários. Na minha atuação como docente, tive relatos de
pais e outros docentes de que muitos alunos não possuíam água para higienização, serviços de
em um instrumento científico constituído por uma série de perguntas com critérios preestabelecidos,
a serem respondidas por escrito (MARCONI e LAKATOS, 1999, p. 100). De acordo com Hair et al.
(2004), um questionário pode conter perguntas abertas (sem restrição de respostas) ou fechadas
escola, com idade entre 13 e 15 anos. Este instrumento foi aplicado em dois momentos distintos: o
Na primeira fase, formada por um questionário semiestruturado com oito questões, foram
convidados a participar todos os 120 alunos, dos quais tive 103 respostas. As três primeiras questões
tinham como objetivo entender se os alunos gostavam ou não da matéria de língua inglesa e se
viam relevância e aplicabilidade para o que era ensinado. As questões quatro e cinco eram para
As questões seis e sete eram para os alunos refletirem sobre o comportamento pessoal e de sala.
E a questão oito era para os alunos comentarem o que poderia impactar positivamente no interesse
para uma análise mais aprofundada das respostas, com o objetivo de coletar dados para identificar
120
se, na opinião dos discentes, as aulas se tornaram mais atraentes e para ajudar a compor uma
reflexão e reformulação de minha prática docente. Os critérios dessa escolha foram aparentes
Em setembro de 2019, conversei com os alunos e expliquei sobre o estudo que queria fazer
de forma positiva ou negativa na motivação deles nas aulas de língua inglesa. A coleta foi feita em
relatórios impressos. Li cada uma das questões para as turmas e as expliquei. Orientei para que
Além desses questionários, por notar uma grande dificuldade por parte dos alunos no
Fiz a análise dos primeiros dados coletados e ajustei meu planejamento didático, conforme
os indicativos dos alunos dos tipos de atividades que lhes geravam mais interesse.
abertas).
Esse processo de coleta de dados levantou informações que possibilitaram uma interessante
INTERPRETAÇÃO
Nesta seção apresento uma análise dos dados obtidos pela aplicação dos questionários,
sendo que o primeiro deles, respondido em setembro pelos alunos, obteve as 103 respostas
gostavam e viam relevância no estudo da língua inglesa. Em algumas questões os alunos criaram
LÍNGUA INGLESA
a língua inglesa. Mais da metade da turma sinalizou gostar, o que pode ser um fator de impacto
o conteúdo de língua inglesa é importante, porém acham difícil de ser compreendido e não
conseguem fazer relação entre ele e seu próprio cotidiano, dois fatores que podem impactar no
a própria dificuldade de compreensão de uma ou mais atividades pode gerar desmotivação até
mesmo em um aluno que antes se sentia motivado em uma determinada tarefa. Além disso,
Santos (2008, p. 33) afirma: “A aprendizagem somente ocorre se quatro condições básicas forem
interagir com os diferentes contextos”. A aprendizagem não sendo significativa para o aluno, se
torna desinteressante.
Na Tabela 1 podemos verificar que os motivos que os alunos consideram mais relevantes
para o aprendizado de língua inglesa na rede pública são o inglês como língua global e a importância
do inglês no ambiente de trabalho. Embora sejam fatores importantes, todos parecem um pouco
distantes do momento de aprendizado dos alunos e isso se torna mais evidente quando observamos
que o motivo que menos alunos elencaram como causa de aprendizagem é justamente a relação
da língua com o cotidiano deles. Também é importante ressaltar que a maioria dos discentes
elencou apenas uma ou duas razões para o ensino de inglês nas escolas, o que nos mostra que,
123
embora mais de 80% dos alunos tenham respondido que o conteúdo ensinado a eles é relevante,
muito provavelmente eles não têm compreensão do real motivo de aprendizado dessa língua e,
A tabela a seguir lista algumas atividades que foram trabalhadas no primeiro semestre.
O objetivo era que os alunos pudessem avaliar, apontando suas preferências e comentando o que
124
JOGO DE TABULEIRO FAVORITES E JOGO
DE DOMINÓ COM O VOCABULÁRIO DE
NUMBERS
(Jogo de tabuleiro para discutir os gostos dos “Eu não jogo jogos de
27 66
alunos, como cor, jogador de futebol e músicas tabuleiro”
preferidas; no meio do tabuleiro tinham alguns
micos. Jogo de dominó com o numeral que
fazia par com o número por extenso).
Para isso, pedi que atribuíssem uma nota de 0 a 10 para cada atividade e, se a nota fosse inferior
a 5, que colocassem uma breve justificativa. Avaliei o retorno das atividades e notei que alguns
alunos tiveram dificuldade na interpretação desse questionário, a começar pelo fato de alguns
colocarem nota superior a 6 e escreverem que a atividade foi chata. Também tive alunos que deram
0 para uma determinada atividade porque não estavam presentes na aula, dados que não foram
Togatlian (2010) explicita que a desmotivação pode ser causa e consequência de indisciplina.
Tendo em vista a resposta obtida na Figura 2 sobre a opinião dos alunos de que a matéria de língua
inglesa não é, para eles, de fácil compreensão, talvez possamos enxergar nas Figuras 3 e 4 uma
125
possível relação de causa e consequência. Além disso, durante o ano letivo, a equipe docente
apontou como desafiador o comportamento apresentado pelas turmas dos sétimos anos. E isso
acabou por gerar reuniões com todos os professores, gestão e pais de duas das quatro salas
que participaram do estudo, até a reorganização das turmas. Nas aulas de inglês, até o momento
da entrega da primeira pesquisa, esse era um grande desafio, pois alguns alunos acabavam por
dificultar o entendimento e participação dos demais, outro fator que Tapia (1999) aponta como
causa de desmotivação. Corroboro com a opinião dos alunos de que o comportamento das turmas
não era adequado, mas vendo o quadro geral, consigo identificar que isso também poderia ter
No fim do questionário pedi que os alunos dessem sugestões para melhoria das aulas de
“Mais atenção menos bagunca mais exercícios e mais respeito e explica algumas vezes.
Outras sugestões dos alunos foram: que houvesse mais músicas em inglês (cinco alunos),
se falasse mais de séries em inglês (três alunos), que tivessem mais aulas em outros espaços da
escola (cinco alunos), que tivessem mais brincadeiras em inglês (dez alunos), menos textos (dois
alunos).
Como parte das ações tomadas pela equipe docente por conta dos desafios de cunho
disciplinar que vinha enfrentando com essas turmas, em agosto os professores fizeram, em parceria
de leitura e escrita. Como uma das principais dificuldades que enfrentei nas atividades em aula foi
justamente nas atividades que exigiam a competência de leitura e interpretação de textos, julguei
relevante acrescentar estas informações, embora não estivessem no desenho original da minha
Dificuldade de
Turma Não alfabéticos (%)
leitura/escrita (%)
7A 6,6 40
7B 10 10
7C - 23,3
7D 13,3 13,3
Fonte: Elaborado pela autora.
126
Ao final da primeira coleta, ficou evidente que o trabalho com leitura e escrita era muito
desafiador para estes alunos, mesmo com o ensino e práticas guiadas de estratégias de leitura,
especialmente porque eles já enfrentavam dificuldades na sua língua materna. Ficou perceptível
também que os alunos apresentavam mais interesse/resultados nas atividades relacionadas a jogos
e brincadeiras. Tendo isso em mente, modifiquei o perfil de atividades no último bimestre para tentar
atingir a um maior número de alunos, ainda mantendo o trabalho com as quatro habilidades, porém
com foco principalmente na interação de forma oral. Também procurei facilitar as explicações, deixar
que trabalhassem mais em duplas ou pequenos grupos e, nos dias em que tive mais dificuldades
de comunicação com a turma toda, tentei passar nesses grupos menores e explicar de forma breve
a comanda.
Um dado bastante alarmante foi a falta de aproximação entre o que estava sendo ensinado e
o contexto sociocultural desses estudantes. Nesse sentido, uma abordagem com mais brincadeiras
em que a língua é o meio, não o fim, gera uma maior interação entre os alunos e poderia funcionar
Em novembro fiz a segunda fase da coleta de dados nos mesmos moldes da primeira.
Para esta fase, convidei 42 alunos para responderem ao questionário. Estes foram selecionados
interesse nas aulas. Destes, 18 alunos consideraram que houve mudança no seu interesse nas
aulas, enquanto 12 consideraram que não. Dois alunos sentiram pouca mudança (vide Apêndice
Dos alunos que consideraram que houve uma mudança significativa de interesse nas aulas
Porque antes a professora não tinha tanta intimidade com os alunos e agora criou um
Porque vê utilidade no que foi aprendido para uso no seu futuro (1 aluno)
127
Analisando os resultados apresentados acima, percebo que, quando eles apontam que
enxergam a aula como mais divertida ou mais interessante e que a dedicação deles aumentou,
significa que minhas mudanças, embora não tenham atingido a todos os alunos, impactaram de
forma positiva na motivação intrínseca deles. Até mesmo os alunos que apontaram uma criação de
vínculo maior comigo me parecem apontar isso, visto que atingi o campo afetivo. Vejo que poucos
apontaram motivos extrínsecos, tais como a nota e a utilidade dos dados aprendidos no futuro.
Dos alunos que consideraram que não houve mudança no seu interesse pela aula, as
Meu nível de interesse por língua inglesa sempre foi o mesmo (3 alunos)
Não, pois não tivemos tantas aulas por conta dos feriados, provas etc. (1 aluno)
Podemos perceber que, embora as mudanças tiveram impactos positivos, não conseguiram
atingir a todos os alunos. Alguns não sentiram que houve real mudança nas aulas e, nesse sentido,
o item 6 me parece apontar um dos motivos para eles não terem percebido as mudanças. No
acabaram sendo concomitantes aos dias de aulas de algumas dessas turmas. O item 5 e 7 já me
setembro a novembro e de fazer uma retomada com eles sobre quais foram, as que coloquei em
128
Atividades de leitura e interpretação de textos (7 alunos)
A última questão pedia aos alunos que haviam dado sugestões no primeiro questionário
Alguns alunos deram sugestões para o próximo ano letivo nesse espaço ou fizeram
“Bem no começo não sabia de quase nada em tão no final do semestre está mais
interessante” (sic)
“Ter mais gincanas nas aulas de ingês colocar mais musicas nas aulas brincar a jogo de
tabuleiro”
“Boa!”
“Nenhuma mudança”
Avaliando os dados da segunda coleta, fica bastante visível que as atividades de sala
de brincadeiras, jogos, dinâmicas e conversação realmente atraíram mais a atenção dos alunos,
conforme podemos notar no item 1 do que os alunos elencaram como o tipo de atividade que mais
De forma geral, alunos que tinham dado um retorno negativo com relação ao aumento
de interesse na matéria acabaram votando nas atividades do item 1 também como as que mais
gostaram, e percebi em aula maior engajamento das turmas nesses tipos de atividade, ainda que
quando passasse para outras práticas esse interesse fosse perdido. Esse processo de pesquisa
também gerou uma conversa franca sobre minhas expectativas em relação ao desempenho deles
129
e, em contrapartida, a oportunidade de eles se expressarem, e com isso senti que o comportamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de verificar a influência das minhas práticas
entendimento do que é motivação e dos diversos fatores que podem influenciar para que ela ocorra
no qual, conforme define Gómez (1992), a partir do enfrentamento de um problema complexo, houve
a busca para a modificação das rotinas de aula, levantamento de hipóteses de trabalho e recriação
de estratégias para tentar impactar positivamente nas atividades das aulas de língua inglesa. Além
disso, a coleta de dados foi de grande valia para rever os pontos considerados negativos pelos
alunos da minha prática, tais como o modo como a condução das aulas de leitura e interpretação
de textos e a associação dos conteúdos aprendidos com o contexto dos alunos, para tornar a
Embora as práticas modificadas não tenham atingido a maioria dos alunos, ressalto como
resultados positivos desse processo uma criação de vínculo e diálogo maior entre alunos e docente
em sala, de modo que os primeiros se sentiram mais protagonistas da dinâmica das aulas. Outro
aspecto que, na minha opinião, merece destaque diz respeito a um aumento, mesmo que modesto,
da participação em aulas e da dedicação por parte dos discentes, conforme eles mesmos relatam
Por fim, considero que o resultado deste processo reflexivo acabou revelando alguns
com leitura e interpretação de textos, sempre focando em estratégias de leitura para auxiliar o
aluno a percorrer e decodificar as informações e uma maior participação coletiva, tanto na decisão
respeito mútuo.
130
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORUCHOVITCH, Evely; BZUNECK, José Aloyseo (Org.). A motivação do aluno: contribuições da Psicologia
Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2009.
GOLDANI, Andrea; TOGATLIAN, Marco Aurélio; COSTA, Rosana de Albuquerque. Desenvolvimento, emoção e
relacionamento na escola: Contribuições da psicologia para a educação. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais,
2010. 86 p. ISBN 978-85-7650-256-2.
HAIR, J. F.; BABIN, B.; MONEY, A.H.; SAMUEL, P. Fundamentos métodos de pesquisa em administração. Porto
Alegre: Bookman, 2005(a).
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Learning in Higher Education. Singapura: Springer Singapore, 2016. 154 p. v. 1. ISBN 978-981-10-1247-1.
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Edições Loyola, 2015. 144 p. ISBN 978-85-15-01846-8.
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https://polis.org.br/publicacoes/mapa-da-exclusaoinclusao-social2000-dinamica-social-dos-anos-90/. Acesso em: 4
nov. 2019.
TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, Universidade de Murdoch, 2005.
SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da Cidade:
Ensino Fundamental. Componente curricular: lín. São Paulo: SME/COPED, 2019. Disponível em: https://educacao.
sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/10/cc-ef-lingua-inglesa.pdf. Acesso em: 16 nov 2019.
APÊNDICES
QUESTIONÁRIO 1
( ) sim ( ) não
131
a. é relevante?
( ) sim ( ) não
( ) sim ( ) não
c. é de fácil compreensão?
( ) sim ( ) não
pública:
( ) sendo a língua inglesa falada no mundo inteiro, saber inglês pode abrir meus horizontes e
( ) a leitura em língua inglesa possibilita que eu tenha acesso a uma gama maior de textos
( ) aprendendo inglês consigo entender melhor aquela música ou série de que gosto
( ) a língua inglesa pode ser útil no meu ambiente de trabalho (agora ou no futuro)
4- Avalie as atividades abaixo, sendo 0 (zero) a menor nota e 10 (dez) a maior. Caso a nota
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10
______________________________________________________________________
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
______________________________________________________________________
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
______________________________________________________________________
f. Jogo de tabuleiro Favorites (Favoritos), sobre gostos pessoais e jogo de dominó com o
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
______________________________________________________________________
g. Caso tenha alguma atividade que gostou mais e não esteja listada acima, classifique-a e
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
______________________________________________________________________
5- Enumere os itens abaixo de 1 a 10, sendo o 1 o que melhor descreve a aula de inglês e 10 o
( ) cansativa
( ) pouco dinâmica
( ) interessante
( ) difícil
( ) diferente
( ) dinâmica
( ) fácil
133
( ) confusa
6- Você se considera um aluno com comportamento adequado em sala de aula? Entenda por
comportamento adequado um aluno que cumpre seus deveres, que não impede outros
( ) sim ( ) não
7- Você considera que sua sala tem comportamento adequado em sala de aula? Avalie pelos
( ) sim ( ) não
8- Descreva em poucas palavras o que poderia ser feito para que as aulas de inglês se tornem
_____________________________________________________________________
________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Nome (opcional):
_____________________________________________________________________
QUESTIONÁRIO 2
1- Depois do trabalho realizado neste semestre, você sente que houve mudança no seu
( ) sim ( ) não
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________
______________________________________________________________________
134
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4- Em sua opinião as sugestões dadas por você na primeira pesquisa foram avaliadas? Quais as
principais diferenças que você sentiu dessa avaliação para o término do semestre?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
135
AS POSSÍVEIS CAUSAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de TCC, do qual fala sobre a violência escolar. Aqui será tratado dos motivos
que possam ser a causa dessa violência, além de apresentar o papel de pais e da escola na resolução, e até em
como que esses agentes educacionais acabam por agravar e até causá-la. A violência é uma realidade encontrada
nas escolas, algo que não pode ser negado, por isso faz-se necessário que a comunidade se atente para que se
possa ir em frente a este problema. A partir dessa problemática, alguns autores foram trazidos para refletir sobre as
possibilidades das motivações da elevada violência nas escolas do Brasil.
INTRODUÇÃO
Uma profunda mutação social vem sendo trazida com a globalização. O desenvolvimento
marcantes.
Nos últimos anos a violência está sendo um assunto muito discutido por todos, devido ter
Hoje ela pode ser encontrada em diversas classes sociais, e é adequado classificá-la como
um dos principais problemas que atinge a vida das famílias. Para um melhor entendimento sobre a
De qual maneira a violência entra em nossa sociedade? Qual o papel da educação diante
da violência?
Nos dias de hoje, ela pode ser vista em grandes centros de todo o nosso país, apresentando-
136
se em diferentes formas. Telles (1996) diz que é mais fácil falar sobre violências no plural, sendo
A VIOLÊNCIA ESCOLAR
escola acaba não escapando desse problema. Para muitos a violência é gerada na própria escola,
e para outros a escola é o espelho da violência, sendo que, na verdade, os próprios alunos, os
Para os alunos, caso a escola não ofereça o espaço e o tempo de sociabilidade, ela se
virarão um cárcere.
Esses medos são causados pela falta de objetivos da escola para com a realidade, sendo
que o que ela deseja é que o próprio aluno seja o objetivo deles mesmos. A escola leva o aluno a
A violência é realidade e isso já sabemos. Faz-se necessário que seja trabalhado no espaço
escolar esse problema, de maneira que recupere os alunos agressivos e/ou violentos. Partindo
disso, a escola deve se moldar contra essa dificuldade, ajustando seus projetos e conteúdos para
educar seus filhos. Nesta confusão estão as crianças que fazem e agem conforme veem as coisas,
por isso que a partir dos projetos e conteúdos trabalhados nas escolas elas terão um resultado
Nos dias de hoje é comum se ouvir que crianças do mundo todo passam por casos de
agressões e violências e que são mascaradas pelos governos, que definem essas agressões como
Mas alguns recentes estudos mostram que esse mesmo tipo de agressão a pouco tempo
atrás era classificado como “bullying”, que é um problema que pode acarretar uma série de
consequências na pessoa que sofre a agressão, como perda da autoestima, abandono escolar e,
Ao falar em violência escolar, todo esforço no entendimento dos motivos que a geram nas
escolas deve ser analisado. É preciso pensar que necessariamente há de passar pelo espaço
137
em que a sociedade e a escola estão inseridas, observando os aspectos sociais, econômicos e
culturais.
exageradamente, fazendo surgir a violência gerada pela insegurança. Com uma sociedade insegura
como a que vivemos, a violência gerada nas escolas, devido a um contexto institucionalizado, está
Tanto da escola quanto da sociedade espera-se que, através de laços entre si, possam ser
recebidas como resultado de uma relação de mão dupla. Só é preciso lembrar que a escola reproduz,
repete e também reflete todos os aspectos da sociedade, sendo eles positivos ou negativos.
Não existem soluções simples para a violência, ainda que seja defendido uma mudança
de postura dos que sofrem qualquer violência ou bullying. Contudo, ainda sim faz-se necessário
que denunciem qualquer manifestação de hostilidade gerada em todos os lugares, inclusive nos
ambientes escolares.
O papel do gestor na escola é aproximar suas equipes para que sejam desenvolvidos
talentos, pois sabemos que não são as tecnologias e sim a motivação e as ideias que compõem
fáceis.
Esse processo de aproximação de equipes torna-se útil para a escola e para o sistema
educacional, ao levar, por meio de ideias e debates, à busca de objetivos comuns para o exercício
Segundo Paro (1997), é necessário que o gestor organize diversos estilos de liderança, tais
como:
• O participativo, que é uma liderança que se relaciona e se caracteriza por uma dinâmica
• O chefe liderado, que é um estilo mais flexível e uma liderança é caracterizada por
As combinações de todos esses estilos mostram ao gestor que há uma ampla variedade
de opções para sua liderança participativa. Estas substituem com vantagem a visão que reduzia o
Vale lembrar que nenhum dos modelos é completo, pois a liberdade e a autoridade devem
sempre estar juntas para que a participação e o compromisso sejam uma conquista construída no
A violência é representada para os alunos pelas agressões físicas, pelas brigas familiares,
O gestor precisa criar meios que facilitem a conscientização entre os alunos, através de
palestras e projetos de discussão, para que, quando alguém passar dos limites e invadir o espaço
do outro, sejam tomadas as providencias necessárias rapidamente para que isso não gere maior
violência.
muita frequência nas escolas, e por isso é necessário que associem esta às condições financeiras,
miséria e exclusão social. Ela se inicia quando um indivíduo invade o direito do outro; o direito de
Segundo Peralva (1995), definir “violência” não é uma tarefa fácil, pois na própria teoria da
violência não encontramos respostas satisfatórias para as causas que contribuem à prática dela.
A violência praticada dentro da escola ainda não é muito estudada devido ao pouco foco
neste problema. Apesar disso algumas pesquisas, de acordo com Spósito (1994); Whiataher (1994);
e Colombier (1989), mostram que as questões mais relacionadas à violência simbólica, à segurança
da escola e, principalmente, sobre depredação escolar, são alguns assuntos importantes a serem
Um fato interessante é que as escolas são os alvos mais escolhidos pelos adolescentes para
139
as depredações. Elas ocorrem principalmente nos finais de semana, quando não há aula. Pode-se
então refletir que essas depredações acontecem pela falta de conscientização da sociedade que
dela participa.
A depredação escolar também pode estar ligada ao fato dos jovens manifestarem seu
protesto contra ela, e por isso é preciso que seja trabalhado, de maneira coerente, projetos que
os conscientizem, para que saibam que a escola, além de ensinar, também possibilita seu espaço
para a recreação, sendo ela um dos poucos espaços que se presta a este tipo de atividade.
As famílias, durante muito tempo, não foram alvos de estudos em relação à violência,
devido nela encontrarmos e vivenciarmos os primeiros atos de amor familiar que temos contato.
Uma vez que a partir do momento que temos esse contato, automaticamente transmitiremos a
nossos filhos.
Porém, com o passar do tempo, esse ato de amor familiar vem desaparecendo, visto que a
importância foi passada apenas ao consumismo, que é oferecido até pelas leis.
Antigamente, até os anos 60, criar os filhos era como um projeto de vida para as famílias, mas
atualmente isso passou a ficar em segundo plano, perdendo praticamente o sentido. Na verdade,
apenas com o consumismo e com o individualismo, gerando com isso uma solidão familiar.
Hoje em dia as famílias em que o pai dava as ordens já não estão existindo mais, devido à
falta da figura paterna em muitas. Com o atual aumento de jovens grávidas, gerou-se um crescimento
de mulheres que têm que assumir ambas as funções: paterna e materna. Por isso não podemos
tratar essas famílias como as de antigamente, ou exigir delas as responsabilidades de antes, pois
O desaparecimento da figura paterna está muito constante, e isso pode ser associado à
falta de limites e ao desenvolvimento de padrões alterados de conduta. Por isso a finalidade paterna
está sendo relacionada, muitas vezes, à figura de um delinquente poderoso. A esta atual situação
encontramos a grande tecnologia que temos acesso hoje, em que tudo fica mais fácil e bonito
dentro de nossas casas, contudo onde estão os sentimentos familiares verdadeiros, os espaços
para os diálogos entre família, que é a grande chave do bom relacionamento familiar, onde pessoas
podem amar de verdade, convertendo isso em ação? Faz-se necessário que seja reservado um
140
tempo para que haja esse afeto familiar, porém, na atualidade em que vivemos, sabe-se que isso
Nossa sociedade, de tantos desencontros, está promovendo muito mais a troca entre
projetos de culturas diferentes do que entre os membros de uma mesma família e das escolas em
É certo que antigamente o papel da família e da escola eram bem repressores, mas ao
longo dos tempos esse papel modificou-se, uma vez que houve uma grande mudança na forma
de transmissão de conhecimentos, que era através somente da escola. Esses ensinamentos eram
filhos, passando essa responsabilidade para as escolas, onde esperam que estas instruam e
As famílias esperam que os professores ensinem aos seus filhos os valores morais, os
princípios éticos, os padrões de comportamento, as boas maneiras e até hábitos de higiene pessoal,
alegando que trabalham cada vez mais e por isso não dispõem de tempo para cuidar dos filhos.
alunos, já que antigamente os pais transferiam a parte cognitiva apenas a ela, alegando que a
cognitiva, eram responsabilidades somente dela. E com isso as famílias acabaram se distanciando
das escolas, ao invés de aliarem-se as elas, gerando uma grande perda a todos.
Após toda essa discussão sobre o papel da escola e dos pais, e os problemas em como
as pessoas veem a relação entre eles, podemos analisar o motivo do aumento da violência nas
escolas na atualidade.
A violência está cada vez mais representativa na nossa sociedade. Dessa forma muitas
mais violentos.
141
Os meios que mais nos influenciam nisso são a televisão e a escola, ou seja, os contextos
sociais em que estamos inseridos. Além também do nosso círculo de amigos, que muitas vezes
que não é novo em nosso dia a dia, mas um que esteve sempre presente em nosso cotidiano.
Ela está em plena evidencia e está acontecendo de diversas maneiras, tantas que está
escolas, ao envolver crianças e jovens de todas as idades. Eles acabam por carregar isso à
fase adulta, levando essas grandes sequelas, que interferirão nos seus futuros. Os jovens terão
dificuldades em estabelecer critérios próprios para que possam exercerem o exercício de sua
liberdade.
Abandono e abusos físicos e sexuais são alguns dos fatores que levam algumas crianças
a tornarem-se agressivas. Isso tende a aumentar o número de casos de bullying e violência social
e escolar.
Os seres humanos sempre foram alvo de violência desde os tempos mais antigos. Autores
tentam explicar as verdadeiras causas dela, mas muitas vezes sem sucesso. Para Freud, o homem
ou privados. Por isso, ao andarmos nas ruas, não confiamos em ninguém e ficamos preocupados
com a aproximação de qualquer pessoa, com o medo de sermos assaltados ou de sofrermos algum
tipo de agressão.
É preciso que os alunos aprendam como é o processo linguístico desde o início. Assim,
poderão se servir não só da língua mãe, mas também para as demais disciplinas escolares. Um
Esse aprendizado deve ser concreto para as crianças. Tanto na escrita, como na leitura
quanto no cálculo, de forma prazerosa e lúdica. Quem sabe, ensina. Aquele que leciona é obrigado
a saber o que será repassado para o aluno, e propiciar a ele uma contemplação do conhecimento.
E vice-versa.
142
Nas ruas, as crianças não aprenderão informações linguísticas. Somente poderão deduzir,
tendo como base a fala. Mas, dentro da escola, com bons profissionais, é que de fato absorverão
Na educação atual, nos deparamos com diversas reclamações de pais que questionam,
tanto escolas públicas como escolas particulares, sobre a falta de uma resposta para as crianças que
não conseguem ler, fazendo-as sofrer com a dificuldade de aprender a ler no ensino fundamental.
Essas dificuldades atingem todo tipo de criança, sendo elas ricas, pobres, brancas ou negras,
latinas ou europeias.
As escolas não sabem responder de forma concreta e direta sobre o desafio de trabalhar
com essas crianças com dificuldades ou necessidades especiais, e principalmente com crianças
Esta última é um problema encontrado quando a criança não encontra um sentido diante de
um texto ou quando não lê bem, já a disgrafia é no momento em que a criança encontra dificuldades
O que preocupa o país atualmente são esses distúrbios de letras, pois sabem que o
progresso e o sucesso escolar dependem muito de uma boa aprendizagem e de uma boa leitura.
Muitos pais acabam por reclamar das dificuldades que as crianças apresentam, como a
dificuldade de leitura e de escrita. E uma boa razão para isso é o apontamento da má qualidade de
aplicada, julga a capacidade de ler tarefa árdua, compreendendo nela diversos processos e níveis
funcionam para o ensino de língua portuguesa e da leitura, pois trabalham com a forma interativa
ou interdependente.
Nas primeiras etapas da aprendizagem da leitura, se faz mister o processo básico. Tendo
em vista evitar deficiências, sobretudo até o quarto ano, pois se houver neste caminho alguma
dificuldade neste sentido, será comprometedor nos processos superiores de compreensão leitora.
memorização.
De longo prazo é a cognição. É através dessa consciência que vai se construindo um leitor,
nosso olhar a símbolos impressos ou em palavras e nas menores unidades contrastivas num
sistema de escrita.
Ademais precisamos ler o que vem implícito nas linhas, ou seja, as entrelinhas. O que não
Sem resposta ou solução escolar, muitos pais recorrem a profissionais da saúde, como
é por acaso que muitos profissionais como estes tornam-se autores de obras relacionados com a
patologia da linguagem.
social já existente. Ela é uma instância social voltada à transformação dos indivíduos, tornando-
Para o professor, a escola não é lugar de reprodução das relações de trabalho alienados e
alienantes. As relações sociais, que se dão no interior da escola, são pautadas em valores morais
que definem como o educador deve agir com seu aluno e este, com seus professores e colegas.
Oferecer um tratamento igualitário a todos deve ser a principal meta da escola, considerando que
todas as pessoas têm os mesmos direitos, o que configura um dos princípios fundamentais das
fatores sociais, de contextos culturais e de sistemas morais. A escola, sobretudo a pública, costuma
receber um público heterogêneo. E a relação da escola com a comunidade é também fonte rica de
inserido no processo educacional. Muito se tem abordado sobre esse assunto e muitas pesquisas
já foram direcionadas nesse campo. Partindo desses pressupostos, é preciso analisar pessoas,
diante de sua má remuneração, seu desprestígio e por serem submetidos a jornadas de trabalho
forma digna. Quanto ao aluno, têm-se levado em conta os seus problemas socioeconômicos e
os fatores psicológicos, decorrentes da situação de pobreza dos pais, dos desajustes familiares e,
Na escola, observa-se a falta de participação dos professores, dos alunos, dos pais e
também são fatores que se consideram como geradores da violência na escola e na sociedade, de
modo geral.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após essas análises, é possível dizer que nossa sociedade necessita urgentemente que
seja feito alguma coisa pelos jovens e crianças de nossa sociedade, em que sejam combatidos e
realidade quase impossível, já que a violência é tão ampla e tem causas e manifestações diversas.
e escola projetos e campanhas para conscientizá-los quanto a violência escolar e o bullying, para
que todos possam identificar quando a criança ou jovem está sofrendo ou cometendo-os
como mau humor ou irritação muito frequente, pois isso pode ser sinal de que algo está errado,
podendo a criança ou o jovem estar sofrendo violência ou bullying em algum lugar. Casos de choro
contínuo, falta de sono e de atenção, e dores que lhes façam faltar na aula também devem ser
considerados, pois é um aviso de que há algo errado também com o jovem ou a criança.
146
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WHITAKER, D. Violência na Escola. In: Revista Idéias nº. 21 São Paulo, FDE, 1994.
147
O CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO ANTES DE JUSCELINO KUBITSCHEK
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de TCC sobre o processo de industrialização do Brasil passado no governo
de Juscelino Kubitschek. Todavia, aqui, será tratado sobre o momento histórico industrial anterior a esse presidente,
apresentando que, facilitado pelo Estado, o capital estrangeiro não encontrou empecilhos para que pudessem
desenvolver suas instalações na cidade de São Paulo e em sua região metropolitana. Ademais, é apresentado os
governos de Getúlio Vargas, Dutra e Café Filho, mostrando as mudanças políticas e industriais que se construíram no
Brasil naquele momento. Além de dar um campo histórico sobre as relações políticas e os problemas enfrentados por
Vargas com os militares e com a iminência no governo de uma “comunização”, algo contra os pensamentos capitalistas
do exército.
INTRODUÇÃO
Este artigo contextualizará, através das ações dos presidentes da República do Brasil no
período pós-Segunda Guerra Mundial, sobre a industrialização do Brasil. Será comentado sobre
Dos governos seguintes, escolhidos através de eleições diretas, de Dutra (1946 – 1950) e Vargas
Por meio das nossas referências bibliográficas, fica claro a grande contribuição que
Getúlio Vargas deu para o processo de industrialização no Brasil, sendo chamado pelo brasilianista
148
O BRASIL PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
desenvolvido e outro rural e subdesenvolvido. Dentro dessa realidade que o país passava, Carlos
Guilherme Motta e Adriana Lopez definiram esse período como: desenvolvimentismo. (LOPEZ,
2008, p. 761)
O Brasil da região Sul compreendia os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, constituindo o país “moderno”, industrializado
“desenvolvido” e urbano, onde se fazia presente o trabalho assalariado e o braço do
imigrante. O outro Brasil compreendia os estados do Norte e do Nordeste, dominados por
latifundiários, proprietários de grandes extensões de terras improdutivas, o país “arcaico”,
rural, “subdesenvolvido”, segundo o vocabulário da época. Neste, eram ainda mais visíveis
as permanências político-culturais da sociedade patriarcal e da mentalidade escravista,
cristalizadas ao longo da colonização de exploração. (LOPEZ, 2008, p.719)
Neste momento, no Brasil pós-Segunda Guerra Mundial, fica claro que a forma de sociedade
desenvolvimento industrial ocorrido no Sul do país. A força de trabalho do migrante agregado aos
Portanto, nesse período, segundo Adriana Lopes e Carlos Guilherme Motta, o povo sertanejo era
Inclusive, para Sérgio Buarque de Holanda, interpretado pelo historiador José Carlos Reis (2007, p.
122), dentro de suas análises, afirmou que seria necessário romper com toda a herança portuguesa,
dentre elas o patriarcalismo, a burocracia e até mesmo o sentimentalismo lusitano, que de certa
Raízes do Brasil é uma síntese interpretativa da trajetória brasileira que discute o seu presente
e futuro, acertando as contas com o passado. S. B. de Holanda desvenda no presente as
sobrevivências arcaicas, ainda ibéricas, que precisariam ser superadas. Ele quer identificar
os obstáculos que entravam a modernização política e econômico-social-mental do país.
Esses obstáculos estão ligados às nossas raízes ibéricas, que devem ser recusadas e
cortadas. (REIS, 2007, p. 122)
Thomas Skidmore (1988, p.67) argumenta que a entrada formal do Brasil na Segunda
Guerra Mundial em 1942 deu oportunidade a um esforço de mobilização econômica em escala total
para a guerra. Dessa forma Vargas conseguiu negociar com os estadunidenses a possibilidade de
longo prazo do Export–Import Bank. O primeiro grande empréstimo foi para a construção da nova
Não é ocioso lembrarmos que essa companhia foi de grande importância para que mais
Concernente a esses empréstimos, os quais foram realizados pelo Brasil na época, Thomas
A pressão inicial a favor da industrialização, sob os auspícios do Estado, partiu dos militares,
cujo apoio tinha sido a condição sine qua non do golpe de Vargas, em 1937. As ideias e a
racionalização desta política vieram de conselheiros-empresários, como Roberto Simonsen
e Euvaldo Lodi. Contudo, foi o hábil político Vargas que se tornou o mais conhecido padrinho
da industrialização.
Vargas de fato contribuiu e muito para a industrialização nacional, definindo-o como o padrinho da
industrialização.
O ano de 1945 foi marcado pela nova ordem liberal-democrática. Este ato fez com que
o então presidente Getúlio Vargas permitisse uma eleição presidencial. Durante 15 anos de um
governo “estadista”, ocorreram algumas fases importantes, sendo elas a Provisória (1930-1932),
a Constitucional (1932- 1937) e, por fim, uma fase em que alguns historiadores consideram de
Dutra e Eduardo Gomes disputariam a presidência do Brasil para os cinco anos seguintes.
Eduardo Gomes atraiu o interesse de setores da classe média dos grandes centros urbanos, em
torno da bandeira da democracia e do liberalismo econômico. Ela ficou conhecida como a campanha
150
Portanto, a campanha dos lenços brancos remetia a uma passagem do Império. Foi
uma mobilização acontecida desde os liberais conservadores aos socialistas, em prol da política
Curiosamente, não foi Eduardo Gomes que Getúlio Vargas apoiou, mesmo com esse apelo
de uma classe média favorável ao seu sistema trabalhista. Seu apoio acabou sendo ao candidato
Boris Fausto (1994, p. 398), ao analisar a campanha de Eurico Gaspar Dutra à presidência
Um apoio de última hora foi importante para que as eleições de 1945 ganhassem outro
caminho, afinal Getúlio poderia ainda contar com a confiança do povo brasileiro. Aproveitou do seu
poder de persuasão e, num discurso direcionado ao povo brasileiro, demonstrou todo o seu apoio
ao candidato Eurico Gaspar Dutra, mostrando estar ao lado do povo caso o candidato apoiado não
Getúlio Vargas passou o gabinete do Catete para o candidato vencedor das eleições, o
capixaba Eurico Gaspar Dutra, que teve seu governo rotulado, de acordo com os historiadores
Carlos Guilherme Motta e Adriana Lopez, como “um governo de mediocridade”. (LOPEZ, 2008, p.
720)
Sem dúvida, Dutra teria um governo com responsabilidades enormes. Foram quinze anos que
o Brasil havia passado com o mesmo presidente. Independente do regime provisório, constitucional
estagnou-se numa ditadura de direita. Caberia, portanto, ao então presidente, continuar com o
Infelizmente, sabemos que a industrialização não deslanchou em seu governo, e por isso
ele não foi capaz de promover a continuação do progresso industrial. Considera-se um governo
industrial. Segundo Darcy Ribeiro, “só não tocou na legislação trabalhista e as grandes empresas
sua exportação diminuiu bastante, provocando a queda de seu preço. Um dos fatores para essa
A exploração do petróleo era ainda precária, apenas melhorou em 1954 com a construção
da Petrobras, no segundo governo de Getúlio Vargas. Como o historiador Boris Fausto (1994,
p.403) afirmou:
A situação do Brasil no plano financeiro era favorável, pois o país acumulara divisas no
exterior, resultantes das exportações nos anos de guerra. Apesar disso, a política liberal
acabou fracassando. A onda de importações de bens de toda espécie, favorecida pela
valorização da moeda brasileira, levou praticamente ao esgotamento das divisas sem trazer
consequências positivas. Como resposta, em junho de 1947, o governo mudou de orientação,
estabelecendo um sistema de licenças para importar. Na prática, o critério das licenças
favoreceu a importação de itens essenciais, como equipamento, maquinaria e combustíveis,
e restringiu a importação de bens de consumo. Levando-se em conta que o cruzeiro foi
mantido em níveis altos em sua relação com o dólar, houve um desestímulo às exportações
e um estímulo à produção para o mercado interno.
O Brasil, de certa forma, acabou se beneficiando da Segunda Guerra Mundial, pois obteve
valorização da moeda brasileira. Houve um grande aumento de importações durante esse período,
esgotando assim com as reservas. Por isso a política liberal não teve êxito. Foi em 1947 que o
governo Dutra restringiu as importações de bens de consumo, permitindo apenas que viessem ao
O autor Skidmore (1988, p. 98) afirmou que se tratou de uma industrialização espontânea,
a que ocorreu no governo Dutra, ou seja, aconteceu muito mais por algumas medidas econômicas
Em 1950 surgiu uma nova era. Seria o início do que conhecemos como “governo populista”.
Vargas foi dessa vez eleito presidente do Brasil, sendo conhecido como a primeira fase de uma
República Populista; tal afirmação não é unanimidade dentre os historiadores, por trás dessa
questão existe todo um debate historiográfico concernente ao tema. Jorge Ferreira, por exemplo,
considera-o como populista. Ângela de Castro Gomes, por sua vez, o vê como trabalhista e não
populista. Talvez por ter colocado em prática as leis trabalhistas e por fora em seu governo que
Ainda sobre o populismo, tal forma de governo se prepondera com algumas características:
forma, esse líder político se apropriaria de ser o porta-voz das massas, focando o seu discurso para
152
projetos de inclusão social.
Com ajuda de sindicalistas e comunistas, no dia 3 de outubro de 1950, Vargas obteve 49%
dos votos pelo PTB, derrotando Eduardo Gomes (UDN) e Cristiano Machado (PSD). Destarte,
conseguiu juntar-se com as principais forças políticas nacionais da época, tendo a principal delas
vinda de São Paulo por meio dos ademaristas, isto é, eleitores de Ademar de Barros, então
governador de São Paulo, responsáveis por um quarto da votação nacional, cerca de 925.493
Foi nesse período que, além da Petrobras, já mencionada, Vargas criou a Eletrobrás, quando
em abril de 1954. A estatização da Petrobras, que por motivos claros seria explorada somente pelo
Estado, criou uma desavença com os militares. Visto que os princípios de estatização remetiam
e muito às ideias comunistas, favoráveis a estatização dos bancos e das grandes indústrias,
do Brasil, os Estados Unidos. Dessa forma, foi lançado o “Manifesto dos Coronéis”. Estes militares
de média patente sabiam do apoio dado pelos comunistas e sindicalistas no governo Vargas.
Tais coronéis, oficiais conservadores ligados aos generais Juarez Távora, Osvaldo Cordeiro
forma foram doutrinados com a tensão da Guerra Fria. Era o mundo Capitalista versus o mundo
Comunista. De certa forma Getúlio herdou um acordo que começou em seu próprio governo, no
período ditatorial, no qual houve a participação do Brasil juntamente com os países aliados na
Segunda Guerra Mundial. O que talvez Getúlio Vargas não deu conta eram das grandes influências
Com esse impasse, entre o governo e os militares, a forma que Getúlio Vargas encontrou
para amenizar o clima tenso foi demitindo o então Ministro do Trabalho, João Goulart.
Sem dúvida, essas medidas de manter tanto a Petrobras quanto a Eletrobras em poder do
Estado não agradariam mesmo os militares, pois, na época, eles alegavam ser uma prática comunista
tais estatizações. Dessa maneira, Vargas foi perdendo o apoio dos militares e, posteriormente,
definida por Adriana Lopez e Carlos Guilherme Motta (2008, p. 723). Vargas suicidou-se, deixando
para o povo brasileiro uma carta, com frases de efeito, como: “Lutei contra a espoliação do Brasil”,
e: “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na
história”.
153
Getúlio Vargas encontrou, por meio da sua própria morte, uma saída, que acabou tornando-o
uma das principais figuras políticas do Brasil até hoje, e, no momento, de praticamente anular a
pressionaram a tomar tal ação; no caso, o suicídio. Tinha convicção que essa era a melhor saída
para o Brasil, e, claro, cravaria de uma vez por todas seu nome na história do Brasil. O autor Lucas
Foi um tiro certeiro, único, sem necessidade de tanques nas ruas ou soldados a oprimir
revoltosos. Um tiro certo de uma simples pistola que o atingiu no peito e no coração,
matando-o e colocando-o acima dos acontecimentos de então. Vargas paralisou a oposição,
inflamou as massas com seu último discurso, póstumo, repetido à exaustão nas rádios no
decorrer de todo o dia 24 de agosto de 1954. O golpe, que estava em marcha já vitorioso,
foi derrotado com um tiro. Um tiro e uma carta, que logo foi chamada de carta-testamento.
(PIRES, 2006, p.10)
De fato, Getúlio Vargas foi, segundo Lopez e Motta, um estadista carismático. Conhecido
como “pai dos pobres” e “mãe dos ricos”; nacionalista e populista para alguns, e trabalhista para
outros. Sua queda teve como estopim a sua briga com o ex-comunista Carlos Lacerda, que havia
Sendo assim, Café Filho assumiu a presidência do Brasil num período tenso, com greves
no Rio de Janeiro e em São Paulo. E no Nordeste foram formadas Ligas Camponesas, comandadas
Essas Ligas Camponesas eram organizações de camponeses em prol da luta pela reforma
agrária, oriundo do sertão pernambucano. Foi considerado o movimento mais importante pela
João Fernandes Campos Café Filho, potiguar, sem grandes formações intelectuais, formou
um ministério de direita, tendo como maioria ministros udenistas, visto que ele tinha medo de que
os nacionalistas tomassem o poder pela via popular. A União Democrática Nacional (UDN), fundada
na política econômica, Café Filho, instruído por Gudin, tomou medidas que escancaravam as
portas para o capital estrangeiro, o que fez o PUA deflagrar uma greve reunindo um milhão
de trabalhadores. Os militares passaram a conspirar abertamente, tentando impedir a posse,
mas não contaram com a relação de lideranças parlamentares antigolpistas e personalidades
da sociedade civil. (LOPEZ, 2008, p.760)
2 Francisco Julião Arruda de Paula, nasceu em 16 de fevereiro de 1915 no Engenho Boa Esperança, municí-
pio de Bom Jardim em Pernambuco, morreu em 10 de julho de 1999. Foi advogado, político e escritor, líder em 1955
das Ligas Camponesas.
154
Quando Café Filho assume a presidência, ele contaria com um ministério com nomes da
governar com uma oposição que não tivesse a UDN. Ele mesmo havia confessado que o seu
governo não havia feito nenhuma tentativa para ser popular, mas pretendia apenas levar adiante
Sobre o período que culminou no fim do governo Vargas e no início do governo Café Filho,
vale a pena mostrarmos como estava a industrialização automobilística no Estado de São Paulo e
em sua região metropolitana. Não eram produzidos apenas meios de transportes coletivos (ônibus),
caminhões e tratores, mas também passaram a ser produzidos principalmente carros de passeios
produção de veículos.
brasileiros, elaboraram planos industrializantes. Segundo o historiador Antonio Luigi Negro, em sua
tese de doutorado, esse processo foi feito de forma lenta, paulatina e progressiva, no ABC e na
capital paulista. Traçando uma cadeia de linhas de montagem, refletiram a um ensaio estratégico
Este esquema foi elaborado pela Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis3
Em São Paulo, a Ford Motor Company Exports (FCME) abriu sua oficina na Rua Sólon,
localizada no bairro do Bom Retiro em 1919. Nos anos de 1950, passou a operar no Ipiranga com
instalações espaçosas, próxima a linha férrea. Na cidade de São Caetano do Sul, a General Motors
do Brasil (GM), funcionava desde a década de 1930, montando caminhões, utilitários e ônibus. E a
apenas, eram montados os carros, a grande maioria das peças vinha do exterior, embalados em
caixotes de madeira. Assim, a Volkswagen também recorreu a este modelo de montagem antes
3 Em 31 de março de 1952, a Comissão de Desenvolvimento Industrial – CDI – criada pelo presidente Getúlio Vargas,
instalou a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis, presidida pelo subchefe da Casa Militar da Presidência da
República, o engenheiro naval comandante Lucio Meira.
155
mesmo da inauguração no Mega Complexo localizado na cidade de São Bernardo do Campo. Ela
havia ainda montado um galpão na Rua do Manifesto para a montagem de Fuscas e Kombis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo vimos, como eram montados os veículos antes das linhas de montagens das
grandes montadoras trabalharem a todo o vapor, mencionou-se, também, qual era a preferência
dessas montagens, onde era priorizado a montagem de veículos grandes como ônibus e caminhões.
criação de empregos, em especial na região conhecida como a Grande São Paulo, que junto com a
capital São Paulo, teve ao seu redor cidades como São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul
e Santo André, formando o ABC paulista, um dos maiores polos industriais do Brasil.
vinha sendo tratada pelos presidentes anteriores, mostrando, por exemplo, a forma de política
nacionalista de Getúlio Vargas, bem diferente ao desenvolvimentismo de JK, que usou e abusou
do capital externo para manter firme e forte as suas promessas de campanha e logo as do próprio
Programa de Metas.
no governo seguinte. A inflação foi, sem dúvida, um grande problema para a economia brasileira.
156
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SOUZA, Luiz Eduardo Simões. Políticas Públicas em São Bernardo do Campo no Pós-Guerra: 1945 – 1964 –
Dissertação Mestrado USP – 2002.
157
TEATRO COM SURDOS: PRÁTICA E REFLEXÃO
EVERTON DA SILVA
RESUMO
O presente estudo parte de reflexões sobre as relações de opressão na sociedade. Em especial considera-se a
comunidade surda e traz sugestões e caminhos de orientação em teatro. Faz parte do trabalho citações e reflexões
sobre o trabalho de Augusto Boal, Bertold Brecht e outros. Embora a pesquisa seja teórica, dispõe ao final uma
descrição prática de ensaio baseado em autores apresentados durante a pesquisa.
INTRODUÇÃO
Desde já se coloca o desafio de lidar com a comunidade surda: múltipla, com linguagens
se aqui trabalhar temas de ordem crítica, retomando, por isso, aspectos históricos da incapacidade
inclusiva por parte dos ouvintes. Sabe-se que a história serve de alerta para que erros do passado
não se repitam.
Neste contexto são estudados autores e artistas que se relacionam com a temática e a
ampliam, tais como Bertold Brecht e Pina Bausch, além de referências teatrais brasileiras, como
Se os tubarões fossem homens, será que eles seriam mais gentis com os peixinhos?
Os teatros do fundo do mar mostrariam valentes peixinhos, nadando entusiasmados em
direção à boca dos tubarões. E a música seria tão bonita que os peixinhos, embalados por
seus acordes, seguiriam a orquestra inebriados e envolvidos em pensamentos agradáveis e
se precipitariam na boca dos tubarões. (BRECHT, 2018)
A metáfora nos ajuda a refletir sobre o teatro e suas relações de poder na sociedade do
capital. Destaca-se neste trabalho o olhar crítico e social, ainda mais neste caso, em que se trabalha
Durante muito tempo o estudo do sistema de sinais foi retirado do processo de aprendizagem
dos surdos. Foi decidido, no século XIX, que o sistema de sinais deveria ser abandonado e
somente ser permitida a leitura labial. Apenas em 2002 a Libras foi reconhecida como meio legal de
comunicação e expressão no Brasil. Como foi que a sociedade aceitou a proibição dessa língua,
No início do século XX, um dos autores teatrais que mais destacaram a relevância social da
arte foi Bertold Brecht, sensibilizando plateia e atores para as condições em que viviam.
Ao serem assim mostradas, as relações dos homens entre os homens passam a ser
mutáveis, passíveis de serem modificadas. Assim como aquilo que ocorreu no passado pode
ser mostrado como transitório, também o presente pode ser historicizado. Isso faz com que
o espectador se distancie do seu tempo e o veja com o olhar da geração futura. (KOUDELA,
2012, p. 47)
A assimilação do legado de Bertold Brecht, hoje, passou por mudanças. A arte engajada de
Brecht foi mais adotada em sua forma que em seu contexto ideológico. Ainda assim, se preserva
159
seu referencial crítico, sejam nas grandes peças modernas ou peças didáticas.
perceba seu contexto social. Provocações e indagações coletivas podem ajudar a enxergar novas
soluções na luta pelas inclusões. Seja na terra ou no fundo do mar, o importante é saber quando
se é peixinho ou tubarão.
Augusto Boal é autor brasileiro de grande relevância internacional; além de diretor, escreveu
vários livros sobre o “Teatro do Oprimido”. Com certeza, pode trazer grande contribuição para a
pesquisa teatral.
social dos deficientes. Boal (1991, p. 62-64) mostra que o teatro, em sua forma aristotélica,
dominante nas artes cênicas, é um sistema de intimidação, que impede a transformação social.
sociedade em que o sujeito está inserido. Esta abordagem pode ser utilizada para todos aqueles
LGBTQI+, negros, pobres, estrangeiros e outros muitos também, como os surdos. Muitos jogos
propostos por Augusto Boal estimulam a percepção social e o diálogo, sendo de profunda importância
para percepção da sociedade, e neste sentido, é um direito de ser estudado por todo cidadão e
cidadã.
Observe o diálogo que Boal (2014) teve com uma mulher na Europa, a partir da explanação dela:
“Por que falar sobre a opressão das mulheres, quando isso não existe na Suécia?” Ela foi
tão veemente, que quase me convenci. E quase fiquei feliz: pela primeira vez em minhas
andanças pelo mundo afora teria encontrado um país onde as mulheres não eram oprimidas!!!
Ora viva!!! Para me certificar perguntei: “Se não são oprimidas, então na Suécia as mulheres
160
têm os mesmos salários que os homens, para fazer o mesmo tipo de trabalho, durante o
mesmo tempo?” – e fiz um gesto juntando os dedos das duas mãos.
Ela hesitou; mimetizada pelos meus dedos, fez o mesmo com suas mãos, juntando as
duas num nível só. “Bem... não é exatamente assim... É o seguinte: na França, as mulheres
ganham menos que os homens pelo mesmo tipo de trabalho” – e baixou uma das suas mãos,
mostrando a diferença de salários de forma visual. Depois, juntou de novo as duas mãos no
mesmo nível e continuou: “Aqui na Suécia é diferente; aqui homens ganham um pouco mais
do que nós...” – e levantou a mão que correspondia ao salário dos homens...
A mulher, honestamente, não percebia que, do ponto de vista financeiro, era a mesma coisa,
e que de nada valia sua sutileza vocabular. (BOAL, 2014, p. 280 e 281).
Na situação descrita, só com o gesto a mulher não pôde perceber a realidade da opressão.
Portanto, Boal resolveu aplicar o teatro ritual. Através dele, os voluntários presentes improvisavam
cenas de como é a rotina do homem e a rotina da mulher. Ao propor as duas cenas, foi possível
perceber, por exemplo, que enquanto os homens assistiam à televisão, as mulheres executavam
tarefas domésticas. A partir da repetição comparada das duas cenas, a mulher sueca pôde perceber
sua contradição.
Nesta breve explanação é possível perceber que somente o gesto ou a palavra nem sempre
são suficientes para o surdo ou ouvinte atentar-se às questões sociais. O teatro desempenha papel
Durante todo esse processo, é possível perceber a estética em defesa do oprimido, através
Em Boal (2009) pode-se perceber que o “Pensamento Sensível” é quem define o poder
social. Por isso, as classes dominadoras mantêm o poder sobre a grande mídia. A solução seria,
Como cidadãos, antes de tudo, como artistas por vocação ou profissão, temos que entender
que só através da contramunicação, da contracultura- de-massas, do contradogmatismo; só
a favor do diálogo, da criatividade e da liberdade de produção e transmissão de arte, do pleno
e livre exercício das duas formas humanas de pensar, só assim será possível a liberação
consciente e solidária dos oprimidos e a criação de uma sociedade democrática – no seu
sentido etimológico, pois, historicamente a democracia jamais existiu. Dela, pedaços sim.
(BOAL, 2009, p. 18 e 19)
Assim, Augusto Boal, através da sua trajetória no teatro, pôde desenvolver um sistema
muito interessante, no qual o indivíduo pode reconhecer seu local social com muita clareza, através
de proposições feitas por eles mesmos. Portanto, trouxe grande contribuição para o estudo teórico
e prático do teatro.
161
JOGOS TEATRAIS: O CORPO DO GRUPO
Os jogos teatrais podem colaborar como referência didática, com a ideia de participação
coletiva e intenso envolvimento dos jogadores e jogadoras. Além de que, os jogos já aparecem na
pesquisa de Viola Spolin (2017) a partir do trabalho com assistência social nos Estados Unidos.
A didática desenvolvida por Spolin (2017) é de simples aplicação para o educador. Através
de conceitos, como foco, instrução e avaliação é possível direcionar a práticas pedagógicas. Ela
ainda mantém elementos brincantes do jogo infantil, colaborando para a improvisação criativa,
colaborativo.
importância para minorias que precisam se organizar como grupo para definição de suas demandas,
criar pontos colaborativos e definir objetivos dentro das diversidades dos coletivos humanos e
ajustar visões individuais, através do diálogo, para construir objetivos e pautas em comum. Neste
jogo teatral, a comunidade surda abrange também a sua complexidade, como a presença de não
A prática dos jogos teatrais possui elementos que conseguem um grande envolvimento
Os efeitos do ato de jogar não são apenas sociais ou cognitivos. Quando os jogadores
estão focados no jogo, são capazes de transformar objeto ou criá-los. Ambientes inteiros
surgem espontaneamente a partir do nada. Impossíveis de serem captadas em palavras, as
transformações parecem surgir a partir do movimento físico intensificado e da troca desta
energia em movimento entre os parceiros. (SPOLIN, 2017, p. 32)
As técnicas de Viola Spolin podem ser de grande apoio prático em diversos sentidos,
A temática desse trabalho permite reflexões sobre os limites do gesto e sua capacidade
de comunicação. São possíveis diversas indagações, entre elas, qual a capacidade de clareza do
gesto? Quais os limites entre Libras e a expressão corporal? E como se expressar entre essas
162
comunicações?
É possível refletir sobre as diferenças entre a dança, desenvolvida por Pina Bausch, e o
de Pina Bausch. Já no caso do teatro de Bertold Brecht, pode-se observar como o sujeito está
Este último faz uso do “gestus” social, marca característica da estética brechtiana. Em
Koudela (1991) o “gestus” social mostra, por exemplo, que o homem é um vendedor de peixe. Tal
“gestus” pode abranger até mesmo a palavra. Nele, o objetivo seria expor claramente as relações
humanas.
abstração simbólica do gesto. Muitas vezes esta abstração é atingida através da repetição de uma
Diversos estudos podem ser feitos com o uso da Libras no teatro. Além da tradução
simultânea, feita pelo ator ou tradutor, é possível pensar em como relacioná-la ao gesto, à ação
Transita-se, portanto, entre diversos limites, conceitos e efeitos que a expressão corporal
possa revelar. A partir dos movimentos explorados pelos atores e atrizes, é possível reconhecer
EXPERIMENTO EM QUESTÃO
Este projeto para comunidade surda conta aqui com um ensaio de teatro pensado para
oficina. A pesquisa pode evoluir para um processo de montagem ou adaptação para escolas e
outras finalidades.
Considera-se aqui como comunidade surda não apenas os surdos, mas também aqueles
que estão envolvidos neste contexto, como familiares e associações. Portanto, busca-se nesta
oficina trabalhar com participantes diversos, inclusive atores e não atores de ambos os sexos. E
163
relacionar os estudos sobre o gesto e sua capacidade de comunicação durante todo o processo e
de forma ampla.
Libras.
De maneira dialógica, inicia-se o trabalho do grupo com uma forma circular. Importante, antes
saiba fazer e que seu corpo peça, pedindo que todos repitam tal movimento. Interfere-se, neste
É importante que os atores não comecem por exercícios violentos ou difíceis. Aconselho
mesmo que, antes de iniciar uma sessão, os atores façam o espreguiçar em pé, que é isso
mesmo: devem fazer os movimentos naturais de se espreguiçar na cama ao acordar, só que
em pé. (BOAL 2014, p. 112)
Ainda aplicando Boal (2014), inicia-se o jogo hipnotismo colombiano e algumas variantes.
Primeiro em duplas: um jogador deixa sua palma na frente e o outro tenta seguir o movimento da
em trios, em que só uma pessoa guia outras duas. Sempre recomendando o movimento lento e
O jogo de Augusto Boal costuma trabalhar o corpo todo e permite o aquecimento das
Os atores, em dupla, um diante do outro, seguram-se pelos ombros. Imagina-se uma linha
no chão. Eles começam a se empurrar com toda a força, e, quando um sente que seu
adversário é mais fraco, diminui seu próprio esforço para não ultrapassar a linha, para não
ser o vencedor. Se o outro aumentar sua força, o primeiro fará o mesmo, e os dois utilizarão
juntos toda a força de que forem capazes. (BOAL 2014, p. 116)
Na sequência, as duplas empurram-se por trás, costas contra costas. Orienta-se, então,
uma suavização do movimento e uma busca por movimentos da dança, ainda costa com costa.
164
Assim, movimentando juntos sem música, de costas sempre coladas, tentando seguir as intenções
do movimento do outro.
podem ser colocadas para o grupo, como por exemplo, durante a experiência do Hipnotismo
Colombiano: é mais fácil conduzir ou ser conduzido? Quando na sociedade somos conduzidos e
quando conduzimos?
momento havia um conflito, este foi orientado a se transformar em ajuste. Alguém cedeu nesse
ajuste? Ou houve um “equilíbrio de forças”? Como relacionar estas e outras questões com situações
de oprimidos sociais?
suas diversas manifestações, expandindo o conceito de opressão social para o caminho que o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversos autores e artistas foram aqui estudados, seja no campo conceitual, técnico ou
Foi interessante o desafio de trabalhar com a comunidade surda, sendo o texto reescrito
várias vezes. Conforme algumas leituras que complementaram o trabalho, foi possível conhecer
melhor a situação dos surdos, mantendo-se sempre aberto para abordagens mais inclusivas e de
revisão de preconceitos, sendo este processo uma constante desconstrução, ainda presente e
necessário.
processo que passou por referências consagradas, mas também trazendo para realidade próxima
e prática.
de transformação humana.
165
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166
DA FAMÍLIA E DA SOCIEDADE
RESUMO
Este artigo apresenta a contribuição da ciência no ensino e aprendizagem na Educação Básica, na medida em que
possibilita contextualizar os conteúdos de ensino que fazem parte do currículo escolar. Ao longo da história, a ciência
veio sofrendo transformações, modificando o mundo a nossa volta e, em nenhum período da história, ocorreram tantas
modificações sob a influência da ciência e da tecnologia quanto o século passado e o começo deste. A partir disso,
professores e alunos têm dificuldades de acompanhar o desenvolvimento científico e tecnológico no mundo e o impacto
dessas conquistas no cotidiano de cada um. Tentar desmistificar esse processo é um enorme trabalho que o professor
tem em mãos. O artigo objetiva refletir o papel do professor na desmitificação da ciência em algo atingível e relacionável
com o conteúdo e as experiências de vida dos seus alunos.
INTRODUÇÃO
Sempre foi um traço marcante da concepção de ciência a ideia de bem-estar da população, que
está associada a melhoria das condições de vida das pessoas. Para Barnett (1959, p.161), essa
reflexo dela e do contexto político, histórico e cultural em que está inserida, sendo reformulada de
mundo de modo completamente novo, mais completo e muito mais rico, entendendo cada detalhe
A “ciência” da educação, usando o termo com todas as reservas aqui referidas, será
constituída, na frase de Dewey, de toda e qualquer porção de conhecimento científico e seguro que
167
entre no coração, na cabeça e nas mãos dos educadores e, assim assimilada, torne o exercício da
função educacional mais esclarecida, mais humana, mais verdadeiramente educativa do que antes.
baseado no método científico, bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através
de tais pesquisas.
está inserida, sendo reformulada de acordo com os interesses da coletividade. Como exemplos,
podemos citar o grande investimento dos EUA durante o período da Guerra Fria na formação de
futuros cientistas para garantir sua hegemonia científica, ou os grandes projetos ingleses voltados
para o ensino de Física, Química e Biologia visando preservar a influência da Academia Inglesa no
contexto científico (Krasilchik, 1988, p. 55; 2000, p. 85). No Brasil, diversas mudanças no ensino
de Ciências são observadas ao longo do tempo, sempre influenciadas pelas demandas políticas e
sociais.
pelos jesuítas, tendo como enfoque a alfabetização e a catequização. Nesse período, o ensino
de ciências era incipiente (Mendes et al., 2016, p. 55); no entanto, houve algumas iniciativas
1821, a abertura para o público das exposições do Museu Real, sediado no Campo de Santana –
inaugurado em 1818, hoje conhecido como Museu Nacional da UFRJ, localizado na Quinta da Boa
Vista (Schwartzman, 2009, p. 160); e no mesmo período, palestras eram realizadas por cientistas
Em 1946, pelo Decreto Federal nº 9.355, foi instaurado o Instituto Brasileiro de Educação,
Ciências e Cultura (IBECC) na Universidade de São Paulo. Sua função era tornar o ensino de
Ciências mais prático e atualizar os conteúdos dos livros-texto de Ciências (Lorez, 2008, p. 15).
Contudo, apenas durante a década de 1950 o ensino de Ciências se solidificou no Brasil (Mendes
et al., 2016, p. 56), mas a disciplina ainda era ministrada de forma expositiva, com livros didáticos
quantidade de horas no ensino Colegial (atual Ensino Médio) (Krasilchik, 2000, p. 86).
educadores comportamentalistas, como Benjamin Bloom (Krasilchik, 2000, p. 87). Ainda na década
Em 1964, houve a instauração da ditadura militar; nela, o objetivo do ensino era formar
Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 5.692, depois revogada pela Lei nº 9.394/96). Pela lei de
1971, as Ciências passaram a ser uma disciplina obrigatória durante todo o Ensino Fundamental
(Krasilchik, 2000, p. 87). De acordo com Krasilchik (2003, p. 18), a década de 1970 foi caracterizada
por fatores contraditórios: ao mesmo tempo em que o texto legal valoriza as disciplinas científicas,
na prática elas eram profundamente prejudicadas pelo atravancamento do currículo por disciplinas
que pretendiam ligar o aluno ao mundo do trabalho (como Zootecnia, Agricultura, Técnica de
Ainda durante a década de 1970, surgiu a perspectiva de que o aluno deveria experimentar
o aluno tentava imitar o trabalho do cientista, levantando hipóteses, seguindo uma metodologia
rígida, devendo obter e discutir resultados para se chegar a uma conclusão (Krasilchik, 2000, p. 88;
Durante a década de 1970, devido às grandes crises e discussões sobre o meio ambiente,
desenvolvimento não sustentável e o papel das ciências para a sociedade, surgiram os primeiros
debates sobre a inclusão das questões tecnológicas e sociais no currículo de Ciências; o enfoque
Em 1996 foi aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
9.394); e no ano seguinte, foram criados os Parâmetros Curriculares Nacionais. Os dois documentos
169
instruíam que a escola tinha papel de formar alunos capazes de exercer plenamente seus direitos e
deveres na atual sociedade, que os conteúdos deveriam ser trabalhados de maneira interdisciplinar
Ao longo dos anos, foram elaboradas diferentes políticas educacionais, sendo a mais
recente a Base Nacional Comum Curricular, de 2018. Ela define as aprendizagens essenciais que os
alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica em conformidade com a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação de 1996, com o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 e fundamentado
nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica de 2013. Nesses documentos consta a
Nos últimos anos, ficou clara a necessidade da relação entre o ensino de Ciências,
sociedade e tecnologia, e as questões ambientais. Apesar das diversas discussões que ocorreram
ao longo do tempo sobre a problemática do ensino de Ciências, a visão holística sobre ela e as
dos cidadãos, o ensino de Ciências ainda precisa ser mais bem pensado pelos educadores e pelos
tanto para o aluno como para o professor nas aulas de Ciências e em diversas outras disciplinas
da Educação Básica.
mundo de modo completamente novo, mais completo e muito mais rico, entendendo cada detalhe
Não dá para garantir que uma criança seja mais preocupada com a preservação do meio
ambiente se ela simplesmente não for capaz de entender os motivos explicados pela ciência para
esta preocupação.
ações que preservem o planeta em que vivemos, já que ela compreende que tudo está interligado.
família; os educadores acabam por não entender por que os pais deixam toda a responsabilidade
da educação de seus filhos aos cuidados da escola, sobrecarregando o professor. Outro fator
limitante no desempenho do aluno pode ser a prática do ensino em sala de aula pelo professor.
170
A pesquisa enfatiza que o começo da ação é em casa, com desfecho na escola. Para que
haja êxito da proposta de mudança do ensino nas séries iniciais, é preciso que a família (pai, mãe,
avós…) seja aliada da instituição de ensino. Como também os órgãos da Justiça, como o Ministério
Público, órgão este que lida com a criança e adolescente como mediador/conciliador entre escola
e família.
Suas responsabilidades, enquanto pai e mãe, perante a instituição de ensino, começam com o
aprendizado do filho no seio da família, no seu ambiente familiar, na sua casa, onde ele aprende
os princípios norteadores de sua formação intelectual e pedagógica, com orientações sobre como
se comportar, higienizar, vestir-se, dirigir-se à outra pessoa, além de aprender a ter respeito,
família.
Uma delas é aprender o que é ciência, para isso é preciso falar muito de ciências na família, pois
ela move tudo o que há em foco: no pensar, no agir, no falar, no usar no cotidiano, no comer, no
vestir etc. Em tudo ao nosso redor, a ciência está inserida, por exemplo no creme dental, escova
a ela a ciência na realidade é que a criança vai ser alfabetizada cientificamente, levando essa
Ao ter contato positivo na escola com ciências ela participará ativamente da aula, caso
contrário, a sala de aula será ponto de encontro entre os estudantes para brincarem e ficarem
alheios aos temas das ensinados, levando o professor a gastar o precioso tempo da aula para
controle da dinamicidade do aluno, que pode se tornar incontrolável. Diante desse fato, o professor
fica desnorteado e descontrolado emocionalmente, por isso, ao voltar ao seu estado normal,
já houve uma alteração no ritmo da aula. Como o fato é bastante corriqueiro, vai ocorrendo o
esgotamento físico do educador. O professor sabe que sua missão deve prosseguir, para se cumprir
Mas nem tudo está perdido, pois ainda encontramos crianças dedicadas e pais responsáveis
que estão sempre ao lado dos seus filhos, preocupados continuamente com a aprendizagem deles.
encanto que é aprender, e conscientizá-los de que só conseguimos ser alguém em nossas vidas
através da educação.
171
Ao longo da história, a ciência vem sofrendo transformações e transformando o mundo a
nossa volta, e em nenhum período da história ocorreram tantas modificações sob a influência da
ciência e da tecnologia quanto o século passado e o começo deste século. Sendo assim, professores
o impacto dessas conquistas no cotidiano de cada um. Segundo Max Weber (1983), o sentido da
ciência mudou historicamente: esta não se mostra mais hoje como o caminho que conduz ao ser
A rigor, a ciência hoje, indissociável a ideia de progresso indefinido, insere-se num movimento mais
A conquista da natureza pelo homem sempre foi um traço marcante da concepção de ciência,
visto que a ideia de bem-estar da população está associada a melhoria das suas condições de vida.
Para Barnett (1959, p.161), essa concepção idealista é parte da visão de mundo que permeia a
sociedade. Quase todos os dias os meios de comunicação despejam inúmeras informações sobre
como mágicas. Tentar desmistificar esse processo é um enorme trabalho que o professor tem em
mãos.
ser formadas. Estas práticas devem produzir propostas que articulem numa temática ampla,
envolvendo os dilemas naturais, sociais e culturais, tanto do sujeito como do coletivo e do individual.
ensinar, mas a sua aplicação envolve tanta coisa a mais, que o mestre, nas situações concretas,
é que irá saber até que ponto poderá aplicar o que a ciência lhe recomenda, não no sentido de
negá-la, mas, no sentido de coordená-la e articulá-la com o outro mundo de fatores que entram na
situação educativa.
Sendo assim podemos ver quanto à função do educador é mais ampla do que toda a ciência
de que se possa utilizar. O processo educativo se identifica com um processo de vida, não tendo
outro fim, como insiste Dewey, senão o próprio crescimento do indivíduo, entendido este como
Em rigor, o processo educativo não pode ter fins elaborados fora dele próprio, contudo os seus
objetivos se contêm dentro do processo e são eles que o fazem educativo. Não podem, portanto,
serem elaborados senão pelas próprias pessoas que participam dele. O educador, o mestre, é uma
delas. A sua participação na elaboração desses objetivos não é um privilégio, mas a consequência
172
de ser, naquele processo educativo, o participante mais experimentado, e, esperemos, mais sábio.
um conhecimento autônomo de educação, mas é autônoma ela própria, como autônomas são
as artes e, sobretudo, as belas-artes, uma delas podendo ser, ouso dizer e mesmo pretender - a
educação.
constituída, na frase de Dewey, de toda e qualquer porção de conhecimento científico e seguro que
entre no coração, na cabeça e nas mãos dos educadores e, assim assimilada, torne o exercício da
função educacional mais esclarecida, mais humana, mais verdadeiramente educativa do que antes.
a enfrentar um novo desafio: apresentar a ciência como produto de uma sociedade e de uma cultura.
o processo permanente de ação e reflexão. Compreender que a ciência não é apenas algo que
se ensina na escola, mas é aquilo que altera a natureza da própria educação, das condições da
sociedade e do meio-ambiente, no qual o estudante está inserido. Tudo isto é parte integrante do
processo educativo.
Para Morin (2004, p. 57), o duplo fenômeno da unidade e da diversidade das culturas é crucial.
As culturas mantêm identidades sociais naquilo que têm de específico; elas são aparentemente
fechadas em si mesmas para salvaguardar sua identidade singular. Mas, na realidade, são também
abertas: integram nelas indivíduos, não somente os saberes e as técnicas, mas também ideias,
costumes e alimentos. Quando ignoramos a cultura do aluno e sua opinião sobre o conhecimento
que lhe é apresentado, o ensino se torna prejudicial e sem muito significado com o mundo no qual
o aluno interage.
nada mais.
levou à destruição da natureza. A ideia de desenvolver uma concepção sustentável se torna algo
173
inviável para as condutas dos seres humanos sem o envolvimento educacional, por isso a educação
aparece como instrumento para inserir esses conceitos nas práticas do sujeito. Baseando-se no
se incorporar nesse meio. O paradigma moderno não conseguiu responder adequadamente essas
Ela aparece como uma forma de aplicar o conhecimento, a fim de construir certos
posicionamentos reflexivos, diante de uma educação que proporcione conhecimentos para além
do teórico, abrangendo um ensino que incentiva uma prática de sujeitos conscientes com o cuidado
De acordo com Luckesi (2005, p. 53), há diversas tendências pedagógicas que foram
praticadas ao longo do tempo: “[...] tendências teóricas que pretenderam dar conta da compreensão
Na “pedagogia tradicional”, o “mestre” mantém uma relação com o aluno mais distante. É esperado
mesmo ritmo. É uma forma básica de ensinar. Mas já na linha “libertária”, os professores são mais
abertos. Não medem a sua intelectualidade com seus alunos, mas se aproximam deles rompendo
em grupos. Ele atua como mediador, incentivador e orientador do conhecimento e não como um
dos conteúdos propostos, para que, de maneira coletiva, tomem-se a decisão do que querem
estudar. Isso valoriza as experiências vividas e forma um sujeito crítico. Essas mudanças ocorreriam
os comportamentos e quais práticas devem ser formadas, observando se esses ideais produzem
propostas que articulem numa temática ampla, envolvendo os dilemas naturais, sociais e culturais
Se é verdade que o gênero humano, cuja dialógica cerebralmente não está encerrada, possui
174
em si mesmo recursos criativos inesgotáveis, pode-se então vislumbrar para o terceiro
milênio a possibilidade de nova criação cujos germes e embriões foram trazidos pelo século
XX: a cidadania terrestre. E a educação, que é ao mesmo tempo transmissão do antigo e
abertura da mente para receber o novo encontra-se no cerne dessa nova missão.
Mas uma formação que visa uma construção de responsabilidade ética e social, que pertence
a realidade socioambiental.
O objetivo não focaliza em apontar qual seria uma educação científica qualitativa e sim,
constatar os pressupostos daquele cenário social, e em como os seres humanos são capazes de
modificar hábitos com base em novas experiências, para obter um aprimoramento sobre a vida
Neiman (1991) afirma que o currículo é uma proposta pedagógica. Num primeiro momento,
sabemos que toda proposta pedagógica parte de um trabalho coletivo, em que todas as demandas
discussões e organizações para a execução de uma proposta metodológica. Portanto, para que
essa metodologia se concretize, o educador precisa conhecer investigar e refletir sobre seu entorno;
por isso não poderia ser diferente com relação à educação em ciência.
cotidiano das pessoas, ao mesmo tempo em que desenvolve um senso crítico necessário para
cidadão, que essencialmente deve possuir a consciência do seu processo de formação histórica
e cultural. Educar em ciências significa não apenas que o aluno deve compreender o método
científico, mas também entender o papel que a ciência desempenha na sociedade, identificando-a
como um processo histórico e dinâmico; diferente do que aparece nos livros didáticos, em que a
no âmbito social. O educador deve se posicionar num mediar da apreensão de conhecimento pelo
sujeito, para que este compreenda os processos da vida. Como explica Isabel Carvalho (2012,
p.77), “o educador é por ‘natureza’ um intérprete, não apenas porque todos os humanos o são,
mas por ofício, uma vez que educar é ser mediador, tradutor de mundos”. Ele é um sujeito capaz
175
de pensar outras reflexões das práticas humanas, pois a qualquer momento pode-se ter uma nova
visão da realidade. Traz luz a uma interpretação concreta do seu ambiente social e histórico com
seu devido sentido, buscando uma interpretação coerente do âmbito social que habita.
a realidade do espaço natural, transmitem à criança muitos conceitos científicos abstratos, que
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ciência é notável, mas não é um fim em si mesma: mas é um meio para um fim, e este é
numa descoberta científica: o uso que dela se faz é que a torna benéfica ou perigosa; e a decisão
não cabe aos próprios cientistas, mas à sociedade, da qual todos fazem parte.
Portanto, para se fazer decidir sensatamente sobre as novas descobertas, se faz necessário
compreender as relações sociais, políticas e econômicas que movem a ciência, e que esse processo
só faz sentido através de uma educação preocupada em transformar o aluno em pessoas críticas e
176
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/livro04.pdf. Acesso em: 13 fev. 2019.
_______. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file. Acesso em: 13 fev. 2019.
CARVALHO, I. Educação ambiental: a formação de sujeito ecológico. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez 2005. (Coleção Magistério 2º Grau, Série
Formação Do Professor)
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessário para a educação do futuro. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
NEIMAN, Zysman. Era Verde? Ecossistemas brasileiros ameaçados. 6. ed. São Paulo: Atual editora, 1991.
QUINTAS, J. Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez, 2009.
TAMAIO, I. O professor na construção do conceito de natureza: uma experiência de educação ambiental. São Paulo,
Annablumme: WWF, 2002.
177
O ENSINO INTEGRAL E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
RESUMO
Toda criança tem direito à Educação, direito este garantido pela Constituição Federal. Crianças com deficiência são
como quaisquer outras, com capacidade de aprender, necessitando apenas que o currículo do ensino seja pensado
para elas, que a escola esteja preparada e os professores capacitados. O objetivo deste artigo é apresentar a definição
de deficiência intelectual para entender como se deve trabalhar com esta criança, além de trazer a importância do
preparo do professor para oportunizar aprendizado a ela. Ainda em como a parceria família/escola se faz essencial
nesse processo. Falar-se-á também do percurso da inclusão no ensino regular das escolas brasileiras em uma análise
cronológica.
INTRODUÇÃO
O eixo norteador na vida de uma criança com deficiência intelectual é a inclusão, por assim
sendo, os professores devem estar preparados para atender as necessidades e ajudar o aluno a
transpor as dificuldades que aparecerem. Os objetivos desta pesquisa foram conhecer mais sobre
as definições de deficiência intelectual, como a inclusão deste aluno se deu na história do ensino
sociedade. Neste mundo globalizado, o preconceito e o estereótipo estão enraizados, mesmo que
inconscientemente, ativando mecanismos de defesa frente a algo que se considere uma ameaça.
Ela se apresenta como um grande desafio, pois afeta o cognitivo do indivíduo. Pensando
nisso, este artigo tem como objetivo compreender a importância da inclusão do aluno com
178
Deficiência Intelectual no ensino regular. Para que a inclusão ocorra de forma satisfatória, é
necessário um trabalho pedagógico específico do professor da classe regular, e este deve ser
qualificado para responder às necessidades diferenciadas dos alunos, propondo assim situações
dos pilares para a construção da inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado,
em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para que possa ser posta em prática”
biológicos a que está sujeito o homem. Ocorre que ela é o resultado de desequilíbrio energético
do corpo, por causa das formas de agir, de alimentar sua alma e seu corpo. A forma unilateral
de o homem lidar com sua vida enfraquece a estrutura física e mental, e os medicamentos vão
cuidando dos sintomas, sem eliminar a causa. A inclusão fortalece esse caminho, implementando
leis e assegurando a criança, seja qual for o diagnóstico. É necessário olhar o indivíduo em sua
A inclusão escolar presume que todas as crianças sejam capazes de acompanhar o processo
de educação regular independentemente de suas limitações. Ela tem como objetivo assegurar a
de práticas pedagógicas para a permanência e o êxito escolar desses estudantes. Todavia, para
alcançar esse patamar, a escola precisa ser democrática e aberta à diversidade (ENRICONE;
GOLDBERG, 2008)
A inclusão surge para romper com os paradigmas educacionais. Após todos esses anos
de exclusão, essas crianças estão sendo olhadas com um olhar mais humano e a inclusão escolar
reflete bem esse novo momento de desenvolvimento social e humano (MORENO, 2018).
por meio da educação inclusiva, uma postura de não discriminação e de inserção de indivíduos
com deficiências, incluindo aqueles com autismos. Porém, a inclusão escolar desses educandos
consiste numa questão complexa, como exemplo as particularidades do autismo, dentre os quais
179
se destaca a dificuldade de socialização (MANTOAN, 2006).
humanos necessitam socializar, mas uns acabam exercendo certa atitude hostil a outros sujeitos
frente à desinformação: “Como tanto o processo de se tornar indivíduo, que envolve a socialização,
sobrevivência, o preconceito surge como resposta aos conflitos presentes nessa luta” (CROCHIK,
1996, p.11).
A escola e o educador precisam também do envolvimento familiar para que tudo aconteça
de forma mais saudável e que haja um rendimento positivo por parte do aluno e de sua turma
modo que sejam eliminados os fatores que excluíam certas pessoas do seu seio e mantinham
afastadas aquelas que foram excluídas. A eliminação de tais fatores deve ser um processo contínuo
e concomitante com o esforço que a sociedade deve empreender no sentido de acolher todas as
humana. Pois, para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do
entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros
(2005, p. 21).
formação continuada, e receberem, por parte de governo e da gestão escolar, subsídios que o
A lei brasileira garante a todos os alunos com TEA o direito à inclusão no ambiente escolar
regular, em salas de aula comuns, junto aos alunos considerados como “normais”.
Contudo, para que haja uma real inclusão e para que o aluno se sinta realmente integrado
precisa ter um novo olhar educacional, mudar o seu projeto político pedagógico e manter seus
educadores qualificados com cursos de formação continuada para poderem atender prontamente
180
às necessidades destes alunos inclusos.
Para que haja uma real inclusão, pais, escolas, sociedade e demais alunos devem trabalhar
sempre juntos e sempre estarem voltados ao bem-estar e à aprendizagem de todos. Neste horizonte,
não pode haver confusão entre inclusão e integração, pois, de acordo com a explicação que será
dada abaixo, ambas têm diretrizes diferenciadas. Mantoan (2006, p. 18) explica que:
O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional, que oferece ao aluno
a oportunidade de transitar no sistema escolar, da classe regular ao ensino especial, em todos
os seus tipos de atendimento: escolas especiais, classes especiais em escolas comuns,
ensino itinerante, salas de recursos, classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-
se de uma concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços educacionais
segregados.
vocábulo “integração” refere-se mais especificamente à inserção escolar de alunos com deficiência
nas escolas comuns, mas seu emprego é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados
em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes especiais, grupos de
Moriña (2010), por sua vez, mostra claramente que a inclusão é um procedimento que
vem de encontro à exclusão, garantindo direito de escolarização a todos, sem que ninguém seja
diferenciado ou tratado de forma desigual. Vemos isso quando o autor esclarece que:
A inclusão pode ser definida como um modelo de educação que propõe escolas onde todos
possam participar e sejam recebidos como membros valiosos delas. Trata-se de uma filosofia e
prática educativa que pretende melhorar a aprendizagem e participação ativa de todo o alunado em
Desta forma, vê-se que, por meio da integração escolar, o estudante tem acesso às escolas
regulares por diversos caminhos, como por exemplo sua matrícula em salas de aula comum/regular
Ao falar sobre a inclusão, Rodrigues (2006) a explica da seguinte forma: “Já a inclusão
questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, como também
Ela é incompatível com a integração, pois prevê a inserção escolar de forma radical,
completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceções, devem frequentar as salas de aula do
Sendo assim, o aluno com TEA deve ser incluso em escolas regulares, fazendo com que
elas esqueçam seus possíveis preconceitos e paradigmas, atendendo-os com carinho, dedicação
181
e mostrando que eles não são apenas mais um nome na lista dos matriculados.
A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão inseridos sem quaisquer
condições pelas quais possam ser limitados em seu direito de participar ativamente do
processo escolar, segundo suas capacidades, e sem que nenhuma delas possa ser motivo
para uma diferenciação que os excluirá das suas turmas (ROPOLI, 2010, p.8).
Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao gozo e exercício dos direitos
humanos. No campo da educação, tal se reflete no desenvolvimento de estratégias que
procuram proporcionar uma equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos
países demonstra que a integração de crianças e jovens com necessidades educacionais
especiais é mais eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as
crianças de uma comunidade (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 61).
Atualmente, a inclusão trata-se de um assunto relevante nos debates sobre educação que
dos deficientes sobressaindo suas potencialidades, o que acaba deixando esses alunos excluídos
(BARTALOTTI, 2008).
dos estudantes. A referência à acessibilidade não se limita apenas às pessoas com necessidades
estendeu sua definição a outras maneiras de acesso, incluindo a cognitiva, sendo possível encontrar
essas variações nas políticas educacionais que voltam sua importância à eliminação das barreiras
obesos, indivíduos submetidos à cirurgia, entre outras situações que dependam da facilitação de
182
acesso aos espaços. No caso da educação, a acessibilidade refere-se ao atendimento de alunos
normas técnicas, segurança na reforma do espaço, entre outros aspectos (PERES; MARCINKOWSKI,
2012).
das políticas que garantem os direitos dos indivíduos com necessidades especiais, além de tratar a
adequação do espaço educacional para atendimento de pessoas com limitações como possibilidade
estende-se aos sujeitos com deficiência ou grupos cuja mobilidade é reduzida, como idosos,
como um entrave ou obstáculo que não permite a movimentação, circulação e segurança das
impedir a livre circulação e acesso do indivíduo a produtos e serviços. O conceito inicial que visou
estas mudanças na arquitetura nas escolas iniciou-se nos Estados Unidos, evoluindo para uma
A escola precisa atender da melhor maneira possível essas crianças, adequando tudo,
para que a experiência inclusiva contribua para uma educação de maior qualidade. A escola que
183
acolhe as crianças com deficiência precisa de adaptações, mas isso gera um crescimento enorme,
tanto para as pessoas que tratam com essas crianças, quanto para elas, que acabam aumentando
biopsicossociais dos alunos e suas faixas etárias, e se pauta em princípios éticos, políticos e
sociedade, principalmente no setor educacional, em que o respeito entre os alunos deve ser base
procedimentos de relações, que envolvam alunos, funcionários, corpo docente e gestores, para
que possibilite espaços inclusivos de acessibilidade, para que todos possam fazer parte de um
todo, isto é, que as atividades extraclasses nunca deixam de atender os alunos com necessidades
especiais. Conforme Mader (1997), é necessário construir uma política de igualdade com seriedade
inclusiva.
Esta faz a escola crescer e ensinar, fortalece a relação aluno e professor e aguça o respeito e
equidade. Todo esse componente necessita ser trabalhado em etapas, em formações constantes
dever que cada escola tem de propiciar um currículo inovador, vivo e integrador. Somente assim
184
poderemos efetivar ações que garantam o pleno acesso dessa parcela da população aos recursos
socioeducacionais disponíveis. O acesso a eles não é apenas um direito do cidadão com deficiência,
mas também uma das vias que pode garantir o exercício de sua cidadania e a apropriação dela.
Refletir sobre a integração da pessoa com deficiência implica necessariamente repensar o sentido
atribuído à educação. Implica, portanto, atualizar nossas concepções e dar um novo significado aos
escola, pois, à medida que ele tem contato com este equipamento, consegue abstrair e verificar a
aplicabilidade do que está sendo estudado, sem medo de errar, construindo o conhecimento pela
tentativa de ensaio e erro. (ZULIAN e FREITAS, 2000). Ainda, o Ministério da Educação disponibiliza
para as salas de recursos multifuncionais materiais didáticos e paradidáticos, como o braile, o áudio
Papert define o uso do computador como sendo: “[...] uma ferramenta de trabalho com
a qual o professor pode utilizar diversos cenários de ensino e aprendizagem, entre eles, tutores,
dependendo de seus reais objetivos educacionais” (apud ZULIAN e FREITAS, 1994, s/p).
Segundo Valente (1997), a utilização do computador como recurso didático ajuda nos mais
diferentes graus e tipos de deficiência, através de ferramentas que dão ao professor a possibilidade
Além disso, existem outras ferramentas que podem contribuir no processo de ensino-
aprendizagem, como a internet; os vídeos; os programas de TV; os sites e os jogos; que promovem
Ainda, de acordo com Valente (1997, apud ZULIAN e FREITAS), o computador para as
pessoas com deficiência funciona como um caderno; para o deficiente auditivo, a ligação entre o
concreto e o abstrato; e no caso do deficiente mental, uma forma de desenvolver suas capacidades
intelectuais.
185
CONSIDERAÇÕES FINAIS
precisa se comunicar demonstrando entusiasmo e carinho com seus alunos, precisa dominar o
de ensino: a flexibilidade e sua habilidade para resolver imprevistos. Refletir sobre a sua prática
faz com que seu trabalho seja aprimorado constantemente. Trabalhar em equipe, ensinando e
precisa cumprir uma meta de aprendizado. O professor deve se preocupar em auxiliar o aluno para
que este alcance um desenvolvimento satisfatório e não fique apenas preocupado em cumprir o
programa. Quando este é o foco do educador, ele acaba por se enquadrar em um modelo tradicional
O professor deve aprimorar seus conhecimentos e práticas de ensino, para que consiga
atender as necessidades de todos os alunos, e deve ser sempre apoiado pela escola e pelo Estado,
que deve fornecer capacitação por meio de cursos e reciclagens regulares, instrumentalizando o
vida de um aluno com deficiência. É uma peça fundamental para seu desenvolvimento e para seu
convívio com a sociedade. A família é o primeiro contato com a criança, é o primeiro grupo em que
ele tem a oportunidade de aprender através dos conhecimentos adquiridos, seja de forma positiva:
afeto, estímulo, apoio, respeito e sentir-se útil; e/ou negativa: frustrações, limites, tristezas e perdas.
Todas elas são fatores resultantes de singular importância para a formação da personalidade de
qualquer criança, com deficiência ou não. Quando a família faz parte da vida escolar do aluno e
se sente apoiada pela escola, acaba transferindo toda a confiança e o interesse sobre a criança,
criando um clima favorável ao trabalho. Os pais precisam se sentir tão incluídos quanto seus filhos.
maior que com os demais, e a inclusão é exatamente o contrário disso, pois significa olhar o próximo,
provoca receio na maioria dos professores, por tratar-se de uma deficiência defasada na capacidade
cognitiva da criança. Este é o ponto em que a escola deve atuar para o desenvolvimento de ambos.
186
Dado o exposto, é de suma importância que estudos como este sirvam para contextualizar
a educação inclusiva e o respeito ao próximo. O âmbito escolar deve estar intrinsecamente ligado
humana.
Conclui-se que a inclusão inova e humaniza o âmbito escolar, preparando todos os alunos
para a sociedade, ampliando todas as potencialidades dos com deficiência intelectual, que não
devem sofrer com as barreiras estruturais e atitudinais, quebrando paradigmas de uma sociedade
Nesse sentido, ressalta-se que apesar da escola não ser capaz de sozinha efetuar
transformações sociais, é ela quem pode estabelecer os primeiros princípios de uma inclusão
escolar. Portanto, ela, como espaço inclusivo, deve considerar como seu principal desafio o sucesso
muita importância. A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa
educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é fundamental
inclusiva deixam bem claro que a renovação pedagógica exige, em primeiro lugar, que a sociedade
e a escola adaptem-se ao aluno com alguma deficiência, e não o contrário. Em segundo, que o
professor, que é considerado o agente determinante da transformação da escola, deve ser preparado
adequadamente para gerenciar o acesso às informações e conhecimentos por parte dos alunos.
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura. Assim, a
qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao desenvolvimento
É preciso que saibamos analisar cada criança, cada necessidade, e, ao mesmo tempo,
saibamos também que todas elas são iguais e não podem ser excluídas do convívio social e
educacional.
O ambiente escolar deve ser sempre acolhedor, no qual esses educandos possam
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, contribuindo assim para a sua vida em sociedade, já
187
que a escola é o principal espaço social onde as crianças aprendem a conviver com as outras,
188
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190
OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A CONDIÇÃO HUMANA:
REFLEXÃO BIBLIOGRÁFICA E METODOLÓGICA
CI IAKOWSKY BARBOSA
RESUMO
O presente artigo é parte maior de um trabalho de conclusão de curso que traz um estudo de caso com entrevistas dos
profissionais de Educação Física do CEFER. Aqui será tratado sobre as motivações da existência desse projeto, as
referências bibliográficas que foram pensadas para serem relacionais, e o campo metodológico em que este projeto foi
construído. Pretende aproximar dois conteúdos essencialmente diferentes, que conversam entre si, na medida em que
é percebido o sentido existente entre realidade e filosofia. Ao trazer como base a filosofia política abordada por Hannah
Arendt em seu livro A Condição Humana, ao mesmo tempo em que considera elementos da história da Educação
Física no Brasil. Dessa forma, na análise das narrativas foram pensadas enquanto sublinhadas às dimensões humanas
do animal laborans, homo faber e ação.
INTRODUÇÃO
O presente artigo pretende pensar sobre a aproximação entre dois conteúdos essencialmente
diferentes, que conversam entre si à medida que é percebido o sentido existente entre realidade
e filosofia. Justamente, pois, será pensado como material de estudo a utilização de entrevistas
realizadas com professores de Educação Física do CEFER. Estas entrevistas compõem parte do
e Recreação do Campus da USP de Ribeirão Preto. Para pensar a análise deste material, será
utilizada a filosofia política abordada por Hannah Arendt em seu livro “A Condição Humana”. Ao
mesmo tempo, é de se refletir que a discussão desta temática será pensada em certos elementos
Física no Brasil, a começar pela “influência por ela sofrida das instituições militares e da categoria
profissional dos médicos, desde o Brasil império (ainda a partir daquele período)”, mas principalmente
Assim, este conteúdo tem o intuito de mostrar as ideologias e finalidades que a Educação
Física ‘representou’ no decorrer de sua história. Isto fornece um suporte para articular aquilo que diz
respeito à história da Educação Física nos últimos 40 anos com o que se viveu pelos profissionais
do CEFER no Campus da USP de Ribeirão Preto, com o intuito de buscar uma maior clareza
JUSTIFICATIVA
Como já mencionado, para pensar essa análise será utilizada a abordagem filosófico-
política de Hannah Arendt, propondo compreender a Condição Humana. Isto implica entender
que o ser humano não se explica adequadamente por duas partes, corpo e mente, assim como
propõe o racionalismo cartesiano. Muitos menos, acreditar que o homem é puramente determinado
Portanto, para que o uso desta abordagem filosófico-política seja adequado e criterioso, será
necessário realizar, primeiramente, uma breve descrição dos conceitos desenvolvidos pela autora.
Começar-se-á, então, pelo termo “vida ativa” para entender, assim, o significado e a relevância da
hierarquia das atividades humanas: trabalho, obra e ação dentro de qualquer cotidiano.
O termo “vida ativa”, como Arendt (2010, p.14) escreve, “é carregado e sobrecarregado
192
de tradição. É tão velho quanto nossa tradição de pensamento político, mas não mais velho que
ela”. A vida ativa corresponde a um espaço de certa forma imensurável e não determinado, onde
é possível a existência das relações entre os humanos. Pode-se apresentar esse fenômeno como
uma ‘teia de relações’, que surgem e se desmancham à medida que são iniciadas e rompidas
A teia de relações corresponde ao espaço que possibilita a existência dos humanos, uma
vez que possibilita a condição para a existência da ação. Entre as atividades humanas, a ação é a
que melhor justifica a distinção entre os Homens e os animais, porque sua condição fundamental
é a pluralidade. Esta aponta para a evidente condição de que todos os homens são diferentes e
únicos, sem jamais poder existir um igual ao outro no mundo, ao mesmo tempo em que todos vivem
na Terra. A ação se manifesta somente no espaço da teia de relações, pois a ação remete a um
espaço público existente entre os humanos, onde os homens estão com os homens, e suas ações
podem ser vistas e ouvidas por outras pessoas, compondo parte de uma realidade. Portanto, a
vida ativa corresponde a este espaço que possibilita a condição para a existência das atividades
humanas.
A esfera da ação faz referência imediata à pluralidade por estar subentendido que a ação
o domínio político, que possui uma dignidade reconhecida ainda hoje1. No que diz respeito à
ao contrário do comportamento humano – que os gregos, como todo povo civilizado, julgavam
segundo ‘padrões morais’, levando em conta, por um lado, motivos e intenções e, por outro,
objetivos e consequências –, a ação só pode ser julgava pelo critério de grandeza, porque é
de sua natureza romper o comumente aceito de alcançar o extraordinário, onde tudo que é
verdadeiro na vida comum e cotidiana não mais se explica, uma vez que tudo o que existe é
único e sui genesis 2.
vital, ou seja, remete, o homem, àquela recorrente necessidade de suprir as condições básicas
da própria vida biológica. Assim, a atividade humana do trabalho está diretamente relacionada à
manutenção da vida como um processo biológico. Como Arendt (2010, p.118) comenta, “das coisas
1 Evidentemente não se trataria aqui da política como vulgar e perigosamente depreciada, mas da política em sentido
forte, ou seja, em sua conotação autêntica. O que isto quer dizer possivelmente ficará bem expresso ao longo do
presente texto.
2 Nota de rodapé extraída da citação: “O motivo pelo qual Aristóteles, em sua Poética, julga que a grandeza (megethos)
é uma condição prévia do enredo dramático é que o drama imita a ação, e esta é julgada pelo critério de grandeza, por
sua distinção do corriqueiro. Aliás, o mesmo se aplica à beleza, que reside na grandeza do taxis, a junção das partes.”
(ARENDT, 2010, p.256).
193
tangíveis, as menos duráveis são aquelas necessárias ao processo da vida”. Esta necessidade
transpõe a preocupação individual, a atitude da própria pessoa para com a ‘sua’ vida e passa a
se tornar uma lógica para se pensar o ‘funcionamento’ da sociedade que, como um todo, está
também sujeita a responder às necessidades puramente biológicas da vida coletiva. Dessa forma,
a dimensão humana que corresponde a esta preocupação puramente biológica com a manutenção
Portanto, nesta esfera da condição humana, diferentemente da vida ativa, não está em
questão à pluralidade ou mesmo a ação de cada pessoa como um Ser único e capaz de sempre
recomeçar ou iniciar algo inteiramente novo, mas sim a insistência de sempre reproduzir e manter o
que já é necessário à manutenção da vida humana. Trata-se, portanto, de reproduzir e manter a vida
metabólica, sendo uma esfera que abrange atividades tão amplas como a produção alimentícia,
completamente não-natural de coisas, que possuem uma durabilidade maior que a própria existência
da vida de seu criador. Portadora da intenção humana, a obra permanece no mundo. Por sua vez,
esta atividade é a responsável por criar coisas que podem se tornar condições necessárias para a
manutenção da vida humana, já que o ser humano é um ser condicionado às coisas que o rodeiam,
esta atividade é a do homo faber. Segundo, Arendt (2010, p.191), “os utensílios e ferramentas do
homo faber, dos quais provém a experiência mais fundamental da instrumentalidade, determinam
toda a obra e toda fabricação. Aqui é realmente verdade que o fim justifica os meios; mais que isso,
o fim produz e organiza os meios”, e continua, “é em atenção no produto final que as ferramentas
Em suma, essas três atividades compõem a unidade da condição humana, estando todas
inteiramente inter-relacionadas e sendo mutuamente influentes, pois o que quer que se faça na
esfera do animal laborans implica o uso de objetos culturais próprios ao homo faber, bem como está
inserido na teia de relações da pluralidade. Já a ação, por outro lado, apoia-se nos suportes biológico
e cultural que, se não a determinam, a condicionam. O que está sendo proposto é o cumprimento
de uma análise de entrevistas a partir deste prisma de reflexão. Assim sendo, procura-se evidenciar
em que medida cada uma dessas esferas da condição humana aparece durante o cotidiano dos
será adequado e pertinente fazer uma breve descrição sobre o Projeto de Resgate de Memória do
CEFER3, a começar por sua metodologia, que se baseia nos preceitos da História Oral. Segundo
Freitas (2006, p.9) este braço das ciências humanas tem como maior finalidade o cuidado de
construir e criar novas fontes históricas a partir da narração de seus próprios agentes protagonistas
vivos no presente, ou seja, a partir da narração das pessoas que compõe ou que fizeram parte
que o local ou grupo em que esta narrativa se insere está obrigatoriamente envolvido em um
A História Oral requer mais cuidados do que daria a ideia de simplesmente “amontoar
narrativas”. Portanto, em acordo com estudos de Freitas (2006, p.18), depois que as entrevistas
serem devidamente planejadas, agendadas e realizadas, estas serão transcritas e analisadas. Esta
análise consiste em colocá-las em contraste para que seja possível extrair os pontos comuns e
Assim, para o início deste projeto, serão realizadas duas dezenas de entrevistas com
Paulo. Para efeito das análises, se considerarão apenas as entrevistas realizadas juntamente aos
O CEFER foi criado enquanto uma seção da Prefeitura do Campus da USP de Ribeirão
Preto em 1973, quando as Unidades existentes eram apenas a Faculdade de Medicina, a Escola
Farmácia. No ano de 2013, o CEFER comemora seus 40 anos de existência; 40 anos de promoção
como atividades fim da Universidade, sendo as outras representadas pela pesquisa e pelo ensino.
3 O projeto de ‘Resgate de Memória do CEFER: entre o regate do passado e o sentido do presente’ conta com o Apoio
da Pró Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo por meio do Programa Aprender com Cultura e
Extensão, sendo que atualmente o mesmo se encontra em sua terceira e última edição.
4 Portanto, as transcrições das entrevistas dos profissionais de Educação Física do CEFER utilizadas são de Abel Elias Rahal,
Ângelo Battaglion Neto, César Dominiguetti, Eliezer Ferreira, Jether Augusto Pereira Junior e Romualdo Vishnevsky (nascimento:
13/07/1936 morte: 01/09/2011). Devido à falta de tempo para realizar a análise, não serão consideradas as transcrições das
entrevistas realizadas com Roger Viana e Sérgio Rodrigues de Oliveira, profissionais de Educação Física que também
compõe o quadro de funcionários do CEFER.
195
Com um décimo de sua idade, a Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto forma, em
Dessa forma, o motivo que justifica a reflexão sobre a construção deste artigo coincide
com aquela razão que levou Arendt (2010, p.6) a escrever A Condição Humana: trata-se de pensar
o que estamos fazendo. No caso específico deste trabalho, trata-se de pensar o que estamos
que trabalham ou trabalharam no CEFER, mas enquanto atividade e histórico de toda uma geração
profissional intimamente atrelada à sociedade e seu tempo. Antes que possa surgir algum mal-
entendido, ‘pensar o que estamos fazendo’ não implica em fazer um julgamento a partir de uma
visão linear, vindo a definir equivocadamente seus termos na frágil e superficial base de “certos e
errados”. É justamente por isso que este artigo se preocupa em compreender antes de mais quais
são e como são os traços fortes das condições em que transcorre a vida ativa dos professores de
Educação Física que compõe o Centro desportivo. Entre os quarenta anos do CEFER e os quatro
uma geração que, ao revelar seu passado, nos fornece elementos com os quais podemos contar
(e criticar) para se realizar nosso próprio sentido para o presente. Entre profissionais e futuros
REVISÃO DA LITERATURA
especificidade de sua história, com uma perspectiva analítica inédita no campo da Educação Física,
sua revisão de literatura guarda certa peculiaridade. Esta corresponde, sobretudo, ao texto base
de Hannah Arendt utilizado, que servirá para fundamentar os conceitos analíticos. Paralelamente,
vale-se de uma breve revisão referente à história da Educação Física no Brasil. Ambos os aspectos
METODOLOGIA
Ao se pensar na metodologia, este artigo propõe que seja dividida em duas fases, por
assim dizer. Na primeira fase seria descrito a metodologia do projeto de Resgate de Memória
do CEFER, cujo resultado serviria como um estudo de caso para a análise. A segunda fase se
196
resumiria à metodologia utilizada para realizar a análise filosófico-política das mesmas transcrições
realizadas no projeto.
Assim sendo, o projeto de extensão de Resgate de Memória do CEFER possui uma função e
presente que compõe o Centro. Por característica e princípio da metodologia adotada no projeto,
a História Oral propõe, antes que simplesmente registrar o passado, um repensar a potencialidade
e autonomia do estar presente aqui e agora, do ser protagonista de sua própria história e de uma
coletiva, da qual absolutamente todos fazem parte e influenciam continuamente no futuro do curso
Dessa forma, o primeiro passo do projeto seria adquirir conhecimento sobre os conteúdos
e princípios que norteiam a História Oral e sua metodologia para, só então, criar um questionário
dos nomes das pessoas que trabalham ou trabalharam no CEFER, tornando possível o contato
auxílio técnico do Centro de Informática de Ribeirão Preto (CIRP), somando cerca de 20 delas.
Com o acúmulo de todo material citado, as narrativas gravadas seriam transcritas, ou seja,
escritas na íntegra para serem devidamente analisadas, colocando-as em contraste para recolher
os pontos comuns, divergentes, zonas cinzentas e evidências. Assim, poderia ser que haveriam de
ser encontrados quatro traços narrativos comuns nas transcrições que apreendem alguns eventos
atividades enquanto funcionários das Faculdades existentes no Campus de Ribeirão Preto, sendo
O segundo destes aspectos se concebe em forma de um anseio coletivo por uma ascensão
5 CAAE - 6550.0.000.222-10
6 De acordo com a página da Presidência da República / Defesa Civil / O Decreto-lei n° 69.450 de 1° de novembro de
1971 regulamenta o artigo 22 da Lei número 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e alínea c do artigo 40 da Lei 5.540,
de 28 de novembro de 1968 e dá outras providências. Assim sendo: Título I Do Relacionamento com a Sistemática
da Educação Nacional. Art.2° A educação física, desportiva e recreativa integrará, como atividade escolar regular, o
currículo dos cursos de todos os graus de qualquer sistema de ensino.
197
profissional e acadêmica destes mesmos professores de Educação Física nas respectivas
que, segundo a versão de alguns dos professores, a Lei da Obrigatoriedade da Educação Física
no Ensino Superior foi revogada7. No ano de 1973, inaugura-se o CEFER, consumando, a gradual
Atendimento a Comunidade – uma das nove divisões pertencente à Prefeitura do Campus da USP
seções dessa mesma Divisão: Promoção Social, Alimentação, Atendimento Social e Atividades
Culturais, Técnica de Apoio ao Visitante Estrangeiro. O motivo para esta frustração fica evidente, já
que as ações dos profissionais de Educação Física agora se limitam ao âmbito do funcionamento
cotidiano do CEFER e por sua relação de serviços prestados à comunidade interna e externa deste
Campus. Os profissionais de Educação Física perdem o status de professores que um dia tiveram,
O terceiro aspecto surge com uma expectativa de se criar uma Escola de Educação Física
nos campus da USP durante a década de 1990. Este anseio ocasionou um movimento coletivo dos
profissionais de Educação Física do CEFER, pró criação desta nova Unidade. Porém este desejo
O quarto aspecto vem juntamente com a criação da Escola de Educação Física e Esporte de
Ribeirão Preto em 2009 e o desenrolar do atual relacionamento desta Unidade para com o CEFER,
assim como seu envolvimento para com a promoção da prática institucionalizada da Educação
do próprio Centro desportivo. Porém, o propósito é realizar uma leitura das narrativas com o
intuito de evidenciar as características dos traços das atividades humanas e de suas dimensões
correspondentes, na medida em que é essa história que transcorre a vida ativa dos professores de
A segunda fase da metodologia deste trabalho de conclusão de curso seria realizar a análise
7 Pelo que foi possível apurar, exemplo de tantas leis que não resistem às mudanças de hábitos de uma população,
a Lei não foi de fato revogada, mas passou a ser descumprida com a mudança definitiva da conjuntura político
governamental do país.
198
das narrativas dos professores de Educação Física do CEFER à luz da perspectiva filosófico-
política de Hannah Arentd. Dessa forma, se iniciará esta etapa realizando uma análise bruta do
material de estudo de caso. Em outras palavras, a partir do mapeamento histórico da fase anterior,
professores de Educação Física diante da vida ativa, ou seja, diante de suas três esferas: ação,
parciais do projeto. Refletiu-se que desta nova leitura também emergirá uma quinta unidade temática
que passara despercebida na primeira avaliação histórica, que fora um resultado parcial do projeto
momentos históricos, já que os atravessa de lado a lado. Este quinto aspecto está relacionado à
condição mais elementar da estrutura geral do CEFER, contemplando tanto sua estrutura física,
já que não se trata de descrever precisamente esses dados – a maneira pela qual os professores
de Educação Física por meio de Lei da Obrigatoriedade da Educação Física no Ensino Superior;
Transferência dos professores de Educação Física das Unidades de Ensino para o CEFER; Tentativa
de se criar uma Escola de Educação Física no Campus durante a década de 1990; Criação da
apresenta a síntese interpretativa das etapas acima descritas, buscando, sempre que apropriado,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
alunos, docentes, enfim, todo o público frequentador da comunidade interna e externa da USP.
Estes, juntos, compõem a realidade do cotidiano do Centro, construindo seu sentido e significado
diariamente – mesmo que com pouca ou, para uns, nenhuma tematização desta construção. Numa
199
insistente reprodução de seu sentido predominante, o CEFER lhes aparece já pronto e acabado, em
outras palavras, como um simples local de serviços a serem cumpridos e usufruídos, a depender
matriculando-se nas aulas, agendando o uso dos equipamentos esportivos, como quadras e bolas,
usuários, na qualidade de atléticas, por exemplo, também se valem dos equipamentos esportivos
para promoverem seus próprios eventos e campeonatos. Já, para seus funcionários, entre aqueles
que já protagonizaram e os que ainda protagonizam a história resgatada pensada neste artigo,
trata-se, por outro lado, de uma participação mais efetiva nesta construção.
Esta efetividade, como se pôde constatar, é relevante em certas dimensões, mas tímida
tomadas de decisões tecem os contornos e relevos mais importantes para a história do Centro.
Esse silenciamento se explica pelo status de Seção Técnica de Práticas Desportivas da Divisão
organograma. A situação hierárquica do Centro afasta-o das instâncias decisórias, com as quais
se estabelece uma relação mediada por vias burocráticas que tornam as solicitações demoradas e
arrastadas no tempo.
200
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202
LÍNGUA INGLESA:
ANÁLISE HISTÓRICA DO LIVRO DIDÁTICO E AS ASSERÇÕES DO PNE
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de conclusão de curso que objetivou analisar atividades de leitura do Caderno
do Aluno Volume 2, correspondentes à 5ªsérie/6ºano do Ensino Fundamental II. Aqui será tratado sobre Evolução
do Livro Didático de Língua Inglesa no Brasil e sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais em Língua Inglesa. Será
apresentado um pouco a história do material escrito para o ensino de língua inglesa no Brasil, e do contexto da escolha
do livro didático nas escolas estaduais. A análise é desenvolvida por meio da metodologia de pesquisa bibliográfica.
INTRODUÇÃO
A língua inglesa ocupa uma posição de destaque mundial, tanto nos aspectos culturais
como econômicos, por isso seu ensino como segundo idioma se justifica. Mas, ao pensar como ele
ocorre no nosso país, existe a constatação de que ainda há muito trabalho a ser feito, diante do
que tem sido realizado. Seu desenvolvimento é precário, haja visto que informações contidas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais para Língua Estrangeira, referente à situação do professor e das
escolas no país que datam de 1998, continuam iguais, quer dizer, não houve melhora nem evolução,
é o que foi mostrado na pesquisa “O Ensino de Inglês na Educação Pública Brasileira” exibida no
site da British Council (2015). Essa situação pode impulsionar ou desmotivar os professores.
do idioma inglês, os PCN- LE (1998) denotam ênfase nas habilidades de leitura, e atribui como uma
das justificativas para isso o contexto de uso no Brasil, o qual é específico para o ato de ler, além
língua inglesa no Brasil, e do contexto da escolha do livro didático nas escolas estaduais.
O livro didático de LE, doravante LD, passa a ter maior presença nas escolas públicas
brasileiras a partir de sua inserção no Programa Nacional do Livro Didático, pois sua gratuidade faz
com que a maior parte dos alunos da rede possam ter acesso a ele.
nas escolas, a adoção do livro didático não contava com esse suporte, dificultando muito sua
utilização nas escolas públicas, porém ele era encontrado em escolas da rede privada, e assim faz-
Paiva (2009) afirma que, em meados do século XX, o conceito de ensino de língua
estrangeira era estrutural, o que fica claro ao observar suas descrições a respeito dos livros mais
adotados naquele momento, por exemplo, “A Gramática da Língua Inglesa [...] apresenta lista
(PAIVA, 2009, p.4). Ainda que alguns livros também apresentassem a transcrição fonética, eram
tarefas mecânicas, ou seja, voltadas para o aprendizado da forma, como ela aponta em The
English Gymnasial Grammar: “essa gramática inova ao inserir transcrições fonéticas nas listas de
vocabulário e ao propor exercícios com frases para serem corrigidas” (PAIVA, 2009, P.5), portanto,
o conteúdo fonético abordado dessa forma permite pensar que o relevante dentro da ideia de leitura
Já no final dos anos 70, a ampliação do ensino superior trouxe a necessidade da aquisição
preparatórias para esse tipo de prova. E, em consequência disso, a demanda por livros didáticos
de língua inglesa também aumentou. Esse conjunto de necessidades fez com que muitos docentes
migrassem das escolas particulares de idiomas para os cursos pré-vestibulares, onde o mercado
aparentava ser bastante promissor do ponto de vista do campo de atuação dos professores de inglês.
Paiva (2009) exibe no seu artigo uma entrevista, a qual lhe foi concedida por um dos professores
que optaram por essa mudança, e hoje é um nome bastante conhecido na elaboração de livros e
204
O importante ali era adestrar os alunos de modo que tivessem boas notas em inglês e isso
os ajudasse a passar no vestibular. Daí surge a necessidade de preparar material próprio,
visando aquele tipo de prova. Nascem as primeiras apostilas. Essas apostilas, com certo
tempo, passam a ter forma e conteúdo mais sofisticados. No “vácuo” das apostilas (Inglês
para Medicina (Curso Galloti), Inglês para Engenharia (Cursos Vetor e Bahiense), Inglês
para o Vestibular de Letras (Curso Hélio Alonso), escrevo, edito e publico (edição do autor)
um livro chamado “Inglês – 2º. Grau”. Tanto as apostilas quanto esse livro têm uma ótima
aceitação por parte de outros professores e me animam a fazer uma distribuição comercial
mais a sério. (Paiva,2009, online)
Nessa declaração estão argumentos que ratificam uma das afirmações dos PCN- LE (1998),
a de que a LE no Brasil tem maior alcance para propósitos de leitura, haja vista a necessidade do
seu conhecimento para realização de provas escritas, com finalidades científicas ou de ingresso no
ensino universitário.
Contudo, tal situação não barrou a evolução dos livros didáticos de LE, pois atualmente
os livros para o aprendizado de idiomas apresentam tarefas que envolvem as quatro habilidades
(reading, writing, listening e speaking.), o que é muito distante do foco encontrado no passado, em
tradução e gramática.
pelo avanço tecnológico no que diz respeito a sua confecção, tornando-se mais colorido, bonito e
planejado graficamente, portanto, “um livro didático moderno é o resultado de muita experiência e
e discussões práticas com professores sobre suas necessidades” (HOLDEN, 2009, p.161).
Logo, o LD hoje é um material que, se escolhido e usado de forma adequada, pode ser um
grande aliado do professor. Sendo assim, na seleção, deve-se levar em conta se o material atende
à realidade vivida pela escola onde ele atua. Ao utilizá-lo, o docente tem a opção de: escolher,
adaptar, acrescentar, recortar ou deixar de lado as tarefas do livro para proporcionar um aprendizado
nacional para nortear o ensino da Língua Estrangeira, doravante LE, nas escolas públicas. Sua
criação, além de abrir caminho para um novo olhar sobre o ensino de idiomas na escola, contribuiu
também para um patamar mais favorável, já que anteriormente a discussão nem chegava a esse
ponto, pois o que se debatia era excluir ou não o ensino da LE nas instituições escolares.
205
Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no entanto, que prevê Língua
Estrangeira como disciplina obrigatória no ensino fundamental a partir da quinta série, a
discussão não necessita mais ser defensiva. Pode, sim, concentrar-se nos aspectos
educacionais de fundo da questão, pois entende-se que “dentro das possibilidades da
instituição” se refere à escolha da língua (a cargo da comunidade) e não à inclusão de uma
língua estrangeira, já que o ensino desta deve ser obrigatório no currículo escolar. (Brasil,
1998, p.37)
pois ambas se desenvolvem nas práticas sociais de comunicação, sendo que esta ocorre por meio
a outro par ou pares, ou seja, “o uso da linguagem (tanto verbal quanto visual) é essencialmente
determinado pela sua natureza sociointeracional, pois quem a usa considera aquele a quem se
E ainda, “ao se envolverem em uma interação tanto escrita quanto oral, as pessoas o
fazem para agirem no mundo social” (Brasil, 1998, p.27), o que significa que essa comunicação
se efetiva dentro de espaço e tempo determinados, sendo que esses influenciam diretamente o
a situação que envolve seu acontecimento é relevante na construção do seu significado, o qual,
marcas que definem as identidades sociais (como pobres, ricos, mulheres, homens, negros,
brancos, homosse1xuais, heterossexuais, idosos, jovens, portadores de necessidades
especiais, falantes de variedades estigmatizadas ou não, falantes de línguas de prestígio
social ou não etc.). (Brasil, 1998, p.27)
E, assim não poderia deixar de ser também em um ambiente de aprendizado oficial como
a escola: ao aprender uma língua, o principal instrumento do discurso, o aluno está criando e
No caso da Língua Estrangeira, o aluno do sistema público da educação tem seu primeiro
contato com ela no Ensino Fundamental II, mais precisamente na 5ªsérie/6º ano, pois nesse
momento ele já teve um grande desenvolvimento na Língua Materna (daqui por diante LM), já
que ao nascer o indivíduo está automaticamente exposto a ela. Sua aquisição é natural, algumas
vezes espontânea, outras condicionadas, como nas escolas. Seu aprimoramento evolui de acordo
com o grau de exigência imposto pelas situações por ele vivenciadas, “por exemplo, ao aprender
a considerar as marcas das identidades sociais - idade, gênero etc. - daqueles com quem fala em
206
contextos sociais específicos...” (Brasil,1998, p.28), de forma que “o aluno já sabe muito sobre sua
língua materna e sobre como usá-la, ou seja, sabe muito sobre linguagem” (Brasil,1998, p.28).
Então, partindo desse ponto, em que o aluno não é uma tábula rasa no que se refere à
linguagem para a aprendizagem de uma LE, ele buscará maneiras de aprendê-la por meio de
comparações e correlações com sua LM, podendo fazê-la de forma consciente ou inconsciente,
(Brasil, 1998, p.29), ou seja, os elementos que formam a estrutura da língua. Por meio deles, os
indivíduos têm a capacidade de avaliar e escolher a forma de produzir ou interpretar um texto, oral
ou escrito, mais adequada à situação envolvida, tendo como exemplo, “a escolha do item lexical
mulher para se referir a um ser do gênero feminino; a escolha de uma organização sintática na voz
ativa para indicar quem praticou uma ação” (Brasil, 1998, p.29).
Já o conhecimento de mundo é tudo aquilo que pertence à vivência da pessoa, tudo que
é produzido em sua interação social, sendo armazenado em sua memória. Cada novo assunto
passa por esse filtro, é julgado e classificado, em seguida adicionado à mente para continuar a
composição desse instrumento. O indivíduo faz uso dele ao lançar seu olhar no texto, ou seja, do
desenvolvido pelo aluno para ordenar as mensagens em textos orais ou escritos, os quais podem
ser classificados “em três modelos básicos: narrativos, descritivos e argumentativos” (Brasil, 1998,
Tais conhecimentos são o apoio sobre o qual o estudante se debruça para produzir
novos sentidos, sendo esses necessários à compreensão da nova língua, visto que ele busca a
correspondência desses com os da sua LM. A “estratégia” resultante dessa ação é a “transferência
do que sabe como usuário de sua língua materna para a língua estrangeira” (Brasil, 1998, p.32).
Por isso os PCN- LE afirmam que “os usos desses três conhecimentos em Língua Estrangeira
têm de ser trazidos à mente do aluno, posto que, frequentemente, ele não tem consciência deles
207
como usuário em seu próprio idioma” (Brasil, 1998, p.34). Ao chegar nesse patamar, o do despertar
para uma consciência da forma de aprender, o aluno amplia seu conhecimento sobre a natureza da
linguagem, e contribui para elevar seu grau de letramento. Isso é proporcionado pela experiência
de adquirir uma LE, a maior das contribuições no aprendizado geral das linguagens.
relevância nas escolas públicas, e, para justificar seu posicionamento, ele o explica a partir de três
ou lazer, é extremante pequeno, mesmo nas regiões de maior concentração populacional, depois
o uso da LE aparece com maior predominância em situações de leitura para fins de estudo ou de
lazer, o que é endossado nas provas aplicadas em vestibulares e pós-graduações, às quais exigem
geral do aluno, uma vez que “a leitura tem função primordial na escola e aprender a ler em outra
língua pode colaborar no desempenho do aluno como leitor em sua língua materna” (Brasil, 1998,
p.20)
as condições na sala de aula da maioria das escolas brasileiras (carga horária reduzida,
classes superlotadas, pouco domínio das habilidades orais por parte da maioria dos
professores, material didático reduzido a giz e livro didático etc.) podem inviabilizar o ensino
das quatro habilidades comunicativas. (Brasil, 1998, p.21)
Esses fatores, os quais ainda hoje representam a situação da educação pública no Brasil,
1 Plano CDE: estudo dos hábitos sociais das pessoas classificadas pelo patamar econômico em C, D e E.
208
trabalho precários e insatisfação com seus salários. (British Council ,2015, p.9)
Diante dessas condições e das prioridades dos usuários do idioma, é necessário traçar
objetivos compatíveis com essa realidade, caso contrário, ao elaborar objetivos que sejam
inviabilizados pelas circunstâncias da educação no país, o resultado pode levar ao fracasso do seu
desenvolvimento. Por isso, tal situação permeia a elaboração dos objetivos de LE para o Ensino
Fundamental II.
e no tempo em que se leva para atingir as metas propostas (Brasi,1998). Em consequência disso,
finalidade de idealizar objetivos realistas e passíveis de serem praticados, quer dizer, “determinar
o que é possível fazer para se garantir condições mínimas de êxito, que devem resultar em algo
ser considerado o aspecto afetivo que envolve a aprendizagem do estudante, portanto “os objetivos
são orientados para a sensibilização do aluno em relação à Língua Estrangeira pelos seguintes
focos: mundo multilíngue e multicultural em que vive; a compreensão global (escrita e oral); o
Por conseguinte, a expectativa é de que, por meio das metas traçadas, o aluno possa adquirir
conhecimento para utilizar o outro idioma com a finalidade de obter maior integração sociocultural de
forma global, e que o protagonismo do seu aprendizado seja fortalecido. Que adquira conhecimento
sistêmico compatível com o uso da LE, seja capaz de utilizá-la com consciência linguística e crítica,
norteiam as escolhas mais convenientes, iniciando pela escolha temática dos textos.
Todavia, ao pautar os objetivos das atividades com base na prática social por meio de
trechos do tipo “Susan is seven years old. She gets up at six.She brushes her teeth…etc,
bem comuns em livros didáticos devem ser evitados nas aulas de leitura. Note que utilizei a
palavra “trechos” e não “textos” para me referir a eles, uma vez que, no meu entendimento,
não cumprem o objetivo principal de um texto, que é comunicar algo ao leitor (TOMITCH,
2010, p.200).
Logo, a escolha dos textos para uso em sala deve ser cuidadosa, uma vez que eles devem
texto em sala de aula, visto que isso têm dois propósitos: mostrar ao aluno que eles são empregados
estudante.
perceber a opção do autor do texto por uma determinada forma, o aluno pode identificar como é
a análise de textos acadêmicos em inglês, nos quais os usuários excluem cada vez mais o
item lexical “man/homem” em seu uso genérico tanto na língua escrita quanto na língua oral
(por exemplo: “O homem do final do século XX deverá ter um alto nível de letramento em sua
língua materna e, pelo menos, em uma língua estrangeira”), preferindo itens como o “human-
being/ser humano”, “person/pessoa” etc. (Brasil,1998, p.46)
O exemplo ilustra como a luta pela igualdade dos indivíduos em situação de opressão
(sejam causas raciais, de classe, sexo, religião, etc.) afeta a realização do discurso. Mediante essa
visualização, o aluno tem a oportunidade de, ao comparar textos, localizar contradições e parcialidade
ou imparcialidade nas representações discursivas, portanto, “essa visão é extremamente útil para
se perceber as culturas como sendo múltiplas e plurais, e espaços de conflitos” (Brasil, 1998, p.46).
que assim como na LM, não existe apenas a variedade padrão. Salientar que a discriminação
linguística, fato que ocorre no Brasil em relação aos falantes de variedades não consideradas
padrão, também ocorre em LE, abordando as consequências de exclusão ocasionadas por essa
situação:
Compreensão de que diferença linguística não pode ser equacionada com inferioridade, como
também, consequentemente, na criação de uma sociedade mais justa, já que a linguagem é
central na determinação das relações humanas e da identidade social das pessoas. (Brasil,
1998, 48)
seu processo de colonização, desmitificando que a LE pertence a um único país. Por exemplo,
“considerar o espanhol somente como a língua da Espanha, como também considerar o inglês
somente como a língua da Inglaterra ou dos Estados Unidos, ou o francês como a língua da
França.” (Brasil, 1998, p.49). No caso específico da língua inglesa, além de língua oficial de países
colonizados pela Grã-Bretanha, o destaque do seu uso em negociações comerciais nas primeiras
décadas de 1900 devido ao poder econômico do Reino Unido, o que lhe proporcionou categoria
pelos países que usam o inglês como língua oficial” (Brasil, 1998, p.49).
finalidade de obter acesso aos seus bens culturais e científicos, novamente no que tange ao idioma
inglês especificamente. Crer na importância desse idioma como língua estrangeira “representa
tempo que pode compreender, com mais clareza, seu vínculo como cidadão em seu espaço social
Os conteúdos para terceiro e quarto ciclos são dispostos em: conhecimento de mundo,
conhecimento sistêmico e tipos de texto, sendo que eles não são vistos de forma dissociada, mas
sim em um desenvolvimento gradual conjunto, iniciando com maior foco no conhecimento prévio
dos alunos e na organização textual. Isso para os sextos e sétimos anos, pois nessas fases o
1998, p.72).
• Utilização como recurso necessário e primordial para usar a língua estrangeira tanto
• Utilização para reflexão sobre outras culturas, hábitos e costumes. (Brasil, 1998,
p.73)
Com relação aos temas para esses conteúdos, são propostos assuntos ligados a tudo que
envolve a criança em sua vida estudantil, sua vida no âmbito doméstico/familiar, seu cotidiano, suas
211
ações com e entre seus pares, a comunidade a qual pertence, a dinâmica desses temas em relação
ao mundo, e a partir deles traçar suas correlações com os correspondentes na LE, por exemplo: “à
convivência entre meninos e meninas na cultura da língua estrangeira; à vida na escola em outro
Os conteúdos devem ser escolhidos tendo em vista a faixa etária do aluno, procurando
eleger escolhas de tipos com os quais ele já tenha familiaridade em sua língua materna. Os PCN-
medida que surgem as necessidades promovidas pelas escolhas temáticas e de tipos de textos.
Lembrando que neste ciclo há pouca ênfase na parte estrutural do idioma, privilegiando-se o
constituir o propósito principal da atividade, mas sim serem trazidos à tona somente quando se
fizerem imprescindíveis para a continuidade da tarefa. Dessa forma, essa prática proporcionará ao
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que é utilizado em sala de aula, observando quais são as suas características e em como ele pensa
no desenvolvimento da aula, para assim esta ser proveitosa e o professor ter a possibilidade de
construí-la de forma conjunta a esse material, propiciando uma aula mais adequada e assertiva
central do lecionar.
Entender sobre os três tipos de conhecimento, que estão sempre sendo acionados nas
primeiro o de mundo, depois o de organização textual e por fim o sistêmico, esse último a nível de
às necessidades do aluno, assim como ganhar tempo para preparar as aulas, além de elevar a
qualidade do ensino oferecido.
213
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215
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
RESUMO
O presente trabalho aborda o tema sobre as contribuições que o estudo da psicomotricidade pode auxiliar crianças
diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - TDAH, uma vez que o acesso à educação é
garantido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN n° 9.394, de 20/12/96, aos alunos portadores
de necessidades educacionais especiais, sejam elas: físicas, mentais ou intelectuais. O estudo e conhecimento da
psicomotricidade auxiliam os educadores no planejamento de atividades e atitudes que atendam a todos os alunos em
sala de aula, sem fazer distinção, assim sabendo lidar com as dificuldades e o tempo de cada um. A pesquisa tem como
fundamentação teórica o estudo e a leitura de livros relacionados ao tema, visando uma melhor compreensão do valor
da igualdade no ambiente escolar e social.
INTRODUÇÃO
discutido e diagnosticado em crianças em fase escolar, o que pode levar a geração de diversos
problemas, principalmente na autoestima dessa criança, uma vez que as características do TDAH
são: a impulsividade, a falta de atenção e a inquietude, características essas que, quando não
compreendidas, podem ser confundidas e rotuladas como falta de educação ou grosseria, deixando
a criança que possui TDAH sentir-se mal com ela mesma e isolada.
trabalham a psicomotricidade na criança auxiliam os alunos diagnosticados com TDAH, pois, nos
casos nos quais os jogos estão presentes nos planejamentos escolares, acabam por auxiliar na
coordenação motora, na atenção, além de contribuir com a interação com os demais colegas,
216
favorecendo a socialização, que é um ponto bastante delicado para o TDAH.
Terapias e, em alguns casos, até o uso de medicamentos contínuos são necessários para uma
melhor qualidade de vida da criança, pois o TDAH não tem cura, ele pode apenas ser amenizado
Por meio de estudos e leituras relacionados ao tema, o presente trabalho visa compreender
e em como os jogos e o auxílio de professores e a família pode ser um facilitador para uma melhor
PSICOMOTRICIDADE
século XIX, e tinha como objetivo o estudo e a nomeação das zonas do córtex cerebral. Ainda no
século XIX, passaram-se a ser estudadas as estruturas cerebrais por neurologistas e psiquiatras a
fim de classificar fatores patológicos, com o intuito de encontrar uma área médica que explicasse
movimentar-se, adquire, a todo o momento, um controle corporal. Por meio de gestos, expressa
emoções e pensamentos significativos, como: engatinhar, andar, pular, correr, entre outros. Sendo
que esses gestos por vezes são resultados das interações sociais presentes nas diferentes culturas.
no Rio de Janeiro.
motor, caracterizou-se por estudar todo o corpo em movimento, isso abriu espaço para a terapia
A Psicomotricidade pode ser funcional quando utilizada na avaliação, com base em testes
também pode ser relacional quando estabelece uma relação entre o psicomotricista e a criança,
serve de métodos diretivos para atingir seus fins, a psicomotricidade relacional deve se utilizar de
métodos não-diretivos.
da criança e no seu processo de aprendizagem. Utiliza como meio o corpo na busca de exteriorizar
seus pensamentos.
linear, pois está intrinsecamente ligado aos aspectos afetivos, cognitivo, motor e, principalmente, o
social.
por muitos educadores como um distúrbio, e a criança, muitas vezes, por desconhecimento da
família e educadores, acaba por sofrer preconceitos e rótulos por parte de colegas da escola, o
que, a longo prazo, prejudica o desenvolvimento de uma boa autoestima. Muitas vezes a pessoa
218
somente é diagnosticada na idade adulta.
Impulsividade: a mente de um TDAH possui uma alta sensibilidade, sendo que um pequeno
acontecimento pode gerar grandes emoções e reações impulsivas nela em fase escolar. Essas
um desconforto, porém, se lhe é apresentada uma atividade da qual se agrada muito, esta, por
sua vez, se demonstra hiperconcentrada, tendo até grandes dificuldades de se desligar dela.
Inquietude: comportamento identificado por conta da agitação da criança. Ela não consegue
ficar parada: mexe em diversos objetos, fica inquieta e às vezes até fala demais, o que gera um
Algumas crianças podem causar a falsa impressão de ser TDAHs se estiverem passando
por problemas - constantes ou passageiros - que contribuíram para deflagrar ou
intensificar comportamentos agitados ou falta de concentração. Uma criança pode se
apresentar indisciplinada e com baixa tolerância à frustração e possivelmente não ser TDAH.
Na investigação de sua história podemos constatar que ela é oriunda de um ambiente em
que características comportamentais, como disciplina e contenção, não são valorizadas.
Pode também não estar recebendo atenção suficiente, ou sofrendo maus-tratos. Todos os
fatores que talvez estejam contribuindo para algum comportamento inadequado devem ser
cuidadosamenteinvestigados e considerados como ponto de exclusão para um diagnóstico
de TDAH ou mesmo como agentes que intensifiquem o TDAH preexistente. (SILVA, 2014,
P.73)
O TDAH é genético e se manifesta na criança antes dos 7 anos de idade. A criança com
TDAH responde a estímulos positivos, mas também pode se retrair e revoltar-se quando não
PSICOMOTRICIDADE E TDAH
TDAH. Alguns estudos comprovam que é mais frequenteo TDAH em meninos do que em meninas.
o que causa o aparecimento dos três sintomas citados anteriormente, a impulsividade, alterações
Isso acaba por prejudicar aspectos psicomotores, uma vez que ela apresenta dificuldades na leitura,
na matemática e na escrita.
Uma das formas da psicomotricidade auxiliar a criança com TDAH é a utilização do lúdico,
que intercala o mundo imaginário com a realidade, fazendo com que a criança interaja com os
À medida que a criança se relaciona com o meio, vai descobrindo novas combinações que
Durante esse processo, há a construção do período semiológico, que tem início quando há
imaginação. Ela colocará a ação em outros objetos e ainda transformará simbolicamente alguns
deles em outros. Piaget classifica os jogos simbólicos em: fase I e fase II.
criança a possibilidade de pensar e evocar as próprias experiências, a sua vida afetiva, fornecendo-
Na fase II, dos quatro aos sete anos aproximadamente, os jogos simbólicos vão se
aproximando do real; o símbolo perde o seu caráter lúdico, se aproximando mais de uma simples
representação imitativa da realidade. Nessa fase inicia-se o simbolismo coletivo e o jogo socializado,
220
TRABALHAR COM TDAH NA ESCOLA
A vida escolar para crianças diagnosticadas com TDAH não é um período fácil, requer
muita paciência, entendimento e compreensão por parte dos professores, que muitas vezes não
estão preparados para atender aos alunos com esse distúrbio de comportamento e aprendizagem.
Por outro lado, não é uma tarefa nada fácil a do professor de conduzir uma sala de aula que atenda
os mais diversos casos de alunos, sem fazer distinção e respeitando a inclusão e o direito do ensino
Uma vez que a criança é diagnosticada com TDAH, o trabalho em parceria família/escola/
profissionais da Saúde torna-se extremamente importante para que o desenvolvimento dela obtenha
resultados satisfatórios.
auxílio para um bom desenvolvimento e relacionamento social do aluno, como sentar o aluno em
que devem ser conversadas e usadas também no ambiente familiar, dando assim continuidade ao
Além de estimular o uso da agenda, mas não somente com alunos com TDAH, mas com o
grupo todo, para que o trabalho realizado com a integração ocorra de forma mais leve. A realização
de jogos em sala de aula, como jogo da memória com imagens e temas diversos, auxilia na
concentração e é uma forma de trabalhar diversos conteúdos com todos os alunos, sem exclusão
de ninguém.
O jogo para a criança é visto como uma atividade de prazer, distração e divertimento,
não como uma obrigação. É realizada sem nenhuma finalidade e não está atendendo a nenhuma
exigência. Existe uma liberdade no jogo de não cumprir expectativas, caracterizando-se muitas
suas ações e a socializar-se. O jogo é umimpulso natural da criança funcionando, como um grande
motivador, sendo por meio dele que a criança obtém prazer e realiza um esforço espontâneo
e voluntário para atingir o objetivo. Ele mobiliza esquemas mentais, estimula o pensamento, a
ordenação de tempo e espaço, e integra várias dimensões da personalidade: afetiva, social, motora
e cognitiva.
Como o aluno com TDAH se dispersa com muita facilidade, o professor necessita ter o
cuidado de, ao invés de chamar a sua atenção, apenas tocar levemente no seu ombro, sendo que
por esse simples gesto o aluno com TDAH volta a realidade do momento. O contato professor e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
e o professor, que tem consciência do seu papel na vida de seus alunos, por meio da observação,
consegue detectar comportamentos e atitudes das quais pode evidenciar que algo mais está
de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), pois não cabe ao professor diagnosticar, mas sim
observar, e, juntamente com a família e equipe escolar, buscar auxílio para uma melhor conclusão
A psicomotricidade, por sua vez, por estudar o corpo como um todo, auxilia professores em
seus planejamentos educacionais, ao permitir a utilização de jogos que trabalham atenção, regras
e a interação com o outro, pontos tão importantes a seremtrabalhados em alunos com diagnósticos
de TDAH, por tenderem a ter a autoestima baixa ao se sentirem incompetentes e muitas vezes
punidos diante de suas atitudesimpulsivas, muito por desconhecimento dos outros, principalmente
Assim como em tantos outros casos de transtornos de aprendizagens, afamília nem sempre
aceita essa realidade, o que dificulta para a criança, pois quanto antes o TDAH é diagnosticado
mais oportunidades a criança tem com terapias e medicações. O trabalho em parceria entre família
222
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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223
AS ATIVIDADES LÚDICAS E A PSICOMOTRICIDADE
E O DESENVOLVIMENTO MOTOR NA PRÉ-ESCOLA
RESUMO
O desenvolvimento é definido a partir de várias características do indivíduo, e estão dimensionadas em três fatores. O
primeiro fator diz respeito ao contínuo processo de desenvolvimento da capacidade funcional do indivíduo. À medida
em que a idade do indivíduo avança, o seu desenvolvimento também avança. A intensidade do desenvolvimento pelo
passar dos anos varia de pessoa para pessoa, isto é, pode variar entre pessoas da mesma idade. O desenvolvimento
motor é um processo contínuo e ao mesmo tempo vagaroso. É relevante também considerar nesse desenvolvimento
a herança filogenética do indivíduo, que é aquela advinda do histórico evolutivo de uma espécie, ou de qualquer outro
grupo taxonômico (identificação, classificação e descrição dos organismos). O desenvolvimento motor do indivíduo se
apresenta a partir da direção céfalo-caudal, é o local onde controla o domínio dos movimentos, que vai do centro do
cérebro até as extremidades do corpo, controlando toda a musculatura, necessário desde a postura erecta até o início
do andar. A psicomotricidade é uma ciência que tem como fito estudar o indivíduo por meio do seu movimento, que é
motivado pela relação sujeito-meio social, permeado de aspectos de ação, afetivos e cognitivos. A psicomotricidade
tem como finalidade analisar o ser humano em sua totalidade, ou seja, pesquisar o seu movimento a partir do seu
corpo (cinestesia) e a partir do sujeito, bem como por meio de sua afetividade. Ela, quando vista perante o enfoque
das experiências lúdicas, é uma excelente proposta para criar mecanismos de ensino de conteúdo. Isso porque, a
psicomotricidade, como princípio de integração das funções motoras e psíquicas, é importante ferramenta educacional
quando se refere a jogos e brincadeiras.
INTRODUÇÃO
infantil, tanto na pré-escola como no decorrer do desenvolvimento escolar. Ela é uma relevante
ciência, que busca retratar a relação entre o ser humano e seu corpo e o meio físico, bem como o
Ela tem sido estudada, bem como fundamentada por um grande conjunto de áreas das
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ciências, tais como: a psiquiatria, a psicologia, a educação e a neurofisiologia. Inicialmente a
psicomotricidade era conteúdo exclusivo de estudantes da área da medicina, entretanto, essa visão
passaria a mudar a partir do século XX, ocasião que se insurgiu em uma nova concepção, cujo
a pré-escola, ocasião em que os jogos e as brincadeiras, bem como as atividades lúdicas têm
dimensionadas em três fatores. O primeiro fator diz respeito ao contínuo processo de desenvolvimento
da capacidade funcional do indivíduo. Esta é tida como sendo a capacidade de existir da pessoa,
que podemos exemplificar como sendo o ato de viver, de mover-se, bem como de exercer atividades
laborais. Segundo pondera Getchell (2016, p.4), a capacidade funcional é um processo que se
acumula com o passar da vida, e os fatores que fazem com que haja acumulação dependerão das
O segundo está diretamente imbricado com a idade, mesmo que não haja dependência dela.
À medida que a idade do indivíduo avança, o seu desenvolvimento também avança. A intensidade
do desenvolvimento pelo passar dos anos varia de pessoa para pessoa, isto é, pode variar entre
pessoas da mesma idade, visto que “cada indivíduo não necessariamente avança em idade e
desenvolvimento na mesma proporção. Além disso, o desenvolvimento não para em uma idade em
é, um passo leva a outro passo, que leva a outro, e assim sucessivamente, de forma irreversível,
ordenada e linear. Essa mudança do indivíduo resulta das interações internas, bem como de suas
É sabido que todos os indivíduos, de uma forma ou de outra, estão juntos em uma variedade
diante do narrado acima, utilizam o termo desenvolvimento “cognitivo ou social” para se referir ao
dos movimentos, bem como de outros fatores que estejam influenciando esse desenvolvimento e
O uso da palavra mudança é comum do dia a dia. O ser vivo que interage com um mundo
em constante alteração necessita mudar, para conseguir manter-se num estado estável,
mas dinâmico. Assim, é que Gagné (1979) considerou como uma das características mais
importantes do comportamento humano a sua possibilidade de mudança (PROENÇA, 2001,
p.63).
ao mesmo tempo vagaroso. Segundo ainda o referido autor, tendo em vista que as mudanças mais
relevantes ocorrem de forma mais acentuadas nos primeiros anos de vida. E é por isso que há uma
É necessário enfocar a criança, pois, enquanto são necessários cerca de vinte anos para
que o organismo se torne maduro, autoridades em desenvolvimento da criança concordam
que os primeiros anos de vida, do nascimento aos seis anos, são cruciais para o indivíduo
(PROENÇA, 2001, p.65).
É no período compreendido entre zero a seis anos de vida que as experiências vividas
pela criança determinarão que tipo de adulto se tornará. Ainda que isso não afaste o fato de que o
Quando damos relevância para o desenvolvimento dos movimentos, estamos olhando para
dos organismos). Ou seja, a herança que foi nos dada ao nosso sistema nervoso ao longo de todo
Por exemplo, os primeiros movimentos que o bebê apresenta (ainda no ventre materno) são
de natureza automática e involuntária, sendo denominados reflexos. Os movimentos reflexos
são controlados por áreas cerebrais subcorticais que são filogeneticamente mais antigas
(PROENÇA, 2011, p.66).
No exemplo acima citado, caso o aspecto mecânico e involuntário do bebê não fosse
partir da direção céfalo-caudal, o local onde se controla o domínio dos movimentos, que vai do
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centro do cérebro até as extremidades do corpo, regulando toda a musculatura, necessário desde
comportamento humano.
Esclarece Proença (2001, p.66) que não se pode negligenciar o movimento, bem como
não se pode considerá-lo apenas como uma medida de comparação, mas sim como sendo um
aspecto relevante que, com o passar dos tempos, o indivíduo vai desenvolvendo. O referido autor
aponta seis sequências observadas com base no desenvolvimento sequencial, tendo como base a
taxionomia para o domínio motor, que, segundo o autor, apresenta os seguintes níveis:
em diferentes situações de movimento, como por exemplo: saltar, chutar, correr, etc.
percepção do indivíduo, no caso, dos estímulos advindos da visão, da audição, da cinestesia etc.
Esses estímulos quando chegam ao sistema nervoso central emitem uma sequência de decisão e
resposta. A decisão e a resposta são tidas como fundamental para a análise e o ajuste do ambiente
em torno do indivíduo.
agilidade.
indivíduo, e são consideradas mais complexas que as atividades involuntárias, pois apresentam
objetivos específicos, como por exemplo: chutar uma bola, arremessar à cesta, sacar no vôlei etc.
Ela organiza de forma com que a qualidade de um movimento corporal possa ser entendido como
227
sendo uma expressão. Como é o caso da dança e da ginástica olímpica e rítmica.
não-verbal são tidas como movimentos aprendidos sob influência da cultura do indivíduo. Para
melhor entendimento, segue abaixo quadro esquemático relacionado à taxionomia entre o grau de
Direção da Manifestação em
Natureza sequência de Taxionomia relação ao grau de
desenvolvimento escolaridade
Movimentos reflexos
Pré-escola 1ª a 4ª série
Geneticamente
do 1º grau
determinados Habilidades básicas
Aprendidos
culturalmente Habilidades específicas
5ª a 8ª série do 1º grau e
determinados
do 2º e 3º grau
Comunicação não verbal
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FIGURA 1 – MODELO SISTÊMICO DO COMPORTAMENTO HUMANO
PSICOMOTRICIDADE
A psicomotricidade é uma ciência que tem como fito estudar o indivíduo por meio do seu
movimento, sendo motivado pela relação sujeito-meio social, permeado de aspectos de ação,
afetivos e cognitivos. Segundo Gonçalves (2012, p.85), o movimento psicomotor do indivíduo está
carregado de intenções, tendo em vista que é planejado (psico) e direcionado a um fim determinado
(motor, movimento).
Nesse sentido, a psicomotricidade tem como finalidade analisar o ser humano em sua
totalidade, ou seja, pesquisar o seu movimento a partir do seu corpo (cinestesia) e a partir do
Sendo assim, busca, por meio da ação motora, estabelecer o equilíbrio entre a organização
motora, cognitiva e socioafetiva desse ser, dando-lhe possibilidade de encontrar seu espaço
e de identificar-se com o meio, do qual faz parte (GONÇALVES, 2012, p.85).
MOTOR NA PRÉ-ESCOLA
Por meio do trabalho acadêmico da autora Maria (2009), a psicomotricidade, quando vista
perante o enfoque das experiências lúdicas, é uma excelente proposta para criar mecanismos
funções motoras e psíquicas, é uma importante ferramenta educacional quando referida a jogos e
brincadeiras.
Na obra da autora Borba (2006), buscamos o entendimento que não tanto as brincadeiras,
mas os jogos não poderão ser vistos apenas como um recurso meramente didático. Isso porque,
se fossem os jogos tratados assim, não apresentariam o requisito implícito da brincadeira, que
significa estar em liberdade, transparecer espontaneidade, e não exigir resultados prévios, tampouco
É importante a observação da autora Maria (2009) quando ela preconiza que nos jogos e nas
brincadeiras a criança torna-se agente de sua própria experiência, e, em razão disso, ela socializa
os diálogos e as suas ações; constrói regras sociais, bem como interagi com outras crianças.
Aponta ainda que planejar as atividades lúdicas é “pedra de toque” para construção do
aprendizado que irá contribuir para o seu integral desenvolvimento, conforme observa a autora
Maria (2009).
que levam a chamada “fantasia lúdica”, criada a partir do mundo real da criança.
Segundo foi possível estudar na obra do autor Freire (1997), a imaginação desenvolvida
por uma criança torna-se fundamental para que ela seja criativa, e por isso ela só pode desenvolver
a partir das observações, bem como das vivências e experiências por passadas.
pois o prepara para a vida adulta. Na fase infante de qualquer ser humano, a brincadeira modela a
personalidade e o modo de observar e interagir com o mundo ao seu redor, bem como desenvolve
a sua psicomotricidade.
Bem observa o autor Chateau (1987, p, 14), brincar faz o indivíduo não apenas crescer, mas
também o torna grande por meio das brincadeiras e dos jogos. Para alguns é apenas diversões, mas
para os especialistas um simples jogo que seja é fonte de desenvolvimento de potenciais virtuais,
que irão aflorar potenciais interiores, e concretizarão a estrutura particular de cada indivíduo.
Apenas o ser humano tem a capacidade de brincar, sendo que essa característica o difere
dos outros seres vivos. Segundo o autor Chateau (1987, p, 16), foi por apresentar essa peculiaridade
que o homem evoluiu como um “animal” superior em detrimento dos outros animais.
Os jogos e as brincadeiras são situações que podemos observar incidência tanto de sinais
cuja inteligência é muito limitada, comporta-se como adulto a partir de dois ou três dias de vida, em
quanto que o rato branco, muito mais inteligente, tem uma infância de quatro semanas” (CHATEAU,
1987, p, 14).
231
Outra visão relevante que desperta nossa atenção é que é por meio das brincadeiras e
dos jogos que o infante se liberta do mundo externo, bem como da sua submissão pelo fato de se
perceber uma figura pequena no meio dos adultos. Isto é, a criança se libera das situações que
estão em sua volta e passa a desenvolver seu próprio mundo, criando dessa forma tendências ou
manifestação lúdicas.
Conforme pondera a autora Figueiredo (2007), a atividade lúdica advinda das brincadeiras
é uma forma da criança, de certa forma, agir como adulto, trazendo para si objetos que sejam
por qualquer criança não tem como condição o simples motivo de passar as horas. Nas brincadeiras
e nos jogos há o desencadeamento de processos peculiares dos seres humanos, como desejos,
criança.
pelas crianças é considerada como sendo sua própria linguagem, secreta e individual, ou seja, sua
exteriorização.
indivíduo, além de permitir criar novos papéis sociais, descobrir por si só habilidades próprias e
perceber e sentir conceitos diferentes daqueles que foram postos passivamente através do contato
Por meio da obra da autora Wajskop (1995, p, 64), estudamos que, até então, a figura da
brincadeira na fase da infância era tida como apenas uma atividade que dizia respeito apenas aos
infantes e a sua própria natureza. Fato esse que não despertava nenhum interesse como fonte de
Contudo, como observamos nos parágrafos acima, brincar é sim fator relevante para
construção psicomotora do indivíduo, trazendo para ele desenvolvimento cognitivo, social, físico e
sentimental. Todavia, todos esses entendimentos surgiram por meio de pesquisas desenvolvidas
qual argumenta que por meio do brinquedo, ou das brincadeiras, o indivíduo desenvolve situações
fictícias, baseadas em situações reais do dia a dia, é neste momento que a criança se torna a
232
protagonista dessa atividade lúdica. Muitas vezes ele interpreta a si mesmo por meio dessas
brincadeiras ou jogos.
Outra ponderação do autor bielo-russo que atrai atenção é que, por meio de um simples
brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço, significando que ela uni o prazer com o
brinquedo que ela se utiliza para brincar, e por isso, no futuro, ela aprenderá a lidar melhor com os
apropriados para tal, tendo em vista a forma com que ela interage com o mundo que está em sua
predominantes na fase da infância, atividades essas permeadas de regramentos que deverão ser
respeitados. Segundo a autora Wajkop (1995), jogos e brincadeiras são reflexos daquilo do que
ocorre na sociedade, e que mantem em seu espírito vários significados que servirão como base na
vida adulta. A expressão da moralidade, bem como das ações na vida adulta futura, será um reflexo
das interações tidas na infância por meio dos brinquedos e jogos (VYGOTSKY, 1998, p, 131).
comportamentos miméticos, razão pela qual ultrapassa a simples percepção de imitação das
pessoas. Mimético significa o processo pelo qual um ser se ajusta a uma nova situação, na qual
Para o autor Volpato (2002, p, 220), tendo em vista que o ser humano é dotado da faculdade
de reproduzir fatos semelhantes para os diversos comportamentos contidos no meio social, razão
pela qual serão reinventados por meio das brincadeiras e dos jogos pelas crianças, que após
Segundo ainda o autor precitado, isso não significa que as crianças estejam simplesmente
situações de forma não-conceitual, “a criação de uma situação imaginária pode ser considerada
Friedrich Fröbel (Froebel), educador e filosofo alemão do século XVIII, foi considerado
como sendo um dos percursores a defender que a infância é uma fase decisiva para formação
de qualquer pessoa. Pensamento esse que hodiernamente se tornou uma ciência consagrada e
Segundo a matéria do autor Ferrari (2011), as técnicas criadas pelo educador Fröebel são
utilizadas até o presente momento na educação infantil. Técnicas essas que foram baseadas no
conceito de que brincar é a base para construção da aprendizagem cognitiva e psicomotora dos
indivíduos em formação.
O educador alemão desenvolveu brinquedos específicos para cada idade das crianças,
com o intuito de analisar o comportamento interior delas, e de como elas assimilam as novidades
Fröebel defendia que a educação infantil é condição sine qua non para a formação das
crianças. Defesa essa que foi aceita pelos estudiosos da seara educacional e praticada nos dias
atuais. O conceito de Fröebel é proporcionar brincadeiras criativas de cunho lúdico e social, como
A teoria “froebeliana” defendia que apenas por meio da educação o homem teria acesso ao
conhecimento, bem como a Deus. Defendia ainda a não separação dos estágios de desenvolvimento
do ser humano, no caso, a infância, a juventude e a maturidade. Pois, fases essas não estão umas
separadas da outra, e sim cada uma seria o complemento da outra (KISHIMOTO, 2002, p, 56).
E segundo ainda a teoria froebeliana, brincar é a mais alta fase do desenvolvimento da criança, e,
2007, p, 48).
Observa a autora Jesus (2010, p, 03) que o termo “jogo” é originado da palavra em latim
incus, cujo significado expressa “diversão ou brincadeira”. Segundo ainda a autora, a prática de
jogar já era vista nas antigas civilizações, como as gregas e as romanas, bem como já tinham a
234
noção de sua importância.
Mesmo nas sociedades mais primitivas, os jogos e as brincadeiras eram praticados como
meio das crianças tomarem conhecimento dos papéis sociais de cada um, além de imitar os
adultos. Isso era a forma de passar as experiências adquiridas pelos mais velhos para os mais
novos. “A criança era trata como um pequeno adulto e a sua instrução estava diretamente ligada ao
Jogar e brincar são temas de pesquisas para inúmeros pensadores da área educacional,
tendo em vista a importância que o jogo e as brincadeiras trazem para o desenvolvimento do ser
E por isso, segundo a autora Ribeiro (2005, p, 36), as áreas aplicadas têm se utilizados
das brincadeiras e dos jogos nos recursos pedagógicos, nos diagnósticos psicológicos e
Conforme ainda observa a referida autora, no caso dos jogos direcionados para a
aprendizagem, Piaget empregava a palavra “jogo” como fonte de várias condutas humanas
Nesse livro, Piaget tipifica o jogo em três categorias ou classes: jogos de exercício, jogos
simbólicos e jogos de regras. Piaget também apresenta como categoria o jogo de construção,
todavia essa classe não está inserida nas referidas acima, pelo fato desse modelo de jogo ser uma
O jogo relativo ao exercício é o primeiro que podemos observar no ser humano, é quando
criatividade da criança, no caso imaginar e personificar algo através de outros objetos ou situações.
representam a atividade interindividual regulada pelas normas herdadas por gerações anteriores,
bem como por questões envolvendo justiça e honestidade, além de regulares acordos entre partes.
Segundo a autora Dantas (1992, p, 50), essa consciência para os jogos de regras está
dividida em três etapas. A primeira diz respeito à anomia (ausência de regras). A segunda etapa diz
respeito à heteronomia, que ao contrário da fase anterior, nessa a criança passa a se interessar e
heteronomia, ocasião em que haverá a concepção adulta do jogo. Como podemos observar até o
presente momento, jogar e brincar são coisas sérias, uma está interligada a outra.
O brincar é sério, uma vez que supõe atenção e concentração. Atenção no sentido de que
envolve muitos aspectos inter-relacionados, e concentração no sentido de que requer foco, mesmo
que fugindo, para motivar as brincadeiras. O brinca supõe também disponibilidade, já que as coisas
mais importantes da vida da criança – o espaço, o tempo, seu corpo, seus conhecimentos, suas
relações com pessoas, objetos e atividades – são oferecidas a uma situação na qual ela, quase
sempre, é a única protagonista, a responsável pelas suas ações e fantasias que compõem essa
contexto de regras e com objetivos predefinidos. Jogar certo, segundo certas regras e objetivos,
diferencia-se de jogar bem, sou seja, da qualidade e do efeito das decisões ou dos riscos (MACEDO,
2007, p, 14).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme pôde-se estudar por meio do presente artigo, foi possível obter o conhecimento
Nos termos narrados acima, identificamos que o ato de brincar, jogar e praticar atividades
lúdicas são fontes de desenvolvimento psicomotor, que desenvolve um vasto repertório de linguagem
educando.
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A AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE E/LE
E A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de TCC sobre o uso da música em sala de aula de maneira diferenciada,
aproveitando-a como recurso para a prática da pronúncia e a correção fonética nas aulas de E/LE. Aqui, será focado
nos aspectos do estudo da língua estrangeira, no caso espanhol, em sala de aula, observando quais são os equívocos
relacionados ao não foco no estudo da pronúncia da língua, e quais são as possíveis implicações aos estudantes, tanto
em ambiente nacional quanto ao estiverem em ambiente internacional, do idioma em questão. Além de apresentar a
importância de estudar o como falar a língua que está sendo aprendida. Discutira-se, inicialmente, a deficiência no
ensino da língua espanhola provocada pela ausência do trabalho com todos os aspectos da competência linguística,
mais especificamente relacionado à produção dos sons. Compreendera-se o estudo da competência linguística, dentro
de competência comunicativa, segundo a perspectiva de Hymes (1972). Essa lacuna no ensino dirigido da produção dos
sons em espanhol gera uma série de problemas na pronúncia de estudantes brasileiros, que, por sua vez, provocam a
falta de estímulo para que o aluno continue estudando a língua espanhola, pois, a motivação para o aprendizado eficaz
de uma determinada língua está no fato de que para aprender a falá-la é preciso usá-la.
INTRODUÇÃO
A motivação inicial para o presente artigo está centrada na dificuldade em que o estudante
É perceptível que durante os anos iniciais do estudo da língua espanhola – seja no ensino
médio regular, seja nos institutos particulares de ensino de línguas, seja na universidade – o aluno
consegue manter um nível de progresso equiparado entre as três das quatro destrezas necessárias
para o aprendizado completo de qualquer língua: a escuta, a leitura e a escrita. Entretanto, no que
se refere à fala, a quarta destreza, ele demonstra grandes dificuldades para avançar e, às vezes,
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até é acometido pelos sentimentos de frustração e desânimo quando não consegue, efetivamente,
se comunicar numa situação real entre falantes do espanhol. Dessa forma, acaba não fazendo uso
provocada pela ausência do trabalho com todos os aspectos da competência linguística, mais
lacuna no ensino dirigido da produção dos sons em espanhol gera uma série de problemas na
pronúncia de estudantes brasileiros. Por isso, parte do artigo será para descrever as dificuldades
na produção dos sons em língua espanhola mais recorrentes entre os estudantes brasileiros.
A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
Dell Hymes chamou de competência comunicativa. Tal conceito amplia o que Chomsky tratava
que todo ser humano tem para aprender a língua materna, basicamente no que tange à sua estrutura,
visto que a sua teoria estava centrada nas regras gramaticais. Por outro lado, Hymes amplia esse
contexto de uso dos enunciados será referência para torná-los apropriados e aceitáveis ou não. Ter
competência comunicativa em uma língua estrangeira na visão de Hymes significa, então, adquirir
uma série de conhecimentos das regras linguísticas, psicológicas, culturais e sociais inconscientes
que se refere ao nível de autonomia do estudante para organizar sua própria aprendizagem e
um sentido habitual e conveniente, fazendo uso adequado das regras gramaticais, vocabulário,
capacidade do indivíduo de saber relacionar signos linguísticos e seus significados, elegendo entre
as várias formas e registros de comunicação, de maneira que saiba adequar-se a cada situação
(será utilizado LE a partir de agora) e à capacidade de adotar estratégias sociais apropriadas para
Dessa maneira, para chegar ao domínio de uma determinada língua estrangeira o aluno
precisa adquirir essas competências, sem as quais, o objetivo de aproximar-se à fala nativa não
Na prática do ensino das LE, todas as competências deveriam ter seu lugar garantido no
processo, entretanto, esse pressuposto não vem sendo levado em conta por todos os profissionais.
Em vista disso, o estudante deixa de assimilar elementos que são importantes para o
Aqui, já que esse artigo se propõe a tratar do aspecto pronúncia da língua espanhola,
ESPANHOL
O sistema de sons da língua portuguesa é muito mais variado do que o sistema da língua
espanhol segundo os modelos de sua própria língua. Os problemas na produção dos sons vocálicos
estão diretamente relacionados com a interferência das marcas dos sons vocálicos do português
fonemas orais /a, e, i, o, u, ε, ɔ/ o sistema do espanhol possui apenas cinco /a, e, i, o, u/. Quando
o estudante brasileiro produz os sons vocálicos do espanhol a partir dos modelos de sua língua
materna, comete erros de abertura que podem prejudicar a comunicação. É o caso, por exemplo,
das palavras café e ahora que têm as vogais <e> e <o>, respectivamente, pronunciadas sempre
Nasalização: em português, além dos sete fonemas vocais orais, existem cinco sons
nasais /ã, ẽ, ĩ, õ, ũ/, os quais não pertencem à língua espanhola. Isso não significa que em espanhol
não haja nasalização, entretanto, ela é praticamente imperceptível e irrelevante para o falante. Em
virtude da forte marca nasal existente na língua portuguesa, o estudante habitualmente transfere
essa nasalização para palavras do espanhol como campo, aman, conga, pongo.
vocálicos em final de palavras é própria do vocalismo do português e faz com que o estudante
a assimile durante a produção da fala espanhola. Ocorre quando o som das letras <a>, <e> e
<o> são produzidos como [ɐ], [ɪ] e [ʊ], respectivamente. Verificamos esse problema na pronúncia
de palavras como Paco, este e lana, que, sob a influência da nasalização e palatização de sons
dentais, o estudante brasileiro costuma produzir como [pakʊ, esʧɪ, lãn ɐ].
<l>no final de sílabas como se fosse <u>. Esse processo transfere-se à pronúncia do espanhol
provocando a marca do “sotaque estrangeiro”. Vemos isso nas palavras alto e papel, erroneamente
<u> seguidos de <s> ou <z>. Esse fenômeno é produzido em espanhol em palavras como gas,
mes, voz, luz pronunciadas como se houvesse um <i> antes da consoante final [gaɪz̮ , meɪz̮ , vɔɪz̮
, luɪz̮]. Esse equívoco na pronúncia também gera a sonorização da consoante fricativa surda [s],
português como uma estratégia de adequação à estrutura silábica da língua portuguesa. Quando
temos esse fenômeno transferido à língua espanhola, observamos produções como: apto [ápito],
Essas são decorrentes da transferência que o estudante faz entre as características do sistema de
som de sua língua materna, as quais se referem ao lugar de articulação, ao modo de articulação e
- A vibrante múltipla [r] do espanhol que geralmente é produzida como [x]. Assim, rato e
interior de São Paulo e do nordeste brasileiro, como o som retroflexo [ɹ]. Assim, torta e carne são
- Os sons das consoantes <d> e <t> seguidas da vogal <i> são produzidos como [ʤ] e [ʧ].
acaba sendo realizado inadequadamente como [ỹ]. Portanto, caña e mañana são pronunciados
inadequadamente realizado como [lʝ]. Assim, llama e calle são pronunciados como [lʝama] e [kalʝe].
virtude do estudante brasileiro basear-se na escrita de sua língua materna. São eles:
- O som [x], que é representado pelas letras <j> e <g> antes das vogais <e> e <i>,
- O som [ʧ], que é representado pelo dígrafo <ch>, habitualmente é produzido como em
português [ʃ].
- O som representado por <v>, que em espanhol sempre será produzido como <b> (surdo),
243
mas que é erroneamente sonorizado como em português.
- O som representado por <z> ou <s>, que em espanhol sempre será surdo – /s/ ou /θ/ –,
Podemos pensar que o panorama atual das dificuldades na pronúncia do espanhol por
estudantes brasileiros provém da falta de atenção causada, inclusive, pelos próprios canais de
ensino da língua. Se examinarmos os manuais de língua espanhola mais utilizados hoje em dia,
constataremos que a maioria trata a pronúncia como uma questão secundária. Além disso, não
são poucos os professores que “consideran como relativa pérdida de tiempo las prácticas de
pronunciación realizadas en tiempo de clase” (GIL FERNÁNDEZ, 2007: 99). Tal pensamento está
língua estrangeira por meio da vivência real do idioma, em seu contexto vivo, em viagens, ou
mesmo mediante a sua própria vontade de aprender o idioma. Fatores estes muito mais relevantes
Apesar dos exercícios escolares obterem frequentemente um resultado pobre, ainda assim,
“es imprescindible que el profesor incluya la buena calidad de la pronunciación de sus alumnos
entre los objetivos fundamentales a los que se ha de encaminar su labor docente” (Juana Gil
problema muitas vezes encontra-se enraizado na formação do próprio professor de E/LE. Geralmente
não recebem as diretrizes do ensino relacionadas com a aprendizagem da pronúncia assim como
se estendem à sala de aula e, muitas vezes, a atenção dada à pronúncia se detém no momento
estudante à pronúncia nativa cessam quando os enunciados produzidos por ele se tornam, pelo
menos, inteligíveis.
Esse caminho é arriscado, pois permite uma brecha para a fala do “portunhol”, comumente
empregado por aqueles que não dominam ou simplesmente ignoram as diferenças entre o português
e o espanhol, especialmente no que diz respeito à prática oral. Devido à semelhança entre a língua
se estuda qualquer outro idioma. O contato entre fronteiras do Brasil com países de fala hispânica
contribuiu para resulta num bilinguismo aberto, provocando o surgimento dessa variante mista,
denominada também fronteiriço. Esse é um desafio enfrentado nas cidades fronteiriças entre os
países lusófonos e hispânicos, notadamente na tríplice fronteira (entre Argentina, Brasil e Paraguai)
e ao sul do Estado do Rio Grande do Sul e ao norte do Uruguai. Nessas regiões, chegou-se ao
consenso de que se tornou necessário o ensino formal das duas línguas de forma concomitante
No caso de duas línguas em contato, a entrada de dados de uma língua em outra se faz
de forma sistemática. Embora a seleção dos fenômenos se faça de modo arbitrário, a combinação
dos elementos gramaticais se dá no ponto em que a norma interna das línguas permite (Faulstich,
1997). Faulstich faz a descrição das principais ocorrências na grafia, gramática e vocabulário que
caracterizam o portunhol. Neste momento, não vem ao caso mencioná-las aqui. Produções como
“Olha, me dá um buelo”, em vez de “Mira, dame una torta”, ou “Quiero ‘átéstar’ el carró”’, em
vez de “Quiero llenar el coche”, numa bomba de gasolina, são exemplos de situações cômicas
pelas quais passa um brasileiro, por exemplo, que em solo espanhol se esforça por falar de forma
compreensível.
A falta de atenção ao pronunciar uma LE – em nosso caso o espanhol (E) – pode causar uma
causado pelo sotaque muito acentuado de um carioca em sua fala castelhana, apesar de manter
uma boa fluência, gramática e léxico perfeitos no idioma estrangeiro. Somos capazes de esquecer,
inclusive, seu bom domínio da língua espanhola em virtude do sotaque. Esse fato não seria levado
tão a sério desde o ponto de vista linguístico se não fosse pelos efeitos causados na transmissão
sentença que expressa pêsames em espanhol, por exemplo, pode ser entendida pelo ouvinte como
um deboche.
Os problemas gerados pela pronúncia descuidada vão desde equívocos de significação dos
enunciados, até a irritação ou repulsa por parte dos nativos que podem considerar um desrespeito
Por lo general, cuanto más se aproxime su acento al modelo nativo, mayor será el grado de
aceptación social – y admiración encubierta – con que cuente, en tanto que una pronunciación
claramente deficiente le supondrá una gran traba en su vida profesional y en sus relaciones
personales. (Gil Fernández, 2007: 98)
245
O desejo da maioria dos estudantes de uma língua estrangeira é chegar a um nível de fala
mais próximo possível ao do nativo, conseguindo dominar todos os fatores gramaticais, fonéticos,
com as habilidades linguísticas citadas, por diferentes razões, acaba centrando-se nos preceitos
raras as oportunidades que o aluno tem para ouvir ou falar a língua estrangeira” (PCN – Língua
estrangeira moderna). Os Parâmetros Curriculares Nacionais salientam que é preciso dar a mesma
comunicativa.
pedagógicos válidos, que deem resultados positivos e que impulsionem a prática docente. É
possível propor uma ferramenta de trabalho em sala de aula ou qualquer procedimento didático
algo que motive o estudante de E/LE para dedicar mais atenção à pronúncia dos sons da língua
espanhola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após os estudos teóricos aqui apresentados, percebe-se que há uma necessidade muito
grande de atender melhor a produção oral dos alunos de espanhol como língua estrangeira. Não
se apresenta dizer que o espanhol falado em sala de aula não seja real, mas é que existe certa
A falta de cuidado com a parte da pronúncia no ensino do espanhol nos põe em alerta. Não
podemos correr o risco de formar alunos que dominem os conteúdos formais e teóricos da língua,
mas que se sintam desmotivados para falar, uma vez que acham não ter habilidade para tal. É
preciso treinar a fala, praticar o seu uso, detectar e analisar os problemas, buscando os melhores
246
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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248
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM
RESUMO
Neste artigo será mostrado a importância da leitura dos contos de fadas no processo de ensino das crianças, visto que
a presença da literatura infantil na escola funciona como um estímulo forte para a leitura e a criatividade. Desta forma,
adquire-se o gosto pela leitura e a criança passa a escrever e ler melhor, além de poder ter um repertório amplo de
informações. Atualmente a literatura infantil emerge como uma fonte de conhecimento enriquecedora na formação da
criança desde o seu primeiro contato com as histórias infantis. O estímulo à leitura tem extrema importância no processo
de alfabetização, pois muitos não têm vontade de aprender por sentir as dificuldades do aprendizado, juntamente
com a falta de incentivo da família, sendo assim, as histórias atraem essas crianças, aguçam sua curiosidade, e com
isso despertam o interesse pelo saber. Aqui, será analisado também a forma como os docentes da Educação Infantil
utilizam os contos de fadas no trabalho pedagógico e o desenvolvimento imaginário infantil. Estudaremos autores
como: ABRAMOVICH (2006); SILVA (2009) e OLIVEIRA (2007), entre outros.
INTRODUÇÃO
suas brincadeiras com diversas histórias. O conhecimento, por meio de histórias ou dos contos de
fadas, pode contribuir imensamente para o processo de aprendizagem delas, e ainda despertar o
forma de entretenimento, porém é necessário que se utilize este recurso como uma ferramenta
Há prazer de folhear um livro, colorido ou branco e preto [...] livros feitos para crianças
pequenas, mas que podem encantar aos de qualquer idade, são, sobretudo, experiências
249
de olhar, de um olhar múltiplo, pois se vê com o olhar do autor e do olhador/leitor, ambos
enxergando o mundo e os personagens de modo diferente, conforme percebem o mundo.
Saborear e detectar tanta coisa que nos cerca usando este instrumento nosso tão primeiro,
tão denotador de tudo, a visão. (2006, p. 33).
O conto de fadas é visto como um momento envolvente para as crianças, pois as levam
a imaginar os cenários e personagens que estão nos livros, desencadeando ideias, sentimentos,
Elas são envolvidas em um mundo maravilhoso, e “viajam” de uma situação real e concreta,
Visto que neste gênero aparecem seres encantados e elementos mágicos pertencentes a
Por meio da linguagem simbólica dos contos, a criança pode construir uma ponte
entre o mundo exterior e seu mundo interior, aprendendo valores, refletindo sobre suas ações,
mais profundos neles do que se percebe na infância, até mais do que a vida adulta ensina.
É por meio desses contos infantis que a criança desenvolve seus sentimentos, emoções e
aprende a lidar com essas sensações. Deste modo, a partir da leitura em sala de aula, é possível
perceber que elas experimentam estados afetivos além daqueles que a vida real lhes proporciona.
Uma vez que a presença da literatura infantil na escola representa um forte estímulo à
aprendizagem da leitura e à criatividade. Ao adquirir o gosto pela leitura, a criança passa a escrever
No mundo atual, a literatura infantil surge como uma fonte de conhecimentos que enriquece
Em vista disso o professor tem um papel essencial, pois é ele que faz com que a função
pedagógica implique na ação educativa do livro sobre a criança. Por meio das histórias infantis ele
Portanto, a contação de histórias ajuda a desenvolver nas crianças uma postura investigativa,
étnica, religiosa, cultural, identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo.
Em geral, uma única história não consegue despertar o interesse de toda uma classe, pois
muitas vezes não há uma identificação entre meninos e meninas, dessa forma, é necessário que
a escola amplie seus horizontes, levando-os às bibliotecas e deixando que cada aluno manuseie,
250
folheie, busque, encontre, separe e escolha seu livro; aquele que desperte no aluno a curiosidade.
DESENVOLVIMENTO
remete a assuntos desde a ficção das histórias até a proposta de análise com criticidade. Tal
trabalho mexe com a imaginação das crianças, trazendo-as para uma “fuga” da realidade. Dessa
socialização, dentre outros. Esta vertente do pedagogo proporcionará aos alunos um significativo
visando criar um público leitor. Ela deve ocorrer de forma lenta e gradativa, porém, quando contínua
e iniciada desde cedo, ainda em casa, será aperfeiçoado na escola e permanecerá pela vida toda.
A criança que se acostuma a ler desde cedo apresentará mais desenvoltura e interesse por
diversos assuntos no futuro. Aprenderá sobre qualquer assunto com mais facilidade e se tornará
mais interessada pelo aprendizado, percebendo-se capaz ainda mais cedo. Imersa no mundo da
Para Abramovich:
A criança que ouve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja
estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão
para a leitura. Ler para mim, sempre significou abrir todas as comportas para entender
o mundo através dos olhos dos autores e da vivência das personagens... Ler foi sempre
maravilha, gostosura, insubstituível... E continua, lindamente, sendo exatamente isso! (2006,
p. 17).
Infelizmente, as famílias não dedicam muito tempo contando histórias para seus filhos, o
que seria um importante estímulo para a motivação à leitura e apreciação da literatura infantil. Uma
mundo da fantasia faz com que seja possível encontrar soluções para os problemas do mundo
real. E por isso resgatar a importância do “contar histórias” no ambiente familiar valoriza o conto
(popular e de fadas) como parte da tradição dos povos, ensina valores e desenvolve o senso crítico
e a criatividade.
A imersão da criança no mundo dos contos e das histórias infantis não depende apenas
da faixa etária, mas também da forma como cada texto é trabalhado, e, por este motivo, a escolha
do livro é muito relevante, visto que irá estimular através do encantamento e da imaginação que
que estará diretamente ali para a construção dos conhecimentos e a reconstrução de prazeres,
costumes e hábitos.
cenários para a apresentação dos fantoches, lápis de cor, giz de cera, papel sulfite, papéis
coloridos, tinta guache, pintura a dedo, cola, tesoura e pincel. Livros de histórias infantis e contos de
fadas, além de equipamento multimídia, como TV, DVD, som, CD, computador e outras tecnologias
disponíveis na escola.
É importante que todos os dias sejam oferecidas atividades que liguem de alguma forma a
história ao cotidiano escolar. Sentar-se no chão, fazer a leitura das historinhas e incentivá-las para
que cada um conte-a novamente de acordo com seu ponto de vista ou de como gostariam que
tivesse acontecido é uma atividade extremamente produtiva e avaliativa, pois coloca a imaginação
e a comunicação dos pequenos em ação, tamanha a empolgação que lhes causam as histórias
lidas. Dessa forma, quando o professor faz perguntas, eles respondem prontamente.
A avaliação dos pequenos também se torna mais fácil diante dessas propostas, uma vez
que o professor consegue verificar com mais clareza as crianças que interagem prontamente, as
que demoram um pouco mais, as que não se envolvem, as que realmente absorveram o que foi
lido etc. Assim sendo, há a possibilidade de perceber em cada aluno suas facilidades e dificuldades
e também possíveis problemas comportamentais, ou transtornos diversos que possam existir sem
antes terem sido notados, e desta maneira poder trabalhar individualmente com cada um deles as
A aproximação do aluno com a leitura faz-se necessária, por isso o educador precisa atribuir
252
à literatura uma finalidade prazerosa e não apenas obrigatória, pois só assim será possível formar
leitores para a vida toda. É através do imaginário e das fantasias que se abrem as portas para a
sede do conhecimento.
Segundo Zilberman:
As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas, desde pequenos, somos conduzidos
a entender o mundo que se transmite por meio de letras e imagens. O prazer da leitura,
oriundo da acolhida positiva e da reciprocidade da criança, coincide com um enriquecimento
íntimo, já que a imaginação dela recebe subsídios para a experiência do real, ainda quando
mediada pelo elemento de procedência fantástica. (1984, p. 107).
[...] Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas
histórias... educa-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho
absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo [...] (ABRAMOVICH,
2006, P. 16).
Para a psicologia profunda, a mente da criança já tem uma constituição que guia seu
desenvolvimento psíquico subsequente e que se ajusta quando necessário, a procura por elementos
Por isso o diálogo entre o inconsciente coletivo e o consciente e inconsciente pessoal pode
ser manifestado através dos sonhos. Estes são produtos do inconsciente coletivo, que atua como
um depósito de símbolos e imagens; deles também surgem os mitos e lendas, que dialogam com
[...] são inatas do sujeito, uma vez que sejam as representantes dos instintos, tanto os
libidinais quanto os agressivos, os quais agem na vida desde o nascimento. Elas apresentam
componentes somáticos e psíquicos, dando origem à processos pré-conscientes e
conscientes, acabam por determinar, desta forma, a personalidade. Pode-se concluir que
as fantasias são a forma de funcionamento mental primária, de extrema importância neste
período inicial da vida. (2007, P. 83).
Partindo destes conceitos, identificaremos diferentes produções de arte, como por exemplo:
escultura, teatro, pintura, literatura, jogos e filmes, como a matéria de sua elaboração a imaginação,
o imaginário e a fantasia.
humana. Estas acabam estabelecendo uma comunicação utilizada como atenuante no tratamento
tem que ser considerado no ato do ensino. Nesta linha de proposições, o estudioso da educação
Rodari (1982) faz a análise da Psicologia e Pedagogia preocupando-se mais com a memória e a
atenção do que com a fantasia e a imaginação, tratando assim de forma limitada o gênero literário,
O estudioso argumenta que “para conhecer-se é preciso imaginar-se. Não se trata, portanto,
de encorajar na criança uma fantasia vazia, mas dar-lhe uma mão para que possa imaginar o
As argumentações levantadas por estes pensadores fazem com que o educador considere
do imaginário infantil; e que essa compreensão influencie na escolha dos textos e na condução nas
rodas de leituras.
Segundo Babo:
[...] os contos são, na realidade, um dos mais admiráveis meios de comunicação que
possuímos com nosso inconsciente. [...] Jung denomina esse lugar, onde nascem e vivem
as histórias, como inconsciente coletivo, sendo esse uma camada coletiva mais profunda
do inconsciente, habitada por conteúdos idênticos, os arquétipos, e compartilhada por toda
a espécie humana. O inconsciente coletivo surge como o espaço responsável por originar
as nossas mais diversas formas de mitologia. É ele o primeiro reino encantado da Fantasia
(2014, p. 1-2).
infantil, especialmente estudiosos da área da psicologia, que afirmam que tais leituras favorecem
muito o desenvolvimento psíquico das crianças, ajudando principalmente nos dilemas e ansiedades
emocional. Estes tipos de histórias têm elementos próprios e invariantes, e tais características
Algumas dessas características são: 1) Tal gênero literário possui o elemento “Fada”, pessoa
extremamente boa, que ajuda a heroína ou o herói a enfrentar e eliminar as dificuldades durante
a história; ou a “Bruxa”, personagem totalmente mal, que só ocasiona transtornos aos heróis; 2)
A estrutura básica destas narrativas traz no início uma ruptura, quando o herói se afasta
de sua vida, de sua proteção, para um mergulho no desconhecido. Vêm os conflitos e a superação
dos perigos e obstáculos que surgem através de planos fantasioso; uso do imaginário e descoberta
de novas possibilidades que levarão ao desfecho e a volta à realidade. Os finais sempre devem
ser felizes, mostrando assim que o herói conseguiu atingir seus objetivos durante sua empreitada.
Para Bettelheim:
A literatura infantil moderna herda características dos contos de fadas tradicionais, visto
que atraem significativamente os leitores, que gostam de ler e reler muitas vezes a mesma obra,
Com esse valor aproximativo, através das histórias infantis a criança absorve situações de
todos os tipos. Durante a leitura, ela é colocada como protagonista, o que satisfaz o seu ego, e o
Todas as mamães costumam contar a seus filhos histórias de que eles mesmos são os
protagonistas. Isto corresponde e satisfaz a seu egocentrismo. Porém as mamães dão
também um fundo didático. (1982, P. 101).
evitar problemas existenciais, que em geral são dilemas fundamentais e complexos, pois nos contos
a criança só verá o lado bom, podendo assim combater a violência humana desde pequeno. Embora
o ser humano não seja só bom ou só mal, nas histórias os personagens não são ambivalentes
a criança durante a leitura, pois a presença da literatura infantil no cotidiano delas contribui com
muitos aspectos, entre os quais: Ajuda na formação individual e intelectual do indivíduo; Ajuda no
desenvolvimento da atenção por algo que lhe satisfaz; Desenvolve o senso crítico, que faz com
que a criança reflita diante de uma situação utilizando seu raciocínio lógico, visto que a história
possuí começo, meio e fim; Desperta a criatividade, permitindo a criação de desenhos, esculturas,
e do pensamento; Permite que a criança absorva das narrativas lições que ajudarão em seu
no momento.
Para que tudo isso possa de fato acontecer, é importante o respeito a alguns princípios, tais
como: Atenção para as ilustrações como recurso para a imaginação; Escolha correta dos textos de
acordo com a faixa etária; Incentivos à criação de suas próprias histórias, coletivas ou individuais;
e, quando for o caso, a utilização da leitura compartilhada com colegas ou com o próprio adulto que
está lendo.
Os estudos das áreas da Psicologia e da Literatura mostram como fator importante também
em conjunto com o docente, o desenvolvimento é mais fácil, porém muitas famílias não participam
da vida pedagógica de seus filhos, deixando esta parte apenas para a escola.
Os contos de fadas carregam a bateria da autoestima das crianças, tendo grande importância
na sua formação (...), ou seja, (...) a sua linguagem metafórica que permite a criança projetar-
se em diferentes personagens e situações. (2012, p. 4).
irão exercitar as relações de causa e efeito em relação ao personagem mal que terá um fim ruim, e
o protagonista que é bondoso e, mesmo passando por diversas dificuldades, consegue vencer no
256
Os autores ainda dizem que:
criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo
sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender sua própria realidade” (FARIAS
histórias individuais e coletivas durante a narração para que as crianças inventem suas próprias
histórias, o uso de dinâmicas em grupo, a realização de peças teatrais e danças, por exemplo,
coloca a mente dos pequenos para refletir, o que auxilia no processo de apropriação do imaginário.
Dessa forma, há grande relevância ao trazer para a nossa reflexão como a literatura infantil
pode contribuir no desenvolvimento das crianças que cursam a Educação Infantil em um ambiente
repleto de descobertas e encontros vindos dos contos juntamente com o prazer oferecido pela
leitura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
têm um papel primordial para o ensino da leitura e a formação da criança, visto que estas histórias
O interessante dos contos de fadas é que eles fazem com que a magia, o fantástico e o
imaginário, vagarosamente, deixem de ser vistos como pura fantasia, para que comecem a fazer
parte da vida diária de cada um, até mesmo dos adultos, ao permitirem se transportarem para este
A descoberta por um mundo diferente, com fantasias e magia, faz com que as crianças
vejam que tudo é possível, fazendo-as acreditarem em um mundo melhor, em que o bem sempre
Diferentemente da realidade, nas histórias não existe um padrão, ou seja, existem cavalos
voadores, animais que falam, entre outros. Durante o conto, percebemos que as crianças se
concentram na leitura, e viajam neste mundo mágico, cheio de descobertas. Após a leitura elas
257
querem ser um personagem do conto, permitindo que nas brincadeiras elas vivem esse personagem,
A maior dificuldade é fazer com que a criança saia do mundo real e viaje na imaginação,
pois muitas vezes é complicado explicar para ela como um animal pode falar no conto e na realidade
não.
Observamos que não é preciso esperar pela Educação Infantil formal para envolver as
crianças na leitura dos contos de fadas. Os pais e familiares não só podem, como devem, no
ambiente familiar, mergulhar os pequenos no mundo mágico da literatura infantil, para que a criança
O trabalho com a leitura mostra como as crianças evoluem no saber, pois após alguns dias
eles já demonstram mudanças no cotidiano, como ajuda aos coleguinhas da classe e arrumação
da sala de aula. Para eles a imaginação é a melhor forma de aprender, sendo com a criatividade
O retorno aos educadores mostra que, através da contação de histórias, na realização dos
baseados no conto, e, independentemente da idade da criança, cada uma a seu modo reproduz
correção aos coleguinhas, maior concentração nas atividades em geral, melhor envolvimento com
seu grupo de sala, empolgação na realização das lições e maior facilidade no desenvolvimento
delas.
A proposta do trabalhar na Educação Infantil com a utilização dos contos e histórias parte
na prática educativa.
forma mais lúdica, desenvolve questões mais didáticas, tais como de compreensão, estrutura
258
textual, interpretação, leitura, segmentos da língua escrita, raciocínio etc.
Sabe-se que o aluno tem imenso potencial para a compreensão das histórias e para relacioná-
las a sua vida e contexto em que está inserido. Visto que ele utiliza sua percepção temporal, é crítico
e reflete sobre o que aconteceu na história, sendo capaz de associar os personagens com o mundo
real, absorvendo dessa forma muitas lições que contribuem no decorrer de seu desenvolvimento
intelectual, moral, social e criativo; tornando-o um adulto com muito mais facilidades diante das
259
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A ARTE E A HISTÓRIA NA CONSTRUÇÃO DO CIDADÃO
A PARTIR DOS CONCEITOS HISTÓRICOS
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo nos levar a uma reflexão sobre a Arte e a História na construção do cidadão a partir
dos conceitos históricos, bem como ampliar nossa linha de conhecimento prévio sobre ensino da História e da Arte
como disciplinas nas escolas, introduzindo-as cotidianamente nas salas de aulas, de uma maneira concisa e objetiva.
Sobre a construção do cidadão, é importante deixar claro que a formação do ser humano está sempre ativa, na qual
ele aprende e passa a conviver harmoniosamente com a cultura social de um determinado povo ou nação. Assim, aos
poucos o professor na sala de aula pode ir construindo cada área do conhecimento, haja vista que é imprescindível
que se compreenda a importância tanto da História como da Arte na formação social dos seres humanos onde quer
que seja. Ainda é importante ressaltar que os alunos fazem parte de sua própria trajetória na História através da Arte,
e consolida ações que promovem uma maior contribuição na transformação social deles. Não obstante da realidade
vivenciada nas salas de aulas ou até mesmo fora dos ambientes escolares, vislumbrar a Arte qualifica o processo
de aprendizagem em si mesma, e garante de forma objetiva o seu aprendizado. Por isso, devemos levar em conta
a realidade social encontrada em cada aluno, para assim ir ampliando o seu conhecimento, fortalecendo pequenos
vínculos, a fim de explorar e coletar informações de seu histórico social, que na prática traduz pontos estratégicos a
serem trabalhados paulatinamente pelos professores. Será a partir dos conceitos históricos e sociais que a Arte se
encaixa, através do reconhecimento histórico e artístico, capaz de não só ampliar, mas, proporcionar uma consciência
crítica e analítica de cada situação histórica atual ou do passado, quer seja através da Arte ou da própria História.
INTRODUÇÃO
Como sabemos, o professor é de fato o centro de ensino de todas as disciplinas, porém cada
abordagem, cada ação precisa ser pensada com bastante cautela, haja vista que é imprescindível
que elas facilitem a compreensão dos alunos em uma sala de aula. E isso não é diferente quando se
refere a duas disciplinas de aprendizagem mais importantes dentro de todas as ciências humanas:
A intenção de apenas informar algo aos indivíduos vai muito mais além que a própria
261
história da arte, e aqui se fará menção dos seus conceitos que prezam pela construção do cidadão
em si, pois caracteriza uma amplitude de informações precisas com relação aos acontecimentos
contudo para isso se faz necessário possuir um olhar atento a tudo o que está acontecendo em
real intuito de formar cidadãos não meramente comuns, mas capazes de compreenderem o seu
passado, desvendando semelhanças históricas entre elas, na qual uma se encarrega de apontar
trajetória arcaica e antiga, podendo ambas demonstrarem conexões diretamente com o passado,
diferença, embora elas se complementam. Fatos ou acontecimentos históricos podem vir carregados
de pigmentos artísticos em sua composição, e passar isso para outros indivíduos é uma tarefa de
profissionais da área, ou seja, os professores tanto de Arte quanto de História precisam calçar as
Será a partir do conhecendo do nosso passado que passaremos a entender um pouco sobre
existentes em nossa sociedade, que será capaz de transmitir um conhecimento vasto sobre o
É pouco provável que não faremos uma reflexão detalhada sobre essa disciplina, porém,
262
ficará evidente de que destacar diretamente a matéria de História como sendo um marco de
informações pontua corretamente o que aprendemos sobre ela, haja vista que toda a informação
que em tese está presente em nosso dia a dia fomenta de forma real o acesso de acontecimentos de
nosso passado. Somos história de nosso próprio passado, e nosso futuro dependerá da construção
[...] a função da História é dotar de identidade a diversidade de seres humanos que formavam
a tribo, o povo, a pátria ou nação. Sendo assim, a História apresenta como era formada e a
diversidade de cultura e cotidiano de diversas localidades. (1997, p. 67).
Todavia a História como disciplina nos revela claramente que ela é capaz de nos remeter
históricos necessários para uma melhor compreensão do hoje. E será também através dela que
da formação dos povos e da própria cultura pelo mundo afora ou em nossa sociedade.
[...] tempo histórico acompanha os ritmos das transformações sociais: umas são mais rápidas
e outras mais lentas. O tempo histórico não se confunde com o tempo cronológico, pois a
cronologia é apenas uma ferramenta usada para organizar os fatos históricos no tempo.
(2009, p. 11).
É possível colher informações contidas nela, na qual conseguiremos destacar como ela
é de fato importante para a formação social dos seres humanos, indispensável na construção da
cidadania. Em outras palavras, o desenvolvimento humano já vem com uma bagagem repleta
de informações do passado, por isso conhecer um pouco mais sobre os processos históricos da
humanidade é necessário.
maneira que ele seja interlocutor de si mesmo, isto é, uma intermediação capaz de levá-lo a uma
compreensão muito mais severa das diferenças sociais e históricas existente. Contudo, é evidente
que através da história estaremos preparados para intermediar outras ações que componham
diretamente as mudanças da sociedade atual, voltadas não somente para o passado, mas com um
molhar ainda mais atento para o futuro dessa sociedade capitalista, que podemos ou não discordar.
Segundo Rocha “discordar ou defender um ponto de vista diferente é muito difícil para
263
aqueles que têm à sua disposição apenas as informações passadas pelo mestre ou contidas no
Entre outras palavras, os professores são os protagonistas dessa ação em todo o momento
da vida do aluno, pois transmitem de forma agradável a melhor compreensão dessa disciplina. O
mestre transporta juntamente com o prévio conhecimento dos indivíduos as riquezas encontradas
ao longo dos anos. Porém, hoje, elas não são trazidas à tona em uma simples sala de aula, o que
muitas das vezes se pode configurar como um certo despreparo do profissional, ou não há na
verdade uma intencionalidade em se explicar o que ocorreu na antiguidade de forma mais vívida.
Dessa maneira poder estruturar o ambiente educacional para se ampliar o significado de nossa
história é imprescindível, pois muitos campos históricos ficam aquém das realidades em que se
Como já sabemos, a educação em si tem um caráter totalmente formador, que requer que
os professores forneçam aos seus alunos uma contribuição bastante significativa, e com a História
não é algo diferente, pois se compreende que em todo o processo de formação humana, a disciplina
de História crie um diálogo na construção da cidadania de uma maneira bem generalizada, ou seja,
que ela transmite o entendimento que reproduz o conhecimento real frente às demandas sociais,
as quais conseguem fazer com que os indivíduos possam alcançar os objetivos traçados desde o
A escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemática e orientada, aprendemos
a Ler o Mundo e a interagir com ele. Ler o mundo significa aqui poder entender e interpretar o
funcionamento da Natureza e as interações dos homens com ela e dos homens entre si. [...]
Ela deve ser o lugar em que praticamos a Leitura do Mundo e a Interação com ele de maneira
orientada, crítica e sistemática. (1997. p, 65).
A estratégia a ser utilizada para a prática corriqueira da disciplina de História vai muito mais
além dos livros didáticos, exigindo cada vez mais dos profissionais da área, que irão de maneira
satisfatória abordar situações reais em um ambiente educacional, abram espaços para que se
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[...] o processo de aprendizagem confunde-se com a iniciação à investigação, deslocando a
problemática da integração ensino pesquisa para todos os níveis de conhecimento, mesmo o
mais elementar. A pesquisa é assim entendida como o caminho privilegiado para a construção
de autênticos sujeitos do conhecimento que se propõem a construir sua leitura de mundo.
(2001, p. 29-30).
Partindo desse pressuposto, será através da História que se irá aos poucos gerar a
construção das identidades de um cidadão que entenda e compreenda de fato o seu verdadeiro
papel na sociedade. Contudo, é importante destacar que, na prática, a formação dos cidadãos
requer muito mais do que as simples aulas de História, mas que também vá de encontro com
o passado, cada vez mais fundo, buscando por informações que privilegie conhecer a nossa
curiosidade, mesclando entre outras concepções que nos façam enxergar o papel que cada ser
[...] o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar, transforma
seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que
o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses ensinamentos
de variadas formas. É uma reinvenção permanente. (2003, p. 71).
da identidade, que possibilita aos seus alunos certas interações que não comprometam todo o
seu aprendizado, mas que lapidem o seu conhecimento, partindo de um princípio básico entre
o professor e cada um deles, respeitando as diversidades existentes entre povos e nações, por
exemplo.
em sala de aula, promovendo uma ação que seja atrativa para o conhecimento de seus alunos,
bem como poder acompanhar todo processo de desenvolvimento social e cultural, tornando essa
disciplina libertadora, além de enriquecedora, com novas experiências históricas e que caibam
[...] colaborar para que o aluno aprenda a buscar informações, detectar as fontes atuais dessas
informações, dominar o caminho para acessá-las, aprender a selecioná-las, compará-las,
criticá-las, integrá-las ao seu mundo intelectual. (2010, p.68).
Outrossim o conhecimento prévio que cada aluno possui será avaliado por cada professor
em situações que demandem bastante atenção para que se norteiem com clareza a mediação a ser
realizada. Além disso é comum que construir um cidadão de uma maneira concreta precise salientar
265
projetos interdisciplinares com ampla visão aos conteúdos de história para assim possibilitar a
conquista de valores éticos, morais, sociais e culturais a ponto de se manifestar uma motivação
Refletir sobre a importância da arte não é uma tarefa muito fácil, porém diversos são os
autores que conseguem nos fazer compreender o que de fato ela é, e, ainda assim, ela, dentro de
um contexto social e cultural, traz consigo informações precisas e valiosas, assim como a História.
Ela vem carregada de conhecimentos do passado que podem ser vistos em toda parte do nosso
planeta.
Respiramos arte em qualquer lugar, bem como a história, pois elas fazem parte da cultura
ganhar muitos outros significados. Embora preservemos a nossa origem, somos testemunha ocular
de cada mudança na sociedade e fazemos sim parte de cada uma delas, mesmo que indiretamente.
conhecimento que, quando associado aos acontecimentos históricos da arte, passa a dar um novo
significado, subjetivo, àquilo que tão pouco conhece, agregando novos valores culturais sempre
que possível.
Na realidade a arte comporta um conjunto de crenças, costumes, ideias e valores, bem como
os artefatos, objetos e instrumentos materiais, que são adquiridos pelos indivíduos enquanto
membros de um grupo ou sociedade, podendo-se dizer que há realmente uma disseminação
de um jeito de agir, pensar e valorar a arte que é comum entre os habitantes de determinada
sociedade. (1995, p. 173)
expressamente exploradas através de teatros, museus, cinemas e ateliês, por exemplo. Essa
prerrogativa contextualiza a cultura popular de uma sociedade, que acaba por argumentar com
pressupostos históricos capazes de definir ainda que de maneira subjetiva os conceitos que serão
266
compreendidos por seus idealizadores no momento da apreciação dessas obras de arte.
Segundo Coli (2003, p. 64), “é importante se ter em mente que a ideia de arte não é própria
Na realidade a arte tem uma representação verdadeira não somente das culturas populares,
mas de tudo o quanto condiga com a história de uma determinada nação, sendo capaz de se
comunicar com todas as línguas e com todas as disciplinas, como é o caso na educação. No
entanto, ela se difere de todas, pois é a única que apenas em pequenos traços consegue nos fazer
refletir mais profundamente, dando interpretações mil, como de cada obra de arte que visualizamos
A arte também pode ser compreendida como um veículo importante de comunicação, pois
uma identidade social, bem como de cidadania também. A partir daí conseguimos entender no que
permeiam as estruturas da arte, no que a compõem. Como ela, consideravelmente, faz com que
o homem possa ampliar a sua aquisição do conhecimento daquilo que certamente desconhecia
anteriormente.
Conforme nos diz Buoro “a arte evidencia sempre o momento histórico do homem. Cada
época, com suas características, contando o seu momento de vida, faz um percurso próprio na
É somente a partir daí que o conceito artístico ganha um papel importantíssimo na sociedade,
ou seja, é compreensível e relevante o saber histórico dela para a transformação ideal de um simples
cidadão comum que conhece na realidade um pouco do seu direito social, embora esse mesmo
esteja condicionado ao conhecimento histórico da sociedade, que lhe dará autonomia, dignidade
e respeito, desempenhando com maestria seu papel nela, abordando de maneira detalhada cada
comportamento intuitivo, tornando-se então um cidadão que compreende sua interação com a arte,
Podemos afirmar que a Arte está diretamente ligada à História, e isso, desde muito cedo, pois
ambas fazem parte de nossa própria história de vida. Estão intrínsecas ao longo da nossa história
e por isso não podemos nos embasar apenas na interpretação, mas na certeza de explorarmos ao
uma aprendizagem tranquila e completa. Conclui-se assim, a partir dessas informações, que a
envolvidos em acontecimentos do passado, quer sejam por obras, quer sejam por fatos meramente
relevantes.
através da análise da produção artística de uma maneira geral, porém essa análise histórica da arte
em si deve ser fragmenta também com as transformações culturais existentes até os dias de hoje,
de sorte que muitos documentos históricos convencionais não comportam o entendimento das
sociedades desde os primórdios da humanidade. Contudo inúmeros elementos aos poucos vêm
sendo contextualizados com a construção pragmática do cidadão comum, que pensa, ouve, fala e
Todavia, como não se desenvolve efetivamente uma educação que se volte para a cidadania,
que forme cidadãos que sempre sejam capazes de escolher, isso representa um entrave que
tem sua origem na falsa ideia segundo a qual historicamente “o homem persegue o próprio
interesse tanto no mercado econômico como no político (2011, p. 12).
E, seguindo essa linha de raciocínio, identificamos que os homens desde o início estão
sempre à procura de algo que os completem, de sua essência enquanto ser humano. Assim passa-
se a ter uma interpretação iconográfica de sua própria existência, tornando-se distinto do mundo
e do universo que se vive, criando uma ruptura filosófica acerca da arte da história, influenciando
sociedade, nem tão pouco abreviar fatos ou acontecimentos tanto da arte quanto da nossa própria
Não os aspectos da vida social em si, mas o pensamento real do ser humano no momento de sua
formação, podendo até mesmo haver descredito no que lhe for apresentado.
Assim, se nós pretendemos contribuir para uma formação de cidadãos conhecedores da arte
e para que haja melhoria da qualidade da educação escolar artística e estética, é necessário
que organizemos nossas propostas de modo que a arte esteja sempre presente não só nas
aulas de arte e se mostre significativamente na vida das crianças e jovens. (1999, p.15).
Em contrapartida entende-se como processo histórico tudo aquilo que envolve pequenas
diversos povos, possibilitando perceber concepções estéticas que vão além dos limites do nosso
próprio conhecimento natural, esboçando comparação de diversos períodos históricos entre a arte,
a cultura e a história.
sua sobrevivência material, mas cultural e social também, e, versando sobre essa afirmação,
compreendemos que de uma maneira totalmente expressiva, a Arte e a História juntas para o
bem comum atraem cada vez mais adeptos capazes de ir a fundo buscar informações que sejam
Dessa maneira tal conceito nos permite abraçar diferentes culturas, e vivenciar o mundo que
nos cerca, revelando ações que estejam atreladas ao campo também das expressões artísticas de
um modo geral. Podemos nos tornar bastantes difusos e aptos para nos apropriarmos de diversos
um pensamento que possa expressar um modo real de se encarar a vida e o mundo na atualidade.
Segundo Schmidt:
O ato de se ensinar História é criar condições para que o aluno aprenda a andar com seus
próprios pés. Despertar o senso crítico para entender que o conhecimento histórico não é
269
adquirido como um dom e sim através de pesquisas, de redescobertas. (2004 p.57).
Para muitos, no entanto, ao se aprender História ou Arte pode parecer não ter um significado
que se baseie na informação contida em nosso passado, mas elas são reais, e existem, estão aí
para quem quiser estudar e aprender um pouco sobre cada uma delas, pois elas carregam em si
que relacionar estes vestígios com as informações obtidas ao longo de anos nos mostra que
podemos encará-las com mais grandeza e satisfação. Somos os protagonistas de cada uma delas,
não importa o que façamos em nosso cotidiano, sempre estarão lá. Crenças, costumes, valores,
tudo isso nos concede atentamente o que de fato aprendemos nos bancos escolares, ou seja,
aprendemos simplesmente o básico tanto de uma quanto de outra disciplina, porém é no dia a dia
que certamente ajudaram na construção do nosso planeta, o que é uma clara evidência dos fatos
que se desdobram no conceito social, e, que juntas, permeiam a nossa real atenção para uma
reflexão do que nós somos. O nosso olhar histórico interpretará de forma particular, sendo capaz de
dialogar com o próprio tempo, estabelecendo uma comunicação entre passado, presente e futuro.
se faz necessário entender todas as transformações ocorridas com elas ao longo dos tempos, e
para tanto é bom lembrarmos que ambas as disciplinas são imprescindíveis para a formação do
De acordo com Rocha: “os professores devem estar cientes de que o ensino de História
não deve ser, portanto, encarado como um produto e sim como um processo que admite diferentes
contidas em livros didáticos de Artes ou História, ficando muito aquém da necessidade do processo
educacional, porém podemos perceber que alguns professores dessas disciplinas em questão
270
tratam como ineficaz o método tradicional de ensinar, passando a utilizar outras maneiras de trazer
outros campos de informações para se trabalhar no ambiente educacional, não apenas tratando-as
retrata em si a garantia de uma proposta pedagógica que contemple o prévio conhecimento de cada
de informações oriundas de outros canais, tais como mídias, internet, visitação a museus, teatros,
Barbosa nos diz “o que a arte na escola principalmente pretende é formar principalmente
se sente à vontade para ministrar suas aulas, expondo com objetividade cada ação proposta, não
somente através de um currículo, mas sim na relação que ele estabelece e promove nesse ambiente
educacional, dando bastante autonomia aos seus alunos, além de fortalecer um diálogo desafiador
De acordo com que nos afirma Bloch “os professores devem estar cientes de que a História,
no entanto, não se pode duvidar disso, tem seus gozos estéticos próprios, que não se parece com
A diversidade cultural existente nesses espaços pode garantir uma maior compreensão,
o que é um fator primordial para a aprendizagem, haja vista que, tanto no ambiente escolar
271
como fora dele, podemos aprender um pouco sobre cada uma das disciplinas, e, a partir desse
Cabe ao professor promover uma interação que seja capaz de implicar na revisão de suas práticas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Faz-se necessário que o professor reconheça e amplie a sua função de mediador a partir
de narrativas históricas das disciplinas de História e Artes, a fim de promover uma correta formação
para a cidadania, visando contribuir com a geração de conhecimento, sempre focando nas
constante de reflexões que permitam proceder criticamente aos fatos e acontecimentos relevantes
Deste modo, é importante que utilizemos estratégias que não neutralizem o prévio
conhecimento, mas que tragam uma interpretação real dessas disciplinas, colhendo sempre que
possível novas informações sobre ambas. Tanto o ensino de História como de Artes é capaz de
contribuir de maneira eficaz para a formação de cidadãos aptos para o exercício democrático de
a reconhecer o quão importante é o estudo de História e Artes em nosso dia a dia, os quais
construção da cidadania. Formar um cidadão nato não é uma tarefa fácil, porém, quando utilizamos
as ferramentas certas a nosso favor, certamente alcançaremos bons resultados ao final de tudo.
Assim a mútua implicação entre História e Artes na formação da cidadania é parte integrante da
democracia, que atua não como coadjuvante, mas como ator principal dessa formação inicial, desde
muito cedo. Formar homens, sobretudo, que sejam aptos a conviver em sociedade é fundamental,
visto que estes são construtores de sua própria história e de tudo o que conhecemos historicamente
atualmente.
Passado e presente caminham quase que simultaneamente juntos, e por isso é inquestionável
uma formação que traga consigo a democratização, ou seja, a democracia se constrói com cidadãos
272
conscientes e que conhecem um pouco de sua própria história, de seu passado. No contexto
escolar isso acontece naturalmente, possibilitando ações que contemplem em especial elementos
convivência e o respeito mútuo, baseando-se na interação social cotidiana, porém não é somente
através das disciplinas, mas também na socialização que estas acarretam entre si, para que
assim possamos chegar a melhor aceitação que corresponda à construção da cidadania, gerando
Portanto, a formação de indivíduos vai muito além do que a própria disciplina, mas aborda
ocorrências históricas, abrindo espaço para a interlocução dos seres humanos em qualquer parte
do mundo. Por isso o saber histórico da Arte e da própria História vem carregada de informações
capazes de motivar cada vez mais o ser humano a novos conhecimentos de si e do outro.
273
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274
O ATO DE LER: LER, INTERPRETAR E PRODUZIR NA ESCOLA
RESUMO
Este artigo é parte de um trabalho maior de TCC sobre a leitura das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental.
Aqui é trazido a importância do ato de ler e da função da leitura como intermédio da evolução da produção escrita dos
alunos, além de mostrar o papel do professor enquanto agente da leitura e mediador da relação entre o texto e o aluno.
Este trabalho tem como finalidade retomar a questão da formação de leitores nos anos iniciais do ensino fundamental,
bem como apresentar as particularidades e as características de tal abordagem.
INTRODUÇÃO
Este presente artigo traz a exploração sobre o ato de ler e a forma como é trabalhado na
sala de aula. Afinal, deve-se considerar que as experiências, os saberes, as lógicas que as crianças
trazem ao entrar para a escola também são mais amplas que o domínio da língua escrita. Se
ainda não sabem ler e escrever as palavras escritas, sabem, porém, fazer leituras outras que lhes
permitem responder aos desafios cotidianos de uma sociedade letrada. Interagindo com os outros
mudanças sociais e culturais em torno da leitura e da escrita afetam diretamente a escola, que tem,
275
O ATO DE LER
A decifração de uma palavra surge naturalmente da “leitura” do mundo particular, visto que
os alunos não precisam memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua
significação precisa.
compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revelou uma visão mágica da palavra “escrita”.
percebem e são capazes de expressar verbalmente o objeto sentido e percebido. Pode-se dizer
que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas também por de
certa forma poder escrevê-la e transformá-la. Mas, antes da devolução, em forma de escrita da
palavra oral para o início do processo de compreensão, é necessário desafiar os alunos com um
representações de situações concretas possibilita uma “leitura” anterior do mundo, antes da leitura
da palavra.
dos alunos e não de palavras e temas apenas ligados à experiência do educador torna-o capaz de
interpretar e produzir. Como diz Freire (1992, p.15) “na medida em que nos tornamos íntimos de
nosso mundo, percebe-se e entende-se melhor a leitura, diminuindo os temores tornando-se mais
seguros de si”.
O que faz da leitura uma experiência desafiadora é o fato de que tanto quem escreve quanto
desempenham importante papel na escrita, por meio da produção de textos, resultando na formação
de cidadãos críticos.
bens culturais, a aprendizagem da leitura conduz ao ato de ler, tornando-se este a conquista mais
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importante da ação da escola nas séries iniciais.
Os textos são considerados uma rica mediação para manter viva na escola e fora dela,
permitem, pois, a troca de experiências e a vontade de comunicar-se, uma vez que eles trabalham
Sobre isto, Barbosa nos assegura que “a habilidade desenvolvida pelo ensino escolar da leitura foi
ultrapassada por um conjunto de estratégias diversificadas, adequadas a cada uma das situações
As atividades de leitura levam os alunos a refletirem sobre a importância desse ato e permitem
nas séries iniciais, etapa que a criança explora sua criatividade, dentro e fora do ambiente escolar.
instigue a vontade de aprender a ler, levando-o a tornar-se reflexivo e múltiplo, podendo caminhar
sabendo ouvir e compartilhar os momentos vividos na aula de leitura, explorando seu conhecimento
A leitura pode ser ouvida, vista ou falada e o texto escrito pode ser decifrado e decodificado
por alguém que traduz o escrito numa realização da fala. Visto isto, percebe-se que esse tipo de
A nossa cultura, durante muito tempo, se constituiu de livros escritos e da leitura silenciosa
visual (considerada até os dias de hoje por alguns profissionais como a verdadeira leitura),
preservando-se através deles. Mas mesmo assim, algumas instituições, como os conventos,
conservam desde tempos remotos o hábito da leitura pública, em que um leitor lê para a comunidade.
Hoje, até as poesias são lidas na solidão de cada um, e ninguém estranha que uma forma
linguística que nasceu para ser ouvida, por características rítmicas e melódicas, não seja mais
No entanto, não há dúvidas de que a leitura visual silenciosa é muito mais comum entre as
pessoas atualmente. Sua importância para a vida da maioria delas é muito maior que a dos outros
tipos de leitura. A leitura visual não só inibe o leitor por questões linguísticas, como permite ainda a
velocidade de leitura maior, podendo ele parar onde quiser e recuperar passagens já lidas.
percepção auditiva da fala. A leitura visual, falada ou silenciosa, além de pôr em funcionamento o
mesmo mecanismo de percepção auditiva da fala para a decodificação do texto, precisa pôr em
será possível alguém ler o texto se não for capaz de decifrar a escrita.
Uma criança que começa a ler encontra dificuldade semelhante. Ler é fácil para quem sabe,
é a palavra “casa”. “Casa” não é uma palavra fácil e se lê só porque é de uso comum na fala.
Mas enquanto texto, depois de decifrada, torna-se de fácil compreensão. É de fácil leitura para
quem sabe ler e avalia a dificuldade de leitura somente pela compreensão do texto. Zilberman nos
afirma que “além de visar fins educativos, a leitura oferece um manancial de ideias que fecundam
Uma criança na fase inicial da alfabetização traz um problema anterior que é dominar
as estratégias de decifração. Para ela, isso é o difícil. Se ela conseguir decifrar, compreender o
significado de “casa” é banal, porque ela é falante nativa dessa língua e a palavra lhe é muito
familiar.
A escola comete uma injustiça com os alunos não levando em conta essa dificuldade
apresentada, muito real e séria, que é a decifração na leitura. Está errado dizer que a leitura não é
decifração da escrita, ao exigir da criança que aprenda a ler desempenhando atividades que só o
leitor treinado e habilidoso domina. Visto isso, é bom pensar que os alunos precisam de um tempo
que é, para que serve, como funciona, o que é a ortografia etc., como também exige que o leitor,
feita a análise da escrita, remeta isso para o cérebro, a fim de proceder então à programação
Assim, o leitor poderá compreender o texto programado em muitos aspectos pelo escritor, e,
Por fala entende-se como a realidade linguística, a língua na sua plenitude de realização,
não considerando apenas os sons da linguagem. Afinal de contas, toda linguagem é constituída de
significado e significante.
Se nosso sistema de escrita refletisse pelo menos de maneira próxima uma relação unívoca
entre letra e som e marcasse os fatos mais importantes, sobretudo a sílaba e a tonicidade, seria
bastante razoável ler por sílabas, ou grupos de acentos frasais, por exemplo. Nesse caso, o leitor
278
seria treinado a produzir uma série de emissões do tamanho de uma sílaba, por exemplo, e a
encadeá-las numa velocidade cada vez mais crescente, até produzir uma leitura fluente.
Mas, num sistema de ensino como o nosso, treinar os alunos a ler encadeando sílabas é
Sem dúvida alguma, a maneira artificial, silabada, sem ritmo, sem entonação e sem uma
realização adequada dos segmentos fonéticos, na fala de muitos alunos no período de alfabetização,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa análise percebeu-se que há fórmulas pronta para o desenvolvimento da leitura, mas
que existem metodologias e fatores sociais que influenciam a formação de leitores. A atividade
com a leitura deve levar o aluno a refletir continuamente sobre esse uso e avaliar seu próprio
desempenho.
Por isso cabe aos professores tornarem possível o acesso a uma gama enorme de textos
com estruturas diversificadas, relacionados às várias áreas do conhecimento: jornais, revistas, livros
etc. Assim estarão incentivando a leitura, produção e interpretação da diversidade textual, como por
exemplo, o uso dos diversos gêneros textuais. É imprescindível que a leitura não seja condicionada
apenas ao ambiente escolar. Deve-se ler para se informar e manter-se informado, para consultas,
estudos e até mesmo para saber agir em determinadas situações. A leitura é também uma forma
279
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
ANDALÓ, Carmem Silva de Arruda. Fala professora: repensando o aperfeiçoamento docente. Petrópolis: Vozes,
2000.
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1992.
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ZILBEMAN, Regina. Leitura literária e outras leituras. In: Leituras práticas, impressos letramentos. Belo Horizonte:
Autêntica, 1999.
280
NOVAS ESTRUTURAS FAMILIARES E A CRIANÇA SEM LIMITES
RESUMO
Este artigo é parte maior de uma monografia que trata sobre a indisciplina na sala de aula, e se propõe a entender
quais são as causas dela e qual o papel da escola para agir com essas crianças no início das suas vidas escolares.
Aqui pressupõe o foco na realização dos pais sobre os filhos, visando compreender quais são os possíveis motivos do
desenvolvimento da indisciplina, desde antes da sala de aula. Estudos apontam que cerca de 70% dos professores
enfrentam (ou não sabem como enfrentar) a indisciplina em sala de aula, por isso é possível inferir que este é um
dos grandes problemas da educação na atualidade. Pesquisas bibliográficas de livros e artigos de estudiosos das
áreas da psicologia e educação, bem como o estudo de documentos federais, nortearam o desenvolvimento deste
trabalho. Os temas abordados foram divididos nas seguintes seções: Introdução, que justifica a necessidade de
discutir a problemática do tema e os objetivos pretendidos; Desenvolvimento, que apresenta a relação da formação da
família atual com o comportamento das crianças; e Considerações Finais, seção que encerra o trabalho, apresentando
algumas conclusões e instigando o leitor a pensar sobre o papel dos diversos agentes da educação.
INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe uma reflexão sobre a indisciplina escolar e o papel da escola.
Para isso, o presente estudo, realizado por meio de pesquisas bibliográficas de cunho
psicológico e didático, tem como objetivo analisar as variáveis presentes na formação das crianças
Podemos entender então que grande contribuição da educação deve ser para que o ser
humano conviva em sociedade de forma cidadã, sendo assim, respeitando normas, regras e leis.
Um “bom comportamento” deve ocorrer por entendimento e não por medo de castigo ou mero
conformismo.
Como esta criança será qualificada para o trabalho? Segundo Taille in Aquino (1996, p. 10)
281
Se entendermos por disciplina comportamentos regidos por um conjunto de normas,
a indisciplina poderá se traduzir de duas formas: 1) a revolta contra essas normas; 2) o
desconhecimento delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de
desobediência insolente; no segundo, pelo caos dos comportamentos, pela desorganização
das relações.
DESENVOLVIMENTO
Viver em família nos dias atuais tornou-se um verdadeiro desafio para todos os integrantes.
Isso porque, antigamente, apesar de terem seus problemas peculiares, os papéis eram muito bem
definidos, e, no geral, as famílias tinham a mesma estrutura: por meio do casamento, o homem e a
mulher se uniam e assumiam funções de pai provedor e mãe cuidadora e dona de casa que tinham
os seus filhos.
nos séculos XIX e XX, principalmente com o acesso da mulher ao mercado de trabalho, essa
De acordo com o Censo de 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Apesar da predominância ainda ser a família tradicional, composta por dois adultos de
sexo diferente e os respectivos filhos biológicos ou adotados, também ganhou destaque a família
extensa, que além dos elementos da família nuclear, integra outros familiares de diferentes gerações
(avós, noras, genros, tios, sobrinhos, etc.). Ainda há a família monoparental, compostas pela mãe
ou pelo pai e seus filhos, consequência do grande número de divórcios e produção independente;
a família reconstituída, que une filhos advindos de outras relações; a família formada por casais
relação entre pais e filhos. Com a crescente competitividade profissional, a inserção da mulher
no mercado de trabalho, a distância do percurso entre casa e trabalho, houve uma diminuição
O que mais prejudica a formação é que grande parte dos pais, ao encontrarem seus filhos,
querem compensar a própria falta atendendo vontades deles e evitando disciplinar, o que se podem
que muitos pais com filhos hoje adolescentes vêm de uma geração que pregou por muitos
anos a ideia de que a liberdade total era a melhor saída, contrapondo à ideia de repressão
sócio-histórica vivida por eles em sua juventude, o que acarretou em um juízo de valores
distorcidos, vindo de um radicalismo social para outro, sem fazer “escala” desta forma de
se educar. Não houve ponderação e consequentemente faltou um plano mediano que fosse
Outra condição a ser pensada é o exagero que os pais têm com relação aos traumas que
poderão causar, caso venham a ser mais enérgicos na educação dos seus filhos. Usar o bom senso
e algumas regras para estabelecer limites na educação infantil não arranca pedaço de ninguém.
Faz-se necessária a consciência de que para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança e
Assim, é na escola que essa criança se depara com as regras de convívio social e daí que
surgem os problemas. Segundo Aquino (1996, p. 45), a criança já deve possuir formação moral
para que este convívio com os primeiros adultos já apresente ordens externas ao ambiente familiar:
Por outro lado, cabe também à escola oferecer à família um suporte para lidar com estas
A família também está perdida em várias coisas (...) nós, da escola do século XXI, temos de
estabelecer uma parceria também com as famílias e fazer formação de pais e mães, porque
uma parte deles está desorientada. No nosso trabalho deve constar a parceria com a família,
porque ela não domina algumas coisas do dia a dia e fica refém.
Cortella (2014) ainda trabalha a ideia de disciplina em dois aspectos: a disciplina como
conduta, em que é formada pelo relacionamento da criança com os adultos e que embasa a forma
dela se relacionar em outros meios sociais; e a disciplina como esforço, que reflete no ambiente
pela falta de convivência e a segunda por poupar as crianças e jovens de atividades e obrigações
em casa.
micro-ondas, por exemplo. Os pais não querem desgastar os filhos com trabalhos domésticos,
seja porque fizeram ao longo da vida e não querem que os filhos “sofram”, seja por compensação
da ausência com o livramento das obrigações, ou mesmo pela família ter obtido certa ascensão
econômica e social devido à mãe no mercado de trabalho, podendo assim suprir as necessidades
exposição excessiva às tecnologias. Uma das compensações que muitos pais acabam fazendo é
a permissão ao acesso exagerado aos jogos, filmes, desenhos, conteúdos virtuais etc. A liberdade
em se fazer o que gosta é uma grande concorrência a obter a disciplina e responsabilidade das
Além disso, a superestimação que estas crianças e jovens sofrem com o uso de tecnologias
criou nesta geração, de acordo com Cortella (2014, p. 70), “(...) pontos positivos: instantaneidade,
velocidade, senso de urgência. E tem um ponto negativo muito evidente, que é a ausência de
paciência”.
É preciso sim que os pais ensinem os filhos a terem respeito e responsabilidade e a grande
questão familiar está em adotar um estilo de educação ponderado. Pois, de acordo com Aquino
(1996, p. 98), da mesma maneira que existe a permissividade também há o excesso de autoridade,
As crianças que recebem uma educação familiar autoritária tendem a manifestar, entre
outros aspectos, obediência e organização, mas também maior timidez, apreensão, baixa
autonomia e autoestima. Como são privadas de entender as justificativas para as normas
que lhe são impostas, tendem a orientar suas ações de modo a receberem gratificações ou
evitarem castigos, demonstrando que os valores morais foram pobremente interiorizados.
Os filhos de pais permissivos, apesar de mais alegres e dispostos que aqueles que recebem
uma educação autoritária, devido às poucas exigências e controle de seus pais, tendem
a apresentar um comportamento impulsivo e imaturo, assim como dificuldade em assumir
responsabilidades. Já os que recebem uma educação democrática, além de apresentar
significativo autocontrole, autoestima, capacidade de iniciativa, autonomia e facilidade nos
relacionamentos, tendem a demonstrar que os valores morais difundidos em sua família
foram interiorizados: parecem ser capazes de assumir determinadas posturas por seus
valores intrínsecos e não pelo temor às sanções externas.
A ponderação na educação por parte dos pais norteia a capacidade dos filhos de entenderem
e considerarem os limites como pontos de parada ou pontos de superação. La Taille (2000, p. 12)
Limite não deve ser pensado apenas como ponto extremo, como fim, como limitação. Não há
dúvida de que esse é um de seus significados, mas apenas um, apenas um lado da fronteira.
Limite significa também aquilo que pode ou deve ser transposto. Toda fronteira, todo limite,
separa dois lados. O problema reside em saber se o limite é um convite a passar para o
284
outro lado ou, pelo contrário, uma ordem para permanecer de um lado só. Ora, na vida, e na
moralidade, as duas possibilidades existem: o dever transpor e o dever não transpor.
De acordo com a psicologia do desenvolvimento, por volta dos três anos, a criança exibe
e a sedução em favor do que ela deseja de imediato, como por exemplo, quando se recusa a tomar
Esse comportamento é entendido como uma tentativa de diferenciar-se dos outros para
construir a sua identidade. Nesta fase, os responsáveis pela criança precisam ser claros e firmes
A criança, que tem uma referência familiar positiva de autocontrole, enfrenta melhor as
situações de limites e frustrações tão presentes na vida. Nesses momentos, ela constrói parâmetros
internos para lidar com os conflitos, perdas e negações, criando condições emocionais para o
Do contrário, crianças que são sempre atendidas em seus desejos, quando inseridas no
contexto social, têm dificuldade com regras e normas e não conseguem perceber o outro. São
imediatistas e não sabem se planejar, impactando diretamente nas suas relações, bem como na
Tal situação é comum e é clara quanto às dificuldades existentes para todas as partes:
do aluno, que precisa e não tem a educação fundamental de ser acompanhado em casa por seus
responsáveis; dos pais, que não têm tempo e sentem a dificuldade de se ampliá-lo conforme o tempo
passa, desestimulando-os cada vez mais a lidar com esta situação; e, para a escola, que acaba
arcando com tal responsabilidade, sem ter estrutura para isso. A situação destas várias crianças e
de suas famílias é caótica, não existindo meio termo para classificar o que se passa nesta inversão
de valores, na qual inexiste a educação pautada em acompanhamento e com limites. Muitos pais
creem que o tempo dará jeito na questão, deixando à sorte o futuro de seus próprios filhos.
com uma educação, portanto, é preciso arregaçar as mangas e assumir o papel de orientador, de
guia, de educador. Começar, antes tarde do que nunca, a se envolver neste processo importante
e determinador da vida do ser humano, cavando tempo e espaço para esta empreitada. Outros
benefícios virão naturalmente, como um maior sentimento de amor próprio, e em muitos casos, a
unidade familiar.
285
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as abordagens feitas neste estudo, é necessário observar que cada criança/
aluno como um sujeito único pertencente a uma cultura e história. Sujeito este que leva para a
Entender qual o papel dos pais e da escola é imprescindível para construção de um futuro
melhor, pois as crianças de hoje serão os adultos de amanhã. Se não houver um acompanhamento,
um trato, um cuidado para com elas no hoje, adultos problemáticos, com diversas questões, desde
sociais, a econômicas e psicológicas, surgirão. Isto tornar-se-á super negativo para o aluno, visto
que socialmente e individualmente ele não terá estrutura para se construir, se desenvolver da
melhor forma; não se entenderá, terá dificuldades para lidar com diversas situações e poderá não
ter uma vida que seja satisfatória e positiva a si e a outrem, principalmente os presentes dentro do
Lembrar da potência que os pais têm é necessário, pois os permite pensar sobre as
responsabilidades que têm sobre os seus filhos. Mas também compreender que a escola é um
agente possível de ajuda aos responsáveis faz-se necessário. A escola, neste caso, ganha uma
força muito relevante e motriz para o melhoramento da sociedade como um todo, e da comunidade
a que ela serve. Contudo é sempre bom entender que cada um deles têm o seu papel e deve-se
colocar à frente para atuá-lo, mirando a construção de um futuro melhor e mais ético.
286
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.html>. Acesso em: 06/09/2017.
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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf>. Acesso em 06/09/2017.
Referêncial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Formação pessoal e social. Ministério da Educação.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf>. Acesso em 07/09/2017.
287
DIFERENTES TIPOS DE DEFICIÊNCIAS E SEUS DESAFIOS
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que foi dividido em três publicações. A primeira se trata deste artigo. Já a
segunda e terceira publicação sairá em abril e maio de 2021 pela revista Desenvolvimento Intelectual. Esta pesquisa
iniciou a partir de levantamento bibliográfico. O objetivo central deste artigo é apresentar um breve relato sobre os
diferentes tipos de deficiências e suas limitações. A história do deficiente mostra que anos atrás e ainda hoje, as
pessoas portadoras de deficiências eram e continuam sendo marginalizadas e excluídas da sociedade por conta de
sua deficiência. Sendo assim, daqui partiremos para a abordagem de inclusão dessas pessoas na educação.
INTRODUÇÃO
Além de fatores genéticos o que contribui para a formação do ser humano são as condições
físicas e sociais que lhe são oferecidas, isso faz com que cada indivíduo se torne um ser único.
Sendo assim, é sempre importante termos pelo menos uma noção, dos diferentes tipos de
deficiências físicas para que possamos compreender o quanto alguma delas podem ser limitantes
Infelizmente, quando não se há compreensão das coisas, essas cosias acabam se tornam
objetos de preconceitos ante a sociedade que preza a perfeição. Nascer diferente, ou acabar se
tornando diferente por causa de algum circunstancial acidente acaba se tornando um desafio maior
para ser aceito em sociedade antes mesmo de ser aceito por si mesmo como suas limitações e
condições. Com isso, fica evidente que a forma mais eficaz de acabar com o preconceito é termos
plena consciência de que cada pessoa é um ser único, dessa forma, todos somos diferentes.
A inclusão escolar é uma forma de lutar contra o preconceito, pois essa é uma maneira
de proporcionar o convívio entre o “diferente” e o “normal” e é esse convívio que segundo Crochik
Educação especial define como pessoa deficiente “especial” aquela que “... por apresentar
necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens
curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias
educacionais específicas”.
TIPOS DE DEFICIÊNCIAS
DEFICIÊNCIA FÍSICA
se em paralisia ou paresia.
interrupção funcional ou orgânica em um ponto qualquer da via motora, que pode ir do córtex
cerebral até o próprio músculo; fala-se em paralisia quando todo movimento nestas proporções é
impossível.
O termo paresia refere-se quando o movimento está apenas limitado ou fraco. O termo
paresia vem do grego PARESIS e significa relaxação, debilidade. Nos casos de paresias, a
motilidade se apresenta apenas num padrão abaixo do normal, no que se refere à força muscular,
289
precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular localizada, ou seja,
Dependendo do número e da forma como os membros são afetados pela paralisia, foi
o Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e outras.
o Lesão medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de
e outras.
o Câncer;
DEFICIÊNCIA VISUAL
resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/
290
ou cirúrgico e uso de óculos convencionais.
A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que compõem
o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira).
o indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das
suas respostas visuais, mesmo após tratamento e/ ou correção óptica convencional, e
uma acuidade visual menor que 6/ 18 à percepção de luz, ou um campo visual menor que
10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão
para o planejamento e/ ou execução de uma tarefa.
visual:
CEGOS: têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão e precisam
aprender através do método Braille e de meios de comunicação que não estejam
relacionados com o uso da visão.
Portadores de VISÃO PARCIAL: têm limitações da visão à distância, mas são capazes
de ver objetos e materiais quando estão a poucos centímetros ou no máximo a meio
metro de distância.
Portadores de VISÃO REDUZIDA: são considerados com visão indivíduos que podem ter
seu problema corrigido por cirurgias ou pela utilização de lentes.
Causas
a amplas categorias:
o Doenças infecciosas;
o Acidentes;
o Ferimentos;
o Envenenamentos;
o Tumores;
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões
Zero audiométrico (0 dB N.A) refere-se aos valores de níveis de audição que correspondem
à média de detecção de sons em várias freqüências, por exemplo: 500 Hz, 1000 Hz, 2000
291
Hz, etc.
Considera-se em geral que a audição normal corresponde à habilidade para detecção de
sons até 20 dB N. A (decibéis, nível de audição).
Qualquer problema que ocorra em alguma das partes do ouvido pode causar uma deficiência
na audição. Deficiência auditiva é o nome usado para indicar uma perda de audição, ou seja, uma
Deficiência Auditiva:
bastante adequada.
Causas Adquiridas:
o Tampões de cera;
o Corpos estranhos;
o Otites;
o Perfurações Timpânicas
o Traumatismos;
o Distúrbios glandulares;
o Deficiência de vitamina D.
Nos países desenvolvidos há uma proporção de uma criança surda a cada mil nascimentos,
em países em desenvolvimento, esta proporção é de quatro crianças para mil nascimentos. Além
disso, observamos que em países desenvolvidos 60% de causas genéticas e 40% de causas
Normal: 0 a 25dB
292
Perda Leve: 26 a 40db – escuta qualquer som desde que esteja um pouco mais alto.
Perda Moderada: 41 a 70db – falta muito “hein”, dificuldade no telefone, troca fonética.
sonora.
Perda Severa: 71 a 90db – não escuta sons importantes do dia-a-dia: fala, campainha,
telefone e TV. Escuta apenas sons fortes. Grande prejuízo na aquisição de linguagem, necessitando
Perda Profunda: 91 em diante – escuta apenas os sons graves que transmitem vibração
um funcionamento global inferior a media, junto com limitações associadas em duas ou mais das
diagnóstico é imprescindível que a Deficiência Intelectual se manifeste antes dos 18 anos. As áreas
natureza episódica, ou seja, a pessoa nem sempre está precisando de apoio continuadamente,
mas durante momentos em determinados ciclos da vida, como por exemplo, na perda do emprego
ou fase aguda de uma doença. Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa intensidade.
o Limitado: Apoios intensivos caracterizados por sua alguma duração contínua, por tempo
limitado, mas não intermitente. Nesse caso incluem-se deficientes que podem requerer um
nível de apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, o treinamento do deficiente
para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios durante o período entre a escola,
pelo menos em alguma área de atuação, tais como na vida familiar, social ou profissional.
Nesse caso não existe uma limitação temporal para o apoio, que normalmente se dá em
longo prazo.
293
o Generalizado: É o apoio constante e intenso, necessário em diferentes áreas de atividade
da vida. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal e maior intromissão que os apoios
Ainda baseada na capacidade funcional e adaptativa dos deficientes, existe uma outra
o Dependentes: geralmente QI abaixo de 25; casos mais graves, nos quais é necessário
o Treináveis: QI entre 25 e 75; são crianças que se colocadas em classes especiais poderão
treinar várias funções, como disciplina, hábitos higiênicos, etc. Poderão aprender a ler e
o Educáveis: QI entre 76 e 89; a inteligência é dita “limítrofe ou lenta” e estas crianças podem
especial.
Inúmeras causas e fatores de risco podem levar à Deficiência Intelectual, mas é muito
importante ressaltar que muitas vezes não se chega a estabelecer com clareza a causa da
Deficiência Intelectual.
Fatores de Risco e Causas Pré Natais: São os fatores que incidirão desde a concepção
o Desnutrição materna;
o Má assistência à gestante;
294
de down, síndrome de matin bell; alterações gênicas, ex.:erros inatos do metabolismo
Fatores de Risco e Causas Peri-Natais: São os fatores que incidirão do início do trabalho
Fatores de Risco e Causas Pós-Natais: Aqueles que incidirão do 30º dia de vida até o final
(chumbo, mercúrio);
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que muitas vezes não as incapacitam, ou provocam desvantagens para determinada atividade,
mas geram inferioridades individuais e coletivas. Essas deficiências sociais se apresentam como
desvantagens cruciais, uma vez que estereótipos e discriminações impedem que a pessoa
com deficiência tenha vida normal em sociedade. Uma das principais fontes de preconceitos é
população.
Por isso é primordial que tenhamos ao menos uma noção de suas limitações e desafios para
ajudarmos essas pessoas a enfrentarem esses desafios que por si só já são muitos e exaustivos.
295
Ajudá-las a combater a ignorância e os preconceitos existentes na nossa sociedade é um grande
trabalho, mas no fim podemos salvar vidas ou transformar essas vidas melhores. Isso pode ajudar
no âmbito educacional também, já que é o primeiro meio social em que somos inseridos, o que não
296
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TIBALLI, Elianda F. Arantes. Estratégias de inclusão frente à diversidade social e cultural na escola. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
297
A EQUIPE ESCOLAR NO ENFRETAMENTO DA
PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que serão publicadas em três partes. A primeira arte “A Violência Doméstica
Contra Crianças E Adolescentes No Brasil” foi publicada em janeiro de 2021 e a segunda parte, intitulada Reflexos Da
Violência Doméstica No Ambiente Escolar foi publicada em fevereiro de 2021 pela revista Desenvolvimento Intelectual.
Já a terceira e última refere-se a este artigo que tem o objetivo de compreender qual a função social da escola com o
aluno vítima de violência doméstica. Como educadores temos o dever de nos atentar a essa questão e buscar respaldo
da lei para proteger e zelar pelo bem-estar do aluno. No intuito de promover a prática pedagógica de caráter militante,
está pesquisa traz questões atuais e de suma importância para a formação do Pedagogo.
INTRODUÇÃO
A violência doméstica é uma problemática que afeta o indivíduo não apenas em seu cotidiano
doméstico, ela interfere na sua vida como um todo, inclusive, em sua formação académica.
De acordo com a lei, qualquer tipo de maus tratos contra crianças ou adolescentes é
Com isso, nós quanto educadores temos o dever profissional, moral e cívico com nossos
Mas apesar de ser assegurado por lei, alguns profissionais da educação desconhecem os
procedimentos usuais que devem ser tomados em casos de alunos vítimas de violência doméstica
Segundo Wolfe (2003) a precocidade com que crianças e adolescentes são vítimas de
298
violência, desencadeia uma série de consequências negativas para formação integral do sujeito.
crianças e adolescentes devemos nos atentar aos casos de negligência, abuso e maus tratos
contra essa categoria. No intuito de proporcionar um trabalho efetivo na consolidação dos direitos
fundamentais infanto-juvenil.
No primeiro artigo constatamos que o ECA desde sua implementação determina que
crianças e adolescentes são sujeitos de direitos. Esses direitos devem ter prioridade na formulação
Com isso, o sistema de garantia de direitos é formado por varas especializadas, promotorias
Partindo do princípio que a escola é parte integrante desse sistema de garantia de direitos
de crianças e adolescentes, é um dever cívico e moral da equipe escolar notificar quaisquer casos
Já neste artigo, iremos analisar a função da escola com crianças e adolescentes vítimas
análise de como o professor em sala de aula pode e deve atuar com esses alunos.
no seu processo de formação física, psicológica, cognitivo e social. Essa experiência negativa é
possível ser reconhecida através de comportamentos e ações do aluno, como ausências frequentes,
educando. Ao notar que o aluno sofre violência doméstica, a cautela, a discrição e a capacidade
de escuta, são passos essenciais para a proteção dessa criança. O professor deve ficar atento
aos indicativos de violência, tentar entendê-lo e não criticar. Interagir com o aluno de forma que ele
compreenda seu apoio. Estimular a presença dos pais na escola é uma forma também de envolver
Essa interação da família na escola pode servir de ferramenta para solucionar a questão,
desde que a violência cometida não esteja em um nível avançado de degradação física ou psicológica
299
da vítima. Os casos mais graves, onde haja risco iminente de morte ou violência sexual, devem ser
encaminhados para os órgãos responsáveis como veremos mais adiante neste capítulo.
Geralmente a criança sente-se segura no ambiente escolar. Essa ligação vai depender
do relacionamento que ela estabelecer com seu professor em sala e os demais. De acordo com
BELAND (1996) crianças que passam por situações de violência conseguem superar tais questões
adversas quando estabelece uma ligação com um adulto significativo que represente para ela
segurança e proteção. Nesses casos o professor é o mais procurado, por estar fora do ambiente
Paulo Freire (2011, p. 90) em sua obra Pedagogia da Autonomia faz uma reflexão assídua
sobre a pedagogia democrática que tem por finalidade a autonomia do educando, do sujeito:
O clima de respeito que nasce de relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a
autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o caráter
formador do espaço pedagógico.
Podemos então compreender que a relação que o educador estabelece com seus educandos
é de extrema importância para um trabalho pedagógico eficaz. Mas também para uma relação de
de respeito para com o outro, sua vida, sua história. Quando essa relação é bem estabelecida, o
aluno passa a entender que o professor não é apenas um porta-voz da aprendizagem, é alguém
fundamental para que haja um trabalho efetivo não apenas em sua aprendizagem, mas na
Em outra obra, novamente Paulo Freire (1995 p. 59) nos remete a prática docente de
Para tanto, é preciso que o educador esteja consciente do seu papel social junto a seus alunos.
integral do educando. Esse acordo inclui não apenas o ato pedagógico, mas também a
300
responsabilidade social.
contra crianças e adolescentes. Sua atuação, como vimos, deve ser pautada em preceitos éticos
A Fundação Orsa, entidade sem fins lucrativos idealizada pelo Grupo Orsa - um dos maiores
contra crianças e adolescentes. Neste guia a autora, Anna Christina Cardoso de Mello, doutora em
psicologia clínica, escolar e do desenvolvimento humano, aborda como os profissionais que lidam
com crianças e adolescentes devem enfrentar a questão da violência doméstica. Iremos aqui trazer
significado do sofrimento que ela traz e apoiá-la na revelação das violências sofridas: ao
revelar, eles se sentem mais frágeis, temem ser punidos ainda mais, e podem facilmente
voltar atrás em seus relatos se não lhes oferecermos apoio continuado e concreto, a
eficazes que realmente lhes sejam favoráveis e os protejam: algumas vezes, a criança e
retirados da família e levados para um lugar desconhecido (o que acontece muitas vezes),
Ser capaz de reconhecer os limites de sua função não se julgar onipotente, não agir
Saber lidar com o segredo profissional: não se omitir por desculpas ou pretextos baseados
com a vítima;
301
1- Sugere-se que a escola tenha um livro de registro para anotações dos comportamentos
considerados suspeitos, isso de certa forma alimenta a caracterização e relatos desse
comportamento.
2. O professor deve ouvir atentamente o relato da criança ou do adolescente. É de extrema
importância dar credito ao relato, pois a informação pode ser verídica e o aluno está
depositando sua confiança no educador.
3. Dizer a criança ou adolescente que agiu certo ao contar, para que não se sinta culpado, e
para entender que essa situação não é normal tão pouco tolerável.
4. Anotar o relato no livro de registros da escola, descrevendo os detalhes e de como a
criança se comportou no momento da conversa.
5. Após o caso relatado, encaminhar a direção da escola, que deverá juntar esses dados e
encaminhar as suspeitas para os serviços responsáveis.
Por muitas vezes a violência doméstica fica oculta, sendo mantida na obscuridade de
suas casas diante do medo e do constrangimento emocional. Crianças maltratadas têm uma
alta probabilidade de se converter em pais que também maltratam. Para que haja rompimento
deste ciclo é necessário que o sistema de garantia de direitos esteja articulado na identificação e
doméstica dos quais tenham conhecimento. Como educadores e cidadãos devemos cumprir com o
de identificar e trabalhar com o aluno vítima de violência doméstica. Elucidamos também que em
muitos casos o educando procura o professor para desabafar, dessa forma, cabe ao educador
escutar sem moralizar o relato do aluno e buscar respaldo com a equipe gestora para tomar as
medidas cabíveis.
Em sala de aula o professor deve ter um olhar sensível para com todos os educandos,
trabalhar sua afetividade com comprometimento. Pois dessa forma, com generosidade, consolida
Para tanto, o educador precisa conhecer a realidade do educando, e saber trabalhar com o
contexto em que o aluno está inserido, seja a miséria, a falta de acessibilidade, a violência e entre
Em situações como estas, o professor requer de novas estratégias para que a criança
se sinta integrada neste local de socialização que é a escola. Como o foco é o aluno vítima de
302
violência doméstica as atividades de interação, entre todos, no intuito de ajuda-lo não devem expor
a vítima, mas torná-lo parte integrante do grupo. Com isso, esperamos que o aluno se sinta cada
As atividades que serão apresentadas não estipulam uma mudança no currículo. Tais
propostas servem apenas como contribuição para a promoção do trabalho pedagógico com crianças
vítimas de violência.
Como atividade de interação podemos trabalhar com a dança circular que têm por finalidade
a aproximação entre os sujeitos, incentivar o indivíduo a expressar o que ele tem de melhor,
e a ajuda mútua.
A dança circular foi criada pelo bailarino alemão-polonês Bernhard Woisen com base em
pesquisas de danças folclóricas de diferentes povos. De acordo com Woisen o círculo é uma forma
geométrica perfeita e representa o espaço cósmico. As culturas antigas, mais ligadas a natureza,
A dança ocorre da seguinte forma: todos os integrantes fazem um grande círculo e dão as
mãos. Devagar e sem sair do lugar fazem movimentos sincronizados para um lado e para o outro,
durante a dança o professor pode abrir para um diálogo ou fazer como forma de dinâmica inicial.
Outra proposta, são os jogos cooperativos, que tem como elementos essenciais a
jogos o confronto é deixado de lado e o que realmente importa é jogar uns com os outros, fazendo
com que os integrantes desenvolvam certas aptidões como: o sentido de pertencer a um grupo,
ajuda mútua e a satisfação individual. A seguir, alguns jogos como: travessia, golfinhos e sardinhas,
• Travessia
O grupo será organizado em pequenos times que serão os barcos com aproximadamente
o mesmo número de pessoas que serão os tripulantes, sentados cada um numa cadeira, lado
a lado. Os barcos formarão o porto seguro como se fosse um grande quadrado, um barco não
pode encostar-se ao outro e todos ficam voltados para o centro. É indicado que seja um espaço
amplo e além das cadeiras utilizar um aparelho de som. Para que os participantes se sintam por
inteiro nesse jogo é interessante que o educador forneça um cenário. O primeiro desafio é sair do
303
porto seguro para o ponto futuro, os tripulantes devem atravessar para o outro lado do quadrado
cada um levando o seu barco (cadeira). Supondo que o piso corresponde às águas muito frias e
cheias de tubarões os barcos terão algumas condições para fazer a travessia como: nenhuma
parte do corpo pode tocar na água (piso), os barcos não podem ser arrastados. Após a chegada
dos barcos no ponto futuro, transformar esses quatro grupos em um único grupo a se posicionar
em ordem alfabética e todos realizarem a travessia, presumisse que todos estarão de pé em cima
das cadeiras, pedir para dar as mãos e como forma de comemoração mergulhar no oceano, que
agora estará aquecido pelo calor compartilhado durante a navegação enquanto as crianças fazem
• Golfinhos e sardinhas
Objetivo: Pegar e escapar. Salvar quem foi pego, ou não. Decidir continuar com o jogo ou
que está separado será o golfinho que ficará numa linha demarcada no meio do oceano (do espaço
que será utilizado), a golfinho só pode se mover para os lados e sobre essa linha As sardinhas têm
que passar para o outro lado sem serem pegas pelo golfinho, toda sardinha pega se transforma em
golfinho sobre a linha demarcada. Lado a lado e de mãos dadas, vão formando uma corrente de
golfinhos, lembrando que somente os golfinhos da extremidade que podem pegar jogo prossegue
assim até o número de golfinhos serem maior do que o de sardinhas, a partir daí os golfinhos
podem sair da linha a ir pegar as sardinhas restantes. Neste momento as sardinhas podem salvar
os golfinhos passando por debaixo de suas pernas e assim eles viram novamente sardinhas
Esta brincadeira tem como intuito o trabalho em equipe, aventura, iniciativa e interação
entre os componentes.
• Voleibol Infinito
Em uma quadra de vôlei, formar dois times e realizar o maior número de lançamentos
dentro do tempo estipulado, a bola não pode cair no chão se ela cair voltamos o tempo para o início,
Este jogo promove a confiança mútua e o respeito para com os limites dos amigos. Dessa
forma a criança percebe que pode pedir ajuda quando precisar e que quando o amigo precisar
304
contará com ele.
Objetivo: Terminar o jogo com todos os participantes sentados na cadeira que sobrar.
quando a música parar sentar nas cadeiras, quem não conseguir sentar na cadeira deverá sentar
no colo de algum amigo. Cada vez a música parar uma cadeira é retirada. O jogo só termina quando
Esta brincadeira visa o cooperativismo, pois como ninguém pode sair dela é necessário
Esses são alguns exemplos de jogos para que o professor utilize na socialização dos alunos
como um todo e especialmente como os alunos vítimas de violência doméstica, que como vimos,
extrema importância e enriquecimento para o trabalho pedagógico, dessa forma a equipe escolar
Para trabalhar com os alunos a temática violência doméstica contra crianças e adolescentes,
podemos articular projetos interdisciplinares que tenham por base o ECA. Dessa forma eles
entendem que são parte integrante da sociedade e têm leis que promovem seus deveres e direitos.
As atividades desenvolvidas com o aluno vítima de violência doméstica não podem ser
diferentes das atividades com os demais alunos. Com essa atitude o professor expõe o educando.
O que propomos é que o educador que tenha em sua sala de aula um aluno vítima de violência
doméstica busque métodos, brincadeiras, jogos, atividades, ludicidade em sua prática para promover
a interação desse aluno e fazê-lo perceber-se como parte integrante deste grupo.
de socialização e preparo do indivíduo para o convívio em sociedade. Para que haja efetivação
desses ensinamentos precisamos repensar nas nossas práxis e avaliar as atividades desenvolvidas
em sala de aula, para que os conteúdos ensinados tenham relevância e significação na construção
“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade
Este último subtítulo aborda quais as medidas cabíveis de toda equipe escolar nos casos
Para iniciar, vamos entender quais as principais atribuições do diretor escolar e coordenador
pedagógico.
Diretor:
e funcionários.
Coordenador Pedagógico:
de aula;
Podemos compreender que dentro do ambiente escolar o trabalho entre diretor coordenador
e professor é integrado. Com isso, cada um possui suas funções e juntos trabalham para garantir o
funcionamento da escola. Essa articulação é importante e estabelece uma linha de trabalho efetiva.
Para trabalhar o conceito violência doméstica dentro da escola, a equipe gestora pode
trazer esse tema nas reuniões com o grupo e propor palestras com representantes de ONGs,
Com esse embasamento teórico a equipe estará mais preparada para lidar com essa questão
e desenvolver trabalhos de prevenção com pais e alunos. Cabe a equipe gestora dar respaldo
306
para o professor lidar com situações adversas, neste sentido, propor reuniões de conscientização
é o primeiro passo. Agora que compreendemos as atribuições dos gestores e como eles podem
trabalhar com a equipe o tema violência doméstica, iremos trazer os parâmetros da lei e como eles
deverá procurar o Conselho Tutelar de sua região e comunicar os fatos. Estas providências estão
preconizadas na Lei 8.069, o ECA, em seu artigo 13, consubstanciados com os artigos 5°, 17 e 18.
ou Disque Denúncia;
Por escrito: relatório às autoridades competentes com o nome completo do aluno, data de
nascimento, filiação, endereço residencial e série que cursa, no qual a escola explica o que
Visita aos órgãos competentes: a direção da escola vai ao Conselho Tutelar ou à Delegacia
e relata o ocorrido;
TABELA 1
307
Quando há articulação entre as redes de proteção para criança e ao adolescente há
efetivação dos direitos dessa categoria. Com isso o gestor, o professor e toda equipe escolar deve
estar ciente dos parâmetros da lei e dessa rede de proteção, para promoção de um trabalho social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No início deste trabalho tínhamos uma questão central, o papel da equipe escolar diante
Compreendemos também que apesar da violência doméstica ocorrer dentro de casa, seus
isso, nós quanto educadores devemos ter um olhar sensível para diferenciar o mau desempenho
E para que haja efetivação no trabalho oferecido pelas escolas, é importante que toda
profissionais da educação em zelar, promover e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes.
309
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310
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Federal da Bahia, Salvador.
311
A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E A
NECESSIDADE DE SE LANÇAR NOVOS OLHARES PARA ESSA ÁREA
RESUMO
O objetivo desse artigo é fazer uma breve reflexão acerca do caminho percorrido pela educação especial no mundo
e principalmente no Brasil, de como a educação inclusiva brasileira buscou referência se utilizando de experiências
positivas na Europa e nos Estados Unidos, como a Legislação Brasileira vem evoluindo nesta questão, quais as
contribuições da tecnologia de um modo geral e por fim qual a necessidade de se lançar novos olhares para o tema.
INTRODUÇÃO
percorrido um longo caminho no mundo. Sendo assim, este artigo vai tratar essa temática com
o enfoque no Brasil. Além de pontuar a evolução da legislação brasileira na luta pelos direitos
de inclusão e aceitação de alunos especiais nas escolas, buscando mostrar a importância neste
DO TEMPO
por si mesmos, mostravam-se dependentes da tribo. Por este motivo, eram abandonadas a própria
312
sorte e em geral, essa atitude os levavam a morte. Porém, algumas evidências históricas sugerem
que algumas tribos demonstravam carinho e respeito pelos seus habitantes deficientes, levando-os
Na Roma Antiga, tanto os nobres como os plebeus tinham permissão para sacrificar os
filhos que nasciam com algum tipo de deficiência. Em Esparta e Atenas crianças com deficiências
física, sensorial e mental eram consideradas sub-humanas, justificando sua eliminação e abandono,
em Esparta, os bebês e as pessoas que adquiriam alguma deficiência eram lançados ao mar ou em
precipícios. Tal prática era coerente com os ideais atléticos, de beleza e classistas que serviam de
base à organização sociocultural desses dois locais, já em uma Atenas influenciada por Aristóteles
– que definiu a premissa jurídica até hoje aceita de que “tratar os desiguais de maneira igual
Dentre os povos da chamada História Antiga, os egípcios são aqueles cujos registros são
mais remotos. Os remanescentes das múmias, os papiros e a arte dos egípcios apresentam-
nos indícios muito claros não só da antiguidade de alguns “males incapacitantes”, como
também das diferentes formas de tratamento que possibilitaram a vida de indivíduos com
algum grau de limitação física, intelectual ou sensorial. Existem outras indicações de que no
Egito Antigo os portadores de deficiência não eram necessariamente isolados da sociedade,
sugerindo que a pessoa com deficiência se integrava em diferentes classes sociais, inclusive
constituindo família. Relatos adicionais mostram também que eles exerciam funções de
relativa importância social como pode ser observado em diferentes achados arqueológicos.
(KOZMA, 2006).
qual as pessoas com deficiência eram vistas e tratadas pela sociedade em geral e para contrapor-se
a lei Romana, vai ganhando força o conteúdo da doutrina cristã, voltado para a caridade, humildade,
amor ao próximo, justificando a ajuda aos mais carentes e desfavorecidos, dentre os quais, pessoas
com deficiência, dando início então aos primeiros hospitais voltados para o atendimento dessas
pessoas, desta forma, foram criadas instituições de caridade e auxílio em diferentes regiões,
como o hospital para pobres e incapazes na cidade de Lyon, construído pelo rei franco Childebert
no ano de 542 (Silva, 1987). A educação, nessa época, tinha duas vertentes de objetivos: uma,
de natureza religiosa, visava formar elementos para o clero. Outra, caracterizada por objetivos
específicos diferenciados, dependendo do local e dos valores assumidos pela sociedade, variando
Mais ou menos, por volta de 1650, em Londres, Thomas Willis descreveu, pela primeira
vez, a anatomia do cérebro humano e afirmou que a idiotia e outras deficiências eram produto
de alterações na estrutura do cérebro. Esse evento deu início a uma mudança na visão sobre os
distúrbios apresentados pelos deficientes mentais. A abordagem deixou de ser ética e humanitária,
313
até mesmo fanático religiosa, dando lugar aos argumentos científicos, não era mais possível negar
a responsabilidade social e política em relação a esse grupo de pessoas. No entanto, ainda não
se fala sobre a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade ou na escola junto com outras
No século XVII, John Locke (1632 - 1704) Filósofo inglês, médico e ensaísta revoluciona as
doutrinas vigentes sobre a mente humana e suas funções. Ele definiu o recém-nascido e o idiota
como “tabula rasa” (o comportamento como produto do ambiente, que possibilita as experiências)
e via, então, a deficiência como a carência de experiências. Advogava que o ensino deveria suprir
essa carência. Locke influenciou Estevan Bonnot De Condillac (1715 - 1780) Maior filósofo do
Iluminismo francês. que deu uma formulação psicológica à teoria de seu mestre. A estátua de
esta que embasaria sua teoria de aquisição de ideias. A partir daí, sugere-se como aparecem os
eventuais atrasos no desenvolvimento. No século XIX na França, Jean Itard elaborou o primeiro
programa sistemático de educação especial, sendo assim considerado o pai da Educação Especial,
Fonseca (1995). A primeira experiência realizada por ele foi em 1800, quando investiu na tentativa
& Oliveira (2002), Victor seria possuidor de uma deficiência, porém pensava [Jean Itard] que essa
pudesse estar relacionada com seu modo de vida precedente, em uma floresta junto apenas de
animais, sem qualquer contato com seres humanos. Esse tipo de vida teria provocado um estado
A história da Educação Especial no Brasil foi determinada, pelo menos até o final do século
XIX, pelos costumes e informações vindas da Europa. O abandono de crianças com deficiências
nas ruas, portas de conventos e igrejas era comum no século XVII, que acabavam sendo devoradas
por cães ou morrendo de frio, fome ou sede. A criação da “roda de expostos” em Salvador e
Rio de Janeiro, no início do século XVIII e, em São Paulo, no início do século XIX, deu início a
institucionalização dessas crianças que eram cuidadas por religiosas. O Hospital Juliano Moreira
314
em Salvador, Bahia, fundado em 1874 é considerado como a primeira instituição para atendimento
às pessoas com deficiência mental, a influência da Medicina na educação destas pessoas perdurou
até por volta de 1930. Atrelada aos pressupostos higienistas da época, o serviço de saúde do
governo orientava o povo para comportamentos de higiene e saúde nas residências e nas escolas.
Dentro desse princípio, a deficiência mental foi considerada problema de saúde pública e foi, então,
criado o Pavilhão Bourneville, em 1903, no Rio de Janeiro, como a primeira Escola Especial para
Crianças Anormais. Mais tarde, foi construído um pavilhão para crianças no Hospício de Juquery.
A Medicina foi sendo gradualmente substituída pela Psicologia e a Pedagogia. Agora não mais
grandes centros. No geral, as crianças com deficiências continuavam sendo cuidadas em casa ou
pedagógico criando uma equipe multidisciplinar para trabalhar com as crianças com deficiência.”
processo de popularização da escola primária. Neste período, o índice de analfabetismo era de 80%
Acabou criando os serviços de diagnósticos e classes especiais nas escolas públicas desse estado,
que depois se estendeu para outros estados. A influência do movimento escolanovista na Educação
do nosso país, ainda que defendesse a diminuição das desigualdades sociais, ao enfatizar o
contribuindo para a exclusão dos diferentes das escolas regulares, até mais da metade do século
implantação de escolas especiais mantidas pela comunidade e de classes especiais nas escolas
públicas para os variados graus de deficiência mental. Houve, também, pouca preocupação com
em desempenho escolar ruim, como o sistema público não dava conta da demanda, observou-se,
315
a partir de 1960, o crescimento das instituições de natureza filantrópica, sem fins lucrativos, as
APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) que ofereceriam atendimento aos casos
Também, por volta de 1960, inicia - se o movimento sobre educação popular, a tão falada
“educação para todos”. Ao estender a possibilidade de matrícula às classes populares, sem que as
condições de ensino fossem reestruturadas, o índice de evasão e reprovação cresceu. A partir daí,
começa a surgir a relação entre o fracasso escolar e a “deficiência mental leve” com a implantação
maciça de classes especiais nas escolas públicas para solucionar o problema, esse quadro acabou
referendando que a culpa do fracasso escolar estava na criança, uma vez que o grande número
de repetências não significava o indivíduo adulto improdutivo. Ainda que fossem incompetentes
para aprender o que a escola tentava ensinar, trabalhavam, casavam-se etc. Caracterizava-se,
então, como “deficiência mental escolar”. Por volta de 1970, havia mais de 800 estabelecimentos
de ensino especial no Brasil. Em junho de 1973, é criado o Centro Nacional de Educação Especial
(CENESP), o primeiro órgão oficial para definir a política de Educação Especial no país, ainda
que houvesse nos seus planos uma tendência em privilegiar a iniciativa privada, marcadamente
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) que tem
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
era basicamente oferecido como uma solução de higienização sanitária, mais voltada para as
questões de saúde pública que a educativa. Mesmo com a Lei de 1988 sancionada demandou um
certo tempo para que essa modalidade de ensino/educação, fosse realmente efetivada, para que
isso acontecesse foram necessários vários dispositivos legais os quais podemos elencar:
A Lei Federal 7853 em 1989 que institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou
difusos das pessoas com deficiência, disciplina a atuação do Ministério Público e define
crimes punível com reclusão de um a quatro anos e multa para os dirigentes de ensino
público ou particular que recusem e suspendam sem justa causa, a matrícula de um aluno,
uma vez que essa Lei prevê a oferta obrigatória e gratuita da Educação Especial, outra Lei
importante e a que define o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que reitera os direitos
garantidos na constituição, em 1994 dirigentes de mais de 80 países incluindo o Brasil, se
reuniram na Espanha e assinaram a Declaração de Salamanca, um dos mais importantes
316
documentos de compromisso de direitos educacionais, ela proclama as escolas regulares
de ensino inclusive com meios mais eficazes de combate à discriminação, determinando
que as escolas devem acolher a todas as crianças, independentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais e emocionais, também em 1994, é publicada a Política Nacional
de Educação Especial, orientando o processo de “integração instrucional” que condiciona o
acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que possuem condições de acompanhar
e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo
que os alunos ditos normais, no entanto, essa política não provoca uma reformulação
das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de
aprendizagem no ensino comum, mas mantendo a responsabilidade da educação desses
alunos exclusivamente no âmbito da educação especial.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo 59,
preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude
programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica,
3.298, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal
Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam
que: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-
as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. As Diretrizes ampliam o
não potencializam a adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino,
prevista no seu artigo 2º. O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que
“o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola
dos alunos, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas
fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda
diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas
liberdades fundamentais. Este Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo uma
ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente voltada para a
atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com
Libras como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas
institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como
nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do
para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território nacional.
com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos,
documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular,
com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito
e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino
pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil Acessível,
apoiar ações que garantam o acesso universal aos espaços públicos. O Decreto nº 5.626/05, que
regulamenta a Lei nº 10.436/2002, visando ao acesso à escola dos alunos surdos, dispõe sobre a
e a organização da educação bilíngue no ensino regular. Em 2005, com a implantação dos Núcleos
Federal, são organizados centros de referência na área das altas habilidades/superdotação para o
atendimento aos alunos da rede pública de ensino. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006 e da qual o Brasil é signatário, estabelece que os
plena participação e inclusão, adotando medidas para garantir que: a) As pessoas com deficiência
não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças
com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação
de deficiência; b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo,
que vivem. Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, os Ministérios da
Educação e da Justiça, juntamente com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura – UNESCO, lançam o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que
objetiva, dentre as suas ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas relativas às
pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem acesso e permanência
reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de professores para a educação
prédios escolares, acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação superior
programas, é reafirmada a visão que busca superar a oposição entre educação regular e educação
escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino. Para a implementação do PDE é
319
publicado o Decreto nº 6.094/2007, que estabelece nas diretrizes do Compromisso Todos pela
educacionais especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas.
EDUCAÇÃO ESPECIAL
sem a qual a maior parte do sucesso deste trabalho seria inviável, com o passar do tempo essa
área da saúde, avanços nestas áreas só foram possíveis graças a inventores e suas admiráveis
engenhocas, que a princípio não foram feitas para este fim mas foram tranquilamente adaptadas,
a aprendizagem dos alunos com deficiências, TGD ou com altas habilidades/superdotação sem
esses recursos não seria possível, muito menos garantir a participação efetiva nas atividades
propostas, bem como a interação com os outros alunos e professores que por sua vez ficaria
impossibilitado de trabalhar sem os devidos sem recursos, estratégias e materiais adaptados que
Uma escola que atua na perspectiva inclusiva, deve assegurar recursos, estratégias e
serviços diferenciados e alternativos para atender às especificidades educacionais dos alunos que
2008b), que dispõe sobre o AEE destaca, dentre outros objetivos propostos, a elaboração e utilização
de recursos que respondam aos ajustes necessários para a efetiva aprendizagem dos alunos com
internet e ferramentas que compõem o ambiente virtual como chats e correio eletrônico; fotografia
e vídeo digital; TV e rádio digital; telefonia móvel; Wi-Fi; Voip; websites e home pagos, ambiente
virtual de aprendizagem para o ensino a distância, entre outros (TEIXEIRA, 2010). Conforme
Schirmer et al. (2007, p. 31): Tecnologia assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o
arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais
320
A tecnologia assistiva pode ser caracterizada, ainda, como uma área que tem estimulado novas
pesquisas e o desenvolvimento de equipamentos que favorecem o aumento, manutenção e
a melhora das habilidades funcionais da pessoa com deficiência, em diferentes fases da sua
vida, possibilitando condições efetivas de melhoria da qualidade de vida, ao favorecer uma
maior autonomia e permitir que se torne mais produtiva. (LAUAND; MENDES, 2008).
Dentre esses recursos estão: materiais didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
preferencialmente na escola regular, apesar da sua importância e da forma clara com que
fundamentou esses direitos só anos depois com a promulgação de leis complementares e acordos
internacionais que esses de fato foram consolidados. O MEC com o auxílio das Universidades
disponibilizar e organizar material no tocante ao tema, procurou possibilitar e dar acesso a todas os
estados da federação com suporte técnico, disponibilização de material e adaptação dos espaços e
orientação a formação dos professores, no entanto a educação inclusiva ainda não e uma realidade
em todas as escolas do Brasil, apesar de toda divulgação, inclusive na mídia, sobre a política de
e assistemática. Nesse sentido, urge a realização de estudos aplicados cujos resultados possam
ser usados no desenvolvimento de ações que contribuam para a superação dos obstáculos que
A primeira é a dimensão política, que diz respeito à maneira pela qual o conjunto de diretrizes
e normas, que delimitam os contornos gerais da proposta de inclusão educacional, é aplicado
no cotidiano da escola e de que forma condicionam a prática docente. A segunda dimensão
refere-se à cultura escolar, isto é, ao conjunto de crenças, valores e normas que orientam as
práticas dos diversos agentes escolares: professores, coordenadores pedagógicos, diretores
e demais profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem, em relação à inclusão
educacional de alunos com necessidades especiais. E a terceira dimensão engloba as
estratégias e ações desenvolvidas pelos professores no processo de ensino aprendizagem
em classes com alunos com necessidades especiais incluídos.
Dessa forma é necessário que a educação inclusiva seja objeto prioritário de investigação
nas universidades e instituições responsáveis pela formação dos profissionais que lidam com
esses atores, é importante que se faça a avaliação das condições reais de inclusão que são
321
oferecidas nas escolas, assim como o desenvolvimento de estratégias de intervenção que facilitem
a implementação desta proposta. No entanto, este processo tem que ser compartilhado com cada
comunidade escolar, pois, não há modelo pedagógico fechado ou diretriz política que possa dar conta
de transformar uma escola tradicional em uma escola democrática, inclusiva e de qualidade. Cada
escola, cada classe, cada professor e, sobretudo, cada aluno, representa uma realidade distinta.
São os próprios atores diretamente envolvidos no processo cotidiano escolar que determinam, na
A igualdade abstrata não propiciou a garantia de relações justas nas escolas. A igualdade
de oportunidade, que tem sido a marca das políticas igualitárias e democráticas no âmbito
educacional, também não consegue resolver o problema das diferenças nas escolas, pois
elas escapam ao que essa proposta sugere, diante das desigualdades naturais e sociais.
especiais inseridos nas salas de aula regulares vivem uma situação de experiência escolar precária
ficando quase sempre à margem dos acontecimentos e das atividades em classe, porque muito
As questões teóricas do processo de inclusão têm sido amplamente discutidas por estudiosos
e pesquisadores da área de Educação Especial, no entanto pouco se tem feito no sentido de sua
aplicação prática. O como incluir tem se constituído a maior preocupação de pais, professores e
no sistema educacional.
Em lei, muitas conquistas foram alcançadas. Entretanto, precisamos garantir que essas
conquistas, expressas nas leis, realmente possam ser efetivadas na prática do cotidiano escolar,
pois o governo não tem conseguido garantir a democratização do ensino, permitindo o acesso, a
uma prática educacional inclusiva não será garantida por meio de leis, decretos ou portarias que
obriguem as escolas regulares a aceitarem os alunos com necessidades especiais, ou seja, apenas
a presença física do aluno deficiente mental na classe regular não é garantia de inclusão, mas sim
que a escola esteja preparada para dar conta de trabalhar com os alunos que chegam até ela,
A visão de inclusão que defendemos refere-se à efetivação de uma educação para todos
consciente para alcançar metas e objetivos educacionais que potencializem a participação e diminuam
322
as barreiras à aprendizagem, e que sejam vivenciadas por todos os alunos, independentemente
de origem étnica, racial, socioeconômica e características pessoais, aceitas ou não pela escola e
Um processo que reitera princípios democráticos de participação social plena [...] de qualquer
cidadão em qualquer arena da sociedade em que viva, à qual ele tem direito, e, sobretudo a
qual ele tem deveres” (SANTOS, 2003, p. 81).
constituir-se de ações que levem a mudanças no ambiente escolar, nos aspectos arquitetônicos,
Implementar a Educação Inclusiva no atual modelo escolar brasileiro é um desafio que nos
obriga a repensar a escola, sua cultura, sua política e suas práticas pedagógicas. As conquistas no
campo da Educação Especial como área de conhecimento, pesquisa e prática profissional têm muito
a contribuir neste processo e é a partir do diálogo entre estes dois modelos de Educação que uma
nova forma de se pensar a escola poderá surgir, capaz de atender às necessidades educacionais
especiais de cada um de seus alunos, não somente daqueles com deficiência, condutas atípicas
ou altas habilidades, mas todos aqueles que atualmente são marcados pelo ciclo da exclusão e do
fracasso escolar.
O movimento pela inclusão vem para desacomodar uma situação estabelecida, serve para
a educação especial rever seus erros e acertos, e para o ensino regular repensar a educação,
Importante destacar que a inclusão parece ser benéfica para os demais alunos, que tem
oportunidade de conviver com a diferença, que podem mudar seus conceitos, seus posicionamentos,
A maior parte das escolas brasileiras, entretanto, são instituições que têm dificuldades para
receber, aceitar e trabalhar com a diferença. Espera-se que o processo de inclusão, por sua parte,
consolide-se como um novo contexto educacional, marcado pelo respeito à diversidade de raça,
As avaliações realizadas revelam que a integração dos alunos com necessidades educativas
especiais não está isenta de problemas e que é imprescindível propor mudanças profundas
para conseguir escolas abertas para todos, antes disso porém é preciso analisar algumas
questões problemáticas que se apresentam ao se tomar decisões concretas sobre o
atendimento oferecido aos alunos com necessidades educativas especiais.
E por fim devemos pensar a inclusão como um meio para que possamos integrar a
sociedade com todas as suas especificidades, para além das suas diferenças, utilizando propostas
curriculares com projetos que dão importância não apenas ao rendimento dos alunos, mas também
a sua socialização e a sua formação em atitudes solidárias, levando em conta também o meio
social em que está situada cada escola para realmente promover uma educação de qualidade e
totalmente inclusiva. Para que isso seja possível a princípio, se faz necessário que se estabeleça
especiais do aluno; ao se pensar a inclusão fazê-lo de forma a incluir todos os alunos sem exceção,
ou seja, não excluir os colegas com os quais esse aluno será educado e a boa utilização dos
324
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326
A LEITURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES NO BRASIL
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que foi divido em três publicações. A primeira publicação “Aspectos Importantes
Da Leitura, Sua Efetivação E Competências Para Um Processo Pedagógico” saiu em janeiro de 2021 e a segunda
intitulada “Os Desafios De Formar Leitores No Brasil” foi publicada em fevereiro de 2021 pela revista Desenvolvimento
Intelectual. Já a terceira e última publicação se refere a este artigo que tem o objetivo de compreender a situação da
leitura no Brasil e como ela está sendo discutida atualmente. Além de pontual alguns aspectos da prática da leitura na
escola, bem como acontece seu ensino e sua aprendizagem, uma vez que não é preciso estar em uma sala de aula
ou em uma biblioteca para saber que o hábito da leitura não é uma característica da cultura da maioria dos brasileiros.
E quanto à falta do hábito de leitura tem prejudicado os alunos, para o seu dia-dia em sala de aula no que se refere à
interpretação de texto e reflexão dos vários textos apresentados em outras disciplinas, além dos de Língua Portuguesa.
Utilizamos como ferramenta para a pesquisa Referencia Bibliográficas. O prazer pela leitura é criado com base em
estímulos, e a forma como se trabalha colabora muito para se criar uma geração habituada a ler e com uma linguagem
muito mais ampla e valiosa, fazendo parte de uma sociedade em que poderá participar e argumentar, mostrando a força
da palavra quando se tem leitura e conhecimento. O objetivo da realização deste trabalho foi no sentido de perceber
a viabilidade do estudo de aspectos importantes na prática pedagógica e as dificuldades na leitura para aprimorar e
melhor favorecer o ensino/aprendizagem dos educandos. O presente trabalho tem como objetivo ainda, refletir sobre
as atuais práticas de leitura entre os alunos do ensino fundamental e médio e quanto isto o tem prejudicado no dia a
dia, seja no âmbito escolar.
Palavras-Chave: Leitura; Educação; Aprendizagem; Incentivo à leitura; Formação de Leitor; Desafios de formação de
leitores.
INTRODUÇÃO
ou psicopedagógicos, nas avaliações de leitura, que, muitas vezes, necessitam dar resultados
concretos e com caráter mais científico e especialmente terem presentes os níveis de aquisições
atingidas para servir de indicativos e assim criarem novas estratégias, diversificados recursos e
327
técnicas para a evolução nos processos de aprendizagem.
tanto dos pais quanto da escola e professores criar oportunidades para que a criança se descubra
leitora. Para melhor compreensão desse processo é importante acompanhar de perto, a na sala
de aula de crianças que estão nesse período de alfabetização. A educação não deve ser dividida
pela leitura desde o primeiro contato da criança com as letras, já na Educação o Infantil. A função
essencial da Literatura desde o seu surgimento está ligada a sua atuação sobre o pensamento,
vida.
Nessa concepção, a Literatura Infantil é, antes de tudo, “Literatura”, arte, emoção, sentimento
que representam o homem, a vida por meio da palavra. Essa mistura de imaginação e realidade
agrada tanto as crianças quanto os adultos, independente de sua característica literária gráfica. No
resumia em peças teatrais, voltadas apenas a elite. O que foi mudando do final desse século ao
início do século vinte, em que os estudantes passaram a conhecer os primeiros trechos das obras
literárias em exercícios pedagógicos. Nesse período, passou a surgir um novo público a literatura
e as primeiras revistas e livros foram publicados, foi então que as mulheres e crianças começaram
a ter acesso.
Acredita-se que o aluno só saberá a importância da leitura se criar o hábito e sentir o prazer
uma cultura e despertar o desejo pela fantasia que a mesma proporciona. É importante apresentar o
papel fundamental que a Literatura tem no desenvolvimento das crianças, mesmo antes do período
de alfabetização, uma vez que a “relação do aluno com o universo simbólico não se dá apenas por
uma via – a verbal” (Orlandi, 2006, p. 38), mas também com outras formas de linguagem em sua
VALORIZANDO OS CONHECIMENTOS
328
Muitas vezes temos em nossa casa, objetos que nem sempre damos atenção, mas de repente
começamos a observar seu formato, cor, tamanho, utilidade e nos damos conta que estamos
fazendo uma leitura de suas características, só naquele momento a presença do objeto, ali,
se mostrou importante. Isso pode acontecer também em relação às pessoas com as quais
convivemos. Será que isso também ocorre com a leitura de um texto escrito? (idem).Com
frequência folheamos um livro mecanicamente, “passando os olhos” pela leitura, como se o
que estivéssemos lendo nada nos acrescentasse. Reagimos assim quando aquela leitura
não interessa, quando não sentimos a necessidade de lê-la. Se o texto for composto de
gravuras e não nos chamou a atenção, não despertou nosso interesse pelo assunto, então
olhamos, mas não interagimos com o texto lido.
Com base nessas considerações sobre as formas de praticar a leitura que precisamos
despertar nos alunos um interesse maior pelo o que leem, fazendo da leitura algo que chame
atenção, o aluno ao observar um livro, um texto veja muito mais que sinais gráficos e sim algo que
encha seus olhos, chamando sua atenção para a importância da leitura do que os mesmos têm
em mãos, valorizando seus conhecimentos prévios para instiga-los a buscar mais informações no
texto lido.
Desde os primeiros anos de vida começamos a conviver com muitas coisas ao nosso redor.
Começando pelo berço, a mãe, a família, etc, ao passo que “lemos” gravamos tudo em nosso
que só irão fazê-la se desenvolver mais rapidamente no que se referem à aprendizagem de leitura
e escrita.
A psicanálise diz que tudo aquilo que nos chama atenção que nos interessa, fica gravado
saber ler e escrever. Segundo Martins (2003), o esquecimento é um instrumento de defesa, com
isto podemos perceber que o ser humano busca de uma forma inconsciente guardar na memória
algo que não foi muito importante em sua vida, deixando aí este conhecimento esquecido até um
dia em que este possa vir a se importante para o seu dia a dia. Isto nos mostra também, o quanto
é importante desenvolver nas crianças e adolescentes a importância da leitura na sua vida, visto
que ao armazenarmos conhecimentos em nossa memória, que poderão ter um significado muito
importante no nosso futuro, servindo como base para uma vida mais próspera, com mais facilidade
Mas também não podemos afirmar que qualquer outro método mais moderado de leitura
possa levar o indivíduo, a saber, valorizar o ato de ler no sentido do seu vínculo constante com o
mundo que o cerca, conquistando sua autonomia, seu lugar no espaço de que faz parte.
Para diminuir o problema de falta de leitura, muitos professores têm buscado incutir no seu
aluno o “hábito de leitura”. A leitura seria então, um fator importante para a formação do
indivíduo. Mas mesmo com todo interesse dos professores em desenvolver no educando
a “prática de leitura”, vê-se que as escolas passam pelo que denominaram de “crise de
leitura”. Esta “crise” se dá pelo fato do alunado não ler textos escritos, especialmente
livros, no seu dia-a-dia. (MARTINS, 2003).
A leitura, longe do que é oferecida pela escola, que não trata a mesma como algo que
poderia ser motivo de discursão, informação e um meio de comunicação, deveria dar preferências a
textos bem diferentes dos que são oferecidos, com o intuito apenas de preencher “fichas de leitura”;
raciocinar livremente, sem se apegar a estereótipos, modelos criados por pessoas que estão longe
da sua realidade escolar, que pouco sabem dos gostos que o jovem tem, como o meio em que vive
LEITURAS DE MUNDO
Quando pensamos em leitura não podemos restringir-nos apenas a livros, ou quando muito,
a textos escritos em geral. Precisamos levar em consideração também a leitura de mundo, já que
contamos com milhões de iletrados que não costumam ter a escrita como referência do cotidiano e
que necessitam fazer parte dessa sociedade cheia de conflitos e preconceitos, precisamos valorizar
A leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido, seja escrito, sonoro,
seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse diálogo é referenciado por um tempo e
um espaço, uma situação; desenvolvido de acordo com os desafios e as respostas que o objeto
apresenta. Portanto, sabemos que o tempo que cada leitor leva para fazer uma leitura depende de
330
cada um, de acordo com seus desejos e anseios.
“Cada leitor, mesmo fazendo a mesma leitura por várias vezes, terá sempre uma forma
para entender o que leu” (MARTINS, 2000). No dicionário Aurélio, a palavra “Leitura” (do latim
medieval – lectura) significa ato ou efeito de ler; também é a arte de decifrar um texto segundo o
autor. Ensinar leitura e escrita é desenvolver habilidades de ler, compreender, interpretar diferentes
A leitura faz parte do cotidiano – lê-se para ampliar os limites do próprio conhecimento, para
obter informações simples e complexas, para buscar diversão e descontração, que começa
fora da escola e continua dentro dela. É necessário ler. Ler é transformar a escrita em fala.
Ler é decodificar mensagens. Ler é interagir. Ler é compreender e interpretar. Ler, sobretudo,
para aprender a arte de escrever (Lucyk, 2003).
É necessário mostrar as crianças, adolescentes e jovens que, devemos ler não apenas
para cumprir metas pré-determinadas pela escola, mas como um ato prazeroso e importante para
O ato de ler é um processo dinâmico e ativo, ler um “texto” implica não só aprender o seu
significado, mas também trazer para esse texto nossa experiência e nossa visão de mundo
como leitor. Ao conceber o ato de ler, como um processo dinâmico, está se priorizando
a formação de um leitor crítico e criativo. É claro que a formação do leitor não depende
exclusivamente da escola, mas ela tem uma parcela significativa de responsabilidade nesse
processo.
ATO MECÂNICO
O alunado precisa ser incentivado a buscar na leitura uma forma de enriquecer seus
conhecimentos.
Piletti (2000) coloca a escola como responsável direta pela formação de bons leitores, e isto
é fundamental para que nós professores procuremos dinamizar esta busca de novos conhecimentos
de nossos alunos, por meio do ato de ler. Na prática, o que se observa é que a escola não vem
Sendo função básica de a escola ensinar a ler e escrever, ela não vem privilegiando a
de palavras e frases, assim como não deve favorecer uma leitura passiva de texto. A prática de
leitura em sala de aula está longe do que deveríamos ter, preocupa-se apenas em fazer o aluno ler
textos que não têm qualquer significado, já que estão distantes de sua realidade.
disposição dos estudantes por grande parte dos livros didáticos de “comunicação e expressão”,
pode-se constatar que tais textos não respondem a qualquer “para quê”.
disciplinas do currículo (história, geografia, ciência etc.) são menos artificiais do que as realizadas
nas aulas de língua portuguesa, uma vez que está um pouco mais claro para o aluno o “para quê”
extrair informações do texto, ainda que a resposta tenha sido autoritária e artificialmente imposta
Para Piletti (2000), o diálogo do professor com a classe é importante, porque vai estabelecer
um caminho de mão dupla, isto é, a troca de experiências entre professor aluno, fazendo com que
cresçam juntos. O professor deve ter o cuidado de selecionar e diversificar o material de leitura de
acordo com as características dos seus alunos; para que isso se concretize, deve ser um leitor ativo
caracterizada pelo engajamento e uso do conhecimento, em vez de uma mera recepção passiva.
Sabendo como o conhecimento adquirido determina, durante a leitura, as inferências que o leitor
fará com base em marcas formais do texto. O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o
conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento de
compreensão, momento esse que passa despercebido, em que as partes discretas se juntam para
fazer um significado.
O mero passar o olhar pelas linhas não é uma leitura, já que leitura implica uma atividade de
procura por parte do leitor, no seu passado, de lembranças e conhecimentos. (idem) É necessário
332
estabelecer-se objetivos para que possamos fazer uma boa leitura, sabendo que quando se lê sem
um objetivo pré-determinado, tendemos a dar pouca ênfase ao que se está lendo, passando os
A leitura que não surge de uma necessidade para chegar a um propósito não é propriamente
uma leitura; quando lemos porque outra pessoa nos manda ler, como acontece frequentemente
na escola, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm a ver com
significado e sentido. Aliás, essa leitura desmotivada não conduz a aprendizagem.
uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido com
interdisciplinares vêm apontando que, esta última concepção dá condições de uma abordagem
necessárias no ato de ler. Decodificar sem compreender é inútil; compreender sem decodificar,
impossível. A respeito de todas tentativas de uma visão sistemática e metódica, se nos perguntarmos
o que é que significa a leitura para nós mesmos, certamente cada um chegará a uma resposta
diferenciada. Isso porque se trata, antes de qualquer coisa, uma experiência individual, cujos limites
não estão marcados pelo tempo em que nos detemos nos sinais ou pelo espaço ocupados por eles.
Acentue-se, por sinais, entendem-se aqui qualquer tipo de expressão formal ou simbólica,
Aprender a ler, a escrever, a alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender ler o mundo, compreender
o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica
que vincula linguagem e realidade”. Por isso, ler é identificar-se com o apaixonado ou com o
místico. É ser um pouco clandestino, é abolir o mundo exterior e sair transformado de uma
experiência de vida.
333
Saber ler e escrever, já entre gregos e romanos significava possuir as bases de uma
educação adequada para a vida, educação essa que visava não só o desenvolvimento
das capacidades intelectuais e espirituais, como aptidões físicas, possibilitando ao cidadão
integra-se efetivamente. A função do educador não seria precisamente a de ensinar a ler,
mas a de criar condições para o educando realizar a sua própria aprendizagem, conforme
seus próprios interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a
realidade lhe apresente. Trata-se, antes de dialogar com o leitor sobre a leitura, isto é, sobre
o sentido que ele dá a algo escrito: um quadro, uma paisagem, sons, imagens, coisas, idéias,
situações reais ou imaginárias.
ser capaz de extrair a “essência” da mensagem escrita, e dessa forma, participar da vida intelectual,
da escola de sua comunidade, enfim de todo o processo de evolução do mundo. A criança que
entra na escola, antes de aprender a ler e escrever, já tem um conhecimento mínimo necessário
de gramática fundamental. Tal conhecimento não é consciente, mas resultante de sua inserção em
pedagógico, mas pelas próprias tentativas primitivas, feitas pela criança para lidar, por si mesma,
com exigências culturais que lhe são transmitidas pela família, pela escola, pelos demais ambientes
pelos quais faz parte e/ou se relaciona. A entrada na escola propicia o acesso da criança a um
mundo novo: o mundo dos livros. Além disso, é provável que a criança já tenha tido experiências
Esse contato da criança com livros ocorreu de forma indireta, por meio da leitura das
histórias, pelos pais ou pelos professores. A criança pode, até ter participado da história de alguma
forma: fazendo perguntas ou comentários, olhando figuras, etc. Entretanto, por não ter ainda o
domínio dos sinais escritos que representa a língua, a criança poderá “ler” uma só história de
diferentes maneiras, a cada vez que for solicitada, mesmo contando com apoio de figuras ou
gráfico) é que a criança se verá em condições de reproduzir, muitas vezes e da mesma maneira,
a mensagem registrada no papel. No entanto, conforme as circunstâncias, ela própria faz leituras
da escrita não é uma tarefa simples para a criança, já que requer um processo complexo de
construção, em que suas ideias nem sempre coincidem com as dos adultos. Se a escola conseguir
desenvolver no aluno o gosto pela leitura e a capacidade de compreender textos de uso social, já
que o aluno que passa pela escola e consegue ser um bom leitor, dará continuidade ao aprendizado
da escola, por meio de livros, jornais e revistas que vier a ler, e se desenvolverá muito mais como
cidadão, tendo em vista que como alunos do Ensino Médio, o aluno precisará ter acesso e facilidade
de leitura. Na interação por meio da leitura, é importante perceber que não só se faz necessário
analisar como a linguagem funciona no texto, mas especialmente como ele está a serviço das
intenções do autor. Nessa perspectiva, o texto é visto como o produto de uma intenção do autor a
algo a ser dito, ou seja, há uma finalidade no dizer que pode apenas informar ou divertir, persuadir,
chocar, enganar.
Toda leitura de qualquer texto, por mais neutra que pareça, está inserida num contexto social
que determina as maneiras de escrever e ler. Incentivar os alunos à leitura de um texto é criar
neles o desejo de lê-lo. É despertar neles o interesse pelos aspectos, fatos e sentimentos
contidos no texto, é mostrar o proveito que poderão tirar do conteúdo e da forma do texto;
é justificar, de alguma forma, a atividade da leitura e do texto em si, já que os alunos leem
com interesse redobrado quando sabem por que e para que estão lendo. Sabemos como é
importante a leitura para qualquer grupo social. Mas, especialmente para o aprendiz adulto
ela se faz necessária, já que o mesmo vem buscando crescer no seu trabalho, ou até mesmo
ter uma nova perspectiva de vida e necessita por isso ter um nível cultural que o projete no
campo do trabalho. O acesso de todos à leitura é uma questão de direito universal (Kleiman,
2005).
Mas ao observarmos o mundo dos trabalhadores brasileiros, vemos que esse direito não
está sendo respeitado; que cada vez mais os adultos que ocupam grande parte da mão de obra
neste país, não têm tempo para buscar nos livros, revistas, jornais, informações necessárias para
o seu bom desempenho na vida profissional. A esfera do trabalho está intimamente relacionada
às atividades ligadas ao estudo e a formação na vida do adulto que estuda para ser promovido,
para trocar um trabalho por outro melhor. Isso é o que leva muitas vezes, um trabalhador adulto
buscar maiores informações no campo da educação, e que tem reorientado muitos indivíduos a
voltarem à escola, passando a Sabemos que quando se fala em leitura como um ato prazeroso,
como lazer, com um sentido lúdico, não se pode pensar que o adulto que procura a escola esteja
vendo a mesma com o mesmo pensamento, este o faz como um ato de sobrevivência, já que tem
que concorrer com jovens que vêm de uma sociedade letrada, totalmente envolvida com as novas
O adulto que trabalha manualmente tem pouquíssimos momentos para o lazer e, se a leitura a
que for submetido não for prazerosa, se o livro não for atraente, se a página impressa não tiver
a beleza e a sofisticação de outros textos múlti semióticos que combinam harmoniosamente
linguagem plástica, musicais, verbais, esse aspecto da leitura continuará sendo privilégio de
poucos.
335
Segundo a Câmara Brasileira de Livro (LBV), em cada 100 brasileiros 30 têm contato regular
com livros e 60 têm pouco ou nenhum contato. Isso é muito preocupante, mas sabemos que ocorre,
especialmente pela falta de poder aquisitivo da maior parte da população, pelo analfabetismo e
pela falta de bibliotecas públicas que atendam às camadas populares que não dispõem dessa
ferramenta no seu cotidiano. Leitura: um meio para a realização da aprendizagem muito se tem
escrito sobre o ensino da leitura, já que um dos múltiplos desafios a serem enfrentados pela escola
é o de fazer que os alunos sejam leitores críticos, reflexivos e possam agir com autonomia nas
sociedades letradas.
fazem para desenvolver no aluno esta consciência de ler para seu desenvolvimento psicológico
preocupando-se muito mais com gramática, também dissociada de textos ortografia e questionários
em que o aluno já tem as respostas direcionadas. Não se deve ensinar gramática sem relação direta
com o texto, já que não falamos de modo fragmentado. Desde a mais tenra idade começamos a falar
pequenas frases e em seguida conseguimos formular textos. Então porque ensinar gramática ao
aluno dissociado do texto, se este convive diariamente com textos, sejam orais, visuais ou escritos?
Deve-se envolver o educando no mundo da leitura, para que o mesmo ao estar constantemente
voltado para uma leitura prazerosa, não sinta dificuldade em interagir com o professor quando este
importância dos textos que respondem a exigências das situações privadas de interlocução, em
situações escolares de ensino de Língua Portuguesa priorizem os textos que caracterizem os usos
públicos da linguagem. O professor tem um papel muito importante na vida do aluno, que é de
oferecer oportunidades deste interagir com a linguagem escrita, de usá-la de modo significativo. A
significação e o interesse caminham juntos. Pode-se chamar de significativo àquilo que faz parte da
vida do educando, que busca por meio da escola possíveis soluções para o seu bom desempenho
na vida profissional.
Para estimular no aluno o gosto pela leitura, cabe ao professor oferecer oportunidades destes
conviverem com textos de fácil entendimento levando-os a refletir cada vez mais sobre as
situações propostas no texto, relacionando-o ao ambiente em que está inserido. O diálogo
do professor com a classe é importante, porque vai estabelecer um caminho de mão dupla,
isto é, a troca de experiências entre professor e alunos, fazendo com que cresçam juntos
(PILETTI, 2000).
336
Matencio (2000) esclarece também que:
A leitura não é apenas um simples processo de decodificação, como praticam ainda muitas
escolas brasileiras, mas ela vai além desse conceito. Para ela. A leitura, assim como a escrita,
é uma atividade individual, realizada de forma visual, por movimentos dos globos oculares.
Ao longo desse processo, os olhos não se fixam em cada palavra, como fariam pressupor as
atividades de leitura nas escolas, mas identificam um conjunto de palavras. Por outro lado, o
professor que o oriente nessa conduta. (Matencio, 2000, p.40)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasil (1996, p. 70) refletem sobre como deve ser
o ensino de Língua Portuguesa na escola, e como esta tem um papel importante na formação de
textos facilitados (infantis ou infanto-juvenis) para o leitor de textos de complexidade real, tal como
Só se aprende a ler, lendo; por isso o professor é o principal mediador dessa leitura. Sua
responsabilidade em escolher bem os textos a serem lidos é de fundamental importância para que
o ato de ler seja algo verdadeiramente importante na vida do educando. A leitura não pode ser vista
como algo obrigatório, mas algo que possibilite criar um laço de interação entre leitor e texto, para
A LEITURA NO BRASIL
referente a esta prática, em razão ao grande número de analfabetos funcionais que há no atual
contexto, ou seja, pessoas que sabem ler e escrever, mas, que não conseguem exercer em seu dia
a dia o uso social da escrita e da leitura. Sendo isto, uma das consequências do ensino pautado na
decodificação, por meio de textos descontextualizados que não permitiram aos sujeitos a aquisição
da competência leitora, e nem tão pouco, o hábito e o gosto por tal prática. Nesse sentido, Kleiman
[...] O contexto escolar não favorece a delineação de objetivos específicos em relação a essa
atividade. Nele a atividade de leitura é difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas
em um pretexto para cópias, resumos, análises sintáticas, e em outras tarefas do ensino da
língua.
Diante de tal situação, é imprescindível que a escola se adapte às novas exigências sociais,
337
e passe a formar um cidadão alfabetizado/ letrado, que busque por meio da unificação destas
duas práticas acerca do ensino da Língua Portuguesa, a superação da formação dos analfabetos
funcionais, para que os alunos de hoje não se tornem cidadãos alienados ao desenvolvimento
Deste modo, é essencial que a escola desenvolva atividades num contexto de letramento
destinado às crianças desde a alfabetização, já que quando o (a) professor (a) consegue alfabetizar
letrando os seus alunos, ele (a) consegue também formar leitores assíduos e, consequentemente,
sujeitos aptos a exercer sua cidadania, uma vez que é visível a necessidade de se formar indivíduos
letrados com o propósito de superar a formação dos analfabetos funcionais, como também, formar
um cidadão atuante e consciente, sendo essa, uma das funções desenvolvidas primordialmente
(...) maior parcela de nossa população, embora hoje possa estudar, não chega a ler. A
escolarização, no caso da sociedade brasileira, não leva a formação de leitores e produtores
de texto proficientes e capazes e, às vezes, chega mesmo a impedi-la. Ler continua sendo
coisa da elite, no início de um novo milênio. Para a superação de tal problema é necessário
que os professores busquem conciliar em sua prática pedagógica os dois processos de
ensino, que são respectivamente alfabetização e letramento, para que os alunos consigam
se apropriar do sistema alfabético e consigam obter a plena condição de uso da língua em
meio às práticas sociais de leitura e escrita, já que a leitura é uma atividade que se realiza
individualmente, mas que se insere num contexto social.
As habilidades de leitura Barros (2010) abordam que a leitura é a habilidade mais importante
que pode ser desenvolvida pelo ser humano, já que é por meio da leitura que o indivíduo adquire a
Para tal, cita que as habilidades de leitura vão muito além de uma simples decodificação de
palavras, uma vez que a habilidade que se deve ter da leitura não deve restringir-se tão somente
seja, é necessário ir além da própria compreensão da escrita do texto. Diante disso, expõe que a
isso, Kleiman (2004, p.36), relata que este é um processo diferente da leitura, própria das crianças
a leitura.
o seu conhecimento prévio acumulado ao longo de sua vida numa interação com a mensagem
destinada pelo autor, já que é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite
fazer inferências necessárias para relacionar diferentes partes do texto num todo coerente. No
entanto, esta fase pode ser complexa, na medida em que os textos escritos envolvem:
que estão implícitas no texto, não verbalizados, nem verbalizável na grande maioria das vezes,
bem como o conhecimento linguístico, que abrange sobre como pronunciar português, passando
pelo conhecimento do vocabulário e regras de língua, chegando até sobre o conhecimento do uso
da língua.
Para isso, é necessário que haja uma boa concepção das ideias que aparecem explícitas.
Kleiman (2004) salienta que o conhecimento linguístico faz parte do conhecimento prévio, sem o
qual a compreensão não é possível, como o conhecimento textual (narrativa, expositiva, descritiva),
que também desempenha um papel fundamental na compreensão de textos, já que quanto maior
for o entendimento do leitor sobre este aspecto, mais fácil será a sua compreensão.
• Retenção: Nesta última etapa, o aluno deve ser capaz de reter as informações trabalhadas
nas etapas anteriores e aplica-las, ou seja, deve ser capaz de fazer analogias, comparações,
aplicar em outros contextos o que foi lido, fazendo uma reflexão da importância do material lido
com um paralelo com o seu cotidiano, para que assim, consiga desenvolver suas próprias análises
críticas.
Consideramos que esta dimensão, quando está sob o controle e reflexão consciente do
leitor, torna esse sujeito na interação não apenas um leitor proficiente, mas também, muito
mais importante, um leitor crítico” No entanto, a autora cita que a preocupação com o
desenvolvimento da habilidade leitora dos alunos, deve ser encarada pela escola como uma
339
aprendizagem e não como uma técnica que se dá por meio de uma mecanização como se
fosse uma receita a ser seguida.
E é necessário que haja uma interação dos alunos com o texto, para que eles possam
refletir e levantar hipóteses, e assim, se aprofundar sobre o objeto de conhecimento, bem como
caracteriza pela utilização do conhecimento prévio do leitor, já que o leitor utiliza na leitura o que
ele já sabe, ou seja, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida, sobre isso, a autora relata que:
Menciona ainda, que para haver compreensão durante a leitura, a parte do nosso
conhecimento de mundo deve estar ativada, num nível ciente, e não perdida no fundo de nossa
memória. Cita que tanto o conhecimento de mundo como o enciclopédico, são fundamentais para
que haja uma melhor compreensão do texto, e que ambos, podem ser adquiridos tanto formalmente
pela escola, como informalmente por meio de nossas experiências cotidianas. Portanto, é evidente
que a habilidade de leitura envolve muitos aspectos que vão além de uma simples decodificação
de palavras, como o conhecimento linguístico, o textual e o de mundo que cada aluno traz consigo,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
do escritor, mas na compreensão de seu leitor e na interação que surgirá entre estes em que o
visual, de forma sutil e quase tátil, permitindo a ele descobrir os sentidos plantados nas entrelinhas.
O leitor deverá ser capaz de extrair da leitura diferentes acepções ao interpretar o universo
Ler permeia uma das obrigações da escola na qual as crianças estão, na sua grande
maioria, presentes em tempo integral. Para que o ato de ler não se torne intransitivo e inexplicável,
Preocupar-se com a leitura realizada por crianças, jovens e adultos, é acima de tudo, ater-se
e não negligenciar, princípios e traços dos atributos literários, estéticos e artísticos, encontrados nas
e elementos indissociáveis que somente a leitura resguarda. Tais elementos servirão de alicerces
para compreender, interpretar, produzir e recriar, com base em uma determinada conjuntura.
A leitura mecânica não é suficiente para formar um bom leitor. O professor não deve se
preocupar apenas em quantos textos ou livros o aluno lê por ano, mas a verdadeira mensagem que
estes livros deixaram em seus interlocutores. A escola deve preocupar-se em tornar a leitura um
ato reflexivo, em que o leitor consiga interpretar o que está escrito nas entrelinhas do texto, em
que ele interaja e se descubra como leitor dinâmico Hoje, as escolas tratam à leitura como mera
decodificação de sinais gráficos, trabalhando com textos fragmentados e com respostas prontas
para seus questionários, isto torna o ato de ler enfadonho, mecânico e, dessa forma, distante do
que realmente se faz necessário para que se tenha uma boa leitura.
margem da sociedade, e como a leitura é algo muito importante para o desenvolvimento em vários
aspectos de sua vida, vê-se como é importante criar situações em que nossos jovens possam ter
Diante da evolução tecnológica do final do milênio, a escola tem mais uma função importante,
que é a de tornar seu alunado apto a ter contato mais real com as tecnologias como: computadores
para o seu bem estar intelectual e emocional, podendo concorrer em pé de igualdade às vagas
que o mercado de trabalho ofereça, e que necessite para tanto conhecimentos nestas áreas, ou
docentes tem acesso constante a essas novas tecnologias, seja por um poder aquisitivo baixo,
sejam por falta de tempo, já que os mesmos precisam trabalhar em duas ou mais escolas para
341
que possam ter um salário digno. Então fica difícil orientar o aluno quanto ao uso correto dos sites,
como pesquisar e como fazer uso correto das informações obtidas. O hábito de leitura é criado
com base em estímulos e a forma como se trabalha colabora muito para se criar uma geração
habituada a ler, que com certeza terá uma linguagem muito mais ampla e valiosa, fazendo parte
da sociedade em que poderá participar e argumentar, mostrando a força da palavra quando se tem
leitura e conhecimento.
342
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344
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DA POESIA NAS ESCOLAS E O PIBID:
UM ESTUDO DE CASO
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que foi dividido em duas publicações. A primeira foi publicada em fevereiro
de 2021 pela revista Desenvolvimento Intelectual. A segunda publicação se refere a este artigo se trata deste artigo que
tem a intenção de apresentar uma análise sobre a poesia como uma ferramenta interessante na formação geral das
crianças do ensino fundamental. Trata-se de um estudo baseado na experiência como bolsista do PIBID sobre o projeto
Poesia na escola. A poesia foi introduzida na escola como instrumento para trabalhar a literatura na formação do leitor.
Além de avaliar a contribuição do projeto na formação docente, pretende-se contribuir para a visibilidade do PIBID.
Ao longo de dois anos vivi a experiência de estudar sobre a poesia e desenvolver atividades com uso de poesia junto
aos alunos do terceiro ano fundamental. Enquanto objeto de pesquisa, os resultados do projeto são analisados com
base nas categorias do pensamento materialista dialético, portanto, levando em conta categorias como luta de classes
e o projeto de escola da burguesia. Mediante a experiência, ficou comprovado que a poesia na escola pode tornar o
processo ensino-aprendizagem mais prazeroso e proveitoso. Dentre as atividades ao longo da experiência na escola
municipal na qual desenvolvi o projeto, percebi que a escola não faz sentido para as crianças porque se encontra
defasada. Ou, conforme afirma a crítica, o utilitarismo da escola transforma o ensino num processo desconectado da
realidade das crianças. Por essa razão, a beleza da poesia surte, talvez ainda mais efeitos.
INTRODUÇÃO
Municipal Carlos Drummond de Andrade, com uma turma de terceiro ano. Em 2017 houve uma
pequena mudança porque a turma acolhida pelo projeto é considerada multianual, com alunos de
terceiro e quarto ano. Todavia, não foi feita nenhuma modificação na natureza do projeto.
O desejo e motivação para escrever sobre o tema decorre de dois fatores básicos: primeiro
por considerar importante escrever acerca da minha participação como bolsista do projeto. Dar
Programa de Bolsas de Iniciação à Docência se afirmou, a nível nacional como política fundamental
na formação dos professores. Segundo, porque me pareceu importante aprofundar o olhar sobre
essa experiência que se revelou interessante para mim, como estudante de pedagogia e futura
professora. Considerei oportuno e importante um estudo que possibilitasse uma compreensão mais
Desse modo, a experiência no projeto que, por ter uma natureza investigativa (visto que
nos debruçamos sobre os resultados que são produzidos) se revelou como um objeto natural nesta
empreitada.
De acordo com Chatton (1993) é facilmente aceita pelas crianças, posto que o
à entrada na escola, praticamente desde o nascimento, uma vez que as primeiras experiências
que formam o seu patrimônio literário são constituídas pelas canções, pelos jogos mímicos, pelas
Justifica-se, desse modo, a introdução precoce do texto literário nas instituições escolares,
desde o ensino fundamental no processo de construção da identidade dos jovens leitores. Tal
como o poeta, a criança é extremamente sensível em relação ao que se passa à sua volta e sente
muitas vezes dificuldades em exprimir e descrever essas sensações. A poesia ajuda a criança
melhorar sua capacidade de compreender e ultrapassar os limites de sua realidade social, dando-
novas relações com o mundo. Como sublinha o Azevedo (2003, p. 126), “esta familiarização
precoce da criança com textos literários de qualidade [...] proporciona-lhe o contato com formas
desenvolvem sua aprendizagem de escrita e leitura. Prestamos atenção também nos modos como
os reflexos do projeto vão aprimorando a prática de oralidade, bem como da escrita em seu cotidiano.
Para esse fim, estimulamos a escrita de versos, de histórias, a partir de temas trabalhados. Esse
estímulo é fruto das estratégias utilizadas nas rodas de conversas e de leitura, vídeos e poesias
346
que utilizamos para trabalhar com as crianças. Adotamos a cada encontro estratégias diferentes,
as quais vão desde uma leitura curta de um poema ou recortes de alguns versos, apresentação de
alguns versos, apresentação do autor, sua época e sobre o assunto do poema até as brincadeiras,
Visamos assim, contribuir não apenas para que a escola obtenha mais êxito nas suas
funções oficiais, que também fazem parte do propósito do PIBID’, mas para que vá além. Ainda
que, tal como é desejado pela sociedade, o principal objetivo da alfabetização seja possibilitar que
do que é entendido como necessário a um cidadão devidamente apto para a vida na sociedade.
Ressaltamos, todavia, que apenas indiretamente, nosso projeto se propõe a contribuir para esse
objetivo. A proposta que nos desafia no projeto, e que é nossa maior meta não reduz, portanto, a
escola à finalidade utilitária. Desejamos muito mais: a poesia é em primeiro lugar um meio de um
grande fim.
formação inicial de professores nos cursos de licenciatura das instituições de educação superior.
Assim como a inserção dos licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, o
que promove a integração entre educação superior e educação básica. O programa visa também
educação básica a tornarem-se protagonistas nos processos formativos dos estudantes das
Desta forma, esta pesquisa se desenvolveu a partir de uma metodologia de ação prática,
qualitativa e reflexiva. Como partimos de um olhar crítico sobre a escola, o método apropriado, a
nosso ver, é o dialético. O materialismo histórico dialético proporciona as ferramentas, tanto para
pensar em uma escola que ofereça aos filhos da classe trabalhadora, uma formação com dimensão
revolucionária, como permite direcionar criticamente o olhar sobre os resultados que a poesia e
Dados da escola que nos chegam através de conversas com as professoras das turmas,
assim como capturados por nossas próprias observações ao longo de cada período letivo, indicam
resultados positivos. Nas turmas em que trabalhamos, o projeto proporcionou aos alunos motivações
para a interação social; por meio da poesia as crianças melhoraram na escrita e na leitura.
347
Destacamos também melhoria na autoestima das crianças, convivência entre elas, criatividade
e reflexão, mais maturidade e maior respeito sobre fatos da vida pessoal, por exemplo quanto às
diferenças.
Em 2016 escolhemos para o primeiro encontro com as crianças trabalhar com o poema
“E agora José?”. Essa escolha, dentre outras coisas se deu pelo fato do poema ser de autoria do
poeta Carlos Drummond de Andrade que dá nome à escola, foi a forma que encontramos para
Nesse primeiro momento fizemos uma apresentação da biografia do poeta para toda a
sala, em seguida apresentamos o poema que seria trabalhado. Inicialmente, o texto foi entregue
numa folha de papel para cada um dos alunos para que eles pudessem ler, à sua maneira, para si
que eram aquelas que ainda estavam na fase de decodificação, inclusive, algumas eram repetentes.
Entretanto, essa dificuldade não nos desmotivou, pois depois de identificada e discretamente
revelada pela professora da turma, passamos a ajudar essas crianças, lendo com elas de forma
discreta para “fingir” que elas também liam. Nesse momento notamos também que a leitura feita
diretamente no livro desperta mais interesse nas crianças do que numa folha de papel avulsa.
Dessa maneira, seguiu-se a atividade, que foi realizada num pequeno pátio dentro da escola.
Todos os presentes realizaram a leitura inicial, após, foi solicitada a leitura em voz alta, por
todos. Com essa ação buscamos trabalhar a confiança na leitura, a partir do ritmo, já que o poema
permitia. Acreditamos que desta forma eles pudessem superar a timidez na leitura de maneira
coletiva.
De fato, percebemos que a experiência coletiva trouxe confiança às crianças, que passaram
a desenvolver a leitura de maneira mais entusiasmada. Isto suscita a questão de que a timidez
A escola é pequena, por essa questão não tem um espaço adequado para as crianças ler,
deixando assim a desejar. Muitas daquelas crianças gostariam de ter um lugar na escola para ler,
Superado esse obstáculo, partimos para um terceiro momento, no qual propusemos uma
348
conversa sobre a temática para compreender o sentido do texto, para que cada um pudesse fazer
conversar sobre a realidade social, sobre o que as crianças sentem e compreendem de sua
Desse modo, por dentro dos objetivos atribuídos à leitura, fazemos jus ao que é preconizado
nos PCN’s, ao determinar que a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto,
sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema
de escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por
letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão
expressarem depois da leitura de uma poesia. Desse modo, umas se expressaram com palavras,
outras com desenhos, mas todas participaram das atividades. Segundo afirma Sorrenti (2009, p.
16):
Ler um poema é buscar sentidos, o que equivale a dizer que cada leitura comporta a
possibilidade de participação nos textos do outro, pelo duplo jogo de receber e refazer o
texto. Para nós, a atividade com poesia não se encerra na leitura, deve ser
pensada para trazer para a formação um sentido mais amplo.
Mediante a abordagem que cada um fez do poema, ao ler e interpretar foi possível perceber
leitura, especialmente de poesia, revendo sua didática a cada novo tema, para assim atender as
é o lugar onde os alunos mantêm contato direto com a leitura, sendo muitas vezes, o único espaço
de práticas de leitura de gêneros não funcionais como o texto poético, é que percebo quão fora
Parece assim, que usamos uma maneira diferente daquela usualmente utilizada, de se
349
compreender o ato de ler. Fazemos da poesia um modo de ir encantando a criança com outra visão
da leitura, para que ela por si só desenvolva o hábito o prazer e a fruição do ato de ler. Consideramos
que a poesia intermedeia a criança e o mundo, e pode a partir das possibilidades através do ritmo e
dos recursos estilísticos presentes nela, tais como onomatopeias, rimas, aliterações, despertar na
criança a percepção do mundo não como algo apenas para se elucidar e compreender, mas como
Uma das atividades em que conseguimos a atenção total das crianças foi feita com a
utilização do cordel. Desde a apresentação do gênero, que contou com o manuseio e leitura de
narrações nos livretos, à etapa da produção de um cordel, o interesse revelado pelas crianças
foi geral. Na fase da produção, tanto do texto, quanto da xilogravura ilustrativa da capa, todas as
crianças se empenharam ao máximo. Notamos que essa atividade desperta, além da atenção da
criança para a leitura a criatividade, em especial na criação do desenho com que devem ilustrar sua
história, na capa do cordel. O sentido que elas revelam, ao desenhar tem uma conotação, sempre
muito pessoal.
Para realizar a capa do cordel, utilizamos as bandejas de isopor que são, via de regra,
no isopor, depois furaram com a ponta do lápis e passaram tinta e em seguida transpuseram as
Vale destacar que a escolha dos temas ou poemas vão surgindo durante o projeto. Muitas
vezes, elas decorrem de assuntos ou questões da nossa própria vivência. Como somos vários
grupos não parte, necessariamente da turma em que trabalhamos. O que muda é que a ideia pode
Constatamos que o cordel, parece que pela sua própria natureza, é muito atrativo para as
crianças. Com base nas reações quase unanime, entendemos que a leitura de cordel tem poder
de sedução capaz de influenciar o desejo de ler. Ou seja, pode ser um meio para levar as crianças
a se interessarem também por outras leituras. Além disso, as fará respeitar temas mais populares.
Ou seja, visamos que as crianças, a partir do conhecimento do cordel, estimulados pela produção
sobre o gênero. Explicamos ser um tipo de arte mais presente no Nordeste e falamos sobe a sua
origem europeia, bem como sua chegada e uso no Brasil. Apresentamos autores cordelistas mais
famosos e conversamos sobre a temática presente nos livretos, que vai das histórias de amor até
350
a discussão sobre política.
No início do projeto, uma coisa que ficou perceptível, diz respeito à diversidade de sotaques
na sala de aula. Apesar de ser uma escola pequena. Algumas famílias são de outros estados
do país, com idades, culturas, costumes, valores e crenças diversas, que juntos constituem uma
rica fonte de aprendizado para toda a comunidade Escolar. A maioria dos pais e responsáveis
possui baixo grau de escolaridade e baixa renda per capta pois são trabalhadores do comércio,
Assim, a entrada na escola, que fica num bairro considerado popular, em um morro e têm
poucos moradores, colocou a nós bolsistas, diante do fato de que havia tensões entre as crianças
em razão dos sotaques diferente. Ou seja, nos deparamos com esse problema, que para a escola
talvez não tenha importância e nem mesmo para a professora, já que ela não se empenhava para
melhorar isso. Não obstante, para as crianças, que enfrentavam até mesmo bullyng por conta do
Embora fossem várias crianças de diferentes cidades e sotaques não era uma coisa natural
para os nativos de Angra, a diversidade. Na verdade, essa diversidade de sotaques gerou certo
preconceito, principalmente em relação às crianças que vieram do Nordeste que, no caso eram a
escolas. Por esse motivo as vítimas adultas que sofrem esse tipo de preconceito, não conseguem
ter discernimento claro de que, quando alguém a olha e julga diferente pela sua maneira de falar,
Preconceito que não é apenas relativo à fala diferente, mas também por sua origem, o que
se revela como uma atitude opressora e discriminatória. E assim, acaba encarando tais ações como
brincadeiras. Porém, com crianças é diferente. A criança logo percebe a maldade nos comentários
vídeo da Mc Sofia para debater sobre o preconceito racial e aproveitamos para englobar todo e
“As Maria do meu lugar”. O mais interessante sobre a atividade foi que o lugar que de que tratava
o texto era o Ceará, um dos Estados de onde há crianças na sala. A poesia abordava várias Marias
e suas profissões.
e sobre não haver superioridade de maneiras de falar e sim maneiras próprias de cada lugar ou
região.
Trabalhamos desde Patativa do Assaré até os Mcs de São Paulo. A poesia, portanto, em geral é
uma ótima opção para professores que querem trabalhar com textos significativos, pois o poeta
busca no poema, transmitir seu pensamento acerca da compreensão cultural, meio social, etnias
lugares e crenças. Assim sendo, o debate sobre uma poesia, pode sim eliminar o preconceito. Foi
o que aconteceu no caso relativo aos sotaques diferentes daquele inerente ao modo de falar da
criança nativa.
de atividades que podem ser praticadas na escola, relacionadas à poesia, tais como o uso de
letras de músicas, literatura de cordel, usuais ou não na linguagem da vida cotidiana, pode ser
um caminho para que as crianças não deixem morrer o poeta que ainda vive nelas. Talvez esse
estímulo seja muito importante para despertar nelas a sensibilidade que, com o tempo, pode fazer
Outra atividade, que gostaria de citar aqui, foi desenvolvida com a poesia “A invenção do
abraço de Michele Cruz. Essa atividade utilizou também uma música do Jota Quest, intitulada
“Dentro de um abraço”.
O propósito dessa atividade era refletir com os alunos sobre a importância do abraço.
Pensar junto com eles sobre a necessidade humana de receber abraços e, por isso, de abraçar.
Falar sobre o sentido acolhedor e de afeto de um abraço. Mencionamos que era importante que
eles abraçassem seus pais, seus amigos e seus colegas da escola, parentes.
No início fiquei surpresa com a receptividade das crianças, pois não era costume eles
aceitarem com naturalidade as atividades. Talvez isso decorra do fato de a poesia já ter sido
fez mesmo a diferença, ou seja, cumpriu a finalidade de animar ainda mais a garotada.
Com as crianças no círculo, colocamos a música para tocar e fizemos uma brincadeira que
consistia no seguinte: enquanto a música tocava, o saco de pipoca ia rodando entre os alunos,
juntamente com a poesia. Quando a música era interrompida, o aluno que estava com a poesia
e a pipoca escolhia um colega para lhe recitar a poesia e em seguida o abraçava. A brincadeira
continuou até que todos participassem e fossem abraçados pelos. Depois de abraçar, a pipoca era
Houve muita emoção durante a brincadeira. Foi muito bom ver que as crianças cantavam a
música com entusiasmo e emoção. A impressão é que não era uma brincadeira apenas, mas uma
carinho, ajuda a criar elos e respeito entre as crianças. Assim, observamos que a poesia,
“Pro solitário ou pro carente dentro de um abraço é sempre quente. Tudo que a gente sofre
num abraço se dissolve. Tudo que se espera ou sonha num abraço se encontra.”
Essa foi mais uma atividade que contribuiu bastante para que os alunos refletissem acerca
menos nas falas deles era visível a convicção relativa ao abandono da forma preconceituosa.
Sentimos que a reflexão provocada pela música os fez compreender que, em verdade, somos
todos iguais.
compreensão de que é importante que tornarem pessoas melhores; pessoas que sabem que
o preconceito deve ser combatido, substituído por formas respeitosas para tornar mais fácil a
convivência em sociedade.
poderá não apenas formar leitores, mas também seres humanos sensíveis. Ademais, indiretamente,
a poesia pode contribuir para a formação de cidadãos, ou que darão sentido à nobre missão do
educador, que nas palavras de Morim (1998) a de civilizar as relações humanas sobre o nosso
planeta.
preocupação que nos movia era observar o comportamento das crianças e suas relações umas
353
com as outras, para medir o êxito do projeto. Ao chegar ao final
desse ano letivo, a conclusão a que chegamos com segurança, quanto a esse fato é que
houve diversas mudanças de atitudes na turma. Ficou perceptível que avançamos bastante no que
qualquer natureza, especialmente preconceito linguístico, uma vez que este em especial está
CONSIDERAÇÕES FINAIS
nesse projeto, um trabalho de iniciação à docência foi muito significativo na minha formação.
Noutras palavras, foi muito importante para a compreensão do trabalho docente, essa experiência
Do ponto de vista das credenciais para a formação docente, uma das coisas a ser destacada
é que a realização e observação da realidade do ensino, com o uso da poesia, me levou a acreditar
que é possível e importante trabalhar, em sala de aula, com literatura. Isto é, a literatura é um
recurso que se presta ao trabalho docente, para além do ensino de leitura e a poesia é muito
interessante a ser utilizada em sala de aula como ideia para tornar mais atrativo o ambiente escolar.
Vale mencionar também a contribuição trazida pela poesia, tanto em relação aos benefícios da
leitura, como referente à aprendizagem específica sobre esse gênero literário. Sem o projeto eu,
dificilmente teria tido essa oportunidade. Portanto, a temática significou um enorme ganho na
minha formação geral, ao me acrescentar mais cultura, bem como no âmbito da formação para a
profissão, por ter me ensinado sobre esse o uso desse recurso tão precioso.
Quanto aos benefícios para as crianças, além de tornar mais prazeroso o processo de
turma. Assim sendo, o rendimento escolar da turma foi muito mais amplo.
forma diferente nas atividades propostas, tirando delas resultados para a suas vidas.
O projeto, desse modo, contribuiu para enriquecer a cultura das crianças, porque lhes
ofereceu o contato com a obra de diversos poetas e autores da literatura nacional e internacional,
354
tais como Carlos Drummond de Andrade, Cecilia Meireles, Clarice Lispecto Mario Quintana,
Fernando Pessoa. No aspecto coletivo, a participação da turma no projeto produziu efeitos positivos
no comportamento dentro da sala e também fora dela. Elas se mostraram mais respeitosas entre si
O projeto, seguramente influenciou para que as crianças percebessem com maior clareza
o sentido da escola, da leitura e da escrita na vida das pessoas. Elas descobriram que estudar não
crianças iam melhorando a escrita, a leitura e se tornando mais interessadas pelas atividades. A
cada encontro, a cada nova experiência que era vivida, novas conquistas eram alcançadas.
Vale destacar que, em 2017, por se tratar de uma turma multianual, os atritos entre as
crianças eram mais constantes, entretanto, o projeto contribuiu para a gradativa desconstrução da
estranheza com a junção. Os alunos de ambos os anos escolar encontraram na literatura um meio
inimagináveis por eles foram apresentados e, por causa disso, a poesia foi mais um meio de levar
as crianças a darem asas à imaginação. O projeto tanto na turma de 2016, quanto de 2017, serviu
como instrumento para tornar as turmas mais interativas, ou seja, fazer fluir melhor a Interação
sobre o mundo. Ao criaram condições para maior interação social, assim como para o aprimoramento
do uso do sistema alfabético e da própria arte no contexto das práticas sociais e de leitura e escrita,
355
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Um iusam quos num quaere nulliquam, officia et magnitio. Hendi amus magniendus et harum faccae evella a voles
et, qui volesti quisimp erchil id mod ut volorep erferi aut exerspitio essitate conem quam, ut et rero magnis si oditatest,
apienectas maionsequis am cusante consequos sunto dolute poresto cum re quis et quo berum autatur, consenditat
erit, quibus, incium ero dolorer uptatio et velecat fugia de et maximus num velluptatum quam, endisquunte veriat vero
essimint vento tem audio tempele ndeliquibus, ute doluptat re volorpos dolupta dolut inverfe rundant, il et volut pra
dolorero exeribu sapera nectur, senis eserum alibusa que volores enit in nam que velit re venimus minciat ionsequibus
velest la voluptaes mi, nam, conseca ectiberrovit hictota sperum imendebit ut et dit, serendias dolorro tem liatur ma
digni blam, omnisti odis aut aut ius quod quam qui quissin cipsam laut es sundant aborest ex ent aribeatqui bera il modi
iderum essitationet ut rem acestrupta dissitatia cum est fugit et explabore, volo voluptur?
Anihicipicto tem nam, torestr umquia explignatur, cum iligentorios qui ut ius maio idebis quiam idunt, officie ntorestios
antemporia sundunt qui odiation peliquidus sit, que ium aut quae coreribus illaut estia nempor sinctii ssimi, temporum
verore et as sanda niendi abo. Tiis ape inus et earum vendam hit aut incti ommoluptate venihit aliquatur, occuptam
eos por sequam voluptatur, consedita qui rerum quos ad estiostio quo est ut destotatum qui officium reiciatusam quas
si aliquam ipsapidit, qui officil lanimaio. Ero quidentem que provid mostio. Nim sumqui odi doloribus explis elent aut
doluptas at.
Aximus et est, simincto totatiis re experi none mod mincipsunto et ape cus eumqui atur assendit omnisi quatatet re
volum remposae. Liae quam ute sequodis earuptatem que imil milicie ntiumque verfere iminum fuga. Adita imporumque
laborum reratur?
Piet quassi digenem consequi sitas quas aut eiumend ebisquibus sunt odipsusa nos exero to volori nonsectatus, necus
dolendae venia dolor audaerovid eatquas pellit occuptat.
Susdam, ipiendae nonsedi ssint, volore sum qui doluptatem accaborum commodi tatur?
Ucim assinctur sam, conecta tendus exerum rem re il ilisit re explit facerum faccum inullupta simet venihil labore alignat
ibusdae moluptatur?
As rest eturia consed quias di ullaboria quam, volorum vel eatquam natur, ut evel inumquatiis eaque volenihicit
dolescidella prorerum idessin et offictatae re minullu ptatem la dolorem. Itasped ipsant vel et esciti optius et res ped
magnat excessi blatur repeliquo quae ea non num acepuditatum eum sinto tem nus doles iducitat quias moloreror sus,
quo occatat.
Ro berum rerit etus si officime nonsequis volesti il modis millatur?
Ullignis eium etur, num enimintur mo te corem eum hilis as ipsuntiberem faciur, nobitaquid qui omnis re nectati quam
remod modi con et rectis ipsa estium accum fugitisquias et odiori opta veremod ipient.
Ed ea nis rem facerspedi natur, tem quas quo beat remporporum, endic tem eaquis et quam volutatque dolumque
occaepero ventiani alia etur?
Lautem eaquidunti odit et quiam, sequi dolut eos ut el mil et fugitam as pla volupta temodio rporis auta in et que
estrumquo maion pressint offic tempore moluptati bea delit et ut ex est ut aperehendior autet lat maiorite pro corerer
ferepro tem volupta nitae venis ent plita consequi aut ipsandellum audae nobitiunti consequo bea nis audandunt vella
eumqui ipsaeceptia que videmqui num recerio nsequis simolor rovideribus rerit quis ad quist hicilis re qui aut expliqui
qui ut doluptatest aut vit expelec eptaturio eumendunt assendae nam et ut alicimus modissendit resequae nihic tem
ressitatur sed et iumenda cuptatatur? Tis sus apis aut ea dolorae. Fici ipsae. Itat.
Ri to quam ipsum doluptatiis rehenisit es arcipsa ndeligenis et porem rerum con repuditi volectu rendigent facepreris et
modiciaturia ad quodio. Lupta dolesequi sit fugiand igeniat.
Henimint laut as sa atem quiae lam ium vellistoris dolum inctaquiania verfero et, testest aut laccus illam, occus.
Expeliq uiducius voleseq uidunt fuga. Et omnihil et paris id quid ent que verum fugitaspid mod ullector mo dolo od
356
AS CONFERÊNCIAS DA ONU E O MOVIMENTO DAS MULHERES:
AS PAUTAS DA SAÚDE DA MULHER E DIREITOS
RESUMO
Este estudo tem como objetivo identificar como as três ondas internacionais feministas influenciaram no debate sobre
a descriminalização do aborto dentro da ONU. Também será verificado, sob a perspectivas dos direitos humanos das
mulheres, as contribuições dos movimentos feministas, em suas respectivas ondas internacionais, na influência das
discussões dos direitos da mulher junto à ONU, através do processo de construção das conferências das mulheres.
Para tal, foi utilizado a teoria construtivista, com a finalidade de explicar como cria-se demandas para organizações
internacionais. Partimos do pressuposto de que a agenda das ondas feministas estimulou a formulação do planejamento
de saúde das mulheres dentro da ONU, influenciando ideias pró-descriminalização do aborto na organização ao longo
das conferências das mulheres edificadas no período pós 1975.
INTRODUÇÃO
A proposta deste artigo é analisar o problema do aborto à luz das teorias feministas
datadas desde o século XVIII até a contemporaneidade, considerando esses movimentos sociais
como “ondas”, assim denominados pelas próprias ativistas. Serão investigadas as influências das
respectivas “ondas” no cenário mundial, evidenciando o debate sobre o aborto dentro da Organização
Este artigo será composto por um importante parte complementar. Na introdução, além da
tomando como base alguns dados sobre a questão do aborto no âmbito internacional. Num segundo
entre outras autoras que abordam a história do feminismo, e suas respectivas contribuições, num
marco internacional. Por fim, na terceira seção, serão analisadas às conferências da ONU sobre as
Nos últimos 20 anos a porcentagem de governos que permitem o livre aborto aumentou
gradualmente, porém, mesmo com a expansão das liberdades de aborto, as políticas permanecem
religiosas, como a Ásia e o Oriente Médio (United Nations publication, Sales No. E.14.XIII.11).
Advoga-se a favor do aborto – para além da filosofia feminista – através da sua importância para
a saúde pública feminina, pois as taxas de fertilidade são significativamente maiores em países
com políticas restritivas ao aborto, políticas restritivas de aborto em 2013 três vezes maior - 69
nascimentos por 1.000 mulheres entre 15 e 19 anos - do que em países com políticas liberais de
aborto - 24 nascimentos por 1.000 mulheres entre 15 e 19 anos (United Nations publication, Sales
No. E.14.XIII.11). Em adendo, Estados com restrições fortes contra o aborto também carregam
níveis mais altos de mortalidade materna, sendo a taxa de mortalidade também três vezes maior
- 223 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos - que em países com políticas de aborto liberal -
77 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos (United Nations publication, Sales No. E.14.XIII.11).
Sendo assim, é importante para a vida das mulheres que políticas de aborto sejam facilitadas, e
A partir da teoria construtivista, cuja definição encerra a ideia de que o ser humano vive em
um mundo que ele mesmo constrói, sendo protagonistas e construtores sociais de uma sociedade
ator preponderante, a introdução de tal debate junto a ONU, especialmente a partir da leitura das
358
Conforme assinala Barbosa (2010, p.5): “Tudo aquilo que é inerente ao mundo social das
pessoas é elaborado por elas mesmas, de forma que o fato delas construírem este mundo, o torna
serão considerados, neste trabalho, atores não-estatais chaves no debate transnacional1 sobre a
descriminalização do aborto. Tais movimentos atuaram como fortes grupos de pressão sobre as
instituições do Estado, criando uma agenda pública de discussão acerca da defesa de direitos
intergovernamentais.
importância para a promoção dos direitos das mulheres, especialmente, no que se refere a questão
do aborto na perspectiva internacional. Historicamente, existem diversos símbolos das lutas sociais
e intervenções da sociedade civil propondo e provocando mudanças nas políticas públicas pelo
mundo todo, tais como a Revolução Francesa, a Primavera de Praga, na antiga Tchecoslováquia;
as Mães e Avós da Praça de Maio, na Argentina; e a Primavera Árabe no Oriente Médio, a rebeldia
francesa com o movimento das Vezuvianas e Blomeristas, Mulheres da Europa e Estados Unidos
finais sobre as conferencias das mulheres das Nações Unidas ao longo da segunda metade do
século XX. Além disso, será feito uma revisão bibliográfica de acordo com o arcabouço teórico
de autoras feministas para a sinalização e caracterização das “ondas feministas”, via obras de
Carla Cristina (2011), Geneviève Fraisse (1991), Michelle Perrot (1991 e 1998), Naara Luna (2001),
Simone de Beauvouir (1949), Georges Duby (1991) e Shulamith Firestone (1970) com o intuito de
construtivista das relações internacionais, sobretudo a partir das formulações de Wendt (1992).
ou abrandamento do punitivismo para mulheres que buscam o fim da gravidez? A resposta virá
esquematizada nas seguintes seções: (i) Construtivismo e Feminismos – as ondas feministas; (ii)
1 Debate que extrapola as fronteiras nacionais, que acontece em diversos países. Para mais do conceito, ver HUNTING-
TON, Samuel (1980) e BERNARDO, João (2000).
2 Tradução livre: Liga das mulheres. A Women’s Internacional League é uma organização não-governamental sem fins
lucrativos que luta contra à opressão e exploração feminina.
359
fim (iii) as considerações finais onde serão explanados pontos de convergência e distanciamentos
entre as campanhas sobre a questão do aborto no interior da ONU diante do debate histórico-social
MULHER E DIREITOS
A ONU surgiu após a segunda Guerra Mundial, em 1945 e, na promulgação da sua carta
feministas, a Organização das Nações Unidas desempenhou um papel que, de certa forma,
sistematizou os anseios feministas, de forma sutil, à princípio, mas avançando para um formato
mais definido, culminando no ano de 1975, declarado o primeiro Ano Internacional da Mulher. Foi
também no ano de 1975 que aconteceu a primeira conferência mundial sobre a mulher, conhecida
Em meio a uma pauta difusa, decorrente da ânsia de dois mil delegados presentes na
Conferência, foi aprovado que o período entre 1976 e 1986 seria a Década das Nações Unidas
para a Mulher. Nota-se, dessa forma, que o contexto de realização da própria conferência, numa
todo, que essa reunião de encontros, a conferência, foi fruto desses movimentos, contribuindo para
a união de diversas forças mundiais, dessa forma servindo também como mola propulsora dos
A criação de uma Comissão sobre a Situação da Mulher - CSW – sigla em inglês, no ano de
1946 dentro da estrutura da ONU, foi crucial para levantar informações e elaborar um diagnóstico
sobre a realidade da vida das mulheres no mundo inteiro, essa comissão teve participação na
redação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, negociando os pontos referentes aos
direitos das mulheres – Vale ressaltar que, a declaração dos direitos dos homens na França,
influenciou a criação do que viria a ser a Declaração dos direitos humanos, e tal declaração nasceu
graças a revolução francesa, um movimento social capaz de mudar os direitos, hoje conhecidos
como direitos humanos, no mundo todo. Da mesma forma, as Feministas francesas, ao repensar a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, deram início ao que seria o direito das mulheres;
e mesmo que a Declaração do Direito da Mulher e da Cidadã não tenha sido aceita pela ordem
360
francesa, veríamos, algumas décadas a frente, uma Declaração com fortes semelhanças.
da Discriminação Contra a Mulher. Tal documento foi aprovado em 1967, mas sem força de
lei. Finalmente, em 1976, essa pauta é aprovada para transformar-se em Convenção, a qual é
das mulheres, tornando vinculante, com força de lei, os parâmetros constantes do documento.
Ressalte-se que o Brasil aceitou a CEDAW, sem reserva alguma, apenas em 1994, com o advento
da Constituição de 1988.
desenvolvimento dos países, assim como o bem-estar das relações internacionais. De modo que
os Estados que ratificarem a convenção deveriam adotar medidas especiais de caráter temporário
para os países que decidissem ratifica-la, entretanto, quando nos deparamos com o debate sobre
a reprodução, não há grandes avanços na problemática. O mais próximo da saúde sexual feminina
Apesar da ONU ter garantido avanços em vários aspectos da vida das mulheres, a partir
dos tratados aprovados por países membros, no campo do trabalho com a OIT – Organização
no campo civil, dentre outros, nos interessa destacar o progresso nas questões pertinentes à
saúde das mulheres e aos direitos reprodutivos, incluindo neste cenário o direito ao aborto. Neste
361
caso, a ONU resistiu durante décadas a incorporar normas dirigidas especificamente às mulheres,
concretizando isso apenas na década de 80, no século XX, admitindo assim, o combate às práticas
Holanda. Seu objetivo foi avaliar os progressos obtidos a partir do Plano de Ações da Conferência
do México. Os temas centrais foram o acesso ao emprego, educação e saúde, entretanto muitos
autores criticaram o evento, afirmando que a pauta foi “sequestrada” por temas alheios às questões
das mulheres. No entanto, o Fórum livre, paralelo ao evento oficial, que aconteceu desde a primeira
conferência, reuniu cerca de 7 mil mulheres, as quais pautaram questões específicas, como as
mulheres negras e lésbicas, dando ênfase também à questão da violência contra as mulheres,
tema que seria foco da luta das mulheres Brasileiras na década de 80 (FONTÃO, 2011, pg 30.).
Apesar da conferência em si não ter avançado em vários enfoques caros às mulheres, o Fórum
Livre, que novamente aconteceu paralelo à essa e às conferências anteriores, reuniu mais de
15 mil pessoas, que por conta da visibilidade das representações nesse fórum, influenciaram os
rumos e decisões da própria conferência, obtendo, inclusive, importante espaço nos veículos
de comunicação da época, com grande repercussão. Dessa forma o tema da violência contra
as mulheres foi pautado pela primeira vez numa Conferência da ONU (FONTÃO, 2011, p.32).
A constatação, a partir da avaliação da “década da mulher”, foi a de que não houve progressos
significativos, mas o documento resultante da conferência foi uma ratificação da Carta de São
Um marco para o debate sobre o aborto foi a Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento, realizada no em Cairo em 1994, teve a participação de 182 países e 2 mil ONGs,
reconhecimento de que a fecundidade diz respeito ao indivíduo e não ao Estado, fato que altera
Mais recentemente foi conferida a Declaração de Beijing (1995), com ela veio a criação da
plataforma de ação, que viria a ser o quadro de políticas mundiais mais amplo já visto na luta da
igualdade de gênero. A plataforma buscava estabelecer limites de atuação dos Estados em relação
(Parágrafo 96, Declaração de Beijing). Mesmo que a declaração emancipasse a mulher em relação
a sua sexualidade, enquanto ao aborto ainda haviam certos impedimentos. Se por um lado a
Conferência das Mulheres definia nessa conferência o aborto como caso de saúde pública, por
outro, negava o uso do aborto como forma de planejamento familiar. (Parágrafo 106, Declaração
de Beijing).
j) reconhecer que as conseqüências, para a saúde, dos abortos feitos em más condições
constituem um grande problema de saúde pública e, conforme acordado no parágrafo 8.25
do Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,
buscar remediar esse problema [...] Quaisquer medidas ou mudanças em relação ao aborto
no âmbito do sistema de saúde só podem ser determinadas, em nível nacional ou local, de
conformidade com o processo legislativo nacional. Nos casos em que o aborto não é ilegal,
ele deve ser praticado em condições seguras. (Parágrafo 106, Declaração de Beijing)
Ou seja, a mulher conseguirá validação para sua liberdade em relação a sua sexualidade
permitisse.
de igualdade, desenvolvimento e paz, assim como manteve outras questões já abordadas pelas
orientar atores nacionais, regionais e internacionais na busca pela promoção dos direitos da mulher,
de práticas contraceptivas
363
QUADRO 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pauta do aborto ainda está em discussão em diversas partes do mundo, assim como
outras questões pertinentes aos direitos das mulheres. O direito ao aborto especificamente, é uma
aos ditames do Estado e ao poder masculino, avançar nesse aspecto é crucial para a garantia da
própria vida e bem-estar das mulheres do mundo todo. Em alguns países da Europa o aborto já é
permitido, no entanto, na América Latina e países do Oriente, principalmente, essa prática ainda é
364
considerada crime em sua maioria.
Apesar dos progressos obtidos no que se refere ao direito e à autonomia das mulheres
no campo do trabalho, saúde e outras áreas sociais, a função reprodutiva ainda é a função
considerada precípua nas mulheres. A vida desses indivíduos é pautada na questão da reprodução
e da fertilidade, de forma que o sexo feminino sofre influencias negativas em relação a sua saúde
onde os direitos humanos foram reconhecidos para a diversidade presente em cada território,
Podemos perceber que as pautas das Ondas Feministas a partir de 1975 imbricaram-se
nas pautas das Conferências das Nações Unidas, quando os debates propostos estiveram em
consonância com as reivindicações presentes nas diversas manifestações por direitos de mulheres
do mundo todo, privilegiando as mulheres Europeias e Norte americanas, mas atingindo de forma
direta e indireta as discussões em todo o globo. Influenciando, desta forma, a elaboração das
Por certo as orientações da ONU não são assimiladas imediatamente pelos países membros,
essa adesão está relacionada diretamente aos movimentos e forças internas de cada país, que são
essencialmente influenciadas pela cultura interna; por um lado a situação e o posicionamento das
mulheres e suas associações, por outro lado a força e o empenho dos setores conservadores para
A plataforma de ação e declaração de Beijing foi uma ação importantíssima da ONU para
estabelecer os limites de atuação dos Estados em relação ao corpo feminino quando ressalta: “o
seu direito de ter controle e de decidir de forma livre e responsável sobre as questões atinentes a
sua sexualidade, inclusive sua saúde sexual, sem coerção, discriminação ou violência. Relações
igualitárias entre a mulher e o homem em matéria de relações sexuais e reprodução, incluindo o pleno
Beijing).
O quanto isso foi ou não aceito pelos estados membros ainda é objeto de disputa, haja
365
vista a atuação dos movimentos feministas no Brasil, na Argentina e outros países onde o aborto
ainda é criminalizado, nos quais apenas em situações de risco de vida das mulheres o mesmo
é liberado, mas não sem antes passar pelo crivo judicial. Neste sentido há que se ressaltar que
os movimentos feministas ainda têm muito trabalho pela frente, seja para se afirmar enquanto
movimento com pautas específicas, seja para conter o avanço das pautas conservadoras, pois a
conjuntura internacional aponta para um retrocesso das conquistas femininas das últimas décadas,
apontando para primaveras sombrias e cheias de obstáculos para o progresso dos direitos das
366
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369
SÍNDROME DE DOWN E SUA FORÇA NO ASPECTO INCLUSIVO
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de apresentar questões importantes sobre a síndrome de down e em como ela é vista na
nossa sociedade. Além de destacar a importância da inclusão de pessoas com down e em como ela tem tomado força.
Atualmente o tema inclusão escolar na rede regular de ensino, traz à tona uma série de discussões contínuas, propícias
a esse novo olhar, a esse novo paradigma social, em especial no tocante às crianças com a deficiência. Este artigo tem
como objetivo principal verificar como ocorre a interação social destas crianças no espaço escolar. Este será proposto
através de análises bibliográficas, tornando possível constatar que quanto mais o aluno com deficiência, compartilha
e interagir com o meio, seu sistema cognitivo se desenvolve melhor, reforçando assim a importância de interagir e
contribuir para a inserção da mesma na educação, propiciando condições de aprendizagem adequadas.
INTRODUÇÃO
O estudo do tema Síndrome de Down teve como objetivo revisar a literatura que trata
da inclusão de crianças com essa síndrome na rede regular de ensino, a fim de identificar os
temas pesquisados e subsidiar o trabalho em sala de aula com essas crianças, propiciando iguais
condições de aprendizagem.
pessoa com Síndrome de Down desde o início da vida, pode contribuir para uma melhor exploração
ligação afetiva entre família e a pessoa que tem a Síndrome, com isso ampliando sua possibilidade
de participação social.
ligação afetiva entre família e a pessoa que tem a Síndrome, com isso ampliando sua possibilidade
de participação social.
Segundo o portal Albert Einstein (2008) a Síndrome de Down é definida como uma diferença
pai, e durante uma das divisões ocorre uma ação que ainda não foi identificada, e faz com que, em
vez de 46 cromossomos esperados, o feto tenha 47. Trata-se da trissomia do cromossomo 21, que
A síndrome de Down (SD) é uma condição crônica que traz múltiplos desafios não só à
criança, mas também a toda sua família. Trata-se de uma desordem cromossômica, cuja
frequência é de 1:750 nascidos vivos, tendo como fator de risco predominante a idade
materna avançada (35 anos) (CAPONE, 2004; PUESCHEL, 1999).
Um atraso poderá ser recuperado e, por si só, não implica que não venha a atingir o nível
de excelência ao alcance do desenvolvimento normal. O atraso será por isso meramente
quantitativo: menos desenvolvimento num dado momento, mas não um desenvolvimento
diferente ou deficiente (CASTRO; GOMES, 2000, p.63).
Nesse Contexto, Maciel (2000, p. 51) afirma que de modo geral a falta de conhecimento
da sociedade, faz com que a Síndrome seja vista como uma doença crônica, um peso ou um
problema. A visão da sociedade sobre a deficiência faz a pessoa que apresenta essa condição ser
vista como um ser incapaz, indefeso, sem direitos, sendo sempre deixado em segundo lugar. Ainda
como descrever como é o atendimento das crianças com esta síndrome na escola. Este estudo
tem início com o tema: Os problemas enfrentados pelos deficientes da antiguidade a Idade Média;
a seguir será abordada: A definição da síndrome de Down e finaliza a pesquisa com o tópico: A
no par 21, também definida como trissomia do 21. Conforme, Assumpção (1990 apud MARTINS,
2011, p.16) :
Análises indicam que o risco de uma mulher gerar um filho com Síndrome de Down dobra
a cada dois anos e meio, após os 35 anos de idade. A ocorrência é de cerca de 1 em 200 a 1 em
300 nascidos vivos (PUESCHEL, 1993). A idade materna é apontada como um motivo favorável
óvulos (células germinativas femininas), que acompanham a idade da mulher, conforme expõe
Schwartzman (2003):
A razão pela qual as mulheres mais velhas apresentam risco maior de terem filhos trissômicos
se prende, possivelmente, ao fato de que seus óvulos envelhecem com elas, pois a mulher já
nasce com todos os óvulos nos ovários. Desta forma, os óvulos de uma mulher de 45 anos
são mais velhos do que os de uma de 20 anos[...] (SCHWARTZMAN, 2003, p.20-21).
Ainda:
Uma criança ao ser gerada, regularmente, recebe 23 pares de cromossomos do pai e 23
pares de cromossomos da mãe, que levam o material genético (genes) que conferirão traços
as particularidades físicas, orgânicas, emocionais e intelectuais. Esta união ocorre com o
encontro do espermatozoide com o óvulo, gerando daí a primeira célula chamada de célula-
ovo, futuro embrião. Esta célula inicia, então, a sua divisão e a sua multiplicação, gerando
novas células semelhantes entre si, em um recurso biológico definido mitose. (MARTINS,
2008; MUSTACCHI in WERNECK, 1985; PUESCHEL, 1993).
nascimento do bebê ou por meio de um acompanhamento genético com os pais ou com a própria
criança. Este último é classificado a identificação decisiva da Síndrome de Down e é efetuado por
meio de um acompanhamento genético com os pais também pela análise do cariótipo de ambos. O
exame concluído é definido como cariograma, em que são pesquisadas as células cromossômicas
dos pais ou da criança, através de tipos de sangue ou de tipos da placenta. Segundo Mustacchi (in
Essa divisão e multiplicação celular é essencial para o bom crescimento deste novo ser.
Entretanto, quando acontecem falhas ou modificações genéticas no decorrer desta divisão e
multiplicação celular, convertem-se em prejuízos sérios para o novo ser, como o progresso de
síndromes ou de alguma deformação, e, até mesmo, em alguns casos, ao aborto espontâneo
dos fetos. Como a Síndrome de Down é resultado de uma imperfeição genética, não pode ser
classificada como uma disfunção e os prováveis agentes biológicos ainda são ignorados pela
ciência. Algumas pesquisas se reportam a condições ambientais ou exógenos e a condições
endógenos, como um dos prováveis motivos a idade materna.
Síndrome de Down, mas sim, parte do braço longo deste segmento. (PUESCHEL, 1993).
De acordo com Martons (2011) e Pueschel (1993): “As razões pré-natais são aquelas
processadas desde a fecundação da criança, e deve ter origem na mãe, no pai ou no decurso da
Assim, as crianças com Síndrome de Down precisam ser incentivadas desde a menoridade,
extensivas aos familiares, pois cada criança tem suas próprias deficiências de progresso e de
emulação cognitiva, motora, a estimulação tátil, unida a estimulação auditiva e visual. Conforme
373
Zausmer (in PUESCHEL, 1993, p.120).
Ao longo dos anos foram estabelecidos os seguintes pressupostos legais acerca da educação
inclusiva:
Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU 1948): Refere-se à garantia dos direitos
à liberdade, à igualdade e à dignidade para todo ser humano, a despeito da raça, sexo, origem
nacional, social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição, sendo um desses
para que seja possível o acesso de todos à educação básica. Como resultado deste documento
oficial, elaborou-se o plano de ação com o objetivo de proporcionar educação básica para todos. O
A inclusão escolar possui diretrizes específicas expressas nas leis e estatutos atuais, sendo
Nacional Comum Curricular, documentos oficiais que são base para a elaboração dos currículos
de todo o país, e que possuem como prerrogativa a educação para todos. Tendo em vista tais
documentos legais, as instituições escolares têm o dever de assegurar a matrícula de crianças com
necessidades especiais, sendo uma obrigação legal havendo penalidade pelo descumprimento.
“Por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das
aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos
e metodologias educacionais específicas.” A classificação desses alunos, para efeito de
prioridade no atendimento educacional especializado (preferencialmente na rede regular
de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a: portadores de deficiência mental,
374
auditiva, física e múltipla; portadores de condutas típicas; portadores de superdotação.
(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Adaptações Curriculares Estratégias para
educação de alunos com necessidades educacionais especiais, 1998).
Declaração Mundial sobre a Educação para Todos (1990): Ocorreu após a Conferência
Mundial que contou com representantes de governos, organismos internacionais e 858 Revista
reunir esforços em face da luta pelo acesso às necessidades básicas de aprendizagem de todo
A inclusão escolar brasileira foi fortemente influenciada por meio das declarações
internacionais, desde a década de 40 e com maior intensidade a partir da década de 90, quando
ocorreram diversos movimentos mundiais em virtude da luta pelos direitos humanos, no bojo do
Houve neste período uma ampliação na busca por uma educação democrática e pela
Um importante marco neste período foi o rompimento do estigma do modelo educacional vigente
que era excludente, pois não contemplava as especificidades dos alunos e não atendia de forma
adequada as demandas.
A Declaração de Salamanca teve como foco a demanda relativa à inclusão escolar, sendo
estas as crianças com deficiência. Resultante da Declaração de Salamanca, as Nações
Unidas publicaram as “Regras e Padrões sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas
com Deficiências”, o qual requer que os Estados assegurem a educação de pessoas com
deficiências como parte integrante do sistema educacional (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA
p.1).
Brasil teve como proposta reafirmar que as pessoas portadoras de deficiência possuem os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que esses direitos asseguram
No que se refere à educação especial, observa-se que o Brasil segue os pressupostos legais
formulados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 que estabelece:
Observa-se que as leis que referem- -se à inclusão das crianças com necessidades
especiais nas instituições de ensino, ainda há uma grande barreira no que refere-se à
formação específica dos professores para que seja garantido o atendimento adequado às
especificidades dos estudantes. Para tal, o MEC disponibiliza material de apoio para orientar
e capacitar os professores.
375
A Base Nacional Comum Curricular é um importante marco legal para a educação brasileira,
tendo em vista que permite oportunidades para uma educação mais inclusiva, pois parte do olhar
A BNCC amplia as oportunidades para que a escola busque alternativas para que todas as
crianças tenham acesso ao ensino, dialogando assim com os princípios do Desenho Universal para
Sabendo que a diversidade não é exceção e sim norma e que os sujeitos aprendem de
maneiras diversas, o Desenho Universal para Aprendizagem se apresenta como um
conjunto de possibilidades – materiais flexíveis, técnicas e estratégias – que busca ampliar
a aprendizagem de alunos com ou sem deficiência. O objetivo é atingir assim, um número
maior possível de alunos, universalizando, portanto, a aprendizagem.
deficiência:
• Habilidades e competência na BNCC: aos alunos da educação básica são garantidos
os direitos de aprendizagem e desenvolvimento presentes nas dez competências gerais.
O documento contempla o desenvolvimento de habilidades e possibilita aos estudantes
explicitem o processo cognitivo envolvido, ou seja, devem ser capazes de declarar as
aprendizagens nas diferentes áreas do conhecimento no ambiente escolar e na vida social e
cotidiana. A BNCC define competências como a mobilização de conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores para a resolução de demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
• Desenvolvimento de habilidades e a aprendizagem dos alunos com deficiência: por meio do
planejamento didático relacionado às habilidades é possível que o professor acompanhe ao
longo da vida escolar do aluno com deficiência como está ocorrendo o seu desenvolvimento
para que possa então intervir e potencializar a sua aprendizagem.
• Uso de tecnologias ao longo da Educação Básica: permite o aprendizado dos estudantes
por meio do uso das tecnologias assistivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há pouco tempo, crianças nascidas com Down eram afastadas do grupo social e familiar e,
376
geralmente, não viviam mais do que 30, 35 anos. Quando se começou a investir na estimulação
de vida aumentou notavelmente e, ainda que num ritmo mais lento, elas se mostraram capazes de
superar as limitações e foram sendo integradas na sociedade. Em entrevista para o site Drauzio
Nos últimos 20 anos, pessoas sem a síndrome tiveram um ganho de sobrevida de dez anos,
isto é, a expectativa de vida passou de 60 para 70 anos. Nesse mesmo período, a sobrevida
na população com síndrome de Down foi de 25, 30 anos para 60, 65 anos. Portanto, elas
ganharam 30 anos de sobrevida com qualidade graças à atenção médica e da família que
passaram a receber. (MUSTACCHI, 2012).
Uma constatação: o fato é que (seja da ótica de quem vive, seja da ótica de quem vê) a
deficiência, do ponto de vista psicológico, jamais passa em nuvens brancas. Muito pelo
contrário: ameaça, desorganiza, mobiliza. Representa aquilo que foge ao esperado, ao
simétrico, ao belo, ao eficiente, ao perfeito. E assim como quase tudo que se refere à
diferença provoca hegemonia do emocional sobre o racional.
Todas as pessoas envolvidas neste processo, devem estar aptas a lidar com essas
crianças e que são responsáveis por propiciar todas as formas de inclusão nas diversas atividades
desenvolvidas no espaço escolar. Esta pesquisa não se encerra neste breve artigo. Muito ainda,
se tem para escrever sobre as crianças com síndrome de Down no espaço escolar, e espera-se
que muitos outros pesquisadores estejam empenhados em desenvolver estudos sobre este tema e
377
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasília, DF: Ministério da Educação : Secretaria de Educação Especial, 2006.
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Vida Contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002. p.95-114.
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BENTO, M. A. S. (Org.). Educação Infantil, igualdade racial e diversidade: aspectos políticos, jurídicos e conceituais.
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images/0022/002281/228184E.pdf.
378
EDUCAÇÃO, MUSEUS, CONHECIMENTO
RESUMO
Na atualidade os museus que remontam a três séculos de formação e geralmente são entidades que perpetuam um
conservadorismo e geração de cultura sendo que do conceito pedagógico é proveitoso para a aprendizagem sendo de
primordial para a formação cultural do professor, sendo ele um intermediário para a formação dos cidadãos. De modo
geral no Brasil não há muitos museus de grande porte, algumas capitais dos estados inclusive possuem capacidade e
obtém em seu patrimônio cultural grandes instituições. Mas para quem não pode ter acesso e não mora nas metrópoles
essa convivência para frequentar museus é trabalhoso, devido às custas monetárias e do distanciamento, e assim exclui
pessoas dessa experiência sendo que muitos que visitam os museus são educadores portanto esse equipamento que
deveria ser habitual dos professores fica prejudicado para o desenvolvimento cultural do cidadão. Com a modernidade
e a era tecnológica há os museus virtuais, sendo uma alternativa para vivência para entidade e assim os educadores
podem utilizar dessa ferramenta para pesquisas. Essa pesquisa esclarece o fundamento teórico sobre os museus
classificando a importância para a o desenvolvimento dos professores e a relevância como instrumento de formação
e opinião.
INTRODUÇÃO
Estudos sobre museus se intensificaram nas últimas décadas, deixando de ser objeto de
estudos de historiadores da arte e objetivando o interesse de cientistas sociais que são valorizados
Na atualidade variados estudos nos fornecem pesquisas sobre a constituição dos museus,
O objetivo desse artigo é ampliar esses estudos, para tanto analisar as práticas, estruturas
e os processos presentes no Museu Lasar Segall, considerando as variadas mudanças que passa
a sociedade brasileira.
Essas reflexões envolvem necessariamente a relação dos museus com o Estado e com o
379
mercado. No Brasil, há uma forte tendência a se privilegiar nos estudos das questões nacionais
as suas especificidades constituintes, sejam elas nacionais, regionais, sejam locais. Há quase
uma rejeição obsessiva a estudos que entrelaçam questões nacionais a estruturas e processos
mais amplos. A análise desenvolvida aqui de certa forma transgredindo essa regra, pois embora
considere fundamental a constituição singular e histórica dos museus brasileiros, também incorpora
elementos intrínsecos ao campo específico da museologia, que rompem fronteiras nacionais, assim
como transformações nas esferas econômicas, políticas e sociais, que também não se restringem
ao cenário nacional.
Uma explicação deve ser ressaltada sobre o referido assunto no qual 1.200 museus no
Sendo que 80% de dados relativos a estudos e avaliações e ações que as instituições
Sendo que a única fonte que temos de pesquisa para o público é fornecida pela Comissão
Em se tratando de museus regionais muitas informações não podem ser consultadas por
falta de pesquisas.
Historicamente o primeiro museu nacional foi criado por D. Joao IV em 1.818, assim
denominado como Museu Imperial, após a República em 1.889 com o declínio da monarquia passou
a ser chamado de Museu Nacional localizado na cidade do Rio de Janeiro, com grande influência
países no qual mantêm relações com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Em 1.970, as novas ações que foram produzidas nos museus, favoreceram o respeito a
diversidade cultural, a integração dos museus as várias realidades locais e a defesa do patrimônio.
público participam dessa junção. E assim a prática pedagógica interagiu a partir do diálogo e de
ações interativas. Proporcionando uma prática ativa com narrativas que se traduz em uma agenda
380
política contemporânea.
Com a definição dada Lei 11.904 de 14 de janeiro 2009 pelo Estatuto de Museus, no qual
define que:
Art. 1o Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos
que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação,
estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico,
artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a
serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. (IBRAM,2009).
Ressaltar que os espaços culturais aliados aos museus são guardião da memória de uma
sociedade.
teóricos conhecedores e estudiosos voltados para a prática educacional relacionada aos museus
Indagações essas que são fundamentais para o estudo em questão, como converter o
objeto do museu em fonte de aprendizado? E quais alternativas que o educador pode ter com a sua
ação em mediação nos acervos por meio da interdisciplinaridade oferecida pelo museu?
e zoológicos, aquários, galerias, centro científicos, planetários, reservas naturais, centros culturais,
aprendizado. Como esse aluno se comporta em um museu? Como se interagem? Como aprendem?
cidadão possa melhorar a sua existência e tenha esperanças para o seu futuro.
desenvolvida na prática pelos museus e na estruturação dessa informação para uma reflexão
381
teórica.
Identificar o público em seus aspectos culturais e sociais são estratégias para a organização
das atividades, indo além para que esse público venha a participar de forma ativa para aprimoramento
uma tomada de consciência: os museus da América Latina não estão adaptados aos
problemas decorrentes de seu desenvolvimento, e devem empenhar-se em cumprir
sua missão social, que deve fazer o homem se identificar a seu meio natural e humano,
considerado em todos os seus aspectos. (UNESCO, 1973).
que atuam nesse segmento, particularmente na mediação com o público das exposições.
A educação nos museus tem vindo a dar uma ênfase cada vez maior à aprendizagem como
processo ativo e partilhado de construção de significados para o mundo que nos rodeia. Os museus
são espaços de sociabilidade que potenciam a troca de ideias e promovem a aprendizagem social.
pessoal, social e físico, a trilogia que nos permite aprender e guardar memórias.
PÚBLICO FREQUENTADOR
Hoje no Brasil não sabemos a quantidade de museus existentes, qual o acervo que predomina,
nem informações sobre o público, os objetivos e os resultados por maioria dos museus.
Em se tratando dessa temática dos museus a construção de um museu no Brasil tem por
finalidade ser avaliada na esfera das políticas culturais ser elaborada pelo Estado. Nesse ínterim a
civil.
No Brasil essa realidade advém, por exemplo, na Lei Rouanet n 8.313/91 no qual possibilita
382
que tanto as pessoas jurídicas e físicas sejam capazes de abater os impostos prevalecendo assim
Outra vertente para os frequentadores dos museus tem se mostrado como espaços educativos
Reflexão na atualidade analisa essa prática no qual não há um estudo sobre essa forma
formal.
Percebe-se que são variados os motivos que possibilita o público em especial a instituições de
ensino a visitar os museus e oportunizar aprendizado e que possam experimentar essas situações
Situação essa que na escola fica impossível de ser vivenciada e assim o aluno pode vivenciar
O autor Gazelli, (1998 p.7) enfatiza que os objetivos dos professores em frequentar museus
com seus alunos está relacionada a prática pedagógica, local esse com a proposta alternativa de
E assim os professores podem usar a temática dos museus para disciplinas interdisciplinares,
sujeito com o conhecimento e com os demais sujeitos ambientados nessa rotina produtiva com
sujeitos que atuam nesse processo. Há de se caracterizar que o perfil desse lugar vá além de uma
complementação para escola, evidenciado essa discussão para a formação dos professores.
383
Esse dilema pode ser revestido de ganhos para os alunos, pois sob essa perspectiva os
alunos têm por excelência a ampliação da cultura e assim constituir relação com o a aprendizado
Para a instituição escolar benefícios são propiciados já que os conteúdos se tornam dinâmicos
Planejar a disciplina escolar com visitas ao museu? Questionamento para o professor que
duplamente ensina a matérias formais da escola e também por outro lado pode ampliar a cultura.
Portanto, para a que a transmissão do conhecimento aconteça é necessário que defina qual
objetivo da visita ao museu, qual o museu adequado para o projeto a serem trabalhadas pelos
alunos, visitas antecipadas pelo educador e elaborar atividades continuadas para o retorno em sala
de aula.
Localizado em São Paulo, zona sul, Vila Mariana, foi idealizado por sua esposa Jenny Klabin
O Museu foi incorporado em 1985 a Fundação Nacional Pró Memoria e atualmente faz
Sendo órgão federal é assistido pela Associação Cultural de Amigos do Museu, (sociedade
de divulgação da obra e tempo de Lasar Segall, assim como de outros artistas modernos e
contemporâneos.
Lasar Segall nasceu em Vilna, capital da atual República da Lituânia, em 21 de julho de 1889
A sua infância foi marcada por perseguições por ser judeu. A experiência desse ambiente
familiar marcaria o artista para toda a vida. Adulto, dedicou a arte retratando essa infância de
Jovem aos 17 anos em 1906 Segall descobriu seu lado artístico, e frequentou a escola de
desenho local. E depois foi estudar em Berlin, para aperfeiçoar sua arte.
O Museu Lasar Segall apresenta exposições de longa duração que explicam e descrevem
a vida e a obra do artista, no qual o museu proporciona momentos de reflexão e formação sobre
sua obra.
Sua ação cultural na produção cultural é firmada com parceria em outras instituições no qual
Com essas parcerias tem-se a possibilidade do empréstimo de obras para serem expostas
universo da cultura, sendo matéria de variados ensaios fotográficos, escritos por notáveis críticos
da época.
Por ter uma vida marcada por perseguições sua obra é retratada com temas relacionados a
marginais, prostitutas, etc., e variadas obras com a temática dos judeus, os campos de concentração
Lasar Segall faleceu vitimado por um ataque cardíaco em 2 de agosto de 1957, com isso
sua esposa Jenny Klabin Segall começou a bibliografia da obra do seu esposo. E assim pode
inaugurar um museu com seu acervo, conservando a sua memória, auxiliado por seus dois filhos,
Oscar e Maurício no ano de 1958 e 1962, que incansavelmente buscaram firmar o nome do seu
pai no exterior, precisamente na Europa, portanto várias exposições foram autorizadas pela família
Passados dez anos da morte de Segall, sua esposa também falece vitimada de um infarto,
e por conseguinte seus filhos inauguram o museu no dia 21 de setembro de 1967, onde era a
residência do casal.
385
Desde 1980, o museu se destaca em métodos de formação de professores de ensino de arte,
voltado para a imersão cultural e no processo de aprendizado com várias exposições ampliando o
Dando ênfase nos programas escolares, com a reflexão das obras do artista, e assim
estimulando professores e alunos nas leituras e significado para o mundo das artes.
Em 2019 essas atividades são reformuladas com a participação dos professores para
que as visitas ao museu se tornem projetos colaborativos, sendo baseados nos estudos para os
transmitindo essa terminologia que tenciona os estudos e a divulgação das práticas culturais para
Com esse idealismo, as práticas diversificadas, e aproveitando o uso das obras de arte
educativas. O acervo cultural está formado por mais de 3.000 trabalhos oriundos de doação dos
Entre fotos, o arquivo se constitui entre 5.0000 objetos., observa-se que o acervo fotográfico
composto por 5.000 itens registram família e amigos, cenas de viagens, amigos famosos e
acontecimentos que o artista registrou no seu dia a dia, como artista e como cidadão comum,
muitas fotos foram assinadas por artistas de renomes que interpretam e dão significados a obras
de Lassar Segall.
O acervo de Lasar Segall é designado pelos documentos que consta um total de 8.000 itens,
dentre esses itens, consta correspondência, anotações, documentos, recortes de jornais, coleção
de rótulos de charutos, rascunhos de cartas escritas pelo artista e as atas de visitantes do referido
museu.
O público poderá ter acesso ao acervo mediante agendamento prévio, pois constam variados
e importantes obras da primeira metade do século XX, uma raridade das edições modernistas
O trabalho de Lasar Segall também na área de escultura, gesso e pedra retrata a vertente
da sua vida sofrida pelas amarguras da guerra. Recebendo vários títulos pelas suas obras como
pintores expressionistas.
No Brasil retrata: as paisagens, e também o lado sombrio das favelas, o povo com o seu lado
386
sombrio de quem vive a margem da sociedade e sofrem discriminação, como as prostitutas.
Em suas últimas obras ele retrata a “As florestas” no qual não finalizou em decorrência do
seu falecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não há futuro, sem o passado e o presente, precisamos entender o passado, para vivermos
Ao visitar o Museu Lasar Segall em São Paulo, é que percebemos a importância em conhecer
Quando vivenciamos, nos apropriamos do conhecimento, com isso temos uma reflexão da
importância da arte na cidade, a história de Lasar Segall e sua importância para a nossa cultura.
Para o educador as práticas voltadas para a reflexão e diálogo com o objetivo de formação
de cidadania e desenvolvimento do cidadão, tem o propósito de mais visitas aos museus são
necessárias.
O quanto é importante trazer para as novas gerações um hábito saudável para suas vidas.
Essas visitas aos museus perpetuam em suas mais remotas memorias para a vida toda.
Quem não se lembra da primeira ida ao museu, o quando é deslumbrativo a descoberta para
A primeira impressão quando você entra no museu Lasar Segall, percebemos que o artista
não vivia em ostentação, sendo que a casa em construção moderna e aconchegante não ostenta
Observa-se que o artista vivia comodamente em uma casa grande e que sua arte se fazia
representar em todos os ambientes, no jardim uma paz e serenidade finalizam o quadro de suas
atividades voltadas para arte, como artista precisava de ambientes claros e silencioso, e esse
Retratar a temática do Brasil, sua paisagem seu povo esse foi o legado de Lasar Segall que
se apaixona por nossas terras e com maestria retrata em seus quadros essas nuances.
Reconhecer a importância do artista Lasar Segall e reverenciar sua obra, aplaudir o amor
da história e, portanto, criando oportunidades para que os alunos reflitam e sejam capacitados
387
a serem críticos e entendam que são também atores no contexto da história em permanente
qual não podemos isolar e pensarmos como sujeitos únicos, estudar a história e conscientizar os
cidadãos a sua capacidade de entender o sentido das lutas dos direitos humanos.
Conhecer a história colabora com a finalidade que cidadãos considerem os fatos sociais a
política e a cultura do seu país, e que desempenhem sua parte no cenário político, e assim exercer
que o passado explica o presente, nos remetendo a experiências com análises e estudos, e assim
compreender na atualidade o que somos hoje e olhar pelo retrovisor da vida e idealizar as conexões
o visitante tem a conveniência de conhecer vários lugares e a veracidade sobre seu povo. Apesar de
que é de suma importância o investimento na educação, o museu sozinho não tem essa capacidade,
sendo necessário um planejamento para que o público se beneficie e esse conhecimento adquirido
conhecimento, e demonstrará outras culturas que evoluíram. E assim com essa análise poderá
cidadão possa melhorar a sua existência e tenha esperanças para o seu futuro.
crítico.
388
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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389
O QUE SÃO AS AVALIAÇÕES EXTERNAS?
RESUMO
A avaliação em larga escala tem tido um crescente interesse em sua prática, pelo seu papel no âmbito da política e
administração educacionais, pelos seus usos e reflexos. A preocupação se dá tanto pelas abordagens centradas no
aperfeiçoamento dos meios de realização da avaliação educacional como por aquelas se detêm na análise e crítica
de seus pressupostos, orientações, aplicações e efeitos, bem como pelas que se voltam para a sua construção (ou
reconstrução) ou para análise de seus resultados.
INTRODUÇÃO
em acalorados debates sobre avaliação ao longo das primeiras décadas do século XXI. É evidente
que esses debates buscam alguma melhora da qualidade da educação brasileira, mas acabam
divergindo quando o assunto é avaliação do sistema, principalmente por serem externas as escolas.
Dessa maneira foram criados novos mecanismos para a Avaliação de Sistema, que se caracteriza,
ensino, fornecendo aos gestores elementos para a formulação de políticas educacionais. A partir da
evolução da aplicação dessas avaliações, o debate educacional passou a ligar duas características:
os resultados das avaliações passaram a expressar qualidade. Porém, essa afirmação não é
consenso – nem pode ser definida como verdade – entre a comunidade educacional.
O monitoramento da educação básica e superior no Brasil tem sido realizado pela avaliação
em larga escala e que propõem à aferição da qualidade dos resultados e à indução da qualificação
390
almejada para as instituições e os sistemas de ensino. Na educação básica, a criação, implantação,
aperfeiçoou a produção e difusão de dados estatístico-educacionais. O que fez avançar a sua ação
e com a organização do SIED (Sistema Nacional de Informação Educacional) pelos INEP e MEC.
A avaliação em larga escala tem tido um crescente interesse em sua prática, pelo seu papel
educacional como por aquelas se detêm na análise e crítica de seus pressupostos, orientações,
aplicações e efeitos, bem como pelas que se voltam para a sua construção (ou reconstrução) ou
O monitoramento da educação básica e superior no Brasil tem sido realizado pela avaliação
em larga escala e que propõem à aferição da qualidade dos resultados e à indução da qualificação
aperfeiçoou a produção e difusão de dados estatístico-educacionais. O que fez avançar a sua ação
e com a organização do SIED (Sistema Nacional de Informação Educacional) pelos INEP e MEC.
A avaliação em larga escala tem tido um crescente interesse em sua prática, pelo seu papel
educacional como por aquelas se detêm na análise e crítica de seus pressupostos, orientações,
aplicações e efeitos, bem como pelas que se voltam para a sua construção (ou reconstrução) ou
para análise de seus resultados. Para Freitas, com desigual frequência, diferentes propósitos e
controle da educação em seus fins sociais, acentuava-se a importância da estatística, pois ela
propiciava a verificação, a conferência daquilo que havia sido obtido em face do que se pretendia
O rendimento do ensino seria aperfeiçoado à medida que tal consciência passasse para
a escola. O objetivo era que a avaliação deixasse de ter só o caráter interno, costumeira nas
escolas, para o uso da “medida” em educação. Logo, os exames e as provas eram necessários,
escolar e de comprovação final de seus resultados, tendo sua existência justificada no fato de
que eles “não exprimem apenas o que se passa com os alunos; referem-se também a escola, aos
Para Freitas (2007, p.17), ao longo dos anos, a avaliação em larga escala foi tratada no
âmbito do Estado, tendo em vista o rendimento, a eficiência e a qualidade da educação, quer fosse
e fornecer para seus gestores subsídios na formulação de políticas educacionais, com focos melhor
definidos em termos de resultados que resultariam das aprendizagens dos alunos. De acordo com
Alavarse (2011):
mais um elemento para o conhecimento de suas realidades e podem estabelecer metas mais
392
precisas e elencar prioridades de intervenção e parametrizadas numa realidade mais ampla,
aos desafios educacionais e que podem favorecer a igualdade do aprendizado, pois se a escola
quer ser democrática e inclusiva as práticas avaliativas deveriam “garantir que todos aprendessem
Mas como utilizar estes resultados das avaliações externas? Como as escolas e os sistemas
de ensino devem utilizar os resultados para aperfeiçoar suas ações? De acordo com Oliveira (2008,
p.1):
do conhecimento de uma dada realidade propiciada pelas avaliações, não se forma um processo
dos resultados da escola, principalmente da distribuição de seus alunos pelos diferentes níveis de
proficiência, é possível pensar as razões para tal, particularmente das insuficiências observadas.
Tal diagnóstico preliminar pode ser desdobrado de forma a que se verifique que tópicos ou
temáticas apresentam resultados insatisfatórios. Os resultados das avaliações externas nos dão
uma informação de objetivos que deveriam perseguir como uma das razões últimas de ser da
própria escola.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) é uma avaliação externa em larga escala,
desenvolvida pelo INEP/MEC e aplicada a cada dois anos. Tem por objetivo diagnosticar o sistema
A primeira aplicação do SAEB foi em 1990. Em 2005, a Prova Brasil foi criada e o SAEB passou
a ser composto por duas avaliações: SAEB e Prova Brasil, que são exames complementares.
Existem semelhanças e diferenças entre eles. As semelhanças são s alunos fazem prova de
393
Língua Portuguesa (foco em leitura) e Matemática (foco em resolução de problemas); e todos
os alunos dos alunos do SAEB e da Prova Brasil fazem uma única avaliação. As diferenças são
maiores:
3° ano do EM;
-A Prova Brasil é uma avaliação censitária, ou seja, todos os estudantes das séries
avaliadas, de todas as escolas urbanas e rurais do Brasil com mais de 20 alunos na série devem
fazer a avaliação.
-Já o SAEB é uma avaliação amostral, apenas uma parcela dos estudantes brasileiros das
Federação. Já a Prova Brasil fornece as médias de desempenho para o Brasil, regiões e unidades
Outra característica em comum, mas que é comum a todas as avaliações externas, é que a
Prova Brasil e o SAEB são avaliações elaboradas a partir das Matrizes de Referências. A Matriz de
ensino paulistas.
- Provas:
IDESP é composto por dois critérios: o desempenho dos alunos nos exames de proficiência
foram 100% alcançadas, as equipes escolares ganham 2,4 salários a mais. Se a unidade atingiu
50% de sua meta, por exemplo, os funcionários recebem 50% do bônus (ou seja, 1,2 salário a
mais). Se a instituição chegou a 10% da meta, seus funcionários recebem 10% do bônus (0,2
salário). Se superaram os patamares estipulados recebem também pelo resultado superior. Quem
bonificação os professores devem ter atuado, pelo menos 244 dias. No caso de faltas, haverá
395
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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articulações. Trabalho apresentado no Curso para Formação de Tutores da Rede Estadual de Goiás. Goiânia. 12 dez.
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396
A APRENDIZAGEM ESCOLAR: MEDIADOR DA CONSTRUAÇÃO DO CONHECIMENTO
RESUMO
A aprendizagem se dá na relação sujeito e objeto do conhecimento no seu meio social, portanto e escola consiste
em um dos lugares que esta aprendizagem ocorre. O aprender favorece a construção interna e o desenvolvimento do
aluno, o educando deve ter a liberdade de descobrir novos conhecimentos. O professor tem um papel fundamental
neste processo como mediador da aprendizagem, conhecendo este aluno buscará saber quais os conhecimentos que
já traz consigo fazendo uma relação de aprendizagem com o conteúdo a ser proposto. Levando em conta que cada
ser humano é único, alguns educandos apresentam dificuldades de aprendizagem, precisando de uma orientação
adequada a fim de sanar seus problemas. O psicopedagogo se preocupa com os problemas de aprendizagem
podendo reconhecê-las, tratá-las ou preveni-las. A psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem,
a qual participa desse processo um ser biológico com disposições afetivas e intelectuais, que são influenciados pelas
condições sociais do seu meio. O psicopedagogo poderá partindo de diagnósticos intervir nos métodos educativos,
problemas dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar. O psicopedagogo ajudará a solucionar os desafios
que levam as dificuldades de aprendizagem propondo uma aprendizagem consciente e de sucesso.
INTRODUÇÃO
A educação é um processo que é exercido nos diversos espaços do convívio social e ela, é
Assim sendo, para o sujeito evoluir, é necessário que tenha acesso aos conhecimentos
que são aprendidos na escola, pois tem como função orientar os educandos, para que possam ter
Mas, nem todos conseguem ter autonomia, pois apresentam dificuldades de aprendizagem
e devido a esse problema não conseguem executar as tarefas que lhes são propostas.
Para ajudar esses alunos a superarem essas dificuldades, é preciso que haja um trabalho
397
em conjunto entre todos que estão envolvidos no processo educativo. Onde cada professor deverá
analisar o que faz o discente não aprender (falta de afeto, cansaço, sonolência, agitação, confusão,
preguiça, problemas emocionais, recursos financeiros, entre outros). Analisando as causas, trabalhar
essas dificuldades como desafios a serem concretizados, visando cada um na sua individualidade
Isso posto, o objetivo dessa monografia é identificar as causas que levam as crianças a
terem dificuldades de aprendizagem e o que fazer para ajudá-las a superar esses problemas.
A escolha desse tema foi estimulada pela necessidade que tenho em encontrar soluções
quando me deparo com crianças com dificuldades de aprendizagem. Assim, pretendo através dos
Na escola, não é diferente o que se aprende, também pode ser considerado um processo
natural. Mas por que há crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem? Quem e o que
possível constatar se ela tem ou não dificuldades de aprendizagem, e quando o problema persiste,
Carneiro, Martinelli e Sisto (2003), acrescentam que na medida em que a criança não tem
um bom êxito na escola, acaba sentindo-se incapaz, desmotivada. E isso acaba gerando um
fracasso geral, levando-a a abandonar a instituição de ensino, pois como ressalta Prout (1996,
apud Stevanato et AL 2003), os educandos têm um auto conceito negativo em sua vida escolar.
precárias, sem acesso aos meios culturais, ao lazer, ao apoio da família, dessa forma, se bloqueiam
para o aprender, pois acreditam que não são capazes de progredir. Esse autoconceito negativo
se justifica segundo Rawson e Cassady (1995, citados em Stevanato et al 2003), pelo motivo do
convívio das crianças com outras pessoas que possuem conceito negativo. Isso influência muito a
Assim, as crianças sofrem pelo fato de achar que as pessoas não confiam nelas, acham que
tudo está errado, se sentem tristes, têm sentimentos de inferioridade, esquecem o que aprendem
se preocupam com provas, trabalhos, têm dificuldades nas interações com os colegas.
De acordo com Santos e Marturano (1999), crianças que convivem em ambientes onde não
398
há bons relacionamentos, podem ter sérios problemas de aprendizagem. Carneiro, Martinelli e
Sisto (2003), dizem que existem várias causas, como por exemplo: situação financeira, o trabalho
da escola que não visa cada realidade, falta de estímulos, de boas relações, etc., e tudo isso faz
Assim sendo, uma criança que já passou por várias experiências de fracasso, possui
Dessa forma, se pode perceber a importância do convívio dessa criança com pessoas que
possam motivá-la sendo verdadeiro exemplo, para que a aprendizagem possa desenvolver de
maneira significativa.
educadores, ou até mesmo pais, rotulam o educando pelo motivo do não aprender, como bagunceiro
ou desatento sem antes fazer uma sondagem do verdadeiro motivo que o leva ao fracasso escolar.
Na maioria dos casos é o professor que constata se o aluno apresenta uma dificuldade. E
Na escola, cada momento é precioso, onde ela vai estar em contato com outras crianças
e assim se torna relevante o trabalho de todos que estão envolvidos no processo de ensino
aprendizagem, para que cada criança possa ter uma auto- estima elevada e assim, evitar o fracasso
escolar.
Levando em conta que cada ser humano é único e que cada criança tem sua família, é
importante destacar que tantos problemas de ordem fisiológica, psicológica e pedagógica quanto
outros fatores, podem levar crianças a apresentarem dificuldades de aprendizagem, uma vez que
Com base nos autores, se pretende descobrir novas propostas para ajudar cada aluno que
A APRENDIZAGEM
Para Vygotsky (apud Oliveira 1997) para que a aprendizagem se desenvolva, é de fundamental
importância que o indivíduo se interage com outras pessoas mais experientes desde o início da
seguintes: desenvolvimento real e potencial. O real é aquele que o sujeito já aprendeu e consegue
resolver sem ajuda. O desenvolvimento potencial é aquele em que ainda não foi dominado pelo
indivíduo, mais ele tem a potencialidade de aprender e consegue fazer com ajuda.
humano é compreendido não como fatores isolados que amadurecem mas com as trocas recíprocas
que o sujeito estabelece durante a vida. Para Vygotsk, somos primeiro seres sociais e depois nos
individualizamos.
Ausubel (apud Tapia e Fita, 2003) cita três tipos de aprendizagem que podem ser: a)
do que aquela que o sujeito já possui; c) aprendizagem combinatória, o que o sujeito já sabe, tem
Assim, qualquer que seja o tipo de aprendizagem, deve despertar o interesse do aluno, e
para isso, é de fundamental importância que as novas ideias se relacionem, se encaixem com as
Assim, se torna pertinente o professor trabalhar visando o aluno com sua realidade individual,
pois cada um é único e para que todos possam aprender, é preciso que o professor apresente o
conteúdo de diferentes maneiras para que o relacione de acordo com sua realidade.
Tapia e Fita (2003) dizem ainda, que a aprendizagem acontece, quando há ensino e para
haver ensino e aprendizagem, o professor deve saber quais são os conhecimentos prévios do
aluno; buscar os conteúdos que os educandos querem e precisam aprender; trabalhar visando cada
realidade; saber como e quando avaliar; entre outras estratégias. O professor é semelhante há um
É através do passo a passo que o aluno irá aprender, pois a capacidade de aprendizagem
irá depender do nível de desenvolvimento cognitivo do sujeito. Assim, antes de trabalhar qualquer
tema, o professor deve estar ciente sobre: quem são seus alunos, qual a realidade que os cercam.
Fazendo essa sondagem poderá apresentar os conteúdos visando o que eles já sabem e
acrescentar outros de acordo com o desenvolvimento cognitivo do aluno. E isso será importante,
pois cada um tem sua individualidade e aprendem do seu jeito, devido ao meio social onde estão
400
inseridos, os estímulos que recebe. Assim, uns têm mais facilidade para aprender, outros têm mais
dificuldades.
Cabe à escola preparar o aluno para que possa ter autonomia, continuar interagindo com o
Mas, nem sempre o profissional consegue atingir seus objetivos, pois no decorrer do processo
ensino / aprendizagem se depara com as dificuldades de aprendizagem, e muitas vezes não sabe
o que fazer, pois são vários motivos que estão tanto dentro como fora da escola. E para resolver
essas, questões não depende só do professor, mas de todos que estão envolvidos nesse processo
rotulados pela própria família, professores e colegas como preguiçosos, desatentos, e assim o
problema tende a crescer cada vez mais, pois ele acredita que não consegue aprender, e em
É importante que todos envolvidos no processo educativo, estejam atentos a essa dificuldade,
alunos que têm acesso a meios culturais, conhecem e veem fazer uso frequente da linguagem
escrita, aprendem com mais facilidade do que outros que não tiveram essas experiências.
O professor tem papel importantíssimo para detectar se o aluno tem ou não dificuldades.
E antes de levantar qualquer hipótese, é preciso que ele conheça o educando, sua história no
convívio familiar, escolar e social, e assim, conseguirá descobrir o que causa tais problemas.
Visando Cunha (1979), falar sobre as dificuldades de aprendizagem, não é tarefa simples,
pois o termo é complexo e pode ser decorrente de vários fatores (orgânico, emocional, social, etc).
Aquelas crianças que não conseguem aprender por causa das condições precárias que vivem e
por não terem uma alimentação adequada na idade certa podem ter retardado o desenvolvimento
aprender, mas produz uma deficiência mais ou menos permanente nos comportamentos adaptativo
e motor das crianças, que dificultará o aprendizado das técnicas elementares de leitura, escrita e
cálculo.
Pain (1985, citado em Santos e Maturano, 1999) diz que os problemas de aprendizagem
podem ser devidos ao sistema educacional, às características próprias do indivíduo e das influências
Assim se pode observar que são vários fatores que podem influenciar de maneira positiva
família, pois ela não tem uma formação que a faça enxergar o problema.
De acordo com a autora citada, muitas crianças são percebidas com alguma dificuldade
quando entram na escola. Nesse sentido, se pode perceber que, quando as crianças não têm
apoio no meio familiar, acabam tendo várias consequências negativas, e se o problema persistir,
seu sentimento se torna inferior, sem motivação para aprender, provocando vários problemas de
aprendizagem.
Muitas crianças passam mais tempo na escola do que em casa, assim as responsabilidades
que são dos pais (dar atenção, carinho, acompanhar o desenvolvimento do dia a dia, etc.) passou
De acordo com Abramowiez (1997), a escola tem sido utilizada para tantos papéis, exigências.
Assim, a tarefa de ensinar, não está sendo fácil, pois são tantas funções que a escola tem que
assumir, e como não dão conta de tantas tarefas, não conseguem favorecer uma educação de
Conforme o autor citado, a maioria das crianças que apresentam essas dificuldades, são
de famílias pobres, numerosas outras vivem apenas com a presença materna ou paternas ou
sem ambas. Muitas estão comprometidas com os afazeres domésticos e a escola fica em último
plano. E com isso não conseguem acompanhar as atividades em sala de aula, prejudicando a
sua aprendizagem. Algumas que vivem em classe social de média para alta, também apresentam
dificuldades e para reverter isso, os pais buscam ajuda de outros profissionais, como: psicólogo,
(apud Santos e Marturano 1999), o indivíduo acaba abandonando a escola e vai em direção a
caminhos não favoráveis a um bom desenvolvimento. Pois segundo Marturano (apud Santos e
Marturano,1999), uma em cada cinco crianças que passaram por atendimento psicológico, quando
402
chega à adolescência, se envolve com drogas, crimes e assim acaba se prejudicando ainda mais.
De acordo com o autor citado, os problemas vividos pela criança no dia a dia, não justificam
seu fracasso escolar e sim os vários papéis e exigências que foram passados para escola.
Dayrell (2007) diz que, atualmente, as escolas estão recebendo, grupos heterogêneos de
alunos marcados pelo contexto de uma sociedade desigual, com alto índice de pobreza e violência.
Assim sendo, foi reduzindo a pressão para a qualidade do ensino e com isso, as escolas deixaram
de atender às expectativas dos jovens, até os projetos culturais acabam indo em uma linha com
dentro das escolas, há regras e normas que precisam ser cumpridas, mas da forma que são postas,
as ações dos alunos são delimitadas, por isso há impactos, pois os estudantes não são como
Atualmente, ser aluno não significa ser submisso, mas sim construir suas experiências
atribuindo significados a elas. Dessa forma, é necessário mudança de práticas na área da educação,
para que as matérias possam fazer sentido para os educandos. E os professores precisam saber
como impor limites a fim de que haja respeito por parte dos jovens. Eccheli (2008) afirma que
conseguir que os educandos se sintam motivados para aprender é o primeiro passo para combater
a indisciplina. Então, cabe ao professor, à família proporcionar conhecimentos que realmente façam
Então, analisando tudo isso é possível constatar a importância das relações sociais entre
pais, escola e alunos, para um bom desenvolvimento .E, na medida em que têm esse apoio,
eles encontram sentido para aprender e com isso seu rendimento escolar melhora e assim cada
Isso deixa claro que, para o aluno aprender, ele precisa de estímulos e esses estímulos
acontecem quando o que se tem a aprender faz sentido, pois se não percebe a utilidade do que
se deve aprender o interesse e esforço tendem a diminuir. Então, para que haja aprendizagem
significativa, é importante estimular o aluno, fazendo-o perceber que precisa aprender para ser
autônomo, reflexivo, independente e não um sujeito passivo que só aprende se for recompensado
com incentivos externos. Desse modo, só há aprendizagem quando o indivíduo entender qual o
motivo de estar aprendendo, o que isso vai ajudar no seu dia a dia, que caminho seguir para atingir
403
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em decorrência do exposto neste estudo, pode-se considerar que para pensar o processo
indivíduo, sua moral, capacidade cognitiva, estágio do desenvolvimento, afetividade, entre outros.
Desse modo, todos têm capacidade de aprender. Mas, para que a aprendizagem se
desenvolva, é necessário que o indivíduo seja estimulado por todos que o rodeia desde o início de
vida.
que estes se apresentam em todas as áreas da sua vida facilita o aprender. Com isso, possíveis
Quando não há possibilidade de trabalhar com a criança visando sua individualidade, ela
não consegue aprender, pois o conteúdo pode estar muito longe de sua capacidade cognitiva ou
do aluno, e à medida que esse avança, é preciso favorecer caminhos para que ele progrida.
Para isso, é preciso que a escola e família trabalhem juntas e o professor deve ser um constante
orientador, crítico, reflexivo e que busque estratégia para trabalhar cada conteúdo visando “o aluno”.
Além disso, deve ter uma aproximação com o educando para verificar o que ele está conseguindo
Quando o aluno tem transtorno de aprendizagem, quem vai ajudá-lo a enfrentar o problema
é o psicopedagogo, pois tem como meta investigar o processo de aprendizagem do indivíduo e seu
modo de aprender, identificar áreas de competência e limitações, visando entender as origens das
O Psicopedagogo precisa estar atento quando está fazendo uma avaliação de um quadro de
Transtorno de Aprendizagem, para identificar se existem fatores psicológicos que realizar contato
com a escola, a fim de estabelecer uma maior qualidade do processo de aprendizagem, através da
interação dos aspectos exigidos pela escola e do que a criança é capaz de fazer para suprir suas
necessidades
Dessa forma, para que o aluno possa realmente aprender, é preciso que todos os envolvidos
404
no processo de ensino e aprendizagem, busquem entender o que a criança realmente sente para
poder interferir de forma cooperativa, para que o educando busque a realizar seu aprendizado de
405
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TAPIA, Jesús Alonso; FITA, Enrique Caturia. A motivação em sala de aula, o que é e como se faz. São Paulo: Loyola.
2003. P. 67 – 76.
406
O CONCEITO DE BRINQUEDO EM PIAGET E VIGOTSKI
RESUMO
Este artigo apresentado aborda a questão do brinquedo educativo. O objetivo é responder como o brinquedo é
considerado educativo. Com essa necessidade, recorri a autores da psicologia e da educação, no sentido de constituir
uma organização teórica sobre o tema. A coleta de dados contou com entrevistas realizadas com dois fabricantes e ex-
dirigentes da Associação Brasileira do Brinquedo Educativo - (ABRINE) e um fabricante afiliado à ABRINE. A intenção
foi compreender como eles concebem o brinquedo educativo e suas características. O trabalho pretende esclarecer
alguns conceitos acerca do brinquedo educativo e contribuir para a discussão sobre a importância do seu uso como
instrumento no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança no contexto da educação infantil.
INTRODUÇÃO
A proposta deste estudo investigativo que é apresentada diz respeito à questão do brinquedo
educativo. O objetivo é discutir como um brinquedo é considerado educativo, isto é, como se define
que um determinado objeto pode ser considerado brinquedo educativo? Quem determina isso?
padrões de qualidade? Quais são os testes efetuados? Qual a comunidade que avaliza esse tipo
de brinquedo?
O interesse em abordar esse tema está ancorado na concepção que tenho do brinquedo
reflexões acerca da presença do brinquedo nas instituições de educação infantil: Quais brinquedos
podem ser chamados de educativos? Como é definido um brinquedo educativo? Quais parâmetros
407
são utilizados para definirmos o brinquedo com o caráter educativo?
Por estas razões, esse tema será de grande relevância para o meu desenvolvimento
pessoal e profissional.
Tendo em vista que os profissionais da educação infantil utilizam o brinquedo como objeto
de educação das crianças, creio que é imprescindível que o educador tenha muita clareza do
Assim, reforço a minha questão investigativa que é desvendar a forma como o brinquedo
educativo.
• CONSIDERAÇÕES DE VIGOTSKI
O autor inicia a discussão, afirmando que é incorreto dizer que o brinquedo é uma atividade
que somente traz prazer à criança. Ele também pode proporcionar desprazer, e isso por duas
razões: primeiramente há atividades que podem proporcionar um prazer mais intenso que o
brinquedo, como, chupar chupeta. Em segundo lugar, nas situações de jogos, a atividade nem
sempre é agradável e prazerosa para a criança, quando o resultado é desfavorável para ela, o que
Por estas razões, o prazer não pode ser um fator determinante para se definir o brinquedo.
Deve ser levado em conta, que o brincar preenche necessidades que variam com a idade, por
exemplo, um brinquedo que é de grande interesse para o bebê deixa de interessar uma criança
As crianças pequenas querem satisfazer seus desejos de imediato, que, muitas vezes,
não podem ser realizados naquele momento. Como exemplo, podemos citar uma criança de dois
anos e meio, que ocupa o papel de mãe, mas isso não pode ser satisfeito imediatamente. Por ela
não conseguir esperar, e resolver a tensão, então se envolve em um mundo ilusório e imaginário,
no qual os desejos que antes eram irrealizáveis podem ser satisfeitos. É esse mundo que Vigotski
chama de brinquedo. Então podemos entender que o conceito de brinquedo para o autor não se
Para o autor, a imaginação é uma forma de atividade consciente que não está presente na
criança muito pequena, mas que é própria dos seres humanos e está ausente nos animais. Como
modifica as regras, por exemplo, quando ela brinca de mamãe e a boneca torna-se a filha, passa,
As regras presentes na situação imaginária embora tenham sua base na vida real, muitas
da criança, pois para ele é praticamente impossível uma criança menor de três anos envolver-se
em uma situação imaginária porque as ações dela são limitadas pelas restrições impostas pelo
ambiente imediato, exemplo, quando a criança vê uma campainha, logo este objeto impõe o que
O brinquedo faz com que ela aprenda a agir numa esfera cognitiva, ou seja, de modo que
os incentivos não venham providos dos objetos externos, mas sim de motivações internas.
Ao brincar a criança começa a notar o objeto não da maneira como é, mas como gostaria
que fosse. E no brinquedo isso ocorre, porque os objetos perdem o real significado.
comportamento não somente pelas situações em que os objetos passam a afetá-la de imediato,
mas também a partir do momento em que passa a conferir novos significados. Como exemplo, ele
cita o cabo de vassoura que passa a significar um cavalo nas mãos de uma criança. Ela simula
409
o cavalgar sobre o cavalo. Esse ato confere um novo significado. Este significado precisa de um
“pivô” para que a ação seja definida e, assim, simultaneamente, este objeto tenha semelhanças
com a realidade.
No caso da vassoura há uma ação em relação ao objeto real (cavalo), ao qual a criança
Assim, a questão da separação do significado dos objetos é análoga as ações das crianças,
exemplo, quando a criança bate com os pés no chão e se imagina cavalgando, isso mostra que ela
está dando ênfase ao significado conferido a ação e não a ação propriamente dita.
pivô, desta vez um modelo de ação que substituirá a ação real. Isso significa a separação da ação,
No brinquedo, uma ação substitui outra, assim como o objeto também é substituído por
outro. Ao mesmo tempo em que a criança é livre para determinar suas ações, as mesmas ações
estão subordinadas aos significados dos objetos, e a criança age de acordo com eles.
desenvolvimento, iniciando pelas situações imaginárias, logo passando para as regras. Em terceiro
brinquedo, pois o significado é o denominador e a ação fica em segundo plano; na vida real é o
ação na esfera imaginativa; numa situação imaginária é o momento que as intenções voluntárias
são criadas, a formação de planos da vida real e motivações internas, estes que garantem o êxito
no desenvolvimento pré-escolar.
Vigotski, alerta que o brinquedo para uma criança menor de três anos é muito sério, no
sentido de a mesma não ser capaz de separar uma situação imaginária da real. Para uma criança
com idade escolar, a atividade de brincar requer limitações, pelo fato de suas atividades preencherem
necessidades específicas em seu desenvolvimento, tendo significados diferentes para a idade pré-
410
escolar.
• CONSIDERAÇÕES DE PIAGET
O estudo mais presente de Piaget sobre o jogo infantil aparece na obra “A Formação do
questão do jogo e sua interpretação no conjunto do contexto do pensamento da criança, na qual ele
a) Encontra sua finalidade em si mesmo. Esse critério é impreciso, pois de certo modo todo
eu; prazer lúdico como a expressão afetiva dessa assimilação, ou seja, a adaptação do real que
comporta um elemento de satisfação, porém subordinado a uma renúncia. Isto ocorre quando
a criança está diante de uma situação difícil, podendo então compensá-la ou a fim de torná-la
agradável.
e) A libertação dos conflitos: o jogo ignora os conflitos ou, se os encontra, é para libertar o
acomodação e assimilação.
se ao meio externo. Em outras palavras, diante de um objeto ou ação nova a criança modifica os
esquemas, ou seja, a criança incorpora um novo objeto ou ideia, ao esquema que já possui.
411
Estes dois processos aparecem em todas as fases do desenvolvimento descritas pelo
autor, sempre em que ambos aparecem com o mesmo grau de equilíbrio, o processo é chamado
Piaget (1990, p. 207) define o jogo infantil como uma forma de expressão relativa a uma
O jogo auxilia a criança a assimilar aquilo que ela percebe da própria realidade.
O autor, na sua definição de jogo apresenta três tipos de classificação de jogos: jogo de
exercício, jogo simbólico e o jogo de regras. Neste trabalho descrevo os dois primeiros, devido à
a) O jogo de exercício inicia-se a partir do nascimento e vai até os dois anos de idade
(aproximadamente) e tem como finalidade o prazer pelo funcionamento. Nessa fase a assimilação
predominante é a sensório-motora, em que a criança repete as ações sobre os objetos pelo prazer
que propicia a atividade propriamente dita, por exemplo, a criança agarra uma bola, em seguida
esquemas sensório-motor, em que ela consegue permanecer por mais tempo nas ações.
b) O jogo simbólico inicia por volta dos dois aos seis anos de idade. É a fase posterior
simbólico inicia-se o sistema de significação que dá origem ao pensamento simbólico que constitui
a inteligência representativa.
como “significantes”, enquanto que o significado é a significação das palavras, ou seja, os pré-
conceitos.
representativo.
primeira infância cada vez será maior o papel da representação por imagens (pensamento intuitivo)
coisa pela outra. Um exemplo é quando a criança aponta para um pedaço de madeira afirmando
ser um telefone. Em seguida ela pega o objeto e simula o ato de falar ao telefone com o papai.
O exemplo acima mostra que a criança assimila o objeto diferenciando o significado (telefone)
ao jogo de exercício (pegar). Tais movimentos tendem a serem complexos na medida em que o
Outro elemento marcante desta fase é a evocação que a criança faz de uma situação
passada ou de um modelo ausente, por exemplo, quando finge dormir segurando uma ponta do
O pensamento da criança é egocêntrico nos seus simbolismos uma vez que ela se centra na
busca pela satisfação e no prazer pessoal, muito mais do que submeter-se a realidade propriamente
dita.
Este jogo de faz de conta se consolida com momentos de fantasia e realidade, a criança
e transformando o real.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
criança em todos os sentidos no físico, no afetivo, social e cognitivo, além de ser prazeroso e
interessante.
O brinquedo é um objeto, em que as regras são livres, a criança manipula o objeto ao seu
do momento em que este objeto tem o poder de auxiliá-la em situações de faz-de-conta, que são
extremamente importantes no processo de formação mental, do zero aos seis anos de idade.
Na minha infância tive muitos brinquedos e fui muito feliz. Acredito que a criança tem o
direito a ter acesso aos brinquedos quando e como quiser, para que seja lúdico e prazeroso na hora
de brincar.
Por ser uma associação de pequeno porte há uma preocupação com a qualidade, pois
No Brasil não existe um órgão competente que faça a certificação, com a finalidade de
garantir a qualidade do brinquedo. Os fabricantes de maior porte realizam suas próprias pesquisas
firmar parcerias com universidades para a criação de um selo certificador. Os testes aplicados para
constatar o uso do brinquedo são feitos com base em observações com crianças ou doações feitas
para escolas.
Quanto às normas de segurança, existe uma lei que obriga todos os fabricantes a enviarem
uma amostra para os laboratórios credenciados (IQB, ICEPEX, Falcão Bauer) pelo INMETRO. Ao
que acreditam ser positivos para a criança e estão presentes características como cores, tamanho,
adequação a faixa etária e relações de gênero, que definem o público alvo do brinquedo.
A intenção de educação e cuidado estão presentes, por parte dos fabricantes, pois expressam
os materiais usados na confecção se constitui outra preocupação por parte do criador, ao usarem
materiais como a madeira pouco pintada, E.V.A., tecidos e velcro, mantendo, assim, a simplicidade
conforme a brincadeira.
No brinquedo educativo, devem estar presentes duas funções: a lúdica, que diz respeito
algo para a criança, com vista a ampliar seus conhecimentos intelectuais, sobre o mundo, em seus
saberes.
a exploração livre, não buscando um resultado final. Neste caso, a flexibilização do brinquedo é
414
fundamental para que a criança possa agir sobre ele, criar, imaginar e transformar o significado,
O brinquedo é construído com a finalidade de ser educativo, ele é brinquedo por ser lúdico,
Acredito ter respondido as perguntas iniciais, e espero ter contribuído para esclarecer
algumas questões sobre o tema. Ressalto que todo brinquedo é educativo na medida em que a
criança possa agir, transformar, fantasiar e desenvolver-se. Por isso, devemos, como educadores,
estimular o seu uso de maneira consciente, respeitando o direito que a criança tem de brincar!
recriminam o brinquedo com motivos bélicos, as armas, as espadas. Estes brinquedos podem
influenciar negativamente a formação da criança? Será que existe um cunho educativo nesse tipo
de brinquedo? O que os educadores pensam sobre este tipo de brinquedo? E os fabricantes? São
questões que deixo para a reflexão dos leitores, ou para continuação deste tema, que gera um
415
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KISHIMOTO, Tizuko M. A importância do brinquedo para a educação. In: Revista Pedagógica UNOCHAPECÓ –
Chapecó, n° 8, p. 7-13, jan./jun. 2002.
KISHIMOTO, Tizuko M. O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO, T M. (Org.). Jogo, brinquedo e a educação. São
Paulo: Cortez, 1996. cap. 1, p.13-43.
PIAGET, Jean. A Explicação do Jogo. In: A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho, imagem e
representação. 3. ed. Rio de Janeiro: L.T.C., 1990. cap. 6, p. 188-216.
VIGOTSKI, L. S. O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento. In: A formação social da mente. Tradução José Cipolla
Neto...[et al]. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. cap. 7, p. 121 -137. (Tradução de: Mind in society)
Homepage Institucional
ABRINE – São Paulo: Associação Brasileira do Brinquedo Educativo, 2006. Apresenta informações sobre a associação
de fabricantes de brinquedos educativos. Disponível em: <www.abrine.com.br> . Acesso em 16 de setembro de 2005.
INMETRO – São Paulo: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, 2006. Apresenta
dados referentes a uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inmetro/oque.asp> . Acesso em 20 de maio de 2006.
416
O MOVIMENTO E A CRIANÇA DE 0 A 3 ANOS
RESUMO
Por meio do movimento a criança aprende de forma significativa, constrói o conhecimento de si mesmo e do contexto
em que vive, brinca, aprende, explora e descobre o mundo utilizando a maior de todas as ferramentas da aprendizagem,
ou seja, seu próprio corpo. O objetivo deste estudo foi analisar a importância do movimento na educação de crianças de
0 a 3 anos; para tanto, foi utilizada pesquisa bibliográfica e relato de experiência. Por meio desta, buscou-se entender
as características desenvolvimentistas dessa faixa etária.
INTRODUÇÃO
Desde os primeiros anos de vida de uma criança ela deve ser estimulada através de
brincadeiras, jogos e objetos, pois isso contribui para o desenvolvimento da coordenação motora,
Quanto mais a criança for estimulada, mais respostas ela dará para estas ações, fazendo
com que sua visão de mundo se amplie para receber ainda mais estímulos. As crianças precisam
de tempo e espaço para poder fazer novas descobertas sobre elas próprias, sobre os outros e
sobre os espaços que vivem, não podemos deixa-las somente sentadas e quietas. É importante
mas não é o que acontece, na maioria das escolas em geral o movimento é trabalhado de forma
desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando
porque as crianças aprendem a se expressar não só no ambiente escolar como também em outras
situações de interação, então as escolas devem dar oportunidades para as crianças explorarem o
nascimento, ela já passa a utilizar o próprio corpo para interagir com o ambiente e com as pessoas.
Desta forma, “a brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da
necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparecem
a ação na esfera imaginativa numa situação de faz-de-conta, a criação das intenções voluntárias e
a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto
entender o mundo a seu redor. Com isso, passa a manusear objetos, engatinhar, caminhar, correr,
saltar, brincar. Enfim, a crianças utilizam o movimento como meio de expressar suas emoções e
seus pensamentos.
A educação infantil deve ter como ponto de partida a estimulação dos sentidos das crianças
e a preocupação com o seu desenvolvimento corporal, porque a criança organiza aos poucos o seu
mundo a partir do seu próprio corpo, porque a criança organiza aos poucos o seu mundo a partir do
seu próprio corpo, ou seja , conforme ela vai se conhecendo , conforme ela vai descobrindo suas
preferencias e adquirindo consciência do seu próprio corpo, vai ganhando uma maior facilidade
que resultam em uma maior flexibilidade na relação consigo mesmo , com os amigos , familiares e
418
com os diversos grupos com os quais ela se relaciona , conseguindo criar um maior desejo no ato
Nos primeiros anos escolares as crianças devem ser incentivadas para que desenvolvam
os seus movimentos como forma de aprendizagens, se o início da vida escolar for positivo deixará
marcas fortes e boas recordações em cada criança fazendo com que elas tenham cada vez mais
vontade de aprender.
o corpo de uma forma saudável fara com que os primeiros anos escolares sejam verdadeiramente
prazerosas e isso influenciara em toda a trajetória escolar da criança, porque acabara associando
Seria interessante trabalhar com as crianças ora com atividades em que cada um
brincasse livremente, ora com atividades, mas, em nenhum momento, determinar padrões
comportamentais ou julga-las sobre seu desempenho. (MALUF,2003, p.12).
Se movimentar de forma lúdica é tão importante quanto estudar. Já que ajuda a encontrar
movimentar faz com que momentos difíceis sejam esquecidos, além de desenvolver a musculatura,
consequentemente, conseguira superar com mais facilidade problemas que acabam surgindo no
dia a dia.
O lúdico é amigo do professor e não seu inimigo. Brincando com a criança o professor
seus objetivos.
As atividades lúdicas precisam ter lugar na educação e o professor é essencial para que
isso ocorra, planejando atividades que tenham movimento, criando espaços oferecendo materiais
419
diversificados e participando ativamente de momentos lúdicos com as crianças. Dessa forma o
professor ensina de uma forma criativa, prazerosa, participativa e as crianças aprendem muito
mais.
O professor tem que se abrir para o lúdico e reconhecer sua importância para o
participarem de atividades que deixem florescer o lúdico. Quanto mais as crianças participarem de
Atividades lúdicas, novas buscas de conhecimento de manifestam, seu aprender será sempre mais
prazeroso. É através do brincar que a criança vai diferenciando o seu mundo interior (fantasias,
O movimento é o meio pelo qual o indivíduo se comunica e transforma o mundo que o rodeia.
Ele é a primeira manifestação na vida do ser humano; desde antes de nascer ele já realiza
movimentos, e, no decorrer do crescimento, eles irão amadurecendo e ganhando habilidades
estruturadas. Por meio do movimento é possível expressar os sentimentos, pensamentos e
vontades, sem que haja a necessidade de verbalizá-los.
e coletiva. É essencial que o professor saiba como e o que trabalhar 100 Ensaios & Diálogos, Rio
Claro, v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 dentro da faixa etária de 0 a 3 anos, estabelecendo relação
O educador deve estar atento, buscando agir como facilitador da aprendizagem, respeitando
as fases e limites do aluno, transmitindo-lhe confiança e afeto, para que se estabeleça uma relação
que contribua de forma significativa em seu desenvolvimento motor, autonomia e identidade (NEIRA;
NUNES, 2006). Para complementar a revisão bibliográfica, o presente trabalho analisou os fatos
por meio de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, relatando o desenvolvimento de
atividades em uma instituição educacional que trabalha com essa faixa etária.
420
O desenvolvimento infantil nessa faixa etária está intimamente ligado a estímulos físicos e
sensoriais, ou seja, a criança possui necessidade de movimentar-se para conhecer e interagir
com a sociedade. (GALLARDO; OLIVEIRA; ARAVENA, 1998).
Dessa forma, por meio do presente artigo se observa a importância do planejamento das
atividades de motricidade para as crianças de zero a três anos, de forma que contribuam para seu
desenvolvimento integral.
motor, pois o cérebro recebe e registra cada movimento. Ao nascer, a criança recebe estímulos
visuais, auditivos e sensoriais, que serão acrescidos aos já vivenciados, dessa forma construindo
de si mesmo e do contexto em que em que vive, brinca, aprende, explora e descobre o mundo
utilizando a maior de todas as ferramentas de aprendizagem, ou seja, seu próprio corpo (GALLARDO;
OLIVEIRA; ARAVENA, 1998). As crianças têm iniciado sua vivência com a educação desde a
primeira infância. Atualmente, o número de crianças que ingressam na educação infantil a partir
dos quatro meses de idade tem aumentado, dessa forma a escola passa a ser responsável pelo
Nos primeiros anos de vida, e em alguns casos, nos primeiros meses de vida, ela relaciona-
afetividade familiar rompem-se momentaneamente, mas a criança ainda não desenvolveu a noção
afetivo social começa a ser construído, pois a criança estará em contato com outras, e não serão
apenas as necessidades básicas e físicas que serão saciadas, mas as afetivas, e estas são
dessa maneira, o ambiente escolar deve se preocupar efetivamente com a afetividade, pois ele é
o ambiente social depois da família, formador, responsável pelo desenvolvimento integral do aluno
421
(LEGARDA; MIKETTA, 2008, p. 17).
motor, ou seja, a criança executa movimentos inicialmente involuntários que a ajudarão a desenvolver
e fortalecer a musculatura para que os movimentos intencionais comecem a acontecer. Esse período
Por isso, a criança necessita de espaço para se desenvolver e isso inclui pequenos
obstáculos que a desafiem a executar pequenos movimentos, porém significativo para o crescimento
Sem ela, o desenvolvimento global não seria possível (GONÇALVES, 2009, p. 69). Cada criança
precisa ser estimulada na Educação Infantil, sem perder a ludicidade que envolve essa faixa
etária. Essa estimulação motora torna-se uma ferramenta essencial no aprendizado da criança,
possibilitando explorar, perceber, criar, brincar, sentir seu corpo como instrumento motivador do
aprender a aprender.
É por meio do movimento que ela interage com o meio e aprende sobre si mesmo, as
pessoas que as rodeiam e os lugares que frequentam (BRASIL, 1998). Por meio do movimento,
expressa seus sentimentos, seus pensamentos e até seus desejos, sem que haja a necessidade de
verbalizar tal vontade, pois a criança assim que nasce faz uso de movimentos para comunicar-se,
para enriquecer e ampliar as possibilidades expressivas, afetivas e cognitivas das crianças e dos
jovens, promovendo a sua flexibilidade e a sua plasticidade. É fundamental que haja intenção no
traz à tona a personalidade de cada indivíduo. Para facilitar a interação da criança com o mundo
dos objetos e dos indivíduos com quem se relaciona, faz-se necessário um olhar atento, pois por
Não apenas em conteúdo, mas também em estrutura. O mundo mental da criança, devido
às ações e interações com o mundo natural e social, acaba por apresentar essas realidades por
meio de sensações e imagens dentro de seu corpo e de seu cérebro. Primeiro pela intervenção de
outras pessoas, que atuam como mediadoras entre a criança e o mundo; depois pelos sucessos
422
e insucessos da sua ação, ela vai adquirindo experiências que virão a ser determinantes no seu
O desenvolvimento motor não depende apenas das experiências vivenciadas pela criança,
[...] O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço:
constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem
sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo (BRASIL,
1998, p. 15). Nas escolas de educação infantil e creches, trabalhar a temática do movimento requer
planejamento.
desafiam as crianças a descer, subir, rolar, entrar e sair são interessantes, porém é necessário
garantir ainda mais, pensar em propostas que desafiem as crianças constantemente a ir e vir, a
explorar ações que ainda desconheçam, a experimentar sensações e a conhecer o próprio corpo,
possibilidades e limites.
Para isso, organizar o espaço físico onde serão desenvolvidas essas atividades com
elementos pertinentes e espaços livres é essencial para maior eficácia da proposta (BRASIL, 1998).
Não existe fórmula para criar um ambiente corporalmente desafiador para o desenvolvimento das
atividades de movimento, no entanto é importante incentivar diversas interações, tais como objetos
grandes e pequenos, colocados no alto e próximos do chão, permitindo que os bebês busquem
existam peças grandes, como peças de mobiliário, obstáculos que permitam subir, descer e entrar,
garante um bom trabalho com movimento (BRASIL, 1998). Essas intervenções rendem frutos para a
Infantil. Segundo Ana Lúcia Bresciane (apud SCAPATICIO, 2012, p. 12), psicóloga e formadora
infantil”. Nara de Oliveira, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), completa:
“Pensar de forma opositiva, corpo versus mente, só reforça estereótipos” (apud SCAPATICIO,
423
2012, p. 12).
as instituições educacionais na etapa I, devem ser bem observados, pois eles devem ser planejados
com muito cuidado, visando atingir os objetivos necessários, as limitações e o tempo de cada
criança, pois essas etapas do desenvolvimento não devem ser puladas e muito menos antecipadas,
e deve-se garantir que sejam executados de maneira segura e divertida para a criança (LEGARDA;
MIKETTA, 2008). Os estímulos visuais e auditivos estimulam a criança a mudar de posição; esse
Do nascimento aos seis meses, a criança conhece e experimenta o mundo por meio
do seu corpo. Nessa fase do desenvolvimento, é importante que o bebê seja posicionado de
bruços, de modo que seus braços auxiliem na sustentação do corpo, assim, estará treinando o
em seu corpo, sendo esses de diferentes texturas, em especial na palma de suas mãos e nas
solas do pé (BRASIL, 1998; ASSIS; ASSIS, 2010). Os ritmos musicais também são importantes
para estimular o movimento, pois, ao se balançar, ela explora o meio ambiente, estica e contrai
a musculatura, conhece seu corpo, e inicia o processo de equilíbrio, importante para sentar-se,
engatinhar, andar e correr. Atividades de rolar com o corpo, ou rolar objetos, são fundamentais
nessa fase do desenvolvimento (GESELL; AMATRUDA, 1990). [...] Nessa fase do desenvolvimento
infantil, o corpo é a via de acesso ao mundo. Maior ou menor mobilidade, flexibilidade, agilidade
motoras com as quais a criança se depara no dia-a-dia (GALLARDO; OLIVEIRA; ARAVENA, 1998,
p. 60).
aquilo que pode sentir e experimentar por meio de seu próprio corpo, construindo seu pensamento
primeiramente e expressando na forma de ação. Em outras palavras, ela pensa na ação e isso faz
com que o movimento do corpo ganhe um papel de destaque nas fases iniciais do desenvolvimento
infantil. Oferecer à criança a oportunidade de mover-se, fazendo uso de sua criatividade, significa
estabelecer experiências que propiciarão desenvolver habilidades motoras fundamentais por meio
de padrões básicos de movimentos (CERISARA, 1999). Segundo Gallahue (2005), a criança deve
ser capaz de saber utilizar-se de qualquer movimento para alcançar o objetivo; mudar de um tipo de
424
movimento para outro (deslocamento) quando a situação exigir; e alterar cada movimento conforme
[...] As crianças do 0 aos 3 anos devem ter muitas experiências com todo o corpo para
terem as mais variadas sensações. Precisam aprender a sentir e dar nome ao que sentem.
Isso é fundamental porque crianças que trabalharam bem com seu corpo são adultas bem
resolvidos (ASSIS; ASSIS, 2010, p. 119).
Não apenas em conteúdo, mas também em estrutura. O mundo mental da criança, devido
às ações e interações com o mundo natural e social, acaba por apresentar essas realidades
por meio de sensações e imagens dentro de seu corpo e de seu cérebro. Primeiro pela
intervenção de outras pessoas, que atuam como mediadoras entre a criança e o mundo;
depois pelos sucessos e insucessos da sua ação, ela vai adquirindo experiências que virão
a ser determinantes no seu desenvolvimento psicológico futuro (FONSECA, 2004, p. 131).
Ainda:
O desenvolvimento motor não depende apenas das experiências vivenciadas pela criança,
porém o conhecimento do corpo e os estímulos recebidos favorecem seu desenvolvimento,
bem como a flexibilidade, a noção de espaço, localização e adequação no ambiente. [...] O
movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço:
constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e
atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.
Nas escolas de educação infantil e creches, trabalhar a temática do movimento requer
planejamento. Atividades que envolvem gestos repetitivos e coreografados e os tradicionais
circuitos que desafiam as crianças a descer, subir, rolar, entrar e sair são interessantes,
porém é necessário garantir ainda mais, pensar em propostas que desafiem as crianças
constantemente a ir e vir, a explorar ações que ainda desconheçam, a experimentar sensações
e a conhecer o próprio corpo, possibilidades e limites. Para isso, organizar o espaço físico
onde serão desenvolvidas essas atividades com elementos pertinentes e espaços livres é
essencial para maior eficácia da proposta (BRASIL, 1998). Não existe fórmula para criar um
ambiente corporalmente desafiador para o desenvolvimento das atividades de movimento,
110 Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 no entanto é importante
incentivar diversas interações, tais como objetos grandes e pequenos, colocados no alto e
próximos do chão, permitindo que os bebês busquem meios de alcançar todos eles. Além
disso, proporcionar atividades que possibilitem a exploração do ambiente, onde existam
peças grandes, como peças de mobiliário, obstáculos que permitam subir, descer e entrar,
garante um bom trabalho com movimento.
da identidade, outro eixo fundamental na Educação Infantil. Segundo Ana Lúcia Bresciane (apud
infantil.
425
Nara de Oliveira, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), completa:
“Pensar de forma opositiva, corpo versus mente, só reforça estereótipos” (apud SCAPATICIO,
2012, p. 12).
[...] nessa fase do desenvolvimento infantil, o corpo é a via de acesso ao mundo. Maior
ou menor mobilidade, flexibilidade, agilidade ou autonomia corporal dependem, em grande
parte da quantidade e qualidade de experiências motoras com as quais a criança se depara
no dia-a-dia.
Segundo Gallahue (2005), a criança deve ser capaz de saber utilizar-se de qualquer
movimento para alcançar o objetivo; mudar de um tipo de movimento para outro (deslocamento)
quando a situação exigir; e alterar cada movimento conforme as condições do ambiente, caso as
mudem (adaptação)
426
[...] As crianças do 0 aos 3 anos devem ter muitas experiências com todo o corpo para
terem as mais variadas sensações. Precisam aprender a sentir e dar nome ao que sentem.
Isso é fundamental porque crianças que trabalharam bem com seu corpo são adultos bem
resolvidos. (ASSIS; ASSIS, 2010, p. 119).
importante proporcionar uma variedade de experiências motoras à criança, pois isso a ajudará a
adquirir e descobrir um mundo completamente novo. Por meio do movimento, a criança experimenta
Ao se trabalhar esse eixo na educação infantil, a criança adquire movimentos mais amplos,
ajudando-a a conhecer seu corpo, a obter a autoconfiança necessária no processo de
construção de sua autonomia. (LEGARDA; MIKETTA, 2008).
Ao longo do processo de construção desse artigo, foi observado que, por meio de planejamento
cuidadosamente elaborado para a faixa etária, que atenda a seus interesses, buscando a harmonia
criança.
Neste item do estudo, descreverei minha experiência como monitora em uma turma de
educação infantil de 0 a 3 anos, em uma instituição pública. A decisão de incluir o relato de experiência
veio da ideia de enriquecer o trabalho, descrevendo a realidade escolar. Diversas atividades foram
observadas em minha atuação, como: “dança com bexigas”, “circuitos com obstáculos”, “jogos com
outras atividades que envolvem a estimulação dos movimentos trabalhados nessa faixa etária.
Infantil, a criança desenvolve as seguintes habilidades, de acordo com Legarda e Miketta (2008):
1) Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo. 113 Ensaios & Diálogos, Rio Claro,
v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 2) Explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais
para se expressar nas brincadeiras. 3) Deslocar-se com destreza no espaço ao andar, correr
e pular, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras; 4) Explorar
e utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento. 5) Ampliar as possibilidades
expressivas e expansivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal.
6) Explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como força, velocidade,
resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e habilidades de seu corpo. 7)
Controlar gradualmente o próprio movimento, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento
e ajustando suas habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras e danças. 8)
Apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando
seus segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de interesse e
427
cuidado com o próprio corpo. Brincando, a criança se movimenta, estabelece relação entre
o meio e seu próprio corpo; nesse caso há a necessidade de encontrar educadores atentos
que explorem e promovam desafios para que a criança na faixa etária de 0 a 3 anos consiga
se desenvolver e que a instiguem a buscar mais conhecimento, obstáculos ainda maiores
para sua exploração e aquisição de conhecimento motor (LEGARDA; MIKETTA, 2008).
Nem sempre isso é fácil de encontrar, por diversos fatores; entre eles, falta de preparo por
parte dos educadores (alguns assumem o cargo e não fazem ideia da importância real do
trabalho), ou falta de planejamento nas atividades (falta de vontade de adquirir conhecimento
do desenvolvimento da faixa etária e de como trabalhar- 114 Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v.
9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 esse eixo de suma importância); há também a ansiedade em
querer que as crianças cumpram à risca o que foi proposto no planejamento ou na proposta
pedagógica preestabelecida pela equipe gestora, esquecendo-se de que cada criança
possui seu próprio tempo. É necessário um olhar atento a todas elas, buscar variações nas
atividades propostas para que todos possam participar e se sentir incluída.
O resultado da estimulação motora pode ser percebido de forma efetiva, pois, nessa faixa
etária, as crianças respondem a esses estímulos mais rapidamente do que se pode imaginar,
tornando o trabalho ainda mais prazeroso. Os profissionais da educação têm o privilégio
de acompanhar passo a passo o desenvolvimento das crianças desde o momento em que
entram na escola por volta dos quatro meses. Dos seis aos oito meses, é possível observar
e estimular as primeiras tentativas de locomoção (rolar, rastejar, engatinhar, levantar e andar
com apoio), sentar-se sem apoio.
Essa estimulação é feita com a criança no colo, no colchonete, no chão sobre um tapete
emborrachado. Para despertar a atenção dessas crianças, utilizam-se brinquedos coloridos
e sonoros, para que ela se sinta interessada em buscá-los. Nessa instituição, todos os
materiais de estimulação e diversos brinquedos são colocados ao alcance das crianças para
que possam explorá-los a medida que se sentirem à vontade. Assim que começam a adquirir
melhor equilíbrio corporal, por volta dos nove meses a um ano, procuram-se diferentes
atividades recreativas com a intenção de fornecer um meio rico em estímulos e desafios
para que facilitem sua locomoção dentro e fora da sala. Nessa faixa etária algumas crianças
já começam a andar sem apoio.
Entre um e dois anos, as crianças acentuam a fase das descobertas e conquistas, passam
a subir e descer, lançar objetos, cair e levantar, saltar com alternâncias dos pés. Atualmente
trabalho com essa faixa etária. Foi possível perceber com a observação e estimulação
grande avanço do começo do ano até o fim, as crianças tiveram um salto no 115 Ensaios
& Diálogos, Rio Claro, v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 desenvolvimento motor durante o
primeiro semestre, quatro delas chegaram à escola sem saber andar, e em um mês (com os
estímulos certos) começaram a andar e em dois meses estavam correndo, e agora, no final
do segundo semestre do ano letivo, estão saltando, tirando os dois pés do chão.
Há na sala uma criança com paralisia cerebral, que teve considerável avanço motor ao logo
do ano, porém dentro das suas limitações. Atividades no parque são as favoritas, pois o subir
e descer do escorregador e do trepa-trepa torna-se prazeroso para elas, além do contato
com texturas diferentes, no caso, a areia, auxiliam no processo do desenvolvimento. Descer
e subir de bancos, dançar, brincar com água, massinhas (trabalhando o movimento das mãos
e pés), entrar em túneis e caixas de papelão são atividades que, se trabalhadas dentro de um
planejamento, tornam-se ferramentas preciosas no desenvolvimento motor.
Com as crianças de três anos, pode-se utilizar as mesmas atividades, porém aumentando
o grau de dificuldade, pois, ao estimular essas crianças, desenvolvem-se diferentes
possibilidades de exploração de movimentos relacionados ao controle do próprio corpo. Cabe
ao educador explorar e provocar situações para que auxilie a criança a obter consciência
de si mesma, conhecer sua realidade corporal, estabelecer relações com o espaço, com o
tempo e com os objetos a serem trabalhados (LEGARDA; MIKETTA, 2008). Os professores
e monitores podem realizar diversas atividades dentro e fora da sala de aula, adaptar essas
atividades de acordo com a realidade do espaço físico que possuem.
Na instituição em que trabalho, o espaço físico é bastante limitado (pequeno), mas isso
não nos impede de realizar as atividades; ao montar circuitos, usamos materiais simples
como obstáculos (cadeiras, bancos, túnel, caixas de papelão, cordas e o que mais vier na
imaginação). A música “Vamos passear no bosque enquanto seu lobo não vem” é uma forma
de a criança dançar e se movimentar livremente, pois, no momento em que “seu lobo termina
de se arrumar”, ele vai à busca das crianças para “pegá-las”; nesse momento, elas correm,
escondem-se, sobem em lugares onde o lobo não possa pegar (segundo sua imaginação,
pois, além da movimentação, a criança 116 Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v. 9, n. 1, p. 97-
120, jul./dez. 2016 cria estratégias mentais para a solução de um “problema”, no caso, o lobo).
Atividades simples, com material à disposição que, ao ser utilizado de maneira planejada,
faz toda diferença no processo do desenvolvimento motor da criança. [...] O pátio é uma
extensão da sala de aula. Nele, pode ser dada a continuidade para toda e qualquer atividade
que esteja sendo desenvolvida na sala. Ou, melhor ainda, tem- -se a possibilidade de
desenvolver trabalhos que requeiram mais espaço, movimento simultâneo, diversidade de
materiais. Infelizmente, não é hora de o educador descansar, nem de crianças sozinhas, no
pátio. Nesse espaço mais amplo, a educadora deve estar mais presente. E “estar presente”
significa não lendo ou fazendo relatórios, arrumando suas unhas ou fazendo qualquer outra
coisa que não seja intervenções. “Estar mais presente” significa “ter um olhar” sobre suas
crianças, estar atenta ao que elas fazem, brincar junto com elas (ASSIS; ASSIS, 2010, p.
428
119). 3. DISCUSSÃO Ao realizar este trabalho, buscou-se analisar, por meio de estudo
bibliográfico e como exemplificação os relatos de experiência, a relação entre a teoria e a
prática do desenvolvimento da criança na faixa etária de 0 a 3 anos, inserida na educação
infantil.
Dessa forma, realizou-se um trabalho minucioso por meio do estudo de diversos materiais e
autores que exprimem o levantamento das características da criança em seu desenvolvimento,
para estabelecer ligação entre o desenvolvimento físico, social e cognitivo, pois é necessário
compreender como a criança se desenvolve, suas possíveis habilidades e as etapas
preestabelecidas e esperadas nessa faixa etária.
As fases do desenvolvimento são parâmetros para o planejamento de atividades que
estimulem a criança, permitindo que esta se desenvolva física, mental e socialmente, porém
devem ser consideradas as variações de indivíduo para indivíduo, pois o desenvolvimento não
é homogêneo, mas influencia e é influenciado pelo meio (GONÇALVES, 2009) 117 Ensaios
& Diálogos, Rio Claro, v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016 O desenvolvimento infantil nessa
faixa etária está intimamente ligado a estímulos físicos e sensoriais, ou seja, a criança possui
necessidade de movimentar-se para conhecer e interagir com a sociedade (GALLARDO;
OLIVEIRA; ARAVENA, 1998).
O desenvolvimento motor da criança é visível e perceptível antes mesmo de seu nascimento
por meio de movimentos involuntários, porém seu cérebro registra não apenas os movimentos
propriamente ditos, mas todo o mecanismo muscular envolvido, bem como as sensações
recebidas. Esses registros, inicialmente imperceptíveis, somados a outros estímulos visuais,
auditivos e somáticos, contribuem significativamente para o desenvolvimento motor, cognitivo
e social da criança (LÉVY, 1972).
As experiências vivenciadas pelas crianças de forma lúdica e por meio de jogos, brincadeiras
de faz de conta, desafios corporais formarão a base para a resolução de problemas, como
conflitos interpessoais, desenvolvimento da criatividade, desenvolvimento da linguagem como
expressão oral etc. (LÉVY, 1972). Dessa forma, observa-se a importância do planejamento
das atividades de motricidade para as crianças de 0 a 3 anos, como asseguram os RCNs.
Comparando o relato de experiência com a revisão bibliográfica, foi possível verificar que
a maioria dos educadores procura conhecer de forma efetiva as características dessa
faixa etária, criar estratégias diversificadas para proporcionar diferentes oportunidades
de experiências para enriquecer o desenvolvimento motor da criança, auxiliando em seu
desenvolvimento integral.
De forma lúdica, a criança é inserida em um ambiente social (escola) mais amplo que o
de sua família, e aprende a relacionar-se com adultos e crianças por meio de gestos, da
linguagem oral estimulada pela música, por meio das expressões corporais trabalhadas com
a dança e os exercícios corporais. O ambiente escolar verificado no relato de experiência,
apesar de suas limitações (espaço físico bastante reduzido), é planejado e adequado para
tornar-se um local de aprendizagem efetivo e significativo pra as crianças; o educador é o
facilitador/estimulador 118 Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v. 9, n. 1, p. 97-120, jul./dez. 2016
desta aprendizagem e desenvolvimento, pois prepara o ambiente para torná-lo atrativo e
desafiador.
Nem sempre é fácil planejar atividades estimuladoras paras as crianças, pois imprevistos
podem ocorrer a todo o momento, e o educador precisa ter planos A, B, C, em alguns casos até
Z (estratégias diversificadas), para a realização delas, precisa estar atento às necessidades
das crianças, pois o tipo de atividade pode não ser apropriado para aquele momento
específico, o tempo pode não estar propício, diversos fatores podem ser adversos a esse
planejamento. O envolvimento do educador com as atividades lúdicas e brincadeiras com
as crianças, por meio de intervenções, desafiam- -nas a interagir com o social, estabelecer
comunicação, articular respostas e criar situações, e isso sem contar que a criança, quando
vê o educador brincando com ela, passa a criar laços afetivos maiores; nesse momento, o
adulto não é apenas um educador, mas alguém que troca experiências com as crianças, pois
ele, ensinando, também aprende.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
socialmente, pois o movimento faz parte da vida do ser humano e o corpo representa a sua maior
via de comunicação e expressão; é a partir dele que a criança expressa o que pensa, sente e
deseja.
Como diz Mukhina (1996, p.88) “todos esses movimentos e ações são degraus que
429
conduzem as formas de comportamento que caracterizam o homem”. Logo, através do movimento
a criança vai aprendendo a ter autonomia, confiança em si própria, interage com o mundo e vai
Aquilo que a criança vivencia durante os seus primeiros anos tem uma repercussão muito
importante na sua vida, e é por isso que nós, educadores temos que dar muita importância a
O movimento então através da ludicidade é uma maneira pela qual a criança busca
artifícios para desenvolver-se. E o professor deve assumir um papel fundamental nesse processo
de desenvolvimento, pois é ele que planeja atividades para que esse desenvolvimento ocorra.
O movimento precisa ser trabalhado para que desenvolva o indivíduo integralmente, porque
“o foco é sempre a criança por inteiro , com emoções , com sentimentos, com expressões
, com dificuldades, com facilidades, com expectativas, ávida em dar sua opinião , com
sugestões e vontades , com medos , com limites , com timidez, com agressividade , etc.”(
MELLO, 2001, p.98).
Sendo assim, é fundamental que as escolas deem condições e promovam situações que
Infantil, não deixando apenas “aos especialistas” em Educação Física a tarefa de trabalhar sobre a
perspectiva do corpo em movimento. Para Mattos e Neira (2006) os professores regentes de sala
não devem priorizar somente o intelecto em suas atividades, nem tampouco os professores de
Educação Física devem enxergar apenas 22886 a motricidade. Ambos devem conceber a criança
como um ser global, único e inteiro, em seus aspectos cognitivo, afetivo, social e psicomotor.
Com o ingresso obrigatório das crianças, aos quatro anos na escola, faz-se necessário
acerca do corpo, da ludicidade e do brincar que estão presentes em muitos estudos, mas ainda
430
não abrangem completamente o campo educacional. Assim sendo, os resultados desta pesquisa
do corpo em movimento, e assim destacar sua importância como eixo central na Educação Infantil.
Sendo assim, a escola deve priorizar, em seu projeto político pedagógico, o desenvolvimento de
atividades que privilegiem o lúdico. Os profissionais precisam ser capazes de justificar, por meio de
sua prática, por que o brincar é a melhor maneira de uma criança pequena aprender.
Portanto, o movimento é utilizado pela criança como uma linguagem, tanto para agir com
o meio físico como para se comunicar com as pessoas. Por isso, a escola deve criar situações
favoráveis para que a criança se desenvolva de tal forma que amplie os conhecimentos sobre si
as crianças para que elas percebam seus recursos corporais, bem como suas capacidades e
limitações. Os educadores devem criar inúmeras possibilidades para que as crianças se sintam
431
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433
CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO
RESUMO
Este artigo tem como objetivo refletir sobre o surgimento da concepção de Infância, a importância do brincar e a relação
da escola diante desses temas. Para entendermos a relevância do brincar na vida de uma criança primeiro foi preciso
voltar no tempo para compreender o momento que a criança passou a ser vista como um ser único que necessita
de atenção diferenciada dos adultos. Entendemos também que a escola tem papel importante na construção dessa
concepção e que ela pode contribuir com o desenvolvimento Infantil. O presente artigo foi baseado em livros sobre o
desenvolvimento infantil, na legislação brasileira e nos módulos de estudo das Faculdades Integradas Campos Salles.
Concluiu-se que o brincar e a ludicidade na educação é uma expressão cultural infantil que favorece o desenvolvimento
integral do ser.
INTRODUÇÃO
docentes procuram encontrar respostas para entender a forma como as crianças se desenvolvem
A infância é marcada por suas próprias características e o brincar é uma forte marca desse
período. É durante a infância que nos desenvolvemos, crescemos e nos transformamos. A medida
em que nos relacionamos com o outro, exploramos espaços e objetos, paralelamente estamos
Esse artigo tem como objetivo salientar o brincar como característica da concepção de
infância e também como uma rica ferramenta que proporciona de forma lúdica o desenvolvimento
infantil.
434
CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO
Infância, segundo o dicionário Michaelis (2021) significa período da vida, no ser humano,
que vai desde o nascimento até o início da adolescência. Ou seja, todo adulto passa pela fase da
infância.
Sabemos que cada criança é um indivíduo único que carrega consigo sua própria identidade
e cultura, mas nem sempre foi visto dessa forma. A concepção de infância só aparece a partir da
idade média em meados do século XVI no continente europeu. Até então, a criança era vista como
um adulto em miniatura que não tinha valor perante a sociedade por não ter seu papel definido
A infância passa ser reconhecida pelo estado entre os séculos XVI ao XVIII tendo grande
influência de pensadores e filósofos iluministas da época. É neste período que a criança
passa a ser vista como um ser em desenvolvimento que necessita de cuidados específicos.
Esse processo de reconhecer a infância como uma particularidade da vida humana foi
bastante lento. Porém, ao longo dos séculos ocorreram vários avanços importantes. Hoje, a criança
é um ser respaldado pela legislação que tem como função garantir a dignidade, a proteção e o
desenvolvimento integral infantil. No Brasil, no final do século XX foi criada a lei do Estatuto da
criança e do adolescente. Esse conjunto de normas tem como objetivo assegurar os direitos e
Nacional (LDB, 1996). E em seguida surge o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Com a criação de leis e referenciais, a escola passa a ser vista como uma importante
435
instituição com potencial para favorecer o desenvolvimento infantil, não se limitando apenas à
preparação do aluno para o ensino fundamental, mas também para o seu exercício social.
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL,
1996).
propostas pedagógicas a serem desenvolvidas em todas as escolas do Brasil como citado a seguir:
É possível notar que a concepção de Infância ainda é um conceito que precisa ser discutido
e explorado, e que a escola tem um papel fundamental nesse processo, uma vez que é através
dela que a criança se socializa, aprende, descobre e têm oportunidade de serem protagonistas do
seu próprio desenvolvimento. É também na escola que os olhares são voltados para as crianças,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de bastante atenção para que possamos enxergar as crianças em sua totalidade. É preciso estar
atento e observar todas as mensagens que as crianças tentam nos passar o tempo todo enquanto
brincam e se socializam com outras crianças ou adultos, se pararmos para observar eles têm muito
Na escola podemos favorecer esse desenvolvimento através do lúdico que é uma ferramenta
que nos oferece uma infinidade de ideias que podem ser usadas no cotidiano escolar. Dessa forma,
o brincar sendo ele livre, dirigido ou através de projetos passa a ser um aliado no desenvolvimento
infantil.
436
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Belo Horizonte, 2010. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7155-2-3-brinquedos-brincadeiras-tizuko-morchida/file. Acesso
em: 20 Junho. 2021
MOYLES, Janet R. Só brincar?: o papel do brincar na educação Infantil. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
437
DIFERENTES JOGOS COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade refletir e evidenciar segundo alguns conceitos teóricos, a importância dos jogos
como ferramenta facilitadora no ensino da Matemática com os alunos no Ensino Fundamental. É um instrumento
pedagógico essencial no desenvolvimento intelectual e social do educando. Os jogos contribuem na socialização dos
alunos, possibilitam uma maior compreensão e interpretação de conteúdos e segundo fundamentos teóricos baseados
nos estudos de Piaget, Vigotsky e Wallon mostram a importância do lúdico para o desenvolvimento do ser humano.
A utilização de jogos em sala de aula pode ser um recurso para despertar a atenção e curiosidade da turma, além
de tornar mais fácil a compreensão de conceitos teóricos que podem parecer muito distantes da vida dos alunos. Por
meio de jogos e brincadeiras os alunos aprendem regras, aprendem a se relacionar melhor com os colegas da classe,
conseguem se desenvolver do ponto de vista físico, emocional, cognitivo e social.
INTRODUÇÃO
e descobrir seu mundo e ressignificá-lo à medida que novos caminhos e desafios apareçam,
disciplina, não utilizando o ensino tradicional, mas, levando em consideração outras propostas
metodológicas e lúdicas. O uso de jogos, por exemplo, faz com que o aluno deixe de ser um
conhecimento. O aluno deixe de ser ouvinte e passa a fazer parte de todas as etapas em busca do
conhecimento.
considerar o avanço das discussões a respeito da educação e dos fatores que contribuem para
438
uma melhor aprendizagem, sendo assim, o jogo aparece dentro de um amplo cenário que procura
As aprendizagens escolares podem ser favorecidas e impulsionadas, mas para tanto, espera-
propícios às brincadeiras e jogos dos alunos, que têm na escola grande parte de suas relações,
De acordo com pesquisas bibliográficas, foram encontradas referências ao uso dos jogos
como ferramenta importantíssima para o aprendizado dos alunos, além da contribuição para sua
O jogo recebe de teóricos como Piaget, Vygotsky, entre outros, as contribuições para o
aprendizado, é uma forma do professor interagir com o aluno e tirar o foco da Matemática ser uma
outras formas de considerar o papel do jogo no ensino. O jogo, na educação matemática, passa a
colocado diante de situações lúdicas, apreende a estrutura lógica da brincadeira e, sendo assim,
apreende também a estrutura matemática presente. O jogo será conteúdo assumido com a finalidade
de criar planos de ação para alcançar determinados objetivos, executar jogadas de acordo com
este plano e avaliar sua eficácia nos resultados obtidos. Desta maneira, o jogo aproxima-se da
Esse trabalho foi desenvolvido com o propósito de aprofundar essa temática através de
estudos que contemplem a afetividade através da aplicação de jogos didáticos de modo que
venha contribuir como fator de motivação para a aprendizagem, pois compreendemos que a
prática afetiva é um dos pontos primordiais para tornar a prática pedagógica em um ato criador e
439
DIFERENTES JOGOS COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
matemático; muitas idéias sobre essa disciplina baseiam-se nas diferentes visões da filosofia da
Matemática, por isso a importância do Professor de Matemática fazer diferente em sala de aula,
construir uma aula riquíssima com jogos pedagógicos, articular teoria e prática em benefícios da
adequado para a investigação e a busca de soluções, levando o aluno a ver os erros de forma
natural, sem deixar marcas negativas, mas proporcionando novas tentativas; estimulando previsões
e checagem, aprendendo até com os erros. Os jogos devem trazer situações interessantes e
antes de trabalhar com os alunos tem por dever estar bem preparado, saber das regras, estratégias
e objetivos que o jogo propõe para assim ser um mediador entre os alunos.
Existem diversos tipos de jogos que são ferramentas que facilitam a aprendizagem dos
estivesse falando consigo mesma. Pode ser pelo simples prazer de combinar
tais como agitar os braços, sacudir objetos, pular e correr, durante os quais
Alguns exemplos de jogos e seus que podem ser trabalhados com os alunos do Ensino
Fundamental:
• SERPENTES E ESCADAS
Perceber que o número é formado de algarismos ordenados; relacionar as cores das fichas
às ordens numéricas.
• DOMINÓ HUMANO
• BARALHO
Trabalhar operações.
• CORRIDA DA PORCENTAGEM
Outros jogos como Tabuleiro, pinos e cartas de dicas, Fichas de descobertas, entre outros
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisarmos a história da matemática, veremos que ela nos mostra, grandes feitos,
com as necessidades de cada povo. A Matemática como ciência da exatidão por excelência, mas
Este artigo ressalta a importância do uso dos jogos na sala de aula como ferramenta para
subsidiar a aprendizagem dos alunos. Através dos jogos os professores motivam e auxiliam os
A atividade matemática escolar constitui uma prática cultural que pode encontrar em si
mesma os conteúdos e mecanismos para a construção, mas para tanto é necessário a elaboração
ideia da prática matemática como uma atividade real e cotidiana, na medida em que sua linguagem
e seus procedimentos se tornam familiares aos outros. Sendo assim a Matemática não pode ser
arquitetada como um saber pronto e acabado, mas como um saber dinâmico que está sendo
suas aulas dinâmicas e lúdicas para que o aluno se sinta desafiado e motivado para aprender. Os
jogos como recurso para facilitar o aprendizado, além de contribuir para a formação pessoal, social
concreto, ideias e conteúdos matemáticos. Desta forma, é importante pensar no aluno de matemática
como um ser que pode participar socialmente e de forma ativa de uma comunidade específica, a sala
de aula de matemática. A proposta dos jogos na sala de aula significa também uma possibilidade
ludicidade e como requisito estratégico para a compreensão dos conteúdos. Desta forma também
estabelece um vínculo entre alunos e professor, tornando as aulas menos cansativas e monótonas.
conhecimento.
matemático; muitas ideias sobre essa disciplina baseiam-se nas diferentes visões da filosofia da
Matemática, por isso a importância do Professor de Matemática fazer diferente em sala de aula,
construir uma aula riquíssima com jogos pedagógicos, articular teoria e prática em benefícios da
Os jogos são grandes aliados no ensino da Matemática, pois permitem que os alunos
utilização dos jogos permite ao professor e educando um contato direto com o universo do ensino.
Trata-se do momento de colocar em prática tudo que foi planejado, levando em consideração, em
algumas situações, a necessidade de ajustes durante os jogos, pois até no momento da brincadeira
dinâmica do jogo, pode haver situações que necessitem de intervenções e modificações para que
Sendo assim, o aluno deixe de ser um simples receptor de conteúdos e passa a ser sujeito
ativo no processo de construção do saber. Numa perspectiva construtivista esses momentos podem
443
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Acesso em 01 jan.2021.
444
DISCURSÃO E RESULTADOS: PESQUISA SOBRE COMO OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
SÃO REPRESENTADOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS
RESUMO
A presente pesquisa visa identificar as representações dos profissionais da área da saúde nos livros didáticos de quinto
e oitavo ano distribuídos às escolas pelo PNLD de 2016 e 2014, respectivamente. Pretende-se, especificamente,
atentar para os gêneros e etnias representados e associar a função desenvolvida pelos personagens às ideias de
divisão sexual do trabalho.
INTRODUÇÃO
discentes, sendo sua distribuição gratuita garantida no Brasil pelo Ministério da Educação (MEC)
através do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Esse é o material mais imediato utilizado
por professores visando despertar o interesse discente (SANTOS, 2012). Inicialmente visto como
obra de referência, o livro didático teve mudanças em sua utilização a partir de 1960. Com o
aumento do público escolar e a precarização do trabalho docente, o livro deixou de ser um recurso
exclusivamente didático pedagógico e passou a ser utilizado como fonte de consulta, formação e
Impulsionado pelo PNLD, “o livro didático é responsável por 60% de todo o faturamento da
indústria livresca no Brasil” (SILVA, 2012, p.810). Portanto, garantir o livro no catálogo do PNLD,
entre grupos para hegemonizar suas posições” (MACEDO, 2004, p.106). As posições hegemônicas
445
podem ser destacadas nos modos de exposição dos conteúdos em detrimento de outras posições/
culturas. Nesse sentido, o livro didático “pode ser um veículo de expansão de estereótipos não
percebidos pelo professor” (SILVA, 1999, p.23). O uso de estereótipos sustenta a autoridade colonial
uma vez que demarca a separação de diferentes culturas naturalizando as relações de poder. A
estratégia de estereotipar o Outro faz com que a diferença seja vista como anômala, fragilizando
e desarticulando uma organização política do grupo estigmatizado que tende a rejeitar a própria
O Brasil, embora apresente grande miscigenação na constituição do seu povo, apresenta uma
identidade referência: “homem branco heterossexual, de classe média urbana e cristão” (LOURO,
1998 apud LOURO, 2000, p.68). Essa identidade caracteriza a norma e, por ser previsível, torna-
se invisível nas representações e ilustrações das mídias e materiais didáticos. Torna-se marcada
e visível a identidade que foge da norma e desvia do padrão hegemônico. Apenas recentemente
trazem consigo concepções de gênero e etnia (Pires, 2004 apud RIBEIRO, 2010). Segundo Ribeiro
com personagens de raça não-branca. Sobre o contexto ao qual a figura negra é representada,
Lima (1999) afirma que as crianças negras encontram imagens pouco dignas para se reconhecer
enquanto a criança não negra possui um maior número de opções de representação para elaborar
sua identidade.
O estudo de Macedo (2004) mostrou como os gêneros são representados nos currículos
de ciências, reforçando a divisão sexual do trabalho. Nesse caso, no que foi determinado setor da
saúde, apareceram mais homens que mulheres nas representações. Segundo Martins e Hoffmann
(2007), essa diferença veicula a divisão sexual do trabalho, pois a atribuição dos postos de trabalho
apud MARTINS e HOFFMANN, 2007, p.12) afirma que “a distribuição de tarefas entre os sexos é,
em muitos sistemas culturais, entendida como uma espécie de extensão das diferenças anatômicas
mulheres – dentre outras classificações biologicistas – o estudo das concepções por trás dos
446
conteúdos e imagens veiculadas nos livros didáticos se justifica pela influência que gera sob as
corpo de conhecimentos privilegiado” (MACEDO, 2004, p.126) pode contribuir para a superação de
das minorias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
oitavo ano, a segunda representação mais frequente dos profissionais da saúde foi o homem
branco. Já os livros de quinto ano apresentaram a mulher negra como a segunda representação
mais frequente.
O gênero feminino foi mais frequente nas coleções de quinto ano. Já nos livros destinados
maior do que somando as mulheres negras e brancas, ou seja, houve maior representatividade do
gênero masculino nas coleções de oitavo ano. Essa diferença ocorre pela baixa representatividade
da mulher negra, uma vez que a mulher branca foi massivamente representada nas ilustrações
analisadas.
A categoria ‘indefinido’ pertence às representações cujo foco era a ação desenvolvida pelo
vacinação, cujas imagens mostravam apenas as mãos do profissional. A fotografia focada na ação
Os dados referentes à divisão étnica e sexual do trabalho estão expressos nos gráficos a
seguir:
447
FIGURA 3 - Distribuição étnica e sexual nas principais funções exercidas pelos profissionais
FIGURA 4 - Distribuição étnica e sexual nas principais funções exercidas pelos profissionais
Nos livros de quinto ano, identificamos apenas uma imagem com uma mulher oriental
como protagonista atuando em um laboratório. Já nos livros de oitavo ano, 10 imagens foram
coletadas nesse cenário, sendo que, em 40% delas, o protagonista era um homem branco. Nos
448
livros de oitavo ano, a mulher e o homem branco são representados em quase todas as atuações
analisadas, diferente do que ocorre com a representatividade da mulher e do homem negro, que
natal, ultrassonografia, entre outros) nos livros de quinto e oitavo ano. Nos livros de oitavo ano, o
magnética, eletroencefalograma).
Nos livros de oitavo ano, a mulher negra prevalece nas fotos de equipe (de resgate, de
laboratório, na enfermaria) e não aparece atuando individualmente (como nos consultórios). Já nos
livros de quinto ano, a imagem da mulher negra foi mais frequentemente observada em consultórios
Nos livros de quinto ano, as imagens de profissionais da saúde aparecem com mais frequência
associadas ao contexto de consultas médicas, enquanto nos livros de oitavo ano aparecem
prevenção de doenças. A abordagem dos livros de oitavo ano é mais técnica comparada aos livros
Os livros didáticos presentes no catálogo do PNLD são previamente avaliados por uma
equipe que é orientada através de fichas de avaliação das obras. Dentre as diversas orientações
das fichas, há a preocupação em avaliar as ilustrações das obras de modo a garantir que elas não
orientação sexual, de idade ou de linguagem), incentivo ao uso de drogas lícitas e ilícitas ou violação
de direitos. Apesar desse explícito critério de avaliação das obras, podemos notar a naturalização
Em alguns materiais, foi possível observar ilustrações nas quais os homens executam o
trabalho doméstico – seja sozinho ou com uma mulher. Esse modo de ilustrar os afazeres domésticos
pode ser reflexo de uma adequação para garantir a aprovação das obras no catálogo do PNLD,
divisões sexuais das atuações no mercado de trabalho para profissionais da área da saúde,
como vimos, por exemplo, nos livros de oitavo ano cuja maior representatividade de profissionais
1 A ilustração apresenta três homens negros realizando a primeira cirurgia nigeriana de transplante de rim em criança, em Lagos,
Nigéria, 2009.
449
atuando em laboratório foi ilustrada com homens brancos – o que relaciona o raciocínio lógico à
uma característica masculina, assim como a mulher negra, nos livros de quinto ano, que aparece
e cuidador às mulheres negras. De ama de leite à baba e empregada doméstica, numa sociedade
pós-abolicionista, ainda impera a lógica escravista na vida social das mulheres negras.
Assim, como ocorre nas propagandas de televisão, nas ilustrações analisadas nota-se que
“as mulheres são colocadas em posições profissionais semelhantes às dos homens, mas esses
‘novos’ lugares sociais não questionam o binômio emoção/razão” (BELELI, 2007, p.198).
Assim como na pesquisa de Macedo (2004), que analisou o protagonismo masculino nos
materiais didáticos de ciências, na presente pesquisa notamos, nos livros de oitavo ano, que mais
homens foram representados nas profissões da área da saúde. Apesar da maior representatividade
de homens, ao categorizar os gêneros junto às etnias, nota-se maior frequência das imagens de
mulheres brancas em relação aos homens brancos ou homens negros em ambas as coleções
didáticas.
Entre o gênero feminino, observaram-se variações quanto à atuação. A mulher branca foi
ginecológicos. Já a mulher negra teve sua maior representatividade nos livros de quinto ano em
as imagens das mulheres estão relacionadas ao cuidado e ao afeto (de crianças e gestantes/
fetos). Desse modo, as coleções contribuem para a veiculação da imagem da mulher dócil e
cuidadora que, segundo Pires (2004 apud Ribeiro, 2010), representa práticas sociais exigidas como
representações analisadas nesse cenário está de acordo com Louro (1998 apud LOURO, 2000) que
assume essa imagem como identidade referência no Brasil. O homem branco atuando no laboratório
é uma imagem amplamente divulgada, não só nos livros analisados, mas nas propagandas de
televisão (BELELI, 2007). Essa imagem não é questionável, pois trata-se de uma identidade
apagada, invisível da norma por não ser reconhecida como problemática (LOURO, 1998).
colaborar para a elaboração da identidade do estudante (LIMA, 1999). Desse modo, a baixa
identificando essa prática como uma ação naturalmente designada às pessoas de pele branca.
Sendo assim, pode-se naturalizar o discurso racista dentro do grupo minoritário (RIBEIRO, 2010).
quinto e oitavo ano, por pessoas negras colaborando para uma maior possibilidade de reconhecimento
e identificação da criança negra com os profissionais dessa categoria. Cabe ressaltar que, entre os
profissionais da área da saúde, o maior prestígio social encontra-se naqueles que atuam na área
clínica, ou seja, a enfermagem é vista como o apoio técnico e coadjuvante do cenário hospitalar.
Esse baixo prestígio social associado aos enfermeiros e a sua representação por pessoas negras
nos livros didáticos deve ser objeto de estudo de professores e alunos para uma leitura crítica da
Dada a importância e o caráter de verdade que é conferido ao livro didático, esse pode ser um
veículo de expansão de estereótipos não percebidos pelo professor (SILVA, 1999). Compreendendo
o currículo e o livro didático como dispositivos culturais e pedagógicos “que buscam endereçar
os sujeitos a que se destinam, utilizando uma estrutura que localiza o leitor num lugar social e
ideológico” (ELLSWORTH, 1997 apud MACEDO, 2007, p. 46), percebe-se que há intencionalidade
nas abordagens adotadas nos materiais didáticos, assim como nas representações imagéticas.
apoio, o docente deve rever os seus conceitos e preconceitos capacitando-se para perceber as
visões estereotipadas presentes nesses materiais. O livro didático pode ser um instrumento gerador
as ilustrações junto dos alunos. Para tanto, o uso e a avaliação da qualidade dos materiais didáticos
deve ser tema de cursos de formação inicial e continuada dos professores das diversas redes de
ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
atuando como dispositivo político, cultural e pedagógico. Ao retratar o currículo dominante, os livros
adotar a obra como instrumento de trabalho, deve atentar para a análise das imagens e, inclusive,
utilizá-las como objeto de estudo junto ao corpo discente de modo a favorecer a consciência crítica
452
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LIMA, Heloisa P. Personagens negros: um breve perfil na literatura infanto-juvenil. In. MUNANGA, Kabengele (org.).
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SANTOS, José Nunes dos. Imagens: representações de gênero no livro didático de biologia, Colloquium Humanarum,
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803-821, 2012.
453
A PSICANÁLISE NA CRIANÇA
REGINA GOMES
RESUMO
Um dos maiores desafios enfrentados na Educação Infantil é o de conseguir adequar à sala de aula uma prática
pedagógica que atenda às necessidades das crianças que estão em processo de aquisição de leitura e escrita.
Neste sentido, o presente trabalho buscou apresentar considerações acerca do mundo maravilho dos contos de
fadas, analisando sua importância para a nossa cultura e a evolução obtida por meio de seu uso na formação de
leitores durante o processo de alfabetização na Educação Infantil. Discute-se também a respeito da relevância do
papel que cumpre os contos, mostrando-se soluções práticas para todas as questões, fundamentadas nas correlações
pesquisadas, por meio da pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo central resgatar, fortalecer e valorizar o poder
conquistador das crianças, conduzindo-as a praticar a leitura. Como proposta para a Educação, objetiva um novo olhar
sobre a infância, considerando-se a criança como um todo: lado afetivo e cognitivo de forma igual, proporcionando
um estudo introdutório da psique do indivíduo, as intervenções do meio e a ideia que criança tem de si e do outro.
Concluiu-se, portanto que, os contos de fadas são importantes sob vários aspectos biopsicosociais. Quanto ao
desenvolvimento cognitivo, eles proporcionam às crianças meios para desenvolver habilidades que atuam como
facilitadores do processo de aprendizagem. Tais habilidades podem ser notadas na ampliação do vocabulário, nas
referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do repertório linguístico, na reflexão, na criticidade e na
criatividade. Também permitem que o leitor faça conclusões e novas leituras, atuando como facilitadores do processo
de ensino-aprendizagem.
INTRODUÇÃO
sensibilização das crianças com o objetivo de abordar um tema para conseguir mudança de atitudes
comportamentais.
Os contos de fadas são variações dos contos populares ou das fábulas locais. De modo
geral, tratam-se de textos curtos nos quais os heróis ou heroínas encaram grandes obstáculos
antes de saírem vitoriosos na batalha contra o mal. Estão repletos de princesas, príncipes, bruxas,
454
fadas, anões, gigantes, animais falantes e, é claro, muita magia e transformações.
conservando nelas até o período adulto, o sonho de manter acesa a chama vibrante, intensa e
demonstram interesse e fazem reflexões sobre a função e o significado da escrita. Para que possam
escrever de modo autônimo, é preciso que entrem em contato com diversos tipos de textos já
a partir da Educação Infantil. O professor deve apresentar aos alunos poesias, receitas, contos,
está lendo. Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o
pensamento da criança, esses contos falam do ego e encorajam o seu desenvolvimento, enquanto
dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfaze-las, que estão em
Desse modo, aqui, neste trabalho, o objetivo é fazer uma reflexão psicanalítica sobre o papel
Para tanto, utilizou-se com metodologia a revisão bibliográfica, mostrando o que é um conto
Segundo Propp (2003), os contos de fadas têm uma importância muito grande para a
criança, visto que é através das histórias contadas que ela aprende diversas lições e aprende que
os conflitos e problemas se resolvem com muita disposição. E por mais que existam bruxas más
(que representam a figura das pessoas que não gostam e querem atrapalhar a felicidade do outro),
se você for uma boa pessoa, pode ser feliz e conquistar tudo o que quiser, inclusive com a ajuda
Dessa forma, cada criança, de modo particular, buscará no conto de fadas um significado
diferente conforme as suas necessidades e interesses em cada fase de sua vida. Os contos de
fadas abordam: medos (Chapeuzinho Vermelho); amor (A Pequena Sereia); a dificuldade de ser
criança (Peter Pan); carências (Joãozinho e Maria); autodescobertas (O Patinho Feio); e perdas e
com seus sentimentos e organizando seus conflitos e emoções. Assim, ela cresce e se desenvolve.
A história atua como uma ponte entre o real e o imaginário. Como bem esclarece Sunderland
(2005, p. 63), “Por meio da história, a criança observa diferentes pontos de vista, vários discursos e
registros da língua. Amplia sua percepção de tempo e espaço e o seu vocabulário”. Ela desenvolve a
reflexão e o espírito crítico, visto que através da leitura, “(…) Ela pode pensar, duvidar, se perguntar,
A PSICANÁLISE NA CRIANÇA
Já sabemos que a psicanálise tem uma importância muito grande para análise do
desenvolvimento e da estruturação da personalidade, segundo Klein (1969), é por meio dela que
aprendemos que já nos primeiros anos de vida as crianças experimentam não apenas impulsos
Para Klein (1969), as crianças trazem ao mundo real suas angústias, aflições e os medos da
castração, as quais fazem parte dos sintomas de origem edípicos, porque a relação da criança com
a realidade é muito fraca, oscilando sempre entre o real e o imaginário, e é por essa razão que a
De acordo com Klein (1969), os símbolos e a ludicidade contribuem muito para o fortalecimento
do ego, ainda frágil da criança e o ajuda a desenvolver-se, aliviando a carga excessiva do superego,
456
que o pressiona muito mais severamente do que ao ego dos adultos. Mediante a isto o autor descreve
que não há como atingirmos o interior, inconsciente da criança, se não usarmos a ludicidade, a
Considerando que as crianças são facilmente cultivadas e envolvidas pelo imaginário, leva-
las a viajar em suas fantasias faz com que as mesmas liberem os conteúdos do inconsciente com
muita naturalidade, o que contribui para o seu desenvolvimento já que partes dos sentimentos
de culpa são descarregadas. “A criança expressa suas fantasias, desejos e experiências de uma
forma simbólica, através de jogos e brinquedos.” (KLEIN, 1969. p.30). Mediante essas descobertas
o autor ressalta que no início do desenvolvimento o ego está sujeito às pressões precoces de
Superego, e por esse motivo exerce suas faculdades ao máximo para satisfazer ambas as partes.
Segundo a autora, ao brincar a criança procurará superar todas essas pressões causadas
pela fragilidade do seu Ego, pois o brinquedo não ajuda somente na superação da realidade penosa,
mas ajuda também a criança a dominar seus medos instintivos e perigos internos, pela projeção
De acordo com Klein (1969), o esforço exercido pelo ego a fim de levar os processos
intrapsíquicos para o exterior está associado a uma função mental, que Freud denominou como
sonhos traumáticos dos neuróticos. Estes sonhos têm como objetivo restabelecer o controle dos
estímulos provocando no indivíduo um estado angustioso, cuja omissão levou a neurose traumática.
As tentativas das crianças de dominar as angústias também envolve um controle dos estímulos que
provoca no sujeito este estado angustioso. Esse deslocamento dos perigos instintivos e internos
para o mundo exterior faz com que a criança não só vença melhor os medos, mas também a
Para a autora, todas essas tentativas de ajustamento entre o Superego e o Id não pode
ser bem sucedidas na infância, pois a pressão do Id e a severidade do Superego absorve toda a
do Superego já estiverem completos o Ego estará mais forte e poderá efetuar acordos entre o Id e
o Superego.
Por intermédio dessas ideias, a autora enfatizou a importância de atividades lúdicas para
as crianças, visto que elas fazem uma ponte entre a realidade e a fantasia e ajudam a dominar
seus medos aos perigos internos e externos, pois durante o prazer da brincadeira são imobilizadas
todas as forças do ego. Os jogos infantis transformam as angústias em prazer, pois faz com que a
457
criança através da imaginação torne se livre, com isso suas angústias são aliviadas, e permite que
[...] brincar é o meio de expressão mais importante da criança. Ao utilizarmos essa técnica
lúdica, logo descobrimos que a criança faz tantas associações aos elementos isolados de
seu brinquedo quanto o adulto aos elementos isolados de seus sonhos. (KLEIN, 1969. p.31).
Durante as análises, Klein (1969) percebeu também que as angústias nas crianças podem
aparecer de várias formas, tais como, dificuldade para se alimentar, medos de coisas inanimadas,
inibições para jogar, entre outros. Os sinais são variados e estão todos ligados aos medos, aflições
e angústias edípicos. Esses sintomas requerem um olhar atento para que se possa desvendar
todos os mecanismos e métodos de representações usadas pela criança, já que a não superação
Todas as crianças sofrem das neuroses causadas pelas angústias edípicas, porém a
de desenvolver métodos que poderão ajudar cada criança na superação destas angústias fará
com que os mesmos avancem nos estágios relacionados ao desenvolvimento com êxito e se torne
Analisando dois dos processos de desenvolvimento a qual foi nomeado por Freud como
estágios do desenvolvimento Klein (1969), concluiu que os impulsos edípicos da criança são
liberados pelas frustrações orais e que o Superego começa simultaneamente, a formar-se. Este
primeiro estágio oral está inteiramente ligado ao prazer da sucção da criança aos seios da mãe no
ato de amamentar, segundo as observações psicanalíticas quando a criança não consegue obter
o prazer suficiente na amamentação ela tende a expressar essas angústias através das mordidas
como forma de compensação. Logo após o estágio oral, segundo o autor aparece o estágio sádico-
uretrais que são impulsos voltados para a função urinaria, a criança cria fantasias a partir do ato de
Segundo Portillo (2019), para Freud esses sintomas angustiantes apresentados pelas
crianças nada mais é que a representação da fragilidade do ego que se encontra impotente diante
Sobre a psicanálise infantil o que muitas vezes são considerados como falta de educação,
malvadeza pelos pais, na criança são apenas sintomas que estão relacionados ao seu
pelo pai, ora pela mãe, fazem parte deste processo de tentativas de organização do inconsciente
458
com seu mundo consciente. Há também ocasiões em que a criança projeta nos irmãos mais novos
suas frustrações já que o nascimento de uma nova criança contribui bastante no aparecimento dos
transferência tanto positiva quanto negativa, que se bem trabalhado com as crianças as levarão a
compreensão e ao alívio dos sentimentos angustiantes de culpa, impedindo assim que se tornem
Na opinião de Klein (1969), não há como identificar o estágio em que a criança se encontra
analisando um fato isolado, mas se conseguirmos identificar e trabalhar a cada simbolização que
a criança nos passa através do lúdico propiciaremos a ela um grande alivio e um desenvolvimento
psíquico saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficou claro que os contos de fadas têm um papel valioso no desenvolvimento da criança,
Os contos de fadas permitem o aprendizado dos problemas interiores dos seres humanos e
apresentam soluções corretas de problemas. As ansiedades das crianças são tratadas com muita
seriedade e o principal: com uma linguagem e estrutura que permitem o entendimento da criança,
sem situações muito complexas ou ambíguas, através de soluções em que o leitor infantil possa
Os contos de fadas falam das pressões internas graves das crianças, de uma maneira que
passageiras. Ao contrário das estórias modernas que evitam problemas existenciais, sendo que
estes são cruciais para todas as pessoas: estas estórias não mencionam assuntos como a morte,
nem o envelhecimento, enquanto os contos de fadas confrontam a criança com problemas humanos
mesmas e favorecendo o desenvolvimento de sua personalidade, mas, além disso, estas estórias
são antes de tudo obras de arte, sendo únicas e compreensíveis para as crianças como nenhuma
outra.
459
Entretanto, não são apenas as crianças que podem se beneficiar com estas estórias. No
inconsciente, todos os medos tratados nos contos estão presentes em qualquer idade, assim a
Assim, é preciso ter consciência de que os contos de fadas são extremamente importantes
para as crianças. Com isso, espera-se que pais, mães, professores e outros responsáveis por
crianças entendam seu valor e passem a utilizá-los com mais centralidade da vida das crianças
Sem dúvida, desde o princípio do mundo a milhões de anos, assim antigo também é o ato
de contar histórias, e também dessa época elas exerciam sedução, que as narrativas exercem,
desde a infância até a velhice. É notável que, em pleno mundo do maravilhoso, do encantado, a
tecnologia e a velocidade dos meios de comunicação, os contos de fadas estão sempre presentes.
Até os “alheios” podem compreender que o mercado editorial vem sendo invadido pela magia do
dos contos de fadas. Ao que tudo indica, a realidade concreta que rodeia já não basta é preciso
460
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ufsc.Br/neitezel/literaturainfantil /verena.htm>. Acesso em 04 jan.2021.
461
PAPEL HISTÓRICO FAMÍLIA X ESCOLA
VERONICA BORBA
RESUMO
A relação família-escola é um dos fatores mais relevantes para que o aluno aprenda, pois, uma boa participação dos
pais é um recurso fundamental para melhorar a aprendizagem. Teve-se por objetivo analisar a participação da família
no contexto escolar. Através deste contexto, analisou-se o quadro das mudanças de inter-relação entre família e escola
até os dias atuais. Os dados foram obtidos através de pesquisa bibliográfica e de campo, por meio de questionário a um
grupo de professores e pais de alunos. A pesquisa abordou a participação escolar dos pais, de que forma participam da
educação de seus filhos, e a opinião dos professores a respeito. Os resultados demonstraram que pais e professores
entendem o que é esta participação, e que esta parceria pode acontecer.
INTRODUÇÃO
dos alunos no processo de ensino-aprendizagem. É preciso que haja uma distribuição mais justa de
responsabilidades na educação da criança. Para isso, tem de se criar uma parceria entre família e
escola. Com cada um cumprindo seu papel, não haverá sobrecargas, descentralizando as funções.
Além disso, essa parceria ajuda os pais e a escola a se entenderem melhor, situando o indivíduo
num mundo organizado em uma estrutura que compõe a sociedade da qual ele também faz parte.
Partindo desta problemática, o objetivo deste artigo é identificar o papel pertinente à família na
Uma inversão de valores vem ocorrendo preocupantemente de forma avançada. Assim, o tema
é de muita relevância, por que há necessidade de resgatar a família e seus valores. Desta forma,
para desenvolver o estudo do papel da família na educação, foram realizadas observações com o
462
cotidiano de pais e professores, somada a pesquisa teórica. Para coleta de dados, foram utilizados
questionários específicos aos pais e professores, para analisar as dificuldades dos mesmos através
Para desenvolver o estudo, buscou-se informação teórica. Segue uma breve releitura da
história da relação família e escola no Brasil, para analisar a implicação desta relação no campo da
educação. A família é um complexo sistema, que está inserido em um contexto social e histórico, cuja
estrutura sofre influência de muitos fatores, que acarretam mudanças de valores e comportamentos,
onde em cada momento histórico seu papel se transforma e adquire características próprias.
de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela; Conjunto formado pelos pais e pelos
filhos; Conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e pelos eventuais descendentes;
Conjunto de pessoas que têm um ancestral comum; Conjunto de pessoas que vivem na mesma
casa; Raça, estirpe; Conjunto de vocábulos que têm a mesma raiz ou o mesmo radical; De família:
A família passou por muitas transformações durante a história do Brasil, relacionadas social,
econômica e politicamente ao contexto do país. Durante o Brasil colônia, havia o modelo patriarcal,
em que os filhos eram cuidados por amas de leite, e as esposas eram dedicadas à fidelidade e
castidade. Segundo Gilberto Freyre, Oliveira Vianna e Antonio Cândido (apud Teruya 2000, p.3-
4) o modelo de família é descrito como sendo um extenso grupo formado pelo núcleo conjugal e
sua prole legítima, ao qual se incorporavam parentes, afilhados, agregados, escravos e também
concubinas e bastardos; todos abrigados sob o mesmo domínio, na casa- grande ou na senzala,
sob a autoridade do patriarca, dono das riquezas, da terra, dos escravos e do mando político.
Caracterizava-se também por traços tais como: baixa mobilidade social e geográfica, alta taxa de
grupo multifuncional.
educação indígena pela jesuítica, no período jesuítico (1549-1759). Em 1549 fundou-se a primeira
escola elementar do Brasil em salvador, tendo como alunos índios e filhos de colonizadores, e
como mestre, o irmão Vicente de Rodrigues, e como comandante o Padre Manoel de Nóbrega.
463
Os jesuítas implementaram padrões europeus, que consistiam em métodos pedagógicos, moral e
costumes da religião cristã. O Ratio atquelnstitutio Studiorum Societatis lesu (Ratio Studiorum) era
o que regia todas as escolas, pois era o plano educacional que a Companhia de Jesus pôs à frente
A partir do final do século XIX, encontrou-se um novo modelo familiar, devido a industrialização
alteração no modelo de família, que passou a seguir os moldes da burguesia europeia, em que
o pai continuava a ter a autoridade, a mãe passava a ser exclusivamente do lar, e o casal tinha
poucos filhos. As meninas eram educadas para serem boas mães e esposas desde pequenas, e
garantir a educação dos filhos e o cuidado do lar. Até o século XIX, havia a separação de funções
hábitos, valores e atitudes. Entretanto com o advento da revolução industrial, as mães começaram
a trabalhar também, e não mais ter tempo e oportunidade de se dedicar por completo a seus filhos.
Segundo ARIÈS (2006, p.271) a escola, que era incumbida de ensinar o que o mundo do trabalho
iria cobrar ao indivíduo no futuro, passou também a exercer o papel de educar para a vida, o que
fez através de ensinamentos de filosofia, sociologia, dentre outros que eram passados pela família.
Nas últimas décadas, houve diversas mudanças na estrutura da família, devido as mudanças
padrões tradicionais de organização familiar. Muitas famílias passaram a ser chefiadas por uma
só pessoa, o que diminuiu o foco da família como transmissora de valores, pois os pais não têm
mais papeis definidos, além da falta de tempo que estes disponibilizam, por terem o ritmo de suas
vidas acelerado. Percebe-se uma preocupação por parte da sociedade, sobre a importância da
participação da família no contexto escolar, e seu dever no processo de aprendizagem dos filhos.
Fica evidente que na atualidade a escola tem exercido o papel que seria de responsabilidade
primária dos pais, por isso é necessário alertar que a família é um espaço de afetividade e segurança,
Se assim é, a relação Família-Escola não diz respeito apenas aos filhos-alunos, mas a todos:
legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação, tais como: Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4° e 55 e no Plano Nacional de Educação (aprovado pela
Lei n° 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares
e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na
educativas e dos recursos pedagógicos. Ou seja, a escola tornou-se reconhecida como um espaço
próprio para aprendizagem de conteúdos e valores da formação da criança. Por isso, as fronteiras
se tornaram confusas, todavia, se deve esperar que as famílias, além de garantir que as crianças
ingressem e permaneçam nas escolas, é que juntamente com a escola, seja um ponto de apoio e
sustentação ao ser humano. Portanto, quanto melhor for a parceria, mais significativos e positivos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste trabalho podemos observar que ao longo da história do Brasil a família passou
por importantes transformações, influenciadas pelo plano econômico, social e cultural, tendo seus
valores alterados em algumas situações, tanto na escola quanto na família, tendo por repercussão
profundas mudanças na sociedade. A respeito do que se pode notar através dos dados obtidos
em pesquisa e que são assunto de algumas das questões abordadas, a participação dos pais na
educação de seus filhos deve ser constante e consciente, por que não basta ajudá-los apenas por
obrigação, mas sim por que é de importância fundamental como seres humanos. A escola dispõe
de diversas ferramentas de integração com a sociedade, que são fontes de ideias para a proposta
pedagógica, com vista no trabalho interdisciplinar e coletivo. É preciso também atrair os pais para
as reuniões, por que os pais estão acostumados a só serem convocados em casos de notícias,
e já supõe que são notícias más sobre seus filhos. Os pais precisam sentir que a escola também
465
pertence a eles. São expostas algumas dificuldades que os pais apresentam sobre ajudar os filhos,
tal qual a falta de tempo, bem como entendimento. Por os pais muitas vezes não compreenderem
os conteúdos das disciplinas, tem dificuldade em ajudar seus próprios filhos. O importante é que
pais reflitam sobre suas atitudes e mudem esses conceitos, passando a participar de modo ativo na
vida escolar dos filhos, procurando participar das reuniões, conversando mais com os professores,
ou seja, vindo realmente a somar, agregando valores ao conhecimento de seus filhos, juntamente
com a escola. Portanto, cabe a escola e aos pais a importante tarefa de transformar a criança
466
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ZAGURY, T. Educar sem culpa: a gênese da ética. 15ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
467
QUEM É O PSICOPEDAGOGO?
CINTIA JORDANO
RESUMO
O objetivo deste artigo é abordar sobre a psicopedagogia, bem como a sua origem e sobre a atuação do psicopedagogo
e sua forma de atuação. É mais um breve relato. É preciso compreender toda uma trajetória individualmente, e assim
sendo ir a fundo, em questões muitas vezes patológicas, ou até, em questões de necessidades, pensando aqui nas
variadas possibilidades de necessidades, como a necessidade financeira, a não possibilidade de acompanhamento de
aprendizado, a necessidade de uma escuta, de um acompanhamento médico entre outras necessidades não citadas
aqui. Dito isso, fica evidente a urgências de um Psicopedagogo nas unidades escolares, foco desse artigo.
INTRODUÇÃO
existência desse profissional nas escolas, em especial na escola pública. Ao chegar numa instituição
escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo solucionará todos os desafios existentes dentro e
fora da escola: dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo docente, família não
presentes, entre outros desafios que surgem no decorrer do ano letivo. O que de fato encontramos
hoje nas escolas são vários desafios e poucas pessoas para saná-los, muitas vezes não é por falta
de vontade e sim por falta de um estudo mais aprimorado, mais aprofundado, mais focado, no que
tange as questões individuais de cada aluno, é importante ressaltar que o psicopedagogo não vem
com as respostas prontas, mas, sim com um olhar mais focado no tratamento para um aprendizado
de qualidade daquele aluno. Esse profissional fará parte dessa equipe, será um parceiro de todos
que fazem a escola, que são eles: gestores, professores, alunos, equipe de apoio e família. O
468
psicopedagogo tem como função ver o “todo” desse espaço de aprendizagem, o mesmo irá agir
para o aprendizado daqueles que possuem desafios para aprender. Esse psicopedagogo trabalhará
em prol de alunos com bloqueios de aprendizado, com lapsos, alunos que se sentem angustiados
por se sentirem diferente dos outros, que muitas vezes se tornam alunos indisciplinados por não
possuírem um enredo tranquilo para sua própria aprendizagem. Para tanto esse profissional ira
investigar os alunos que os professores indicarem, com esses desafios para aprendizagem, será
realizada uma análise minuciosa e muitas vezes até um encaminhamento médico, todo esse
trabalho realizado pelo psicopedagogo não é possível acontecer através do professor em sala de
aula, o mesmo, tem um período pequeno para preparar suas aulas, para ensinar, para tirar dúvidas,
corrigir, ser atencioso com todos os alunos e familiares, investigar se há algo diferente com cada um
de seus alunos, o professor busca fazer o seu melhor, ele até consegue, mesmo com o seu tempo
todo atarefado perceber quando há algo diferente com cada um de seus alunos, que é a informação
exata que o psicopedagogo precisa para assim fazer o melhor com o seu trabalho. O professor
em sala de aula, por mais empenhado que ele seja, ele não tem como focar exclusivamente em
um aluno com maiores carências, pois, sua profissão pede para que ele olhe e de conta de todos.
Por isso, o presente estudo, procurou trazer a reflexão da importância do psicopedagogo para
as escolas, em especial as escolas públicas. Para o direcionamento desse estudo, foi preciso
Com essas informações fica explicito a importância e a urgência de um psicopedagogo dentro das
QUEM É O PSICOPEDAGOGO?
Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas
que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que,
desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora
a sociedade.(BOSSA,1994,p. 51.
vida humana. A partir dos seus conhecimentos, esse profissional pensa em melhorias nos métodos
entre outras funções tão importantes quanto essas relacionadas. Para o psicopedagogo cada
469
pessoa é única e portanto, tem de ser olhada de forma individual, está aqui a importância desse
Os alunos passam muito tempo dentro de uma escola, a variedade cultural, as condições
enfrentada pelas famílias, entre outas situações não citadas aqui, fazem com que a presença de
de suma importância para um bom desempenho e desenvolvimento dos alunos. Dentro de uma
escola há desafios gigantescos para os professores, são situações variadas dentro de um universo
dinâmico e carente de apoio, em especial de profissionais preparados para lidar com esses
desafios. Os professores lidam com transtornos que muitas vezes nem foram ainda diagnosticados
por profissionais, alunos indisciplinados, que conseguem fazer desandar o percurso dos outros
alunos. O professor tem uma lista infinita de afazeres, e cada vez mais é percebido a queda da
qualidade da educação, essa queda provém, da quantidade de alunos dentro da sala de aula, das
diferentes realidades existentes, da falta de um profissional que tenha como cuidar de cada aluno
acima, fica cada vez mais evidente a falta que esse profissional faz na vida de alunos, familiares,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendeu -se que assim como houve lá atrás uma necessidade histórica do profissional
de Psicopedagogia por questões de mudanças na sociedade, hoje essa necessidade se faz muito
especial das escolas públicas, venham contribuir para que haja um maior diálogo sobre essa questão,
trazendo assim um benefício incalculável para cada aluno que for envolvido nesse percurso para
uma aprendizagem digna e merecida, ainda contribuindo para uma evolução na sociedade como
um todo, trazendo assim uma melhor qualidade de vida para todos os envolvidos.
470
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Laura Mont Serrat. A história da psicopedagogia contou também com Visca, in Psicopedagogia e
Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
BLECKHER, Jeff diretor Filme, Além da Sala de Aula, Produtor: Gerald R. Molen, local: Salt Lake, 02/2021
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. RS, Artmed, 2007. BRASIL,Lei n°. 9394
de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1996. Acesso
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Leitura), 1997.
GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Contribuições do modelo relacional sistêmico para a psicopedagogia institucional,
-São Paulo: Lemos Editorial, 1997.
471
BRINCAR É COISA SÉRIA
RESUMO
A intenção deste artigo é apontar o quão importante e necessário a brincadeira no cotidiano das crianças, para ajuda-
las a se desenvolver e a entender o seu lugar no mundo. A intenção é demonstrar como o brincar na infância é algo
sério. Através deste artigo, veremos que a brincadeira é muito mais do que o próprio ato, pois ela pode ser bem mais do
que isso se a usarmos de forma correta. Na educação, o brincar, o lúdico representa “Desenvolvimento”, seja cognitivo,
emocional ou social. E isso é extremamente importante para que a criança se desenvolva bem e saudavelmente.
INTRODUÇÃO
Quando entrelaçado em um jogo, o sujeito é quem quer ser, ordena o que quer coordenar,
decide sem exceções Graças a ele pode obter a satisfação figurada do gosto de ser grande, da
Socialmente, o jogo confere o mando dos estremeções, a aceitação das regras, mas sem
que se aliene a elas, posto que seja as mesmas estabelecidas pelos que jogam e não imposto
por qualquer composição alienante. Brincando com sua espacialidade, a criança se envolve no
imaginário e constrói uma trilha entre o mundo inconsiderado, onde almejaria viver, e o mundo
da inteligência humana não conclui nessa faixa etária, ao contrário, cresce por toda vida,
especialmente para os indivíduos que acreditam no poder de seu cérebro e sabem construir suas
próprias motivações.
472
Antunes (1998, p. 17):
viver entre o início do prazer e o começo da realidade. Cabe ressaltar que a brincadeira não traz
exteriores e interiores num processo de trocas intensas com a realidade e com a fantasia. O brincar
A criança brinca com o desconhecido para torná-lo experimentado, brinca com o medo para
Brincar é uma atuação que ocorre na arena da fantasia, assim, ao brincar estar-se-á fazendo
uso de uma linguagem simbólica, o que se faz retirando do fato coisas para serem expressas em
outro ambiente.
Quando a infante com um artefato de sucata e idealiza que é um caminhão está constituindo
com seus idênticos que a criança vai estudando, vai buscando fora si a informação, para mais tarde
poder internalizá-lo. É nesta busca, nesta passagem que novos traçados podem ser assimilados
generalizados.
No século XV. a criança era vista como um adulto em rubrica. Ela era aceita como adulto
e a ela cabiam acanhamentos como se fosse adulto. Na época atual, em algumas famílias, esta
pais a satisfazem E ela quem ocasiona a hora e onde irá dormir, se vai ou não tomar vacina, se
vai ou não escovar os dentes, etc. Existem alguns segmentos da bibliografia e segmentos sociais
cada papel.
473
Muitos amadurecidos quando se fizer mencionar à criança e ao que lhe permite referem-se
é a costume como ela conhece, experimenta, estuda abrange, vivencia, expõe emoções, coloca
O corpo é um brinquedo para a criança. Pelo meio dele, ela descobre sons, descobre que
pode rolar virar cambalhota, saltar, manusear, apertar, que pode se comunicar.
bola para uma criança de dois anos capacidade ser fonte de interesse com relação a dimensão,
cor e para uma criança de seis anos o interesse pode ser mais relacional: apostar e receber a bola
crianças de idade achegadas. Desse modo, ela tem possibilidade também de ampliar seu acordo
de si mesma, pois pode saber como ela e num grupo que é mais receptivo, num outro mais
agressivo, em um que ela é líder, num universo em que é liderada, etc. Batalhar com as diferenças,
Alguns apurados devem ser tomados com esta relação da criança com o brinquedo. Para
eles o brincar deve ser divertido, prazeroso e não tarefa e o brinquedo deve estar de acordo com a
veemência da criança
Seguem algumas sugestões de brinquedos de acordo com a faixa etária. que tiveram como
Três meses- Chocalhos, mordedores, figuras enfiadas em cordão para instalar no berço ou
carrinho.
Seis meses- Quadros com peças coloridas, de formas diversificadas, peças que correm em
trilhos.
Oito meses- Bolas, cubos em tecidos, caixas de música com alça para puxar.
Dez meses - Bonecos em tecido com roupas fixas, animais em tecido (não pelúcia), sem
detalhes que possam ser arrancados.
Um ano- Cavalinhos de pau, carrinhos de puxar e empurrar. blocos de construção simples,
cadeiras de balanço.
Dois anos- Veículos sem pedais, que se movem pelo impulso dos pés.
Três anos Veículos com pedais, triciclos, bonecas com pés e mãos articulados, jogos de
memória.
Quatro anos- Roupas de fantasia, super-heróis, máscaras
Cinco anos- Miniaturas de figuras simples, soldados de chumbo, maquiagem, bolsas,
bijuterias, móveis do tamanho da criança.
Seis anos-Aviões, barcos e autoramas.
Oito anos- Jogos de xadrez, damas, simulação e mistério
Às vezes o adulto «dá a brincadeira para a criança na tentativa de que ele adulto possa
474
brincar. Aí ele passa a acarretar a brincadeira, bronquear se a criança descobriu outra forma de jogar
ou de parodiar que não a formalizada a princípio, não deixar passar muitas vezes a espontaneidade,
Ao se fazer comunicações dos brinquedos, isto deve ser realizado com autorização e
participação da criança. O brinquedo pode conter uma série de significados para a criança, mesmo
que ela não o use, não ligue para ele, ou ele já esteja surrado e quebrado. Ele pode ser um amistoso,
um conforto, uma segurança e desse modo ela pode não ter condições ou vontade de se desfazer
do brinquedo num apontado momento. O que nada tem a ver com ser ou não ser interesseiro.
-Menino pode brincar de boneca, menina de bola? Alguns pais ficam aflitos com esta
questão, pois esperam que a sexualidade será definida a partir desta escolha. Neste caso é
bom contradizer que a criança irá definir sua sexualidade a partir do contexto que vivencia
da forma como pai e mãe se relacionam, de como os papéis masculinos e femininos lhe são
proporcionados. no cotidiano, como estes pais se inventariam com a criança, de como esta
criança vai sendo criada.
- Arma de brinquedo produz agressividade? Agressividade é um sentimento que todos nós
temos e culturalmente lidamos mal. Normalmente a associamos com brutalidade, ou a vemos
apenas pelo seu aspecto destrutivo. Não nos damos conta de que precisamos dela para:
procurar um emprego, comermos, criarmos fazermos um artigo para o jornal, etc. Quando
uma criança pronuncia que está com raiva, logo é atropelada pelo adulto que diz ‘’você não
gosta de mim não?’’ Como se uma coisa frequentasse impeditiva da outra.
- O uso de videogame e computador ajuda ou atrapalha no desenvolvimento da criança? O
excesso atrapalha. Uma criança que passa várias horas na frente do computador acaba não
se inventariar com outras coisas e pessoas que são extraordinários para um desenvolvimento
melhor. O bom é que ela possa ter condições de fazer vários conhecimentos para ter uma
visão de mundo mais ampla. É preciso também que o adulto esteja atento ao uso dessa criança
na internet, por exemplo, onde ela tem acesso a todo tipo de informação e de pessoas. O
cuidado avaliação imutáveis do adulto devem caminhar no sentido de secundário a criança
a desenvolver senso crítico. A realidade deve ser apresentada à curumim aos poucos na
medida de suas possibilidades, necessidades e etapa evolutiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências são diferenciadas pelo
propriedades físicas assim como a combinação e a associação entre eles, a linguagem oral e
gestual que proporcionam vários níveis de organização a serem consagrados para brincar: os
conteúdos sociais. como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o
qual se originam todas as outras, sendo eles jogos de construção e aqueles que possuem regras.
476
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PIAGET, Jean Psicologia e Pedagogia Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva, Rio de Janeiro:
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Vozes, 1971.
VYGOTSKY. L.S. (1934), tradução Camargo, J. Pensamento e Linguagem, 20. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
477
OBRAS DE CÂNDIDO PORTINARI E O ENSINO DA ARTE
RESUMO
Este artigo abordará os benefícios do ensino da arte para o desenvolvimento da criança, em todos os sentidos, inclusive
motor, cognitivo e emocional, bem como a importância que isso ocasiona para a valorização do patrimônio histórico
cultura do Brasil. O foco da pesquisa serão as obras de Cândido Portinari e sua incrível contribuição para o ensino de
artes para crianças, em especial, no ensino fundamental. Com este trabalho buscamos traçar a evolução da legislação
brasileira no que tange a obrigatoriedade do ensino da educação artística, e também procurar onde estão as falhas no
seu ensino e meios para solucioná-los.
INTRODUÇÃO
O estudo abordado neste artigo partiu da necessidade de estudar como a arte estava inserida
no espaço escolar, sendo este tema um grande desafio no cotidiano dos educadores, pedagogos
Um dos fatores que dificultam e ensino de Artes no nosso país é a falta de conhecimentos dos
arte-educadores, que muitas vezes sequer sabem o que é a arte e suas mais diversas variações, e
Durante a confecção deste trabalho de conclusão de curso surgiram algumas questões, que
ao longo dos capítulos buscou-se a solução, quais sejam, “Qual o papel da arte na escola?”, “Como
O educador, sem dúvidas, estará contribuindo para a construção de uma sociedade plural e
multicultural, onde seus alunos passarão a ter uma bagagem muito mais rica, que irá influenciar no
resto da vida.
A arte e as atividades artísticas não devem ser vistas somente como um momento de lazer
e diversão, mas estudada de forma séria e comprometida, pois contribuem para o desenvolvimento
de alguns conhecimentos que suportam a capacidade de dizer mais sobre o universo pessoal do
essencial da obra de Candido Portinari é o Homem. Seu aspecto mais conhecido do grande público
reconhecem nas representações feitas pelo artista e veem suas próprias narrativas presentes nas
obras. Estes laços de pertencimento ajudam a desmistificar a arte e instigar o desejo de fazer a sua
própria representação.
mundo.
Em seu livro “Porquê Arte-educação?”, Francisco Duarte Junior escreve como o arte/
educador deveria conduzir o ensino de arte. E afirma que devemos estar voltados para a formação
de cidadãos críticos para o desenvolvimento do processo criativo do indivíduo, sem confundir com
A partir de obras de Candido Portinari, é possível ampliar o repertório artístico e cultural das
Para corroborar com a interação entre o público infantil e a arte, em 1979 nasce o Projeto
Portinari.
2 BARBOSA, A. M. 1975. Teoria e prática da educação artística. São Paulo, Cultrix, p. 77.
479
O Projeto visa colocar a obra do artista a serviço da comunidade, em busca da identidade
cultural e preservação da memória nacional. Além disso, pretende contribuir para uma
ação sociocultural ampla, voltada para melhor compreensão do processo histórico-cultural
brasileiro. Empenha-se, ainda, em exercer uma atuação voltada especialmente a crianças e
jovens, por meio, por exemplo de oficinas de pintura. 3
Por fim, esse artigo possibilitará o entendimento de que a arte pode levar os alunos a
desenvolverem um olhar mais direcionado aos detalhes. Ao darmos maior atenção ao aprendizado,
instigamos o aluno a pensar, reinventar, descobrir, sendo este o princípio para a realização de
cultural, bem como os projetos sociais que levam seu nome, para ilustrar e basear esta pesquisa.
PROJETO DE PESQUISA
Objetivo
suas diversas linguagens; Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, comunicação e
Desenvolvimento
1ª etapa
Comece a aula contando à turma sobre Cândido Portinari. Utilize como base o texto abaixo:
Brasil
Meu Brasil brasileiro
3 DUARTE JÚNIOR, João – Francisco. Por que Arte- Educação?, 5ª edição, Campinas, Papirus, 1988, p.77.
480
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos...
Portinari não fez versos como Ari Barroso autor da letra do samba-exaltação Aquarela do
Brasil, mas dedicou-se como poucos a um profundo mergulho na vida, nas alegrias, nas festas,
no trabalho e nas lutas de seu povo, tornando-o o tema central de sua vasta obra que envolveu a
Embora sua primeira formação tenha sido bastante tradicional, o artista sofreu influências
Aos poucos seu trabalho ganhou reconhecimento no Brasil e no exterior. Portinari foi o
primeiro artista brasileiro modernista a conquistar um prêmio no exterior. Sua obra Café foi premiada
nos Estados Unidos, no Carnegie Institute of Pittsburgh. A partir daí, suas pinturas abriram portas
Importante aproveitar a explicação para mostrar algumas das obras de Portinari à turma que
revelem esse traço de “pintor social”. Mostrar como o artista esteve empenhado em retratar temas
ligados à realidade do povo brasileiro: desde as brincadeiras de rua (empinar pipa, jogar bola etc),
a vida dos trabalhadores, até alguns dos problemas como o dos retirantes nordestinos que sofrem
Destacar como, por meio dos elementos visuais, ele tornou seu trabalho expressivo, a
maneira como lidou com as cores e as formas que tornaram as cenas escolhidas mais tocantes.
Alguns dos trabalhos mais conhecidos de Portinari são murais realizadas no Brasil, como
O professor deve convidar a turma para a realização de um painel coletivo no qual eles
escolha de um projeto.
Deve-se dividir a turma em grupos para que cada um deles desenvolva um levantamento
de imagens a respeito do tema. Para a próxima aula, peça que cada grupo traga os resultados
481
dos levantamentos (imagens coletadas em jornais, revistas e sites) juntamente com uma folha de
O professor deve suferir aos alunos para que visitem o site do Projeto Portinari, sobretudo
o seu catálogo de obras, onde encontrarão centenas de trabalhos do artista divididos inclusive por
temática. Proponha uma atenção especial às obras de temas sociais, o que poderá constituir um
bom ponto de partida para a seleção das imagens e posterior elaboração das composições que
2ª etapa
Antes de iniciar as atividades, o professor deve conversar com a turma a respeito do tema do
Em seguida, retomar um pouco do que foi comentado na aula anterior a respeito do trabalho
de Portinari, mostrando imagens de seus painéis e de suas obras que tratam do realismo social
(como as da série Retirantes). Contando a eles que esse artista teve um forte envolvimento com
as questões que tratavam de nosso país, tendo sido inclusive membro do partido comunista, tendo
Agora deve ser proposto aos alunos para que em grupo realizem uma colagem utilizando
os recortes. Desta vez eles utilizarão a colagem como meio expressivo pelo qual mostrarão a sua
visão a respeito do tema proposto. A ideia é construir uma cena que ocupe toda a folha, como fazia
o pintor em questão.
serão extraídos das imagens selecionadas pelos alunos em revistas, jornais e outros.
Nesse dia a turma deverá montar uma exposição com os projetos e cada grupo apresentará
482
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A arte pode ser um poderoso veículo de reflexão a respeito da vida em seus aspectos mais
sutis. Para finalizar a atividade, retome com a turma a relação entre artista e sociedade. Como
Portinari esteve envolvido com as questões de seu país, fossem elas ligadas às tradições, ou
mesmo aos problemas sociais. A partir dos trabalhos desenvolvidos, em especial os mais votados
no concurso, procure conversar com o grupo discutindo por exemplo: como eles veem seu país
hoje? Como eles se veem como parte dessa realidade? As imagens selecionadas e as composições
483
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484
ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de compreender e aprofundar a alfabetização enquanto processo de apropriação
da leitura e escrita de um grupo de crianças do 1º aos 5 ano do Ciclo I do ensino fundamental, provenientes de uma
Escola Municipal de São Paulo, visa analisar a relação entre os métodos empregados no processo de alfabetização.
Para tanto, centremo-nos na compreensão e constatação de um fenômeno presente no dia-a-dia da criança e as
diferentes linguagens utilizadas pelas crianças para representar a leitura e a escrita. As orientações aqui apresentadas
discutem os referenciais teóricos que estão na base das mudanças conceituais sobre a alfabetização. Que este trabalho
possa contribuir e proporcionar aos docentes uma reflexão sobre questões relacionadas à rotina, espaços e tempos
escolares bem como o desenvolvimento de novas práticas, que visem ampliar o repertório de leitura, atividades lúdicas
e expressivas com referências da aprendizagem, bem como o papel do professor e sua percepção no desenvolvimento
da habilidade de escrever e ler na escola. A justificativa para a realização deste trabalho baseia-se na importância da
realização de pesquisas críticas que investiguem a realidade escolar brasileira, por meio de práticas de leitura e escrita.
Buscou-se trazer alguns dados que permitam uma reflexão na base das políticas públicas na área de alfabetização,
quais sejam, a ausência de práticas de leitura e escrita nos meios populares e as consequências dessa ausência no
desempenho escolar das crianças pobres. Os dados demonstram práticas de leitura e escrita entre as crianças mesmo
dentre aquelas que ainda não dominam as habilidades de leitura e escrita.
INTRODUÇÃO
desenvolver a leitura e a escrita, do mesmo modo que aprendeu falar, ou seja, com base no que
já sabe, ela vai incorporar mais essa habilidade, aprender a ler e a escrever faz parte de um longo
processo que varia bastante, de uma criança para outra. A construção desses conhecimentos vai
depender da importância que a escrita tem no meio em que a criança convive e de sua participação
nem sempre coincidem com as dos adultos. A escolha desse tema baseou-se na aquisição da
momentos de aprendizagens, no qual possa torná-la significativa, fazendo com que ele sinta-se
parte ativa do processo ensino aprendizagem. Procurou-se realizar uma revisão através de estudos
bibliográficos sobre o tema de forma precisa e atualizada, o procedimento adotado foi à elaboração
provenientes das classes populares, com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a aquisição da
no dia-a-dia do processo de aquisição da linguagem escrita das crianças dos anos iniciais (1º ao 5º
linguagens.
A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar, aos
alunos, caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de
seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora
é a que está consciente de seu papel político na luta contra as desigualdades sociais e assume a
Tais fatos merecem uma reflexão por parte dos professores. Numa época em que para
predominar a oralidade, válida e rica sob todos os aspectos, não se pode esquecer também a
importância da expressão escrita, saber expor devidamente suas ideias oralmente e por escrito e
argumentar com eficácia é fator inquestionável no sucesso pessoal no grupo social da criança.
A leitura e a escrita não são só um aprendizado escolar, na verdade começa muito antes
da escolarização. Contudo o professor tem um papel fundamental nesse processo, pois ele é o
486
condutor na construção do conhecimento. Para isso, o educador precisa conhecer os níveis de
desenvolvimento, se dedicar precisa ter uma formação continuada e adaptar uma prática pedagógica
voltada a atender as necessidades da criança. Para Soares (2000), “Se uma criança sabe ler, mas
não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é
capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada”. (SOARES. 2000, pg. 73).
Segundo LERNER (2002), O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que
recorrem aos textos buscando respostas para os problemas a resolver, encontrar informações,
compreender melhor o mundo. Fazer da escola um local onde os alunos possam produzir seus
próprios textos e mostrar suas idéias. Podemos, assim, começar a compreender a importância da
A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar, aos
alunos, caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de
seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora
é a que está consciente de seu papel político na luta contra as desigualdades sociais e assume a
importante que nos momentos de leitura, a criança tenha contato com o material escrito e observe
como se utiliza um livro”. Essa atividade faz com que a criança, mesmo antes de aprender a ler e
embora os símbolos ainda não seja compreensível para ela, observe as figuras, formule hipóteses
sobre o conteúdo da escrita, imagine o assunto que trata o livro e, se conhece a história, é capaz
Portanto, desde cedo, a leitura e a escrita estão presentes na vida das crianças, visto que
ainda pequenas, elas fazem tentativas de registrar escritos e de ler a seu modo; com isso vão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Participar na cultura escrita e para concretizar o propósito de formar alunos praticantes dessa
487
cultura é necessário reconceituar o objeto de ensino e construí-lo tomando como referência as
A leitura e a escrita são processos que requerem muita dedicação de todas as partes, pela
importância que desempenham em todo processo educativo. Vemos que as crianças carregam
grandes dificuldades de leitura e de organização de idéias por escrito e o pior é que mesmo sendo
homem se faz livre por meio do domínio da palavra, enfim, sua maneira de ver o mundo. Isso não
quer dizer que o homem não manifestasse o desejo de se expressar no mundo antes de desenvolver
a escrita. Constata-se, assim, que ler e escrever bem requer esforço e dedicação do aluno, mas
de ler e escrever.
pessoal no grupo social da criança. Apesar das dificuldades encontradas pelos professores na
alfabetização das séries iniciais, existe a possibilidade do sucesso e buscar esse resultado foi o que
nos motivou a desenvolvê-lo. É importante frisarmos que muitas mudanças ocorreram nas salas
de aula, e o papel do professor como único conhecedor do saber foi extinguido devido a chuva de
informações desorganizadas foi elencada no decorrer do trabalho, sendo um dos percursos para
compreender a alfabetização.
Um professor consciente de seu papel como alfabetizador deve investir e buscar novas práticas
para realizar a aprendizagem tão almejada, pois ele é o responsável pelas ações pedagógicas.
Todos podem aprender com perspectivas diferentes, didáticas de ensino elaboradas de acordo
com a dificuldade encontrada em sala de aula. Aprender é o querer conhecer, vivenciar, tocar e
ouvir, o que nem os olhos e ou ouvidos haviam descobertos, ou entendido até então, aprender está
Professores são responsáveis por todas as emoções e anseios que conduzem nosso
educando, precisamos então estar perceptíveis à resposta direta e indireta dos alunos frente
é importante, pois as suas ações irão instigar os alunos das séries iniciais, além de envolver a
comunidade e os pais na educação e aprendizagem, ela deve ser atuante e com responsabilidade
488
social e ambiental. Envolver a todos em um só objetivo é desafiador, mas possível, o importante é
para que a responsabilidade da aprendizagem nas séries iniciais seja cobrada de todos, pois para
uma escola existir todos os personagens são essenciais, assim é possível concretizar seu objetivo,
a aprendizagem eficaz.
promovendo a descoberta no dia a dia escolar. Alunos curiosos são infalivelmente levados a
convívio, no diálogo, nas entrelinhas em sala de aula, pois sabemos que o professor, ainda que
responsável pela didática pedagógica, não é o único em sala de aula que ensina de fato.
489
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490
A ARTE MODERNA E AS CONTRIBUIÇÕES DA ARTE PARA A SOCIEDADE
RESUMO
A pesquisa aborda o contexto histórico da estética da arte. Nem tudo que é belo pode ser considerado arte, por
outro lado, o repugnante ou feio pode ser artístico. O trabalho tem por objetivo conhecer e interagir com obras de
Arte, podendo expressar entendimento e conhecimento através da observação. Apesar do grande número de meios
de comunicação de massa divulgar a arte atual, o público ainda parece desnorteado diante da arte contemporânea,
sentindo-se pouco preparado para entendê-la. A necessidade de procurar maiores conhecimentos a respeito da arte
contemporânea brasileira se justifica, pois, antes de 1950 o Brasil tinha uma arte moderna com critérios bem definidos
quanto a sua análise. Já a partir desse período o expectador encontra certo receio em analisá-la, mas, talvez por estar
próxima demais, desempenha um papel novo, e o espectador tende a vê-la como algo desconhecido por ter uma
educação deficiente em relação a este período. A análise dos dados com base de forma qualitativa de acordo com o
referencial teórico permitiu aprofundar os conhecimentos em torno desta temática, com um intuito de estabelecer uma
concepção de arte, de sua função social e enfatizar a importância de humanizar, pela arte, o cotidiano dos indivíduos
mediante o estabelecimento de relações de proximidade entre a arte e o público.
INTRODUÇÃO
construídos pela humanidade e necessita estar incluída no processo de formação do ser humano
individual e socialmente.
Alguns acreditam que a “Arte” serve apenas para enfeitar um ambiente, decorar uma festa
veem a Arte relacionada apenas a objetos conservados em museus. Cada interpretação pode se
A Arte apresenta tais características sim, mas antes de tudo deve ser vista como produto
491
da elaboração do pensar, do sentir e expressar que o ser humano desenvolveu e acumulou desde
diferentes áreas, incluindo a expressão artística e visão de mundo próprio de cada época e de cada
artista em sua obra. O contato com a arte nos transforma, pois faz-nos apreender o mundo. Perante
ultrapassando as fronteiras da Arte que é sensibilidade e prazer, só assim a Arte pode participar
A pesquisa partiu das seguintes questões: Será que a Arte tem sido considerada importante
na prática pedagógica? Até que ponto a Arte pode contribuir para o desenvolvimento da sensibilidade?
estéticas e também o conhecimento do seu contexto. Assim, uma obra de arte contemporânea, é
mais um objeto simbólico do que puramente estético, sendo que a interpretação depende em parte
do que pode ser visto em si e em parte do contexto cultural. A interação do que pode ser visto um
A sociedade de hoje requer um ser reflexivo, e a arte contemporânea favorece isso, pois
pede uma interpretação ativa, pode unir diversos meios de pensamento, relacionar-se a vários
A ARTE MODERNA
ambiente e pela hereditariedade”. (REIS, 2006, p. 77). O naturalismo se expandiu para outras artes.
que na época foi considerado até chocante de tão inovador”. (SANTOS, 2009, p 97). Ao ler uma
obra naturalista, tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea, que acabou de ser
escrita.
O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XIX em reação ao Romantismo
“O Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na pintura europeia do século XIX.
O nome do movimento é derivado da obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet”.
(ARCHER, 2010, p. 90). Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos
do Realismo ou da academia.
qual seguiram as tendências para encontrar novos caminhos para a pintura”. (ARCHER, 2010).
final do século XIX, como oposição ao Realismo e ao Naturalismo. A partir de 1881, na França,
pintores, autores teatrais e escritores, influenciados pelo misticismo advindo do grande intercâmbio
com as artes, pensamento e religiões orientais - procuram refletir em suas produções a consonância
O simbolismo, corrente de timbre espiritualista, encontra expressão nas mais variadas artes,
pensadas em estreita relação umas com as outras. “O objetivo último das diferentes modalidades
artísticas é a manifestação da vida interior, da “alma das coisas”, que a linguagem poética, mais do
que qualquer outra - permite alcançar, por trás das aparências”. Costa (2004, p. 105).
A poesia simbolista de Gérard de Nerval (1808 - 1855) e Stéphane Mallarmé (1842 - 1898),
por exemplo, sonda os mistérios do mundo e o universo inconsciente por meio de sugestões, do
do século XIX e início do século XX que estavam mais interessados na interiorização da criação
artística do que em sua exteriorização, projetando na obra de arte uma reflexão individual e subjetiva.
idealização da realidade, mas em sua apreensão pelo sujeito. Guarda, porém, com o movimento
realista, semelhanças, como certa visão anti “Romantismo” do mundo”. (FREIRE, 2006, p.80)
Sob o rótulo expressionista estão movimentos e escolas como o grupo Die Brücke (do alemão:
A ponte), as últimas Secessões vienenses e de certa forma o fauvismo. A arquitetura produzida
por Mendelsohn também é chamada de expressionista. [...] Em uma acepção mais ampla, a
palavra se refere a qualquer manifestação subjetiva da criação humana. O Expressionismo
surge de um desdobramento do pós-impressionismo, recebendo influências de uma série
de artistas pertencentes a este período, como o holandês Van Gogh e o norueguês Edvard
494
Munch. Encontra também ligações com manifestações certas no simbolismo. (FREIRE, 2006,
p.81- 82).
movimento foram Vincent van Gogh e Edvard Munch e Paul Klee, tal a dramaticidade de suas
obras, a importância (e, em certo sentido, a independência) da cor. Ambas as obras propõem uma
ruptura formal e ideológica com a Academia e com o Impressionismo. O Simbolismo como um todo
O cubismo é o movimento estético que ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como principais
fundadores Pablo Picasso e Georges Braque. O cubismo tratava as formas da natureza por
meio de figuras geométricas, representando todas as partes de um objeto no mesmo plano.
A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real
das coisas. Cubismo teve uma influência profunda na História da Arte, particularmente sobre
tendências posteriores, como o abstracionismo geométrico e o minimalismo. (SCHMIDLIN,
2006, p.101).
pela decomposição de suas partes constitutivas; Cubismo sintético - foi uma reação ao cubismo
“o movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna fundada em Zurique,
em 1916, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço
militar alemão”. Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de brinquedo, sua
utilização marca a falta de sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um bebê).
Para reforçar esta ideia foi criado o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente,
abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre a mesma.
o ilógico e o absurdo. (GULLAR, 2009, p.70). Entretanto, apesar da aparente falta de sentido,
o movimento protestava contra a loucura da guerra. Assim, sua principal estratégia era mesmo
denunciar e escandalizar.
surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência
o poeta, escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton (1896-1966), que em 1924 publicou o
os valores burgueses como pátria, família, religião, trabalho e honra. Humor, sonho e a contra a
lógica são recursos a serem utilizados para libertar o homem da existência utilitária.
Segundo a nova ordem, as ideias de bom gosto devem ser subvertidas. Neste sentido, “o
Surrealismo aproximava-se daquelas que eram chamadas de vanguardas positivas, como o
neoplasticismo e a Bauhaus, chegando inclusive a dialogar com o movimento comunista”.
(Benjamim,1992, p. 91).
No entanto, pela sua proposta estética, está mais próximo das vanguardas negativas
Uma das principais ideias trabalhadas pelos surrealistas - a escrita automática, segundo a
qual o impulso criativo artístico se dá através do fluxo de consciência despejado sobre a
obra. Ainda segundo esta ideia, a arte não é produto de gênios, mas de cidadãos comuns.
(SCHMIDLIN, 2006, p.62).
termo, embora haja controvérsias quanto ao seu significado se tornou corrente. “Tais controvérsias
O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo “hipermodernidade”, por considerar não
ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo “pós” dá a entender.
Os tempos atuais são “modernos”, com uma exacerbação de certas características das
sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a
fragmentação do tempo e do espaço. Já o filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona
o conceito de Pós-Modernidade a tendências políticas e culturais neoconservadoras,
determinadas a combater os ideais iluministas.
O Neoconcretismo foi um movimento artístico que surgiu no Rio de Janeiro em fins da década
A Semana de Arte Moderna foi um evento ocorrido em São Paulo no ano de 1922 no
período entre 11 e 18 de fevereiro no Teatro Municipal. Durante esses sete dias ocorreu a exposição
modernista no Teatro e nas noites dos dias 13, 15,17 de teve apresentações de poesia, música e
O adjetivo “novo” marcou as manifestações, propondo algo a ser recebido com curiosidade
A Semana de Arte Moderna ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais,
econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com
as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana
não foi bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto
da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café-com-leite.
O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente
influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas. (FREIRE, 2006, p. 115).
de abandono dos antigos ideais estéticos do século XIX, mas ainda em voga no país”. (COSTA,
2004, p.106). Havia notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento,
mas ainda não se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.
A exposição causou escândalo e foi alvo de críticas por Monteiro Lobato, o que foi o estopim
para que a Semana de Arte Moderna acontecesse. “A Semana foi uma ebulição de novas ideais
totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira livre de
expressão”. (GULLAR, 2009, p.92). Não havia, porém, um programa definido: sentia-se muito mais
497
um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um ideal moderno.
as de Kant e de Hegel, propicia condições para que a arte seja compreendida tão somente como
criação de indivíduos excepcionalmente dotados, portadores de uma vocação, que, por inspiração
quer seja de ordem humana, religiosa ou mágica, em suas criações expressam emoções pessoais
Contrapondo-se a tal concepção, para o materialismo histórico e dialético aqui representado
por Marx e alguns autores seguidores essencialmente da arte como produto do trabalho
espiritual-material humano, uma forma de conhecer, condensar e expressar aspectos de
determinada visão de mundo, a partir de uma realidade histórica e socialmente datada.
(VÁZQUEZ 1998, p.69).
Desse modo, a arte, como uma forma ideológica, compõe a superestrutura social; Marx foi
Como todos os demais produtos da criação humana, a arte é imanente ao social: nasce na
e para a sociedade. Daí que o extra-artístico não existe como um elemento estranho que a afeta:
“o estético, tal como o jurídico ou o cognitivo, é apenas uma variedade do social” (GULLAR, 2009,
p.90). Como forma de comunicação fixa em uma obra, ela é inteiramente única e irredutível a outros
tipos de comunicação ideológica. Esta forma única de comunicação não existe isoladamente; ela
participa do fluxo unitário da vida social, ela reflete a base econômica comum.
Não há como negar, entretanto, que toda obra de arte manifesta um indivíduo autor com suas
formas de pensar e sentir: O autor é a atividade organizada e oriunda do interior, do homem
todo dos pés à cabeça: ele precisa de si por inteiro, respirando (o ritmo), movimentando-se,
sendo, ouvindo, lembrando-se, amando e compreendendo. (ARCHER,2010, p.118)
Para (ARCHER, 2010, p.120) as formas de pensar, sentir e ser não são “entidades
ser compreendidas em suas relações interindividuais que lhes conferem todo conteúdo e toda
498
riqueza”. Enquanto a obra de arte é a materialização de fatos psíquicos de um sujeito. “É o subjetivo
objetivado, mas sem que o produto artístico seja mera transposição do subjetivo nem possa ser
Visões de mundo “são fatos sociais”; trata-se de “expressões individuais e sociais ao mesmo
tempo, sendo seu conteúdo determinado pelo máximo de consciência possível do grupo, em geral
Pode-se afirmar que toda grande obra – em especial de filósofos, escritores ou artistas
expressam de modo relativamente coerente e adequado, uma visão de mundo, não apenas um
momento do presente ou do passado: pode também expressar projeções de futuro, com base nas
captar os traços essenciais do seu tempo e desvendar novas realidades permite à arte trazer, em
seu bojo, o novo, e, no ato de apontá-lo, a obra artística se configura como coadjuvante para a sua
Dentro da concepção marxista de arte, é quase uma obviedade, pois que os princípios
história e da sociedade, pelo trabalho, ou seja, concebe-se a realidade como histórica e social,
Daí que, ao se interpretar a arte como produto do trabalho humano, como criação humana
– que desempenha, por conseguinte, uma função social, torna-se certeza manifesta que o
objeto de arte esteja comprometido com a realidade histórica e que contenha ou transpareça
posições de seu criador frente a ela. O nível de consciência do artista sobre suas posições
não tem grande importância; isso é apenas uma questão biográfica, não estética, o que
realmente conta é o posicionamento condensado na obra, aquilo que ela diz ou permite
interpretar. (FREIRE, 2006, p.97)
Como produto essencialmente humano, a arte não é, nem poderia vir a ser, uma produção
automática; é, sim, um produto humano completo e complexo, para o qual são solicitadas as
qualidades mais refinadas do homem enquanto tal: em primeiro lugar, a elaboração de certa
compreensão do mundo e a abstração, para tomá-la como conteúdo da obra; em segundo lugar,
a capacidade de criar, que envolve três ações básicas: projetar na mente o produto final, buscar
os meios mais verdadeiros e significativos para a sua elaboração, concretizar o planejado num
499
processo altamente dinâmico que, em seu decorrer (ou seja, no movimento da própria obra em seu
vir a ser), não apenas pode determinar transformações no plano original do trabalho, como também
nas maneiras de ser, pensar e criar do artista no diálogo com sua criação.
Trata-se da dialética humana em toda sua complexidade, da qual pode emergir um artista,
um produto ou uma nova realidade. Assim, a função social precípua da arte é a de “fazer-se
o eco e o reflexo da experiência comum, dos grandes eventos e idéias do seu povo, da sua
classe e do seu tempo”. (ARCHER, 2010, p. 125).
A medida de grandeza do artista e de sua obra pode ser avaliada pela sua habilidade
de captar os traços e desvendar novas realidades. Será por meio da “arte como consciência
perceptiva que o homem poderá apreender a realidade para transformá-la, humanizá-la e, dialética
A grande função social da arte é ser um meio de identificação consciente do indivíduo com
a humanidade e com a natureza, porquanto proporciona condições para que o homem
conviva e compartilhe modos de ver, apreender, compreender e sentir o mundo presente – e
também o futuro, por projeções criadoras que a arte permite enquanto forma de domínio da
natureza. (SCHMIDLIN, 2006, p. 49)
Assim, a arte em geral e a obra em particular jamais serão neutras, porque sua própria
constituição está comprometida com a realidade concreta, social e histórica; além do que, nela
estão implicados um conhecimento relativo e uma tomada de posição do autor frente a esse
contexto concreto de vida, ou seja, uma atitude ética e um posicionamento político do indivíduo
criador em face de sua contemporaneidade e das lutas históricas de seu tempo. Sem esse conjunto
Há, entretanto, uma condição, que vários materialistas enfatizam: o partidarismo ou tendência
da obra frente ao mundo só faz sentido, só será considerado caso a obra apresente uma
real qualidade estética. Benjamin afirma que “a tendência de uma obra literária só pode ser
politicamente correta se ela também for literariamente correta”, ou ainda, como apontam
Harrison e Wood, “a força ética da pintura não está na virtude do que ela retrata ou defende,
mas na estética que materializa”. (SCHMIDLIN, 2006, p.51)
Assim, a arte, por ser ela própria resultante da práxis, isto é, do fazer, do conhecimento e
da posição ético-ideológica do autor frente à realidade, eleva a humanidade no seu criador e, junto
500
A construção da consciência e autoconsciência significa, para o indivíduo, sua chance de
áreas da existência humana. (HELLER, 1992). Essa construção se processa na vida cotidiana; é
aí que o indivíduo produz sua existência, sujeito ao bombardeio das mensagens simbólicas, dos
cotidiana porque ela abarca todos os sujeitos de uma sociedade. Para a autora, a vida cotidiana é
Não há sociedade que possa existir sem reprodução particular. E não há homem particular
que possa existir sem sua própria reprodução. Em toda sociedade há, pois, uma vida
cotidiana: sem ela não há sociedade. O que nos obriga, simultaneamente, a sublinhar de
modo conclusivo, que todo o homem – qualquer que seja o lugar que ocupe na divisão social
do trabalho – tem uma vida cotidiana. (REIS, 2006, p.95).
Todavia no cotidiano o homem pode ser atuante, ativo e receptivo em geral não consegue
reservar tempo, ou ainda, gerar condições para deter sobre tais talentos, pelo que não pode aguçá-
los em toda sua intensidade; torna-se, então, na maioria das vezes, um homem fadado a manter-se
Para tanto, de acordo com as ideias de Heller, não se pode simplesmente intentar uma
formulação teórica. Uma ação coletiva se impõe, aliada às ações dos indivíduos no seu campo de
à diversidade e modos de ser e sentir, são essenciais para a criação de novas formas, mais
O repúdio frontal ao fetichismo das ‘coisas’. A diferença entre apropriação e prazer tem que
ser formulada e clarificada. Com isso e para isso terá que ser formulado o projeto de um
modo ‘belo’ de vida – sem esteticismo. Com relação à diferenciação entre posse e prazer,
a arte tem muito a contribuir para a humanização das relações entre os homens: o prazer
estético nada tem a ver com a posse do objeto de arte. (CANONGIA, 2005, p.56)
disponibilizados àqueles que se fizerem presentes de alguma forma, ao objeto artístico. A posse
material pela via da compra não garante a fruição, muito ao contrário, o valor pago pela mercadoria
pode de inibi-lo, por agredir a gratuidade inerente à arte como produto do homem enquanto ser
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término da pesquisa conclui-se que a Arte estabelece relações entre o mundo e a maneira
como o homem o percebe ao longo do tempo e assim o ajuda a construir um olhar cada vez mais
sensível e crítico para perceber como os elementos artísticos trazem significados diversos.
que requer modos de interpretação, de atribuição de sentido, de práticas em gestos, hábitos, que
A interpretação da imagem é um processo criativo, a visão que um leitor tem do mundo através
da mesma não é um registro mecânico de objetos dispersos, mas a capacitação das estruturas
significativas.
só pode resultar em crescimento humano. Sobretudo quando se trata de obra que permite-privilegia
tudo ocorre dentro do âmbito da vida cotidiana, no qual se dão as relações humanas. Desse de
modo gratuito, a arte inserida no cotidiano pode vir a ser um momento de exercício da liberdade,
502
de ampliação da consciência autoconsciência e de intenso prazer sensório-intelectual desvinculado
das relações de posse e dominação que permeiam a quase totalidade das relações humanas, na
503
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505
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
RESUMO
O presente artigo apresenta uma análise dos processos de alfabetização e letramento, tratando da origem, seus
conceitos e particularidades de cada um desses processos educacionais. Além de diferenciá-los, para que possam
ser entendidos de forma clara, ressaltando que apesar de diferentes, são processos paralelos, que caminham juntos
para um só objetivo, obter sucesso na alfabetização de crianças. Tem como proposta não só explicar os conceitos e
métodos adotados por esses processos, mas mostrar também as contribuições que a união do letrar e do alfabetizar
trazem para a educação. Entende-se que o letramento é uma grande ferramenta, que unida à alfabetização, podem
auxiliar crianças em suas fases iniciais de leitura e língua escrita, a serem sujeitos que refletem, vivem seus contextos,
circunstâncias e expõe tudo isso através das capacidades que esses processos desenvolvem.
INTRODUÇÃO
Com o decorrer dos anos, sua inicial função foi definida de acordo com as necessidades e
A dimenão do contexto histórico que envolve a escrita vai desde a sua criação até a
foram sendo criados com o fim de determinar algumas regras a serem seguidas pela criança para
foram ganhando novas atualizações e assim evoluindo aos métodos que utilizamos atualmente.
entremeiam esses processos e o relacionamento entre ensino e aprendizagem são temas atuais
e presentes no dia a dia de professores e outros profissionais da educação. Desta forma, é muito
importante pensar em um ensino que alcance toda a diversidade da sala de aula e que promova
com a importância das suas cartilhas para o processo alfabetizador, até os principais métodos de
apresenta uma proposta de ensino onde a criança não somente aprenda sobre letras, síladas e
palavras, mas também exerça da escrita e da leitura como práticas sociais do seu dia a dia.
A ALFABETIZAÇÃO NA ANTIGUIDADE
civilização, do governo, das artes, da agricultura, do comércio e dos transportes. Segundo Barbosa
condições de realização. Foi pela necessidade de se registrar a própria história que a escrita foi
criada na antiguidade, isso porque até então, o que dominava eram os relatos orais.
Com isso, o homem desenvolveu um código, ou seja, a escrita passou a ser um código
utilizado para registrar e contar essa história. Esses primeiros registros eram rústicos e evoluíram
com o passar dos anos, dos desenhos os hieróglifos, até chegar a criação do código alfabético que
Essa condição chamada de “pictórica”, que nada mais é do que a escrita inicial, nos mostra
como a representação daa idéias partiu de um contexto menos elaborado para um mais elaborado.
Nos provando a capacidade do homem, já naquela época, de evoluir aos poucos sua relação com
os símbolos.
A partir de alguns estudos com relação à construção da língua escrita, da mesma forma se
entende atualmente essa relação do homem com o código alfabético, processualmente de forma
507
simples à complexa. Isso significa que é muito importante a ideia de evolução assinalada no ensino
Como a escrita era originada de registros pictóricos, escrever era comparado à desenhar;
por isso, a escrita era considerada uma arte. Antigamente não haviam livros impressos e os
materiais utilizados para a escrita eram de difícil manuseio. No início, eram feitas marcações com
instrumentos pontiagudos em argila, couro, pedras, evoluindo então para o uso do pergaminho e
uma grande obra de arte. A arte de escrever era dominada por poucos, restringindo somente à
ser passada de pai para filho, ou seja, era um conhecimento inacessível para muitos. Podemos
perceber assim, que desde sempre a escrita foi relacionada ao poder, exatamente por ser restrita
experiências construídos pela humanidade até então. Porém não existiam o papel e a caneta, a
imprensa e os livros eram todos manuscritos, o que dificultava ainda mais o acesso à escrita. Com
tecnologias, Barbosa (2013) afirma que a escrita na sociedade foi ganhando novas propostas
e utilizações, o que vai desde o seu uso pela igreja até a sua inserção nas escolas, durante a
modernidade.
Quando a escrita chega à escola, ler e escrever se tornam objetivos de ensino. Logo, era
momento onde as primeiras cartilhas são desenvolvidas, como a Cartilha Civile Honesteté des
Mas o que verdadeiramente motivou o surgimento das cartilhas foi a criação da imprensa,
por Gutemberg, durante o renascimento, nos séculos XV e XVI. O que foi de grande valia para a
disseminação da escrita, porque com isso a disponibilidade do acesso à escrita estava maior.
A escrita foi ganhando espaço no cenário mundial conforme as primeiras obras foram sendo
508
circuladas, mas naquele tempo, ainda se aprendia a ler e escrever em casa, decorando letras,
Nessa circunstância, as cartilhas foram elaboradas como livros didáticos que tinham como
e ainda são, acompanhadas do manual do professor, o que assegura a condição tecnicista que
Inicialmente essas cartilhas eram baseadas nos métodos analíticos e sintéticos, que nada
mais são do que exercícios repetitivos de memorização, na junção e separação de partes que
E foi só com a revolução francesa que o papel da escola ganhou força, adotando o “escolarizar
para alfabetizar” como objetivo das escola republicanas, onde as crianças foram transformadas em
o controle do Estado. E é nessa circunstância onde instrumentos diferenciados são utilizados para
alcançar a população: o quadro de giz é criado, os “romances” são reproduzidos e surgem outros
instrumentos.
Desde o momento em que a escola passa a simbolizar o “saber”, uma nova era na história
pela pela metodização, ou seja, pela forte preocupação com o “como se ensina” em comparação
alfabético. Eram métodos onde o percurso da alfabetização iniciava das menores partes da língua.
A ALFABETIZAÇÃO ATUALMENTE
ela ganha estímulo com o movimento escolanovista dos anos 1930, que indicava uma escola
pública, laica, gratuita e obrigatória, de acordo com os estudos de Mortatti (2000;2009). E é nessa
e suas cartilhas, para uma concepção mais cognitivista e sociointeracionista, o que traz a ideia de
de agilidade para a alfabetização. Exercícios utilizados até hoje na prática docente, limitando a
alfabetização à mecanização da escrita. E por muitos anos a escola brasileira alfabetizou seus
aos estudos piagetianos, conforme afirma Moll (1996). Assim, ganha evidência o “como se aprende”
mundo, tem suas prórpias ideias sobre a escrita e criam assim seus significados a partir do contato
simbólico.
Carvalho (2007) afima que nesse contexto, ganha força a pequisa realizada por Emilia
Ferreiro denominada Psicogênese da Língua Escrita. Que evidencia que a construção da escrita se
dá de maneira gradativa, ou seja, do conhecimento menos elaborado, mais rústico da escrita, para
No Brasil, até os anos 1980, o ensino da escrita era considerado apenas uma técnica
à estímulo-resposta.
alfabetização. Rapidamente o “como se ensina” é deixado para trás, dando foco ao “como se
Difundiu-se que para se alfabetizar era necessário haver a troca entre o aluno e a língua
Hoje em dia, entende-se que, apesar de necessário, o conhecimento das letras não é
suficiente para alguém ser competente no uso na língua escrita. A língua não é apenas um simples
código para comunicação. A linguagem é um fenômeno social, pautado de forma viva e coletiva.
Dessa maneira, a escrita também deve ser analisada do ponto de vista social e cultural.
Nesse caminho, Magda Soares (2000) produz uma discussão sobre o termo “letramento” no Brasil.
Para ela, que propagou os estudos sobre este tema, letramento e alfabetização suas singularidades
Ao afirmar isso, que letramento e alfabetização tem suas próprias particularidades, Magda
Soares (2000) coloca cada um em um lado, como elementos distintos, mas que se unem e completam
de uma forma. Ou seja, para a pesquisadora, são processos diferentes, mas inseparáveis.
principal delas o diálogo entre o “como se ensina” e o “como se aprende”. Trazendo o protagonismo
para o aluno, que nessa circunstância deixa de ser passivo diante a alfabetização e passa a ser um
que devem ser seguidas pela criança para aprender a codificar e decodificar a leitura e escrita.
Segundo Albuquerque (2012), o método sintético de ensino surgiu por volta do século XVII.
Nesse período, a leitura e a escrita passaram a ter maior relevância nas mudnças históricas que a
sociedade vivia.
Grande maioria da populção não tinha o domínio do código escrito e foi nessa circunstância
leitura.
de forma mecânica. O objetivo principal desse processo é que a criança faça a relação entre o oral
e o escrito por meio do conhecimento de partes menores para partes maiores, aprendendo primeiro
as letras, partindo para as sílabas e as letras dentro de cada sílaba, para finalmente, chegar à
Para que esse processo seja desenvolvido, a criança passa por uma série de atividades de
Nesse período, as famosas cartilhas e livros eram um dos principais instrumentos que o
511
professor tinha com ferramenta, sendo também, o primeiro acesso da criança com algum material
impresso. Para compreender melhor o método sintético, é necessário conhecer suas três fases
diferentes que são caracterizadas a partir dos métodos: alfabético, fônico e silábico.
MÉTODO ALFABÉTICO
decoração e da memorização oral das letras do alfabeto. Primeiro as letras eram apresentadas
na ordem alfabética, depois de maneira inversa e no fim, as letras eram reconhecidas de forma
isolada.
O próximo passo era mostrar a forma gráfica das letras. Conforme o conhecimento da
criança ia aumentando, as sequências iam alcançando maior dificuldade, chegando então no estudo
e formação de sílabas que eram soletradas e decoradas pelos alunos para fazer combinações
silábicas.
Neste estágio, tudo era apenas memorizado, não havia a relação entre a escrita e a fala.
Conforme Frade (2007), os grupos silábicos eram apresentados de forma que a criança pudesse
realizar todas as combinações possíveis, o que tornava o processo lento e pouco significayivo para
a criança.
Carvalho (2005, p. 22) ainda complementa que o método alfabético “[...] baseia-se na
o nome da letra é associado à forma visual, as sílabas são aprendidas de cor e com elas se formam
palavras isoladas”. As palavras eram ensinadas e trabalhadas fora do contexto, sem nenhuma
MÉTODO FÔNICO
Neste método, a identidade de ensino parte dos sons e tem como objetivo principal criar
a relação entre a letra e o som que ela representa. A ligação da consoante com a vogal ajuda a
criança a trabalhar a pronúncia das sílabas que estão sendo criadas, ligando assim a palavra falada
à escrita.
De início, por terem nomes e sons semelhantes, eram trabalhadas as vogais, e logo em
seguida as palavras formadas somente por elas. Depois, eram apresentadas as consoantes e
512
as formas mais complicadas dos seus sons dentro da palavra. Para Frade (2007), o objetivo do
método fônico é ensinar cada letra (grafema) como um som (fonema), que, junto à outro som, pode
Este método é muito utilizado atualmente e tem suas vantagens e desvantagens. Entre
as suas vantagens está o fato de que, se a criança compreender a relação entre as letras e seus
sons, automaticamente haverá a correspondência de forma direta mais rapidamente, sem maiores
dificuldades. Especialmente com palavras escritas com P, B, T, D e V, por exemplo, nas quais o
Por outro lado, como desvantagem há os sons de algumas consoantes, que para serem
identificados precisam do apoio de uma vogal, mesmo que ela fique escondida na hora da pronúncia.
O método fônico, dessa maneira, tem o foco de fazer com que a criança compreenda os
O conceito é que, a partir desse domínio, se consiga identificar sons e realizar a leitura de palavras.
MÉTODO SILÁBICO
Silábico ou método de silabação, conforme Frade (2005), tinha como perspectiva a união
entre a vogal e a consoante para formar sílabas. Porém, assim como nos métodos apresentados
anteriormente, os grupos silábicos eram apresentados dos mais fáceis aos mais difíceis.
Os adeptos deste método acreditavam que o processo acontecia de forma mais definida e
rápida, pois se estabelecia a relação entre as partes da fala e da escrita. As cartilhas com o método
silábico tinham como conteúdo palavras que partiam da sílaba trabalhada. Por exemplo “BO de
bola”. Dentro dessa cartilha, eram apresentadas então várias palavras, frases e textos em que a
Na maioria das vezes eram palavras sem sentido dentro de textos genéricos, sem relação
com usos sociais, isso porque a intenção era que os grupos silábicos pudessem ser identificados e
Desta forma, os métodos sintéticos, sejam eles alfabéticos, fônicos ou silábicos, tem como
metodologia o ensino das famílias silábicas, conjunto de vogais ou consoantes menores para as
mais complexas. São métodos inflexíveis e pendem a não considerer os usos e funções sociais da
leitura e escrita, dando pouca importância para o sentido ou contexto do que está sendo ensinado
513
para a criança.
então entender as partes, ou seja, analisar do maior para o menor e passar a interpretar a palavra,
frase ou texto de maneira coletiva, para em seguida considerer e decompor a unidades menores.
Segundo Frade (2007), a perspectiva dominante dos métodos analíticos é a visual. A ideia
é que o aluno interprete e entenda o sentido de um texto, utilize da ortografia e pontuação e parta
de um ponto onde o contexto interpretado seja o mais próximo da sua realidade possível. Deixando
Esse método é dividido em três fases distintas: palavração, sentenciação e global de contos.
MÉTODO DA PALAVRAÇÃO
Com o objetivo de estabelecer relação entre a escrita e a imagem, esse método tem seu
Quando o método é utilizado, as palavras são lidas e escritas várias vezes até serem
decoradas. Só então, a partir dessa escrita, é que as palavras eram divididas silabicamente,
estudadas e relacionadas à novas palavras que tivessem em suas constituições as sílabas vistas
anteriormente.
Conforme Frade (2005), a maior mudança entre o método da palavração e o método silábico
do grupo sintético de alfabetização, é que já não existe mais a obrigação em decompor a palavra
no início do processo. Ao contrário disso, as palavras precisam primeiro ser compreendidas apar
Além de que, na palavração o objetivo não era iniciar pelas palavras mais fáceis, mas sim
Como exemplo podemos considerer a palavra “bolo”. Nesse método, de ínicio a palavra é
analisada em sílabas (bo-lo), logo em seguida a análise parte para os grupos silábicos pertencentes
à essa palavra (ba-be-bi-bo-bu), pra só enfim chegar à análise e aprendizagem das letras (b-o-l-o).
Mas, como todo método de ensino, o da palavração também tem suas desvantagens, que
514
Frade (2005) aponta como uma delas a dificuldade para a criança em escrever novas palavras,
MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO
Neste método, a aprendizagem parte do uso das sentenças ou das frases, que só depois
Assim como no método da palavração, as frases são criadas dando importância para o
A análise passa a ser dentro de cada sentença, observando por exemplo a semelhança
entre as palavras, visando formar grupos com novas palavras. Só depois disso é que as sílabas e
O método global de contos, textos ou historietas, conforme Frade (2007), tem como foco
principal a exploração total do texto, que precisa ser lido, escrito e compreendido a fim de ser
memorizado, assim como nos métodos anteriores. Para que isso aconteça, cartazes, livros, partes
de alguns textos ou até textos completos contextualizados ao dia a dia da criança são utilizados
textos ou livros, os mesmos são fragmentados em suas frases, palavras e finalmente suas sílabas
e letras. Tornando este processo lento, considerando que apresentar este método de forma rápida
ou apressada pode fazer com que as unidades menores percam o sentido para a criança.
Há quem diga que o método global proporciona à criança maior reconhecimento e uma
aprendizagem mais significativa, visto que o ensino da leitura acontece antes mesmo de a criança
Em oposição, há também quem afirme que nesse método a criança não aprende a ler
verdadeiramente, já que apenas decora os textos utilizados em sala de aula, descobrindo o que
todos tem o objetivo de entender o todo como forma de aprendizagem, a fim de trazer sentido ao
que a criança está aprendendo, mantendo desde o início da sua escolarização, o contato com
livros, textos e frases que realmente tenham algum significado para ela.
CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO
apropriação da escrita. Um conjunto de habilidades nas práticas sociais, que envolvem o uso da
Em outra obra, Soares (2006) acrescenta dizendo que, para entrar e viver no mundo do
da escrita, que alcança o sistema alfabético e ortográfico, criado pela alfabetização. Já a segunda
tem a ver com o domínio das competências e com o uso da escrita em diferentes circunstâncias e
ato descobridor, no qual a pessoa é agente da aprendizagem na medida em que vai descobrindo,
Segundo o autor, não é de forma mecânica ou desligada de um meio que esse processo
acontece, ele pede uma atitude e uma postura de criação e recriação. Freire (1991) também
salienta que é preciso inserir a pessoa nesse mundo para que ela desenvolva uma leitura crítica
mesmo destino. Os dois entendem que alfabetizar não é somente decodificar ou ter domínio da
leitura e da escrita.
É preciso exergar além, o que faz fundamental pensar na formação de pessoas capazes
dia a dia.
Dessa forma, quando a criança chega ao ambiente escolar, é essencial que o professor
desenvolva uma rotina variada, com diferentes atividades de reflexão e exploração dos níveis das
Mas, principalmente, o aluno precisa ser estimulado à escrever e a criar hipóteses, mesmo
516
que ainda não tenha o domínio completo da escrita. A intenção é que a criança seja exposta a
circunstâncias que a desafiem a refletir sobre a língua escrita, construindo então um conceito e
CONCEITO DE LETRAMENTO
nas salas de aula. Envolve também os pais e todas as pessoas que convivem com a criança no
dia a dia, tornando assim o letramento um processo que acontece muito antes da entrada no meio
escolar.
Biazioli (2018) afirma que a criança, desde a sua primeira infância, está introduzida em
um contexto letrado, vivenciando situações do dia a dia que envolvem a leitura e a escrita. Entre
essas situações, podemos considerar como exemplos práticos desde os primeiros anos de vida as
contações de histórias, músicas, cantigas de roda e o uso de livros e revistas. Exemplos de práticas
internalizando nela e dando sentido aquilo que está conhecendo, vivendo e experimentando. Por
isso é tão importante que pais e familiares realizem esse primeiro contato da criança com o contexto
onde ela está inserida, para promover essa práticas sociais de letramento. Elas devem ter início
desde a educação infantil, onde a criança vivencia o seu primeiro convívio coletivo, até o fim de sua
essencial na inserção no ambiente letrado. Afinal, é de grande necessidade que tanto a sala de aula
quanto os demais espaços da escola sejam vistos pela criança como lugares agradáveis e com
Os conhecimentos sobre a linguagem adquiridos nas mais variadas situações que a criança
traz quando chega à escola evidenciam que ela está inserida em um contexto comunicativo de
produção e compreensão das funções da língua escrita. Assim, a ideia é criar nas novas gerações
a necessidade de utilizar a escrita socialmente, coletivamente, de acordo com a função para a qual
foi criada. Além disso, é possível ampliar a comunicação e a troca de vivências entre os alunos, de
517
forma que eles interajam, auxiliem-se e aproximem-se das atividades propostas pelo letramento.
O ALFABETIZAR LETRANDO
Processos paralelos são o alfabetizar e o letrar. Duas atividades diferentes, mas que
caminham juntas e são indissociáveis para garantir a aprendizagem da leitura e da escrita. Isso
quer dizer que, será ensinado à criança o sistema de escrita alfabética, mas além disso, também é
essencial que a criança vivencie práticas de leitura e escrita, agregando essas situações e esses
ambiente onde a criança tem a oportunidade de vivenciar, pensar, conhecer, refletir e experimentar
alunos, levando em consideração os usos sociais da língua escrita, dentro e for a do meio escolar,
assim essas competências a fim de serem utilizadas no meio social e nas situações do cotidiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de analisarmos todo esse processo de alfabetização, desde o seu contexto histórico,
o uso de cartilhas, até os métodos sintéticos e analíticos e a sua relação com o letramento, podemos
afirmar que a construção do saber a leitura e a língua escrita vai muito além de um código a ser
aprendido, é também a construção de um meio, um contexto, em que a criança está inserida, para
Isso porque é só através dessas experiências que será possível enxergar e entender a
prática da leitura e da escrita em diferentes situações. Esse é um processo que não encontra fim
quando a criança se apropria do sistema de escrita, pelo contrário, é um processo que se estende
por toda a vida, onde a criança passa a aperfeiçoar e criar novas possibilidades na construção de
518
novos conhecimentos e habilidades.
criança, que despertem o interesse e o desenvolvimento dessas capacidades, a fim de tornar esse
aluno um sujeito social, capaz de pensar e transmitir sua ideias e ideais para o mundo.
519
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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520
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MACIEL, F. I. P.; MARTINS, R. M. F. (Org.). Alfabetização e letramento na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica,
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SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
521
O ALUNO SURDO NA ESCOLA ESPECIAL E O USO DE LIBRAS
RESUMO
Na pesquisa de campo, visitamos duas escolas especiais, uma publica a outra privada, nas quais fomos muito bem
recebidas. Fizemos observação, entrevistas e a elaboração de questionários, este estudo nos ofereceu uma ampliação
de nossa visão da realidade, oferecendo-nos instrumentos de coleta, organização e análise de informações. Pudemos
perceber que os professores, coordenadores e funcionários das duas escolas, tem um olhar parecido sobre a criança
surda, pois os consideram como sujeitos de direitos, participantes de um mundo que fala através dos sinais, e através
da oralidade, lêem, escrevem e discutem os usos das linguagens, códigos e suas tecnologias, e que possuem duas
línguas, “Língua Brasileira de Sinais” (LIBRAS) que é considerada a primeira língua, e a “Língua Portuguesa”, segunda
língua do surdo.
INTRODUÇÃO
especificamente sobre a aquisição da LIBRA como primeira língua (L1) nas escolas especiais, que
humana.
diferencias e a inclusão.
Anteriormente, as pessoas com deficiência auditiva eram tratadas como doentes mentais,
esse paradigma foi quebrado com a implantação de leis como: lei 10436/2002, reconhecendo que
522
as limitações não são causadas pela deficiência, mas pela falta de seu conhecimento.
Neste presente pesquisa buscaremos entender a seguinte questão: como são desenvolvidos
os projetos pedagógicos nas escolas especiais e suas expectativas em relação ao aluno surdo e
seu desenvolvimento.
Pretendemos como essa pesquisa investigar se a aplicação desse projeto está suprindo
processo. Segundo Freire (1996): A alfabetização deveria ser sinônima de reflexão, criticidade e
politização.
aprender a Língua Portuguesa, como segunda língua Portuguesa (L2), através dela que se adquire
é transmitida pelo educador ao educando, nas escolas. Assim o educador nas práticas sociais de
leitura e de escrita oferece ao educando a leitura didática, além do ensino da LIBRA. O objetivo
dessa pesquisa é conhecer, descrever e esclarecer que materiais estão sendo utilizados, em qual
ambiente se em sala ou outros espaços que contribuem para o ensino-aprendizagem dos alunos
surdos.
PROBLEMA
Diante das dificuldades vividas por todos os alunos durante o processo de alfabetização,
como uma criança que possui um sentido a menos (audição) supera essa necessidade?
Quando as famílias descobrem que tem uma criança surda o que devem fazer e qual o
A escola especial pública tem a mesma qualidade didática e acessibilidade que a privada?
O surdo que estuda LIBRAS, sai da escola preparado para se cuidar sozinho?
HIPÓTESE
Conhecer e aprender LIBRAS tem uma importância muito grande na vida da criança surda,
porque é através do domínio da linguagem e escrita que o sujeito exerce a cidadania contribuindo
para o desenvolvimento da sociedade onde o mesmo está inserido, através da educação que é o
principal instrumento para a construção de uma sociedade mais humana e pacífica, independente
523
da idade, condição socioeconômica e limitações físicas. Como diz Daniel Pennac:
“No início não se lê. No despertar da vida, na aurora dos olhos. Engole-se a vida pela boca,
pelas mãos, mas os olhos ainda não se mancharam de tinta. Nos princípios da vida, nas fontes
primárias, nos riachos da infância, não se lê, não se tem a idéia de ler, de ouvir o ruído da página
de um livro. Não, é mais simples no início. Mais louco, talvez. Não há nada que nos separe de nada.
A criança surda lida com conflitos e insegurança, e muitas vezes não sabe explicar com
palavras o que acontece, porem os fatos podem marcar o desenvolvimento da sua personalidade,
por isso alem do aprendizado é fundamental que a criança surda tenha também acompanhamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
circulo para facilitar a visão espacial dos alunos, boa parte dos funcionários também são surdos,
segundo Cibelle, o fato de terem funcionários com surdez, reforça a identidade surda dos alunos.
Em cima das carteiras das crianças, tem uma foto de cada um com o seu sinal, o sinal que os
convidam a lanchar ou a retornar do lanche é uma luz que pisca por alguns minutos, a pista dentro
da escola também sinaliza que existem pessoas cegas no local, mas o que mais nos chamou a
atenção, foi uma casa onde eles recebem os pais, é nessa casa que os mesmos são orientados
quanto aos cuidados que devem ter com seus filhos surdos, quando estiverem fazendo o alimento,
então eles recebem aulas ali mesmo, e assim evitam acidentes em casa.
524
BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOLDFEL, Márcia, - A criança surda: Linguagem e cognição, numa perspectiva Sociointeracionista / São Paulo Plexus
Editora
HONORA, Márcia. Livro ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: Desvendando a Comunicação usada pelas pessoas
com surdez, São Paulo: Ciranda Cultural, 2009
ROJO, Roxane- A prática de linguagem em sala de aula, Mercado de letras edições e livrarias- LTDA 2001
Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para a Educação Infantil e Ensino Fundamental:
LIBRAS/ Secretaria Municipal de Educação- São Paulo: SME/DOT, 2008
Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para a Educação Infantil e Ensino Fundamental:
Língua Portuguesa para pessoa surda/ Secretaria de Educação São Paulo: SME/DOT, 2008
http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/falar-maos-432193.shtml
http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/educacao-especial-integracao-escolar-do-aluno-surdo/
525
OS QUADRINHOS COMO FACILITADOR DA EXPRESSÃO ARTÍSTICA
RESUMO
Apresenta as principais intitulações que esta linguagem recebe, destacando os principais elementos que compõem a
linguagem dos quadrinhos. Aborda também a importância de um olhar sensível do docente, apresentando os quadrinhos
como facilitador da expressão artística, sendo entendidos como uma manifestação artística das artes visuais. A partir
do entendimento de que quadrinhos é uma linguagem artística busca-se compreender como esta se relaciona com
a educação e em especial com o ensino de artes visuais na educação escolar, partindo da defesa de que HQ é uma
linguagem que pode e deve ser ensinada/aprendida nas aulas de artes visuais. Acreditamos que, com este artigo, os
leitores possam questionar-se sobre o ensino de arte para o ensino médio utilizando essa nova modalidade e desfrutar
de um novo entendimento a respeito dos diversos tipos de utilização dos quadrinhos nas aulas de artes, e que os
docentes e futuros docentes sintam-se motivados a aprimorar essa modalidade de forma criativa e consciente. O
presente ARTIGO, apresenta um estudo sobre o ensino de artes visuais utilizando as histórias em quadrinhos. Por meio
de uma revisão bibliográfica apresentamos a história do ensino da arte no Brasil, mencionando sua implementação e
como ocorre o ensino na atualidade para o ensino médio. Busca-se compreender o que são quadrinhos para além dos
cliches, localizando seu surgimento e desenvolvimento como linguagem ao longo do século XX.
INTRODUÇÃO
Este artigo está estruturado em duas partes. A primeira parte se trata da história do ensino
artes visuais para o ensino médio. Na segunda parte, os quadrinhos como facilitador da expressão
artistica, a abordagem é sobre as histórias em quadrinhos, e sua expressão artística, ampliação das
experiências artísticas e a didática como uma ferramenta importante para o professor na mediação
do conhecimento.
Atualmente arte se apresenta de diversas maneiras e formas. Como podemos avaliar o que
é arte, será que estamos preparados para novas ideias e obras com linguagens artísticas que não
526
estamos acostumados?
Admiramos algumas obras serem consideradas obras de arte, mas neste momento o
docente precisa ter um olhar sensível, fazendo com que na docência tenhamos a capacidade de
criar novos olhares, novas maneiras onde os alunos consigam ver além das coisas perceptíveis.
O comprometimento dos docentes com o aprendizado dos alunos é fundamental para que ocorra
uma reflexão diária e busca de novas metodologias, entre as diversas possibilidades de materiais
existentes, precisamos adaptar as aulas para a inclusão de tecnologias tão presentes no século
XXI, despertando o interesse e a curiosidade dos educandos. Os jovens exibem uma cultura
própria influenciada pelas ferramentas tecnológicas de que fazem uso, as obras de arte e mídia
que retratam esse público refletem diretamente essa influência e revelam como a cultura jovem se
mostra atualmente.
Sendo assim, entre os matérias atuais está a história em quadrinhos, uma vez que seu
ensino justifica-se pelo fato deste material estar presente no cotidiano dos alunos. De acordo
com, Oliveira (2007) A linguagem curta e simples apresentada em quadros coloridos, facilitam o
senso critico permitindo assim que os HQS façam parte dos matérias pedagógicos.
As histórias em quadrinhos são entendidas como produtos narrativos da cultura juvenil que
permitem aos jovens ampliar a relação de parcialidade com o conhecimento histórico. Por isso,
é vital investigar o que, para os jovens, é aceitavel nas narrativas históricas gráficas e qual é a
de sua identidade.
tecnológicas de que fazem uso, as obras de arte e mídia que retratam esse público refletem
que permitem aos jovens desenvolver uma relação de intersubjetividade com o conhecimento
histórico. Por isso, é vital investigar o que, para os jovens, é plausível nas narrativas históricas
Entendo que a cultura juvenil, no âmbito da cultura escolar, manifesta, nos estudantes, uma
quadrinhos: 1) A análise crítica das histórias feita em conjunto com a criança; 2) O incentivo à criação
de histórias em quadrinhos pela própria criança expressando a sua visão de mundo particular, o
que poderia ser feito pelos professores de língua, arte e história e 3) A utilização das histórias em
Fundamental, publicados pelo Ministério da Educação, têm apontado diretrizes e sugestões para o
trabalho com as histórias em quadrinhos na sala de aula (ex. Bibe-Luyten, 1989; Higuchi, 1997; MEC/
SEF, 1997, 1998; Serpa e Alencar, 1998, Pellegrini, 2000). Estas sugestões envolvem a utilização
de histórias em quadrinhos nas diferentes disciplinas através de atividades variadas. Hoje também
estão disponíveis programas de computador para as crianças montarem suas próprias histórias em
Os quadrinhos e gibis são uma forma de expressão tecnológica típica da industria cultural
e embora sejam subestimados devido ao preconceito academicista, permitem que seus autores
expressem questões cientificas, filosóficas e artísticas, ao mesmo tempo que são formas de
entretenimento e lazer, daí não encontramos resistência por parte dos alunos (Moura,2008).
constituída por dois tipos de linguagem a linguagem gráfica( imagem) e a linguagem verbal( o texto)
( Luyten,1989).
linguagem gráfica e verbal que atenda a evolução dos fatos. Possui vários estilos como ação, super
528
ELEMENTOS
Assim como em qualquer outra narrativa, as historias em quadrinhos tem como elementos
A forma como essa narrativa é realizada é peculiar, pois nas HQs os autores narram por
meio de uma sobreposição de imagens e palavras, assim, o leitor de HQ, para entender a história,
precisa utilizar de suas habilidades interpretativas, tanto visuais_ a regência da arte (perspectiva,
As relações da HQs com a realidade é complexa, isto é, ela não deixa de ser uma
representação da sociedade e da sua época. As HQs ocupam espaços cada vez mais significativos
Além da função de lazer, as Hqs podem informar e formar. Nesse sentindo se elas forem
Segundo Franco (2004) as HQs de arte refletem o ideário do autor, além disso exploram o
Os quadrinhos segundo Franco ( 2004) possui uma irmandade com o cinema eles utilizam
a mesma terminologia para definir a planificação( plano médio,flano geral, close –up etc). por tratar
de uma linguagem incônico- literária, as HQs também tem uma certa relação com outras artes
A respeito do valor da arte na educação Mendonça (2006, p.37) relata que entre diversas
sendo agente formador e transformador do cidadão reforçando a ligação com a cultura em que
a arte, oportunizando a percepção e a analise sobre o que foi realizado em outras épocas e culturas
nas aulas de artes é realizável levando em ponderação os requisitos que estão relacionados a
formação inicial do professor de artes e sua ação no cenário contemporâneo do ensino de artes
brasileiro.
529
A arte sendo ensinada com foco na alfabetização visual, leitura de imagens, na cultura
visual e multiculturalidade, quebrando o padrão de ensino conduzido pela livre expressão e pela
multifuncionalidade. Para Barbosa (2008, p. 98) “hoje, a aspiração dos arte/educadores é influir
positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes por meio do conhecimento de arte que
de forma critica para a produção de imagens e consumo está se dizendo de todas as probabilidades
Neste caso, “trabalhar na educação com histórias em quadrinhos pode ser um bom caminho
para fazer um tipo de trabalho formativo em cultura visual” (SILVA; SANTOS NETO, 2010, p. 206).
crianças e jovens, Ferraz e Fusari(1999), indicam as Hqs como uma linguagem da comunicação
social a ser estudada no ensino de artes. Para elas, “as histórias em quadrinhos podem ser
observadas e analisadas de inúmeras maneiras” (FERRAZ; FUSARI, 1999, p. 45), sendo revalidado
por Alexandre Barbosa ao dissertar que “todos os principais conceitos das artes plásticas estão
quando o aluno reconhece as “artimanhas” que os desenhistas empregam para produzir impressões
de movimento e profundidade espacial nas histórias em quadrinhos e que aqueles e outros efeitos
são também utilizados na arte, tipificando os estilos das diversas tradições, épocas e artistas, o
entendimento desses aspectos torna-se mais efetivo e interessante. (BRASIL, 2006. p. 185,).
Em exercícios de leitura e analises de imagens, os HQs podem ser extremamente utéis nas
aulas de artes, pois para Mendonça (2006, p. 44), “as HQ apresentam elementos de composição
comuns a várias obras de artes visuais, podendo proporcionar através de sua análise a identificação
de como os elementos visuais atuam em sua estrutura espacial e a maneira como se organizam
no espaço”.
Assim sendo, para o arte/educador, uma ferramenta pedagógica poderosa , as Hqs são
capazes de esclarecer e expor aos alunos de forma comica e agradavel, a utilização prática de
recursos artísticos sofisticados, tais como perspectiva, anatomia, luz e sombra, geometria, cores e
A leitura das Hqs é outro uso significativo se atendo a história narrada, o treino da leitura
pode ocasionar aos alunos familiarização com a linguagem das HQs e se deleitarem com inúmeras
530
histórias apresentadas. mas, é relevante destacar que a leitura de HQs nas aulas de artes deverá
acontecer contextualizada e criticamente, pois “as HQs por vezes trazem conteúdos contraditórios
e dentro dessa linha de pensamento não podem ser vistas apenas como desenhos, pois envolvem
Com relação a prática de leitura de HQs em sala de aula é interessante levar em consideração
a variedade de gêneros e formatos de HQs. Vários alunos a partir do Ensino Fundamental já são
acostumados com algum tipo específico de quadrinhos, uma vez que a facilidade de acesso aos
americanos (comics) e japoneses (mangás),sendo assim, vários alunos já são leitores de comics,
Esses segmentos de HQs não devem ser excluídos da sala de aula, porém precisam ser
analisadas criticamente. Todavia, a apreciação de HQ nas aulas de artes não deve se concentrar
apenas nos quadrinhos mais afamados e padronizados, é indispensável praticar a leitura também
dos quadrinhos autorais, graphic novel, fanzines e álbuns , de modo que toda a diversidade de
ensino de artes visuais, neste sentido abordaremos seu ensino a partir da Abordagem Triangular que
para o ensino da arte se constitui por meio de suas três dimensões cognitivas: leitura/interpretação,
a Abordagem Triangular, Ana Mae Barbosa (2009) faz menção ao estudo O Humor dos Quadrinhos
como Instrumento Educacional efetuado por Eduardo Carvalho (2007), no qual ele entrevista a
professora Betania Libanio Dantas de Araújo que ao mencionar a relevância de se trabalhar a partir
da proposta estruturada por Ana Mae diz que, se trabalhamos somente no fazer sem ponderação
Se tratando de um problema comum nas escolas que ensinam quadrinhos apenas como
próprios personagens com traços próprios não debatendo sobre suas histórias.
as HQs como ponto de partida de trabalho , a experimentação e o contexto gerando como resultado
a leitura dos alunos, ou trabalhar apenas com a análise dos elementos formais que a compõem.
Segundo essa proposta pedagógica, os alunos devem compreender a linguagem das HQs a partir
produção.
Artes e Português. Contudo, para Alberto Pessoa (2006), estas diretrizes, essencialmente no
PCN de artes, precisariam tratar os quadrinhos com mais profundidade e particularidade, uma vez
que não é pedido ao professor ensinar as estruturas das histórias em quadrinhos como narrativa,
p. 167). Nas aulas de artes, a elaboração de HQs passa a “ser um meio para que os alunos
A respeito da produção de HQs, Santos Neto e Silva (2010, p. 95), dizem que, “como arte
possibilita a expressão do ser que a produz e, portanto, sua comunicação no mundo”. Uma das
2008) e Alberto Pessoa (2006) ensino da produção de histórias em quadrinhos nas aulas de artes
é de grande importância, uma vez que saber construir uma HQ o aluno utilizara diversos conceitos
das artes visuais, desde os noções básicas do desenho até fundamentos de outras formas de
linguagem como a pintura, a fotografia, o cinema entre outras. Para ensinar quadrinhos é necessário
ter entendimento que os alunos estejam habituados com a linguagem das HQs.
que “a ‘alfabetização’ na linguagem específica dos quadrinhos é indispensável para que o aluno
decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha
melhores resultados em sua utilização”. Para a elaboração, além de ser alfabetizado na linguagem
dos quadrinhos é fundamental dominar os principais elementos exigidos para sua produção, desde
fazer argumentos e roteiros, até compor personagens, cenários, cenas, páginas,lápis final, arte-
possibilitando que ele deixe sua marca pessoal na sua produção artística através de um ou mais
estilos possíveis.
leituras e análises dos elementos formais de HQs que em outros momentos não despertariam
seus interesses pelo fato de simplesmente não conhecerem, necessitam visualizar também as
produções de artistas nacionais e trabalhos que divulguem a marca do autor, pois como linguagem
artística as HQs devem apresentar a marca do autor e este pode pesquisar a linguagem a sua
Sendo assim, o estudo dos quadrinhos poético-filosóficos em sala de aula é uma alternativa
para salientar aos alunos que é permitido explorar a linguagem de varias maneiras, não necessitam
ilustrar de maneira similar às histórias padronizadas, podem aprimorar e expandir seu estilo pessoal,
Os alunos precisam testar uma variedade de suportes utilizando, além dos materiais básicos
para a produção artesanal, o computador que desde a década 1990 se tornou uma das ferramentas
Percorrer a internet como uma oportunidade de criação e divulgação das HQs na atualidade.
Consequentemente, é significativo que cada aluno conheça e vivencie todos os variados processos
de confecção de uma HQ, criando seu roteiro pessoal, personagens, desenhos e arte-final. Além
disso, se indica que sejam realizados trabalhos em grupos, mas nos trabalhos coletivos devem-se
aprendizagem de cada aluno para que seja ampliada de forma efetiva uma relação de aprendizagem
na experimentação artística.
quadrinhos nas aulas de artes na escola não é com o objetivo de formar quadrinistas, pois a própria
mas produzir leitores de imagens e de HQs críticos, que sejam capazes de ter mais uma
possibilidade de expressão e produção cultural. Bem como é uma oportunidade para dar espaço
nas aulas de artes para formas de linguagem atuais que estão no cotidiano dos estudantes, não se
533
restringindo ao ensino apenas das artes tradicionais.
De acordo com Santos Neto e Silva (2011), para um professor poder trabalhar com
quadrinhos no ensino não apenas de artes, mas de qualquer outra disciplina escolar é preciso
que este professor tenha uma experiência cultural com as HQs, tenha familiaridade com a sua
Com relação a isto, Marta Silva relata que, além da composição de acervo para as
linguagem dos quadrinhos, a fim de que estes/as possam desfrutar de suas leituras, conhecer suas
particularidades, escolher bons materiais para uso na sala de aula e assim poder explorar todo o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de Arte no ensino médio deve desenvolver nos alunos um olhar diferenciado,
sensível e crítico e promover espaço para manifestações espontâneas, através de atividades nos
O autor ao produzir uma obra esta representando seu mundo natural e cultural, manifestando
através dela, sua sensibilidade, sua imaginação, seus pensamentos e emoções, agindo e reagindo
A Arte deve ofertar atividades que ampliem a formação artística e estética dos estudantes.
As vivências emotivas e cognitivas tanto de fazeres quanto de análises do processo artístico nas
modalidades artes visuais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, devem abordar os componentes
O professor deve repensar a escola em seu tempo sua forma de lidar com os conteúdos e
tecnológicas de que fazem uso, as obras de arte e mídia que retratam esse público refletem
Os quadrinhos e gibis são uma forma de expressão tecnológica típica da industria cultural
534
e embora sejam subestimados devido ao preconceito academicista, permitem que seus autores
expressem questões cientificas, filosóficas e artísticas, ao mesmo tempo que são formas de
entretenimento e lazer, daí não encontramos resistência por parte dos alunos.
estudar o material, analisá-lo para quando chegar na hora de apresentar o mesmo aos alunos, ter
noção das questões que poderão ser levantadas, das duvidas que surgirão e etc.
535
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538
A LITERATURA INFANTIL COMO PALAVRA-ARTE
RESUMO
A arte da literatura infantil, utilizada no contexto educacional, de acordo com Zilberman (2003), assinala a um conhecimento
de mundo, ao ser aproveitada em seu caráter ficcional, e assim, sem se confundir com uma missão pedagógica, realiza
uma função formadora. O objetivo geral deste trabalho foi o de demonstrar, através de pesquisa bibliográfica, como
a literatura infantil, quando utilizada como palavra-arte em seu sentido conotativo, pode contribuir para a instauração
do desejo no aluno da aprendizagem de leitura e escrita, bem como para a formação de leitores e apreciadores de
arte. Pensou-se a importância de se investigar o tema no contexto da educação infantil. Na fundamentação teórica
são tratados os seguintes aspectos: A literatura infantil; A literatura infantil na escola; Os contos de fadas; Leitura e
contação de histórias; Literatura infantil e o processo de alfabetização; A literatura infantil como palavra-arte; e por fim,
Mediação e construção de leitores.
Palavras-Chave: Literatura infantil – Formação de leitores - Alfabetização e letramento - Contos de fadas – Mediação
de leitura – Educação infantil
INTRODUÇÃO
sem se confundir com uma missão pedagógica, realiza uma função formadora. Objetivando uma
A fundamentação teórica sobre a literatura infantil está subdividida em: Arte e literatura
baseada em autores renomados em se tratando do tema; Arte e literatura infantil na escola, onde
são abordados os aspectos considerados mais relevantes no que diz respeito ao uso da literatura
infantil no contexto escolar; Os contos de fadas, onde há uma rápida abordagem desse tema que
nunca deixa de ser atual e discutido no âmbito da psicopedagogia e psicologia; Leitura e contação
539
de histórias, em que é traçado aspectos relevantes dessas diferentes formas de se trabalhar com os
para que está seja realizada de maneira satisfatória; A literatura infantil como palavra-arte, em
que se situa a literatura infantil como possuidora de um sentido conotativo, relacionando-a com as
características do que se define como arte; e por fim, Mediação e construção de leitores, onde o
tema é tratado em relação às metodologias utilizadas pelos professores para despertar nas crianças
o interesse e gosto pela leitura, veremos ainda os objetivos gerais e específicos e a metodologia,
à utilização da literatura infantil pelos professores, bem como a idéia que estes educadores
elucidavam sobre tal forma literária, no qual se conclui que a literatura infantil tem sido utilizada
pesquisados.
cultural e lingüístico, saúde psíquica e entretenimento, devido ao fato de tratar, muitas vezes, de
questões interessantes ao universo infantil que, de maneira sutil, vão de encontro aos conflitos reais
com os quais as crianças vivenciam, sem que haja necessidade de torná-los conscientes, ou seja,
questões de nível simbólico e o nível simbólico, de acordo com Fernández (1991, p.74) “é o que
organiza a vida afetiva e a vida das significações” e ainda, é o nível simbólico “que dá conta de nós
mesmos, pois expressa nossos sonhos, nossos erros, nossas lembranças, nossas falhas, nossos
mitos.” Referindo se a essa abordagem de palavra-arte da literatura, confirma Coelho (2000, p.27):
”(...) sem deixar de ser um instrumento de emoção, diversão ou prazer, poderá auxiliar, e muito, a
tarefa da Educação”.
O despertar do interesse pela literatura infantil na criança faz com que nelas seja também
desperto o desejo pela aquisição da leitura e da escrita, pois passam a valorizar esse hábito e a
admirar aqueles que o dominam, com essa motivação o processo de alfabetização compõe-se
540
de riquíssimas bases para acontecer de maneira eficaz, como é o caso do conto que, de acordo
com Gillig (1999) tem suas raízes no imaginário e a apropriação que a criança faz da palavra do
contador é integrada ao seu universo pessoal psicoafetivo, assim como o escrito do conto que é
simbolizado pelo código convencional alfabético. Para o autor, é necessário que a “entrada no
mundo do escrito aconteça com um desejo e um prazer de mesma ordem” (Gillig, 1999, p.86).
No entanto, para tal, é necessário que esses portadores de texto sejam ofertados às crianças de
sua curiosidade, num momento de fruição artística e de respeito ao seu sentido conotativo, pois
cada história poderá apresentar um sentido peculiar e subjetivo para cada criança e isso deverá
ser respeitado. Na famosa obra Literatura Infantil de Nelly Novaes Coelho, a autora questiona se
(...) quando um sistema de vida ou de valores está sendo substituído por outro, o aspecto arte
predomina na literatura: o ludismo (ou o descompromisso em relação ao pragmatismo ético-
social) é o que alimenta o literário e procura transformar a literatura na aventura espiritual
que toda verdadeira criação literária deve ser. (Coelho, 2000, p.47)
sobre o que Herbert Read (1986, p.12) diz ao referir-se à arte como um processo educacional e à
educação como um processo artístico, onde um complementa o outro, gerando uma espécie de
equilíbrio para que as construções aconteçam de forma significativa e para que as experiências
e vivências, neste sentido, sejam banhadas à arte e, por assim, permitam a consideração das
questões subjetivas, nas palavras do autor: ”Como educadores, olhamos o processo do lado de
fora; como artistas, o vemos por dentro; e ambos os processos integrados constituem o ser humano
completo”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível demonstrar, através de pesquisa bibliográfica, como a literatura infantil, quando
utilizada como palavra-arte em seu sentido conotativo, pode contribuir à formação e modelagem
literatura infantil pode propiciar à criança e conclui-se que, como afirma Zilberman (2003) além do
541
questionamento de valores sociais, seu emprego desencadeia a expansão dos horizontes cognitivos
Winnicott (1975) de que a experiência cultural corresponde a uma extensão do Espaço Transicional/
Potencial onde poderá haver espaços de elaboração criativa da experiência, neste sentido, o trabalho
com a literatura infantil na sessão analítica, em suas diversas possibilidades de abordagem, seja ela
outras técnicas psicanalíticas, como as projetivas ou as que permeiam a arteterapia, manterá sua
característica concernente à condição de arte, ou seja, encontra-se num espaço entre, capaz de
Com o intuito de investigar os benefícios que a literatura infantil pode propiciar à criança,
ponto de partida de extrema importância, enfatizando o quanto esta forma literária proporciona
Zilberman (2003) enfatiza ainda que a literatura, de maneira geral, por meio de recursos
ficcionais, sintetiza uma realidade em que há diversos pontos de contato com o que o leitor (ou
ouvinte) vive em seu cotidiano, no sentido de que, por maior que seja a fantasia do escritor da
obra literária ou por mais distante que pareça estar do espaço ou tempo de sua concepção, a obra
sobrevive e continua a se comunicar com o destinatário porque o ajuda a conhecer melhor o seu
educação infantil ao trabalhar literatura infantil com seus alunos, e o resultado foi satisfatório, visto
que os professores demonstraram ter consciência com relação à importância de trabalhar com
recursos lúdicos, com respeito às interpretações pessoais de cada aluno, o que é pela mesma
autora defendido ao afirmar que cabe ao professor “o desencadear das múltiplas visões que cada
criação literária sugere (...) porque decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objeto
infantil da rede pública de São Paulo, que os professores, em sua maioria, têm consciência de como
a literatura infantil pode contribuir com a aprendizagem das crianças e com a formação de futuros
542
leitores, compreendendo o que Coelho (2000) diz sobre a leitura como atividade fundamental para
estimular o ser no que diz respeito a emoções, intelecto, imaginário, ou seja, em sua globalidade e,
portanto, que a escola pode então ser considerada um espaço privilegiado para a instauração do
assinala a um conhecimento de mundo - ao ser aproveitada em seu caráter ficcional – que pode
proporcionar à instituição uma ruptura com a educação tradicional que, por sua vez, passa a ser
encarada como incoerente. Para a autora, a literatura infantil, sem se confundir com uma missão
entretenimento, porém, como afirma Coelho (2000), se esta resulta de um ato criador, a intenção
pedagógica estará fundida a esse caráter de entretenimento. Enfatiza ainda Coelho (2000, p.32)
sobre a necessidade de descoberta da literatura “como uma aventura espiritual que engaje o eu
em uma experiência rica de vida, inteligência e emoções”. Considera-se que este é um tema que,
pelo parecer extremamente atual e relevante, pode ser abordado em muitos aspectos os quais
543
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544
AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO BRASIL
RESUMO
Este artigo tem a pretenção de apresentar um estudo sobre o ensino de artes visuais utilizando as histórias em
quadrinhos. Por meio de uma revisão bibliográfica apresentamos a história do ensino da arte no Brasil, mencionando
sua implementação e como ocorre o ensino na atualidade para o ensino médio. Busca-se compreender o que são
quadrinhos para além dos cliches, localizando seu surgimento e desenvolvimento como linguagem ao longo do século.
Vai abordar também a importância de um olhar sensível do docente, apresentando os quadrinhos como facilitador da
expressão artística, sendo entendidos como uma manifestação artística das artes visuais. A partir do entendimento
de que quadrinhos é uma linguagem artística busca-se compreender como esta se relaciona com a educação e em
especial com o ensino de artes visuais na educação escolar, partindo da defesa de que HQ é uma linguagem que pode
e deve ser ensinada/aprendida nas aulas de artes visuais.
INTRODUÇÃO
quadrinhos como apoio didático na escola e sua utilização em diversas disciplinas e no capitulo e
finalizando o capitulo que reporta uma forma simples de construir uma HQs. Neste contexto, este
estudo tem o intuito de realizar reflexões e analisar as contribuições da utilização das histórias em
Atualmente arte se apresenta de diversas maneiras e formas. Como podemos avaliar o que
é arte, será que estamos preparados para novas ideias e obras com linguagens artísticas que não
estamos acostumados?
Admiramos algumas obras serem consideradas obras de arte, mas neste momento o
docente precisa ter um olhar sensível, fazendo com que na docência tenhamos a capacidade de
criar novos olhares, novas maneiras onde os alunos consigam ver além das coisas perceptíveis.
545
O comprometimento dos docentes com o aprendizado dos alunos é fundamental para que ocorra
uma reflexão diária e busca de novas metodologias, entre as diversas possibilidades de materiais
existentes, precisamos adaptar as aulas para a inclusão de tecnologias tão presentes no século
XXI, despertando o interesse e a curiosidade dos educandos. Os jovens exibem uma cultura
própria influenciada pelas ferramentas tecnológicas de que fazem uso, as obras de arte e mídia
que retratam esse público refletem diretamente essa influência e revelam como a cultura jovem se
mostra atualmente.
Com isso, as histórias em quadrinhos são entendidas como produtos narrativos da cultura
juvenil que permitem aos jovens ampliar a relação de parcialidade com o conhecimento histórico.
Por isso, é vital investigar o que, para os jovens, é aceitavel nas narrativas históricas gráficas e
O percurso histórico dos quadrinhos é bem antigo, como afirma Iannone, L.; Iannone, R.
(1994, p.10): “Estudiosos apontam as inscrições que nossos antepassados deixaram nas cavernas,
no período pré-histórico, como a origem mais remota das histórias em quadrinhos”. Contudo, as HQ
conhecidas na atualidade começaram a aparecer no final do Século XIX, na Europa e nos Estados
No Brasil, “As aventuras de Nhô Quim” ou “Impressões de uma viagem à corte”, de Ângelo
Agostini, são conhecidas como a primeira HQ nacional, publicada pela primeira vez em 30 de
janeiro de 1869, na revista “Vida Fluminense” do Rio de Janeiro (Alves, 2001). A data de 30 de
A primeira revista brasileira de histórias em quadrinhos foi “O Tico Tico”, lançada em 1905;
pressupõe-se que “tenha sido a primeira do mundo a apresentar HQ completas” (Iannone, L.;
Iannone, R., 1994, p.48). Além de que, “O Tico Tico” foi “o marco inicial das publicações dedicadas
às crianças no Brasil” (Moya, 1994, p.33). Nela continha contos, textos informativos, curiosidades e
eram Buster Brown e Tige, de Richard F. Outcault, renomeados, no Brasil, como “Chiquinho” e
1950.
Em 1934, no Rio de Janeiro, foi difundido o “Suplemento Juvenil”, que era parte do jornal “A
Nação”, publicado pelo editor Adolfo Aizen, que costuma ser apontado como o principal incentivador
dos quadrinhos em nosso país (Iannone, L.; Iannone R., 1994). Também fundador da Editora Brasil
América Ltda (EBAL), reconhecida por editar apenas HQ. Adolfo Aizen, publicou o “Herói”, sua
primeira revista em 1947, a qual, permaneceu por um longo período, líder dos quadrinhos brasileiros.
“Gibi”, que em pouco tempo se tornou muito popular (Iannone, L.; Iannone R., 1994), sendo utilizada
para denominar todas as revistas em quadrinhos no Brasil. De acordo com Luyten (1987, p.70), “a
“ O Gury” em 1943. Sendo considerado uma exceção, uma vez que não se ocultou diante da
propagação dos quadrinhos norte-americanos e, “apesar de não ser um herói de comic, representa
uma figura característica de uma época da vida nacional” (Iannone, L.; Iannone R., 1994, p.50).
precursora em todo o mundo, trazendo o seu reconhecimento como uma forma de manifestação
de um protagonista ,”O Pererê”, de Ziraldo, que teve a competencia de concentrar toda tradição
brasileira, recuperando temas da rotineiros e do folclore. O “Saci” é sua figura central, sendo ele
um personagem típico do folclore nacional (Luyten, 1987). Entretanto, Maurício de Souza foi quem
“alcançou, realmente, o que nenhum dos outros desenhistas nacionais sequer poderia sonhar:
êxito no Brasil e fama mundial” (Luyten, 1987, p.78). Sendo o único artista brasileiro a ganhar, em
1971, o prêmio Yellow Kid, o Oscar das HQ (Iannone, L.; Iannone, R., 1994). Ziraldo e Maurício
de Souza são os dois quadrinistas brasileiros com maior destaque entre o público infantil, com
genuinamente brasileiras.
547
CONSIDERAÇÕES FINAIS
tecnológicas de que fazem uso, as obras de arte e mídia que retratam esse público refletem
O autor ao produzir uma obra esta representando seu mundo natural e cultural, manifestando
através dela, sua sensibilidade, sua imaginação, seus pensamentos e emoções, agindo e reagindo
O ensino de Arte no ensino médio deve desenvolver nos alunos um olhar diferenciado,
sensível e crítico e promover espaço para manifestações espontâneas, através de atividades nos
A Arte deve ofertar atividades que ampliem a formação artística e estética dos estudantes.
As vivências emotivas e cognitivas tanto de fazeres quanto de análises do processo artístico nas
modalidades artes visuais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, devem abordar os componentes
estudar o material, analisá-lo para quando chegar na hora de apresentar o mesmo aos alunos, ter
O professor deve repensar a escola em seu tempo sua forma de lidar com os conteúdos e
Os quadrinhos e gibis são uma forma de expressão tecnológica típica da industria cultural
e embora sejam subestimados devido ao preconceito academicista, permitem que seus autores
expressem questões cientificas, filosóficas e artísticas, ao mesmo tempo que são formas de
entretenimento e lazer, daí não encontramos resistência por parte dos alunos.
548
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551
A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR
RESUMO
O presente trabalho vem expor pesquisas e discussões sobre o crescente número de casos de violência e bullying que
vêm ocorrendo nas escolas desde que voltamos totalmente ao ensino presencial após o período de isolamento devido
à Pandemia de Covid-19. Iniciamos identificando o que é bullying e violência, suas causas, quem são os envolvidos,
como tratar e encontrar soluções possíveis e efetivas para esse problema.
INTRODUÇÃO
Segundo dados da Secretaria da Educação de São Paulo, nos dois primeiros meses de
aula deste ano, foi registrado um aumento nas agressões físicas nas unidades estaduais de cerca
de 48,5% a mais que no mesmo período de 2019, último ano em que os alunos frequentaram as
aulas presenciais todos os dias. Houve ainda aumento de 225% nas ocorrências de ação violenta
provocadas por grupos ou gangues nas escolas. Até o último dia 24, foram 221 registros do tipo neste
ano, contra 68 no mesmo período de 2019. Também houve crescimento de 52% de ocorrências
de ameaça e de 77% de casos de bullying nas escolas estaduais em relação a 2019. Mesmo sem
dados oficiais para escolas da rede municipal e particular, também há o relato de aumento nos
casos de violência e bullying. Acredita-se que isso é consequência do afastamento das crianças e
adolescentes da escola nos últimos dois anos e dos problemas que enfrentaram em casa nesse
período.
“A desorganização da rotina nos últimos dois anos afetou a todos em diferentes níveis.
O cérebro humano para se adaptar a essas modificações entra em estado de alerta, o que gera
552
estresse e ansiedade. Se nós, adultos, tivemos dificuldade para lidar com essas mudanças, imagine
para crianças e adolescentes com menos tempo de vivência e ferramentas emocionais. Viver tanto
tempo nesse estado de estresse gera consequências que não vão desaparecer rapidamente.”, diz
durante a pandemia tem sido percebida pelos professores no comportamento mais agressivo e
Diante de todo esse cenário caótico, esse artigo vem levantando casos, causas e tentando
A VIOLÊNCIA
consegue a obediência mediante a coerção. Por outro lado, o poder atinge a obediência, pela
persuasão e a autoridade prescinde ambos. Ou seja, onde existe há necessidade do uso da força,
não há autoridade. Do mesmo modo, ela também inexiste onde todos são iguais e podem, portanto,
É comum pensar que há apenas dois envolvidos no conflito: o autor e o alvo da violência.
conflito.O espectador típico é uma testemunha dos fatos, pois não sai em defesa da vítima nem se
junta aos autores, por medo, muitas vezes, ou por pressão social, por não saberem como agir e por
descrerem nas atitudes da escola. Esse clima de silêncio pode ser interpretado pelos autores como
afirmação de seu poder, o que ajuda a encobrir e perpetuar esses atos. Os que atuam como plateia
ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo também
como natural dentro do ambiente escolar. Outros, porém, sentem simpatia pelos alvos, tendem a
não os culpar pelo ocorrido, condena o comportamento dos autores e deseja que os professores
social.
reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que
553
apenas culpar um aluno e vitimar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo.
Essa violência tem origem social, infelizmente eles acreditam que situações violentas são
a única forma de resolver seus problemas, como se já fosse um cenário natural, uma cena da vida
cotidiana de milhares de crianças e adolescentes que apenas reproduzem aquilo que está presente
em sua realidade, essas normalizações fazem com que os sujeitos não enxerguem a violência
como algo ruim ou não percebam que a praticam. Por mais que tardem, a violência, em todas
as suas faces, provoca consequências, tanto para os que foram vítimas quanto para os autores.
Desse modo, os resultados levam à depressão, suicídio e distúrbios comportamentais; por outro
lado, pode ser prejudicial no desenvolvimento nas atividades em sala de aula, acarretando ao
Também podemos concluir que violências no ambiente escolar, também são fruto de
micro violências cotidianas como: empurrar, cutucar, movimentar-se pela sala, falar enquanto a
professora falava, gritar, brincar com papel, rir, entre outros eventos recorrentes em sala de aula, é
a atitude que leva à confusão, e a não intervenção leva a um comportamento agressivo mais grave.
violência” (Debarbieux, 2001, p.179). A banalização da micro violência abre caminho para a violência
severa, ações que usam a força e palavras mais agressivas. Esses comportamentos passam a ser
triviais, em consonância com o conceito de arendt (1963) de “mal banal”, comportamentos às vezes
vistos como naturais, pois enquanto as escolas estavam fechadas, a rua acolhia nossos estudantes.
Sob a ótica do “normal das ruas” eles foram forjados, se acomodando e deixando de pensar por
si mesmos. Não necessariamente danos físicos, em consonância com bourdieu (1989) conceito
esses comportamentos pensando que eles não têm consequências, que é quando punições e
recompensas são usadas. Marchetto (2009) afirma que não se deve sobrecarregar o outro dando
uma recompensa fazendo apenas o que é exigido, para que o aluno se acalme e não pense por si
mesmo e pare de desenvolver o pensamento crítico, ou seja, a criança não aprende o que é certo
Uma das principais causas da violência escolar é a reprodução de um ambiente violento, como:
brigas familiares, ausência dos pais ou responsáveis, falta de amor, desemprego, pobreza, falta de
políticas públicas, violência na mídia (televisão, telefones celulares, filmes, desenhos animados,
redes sociais até videogames), violência sexual, falta de empatia, etc. Essas são as formas que
eles se expressam, pois as crianças reproduzem o que veem ou aprendem (Peçanha, 2013, p. 15):
na conduta escolar.
atual, a maioria das metodologias ainda não se adequaram a isso. Diante dessa disparidade, o
aluno não encontra significado ou referência ao seu universo durante o processo de aprendizagem,
com que estes se sintam constantemente agredidos pelos alunos, levando ao desânimo e até
problemas psicológicos, pois eles vivem em estado de alerta constante e medo de serem alvos.
Souza (2008) relata que muitos alunos apresentam desinteresse nas aulas e possuem dificuldades
nas aulas, repetência, fracasso escolar, a evasão caracterizada como abandono escolar. Entre
problemas psicológicos como a depressão, síndrome do pânico, ansiedade e até o suicídio, além
A violência no ambiente escolar se manifesta nos alunos por meio de agressões físicas,
verbais, materiais, cyberbullying, sociais e psicológicas, que muitas vezes é a prática do bullying. O
comunicação para zombar e atacar os outros. O bullying é caracterizado por ataques intencionais,
perseguições, apelidos pejorativos e humilhações diante de um público, que podem ser prejudiciais
e causar problemas psicológicos e emocionais. Deve-se assim buscar ajuda profissional a partir
da presença dos primeiros sintomas, entre eles, desânimo, choro repentino, sensação de pânico
tristeza.
Durante a vida secular, a escola oferecia um contraponto para a realidade social, permitindo
durante a pandemia, essa oferta cessou e o único referencial que existia era a normalização da
ações que reprimam e punam tais atos, essas ações, por si somente, acabem em fracasso.
Policiais, detectores de metais, advertências ou expulsões são medidas que não têm adiantado no
combate à violência, pois são também atuações agressivas. Estas ações têm atingido o fenômeno
utilizam violências ainda maiores, com medidas exclusivamente punitivas, estão adiando a questão
e camuflando seus efeitos, e mais tarde tudo acaba voltando à tona. A expressão da violência
possui raízes profundas que vão além das aparências e de tudo aquilo que é palpável e visível
aos nossos olhos. É preciso que os profissionais das áreas das ciências humanas, em especial
educadores, cientistas sociais e juristas, em ações conjuntas, aprofundem os seus estudos sobre
preconceitos e alarmismos midiáticos. E é na escola, que a escola tem como objetivo formar e
humanizar o indivíduo como sujeito histórico a partir do conhecimento científico, orientados pelo
professor,como mediador desse sistema. A escola precisa deixar de ser o local onde a violência
explode e o reprodução de conflitos sociais existentes na comunidade, pois é nela que o diálogo
para a resolução dos problemas sociais deve iniciar-se. A família e a participação da comunidade
como se sabe, este problema não aflige somente as escolas da periferia, mas também escolas
localizadas em bairros da classe média e alta. Ações que envolvam a comunidade e a família. A
otimização do espaço escolar em prol do uso dos moradores do entorno da mesma, traz consigo um
sentimento de pertencimento que acarreta um zelo e um cuidado muito maior com aquele espaço.
556
CONSIDERAÇÕES FINAIS
concluir que as causas da crescente violência nas escolas são multifatoriais e por isso não será
solucionada com fórmulas mágicas ou ações rasas. Precisamos abordar esses assuntos em
conjunto, envolvendo todos os participantes, gestão, corpo docente, alunos, famílias. Promovendo
debates para tentar encontrar soluções significativas e ampliar a percepção dessa banalização da
violência, objetivando que esse processo deixe de ser aceito como normal.
da intersetorialidade, para que o trabalho se configure como uma rede de proteção, assistência,
promover bem estar e qualidade de vida a todas as crianças e adolescentes personagens da relação
Mas para isso, os profissionais envolvidos precisam de formação, de suporte para saber
como e quando agir na orientação desse processo. Profissionais como psicólogos, entre muitos
outros, também precisam fazer parte dessa construção. Não há fórmulas únicas, porque cada
Por fim, este trabalho não possui a pretensão de esgotar o debate sobre a violência escolar,
mas trazer novamente ao debate a temática, suas possíveis formas de estudo e soluções. Estamos
557
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558
CRECHES/ PRÉ-ESCOLA
RESUMO
No espaço escolar o lúdico tem ocupado um importante papel, como uma prática prazerosa de auxilio ao estímulo da
leitura e escrita, vem tomando espaço no plano de aula de alguns professores que vêm nessa metodologia uma forma
de melhorar suas aulas e assim proporcionar aos educandos uma educação diversificada e integrada ao mundo fora
da escola. No cotidiano da sala de aula o brincar pode ser encarado como algo sério e de cunho pedagógico, para tal
faz-se necessário o conhecer das diversas práticas lúdicas que propiciará ao professor um ensino que valorize o gostar
dos alunos, e que o leve a ter prazer em desenvolver determinada tarefa. Nessas situações aprende- se a controlar um
universo simbólico e particular vivido por cada um, e a desenvolver habilidades.
INTRODUÇÃO
estava apoiado em costumes herdados. A criança quando não mais necessitava dos cuidados
maternos era logo ingressada na vida adulta, e com sua graciosidade, gentileza, ingenuidade
tornava-se distração para os adultos em festas e reuniões. Podemos então dizer que o conceito
de infância na idade média era o de “pequeno adulto” ficando esse aos 12 anos responsáveis
por assumir postos de chefes da casa quando necessário. A infância nessa época ganhava uma
visualidade de transição para a vida adulta, não sendo tratadas assim em sua condição de crianças
perceberam que as crianças não poderiam ser meros brinquedos ilustrativos, viram nelas frágeis
criaturas as quais precisavam disciplinar e preservar. Esse sentimento segundo Áries (1981, p. 05)
559
se estendeu a família que passa a se reorganizar em torno da criança, vesti-la com tal e tratá-la
No que tange a história da infância brasileira, podemos assim dizer que deriva do
assistencialismo, passa pela criança enjeitada (negras, mestiças ou brancas abandonadas) criada
por amas de leite, as Rodas dos Expostos, que eram instituições católicas de cunho caritativo,
que se espalharam pelos países católicos e foram implantadas no Brasil no início do século XVIII,
via Santa Casa de Misericórdia; tinham como objetivo acolher crianças das primeiras idades, sem
identificar as pessoas que as abandonavam. (Marcílio, 2000, p. 52). A preocupação com a infância
era constituída como um problema econômico e político , alvo de inquietações médicas morais e
Foi a partir então do iluminismo, uma nova corrente de pensamento pós Renascença
que a criança tornou se total responsabilidade dos pais, onde compreenderam que existia uma
diferença entre vida adulta e infantil ambas com necessidades diferentes, visto que na infância
Esse período também foi onde caracterizou se o conceito de escola, pois havia concebido
afinal que a infância é um período de formação e que precisa ser fomentada com bagagem
intelectual.
Surgida como uma instituição assistencial que tinha como objetivo suprir as necessidades
da criança e de ocupar, em muitos aspectos o lugar da família, a Educação Infantil nem sempre
teve um lugar de destaque na formação da criança pequena. Passa a ter uma dimensão mais
ampla dentro do sistema educacional quando foi integrada ao ensino fundamental e médio, onde
a criança passa a ser vista como alguém capaz de criar e estabelecer relações, um ser sócio-
histórico, produtor de cultura e inserido nela e que, portanto, não precisa apenas de cuidado, mas
A Educação Infantil passa a ser vista como uma ligação entre o educar e cuidar. Cuidar no
sentido que as necessidades básicas da criança sejam atendidas e, educar, porque deve oferecer
“[...] III – As Instituições de Educação Infantil devem promover em Suas Propostas Pedagógicas
práticas de educação e cuidados que possibilitem a integração entre os aspectos físicos,
emocionais, afetivo cognitivo-linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser
completo, total e indivisível. A Educação Infantil passa a ser vista não como um artigo de
luxo, mas um direito a todas as crianças brasileiras”. (BRASIL, 1995, P.1).
560
A educação infantil segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação atende crianças até 5
integral, “em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade” (art. 29 da LDB). Sendo então a educação infantil duplamente protegida
pela Constituição Federal de 1988: tanto é direito das crianças como é direito dos (as) trabalhadores
(as) urbanos (as) e rurais em relação a seus filhos e dependentes. Ou seja, a educação infantil é
representada pelo Estado, com o cuidado das crianças pequenas, e sua implementação representa
No Brasil considera-se como educação infantil o período de vida escolar em que se atendem,
pedagogicamente, crianças com idade entre zero e cinco anos e 11 meses. A Lei de Diretrizes e
anos de “creche” e o equipamento educacional que atende crianças de 4 a 6 anos se chama “pré-
faz com que o trabalhador precise de um local para deixar seus pequeninos. Ou seja, as creches
supriam a necessidade da classe trabalhadora, e como pano de fundo tinha função de cuidar,
família e dever do Estado em oferecer esse serviço, em 1990 o ECA- Estatuto da Criança e do
Nacional da Educação deu forma e publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
CRECHES/PRÉ- ESCOLA
Na contemporaneidade já não há mais espaço para quem acredita que as creches ainda
educacional, passando assim a fazer parte, dizendo-se de uma forma mais direta, da estrutura e
funcionamento da educação escolar brasileira e a fazer parte diretamente do âmbito das escolas
regulares.
Para a infância isto é uma inovação porque vem a quebrar o estigma de assistencialismo,
Não será mais possível estabelecer que os agentes da Educação Infantil sejam qualificados
como crecheiros/crecheiras ou como animadores/ animadoras. Os profissionais da educação,
pelos Artigos 62 ao Artigo 64, terão uma formação no mínimo em nível médio, sob a
modalidade normal.
mas os privados e aos que não tem fins lucrativos, todos fiscalizados através de normas bastante
atingido por muitas instituições. Para São Paulo, o Conselho Estadual de Educação fixou normas
municipal a atribuição de exercer essa função (Deliberação CEE 6/95). Essas normas prevê a
delegação, em regime de colaboração, da supervisão “das instituições que cuidam das crianças de
zero a três anos (...) a outras Secretarias ou órgãos públicos municipais ou estaduais.” (Artigo 2º,
O Conselho Municipal de Educação de São Paulo adotou essa orientação para as creches
do município, remetendo sua supervisão, assim como a de “outras unidades em que melhor cabe a
sua atuação”, para a Secretaria da Família e Bem Estar Social (Indicação CME 01/96, São Paulo,
Município, 1996, p.9). O principal objetivo da exigência de autorização para funcionamento é evitar
o risco de prejuízos para as crianças que segundo Morgan (1985) as principais condições para um
bom sistema de concessão de autorização para funcionamento (ou licenciamento, como dizem
os americanos) são: cobrir todos os tipos de atendimento; contar com apoio amplo e contar com
social. Toda essa interação se dará mediante a presença do adulto que media as relações:
Com a ajuda do adulto, as crianças assimilam ativamente aquelas habilidades que foram
construídas pela história social ao longo de milênios: ela aprende a sentar, a controlar os
562
esfíncteres, a falar, a sentar-se à mesa, a comer com talheres, a tomar líquidos em copos, etc.
através das intervenções constantes do adulto (e de crianças mais experientes) os processos
psicológicos mais complexos a se formar. (REGO, 1995, p. 60).
Federal – em seus artigos 205 e 208, IV; o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº
8069/90, nos artigos 53 e 54, IV; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº
Estado, a quem cabe garantir o atendimento a todos que dela necessitam. Sendo
tratamento dado ao ensino fundamental, mas sim de um direito a ser garantido a toda
criança que pretenda usufruí-lo, ou como afirma a Política Nacional de Educação Infantil,
“embora a educação infantil não seja etapa obrigatória e sim direito da criança, é uma opção da
A autora Campos, nos fala que a maioria das crianças começa a frequentar as creches
ou pré-escolas antes dos três anos, o que “indica uma sensível modificação nas atitudes
funções das creches e pré-escolas são maiores, porque envolvem também as atribuições que
as famílias não podem mais exercer. Se essa aprendizagem como aponta Piaget e Vygotsky,
desenrola-se com o meio, a creche tem como papel educativo de promover a interação,
assim a criança vai não somente interagir como o outro e com o adulto, e construir devagar a sua
Atender a educação infantil precisa mais do que condições legais que norteiam os processos
SOUZA (1996, p.41), aponta que uma das primeiras preocupações com a questão da
educação de crianças pequenas, mesmo que muito genérica, a Lei Nº 5692/71, mais precisamente
no art.19 que determina que “os sistemas de ensino velarão para que crianças de idade inferior a
sete anos recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições
a educação tem como fim a compensação da carência de cultura das famílias carentes. O autor
ainda cita Fonseca (1987), que expõe de forma clara diferentes abordagens do pensamento sobre
563
as funções da Educação Infantil ao longo da história, propondo a seguinte sequência:
• Escola precoce;
• Valor intrínseco: educação e assistência. (Sousa, 1996, p. 49) Ainda discorre dizendo que:
Ao lado dos cuidados com a saúde, a nutrição, a guarda e a proteção, indispensáveis para
atender a criança em qualquer faixa etária, o trabalho educativo requer adequados recursos
materiais e humanos e uma proposta capaz de propiciar o desenvolvimento infantil. Esta
proposta, revestida de conteúdos que poderão variar de acordo com a idade da criança, deve
considerar os fatores sociais e culturais de cada grupo e as experiências de vida de cada um.
(Sousa, 1996, p. 51)
A colocação do autor na citação nos leva a refletir sobre a proposta de Educação Infantil atual
que esta preocupada tanto com a educação quanto com os cuidados, primando pela promoção do
segundo Zabala (1998) tem por finalidade a promoção integral dos alunos, e de acordo com o autor
é na escola que se constrói através das relações vividas os vínculos a as condições que definem
a percepção de si e dos outros. Ainda sobre como o autor define a concepção de aprendizagem,
ele diz que não é possível que se ensine sem nos determos nos fundamentos de como os alunos
do pressuposto de que os conteúdos de aprendizagem em sala de aula são “sempre meios para
conhecer ou responder a questões que uma realidade experiência dos alunos proporciona: realidade
Esta ótica auxilia para que seja incluída nos conteúdos a vivência de cada criança em sala
de aula contribuindo para o desenvolvimento não só cognitivo, mas o socializante, e nos indica três
finalidades básicas que podem nos mostrar como é possível uma Educação Infantil de qualidade:
condição de sujeito de direitos diversos, na consciência de si mesma, na intima relação com a sua
564
família e a sua cultura de origem.
atenção à relação com as famílias e à gestão social e também à consciência de desejar obter uma
Podemos então assim entender que essas três finalidades básicas, autonomia, identidade
construção da capacidade de agir e de estar bem sozinho e de viver relações solidárias com os outros
o desenvolvimento cognitivo ocorrer de fora para dentro, isso ocorre de forma natural e carregada
criança com o mundo. Portanto: “o pensamento e a linguagem são a chave para a construção da
Vygotsky (1984) e Piaget (1975), concordam que o desenvolvimento não é linear mas sim
evolutivo e com isso a imaginação ganha asas e se desenvolve. Ou seja, uma vez que a criança
brinca ele se desenvolve e percebe o mundo ao seu redor. Negrine (1994, p.19) aponta que e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de uma forma geral dentro do espaço escolar, buscamos também entender as praticas lúdicas
utilizadas como mecanismos para ajudar na compreensão do próprio conhecimento, mas também
Assim sendo, buscamos fazer um levantamento teórico que pudessem trazer reflexões
para que os educadores experimentem o lúdico para que possam conhecer o significado de uma
em compreender e se conscientizar sobre as vantagens do lúdico, fazendo com que ele possa
necessidades de ensino. Permitir ao pedagogo, como pesquisador que é que possa identificar e
e que este esteja em busca de ações educativas eficazes, e que usem bastante o lúdico, através
de brincadeiras, jogos, danças, teatro, musica e outros recursos disponíveis, ajudando a criança a
Através das observações feitas na escola Isaltino de Melo, podemos compreender o quanto
o lúdico pode contribuir na educação levando a criança a conhecer, compreender e construir seu
Vale salientar, porém, que o lúdico não é a única alternativa para a melhoria na troca ensino-
aprendizagem, mas é uma ponte que contribui na melhoria dos resultados por parte dos educadores
deveria considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e
566
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568
A MANEIRA DE SER DO AUTISTA NO MUNDO
RESUMO
O artigo tem como objetivo comprovar a dificuldade que a família das crianças autistas enfrentam ao tentar inserir seus
filhos na sociedade, são excluídos, não conseguem vagas nas escolas de ensino regular, evidenciando que a inclusão
não ocorre para todos, pela falta de conhecimento, o professor por não estar preparado rejeita esses alunos, tem medo
do novo, do diferente. Para afirmar que o fato é verídico, foram realizadas entrevistas com a gestora e professoras
do AMA – Associação Amigos do Autista, com professoras de uma escola de Educação Especial da rede pública de
ensino de São Caetano do Sul e com pais. Após estudos bibliográficos, pôde ser feito um breve levantamento sobre
o autismo, desde o sentido etimológico, suas características, manifestações, causas e tratamentos, proporcionando
a ela condições para uma vida em sociedade, onde ela deixe de ser vista como uma pessoa doente e passe a ser
reconhecida, incluída na sociedade como cidadã. Trazer para ela condições onde possa sentir prazer, levando em
conta suas limitações, suas dificuldades em perceber o outro, dando acesso à igualdade de condições para todos .
INTRODUÇÃO
O presente artigo é realizado com base em observações nas crianças autistas que
frequentam escolas especiais, que não estão inseridas em escolas de ensino regular.
toda uma estrutura familiar e relacional das pessoas que direta ou indiretamente convivem com
ele. Por isso, é imprescindível encaminhá-los a profissionais especializados competentes para que
diagnósticos sejam feitos o mais cedo possível, por isso a necessidade que cada vez mais e mais
causa” e interajam com outros no “pensar e agir” em conjunto visando a melhoria de qualidade de
vida dos autistas, buscando recursos adaptados que possam auxiliar os mesmos nas rotinas do dia
a dia.
569
Buscar como alguns autores definem o autismo, suas características, fazer algumas
referências sobre suas causas e tipos de tratamentos adequados. Além disso relata, a entrevista
mais uma vez, o objetivo deste, que é analisar o porquê, da dificuldade da sociabilização e o porquê,
que a matricula no ensino regular e negada aos alunos. Enfim, após comprovar a dificuldade da
inclusão para alunos autistas, pôde-se identificar que a mesma depara frente a muitos obstáculos,
entre eles, a aceitação do diferente, falta de professores capacitados e uma estrutura adequada.
que cada vez mais se acentuava os estranhos comportamentos da menina; aos dois anos de
idade ela já balbuciava algumas palavras e também cantava; mas, de repete, a menina teve
uma espécie de ‘isolamento’ progressivo, não olhava nos olhos da mãe, demonstrava não gostar
da mãe. Inconformada com a situação procurou uma neuropsiquiatria. Quando relatou sobre o
comportamento da menina, ele logo disse que sua filha era autista.
A partir se estruturou um novo caminho clínico, embora já houvesse passado certo tempo.
Segundo os médicos, a criança já estava comprometida, possivelmente, houve avanço mas o grau
de autismo era elevado, começou a procurar escola regular para matricular sua filha, conseguindo
apenas a matricula em escola de educação especial, onde teve todos atendimentos necessários,
ela teve um bom desenvolvimento mais ficou afastada da sociedade por preconceitos. M.M. nunca
desistiu de tratá-la. Hoje, sua filha é uma pessoa tranqüila, efetua alguns trabalhos no internato,
desde que tenha uma rotina; sua mãe se sente feliz por ela realizar o que pode realizar; a família a
leva para muitos lugares, mas há uma resposta ao tom da voz a mãe, quando então ela consegue
controlar seus impulsos, acredita que hoje com a inclusão sua filha poderia frequentar escola de
ensino regular, e com certeza estaria adaptada para o convívio na sociedade, apesar de estar
no internato, nos finais de semana ela vem para casa e tem um comportamento muito bom, faz
caetano do sul, confirmam em entrevistas que muitos alunos matriculados poderiam estar em escola
de ensino regular, mas devido as descriminações que enfrentam e pelos professores não estarem
capacitados para recebe-los, acabam ficando na escola especial, não que está não seja boa, mas
570
nela praticam outras atividades, como AVD (atividade de vida diária), que ajuda o autista a praticar
suas atividades diárias, como: se vestir, escovar os dentes, comer adequadamente, entre outras.
Após pesquisa percebe-se que estes alunos ainda são vistos com o olhar de doentes, os
professores tem medo de trabalhar com eles, a escola não proporciona um ambiente acolhedor,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a elaboração deste artigo, pode se chegar ao seu ponto principal que o diagnóstico
precoce facilitará e pode melhorar e muito o seu desenvolvimento quanto pessoa, métodos de
conteúdos curriculares especializados, envolvimento familiar com acesso a informações, tudo isto
pode ajudar o autista a viver em sociedade, frequentando uma escola de ensino regular.
terapeuta promete a cura do autismo, pois como se sabe é um transtorno que afeta o desenvolvimento,
e é preciso uma determinação e avaliação muito concreta e particularizada (cada caso), que devem
Enfim, após estudos bibliográficos e entrevistas com profissionais que trabalham dando um
pouco de si para o autista, descobre-se que ainda é pequena a ajuda e a mobilização existentes
em nosso país, para tratar do autista, tanto das autoridades como do despreparo de alguns
Neste momento como forma de solução para o convívio do autista na sociedade é preciso
desenvolver suas habilidades e competências, lembrando sempre que a parte mais importante é
favorecer seu bem estar emocional afetivo e manter um equilíbrio pessoal de uma forma harmoniosa,
trazendo ele para um mundo de relações humanas significativas, onde receba apoio das pessoas,
estímulos para que perceba o meio ambiente através da observação, que tenha contato com a
natureza.
O autista tem fixação por rotinas, isso deve ser feito de forma natural, sem atritos para que
ele se sinta bem e permaneça tranquilo, as mudanças da rotina devem ser introduzidas de forma
Das atividades, as mais interessantes são: escorregar, balançar, correr, pular, pendurar, nadar ou
brincar na água. São atividades que lhe dão prazer e os deixam felizes.
572
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interesses coletivos ou difusos das pessoas com deficiência, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes
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2007
573
AVALIAÇÃO ESCOLAR E SEUS DESAFIOS
RESUMO
Com as mudanças e a constante busca por novos métodos de ensino tem se pensado na forma de avaliar o conhecimento
adquirido pelo estudante.Hoje em dia alguns educadores avaliam de uma forma mais aberta, antigamente as avaliações
eram extensas e com exercícios estáticos, com a obrigação de resolução de acordo com a metodologia apresentada
pelo educador tradicional.
INTRODUÇÃO
De acordo com Villas-Boas (1998), as avaliações dentro do contexto escolar são realizadas
com objetivos implícitos e explícitos e refletem valores e normas sociais. Elas podem servir para
manutenção ou transformação social, elas servem para nortear o trabalho pedagógico e são
A avaliação possui uma intencionalidade, é um meio mas não é o fim, é necessário que o
educador utilize diversas ferramentas de avaliação. No método tradicional, não é possível atingir
todos os alunos.
AVALIAÇÃO ESCOLAR
Os professores avaliam o aprendizado de seus alunos por meio de vários instrumentos que
574
podem ser realizados por meio de: observações, questionários, listas, apresentação de trabalhos,
registros, provas. Esses instrumentos apontam o que precisa ser feito para que os alunos avancem
em suas aprendizagens.
alunos respondem, é possível refletir e retomar conteúdos que não foram bem aproveitados.
destaca uma série de discussões em torno desse tema, entre elas as dificuldades e sentimento
(1999) aponta que os professores enfrentam um sentimento de impotência ao lidar com o tema
avaliação, lançando-se ora num limbo agonizante ora no consolo da acomodação, a maioria está
Essa dificuldade encontrada por educadores na escola está ligada à visão histórica, incutida
administrativo, que serve às estruturas dos sistemas educacionais, mas efetivamente tem pouca
repercussão em sala de aula, principalmente quando seus resultados não retroalimentam a prática
De acordo com Alvarez Mendez (2002) “avaliar com intenção formativa não é o mesmo
que medir, nem qualificar e nem sequer corrigir; avaliar tampouco é classificar, examinar, aplicar
testes. Paradoxalmente, a avaliação tem a ver com atividades de qualificação, medição, correção,
classificação, certificação, exame, aplicação de prova, mas não se confunde com elas”. Compreende-
se que avaliar envolve relações de ensino-aprendizagem que vão além dos resultados das provas
dos moldes tradicionais aos quais a sociedade se acostumou a reproduzir durante décadas.
Azevedo (2013) e Azevedo e Gonçalves (2005) apontam que a globalização dos mercados
econômicos e financeiros, que ocorreu de forma mais significativa ao longo dos anos 1990, trouxe
um objeto determinado, com o fim de servir de guia para tomar decisões, solucionar os problemas
De acordo com Azevedo (2013), o processo de avaliação deve estar ligado ao sentido
de aprender, ou seja, à natureza do conhecimento. Para que o processo avaliativo seja efetivo,
“o conhecimento deve ser o referente teórico que dá sentido global ao processo de realizar uma
avaliação, podendo diferir segundo a percepção teórica que guia a avaliação” (ALVAREZ MENDEZ,
em ferramenta, um instrumental que serve para tudo e qualquer coisa” (AZEVEDO, 2013). Desse
modo, o educador tem o dever de despertar o interesse e a curiosidade do aluno por aprender.
Para Azevedo (2013), Alvarez Mendez (2002) e Hoffmann (1993), a avaliação deve estar a
serviço da aprendizagem e não o contrário, pois um bom processo de ensino contribui positivamente
para tornar boa a aprendizagem e consequentemente a avaliação será boa, assim e acima de tudo,
Nas séries iniciais ocorre um relacionamento muito próximo entre professor e aluno,
comportamentos estanques, é nesse momento que o professor não compreende o processo como
educação. O problema do professor, “é não compreender ou não considerar que a avaliação é parte
constituinte do processo educativo e não deve ser mero instrumento burocrático da escola ou do
Existe ainda uma dicotomia entre o ensino público nos moldes atuais e o ensino das elites,
enquanto o ensino público desenvolve avaliações que buscam atender os moldes da avaliação
Para Romão (1999), apud Azevedo (2013) e Azevedo (2013) existem alguns mitos
envolvendo a avaliação:
1. Escola boa é aquela que exige muito e puxa pela disciplina — não desprezando
2. O bom professor é aquele que reprova muito — quantos de nós já não pensamos assim
em algum momento na nossa trajetória de alunos? Mas será que a reprovação contribui para o
3. A maior parte das deficiências dos alunos é decorrente das carências que eles trazem de
casa — ou seja, debita-se na conta do próprio aluno e de sua família o motivo de seus insucessos
na escola.
de fato, deve-se respeitar o patamar de conhecimento do aluno como ponto de partida para seu
5. Avaliar é muito fácil e qualquer um pode fazê-lo — para o autor essa é uma das crenças
mais perigosas dentre as disseminadas entre os educadores brasileiros. “Avaliar não é simples e
6. Avaliar é tão complicado que se torna praticamente impossível fazê-lo de forma correta
— esse mito se fortalece justificado em dois níveis. No primeiro, a impossibilidade de uma avaliação
correta é atribuída à grande complexidade da atividade humana a ser avaliada. No segundo, refere-
se ao trabalho do professor, busca-se justificativa para afirmar que ninguém pode avaliar o trabalho
do professor senão ele mesmo. Para o autor “trata-se de evidente mecanismo de defesa de todos
que, na realidade, motivados pelos mais diversos fatores, temem a avaliação de seu próprio
nunca serão totalmente descartados; para o autor nunca é demais repetir “que a garantia de
natureza qualitativa da avaliação independe da expressão final dos resultados, pois ela se constrói
durante o processo” (p. 48). Para Gramsci (apud ROMÃO, 1999, p. 48), “já que não pode existir
quantidade sem qualidade e qualidade sem quantidade (economia sem cultura, atividade prática
sem inteligência e vice-versa), qualquer contraposição dos dois termos é, racionalmente, um contra-
senso”.
aspectos de seu amadurecimento físico e emocional. Essa situação deve ser invertida — não há
sentido em privilegiar um ou outro domínio, mas o docente deve, por meio dos processos avaliativos
577
que realiza, procurar integrá-los no desenvolvimento harmônico do seu aluno.
Azevedo (2013) afirma que é importante refletir sobre esses mitos de caráter ideológico
sobre a avaliação, entende-los e não repetir suas proposições na prática pode significar um
conhecimento na prática educativa pressupõe ação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino
e aprendizagem, exigindo interações constantes. Nesse sentido, a avaliação deve ser pensada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
dos alunos, pois tem o objetivo de medir e mapear aprendizagens. Os professores podem avaliar
trabalho, registros, provas etc. A partir dos resultados, os professores tem a resposta do que precisa
ser feito para que os alunos avancem no sistema educacional e em suas aprendizagens.
578
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Artes Médicas Sul, 1999.
579
A LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA AUTOESTIMA
RESUMO
O presente artigo se faz necessário devido a grande dificuldade de se alfabetizar as crianças na idade certa. Ao longo
da história da educação do nosso país muitos equívocos contribuíram para a crescente desse problema, um desses
equívocos foi que os professores passaram a entender que a criança tinha todo o período do ensino fundamental para
ser alfabetizada e com isso a alfabetização foi sempre ficando pra depois, outro fator importante foi o surgimento de
diversas concepções sobre as maneiras de se ensinar ,e ainda a ausência de relações familiares sólidas,a ausência de
relações sociais e culturais entre as crianças.Todos esses fatores associados a um sistema educacional ultrapassado
e sem recursos tornaram a alfabetização algo muito complexo.A percepção dessa problemática me levou a buscar uma
nova forma de se alfabetizar,tentando resgatar nos educandos o gosto da aprendizagem,incentivar novas descobertas,
despertar a curiosidade ,incentivar o convívio social ,fazendo que através dos jogos os educandos resgatassem sua
autoestima e que isso os auxilie no desenvolvimento da aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Atualmente muito se tem refletido sobre a importância da autoestima na vida das pessoas,
Acredita-se que a definição do termo “aluno com dificuldade” depende, por outro lado,
do enfoque da abordagem da educação sustentada pelo professor, e por outro lado, da filosofia
mesmo,se esta se percebe confiante e capaz, isto certamente ira refletir no seu comportamento.
O conjunto de percepções que uma pessoa tem de si mesma, representa um dos fatores de maior
Sendo assim o trabalho com jogos é de extrema importância, pois os jogos são pratica
580
culturais,que contribuem para a formação da personalidade do individuo,socializando-o com o meio
e com os demais.
fazem com que o mesmo perceba suas distintas habilidades e isso contribui para que ele adquira
confiança em si,o que certamente acarretará de forma positiva no seu desempenho escolar,
que a cercam, desmotivação, faz-se necessário pôr em foco a função da escola: para que serve,
qual seu papel na sociedade. Buscar subsídios científicos, através do referencial bibliográfico que
referendam o tema proposto e com o objetivo de facilitar a compreensão do pensamento que aqui
historia, sabendo que à medida que o homem evolui, aumentam suas necessidades levando-o a
responder a elas de diversas maneiras, mesmo que precise para tal, agrupar crianças com diferentes
capacidades em diferentes classes, para que possa haver uma sistematização do ensino.
de aprendizagem pelo inacabável mundo dos teóricos e buscam-se explicações para tantas
interrogantes, onde citados por eles constatou-se que a dificuldade de aprendizagem seja uma
Estes podem ser entendidos como perturbações de ordem orgânicas (biológicas ou neurológicas)
No segundo capitulo, embora sabendo que não e tarefa fácil, mas muito necessário,
Este que precisa ter consciência de sua importância no processo de formação do indivíduo,
obstáculos a se vencer. Nesse capitulo, procura-se demonstrar como o trabalho com lúdico pode
autoestima das crianças, como o lúdico esclarece o educando com dificuldades na sua aprendizagem
Nas Considerações Finais faz-se uma reflexão sobre a pratica pedagógica interligada
Os jogos são praticas culturais que se inserem no cotidiano escolar da sociedade em vários
Ao falarmos da importância dos jogos em varias fases da vida, devemos ressaltar que
na infância eles tem um papel crucial, pois nessa fase nossas crianças precisam do lúdico para
disso porque dissociar os jogos da pratica pedagógica,esse certamente foi mais um erro dentre
Já nos primeiros anos de vida o bebe aprende através do lúdico,na fase sensório-motor
incrementar o seu repertório social bem como desenvolver relações interpessoais? Quando a
criança brinca de faz de conta, por exemplo, ela deve supor o que o outro pensa, tentar coordenar
seu comportamento com o de seu parceiro, procurar regular seu comportamento de acordo com
regras sociais e culturais. Além disso, para Vygotsky (1984), a criança, ao brincar de faz de conta,
cria uma situação imaginária podendo assumir diferentes papéis,como o papel de um adulto. A
criança passa a se comportar como se ela fosse realmente mais velha, seguindo as regras que
esta situação propõe. Nesse sentido, a brincadeira pode ser considerada um recurso utilizado pela
criança,podendo favorecer tanto os processos que estão em formação ou que serão completados.
Outros autores que estudam a ampliação das interações sociais a partir da ludicidade,sendo assim
podemos concluir que os jogos é uma grande ferramenta no desenvolvimento do ser humano.
582
OS JOGOS E A AUTOESTIMA NA APRENDIZAGEM
ampliamos seu repertorio de interação social,possibilitando que ela experimente diversos papéis.
Os jogos para criança são fundamentais para o seu desenvolvimento e para a aprendizagem, pois
envolvem diversão e ao mesmo tempo uma postura de seriedade. A brincadeira é para a criança
Em um jogo em que as crianças devem iniciar o trabalho por meio da escolha, podemos
perceber o quanto isso é algo difícil para algumas,principalmente para aquelas crianças muito
tímidas, com baixa autoestima, com sentimentos de inferioridade,essas possuem grande dificuldade
para escolher. Por isso vemos o quanto o jogo dá oportunidade para que todos participem e possam
superar seus medos e suas angustias.,evitando que isso acarrete em dificuldades de aprendizagem.
Crianças que não conseguem superar, nas séries iniciais, suas dificuldades de
vezes,discriminadas pelos colegas e, às vezes, até pelos professores, tornam-se crianças arredias
e relaxadas com seu material, não se relacionam consigo mesmas e nem com os demais, criando
adulta, ela aprende brincando através de jogos que a fazem desenvolver suas potencialidades.
O que faz com que o professor tenha que adaptar o conteúdo programático ao jogo, onde estará
CONSIDERAÇÕES FINAIS
expressão, independência e iniciativa, quando lhe são dadas oportunidades de escolha. Educando
conquista a expressão de sentimentos e emoções, quando objetiva seu modo de sentir e descobre
da escola, dos serviços públicas de atendimento e sua própria formação profissional. A escola
ensino-aprendizagem, senão, também da criança que necessita, para melhor conduzir na própria
inquietos com seu próprio desempenho, culpados pelo mau rendimento dos alunos, mas não
do educando,pois quando o professor passa a ter esse olhar sua pratica só tem a ganhar. nesse
movimento seja captado e inserido numa proposta de trabalho direcionado para o investimento na
Há um despreparo por parte da escola para lidar com os aspectos afetivos do processo de
aprendizagem que também pode acarretar em distorções na concepção dos educadores sobre esse
de um trabalho produtivo.
isoladamente pode dar conta do processo educativo e que o trabalho em educação envolve uma
multiplicidade de fatores nos quais inúmeras ciências têm importantes colaborações a prestar.
o seu vinculo com os alunos sendo assim, acredita-se que um trabalho psicopedagógico poderá
oferecer, ainda condições para que os educadores possam distinguir com mais clareza duas
vertentes perturbações na aprendizagem: uma pode ser solucionada pelo próprio professor, com
orientação da equipe tecno-pedagógica comum nas escolas e outra que exige a intervenção de
profissionais especializados. Essa distinção permitirá que os educadores abandonem suas “velhas
afetivo, delimitando com mais clareza e eficácia seus espaços de atuação, levando em conta suas
584
angustiantes defesas que acompanham qualquer processo de mudança.
Como nos ensinou Paulo Freire (1994; p.25). “(...) aí de nós, educadores se deixarmos de
Mas como não vivemos sós de sonhos, e pensando na realidade que elaboramos algumas
Isso coloca o desafio com clareza: professor deve ser a imagem viva do “aprender a
585
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586
HISTÓRICO PARCIAL SOBRE AS AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS Á EDUCAÇÃO
ESPECIAL
RESUMO
Este artigo aborda a Educação Inclusiva, focando seus caminhos, desafios e suas perspectivas relacionadas à inserção
e ao atendimento aos alunos do 1° ao 4° ano do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino de São Paulo.
Trabalho este realizado com análise no Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem de Alunos com Necessidades
Educacionais Especiais, documento desenvolvido pela SME (Secretaria Municipal de Educação) e a DOT (Divisão de
Orientação Técnica) e pesquisas literárias sobre outros projetos interligados a estes voltados para as crianças com
necessidades especiais educacionais no ambiente escolar de ensino regular, pesquisa esta que nos leva a refletir
sobre a forma de incluir, que antes de tudo deve proporcionar à aprendizagem e uma avaliação que levem a estes
educandos a participação social e exercício a cidadania. O ambiente escolar, como espaço social, possibilita o contato
com diversas experiências, enriquecendo e ampliando potencial do sujeito. Isto assegura a proposta de permanência
dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns, partindo-se deste pressuposto, é possível
ressaltar que todos estes alunos se beneficiam do convívio em classes comum, e que neste espaço devem lhe
proporcionar não apenas a presença do “professor da classe comum”, mas de um profissional preparado e o auxílio
de outros profissionais para darem suporte a estes alunos neste processo educacional e a participação de todos os
integrantes que fazem parte da formação destes educandos. Portanto a realização desta pesquisa retrata as análises
e reflexões realizadas com base nas leis que regem esses direitos e os descaminhos que ainda nos deparamos neste
contexto.
Palavras-Chave: Educação Inclusiva; Rede Regular de Ensino; Formação dos Professore; Atendimento.
INTRODUÇÃO
Este artigo contêm um breve resumo sobre a história da educação Especial no Brasil, as
leis que garantem os direitos dos educandos em busca do atendimento educacional na rede regular
A proposta deste artigo é a realização de sua pesquisa têm por finalidade, analisar e
de São Paulo.
587
Aprofundar o estudo focando o tema em questão, para analisar e conhecer os programas
significativamente para dar embasamento aos nossos conceitos na busca da formação docente,
e docente. Conquistando assim, uma gama de informações de grande relevância que permitem
aos membros acadêmicos aumentarem seus conhecimentos sobre este tema, ajudando-os na
aquisição de saberes necessários para a sua formação, facilitando a compreensão dos problemas
O estudo do tema contribui ainda, para a reflexão da atuação dos profissionais da educação,
pois este trabalho busca apresentar as mudanças que se fazem necessárias para o bom andamento
Por isso, o tema em questão é de grande importância para conhecer o andamento das novas
perspectivas voltadas para a inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de
ensino.
Aprofundar este estudo busca-nos a entender e aceitar as mudanças que devem ser
inseridas no ambiente escolar de ensino regular permite a população conhecer as leis, os parâmetros
educacionais e as metas que foram e devem ser traçadas e almejadas para todo o sistema de
ensino.
para que assim possa permear as chances de diminuírem grande parte das dificuldades educacionais
de Inclusão na Rede Regular de Ensino de São Paulo com o intuito de destacar por que de fato
as mudanças ainda não são eficazes como forma de garantir e melhorar o acesso de todos à
educação igualitária.
588
HISTÓRICO PARCIAL SOBRE AS AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS Á EDUCAÇÃO ESPECIAL
A educação especial no Brasil passou a ser mais discutida a partir do discurso da educação
grande marco para que discussões sobre este tema viessem fazer parte do contexto da educação
como um todo.
alunos, oferecendo diferentes alternativas de atendimento.” Isto quer dizer que, o aluno deve estar
matriculado na rede pública de ensino e se possível, receber a educação que acolha as suas
especificidades.
A LDB- 9.394/96, no seu artigo 59, preconiza que os: “sistemas de ensino devem assegurar
aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas
necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de
estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as
normas para a organização da educação, básica a possibilidade de avanço nos cursos e nas
séries mediante verificação do aprendizado”. (Brasil, 1996).
Considerando ainda que seja respeitada a característica dos alunos, sua fonte de
interesse, suas condições de trabalho, como vivem, mediante cursos e exames. A Lei prevê o
acesso e permanência do aluno na escola e para que isto ocorra é necessário que tanto a escola,
quanto o espaço físico e a equipe escolar/ gestores (professores, especialista e equipe de apoio),
Caso contrário pode ocorrer um grave entrave na educação desses alunos, como por
exemplo, a exclusão velada, o que é muito mais cruel, pois o aluno fica sem receber o que de fato lhe
quanto em alguns países do mundo segue como princípios básicos alguns documentos internacionais
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); a Declaração de Salamanca (1994); a
direito à cidadania e qualificação para o trabalho, assim como, o direito ao acesso e permanência
ensino e políticas públicas que se ocupassem como a educação especial e a educação inclusiva,
só foi possível a partir de documentos como a Convenção da Guatemala, que prevê uma nova
Convenção da Guatemala (1999), que foi promulgada no Brasil por meio do Decreto n.° 3.956/2001,
onde considera como processo discriminatório toda forma diferenciada de tratamento dispensado
à pessoa com deficiência e também prevê a eliminação de barreiras que podem impedir o acesso
à escolarização.
CNE /CP nº1/2002, que estabelece a formação para professores da educação básica, onde deve
ser dada atenção à diversidade e aspectos específicos do alunado da educação especial. Seguindo
ainda essa linha, foi promulgada a Lei nº 10.436/02 que vê a língua brasileira de sinais (LIBRAS),
lei, e estes profissionais, portanto deveriam estar preparados para exercer a sua função social no
direcionamento em favor da Inclusão de todos. Porém mesmo com apoios para o desenvolvimento
de sua formação e preparação ainda encontram-se muitas dificuldades para serem trilhadas em
rumo desta conquista, que envolve não apenas os educadores mais sim uma gama de profissionais
de deveriam ser incluídos no ambiente escolar para o desenvolvimento deste trabalho alcançar
resultados mais significativos no processo inclusivo dos educandos na rede regular de ensino.
590
SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL E SUA INCLUSÃO.
da Educação escolar que visa promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos
até o ensino superior. Os alunos com necessidades educacionais especiais são os alunos que
deficiência física, surdez e os que apresentam altas habilidades ou superdotação. Todos os alunos
com necessidades educacionais especiais podem e devem estudar em escolas de ensino regular,
tendo este direito garantido e exercido não significa que os alunos com necessidades educacionais
A inclusão é muito mais do que um aluno com deficiência frequentar as aulas, fazer tarefas
e os trabalhos e as provas. Para que alunos com necessidades educacionais especiais se sintam
incluídos em uma escola, tem que ter um convívio, serem respeitados nas suas diferenças e nas
suas limitações, mas também precisam ser desafiados pelos professores para ir além das suas
com uma educação de qualidade que se comprometem com a aprendizagem de todos os alunos,
condições necessárias para que alunos com necessidades educacionais especiais possam fazer
A educação inclusiva para os educadores ainda hoje é vista como um novo e grande desafio
que é o desafio de ensinar “todos os alunos” e para que eles possam enfrentar com sucesso
esse novo desafio é necessário que os educadores busquem seu desenvolvimento profissional,
sua capacitação para que propiciem assim a experiência educacional de ensinar e aprender por
meio de práticas educacionais inclusivas e inovadoras, pois só assim é que proverão a ruptura
com o modelo tradicional do processo de ensino e aprendizagem, que tem excluído do sistema
591
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO INQUESTIONÁVEL
Aprofundando o assunto sobre a inclusão vale ressaltar os seus direitos e suas conquistas
que neste contexto podem-se citar as considerações de Políticas Públicas para a garantia desses
direitos. O contexto histórico de submissão e tutela vivido pelas pessoas com deficiência, interfere
E de acordo com Santos (2008) a inclusão social da pessoa com deficiência é uma questão
de políticas públicas e ação bilateral, onde tanto a sociedade quanto o sujeito com deficiência
Partindo deste pressuposto Santos (2008) diz que é fácil inferir que este segmento de
população não pode prescindir de educação e trabalho neste processo de construção do novo
uma educação inclusiva, sem restrições ou condicionantes. Onde sua opinião fundamenta-se
simplesmente na experiência de vida de uma aluna com deficiência que sempre esteve inclusa no
sistema público de ensino regular, desde o tempo em que a palavra inclusão não se relacionava
Relata também do lugar da educadora com deficiência que trabalha em escolas públicas e
particulares regulares, contrariando a tese de que pessoas com deficiência visual devem ensinar
apenas aos de mesma condição sensorial. Nesta condição, a autora desconhece argumentos
inclusiva.
que a educação de pessoas com deficiência deve ocorrer no sistema escolar comum e que as
medidas para tal efeito devem ser incorporados no processo de planejamento geral e na estrutura
aparece implícito também na Declaração Mundial de Educação para Todos, aprovada pela ONU-
(Organização das Nações Unidas), em 1990, que inspirou o Plano Decenal de Educação para
Todos.
592
A Declaração de Salamanca, em 1994, aborda os conceitos de educação inclusiva,
sociedade inclusiva.
1. As autoridades devem garantir que a educação de pessoas com deficiência seja parte
apoio, projetados para atender ás necessidades de pessoas com diferentes deficiências devem ser
prestados.
2001, e promulgada pelo Decreto n.° 3. 956, de 8 de Outubro de 2001, da Presidência da República,
define a discriminação como “[...] toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência,
com deficiência, em idade de frequentá-lo, não podem ser privadas dele. Assim, toda vez que
não se admitem alunos com deficiência em classes comuns fere-se o disposto na Convenção de
Guatemala.
A inserção de alunos com deficiência, sem apoio ou assistência nos sistemas regulares
de ensino, pode redundar em fracasso, na medida em que estes sistemas apresentam problemas
graves de qualidade, expressos pelos altos níveis de repetência, evasão e baixos níveis de
caráter universal e plural da escola que se deseja construir em nosso tempo. É nessa direção que
políticas nacionais e internacionais vêm sendo proclamadas para combater a segregação escolar
dez anos de intensa discussão e reflexão acerca dos conceitos e práticas de inclusão por todos os
Brasil (1988) houve uma forte mobilização pela ratificação como emenda à Constituição
durante a 1° Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ocorrida em Maio de
2006, em Brasília. As ações da SEESP simbolizam o compromisso do governo federal com nosso
segmento social.
participar ativamente neste processo de inclusão com a inserção de recursos que promovam este
atendimento adequado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
educação, pois o tema Educação Inclusiva é um grande problema ainda a ser enfrentado pela
Ao longo desta pesquisa ouvi e conheci pessoas que são contra a Inclusão de alunos
com necessidades educacionais especiais em sala de ensino regular e também conheci outras
que acreditam nesta possibilidade e a querem fazer acontecer e isto foi o que me levou a me
Após a leitura de livros, revistas e a artigos da constituição e da pesquisa de campo que foi
a minha própria profissão e minha vivência em sala de aula, cheguei à conclusão que há uma gama
No entanto temos que nos levantar refletir e observar que a diversidade e a heterogeneidade
diversidade da população escolar, embora sejam estes os que precisam de maior atenção e um
acompanhamento especializado.
Sendo assim chega-se a conclusão de que a classe homogênea tão do agrado do professor
num passado ainda recente, em que os alunos realizavam as mesmas tarefas, da mesma maneira,
ao mesmo tempo e com os mesmos recursos didáticos, terá de ceder lugar á classe heterogênea
e atender estes alunos com suas variadas deficiências, com expectativas, competências e
para todos.
Durante a leitura pude perceber o debate que ainda estar em torno deste processo, esta nova
sistema educativo, mas ainda necessita de grande ação participativa para promover esta inclusão.
Este processo Inclusivo acaba iniciando pela mão dos educadores, é onde se espera
encontrar a responsabilidade social, já regida pelas leis. A cidade de São Paulo para atender esta
O desafio das diferenças nas escolas está em adequar à lei á sua prática educativa de
forma que atendam a necessidade do educando com necessidades educacionais especiais, para
enfrentar esta “experiência” o professor precisa ser participativo e motivador, e com isso buscar
soluções para mudar a realidade que está acontecendo em sala de aula a qual este está sendo
intitulado como professor despreparado, sem especialização, um “professauro”, que ainda estuda
Com novas atitudes o professor estimula e contribui junto ao seu grupo de trabalho a terem
novas visões, criando assim um ambiente favorável, voltado para a formação global do aluno.
595
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596
A CULTURA INDÍGENA
RESUMO
Este artigo vai abordar brevemente alguns aspectos históricos e culturais dos povos indígenas que habitavam o Brasil
era Colonial. Apontaremos as coisas essenciais para a composição da cultura desses povos como os costumes,
religião e arte.
INTRODUÇÃO
Todos sabemos como a cultura brasileira foi construída e há tantos pontos importantes no
meio desta história que com certeza renderia muitos textos interessantes apenas para começarmos.
Mas, vamos utilizar como um ponto de partida a influência da cultura europeia e em como a cultura
brasileira conseguiu construir a sua própria identidade mesmo em meio à tantas lutas e desafios
para que isso acontecesse e sinceramente, também sabemos muito bem que ainda estamos
É com este proósito então que este artigo vai abordar brevemente alguns aspectos históricos
A CULTURA INDÍGENA
Como sabemos, os índios já habitavam as terras brasileiras muito antes da chegada dos
portugueses, e acredita-se que havia em torno de cem milhões de indígenas nas Américas e destes,
597
estimam-se que cinco milhões pertenciam ao Brasil.
Pelo fato dos índios não saberem ler ou escrever, eles não registraram as suas histórias
através das escritas. E por isso, o que sabemos parte do ponto de vista das descrições realizadas
pelos jesuítas que vieram com os europeus. E suas visões eram distorcidas já que sua cultura era
Suas descrições acerca dos índios, segundo Laplantine (2003, p.28): “sem moral, sem
religião, sem lei, sem escrita, sem Estado, sem consciência, sem razão, sem objetivo, sem arte,
Desse modo, era de se concluir que os índios eram primitivos, selvagens e que necessitavam
ser civilizados pois nessa época reinava a Era Moderna , a corrida pelo poder da Europa, o que fez
com que se colocassem no centro da história mundial, impondo sua cultura a todos os outros povos
Quando discorremos sobre a cultura indígena devemos considerar que existiram e existem
muitos povos distintos, com cultura, idiomas e crenças diferentes. Com isso podemos dizer que:
Dessa generalização seria possível partirmos para o registro de uma enorme série de
traços e complexos de cultura deixados pelos indígenas: tipos de construção, gêneros de
alimentação, processos de caça e pesca, de agricultura, de tecelagem, de fabrico de cestas,
de instrumentos de música, mitos, lendas, práticas religiosas e mágicas, receitas, atividades
recreativas, música, palavras de linguagem corrente. (DIÉGUES JÚNIOR, 1980, p.68).
A forma como a organização das sociedades indígenas é gerida é bem diferente de tantos
outros povos existentes no mundo. Sobre as sociedades indígenas é necessário afirmar que são
sociedades que possuem igualdade entre si e que não são divididas por classes sociais. Essas
membros.
Viviam da caça, da pesca, da coleta, da agricultura (de milho, amendoim, feijão, abóbora,
bata-doce e, principalmente, mandioca) e da domesticação de animais selvagens pequenos
como a capivara e o porco do mato. (GRUPIONI, 1994).
A arte indígena se constitui em artefatos produzidos a partir de materiais que são providos
598
pela natureza. Tudo é natural e reutilizável como a pele do animal que se alimentam para ser usado
como vestimenta e proteção do frio, usam as árvores para construir arcos e flechas e canoas, bem
como seus galhos para fazer cestas e redes de pescas. E para seus cultos religiosos e celebrações
(roupas, cocares, máscaras, enfeites, assim como também, a pintura corporal, a dança e a música.
O artista índio não se sabe artista, nem a comunidade para a qual ele cria sabe o que significa
isto que nós consideramos objetos artísticos. O criador indígena é tão-somente um homem
igual aos outros, obrigado como todos às tarefas de subsistência da família, de participação
nas durezas e nas alegrias da vida e de desempenho dos papéis sociais prescritos de membro
da comunidade. É, porém, homem mais inteiro, porque além de fazer o que todos fazem, faz
algumas coisas notoriamente melhor que todos (...). É uma arte mais comunal que individual,
em cujo seio o artista nem sequer reivindica para suas obras a condição de criações únicas e
pessoais. Sendo apenas genuínas, elas constituem reiterações de elementos pertencentes à
comunidade, tão dela que expressam mais sua tradição do que a personalidade do próprio
artista (RIBEIRO, 1986, p. 30-31).
A forma como a arte é tratada e vista pelos índios é diferente e único, com certeza. Por isso,
a arte indígena pode ser classificada em três funções elementares a partir das suas características
peculiares:
(...)a de diferenciar o mundo dos homens regidos pela conduta cultural que se constrói a si
mesma, do mundo dos bichos comandados por impulsos inatos, inevitáveis e incontroláveis; a
de diferenciar aquela comunidade étnica de todas as outras, proporcionando um espelho em
que ela se vê e se contrasta com a imagem etnocêntrica que tem de outros povos; cumpre,
ainda, a função de dar aos homens coragem e alegria de viver num mundo cheio de perigos,
mas que pode ser melhorado pela ação dos homens. (RIBEIRO, 1986, p. 31).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo deste artigo nos possibilitou um olhar breve sobre a cultura e arte afro-brasileira
O artigo tratou alguns aspectos históricos relevantes da arte e cultura africana Aspectos
estes que transcorreram na época da escravidão de ambos os povos, sendo os seus responsáveis,
os europeus. E ainda, como essas culturas foram se misturando, gerando uma nova cultura: a
brasileira.
599
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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600
AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO NA APRENIZAGEM
RESUMO
A pesquisa tem como tema o lúdico no ensino fundamental I através de jogos teatrais. O objetivo geral consiste em
investigar a contribuição das potencialidades pedagógicas dos jogos teatrais no processo de ensino e aprendizagem no
ensino fundamental. O corpus adotado é o lúdico nos jogos teatrais. Enfoca, também nas fontes teóricas, que relatam
sobre a importância do lúdico e dos jogos teatrais no processo de ensino e aprendizagem. Partiu-se da hipótese de que
as brincadeiras trazem em si um vasto campo de opções de entretenimento e inesgotável atrativo capaz de prender a
atenção e estimular o interesse das crianças. Os jogos teatrais deixam de ser apenas diversão e tornam-se um grande
auxílio na construção do conhecimento, identificando o modelo das potencialidades pedagógicas dos jogos teatrais
no processo de ensino e aprendizagem no ensino fundamental. Concluindo, o lúdico trabalhado numa perspectiva
pedagógica pode ser um instrumento de suma importância na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social na vida da criança. Enfim, quando se tem a ludicidade nos ensinamentos a comunicação é eficaz e significativa, a
criança se torna mais ativa, podendo usufruir de uma nova maneira de aprender, que garanta um entendimento melhor
e que possa contribuir de várias formas com sua vivência escolar e cotidiana. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica e o fichamento das obras pertinentes ao tema para a comprovação das hipóteses. Além da leitura crítica de
livros pertinentes ao objeto de pesquisa foram consultados documentos disponíveis online, devidamente mencionados
nas Referências.
INTRODUÇÃO
pode oferecer ao educador e ao educando, além das meras funções de entretenimento e lazer
A inserção do lúdico na educação tem apontado para uma nova tendência, o uso das
dinâmicas não como simples brincadeiras, mas como uma forma de resgatar nas crianças o
interesse pela aprendizagem e a busca de novos conhecimentos, de modo a garantir uma melhor
qualidade de ensino.
Aventa-se a hipótese de que as dinâmicas podem ser utilizadas como recurso para o
601
processo de ensino e aprendizagem, visto que as brincadeiras trazem em si um vasto campo de
das crianças.
Essa característica constitui o que há de mais importante, pois traz uma nova hipótese
consiste no uso dos jogos teatrais e brincadeiras lúdicas como instrumentos de socialização entre
as crianças, onde essas se aprendem a se relacionar melhor umas das outras, através de uma
Assim, o uso das brincadeiras e dos jogos teatrais não é mais um simples instrumento
para distrair as crianças, mas meio pelo qual o aluno desenvolve algo, ocorrendo, portanto, a
aprendizagem pelo fato de se estar executando uma tarefa por meio da brincadeira, ou seja, as
conhecimento.
Como objetivo específico pretende-se, inicialmente, analisar de forma crítica o uso das brincadeiras
Com relação à relevância científica da pesquisa, qualquer estudo que procure apresentar
Além disso, nas últimas duas décadas houve uma mudança no comportamento das famílias
games e os celulares têm ocupado espaços cada vez maiores em nossa vida cotidiana, substituindo
muitas vezes o diálogo e as brincadeiras em família. Essas atividades são indispensáveis à boa
a presente pesquisa objetiva contribuir com os estudos sobre otimização da educação através do
uso das dinâmicas de grupo com finalidades específicas em busca de novos conhecimentos.
sobre os processos e os recursos didáticos que fazem uso do lúdico lhe desperta especial interesse.
ao tema para a comprovação das hipóteses. Além da leitura crítica de livros pertinentes ao objeto
cognitivo e emocional.
fundamental I através dos jogos teatrais, a pesquisa está alicerçada em Koudela (2002), Reverbel
de ensino e aprendizagem.
Destacam-se os estudos acerca das várias formas de aprendizagem que o lúdico propicia
pedagógicas do lúdico nessa fase. Para a constatação de tais verdades, são discutidas, também,
abordagens teóricas sobre o lúdico segundo alguns autores de renomado prestígio entre profissionais
da educação.
fundamentada nos conceitos teóricos de Piaget (1978), comentados por Alves e Mota (2010) e de
Vygotsky (1991). Esses estudos permitem um panorama a respeito da visão do lúdico no processo
Ainda, neste capítulo, são examinados os estudos de Antunes (2000) e Almeida (1978)
APRENDIZAGEM E LÚDICO
O lúdico se manifesta no ser humano desde a infância através de brincadeiras e jogos que
permitem à criança experimentar diversas sensações como a alegria, o medo, a tensão, dentre
603
Através do brincar, a criança passa a conhecer-se a si mesma e aos outros com quem
interage, além de desenvolver a linguagem e aprender normas de convívio social e hábitos culturais.
Carneiro (2007, p. 1) afirma que “a atividade lúdica é muito importante para o desenvolvimento
cognitivo, desta forma, torna-se uma maneira inconsciente de se aprender, de forma prazerosa e
eficaz.”
Pode-se afirmar que a criança, se relaciona com o mundo executando tarefas em forma
A partir das interações construídas e vivenciadas com outras pessoas e o meio em que
Segundo Piaget (1978 apud ALVES e MOTA, 2010, p. 6) “Brincando, a criança aprende, se
Para tanto, se faz necessário que a prática docente esteja apta a inovar e propiciar às
experiências frente ao novo mundo, trazendo a este um novo significado e facilitando a aquisição
do conhecimento.
espaço, repleto de regras e afazeres a serem cumpridos. Acredita-se que se a escola não propiciar
à criança atividades lúdicas, o impacto sofrido por ela será marcado por diversas situações de
Uma criança que joga antes de tudo o faz porque se diverte, mas dessa diversão emerge a
aprendizagem e a maneira como o professor, após o jogo, trabalhar suas regras pode ensinar-
lhe esquemas de relações interpessoais e de convívios éticos (ANTUNES, 2008 p.11).
604
De acordo com Antunes a criança que joga antecipa seus conhecimentos adquire uma
Tem que haver regras, pois através delas a criança consegue evoluir e adquirir entendimento
juntamente com mediador, ela se depara com uma forma de expressão, visão colocando suas
Olhando em outra direção, Jean Piaget destaca a ação sobre o brincar como elemento que
estrutura a situação simbólica inerente à brincadeira. A criança que brinca está desenvolvendo
sua linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais,
construindo conceitos de relações espaciais e se apropriando de relações de conservação,
classificação, seriação, aptidões visuo-espaciais e muitas outras (ANTUNES, 2008 p.19).
A criança faz da brincadeira uma situação emergente ela coloca seus desejos e anseios
imaginário, adota uma postura existencial, garantindo a sua corporeidade criatividades, a mesma
O senso comum que diz que o brincar de uma criança é a sua imaginação em ação precisa
então ser invertido, pois na verdade o que ocorre é que a imaginação das crianças surge em função
da própria brincadeira.
A brincadeira surge como atividade essencial à criança, que quando bem pequena tende a
querer satisfazer seus desejos de maneira imediata. Quando esses desejos não são possíveis de
serem realizados imediatamente, a criança se envolve num mundo de ilusão e imaginação que é a
brincadeira.
De acordo com (Kishimoto, 2000, p.146), “por ser uma ação iniciada e mantida pela criança,
605
a brincadeira possibilita a busca de meios, pela exploração ainda que desordenada, e exerce papel
apropriar do mundo. É brincando que ela se relaciona com as pessoas e objetos ao seu redor,
aprendendo o tempo todo com as experiências que pode ter. São essas vivências, na interação
com as pessoas de seu grupo social, que possibilitam a apropriação da realidade, da vida e toda
sua plenitude.
Obrigada a adaptar-se sem cessar a um mundo social dos mais velhos, cujos interesses e cujas
regras lhe permanecem exteriores, e a um mundo físico, que ela ainda mal compreende, a
criança para seu equilíbrio afetivo e intelectual precisa dispor de um setor de atividade cuja
motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo contrário a assimilação do real ao eu
sem coações nem sanções: tal é o jogo, que transforma o real por assimilação mais ou menos
pura às necessidades do eu, ao passo que a imitação é acomodação mais ou menos pura aos
modelos exteriores e a inteligência é o equilíbrio entre assimilação e acomodação (PIAGET,
2010, p. 55).
através do jogo simbólico, o que marca a passagem de uma inteligência baseada nos cinco sentidos
caminho para a construção da inteligência mediada operatória, mediada por signos históricos
arbitrativos.
Conforme Piaget (2010, p. 44), o lúdico é formado por um conjunto linguístico que funciona
de regras que permite uma estrutura sequencial que especifica a sua moralidade.
do desenvolvimento de jogos planejados e livres que permitam à criança uma vivência no tocante às
experiências com a lógica e o raciocínio e permitindo atividades físicas e mentais que favorecem a
A própria consciência nunca é algo acabado ou definitivo. Ela vai se formando no exercício
de si mesma, num desenvolvimento dinâmico em que o ser humano, procurando sobreviver
e agindo, transforma a natureza e se transforma também. E ele não somente percebe as
transformações, como, sobretudo nelas se percebe (OSTROWER, 2009, p.10).
O homem cria não apenas porque quer ou porque gosta, mas, porque precisa; ele só pode
Kishimoto (2000, p. 18) admite que o brinquedo represente certas realidades e segundo ele,
606
uma representação é algo presente no lugar de algo. O autor explica que representar é corresponder
a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência; o brinquedo coloca a criança na
mas não apenas os objetos, mas uma totalidade social. Pode-se dizer que um dos objetivos do
brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Hoje
De acordo com (Vygotsky, 1991, p. 27), é na interação com as atividades que envolvem
Na visão do autor a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da
vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação
às regras. Desta forma, existe uma relação muito próxima entre jogo lúdico e educação de crianças
para favorecer o ensino de conteúdos escolares e como recurso para motivação no ensino às
necessidades do educando.
aprendizagem; despertam o desejo; servem para todas as áreas de ensino, contribuindo muito
O jogo e a brincadeira trazem uma ampla capacidade de entendimento para a criança, são
de extrema valia para o crescimento do aluno, pois o lúdico proporciona- lhe o desenvolvimento
A ludicidade de ser vista na escola como uma ferramenta capaz de avaliar e estimular o
Conforme Antunes, (2008, p.37), toda criança vive agitada e em intenso processo de
607
desenvolvimento corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da
evolução, exigindo a cada instante uma nova função e a exploração de nova habilidade.
o corpo em movimento e a mente ocupada em total desenvolvimento ela se depara com novas
realidades, o que gera anseios e traz uma vasta amplitude de conhecimentos que consistem em
explorar o seu mundinho. A criança consegue assim evoluir para grandes ocasiões de habilidades
favorecendo o aprendizado.
Muitos são os benefícios que o lúdico pode trazer para a vida escolar da criança por ser
Almeida (1978, p.29) destaca que “Sob o ponto de vista disciplinar, nada melhor para a
Segundo o autor a criança mediante em um ensino prazeroso estando ela ocupada fazendo
algo que gosta, ela é motivada e impregnar pela atividade proposta em sala sem contar que ela
coloca a sua imaginação, sonhos, criatividade ela interage socialmente e busca ultrapassar seu
Portanto, manter a criança ocupada com aquilo que interessa, além de tornar possível
gosta.
Almeida (1978, p.29) explica que no ensino moderno, os jogos e as recreações tornaram-
se características básicas, não como atividades do departamento de Educação Física, mas como
lúdico traz consigo uma maneira mais leve e democrática de ensino, possibilitando um grande
Para que essa vivência seja explorada de maneira eficaz para o crescimento, deve-se
deixar que a criança busque o próprio entendimento nas ações empregadas enquanto evolui de
Segundo Maluf (2003, p.21) “a criança privada dessa atividade poderá ficar com traumas
profundos dessa falta de vivência. Quando a criança brinca ela está vivenciando momentos alegres,
lúdico em meio às situações ocorridas junto à sociedade. A falta deste estímulo humano pode
gerar diversos conflitos na formação do indivíduo, criando consequências prejudiciais para suprir e
Seguindo o ponto de vista exposto pela autora, devemos analisar e recriar de maneira social
Segundo Maluf (2003, p. 29) “o brincar pode ser um elemento importante através do qual
se aprende, sendo sujeito ativo desta aprendizagem que tem na ludicidade o prazer de aprender.”
Nos dias atuais o autor menciona que o jogo é primordial para o currículo escolar, ele
humano. Acredita-se que a criança precisa estar relacionada não só na Educação física mais em
Outra importante consideração sobre o que o jogo diz respeito à aprendizagem é que
não mais pode existir no educador a ideia classificatória de “jogos que divertem” e “jogos
que ensinam”, pois se o jogo que se aplica envolve de forma equilibrada o respeito pelo
amadurecimento da criança, exercita e coloca em ação desafios a sua experiência, promove
sua relação interpessoal exaltando as regras do convívio, será sempre um jogo educativo –
ainda que possa simultaneamente ensinar e divertir, jogos bem organizado ajudam a criança
a construir novas descobertas, a desenvolver enriquecer sua personalidade e é jogando que
se aprende a extrair da vida o que tem de essencial (ANTUNES, 2008, p.9).
A ludicidade como forma de aprendizagem vai além das ferramentas utilizadas para o
ensino. De nada irá adiantar ter um universo de ferramentas onde os alunos não serão capazes
609
de utilizar essas ferramentas e ainda irão diminuir o aprendizado tornando invalida o método de
ensino.
Almeida (1978, p. 29) considera como verdadeira aprendizagem inserida em jogos a que
chega aberta de situações e vive afetuosa, capaz de voltar o aluno para realização de suas próprias
O lúdico é uma atividade eficaz para desenvolver as potencialidades humanas das crianças
que deve ser utilizado dentro da sala de aula. Através do lúdico o professor consegue trabalhar as
habilidades previstas no plano escolar de forma prazerosa, estimulando e permitindo que os alunos
Acredito que neste capítulo foi possível refletir sobre como o lúdico é de grande valia para o
é eficaz e significativa, a criança se torna mais ativa, podendo usufruir de uma nova maneira de
aprender, que garanta um entendimento melhor e que possa contribuir de várias formas com sua
O que realmente importa é atribuir a cada criança o papel de sujeito ativo na construção
do conhecimento, de formas cada vez mais aprimorada, pois somente o indivíduo ativo é capaz de
atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as melhor para poder então transformá-las.
Através das brincadeiras e dos jogos infantis, a criança passa a conhecer-se a si mesma e
aos outros com quem interage, além de desenvolver a linguagem e aprender normas de convívio
CONSIDERAÇÕES FINAIS
em uma ordem mundial globalizada; todos os meios que possam ser utilizados pelas escolas e,
Por pertencerem aos primeiros anos de vida da criança e, por extensão, ao universo de
610
qualquer ser humano em seu sentido mais amplo, as brincadeiras e os jogos teatrais trazem em
nossa civilização.
lúdico, que as brincadeiras e jogos teatrais, por se tratar de representações da vida real da criança,
tornam-se instrumentos didáticos muito ricos para se trabalhar com crianças através do ensino das
artes.
Além do mais, o caráter lúdico das brincadeiras e dos jogos teatrais faz com que a introjeção
de conteúdos, tanto atitudinais quanto cognoscitivos, torne-se uma atividade não caracterizada
pela imposição unilateral dos adultos que, aos olhos da criança, afigura-se arbitrária e desprovida
De fácil localização, podendo ser trabalhadas em sala de aula ou em outras áreas dentro
e fora dos muros da escola, evocadas pela memória ou ainda criadas pelos próprios professores
teatrais que irá trabalhar, a fim de não o subaproveitar com práticas docentes estereotipadas,
mecanicistas e limitadoras. Além do mais, o lúdico deverá ser visto com um objetivo a ser cumprido
e ter sempre uma finalidade prevista de modo a atingir uma expectativa de crescimento na
Por fim, todo trabalho neste sentido deve levar em consideração o contexto em que estes
são aplicados ou produzidos, pois se acredita também que os jogos teatrais estão relacionados ao
Em reforço a essas considerações, vale frisar que nossa pesquisa não esgota o assunto,
pois ele pode desdobrar-se em pesquisas de maior fôlego, que exijam maior tempo de consulta
teórica sobre a relação entre o lúdico e os jogos teatrais a alfabetização, além da pesquisa
Todavia, em que pesem as limitações de nosso trabalho, ele tem a virtude de apontar
caminhos para futuros pesquisadores, além servir de referencial teórico inicial para quem já trabalha
com brincadeiras e jogos teatrais em sala de aula, sem, no entanto, ter tido ainda a oportunidade
611
de conhecer as ricas e amplas possibilidades pedagógicas proporcionadas pelas atividades de
entretenimento.
612
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614
O PROFESSOR NA LUDICIDADE COMO FORMA DE EMPODERAMENTO DA
APRENDIZAGEM
ALINE CHAIM
RESUMO
O professor tem um papel decisivo na aprendizagem dos seus alunos, a forma como o mesmo desenvolve seu trabalho
vai impactar diretamente de como os alunos são levados ao conhecimento sendo autores ou coautores de todo esse
processo , visto isso , o uso do jogo e outras formas de aprendizado lúdicos serão determinantes para que os alunos
tenham pleno sucesso , por fim visamos aqui neste artigo a importância do professor em despertar o conhecimento
nos seus alunos através de um ensino lúdico que realmente faça diferença na vida das pessoas
INTRODUÇÃO
O professor não pode ser um mero transportador informações, mas precisa ultrapassar as
fronteiras do ensino pronto para ter habilidades motoras em que dela necessitam, porque antes
permanente
Desta forma é necessário o educador ser criativo e refletir sobre sua própria prática de
ensino desta maneira ser ideal para que haja uma eficiência desta sua prática na vida dos alunos,
tornando-se assim um ensino de maneira mais eficaz e que consiga atingir seus objetivos.
O educador do século XXI, o professor do novo tempo, terá que colocar em sinergia as
suas habilidades e competências, quesitos que terá que dominar como ferramentas pedagógicas
do “novo ensinar”.
Para ter êxito nessa difícil operação, o “professor–aulista”, terá que ceder lugar ao
“professor–educador”!
615
Esses, certamente, mais bem preparados, para agirem como atores capazes de mobilizarem
mais e mais competências. Sabemos que o professor do novo tempo terá então que ser capaz de
dar respostas rápidas as atuais modalidades que surgem e pelas quais os sistemas educacionais
estão se reorganizando.
Cabe salientar aqui que as mudanças que surgem não irão permitir que os professores
façam uma “colagem” de práticas pedagógicas antigas em propostas totalmente novas. Ficando
propósitos
Por outro lado existe uma necessidade de se criar um ambiente mais inspirador utilizando
novas metodologias e formas de ensino que busquem tornar o espaço escolar mais interessante
e desafiador, dai nasce o lúdico , que faz parte da infância e de todo o seu contexto, o brincar , a
aventura , serve tanto de terapia , como extrapola fronteiras entre o brincar e o estudar , tornando
O lúdico tem sua origem na palavra ludus; que quer dizer jogo, a palavra evoluiu levando em
o sentido de jogo. O lúdico faz parte da atividade humana e caracteriza-se por ser espontâneo,
funcional.
Na atividade lúdica não importa somente o resultado, mas a ação, o movimento vivenciado. A
maioria das escolas tem didatizado a atividade lúdica das crianças restringindo-as a exercícios
repetidos de discriminação viso- motora e auditiva, através do uso de brinquedos, desenhos
coloridos, músicas ritmadas. (Rizzi 1987 p.25)
Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que bloqueia a organização independente das crianças
para a brincadeira, essas práticas pré- escolares, através do trabalho lúdico didatizado, enfatizam
os alunos, como se sua ação simbólica servisse apenas para exercitar e facilitar para o professor,
É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico
do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a
participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção...
É papel de a educação formar pessoas critica e criativas, que criem, inventem, descubra
616
que sejam capazes de construir conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente o que os outros
Daí a importância de se ter alunos que sejam ativos, que cedo aprendem a descobrir,
(Rizzi, 1987)
Nesse sentido a educação infantil deve trabalhar a criança, tomando como ponto de partida
que está é um ser com características individuais e que precisa de estímulos, para crescer criativa,
Quando o aluno chega a escola traz consigo uma gama de conhecimento oriundo da própria
atividade lúdica. A escola, porém, não aproveita esses conhecimentos, criando uma separação
que não se sentirá tão a vontade em sala de aula aponto de deixar fluir naturalmente sua imaginação
e emoção.
A ação de brincar, segundo Almeida (1994) é algo natural na criança e por não ser uma
criança, como possibilita ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas. Cunha (1994),
ressalta que a brincadeira oferece uma situação de aprendizagem delicada, isto é, o educador
precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que
ampliar de fato, as suas possibilidades de ação. Proporcionando à criança brincadeiras que possam
“O lúdico enquanto recurso pedagógico deve ser encarado de forma séria e usado de
Sendo que o papel do educador é, intervir de forma adequada, deixando que o aluno adquira
617
conhecimentos e habilidade; suas atividades visam sempre um resultado, e uma ação dirigida para
onde se sinta bem e a vontade, pois a criança deverá se sentir como integrante do meio em que
está inserida.
Conceber o lúdico como atividade apenas de prazer e diversão, negando seu caráter
A educação lúdica é uma ação inerente na criança e no adulto aparece sempre, como uma
A criança aprende através da atividade lúdica ao encontrar na própria vida, nas pessoas
Estabelecer uma relação entre o lúdico e os conteúdos curriculares não é tarefa fácil,
mas é possível sim. Para isto daremos algumas sugestões sobre esta aproximação: brincadeira e
conteúdos.
O Referencial Curricular da Educação Infantil sugere: “as novas funções para Educação
Infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de
desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e,
mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados
às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção
outro.
Os conteúdos não são mais aplicados isoladamente, passam a ter relação um com o outro
artes, música.
A partir dos três anos, a criança reconhece seu próprio corpo, seu nome e suas características,
A criança possui um interesse muito grande em aprender a escrever seu nome e o valor
618
que o nome tem para ela é fator imprescindível para darmos início ao trabalho de escrita com a
Mas, é necessário que o educador conheça as características de cada faixa etária, como já
a cada turma.
Para promover o prazer da criança é necessário uma prática interdisciplinar que se inicie
com um tema gerador. Esses temas possuem a função de “fios condutores” do trabalho pedagógico,
buscando a integração das atividades de forma que não haja perda do real valor e da função de
Mesmo antes de entrar na escola, a criança está cercada de uma cultura letrada e, muitas
de um novo objeto de conhecimento. Portanto, é importante que sejam propostas atividades que
busquem viabilizar a compreensão das crianças do que significa esse sistema de representação.
O contato com a leitura e com símbolos gráficos inicia-se desde muito cedo, principalmente
quando a criança tem contato com as histórias infantis lidas por pais e professores.
Trabalhar com o imaginário da criança é um dos maiores prazeres para o educador. Contar
histórias também deve ser algo presente na vida da criança desde cedo.
É necessário, antes de tudo, que o educador ou pais tenham consciência de que nem toda
história vem do livro, pronta para ser contada. A linguagem escrita, por mais simples e acessível,
ainda requer adaptação verbal que facilite sua compreensão e a torne mais dinâmica e mais
comunicativa.
pelo homem através de séculos. No caso da criança, essa apropriação tem um significado
muito mais amplo do que a simples cópia, do que o traçado correto das letras, do que o mecânico
decodificar de sílabas.
Para ela, aprender a escrever significa ousar, correr riscos, expor-se. O aluno não é
alfabetizado pelo professor, mas ele alfabetiza-se à medida que vai interagindo com a leitura e a
escrita, até que consiga compreender, de forma conceitual, o que é ler e escrever.
619
Ao ler e interpretar os textos e palavras, que fazem parte de sua experiência diária, a
convencionalmente.
Ela fará descobertas sobre o uso das letras, associando essas descobertas às suas
Para a criança adquirir os símbolos gráficos é necessário que esses símbolos sejam
significativos para ela. Muitos professores afirmam que a criança não consegue se alfabetizar
devido à falta de maturidade. É também necessário despertar na criança o gosto pela aquisição
da linguagem escrita, sendo que o professor deverá motivá-la com atividades prazerosas, com o
lúdico.
Alguns professores, quando se deparam com uma turma de seis anos que ingressará no
processo de alfabetização, adotam cartilhas ou selecionam atividades “prontas” que passam a ser
reproduzidas fielmente aos alunos, esquecendo-se da presença do lúdico nessa fase tão importante
para a criança.
Por este motivo, introduzir a ludicidade como via para facilitar a alfabetização poderá trazer
Mesmo antes de entrar na escola, a criança está cercada de uma cultura letrada e, muitas
Alguns professores, quando se deparam com uma turma de seis anos que ingressará no
processo de alfabetização, adotam cartilhas ou selecionam atividades “prontas” que passam a ser
reproduzidas fielmente aos alunos, esquecendo-se da presença do lúdico nessa fase tão importante
para a criança.
Por este motivo, introduzir a ludicidade como via para facilitar a alfabetização poderá trazer
muitas vezes trazer resultados significativos , sem nem perceberem a real motivação de suas
ações
Para usar o lúdico, os professores precisam aprender a integrar os mesmos que embora
esteja relacionado com uma especie de terapia em uma aplicação educacional, que usa o luddico,
para enfatizar o processo ao longo do produto e esclarecer os potenciais benefícios para o aluno
problemas sociais e emocionais, aulas de arte têm sido vista com um papel fundamental.
Defendemos ver integração da ludo terapia em tais salas de aula como um reforço que
abarque as funções socio motoras e cogntivas dos alunos. Isto é visto como particularmente
importante quando as escolas têm recursos escassos e algum pessoal treinado para lidar com
Ao integrar a terapia do lúdico no currículo arte-educação, o foco é sobre como usar várias
atividades de classe para facilitar o desenvolvimento social e emocional e para ajudar quando as
Isto inclui assegurar um clima positiva na sala de aula (por exemplo, aquela que enfatiza a
empatia, calor, respeito mútuo) no processo de ensino, em explorar o conteúdo, e sempre que a
atividade envolve estudantes com auto-expressão criativa como um ponto focal para a promoção
impacto terapêutico.
Além disso, a arte preparada por educadores podem colaborar com outras pessoas, tais
Na educação especial o que existe de evidência sugere que não é incomum para as escolas
especificar a ludoterapia como um serviço relacionado que pode estar implicito em um plano de
educação individual para o aluno . Nesses casos, um terapeuta de arte geralmente está envolvido
em avaliar se o aluno será beneficiado com a provável terapia da arte, colaborando com equipes
escala gradativa onde o papel da arte na escola, é facilitado pelo desenvolvimento emocional,
Ao mesmo tempo, ela é essencial para lembrar que poucas escolas podem dar luxo de
621
Ter um arte terapeuta ainda mais um profissional especialista.
Todas as intervenções quer no campo educacional ou no campo de saúde, deve ser vista
como uma metodologia e ação se tornando um sistema unificado e abrangente dando suportes aos
O brincar deixou de ser algo dissociado da prática pedagógica, para ser entendido como
prática didática que deve ser planejada e articulada com o currículo escolar. A ludicidade tem um
papel fundamental para o desenvolvimento infantil podemos salientar que o sentido real, verdadeiro,
funcional da educação lúdica estará garantido se o educador estiver preparado para realizá-lo.
Segundo Feijó (1992), é através do lúdico e da história que são recuperados os modos
e costumes das civilizações. As possibilidades que o lúdico oferece à criança são enormes: é
interpretação do brinquedo; travar contato com desafios, buscar saciar a curiosidade de tudo,
conhecer; representar as prá- ticas sociais, liberar riqueza do imaginário infantil; enfrentar e superar
e cognitivo.
“o lúdico é um estado interno do sujeito e a ludicidade é uma denominação geral para esse
estado – ‘estado de ludicidade’; essa é uma qualidade de quem está lúdico por dentro de si
mesmo” (Luckesi, 2007, p.15)
Desta forma é preciso romper com este paradigma, com estas formas de pensar
institucionalizadas, e ir além, dando espaço para lúdico, para o novo, para a alegria, criatividade,
tornando não só a sala de aula, como também a escola, um lugar de viver o lúdico, o “divertido”,
O educador precisa vivenciar o lúdico, viver o brincar, ressignificar saberes, para agir de
forma lúdica no espaço escolar. Estes saberes são ressignificados tanto na formação docente
quanto na própria sala de aula. O saber docente se reconstrói, através da reflexão sobre a prática,
sendo também nutrido pelas teorias e pela prática pedagógica, pois ambas (teoria e prática) dotam
os sujeitos de variados pontos de vista para uma ação contextualizada, oferecendo perspectivas de
análise para que os docentes compreendam os diversos contextos vivenciados por eles.
O desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional.
estas atividades precisam ser vivenciadas pelo educador no bojo de sua formação, para que o
re(construção) permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa
escolar, visto que ela proporciona uma maior interação entre o estudante e o aprendizado, fazendo
com que os conteúdos fiquem mais fáceis aos olhos dos alunos, os quais ficam mais interessados
em assistir a aula.
com base numa perspectiva de estabelecer dados que permitam a compreensão de que o jogo e
a brincadeira podem contribuir para o desenvolvimento humano, e que deve ser analisado com um
ensinar.
humano. Nós gostamos de brincar, o brincar nos atrai. O brinquedo é um objeto que é inserido no
brincar da criança, para entretenimento, porém também possui o seu caráter educativo que ajuda
adulto, criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o
elementos da realidade.
O jogo, compreendido como uma atividade competitiva, com regras e procedimentos que
exige que as crianças cumpram normas e passem a considerar alguns fatores pertinentes que
O brinquedo é um objeto com uma função lúdica que traduz uma dimensão do real para
a realidade infantil. O brinquedo suaviza o impacto provocado pelo tamanho, pelo formato, pelas
cores, chamando atenção da criança como ponto de contato com a sua realidade e enriquecendo
a sua aprendizagem.
relaciona com conteúdos culturais que ela reproduz e transforma, dos quais ela se apropria e lhes
dá uma significação.
A brincadeira é a entrada na cultura, numa cultura particular, tal como ela existe num dado
momento, mas com todo seu peso histórico. Brougère (2001) defende que o brinquedo exerce
um valor cultural na sociedade, onde a criança descobre no brinquedo a sua realidade durante a
manipulação fazendo uma representação das suas experiências e dando um novo sentido para o
O jogo assume, em primeiro lugar, que entre todas as atividades humanas, algumas estão
O ludus da versão latina não é idêntico ao jogo francês. Cada cultura, com base em analogias,
constroem uma esfera que vai definir (modo mais vago do que preciso) que em uma cultura pode
ser designado como um jogo. O simples uso do termo não é neutro, mas já carrega uma grande
Antes das novas formas de pensamentos de romantismo, a nossa cultura parece ter
designado a atividade de jogo que opõe mentalidade de trabalho, caracterizado pela sua inutilidade
e sua oposição a sério. É neste contexto que a atividade da criança foi designada pelo mesmo
termo, mais para enfatizar os aspectos negativos (oposição às tarefas sérias da vida) do que a
dimensão positiva.
humanas. Na verdade, uma das características do jogo não está fornecendo qualquer comportamento
específico que iria separar claramente o jogo a partir de qualquer outro comportamento
A natureza lúdica de um ato não vem de fora , ela internaliza caracterizando o jogo é
menos o que é que a forma de fazê-lo, o estado de espírito em que ele é feito. Isto leva a muita
O jogo é parte de um sistema de significados que, por exemplo, o mais importante é como
o jogo é interpretado. Se isto é verdade para todos os objetos no mundo, é ainda mais verdadeiro
de uma atividade que pressupõe uma interpretação específica da sua relação com o mundo real.
625
Se há de fato a expressão de um sujeito no jogo, este é a parte de um sistema de significados,
ou seja, uma cultura que lhe dá sentido. Para uma atividade ser um jogo, então você tem que ser
apreendida e interpretado como tal pelos atores sociais de acordo com a imagem que têm dessa
atividade.
Essa não é a única relação do jogo com uma cultura pré-existente, o que invalida a idéia do
jogo é a fonte de cultura. O segundo ponto que queremos enfatizar é bastante derivada da literatura
A criança começa a se encaixar no conjunto existente com sua mãe, tornando-a primeira
parceira na brincadeira, antes de tomar um papel mais ativo pelos júbilos que irá motivar a mãe
novamente. Em seguida, ele será capaz de se tornar um parceiro assumindo por sua vez, o mesmo
papel mais protagonista na brincadeira mesmo se sua mãe não estiver no momento da brincadeira.
sentido de que o corpo realmente não desaparece, mas onde um é no outro sem uma reversibilidade
de papéis, repetição, o que é que o jogo ‘ não mudou a realidade, uma vez que pode retornar ao
ponto de partida, a necessidade de tal acordo, mesmo se a criança tem dificuldade em aceitar a
Portanto, há estruturas existentes que definem o jogo em geral, e tal jogo em particular, que
a criança adquire antes de usá-los em novos contextos: um em jogos solitários ou com seus pares.
Não se trata aqui de desenvolver a gênese do jogo na criança, mas para ter em conta a presença
de uma cultura pré-existente que define o jogo, torna possível para utilizá-lo - incluindo as suas
formas solitárias - uma atividade cultural envolvendo a aquisição de estruturas que a criança levará
de volta para mais ou menos individualmente para cada nova atividade lúdica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho que realizamos com nossos alunos , devem ser permeado por ações que
determinem uma prática , que faça a diferença em sua vida , que torne o aprendizado mais próximo
de sua realidade e do seu mundo. Sabendo disso cabe ao educador uma maior abrangência de
sua pratica e uma parceria tanto didática como de outros profissionais que por ventura participem
A escola é uma grande geradora de conhecimento e hoje possui uma função mais social
do que propriamente educativa , ela converge todos os problemas extra escolares, que denotam
626
uma problemática educacional, que gera, indisciplina, desinteresse e falta de aprendizagem,
os conflitos se tornam imensos e se esbarram em leis ou políticas públicas que pouco somam a
ação educativa.
Por outro lado, a escola vive várias pulsações , que são as relações sociais ali impregnadas
e uma dessas é o brincar tão criticado, ou mesmo mal entendido, mas que para criança se torna
uma prática comum e que se bem trabalhada com a criança pode se tornar uma ferramenta valiosa
para a aprendizagem das crianças desde que bem explorada pelos professores.
O lúdico, pode ser tão bem aceito que através de uma atividade que envolva brincadeiras
e jogos, a criança aprende , aprende regras, aprende a convivência com o outro, desperta
habilidades físicas e mentais e também mostra um parâmetro para descobrimos o nível e como
as crianças estão.
Por isso ao usarmos a ludoterapia , podemos propor várias ações lúdicas para que o
conhecimento das crianças possam ser ampliados ao passo que também podemos avaliar suas
ações de modo individualizado, examinando seus comportamentos que muitas vezes podem ser
verificados nas ações lúdicas podendo nos dar parâmetros para que o aprendizado seja mais
prazeroso e ultrapasse o lugar comum , sendo uma fonte valiosa na prática pedagógica
627
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628
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
RESUMO
A temática deste estudo aborda a importância da implementação da Biologia no âmbito escolar em duas escolas de
ensino fundamental, da Rede Municipal de São Paulo como forma de facilitar o processo de ensino-aprendizagem
de alunos. percebe-se que as metodologias utilizadas pelos professores de Biologia não despertavam interesse nos
alunos.Por esta razão, foi introduzida informalmente para trazer ao aluno a importância do ensino e fundamentar esse
aprendizado. é resultado de uma pesquisa com professores de Biologia sobre as dificuldades e os resultados não
satisfatórios encontrados em suas práticas docentes. Para isso, fez-se uma investigação a respeito dos procedimentos
metodológicos, da contextualização dos conteúdos, dos recursos utilizados e de como ocorrem os encaminhamentos
e as correções das atividades. Desta forma, verificou-se que há fatores que contribuem para o insucesso no processo
ensino-aprendizagem e que é necessário discutir estes fatores com os docentes, com objetivo de estabelecer um
trabalho que contribua, de forma efetiva, para a melhoria do ensino de Biologia, nas escolas públicas
INTRODUÇÃO
referências e análises a partir de vários autores que discutem a temática; a segunda, analisa e
discute as informações obtidas a partir das entrevistas com os professores e das observações das
constitui um grande desafio para os educadores. Integrando esse processo Krasilchik (2005),
destaca que a Biologia pode ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção
dos educandos, ou uma das mais insignificantes, dependendo do que for ensinado e de como isso
for feito.
A autora chama a atenção dos professores de Biologia para as questões: o que ensinar e
como ensinar? O professor e, neste caso, o de Biologia, deve atentar para o significado da Ciência
e da Tecnologia, evitando posturas alienantes, a experiência como docente permite afirmar que
os estudantes têm formas e diferentes de se relacionar com o estudo dos conteúdos ,os que se
preocupam apenas com os resultados de seus estudos traduzidos pelas notas ou conceitos., os
que buscam esclarecimentos profundos com o estudo e passam a analisá-lo para atingir uma visão
ampla do conhecimento.
De acordo com o exposto, Krasilchik (2005, p.12), descreve quatro níveis de alfabetização
biológica:
1º - Nominal - quando o estudante reconhece os termos, mas não sabe seu significado
biológico.
2º - Funcional - quando os termos memorizados são definidos corretamente, sem que os
estudantes compreendam seu significado.
3º - Estrutural - quando os estudantes são capazes de explicar adequadamente, em suas
próprias palavras e baseando-se em experiências pessoais, os conceitos biológicos.
4º - Multidimensional - quando os estudantes aplicam o conhecimento e habilidades
adquiridas, relacionando-as com o conhecimento de outras áreas, para resolver problemas
reais.
disciplina, eles devem estar capacitados a articular o seu pensamento de forma independente,
Educação Científica demonstram a importância de se pensar uma educação escolar que realize a
A educação ambiental vem sendo falada desde muitos anos atrás, sempre frisando sua
importância para a preservação dos recursos naturais. Apesar disso, hoje estamos sofrendo com
a escassez de alguns recursos naturais, com os problemas climáticos, com a extinção de algumas
espécies da fauna e da flora, o que nos dá a entender que o que se falava antigamente não foi o
conhecimento sobre as questões ambientais, de que se tem que preservar para a existência de
Segundo Santos (2007, p. 10), acredita que uma das formas que pode ser utilizada para o
estudo dos problemas relacionados ao meio ambiente é através de uma disciplina específica a ser
introduzida na grade escolar, podendo assim alcançar a mudança de comportamento dos alunos,
tornando-os influentes na defesa do meio ambiente para que se tornem ecologicamente equilibrados
e saudáveis. Porém, ressalta que estes projetos precisam ter uma proposta de aplicação, tratando
de um tema específico de interesse dos alunos, e não longe da proposta pedagógica da escola.
De acordo com o Art. 9º da Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental, a Educação Ambiental deve estar presente e ser desenvolvida
I – educação básica:
a. educação infantil;
b. ensino fundamental e
c. ensino médio
II – educação superior;
IV – educação profissional;
educação e níveis da educação formal. A educação ambiental deve estar presente como medida
que mundo queremos, pondo em prática um pensamento ecologista mundial. (MEDEIROS et all,
2011)
na educação deve dar ênfase em uma perspectiva geral, sendo importante que atividades sejam
desenvolvidas com os educandos, de forma a estimulá-los, já que nesta fase as crianças são mais
curiosas e participativas, a aprendizagem neste sentido deve ser contínua. É importante que sejam
apresentados temas pertinentes que levam a uma conscientização, de uma forma que a criança
dissemine tal conhecimento, pois é comum que quando uma criança adquire um conhecimento ela
uma conscientização a cerca do meio ambiente desde a infância, e a escola tem a responsabilidade
práticas, atividades fora de sala de aula, projetos, etc., conduzindo os alunos a serem agentes
Os inúmeros problemas existentes no meio ambiente se devem por a população não ser
sensibilizada para a compreensão da fragilidade dos recursos naturais e biosfera. Ela não foi e nem
está preparada para resolver de um modo eficaz os problemas do seu ambiente, pois a educação
para o ambiente didática e pedagógica só apareceu por volta dos anos 80, a partir dessa data que
no seu próprio ambiente ou para a biosfera geral e de criarem medidas para prevenir e combater
processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução
de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais
relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o
ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar das comunidades humanas”
Neste sentido as diretrizes curriculares passam hoje a dar um status diferenciado ao ensino
de ciências que vai além da mera formação propedêutica ou profissional. No texto do próprio
632
PCNEM encontramos a seguinte afirmação:
O sentido do aprendizado na área, uma proposta para o Ensino Médio que, sem ser
Diante desta nova perspectiva para o ensino médio, e a reboque do que ocorreu em outras
reformas educacionais mundo afora, o currículo brasileiro também passou a integrar recomendações
diretas ao uso da História da Ciência e Biologia no seu ensino. Esta tendência é reafirmada nas
quando, por exemplo, aponta que a Química enquanto ciência pode ser entendida como:
exercício da cidadania, se o conhecimento químico for promovido como um dos meios de interpretar
o mundo e intervir na realidade, se for apresentado como ciência, com seus conceitos, métodos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este artigo o qual apontou vários fatores que contribuem para o insucesso
seminários ou grupos de estudos. Isto se deve, principalmente pela carga horária excessiva de
trabalho docente e pela necessidade de ter alguém com maior proximidade das descobertas
científicas para conceituar as mesmas, pois a maioria dos professores afirma ter dificuldades para
633
compreender os desafios educacionais contemporâneos.
Por isso considera-se que o curso oferecido aos professores contribuiu, de forma
significativa, para a formação continuada dos docentes, considera-se que este trabalho auxiliou o
colaborar com a atualização científica de alguns professores e o desejo de que o ensino de Biologia,
no nível médio, possa contribuir para a formação de indivíduos críticos, solidários e responsáveis
abordada dentro da disciplina de ciências, um aumento positivo em seu desempenho e, assim como
um crescente interesse pelo estudo de ciências à medida que puderam relacionar os conteúdos
Entendo que a inclusão da Educação Ambiental é uma importante estratégia para vencer
o fracasso escolar podendo ser usados com mais frequência em aulas de outras disciplinas, visto
ensino-aprendizagem.
Para Lima (2008), formar professores com pleno conhecimento lúdico é uma tarefa árdua e
difícil, pois para educar é necessário ter conhecimento profundo e acreditar que é possível conciliar
o ensino lúdico com o ensino tradicional, tornando-o uma forma de aprendizagem significativa.
informações que recebem, inclusive as ambientais, para que assim possam transmitir de forma
mas é um desafio que pode ser vencido com empenho dos professores, das instituições de
634
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638
O AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA DA AGRICULTURA BRASILEIRA
RESUMO
O desmatamento, a contaminação das águas e do solo são problemas que prejudicam todo o mundo. A compactação
do solo e o desmatamento aparecerem como os mais graves impactos apresentados, sendo considerados altamente
agressivos ao ambiente. Nesse contexto, verifica-se a importância de uma possível mudança de cultura, fazendo com
que o produtor rural desenvolva novas técnicas voltadas para uma consciência ambiental, conciliando desta forma uma
integração constante do homem com a natureza, fazendo das práticas agropecuárias ações que venham restaurar e
proteger os recursos naturais para as gerações futuras. O desenvolvimento da humanidade nos últimos tempos tem
mudado o ambiente natural ao quais todos se inserem. Estas mudanças, em sua grande parte, são impactos sobre a
fauna e a flora. Além das indústrias e da cidade, a agricultura também interfere nesta mudança, vê-se o crescimento
intensivo e uso indiscriminados de agrotóxicos, do solo, da água, além dos desmatamentos e uso intensivo e prolongado
de monoculturas – em que todos estes fatores prejudicam o meio ambiente, incluindo o próprio homem.
INTRODUÇÃO
solo, o desmatamento, a piora do efeito estufa e a destruição da camada de ozônio são problemas
que prejudicam não apenas uma nação, mas todo o mundo. A interação mundial é uma tentativa de
639
evitar uma catástrofe no planeta por meio de medidas de investimentos e gastos do governo a fim de
mobilizar a população na defesa do meio ambiente. Por meio da manutenção da qualidade de vida
da população, preservando a diversidade biológica1 de cada região que é uma das propriedades
A agricultura moderna, sobretudo a partir dos anos 50, priorizou um modelo tecnológico
baseado no preparo intensivo do solo, no uso de adubos minerais de alta solubilidade e agrotóxicos.
Esse modelo elevou a produtividade das culturas, mas gerou incontestáveis problemas ambientais,
com destaque para a degradação dos solos por erosão, perda de matéria orgânica e compactação,
hídricos.
Por outro lado, a crescente preocupação da sociedade com o meio ambiente tem produzido
reflexos nos sistemas de produção agrícola, uma vez que a demanda mundial por alimentos mais
orgânica vem se destacando como uma alternativa aos tradicionais usos agrícolas, uma vez que
produção teve origem nos anos 30, sendo seu fundador Sir Albert Howard, para quem “a verdadeira
fertilidade dos solos deve estar assentada sobre um amplo suprimento de matéria orgânica e
agrotóxicos”, mas o conceito é bem mais amplo. Segundo Paschoal (1994), a agricultura orgânica visa
produtivos em pequena, média e grande escala, de elevada eficiência quanto à utilização dos
recursos naturais.
e excludente, dificultando, qualquer tipo de acesso à terra, aos trabalhadores rurais brasileiros
640
(Graziano Da Silva, 2000).
Assim, nota-se que, além da propriedade privada da terra estar concentrada nas mãos
que, além da minoria deter a maior porção de terras rurais, detém também a exploração das
mesmas. Ehlers (1999, p. 40) analisa que o rápido processo de motomecanização e o aumento da
concentração fundiária da agricultura brasileira contribuíram para o intenso processo do êxodo rural
especialmente, Rio de Janeiro e São Paulo. Evidentemente, o forte êxodo rural se iniciou nas
crescimento das “invasões” é apenas uma parte das contradições que estão determinando os
classes sociais que marginaliza diretamente as classes menos favorecidas, como os agricultores
com baixo poder aquisitivo, pequenos proprietários e agricultores familiares com área restrita. A
Assim, o aumento generalizado da pobreza no campo pode ser visto como resultado do
trabalhadores volantes (boias frias) veem sua oferta de trabalho diminuir cada vez mais e acabam
se sujeitando a duros turnos no campo por diárias cada vez mais irrisórias (Amstalden, 1991). A
pobreza se intensificou pela distribuição desigual da terra e de outros bens, com a manutenção
propriedades patronais que deram origem à expressão “modernização conservadora” para referir-
PRODUÇÃO CAPITALISTA
utilização como reserva de valor ou especulação imobiliária, não necessariamente associada à sua
Assim, a propriedade privada da terra constitui-se uma condição necessária, mas não
suficiente, para a existência da renda, seja ela diferencial ou absoluta, ou seja, a renda diferencial
da terra depende da intensificação da agricultura pelo capital. Ou, ainda, nas palavras de Graziando
da Silva (1981, p. 22): A renda da terra específica do modo de produção capitalista é um sobre lucro,
um lucro extraordinário do próprio capital [...] o que dificulta o progresso técnico da agricultura é o
porque, na análise de Gonçalves Neto (1997) sua utilização é mais viável economicamente ao
Accarini (1987, p. 195) menciona que no Brasil, o principal mecanismo institucional parece ter
sido o Estatuto do Trabalhador Rural (Lei 4.214, de 02-06-63) que, na tentativa de melhorar o
regime de trabalho no campo, não levou em conta seu caráter sazonal e outras peculiaridades,
apoiada por outras medidas de política agrícola, se tornasse ainda mais intensa.
espaços, contribuindo com o inchamento das cidades. Assim, o processo de modernização levou
um grande número de agricultores à decadência: forçou grande parte da força de trabalho rural
a se favelizar nas periferias urbanas; fez aumentar o número de pobres rurais, elevando a níveis
1997).
se deu de forma rápida e revela que não importa tanto sua função produtiva e sim a garantia da
propriedade privada da terra. Graziano da Silva (1981, p. 118) fala sobre a fronteira em três planos:
No plano social, [...] a fronteira representa uma orientação dos fluxos migratórios,
especialmente das populações rurais. ... Quando a fronteira se “fecha”, passa a haver uma
multiplicação de pequenos fluxos migratórios, muitos sem direção definida [...]. No plano
econômico, a fronteira era uma espécie de “armazém regulador” dos preços de gêneros
alimentícios de primeira necessidade consumidos pela população urbana [...] havia um
suprimento do mercado nacional por meio de escoamento dos “excedentes” da pequena
produção, funcionando como estabilizador dos preços. Quando, entretanto, a fronteira se
“fecha”, esse efeito de amortecimento tem de ser buscado na importação desses gêneros
alimentícios e no tabelamento dos seus preços. (GRAZIANO DA SILVA 1981, p. 118).
No plano político, a fronteira tem sido a “válvula de escape” das tensões sociais no campo.
[...] Quando a fronteira se “fecha”, acaba se tornando, ela mesma, uma região de conflitos pela
posse da terra [...]. Nota-se que a exploração das áreas de fronteiras se deu, especialmente, pelas
É importante ter presente a idéia de fronteira agrícola como uma estratégia de valorização
capitalista. Por sua vez, Delgado (1985, p. 207) enfatiza que: “[...] grandes incorporações territoriais
são feitas especialmente na fronteira agrícola, para uma estratégia de longo prazo de valorização
patrimonial e/ou de utilização produtiva”. A ocupação das “novas” fronteiras agrícolas deu-se sem
O que se viu foi o monopólio da terra, o sistema latifundiário, ditar suas próprias regras,
passando a vigorar, desde logo, o mais desenfreado banditismo, sob o comando de grileiros
a serviço dos grandes açambarcadores de terras nacionais e estrangeiros para quem foram
canalizados os benefícios vultosos investimentos da infraestrutura feitos com os dinheiros
públicos. (GUIMARÃES 1979, p. 242)
foi profundamente alterada em sua base produtiva (Gonçalves Neto, 1997). Nesse período, as
643
monoculturas representam um papel crescente e algumas culturas foram sendo substituídas por
outras, por apresentarem incentivos de preços como foi o caso do binômio trigo-soja no Rio Grande
do Sul. Além do fator preço, outros fatores como as mudanças de padrão alimentício levaram à
substituição de culturas.
Nesse sentido, Graziano da Silva (2000) cita o exemplo da queda da produção da mandioca,
Gerardi (1980), quando afirma que o agricultor que moderniza sua produção se vê pressionado a
seus produtos em um mercado de poucos compradores ou de baixa demanda, este dita os preços
de compra.
pela competição intercapitalista dos mercados de produtos e insumos, na qual grande parte se
capitalista no campo.
monetarização da produção agrícola para sua aquisição ficam patente. Ao lado do avanço da
crédito agrícola teve papel fundamental na dependência do setor produtivo agrícola em relação ao
Cabe destacar que, grande parte dos produtos que apresentaram maiores ganhos de
produtividade física e com destino à exportação, contaram com grandes incentivos governamentais,
644
como políticas de crédito e de preços mínimos, entre outras, que contribuíram para o bom desempenho
exportador e excludente.
seus meios de produção, necessitaram vender sazonalmente sua força de trabalho em outros
estabelecimentos agrícolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de 1960 exigiu do Estado uma maior participação no processo produtivo por meio de incentivos
governamentais. Era necessário integrar a agricultura no novo sistema liderado pela formação de
complexos agroindustriais. A modernização da agricultura pode ser vista sob uma ótica de total
exclusão por parte do Estado, em relação aos pequenos proprietários de terra, no que concerne o
território brasileiro.
latifúndios, já que estes com uma maior produção agrícola concentram receitas elevadíssimas para
o país. Quando estes não conseguem contratos com as grandes agroindústrias, acabam deixando
o campo, aumentando o contingente do êxodo rural. Até mesmo na utilização de insumos agrícolas,
que são os maiores causadores dos impactos ambientais provenientes da agricultura, os latifundiários
são “beneficiados”, já que os mesmos possuem capital necessário para adquirir tais produtos. Os
agrotóxicos surgem neste período da chamada “moderna agricultura”, trazendo inúmeros problemas
que afetam o meio ambiente, a qualidade de vida e o processo de produção, colocando em risco
brasileira, e suas consequências. Assim, podemos entender os impactos causados pelas vias
e, respeitando as especificidades regionais, seus impactos estão presentes até hoje. Pelo exposto,
pode-se afirmar que quando se fala de agrotóxico, fala-se de veneno, que por si só causa dano à
alimentação, à saúde, ao meio ambiente e a própria dignidade da pessoa humana. Por se tratar de
veneno, inúmeros estudos apontam que os agrotóxicos são a causa do aumento da incidência de
doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, os abortos, os fetos com má formação e os
gastos com a saúde pública e da concessão de benefícios (especialmente auxílio doença e pensão
por morte), consequentemente, causando um impacto negativo ao cofre da seguridade social. Por
essas razões, o modelo de produção agrícola deve ser rediscutido e substituído pela agricultura
familiar, que historicamente sem terra e com incentivos aquém dos destinados ao agronegócio é o
setor responsável por 70 % dos alimentos colocado na mesa do brasileiro, sendo, sem dúvida, o
646
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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OLIVEIRA, J.C.M. Vaz, C.M.P. Reichardt, K, 1995. Efeito do cultivo contínuo da cana-de-açúcar em propriedades
648
FUNDAMENTOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE HISTÓRIA
RESUMO
Este artigo tem como principal objetivo compreender os aspectos que permeiam as açoes de um historiador no geral.
Como método, foi utilizada a análise de informações relacionadas a contexto históricos e sociais.
INTRODUÇÃO
apresentou um mapa da África moldado com diversas armas Ak-47, e solicitou que fizéssemos
uma análise critica daquela imagem. Também apresentou uma matéria jornalística que fazia um
contraponto a imagem e ao contexto histórico. O leitor deste texto será levado a primeira tentativa
Resposta: A análise de documentos, as perguntas que devem ser feitas aos documentos,
o comprometimento com o “Oficio de Historiador” em busca de indícios, rastros. John Forge usa
649
desses meios quando faz comparações com a arma feita por Kalashnikov e a bomba atômica
desenvolvida por Leo Szilard, quando vai a fundo nas pesquisas tanto do Tratado de Varsóvia
quanto no Projeto Manhattam. Busca rastros da guerra fria para o atual conflito no Afeganistão
b) Relacione a visão de historiador de Jonh Forge e a posição política que ele assume no
insuspeitos em sua proveniência declarada não são, necessariamente, por isso, testemunhos
verídicos. É preciso insistir nessa regra de bom senso. Pois, por banal que possa parecer, ela
nem sempre foi exatamente aplicada. Não é a opinião que convém incriminar aqui. A época não
permite mais que incutamos esta máxima aos simples: Está no jornal “. Portanto, é verdade “.
Ao ter acesso parcial ao texto publicado na revista britânica “Philosophy Now“ notei alguns
“cortes” que acabaram sendo cruciais para o entendimento do texto, e deixando clara a intenção
do editorial do jornal Folha de São Paulo. Nos recortes publicados no caderno “Mais!” da Folha de
São Paulo do dia 08/04/2007, pg. 9; são omitidos os procedimentos básicos que o historiador Jonh
Forge aplicou em seu texto original, por influências partidárias e coorporativas, a comparação que
“Mikhail kalashnikov inventou uma espécie de rifle, o que não é realmente dramática
arma, ao contrario da bomba atômica. Se qualquer uma pessoa inventou a bomba atômica, foi
Leo Szilar. Parece que ele teve uma idéia, e que fez grandes esforços desde 1935 – 1942, quando
como, “projeto Manhattam” “Alemanha e” utilização de bombas em cidade japonesas “já no texto
original, o historiador abre um leque de hipóteses, vai a fundo nas pesquisa, de fato, são usadas
as técnicas propostas pela nova historiografia, com procedimentos e cuidados que um historiador
deve ter antes de afirmar algo. A foto intitulada” África feito em pedaços de rifles Kalashnikov – foto
de Judá Ngwenya “não traz um titulo verídico, pois se são” pedaços de rifles Kalashnikov “não
poderiam conter” Tambores “de armamentos como a famosa calibre 38, muitas menos pistolas,
uma vez que essas podem fazer parte de um arsenal dos países” omitidos “pelo texto publicado
650
pelo jornal. Como não tive acesso ao documento original (no caso a revista Philosophy Now),
não posso afirmar se a foto foi publicada juntamente com o texto na revista, mas o fotografo
Judá Ngwenya, foi identificado como autor de variam outras. Fotos , seu alvo principal são as
bancada pelo mesmo capital da Folha de São Paulo, da mesma forma que aconteceu com Jonh
Forge, Judá Ngwenya também é utilizado para referencias totalmente de interesse das empresas
em que ambos fornecem seu material. Levando em consideração a citação de Marc Bloch, e
analisando o texto na integra. A única referencia que tenho quanto à questão política do autor são
suas origens, Jonh Forge não deixa de se posicionar quanto as suas influências políticas, para isso
vamos entender um pouco do que ele vive: Jonh Forge é Australiano, a Austrália vive um processo
de Monarquia Constitucional, comandado pelo Reino Unido. Influência essa tanta, que o texto foi
publicado no próprio reino Unido, não me aprofundarei na História da Austrália, mas fiquemos
cientes que o processo monárquico com certeza influenciou e influência os “Pensadores” do país;
logo, a não identificação com as teorias Marxistas, é visível, mas não explicita e sem fundamentos.
deixadas por este; casos diferentes, lugares remotos, mas com a colonização como contexto de
tudo.
comum além da colonização, da relação do ser humano e dos motivos por ele não ser livre.
anexado ao império Asteca, que foi um das maiores civilizações pré-colombianas. Com a chegada
de Hernan Cortez, o Imperador Montecuhzuma pensou que fossem as respostas dos presságios,
651
de que estariam a caminho deuses, com isso Hernan Cortez e sua tripulação foi recebida como
divindade, foi hospedado no palácio do imperador, e começou sua conquista do centro do Império
(com o assassinato de Montecuhzuma). Nessa conquista a maior parte da população foi dizimada;
não defenderei, aqui, nem o Imperador mexica nem Hernan Cortez, mas a devastação do povo
mexica começa a fazer parte da cronologia proposta no inicio do texto, representando aqui o foco
No segundo documento, o Autor deixa exposto a quem escreveu o texto quando menciona
a palavra “Mestre”. Antecessor de autores como Varnhagem, Giovanni Antoni (Antonil) Androni,
foi um dos pensadores positivistas do século XVII. O Jesuíta sistematizou a produção econômica
do Brasil das Capitanias Hereditárias. Foi pioneiro nos detalhes minuciosos (tanto que a coroa
portuguesa proibiu a obra logo depois) quanto a produção de açúcar, a exploração das minas,
o cultivo do fumo e da pecuária. Como é tradição do positivismo tanto o negro quanto o índio
são englobados como meros objetos de produção. Apesar da falsa imagem de libertação que os
jesuítas pregam, de que vieram em missão de paz, a pilhagem e o progresso proposto pela cartilha
européia, foi rigidamente aplicada em território nacional, com total apoio da Igreja. A partir daqui
esse documento se encaixa no problema sendo adaptado e vivido pela população miscigenada,
kalashnikov” de autoria de Judá Ngwenya, é apologia aos altos índices de armas em posse de
cidadões africanos; os atuais conflitos recorrendo a uma causa interna, mas com influências
externas, para ser exato influencia européia. Com o processo de Colonização e Descolonização
e a “falsa” Independência, vários grupos rivais foram anexados ao mesmo território, o que
geraram conflitos duríssimos, essa tendência passou pela era colônia, pós-colonia, e Guerra Fria,
conseqüência deste patrocínio está sendo colhida. E se encaixa no ultimo item da cronologia. As
conseqüências que o povo tem até hoje, com a mutilação de vários habitantes por minas terrestres,
que lá foram deixadas por uma recente guerra entre dois países que decidiram o futuro desse
continente, que foram conseqüências de um povo sem identidade, com pensamento colonizado
e totalmente armado.
históricas.
652
A permanência poderia apontar a questão “falta de liberdade” com tais conflitos, o ser já
nasce condicionado para matar, morrer, passar fome ou ser mutilado por uma mina terrestre.
“A humanidade pode decidir ter mais ou menos guerras ao decidir distribuir as riquezas
entre os povos que fazem parte dela. A globalização econômica, social, cultural e política do
planeta e um modelo único de sociedade não é solução para a pobreza do mundo, muito menos a
solução para conflitos armados; pelo contrario pode ser um fator que aprofunde as desigualdades
e acelere a violência”.
“O ser humano se diferencia dos outros animais pelo telencéfalo altamente desenvolvido,
pelo polegar opositor e por ser livre. Livre é o estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma
palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não
entenda”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos considerar que através deste estudo foi o primeiro contato que tivemos com
“Fundamentos e práticas dos estudos em História” apresentou um mapa da África moldado com
diversas armas Ak-47, e solicitou que fizéssemos uma análise crítica daquela imagem. Também
apresentou uma matéria jornalística que fazia um contraponto a imagem e ao contexto histórico.
O leitor deste texto será levado a primeira tentativa de coleta de fontes e analise documental de
653
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BURKE, Peter.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. 8ª reimp.
654
MÚSICA: BREVE CONTEXTO HISTÓRICO
RESUMO
Este artigo apresenta o tema: Música na Educação Infantil e aborda o seguinte problema: qual é a importância da
música na educação infantil? Tem como objetivo mostrar a importância da música para o desenvolvimento integral da
criança na educação infantil. Neste trabalho foi realizada a pesquisa bibliográfica a respeito do tema, a metodologia
utilizada é a qualitativa. Por meio da pesquisa bibliográfica utilizada é possível constatar que a música na educação
infantil possibilita o desenvolvimento integral das crianças tornado-as mais criativas, afetivas, reflexivas, auxilia no
desenvolvimento cognitivo além de ser excelente meio para favorecer a integração social. Essa pesquisa traz ainda,
um breve contexto histórico da música, a definição da palavra música, fala também a respeito da educação musical e
a legislação brasileira e por fim, traz sugestões de como introduzir a música na educação infantil de maneira simples e
INTRODUÇÃO
A música faz parte da vida do ser humano desde os tempos passados, ela tem o poder de
proporcionar alegria, tristeza, calma, agitação enfim, são muitos os sentimentos e estados que a
música pode proporcionar. Na escola a música também está presente nos diversos momentos
da rotina: na hora das refeições, hora do soninho, hora da história e nas brincadeiras de cantigas
de roda. No entanto, é necessário compreender que o papel da música vai, além disso, é de
fundamental relevância maximizar o espaço da música dentro das escolas, para que seja encarada
655
como um dos caminhos para o desenvolvimento integral das crianças.
Na realidade é muito mais do que isso, trabalhar com música significativamente é compreendê-
la como uma linguagem rica e que está em constante construção como afirma Brito: (2003, p.46)
música como processo contínuo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar,
criar, e refletir”.
Sendo assim, é necessário ampliar o olhar em relação à música dentro das escolas e percebê-
outros conteúdos. Desenvolver um trabalho com música possibilita a integração das crianças, o
Diante disso, esta pesquisa aborda o seguinte problema: qual é a importância da música na
Educação Infantil?
significativa é importante porque contribui para a formação integral da criança tornando-a mais
Para mostrar o caminho percorrido até a escolha do tema “Música na Educação Infantil”, vou
apresentar um breve relato de experiência. Após terminar o Ensino Médio prestei o vestibular para
Pedagogia em 2004, fui aprovada e no segundo semestre desse mesmo ano comecei a estudar
na UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Campus de Jequié a minha cidade natal,
interior da Bahia.
Quando iniciei os estudos não tinha nenhuma experiência na área da Educação e nem com
crianças, no início, não entendia ao certo que estava estudando para me tornar uma professora,
ao longo do curso fui aos poucos compreendendo este fato e confesso que me preocupava pelo
fato de não ter experiência nesta área. Na época dos estágios, fiquei um pouco assustada com a
realidade da sala de aula e pensava se iria consegui ser uma boa professora, mas, na universidade
os professores nos deram o suporte necessário sempre salientando que, a teoria é a base para
a prática e para não desistirmos da educação, pois, é um caminho possível para a transformação
social.
particular de bairro na minha cidade natal, essa foi a minha primeira experiência como professora e
656
queria que fosse a última também, pois, além de trabalhar muito e ganhar pouco, não concordava
com o ensino tradicional que era desenvolvido nesta escola, mas, continuei trabalhando apesar de
todas as dificuldades porque eu precisava. Foi nesta escola que tive meu primeiro contato com a
Educação Infantil, me identifiquei e percebi de imediato que queria continuar trabalhando com o
público infantil. Apesar de ter sido uma experiência difícil não desisti da educação.
No final do ano de 2009 vim para a cidade de São Paulo e em 2010 comecei a trabalhar em
uma escolinha particular de bairro novamente. Neste mesmo ano de 2010 prestei o concurso para
Professor de Educação Infantil da Prefeitura de São Bernardo do Campo fui aprovada, no entanto,
só comecei a trabalhar em São Bernardo em 2012, no ano de 2011 trabalhei como professora
substituta pela Prefeitura de Mauá como contratada. Sempre atuando na educação infantil a minha
experiência na área foi aumentando e a minha prática como professora foi aos poucos aprimorando.
Trabalhei de 2012 a 2017 em São Bernardo do Campo, mas, atualmente trabalho como Professora
Enquanto estudava na universidade sempre ouvi falar sobre a importância da música para
oferecia uma formação específica nessa área e sendo assim, sempre trabalhei com música de
maneira muito superficial também. Compreendi de fato qual a relevância da música para a educação
infantil muito tempo depois em uma das formações do PEA na escola onde lecionei.
Tive a oportunidade de conhecer o livro: Música na Educação Infantil da autora Teca Alencar
de Brito e à partir dessas leituras me interessei cada vez mais pelo tema percebendo o quanto meu
Portanto, decidi desenvolver essa pesquisa porque quero conhecer mais sobre a música e
Esta pesquisa se justifica ainda, ao mostrar como a música contribui na formação integral
das crianças tornando-as mais criativas, expressivas, afetivas e comunicativas elevando, dessa
O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e
forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentam
necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da
expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de
integração social.
maneira que poderão ser adultos críticos, independentes e que possuam uma visão humanizadora
É fundamental apontar que a música não é uma como uma fórmula mágica que irá resolver
todos os problemas na Educação Infantil, mas, sim é um dos meios possíveis para o desenvolvimento
integral das crianças quando trabalhada de maneira efetiva e em parceria com as outras áreas do
conhecimento.
integral da criança na Educação Infantil. Os objetivos específicos são: compreender a música como
uma linguagem com características próprias e apresentar sugestões de atividades com música em
sala de aula.
Este trabalho irá abordar a pesquisa do tipo bibliográfica, isto é, será realizada uma revisão
A fundamentação teórica é composta pela autora, Teca Alencar de Brito com a obra: (Música
na Educação Infantil: propostas para a formação integral da criança), a autora Vera Pessagno
Bréscia e o livro: (Educação musical: Bases psicológicas e ação preventiva), também faz parte
desta pesquisa o RCNEI Vol. 3 e entre outras fontes de pesquisa como artigos da internet.
Em seu livro “Música na Educação Infantil: propostas para a formação integral da criança”,
a autora Teca Alencar de Brito apresenta novas possibilidades de trabalhar música com crianças
pequenas, mostrando que a mesma é um instrumento rico para a formação integral do ser humano,
este livro é baseado em suas próprias experiências. Já o RCNEI Vol. 3: Conhecimento de Mundo
apresenta documentos os quais estão voltados para um trabalho pedagógico que valoriza a
construção das diversas linguagens da criança e as relações que estabelecem com as várias áreas
do conhecimento como: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e
Sociedade e Matemática. A autora Vera Pessagno Bréscia em seu livro Educação Musical: Bases
psicológicas e ação preventiva destaca a importância da educação musical para o Brasil como
ferramenta preventiva de problemas sociais como a violência, drogas etc. A autora ainda fala acerca
Esta monografia é formada por três capítulos e as considerações finais. O primeiro capítulo
aborda um breve contexto histórico da música e apresenta a definição da palavra música segundo
alguns autores.
O segundo capítulo faz uma abordagem acerca da Educação Musical no Brasil de acordo
658
com a legislação brasileira fala ainda, a respeito da música no contexto escolar da Educação Infantil.
Infantil, ou seja, apresenta idéias de como desenvolver um trabalho voltado para a música em sala de
aula. Também apresenta as contribuições que a música pode proporcionar para o desenvolvimento
integral da criança.
Por fim as considerações finais faz um apanhado geral sobre esta pesquisa, apresentando
A música é uma construção de cada povo e cultura, está presente nas mais variadas
situações da vida como o casamento, atividades religiosas e até mesmo em funerais. Estudos
apontam que a música surgiu desde tempos muitos remotos e à medida em que o ser humano
linguagem musical tem sido interpretada, entendida e definida de várias maneiras, em cada época
e cultura, em sintonia com o modo de pensar, com os valores e as concepções estéticas vigentes.”
Neste capítulo será apresentado um breve contexto histórico da música para uma melhor
compreensão das transformações que passou ao longo da história da humanidade e como tem
Para começar é preciso falar um pouco a respeito da música dos povos primitivos, pois,
foi onde tudo começou. Não é possível ao certo saber quando surgiu a música, no entanto, faz
parte da humanidade desde sempre como bem afirma McClellan 1994 (apud Bréscia 2011, p.
23): “a música tem participado da história do homem desde antes das primeiras civilizações e das
Por meio de estudos é possível concluir que quando a música surgiu estava ligada aos mais
Portanto, é possível perceber que nas primeiras civilizações a música não era utilizada
659
como entretenimento, mas sim, assumia um papel mítico, divino, ou seja, estava ligada ao aspecto
religioso sendo utilizada para pedir proteção aos deuses, agradecer pela boa colheita, caça e enfim,
Por meio de artefatos arqueológicos como gravuras e pinturas dos povos pré-históricos os
quais mostram cenas do cotidiano onde aparecem instrumentos musicais e dançarinos, supõem
se que, a música já existia durante essa época. Dessa maneira, à medida que o homem primitivo
evoluía passou a criar seus próprios utensílios para facilitar o seu dia a dia, como os instrumentos
utilizados para a caça e a pesca e consequentemente criaram seus instrumentos musicais. Souza
(2017)
Na Idade Antiga, a música era utilizada basicamente para a comunicação entre os deuses e
o povo.
Houve uma evolução na música durante esse período, pois, nessa época já havia a presença
de vários instrumentos musicais, a descoberta das notas e dos intervalos musicais pelo filósofo
Bréscia (2011, p.25) fala acerca de como a Grécia se destacou no campo das Artes incluindo
Já na Idade Média quando a Igreja Católica passou a ter fortes influências sobre todos
A música na Idade Média pode ser classificada de duas maneiras: música profana e música
A música religiosa se chamava cantochão e apresentava cantos, como por exemplo, o canto
gregoriano, [...] já a música profana (que não tem intenção religiosa) caracterizava-se pelas
danças, encenações e canções dos trovadores que, por meio de suas músicas narravam
histórias de amor, atos heroicos e conquistas militares.
660
No período Renascentista houve muitas mudanças na Europa a Igreja já não exercia tanta
ciência, sendo assim, Souza (2017) afirma que: “Música Renascentista: deixou-se de lado a música
religiosa e surgiu-se o interesse pela música profana, com várias melodias tocadas e cantadas ao
mesmo tempo”
A música do período Barroco apresenta um conteúdo mais dramático, foi nesta época que
[...] temos a música Barroca, com seu auge por todo o século XVIII. As músicas tinham
conteúdo dramático e bem elaborado. Nesse período surge a ópera musical. Na França, os
principais compositores eram Lully, que trabalha para Luis XIV, e Rameau. Na Itália, claro,
Antonio Vivaldi. Na Inglaterra, Haendel, com seus brilhantes oratórios. Na Alemanha: Johann
Sebastian Bach. Souza (2017).
A Música do período Clássico marca o surgimento das orquestras, compositores como Haydn,
Mozart e Beethoven se destacam nessa época. Durante o classicismo surge ainda, a “Sonata” que
vem do verbo sonare (soar), do latim, Sonata é uma obra em diversos movimentos para um ou dois
Houve uma grande evolução durante esse período na política, na economia e na tecnologia com a
Revolução Industrial e dessa maneira, todas essas mudanças claramente repercutiram na música.
Enquanto a música, nos períodos anteriores, podia ser identificada por um único estilo
para vários compositores, no período moderno houve uma mistura complexa de várias
tendências. [...] Embalada pela Revolução Industrial, que trouxe a possibilidade da produção
de música em massa e para a própria população, através de gramofones, do rádio e de
gravações, a música e a voz humana ganhavam, então, um alcance enorme e potente. [...]
Como definiam-se por oposição a cultura ficou com a marca mais elevada (erudita) enquanto
a comercialização e o consumo são características da arte mais baixa (popular) que atrai uma
maior parte da população. Souza (2017).
Como podemos perceber ao longo dos séculos a música passou por diversas transformações
até chegar a que conhecemos hoje no século XXI e em cada período da história vem refletindo
música é uma construção cultural de cada povo que não é somente composta pelos instrumentos,
pelo canto e pelos ritmos, mas, também está ligada a um contexto sócio cultural.
igreja, nas festas... Tornou-se um mercado muito lucrativo no mundo do entretenimento, há uma
infinidade de estilos e ritmos, tem para todos os gostos. É bem verdade que não se sabe exatamente
quando a música surgiu, no entanto, apesar de todas as mudanças pelas quais passou durante os
661
milênios, permanece até os dias de hoje como uma das marcas da sociedade.
DEFINIÇÃO DE MÚSICA
Definir o que é música não é uma tarefa muito fácil visto que são diversos os conceitos e
pontos de vistas apresentados pelos estudiosos do tema. Neste tópico serão abordadas algumas
definições da palavra música segundo alguns autores e autoras, é relevante citar que não se
pretende apresentar uma ampla discussão sobre o conceito da palavra música, pois, não é o
Para iniciar vamos observar como a música é definida pelos dicionários. De acordo com o
Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa, por exemplo, música é: “1. Arte que ensina a
combinar sons para que produzam efeito agradável, 2. Resultado da combinação de sons [...]”.
Bréscia (2011, p.20) fala um pouco acerca das definições dos dicionários que geralmente
conceituam a música como a arte de combinar os sons:
Nos dicionários e enciclopédias em geral, lê-se que música é vocábulo de origem grega
que significa a arte das musas. É a arte de escolher, dispor e combinar os sons. É ciência e
arte: as relações entre os elementos musicais são verdadeiras relações matemáticas; a arte
manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. A música é criação da inteligência
humana, contendo dois fatores: o primeiro, de ordem artística, porque a música é a arte de
combinação dos sons; o segundo, científico, porque a produção e combinação dos sons são
reguladas por leis da Física.
De acordo com os dicionários, portanto, música é arte e ciência que harmoniza os sons,
porém, essa definição sobre música é bastante reducionista quando se trata de música como
linguagem. Brito (2003, p.26) afirma que: “Quando define música como “qualquer conjunto de sons”,
A definição de música para Brito que a compreende como uma linguagem é assim:
Música não é melodia, ritmo ou harmonia, ainda que esses elementos estejam muito
presentes na produção musical com a qual nos relacionamos cotidianamente. Música é
também melodia, ritmo, harmonia, dentre outras possibilidades de organização do material
sonoro. O que importa, efetivamente, é estarmos sempre próximos da idéia essencial à
linguagem musical: a criação de formas sonoras com base em som e silêncio [...]. (2003, p.26).
Outros autores também compreendem a música como uma linguagem: Koellreutter (apud
Brito 2003, p.26) afirma que “a música é uma linguagem, posto que é um sistema de signos.”
Bréscia (2011, p.20) diz que: “A música é uma linguagem universal. Não precisa de tradução.
Fala diretamente às pessoas, transpondo as barreiras tanto do tempo e do espaço, tanto das
nacionalidades e etnias como da língua”.
RCNEI Vol. 3 (1998, p.45): “A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes
de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização
e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio”.
Podemos compreender então, que a música é mais que a harmonização dos sons, tem o
poder de acalmar, de trazer boas lembranças, de proporcionar alegrias, é a linguagem que todos
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compreendem.
A música é uma fonte abundante de harmonia. Quase toda música envolve harmonia de algum
tipo... Talvez essa seja outra razão pela qual as pessoas desejam a música. A música pode
bem ser um antídoto curativo e saudável para as tensões e desarmonias da modernidade.
Diante do exposto podemos perceber que de acordo com os estudiosos a música é uma
linguagem, uma construção de cada povo, de cada cultura. A música permite expressar sentimentos
por meio dos sons e da poesia, proporciona bem estar, prazer e tem o poder de penetrar a alma. É
talvez a mais sublime criação humana. “A música é, incontestavelmente, de todas as artes, aquela
que reflete de uma maneira mais sensível, o grau de desenvolvimento de um povo” Marmontel
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foi apresentado o tema “Música na Educação Infantil”. A música não está
presente apenas no ambiente escolar, mas, perpassa pela vida de todos nós seja para nos entreter,
alegrar, acalmar e até mesmo é utilizada para fins terapêuticos. Sendo assim, esta pesquisa
evidenciou a importância da música na vida de todo ser humano dentro e fora do ambiente escolar.
Esta pesquisa mostrou que a importância da música na educação infantil é a sua contribuição
ainda, a melhoria no desempenho cognitivo. Demonstrou também que o trabalho com música na
educação infantil possibilita a melhoria na relação sócio afetiva entre crianças e adultos, favorece
o desenvolvimento psicomotor, permite o diálogo com outras culturas, além de ser uma excelente
Este trabalho trouxe como objetivo geral mostrar a importância da música para o
uma linguagem com características próprias e ainda, apresentar algumas sugestões de atividades
O objetivo específico que busca compreender a música como linguagem que possui suas
• Apreciação – percepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e organizações
análise e reconhecimento;
O outro objetivo específico também foi concluído uma vez que foram apresentadas sugestões
Além de cantar, devemos brincar com a voz, explorando possibilidades sonoras diversas:
imitar vozes de animais, ruídos, o som das vogais e das consoantes (com a preocupação
de enfatizar a formação labial), entoar movimentos sonoros (do grave para o agudo e vice-
versa), pequenos desenhos melódicos etc. Utilizando apenas sons vocais, é possível sonorizar
histórias, contos de fadas, livros com imagens de paisagens sonoras diversas e desenhos
de animais. Também podemos inventar, junto com as crianças, composições que utilizem
diferentes sons vocais, sonorizar vocalmente diferentes formas gráficas etc. Brito (2003, p.
89).
Neste trabalho foi utilizada uma revisão bibliográfica acerca do tema proposto, a qual permitiu
conhecer de maneira menos superficial sobre música na educação infantil. A leitura das obras
Música na educação infantil, Educação musical, o RCNEI vol. 3 e entre outros como artigos da
Sendo assim, por meio da revisão bibliográfica foi possível saber que a música surgiu há
muito tempo, não se sabe ao certo quando apareceu, mas, em cada período importante da história
da humanidade esteve e continua presente até os dias de hoje. À medida que as sociedades iam se
organizando a música refletia as mudanças ocorridas como: políticas, tecnológicas e entre outras
que não é algo fácil de fazer, mas, de acordo com algumas autoras como Brito e Bréscia, por exemplo,
a música é uma linguagem com características próprias e que está em constante construção.
Evidenciou como na educação infantil a tradição de trabalhar a música de uma única maneira
mudar com a inserção de atividades simples que permitam o fazer musical de maneira criativa e
prazerosa.
Na educação infantil a música faz parte do cotidiano das crianças: na rotina, nas brincadeiras, e
664
nas festas exercendo um papel muito relevante na educação, pois, contribui para o desenvolvimento
integral da criança. Partindo desse pressuposto é que me interessei em pesquisar acerca deste
tema, e assim, contribuir na melhoria da minha prática e possibilitar uma educação de qualidade
para as crianças.
Posso concluir que a partir desse trabalho de pesquisa passei a compreender e a conhecer
o que realmente é o trabalho com a música na educação infantil, e como a inserção da música é
Dessa forma, esse estudo contribuiu para o aprimoramento da minha prática, pois, ampliou
a maneira de como costumava inserir a música em sala de aula. Esta pesquisa poderá contribuir
ainda, para outros professores da educação infantil que queiram conhecer melhor sobre música na
educação infantil.
665
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SOUZA, Paula. A História da Música: Origem, conceito e tendências. Disponível em: <https://www.universoned.ned.
666
O UNIVERSO DA ESCOLA E A SUA RELAÇÃO COM A MANUTENÇÃO DA DESIGUALDADE
SOCIAL
RESUMO
O objetivo deste trabalho é realizar uma breve reflexão sobre a relação entre o universo escolar e a manutenção das
desigualdades sociais. Para isso, apoio-me na análise sobre a “Reprodução Cultural e Reprodução Social” realizada
INTRODUÇÃO
Na minha experiência como professor eventual de História na rede pública de ensino, tenho
cópias na lousa, carência estrutural da escola e professores assíduos, mas nem sempre capazes
de atentar para as diferenças existentes em sala de aula, particularmente, no que diz respeito aos
interesses dos alunos. Portanto, começa-se uma primeira forma de exclusão social, ou seja, um
ensino nem sempre significativo à realidade dos alunos, a segunda forma é de um ensino que não
vai para além dos muros da escola, isto é, não dá perspectiva de mudanças na vida dos mesmos.
no Brasil em seis escolas. Esse diretor pode flagrar o dia-a-dia da escola e a subjetividade
Itaquaquecetuba(SP). Sem exercer interferência direta, a câmera filma salas de aula, corredores,
pátios, banheiros e testemunha uma reunião de conselho de classe onde os professores decidem
o destino dos alunos “difíceis”. Por outro lado, como são olhados estes alunos “difíceis”, como
são julgados pelo corpo docente? Em que medida atentam-se pelas diferenças de expectativas
Fazendo uma comparação com a distribuição dos bens simbólicos, Bourdieu menciona
De fato, a estatística de freqüência ao teatro, ao concerto (...) basta para lembrar que o
legado de bens culturais acumulados e transmitidos pelas gerações anteriores, pertence
realmente “ embora seja formalmente oferecidos a todos” aos que detêm os meios para eles
se apropriarem, quer dizer, (...) por aqueles que detêm o código que permite decifra-los”.
(BOURDIEU, 1971, p 297).
Para esse autor, estes códigos são passados primeiramente pela educação familiar, sendo
primeiramente em casa. No entanto, a qual família a escola pública estabelece sua extensão?
Há uma vivência distinta entre escola pública e particular, os alunos da primeira escola tende
a ter um tempo diferenciado de aprendizagem em relação aos alunos da segundo escola, isso
se deve, segundo Bourdieu (1971), as condições distintas em que esses códigos escolares
são transmitidos, condições não apenas estruturais da escola como estruturais das famílias, as
quais destinam seus filhos para estas escolas.Quem de ate-mão já foi inicialmente preparado
diferente, são os alunos que não passaram pelas mesmas oportunidades, terão um tempo maior
para assimilar as novas regras que a escola, como instituição, impõe aos seus alunos.
Tendo como base estas considerações realizo este trabalho tomando como material de
estudo o filme Pro Dia Nascer Feliz de João Jardim e finalizo com as observações realizadas nas
minhas experiências como professor eventual das escolas públicas da cidade de São Paulo.
SOCIAL
O filme de João Jardim retrata pontos comuns e paradoxos na vivência escolar dos
A escola pública mostra o descaso do Estado, a carência estrutural, bem como nenhum suporte
Essa formação vem desde a extensão familiar, que cobra dos adolescentes bom
desempenho. Isso no filme fica evidente, quando uma aluna da escola particular, durante o seu
depoimento, recebe uma ligação do pai, perguntando como foram as provas de recuperação. Na
fala dos adolescentes da escola particular, é enfático que o estudo tem uma perspectiva de futuro,
Portanto, há uma extensão maior dos familiares na vida escolar desses alunos, isso se
deve, segundo Bourdieu, a expectativa dos familiares com o espaço da escola na manutenção
e ascensão social de seus filhos, ou seja, a escola torna-se uma maneira de transmissão de
poderes e privilégios.
pois os códigos não atingem a realidade deles. Num outro depoimento, presente no mesmo filme
de João Jardim, uma garota ao terminar o ensino médio, sua vida se resumiu a viver de casa
para o trabalho, do trabalho para casa, e a vivência escolar representou o pouco espaço de
sociabilidade, mas que não lhe incutiu perspectivas para alterar sua vida, pelo contrário, mantinha
as velhas condições. Nos momentos em que se sentia angustiada, triste, escrevia poemas. Mas
na escola torna-se uma forma de reprodução das desigualdades sociais. Isso reflete nas
universidades públicas, onde o número de alunos oriundos das escolas particulares é muito
Por mais que os poucos alunos das escolas públicas cheguem nas melhores universidades,
e vivam “um destino de exceção”, a maioria que compõe o espaço destas universidades são
oriundos das escolas particulares. Enquanto, os alunos oriundos da escola pública irão compor
o grande quadro discente das universidades particulares. Bem como, os alunos que seguem a
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carreira docente, formados nas faculdades particulares e oriundos da escola pública, voltam a
lecionar nas suas escolas de origem, ou seja, nas escolas públicas do Estado.
ou melhor, a maneira de transmissão dos conteúdos, que para os alunos significa passar lição
na lousa, muitas vezes o copiar já não tem sentido. Isso começa desde o ensino fundamental,
mais se o período for integral. Junto, a precariedade da escola, o meu desafio como professor
em lidar com as questões que me chegam tornam-se maiores. Entre a matemática, o português
e a biologia, cada matéria com a sua linguagem, com as suas palavras e interpretação, entra
também a História com a sua particularidade, e pergunto em que medida a História que ofereço é
Alguns alunos, não atraídos pela linguagem das matérias ou pela maneira de ensinar
de cada professor, “perambulam” pela escola. Esta vira um espaço ocioso e não formativo, não
aprender não tem sentido e a prática de copiar já não mais os prende a atenção.
Para Bourdieu,
[...] as disposições negativas no tocante a escola que levam a maioria das crianças das classes
e frações de classe mais desfavorecidas culturalmente à auto-eliminação, como por exemplo
a depreciação de si mesmo, a desvalorização da escola e de suas sanções ou a resignação
ao fracasso e a exclusão, deve ser compreendidas em termos de uma antecipação fundada
na estimativa inconsciente das probabilidades objetivas de êxitos viáveis para o conjunto da
categoria social, sanções que a escola reserva objetivamente às classes ou frações de classe
desprovidas de capital cultural. (BOURDIEU, 1971, p.310).
escolhem caminhos dentro de suas condições objetivas, ou seja, que lhes permitam determinadas
escolhas. Uma determinada escolha, por exemplo, deixar de estudar, não significa “privação”, mas
de Karl Marx quando menciona que os homens não fazem história como querem, mas a partir das
suas condições históricas concretas, isto é, a partir de uma determinada base material, é ela que
aplicados na carreira escolares dos filhos da classe média e alta substituem os mecanismos
de um legado de relações sociais, possibilitando determinar o chão social em que encenará seus
são convertidas em hierarquias escolares. Deste modo, o sistema escolar cumpre uma função de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como professor eventual gostaria de finalizar este trabalho com as leituras realizadas
durante o curso de Licenciatura de modo a refletir a prática pedagógica do professor. Sabemos que
a educação escolar é um direito público. As políticas públicas voltadas para a redução da evasão
a necessidade de uma preparação prévia tanto da infra-estrutura como do corpo docente das
escolas para fazer face aos desafios oriundos da nova geração de alunos criados pela onda
sua permanência histórica revela mais do que a aparente persistência de um mesmo conjunto
de problemas ao qual se vêm dando há décadas as mesmas soluções. Ela pode significar que
cambiante realidade escolar, e que essa aparente unanimidade tem impedido o afloramento
que ele encerra. Para uns, a educação de qualidade deve resultar na aquisição de diferentes
ou consumidores conscientes. Ora, é evidente que, embora algumas dessas expectativas sejam
compatíveis, outras são alternativas ou conflitantes, pois a prioridade dada a um aspecto pode
dificultar ou inviabilizar outro. Uma escola que tenha como objetivo maior — e, portanto, como
liberdade do educando, não se marcar apenas uma diferença conceitual no plano teórico, mas,
sobretudo busca-se uma adesão às práticas sociais que se consideram mais valorosas. Acredito
que, a democratização não se caracteriza por políticas públicas de abertura da escola para todos,
bem como não decorre de práticas pedagógicas capazes de formar indivíduos livres, mas de
conceber a democratização como uma prática pedagógica coloca-se em vista um certo tipo de
tidas como invariavelmente autoritárias. Nesse sentido, o programa veiculado pode ainda guardar
interesse para além do contexto que o originou. Mesmo no âmbito mais específico da educação
escolar “regular”, a valorização do meio cultural de que advêm os alunos, seus hábitos e seu modo
de vida nem sempre são objetos do devido respeito. A relação pedagógica pressupõe diferenças
que, no contexto escolar, traduz-se numa certa hierarquia. Em parte, essas diferenças derivam do
fato de o professor ter certos conhecimentos que os alunos não têm, que são os conhecimentos
escolares. O que uma tal visão obscurece é o fato de que, independentemente das relações
pessoais, no plano social, brancos e negros, por exemplo, têm poder e direitos desiguais; que a
exclusão sistemática a que estes têm sido submetidos impede nossa sociedade de ser democrática
nesse aspecto. Mas é claro que o direito cuja universalização se reivindica não é simplesmente
o da matrícula num estabelecimento escolar, mas o do acesso aos bens culturais públicos que
morais, enfim, o direito a um legado de realizações históricas às quais conferimos valor e das
672
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
673
AVANÇOS PARA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA
RESUMO
Atualmente nosso país vive uma situação social, econômica e cultural com muita disparidade, e isso na verdade não
vem de agora, pois a diferença na forma de tratamento dada às populações pobres e carentes, em especial às negras,
Pensando na importância que este tema tem que ser disseminado para todos, justifica-se a escolha deste tema,
mostrando como é a história da população negra no Brasil e quais as dificuldades por ela sempre enfrentadas,
principalmente na educação.
Sendo assim, pretendem-se investigar quais são as partes críticas de nossa história para analisarmos e refletirmos o
que causou esse grave preconceito com as pessoas, como se deu a dificuldade dos negros se inserirem no mercado
de trabalho e na educação, o porquê o negro sempre é segregado da sociedade. Acredito que a questão de pesquisa
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo geral reunir alguns elementos e reflexões sobre a
história dos negros no Brasil, destacando a trajetória e pensamento educacional de ensino dos
negros, desde a sua chegada ao país até os dias atuais, fazendo os leitores refletirem quais
aspectos mudaram desde o início dessa história e quais problemas que o povo negro enfrenta
até os dias atuais e que precisam ser mudados e erradicados totalmente da nossa sociedade,
674
apresentando uma comunidade de igualdade.
ensino no Brasil. Descrever e citar os autores que falam sobre a omissão do negro na história
de um sistema educacional escolar brasileiro excludente que se inicia desde o período Colonial
para atender, de fato, aos interesses econômicos até o presente momento para atender os
interesses capitalistas. A exclusão do negro esse cenário está associada a dois resultantes
processos vividos por certos grupos sociais1 ao longo de um movimento histórico que os vetou
e, ao mesmo tempo, criou um estado que os impõe hoje na condição de serem incluídos. No
caso específico do negro, a somatória de critérios como discriminação racial em função da cor
da pele, a estigmatização e a rejeição chegou historicamente a tal ponto, que foram excluídos
completamente do cenário educacional, um problema que até hoje tem reflexos e consequências
Nesse sentido, muitos atributos são razões para compreendermos a atual situação em que
passa esse grupo. Um personagem da nossa história que muito contribuiu e continua contribuindo
com a construção desse país em todos os aspectos, sobretudo, o econômico e o cultural, mas que
continua sobreposto, do ponto de vista social, a uma condição de vulnerabilidade imposta ainda
demonstram, a cada dia, o quanto o escravismo histórico e discriminatório influenciou na sua atual
apesar de a educação ter funcionado ao longo do tempo como um dos meios de reprodução dessa
condição desigual, não se pode negar que existe uma história da educação e da escolarização
dos povos afrodescendentes. E, assim como neste trabalho, essa história precisa ser resgatada,
uma vez que evidencia as informações e dados que retratam as relações educativas do negro
com as escolas oficiais do estado, com a sociedade do passado e do presente, e com o próprio
675
A Lei nº 10.639 foi promulgada em 2003, que estipula que a cultura afro-brasileira deve
ser ensinada e designou o dia 20 de novembro como o “Dia da Consciência Negra”. É concebível
que tal lei não possa ser promulgada da noite para o dia. Para que seja necessário considerar a
igualdade racial no ambiente escolar, muitos esforços têm sido feitos, como o já citado MNU.
De acordo com Gomes (2012), este aborda a importância dos movimentos sociais para
A educação tem merecido atenção especial das entidades negras como um direito
paulatinamente conquistado por aqueles que lutam pela democracia, como uma possibilidade
a mais de ascensão social, como aposta na produção de conhecimentos que valorizem o
diálogo entre os diferentes sujeitos sociais e suas culturas e como espaço de formação de
cidadãos que se posicionem contra toda e qualquer forma de discriminação. (GOMES, 2012.
p. 735).
A educação é um mecanismo de melhoria social que permite aos alunos valorizar, valorizar
A população negra inicialmente não teve oportunidade de receber educação, mas ela
mudou, mas ainda não é representativa no material didático, o que não tem efeito na cultura deles,
115 anos depois que a população negra se livrou da escravidão, algumas mudanças ocorreram
nesse sentido. A Lei 10.639 / 03 foi aprovada pelo Presidente da República, evidenciando a
A referida lei trata dos princípios da valorização da cultura negra e da importância destes
A Lei nº 10.639/03 reformulou a grande lei da educação “A Lei Diretriz e a Lei Básica da
Educação Nacional” (LBD 9.394/96). Por meio dela, o currículo da educação passou a integrar
valorização da cultura histórica, o que trouxe maior significado para a formação dos alunos afro-
cultura negra na formação educacional de todo o país, a LDB fez um novo dispositivo 10.639 no.
676
dispositivos relativos à lei e promulgada a lei 11.645/08.
2008).
nas instituições públicas garantir a igualdade na educação racial, mas também nas instituições
privadas. Além de incluir os povos indígenas, também são vítimas de preconceito e exclusão. Os
livros didáticos sempre negaram a identidade dos negros que vivem nas periferias. Sabendo que
a educação é um produto social, a classe dominante branca e o racismo não querem que negros
e brancos se sintam parte da sociedade, nem querem que ocupem o mesmo espaço, mas querem
sempre correndo na cabeça de negros e pardos. Esse ideal destrói a compreensão das pessoas
sobre a identidade negra, porque todos sonham em um dia poder ingressar na identidade branca
Obviamente, a intenção de um projeto social não é criar uma identidade negra criando
tantos muros e barreiras existentes. O negro é obedecido, silenciado, sofredor e racista, o que
torna cada vez mais difícil se reconhecer como negro. Portanto, a Lei 10.639 / 03 é muito importante
porque coloca em pauta o valor agregado da cultura e da história negra, possibilitando que as
Outra importante Lei criada na primeira década do século XXI foi a Lei 12.711/12, que
garante o acesso ao ensino superior para alunos oriundos de baixa renda, negros, pardos e
Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1o
desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas
e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no
mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na
677
população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da
Essas vagas são para alunos de baixa renda ou todos os alunos que cursaram o ensino
médio da rede pública, indicando que a exclusão da escola se deve à exclusão histórico-social.
entre negros e brancos. A Lei de Cotas nº 12.711/12 foi sancionada quase dez anos após a
implementação da ação afirmativa em agosto de 2012. Seu objetivo é estabelecer uma cota
institucional de pelo menos 50% para alunos do ensino médio de escolas públicas. Para aliviar as
diferenças raciais.
aderiram ao sistema de cotas, em 2006 esse número chegou a 43. Em 2010, havia 83 instituições
de ensino superior com cotas (GUARNIERI, 2008). Mesmo assim, as cotas raciais ainda são
A crítica ao sistema de cotas por parte de grandes instituições de ensino superior decorre
do fato de que a abertura de vagas para negros, índios e estudantes de baixa renda desvaloriza tais
social pessoal e que grupos desfavorecidos têm a oportunidade de se integrar à vida, as políticas
Se as pessoas não são iguais, não receberão coisas iguais. A parte desta certeza devemos
entender que precisamos tratar os desiguais de forma diferenciada para que possamos, enfim,
alcançar a almejada isonomia. Ou seja, diante de tal imperativo não basta o Estado adotar uma
ação neutra, mais que isso, veda-se ao Estado a prática de ações ou projetos que versem sobre
a criação, promoção ou execução de discursos e condutas que tenham por essência a cultura da
As cotas raciais enquanto política pública tem esta finalidade, de fazer o Estado participativo
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
Para alcançar esses avanços legais, a população negra precisa lutar muito para ser
reconhecida como protagonista e igualitária em sua história. Porém, é claro que essa política ainda
CONSIDERAÇÕES FINAIS
importantes que igualaram a população negra, e a população negra há muito tempo está excluída
e não tem direito à educação. Vimos que na história a população negra sempre se recusou a
receber educação, e quando esse direito foi conquistado na luta, outra batalha se intensificou: na
no campo da educação.
A liberdade garantida pela “Lei Áurea” não trouxe medidas de igualdade social entre
negros e brancos, que foram “jogados” em uma sociedade desenvolvida e obrigados a buscar
a subsistência de forma precária. Depois de dezenas de séculos, a lei foi estabelecida e esse
assunto ainda precisa ser discutido novamente. É um paradoxo pensar que em um país com uma
ainda está destinada a usar uma única cor, excluindo outras culturas que não atendem aos padrões
brancos/europeus.
A educação da população negra se dava por meio de lutas e resistências, o que foi uma
desculpa da primeira escola negra para violar as normas educacionais estabelecidas por Antonio
vão ajudar a realizar a educação matricial dos negros. As editoras negras do final do século XIX e
o MNU do final do século XX demonstraram a importância dos movimentos sociais que condenam
a desvalorização da cultura negra para a formulação das leis 10.639/03 e 12.711/12. No início do
século 21. Leis tardias, mas necessárias para lidar com a desigualdade racial.
afirmativa, obrigando o Estado a realizar ações efetivas na forma de políticas públicas, mais para
promover a igualdade de oportunidades para o ensino superior público. Mesmo que criticado, o
fato é que a ação afirmativa ainda é a única oportunidade para grande parte de a população negra
obter educação superior, que, muitos anos após a abolição da escravidão, ainda precisa viver no
679
preconceito e na negação. Mesmo direitos básicos.
Diante dessa consideração final pode-se refletir que o ensino excludente e elitista ainda
persiste em existir. Embora o Brasil atual esteja discutindo sobre a admissão de negros na educação
formal e sobre a implementação de políticas educacionais que respeitem suas identidades, ainda
escolarização do país. De fato, isso é visível nas estatísticas sociais, os negros ainda são maioria
e analfabeta e, até mesmo, nas taxas de não escolarização, em que o afrodescendente ainda
mudança que se sonha ainda não se efetiva na prática cotidiana nas escolas justamente, porque
ainda encontramos uma distância muito grande entre os segmentos étnicos com relação ao
Assim, a discriminação racial, que também é herança histórica e que sempre esteve
ligada aos interesses políticos e econômicos, somada ao processo tardio e passivo da abolição
da escravatura, trouxe para os dias atuais a visão naturalista das desigualdades entre brancos
negro na sociedade brasileira continua indiferente. Por isso, acredita-se que é preciso ainda
adentrar muito nessa discussão, sempre arguido de que ainda há muito que se pavimentar e no
sentido de que se possa entender o que tornou possível tal indiferença e como chegar a possíveis
soluções.
680
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CULTURA NEGRA NA ESCOLA: RESSIGNIFICANDO CONCEITOS
RESUMO
O presente artigo é resultado de pesquisas bibliográficas que propõe uma reflexão acerca da desvalorização da
cultura e identidade negra no âmbito escolar. Através do estudo realizado é possível afirmar que, no espaço escolar,
a história da cultura negra, invariavelmente, encontra-se sempre atrelada à escravização e nunca aos feitos históricos,
construções, filosofias, artes e toda gama cultural riquíssima que esse povo proporcionou, ao longo do tempo, para o
Brasil e para o mundo, tais feitos, nos livros escolares, não são abordados, a história contada é sempre no sentido de
valorizar a cultura eurocêntrica. A pesquisa apontará que a história contada aborda apenas um lado da história, não
permitindo que a sociedade possa conhecer as duas faces da história, quais sejam, a dos colonizadores e colonizados,
causando desconhecimento e falta de informação, elementos que culminam em preconceito e, consequentemente, em
racismo estrutural. Os inúmeros meninos e meninas negras que ocupam as escolas do país e do mundo não veem
sua cultura valorizada, ou se quer, contada do ponto de vista do povo negro, como eles e as demais crianças e jovens
ocupantes dos bancos escolares, podem ou poderão valorizar e respeitar essa cultura e outras tantas? Além disso, a
dissertação pretende discorrer e refletir acerca dessas e de outras questões relativas ao tema, no sentido de reafirmar
a importância do conhecimento sobre a cultura e a identidade negra através do conhecimento do legado histórico que
o povo negro deixou para a humanidade através da sua cultura e identidade.
INTRODUÇÃO
O Brasil é um país multicultural, contudo tal diversidade não é aplicada no âmbito escolar.
Por séculos a cultura negra não teve e, até hoje, não têm o devido e merecido espaço que lhe
cabe nos bancos escolares e, ainda assim, quando é lembrada, invariavelmente, isso ocorre de
É um fato que não é atribuído à cultura negra, na educação formal, o mesmo espaço nas
grades curriculares que das demais culturas, sobretudo ao que concerne às eurocêntricas. Além
disso, a falta de conhecimento e de acesso aos dois lados da história do Brasil, quais sejam, a
ensino e aprendizagem, local de transformação social e cultural e que deve inserir, não apenas o
outro lado da história, diversas vezes não contada, como também educar para todas as culturas.
No decorrer deste estudo pretende-se perceber a cultura negra como legado histórico
para a humanidade e para além da escravidão, através das manifestações filosóficas e modos de
vida africanos, afinal conhecer a cultura negra é conhecer o Brasil, é conhecer a história do resistir
Isto posto, conhecer a cultura e a identidade africana é mostrar suas influências, valores
e história, é educar para que os meninos e meninas negros desse país sintam-se pertencentes,
de forma igualitária, à sociedade do país em que vivem ou de qualquer outro. Ao que se pretende
mostrar nesse trabalho, a escola é caminho inequívoco para tal desafio, dessa forma será
ação de resistência negra através de sua cultura, para então traçar estratégias de combate à
desvalorização da cultura negra nos espaços escolares, ações que, além afirmar a cultura e a
identidade negra, educam para uma cultura antirracista, mostrando aos alunos brancos, negros,
e de quaisquer outras etnias, que diversidade cultural é importante e necessária para qualquer
Não é incomum que pessoas negras relatem desconhecimento sobre sua cultura e
histórias antigas. Muito do que sabem são dados provenientes do pouco contato que tinham com
algo primordial para a construção do individuo. Construir sua identidade a partir das lembranças
A história oficial contada nos livros e na escola, até hoje, infelizmente criam conjecturas
ardilosas, possuem bases que deturpam ou não entregam com realidade os dois lados da história,
quais sejam, a dos colonizadores e a dos colonizados. As noções com relação ao continente africano
como um lugar atrasado, até mesmo primitivo, de onde se originavam pessoas desconstituídas de
saberes, vulgares, sujas e sem cultura, contribuíram para a construção de ideias extremamente
equivocadas a respeito da formação cultural e social do Brasil, retirando todo o mérito dos povos
negros, e pior, enfatizando narrativas epopeicas sobre os feitos europeus. Nesse sentido, a
promulgação de Leis como a 10.639, de 2003, a qual contempla a inclusão obrigatória no currículo
oficial das redes de ensino, a História e Cultura Afro-Brasileira, são indispensáveis e necessárias.
Pois, dessa forma, tanto a escravidão, quanto a cultura e a identidade negra precisam e devem ser
estudadas com aprofundamento. Dessa forma também é propiciada a criação de espaços para
que apenas servem para a repetição de estereótipos que servem apenas para marginalizar a
Como exemplo de lugares que vão à contramão do mencionado existe o museu Afro
Brasil, o qual se configura como um oásis da memória negra no país trata-se de uma instituição
com um dos maiores acervos existentes e que tratam de manter viva e elucidar, de maneira muito
positiva a memória e a cultura negra no país. Lá é possível deparar-se com toda a história negra
brasileira com todos os créditos possíveis e merecidos sobre a luta desse povo. Desconstruindo
a imagem, citada acima, de que tudo que fora proveniente da África é marginal, medíocre, pobre,
acultural. Construir memórias é mostrar que a dimensão da pessoa negra é muito maior. É feita
Formar identidades sociais passa invariavelmente pela cultura, e é por meio da educação
formal e informal que todas as representações culturais e indenitárias alcançam essa premissa.
Sendo assim, a escola, enquanto espaço de aprendizagem torna-se lugar imprescindível para
ensinamentos é enorme, pois neste momento é que se escolhe o caminho para o ensinamento
de algo tão complexo, é aí que existem as armadilhas de incutir estigmas históricos a respeito
da história dos negros pelo Brasil e pelo mundo. Quando se fala sobre tais conteúdos com a
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legitimidade necessária, automaticamente se resgata a autoestima e o sentimento de pertencimento
novas e futuras gerações, a de se orgulharem de onde vieram e terem a certeza de que não são
Brasileiro (2010) diz que dialogar na sala de aula por meio da cultura afro- brasileira
pode ser um exercício prazeroso desde que o educador esteja motivado para enfrentar o desafio.
A escola deve ser local de construção e empoderamento das questões étnicas, resgatando
a história tal qual ela aconteceu, sem achismos, ou transmissão de conteúdos relativos ao senso-
comum, a história brasileira é contada sobre diferentes faces, as quais são apresentadas aos
alunos e consequentemente a sociedade, seja por meio dos livros, ou até mesmo pelos próprios
professores, que não possuem a formação adequada, ou por estarem imbuídos de seus próprios
preconceitos estruturados, fato é que, por séculos, a população negra fora subjugada pela
colonização, sendo menosprezada, diminuída, enquanto cultura, identidade e etnia por estarem
sempre a margem de uma sociedade extremamente racista, elitista e cultuada por um ideal branco
de soberania.
Seja na escola pública ou privada ainda é grande o número de alunos negros que não se
ou abordado sempre está relacionada a historia trágica vivida pelos povos negros, que obviamente
precisa ser explorada, discutida e ensinada, contudo, ao falar de negro no Brasil, remete-se sempre
a esta questão. É como se não houvesse um continente africano, ou uma existência inteira, antes
da escravidão. É importante deixar claro sempre que o povo negro pertenceu a continente, a um
país, a uma terra, que tinham costumes, tradições, cultura e identidade. Que lá também havia reis,
rainhas, príncipes, princesas e toda a monarquia configurada em qualquer outra parte da Europa.
E que como tal, tiveram feitos guerreiros, exploratórios, expansivos, assim como qualquer outro
afinal é necessário estar na realidade dos alunos, os quais estão em constantes conflitos em sua
rotina diária educacional, a questão racial também se configura um deles, pois em muitos casos
eles não se identificam com aquilo que lhes é ensinado, com aquilo que é passado como valorizado,
e quando algo que remete sua própria cultura e identidade lhes é passado pejorativamente, ou
aula, conteúdos provenientes da história sobre a cultura e a identidade negra, indo de encontro
com aquilo que prevê a Lei 10.639, esta pesquisa traz parte dos estudos do pesquisador e
negra chamada Congado, algo que não se aprende nos livros didáticos, a história do Congado se
mantém viva através das memórias dos congadeiros, que enfrentaram e continuam enfrentando
muitos preconceitos para manter viva essa tradição fundamentada na forma muito particular deles
de ver o mundo e cultuar seus antepassados. Por se tratar de algo muito profundo e específico,
o espaço destinado a esta pesquisa não permite um maior aprofundamento da discussão acerca
dessa tradição cultural negra tão rica e importante, contudo fazer menção a sua existência, bem
como, propor atividades para professores e educadores a partir dessa temática, onde é possível
lidos e discutidos com os alunos; exibição de vídeos para melhor contextualização do tema; propor
oral e escrito, por meio de textos a serem trabalhados em sala de aula. Geografia: apresentar
para os alunos, materiais sobre os grupos de Congados, como textos, fotos, gravuras, convites;
questionar os alunos acerca dos grupos existentes na sua cidade ou região; elaborar um trabalho
especifico a respeito do Congado, focando a realidade em seu município; de acordo com a série
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e nível de conhecimento dos alunos, levar para a sala de aula mapa da cidade para que o aluno
localize com mais facilidade onde estão concentrados os grupos de Congados; pesquisar em sala
de aula o número de alunos que participa do Congado; levantar o número de alunos que fazem
de Congados sobre: a origem do Congado; como surgiu na sua cidade; a influência dessa prática
cultural no município e região; a importância dessa manifestação e o porquê dessa tradição das
danças, das cores, dos instrumentos e dos ritmos diversos; quem são os congadeiros mais antigos
fatores. Temos aqui algumas propostas de situações problema, baseada em praticidades: qual
é o nome do grupo que você conhece; quantos instrumentos eles usam, quantas sandálias as
meninas e as mulheres, compram, qual o valor final do metro de tecido utilizado, qual o valor
seu cotidiano; usar textos para reflexão, exibir vídeos, propor pesquisa de campo como forma
com a coordenação motora dos alunos. Nos movimentos circulares de até 360 graus, há uma
necessidade de dançar num movimento de pés que ora recuam, ora avançam. Ninguém consegue
executar a trança de fita sem ensaiar e há grupos tão metódicos que conseguem construir uma
teia qual formato de aranha, devido a uma continua preparação. O professor de Educação Física
precisa interagir-se com o professor de Artes, que contribuirá na seleção das fitas multicoloridas,
trabalhando a natureza simbólica dessas cores não só no contexto do Congado, mas a partir de
suas vidas e de suas famílias. O material necessário para o desenvolvimento dessa atividade é
simples: um cano de PVC, fitas coloridas, principalmente se possível de tecidos ou similares, com
várias tonalidades de cor; um grupo de alunos com pelo menos 11 componentes. b) Bastão de
Angola: os bastões utilizados nos grupos de Congados possuem vários significados, simbologias,
histórias e memórias. Não é um simples objeto para compor a indumentária de quem é seu portador.
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Um mito narrado por Valter Manoel da Cruz, Coordenador da Festa do Reinado do Rosário de
possível encontrar por meio de um objeto ritualístico que se torna em relíquia nas mãos de um
congadeiro. Essa memória é compartilhada oralmente por muitos congadeiros que se encontram
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto é possível afirmar que desde o período do Brasil Colônia até os dias
atuais, a cultura africana, não apenas participou diretamente, como esteve presente na formação
do país. Brasil e África são países com grande similaridade cultural e mesmo que haja uma
difusão cultural majoritariamente eurocêntrica, é inquestionável o laço cultural e histórico que une
esses dois países. Segundo Mattos (2009) somos o segundo país em população negra no mundo,
ao longo desta pesquisa sejam amplamente abordadas e refletidas, apenas dessa forma será
entendido que o passado histórico cultural brasileiro diz respeito aos brancos, aos indígenas mas,
sobretudo e tão importante quanto, aos negros. A partir desse entendimento é que se torna urgente
e necessário repensar metodologias e práticas pedagógicas voltadas para uma maior valorização
das diversas culturas, colocando-as em lugares de destaques que lhes pertence sem privilegiar
Por fim, é urgente admitir que sem o engajamento necessário, seja pela escola, pelos
professores ou sociedade de modo geral, a simples promulgação de uma Lei, por mais valia que
tenha, não é o suficiente para a criação das condições necessárias para que se faça cumprir é de
extrema importância que os atores dessa relação estejam aptos, conscientes e possibilitados para
buscar informações nos lugares certos, como o Museu Afro, mencionado nesta pesquisa, manter a
escuta ativa para os descendentes das diásporas negras, atentar-se para o que os livros didáticos
vista apenas do colonizador, são ações e práticas adequadas a fim de consolidar a valorização
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691
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Por meio deste artigo procura-se expor a importância da música quando apresentada nos primeiros anos de vida da
criança, no ambiente educacional. Através da relação ente música e brincadeira, é possível expandir as oportunidades
de ensino e apreensão do conteúdo.
INTRODUÇÃO
A relação criança e universo sonoro iniciam-se no útero materno, quando o bebê passa a
ouvir os ruídos que saem do corpo de sua mãe. Ao nascer os bebês são acolhidos por canções
A iniciação musical deve ter como objetivo, na Educação Infantil, estimular na criança a
692
capacidade de percepção, sensibilidade, imaginação, criação, bem como agir como uma recreação
estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral,
Trabalhar com música na Educação Infantil deve possibilitar aos alunos o desenvolvimento
de diversas habilidades ligadas tanto às áreas motoras como às cognitivas e afetivas, promovendo
Na primeira fase da Educação Infantil, o contato com a música deve ser com movimentos
audição e emissão de sons, cujas habilidades são imprescindíveis para a apreciação musical.
Entretanto, para que seja possível atingir esse propósito, o educador deve, como em toda
atividade escolar, ser cuidadoso na escolha da música a ser trabalhada, levando em consideração
a intencionalidade da atividade que deve ser definida no planejamento didático. Nesse contexto,
deve-se ter clareza dos objetivos a serem atingidos por meio do trabalho com a música. O professor
poderá, por exemplo, desenvolver discussões a partir da música trabalhada, quando as crianças
podem falar sobre os sentimentos gerados pela música, bem como sobre as mensagens trazidas
receber uma visita importante ou quando sobra tempo, ou seja, pelo término da matéria prevista
no planejamento, pela necessidade de preencher o tempo até que chegue a hora do recreio ou
da saída.
O educador deve levar em conta certos elementos como a simplicidade das letras, que
elas abordem temas interessantes para as crianças e que estejam relacionadas com o contexto de
suas vidas. Fica válido, também, frisar que o educador deve ter flexibilidade quanto à improvisação
das canções, pois, dependendo da necessidade que possa surgir, elas podem sofrer alterações
inventadas. Ao professor cabe, portanto, anotá-las a fim de utilizá-las em sala de aula. Não é
necessário, ao utilizar a música, o uso de instrumentos como pianos, violinos, violão etc., pois o
importante é permitir que as crianças sintam-se livres para acompanhar a canção, executando
693
certos movimentos rítmicos por meio de expressões corporais.
do caráter lúdico nas atividades musicais planejadas pelo educador, que devem estar presentes
A música é uma linguagem universal. Tudo o que o ouvido percebe sob a forma de movimentos
vibratórios. Os sons que nos cecam são expressões da vida, da energia, do universo em
movimernto e indicam situações, ambientes, paisagens sonoras: a natureza, os animais, os
seres humanos traduzem sua presença, integrando-se ao todo orgânico e vivo deste planeta.
A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em
sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição
de que é capaz. Porém, sem a utilização da música não é possível atingir a esta meta, pois
nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. A música atinge a motricidade
e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
A Lei Nº 11.769 foi sancionada em 18 de agosto de 2008, que possibilitou termos o ensino
CONSIDERAÇÕES FINAIS
utilizando-se de músicas e melodias curtas, com conteúdo criativo, que possibilitem sempre novas
aprendizagens.
variedade de canções para que elas possam escolher, ensinando-as de uma forma prazerosa e
confortável, para que haja a interação e a comunicação social que envolva os aspectos afetivos,
694
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695
HISTÓRIA DO ENSINO DE ARTE NO BRASIL
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo de enfatizar a importância do ensino de arte na Educação Infantil e Séries Iniciais.
O desenvolvimento baseou-se na pesquisa descritiva e explicativa, limitando-se a pesquisa bibliográfica. Visa o
esclarecimento sobre a História do ensino de Arte no Brasil, a legislação vigente sobre o ensino de Arte na escola.
Propõe-s estudos sobre a musicalização na escola e a sua importância para o desenvolvimento da criança. Por fim,
os estudos voltam-se também para o trabalho em música e arte com jogos e brincadeiras e o docente na sala de aula.
INTRODUÇÃO
Desde a primeira infância as crianças já vão entrando em contato com esta variedade e
apreciar e julgar as manifestações artísticas e culturais do meio social em que estão inseridas.
Assim, a criança estabelece um diálogo com o universo da arte, inspiradas pelo artista,
que expressa suas representações, modos de ver o mundo, sentimentos e emoções por meio das
Vários estudiosos e pesquisadores (Duarte Junior, 2003; Ferraz e Fusari, 1994; Barbosa,
1994; Rosa, 2006 entre outros) defendem a importância do ensino de Arte na escola, como forma
o mundo por meio de processos de ensino- aprendizagem em arte, como também para propiciar
ao aluno a oportunidade de expressar-se por meio das várias linguagens, materiais, suportes etc.
Ferraz e Siqueira (1978) defendem que o ensino de Arte tem o potencial educativo para
forma mecânica de desprovida de sentido, que impregnou boa parte dos sistemas educativos, ao
Lowenfeld e Brittain (1977) postulam que o ensino de Arte pode ter um papel fundamental
segundo plano, e a escola, em sua ação educativa, não consegue ultrapassar uma concepção
de formação das novas gerações além da preparação para a atuação no mercado de trabalho de
Os autores destacam que uma proposta consistente de educação para a arte nas escolas
não pode, por si só, provocar todas as mudanças necessárias para a construção de uma sociedade
mais humana e solidária e para provocar alterações nas ações educativas, mas defendem que
uma ação consistente de educação pela arte nas escolas pode cooperar de forma significativa
para a construção de uma nova filosofia e uma estrutura inteiramente nova nos sistemas de
ensino.
O entendimento das perspectivas que orientaram o ensino de Arte no século XIX até
de uma proposta para o ensino de Arte que contemple o educando em sua totalidade;
• A reflexão sobre a orientação didática de professores que atuam nas perspectivas tradicionais
psicopedagogia e sua relação com o ensino de Arte nas Séries Iniciais. Objetiva-se ainda:
• Busca-se refletir sobre o ensino de Arte no Brasil no período entre o século XIX e meados
educativos em nosso país do século XIX a meados do século XX; Conhecer os preceitos do
697
ensino de Arte tradicional e escolanovista.
• A arte tem desempenhado um papel importante na sociedade e na vida das pessoas desde
O ser humano, desde seu nascimento, entra em contato com múltiplas manifestações
culturais, entre as quais, merecem destaque as atividades artísticas, que por intermédio de
imagens, sons, movimentos, estabelecem uma comunicação entre o homem e o meio social.
significativos junto aos educandos, com vistas a favorecer seu pleno desenvolvimento.
O ensino de Arte passou por vários momentos, com influências pedagógicas distintas em
vários momentos da história da educação brasileira. Neste breve ensaio, procuramos apresentar
Brasil, desde a vinda da Missão francesa até a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino de Arte, em 1996. O estudo das tendências pedagógicas e o ensino de Arte são
essenciais para entendermos as concepções que orientaram a arte-educação e que ainda hoje se
D. João VI ao nosso país, em 1808, que, procurando adequar a cidade do Rio de janeiro às
necessidades dos nobres que vieram com a Família Real, realizou várias reformas administrativas,
socioeconômicas e culturais.
Nesse contexto, chega ao Brasil em 1816 a Missão Francesa, chefiada pelo artista Joachin
Lebreton, liderando o grupo de vários artistas, como Nicolas Antonie Taunay, Jean-Baptiste Debret,
Esse grupo organizou ainda em 1816 a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios. Esta
escola começou a funcionar efetivamente em 1826, com seu nome alterado para Imperial Academia
e Escola de Belas-Artes, que seria nossa primeira escola de arte. O ensino da Imperial Academia
Barbosa (1975) afirma que durante o século XIX tinha-se a ideia de que o ensino de Arte
ameigaria o caráter da pessoa, sendo este útil na educação da mulher em sua vida cotidiana e seu
aprendizado, com frequência, se dava em escolas católicas, segundo crença de que “[...] tocar
piano, fazer perfeitas cópias de paisagens, embora de mau gosto, a óleo e carvão, e bordar com
perfeição, eram indicadores de educação refinada e de alta classe” (Barbosa, 1975, p.39).
Já para os rapazes, havia um preconceito para com o trabalho manual voltado para o
homem da aristocracia, sendo que este era feito por escravos. Esta visão imperou por um longo
período, pois não havia a necessidade eminente dos conhecimentos do desenho técnico pela
valorizar o ensino do desenho, porém com vistas a preparar profissionais para o trabalho industrial
e manual. O que se buscava era o preparo técnico das pessoas, objetivando atender a demanda
e o crescimento industrial. Vale lembrar que neste período a educação brasileira apoiava-se no
positivismo de Auguste Comte, e a arte, segundo essa concepção, se torna importante na medida
No ensino “[...] a arte era encarada como um poderoso veículo para o desenvolvimento
observação” (BARBOSA, 1978, p.70). Tendo como referência essa concepção, o ensino de Arte
[...] excessivo intelectualismo e anti-individualismo foi fator determinante dos meios de ensino
artístico, e denominador comum entre as práticas artísticas influenciadas pelo positivismo e
neoclassicismo. (BARBOSA, 1978, p.70)
país, o ensino de Arte passou a ser visto como um meio para ajudar na invenção e na produção
industrial. Por também ter como centro o ensino do desenho objetivando a produção industrial
tornou-se “[...] possível a articulação entre positivismo e liberalismo em várias reformas e propostas
educacionais, com predomínio ora de uma, ora de outra tendência” (DUARTE JR, 1988, p.123)
Barbosa (1975) afirma que durante o século XIX tinha-se a ideia de que o ensino de Arte
ameigaria o caráter da pessoa, sendo este útil na educação da mulher em sua vida cotidiana e seu
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aprendizado, com frequência, se dava em escolas católicas, segundo crença de que “[...] tocar
piano, fazer perfeitas cópias de paisagens, embora de mau gosto, a óleo e carvão, e bordar com
perfeição, eram indicadores de educação refinada e de alta classe” (Barbosa, 1975, p.39).
Já para os rapazes, havia um preconceito para com o trabalho manual voltado para o
homem da aristocracia, sendo que este era feito por escravos. Esta visão imperou por um longo
período, pois não havia a necessidade eminente dos conhecimentos do desenho técnico pela
valorizar o ensino do desenho, porém com vistas a preparar profissionais para o trabalho industrial
e manual. O que se buscava era o preparo técnico das pessoas, objetivando atender a demanda
e o crescimento industrial. Vale lembrar que neste período a educação brasileira apoiava-se no
positivismo de Auguste Comte, e a arte, segundo essa concepção, se torna importante na medida
No ensino “[...] a arte era encarada como um poderoso veículo para o desenvolvimento
observação” (BARBOSA, 1978, p.70). Tendo como referência essa concepção, o ensino de Arte
[...] excessivo intelectualismo e anti-individualismo foi fator determinante dos meios de ensino
artístico, e denominador comum entre as práticas artísticas influenciadas pelo positivismo e
neoclassicismo. (BARBOSA, 1978, p.70)
país, o ensino de Arte passou a ser visto como um meio para ajudar na invenção e na produção
industrial. Por também ter como centro o ensino do desenho objetivando a produção industrial
tornou-se “[...] possível a articulação entre positivismo e liberalismo em várias reformas e propostas
educacionais, com predomínio ora de uma, ora de outra tendência” (DUARTE JR, 1988, p.123)
para se apropriar dos conceitos apresentados, geralmente por aulas expositivas, seguindo uma
um simples receptor, sem espaço para questionamentos e debates e sem ser contemplado em
por provas escritas, exercícios e trabalhos de casa, tendo o professor a liberdade para aplicar
700
punições e ameaças, como também reduzir as notas em função do comportamento do aluno.
“[...] o conhecimento dos alunos por métodos que tinham a finalidade de exercitar a mão, a vista,
A partir da década de 1950, além do Desenho passaram a compor o currículo das escolas
muitos espaços educacionais e nas aulas de Arte, mesmo com todos os avanços e propostas
mais recentes que propõem em processo mais significativo para a aprendizagem em arte, como a
Proposta Triangular da prof.ª Ana Mae Barbosa, os preceitos educacionais para o ensino de Arte
contidos nos Referenciais Curriculares Nacionais e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, entre
também procura dar um avanço na valorização do Ensino de Arte. Tenta resolver um antigo conflito
entre a arte e a técnica, porém “[...] a resistência dos professores de desenho, possibilitou pouco a
pouco uma limitação da arte às áreas de iniciação artística”, (BARBOSA, 1975, p.100)
No artigo 38, item IV da LDB 4.024, o ensino de Arte é contemplado como atividade
então presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, que foi pressionado pelas classes
701
dominantes, que o viam como um aliado do comunismo. Esta foi uma época de politização
dos trabalhadores e ligas camponesas, de forte identificação com a cultura e a educação brasileira.
Segundo Barbosa (1975), este foi um período de renovação cultural que atinge várias áreas. Na
arquitetura, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Na Literatura, Guimarães Rosa, Jorge Amado, entre
outros. No cinema, Glauber Rocha, com o Cinema Novo. Na música, a Bossa Nova, com vários
expoentes como Nara Leão, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, etc. Na Educação, o ideário de Paulo
Freire.
continuavam e, visando eliminar as desigualdades sociais, o sucessor de Jânio Quadros, seu vice
João Goulart, propõe as reformas de base, com mudanças profundas em várias áreas e propostas
ousadas como a reforma agrária, entre outras. Isto veio acirrar ainda mais o descontentamento
da classe dominante, que via nas reformas uma ameaça aos seus lucros e privilégios. Em
consequência disso, aliam- se aos militares para tramar a queda de João Goulart.
o Governo Goulart. Tem início a ditadura militar, ficando o país durante 21 anos sob o comando
dos militares.
multinacionais. É um período marcado por extremo autoritarismo, com atos de violência, tortura,
exílio e até mortes por parte dos órgãos de repressão do governo aos que se opusessem ao
regime implantado.
de lecionar. Alguns, como Anísio Teixeira e Paulo freire, foram expulsos do país, o que interrompeu
o intenso debate que até então estava se consolidando sobre os rumos da educação nacional.
Procurando adequar a educação aos preceitos que defendiam, o governo brasileiro, desde
indústrias que aqui se instalavam, como também deveriam eliminar a criticidade e a criatividade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atividades como ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos
rítmicos, jogos de mãos, etc. despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical,
além de atender as necessidades de expressão que passam pelas esferas afetiva, estética e
cognitiva.
Portanto, na aula de Arte o aluno não fica preso a ideias fixas, porém se própria de objetos
que fazem parte do meio em que vive. Ele raciocina sobre como reutilizar os materiais disponíveis
e cria uma nova composição, despertando o senso crítico de suas produções e dos colegas, o que
Vale apena salientar que a música está presente em todas as culturas, nas mais diversas
703
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ZAMPRONHA, Maria de Lourdes Sekeff. Da música, seus usos e recursos. São Paulo:UNESP, 2002.
705
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NO BRASIL
RESUMO
A língua inglesa tem-se incorporado aos conteúdos linguísticos de crianças e jovens brasileiros, através dos diversos
meios de comunicação. O estudo da língua de forma contextualizada é o melhor caminho porque oferece novas
informações e ideias, revela elementos da cultura e amplia o vocabulário dos alunos. A educação deve estar inserida
no mundo, por isso os educadores precisam de uma formação contínua e atualizada.
INTRODUÇÃO
O ensino da língua inglesa tem recebido maior atenção dos setores educacionais
brasileiros. Com o advento do computador, em especial a internet, abriu-se uma ampla gama
sobre a história da utilização dos recursos tecnológicos no ensino da língua inglesa, em especial
nas séries iniciais do Ensino Fundamental I, desde sua introdução no Brasil até o ano letivo de
2012.
Este artigo abordará atividades que podem ser desenvolvidas na escola como, por
exemplo, os blogs, recurso cada vez mais utilizado pelos educadores para divulgar atividades
didáticas, ampliar a socialização entre alunos e professores e expandir o espaço da sala de aula,
O ensino formal da língua inglesa no Brasil teve início com o decreto de 22 de junho
de 1809, assinado pelo Príncipe Regente de Portugal, com a criação de uma escola de língua
francesa e outra de língua inglesa. Até então, o grego e o latim eram as línguas estrangeiras
ensinadas na escola.A princípio, devido às relações comerciais com a Inglaterra e outras nações,
o principal objetivo do ensino de inglês no Brasil era a capacitação dos profissionais brasileiros
para o mercado de trabalho. Desde aquela época, o Estado Brasileiro vem mantendo a sua
A LDB de 1996 invoca a necessidade de uma língua estrangeira (LE) no ensino fundamental,
sendo a livre escolha um direito da comunidade escolar.Já no ensino médio, a lei estabelece a
a nova LDB, as Línguas Estrangeiras Modernas “assumem a condição de serem parte indissolúvel
Apesar disso, em algumas regiões, a língua inglesa é ensinada em apenas uma ou duas
séries do ensino fundamental. Em outras, tem o status de simples atividade, sem caráter de
reduzido de aulas por semana, tempo insuficiente dedicado à matéria no currículo e ausência de
707
ações formativas contínuas junto ao corpo docente.
Os PCN não propõem uma metodologia específica para o ensino de línguas, mas
desvinculado das situações de contato interpessoal e dos textos disponíveis na vida real (livros,
internet, os professores hoje podem dispor de ferramentas muito úteis ao ensino, que se torna
A escola tem se fechado num monólogo, o do professor, que pretende passar ao aluno
um saber, que por sua vez deve ser guardado passivamente. É ignorado, muitas vezes,
o papel do diálogo, que permite ao aluno, por intermédio de uma atividade interpessoal e
intrapessoal, ir construindo os significados, ir construindo seu conhecimento. É ignorado
também o diálogo com a vida, pois a escola procura alcançar um aluno abstrato, sem tempo
e sem espaço. E todo o seu discurso torna-se artificial e impreciso, dirigido a um aluno que
não é real, mas representado pela escola. Por não ser um interlocutor real, a escola fala
sozinha, monologiza, sendo incapaz de reconhecer o diálogo, a interação. (FREITAS, 1994,
p. 94)
Paulo Freire (1975) valorizou o contexto histórico-social dos alunos, adaptando a ele os
qual educador e educando se tornam sujeitos. Nessa relação eles “se educam em comunhão
O livro didático é o instrumento pedagógico mais presente nas salas de aula de línguas
estrangeiras (HOLDEN & ROGERS, 2002).É o principal veículo de difusão e apropriação dos
decisiva, ‘o que’ se ensina e ‘como’ se ensina o que se ensina” (LAJOLO, 1996, p. 32)
Com o avanço tecnológico, muitos livros didáticos adotados tanto por escolas particulares
como públicas vem acompanhados de CD-ROM, os quais contêm jogos e aplicativos que reforçam
o conteúdo dado, como por exemplo, caça-palavras, organização de frases, completar palavras,
entre outros. Cunningsworth (1995, p. 7) defende que o livro didático tem múltiplos papéis:
• Programa de ensino;
• Suporte para os professores menos experientes que ainda precisam adquirir confiança.
Porém, deve-se atentar para o aspecto de que todo material apresenta limitação na
devem esperar ou imaginar que todo o conhecimento necessário para uma disciplina ou um curso
esteja contido do livro didático. Visto que os livros didáticos apresentam limitações, é comum o
emprego de materiais de outras naturezas, além dos já citados CD-ROM, também exercícios
e analisar os instrumentos mais adequados para facilitar a aquisição de uma nova língua.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
universo de uma nova língua, que não é a sua materna. Este precisa perceber a importância que
esse idioma poderá ter em sua vida, mas de forma agradável, lúdica e ao mesmo tempo instigante.
que têm surgido e utilizá-los como um recurso a mais, em especial no ensino de uma língua
Adaptado a cada faixa etária, o computador e a internet podem ser instrumentos valiosos
para a divulgação de conteúdos linguísticos, inclusive da língua inglesa, tão necessária hoje para
710
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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711
VYGOTSKY, Levi S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
712
INCLUSÃO E INTERAÇÃO SOCIAL
RESUMO
Tal artigo tem por objetivo, informar a diferença entre inclusão e interação social, ambas devem andar juntas, pois
inclusão, inclui, e interação da participação direta da pessoa especial na ação.
Atualmente muito escutamos falar sobre inclusão, mas o que será essa inclusão sem interação social? Entende-se
que colocar a criança especial, ou jovem no mercado de trabalho com pessoas tratadas típicas é um ato de inclusão,
sim, mas é preciso integrá-la, deixar que ela participe ativamente das ações que os demais estão participando. No dito
popular “botar a mão na massa” assim realmente propor o desenvolvimento e a inclusão social do indivíduo.
INTRODUÇÃO
Nas escolas públicas e particulares hoje, muito escutamos que existe inclusão, porém,
inclusão social vai muito além de matricular essa criança e deixar ela no canto observando. O
tema vem sendo cada vez mais discutido, pois quais os tipos de ações e projetos existem nas
escolas que dê ao professor meios de trabalho, não só para incluir essa criança, mas para inseri-
alguns casos é colocada mais de uma criança especial por sala, apresentando tal situação como
inclusão e só.
SEESP, 2001), os educandos com necessidades educacionais especiais são aqueles que
apresentam:
e registros para vida adulta. Inclusão social deve oferecer a esse aluno a participação ativa em
todas as atividades que estão sendo oferecidas dentro e fora da escola. Dessa forma a interação
social não acontece somente para a criança especial, mas para todas.
ser trabalhado, suas vivencias são levadas para vida, de fato uma criança que aprendeu o que é
interação social, saberá incluir pessoas especiais em sua vida adulta, assim o adulto especial se
vermos mais crianças especiais nas escolas, sendo incluídas no processo de desenvolvimento de
Deve ser levado em consideração que a formação de professores precisa ser melhorada,
nem sempre o professor encontra subsídios para trabalhar em sala de aula, com seu aluno
especial, dessa forma não o incluem e nem o integra a suas aulas. É importante que o educador
busque estratégias para inovar seu trabalho, porem cabe ainda aos órgãos governamentais cuidar
Para Leonardo (2008), um sistema de ensino de qualidade que não exclua ninguém. Incluir
alguém excluído não é só adaptar um local para recebê-los, mas proporcionar uma educação
que seja satisfatória. O sistema brasileiro de ensino público tem enfrentado grande adversidade,
pois até crianças sem deficiência tem sofrido déficit no aprendizado, o que torna o este sistema
emocional e social da criança, a fim de que ela se torne um cidadão com oportunidades. É importe
que que interação já comece na educação infantil, é justo que as escolas revejam suas práticas
714
excludentes, e que se disponham a novas adequações, a fim de enfrentarem o desafio da inclusão.
Nossas ações educativas têm como eixos o convívio com as diferenças e a aprendizagem
como experiência relacional, participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla
sua subjetividade, embora construída no coletivo das salas de aula. (MANTOAN, 2000, p.
31).
empatia deve fazer parte de nossas vidas como uma ação comum. Compreender o mundo de uma
criança não uma tarefa fácil, e de uma criança especial implica em esforço e visão homogenia,
As crianças com deficiência (física, auditiva, visual ou mental*) tem dificuldades que limitam
sua capacidade de interagir com o mundo. Estas dificuldades podem impedir que estas
crianças desenvolvam habilidades que formam a base do seu processo de aprendizagem
(VALENTE, 1991, p.01).
com deficiência deve ser escolarizada cada vez mais. Garantir que essa criança cumpra suas
atividades de criança. Para o Ministério da Educação (BRASIL, 2001, p.08) a inclusão é: Garantia,
a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve
estar orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças
Devemos ter um olhar especial também as famílias de pessoas especiais, quando situações
que demostram preconceito e falta de aceitação a família sofre junto, gerando um grande estresse
ao desenvolvimento da criança especial, que como qualquer outra, sente a rejeição ou aceitação.
A criança, à medida que se torna mais experiente, adquire um número cada vez maior de
modelos que ela compreende. Esses modelos representam um esquema cumulativo refinado
de todas as ações similares, ao mesmo tempo que constituem um plano preliminar para
vários tipos possíveis de ação a se realizarem no futuro. (VYGOTSKI, 1991, p. 19).
O termo Integração Escolar surgiu no final dos anos 1960, onde o principal objetivo era
derrubar a exclusão vivenciada pela pessoa com deficiência. As pessoas precisavam se adaptar
ao mio e não ao contrário, o que dificultava cada vez mais suas relações.
Assim, o movimento pela inclusão cresceu e se consolidou ao longo do século XX, buscando
garantir processos educacionais democráticos inclusivos, preocupados em garantir direitos
iguais a todos os cidadãos, independentemente de suas características individuais.
(GUEBERTT, 2007, p. 35).
FAMÍLIA E ESCOLA
715
As dificuldades comunicativas não atingem somente a criança especial. Não podemos
dizer que é somente dentro das escolas, ou em outros ambientes públicos, dentro do ambiente
familiar muitas vezes pode ser complicado a socialização. Habitualmente os pais ficam vulneráveis
ao saber do diagnóstico de seus filhos, alguns se afastam completamente de suas vidas sociais,
Desde o ponto de vista fisiológico, quanto para os princípios, não existe diferença alguma
entre a educação de uma criança deficiente e a educação de uma criança normal [...] Quando
comparamos a pedagogia das crianças atrasadas com a pedagogia das crianças normais e
nos perguntamos o que elas têm em comum e de diferente, obteremos a mesma resposta
que recebemos sempre quando se trata da comparação das medidas pedagógicas singulares
aplicadas a criança normal e a anormal: os mesmos objetivos e os métodos particulares para
atingir esses objetivos, inatingíveis para a criança anormal por meios diretos (VYGOTSKY,
1985, p. 198 e 226).
É primordial que os pais tenham orientações cabíveis para que possam ajudar seus filhos
e se ajudar, pois suas vidas mudam diante do diagnóstico. A escola entra como uma grande mão,
Dentro da escola, esse contato é inevitável e importante, por tanto a comunicação entre
família e escola deve ocorrer todos os dias, mesmo que de maneira comum, como uma conversa
É importante que a escola esteja alerta para que sejam projetadas nas crianças as limitações
e as inadequações metodológicas que se configuram, muitas vezes, como dificuldades
de aprendizagem ou deficiência do aluno. A escola deve buscar refletir sobre sua prática,
questionar seu projeto pedagógico e se ele está voltado para a diversidade (ROSSATO,
2005, p.21).
Vale lembrar que a legislação brasileira garante os diretos de todos os cidadãos, seja qual
2006, p. 59)
Sabe-se das dificuldades encontradas no dia-a-dia de uma escola e que trabalhar com
alunos inclusos é um desafio, porém pode dizer que a escola é comprometida com a formação
716
A conduta do professor em relação aluno será determinante para o auto-conceito da criança,
pois os sentimentos que um aluno tem sobre si mesmo, dependem, em grande parte, dos
componentes que percebe que o professor mantém em relação a ela. Uma atitude continuada
e consistente de alta expectativa sobre o êxito de um aluno potencializa sua confiança em
si mesmo, reduz a ansiedade diante do fracasso e facilita resultados acadêmicos positivos.
(CUBERO e MORENO, 1995, p.255).
culturas, diferentes perspectivas, diferentes olhares e ideias sobre determinados assuntos e desta
forma, ela se torna um espaço responsável pela ação social reguladora e formativa para todos
que frequentam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
grande desafio, mas é possível sim manter a inclusão e interação positivamente para todas as
Somos todos diferentes, estamos sempre buscando ser inseridos em grupos e situações
diferentes, para tanto é preciso que aja comunicação e respeito entre todos. Sabemos que
encontramos dificuldade em nosso cotidiano, sem mantermos o respeito pelo outro, tudo pode se
Uma educação de qualidade só vista na pratica se tiver apoio, tudo no papel fica muito
bonito, a olhos nus é que precisamos dessa beleza de verdade, para que a pessoa especial se
sinta realmente incluída na vida social que acerca, pois é seu direito de cidadão.
[...] repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a aceitação das
diferenças individuais, a valorização de cada pessoas, a convivência dentro da diversidade
humana, a aprendizagem através da cooperação (SASSAKI, 1999, p. 42).
717
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718
DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO AFRO
RESUMO
Existe ainda hoje um questionamento bem intrigante a respeito da conduta dos professores, que gira em torno de
compreender e definir o que desenvolver em sala para abordar o tema Afro e Diversidade de maneira leve e sem sombra
de preconceito. Buscando apresentar soluções para o problema abordado nesse estudo, a seguir estarão expostas
algumas sugestões para aplicação em sala de aula. Dentre as ações educativas é possível desenvolver nas crianças
uma compreensão mais lúdica de um assunto que não é tão simples, inclusive pelo fato de estar enraizada a cultura
branqueada, onde o negro sempre é referenciado como escravo, pobre, marginal e pessoas sofridas. Para desenvolver
a inserção da cultura afro-brasileira no ambiente escolar é viável aplicar atividades como: Cartazes produzidos pelos
próprios alunos, onde pode ser executado e orientado em aula de maneira que o professor de história faça o relato dos
fatos de determinada situação, como por exemplo: abolição da escravatura, depois de contar a história, pedir que eles
tentem reproduzir em forma de cartazes, em grupos para que sejam expostos em sala de aula.
INTRODUÇÃO
diferenciado, como o de ouvir a história e interpreta - lá, o aluno passa a ver valor no que está
Outra ação que contribui com à pratica da lei através dos professores e escola é a
apresentação de filmes em sala de aula, onde possam assistir e tirar dúvida após o término,
presente e tende a transformar ainda mais o futuro de maneira positiva, lutando por seus direitos
e expondo suas qualidades enquanto negros. Para tanto alguns filmes podem ser sugeridos aqui,
considerando que todos devem ser apresentados de acordo com a turma, sua faixa etária e grau
719
Inspirado no livro “Feijoada no Paraíso” de Marco Carvalho, Besouro é um filme de ação
que se passa na década de 20 no Brasil, onde escravos recém libertados pela lei áurea de 1888
A trama demonstra que mesmo com a abolição os negros ainda estavam perdidos e presos
aos “padrões” que os brancos tinham imposto, considerando que suas atividades e opções de
trabalho eram todas desenvolvidas e ofertadas como empregados, ainda que não mais escravos,
sofriam preconceito e constrangimentos com frequência, pois não havia uma educação e respeito
por parte da sociedade da época. Conta a história de uma garota da sociedade que retorna
determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que
deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca. Nesse filme é possível
demonstrar aos alunos como foi difícil dar continuidade a cultura africana, estando em ambientes
onde os brancos não valorizavam os negros, e os esforços realizados para que hoje, fosse possível
Inserir filmes nas formas de educação envolve o aluno de maneira que eles além de ouvir,
possa ver como seria a situação, e os desperta para interessar-se mais por compreender a história
Bom como a educação não é algo unilateral e pode e deve ser compartilhada de forma
teatrais sejam atividades inclusas nas ações dos professores diante dessa Lei, que exige o estudo
A imagem abaixo ilustra duas crianças encenando sobre o dia da consciência negra, note
que não se trata apenas de decorar, entender ou interpretar determinado papel, é necessário
pesquisar o tipo de vestimenta, criar um cenário, e tudo isso colabora para aumentar o estudo fora
Atualmente o acesso à informação está cada vez mais veloz e eficiente, aproximando de
realidades que antes eram mais distantes, esse tipo de situação retrata a questão sobre as danças
da cultura afro, pouco se sabia sobre, embora estivem tão perto, sendo elas a Capoeira e o Samba,
ambas são originarias da cultura afro, e tem forte influência sobre os brasileiros, principalmente por
720
seu gingado, alegria e respeito. Incluir a danças nas atividades escolares transforma um assunto
por vezes pesado e complicado devido suas lutas durante todos esses séculos, em algo prazeroso.
Não se trata apenas de dançar, mas de envolver o aluno, despertando nele a vontade de fazer e
sentir.
As atividades propostas acima são exemplo de entretenimento, engajamento que dão suporte
aos docentes e escola para cumprimento da lei. Todas essas atividades podem ser realizadas
Considerando que essas atividades serão produzidas no começo do período ou ano letivo, logo
portões da escola esteja aberto a comunidade, um exemplo seria uma “Feira cultural”, para que os
cartazes sejam expostos, tenha um espaço de culinária onde teriam comidas de diversos “tipos”,
mas entre elas comidas típicas da cultura, como acarajé, vatapá e outros que permite ao aluno
no momento que receber o pedido, contar um pouco da história daquele alimento relacionando a
Ainda abordando como poderia funcionar a “Feira Cultural”, a escola pode levar a presença
de capoeiristas para fazer apresentação e quem sabe uma “aula” sobre golpes simples, história,
motivo que fundamentou a existência da mesma etc. Assim, toda comunidade compreenderia o que
afro brasileiros e toda sua história, que não foi marcada somente por dor e sangue, mas com força
Considerando que a aplicação da lei é direcionada para o ensino básico não se pode excluir
o fato de ter nesse processo a presença de crianças que ainda estão no início das suas habilidades
o tema e prepará-los para o momento em que estiverem no ensino juvenil e puderem participar de
atividades mais práticas e dinâmicas como dança e etc. Mas infelizmente não tem uma riqueza de
pejorativa.
Alguns autores começam a apresentar obras positivas sobre o negro e sua cultura “afro”,
entre eles temos o Joel Rufino dos Santos (2006), historiador que apresenta a obra Gosto de África:
histórias de lá e daqui, essa obra oferece ao docente uma abertura para tratar das questões de
identidade e cultura africana de maneira mais leve pois oferece ao leitor mitos, lendas e tradições
721
africanas introduzindo a criação e o prazer no momento do aprendizado.
Outro autor que procurou contribuir para a literatura da cultura afro-brasileira e reuniu vários
relatos de povo africano que foi passado de geração para geração, em uma de suas viagens reuniu
essas histórias trouxe para a didática, permitindo abordar de maneira lúdica e mágica, Rogério
Andrade Barbosa (2001) desenvolveu um mega instrumento para professores de história para
Embora ouvir e contar histórias, seja uma ação prazerosas e produtiva, ver imagens e se
sentir nelas, imaginar naqueles cenários, é uma grandiosa forma de “sensibilizar” o público quanto
as realidades apresentadas, por isso Raul Lody (2005) constrói uma coleção de livros com fotos
de Pierre Verger, com temáticas diferentes e muita precisão nos detalhes. No livro “Influências” é
apresentado o poder da música, dança, culinária, obra de arte, gastronomia e vestuário representando
a força dessa influência e como impacta na vida de quem se propõe a conhecer essa cultura tão
envolvente. Embora essa obra seja magnífica, necessário citar outra do mesmo autor chamada
de “Crianças” mostrando o cotidiano dos africanos e como a simplicidade e leveza também está
presente, tirando aquele triste “carimbo” de que africano é sempre triste e pobre ao extremo.
faz todo ser humano mais feliz. Criados para demonstrar mais detalhes e apoiar os docentes no
De forma mais objetiva a Lei vem para determinar a responsabilidade das escolas em
apoiar alunos que se sentem inferiores e que sofrem por racismo e preconceito. A seguir é possível
ver a capa dos dois livros citados, e somente com elas, já sentir o impacto e conteúdo proposto para
722
FIGURA 1 - Capa do Livro Influências
Se houver a compreensão de que a Lei vem como suporte e não como um estorvo na vida
dos docentes, será possível entender que o intuito é priorizar as questões étnico-racial, diversidade
e cultura da sociedade brasileira, considerando a influência que a vida escolar, sobretudo nos
primeiros anos tem sobre a vida do discente, portanto a escola é uma peça fundamental para a
Tornar obrigatório o estudo dessa cultura está diretamente relacionado a questões políticas
com influências pedagógicas, onde a educação não basta apenas garantir espaço de vagas que
sejam “disputadas” de maneira igualitária, mas a necessidade em tentar reparar os danos de tantos
anos atrás que infelizmente conseguiu brechas para “plantar” essas verdades equivocadas no
compartilhamento da história.
É preciso ressaltar que a cultura afro-brasileira não se restringe apenas a população negra,
por isso a importância do estudo, com a tentativa de refazer a história, mostrando que é muito mais
que escravos, mas uma sociedade democrática, multicultural e pluriétnica, em suma a lei 10639/03
Para concluir essa reflexão e sugestões sob a atuação do docente e da escola na aplicação
da Lei, é importante ressaltar que a educação básica começa a partir da inserção da “criança”
na vida escolar, sendo assim o berçário também é um espaço para atuação, logo, não se pode
O berçário pode e deve receber novas condutas para desde já diminuir o impacto negativo
da cultura afro no dia a dia das crianças, e não é impossível que isso ocorra. É nítido que em
crianças que normalmente se encaixam na faixa etária de 0 a 1 ano de idade, entretanto, é possível
inserir nesse ambiente “ações” que coloque o bebê em contato com algumas características.
Essa intervenção pode ocorrer através de imagens de pessoas negras em objetos que não os
menosprezem, como em ursos e bonecas de tom mais escuro, cartazes de crianças sorridentes,
em família, foto dos próprios bebês em murais que fiquem próximos a eles, sendo assim, seriam
mais pertos dos rodapés das paredes, e claros o envolvimento sem restrições de crianças negras
e brancas.
Observe que discorremos diversas situações e opções onde é possível envolver boas práticas
na aplicação da educação e conteúdo teórico através de atividades práticas, sendo assim, apesar
dos desafios e a busca por mais conhecimento e ampliação de material didático, os professores,
mesmo não estando atualizado quanto sua capacitação, pode com base em seus conhecimentos
gerais e situações do cotidiano, contribuir para o crescimento intelectual e diminuição das diversas
724
lutas diárias enfrentadas por alunos e pessoas inclusos na cultura afro-brasileira.
Qualquer escola, cuja política educativa se pretenda pautar pela multiculturalidade, terá
igualdade e de aceitação da diferença, procurando contribuir para que nenhuma cultura perca
a sua identidade, ou subjugada incorretamente por qualquer outra. Como tal esta Diversidade é
de fato uma realidade nas nossas escolas, e isso exige dos professores e da escola redobradas
de formar cidadãos do mundo, capazes de viver na nossa aldeia global e de interagir de modo
melhor o outro ao nosso redor. Portanto é necessário entender a escola, como um sistema, para
poder analisar a questão da interação que ocorre dentro e fora dela, é preciso ter presente os vários
atores educativos que intervêm no processo escolar. Assim, para que a escola possa possuir a sua
identidade e promover a interação no seu seio, ela deve criar vínculos não só entre os seus atores
Hoje no mundo em que vivemos, a diversidade cultural está cada vez mais patente nas
que essa diversidade ganha maior visibilidade, visto que é um lugar de encontros, onde cada
Diversidade Cultural no Contexto Escolar 39/121 vezes mais deparamos com existência de alunos
diferentes culturas, cabendo também a esta ser produtora de Diversidade. Esta heterogeneidade
deve, portanto, ser repensada, o que exige que na sala de aula se valorize o pluralismo, em
detrimento de uma visão etnocêntrica do mundo, unicamente centrada nas culturas dominantes.
sentido de caminharmos cada vez mais para uma sociedade em que sejam formados indivíduos
responsáveis, críticos, atuantes e solidários, conscientes dos seus direitos e deveres. Neste sentido
ainda Perestrelo (200: 37) acrescenta que é impossível ignorar que “a nossa sala de aula, tem vindo
a tornar-se cada vez mais heterogêneas. Temos de reconhecer que estas diferentes pertenças são
uma fonte de riqueza inesgotável”. O reconhecimento desta diversidade nas nossas salas de aula
é uma realidade com que os professores e demais agentes educativos se confrontam diariamente,
e exige uma postura de reflexão sobre o decorrer dos processos de ensino e de aprendizagem.
Sabendo que na sala de aula deparamos sempre com a diversidade de alunos, portanto neste caso
os professores têm um grande papel a desempenhar perante esta situação, e cabe ao ele ajustar
os conteúdos às necessidades dos alunos, ou seja, deve fazer uma diferenciação pedagógica.
Para Morgado (1999: 17), “a organização e gestão da relação pedagógica solicita ao professor a
Cultural no Contexto Escolar 40/121 interdependente”. Daí que não posso esquecer que, tal como
escreve Perestrelo (2001: 37), “numa sala de aula está presente uma complexa interação cuja
diversidade não se resume apenas à cor da pele ou à etnia, mas onde se conjugam diferentes
eixos de classe social, de gênero ou de origem”. Na perspectiva de Ramiro (2002: 48) o professor
faz uma diferenciação pedagógica, “quando prepara tarefas específicas para diferentes grupos de
caso o professor terá que adotar estratégias que permita que cada aluno, aprenda determinado
conhecimento de acordo com as suas próprias características, que provém do seu saber, dos
seus hábitos de pensar e de agir. Segundo Miranda (2004: 27) uma das formas do professor fazer
Ainda nesta mesma linha de pensamento Aguado (2000: 125) focaliza igualmente esta
forma para gerir a diversidade, a “aprendizagem cooperativa em equipas heterogêneas visto que
contexto para adquirir as competências sociais mais sofisticados para enfrentar os elevados níveis
de incerteza” Nós também propomos que para trabalhar com a turma toda sem fazer nenhuma
exclusão, devem propor atividades abertas, diversificadas, isto é, atividades que possam ser
abordadas por diferentes níveis de compreensão e de desempenho dos alunos, e em que não se
726
destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos, pois tudo o que essas atividades propõem
pode ser disposto, segundo as possibilidades e interesses dos alunos que optaram por desenvolvê-
las. Entendemos que esta estratégia leva os alunos a aprender a cooperar, negociar e a questionar
face aos problemas dos outros, e sobretudo ter um maior conhecimento do outro.
Isto porque entendemos que não se pode falar em educação multicultural, sem se especificar
com clareza o multiculturalismo como movimento social, em que abriu o caminho para o campo
educativo, para que hoje possamos nos inquietar pelo desejo de compreensão e busca de novas
possibilidades pedagógicas, que nos permitam actuar numa perspectiva de respeito com a nossa
Diversidade Cultural no Contexto Escolar Gonçalves e Silva (1998: 51), “situam o início desse
movimento na primeira metade do século XX, com as lutas dos afro-descendentes, que buscavam
reivindicação dos grupos culturais dominados no interior desses países, para terem suas formas
também como uma solução, para os problemas daqueles grupos raciais e étnicos no interior
desses países. O multiculturalismo se destaca como uma das suas preocupações, os estudos
vem ganhando espaço nas discussões e debates, nas mais diversas perspectivas e vertentes,
uma visão global e articulada, capaz de integrar todos os aspectos ao mesmo tempo, políticos,
econômicos, sociais, culturais e educacionais. Tal movimento nos ensina que conceber e conviver
com as diferenças requer o reconhecimento de que existem indivíduos e grupos distintos entre
si, mas que não se anulam ou se excluem em termos de direitos iguais e de oportunidades que
A partir desses pressupostos, uma das questões que deve nortear o estudo sobre
multiculturalismo é o próprio conceito que o termo abrange. Para a maioria dos autores (Mclaren,
727
2000; Souza Santos, 2003; Gonçalves e Silva, 2006; Hall, 2006) o termo multiculturalismo abarca
Para tal, acreditamos que é necessário em primeiro lugar lembrar que, nossas vidas estão
permeadas por essa discussão multicultural, tendo em vista as próprias características da sociedade
moderna em que as diferenças não só aumentam, como se tornam cada vez mais problemáticas.
Ainda Silva (2007: 85) acrescenta que de uma forma ou de outra, “o multiculturalismo não
pode ser separado das relações de poder que, antes de mais nada, obrigam essas diferentes
culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço”. Dessa forma, numa sociedade
que se percebe cada vez mais multicultural, cuja pluralidade de culturas, etnias, religiões, visões
de mundo e outras dimensões das identidades infiltra-se, cada vez mais, nos diversos campos da
É neste sentido que segundo Moreira (2001: 41), educação multicultural surge como
um conceito que “permite questionar no interior do currículo escolar e das práticas pedagógicas
locais” É evidente o fato de que o debate acerca da educação multicultural tem proliferado muito
ocorrer em muitos países, desafiando-os a fazer diversas alterações nas práticas educativas, como
forma de dar respostas aos novos desafios da sociedade atual. Embora seja um termo ainda em
curriculares. Significa, ainda, refletir sobre mecanismos discriminatórios que tanto negam voz a
diferentes identidades culturais, silenciando manifestações e conflitos culturais, bem como buscando
da diversidade cultural, racial, social. Portanto é necessário que haja um convívio multicultural que
implica respeito ao outro, diálogo com os valores do outro. Em função dessa realidade, a educação
futuro”, sendo pressionados a repensar o seu papel diante das transformações em curso, as quais
demandam novos saberes, novas competências, um novo jeito de pensar e de agir, enfim um
novo perfil de formação do cidadão. Segundo Fontoura (2005: 53), um dos grandes objetivos da
da educação, que leva à igualdade de oportunidades para todos os alunos, tornando-se necessária
uma modificação do ambiente na escola de tal maneira que este reflita as diversas culturas e
pode ser encarada como uma educação para aplicar de uma forma contínua numa sociedade
pluralista e democrática. Ferreira (2003: 120) acrescenta ainda que um importante objetivo da
numa atividade democrática, que contribua para que os ideais da democracia se tornem realidades.
aos futuros cidadãos, participar nas transformações sociais no sentido de atingir níveis cada vez
na escola e na sociedade. Aceita e defende o pluralismo representado pelos alunos e pelas suas
famílias. A educação multicultural deve ser encarada como um processo progressivo de mudança.
Ela por sua vez obriga a escola a mudar a sua organização administrativa e pedagógica,
e a estruturar de modo a acolher da melhor forma a diversidade dos seus alunos. Isso implica
reajustamentos do currículo ao nível dos conteúdos, das estratégias e das interações entre alunos
Souta (1997: 59) define a educação multicultural como “uma abordagem transdisciplinar que procura
introduzir alterações aos diferentes níveis no sistema, quer na definição de políticas educativas,
Em suma, seja qual for a concepção adotada pelos diversos atores, nós entendemos que
a educação multicultural, é uma questão fundamental no campo educativo, dado que nas escolas
cultural e o respeito pela diferença. Sugerimos, portanto, uma educação multicultural aberta a todas
729
CONSIDERAÇÕES FINAIS
formação da cultura “afro” e suas contribuições para o desenvolvimento da sociedade, uma vez
que a mesma é parte essencial dessa história que por vezes e anos e anos foi contada de maneira
tortuosa, destacando apenas os pontos cruéis e não tão ricos de tudo que aconteceu, mesmo
sabendo que foi imenso o seu legado em vários aspectos, desde as artes, religião, economia,
assim sendo, o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, por isso a aprovação da Lei
10.639/03, fez-se necessário para garantir uma nova maneira de mostrar o mundo e a história
dele para os alunos do ensino básico, enfatizando e buscando a valorização cultural das raízes
práticas e a escola exerce o papel importante no processo contribuindo com recursos e apoiando
nas ações coletivas, nessa luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil, contribuindo
na discussão da prática reflexiva, para que a escola inclua e permita transformações e mudanças
às questões afro- brasileiras, incluindo a história africana nos currículos escolares, no qual eram
Conclui-se que é possível acatar as diretrizes da nova lei, mesmo não recebendo uma nova
capacitação, haja vista que no estudo apresentado foram apresentadas uma lista de atividades que
podem ser aplicadas em sala e ainda assim envolver a comunidade, para que se possa transformar
as próximas gerações que por vezes não se reconhecem nos contos e histórias apresentadas em
Com a formação docente, o mesmo pode oferecer suporte para que os alunos possam
desenvolver empatia e habilidades em compartilhar essa nova maneira de ver como “tudo começou”,
com atenção especial para assuntos voltados ao respeito e à inclusão social, com isso o papel do
social do passado.
É preciso avançar fazendo com que seja prática cotidiana em todo e qualquer estabelecimento
de ensino do Brasil o cumprimento da lei, sendo importante a realização de ações continuadas para
que o fortalecimento da cultura afro-brasileira, previsto na lei, seja realizado de maneira efetiva e
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Cornélio Procópio, 2016
732
ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DO PLANEJAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo conceituar Planejamento Institucional e identificar os diferentes níveis. Entender
a importância do Planejamento Participativo como mecanismo para o Planejamento Institucional. Conhecer alguns
elementos de historicidade do Planejamento da Educação no Brasil. Identificar mecanismos do processo de produção
do Planejamento Institucional. Definir Público e Privado e verificar o que difere a aplicação do Planejamento Institucional
na esfera pública e privada. A partir da perspectiva do saber fazer busca-se conceituar Projeto Político Pedagógico
— PPP e justificar a importância do trabalho coletivo na sua construção. Desencadear o processo de construção do
PPP. Investigar os diferentes procedimentos de sua elaboração na escola. A metodologia empregada trata-se das
referências bibliográficas.
INTRODUÇÃO
Planejamento é uma ação inerente a qualquer ser humano. Planejar é uma atividade
mestra no seio da educação formal. Esse ato incorporado pela escola tende a evitar a improvisação,
estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa
e coletiva buscando com isso, a confirmação da sua eficiência na condução do processo gestor e
seio da escola como um rico incremento para se estabelecer parâmetros para ação e alcance de
objetivos de maneira eficaz. Por esse motivo, é mister que conheçamos os meandros do saber/
no real da sua prática cotidiana. Oferece subsídios norteadores que farão a lembrança do que
já foi visto na graduação ser compreendido e construído na unidade escolar sob uma motivação
Planejar, ação eminentemente política, possui no seu viés condutor as projeções que por
ele se expressa. O que faz dele um mecanismo de dominação ou de libertação. Depende do olhar
de quem o elabora.
alguém o fará por nós. Nesse caso, seremos objetos de ação idealizada por outrem, segundo a
ideologia e a visão política desse alguém. Percebeu o grau de importância da ação planejada?
de traçar os caminhos viáveis para obter êxito na investida, isto é, no que pretende alcançar,
elaboram planejamento.
Vasconcellos (2006, p.13) corrobora com essa expressão “visão distorcida” nos dados
É um papel que permanecerá no arquivo; não é consultado e muito menos levado a sério.
[...] fica só na gaveta [...]”. Seguindo a mesma ideia Menegolla (2001, p.39) ressaltava que “...
Todavia, não é por ignorância ou inoperância da ação planejada, que encontramos dados
como os apresentados anteriormente, mas, por uma questão histórica da visão de planejamento
de traçar os caminhos viáveis para obter êxito na investida, isto é, no que pretende alcançar,
elaboram planejamento.
a ação mor. Por esse motivo, é mister que dialoguemos, por meio deste instrumento didático, as
734
etapas compostas pela definição do termo.
fim, conceber um outro olhar da ação, na ação e sobre a ação de planejamento. Uma vez que,
os aspectos legais que norteiam o Planejamento Institucional no ambiente escolar. Pontua que ao
elaborar o Planejamento é preciso ter em mente, qual a natureza jurídica da escola. Para tanto,
Vigente..
para a escrita, o traçado real a ser cumprido pela escola devido à do ato de planejar.
Dessa forma, a criança convive neste ambiente e interage com ele, aos poucos descobre
NO BRASIL
Pioneiros da Escola Nova, em 1932, foi o que iniciou o Planejamento mais específico para a
para o trabalho e ao mesmo tempo o reforço da escola como instância formadora do cidadão.
do sistema educacional.
A Educação, até então, vinha sendo prevista nos PDNB (Plano de Desenvolvimento
Nacional Brasileiro) no tocante ao setor econômico, apenas como gasto ou despesa, de saúde,
porque a educação estava até 1930 juntamente com a Pasta da Saúde, e de expansão na oferta
A Educação Brasileira teve grande avanço com a adesão das principais ideias da Carta
pacificação, como a ocorrência do “Estado Novo”, em que houve a derrocada de algumas conquistas
735
do Manifesto e a incorporação de neutralidade no Planejamento Educacional, passando a constar
somente como “adendo” no PDNB, os educadores brasileiros não cessaram da sua luta em trazer
a educação para o palco como ator principal, deixando de ser coadjuvante. Foi o que aconteceu
com a organização da mais longa produção de uma Lei, no Brasil — a Lei 4.024/61.
O Plano Nacional de Educação, pautado na LDB, que nasceu em 1962 e foi revisado em 1965,
teve um período efêmero. Em janeiro de 1967, a LDB é revogada pela Constituição do Governo
Militar. E, a partir daí (1964 a 1985), seguiram os planos, fundados na perspectiva tecnicista..
o modelo e da ciência líquida e certa, pronta e acabada. Ou seja, não se interessa na formação
integral do cidadão; mas, na sua capacidade de produção mediante o que lhe é proposto, sem
indagação ou crítica.
ou especialista em educação, um inimigo em potencial, que deveria ser mantido sob vigilância
rigorosa. Num regime político de contenção, o Planejamento passa a ser bandeira altamente
promovidos seis planos nacionais de educação, programados com objetivos na mesma direção
da tecnoestrutura estatal e pelo discurso neutro tecnicista. Isto é, sem ênfase na formação integral
por meio de tecnocratas americanos, a Reforma Universitária — Lei 5.540/68. Observem que esta
Lei foi direcionada apenas para a formação superior, não inclusa nesta Lei a Educação Básica. O
objetivo principal desta Lei foi de desmantelar o sistema Universitário Brasileiro, que era forte e
Somente no ano de 1971 foi promulgada a Lei N° 5.692 — a 2’ Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, que apontava os ditames para a Educação Básica, que trazia no bojo da
736
sua essência a fragmentação exacerbada do ensino fundamental. O currículo não mais por área,
mas sim, focado nas disciplinas fragmentadas, originado pela Lei da Reforma Universitária. A
concepção de planejamento no interior da escola era o que se recebia pronto, pois esta ação era
reservada aos planejadores, isto é, pessoas com ocupação exclusiva para pensar e planejar a
ação.
A concepção de planejamento no interior da escola era o que se recebia pronto, pois esta
ação era reservada aos planejadores, isto é, pessoas com ocupação exclusiva para pensar e
planejar a ação.
Unidades Escolares. A partir desta Lei o Planejamento Institucional ganhou status de legalidade.
Nessa ocasião, o permitido era a utilização ‘cega’ do livro didático, a didática que previa o
da instituição como profissionais voltados a ‘dominar’ o espaço de forma a manter o status quo.
A perda da função do Planejamento, por não ser capaz de dar respostas satisfatórias aos
desafios do cotidiano educacional, reforça a concepção que planejar é orçamentar. A par disso,
A partir da década de 90, percebe-se uma mudança nas reformas educativas no Brasil, em
âmbito Federal, Estadual e Municipal. Essas reformas estão congruentes com os compromissos
de universalização do Educação Básica. São proposições que convergem para novas formas de
por meio do Plano Nacional da Educação — PNE. Devido aos acordos do Brasil com o Banco
Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução
9.394/96 — LDB. Esta veio para, além de expressar a realidade educacional existente, normatizar
sua Proposta Pedagógica ou Projeto Pedagógico — PPP. A partir desta Lei o Planejamento
Institucional ganhou status de legalidade. Sendo o PPP o instrumento legal da escola, elaborado
e produzido coletivamente.
foi considerado como manutenção do status quo, instrumento de controle e paulatinamente, como
meio de mudança para a ação. Observe a ideologia dominante da sua execução no âmbito nacional,
estadual e escolar e verifique que somente a partir da implantação da LDB N°. 9.394/96 teve
fortemente invocado o Planejamento Participativo. Fato que até então, era elaborado por grupos
estipulados para tanto. É importante que o Planejamento seja visto e produzido na dimensão
dialógica e participativa.
Se o regime que a lei lhe atribui é público, a atividade é pública; se o regime é ide direito
conhecer alguns elementos do próprio termo: Público e Privado. Será que a forma de elaboração
político-cultural.
Neste sentido, os debates sobre a educação brasileira têm sido permeados, a partir dos
anos trinta, pelos confrontos resultantes das disputas político-ideológicas por hegemonia entre os
Saber se uma atividade é pública ou privada é mera questão de indagar do regime jurídico
a que se submete. Se o regime que a lei lhe atribui é público, a atividade é pública; se o regime
é de direito privado, privada se reputará a atividade, seja, ou não, desenvolvida pelo Estado. Em
suma: não é o sujeito da atividade, nem a natureza dela que lhe outorgam caráter público ou
Veja que, as expressões indicativas do rótulo privado, são marcadas por vinculações
ideológicas, tais como, escola privada, particular, livre, confessional, não-estatal, leiga, laica e,
são enriquecidas por um repertório menos explícito que inclui escolas para-estatais, comunitárias,
tais como: perfil institucional do mantenedor (propriedade), natureza jurídica, fonte principal de
recursos, existência de contrapartida financeira para o benefício que oferecem e assim por diante.
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Todavia, há possibilidade de haver uma Instituição
privada na Organização Pública, porque não é o sujeito da atividade e nem a natureza dela que
lhe outorgam caráter público ou privado, mas o regime jurídico que está submetido.
Ao passo que o Privado, na esteira de sua etimologia, é vinculado a certo sentido de privação,
recursos próprios, isto é, ideia de propriedade, ao uso individual e doméstico, ao íntimo, ao que
não está sujeito à intrusão de outros. Ou seja, o privado é reservado para o secreto, o informal, o
educacional vem assim exigir, cada vez mais, a atenção das instituições para que objetivem o foco
planejamento institucional devem ir ao encontro com o coletivo, por meio da participação contínua
esfera pública ou na privada, se distingue pelo seu viés ideológico (manutenção ou transformação),
739
condutor de sua missão, ou seja, a quem e para quem se aplica.
ideológico (manutenção ou transformação), condutor de sua missão, ou seja, a quem e para quem
se aplica.
Planejamento é o suporte do seu trabalho, é o ato de pensar a ação, sem perder de vista
CONSIDERAÇÕES FINAIS
questão: Planejamento Institucional na Esfera Pública e Privada. Para isto, foi necessário abordar
conceitos, história e a legislação pertinente para clarificar este importante segmento deste Caderno
de Estudos.
para entender que planejar é antever ações futuras de forma ordenada, metódica e sistemática.
do Planejamento faz um ser na inteireza do fazer, ou seja, ser sujeito no e do processo. Caso
contrário, passa a ser objeto, passível de dominação, ou ser apenas um reprodutor de ações sem
Planejamento assume procedimento semelhante. O que diverge, no entanto, é a ideologia por ele
permeada. Saber se uma atividade é pública ou privada é uma questão de verificar o seu regime
jurídico.
pensar a ação, sem perder de vista o registro de pensamento, em um Plano. Sem ele, perdem-se
740
a linha mestra e os instrumentos para perceber tanto o crescimento do grupo, quanto o seu.
somente planejando poderemos considerar a realidade e dar forma às ideias e aos sonhos. O
planejamento possibilita que a visão de futuro se torne realizável. Sem ele, estaremos sempre
Depois do exposto neste capítulo podemos dizer que o PPP é, antes de tudo, um
escolar. Esta ação enaltece a ação política social ao possibilitar à comunidade escolar mecanismos
o PPP representa o perfil da mesma. Ao elaborá-lo, a comunidade escolar não está apenas
cumprindo uma determinação legal prevista na LDB, mas escrevendo a sua história.
741
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742
DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM PÓS
PANDEMIA
RESUMO
É muito importante também que estudantes com deficiência intelectual tenham atendimento com profissionais
especializados além das aulas regulares, pois os professores regentes, em sua maioria, não possuem essa
especialização, além de geralmente esses atendimentos serem realizados com turmas reduzidas de crianças ou até
mesmo de forma individual, o que possibilita uma maior atenção aos educandos e favorece o desenvolvimento de suas
aprendizagens.
INTRODUÇÃO
quando, a partir de uma interação, muda-se a percepção da realidade e seu modo de agir diante
com outros alunos em níveis mais avançados – considerando um aluno que esteja prestes a
aprender, internalizar um novo conhecimento, mas ainda precisa da ajuda de outro – é nessa
interação que ele alcançará outro nível de desenvolvimento, internalizando o conceito e passando
desenvolvimento psíquico, em uma aprendizagem. É, portanto, nas interações com o outro que
ocorrem as aprendizagens; desde bebês, crianças, adolescentes, até adultos. E nessa interação,
docente para a construção dos saberes, conhecimentos, identidade e alteridade das crianças,
“Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira às mudanças
radicais na sociedade, no campo da economia, relações humanas, da propriedade, do direito
ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto ao que, pelo contrário reaccionariamente
pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta.”
A escola, lugar de acolhimento, que deve receber e incluir todos, respeitando suas
diferenças, histórias, culturas, identidades, e necessidades, deve ter clareza em suas propostas e
ações bem planejadas para propiciar um atendimento com equidade e qualidade a todos os seus
estudantes.
Para que a mediação docente ocorra da melhor maneira possível é preciso haver motivação
dos professores. No entanto, não se pode esperar que os docentes despertem e mantenham essa
escolas. Pois, muitas vezes, não há respaldo, não há apoio, não há formação continuada, e até
mesmo os mínimos recursos materiais e humanos que deveriam ser disponibilizados – para um
eficiente trabalho pedagógico – por parte do poder público quando pensamos em uma educação
pública de qualidade, que pela constituição federal brasileira vigente é direito de todos.
Mas atualmente, também encontramos na maioria das escolas, a dificuldade em lidar com um
difícil cenário: falta de equipes completas para o atendimento escolar, desde um número inferior
do quadro necessário de professores para atender todas as turmas, o que sobrecarrega e adoece
os professionais que lá estão, até a falta um de quadro completo de funcionários da limpeza, o que
em tempos de pandemia.
Há também um número grande e cada vez maior de alunos com deficiência intelectual,
com e sem laudo médico (o que dificulta ainda mais a consolidação dos registros nos sistemas para
solicitação dos recursos e apoios necessários para cada escola), cada um com suas necessidades
e características particulares, que na maioria dos casos necessitam de maior apoio e atenção para
seu pleno desenvolvimento. Ao mesmo tempo, não há em quase a totalidade das salas de aulas
um estagiário para auxiliar o docente que precisa atender não só seus alunos com deficiência, mas
uma turma cheia de alunos com suas especificidades, dificuldades, potencialidades e histórias
744
pessoais e familiares que também interferem no processo de aprendizagem e desenvolvimento
impressoras à disposição dos professores para elaborarem atividades adequadas a seus alunos,
até materiais apropriados para um melhor desenvolvimento dos estudantes com deficiência
entre outros).
A maioria dos alunos com deficiência intelectual, que frequentam salas de aula regulares,
precisa de apoio denominado como intermitente (esporadicamente), limitado (em algumas tarefas)
e intenso – em diferentes áreas). São alunos que podem aprender, desenvolver atividades de
maneira autônoma bem como tornar-se cada vez mais autônomos e independentes em todas as
Quando o professor insere o educando com deficiência intelectual (ainda que seja um
caso em que o aluno não fale e/ou não realize as atividades propostas) no ambiente alfabetizador,
como participante ativo, mesmo que apenas oralmente quando for o caso, as impressões sobre
leitura e escrita que esse aluno constrói são internalizadas. Na maior parte dos casos, esse registro
interno pode não ser perceptível nesse momento, mas essas vivências e aprendizagens fazem
parte crucial de sua trajetória escolar, e repercutirão até o momento em que esse aluno alcançar
educando. Podem ser trabalhados, por exemplo, jogos, propostas de resolução de problemas a
o aluno para que ele realize diversas reflexões e estruture suas ideias. São métodos que permitem
imutável, mas sim dinâmico, flexível, mutável. Assim, mesmo um cérebro com alguma lesão
pode ser modificado, bem como uma pessoa com deficiência intelectual pode desenvolver-se
de saber realizar cálculos, ou uma leitura, mas também, no sentido de saber conviver, construir
Entretanto, como abordado anteriormente, para que o trabalho docente seja realizado
de forma eficiente e para que a escola cumpra seu papel social de acolhimento e espaço de
desenvolvimento e formação integral de seus estudantes, é imprescindível que haja não apenas
motivação docente, mas também os recursos humanos e materiais que devem ser disponibilizados
pelo poder público a cada unidade educacional. Pois, os professores sozinhos, sobrecarregados
com salas lotadas e sem apoio adequado, seriam incapazes de solucionar todos os problemas,
O primeiro passo dado pelos professores na retomada das aulas foi a avaliação diagnóstica,
unidades educacionais.
e dificuldades dos alunos em sua trajetória escolar, podendo a partir dessas informações, traçar
de aprendizagem no qual o aluno se encontra, objetivando tomar decisões adequadas para que o
Uma vez diagnosticadas as defasagens nas aprendizagens da maior parte dos estudantes
devido à pandemia nesta retomada das aulas presenciais, o enfoque do trabalho docente passou a
ser a recuperação das aprendizagens, de forma continuada (durante as aulas regulares) e quando
possível, paralela (durante projetos realizados no contraturno das aulas regulares, com turmas
com menor quantidade de alunos, sendo aulas exclusivamente realizadas enquanto recuperação,
746
planejadas e ministradas por um professor determinado para a aplicação desse projeto).
sendo adotada pelas escolas é a flexibilização do currículo. Partindo das análises realizadas
por meio das avaliações diagnósticas, os professores realizam seus planejamentos de ensino
com as características de suas turmas, considerando o que melhor contribuirá para o melhor
o trabalho docente de acordo com o processo de ensino e aprendizagem que vai sendo realizado
durante o ano letivo. Para esse redirecionamento é sempre adequado também uma nova avaliação
diagnóstica, uma vez que ela não deve ser realizada apenas no início do ano letivo, mas sim a
seus alunos nesse processo contínuo, proporcionando um melhor ajuste no planejamento e ação
É por meio dessas avaliações que o professor identifica se pode avançar em seu trabalho
habilidades foram adquiridas pelos educandos e quais primordialmente precisam ser construídas
para não prejudicar tanto o ano letivo em andamento quanto os anos seguintes.
“Não é apenas no início do período letivo que se realiza avaliação diagnóstica. No início de
cada unidade de ensino, é recomendável que o professor verifique quais as informações que
seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilidades apresentam para dominar o conteúdo.
Isso facilita o desenvolvimento da unidade e ajuda a garantir a eficácia do processo ensino –
aprendizagem (HAYDT, 2000, p. 20).
Contudo, o professor ainda precisa lidar com o fato de que as turmas são sempre
heterogêneas, sendo preciso desenvolver um trabalho que busca contemplar os diferentes níveis
e técnica docente. Para tal, é preciso que os professores estejam motivados a buscarem uma
experiências e busca por soluções de problemas que muitas vezes são comuns entre as turmas.
Essas trocas e reflexões podem ocorrer em momentos de estudo dos professores como também
gestora, atentar-se para contextualizar as diretrizes vindas das secretarias de educação e órgãos
superiores com a realidade de cada escola, uma vez que cada unidade educacional está inserida
747
em uma comunidade diferente, com suas características e necessidades próprias.
de qualidade, contextualizada e atual para seus professores. Sem isso a educação pública está
complexidades que ela acarretou exigem inovação e capacidade adaptativa no trabalho docente,
e para tal, é necessária a oferta de formação contínua de qualidade para todos os docentes.
formações que contemple a todos os educadores. Porém, sabe-se que momentos formativos que
das práticas docentes. Essas formações coletivas devem ser priorizadas, pois resultam em maior
Vale ressaltar que para que haja formação continuada dos professore é necessário
haver tempo destinado para isso. Geralmente a carga horária docente não contempla períodos
que comumente ocorre, na verdade, é tamanha sobrecarga das tarefas dos professores, como
planejamentos, registros e elaboração de aulas e atividades para seus alunos com tantas
especificidades e níveis de aprendizagens diferente, que acabam levando trabalho para casa,
realizando tais tarefas em momentos que deveriam estar com seus familiares, de seu lazer e
descanso, muitas vezes utilizando recursos materiais adquiridos com seu próprio dinheiro, sendo
tal atitude vista como única alternativa para desempenhar seu papel em sala de aula por diversas
vezes. É extremamente raro encontrar um professor que nunca tenha passado por essa situação.
na carga horária docente para planejamento, elaboração de aulas e atividades, encontros com
seus pares e formação continuada coletiva. Além, claro, de fornecer os recursos materiais básicos
necessários no cotidiano escolar. Tudo isso é o mínimo para que haja o início de uma educação
de qualidade.
Algo que surgiu de forma emergencial, atrasada e pode-se dizer até então mal explorada
pelas redes públicas de ensino são os recursos tecnológicos. Deve-se compreender que mesmo
com o fim das aulas remotas e retomada das aulas presenciais, esses recursos vieram para
748
ficar e não devem ser esquecidos nem abandonados ou negligenciados, mas cada vez mais
estarem presentes nas práticas docentes. É preciso, portanto, garantir o acesso a equipamentos e
uso desses recursos nas salas de aula. A tecnologia configura uma possibilidade de potencialização
das aprendizagens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
grande esforço coletivo a fim de superar essas dificuldades, mesmo com as atuais condições
E não somente sofrem os professores com a realidade nas escolas, mas também os
alunos, que não encontram motivação para frequentar um espaço que há tanto tempo vem sendo
esquecido e negligenciado pelo poder público, que há muito não recebe incentivos para adequar-
crianças e adolescentes, muitas vezes vindas de famílias carentes, que esperam encontrar na
A desigualdade social que já era gritante antes da pandemia, passou a ser cruel. Tanto
no âmbito educacional quanto no âmbito social como um todo. Enquanto algumas escolas
particulares e seus alunos se adaptaram com certa tranquilidade ao ensino remoto e venceram
É preciso que haja vontade política para mudar o atual cenário, que haja reconhecimento
manutenção das escolas. É preciso que a escola seja reconhecida como base da sociedade, como
lugar que gera a possibilidade de transformação na vida das pessoas, na sociedade, que propicia
uma a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todos tenham oportunidade
de desenvolvimento e crescimento, de uma vida segura, com a garantia real de todos os direitos
Uma vez que o poder público passe a valorizar o trabalho docente, reconhecendo seu
749
papel como mediador e potencializador de transformação social e base para o crescimento e
construção de uma nova escola, valorizada por toda a sociedade e desejada pelos educandos.
aperfeiçoarem-se cada vez mais e com autonomia. Permitiria que os educandos se sentissem
cada vez mais pertencentes à escola, vendo-a como um lugar de acolhimento e crescimento. É
preciso que haja colaboração de todos – comunidade, educadores, educandos e poder público –
750
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo, A Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Prática. Paz e terra, São Paulo, 1996.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 13º ed. São Paulo: Cortez, 2002
751
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
O presente artigo tem o propósito de apontar questões sobre a literatura infantil usando como temas essências: a
contação de histórias na educação infantil, a origem da contação de histórias, sobre o contador de histórias, o papel
educacional da contação de histórias, a contação de história e a imaginação da criança e por fim os contos de fadas.
Muitos têm a noção de que a literatura infantil é brincadeira, porém, na verdade, ela representa o início de uma cultura.
Portanto, é primordial que faça parte da prática pedagógica do professor nas séries iniciais. O desafio está em encontrar
mecanismos que promovam o interesse pela leitura na infância. Dessa forma, cabe à escola ensinar os primeiros
passos do hábito de ler. É muito importante estimular a leitura desde cedo, para que se torne um ato prazeroso que
provavelmente fará parte da vida toda. Neste sentido, a contação de histórias torna agradável e significante o ambiente
e os envolvidos, e mostra como um livro aparentemente desinteressante pode ser tornar mágico, ou seja, a ausência
da contação de história distancia a criança do universo literário, sendo que muitas vezes, a escola exige competências
como interpretação, criatividade e criticidade ao aluno.
INTRODUÇÃO
Na atualidade, fazer uso do livro em sala de aula objetiva a formação de indivíduos críticos
A alegria, o sorriso de uma criança ao ler ou ouvir estórias, recompensa qualquer luta ou
esforço. E também ratifica a certeza de que se está abrindo novas perspectivas e possibilidades
TV, os computadores e outros meios eletrônicos. É necessário o resgate dos momentos mágicos
através da contação de histórias, pois esse é um hábito que faz parte da própria história do Homem.
752
Segundo Tahan (1966), todos os povos civilizados ou não tem sempre usado a história como veículo
de verdades eternas, como meio de conservação de suas tradições ou da difusão de ideias novas e
importante e amplo não só para as crianças: é a possibilidade de descobrir novos mundos e junto
com estes mundos uma imensidão de conflitos, dificuldades e soluções. É descobrir que ouvindo
histórias podemos também sentir emoções importantes que nunca antes foram vivenciadas.
Para uma criança, ouvir uma história é como abrir uma caixa cheia de surpresas, de onde sairão
Tecnicamente, contar refere-se ao ato de narrar e quem narra, conta algo. De acordo com
a palavra narrar vem do verbo latino narrar e, que significa expor, contar, relatar. E se
aproxima do que os gregos antigos clamavam de épicos, poema longo que conta uma história
e serve para ser recitado. Narrar tem, portanto, essa característica intrínseca: pressupõe o
outro. Ser contada ou ser lida: é esse o destino de toda história (...) ao narrar falamos de
coisas ordinárias e extraordinárias e até repletas de mistérios, que vão sendo reveladas ou
remodeladas no ato da escuta ou na suposta solidão da leitura.
A palavra história tem um significado bem mais amplo, diz respeito à narração ordenada,
escrita ou oral dos acontecimentos e atividades humanas ocorridas no passado. Para ampliar o
significado desta última palavra que cabe ao tema, segundo o dicionário Michaelis online (2016),
Levando em consideração a beleza artística deste ato, trata-se de uma prática preservada
até os dias de hoje que recontar e/ou criar uma história escrita ou oral, verídica ou inventada
utilizando o recurso da voz, expressão corporal e outros recursos materiais, de forma bem singular,
Segundo Zilberman (1990, p.111) “O elemento oral permite uma variedade de opções,
possíveis somente na comunicação oral”, então o ato de contar história é uma forma de se comunicar
para através dessa prática, compartilhar”. O imaginário do homem é uma peça chave, pois o ato
de contar história só “chacoalha” o indivíduo, por causa dessa chave que abre as portas para um
mundo pronto a ser explorado: a mente humana. É dentro de cada um, que acontece as mudanças,
Hoje, mais do que nunca, o contar história é visto como uma ação educativa e com isso
ganhou mais visibilidade no ambiente escolar. Em tempos de novas tecnologias, foram buscar na
É de suma importância saber como tudo começou, onde surgiu tal arte, que ainda nos dias
atuais, em plena era tecnológica, é capaz de despertar sentimentos e emoções no ser humano,
incluo também os adultos, pois uma história bem contada, não importando a idade, é capaz de
encantar.
Sabe-se que as histórias eram passadas de geração para geração por integrantes que
acumulavam os fatos, costumes e hábitos da cultura da época. Desde o tempo das cavernas, que
o homem, com a necessidade de se expressar, utilizou-se da memória para arquivar suas histórias
Mainárdes (2015) afirma que, nas sociedades primitivas essa atividade tinha um caráter
acumulado pelas gerações. Durante séculos essa cultura se manteve sem a escrita, mas na
memória viva. Transmitidos de geração em geração, os contos de tradição oral viajaram do Oriente
para o Ocidente.
Esta arte milenar tinha como principal objetivo: a transmissão de valores e antes da escola
existir, os momentos de contação que aconteciam ao ar livre e com uma pitada de encantamento
tinha um caráter de ensinamento e sabedoria, sem imposição e regras. O ato de contar histórias é
uma herança, carregando nossos costumes, a nossa história, e quem tem este dom, é reconhecido
e legitimado como contador de história, ofício este que requer prazer respeito e cuidado, para não
negligenciar a história e a plateia. Essa arte tão antiga, praticada desde os primórdios permanece
754
O CONTADOR DE HISTÓRIA
A pessoa que conta, não está simplesmente transmitindo um conto, uma fábula, mas sim
suas experiências, sua visão do mundo. A figura do contador é muito antiga, desde a Antiguidade
Greco-romana onde eram consideradas sábias, por isso as histórias, exercia (ainda exerce) um
caráter de educativo:
Ao mesmo tempo em que amenizava os medos e uma existência muitas vezes desfavoráveis,
o narrador ajudava as pessoas a entenderem melhor o que se passava a sua volta a
enfrentar os dilemas e confrontos de natureza social e individual, extraindo das experiências
o aprendizado mais profundo (RIBEIRO, 2007, p. 3).
O contador tem como principal ferramenta a palavra, porém, possui uma visão estratégica
para envolver os ouvintes, o improviso, a releitura (criação), o ambiente, são elementos que fazem
parte dessa visão. Com o dom de encantar, transportar e estimular o imaginário da plateia, o
De ajudar o indivíduo a reconsiderar seus objetivos individuais e fazer com que este se
aproxime mais de si mesmo. Pode fazer com que, este ambicione atingir o melhor de si
mesmo e levá-lo a uma inesquecível viagem pelo interior de suas emoções mais verdadeiras,
brutas de pureza (RIBEIRO, 2007 p. 19).
Há algo indispensável para enriquecer esta arte: a escuta. Um bom contador, conforme
Lemos e Almeida (2011), é aquele que visita em silêncio o território da história e a desvenda, e de
forma singular compartilha com aquele que, sem convite se sente convidado, que, sem cerimônia
se envolve.
no ambiente escolar. É tanto que, hoje, o contador de histórias é visto como um profissional, mas
sem perder sua essência, muito menos sem desconsiderar que se trata de uma arte reproduzida
a milhares de anos, que muito antes de ser inserida na escola, tecia ensinamentos em contextos
bem diferentes (espaços não-escolares). Ainda nessa visão educativa, que atualmente e cada vez
mais a contação está se voltando, o contador, acrescenta mais recursos, repete, acrescenta, jamais
substitui a principal, que é a história contada de viva voz que, na visão de Otte e Kovács (2016, p.
05), “Em tempos de desumanidade, precisamos refletir sobre a função da narrativa, pois o calor da
presença e voz do contador projeta afetividade”. Tal preocupação é reflexo da explosão tecnológica
da atualidade. Onde, a tecnologia ganha espaço na vida das crianças e adultos, causando isolamento
das gramáticas, dos dicionários e das literaturas” (RIBEIRO, 2006, p. 24). Porém, isso não é o
suficiente para causar encantamento. Do que adianta um contador exibir um vocabulário riquíssimo,
decorar fábulas incríveis, se não souber movimentar-se, utilizar as pausas para provocar aquele frio
na barriga, respeitar o momento onde o barulho do silêncio gera o suspense e impactar a plateia
com variações de vozes. Neste caso, serão apenas palavras sem força e sem emoção, o que
São várias as preocupações que o contador deve atentar para desenvolver com plenitude
a sua arte, sem dúvida, todos os elementos já citados traduzem o quanto é especial o ato de
contar histórias, pois mexe com o que há de mais frágil e ao mesmo tempo forte no ser humano:
obviamente com o que vai contar então a seleção do seu repertório determina o seu perfil, suas
escolhas determina as sensações que quer provocar, mas antes de recontá-las, é direito dele,
Um bom contador constrói um repertório que lhe conquista. Segundo Ribeiro, (2007, p.
82) “As histórias devem antes tocar fortemente o coração do contador e esta pede para estar, para
brincar nos seus lábios.” Este convívio com a história, antes de encaminhá-la para novos ouvidos,
é indispensável. Esta etapa é a do lapidar, como uma pedra preciosa e o produto final é a tradução
que cada contador vai dar, pois uma história jamais vai ser contada da mesma forma.
Quando vários contadores resolvem contar a mesma história. Teremos narrações totalmente
diferentes com enfoques, recursos e ritmos também diferentes; porém, partindo da mesma
história.” Algumas dessas narrações deixarão a desejar, outras cairão no agrado popular e
há aquelas que vão repercutir em nossos ouvidos para sempre, que nunca esqueceremos,
de tanta alma e tanta vida que o contador colocou” (RIBEIRO, 2007, p. 98).
O contador deve ser sensível o suficiente para permite-se ser fisgado e entregar-se as
histórias, como se ouvisse os personagens e os pensamentos dos ouvintes com delicadeza, astúcia
Assim como todas as artes, a contação de história proporciona momentos de emoção entre
histórias repletas de aventuras e magia que transmitem valores, costumes e crenças, construídos
Diante dessa concepção, abre-se um leque de vantagens, que faz parte da formação
humana, tanto no âmbito educacional como do território emocional. A contação está presente na
vida de todos, desde que nascemos, é uma necessidade, é um meio de expressão, de interação,
Quando uma criança escuta histórias, pode se deparar com situações que servirão de
ensinamento (ou não), cada um absorve a sua maneira, mas de todo jeito gera reflexão, que se
encaminha para o aprendizado, de forma íntima, ou seja, “A contação de história não deve gerar
uma intenção didática, mas proporcionar uma relação de conforto, com traços de uma aprendizagem
simbólica” (LEMOS e ALMEIDA, 2011, p. 43). Perderá a essência se a contação de histórias se voltar
para fins didáticos, visando ensinar conteúdos e de forma sistematizada também descaracteriza a
No universo das palavras no qual vivemos, a contação ganha “pontos”, porque para uma
criança o discurso direto da fala é mais agradável, portanto, é mais fácil aproximá-la do universo
literário. A criança que desde muito cedo é inserida neste contexto apresenta maior facilidade de se
expressar, desenvolve a criticidade, o poder de reflexão e o gosto pela leitura. Segundo Lemos e
Almeida (2011), a contação de história tem a missão de promover o ouvir, o criar, o recriar, o contar.
Um bom ouvinte é motivado a ser um bom habitante das terras das palavras, das imagens. Transita
melhor pelo universo da linguagem escrita e falada. Quem conta, alimenta o imaginário do outro,
que só precisava de um estímulo para desenvolver que sempre esteve ali, guardado.
história exerce sobre a criança, “o ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o
ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo”.
757
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E A IMAGINAÇÃO DA CRIANÇA
Uma boa história e bem contada então, pode provocar qualquer mente. Os pequenos são
bem disponíveis a essa viagem. Segundo Vygotsky (apud FRITZEN & MOREIRA, 2011), a criança
acredita mais nos elementos fruto de sua imaginação do que os adultos e controlam menos os seus
devaneios mágicos. É bem comum ao terminar de escutar uma história, a criança pedir para que
seja recontada, é nesse momento que elementos reais e fantasia se misturam, e isso, para Fritzen
e Moreira (2011), é a capacidade imaginativa e criativa pertencente ao ser humano que recria e
Concordando com Fritzen e Moreira, Oliveira (2002) afirma que, se tratando da criança ela
se apoia no que vê e ouve como ponto de partida para as suas criações e conclusões. Vygotsky
(1993) também defende que a imaginação se dá por várias formas, uma das vinculações é a
associação da realidade com a fantasia, essa capacidade de criar algo que não viveu a partir de
relatos, histórias contadas e lidas, a criança consegue recriar e viver intensamente histórias alheias.
Essa capacidade criadora faz parte do ser humano que está mergulhado em cultura.
atividade criadora, pois é nesse contato que a criança vai adquirindo novas experiências. Para
Vygotsky (1993), a narrativa pode ser reconhecida pela criança como algo que ela já viveu sendo
capaz de compreende por si só, portanto situa-se no campo de desenvolvimento real, mas quando
é algo que ela ouviu, mas que não consegui desenvolver sozinha, e no diálogo com um adulto ou
A imaginação é uma ferramenta diretamente ligada na tomada das emoções, que se conecta
aos elementos sócios culturais e que desperta a capacidade criadora do ser humano. Segundo
Vygotsky, o emocional provoca a fantasia, assim como o contrário acontece. Ao ouvir uma história,
acriança se permite envolver-se emocionalmente, seja por que viveu algo semelhante, seja por que
Deparamo-nos hoje em dia com muitas imagens prontas, efeitos cinematográficos que não
758
nos permitem experimentar o campo da imaginação. Vivemos num ritmo muito acelerado, mas se
a criança for estimulada a ouvir e a contar suas histórias haverá uma transformação interior, e que
dessa transformação mais conhecida como descobrimento de si própria, a criança com esse novo
olhar, tornando-se capaz de recriar e contar essa história para outras pessoas. E, conforme Lewis
“Quando as crianças se dão conta de que não só têm o dom de ver com o olhar interior, mas
também de se apossar dessa visão interior, transformá-la numa história e depois contar essa
história aos outros, ocorre um extraordinário crescimento”.
OS CONTOS DE FADAS
Ao falarmos em contos de fadas, sempre pensamos que tudo começa com “Era uma vez”
Os contos de fadas sempre foram muito importantes na educação das nossas crianças.
Essas histórias infantis fizeram parte de nossa infância e ficaram gravadas em nossas memórias.
Alguns contos como: Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, entre outros,
Hoje, os pais têm um papel fundamental na hora de contar histórias a seus filhos. Elas
devem ser contadas de forma lúdica, para que eles possam entender melhor o que estão ouvindo.
conto”. Porque quando as crianças ouvem, elas se imaginam na história. Dessa forma, através
delas podemos trabalhar e desenvolver sentimentos e sensações nas crianças como: o medo, a
A aprendizagem da criança começa quando ela nasce e segue por toda a sua vida. Os
Elas entram na história, e com isso se identificam com o bem ou com o mau, a verdade e a mentira,
através de exemplos das histórias. Neste sentido, Moura (2016, p. 26) menciona que:
É necessário, pois que possamos cada vez mais trabalhar os nossos conceitos de bom, de
belo, os valores morais que estão adormecidos, dessas pequenas sutilezas que, unidas ao
exemplo e a orientação necessária, poderão enriquecer e muito o universo infantil.
as crianças com histórias moralizadoras, mas com o passar dos anos isto foi mudando. As editoras
e os escritores foram apostando em uma literatura sem um tom moralista e de um modo lúdico.
Deste modo, as crianças aprendem melhor, porque elas se imaginam na história e querem fazer
759
parte dela, levando isso para sua vida, tanto familiar como profissional (LEWIS, 2002).
O professor ou contador de histórias que se destina a contar uma história precisa saber
dar as pausas no tempo exato, respeitando o imaginário de cada criança, os espaços entre verso e
outro provocam nas crianças a vontade de saber mais. A hora do conto é um recurso para incentivar
as crianças a ler e escrever, isso desperta a curiosidade e desperta a vontade de querer ouvir e
Uma história deve ser bem escolhida e narrada. Temos que ter todo cuidado na contação
[...] Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que
é sentido, e por isso não e nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o uso simples e
harmônico da voz. Daí que quando se vai ler uma história-seja qual for-para a criança, não
se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que se vê na estante [...]
fascínio e encanto nas crianças e adultos. Realidade sim! Muito do que se vive no cotidiano aparece
De acordo com Cavalcanti (2009), através dos contos, as crianças embarcam num mundo
especial cheio de emoções e buscam a solução para os conflitos narrados na história. Isso faz
com que as crianças comecem a elaborar melhor seus sentimentos e encontrar novas saídas para
alguns dilemas emocionais. Os contos de fadas aumentam a autoestima das crianças, mostram
que as dificuldades podem ser vencidas. Elas sentem que podem vencer seus próprios medos.
E por meio destes contos podemos ajudar as crianças a trabalhar com seus próprios
sentimentos e sensações presentes no seu dia a dia, no seu cotidiano. Um dos objetivos é a
formação e construção da personalidade infantil, criando assim uma base sólida que favorece
no desenvolvimento intelectual, moral e psíquico, e assim tornando adultos mais fortes, adultos
Os contos podem e devem ser trabalhados nas salas de aulas, sempre ressaltando os
valores e exemplos ali contidos. Merece destaque uma narrativa que fale de liberdade, amizade,
amor, sinceridade, humildade e entre outros valores para aprendizagem. O contador ou professor
deve falar sobre a importância da liberdade, ressaltando que cada um tem seu próprio querer.
Cada um de nós deseja um querer diferente, fazer com que a criança exponha sua própria opinião
(RIBEIRO, 2007).
De acordo com Cavalcanti (2009), o bom contador de história é alguém que possui a virtude
natural para fazer da palavra o canto mágico das narrativas. Dessa forma, podemos dizer que a
760
história leva a criança para um passado misterioso e a instiga para o futuro, onde se pode viajar
Os contos de fada sobreviveram ao tempo pelo fato de serem necessários nos ensinamentos,
As crianças estão sempre dispostas a ouvir, pois existe uma afinidade entre ambos, já que
as crianças muitas vezes se colocam no dia a dia num mundo encantado e afastado do mundo
real, ela se identifica através dos contos. Neste sentido, os contos são um apoio extraordinário para
CONSIDERAÇÕES FINAIS
personalidade das crianças. A literatura infantil é um processo desafiador e motivador, que transforma
uma pessoa completamente, ajudando-a a ser mais responsável e crítica. É aí que entra a função
da escola, que é de desenvolver na criança o hábito pela leitura. O gosto pela leitura é através de
dois fatores: a curiosidade e o exemplo (este que deve ser dado tanto pelos professores quanto
pelos pais).
observação, amplia as experiências, gosto pela arte, e ajuda a estabelecer ligação entre fantasia
e realidade.
Por este contexto, é que cada vez mais as escolas e os pais devem adotar a literatura infantil
para a educação das crianças, pois somente assim formarão adultos competentes e responsáveis
A contação de história transporta a criança para outros mundos e dá vida aos seus sonhos
através da leitura, além de contribuir pra o desenvolvimento infantil por despertar emoções e
761
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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763
MUSICALIZAÇÃO: BREVE CONTEXTO E DEFINIÇÃO
RESUMO
A arte como uma linguagem está ligada a forma como os seres humanos se expressam; e nesse meio entre tantas
outras formas artísticas, está a música. Neste estudo considera-se, como hipótese, que a discussão poderá fazer
entender se as propostas e as habilidades da BNCC estão relacionadas às ideias e conceitos científicos da área da
música enquanto linguagem artística. Temos três objetivos, a saber: (I) apresentar o conceito de musicalização, (II)
discutir a respeito dos objetivos e propostas da BNCC para a música no ensino da linguagem de arte nos anos finais do
ensino fundamental II de acordo com os conceitos teóricos da musicalização e (III) abordar a importância de trabalhar
a musicalização na escola e sua contribuição para o aprendizado do aluno. O que justifica essa escolha é que uma
discussão sobre a Base Nacional Comum e suas propostas pode ser importante para uma reflexão das práticas do
professor em sala de aula e para os questionamentos que poderão surgir. O arcabouço teórico que sustenta este
trabalho é a Base Nacional Comum Curricular (2021), de Caetano e Gomes (2012) e de Proença e Torquato (2013). A
metodologia desse trabalho corresponde à bibliográfica. O resultado alcançado nesta pesquisa foi a importância de se
atentar as habilidades como uma bússola a fim de que o ensino da música, através da musicalização possa contribuir
para a formação cultural dos alunos.
INTRODUÇÃO
A arte como uma linguagem está ligada a forma como os seres humanos se expressam; e
nesse meio entre tantas outras formas artísticas, está a música. A partir da Base Nacional Comum
Curricular, podemos incluir o ensino da música nos currículos escolares, para que o aluno tenha
acesso aos mais diferentes ritmos e gêneros musicais como parte da imersão a cultura. Através
da musicalização, o professor pode desenvolver atividades que tenham por objetivos a formação
ensino de arte nos anos finais do ensino fundamental II, pensamos em levantar uma discussão
sobre a relação dessas habilidades com os conceitos de musicalização e as teorias que envolve a
764
música enquanto arte. Como um documento novo que rege os caminhos da escola, acreditamos
que essa análise, como uma reflexão seja importante para sabermos se o professor trabalhará
Nossos objetivos além de trazer uma discussão sobe musicalização dentro da BNCC, mas fazer
um panorama das ideias acerca do tema como as questões que serão levantadas.
A relevância desse artigo está na proposta de levantar uma discussão sobre a musicalização
e a forma como a BNCC apresenta as habilidades da música, conforme as teorias sobre o tema.
Uma discussão sobre a base e suas propostas pode tornar importante para uma reflexão das
A metodologia utilizada nesse trabalho foi bibliográfica com revisão em artigos acadêmicos
sobre o tema principal. Também foi utilizado a base nacional comum curricular para uma análise
junto as teorias dos outros textos selecionados. Foi feito uma articulação entre as ideias dos
Ao trazer a luz a discussão sobre o tema proposto onde destacamos o termo musicalização,
nos referimos a ideia que consiste em todo ambiente que envolve a música e seus ritmos. A música,
durante milhares de anos, tem feito parte de muitas culturas pelo mundo em suas mais variadas
formas de ser e propósitos, desde ritos religiosos, até mesmo cerimônias festivas, como épocas
de colheitas e chuvas. Ela tem conectado povos e culturas, por meio de melodia e harmonização
os contextos históricos e sociais de cada época. A forma como os gregos faziam música, já não era
a mesma na Idade Média, onde tínhamos uma música voltada a Igreja e a religião, sem mencionar
as músicas tribais dos lugares mais distantes e interior de grandes centros das civilizações. Monica
Caetano e Roberto Gomes (2012), nos apresenta seguinte definição sobre música
desenvolvida, no contexto escolar. Desse modo, a musicalização tem a concepção de toda a ação
relacionado a música como podemos ver. A respeito do que visa a musicalização e seu propósito,
os autores Agnolon e Masotti (2016), ao tratar sobre o assunto, cita a autora Brescia e sua fala
Destacamos também o texto da autora Torquato e Proença (2013) que trata a musicalização
do aluno e suas contribuições no aprendizado, que veremos mais a frente nessa pesquisa. As
Desse modo toda a percepção pode ser desenvolvida através da musicalização, que pode ser
utilizada como um poderoso instrumento que desenvolve, na criança, além da sensibilidade
à música, qualidades como: a concentração, a coordenação motora, a sociabilização, a
qualidade auditiva, o respeito a si próprio e ao grupo, a habilidade do raciocínio, a disciplina
pessoal, o equilíbrio emocional e inúmeros outros atributos que colaboram na formação do
indivíduo. (TOQUATO, PROENÇA, 2013, p. 25424).
inúmeros benéficos que contribuem para a formação do indivíduo, levando a uma percepção sobre
a música, sendo está uma das formas de expressão de linguagem humana mais antiga, como
falamos no início. Em paralelo a educação, a musicalização pode estar presente nos currículos
escolares por meio da Base Nacional Comum Curricular, como uma linguagem a disciplina de
artes para os anos finais do ensino fundamental, devido a sua importância para formação do
CONSIDERAÇÕES FINAIS
música nos anos finis do fundamental. As habilidades definidas pela BNCC, servem como norteador
para o trabalho que esse professor irá desenvolver com seus alunos, por isso ressaltamos a
importância de se atentar as habilidades como uma bússola a fim de que o ensino da música,
766
através da musicalização, possa contribuir para a formação cultural dos alunos.
Nossas hipóteses foram respondidas por meia da discussão levantada como uma reflexão
para o olhar a Base Nacional Comum Curricular e as teorias da musicalização para entendimento e
compreensão de sua importância. A cada seção desse trabalho, nossos objetivos foram alcançados,
música nos anos finais do fundamental e por fim sua contribuição para a aprendizagem do aluno.
767
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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768
O JOGO DA APRENDIZAGEM LIVRE E COORDENADO
RESUMO
Este estudo tem por escopo abordar a temática “Lúdico” como instrumento de ensino e aprendizagem, explorando
aspectos físicos, cognitivos e afetivos da criança durante a construção do saber. É importante salientar o papel que os
jogos, brincadeiras e até mesmo os brinquedos exercem no desenvolvimento da criança, para tanto, é imprescindível
o papel do educador neste processo, onde o lúdico expressado através do brincar traz benefícios significativos
para a formação da criança, afinal, é ele o responsável por criar espaços, disponibilizar materiais, participar das
brincadeiras, ou seja, mediar a construção do conhecimento. O lúdico e o brincar fazem a criança reviver situações,
expressar sentimentos e aflições, além de proporcionar motivação, prazer e felicidade, fatores preponderantes para
o desenvolvimento de habilidades. Os jogos e brincadeiras são excelentes oportunidades para desenvolvimento do
aprendizado, enriquecendo o intelecto da criança, desde que possibilite a expressão do agir e interagir, pois, o brincar
através das atividades lúdicas, faz com que a criança forme conceitos, relacione idéias, desenvolva a expressão oral e
corporal, reforce habilidades sociais, integre-se na própria sociedade, bem como construa seu próprio conhecimento.
O objetivo deste trabalho é dar maior ênfase à contribuição do lúdico, dos jogos e brincadeiras para desenvolvimento
e construção do saber na educação infantil, possibilitar que as crianças desenvolvam habilidades intelectuais, sociais
e físicas, de forma prazerosa e participativa. Assim, diante da complexidade que a temática oferece, foi feito um
levantamento sobre jogos e brincadeiras que estimulem as crianças para o processo de aprendizagem, favorecendo
a compreensão dessa investigação sob o ponto de vista docente, sendo essencial para concretização deste estudo
utilização de técnicas como: observação, análise documental, revisão bibliográfica, e análise do espaço físico das
escolas onde foram realizadas atividades de estágio supervisionado.
INTRODUÇÃO
imagináveis. Há carrinhos com controle remoto, bonecas que choram, falam e até riem, brinquedos
que estimulam a criatividade como o conhecido playmobil, além de fantoches, bicicletas, caixa
registradora, entre tantos outros jogos educativos que colaboram para o desenvolvimento e
socialização da criança.
mercado réplicas de jogos que fizeram sucesso no passado. Algumas vezes é mantida a forma,
tamanho, cor, matéria prima, confecção artesanal, outras vezes, a fim de maior sofisticação do
brinquedo, os mesmos são progressivamente alterados, apresentando dessa forma, uma nova
avanço tecnológico que contribui para diminuição da infância, onde crianças tornam-se pequenos
adultos com muita rapidez, onde as brincadeiras clássicas tornaram-se mais escassas e vem
exploradas pelas crianças somente nos momentos de lazer e descanso das propostas escolares,
hoje, algumas escolas já reconhecem o valor do brincar, compreendem que por meio do brinquedo
Seguindo essa temática, o estudo em pauta tem como objetivo mostrar o repertório de
criança “diversão”, onde o brincar irá explorar atividades para o desenvolvimento motor, social e
uma melhor compreensão dos educadores concernente a importância dos jogos e brincadeiras na
educação infantil.
Segundo estudos de Piaget (1978), é através dos jogos simbólicos que a criança
desenvolve o intelecto de forma concreta, expressa sentimentos, assimila e constrói a sua realidade,
770
desenvolve seu raciocínio de forma descontraída, respeitando seu nível de desenvolvimento.
A evolução constante dos jogos pode modificar o objetivo de acordo com quem joga,
surgindo dessa forma novas características que são fundamentais com o simbolismo, ilusão e
regras. Diante o explanado, novos jogos devem ser propostos para o sucesso das propostas
pedagógicas.
Para Froebel, o brincar é concebido como uma atividade espontânea do discente, ora
como atividade livre, ora como atividade orientada. Sua teoria é calcada nas relações entre
objetos culturais e natureza, atrelado ao mundo espiritual. Dessa forma, Froebel encara o brincar
livre e espontâneo como principal responsável pelo desenvolvimento físico, cognitivo e moral. O
autor ainda afirma que há necessidade de orientação docente, perspicácia do educador, a fim
de explorar as maravilhas que o brincar livre e coordenado possa resultar, exercendo papel de
... A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo
tempo, típico da vida humana, enquanto todo – da vida natural/interna do homem e de todas
as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com
o mundo (...) A criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando,
esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de
auto-sacrifício para a promoção de seu bem e dos outros... O brincar, em qualquer tempo,
não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. (Kishimoto, 1999, apud Froebel,
p. 23).
O olhar investigativo do professor é essencial para analisar a conduta infantil através do
lúdico, onde a criança exprime sentimentos e desejos, de forma livre, espontânea e despreocupada,
TIPOS DE BRINCADEIRAS
Podemos dizer que o lúdico merece toda atenção dos pais e educadores, pois é através
dele que ocorre a descoberta de si mesmo e dos outros, com ele a criança recria experiências
através das brincadeiras principalmente nos primeiros anos de vida. É através das brincadeiras
que a criança se vê como um sujeito social. Segue aqui alguns tipos de brincadeira e quais suas
BRINQUEDO EDUCATIVO
Kishimoto considera que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções
espontâneas em processo interativo, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições,
Através dos jogos educativos a criança desenvolve sua múltipla inteligência, importante
Os brinquedos educativos são construídos com diversos materiais, formas e cores, mas,
com a expansão dos meios de comunicação e fatores comerciais, o marketing faz com que a
essência desses brinquedos se perca, tirando a oportunidade da criança em aprender pela via do
prazer, afeto e alegria. Saber escolher os jogos educativos adequados é essencial para que não
se perca a natureza das brincadeiras, a alegria e o prazer para o desenvolvimento infantil, fator
JOGOS TRADICIONAIS
De acordo com Kishimoto (1993), jogos tradicionais infantis, são constituídos por um
elemento folclórico, que tem como características o anonimato de seus criadores. São brincadeiras
que foram transmitidas de geração em geração. Ainda de acordo com Kishimoto, sabe-se apenas
que jogos tradicionais provêm de práticas abandonadas por adultos, fragmentos de romances,
cantiga de roda, pega-pega, pular corda, peteca, o mestre mandou, entre outras. Muitos jogos
se modificaram, outros ainda preservam as suas estrutura e essência. Apesar de muito antigo,
esses jogos, ainda hoje estão presente no cotidiano de muitas crianças, contribuindo para o
772
BRINCADEIRA SIMBÓLICA
pela representação e dramatização. Através dela a criança cria e recria através de situações
A experiência de vida da criança, seu convívio com pais, amigos e professores servem
para que esse tipo de brincadeira aconteça. A brincadeira simbólica pode ser realizada sozinha,
com a participação de outras crianças, ou de um adulto. Além desses conteúdos pode também ser
utilizado brinquedos como complemento a brincadeira, em uma brincadeira de casinha podem ser
JOGOS DE CONSTRUÇÃO
Kishimoto (2009) aponta Fröebel como criador dos jogos de construção, sendo que o
seu imaginário, problemas, permitindo dessa forma, que terapeutas façam o diagnóstico das
dificuldades de adaptação da criança, além de criar subsídios para que o educador crie estímulos
suas criações.
A IMPORTÂNCIA DO EDUCADOR
cognitivo e moral da criança durante a educação infantil. Ele é responsável por passar confiança,
aluno pelo material proposto, explorando dessa forma, a criatividade das crianças. Esse universo
773
infantil, recheado de maravilhas exige do educador conhecimento teórico prático e principalmente
capacidade de observar, afinal, sua participação durante as atividades desenvolvidas, talvez, seja
o caminho mais seguro para obter informações e conhecimento sobre o mundo infantil, podendo
ser manipulado e desviado para as mais diferentes finalidades, tornando o jogo mais rico e
ferramentas certas para construção do saber, valorizar cada pensamento, expondo sua visão
global para dessa forma, traçar o caminho que considera o mais correto, explorando a brincadeira
do espaço lúdico, de forma a orientar, participar das atividades, questionar as crianças sempre
que preciso, estimular a socialização do espaço lúdico e dos brinquedos. Cabe ao professor
coordenar, manter um clima de liberdade para ação do aluno, estabelecer a cooperação mútua,
a fim de tornar a prática desafiadora e inovadora, possível de ser aplicada, afinal, “Educar é
acontecem desde o nascimento até os seis anos de idade, onde investimentos educativos
devem ser os mais significativos possíveis, contendo conteúdos estratégicos que favoreçam o
Para cada fase do desenvolvimento existe uma atividade específica, onde exercem
criança com a realidade, e, por conseguinte se obtém o aprendizado fundamental a cada fase.
correta dos recursos pedagógicos. O foco principal das atividades lúdicas desenvolvidas pelas
crianças é a reapresentação das relações estabelecidas pelos adultos em seu cotidiano, de forma
a representar tudo que vêem no círculo social, onde os objetos passam a ter outras utilidades
imaginárias. É dentro desse ambiente escolar que podemos encontrar tudo isso, além da
socialização entre educando e educador, respeito mútuo entre discentes, contribuindo para a
educando o papel de mediador entre a criança e a cultura lúdica, contribuindo para o exercício
CONSIDERAÇÕES FINAIS
para o desenvolvimento e construção do conhecimento, elas não podem ser vistas somente
como divertimento ou lazer, mas, como um instrumento de extrema importância, essencial para o
aprendizado.
segura, assegurar sua autoconfiança, consciente de seu potencial e suas limitações, além de
Através das brincadeiras é possível que a criança seja inserida em um contexto social,
socialização e o aprendizado.
criança um ambiente adequado, afinal, é ele o responsável por criar espaços físicos, explorar
expressão, sentimentos, criatividade, acrescentando ao aluno o senso crítico para que possa
Diante o estudo realizado, esperamos que este trabalho possa contribuir para
criança, servindo de subsídios aos professores que queiram inovar e aproveitar dessa poderosa
776
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777
A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA COMUNIDADE EDUCACIONAL
RESUMO
Este artigo problematiza a gestão democrática no contexto da escola participativa. Nosso objetivo foi entender os
méritos e desafios dessa gestão, considerando as diversas experiências tentadas no Brasil ao longo dos últimos anos,
quando as mudanças da realidade política e econômica reconfiguraram os modelos de escola e o entendimento da
gestão educacional. A gestão democrática é um paradigma básico que pode ser efetivado de diversas maneiras.
Reflete-se neste artigo que a opção por um ou outro modelo de gestão deve ser pactuada com a comunidade, que
deve participar ativamente do encaminhamento das demandas da escola. Problematiza-se que a gestão educacional
é um processo complexo, que deve incluir as diversas vozes sociais presentes na comunidade do entorno da escola.
Destaca-se o papel decisivo do gestor, que deve atuar como um catalizador das diversas atividades que ocorrem na
escola, estimulando a participação dos interessados. Ressalta-se que o processo de gestão tem aspectos técnicos
a serem considerados, mas que esses devem estar subordinados a um Projeto Político Pedagógico. As mudanças
ocorridas no Brasil foram analisadas considerando as experiências em diferentes contextos, por meio do método de
análise qualitativa e consulta bibliográfica. A pesquisa nos leva a refletir que a gestão democrática é um processo
sempre aberto e que não há um modelo-padrão que possa ser apontado como paradigma.
INTRODUÇÃO
diversos interesses políticos, econômicos, sociais e culturais. A partir do século XX, no Brasil, o
papel de Getúlio Vargas foi relevante com a criação do Ministério de Educação e Saúde Pública.
Outro marco histórico que mudou os rumos da educação no Brasil foi o golpe militar de 1964,
conteúdos eram programados pelo governo a partir do recorte epistemológico tecnocrata, dentro
Nesta perspectiva analítica incluiu-se o final dos anos 1970, quando governos conservadores
778
assumiram o poder na Inglaterra e Estados Unidos. Começava uma época neoliberal, preocupada
com o alcance de metas, com excessiva preocupação com corte de gastos. É justamente nessa
época que se começa a falar no papel da gestão e do gestor, como figura protagonista nesse
processo de busca de eficiência. No início dos anos 1980, o Brasil vivenciava o processo de
redemocratização, que marcou não apenas a luta pela volta da democracia em geral, mas também
em muitas instâncias concretas da vida pública e social. No caso da educação, a partir dessa
ocorrem de forma coletiva e participativa. O mérito de todas essas tentativas reside no fato de que
os modelos estavam sendo vivenciados na práxis escolar diária. A realidade foi mostrando, ao
mesmo tempo, as características positivas e os desafios desses processos. Com essa formulação
em perspectiva, o objetivo deste artigo é refletir sobre os diversos modelos participativos, por
oportunize o envolvimento de todos os atores sociais de forma efetiva, garantindo uma gestão
paradigma da escola participativa. Muitas são as contribuições teóricas versando sobre isso.
Dentre elas, dialogamos com particular interesse com Ângelo Ricardo de Souza:
relaciona-se o tema em questão à luz do entendimento que a ele dá a legislação federal, seguindo
779
o entendimento de Teresa Adrião e Rubens Barbosa de Camargo:
suscitar sempre grande controvérsia quando abordado, observa-se, na literatura, que versa sobre
o tema, perspectivas que convergem nos aspectos gerais, mas diferenciam-se bastante nas
entende-se como fator fundamental a participação coletiva de seus membros. Nesse sentido,
muito já se refletiu. Acredita-se que uma das maneiras mais desafiadoras de entendê-la reside na
relação que mantém com a organização social onde se dá o processo pedagógico. Consideramos
dentro dessa perspectiva a observação de Ana Lúcia Felix dos Santos: “A análise das bases
epistemológicas da gestão democrática da escola supõe, e até exige, uma análise dos paradigmas
que estão na base das formas de organização social e política assumidas pela sociedade atual”.
(s/d, p. 2).
necessário entender como esta última pode se configurar. Em outras palavras: não é suficiente falar
teoricamente sobre essa participação, mas é imprescindível problematizar de que maneiras essa
780
participação pode acontecer na prática concreta em que se dá a produção pedagógica entendida
pelo prisma do paradigma participativo. Por isso, é de particular interesse a perspectiva de Moacir
Gadotti: “Não basta criar mecanismos de participação popular e de controle social das políticas
o faz Paulo Alfredo Schönardie, as condições sob as quais a educação está submetida, social e
Problematizar a escola pública é pensar na relação que esta mantém com as diversas
instâncias sociais, particularmente com o governo enquanto ente sujeito a valores políticos
conjunturais, e não apenas com o Estado, ente este entendido como instância menos submetida
a interesses político-partidários. Refere-se aqui à maneira como a escola pública é vista pela
comunidade, que, como se observa pela colocação seguinte de Erasto Mendonça, ainda não
A escola pública ainda é vista pelos usuários como propriedade do governo ou do pessoal
que nela trabalha. O professor comporta-se como dono do seu cargo e dos alunos de suas
classes. O diretor funciona como guardião dessa concepção, evitando interferências de
servidores e de pais. (2001, p. 4).
mais inclusivos. Sobre a autoridade na gestão, dialogamos com Vitor Henrique Paro:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
781
“Um mapa-múndi que não inclua a utopia não é digno de consulta, pois deixa de fora os
temas que a humanidade está sempre apontando” (Oscar Wilde).
gestores na construção de seu plano gestor juntamente com o Projeto Político Pedagógico. Acredita-
se que ambos devam ser revisitados, refletindo constantemente sobre as ações pedagógicas,
da unidade escolar.
Na busca de alcançar uma escola participativa, é importante que todo o processo seja
discutidos, refletidos, executados e avaliados, para que desta forma reflitam sua real intenção no
desenvolvimento da escola. Refletir sobre as ações do administrativo e que elas aconteçam junto
com o pedagógico. Comprovar que uma gestão democrática que trabalha em conjunto com toda
comunidade escolar pode garantir uma educação de qualidade a todos, e desta maneira a escola
irá auxiliar na construção do cidadão que atua e atuará na sociedade que se deseja, possibilitando
assim a construção de uma sociedade questionadora, crítica e que luta por seus direitos e cumpre
seus deveres.
Acredita-se que essa busca pela gestão democrática na escola participativa é um processo
diário, que se constrói de maneira conflitiva, na medida em que se busca harmonizar em uma
única arquitetura gerencial e pedagógica demandas diversas. Sejamos construtores destes novos
caminhos.
782
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783
A CULTURA E EDUCAÇÃO AFRO-INDÍGENA
RESUMO
Verifica-se que a arte pode dar aos alunos o conhecimento e a vivência sobre aspectos técnicos, inventivos,
representativos e expressivos em música, artes visuais, desenho, dramatização, dança e artes-audiovisuais. Nota-
se que é possível atingir um conhecimento mais amplo e aprofundando da arte e da cultura Afro Indígena, levando a
ações como: ver, ouvir, mover, sentir, pensar, descobrir, exprimir, fazer e outros. Este estudo se dedicou a mostrar a
importância da execução da Lei 10.639/03, que decretou que as instituições de ensino no Brasil passem a implementar
o estudo da história e da cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos escolares, entretanto, como todo começo é
complicado; foram inúmeros desafios enfrentados pela Educação pública brasileira no que se refere ao seu processo
histórico escolarização e acultura Afro-Brasileira, que sempre esteve atrelado ao sistema político vigente nesta
perspectiva, analisamos a demora para se desvencilhar dos ensinos dos Jesuítas, pois, muitos viam neles os donos
da razão, também como centro de estudos com muita distância da classe mais baixa, entre outros, bem assim como
também a a influência da cultura-afro no Brasil, assim com o uso do ensino da cultura Afro-Brasileira nas escolas:
dificuldades e oportunidades. O Projeto de Lei 10.639 traz mudanças na Lei de Diretrizes e Bases, tornando obrigatório
o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira nas escolas de nível Fundamental e Médio.
INTRODUÇÃO
Houve um grande conflito sobre a disciplina na década de 1970 a 1980, neste período
surgiram vários cursos mais técnicos, sem bases conceituais. As aulas de artes iniciam somente
no fundamental II. O professor direcionava os alunos a copiar sempre desenhos dirigidos e iguais
para toda turma e trabalhava muito tecnicamente geometria, sem que o aluno tenha condições de
escolher e expor suas ideias, na música e teatro trabalhava em datas comemorativas como, por
reconhecimento e importância na escola, então resolveram se unir para rever as ideias de arte-
educação. O movimento cresceu de forma que todo o país se uniu através de eventos e encontros
784
de educadores em universidades, associações em entidades e públicas e particulares. Em 1988,
Terá logo em seguida a criação da Educação pública no Brasil, que teve início em 1772
com as reformas pombalinas onde o estado achou uma maneira de descentralizar, tirando a
Será sublinhada aqui a educação voltada para jovens e adultos, passando pelas políticas
públicas voltadas para alfabetização após a queda do regime educacional imposta pelos jesuítas
Em benefício disso, esse artigo busca explanar sobre a influência da cultura afro no Brasil.
A arte pode ser inserida nas práticas pedagógicas de diferentes maneiras e não somente
apresentando coisas belas e com uma mensagem clara ao expectador. Sendo assim, arte está
em todo lugar, presente em toda cultura pelo mundo a fora. Além disso, é fundamental ressaltar
que não existe definição única ou conceitos de arte. Tudo pode ser considerado arte dependendo
do ponto de vista de quem está olhando. Na realidade o ser humano utiliza a arte como recurso
para expressar seus sentimentos e ideias.No Brasil, embora haja muitas evidências a respeito da
contribuição social, econômica e cultural que formou o país, a partir da presença de vários povos
como as diversas etnias Indígenas (já presentes) ao longo do território, Europeus e Africanos
escravizados, mesmo após cinco séculos, há ainda na prática social uma diferenciação na forma
como essas culturas são tratadas e conseqüentemente influencia também na forma de como os
pertencentes a essas culturas são percebidos ou invisibilizados, (ainda que de forma velada).
escolha do tema Afro descendência, veio em mente desde o momento do projeto de pesquisa
aplicada, no qual foi visto e percebido a necessidade de ver e saber como a questão era tratada
e trabalhada na escola. A lógica eurocêntrica fundamenta a ideia de que há uma cultura superior
e de que os descendentes dessa cultura são, portanto, seres superiores e assim, detentores de
todos os conhecimentos, ciências e bens materiais e imateriais que lhes sejam alvo de interesse.
Tais relações de poder são presente em todos os âmbitos da nossa sociedade e dessa
forma as escolas Brasileiras não estão isentas de tais relações, onde a discriminação racial é uma
das formas mais evidentes como conseqüência da lógica da supremacia racial e um dos principais
785
desafios a serem encarados, para que de fato possamos falar de igualdade de direitos.
Freire foi quem elaborou o plano da escola maternal no ano de 1637, ele trazia a ideia de
educar as crianças menores de 5 anos, pois sua proposta era de algum modo auxiliar as crianças
para futuramente levá-las a fazerem aprendizagens abstratas e para isso, suas recomendações
eram que, as crianças deveriam desfrutar de materiais e atividades que sejam diversificadas,
materiais pedagógicos ricos em um ambiente que fossem favoráveis para educação das crianças,
Comenius responsabilizou os pais pela educação antes dos 7 anos de idade, pois afirmava que
dentro dos lares que inicia o ensino. No ano de 1657 usou a palavra Jardim da Infância para
Portanto, Freire (2006) fala da pouca discussão sobre a infância e sua educação,
De acordo com Freire (2006), desde a Idade Moderna existe o entendimento de que
comportamentais. Contudo, isso não é uma característica natural, que sempre se manifesta da
mesma maneira, ao contrário, existe entre o período infantil e o adulto uma concepção cultural e
histórica, que determina os papéis das crianças e dos adultos, sendo em virtude disso, necessário
estudar a educação infantil dentro dos contextos próprios e não pela natureza da infância.
Como afirma Freire (2006), a infância nem sempre foi concebida como nos dias atuais, pois
composição da família, os registros familiares e eclesiásticos, entre outros aspectos, também não
Pode-se perceber que na Idade Média, segundo Freire, formou-se uma sociedade feudal,
onde os senhores de terra possuíam muito poder, elaboravam as leis, a sua cultura, suas moedas,
seus valores etc., de acordo seus contextos geo históricos. Dessa forma, nesta época a criança
era considerada um pequeno adulto, que podia executar as mesmas tarefas de um adulto. A rápida
passagem da infância para a vida adulta era o que importava. Nesse sentido, havia necessidade
de distinção entre essas duas etapas da vida, crianças e adultos usavam o mesmo traje.
786
Figura 1
Fonte/www.google.com/search?q=cultura+afro&client=firefox-b-d&source
De acordo com Freire, a partir do século XVII, há um crescimento das cidades devido
ao comércio, a Igreja Católica perde o poder com o surgimento da burguesia, sendo a Igreja a
É importante tratar tais assuntos na escola, como diz a Lei nº. 10.639/2003 que torna
Fundamental e Médio. Este documento é uma medida de ação afirmativa que torna obrigatório o
ensino público e particulares da educação básica, e modificada posteriormente pela lei 11.645/08
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A trajetória da arte na educação passou por um longo processo, até que a arte se tornasse
acessível a todos. No passado, apenas famílias de classe sócio-econômica alta tinha acesso
americanos, em uma criação ideológica, começou a dedicar-se para que essa elitização da arte
Sabemos que o conceito de arte foi se expandindo com o passar dos anos, o qual
acompanhou o desenvolvimento dos homens e da sociedade. De tal modo, hoje temos uma
infinidade de modalidades artísticas expressas por diversas linguagens (visual, auditiva, tátil,
dentre outros).
A educação por meio da arte chegou ao Brasil, a partir das ideias do inglês Hebert Read
787
em 1948 levando à recuperação da valorização da arte infantil e à concepção da arte baseada na
expressão e nas liberdades criadoras. Mesmo sendo difundida no Brasil uma educação por meio
Em nossa história recente, em 1971 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
n.5692, a arte era incluída no currículo escolar com o título de Educação Artística, na época
foi um grande avanço para formação do indivíduo. Não havia muitos professores habilitados na
disciplina devido a opressão existente durante o Regime Militar e com isso, as disciplinas como
aplicava, ambos sem o domínio para aplicar várias linguagens incluídas na época (Artes Plásticas,
básicas do desenvolvimento pessoal-social não tratada por outros profissionais na escola, por
Logo surge a tarefa de se definir as funções do serviço de Orientação que, embora tenha
os seus objetivos relacionados aos fins da Educação, não o impede de possuir objetivos próprios,
ou seja, possuir uma identidade particular. Essa identidade própria surge do exercício de certas
funções que lhe são designadas, entre outras questões que fazem parte do processo educativo.
Juntamente com seu colaborador Ítalo Bologna, Mange dá início a um serviço de orientação
profissional a jovens aprendizes na Estrada de Ferro Sorocaba, o que mais tarde deu origem ao
centro ferroviário de ensino e seleção profissional (CFESP). O principal objetivo do seu processo
intelectuais e educadores deram vida ao “manifesto dos pioneiros” que exigia mais atenção das
questões teóricas e técnicas específicas. Diante desse material, esses professores formularam os
objetivos e os conceitos próprios que posteriormente apareceriam nas Leis Orgânicas do Ensino,
em 1942.
que se seguiam. De um lado a elite buscava o ensino superior, já as classes menos favorecidas
789
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790
OS ENTRAVES ENFRENTADOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
RESUMO
O presente artigo levanta a problemática de como tem se desenvolvido a prática pedagógica dos educadores perante a
inclusão de crianças com necessidades especiais, sem estes estarem bem preparados, situação que traz preocupação
e questões sobre se o aluno é ou não favorecido no processo de inclusão educacional. Portanto, a problemática aqui
abordada é a formação dos professores, levando em conta que a prática depende da teoria e, se os professores não
tem uma boa formação não existe um bom ensino. Uma das discussões mais amplamente levadas aos docentes
parece ser referente à inclusão dos alunos com necessidades especiais. Entende-se que, o processo de ensino-
aprendizagem depende fundamentalmente dos professores. Os saberes pedagógicos podem colaborar com a prática.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, as questões com relação à Educação no Brasil começaram a ter
prioridade nas discussões das mídias e população, até se transformarem em uma das abordagens
prioritárias de atenção nas análises e reflexões. Compreender a educação, nos seus distintos
unidade na diversidade, unir as partes num todo, garantindo um conjunto produtivo e coerente,
legais, faz-se indispensável uma verificação sobre o modo em que os professores lidam com
esses alunos com deficiências intelectuais. Em geral, as instituições escolares consideram que as
escolar.
Portanto, um dos pontos críticos dos sistemas educacionais que vem sendo ventilado
largamente é a formação do docente voltada para a educação inclusiva de alunos com necessidades
currículo para o trabalho com os alunos portadores de necessidades especiais na rede regular de
ensino.
âmbito da escola regular, requer que os sistemas educacionais se modifiquem, organizando-se para
realmente construir uma escola inclusiva e para todos, dando conta de todas as especificidades.
É preciso mudar a escola de modo geral, desde o Projeto Político Pedagógico, sua postura
perante os alunos e sua metodologia. O tema educação inclusa está muito presente no cotidiano
Professores e escola perceberam que as diferenças devem não só ser aceitas, mas
também acolhidas e que ao efetuar essas matrículas estará se cumprindo a lei. Essa postura
capacitando os professores, dando suporte e assistência sempre que houver uma solicitação de
educação inclusiva na escola pública; verificar as dificuldades que os professores têm em trabalhar
A atual obra incluiu os resultados do estudo teórico concretizado como parte do projeto de
iniciação científica.
existente, composto, maiormente de livros e artigos científicos e, ainda segundo o mesmo autor
um estudo de campo que se trata de uma observação de fatos e fenômenos, exatamente como
interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica sólida, visando compreender
assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), na qual principalmente o direito
de todos à educação foi aclamado (JANNUZZI, 2004). Diversos documentos internacionais que
também acobertam o princípio da inclusão social e escolar têm sido referência, como a Declaração
dos Direitos da Criança (1959), a Declaração dos Direitos do Deficiente Mental (1971), e a
Segundo Vygotsky (1997), há potencial e capacidade nas pessoas com deficiência, mas
abrange que, para estas poderem desenvolvê-las, necessitam ser lhes oferecidas categorias
materiais e instrumentais apropriadas. Com isso, deve-se apresentar a tais pessoas uma instrução
que lhes oportunize a apropriação da cultura histórica e socialmente arquitetada, para melhores
probabilidades de desenvolvimento.
articulada inclusão nas escolas do Brasil. É uma problemática recente se comparada ao histórico
de outros movimentos educacionais. A inclusão é um desafio que deve ser encarado, dialogado,
construído e reconstruído. É um debate que deve ser iniciado especialmente na instituição onde
são formados os professores que vão agir com esta nova demanda que tende a aumentar cada
vez mais.
necessidade especial não carecem e não podem estar fora das instituições de ensino regular de
algum nível, mas que apresentam os mesmos direitos que qualquer outro, com ou sem qualquer
793
tipo de necessidade (BRASIL, 1994).
distinção, mirando sucessivamente os ganhos que estes alunos podem ter e aprovação nas trocas
De acordo com Guijarro (2005, p. 9), para a luta da escola para todos é necessário avançar
na criação de escolas que aceitem a todas as crianças e deem respostas às suas necessidades
De acordo com esta educadora, uma educação voltada para as diferenças é de suma
que são peças fundamentais para a socialização dos indivíduos, proporcionem a possibilidade de
uma política do Ministério da Educação em seu conjunto, porque implica uma transformação
da educação como um todo, não se obtive até agora resultados que possam ser considerados
positivos na parte de inclusão. Isto porque ainda faltam profissionais preparados e recursos do
governo suficientes.
procurar ajuda quando tem em seu lar crianças que apresentam necessidades especiais.
que apareçam, levando em conta os seus diversos modos e ritmos de aprendizagem. Embora
a Educação Inclusiva ser conhecida como referência de inclusão de alunos com certo tipo de
deficiência, no ensino regular, observa-se que com o passar do tempo os educadores do mundo
todo começaram a reconhecer que uma abordagem inclusiva adequada é aquela que satisfaz as
necessidades dos educandos e que promove uma educação de elevada qualidade para todos.
794
De fato, como expõe Libâneo (2005, p. 27), “estamos em uma sociedade genuinamente
pedagógica”. Isto significa que, deve haver uma integração entre os agentes educativos de caráter
contexto escolar veio pra quebrar vários tabus e, para isso, promove uma participação ativa de
todos os indivíduos que compõe a comunidade escolar, assim como carece receber auxílio da
e saúde enxergam a educação inclusiva, observaram que a maioria entende a deficiência como
doença e a criança com deficiência como um problema que a instituição escolar não estaria
Todavia, como discute Bueno (2008), ainda que a inclusão de pessoas com necessidades
e pouco estruturada, a Declaração de Salamanca acabou por ser tomada como citação pela maior
parte dos pesquisadores da área de educação especial para a instituição do termo “educação
inclusiva”. Pode-se dizer que esse termo difundiu-se rapidamente, incidindo a influenciar a
paradigma educacional, no entanto, cabe destacar, de acordo com Prieto (2006), Mendes (2006)
e Bueno (2008), que a inclusão de alunos com necessidades especiais nas classes comuns já
acontecia com intensidade antes de falar-se em inclusão escolar, de formas bastante desiguais e,
Assim sendo, não se trata de um novo modelo, pois não se remete à ideia de um exemplo
se.
A percepção de ensino inclusiva não tem costume normativo, uma vez que não se
demonstra em regras, crenças e valores que todos precisam seguir. Nesse sentido, a resolução
como um “procedimento de transformação” das escolas para “abolir barreiras” a fim de que todos
um marco muito expressivo na educação do Brasil, levando em conta que, ela prediz a inclusão
795
e a ampliação do atendimento educativo, em rede pública, aos estudantes com necessidades
especiais.
educacional aos alunos com necessidades especiais era concretizado somente em escolas
especializadas, isso era visto de forma negativa, pois se idealizava que elas estavam incapazes
De maneira geral, quanto mais tempo os alunos com necessidades especiais permanecerem
nos ambientes inclusivos, melhor será seu aumento educacional, social e ocupacional, pois
deve garantir um ensino de qualidade a todos os alunos, para isso, é conciso repensar o currículo
De acordo com Santos, Plácido e Bonifácio (2009) pode-se afirmar que, com a globalização
aumentou-se a exclusão, isto porque na teoria ela homogeneíza as pessoas, ou seja, todos têm
os mesmos gostos, mesmas características. Isso faz com que seja estabelecida uma identidade
parecida com fins particulares de um grupo social, provocando a exclusão de pessoas, situações
Esses autores mencionam ainda que entre os entraves encontrados na educação inclusiva
está à falta de uma formação continuada dos professores que lhes permitam uma nova postura
frente à realidade escolar e seus dilemas. E ainda falta de adaptações nas escolas, principalmente
as públicas, para os alunos com necessidades especiais como aqueles, por exemplo, que se
locomovem com cadeiras de rodas e precisam de rampas apropriadas de acesso tanto à sala de
No entanto, é bom lembrar e destacar que deve haver a participação também da comunidade,
ou seja, cada comunidade com sua realidade deve estar preparada para a integração através de
diálogos em prol da inclusão de todos os educandos que estiverem inseridos na escola. Então,
segundo Santos, Plácido e Bonifácio (2009), essa batalha não se restringe apenas à instituição
escola que deve “estabelecer prioridades de atuação, objetivos, metas e responsabilidades não
último patamar do professor, pois segundo eles, ela deve ser continuada e permanente, ocorrendo
não só em espaços extraescolares, como também dentro da própria instituição escolar, trocando
teorias.
Entretanto, é válido lembrar que a escola atual ainda não apresenta um perfil apropriado
para atender esses alunos como deveria, e essa realidade se estende não só às escolas públicas
Hoje, deveras a situação política, educacional, social, o mundo todo busca esse
atendimento às pessoas com necessidades especiais, ou seja, àqueles que fogem aos modelos
estabelecidos pela sociedade como de normalidade, sejam eles físicos, sensoriais ou intelectuais.
repercussão mundial, chamado Inclusão Social, e possui como objetivo máximo assegurar a
equiparação de oportunidade para todas as pessoas, até para aquelas que, devido às condições
sociedade em geral.
A inclusão segundo esta autora, permite aos educandos com necessidades especiais,
procurando o direito de todos os estudantes poderem aprender, compartilhar e estar juntos, sem
qualquer tipo de exclusão. A educação inclusiva faz parte de um paradigma educacional que se
baseia na compreensão dos direitos humanos, que luta pela igualdade, e que avança em relação
ao ideal de justiça nas conjunturas que revelam exclusão dentro ou fora do estabelecimento
reforço contínuo por parte do professor da classe e trabalho suplementar com professor especialista
os alunos com problemas de locomoção deverão se encaminhados para uma escola mais próxima,
beneficiados com transporte, quando for o caso. Os superdotados deverão ter aprofundamento
discutida contidamente pela equipe escolar, com os pais e conselhos de escola ou similares.
esportivas, recreativas e culturais, com todos os demais alunos. As escolas especiais poderão ser
implantadas para atenderem os alunos que não puderem ser atendidos em classes comuns ou
em classes especiais.
Vale ressaltar que a formação dos professores também foi enfocada nessa deliberação
que diz que os professores de classes comuns que deverão receber capacitação para trabalhar
temporário ou permanente. Também relata que o atendimento de alunos especiais deverá ser
centros de apoio regionais. Quando necessário, deverá ser oferecido atendimento por meio de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao avaliar o estudo de diversos autores referente o tema, pode-se dizer que a inclusão é
A escola é uma entre as instituições sociais que deve realizar mudanças e, apresentar
oportunidades mais abrangentes para que o processo de inclusão cumpra seu ciclo.
dentro e fora da instituição, políticas nacionais que propiciem incitem e deem condições para que
Não se pode negar que a inclusão é um tema real e, frente a ela, aparecem novos desafios,
novas obrigações, enfim, faz-se indispensável uma visão expandida das concepções sociais e
798
ideológicas.
A complexidade do contexto sobre esse assunto nos remete às pesquisas e estudos para
esclarecer, acrescentar e modificar concepções já existentes para que cada um possa fazer a
diferença.
Faz-se necessário, aproveitar as diferentes potencialidades que cada ser humano possui,
para efetuar troca de experiências, vivências, enfim, uma sociedade inclusiva é aquela que de fato
O desafio mais complexo é capacitar o docente, a fim de que o mesmo consiga lidar com
uma situação nova e, a partir daí proporcionar através de um conjunto, qualidade no ensino.
docente tal objeto de estudo, uma vez que como se sabe são os próprios professores que precisam
mostrar na prática o que é ser cidadão e sagrar a diversidade existente dentro da sala de aula e
na sociedade.
O que se espera do atual artigo é que o mesmo ofereça condições para contribuir
como apoio a novos estudos e investigações científicas, a respeito da temática aqui abordada
e, sobretudo, para todos, sejam docentes e futuros docentes, que receberão educandos com
necessidades especiais.
respeitar os aspectos legais da educação inclusiva. Mas deve-se lutar para as mudanças na
nacionais que propiciem incentivem e deem condições para que se possa cumprir a lei.
799
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801
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
RESUMO
A música está presente na vida dos seres humanos desde o nascimento, e a criança tem necessidade de desenvolver
o senso de ritmo. O ser humano tem várias maneiras de responder aos estímulos do meio ambiente, e o movimento
é uma delas. Os bebês apresentam reações e preferências, e estão prontos para aprender muito mais do que se
costumava pensar. É necessário analisar que tipo de contribuição pode ocorrer com o trabalho de musicalização para
bebês. A música tem sua contribuição para o desenvolvimento cognitivo e motor despertando a criatividade. No dia a dia
das crianças, ela vem atendendo a diversos propósitos como suporte para a formação de hábitos, atitudes, disciplina,
condicionamento da rotina. Partindo da hipótese de que a música pode influenciar o desenvolvimento cognitivo e motor
da criança o presente estudo buscou, através de estudo da literatura existente, demonstrar que a música tem uma
contribuição muito grande para as crianças em desenvolvimento. Assim, o estudo concluiu que através da música o
desenvolvimento da criança pode ser facilitado, trazendo mais atenção para a aula, e estimulando a criatividade e o
movimento do aluno.
INTRODUÇÃO
A música está presente em todas as culturas e sociedades, pode ser utilizada como fator
2004)
o mundo que a rodeia, expressa numa profusão de ritmos evidenciados por diversos aspectos.
É preciso preocupar-nos em relação à formação das crianças, não apenas com o ensino
É necessário contemplar e analisar que tipo de contribuição pode ocorrer com o trabalho
de musicalização para bebês, como isso pode acontecer e as influências que a mesma pode
desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro.
Devemos lembrar que o gesto e o movimento corporal estão conectados à música, porque
o som é também gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz os diferentes sons que percebe
integração, tornam a linguagem musical uma importante forma de expressão humana e, por isso,
deve ser parte do contexto educacional, principalmente na educação infantil. (UNESCO, 2005).
Então a musicalização na escola é essencial. Traz alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que
É preciso preocupar-nos em relação à formação das crianças, não apenas com o ensino
mas também com o ensino de expressões, movimentos corporais e percepção. (SILVA, 2010)
A música pode ser utilizada como um recurso didático. Trata-se de uma forma de
conhecimento e linguagem que pode ajudar as pessoas a desenvolver um outro nível de escuta,
pelo qual a música deixaria de ser apenas um complemento e passa a ter significado próprio.
803
A música é interdisciplinar. É uma linguagem matemática e afetiva, que possibilita transpor
Segundo Rosa (1990) a criança desenvolve os sentidos desde que nasce, por isso um
dos papéis da escola é proporcionar situações em que ela possa explorar e desenvolver em todos
os sentidos harmonicamente.
alunos de anos iniciais do ensino fundamental, que conhecem este recurso auditivo, mas não o
vários objetivos. Tem sido em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a
Essas canções costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de
A Educação Infantil no seu dia a dia vivencia muitas atividades musicais, pois desde a
chegada da criança na creche ou na escola infantil esta é recebida com músicas que alegram
o ambiente e faz com que a criança possa desejar permanecer na sala de aula. (CHIARELLI;
BARRETO, 2005)
utilizada de forma adequada pode ser um agente facilitador em diversos contextos que envolvam
infantil. Pois o envolvimento da criança com o universo sonoro começa ainda antes do nascimento.
(GÓES, 2009)
“As rondas ou brincadeiras de roda integram poesia, música e dança. No Brasil receberam
influências de várias culturas, especialmente da lusitana, ameríndia, espanhola e francesa”
(BRASIL, 1998, p. 71).
Na Educação Infantil, o contato com pessoas diferente do meio familiar possibilita que ela
estabeleça novas relações e adquira novos conhecimentos. Convém fazer a criança descobrir
Ladainhas para saltar corda são pequenos versos que acompanham ritmicamente o ato
de pular corda. Pertencem à cultura popular infantil e passam de geração para geração através da
atividade lúdica e espontânea das crianças. Deve-se resgatá-las, enquanto recurso pedagógico
Quando a criança pula corda recitando uma ladainha, o desenvolvimento do senso rítmico
é mais expressivo do que quando ela simplesmente realiza o movimento sem recitar, há um
elemento novo a ser considerado pela criança representado pelo ritmo da ladainha. E sempre que
há a introdução de um elemento novo em qualquer atividade essa se torna mais complexa e mais
desafiadora.
Quando a criança realiza este trabalho em grupo, com outras crianças girando a corda ou
pulando junto, à complexidade é ainda maior porque ela tem de coordenar o ritmo da ladainha ao
O andamento da ladainha pode ser alterado, a pedido do professor ou por iniciativa das
próprias crianças, representando novo desafio a ser vencido ao nível do espaço e do tempo.
Muitas ladainhas contêm diálogos que são efetuados entre a criança que salta e o grupo,
oral com gestual e melhorar a organização espaço-temporal são, então, objetivos inerentes
a este trabalho combinado de pular e recitar versos. No nível do domínio motor, objetiva-se o
em geral, realizam com prazer à atividade, repetindo-a várias vezes, até sem a insistência do
Ao fazermos referência das ladainhas para saltar corda, brincadeiras cantadas, pequenas
danças folclóricas e jogos com regras. Esta união de atividades lúdicas se justifica pela importância
das crianças e pelo senso de competitividade evidenciado por elas nesta fase do desenvolvimento.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, são
atividades que despertam, estimulam e desenvolve o gosto pela atividade musical. (BRASIL, 1998)
Pois, ela atende diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional
A música está presente em todas as culturas e pode ser utilizada como fator determinante
integração, tornam a linguagem musical uma importante forma de expressão humana e, por isso,
deve ser parte do contexto educacional, principalmente na educação infantil. (UNESCO, 2005)
Através da música o educador tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos,
acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de
outro.
cidadania, e projetos que envolvem músicas, integração social e esporte, especialmente com
crianças e adolescentes carentes ou de rua, espalham-se pelo país e são cada vez mais populares
Segundo Martins (1985, p.47) educar musicalmente é propiciar à criança uma compreensão
conhecimento é construído a partir da interação da criança com o meio ambiente, e o ritmo é parte
fundamental, em que a ludicidade perde espaço para os livros didáticos e exercícios repetitivos,
2009)
Snyders (1990) descreve a música como uma obra de arte. Dela pode- se extrair
riquíssimos temas, abordando as mais diversas disciplinas. É fato que as escolas, não valorizam
a música. Por sua vez, os professores que utilizam a música como instrumento, em seu trabalho,
obtêm resultados positivos. A música influencia os jovens e crianças. Por toda essa riqueza a
Se o contexto for significativo, a música como qualquer outro recurso pedagógico, tem
Segundo Martins (1985) a música deve ser um material para o processo educativo e
Cada vez mais instituições educacionais estão utilizando a música como eixo norteador
do processo de alfabetização. A música atrai e envolve as crianças, serve como motivação, eleva
mundo. Além disso, a música também vem sendo utilizada como fator de bem estar no trabalho
Sendo assim, crianças que recebem estímulos musicais adequados, aprendem a escrever
mais facilmente, tem maior equilíbrio emocional, pois se sabe que a música está inserida no
As atividades musicais nas escolas devem partir do que as crianças já conhecem desta
(SCAGNOLATO, 2009). É importantíssima, porém faz-se necessário ressaltar que deve ser
direcionada, para não ser apenas uma aula de curtição. (LIMA, 2010)
necessidades especiais. Pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, não apresentam pressões nem
cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição,
As aulas em que se utilizam desse recurso devem ser feitas de forma a introduzir
maneira lúdica e prazerosa. Nessas aulas os alunos podem construir instrumentos musicais com
VIVALDO, 2010)
Outros estudos apontam também que, mesmo se o contato com a música for feito por
apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas simplesmente ouvindo com atenção e
A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano
em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de
808
que é capaz. Porém, sem a utilização da música não é possível atingir a esta meta, pois nenhuma
outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. A música atinge a motricidade e a sensorialidade
por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade. (SCAGNOLATO, 2006)
pela sociedade nos dias de hoje, se torna cada vez mais necessária a ludicidade no ambiente
educacional de nossos alunos, pois ela é capaz de tornar o aprendizado prazeroso e estimulante.
A música é importante para trabalhar temas atuais, assim o aluno desperta o senso crítico,
Então a musicalização na escola é essencial. Traz alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que
A música no cotidiano escolar pode não somente ajudar as crianças no aprendizado, mas
também nos casos de crianças que tenham problemas de relacionamento ou inibição, para isso é
CONSIDERAÇÕES FINAIS
desenvolvimento pleno da criança e na sua vida escolar. Como e quais tipos de música devem ser
social.
A música está presente na vida do ser humano antes mesmo do nascimento, todos os
sons do ambiente são música para os bebês. A música sempre esteve presente na história da
humanidade, também está presente na cultura dos povos, nas crenças, danças e também nas
Na educação infantil, as músicas muitas vezes são utilizadas para criar hábitos ritmados
809
de higiene e alimentação favorecendo para uma educação saudável da criança, além de estimular
a sociabilidade.
Por tudo isso a música deve ser utilizada para contribuir no desenvolvimento da criança,
tanto intelectualmente quanto fisicamente. Devem ser utilizadas músicas com ritmos fáceis de
acompanhar com palmas, gestos e expressões corporais, para que a criança possa desenvolver
suas capacidades.
e aprendizado, então temos que estimular de forma positiva e facilitar sua aprendizagem. Podemos
sociabilizas mais facilmente, ajudando a respeitar os outros que com ela convivem.
Pode-se concluir através deste estudo que a música é mais um objeto a ser utilizado para
poderemos ter um desenvolvimento facilitado, além de crianças mais sociáveis e mais calma.
aprendizagem de maneira séria e responsável sempre pensando no bem estar do nosso educando
e sua formação ampla, sendo ele o principal sujeito de todo processo educacional.
810
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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813
O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA
RESUMO
Esse artigo vai discutir a importância da Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o trabalho interdisciplinar na
escola. Nosso objetivo é sistematizar o ensino da língua materna, mostrando ao aluno a riqueza literária e linguística
que temos em nosso país. É muito importante a prática da Língua Portuguesa, pois ela engloba elementos como a
socialização, desenvolvendo ideias e a capacidade de pensar do sujeito. Por meio da língua materna o sujeito consegue
raciocinar, observar o significado das coisas, melhorar a imaginação e a criatividade, e, verbalizar seus pensamentos.
Dessa forma, a aprendizagem acontece gradativamente e o aluno aprende ainda a valorizar seu conhecimento e seu
país. A literatura brasileira é muito rica e precisa ser explorada por nossos alunos, é preciso transportá-los para o início
da descoberta do Brasil para que o mesmo entenda sua posição no mundo atual. Para isso estudamos autores como:
OSAKABE (2001); SANTORO (2007); MUGGE (2006); HERNANDEZ (1998), entre outros.
INTRODUÇÃO
do tempo.
obras literárias, a influência deles em nossa cultura e como trabalhamos com essas obras no
ensino atual.
sistema com diferentes significados e formas, sendo sua função desenvolver a comunicação, o
814
A LÍNGUA PORTUGUESA E A SALA DE AULA
língua que utiliza junto às pessoas de seu convívio social (pais, amigos, vizinhos, parentes, entre
outros).
Elas têm um conhecimento que irá ajudar no desenvolvimento em sala de aula, pois
embora a Língua Portuguesa possua regras, o falante nativo consegue compreender a estrutura
dessa língua, e esse conhecimento será muito importante no processo de ensino e aprendizagem
da Língua Portuguesa.
A escola tem o dever de ensinar a língua materna e suas regras, criando condições
para que a criança aprenda. No entanto, ainda há professores que não conseguem lidar com as
variedades linguísticas trazidas pelos alunos e acabam por não valorizar de forma correta o que
o aluno já sabe.
Temos uma diversidade linguística muito grande nas salas de aula, atualmente, e
segundo Cardoso (1992, p. 127), isso não é satisfatório na escola e não promove enriquecimento.
Segundo ele isso ocorre: “[...] como forma de esmagamento das individualidades ou, até mesmo,
de opressão social”.
Variações são concebidas, pelo professor em geral, como “erros”. E a atuação desse
professor, ou seja, a forma como ele procede diante de “erros”, a que ele atribui como
causas a esses, como os explica e como didaticamente tenta resolvê-los parece não atender
linguística e pedagogicamente às necessidades dos alunos, nem corresponde ao que os
estudos nessa área preconizam como o mais indicado.
A gramática é fundamental como instrumentador da língua culta, mas não se deve deixar
também de valorizar as vivências e experiências linguísticas do aluno e sua gramática natural.
É preciso que o professor interaja com seu aluno, despertando nele a criticidade, não
permitindo que esse aluno seja ignorado por usar uma linguagem trazida, por exemplo, de uma
determinada região.
O ensino da língua portuguesa também não pode afastar-se desses propósitos cívicos, de
tornar as pessoas cada vez mais críticas, mais participativas e atuantes, política e socialmente.
adequá-la à realidade do aluno, pois é necessário valorizar o conhecimento prévio que o aluno
A leitura deve ser diária, uma leitura deleite, permitindo a intervenção dos alunos, seus
questionamentos, suas ideias no decorrer do ato de ler do professor e após essa leitura o professor
pode ainda solicitar que os alunos modifiquem o final do texto ou alguma passagem que acharem
leitores.
Segundo os PCN’s (2006, p. 87): “além de ensinar e mediar, cabe ao professor a missão
Ao estimular o gosto pela leitura, o professor permite que o aluno use de seus conhecimentos
O dever do professor é fazer com que o aluno perceba que por meio da leitura ele irá
adquirir conhecimentos que lhe serão úteis para a vida toda, pois conseguirá fazer a leitura de
A aprendizagem é uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo que ensina, o professor
aprende com os alunos, porque temos uma diversidade cultural muito grande em nosso país.
...o professor precisa ser visto como alguém que, com os alunos, pesquisa, observa, levanta
hipóteses, analisa, reflete, descobre, aprende, reaprende.
Ao promover a leitura em sala de aula, o professor consegue, quase que ao mesmo tempo,
trabalhar a escrita, mostrando a importância dela e como ela pode modificar o texto.
816
...ainda que várias outras linguagens sirvam para realizar e animar a comunicação entre
homens, é a escrita que serve como fonte principal e primeira para a transmissão do saber.
Quando o professor percebe as dificuldades que seus alunos têm quanto ao ler e escrever,
ele pode estimular esses alunos a lerem mais, ouvirem histórias e reescrevê-las, e isso irá ampliar
Quanto mais a criança ler, mais vai ser capaz de escrever, devido ao grande aprendizado
e número de palavras novas que irá encontrar em cada texto lido. E, dessa forma irá descobrir que
é capaz de ir além do conhecimento que possui e desenvolver bons textos, descobrindo assim
novos horizontes.
objetivos da escola é fazer com que o aluno aprenda de forma significativa o ensino da língua
Para que isso aconteça é preciso que a escola trabalhe de forma dinâmica e inteligente
com seus alunos, pois a Língua Portuguesa é usada por eles por meio das brincadeiras, dos
brinquedos, da música, dos jogos, da educação artística, das histórias etc. Ela faz parte do dia
a dia da criança dentro e fora da escola, e esse é mais um motivo para que se trabalhe a língua
Na medida em que a escola concebe o ensino da língua como simples sistema de normas,
conjunto de regras gramaticais, visando à produção correta do enunciado comunicativo
culto, lança mão de uma concepção de linguagem como máscara do pensamento que é
preciso moldar, domar para, policiando-a, dominá-la (...). Por isso, na escola, os alunos não
escrevem livremente, fazem redações, segundo determinados moldes (...).
A escola deve garantir o uso ético e estético da linguagem verbal, compreendendo que
por meio da linguagem se pode transformar e reiterar aspectos sociais, culturais e pessoais,
respeitando as falas e as vozes que são responsáveis pelo desenvolvimento humano, de forma
Na visão de Possenti (1996, p. 54) ensinar língua não é somente ensinar a gramática,
para ele:
817
Conhecer uma língua é uma coisa e conhecer a gramática é outra. Que saber usar suas
regras é uma coisa e saber explicitamente quais são as regras é outra. Que se pode falar
e escrever numa língua sem saber nada “sobre” ela, por um lado, e que, por outro lado, é
perfeitamente possível saber muito “sobre” uma língua sem saber dizer uma frase nessa
língua em situação real.
determinada atividade verbal, para que os alunos possam se apropriar dessas habilidades em
Sendo assim, formar valores e atitudes com o desempenho verbal deve ocorrer ao longo
isso temos que nos preocupar com o projeto Político Pedagógico da unidade escolar, pois é ele
Ele é um documento obrigatório, que deve ser elaborado pela unidade escolar, deve ser
Como nos diz Veiga (2008, p. 11), ele trata da “própria organização do trabalho pedagógico
da escola como um todo.” Na visão de Veiga (2008), ele precisa estar coerente com o Regimento
Escolar, aberto para alterações quando necessário, pois a prática pedagógica precisa ser revista
de tempos em tempos.
trabalho da escola, pois gestores e educadores precisam interagir entre si definindo os princípios
que irão nortear o trabalho da equipe para melhor atender aos alunos.
Esse documento precisa ter duas dimensões: a política e a pedagógica, pois na política vai
ele determinará ações educativas necessárias para que a escola cumpra seu papel efetivamente.
O PPP precisa ser repensado continuamente para que possa oferecer um ensino de
qualidade e significativo aos seus alunos, contribuindo para a formação de cidadãos críticos em
nossa sociedade.
818
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa foi possível perceber que a Língua Portuguesa no Ensino Fundamental
funciona como uma forma de gerar significados que irão estruturar, representar e explicar as
são bem visíveis e compreensíveis, pois cada região viveu influências de outras culturas.
e esse aprendizado influenciará a vida dessa criança no contexto social e cultural que ela está
inserida.
O ensino da língua culta é dever da escola, mas a escola não pode esquecer de fazer com
Quando usamos a experiência/vivência que o aluno traz com ele, o ensino torna-se mais
interessante e as aulas mais prazerosas, pois ele percebe que pertence àquele lugar onde está.
inovadoras quando as tradicionais não funcionarem, pois saber ler, escrever e interpretar é
Quanto à literatura, sabemos que ela possibilita ao ser humano uma reflexão sobre seu
Ela ajuda na formação do pensamento social e político para a construção de uma nação
crítica e democrática, pois nos permite estudar a sociedade e seus problemas, e com isso podemos
estimular as mudanças necessárias no mundo, porque cada nação tem suas peculiaridades e
quando seu povo conhece sua história, sua literatura, pode ajudar a apontar novos caminhos.
humanidade, não devemos vê-la apenas como uma história do passado, precisamos saber
Para que nossa sociedade cresça verbal e intelectualmente é necessário criarmos o hábito
da leitura, principalmente sobre nossas origens e tudo o que nossos antepassados passaram para
819
que chegássemos até os dias atuais.
Muitas foram as lutas, derrotas, conquistas e aqui estamos vivendo num mundo de
contradições, de experiências boas/ruins, de riqueza/pobreza entre outros fatores que por meio
E, com toda certeza, sabemos que o caminho para a transformação de nossa sociedade é
a educação, a leitura, a criticidade, e para isso precisamos formar pessoas leitoras e críticas que
uma ensinando a norma culta e a outra ensinando as etapas históricas que nossa sociedade
viveu, precisamos valorizar as duas e assim contribuirmos para um país melhor para o futuro de
nossas crianças.
820
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822
ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE PSICOMOTRICIDADE
RESUMO
Este artigo é de natureza bibliográfica, onde estuda a importância da psicomotricidade na Educação Infantil.
Especificamente demonstra a importância do movimento para o desenvolvimento do avanço na escola, tanto para a
criança com dificuldades de aprendizagem quanto para melhorar e ajudar no processo de alfabetização de crianças
que frequentam a escola infantil. A Psicomotricidade é uma ciência ainda nova e não muito conhecida, porém, tem
muita importância tanto na vida do educador quanto na do educando. As atividades psicomotoras podem ajudar os
alunos com dificuldades na aprendizagem e na sua interação com o meio social. Para tanto, foram utilizados livros e
artigos científicos cujo tema envolve a psicomotricidade, psicologia, educação física e pedagogia, a fim de embasar
cientificamente o tema proposto. Foi abordada na fundamentação teórica aspectos históricos sobre a Psicomotricidade;
O desenvolvimento das crianças de 0 (zero) a 5 (cincos) anos; A definição da psicomotricidade e seus elementos
básicos; As contribuições da psicomotricidade para a Educação Infantil.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo analisar e refletir as ideias de autores que pesquisam
sobre a Psicomotricidade para que possamos compreender essa ciência, conhecer a sua história
Psicomotricidade, pois, se caracteriza por uma educação que se utiliza do movimento para atingir
823
Psicomotricidade é uma ciência relativamente nova e não muito conhecida. Porém,
na atualidade, várias pesquisas vêm apontando sua importância nos processos de ensino e
Negrine (1998, 2002), Costa (2007), Oliveira (1997), Maluf (2009), os quais, em alguns momentos
apresentam enfoques diferentes, mas todos ressaltam que as atividades psicomotoras podem
ajudar os alunos com dificuldades na aprendizagem e também na sua interação com o meio
social. Hoje em dia, algumas escolas não possuem um tempo dedicado para a realização de
atividades e exercícios para que as crianças possam correr, saltar, pular, cantar, pensar, observar,
brincar, mexer, dançar, etc., ou quando isso acontece, muitas vezes o tempo é reduzido. Em
muitas escolas, a única hora em que os alunos podem se movimentar é na hora do intervalo e é
quando eles se soltam e correm, mas são movimentos sem maior direcionamento e mediação do
professor, perdendo-se assim a oportunidade de que essas atividades possam contribuir de fato
Esta falta de tempo e espaço adequados para o brincar foi abordada por Friedmann (1996
apud TEIXEIRA, 2010) que elaborou um levantamento e uma análise das atividades lúdicas e das
razões de sua mudança e/ou desaparecimento no decorrer desse século. Dentre essas razões, a
Atualmente, em muitas escolas há uma falta de tempo e espaço para que sejam trabalhadas
as “atividades lúdicas”, algumas escolas estão se preocupando muito mais em trabalhar conteúdos
acadêmicos com as crianças e se esquecem que o lúdico também deve fazer parte da grade
curricular da escola. Isso acaba prejudicando o desenvolvimento das crianças, assim como deixa-
origem grega “Psique” que significa fenômenos da mente (sensações, percepção, etc.) a outra do
verbo latino “Moto” ou “Motriz” que significa força que dá movimento. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Psicomotricidade: É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
De acordo com alguns autores como OLIVEIRA (2001), NEGRINE (1995, 2001,2002),
MELLO (2009) e BUENO (1998) no começo a Psicomotricidade era voltada para aqueles que
motricidade. No entanto, na sociedade atual ela se tornou importante também na educação infantil,
psicológico e afetivo, também ajuda as crianças a descobrirem seu corpo e como se expressar
através dele. Defende a importância do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. O
corpo e a mente estão relacionados e dependem um do outro, se um estiver com algum problema
pode afetar o outro também. É importante que a criança tenha domínio de seus movimentos, da
sua mente e de seus sentimentos. Neste sentido é no brincar que as crianças se expressam,
criam, transformam, e interagem com o meio em que vivem. Desde o nascimento, brincar auxilia
infância. Assim, o adulto - seja representado na figura da família ou dos professores - deve criar
espaços para essas atividades, estimulando o interesse das crianças. Para a Psicomotricidade é
Dessa forma é importante que o adulto possa estimular atividades onde ela possa pensar,
inventar, criar, observar, mexer, correr, saltar, imitar, cantar, brincar, dançar, etc. Incentivando as
atividades para aumentarem seu potencial motor, os alunos podem vencer melhor as dificuldades.
A escola que trabalha com a Psicomotricidade contribui para um melhor aprendizado dos seus
educandos. A Psicomotricidade vem para lutar e defender a importância do movimento, dos jogos
e das brincadeiras em todas as fases da criança, mostrando que estas manifestações corporais
podem ter uma finalidade pedagógica, pois a criança aprende se divertindo. Neste trabalho iremos
conceituada como uma característica fundamental de todos os seres vivos, que permite a
adaptação ao meio natural, é a expressão de três cérebros unificados, conhecido como cérebro
triúnico, composto pelo paleoencéfalo, mesencéfalo e o telencéfalo, este último, responsável por
uma motricidade intencional, própria do ser humano, ou seja, psicomotora (FONSECA, 2005).
Mas, para esta compreensão ser alcançada, outras teorias foram formuladas e diferentes
concepções sobre o corpo e movimento surgiram, como a apresentada por Descartes no século
XVII na qual o corpo era compreendido apenas como um depósito da alma sendo movido por
esta. Durante o século XIX com o avanço da neurofisiologia, são realizados estudos voltados
para os distúrbios da atividade gestual, buscando todas as respostas em alguma área do sistema
nervoso, ideia que fora refutada, pois a partir de outros estudos se percebeu que nem todos os
Foi Tissié, médico, que tratou pela primeira vez um jovem portador de instabilidade
mental com impulsividade mórbida, por meio de uma “ginástica médica”, na qual eram realizadas
atividades físicas, como boxe e passeios de bicicleta, sendo trabalhada a coordenação motora,
equilíbrio e outros aspectos psicomotores. Por meio destas práticas buscava-se um domínio do
Outro importante estudioso que contribuiu para o avanço da psicomotricidade foi Charcot
que desenvolveu estudos sobre hipnose, demonstrando por meio dos pacientes atendidos, que
a melhora dos sintomas era alcançada por meio de palavras e atos motores (FONSECA, 2008).
No entanto, foi com Dupré em 1909, que a psicomotricidade ganhou destaque, pois este
provou que a debilidade motora poderia ocorrer sem ter uma correspondência direta com questões
neurológicas, e que também não havia uma relação entre debilidade motora e debilidade mental.
diferentemente de Dupré, não faz tantas referências da psicomotricidade com a inteligência, mas
(LEVIN, 2009).
da percepção, porém, para que esta motricidade se desenvolva em ótimos níveis, é necessário
que esta criança sinta determinadas cargas afetivas, provenientes de seus responsáveis. Logo,
o movimento tem um significado de relação e interação afetiva com o mundo exterior, pois é a
826
expressão material, concreta e corporal de uma dialética subjetiva-afetiva que projeta a criança no
Quanto à prática psicomotora, esta teve início com Guilmain em 1935, por meio da avaliação
De acordo com Barreto e Falcão (2009), no Brasil a psicomotricidade tem seu registro em
documentos que datam dos anos de 1950, nos quais há relatos de trabalhos desenvolvidos por
meio dos movimentos junto às crianças consideradas excepcionais que apresentavam distúrbios
psiconeurológicos.
Logopedia da Universidade Federal do Rio de janeiro, na qual os alunos recebiam a formação por
renomados professores franceses a argentinos. Mas, foi em 1968 que a psicomotricidade passou
a ser difundida no Brasil, sendo utilizada nas escolas especializadas principalmente como um
MEC.
dos tempos, e não somente por uma disciplina, mas sim por várias, sendo enriquecida na teoria
e na prática.
No que se refere ao seu uso no âmbito escolar, foi com Le Boulch (1966, apud BARRETO
& FALCÃO, 2009) que a psicomotricidade se voltou para a educação infantil, com o objetivo
827
de sensibilizar os professores, sobre os benefícios de uma educação psicomotora capaz de
plena o período escolar. Ou seja, os primeiros trabalhos desenvolvidos nas escolas, eram
Mas a intervenção psicomotora atualmente possui um aspecto preventivo, pois, auxilia na redução
de atrasos psicomotores que podem atuar diretamente sobre questões ligadas as dificuldades de
aprendizagem, má adaptação social e baixa autoestima (BARRETO et. al., 2012; FONSECA,
2005).
A criança consegue perceber a si e os outros seres, bem como as coisas que a cercam,
tendo uma visão de mundo a partir do que ela viveu, sentiu e percebeu do meio que a cerca,
onde esta visão será influenciada pelo seu caráter e pelas as atitudes que assume e projeta na
sociedade (imagem).
Quando se fala em movimento relacionado ao ser humano, está se referindo também aos
elementos mentais, tanto o psiquismo, quanto a motricidade, que possuem uma conexão mútua,
global, que diz respeito à atividade dos grandes músculos, que precisa do auxilio da capacidade
seja, uma dança ou atividade com associação e dissociação de movimento e no meio de tudo
828
isto ainda apresentar certo ritmo, pode-se considerar que ela apresenta uma coordenação motora
global razoável.
DE MEUR; STAES, 1989) coloca que ela se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de
consciência de seu corpo, do seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo a
sua volta. Por isso faz-se necessário desenvolver a capacidade global da criança como um ser
biopsicossocial.
Tendo como objeto de intervenção e estudo o sujeito humano total e suas relações com o corpo,
ocorra deve-se saber da real necessidade e desejo da pessoa que está sendo educada e
compreender o seu mundo. O ser humano tem seus direitos, principalmente o de fazer e
darem novos conceitos e importância aos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais.
States (1991) dão um destaque especial as habilidades básicas na pré-escola, sendo que:
A importância do desenvolvimento das habilidades básicas pode ser vista de uma maneira
mais sistemática na pré-escola, que tem a função de fornecer à criança os pré-requisitos
necessários para a aprendizagem da leitura e da escrita (DE MEUR et al., 1991, p. 78).
Existem alguns pré-requisitos do ponto de vista psicomotor para que uma criança
829
comece a ler e escrever, como também no desenvolvimento da sua lógica matemática. Para isso
é necessário que ela possua o domínio dos gestos motores e de instrumento, como esquema
De Meur e Staes (1984); De Meur e Staes, (1991); Guilherme (1983); Le Boulch (1984); são
alguns dos autores que citam tal importância dessas habilidades para a aprendizagem.
ESQUEMA CORPORAL
que a criança tem de seu próprio corpo proveniente das experiências com o meio em que vive,
sendo que, a imagem corporal pode ser deduzida a partir dos desenhos da figura humana que a
criança realiza.
A noção do esquema corporal além de estar ligada a atividade motora, também está
Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo é capaz de situar seus membros
em relação aos outros para uma transformação de suas descobertas: progressivamente
localizará os objetos, as pessoas e os acontecimentos (DE MEUR; STAES, 1989, p. 9).
as pessoas, utilizando como referência ela própria. Para se fazer uma ação, o indivíduo precisa
ter uma organização de si mesmo, sendo esta a base para descobrir diferentes possibilidades de
ação.
O esquema corporal se organiza pela experiência corporal, sendo uma construção mental
que a criança faz de seu corpo. É através do corpo que o ser humano interage com o mundo
que a cerca, desta forma, o conceito da imagem corporal torna-se indispensável para qualquer
tipo de aprendizagem, pois é através de uma boa formação destes pré-requisitos que a criança
torna o seu corpo um ponto seguro de referência, que servirá de sustentação e princípio para
830
a aprendizagem de todas as noções e definições que são necessárias e obrigatórias para a
alfabetização da criança.
Tais conceitos podem ser definidos como: em cima, embaixo, na frente, atrás, esquerda,
direita, alto, baixo, permitindo desse modo que ela desenvolva o equilíbrio corporal e tenha
a capacidade de dominar seus atos motores de acordo com as os limites impostos pela
folha de papel, ou contornos dos desenhos. “Uma criança que tenha esquema corporal mal
trabalhado não coordenará bem os movimentos e pode ter dificuldades na caligrafia e sentir
dores nos braços quando escreve” (DE MEUR; STAES, 1996, p.182).
A criança conhecerá as diferentes partes de seu corpo pela percepção vivida e também pelas
vias que a conduzem à reflexão, à abstração. Será levada a apontar determinado membro, a
dizer o nome, a localizar oralmente uma percepção (DE MEUR; SATAES, 1991, p. 53).
A criança deve ser estimulada nas suas relações, tanto consigo mesma como também
na relação com o outro, para que possa reunir a sua imagem corporal. Ao final já será capaz de
LATERALIDADE
Esse uso preferencialmente se refere ao olho, ouvido, mão e pé. Existem indivíduos destros e
canhotos, também indivíduos com a lateralidade cruzada, isto ocorre quando se tem preferência
pela mão de um lado do corpo e pelo olho e pé do lado oposto, significando que existe predomínio,
“Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral na criança: será mais
forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo”. Este lado que prevalece, irá evidenciar
maior força muscular, bem como, um maior grau de precisão e rapidez. A lateralidade na
criança se define naturalmente, não é necessário que seja forçada pelos pais ou professores.
lateralidade não apresenta definida, a criança ainda não optou por um lado, De Meur e Staes
831
“[...] não utilizar os termos “esquerda” e “direita”, somente quando a lateralidade esteja
completamente estabelecida”. O termo “esquerda” e “direita” é o domínio dos lados em
relação ao próprio corpo e aos objetos, devem ser usados quando a lateralidade estiver bem
definida na criança, ou seja, a dominância de um lado em relação ao outro a nível de força
e precisão. Caso a lateralidade não esteja bem definida, a criança apresentará dificuldades
neste conceito.
e esquerda, pois, não distingue o seu lado dominante do outro lado, pode possuir também falta
de direção gráfica”.
Quando à dominância dos três níveis, ou seja, da mão, olho e pé, e que este ocorra
do lado direito, são chamadas de destra homogênea, canhota ou sinistra homogênea se for do
lado esquerdo. Se o indivíduo usa os dois lados, mostrando a mesma habilidade com ambos, e
ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL
Segundo Tasset (apud DE MEUR; STAES, 1989, p.13), estrutura espacial “[...] é a
passa ter conhecimento básico do seu corpo, tanto dele por inteiro como das suas partes, sabendo
onde se localiza e a nomenclatura de cada parte do seu corpo. A criança com boa noção de
estrutura espacial tem consciência do lugar ocupado por ela, por outras pessoas e coisas e a
maneira de colocar o seu corpo ou parte dele e desloca-se com movimentos que apresentam o
Alguns autores colocam que a estruturação espacial faz parte da vida do indivíduo e
envolve o corpo, espaço e tempo, já que para uma criança adquirir a noção espacial, deve-se
“[...] a estruturação espacial não nasce com o indivíduo. Ela é uma construção mental que
se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio”.
Tais noções são adquiridas cotidianamente ao movimentar-se em casa, na escola, nas
brincadeiras e nas atividades do dia a dia.
832
De Meur e Staes (1989) coloca que a estruturação espacial abrange o esquema corporal,
e que para se perceber a posição dos objetos no espaço, é necessário ter uma boa imagem
espacial, pois sem a qual torna-se difícil distinguir as diferentes posições que os objetos ocupam
no espaço.
“[...] os pontos de referência não estão mais centrados no corpo próprio, mas exteriores ao
sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência que irão orientá-lo”. Nesta fase é
possível avançar nas atividades sensoriais, a fim de preparar e melhorar os seus sentidos e
sua percepção.”
posição e orientação espacial, tem tendência de confundir as letras do alfabeto, bem como,
dificuldade em respeitar a ordem das letras nas palavras e das palavras nas frases.
ESPAÇO-CORPORAL
em função de uma série sucessiva de fatos, coisas e pessoas que irão ocorrendo no decorrer de
sua vida.
Piaget (apud OLIVEIRA, 2000, p. 85) coloca que “[...] o espaço é um instantâneo tomado
com o conhecimento básico de tempo. As noções temporais são abstratas e de difícil compreensão,
então se tornam difíceis de serem alcançadas pelas crianças. No começo, a criança vive o seu
corpo em diferentes situações e intensamente, onde adquiri novas experiências, modificando seus
de passado, presente e futuro (tempo), ou seja, ou dos termos que são empregados como: antes,
depois, por último, ontem, hoje, amanhã, cedo demais, mais tarde e outros. Ao incorporá-las
a criança conseguirá melhor se organizar, perceber que pode dispor de mais tempo para as
atividades diárias, bem como executar as suas atividades corpóreas com melhor qualidade.
“É a orientação temporal que lhe garantirá uma experiência de localização dos acontecimentos
passados e uma capacidade de projetar-se para o futuro, fazendo planos e decidindo sobre
sua vida”. A criança precisa construir a estruturação temporal que necessitará de um trabalho
mental, onde a que criança conseguirá realizar quando adquirir um desenvolvimento cognitivo
adiantado, mas, conforme De Meur e Staes (1989) aos quatro anos, a criança já pode ser
exercitada, para perceber o tempo imediato.
Oliveira (2002, p. 89) expõe que “De início a criança vivência seu corpo, tentando conseguir
harmonia em seus movimentos. Mas este corpo, não existe isolado no espaço e no tempo e a
As noções de corpo, espaço e tempo estão muito ligadas entre si, pois o corpo coordena-
por isso, muitas vezes são empregadas a terminologia: “orientação espaço temporal de forma
integrada”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo realizar uma análise e reflexão sobre essa nova ciência
como ela pode ajudar no desenvolvimento das crianças e no processo de ensino e aprendizagem.
essa ciência surgiu quando se notou que algumas debilidades motrizes tinham relação com as
psicológicas, sendo que somente no ano de 1920 surge realmente a palavra Psicomotricidade
Pudemos ver que as civilizações europeia e americana foram as mais marcantes no seu
834
processo de evolução, vimos ainda que algumas ciências, filósofos e pensadores contribuíram
A Psicomotricidade é uma ciência que vem crescendo e se tornando importante a cada dia
que passa, ela tem como objetivo auxiliar no processo de desenvolvimento da criança reunindo e
Através dos estudos realizados pela Psicomotricidade pudemos compreender que corpo
e mente estão extremamente relacionados e que se um não funciona muito bem o outro também
pode apresentar problemas, por isso é necessário trabalhar com atividades lúdicas que utilizam
emocionais.
atividades lúdicas que a criança aprende a se expressar, a criar, a transformar, a conviver com
outras pessoas, se socializar. A Psicomotricidade defende essas atividades durante todas as fases
da vida das crianças, dando ênfase na educação infantil, pois é nesse período do desenvolvimento
da Educação Infantil, permitem que estas se torne mais significativas favorecendo grandemente o
não devem ser realizadas de forma mecânica, visando apenas os aspectos funcionais, mas sim
de uma forma lúdica, com o objetivo de promover articulações entre as estruturas cognitivas e
afetivas das crianças. Neste sentido, é preciso que se invista em projetos educativos na Educação
835
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839
O ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS AUTISTAS NA ESCOLA E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
PARA APRENDIZAGEM
RESUMO
Atualmente, vivencia-se um momento cujo mundialmente se fala acerca da inclusão escolar de alunos com necessidades
educacionais especiais na rede regular de ensino. A legislação é clara quanto a obrigatoriedade de acolher e matricular
quaisquer alunos, independentemente de suas necessidades ou diferenças. Com essa obrigatoriedade em mente,
muitas questões emergem, especialmente com relação ao Ciclo de Alfabetização, entretanto, deve-se pensar que
apenas o acolhimento dessas pessoas não é suficiente, mas sim que devemos permitir que tais indivíduos com essas
necessidades educacionais especiais tenham condições de aprendizagem, desenvolvimento de seus potenciais e
habilidades de maneira efetiva nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Para que isso ocorra, os professores
necessitam de compreender que não é suficiente apenas cuidar, mas sim incluí-las nas atividades diárias, garantindo
um aprendizado eficiente. Para que se tenha uma reflexão sobre a aprendizagem, busca-se neste presente artigo,
discutir sobre o processo de inclusão focado no Ciclo de Alfabetização. Além disso, também se mostra neste artigo
científico como realizar a inclusão de crianças de 6 anos no Ensino Fundamental, com uma breve contextualização
histórica e legislações de amparo aos portadores de necessidades especiais, com demonstração de documentos
oficiais acerca da relação entre cuidar e educar na proposta de educação inclusiva, a qual é um dos mais novos desafios
impostos, especialmente em uma fase de novas demandas escolares, no contexto de uma sociedade democratizada
e em constante transformação. A alfabetização nos dias atuais encontra-se no centro das atenções sociais, com um
pacto de alfabetização na idade certa. Devido esse fator, a construção da Escola Inclusiva implica em pensar sobre
seus espaços, tempos, profissionais, bem como recursos pedagógicos voltados para a possibilidade de acessibilidade
e permanência dessas crianças no ambiente escolar.
INTRODUÇÃO
ainda acham muito difícil de realizar a mesma nas condições atuais das escolas, mas existe uma
legislação que garante a obrigação de se ter a inclusão de crianças com necessidades especiais
no processo de alfabetização, isso se torna mais difícil, todavia ainda assim, alguns educadores
vêm mostrando uma certa flexibilidade, adaptabilidade e até mesmo acolhedores para com essas
840
pessoas.
Ao trazer este tema em debate, tem-se como objetivo desencadear reflexões sobre a
real inclusão, da forma que a mesma ocorre com os alunos com necessidades especiais nos
primeiros anos do Ensino Fundamental. Reflexões acerca de como pode-se adaptar o currículo
para estas crianças. Este artigo justifica a importância da Educação Inclusiva para a formação e
Pensando sobre as mudanças que ocorreram na forma que o educar passa a caminhar
junto ao cuidar, percebe-se que existem professores que possuem dificuldade em compreender
e trabalhar com crianças com NEE que estão no Ensino Fundamental. Neste artigo, portanto
Falando no sentido da origem etimológica, autismo vem da palavra de origem grega “autos”
cujo significado é “próprio, de si mesmo”, sendo caracterizado como um distúrbio neurológico que
três anos de idade (embora existam casos que até os dois anos de idade), ocorrendo cerca de
quatro vezes mais em meninos do que em meninas. Algumas características gerais são bem
(repetição de forma mecanizada de palavras) e inversão pronominal. São muito comuns problemas
a limitação de atividade espontânea. Crianças autistas embora não demonstrem, possuem alto
potencial cognitivo, mas possuem baixa capacidade de memorizar grande quantidade de material
sem sentido ou efeito prático, conforme será citado mais abaixo neste presente artigo.
O TEA também pode vir acompanhado de outros distúrbios, como depressão, epilepsia e
hiperatividade.
outros instrumentos que ajudam na identificação dos indivíduos afetados. Existem muitos métodos
área da educação. No que diz respeito ao tratamento com medicações, não existem medicações
e nem tratamento específico para tal transtorno, mas existem sim, algumas substâncias que são
De acordo com Schwartzman (1994), as causas para o TGD são de diversos fatores, que
antes dos três anos de idade, tendo como principais critérios perdas significativas da linguagem
coordenação motora.
diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com TEA, descreve que: “O tratamento deve ser
pessoa com TEA e seus familiares, direcionando suas ações ao desenvolvimento de funcionalidades
pois estas são dimensões básicas à circulação e à pertença social das pessoas com TEA na
Desde 2013, ano que foi lançado o último Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios
antes dividido em cinco categorias. Atualmente, os diagnósticos se dão através de diferentes graus
de funcionalidade. O espectro agrupa desde um quadro mais leve, ou quadros mais severos, tais
quais inteligência acima da média, em alguns casos, retardo mental, e baixa funcionalidade.
que antes era um dos principais pontos para o diagnostico hoje não é mais um dos principais.
842
Atualmente, os traços de distinção incluem inabilidade para interagir socialmente (ou dificuldade
muito grande), comportamento restritivo e repetitivo foram alterações propostas pela DSM-5. O
em funcionalidades.
movimentos e retardo mental, o que exige tratamento pela vida toda. Os de média funcionalidade
são os sintomas de autismo clássicos, ou seja, dificuldade de se comunicar, não olham nos olhos
citados, mas em grau leve, de forma que conseguem estudar, trabalhar, e formar família
normalmente. As pessoas que têm esse grau de Autismo chamam-se Aspies, nome derivado da
cento das pessoas que possuem Autismo ou Espectro Autista. As pessoas que possuem essa
síndrome possuem déficits psicológicos, porém são detentores de uma memória extraordinária.
AUTISMO E A APRENDIZAGEM
“Nos dias de hoje já se tem conhecimento sobre o trabalho realizado nas clínicas de
estimulação precoce ao autismo, onde, por meio de intervenções psicanalíticas com a mãe e
a criança, auxilia-se a realização do circuito pulsional entre a mãe e o bebê, podendo melhorar
a qualidade de vida de uma criança com autismo. Sabe-se que o desenvolvimento infantil não
obedece apenas aos mecanismos biológicos predeterminado, por isso, há uma dupla incidência
que considera por um lado o ritmo de maturação neurológica marcado pela genética e, por outro,
conhecimentos para uma maior evolução de saberes, uma vez que o entendimento integrado das
Para fazer isso, deve-se escolher a educação e trabalhar com o autismo aliando as óticas das
843
aprendizagens, pois entende-se que devem investigar as relações entre os diversos aspectos
biopsicossociais dessa patologia quanto à condição de um sujeito como único. Assim, os professores
poderão tratar a demanda da criança, levando em consideração tanto sua subjetividade quanto
as questões fisiológicas, respeitando o tempo de cada um, havendo evolução, mas também a
O AUTISMO E A ESCOLA
Muitas vezes a criança chega para uma avaliação psicológica encaminhada pela escola.
Quando esta criança se “destoa” dos demais em suas relações sociais, é muito provável que
professores encaminhem esta criança para esta avaliação. Assim como a saga dos pais para
professoras sempre tem um relato citando uma linguagem monótona, repetitiva e de uma pobre
Além disso, desorganizam-se e não sabem lidar bem com as mudanças na rotina.
Preferem ficar isolados e repetidamente com as mesmas atividades, incomodam-se com barulho
dos colegas ou do entorno cobrindo as orelhas. Nunca irão experimentar alimentos novos na
escola, aceitando apenas os rotineiros lanches. Com todas estas questões, os pais vão a buscas
PARA APRENDIZAGEM
diagnostico que criança é autista, ou seja, TEA. Pertencer à expressiva fração de 1% da população
que está no espectro do autismo, é justificado pelas características clínicas que envolvem déficits
nas áreas de comunicação e engajamento social, além dos interesses restritos e comportamentos
repetitivos.
São descritas algumas das formas que pais e professores descobrem que a criança
844
tem Autismo. As particularidades que envolvem cada caso geram um desafio adicional para as
escolas, pois muitas vezes os cursos de graduação em pedagogia não lhes oferecem formação
No entanto, é dever que as escolas estejam preparadas para receber os autistas, não sendo
uma mera questão de ideologias, muito menos de opinião. Desde 2014, com a regulamentação da
Lei Berenice Piana (n° 12.764, de 27 de dezembro de 2012), pessoas com TEA são consideradas
com uma deficiência e, portanto, têm direito à inclusão social e proteção. Passado este momento,
Notbohm (2005), chama a atenção para o auxílio necessário e fundamental nas interações
sociais. “Estruturar e definir o começo e o fim das atividades pedagógicas pode contribuir para a
participação da criança, uma vez que expressões faciais, emoções e linguagem corporal são em
Muitas escolas são acolhedoras, mas uma com inclusão de qualidade, projeto pedagógico
bem elaborado e profissionais bem formados e capacitados ainda é uma busca constante para a
gestão e professores, de forma que escola pode contribuir para um desenvolvimento mais amplo.
Apesar das dificuldades iniciais, a aprendizagem nos sinaliza que quanto mais estímulos, melhor
desenvolvimento o aluno autista terá. A chamada “neuroplasticidade” pode ser definida como a
capacidade que o cérebro possui de se reorganizar e modificar sua estrutura em resposta aos
dos neurônios responsáveis por atuar em atividades como linguagem, coordenação motora e em
interações sociais. Sendo assim, o cérebro humano pode ser considerado altamente plástico.
Para quem está no Transtorno do Espectro Autista (TEA) a neuroplasticidade significa possuir
o aluno com tal condição vai sendo submetido em muitos sentidos, sobretudo sensoriais, da
Para “ativar” o potencial que a neuroplasticidade pode ter sobre a condição de quem possui
o TEA, por isso, quanto mais cedo são introduzidas novas práticas pedagógicas e rotinas capazes
de estimular o funcionamento cerebral, sem contar que os neurônios ainda podem treinados para
845
CONSIDERAÇÕES FINAIS
é o ano que as crianças vivenciam experiências significativas, a beleza das descobertas, das
aprendizagens, das interações com o outro e com o mundo, a inserção ao mundo letrado.
culturais de cada um, configurando a existências de múltiplas infâncias e de várias formas de ser
criança.
aprendizagem e relacionamento, bem como interações das crianças na escola, mostrando que
Para que a alfabetização aconteça, é preciso criar mecanismos para utilizá-la. Para isso,
é preciso ter definidos os objetivos e saber escolher quais são as atividades mais adequadas às
primeiros anos do Ensino Fundamental ultrapassa o âmbito da educação especial, pois ao pensar
em uma escola para todos, questiona-se a própria constituição das interações nesse espaço e
“Portanto, reforça-se a ideia de que, a inclusão depende da lógica das relações, em que os
referentes são múltiplos e simultâneos, ao contrário da lógica de classes em que o referencial
para o pertencimento é único e externo. Embora para o conhecimento, diferenças e
semelhanças são, igualmente fundamentais pois o desafio está em relacioná-las de um
modo diverso, reconhecendo as semelhanças sem apagar as diferenças, mas colocando-se
em relação a elas, aprendendo com elas, (VASQUES 2003)”.
que as crianças com autismo gostem, de forma a possibilitar que possam escolher vivências
encorajadas sempre pelo grupo e que as outras crianças convidem para participar das atividades
alfabetização para que ocorram interações, mesmo que ainda não interfira, a não ser quando
846
solicitada ou para ampliar e desafiar seu desenvolvimento.
847
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848
O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?
RESUMO
No século XXI, a relação entre os homens e o ambiente ultrapassou a questão da simples sobrevivência. No transcorrer
deste século, para se atender as necessidades humanas o cenário é preocupante em virtude de uma equação
desbalanceada: retirar, consumir e descartar. Ao contrário de outros seres vivos que, para sobreviverem, estabelecem
naturalmente o limite de seu crescimento, e consequentemente, o equilíbrio com outros seres e o ecossistema onde
vivem, a espécie humana tem dificuldade em estabelecer o seu limite de crescimento, assim como para relacionar-
se com outras espécies e com o planeta. A educação ambiental envolve os processos por meio do qual o indivíduo
e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente: bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
É importante que sejam planejadas ações educativas voltadas às atividades de proteção, recuperação e melhoria sócia
ambiental, e de potencializar a função da educação para as mudanças culturais e sociais em que se insere a Educação
Ambiental no planejamento pedagógico visando a cultura escolar voltada para o desenvolvimento sustentável. As
escolas como espaços privilegiados na implementação destas atividades têm o poder de sensibilizar educandos e
a comunidade de modo a a construir valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as
demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente as razões e ou os interesses que têm
levado à destruição inconsequente dos recursos naturais, o desperdício, o consumo desenfreado, a destruição de
reservas ambientais e várias espécies da fauna e da flora. Tendo a clareza de que a natureza não é fonte inesgotável
de recursos e de que suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e
considerando a reciclagem como processo vital.
INTRODUÇÃO
Historicamente, a humanidade, como um todo, não tem cuidado bem do planeta, nem dos
seres que nele vivem. De acordo com DIAS (1993), há uns cinco milhões de anos os primeiros
seres humanos que habitaram o Planeta enfrentaram inúmeras dificuldades e desafios, pois “a
natureza era mais poderosa que os homens”, e os afetava mais do que era afetada por eles.
Todos precisavam saber quais frutos serviam para comer, onde encontrar água durante a seca,
como evitar animais selvagens, que plantas serviam para fazer um bom remédio, ou se poderiam
849
ser utilizadas como materiais de construção.
foi sendo repassado de geração em geração, muitas vezes acrescido de novas descobertas, e a
natureza passou a ser entendida como “algo separado e inferior à sociedade humana”, ocupando
Porém, desde o século passado, especialistas alertam o mundo sobre o que eles
denominam como sendo uma equação desbalanceada: para se atender as necessidades humanas
a ações de retirar, consumir e descartar podem ser as responsáveis pelo desequilíbrio ambiental
que em decorrência de seu mau uso, desperdício e poluição tem trazido mudanças climáticas
gratuito, com reposição infinita de estoque”, gerando, entre outros, o esgotamento de recursos
desta realidade.
(ANTUNES, 2004).
Para DIAS (2002), o Desenvolvimento Sustentável consiste no uso racional dos recursos
ambiental continue. Para o balanceamento desta equação faz-se necessário o correto manejo dos
recursos naturais de forma eficiente e sustentada, sendo suficientes para atender as necessidades
dos atuais seres vivos e preservando uma quantia necessária para as futuras gerações.
850
A sustentabilidade no tempo das civilizações humanas, segundo Sachs (2004), vai
um bom uso da natureza. É por isso que falamos em desenvolvimento sustentável. A rigor, a
economicamente sustentado.
que não se pode haver desenvolvimento e crescimento econômico de modo a gerar na natureza
sobrecargas insustentáveis para a vida em geral e para o próprio processo econômico que se
é como disseminar essa informação para a população, de modo que se cobre dos governantes a
Estas mudanças climáticas estão trazendo secas mais intensas, inundações, furacões,
o consumo de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e gás, para a diminuição da emissão
de gases poluentes e não favorecer as mudanças climáticas. Temos de poupar as matérias primas
não renováveis e reciclá-las para não sobrecarregarmos o planeta, assim como é preciso informar
e educar as pessoas. A educação ambiental é decisiva, pois mostra que há outros modos de viver,
esses temas com a devida apreciação dos políticos e dos governantes, transformando em
necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão
Nesse contexto, segundo Leonardi (1999), a educação ambiental aponta para propostas
níveis: formal- aquela que está diretamente ligada à Educação Ambiental tal como ela se apresenta
nos PCNs de meio ambiente: relação ser humano-natureza; sociedade e cultura; concepção da
um todo, atividades educacionais que estão voltadas mais para tecnologias, como por exemplo:
digitação eletrônica, pintura, aula de violão, horta e outras . Assim, a educação ambiental deve
buscar uma visão holística de ação, relacionando o homem, a natureza e o universo em uma
perspectiva na qual os recursos naturais são finitos e que o principal responsável pela sua
A nova Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (PHILIPPI, 2001) veio
conferir uma nova identidade ao Ensino Médio, determinando que este seja considerado como
Educação Básica. A reforma curricular do Ensino Médio estabeleceu uma divisão do conhecimento
escolar em áreas, pois entende que os conhecimentos estão cada vez mais imbricados aos
conhecedores, seja no campo técnico-científico, seja no âmbito do cotidiano da vida social. Esta
organização em áreas tem como base a reunião daqueles conhecimentos que compartilham
objetos de estudo, portanto, se comunicam mais facilmente, criando condições para que a prática
referência nacional na área de Educação, tratando-se pela primeira vez oficialmente no Brasil
toda a prática educativa que abarca relações entre os alunos, entre professores e alunos e entre
diferentes membros da comunidade escolar (ROSA, 2001). Seus objetivos visam propiciar aos
do currículo na construção do projeto pedagógico. Pois um trabalho com essa perspectiva aponta
abordagem de temas comuns em todas elas, os temas transversais permeiam todas as áreas
para ajudar a escola a cumprir seu papel maior de educar os alunos para a cidadania. Isto quer
dizer que a adoção dos temas transversais pode influir em todos os momentos escolares, desde
a definição de objetivos e conteúdos até nas orientações didáticas. Com eles, pretende-se que
os alunos cheguem a correlacionar diferentes situações da vida real e a adotar a posturas mais
Nesse momento, a Educação Ambiental está vendo reforçada sua importância no ensino
formal por dois caminhos: a reorientação curricular produzida pelo Ministério da Educação e
Cultura-MEC, que por meio dos PCN’s, introduziu o tema Meio Ambiente como um dos temas
meio da Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999, que entre outras coisas, legisla sobre a introdução da
atividades planejadas que permitam a inserção progressiva das crianças no meio local, regional,
nacional e internacional, de forma progressiva. Sendo assim, por ser um processo duradouro,
a Educação Ambiental pode ajudar a tornar mais relevante a educação geral, a começar pelo
ensino fundamental. Esta pode ser considerada como uma base na qual se desenvolvam novas
maneiras de viver sem destruir o meio ambiente, ou seja, um novo estilo de vida.
com relação ao cuidado com o Planeta que habitamos, começando pela nossa casa, escola,
bairro e cidade, pois a Educação Ambiental caracteriza-se por incorporar as dimensões éticas,
Para Vigotski apud Bock (2002), a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas.
A criança humaniza-se através do contato com a cultura, que é mediado pelo “outro” (outra pessoa,
Portanto a Educação Ambiental, no universo escolar formal, deve envolver uma perspectiva
853
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e
ambiental implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992). Ressaltado que as gerações que
forem assim formadas crescerão dentro de um novo modelo de educação criando novas visões do
que é o planeta Terra. Entretanto, não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora
de uma cultura que é predatória ao ambiente, ou se limita a ser somente uma repassadora de
informações. Nesse caso, as reflexões que dão início a implementação da Educação Ambiental
devem contemplar aspectos que não apenas possam gerar alternativas para a superação desse
quadro, mas que o invertam, de modo a produzir consequências benéficas (ANDRADE, 2000),
respeito mútuo entre todos os diferentes membros de nossa espécie (CURRIE, 1998).
Dentro da escola deveremos encontrar meios efetivos para que cada aluno compreenda
os fenômenos naturais, as ações humanas e sua consequência para consigo, para sua própria
espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva
que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que
habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição
inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é
fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional,
evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais espécies
que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso, a manutenção da biodiversidade
e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais, considerando que é necessário ter condições
transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola está inserida como
outras propostas, que os trabalhos relacionados à Educação Ambiental na escola devem ter,
formar um cidadão mais atuante; sensibilizar o professor, principal agente promotor da Educação
Ambiental; criar condições para que, no ensino formal, a Educação Ambiental seja um processo
dos fatos e a ter uma visão integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve
presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas
e das atividades escolares. Assim sendo a escola é o espaço social e o local onde o aluno será
sensibilizado para as ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar sequência ao
A metodologia teórica e prática dos projetos ocorrerão por intermédio do estudo de temas
geradores que englobam aulas críticas, palestras, oficinas e saídas a campo. Esse processo
escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a história da área para, enfim, conhecer seu
projetos de intervenção.
projetos e cursos de capacitação de professores para que estes sejam capazes de conjugar
alguns princípios básicos da Educação Ambiental, como: Nesse contexto a educação ambiental
855
aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento,
educandos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, é importante que antes de mais nada seja feita a problematização
Ambiental nunca esteve tão em alta, ainda que lá atrás o tema já houvesse surgido com ares
alguns aspectos descontrolado do ponto de vista de ações e políticas públicas que combatam ou
questões políticas que envolvem atores, interesses e concepções de mundo diferentes, e que
da questão ambiental é preciso que se defenda que a teoria é e deve ser subordinada a política e
educação ambiental deve se dar com ênfase em vários aspectos e não somente na perspectiva
teórica que fatalmente reduz a complexidade do real , em uma dimensão global mescla os
um processo educativo identificado com a autonomia individual e o aluno se limita e não pode
É uma questão ética e moral o fato de que a reflexão sobre o meio ambiente nas
escolas deve estar acompanhando de perto todo esse processo de mudanças ambientais e
consequentemente estar à frente das discussões que se desenrolam no mundo e assim conhecer
e entender as causas e, mais que isso, ser capaz de propor soluções, visto que, a educação é
a ferramenta que criamos para garantir a continuidade e expansão do conhecimento sobre nós
por formar, orientar e conduzir o desenvolvimento das atuais e novas gerações, transmitindo-
sintonizados com a realidade O desafio maior, é transpor as barreiras existente ,por exemplo, em
uma grade curricular que não abre muitas portas para a realização de aulas práticas no campo.
Muitas vezes, uma agenda rígida a ser cumprida impõe um processo engessado longe da
realidade que transpõe os muros da escola, o canal de comunicação entre a escola e a sociedade
deve estar aberta nesse sentido; a informação que chega á escola deve dar resposta para fora,
ao intervir, convidar para a reflexão, ponderação e então atuar para transformar a realidade em
A reflexão no âmbito escolar deve suscitar discussões que convidem o aluno a examinar
seres vivos, o que sabe sobre a reprodução das espécies e a origem dos recursos naturais.
perante as atuais e futuras gerações a prática da Educação Ambiental nas escolas têm de ganhar
status de política de Estado e permear toda sociedade. A transformação que urge é de alunos
conscientes de suas ações e de suas consequências com o meio ambiente capazes de atuarem
Dado que o ser humano é aquilo que vivencia, é possível, a partir da Educação Ambiental
nas escolas que surjam conceitos importantes e valores para toda a vida dos educandos diante
da natureza e na relação com a natureza ainda que muito ainda tenha que ser feito, tanto na
escola quanto na sociedade, mas que são imprescindíveis diante do contexto ambiental.
As leis não foram suficientes para que o homem não avançasse em sua destruição e
devastação do meio ambiente, mas sem elas, certamente o cenário seria pior, nesse contexto,
que abordem até mesmo o aspecto geográfico, histórico e abrangência destas leis, mergulhando
a fundo na legislação pertinente a fim de fazer uma associação com o aspecto da legislação,
No Brasil, vigoram inúmeros dispositivos da lei que impõem limites em áreas de preservação,
em áreas preservadas e outras leis que limitam o poder do homem em sua relação com a natureza.
poder público tem trazido consequências graves ao meio ambiente, o que pode levar às gerações
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