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Lastros “culturais” em Nosso Tempo - 2

(Ad usum privatum)

Mons. Expedito Pereira Cavalcante


Digitação e arranjos: Diego Lima de Oliveira

Emilianópolis, 11 de julho de 2018


Observação

No título geral lemos: Lastros “culturais” em nosso


tempo; lastros “culturais” vêm entre aspas, entendendo-se
que a palavra “culturais” seja um termo que contenha a ideia
de algo sumamente positivo. Nem sempre o que aqui
chamamos “culturais” corresponde, de fato, ao que o termo
quer significar, porque trata-se de algo que esteja infiltrado,
inadequadamente, em nosso comportamento filosófico-
religioso, sócio-político-econômico, etc, com algo que está
realmente prejudicando e até mesmo de modo tão
arquitetado até mesmo não perceptível pela maioria
esmagadora de pessoas, sejam elas marcadas por
verdadeiros lastros culturais, mas que, por alguma razão,
não detectaram o que, na cultura, funciona como
deteriorante dá mesma, isso em face da própria
complexidade cultural e da própria mobilidade do tempo.
Índice

1. Controvérsias várias ................................................................................................... 11


Força-tarefa investiga 500 por "lavagem" de dinheiro; 137 são políticos .................... 13
Cientologia ............................................................................................................................ 15
Cientistas lutam para defender teoria da evolução ........................................................... 49
Equipe internacional de cientistas decifra o cromossomo X .......................................... 53
Big Bang ................................................................................................................................ 57
Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem cristianismo, diz Papa ..................... 65
Telescópio da NASA descobre um sistema solar com sete planetas como a Terra ..... 67
Cientistas britânicos dizem ter achado na atmosfera vida originada fora da Terra ..... 73
"O milagre chinês terminará em breve", diz ministro do meio-ambiente do país ....... 77
Coréia do Norte está voltando às negociações nucleares, dizem EUA e China ........... 83
Lenin - o revolucionário discreto ....................................................................................... 87
Vitória de Sócrates ............................................................................................................. 101
Abadia de Westminster proíbe filmagens de "O Código da Vinci" ............................. 103
Manuscrito Egípcio do Século IV: Relata Jesus Como Ser Que Muda a Aparência ..... 105
Restos mortais de São Pedro serão expostas pela primeira vez na História ao público,
dia 24 de novembro, com a presença do Papa Francisco. ............................................. 109
Revolução marxista na nova base curricular do Ministério da Educação ................... 131
CNBB sai em defesa de Dilma e ataca Cunha ................................................................ 135
2. Controvérsias na Política Brasileira ......................................................................... 137
Conteúdo do Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé sobre o
estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil .................................................................. 139
Relações Bilaterais Da Santa Sé............................................................................ 159
Organismos Intergovernamentais e Programas Internacionais ............................. 167
Parti Contraenti Con La Santa Sede ...................................................................... 171
Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé ................................ 179
Comissão do Senado aprova acordo entre Brasil e Vaticano; projeto vai a plenário . 181
Item 2: PDC 1736/2009......................................................................................... 185
Projeto de Decreto Legislativo Nº, de 2009 .......................................................... 187
Acordo entre a República Ferederativa do Brasil e a Santa Sé ............................. 189
Projeto de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas .......201
Eleições Limpas .................................................................................................................. 241
PT – Caderno de Teses ...................................................................................................... 267
Um partido para tempos de guerra ........................................................................ 267
Resgatar o petismo no PT...................................................................................... 305
Mudar mais: Por um novo ciclo de mudanças democráticas no país .................... 319
Contribuição da Militância Socialista ................................................................... 353
O 5º. Congresso do PT: Manifesto ........................................................................ 379
O tempo não para .................................................................................................. 397
Abaixo a Política de Austeridade .......................................................................... 427
Nota da CNBB sobre as eleições municipais .................................................................. 437
Tentando apagar a História da Grilagem do Pontal ....................................................... 439
Manifesto contra a legalização da grilagem no Pontal (PL 578/2007)........................ 443
Um Projeto de Vida para o Pontal .................................................................................... 447
Doze falas de Dom José aos representanres do governo ............................................... 451
Projeto de Lei Nº 2155, de 2007 ....................................................................................... 453
Consulta Tramitação das Proposições ............................................................................. 455
Vida ou Morte ..................................................................................................................... 459
Bebê nasce e sobrevive com 4 meses e meio ........................................................ 460
De onze a doze semanas ........................................................................................ 461
Operação Cesariana ............................................................................................... 463
Envenenamento Salino .......................................................................................... 464
A vida humana com 8 semanas ............................................................................. 465
Dilatação e Corte ................................................................................................... 466
Aspiração ............................................................................................................... 467
CNBB: Bispos respondem a jornalistas sobre política e corrupção ............................ 469
Declaração da CNBB sobre eleições municipais ........................................................... 473
Integra da Declaração sobre as Eleições Municipais ..................................................... 475
Igreja vai orientar voto anticorrupção .............................................................................. 479
Propaganda eleitoral na Internet só pode ser divulgada em página exclusiva da
campanha ............................................................................................................................. 481
Projeto de Lei Nº, de 2009 ................................................................................................ 487
Projeto de lei N.º 5.129 (5.126), DE 2009 ...................................................................... 491
Atenção! A próxima tarefa é resistir à reforma política do PT, que golpeia a
democracia, com a ajuda das batinas da CNBB e dos terninhos mal cortados da OAB
Nacional ............................................................................................................................... 493
A Reforma Política da CNBB, OAB e outros. Que outros? ......................................... 497
Reforma Política da CNBB? Não assine!........................................................................ 501

8
Bomba! Arcebispo de Salvador diz que reforma encabeçada pela CNBB não tem
consenso dos bispos ........................................................................................................... 505
Eleições 2016 ...................................................................................................................... 509
Pessoas citadas nas delações homologadas ..................................................................... 517
Encontro sobre cidadania e política ................................................................................. 519
Homilia na Missa pelos políticos eleitos ......................................................................... 521
Encontro com os candidatos, algumas orientações ........................................................ 525
Dom Fernando Rifan - Em Defesa da CNBB ................................................................. 531

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1. Controvérsias várias
Força-tarefa investiga 500 por "lavagem" de dinheiro; 137 são
políticos

da Folha Online

Balanço divulgado hoje por força-tarefa que investiga


"lavagem" de dinheiro por meio das contas CC5 do Banestado aponta
que 411 servidores públicos e 137 políticos participaram da
movimentação financeira ilegal.

Segundo laudo da perícia, foram remetidos US$ 24 bilhões ao


exterior entre 1996 e 2000. A maioria dos servidores envolvidos é
formada por "laranjas".

Entre os políticos, a força-tarefa listou prefeitos, deputados e


vereadores que concorreram nas eleições de 1998, 2000 e 2002,
mas cujos nomes não foram divulgados porque as investigações não
estão concluídas.

A evasão de divisas foi constada por meio de cruzamento


dados com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e os TREs (Tribunal
Regional Eleitoral).

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo procurador-


geral da República, Cláudio Fonteles, que fez um balanço dos
trabalhos da força-tarefa, formada por integrantes do Ministério
Público Federal, Banco Central, da Polícia Federal, Receita Federal
e da CPI instalada no Congresso.

Fonteles afirmou que o envio da base de dados das


investigações à Receita possibilitou a identificação de sonegadores
e provocou um aumento das autuações fiscais da ordem de R$ 3
bilhões.
Os 411 servidores federais, de acordo com as investigações,
movimentaram cerca de R$ 460 milhões em 2001, embora seus
rendimentos no mesmo período fossem da ordem de R$ 307 milhões.

O cruzamento entre os rendimentos declarados ao Fisco por


esses contribuintes e sua movimentação via CC5 indica uma
variação patrimonial que representa sonegação fiscal de cerca de R$
15 milhões.

Histórico

A força-tarefa funciona desde maio do ano passado e desde


então já denunciou 375 pessoas em Curitiba e outras 68 em Foz do
Iguaçu, o que resultou em 16 condenações, sendo três delas com
sentença transitada em julgado (que não cabe mais recurso).

Foi pedido o sequestro de bens de 109 pessoas e arrestados


bens no valor de mais de R$ 107 milhões. Não estão incluídas nesse
valor as quantias arrecadadas com fianças, que em alguns casos
foram elevadas, como, por exemplo, os R$ 700 mil pagos pelo
gerente de um Banco do Paraguai.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u63799.shtml

14
Cientologia

sex, 13/03/2009 - 21:07 — Ademir Guerreiro

Mito da Criação

Segundo a Cientologia há 75 milhões de anos, vários planetas


se reuniram numa "confederação das galáxias", governada por um
líder do mal chamado Xenu. Como os planetas estavam com
problemas de superpopulação, Xenu mandou bilhões de seus
habitantes para Terra, onde foram mortos com bombas de
hidrogênio. Seus espíritos - chamados de "thetans" - são os seres
humanos.

Dogmas

Os dogmas centrais da seita são baseados na crença de que


uma pessoa é um ser espiritual imortal (referido como "thetan"),
dotado de mente e corpo, ambos basicamente bons, que buscam a
sobrevivência. A Cientologia assegura que a sobrevivência do
homem depende de si mesmo, de outras pessoas e da sua interação
com a comunidade cósmica. Uma pessoa tem as suas limitações
autodidatas, e seus atos nocivos podem ser atribuídos em parte a
uma porção inconsciente da sua mente, chamada "mente reativa" ou
"barreira". Esta porção da mente, acredita-se, é utilizada para
guardar eventos passados guardados no inconsciente, traumas
físicos e emocionais, os quais podem ser reativados por ocasião de
estresses. A porção consciente da mente humana é referida como
"mente analítica".
A prática principal da cientologia e da dianética é uma atividade
conhecida como "audição" ou "auditoria" (do inglês auditing), que
procura levar um adepto a um estado de clareza, numa libertação
das influências da mente reativa. A prática é executada por um
conselheiro chamado "ouvidor", que dirige uma série de perguntas
ao interessado para entender e gravar as suas responsabilidades e
conhecimentos adquiridos. O objetivo é capacitar o interessado a
restabelecer o controle volitivo e de percepção do material
previamente guardados na sua mente reativa.

A forma inicial do processo dianético, ainda praticado hoje,


envolve um cenário reminiscente da psicanálise freudiana, com o
analisado deitado, recostado num sofá e num estado reflexivo
chamado "devaneio dianético" enquanto o analista, sentado próximo
numa cadeira toma notas, propondo perguntas e respostas sobre as
declarações do analisado e um número "indicativo" fisiológico.

Algumas formas avançadas de auditoria empregam um


dispositivo chamado eletropsicômetro de Hubbard ("E-Meter"). Esse
dispositivo mede as trocas na resistência elétrica da pele do
analisado, fazendo passar 1/2 volt através de um par de tubos, de
chapa de zinco, cheios de uma solução química, apoiados na pele
para medir as ondas e gravá-las, enquanto se ouve o analisado.
Estas trocas pequenas na resistência elétrica, conhecida como
resposta galvânica, são similares àquelas obtidas pelo polígrafo.
Máquinas análogas são aceites por adeptos da igreja por serem mais
seguras e sensíveis ao estado mental do analisado do que o
fisiológico "Indica" da recente dianética.

Estas práticas da Cientologia são custosas, podendo variar de


US$ 750,00 a US$ 8.000,00.

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Outras atividades das igrejas da cientologia são cultos aos
domingos, aulas formais, batismos, casamentos e cerimônias
religiosas. Também procuram e visitam um número básico de
comunidades para atividades caritativas, como fornecimento de
comida, combate ao uso de drogas e ao analfabetismo.

Relação com outras religiões

A Cruz da Cientologia possui 8 pontas representando as oito


dinâmicas da vida.

A Cientologia alega que desde o início teve as suas crenças e


práticas compatíveis com outras religiões. Alega também gozar de
boas relações e reconhecimento com os cristãos, budistas e outras,
por décadas, antes de ser formalmente reconhecida e isenta de taxas
como organização religiosa e de caridade pelo governo dos EUA, em
1993, após uma longa batalha legal. Supostamente foi reconhecida,
em 1994, pelo conselho dos budistas xinto (Yu-itsu-shinto) com sede
no Japão, não só estendendo o reconhecimento oficial da cientologia,
mas tomando a si a tarefa de treinar inúmeros monges nas crenças
e práticas adjuntas às meditações e orações. No entanto esta
afirmação (como muitas das anteriores) tem credibilidade duvidosa e
não foi confirmada até o momento por fontes externas à cientologia.
Seria supostamente uma ocorrência da tradição de algumas religiões
orientais de assimilação ou adoção de elementos de outras crenças
que se não contradigam diretamente com os seus princípios. Alega-
se que isto ocorreria devido à reflexão do fato de Hubbard reconhecer
a força oriental e especificamente a influência Budista na formação
da sua própria filosofia.

17
Crítica

Críticos da cientologia apontam para a falta de base científica


para o E-meter e outras práticas. Em resposta contraditória, a igreja
clama que a cientologia é uma religião e não ciência não dando
suporte a pesquisas científicas e diz que da mesma forma que o
polígrafo usa a condutividade elétrica da pele para indicar se estão
sendo agradáveis as questões e respostas, pode ser um instrumento
que mede resposta galvânicas. Também nos serviços gratuitos aos
domingos, em leituras e semelhantes, membros são convidados para
dar aulas, exercícios, sessões de conselhos, média de doações fixas
sem obrigações, em alguns casos de milhares de dólares.
Geralmente as altas expectativas de doações são para as mais
avançadas atividades de iniciação. Críticos dizem que é impróprio
fixar doações para serviços religiosos e, portanto, a atividade não é
religiosa. A igreja diz que quase todas as classes de exercícios e
aconselhamentos podem também ser comercializados de forma
agradável ou executados cooperativamente por estudantes, sem
custos, e que os membros mais devotados de uma ordem
eclesiástica necessitam de donativos, não para serviços e sim de fato
para suporte de toda a igreja. Outras práticas tais como dispensar a
fixação de donativos pela Igreja católica ou fixação de dízimos com
outras denominações são levantadas como evidência de uma
antiquada tradição religiosa de fixar donativos. Em muitos países,
como a Alemanha estes donativos tornaram-se obrigatórios por ação
do governo, como um imposto.

Críticos frequentemente atacam a organização chamada de


"Igreja da Cientologia", acusando-a de "lavagem cerebral" e outras
táticas para influenciar membros para doar grandes quantidades de
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dinheiro em cultos práticos padronizados. Membros negam que este
seja o caso e inúmeros líderes da comunidade psicológica
publicaram trabalhos defendendo fortemente a validade da "lavagem
cerebral" afirmado pelos relatos chamando-os de "cultos".

Enquanto os rumores de que Hubbard apostara com Robert A.


Heinlein que ele iria criar uma religião seja certamente falso, outros
reivindicam que tinham conhecimento que durante 1949 Hubbard
passou para outras pessoas as instruções que iniciariam um bom
caminho para ganhar dinheiro. Escritor e editor Lloid Arthur Eshbach,
por exemplo, refere-se a Hubbard dizendo "Vou criar uma religião. É
o que dá dinheiro". O escritor Theodore Sturgeon refere que Hubbard
fez similar afirmação na Sociedade de Ciência da Fantasia de Los
Angeles. A Igreja de Cientologia negava estas declarações e
suplicara ao editor para negá-las. Membros diziam que a verdade ou
a falsidade de tais alegações eram irrelevantes e asseguravam que
na igreja encontrariam suas necessidades espirituais.

Do ponto de vista da censura dizia-se que a Igreja oficial


procurava um seguidor ou outro para romper o contato com a família
e amigos que tinham antagonismo pela sua religião (um hábito
comum a muitas seitas). Em resposta a Igreja expulsava os que eram
usados para policiar, chamando este ato de desconexão, tendo como
alvo assegurar a paz espiritual dos seguidores em face das pessoas
que os criticavam por sua filiação. A prática atual corrente da igreja
aponta para isto; que se requeira aos membros que tiverem
significantes confusões originadas em suas famílias e com amigos
para cessar a sua participação nos serviços da igreja e não os retome
até as suas diferenças com eles terminem e que fiquem só no
passado.

19
Críticos igualmente reclamam terem percebido os segredos
sobre os ensinamentos da Cientologia, afirmando que a igreja
reconhece os mais sutis graus de iniciação mostrando que há
ensinamentos talvez entendidos como místicos, e que servem
somente para os mais esclarecidos e serenos espíritos. Por outro
lado, os crentes são convidados a comprar ou adquirir nas livrarias
mais de 300 diferentes livros que versam sobre os ensinamentos e
as práticas da igreja salvo os considerados secretos. No caso da
Igreja da Cientologia vs. Fishman e Geertz o autor cientologista
Steven Fishman descreve em sua defesa algumas destas propostas
secretas com documentos da "Operação Thetan" atribuídos a
Hubbard que descreve a crença em inteligencia extraterrestre e um
ser supremo intergaláctico demoníaco que oprime os espíritos livres,
tal como nas táticas de ficção científica. A igreja investiu contra o
caso Fishman e pediu à justiça para proibir a exibição dos
documentos. A igreja também usa a lei do copyright para evitar que
outras pessoas publiquem partes deste e de outros documentos.

O próprio fundador instituiu a prática de "fair game" como forma


de utilizar o sistema judicial como ferramenta para assediar os seus
detratores públicos forçando-os a longos, penosos e onerosos
processos judiciais e apesar de continuadamente negado, vários
cientologistas tem história de uso de força bruta contra seus críticos
(tais organizações são chamadas de supressoras de pessoas). Elas
têm usado processos judiciais contra pessoas, jornais, revistas,
estúdios de televisão, serviços de provedores de internet, agências
governamentais e outras. Possuem uma quantidade recorde de
testemunhos, por exemplo, um documento policial emitido em 1967
contra uma organização de jogos (se bem que tenha sido revogado

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posteriormente) o qual é lançado contra seus críticos e diz: "Devem
ser enganados, processados, fraudados ou destruídos." A Igreja é
uma das poucas organizações convictas de uso da fraude e do pleno
uso frívolo dos processos judiciais com o fim de causar perturbação.
A Fundação Fronteira Eletrônica mantém em
http://www.eff.org/pub/Censorship/Cos_v_the_Net/archive documentos que

relatam todos os esforços dispendidos pela igreja para interferir


online com seus críticos. A organização explica que esta é a única
forma que a igreja tem para sobreviver num ambiente tão hostil. Em
épocas recentes, por exemplo, os Mórmons pegaram em armas e
organizaram milícias para se defender dos que eram hostis a sua fé.
A cientologia, vem demonstrando que prefere os meios cíveis em
lugar das armas.

Alguns inimigos jurados da cientologia acusam a organização


de manter uma operação "pasta negra" contra seus oponentes.
Certamente gostariam de ver a igreja não sair em socorro de si
própria, como ocorreu em 1970, quando um agente da igreja foi
apanhado furtando documentos da cientologia nos arquivos da
inteligência IRS. Depois deste episódio, ministros da igreja de Los
Angeles, Califórnia e Washington D.C. foram descobertos e
denunciados antes que acontecesse uma invasão de agentes do FBI.
Onze componentes da equipe, alguns de alto posto se declararam
culpados ou foram condenados pela alta corte baseadas nas
evidencias colhidas pelo FBI e receberam sentenças de 2 a 6 anos
(algumas suspensas). Há desacordo nas altas esferas da igreja
devido as ações secretas para divertimento. Sabe-se que o ramo dos
"brincalhões" "subiu nos sapatos" para o evento, "tirando os
intestinos" da equipe e dúzias de pessoas foram expulsas ou sujeitas

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a pequenas sanções. A Igreja afirma que uma vez reorganizada, não
irá permitir a formação de ramos com similar autonomia como os
primeiros "brincalhões."

Cientologistas têm sido acusados por muitos anos de se manter


lidando em seu ambiente de uma forma paranoide, reclamando de
conspiração do governo, estabelecimentos médicos e psiquiátricos
contra sua sobrevivência. Em 1993, ao mesmo tempo que havia o
reconhecimento oficial da cientologia como Igreja, o Serviço da
Receita Federal dos Estados Unidos fazia circular pela imprensa e
governos estrangeiros documentos com literatura explicativa.
Reconhecem que uma violação da sua autoridade foi mais ou menos
coordenada numa campanha que remonta próximo de 1993 e o IRS,
FBI e agências governamentais haviam apresentado uma grande
quantidade de informações sobre a cientologia, para agências de
inteligência estrangeiras.

Críticos reclamam que o acordo para o reconhecimento da


igreja e a objeção contra ela havia sido exortada pelo IRS, que nega
sem rodeios esta acusação.

Em alguns países, especialmente na Europa, governos e ou


côrtes concordam com os críticos acerca dos efeitos negativos da
cientologia. Em muito poucos casos a organização é banida; mas
frequentemente é uma obstrução de pouco alcance, tais como o não
reconhecimento como organização religiosa ou graus de dificuldades
para a cientologia receber observadores em suas reuniões.

A cientologia deve ser bem estudada antes de maiores


conclusões.

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Exemplos de casos:

Na Grécia:

• A Justiça ordenou a dissolução da secção grega de


Scientology situada na Grécia e que tem o nome de
"Kephe". A decisão foi tomada depois de um processo
que terminou em 7 outubro de 2006.

Fonte: http://www.ademirguerreiro.net/textos_explicativos/assunto-do-texto/cientologia

Cientologia é um conjunto de crenças e práticas relacionadas


criado por L. Ron Hubbard (1911–1986), começando em 1952, como
sucessor ao seus sistemas de autoajuda chamado Dianéticas.
Hubbard caracterizou a Cientologia como religião e em 1953
incorporou a Igreja da Cientologia em Camden, Nova Jersey.

Cientologia ensina que as pessoas são seres imortais que se


esqueceram de sua verdadeira natureza. Seu método de reabilitação
psiquiátrica espiritual é um tipo de aconselhamento conhecido como
Auditoria, no qual os praticantes visam reviver conscientemente os
eventos dolorosos ou traumáticos de seu passado a fim de libertar-
se dos seus efeitos limitantes. Os materiais de estudo e cursos de
auditoria são disponibilizados aos membros em troca de doações
específicas. A Cientologia é reconhecida legalmente como uma
religião isenta de impostos nos Estados Unidos, Itália, África do Sul,
Austrália, Suécia, Nova Zelândia, Portugal e Espanha. A Igreja da
Cientologia enfatiza isso como prova de que é uma religião de boa-
fé. Em outros países, nomeadamente Canadá, França, Alemanha e

23
no Reino Unido, a Cientologia não tem status religioso comparável
embora suas Igrejas sejam permitidas.

A maioria dos países da Europa considera a Cientologia uma


seita. Na Alemanha, a cientologia é monitorada nacionalmente pelo
Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV). É público e notório que a
Cientologia gasta milhões de dólares com advogados e detetives
particulares para processar e espionar qualquer pessoa que se
mostre uma ameaça aos seus negócios. A cientologia foi condenada
definitivamente na França em 2013, por fraude e formação de
quadrilha, depois que o Tribunal de Cassação, a instância judicial
mais importante no país, rejeitou o recurso apresentado pela
organização. Os juízes, na sentença de fevereiro de 2012 do Tribunal
de Apelação, consideraram provado que as duas principais entidades
da Cientologia na França contavam com uma estrutura destinada a
extorquir pessoas vulneráveis.

A justiça belga quer estabelecer um precedente internacional


com uma condenação exemplar da Igreja da Cientologia,
estabelecida na Bélgica desde 1974, acusada de fraude, violação da
lei de proteção de dados pessoais (proteção da privacidade),
extorsão e charlatanismo (exercício ilegal de medicina). O processo
partiu de uma investigação que se prolongou por seis anos. Ofertas
de emprego teriam sido feitas pela Igreja da Cientologia em Bruxelas
para recrutar voluntários e novos membros, infringindo as rígidas leis
trabalhistas belgas. A Igreja da Cientologia na Bélgica exigia aos
interessados que aderissem aos seus princípios filosóficos.

As filmagens sobre a tentativa de assassinato de Adolf Hitler no


filme Operação Valquíria, com Tom Cruise no papel principal, foram
proibidas em área militar alemã (em torno do Memorial Bendlerblock,

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em Berlim), pelo fato do protagonista pertencer à Igreja da
Cientologia. Além de ser o produtor, Tom Cruise fez o papel principal,
interpretando o herói alemão Claus Schenk Graf von Stauffenberg,
que tentou assassinar Adolf Hitler com uma bomba escondida em
uma pasta em julho de 1944. Na Alemanha membros da Cientologia
estão constantemente sob vigilância do Bundesamt für
Verfassungsschutz (BfV) (Escritório Federal para Proteção da
Constituição), cujo trabalho é monitorar atividades antidemocráticas
como partidos políticos neonazistas, células terroristas e seitas.

Na Alemanha, o governo quer suprimir a existência das


Parallelgesellschaften (sociedades paralelas) baseadas em
convicções filosóficas separadas por meio do sistema educacional.
Para o diretor da Associação Alemã de Professores de Escolas
Primárias, aulas particulares conduzidas por cientologistas podem
tirar vantagem da vulnerabilidade das crianças com dificuldades de
aprendizado, que podem se sentir inferiores, o que as torna mais
influenciáveis. A qualidade do ensino é, de um modo geral, muito boa
e os custos são acessíveis, no entanto, os professores encorajam os
estudantes a participar de outras classes, frequentemente muito mais
caras, prometendo transformar o aluno em uma nova pessoa.

Um grande número de organizações que supervisionam a


aplicação da Cientologia foram estabelecidas, a mais notável delas
sendo a Igreja da Cientologia. A Cientologia patrocina uma variedade
de programas de serviço social. Estas incluem a Narconon, programa
antidrogas, a Criminon, programa de reabilitação em prisões, a Study
Tech, metodologia de educação, a Volunteer Ministers, o World
Institute of Scientology Enterprises e um conjunto de diretrizes morais
expressas em um livreto chamado The Way to Happiness.

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A Igreja da Cientologia é um dos mais controversos
movimentos religiosos surgidos no século XX. Tem sido muitas vezes
descrita como um culto que faz lavagem cerebral, defrauda e abusa
financeiramente de seus membros, cobrando taxas exorbitantes por
seus serviços espirituais. Em resposta, os cientologistas têm
argumentado que é um movimento religioso genuíno e que tem sido
deturpado, caluniado e perseguido. A Igreja da Cientologia tem
usado de forma consistente litígio contra seus críticos, e sua
agressividade processando seus inimigos tem sido condenada como
assédio. As controvérsias centram-se na crença da Cientologia que
as almas ("thetans") reencarnaram e viveram em outros planetas
antes de viverem na Terra, e que alguns dos ensinamentos
relacionados não são reveladas aos praticantes até que eles paguem
milhares de dólares para a Igreja da Cientologia. Outra crença
controversa assegurada pelos cientologistas é de que a prática de
psiquiatria é destrutiva, abusiva e deve ser abolida.

Etimologia e uso anterior

A palavra Cientologia é um emparelhamento da palavra latina


scientia ("conhecimento", "habilidade"), que deriva do verbo scīre
("saber"), e da palavra em grego λόγος lógos ("palavra" ou " relato
[sobre]").

A palavra Cientologia usada por L. Ron Hubbard, vem do latim


scio, que significa "conhecimento, no sentido mais pleno da palavra"
e da palavra grega logos, que significa "estudo de". A palavra
Cientologia é ainda definida como "o estudo e manejo do espírito em
relação a si mesmo, universos, e outras formas de vida."

26
Em 1901, Allen Upward cunhou Cientologia "como um termo
depreciativo, para indicar uma cega e irracional aceitação de doutrina
científica" de acordo com o Internet
Sacred Text Archive como citado no
prefácio da edição recente do livro
de Upward, The New Word: On the
meaning of the word Idealist pela
Forgotten Books. Continuando a
citação, o editor escreve: "Eu não L. Ron Hubbard em 1950
estou ciente de qualquer evidência
de que Hubbard sabia deste livro bastante obscuro."

Em 1934, filósofo Anastácio Nordenholz publicou um livro que


usou o termo para significar "ciência da ciência". Também é incerto
se Hubbard estava ciente desse uso anterior da palavra.

Dianéticas

A Cientologia foi desenvolvida por L. Ron Hubbard como uma


sucessora para o seu sistema anterior de autoajuda chamado de
Dianética. A Dianética usa uma técnica de aconselhamento
conhecido como auditoria, desenvolvida por Hubbard para permitir
lembrança consciente de eventos traumáticos no passado de um
indivíduo. Esse sistema foi originalmente destinado a ser um novo
tipo de psicoterapia e não era esperado se tornar a base de uma nova
religião. Hubbard definiu a Dianética de várias maneiras como uma
tecnologia de cura espiritual e uma ciência organizada do
pensamento. A declarada intenção da Dianética é libertar os
indivíduos da influência de traumas passados pela sistemática

27
exposição e remoção das reminiscências que esses eventos
deixaram para trás, em um processo chamado de limpeza.

A Igreja da Cientologia

Em 1952, Hubbard construiu sobre a estrutura existente


estabelecida da Dianética e publicou um novo conjunto de
ensinamentos como Cientologia, uma filosofia religiosa. Em
dezembro de 1953, Hubbard incorporou três igrejas - uma "Igreja da
Ciência Americana", a "Igreja da Cientologia" e uma "Igreja da
Engenharia Espiritual" - em Camden, New Jersey. Em 18 de fevereiro
de 1954, com a bênção de Hubbard, alguns de seus seguidores
criaram a primeira Igreja local da Cientologia, a Igreja da Cientologia
da Califórnia, adotando os "objetivos, finalidades, princípios e credos
da Igreja da Ciência Americana, como fundada por L. Ron Hubbard."
O movimento espalhou-se rapidamente através dos Estados Unidos
e para outros países de língua inglesa como Inglaterra, Irlanda, Sul
da Africa e Austrália. A segunda Igreja local da Cientologia a ser
criado, após a da Califórnia, estava em Auckland, Nova Zelândia. Em
1955, Hubbard criou a Igreja Fundadora da Cientologia em
Washington, D.C. Em 1957, Igreja da Cientologia da Califórnia
recebeu concessão de estatuto de isenção fiscal por parte dos
Estados Unidos Receita Federal (IRS), e assim, por um tempo,
existiu ainda outras igrejas locais. Em 1958, no entanto, a Receita
Federal iniciou uma revisão da adequação desse status.

A Igreja experimentou novos desafios. O FDA iniciou uma


investigação sobre as alegações da Igreja da Cientologia feitas em
conexão com seus E-meters. Em 4 de janeiro de 1963 eles invadiram

28
os escritórios da Igreja da Cientologia e apreenderam centenas de e-
meters como sendo dispositivos médicos ilegais. Os dispositivos já
foram obrigados a ter um aviso dizendo que são um artefato
puramente religiosa.

Em meados dos anos sessenta, a Igreja da Cientologia foi


proibida em vários estados australianos, começando com Vitória em
1965. A proibição foi baseada no Relatório de Anderson, que
constatou que o processo de auditoria envolvia hipnose de
"comando", em que o hipnotizador assume "controle autoritário
positivo" sobre o paciente. Neste ponto, o relatório afirma:

É firme conclusão deste Conselho sobre a maioria das técnicas


da Cientologia e dianética são de hipnose autoritária e, como tal, são
perigosas ... a evidência científica que o Conselho ouviu de vários
peritos de reconhecida reputação ... leva à conclusão inevitável de
que apenas o nome difere a hipnose autoritária das técnicas da
Cientologia. Muitas técnicas da cientologia são de fato técnicas
hipnóticas e Hubbard não mudou a sua natureza, apenas alterou
seus nomes.

A Igreja australiana foi forçada a operar sob o nome de "Igreja


da Nova Fé", como resultado, o nome e a prática da Cientologia têm
se tornado ilegal nos estados relevantes. Several years of court
proceedings aimed at overturning the ban followed.

No decorrer do desenvolvimento de Cientologia, Hubbard


promoveu rápidas mudanças de ensinamentos que eram muitas
vezes contraditórios. Para o quadro interno de cientologistas desse
período, o envolvimento não dependia tanto na crença de uma
doutrina particular, mas na fé inquestionável em Hubbard. Em 1966,
Hubbard deixou o cargo de diretor-executivo da Cientologia para se
29
dedicar à pesquisa e à escrita. No ano seguinte, ele formou a
Organização Sea ou Sea Org, que seria desenvolvida para um grupo
de elite dentro da Cientologia. O Sea Org tem base em três navios,
chamados Diana, Atena e Apolo. Um mês após o estabelecimento da
Sea Org, Hubbard anunciou que havia feito uma descoberta
revolucionária, cujo resultado foram os materiais da "OT III" que
pretendem fornecer um método para superar fatores inibidores do
progresso espiritual. Estes materiais foram divulgados pela primeira
vez nos navios e depois propagados pelos membros da Sea Org
redesignados como funcionários das Organizações Avançadas em
terra.

Em 1967, a Receita Federal dos EUA removeu o status de


isenção fiscal da Cientologia, afirmando que suas atividades eram
comerciais e operadas para o benefício de Hubbard e não para fins
de caridade ou religião. A decisão resultou em um processo judicial
que foi resolvido em favor da Igreja, um quarto de século mais tarde.
Este foi o mais longo processo judicial na história da Receita Federal
americana.

Em 1979, como resultado de investigações do FBI durante a


Operação Branca de Neve, onze pessoas seniores no Gabinete do
Guardião da igreja foram condenadas por obstrução da justiça, roubo
de escritórios do governo e roubo de documentos de propriedade do
governo. Em 1981, a Cientologia levou o governo alemão ao tribunal
pela primeira vez.

Em 1 de Janeiro de 1982, a Cientologia estabeleceu o centro


Religious Technology Center (RTC) para supervisionar e garantir a
aplicação do padrão da tecnologia da Cientologia e em 11 de
novembro de 1982, a Free Zone foi fundada por ex-cientologistas

30
avançados em desacordo com a RTC. A associação Free Zone foi
fundada e registrada sob as leis da Alemanha e acredita que a Igreja
da Cientologia se afastou de sua filosofia de origem.

Em 1983, em uma decisão unânime, a Alta Corte da Austrália


reconheceu a cientologia como religião na Austrália, derrubando as
restrições que limitavam as atividades da igreja após o Relatório de
Anderson.

Em 24 de janeiro de 1986, L. Ron Hubbard morreu em sua


fazenda perto de San Luis Obispo, Califórnia e David Miscavige
tornou-se o chefe da organização.

A partir de 1991, pessoas ligadas à Cientologia moveram


cinquenta ações judiciais contra o Cult Awareness Network (CAN),
um grupo de críticos à Cientologia. Embora muitos dos fatos fossem
descartados, uma das ações movidas contra o Cult Awareness
Network resultou em dois milhões de dólares em perdas para a rede.
Consequentemente, a organização foi obrigada a declarar falência.
Em 1996, Steven L. Hayes, um cientologista, comprou o logotipo e
os pertences da falida Network Awareness Cult e um novo Cult
Awareness Network foi criado com o apoio da Cientologia; o grupo
funciona como um centro de informação e de networking para as
religiões não-tradicionais, referindo-se como um interlocutor entre
acadêmicos e outros especialistas.

Em 1993, uma ação judicial da Igreja da Cientologia contra


Steven Fishman, um ex-membro da Igreja, trouxe à tona o
depoimento deste sobre a Cientologia o qual incluía dezenas de
páginas do outrora secreto esoterismo da Cientologia, detalhando
aspectos da sua cosmogonia. Como resultado do litígio, este
material, outrora bem resguardado e usado apenas nos "níveis de
31
OT" mais avançados da Cientologia, foi divulgado na Internet. Isto
resultou em uma batalha entre a Igreja da Cientologia e seus críticos
on-line sobre o direito de divulgar este material, ou proteger a sua
confidencialidade. A Igreja da Cientologia foi forçada a emitir um
comunicado de imprensa reconhecendo a existência desta
cosmogonia, ao invés de permitir que seus críticos "distorcessem e
abusassem dessas informações para seus próprios fins." Mesmo
assim, o material, nomeadamente a história de Xenu, desde então
tem sido amplamente divulgado e utilizado para caricaturar a
Cientologia, apesar do vigoroso programa da Igreja em litígio por
direitos autorais.

Estatísticas de Associação

Em 2005, a Igreja da Cientologia declarou sua adesão a nível


mundial em oito milhões, embora esse número inclua pessoas que
tomaram apenas o curso introdutório e não continuaram. Em 2007,
um oficial da Igreja alegou ter 3,5 milhões de membros nos Estados
Unidos, mas uma pesquisa de 2001 realizada pelo City University of
New York encontrou apenas 55 mil pessoas nos Estados Unidos que
afirmavam ser cientologistas. Em todo o mundo, alguns
observadores acreditam que uma estimativa razoável do núcleo da
Cientologia praticante varia entre 100 mil e 200 mil, principalmente
nos EUA, Europa, África do Sul e Austrália. Em 2008, a American
Religious Identification Survey descobriu que o número de
cientologistas-americanos caiu para 25.000.

Os cientologistas tendem a menosprezar pesquisas religiosas


gerais com o fundamento de que muitos membros que mantêm laços
culturais e sociais com outros grupos religiosos informariam ser
32
praticantes de religiões mais tradicionais e socialmente aceitas. A
Igreja da Cientologia afirma ser o movimento religioso que mais
cresce no mundo. Por outro lado, o erudito religioso J. Gordon Melton
disse que as estimativas da igreja sobre seus números de adesão
são significativamente exageradas. Melton também diz, no entanto,
que "a Igreja tem sido uma das poucas entre muitas novas religiões
fundadas desde a Segunda Guerra Mundial, que se espalharam com
sucesso em todo o Ocidente, durante a última metade do século XX."

Crenças e práticas

De acordo com a Cientologia, suas crenças e práticas são


baseadas em pesquisas rigorosas e suas doutrinas são concedidas
a importância equivalente à dessas leis científicas. "A Cientologia
funciona cem por cento do tempo quando é devidamente aplicada a
uma pessoa que sinceramente deseja melhorar sua vida", assim diz
a Igreja da Cientologia. A conversão é considerada de menor
importância do que a aplicação prática dos métodos cientologistas.
Os adeptos são incentivados a validar o valor dos métodos que se
aplicam através de sua experiência pessoal. Hubbard colocava desta
forma: "Para um cientologista, o teste final de qualquer conhecimento
que ele ganhou é "os dados e seu uso na vida realmente melhorou
sua condição ou não?".

Corpo e Espírito

As crenças da Cientologia giram em torno do thetan, a


expressão individualizada da fonte cósmica, ou força de vida, tem o

33
nome da letra grega teta (θ). O thetan é a verdadeira identidade de
uma pessoa - um núcleo intrinsecamente bom, onisciente e não-
material capaz de criatividade ilimitada.

No passado primordial, os thetans criaram o universo material


em grande parte para seu próprio prazer. O universo não tem
realidade independente, mas deriva sua realidade resultante do fato
de que a maioria dos thetans concordam que existe. Os thetans
caíram em desgraça quando começaram a identificar-se com a sua
criação, em vez de seu estado original de pureza espiritual.
Eventualmente, eles perderam a memória de sua verdadeira
natureza, juntamente com os poderes espirituais e criativas a ela
associadas. Como resultado, os thetans pensam em si como nada
além de seres encarnados.

Os thetans renascem em novos corpos através de um processo


chamado de "hipótese", que é análogo à reencarnação. Como no
Hinduísmo, a Cientologia postula uma relação causal entre as
experiências de encarnações passadas com a vida presente e que a
cada renascimento, os efeitos do universo MEST (MEST aqui
significa Matéria, Energia, Space [espaço] e Tempo) no thetan ficam
mais fortes.

Emoções e Mente

A Cientologia apresenta duas divisões principais da mente. A


"mente reativa" é pensada para absorver toda a dor e trauma
emocional, enquanto a "mente analítica" é um mecanismo racional
responsável pela consciência. A "mente reativa" armazena imagens
mentais que não estão prontamente disponíveis para a "mente

34
analítica" (consciente), estas são referidos como "engramas". Os
engramas são dolorosos e debilitantes, à medida que se acumulam,
as pessoas se afastam de sua verdadeira identidade, o objetivo
básico da Cientologia é evitar esse destino e a "auditoria" pela
Dianética é a maneira pela qual a Cientologia pode progredir em
direção para o estado "limpo", ganhando liberdade gradual de
engramas da mente reativa e assim adquirir a certeza de sua
realidade como um thetan.

A Cientologia usa um sistema de classificação emocional


chamada de tone scale (escala de tom), uma ferramenta utilizada em
aconselhamento; os cientologistas afirmam que saber a posição da
pessoa na escala faz com que seja mais fácil prever suas ações e
assim auxiliá-lo na melhoria de sua condição.

Sobrevivência e ética

A Cientologia enfatiza a importância da sobrevivência, que se


subdivide em oito classificações referidos como "dinâmica". O desejo
de um indivíduo de sobreviver é considerado a primeira dinâmica,
enquanto que a segunda dinâmica refere-se à procriação e à família.
As dinâmicas restantes abrangem áreas mais amplas de ação,
envolvendo grupos: a humanidade, toda a vida, o universo físico, o
espírito, e o Infinito, muitas vezes associadas com o Ser Supremo. É
considerada como melhor solução para qualquer problema a solução
que trouxer maior benefício para o maior número de dinâmicas.

A Cientologia ensina que o progresso espiritual requer e


permite a obtenção de elevados padrões éticos. então a
racionalidade é forçada sobre a moralidade. Ações são consideradas

35
éticas se promovem a sobrevivência em todas as oito dinâmicas,
beneficiando o maior número de pessoas ou coisas possíveis,
prejudicando o menor número de coisas e pessoas que for possível.

ARC e os triângulos KRC

O ARC e os triângulos KRC são mapas conceituais, que


mostram uma relação entre três conceitos para formar um outro
conceito. Estes dois triângulos estão presentes no símbolo da
Cientologia. O triângulo inferior, o triângulo ARC, é uma
representação da síntese do conhecimento que a Cientologia se
esforça em conseguir. Compreende Afinidade (afeição, amor ou
apreciação), Realidade (realidade consensual) e Comunicação (a
troca de ideias). Acreditam que a melhoria de um dos três aspectos
do triângulo "aumenta o nível" dos outros dois, mas a Comunicação
é considerada a mais importante. O triângulo superior é o triângulo
KRC, as letras KRC postulando uma relação semelhante entre
Knowledge (Conhecimento), Responsabilidade e Controle.

Entre os cientologistas, as letras ARC são usadas como uma


comunicação pessoal, por exemplo, no final de uma carta. Os
problemas sociais são falhas atribuídas à ARC - em outras palavras,
a falta de acordo sobre a realidade, a falta de comunicação eficaz ou
a falha no desenvolvimento de afinidade. Estes podem assumir a
forma de overts - atos prejudiciais contra os outros, intencionalmente
ou por omissão - que são normalmente seguidas por "retenção"' -
esforços para esconder a transgressão, o que aumenta ainda mais o
nível de tensão na relação.

36
A Cruz cientologia

A Igreja da Cientologia afirma que "a barra horizontal


representa o universo material e a barra vertical representa o espírito.
Assim, o espírito é visto subindo triunfalmente, em última análise,
transcendendo a turbulência do universo físico para alcançar a
salvação."

Personalidades sociais e antissociais

Enquanto Cientologia afirma que muitos problemas sociais são


resultados não-intencionais de imperfeições das pessoas, também
afirma que há indivíduos verdadeiramente maléficos. Hubbard
acreditava que cerca de 80 por cento de todas as pessoas têm o que
chamou de personalidades sociais, são pessoas que aceitam e
contribuem para o bem-estar dos outros. Os 20 por cento restantes
da população, pensava Hubbard, eram pessoas "supressivas". De
acordo com Hubbard, apenas cerca de 2,5 por cento deste 20 por
cento são personalidades desesperadamente antissociais, as quais
compõem a pequena proporção de indivíduos verdadeiramente
perigosos na humanidade: "Adolf Hitler e Genghis Khan, assassinos
impenitentes e barões das drogas". Assim, os cientologistas
acreditam que qualquer contato com pessoas supressivas ou
antissociais tem um efeito adverso sobre sua condição espiritual,
necessitando a desconexão.

37
Auditoria

A Cientologia afirma que as pessoas têm habilidades ocultas


que ainda não foram completamente desenvolvidas. Acredita-se que
o aumento da consciência espiritual e benefícios físicos são
alcançados através de sessões de aconselhamento conhecidas
como auditoria. Através de auditoria, diz-se que as pessoas podem
resolver seus problemas e libertar-se de seus engramas. Isso
restaura as pessoas à sua condição natural como thetans e permite
que elas "tomem o controle" em suas vidas diárias, respondendo de
forma racional e criativamente a eventos da vida, em vez de reagir a
eles, sob a direção de engramas armazenados. Assim, aqueles que
estudam os materiais da Cientologia e recebem sessões de auditoria
avançam do status de Preclear (pré-limpo) para Clear (Limpo) e
depois Operating Thetan (Thetan Operante). O objetivo utópico da
Cientologia é "limpar o planeta", um mundo em que todo mundo está
limpo de seus engramas.

A auditoria é uma sessão pessoa por pessoa com um


conselheiro ou auditor da Cientologia. Ele tem uma semelhança
superficial com a confissão ou aconselhamento pastoral, mas o
auditor grava e armazena todas as informações recebidas e não
dispensa o perdão ou conselho da mesma maneira que um pastor ou
padre poderia fazer. Em vez disso, a tarefa do auditor é ajudar a
pessoa a descobrir e compreender seus engramas efeitos limitantes,
para si mesma. A maioria das auditorias requerem o uso do E-meter
um dispositivo que mede as alterações por minuto da resistência
eléctrica pelo corpo, quando uma pessoa tem eléctrodos de metal
("cans"), e uma pequena corrente passa através deles. A Cientologia
afirma que assistir as mudanças na tela do E-meter ajudam a
38
localizar engramas, uma vez que uma área de preocupação for
identificada, o auditor faz perguntas individuais e específicas sobre o
assunto a fim de ajudara pessoa a eliminar o engrama; e usa o E-
meter para confirmar que "carga" do engrama foi dissipada e o
engrama foi, de facto apurado; à medida que o indivíduo progride, o
foco da auditoria muda de engramas simples para engramas de
complexidade crescente. Nos mais avançados níveis OT de
auditoria, os cientologistas realizam sessões de auditoria sozinhos,
atuando como seus próprios auditores.

A Ponte para a Liberdade Total

O desenvolvimento espiritual dentro da Cientologia é realizado


através do estudo de seus materiais (chamados "Tecnologia ou
"tecnologia no jargão da Cientologia), estes materiais são
estruturados em níveis sequenciais (ou "gradientes"), para que sejam
tomadas medidas mais fáceis primeiro e medidas de maior
complexidade são tratadas no momento apropriado. Este processo é
por vezes referido como mover-se ao longo da "A Ponte para a
Liberdade Total" (em inglês Bridge to Total Freedom), ou
simplesmente A Ponte. O conceito tem dois lados: treinamento e
processamento, o Treinamento significa educação nos princípios e
práticas de auditoria e o Processamento é o desenvolvimento
pessoal através da participação em sessões de auditoria.

A Igreja da Cientologia acredita no princípio da reciprocidade,


que envolve dar e receber em cada transação humana, então os
membros são obrigados a fazer doações para os cursos de estudo e
de auditoria à medida que "sobem a ponte", as quantias doadas

39
aumentam a medida que níveis mais elevados são atingidos. A
participação em cursos de nível superior na ponte pode custar vários
milhares de dólares e os cientologistas geralmente ingressam na
ponte a uma taxa regida por sua renda.

"Ópera Espacial" e materiais confidenciais

A Igreja da Cientologia afirma que nos níveis mais elevados de


iniciação OT, são transmitidos ensinamentos místicos que podem ser
prejudiciais para os leitores despreparados. Esses ensinamentos são
mantidos em segredo pelos membros que não atingiram esses
níveis. A Igreja afirma que o sigilo é garantido para manter o uso dos
seus materiais no contexto e para proteger seus membros de serem
expostos a materiais para os quais ainda não estão preparados.

Estes são os níveis OT acima dos níveis clear, cujo conteúdo é


guardado pela Cientologia. Os ensinamentos de nível OT incluem
informações sobre várias catástrofes cósmicas que se abateram
sobre os thetans. Hubbard descreveu esses primeiros eventos
coletivamente como uma "Ópera espacial" (Space Opera).

Nos níveis OT, Hubbard explica como reverter os efeitos de


padrões de trauma da vida passada que supostamente se estendem
por milhões de anos. Entre esses ensinamentos avançados está a
história de Xenu (às vezes "Xemu"), apresentado como um
governante tirano da "Confederação Galáctica". De acordo com essa
história, 75 milhões anos atrás, Xenu trouxe milhares de pessoas
para a Terra em naves espaciais semelhantes à aviões Douglas DC-
8, empilhando-as sobre vulcões e depois detonando bombas de
hidrogênio sobre eles. Os thetans então agrupados, apegaram-se

40
aos seus corpos vivos e assim continuaram até hoje. Os
cientologistas em níveis avançados coloca ênfase considerável em
isolar o thetan do corpo e assim neutralizar seus efeitos nocivos.

O material contido nos níveis de OT tem sido caracterizado


como uma ficção científica ruim pela crítica, enquanto outros afirmam
que há semelhanças estruturais no pensamento gnóstico e de
antigas crenças hindus da criação e da luta cósmica. J. Gordon
Melton sugere que estes elementos dos níveis de OT podem nunca
ter sido concebidos como descrições de eventos históricos e que
como outras mitologias religiosa, podem ter sua verdade nas
realidades do corpo e da mente que simbolizam e acrescenta que,
seja em qual for o nível que os cientologistas podem ter recebido
essa mitologia, eles parecem ter achado o mito útil em sua busca
espiritual.

Trechos e descrições de materiais OT foram publicadas online


por um ex-membro, em 1995 e depois circulou na mídia. Isso ocorreu
depois que os ensinamentos foram apresentados como prova em
processos judiciais envolvendo a Cientologia, tornando-se uma
questão de registro público. Existem oito níveis de OT publicamente
conhecidos, OT I a OT VIII. O nível mais alto, o OT VIII, é divulgado
apenas no mar, a bordo do navio de cruzeiro da Cientologia o
"Freewinds". Há rumores de que os níveis de OT adicionais, que
dizem ser baseado em material escrito por Hubbard há muito tempo,
serão lançados em algum momento apropriado no futuro.

Cerimônias

Na Cientologia, as cerimônias para eventos, como casamentos,


nomeação criança e funerais são observados, serviços de sexta-feira
41
são realizadas para comemorar a conclusão dos serviços religiosos
de uma pessoa durante a semana anterior. Ministros ordenados pela
Cientologia podem realizar tais ritos, no entanto, estes serviços e o
clero que os executam desempenham apenas um papel menor na
vida religiosa dos cientologistas.

Influências

A orientação geral da filosofia de Hubbard deve muito a Will


Durant, autor do popular clássico de 1926 A História da Filosofia, a
obra Dianética é dedicada a Durant, a visão de Hubbard de uma
mecânica mente funcionando em particular, encontra paralelos
próximos no trabalho de Durant sobre Espinosa.

A psicologia de Sigmund Freud, popularizada na década de


1930 e 1940, foi um dos principais contribuintes para o modelo de
terapia da Dianética e foi reconhecida sem reservas como tal por
Hubbard em seus primeiros trabalhos. Hubbard nunca se esqueceu
de que quando tinha 12 anos de idade, conheceu o comandante
Joseph Cheesman Thompson, um oficial da Marinha dos EUA que
tinha estudado com Freud. E quando a escreveu para a Associação
Americana de Psicologia chegou a afirmar que estava conduzindo
pesquisas com base no "trabalho inicial de Freud".

Outra grande influência foi a Semântica Geral de Alfred


Korzybski. Hubbard era amigo do colega escritor de ficção científica
A. E. van Vogt, que explorou as implicações de lógica não-aristotélica
das obras de Korzybski como The World of Null-A, e a visão de
Hubbard sobre "mente reativa" tem paralelos claros e reconhecidos

42
com o pensamento de Korzybski, na verdade, o "antropômetro" de
Korzybski pode ter inspirado invenção do E-meter de Hubbard.

Além disso, o próprio Hubbard enumerou muitas outras


influências em seus próprios escritos - em Scientology 8-8008, por
exemplo, suas influências incluem os filósofos a partir de Anaxágoras
e Aristóteles até Herbert Spencer e Voltaire, físicos e matemáticos,
como Euclides e Isaac Newton, bem como fundadores de religiões,
como Buda, Confúcio, Jesus e Mohammed -, mas há pouca
evidência nos escritos de Hubbard de que ele estudou esse grande
número de filosofias com grande profundidade.

Como se observa, há elementos de religiões orientais


evidentes na Cientologia, em particular os conceitos de karma, como
presentes no Hinduísmo, jainismo e dharma. Além das ligações com
textos hindus, Hubbard tentou ligar a Cientologia ao Taoísmo e ao
Budismo.

Na década de 1940, Hubbard estava em contato com Jack


Parsons, um cientista e membro da Ordo Templi Orientis liderada
então por Aleister Crowley o que rendeu sugestões de que esta
conexão influenciou algumas das ideias e símbolos da Cientologia.
Estudiosos da religião como Gerald Willms e J. Gordon Melton têm
apontado que os ensinamentos de Crowley têm pouca ou nenhuma
semelhança com a doutrina da Cientologia.

Organização

Há um número considerável de organizações da Cientologia


(ou orgs), que geralmente suportam um dos seguintes três objetivos:
permitir a prática da Cientologia e formação, promover a aplicação
mais ampla da tecnologia da Cientologia, ou fazer campanhas para
43
a mudança social. Estas organizações são apoiadas por uma
estrutura hierárquica de três níveis compreendendo praticantes
leigos, funcionários e no topo da hierarquia, membros da chamada
Sea Organization ou Sea Org; esta compreende mais de 5.000
membros e tem sido comparada à ordem monástica encontrada em
outras religiões, é composta dos adeptos mais dedicados, que
trabalham para a compensação nominal e expressam
simbolicamente seu compromisso religioso através da assinatura de
um contrato com duração de um bilhão de anos.

Status de religião

Em dezembro de 1993, a Igreja da Cientologia experimentou


um grande avanço em suas contínuas batalhas legais quando o
Internal Revenue Service (IRS) concedeu a isenção total de imposto
a todas as igrejas, missões e organizações da Cientologia. Com base
nas isenções do IRS, o Departamento de Estado dos EUA
formalmente criticou a Alemanha por discriminação contra os
cientologistas e começou a observar queixas de assédio contra
cientologistas, em seu relatório anual de direitos humanos.

Em 1997, uma carta aberta ao então chanceler alemão Helmut


Kohl, publicado como um anúncio de jornal no International Herald
Tribune, traçou paralelos entre a "opressão organizada" sofrida pela
Cientologia na Alemanha com o tratamento dado aos judeus em 1930
pela Alemanha nazista. A carta foi assinada por Dustin Hoffman,
Goldie Hawn e uma série de outras celebridades de Hollywood e
executivos. Comentando sobre o assunto, um porta-voz do
Departamento de Estado dos EUA disse que os cientologistas foram

44
discriminados na Alemanha, mas condenou as comparações com o
tratamento dos nazistas aos judeus como extremamente
inadequada, assim também comentou o relator especial da ONU.

Em 2000, a Suprema Corte italiana determinou que a


Cientologia é uma religião por fins legais. Nos últimos anos, o
reconhecimento religioso também foi obtido em outros países,
incluindo a Suécia, Espanha, Portugal, Eslovênia, Croácia, Hungria,
Quirguistão e a República da China (Taiwan). Outros países,
nomeadamente Canadá, França, Alemanha, Grécia, Bélgica e Reino
Unido, recusam-se a conceder à Cientologia reconhecimento
religioso.

A justiça grega ordenou a dissolução da secção da Cientologia


situada na Grécia e que tem o nome de "Kephe". A decisão foi
tomada depois de um processo que terminou em 7 de outubro de
2006.

Em 1995, o Tribunal Federal do Trabalho da Alemanha


(Bundesarbeitsgericht) determinou que a Cientologia "não é uma
religião nem uma ideologia."

Em 2009, a Igreja da Cientologia em França foi condenada pelo


crime organizado de fraude, mas a decisão não impediu a Igreja de
exercer a sua actividade no país, desde que essas não envolvessem
a prática de ilegalidades.

Em 2012, um tribunal francês condenou a Igreja da Cientologia


por prática de fraude. Foi aplicada uma multa de 600 mil euros e
quatro dos seus dirigentes foram condenados a penas suspensas de
2 anos.

45
Em dezembro de 2012 o Ministério público federal belga decidiu
processar a Igreja da Cientologia por suspeita de ser uma
"organização criminal", autora de fraudes e do exercício ilegal de
medicina.

Em outubro de 2009, o cineasta Paul Haggis abandonou a


Cientologia depois de a religião ter proibido a união entre
homossexuais.

Controvérsias

Relatórios e denúncias foram feitos por jornalistas, tribunais e


órgãos governamentais de vários países afirmando que a Igreja da
Cientologia é uma empresa comercial sem escrúpulos que persegue
seus críticos e brutalmente explora seus membros. A revista Time
publicou um artigo (The Thriving Cult of Greed and Power em 1991)
que descrevia a Cientologia como "uma organização mundial
extremamente rentável que sobrevive ao intimidar seus membros e
críticos ao estilo da máfia."

As controvérsias que envolvem a Igreja e seus críticos, alguns


deles em andamento, incluem:

A política de "desligamento", em que os membros são


encorajados a cortar todo o contato com amigos ou familiares que
são "antagônicos" à Cientologia (uma prática semelhante aos Amish.

A morte da cientologista Lisa McPherson, enquanto estava sob


os cuidados da Igreja. (Robert Minton patrocinou o processo judicial
multimilionário contra a Cientologia pela morte de McPherson. Em

46
maio de 2004, McPherson e a Igreja da Cientologia chegaram a um
acordo confidencial.)

Reed Slatkin co-fundador do serviço Earthlink e um gestor de


investimentos baseado no Esquema Ponzi, foi um ministro da
Cientologia e muitas de suas vítimas eram membros da Igreja.

Em 2011 foi anunciado que o FBI está a investigar a Cientologia


por suspeitas de tráfico humano e trabalhos forçados.

Declarações conflitantes sobre a vida de L. Ron Hubbard, em


afirmações específicas de Hubbard ao discutir sua intenção de iniciar
uma religião para ter lucro e de seu serviço nas forças armadas.

O assédio da Cientologia e ações litigiosas contra seus críticos


incentivados por sua política Fair Game (do inglês, "jogo justo").

Tentativas de forçar legalmente motores de busca como


Google e Yahoo! omitirem quaisquer páginas de críticos da
Cientologia de seus motores de busca.

Denúncias de um ex-cientologista do alto escalão de que o líder


da Cientologia David Miscavige bate e desmoraliza seu pessoal e
que a violência física por parte dos superiores para com o pessoal
que trabalha para eles é uma ocorrência comum na igreja. O porta-
voz da Cientologia Thomas W. Davis negou essas afirmações e
forneceu testemunhas para refutação.

Celebridades

Hubbard previu que as celebridades teriam um papel


fundamental a desempenhar na divulgação da Cientologia, e em
1955 lançou o Projeto Celebridade, a criação de uma lista de 63
47
pessoas famosas que ele pediu a seus seguidores para direcionar
para a conversão à Cientologia. A estrela Gloria Swanson e o pianista
de jazz Dave Brubeck estavam entre as primeiras celebridades
atraídas para os ensinamentos de Hubbard.

Hoje, a Cientologia opera oito igrejas que estão designadas


como "Centro das celebridades" a maior delas sendo a de Hollywood,
os centros de celebridades são abertos ao público em geral, mas são
projetados principalmente para ministrar aos cientologistas famosos.
Artistas como John Travolta, Kirstie Alley, Lisa Marie Presley, Nancy
Cartwright, Jason Lee, Isaac Hayes, Edgar Winter, Tom Cruise, Chick
Corea e Leah Remini geraram publicidade considerável para a
Cientologia.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cientologia

48
Cientistas lutam para defender teoria da evolução

Eles são pressionados a adotar o criacionismo, de base


religiosa.

Dan Vergano e Greg Toppo

Entre os professores de ciência que participaram de uma


pesquisa de âmbito nacional, quase um terço disse que se sente
pressionado para incluir ideias relacionadas ao criacionismo na sala
de aula.

E uma alarmada comunidade científica está contra-atacando


em defesa do ensino da teoria da evolução.

"Escrevo a vocês neste momento devido a uma crescente


ameaça ao ensino da ciência", disse em uma carta a colegas, em 4
de março, Bruce Alberts, diretor da Academia Nacional de Ciências.
Ele pediu aos membros da academia que confrontem os desafios
crescentes ao ensino da evolução nas escolas públicas. Os principais
cientistas do país pertencem à academia.

O apelo de Alberts ocorre no momento em que a Associação


Nacional de Professores de Ciência se prepara para divulgar a
pesquisa na reunião do grupo em 31 de março. "Os professores
estão sob ataque a todo momento e precisam de apoio dos
cientistas", afirma.

Gerry Wheler, diretor-executivo da associação, disse que a


carta foi "um bom chamado às armas" dirigido aos cientistas. "Espero
que isso dê aos professores a energia para garantir que defenderão
o ensino da ciência de alta qualidade".
Para a maior parte dos cientistas, a evolução é definida como
mudanças nos genes que levam ao desenvolvimento das espécies.
Eles veem isso como uma base fundamental da biologia.

Criacionismo é a crença em que as espécies têm origem divina.


Uma outra alternativa à evolução chama-se "desenho inteligente". Os
seus defensores acreditam que certas estruturas celulares são muito
complexas para terem evoluído com o passar do tempo.

Alberts reclama que os criacionistas, sob a camuflagem da


teoria do desenho inteligente, tentaram retirar a teoria da evolução
dos textos escolares e salas de aula em 40 Estados. O mais recente
problema ocorre no Kansas [Estado no interior dos EUA], onde a
chapa que disputará a direção de uma escola pública em 5 de abril
tem um candidato que defende o ensino do desenho inteligente nas
aulas de ciência.

Só muito raramente a academia se envolveu em disputas com


escolas devido à teoria da evolução, para não aparecer que está "se
intrometendo" em assuntos locais, diz Alberts. "Mas agora um dos
fundamentos da ciência moderna está sendo negligenciado ou
simplesmente banido das aulas de ciência em várias partes dos
Estados Unidos", adverte.

"A minha primeira reação foi achar que estamos presenciando


evidências de pânico entre os porta-vozes oficiais da ciência", diz
Stephen Meyer, do Instituto Discovery, com sede em Seattle.
Segundo ele, Alberts está errado. Meyer garante que a teoria do
desenho inteligente não é criacionismo, mas sim uma abordagem
científica mais flexível do que a teoria da evolução de Charles Darwin.

50
Os biólogos respondem que qualquer dado reproduzível
validando o desenho inteligente seria bem recebido pelos jornais de
ciência. "Se houvesse realmente falhas profundas em partes da
biologia evolucionária, então os cientistas seriam os primeiros a
atacá-la", explica Jeffrey Palmer, da Universidade de Indiana em
Bloomington.

Meyer argumenta que lideranças científicas como Alberts


bloqueiam uma análise justa das alternativas à teoria da evolução.
"Há poderosas convenções institucionais e sistemáticas na ciência
que impedem que o desenho inteligente seja considerado um
processo científico", acusa.

"Isso é bobagem! Os textos sobre desenho inteligente não são


publicados porque não se baseiam em nenhum dado científico",
rebate Barbara Forrest, da Universidade do Sudeste da Louisiana,
em Hammond. Ela é co-autora do livro "Creationism's Trojan Horse:
The Wedge of Intelligent Design" ("O Cavalo de Tróia do
Criacionismo: A Cunha do Desenho Inteligente").

Na sua carta, Alberts critica o bioquímico Michael Behe, da


Universidade Lehigh, um dos principais defensores do desenho
inteligente, afirmando que ele é um representante da "tática comum"
de apresentar os comentários dos cientistas de forma distorcida a fim
de lançar dúvidas sobre a evolução.

Behe diz que isso é "ultrajante", e afirma que simplesmente


observa que até mesmo os cientistas tradicionais reconhecem a
complexidade das estruturas biológicas.

Susan Spath, do Centro Nacional de Educação de Ciência, um


grupo sem fins lucrativos que defende a teoria da evolução, afirma:

51
"Os proponentes da teoria da evolução precisam trabalhar juntos e
de maneira mais preventiva para que eduquemos o povo quanto a
essas questões. O nosso consolo é que isso pode ser uma
oportunidade para elevarmos a compreensão pública a respeito da
ciência".

Fonte: https://noticias.uol.com.br/midiaglobal/usatoday/2005/03/24/ult582u599.jhtm

52
Equipe internacional de cientistas decifra o cromossomo X

da France Presse

Uma equipe internacional de geneticistas acaba de fazer a


primeira análise completa do cromossomo X, a misteriosa espiral de
DNA que determina o gênero humano e cuja disfunção é apontada
como causa de cerca de dez doenças hereditárias.

Este trabalho marco, que será publicado na edição desta


quinta-feira no semanário científico britânico "Nature", sugere que
homens e mulheres devem o seu sexo parcialmente a cromossomos
que evoluíram de um organismo assexuado, menos de 300 milhões
de anos atrás.

O estudo também abre novas portas para o diagnóstico e


entendimento de alguns tipos de retardamento mental --e uma futura
possibilidade de cura--, do câncer testicular, anomalias no sistema
imunológico e muitas outras doenças hereditárias.

"O cromossomo X humano tem uma biologia única que se


formou durante sua evolução ... (e) ocupa um lugar único na história
da medicina genética", destacou o artigo.

Em cada conjunto de seus 23 pares de cromossomos, os seres


humanos têm um par de cromossomos de gênero, cada um herdado
de um dos pais biológicos. As mulheres têm dois cromossomos X,
chamados assim por causa de seu formato, e os homens, um X e um
Y.

Ao longo de milênios, o cromossomo Y foi progressivamente se


degenerando até o formato de um pequeno tronco, um processo que
dá sustentação à inquietante teoria de que os homens eventualmente
podem vir a se extinguir na evolução.

O cromossomo Y tem hoje menos de cem genes, porções do


DNA que contêm as proteínas, moléculas que compõem e mantêm
os tecidos humanos.

Neste recente estudo, a equipe de cientistas chefiada pelo


Instituto Wellcome Trust Sanger em Cambridge, Inglaterra,
sequenciou e analisou mais de 99% do cromossomo X, identificando
nele a impressionante marca de 1.098 genes, cerca de 4% do total
de todo o genoma.

Tentando compreender esta notável diferença entre os


cromossomos X e Y, a equipe concluiu que os dois cromossomas
evoluíram de origens modestas como um par "ordinário" de
cromossomos idênticos em um organismo assexuado.

Mudanças em um gene de um destes pares originaram a


cascata molecular que levou ao desenvolvimento do homem e, na
sequência, à degeneração do cromossomo Y em seu estado atual.

O cromossomo X, ao contrário, se manteve preservado com o


passar dos anos. A teoria é que ele serve para manter um quadro
mais complexo de genes de forma a compensar a retração do
cromossomo Y.

Segundo o estudo, das 3.199 doenças hereditárias


identificadas, 307 podem ser atribuídas a mutações ou falhas no
cromossomo X, que interrompem a vital produção de proteínas.

Muitas destas doenças, entre elas a hemofilia e a distrofia


muscular Duchenne (DMD), já foram associadas ao cromossoma X
porque ocorrem apenas entre os homens. A razão para isto é que os
54
homens têm apenas uma cópia do cromossomo X, enquanto as
mulheres têm uma cópia de backup, estando, portanto, menos
expostas a estas mutações em particular.

Mas, lembrou o estudo, também há outras doenças raras que


são comuns aos dois sexos e podem ser atribuídas ao cromossomo
X.

Graças ao sequenciamento, 43 novos genes foram apontados


como os culpados por doenças como cegueira, palato fissurado,
câncer testicular, uma rara anomalia do sistema imunológico
chamada doença linfoproliferativa associada ao cromossomo X e um
tipo de retardamento mental conhecido como NS-LXMR.

"Ao estudarmos estes genes, podemos obter uma


compreensão notável dos processos que levam a estas doenças",
disse Mark Ross, chefe do projeto no Instituto Wellcome Trust
Sanger.

"A partir do nosso estudo de um gene relacionado com a


doença associada ao cromossomo X, um teste genético foi
desenvolvimento e foi descoberto um novo caminho que controla o
funcionamento do sistema imunológico", acrescentou.

Outros membros da equipe encarregada do estudo com o


cromossomo X incluiu a Faculdade de Medicina Baylor College de
Houston, Texas; o Instituto Max Planck de Genética Molecular e o
Instituto de Biotecnologia Molecular, ambos na Alemanha; e o Centro
de Sequenciamento do Genoma da Universidade de Washington em
St. Louis, Missouri (Estados Unidos).

O estudo mostrou que cerca de um terço de todo o


cromossomo X é absorvido por uma sequência repetida de DNA.

55
A teoria é que este é um mecanismo para "silenciar" genes,
algo que é especialmente importante para as mulheres, pois garante
que genes desnecessários de sua cópia de backup do cromossomo
X permaneçam desativados.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13126.shtml

56
Big Bang

E então o tempo começa. O que os cientistas sabem sobre a


explosão que deu origem a tudo? E como eles chegaram a essa
conclusão?

Por Da Redação

31 out 2016, 18h52 - Publicado em 1 maio 2005, 01h00

Tito Montenegro

Antes de mais nada, preciso fazer uma confissão: o texto ainda


nem começou e já há duas informações nesta página que não são
verdadeiras. A primeira está no título. Na verdade, o Universo não
surgiu em uma grande explosão – pelo menos não da forma como
uma bomba explodiria. O termo big-bang (“grande explosão”, em
inglês) foi escolhido como a mais simples definição do modelo
científico que afirma que, há bilhões de anos, todo o Universo estava
concentrado em um espaço tão exíguo que faria qualquer partícula
parecer gigantesca. De um início muito mais quente que o inferno e
incrivelmente mais apertado que um ônibus às 6 da tarde, o cosmo
passou a se expandir e a esfriar rapidamente. Essa “explosão” –
desculpe, leitor, vamos ser obrigados a continuar usando essa
expressão – teria ocorrido em todos os pontos do Universo ao mesmo
tempo. O segundo erro é ainda mais grave: nenhum cientista é capaz
de dizer o que existia antes do big- bang. Pode até ser que realmente
não houvesse nada, mas não é impossível que existisse alguma
coisa. O fato é que essa questão ainda desafia as mentes mais
brilhantes do planeta. Para chegar até aqui, a astronomia precisou
de milênios de pesquisa e perspicácia. Mas, nos bastidores, a história
de uma das maiores teorias de todos os tempos também traz relatos
de intriga, vaidade, fugas espetaculares, bobagens. E um anão. Vire
a página e volte no tempo.

100% periferia

Para conhecer a história completa do big-bang, é preciso voltar


ao século 4 a.C. Isso porque o primeiro passo em direção a ele foi
dado por um filósofo grego, Aristarco, que propôs uma ideia ousada:
a Terra não seria o centro do Universo, mas giraria em torno do Sol.
O modelo foi considerado ridículo e ficou esquecido por 2 mil anos,
até que um polonês atrevido escreveu Sobre as Revoluções das
Esferas Celestes. Nicolau Copérnico, o autor do tratado, voltou-se
contra a teoria dominante do grego Ptolomeu, segundo a qual a Terra
estaria no centro de tudo. A obra de Copérnico saiu em 1543 – e só
então ele percebeu uma terrível traição. No prefácio, escrito sem o
seu consentimento, sua teoria era apresentada como “não
necessariamente verdadeira nem ao menos provável” e a hipótese
de que o Sol estava no centro do Universo era considerada
“absurda”. A punhalada só foi possível porque, durante a impressão
do livro, ele estava de cama se recuperando de uma hemorragia.
Morreu no dia em que recebeu a edição.

Ao longo das décadas seguintes, na Dinamarca, um astrônomo


chamado Tycho Brahe havia ganho tanta reputação que o rei
Frederico II deu a ele uma ilha e dinheiro para construir um
observatório. Apesar das lunetas, a especialidade da ilha eram as
festas. Pessoas importantes eram convidadas para cerimônias
animadíssimas, que contavam com a presença de Jeep, um anão

58
que fazia as vezes de bobo da corte. Em 1588, com a morte do rei,
Brahe perdeu seus privilégios. Acabou tendo de abandonar o castelo
(e a badalação) e migrou para Praga, onde conheceu o alemão
Johannes Kepler. Era uma dupla perfeita: Brahe fazia as mais
precisas observações da época. E Kepler, que seria o melhor
intérprete desses dados, descobriu três coisas fundamentais: os
planetas não se movem em círculos, mas em elipses; a velocidade
desses planetas varia continuamente e o Sol não está exatamente
no centro dessas órbitas. A suspeita se confirmou com as pesquisas
do italiano Galileu Galilei, um católico devoto que tirou proveito das
recém-inventadas lunetas. Ele percebeu que havia luas em torno de
Júpiter, o que era uma prova incontestável de que a Terra não era o
centro do Universo. Acabou condenado pela Inquisição à prisão
domiciliar.

Contra Einstein

Antes de se tornar o mais famoso físico de sua época – e uma


referência para os séculos seguintes –, o inglês Isaac Newton teve
uma infância conturbada. Seu pai havia morrido três meses antes do
seu nascimento. A mãe se casou com um homem mais velho, que
não permitiu que o garoto Isaac morasse com eles. Abandonado,
Newton se tornou um homem amargo e às vezes cruel – a ponto de,
quando se tornou inspetor da Casa da Moeda britânica, mandar
enforcar e esquartejar os falsificadores que tiveram o azar de passar
pela sua frente. Mesmo assim, construiu as fundações de uma nova
ciência. A sua lei da gravidade, de 1666, ensina que todo objeto no
Universo atrai outro objeto. “O poder da fórmula é resumir tudo o que
Copérnico, Kepler e Galileu vinham tentando explicar sobre o sistema
59
solar”, escreveu o inglês Simon Singh em Big Bang, um livro que
descreve a história dessa explosão (e que inspirou grande parte
desta matéria). Ou seja, uma maçã cai no chão não porque se dirige
ao centro do Universo, mas porque a Terra e a maçã têm massa.
Assim, a lei explicava, por exemplo, por que os planetas fazem uma
órbita elíptica em torno do Sol – o que havia sido demonstrado por
Kepler.

As descobertas permitiam que os cientistas entendessem o


funcionamento de quase todas as estrelas que conseguiam ver na
época, mas não dava a mínima pista de onde saiu aquilo tudo. Um
grande passo nessa direção veio em 1915, quando o alemão Albert
Einstein, então já famoso e acostumado a revolucionar a física,
resolveu mudar tudo de novo e apresentou sua teoria da relatividade
geral. No centro dela estava a noção de que tanto o tempo como o
espaço são flexíveis e deformáveis por fatores como velocidade,
energia e gravidade. Só tinha um problema: como o Universo era
molengão e as estrelas se atraíam, todo o espaço já deveria ter se
curvado e desabado sobre si mesmo. A ideia parecia ridícula.
“Einstein tinha ideias em cosmologia completamente reacionárias.
Era um homem do século 19, quando todos achavam que o Universo
tinha um fim e estava parado desde sempre”, diz o físico Mário
Novello, presidente do Instituto Nacional de Cosmologia,
Relatividade e Astrofísica. Einstein elaborou então o que ele mesmo
depois considerou a maior bobagem de sua carreira: alterou as
equações para que elas se encaixassem na sua visão de um
Universo que não cresce nem diminui.

O problema é que essa limitação de Einstein dificultou a vida


dos outros. Dois estudiosos – o russo Alexander Friedmann e o belga

60
George Lemaître – acharam uma solução para o impasse: se o
Universo estivesse se expandindo, é possível que ele nunca entrasse
em colapso. A gravidade de tudo o que existe não conseguiria fazê-
lo se curvar porque o Cosmos esticaria e se manteria estável. Mas
quando Friedmann foi buscar a benção de Einstein, este lhe disse
que a ideia parecia “suspeita”.

Lemaître – que conseguia levar duas profissões aparentemente


antagônicas de padre e cosmologista – insistiu, até porque suas
ideias tinham um tempero a mais. Ele não só estava convicto de que
a teoria de Einstein implicaria um Universo em expansão como
acreditava em um “momento da criação”. Tudo teria começado em
uma região pequena e compacta que “explodiu” e cresceu. Ele
chegou até a cunhar a expressão “átomo primordial” para descrever
a provável aparência do Universo em seu começo, que seria “um hoje
sem ontem”. Mas o belga não teve mais sucesso do que Friedmann
ao buscar o apoio de Einstein – já então capaz de construir e destruir
reputações no meio científico. Em 1927, ouviu deste um veredicto
nada animador: “Seus cálculos estão corretos, mas a sua física é
abominável”. A teoria teria de esperar mais alguns anos antes que
fosse aceita – inclusive por Einstein.

Tudo expande

O começo do século 20 foi marcado não apenas pelo


surgimento da relatividade, mas também pela construção de
telescópios grandes e modernos. O americano Edwin Hubble foi o
nome mais conhecido dessa safra de observadores. Em 1923,
trabalhando no Observatório de Monte Wilson, na Califórnia, Estados

61
Unidos, ele identificou uma cefeida (um tipo de estrela) em uma
nebulosa e mostrou que ela estaria localizada muito longe da Via
Láctea. Isso provou que não habitamos a única galáxia do Universo.
Mas o passo mais importante começou a ser dado em 1929, quando
Hubble percebeu que as estrelas mais afastadas da Terra são
aquelas que estão se afastando mais rapidamente. O Universo
estaria, portanto, se expandindo. Hubble, no entanto, deixou claro
que o problema dele era coletar os dados – e nunca se propôs a
teorizar sobre isso. Ele preferia os holofotes de jornais e TVs, pois
agora também era uma celebridade.

Com a prova de que o Universo estava se expandindo nas


mãos, o trabalho dos teóricos passou a ser “retroceder no tempo”
para tentar descobrir como exatamente chegamos até aqui. O
ucraniano George Gamow era uma das figuras centrais dessa
“arqueologia do cosmos”, mas a interferência política dos
governantes soviéticos nas pesquisas científicas fez com que ele e a
mulher resolvessem fugir de seu país. Depois de duas tentativas
fracassadas – na primeira, pretendiam atravessar o Mar Negro em
um caiaque – eles finalmente conseguiram e, em 1940, chegaram
aos Estados Unidos. Interessado em pesquisar a física das
partículas, o ucraniano percebeu que ali não havia mais ninguém
estudando o tema seriamente – só depois soube que todos os outros
cérebros da área haviam sido cooptados para o Projeto Manhattan,
que levaria à construção da bomba atômica americana. Junto com
seus colegas Ralph Alpher e Robert Herman, Gamow constatou que
os primeiros momentos do Universo seriam tão quentes que
quebrariam qualquer átomo e transformariam tudo em uma sopa de
prótons, nêutrons e elétrons (as menores partículas conhecidas até
então). E, quando ele esfriasse, essas partículas formariam apenas
os menores átomos possíveis, os de hidrogênio e hélio – o que

62
explicava por que esses elementos hoje compõem 99,9% de toda a
matéria que vemos no Universo. Eles também previram que 300 mil
anos depois da explosão teria havido a liberação de uma enorme
quantidade de luz que faria um “eco luminoso” no Universo. E isso
poderia ser percebido hoje.

Foi então que o debate se acirrou. Para uns, o Universo estaria


se expandindo a partir de um momento inicial e, para outros, ele era
eterno e provavelmente infinito. Um dos maiores defensores da
segunda hipótese, o inglês Fred Hoyle, chegou a dizer em um
programa da Rádio BBC que não via “nenhuma boa razão para
preferir essa ideia de big-bang”. O intuito de Hoyle era ironizar, mas
era a primeira vez que alguém usava esse termo para se referir à
teoria – e o apelido pegou. Para o azar de Hoyle, “essa ideia de big-
bang” só ganhou evidências a partir daí. Uma das principais
descobertas foi feita por Arno Penzias e Robert Wilson, dos
Laboratórios Bell, em meados dos anos 1960. Eles detectaram um
ruído nos seus aparelhos de radioastronomia. Como isso não os
deixava trabalhar, eles foram atrás da razão. Acabaram descobrindo
que se tratava da radiação cósmica de fundo – o “eco” do big-bang
previsto por Gamow. “A confirmação dessa radiação deu
credibilidade ao modelo. Desde então, ele tem sido refinado com
inúmeras observações”, diz o físico brasileiro Marcelo Gleiser, do
Dartmouth College, Estados Unidos.

E antes?

As teorias sobre a gravidade não bastavam para ir além das


descobertas de Gamow. O início do Universo seria tão quente e
pequeno que, para entendê-lo, era necessário usar os
conhecimentos da mecânica quântica, que descreve o

63
comportamento das coisas nessa escala. À medida que os cientistas
descobriam quarks, léptons, mésons e um enorme número de
partículas subatômicas, novos elementos foram encaixados no
retrato do início de tudo. Hoje, os cientistas acreditam ter esclarecido
como era o Universo até 10-43 segundos depois do big-bang (isso
significa o número 1 colocado 43 casas depois da vírgula, ou um
tempo tão pequeno que nem vale a pena tentar visualizar). A situação
se complica mais cada vez que alguém traz novas evidências. No
final dos anos 1990, por exemplo, descobriu-se que o Universo não
só aumenta, como está acelerando. Alguma força – até agora
chamada de “energia escura” – está empurrando o cosmo, mas
ninguém sabe muito bem o que é, nem o que ela fez desde o big-
bang. O retrato atual que os pesquisadores têm do passado e do
futuro do Universo é o que aparece no quadro acima.

O grande mistério agora é outro: o que havia antes do big-


bang? “Para Einstein, só existia o nada. Mas, segundo a mecânica
quântica, é possível criar novos espaços-tempos. Isso significa que
pode ter havido alguma coisa”, diz o físico Élcio Abdalla, da USP.
Nesse ponto, a discussão começa a tornar-se cada vez menos
científica e parece até voltar a um estágio anterior aos gregos,
quando os mitos explicavam todo o Universo. Para a ciência deste
começo de século 21, parece um fim de linha. Mas esses obstáculos
são sempre provisórios. Ninguém pode afirmar com certeza que o
modelo do Big-bang – apesar de ser incrivelmente preciso na
descrição do que aconteceu com o cosmo – nunca será superado.
Fonte: https://super.abril.com.br/ciencia/big-bang-2/

64
Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem cristianismo,
diz Papa
Francisco ainda criticou interpretação errada do Gênesis: 'Deus
não é mago'.

Do G1, em São Paulo

Papa Francisco fez declarações sobre a ciência durante inauguração de busto em


homenagem ao Papa Emérito Bento XVI (Foto: Osservatore Romano/Reuters)

O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (27), durante


discurso na Pontifícia Academia de Ciências, que a Teoria da
Evolução e o Big Bang são reais e criticou a interpretação das
pessoas que leem o Gênesis, livro da Bíblia, achando que Deus
“tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar
todas as coisas”.
Segundo ele, a criação do mundo "não é obra do caos, mas
deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big Bang não
contradiz a intervenção criadora, mas a exige", disse o pontífice na
inauguração de um busto de bronze em homenagem ao Papa
Emérito Bento XVI.

O Big Bang é, segundo aceita a maior parte da comunidade


científica, a explosão ocorrida há cerca de 13,8 bilhões de anos que
deu origem à expansão do Universo. Já a Teoria da Evolução,
iniciada pelo britânico Charles Darwin (1809-1882), que prega que os
seres vivos não são imutáveis e se transformam de acordo com sua
melhor adaptação ao meio ambiente, pela seleção natural.

O Papa acrescentou dizendo que a "evolução da natureza não


é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres
que evoluem".

Ele criticou que quando as pessoas leem o livro do Gênesis,


sobre como foi a origem do mundo, pensam que Deus tenha agido
como um mago. "Mas não é assim", explica.

Segundo Francisco, o homem foi criado com uma característica


especial – a liberdade – e recebe a incumbência de proteger a
criação, mas quando a liberdade se torna autonomia, destrói a
criação e homem assume o lugar do criador.

"Ao cientista, portanto, sobretudo ao cientista cristão,


corresponde a atitude de interrogar-se sobre o futuro da humanidade
e da Terra; de construir um mundo humano para todas as pessoas e
não para um grupo ou uma classe de privilegiados", concluiu o
pontífice.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/papa-diz-que-big-bang-e-
teoria-da-evolucao-nao-contradizem-lei-crista.html

66
Telescópio da NASA descobre um sistema solar com sete
planetas como a Terra

Segundo pronunciamento da NASA, em todos os planetas há


condições para abrigar vida

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um novo


sistema solar com sete planetas do tamanho da Terra. Está a cerca
de 40 anos luz de nós, orbitando em torno de uma estrela anã e fria,
de um tipo de astro conhecido como "anões vermelhos". Na Via
Láctea, este tipo de astro é muito mais abundante que as estrelas
como o Sol e, recentemente, se tornaram o lugar preferido pelos
astrônomos para procurar planetas semelhantes à Terra onde possa
ser encontrada vida, segundo explicaram os cientistas da NASA,
durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira. "A questão
agora não é se encontraremos um planeta como a Terra, mas
quando", disseram.

O novo sistema solar orbita em torno da estrela Trappist-1, um


astro do tamanho de Júpiter encontrado na constelação de Aquário.
No ano passado, uma equipe internacional de astrônomos achou três
planetas orbitando este astro, com tão somente 8% da massa do Sol.
Em um novo estudo publicado hoje na revista Nature, a mesma
equipe confirma a existência desses três planetas e anuncia outros
quatro. Todos os sete planetas têm o tamanho similar ao da Terra,
mas estão muito mais próximos à sua estrela, o que permitiria que
abrigassem água líquida, condição essencial para a vida, segundo
um comunicado oficial do Observatório Europeu do Sul (ESO).
Em fevereiro e março de 2016 os astrônomos usaram o
telescópio espacial Spitzer, da NASA, para captar as minúsculas
flutuações na luz do astro que são produzidas quando os planetas
passam na frente de sua estrela. Telescópios terrestres no Chile,
África do Sul, Marrocos, Estados Unidos e Ilha de La Palma, nas
Canárias, direcionaram também suas lentes para a Trappist-1entre
maio e setembro. As observações confirmam a existência de seis
planetas, Trappist-1 b, c, d, e, f e g, conforme sua proximidade
decrescente do astro, e sugerem a existência de um sétimo, h, ainda
não confirmado. Os seis planetas confirmados parecem ser
rochosos, como a Terra, Marte, Vênus e Mercúrio, embora alguns
possam ser muito menos densos. A Trappist-1 e seus mundos se
parecem muito com Júpiter e suas luas geladas Io, Europa,
Ganimedes e Calisto, algumas também propensas a abrigar vida.

“É um sistema planetário alucinante, não só por haver tantos,


mas porque seu tamanho é surpreendentemente semelhante ao da
Terra”, diz Michaël Gillon, pesquisador da Universidade de Liège
(Bélgica) e principal autor do estudo.

68
AO VIVO AGORA: Anúncio sobre nova descoberta sobre planetas orbitam outras do
que o nosso sol estrelas

O planeta mais perto de seu sol leva um dia para completar


uma órbita, e o mais distante, 12. Os três primeiros estão perto
demais da estrela, o que faz com que provavelmente tenham climas
abrasadores em excesso para que a água não evapore de sua
superfície, segundo os modelos climáticos usados pelos astrônomos.
É provável que h, com um tamanho mais parecido com os de Vênus
e Marte, seja um mundo gelado por causa de sua distância da estrela.
Os três planetas restantes estão dentro da chamada “zona habitável”
e podem abrigar oceanos, segundo o estudo.

O mais importante desta descoberta é que pode permitir


observar pela primeira vez a atmosfera de um desses planetas,
explica Guillem Anglada-Escudé, astrônomo de Barcelona que
69
trabalha na Universidade Queen Mary, de Londres. Trata-se de uma
conquista científica que bem vale um Nobel e é um dos passos
prévios fundamentais na busca de vida fora do Sistema Solar. No ano
passado, Anglada-Escudé descobriu o exoplaneta de tamanho
terrestre mais próximo da Terra, a quatro ano-luz.

Observar a atmosfera

Este mundo também orbita em torno de uma anã vermelha,


Próxima Centauri, e pode estar coberto por um grande oceano. Ainda
está para ser visto se tem atmosfera, condição quase essencial para
a vida, e se esta é observável da Terra. Nos planetas da Trappist-1
“é possível que o telescópio espacial Hubble possa analisar se há
atmosfera em algum desses planetas e é bastante provável que o
Telescópio Espacial James Webb, que será lançado no próximo ano,
possa confirmar isso”, explica o astrônomo.

Embora não possam ser vistas a olho nu da Terra, três de cada


quatro estrelas em nossa galáxia são anãs vermelhas, por isso é
possível que descobertas como a desta quarta-feira se transformem
na norma. O nome da estrela corresponde ao acrônimo Telescópio
Pequeno para Planetas em Trânsito e Planetesimais (Trappist), um
sistema de dois observatórios robóticos da Universidade de Liège
que está rastreando as 60 estrelas anãs frias mais próximas da Terra
em busca de planetas habitáveis. Calcula-se que para cada planeta
que se consegue detectar com este método haja “entre 20 e 100
vezes mais planetas”, explica Ignas Snellen, da Universidade de
Leiden (Holanda), em um comentário ao artigo original publicado na
Nature.

70
Por isso esse achado deve ser um lembrete para os terráqueos
de que não há razões objetivas para se sentirem especiais.
“Encontrar sete planetas em uma amostra [de estrelas analisadas]
tão pequena sugere que o Sistema Solar com seus quatro planetas
rochosos pode não ser nada fora do normal”, escreve o pesquisador
em um comentário ao artigo original na Nature. Esses planetas
podem abrigar vida? Impossível saber disso no momento, diz
Snellen, mas “uma coisa é certa: em alguns bilhões de anos, quando
o Sol tiver esgotado seu combustível e o Sistema Solar deixar de
existir, a Trappist-1 continuará sendo uma estrela em sua infância.
Consome hidrogênio tão devagar que continuará viva uns 10 trilhões
de anos, 700 vezes mais que a idade total do Universo e,
possivelmente, isso é tempo suficiente para que a vida evolua”,
conclui.

Números Quase Perfeitos

O novo sistema solar descoberto na Trappist-1 é


extraordinariamente compacto e ordenado. Seus planetas estão em
um mesmo plano, como ocorre no Sistema Solar. Além disso, suas
órbitas seguem um ritmo periódico e o tempo que levam para
completá-las pode ser expresso em frações simples, por exemplo,
8/5 para os planetas c e b ou 5/3 para d e c. Cada planeta influi com
sua gravidade na órbita do que está mais próximo dele.

Estas pequenas distorções serviram para calcular a massa dos


seis planetas confirmados e indicam que, em sua origem, formaram-
se longe da estrela e depois migraram na direção dela. Isso poderia
significar uma forma alternativa de criar planetas rochosos que não

71
se parece com a que conhecemos no Sistema Solar. Nas luas de
Júpiter, essas distorções fazem com que as luas conservem calor
interno e tenham vulcanismo, como Io, ou possíveis oceanos, como
Europa. Em 2013 foi descoberto um sistema de seis planetas, três
deles habitáveis, em torno da Gliese 667C, a 22 anos-luz da Terra,
embora somente dois deles estejam 100% confirmados. O que torna
única a descoberta revelada hoje é que pelo menos seis de seus
planetas transitam diante de sua estrela, o que permitirá analisar sua
atmosfera, se é que a possuem.

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/22/ciencia/1487783042_037999.html

72
Cientistas britânicos dizem ter achado na atmosfera vida
originada fora da Terra

Fotografia divulgada nesta sexta-feira (20) pela Universidade de Sheffield mostra o que
um grupo de cientistas britânicos considera uma partícula de vida do espaço. Eles
acreditam ter encontrado provas da existência de vida fora da terra (Foto:
EFE/Universidad de Sheffield/Ho)

A imagem acima pode parecer um borrão branco, uma gosma


esquisita ou uma tentativa de fotografia fracassada. Mas, para um
grupo de cientistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, ela
é a prova de que existe vida fora da Terra.

De acordo com os pesquisadores, esta fotografia, feita por uma


sonda (espécie de balão desenvolvido para chegar à estratosfera), é
de um microrganismo voador encontrado na atmosfera da Terra
durante a passagem da chuva de meteoros Perseid. Além deste, a
sonda registrou a existência de uma série de microorganismos
similares. As lâminas dos microscópios da sonda, lançada no dia 31
de julho deste ano nas proximidades de Chester, só foram expostas
quando atingiu uma altura entre 22 e 27 quilômetros.

Segundo os cientistas, o fato de a coleta ter sido feita a cerca


de 27 quilômetros de altura da superfície terrestre comprova que o
microrganismo não pode ter tido origem em nosso planeta. De acordo
com o diretor do grupo de pesquisa, Milton Wainwright, tal partícula
só poderia ter sido proveniente da Terra se tivesse ocorrido uma
erupção vulcânica extremamente violenta, capaz de expelir
partículas a tal distância. "Nos três anos que trabalhamos em
recolher as amostras, nada disso aconteceu". Para ele, isso
comprova que o microrganismo teve origem fora do planeta. O
pesquisador garante que não houve qualquer tipo de contaminação.

"Na ausência de um mecanismo pelo qual as partículas de


grandes dimensões como esta podem ser transportados para a
estratosfera, só podemos concluir que essa entidade biológica foi
originada no espaço." Segundo o pesquisador, os dados coletados
pela sonda permitem concluir que a vida está constantemente
chegando à Terra a partir do espaço. "A vida não se restringe a este
planeta", ele diz. Para Wainwright é muito difícil que algum
mecanismo desconhecido (capazes de expelir microorganismos a
uma distância tão grande) seja responsável pelo fenômeno.

A descoberta da equipe liderada por Wainwright foi publicada


no Journal of Cosmology que, segundo o site The Huffington Post, já
foi acusado por outros cientistas de publicar artigos de consistência
e qualidade questionáveis.

Críticos da comunidade científica afirmam que, por si só, o


material não comprova a existência de vida extraterrestre e que seria
74
necessário que as "provas" fossem submetidas a análises de outros
grupos de pesquisadores.

Em outubro deste ano, Wainwright e seu grupo de pesquisa vão


realizar um novo teste, do mesmo tipo, para coletar mais amostras
que confirmem sua tese científica.

Fonte: https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/09/cientistas-britanicos-dizem-ter-
achado-na-atmosferabvida-originada-fora-da-terrab.html

75
"O milagre chinês terminará em breve", diz ministro do meio-
ambiente do país

Der Spiegel

Andréas Lorenz, em Hamburgo

Der Spiegel

Nos últimos anos o mundo fica fascinado com os progressos


econômicos feitos pela China. Mas tal progresso implicou um alto
custo para o meio-ambiente do país. A poluição é um problema sério
e caro. Pan Yue, do Ministério do Meio-Ambiente, diz que esses
problemas logo sobrepujarão o país e criarão milhões de "refugiados
ambientais".

Der Spiegel - A China está fascinando o mundo com a sua


próspera economia, que cresceu 9,5%. Você não está satisfeito com
tal velocidade de crescimento?

Pan Yue - É claro que estou satisfeito com o sucesso da


economia da China. Mas ao mesmo tempo estou preocupado.
Estamos usando matérias-primas demais para sustentar esse
crescimento. Para produzir bens no valor de US$ 10 mil, por exemplo,
necessitamos de sete vezes mais recursos do que o Japão, seis mais
do que os Estados Unidos, e, talvez o mais embaraçoso, quase três
vezes mais do que a Índia. Não se pode e não se deve permitir que
as coisas caminhem desse jeito.

Der Spiegel - Tal ponto de vista não é exatamente generalizado


no seu país.
Pan Yue - Muitos fatores se integram nesta questão: temos
escassez de matérias-primas, não possuímos terras suficientes e a
nossa população cresce constantemente. Atualmente, há 1,3 bilhão
de pessoas vivendo na China, o que representa o dobro da
população de 50 anos atrás. Em 2020, haverá 1,5 bilhão de
habitantes na China. As cidades estão crescendo, mas, ao mesmo
tempo, os desertos estão se expandindo. A quantidade de terras
habitáveis e utilizáveis caiu pela metade nos últimos 50 anos.

Der Spiegel - Mesmo assim a cada ano a China consolida a sua


reputação de "terra maravilhosa" da economia.

Pan Yue - Esse milagre acabará em breve porque o meio-


ambiente não consegue mais acompanhar tal ritmo. A chuva ácida
cai sobre um terço do território chinês, metade das águas de nossos
sete maiores rios está completamente inutilizável, enquanto um
quarto da nossa população não possui acesso a água potável. Um
terço da população urbana respira ar poluído, e menos de 20% do
lixo produzido nas cidades é tratado e processado de forma
ambientalmente sustentável. Finalmente, cinco das dez cidades mais
poluídas do planeta ficam na China.

Der Spiegel - Qual a magnitude dos efeitos dessa degradação


ambiental sobre a economia?

Pan Yue - É maciça. Devido ao fato de ar e água estarem


poluídos, estamos perdemos entre 8% e 15% do nosso produto
interno bruto. E isso não inclui os custos com a saúde. Além disso,
há o sofrimento humano. Só em Pequim, entre 70% e 80% dos
cânceres fatais estão relacionados ao problema ambiental. O câncer
de pulmão emergiu como a principal causa de óbitos.

78
Der Spiegel - Como a população está reagindo a esses
problemas de saúde? As pessoas se mudam para regiões do país
mais saudáveis?

Pan Yue - Mesmo agora, as regiões ocidentais da China e as


áreas ecologicamente estressadas do país não conseguem mais
sustentar as pessoas que nelas vivem. No futuro, precisaremos
transferir 186 milhões de habitantes de 22 províncias e cidades. No
entanto, as outras províncias e cidades só são capazes de absorver
33 milhões de pessoas. Isso significa que a China terá mais de 150
milhões de migrantes ecológicos, ou, se vocês preferirem, refugiados
ambientais.

Der Spiegel - O seu governo não tenta controlar a poluição?

Pan Yue - Sim, e em algumas cidades, tais como Pequim, a


qualidade do ar, na verdade, melhorou. Além disso, as águas de
alguns rios e lagos são hoje mais limpas do que no passado.
Atualmente há mais áreas de conservação e algumas cidades-
modelo se focalizam especificamente na proteção ambiental.
Estamos replantando florestas. Aprovamos leis adicionais e
regulamentações mais rígidas do que as do passado e elas estão
sendo aplicadas de forma mais rigorosa.

Der Spiegel - Mas os fanáticos pelo crescimento econômico em


Pequim ainda continuarão atuando como antes.

Pan Yue - Eles ainda estão desempenhando o papel de


liderança - por ora. Para eles, o produto interno bruto é o único
parâmetro para avaliar a performance do governo. Mas nós também
estamos cometendo outro erro: estamos convencidos de que uma
economia próspera é automaticamente acompanhada de

79
estabilidade política. Creio que isso é uma grande tolice. Quando
mais rapidamente cresce a economia, mais depressa corremos o
risco de enfrentarmos uma crise política caso as reformas políticas
não acompanhem esse ritmo. Se a lacuna entre ricos e pobres se
ampliar, regiões da China e a sociedade como um todo se tornarão
instáveis. Se a nossa democracia e o nosso sistema legal ficarem
para trás do desenvolvimento econômico geral, vários grupos na
população serão incapazes de proteger os seus interesses. E há um
outro erro quanto a esse raciocínio...

Der Spiegel - Que erro?

Pan Yue - A ideia de que o crescimento econômico nos


fornecerá os recursos financeiros para lidarmos com as crises
relativas ao meio ambiente, às matérias-primas e ao crescimento
populacional.

Der Spiegel - E por que isso não pode dar certo?

Pan Yue - Não haverá dinheiro suficiente, e estamos


simplesmente perdendo a corrida contra o tempo. Países
desenvolvidos com uma renda per capita entre US$ 8.000 e US$
10.000 podem arcar com este custo, mas este não é o nosso caso.
Antes de atingirmos uma renda per capita de US$ 4.000, diferentes
crises, de todos os formatos, nos atingirão. Não estaremos
suficientemente fortes sob o ponto de vista econômico para superar
essas crises.

Der Spiegel - Você defendeu a adoção do chamado "produto


interno bruto verde". No que isso implicaria?

Pan Yue - É um modelo que leva em conta os custos do


crescimento, como, por exemplo, a poluição ambiental, e é um tópico

80
que estamos discutindo com especialistas alemães. Queremos que
a performance dos funcionários seja avaliada não só em termos de
crescimento econômico, mas também de como eles resolvem
problemas ambientais e questões sociais.

Der Spiegel - A sua agência tem autonomia para coibir os


crimes ambientais?

Pan Yue - Recentemente cancelamos 30 projetos, incluindo


várias usinas de energia elétrica - uma delas na Represa de Três
Gargantas. As empresas envolvidas no projeto descumpriram a lei
ao deixarem de avaliar que efeito os seus novos investimentos teriam
sobre o meio-ambiente.

Der Spiegel - Mas houve permissão para que 26 outros projetos


tivessem continuidade. Eles só tiveram que pagar pequenas multas -
uma ninharia, comparado aos bilhões que investiram.

Pan Yue - Infelizmente, isso é verdade. E é por isso que as


nossas leis e regulamentações precisam ser reformadas. Ainda que
tenhamos pouco poder, cancelaremos projetos ilegais, incluindo as
economicamente poderosas fábricas de aço, cimento, alumínio e
papel. E ignoraremos as agendas seguidas por autoridades e
companhias influentes.

Der Spiegel - Vários agressores do meio ambiente estão


oferecendo muito dinheiro ou se aproveitam de suas conexões
políticas...

Pan Yue - A minha agência sempre se voltou contra a tendência


majoritária. Durante esse processo, sempre houve conflitos com
poderosos grupos lobistas e governos locais fortes. Mas o povo, a

81
mídia e a ciência nos apoiam. Na verdade, a pressão é para mim um
motivador. Ninguém vai me desviar da minha rota atual.

Der Spiegel - A China não possui um movimento ambiental de


base. Até o momento, os cidadãos tiveram poucas oportunidades
para contestarem projetos questionáveis. Os tribunais às vezes
sequer aceitam as acusações feitas pelos cidadãos, e a
manifestação oposicionista não é permitida.

Pan Yue - A co-determinação política deve ser parte de


qualquer democracia socialista. Quero que haja mais discussões
com as pessoas afetadas. No entanto, não sou o tipo de pessoa que
age no sentido de parecer democrático para o mundo exterior.
Precisamos de uma lei que permita e garanta a participação pública,
especialmente quando se tratar de projetos ambientais. Se for
politicamente seguro se envolver com e ajudar o meio-ambiente,
todas as partes serão beneficiadas. Temos que tentar convencer a
liderança central quanto a isso. Crescimento está acabando com os
recursos naturais da China Danilo Fonseca

Fonte: https://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2005/03/20/o-milagre-chines-
terminara-em-breve-diz-ministro-do-meio-ambiente-do-pais.jhtm

82
Coréia do Norte está voltando às negociações nucleares, dizem
EUA e China

The New York Times

David E. Sanger*

Em Washington,

Autoridades dos EUA e da China afirmaram nesta terça-feira


(7/6) que a Coréia do Norte se comprometeu a retornar às
negociações multinacionais sobre seu programa nuclear, mas que
ainda não deu datas.

O desdobramento deixou tanto as autoridades americanas


quanto as asiáticas se perguntando se Pyongyang estava
simplesmente tentando evitar que sanções sejam propostas à
Organização das Nações Unidas.

Depois de um ano de suspensão nas negociações de seis


nações, os representantes da Coréia do Norte junto à ONU fizeram
as declarações em uma reunião na segunda-feira em Nova York com
dois diplomatas americanos, Joseph DeTrani e Jim Foster.

Mas depois de um dia de sinais conflituosos em Washington


sobre o que os norte-coreanos de fato disseram e uma previsão
otimista de um representante chinês na ONU, de que as negociações
seriam resumidas "nas próximas semanas", tanto as autoridades
americanas quanto as asiáticas expressaram a necessidade de
cuidado.

Elas observaram que o presidente Bush terá em breve, na


sexta-feira, uma reunião com o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo
Yun, na qual Bush deve discutir quanto tempo os EUA e seus aliados
devem continuar com o processo diplomático até agora infrutífero.

Roh opôs-se a qualquer movimento por sanções que


pudessem cortar o comércio com o Norte e aconselhou maior
engajamento com Pyongyang. Mesmo a perspectiva ambígua de
volta às negociações poderá reforçar sua posição no almoço com o
presidente Bush.

Uma autoridade asiática profundamente envolvida no processo


foi cética em relação ao progresso em Nova York, dizendo que a
declaração norte-coreana "pode ter sido feita para nos manter no ar".

A principal autoridade americana responsável pelas


negociações, Christopher R. Hill, também foi cuidadosa. Saindo de
uma audiência no Congresso sobre a China e a Coréia do Norte, Hill
informou aos repórteres que os norte-coreanos tinham dito em Nova
York que estavam "compromissados" com as negociações.

Ele disse que "a preocupação agora é conseguir uma data" e


acrescentou: "Precisamos tomar cuidado com a forma como
caracterizamos" as declarações norte-coreanas no encontro de Nova
York.

Dentro do governo Bush, a questão de quanto tempo insistir


nas negociações --que também envolvem Rússia, China, Japão e
Coréia do Sul-- tem sido fonte de contínuo debate.

Algumas autoridades, tanto no Pentágono quanto na Casa


Branca, argumentam que chegou a hora de impor sanções,
observando que as negociações anteriores não tiveram resultados e
que nenhum avanço foi feito desde que os EUA apresentaram uma
oferta modesta ao Norte há um ano.

84
Uma alta autoridade do Departamento de Estado, viajando com
o secretário de Defesa Donald H. Rumsfeld, sugeriu no final de
semana que as sanções poderiam estar a semanas de distância.

Ela foi rapidamente corrigida pela secretária de Estado


Condoleezza Rice, que disse aos repórteres que não havia prazos e
que a probabilidade era baixa de uma decisão ser feita tão
rapidamente. Rumsfeld, do outro lado do mundo, rapidamente disse
aos repórteres a mesma coisa.

Em Washington, entretanto, várias agências vêm fazendo


planos para possíveis sanções, inclusive o que pode ser uma
quarentena do país, com navios e aviões de busca fiscalizando
carregamentos ilícitos de mísseis, drogas e dinheiro falsificado.

Essas táticas, porém, provavelmente serão fadadas ao


fracasso se os EUA não obtiverem a cooperação da China, maior
parceira comercial da Coréia do Norte e sua principal fonte de
alimento e combustível. Até agora, os chineses não mostraram
nenhum interesse em adotar a ameaça.

Em vez disso, Pequim pediu paciência e otimismo. "Acho que


(a retomada) será em breve, nas próximas semanas", disse o
embaixador chinês Wang Guanya na ONU. "Já se passou um ano.
Foi adiada tempo demais. Todos concordam que a negociação de
seis partes é a melhor forma de resolver a questão nuclear na
península coreana."

Perguntado sobre a possibilidade de levar a questão ao


Conselho de Segurança, ele disse: "Para a China, levar essa questão
ao Conselho de Segurança nesta altura seria prematuro."

85
Hill, que é o novo subsecretário de Estado de Assuntos da Ásia
e do Pacífico, expressou frustração hoje por não ter havido maior
pressão sobre a Coréia do Norte.

"Pedimos à China que fizesse mais" para convencer a Coréia


do Norte a voltar à mesa, disse ao comitê de Relações Exteriores do
Senado. "A Coréia do Norte depende da China todos os dias para ter
combustível e alimento. Esperamos mais. A China precisa usar sua
influência", disse ele, observando em certa altura que "claramente a
China reluta em usar sanções econômicas".

Hill, negociador veterano, está argumentando internamente


que o governo deve ser mais claro com a Coréia do Norte sobre o
que ganharia desistindo das armas que alega ter, segundo seus
colegas no Departamento de Estado. O subsecretário, porém, não
sugeriu isso hoje, dizendo ao comitê: "Algumas vezes os americanos
são famosos por sua impaciência. Mas eu acho que um ano é um
longo tempo."

Apesar de prestar mais de uma hora de testemunho na


audiência, Hill não fez menção às declarações norte-coreanas no
encontro em Nova York de segunda-feira.

*Colaboraram Warren Hoge e Joel Brinkley. Autoridades estimam que


norte-coreanos pretendem evitar sanções.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2005/06/08/coreia-do-norte-esta-
voltando-as-negociacoes-necleares-dizem-eua-e-china.jhtm

86
Lenin - o revolucionário discreto

Intelectual por excelência, o líder da Revolução Russa mudou


o curso do mundo no século XX. Era avesso a qualquer ostentação:
quando passou a morar no Kremlin escolheu um modesto aposento.

por Arthur Conte

Lenin, durante uma entrevista em


Moscou pouco antes de sua morte, ocorrida em
1924.

"SÓCRATES PROCLAMADO
REI." Assim é possível resumir, com
uma metáfora, a longa e taciturna
vida, apenas no final marcada por
alguns anos cintilantes de Vladimir
Ilitch Ulianov, que marcou seu nome na ´história com Lenin, filósofo,
polemista e revolucionário de gabinete, um dia consagrado Czar.
Durante 40 anos - de aproximadamente 1877, quando tinha 17 anos
e tomou partido do marxismo contra os antigos regimes até 1917,
quando foi chamado para dar " o último golpe" contra a dinastia dos
Romanov -, sua existência se resume a uma única imagem: o homem
que permanece sentado rascunhando enquanto sua companheira,
Nadjeda Krupskaia, organiza fichas.

Aos 20 anos, Lenin já era o que seria 40 anos mais tarde: a


aparência envelhecida, a silhueta magra e pequena, o paletó lustroso
nos cotovelos, as botinas gastas, a cabeça grande demais para
ombros tão estreitos, a fronte ossuda e os olhos mongólicos.
Ele tinha crises de riso nervoso e uma voz rouca, cortando as
sílabas e cindindo as frases. Sofria de uma timidez prodigiosa, que
só superava por uma energia prodigiosa. E, para completar, Lenin,
no início de sua carreira política, ainda era ofuscado por um
combatente brilhante. Fazia-lhe sombra seu irmão Alexandre,
"Sacha", quatro anos mais velho, um personagem surpreendente,
que organizou um atentado contra o czar, mas foi preso antes de
realizar seu intento. Julgado, foi condenado à morte e enforcado aos
23 anos de idade.

Lenin - que nasceu em 22 de abril de 1870, o quarto filho entre


os seis do casal llia Ulianov e Maria Alexandrovna Blank - era
taciturno perto de Georgi Valentinovitch Plekhanov, intérprete
inconteste do marxismo durante longas estações e papa respeitado
do socialismo russo. Da mesma forma parecia, perto do jovem Lev
Davidovitch Bronstein, a quem chamavam Leon Trotski, e que, com
um gênio excepcional e um talento para a história, organizou o
supremo combate contra os palácios imperiais, depois forjou o
Exército Vermelho. Sua companheira, Krupskaia, também era
taciturna. À época do casamento, durante o exílio a que ele foi
forçado na Sibéria, ela completara os 27 anos de idade - um a mais
que o marido. Filha da pequena nobreza arruinada, ela e a mãe
precisaram alugar quartos para sobreviver. Krupskaia foi
apresentada a Lenin em 1893, em Okhta, em meio a uma festa, numa
noite de carnaval. Foi tomada de admiração por aquele
"revolucionário muito culto", autor de uma notável Discussão entre
um socialdemocrata e um populista, inimigo dos hipócritas gentis e
irmão de Alexandre Ulianov, que fora enforcado.

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Lenin, que resistia a outro envolvimento amoroso porque não
queria que nada o distraísse da revolução, sentiu-se à vontade diante
dessa intelectual enérgica, professora na escola do bairro Smolensk,
em Petrogrado e dirigente de círculos operários na periferia da porta
Nevski. Seguro de sua dedicação à causa popular e de seu
incontestável talento para reunir artigos e fichários, ele a contratou
como sua secretária particular. Ela era taciturna, robusta, com gestos
lentos e o rosto redondo e plácido, segura de si, os lábios grossos
que mal sorriam.

Krupskaia foi sempre, mais do que esposa, mãe e irmã para


Lenin. Eles se irmanavam no culto revolucionário, no ódio ao
czarismo, na guerra contra a injustiça, na certeza de que "o primeiro
inimigo é a burguesia". Ficava maravilhada ao observar o interesse
dele pelo menor detalhe que fosse da vida operária, no afã de reunir
tudo o que lhe rendesse uma visão do conjunto do cotidiano
proletário, de maneira a descobrir "o melhor ponto pelo qual a
propaganda revolucionária podia penetrar".

Lenin, por sua vez, ficou satisfeito ao encontrar alguém que


cuidasse dele. Quando criança e jovem, foi sempre coberto de
pequenos cuidados pela mãe, Kaia, e os mimos adoráveis
continuavam. Além disso, sendo Krupskaia a melhor secretária do
mundo, tornou-se para ele indispensável. Sempre esteve ao lado
dele, até a morte.

Uma única pessoa esteve perto de abalar essa tranquila


relação: a ardente Inês Armand, de rosto lindo e luminoso, durante
seu exílio em Paris, principalmente nos anos 1909 e 1910. Ela era
filha de uma atriz com um cantor de ópera. Criada por uma tia em
Moscou, Inês Armand falava francês, inglês, russo e alemão. Ao

89
piano, ela interpretava, diziam alguns, Chopin, Bach, Mozart. Chegou
à revolução movida por uma extrema piedade pela condição
operária, apesar de ser casada com um homem da alta burguesia.
Tornou-se bolchevique lendo a obra de Lenin.

Nenhuma grande provação

Lenin passou a apreciar de forma mais do que racional aquele


ser excepcional, que sabia aliar beleza e inteligência, energia e
charme, sentido estético e dialética revolucionária. Krupskaia teve de
lançar mão de toda sua paciência para contornar o problema.
Passada a crise, a união do casal retomou toda a força. "Nosso
casamento é um verdadeiro casamento pequeno-burguês", admitiu
Lenin. O que importava mesmo era dedicar-se ao trabalho, à
revolução. O único descanso autorizado pela dialética foi, em Paris,
pedalar aos domingos nos campos da Île-de-France, ou, na Suíça,
sair alguns dias, com uma mochila, pelas montanhas. Lenin parece
velho tão precocemente que, aos 24 anos, os revolucionários do
exílio o apelidaram de Stark, o Antigo. Foi, talvez, essa velhice que o
preservou das tempestades vãs.

Além de não fazer questão de ser um herói, Lenin desprezava


tudo o que pudesse levar a crer que o fosse. Ele nunca passou
nenhuma provação terrível, coisa que, aliás, enfatizou cruamente.
Preso em dezembro de 1895 por ter publicado um jornal subversivo,
A causa dos trabalhadores, depois de passar um ano numa prisão de
Petrogrado, escreveu francamente à irmã: "Pena já nos relaxarem,
gostaria de terminar meus trabalhos". Repetiu essa mesma
expressão muitas vezes. As prisões czaristas estavam, pois, longe

90
de prefigurar um inferno. Os detentos políticos podiam ler à vontade,
escrever o que queriam e até se dedicar a pesquisas eruditas. O
jovem Ulianov não se privou de nada disso. Jamais se queixou das
condições em que permaneceu encarcerado. Ao contrário, dizia à
mãe: "Tenho tudo de que preciso e até mais". Naquele período, ele
pôde dividir bem seu tempo entre os cuidados com o físico, o estudo
de línguas e o trabalho; recebia tantas guloseimas e presentes que
podia sonhar em "desbancar a cantina oficial".

Os três anos de exílio na Sibéria não foram mais severos: tendo


chegado em maio de 1897 à sua residência forçada, em
Chuchenskoie, Lenin escreveu que em casa sempre dormia
"esplendidamente todas as noites". Descrevia a região como salubre
e agradável; "o ar é bom, fácil de respirar", eis por que o lugar era
chamado de "Itália siberiana". Ele dispunha de um quarto confortável
numa casa campestre limpa. Os camponeses que o alojavam tinham
todo o cuidado ao preparar suas refeições, lavar e arrumar suas
roupas.

Abastecido de livros e documentos por Krupskaia, podia


tranquilamente continuar redigindo "tratados, artigos, obras".
Traduziu em ritmo lento A teoria e a prática dos sindicatos ingleses,
de Sydney e Beatriz Webb; recebia uma mensalidade do Estado para
suas despesas pessoais; podia caçar em qualquer recanto da
província, livremente. Comemorava Natal e Páscoa em companhia
de outros exilados, fazia longos passeios aos arredores com seus
novos amigos, entre os quais se incluía um operário finlandês.

Quando também Krupskaia foi presa, Lenin conseguiu sem


dificuldades que, em vez ser exilada no norte da Rússia, como
previsto pelas autoridades imperiais, ela fosse enviada a

91
Chuchenskoie, para "encontrar seu noivo". Ao juntar-se a ele, veio
acompanhada da mãe, Elisabeth Vassilievna, que permaneceu junto
do casal por longos anos, encarregando-se de cozinhar. Krupskaia
trouxe uma coleção inacreditável de livros, jornais, dicionários e
gramáticas, mas também não esquecera de incluir na bagagem o
chapéu de palha de Vladimir, um jogo de xadrez e um paletó de couro
para a caça. Ao vê-lo, a futura sogra comentou, surpresa: "Meu Deus,
como você engordou".

O casamento, muito burguês e ritual, foi celebrado em julho, e


eles já começaram a trabalhar juntos, em especial na polêmica contra
Edouard Bernstein (executor testamenteiro de Friedrich Engels,
morto em 1895, que pretendeu "revisar", "modernizar" o marxismo),
e a preparar a edição de um poderoso jornal socialista em toda a
Rússia. Enfim, as cenas desse período são opostas às de uma
prisão. Quando Lenin deixou Chuchenskoie, saiu vestido com um
belo casaco de pele e equipado com uma valise suntuosa.

A persistente propaganda

Como Lenin não gostava do confronto direto e físico, evitava


militar no território da Rússia, como fez, na mesma época, um
terrorista da Geórgia, nove anos mais novo do que ele. Tratava-se de
Iossif Vissarionovitch Djougatchvili, que preferia ser chamado de
Koba - alguém que a história registraria como Stalin. Aos riscos da
vida clandestina, Lenin preferiu a tranquilidade do exílio: Paris ou
Londres, Munique ou Lausanne. Ele se petrificara sob a segurança e
a silhueta de um simples funcionário que ninguém notava; de terno
sempre escuro; bem barbeado, de bigodes caídos e olhos

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semicerrados. Funcionário do Marxismo e Cia. Taciturno, sempre
taciturno. Fiel a esse estilo, preparou a revolução considerada como
a mais espetacular de todos os tempos, com atividades de gabinete:
escrevia, rascunhava, rasurava. Nada de heroísmo nem de equipe,
em momento algum.

Ora lembra o rato de biblioteca, gordo e de dentes afiados, que


rói pacientemente a casa, ora a aranha tecendo a teia. Muito cedo,
unidades do jornal socialista Iskra, que ele dirigia, foram criadas na
Europa e em toda a Rússia; imprensas socialistas de inspiração
leninista surgiram em Petrogrado, Bakou, Novgorod. Redes
clandestinas eram pacientemente organizadas para encaminhar o
correio entre o exílio e a clandestinidade: Toulon-Alexandria-Odessa
ou Anvers-Estocolmo-Vilna; refúgios para os siberianos foragidos
foram instalados nas principais capitais europeias.

Grandes chefes socialistas, como Axelrode Pavel e Yuli


Osipovich Martov, tinham de passar por seu intermédio para se
corresponder com as células do Cáucaso, da Sibéria e da Rússia
Branca. Ele pusera em funcionamento um vasto e eficaz aparelho
que seria fundamental nos momentos históricos. Enquanto
aguardava o tempo certo para a ação, contribuía poderosamente
para expandir, com palavras de ordem, sua lenda de pai da
revolução.

Há momentos em que lembra a formiga. Como no texto: "Eu


afirmo: que nenhum movimento pode ser duradouro sem uma
organização estável de chefes para manter-lhe a continuidade; que
quanto mais as massas estiverem integradas na luta para constituir
a base do movimento, mais é necessário ter tal organização e esta
deve ser estável; que a organização deve ser composta

93
essencialmente de pessoas que fazem da revolução um trabalho;
que, num país de governo despótico, quanto mais limitarmos os
membros dessa organização àqueles que fazem da revolução um
trabalho... mais difícil será descobrir essa organização e maior será
o círculo de homens e de mulheres pertencentes à classe operária
ou às outras classes da sociedade em condições de ligar o
movimento e de executar um trabalho ativo".

Uma formiga não esquece, principalmente, de acumular


provisões. Lenin monopolizava todas as cotizações. Enquanto, para
sobreviver, Georgi Valentinovitch Plekhanov precisava copiar
endereços, Axelrode Pavel vender iogurtes, Leon Trotski fazer
trabalhos artesanais, ele só podia se apoiar no movimento, portanto
no sucesso da revolução. O segredo era a repetição, marcada pelo
apelido magnético, descoberto em Londres no final de 1901, e
formado, por contração, a partir de um primeiro apelido. Iliine, por sua
vez resultante da junção de Ilitch e Ulian, derivado de Ulianov. A
consolidação desse nome aconteceu de uma forma rígida, insistente,
monótona, como uma ladainha. Por trás dos golpes mil vezes
desferidos pelas mesmas palavras, um estilo, portanto, encontra-se
sempre a mesma mão, o mesmo cérebro, o mesmo sistema e a
mesma irresistível atração.

A revolução bolchevista, sob a luz dos ideais marxistas, foi a


grande vitória desse rato, dessa aranha e dessa formiga. Ele mesmo,
petrificado pela Medusa de seu sucesso, no dia em que a vitória foi
consagrada, em Petrogrado, murmurou a Trotski: "Estou com a
cabeça girando!" É possível, afinal ele tinha diante dos olhos o
inacreditável. Da mesma forma, parecia sobretudo incrível que
chegasse ao poder, antes trono, de uma das mais potentes

94
autocracias de todos os tempos aquele homem de aparência
modesta, a boca amarga, sacudido cada vez mais por um riso
nervoso sempre mais difícil de reprimir, ainda que tivesse mostrado
uma inigualável perseverança e uma incomparável paciência.

Aliás, no palácio, Sócrates continua sendo Sócrates. Taciturno.


Poderoso sem ostentação. Lenin transferiu a capital de Petrogrado
para Moscou e viveu no Kremlin. Escolheu um aposento antes
ocupado por um serviçal. Tinha uma empregada, Olympiada
Jouraslova, exoneraria de fundição, sob a justificativa de que era
dotada de um "poderoso instinto proletário". Ele se instalara num
escritório estritamente funcional, sem cortinas, desprovido do luxo
característico dos que os capitalistas ocupavam. Trabalhava diante
de um móvel rústico, lotado de documentos e dossiês, muitas vezes
também empilhados numa simples poltrona de junco. A rudimentar
decoração se completava com um singelo aquecedor a carvão, um
pequeno cartão dos confins russo-turcos e, numa parede, o retrato
de Marx. Ele proibiu que expusessem sua foto pelo Kremlin. Quando
ia ao barbeiro para cortar os cabelos, jamais passava na frente de
ninguém. Fazia questão de esperar sua vez. Durante o inverno
rigoroso de 1917-1918, ficou sem aquecimento, como todos os
moscovitas: "Não tem mais madeira; eu também preciso fazer
economia".

Ele sentia frio nos pés, mas não queria pele de urso - um
simples feltro lhe bastava. Usava cotidianamente um de seus
casacos mais velhos de emigrado. A mente pura, a razão pura
deveria permanecer despojadas. Assim foram Oliver Cromwell e
Maximilien Robespierre. Lenin, o dialético, era dessa mesma
linhagem. Passava as noites trabalhando em seus dossiês, redigindo

95
notas sobre diferentes temas, para orientar seus ministros. Em quatro
anos, ele foi algumas vezes ao teatro, mesmo assim com escolha a
dedo das peças: Ralé, de Gorki, cujos exageros apreciava; Tio Vania,
de Tchekhov, que ele conhecia; e O grilo da lareira, de Dickens, que
achava muito burguês.

Nunca passava pela porta do Teatro Bolchoi, pois detestava


vislumbrar aqueles sinais exteriores de opulência. Tampouco se dava
ao trabalho de comparecer a exposições de pinturas futuristas, arte
que denunciava como portadora de um espírito de degradação. Lenin
só encontrava trégua na leitura, ao reler seu caro Leon Tolstoi,
reencontrar Nicolas Nekrassov, professor de sua juventude, ou
descobrir, com A alegria de viver, um certo Emile Zola, que
imediatamente passou a ser um de seus escritores favoritos.

O poder, numa Rússia em desespero, consistia em pegar


certas teorias no contrapé. Em política internacional, como na
interna, o grande sonho só se realizava sob as máscaras. E foi em
meio a uma grande tristeza que uma doença obscura atingiu o velho
lutador. Do final de 1921 ao início de 1924, ele permaneceu
semiparalisado, frequentemente incapaz de falar, vítima de vômitos
incessantes e de terríveis dores de cabeça. Cercado de mulheres
que se tornaram também enfermeiras - Krupskaia, Maria, sua irmã e
quatro secretárias - ele teve de abandonar a sorte da revolução a
seus camaradas. Já em setembro de 1922, Stalin havia dito: "Lenin
está Kaput" - decretando que o líder estava acabado. Lenin não era
mais que uma sombra e assim permaneceria até o final. Ele morreu
como um burguês, numa casa de campo em Gorki. Só então a
mitologia bolchevique, dialeticamente organizada, apoderou-se de

96
seu nome e de seu corpo para fazer dele o ícone dos ícones. E,
paradoxalmente, tudo termina assim: Sócrates faraó.

-Tradução de Mônica Cristina Corrêa

Cronologia

1870

22 de abril: nascimento, em Simbirsk

1887

1o de março: atentado contra o czar Alexandre III; entre os


terroristas presos estava o irmão mais velho de Lenin, Alexander
Ulianov, que foi condenado à morte

1889

Conseguiu graduar-se em direito, pela Universidade de


Petrogrado

1895

Fundou a União para a Luta pela Libertação da Classe Operária

1897

Desterro na Sibéria

1900

97
Primeiro exílio, na Suíça; 21 de dezembro: lançamento do jornal
Iskra (A Chama)

1903

Tornou-se o líder dos bolcheviques, no Partido


Socialdemocrata Russo

1909

Lançou Materialismo e empiriocriticismo

1917

Eclosão e triunfo da Revolução Russa

1918

Sofreu um atentado

1919

Congresso da III Internacional

1922

União das repúblicas socialistas soviéticas

1924

Morte, em Gorki

98
Advogado e escritor

Lenin nasceu em uma família que cultuava o intelecto; os filhos


eram educados com senso de disciplina e amor ao estudo. A partir
de 1887, cursou direito, na Universidade de Kazan. Expulso da
faculdade por seus ideais, bem mais tarde conseguiu obter a
graduação. Profissionalmente atuou como advogado por algum
tempo, voltado à defesa de camponeses e operários. A essa
atividade mesclava a de organizador de massas, via criação de
núcleos de estudo e ação. O desejo de conhecer melhor outras
realidades fizeram com que saísse de seu país em direção à Suíça,
Alemanha e França. Ao voltar, foi preso e deportado para a Sibéria.
Ao ser libertado optou pelo exílio, na Suíça, onde começou a
atividade de editor de jornais para propaganda ideológica. Nessa
época, escreveu uma de suas principais obras: O que fazer?
Regressou à Rússia depois da revolução de 1905, mas logo teve de
voltar ao estrangeiro, fugindo de perseguições. Viveu anos em Paris,
nesse segundo exílio, período em que também escreveu muito; com
destaque para a obra Materialismo e empiriocriticismo.

- Mirian Ibañez

Revista História Viva

Postado por Eduardo Marculino às 04:18

Fonte: http://historianovest.blogspot.com/2009/03/lenin-o-revolucionario-discreto.html

99
Vitória de Sócrates

I. F. Stone Companhia das Letras 280 págs.

Sócrates, como se sabe, era um elitista


empedernido que vivia às turras com os
democráticos cidadãos atenienses. Acusado de
desencaminhar politicamente a juventude, ao
atacar o sistema de autogoverno, acabou
condenado à morte em 399 a.C..

O julgamento é sempre lembrado pela contradição de uma


sociedade democrática processar um crime de opinião. Em O
julgamento de Sócrates, I. F. Stone enfatiza outro aspecto: o filósofo,
em sua defesa, preferiu não invocar o princípio da liberdade de
expressão, o que poderia conduzi-lo à absolvição.

E por que não o fez? Stone especula: "Se, neste caso, Sócrates
saísse vitorioso, seria também uma vitória para os princípios
democráticos que ele ridicularizava. Se Sócrates fosse absolvido,
Atenas seria fortalecida". O filósofo emerge do livro de Stone com
seus vícios e virtudes. De um lado, o pensador que punha o
conhecimento acima de tudo (o resto não passava de "doxa", simples
opinião). De outro, o sábio que usava a própria sabedoria para, com
fins políticos, humilhar os notáveis da cidade.

Após várias reimpressões nos anos 90, O julgamento não está


mais disponível nas livrarias. Escrito por um jornalista americano do
primeiro time, conhecido por sua defesa das liberdades civis, o livro
provoca excitação intelectual pela clareza com que sintetiza o
complexo jogo de poder na Grécia Antiga. Talvez seja a melhor
introdução ao assunto.
Abadia de Westminster proíbe filmagens de "O Código da
Vinci"

31/05/2005 - 15h00

LONDRES (Reuters) - Os produtores do filme baseado no


romance best-seller "O Código Da Vinci" não conseguiram obter
permissão para filmar na Abadia de Westminster depois que
autoridades da igreja denunciaram o livro como "incorreto
teologicamente".

A abadia londrina -- construída há 940 anos e onde os


monarcas britânicos são coroados -- é citada no romance de mistério
escrito pelo norte-americano Dan Brown, que foi condenado pelos
líderes do Vaticano e da Igreja Anglicana por distorcer a mensagem
cristã.

No romance, Jesus se casa com Maria Madalena e tem filhos.

"Apesar de inovador, 'O Código Da Vinci' é teologicamente


incorreto e não podemos louvar ou endossar as polêmicas sugestões
religiosas e históricas feitas no livro -- nem seus pontos de vista sobre
Cristianismo e o Novo Testamento", informou a abadia em um
comunicado.

"Seria, portanto, inapropriado filmar cenas do livro aqui."

Na semana passada, autoridades da Lincoln Cathedral, no


leste da Inglaterra, disseram concordar em permitir que o prédio seja
usado pelo filme a ser feito, que terá Tom Hanks como personagem
principal do livro, o professor Robert Langdon. O comunicado da
Abadia de Westminster, que aparece em cenas da parte final do
romance de Brown, também insistiu que o livro contém dados
incorretos.
Manuscrito Egípcio do Século IV: Relata Jesus Como Ser Que
Muda a Aparência
Este personagem gera fascínios e polêmicas sobre sua
existência (muitos defendem que ele não existiu em época alguma).
Agora surge com a nova descoberta mais controvérsia que afirma:
ele mudava de forma diante daqueles que o observavam.

Sabemos quem neste mundo mudar de forma (shape-Shift), de


acordo com alguns pesquisadores mais especializados nos
extraterrestres.

Texto apócrifo em língua copta conta outra relação de


Pôncio Pilatos com Jesus.

Um antigo manuscrito do século IV escrito em língua copta foi


recentemente decifrado e revela variações na história canônica de
Jesus como a conhecemos. O texto, encontrado no Egito em 1910,
supostamente uma homilia do São Cirilo de Jerusalém ou de alguém
que escreve usando o nome do santo.
No manuscrito, o autor informa sobre um livro encontrado em
Jerusalém com os escritos de apóstolos contando a vida e a
crucificação de Jesus e relata os ensinamentos contidos nele. O que
o texto apresenta, porém, varia bastante dos evangelhos oficiais. De
acordo com esse manuscrito, Jesus jantou com Pôncio Pilatos na
noite anterior da sua crucificação e o prefeito da Judeia teria
oferecido o próprio filho para morrer no seu lugar.

O fato de o texto ter sido decifrado não significa que os


acontecimentos ocorreram, mas sim que algumas pessoas daquela
época acreditavam nessa versão da história. Esse é o alerta do autor
do livro “Pseudo-Cyril of Jerusalem on the Life and the Passion of
Christ”, Roelof van den Broek, que fez a pesquisa sobre o material
apócrifo.

Parte do manuscrito que conta outra versão da história de Jesus:


http://www.themorgan.org/exhibitions/exhibition.asp?id=74

106
Existem duas cópias desse manuscrito, uma no museu da
Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, e outra no Morgan Library
and Museum, em Nova York. O autor da pesquisa utilizou
principalmente a cópia de Nova York para o seu estudo, já que o
material da Pensilvânia está ilegível em grande parte do texto.

Um Jesus mutante

Na passagem mais impressionante do manuscrito, Jesus teria


sido grato pelo jantar com Pilatos e haveria demonstrado que poderia
desaparecer no ar e escapar caso quisesse - ainda que tivesse
preferido cumprir a condenação. Na noite que antecedeu a
crucificação, Pilatos e a esposa tiveram, supostamente, visões de
uma águia sendo morta, em analogia a Jesus.

O texto explica ainda que a razão de Judas usar um beijo para


identificar Jesus frente os inimigos seria porque Jesus tinha a
capacidade de mudar de forma. Como ele assumia aspectos
diferentes, não seria possível passar uma descrição de sua
aparência. Com o beijo no rosto, as pessoas saberiam exatamente
quem ele seria.

Apesar das variações do relato histórico no manuscrito e de


como as informações contradizem o texto canônico, é importante
pensar que muitas passagens da vida de Jesus são melhores
compreendidas no sentido alegórico, muito mais pelo que a história
representa do que pela realidade dos fatos. O significado de sua vida,
no que ela inspira e emociona, se mantém imutável.
http://www.themorgan.org/exhibitions/exhibition.asp?id=74

http://www.livescience.com/27840-shape-shifting-jesus-ancient-text.html

Fonte: http://www.megacurioso.com.br

Fonte do vídeo: Joao Paulo Silva


107
Restos mortais de São Pedro serão expostas pela primeira vez
na História ao público, dia 24 de novembro, com a presença do
Papa Francisco.

Pela primeira vez, os restos venerados como os de São


Pedro, primeiro apóstolo e primeiro Papa da Igreja, sairão das
grutas localizadas sob a basílica vaticana para serem expostos
ao público, anunciou um prelado do Vaticano.

Este evento excepcional irá ocorrer para celebrar o


encerramento do “Ano da Fé”, no dia 24 de novembro, na presença
do Papa Francisco.

Em uma coluna publicana na edição deste sábado do jornal do


Vaticano, o Osservatore Romano, o presidente do Conselho
Pontifício para a Nova Evangelização, o arcebispo italiano Rino
Fisichella, anunciou que um último gesto para coroar este ano
consistirá em “expor pela primeira vez as relíquias que a tradição
reconhece como as do apóstolo que deu aqui sua vida pelo Senhor”.
Bento XVI lançou o “Ano da Fé” em outubro de 2012 e foram
realizadas múltiplas celebrações na praça de São Pedro.

A emocionante descoberta dos ossos de São Pedro

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”


(Mt XVI,18).

As divinas palavras de Jesus concedendo o primado a São


Pedro convidam os católicos de todos os tempos a se interessar,
cheios de veneração, por tudo o que se refira ao primeiro Papa.

E, pelo contrário, os anticatólicos tendem a atacar o quanto


podem o primado do Príncipe dos Apóstolos.

Os protestantes chegaram a impugnar gratuitamente até a


autenticidade daquelas palavras de Nosso Senhor a São Pedro.

Negaram mesmo, junto com racionalistas e comunistas, que


ele tenha estado em Roma e, portanto, que tenha exercido lá o
papado.

Mas através dos séculos foram surgindo documentos


provenientes dos mais diversos pontos da cristandade primitiva,
confirmando a tradição católica.

As provas foram tão acachapantes, que os anticatólicos


praticamente ficaram reduzidos ao silêncio quanto a esses pontos.

Um dos principais historiadores protestantes, A. Harvach,


reconheceu que já não merece o nome de historiador quem puser em
dúvida que São Pedro tenha exercido seu ministério em Roma.

Persistia, porém, entre muitos historiadores uma questão:


O túmulo do Vigário de Cristo realmente está sob o
magnífico altar-mor da Basílica de São Pedro?

Sobre este assunto há um silêncio quase total nos documentos


dos primeiros séculos da História da Igreja.

A tradição católica é bem precisa: São Pedro, já idoso, foi


crucificado de cabeça para baixo na colina Vaticana, no ano de 68
(segundo alguns, 64), após ter exercido o papado em Roma por 25
anos.

Seu corpo foi sepultado perto do local do martírio, num


cemitério pagão existente na colina Vaticana, em frente ao circo de
Nero.

Imagem de bronze de São Pedro, paramentada no dia de sua festa.


No fundo: altar com relíquias do trono do Príncipe dos
Apóstolos

A tradição aponta ainda o lugar exato da sepultura – a chamada


“confissão de São Pedro” –, veneradíssimo desde tempos
imemoriais. Tendo em vista a antiguidade e a universalidade dessa
tradição, a Igreja a aceitou.

Nos 250 anos que vão desde a morte de São Pedro até a
liberdade da Igreja concedida por Constantino mediante o Edito
de Milão (ano 313), apenas dois documentos referem-se ao
túmulo do Apóstolo.

Um diz que o Papa Santo Anacleto ergueu no local um


monumento fúnebre, aproximadamente vinte anos após a morte do
Chefe da Igreja.

Outro, mais seguro, é uma carta do sacerdote Gaius de Roma,


no ano 200, afirmando que no local havia um τρόπαιον – monumento
fúnebre (a palavra portuguesa “troféu” não corresponde exatamente
ao sentido da palavra grega τρόπαιον).

Assim que foi concedida liberdade aos cristãos, multidões de


fiéis começaram a afluir de todas as partes para venerar as relíquias
do Príncipe dos Apóstolos.

Por volta do ano 330, o Imperador Constantino e o Papa São


Silvestre ergueram naquele local magnífica e enorme Basílica.

O próprio Imperador trabalhou na obra, carregando doze cestos


de terra em homenagem aos Apóstolos.
O local era sumamente inconveniente para a construção, pois
o subsolo era mole e cheio de água, e o terreno em declive
necessitava aterros colossais.

Além disso, pelas leis romanas, o cemitério era inviolável, não


se podendo retirar os ossos de nenhuma sepultura.

Somente a persuasão de estar o lugar ligado a um ponto


fixo intransferível – o túmulo de São Pedro, que devia tornar-se
o centro da grande Basílica – pôde ter levado Constantino a
enfrentar tantas dificuldades técnicas, jurídicas e psicológicas
que se opunham à construção em local tão impróprio.

Mais tarde, na Renascença, a atual e ainda maior Basílica de


São Pedro foi construída no mesmo sítio, mas sem interferência nas
construções anteriores, erguendo-se num plano mais elevado.

Ossos de São Pedro numa urna no Altar da Confissão no Vaticano


Assim, sobre o túmulo primitivo ergueram-se as construções
constantinianas, e acima delas as da Renascença. Em diversas
épocas houve reformas em torno do túmulo, mas – fato notável – não
consta que ele tenha sido aberto em 1600 anos de história.

Um interessante livro, The Bones of St. Peter (“Os ossos de


São Pedro”), de John E. Walsh (Doubleday, N.Y., 1982) narra, pela
primeira vez, as pesquisas científicas realizadas no túmulo nos
últimos anos. Os dados que se seguem foram extraídos dessa obra.

As escavações

Em 1939 foi decidido rebaixar o subsolo dos corredores em


torno do túmulo, para aumentar o pé direito deles. Aí está sepultada
a maioria dos Papas. Uma equipe de competentes arqueólogos
orientava os trabalhos.

Entre eles estava o prof. Enrico Josi, considerado o maior


especialista em antiguidades cristãs. Dirigia a equipe o administrador
da Basílica de São Pedro, Mons. L. Kaas. O [Venerável] Papa Pio XII
não os autorizou a tocar nas construções do túmulo petrino.

Logo no início dos trabalhos, foram encontrados vários


mausoléus adjacentes. Alguns estão entre os melhores exemplares
já descobertos do período áureo romano.

Um ponto da tradição foi, portanto, confirmado: o cemitério


pagão, no qual São Pedro fora sepultado. Numa lápide veio outra
confirmação: uma inscrição referia que ao lado estava o circo de
Nero.
Verificou-se que o cemitério era anterior à morte de São Pedro.
Mas os ricos mausoléus eram pouco posteriores a ela. Tudo havia
sido soterrado intacto pelos operários constantinianos, para não
violar os túmulos.

Com todos esses indícios favoráveis, Pio XII autorizou então


que se abrisse o túmulo e se fizesse um estudo completo de tudo.

Decidiu-se tentar penetrar pela parede de uma pequena capela


do século XVI que está embaixo do altar-mor atual. Foi desmontado
cuidadosamente um afamado mosaico que há nessa parede, e
descobriu-se que ela era da época de São Gregório Magno (590-
604).

Urna com os ossos de São Pedro no Altar da Confissão no Vaticano


Nela abriu-se um buraco, tirando tijolo por tijolo. Havia atrás
uma grossa placa de magnífico mármore decorado com um precioso
pórfiro escuro.

Alargando o buraco, verificou-se que era um altar montado pelo


Papa Calixto, no século XII.

Retiradas algumas peças de mármore, chegou-se à outra


parede, certamente da Basílica de Constantino, do ano 330.

Atrás havia ainda outra parede bem mais antiga, grossa, de


tijolos e pintada de vermelho vivo. Seria parte do túmulo original?

Para não a danificar, decidiram tentar em outro local bem mais


à direita. Após passar pelas mesmas paredes, chegaram a outro altar
precioso – este havia sido o altar-mor erigido por São Gregório
Magno na Basílica velha de São Pedro, no século VI.

A parede vermelha, nessa local, estava recoberta de


excelentes mármores, sinal de importância. Tentou-se, então, do
lado oposto. Mas ao invés de chegar à parede vermelha,
encontraram uma azul.

E tiveram a surpresa de verificar que era uma grossa parede


de pequena extensão, colada à vermelha, em ângulo reto com ela.
Ambas são da época romana, mas a vermelha, mais antiga, era
maior e descia fundo.

Atrás dela depararam com paredes mais recentes. Assim, era


evidente que o túmulo estava bem mais fundo, e que acima do solo
da época romana só havia essa grande parede, ornada de nichos em
estilo clássico, sem nenhuma decoração cristã.

Estava confirmado o τρόπαιον referido por Gaius, no ano 200.


As duras perseguições religiosas durante o Império certamente
forçaram esse disfarce e a ausência de símbolos cristãos.

Mas as surpresas apenas começavam: o exame da parede azul


revelou que ela estava coberta de inscrições cristãs de tipo grafite,
feitas com estiletes, na maior desordem.

Concluiu-se que eram pedidos de orações dos primeiros


cristãos, que punham seus nomes – Ursianus, Bonifatius, Paulina
etc. O símbolo codificado de Cristo (as letras gregas chi-rho
superpostas, como se vê no desenho ao lado) aparecia várias vezes.

Mas o nome que se procurava não foi encontrado: Petrus.


Nenhuma invocação a ele naquela floresta de nomes. Permanecia o
indecifrável silêncio sobre São Pedro.

Num ponto dessa parede foi encontrado um pequeno buraco,


formado pela queda da argamassa. Inserindo luz pelo buraco,
verificou-se que a parte de baixo da parede azul era oca e revestida
internamente de excelentes mármores.

No chão dessa cavidade havia muito pó. Parecia ter sido algum
túmulo engenhosamente escondido ali. Seria impossível investigar
melhor aquilo sem abrir mais o pequeno buraco, o que destruiria as
inscrições.
Corte esquemático permite ver o posicionamento dos túmulos. No nº1 São Pedro

Com isso, as atenções se voltaram para o túmulo de São Pedro


propriamente dito. Decidiu-se escavar mais, bem junto à parede
vermelha, para se chegar à câmara mortuária.

Logo foram encontradas algumas sepulturas cristãs simples,


quase amontoadas junto à parede. Eram dos primeiros séculos.
Tratava-se de um tocante indício: todos os corpos estavam voltados
para a parede. Eram cristãos enterrados bem junto a São Pedro.

Ao retirar uma pedra, depararam com uma cavidade vazia:


afinal, o túmulo! Emocionados, os arqueólogos avisaram [o
Venerável] Pio XII, que em dez minutos chegou.

Era uma câmara pequena, mas alta, simples, com paredes de


tijolos nus e piso de terra. E estava vazia! Havia sinais evidentes de
violência: um nicho e uma trave golpeados violentamente, uma
coluneta partida.

Conjunto dos ossos de São Pedro achados no túmulo

No chão encontraram-se muitas moedas romanas e medievais,


confirmando uma crônica que se refere a uma pequena abertura no
túmulo, onde se podia introduzir a mão. As moedas provinham de
todo o Império, atestando a devoção generalizada ao Apóstolo.

O exame minucioso do local revelou na


base do nicho uma pequena abertura em forma
de Λ, entupida de terra.

Revolvendo o interior dessa


abertura, encontrou-se enorme
quantidade de fragmentos de ossos
antiquíssimos. Eram mais de 250.
Seriam os do Apóstolo?

Em caso afirmativo, por que


estavam eles em posição tão
secundária e escondidos?

O médico de Pio XII, dr. Galeazi-Lizi, examinou-os


superficialmente e concluiu que eram de um homem idoso e de físico
robusto, o que correspondia à descrição de São Pedro. Daí ter-se
propagado, na ocasião, a versão de que os ossos eram dele.
Mas essa localização estranha exigia maiores pesquisas. As
escavações continuaram revelando que a parede vermelha era a
peça chave de um complexo de construções.

Tratava-se de uma edícula comemorativa, no centro da qual


havia duas colunetas sustentando uma laje de travertino, parecendo
um altar. Em frente situava-se um pátio fechado por altos muros.

Restos do primeiro túmulo construído para São Pedro

Era obviamente uma construção ideal para celebrações


clandestinas dos primeiros cristãos.

Como o cemitério era pagão e aberto, ao contrário das


catacumbas, as precauções tinham que ser maiores.

Daí a ausência do nome de Pedro e de símbolos cristãos nessa


área (é aí que está a parede azul com os grafitos). É esta também a
razão silêncio sobre a localização do túmulo, na literatura cristã da
época.
Πέτροσ ένι

Após o término das escavações, em 1950, o arqueólogo Ferrua


examinava o interior da parte oca da parede azul, e notou no chão,
perto da junção desta com a parede vermelha, um pequeno pedaço
de argamassa que havia caído.

Conseguiu pegá-lo dentro do buraco, e viu que havia algo


gravado ali à estilete. Levado a especialistas, descobriu-se uma
inscrição em grego que dizia: “Πέτρ… ἔνι”.

Faltavam letras no primeiro nome, obviamente Πέτροσ


(“Pedro”). Ἕνι é a contração do verbo grego antigo ἔνεοτι, que
significa “estar dentro”. A inscrição significava “Pedro está aqui”.

A essa altura, um dos maiores especialistas em inscrições


antigas, a dra. Margherita Guarducci, passou a estudar os grafitos da
parede azul.

Como se sabe, os cristãos tinham toda uma


linguagem codificada de símbolos e letras – o
peixe, as letras gregas chi-rho (ΧΡ), o Μ para
Maria, o Ν para vitória etc.

Após algum estudo, a dra. Guarducci


descobriu o código usado para São Pedro: um “Ρ” com um discreto
“Ε” em sua perna, ou o mesmo símbolo inserido no chi-rho de Jesus,
tocante símbolo para o Vigário de Cristo (cfr. desenho ao lado).

Além disso, a descoberta provava contra os anticatólicos que a


doutrina do papado já era clara naqueles primórdios da Igreja.

Muitas inscrições com esse símbolo podiam ser observadas na


parede dos grafites. Estudos posteriores revelaram que São Pedro
era invocado com grande frequência, mediante tal símbolo, pelos
primeiros cristãos, pois ele era muito usado nas catacumbas em
cartas, em mosaicos, em pinturas etc. Estava explicado o “silêncio”
sobre São Pedro.

Grafitti com o chi-rho (ou XP), símbolo de Cristo

Essa descoberta fez com que a dra. Guarducci ficasse intrigada


com a inexplicável parede oca com os grafites e o “Πέτροσ ἔνι”.

Chamou sua atenção um fato que passou despercebido aos


demais arqueólogos. Mons. Kaas, administrador da Basílica,
costumava ir à noite verificar os andamentos dos trabalhos.
Acompanhava-o G. Segoni, o chefe dos “sampietrini” (operários do
Vaticano, cujos ofícios passam de pai para filho).

Mons. Kaas, nessas inspeções, preocupava-se em guardar de


modo digno as numerosas ossadas que iam sendo encontradas.
Colocava-as numa caixa ajudado por Segoni, identificando com uma
etiqueta o local de onde foram tiradas.

Uma noite, pouco depois de descoberta a parede oca dos


grafitos, Mons. Kaas pediu que Segoni verificasse bem se não se
encontrariam ossos dentro da cavidade.

Por baixo da poeira, Segoni encontrou numerosos ossos,


restos de tecido e uns fios metálicos. Tudo foi guardado numa urna
e identificado. Outro “sampietrini presenciou a remoção, mas os
demais arqueólogos nem souberam disso na época.

Em 1950 foi divulgada a grande notícia: o túmulo de São Pedro


fora descoberto. O próprio Papa Pio XII fez o anúncio, associando-o
ao Ano Santo.

Mas explicava-se que, segundo o modo como os ossos foram


encontrados, não se podia concluir se eles seriam ou não do
Apóstolo.

Ao par do grande júbilo, houve muitos protestos dos meios


científicos, que solicitavam, um exame rigoroso de todos os ossos,
descobertos na pequena abertura em forma de Λ na parede do
túmulo de São Pedro, por algum grande especialista.

Afinal em 1956, Pio XII concordou, e foi nomeado o dr.


Venerando Correnti, um dos maiores antropólogos da Europa.

O trabalho foi lento e difícil, pois faltavam vários ossos


importantes. A conclusão, em 1960, constituiu uma sensacional
decepção: tratava-se de ossos de três pessoas – dois homens de
meia idade e uma mulher idosa.
E junto, encontravam-se vários ossos de animais. Todos
antiquíssimos, talvez do século I.

Para os arqueólogos, a situação se explicava: como as leis


romanas proibiam a remoção de ossos de uma sepultura, esses
haviam sido encontrados e amontoados no pequeno buraco ao pé do
nicho.

Raio de luz natural ilumina a urna com os ossos de São Pedro, Vaticano

Apenas para completar os estudos, o dr. Correnti verificou


rapidamente os demais ossos das tumbas próximas.

Ao analisar os ossos encontrados na cavidade revestida de


mármore, da parede dos grafitos, chamou-lhe a atenção o estado de
conservação, estando a maioria bem branca.
Dada sua grande antiguidade decidiu estudá-los melhor. Eram
135 ossos sendo que poucos estavam inteiros. Constatou que
provinham de um só indivíduo, do sexo masculino, de físico robusto
e falecido entre os 60 e 70 anos.

Antes de estar na cavidade marmórea eles estiveram


enterrados na terra nua, mas depois, durante muito tempo,
permaneceram bem protegidos e envoltos por tecidos purpúreos, que
mancharam um pouco alguns.

Ao tomar conhecimento dessas conclusões, a dra. Guarducci


ficou sobressaltada. Ela revelou que a expressão grega “Πέτροσ ἔνι”
ecoava continuamente em sua cabeça.

Seriam essas as relíquias de São Pedro?

Não é a única explicação possível para o “Pedro está aqui”? E


para a misteriosa cavidade?

Todos os dados confluíam para essa teoria. A razão do


esconderijo seria evitar profanações.

O dr. Correnti logo apoiou a tese da dra. Guarducci, e ambos


obtiveram de Paulo VI, que havia sido eleito recentemente,
permissão para reabrir as pesquisas.

O teste crucial foi o dos fragmentos de terra existentes nos


ossos. Sua composição química revelaria se era a mesma terra que
se encontra no piso do túmulo vazio de São Pedro.

Uma circunstância tornava esse teste particularmente


importante: a terra do túmulo é de tipo calcária argilosa, bem diferente
da que se observa em toda a região vizinha, inclusive dos túmulos
próximos.
O nome de São Pedro inscrito numa pedra recuperada nas escavações

Conclusão do exame: a terra é a mesma do túmulo de São


Pedro.

O tecido purpúreo foi examinado. Seria púrpura autêntica? E


seria romana?

Só os membros da alta nobreza romana podiam usar a púrpura


verdadeira, cuja fabricação era um rigoroso segredo de Estado. Os
demais ricos usavam, uma imitação.

Hoje a composição química de ambos os tipos é conhecida.


Outra particularidade: a púrpura com fios de ouro era de uso
exclusivo da família imperial em raras ocasiões.
Resultado do exame: era púrpura romana verdadeira, decorada
com finíssimas placas de ouro. E os fios que estavam junto aos ossos
eram fios de ouro.

Este foi um argumento essencial a favor da teoria da dra.


Guarducci, pois como a cavidade marmórea foi considerada como já
existente na época constantiniana, ficava claro que o Imperador
autorizara envolver as preciosas relíquias na púrpura imperial.

Antes de publicar novos estudos, cinco renomados


especialistas independentes verificaram tudo o que havia sido feito e
deram-se por satisfeitos.

Mas, quando foi dada a público a nova teoria, levantou-se um


grande vozerio em certos meios científicos.

Este era explicável, pois, para preservar o bom nome dos


arqueólogos e de Mons. Kaas, a dra. Guarducci procurou cobrir com
um manto o incrível episódio do eclesiástico ao recolher os ossos
sem avisar aos membros da equipe.

Também se impugnou o exame do tecido, exigindo-se algo


mais rigoroso. E, sobretudo, argumentava-se que não havia
nenhuma prova que demonstrasse não ter sido violado o repositório
marmóreo.

Assim nova série de pesquisas foi iniciada. O exame mais


rigoroso dos tecidos feito na Universidade de Roma, confirmou os
resultados anteriores.

E Paulo VI autorizou a se abrir o repositório, para confirmar se


ele datava da época de Constantino e se não fora violado. A dúvida
surgiu porque fora encontrada uma moeda do início da Idade Média
no local.

Vista da cripta com os ossos de São Pedro numa urna

Assim nova série de pesquisas foi iniciada. O exame mais


rigoroso dos tecidos feito na Universidade de Roma, confirmou os
resultados anteriores.

E Paulo VI autorizou a se abrir o repositório, para confirmar se


ele datava da época de Constantino e se não fora violado. A dúvida
surgiu porque fora encontrada uma moeda do início da Idade Média
no local.

Uma equipe desmontou a parte de baixo da parede azul dos


grafitos, a fim de penetrar no repositório sem tocar nas paredes e no
teto.

Tudo foi examinado minuciosamente, e a conclusão foi que ele


fora fechado no século IV, e jamais fora aberto.
Várias moedas foram ali encontradas, tendo penetrado através
de fissuras da parede causadas por acomodação do terreno.

Para silenciar definitivamente as críticas novo trabalho foi


publicado, relatando as circunstâncias exatas do episódio de Mons.
Kaas, acompanhado de documento juramentado do “sampietrini”
Segoni.

Vista de conjunto do Altar da Confissão


E a dra. Guarducci rebateu convincentemente a última crítica
que ainda pairava: como explicar a remoção dos ossos da sepultura,
mesmo por motivos de segurança, uma vez que os costumes
romanos não o permitiam?

Na realidade os ossos não foram removidos da sepultura, pois


a parede azul é parte integrante dela.

Após algum tempo, certificando-se de que a crítica nada mais


de ponderável podia apresentar, e vendo que os novos exames
reforçaram singularmente a teoria da dra. Guarducci, Paulo VI, a 26
de junho de 1968, anunciou solenemente ao mundo que, após longos
e extensos estudos “as relíquias de São Pedro foram identificadas de
um modo que julgamos convincente”.

E, por isso, ele fazia “este feliz anúncio” aos fiéis de todo o
mundo.

No dia seguinte, em cerimônia presidida por Paulo VI, as


relíquias de São Pedro, guardadas em caixas com tampos
transparentes, foram recolocadas no repositório onde haviam sido
encontradas.

Confirmando a tradição católica, sobre as relíquias de São


Pedro fora edificada a grande Basílica de Constantino, considerada
o centro da Cristandade.

E sobre tal Basílica, mil anos depois, ergueu-se a atual Basílica


de São Pedro.

Cumpriu-se assim, até de modo físico, a promessa de Nosso


Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja”.
Autor: Juan Miguel Montes.

Fonte: https://blog.comshalom.org/carmadelio/37712-reliquias-sao-pedro-serao-
expostas-vaticano-final-ano-fe
Revolução marxista na nova base curricular do Ministério da
Educação

Conheça o documento que vai fazer o Estado ditar, nos


mínimos detalhes, a cartilha de nossos filhos.

Equipe Christo Nihil Praeponere, 9 de março de 2016

A base curricular recentemente publicada pelo Ministério da


Educação leva o sugestivo nome de "Base Nacional Comum
Curricular" e abrange tudo, do ensino infantil ao médio. Realmente, é
à União que a Constituição concede a competência de legislar sobre
"diretrizes e bases da educação nacional" (art. 22, XXIV), mas está
escrito na mesma Carta que "os Municípios atuarão prioritariamente
no ensino fundamental e na educação infantil" e que "os Estados e o
Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
médio" (art. 210, § 1.º e 2.º).

O raciocínio por trás dessas normas é bem simples e constitui


um importante princípio da filosofia social, chamado de
subsidiariedade: nem o Estado nem qualquer sociedade mais
abrangente devem substituir a iniciativa e a responsabilidade das
pessoas e dos corpos intermediários. É injusto "passar para uma
sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e
inferiores podiam conseguir" por si mesmas.

Contudo, o novo projeto do governo federal parece ir na


contramão desse princípio. Ao propor uma base curricular uniforme
para todo o país, o Ministério da Educação fortalece a União para
limitar a autonomia dos demais entes federativos, bem como da
própria família. A educação das crianças e adolescentes passa a
concentrar-se quase que integralmente nas mãos do Estado.

O atentado da BNCC à subsidiariedade, no entanto, é duplo:


não só desrespeita a independência das famílias e das pequenas
associações, como impõe a elas uma ideologia espúria e contrária à
vontade de maioria absoluta da população brasileira. Trata-se de um
monstro de várias cabeças, dentre as quais se sobressai, imponente,
o marxismo cultural da Escola de Frankfurt, com a sua "teoria crítica".
Juntamente com ele, vão o pragmatismo de John Dewey, o
desconstrucionismo de Jacques Derrida, bem como a "pedagogia do
oprimido" de Paulo Freire — tudo pronto para ser despejado dentro
das salas de aula. O Estado deixa de ser um ente subsidiário para
ditar, tintim por tintim, a cartilha de nossos filhos.

Os absurdos contidos no texto da nova base curricular não se


limitam à já batida área das ciências sociais. Os ideólogos são
inovadores e querem revolucionar também as outras matérias de
estudo, como a Matemática, por exemplo. "Por meio de
conhecimentos iniciais da Probabilidade e da Estatística — diz o texto
da base curricular —, os estudantes começam a compreender a
incerteza como objeto de estudo da Matemática e o seu papel na
compreensão de questões sociais, por exemplo, em que nem sempre
a resposta é única e conclusiva".

Nas ciências da natureza como um todo, a BNCC diz que é


preciso desafiar e motivar "crianças, jovens e adultos para o
questionamento", tendo como objetivos "apropriar-se da cultura
científica como permanente convite à dúvida", "compreender a
ciência como um empreendimento humano, construído histórica e
socialmente" e "desenvolver senso crítico e autonomia intelectual no

132
enfrentamento de problemas e na busca de soluções, visando a
transformações sociais e à construção da cidadania".

Na História, a doutrinação começa desde muito cedo. Dois dos


"objetivos de aprendizagem" do 1.º ano do Ensino Fundamental (!),
por exemplo, são "compreender que as normas de convivência
existentes nas relações familiares são construídas e reconstruídas
temporal e espacialmente" e "identificar as relações de trabalho
presentes nas diferentes organizações familiares". Trocando em
miúdos, as crianças serão ensinadas, desde cedo, que as suas
famílias não passam de "construção cultural" e "opressão do
patriarcado".

No Ensino Religioso, além de um relativismo religioso que salta


aos olhos, as crianças serão ensinadas a "perceber que os textos
sagrados orais ou escritos podem justificar práticas de solidariedade,
justiça e paz, podendo também fundamentar ações que afrontam os
direitos humanos e da Terra". Quais afrontas são essas, não se sabe,
mas, dada a direção ideológica com que foi produzido o documento,
não é difícil supor quais sejam.

O resumo da ópera pode ser condensado no lema "Pátria


Educadora", com o qual o governo brasileiro resumiu o seu projeto
político para os próximos anos. Se a expressão já assumia, na
própria formulação, os contornos de um pensamento totalitário, agora
o slogan ganha uma conotação totalmente nova: não só os seus
contornos são autoritários, mas também o seu preenchimento — todo
ele ardilosamente arquitetado para manipular e doutrinar
ideologicamente uma nação inteira.

133
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça; quem tem olhos para ver,
veja. As provas do que se diz estão todas na Base Nacional Comum
Curricular, do Ministério da Educação — e não são bons presságios.

Referências

1. Catecismo da Igreja Católica, § 1894.


2. Papa Pio XI, Carta Encíclica Quadragesimo Anno (15 de
maio de 1931), II, 5.
3. Ministério da Educação, Base Nacional Comum
Curricular, p. 120.
4. Ibid., p. 150.
5. Ibid., p. 186.
6. Ibid., p. 244.
7. Ibid., p. 289.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/revolucao-marxista-na-nova-base-
curricular-do-ministerio-da-
educacao?utm_content=bufferbef39&utm_medium=social&utm_source=facebo
ok.com&utm_campaign=buffer

134
CNBB sai em defesa de Dilma e ataca Cunha

Comissão questiona os motivos que levaram o presidente da


Câmara a aceitar o pedido de abertura do processo de impeachment
de Dilma.

Por Marcelo Brandão - 3 dez 2015, 16h28

Brasília – A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência


Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criticou hoje (3) o presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
autorizou a abertura de processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff.

Em nota, a CNBB questiona os motivos que levaram Cunha a


aceitar o pedido de abertura do processo.

Manifestando “imensa apreensão”, a comissão da CNBB diz


que a atitude de Cunha “carece de subsídios que regulem a matéria”
e que a sociedade está sendo levada a crer que “há no contexto
motivação de ordem estritamente embasada no exercício da política
voltada para interesses contrários ao bem comum”. Para a CNBB,
Cunha agiu por interesse pessoal.

A entidade católica, que, na época em que o então presidente


Fernando Collor enfrentou processo de impeachment, participou de
uma manifestação pela ética na política, afirma no comunicado
divulgado hoje que “o impedimento de um presidente da República
ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas”.

“[…] Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de


agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a
vida do povo? […] É preciso caminhar no sentido da união nacional,
sem quaisquer partidarismos, a fim de que possamos construir um
desenvolvimento justo e sustentável”, acrescenta a comissão da
CNBB.

O anúncio da aceitação do pedido de abertura do processo de


impeachment foi feito no fim da tarde de ontem (2) por Cunha.

Poucas horas depois, Dilma fez pronunciamento no qual disse


que não tem contas no exterior, nem participa de “barganhas” com o
Congresso.

Cunha, que quando anunciou ter aceitado o pedido de abertura


do processo disse não estar feliz por tomar a decisão, rebateu as
declarações da presidente.

Ele disse hoje (3) que Dilma “mentiu à nação” quando disse que
seu governo não barganhava com o Congresso.

Uma comissão especial formada para analisar o processo terá


seus membros anunciados nas próximas horas.

Serão 65 deputados, representando todos os partidos da Casa.


Desde o início da tarde de hoje, o deputado Beto Mansur (PRB-SP)
lê o pedido aceito por Cunha e apresentado pelos juristas Hélio
Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal.

Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/cnbb-sai-em-defesa-de-dilma-e-ataca-cunha/

136
2. Controvérsias na Política Brasileira
Conteúdo do Acordo entre a República Federativa do Brasil e a
Santa Sé sobre o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil

Nunciatura Apostólica no Brasil

SUBSÍDIO

Para os senhores Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil em


vista de eventuais entrevistas sobre o conteúdo do acordo entre a
República Federativa do Brasil e a Santa Sé sobre o estatuto jurídico
da Igreja Católica no Brasil.

Perguntas e respostas sobre os aspectos mais delicados e


importantes do Acordo

Brasília, 13 de novembro de 2008


1. Por que um “Acordo” entre a Santa Sé e o Estado
Brasileiro?

O Acordo responde principalmente a uma exigência da Igreja


de certeza jurídica: isto é, recolher, dentro de um único texto
legislativo, o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil; este texto,
ademais, tem a força jurídica de um tratado internacional, sendo
estipulado entre duas entidades soberanas de direito internacional: o
Estado brasileiro e a Santa Sé.

É importante destacar que a Santa Sé celebra frequentemente


estes tipos de Acordos com Nações do mundo inteiro, inclusive com
Países muçulmanos ou de radicada tradição ‘não confessional’. Nos
últimos anos, depois do Concílio Vaticano II, a atividade pactícia
bilateral da Santa Sé foi intensíssima, e foram assinados mais de cem
Acordos internacionais, particularmente com Países do antigo ‘bloco’
soviético, mas também com várias Nações africanas, do Oriente
Médio, asiáticas, latino-americanas e europeias.

2. Por que o Acordo com o Brasil não foi chamado de


“Concordata”?

A “Concordata” é um tipo específico de Acordo. A primeira


Concordata, oficialmente denominada assim, foi em 1122
(“Concordata de Worms”), com o imperador da Alemanha; a última
foi em 2008, poucos meses atrás, com Andorra. Ela constitui a forma
mais solene de Acordo bilateral estipulado pela Santa Sé. Regula,
em todos os seus aspectos, a situação jurídica da Igreja Católica num

140
Estado determinado, que representa a outra Parte contratante. Para
merecer o nome de “Concordata”, portanto, um Acordo precisa
contemplar todos os principais itens, que dizem respeito ao estatuto
jurídico da Igreja e também a regulamentação de todas as assim
chamadas “rex mixtae”, ou seja, as questões que entram na
competência do ordenamento jurídico da Igreja e, ao mesmo tempo,
naquele do Estado, como, por exemplo, os efeitos civis do
matrimônio canônico e a instrução religiosa nas escolas. Vários
destes itens estão incluídos no nosso Acordo; outros, como por
exemplo, a regulamentação dos feriados religiosos, não estão
presentes, por motivos de oportunidade.

Aliás, uma segunda razão, também importante, é que a palavra


“Concordata” evoca, na percepção da sociedade, épocas históricas
em que nem sempre era corretamente definida a recíproca
independência e autonomia entre a Igreja e o Estado, ferindo o
princípio da justa e positiva laicidade do Estado, a qual envolve e
exige esta recíproca autonomia e, ao mesmo tempo, favorece uma
sadia colaboração, no interesse do bem comum da sociedade e de
todos os cidadãos. Em suma, o termo “Concordata” pouco sintoniza,
segundo alguns, com a linguagem da laicidade, enquanto o termo
jurídico “Acordo” diz respeito a um pacto internacional entre
entidades soberanas, sem nenhum problema para a laicidade do
Estado e do ordenamento jurídico democrático e pluralista.
Concluindo, a utilização do termo “Acordo” expressa, sem qualquer
ambiguidade, a garantia e o respeito pela laicidade do Estado.

141
3. A Igreja Católica, através deste “Acordo”, recebeu
privilégios do Estado? Houve discriminação de outras
confissões religiosas?

Não. Não recebeu privilégio nenhum, nem houve nenhuma


discriminação para com outras confissões religiosas.

A Igreja não buscou, nem recebeu privilégios, porque o Acordo


somente confirma, consolida e ‘sistematiza’ o que já estava no
ordenamento jurídico brasileiro, embora, em alguns casos, de uma
forma não totalmente explícita. Cada artigo do Acordo, diante das
atribuições à Igreja Católica aí contempladas, se preocupa em
realçar constantemente, ao mesmo tempo, duas exigências
fundamentais: o respeito do ordenamento jurídico da Constituição
Federal e das leis brasileiras, em todos os âmbitos, e a paridade de
tratamento com as outras entidades de idêntica natureza, quer sejam
de caráter religioso, filantrópico, de assistência social, de ensino etc,
excluindo, assim, qualquer possibilidade de discriminação entre elas.

A Igreja Católica – que representa a comunidade religiosa da


grande maioria dos brasileiros, não menos do que 70% da população
– promove e defende, no mundo inteiro e em cada Nação, a
igualdade e a liberdade religiosa para todos. Não quer privilégios e
tampouco concorda com discriminações de qualquer tipo. Outras
confissões, no Brasil, poderão seguir o exemplo, tendo, como
cidadãos e como grupos, iguais direitos e deveres. Elas poderão
concluir convênios com o Estado e pedir a aprovação de medidas,
legislativas ou administrativas, que definam, analogamente, o
“estatuto jurídico” delas. Apenas não poderão celebrar com o Estado
um Acordo internacional, não sendo, como a Santa Sé, sujeitos

142
soberanos de direito internacional e membros da Comunidade
internacional. Estas confissões e denominações deverão, ao mesmo
tempo, dar garantias de seriedade e confiabilidade, que o Estado,
justamente, exige. A Igreja Católica oferece amplamente estas
garantias, pela sua história, sua estabilidade, e pela sua
impressionante estrutura jurídica: basta pensar no imponente edifício
do Direito Canônico, reconhecido no mundo inteiro, consolidado em
muitos séculos de história e citado frequentemente pela
jurisprudência, inclusive dos tribunais brasileiros, em todos os níveis.

4. Quais são os pontos mais importantes previstos no


Acordo?

São vários. Inicialmente cabe destacar a importância do fato de


se ter concluído este Acordo, que o Episcopado brasileiro,
justamente pela exigência de certeza jurídica acima ilustrada,
esperava há muitos anos (basta pensar que o primeiro projeto
remonta a 1953). Muitos no Brasil, inclusive juristas e destacados
membros do mundo cultural e acadêmico, estranhavam o fato do
Brasil não ter ainda assinado um Acordo de caráter geral com a Santa
Sé, contrariamente à maioria dos Países de antiga tradição jurídica
internacional.

Eu diria que os pontos principais são os seguintes:


primeiramente a reafirmação da personalidade jurídica da Igreja
Católica e de suas instituições, a saber, Conferência Episcopal,
Dioceses, Paróquias, Institutos Religiosos, etc. (art. 3º). Depois,
temos uma boa lista de pontos de grande relevância, que,
respondendo à sua pergunta, passo sucintamente a elencar: o

143
reconhecimento da filantropia e de benefícios tributários, no pleno
respeito às leis e em condições de paridade com outras entidades
civis da mesma natureza (arts. 5º e 15); a colaboração com o Estado
no campo cultural, respeitadas as exigências de tutela do patrimônio
artístico e cultural da Igreja; o direito, que é também um compromisso
a favor da sociedade, de assistência religiosa aos cidadãos
internados em estabelecimentos de saúde e similares, ou detidos nos
presídios, que, livre e espontaneamente, o requeiram; a importância
de assegurar paridade de tratamento às escolas e demais institutos
católicos de ensino, em todos os níveis, em conformidade com o
ordenamento jurídico e do princípio de efetiva igualdade e liberdade
religiosa; o reconhecimento recíproco dos títulos acadêmicos
universitários, a ser implementado pelas respectivas Instituições
Acadêmicas, da Santa Sé e do Brasil; o ensino católico, assim como
de outras confissões religiosas, nas escolas públicas de ensino
fundamental; o reconhecimento dos efeitos civis, não só do
casamento religioso, mas também, coerentemente, das sentenças
eclesiásticas em matéria matrimonial; a destinação de espaços a fins
religiosos nos instrumentos de planejamento urbano; a clara
exclusão, nos termos da legislação e da jurisprudência trabalhista
brasileira, do vínculo empregatício entre os padres e suas Dioceses
e também entre religiosos e religiosas e seus respectivos Institutos;
o direito dos Bispos de pedir o visto para os missionários estrangeiros
que vierem trabalhar no Brasil; e, enfim, a possibilidade de
implementar ulteriormente este Acordo, nos âmbitos específicos em
que ele incide, através de convênios a serem celebrados entre a
CNBB e os órgãos competentes do Estado brasileiro.

144
5. O reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja
Católica e de suas instituições é uma nova prerrogativa atribuída
à Igreja Católica?

Não. Desde a proclamação da República e a emanação do


famoso Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, que extinguiu o
“padroado”, a personalidade jurídica da Igreja Católica é um fato
incontestável. A partir daí, a doutrina e a jurisprudência nunca tiveram
dúvidas sobre a consequente atribuição da personalidade jurídica
também para as Dioceses. Alguma dúvida de interpretação surgiu,
porém, em alguns casos, quanto à personalidade jurídica das
Paróquias e demais pessoas jurídicas eclesiásticas, especialmente
nos cartórios e nos ambientes bancários. Ao mesmo tempo, todavia,
a grande parte da jurisprudência reconhecia ‘de fato’ a personalidade
jurídica dessas instituições, inclusive admitindo-as como “partes” nos
procedimentos judiciários, tanto civis como penais, tributários e
trabalhistas. Uma boa síntese desta situação, com a clara e definitiva
conclusão que o reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja
Católica – e de todas as instituições que possuem tal personalidade
segundo o direito canônico – está já na lei, no ordenamento jurídico,
na jurisprudência e na legislação do nosso País, se encontra num
recente e decisivo Parecer do Consultor-Geral da União, de agosto
de 2006, aprovado pelo Advogado Geral da União (Nº. AGU/MP -
16/2005 e respectivo Despacho Nº. 34/2006).

O nosso Acordo, portanto, não fez outra coisa senão consolidar


e formalizar, num texto de tamanha envergadura jurídica, a situação
já existente, porquanto nem sempre pacificamente aceita ou
corretamente interpretada, destacando, ao mesmo tempo, a
necessidade do respeito do ordenamento jurídico brasileiro e dos
145
procedimentos previstos no próprio Código Civil (art. 44) para a
inscrição das pessoas jurídicas de caráter religioso no respectivo
registro civil.

6. O Brasil é um Estado laico. O Acordo, por outro lado,


prevê o ensino da religião católica nas escolas públicas de
ensino fundamental. Como se conciliariam, a seu juízo, o caráter
leigo da República e o ensino confessional nas escolas? Alguns
dizem que o ensino confessional nas escolas públicas seria até
inconstitucional...

O Artigo em questão é plenamente coerente com quanto


previsto pela Constituição Federal, Art. 210, § 1º e pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, Art. 33. Todas as Constituições que
se sucederam no Brasil nas últimas seis décadas, desde a
Constituição de 1937, incluem o ensino religioso no currículo escolar
do ensino fundamental. O atual Art. 210 da Constituição Federal de
1988 determina: «O ensino religioso, de matrícula facultativa,
constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental». É inegável que o ensino religioso não deve ser
entendido como alusivo a uma “religião genérica”, a-confessional,
indefinida, já que uma tal ‘religião’ não existe. Seria pura abstração
mental, sem correspondência na realidade da vida e da sociedade
humana. Ninguém, portanto, teria condições de ministrá-la, a não ser
quem quisesse ensinar suas próprias e subjetivas opiniões.
Tampouco poderia criá-la e impô-la o Estado, que é democrático e
leigo e, enquanto tal, respeitoso das múltiplas confissões religiosas,
com suas diferenças e identidades, sua fé, seu credo, sua doutrina,
seus fiéis.
146
E cada fiel tem, no Brasil, o direito constitucional de receber, se
quiser, a educação religiosa conforme a sua fé, nos termos fixados
pela Lei e no respeito da liberdade religiosa e de consciência. Esta é
a verdadeira e autêntica laicidade. Um ensino genérico, apenas
indefinidamente “religioso”, não atingiria esta meta e, principalmente,
não cumpriria os ditames da Constituição.

O Estado brasileiro não admite, de forma alguma, concessão


de privilégios para nenhuma religião específica, nem discriminações
religiosas. Da mesma forma, o Acordo, também no que diz respeito
ao ensino religioso, não privilegia a Igreja Católica, nem discrimina
outras confissões. Neste preciso intuito, foi expressamente
mencionado, além do “ensino religioso católico”, também o “de outras
confissões religiosas”. Podemos chamar este modelo de “ensino
religioso pluriconfessional”. Ele encontra um válido exemplo
legislativo na Lei sobre ensino religioso adotada no Estado do Rio de
Janeiro (Lei n. 3459/2000, de 14 de setembro de 2000). Conforme
este modelo, o legislador reconhece, aplicando os princípios
constitucionais de liberdade religiosa e de crença (Art. 5º, inciso VI,
da Constituição), o direito das famílias (e dos alunos que já
completaram os 16 anos de idade) a que lhes seja oferecido, pelo
Estado, o ensino religioso correspondente ao credo e à identidade
religiosa confessional do estudante e de sua família.

É importante destacar que essa Lei estadual, menos de um ano


depois de editada, passou por rigoroso controle de
constitucionalidade pelo Tribunal de Justiça do Estado e foi mantida
(cf. Representação n. 141/2000, Acórdão de abril de 2001).

Deve-se sublinhar que esse ensino religioso é sim


‘confessional’, mas é, ao mesmo tempo, pluralista, enquanto o

147
Estado oferece aos alunos os ensinos religiosos próprios, em
conformidade com sua identidade de fé, e é perfeitamente
democrático e leigo, porque só será ministrado aos que, livre e
facultativamente, o requeiram. Em nada, portanto, afeta
negativamente o espírito de mútua tolerância e respeito entre as
diferentes confissões, nem tampouco contraria a irrenunciável
laicidade do Estado brasileiro.

A esse propósito, enfim, no que diz respeito ao conceito da


verdadeira laicidade, seria muito proveitoso refletir sobre as palavras
recentemente pronunciadas por Nicolas Sarkozy, Presidente da
República da França, Nação que sempre foi, e continua sendo,
maître à penser e ‘porta-bandeira’ do princípio da laicidade do
Estado. Cito: «A laicidade não poderia ser a negação do passado. A
laicidade não tem o poder de cortar uma Nação das suas raízes
cristãs. Ela tentou fazê-lo. E não deveria tê-lo feito [...], eu acho que
uma nação que ignore a herança ética, espiritual e religiosa da sua
história comete um crime contra sua cultura [...] que impregna tão
profundamente nossa maneira de viver e pensar. Arrancar a raiz é
perder o significado, é enfraquecer o cimento da identidade nacional,
é tornar ainda mais ásperas as relações sociais, que tanta
necessidade têm de símbolos de memória. [...] É por isso que desejo
o advento de uma laicidade positiva, ou seja, uma laicidade que,
preservando a liberdade de pensamento, a de crer ou não crer, não
veja as religiões como um perigo, mas, pelo contrário, como um
trunfo. [...] Trata-se de procurar o diálogo com as grandes religiões e
ter por princípio facilitar a vida quotidiana das grandes correntes
espirituais, ao invés de procurar complicá-las» (Discurso pronunciado
em Roma, em 4 de Janeiro de 2008).

148
7. O reconhecimento dos efeitos civis do casamento
religioso foi confirmado pelo artigo 12 do Acordo, nos mesmos
termos do atual Código Civil, já bem conhecidos e atuados.
Nota-se, porém, no mesmo artigo, parágrafo 2º, uma novidade:
fala-se, a saber, de “homologação de sentenças eclesiásticas
em matéria matrimonial”. De que se trata?

A Constituição Federal (art. 226, § 2º: «O casamento religioso


tem efeito civil») e o Código Civil (arts. 1515-1516) reconhecem
“efeitos civis” aos casamentos religiosos. É perfeitamente coerente
com essa disciplina normativa que o Estado, a pedido dos legítimos
interessados, reconheça também efeitos civis às decisões dos
tribunais eclesiásticos em matéria matrimonial, desde que
confirmados pelo Órgão de controle superior da Santa Sé e que
cumpram os requisitos exigidos pela lei brasileira para a
homologação das sentenças estrangeiras.

O processo de homologação (por meio de um juízo de


‘delibação’, restrito ao exame de aspectos formais da decisão, não
reabrindo as questões de mérito já resolvidas) de sentenças
estrangeiras é um instituto típico do direito internacional,
pacificamente reconhecido no Brasil e na grande maioria dos
Estados democráticos. Ademais, este tipo de regulamentação está
previsto em inúmeros Acordos entre a Santa Sé e Países do mundo
inteiro, especialmente os de tradição jurídica de impostação
“romanística”, isto é, cujo direito privado descende do direito romano,
como é o caso do direito privado vigente no Brasil, consagrado em
seu Código Civil. Não há, portanto, obstáculo algum, do ponto de
vista jurídico e constitucional, que também no Brasil seja dada
atuação, até por razões de simetria com o reconhecimento dos
149
efeitos civis do casamento canônico, à homologação das sentenças
eclesiásticas que se pronunciam sobre a validade do mesmo
casamento canônico, nos casos concretos submetidos à sua
decisão, livremente, pelos esposos, e sob a condição – repita-se –
de que tais sentenças apresentem os mesmos requisitos fixados no
ordenamento jurídico brasileiro para a homologação das sentenças
estrangeiras em matéria matrimonial.

8. Não se reconhece vínculo trabalhista entre os padres e


as Dioceses, assim como entre os religiosos e religiosas e seus
respectivos Institutos (artigo 16 do Acordo). Esta previsão não
fere a legislação trabalhista do País, abrindo espaço para
abusos?

O não reconhecimento de vínculo empregatício entre os


ministros ordenados e as suas Dioceses e entre os fiéis consagrados
e os Institutos Religiosos a que eles pertencem está clara e
unanimemente definido pelo magistério da doutrina jurídica e pela
jurisprudência trabalhista, solidamente amparada nos preceitos da
Constituição Federal e do ordenamento infraconstitucional do nosso
País.

Não é supérfluo citar aqui, à guisa de exemplo dessa


consolidada orientação do direito do trabalho brasileiro, algumas
passagens fundamentais de um recente Acórdão do Tribunal
Superior do Trabalho, que define que o trabalho realizado por
religiosos, segundo a sua vocação, não gera vínculo empregatício
(TST-AIRR 3652/2002-900-05-00, em DJ de 09/05/03). Lê-se da sua
ementa: «O vínculo que une o pastor à sua Igreja é de natureza

150
religiosa e vocacional. Relacionado à resposta a uma chamada
interior e não ao intuito de percepção de remuneração terrena. A
subordinação existente é de índole eclesiástica, e não empregatícia,
e a retribuição percebida diz respeito exclusivamente ao necessário
para a manutenção do religioso. Apenas no caso de desvirtuamento
da própria instituição religiosa, buscando lucrar com a palavra de
Deus, é que se poderia enquadrar a igreja [...] como empresa e o
pastor como empregado». E ainda, lemos no corpus da sua
cuidadosa motivação: «Os juslaboristas pátrios, não se distanciando
da doutrina estrangeira, são praticamente unânimes em não
reconhecer a possibilidade de vínculo empregatício entre os
ministros das diversas confissões religiosas (padres, pastores,
rabinos, etc) e suas respectivas igrejas ou congregações. [...]
Também a jurisprudência tem sido firme na mesma esteira da
doutrina, apenas admitindo o vínculo no caso do desvirtuamento da
instituição». Tal “desvirtuamento” – previsto também no dispositivo
do nosso Acordo como única exceção possível à exclusão do vínculo
empregatício – dá-se, conforme a mesma sentença aqui citada,
apenas nas hipóteses em que seja provado, em juízo, que se trata
de «instituições que aparentam finalidades religiosas e, na verdade,
dedicam-se a explorar o sentimento religioso do povo, com fins
lucrativos».

O referido Artigo trata também, no inciso II, dos fiéis que


realizam na Igreja tarefas da mais variada natureza (“apostólica,
pastoral, litúrgica, catequética, assistencial, de promoção humana e
semelhantes...”) «a título voluntário», isto é, em força de um regular
contrato (“termo de adesão”) de voluntariado, conforme quanto
estabelecido pela Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que

151
disciplina o fascinante e benemérito mundo do voluntariado. A citada
previsão do nosso Acordo observa esta valiosa Lei Federal, em
perfeita sintonia com seus preceitos e princípios inspiradores.

9. O Acordo garante à Igreja a imunidade tributária e atribui


os mesmos tratamentos das entidades filantrópicas (art. 15). Em
que termos? Isto não fere o princípio de igualdade de todos
perante a lei?

A imunidade tributária em questão refere-se a todos os tipos de


impostos, conforme o dispositivo do Art. 150, Inciso VI, letras “b” e “c”
e § 4º da Constituição. Os termos desta imunidade tributária,
portanto, são os mesmos reconhecidos pela Carta Magna do Brasil.

Também neste assunto, o dispositivo do Acordo está bem


amparado em decisão do Plenário da máxima Magistratura
Constitucional do País. De fato, o STF, com o Acórdão n. 325.822-2,
de 18 de dezembro de 2002, Relator Ministro Gilmar Mendes,
sancionou que «A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, da
Constituição deve abranger não somente os prédios destinados ao
culto, mas, também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados
com as suas finalidades essenciais» (cf. DJ de 03/02/03). Isto
significa, sem ambiguidade, que os bens pertencentes às pessoas
jurídicas eclesiásticas, quando destinados às suas finalidades
essenciais, que, no nosso caso, são tanto as finalidades
estreitamente religiosas quanto as de caráter caritativo e social, não
sofrem a cobrança de impostos, assim como disposto pelo Art. 150
da Constituição Federal para “qualquer culto religioso”, e reafirmado,

152
pelo nosso Acordo, no que diz respeito a todas as pessoas jurídicas
da Igreja Católica.

Quanto ao tema da filantropia, muito importante para o sereno


e adequado desenvolvimento das inúmeras atividades sociais,
educacionais e assistenciais da Igreja Católica, o mesmo Art. 15 do
Acordo, § 1º, dispõe que “as pessoas jurídicas da Igreja Católica que
exerçam atividade social e educacional sem finalidade lucrativa
receberão o mesmo tratamento e benefícios outorgados às entidades
filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro”. Esta
previsão baseia-se, com toda evidência, justamente no princípio de
igualdade de todos os cidadãos perante a lei, chamado, em termos
jurídicos, “princípio de isonomia”, solenemente fixado no caput do Art.
5º da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza”. Tratava-se, na verdade – frente às
crescentes dificuldades encontradas nos últimos tempos pelas
entidades beneficentes da Igreja – de reafirmar, neste âmbito, este
fundamental princípio da Constituição e do Estado democrático, que
comporta a obrigação jurídica de ‘não discriminação’ e de paridade
de tratamento para com as pessoas jurídicas eclesiásticas que
exercem atividade social e educacional sem finalidade lucrativa, as
quais têm direito de receber o mesmo tratamento e benefícios
outorgados às entidades filantrópicas, desde que possuam os
requisitos e cumpram as obrigações exigidos pela lei.

10. Houve também uma previsão relativa ao planejamento


urbanístico (art. 14), que agora deve incluir a destinação de
espaços a fins religiosos. Esta não seria uma invasão de campo,
por parte da União, sendo que a Constituição Federal estabelece

153
a autonomia dos Municípios em matéria de planejamento
urbano?

O referido Artigo não comporta nenhuma “imposição”


automática nos instrumentos de planejamento urbano, mas “declara
o empenho” da República em favor “da destinação de espaços a fins
religiosos”, a serem futuramente incluídos nos instrumentos de
planejamento urbano. Não há nenhuma invasão de competência
municipal. [1]

Esta previsão está, de fato, em conformidade com quanto é


estabelecido pela Constituição Federal, art. 182, que determina a
competência do Legislador Federal de fixar em lei diretrizes gerais
para “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar dos seus habitantes”. Neste mesmo
sentido, o art. 21, inciso XX, da Constituição dispõe que “compete à
União [...] instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano”. Enfim,
vale destacar que a Lei N. 10.257/2001, conhecida como “Estatuto
das Cidades”, confirmou que “compete à União [...] legislar sobre
normas gerais de direito urbanístico [...] tendo em vista o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar” dos cidadãos brasileiros.
Ademais esta mesma lei indica, entre os objetivos fundamentais do
planejamento urbano, o desenvolvimento da qualidade da vida da
pessoa humana (cf., em particular, os artigos 2º, 3º, 21 e 39). Ora, é
evidente que a dimensão religiosa não pode ser excluída do conceito
de “qualidade de vida” e de “bem-estar” dos cidadãos brasileiros,
tanto mais se pensarmos que a mesma lei menciona expressamente
(art. 2º, I) o direito dos cidadãos a espaços destinados ao “lazer”.
Consequentemente, a destinação de espaços a fins religiosos pode
bem figurar, conforme os ditames da nossa Constituição e da
154
legislação infraconstitucional, dentro das diretrizes gerais dadas pela
União para os instrumentos de planejamento urbano das nossas
cidades.

11. Os Artigos 7º e 8º garantem, respectivamente, a


proteção dos lugares de culto e liturgias da Igreja Católica e o
direito de dar assistência religiosa nos estabelecimentos de
saúde, prisionais e similares. Quais são os fundamentos
jurídicos dessas atribuições no ordenamento brasileiro?

As garantias acima citadas são ambas contempladas e


legitimadas pela Constituição Federal, art. 5º, incisos VI e VII:

«É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo


assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias» (inciso
VI);

«É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência


religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva»
(inciso VII).

Trata-se, evidentemente, de normas válidas para todas as


confissões religiosas, sem discriminação alguma.

É útil destacar, em particular, quanto ao art. 8º, relativo à


assistência espiritual nos “estabelecimentos” acima mencionados,
que seria inconstitucional limitar o livre exercício da prática religiosa
para os fiéis neles internados, no caso que eles não pudessem
encontrar, com a devida facilidade, seus ministros de culto religioso,
uma vez que o requeiram. Ao mesmo tempo, o dispositivo do Acordo

155
destaca expressamente a necessidade de que sejam corretamente
observadas “as exigências da lei” e “as normas de cada
estabelecimento”.

12. Uma última pergunta: quando entrará em vigor o


Acordo no ordenamento brasileiro?

O último artigo do Acordo determina que o mesmo entrará em


vigor no momento da troca dos instrumentos documentais de
ratificação. Como se sabe, a competência para “ratificar” um tratado
internacional cabe, no sistema constitucional brasileiro, ao
Congresso Nacional. De fato, o Art. 49, inciso I, da Constituição
Federal dispõe: «É de competência exclusiva do Congresso Nacional
resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional»; complementar a esta norma é o que dispõe
o art. 84, inciso VIII, da mesma Carta Magna: «Compete
privativamente ao Presidente da República celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional».

Isto significa que o nosso Acordo, para ter força de Lei, com as
garantias suplementares de um Tratado internacional, precisará ser
aprovado, distintamente, pelos dois remos do Parlamento Nacional:
Senado Federal e Câmara dos Deputados.

Neste sentido, cabe aqui fazer um vibrante apelo a todos os


parlamentares brasileiros, não só aos que partilham a fé católica ou
aderem a outros credos religiosos, mas a todos os ilustres Senadores
e Deputados que possuem uma visão aberta, pluralista e madura da

156
verdadeira laicidade do Estado, nos termos conceptuais enunciados,
por exemplo, pelo Presidente da República Francesa Nicolas
Sarkozy no discurso acima citado, para que eles deem sua
prestigiada e determinante sanção ao nobre Ato internacional que o
Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da
Silva, solenemente pactuou, em nome da Nação, com a Santa Sé
[Atenção: se as palavras do Presidente Sarkozy não tiverem sido
citadas antes, no curso da entrevista, seria bom cita-las aqui, pela
sua notável consistência conceptual e grande importância a nível
internacional].

[1] Além do que, está assentado pelo STF que o Presidente da República,
quando firma um tratado, atua na qualidade de Chefe de Estado – de todo o Estado
brasileiro, tanto da União como dos Estados-membros e dos Municípios -, por isso pode
até assinar pactos que cuidem de assuntos de competência estadual ou municipal (RE
229.096, Dje 11.4.2008, relatora a Ministra Cármen Lúcia). Mas, mesmo que assim não
fosse, o Acordo, aqui, não desce a minúcias, apenas cogita de princípios necessários,
próprios da competência federal.

157
Relações Bilaterais Da Santa Sé

A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 180 Estados:

Albânia 07.09.1991 L'Attività della Santa Sede 1991, p.738


Alemanha 1920
África do Sul 05.03.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.188
Argélia 06.03.1972 L'Attività della Santa Sede 1972, p.81
Andorra 16.06.1995 L'Attività della Santa Sede 1995, p.294
Angola 08.07.1997 L'Attività della Santa Sede 1997, p.446
Antígua e 15.12.1986 L'Attività della Santa Sede 1986,
Barbuda p.1016
Argentina 1877
Armênia 23.05.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.371
Austrália 24.03.1973 L'Attività della Santa Sede 1973, p.110
Áustria 09.08.1946
*
Azerbaijão 23.05.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.371
Bahamas 27.07.1979 L'Osservatore Romano, 28.7.1979 p.1
Barein 12.01.2000 L'Attività della Santa Sede 2000, p.23
Bangladesh 25.09.1972 L'Attività della Santa Sede 1972, p.353
Barbados 19.04.1979 L'Attività della Santa Sede 1979, p.269-
270
Bélgica 1835
Belize 09.03.1983 L'Attività della Santa Sede 1983, p.188
Benin 29.06.1971 L'Attività della Santa Sede 1971, p.269
Bielorússia 11.11.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.715
Bolívia 1877
Bósnia e 18.08.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.279-
Herzegóvina 580
Botsuana 04.11.2008 L'Attività della Santa Sede 2008, p.338
Brasil 1829
Bulgária 06.12.1990 L'Attività della Santa Sede 1990, p.946
Burkina 14.06.1973 L'Attività della Santa Sede 1973, p.218
Fasso
Burundi 11.02.1963 L'Attività della Santa Sede 1963, p.41
Cabo Verde 12.05.1976 L'Attività della Santa Sede 1976, p.119
Camboja 25.03.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.259
Camarões 27.08.1966 L'Attività della Santa Sede 1966, p.549
Canadá 16.10.1969 L'Attività della Santa Sede 1969, p.468
Catar 18.11.2002 L'Attività della Santa Sede 2002, p.588
Cazaquistão 17.10.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.666
Chade 28.11.1988 L'Attività della Santa Sede 1988,
p.1086
Chile 1877
Chipre 31.01.1973 L'Attività della Santa Sede 1973, p.46
Cina 23.10.1942
Colômbia 26.11.1835
Congo 31.01.1977 L'Attività della Santa Sede 1977, p.43
(República
do)
Congo (Rep. 16.02.1963 L'Attività della Santa Sede 1963, p.42
Democrática
do)
Coreia 11.12.1963 L'Attività della Santa Sede 1963, p.271
Costa do 26.10.1970 L'Attività della Santa Sede 1970, p.471
Marfim
Costa Rica 1908
Croácia 08.02.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.77-
78
Cuba 02.09.1935 AAS 28 (1936), p.64-65
Dinamarca 02.08.1982 L'Attività della Santa Sede 1982, p.583
Djibuti 20.05.2000 L'Attività della Santa Sede 2000, p.305
Dominica 01.09.1981 L'Attività della Santa Sede 1981, p.503
Equador 1877
Egito 23.08.1947 AAS 40 (1948), p.72-73
El Salvador 1922
Emirados 31.05.2007 L'Attività della Santa Sede 2007, p.230
Árabes
Unidos
Eritréia 15.07.1995 L'Attività della Santa Sede 1995, p.352
Eslováquia 01.01.1993 L'Attività della Santa Sede 1993, p.5
*
Eslovênia 08.02.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.77-
78
Espanha séc. XV
Estados 10.01.1984 L'Attività della Santa Sede 1984, p.25
Unidos da
América
Estônia 03.10.1991
*
Etiópia 20.03.1957 L'Attività della Santa Sede 1957, p.35

160
Federação 09.12.2009
Russa (ex
URSS)
Fiji 12.09.1978 L'Attività della Santa Sede 1978, p.565
Filipinas 08.04.1951 L'Osservatore Romano, 9-10.4.1951
p.2
Finlândia 1942
França séc.VI
Gabão 31.10.1967 L'Attività della Santa Sede 1967,
p.1047
Gâmbia 07.06.1978 L'Attività della Santa Sede 1978, p.565
Gana 20.11.1975 L'Attività della Santa Sede 1975, p.387
Geórgia 23.05.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.371
Jamaica 20.07.1979 L'Osservatore Romano, 21.07.1979 p.1
Japão março 1942 L'Osservatore Romano, 30-31.3.1942
p.1
Jordânia 03.03.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.182
Grã-Bretanha 16.01.1982 L'Attività della Santa Sede 1982, p.45-
46
Granada 17.02.1979 L'Attività della Santa Sede 1979, p.136
Grécia 17.07.1979 L'Osservatore Romano, 18.07.1979 p.1
Guatemala 16.03.1936 AAS 28 (1936), p.230
Guiné 21.06.1986 L'Attività della Santa Sede 1986, p.496
Guiné Bissau 12.07.1986 L'Attività della Santa Sede 1986, p.584
Guiné 24.12.1981 L'Attività della Santa Sede 1981, p.762
Equatorial
Guiana 09.06.1997 L'Attività della Santa Sede 1997, p.390
Haiti 1881
Honduras 1908
Hungria 09.02.1990 L'Attività della Santa Sede 1990, p.129
*
Iêmen 13.10.1998 L'Attività della Santa Sede 1998, p.537
Índia 12.06.1948 L'Attività della Santa Sede 1948, p.191
Indonésia 13.03.1950 L'Osservatore Romano, 13-14.3.1950
p.1
Irã 02.05.1953 L'Attività della Santa Sede 1953, p.65
Iraque 26.08.1966 L'Attività della Santa Sede 1966, p.548
Irlanda 27.11.1929 AAS 22 (1939), p.131
Islândia outubro L'Osservatore Romano, 13.10.1976 p.1
1976
Ilhas Cook 29.04.1999 L'Attività della Santa Sede 1999, p.236-
237

161
Ilhas Marshall 30.12.1993 L'Attività della Santa Sede 1993,
p.1077
Ilhas 09.05.1984
Salomão
Israel 15.06.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.464-
465
Itália 24.06.1929 AAS 21 (1929), p.762-763
Kiribati 10.04.1995 L'Attività della Santa Sede 1995, p.173
Kuwait 21.10.1968 L'Attività della Santa Sede 1968, p.951
Quênia 19.06.1965 L'Attività della Santa Sede 1965, p.216
Quirguistão 27.08.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.585
Lesoto 11.03.1967 L'Attività della Santa Sede 1967, p.184
Letônia 01.10.1991
*
Líbano novembro
1946
Libéria 15.12.1927 AAS 43 (1927), p.774
Líbia 10.03.1997 L'Attività della Santa Sede 1997, p.155-
156
Liechtenstein 28.08.1985 L'Attività della Santa Sede 1985, p.721
Lituânia 30.09.1991 L'Attività della Santa Sede 1991, p.821
*
Luxemburgo 1891
Macedônia 21.12.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.984
(ex-República
da Iugoslávia)
Madagascar 24.12.1966 L'Attività della Santa Sede 1966, p.839
Maláui 05.02.1966 L'Attività della Santa Sede 1966, p.60
Malésia 27.07.2011
Mali 29.10.1979 L'Osservatore Romano 29-30.10.1979,
p.2
Malta 15.12.1965 L'Attività della Santa Sede 1965, p.545
Marrocos 15.01.1976 L'Attività della Santa Sede 1976, p.21
Maurício 09.03.1970 L'Attività della Santa Sede 1970, p.946
México 21.09.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.606
Micronésia 26.01.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.83
Moldávia 23.05.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.371
Mônaco 1875
Mongólia 04.04.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.241-
242
Montenegro 16.12.2006 L'Attività della Santa Sede 2006, p.497
Moçambique 14.12.1995 L'Attività della Santa Sede 1995, p.639
Namíbia 12.09.1995 L'Attività della Santa Sede 1995, p.423

162
Nauru 01.06.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.403
Nepal 10.09.1983 L'Attività della Santa Sede 1983, p.642
Nicarágua 1908
Níger 20.07.1971 L'Attività della Santa Sede 1971, p.293
Nigéria 20.11.1975 L'Attività della Santa Sede 1975, p.387
Noruega 02.08.1982 L'Attività della Santa Sede 1982, p.583
Nova 20.06.1973 L'Attività della Santa Sede 1973, p.228
Zelândia
Países 1829
Baixos
Paquistão 06.10.1951 L'Attività della Santa Sede 1951, p.117
Palau 17.12.1998 L'Attività della Santa Sede 1998, p.682
Panamá 1923
Papua Nova 07.03.1977 L'Attività della Santa Sede 1977, p.81
Guiné
Paraguai 1877
Peru 1877
Polônia 17.07.1989 L'Attività della Santa Sede 1989, p.573
*
Portugal séc. XVI
República 19.04.1990 L'Attività della Santa Sede 1990, p.276
Tcheca *
República 13.05.1967 L'Attività della Santa Sede 1967, p.439
Centro-
africana
República 1881
Dominicana
Romênia 15.05.1990 L'Attività della Santa Sede 1990, p.563
*
Ruanda 06.06.1964 L'Attività della Santa Sede 1964, p.228
São Cristóvão 19.07.1999 L'Attività della Santa Sede 1999, p.441
e Nevis
Samoa 10.06.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.450
San Marino abril de
1926
Santa Lúcia 01.09.1984 L'Attività della Santa Sede 1984, p.622
São Vicente e 16.04.1990 L'Attività della Santa Sede 1990, p.272
Granadinas
São Tomé e 21.12.1984 L'Attività della Santa Sede 1984, p.976
Príncipe
Senegal 17.11.1961 L'Attività della Santa Sede 1961, p.130

163
Sérvia 14.08.1970 L'Attività della Santa Sede 1970, p.358
*
Seychelles 27.07.1984 L'Attività della Santa Sede 1984, p.571
Serra Leoa 30.07.1996 L'Attività della Santa Sede 1996, p.314
Singapura 24.06.1981 L'Attività della Santa Sede 1981, p.425
Síria 21.02.1953 L'Attività della Santa Sede 1953, p.43-
44
Sri Lanka 06.09.1975 L'Attività della Santa Sede 1975, p.285
Sudão 29.04.1972 L'Attività della Santa Sede 1972, p.154
Sudão do Sul 22.02.2013
Suriname 16.02.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.133
Suécia 02.08.1982 L'Attività della Santa Sede 1982, p.583
Suíça séc. XVI
Suazilândia 11.03.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.184
Tajiquistão 15.06.1996 L'Attività della Santa Sede 1996, p.238
Tanzânia 19.04.1968 AAS 60 (1969), p.521
Tailândia 28.04.1968 L'Attività della Santa Sede 1969, p.187-
188
Timor Leste 20.05.2002 L'Attività della Santa Sede 2002, p.277
Togo 21.04.1981 L'Attività della Santa Sede 1981, p.881
Tonga 24.08.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.562-
563
Trinidad e 23.07.1978 L'Attività della Santa Sede 1978, p.565
Tobago
Tunísia 22.03.1972 L'Attività della Santa Sede 1972, p.97
Turquia 25.01.1960 L'Attività della Santa Sede 1960, p.28
Turquemenist 10.07.1996 L'Attività della Santa Sede 1996, p.300
ão
Ucrânia 08.02.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.77-
78
Uganda 01.09.1966 L'Attività della Santa Sede 1966, p.720
Uruguai 1877
Uzbequistão 17.10.1992 L'Attività della Santa Sede 1992, p.666
Vanuatu 20.07.1994 L'Attività della Santa Sede 1994, p.525
Venezuela 1881
Zâmbia 15.05.1965 L'Attività della Santa Sede 1965, p.182
Zimbábue 26.06.1980 L'Attività della Santa Sede 1980, p.446

164
A Santa Sé mantém relações diplomáticas também com:

União Europeia 13.12.2007


Ordem Soberana e Militar de Malta Fev.1930

A Santa Sé mantém relações de natureza especial com:

O.L.P. (Organização para a 25.10.1994 L'attività della Santa


Libertação da Palestina) Sede 1994, p.778-779

As datas assinaladas com asteriscos indicam a retomada das


relações diplomáticas.

165
Organismos Intergovernamentais e Programas
Internacionais

A Santa Sé participa de diferentes Organizações, entre os


quais:

UN/ONU Organização das Nações Unidas, Nova York,


Observador
UNOG Escritório das Nações Unidas em Genebra,
Observador
UNOV Escritório das Nações Unidas em Viena,
Observador
ACNUR Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados, Genebra, Membro do Comitê
Executivo
UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento, Genebra, Membro
WIPO/OMPI Organização Mundial de Propriedade Intelectual,
Genebra, Membro
IAEA/AIEA Agência Internacional de Energia Atômica, Viena,
Membro
OPAQ Organização para Proibição de Armas Químicas,
Haia, Membro
CTBTO Comissão Preparatória da Organização para
Proibição Total de Testes Nucleares, Viena,
Membro
ICMM/CIMM Comitê Internacional de Medicina Militar, Bruxelas,
Membro
FAO Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura, Roma, Observador
ILO/OIT Organização Internacional do Trabalho, Genebra,
Observador
WHO/OMS Organização Mundial da Saúde, Genebra,
Observador
UNESCO Organização das Nações Unidas para a
educação, Ciência e Cultura, Paris, Observador
UNIDO Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial, Viena, Observador
FIDA Fundo Internacional para o Desenvolvimento
Agrícola, Roma, Observador
UNWTO/OMT Organização Mundial do Turismo, Madri,
Observador
WMO/OMM Organização Meteorológica Mundial, Genebra,
Observador
WTO/OMC Organização Mundial do Comércio, Genebra,
Observador
PNUD Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, Nova York, Observador
UN-HABITAT Programa das Nações Unidas para
Assentamentos Humanos, Nairóbi, Observador
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, Observador
WFP/PAM Programa Alimentar Mundial, Roma, Observador
INTOSAI Organização Internacional de Entidades
Fiscalizadoras Superiores, Viena, Membro
CIEC Comissão Internacional do Estado Civil,
Estrasburgo, Observador
UL União Latina, Paris, Convidado Permanente
OSCE Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa, Viena, Membro
CE Conselho da Europa, Estrasburgo, Observador
UA União Africana, Addis Abeba, Estado não membro
acreditado
OAS/OEA Organização dos Estados Americanos,
Washington, Observador
LEA Liga dos Estados Árabes, Cairo, Estado não
membro acreditado
AALCO Organização Jurídica Consultiva Afro-Asiática,
Nova Déli, Convidado
UNIDROIT Instituto Internacional para a Unificação do Direito
Privado, Roma, Membro
IOM/OIM Organização Internacional para as Migrações,
Membro

168
Da sua parte, o Estado da Cidade do Vaticano participa das
seguintes organizações internacionais intergovernamentais:

UPU União Postal Universal, Berna, Membro


UIT União Internacional de Telecomunicações,
Genebra, Membro
IGC/CIG Conselho Internacional de Grãos, Londres,
Membro
ITSO Organização Internacional das Telecomunicações
por Satélite, Washington D.C., Membro
EUTELSAT Organização Europeia de Telecomunicações por
IGO Satélite, Paris, Membro
CEPT Conferência Europeia das Administrações de
Correios e Telecomunicações Copenhague,
Membro
IISA Instituto Internacional para as Ciências
Administrativas, Bruxelas, Membro

169
Parti Contraenti Con La Santa Sede
172
173
174
175
176
177
178
Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé
Comissão do Senado aprova acordo entre Brasil e Vaticano;
projeto vai a plenário

Da Agência Senado

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE)


do Senado concedeu nesta quarta-feira (7) parecer favorável ao
Projeto de Decreto Legislativo 716/09, que aprova o texto do Acordo
entre o Brasil e a Santa Sé, relativo ao estatuto jurídico da Igreja
Católica no Brasil, assinado em novembro de 2008 na cidade do
Vaticano. Foi aprovado ainda pedido de urgência para a votação da
matéria em plenário.

Por meio do acordo, o Brasil reconhece à Igreja Católica, com


fundamento no direito de liberdade religiosa, o "direito de
desempenhar a sua missão apostólica, garantindo o exercício público
de suas atividades, observado o ordenamento jurídico brasileiro".

Entre os principais dispositivos do acordo está o polêmico artigo


11, por meio do qual o governo brasileiro reconhece a "importância
do ensino religioso".

O acordo estabelece também as bases para o relacionamento


entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro, reafirma a personalidade
jurídica da Igreja e de suas entidades, como a Conferência Episcopal,
as dioceses e as paróquias, e reconhece às instituições assistenciais
religiosas igual tratamento tributário e previdenciário garantido a
entidades civis semelhantes. Prevê ainda a colaboração entre a
Igreja e o Estado na tutela do patrimônio cultural do país,
preservando a finalidade de templos e objetos de culto.

No mesmo artigo, se estabelece que o ensino religioso, tanto o


católico como o de outras confissões religiosas, será de matrícula
facultativa e constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental, "assegurado o respeito à
diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a
Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de
discriminação".

De acordo com o artigo 12, o casamento celebrado em


conformidade com as leis canônicas, que atender também às
exigências estabelecidas pelo direito brasileiro, produz os efeitos
civis, desde que registrado no registro próprio. O acordo estabelece
ainda imunidade tributária às pessoas jurídicas eclesiásticas, assim
como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com suas
"finalidades essenciais".

Vistas

Assim que o relator da matéria, senador Fernando Collor (PTB-


AL), anunciou seu voto favorável à aprovação do acordo, o senador
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) pediu vistas do texto. Ele
informou que tem recebido dezenas de mensagens eletrônicas em
seu gabinete a respeito do tema, muitas das quais solicitando que ele
desse voto contrário ao acordo com a Santa Sé.

O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-


MG), disse que lhe concederia vistas de apenas duas horas - e não
de cinco dias, como de praxe - uma vez que o tema vem sendo
debatido há diversos meses no Congresso Nacional. Azeredo fez
ainda um apelo a Mesquita para que retirasse o pedido de vistas, no
que foi seguido por diversos outros senadores presentes à reunião,

182
como Marco Maciel (DEM-PE), Romeu Tuma (PTB-SP) e Tasso
Jereissati (PSDB-CE), além do próprio relator da matéria.

Mesquita disse que não tinha interesse no prazo de duas horas


oferecido a ele, pois pretendia analisar o tema durante a semana.
Dessa forma, Azeredo colocou a matéria em votação. O projeto de
decreto legislativo foi aprovado com a abstenção de Mesquita.

183
Item 2: PDC 1736/2009
Projeto de Decreto Legislativo Nº, de 2009
Acordo entre a República Ferederativa do Brasil e a Santa Sé

ACCORDO TRA LA SANTA SEDE E LA


ACORDO ENTRE A REPÚBLICA
REPUBBLICA FEDERALE DEL BRASILE
FEDERATIVA DO BRASIL E A SANTA SÉ

SULLO STATUTO GIURIDICO DELLA RELATIVO AO ESTATUTO JURÍDICO DA

CHIESA CATTOLICA IN BRASILE IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

La Santa Sede e la Repubblica Federale A Santa Sé e a República Federativa do

del Brasile, d’ora in avanti denominate Alte Brasil, doravante denominadas Altas Partes

Parti Contraenti; Contratantes;

Considerando che la Santa Sede è la Considerando que a Santa Sé é a

suprema autorità della Chiesa Cattolica, suprema autoridade da Igreja Católica, regida

regolata dal Diritto Canonico; pelo Direito Canônico;

Considerando le relazioni storiche tra la Considerando as relações históricas entre

Chiesa Cattolica e il Brasile e le loro rispettive a Igreja Católica e o Brasil e suas respectivas

responsabilità al servizio della società e del responsabilidades a serviço da sociedade e

bene integrale della persona umana; do bem integral da pessoa humana;

Affermando che le Alte Parti Contraenti Afirmando que as Altas Partes

sono, ciascuna nel proprio ordine, autonome, Contratantes são, cada uma na própria

indipendenti e sovrane e cooperano per ordem, autônomas, independentes e

l’edificazione di una società più giusta, soberanas e cooperam para a construção de

pacifica e fraterna; uma sociedade mais justa, pacífica e fraterna;


Basandosi la Santa Sede sui documenti Baseando-se, a Santa Sé, nos
del Concilio Vaticano II e sul Codice di Diritto documentos do Concílio Vaticano II e no
Canonico, e la Repubblica Federale del Código de Direito Canônico, e a República
Brasile sul suo ordinamento giuridico; Federativa do Brasil, no seu ordenamento
jurídico;
Riaffermando l’adesione al principio,
internazionalmente riconosciuto, di libertà Reafirmando a adesão ao princípio,
religiosa; internacionalmente reconhecido, de
liberdade religiosa;
Riconoscendo che la Costituzione
brasiliana garantisce il libero esercizio dei Reconhecendo que a Constituição
culti religiosi; brasileira garante o livre exercício dos cultos
religiosos;
Animati dall’intenzione di rafforzare e
incrementare le mutue relazioni già esistenti; Animados da intenção de fortalecer e
incentivar as mútuas relações já existentes;
Hanno convenuto quanto segue:
Convieram no seguinte:

ARTICOLO 1
ARTIGO 1°

Le Alte Parti Contraenti continueranno ad


essere rappresentate, nelle loro relazioni As Altas Partes Contratantes continuarão
diplomatiche, da un Nunzio Apostolico a ser representadas, em suas relações
accreditato presso la Repubblica Federale del diplomáticas, por um Núncio Apostólico
Brasile e da un Ambasciatore del Brasile acreditado junto à República Federativa do
accreditato presso la Santa Sede, con le Brasil e por um Embaixador(a) do Brasil
immunità e garanzie assicurate dalla acreditado(a) junto à Santa Sé, com as
Convenzione di Vienna sulle Relazioni imunidades e garantias asseguradas pela
Diplomatiche, del 18 aprile 1961, e dalle altre Convenção de Viena sobre Relações
norme internazionali. Diplomáticas, de 18 de abril de 1961, e
demais regras internacionais.

190
ARTICOLO 2 ARTIGO 2

La Repubblica Federale del Brasile, sulla A República Federativa do Brasil, com


base del diritto di libertà religiosa, riconosce fundamento no direito de liberdade religiosa,
alla Chiesa Cattolica il diritto di svolgere la reconhece à Igreja Católica o direito de
sua missione apostolica, garantendo desempenhar a sua missão apostólica,
l’esercizio pubblico delle sue attività, in garantindo o exercício público de suas
conformità con l’ordinamento giuridico atividades, observado o ordenamento
brasiliano. jurídico brasileiro.

ARTICOLO 3 ARTIGO 3°

La Repubblica Federale del Brasile A República Federativa do Brasil reafirma


riafferma la personalità giuridica della Chiesa a personalidade jurídica da Igreja Católica e
Cattolica e di tutte le Istituzioni Ecclesiastiche de todas as Instituições Eclesiásticas que
che posseggono tale personalità secondo il possuem tal personalidade em conformidade
diritto canonico, a condizione che non com o direito canônico, desde que não
contrasti con il sistema costituzionale e le contrarie o sistema constitucional e as leis
leggi brasiliane, quali: Conferenza brasileiras, tais como Conferência Episcopal,
Episcopale, Province Ecclesiastiche, Províncias Eclesiásticas, Arquidioceses,
Arcidiocesi, Diocesi, Prelature Territoriali o Dioceses, Prelazias Territoriais ou Pessoais,
Personali, Vicariati e Prefetture Apostoliche, Vicariatos e Prefeituras Apostólicas,
Amministrazioni Apostoliche, Amministrazioni Administrações Apostólicas, Administrações
Apostoliche Personali, Missioni Sui Iuris, Apostólicas Pessoais, Missões Sui Iuris,
Ordinariato Militare e Ordinariati per i Fedeli Ordinariado Militar e Ordinariados para os
di Altri Riti, Parrocchie, Istituti di Vita Fiéis de Outros Ritos, Paróquias, Institutos de
Consacrata e Società di Vita Apostolica. Vida Consagrada e Sociedades de Vida

§ 1º. La Chiesa Cattolica può liberamente Apostólica.

creare, modificare o estinguere tutte le § 1º. A Igreja Católica pode livremente


criar, modificar ou extinguir todas as

191
Istituzioni Ecclesiastiche menzionate nel Instituições Eclesiásticas mencionadas no
caput di questo articolo. caput deste artigo.

§ 2º. La personalità giuridica delle §2°. A personalidade jurídica das


Istituzioni Ecclesiastiche sarà riconosciuta Instituições Eclesiásticas será reconhecida
dalla Repubblica Federale del Brasile pela República Federativa do Brasil mediante
mediante l’iscrizione nel rispettivo registro a inscrição no respectivo registro do ato de
dell’atto di creazione, nei termini della criação, nos termos da legislação brasileira,

legislazione brasiliana; è vietato all’autorità vedado ao poder público negar-lhes

pubblica di negare il riconoscimento o la reconhecimento ou registro do ato de criação,

registrazione dell’atto di creazione. Devono devendo também ser averbadas todas as

essere annotate anche tutte le eventuali alterações por que passar o ato.

modifiche che tale atto dovesse


successivamente ricevere. ARTIGO 4°

A Santa Sé declara que nenhuma


ARTICOLO 4
circunscrição eclesiástica do Brasil
dependerá de Bispo cuja sede esteja fixada
La Santa Sede dichiara che nessuna
em território estrangeiro.
circoscrizione ecclesiastica del Brasile
dipenderà da un Vescovo la cui sede sia
fissata in territorio straniero. ARTIGO 5°

As pessoas jurídicas eclesiásticas,


ARTICOLO 5
reconhecidas nos termos do Artigo 3º, que,
além de fins religiosos, persigam fins de
Le persone giuridiche ecclesiastiche,
assistência e solidariedade social,
riconosciute nei termini dell’articolo 3, che,
desenvolverão a própria atividade e gozarão
oltre ai fini religiosi, perseguano finalità di de todos os direitos, imunidades, isenções e
assistenza e solidarietà sociale, svolgeranno benefícios atribuídos às entidades com fins
la propria attività e godranno di tutti i diritti, de natureza semelhante previstos no
immunità, esenzioni e benefici attribuiti agli ordenamento jurídico brasileiro, desde que
enti con fini di analoga natura previsti
nell’ordinamento giuridico brasiliano, a

192
condizione che siano osservati i requisiti e gli observados os requisitos e obrigações
obblighi previsti dalla legislazione brasiliana. exigidos pela legislação brasileira.

ARTICOLO 6 ARTIGO 6°

Le Alte Parti riconoscono che il patrimonio As Altas Partes reconhecem que o

storico, artistico e culturale della Chiesa patrimônio histórico, artístico e cultural da

Cattolica, così come i documenti custoditi nei Igreja Católica, assim como os documentos

suoi archivi e biblioteche, costituiscono parte custodiados nos seus arquivos e bibliotecas,

rilevante del patrimonio culturale brasiliano, e constituem parte relevante do patrimônio

continueranno a cooperare per cultural brasileiro, e continuarão a cooperar

salvaguardare, valorizzare e promuovere la para salvaguardar, valorizar e promover a

fruizione dei beni, mobili e immobili, di fruição dos bens, móveis e imóveis, de

proprietà della Chiesa Cattolica o di altre propriedade da Igreja Católica ou de outras

persone giuridiche ecclesiastiche, che siano pessoas jurídicas eclesiásticas, que sejam

considerati dal Brasile come parte del considerados pelo Brasil como parte de seu

patrimonio culturale e artistico. patrimônio cultural e artístico.

§ 1º. La Repubblica Federale del Brasile, § 1º. A República Federativa do Brasil,

nel rispetto del principio di cooperazione, em atenção ao princípio da cooperação,

riconosce che la finalità propria dei beni reconhece que a finalidade própria dos bens

ecclesiastici menzionati nel caput di questo eclesiásticos mencionados no caput deste

articolo deve essere salvaguardata artigo deve ser salvaguardada pelo

dall’ordinamento giuridico brasiliano, senza ordenamento jurídico brasileiro, sem prejuízo

pregiudizio di altre finalità, che possano de outras finalidades, que possam surgir da

scaturire dalla loro natura culturale. sua natureza cultural.

§ 2º. La Chiesa Cattolica, consapevole § 2º. A Igreja Católica, ciente do valor do

del valore del suo patrimonio culturale, si seu patrimônio cultural, compromete-se a

impegna a facilitare l’accesso al medesimo facilitar o acesso a ele para todos os que

per tutti coloro che vogliano conoscerlo e queiram conhecê-lo e estudá-lo,

studiarlo, salvaguardate le sue finalità salvaguardadas as suas finalidades

193
religiose e le esigenze della sua protezione e religiosas e as exigências de sua proteção e
di tutela degli archivi. da tutela dos arquivos.

ARTICOLO 7 ARTIGO 7°

La Repubblica Federale del Brasile A República Federativa do Brasil


assicura, nei termini del suo ordinamento assegura, nos termos do seu ordenamento
giuridico, le misure necessarie per garantire jurídico, as medidas necessárias para
la protezione dei luoghi di culto della Chiesa garantir a proteção dos lugares de culto da
Cattolica e delle sue liturgie, simboli, Igreja Católica e de suas liturgias, símbolos,
immagini e oggetti cultuali, contro ogni forma imagens e objetos cultuais, contra toda forma
di violazione, disprezzo e uso illegittimo. de violação, desrespeito e uso ilegítimo.

§ 1º. Nessun edificio, dipendenza o § 1º Nenhum edifício, dependência ou


oggetto adibito al culto cattolico, nel rispetto objeto afeto ao culto católico, observada a
della funzione sociale della proprietà e della função social da propriedade e a legislação,
legislazione, può essere demolito, occupato, pode ser demolido, ocupado, transportado,
trasportato, ristrutturato o destinato dallo sujeito a obras ou destinado pelo Estado e
Stato e da enti pubblici ad altro fine, se non entidades públicas a outro fim, salvo por
per necessità o utilità pubblica, o per necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse sociale, nei termini della interesse social, nos termos da Constituição
Costituzione brasiliana. brasileira.

ARTICOLO 8 ARTIGO 8º

La Chiesa Cattolica, in vista del bene A Igreja Católica, em vista do bem


comune della società brasiliana, comum da sociedade brasileira,
specialmente dei cittadini più bisognosi, si especialmente dos cidadãos mais
impegna, osservate le esigenze di legge, a necessitados, compromete-se, observadas
dare assistenza spirituale ai fedeli accolti in as exigências da lei, a dar assistência
strutture sanitarie, di assistenza sociale, di espiritual aos fiéis internados em
educazione e similari, o detenuti in istituti estabelecimentos de saúde, de assistência

194
penitenziari e similari, osservate le norme di social, de educação ou similar, ou detidos em
ciascuna struttura, e che, per tale ragione, estabelecimento prisional ou similar,
siano impediti di esercitare in condizioni observadas as normas de cada
normali la pratica religiosa e lo richiedano. La estabelecimento, e que, por essa razão,
Repubblica Federale del Brasile garantisce estejam impedidos de exercer em condições
alla Chiesa Cattolica il diritto di svolgere normais a prática religiosa e a requeiram. A
questo servizio, inerente alla sua stessa República Federativa do Brasil garante à
missione. Igreja Católica o direito de exercer este
serviço, inerente à sua própria missão.

ARTICOLO 9
ARTIGO 9º
Il riconoscimento reciproco di titoli e
qualificazioni di livello universitario dipenderà O reconhecimento recíproco de títulos e
dai requisiti degli ordinamenti giuridici, qualificações em nível de Graduação e Pós-
rispettivamente della Santa Sede e del Graduação estará sujeito, respectivamente,
Brasile. às exigências dos ordenamentos jurídicos
brasileiro e da Santa Sé.

ARTICOLO 10
ARTIGO 10
La Chiesa Cattolica, attenta al principio di
cooperazione con lo Stato, continuerà a porre A Igreja Católica, em atenção ao princípio
le sue istituzioni di insegnamento, a tutti i de cooperação com o Estado, continuará a
livelli, a servizio della società, in conformità colocar suas instituições de ensino, em todos
con i suoi propri fini e con le esigenze os níveis, a serviço da sociedade, em
dell’ordinamento giuridico brasiliano. conformidade com seus fins e com as
exigências do ordenamento jurídico
§ 1º. La Repubblica Federale del Brasile
brasileiro.
riconosce alla Chiesa Cattolica il diritto di
costituire e dirigere Seminari e altri Istituti § 1 °. A República Federativa do Brasil
ecclesiastici di formazione e cultura. reconhece à Igreja Católica o direito de
constituir e administrar Seminários e outros
§ 2º. Il riconoscimento degli effetti civili
Institutos eclesiásticos de formação e cultura.
degli studi, gradi e titoli ottenuti nei Seminari

195
e negli Istituti precedentemente menzionati è § 2º. O reconhecimento dos efeitos civis
regolato dall’ordinamento giuridico brasiliano, dos estudos, graus e títulos obtidos nos
in condizioni di parità con studi di identica Seminários e Institutos antes mencionados é
natura. regulado pelo ordenamento jurídico
brasileiro, em condição de paridade com
estudos de idêntica natureza.
ARTICOLO 11

La Repubblica Federale del Brasile, nel ARTIGO 11


rispetto del diritto di libertà religiosa, della
diversità culturale e della pluralità A República Federativa do Brasil, em
confessionale del Paese, rispetta observância ao direito de liberdade religiosa,
l’importanza dell’insegnamento religioso in da diversidade cultural e da pluralidade
vista della formazione integrale della persona confessional do País, respeita a importância
umana. do ensino religioso em vista da formação
integral da pessoa.
§ 1º. L’insegnamento religioso, sia quello
cattolico sia quello di altre confessioni § 1º. O ensino religioso, católico e de
religiose, di carattere facoltativo, costituisce outras confissões religiosas, de matrícula
disciplina dell’orario normale delle scuole
facultativa, constitui disciplina dos horários
pubbliche di insegnamento di base, nel
normais das escolas públicas de ensino
rispetto della diversità culturale religiosa del
fundamental, assegurado o respeito à
Brasile, in conformità con la Costituzione e le
diversidade cultural religiosa do Brasil, em
altre leggi vigenti, senza alcun tipo di
conformidade com a Constituição e as outras
discriminazione.
leis vigentes, sem qualquer forma de
discriminação.

ARTICOLO 12

ARTIGO 12
Il matrimonio celebrato in conformità con
il diritto canonico, che rispetti anche le
O casamento celebrado em
esigenze fissate dal diritto brasiliano per
conformidade com as leis canônicas, que
contrarre matrimonio, produce gli effetti civili,
atender também às exigências estabelecidas
mediante la registrazione nell’apposito
pelo direito brasileiro para contrair o

196
registro civile, a decorrere dalla data della sua casamento, produz os efeitos civis, desde
celebrazione. que registrado no registro próprio,
produzindo efeitos a partir da data da sua
§ 1º. La delibazione delle sentenze
celebração.
ecclesiastiche in materia matrimoniale,
confermate dall’organo di controllo superiore § 1º. A homologação das sentenças
della Santa Sede, sarà effettuata nei termini eclesiásticas em matéria matrimonial,
della legislazione brasiliana relativa alla confirmadas pelo órgão de controle superior
delibazione delle sentenze straniere. da Santa Sé, será efetuada nos termos da
legislação brasileira sobre homologação de
sentenças estrangeiras.
ARTICOLO 13

È garantito il segreto dell’ufficio ARTIGO 13


sacerdotale, specialmente quello della
confessione sacramentale. É garantido o segredo do oficio
sacerdotal, especialmente o da confissão
sacramental.
ARTICOLO 14

La Repubblica Federale del Brasile ARTIGO 14


dichiara il suo impegno nella destinazione di
spazi a fini religiosi, che dovranno essere A República Federativa do Brasil declara
previsti negli strumenti di pianificazione o seu empenho na destinação de espaços a
urbana, da stabilirsi nei rispettivi piani fins religiosos, que deverão ser previstos nos
urbanistici. instrumentos de planejamento urbano a
serem estabelecidos no respectivo Plano
Diretor.
ARTICOLO 15

Alle persone giuridiche ecclesiastiche, ARTIGO 15


così come al patrimonio, rendite e servizi
collegati alle loro finalità essenziali, è Às pessoas jurídicas eclesiásticas, assim
riconosciuta la garanzia dell’immunità como ao patrimônio, renda e serviços
relacionados com as suas finalidades

197
tributaria relativa alle imposte, in conformità essenciais, é reconhecida a garantia de
con la Costituzione brasiliana. imunidade tributária referente aos impostos,
em conformidade com a Constituição
§ 1º. Ai fini tributari, le persone giuridiche
brasileira.
della Chiesa Cattolica che svolgano attività
sociale ed educativa senza fini di lucro, § 1º. Para fins tributários, as pessoas
riceveranno lo stesso trattamento e i benefici jurídicas da Igreja Católica que exerçam
attribuiti agli enti filantropici riconosciuti atividade social e educacional sem finalidade
dall’ordinamento giuridico brasiliano, anche lucrativa receberão o mesmo tratamento e
per quanto riguarda i requisiti e gli obblighi benefícios outorgados às entidades
richiesti ai fini dell’immunità e delle esenzioni. filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento
jurídico brasileiro, inclusive, em termos de
requisitos e obrigações exigidos para fins de
ARTICOLO 16
imunidade e isenção.

Dato il carattere peculiare religioso e


beneficente della Chiesa Cattolica e delle sue ARTIGO 16
istituzioni:
Dado o caráter peculiar religioso e
Il vincolo tra i ministri ordinati o i fedeli
beneficente da Igreja Católica e de suas
consacrati mediante voti e le Diocesi o gli
instituições:
Istituti Religiosi e equiparati è di carattere
religioso e pertanto, osservato quanto O vínculo entre os ministros ordenados
disposto nella legislazione del lavoro ou fiéis consagrados mediante votos e as
brasiliana, non genera, per se stesso, vincolo Dioceses ou Institutos Religiosos e
di impiego, a meno che non risulti provato lo equiparados é de caráter religioso e portanto,
snaturamento dell’istituzione ecclesiastica. observado o disposto na legislação
trabalhista brasileira, não gera, por si mesmo,
Compiti di indole apostolica, pastorale,
vínculo empregatício, a não ser que seja
liturgica, catechetica, assistenziale, di
provado o desvirtuamento da instituição
promozione umana, e simili, potranno essere
eclesiástica.
realizzati a titolo volontario, osservato ciò che
prescrive la legislazione del lavoro brasiliana. As tarefas de índole apostólica, pastoral,
litúrgica, catequética, assistencial, de
promoção humana e semelhantes poderão

198
ser realizadas a título voluntário, observado o
disposto na legislação trabalhista brasileira.
ARTICOLO 17

I Vescovi, nell’esercizio del loro ministero ARTIGO 17


pastorale, potranno invitare sacerdoti,
membri di istituti religiosi e laici, che non Os Bispos, no exercício de seu ministério
abbiano nazionalità brasiliana, per prestare pastoral, poderão convidar sacerdotes,
servizio nel territorio delle loro Diocesi, e membros de institutos religiosos e leigos, que
chiedere alle autorità brasiliane, in loro nome, não tenham nacionalidade brasileira, para
la concessione del visto per svolgere attività servir no território de suas dioceses, e pedir
pastorale in Brasile. às autoridades brasileiras, em nome deles, a

§ 1º. A seguito della richiesta formale del concessão do visto para exercer atividade

Vescovo, in conformità con l’ordinamento pastoral no Brasil.

giuridico brasiliano, potrà essere concesso il § 1º. Em conseqüência do pedido formal


visto permanente o temporaneo, secondo il do Bispo, de acordo com ordenamento
caso, per i motivi sopra esposti. jurídico brasileiro, poderá ser concedido o
visto permanente ou temporário, conforme o
caso, pelos motivos acima expostos.
ARTICOLO 18

Il presente Accordo potrà essere ARTIGO 18


integrato attraverso la stipulazione di accordi
complementari tra le Alte Parti Contraenti. O presente Acordo poderá ser

§ 1º. Organi del Governo brasiliano, complementado por ajustes concluídos entre

nell’ambito delle rispettive competenze, e la as Altas Partes Contratantes.

Conferenza Nazionale dei Vescovi del § 1º. Órgãos do Governo brasileiro, no


Brasile, debitamente autorizzata dalla Santa âmbito de suas respectivas competências, e
Sede, potranno concludere intese su materie a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
specifiche, per la piena esecuzione del devidamente autorizada pela Santa Sé,
presente Accordo. poderão celebrar convênios sobre matérias
específicas, para implementação do presente
Acordo.

199
ARTICOLO 19 ARTIGO 19

Qualunque divergenza nell’applicazione Quaisquer divergências na aplicação ou


o interpretazione del presente Accordo sarà interpretação do presente Acordo serão
risolta mediante trattative diplomatiche resolvidas por negociações diplomáticas
dirette. diretas.

ARTICOLO 20 ARTIGO 20

Il presente Accordo entrerà in vigore al O presente Acordo entrará em vigor na


momento dello scambio degli strumenti di data da troca dos instrumentos de ratificação,
ratifica, fatte salve le situazioni giuridiche ressalvadas as situações jurídicas existentes
esistenti e costituite in forza del Decreto n. e constituídas ao abrigo do Decreto n.º 119-
119-A, del 7 gennaio 1890, e dell’Accordo tra A, de 07 de janeiro de 1890 e do Acordo entre
la Santa Sede e la Repubblica Federale del a Santa Sé e a República Federativa do
Brasile sull’Assistenza Religiosa alle Forze Brasil sobre Assistência Religiosa às Forças
Armate, del 23 ottobre 1989. Armadas, de 23 de outubro de 1989.

Fatto nella Città del Vaticano, nel giorno Feito na Cidade do Vaticano, aos 13 dias
13 del mese di novembre dell’anno 2008, in do mês de novembro do ano de 2008, em
due originali, nelle lingue italiana e dois originais, nos idiomas português e
portoghese, essendo entrambi i testi italiano, sendo ambos os textos igualmente
ugualmente autentici. autênticos.

Per la Santa Sede Pela República Federativa do Brasil


Pela Santa Sé
Per la Repubblica Federale del Brasile

200
Projeto de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática e
Eleições Limpas

Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo

Introdução

O povo brasileiro obteve importantes avanços políticos,


econômicos, sociais, ambientais e na luta contra todo tipo de
discriminação. Todavia persistem graves problemas a serem
resolvidos. Eles se expressam, de forma aguda, na crise urbana, na
baixa qualidade do transporte público das grandes cidades, na
violência crescente, na carência de esporte e lazer para a juventude,
na deficiência da educação, na precariedade da saúde pública, na
falta de terras para os trabalhadores sem-terra, entre outros tantos
problemas.

E por que tais antigos problemas não são resolvidos? Porque a


solução deles depende da aprovação de um conjunto de reformas,
entre as quais, a reforma urbana, reforma agrária, reforma tributária
e democratização dos meios de comunicação. E a aprovação destas
reformas depende do Congresso Nacional.

Todavia a atual composição do Congresso impede que tais


reformas sejam aprovadas porque ele representa os interesses da
minoria da sociedade e as reivindicações da maior parte da
população não são ouvidas. Isto só será possível com uma forte
pressão popular sobre os deputados e senadores.
As manifestações de junho de 2013 trouxeram à luz do dia a
crise de representação política que enfrentamos e evidenciou a
necessidade de uma Reforma Política Democrática que erija um
sistema de representação política mais identificada com a maioria da
sociedade, capaz de ouvir as reivindicações das ruas e aprovar as
reformas de que o País necessita.

Esta aspiração ficou expressa na pesquisa feita a pedido da


Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Seu resultado indicou que
85% dos entrevistados se manifestaram a favor da reforma política,
78% se manifestaram contra o financiamento de campanha eleitoral
por empresas, 90% apoiaram uma punição mais rigorosa ao “caixa
dois” de campanha, 56% defenderam que a eleição seja feita em
torno de propostas e listas de candidatos e 92% opinaram a 1 favor
de um projeto de lei de reforma política democrática de iniciativa
popular.

A reforma política foi colocada, definitivamente, na pauta


política de 2014 em virtude da votação em curso no Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre a inconstitucionalidade do
financiamento de campanhas eleitorais por empresas.

Seis ministros já se manifestaram pela inconstitucionalidade,


número que forma a maioria na Corte e sinaliza que o STF aprovará
esta medida. No início de 2014 um grupo de trabalho da Câmara
Federal apresentou uma proposta de reforma política através de
emenda constitucional de caráter antidemocrático. Cabe ressaltar
que se trata de uma alternativa que se contrapõe a uma Reforma
Política Democrática ao propor a constitucionalização do
financiamento de campanha eleitoral por empresas, na contramão
das reivindicações populares e da maioria do STF.

202
Necessita-se de aprovar uma reforma política capaz de
construir um sistema político mais democrático e representativo no
País. No momento existem várias alternativas colocadas, polarizadas
em torno de duas vertentes: as que pretendem ampliar a participação

203
popular nas esferas de poder e outras que visam reduzir esta
representação para assegurar a “governabilidade” das elites políticas
e econômicas.

Expressivas entidades da sociedade civil se juntaram e criaram


a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas que
defende a ampliação da participação popular nas instâncias de

204
poder. Existe um grande número de problemas em nosso sistema
eleitoral que precisam ser enfrentados. A Coalizão optou por elaborar
um projeto voltado para as questões estruturantes, para uma reforma
política democrática que pudesse ser aprovada sem necessidade de
emenda constitucional.

Para a Coalizão não há como avançar no processo democrático


sem resolver quatro problemas estruturantes do sistema político
brasileiro, a saber:

1) o financiamento de campanhas por empresas e a


consequente corrupção eleitoral;
2) o sistema eleitoral proporcional de lista aberta de
candidatos;
3) a sub-representação das mulheres;
4) a deficiente regulamentação dos mecanismos da
democracia direta.

1. O Que é a Coalizão pela Reforma Política Democrática e


Eleições Limpas?

A Coalizão é uma articulação da sociedade brasileira visando a


uma Reforma Política Democrática. É composta atualmente por 101
entidades, movimentos e organizações sociais listados ao final desta
cartilha, entre as quais OAB, CNBB, Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral (MCCE), Plataforma dos Movimentos Sociais
pela Reforma do Sistema Político, FENAJ, UNE, CTB, CUT, UBES,
UBM, União dos Vereadores do Brasil, Conselho Nacional das
Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), Confederação Nacional dos

205
Trabalhadores na Educação (CNTE), Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), Instituto
de Estudos Socioeconômicos (INESC), entre outras.

206
A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições
Limpas defende a necessidade de o povo brasileiro se unir pela
ampliação das conquistas democráticas realizando um conjunto de
reformas estruturais entre as quais a reforma urbana, a reforma
agrária, a democratização dos meios de comunicação além de
medidas relacionadas com a melhoria dos serviços públicos como
saúde, educação e transporte coletivo urbano. Todavia considera
que não há como realizar essas reformas sem antes aprofundar o
processo de democratização do poder político no Brasil através de
uma Reforma Política Democrática, com ampla participação da
sociedade civil.

2. Projeto de Iniciativa Popular de Reforma Política


Democrática e Eleições Limpas

Financiamento Democrático de Campanha Eleitoral e


Financiamento de Pessoas Físicas

O problema estrutural mais grave que afeta o processo


democrático brasileiro é o financiamento de campanha eleitoral por
empresas, uma das principais causas da corrupção no Brasil. Isto
porque o poder político daí originado não representa os interesses da
maioria da população brasileira.

O atual sistema de financiamento de campanha eleitoral é


misto, com recursos públicos e privados. Os recursos públicos se
destinam ao Fundo Partidário que visam à manutenção da vida
partidária e, nas eleições, asseguram o tempo de rádio e televisão
utilizados pelos partidos.

207
O financiamento dos candidatos se origina de recursos
privados, de pessoas físicas e de empresas, pessoas jurídicas. A
contribuição das empresas ao financiamento das campanhas
eleitorais representam mais de 95% do total arrecadado.

Com o objetivo de analisar a influência do poder econômico no


processo eleitoral foi realizada uma Audiência Pública no Supremo
Tribunal Federal. A audiência teve como objetivo dar elementos ao
relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada pela
OAB sobre o financiamento de campanhas por empresas.

208
Na oportunidade várias entidades e personalidades
demonstraram, com dados, as graves consequências do
financiamento de campanha por empresas. Foi demonstrado que os
gastos gerais da campanha eleitoral de 2002 atingiram 800 milhões
de reais e em 2010, com um crescimento de 600%, atingiram a cifra
de 4,5 bilhões. Nas eleições de 2010, 1% dos doadores de campanha
contribuiu com 61% do total das contribuições e 10 deles com 22%.
Um dado revelador indica que as contribuições foram feitas por um
pequeno grupo que corresponde a 0,5% das empresas brasileiras.
Ou seja, há uma grande concentração num número pequeno de
empresas que destinam recursos para 2 as campanhas eleitorais.

Em 2012 as dez maiores financiadoras privadas de campanha


doaram R$ 92 milhões, sendo que 75% foram de empreiteiras.
Somente duas doaram R$ 44.345.000. Estas são contribuições
legais sendo que existem ainda as contribuições ilegais (Caixa-2).

209
A relação entre o financiamento de campanhas e o resultado
eleitoral foi apresentada em estudo realizado pelo Departamento
Intersindical de Assistência Parlamentar (DIAP). Nele ficou
comprovado que dos 594 parlamentares (513 deputados e 81
senadores) eleitos em 2010, 273 são empresários, 160 compõem a
bancada ruralista e apenas 91 parlamentares são 4 considerados
representantes dos trabalhadores.

A ONG - Transparência Brasil apresentou outros dados que


jogam mais luz no esclarecimento deste processo. Ela constatou que,
no geral, o candidato a deputado que se elegeu em 2006, gastou R$
4,80 por voto obtido. Em 2010 o 5 gasto foi de R$ 9,50, num
astronômico aumento de 97,8%. Estes dados revelam a força do
poder econômico no Congresso Nacional Brasileiro.

Esta influência determina que, cada vez mais, a grande maioria


dos eleitos representa seus financiadores e não seus eleitores. Tal
fato resulta em que o poder econômico passa a ter uma

210
representação política muito grande. Ou seja, uma minoria na
sociedade se transforma em maioria nas instâncias de poder e
corrompe o princípio constitucional da soberania popular. Esta
maioria defende interesses privados de seus financiadores e não da
sociedade, gerando a atual crise de representação política no país.

O financiamento de campanha por empresas, além de


encarecer cada vez mais as eleições, é um canal da corrupção
eleitoral. O empresário declara legalmente uma pequena parte do
financiamento de campanha e a maior parte é repassada através do
“Caixa 2”, doação ilegal, não registrada na Justiça Eleitoral. Calcula-
se que estas contribuições representem 80% do 6 financiamento das
campanhas eleitorais. Visando abrir caminho para o aprofundamento
da democracia no país, a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o
financiamento de campanhas eleitorais por empresas. Ela
fundamentou sua proposição alegando que este financiamento
agride o princípio constitucional inscrito no parágrafo único do artigo
1º da Constituição Brasileira que estabelece: “Todo poder emana
do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos da Constituição”. Com base neste
dispositivo a OAB afirmou a inconstitucionalidade do financiamento
de campanhas eleitorais por empresas.

Para a entidade, as empresas não sendo povo, não podem ser


fonte do poder. A consistência desta argumentação é tal que no STF,
o Ministro Relator da ADIN e mais cinco outros Ministros já acataram
a argumentação da OAB. Estes seis votos constituem a maioria da
Suprema Corte o que assegura o reconhecimento da
inconstitucionalidade do financiamento privado. O Presidente do

211
Tribunal Superior Eleitoral, também Ministro do STF, manifestou sua
posição favorável à inconstitucionalidade.

Reagindo a esta decisão do STF, membros de um outro grupo


de trabalho da Câmara dos Deputados apresentou uma emenda
constitucionalizando o financiamento de campanhas por empresas,
indo na contramão da decisão do STF. Todavia como a questão
envolve cláusula pétrea – a origem do poder – esta iniciativa
antidemocrática não pode ser objeto de emenda constitucional.

Por que Financiamento Democrático de Campanha?

Para dar resposta à influência do poder econômico nas eleições


o projeto prevê a proibição do financiamento de campanhas por
empresas e propõe o Financiamento Democrático de Campanha.
Este tipo de financiamento visa criar condições de uma disputa
igualitária e democrática.

O Financiamento Democrático de Campanha será realizado


através do Fundo Democrático de Campanha e do financiamento de
pessoas físicas.

O Fundo Democrático de Campanha será constituído por


recursos do Orçamento Geral da União, multas administrativas e
penalidades eleitorais. Os recursos do Fundo serão destinados
exclusivamente aos partidos políticos. No segundo turno das eleições
proporcionais os candidatos receberão do partido recursos em
igualdade de condições.

O financiamento de pessoas físicas será de, no máximo, R$


700,00, corrigidos por índices oficiais, a cada eleição. E o total destas

212
contribuições não poderá ultrapassar 40% dos recursos públicos
destinados ao candidato. Isto para impedir uma nova forma de
influência do poder econômico nas eleições com repasse de recursos
a determinado candidato por intermédio de “laranjas”.

A Justiça Eleitoral ficará encarregada de organizar um Fórum


de Controle Social do Fundo Democrático de Campanha. Constatada
a contribuição ilegal de empresas o candidato terá seu registro de
candidatura cassado, a empresa ficará proibida de contratar com o
poder público por cinco anos e receberá multa de 10 vezes o valor
da contribuição. A contratação de pessoal para a campanha eleitoral
será feita através de contrato escrito. Tal iniciativa visa impedir a atual
pratica da compra de votos nos dias que antecedem as eleições
camuflada através da contratação de “cabos eleitorais”. Assim será
possível à fiscalização identificar o volume de recursos gastos com
este expediente.

As Vantagens do Sistema de Financiamento Democrático


de Campanhas

Os que se opõem ao financiamento público de campanha


argumentam, equivocadamente, que este financiamento servirá tão
só para beneficiar políticos corruptos.

No entanto a proposta de Financiamento Democrático de


Campanha implica uma série de medidas para barrar a corrupção
eleitoral. O sistema eleitoral proposto, contribui com este objetivo,
reduzindo drasticamente o número de candidatos e estabelecendo
que os recursos públicos sejam destinados de forma igualitária aos

213
candidatos, reduzindo as distorções econômicas entre os candidatos
na disputa eleitoral.

No combate à corrupção eleitoral o projeto impõe


taxativamente a cassação de registro de candidatos beneficiados por
contribuições ilegais. Por outro lado, proíbe à empresa, que destinou
ilegalmente recursos para campanha, de contratar com a
administração pública por cinco anos, além de aplicar uma multa de
dez vezes a quantia ilegalmente doada. No caso de reincidência será
decretada a extinção da pessoa jurídica. O projeto impõe que as
doações sejam realizadas na página oficial do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) sendo assegurada sua divulgação em tempo real.

Os candidatos que concorrerem ao segundo turno das eleições


proporcionais terão direito à divisão igualitária do Fundo Democrático
de Campanha. A movimentação dessas verbas será feita
exclusivamente pelos partidos políticos ou coligações.

Cabe ressaltar que o financiamento de campanhas por


empresas é uma relação de custo benefício que visa o retorno do
capital investido. Em última análise estes recursos terminam por
onerar indiretamente o bolso da população, já que o “investimento”
feito em campanha eleitoral retorna em volume muito maior do que
foi doado. A realidade mostra o retorno dos recursos aos empresários
através do superfaturamento de obras e de favores concedidos por
estes políticos financiados. O que pode ser comprovado pela
pesquisa reveladora do Prof. Dr. Geraldo Tadeu Moreira Monteiro,
Diretor e Professor Titular de Ciência Política do Instituto
Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

214
3. Sistema Eleitoral Proporcional em dois Turnos

Por que o Sistema Eleitoral proporcional de lista aberta deve ser mudado?

O atual sistema eleitoral é o proporcional de lista aberta. A


proporcionalidade representa uma forma avançada do processo
eleitoral. Todavia a “lista aberta” de candidatos acarreta sérios
problemas ao sistema político brasileiro.

O sistema proporcional, incorporado à Constituição Brasileira,


representou um importante avanço democrático em vários países do
mundo. Ele se tornou uma necessidade em decorrência da
incorporação de grandes massas ao processo eleitoral, com a
ampliação do sufrágio universal – o voto.

No sistema proporcional os partidos elegem um número de


parlamentares, proporcional ao número de votos que obtêm no
processo eleitoral. Assim, um partido ou coligação que obtiver 30%
dos votos, terá, aproximadamente, 30% da representação
parlamentar. O constitucionalista Paulo Bonavides se refere ao
sistema proporcional, afirmando que ele torna ‘’a vida política mais
dinâmica e abre à circulação das ideias e das opiniões novos
condutos que impedem uma rápida e eventual esclerose do sistema
partidário, tal como acontece onde se adota o sistema eleitoral
majoritário, determinante da rigidez bipartidária’’.

O sistema proporcional pode utilizar duas modalidades


distintas: a de lista aberta e a de lista pré-ordenada. O sistema
proporcional brasileiro adota a lista aberta de candidatos. O voto é
dado a qualquer dos candidatos da lista. Assim a disputa eleitoral é
realizada em torno de indivíduos e não em torno de projetos para

215
solucionar os problemas do País, dos Estados ou Municípios. E, mais
grave, se elege o candidato que dispuser de mais recursos. O poder
econômico passa a ser o diferencial a garantir a eleição.

Além do mais este sistema conduz à disputa eleitoral para


dentro do partido. Ganha aquele que, no partido, consegue o maior
número de votos. Isto leva a uma guerra entre os candidatos do
mesmo partido e a consequente fragilização partidária. Os comitês
eleitorais se transformam em verdadeiros partidos dentro do partido.
O único objetivo é a eleição daquele candidato. Os objetivos maiores
de avançar na solução dos problemas econômico-sociais ficam
totalmente deixados de lado. Há um rebaixamento do processo
eleitoral.

Tal sistema não estimula a definição político-ideológica dos


partidos. Hoje é voz corrente diz que os programas da maioria dos
partidos são iguais. Isto ocorre porque os votos não são dados em
função de programas, de projetos para solucionar os problemas do
povo brasileiro. Ele permite que um candidato que tenha muitos votos
possa assegurar a eleição de candidatos inexpressivos. Tal fato
ocorreu com Eneias no passado e, mais recentemente, com o
Tiririca.

Outra deficiência deste sistema de lista aberta é que a grande


quantidade de candidatos, além de tornar muito cara as eleições,
praticamente impossibilita uma efetiva fiscalização do processo
eleitoral. Portanto, o problema do atual sistema eleitoral brasileiro
não está no sistema proporcional, mas sim na lista aberta de
candidatos.

216
Eleições Proporcionais em Lista Pré-Ordenada e em dois
Turnos

Para enfrentar as distorções geradas pelo sistema eleitoral de


lista aberta o Projeto da Coalizão apresenta a alternativa de eleição
pelo Sistema Proporcional em lista pré-ordenada e em dois turnos.
Esta proposta incorpora as vantagens do sistema proporcional de
lista pré-ordenada e, ao mesmo tempo, leva em consideração a
cultura política do eleitor acostumado a votar em candidatos.

No primeiro turno o voto será dado ao partido atendendo à


plataforma política e à lista pré-ordenada de candidatos. Neste turno
fica assegurado o debate em torno de ideias e projetos para
solucionar os problemas do país. Com base no quociente eleitoral
será definido o número de vagas parlamentares a serem preenchidas
por cada partido.

No segundo turno o voto será dado ao candidato. Participarão


do segundo turno os candidatos equivalentes ao dobro das vagas
obtidas por cada partido. Assim, o partido que obtiver cinco vagas no
parlamento, disputará o segundo turno com os dez primeiros nomes
de sua lista de candidatos. Caberá ao eleitor dar a palavra final sobre
quais os candidatos serão os eleitos. Reitera-se que no segundo
turno os recursos do Fundo Democrático de Campanha serão
destinados em parte iguais aos candidatos. Esta proposta reduz
drasticamente o número de candidatos no segundo turno, bem como
os custos de campanha e facilita a efetiva fiscalização do processo
eleitoral.

Os críticos deste sistema argumentam que a lista será


elaborada pelos “caciques” dos partidos. Na realidade isto já ocorre

217
no sistema atual, pois a constituição da chapa de candidatos da
maioria dos partidos é organizada pelos “caciques“ partidários. Na
alternativa proposta para evitar isto, a elaboração da lista partidária
de candidatos deverá ser realizada em eleições primárias, com a
participação de todos os filiados e com acompanhamento da Justiça
Eleitoral e do Ministério Público. Ou seja a elaboração da lista não
será feita pelos “caciques” partidários e sim em votação democrática
pelo conjunto da militância.

A crítica de que o voto em lista impede que o eleitor vote no


candidato de sua preferência, não cabe na proposta da Coalizão,
pois a alternativa proposta não retira do eleitor o direito de decidir,
em última instância, quem será eleito. No primeiro turno vota-se no
partido, no programa, na lista, porém no segundo turno vota-se nos
candidatos.

Possibilidade de Financiamento Público Exclusivo e


Sistema Eleitoral Proporcional em Lista Pré-Ordenada e em um
Único Turno

Existe outra proposta de iniciativa popular de Reforma Política


assemelhada à proposta da Coalizão que defende o financiamento
público exclusivo de campanha e voto em lista pré-ordenada em
turno único. O financiamento público exclusivo de campanha eleitoral
assegura uma disputa mais equilibrada entre os candidatos ao
impedir o financiamento de campanha por empresas e pessoas
físicas. Por outro lado, o sistema eleitoral de lista preordenada em
turno único permite que a disputa eleitoral se dê em torno de
propostas e projetos apresentados pelos partidos.

218
Todavia o financiamento público exclusivo é criticado por não
permitir a contribuição de pessoas físicas. Quanto à lista fechada
esta proposta não leva em conta a cultura política atual do povo
brasileiro acostumado a votar no candidato e não no partido. Com
isto enfrenta resistências por parte de boa parcela da sociedade.

O fato de a proposta da Coalizão ser uma iniciativa popular e


contar com a participação de respeitadas entidades e movimentos
sociais, apresenta alternativas que permitem amplo apoio da
sociedade.

Sem negar as qualidades desta outra proposta, a Coalizão


optou pela sua, levando em consideração seus méritos e a maior
possibilidade de sua aceitação pela sociedade, fato que se tem
confirmado durante a campanha.

Por que o Sistema Eleitoral Majoritário ou o Distrital Reduz


a Representação Política das Camadas Populares?

No sistema eleitoral majoritário distrital, que se opõe ao sistema


proporcional, o país é dividido em distritos, sendo eleito o candidato
mais votado de cada distrito. Este sistema capta mal a vontade dos
eleitores e reduz drasticamente a representação das minorias,
mesmo sendo expressivas. Isto porque, por hipótese, um partido que
obteve 51% dos votos em 10 distritos terá todas 10 cadeiras no
parlamento. O outro partido que obteve 49% dos votos não terá
nenhuma cadeira. Esta é a distorção mais grave do sistema
majoritário.

Variação do sistema distrital puro é o sistema distrital misto.


Ambos se contrapõem ao sistema eleitoral proporcional. A
219
experiência histórica demonstra que o sistema majoritário distrital
favorece a eleição de representantes das elites locais em detrimento
das candidaturas populares.

No Brasil o sistema eleitoral majoritário distrital foi adotado, com


suas peculiaridades, por 70 anos durante o Império e a República
Velha. A revolução de 1930, representando um avanço político,
acabou com o sistema distrital e implantou o sistema proporcional. A
Constituição de 1946 incorporou em seu texto o sistema eleitoral
proporcional para as eleições de deputados federais, estaduais e
vereadores.

Durante a ditadura militar, foi estabelecido o sistema distrital


misto no País. No entanto, não foi colocado em prática. Com o fim da
ditadura, o Congresso revogou, em maio de 1985, este entulho
autoritário.

Os argumentos dos defensores do sistema eleitoral distrital têm


claramente uma marca de restrição à democracia. É um sistema
defendido pelos partidos conservadores que querem manter o
controle do sistema político com maior facilidade e por partidos que
incorporaram concepções neoliberais que, no plano político, se
relacionam com a limitação da democracia.

O voto distrital é excludente da representação de grande parte


do eleitorado ao não assegurar a representação política da parcela
minoritária da sociedade mesmo com uma votação próxima da
metade do eleitorado. Induz ao bipartidarismo por assegurar a
representação política somente aos grandes partidos. Aniquila as
minorias. Promove a ditadura da maioria. Golpeia o voto de opinião.

220
Num país tão vasto e complexo como o Brasil, onde existem
grandes diferenças sociais, ideológicas, políticas, regionais e
religiosas, o sistema político tem que ser capaz de abarcar todos
estes interesses e opiniões.

Ao regionalizar o processo eleitoral o sistema distrital afasta o


debate político dos grandes temas nacionais. Transforma o deputado
federal em "despachante de luxo", em um "vereador federal" voltado,
quase que exclusivamente, para os problemas paroquiais e
regionais, afastando-o dos temas de interesse e repercussão
nacional.

Agrava a influência do poder econômico nas eleições. Ao


concentrar a eleição a um distrito o sistema permite que o candidato
endinheirado gaste um grande volume de recursos num território
reduzido.

O sistema distrital misto atenua, mas não elimina os problemas


causados pelo sistema majoritário. Parte de seus membros é eleita
pelo sistema proporcional e parte pelo sistema majoritário. Esta
divisão reduz pela metade a possibilidade de eleição de candidatos
que expressem interesses de determinados segmentos da
sociedade. E mais, os "caciques" de determinadas localidades
exercerão ali influência sobre o voto proporcional, reduzindo mais
ainda as possibilidades de eleição de candidatos independentes do
poder local.

A conclusão é cristalina. O sistema distrital puro ou misto visa


restringir a participação popular no processo político e assegurar um
rígido e concentrado controle sobre as estruturas de poder. Tanto
assim é que nos países que adotam estes sistemas a resultante é a
existência de apenas dois ou três partidos.
221
Por que o Distritão Não Fortalece A Democracia?

O chamado “distritão” é a eleição proporcional de lista aberta


realizada num espaço territorial menor do que o do Estado-membro.
Nela cada Estado seria dividido em circunscrições eleitorais
destinadas a eleger de quatro a sete deputados federais. Esta
proposta mantém o sistema proporcional de lista aberta, causador de
graves distorções do processo eleitoral.

Neste sistema os mais votados, em cada distrito, seriam os


eleitos. Esta alternativa acentua os problemas atuais. Amplia a
influência do poder econômico nas eleições ao permitir que o
candidato com recursos concentre seu investimento numa região
menor. Por outro lado, as eleições continuariam realizadas em torno
de pessoas, e não ideias ou programas, além de contar com a
influência do poder político local. Tal sistema aprofundaria as
dificuldades para a eleição de candidatos de origem popular.

Esta proposta reúne os graves defeitos do sistema eleitoral


proporcional de lista aberta e nenhuma vantagem. Por outro lado, o
“distritão” dificulta sobremaneira a renovação dos quadros políticos.

4. Alternância de Gênero nas Listas Partidárias

Por que a Sub-Representação Política das mulheres afeta a


democracia brasileira?

A sub-representação política das mulheres é outra grave


questão estrutural a ser combatida. Ela afeta a democracia porque
ocasiona que a metade da população brasileira permaneça com uma
222
ínfima representação política. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) as mulheres representam 51,3% do eleitorado. Todavia entre
os 513 deputados federais somente 46 são mulheres (8,96%) e entre
os 81 senadores, 8 são mulheres (9,81%). Tais dados demonstram
a disparidade entre o número de mulheres na sociedade brasileira 7
e sua representação política.

Segundo dados apresentados no Encontro de Mulheres


Parlamentares: "Por uma Agenda Política para a Igualdade de
Gênero na América Latina e Caribe", realizado em Madri, os países
com maior representação de mulheres são Cuba (49,2%), Argentina
(40%) e Costa Rica (36,8%), enquanto os índices mais 8 baixos são
observados na Colômbia (8,4%), Brasil (9%) e Guatemala (12%).

Para reduzir esta distorção o Projeto da Coalizão, visando


aprofundar o processo democrático, estabelece a alternância de
gênero na composição da lista partidária. Esta medida visa que a
destinação de 50% das vagas de candidatos para mulheres contribua
fortemente para mudar o quadro discriminatório atual.

*Número de eleitas como titulares. Percentuais são arredondados e se referem ao


número de cadeiras em disputa, que se alternam entre um terço da Casa (27) e dois
terços (54) no Senado Federal. Fonte: http://goo.gl/YQllL5 - (Consulta em 2 de setembro
de 2013).

223
O Projeto estabelece, também, que o partido ou coligação que
apresentar candidato ou candidata incluído em movimentos sociais
subrepresentados terá majorado, em três por cento, a dotação do
Fundo Democrático de Campanha.

5. Fortalecimento da Democracia Direta ou Participativa

O que é Democracia Direta ou Democracia Participativa?

Na democracia representativa o povo se manifesta por seus


representantes eleitos. Na democracia direta o povo se manifesta
diretamente através, por exemplo, do plebiscito. Tal matéria foi
definida na Constituição de 1988, no parágrafo único do artigo 1º,
onde estabelece que a soberania popular se exerce através dos
representantes eleitos e diretamente pelo próprio povo. O texto
constitucional prevê três mecanismos da democracia direta:
plebiscito, referendo e projetos de iniciativa popular. Todavia desde
a Constituição de 1988 só foram convocadas duas consultas
populares: um plebiscito sobre o sistema e forma de governo em 21
de abril de 1993 e um referendo sobre desarmamento em 23 de
outubro de 2005. Em 1998, por proposta do Poder Executivo, o
Congresso aprovou a regulamentação do artigo 14, contudo esta
regulamentação limita e dificulta o exercício da democracia direta.

Para assegurar maior efetividade ao exercício da democracia


direta o projeto da Coalizão formula uma nova regulamentação dos
instrumentos de democracia direta prevista na Constituição:
plebiscito, referendo e projetos de iniciativa popular.

224
Esta nova regulamentação resgata a noção de soberania
popular definindo que as grandes questões nacionais só poderão ser
decididas pelos mecanismos da democracia direta. Entre tais
questões estão concessões de serviços públicos, privatizações,
construção de obras de grande impacto ambiental, alienação de bens
públicos, entre outros. Os projetos de iniciativa popular poderão ser
subscritos por meio de formulário impresso, urnas eletrônicas e
assinatura digital na internet e terá rito próprio de tramitação, com a
urgência garantida. Caberá à justiça eleitoral conferir as assinaturas.

6. Proibir ou Aperfeiçoar Coligações?

Diante da dificuldade que setores conservadores enfrentam em


impor o sistema distrital puro ou misto, já que isto implicaria reforma
da Constituição, eles se voltam para aniquilar as minorias através da
225
proibição da coligação proporcional. Para isto acobertam seu
verdadeiro objetivo de redução drástica do número de partidos, sob
a capa do combate aos partidos de aluguel. Não fazem nenhuma
distinção entre partidos de aluguel e partidos pequenos com tradição
de lutas e bases sociais e políticas.

A verdadeira razão da insistência na redução dos pequenos


partidos é restringir o pluralismo democrático, aniquilando as vozes
dos partidos ideológicos que adotam visões populares da realidade
política. Assim se pretende consolidar a hegemonia dos setores
conservadores da sociedade e limitar, ao máximo, a representação
política dos setores populares.

A proposta da Coalizão da eleição proporcional em dois turnos


combate, pela via democrática do voto, a formação dos partidos de
aluguel. Isto porque a votação no primeiro turno sendo feita em torno
de propostas obrigará os partidos a mostrarem suas “verdadeiras
faces”, a apresentarem sua posição político-ideológica. Aqueles
partidos que não apresentarem sua fisionomia não terão votos e
sumirão do mapa político.

A proposta da Coalizão no lugar de extinguir as coligações, as


aperfeiçoa ao estabelecer que a coligação somente seja possível
com base em programas políticos convergentes.

Tem, todavia, a cautela ao proibir que a coligação se forme tão


somente com o interesse em aumentar o tempo do horário eleitoral
gratuito.

226
7. Conclusões

Norberto Bobbio, conhecido cientista político italiano, fez


cáustica crítica às correntes que, a pretexto de reduzir o papel do
estado, na verdade fragilizam a democracia, afirmando: “Pode-se
descrever sinteticamente este despertar do liberalismo através da
seguinte progressão ou (regressão) histórica: a ofensiva dos liberais
voltou-se historicamente contra o socialismo, seu natural adversário
na versão coletivista (que de resto o mais autêntico); nestes últimos
anos, voltou-se contra o estado do bem-estar social, isto é a versão
atenuada (segundo uma parte da esquerda também falsificada);
agora é atacada a democracia, pura e simplesmente. A insídia é
grave”.

Expressão deste ataque à democracia têm sido as críticas


generalizadas aos partidos políticos, aos políticos e às organizações
sociais, pois não existe democracia sem estas instituições.

A crítica democrática ao atual sistema político deve ser


acompanhada de propostas tendentes a fortalecer e não fragilizar os
partidos, a política e os movimentos sociais.

Isto só é possível com o fim do financiamento de campanhas


eleitorais por empresa, fator determinante da degradação da
democracia brasileira e com a adoção de um sistema eleitoral que
conduza os partidos políticos a uma definição programática sem a
qual não obterão os votos necessários para assegurar sua
representação política. A estas propostas o Projeto inclui, também, a
paridade de gênero nas eleições proporcionais e o fortalecimento dos
institutos da democracia direta e participativa. Este é o conteúdo do

227
Projeto de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas da
Coalizão.

Porém a aprovação de uma Reforma Política Democrática, que


amplie a participação popular nas instâncias de poder encontra forte
resistência no Congresso Nacional. A experiência política tem
demonstrado que com uma forte pressão popular é possível obter
conquistas no parlamento. Tal fato ocorreu na Constituinte de 1988
e na aprovação do Projeto da Ficha Limpa. Mais recentemente a
proposta de voto aberto para a cassação de parlamentares, que ficou
vários anos engavetada e terminou sendo aprovada.

Para assegurar o avanço político do País com a aprovação de


uma Reforma Política Democrática, a Coalizão desenvolve iniciativas
visando unificar amplos setores da sociedade. Esta união se tornou
possível pelo conteúdo da proposta apresentada e pela força política
e moral das entidades e movimentos sociais que compõem a
Coalizão. Por isto mesmo esta campanha tem conquistado
expressivo apoio dos mais diferentes segmentos da sociedade.

A consciência democrática da sociedade brasileira impõe


unificar suas forças em torno de uma proposta que, no fundamental,
dá resposta aos mais graves problemas do atual sistema político
brasileiro. Neste momento o que está em jogo não são interesses
particularistas, mas a possibilidade concreta de um grande avanço
no processo de democratização da sociedade brasileira.

Para se contrapor à aprovação de uma reforma política que


viesse limitar, mais ainda, nossa democracia, como tramavam os
setores antipopulares na Câmara Federal, a Coalizão considerou
oportuno dar entrada ao seu Projeto de Iniciativa Popular que
recebeu o nº 6316/2013.
228
O caráter de Iniciativa Popular do projeto está no seu conteúdo,
no fato de esta proposta brotar da sociedade civil. A coleta das
assinaturas continua sendo indispensável como parte decisiva da
pressão popular necessária para sua aprovação.

A aprovação do Projeto de Reforma Política Democrática e


Eleições Limpas depende de seu engajamento nesta campanha.
Depende do engajamento de cada um brasileiro. Não perca a
oportunidade de contribuir, de fato, com o aperfeiçoamento da forma
de fazer política, pois sua assinatura vai virar Lei!

8. Estratégia da Campanha pela Reforma Política


Democrática e eleições limpas

A estratégia da Coalizão se volta para a busca de uma ampla


união do povo, de caráter suprapartidário, visando a aprovação do
Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Reforma Política Democrática
e Eleições Limpas.

Para isto a Coalizão aprovou o seguinte Plano de Mobilização:

Organizar a Coalizão nos Estados através das representações


estaduais das entidades que a compõem. Para isto qualquer
organização está autorizada a tomar a iniciativa com base nas
premissas do projeto.

• Intensificar a coleta de assinaturas e marcar o


cronograma estadual de coleta de assinaturas.
• Expandir a Coalizão para os mais importantes municípios
do interior lançando o dia municipal de coleta de
assinaturas.

229
• Realizar debates sobre o projeto em universidades,
escolas, igrejas, OABs, sindicatos e nas mais diversas
entidades do movimento social.

• Em cada estado, apresentar aos deputados e senadores


o Projeto de Reforma Política da Coalizão visando coletar
assinaturas de apoio à sua votação e tramitação em
caráter de urgência e preferência. O pedido de assinatura
deve ser acompanhado da explicação de que não se trata
de um mero pedido de apoio à tramitação do projeto. E
que serão inaugurados painéis com os nomes dos
parlamentares que se comprometerem com a votação,
em todos estados do País.
• Realizar atos públicos em todas capitais e cidades onde
haja condições para a inauguração dos painéis com os

230
nomes dos parlamentares do estado que se
comprometerem a votar no Projeto.
• Em não sendo aprovado o Projeto antes das eleições de
2014, apresentá-lo aos candidatos majoritários e
proporcionais para conquistar o apoio, divulgando o nome
dos que apoiarem. Lutar para colocar a Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas como tema da campanha
eleitoral deste ano.

9. Recomendações para criação de comitês pela Reforma


Política democrática e eleições limpas

A criação de um Comitê é simples e não se exige nenhuma


formalidade.

Basta que movimentos sociais e entidades da sociedade civil


se unam para a formação dos Comitês estaduais e municipais.

1º O primeiro passo deverá ser o conhecimento da proposta


em sua íntegra por meio do material disponível em nosso
site www.reformapoliticademocratica.org.br
2º Em seguida reunir representantes da CNBB, OAB,
MCCE, Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma
do Sistema Político, entidades estudantis, associações,
grupos organizados em prol da reforma política
democrática no Brasil para organizar a Coalizão no
estado ou município. Qualquer Entidade poderá tomar a
iniciativa para a formação de Comitês.
3º Para assegurar a presença do maior número de
movimentos e entidades sociais é indispensável que o

231
convite seja feito não só por email, pelas redes sociais,
mas é muito importante o convite pessoal ou telefônico.
4º A criação do comitê não exige qualquer formalização,
pois não se trata de um novo movimento, mas de uma
Coalizão de organizações interessadas na promoção da
Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.
5º A Coalizão nacional tem uma Coordenação Geral e uma
Coordenação Executiva para assegurar a eficácia da
Campanha. Toda esta atividade deve ser realizada de
forma coletiva para aproveitar a contribuição de todos e
impedir que o trabalho fique “nas mãos” de uma só
pessoa.
6º Definir dia, hora e local para as reuniões visando o
planejamento de ações e planejamento de coleta de
assinaturas.
7º Elaborar o Plano de Mobilização do Comitê Estadual,
tomando por base o Plano Nacional.
8º Os Comitês não precisam ter sede própria. Todavia é
importante que haja um local de referência para as
reuniões do Comitê, mesmo que cedido por alguma
entidade. Essa informalidade e simplicidade garantem a
capilaridade dos Comitês.
9º Logo depois de formado o Comitê é importante comunicar
o fato à Secretaria da Coalizão no Centro Cultural
Evandro Lins e Silva (SAS Quadra 05, Lote 02, Bloco N,
Edifício OAB, 1º andar, Brasília - DF, CEP: 70.070-913),
ou secretaria@reformapoliticademocratica.org.br.

232
10. Principais Disposições do Projeto de Lei Nº 6.316, de
2013 sobre a Reforma Política e para o qual a coalizão pede o
apoio da iniciativa popular.

Projeto De Lei No 6.316, de 2013

Dispõe sobre o financiamento das campanhas eleitorais e o


sistema das eleições proporcionais, alterando a Lei no 4.737, de 15
de julho de 1965 (Código Eleitoral), a Lei no 9.096, de 19 de setembro
de 1995 (Lei dos Partidos Políticos), e a Lei no 9.504, de 30 de
setembro de 1997 (Lei das Eleições), e sobre a forma de subscrição
de eleitores a proposições legislativas de iniciativa popular, alterando
a Lei no 9.709, de 18 de novembro de 1998.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre ações e mecanismos que


assegurem transparência no exercício do direito de voto, sobre
financiamento democrático dos partidos e campanhas eleitorais, bem
como sobre o controle social, a fiscalização e a prestação de contas
nas eleições, alterando a Lei no 9.096 de 19 de Setembro de 1995
(Lei dos Partidos Políticos), a Lei no 9.504, de 30 de setembro de
1997 (Lei das Eleições) e a Lei no 9.709, de 18 de novembro de 1998
(Lei da Democracia Direta).

Art. 2º Os artigos adiante enumerados da Lei no 9.504, de 30


de setembro de 1997, que tratam do registro e substituição de
candidatos, do financiamento, da fiscalização das eleições e do
horário gratuito, passam a vigorar com os seguintes acréscimos e
alterações:

233
Art. 5º – A. Nas eleições proporcionais será obedecido o
sistema de votação em dois turnos, os quais se realizarão nas
oportunidades definidas no art. 1º desta Lei.

§1o No primeiro turno de votação, os eleitores votarão em favor


de siglas representativas dos partidos ou coligações partidárias.

§2o Cada sigla estabelecerá o conteúdo do seu programa


partidário, em consonância com as diretrizes estatutárias, e comporá
uma lista preordenada formada por candidatos em número máximo
correspondente ao dobro das cadeiras parlamentares em disputa, os
quais serão definidos em eleições primárias internas, realizadas de
acordo com o disposto nesta lei e nos estatutos partidários.

§3o A lista, que deverá ser registrada perante a Justiça Eleitoral


até o dia 5 de julho do ano da eleição, será composta segundo o
critério da alternância de sexo, respeitando a paridade.

§4o As eleições internas de cada partido devem


obrigatoriamente ser acompanhadas por servidor estável da Justiça
Eleitoral designado pelo Juiz eleitoral competente, sendo aberta à
participação de representante do Ministério Público Eleitoral.

§8o O partido ou coligação apresentará no segundo turno


candidatos em número correspondente ao dobro das vagas obtidas,
respeitada a ordem da lista registrada para a disputa.

Art. 5o–B. Verificados abusos de poder político, econômico,


fraude, dolo, coação, captação ilícita de sufrágio ou a prática de
condutas vedadas a agentes públicos no processo interno de
composição da lista definida nas eleições primárias, serão cassados
os registros ou diplomas eleitorais de todos os candidatos
beneficiados, observado o procedimento para apuração do ilícito o

234
rito previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de
1990.

Art. 16-B. O mandato pertence ao partido político.

Parágrafo único. Perderá o mandato aquele que se desfiliar do


partido político pelo qual foi eleito.

Art. 17. As campanhas eleitorais serão financiadas por doações


realizadas por pessoas físicas e pelo Fundo Democrático de
Campanhas, gerido pelo Tribunal Superior Eleitoral e constituído de
recursos do Orçamento Geral da União, multas administrativas e
penalidades eleitorais.

§3o A Justiça Eleitoral formará, no âmbito da circunscrição em


que ocorrem as eleições, fórum de controle social do Fundo
Democrático de Campanhas, do qual participarão representantes dos
partidos políticos, do Ministério Público Eleitoral, da Ordem dos
Advogados do Brasil e das entidades e organizações da sociedade
civil regularmente constituídas que justifiquem interesse no
monitoramento das eleições.

Art. 17-A. As pessoas jurídicas são proibidas de efetuar, direta


ou indiretamente, doações para as campanhas eleitorais.

Parágrafo único. A não observância ao disposto neste artigo


implicará

a) a cassação do registro dos candidatos beneficiados,


independentemente da existência de impacto sobre o
resultado do pleito;
b) a inabilitação da pessoa jurídica responsável para
contratar com o poder público pelo prazo de 5 (anos) e
aplicação de multa no valor de 10 (dez) vezes a quantia
235
indevidamente doada, decretada a sua extinção em caso
de reincidência.

Art. 17-B. Cada eleitor poderá doar aos partidos políticos para
as campanhas eleitorais até o valor total de R$ 700,00 (setecentos
reais).

Art. 18-B. Os candidatos que concorrem ao segundo turno das


eleições proporcionais têm direito à divisão igualitária da quota do
Fundo Democrático de Campanhas e do espaço disponibilizado na
mídia para propaganda eleitoral que cabe ao partido ou coligação.

§3º O uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos


eleitorais que não provenham da conta específica de que trata o
caput deste artigo implicará a desaprovação da prestação de contas
do partido ou candidato, com a negativa de outorga de diploma aos
eleitos ou cassação, observado o disposto no art. 30-A desta Lei, e a
remessa dos autos à apuração das infrações de natureza penal.

§4º A contratação de pessoal para a campanha será precedida


de contrato escrito, em modelo disponibilizado no sítio eletrônico da
Justiça Eleitoral, em que se discriminem a qualificação completa das
partes, a atividade a ser desempenhada pelo contratado, o horário e
local do trabalho e o período da contratação.

§5º Os nomes e as funções das pessoas contratadas nos


termos do parágrafo anterior serão comunicados em três dias à
Justiça Eleitoral por meio de sistema eletrônico que possibilite sua
imediata publicação na internet.

Art. 23. São vedadas as doações de pessoas jurídicas, direta


ou indiretamente, em dinheiro ou bens e serviços estimáveis em
dinheiro, para partidos ou candidatos.

236
Parágrafo único. Em caso de infração, a pessoa jurídica, além
da aplicação do art. 17-A, ficará proibida de receber benefícios fiscais
e creditícios de estabelecimentos financeiros controlados pelo Poder
Público, pelo período de 5 (cinco) anos, por determinação da Justiça
Eleitoral.

Art. 23-A. Constitui infração eleitoral receber ou empregar,


direta ou indiretamente, recursos de qualquer natureza, inclusive
bens ou serviços, que não provenham do Fundo Democrático de
Campanhas ou das doações individuais realizadas na forma desta
Lei.

Art. 30-A: Qualquer partido político, coligação, eleitor,


candidato ou o Ministério Público Eleitoral poderá representar à
Justiça Eleitoral, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da
prestação de contas final, relatando fatos e indicando provas, e pedir
a abertura de investigação judicial para apurar condutas em
desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e
gastos de recursos.

Art. 36–B. Entende-se como propaganda eleitoral a


manifestação realizada em meios pagos que leve ao conhecimento
geral, ainda que de forma dissimulada, futura candidatura, ação
política que se pretende desenvolver ou razões que levem a inferir
que o beneficiário seja o mais apto para a função pública.

Art. 36–C. É livre, a qualquer tempo, a manifestação da opinião


e crítica política por parte do eleitor.

§1º A expressão da manifestação artística, acadêmica e


intelectual sobre partidos ou candidatos ainda que implique em
abordagem cômica, na forma de sátiras e paródias, ou crítica não

237
será submetida a qualquer forma de censura administrativa ou
judicial.

Art. 47.

§2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos


termos do parágrafo anterior, serão distribuídos entre todos os
partidos e coligações que tenham candidato e representação na
Câmara dos Deputados, sendo vedado o somatório de tempo,
considerado, no caso de coligação, apenas o tempo destinado ao
partido que dispuser do maior número de representantes,
observados os seguintes critérios:

Art. 31. O financiamento dos partidos será realizado por meio


do Fundo Partidário e de doações individuais mensais que não
poderão ultrapassar a quantia de R$ 700,00 (setecentos reais).

§2º É vedada a doação de empresas privadas aos partidos


políticos.

§3º A pessoa jurídica que se valer de terceiros para simular


doações individuais a partidos será aplicado o disposto nos artigos
23, 23-A e 24 da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997.

Art. 5º Os artigos adiante enumerados da Lei no 9.709, de 19


de setembro de 1995, passam a vigorar com os seguintes
acréscimos e alterações:

Art. 3-A. A convocação de plebiscito e referendo será realizada


quando presentes questões de grande relevância nacional.

Parágrafo único. É vedada a realização de plebiscitos e


referendos que possam resultar em redução ou extinção de direitos

238
fundamentais, em especial aqueles previstos no Título II da
Constituição Federal.

Art. 3-B. O povo decide soberanamente em plebiscito:

I - A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de


Estados ou Municípios, bem como a criação de Territórios Federais,
a sua transformação em Estado ou reintegração ao Estado de
origem;

II - A execução de serviços públicos e programas de ação


governamental, nas matérias de ordem econômica e financeira, bem
como de ordem social, reguladas nos Títulos VII e VIII da
Constituição Federal;

III - a concessão administrativa de serviços públicos, em


qualquer de suas modalidades, bem como a alienação de controle de
empresas estatais;

IV - A mudança de qualificação dos bens públicos de uso


comum do povo e dos de uso especial;

V - A alienação, pela União Federal, de jazidas, em lavra ou


não, de minerais e dos potenciais de energia hidráulica.

Art. 8-A. As campanhas dos plebiscitos e referendos terão a


participação na sua criação, coordenação e execução, de
organizações da sociedade civil, juntamente com partidos políticos e
frentes parlamentares.

Parágrafo único. Será assegurada a igualdade entre as


organizações da sociedade civil em relação aos partidos políticos e
frentes parlamentares participantes na criação, coordenação e
execução das campanhas referidas no caput.

239
Art. 13-A. A subscrição da proposição de iniciativa popular
poderá ser feita por meio de formulário impresso, urnas eletrônicas
vistoriadas pela Justiça Eleitoral, bem como por assinatura digital na
internet realizada em qualquer ambiente passível de auditoria.

§1º Para a subscrição de iniciativa popular, serão exigidos o


nome completo do eleitor e a data de nascimento do eleitor,
acrescidos de outras informações que permitam sua identificação e
localização.

240
Eleições Limpas

PROJETO DE LEI Nº _________, DE 2013.

Dispõe sobre o financiamento das campanhas eleitorais e o sistema


das eleições proporcionais, alterando a Lei no 4.737, de 15 de julho
de 1965 (Código Eleitoral), a Lei no 9.096, de 19 de setembro de
1995 (Lei dos Partidos Políticos), e a Lei no 9.504, de 30 de setembro
de 1997 (Lei das Eleições), e sobre a forma de subscrição de
eleitores a proposições legislativas de iniciativa popular, alterando a
Lei no 9.709, de 18 de novembro de 1998.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre ações e mecanismos que


assegurem transparência no exercício do direito de voto, sobre
financiamento democrático dos partidos e campanhas eleitorais, bem
como sobre o controle social, a fiscalização e a prestação de contas
nas eleições, alterando a Lei no. 9.096 de 19 de setembro de 1995
(Lei dos Partidos Políticos), a Lei n.º 9.504, de 30 de setembro de
1997 (Lei das Eleições) e a Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998
(Lei da Democracia Direta).

Art. 2º - Os artigos adiante enumerados da Lei nº 9.504, de 30


de setembro de 1997, que tratam do registro e substituição de
candidatos, do financiamento, da fiscalização das eleições e do
horário gratuito, passam a vigorar com os seguintes acréscimos e
alterações:
Art. 5º-A. Nas eleições proporcionais será obedecido o sistema
de votação em dois turnos, os quais se realizarão nas oportunidades
definidas no art. 1º desta Lei.

§ 1º. No primeiro turno de votação, os eleitores votarão em


favor de siglas representativas dos partidos ou coligações partidárias.

§ 2º. Cada sigla estabelecerá o conteúdo do seu programa


partidário, em consonância com as diretrizes estatutárias, e comporá
uma lista preordenada formada por candidatos em número máximo
correspondente ao dobro das cadeiras parlamentares em disputa, os
quais serão definidos em eleições primárias internas, realizadas de
acordo com o disposto nesta lei e nos estatutos partidários.

§ 3º. A lista, que deverá ser registrada perante a Justiça


Eleitoral até o dia 4 de julho do ano da eleição, assegurará a ordem
e a proporcionalidade mínima de dois candidatos de um gênero para
um do outro.

§ 4º. As eleições internas de cada partido devem


obrigatoriamente ser acompanhadas pelo juiz eleitoral ou por
servidor estável da Justiça Eleitoral por ele designado, sendo aberta
à participação de representante do Ministério Público Eleitoral.

§ 5º. O quociente partidário será determinado pela divisão do


número de votos válidos pelo número de vagas em disputa.

§ 6º. O partido ou coligação obterá uma vaga a cada vez que


alcançar o quociente partidário.

§ 7º. As vagas restantes serão preenchidas em ordem


decrescente pelos partidos que tiverem maior número de votos não
computados para conquista de um mandato no parlamento, incluídos
nessa distribuição os partidos que não conquistaram vagas.
242
§ 8º. O partido apresentará no segundo turno candidatos em
número correspondente ao dobro das vagas obtidas, respeitada a
ordem da lista registrada para a disputa.

§ 9º. Serão considerados eleitos os candidatos mais votados


no segundo turno, por ordem decrescente do número de votos, de
forma a se completar a totalidade das vagas destinadas a cada
partido ou coligação.

Art. 5º-B. Verificados abusos de poder político, econômico,


fraude, dolo, coação, captação ilícita de sufrágio ou a prática de
condutas vedadas a agentes públicos no processo interno de
composição da lista definida nas eleições primárias, serão cassados
os registros ou diplomas eleitorais de todos os candidatos
beneficiados, observado o procedimento para apuração do ilícito o
rito previsto no art. 22 da Lei Complementar nº. 64, de 18 de maio de
1990.

Art. 5º-C. As despesas decorrentes da realização das eleições


primárias correrão à conta do Fundo Especial de Assistência
Financeira aos Partidos Políticos a que alude o art. 38 da Lei nº 9.096,
de 19 de setembro de 1995.

Art. 5º-D. Somente diretórios devidamente constituídos


poderão, por deliberação direta dos filiados, autorizar a formação de
coligações.

Art. 7º. As normas para a escolha e substituição dos candidatos


e para a formação de coligações serão estabelecidas no estatuto do
partido, observadas as disposições desta Lei.

243
§ 1º. As candidaturas serão sempre definidas em eleições
primárias para as quais serão convocados todos os candidatos.

§ 2º As coligações reger-se-ão por regimentos internos


aprovados nas eleições primárias, os quais serão levados à ciência
da Justiça Eleitoral no prazo de 5 dias a contar da aprovação.

§ 3º A substituição de candidatos será realizada na forma


prevista no estatuto partidário ou, havendo coligação, no respectivo
regimento.

§ 4º Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na


deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente
estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos termos do
respectivo estatuto, poderá esse órgão anular a deliberação e os atos
dela decorrentes, assegurado o direito de revisão do ato decisório
pela Justiça Eleitoral.

§ 5º. Se, da anulação de que trata o parágrafo anterior, surgir


necessidade de registro de novos candidatos, observar-se-ão, para
os respectivos requerimentos, os prazos constantes dos §§ 1º e 3º
do art. 13.

§ 6º As anulações de deliberações dos atos decorrentes de


convenção partidária, na condição acima estabelecida, deverão ser
comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de 30 (trinta) dias após a
data limite para o registro de candidatos.

§ 7º Se, da anulação, decorrer a necessidade de escolha de


novos candidatos, o pedido de registro deverá ser apresentado à

244
Justiça Eleitoral nos 10 (dez) dias seguintes à deliberação,
observado o disposto no art. 13.

Art. 11.

§ 1º

IV - Declaração de bens, idêntica à apresentada à Receita


Federal;

VII - todas as certidões hábeis a comprovar a não incidência


em qualquer hipótese de inelegibilidade e o preenchimento das
condições de elegibilidade;

IX - Propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a


Governador de Estado e a Presidente da República e pelos partidos
políticos no primeiro turno das eleições proporcionais.

Art. 13.

§ 3º. Nas eleições majoritárias e proporcionais, a substituição


do candidato só se efetivará se o novo pedido for apresentado até
sessenta dias antes do pleito, salvo em caso de morte ou invalidez
permanente.

Art. 16-B. O mandato pertence ao partido político.

Parágrafo único. Perderá o mandato aquele que se desfiliar ou


se filiar a outro partido, salvo em caso de extinção da agremiação.

Art. 17. As campanhas eleitorais serão financiadas por doações


realizadas por pessoas físicas pelo Fundo Democrático de
Campanhas, gerido pelo Tribunal Superior Eleitoral e constituído de
recursos do Orçamento Geral da União, multas administrativas e
penalidades eleitorais.

245
§ 1º. A lei orçamentária correspondente ao ano eleitoral
conterá, em rubricas próprias, dotações destinadas ao financiamento
das campanhas eleitorais de primeiro e segundo turnos, em valores
a serem propostos pelo Tribunal Superior Eleitoral.

§ 2º. O Tesouro Nacional disponibilizará os recursos ao Fundo,


correspondentes à totalidade das dotações previstas para as
eleições de primeiro e segundo turnos, até 1º de julho e 1º de outubro,
respectivamente.

§ 3º. Nas coligações, os recursos financeiros de campanhas


serão apenas os referentes ao partido que dispuser de maior volume
financeiro, vedada a acumulação.

§ 4º. A Justiça Eleitoral formará, no âmbito da circunscrição em


que ocorrem as eleições, fórum de controle social do Fundo
Democrático de Campanhas, com caráter consultivo, do qual
participarão representantes dos partidos políticos, do Ministério
Público Eleitoral, da Ordem dos Advogados do Brasil e das entidades
e organizações da sociedade civil regularmente constituídas que
justifiquem interesse no monitoramento das eleições.

§ 5º. O funcionamento do fórum de controle social será regrado


por regimento definido pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 17-A. As pessoas jurídicas são proibidas de efetuar, direta


ou indiretamente, doações para as campanhas eleitorais.

Parágrafo único. A não observância ao disposto neste artigo


implicará:

a) a cassação do registro dos candidatos beneficiados,


independentemente da existência de impacto sobre o resultado do
pleito;
246
b) a inabilitação da pessoa jurídica responsável para contratar
com o poder público pelo prazo de 5 (anos) e aplicação de multa no
valor de 10 (dez) vezes a quantia indevidamente doada, decretada a
sua extinção em caso de reincidência.

Art. 17-B. Cada eleitor poderá doar aos partidos políticos para
as campanhas eleitorais até o valor total de R$ 700,00 (setecentos
reais)

§ 1º. As doações só poderão ser realizadas por meio de página


oficial do Tribunal Superior Eleitoral na internet, assegurada
divulgação do ato em tempo real.

§ 2º. A infringência ao disposto neste artigo acarretará a


cassação do registro dos candidatos beneficiados,
independentemente da existência de impacto sobre o resultado do
pleito.

§ 3º. O desrespeito ao limite imposto no caput acarretará ao


eleitor a inabilitação para contratar o com o poder público pelo prazo
de 5 (anos), a aplicação de multa no valor de 10 (dez) vezes ao valor
doado indevidamente e a proibição, pelo prazo de 5 (cinco) anos, de
prestar concursos públicos, e de assumir função ou cargo de livre
provimento na administração pública, direta ou indireta, ou ainda em
empresas de economia mista.

Art. 17-C. O limite para arrecadação de doações individuais e


para a realização de despesas com o uso desses valores será
correspondente a duas vezes a quota do Fundo Democrático de
Campanhas que cabe ao maior partido.

247
Art. 17-D. Somente diretórios devidamente constituídos
poderão receber recursos provenientes de doações de pessoas
físicas e do Fundo Democrático de Campanhas.

Parágrafo único. Em casos de desconstituição do diretório por


renúncia, morte ou incapacidade civil dos seus membros será
excepcionalmente admitida a utilização de verbas do Fundo
Democrático de Campanhas por uma comissão provisória, hipótese
em que o partido deverá comprovar a constituição de novo diretório
no prazo de 30 dias, sob pena de devolução em dobro dos valores
recebidos por parte dos responsáveis pela omissão.

Art. 18. Os recursos do Fundo Democrático de Campanhas


serão distribuídos entre os partidos políticos na seguinte proporção:

a) 5% divididos igualitariamente entre os partidos registrados


perante a Justiça Eleitoral que não possuam representação na
Câmara dos Deputados;

b) 10% divididos igualitariamente entre os partidos políticos


com representação na Câmara dos Deputados;

c) 85% divididos entre os partidos políticos de forma


proporcional em relação ao número de deputados federais eleitos no
pleito anterior.

§ 1º. Fica limitado o valor nominal recebido por cada partido


referente à alinea “a” ao montante recebido pelo partido com menor
representação na Câmara dos Deputados.

§ 2º. A cada mulher ocupante do mandato de deputada federal


corresponderá o acréscimo da quota do Fundo em 30% do valor que
corresponderia ao partido se o mandatário fosse do gênero
masculino.
248
Art. 18-A. Os recursos do Fundo serão assim distribuídos entre
os partidos que registrarem candidaturas:

I – Nas eleições presidenciais, federais e estaduais:

a) dezesseis por cento, para a eleição de presidente e vice-


presidente da República;

b) vinte por cento, para as eleições de governador e vice-


governador;

c) oito por cento, para as eleições de senador;

d) vinte e oito por cento, para as eleições de deputado federal;


e;

e) vinte e oito por cento, para as eleições de deputado estadual


e distrital;

II - Nas eleições municipais:

a) cinquenta por cento, para a eleição de prefeito e vice-


prefeito;

b) cinquenta por cento, para as eleições de vereadores.

§ 1º. Em cada eleição, os recursos serão distribuídos aos


partidos políticos, um terço igualitariamente e dois terços
proporcionalmente ao número de representantes que cada um tenha
elegido na última eleição para a Câmara dos Deputados.

§ 2º. Nas eleições federais, estaduais e municipais, os recursos


destinados a cada partido político serão distribuídos aos respectivos
diretórios estaduais e municipais, na proporção do número de
eleitores de cada circunscrição.

249
§ 3º. É vedado aos partidos políticos usarem os recursos de
forma diversa da que estabelecida nos incisos I e II deste artigo.

Art. 18-B. Os candidatos que concorrem ao segundo turno das


eleições proporcionais têm direito à divisão igualitária da quota do
Fundo Democrático de Campanhas que cabe ao partido ou
coligação.

Art. 19. Até o dia 4 de julho do ano em que se realizarem as


eleições, o Tribunal Superior Eleitoral fará a distribuição de dois
terços dos recursos, destinados ao primeiro turno das eleições,
depositando-os diretamente nas contas específicas de campanha
dos partidos.

§ 1º. Os recursos restantes, destinados aos partidos políticos


que seguirem para o segundo turno, serão repassados até vinte e
quatro horas após a proclamação do resultado do primeiro turno e
distribuídos igualitariamente entre todos os candidatos.

§ 2º. O Tribunal Superior Eleitoral divulgará, até o dia 4 de julho


do ano em que se realizarem as eleições, relação indicando o total
de recursos destinados a cada partido, para cada cargo em disputa,
em cada circunscrição.

Art. 20. Até cinco dias após a escolha de seus candidatos em


eleições prévias, o partido constituirá comitês financeiros com a
finalidade de administrar os recursos de campanha.

§ 1º. Os comitês financeiros serão registrados até dez dias


após sua constituição, nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais
compete fazer o registro dos candidatos, devendo ser informados
nesse ato os dados das contas de que trata o art. 22 desta Lei.

250
§ 2º. Os comitês financeiros farão a administração financeira
das campanhas, usando unicamente os recursos orçamentários
previstos nesta Lei.

§ 3º. As receitas e despesas de campanha serão lançadas, em


até vinte e quatro horas da sua realização, no Sistema de Prestação
de Contas Eleitorais (SPCE), no sítio eletrônico do Tribunal Superior
Eleitoral, com acesso on line ao extrato da conta específica da
campanha.

§ 4º. Considera-se realizada a despesa, para os efeitos desta


lei, no momento do fornecimento do produto ou serviço.

Art. 21. As despesas de campanha serão pagas com cartão de


débito ou transferência bancária

Parágrafo único. Caso não seja possível a utilização de


nenhuma das duas hipóteses será permitido o uso de cheque
nominal cruzado, não endossável.

Art. 22. A Justiça Eleitoral promoverá junto a instituição


financeira federal oficial a abertura de conta específica, titularizada
pelos partidos ou coligações, para registrar todo o movimento
financeiro da campanha.

§ 1º Os bancos são obrigados a acatar, em até 3 (três) dias, o


pedido de abertura de conta formulado pela Justiça Eleitoral, sendo-
lhes vedado condicioná-la à depósito mínimo e à cobrança de taxas
e/ou outras despesas de manutenção.

§ 2º. Os partidos políticos só poderão movimentar os recursos


de campanha mediante cartão de débito, transferência bancária ou,
nas cidades com menos de 20 mil eleitores, cheque nominal

251
vinculados à conta bancária aberta por determinação da Justiça
Eleitoral.

§ 3º O uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos


eleitorais que não provenham da conta específica de que trata o
caput deste artigo implicará a desaprovação da prestação de contas
do partido ou candidato, com a negativa de outorga de diploma aos
eleitos e a remessa dos autos à apuração das infrações de natureza
penal.

§ 4º. A contratação de pessoal para a campanha será


precedida de contrato escrito, em modelo disponibilizado no sítio
eletrônico da Justiça Eleitoral, em que se discriminem a qualificação
completa das partes, a atividade a ser desempenhada pelo
contratado, o horário e local do trabalho e o período da contratação.

§ 5º. Os nomes e as funções das pessoas contratadas nos


termos do parágrafo anterior serão comunicados em três dias à
Justiça Eleitoral por meio de sistema eletrônico que possibilite sua
imediata publicação na internet.

§ 6º. Na contratação de pessoal para as atividades de


propaganda somente poderão ser utilizados recursos provenientes
do Fundo Democrático de Campanhas ou das doações individuais
realizadas na forma desta Lei.

§ 7º. A contratação de pessoal realizada sem contrato escrito e


sem comunicação à Justiça Eleitoral dará ensejo à aplicação do
disposto no art. 41-A desta Lei.

Art. 23. São vedadas as doações de pessoas jurídicas, direta


ou indiretamente, em dinheiro ou bens e serviços estimáveis em
dinheiro, para partidos ou candidatos.

252
Parágrafo único. Em caso de infração a pessoa jurídica será
submetida, além da aplicação da multa no valor de vinte a quarenta
vezes a quantia doada, aplicada em dobro no caso de reincidência,
à proibição de participar de licitações públicas, de celebrar contratos
com a Administração Pública e de receber benefícios fiscais e
creditícios de estabelecimentos financeiros controlados pelo Poder
Público, pelo período de 5 (cinco) anos, por determinação da Justiça
Eleitoral.

Art.23-A. Constitui infração eleitoral receber ou empregar,


direta ou indiretamente, recursos de qualquer natureza, inclusive
bens ou serviços, que não provenham do Fundo Democrático de
Campanhas ou das doações individuais realizadas na forma desta
Lei.

Parágrafo único. O diretório do partido beneficiado, no âmbito


da circunscrição em que ocorrem as eleições, será extinto, sendo
vedada a sua reconstituição pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Art. 24. Constitui crime eleitoral dar, oferecer, prometer,


solicitar, receber ou empregar, direta ou indiretamente, recursos de
qualquer natureza, inclusive bens ou serviços, que não provenham
do Fundo Democrático de Campanhas ou das doações individuais
realizadas na forma desta Lei.

Pena – reclusão, de dois a cinco anos.

§ 1º. Se os recursos provêm de governo estrangeiro, de órgão


ou entidade pública, concessionária ou permissionária de serviço
público, ou de organizações não governamentais que recebam
recursos públicos ou declaradas de utilidade pública, ou são de
origem não identificada.

253
Pena – reclusão, de três a oito anos.

§ 2º. Respondem pelo crime os integrantes do comitê


financeiro, o candidato que de qualquer forma participar da
movimentação do recurso e o autor da doação ilegal.

Art. 25. Constitui crime eleitoral a apropriação ou o desvio, em


proveito próprio ou alheio, de recursos recebidos por partido político
ou coligação para custeio de campanha eleitoral.

Pena – reclusão, de dois a cinco anos.

Parágrafo único. Entende-se como apropriação ou desvio, a


aquisição de produtos ou serviços de forma simulada ou com sobre-
preço.

Art. 26. São considerados gastos eleitorais lícitos:

II - propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer


meio de divulgação, inclusive na internet, destinada a conquistar
votos;

IV - Despesas com transporte ou deslocamento de candidato e


de pessoal a serviço das candidaturas, vedada a doação de
combustíveis para eleitores;

Parágrafo único: Em nenhuma hipótese será tolerada a


realização de gastos de campanha no dia das eleições, aplicando-se
à contratação de agentes para esse fim o disposto no art. 41-A desta
Lei.

Art. 28.

§1º. As prestações de contas dos candidatos às eleições


majoritárias e proporcionais serão feitas pelo partido político;

254
§2º. As prestações de contas serão sempre acompanhadas dos
extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos
recursos financeiros usados na campanha e dos comprovantes dos
pagamentos efetuados.

§3º. Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são


obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede
mundial de computadores (internet), em tempo real, a movimentação
financeira realizada com a discriminação dos gastos realizados, em
sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, nos termos da Lei
12.527/11.

§4º. As prestações de contas serão realizadas por profissional


habilitado com registro válido no respectivo conselho de profissão
regulamentada.

§5º. Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são


obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede
mundial de computadores (internet), em tempo real, a movimentação
financeira realizada com a discriminação dos gastos realizados, em
sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, nos termos da Lei
12.52711.

§6º. As informações descritas neste dispositivo deverão ser


disponibilizadas em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos
e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a
análise das informações, nos termos da Lei 12.527/11;

Art. 30-A: Qualquer partido político, coligação, eleitor,


candidato ou o Ministério Público Eleitoral poderá representar à
Justiça Eleitoral, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da
prestação de contas final, relatando fatos e indicando provas, e pedir

255
a abertura de investigação judicial para apurar condutas em
desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e
gastos de recursos.

Art. 36. A propaganda eleitoral de partidos e candidatos por


qualquer meio oneroso somente é permitida após o dia 5 de julho do
ano da eleição.

§ 1º. Não será considerada propaganda eleitoral, para o fim


previsto neste dispositivo, a difusão de programas e a defesa ou
crítica de candidaturas em qualquer meio, inclusive na internet,
desde que realizada de forma gratuita.

§ 2º. Ao postulante à candidatura a cargo eletivo é permitida a


realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido, de
propaganda intrapartidária paga com vista à indicação de seu nome,
vedado o uso de rádio, televisão e outdoor.

§ 3º. No segundo semestre do ano da eleição, não será


veiculada a propaganda partidária gratuita prevista em lei nem
permitido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio e na
televisão.

§ 4º A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável


pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio
conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou ao equivalente
ao custo da propaganda, se este for maior.

§ 5º Na propaganda dos candidatos a cargo majoritário,


deverão constar, também, o nome dos candidatos a vice ou a
suplentes de Senador, de modo claro e legível, em tamanho não
inferior a 10% (dez por cento) do nome do titular.

256
§ 6º A comprovação do cumprimento das determinações da
Justiça Eleitoral relacionadas a propaganda realizada em
desconformidade com o disposto nesta Lei poderá ser apresentada
no Tribunal Superior Eleitoral, no caso de candidatos a Presidente e
Vice-Presidente da República, nas sedes dos respectivos Tribunais
Regionais Eleitorais, no caso de candidatos a Governador, Vice-
Governador, Deputado Federal, Senador da República, Deputados
Estadual e Distrital, e, no Juízo Eleitoral, na hipótese de candidato a
Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

36- B. Entende-se como propaganda eleitoral a manifestação


realizada em meios pagos que leve ao conhecimento geral, ainda
que de forma dissimulada, futura candidatura, ação política que se
pretende desenvolver ou razões que levem a inferir que o beneficiário
seja o mais apto para a função pública.

36-C. É livre, a qualquer tempo, a manifestação da opinião e


crítica política por parte do eleitor.

§ 1º. A expressão da manifestação artística, acadêmica e


intelectual sobre partidos ou candidatos ainda que implique em
abordagem cômica, na forma de sátiras e paródias, ou crítica não
será submetida a qualquer forma de censura administrativa ou
judicial.

§ 2°. O eleitor pode se valer de qualquer meio para expressar


sua opinião política, sendo permitido o uso de montagens, gravações
e edições de imagens, salvo se veicularem fatos inverídicos.

§ 3º. Em todos os casos, a decisão de que uma declaração é


baseada em fatos verídicos eximirá o acusado de qualquer
responsabilidade.

257
§ 4º. Ao ofendido compete comprovar a falsidade de
declarações sobre fatos de interesse público por ele considerados
difamatórios.

Art. 41-B. É proibida a conquista de apoio político por meio da


oferta, promessa, entrega ou doação de bens ou vantagens,
aplicando-se a essa conduta o disposto no art. 41-A desta Lei.

Art. 41-C. É irrelevante a demonstração do possível impacto no


resultado do pleito para aplicação de sanções em matéria eleitoral.

Art. 47

§ 2º. Os horários reservados à propaganda de cada eleição,


nos termos do parágrafo anterior, serão distribuídos entre todos os
partidos e coligações que tenham candidato e representação na
Câmara dos Deputados, observados os

seguintes critérios:

I - Metade do tempo, igualitariamente;

II - Metade, proporcionalmente ao número de representantes


na Câmara dos Deputados, considerado, no caso de coligação,
apenas o tempo destinado ao partido que dispuser do maior número
de representantes.

§ 7º. Apenas farão jus ao rateio do tempo de propaganda


eleitoral no rádio e na televisão os partidos ou coligações que
efetivamente apresentarem candidatos à disputa.

§ 8º. As emissoras não devem ser responsabilizadas pelas


declarações feitas por outros, nas seguintes circunstâncias:

I - No horário eleitoral obrigatório, onde seria injusto esperar


que a emissora evitasse a transmissão da declaração;
258
II - Se for do interesse público que a declaração seja
transmitida, por exemplo, para demonstrar a existência de certos
pontos de vista na sociedade, desde que a emissora não adote as
declarações.

Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral paga na internet,


nos termos desta Lei, após o dia 5 de julho do ano da eleição.

57-B. A propaganda eleitoral na internet, quando feita em sítio


de partido ou candidato, será realizada apenas por meio de
provedores de conteúdo e de serviços estabelecidos no País.

§ 1°. Os partidos, coligações e candidatos poderão cadastrar


seus perfis ou páginas em redes sociais perante a Justiça Eleitoral a
fim de facilitar a demonstração de sua autenticidade contra eventuais
fraudes.

§ 2°. Quando os partidos e candidatos houverem procedido o


registro a que se refere o parágrafo anterior, as páginas e perfis
falsos serão removidas, mediante provocação do partido ou
candidato, por determinação administrativa da Justiça Eleitoral.

§ 3°. Será considerado falso o perfil ou página na internet que


busque indevidamente induzir o usuário a crer tratar-se de uma
publicação oficial do partido, coligação ou candidato.

Art. 57-C. Na internet é vedada a veiculação de propaganda


eleitoral, ainda que gratuita, em:

a) sítios mantidos por empresas de comunicação social na


internet e sítios de notícias;

259
b) sítios oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da
administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;

c) páginas de acesso a correio eletrônico.

Parágrafo único. A violação do disposto neste artigo sujeita o


responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado
seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), valor que
será duplicado a cada reincidência.

Art. 57-F. Os provedores de conteúdo e de serviços multimídia


que hospedem a propaganda eleitoral onerosa de candidato, partido
ou de coligação somente serão responsabilizados se, no prazo
determinado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da notificação de
decisão judicial que a considere irregular, não tomarem providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, tornar
indisponível o conteúdo apontado como infringente.

Parágrafo único. A decisão judicial a que se refere o caput deve


identificar, de modo preciso, o endereço eletrônico e o conteúdo cuja
divulgação deva ser suspensa.

Art. 58.

§ 3°...

IV — Em propaganda eleitoral na internet:

a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no


mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho,
caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até
quarenta e oito horas após a entrega da resposta do ofendido;

260
Art. 73.

VI -

b) (revogado);

VIII - com exceção da propaganda de produtos e serviços que


tenham concorrência no mercado, autorizar, ao longo do ano da
eleição, publicidade institucional dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou
municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta,
salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;

Art. 105-B. As medidas temporárias especiais aplicadas nesta


Lei visando acelerar a instauração de uma igualdade de fato entre os
homens e as mulheres devem ser revogadas quando os seus
objetivos tiverem sido atingidos.

Art. 3º - Os artigos adiante enumerados da Lei nº 4.737, de 15


de julho de 1965 passam a vigorar com os seguintes acréscimos e
alterações:

Art. 42...

§ 1º. Considera-se domicílio eleitoral o lugar de moradia do


requerente.

§ 2º. Havendo pluralidade de moradias, o eleitor deverá


declará-la e comprová-la por meio da apresentação de documentos
originais, optando por uma delas.

§ 3º. A declaração falsa de moradia constitui infração


administrativa que acarreta o cancelamento da inscrição, a negativa

261
de quitação de débitos eleitorais por 4 (quatro) anos e a imposição
de multa entre R$ 1.000,00 (mil reais) e R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Art. 4º - Os artigos adiante enumerados da Lei nº 9.096, de 19


de setembro de 1995, passam a vigorar com os seguintes
acréscimos e alterações:

Art. 3º…

§ 1º. É assegurada autonomia aos diretórios estaduais, distrital


e municipais, no âmbito de suas circunscrições, sobre temas de
interesse regional e local, ficando vedada intervenção, dissolução e
destituição de seus dirigentes, sem observância do devido processo
legal e sem justa causa.

§ 2º. As comissões provisórias serão convertidas em diretórios


no prazo de cento e vinte dias, contados da data em que o partido
fizer comunicação ao órgão competente da Justiça Eleitoral, sob
pena de dissolução automática e proibição de nova instalação pelo
prazo de seis meses.

Art. 31. O financiamento dos partidos será realizado por meio


do Fundo Partidário e de doações individuais mensais que não
poderão ultrapassar a quantia de R$ 700,00 (setecentos reais).

§ 1º. Os estatutos partidários poderão definir contribuição em


valor maior por parte de mandatários eleitos que integrem a
agremiação.

§ 2º. É vedada a doação de empresas privadas aos partidos


políticos.

262
§ 3º. A pessoa jurídica que se valer de terceiros para simular
doações individuais a partidos será aplicado o disposto nos artigos
23, 23-A e 24 da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997.

§ 4º. Aplica-se o disposto nos artigos 23-A e 24da Lei nº 9.504,


de 30 de setembro de 1997 na hipótese de desvio de recursos
partidários para campanhas eleitorais.

Art. 32-A. Os Partidos Políticos manterão registro contábil


relativo às receitas e despesas, observadas as normas editadas pelo
Tribunal Superior Eleitoral que garantam a identificação e a
segregação das receitas e despesas por destinação do recurso, de
forma padronizada entre todos os Partidos Políticos.

Art. 32-B. O Tribunal Superior Eleitoral manterá sistema de


registro eletrônico centralizado das informações referentes ao
orçamento dos Partidos Políticos, incluída sua execução
pormenorizada, da qual será garantido amplo acesso público em
meio eletrônico.

§ 1o

. O Sistema de Informação sobre Orçamento dos Partidos


Políticos (SIOPP) será desenvolvido com observância dos seguintes
requisitos mínimos, sem prejuízo de outros fixados pelo Tribunal
Superior Eleitoral mediante regulamento:

I - Obrigatoriedade de registro e atualização diária dos dados


pelos Partidos Políticos beneficiados por recursos de natureza
pública transferidos ao Fundo Partidário;

II – Execução pormenorizada das receitas e despesas de


qualquer natureza, evidenciando inclusive a origem e a destinação

263
do recurso, que deve ser classificado por fonte ou indicador
equivalente definido de forma padronizada pelo Tribunal;

III – disponibilização de processo eletrônico de declaração,


armazenamento e exportação dos dados;

IV – Ampla visibilidade das informações, de forma a incentivar


o controle social.

§ 2º Atribui-se ao gestor do Partido Político declarante a


responsabilidade pelo registro das informações no SIOPP, assim
como pela fidedignidade dos dados homologados, aos quais se
conferirá fé pública para todos os fins previstos nesta Lei e demais
legislações concernentes.

§ 3º. O Tribunal Superior Eleitoral estabelecerá as diretrizes


para o funcionamento do sistema informatizado, bem como os prazos
para registro e homologação das informações no SIOPP.

§ 4º. O SIOPP disporá de módulos específicos para registro


padronizado de informações essenciais à fiscalização por parte dos
Tribunais de Contas, dos Ministérios Públicos e do Poder Judiciário.

Art. 32-C. O gestor do Partido Político elaborará Relatório


detalhado, o qual conterá, no mínimo, as seguintes informações:

I - montante E origem das receitas auferidas, detalhando,


necessariamente, os recursos públicos provenientes do Fundo
Partidário e o total das doações de pessoas físicas, distinguindo,
neste último caso, as filiadas das não-filiadas;

II – As despesas, por categoria econômica e grupo de natureza


de despesa, segregadas nos termos deste artigo, sem prejuízo de

264
outros detalhamentos fixados pelo Tribunal Superior Eleitoral
mediante ato próprio:

a) despesa com pessoal, destacando os gastos permanentes


com empregados do Partido Político das contratações temporárias
de cabos eleitorais;

b) despesa com propaganda eleitoral, segregadas de acordo


com regulamento;

c) despesas com pagamento de multas judiciais;

d) outras despesas realizadas.

Art. 32-D. O Tribunal Superior Eleitoral instituirá programa


educativo de forma a orientar a sociedade civil a exercer o controle
social sobre as campanhas eleitorais e a aplicação dos recursos
públicos destinados ao Fundo Partidário.

Art. 5º - Os artigos adiante enumerados da Lei nº 9.709, de 19


de setembro de 1995, passam a vigorar com os seguintes
acréscimos e alterações:

Art. 13.

§ 3º. A subscrição de projetos de lei de iniciativa popular poderá


ser efetuada por meio de sítio eletrônico na internet

Art. 6º. Ficam revogados os arts. 105, 106, 107 e 324 da Lei nº
4737, de 15 de julho de 1965 e o art. 105-A da Lei nº 9.504, de 30 de
setembro de 1997.

Art. 7º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

265
PT – Caderno de Teses
Um partido para tempos de guerra
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301
302
303
Resgatar o petismo no PT
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308
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310
311
312
313
314
315
316
317
Mudar mais: Por um novo ciclo de mudanças democráticas no
país
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Contribuição da Militância Socialista
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O 5º. Congresso do PT: Manifesto
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O tempo não para
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Abaixo a Política de Austeridade
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Nota da CNBB sobre as eleições municipais
Tentando apagar a História da Grilagem do Pontal

O projeto de Lei número 578 de 2007, que está em debate na


Assembléia Legislativa, dispõe sobre a regularização de terras
devolutas e griladas, com áreas acima de 500 hectares, no Pontal do
Paranapanema. Este projeto dá continuidade a uma determinação
política do governo do Estado iniciada com a Lei 11.600 de 2003, que
dispõe sobre a regularização de terras devolutas e griladas com
áreas até 500 hectares. Estas ações iniciam um terceiro período na
história da grilagem de terras do Pontal. Representam, sobretudo,
uma mudança radical na postura do governo do Estado no
tratamento da questão agrária da região. Há mais de um século, o
governo estadual tem marcado sua postura não legitimando e
tentando recuperar as terras devolutas do Pontal. Agora resolve
entregar a maior parte delas.

O primeiro período da história da grilagem começou em


meados do século XIX e terminou na década de trinta do século XX.
Neste período, o governo do Estado negou todos os pedidos de
legitimação solicitado pelos grileiros. O governo negou a legitimação
porque reconhecia que as terras do Pontal eram devolutas, portanto
pertencentes ao Estado. Mas não promoveu uma política sequer para
recuperar essas terras. Não é difícil de entender esta falta de ação.
Neste período, os coronéis representavam uma rede de poder na
qual o Estado se sustentava politicamente. Portanto, tirar as terras
dos coronéis do Pontal, poderia quebrar um fio dessa teia de poder,
que o governo não tinha a intenção de romper.
O segundo período da história da grilagem começou na década
de 1930 e terminou em 2007. Entre 1939 e 1942, o governo do
Estado criou três reservas florestais com área total de 297.340
hectares. São as reservas do Morro do Diabo, Lagoa São Paulo e
Grande Reserva do Pontal. Esta foi a única ação do governo para
recuperar as terras devolutas. Os grileiros investiram sobre as
reservas e em menos de quatro décadas devastaram 85% das
florestas. Hoje restam apenas 38 mil hectares da reserva do Morro
do Diabo. Diversas comissões parlamentares vieram ao Pontal para
assistir à chacina ambiental, todavia nem a Assembléia nem o
governo agiram contra os grileiros. Aqui também não é difícil
entender esta falta de ação. Neste período, os grileiros formavam
uma rede de poder e elegiam seus representantes na Assembléia
Legislativa, que conseguiu emperrar todo e qualquer processo de
recuperação das terras devolutas e griladas.

O terceiro período da história da grilagem começa em 2007.


Neste tempo a rede de poder dos controladores das áreas devolutas
do Pontal do Paranapanema ampliou-se e consegue que o governo
do Estado apresente projetos de Lei para regularizar as terras
griladas do Pontal, dando aos controladores de mais de 1000
hectares, em média 80% das terras devolutas e griladas. Os 20%
restantes, o governo promete arrecadar para implantar
assentamentos. Essa ação não apaga a história da grilagem. Mesmo
que os latifundiários e o governo do Estado saiam vencedores com a
aprovação do projeto de Lei na Assembléia Legislativa, toda a
sociedade sempre saberá que essas terras foram repassadas
injustamente aos latifundiários, mesmo que com o amparo da Lei.
Porque, afinal de contas a Lei é feita por quem tem poder.

440
Bernardo Mançano Fernandes, geógrafo, professor da Unesp,
campus de Presidente Prudente e coordenador regional da
Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA.

441
Manifesto contra a legalização da grilagem no Pontal (PL
578/2007)

Os problemas enfrentados pelos (as) camponeses(as),


trabalhadores(as) do campo brasileiro, notadamente pelos pequenos
produtores rurais, sem-terra, acampados, assentados, assalariados
rurais e pelas diversas e diferentes comunidades ribeirinhas, fazem
parte das preocupações da Diocese de Presidente Prudente e
consequentemente da CPT (Comissão Pastoral da Terra).

É com preocupação que olhamos o presente e o futuro do povo


no Pontal do Paranapanema, que vive do trabalho na terra. A política
oficial do país subordina-se às ordens de um sistema neoliberal,
apoiando e estimulando abertamente o agronegócio intensivo e
extensivo, que está estrangulando nossos pequenos agricultores e
os trabalhadores em geral, tanto da cidade, quanto do campo,
inviabilizando sua sobrevivência.

Sabemos que em nossa região – Pontal do Paranapanema – o


governo vem favorecendo este processo, com o incentivo à
monocultura da cana-de-açúcar. Chama a atenção a ação do Estado
que, não têm tomado medidas suficientes para cumprir a
Constituição no sentido de reaver as terras públicas griladas e de
destiná-las para reforma agrária.

O velho problema fundiário brasileiro, a grilagem, foi a


responsável pela devastação ambiental de grandes áreas, pela
violência contra comunidades autóctones e pela invasão de territórios
indígenas na região do Pontal. As dívidas sociais que o Estado tem
para com o povo desta região são grandes e devem ser resgatadas
primeiro.
Isso vale, sobremaneira, em relação aos povos da terra e das
águas, que continuam obrigados a viver em condições sempre mais
precárias, pela quase total falta de vontade política. O Estado não
pode promover políticas que mantêm e expandem modelos
comprovadamente causadores desse aumento trágico de miséria.

Historicamente as terras e as águas sempre foram controladas


pelos mais fortes e colocadas a serviço de interesses de poucos, às
custas da opressão do povo do campo, contando com a omissão do
Estado. Creio que esta realidade ainda não mudou e o Projeto de Lei
nº 578/07 sobre regularização de terras acima de 500 ha,
apresentado pelo governo do Estado – perpetua em nossa região a
concentração da propriedade da terra e do latifúndio. As políticas
agrícolas e agrárias estão se submetendo aos interesses do
agronegócio (expansão da cana-de-açúcar).

Este projeto de Lei que quer regularizar as Terras do Pontal do


Paranapanema é um retrocesso, pois vai contra os anseios de
centenas de famílias que lutam pela reforma agrária, por vida digna.
É um desrespeito à luta popular. O objetivo de qualquer lei deve ser
para criar a possibilidade de agilizar a arrecadação de terras para a
implantação de assentamentos de trabalhadores rurais. O que está
em discussão na justiça, segundo dados da Procuradoria Geral do
Estado, são aproximadamente 325.000 mil hectares (área em
discriminação) e 11.223 hectares (áreas em reivindicação) de terras
no Pontal do Paranapanema. Dá para assentar mais de 15 mil
famílias. Isto significaria quase quadruplicar o número de famílias já
assentadas na região.

A terra não pode ser transformada em simples mercadoria para


produzir lucros, através da especulação ou da exploração do

444
trabalho. A concentração de terras devolutas que deixa milhões de
famílias sem-terra e sem trabalho é uma afronta aos mais
elementares direitos da pessoa humana, uma agressão à razão
humana e uma usurpação ilegítima do bem comum.

As terras já estão sendo discutidas na justiça. Temos que


esperar por decisões judiciais, mesmo que lentas, pois está em jogo
o sonho de milhares de trabalhadores que querem viver dignamente
no campo, pois sacramentar a usurpação, dignificar a grilagem é
imoral, é crime, é pecado. Reafirmamos que a terra deve sempre ser
“terra de trabalho”, lugar de viver, e não deve se tornar “terra de
negócio”.

DIGA NÃO AO PROJETO DE LEI n. 578/2007 QUE


REGULARIZA TERRAS DEVOLUTAS ACIMA DE 500 ha, NO
PONTAL

Dom José Maria L. C. Saracho

Bispo da Diocese de Presidente Prudente

Bispo Responsável pela CPT São Paulo

445
Romaria da Terra e das Águas lança manifesto

Contra Projeto de Lei do PSDB (578/2007)

Um Projeto de Vida para o Pontal

Somos muitos em romaria. Somos trabalhadores e


trabalhadoras rurais, pescadores, ribeirinhos, assentados,
acampados, moradores da segunda região mais pobre do Estado de
São Paulo, participantes da 4ª Romaria da Terra e das Águas no
assentamento Porto Velho em Presidente Epitácio-SP. Com o tema
"Um projeto de Vida para o Pontal" queremos reafirmar nossa fé no
Deus da Vida e a fidelidade ao Deus dos Pobres, a serviço dos
pobres da terra.

Apresentamos por essa carta pública as preocupações


refletidas durante a preparação e realização deste evento, alertando
as autoridades sobre os crimes ambientais no Pontal do
Paranapanema e mantendo nosso posicionamento contra a proposta
de regularização da grilagem no Pontal do Paranapanema (PL
578/2007).

Este projeto visa o fortalecimento do agronegócio (monocultura


da cana-de-açúcar) e não contempla o desenvolvimento social e
humano da região. Ao contrário é uma ameaça para a biodiversidade,
um atentado contra o meio ambiente e favorece a concentração de
terra. É um projeto excludente que prioriza só o econômico. Contra
este projeto de morte queremos defender um projeto que contempla
a agricultura familiar (livre dos transgênicos), uma reforma agrária
que garanta a soberania alimentar no país e uma política voltada para
a defesa do Meio Ambiente.
Defendemos a luta de nossa gente presente nos vários
acampamentos às margens de nossas rodovias. Diante da histórica
grilagem da região eles representam a resistência dos povos da terra
e das águas.

Outra questão é o Meio Ambiente. O Pontal do Paranapanema


vem sofrendo diversos ataques ao meio ambiente. Há o
desmatamento descontrolado de várias áreas para o plantio de cana.
Usinas estão sendo implantadas sem Estudo de Impacto Ambiental.
Estas também estão realizando despejos irregulares de resíduos no
solo e ampliando suas instalações sem licença ambiental. Áreas de
APP (Área de Preservação Permanente) estão sendo
desrespeitadas. Algumas usinas estão comprometendo com
agrotóxicos rios e assentamentos próximos aos canaviais. No Rio
Paraná há mortandade de peixe provocado por produtos químicos.
No Assentamento Porto Velho há uma situação gravíssima de
contaminação de solo.

Cremos num projeto de vida para o pontal e, portanto, pedimos


a suspensão do pl 578/2007 para que haja respeito ao povo pobre
do Pontal do Paranapanema que luta, há anos, por reforma agrária e
vida digna.

Pedimos também às autoridades para que haja maior rigor na


fiscalização das denúncias de crime ambiental, bem como uma
fiscalização mais efetiva em toda a extensão dos rios Paraná e
Paranapanema. a terra e a água são dons de deus para todos os
seus filhos e filhas, sem exclusão.

Assumimos nesta romaria a luta contra a privatização da água;


a luta pela reforma agrária; a defesa do meio ambiente e nas eleições

448
a defesa de políticos livres da corrupção e com compromissos com
políticas públicas de interesse popular.

4ª Romaria da Terra e das Águas, 16 de setembro de 2007

449
Doze falas de Dom José aos representanres do governo
Projeto de Lei Nº 2155, de 2007
454
Consulta Tramitação das Proposições
456
457
Vida ou Morte
Bebê nasce e sobrevive com 4 meses e meio

Nascimento com 20 semanas

A bebê Kenya King, nascida em Orlando, Flórida, veio ao mundo com


21 semanas, ou seja, 4 meses e meio (contando do primeiro dia até
o último período menstrual de sua mãe). Em alguns estados utilizam
a "viabilidade" ou possibilidade de sobreviver fora do útero, como
prova de que o não nascido é um ser humano. Há trinta anos, no
entanto, a "viabilidade" era com 30 semanas. Agora é mais cedo, com
20 semanas. Em 20 anos poderá ser com 10 ou 12 semanas. O que
tem mudado é o avanço da técnica com meios para sustentar a vida.
Os bebês são os mesmos. Portanto, não se pode utilizar a
"viabilidade" como prova para decidir se o bebê é um ser humano.
De onze a doze semanas

Neste período todos os sistemas do organismo já funcionam.


Respira, engole, digere e urina.

É muito sensível à dor, recuando quando é tocado com um


alfinete ou ouve barulho e procura uma posição cômoda quando é
perturbado.
Em breve dormirá e acordará com sua mãe.

Se o líquido amniótico é adoçado ele engole mais vezes, se fica


azedo ele para de engolir.

Ele pode ser ensinado por sinais sonoros a conhecer antes e a


recuar perante um estímulo doloroso, mas não há dois destes
pequeninos seres que respondam da mesma maneira, eles já são
indivíduos.

A respeito desse período, disse Arnold Gesel: "A organização


do eu psicossomático está em grande desenvolvimento”.

Depois desta ocasião nada mais de novo se desenvolve ou


funcionará, é só crescer e amadurecer.
Operação Cesariana

O aborto por operação cesariana (histerectomia):

Este método é exatamente igual a uma operação cesariana até


ser cortado o cordão umbilical. Depois de uma operação cesariana
comum, limpa-se o bebê e é levado para a seção de tratamentos
especiais para novos nascidos na maternidade onde lhe são
prestados todos os cuidados. O bebê nesta fotografia, com perto de
um quilo (uma gravidez de 24 semanas) era para ser abortado. Foi
separado, colocado num balde e deixado morrer. Com esta idade
todos os bebês se mexem, respiram e alguns choram. Em 1971,
fizeram-se cerca de 4.000 abortos deste gênero em Nova York.
Como todos estes bebês nasceram vivos, isto quer dizer que 4.000
bebês foram abortados vivos e abandonados ou forçados a morrer.
Envenenamento Salino

O aborto por envenenamento salino

Com 19 semanas: Este chamado "produto da gravidez" é o


resultado do segundo tipo de aborto mais comum nos Estados
Unidos e Canadá. Este processo é usado depois de 16 semanas,
quando já se acumulou bastante líquido na bolsa que envolve o bebê.
Uma agulha comprida é inserida através do abdome da mãe até a
bolsa que guarda o bebê e injeta-se uma solução concentrada de sal.
O bebê respira, engole o sal e fica envenenado. A camada externa
da pele fica queimada pelo efeito corrosivo do sal. Leva mais de uma
hora para matar lentamente um bebê desta maneira. Se a mãe tem
sorte e não aparecem complicações, entra em parto e no dia seguinte
dará à luz um infeliz bebê morto como este.
A vida humana com 8 semanas

Neste Período:

- Ele (ou ela) já agarra um instrumento colocado nas suas


mãos e segura;
- Pode-se tirar um eletrocardiograma;
- Ele “nada à vontade no líquido amniótico com um jeito
natural de nadador”.
Dilatação e Corte

O aborto por dilatação e corte

Este método, executado entre 7 e 12 semanas, utiliza uma faca


em forma de foice. Chega-se ao útero através da vagina. A cérvix
(entrada do útero) é alargada. Depois, o cirurgião corta o pequenino
corpo em pedaços, separa e raspa a placenta das paredes internas
do útero. Geralmente há uma grande hemorragia. Um dos trabalhos
da enfermeira que assiste é juntar os pedaços para se certificar de
que o útero está vazio, caso contrário poderá ocorrer uma
hemorragia ou infecção.
Aspiração

o aborto aspiração, com 10 semanas:

Mais de 75% de todos os abortos feitos no Canadá e Estados


Unidos são feitos por este método. É semelhante ao método de
dilatação e corte, exceto que se coloca um potente tubo aspirador.
Com isto o corpo do bebê em desenvolvimento e a placenta ficam
despedaçados e estes "produtos de gravidez" são aspirados para um
jarro. Algumas vezes podem identificar-se as menores partes do
corpo como nesta fotografia.
CNBB: Bispos respondem a jornalistas sobre política e
corrupção

Na primeira coletiva da 46ª Assembléia da Conferência


Nacional, nesta quarta-feira, 2, os jornalistas questionaram os bispos
sobre temas de política, corrupção, ameaça que alguns bispos têm
recebido no Norte do país e sobre a recente pesquisa que aponta a
alta popularidade do presidente Lula. Participaram da coletiva o bispo
auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para o
Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, dom Pedro Luiz Stringhini;
o bispo de Roraima (RR), dom Roque Paloschi e o bispo de
Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino.

Respondendo à pergunta sobre um possível terceiro mandato


do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o bispo de Blumenau, dom
Angélico Sândalo Bernardino, disse que num regime democrático,
não cabe terceiro mandato. “No regime democrático, o melhor é a
renovação”, afirmou. Dom Angélico disse ainda que é necessária
uma reforma política séria e cobrou reforma agrária e agrícola para o
país. Disse que a Igreja “está pronta para colaborar com o Governo
e outras instituições para que o povo tenha vida”.

O porta-voz oficial do encontro, que reúne mais de 300 bispos,


dom Orani João Tempesta, arcebispo de Belém e presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e
Comunicação Social, disse que nem o próprio presidente e nem sua
base de apoio manifestaram o interesse de mudanças na
Constituição para permitir uma segunda reeleição.
Pesquisas e PAC

Sobre as recentes pesquisas de opinião pública, que mostram


o crescimento da popularidade do presidente Lula, dom Pedro
Stringhini afirmou que “não é mau que o governante seja bem
avaliado”, mas recomendou que o presidente aproveitasse sua alta
aprovação popular para avançar nas questões éticas e no respeito
ao meio ambiente. “Se o presidente Lula, com a popularidade que
tem, fosse mais rígido nas questões éticas e na defesa do meio
ambiente seria muito bom para o país”.

Dom Angélico elogiou o Programa de Aceleração do


Crescimento (PAC), em execução pelo governo federal. “Bem-vindo
seja o PAC, sim! Não acho que seja demagogia. Mas não tenho
ilusões, porque sempre que se tenta fazer reformas profundas há
resistência das classes dominantes. Eu vim de antes de 1964 e vi
que as reformas de base foram impedidas pela coligação das elites,
que desembocou no golpe de 64”, disse.

Corrupção e eleições

A respeito das eleições municipais de 2008, os bispos


anunciaram que a assembléia geral deverá fazer recomendações
aos fiéis para que votem conscientemente contra os candidatos
corruptos. “A corrupção está arraigada no poder político e é praticada
acintosamente por parte dos políticos. A Igreja vê como lamentável a
corrupção e a sua impunidade. O estado democrático não conseguiu
eliminar esse mal. A Igreja não recomenda que o descrédito na

470
política leve à omissão do eleitor, para não deixar o poder político na
mão dos corruptos”, afirmou dom Pedro Stringhini.

Dom Angélico disse ver com “alegria enorme o trabalho da


Polícia Federal contra a corrupção, colocando muitos engravatados
na cadeia”. Mas lembrou que é preciso apresentar provas, para que
os culpados sejam punidos. “A impunidade no Brasil assusta”,
completou dom Roque.

Quanto ao surgimento do dossiê supostamente elaborado por


pessoas ligadas ao governo na questão dos cartões corporativos,
dom Angélico disse que não cabe à CNBB avaliar essa questão:
“Quem deve opinar sobre isso é a oposição”.

Ameaças a bispos

Os bispos também falaram sobre os colegas ameaçados de


morte por causa do trabalho social e pastoral desenvolvido pela
Igreja na defesa dos fracos e oprimidos. São cinco bispos, mas dom
Roque Paloshi – ele próprio um dos ameaçados por causa da defesa
dos índios de Roraima – lembrou que há também padres, irmãs,
agentes de pastoral e a própria comunidade sob ameaças terríveis.

Dom Pedro Stringhini disse aos repórteres que as ameaças aos


bispos não intimidam e não vão deter o trabalho da Igreja. “O povo
não tem para onde correr e, por isso, os bispos também não correm.
Vamos continuar nosso trabalho”, disse. Dom Angélico lembrou que
a Igreja encara as perseguições ao seu trabalho como uma das bem-
aventuranças de Jesus Cristo.

Dom Roque relatou as dificuldades que a Diocese de Roraima


enfrenta por causa da questão indígena. “Todas as áreas indígenas
continuam invadidas por fazendeiros e produtores rurais. O conflito é
471
alimentado por um Estado anti-indígena. O grupo de produtores de
arroz entrou na Reserva Raposa Serra do Sol quando a terra estava
sendo demarcada e não aceita as indenizações do governo para se
retirar. A posição da Igreja é de respeito à lei, pois a área foi
homologada”, disse.

Dom Roque reclamou que os políticos e a grande imprensa


também dão uma grande parcela de contribuição ao acirramento dos
ânimos: “As ações políticas e as reportagens estão sempre ao lado
dos produtores de arroz, que são os invasores da reserva Raposa
Serra do Sol”, lamentou.

Celibato

Outro ponto levantado pelos jornalistas foi a questão do celibato


que, segundo divulgou a imprensa, teria sido questionado pelos
padres no 12º Encontro Nacional dos Presbíteros (ENP) realizado em
Itaici no mês de fevereiro. “A questão do celibato não foi colocada no
Encontro de Presbíteros”, afirmou dom Angélico. Segundo afirmou,
houve equívoco na divulgação da informação. “Não quero culpar a
imprensa. A linguagem não foi entendida”, explicou lembrando o caso
dos “novos pecados capitais”, que se trata “apenas de exemplos de
pecados da atualidade citados por um bispo, e não da nova lista de
pecados oficiais divulgados pelo Vaticano como saiu na imprensa”.

De acordo com o bispo, “no 12º ENP não houve proposta de se


escrever para o Vaticano a respeito do celibato”. Ele afirmou que a
posição da Igreja sobre o celibato é muito clara e bem conhecida de
toda a imprensa.

Fonte: CNBB

472
Declaração da CNBB sobre eleições municipais

Os bispos da Igreja Católica no Brasil participantes da 46ª


Assembléia Geral da CNBB aprovaram, no dia 9 de abril, uma
Declaração sobre as Eleições Municipais a realizar-se em outubro de
2008. “Os cidadãos e as comunidades eclesiais têm aí um amplo
campo de atuação. A tradição da Doutrina Social da Igreja considera
a participação na política uma forma elevada de exercício da
caridade – uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a
serviço do próximo”, diz a Declaração.

O vereador Magal da Pastoral (PT) ocupou hoje (5) a tribuna


da Câmara Municipal de Aracaju e discursou sobre a Declaração.
Para ele, o texto mostra que a igreja não está omissa em relação ao
pleito que acontece neste ano.

Na Declaração, a CNBB condena, mais uma vez, a cultura da


corrupção que perpassa as malhas da nossa história política. “A
corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político
brasileiro e vem associando à estrutura econômica que acentua a
legitima desigualdade.”, reforça a declaração, lida pelo vereador.

Os bispos reforçam a importância da Lei 9.840 que já cassou


660 políticos. “É relevante e urgente aplicar com empenho a Lei
9.840, decorrência da qual já foram cassadas em torno de 660
pessoas. Esta lei ajuda assegurar a lisura das eleições na campanha
eleitoral”. Ao mesmo tempo, manifestam apoio ao Projeto de Lei de
Iniciativa Popular, lançado hoje pelo MCCE, “proibindo a candidatura
de quem já foi condenado em primeira instância”.
Integra da Declaração sobre as Eleições Municipais

Nós, Bispos da Igreja Católica no Brasil, reunidos na 46ª


Assembléia Geral da CNBB, de 02 a 11 de abril de 2008, em Itaici,
Indaiatuba, SP, queremos contribuir, como em pleitos anteriores,
com as eleições de 05 de outubro, quando escolheremos o prefeito/a
e os vereadores/as dos nossos municípios.

Os cidadãos e as comunidades eclesiais têm aí um amplo


campo de atuação. A tradição da Doutrina Social da Igreja considera
a participação na política uma forma elevada do exercício da
caridade – uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a
serviço do próximo.

A afirmação do Poder local ganha espaço específico no mundo


globalizado. Urge criar, no âmbito municipal, estruturas que
consolidem uma autêntica convivência humana, promovendo os
cidadãos como reais sujeitos políticos. No município, a política pode
atender às necessidades concretas da população: saúde, educação,
segurança, transporte, moradia, saneamento básico e outras. O
Poder local tem sido ainda mais valorizado através das Redes
Intermunicipais pelo intercâmbio de experiências – sinais de
esperança no mundo planetário.

O voto depositado na urna exige dos eleitores/as e dos


eleitos/as um compromisso com a consolidação da democracia. Os
eleitos/as são chamados a concretizar a mística do serviço, na
esperança e na perseverança, construindo um mandato coletivo, em
busca do bem comum, com a garantia de continuar os projetos
positivos da administração anterior.
Os eleitores/as são convidados a acompanhar os eleitos/as no
cumprimento de sua missão e a valorizar os que atuam com critérios
éticos.

A cultura da corrupção perpassa as malhas da nossa história


política. A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema
político brasileiro e vem associada à estrutura econômica que
acentua e legitima as desigualdades. É relevante e urgente aplicar
com empenho a Lei 9.840, em decorrência da qual já foram cassadas
em torno de 600 pessoas. Esta lei ajuda a assegurar a lisura das
eleições na campanha eleitoral. Para tanto, queremos valorizar os
Comitês contra a corrupção eleitoral. Também apoiamos o Projeto de
Lei de iniciativa popular, complemento à Lei 9.840, proibindo
candidatura de quem já foi condenado em primeira instância.

A formação política para o cumprimento da missão de prefeito/a


e vereador/a exige que a ética seja o farol que oriente os quatro anos
de mandato, num contínuo diálogo entre o Poder local e suas
comunidades. Estamos todos em processo de contínua educação
para a cidadania e o exercício do voto é um dos instrumentos
eficazes para as mudanças necessárias para o País.

A Igreja tem como tarefa iluminar as consciências dos


cidadãos, despertando as forças espirituais e promovendo os valores
sociais, através da pregação e do testemunho. A encíclica Deus
Caritas est, retomada no Documento de Aparecida, exorta os cristãos
leigos/as a assumir compromisso na política, também partidária. Não
corresponde aos Pastores esta tarefa.

476
Convidamos nossas comunidades a realizar debates e
reflexões sobre os programas dos partidos, além das qualidades dos
candidatos.

Propomos critérios para a votação: respeito ao pluralismo


cultural e religioso; comportamento ético dos candidatos/as; e defesa
da vida, da família e da liberdade de iniciativa no campo da educação,
da saúde e da ação social, em parceria com as organizações
comunitárias. Consideramos qualidades imprescindíveis para os
candidatos/as: honestidade, competência, transparência, vontade de
servir ao bem comum, comprovada por seu histórico de vida. Para
tanto, reafirmamos o Documento de Aparecida ao “apoiar a
participação da sociedade civil para reorientação e consequente
reabilitação ética da política” (n. 406).

Que o Espírito de Deus nos acompanhe na tarefa de ajudar a


tornar mais humanos e justos os nossos municípios!

Itaici, Indaiatuba-SP, 9 de abril de 2008

Dom Geraldo Lyrio Rocha


Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira


Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa


Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB

477
Igreja vai orientar voto anticorrupção

Começou ontem e segue até o próximo dia 11 no Mosteiro de


Itaici, em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas, a 46ª
Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB).

Começou ontem e segue até o próximo dia 11 no Mosteiro de


Itaici, em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas, a 46ª
Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) com a participação de mais de 300 bispos e cardeais. O tema
central do encontro é a nova evangelização, mas os bispos também
discutirão as eleições municipais de outubro. O episcopado divulgará
uma mensagem para conscientizar os eleitores da importância de
eleições limpas, sem corrupção e abuso do poder econômico. Os
bispos não pedirão voto a um partido, mas aconselharão o uso de
critérios da moral e ética.

Depois de tantas denúncias de corrupção, a CNBB entende que


as eleições municipais são um momento marcante para ajudar a
construir um País melhor. "É necessário estimular a todos para um
compromisso com a mobilização de combate à corrupção", disse o
secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa.

Desde o ano 2000, 623 políticos tiveram seus mandatos


cassados. Os dados divulgados pela CNBB são do Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral. Independentemente do
posicionamento do episcopado, várias dioceses já estão elaborando
cartilhas para orientar os católicos.
Propaganda eleitoral na Internet só pode ser divulgada em

página exclusiva da campanha

Os candidatos às eleições municipais de 5 de outubro podem

divulgar propaganda eleitoral somente a partir de 6 de julho deste

ano. A propaganda gratuita no rádio e televisão será transmitida de

19 de agosto a 2 de outubro. Essas regras estão disciplinadas na

Resolução 22.718 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que traz


algumas alterações em relação ao último pleito presidencial, em

2006.

Uma dessas novidades é sobre a propaganda eleitoral por meio


da Internet. De acordo com o artigo 18 da Resolução, este tipo de

propaganda só será permitido em página do candidato destinada

exclusivamente à campanha eleitoral. O candidato não é obrigado a

usar terminação "can.br", é facultado o uso de outros domínios. A


página da rede mundial de computadores pode ser mantida até a

antevéspera do pleito, ou seja, até 3 de outubro.

Também está na Internet mais uma novidade da Resolução: as

punições de cassação de registro e inelegibilidade impostas nos

casos de uso indevido de meio de comunicação e abusos e excessos

na divulgação de opinião favorável a candidato, partido ou coligação,

que antes só atingiam matérias da imprensa escrita foram estendidas


à reprodução virtual do jornal na Internet.
Outra alteração trazida pela Resolução 22.718 é sobre o
tamanho das placas, cartazes, pinturas ou inscrições em bens
particulares. Na última eleição, as normas não traziam o tamanho
máximo, apenas disciplinavam que era proibida a propaganda em
tamanho que pudesse configurar uso indevido. Após vários
julgamentos do TSE sobre o assunto durante o pleito de 2006, o
Tribunal disciplinou nesta Resolução que o tamanho máximo para
este tipo de propaganda é de 4m². Quem desrespeitar essa norma
pode pagar multa que varia de R$ 5.320,50 a R$ 15.961,50.

Uma regra sobre debates também foi alterada pela nova


Resolução da propaganda. Quando não havia acordo entre os
veículos de comunicação e os candidatos, era assegurada a
participação de candidatos dos partidos políticos com representação
na Câmara dos Deputados. Agora, a Resolução determina que a
representação de cada partido é aquela resultante da eleição.

A autoridade competente para tomar as providências


relacionadas à propaganda eleitoral e para julgar Representações
sobre o assunto é o juiz eleitoral. Eventuais recursos podem chegar
aos Tribunais Regionais Eleitorais e até ao TSE. Confira outras
regras que os candidatos devem seguir durante a propaganda
eleitoral:

Propaganda intrapartidária

As convenções para escolha dos candidatos pelos partidos


podem acontecer de 10 a 30 de junho. Na quinzena anterior à
convenção, os pré-candidatos podem fazer propaganda
intrapartidária com vistas à indicação de seu nome para concorrer no

482
pleito de 5 de outubro. A propaganda só pode ser feita por meio de
faixas e cartazes afixados em locais próximos da reunião. Não pode
haver propaganda no rádio, na televisão nem na Internet.

Legendas

Em qualquer propaganda de candidato a prefeito deverá


constar, também, o nome do candidato a vice. Se houver coligação
para prefeito, é obrigatória a colocação de todas as siglas do partido
que compõe a chapa abaixo do nome da coligação.

Na coligação para vereador, apenas o partido dele deve ser


informado abaixo da denominação da coligação.

Propaganda paga

É proibido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio


ou na televisão. Nos veículos impressos a propaganda pode ser
divulgada até o dia 3 de outubro. O tamanho máximo, por edição,
para cada candidato, partido ou coligação é de um oitavo de jornal
padrão e um quarto de página de revista ou tabloide. Quem
desrespeitar essas regras pode pagar multa de R$1 mil a R$ 10 mil.

Brindes

É proibida a confecção, utilização e distribuição de camisetas,


chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer

483
outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao
eleitor.

O partido pode, no entanto, comercializar material de


divulgação institucional, desde que não contenha nome, número de
candidato nem o cargo que está disputando.

Outdoors

Assim como nas eleições 2006, continua proibida a


propaganda eleitoral por meio de outdoors. Caso utilizem essa forma
de propaganda, a empresa responsável, os partidos e candidatos
podem ser punidos com multa que varia de R$ 5.320,50 a
R$15.961,50.

Showmícios

Continua proibida a realização de showmício e apresentação


de artistas, mesmo gratuita, nos comícios dos candidatos.
Aparelhagem de sonorização fixa é permitida nos comícios, mas
apenas das 8 às 24 horas.

Os alto-falantes e amplificadores de som podem ser usados


das 8 às 22 horas, desde que à distância de pelo menos 200 metros
de sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e hospitais.
Também não podem ser usados a menos de 200 metros de escolas,
bibliotecas, igrejas e teatros no horário de funcionamento.

484
Bonecos

É permitida a colocação de bonecos e de cartazes móveis ao


longo das vias públicas, desde que não dificulte o bom andamento
do trânsito.

Proibições

Os candidatos não podem afixar propaganda, inclusive placas,


estandartes, faixas e inscrição à tinta ou pichação nos bens públicos
ou de uso comum, como em postes de iluminação pública e
sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes e paradas de
ônibus.

Também não é permitida a colocação de propaganda eleitoral


nas árvores e jardins localizados em áreas públicas, mesmo que não
causem dano.

A propaganda em local proibido pode levar ao pagamento de


multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil, além da restauração do bem público.

Imprensa

Os veículos de comunicação impressos podem emitir opinião


favorável a determinado candidato, desde que não cometam abusos
nem excessos. Já as emissoras de rádio e televisão não podem dar
tratamento privilegiado nem veicular opinião favorável ou contrária a
candidato, partido ou coligação.

485
As emissoras também não podem divulgar filmes, novelas ou
minisséries ou qualquer outro programa que faça alusão ou crítica a
candidato.

Desde a escolha em convenção, os candidatos não podem


apresentar nem comentar programas.

As emissoras, assim como as páginas mantidas pelas


empresas de comunicação social na Internet que desrespeitarem
essas regras podem pagar multa que varia de R$ 21.282,00 a R$
106.410,00. Esses valores podem ser duplicados se a emissora
cometer a infração novamente.

Assessoria: TSE

486
Projeto de Lei Nº, de 2009
(Do Sr. Dr. Talmir)

Institui o Sistema Nacional de Certificação da Produção da


Agricultura Familiar e cria o Selo de Qualidade da Produção da
Agricultura Familiar.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o Sistema Nacional de Certificação


dos Produtos Oriundos da Agricultura Familiar e cria o Selo de
Qualidade da Produção da Agricultura Familiar, destinado a
identificar a procedência e classificar os produtos oriundos da
Agricultura Familiar e de Empreendimentos Familiares Rurais,
conforme conceituados na Lei nº 11.326, de 24 julho de 2006.

Parágrafo único. É facultativa a adesão dos agricultores


familiares e de seus empreendimentos ao Sistema.

Art. 2º São objetivos do Sistema:

I – o estabelecimento e a manutenção da confiança do


consumidor na produção oriunda da Agricultura Familiar;

II – A criação de imagem associada à produção específica da


Agricultura Familiar;

III – a elevação da qualidade dos produtos agropecuários e


artesanais colocados à disposição do consumidor.
Art. 3º Fica criado o Selo de Qualidade da Produção da
Agricultura Familiar com o objetivo de identificar e classificar os
produtos certificados, conforme padrões a serem estabelecidos no
regulamento desta Lei.

§ 1º O Selo referido no caput será concedido à produção de


Agricultor Familiar ou de seus Empreendimentos, que aderirem ao
Sistema, mediante critérios e formalidades definidos em regulamento
do Poder Executivo.

§ 2º O Selo será concedido por entidade certificadora pública


ou privada, credenciada junto ao órgão público coordenador do
Sistema, na forma estabelecida no Regulamento.

Art. 4º É prerrogativa do agricultor familiar ou de seus


empreendimentos que aderirem ao Sistema:

I – Utilizar o Selo de Qualidade da Produção da Agricultura


Familiar no rótulo de seus produtos e em suas peças publicitárias;

II – Ser citado nas publicações promocionais e nas listagens


sistemáticas dos fornecedores de produtos certificados;

III – ter acesso privilegiado aos recursos do Sistema Nacional


de Crédito Rural, instituído pela Lei nº 4.829, de 5 de novembro de
1965, e à venda de produtos a programas governamentais de
aquisição de alimentos para formação de estoques e para a merenda
escolar.

Art. 5º O Sistema de que trata essa Lei integrará os esforços de


entidades federais, estaduais e municipais, e de organizações não
governamentais que atuem em apoio à Agricultura Familiar, e sua

488
gestão deverá ser contar com o assessoramento de Conselho
formado por representantes desses segmentos.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor quarenta e cinco dias após a data
de sua publicação.

Justificação

É amplamente reconhecida a relevância da Agricultura Familiar


no setor agropecuário nacional. Sua importância econômica e social
tem sido, repetidamente, informada e analisada. A maior parte da
produção de alimentos do Brasil é oriunda desse importante
segmento. 38% do Valor Bruto da Produção do setor provém da
Agricultura Familiar. Ela é responsável, também, por cerca de 49%
do milho produzido no País, 70% do feijão, 84% da mandioca, 25%
do café, 32% da soja, 40% da produção de aves e ovos, 54% do leite
e por 58% da carne suína.

E, importante registrar, 77% dos empregos gerados no meio


rural integram esse segmento.

Hoje, decorridos mais de doze anos do lançamento do


PRONAF, a produção oriunda da Agricultura Familiar diversificou-se:
não apenas os alimentos básicos ou os produtos in natura fazem
parte do conjunto de bens oferecidos à população. Também produtos
industrializados em pequenas unidades fabris, de domínio individual
ou coletivo, assim como produtos de artesanato, também oriundos
de matérias-primas agropecuárias ou do meio rural são ofertados
pelo grande número de agricultores familiares do País.

489
Torna-se necessário, entretanto, melhor organizar a produção
e, principalmente, a comercialização dessa grande produção, como
forma de firmar-se uma “marca”, uma imagem positiva associada ao
produto e que se permita, por aí, implementarem-se políticas públicas
de incentivo à produção oriunda desse segmento.

Não é outro o objetivo desse Projeto de Lei, que propõe a


criação de um Sistema de Certificação de todos os produtos oriundos
da Agricultura Familiar e a implementação de um “Selo” de qualidade
e de certificação que caracterize o produto como de procedência
desse importante segmento de que aqui se trata.

Temos certeza de que, dessa forma, estaremos contribuindo


significativamente para elevar a confiança do consumidor brasileiro
nos produtos dela originados, bem como estaremos permitindo maior
amplitude de ação para o desenho de novas políticas públicas de
incentivo aos agricultores familiares e a suas pequenas entidades
empresariais.

Peço, portanto, apoio dos nobres pares a essa proposição.

Sala das Sessões, em de 2009.

Deputado Dr. TALMIR

490
Projeto de lei N.º 5.129 (5.126), DE 2009

Institui a Semana da Vida a ser celebrada de 1 a 8 de outubro


de cada ano.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Fica instituída a Semana da Vida a ser celebrada de 1 a


8 de outubro de cada ano.

Art. 2º Na Semana da Vida, serão desenvolvidas atividades


educativas, informativas, de promoção, e de celebração e de
conscientização da vida como o bem maior da sociedade.

Art. 3º Cabe ao Poder Executivo regulamentar esta lei.

Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Justificação

O Congresso Nacional já criou várias datas comemorativas


para uma infinidade de temas. A grande maioria está voltada a
incentivar a prevenção de algum problema específico que ameaça a
comunidade. Todavia, o mais abrangente dos enfoques ainda não foi
objeto de nossa preocupação. A vida humana é o maior de nossos
bens. Assim, é nossa obrigação tomar todas as iniciativas possíveis
para preservar a vida, desde seu início até seu fim.

Nesse sentido, em defesa da vida estão integradas todas as


nossas lutas, seja pela preservação do meio-ambiente, por melhores
condições de saúde, pelos pobres, pela inclusão social, no combate
à fome, e todas demais direcionadas a defender a vida.
Devemos levar a todos os cidadãos brasileiros o princípio
fundamental de que o direito à vida precede quaisquer outros direitos.
Todas as culturas reconhecem o valor inviolável da vida.

Nada mais adequado, portanto, que se destine uma semana


para que essa questão essencial para a consolidação de uma
sociedade mais igualitária e justa seja objeto de atividades que
possibilitem a mais ampla conscientização de nossa sociedade sobre
o valor da vida.

Ademais, seria uma grande oportunidade para que se


debatessem novas alternativas para se enfrentar tantos problemas
que ameaçam a vida dos brasileiros, como a violência, as precárias
condições de atenção à saúde, o desemprego e uma série de outras
questões que afligem nossa sociedade.

A criação da Semana Nacional pela Vida será um grande


momento da democracia brasileira e uma forma especial de se valer
da nossa Constituição Federal, que considera a vida como o valor
mais importante a ser protegido pelo Estado.

Pelo exposto, conclamamos os ilustres pares a apoiar a


presente iniciativa.

Sala das Sessões, em 28 de abril de 2009.

Deputado DR. TALMIR

PV/SP
Atenção! A próxima tarefa é resistir à reforma política do PT,
que golpeia a democracia, com a ajuda das batinas da CNBB e
dos terninhos mal cortados da OAB Nacional

Vai prosperar? Não sei! Considerando a simpatia meio bovina


com que já conta na imprensa, é até possível que o petismo —
disfarçado de OAB, de CNBB e de um tal MCCE (Movimento Contra
a Corrupção Eleitoral) — consiga levar adiante a sua impressionante
pauta da reforma política. Trata-se de uma estrovenga que, se
aprovada, […].

Vai prosperar? Não sei! Considerando a simpatia meio bovina


com que já conta na imprensa, é até possível que o petismo —
disfarçado de OAB, de CNBB e de um tal MCCE (Movimento Contra
a Corrupção Eleitoral) — consiga levar adiante a sua impressionante
pauta da reforma política. Trata-se de uma estrovenga que, se
aprovada, avançará nos cofres públicos, aumentará brutalmente o
dinheiro clandestino nas campanhas e entregará o país,
definitivamente, a burocracias partidárias — ainda que fantasiadas
de “movimentos sociais”.

Essas entidades que cito formaram uma tal “Coalizão para a


Reforma Política”, sob a inspiração do PT, sim, senhores! Segundo
pretensão noticiada pela Folha, os valentes acham que podem criar
um “movimento como as Diretas-Já” e intimidar o Congresso. A turma
quer se apresentar como voz da sociedade civil — curiosamente,
essa “sociedade civil” tem a mesma pauta de Dilma, que é a pauta
do… PT. Eu sinto uma vergonha alheia da OAB!…
Querem ver que mimo? Se for para fazer uma reforma política
pra valer, é evidente que o mais avançado “no que se refere” (como
diria aquela senhora…) à participação do eleitor seria o voto distrital:
um grupo “x” de eleitores, pertencentes a um território delimitado (o
distrito), faria a sua escolha entre as opções oferecidas pelos vários
partidos. Assim, os moradores de determinada região saberiam que
o deputado Fulano de Tal é o seu representante. Para ser mais
preciso: São Paulo tem 70 deputados na Câmara. O Estado seria
dividido em 70 distritos e cada um teria o seu eleito.

Em vez disso, o PT e a tal Coalizão comparecem ao debate


com uma esdrúxula forma de eleição da Câmara em dois turnos: no
primeiro, os eleitores votariam no partido — e assim se definiria
quantas vagas cada legenda teria. Num segundo turno, votariam num
nome segundo uma lista partidária. É o caminho para levar para o
Congresso burocratas de sindicatos, de movimentos sociais e de
ONGs que não seriam eleitos nem síndicos de seu edifício.

Como é preciso embalar uma estupidez com o embrulho da


demagogia fácil, a turma quer que a lista de candidatos do partido
tenha o mesmo número de homens e mulheres. Trata-se de uma
forma de forçar uma presença feminina maior no Congresso pela via
da burocracia.

Os valorosos amigos do povo também querem proibir a doação


de empresas a campanhas. Essa história nasce da mentira de que
escândalos como o petrolão têm origem no financiamento de
campanha. É mentira! Safadezas como aquela nascem da
prerrogativa que tem o Executivo de nomear quem lhe der na telha.
Aquilo é roubo, não é política. De toda sorte, se a lei vetar doações
de empresas, elas continuarão a ser feitas por baixo dos panos. Aí,

494
sim, de maneira inequívoca, o processo político brasileiro vai para a
clandestinidade.

Os petistas disfarçados querem que as doações privadas se


restrinjam a pessoas físicas. Essa modalidade constituiria, no
máximo, 40% dos gastos; o resto viria do Tesouro. Atenção: as
eleições deste ano custaram algo em torno de R$ 100 bilhões. O
Tesouro tem esse dinheiro sobrando? Quer dizer que, quando a lei
proibir doações de empresas, as empreiteiras e os bancos ficarão
fora do processo eleitoral? É uma piada!

Mais: o dinheiro público seria distribuído segundo qual critério?


Evidentemente, terá de levar em conta a densidade eleitoral dos
partidos, não é? O modelo privilegia as grandes legendas e ferra as
menores. Quando o PT era minoria na Câmara, jamais aceitaria esse
modelo. Agora que é maioria, pretende implantá-lo.

Mais: os petistas têm hoje sob seu controle uma vastíssima


rede de sindicatos que faz campanha ilegal para o partido. Ilegal
porque a Lei 9.504 proíbe entidades sindicais de fazer doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro. Quando a CUT mobiliza a sua
tropa em favor do PT, incluindo a infraestrutura que serve à central,
aquilo é ou não estimável em dinheiro? A Justiça Eleitoral é
incompetente até para tolher esses óbvios abusos. Imaginem se teria
condições de coibir as doações de empresas privadas, que
passariam, então, a ser totalmente ilegais.

Como essa gente faz entre si competição de bobagem, uma


das propostas prevê que se dê mais dinheiro ao partido que
apresentar candidatos indígenas. Já posso ver os dirigentes de
legendas estacionando seus carros no acostamento da Rio-Santos,
em São Paulo, em busca de “companheiros silvícolas”. Por que não
495
incluir os gays, os míopes, os muito magros, os muito gordos, os
amarelos, os superdotados, os subdotados?… Parece piada, mas é
verdade.

No fim das contas, essa besteirada toda surge de uma falácia


criada pelo petismo — endossada, na prática, por OAB, CNBB etc.
— segundo a qual os companheiros só são notavelmente corruptos
por culpa do… sistema! Uma ova!

A próxima tarefa das pessoas empenhadas em defender a


democracia, acreditem, é lutar contra a proposta de reforma do PT,
que vem disfarçada com as batinas da CNBB, os terninhos mal
cortados da OAB Nacional e o ongueirismo que não ousa dizer seu
nome.

Eles querem é começar a dar o golpe das urnas.

496
A Reforma Política da CNBB, OAB e outros. Que outros?
por Percival Puggina. Artigo publicado em 29.07.2014

Buscando informações sobre o projeto de reforma política que


vem sendo objeto de coleta de assinaturas, descobri uma nova
dimensão da hegemonia que se estabeleceu sobre a nação. Qual o
partido ou tendência ideológica que lhe vem à mente quando eu
menciono MST, CUT, Via Campesina, CONTAG, UNE? Pois bem,
fazendo a tal busca, obriguei-me a ler as 23 páginas do projeto de lei
que "dispõe sobre o financiamento das campanhas eleitorais e o
sistema de eleições proporcionais". Tratei, igualmente, de saber de
onde ele veio. Esse projeto, foi divulgado em outubro do ano passado
pelo movimento Eleições Limpas (www.eleicoeslimpas.com.br) e
hoje é acionado por uma certa Coalizão pela Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas (procure no Google por esse nome e
clique em "Quem somos").

Vê-se, ali, que a coalizão é formada por 99 entidades - sim,


você leu certo, 99! - contadas uma a uma. Entre as já mencionadas,
ainda encontrei outros velhos conhecidos: FENAJ, UBES
(estudantes secundaristas), CNTE ("trabalhadores" em educação),
CONIC (aquele Conselho Nacional de Igrejas Cristãs que apoiou
oficialmente o PNDH-3), o MMC (Movimento das Mulheres
Camponesas, aquelas que invadiram os laboratórios da Aracruz em
2006), um certo Fórum Paulista de Participação Popular (cujo site é
encimado por peça publicitária de um candidato do PT a deputado
federal), a Via Campesina, a UBM (entidade de mulheres pró-aborto),
RFS (Rede Feminista de Saúde, pró-aborto), a REBRIP (rede de
ONGs e movimentos sociais com propostas "alternativas"), a Liga
Brasileira de Lésbicas, o Movimento Evangélico Progressista, a
Articulação Mulheres Brasileiras (pró-aborto e contra os direitos dos
nascituros). E por aí vai. Sabe quando a oposição conseguirá reunir
algo semelhante a esse formidável elenco de militantes ONGs,
grupos, movimentos, uniões, conselhos, redes, ligas, associações,
federações, centrais, etc.?

Encimando a lista, mas como fios da mesma meada, luzem os


logotipos e as siglas da CNBB e da OAB. Isso mesmo. Mais uma vez,
você leu certo. As duas entidades, juntam-se a estranhíssimas
parcerias, revolucionárias umas, desrespeitadoras da lei outras,
objetivamente criminosas outras mais, para propor à nação uma
"reforma política" praticamente igual à que o PT sempre pretendeu.
Quem duvida, informe-se. O 3º Congresso do PT, em 2007, definiu-
se por uma reforma política que estabelecesse: 1) o financiamento
público das campanhas; 2) o voto em listas fechadas; 3) a
representação de gênero, raça e etnia. O projeto da Coalizão: 1) cria
o financiamento público e proíbe o financiamento de empresas; 2)
estabelece o voto em lista fechada; 3) gratifica com mais recursos
públicos o partido que apresentar candidatos de segmentos sociais
minoritários. E faz dois adendos ao projeto do PT: 1) admite o
financiamento de pessoas físicas até o limite de R$ 700; 2)
acrescenta à proposta petista um segundo turno nas eleições
parlamentares para o ordenamento final das cadeiras por voto
nominal. Nem uma palavra, nem um pio, sobre o que mais importa:
delegar a chefia de Estado e a chefia de governo a pessoas distintas,
impor o desaparelhamento partidário da administração pública e
estabelecer o voto distrital misto.

498
Com esses apoiadores e tanta identidade de pontos de vista,
eu não preciso saber mais para compreender a quem serve esse
projeto. E concluo: se ele serve a quem serve, não serve ao Brasil.

* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site


www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-
Grandense de Letras.

499
Reforma Política da CNBB? Não assine!

por Percival Puggina. Artigo publicado em 28.04.2015

Sou leigo católico. Não faz parte de meus deveres de batizado


seguir a orientação da CNBB para uma reforma política no Brasil.
Reforma política é tema político e quem entra na pauta vai,
necessariamente, para o contraditório. Ao se comprometer tanto com
o assunto, a CNBB se envolve em algo que não lhe diz respeito e
onde, mesmo entre juristas e cientistas políticos, as opiniões
divergem. Como leigo, sou membro do Corpo Místico de Cristo (que
é a própria Igreja, cuja unidade defendo e integro), mas quando a
Conferência envereda no campo político, é ela que desliza para o
espaço das opiniões e para os conflitos inerentes a essa atividade,
desligando-se do que deve ser unitário. Nem fica bem invocar a
unidade para eximir-se do contraditório, ou para fazer um tipo de
crítica que tenta desqualificar a crítica.

Um grupo de 112 entidades uniu-se em torno de um projeto de


reforma política para o país. Seguindo a velha cartilha da
mobilização, iniciaram coleta de assinaturas, em busca do mínimo
constitucionalmente exigido para os projetos de iniciativa popular -
1,5 milhão de adesões. O projeto foi amplamente divulgado em
outubro de 2014 pelo movimento Eleições Limpas
(www.eleicoeslimpas.com.br) e hoje é acionado por uma certa
Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas
(procure no Google por esse nome e clique em "Quem somos").

Examine a lista e depois me responda: qual o partido ou


tendência ideológica que lhe vem à mente quando lê MST, CUT, Via
Campesina, CONTAG, UNE, FENAJ? Em meio a uma batelada de
ONGs que vivem às nossas custas, com acesso franqueado a verbas
públicas, também integram a tal Coalizão: o MMC (Movimento das
Mulheres Camponesas, aquelas que destruíram os laboratórios da
Aracruz em 2006 e atacaram recentemente, em Itapetininga, um
laboratório da Suzano Papel e Celulose), a UBM (entidade de
mulheres pró-aborto), a RFS (Rede Feminista de Saúde, pró-aborto),
a REBRIP (rede de ONGs e movimentos sociais com propostas
"alternativas"), a Liga Brasileira de Lésbicas, o Movimento
Evangélico Progressista, a Articulação Mulheres Brasileiras (pró-
aborto e contra os direitos dos nascituros). Que interesses em
comum podem ter com a CNBB?

Qualquer pessoa minimamente informada percebe que "tem PT


nesse negócio". E tem. A proposta é um espelho das questões
centrais do projeto petista de reforma política: voto em lista
(acrescentando um segundo turno com voto nominal); financiamento
exclusivamente público, ou seja, custeado pelos pagadores de
impostos; um reforço aos instrumentos de democracia direta
(bebendo água no Decreto Nº 8243, aquele dos sovietes). Agora,
uma diferença. Enquanto a proposta petista falava em igual número
de candidaturas masculinas e femininas aos cargos legislativos, a
proposta da CNBB é mais moderninha e fala em igualdade de
"gênero". Pode? Pode. É a CNBB. Enfim, a concepção do projeto é
tão petista que o site do PT, em 26 de fevereiro, comemorou o
manifesto da CNBB, conforme pode ser lido em
(http://www.pt.org.br/cnbb-e-oab-lancam-manifesto-em-apoio-a-
reforma-politica/).

502
Os católicos já foram solicitados pela CNBB, em 2002, a
assinar por um calote da dívida externa (chamado de "auditoria") que
absolutamente não era necessário; convidados a assinar por um
plebiscito e uma nova constituinte que a ninguém interessou;
convencidos de que a salvação moral da política viria da lei da ficha
limpa (uma lei boa, aliás) que precedeu a maior ladroagem da
história. Agora estão escaldados, e as assinaturas pela Reforma
Política patinam, distantes do 1,5 milhão de adesões. Por isso, surgiu
um formulário suprimindo do cabeçalho os nomes das entidades que
revelam a vinculação da iniciativa aos já desacreditados interesses
petistas. Desculpem-me, mas isso não se faz. Parece coisa de,
digamos assim, petistas.

* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site


www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-
Grandense de Letras.

503
Bomba! Arcebispo de Salvador diz que reforma encabeçada
pela CNBB não tem consenso dos bispos

Em entrevista à agência de notícias Zenit, o arcebispo de São


Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos
Krieger, disse com todas as letras que o projeto de reforma política
atualmente encabeçado pela CNBB não conta com o consenso da
maioria dos bispos do Brasil, e reflete somente a ideia de um
pequeno grupo reunido em comissão.

Querem saber mais? Dom Murilo afirmou que algumas das


propostas contidas nesse projeto de reforma nem ao menos
correspondem ao que a maioria dos bispos do Brasil defendem:

“Ao aceitar participar de uma iniciativa que engloba dezenas de


entidades, deu no que deu. Insisto: tais propostas não tiveram a
participação de todos os Bispos; são fruto, sim, de uma reflexão que
envolveu principalmente algumas comissões episcopais.”
A reforma política é necessária, mas tem que reformar para
melhor, não pra pior. Em vez de reunir os bispos do Brasil em
assembleia e, assim, formular uma proposta de reforma que esteja
de acordo com os valores do Evangelho, a CNBB simplesmente
abraçou um projeto defendido por mais de 100 entidades de
esquerda, entidades essas, em sua grande maioria, difusoras de
valores anticristãos, como o aborto, o gayzismo e a ideologia de
gênero.

A equipe do nosso blog já havia feito esse alerta em julho do


ano passado (confira aqui), a custo de uma chuva de pedradas. Muita
gente nos acusou de fomentar a divisão na Igreja e alguns nos
chamaram até de hereges! Quem sabe agora, depois de ouvir as
declarações de ninguém mais ninguém menos do que o Primaz do
Brasil, o povo saia das trevas e abra a mente.

Boa parte dos católicos alimenta o pensamento equivocado de


que os fiéis brasileiros devem obediência a tudo o que é determinado
pela CNBB. Quem pensa assim não faz a menor ideia do que seja a
CNBB e qual a função destinada a ela, segundo o Código de Direito
Canônico. Um fiel católico deve obediência a seu pároco, ao bispo
local e ao Papa. Ponto!

A CNBB, na verdade, é uma instituição que busca reunir os


bispos de todo o Brasil em torno de projetos comuns de
evangelização e caridade. Possibilita, dessa forma, que os bispos
reúnam forças e facilita a comunicação entre as dioceses do Brasil e
a Santa Sé. E que fique claro: a CNBB não está acima da autoridade
legítima que cada bispo tem em sua própria diocese!

A reforma política é necessária, mas tem que reformar para


melhor, não pra pior. Em vez de reunir os bispos do Brasil em
506
assembleia e, assim, formular uma proposta de reforma que esteja
de acordo com os valores do Evangelho, a CNBB simplesmente
abraçou um projeto defendido por mais de 100 entidades de
esquerda, entidades essas, em sua grande maioria, difusoras de
valores anticristãos, como o aborto, o gayzismo e a ideologia de
gênero.

A equipe do nosso blog já havia feito esse alerta em julho do


ano passado (confira aqui), a custo de uma chuva de pedradas. Muita
gente nos acusou de fomentar a divisão na Igreja e alguns nos
chamaram até de hereges! Quem sabe agora, depois de ouvir as
declarações de ninguém mais ninguém menos do que o Primaz do
Brasil, o povo saia das trevas e abra a mente.

Boa parte dos católicos alimenta o pensamento equivocado de


que os fiéis brasileiros devem obediência a tudo o que é determinado
pela CNBB. Quem pensa assim não faz a menor ideia do que seja a
CNBB e qual a função destinada a ela, segundo o Código de Direito
Canônico. Um fiel católico deve obediência a seu pároco, ao bispo
local e ao Papa. Ponto!

A CNBB, na verdade, é uma instituição que busca reunir os


bispos de todo o Brasil em torno de projetos comuns de
evangelização e caridade. Possibilita, dessa forma, que os bispos
reúnam forças e facilita a comunicação entre as dioceses do Brasil e
a Santa Sé. E que fique claro: a CNBB não está acima da autoridade
legítima que cada bispo tem em sua própria diocese!

507
Engana-se quem pensa que tudo o que sai com o selo “CNBB”
reflete o pensamento comum de todos os bispos, ou da maioria deles.
Muitas decisões são tomadas
somente por pequenos grupos,
reunidos em comissões. Bem
diferente das decisões da CNBB
que são tomadas após a reunião
de uma grande assembleia geral
de bispos, em que todos votam
para comunicar seu acordo ou
desacordo com as propostas.

Por não estarem devidamente advertidos sobre os graves


problemas desse projeto de reforma, muitos padres e leigos bem-
intencionados estão recolhendo assinaturas de apoio ao projeto, em
diversas paróquias no Brasil. Isso precisa parar! Queira Deus que
outros bispos imitem a coragem e zelo pastoral de Dom Murilo
Krieger, e manifestem sua insatisfação com essa tentativa de
transformar o Brasil em Venezuela, onde falta democracia e papel
higiênico (não faz mal, não faz mal, limpa com jornal!).

Para conferir a entrevista de Dom Murilo Krieger, na íntegra,


clique aqui.

Se você deseja ser informado sobre todas as nossas novas


publicações, além de curtir nossa fanpage, você precisa passar o
mouse por cima do botão "Curtiu" e clicar em "Receber notificações"
ou "Adicionar às listas de interesses".

508
Eleições 2016

Vamos votar por um Brasil mais justo e mais humano

A quem vamos eleger nas eleições desse ano?

Vamos eleger, para cada município, prefeito, vice-prefeito e


vereadores. Eles compõem os poderes Executivo e Legislativo,
respectivamente.

Quais as funções dos vereadores?

São as seguintes: (1) Representar o povo de seu município na


Câmara Municipal; (2) Propor e aprovar leis de interesse do
município e do povo; (3) Dão posse ao prefeito e vice-prefeito; (4)
Aprovam o orçamento do município; (5) Fiscalizam a administração
municipal; (6) Acompanham a forma como os recursos públicos estão
sendo utilizados; (7) Julgam, e aprovam ou desaprovam,
anualmente, a prestação de contas da prefeitura;

(8) Podem pedir ao prefeito, ou a seus secretários, que


compareçam na Câmara Municipal para dar explicações de seus atos
no que se refere as suas funções; (9) Podem instalar, se assim
julgarem necessário, uma Comissão Parlamentar para investigar
possíveis irregularidades cometidas pelo prefeito e seus secretários;
(10) Podem processar, julgar e cassar tanto prefeito como algum de
seus pares (os próprios vereadores); (11) Podem sugerir ao prefeito
obras em favor da população

Quais as funções do prefeito?

São as seguintes: (1) Administrar o município; (2) Manter


funcionando, e funcionando bem, os serviços públicos essenciais à
população, como recolhimento de lixo e limpeza das ruas; transporte
coletivo e sistema viário eficientes que permitam o deslocamento por
todo o município; hospitais e postos de saúde bem equipados e com
médicos, enfermeiros e quadro técnico capacitados e em número
suficiente para atender quem necessita de tratamento; escolas e
creches de boa qualidade e em quantidade suficiente para matricular
todas as crianças do município em idade de frequentar a educação
infantil e o ensino fundamental; segurança e preservação da ordem
pública, proteção das pessoas e do patrimônio (com ajuda do Estado,
a quem estão subordinados o corpo de bombeiros e as polícias militar
e civil, mas podendo o município construir guarda municipal para

510
proteger seus bens, serviços e instalações); saneamento básico
(água e esgoto tratados) em todos os bairros; energia elétrica nas
residências e iluminação nas vias públicas; (3) Constituir sua equipe
de secretários e outros cargos de confiança; (4) Obedecer as leis
elaboradas pela Câmara Municipal, como a Lei Orgânica do
Município, por exemplo; (5) Prestar contas à Câmara Municipal de
todo o dinheiro arrecadado pelo município, de todo o dinheiro
recebido do Estado e da União durante um ano (a prestação de
contas é anual); (6) Estar em contato com representantes da
sociedade civil. Para aprofundar as funções de vereadores e
prefeitos, consulte o site do Ministério Público Federal:
www.mpf.mp.br e busque as áreas de seu interesse.

Por que é importante saber quais são as funções de


vereadores e prefeitos?

Porque não é possível votar bem sem saber o que cabe a eles
fazer. Se não conhecemos suas atribuições, como escolheremos?
Sabendo o que devem fazer teremos muito mais critérios para
escolher quem dentre os candidatos têm mais condições de cumprir
o que deles é exigido.

Todos os candidatos têm condições de cumprir com as


funções que devem assumir?

Não. Muitos se candidatam sem ter a mínima noção do que


fazer se forem eleitos. Cabe ao povo que os elege separar, durante

511
a “campanha política”, os que sabem dos que não sabem a que
serviço estão se candidatando.

Os candidatos que conhecem as funções a que estão


candidatando são os candidatos em quem devemos votar?

Não. Porque muitos sabem o que terão que fazer, mas não
estão dispostos a fazê-lo. Este é uma tarefa que exige atenção e
discernimento: descobrir quem se candidata para se beneficiar do
cargo quando eleito, daquele que se candidata com a intenção de
colocar-se a serviço do povo.

Como fazer esse discernimento?

Não é fácil, mas é possível. Basta que tenhamos mais interesse


pela política, que saibamos da importância do nosso voto e que
assumamos o nosso lugar de cidadãos na sociedade. Três dicas nos
ajudam neste discernimento: 1. Ver como o candidato se comporta
no seu dia a dia, se é honesto, se tem interesse pelo bem comum.
Quem não é honesto em seus negócios pessoais, também não o será
nos públicos; 2. Sondar o passado do político do candidato. Se já
ocupou algum cargo público, olhar com atenção para as condições
que tem de cumprir ou não cumprir com o que promete; 3. Observar
se há unidade entre a pessoa que fala e o que ela fala. É fácil
perceber quando alguém está fazendo pouco caso do povo; as
atitudes pessoais e públicas confirmam ou desmentem o que sai da
boca dos candidatos. Quem levar em conta estas três dicas e ficar

512
atento aos candidatos durante a campanha eleitoral terá grande
possibilidade de votar bem.

Que cuidados devo ter ao votar?

Todos, a começar por optar por aqueles candidatos que de fato


demonstram que estão dispostos a colocar-se a serviço do povo, das
pessoas. Não se deve votar em alguém só porque é parente, ou é do
bairro, ou da mesma igreja. Nem sempre os que estão mais perto de
nós são os que estão dispostos a buscar o bem de todos. Antes de
votar, faça-se a seguinte pergunta: “O candidato em quem pretendo
votar está disposto a colocar-se a serviço de todo o povo?”. Se a
resposta for não, procure outro candidato.

Mas quase todos os candidatos pensam no salário que


terão se forem eleitos…

Não há nenhum problema nisso, é justo que pensem no salário


que receberão, pois têm o direito de receber aquilo que é justo que
recebam. O importante é que não sejam candidatos só pelo que
receberão, e que não se candidatem pensando em usar do que é do
povo para enriquecer ilicitamente. Quem pensa mais em si e no seu
bem pessoal não merece ser votado.

O que é corrupção?

O termo corrupção vem do latim e significa “o ato de quebrar


aos pedaços”, de “decompor”, de “deteriorar”. A corrupção, portanto,

513
é oferecer e/ou receber algo a que não se tem direito, beneficiando-
se assim de uma mentira. No que que diz respeito aos cargos de
vereador e prefeito, bem como de outros cargos vinculados ao voto
popular, a corrupção caracteriza-se por usar para o proveito pessoal
– próprio ou de ouros – aquilo que pertence a todo o povo.

Que prejuízo a corrupção traz ao bem público?

Um prejuízo incalculável! Quem pratica engana, zomba,


prejudica e empobrece todo o povo, já que usa em seu proveito aquilo
que deveria estar sendo utilizado em favor de todos. A corrupção é
roubo descarado, é crime contra o bem comum e deve ser punido
rigorosamente. Em nome da verdade e do bem público, não se pode
admitir, pactuar ou ficar indiferente à corrupção. Quem vota em
candidato corrupto, e o faz com consciência, passa a ser tão
criminoso quanto aquele em quem votou.

Podemos vencer a corrupção?

Sim. E já o estamos fazendo. O Brasil foi ferido gravemente por


ela (e pela maioria dos partidos políticos), mas está recuperando
bem. E além de estarmos descobrindo os remédios que levam à cura,
estamos agora muito mais atentos para não nos deixarmos enganar
novamente. Daí a importância de votarmos com consciência,
escolhendo dentre os candidatos aqueles que julgamos os melhores
para as funções a que se candidatarem. Não podemos sentar e
chorar apenas; temos de nos levantar, corrigir o que está errado e
seguir em frente, com coragem e confiança.

514
Concluindo

“Peço a Deus que cresça o número de políticos capazes de


entrar num autêntico diálogo que vise efetivamente sanar as raízes
profundas e não a aparência dos males do nosso mundo. A política,
tão malvista, é uma sublime vocação, é uma das formas mais
preciosas de caridade, porque busca o bem comum. Rezo ao Senhor
para que nos conceda mais políticos que levem verdadeiramente a
sério a sociedade, o povo, a vida dos pobres” (A Alegria do
Evangelho, 205).

Padre Cristovam Lubel

515
Pessoas citadas nas delações homologadas
Gabinete da Presidência – 30/01/2017
Encontro sobre cidadania e política
Carta Convite

A política é uma das formas


mais altas da caridade,
porque busca o bem comum.

Tendo em vista que nos aproximamos das eleições municipais


de 2016, visando o bem de nosso município e o objetivo de realizar
uma campanha eleitoral pautada nos valores éticos e em defesa da
cidadania; vimos por meio desta convidar os prezados candidatos da
coligação “Futuro certo para Emilianópolis” dos partidos PMDB, DEM
e PSDB nas pessoas do candidato a prefeito, Sr. Wesner Gutierrez
Ribeiro, seu candidato a vice-prefeito José Aparecido Ferreira, e seus
13 candidatos a vereadores: Isabel Cristina dos Santos, Jayme
Soares Ribeiro, Marcos Antônio Breschi, Lucas de Oliveira Ferreira,
Selma de Almeida Lopes Passone, Juliana Ferreira da Silva, Eliete
de Lima Felício, Eloisa Correa, Olimpio Aparecido da Silva, Salvador
Tavora, Adna Matias Dos Santos, Lucas Franco de Amorim, Jorge
José Bezerra, para um encontro amistoso sobre Ética e Política, a
fim de que durante a campanha tudo ocorra de forma mais tranquila
para o bem de todos nós.

Data: 31 de agosto de 2016 (quarta-feira).

Horário: 20hrs.

Local: Centro Pastoral.

Atenciosamente, contamos com a presença de todos.


__________________________ ______________________
Mons. Expedito Pereira Cavalcante, Pe. Rafael Andreatta,
Pároco da Paróquia N. Sra. Aparecida Vigário paroquial Paróquia N.
de Emilianópolis. Sra. Aparecida de Emilianópolis.

Observação: Este encontro não se trata de um debate político, onde,


os candidatos apresentariam suas propostas. Nossa intenção é
refletir sobre a Ética e a Política

520
Homilia na Missa pelos políticos eleitos
(Gestão quadriênio 2017-2020)

Prezados irmãos e irmãs (se possível citar nomes)

“Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu próprio Filho;
quem nele crê não perece, mas tem a Vida Eterna” (Jo 3, 16).

Mas, o que isto significa para nós e para vocês que ora estão
assumindo uma grande responsabilidade que é aquela
responsabilidade de administrar um pequeno fragmento, uma
pequena fração, mas que é parte constitutiva de um grande povo, de
uma grande nação que se chama Brasil, nação esta, país este que
no presente momento histórico é tão procrastinado e tão ferido por
uma administração política sem escrúpulo, sem ética, sem amor. Que
este não seja, jamais, o nosso posicionamento. E Deus, nosso
Senhor e Criador, “amou tanto o mundo” e vendo a situação como a
que nós vivemos, nos deu seu próprio Filho para que aqueles que
nele creem não pereçam, mas tenham a vida eterna, isto é, tenham
vida plena, tenham vida em abundância (Jo 10, 10).

Como poderá ter vida plena um país, uma nação cujos


governantes e aqueles que têm poder e força de influência e até
determinação forçam as circunstâncias, para tirar vantagens escusas
de tal situação? Para conseguir seus intentos criam leis que os
favoreçam e refestados nelas, prejudicam o povo e caminham
tranquila e serenamente, intencionalmente, à revelia da Lei de Deus.
É por isso mesmo que, nós não podemos alcançar as bênçãos de
Deus, apesar de sua generosidade. Caminhar à revelia e na
contramão da Lei Deus é atrair sobre si a maldição.
E nós, jamais, queremos caminhar na contramão da Lei Deus
e atrairmos sobre nós a maldição. Os governantes e os potentados,
numa tentativa de justificação, declaram o Estado Laico; porém, isto
não significa que o estado tenha de ser ateu e, consequentemente,
caminhar na contramão da Lei de Deus, intencionalmente, e nos
empurrar a sorver este veneno.

Hoje, entre nós, Deus seja esplendidamente honrado e louvado


porque vocês mesmos tiveram a ousadia, a santa ousadia de virem,
publicamente, agradecer a Ele e pedir para que a sua luz brilhe,
favoravelmente, e ilumine amplamente a missão de gestores
municipais neste quadriênio de 2017-2020. Que a estrela que
iluminou a pequena e modesta cidade de Belém, ilumine a nossa e
também pequena Emilianópolis e, Jesus Cristo, a partir de então,
brilhe para o mundo, a partir de nós, que, a partir Dele, queremos ver
essa nossa cidade ser administrada à sua luz, sem precisar
conspurcar a laicidade do estado, mas mostrando que é possível
sermos perfeitamente iluminados com a luz de Cristo e de sua
Palavra. Portanto, suas leis orientem e iluminem nossas decisões,
nosso prefeito e vice e toda a Câmara Municipal.

Que esta ação de graças encontre eco, prolongue-se na vida


dos nossos gestores municipais e, consequentemente, na vida de
nossa comunidade emilianopolense.

Para que a Lei de Deus seja soberana entre nós e, de fato,


oriente nossas ações, faço hoje, agora, um grande desafio e apelo
às autoridades e novos gestores de Emilianópolis: se vocês forem
cristãos de verdade e acreditam que Jesus Cristo seja o nosso único
libertador, redentor, salvador e santificador, proclamem isto de alto e
bom som vindo assiduamente à Santa Missa Dominical e, na medida

522
do possível, não só ouvir com prazer e eficiência a Palavra, mas que,
quanto antes, possam receber o Senhor na Santíssima Eucaristia e
digo: não somente no domingo, mas também até durante a semana
para que esse contato constante afetivo e afetivo com o Cristo
Senhor, nos configure com Ele a ponto de podermos afirmar como o
apóstolo São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive
em mim. A minha vida presente na carne, eu a vivo na fé no Filho de
Deus que se entregou por mim” (Gl 2, 20).

Faço outro desafio e apelo bem mais embaraçoso e


contundente que este: que as lideranças políticas da cidade
assumam o compromisso perseverante de participarem, também,
assiduamente, dá Escola da Fé e veremos se a nossa eficiência e
humor não serão muito maiores e melhores. Amamos somente aquilo
que conhecemos e o ser humano foi criado para conhecer, amar e
servir a Deus neste mundo e com isto, um dia herdá-lo, para sempre,
no céu.

523
Encontro com os candidatos, algumas orientações

Motivo de nosso encontro de hoje:

1. Somos uma comunidade (cum munus), porque todos temos


uma missão comum de criar condições favoráveis ao
desenvolvimento positivo de nossa gente. Para tanto, é
necessário que falemos a mesma linguagem com sinceridade
e verdade, portanto, como cidadãos, deixar de lado os
interesses pessoais, quando estes possam prejudicar ou
mesmo ferir o bom humor da comunidade;

2. Queremos exercer nossos direitos e deveres de cidadania na


edificação de uma comunidade solidária e fraterna; por isso,
precisamos ser, necessariamente, políticos e além disso,
católicos e evangélicos, somos, antes de tudo, cristãos e, o
que marca o perfil do cristão é, entre outras virtudes, o amor, a
justiça, a sinceridade, a honestidade, o espírito de serviço
marcado pelo espírito de altruísmo (desprendimento) e
sabedoria.

3. Diz o Papa Francisco: “Para o cristão, é uma obrigação


envolver-se na política. Nós cristãos, não podemos fazer como
Pilatos: lavar às mãos. Não podemos! Devemos nos envolver
na política, pois a política é uma das formas mais altas da
caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos
devem trabalhar na política. Você, então me dirá: Mas não é
fácil, pois a política está muito suja: e, então, eu pergunto: a

525
política está suja por quê? Não será porque os cristãos se
envolveram na política sem o espírito do Evangelho? Faço-lhe
outra pergunta: é fácil dizer que a culpa é do outro, mas o que
eu estou fazendo? É um dever trabalhar pelo bem comum, é
um dever do cristão”

(Papa Francisco, Sala Paulo VI, - Vaticano, 07 de junho de 2013)

4. Esclarecendo conceitos: Ética na política

• Política: é a arte de administrar bem, as coisas


públicas, fundamentada nos bons costumes;

• O político é aquele que vivendo na πόλις = cidade,


conhece os bons costumes que regem a vida dos que
vivem na cidade, ou pequenas comunidades ou em
zonas rurais, ou nos campos, portanto, deve estar
preparado para administrar os bens dos cidadãos (τῶν
πολιτῶν), isto é, dos que habitam na cidade e nos seus
arredores. Ao bom exercício de administrar o bem
público, comunitário etc, a isto, dá-se o nome de
exercício da cidadania ou, simplesmente, cidadania;

• O qualificativo: “Político e o qualificativo cidadão, têm,


praticamente, o mesmo significado. A diferença está em
que, o termo “político” possui suas origens na Língua
Grega, πόλις (cidade), e designa aquele que mora na
cidade, e aquele que mora na cidade, é o πολἶτης; e o
termo cidadão vem da raiz latina: civitas = cidade.

526
Nossa Língua Portuguesa tem como base,
principalmente, essas duas línguas clássicas: a Língua
Grega e a Língua Latina e, muitas vezes, nossas
palavras têm raízes híbridas, isto é, são palavras
constituídas por raízes de duas línguas (clássicas)
diferentes. Daí, também, dizemos que nós falamos
Grego e Latim sem o saber. Para que o político (πολἶτης),
nobre habitante da cidade (civitas), aquele que vive na
cidade (ἑν τῇ πολιτειᾷ) possa tomar um caminho correto
e seguro, é importante que, ele, o político, ou cidadão
tenha acesso ao dever e ao direito de exercer
cidadania; mas para isto, antes de tudo, é necessário
que ele tenha, também, noção clara e coerente do que
seja a política e os valores éticos daí correlatos
(decorrentes) e que lhe servirão de apoio para o bom
desempenho da política, que é a ciência para
administrar, correta e efetivamente, aqueles bens
comuns da sociedade, indispensáveis a uma vida
digna das pessoas que vivem na sociedade, na
comunidade, no município, no estado, na pátria,
nação ou país, confiados a ele, pela legibilidade do
voto popular, a que chamamos de sufrágio universal.

Todavia, como é que alguém poderia ter noções de valores


éticos, sem que, antes, tenha conhecido o que seja a própria Ética,
donde se infere tais noções de valores? Para não deixar dúvidas,
entre tantos conceitos e definições de Ética, deixamos aqui, uma
conceituação que julgamos ser uma das mais completas: Ética é
também uma palavra de origem grega: Ἡθική e parece ter como raiz

527
a palavra ἤθοϛ que significa uso, costume, hábito; daí, em Língua
Latina Mors, -is, que significa o costume e, isto, lembra Moral; Ética
e Moral têm o mesmo objeto, porém, de inspirações diferentes. A
Ética tem inspiração racional, mas a Moral tem inspiração Divina.
Acentuando: hoje, se entende por Ética, algo relacionado aos
costumes e, pelos costumes, chega-se aos valores.

Ética é, pois, a ciência que estuda (trata do) o


comportamento humano (bom ou ruim), alicerçado nos
costumes; em nosso caso, nos bons costumes, nos bons
hábitos, comportamento tanto em particular (pessoal) como o
costume dos homens que vivem em sociedade (societas, -is),
comunidade, cidade, município, estado, pátria ou nação, à luz
natural da razão.
Portanto, a Ética é uma ciência essencialmente humana e que
pode ser ilustrada por outras ciências chamadas ciências afins, tais
como a Filosofia que é a mãe de todas as ciências humanas; é mãe
da própria Ética, da Antropologia (...), da Psicologia (...), da
História (...), da Sociologia (...) etc.
A Ética não é, necessariamente, uma ciência religiosa, mas
respeita os princípios e os valores religiosos porque estes são
princípios e valores a que ela mesma se submete porque procedem
da verdade, independentemente, se a verdade tem procedimento
racional ou teor religioso, e se completam e, isto, sem confundir
objeto, método e finalidade dessas duas ciências, porque, do ponto
de vista cultural, Religião também é ciência porque possui objeto,
métodos e finalidade. A Ética, em comunhão com a Religião se
enriquece, pois, para o homem de fé, a Religião não só o
complementa, mas é algo necessariamente indispensável a sua

528
feitura e à sua realização como ser humano carente de Deus... A
Moral é a Ética religiosa à luz da Revelação Divina e dos bons
costumes.

É bom saber: Ética e Moral se completam. Basicamente,


nunca houve contradição entre Ética e Moral; se houve ou houver
alguns “senões”, isso vem de pessoas mal informadas...

Valores Éticos: são aqueles valores que foram tirados, foram


inferidos dos bons costumes, daí, muitas vezes, a Ética ser
confundida com a Moral e, embora, ambas, sirvam para iluminar o
bom e saudável comportamento humano; nasceram do
comportamento humano para se consolidarem em favor do
comportamento próprio homem e à luz da razão e à luz da revelação,
o bom andamento da política, da vida social, da economia, da vida
cívica, da vida religiosa proporcionando o bem-estar de todos numa
relativa, mas que pode ser estável, segurança. Ambas se completam.

De modo generalizado, o político é aquele que se sente


chamado pela sociedade, através do sufrágio universal a zelar, a
partir dos bons valores éticos (família, justiça, prudência, verdade,
sabedoria etc), pelo bem comum da sociedade. É eleito para que, na
legitimidade do direito coloque-se a serviço do povo. Isto é
cidadania: dever e direito de exercer com liberdade, eficiência e
prazer, legalmente os deveres e os direitos como cidadão; ser
responsável pelo bem de todos.

Mons. Expedito Pereira Cavalcante.


Emilianópolis, 31 de agosto de 2016.

Para tanto, vejamos alguns princípios práticos com o Pe. Rafael.


529
Dom Fernando Rifan - Em Defesa da CNBB

Postado por Dom Fernando on às 11:35

Tem havido ultimamente muitas críticas e mesmo ofensas e


insultos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que
requerem esclarecimentos, pois desorientam os católicos.

AOS CARÍSSIMOS IRMÃOS LEIGOS, em cujo ano estamos –


ano do laicato -, lembro-lhes paternalmente que a Igreja como mãe os
ama, quer o seu bem e deseja escutá-los também.

Sinceramente lhes digo que esses insultos à Conferência


Episcopal me atingem também de certa maneira, pois dela faço parte
por ser Bispo católico, pela graça de Deus, em plena comunhão com a
Santa Igreja. Aos que pensam que a CNBB é apenas um escritório
central, uma agência ou “quase um sindicato dos Bispos”, ensino-lhes
que a CNBB é o conjunto dos Bispos do Brasil que, exercem
conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu
território (CIC cân. 447). Conforme explicou São João Paulo II na Carta
Apostólica Apostolos suos, é “muito conveniente que, em todo o mundo,
os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em
assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e
da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para
bem comum das Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do
Episcopado manifesta a natureza da Igreja... Assim como a Igreja é una
e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão
extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a expressão
da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é
o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.
“O Espírito Santo vos constituiu Bispos para pastorear a Igreja de
Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue” (At 20, 28).

Mas vale ressaltar que a Conferência Episcopal, instituição


eclesiástica, não existe para anular o poder dos Bispos, instituição
divina. O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos
“efeitos paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio)
do papel do Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre
até mesmo o risco de ser sufocada pela inserção dos prelados em
conferências episcopais sempre mais organizadas, com estruturas
burocráticas frequentemente pesadas. No entanto, não devemos
esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte da
estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm
somente uma função prática, concreta”. É, aliás, continua, o que
confirma o Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das
Conferências, que “não podem agir validamente em nome de todos os
bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado o seu
consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as quais haja
disposto o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé
Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o autêntico
doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”.
“Nenhuma Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de
ensino: seus documentos não têm valor específico, mas o valor do
consenso que lhes é atribuído pelos bispos individualmente” (Ratzinger,
A Fé em crise, pag. 40 e 41).

Isso posto, recordamos que o espírito de fé e o respeito que o


católico deve à hierarquia da Igreja impedem-no de tratar a Igreja como
uma sociedade qualquer. Se a chamamos “a santa Madre Igreja”, é
porque a consideramos nossa mãe, merecedora de todo o nosso
respeito e amor. E não se expõem os defeitos da mãe em público,

532
sobretudo em redes sociais. Mas já que o fizeram, faço aqui alguns
esclarecimentos.

Na Igreja, divina na sua fundação, graça, sacramentos e doutrina,


mas humana, nos membros que a compõem, tem, por isso mesmo,
fraquezas e pecados nos seus membros.

“Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica... Ela é santa,


apesar de incluir pecadores no seu seio... É por isso que ela sofre e faz
penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus
filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Credo do
Povo de Deus). “A Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao
mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação... continua o
seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de
Deus” (Lumen Gentium, 8).

Nosso Senhor comparou o seu Reino a uma rede cheia de peixes,


bons e maus (Mt 13, 47-50). A separação será no fim dos tempos.
Quem quiser agora uma Igreja só de santos deveria morrer e ir para o
céu, onde lá só estão os bons. Por isso, não percamos a fé, ao vermos
os erros da parte humana da Igreja.

No conjunto do episcopado brasileiro, há muitos bispos sábios e


santos. Mas há também bispos como eu. Nem por isso somos menos
dignos de respeito.

Ao combater os erros que existem na parte humana da Igreja, não


podemos perder o respeito às pessoas, sobretudo às autoridades da
Igreja, e muito menos desprestigiá-las, para alegria dos seus inimigos,
com ofensas, exageros, meias verdades e até mentiras, caindo em
outro erro. A meia verdade pode ser pior do que a mentira deslavada.

Qualquer pessoa não católica que lesse certos sites e postagens


de alguns católicos críticos, injuriando os Bispos e autoridades da

533
Igreja, certamente iria raciocinar: “é impossível que tais pessoas sejam
católicas, pois não se fala assim da própria família!”.

Por outro lado, AOS CARÍSSIMOS IRMÃOS NO EPISCOPADO


lembro humildemente que, mesmo exagerando e passando dos limites,
os clamores dos fiéis leigos podem estar refletindo o “sensus fidelium”,
que devemos escutar.

Está na hora de recuperarmos o bom nome da nossa Conferência


Episcopal. Não podemos tolerar pacificamente tantos abusos
doutrinários e litúrgicos que vemos por aí, em nossas Igrejas, e que
fazem tanto sofrer nossos fiéis. Será que eles não estão explodindo de
tanto aguentar certas invencionices litúrgicas e aberrações
doutrinárias? Não estaria ocorrendo o que São João Paulo II descreveu
na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia: “Num contexto eclesial ou
outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a reta fé e a
doutrina católica acerca deste admirável sacramento. Às vezes
transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico.
Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada
ultrapassasse o sentido e valor de um encontro fraterno ao redor da
mesa... (n. 10). “Temos a lamentar, infelizmente, que sobretudo a partir
dos anos da reforma litúrgica pós-conciliar, por um ambíguo sentido de
criatividade e adaptação, não faltaram abusos, que foram motivo de
sofrimento para muitos...” (n. 52). “O mistério eucarístico – sacrifício,
presença, banquete – não permite reduções nem
instrumentalizações...” (n. 61)?

Não sentem nossos leigos vontade de exclamar como os


hebreus: “Senhor, invadiram tua herança, profanaram o teu santo
templo...” (Sl 79, 1)?

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É claro que os nossos fiéis ficam escandalizados vendo ministras
não católicas no altar “concelebrando” a Santa Missa junto com os
nossos Bispos.

Para que permitirmos em nossos textos a terminologia de


“gênero”, que veicula uma ideologia não ortodoxa?

Todos são convidados e bem-vindos aos nossos encontros. Mas


por que deixarmos pessoas de mentalidade socialista e mesmo
comunista, membros de partidos políticos de “esquerda” serem
protagonistas em nossos encontros eclesiais e nos instruírem em
análises de conjuntura?

Combatemos com razão os desmandos do capitalismo selvagem,


do consumismo e do espírito mercantilista. Mas não podemos nos
esquecer dos ensinamentos do Magistério sobre o socialismo: “O
socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico,
ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se
aproximar da verdade e da justiça, não pode conciliar-se com a doutrina
católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à
verdade cristã... E, se esse erro, como todos os mais, encerra algo de
verdade, o que os Sumos Pontífices nunca negaram, funda-se,
contudo, numa concepção da sociedade humana diametralmente
oposta à verdadeira doutrina católica. Socialismo religioso, socialismo
católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo
bom católico e verdadeiro socialista” (Pio XI, Encíclica Quadragesimo
Anno, n. 116 e 119 - 15/5/1931).

Devemos deixar bem claro que somos fiéis à doutrina social da


Igreja e, por isso, nos ocupamos das questões sociais e da política,
como sendo “uma prudente solicitude pelo bem comum” (João Paulo II,
Laborem exercens, 20). A Igreja está ao serviço do Reino de Deus,
anunciando o Evangelho e seus valores, mas “não se confunde com a
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comunidade política nem está ligada a nenhum sistema político”
(Gaudium et Spes, 76). Principalmente “a Igreja não pode estimular,
inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras,
quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira
das propriedades agrícolas” (Discurso aos Bispos do Regional Sul 1 da
CNBB, na sua visita “ad limina”, março de 1996).

Além disso, é preciso que tenhamos clareza na prestação de


contas das coletas da Campanha da Fraternidade. Diante da suspeita
levantada de que as doações dos fiéis estão indiretamente indo para
entidades que patrocinam o aborto e movimentos revolucionários,
devemos ser claros na explicação ao nosso povo: se por acaso
desviaram suas doações, o que pode acontecer com qualquer esmola
que damos, devemos de agora em diante sermos mais exigentes na
aplicação desses valores e não permitir tais desvios. Há tantas
entidades beneficentes católicas que poderiam receber essas doações!

Que Deus nos abençoe, que Maria, Mãe da Igreja, nos proteja e
São José, patrono da Igreja católica, nos defenda do mal.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João


Maria Vianney, membro do Regional Leste 1 da CNBB.

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