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Lembrando que eu só irei falar dos jogos de plataforma da linha principal, o que
totaliza mais de 20 jogos. Então jogos lançados para plataformas portáteis ou
spin-offs como jogos de corrida e Super Smash Bros [passar] não entrarão aqui. Eu
não quero que esse slideshow fique mais imenso do que ele já está. [passar]
Tudo começa nos anos 80, quando o mercado de consoles era marcado por uma
guerra entre duas grandes empresas, a Sega [passar] com seu Master System e a
Nintendo [passar] com seu famigerado NES, conhecido aqui no Bostil como
Nintendinho. Estava bem claro quem estava na vantagem, porque apesar do Master
System ter se saído até que bem nas vendas, nem se comparava com as de seu
concorrente, a ponto de que na época as pessoas usavam a palavra Nintendo para
se referir a qualquer console. Mas a Sega não queria deixar isso barato, e tinha o
objetivo de conquistar o mercado de games de uma vez por todas. [passar]
Começando em 1989 pelo lançamento do Mega Drive, também conhecido como
Sega Genesis, que rodava jogos em 16 bits e possuía um hardware mais poderoso
que os de seus concorrentes até então, se tornando um dos consoles mais
marcantes da quarta geração. Mas além disso, a Sega queria criar um novo
mascote para concorrer com o Mario. [passar] Mais de 200 ideias foram cogitadas, e
apesar de estar sendo criado por japoneses, dá para ver por esses rascunhos que
eles tinham em mente o mercado estadunidense. [passar] A que mais chamou
atenção era um de ouriço azul com sapatos vermelhos [passar] que era visivelmente
inspirado nas animações dos anos 30 e 40. Esse foi o escolhido para ser o novo
mascote da Sega, aparecendo pela primeira vez em junho de 1991. [passar]
O jogo foi um imenso sucesso, sendo muito elogiado pela sua mecânica inovadora
e fases muito divertidas, tanto que hoje é considerado um dos melhores jogos de
todos os tempos. Os gráficos eram avançados para a época, o que mostrava toda a
capacidade técnica do Mega Drive. A cada três zonas era apresentado um boss,
representado pelo [passar] Dr. Eggman, ou Dr. Robotnik nos Estados Unidos, um
cientista megalomaníaco que sequestra animais para usá-los de energia vital pros
seus robôs e tem o objetivo de construir uma utopia robótica. Entretanto o jogo não
é perfeito, ele foi criticado por algumas fases mais lentas e cansativas, como a
Marble Zone e a Labyrinth Zone, em que não era possível aproveitar a velocidade
do personagem. [passar]
Esse jogo inaugura a era clássica do Sonic, dita por muitos como a era de ouro do
personagem. Ela de certa forma representa como era o mercado de games nos
anos 90, que foi quando essa indústria ganhou muita importância econômica e
cultural. [passar]
Esse jogo foi desenvolvido por um braço da Sega chamado Sega AM8, que com o
lançamento deste jogo mudou o nome para Sonic Team. A partir de então ela foi
desenvolvedora da maioria dos jogos da franquia. [passar]
A Sega nessa época tirou o máximo de proveito. Logo após o sucesso do primeiro
jogo, ela começou o desenvolvimento paralelo de dois jogos para Mega Drive.
[passar] [play] O primeiro foi Sonic 2, que diferente de seu antecessor foi
desenvolvido nos Estados Unidos e deu prioridade para a velocidade do Sonic,
deixando para trás as fases lentas do primeiro jogo. Assim como o primeiro, foi um
imenso sucesso de público e crítica. Ele veio com uma mecânica de multiplayer,
tanto de forma cooperativa como competitiva, que não foi muito bem recebida, mas
pelo menos introduziu o primeiro personagem coadjuvante da franquia [passar],
Tails, a raposa. O jogo também introduziu um modo especial. Ao completar uma
fase especial, você consegue uma [passar] Esmeralda do Caos. Ao conseguir todas
as sete, você pode se transformar no Super Sonic, uma versão amarelada e muito
poderosa do personagem. Eu sinceramente não sei dizer se isso é um plágio ou
uma homenagem. [passar]
[passar] [play] O segundo jogo foi Sonic CD, esse foi desenvolvido no Japão e foi
lançado em 1993 exclusivo para Sega CD, um acessório para o Mega Drive que
reproduzia CD ROM, o que permitia que os jogos fossem mais rápidos e muito
maiores que o cartucho, e isso se traduzia em gráficos muito mais detalhados, áudio
em alta qualidade e uma introdução animada. O jogo introduziu personagens novos,
[passar] como o vilão Metal Sonic, a versão robótica do Sonic criada pelo Dr.
Eggman, [passar] e Amy Rose, que na verdade já havia sido introduzida nos
quadrinhos mas aqui aparece pela primeira vez num jogo. Ele tem uma mecânica de
viagem no tempo bem interessante, mas que, na minha opinião, não foi muito bem
executada. O level design também é um pouco estranho, as fases são meio
confusas. Mas ainda assim é um jogo muito divertido. Uma curiosidade engraçada é
que esse jogo foi lançado nos Estados Unidos com uma trilha sonora
completamente diferente do resto do mundo porque os executivos da Sega não
achavam que a trilha sonora original se encaixaria com a audiência de lá.
A Sega não demorou para começar a desenvolver um novo jogo e ela queria
lançá-lo em fevereiro de 1994. Entretanto, ficou claro que a equipe não conseguiria
finalizá-lo a tempo, então a Sega dividiu o jogo em duas partes, [passar] e foi assim
que Sonic 3 foi lançado [play]. Na história Sonic e Tails vão investigar os destroços
da nave do Eggman na Angel Island e descobrem que lá vive o Knuckles [passar].
Ele é uma équidna (um tipo de mamífero australiano) que é guardião da Esmeralda
Mestra, que controla todas as Esmeraldas do Caos. Ele se alia com o Dr. Eggman
porque acha que o Sonic quer roubá-la. [passar]
[play] Em outubro do mesmo ano lançou a segunda parte intitulada Sonic &
Knuckles, que eu gosto de chamar carinhosamente de dedo no cu e gritaria. Esse
jogo termina exatamente onde o anterior parou, e aqui, Knuckles descobre que, na
verdade, Eggman o enganou para conseguir a esmeralda, e então ele se alia com o
Sonic para derrotá-lo. Ambos os jogos foram muito bem recebidos e foram dois dos
maiores sucessos do Mega Drive, porém foram criticados por não introduzirem
quase nenhuma mecânica nova. [passar]
[play] Com o sucesso do novo personagem, a Sega decidiu fazer um novo jogo
focando no Knuckles e mais outros quatro personagens, e em 1995 foi lançado
Knuckles’ Chaotix. Tecnicamente esse jogo é um spin-off, mas eu quero falar dele
aqui porque ele introduz alguns novos personagens que estarão presentes mais
tarde na franquia. Na história, Knuckles, [passar] Vector o crocodilo, [passar]
Charmy a abelha, [passar] Espio o camaleão e [passar] Mighty o tatu (este que já
havia aparecido em um jogo anterior exclusivo para fliperama que eu decidi não
mostrar aqui) precisam impedir que Dr. Eggman e Metal Sonic coletem seis anéis
mágicos. Este foi um exclusivo para o Sega 32x, um acessório que, como o nome
diz, aumentava a quantidade de bits que o Mega Drive conseguia rodar para 32, o
que permitia gráficos mais detalhados e sons com mais qualidade. E dá pra ver que
eles aproveitaram a maior capacidade técnica, porque os gráficos são muito bonitos.
Este jogo possui uma mecânica de controle de dois personagens que são
amarrados um ao outro, podendo tanto ser jogado com um computador em um
modo singleplayer, quanto com outro jogador em um modo multiplayer cooperativo.
O desenvolvimento foi apressado e isso refletiu na gameplay, que embora tenha
sido elogiada pela tentativa de inovação, foi criticada por ser desajeitada e lenta.
Acabou que não fez muito sucesso e caiu na obscuridade, tanto é que quase
ninguém conhece este jogo hoje em dia.
Sonic Adventure marca o início da Era Dreamcast (mas diferente do que diz o
nome, nem todos os jogos foram lançados pro Dreamcast), que foi um divisor de
opiniões. [passar] Porque enquanto muitos fãs adoravam o novo rumo da franquia,
alguns da velha guarda não compraram a ideia e se sentiram abandonados, algo
que gera discussões até hoje. O impacto de Sonic Adventure para a visão que as
pessoas têm da franquia foi muito alto, mas nem se compararia com a de seu
sucessor. [passar]
[play] Em 2003 era lançado para Playstation 2, Xbox, Gamecube, e em 2004 para
PC Sonic Heroes. O jogo propõe uma mecânica em que você joga com três
personagens, cada um com habilidades diferentes, e você alterna entre eles
conforme a necessidade. Também possui uma narrativa em arcos com cada trio. O
Team Heroes, [passar] em que Sonic, Tails e Knuckles precisam impedir o Dr.
Eggman de dominar o mundo em apenas três dias, Team Rose, [passar] em que
Amy Rose, Big o Gato e a coelha Cream Vanilla, uma personagem que havia sido
introduzida em Sonic Advance 2 para o portátil Game Boy Advance, procuram por
Froggy, sim aquele sapo lá do primeiro Adventure, Team Dark, [passar] em que
Shadow, Rouge e E-123 Gamma, um personagem novo, querem se vingar de Dr.
Eggman e achar seu tesouro escondido, e o Team Chaotix, [passar] com os
personagens de Knuckles Chaotix que eu falei lá atrás, que eles formam uma
equipe de detetives particulares que, pra pagar o aluguel, aceitam o trabalho de um
cliente misterioso. A mecânica é bem divertida, mas ela não foi muito bem integrada
com as fases. Por exemplo, existem fases que claramente foram feitas com o Sonic
em mente, porque você precisa passar por elas em alta velocidade, aí quando você
joga nessa mesma fase com o Team Chaotix, que tem um estilo de gameplay mais
lento, fica desengonçado e bem mais difícil de se jogar.
O jogo foi um sucesso de vendas, mas teve uma recepção mista. A crítica elogiou
a mecânica criativa e o design de níveis interessante, porém criticou os controles
confusos, a câmera irritante, a gameplay desbalanceada e, mais uma vez, a história
muito boba. [passar]
[play] Em 2005, foi lançado o que eu considero o maior delírio coletivo da história
dos games. Senhoras e senhores, eu lhes apresento Shadow the Hedgehog, o jogo
em que o sombra tem armas e pilota uma Harley Davidson (mais especificamente
uma XL1200 2003 Edição de Aniversário). Tecnicamente isso se trata de um
spin-off, mas eu não podia deixar essa pérola de fora. Em uma entrevista, [passar]
Yuji Naka, que é co-criador da franquia e foi um dos diretores deste jogo, disse que
de vez em quando recebia cartas de crianças pedindo para que Sonic usasse
armas. Óbvio que o Sonic não usaria armas, não se encaixa com ele, mas talvez se
encaixasse com o Shadow [passar]. A bem da verdade, a Sega queria aproveitar de
alguma forma o sucesso do personagem, que originalmente era para aparecer
apenas em Adventure 2.
O jogo passa uma vibe mais séria e profunda e tem uma narrativa baseada em
ramificações que, dependendo da escolha do jogador, resulta em finais diferentes.
Na história, Shadow é abordado por Black Doom [passar], um alienígena que afirma
que Shadow fez um acordo no passado para trazer as Esmeraldas do Caos para ele
(só pra esclarecer, Shadow tem poucas memórias porque ficou muito hibernando).
Ele fica perplexo ao ver que Black Doom sabe o seu nome e decide buscar as
esmeraldas para ver se assim consegue descobrir mais sobre seu passado.
Eu disse que o jogo passa uma vibe mais séria e profunda? Na verdade nem é pra
tanto. Passa é mesmo uma vibe bem engraçada de criança tentando ser madura,
porque a história no geral ainda é bem bobinha, com aqueles diálogos bem cringe, o
que a essa altura do campeonato já virou uma marca registrada da franquia, e
pessoalmente nem considero isso por si só um demérito. Mas mesmo assim, o jogo
consegue desenvolver mais o Shadow com um relativo sucesso, algo que faltou
bastante em Adventure 2.
A gameplay é baseada numa mecânica que mistura jogo de tiro com as fases de
alta velocidade que a gente já conhece nos jogos do Sonic, mas de uma maneira
um pouco diferente, algo mais parecido com Ratchet & Clank. É bem divertido, mas
depende muito da sua paciência, porque muitas fases se resume a simplesmente
chegar num lugar e matar 60 bichos, o que para muitos pode ser bem cansativo.
As animações são bem melhores do que os jogos 3D anteriores, os personagens
estão mais expressivos e a movimentação bem mais sofisticada, aproveitando bem
mais as características cartunescas dos personagens, claro que ainda tá longe de
ser decente, mas já é uma melhora do que vimos antes. E eu também gostaria de
destacar as cutscenes pré-renderizadas feitas pela Blur Studios, que mostraram a
melhor animação 3D com personagens do Sonic até então. Por sinal, dois dos
animadores envolvidos nessas cutscenes viriam a se tornar muito conhecidos. São
eles [passar] Tim Miller, que mais tarde viria a dirigir o primeiro filme do Deadpool e
ser um dos criadores da série Love, Death & Robots, e [passar] Jeff Fowler, que
viria a dirigir os filmes do Sonic. [passar]
O jogo teve vendas favoráveis, porém uma recepção mista, sendo o ponto mais
divisivo o tom mais sombrio. A crítica elogiou a narrativa com ramificações, porém
criticou o sistema de mira das armas, a pilotagem de veículos, a movimentação e o
design de níveis, que consideraram confuso e frustrante. [passar]
[play] A era Dreamcast se diferencia bastante da anterior por usar estilos diferentes
de gameplay em fases mais abertas e em 3D, mas como falei antes, muitos fãs da
velha guarda não gostavam muito desse estilo e preferiam o tradicional 2D contínuo.
Bem, esse estilo antigo não foi completamente abandonado, porque de 2001 a 2004
foram lançados [passar] Sonic Advance 1, 2 e 3. Tecnicamente esses jogos não
poderiam entrar na apresentação porque foram lançados para o Gameboy Advance,
que é um portátil, mas eu não podia deixar de falar deles aqui. Eles têm uma
mecânica bem mais parecida com os jogos antigos, mas com elementos modernos,
como os trilhos em que você desliza, o boost e os homing attacks, que são quando
o Sonic mira um inimigo enquanto pula e o acerta com um impulso. Eu também
trouxe ele aqui porque foi inspirado nesses jogos que um grupo de fãs em 2004
lançou um jogo em flash chamado [passar[ Ultimate Flash Sonic, que foi o meu
primeiro contato com o personagem. Eu lembro de jogar muito no Click Jogos
quando eu era criança.
[passar] Depois desse frescor do passado, vamos voltar à linha principal. 2006 se
aproximava, o ano em que a franquia completaria 15 anos. A Sega queria criar um
novo jogo para estrear na sétima geração de consoles e marcar uma nova fase pra
franquia, um que chegaria com tudo depois de anos de críticas mistas. Seria um
jogo ambicioso, um reboot com uma trama mais séria e profunda. Então a Sega
mobilizou toda a equipe da Sonic Team para produzir o que viria a ser um enorme
desastre. [passar]
[play] Em novembro de 2006, era lançado para Playstation 3 e Xbox 360 Sonic the
Hedgehog, mas vulgarmente conhecido como Sonic 06, porque é um jogo do Sonic
e foi lançado em 2006, faz sentido. O jogo teve um desenvolvimento extremamente
problemático, com direito a diretor abandonando o projeto no meio, metade da
equipe saindo para produzir outro jogo e a Sega se recusando a adiar mesmo
quando era claro que não teria como entregar algo decente dentro do prazo, e isso
refletiu na qualidade do produto final. Por toda a jogatina, há a sensação de se estar
jogando uma versão pré pré pré alfa de algo que pode ser promissor, mas que ainda
está incompleto. Bugs constantes, controles confusos, telas de carregamento
intermináveis, gameplay desbalanceada e fases chatas e claramente incompletas
são alguns dos elementos presentes aqui. Para vocês terem uma ideia, para fazer
uma missão secundária, você clica em um NPC, que abre uma tela de
carregamento, há um diálogo com esse NPC explicando o que ele quer que você
faça, aí abre outra tela de carregamento, para então você fazer a missão. Toda a
inovação prometida acabou não acontecendo, as fases no geral não são muito
diferentes do que a gente já viu nos últimos jogos, a principal diferença é que aqui o
Sonic parece estar um pouco mais rápido. Ainda preciso destacar as animações,
que não só são piores quando comparadas com o jogo do Shadow, como também
eles voltaram com a captura de movimentos lá de Adventure 2, e ficou
extremamente bizarro, bem do tipo A Casa Monstro, com a diferença de que o rosto
dos personagens nem animados direitos são, o que dá ainda mais a sensação de
Carreta Furacão, se o Fofão estivesse lá no meio não ficaria fora do lugar. Pelo
menos as cutscenes pré-renderizadas feitas pela Blur Studios ainda são
sensacionais.
O foco na narrativa também se repete, com aquele esquema de arcos que
mostram pontos de vista diferentes, sendo aqui três, e ao completá-los você
desbloqueia quarto arco com a conclusão da história. No primeiro arco, o Dr.
Eggman sequestra [passar] Elise, uma princesa que mais parece uma personagem
rejeitada de Final Fantasy, para tentar se aproveitar das Chamas do Desastre, um
poder destrutivo que está selado dentro dela. É aí que Sonic, ajudado por Tails e
Knuckles, precisa resgatar a princesa. No segundo arco, Shadow e Rouge a
comando do governo invadem uma base do Dr. Eggman e lá conseguem um
artefato mágico. Acidentalmente eles quebram esse artefato e liberam [passar]
Mephiles, um espírito que assume a forma de Shadow e os leva para um futuro pós
apocalíptico. E no terceiro arco, [passar] dois personagens que moram neste futuro
apocalíptico, o ouriço Silver (um personagem novo) e a gata Blaze (que já havia
sido introduzida em Sonic Rush, um jogo para Nintendo DS) conhecem Mephiles
que acabou de chegar do passado. Mephiles os convence de que Sonic é a causa
da destruição mundial e os envia para o presente para matá-lo, ao passo que
Shadow, que volta pro presente, esclarece para eles que, na verdade, quem
destruiu o futuro foi o próprio Mephiles com o poder das chamas da destruição, que
foi selada em Elise quando ela era criança, e só pode ser liberada se a Elise chorar,
e por isso que ela nunca pôde derramar uma lágrima sequer durante toda sua vida.
Não entendeu? Pois é, nem eu. A história é uma merda inacreditável. Muitos furos
de roteiro, excesso de diálogos expositivos e personagens mal desenvolvidos que
tomam decisões tão ilógicas que a única explicação possível é que foi uma desculpa
esfarrapada para que eles estivessem no exato lugar em que aconteceria as fases,
só pode. Todo o clima sério e maduro tão prometido acaba virando humor
involuntário. E ainda há uma tentativa de fazer um clima romântico entre Sonic e
Elise.
Até há o que se gostar aqui, algumas fases são ligeiramente divertidas se você
conseguir ignorar a grande quantidade de bugs, a ambientação é bem bonita,
embora claramente mal acabada, mas o que vale o destaque é a música. Eu acho
que não estou exagerando quando digo este jogo entraria facilmente em qualquer
top 10 melhores trilhas sonoras da história dos games, chega até ser assustador a
diferença de qualidade da música para todos os outros elementos. Eu diria até que
é inovadora, porque diferente dos jogos anteriores da franquia e da tendência da
época de músicas de pop e hip hop, o compositor [passar] Tomoya Ohtani decidiu ir
completamente contra a corrente e escolheu rock orquestrado, decisão essa que foi
tão acertada que até hoje ele é diretor de som dos jogos da franquia. Mas o que
adianta uma flor no meio do lixo? [passar]
Obviamente que a recepção não foi nada boa, Sonic 06 foi um fiasco completo,
com a crítica destruindo o jogo, alguns até descrevendo como injogável. Este é um
daqueles casos em que o fracasso está mais relacionado às más decisões de
gerenciamento do que por falta de capacidade dos criadores. Há uma crença dentro
do fandom de que, se eles tivessem tempo o suficiente, seria um jogo maravilhoso,
eu até já li um fã dizendo que ele é uma jóia bruta não lapidada.
Eu sinceramente tenho as minhas dúvidas, porque, beleza, boa parte das coisas
ruins que vemos aqui aconteceram por falta de tempo, mas tem outras coisas que já
são más ideias desde o início, como a história horrorosa e as más decisões de arte,
mais especificamente a decisão de colocar animais antropomorfizados e
extremamente caricatos para conviverem com humanos semi-realistas. Para vocês
terem noção, só a cabeça do Sonic é quase do tamanho do torso da Elise,
simplesmente não funciona. Eu acho que isso foi feito porque eles achavam que era
condizente com o tom mais sério e realista que almejavam.
Mas uma coisa não exclui a outra, existem vários exemplos de animações, desde
filmes da Disney até animes, em que o estilo é muito cartunesco, mas ainda
conseguem existir dentro de uma história madura e até sombria sem que fique
dissonante. Por outro lado, essas decisões também podem ser responsabilizadas
pela falta de tempo, porque pra mim elas soam muito como primeira ideia que surgiu
da cabeça. Ou seja, o desenvolvimento foi tão apressado, que eles não tiveram
sequer tempo de terem boas ideias.
Em 2015, um grupo de fãs começou a desenvolver um remake em que eles
corrigem bugs e melhoram a gameplay. Algumas versões de testes foram
disponibilizadas e quem jogou elogiou muito e disse que finalmente o jogo está
divertido, e olha que eles só mexeram na jogabilidade, o design de níveis continua
intacto, para vocês terem ideia do potencial desperdiçado.
[play] Sonic 06, o jogo que falei anteriormente, foi planejado para ser lançado
também no Nintendo Wii. Porém, quando as especificações foram anunciadas, ficou
claro que o trabalho para adaptar pro console seria muito grande, porque o seu
hardware era bem mais limitado do que se esperava. O que a Sega fez? Dividiu a
equipe da Sonic Team em duas, uma para continuar desenvolvendo Sonic 06, e a
outra para começar a fazer um novo jogo. Só com isso já dá pra saber como era a
mentalidade da Sega naquela época.
Sonic and the Secret Rings foi lançado em 2007 como um exclusivo de Wii. Ao
contrário da era anterior, a história não é o foco, ela serve aqui mais como uma
justificativa do Sonic estar naquela ambientação. Sonic dorme depois de ler As Mil e
uma Noites, até que é acordado por Shahra [passar], uma gênia que vem da terra
de Mil e uma Noites, e ela conta que o gênio malvado Erazor Djinn [passar] ameaça
destruir seu mundo, e caso ele consiga fazer isso, ele pode vir atacar outros
mundos, inclusive o de Sonic, então ela pede ajuda para derrotá-lo. A jogabilidade
se diferencia dos outros jogos ao adotar um estilo de runner infinito, lembrando
muito os jogos do Crash Bandicoot. E vou contar pra vocês, este jogo daria um bom
runner para celular, tipo Temple Run ou Subways Surfers. Aliás, eu acho que ele
roda em um celular hoje em dia. Fica a dica aí, Sega.
Este é um jogo bem menos ambicioso que seus antecessores. As fases não tem
muitas diferenças umas das outras em questão de estilo e mecânicas, só o Sonic é
jogável, e as cutscenes em sua maioria são só ilustrações estáticas, o que na minha
opinião foi uma excelente escolha, porque é condizente com a ambientação de livro
de histórias e ainda é mais barato, além do que essas ilustrações são bem mais
expressivas e bonitas do que as animações dos outros jogos. As cutscenes
pré-renderizadas também são muito boas, dessa vez sendo feitas pelo estúdio
Anima Inc.
A recepção foi mista. A crítica destacou que definitivamente é muito melhor do que
seu antecessor e elogiou o novo estilo de gameplay, porém destacaram que os
controles lentos, a câmera mal localizada e o sistema de mira impreciso prejudicava
a experiência. Não estava nada bem pro Sonic, a estratégia de atuação da Sega
que priorizava mais conseguir fatia de mercado do que o zelo pela qualidade de
seus produtos só prejudicava a franquia, não é a toa que tem gente que diz que o
Sonic morreu no Mega Drive. [passar]
[play] Depois dessa maré triste de jogos medíocres, era hora da Sega mostrar que
Sonic ainda podia ser bom em 3D. Sonic Unleashed foi muito bem recebido pelos
fãs. O tom da trama é bem mais leve e infantil. Na história, Sonic usa as Esmeraldas
do Caos para virar Super Sonic e impedir que Eggman domine o mundo com suas
de naves espaciais, porém Eggman o encurrala e absorve o poder das esmeraldas
para atirar um raio sobre a Terra, que a divide em sete partes e desperta Dark Gaia,
uma criatura sombria que estava presa no núcleo do planeta, que Eggman planeja
usar como fonte de energia. Sonic, exposto ao poder maligno de Dark Gaia, é
transformado em um Werehog [passar], que é um equivalente de um lobisomem
para um ouriço. Sonic, que agora vira a criatura durante a noite, precisa juntar as
partes do planeta junto com Chip [passar], uma criatura que não tem memórias de
quem é.
O jogo possui dois tipos de fases com estilos de gameplay diferentes. A primeira,
com o Sonic normal, se passa de dia e adota um estilo de progressão rápida mais
parecido com os jogos de antes, com o diferencial de que elas são mais estreitas,
mais automatizadas e adotaram “quick time events”, o que fez a sensação de
velocidade aumentar consideravelmente, Sonic nunca esteve tão rápido. Sabe, um
problema que os desenvolvedores sempre tiveram que enfrentar foi equilibrar o
gênero de plataforma com a velocidade. Se você se concentra na plataforma, acaba
perdendo a velocidade, e se você prioriza a velocidade, fica impossível de se fazer
um jogo de plataforma, e essa tentativa de equilibrar esses elementos originou
aqueles problemas de controle e de câmera dos jogos anteriores, mas parece que
aqui finalmente conseguiram encontrar um ponto agradável. E ainda há elementos
dos jogos clássicos, porque há momentos em que a câmera vira, lembrando muito
os jogos 2D. A segunda, com o Werehog, se passa de noite e são bem mais lentas,
adotando uma jogabilidade que se baseia na força e no combate corpo a corpo,
muito parecido com God of War.
As animações eram as melhores da série até então, finalmente Sonic estava
expressivo em 3D. Ainda pode-se ver o uso de captura de movimentos se você
prestar bastante atenção, mas dessa vez eles modificaram os movimentos para se
encaixarem melhor nos personagens ao invés de simplesmente jogar eles nos
modelos 3D. Destaque para as cutscenes pré-renderizadas feitas pelo estúdio
Marza Animation Planet, que aqui fizeram uma das melhores cutscenes das história
dos games.
A recepção também foi mista, mas eu acredito que a crítica tenha sido meio injusta
com este jogo, porque, apesar de elogiarem muito as fases diurnas, muitas delas
dizem que ele é prejudicado pelas fases noturnas e lentas porque não se parece
com o que um jogo do Sonic deveria ser, como se fosse bom apenas pela metade.
Tudo bem, você pode dizer que elas são mais lentas do que deveriam e que elas se
contrastam demais das diurnas e por isso quebram abruptamente a progressão da
gameplay, mas que elas não se encaixam com o Sonic? Vamos lá, Sonic é só um
personagem, se fosse outro isso também seria um problema? Afirmar isso é
praticamente dizer que elas são ruins porque são diferentes do que o senso comum
acha que um jogo do Sonic deve ser.
Longe de mim dizer que crítico não presta, eu tenho muito respeito por eles, mas
acredito que a recepção mediana tenha acontecido por uma má compreensão da
proposta. Independente de qualquer coisa, as vendas foram um sucesso e se tornou
um dos preferidos dos fãs, muitos considerando um dos melhores jogos da franquia
e um clássico dos games. E agora que a Sega finalmente conseguiu colocar a
franquia de volta nos trilhos, era só continuar nesse caminho que não tinha erro.
[passar]
[play] Ou podemos voltar para a mediocridade. Sonic and the Black Knight é mais
um exclusivo de Wii e uma sequência direta de Secret Rings, e ele segue
exatamente a mesma fórmula, com a diferença que dessa vez você tem uma
espada, o que pode não parecer mas muda bastante as coisas, mas não para
melhor. A história é bem mais desenvolvida do que o outro jogo do Wii, com direito a
um plot twist bem interessante. Uma feiticeira chamada Merlina [passar], neta de
Merlin, é encurralada pelo Cavaleiro Negro [passar], e para fugir dessa situação, ela
com um feitiço convoca Sonic, que a ajuda a fugir. Ela explica que o Cavaleiro
Negro na verdade é o Rei Arthur que se corrompeu com o poder da bainha da
espada Excalibur. Ela entrega a Sonic a espada falante Caliburn [passar] para
ajudá-lo a salvar o reino.
Eu lembro de ter jogado este jogo quando tinha 10 anos e ter ficado muito confuso
com os controles. Tudo bem que eu não tinha a mesma coordenação motora que
hoje em dia, mas também parte culpa era porque os controles eram confusos e bem
pouco intuitivos. Acho que o único diferencial positivo em relação a Secret Rings foi
a câmera que agora estava melhor localizada. O elemento da espada é bem mal
aproveitado, ela interrompe o Sonic de correr toda vez que você a usa, e isso
prejudica muito o ritmo da gameplay, tanto é que os speedrunners evitam de usá-la,
e a movimentação em geral, assim como em Secret Rings, é bem travada. Não me
entendam mal, é um jogo divertido, pelo menos dependendo de quem joga, mas são
essas pequenas coisas que fazem toda a diferença, principalmente quando a gente
já testemunhou coisa muito melhor, e nisso eu tô falando de Sonic Unleashed. Acho
que a única coisa realmente memorável neste jogo é a trilha sonora, com destaque
para a maravilhosa música tema Knight of the Wind.
A recepção foi mediana, os críticos elogiaram a ambientação e os gráficos, mas
criticaram duramente a gameplay por todos os motivos que eu citei. A esse ponto os
fãs de Sonic já estavam mais do que acostumados a decepções, e isso só dava
argumentos aos fãs das antigas em como o Sonic não funcionava em 3D. A Sega
olhando para essas pessoas viu uma oportunidade de tentar ganhar créditos com a
fanbase e decidiu começar a desenvolver um jogo nos velhos moldes. E o
resultado? [passar]
[play] Meus amigos, esse é Sonic the Hedgehog 4: Episódio 1, um dos jogos mais
controversos de toda a série, somente atrás de Sonic 06 e um outro na qual eu
ainda vou falar. É muito engraçado ver a disparidade entre a recepção dos fãs e da
crítica. Geralmente os fãs recebem o jogo de maneira mais positiva que os críticos,
mas aqui foi o contrário. Este jogo foi originalmente concebido para mobile, até que
a Sega, gananciosa que só ela, decidiu lançá-lo para outras plataformas, e isso
explica a arte e as animações porcamente feitas que vocês estão testemunhando
agora, simplesmente foram feitas com um baixo orçamento e um prazo
apertadíssimo.
Como eu disse, ele foi bem recepcionado pela crítica, e realmente tem o que se
gostar, o design de levels é interessante e o jogo pode ser divertido sim se você
ignorar um monte de coisa, e ainda tem o fator de finalmente termos um jogo 2D do
Sonic depois de tanto tempo, mas creio eu que os críticos não jogaram por tempo o
suficiente para enxergar os defeitos, como a física mal feita, a jogabilidade sem
graça e a enorme quantidade de bugs. Sério, pesquisem depois no YouTube “Sonic
4 Ep 1 Bugs”, chega até ser triste ver tanta falta de zelo.
Beleza, existem jogos da série que são muito mais desagradáveis, mas os outros
jogos mais criticados são muito mais ambiciosos, tentam inovar com mecânicas
novas e se passam em um ambiente tridimensional, o que é muito mais complexo e
difícil. Mas aqui? Cara, você já tem a receita de como fazer um bom Sonic
bidimensional, várias receitas na verdade. Nem a aplicação de elementos modernos
como os Homings Attacks é uma inovação, Sonic Advance já tinha feito isso nove
anos antes, e muito melhor. Esse jogo foi muito antecipado e acabou sendo um
sucesso de vendas, e eu só imagino o tanto de gente frustrada depois de ter
comprado. Não é o pior jogo da franquia, mas com certeza é o mais decepcionante.
Caso vocês também queiram sentir isso, está disponível na Play Store por 16,90. A
esse ponto vocês já devem ter notado que a qualidade dos jogos dessa série é uma
montanha russa, não tem como prever o que vai vir. [passar]
[play] A recepção positiva das fases diurnas de Unleashed finalmente deu a Sega
um modelo de como fazer o Sonic funcionar em um ambiente tridimensional, e
Sonic Colors, lançado para Wii, segue esse caminho, mas adicionando
interessantes novos recursos. O tom da trama é bem parecido com Unleashed, mas
dessa vez foi adicionado um humor meio metalinguístico, além do que a trama
recupera aquela mensagem ambientalista lá do primeiro jogo da franquia, é aquela
coisa de que tudo pode ser uma crítica ao capitalismo. E aqui também começa-se a
desenhar uma ideia de um cânone, porque este jogo é uma sequência direta de
Unleashed. Dr. Eggman inaugura um parque de diversões espacial como forma de
dizer que está arrependido de seus crimes. Sonic e Tails desconfiados vão
investigar, e eles descobrem que o parque não passa de uma fachada para Eggman
capturar e sugar as energias dos Wisps [passar], criaturas alienígenas muito
poderosas.
Como eu disse, a gameplay segue uma linha muito parecida do que nós vimos em
Unleashed, só que dessa vez com um novo elemento. Durante a fase, os Wisps
compartilham um pouco de seu poder com o Sonic, o que faz com que ele tenha
habilidades diferentes por um tempo limitado. Tem Wisp que te permite atravessar
parede, outro que te transforma num foguete, outro até que faz você virar um bicho
que aumenta de tamanho conforme você come objetos e inimigos, dentre muitos
outros. O jogo teve uma recepção bem favorável da crítica e foi um sucesso de
vendas. [passar]
Sonic Colors inaugura uma nova fase para a série, principalmente porque a Sega
nessa época [passar] havia mudado bastante seu modo de operação. E depois de
Sonic Colors, havia agora a esperança de um futuro brilhante para o personagem.
[passar]