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A ABORDAGEM SISTÊMICA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Miguel Lovois de Andrade1

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Doutor em Agronomia / Desenvolvimento Rural pelo Institut National Agronomique, Paris – Grignon (INA-
PG); Professor Associado da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul; Professor-Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural – PGDR/UFRGS.
lovois@ufrgs.br

Resumo
Este artigo apresenta os elementos teóricos e conceituais necessários a descrição e análise da Unidade de
Produção Agrícola (UPA) baseado na abordagem sistêmica. A Unidade de Produção Agrícola é concebida
como um sistema composto de um conjunto de elementos em interação (sistemas de cultivo e/ou criação
e/ou transformação), influenciado pelos objetivos do agricultor/produtor rural e de sua família (sistema social),
aberto e em interação com o meio externo (econômico, físico e humano). Nesse sentido, são definidos
diversos conceitos operacionais, bem como os elementos fundamentais para a caracterização social,
agronômico e econômico da UPA, tendo como centro de observação o agricultor e sua família.

Palavras-Chave: Abordagem sistêmica, Sistema de Produção, Unidade de Produção Agrícola.

Abstract
This article presents the theoretical and conceptual elements necessary to describe and analyze the
Agricultural Production Unit (APU) based on an ordered approach. The Agricultural Production Unit is
designed as a system composed of a set of interacting elements (cropping systems and / or creating and / or
processing), influenced by the goals of the farmer / farmer and his family (social system), open and in
interaction with the external environment (economic, physical and human). Accordingly, various operational
concepts are defined, as well as the key elements for social characterization, agronomic and economic UPA,
having as its center of observation the farmer and his family.

Keywords: Systemic Approach, System Production Unit, Agricultural Production.

Introdução
A agricultura brasileira, sobretudo a partir de 1960, vivenciou um intenso e vigoroso processo de
modernização. Esse processo, associado à desregulamentação dos mercados agrícolas, às deficiências e
lacunas das políticas agrícolas e às frequentes crises econômicas, impactou fortemente a agricultura e, por
consequência, os agricultores e produtores rurais brasileiros.
A complexidade dos fatores socioeconômicos e ambientais envolvidos nas Unidades de Produção
Agrícola (UPAs) exige não apenas uma análise dos fatores de produção diretamente envolvidos com a
produção agropecuária, mas também uma aproximação da questão social. Deve-se, assim, considerar a
realidade agrária como portadora de uma enorme diversidade de tipos de UPAs, fruto de um longo processo

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de diferenciação social e de infinitas possibilidades de combinações entre fatores de produção, contextos
regionais e formas sociais.
Considera-se, pois, que as UPAs são formatadas pelos agricultores e produtores rurais, que
organizam suas atividades produtivas a partir de suas condições materiais e de seu legado cultural, étnico e
social. Constata-se que a interação de diversas combinações e de diferentes estratégias em relação ao
processo de trabalho agrícola define a organização da UPA e a ação de cada membro da família. E essa
definição está fortemente vinculada aos objetivos da família referentes tanto à atividade econômica
desenvolvida quanto à sua inserção na sociedade. Esse conjunto de fatores colabora para que as famílias se
organizem para além da produção, de forma a garantir não só a sobrevivência da geração atual, como
também a das gerações futuras. Para tanto, todos os investimentos realizados no sistema produtivo adotado,
em materiais e em trabalho, são estrategicamente pensados e transmitidos de uma geração à outra,
garantindo dessa forma as condições de sua sobrevivência (WAGNER et al., 2010).
Dentro desse contexto, a compreensão da estrutura e do funcionamento da UPA e das
particularidades que caracterizam os agentes diretamente envolvidos nesse processo é condição
fundamental e indispensável para a realização de ações de planejamento e de gestão nas Unidades de
Produção Agrícola.

Antecedentes
O estudo e a descrição de Unidades de Produção Agrícola (UPAs), de uma maneira global, têm sido
realizados desde a Antiguidade. Tem-se buscado, com isso, reconstituir e descrever os principais elementos
constitutivos das UPAs, colocando em evidência suas peculiaridades e características. A literatura é farta em
descrições e relatos de UPAs da Antiguidade greco-romana; no Brasil, tais registros remontam ao período
colonial e pós-colonial.
No entanto, de acordo com Bonneviale, Jussiau e Marshall (1989, p. 29-55), a partir do final do
século XIX, esta abordagem global foi sendo progressivamente abandonada a favor de uma abordagem
nitidamente setorial e segmentada para o estudo e a análise das UPAs. Essa abordagem, a abordagem
setorial da UPA, foi em grande parte inspirada e induzida pelo processo de modernização da agricultura,
também conhecida como Segunda Revolução Agrícola dos tempos modernos (ou Revolução Verde)
(MAZOYER et al., 2010; MIGUEL, 2009). Passou-se, assim, a privilegiar a desconstrução e o estudo isolado
dos elementos e partes constitutivas das UPAs, aceitando como verdade a acepção de que o conhecimento
isolado das partes permitia a compreensão da UPA em sua totalidade. Além da segmentação do
conhecimento, a abordagem setorial reduzia consideravelmente a importância e a influência do homem na
gestão e condução das UPAs. O agricultor/produtor rural era considerado como mero executor de medidas e
ações predeterminadas e automáticas decididas e impostas por agentes externos. Somente a partir da
segunda metade do século XX, especialmente frente à constatação dos limites da abordagem setorial, a UPA
começa a ser vista mais e mais como um objeto complexo que deve ser estudado e compreendido em sua
totalidade (SOUZA FILHO et al., 2005).
Com a abordagem sistêmica, incorpora-se a noção de que a UPA pode apresentar, além da função
de produção de produtos agrícolas, outras funções combinadas: comercialização, serviços, conservação do
espaço, etc. A gestão de uma UPA passa a ser considerada como sendo a gestão coerente e articulada de

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atividades produtivas de bens e de serviços agrícolas e não-agrícolas. De uma aproximação da UPA
centrada, em um primeiro momento, no estudo das atividades produtivas, chega-se progressivamente a uma
valorização do papel do agricultor/produtor rural e de sua família como protagonista, idealizadora e gestora
da UPA.
Apesar dos avanços e perspectivas que a abordagem sistêmica representava para o estudo e a
compreensão das UPAs, especialmente em relação à abordagem setorial, cabe salientar que essa
abordagem foi marcada inicialmente por uma concepção dominante que considerava estas organizações
como detentoras de um processo produtivo orientado unicamente pela racionalidade empresarial. As UPAs
eram apresentadas como tendo objetivos comuns, como sendo confrontadas a problemas semelhantes e
como dispondo de oportunidades idênticas (ALENCAR; MOURA FILHO, 1988). De acordo com esta visão
monolítica e reducionista, os demais tipos de UPAs que não eram geridos como empresas rurais eram
julgados ineficientes do ponto de vista econômico e produtivo e, portanto, inadequados. Tal concepção
apregoava de maneira ostensiva a readequação das UPAs e a introdução de critérios de gestão e de tomada
de decisão embasados na visão empresarial e na priorização da busca do lucro e do retorno financeiro
(HOFFMANN et al., 1984).
Nas décadas de 1960 e 1970, esta abordagem induziu a equívocos consideráveis no que tange à
gestão e ao planejamento de UPAs e mesmo às previsões de evolução da agricultura. Estudos e pesquisas
realizados neste período em universidades e centros de pesquisa brasileiros chegaram a concluir que as
formas de produção não empresariais seriam inviáveis do ponto de vista econômico e que, portanto,
tenderiam a desaparecer a curto e a médio prazos. Apregoava-se, igualmente, que a modernização da
agricultura levaria à hegemonia e ao predomínio da agricultura de tipo empresarial. Muitos desses estudos e
pesquisas induziram o poder público e as instituições de fomento e apoio à agricultura a implementarem
programas e ações de desenvolvimento rural com o único objetivo de qualificar os agricultores e produtores
rurais para implantarem em suas UPAs métodos e procedimentos de gestão e planejamento fundamentados
na visão empresarial.
Nas últimas décadas, porém, esta visão uniformizada e reducionista da realidade da agricultura foi
superada pela constatação e validação, por parte das ciências sociais, da existência de múltiplas formas e
tipos de agricultura, materializados em uma infinidade de tipos de UPAs.
No caso da realidade agrária brasileira, constata-se a existência de uma enorme diversidade de tipos
de UPAs, fruto de um longo processo de diferenciação social e de infinitas possibilidades de combinação
entre os fatores de produção, contextos regionais e formas sociais.
Na atual conjuntura da agricultura brasileira, podem-se classificar os diferentes perfis de UPAs em
quatro grandes tipos “ideais”:

 Familiar;
 Patronal;
 Empresa Rural; e
 Grande Propriedade.
O quadro a seguir (quadro 1) apresenta as principais características socioeconômicas e produtivas
que permitem identificar os diferentes tipos de UPAs encontrados atualmente na realidade agrária brasileira.

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Tipo de UPA / Variável Grande Empresa Patronal Familiar
Propriedade Rural
Composição Orgânica do Capital Baixa Alta Média/ Alta Baixa / Média
Capital Imobilizado (terra, Alto Médio / Alto Médio / Alto Baixo / Médio
instalações, equip., animais, etc.)
Relações sociais de produção/ Clientelista Capitalista Capitalista / Familiar
relações de trabalho Familiar
Destino da produção agrícola / Mercado Mercado Mercado / Mercado /
relação com o mercado Autoconsumo Autoconsumo
Grau de Especialização Alto Alto Médio / Alto Baixo / Médio
Disponibilidade de área Alto Variável Variável Baixo / Médio
Intensidade do processo produtivo Baixo Alto Alto Variável
Padrão tecnológico Baixo Alto Médio / Alto Variável
Aversão ao Risco Alto Baixo Média Alta
Valor de troca da produção Baixa Alta Alta Variável

Quadro 1 - Características dos principais tipos de UPAs encontrados atualmente na realidade agrária
brasileira, segundo determinados critérios e variáveis
Fonte: Adaptado por Lovois de Andrade Miguel, a partir de: ALENCAR; MOURA FILHO, 1988, p. 27.

Estes diferentes tipos de UPAs apresentam características particulares e únicas e demandam,


necessariamente, uma avaliação e uma análise particularizadas. Despreza-se, assim, a uniformização de
procedimentos para o estudo de UPAs, desmistificando a falsa ideia de que todas as UPAs são empresas
rurais que deveriam ser estudadas e avaliadas como tais.
Por fim, cabe ressaltar a importância do ambiente externo e da inserção regional para o estudo e a
compreensão das UPAs. Estas não estão desvinculadas do espaço externo e não operam de forma
autônoma em relação a ele. O espaço externo, tanto em nível micro (o espaço agrário delimitado pela
localidade ou região) quanto em nível macro (delimitado pelo espaço regional, nacional ou mesmo
internacional), influencia e afeta, em grau e intensidade variáveis, as diferentes UPAs. Por isso, as
características ecológicas, técnicas, sociais, políticas e culturais do entorno de uma UPA devem ser
consideradas e ponderadas em qualquer estudo acerca da UPA. A análise regional constitui, assim, uma
etapa preliminar indispensável para o estudo e a caracterização da UPA.

Fundamentação Teórica
A abordagem sistêmica constitui o arcabouço científico fundamental para a compreensão e a análise
do funcionamento da UPA. Com efeito, visando a contrabalançar a tendência de fracionamento preconizado
pela abordagem analítica, a abordagem sistêmica propõe “novos” procedimentos científicos e técnicos.
Busca-se, com esta abordagem, resgatar e compreender a diversidade e as inter-relações entre os
elementos constitutivos de um objeto e o ambiente externo. Além da ênfase na interação das partes
constituintes, a abordagem sistêmica busca ressaltar o princípio da organização e a noção de finalidade,
baseada no princípio de que todo e qualquer objeto pode ser analisado e compreendido como um sistema

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(SEBILLOTTE, 1994). Assim, um sistema pode ser considerado como um conjunto de elementos em
interação dinâmica, organizado em função de um objetivo e articulado, em maior ou menor grau, com outros
sistemas.
Algumas definições e conceitos são básicos para a descrição e a caracterização de uma UPA
segundo a abordagem sistêmica.
A UPA pode ser definida como sendo o “objeto” resultante da interação do sistema social com o
sistema natural. Assim, a Unidade de Produção Agrícola pode ser concebida como um sistema composto de
um conjunto de elementos em interação (sistemas de cultivo e/ou criação e/ou transformação), influenciado
pelos objetivos do agricultor/produtor rural e de sua família (sistema social), aberto e em interação com o
meio externo (econômico, físico e humano). A UPA é, portanto, um sistema dinâmico e aberto ao ambiente
externo (ambiental, econômico, social). A partir desta definição de UPA, pode-se delimitar, de maneira clara e
precisa, o objeto de estudo e de análise e sua inserção e articulação com o ambiente externo.
Já o conceito de Sistema de Produção é um pressuposto básico para a compreensão e a análise dos
processos produtivos que ocorrem no âmbito da UPA. Fruto da interação do sistema social com o sistema
natural, o Sistema de Produção (farming system / système de production) é formado pela combinação de
sistema(s) de cultivo e/ou sistema(s) de criação adotados dentro dos limites autorizados pelos fatores de
produção de que uma UPA dispõe (força de trabalho, conhecimento técnico, superfície agrícola,
equipamentos, capital, etc.). Integram-no igualmente as atividades de transformação e de conservação de
produtos animais, vegetais e florestais exercidas dentro dos limites da Unidade de Produção Agrícola
(adaptado de DUFUMIER, 2007).
O Sistema de Cultivo (crop pattern / système de culture) consiste na descrição dos cultivos (e de
seus itinerários técnicos específicos) realizados em uma parcela e segundo uma ordem de sucessão
conhecida e recorrente. Um Sistema de Cultivo pode ser definido pelos tipos de cultivos, pela ordem de
sucessão dos cultivos na parcela, assim como pelo itinerário técnico implementado em cada cultivo
(adaptado de: SEBILLOTTE, 1990).
O Itinerário Técnico (crop system / itinéraire technique) consiste na sucessão lógica e ordenada de
operações agrícolas utilizadas no cultivo de uma espécie vegetal, domesticada ou não (SEBILLOTTE, 1990).
O Sistema de Criação (système d’élevage) consiste na combinação dos diferentes modos de
condução (ou manejos) aplicados às diferentes categorias de uma espécie animal (adaptado de: LANDAIS;
LHOSTE; MILLEVILLE, 1987).
O Modo de Condução (ou manejo da criação) é a sucessão lógica e ordenada de técnicas de criação
aplicadas a uma categoria de uma espécie animal, domesticada ou não (adaptado de: LANDAIS; LHOSTE;
MILLEVILLE, 1987).
Na figura (figura 1), apresenta-se de maneira esquemática uma Unidade de Produção Agrícola (UPA)
com a representação dos diferentes conceitos de cunho sistêmico, destacando-se a organização, hierarquia
e escala de abrangência dos mesmos.

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Sistema Criação 2

Sistema Cultivo 1

Sistema Criação 1

AGRICULTOR / FAMÍLIA Sistema Cultivo 2


Atividades de
Transformação

Sistema Cultivo 3

SISTEMA DE PRODUÇÃO

Meio
Externo

Figura 1 - Representação esquemática da Unidade de Produção Agrícola e do Sistema de Produção


segundo a abordagem sistêmica
Fonte: Elaborado pelo autor.

Além destes conceitos e definições, a compreensão do funcionamento de uma UPA e de sua


evolução deve considerar simultaneamente os projetos do grupo familiar e o modo de produção como
componentes indissociáveis de seu funcionamento. Assim, o estudo e a compreensão de uma UPA exigem
um profundo conhecimento da disponibilidade de fatores de produção (terra, trabalho e capital). A
disponibilidade dos fatores de produção de uma UPA é normalmente realizada com base em um inventário
quantitativo(COCHET, 2011; INCRA/ FAO, 1999, LIMA et al., 1995).
A extraordinária complexidade que envolve o processo de produção em uma UPA exige uma
aproximação progressiva. Inicialmente, busca-se delimitar e descrever os diferentes sistemas de criação e de
cultivo, colocando em evidência suas particularidades e eventuais relações de troca e reciprocidade. Em um
segundo momento, em uma escala de abrangência superior, busca-se restituir o sistema de produção
colocado em prática na UPA.
Pode-se, pois, de maneira sucinta e objetiva, afirmar que o estudo e a compreensão da estrutura e
do funcionamento de UPAs estão fundamentados em quatro postulados de base:

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 a UPA é um sistema e deve necessariamente ser descrito em tais termos;
 as decisões dos agentes (agricultor / família ou externos) é que fazem evoluir a UPA de um estado a
outro;
 o agricultor / família tem uma influência determinante sobre a estrutura e o funcionamento da UPA; e
 o conhecimento das possibilidades de evolução da UPA demanda uma análise de sua história e
trajetória.

Funcionamento e gestão da UPA a partir da abordagem sistêmica


Para a compreensão dos mecanismos de funcionamento e gestão de uma UPA, considera-se
imprescindível conhecer o comportamento do agricultor, explicar suas decisões passadas e presentes e
buscar prever as decisões que ele tomará frente a mudanças em sua situação e ambiente.
Os objetivos do agricultor e de sua família ocupam uma posição central no processo de tomada de
decisão. Para alcançarem seus objetivos, os agricultores dispõem de várias estratégias, com diferentes
níveis de exposição a riscos. Por isso, as estratégias de ação adotadas pelos agricultores e materializadas
através dos sistemas de produção implementados na UPA levam em consideração a estimativa de risco
ligado ao clima ou às mudanças econômicas. Por conseguinte, a diversidade de modos de produção e de
resultados técnicos e econômicos encontrados em uma UPA não depende unicamente da estrutura
produtiva, da disponibilidade de fatores de produção, das técnicas disponíveis e dos preços dos produtos
agrícolas.
Os agricultores, como todos os indivíduos, têm comportamento racional, e verifica-se uma notável
coerência entre os objetivos que eles buscam alcançar e os meios por eles operacionalizados (BROSSIER,
1987). Portanto, leva-se em conta a existência de coerência nos atos dos agricultores, embora suas ações
não estejam em consonância com as recomendações técnicas ou com a busca da eficiência produtiva e
agronômica.
Segundo o modelo do comportamento adaptativo, a formulação dos objetivos do agricultor não é
independente da situação em que ele se encontra. O agricultor e sua família decidem em função da
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percepção que eles têm de sua situação ; e decidem particularmente em função de uma hierarquia que eles
estabelecem entre os condicionantes da situação. A situação familiar é determinante na escolha da
estratégia adotada e, portanto, na escolha dos objetivos que o agricultor se propõe a atingir. São estes
objetivos que estruturam seu projeto a curto e a médio prazo. A decisão de agir resulta da análise mais ou
menos consciente que o agricultor faz de sua situação e de seus objetivos. As decisões são hierarquizadas,
e a hierarquia das decisões corresponde a uma hierarquia de objetivos. Constata-se, assim, a existência de
um duplo processo de adaptação entre situação e objetivos: a situação depende dos objetivos do agricultor e,
reciprocamente, os objetivos dependem da situação (BROSSIER et al., 1990).

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Entende-se por situação o conjunto de relações do agricultor com seu ambiente.

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