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CÁLCULO III

Prof.a Dr.a Camila Isoton

Engenharia Civil de Infraestrutura


Universidade Federal da Integração Latino-Americana

2 2021

Prof.a Camila Isoton UNILA CÁLCULO III - ECI 1 / 96


HORÁRIO DE ATENDIMENTO AO ALUNO

Terça-feira: 10H00 às 10h50


Quinta-feira: 14h40 às 15h30

As aulas serão disponibilizadas em forma de slides.

As dúvidas podem ser enviadas também por:


 Discord: pelo canal de texto # dúvidas.
link da turma no Discord: https://discord.gg/W92pK2Zb
 e-mail: camila.isoton@unila.edu.br

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PROVAS

1 P1 : 27/05
2 P2 : 01/07
3 P3 : 27/07
4 EF: 03/08

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MÉDIA FINAL

A nota final NF será composta pela média aritmética simples entre:


P1 + P2 + P3
NF =
3
onde Pi é o valor da respectiva prova (i = 1, 2, 3).
A mmédia final MF será composta por:

NF,
 se NF ≥ 6. (Aprovado)
EF+NF
MF = 2 , se 4 ≥ NF < 6. (Neste caso o aluno tem direito a realizar o E

NF, se NF < 4. (Reprovado)

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Ementa

1 Temas relacionados a P1 :
Introdução às EDO’s
Tipos de EDO’s de 1a ordem
Aplicações das EDO’s
2 Temas relacionados a P2 :
Séries de Potências
Transformada de Laplace
Sistema de EDO’s Lineares de 1a Ordem
3 Temas relacionados a P3 :
Introdução às EDP’s - Equação do Calor
Séries de Fourier
Transformada de Fourier - Equação da Onda

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Bibliografia Básica:
1 ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R; PERTENCE JUNIOR, Antonio.
Equações diferenciais - volume 1. 3. ed. São Paulo: Pearson makron
books, 2001. xvi, 473 p. ISBN: 9788534612913.
2 ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R; FARIAS, Alfredo Alves de;
PERTENCE JUNIOR, Antonio. Equações diferenciais: Volume 2. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2001. xvii, 434 p. ISBN:
9788534611411.
3 BOYCE, William E; DIPRIMA, Richard C. Equações diferenciais
elementares e problemas de valores de contorno. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2010. xiv, 607 p. ISBN: 9788521617563.
4 FIGUEIREDO, Djairo Guedes de. Análise de Fourier e equações
diferenciais parciais. 4. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2012. 274 p. (Projeto
Euclides) ISBN: 9788524401206.
5 FIGUEIREDO, Djairo Guedes de; NEVES, Aloisio Freiria. Equações
diferenciais aplicadas. Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 1979.

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MOTIVAÇÃO
Exemplo 1. Consideremos um objeto que é solto do alto de um prédio em
queda livre sob o efeito da gravidade. Estamos interessados em determinar
algumas informações do movimento resultante, por exemplo, qual a posição
do objeto em cada instante? qual a velocidade do objeto em cada instante?
quanto tempo até o objeto atingir o solo? qual a velocidade do objeto ao atingir
o solo?

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Sejam:
y = y(t) a posição do objeto no instante t.
y00 (t) = −g a aceleração da gravidade (desprezando a resistência do ar)
F = −mg o módulo da força sobre o objeto.
Então, da 2a Lei de Newton (F = m · a) para determinar a posição do objeto
no instante t, temos que resolver a seguinte Equação Diferencial Ordinária:

y00 (t) = −g (1)

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Para isto, integramos duas vezes a equação (2) e obtemos

gt2
y(t) = − + C1 t + C2
2
onde C1 e C2 são duas constantes que podem ser determinadas pelas condições
iniciais do problema. Se conhecemos a posição inicial y(0) = y0 e a veloci-
dade inicial y0 (0) = v0 então,

g · 02
y(0) = − + C 1 · 0 + C 2 = y0 ⇒ C 2 = y0
2
y0 (0) = −g · 0 + C1 = v0 ⇒ C1 = v0
Logo, a solução do problema é dada por

gt2
y(t) = − + v0 t + y0
2

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Área abaixo de uma curva
Dada f : [a, b] → R com f (x) ≥ 0 para determinar a área (S) da região abaixo
da curva y = f (x)

basta integrar a função (utilizando o


TFC), isto é,

Z b
área(S) = f (x)dx = F(b) − F(a)
a

onde F é uma primitiva de f .

Isto é, que satisfaz a EDO: F 0 (x) = f (x) ou y0 = f (x).


Assim, qualquer solução da EDO acima pode ser dada como

y = F(x) + C

onde C é uma constante qualquer.


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Definição 1.
Uma equação diferencial é qualquer equação em que a incógnita é uma
função de uma ou mais variáveis e que depende das derivadas da função
incógnita.

Exemplos:
1 y00 + xy = x2
∂u ∂u
2 − = senx
∂x ∂y
d4 y d2 y
3
4
− senx 2 = cosy
dx dx
2
∂ u 2
∂ u
4 − = ex u
∂x∂z ∂x∂y
Lembrar notações de derivada.

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Classificação das Equações Diferenciais

Uma EDO é uma equação diferencial em que a função incógnita


depende de apenas uma variável independente e a equação envolve
derivadas ordinárias dessa função.
Exemplos

d4 y d2 y
(1) y0 + 2y = ex (2) y00 + xy = x2 (3) − senx = cosy
dx4 dx2
Uma EDP é uma equação diferencial em que a função incógnita depende
de duas ou mais variáveis e a equação envolve as derivadas parciais dessa
função.
Exemplos

∂u ∂u ∂2u ∂2u
(1) − = senx (2) − = ex u (3) uxt = −ux
∂x ∂y ∂x∂z ∂x∂y

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Dizemos que uma EDO é de ordem n se a ordem da maior derivada que aparece
na equação é n.

Exemplos
1 y00 + xy = x2 é de ordem 2
d4 y d2 y
2 − senx = cosy é de ordem 4
dx4 dx2
3 y000 + (y0 )4 = y5 é de ordem 3

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Definição 2
Uma equação diferencial ordinária de ordem n é uma equação da forma

F(x, y, y0 , · · · , y(n−1) , y(n) ) = 0

onde x é a variável independente, y = y(x) é uma função de x, F : U ⊂ R


×Rn+1 → R é uma função dada e y0 , y00 , · · · , y(n) são as derivadas de y.
Quando for possível isolar a derivada de maior ordem na EDO, ou seja,
quando for possível escrever na forma

y(n) = f (x, y, y0 , · · · , y(n−1) )

dizemos que a EDO está na sua forma normal.

Exemplos

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Classificação das EDO’s

Uma EDO de ordem n é linear quando podemos escrever na forma

an (x)y(n) + an−1 (x)y(n−1) + · · · + a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x)

onde an , an−1 , · · · , a1 , a0 e g são funções apenas da variável


independente x.
Exemplos:
1 2xy000 − (lnx)y00 = y − e2x é uma EDO linear
2 y00 − yy0 = 0 não é uma EDO linear
3 (y00 )2 + (2senx)y = ex não é uma EDO linear
4 y0 − seny = 0 não é uma EDO linear

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Dada uma EDO de ordem n da forma

y(n) = f (x, y, y0 , · · · , y(n−1) ),

uma solução da EDO num intervalo I ⊂ R é uma função ϕ : I → R, com pelo


menos n derivadas, de modo que

ϕ(n) (x) = f (x, ϕ(x), ϕ0 (x), , ϕ(n−1) (x))

é verdadeiro para todo x ∈ I.


Exemplos

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Dada uma EDO, nem sempre conseguiremos exibir uma solução explícita para
a equação, ou seja, nem sempre será possível apresentar uma função y = ϕ(x)
que seja solução da EDO. Em alguns casos, seremos capazes de determinar
soluções implícitas. Por exemplo, considere a EDO

dy x2
=
dx 1 − y2
Então,
−x3 + 3x2 − y3 = C
para qualquer C constante, define y implicitamente como uma função de x e y
é solução da EDO.

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Dada uma EDO de ordem n, dizemos que uma família de funções com n
parâmetros é uma solução geral se qualquer solução da EDO pertence a
família.
Por exemplo, a família a 2 parâmetros

gt2
y(t) = − + At + B
2
é a solução geral da EDO y00 = −g.
Uma solução de uma EDO que não depende de parâmetros arbitrários é
chamada uma solução particular.
Por exemplo, a função
ϕ(x) = ln x
1
no intervalo (0, ∞) é uma solução particular para a EDO y0 = .
x
Observamos que nem toda família de soluções de uma EDO é uma solução
geral

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Exemplo. Considere a EDO
y0 = y2
1
A família dada por ϕ(x) = − x+C , com C uma constante arbitrária, é formada
por soluções da EDO. De fato,
1
ϕ0 (x) =
(x + C)2

ou seja, ϕ0 (x) = (ϕ(x))2 para todo intervalo que não contenha o ponto x = −C.
É fácil ver que a função identicamente nula ψ(x) ≡ 0 também é solução da
EDO, chamada de solução singular, pois não existe qualquer constante C de
1
modo que ψ(x) = − x+C .
1
Portanto, a família a 1 parâmetro ϕ(x) = − x+C é formada por soluções da
EDO, mas não é uma solução geral da EDO.

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Curva Integral
O gráfico de uma solução ϕ de uma EDO num intervalo I é chamado de curva
integral da EDO.

Exemplo. Consideremos a EDO y0 = y2 . Já vimos que qualquer função da


1
forma ϕ(x) = − x+C é uma solução em um intervalo I que não contenha o
ponto x = −C.particular, para C = −1 e escolhendo o intervalo I = (1, +∞),
obtemos a seguinte curva integral da EDO:

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1
Agora se considerarmos a função ϕ(x) = − x−1 cujo domínio é D = R \ {1},
temos seu gráfico dado por

que não é uma curva integral, pois o domínio de uma solução deve ser um
intervalo.

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PVI
Seja uma EDO y(n) = f (x, y, y0 , · · · , y(n−1) ) de ordem n. Se consideramos as
condições iniciais como sendo o valor de y, y0 , · · · , y(n−1) no ponto x0
chamamos de Problema de Valor Inicial (PVI) e denotaremos por



 y(n) = f (x, y, y0 , · · · , y(n−1) )

y(x0 ) = y0



y0 (x0 ) = y1
...





y(n−1) (x ) = y

0 (n−1)

Um dos interesses quando se estuda um PVI é determinar se ele possui solução


ou não e, em caso afirmativo, determinar se a solução é única ou não.

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Consideremos um PVI de primeira ordem, dado por
(
y0 = f (x, y)
y(x0 ) = y0
para uma função f : U ⊂ R × R → R, em que (x0 , y0 ) ∈ U.

Geometricamente, esse PVI modela o


problema de determinar uma curva em
U que passa pelo ponto (x0 , y0 ) e é o
gráfico de uma função ϕ com inclina-
ção da reta tangente no ponto (x0 , y0 )
dada por ϕ0 (x0 ) = f (x0 , y0 ).

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Teorema 1. (Existência e Unicidade de Soluções)
∂f
Se f (x, y) e são funções contínuas em um retângulo R = [a, b] × [c, d] e
∂y
(x0 , y0 ) ∈ (a, b) × (c, d), então existem ε > 0 e uma única função ϕ(x) que é
solução do PVI (
y0 = f (x, y)
y(x0 ) = y0
no intervalo I = (x0 − ε, x0 + ε).

Dada a equação y0 = f (x, y) com f : U ⊂ R × R → R, se supormos que f


e todo (x0 , y0 ) ∈ U satisfazem as condições do Teorema 1, então U é coberto
por curvas integrais da equação y0 = f (x, y).

Observemos ainda que, apenas a hipótese de que f seja contínua não é sufici-
ente para garantir a unicidade da solução do PVI.

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Exemplo. Considere o PVI
2
(
y0 = 3y 3
y(1) = 0
2 ∂f −1
Neste caso, f (x, y) = 3y 3 é contínua em todo R2 mas ∂y = 2y 3 não está
definida para y = 0.
∂f
Assim não existe um retângulo contendo o ponto (1, 0) de modo que ∂y seja
contínua em todo retângulo.
Portanto, o Teorema 1 não permite concluir se a solução é única ou não.
Na verdade esse PVI possui mais que uma solução, a saber ϕ(x) ≡ 0 e
(
(x − 1)3 , x ≥ 1
ψ(x) =
0, x ≤ 1.

Vale ressaltar que sob a hipótese de continuidade de f no Teorema 1 é possível


garantir a existência de uma solução do PVI.

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EDO’s de 1a Ordem

Seja a equação diferencial de primeira ordem


dy
= f (x, y) (2)
dx
onde f é uma função dada.
Mesmo no caso mais simples não dispomos de um método geral para encontrar
soluções.
O que faremos é considerar métodos para encontrar as soluções de casos parti-
culares.

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Variáveis Separáveis
Uma EDO de primeira ordem é dita ser separável ou, de variáveis separáveis,
se puder ser escrita na forma
dy
= g(x)h(y)
dx
ou seja, a função f(x, y) dada em (2) pode ser separada como produto de duas
funções g(x)h(y), com g dependendo só de x e h dependendo só de y.

Para encontrar soluções dessa equação, nos pontos onde h(y) 6= 0 escrevemos
1
dy = g(x)dx
h(y)
e integramos Z Z
1
dy = g(x)dx
h(y)
donde obtemos uma família de soluções implícitas a 1 parâmetro dada por
H(y) = G(x) + C
a
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Uma EDO da forma y0 = f (y), em que a função f (y) não depende da variável
x, é chamada de equação autônoma.

Para essas equações, é fácil provar que uma função constante ϕ(x) ≡ c é
solução de y0 = f (y) se, e somente se, f (c) = 0. as únicas soluções constantes
de uma EDO autônoma são obtidas como zeros da função f (y). Essas soluções,
se existem, são chamadas de soluções estacionárias ou soluções de equilíbrio.

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Uma expressão da forma

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0,

em que M(x, y) e N(x, y) são funções de x e y, pode ser interpretada como uma
M(x, y)
EDO y0 = f (x, y), onde f (x, y) = − .
N(x, y)
Reciprocamente, toda EDO y0 = f (x, y) pode escrita na forma

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

escolhendo M(x, y) = −f (x, y) e N(x, y) = 1.

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Dado o PVI (
y dy − x dx = 0
y(x0 ) = y0
como f (x, y) = xy e fy (x, y) = − yx2 são contínuas em R2 \ {(x, y)|y = 0}, então
para qualquer ponto (x0 , y0 ) ∈ R2 , com y0 6= 0, segue do Teorema 1 que o PVI
acima possui solução única em algum intervalo aberto I.
Se y = ϕ(x) é solução em I então ϕ(x) 6= 0, ∀x ∈ I.
Resolvendo a EDO y dy − x dx = 0, temos que

y2 − x 2 = C

O que fornece uma família de soluções da EDO dadas implicitamente.


• Para (x0 , y0 ) = (2, 2), temos
(
y dy − x dx = 0
y(2) = 2

e segue que C = 22 − 22 = 0.
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Logo a solução é y2 − x2 = 0 e isolando y obtemos y = |x|. Como y 6= 0,
temos as seguintes possibilidades para solução do PVI:

y = x no intervalo (0, ∞)

y = x no intervalo (−∞, 0)

y = −x no intervalo (0, ∞)

y = −x no intervalo (−∞, 0)

Como da condição inicial, y(2) = 2, concluímos que a solução deve ser y = x


no intervalo (0, ∞).

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• Para (x0 , y0 ) = (0, 1), temos
(
y dy − x dx = 0
y(0) = 1

Como, neste caso, C = 1, segue que a solução é y2 − x2 = 1.

Essa é a equação de uma hipérbole I = (−∞, ∞).


com focos no eixo Oy, como mos-
trado na figura ao lado. Desde que
a condição inicial pede que a solu-
ção passe pelo ponto (0, 1), então a
curva integral desse PVI é apenas o
ramo da hipérbole que está acima do
eixo Ox. Veja que nesse caso, pode-
mos exibir explicitamente
√ a solução
2
como sendo y = 1 + x no intervalo

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• Para (x0 , y0 ) = (2, 1), temos
(
y dy − x dx = 0
y(2) = 1

Neste caso, C = −3, segue que a solução é y2 − x2 = −3 ou ainda x2 − y2 = 3.



Essa é a equação de uma hipérbole valo I = ( 3, ∞).
com focos no eixo Ox, como mostrado
na figura ao lado. Desde que a condi-
ção inicial pede que a solução passe
pelo ponto (2, 1), então a curva inte-
gral desse PVI é apenas o ramo da hi-
pérbole que está acima do eixo Ox e
do lado direito do eixo Oy (destacado
em verde na figura ao lado). E, po-
demos exibir explicitamente
√ a solução
como sendo y = −3 + x2 no inter-

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EDO’s Lineares de 1a Ordem

Uma EDO de primeira ordem é dita ser linear se puder ser escrita na forma
dy
a1 (x) + a0 (x)y = g(x),
dx
onde a1 , a0 e g são funções da variável independente x. Dividindo a equação
pela função a1 (x), vamos considerar a EDO na forma normal

dy
+ P(x)y = f (x) (3)
dx
Buscaremos soluções da equação (3) num intervalo onde as funções P(x) e
f (x) sejam contínuas.

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O método para resolver este tipo de EDO segue os seguintes passos:
1. Multiplicar o lado esquerdo de (3) por uma função µ(x)

dy
µ(x) + µ(x)P(x)y (4)
dx
2. Derivar a função µ(x)y em relação a x

d dy dµ
(µ(x)y) = µ(x) + y (5)
dx dx dx
3. Comparando (4) com (5) temos
d dy dµ
(µ(x)y) = µ(x) + µ(x)P(x)y ⇔ = µ(x)P(x)
dx dx dx
isto é, a função µ deve satisfazer a EDO

= P(x)µ
dx

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Mas = P(x)µ é uma EDO separável, que sabemos resolver:
dx
Z Z Z
1 1
dµ = P(x)dx ⇒ dµ = P(x)dx ⇒ ln |µ| = P(x)dx + C
µ µ
R R
P(x)dx+C P(x)dx
⇒ |µ(x)| = e ⇒ µ(x) = Ce
R
Como C é arbitrário, escolhemos C = 1 e temos que µ(x) = e P(x)dx é cha-
mada de fator integrante da EDO.
4. Agora,
R multiplicando ambos os lados da EDO (3) pelo fator integrante
e P(x)dx obtemos

P(x)dx dy
R R R
P(x)dx
e +e P(x)y = f (x)e P(x)dx
dx
d  R P(x)dx  R
e y = f (x)e P(x)dx
dx

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5. Por fim, integrando ambos os lados da equação acima utilizando o TFC,
temos que Z R R
P(x)dx P(x)dx
e y= f (x)e dx + C

e, isolando y, temos
R Z R R

y=e P(x)dx
f (x)e P(x)dx
dx + Ce− P(x)dx

que é a solução geral da EDO no intervalo em que P(x) e f (x) são


contínuas.

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Equações Exatas
Dada uma função de duas variáveis z = f (x, y), a diferencial de z é dada por
∂f ∂f
dz = dx + dy
∂x ∂y
Em particular, se f (x, y) = C é constante, então,
∂f ∂f
dx + dy = 0
∂x ∂y
Assim, f (x, y) = C define uma família de soluções implícitas da EDO

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 (6)


∂f ∂f
onde M(x, y) = ∂x e N(x, y) = ∂y .
Entretanto, nem toda EDO da forma M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 possui solução
∂f ∂f
f (x, y) tal que M(x, y) = ∂x e N(x, y) = ∂y
As EDO’s que possuem essa propriedade são chamadas de equações exatas e,
nesse caso, f (x, y) = C, com C arbitrária, fornece uma família de soluções a
1-parâmetro da EDO (6).
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Mas quando a EDO é exata?
Teorema 2.1
Sejam M(x, y) e N(x, y) funções de classe C1 em um retângulo
R = [a, b] × [c, d]. Então a EDO

M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0

é exata no retângulo R se, e somente se,

∂M ∂N
= .
∂y ∂x

Fazer prova.
.

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 y + 6x dx + (ln x − 2) dy = 0
 
Exemplo. Resolva o PVI x
y(1) = 2.
∂M 1 ∂N
1o . = = , logo a EDO é exata para qualquer retângulo que não
∂y x ∂x
contenha pontos da forma (0, y).
2o . Estamos interessados em resolver o PVI para (x0 , y0 ) = (1, 2) e portanto,
podemos escolher algum retângulo que não contenha pontos da forma (0, y).3o .
Procedemos então com os cálculos de modo a determinar f (x, y) tal que

∂f y
= + 6x (7)
∂x x
∂f
= ln x − 2. (8)
∂y

Neste caso, y ln x + 3x2 − 2y = C, fornece uma solução implícita da EDO.

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Usando as condições inicias, concluímos que C = −1 e assim, a solução do
PVI em algum intervalo I contendo x0 = 1 é
y ln x + 3x2 − 2y = −1.
Em geral não sabemos determinar tal intervalo, mas neste caso podemos exibir
explicitamente a solução
−1 − 3x2
y=
ln x − 2
de modo que podemos escolher um intervalo I em que a solução esteja definida
e contenha o ponto x0 = 1,por exemplo, I = (0, ∞).

Esboço da curva integral


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Fator Integrante

Em alguns casos, quando a EDO M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 não é exata, ainda
é possível determinar um fator integrante, ou seja, uma função µ(x, y) tal que

µ(x, y)M(x, y)dx + µ(x, y)N(x, y)dy = 0

passa a ser uma EDO exata. Pelo Teorema 2, necessitamos que,

∂ ∂
[µ(x, y)M(x, y)] = [µ(x, y)N(x, y)]
∂y ∂x

µ(My − Nx ) = Nµx − Mµy (9)

que é uma EDP em função de µ mais difícil de resolver.

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Mas se supormos que µ dependa apenas de uma variável, digamos µ = µ(x),
então µy = 0 e µx = µ0 , assim (9) se reduz a

My − Nx
µ0 = µ (10)
N
M −N
e se yN x µ depende só de x, então (10) é uma EDO e podemos determinar
µ = µ(x).
Analogamente, se µ = µ(y), então µx = 0 e µy = µ0 , assim (9) se reduz a

Nx − My
µ0 = µ (11)
M
N −M
e se x M y µ depende só de y, então (11) é uma EDO e podemos determinar
µ = µ(y).

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Aplicações das EDO’s de 1a Ordem

Exemplo 2.5 Crescimento Populacional: modelo Malthusiano.


O crescimento da população é proporcional ao seu tamanho.
dP
= kP
dt
P(t)= tamanho da população no instante t
k é a constante chamada taxa de crescimento da população.
Se conhecemos a população inicial P0 no instante t0 , podemos determinar o
tamanho da população em qualquer instante t > 0 resolvendo o PVI

 dP = kP
dt
P(0) = P
0

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dP
dt = kP é uma EDO separável que tem solução P(t) = cekt , e a constante c é
dada pela condição inicial c = P0 , portanto, a solução do PVI é

P(t) = P0 ekt .

curva integral para P(0) = P0 Observemos que este modelo considera que a
população em questão nunca irá diminuir! Neste caso, k é constante.

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Exemplo 2.6 Crescimento Populacional: modelo Verhulst.
Trocamos a constante k por uma função linear a − bP onde a e b são constantes
predeterminadas. Assim o PVI torna-se:

 dP = (a − bP)P
dt
P(0) = P
0

A EDO acima é autônoma, conhecida como equação logística, cujas


soluções de equílibro são P = 0 e P = ba .
Podemos resolvê-la como uma equação separável.
1. Reescrevemos como uma EDO de Bernoulli, da forma
dP
+ aP = −bP2
dt
du dP
2. Fazendo u = P−1 temos que = −P−2 e assim,
dt dt
dP du
−P2 − aP = −bP2 ⇒ + au = b
dt dt
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du
3. + au = b é uma EDO linear em u, cuja solução geral é dada por
dt
b + Ce−at
u= .
a
4. Como u = P−1 encontramos a solução P(t) = a
b+Ce−at
.
5. Se supormos que P0 > 0 então a condição inicial implica que a constante
C = a−P 0b
P0 a , então a solução do PVI é

P0 a
P(t) =
P0 b + (a − P0 b)e−at

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a
curvas integrais com P0 > b e P0 < ab , respectivamente.
P0 a a
Como limt→∞ P0 b+(a−P −at = b , em ambos os casos acima quando t → ∞, a
0 b)e
solução tende para a solução de equilíbrio. Neste caso dizemos que a solução P0 = ab
é assintoticamente estável.

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a
Para entender melhor a mudança de concavidade na curva integral P0 < b
analisamos o comportamento da segunda derivada da função P.

P00 = (P0 )0 = ((a − bP)P)0 = (a − 2bP)(a − bP)P


a a
Assim, P00 = 0 se e só se P = 0, P = ou P = .
b 2b

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EDO’s Lineares de Ordem Superior
Uma EDO linear de ordem n é uma equação diferencial da forma
an (x)y(n) + an−1 (x)y(n−1) + · · · a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x)
onde an , an−1 , · · · , a1 , a0 e g são funções da variável independente x (so-
mente). As funções an , an−1 , · · · , a1 , a0 são chamadas de coeficientes da EDO.
Teorema 3.1 - Existência e Unicidade
Sejam an , an−1 , · · · , a1 , a0 e g funções contínuas em um intervalo I, com
an (x) 6= 0 para x ∈ I. Se x0 ∈ I, então existe uma única solução do PVI



 an (x)y(n) + an−1 (x)y(n−1) + · · · a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x)

y(x0 ) = y0



y0 (x0 ) = y1
 .
..




y(n−1) (x ) = y

0 n−1

no intervalo I.
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Se denotarmos por L, o operador definido por

L : F n (I) → F (I)
ϕ 7→ L[ϕ]

onde F n (I) é o conjunto de funções definidas em I que possuem pelo menos


n derivadas e F (I) é o conjunto das funções definidas em I. Então,

L[ϕ](x) = an (x)ϕ(n) + an−1 (x)ϕ(n−1) + · · · a1 (x)ϕ0 + a0 (x)ϕ.

Como F (I) é um espaço vetorial e F n (I) é um subespaço de F (I), é fácil


ver que L é uma transformação linear, isto é, para todo ϕ, ψ ∈ F n (I) e todo
λ ∈ R, vale
L[ϕ + λψ] = L[ϕ] + λL[ψ].
Assim, uma EDO linear de ordem n pode ser escrita como

L[y] = an (x)y(n) + an−1 (x)y(n−1) + · · · a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x).

Quando g(x) = 0, dizemos que a EDO é homogênea.


Quando g(x) 6= 0, dizemos que a EDO é não homogênea.
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Caso homogêneo

Assumimos que os coeficientes an , an−1 , · · · a1 (x), a0 e a função g são contí-


nuas em um intervalo I, com an (x) 6= 0 para todo x ∈ I.
Teorema 3.2 Princípio da Superposição
Se y1 , y2 , · · · , yk são soluções de uma EDO linear homogênea L[y] = 0, então
qualquer combinação linear

y = c1 y1 + c2 y2 + · · · + ck yk

também é solução de L[y] = 0, onde c1 , c2 , · · · , ck ∈ R são constantes.

Este resultado é consequência de L ser um operador linear.

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Definição LD
Um conjunto de funções f1 (x), f2 (x), · · · , fk (x), é chamado de linearmente
dependente (LD) em um intervalo I se existem constantes não todas nulas
c1 , c2 , · · · , ck tais que

c1 f1 (x) + c2 f2 (x) + · · · + ck fk (x) = 0, para todo x ∈ I.

Caso contrário, dizemos que o conjunto é linearmente independente (LI).

Sejam f1 (x), f2 (x), · · · , fn (x) funções com pelo menos n derivadas em um intervalo I e
suponhamos que existem c1 , c2 , · · · , cn , tais que
c1 f1 (x) + c2 f2 (x) + · · · + cn fn (x) = 0, para todo x ∈ I.
Derivando n − 1 vezes ambos os lados da equação acima em x0 ∈ I, temos que
c1 , c2 , · · · , cn devem satisfazer o sistema abaixo

c1 f1 (x0 ) + c2 f2 (x0 ) + · · · + cn fn (x0 ) = 0

c1 f10 (x0 ) + c2 f20 (x0 ) + · · · + cn fn0 (x0 ) = 0


..


 .
 (n−1)
 (n−1) (n−1)
c1 f1 (x0 ) + c2 f2 (x0 ) + · · · + cn fn (x0 ) = 0

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O sistema acima tem solução única c1 = c2 = · · · = cn = 0 se, e só se, o
determinante da matriz dos coeficientes é diferente de zero. Denotamos este
determinante por

···
 
f1 (x0 ) f2 (x0 ) fn (x0 )
 f10 (x0 ) f20 (x0 ) ··· fn0 (x0 ) 
W[f1 , · · · , fn ](x0 ) = det  .. .. ..
 
..
.

 . . . 
(n−1) (n−1) (n−1)
f1 (x0 ) f2 (x0 ) · · · fn (x0 )

e chamamos ele de wronskiano das funções f1 , f2 , · · · , fn , no ponto x0 .

Portanto se W[f1 , · · · , fn ](x0 ) 6= 0 para algum x0 ∈ I, então f1 , f2 , · · · , fn ,


formam um conjunto LI no intervalo I.

A recíproca não é verdadeira em geral: W[f1 , · · · , fn ](x0 ) = 0 para todo x0 ∈ I


NÃO implica que f1 , f2 , · · · , fn seja LD.

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Se as n funções são soluções de uma EDO homgênea de ordem n, então a
recíproca é válida. Veja:
Teorema 3.7 (Critério para decidir se as soluções são LI ou LD)
Consideremos uma EDO linear homogênea L[y] = 0 em que os coeficientes
an , an−1 , · · · , a1 , a0 são contínuas em um intervalo I, com an (x) 6= 0 para
todo x ∈ I. sejam y1 , y2 , · · · , yn é LI se, e somente se, o wronskiano
W[y1 , y2 , · · · , yn ] é não nulo para algum ponto x0 ∈ I.

prova
Teorema 3.8 (Existência de conjunto fundamental)
Consideremos uma EDO linear homogênea L[y] = 0 em que os coeficientes
an , an−1 , · · · , a1 , a0 são contínuos em um intervalo I, com an (x) 6= 0 para
todo x ∈ I. Então, existe um conjunto fundamental de soluções de L[y] = 0
no intervalo I.
prova

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Teorema 3.9 (Solução geral de uma EDO linear homogênea)
Consideremos uma EDO linear homogênea L[y] = 0 em que os coeficientes
an , an−1 , · · · , a1 , a0 são contínuos em um intervalo I, com an (x) 6= 0 para todo
x ∈ I. Seja y1 , y2 , · · · , yn um conjunto fundamental de soluções de L[y] = 0
no intervalo I. Então, a solução geral de L[y] = 0 no intervalo I é dada por

c1 y1 (x) + c2 y2 (x) + · · · cn yn (x),

onde c1 , c2 , · · · , cn são constantes arbitrárias.

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Caso não homogêneo
Aqui, consideramos uma EDO linear não homogênea L[y] = g(x) com
g(x) 6= 0. Observemos que:
Se ϕ1 e ϕ2 são soluções de L[y] = g(x) então ϕ1 (x) − ϕ2 (x) é solução da
EDO linear homogênea L[y] = 0.
Assim, dada yp uma solução particular de L[y] = g(x), então qualquer
outra solução de L[y] = g(x) deve satisfazer

y(x) = yh (x) + yp (x)

onde yh (x) é uma solução da EDO homogênea L[y] = 0 associada.

Teorema 3.10 (Solução geral da EDO linear não homogênea)


Consideremos uma EDO linear L[y] = g(x) em que os coeficientes an , an−1 ,
· · · , a1 , a0 e a função g são contínuas em um intervalo I, com an (x) 6= 0 para
todo x ∈ I. Se yp é uma solução particular de L[y] = g(x) e yh é uma solução
geral da EDO linear homogênea associada L[y] = 0, então uma solução geral
da EDO L[y] = g(x) é dada por y(x) = yh (x) + yp (x).
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Teorema 3.12 (Princípio de superposição da EDO linear não
homogênea)
Sejam yp1 , · · · , ypk soluções particulares das EDO’s não homogêneas
L[y] = g1 (x), · · · , L[y] = gk (x), respectivamente. Então,

yp = yp1 + · · · + ypk

é uma solução particular da EDO linear não homogênea

L[y] = g1 (x) + · · · + gk (x).

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EDO’s lineares homogêneas com coeficientes constantes

Formulação geral:

an y(n) + an−1 y(n−1) + · · · a1 y0 + a0 y = 0

Caso da EDO de segunda ordem:

ay00 + by0 + cy = 0, a, b, c ∈ R.

Pelo Teorema 3.9 se conseguirmos encontrar duas soluções LI, então obtemos
uma solução geral da EDO.

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Buscamos soluções da forma y = emx , onde m ∈ R deve ser determinado.
Neste caso, temos
y0 = memx e y00 = m2 emx
e substituindo na EDO obtemos am2 emx + bmemx + ce mx = 0 e como emx 6= 0
(já que y = emx é solução da EDO), necessitamos resolver a equação do 2o
grau em m
am2 + bm + c = 0
chamada equação característica da EDO ay00 + by0 + cy = 0.
Assim, temos três casos a considerar:
i. caso b2 − 4ac > 0: m1 e m2 são raízes reais e distintas;
ii. caso b2 − 4ac = 0: m1 e m2 são raízes reais e iguais;
iii. caos b2 − 4ac < 0: m1 e m2 são raízes complexas e conjugadas;

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Caso i. Raízes reais distintas

Neste caso as duas soluções são: y1 (x) = em1 x e y2 (x) = em2 x .Verificamos que
elas são LI´s calculando o wronskiano:
 mx
em2 x

e 1
W[y1 , y2 ](x) = det = (m2 − m1 )e(m1 +m2 )x
m1 em1 x m2 em2 x

Como m1 6= m2 então W[y1 , y2 ](x) 6= 0 para todo x ∈ R.Portanto a solução


geral da EDO ay00 + by0 + cy = 0 é dada por

y(x) = c1 em1 x + c2 em2 x

em que c1 e c2 são constantes arbitrárias.

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Caso ii. Raízes reais iguais
Neste caso obtemos apenas uma solução da equação ay00 + by0 + cy = 0,

y1 (x) = em1 x ,
b
onde m1 = m2 = − 2a .
Para determinar outra solução utilizaremos a técnica redução de ordem (que
também pode ser aplicada nos casos mais gerais).
Buscamos uma solução do tipo y(x) = u(x)y1 (x), onde y1 (x) = em1 x é a
solução conhecida.
Calculamos

y0 (x) = (u0 (x)+m1 u(x))em1 x e y00 (x) = (u00 (x)+2m1 u0 (x)+m21 u(x))em1 x

e substituímos na equação ay00 + by0 + cy = 0 donde

au00 (x) + [2m1 a + b]u0 (x) + [am21 + bm1 + c]u(x) = 0.

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Assim, a função u(x) procurada deve satisfazer u00 = 0 de modo que a
solução geral é:

u(x) = α1 x + α2 , α1 , α2 ∈ R constantes.

Portanto, uma segunda solução é dada por

y(x) = (α1 x + α2 )em1 x .

Observe que se α1 = 0 então y(x) = α2 em1 x é LD com y1 (x) = em1 x .


Assim, se escolhermos α1 6= 0, por exemplo, α1 = 1 e α2 = 0, obtemos

y2 (x) = xem1 x .

Para verificar que y1 e y2 são LI, calculamos o wrosnkiano


 mx
xem1 x

e 1
W[y1 , y2 ](x) = det
m1 em1 x (1 + m1 x)em1 x
= (1 + m1 x)e2m1 x − m1 xe2m1 x = e2m1 x 6= 0, ∀x ∈ R.

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Logo, y1 (x) = em1 x e y2 (x) = xem1 x formam um conjunto fundamental de
soluções, portanto, uma solução geral da equação ay00 + by0 + cy = 0 é
dada por
y(x) = c1 em1 x + c2 xem1 x
b
onde c1 e c2 são constantes arbitrárias e m1 = − 2a .

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Caso iii. Raízes complexas

Como os coeficientes da equação característica am2 + bm + c = 0 são reais, se


b2 − 4ac < 0, então a equação possui duas raízes complexas conjugadas, isto
é, m2 = m1 . Denotamos m1 = α + βi e m2 = α − βi, α, β ∈ R e β 6= 0.
Nota: i é complexo se i2 = −1.
Como no Caso i, as funções y1 (x) = e(α+βi)x e y2 (x) = e(α−βi)x são
soluções da equação ay00 + by0 + cy = 0.
y1 (x) e y2 (x) são LI, pois

e(α+β)x e(α−β)x
 
W[y1 , y2 ](x) = det (α+β)x
(α + βi)e (α − βi)e(α−β)x
= (α − βi)eαx − (α + βi)eαx
= −2βieαx 6= 0, ∀x ∈ R.

Entretanto são soluções complexas (imagem em C).

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Assim, para obter soluções reais utilizamos a fórmula de Euler

eθi = cosθ + isenθ

Logo,

e(α+βi)x = eαx eβxi = eαx (cosβx + isenβx)


e(α−βi)x = eαx e−βxi = eαx (cosβx − isenβx)

Utilizando o princípio da superposição, obtemos


1 h (α+βi)x i
y1 (x) = e + e(α−βi)x = eαx cosβx
2
1 h (α+βi)x i
y2 (x) = e − e(α−βi)x = eαx senβx
2i

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Como o wronskiano é
eαx cosβx eαx senβx
 
W[y1 , y2 ](x) = det αx αx
e (αcosβx − βsenβx) e (αcosβx + βsenβx)
= βe2αx 6= 0, ∀x ∈ R.

concluímos que y1 (x) e y2 (x) formam um conjunto fundamental de soluções


reais e, assim, uma equação ay00 + by0 + cy = 0 é dada por

y(x) = eαx (c1 cosβx + c2 senβx)

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Caso Geral: EDO linear homogênea de ordem n e
coeficientes constantes

an y(n) + an−1 y(n−1) + · · · a1 y0 + a0 y = 0.


Procuramos uma solução do tipo y(x) = emx , logo, devemos ter que m é raíz
da equação característica

an mn + an−1 mn−1 + · · · + a1 m + a0 = 0

ou ainda,
mn + an−1 mn−1 + · · · + a1 m + a0 = 0.
Pelo Teorema Fundamental da Álgebra, essa equação possui n raízes (comple-
xas) em que algumas podem ser repetidas. Suponha que r1 , · · · , rk sejam todas
a k raízes distintas da equação característica, então

(m − r1 )s1 (m − r2 )s2 · · · (m − rk )sk = 0

onde s1 + s2 + · · · + sk = n.
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Cada raiz r de multiplicidade s deve fornecer s soluções LI da EDO, isto é con-
tribuir com s soluções LI’s para formar um conjunto fundamental de soluções.
Assim, temos dois casos a considerar.
A raíz é real
Neste caso as soluções LI são dada por

y1 (x) = erx
y2 (x) = xerx
y3 (x) = x2 erx
..
.
ys (x) = xs−1 erx

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A raíz é complexa
Neste caso, obtemos 2s soluções LI dadas por

y1 (x) = eαx cosβx z1 (x) = eαx senβx


y2 (x) = xeαx cosβx z2 (x) = xeαx senβx
y3 (x) = x2 eαx cosβx z3 (x) = x2 eαx senβx
.. ..
. .
ys (x) = xs−1 eαx cosβx zs (x) = xs−1 eαx senβx

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EDO linear não homogênea com coeficientes constantes
Dada a EDO an (x)y(n) + an−1 (x)y(n−1) + · · · a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x) que
denotamos por L[y] = g(x), temos que uma solução geral é dada por
y(x) = yh (x) + yp (x)
onde yh (x) é uma solução geral da EDO linear homogênea associada L[y] = 0
e yp (x) é uma solução particular de L[y] = g(x).
Quando os coeficientes são constantes sabemos encontrar yh (x). Resta então
determinar uma solução particular yp (x).

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Método dos coeficientes a determinar

Seja L[y] = g(x) uma EDO linear não homogênea com coeficientes constantes.
O método consiste em supor que uma solução particular yp (x) tem a mesma
“aparência” que a função g(x), a menos de coeficientes a serem determinados.

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O método dos coeficientes a determinar funciona apenas quando g(x) tem um dos
seguintes formatos:

Caso alguma parcela de yp dado na sugestão inicial indicada na tabela já pertença a so-
lução da EDO homogênea associada, então devemos multiplicar yp dado inicialmente
por xs , onde s é o menor inteiro positivo de modo que xs yp não tenha nenhuma parcela
que seja solução da EDO homogênea associada.
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Caso a EDO seja da forma

L[y] = g1 (x) + g2 (x),

então podemos utilizar o Teorema 3.12 para obter uma solução particular de
L[y] = g1 (x) + g2 (x). Para isso, dividindo o problema em encontrar uma
solução particular yp1 de L[y] = g1 (x) e uma solução particular yp2 de L[y] =
g2 (x). Assim, uma solução particular de L[y] = g1 (x) + g2 (x) será dada por

yp = yp1 + yp2 .

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Método da variação de parâmetros (EDO de 2a ordem)

Considere a EDO linear não homogênea de segunda ordem

a2 (x)y00 + a1 (x)y0 + a0 (x)y = g(x)

num intervalo I em que a2 (x) 6= 0. Então podemos reescrever esta EDO como

y00 + P(x)y0 + Q(x)y = f (x)

onde supomos P(x), Q(x) e f (x) contínuas em I.


Sabemos que existe yh (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) solução geral da EDO homo-
gênea associada y00 + P(x)y0 + Q(x)y = 0.A ideia deste método é substituir
as constantes c1 e c2 por funções u1 (x) e u2 (x) e, então buscar uma solução
particular do tipo
yp (x) = u1 (x)y1 (x) + u2 (x)y2 (x)

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Calculamos y0p e y00p e substituímos na EDO y00 + P(x)y0 + Q(x)y = f (x), donde
temos

u1 (y001 + P(x)y01 + Q(x)y1 ) +u2 (y002 + P(x)y02 + Q(x)y2 )


| {z } | {z }
=0 =0
+(u001 y1 + u002 y2 ) + 2(u01 y01 + u02 y02 ) + P(x)(u01 y1 + u02 y2 ) = f (x)

Assim,

(u001 y1 + u002 y2 ) + 2(u01 y01 + u02 y02 ) + P(x)(u01 y1 + u02 y2 ) = f (x) (12)

e impondo que u01 y1 + u02 y2 = 0 obtemos que

0 = u01 y1 + u02 y2 = (u001 y1 + u002 y2 ) + (u01 y01 + u02 y02 ).

Logo, a igualdade (12) torna-se u01 y01 + u02 y02 = f (x)

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Assim, temos que resolver o seguinte sistema:
(
u01 y1 + u02 y2 = 0
u01 y01 + u02 y02 = f (x)

Observemos que o determinante da matriz dos coeficientes é dada pelo wrons-


kiano de y1 e y2 :
 
y1 y2
W[y1 , y2 ](x) = det 6= 0
y01 y02

já que y1 e y2 são soluções da EDO homogênea associada. Então, pela regra


de Cramer
f (x)y2 f (x)y1
u01 = − e u02 = .
W[y1 , y2 ] W[y1 , y2 ]
E por fim, determinamos u1 e u2 por integração:
Z Z
f (x)y2 f (x)y1
u1 = − dx e u2 = dx.
W[y1 , y2 ] W[y1 , y2 ]

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Sistema massa-mola

Lei de Hooke: Se uma mola for distendida ou comprimida de um comprimento


d, então a força interna tem magnitude kd e o sentido da força é oposta a
deformação. A constante k > 0 é a constante da mola.

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Suponhamos que a mola tenha distendido um comprimento s, então a condição
de equilíbrio é dada por

ks = mg ou mg − ks = 0,

onde mg é o peso da massa m.

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Adotamos um sistema de coordenadas com orientação positiva para baixo (Figura (4))
com origem x = 0 dada pela posição de equilíbrio obtido na Figura (2).
Suponhamos que a massa seja deslocada da posição de equilíbrio em x0 unidades,
como na Figura (3) e então soltamos a massa com uma velocidade inicial e deixamos
a massa se mover.

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Queremos determinar a posição x = x(t) da massa em cada instante t > 0. A
segunda Lei de Newton, nos diz que x deve satisfazer a equação diferencial

d2 x
m = F,
dt2
onde F é a força total agindo sobre a massa.
peso da massa: P = mg onde g é a aceleração da gravidade.
força restauradora: −k(s + x), age sempre para restaurar a mola para a
posição de equilíbrio natural.
força de amortecimento: −β dx dt , onde β é constante positiva e o sinal
negativo indica que a força age no sentido contrário ao movimento.
(Supomos que essa força seja proporcional a velocidade da massa).
força externa: f (t) (pode ser um motor que faça a estrutura onde a mola
está presa vibrar).

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Levando em consideração essas quatro forças, a posição x = x(t) da massa deve
satisfazer a equação diferencial

d2 x dx
m 2
= mg − k(s + x) − β + f (t)
dt dt
Como mg − ks = 0, então a equação fica

mx00 + βx0 + kx = f (t).


(t)
Dividimos essa equação por m e denotamos m β
= 2λ, mk = ω 2 e f m = F(t),
então a posição x da massa no instante t deve satisfazer a equação diferencial

x00 + 2λx0 + ω 2 x = F(t)

que é uma EDO linear de segunda ordem com coeficientes constantes.

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x00 + 2λx0 + ω 2 x = F(t)
Conhecidas a posição inicial x(0) = x0 e a velocidade inicial x0 (0) = v0 pode-
mos determinar x(t) para todo t > 0.Assim denominamos:
x(t) de equação do movimento do sistema massa-mola.
movimento livre: F(t) ≡ 0, quando não temos força externa.
movimento forçado: F(t) 6≡ 0, quando temos uma força externa.
movimento não amortecido ou movimento harmônico: λ = 0,
quando a força de amortecimento é desprezada.
movimento amortecido: quando consideramos o amortecimento.

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Movimento livre não-amortecido
Supomos que não existe força externa (movimento livre: F(t) ≡ 0) nem re-
sistência ao movimento (não amortecido: λ = 0).Assim a EDO que modela o
movimento é linear homogênea com coeficientes constantes
x00 + ω 2 x = 0,
k
onde ω 2 = m e a equação característica m2 + ω 2 = 0 tem raízes m1 = ωi e
m2 = −ωi.
x(t) = c1 cosωt + c2 senωt.

x(t) é periódica de período T = 2π


ω e esse período representa o tempo
para massa descrever um ciclo completo.
ω
O inverso do período f = T1 = 2π é chamado de frequência e representa
o número de ciclos completos realizados pela massa em um intervalo de
1 unidade de tempo.
q
O número ω = mk é chamado de frequência circular ou frequência
natural do sistema.
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Uma outra maneira de escrever a solução x(t) = c1 cosωt + c2 senωt é

x(t) = Acos(ωt − ϕ)

em que A e ϕ são constante arbitrárias que podem ser obtidas observando que

Acos(ωt − ϕ) = c1 cosωt + c2 senωt

donde (
c1 = Acosϕ
c2 = Asenϕ
q
Então, c21 + c22 = A2 cos2 ϕ + A2 sen2 ϕ = A2 ⇒ A = c21 + c22 e
 
c2 Asenϕ c2
c1 = Acosϕ = tgϕ ⇒ ϕ = arctg c1 .

Aqui A representa a amplitude do movimento, ou seja, a distância máxima


que a massa fica da posição de equilíbrio.

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Tabela de conversão

No sistema CGS (centímetro, grama, segundo) a unidade de força é o dina:

1dyn = 10−5 N

e a aceleração da gravidade é dada por g = 980cm/s2 .


O nome dina vem do grego (dynamis), que significa força, poder).

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Movimento livre amortecido

Suponhamos que não exista força externa (F(t) 6≡ 0, movimento livre), mas
agora vamos considerar uma força de resistência (movimento amortecido). Por
simplicidade, suponhamos que a força de resistência é proporcional a veloci-
dade, ou seja, −βx0 , em que β > 0 é a constante de amortecimento.

E temos que a equação que modela a posição da massa é uma EDO linear
homogênea de segunda ordem com coeficientes constante dada por

x00 + 2λx0 + ω 2 x = 0
β
com m = 2λ e equação característica m2 + 2λm + ω 2 = 0, cujas raízes são
√ √
m1 = −λ + λ2 − ω 2 e m2 = −λ − λ2 − ω 2 .

Assim a solução vai depender do sinal de λ2 − ω 2 .

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Caso 1. Superamortecimento: λ2 − ω 2 > 0
Neste caso temos duas raízes reais e distintas, logo a solução é
√ √
2 2 2 2
x(t) = c1 e(−λ+ λ −ω )t + c2 e(−λ− λ −ω )t
 √ 2 2 √
2 2

= e−λt c1 e λ −ω t + c2 e− λ −ω t

Como 0 < λ2 − ω 2 < λ2 temos que λ2 − ω 2 < λ, então
p p
−λ + λ2 − ω 2 < 0 e − λ − λ2 − ω 2 < 0.
√ √
2 2 2 −ω 2 )t
Assim, e(−λ+ λ −ω )t e e(−λ− λ são decrescente e tendem a zero quando
t −→ ∞. Além disso, note que

e(−λ− λ2 −ω 2 )t √
λ2 −ω 2 t
lim √ = lim e−2 =0
t→∞ e(−λ+ λ2 −ω 2 )t t→∞

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2 2
Para t grande vemos que o termo c1 e(−λ+ λ −ω )t determina o comportamento
da solução. Abaixo temos o gráfico de soluções típicas neste caso:

Portanto, o movimento não é oscilatório e tende para a posição de equilíbrio


de forma lenta.

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Caso 2. Criticamente amortecido: λ2 − ω 2 = 0
Neste caso temos duas raízes reais e iguais, logo a solução geral é

x(t) = c1 e−λt + c2 te−λt = e−λt (c1 + c2 t)

E observamos que
c1 + c2 t c2
lim e−λt (c1 + c2 t) = lim λt
= lim λt = 0
t→∞ t→∞ e |{z} t→∞ λe
0LH

e−λt 1
lim −λt
= lim = 0
t→∞ te t→∞ t

Logo, o comportamento da solução é determinada pelo termo c2 te−λt e com-


parando com o termo dominante do caso superamortecido, vemos que

te−λt t
lim √ = lim √ = 0.
t→∞ e(−λ+ λ2 +ω 2 )t t→∞ e λ2 +ω 2 t

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Portanto, no caso criticamente amortecido a solução x(t) → 0 mais rapida-
mente que no caso superamortecido.
O gráfico abaixo mostra as soluções típicas neste caso.

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Caso 3. Subamortecido: λ2 − ω 2 < 0
Neste caso as raízes são complexas, logo a solução geral é
 p p 
x(t) = e−λt c1 cos( ω 2 − λ2 t) + c2 sen( ω 2 − λ2 t)

E podemos reescrever esta solução da seguinte maneira


p
x(t) = e−λt Acos( ω 2 − λ2 t + ϕ)
então vemos que a amplitude Ae−λt tende a zero quando t → ∞. O gráfico
típico das soluções neste caso são:

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Movimento forçado

Por fim consideramos o caso em que existe uma força externa agindo no sis-
tema massa-mola (F(t) 6≡ 0).
Neste caso temos um movimento forçado cuja equação que o modela é uma
EDO linear não homogênea de segunda ordem com coeficientes constantes

x00 + 2λx0 + ω 2 x = F(t)


β k
onde 2λ = m e ω2 = m.
Já sabemos determinar xh (t) a solução da equação homogênea associada.
Para determinar xp (t) utilizamos o método dos coeficientes a determinar
ou o método da variação de parâmetros.

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No caso particular em que consideramos uma força externa periódica, digamos
F(t) = F0 cosγt ou F(t) = F0 senγt com F0 constante, então a solução geral da
EDO x00 + 2λx0 + ω 2 x = F(t) é

x(t) = c1 x1 (t) + c2 x2 (t) + Acosγt + Bsenγt (13)


| {z } | {z }
xh (t) xp (t)

Como xh (t) −→ 0 quando t −→ ∞, temos que para t grande a solução geral


(13) é aproximada pela solução particular xp (t).
Chamamos xh (t) de solução transiente e xp (t) de solução estacionária.

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