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A introdução da Bíblia nas reuniões maçónicas foi sugerida por George Payne, em
1740, como bajulação à Igreja Anglicana, e não à Católica, pois naquela época era a
primeira que predominava na Inglaterra, conforme ensina Castellani. Embora citada em
vários documentos, não se (Publicado em freemason.pt) tem notícias da Bíblia
permanecendo sobre o Altar dos Juramentos durante as sessões de trabalho. Há autores
que registam o seu uso em 1670. Nos rituais de cerca de 1760 é referenciada como uma
das três grandes luzes, com lugar de honra nas Lojas.
Os “Antigos Deveres” ou “Old Charges” [7] não permitem comprovar que a Bíblia
fosse empregada nas lojas operativas inglesas antes da Reforma. O banir dos judeus de
toda a Grã-Bretanha – e com eles, todos os seus costumes, as suas leis, as suas tradições
– pelo Édito do rei Eduardo I, em 1290, foi motivo para o sumiço do Velho Testamento.
A anulação deu-se por acto de Oliver Cromwell mais de 350 anos depois, em 1656.
O que se sabe é que os novatos juravam ser fieis às confrarias estendendo a mão direita
sobre o Livro dos Evangelhos, sendo o preferido o de São João, festejado por ocasião
das colheitas. Consta que no manuscrito “Harleim”, de cerca de 1600, a Obrigação de
um iniciado fecha com as palavras: “Me ajude Deus e o conteúdo deste livro sagrado”.
Segundo Assis Carvalho (1997), não se tem notícias do uso da Bíblia antes de 1600.
Aduz que os Estatutos de Schaw, datados de 1598, não a mencionam, mas fazem
referência a contos bíblicos e lendas contadas aos obreiros. O documento de William
Schaw estabelecia os deveres de todos os Mestres Maçons dentro do reino da Escócia,
de onde se especula tenha a moderna maçonaria sido criada, de acordo com
argumentação defendida por David Stevenson, no livro “As Origens da Maçonaria – O
Século da Escócia – 1590-1710”.
O juramento sobre a Bíblia é uma tradição da herança cristã inglesa e não tem valor a
não ser que ele tenha um significado sagrado, sendo visto por muitos como resultado da
forte influência eclesiástica no ocidente, ratificando o poder da religião nos usos e
costumes. É praxe nos tribunais ou nas solenidades de posse de presidentes americanos.
George Washington ao ser empossado como primeiro Presidente da República, em 30
de Abril de 1789, prestou o seu juramento sobre uma Bíblia pertencente à Loja St John,
n° 1, filiada na Grande Loja de Nova York.
Existem ainda ritos ditos racionalistas ou dogmáticos que dispensam este procedimento,
sob o argumento de que as concepções metafísicas dos maçons são consideradas de foro
íntimo e ainda como sinal de respeito à liberdade de consciência e sem imposição de
padrão religioso, com os compromissos de honra sendo assumidos sobre a Constituição
de Anderson ou sobre a Constituição das Potências às quais pertença a Loja, como é o
caso do Rito Moderno ou Francês.
No Rito Moderno “não se pergunta aos candidatos qual a religião que professam por
ser, isso, da consciência individual de cada um, e não caber, a quem quer que seja, o
direito de devassá-la” (Castellani, 1987). Citando Oswald Wirth, Boucher (2015)
afirma: “Os anglo-saxões, ao exigir a Bíblia, e somente a Bíblia, negam a
universalidade da Maçonaria e, se encararmos o problema desse ponto de vista, a
“irregularidade” está do lado deles, e não do nosso”.
Os ritos representam um conjunto de regras e preceitos com os quais se desenvolvem os
trabalhos, e entre os mais praticados sobressaem os de orientação latina e os anglo-
saxões. O Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) [8], de inspiração católica e teísta, é o
mais praticado e tem a sua origem em França, em 1756, sendo posteriormente alterado
nos Estados Unidos, em 1801, com o aumento dos seus graus de 25 para 33 [9], por
norte-americanos de origem judaica. Em 1855, o advogado, militar, escritor e Maçom
norte-americano Albert Pike iniciou revisão do REAA, que culminou com a publicação
em 1872 da obra “Moral e Dogma”, considerada um clássico da maçonaria moderna.
Os três primeiros graus, de Aprendiz, Companheiro e Mestre, chamados Simbólicos,
são comuns em todos os ritos, com pequenas diferenças. Foram reorganizados entre os
anos de 1700 e 1725. [10] Novos elementos, sob a forma de (Publicado em
freemason.pt) alegorias e lendas foram inseridos entre 1730 e 1745. Os superiores ao 3°
compõem os chamados Altos Graus, conhecidos genericamente como Graus
Filosóficos.
Em todos estes graus os trabalhos são realizados com a Bíblia Sagrada aberta e lida em
passagens diferenciadas, variando do Genesis ao Apocalipse, não como um culto
religioso, “mas como ensinamentos práticos e uma das formas de se estabelecer sempre
uma boa fraternidade e uma maior solidariedade.” (Vasconcellos, 1999). Há ritos que
regulamentam apenas a sua presença sem o procedimento de abertura e/ou leitura. [11]
O local das atividades maçónicas comumente denominado Oficina, Loja ou Templo tem
como modelo o Parlamento britânico e as Catedrais, de onde foram copiadas a
orientação e a divisão. As lendas que ilustram a maçonaria não têm nenhum
compromisso com verdades históricas, mas compõem as bases dos seus ensinamentos.
Já os símbolos da arte de construir representam ideias e mensagens que são restritos aos
iniciados e funcionam como veículos para que cada um descubra as suas próprias
verdades por meio de pesquisas e estudos.