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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROPOSTA DE EXTENSÃO DE REDE E APLICAÇÃO DE ZONAS DE MEDIÇÃO E


CONTROLO (ZMC`s) COMO FORMA DE REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA NO SAA
DA CIDADE DE MOATIZE, CASO DE ESTUDO: BAIRRO 25 DE SETEMBRO.

Autor:

Joaquim Naldino Silvino Chambela

Supervisores:

Engº. Ilídio Magenge / MSc (ISPS)

Engº. Osvaldo Suzandale (FIPAG – Delegação de Moatize)

Engº. Ronaldo M.S. Capito (FIPAG – Delegação de Moatize)

Vila do Songo (Tete, Moçambique), Julho de 2023


Autor: Joaquim Naldino Silvino Chambela

PROPOSTA DE EXTENSÃO DE REDE E APLICAÇÃO DE ZONAS DE MEDIÇÃO E


CONTROLO (ZMC`s) COMO FORMA DE REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA NO SAA
DA CIDADE DE MOATIZE, CASO DE ESTUDO: BAIRRO 25 DE SETEMBRO.

Trabalho de Culminação de Curso apresentado


ao Instituto Superior Politécnico de Songo para
obtenção do título de Licenciado em Engenharia
Hidráulica.

Supervisores:

Supervisores:

______________________________________________
Eng.º Osvaldo Vicente Suzandale

Eng.º Ronaldo Marcelino Soares Capito

Co - Supervisor
Eng.º Ilídio Magenge / MSc

Vila do Songo (Tete, Moçambique), Julho de 2023


Autor: Joaquim Naldino Silvino Chambela

PROPOSTA DE EXTENSÃO DE REDE E APLICAÇÃO DE ZONAS DE MEDIÇÃO E


CONTROLO (ZMC`s) COMO FORMA DE REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA NO SAA
DA CIDADE DE MOATIZE, CASO DE ESTUDO: BAIRRO 25 DE SETEMBRO.

Membros do Júri

Os Supervisores
______________________________________________
Eng.º Osvaldo Vicente Suzandale

______________________________________________
Eng.º Ronaldo Marcelino Soares Capito

O Co – Supervisor
______________________________________________
Eng.º IlÍdio Magenge / MSc

O Examinador
______________________________________________
Eng⁰. Edelino Foquiço / MSc

O Presidente de Mesa de Júri


______________________________________________
Eng⁰. Juvenaldo Pastola / MSc

Vila do Songo (Tete, Moçambique), Julho de 2023


DIVISÃO DE ENGENHARIA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO ESTÁGIO


PROFISSIONAL

Declaro que o estudante entregou no

dia / / 2023 cópias do relatório do seu Estágio Profissional com a referência:

, Intitulado: PROPOSTA DE EXTENSÃO DE REDE E APLICAÇÃO DE


ZONAS DE MEDIÇÃO E CONTROLO (ZMC`s) COMO FORMA DE REDUÇÃO DE
PERDAS DE ÁGUA NO SAA DA CIDADE DE MOATIZE, CASO DE ESTUDO:
BAIRRO 25 DE SETEMBRO.

Songo, aos ___ de _________________ de 2023

O Chefe da Secretaria

______________________________________

(Raimundo Horissane Viagem)


DECLARAÇÃO DO ESTUDANTE

Eu, Joaquim Naldino Silvino Chambela, autora do Relatório de Estágio Profissional,


intitulado: Proposta de Extensão de Rede e Aplicação de Zonas de Medição e
Controlo (ZMC`s) Como Forma de Redução de Perdas de Água no SAA da Cidade
de Moatize, Caso de Estudo: Bairro 25 de Setembro, declaro que, salvo as fontes
referidas e devidamente citadas, este relatório constitui o resultado da minha
investigação pessoal, individual e original, compilado com o auxílio dos meus
supervisores.

O estudante

_______________________________________________

(Joaquim Naldino Silvino Chambela)

Songo, Julho de 2023


DECLARAÇÃO DO SUPERVISOR

Eu, Ilídio Magenge, declaro ter orientado a tempo integral, a elaboração do Relatório
de Estágio Profissional do Estudante, Joaquim Naldino Silvino Chambela, finalista do
curso de Licenciatura em Engenharia Hidráulica pelo Instituto Superior Politécnico de
Songo, Divisão de Engenharia. No entanto, por ser verdadeiro, vai por mim assinado
como garantia de que este relatório é da autoria do estudante sob minha supervisão.

O Co-Supervisor

_______________________________________________

(Engº. Ilídio Magenge / MSc)

Songo, Julho de 2023


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica I

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho

À toda família Chambela

Aos meus pais, Silvino Sendela Chambela e Maria de Lurdes Sendela e aos meus
irmãos (Gertrudes, Nelmárcio, Felicidade e Rafael),

À Minha namorada, Josefa Mauren da Costa Nobre, familiares e amigos

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica I


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica II

AGRADECIMENTOS
A Deus Todo – Poderoso, por me ter dado forças e energia para poder trabalhar
e alcançar as metas pretendidas.

Aos meus exímios Pais, Silvino Sendela Chambela e Maria de Lurdes Sendela
pelos seus ensinamentos no dia-a-dia e por me ter dado apoio incondicional durante os
meus estudos e acreditarem que o que ontem fora a visão de um jovem sonhador, hoje
se torna uma realidade.

Aos meus irmãos, Gertrudes Melú (Minha segunda mãe), Rafael Chambela (Meu
companheiro de todos momentos), Felicidade Chambela (Pela amizade e apoio
incondicional), e Nelmárcio Chambela (Por tudo).

Aos Eng.º Osvaldo Vicente Suzandale, Engº. Ronaldo Capito e Eng.º Ilídio
Magenge pela disponibilidade, orientação e paciência em analisar todos aspectos que
permitiram a realização deste trabalho.

A direcção do FIPAG – Delegação de Moatize por me ter dado oportunidade e


espaço para o estágio do final de curso para obtenção do nível de Licenciatura.

Aos funcionários do FIPAG – Delegação de Moatize, nas pessoas do Sr. Cláudio


Marcos Seventine (Chefe do Departamento Técnico), Engº. Tiago Herculano (Chefe da
Secção de Planificação), Sr. Rone Dique (Chefe da Secção de Manutenção), Sr.
Francisco Subaire, Sr. Angelino Cabalula e Sr. Francisco Bernardino pela cedência gentil
de informação e conhecimentos transmitidos durante o estágio.

O meu obrigado também vai aos docentes do curso de Engenharia Hidráulica


pelos conhecimentos transmitidos durante os estudos que foram úteis para conclusão do
curso, e aos meus colegas do curso pela troca de experiência durante os estudos.

Por último, os meus agradecimentos vão a todos os que directa ou indirectamente


contribuíram para a conclusão do curso e a materialização deste trabalho.

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica II


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica III

RESUMO
O Bairro 25 de Setembro encontra-se em constante crescimento de sua área urbana,
portanto, observa-se uma crescente demanda por água, factor que influenciou na
expansão não planeada da rede de distribuição, gerando deste modo, deficiências de
pressões e vazões, e consumos não facturados no SAA. Portanto, diante do exposto,
efectuaram-se ligações de ramais na adutora designada por adutora velha, factor que
evidenciou ainda mais as perdas físicas e comerciais, e uma forte influência nos caudais
produzidos registrados no reservatório semi-enterrado de 750 m3 do Centro Distribuidor
25 de Setembro visto que essa é a adutora que alimenta o reservatório em alusão.
Visando assegurar aspectos quantitativos e qualitativos referentes à demanda, o
presente trabalho, propõe um traçado para ampliação da rede de distribuição sem
alterar-se o sistema de adução instalado na rede do SAA da Cidade de Moatize. Na
primeira etapa, realizou-se uma visita ao campo, a fim de conhecer o Bairro e a rede
existente. Seguidamente, foi realizada a estimativa da população futura (a população
que será servida pelo projecto), com o intuito de criar um padrão de consumo temporal
e assim proceder-se à simulação da rede. Os resultados alcançados confirmaram uma
população futura de 5,588 habitantes. Logo após, foram calculados parâmetros do
projecto como a capacidade de reserva requerida, horas de bombeamento do
reservatório semi-enterrado para a torre de pressão. De seguida, procedeu-se, com o
auxilio do Contour Map Creator o levantamento das curvas de nível de modo a definir os
parâmetros de dimensionamento da rede. Com as informações devidamente colectadas,
procedeu-se o dimensionamento através do Epanet. Deste modo, a pressão mostrou-se
decrescente nos pontos mais afastados da rede, porém sendo o caudal conduzido pela
torre de pressão, suficiente para atender a demanda até no horizonte previsto de 18
anos. Finalmente, procedeu-se a delimitação das ZMC’s (Zonas de Monitorização e
Controlo).

Palavras-chave: Rede de distribuição, Extensão, Dimensionamento, ZMC’s.

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Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica IV

ABSTRACT

Bairro 25 de Setembro is in constant growth of its urban area, therefore, there is a growing
demand for water, a factor that influenced the unplanned expansion of the distribution
network, thus generating deficiencies in pressures and flows, and consumption not
invoiced in the SAA. Therefore, in view of the above, branch connections were made in
the pipeline known as the old pipeline, a factor that further evidenced the physical and
commercial losses, and a strong influence on the produced flows recorded in the semi-
buried reservoir of 750 m3 of the Distribution Center 25 de Setembro since this is the
pipeline that feeds the aforementioned reservoir. Aiming to ensure quantitative and
qualitative aspects related to the demand, the present work proposes a route for the
expansion of the distribution network without altering the water supply system installed in
the SAA network of the City of Moatize. In the first stage, there was a visit to the field, in
order to get to know the neighborhood and the existing network. Next, an estimate of the
future population (the population that will be served by the project) was carried out, with
the aim of creating a temporal consumption pattern and thus proceeding with the
simulation of the network. The results achieved confirmed a future population of 5,588
inhabitants. Soon after, project parameters were calculated, such as the required reserve
capacity, hours of pumping from the semi-buried reservoir to the pressure tower. Then,
with the help of the Contour Map Creator, the contour lines were surveyed in order to
define the network sizing parameters. With the information duly collected, the design was
carried out using Epanet. In this way, the pressure showed to be decreasing at the most
distant points of the network, however, the flow being conducted by the pressure tower,
sufficient to meet the demand even in the forecast horizon of 18 years. Finally, the
delimitation of the ZMC's (Monitoring and Control Zones) was carried out.

Keywords: Distribution network, Extension, Dimensioning, ZMC's.

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica IV


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica V

ÍNDICE

DEDICATÓRIA.................................................................................................... I

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... II

RESUMO ........................................................................................................... III

ABSTRACT ....................................................................................................... IV

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS ........................................................................................ IX

LISTA DE EQUAÇÕES ...................................................................................... X

LISTA DE SÍMBOLOS ....................................................................................... X

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................... XI

1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ....................................................................... 1

1.1. Estrutura organizacional do trabalho .................................................................. 2

1.2. Enquadramento do tema .................................................................................... 3

1.3. Problemática e justificativa ................................................................................... 5

1.4. Objectivos do trabalho ........................................................................................ 6

1.4.1. Objectivo geral ............................................................................................. 6

1.4.2. Objectivos específicos ................................................................................. 6

1.5. Resultados esperados ........................................................................................ 7

CAPITULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................... 8

2.1 Sistemas de Abastecimento de Água ................................................................. 8

2.2 Parâmetros de sistema de abastecimento de água ......................................... 10

2.2.4 Perdas Reais ............................................................................................. 16

2.2.5 Perdas Aparentes ...................................................................................... 18

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica V


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica VI

. .............................................................................................................................. 18

2.3 Balanço hídrico ................................................................................................. 18

. .............................................................................................................................. 19

2.4 Combate às perdas de água ............................................................................ 19

2.4.1 Zonas de Medição e Controlo .................................................................... 19

2.4.2 Caudalímetros............................................................................................ 20

2.4.3 Validação da ZMC ..................................................................................... 21

2.4.4 Caudal mínimo noturno .............................................................................. 23

2.4.5 Localização exacta de fugas ...................................................................... 23

3 CAPÍTULO III - MATERIAIS E MÉTODOS .................................................. 26

3.1 Materiais e métodos ......................................................................................... 26

3.2 Parâmetros de sistema de abastecimento de água ......................................... 28

3.2.1 População do Projecto ............................................................................... 28

3.2.2 Especificação do tipo de abastecimento .................................................... 28

3.2.3 Rede de Distribuição Escolhida ................................................................. 28

4. CAPITULO IV – CASO DE ESTUDO .......................................................... 29

4.1 Breve Caracterização da Cidade de Moatize ................................................... 29

4.1.1 Caracterização do Bairro 25 de Setembro (Local de estudo) .................... 29

4.2 Layout do Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Moatize ............ 30

4.2.1 Consumo do Local ..................................................................................... 31

4.2.2 Material da Tubulação (conduta de saída) a ser usada ............................. 32

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Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica VII

4.3 Pontos a considerar sobre o SAA da Cidade de Moatize ................................. 32

4.3.1 Volume produzido ...................................................................................... 32

4.3.2 Volume facturado ....................................................................................... 32

4.3.3 Estimativa de perdas ................................................................................. 32

5 CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .. 32

5.1 Apresentação dos resultados ........................................................................... 32

4.1.1. Impacto da instalação de caudalímetros no sistema ................................. 33

5.1.1 Volume facturado ....................................................................................... 34

5.1.2 Projecção dos níveis de perdas no sistema ............................................... 34

5.1.3 Pontos esquemáticos da rede para aplicação das ZMC’s ......................... 35

6 CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................... 36

6.1 Conclusões....................................................................................................... 36

6.2 Recomendações............................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 39

APÊNDICES..................................................................................................... 45

ANEXOS .......................................................................................................... 66

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Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Sistema de abastecimento de água .............................................................. 8

Figura 2.2: Rede de distribuição do tipo ramificada ......................................................... 9

Figura 2.3: Rede de distribuição do tipo malhada ........................................................... 9

Figura 2.4 - Rede de distribuição do tipo mista ............................................................... 9

Figura 2.5 - Redes com andares de pressão................................................................. 10

Figura 2.6 - Rede sem andares de pressão .................................................................. 10

Figura 2.8 - Relação entre a quantidade de água perdida e a duração da fuga. ........... 16

Figura 2.9 - Medidas essenciais para o controlo das perdas reais, com uma abordagem
económica; .................................................................................................................... 17

Figura 2.12 - Sistema de medição zonada, apresentando 3 zonas principais, estando a


ZMC 2 subdividida em duas subzonas .......................................................................... 19

Figura 2.13 - Esquema de um caudalímetro eletromagnético. ...................................... 21

Figura 2.14- Exemplo de realização do Teste de Pressão Zero .................................... 22

Figura 2.15 – Datalogger. geralmente instalado no ponto de pressão crítica ................ 22

Figura 2.16 - Geofone Mikron da Primayer (Perta, 2013) .............................................. 24

Figura 2.17 - Vareta de escuta Mikron da Primayer (Perta, 2013) ................................ 25

Figura 2.18 - Correladores Eureka3 da Primayer .......................................................... 25

Figura 2.19 - Representação do processo de deteção de fugas através do ensaio de


estanquicidade. Fonte: (Perta, 2013) ............................................................................ 26

Figura 4.1 - Mapa de Localização da Cidade de Moatize .............................................. 29

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica VIII


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica IX

Figura 4.2 - Mapa de Localização do Bairro 25 de Setembro ....................................... 30

Figura 5.3 - Relação entre o volume produzido e facturado pelo CD – 25 de Setembro


...................................................................................................................................... 33

Figura 5.4 - Simulação do volume facturado após a intervenção das ZMC’s na rede
(período de simulação: 5 meses: de Setembro de 2022 – Fevereiro de 2023) ............. 34

Figura 5.5 - Análise comparativa entre as perdas do ano de 2022 metas para 2023 .... 35

Figura 5.6 – Projecção comparativa de níveis de perdas no SAA da Cidade de Moatize


no período de Janeiro a Outubro dos anos de 2022 e 2023. (Fonte: Autor, 2022) ........ 35

Figura A1.1 - Variação do caudal Distribuído ao longo do tempo (ano) ........................ 46

Figura A1.2 - Perfil de elevação do Traçado ................................................................. 52

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.3 - Componentes do Caudal Mínimo Noturno ................................................ 23

Tabela 4.1 – Tipo de abastecimento para o sistema – Rede de distribuição ................ 28

Tabela A1.1 - População do Projecto ........................................................................... 45

Tabela A1.2 - Dados Auxiliares para determinação de caudal ..................................... 45

Tabela A1.3 - Diâmetro económico do Traçado............................................................ 48

Tabela A1.4 - Verificação de diâmetro .......................................................................... 48

Tabela A1.5 - Resultados nos Nós nas horas de ponta (Demanda e velocidade) ........ 50

Tabela A3.6 - Cronograma de actividades do estágio .................................................. 55

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica IX


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica X

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 2-1 - Cálculo de Caudal per capita ................................................................ 13

Equação 2-2 - Coeficiente do dia de maior consumo ................................................... 14

Equação 2-3 - Coeficientes da hora de maior consumo ............................................... 15

Equação 2-4 - Caudal médio ........................................................................................ 15

Equação 2-5 - Caudal máximo diário ............................................................................ 15

Equação 2-6- Caudal máximo horário .......................................................................... 16

LISTA DE SÍMBOLOS
𝐪𝐩𝐜 – Consumo per capita

L/hab/dia – Litros por habitante por dia

m3 – Metros cúbicos

K1 – Coeficiente do dia de maior consumo

K2 – Coeficiente da hora de maior consumo

Q – Caudal

D - Diâmetro

Q̅ - Caudal médio

P – População

QMD – Caudal máximo diário

QMH – Caudal máximo horário

𝛾 – Peso específico da água

𝑝 – Pressão em m.c.a

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica X


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica XI

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANF Água não faturada

CAP Controlo ativo de perdas

CAPL Current Annual Volume of Physical Losses

CMN Caudais mínimos noturnos

DAS Departamento de Água e Saneamento

DPOPH Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação

DNA Direcção Nacional de Águas

EG Entidade(s) gestora(s)

ETA Estação(ões) de tratamento de água

ERSAR Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos

FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água

ID Indicadores de Desempenho

ILI Infrastructure Leakage Index

IWA International Water Association

MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação

ODS Objectivos do Desenvolvimento Sustentáve

PEAA Plano Estratégico de Abastecimento de Água

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PSAA Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água

RASARP Relatório Anual dos Serviços de Água e Resíduos em Portugal

SAA Sistemas de Abastecimento de Água

ZMC Zona(s) de Medição e Controlo

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica XI


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

No decorrer dos últimos anos houve um grande esforço para que Moçambique garantisse
uma rede de infraestruturas eficiente e, acima de tudo, que conseguisse chegar a todos
os habitantes. Vários projectos foram avaliados e realizados, apoiados por fortes
investimentos, no sentido de permitir que o nosso país desse o “salto” para um
Moçambique mais desenvolvido e mais capaz de seguir as tendências modernas.

Considerado recurso essencial à vida, a água, enquanto substância líquida, cobre


aproximadamente 70% da superfície terrestre, dos quais apenas 3% remetem para
águas doces, sendo que cerca de dois terços se encontram em calotes polares ou lençóis
freáticos (Rao, 2011).

Este recurso, imprescindível ao ser humano, encontra-se em progressivo declínio,


estando propenso à sua escassez. A explicação para esta tendência reside no aumento
da população, nas alterações climáticas, e ainda no seu uso abusivo e indevido (GIZ et
al., 2011).

As perdas de águas são inevitáveis nos sistemas de abastecimento, sendo que a


totalidade das perdas advêm do somatório entre as perdas reais, isto é, da água perdida
por fugas e/ou roturas de condutas, e das perdas aparentes que remetem para a água
distribuída não faturada, e ainda a água consumida não autorizada (GIZ et al., 2011).

Com a crescente preocupação em minimizar as perdas de água nos sistemas de


abastecimento, cada vez mais, são utilizados sistemas de gestão e monitorização. Estes
dois sistemas visam travar um problema que não se encontra apenas confinado à perda
de receita (EPA, 2010).

A implementação de sistemas de gestão e monitorização que permitam a redução das


perdas revela-se um fator crucial, não apenas do ponto de vista económico, como
também por questões sociais (GIZ et al., 2011).

Desta forma, a implementação de sistemas de gestão e monitorização activos de perdas


é essencial para o desenvolvimento do sector (Alegre et al., 2005). A redução das

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 1


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

perdastem ainda por benefício mitigar os problemas ambientais e aliviar a pressão


exercida sobre os escassos recursos hídricos, permitindo ainda reduzir os gastos
energéticos despendidos no tratamento e adução de água (GIZ et al., 2011).

1.1. Estrutura organizacional do trabalho

O presente relatório é referente ao estágio que decorreu no FIPAG – Delegação de


Moatize, subordinado ao tema de Proposta de Extensão de Rede e Aplicação de
Zonas de Medição e Controlo (ZMC`s) Como Forma de Redução de Perdas de Água
no SAA da Cidade de Moatize, Caso de Estudo: Bairro 25 de Setembro.

Esta pesquisa é composta por 7 (Sete) capítulos, nomeadamente, Introdução,


Revisão bibliográfica, Metodologia, Caso de estudo, Análise e Discussão dos resultados,
Conclusão e Recomendações, Lista de Referências bibliográficas, Apêndice e Anexos.

O capítulo 1 compreende a Introdução do tema, onde apresenta-se as


generalidades, a descrição da estrutura do trabalho, o enquadramento do tema, a
problemática e justificativa do estudo e os objectivos do trabalho.

O Capítulo 2 compreende a Revisão Bibliográfica, onde estabelecem-se conceitos


e demais aspectos respeitantes às perdas de água, reais e aparentes, sendo
apresentado um estudo mais detalhado, quanto às causas e suas consequências.
Abordam-se, também, as medidas para o combate às perdas de água, dando-se especial
ênfase às perdas reais, já que foi sobre estas que mais incidiu o estágio. As medidas de
combate às perdas reais foram separadas em dois grandes grupos que se
complementam: as medidas de localização aproximada e as medidas de localização
exata.

O Capítulo 3 compreende a Materiais e métodos. Nesta secção apresentam-se os


materiais e métodos usados para alcançar os objectivos do trabalho.

O capítulo 4 compreende o Estudo de caso. Neste capítulo estuda-se com mais


pormenor todo o sistema, evidenciando os possíveis pontos de escolha e aplicação das

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 2


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

ZMC’s para este trabalho de estágio, após a análise de vários indicadores, dos dados
históricos, dos consumos dos clientes e dos seus hábitos de consumo.

O capítulo 5 compreende a Apresentação e discussão dos resultados. Nesta


secção apresentam-se os resultados e discussões, onde se faz a análise, interpretação
dos resultados obtidos pelos trabalhos de campo e pesquisas propostas no presente
trabalho.

O capítulo 6 compreende as Conclusões e recomendações. Nesta secção realiza-


se uma análise final e se expõem as conclusões e recomendações para eventuais
estudos futuros do trabalho desenvolvido.

O capítulo 7 compreende as Referências bibliográficas. Nesta secção apresentam-se


as fontes de consulta da presente pesquisa.

Finalmente, constam os apêndices e os anexos, respectivamente.

1.2. Enquadramento do tema

O acesso a água segura, em quantidade e qualidade são chaves para um


saneamento básico eficiente, e consequentemente, essenciais ao desenvolvimento
humano. A garantia da sua disponibilidade deve ser uma das preocupações das políticas
de combate a pobreza e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

De acordo com o PNUD (2006), quando as pessoas se encontram privadas de água


potável e de saneamento se confrontam com oportunidades diminuídas de realizarem o
seu potencial enquanto seres humanos; Moçambique está ainda na lista dos países mais
pobres do Mundo. Apesar do progresso considerável registado ao longo dos anos,
apenas metade dos moçambicanos tem acesso ao abastecimento de água melhorado e
menos de um quarto (um em cinco) usa saneamento melhorado. No contexto
internacional, segundo o UNRIC (2016) o tema em questão enquadra-se como um dos
ODS, que é a Água Potável e Saneamento, sendo que este objectivo consiste nos
seguintes pontos:

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 3


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

 Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água potável e saneamento


para todos;

 Conservar e usar sustentavelmente dos oceanos, dos mares e dos recursos


marinhos para o desenvolvimento sustentável;

 Até 2030, ampliar a cooperação internacional e apoio à capacitação para os países


em desenvolvimento em actividades e programas relacionados à água e saneamento,
incluindo a colecta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento
de efluente, a reciclagem e as tecnologias de reuso.

As instituições moçambicanas com as quais o tema em questão relaciona-se


segundo Uandela (2021) são: a nível do estado central, o MOPH, através da DNA é a
instituição responsável pela gestão estratégica do sector de águas em Moçambique, que
inclui nomeadamente, o abastecimento de água e o saneamento e gestão dos recursos
hídricos; a nível provincial, a responsabilidade de coordenação do sector cabe à DPOPH,
através do DAS; a nível do distrito, no âmbito da implementação da LOLE, a
responsabilidade pelo sector de águas cabe ao Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
estruturas; os municípios, como entidades autónomas do poder local, têm a
responsabilidade de garantir o abastecimento de água e saneamento na sua área de
jurisdição.

Segundo Nhaurire (2017), para o abastecimento de água às grandes cidades, o


FIPAG afigura-se como a entidade que tem um contrato de exploração e a obrigação de
abastecer o consumidor, na base de um relacionamento contratual entre o operador e o
consumidor. O CRA representa a instância reguladora da Gestão Delegada, incluindo a
função de supervisão, controlo de qualidade e fixação de tarifas. Segundo Uandela
(2021), abastecimento de água às vilas e pequenas cidades, nomeadamente feito por
PSAA é um segmento muito importante para o sector e que tem constituído um grande
desafio. No passado, a responsabilidade pelo abastecimento de água nestas vilas cabia,
a nível central, ao Departamento de Água Rural. Com o processo de transformações em
curso, foi criada uma entidade que se vai responsabilizar pela gestão deste segmento

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 4


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

dos serviços, a Administração de Infra-estruturas de Abastecimento de Água e


Saneamento, e que abarca também algumas pequenas cidades.

Indo para o FIPAG, foram criados programas como o Projeto Piloto de Redução de
Perdas Aparentes (Proposto em Agosto de 2022) de forma a que a EG, o FIPAG se
comprometesse a estudar, compreender e resolver o problema das perdas de água.

Ao nível de Engenharia Hidráulica, o tema enquadra-se nas seguintes disciplinas


leccionadas no ISPS:

Sistemas de Abastecimento e Tratamento de Água – conhecimentos gerais


sobre funcionamento dos Sistemas de Abastecimento de Água.
Cálculo de Redes de Abastecimento de Água – conhecimentos profundos
sobre redes de abastecimento de água, sua composição, funcionamento e
anomalias comummente verificadas em redes de abastecimento de água.
Planificação e Gestão dos Recursos Hídricos – conhecimentos profundos
sobre como são planificados e geridos os Recursos Hídricos, sua facturação,
rastreio e detecção de consumos não facturados.

1.3. Problemática e justificativa

O aumento da demanda por água ocasionado pelo crescimento populacional no


Bairro 25 de Setembro, exigiu cada vez mais adaptações e mudanças na forma de
expansão da rede de água, executada possivelmente sem planeamento prévio, e
mudanças na operação da rede de abastecimento de água. A expansão não planeada
desta rede de distribuição de água, originou deficiência de pressões e vazões no sistema
(reflectidas no Centro Distribuidor 25 de Setembro) e como consequência disto, a
escassez de água nos últimos anos na Comunidade de Mboza (resultantes das ligações
ao longo da adutora designada por adutora velha) e perdas comerciais pelo problema de
quantificação dos volumes produzidos e facturados pela empresa, respectivamente.

Por outro lado, há que considerar que o Bairro 25 de Setembro é uma zona que está
em constante expansão e maior parte dos habitantes não é beneficiada pela rede
projectada para o Bairro e tem como fonte de água para o consumo, as ligações na

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adutora, água esta que não passa por análise e adequado tratamento, o que pode ser
prejudicial a saúde dos consumidores.

Por todas as razões acima mencionadas, surge o interesse em fazer-se a extensão


ou ampliação da rede de abastecimento de água do Bairro 25 de Setembro sem alterar-
se o esquema de rede existente (proceder o dimensionamento de uma conduta de
saída), percorrendo uma trajectória paralela a conduta adutora (adiante designada por
adutora velha), pois, para além de eliminar as ligações actualmente observadas, poderá
permitir o acesso a água potável a todos habitantes deste Bairro, o Centro Distribuidor e
consequentemente a Comunidade de Mboza em quantidade e qualidade adequadas até
no horizonte do projecto.

A aplicação de ZMC’s proposta neste relatório como solução de combate as perdas,


terá uma extrema importância no que se refere ao controlo do volume distribuído, e o
funcionamento adequado do sistema (isento de fugas) de modo a assegurar o
fornecimento de água até aos pontos de consumo do Bairro 25 de Setembro.

No âmbito científico, a aplicação dos ZMC' vai permitir reduzir o índice de consumos
não facturados, e determinar algumas soluções necessárias para entregar essa água
garantindo a qualidade e quantidade para o consumo doméstico, no agronegócio, nos
serviços públicos e o uso industrial entre outros, não só no Bairro 25 de Setembro mas
também em outros projectos futuros ligados ao tema.

1.4. Objectivos do trabalho

1.4.1. Objectivo geral

Efectuar a proposta de extensão da rede e aplicação de ZMC’s no SAA do Bairro


25 de Setembro.

1.4.2. Objectivos específicos

Analisar o funcionamento do SAA do Bairro 25 de Setembro em seu estado actual;


Descrever as perdas de água na rede de distribuição no Bairro 25 de Setembro;

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Dimensionar a conduta de saída sem que seja alterado o equipamento elevatório


instalado.
Delimitar as Zonas de Medição e Controlo;

1.5. Resultados esperados

 Obter uma rede de distribuição de água que tenha em termos de sua extensão,
capacidade suficiente para suportar a demanda da população até o horizonte do
projecto;
 Reduzir significativamente o consumo de água não tratada captada directamente
da adutora velha, agregando na rede proposta a maioria de residências que não
se encontra actualmente beneficiada pela rede, de forma a propiciar um bem-estar
e saúde de vida da população.
 Reduzir as perdas da actual média de 40%, para uma média de 20%.

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CAPITULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, serão abordados os conceitos fundamentais de Sistemas de


Abastecimento de Água, sua composição, perdas associadas ao sistema, sua
classificação e modo de mitigação das perdas em detrimento a implementação das
ZMC’s.

2.1 Sistemas de Abastecimento de Água

O processo de abastecimento de água é de elevada complexidade e conta com


diversas fases, desde a captação de água até à sua utilização final, de acordo com o
ilustrado na figura abaixo:

Figura 2.1: Sistema de abastecimento de água

(Fonte: ERSAR, 2020)

Tal como referido anteriormente, o principal objetivo de um sistema de


abastecimento de água (SAA) deve ser a protecção da saúde humana, através do
abastecimento de água de qualidade e em quantidade adequada para os seus diferentes
usos.

Após a sua captação, reservação, tratamento, a água é encaminhada para a rede


de distribuição. Esta pode ser classificada conforme várias especificações (Pereira,
2012):

Através do traçado:
o Ramificadas (Figura 2.2): quando os troços de conduta terminam em
extremidades independentes;

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Figura 2.2: Rede de distribuição do tipo ramificada

(Fonte: Pereira, 2012)

o Malhadas (Figura 2.3): quando os troços formam circuitos fechados existindo


ligações entre diversos troços;

Figura 2.3: Rede de distribuição do tipo malhada

(Fonte: Pereira, 2012)

o Mistas (Figura 2.4): se existirem os dois tipos de traçado supramencionados na


mesma área.

Figura 2.4 - Rede de distribuição do tipo mista

(Fonte: Pereira, 2012)

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Através da distribuição de pressões:


o Redes com andares de pressão (Figura 2.5): existe um andar intermédio por forma a
não exceder a pressão máxima;

Figura 2.5 - Redes com andares de pressão

(Fonte: Pereira, 2020)

o Redes sem andares de pressão (Figura 2.6).

Figura 2.6 - Rede sem andares de pressão

(Fonte: Pereira, 2020)

Através do número de condutas distribuidoras na mesma rua:


o Conduta única;
o Com condutas auxiliares;
o Com duas condutas distribuidoras laterais.

2.2 Parâmetros de sistema de abastecimento de água


2.2.1 Horizonte do Projecto

Período (em anos) durante o qual o sistema ou as estruturas e os equipamentos que o


compõem têm que servir em boas condições.

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Factores:

 Vida útil das obras (instalações e equipamentos);


 Facilidade ou dificuldade de ampliação;
 Previsão da evolução da população;
 Taxa de juro durante o período de amortização do investimento;
 Funcionamento da Instalação nos primeiros anos de exploração;
 Capacidade financeira da entidade gestora;
 Disponibilidade em recursos hídricos.

2.2.2 População do Projecto

População ou número de habitantes a servir no horizonte do projecto. Estimativa


da População de novos loteamentos No caso de loteamentos novos, a abordagem para
se efectuar a projecção populacional deve ser naturalmente distante ao caso de
loteamentos antigos. Não há dados censitários históricos da área a ser ocupada. Neste
caso, o planeador deve se basear na experiência de implantação de loteamentos com
características similares, analisando as taxas de ocupação ao longo do tempo. A análise
deve ser executada com bastante critério, conhecimento de experiências similares e bom
senso (Heller & Pádua, 2010).

2.2.3 Caudal do Projecto

A quantidade total (ou demanda) de água que deve ser garantida durante a operação do
sistema de acordo com o tempo horizonte.

Componentes de consumo População permanente;

 População residente;
 População temporária ou flutuante;
 Entidades públicas;
 Actividades comerciais;
 Indústria;

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 Actividades agrícolas e pecuárias;


 Combate à incêndios;
 Emergências;
 Perdas

a) Consumo per capita (𝐪𝐩𝐜)

Consumo per capita, representa a média diária (24 horas), por individuo, dos
volumes requeridos para satisfazer aos consumos doméstico, comercial, público e
industrial, além das perdas no sistema. (Heller & Pádua, 2010)

É dado por litro por habitante por dia - (L/hab/dia)

Factores Narchi (1989) sugere que a demanda doméstica de água depende de factores
pertencentes a seis (6) classes distintas, a saber:

 Características físicas: temperatura e humidade do ar, intensidade e frequência


de precipitações;
 Condições de renda familiar;
 Características de habitação: área do terreno, área construída do imóvel, número
de habitantes, etc.;
 Características do abastecimento de água: pressão na rede, qualidade da água,
etc.;
 Forma de gerenciamento do sistema;
 Características culturais da comunidade.

Cálculo:

 Leitura dos hidrómetros (micro ou macro medição): O Volume total distribuído em


um ano divide-se pelo número de dias em um ano e o número de habitantes, isto
é:

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𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢í𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑎𝑛𝑜


𝑞𝑝𝑐 =
(𝑛º 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠) × (𝑛º 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜)

Equação 2-1 - Cálculo de Caudal per capita

Na ausência de medições, podem ser considerados valores sugeridos pela literatura de


acordo com as características da zona e o número de habitantes.

Para consumos domésticos

Segundo o artigo 14 do Regulamento Nacional de Sistemas Públicos de Distribuição de


Água e de Drenagem de Águas Residais.

1. As capitações totais devem ser determinadas pela analise e extrapolação da sua


evolução nos últimos anos na zona a servir, ou em zonas de características semelhantes
em situações de suficiência de água, não devendo, no entanto, ser inferiores a:

a) 30 l/hab./dia em áreas abastecidas por fontanários;

b) 50 l/hab./dia em áreas com torneira de quintal;

c) 80 l/hab./dia em áreas até 2,000 hab. com abastecimento domiciliário e distribuição


predial;

d) 125 l/hab./dia em áreas com mais 2,000 hab. com abastecimento domiciliário e
distribuição predial.

2. Não se consideram incluídos nestes consumos os relativos a estabelecimentos de


saúde, ensino, militares, prisionais, turismo, bombeiros e instalações desportivas, que
devem, sempre que possível, ser avaliados de acordo com as suas características e
assimilados a consumos industriais.

Outros Consumos

Segundo o mesmo artigo 14 da norma acima referida:

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3. Em caso de impossibilidade prática de obter informação que permita estimar os


consumos a que se refere o n.º 2 desse artigo, podem usar-se a título indicativo os
seguintes valores de referência:

a) Hospitais: 300 a 400l/cama/dia;

b) Hotéis: 70l/quarto/banheira ou 230l/quarto/banheira;

c) Escritórios: 15l/pessoa/dia;

d) Restaurantes: 20 a 45 l/refeição servida/dia

e) Escolas: 10l/aluno/dia

b) Coeficientes de variação do consumo Para efeitos práticos de dimensionamento de


sistemas de abastecimento de água, interessa:

 Variação diária do consumo e;


 Variação horária do consumo Coeficiente do dia de maior consumo (K1) Para o
cálculo do caudal do dia de maior consumo utiliza-se um coeficiente K1 de
majoração que leva em conta o caudal do dia de maior consumo no ano, isto é:

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜


𝐾1 =
𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜

Equação 2-2 - Coeficiente do dia de maior consumo

O coeficiente do dia de maior consumo (K1) consiste na razão entre o maior consumo
diário verificado em um ano e o consumo médio diário no mesmo ano. Na ausência de
determinações específicas, o que deve sempre ser preferível, ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) recomenda a adopção de um valor de K1 = 1.2. (Heller
& Pádua, 2010)

Os coeficientes de variação do consumo, são distribuídos da seguinte forma:

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Caudal do dia de maior consumo: Sistema de produção (captação) e Reservatório.

Coeficiente da hora de maior consumo (𝐊𝟐)

Caudal da hora de maior consumo do dia de maior consumo tem relação com o Sistema
de distribuição.

Para o cálculo do caudal da hora de maior consumo utiliza-se o coeficiente K2 de


majoração que leva em conta o caudal da hora de maior consumo no dia. A ABNT
recomenda a adopção de um valor de K2 = 1.5. (Heller & Pádua, 2010)

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 𝑑𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑛𝑜 𝑑𝑖𝑎


𝐾2 =
𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 𝑚é𝑑𝑖𝑜 ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑑𝑖𝑎

Equação 2-3 - Coeficientes da hora de maior consumo

b) Caudal Médio

O caudal médio é calculado a partir do consumo per capita e o número total da população
a ser atendida.

Q̅ = P × qpc

Equação 2-4 - Caudal médio

c) Caudal Máximo diário

Leva em conta o caudal médio e o coeficiente do dia de maior consumo K1.

QMD = K1 × Q̅

Equação 2-5 - Caudal máximo diário

d) Caudal Máximo horário

Leva em conta o caudal máximo do dia de maior consumo e o coeficiente da hora de


maior consumo K2.

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QMH = K2 × QMD

Equação 2-6- Caudal máximo horário

2.2.4 Perdas Reais

Segundo Julian Thornton (Thornton, 2005), consideram-se perdas reais como


perdas físicas, uma vez que estão associadas a perdas de água que efetivamente
existem, desde a captação até ao contador do consumidor final.

Tendo em consideração os balanços hídricos realizados pelo Sistemas de


Informação de Indicadores de Perdas de Água (SIIPA), as perdas reais são compostas
por:

 Perdas reais em condutas de água bruta e tratamento;


 Fugas nas condutas de adução/distribuição;
 Fugas e extravasamentos nos reservatórios;
 Fugas em ramais de ligação.

As perdas físicas podem ocorrer por inúmeras razões, de entre as quais Thornton
e Alegre destacam as seguintes (Thornton, 2005; Alegre et. al., 2005):

 Utilização de materiais impróprios no sistema;


 Uso de material danificado antes da instalação no sistema;
 Instalações inadequadas;
 Transições/flutuações/excesso de pressão;
 Corrosão;
 Vibrações, provenientes, por exemplo, do tráfego ou obras à superfície;
 Condições ambientais, como a variação da temperatura;
 Tipo de solo e as condições do terreno;
 Inexistência de programação e de manutenção adequada;
 Densidade e comprimento médio dos ramais de ligação;
 Comprimento total das condutas;

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 Número de reservatórios.

É fundamental a existência de uma gestão da pressão na rede e de um controlo ativo


de perdas (CAP) para o controlo de perdas reais, uma vez que a maioria das fugas não
se manifesta à superfície, o que faz aumentar a dificuldade na sua deteção e os volumes
de água perdida. Assim que a fuga é detetada deve existir rapidez, qualidade e eficiência
na sua reparação, já que o volume de água perdido dependerá da velocidade e das
ações tomadas. A prevenção destes problemas passará também pela manutenção e
renovação das condutas, principalmente em SAA envelhecidos e/ou degradados (Lima
et.al., 2011).

A Figura 2.8 sintetiza as quatro medidas operacionais apresentadas anteriormente.

Figura 2.7 - Medidas essenciais para o controlo das perdas reais, com uma abordagem económica;

(Adaptado: Lima et.al., 2011)

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2.2.5 Perdas Aparentes

Segundo (Thornton, 2005), as perdas aparentes correspondem a erros associados


à medição - os contadores em condições normais de medição apresentam erros
correspondentes às perdas aparentes - e consumos não autorizados. Existem, também,
erros de medição derivados de um deficiente dimensionamento ou instalação, como é o
caso da utilização de contadores com diâmetros inapropriados. Erros de leitura ou
registo, erros de medição por avaria do equipamento e leituras que são difíceis de obter
por dificuldade no acesso aos contadores (Carvalho, 2014) são alguns exemplos. Nas
perdas aparentes, os erros de medição são mais comuns do que os consumos ilícitos,
merecendo estes primeiros uma maior atenção por parte da entidade gestora.

2.3 . Balanço hídrico

As entidades gestoras apresentam um conjunto de definições das componentes


referentes aos consumos e às perdas de água num SAA, que são estruturadas no quadro
do balanço (Sardinha et. al., 2017).

 Água entrada no sistema é correspondente ao volume anual de água que entra


no sistema de distribuição;
 O consumo autorizado corresponde ao volume de água medido ou não medido,
que foi consumido pelos clientes; inclui, ainda, o volume de água que é exportada
e as fugas existentes após o ponto de medição dos consumidores;
 As perdas de água são representadas pela diferença entre o volume de água
introduzido no sistema e o consumo autorizado e dizem respeito ao conjunto de
perdas reais e aparentes;
 A água não faturada (ANF) corresponde a todas as perdas de água no sistema,
juntamente com o consumo autorizado não faturado.

Após a elaboração do balaço hídrico, é possível estimar os metros cúbicos de água


perdidos num determinado período de tempo - o balanço poderá ser abordado através
da análise bottom-up ou da análise top-down (Colaço, 2020).

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2.4 . Combate às perdas de água


2.4.1 Zonas de Medição e Controlo

Entende-se por ZMC uma determinada área da rede de distribuição onde é possível
a avaliação eficaz dos consumos e caudais contínuos de abastecimento, através do uso
de caudalímetros, instalados à entrada e à saída da zona. A Figura 2.9, com a
representação de três zonas, pretende evidenciar a importância desta ferramenta de
apoio à gestão e melhoria da eficiência das redes de distribuição. (Alegre et.al., 2005).

Na figura 2.9 apresenta-se o esquema de três ZMC, cuja uma delas (ZMC 2) está
subdividida em duas subzonas (ZMC 2.1 e ZMC 2.2)

Figura 2.8 - Sistema de medição zonada, apresentando 3 zonas principais, estando a ZMC 2 subdividida
em duas subzonas

(Fonte: Alegre et.al., 2005)

Antes da intervenção na rede, é essencial conhecer as várias condições da


mesma, no que diz respeito quer às características, quer ao modo de funcionamento.
Assim, e de maneira a que a instalação de um sistema sectorizado, visando que o
controlo activo de perdas (CAP), não coloque em causa o abastecimento, quer em

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qualidade, quer em quantidade, são necessários alguns instrumentos base para


potencializar a eficiência de todo o processo, tais como (Sardinha et. al.,2017):

 Sistemas de Informação Geográfica: Cadastro informático das infraestruturas;


 Sistema de Informação de Gestão de Clientes;
 Modelo Digital do Terreno;
 Modelo hidráulico do sistema. Após a utilização dos instrumentos base para uma
melhor compreensão da rede, as zonas devem, se possível, ser definidas através
da sua fronteira natural, ou seja:
 Zonas altimétricas;
 Reservatórios;
 Grupos elevatórios;
 Válvulas redutoras de pressão (VRP);
 Comportamento hidráulico idêntico;
 Padrões de consumo;
 Linhas de água, elevações do terreno, infraestruturas lineares.

Com a estratégia de sectorização – ou seja, divisão da rede de distribuição -, é


necessária a instalação de medidores de caudal em pontos estratégicos, bem como a
validação da zona, sendo assim o que torna possível quantificar a quantidade de água
que entra - ou sai - de uma determinada zona delimitada pela sua fronteira natural
(Sardinha et. al., 2017).

2.4.2 Caudalímetros

De forma simplificada, é relacionado o caudal que passa na conduta com a força


electromotriz, induzida pelo sentido de escoamento da água, num campo magnético
perpendicular, criado através de uma bobina, possibilitando assim a medição do caudal
(Sardinha et. al., 2017). Representa-se este processo na Figura 2.10.

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Figura 2.9 - Esquema de um caudalímetro eletromagnético.

(Adaptado: Sardinha et al, 2017)

2.4.3 Validação da ZMC

Depois do fecho dos limites da ZMC, é necessário proceder à sua validação. O


ensaio do Teste de Pressão Zero (TPZ), frequentemente utilizado, valida o fecho das
válvulas de fronteira e a independência da ZMC. Deste modo, é possível garantir a
medição do consumo da ZMC através dos pontos de monitorização instalados para esse
efeito. É de realçar que o TPZ obriga à suspensão do abastecimento em toda a ZMC.
Assim sendo, este teste realiza-se, por norma, no período de menor consumo, durante
a noite (Sardinha et. al., 2017).

O TPZ traduz-se, sumariamente, na análise da curva de pressão no registador,


instalado no ponto de pressão crítica da ZMC, quando o abastecimento é interrompido
com o fecho da válvula de seccionamento junto ao caudalímetro, na entrada da ZMC.
Após o fecho, verifica-se se o valor de pressão desceu rapidamente, aproximando-se de

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zero, num pequeno intervalo de tempo, confirmando, assim, o fecho da ZMC (Sardinha
et. al., 2017). A Figura 2.11 ilustra o momento correspondente à realização do TPZ, onde
se observou a pressão zero alguns minutos após o fecho da entrada da ZMC.

Figura 2.10- Exemplo de realização do Teste de Pressão Zero

(Fonte: Sardinha et al, 2017)

Caso não se verifique uma diminuição dos níveis de pressão, existe a possibilidade
de um outro ponto de abastecimento estar ligado à ZMC (APA, 2014). Os valores de
pressão devem ser monitorizados num período de nove dias, através da utilização de
datalogger, um instrumento de aquisição de dados em contínuo representado na figura
2.12:

Figura 2.11 – Datalogger. geralmente instalado no ponto de pressão crítica

(Fonte: Sardinha et. al., 2017).

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Através da análise dos dados obtidos, comprova-se (ou não) o correto


funcionamento da ZMC, bem como se o abastecimento aos clientes continua a acontecer
segundo o regulamento definido.

2.4.4 Caudal mínimo noturno

A medição de caudais é essencial para uma boa gestão da rede. O método dos
caudais mínimos noturnos (CMN), frequentemente utilizado pelas EG, é realizado,
normalmente, entre as duas e as quatro da manhã, por forma a conhecer a possível
existência de roturas ou ligações ilegais na rede, caso em que se verificarão elevados
consumos noturnos não justificáveis (Cortês, 2015). Na Tabela 2.3, estão representadas
as diversas componentes do método do CMN.

Tabela 2.3 - Componentes do Caudal Mínimo Noturno

(Fonte: Adaptado de: Fantozzi e Lambert, 2012)

2.4.5 Localização exacta de fugas

Assim que verificadas as fugas, é essencial proceder à sua localização e


reparação. Para isso, podem ser utilizados meios físicos para a sua deteção exata,
seguindo-se a sua reparação com o menor investimento possível. Alguns instrumentos
utilizados são:

 Sonda acústica

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Quando a água sai através de uma rotura, provoca vibração na tubagem e são
produzidas frequências. Estas frequências são detetáveis pela sonda diretamente sobre
o órgão da rede, através do ruído que se difunde por toda a tubagem ou sobre a
superfície do solo (Cortês, 2015) (Sardinha et. al., 2017). Os equipamentos mais
utilizados de sondagem acústica são:

o Geofone

O ruído provocado por uma rotura propaga-se, não só pelos materiais


constituintes da rede mas também pelo solo envolvente (Primayer, 2013). O geofone
(Figura 2.13) deverá ser utilizado quando o ruído ambiente é reduzido e quando a
pressão hidráulica na tubagem for maior (horas de menor consumo de água), sendo
estas condições mais propícias de serem alcançadas durante a noite. O Geofone é um
equipamento de sondagem de superfície, diretamente acima da tubagem onde as
características do solo o permitam.

Figura 2.12 - Geofone Mikron da Primayer (Perta, 2013)

o Varetas de escuta

A vareta de escuta (Figura 2.14), à semelhança do geofone, é um equipamento acústico


para localização de roturas.

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Figura 2.13 - Vareta de escuta Mikron da Primayer (Perta, 2013)

Este equipamento permite identificar o ruído que viaja através da água e pelas
paredes das condutas, podendo auscultar-se através de acessórios junto ao contador,
válvulas, bocas de rega, bocas-de-incêndio, marcos de incêndio ou ventosas (Primayer,
2013).. A vareta de escuta é usada como uma primeira aproximação da localização da
rotura, por apenas averiguar pontos acessíveis da rede (Alegre et al., 2005).

o Correlador acústico

Os correladores (Figura 2.15) são equipamentos acústicos que permitem


identificar, com alguma precisão, o ponto onde se encontra a rotura na conduta. São
colocados em válvulas ou acessórios metálicos, num troço de conduta. Através da
correlação cruzada é calculada a diferença de tempo observada nos ruídos registados
pelos dois acelerómetros (Alegre et al., 2005).

Figura 2.14 - Correladores Eureka3 da Primayer

Fonte: (Perta, 2013)

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 Ensaio de estanquicidade

O ensaio da estanquicidade é maioritariamente utilizado na detecção de fendas


ou roturas em reservatórios de água. Contudo, este método pode ainda ser aplicado no
ensaio de condutas com perfil longitudinal ascendente. Através da instalação de um
registador de pressão, no ponto da cota altimétrica mais baixa, e através do fecho de
todas as ligações existentes no percurso – bem como o abastecimento de água - é
possível observar a queda da coluna de água até a cota altimétrica do ponto de fuga. A
fuga será, então, localizada através da comparação da altimetria do traçado da conduta
e do ponto altimétrico registado. A Figura 2.16 representa o processo de deteção de
fugas através do ensaio de estanquicidade.

Figura 2.15 - Representação do processo de deteção de fugas através do ensaio de estanquicidade.


Fonte: (Perta, 2013)

3 CAPÍTULO III - MATERIAIS E MÉTODOS

O presente capítulo compreende a apresentação dos materiais e métodos utilizados


neste relatório, bem como explanar como foi elaborado e ainda explicar a modelação do
caso.

3.1 Materiais e métodos

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No sentido de realizar os objectivos propostos, o presente trabalho foi fundamentado em


revisão bibliográfica. Segundo Gil (2002, p. 4) “a pesquisa bibliográfica obtém os dados
a partir de trabalhos publicados por outros autores, como livros, obras de referência,
periódicos, teses e dissertações”.

Para a compilação da informação contida neste documento foram consultados e


usados materiais físicos, electrónicos e programas computacionais nomeadamente:

Arquivos técnicos;
Textos de apoio e dissertações;
Workshops sobre métodos de combate as perdas em sistemas de
abastecimento de água;
Microsoft Office (Word e Excel);
Google Earth Pro;
Contour Map Creator
ArcGIS 10.8.
EPANET 2.2

O presente relatório surge no âmbito do estágio realizado no FIPAG – Delegação


de Moatize, num período normal de 5 meses, com as actividades descritas no apêndice
A.

Em princípio, foi realizado um levantamento de publicações relevantes para o


tema, tanto artigos científicos, quanto regulamentares e documentos técnicos do FIPAG
– Delegação de Moatize, produzidos pelo corpo técnico directamente envolvido na
implementação da Política de combate as perdas em Sistemas de Abastecimento de
Água.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa para a composição da revisão


bibliográfica sobre perdas em Sistemas de Abastecimento de Água, suas classificações
quanto ao tipo, modo de ocorrência e impacto na rede de distribuição, e ainda se buscou
evidenciar os volumes produzidos, fornecido e facturado, a fim de garantir uma análise

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 27


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

mais incisiva no contexto de combate as perdas no sistema de abastecimento de água


do local em estudo.

Foi necessário ainda mostrar o mapa de localização, e para isso, recorreu-se ao


“ArcGIS” versão 10.8, para uma observação pormenorizada do Sistema de
Abastecimento de Água da Cidade de Moatize desde o Manancial (captação),
reservação e a rede de distribuição actualmente existente a fim de melhor proceder o
dimensionamento da conduta de saída e identificar os potenciais pontos estratégicos
para a implantação das ZMC.

3.2 Parâmetros de sistema de abastecimento de água


3.2.1 População do Projecto

De acordo com os dados do Conselho Municipal da Cidade de Moatize e o cadastro do


total de clientes do FIPAG – Delegação de Moatize, estima-se um total de 4283
habitantes no Bairro 25 de Setembro.

Para o presente projecto, as intervenções para a extensão de rede deste sistema serão
concebidas para um horizonte temporal de 18 anos. Para o efeito o arranque do projecto
está previsto para 2023.

3.2.2 Especificação do tipo de abastecimento

Na tabela 4.1 é apresentado o tipo de abastecimento (da Torre de pressão – Rede de


distribuição).

Tabela 3.1 – Tipo de abastecimento para o sistema – Rede de distribuição

Traçado Tipo de Abastecimento


CD FIPAG – Rede de distribuição Por gravidade

Fonte: FIPAG – Delegação de Moatize

3.2.3 Rede de Distribuição Escolhida

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 28


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Verificado no local alguns aspectos ligados ao arruamento, construções, vias de acesso,


a rede implantada para o Bairro 25 de Setembro é do tipo ramificada.

4. CAPITULO IV – CASO DE ESTUDO

Neste capítulo abordar-se-ão aspectos relativos as características técnicas do


Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Moatize de modo geral e do Bairro 25
de Setembro de forma pormenorizada, bem como a explanação da sua localização e
composição.

4.1 Breve Caracterização da Cidade de Moatize

A Cidade de Moatize, que dista 20 Km do Município de Tete, situa-se a NE da cidade


capital provincial, entre os paralelos 15˚ 37’ e 16˚ 38’ de latitude Sul e entre os meridianos
33˚ 22’ e 34˚ 28’ de longitude Este. É limitado a Norte pelos distritos de Chiúta e
Tsangano; a Este pela República do Malawi; a Sul pelos distritos de Tambara, Guro,
Changara e Município de Tete, através do rio Zambeze e Mutarara através do rio
Mecombedzi; e a Oeste pelos distritos de Chiúta e Changara.

Figura 4.1 - Mapa de Localização da Cidade de Moatize

Fonte: ArcGIS 10.8

4.1.1 Caracterização do Bairro 25 de Setembro (Local de estudo)

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 29


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

O Bairro 25 de Setembro localiza-se no Distrito de Moatize, Província de Tete, nas


coordenadas 16°06’48,64”S e 33°43’33,37”E com uma elevação de 181 m.

Figura 4.2 - Mapa de Localização do Bairro 25 de Setembro

Fonte: Google Earth Pro

4.2 Layout do Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Moatize

O Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Moatize é gerido pelo FIPAG –


Delegação de Moatize conforme descrito em 1.6. Portanto, este sistema começa com a
sua captação no manancial, adiante descrito por Chithatha 2, que actualmente conta
com um total de 10 furos de água que alimentam cinco (5) Centros Distribuidores adiante
designados por CD – 25 de Setembro, CD – Relê, CD – Cruzeiro, CD – CFM, e CD –
Mboza, com reservatórios de capacidades na ordem de (1000 + 750); 750; (350 + 350);
e 50 m3, respectivamente. A seguir serão descritos de forma pormenorizada os detalhes
de aspectos atinentes ao CD – 25 de Setembro, o caso de estudo em alusão conforme
consta no mapa de rede patente nos apêndices.

Conforme mencionado acima, o CD – 25 de Setembro possui dois (2) reservatórios,


ambos semi-enterrados, onde o primeiro (o semi-enterrado de 1000 m3) é alimentado
por duas adutoras de 315 e 150 mm respectivamente.

O segundo (o semi-enterrado de 750 m3) antes alimentado por uma adutora


designada por adutora velha de 250 mm, agora é alimentado por uma ligação do tipo by-

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 30


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

pass de uma conduta de 200 mm na adutora de 315 mm a fim de satisfazer a demanda


hídrica outrora satisfeita pela adutora velha que já desde algum tempo apesar de os
manómetros dos furos registrarem bombeamento de agua para esta adutora, esta
mesma agua não dá entrada no manómetro do semi-enterrado de 750 m3, por esta
adutora sofrer derivações clandestinas e ligações oficiais ao longo do seu comprimento,
facto que chamou a atenção, curiosidade e motivação do autor a fazer um estudo mais
pormenorizado da rede e posterior proposta de mitigação dessas perdas.

4.2.1 Consumo do Local

Consumo doméstico

O consumo doméstico do local será distribuído da seguinte forma:

 Ligações no quintal; e
 Ligação domiciliar.

Caudal Especial (uso comercial e institucional)

Consideram-se como consumo especial do Bairro 25 de Setembro:

 Uma escola EP1;


 Estabelecimentos comerciais; e
 Igrejas.

Embora existindo alguma actividade comercial institucional, as previsões em termos


da demanda de água para uso comercial e institucional indicam que a mesma será
limitada devido essencialmente ao número reduzido de estabelecimentos comerciais
existentes no local. Para o efeito foi assumido um caudal especial correspondendo à 3%
da demanda média doméstica.

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 31


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

4.2.2 Material da Tubulação (conduta de saída) a ser usada

Reservatório localizado no CD – 25 de Setembro (CD-FIPAG) até ao ponto mais afastado


da rede.

 Material (variável): PVC e HDPE

4.3 Pontos a considerar sobre o SAA da Cidade de Moatize


4.3.1 Volume produzido

O CD – 25 de Setembro no período compreendido entre Janeiro e Outubro de 2022, teve


uma produção de 2. 822. 901 m3, com a contribuição de 10 furos no manancial de
captação. (FIPAG - Delegação de Moatize, 2022)

4.3.2 Volume facturado

O CD – 25 de Setembro no período compreendido entre Janeiro e Outubro de 2022, teve


uma facturação média de 1. 700. 610 m3 com o número de 8 000 clientes. (FIPAG -
Delegação de Moatize, 2022)

4.3.3 Estimativa de perdas

No período de Janeiro a Outubro de 2022, o CD – 25 de Setembro registou uma média


de 40% de perdas na rede do Sistema de Abastecimento de Água da Cidade de Moatize,
dentre elas, perdas físicas e aparentes. (FIPAG - Delegação de Moatize, 2022).

5 CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos na descrição do Sistema de


Abastecimento de Água da Cidade de Moatize demonstrada no referencial teórico e na
realização do estudo de caso.

5.1 Apresentação dos resultados

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 32


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

A aplicação de ZMC’s como proposta de controlo e redução de perdas no Bairro 25


de Setembro visa essencialmente trazer números (percentagens de perdas) mais
razoáveis e aceitáveis, visto que, não existem sistemas de abastecimento de água
totalmente estanques.

4.1.1. Impacto da instalação de caudalímetros no sistema

A instalação de caudalímetros na entrada dos sistemas de abastecimento de água


(SAA) é algo fundamental, uma vez que a contabilização da entrada de água no sistema
é uma das bases para uma boa gestão da rede. Este parâmetro dependerá não só dos
clientes, como também das possíveis perdas que possam existir ao longo da rede.

Por norma, o volume distribuído está correlacionado com a água que entra no
sistema (volume produzido), como se pode verificar na Figura 5.1 – aqui, é possível
perceber que uma diminuição de água que entra no sistema é acompanhada por uma
igual diminuição do volume distribuído, isto é, as ligações existentes na conduta adutora
antes denominada por adutora velha tem grande impacto na diminuição desse volume,
pois são ligações que existem a montante dos reservatórios do CD – 25 de Setembro
para a sua quantificação e posterior distribuição na rede.

Figura 5.1 - Relação entre o volume produzido e facturado pelo CD – 25 de Setembro

(Fonte: Autor, 2022)

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 33


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

5.1.1 Volume facturado

A aplicação das ZMC’s influi directamente no volume facturado, pois estas


possibilitarão a melhor quantificação e gestão do volume distribuído, e
consequentemente a sua facturação, isto é, os ganhos da EG aumentam a medidas em
que o nível de perdas diminui, e o volume facturado tende a estabilizar-se com o volume
distribuído.

A título de exemplo, escolheu-se um período de cinco (5) meses para uma


simulação de estudo de impacto após a intervenção das ZMC’s na rede conforme a figura
5.2:

Figura 5.2 - Simulação do volume facturado (expresso em m3) após a intervenção das ZMC’s na rede
(período de simulação: 5 meses: de Setembro de 2022 – Fevereiro de 2023)

Fonte: FIPAG – Delegação de Moatize, 2022

5.1.2 Projecção dos níveis de perdas no sistema

Numa perspectiva comparativa do período compreendido entre Janeiro à Outubro


de 2022 e 2023 respectivamente com um horizonte de estabilização das perdas a 20%
(Perdas razoavelmente admissíveis em SAA), observa-se um topo mais alto desde o
mês de Maio com 40% de perdas, uma tendência decrescente para o mês a seguir
(Junho), seguida de um aumento exponencial e quase que constante na ordem dos (51;

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 34


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

56 e 52) % para os meses subsequentes, respectivamente. Vide as figuras 5.3 e 5.4 para
uma demonstração mais sistemática:

Figura 5.3 - Análise comparativa entre as perdas do ano de 2022 metas para 2023

Fonte: FIPAG – Delegação de Moatize, 2022

De modo a melhor se perceber o ponto de situação na vertente de perdas ao nível


do sistema, faz-se importante proceder pela modelação gráfica. Vide a figura 5.4:

Figura 5.4 – Projecção comparativa de níveis de perdas no SAA da Cidade de Moatize no período de
Janeiro a Outubro dos anos de 2022 e 2023. (Fonte: Autor, 2022)

5.1.3 Pontos esquemáticos da rede para aplicação das ZMC’s

É estratégica a aplicação das ZMC’s nos ramais principais de distribuição, de modo


a poder ter a quantificação exacta do volume de água recebido a montante (pelo
reservatório) do ponto de colocação da ZMC versus o volume facturado nos pontos de
consumo. Ademais, as ZMC’s as possibilitam também o controlo de consumos
clandestinos, pois, em caso de disparidade entre os volumes fornecidos e facturados, já
chamarão atenção e se tornam visados os sub-ramais pertencentes ao ramal principal
ao qual estará instalada a ZMC.

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 35


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

6 CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES


6.1 Conclusões

A água é um recurso natural essencial à vida de todos os seres vivos e deve ser, por
esse motivo, preservada e utilizada da maneira mais sustentável possível. Assim,
entende-se que o volume de água perdido anualmente nos sistemas de abastecimento
de água (SAA) constitui um grave problema social, ambiental e, principalmente,
económico para as entidades gestoras (EG).

Este estágio envolveu um trabalho exaustivo de combate e redução a perdas de


água, tendo como principal foco as perdas reais de água. Geralmente, todos os sistemas
de adução e distribuição apresentam perdas de água, dividindo-se estas em perdas reais
e em perdas aparentes. Diante dos resultados do presente projecto, pode-se concluir
que há viabilidade técnica para a ampliação da rede de abastecimento de água sem que
seja alterado o equipamento elevatório do sistema, o que constitui um benefício tanto
para a população como para a Empresa FIPAG, pois haverá um incremento no volume
de negócio com a venda de água (maior facturação) e satisfação dos clientes

No que concerne ao processo de intervenção, este deve ser constante, dada a


facilidade com que as perdas se podem intensificar, e, como tal, acarretar maiores
dificuldades financeiras para a entidade gestora em questão.

Considera-se que a presente relatório cumpriu os objetivos definidos, numa tentativa


de compreender a importância que as perdas de água representam para as EG. Foi
possível entender, ainda, o processo do FIPAG – Delegação de Moatize no combate às
fugas no seu sistema de abastecimento e de que forma o bom trabalho desta EG para o
Bairro 25 de Setembro, pode servir de exemplo para os restantes Bairros.

Caso a EG pretenda atingir o valor horizonte de perdas – ou seja, 20% de ineficiência


após a implantação do projecto - ou perto do seu nível económico de perdas, terão como
opção, para esse fim, a implementação de ZMC. Contudo, é de salientar que o
investimento inicial necessário, quer para a aquisição de novos equipamentos, quer para

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 36


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

a contratação de profissionais especializados, pode não ser acessível dependendo do


caso de cada Bairro.

Para a correta implementação das ZMC, existe a necessidade de seguir critérios


adequados. No caso específico do FIPAG – Delegação de Moatize, começou por se
verificar as zonas de altimetria. A rede de distribuição do Bairro 25 de Setembro
encontra-se dividida em quatro zonas altimétricas, facto que condiciona a pressão na
rede nos períodos de máximos e mínimos consumos. Contudo, foram tidos em atenção
os diferentes usos, as infraestruturas já existentes, a extensão da rede e a densidade
dos ramais (considerando os valores estipulados, de maneira a identificar as fugas com
maior precisão).

Todos os critérios apresentados têm a mesma importância e é necessário que se


analise cada um de forma individual, por forma a potencializar os resultados.

Recomenda-se, por exemplo, o Teste de Pressão Zero (TPZ), de modo a validar a


zona e a instalação de datalogger nos pontos de cota mínima, monitorizando as pressões
durante nove dias. Após a validação da ZMC e a instalação dos datalogger, estes devem
ser utilizados para a monitorização dos caudais, permitindo assim a localização de
roturas ou ligações ilegais, caso existam consumos muito altos e bruscos não
justificados. Os processos de localização e reparação de fugas são, desta forma, mais
eficazes, existindo assim um menor volume de água perdido.

Adicionalmente, salienta-se a percentagem de água não faturada (ANF), que é um


ID utilizado pelas EG. Este indicador que se apresenta em forma de percentagem,
podendo traduzir uma leitura errada daquele que é o desempenho da EG. Assim sendo,
este indicador, por forma a ser o mais preciso e demonstrativo possível, deveria ser
expresso em volume de ANF, tornando mais fácil a identificação do desempenho anual
do sistema.

Através da análise económica produzida, verificou-se, ainda, que a implementação


de ZMC, assim como os trabalhos de reabilitação da rede de distribuição, representaram

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 37


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

um aumento da água faturada e, consequentemente, uma diminuição da água não


faturada – isto traduz-se, naturalmente, numa recuperação monetária para a EG.

6.2 Recomendações

 Para um bom funcionamento da rede de distribuição proposta, recomenda-se que


durante a execução do projecto, não sejam de modo algum alterados os diâmetros
das tubagens, pois qualquer alteração destes afectará nos resultados de outras
componentes como as perdas de carga, pressões e velocidades.
 Após implementado o projecto, recomenda-se para o desenvolvimento de
trabalhos futuros, a realização da medição do consumo de água na escala horária
para possibilitar a criação dos coeficientes adimensionais do padrão temporal de
24h para o pequeno SAA da Unidade em estudo, para que se possa executar uma
simulação hidráulica com um padrão temporal de consumo real do sistema em
causa.
 Recomenda-se que, não se deva concentrar todos os esforços numa só área de
análise. Muitas intervenções na mesma zona de medição irão importunar os
habitantes com os inúmeros cortes de água, cortes das vias de trânsito, ruído, etc.
Dever-se-ão realizar intervenções espaçadas com algum tempo entre si para que
não se tornem tão exaustivas. Quanto menor for a área em questão, maiores
serão as perturbações sentidas.
 O trabalho desenvolvido foi importante para a compreensão da problemática das
perdas de água nos SAA e permitiu conhecer a forma de funcionamento do FIPAG
– Delegação de Moatize, representando esta entidade um modelo a seguir para
as restantes EG. Assim sendo, no futuro, revela-se imprescindível a conciliação
por parte dos responsáveis das EG, por forma a alinhar interesses e sinergias
para o combate da problemática em estudo, que o presente relatório se propôs a
analisar.

CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 38


Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Mestrado em Engenharia do Ambiente na Especialização de Território e Gestão
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CHAMBELA, J.N.S – Engenharia Hidráulica 41


APÊNDICES

Página. 45
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Apêndice A1 - Memória de cálculo

 Caudal de dimensionamento

Dados auxiliares

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) e alguns projectos similares,


adoptou-se como razoável considerar uma taxa de crescimento populacional de 3% por
ano. Resultando assim a seguinte relação:

𝑃𝑖 = 𝑃𝑖−1 + 0,03 × 𝑃𝑖−1 ; com i = 1;2;3…;n

Equação 8-1 - Projecção populacional

Com isso, resultaram os resultados de projecção populacional, ilustrados nas tabelas 5.1
e 5.2:

Tabela A1.1 - População do Projecto

Ano 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040
População 4283 4411 4544 4680 4821 4965 5114 5268 5426 5588

Fonte: Autor, 2022

Na tabela 5.2, são ilustrados alguns dados usados para a determinação do caudal do
projecto.

Tabela A1.2 - Dados Auxiliares para determinação de caudal

t(h)

P (hab) qpc (l/hab/dia) K1 K2 Reservatório (Torre /120 m3 - Rede de distr)

5588 150 1.2 1.5 8h

Fonte: Autor, 2022

 Condições mínimas de dimensionamento

[1]. Caudal Médio


 Consumo Doméstico
Q̅ = 5588 hab × 150 l/hab × dia ⟹ Q̅ = 838200,00 l/dia ≅ 34,93 m3 /h

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Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

[2]. Caudal Máximo diário


QMD = K1 × Q̅ ⟹ QMD = 1.2 × 34,93 m3 /h ⟹ QMD = 41,92 m3/h

[3]. Caudal Máximo horário


QMH = K2 × QMD ⟹ QMH = 1.5 × 41,92 m3/h ⟹ QMH = 62,88 m3 /h

[4]. Caudal Especial (Uso Comercial e Institucional)


Qesp. = 0.03 × Q̅ ⇒ Qesp. = 0.03 × 34,93 m3 /h ⇒ Qesp. = 1,05 m3 /h

[5]. Caudal de Distribuição (Reservatório de distribuição até a Rede) - 2040


Qdistr. = K1 × K2 × Q̅ + Qesp. ⟹ Qdistr. = 1.2 × 1.5 × 34,93 m3 /h + 1,05 m3 /h ⟹ Qdistr.
= 63,92 m3 /h ≅ 64 m3/h

 Caudal Real Distribuído

Diferentemente do caso do caudal produzido onde as condições do manancial e


a literatura pode divergir, para o caso do caudal distribuído, não haverá alteração porque
os estudos sobre a demanda a servir são os mesmos, isto é:

𝑄𝑅𝑒𝑎𝑙.𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝑄𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖𝑑𝑜 ≅ 64 m3/h

O caudal a servir/distribuir varia de acordo com o tempo (ano), como podemos


observar na figura 4.2.4.

Caudal distribuído
6000

5000

4000

3000

2000

1000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q(m³/dia) Ano

Figura A1.1 - Variação do caudal Distribuído ao longo do tempo (ano)

A1. Página. 46
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

 Dimensionamento da conduta de saída

Consiste em determinar as dimensões das condutas que irão transportar a água


para os pontos desejados.

Diâmetro económico de recalque em condições máximas de vazão

 Reservatório (CD – 25 de Setembro – Torre de pressão) até o ponto mais afastado


da rede de distribuição.

 Caudal requerido

Atendendo e considerando a situação de diferença de níveis entre a torre de pressão e


o ponto mais afatado da rede, é conveniente e conservativo recorrer-se a fórmula de
balanço de energia:

𝑝1 𝑣1 2 𝑝2 𝑣2 2
+ 𝑧1 + = + 𝑧2 +
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

Lembrando: 𝑧1 = 195,9 𝑚; 𝑧2 = 178,14 𝑚 ; 𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠 2; D = 150 mm = 0,15 m e


adotando uma velocidade: 𝑣2 = 1 𝑚/𝑠. No ponto 1 (Torre de pressão), pelas condições
estáticas e reservatório fechado, anulam-se a pressão no ponto e a parte cinética.
Portando:

𝑄 = √(195,9 − 178,14) × 2𝑔 × (𝜋 × 0,152 )

Q = 64 m3 /h = 0,018 m3 /s

n = 8h (Abastecimento faseado, duas vezes ao dia – 4h cada)

8
X=
24

8 0,25
𝐷𝑟 = 1,3 𝑥 (24) 𝑥 √0,018 ↔ 𝐷𝑟 = 0,132 m = 132 mm

Diâmetro comercial:

𝐷𝑟 = 150 mm

A1. Página. 47
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Na tabela abaixo, são ilustrados o diâmetro económico e outros parâmetros do


traçado do reservatório (CD -25 de Setembro – Torre de pressão) até ao ponto mais
afastado da rede do Bairro 25 de Setembro.

Tabela A1.3 - Diâmetro económico do Traçado

Caudal (m3/s) n (h) X Traçado


Caudal Bombeado para a rede DN (mm) DC (mm)
64 8 0,3333 132 150

Fonte: Autor, 2022

Segundo o artigo 72 do Regulamento Nacional de Sistemas Públicos de


Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residais:

1. O diâmetro das condutas elevatórias é definido em função de um estudo


técnico-económico que abranja todo o período de exploração, não devendo no
entanto a velocidade de escoamento ser inferior a 0.7 m/s.
Tabela A1.4 - Verificação de diâmetro

Traçado Q (m3/h) Q (m3/s) D (mm) D (m) A (m2) V (m/s) Verificação


64 0,018 150 0,15 0,018 1,0 OK!

Fonte: Autor, 2022

 Condições de fluxo

Dada a topografia favorável existente entre o Reservatório de distribuição (Torre


de pressão), com a cota mais alta igual a 195,90 m e a mais baixa a 178,14 m, totalizando
um desnível geométrico de 17,76 m e o ponto mais afastado da rede (vide anexos),
mostra-se satisfatório o abastecimento por gravidade, não se fazendo necessário, deste
modo, a previsão de uma bomba para o recalque na rede de distribuição do Bairro 25 de
Setembro.

 Verificação da capacidade do reservatório

Capacidade mínima de reservação de água

𝑉𝑜𝑙𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑄𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖𝑑𝑜 × 24 64 × 24
𝐶= = = → 𝐶 = 512 𝑚3
3 3 3
A1. Página. 48
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Como pode observar-se, 512 m3 é a capacidade mínima de reserva para o


abastecimento de água do Bairro 25 de Setembro, considerando apenas o consumo
doméstico, institucional e comercial. Se considerarmos as condições de incêndio, haverá
um aumento do volume determinado. Por questões de segurança, de modo a que não
se interrompa o abastecimento de água na rede de distribuição no período estimado de
8h, recomenda-se o aumento do período de bombagem de água do reservatório semi-
enterrado (de 1000 m3 de capacidade) para a torre de pressão.

Portanto, importa referir que a torre de pressão é alimentada por uma bomba de
capacidade de 65 m3 /h e leva em media 2h de bombagem até se atingir o NPA3. No
entanto, se leva 2h de tempo para atingir os 120 m 3 de capacidade, então, com uma
simples proporção matemática chegamos a seguinte conclusão:

120 m3--------------------------------2h

512 m3------------------------------- X4

X = 8h e 30 minutos

Contudo, conclui-se que são necessárias 8h e 30 minutos de bombeamento para


satisfazer a demanda hídrica de 512 m3 para o abastecimento de água na rede de
distribuição do Bairro 25 de Setembro.

 Dimensionamento da Rede (Ramificada)

 Número de Nós = 19
 Número de RNF = 0
 Número de RNV = 1
 Número de Tubos = 18
 Número de Bombas = 0
 Unidades de Vazão = LPS (litros por segundos)
 Fórmula da Perda de Carga = H-W

3
NPA – Nivel de Pleno Armazenamento

4 X – Periodo de Bombeamento requerido

A1. Página. 49
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Equilíbrio dos caudais na rede

Por tratar-se de um Bairro em constante crescimento habitacional, foi


considerado um consumo igual em todos os nós da rede (vide apêndices).

 Resultados obtidos pelo Epanet

Na rede de distribuição do Bairro 25 de Setembro, o consumo caracteriza-se por


uma grande incerteza, uma vez que não é constante ao longo do dia, tanto temporal
como espacialmente, levando a que a sua estimativa seja deste modo, um processo
complicado e igualmente incerto e apesar de, nessa rede de distribuição, os consumos
estarem distribuídos ao longo das condutas, foram modelados como estando
concentrados unicamente nos nós. E então foi atribuído a cada nó um caudal de
consumo (designado por consumo base) igual em todos os nós, de modo a facilitar o
processo de monitoria e integração das ZMC’s.

São ilustrados na tabela 5.5 os resultados obtidos pelo Epanet, para as 06h,
consideradas horas de ponta nesse projecto. É com base nesses resultados que
observa-se o problema de pressões e velocidades na rede, motivo pelo qual o
dimensionamento da conduta de saída ter considerado a situação mais desfavorável.
Contudo, foi apenas analisado esse período pelo facto de serem as horas de maior
consumo na rede (por questões de hábitos e costumes).

Tabela A1.5 - Resultados nos Nós nas horas de ponta (Demanda e velocidade)

Fonte: Autor, 2023


A1. Página. 50
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

 Fixação dos Diâmetros nos trechos da rede

A rede foi projectada com um lançamento de tubagens HDPE e PVC, com


diâmetros que variam entre 50 a 150 mm.

Os diâmetros estabelecidos cumprem com o Regulamento Nacional de Sistemas


Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residais:

Artigo 26

2. Os diâmetros nominais (DN/DI) minímos nas condutas deverão ser:

a) 50 mm para aglomerações com população inferior a 2,000 habitantes ou nos sistemas


para abastecimento através de fontenários ou torneiras de quintal.

 Descrição do Traçado da nova linha de transporte, dispositivos e acessórios


da rede, reservatório

A seguir é apresentado o traçado, com algumas componentes não implementadas


no projecto real, com é caso da aplicação de ventosas, válvulas de descargas, entre
outros dispositivos e acessórios do sistema.

 Traçado (Semi-enterrado de 1000 m3 até Reservatório de Distribuição –


Torre de pressão de 120 m3)

Como ilustra a figura abaixo, do reservatório semi-enterrado de 1000 m3 (situado


a cota 178,14 m), o sistema vai alimentar o reservatório de distribuição (Torre de pressão,
situada na cota 195,9 m, com uma altura de 17,76 m) localizado no ponto 3 e por fim o
transporte da água por gravidade até a rede de distribuição. O traçado em planta consta
no Apêndice A4.

A1. Página. 51
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

Figura A1.2 - Perfil de elevação do Traçado

 Análise hidráulica do sistema


 Velocidades Recomendadas

O controlo da velocidade de escoamento em condutas de água é de grande


importância para um adequado funcionamento do sistema. A deposição de sedimentos
na parede do tubo, por exemplo ocorre a velocidades inferiores a 0,60 m/s. Esta
deposição pode provocar incrustações de partículas na parede do tubo, reduzindo sua
secção de escoamento e consequentemente a sua capacidade de vazão. (Coelho &
Baptista, 2014)

Segundo (Coelho & Baptista, 2014), a velocidade média de escoamentos,


recomendada para a remoção de ar, está compreendida entre 0,60 e 0,90 m/s. A
velocidade máxima usual para sistemas de abastecimento de água é de:

v = 0,60 + 1,5 ∗ D ou v = 3,5 m/s

A velocidade de escoamento constitui um elemento importante para pré –


dimensionamento das tubulações, a partir da equação de continuidade é possível
estabelecer a capacidade de vazão máxima das tubulações (tabelas contidas em anexo).
(Coelho & Baptista, 2014).

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Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

APÊNDICE A2 - PLANO DE ESTÁGIO

1.Dados do estagiário
NOME COMPLETO: Joaquim Naldino Silvino Chambela
CURSO: Engenharia Hidráulica BAIRRO: 25 de Setembro
CIDADE: Moatize TELEFONE: 876447008 / 844463403
E-mail: jchambela4@gmail.com
Instituição de acolhimento para a realização do estágio: FIPAG – Delegação de Moatize

2. Área de estágio

Engenharia: Depa rtamen to Técnico; Secção de Produção.

3. Período de realização do estágio

INÍCIO: 10/10/2022 TÉRMINO: 10/03/2023


CARGA HORÁRIA SEMANAL: 40 HORAS CARGA HORÁRIA TOTAL: 1040 HORAS

4. Supervisores

Eng.º Osvaldo Vicente Suzandale E-mail: suzandaleosvaldo1@gmail.com

Eng.º Ronaldo Marcelino Soares Capito E-mail: ronaldo.capito97@gmail.com

(FIPAG – Delegação de Moatize)


MSc. Eng.º Ilídio Luís Magenge (ISPS) E-mail: ilmagenge@gmail.com

4. Objectivos

o Geral:
o Efectuar a proposta de extensão da rede e aplicação de ZMC’s no SAA do Bairro
25 de Setembro, visando a redução de perdas.
o Específicos:
o Analisar o funcionamento do SAA do Bairro 25 de Setembro em seu estado actual;
o Descrever as perdas de água na rede de distribuição da Cidade de Moatize;
o Efectuar o levantamento de dados básicos para o dimensionamento da conduta
de saída sem que seja alterado o equipamento elevatório instalado.
o Delimitar as Zonas de Medição e Controlo;

A2. Página. 54
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

APÊNDICE A3 – CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO

Tabela A3.6 - Cronograma de actividades do estágio

TAREFA RESPONSÁVEL INÍCIO TÉRMINO

PRÉ-REQUISITOS
Marcação da reunião inicial Departamento Técnico e Estagiário 10/10/2022 11/10/2022
Coordenação de objectivos Departamento Técnico e Estagiário 10/10/2022 11/10/2022
INICIAÇÃO
Apresentação e reconhecimento da área de estudo Departamento Técnico e Estagiário 10/10/2022 14/10/2022
Recolha de dados para o início das actividades Estagiário 17/10/2022 21/10/2022
Pesquisa Documental Estagiário 24/10/2022 28/10/2022
Elaboração da bibliografia Estagiário e Co-Supervisor 31/10/2022 04/11/2022
DESENVOLVIMENTO
Revisão bibliográfica e actividades desenvolvidas anteriormente Estagiário e Supervisor 07/11/2022 11/11/2022
Desenvolvimento das actividades Estagiário 14/11/2022 02/12/2022
Acompanhamento das actividades Estagiário e Supervisor 05/12/2022 09/12/2022
Análise e discussão dos resultados Estagiário 12/12/2022 30/12/2022
Análise e discussão dos resultados Estagiário e Supervisor 02/01/2023 06/01/2023
Desenvolvimento Estagiário 09/01/2023 27/01/2023
Desenvolvimento Estagiário e Supervisor 30/01/2023 03/02/2023
Conclusões Estagiário e Co-Supervisor 06/02/2023 24/02/2023
Conclusões Estagiário e Supervisor 27/02/2023 10/03/2023
TÉRMINO DAS ACTIVIDADES

A3. Página 55
Relatório do Estágio Profissional – Engenharia Hidráulica

APÊNDICE A4 - TRAÇADO EM PERFIL

Traçado (Reservatório semi-enterrado – Cota do reservatório = 178,14 m até a torre de pressão – NMA = 195,90 m)

V = 120 m3

Hg = 17,76 m

V5 = 1000 m3

5 V – Volume do Reservatório

A4. Página 56
APENDICE A5 - Rede do SAA de Moatize (Ilustração de consumos na adutora velha)

Fonte: Autor, 2023 – ArcGIS 10.2

A5. Página 57
APENDICE A6 – CURVAS DE NIVEL; Fonte: Autor, 2023 – Contour Map Creator

A6. Página 58
APÊNDICE A7 – Incidência das curvas de nivel sobre a adutora velha; Fonte: Autor, 2023 – Google Earth Pro

A7. Página 59
APÊNDICE A8 – Resultados do dimensionamento da conduta de saída pelo EPANET

Cotas do Tereno nos Nós

A8. Página 60
APÊNDICE A8 – Resultados do dimensionamento da conduta de saída pelo EPANET

Consumo Base nos nós

A8. Página 61
APÊNDICE A8 – Resultados do dimensionamento da conduta de saída pelo EPANET

Diâmetros das Tubulações

A8. Página 62
APÊNDICE A8 – Resultados do dimensionamento da conduta de saída pelo EPANET

Comprimento das Tubulações

A8. Página 63
APÊNDICE A8 – Resultados do dimensionamento da conduta de saída pelo EPANET

Velocidades ao longo do traçado

A8. Página 64
APÊNDICE A9 – ZONAS DE MEDIÇÃO E CONTROLO DO BAIRRO 25 DE SETEMBRO

A9. Página 65
ANEXOS

Página. 66
ANEXO B1 - LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DO TRAÇADO

B1. Página 66
ANEXO B2 - LAYOUT GERAL DO SAA DO FIPAG – DELEGAÇÃO DE MOATIZE

Fonte: FIPAG – Delegação de Moatize, 2022

B2. Página 67
ANEXO B3 - Capacidade máxima para pré-dimensionamento de
sistemas de abastecimento de água.

Tabela B3.1 - Utilizando tubos PVC. (Azevedo Neto et al (1998)

Tabela B3.2 - Valor do coeficiente C sugerido para a formula de Hazen – Williams. (Azevedo Neto et al, 1998)

B3. Página 68
Anexo B4 - Tabelas de preços de materiais e acessórios

Tabela B3.1. Materiais e acessórios para rede de distribuição. (Adaptado de FIPAG – AO TETE, 2022)

B4.Página 69
Anexo B4 - Tabelas de preços de materiais e acessórios

B4.Página 70
Anexo B4 - Tabelas de preços de materiais e acessórios

B4.Página 71
ANEXO B5

Anexo B5. Materiais e acessórios utilizados em redes de abastecimento de água

Figura B5.1 - Tubo em HDPE. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.2 - Tubo em PVC. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.3 - Junta Viking Johnson. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.4 - Junta de reparação. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.5 - Abraçadeira PVC/HDPE. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

B5.Página 72
ANEXO B5

Figura B5.6 - Válvula Fl-Fl PN16 class. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.7 - União de aperto rápido. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.8 – Abraçadeira em sela. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.9 – Niplo. (Manual de distribuição FIPAG, 2015)

Figura B5.10 - Tê Fem-Fem-Fem PVC. (Manual de distribuição FIPAG, 2015

B5.Página 73
ANEXO B6

Anexo B6 – Informações da Empresa

República de Moçambique

Ministério das Obras Públicas e Habitação

Fundo de Investimentos e Património do Abastecimento de Água

Quem somos

O Fundo de Abastecimento e Património do Abastecimento de Água, adiante


designado por FIPAG, é uma instituição pública de âmbito nacional, dotada de
personalidade jurídica e com autonomia financeira, administrativa e patrimonial, tutelada
sectorialmente pelo Ministro que superintende a Área de Abastecimento de Água e
financeiramente pelo Ministro que superintende a Área das Finanças.

O FIPAG foi criado no âmbito da implementação do Quadro de Gestão Delegada (QGD) em


1998. O quadro legal do funcionamento do FIPAG foi introduzido pelo Decreto nº.73/98, de
23 de Dezembro, e mais tarde emendado pelo Decreto nº 48/2012 de 28 de Dezembro, que
adequa as suas atribuições.

Função

O FIPAG tem como função principal gerir o património e o programa de investimento público
nos sistemas de abastecimento de água nos principais centros Urbanos.

Missão

Promover o serviço de abastecimento de água nas principais cidades, através de uma


gestão efectiva da participação do sector privado, realizando investimentos e usando
património de uma forma eficiente e sustentável, promovendo tarifas justas e
salvaguardando o meio ambiente.

Visão

Excelência na provisão de um serviço sustentável de Abastecimento de Água urbano,


impulsionando o desenvolvimento do país.

B6.Página 74

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