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Fundamentos da Economia

Prof. Jean-Claude R. Fonseca


Parte I:
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
B. Os bens econômicos.
C. A riqueza, patrimônio e renda.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Definição 01:
“Ciência que estuda as relações sociais de
produção, circulação e distribuição de bens
materiais, definindo as leis que regem tais
relações”.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Definição 01:
Noutros termos, ciência que “estuda a atividade
produtiva”.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Objetivo:
Definir a “posição de indivíduos [e/ou] grupos
sociais diante dos fenômenos” econômicos
(SANDRONI, 2010, p.274).
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Definição 2:
Estudo, de um “ponto de vista particular, [das]
atividades que [as pessoas] desenvolvem para
satisfazer suas necessidades” (NAPOLEONI,
1997, p.17).
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Por que utilizamos a expressão “de um ponto de
vista particular”?
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Por que utilizamos a expressão “de um ponto de
vista particular”?

Porque as atividades podem ser estudadas sob


vários pontos de vista.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
a) Exame do modo como o trabalho humano (ao
utilizar o aço e outras matérias-primas +
máquinas) fabrica um automóvel p/ satisfazer sua
necessidade de transporte.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
Agora, a tecnologia não é a ciência econômica,
mas seu objeto de estudo para entender o modo
como as pessoas satisfazem a necessidade de
transporte.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
b) Quando uma pessoa aluga uma casa para
satisfazer sua necessidade de habitação sabe
que deve assinar um contrato de locação.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
b) Quando uma pessoa aluga uma casa para
satisfazer sua necessidade de habitação sabe
que deve assinar um contrato de locação.

E este contrato se submete a certas normas.


A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
O estudo da legislação tem a ver com a atividade
que os homens desenvolvem para satisfazer
suas necessidades.

Mas, este estudo representa outro ponto de vista


que é o do direito e não o da ciência econômica.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Voltando à definição 2:
Estudo, de um “ponto de vista particular, [das]
atividades que [as pessoas] desenvolvem p/
satisfazer suas necessidades”.

Estudo da tecnologia que as pessoas empregam


para satisfazer suas necessidades.

Ou estudo (das leis) do direito que as pessoas


empregam para satisfazer suas necessidades.

Etc.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Para entendermos o modo particular da ciência
econômica, é necessário considerar duas
circunstâncias:
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
1ª) As necessidades humanas são múltiplas e
passivas de infinito desenvolvimento.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplos:
a) Da bacia à máquina de lavar roupa etc.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 O desenvolvimento das necessidades se
apresenta ilimitado, porque é o próprio fato de
que certas necessidades tenham sido satisfeitas
que faz nascer novas necessidades.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Em suma, o ser humano sempre quer mais.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Se ele desenvolve um celular, não se contenta
apenas em se comunicar. Então, incrementa o
aparelho com calculadora, jogos, rádio, máquina
fotográfica, filmadora, internet, TV digital que,
com o passar do tempo, tornam-se
“indispensáveis”.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 As necessidades a satisfazer são impostas ou
sugeridas ao homem por sua vida física, pelos
seus gostos, pela sua cultura, pelas suas
fantasias e, quem sabe, pelas suas
extravagâncias e caprichos.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Você concorda com este enunciado?
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Você concorda com este enunciado?
“Não há limite para a produção de novas
necessidades, nem se pode imaginar que se
chegue a um tempo no qual todas as
necessidades sejam de todo satisfeitas”.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Revisão: Para se entender o modo próprio da
economia política, é necessário considerar duas
circunstâncias:
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
1ª) Que as necessidades humanas são múltiplas e
passivas de infinito desenvolvimento.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
2ª) E que os meios com que o ser humano satisfaz
as próprias necessidades podem se tornar
gradativamente disponíveis somente em
quantidades limitadas, isto é, em quantidades
menores do que necessitam para conseguir plena
satisfação.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Claro que há meios já disponíveis e “ilimitados” à
nossa disposição, por exemplo, o ar que
respiramos.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Mas, em geral, os meios que satisfazem nossas
necessidades não estão imediatamente
disponíveis, e devem se tornar disponíveis
mediante uma atividade específica.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Ora, a atividade humana para conseguir certos
meios esbarra no fato de que somos limitados.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Significa que não alcançamos todos os meios de
que necessitamos para uma completa satisfação.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Compreender as duas circunstâncias
mencionadas faz com que nossas ações
impliquem necessariamente em escolhas (de
meios, de fins e em que proporção).
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplo 01:
O salário (meio) dá uma disponibilidade limitada
sobre as mercadorias (fins ou a satisfação da
necessidade). Então, deveremos decidir o que e
quanto comprar, isto é, faremos escolhas.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Exemplo 02:
O Governo Federal preparou o orçamento para
escolher de que modo deve utilizar os meios
obtidos através de impostos. Os fins (satisfação
de certa necessidade) são obras públicas,
educação, previdência social etc.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Depois de todas estas considerações, podemos
voltar à definição da ciência econômica.
A. O que é “economia política” ou
“ciência econômica?
 Diremos agora que “a ciência econômica estuda
as ações que as pessoas realizam para
satisfazer suas necessidades enquanto estas
ações comportam escolhas em consequência da
limitação dos meios que podem se tornar
disponíveis para a satisfação dessas
necessidades” (NAPOLEONI, 1997, p.25).
B. Os bens econômicos
B. Os bens econômicos

 Bem econômico (ou utilidade) é qualquer coisa


que satisfaça qualquer necessidade e que pode
ser tornada disponível somente em quantidade
limitada.
B. Os bens econômicos

 Do ponto de vista econômico, a qualificação “útil”


não implica em julgamento de aprovação,
portanto não é o antônimo de “nocivo”.
B. Os bens econômicos

 Ainda que certa coisa seja nociva à saúde das


pessoas, quando alguém sente necessidade e a
satisfaz mediante o uso da coisa em questão,
então essa coisa é útil.
B. Os bens econômicos

 Em economia, o contrário de útil é inútil.


B. Os bens econômicos

 A utilidade e a disponibilidade limitada são as


duas características que tornam uma coisa em
bem econômico.
B. Os bens econômicos

 Utilidade e disponibilidade limitada podem ser


sintetizadas numa única palavra: escassez.
B. Os bens econômicos

 Bens econômicos são todas as coisas escassas.


B. Os bens econômicos

 Como os bens econômicos são classificados?


B. Os bens econômicos

1) Bens não-duráveis e bens duráveis.


B. Os bens econômicos

 O que são bens não-duráveis?


B. Os bens econômicos

 O que são bens não-duráveis?

Aqueles que deixam de existir em consequência


do simples uso que deles se faça.
B. Os bens econômicos

 Exemplo de bens não-duráveis:

O parecer de um advogado, uma visita médica,


um espetáculo teatral, a aula de hoje etc.
B. Os bens econômicos

 Exemplo de bens não-duráveis:

Uma vez que deles se tenha feito uso, não


existem mais (não significa que seus efeitos
sobre aquele que deles fez uso não seja
duradouro).
B. Os bens econômicos

 O que são bens duráveis?


B. Os bens econômicos

 O que são bens duráveis?

Aqueles que podem ser submetidos a vários


usos antes de deixarem de existir ou antes de se
esgotarem.
B. Os bens econômicos

 Exemplo de bens duráveis:

Uma casa, um automóvel, um eletrodoméstico, já


que podem ser usados várias vezes antes de se
depreciarem.
B. Os bens econômicos

 Um bem não-durável pode se tornar bem


durável?
B. Os bens econômicos

 Um bem não-durável pode se tornar bem


durável?

Pode, dependendo do modo pelo qual nós os


utilizemos.
B. Os bens econômicos

Exemplo:
Após a utilização do carvão ele se deteriora e,
neste sentido, trata-se de um bem não durável.
B. Os bens econômicos

 Mas, se houver uma grande quantidade de


carvão em estoque, a produção durará três
meses.
B. Os bens econômicos

 À medida que se tenha necessidade, parte do


carvão será utilizado. Neste caso, o carvão (sob
a forma de estoque) é um bem durável.
B. Os bens econômicos

 Os bens de uso doméstico destinados à


alimentação: são duráveis ou não-duráveis
segundo constituam, ou não, os estoques.
B. Os bens econômicos

 Há alguns bens perecíveis para os quais a


constituição de estoques não é possível por
razões físicas.
B. Os bens econômicos

 Há alguns bens perecíveis para os quais a


constituição de estoques não é possível por
razões físicas.

São, portanto, bens não-duráveis.


B. Os bens econômicos

2) Bens presentes e bens futuros.


B. Os bens econômicos

2) Bens presentes e bens futuros.

Esta denominação faz referência ao momento


em que os bens estão disponíveis.
B. Os bens econômicos

2) Bens presentes e bens futuros.

Agora, p/ que se possa definir “bens futuros”


como bens econômicos é necessário haver
certeza acerca da possibilidade de possuí-los.
B. Os bens econômicos

 Exemplo:

Você deposita R$ 50,00 no banco sob a


promessa de receber R$ 100,00 dentro de um
ano.

R$ 100,00 é um bem futuro, à medida você que


acredita que o banco honrará seu compromisso.
B. Os bens econômicos

3) Bens complementares ou substitutos


(fungíveis ou sucedâneos).
B. Os bens econômicos

 Complementares são aqueles podem ser usados


juntos para alcançar um determinado objetivo.
B. Os bens econômicos

 Exemplo:

Para confeccionar um vestido, é necessário,


simultaneamente: tecido, linha, botões, tesoura,
máquina de costura etc.
B. Os bens econômicos

 Os bens substitutos são aqueles que podem ser


destinados a conseguir o mesmo fim.
B. Os bens econômicos

 Exemplos:

a) Os alimentos podem ser temperados com


azeite, óleo, manteiga ou margarina.
B. Os bens econômicos

 Exemplos:

b) A energia elétrica pode vir de uma hidrelétrica,


uma usina termelétrica ou nuclear.
B. Os bens econômicos

4) Bens diretos e os indiretos.


B. Os bens econômicos

 Bens diretos são aqueles que podem ser


diretamente utilizados para satisfazer uma
necessidade.

 Exemplo óbvios: gêneros alimentícios, vestuário,


os espetáculos, a moradia etc.
B. Os bens econômicos

 Bens indiretos são aqueles que servem não para


satisfazer diretamente necessidades, mas para
obter outros bens (que podem ser diretos ou
indiretos).

 Exemplo claros: as maquinarias industriais, as


matérias-primas, as indústrias etc.
B. Os bens econômicos

 Obs.: Um bem pode ser direto ou indireto


segundo o modo como é usado.
B. Os bens econômicos

 Exemplo:
a) A energia elétrica é um bem direto se serve
para a iluminação doméstica, e é um bem
indireto para iluminação de uma fábrica.
B. Os bens econômicos

 Exemplo:
b) Um mesmo navio que transporte passageiros
e mercadorias, é um bem direto para os
passageiros e um bem indireto para quem
expediu as mercadorias.
B. Os bens econômicos

 Vamos juntar tudo:

Uma reserva para teatro é um bem não-durável,


futuro, direto e substituto em relação a uma
exibição num cinema.
C. A riqueza, patrimônio e renda
C. A riqueza, patrimônio e renda

 Riqueza: Conjunto de bens econômicos já


disponíveis.
C. A riqueza, patrimônio e renda

 Patrimônio: Conjunto de bens econômicos


disponíveis em determinado tempo.
C. A riqueza, patrimônio e renda

 Renda (mensal, anual etc): É o fluxo de bens


econômicos que ao longo do tempo tornam-se
disponíveis.
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

a) O que são bens de capital?


Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

a) O que são bens de capital?


São aqueles utilizados na fabricação de outros bens, mas
que não se desgastam totalmente no processo produtivo.
Principal característica: Melhorar a produtividade da
mão-de-obra.
Ex.: Máquinas, equipamentos e instalações.
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

b) O que são bens de consumo?


Aqueles destinados ao atendimento direto das
necessidades humanas (duráveis e não duráveis).
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção
c) O que são bens intermediários/ indiretos?
São aqueles transformados ou agregados na produção de
outros bens e são consumidos totalmente no processo
produtivo (insumos, matéria-prima e componentes).
Diferenciam-se dos bens finais (diretos), que são
vendidos para consumo ou utilização final. Os bens de
capital, como não são “consumidos” no processo
produtivo, são bens finais.
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

d) O que são fatores de produção?


São os recursos de produção da economia constituídos
pelos recursos humanos (trabalho e capacidade
empresarial), terra, capital e tecnologia.
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

Cada fator de produção corresponde a uma remuneração


ao seu proprietário, conforme o quadro abaixo:

FATOR DE PRODUÇÃO TIPO DE REMUNERAÇÃO


TRABALHO SALÁRIO
CAPITAL JURO
TERRA ALUGUEL
TECNOLOGIA ROYALTY
CAPADADE EMPRESARIAL* LUCRO
Parte II: Bens de capital, bens de
consumo, bens intermediários e
fatores de produção

Observação:

O lucro também é remuneração.


E ele é representado pela capacidade empresarial ou
gerencial dos proprietários da empresa.
Parte III: Divisão do estudo econômico
Parte III: Divisão do estudo econômico

Para fins metodológicos e didáticos, a análise econômica


é normalmente dividida em quatro áreas de estudo:
Parte III: Divisão do estudo econômico

a) Microeconomia ou teoria de formação de preços


Examina a formação de preços em mercados específicos,
ou seja, como consumidores e empresas interagem no
mercado e como decidem os preços e a quantidade para
satisfazer a ambos simultaneamente.
Parte III: Divisão do estudo econômico

b) Macroeconomia
Estuda a determinação e o comportamento dos grandes
agregados nacionais, como produto interno bruto (PIB),
investimento agregado(a), a poupança agregada(b), o nível
geral de preços, etc.

Seu foco é basicamente de curto prazo (ou conjuntural).


Parte III: Divisão do estudo econômico

(a) Investimento agregado: É o gasto em bens que foram


produzidos (bens de capital = máquinas e imóveis), mas
não foram consumidos no período, e que aumentam a
capacidade produtiva da economia para os períodos
seguintes.
Parte III: Divisão do estudo econômico

(b) Poupança agregada: É a parcela da renda nacional


(RN) que não é consumida no período.
Parte III: Divisão do estudo econômico

c) Economia Internacional
Analisa as relações econômicas entre residentes e não
residentes do país*, as quais envolvem transações com
bens e serviços e transações financeiras.

*Ou relações de um país com o resto do mundo.


Parte III: Divisão do estudo econômico

d) Desenvolvimento econômico

Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da


coletividade ao longo do tempo. O enfoque é também
macroeconômico, mas centrado em questões estruturais
e de longo prazo (como progresso tecnológico,
estratégias de crescimento).
Referencial

 NAPOLEONI, Claudio. Curso de Economia


Política. Rio de Janeiro: Graal, 1997.

 SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do


século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2010.

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