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SANEAMENTO II

ETE
TRATAMENTO SECUNDÁRIO
FILTROS BIOLÓGICOS
Colegiado de Engenharia Civil
Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Prof. Me. Vinicius Lazzaris Pedroso
TRATAMENTO SECUNDÁRIO
No tratamento secundário, o foco de remoção é na carga orgânica do
efluente (DBO), através de processos predominantemente biológicos.

Existem diversos tipos de tratamento secundários eficientes em


bibliografia técnica e disponíveis no mercado. Nessa aula, iremos tratar
de FILTROS BIOLÓGICOS.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Em outras soluções de tratamento de efluentes, a biomassa cresce
dispersa em um tanque ou lagoa. Nos filtros biológicos essa biomassa
cresce aderida a um meio suporte.

Um filtro biológico compreende, basicamente, um leito de material


grosseiro, tal como pedras, brita, escória de alto-forno, ripas ou
material plástico, sobre o qual os esgotos são aplicados sob a forma de
gotas ou jatos. Após a aplicação, o efluente percola em direção aos
drenos de fundo. Esta percolação permite o crescimento bacteriano na
superfície da pedra ou do material de enchimento, na forma de uma
película fixa (biofilme).
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
NBR 12209
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
O crescimento de biofilmes é um fenômeno natural. Caso acorra de
maneira descontrolada e em locais inapropriados, é bastante
indesejável, apresentando contaminação de ambiente e mal
funcionamento da estrutura onde ele foi indesejavelmente criado.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Os filtros biológicos são sistemas aeróbios, ou
seja, os processos bioquímicos de estabilização
da matéria orgânica acontece com o consumo de
oxigênio do meio. Isso é possível pois o ar tem
livre circulação pelos espaços vazios da matriz de
fixação do biofilme.

A aspersão geralmente é realizada através de


aspersores mecânico, movido pela própria carga
hidráulica do efluente. A velocidade de rotação
deve ser adequadamente calculada conforme
NBR.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Os aspersores podem ter 2 ou 4 braços rotativos.
Para sistemas com diâmetros pequenos e médios, a aspersão é feita
pela própria carga hidráulica do efluente. Deve ser previsto motor
de rotação para diâmetros maiores.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
DIMENSIONAMENTO – VELOCIDADE DE BRAÇOS ASPERSORES
O dimensionamento da velocidade de rotação dos braços aspersores é
feito em função da carga orgânica volumétrica do efluente, com o Fator
Spülkraft (SK). O SK determina a lâmina líquida de efluente por rotação.
Quanto maior a carga orgânica, maior o SK e, consequentemente, menor
a velocidade de rotação:
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
DIMENSIONAMENTO – VELOCIDADE DE BRAÇOS ASPERSORES
1 + 𝑟 ∗ 𝑇𝐴𝐻 ∗ 1000
𝑛=
𝑁 ∗ 𝑆𝐾 ∗ 1440
Onde: 𝑛 é a velocidade de rotação dos braços, em rpm;
𝑟 é a razão de recirculação (a ser definida nos próximos slides);
𝑇𝐴𝐻 é a taxa de aplicação hidráulica, ou taxa de escoamento superficial, em m³/m².d;
𝑁 é o número de braços distribuidores;
𝑆𝐾 é o Fator Spülkraft em mm/rotação.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Os materiais mais comum na construção dos filtros são pedras ou
plásticos. A escolha deve se dar por critérios técnicos e financeiros:

PEDRAS
Pedra britada ou seixo rolado;
Baixa superfície específica e PLÁSTICOS
porosidade; Em blocos ou pedaços;
Mais pesados; Alta superfície específica e
Baixo custo. porosidade;
Mais leves;
Maior custo.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
NBR 12209
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Os filtros de percolação são denominados DE BAIXA
CARGA e DE ALTA CARGA. A diferença está na carga
de DBO do efluente tratado em cada um deles. Os de
alta carga ocupam área menores, porém a
recirculação do efluente é OBRIGATÓRIA. Nos de
baixa carga, a recirculação pode ser implementada,
com a finalidade de aumentar a eficiência do filtro.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Deve ser definido a taxa de recirculação. Isso pode ser feito com o
balanço de massa:
𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑄𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖
Onde: 𝑄 é a vazão média de esgoto sanitário;
𝑄𝑟 é a vazão de recirculação do esgoto tratado;
𝑆0 é a DBO do afluente ao filtro, antes de mistura com o recirculado;
𝑆𝑖 é a DBO do afluente ao filtro, depois da mistura com o recirculado;
𝑆𝑒 é a DBO do efluente final, após o decantador secundário.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Deve ser definido a taxa de recirculação. Isso pode ser feito com o
balanço de massa:
𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑄𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖
Onde: 𝑄 é a vazão média de esgoto sanitário;
𝑄𝑟 é a vazão de recirculação do esgoto tratado; Definindo razão de
𝑆0 é a DBO do afluente ao filtro, antes de mistura com o recirculado; recirculação (𝑟) como:
𝑄
𝑆𝑖 é a DBO do afluente ao filtro, depois da mistura com o recirculado; 𝑟 = 𝑄𝑟
𝑆𝑒 é a DBO do efluente final, após o decantador secundário.

𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑄 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑟 ∗ 𝑄 𝑆𝑖
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Deve ser definido a taxa de recirculação. Isso pode ser feito com o
balanço de massa:
𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑄𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖
Onde: 𝑄 é a vazão média de esgoto sanitário;
𝑄𝑟 é a vazão de recirculação do esgoto tratado; Definindo razão de
𝑆0 é a DBO do afluente ao filtro, antes de mistura com o recirculado; recirculação (𝑟) como:
𝑄
𝑆𝑖 é a DBO do afluente ao filtro, depois da mistura com o recirculado; 𝑟 = 𝑄𝑟
𝑆𝑒 é a DBO do efluente final, após o decantador secundário.

𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑄 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑟 ∗ 𝑄 𝑆𝑖
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Deve ser definido a taxa de recirculação. Isso pode ser feito com o
balanço de massa:
𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑄𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖
Onde: 𝑄 é a vazão média de esgoto sanitário;
𝑄𝑟 é a vazão de recirculação do esgoto tratado; Definindo razão de
𝑆0 é a DBO do afluente ao filtro, antes de mistura com o recirculado; recirculação (𝑟) como:
𝑄
𝑆𝑖 é a DBO do afluente ao filtro, depois da mistura com o recirculado; 𝑟 = 𝑄𝑟
𝑆𝑒 é a DBO do efluente final, após o decantador secundário.

𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒
𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 1 + 𝑟 𝑆𝑖 → 𝑆𝑖 =
(1 + 𝑟)
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Deve ser definido a taxa de recirculação. Isso pode ser feito com o
balanço de massa:
𝑄 ∗ 𝑆0 + 𝑄𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖
Onde: 𝑄 é a vazão média de esgoto sanitário;
𝑄𝑟 é a vazão de recirculação do esgoto tratado; Definindo razão de
É recomendado
𝑆0 é a DBO dimensionar
do afluente ao filtro, uma
antes de mistura taxa
com de
o recirculado; recirculação (𝑟) como:
recirculação 𝑄
𝑆𝑖 é a DBO do afluente aopara
filtro,que o da
depois afluente ao filtro
mistura com o recirculado; 𝑟 = 𝑄𝑟
𝑆𝑒 é a DBOpossua carga
do efluente orgânica
final, de 100 mgDBO/l
após o decantador secundário.

𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒
𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒 = 1 + 𝑟 𝑆𝑖 → 𝑆𝑖 =
(1 + 𝑟)
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
Por ser rico em matéria orgânica, o filtro poderia ser um meio preferencial
para a proliferação de insetos. ISSO NÃO DEVE ACONTECER!
À medida que a biomassa cresce na superfície do filtro, o espaço vazio tende
a diminuir, fazendo com que a velocidade de escoamento nos poros
aumente. Ao atingir determinado valor, esta velocidade causa uma tensão de
cisalhamento que arranca parte do material aderido. É um controle natural
da população microbiana do meio. Esse lodo desalojado deve ser retido em
um decantador secundário.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
PARÂMETROS PARA DIMENSIONAMENTO

CARACTERÍSTICA CAPACIDADE BAIXA CAPACIDADE INTERM. CAPACIDADE ALTA


Meio de suporte Pedra Pedra Pedra Plástico
Carga hidráulica (m³/m².d) <5 4 - 10 10 - 50 10 - 75
Carga orgânica (kg DBO/m³.d) < 0,3 0,2 - 0,5 < 1,2 < 3,0
Profundidade (m) 1,5 - 3,0 1,5 - 2,5 1,5 - 2,5 4,0 - 12,0
Razão de recirculação 0 0-1 1-2 1-3
Eficiência em remoção DBO (%) 80 - 90 80 - 85 80 - 90 80 - 90
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO: Dimensionar o filtro biológico percolante para ETE com
𝑄𝑚𝑒𝑑 = 120 l/s. Sabe-se que a DBO afluente à ETE é de 250 mg/l e
espera-se uma DBO efluente de 20 mg/l. Existe um decantador
primário que remove 30% da DBO. Deseja-se um filtro de alta
capacidade, com meio suporte em brita, e sistema aspersor de efluente
composto de 4 braços.
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
DBO após o decantador primário: 𝑆0 = 0,7 ∗ 250 = 175 𝑚𝑔/𝑙
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
DBO após o decantador primário: 𝑆0 = 0,7 ∗ 250 = 175 𝑚𝑔/𝑙
Definição da taxa de circulação para um afluente ao filtro com DBO de 100 mg/l:

𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒 175 + 20𝑟
𝑆𝑖 = → 100 =
(1 + 𝑟) (1 + 𝑟)
100 + 100𝑟 = 175 + 20𝑟 → 80𝑟 = 75

𝑟 = 0,94
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
DBO após o decantador primário: 𝑆0 = 0,7 ∗ 250 = 175 𝑚𝑔/𝑙
Definição da taxa de circulação para um afluente ao filtro com DBO de 100 mg/l:

𝑆0 + 𝑟 ∗ 𝑆𝑒 175 + 20𝑟
𝑆𝑖 = → 100 =
(1 + 𝑟) (1 + 𝑟)
100 + 100𝑟 = 175 + 20𝑟 → 80𝑟 = 75

𝑟 = 0,94
Vazão de recirculação:
3
𝑄𝑟 = 𝑟 ∗ 𝑄𝑚𝑒𝑑 = 0,84 ∗ 120 = 112,8 𝑙/𝑠 = 9.746 𝑚 /𝑑
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
Cálculo da carga de DBO afluente ao filtro:

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐷𝐵𝑂 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖 = 10.368 + 9.746 ∗ 0,1 = 2.011 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂/𝑑


FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
Cálculo da carga de DBO afluente ao filtro:

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐷𝐵𝑂 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖 = 10.368 + 9.746 ∗ 0,1 = 2.011 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂/𝑑

Filtro de alta capacidade com pedra:


Carga orgânica adotada: 0,8 kgDBO/m³.d
Profundidade adotada: 2,5 m

2.011 2.514
Cálculo do volume e da área dos filtros: 𝑉= = 2.514 𝑚3 𝐴= = 1.006 𝑚2
0,8 2,5
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
Cálculo da carga de DBO afluente ao filtro:

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐷𝐵𝑂 = 𝑄 + 𝑄𝑟 𝑆𝑖 = 10.368 + 9.746 ∗ 0,1 = 2.011 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂/𝑑

Filtro de alta capacidade com pedra:


Carga orgânica adotada: 0,8 kgDBO/m³.d
Profundidade adotada: 2,5 m

2.011 2.514
Cálculo do volume e da área dos filtros: 𝑉= = 2.514 𝑚3 𝐴= = 1.006 𝑚2
0,8 2,5
𝜋𝐷2 MUITO GRANDE!
= 1.006 → 𝐷 = 36 m 𝜋𝐷2
4 Utilizando-se 2 filtros: = 503 → 𝐷 = 25 m OK!!!
4
FILTRO BIOLÓGICO DE
PERCOLAÇÃO
EXEMPLO:
𝑄 + 𝑄𝑟 10.368 + 9.746
Verificação da taxa de escoamento superficial: = = 20 𝑚3 /𝑚2 . 𝑑
𝐴 1.006

OK!!!!

Velocidade de rotação dos braços distribuidores:


Carga volumétrica de 0,1 kgDBO/m³.dia
Adotando SK = 25
1 + 𝑟 ∗ 𝑇𝐴𝐻 ∗ 1000 1 + 0,92 ∗ 20 ∗ 1000
𝑛= = = 0,3 𝑟𝑝𝑚
𝑁 ∗ 𝑆𝐾 ∗ 1440 4 ∗ 25 ∗ 1440
DECANTADOR SECUNDÁRIO
Por norma, é obrigatória a instalação de um decantador secundário após
o filtro. Ele deve ser dimensionado com a mesma metodologia do
decantador primário, com as seguintes premissas:
• Taxa de escoamento superficial igual ou inferior a 24 m³/m².d;
• Taxa de escoamento através do vertedor igual ou inferior a 380 m³/m.d;
• Profundidade mínima de decantadores mecanizados: 3,5 m;
• Dimensionamento com a vazão média da ETE.

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