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1
E gostava de comer.
Porém a mais graciosa
Era mesmo Redepente.
Inteligente e bondosa,
Tinha um rosto cativante
E um sorriso bonito,
Mas sem o dente da frente
Redepente era cantora
E cantava de tal jeito
Que até pássaro canário
Parava pra ouvir seu canto;
E mais: sabia dançar
E tocava clarineta.
Redepente era um encanto.
MECHA
Estamos as três,
Bem tristes e descontentes
Por não podermos também
Assistir ao Nascimento.
GRIMPA
Os maridos, como é praxe,
saíram sozinhos,
afobados e com pressa.
REDEPENTE
Nos deram abraços e beijos
E também muitas promessas
De trazerem lembrancinhas
Quando voltassem das festas.
NARRADOR
Mas nada de irem com elas!
IMPROVISAÇÃO NARRADOR
NÚMEROS CIRCENCES
REDEPENTE
Vou fazer uma proposta
Às minhas nobre colegas;
Por que não vamos também
Assistir a essa festa?
Não é tão fácil assim
Ver nascer um Deus Menino.
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Se a estrela avisou ao Rei,
também avisou à Rainha!
Se um Rei soube ler o céu,
Foi porque tinha ao seu lado
O amparo de uma amiga!
MECHA
Onde conseguir transporte?
Os Reis levaram
os camelos disponíveis.
Como chegar a Belém
Por caminhos tão terríveis?
REDEPENTE
“Não tem problema.
Vamos as três de girafa!”
GRIMPA
“Tudo bem!
Mas o que vamos levar?
Quero dizer, de oferendas?
É feio a gente chegar
Sem convites, e mais, sem prendas!”
NARRADOR
As duas se entreolharam;
O problema era bem grave.
Os maridos, ao partir,
Não tinham deixado a chave
Da gaveta de moedas.
E Agora?
Era uma queixa que as rainhas sempre tinham;
Ficar em casa sozinhas
E ainda mais sem dinheiro!
GRIMPA
“Eu acho que a gente
deve resolver a coisa,
bem a moda de mulher:
vamos levar ingredientes
pra fazer um de comer!”
NARRADOR
Redepente deu um pulo!
É que ela era gulosa
E sabia que a colega
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Fazia coisas gostosas!
REDEPENTE
“Perfeito! Além de Rainha,
você é, todas sabemos,
grande chefe de cozinha!
NARRADOR
E assim foi: sem mais licenças
Assaltaram as despensas
Dos seus palácios reais.
Uma recolheu farinha
de trigo, da mais branquinha;
outra do azeite de olivas;
encheu ânforas e vidros;
e Redepente, a gulosa,
além de água de rosas,
carregou potes de mel
capazes de converter
ao céu qualquer infiel.
Estavam já preparadas
Para as surpresas futuras
E foram dormir, sonhando
Com a viagem de aventuras.
Felizes, no outro dia,
Em três girafas malhadas,
Com suas mochilas prontas
E as cargas bem abrigadas,
Cheias de planos e sonhos
Partiram as Rainhas Magas!
Foi uma viagem e tanto!
Encontraram no caminho
Peregrinos, caminhantes,
Mercadores e mendigos,
Porém nenhum assaltante,
O que foi sorte bastante.
É que elas iam benditas
Por aquele seu destino!
E foi assim que, por bem,
Chegaram as três a Belém,
Diante da gruta fria
Onde estavam o Menino,,
José e a Virgem Maria.
Ao ver Redepente vindo,
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BALTAZAR
“Bonito!
Acabou-se o que era doce!”
MELCHIOR
Capaz!
Daqui desta manjedoura
ninguém vai me tirar mais!
Eu vim pra festejar
O nascimento de Deus
E não vai ser sua mulher
Que vai me desconvencer
GASPAR
Melchior, querido,
Acontece que você
não viu Mecha, que vem vindo!
NARRADOR
E era: não tinha visto.
Rei Melchior desapontou,
Mas Gaspar, que era espertinho,
Tratou de dar um abraço
Na sua Grimpa querida.
Ele sabia que ela,
Se não tratassem bem,
Derrubava na rasteira,
Não se importando com ninguém.
BALTAZAR
Meninas, vocês não tem convite,
vieram sem avisar,
e esta gruta da pra vinte,
ninguém mais! Entre animais,
pastores, anjos, nós mesmos,
mais a sagrada família,
está começando a apertar!”
REDEPENTE:
Eu vou é ver o Menino.
NARRADOR
Entraram as três na gruta,
olharam aquela carinha
e saíram emocionadas
sentindo-se mais rainhas.
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GRIMPA
Senhor São José, que mal lhe pergunte:
Alguém aqui já jantou?”
NARRADOR
São José meio abatido
só sacudiu a cabeça.
Grimpa olhou para o marido,
Que estava quase babando,
E disse as outras:
GRIMPA
“Meninas, trabalhando!”
MECHA
“Companheiras!
Temos de fazer campanha
Pra aumentar os mantimentos!”
NARRADOR
Dito e feito: em pouco tempo
Conseguiram dos pastores
Boa carne de cordeiro,
Berinjelas, peixes, pão,
Ervas e outros condimentos.
Elas cortaram as carnes,
cozinharam berinjelas
até que, prontas, puderam
tirar o miolo delas.
Misturadas com carne
Picadinha dos cordeiros,
Encheram bem uma cuia
Grande e forrada por dentro
Com cascas de berinjela.
Acrescentaram farinha
Para dar ponto ideal,
Óleo para dar nobreza,
E foi tudo a cozinhar
No vapor de um fogo feito
No chão, ao lado da mesa.
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Todos foram convidados
Para aquele bom repasto,
Desde os pastores até
Os pescadores e os anjos,
Desde as moças que colhiam
O trigo verde dos campos
Até claro, reis, rainhas, José, o Menino e Maria.
Sentaram-se então à mesa.
Maria, o Menino ao Colo,
José, do lado direito,
Cada Rei com sua Rainha
E todo o povo ao redor
MELCHIOR
“Senhoras! Senhores!
Acabamos de inventar uma ceia de Natal”
REDEPENTE
“Pois é, assim que tem que ser!
Festa pra ser divertida,
Precisa ter mulher!
MECHA
Na hora de viagem boa
A gente fica pra trás?
GRIMPA
Casal é pra viver junto
TODAS
Nas horas boas e más!
FIM