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Noiva de um escocês perverso – Samantha James

Noiva de um escocês
perverso

Samantha James
(Série Família McBride 03)

PARCERIA LRTH + PRT

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Sinopse
Lady Maura O'Donnell jurou ao pai no leito de morte que recuperaria o Círculo de
Luz, uma relíquia celta encantada que trouxera prosperidade à família - até que foi
roubada um século antes por um pirata famoso. Agora, o descendente do pirata, o
duque de Gleneden, possui esse tesouro raro, e Maura daria qualquer coisa para
recuperá-lo...

Alec McBride sabe quem ele teve. Lady Maura o levou a se casar com a experiência
de uma sedutora nata, e agora ela pagará por sua traição. Ele a arrebatará, a
tentará, a domesticará - até que ela deseje muito que nunca tenha ouvido falar do
duque de Gleneden. Presos em seu jogo de vingança, Alec e Maura não percebem o
que está acontecendo em seus corações - até que seja tarde demais.

O casamento deles pode ter sido uma farsa, mas não há nada mais verdadeiro que o
desejo deles...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Prólogo
Um antigo mito irlandês
Das brumas e da magia do tempo surgiu um mito, um mito que
nasceu nas terras do povo que veio a ser chamado de Clã McDonough. Foi
ali, na orla da península, no lugar onde o vento encontra o mar e o céu, e o
céu a terra, onde druidas reinaram e pagãos vinham adorar seus deuses
celtas num templo cercado de pedras em pé. Foi ali, diz o mito, que o
Círculo de Luz surgiu, evocado pelos sacerdotes druidas. Conjurado do
mar e do céu, da água e da terra, um símbolo do eterno ciclo da vida. Da
prata mais pura foi feito, um padrão simples, entrelaçado, um círculo que
não tinha fim e nem princípio.

O Círculo de Luz residia flutuando sobre o alto de um altar de


pedra, suspenso por um poder próprio, girando lentamente, sempre
girando, brilhando com uma infinidade de cores e calor. Os druidas
proclamavam que todo o povo pertencente ao Clã McDonough que os
adorassem, todos os que acreditavam em seus poderes de resistência,
seriam abençoados. Tão maravilhoso era o Círculo de Luz que o próprio
São Patrício veio vê-lo. Ele também abençoou o círculo, e todos os
McDonough e suas terras. Ele decretou que ele deveria permanecer para
sempre neste lugar de culto antigo; o clã foi encarregado de sua tutela. Em
agradecimento por esta bênção, o Clã McDonough construiu sua igreja em
honra de São Patrício, trazendo sorte e riqueza às suas terras e pessoas.
Conforme o tempo e a maré passavam, os McDonough passaram a
acreditar que perder o Círculo de Luz, este ciclo duradouro de vida, seria
perder a sua boa sorte. Tal era sua crença. Tal era sua fé. Noite após noite,
ao longo dos séculos, na igreja de São Patrício, o Círculo de Luz foi visto
através da janela do lado norte, derramando o seu brilho. Deslizando
cintilante através da névoa e do luar e da noite mais escura, trazendo sorte
e prosperidade para as terras dos McDonough como prometido. Como
uma coroa de calor e esperança, sua luz não podia ser regulada.

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Até à noite em que o Escocês Negro veio saqueando através dos
mares, para a terra dos McDonough, onde ele se apoderou do Círculo para
si... E a verdade da lenda se tornou realidade.

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Capítulo Um

O dia começou como qualquer outro.


No entanto, por alguma vaga razão, Lady Maura O'Donnell refletia,
algo parecia diferente naquele dia.
Quando a cortina da noite recuava, o amanhecer começou o seu
despertar. Aconchegada no ninho quente de sua cama no Castelo
McDonough, Maura assistia a luz rosa pálido pairar até onde seus olhos
podiam ver; banindo as sombras e se tornando âmbar e rosa, finalmente
derramando sobre a terra até que passou pelas cortinas abertas.
Ha! Quem disse que chovia na Irlanda mais do que em qualquer
outro lugar do mundo nunca tinha vivido aqui, na orla norte da ilha!
Bem acordada agora, Lady Maura levantou-se da cama. Era
meados de Junho, mas as manhãs ainda eram um pouco frias. Não havia
tapete no chão, então ela puxou de volta os dedos dos pés ao sentir a
madeira fria. Jen, a governanta tinha providenciado para que o grande
tapete sob o dossel fosse levado para longe, um dia, enquanto Maura
estava fora. Um perigo e uma relíquia, Jen declarou com um brilho nos
olhos, desafiando Maura refutá-la quando ela gritou por sua ausência.
Maura admitiu que Jen estava certa quando o tapete puído, perto da
lareira, se incendiou e pegou fogo três vezes a sua altura, quer dizer, três
vezes a altura do marido de Jen Murdoch, verdade seja dita.
Papai tinha lhe prometido outro na próxima vez que fizesse
viagem para Dublin.
Maura não o lembrou. Era ela que mantinha os livros. Não havia
fundos para tais extravagâncias como belos tapetes, tecidos à mão. O
pessoal da casa tinha se tornado menor ao longo dos anos, à medida que
mais salas do ventoso castelo eram fechadas. Agora era apenas o conde, ela
mesma, Murdoch, e Jen, que residiam na zona principal do castelo. A mãe
de Maura tinha morrido antes de ela ter seis anos; mal se lembrava dela.

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Tremendo, ela finalmente enfrentou o chão frio e correu em direção
ao lavatório. Uma tábua rangeu. Ela fez uma pausa e olhou para baixo, só
para bater com um dedo do pé na borda da próxima. Parando, ela correu o
outro dedo do pé ao longo da borda solta da tábua longa, carcomida.
Enquanto lavava o rosto e, em seguida, penteava os cabelos e os amarrava
de volta com um pedaço de fita, ela decidiu que teria que chamar Patrick, o
Tolo, para repará-las antes que ela caísse de cara no chão. Seu pai sempre
havia afirmado que Patrick, o Tolo, não existia uma alma no vale que o
chamasse de outra forma, era o melhor carpinteiro no Condado de
Donegal. E ele era, desde que utilizasse os seus serviços no início do dia,
antes que ele tomasse demasiadas cervejas. E se ela adiasse o conserto, seu
pai estaria perguntando se ela mesma tinha bebido com Patrick, o Tolo.
Um suspiro melancólico escapou. Tanto quanto ela desejava que
houvesse fundos para ver o castelo restaurado à sua antiga glória. Oh,
como Papai ficaria feliz... Mas ela sabia que nunca seria assim. Pouco a
pouco, tornou-se necessário começar a vender itens de valor. Eles ainda
não eram pobres, mas ela temia que algum dia chegassem a...
Não. Não. Ela não devia pensar assim. Ela tinha que acreditar que
dias melhores estavam para vir.
Noutras partes do castelo, o ritual da manhã também já tinha
começado. Maura ouviu as botas de seu pai atravessar o chão de seu
quarto, no fim do corredor. Deslizando em suas anáguas e vestido, ela
ouviu os passos pesados de Murdoch na escada. Mais rangidos lá fora do
que ela podia contar, ela decidiu.
A pesada porta abriu e fechou. Outro rangido. Maura reprimiu um
suspiro e se virou. Como sempre, o tempo de Jen era impecável.
A mulher mais baixa fez uma reverência, tanto quanto sua forma
corpulenta permitia.
— Bom dia para você, Milady.
— Milady? O quê? — Maura brincou. — Que crime cometi para
perder suas boas graças?

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A mulher mais velha balançou a cabeça. Levou um bom momento
antes dela levantar a cabeça. Maura olhou. Seus olhos pareciam muito
brilhantes. Ela estava...
— Jen. Jen, o que é isso? Por que essas lágrimas? — Maura agarrou-
lhe as mãos e puxou-a para o seu quarto. — Jen, me diga! O que há de
errado?
— Nada está errado. — Jen falou fortemente, em seguida, seu tom
de voz vacilou. — É só que... bem, você é uma Lady, Maura, a mais bonita
de todas.
Maura ainda estava atordoada, surpresa com as lágrimas que Jen
não conseguia esconder, a instabilidade em seu tom de voz, que ela não
conseguia controlar. Ela vasculhou sua mente, mas não se lembrava de
alguma vez ter visto Jen chorar antes. Nem mesmo quando os seus dois
filhos tinham partido para a América e ela e Murdoch sabiam que,
provavelmente, não os iam ver novamente.

— Jen — ela sussurrou, e de repente sentiu um enorme nó na


garganta.
— Você cresceu antes mesmo que eu me dar conta. E eu-eu pensei
que você deveria saber. Eu tenho a tendência para a ver como uma criança.
Mas você é uma senhora. — Jen disse, novamente. — Tão senhora e tão
bonita que me traz lágrimas aos olhos. Logo, Maura, algum jovem
encantador e bonito, vai aparecer e levá-la embora como sua noiva. Vou
sentir sua falta, Maura. Vou sentir tanto a sua falta. — Tentando
desesperadamente sorrir, ela alisou o folho negro aveludado sobre o ombro
de Maura.
Sensibilizada pelas suas palavras, Maura estendeu a mão, colocou
os braços em torno de forma robusta de Jen e abraçou-a com força. Após a
morte de sua mãe, seu pai nunca havia se casado novamente, e Jen, a
mulher que a criou, era a única figura materna que tinha conhecido. Ela a
havia consolado, tratando seus arranhões, e oh, houveram tantos!, e
repreendendo-a profundamente quando ela se portava mal. Porque, tanto

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Jen como Murdoch tinha feito isso. Eles foram mais do que criados. Muito
mais.
Eles eram a sua família, tanto quanto seu pai.
Por muito tempo elas ficaram assim, agarradas uma à outra. Na
parte de trás da mente de Maura estava a mesma sensação que ela teve
quando acordou... que algo estava diferente. No entanto, ainda não
entendia o quê.

Finalmente, Maura recuou, procurando o rosto de Jen. Havia novas


rugas lá, que era algo que ela nunca tinha notado, até agora. Com seus
polegares ela as traçou, minúsculos sulcos gravados no rosto da
governanta. Para Maura não eram rugas de idade, mas de beleza, beleza
que veio com a vida, com o amor e com generosidade, beleza que revelava
o seu caráter e bondade e espírito.
— Eu não estou indo a lugar nenhum, Jen. — Maura fungou,
lutando com um sorriso e tendo sucesso. — Ora, os únicos homens jovens
que eu conheço não são certamente encantadoramente bonitos. Aqueles
que eu conheço do sexo masculino ainda estão atirando pedras às suas
irmãs! Então, eu dificilmente estou indo ter um marido ou me tornar uma
noiva. — Ela mostrou a língua, fazendo Jen rir ao mesmo tempo que a
governanta enxugava as lágrimas com a ponta do avental.
O Castelo McDonough era a sua casa, pensou Maura. Na verdade,
ela não conseguia imaginar-se a deixar a terra de seus ancestrais.
Elas se abraçaram novamente, então se separaram tendo Maura
seguido pelo corredor. Ela tinha ouvido seu pai perguntado pelo seu jornal,
os passos na escada tinha sido de Murdoch entregando-o. O jornal de
Derry estava sempre atrasado um dia ou mais, mas era hábito do conde ler
as notícias e saborear uma agradável xícara de chá antes de se aventurar no
andar de baixo para o café da manhã. Maura bateu levemente na porta
para desejar a seu pai um bom dia.
Não houve resposta.

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Bateu mais uma vez. Quando ele não respondeu, ela abriu a porta e
enfiou a cabeça dentro.
—Papai — disse ela, rindo: — Eu acredito que você e Jen têm
planejado jogar comigo...
Ela parou.
— Papai? — ela sussurrou, e então gritou. — Papai!
Seu pai olhou para ela, uma expressão como ela nunca tinha visto
antes em seu rosto. Choque, certamente. E algo mais. Algo que ela não
conseguiu definir. Ele estava branco como a neve. O jornal que estava
lendo escorregou para o chão, enquanto o conde lutava para se pôr em pé.
Maura correu para a frente, gritando por Murdoch. Ela conseguiu
colocar um ombro em frente ao seu pai, apenas no momento em que ele
caiu para a frente. Envolvendo os braços ao redor dele, pura força de
vontade a ajudaram a mantê-lo na posição vertical, seu pai não era um
homem pequeno, até que Murdoch chegou para ajudar a levá-lo para a
cama.
O pai dela caiu para trás. Sua pele estava pálida. Ele tentou
levantar-se, em seguida, caiu para trás novamente. Ele tentou falar, mas
não conseguiu.
Maura pôs a mão em seu peito.
— Shhh — ela o acalmou. — Fique onde está, Papai. Deixe passar.

Mas o que quer que o tivesse afetado, ele lutou contra isso. Ela
sentiu; viu nas expressões de raiva e frustração e inúmeras outras que
cruzavam seu rosto. Seus lábios se separaram. Mais uma vez, ele tentou
falar.
Maura respirou fundo, mantendo-se firme mesmo quando o pânico
se aproximava. Ela nunca o tinha visto assim.
Ela olhou para Murdoch, que estava ao lado da cama.

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— Chame um médico — disse ela, mantendo a voz baixa. Ela
estava ciente de que o medo estava vivo em seus olhos quando ela olhou
para Murdoch, mas ela não revelou nenhum sinal disso em seu tom de voz.
Nem ela iria permitir que seu pai o visse.
De repente, ela podia sentir o calor que emanava do seu corpo. Ela
tocou a testa com os dedos. Ele queimava com febre. Seus olhos bem
fechados, de seguida, abertos. Ele olhou para ela, com olhos verdes como
os campos nos vales muito além, olhos da cor dos dela. E, de repente, eles
se tornaram nublados.
— Você sabe o que isto é, Maura. Você sabe.
— Você apanhou uma constipação, Papai. Isso é tudo...
— É sempre assim, com os Lordes de McDonough. Você não pode
lutar contra isto, filha. Você não pode pará-lo. Aconteceu exatamente, desta
forma com meu pai e com o pai do meu pai, antes dele. Morte, sem aviso
prévio. Morte, inesperadamente, para os Lordes de McDonough. Desde o
tempo de Randall O'Donnell, avô do meu avô!
Angústia torceu seu rosto.
— Ah, Maura! — Seu grito de pesar era quase lamentável. — Os
McDonough eram um dos clãs mais poderosos da Irlanda, moça, nossa
casa, o Castelo McDonough, um reduto poderoso, salvaguardado pelo
nosso abençoado Círculo de Luz. Mas não mais. Porque, não desde... o
quê? Cem anos ou mais, não, quase duzentos! Duzentos anos desde a noite
em que o Círculo foi roubado da nossa igreja por esse canalha, o Escocês
Negro!
Atrás dela, onde Jen pairava, Maura ouviu a outra mulher sorver
uma respiração. Pelo canto do olho, viu Jen benzer-se. Tinha sido assim
durante toda a sua vida. Mesmo agora, aqueles que ainda permaneciam na
terra do McDonough benziam-se à simples menção do nome do Escocês
Negro.
Interiormente, Maura tremeu. Ouvi-lo falar assim... Uma onda
doentia de certeza tomou conta dela Ele sempre tinha sido forte e robusto.

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Sempre. Agora, ver seu pai assim... ouvi-lo falar com tanta angústia... foi
como uma faca no coração. Desespero a cercando. Ela tentou afastá-lo. Ela
não seria fraca. Ela deveria ser forte por ambos.

Ela balançou a cabeça.


— Não — disse ela. — Papai, é só...
—Não, filha. Não é um mito. Não é uma lenda. Você sabe tão bem
quanto eu! Desde a noite em que o Círculo foi roubado, uma sombra
roubou todas as nossas terras, as terras que pertenciam à nossa família, os
condes de McDonough! Meu avô falava sobre isso, como os campos de
cultivo dos nossos vales, tão férteis e abundantes com culturas, foram
ficando cada vez mais estéreis, ano após ano. Tristeza e infelicidade ter sido
o nosso legado.
Ela sabia do que falava. O Círculo. O Círculo de Luz. Deus, ela
quase odiava.
Passou por sua mente como a igreja tinha sido devastada por um
incêndio, quase uma centena de anos atrás. Foi reconstruída pelo povo, por
isso era a igreja dos anciãos, a igreja de São Patrício. Mas, em seguida, uma
feroz tempestade, como a ilha nunca tinha conhecido, a soprou para o
chão. Mais uma vez, foi reconstruída, mas mesmo assim, aqueles que
tinham sido leais ao clã por séculos começaram a partir, família por família.
E quando a fome se espalhou por toda a terra, havia alguns que
acreditavam que a praga se espalhou por toda a Irlanda.
Se ela pudesse refutar. Mas ela não podia. Ela só tinha que subir ao
topo das colinas e olhar para saber que era verdade.

Maura não se lembrava de um tempo em que ela não soubesse da


devastação causada pelo roubo do Círculo. Um de seus antepassados era
conhecido por cobrir seus ouvidos e correr para a adega de pedra quando
as tempestades castigavam o promontório. O seu castelo se erguia na ponta
da península, os vales férteis outrora em baixo. Dizia-se que ele acreditava

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que o castelo cairia nos mares, como aconteceu às cozinhas de Castelo
Dunluce no ano de 1639.
O Castelo McDonough permaneceu. Além da terra McDonough, as
colinas continuavam a florescer, enquanto as terras do McDonough
começaram a murchar e morrer . Pouco a pouco, ano a ano.
Um aterrador mau presságio se apoderou dela, inundou todo o seu
corpo como uma mortalha a partir do qual não havia escapatória. Era como
se ela soubesse o que ia acontecer esta noite... mesmo antes de acontecer.
Não, ela disse a si mesma. Não!
Com as mãos trêmulas, ela tirou as botas do pai, em seguida,
puxou a colcha. Ele gemeu e virou-se de lado.
— Ele está a chamar-me. O Círculo está a chamar-me. Ele grita para
voltar para casa. Ele grita que eu não consegui trazê-lo para casa, falhei
assim como os nossos ancestrais falharam. — Algo estranho passou os
olhos do pai. — Eu posso ouvi-lo — ele sussurrou, seu tom quase
assombrado. — Este é o meu castigo, Maura. Esta é a minha punição por
não recuperar o Círculo, por não o reivindicar e guardá-lo como deviamos.
Randall O'Donnell passou o resto de seus dias buscando o Escocês Negro,
para recuperar o Círculo e devolvê-lo à igreja onde ele pertence, para que a
nossa família e terras fossemos, novamente, abençoados!
Maura foi muito ainda assertiva.
— Em vão — ela lembrou-lhe em voz baixa. Randall nunca
conseguiu, nem qualquer de seus filhos. Um a um, o clã McDonough foi
abandonado a sua busca. Dizia-se que Escocês Negro era um nobre. Quem
quer que fosse, sua identidade foi destinada a permanecer para sempre em
segredo, o Círculo perdido para sempre.
Seu pai protestou:
— Eu deveria ter tentado. Por que não tentei? Eu deveria ter
partido para o mar. Para a Escócia!
Maura alisou a sua testa.

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— Muitos anos se passaram, Papai. Muitos para...
Ela parou quando ele tentou levantar-se e falhou. Um espasmo
percorreu o seu corpo.
— Você vê, Maura? A morte vai me levar. A morte vai me levar
hoje.
Seu coração encolheu.
— Não diga essas coisas — ela implorou, reprimindo seu medo,
suas lágrimas. — Você não vai morrer, Papai.

No momento em que a porta se abriu e Murdoch chegou com o


médico, Dr. Mulligan, seu pai alternava entre queimar com febre, para de
seguida, estremecer como se tivesse sido mergulhado nas águas geladas do
mar.
Maura ficou de pé.
— Ajude-o — ela implorou. — Ajude-o por favor!
Dr. Mulligan olhou para ela por cima dos óculos.
— Vamos ver o que pode ser feito — disse ele suavemente. Ele a
fez sair, junto com Murdoch e Jen.
Tensos, eles esperaram. Quando o Dr. Mulligan finalmente surgiu,
Maura dirigiu-se a ele.
— O que está errado com ele? — Perguntou ela. — O que o aflige?
Diga-me que você pode salvá-lo!
A atitude do bom doutor era de resignação. Era inconfundível. Ele
tirou os óculos, soprou sobre eles e esfregou-os com o lenço, como se
procurasse em sua mente as palavras certas. Ele os colocou no nariz
novamente antes de limpar a garganta.
— Minha senhora — ele disse — Eu examinei o conde com o
melhor de minha capacidade. Eu gostaria de poder ajudá-lo. Eu realmente
gostaria. Mas temo que não há nada que eu possa fazer, porque eu não

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conheço a doença que o atormenta. Tudo o que sei é que ele está doente. —
Houve uma longa pausa antes que ele gentilmente acrescentasse: —
Mortalmente doente, eu receio.
Jen deixou escapar um gemido.
Maura preparou-se interiormente.
— Quanto tempo? — Ela perguntou uniformemente.

Ele hesitou.
Ela pressionou.
— Quanto tempo, por favor?
— Eu não lhe sei dizer.
Não, pensou Maura. Ele não sabia. Mas havia piedade em seus
olhos. Mesmo que ele sabia.
Superstição, alguns podiam tê-lo chamado. Absurdo. Mas no
fundo da sua alma, ela sabia que era a maldição. A maldição que havia
atormentado os McDonough desde a noite em que o Escocês Negro, o
infame pirata que escondeu sua verdadeira identidade de ambos, escoceses
e irlandeses, navegou através da noite com o Círculo de Luz em sua posse.
Todos sabiam.
Antes que o dia terminasse, o conde de McDonough estaria morto.
Ela inclinou a cabeça.
— Obrigada — disse ela calmamente. — Murdoch, pode, por favor,
escoltar o médico à porta e providenciar o seu pagamento?
Maura voltou para o quarto. Seu interior torcido com medo. Uma
dor aguda, ameaçando rasgar o seu coração em dois. Seu pai, muito fraco,
estava encostado aos travesseiros. Ela foi atingida pela mudança nele, no
pouco tempo que ela se ausentou para o corredor. Suas bochechas estavam
afundadas, os ossos de seu rosto tensos, sua pele quase fina como papel.
Com um dedo, ele acenou para que ela se aproximasse.

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— Ele vem, Maura. Ele vem novamente.
Ela aproximou a cadeira do lado da cama, em seguida, inclinou-se.
— Quem, Papai?

— O Escocês Negro.
Fogo se alastrou dentro dela.
— Esse maldito pirata! — Ela gritou. — Ele está morto e eu rezo
para que ele tenha queimado no inferno todos estes anos! Eu o amaldiçoo
da mesma forma que nós temos sido amaldiçoados!
Um acesso de tosse tomou o conde. Maura segurou um copo de
água em seus lábios e o fez beber.
— Nada de bom virá de você o amaldiçoar — respondeu
asperamente enquanto ele ainda era capaz. — Ele já está amaldiçoado. Pelo
próprio velho conde de McDonough, Randall O'Donnell, que viu seu navio
desaparecer na noite Ele começou a bufar novamente. — Mas você pode
nos salvar, Maura. Você é a única.
Uma onda de desespero caiu sobre ela. Se ao menos fosse verdade.
Se ao menos houvesse alguma maneira ela os poder salvar! Mas a cada ano
que passava, mais alguns inquilinos partiam. Aqueles que permaneciam
lutavam para sobreviver.
Durante todo o resto do dia e à noite, ele protestou.
— Maura — ele sussurrou uma e outra vez. — Você é a única. A
única que pode nos salvar. A única que pode salvar o nosso povo e as
nossas terras.
Por um tempo seu pai esteve tranquilo. Maura estava vagamente
consciente de Murdoch e Jen pairando atrás dela. Ela pensou que ele estava
dormindo, um sono reparador, um sono de cura, ela orou. Apenas para
que, quando a esperança surgiu em seu peito, ele tossisse de novo, e soasse
como o arranhar dos ventos através de um campo de palha pálida, seca e
quebradiça pelo sol.

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Era quase como se ela pudesse vê-lo sumir diante de seus olhos.
Ela tentou acalmar suas divagações selvagens, mas de repente ele se
ergueu com uma força que a surpreendeu. Seus olhos se abriram e fixaram
diretamente nela.
— O Escocês Negro — ele sussurrou novamente. — Será que você
não me ouve, filha? Ele voltou. Ele está na Irlanda. Na Irlanda, menina!
Ele estava tendo alucinações, certamente, porque nada do que ele
dizia agora, fazia qualquer sentido.
— Papai — Ela tentou pressioná-lo de volta, mas ele estendeu a
mão e agarrou o papel que estava lendo quando adoeceu; Maura o tinha
jogado para o lado, na mesa de cabeceira. Ele empurrou-o em suas mãos,
em seguida, caiu de volta nos travesseiros. — Leia — ele ordenou em um
tom de voz possante, como sempre teve. — Leia!
Como se guiada por uma força superior, o olhar dela se deteve,
diretamente, na linha que dizia:
Alec McBride, Duque de Gleneden, chegou à Irlanda para várias
semanas de pescaria. Antes de seu retorno a casa, para a Escócia, Lorde
Preston, Barão de Killane, acolherá o duque durante a última semana de
sua visita. Na quinta-feira, 10 de Junho, Lord Preston vai honrar o duque
com um baile de máscaras para concluir a visita de Sua Graça. Não
podemos evitar perguntar se o arrojado Escocês Negro irá capturar os
corações das nossas moças irlandesas, como, certamente terá conquistado
muitos corações em sua terra natal...
Atordoada, Maura manteve muito quieta. O papel deslizou de suas
mãos para o chão. Uma sensação estranha se agarrou a ela.
— Você vê, Maura? Você entende agora, não é? O Escocês Negro
voltou. Ele voltou!
Maura sacudiu a cabeça.
— Papai, este homem... este duque...
— Eu vejo isso, Maura. Eu sei isso. Prometa-me que vai encontrá-
lo.

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Sua respiração ficou pesada e difícil. Ela quase se odiou por pensar
nisso, mas ele não tinha muito tempo de vida. Ela quase podia vê-lo
partindo.
Lágrimas encheram seus olhos.
— Fique, Papai. Fique. — Foi um grito de indignação, um apelo
desesperado, como se ela pudesse parar o inevitável.
Houve um aperto sufocante em seu peito, como se seu coração
estava sendo despedaçado, pedaço por pedaço. Ela lutou para conter as
lágrimas. Era inútil. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, seguida de outra.
Ela não queria prometer. Ela não queria deixá-lo ir. Ela não queria perdê-lo.

Ela agarrou as mãos dele. Ele segurou firme, tão apertado que era
como se tivesse relâmpagos dentro de seu cérebro, seu próprio sangue,
como se uma corrente de uma estranha energia desconhecida passasse de
seu corpo para o dela.
Era considerado por muitos que o pai dela tinha a visão. Era
verdade que muitas vezes as coisas aconteceram do jeito que ele dizia que
seria. Ele, com frequência, rejeitava essa crença com a sua habitual forma
jovial. No entanto, Maura percebeu agora, pela primeira vez, e com uma
inabalável certeza, que era a verdade.
Alguns poderiam ter argumentado que não havia razão para
acreditar que esse homem a quem o jornal chamava Escocês Negro poderia
estar relacionado com o pirata do passado, o Escocês Negro que roubou o
Círculo de Luz. No entanto, com uma certeza estranha, Maura sentiu a
verdade no núcleo de seu ser. Este homem, Alec McBride, Duque de
Gleneden... carregava o sangue de seu antepassado pirata, o Escocês
Negro.
Seu pai gritou:
— Eu vejo em seus olhos que você sente isso também. Que você
entende. Que você sabe do mesmo modo que eu. Oh, sim, menina, foi seu
antepassado que nos roubou, roubou tudo. Vá ter com ele, Maura. Procure-

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o. Vá a Lorde Preston e encontre este Escocês Negro e siga-o até sua casa,
suas terras, pois é lá que você vai encontrar o Círculo. Encontre-o e traga-o
para casa, filha. Tome de volta o que é nosso. Acabe com esta maldição,
que as nossas terras sejam de novo abençoadas e que as pessoas tenham de
novo boa fortuna. Prometa-me, Maura. Prometa-me que vai encontrar este
homem. Prometa-me que vai encontrar o Escocês Negro.
Sua garganta estava tão crua que ela mal conseguia falar.
— Papai, eu não sei...
— Você vai encontrar uma maneira, minha filha. Você é a única. A
única que pode nos salvar. Sinto-o aqui.— Ele bateu em seu coração.
Lágrimas encheram-lhe os olhos.
Assim como se encheram de lágrimas os dela.
— Prometa-me, filha. Prometa-me que vai trazer o Círculo para
casa, a casa onde ele pertence.
Sua voz era apenas uma réstia de som.
— Eu prometo, Papai.
Alívio inundou seus olhos. Então, de repente, ele inclinou a cabeça
para o lado.
— Ouça — ele sussurrou.
Um som ecoou, estranhamente, através da noite.
O uivo de um lobo.
E já não existiam lobos na Irlanda.
Um estranho arrepio preencheu o coração dela. Era um sinal, ela
percebeu. Um sinal que transcendeu a crença a razão e a explicação. Um
sinal de tudo o que tinha sido...
E tudo o que estava para vir.
Ele apertou os dedos dela.

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— Tudo vai ficar bem, minha querida Maura. Tudo será como
deveria ser. — Um leve sorriso enfeitou seus lábios. Sua promessa lhe dera
paz, ela decidiu vagamente.
O pensamento surgiu no instante em seu aperto afrouxou. O
mesmo instante que que ela se tornou ciente da drenagem da vida do corpo
do pai.
Lá em baixo, o relógio bateu a meia-noite.
Agora ela sabia o que era diferente sobre este dia, pois veio a ela
então. Seu pai, o conde de McDonough, chefe do clã McDonough, tinha
morrido no mesmo dia que o Escocês Negro tinha roubado o Círculo.
Duzentos anos antes.
Enxugando as lágrimas de suas bochechas, Maura beijou sua testa.
—E u não vou abandonar a minha promessa, Papai — ela
sussurrou. — Eu não vou.
Ela se levantou, uma batida de determinação em seu sangue, seu
próprio coração.
Ela iria honrar a sua promessa a ele. Ela traria o Círculo de volta
para as suas terras.
Ela não iria falhar com ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dois

Vá ter com ele, Maura. Vá procurá-lo.


E ela foi. Ela mal podia acreditar. Ela estava aqui. Na casa de Lorde
Ellis Preston, Barão de Killane. Num lindo quarto, forrado a damasco, com
uma empregada com bochechas redondas chamada Eileen, ajudando-a
enquanto ela se preparava para participar da farsa dada em homenagem
do Escocês Negro, Deus do Céu. Ela tinha que parar de pensar nele dessa
forma. Ele tinha um nome, um título... Ela lutou para se lembrar dele, pois
ela já tinha se acostumado a pensar nele como Escocês Negro.
Alec. Sim, aqui estava. Alec McBride, Duque de Gleneden.
Além disso, tal como ela e Murdoch tinha descoberto, Escocês
Negro era o nome dado a ele pelas debutantes em Inglaterra, que
aparentemente o consideravam um bom partido.
Uma fraca amargura a preencheu. Menos de duas semanas haviam
se passado, desde a morte do pai. Menos de duas semanas antes de o
Escocês Negro partir da Irlanda. O pai dela mal tinha sido colocado na
sepultura diante um pequeno grupo de inquilinos reunidos diante dos
degraus de pedra do castelo. Não tinha havido tempo para desperdiçar,
para lamentar ou chorar.
Ela tinha dado um adeus a cada um deles. Ela advertiu Daniel, o
rápido, para que ele mantivesse as mãos longe das ovelhas do vizinho e
deu um puxão na barba de Patrick, o Tolo. Ele sorriu em troca.
Relativamente a Jen, Maura tinha abraçado a governanta com muita
força. Soltando-a, sentindo como se seu coração fosse quebrar a qualquer
instante, ela olhou para a igreja, no alto da colina. Ela pensou em seu pai,
em seu grande orgulho, seu amor por sua casa e suas terras terra.
Antes que ela se apercebesse, ela estendeu a mão para a pequena
bolsa de veludo dentro de seu saco e deixou cair as moedas que tinha no
fundo do saco. Suas emoções corriam desenfreadas enquanto ela se

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abaixava e pegava um punhado de pó e pedras na bolsa agora vazia. O
movimento foi súbito, inesperado, e pareceu assustar Murdoch, que se
adiantou.
— Lady M...
Ele parou de repente. Endireitando completamente, queixo para
fora, Maura, desafiadoramente, puxou as cordas da bolsa fechada. Seu
melhor par de luvas brancas estava agora arruinado. Ela não deu a mínima.
Se ela tinha que deixar a sua casa e terras, por Deus, um pedaço de terra
McDonough estaria sempre com ela. A expressão de Murdoch mudou de
perplexidade para outra coisa quando ele a ajudou a entrar na carruagem.
Maura deliberadamente desviou o olhar. Quando se voltou, ela poderia ter
chorado.
Ela viu Murdoch beijar a sua esposa, e Jen agarrou-se a ele um
pouco mais, o mais que pode. Ela tinha olhado com uma sensação tão
dolorosa aguda que ela poderia ter gritado. Em seguida, Murdoch entrou
no carro e sentou-se em frente a ela, com as mãos apoiadas nos joelhos.
Maura quase se odiava pelo que ela estava fazendo, em todos os dias de
sua vida, Murdoch e Jen nunca tinha passado uma noite separados.
Ela quase ficou aliviada quando o motorista deu um estalo de
chicote. Ela acenou para o grupo. Patrick tirou o chapéu e ofereceu um
floreo arrogante. Desdentado, Nan deu-lhe uma piscadela. Seu pulso
acelerando, ela, por sua vez, deu a Nan, um pequeno aceno de cabeça.

E então eles partiram, a caminho da propriedade do Barão de


Killane.
Quase desde a noite que seu pai morreu, a mente de Maura estava
trabalhando furiosamente. De alguma forma, ela tinha que chegar à
Escócia, à propriedade do Duque de Gleneden. Ela considerou várias
possibilidades. E se ela pretendesse ser como uma parente distante? Muito
arriscado, ela decidiu, por várias razões. Ele poderia não acreditar nela.
Além disso, ela não tinha nenhuma maneira de ter a certeza de que ela
conseguia um convite. Mesmo que o conseguisse, provavelmente seria

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apenas para alguns dias, na melhor das hipóteses, e ela não tinha idéia de
quanto tempo poderia demorar aencontrar o Círculo.
E se ela conseguisse uma posição em seu pessoal doméstico? Ah,
mas e se não houvesse posições disponíveis? Mesmo que ela conseguisse, e
se ela terminasse como copeira? Tal cargo, sem dúvida, não iria oferecer
qualquer chance de procurar o Círculo. Mesmo uma posição como
empregada doméstica poderia não lhe dar a oportunidade de que
precisava.
E o que ela precisava era a capacidade de vagar livremente, onde
quer que ela desejasse. Sempre que ela desejasse.
Maura lembrou-se do que o jornal tinha afirmado: Não podemos
evitar, mas perguntar se o arrojado Escocês Negro irá capturar os corações das
nossas moças irlandesas, como, certamente terá conquistado muitos corações em
sua terra natal...
Aquilo, simplesmente, não saia de sua mente. E com isso em mente,
ela havia concebido o seu plano...
Seu primeiro obstáculo era introduzir-se no baile de máscaras do
Barão de Killane. O segundo, e isso era o mais difícil!, demandava coragem
e ousadia. Tratava-se de um risco muito grande.
Uma grande dose de sorte, para tudo cair perfeitamente no lugar!
Uma grande quantidade de coragem e ousadia!
Ela estava preparada para correr esse risco. Dentro do seu peito
batia uma determinação inabalável.
Ela faria o que fosse preciso para encontrar e trazer para casa o
Círculo de Luz.
Com um estoque de fundos do quarto do seu pai, ela e Murdoch
tinha alugado alojamentos modestos em um hotel, não muito longe da
propriedade do barão. Durante a viagem, ela tinha comprado vários
vestidos novos, e fez com que Murdoch também comprasse roupa
adequada. Para o seu plano para ter sucesso, Murdoch tinha que parecer
um cavalheiro. Felizmente, ele precisava de pouca formação de boas

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maneiras e afins. Embora o pai de Maura não insistisse em formalidade,
tanto Jen quanto Murdoch, estavam familiarizados com o comportamento
adequado quando necessário. Seu primeiro trabalho, antes de ser
contratado pelos pais de Maura, tinha sido com o conde de Rawlins, no
Condado de Cavan.

— Murdoch! — Ela disse após lhe ter pedido que lhe mostrasse um
dos seus trajes novos. — Oh, se a Jen pudesse vê-lo agora! Eu juro que você
a deixaria sem fôlego tal como você fez muitos anos atrás!
— Na verdade, é a minha respiração que me preocupa — ele
resmungou, correndo um dedo entre colarinho e a garganta. — Isso me
lembra mais vivamente de que, se seu pai tivesse insistido que eu me
vestisse assim no dia-a-dia, meu tempo a seu serviço nunca teria ido além
de uma semana!
— Oh, pare! — Maura falou mostrando-lhe uma falsa carranca.
Ambos, Murdoch e Jen, eram mais família do que criados. — Eu — disse
ela alegremente, — confirmo que você está muito bonito — ela fingiu
retirar uma linha inexistente de lã da sua manga — meu mais querido tio.
Era crucial que chegassem cedo para que pudessem recolher o
máximo de informações possíveis acerca do Barão de Killane. Foi Murdoch
que descobriu, em um pub na aldeia próxima, que o barão era idoso; sua
esposa, Lorraine, falecida há quase uma década.
Talvez tenha sido precipitado. Talvez fosse tolice ela pensar que
poderia conseguir uma entrada para o baile. Mas por Deus, ela iria
esgueirar-se ela tivesse que o fazer.
Eles tinham voltado para os alojamentos, não muito longe da casa
do barão. Vários dias após a sua chegada, Maura sentou-se à mesa de
madeira em seu quarto, com o coração batendo loucamente, sua mente
correndo descontroladamente. No entanto, lentamente, muito lentamente,
ela pegou pena, papel e tinta, e começou a escrever.
Lorde Preston,

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Por favor, permitam-me transmitir as minhas condolências pela morte de
sua esposa. Elas vêm com anos de atraso, eu sei. Por isso, peço desculpas. Meu
querido pai, você vê, acaba de falecer também. Arrumando seus pertences, eu
descobri um pacote de cartas escritas pelo meu querido pai a minha mãe enquanto
eles estavam namorando. Em suas cartas, minha querida mãe falou de sua amada
esposa com muito carinho, elas eram, ao que parece, grandes amigas quando jovens.
Como eu vou ficar na área com o meu tio Murdoch para um descanso de
vários dias, não posso deixar de pensar em minha querida mãe e em sua esposa.
Peço-vos que perdoe o meu atrevimento ao enviar-lhe esta carta, mas, novamente,
por favor, aceite minhas condolências.
Atenciosamente,
Lady Maura O'Donnell

Uma moeda foi pressionada na mão do moço de recados da casa do


estalajadeiro e a carta enviada. O barão poderia considerá-la um blefe. Ele
poderia chamar as autoridades, Murdoch alertou, se ele soubesse que a sua
reivindicação era falsa.
Em vez disso o barão a convidou... para o chá, no dia seguinte, na
pequena sala de jantar da pousada.
— Sua mãe — ele observou, lançando-lhe um olhar sob o mais
frondoso par de sobrancelhas brancas que ela já tinha visto em sua vida. —
Também faleceu, eu suponho?
— Sim — Maura disse, seriamente. — Eu era apenas uma menina
quando ela morreu. — Ela baixou os olhos, como se fosse doloroso para ela
recordar. — Mas, oh, como ela adorava as colinas e campos floridos em
County Clare!
Outro fato que Murdoch tinha desenterrado.
— Oh, sim, ela fazia, a minha Lorraine! — O barão tinha
respondido. Ele coçou o grande bigode descaído. — Devo dizer, sempre
achei o tempo em Clare, um pouquinho úmido demais para o meu gosto.

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Maura pôs a colher sobre o pires.
— Bem, talvez o tio e eu devêssemos viajar para o sul e leste — ela
disse brilhantemente. — Meu pai não era de viajar para longe de casa. Mas
tio Murdoch e eu ainda não decidimos, exatamente, onde a nossa viagem
nos levará. Talvez aonde o vento nos levar, como se costuma dizer.
— Quando você parte ? — O barão perguntou.
— Nós pensamos em partir amanhã. — Murdoch falou antes de
Maura ter a chance de responder.

— Amanhã! Oh, mas você não pode partir tão cedo! Você viaja por
prazer, não é?
Maura limpou a garganta.
— Sim, mas...
— Então fique! Eu tenho um baile de máscaras planejado para
amanhã à noite — declarou o barão. — Ficaria extremamente grato se vocês
dois quisessem comparecer. Me agradaria ainda mais se vocês ficassem na
mansão comigo, agora! Eu já tenho uma casa cheia de convidados, e espaço
para mais.
Era exatamente o que Maura tinha querido. Exatamente como ela
esperava. Mas o barão era claramente um homem muito afável, com um
grande coração e um comportamento acolhedor, e ela estremeceu por
dentro por o estar a enganar. Ela gostou dele, ela realmente o fazia, e
mentir para ele era como raspar um dente sobre pedra.
Mas então ela pensou no Escocês Negro.
Ela mordeu o lábio.
— Eu nunca fui a um baile de máscaras antes, tio.
Murdoch estava franzindo a testa. Fingindo considerar, como ela
bem sabia.
— Bem...

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— Vamos lá! — disse o barão. — Nunca foi a um baile de máscaras!
Razão pela qual é quase um pecado a nossa linda Lady Maura perder um
evento como este! Eu vos imploro que fiquem ambos agora! Eu tenho um
quarto cheio e vocês podem escolher as fantasias que quiserem.
Murdoch arqueou uma sobrancelha magra e soltou um suspiro
exagerado.
— Você bem sabe que não posso recusar um pedido seu, menina.
O barão soltou uma risada.
— Então não o faça, homem! — Ele bateu Murdoch no ombro. —
Vou enviar um homem para vir buscar as vossas coisas que chegar a casa...
— Oh, mas nós estamos bastante confortáveis aqui para a noite, não
estamos, tio?
Murdoch concordou. Ambos sabiam melhor do que parecer muito
ansiosos.
Foi perfeito. Mesmo muito perfeito.
— Pelo menos para a noite do baile de máscaras, então — o barão
tinha insistido. — Por favor, você vai me ofender profundamente se você
recusar.
Murdoch estendeu a mão.
— Então não temos escolha senão aceitar a sua graciosa oferta. Mas
nós iremos bem cedo, na manhã seguinte.

E assim aconteceu que ela estar aqui, na casa do barão.


Debaixo do mesmo teto que o Escocês Negro.
O som da alegre voz de Eileen, a trouxe de volta aos preparativos
para o baile de máscaras.
— Devo apertar os laços de trás de seu espartilho, Milady?
Maura juntou as mãos em torno da cabeceira da cama.

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— Meu Deus, Milady, nunca antes eu atendi uma senhora com uma
cintura tão pequena! — A menina maravilhada ao começar a sua tarefa.
Maura quase não ouvia.
Saber que o Escocês Negro, ela poderia muito bem desistir de pensar
nele de outra forma, estava aqui, em algum lugar, enviou uma onda de
ansiedade por toda ela.
Eileen a guiou até à penteadeira, repreendendo-a.
— Não faça uma carranca assim, minha senhora. A testa de uma
mulher deve ser suave como bumbum de um bebê. Podeis imaginar isso?
Eu nunca acreditei até que eu atendi uma senhora de Inglaterra. Ela era
bonita, sem praticamente nenhuma ruga. O que foi conseguido, ela me
informou, por não franzir a testa ou rir. E se um sorriso deve ser exibido,
ele deve ser dado apenas do modo mais recatado possível.— No espelho
atrás dela, a menina demonstrou. — O seu rosto era de madeira. Ela até
mesmo andava como se tivesse varas de madeira em vez de pernas! — Ela
começou a rir, em seguida, colocou a mão sobre sua boca. Seus olhos se
arregalaram. — Oh, perdoe-me, Milady...
Mas Maura estava rindo junto com ela. Ela percebeu que era a
primeira risada genuína que ela deu, desde a morte do Papai, quase dez
dias atrás. Talvez, ela decidiu com cautela, a sorte dos McDonough já
tivesse começado a mudar... para melhor.
— O barão — disse Maura. — Ele recebe convidados muitas vezes?
— Oh, duas ou três vezes por ano. — Eileen pegou uma escova de
cabelo. — Uma festa aqui em casa, mais tarde no verão. É tão linda,
Milady, cê devia ver! Tudo verde e brilhante com flores. Ele mantém o
jardim exatamente da mesma forma de quando sua querida esposa estava
viva, sabe. E, geralmente, outra festa aqui em casa durante a temporada de
caça.
Eileen passou a escova pelo cabelo de Maura.
— Que cabelo lindo cê tem, Milady — disse a menina. — Tão grosso
e escuro e brilhante. Cê vai deixá-lo sob o lenço?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura assentiu. Eileen já tinha provado ser uma fonte de
informação. Seu pai era o mordomo do barão. Ela era a mais velha de oito
filhos e estava ao serviço do barão há três anos.
— E esta festa? O baile de máscaras? — Maura dirigiu a conversa
para o evento de hoje à noite. — Haverão muitos convidados?
— Uma razoável quantidade. Amigos do barão de Dublin e
vizinhos, principalmente — forneceu Eileen. — E a festa é em honra do
duque. O pai dele e o barão eram grandes amigos, sabe. O pai do duque
vinha muitas vezes pescar e o duque continuou a tradição a cada poucos
anos, me disseram.
A menina já sabia como ela e seu, tio, tinham conhecido o barão, por
causa da carta de Maura sobre a falecida esposa do barão. Maura fingiu
inocência.
— O duque? — Ela perguntou. — Eu não estava ciente de que
haveria um duque participando.
— Oh, sim. — Os olhos de Eileen começaram a brilhar. — O Duque
de Gleneden. Escocês, ele é. Eu ouvi a Sra. O'Hara dizer, hoje ao almoço,
que, na última vez que ela esteve em Inglaterra, ela ouviu dizer que todas
as jovens senhoras na Inglaterra e na Escócia desejavam tornar-se na sua
duquesa, e não só pelo seu dinheiro e título. Eu imagino que se passe o
mesmo com qualquer mulher na nossa própria ilha! O Escocês Negro, ele é
chamado.
— Realmente. — Maura fingiu indiferença. — E que outra motivo
essas mulheres têm para querer casar com o homem, que não seja a sua
riqueza e título?
Eileen gargalhou.
— Cê vai saber quando você o vir Milady.
Maura levantou as sobrancelhas.
— Como você pode ter a certeza?
Eileen riu.

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— Oh, eu duvido que cê não o note, mascarado ou não. Seu cabelo é
tão negro quanto o seu. Ele é mais alto que todos os homens, assim, um
gigante que ele é. Um glamoroso bonitão, razão pela qual as senhoras o
querem!
— Ele e o barão estiveram fora pescando nos riachos a maior parte
dos dias, como o barão e o seu pai costumavam fazer — explicou a menina.
— De acordo com a Sra. O'Hara, ele aprecia as senhoras, tanto quanto elas
o apreciam ele.
Era com isso, precisamente, que Maura tinha contado. Até agora a
sua estratégia tinha sido bem concebida; o que envolveu tanto ousadia e
quanto pavor. Ousadia ao enganar o barão, bem como pelo fato de que ela
deveria desempenhar um papel que ela nunca tinha desempenhado antes;
pavor de que, se seu plano falhasse, ela poderia nunca ter outra chance
como esta.
Pouco tempo depois, Eileen aplaudiu o traje de Maura batendo as
mãos e com um sorriso encantado. Maura voltou-se para o espelho, quase
relutante.
Ela havia criado o seu traje com uma determinação quase
desafiadora. Sua saia era de cetim carmesim, sua bainha irregular, mal
cobrindo o topo das botas de equitação. Ela não usava anágua. Maura
notou, vagamente, que se sentia extremamente livre. Um lenço vermelho e
listrado de branco cobria a cabeça. Seu cabelo fluia em ondas soltas sobre
os ombros e as costas, quase até a cintura. Ela tinha enfiado uma blusa de
gaze com um corte à camponesa, frouxamente, na saia, apertado com força
um cinto de couro largo, e pego emprestado um cutelo dos vários
existentes na sala de fantasias do barão.
Mas foi a blusa que fez Maura parar. Não querendo ser atada duas
vezes, ela tinha descartado o seu espartilho para a noite. Ela usava um sem
mangas com um colete de couro preto sobre ele. Eileen tinha atado os
cordões da frente do colete bastante apertados.

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Um rápido olhar para o seu reflexo e seu queixo caiu. Seus olhos se
arregalaram de consternação. Seus seios incharam eretos e redondos e
cheios, lutando contra o pano branco quase puro.
— Oh, meu — ela respirou. — Oh, meu. — Ela desejou pegar a
colcha e lançá-la sobre os ombros.
Mas isso teria sido muito contraproducente.
Eileen saiu com um sorriso. Maura saltou quando uma batida na
porta soou, poucos minutos depois.
— Maura?
Ela deslizou uma pequena bolsa de seda, diferente da outra, com
uma fita preta, sobre a cabeça e entre os seios. Ela abriu a porta para
Murdoch, vestido como, muito a propósito, um mordomo. Ela saiu para o
corredor. Ele piscou quando viu o seu traje, mas não fez nenhum
comentário.
— Estamos atrasados — Maura disse, apressadamente. — Nós
devemos ir.
Murdoch fechou a porta.
— Você tem a bolsa da Ama Desdentada? A...
— Sim, sim, eu tenho.
— Você percebe, Lady Maura — Murdoch disse preocupado —Se
não conseguirmos descobrir quem ele é um de nós vai ter que perguntar ao
barão.
Maura não disse nada. De alguma forma, ela sentia que saberia
exatamente quem ele era, não importa o seu traje. Mas ela não disse isso.
Em vez disso, ela disse:
— Lembre-se do plano. Quando eu não aparecer lá em baixo,
pontualmente, às sete para...
— Sim, sim. Eu sei onde encontrá-la. — O tom de Murdoch era,
inequivocamente, sombrio. — E agora devo avisá-la, Lady Maura, que, se

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


tudo não correr como planejado, não hesite em fazer o que você deve para
impedi-lo de...
— Sim, sim, Murdoch, eu o farei! — Maura estava impaciente.
Pouco antes de subir as escadas que levavam ao salão de baile,
Murdoch colocou a mão em seu braço. Seu olhar procurou a dela,
interrogativamente.
— Você está certa — disse ele em voz baixa — que é isto que você
quer?
Os olhos de Maura escureceram.
— Por favor, não pergunte isso, Murdoch. É o que devo fazer. Você
sabe que eu prometi ao Papai.

Ele suspirou.
— Eu sei, criança. Mas há um velho provérbio irlandês: “Se você
cavar uma sepultura para os outros, você pode cair nela você mesmo”. Isso
é o que me preocupa.
— Eu vou ficar bem, Murdoch. Verdadeiramente.
No salão de baile, o barão, vestido como o rei Henrique VIII, os
saudou cordialmente. Havia comida, mas Maura mal podia comer. Seu
olhar vagou pela sala.
Ela avistou um bobo da corte. Um homem de pequena estatura,
vestido como Napoleão. Não, isso não era, definitivamente, o duque. Eileen
tinha dito que ele era alto.
As palmas de Maura estavam úmidas. Ela nunca teria chamado a si
mesma vingativa. E não era a vingança que lhe enchia o peito. Medo,
excitação, todo o caos no mundo. Ela avistou um padre vestido todo de
preto. As palavras de Eileen ecoaram em sua mente. Ele aprecia as senhoras.
Agora teria sido, de fato, uma ironia, se ele tivesse escolhido se vestir como
um padre!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ficando impaciente, ela começou a percorrer o perímetro do salão.
Seu olhar parecia vasculhar cada polegada. Eles haviam perdido a
introdução do duque. Por que isso tinha que ser um baile de máscaras? Ela
ou Murdoch teria que perguntar o seu paradeiro depois de tudo.
Maura sentiu a boca secar. Ela procurou umedecê-la. Ela tinha
evocado uma visão muito diferente do duque da que Eileen tinha descrito.
Oh, sim, ela poderia muito bem imaginar a sua aparência. Imaginou-o
como o seu antepassado pirata. Um escorbuto, nanico viscoso de um
homem. Com dentes amarelos, apodrecidos, os poucos que sobraram! Sem
dúvida, Alec McBride, Duque de Gleneden, era, sem dúvida, o homem
mais feio ao cima da terra. Com esse pensamento, ela parou.
E então... nenhum som no mundo, nenhuma imagem, nenhuma
palavra poderia tê-la preparado para o que viu ao lado. Demorando perto
da entrada do salão, estava um homem. Um homem extremamente alto.
Um olho tapado, um tartan jogado sobre um ombro excessivamente amplo.
Maura congelou.
Seu coração trovejou.
Seu pulso deu uma guinada.
Seus olhos se encontraram... e se seguraram. Presos para sempre, ela
pensou vagamente.
No entanto, naquele instante de abalar a mente em que seus olhos se
encontraram, a mesma sensação escaldante de certeza, deslizou sobre
Maura, do jeito que tinha na noite em que seu pai morreu. Ela tinha sentido
isso no sangue do seu pai, ela sentiu no dela.
Pelo céu, era ele. Alec McBride, Duque de Gleneden. O homem
conhecido como o Escocês Negro.

Surgiu em sua mente, que talvez fosse apropriado que ela tivesse
escolhido o traje que escolheu... Ela ficou imóvel como se ancorada à terra,
incapaz de se mover, até mesmo piscar os olhos, ao vê-lo, lentamente, fazer
o seu caminho em direção a ela...

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Juntos eles se encararam.
Cara a cara.
Dedo a dedo.
Pirata a pirata.

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Capítulo Três

Alec McBride, Duque de Gleneden, manteve-se na margem do salão


e analisando a multidão mais uma vez. Era uma grande paixão. Um leve
sorriso em seus lábios. Ele nunca tinha gostado, particularmente, de bailes
de máscaras. Mas, como ele era o convidado de honra, era obrigado a
circular ao redor do salão, apertando as mãos daqueles que tinha
conhecido durante seu tempo aqui, apesar dos trajes.
Ele espiou Lady Alicia McDormand, vestida como uma vampira.
Outra vestida como Maria Antonieta com sua grande peruca branca. Um
homem passeou por ele, envolto em preto, com um enorme capuz que
sombreava, completamente, o seu rosto. O homem fez uma pausa, e
quando uma mão, com grandes garras, surgiu para trazer os dedos de uma
bruxa alegremente rindo, aos lábios, Alec riu. Ele estava familiarizado com
a inspiração para o traje do homem. Hoje à noite ele era o Demônio de
Dartmoor, escrita pela mulher de seu irmão Aidan, conhecida no mundo
como F.J. Sparrow.
Eles iriam rir quando soubessem que o frenesi se tinha estendido à
Irlanda. É claro que agora eles estavam a meio caminho ao redor do mundo
em sua lua de mel.
Ah, sim, apesar de ter apreciado o seu tempo na Irlanda, ele estava
ansioso para regressar a casa. Ele permaneceu em Londres na primavera,
para o casamento de Aidan. Ele visitou Annie e Simon em Yorkshire e sua
mãe em Bath, antes de fazer a sua viagem à Irlanda. Ele não iria renunciar o
convite do barão, não quando seu pai e o barão tinha sido tão grandes
amigos. Mas o pensamento de voltar para Gleneden, sentar-se no grande
salão em sua cadeira favorita, seus pés para cima e beber um uísque com
prazer era atraente para além crença. E...
O pensamento parou no meio.
Ele se obrigou a rever.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ah, sim, ele decidiu. Apelando além da crença…
Seu retorno para a Escócia foi esquecido. Ele estacou a cerca de vinte
passos de uma alta coluna romana quando ele a viu... uma mulher que
olhava para a multidão como se procurasse alguém.

A postura de seus ombros era orgulhosa. Ela era alta para uma
mulher, mas com ossos pequenos. Corajoso da parte dela, aparecer com os
cabelos soltos, e ousada, ele pensou, com um sopro de admiração, para
usar uma saia que se agarrava aos quadris, revelando a forma de suas
nádegas quando ela se virou levemente. Consciente de um fogo lento
surgindo em sua barriga, ele examinou-a, uma avaliação de admiração.
Ela era magnifica. Na verdade, havia muito o que apreciar sobre a
senhora.
E o mais fortuito para ele, foi que o traje que ela escolhera era o
mesmo que o seu, o que lhe proporcionou um meio de apresentação.
Quase antes que ele percebesse, Alec viu-se diante dela. Ele não
tinha nenhuma lembrança de atravessar o pavimento em mosaico preto e
branco.
Ele executou uma ligeira vénia. Quando se ergueu, ele pegou dois
copos de vinho de um lacaio que passava e entregou um a ela.
— Boa noite, companheira pirata — disse ele suavemente. — Você
está esperando alguém? Seu acompanhante, talvez?
Ele olhou diretamente em seus olhos, olhos que eram um tom
surpreendente vívido de verde. À sua pergunta, a bela disse nada, mas
balançou a cabeça. A ponta de sua língua saiu para correr sobre os lábios,
deixando-os orvalhados e úmidos, a cor da urze florescendo após uma
bruma de chuva. Desejo, afiado e rápido, o atinguiu. Ele estava um pouco
assustado com a sua força.
O olhar de Alec já a tinha inspecionado da cabeça aos pés. Sua pele
era quase iridescente e sem dúvida tão suave como uma pérola, ele estava
certo. E havia uma considerável extensão revelada, ele observou com

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


satisfação, lutando contra o impulso de se aproximar e tocar para confirmar
a sua avaliação.
Como se precisasse de tal desculpa. Ele estava bem consciente de
que estava certo.
Aqueles seios deliciosos tremeram com uma respiração profunda.
Ele gostava muito da vista. Ela olhou para ele. Seus pés estavam apoiados,
ligeiramente afastados, uma mão magra em seu cutelo, como se, de fato, ela
se equilibrasse no convés instável do seu navio.
E, certamente, não havia nada hesitante na sua avaliação dele. A
dela não foi menos profunda do que a sua. Alec tomou um gole de vinho,
consciente de seu franco estudo. Era deitar-se com ele o que ela queria? Se
assim fosse, ele poderia ajudá-la. Oh, na verdade, muito gentilmente.
Mas descobriu-se um pouco impaciente. Droga, ele queria ouvir sua
voz. Doce e musical? Baixa e sensual? Esta último, decidiu.
— Eu aplaudo o seu traje. — Ele permitiu que um leve sorriso
enrolasse os seus lábios. — Acredito que seja primeira vez que eu vejo uma
senhora desempenhar o papel de pirata.

— De fato. — Ele estava certo. Sua voz era baixa. Vibrante. —


Porventura nunca ouviu falar da mais famosa pirata da Irlanda, Grace
O'Malley?
— Eu não ouvi. Por favor, fale-me desse pirata .
Ela sorriu, passando a língua sobre os lábios novamente. Uma
facada de puro e cru desejo, trespassou Alec. Vagamente ele se perguntava
como seria o sabor dela... Ele teve que arrastar seu olhar longe de seus
lábios, para se concentrar no que ela estava dizendo.
— Muitos chamavam Grace O'Malley de Rainha do Mar de
Connaught. Seu pai estava envolvido em transporte e comercio. A lenda
irlandesa diz que enquanto criança, Grace queria acompanhar seu pai em
uma expedição comercial. Quando lhe foi dito que não podia porque seu
cabelo iria ficar preso nas cordas do navio, ela cortou-os.— Ela deu uma

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


risada baixa e rouca, lançando seu próprio cabelo para trás por cima do
ombro.
Alec tomou um gole de vinho. Seu olhar aguçou. Por baixo do seu
lenço de pirata, seu cabelo era lindo. Grosso, ondas caindo pelas suas
costas, o preto brilhante como um corvo. Claro, se eles se tivessem
encontrado em outras circunstâncias, seu cabelo teria estado escondido,
penteado ordenadamente sob uma toca ou puxado para trás em um
apertado coque contido, sem dúvida. Em vez disso, era selvagem e
desenfreado... tão selvagem e desenfreado como ela era, ele suspeitava.

— Eu imagino que cada homem aqui, está feliz que você não aja
como a jovem Grace O’Malley — ele murmurou. — Eu deveria considerá-
lo quase um sacrilégio.
Ela não fez nenhum comentário sobre sua observação, mas
continuou com sua explicação.
— Mesmo quando ela estava casada, Grace navegava os mares. Uma
marinheira feroz, nossa Grace O'Malley, que não iria ser derrotada pelos
Ingleses quando ele tentaram conquistar terras irlandesas.
— Ela parece bastante destemida. Por que, eu quase odeio revelar a
você que eu sou metade inglês.
Ela inclinou a cabeça de lado. Preto, arcos das sobrancelhas
elevados. Sem dizer nada, ela olhou para o xadrez.
Alec deu um suspiro simulado.
— E sim, meio escocês.
— De verdade?
— Oh, sim, de verdade. Isso significa que deve vou ser incapaz de
conseguir os seus favores?
Um lento sorriso surgiu em seus lábios.
— Você está familiarizado com a Calçada dos Gigantes em Antrim?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu estou. Visitei-a à escassos três dias atrás. — Alec lembrou-se
das enormes colunas de basalto que desciam das falésias para o mar como
passos de gigante.
— Então talvez você já ouviu falar da lenda de Finn McCool, que
viveu lá com sua esposa Oonagh. Do outro lado de lá do canal, o gigante
escocês Benandonner começou a insulta-lo, dizendo a Finn que ele era nada
além do que um gigante pequeno comparado com ele. Benandonner
declarou que ele era o mais forte e ele poderia provar isso, se apenas o
canal não ficasse no caminho.
Ela correu um dedo ao redor da borda de seu copo de vinho, o
tempo todo mantendo aquele sorriso sedutor.
— Agora, Finn não podia aceitar tal insulto de seu rival escocês.
Então, Finn construiu uma passagem com pedras para atravessar a água e
exigiu que Benandonner viesse provar a si mesmo. Infelizmente, Finn
estava tão exausto de construir a passagem que quando Benandonner veio,
ele precisava de um pequeno descanso antes de lutar. Assim, sua esposa
Oonagh disfarçou Finn como um bebê e colocou num berço, no caso de
Benandonner vir antes Finn estar pronto.
Sua senhora pirata estendeu as mãos em largura. Em alguma parte
distante de sua mente, ele observou sua tendência a falar também com as
mãos.
— E Benandonner realmente veio perseguindo Finn, pensando ser
melhor que ele. No entanto, quando Benandonner chegou e viu Finn
dormindo tranquilamente em seu berço, temeu o poderoso gigante Finn
ainda mais depois de ver o “bebê” Finn. Teve tanto medo que não teve
coragem de enfrentar Finn. Ele fugiu de volta para a Escócia, aterrorizado,
quebrando a passagem para que Finn não o pudesse seguir.
Alec inclinou a cabeça para o lado.
— Eu ouvi esta história. Mas me disseram que o gigante escocês era
muito maior que o dos irlandeses.

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Sua adorável senhora pirata balançou o seu dedo para trás e para
frente.
— Oh, não, não. — Ela abriu os dedos, virando a palma da mão. —
No entanto, mesmo que isso fosse verdade, a esposa de Finn Oonagh
provou-se ser mais inteligente de qualquer um deles.
Alec riu suavemente.
— No começo, estava convencido de que deveria me preparar para
defender a minha herança escocesa. E agora, acho que também devo
defender o meu gênero. — Ele olhou para ela. — Talvez devêssemos
retomar o nosso papel como piratas. Será que nos conhecemos?
— Eu acho que não.
— Nunca em alto mar? Lutando sobre o espólio de um navio
naufragando? No porto onde compartilhamos... talvez... um litro ou dois
de cerveja ou uma garrafa de rum?
— Eu ouso dizer — ela disse levemente — que estamos empatados
no alto mar, senhor. E... — ela bebeu seu vinho, sorrindo enquanto o fazia.
Aquele sorriso sedutor ainda estava no lugar quando ela baixou o copo. —
...Talvez em outros lugares, também — ela terminou com uma risada fraca.
— Entendo. — Alec inclinou-se contra o pilar, como se
considerando. — Uma pena. Eu mal posso me chamar de pirata se eu não
for do tipo de raptar senhoras e fazer... —Ele deixou a frase inacabada, seu
significado claro.

Ela o entendeu e respondeu à letra.


— Talvez você devesse temer o que eu poderia lhe fazer se eu o
sequestrasse, Escocês. Por que, eu poderia levá-lo para uma ilha distante e
quente, através do oceano. Você seria obrigado a passar longas noites
sozinho em minha cabine. E quando atracássemos, eu podia forçá-lo.
Amarrá-lo a uma árvore para que eu pudesse por em pratica as minhas
preferências. Você vê, em tais ocasiões eu tenho essa urgente... necessidade,
digamos assim.

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— Necessidade? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Que
necessidade? — Seus lábios estavam úmidos e vermelhos do vinho. Ele os
queria molhados com a sua língua.
— É a terra, veja você. Depois de muitos dias e noites no mar, eu
deleitarme-ia com a sensação de terra debaixo dos meus pés. E então...
— Sim?
— ...que eu prefiro dançar nua ao redor do fogo. Temo que seja o
pirata em mim.
Alec jogou a cabeça para trás e riu. Uma coquette? Sem dúvida.
Nenhuma moça tímida aqui. O vislumbre de seus seios, a sugestão dela,
brincadeiras ultrajantes, tudo proclamando o contrário.
Um pequeno sorriso permaneceu no canto dos lábios dela. Ele
observou enquanto ela engolia o restante do seu vinho.
— Por que eu não vi você antes de hoje? Você é convidado do
barão? — Senhor, ele teria se lembrado daqueles olhos cor de esmeralda.
Ele nunca tinha visto exuberância, verde brilhante... tão verde quanto a
paisagem desta ilha rochosa.

— Só por esta noite — disse ela.


— Então talvez as apresentações sejam devidas. — Ele queria saber
quem ela era. — Eu sou...
— Espere! — Ela levantou uma mão. — Não, não! Não me diga. Este
é um baile de máscaras, não é? Uma noite para disfarçar o nosso
verdadeiro eu. O que dizer de dispensar os nomes? — Aquele pequeno
sorriso evoluiu para sedução.
Alec riu. Ela era puro deleite. E muito pelo flerte.
— Como você desejar, Irlandesa.
— Esse é o meu desejo, Escocês.
Alec acomodou-se para desfrutar o impulso e desviou-se.

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— Posso trazer-lhe alguma coisa? Um prato talvez? As sobremesas
são bastante requintadas. — Deus o ajudasse, a sobremesa ele tinha em
mente, era ela.
— Estou bastante satisfeita, assim como eu estou.
Ele não estava, pensou com um ousado fervor.
— Bem, então, Irlandesa, talvez você gostaria de dançar? — As boas
maneiras ditaram que ele perguntasse. Ele permitiu que um sorriso
curvasse os seus lábios. — Muito para meu pesar, no entanto, temo que
você não vai ser capaz de dançar nua em volta do fogo.
Oh, mas que era uma visão que ele adoraria ver! Por baixo da
máscara, as maçãs do rosto eram altas, a linha de sua mandíbula
delicadamente formada. Ele desejava arrancar a máscara, para ver todo o
seu rosto, a apreciar cada pormenor.
Ela deu um suspiro simulado.
— Ai, você está certo, Escocês. E, verdade seja dita, eu só estaria
inclinada a fazê-lo, se você dançasse nu em volta da fogueira, comigo.
Pelo céu, ele estava certo. Ela não estava só flertando, ela era o flerte
em pessoa!
Seus olhos se encontraram. Presos. Alec se moveu, suas mangas se
tocando. Seu cheiro chegou até suas narinas. Quente, carne doce e a mera
sugestão de perfume.
Ele a queria. Ele não era um libertino. Não era um homem a quem a
luxúria atingisse rápida e cegamente. Ele não era um homem para
trespassar o que não devia. Ele era discreto em seus relacionamentos. Ele
não era um homem que se arriscava simplesmente para matar a paixão.
Nunca tinha experimentado uma onda de tanta paixão. Além disso,
tão rapidamente. Ele tinha querido mulheres antes, mas não como esta.
Nunca como esta. Nunca tinha desejado uma mulher da maneira que ele
desejava esta. O que ele sentiu foi imediato. Intoxicante. Um pouco
esmagador, mesmo. É claro que ele a desejava. Ela era, afinal, uma mulher

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que viraria os olhos de qualquer homem. Era, simplesmente, a força do seu
desejo, que o pegou de surpresa.
Talvez fossem as máscaras. A sugestão de que deveriam
permanecerem anônimos.
Ele segurou sua mão debaixo de seu cotovelo.
— Há tantas pessoas. O ar está a ficar abafado. Vamos andar?

Rindo, olhos verdes viraram para ele.


— Achei que você nunca ia perguntar.
Um terraço de pedra corria o comprimento da casa. Passaram por
alguns outros casais, passeando de braços dados. De repente, ela tropeçou.
Deliberadamente, Alec sabia. Não que ele não estive inclinado a se fazer de
socorrista.
Ele a pegou pela cintura e a levou a encará-lo.
— Cuidado, Irlandesa.
— Obrigada, Escocês. Estou em dívida com você. — Ela olhou para
ele, seus dedos poisados em seu peito, lábios úmidos levantados para ele.
O estomago de Alec se apertou. Ela era tão tentadora. Tentadora
demais para resistir. Tentadora demais para sequer tentar.
Um sorriso brincou em seus lábios. Atrás da máscara dela, um
convite brilhava em seus olhos.
— É um beijo que você está querendo, Irlandesa? — Ele sabia muito
bem que era.
— Você está pedindo permissão, Escocês?
O calor dentro dele se inflamou.
— Não. Mas eu tenho uma confissão a fazer. — Ele abaixou a cabeça
para que seus lábios quase se tocassem. — Eu nunca beijei uma moça
irlandesa antes.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— E eu nunca beijei um escocês antes.
— Então, mais uma vez, parece que estamos empatados, não
estamos?
— Mmmm, pois assim parece...
Alec não podia suportar mais. Isso foi o máximo que ela falou. Sua
boca apoderou-se da dela. Um choque o percorreu no instante em que seus
lábios se tocaram. Ele sentiu um tremor de reação nela, e ele sentia o
quanto ela devolvia a sua paixão. Ele abriu a boca sobre a dela. Ele tinha
querido mulheres antes. Mas nunca tinha querido como queria esta. Era
como se ela tivesse lançado um feitiço sobre ele.
E ele a beijou do jeito que queria desde que se conheceram, com um
vigor inebriante, investigando os cantos de sua boca com o calor de sua
língua. Provando a promessa em seu interior. Com mais força, até que ele
estava quase sem sentido, com a necessidade.
Ela afastou a boca. Ela estava ofegando suavemente.
— Escocês — ela sussurrou.
Alec abriu os olhos. Sua respiração era difícil. Levou um momento
para ele se concentrar, para que suas palavras penetrasseem em sua
consciência.
— E se alguém nos visse? — Disse ela. — Talvez... devêssemos ir
para outro lugar.
Não havia dúvida sobre o que ela queria dizer. Sua senhora pirata
irlandesa estava disposta e ele estava querendo bastante. Oh sim,
definitivamente querendo.
— Eu concordo, Irlandesa. Concordo plenamente. — Ele puxou a
mão dela e começou a levá-la para o conjunto de portas duplas próximo.
— Para onde você está me levando?
Ele parou de repente.
— O quê! Pensei que você soubesse, Irlandesa.

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— Conte-me.
Ele deslizou a mão sob os cabelos dela e virou o rosto para ele.
— Ora, eu estou prestes a sequestrar você, Irlandesa. — Ele sorriu
contra os seus lábios. — Receio que seja o pirata em mim.

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Capítulo Quatro

Eu prefiro dançar nua em torno do fogo. Temo que seja o pirata em mim.
Interiormente, Maura se encolheu, absolutamente mortificada com
as palavras rodando em sua mente uma e outra vez. Senhor, ela realmente
disse isso? O que ela estava pensando? Algo dentro dela lhe dava uma
repreensão severa, lembrando-a de que os piratas eram aventureiros.
Piratas não tinham escrúpulos.
Ela e o Escocês Negro se separaram dentro do salão de baile, de
modo a não levantarem suspeitas. Eles se encontraram novamente no
patamar da escada. Ele riu quando a viu acenar a um criado com uma
bandeja. Um instante depois, uma garrafa cheia de vinho e duas taças
estavam em suas mãos.

Ele não percebeu que era o meio pelo qual ela ia domá-lo.
E fortificar a coragem dela.
Desde o momento que ele se apresentou diante dela, o pânico a
ameaçava. Uma parte dela desejava fugir. Esconder-se. Era como se o
tempo tivesse parado. O pulso de seu próprio coração ressoou em seus
ouvidos.
Apesar da tagarelice de Eileen, sobre como as senhoras se juntavam
a ele, ele não era nada como ela esperava, no entanto era exatamente como
ela deveria ter esperado.
Suas calças de couro eram estreitas, enfiadas nas botas altas. Como
ela, ele usava uma camisa branca solta. Os cordões estavam desatados,
revelando um peito cabeludo. Sobre a camisa tinha um colete, muito
parecido com o dela.
A semelhança no traje terminava ai. Ele não usava nem chapéu nem
lenço, como ela usava, mas sim uma bandana estreita, amarrada na cabeça.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Eileen não havia exagerado, Maura decidiu, com uma vibração de seu
pulso. Ele era bonito de uma forma preocupante. Desarmante. Quase que
perversamente!
Cabelo negro caia-lhe sobre a testa. O que enfatizou profundamente
o contraste entre o azul pálido de seus olhos e a negrura de seu cabelo.
Uma pala cobria um olho, e servia somente para aumentar a aura de perigo
que ele exalava.

Passou pela mente de Maura que deveria ter sido exatamente assim
que o seu antepassado parecia. Cruel. Perigoso. Mortal.
Adicionado a isso, existia uma sensação de controle firmemente
amarrado. Uma arrogância bem disfarçada. Ela estava certa de que ela não
imaginava isso. O mais desconcertante de tudo era seu olhar fixo. Ousadia
e quase possessividade escorriam lentamente pelo corpo dela.
E era quase que uma indiferença entediada.
Quando seus olhos finalmente se encontraram, foi como se um raio
disparasse através dela. Naquela fração de um batimento cardíaco, ela
soube...
Alec McBride, Duque de Gleneden, era um homem que conseguia o
que queria, ela estava certa disso. Ele era um homem de incansável
propósito, e ela, percebeu trêmula, era o que ele queria! O que é que ela
estava pensando, para presumir que ela pudesse controlar um homem
como este!
Mas tudo tinha sido posto em movimento, os jogadores, ela própria
e o Escocês Negro, prontos e no lugar. Era tarde demais para voltar atrás.
Qualquer que fosse a trepidação que ela sentia, deveria ser abafada.
Qualquer que fosse a incerteza ela sentia, deveria ser sufocada. Ela tinha
um papel a desempenhar, o de sedutora tímida. Jogar ela deveria, e ela iria
jogar!
Com isso, Maura se focou em seu propósito. Era constante e firme.
Ela não iria se desviar dele. Afinal, ela tinha acabado de provar que podia

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


assumir o papel de uma senhora coquete. A facilidade com que o fez, a
chocou um pouco.
Mas, na verdade, até agora tudo tinha corrido conforme o planejado.
Ela deveria se lembrar disso. E, horrorizada com a descoberta de que beijar
o Escocês Negro tinha se revelado... bem, emocionante. Emocionante de
uma forma excitante e perigosa, ela se esforçou para se assegurar... e que,
também, iria servir o seu propósito.
Ele pegou o vinho, juntamente com sua mão, e levou-a até as
escadas. Quando chegaram em seu quarto, ele a livrou dos copos e deu um
aceno de cabeça em direção à porta. Maura a abriu, sufocando uma
sensação fugaz de pavor. Ela fechou-a com ambas as mãos. Pelo espaço de
um batimento cardíaco ela estava como que paralisada, uma mão aberta
espalmada sobre a madeira, a outra enrolada em torno do fecho. Ocorreu-
lhe que ainda havia tempo para voltar atrás e...
— Importa-se de trancar, Irlandesa?
Seu tom era casualmente desenvolto. De momento Maura não
estava se sentindo casualmente desenvolta. Mas a determinação
prevaleceu. Ela era forte. Resoluta. Ela fez isto até agora, não fez?
A fechadura clicou ao trancá-la. Lentamente, ela se virou. O duque
depositou o vinho e os copos sobre um longo e baixo aparador, situado a
um canto da sala. Voltando-se, lançou-lhe um meio sorriso perverso e
estendeu uma mão, um olho azul pálido ardente.

Seus dedos se tocaram. Fogo. Calor. A percorreu.


— Vamos começar de onde paramos?
Ele se sentou na cama e puxou-a entre os joelhos. Seu olhar estava
ao nível dos seus seios. Quando percebeu para onde ele olhava, ela queria
tirar esse sorriso de aprovação de seu rosto. Ocorreu-lhe então que estava
respirando com dificuldade, como se tivesse acabado de correr uma
distância muito grande, o que o agradou ainda mais!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele arrastou um dedo para o profundo oco entre os seios dela.
Maura respirou fundo, controlando o seu impulso instintivo de se afastar
para trás. A embotada ponta do dedo masculino levantou a fita com a
bolsa, de seu pescoço.
— O que é isto? — Ele murmurou.
Seus dedos se fecharam sobre os dele. Ela não permitiria que ele o
abrisse.
— O que mais poderia ser? — Ela sacudiu a cabeça com uma risada
sem fôlego. — Espólio de pirata.
Sua risada foi baixa.
— Sim. Claro. Eu tinha esquecido.
As hábeis pontas dos dedos masculinos dispensaram os fechos de
couro da frente de seu colete. O colete se abriu. Ele puxou-o pelos ombros e
jogou-o para a cadeira em baixo da janela. Seus seios espalharam para a
frente, como se para protestar contra o seu confinamento, reforçando o
prazer dele, o salafrário!

Ela lamentou a sua modéstia, bem como seu ávido escrutínio. Por
baixo de sua blusa os seus mamilos formaram pequenos pico rijos,
enquanto seus seios incharam pesados e cheio. Uma luminária queimava
na mesa de cabeceira. Ela estava bem ciente de que seus mamilos eram
claramente visíveis. Um canto da boca dela inclinou-se, transmitindo a sua
aprovação. Levou toda a força de vontade que ela possuía para não apertar
os braços sobre si mesma. Em vez disso, ela sacudiu um dedo na frente do
colete dele.
— Sua vez, Escocês.
Ele deu uma risada suave.
— Você não faz prisioneiros, pois não, Irlandesa?
— Não faço prisioneiros, não tenho piedade. Sou uma pirata cruel,
não sou?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele riu novamente. O colete dele se juntou ao dela, sobre a cadeira.
Ele tirou a bandana, e depois a camisa, que caiu no chão atrás dela.
Maura sufocou um suspiro. Ela não esperava isso. Não era como se
ela nunca tinha visto o torso nu de um homem. Os agricultores e os
rendeiros nos campos muitas vezes trabalhavam sem camisa. Mas ela
nunca tinha estado tão perto do peito nu de um homem. Ela tentou não se
engasgar. Ele ainda usava as calças, mas por todo o clamor dentro dela, ele
poderia muito bem-estar nu!
Cabelo escuro encaracolado cobria o seu peito, a barriga lisa
estreitando antes de desaparecer na cintura de suas calças. Isso foi
meramente registado antes de um braço duro deslizar pelas costas dela,
trazendo-a para baixo, de encontro ao músculo esticado de uma coxa
poderosa.
— Venha cá, Irlandesa.
Autoconsciente nem sequer começava a descrever como ela se
sentia. Mãos quentes apertando a sua cintura, quase a queimando com o
calor. Confrontada com a intensa masculinidade do homem diante dela,
não tinha ideia do que fazer com as mãos. Onde colocá-las sem tocar a pele
quase nua. Ou a quase nua pele cabeluda. Ela lutou contra um desejo quase
histérico de rir. Ela deveria ser uma sedutora sensual, capaz de negociar o
seu corpo nu de um homem, não uma virgem solteira.
O que ela, claro, era.
Quase desesperadamente ela emoldurou seu rosto com as palmas
das mãos. A pele de suas bochechas e a mandíbula estavam levemente
ásperas. Absurdamente, ela gostou da sensação ligeiramente abrasiva
disso.
— Seu tapa olho — disse ela. — Remova-o.
— E se eu tiver apenas um olho? E se tiver sido arrancado em
batalha e eu estou tão horrivelmente desfigurado que você vai gritar de
horror com a visão de mim?
Ela arqueou uma sobrancelha.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu vou?
Seu sorriso parecia ainda mais diabólico do que antes.
— Eu preferia muito mais que você gritasse de prazer do que de
medo.
O sorriso de Maura escorregou um pouco. Ouvi-lo dizer isso em voz
alta, a fez querer fugir, gritando do quarto.
— Bem, irlandesa? Você ainda deseja me ver sem meu tapa olho de
pirata?
Seu tom era tão nivelado quanto ela poderia fazê-lo.
— Eu faço.
Uma fraca luz brilhou no olho visível para ela.
— Então, remova-o.
Apesar da sua brincadeira, o seu coração já estava batendo forte,
quase dolorosamente. Ela tentou alcançar o laço preso na parte de trás de
sua cabeça.
Ele balançou a cabeça.
— Não desse jeito — disse ele.
Confusa, ela franziu a testa.
Ele mostrou os dentes, um brilho nos olhos. Um brilho mais
desafiador.
Por um instante ela não entendeu... Seu coração começou a trovejar.
Ela não podia voltar atrás. Ela não iria, não importa o quanto ela queria.
Seu coração estava batendo loucamente.
— Ah — ela murmurou, brincando — você pode se arrepender
disso, Escocês. Eu poderia beliscar você.
— Por favor, faça— ele convidou, com um sorriso jovial. — Por
favor — ele convidou com um sorriso malicioso.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Com um rosnado, Maura levantou-se e pegou a ponta da corda nos
dentes.Seu peito roçou sua mandíbula e seu pulso disparou. Mas então o
cheiro dele a envolveu, sabão e a fragrância fresca e amadeirada de sua
colônia. Ela deu um pequeno puxão na corda. Ratos, ela deu um nó na
gravata! Agora ela foi forçada a pegá-lo completamente entre os dentes e
puxá-lo desajeitadamente sobre a cabeça dele.
Um tremor a atingiu. Seu cabelo era macio. Sedoso. De alguma
forma, ela não esperava isso. E parecia que seu esforço era inútil, pois
agora aquele maldito tapa olho estava meio preso, meio solto. Foram
necessárias três tentativas antes que ela conseguisse, e então ela estava
rindo.
O tapa olho caiu no chão.. Maura caiu de joelhos novamente.
Sua risada desapareceu.
No momento, ela viu um rosto totalmente masculino e
absolutamente impressionante. Tão impressionante que, por uma batida do
coração, roubou até o último suspiro de seus pulmões.
Ele olhou fixamente para ela, sem piscar, como se nada no mundo
estivesse errado. Talvez nada estivesse errado no mundo dele, ela pensou
com uma torção dolorida no coração. Seu povo tinha passado fome?
Observara como o mundo deles, seu sustento, murchava e morria a cada
ano que passava?
Toda emoção que agitava o seu peito estava repleta de conflitos. As
mãos dela estavam em punho, caindo desajeitadamente na ampla largura
dos ombros dele. Lentamente, ela desenrolou os dedos. Ela não queria tocá-
lo. Ela não queria olhar para ele. Ela desejou que ele estivesse desfigurado,
que ele estivesse um só olho, o mais feio dos homens, a criatura mais vil
que já pisou na terra.
No entanto, nunca em sua vida ela viu olhos tão bonitos, da cor do
cristal azul. Ele parecia diferente sem o tapa olho. Não tão... perigoso. Ah,
mas ela teve que se lembrar de que era um jogo perigoso que ela jogava.
Não, ela pensou vagamente, isso não estava certo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Não era um jogo.
O risco para si mesma não era nada comparado ao seu objetivo.
Tudo dependia dela. Recuperar o Círculo de Luz e levá-lo para casa. O
pensamento trouxe consigo a reafirmação da necessidade de atingir seu
objetivo. Sua promessa ao pai.
E um lembrete do custo.
Um erro e tudo poderia estar perdido. Podia nunca mais haver uma
chance como essa novamente. Mas ela não podia negar o que sentia.
Ela o achava assustador.
Mas ela deveria permanecer destemida.
Ansiava por arrancar as mãos de cima do poleiro dos ombros dele.
Sua pele parecia queimar de tão quente. Ela se sentiu queimada até à
medula de seus ossos.
No entanto, suas mãos estavam firmes.
Não era que ela estivesse com medo. Estranhamente, ela não estava.
Não no sentido de que ele poderia machucá-la. Ele era um cavalheiro,
embora muito afetuoso no momento.
Um tremor a atingiu. Ela lutou contra a agitação irracional de seu
pulso. Oh, quem ela estava enganando? Ela gostou da sensação das mãos
dele, tão grandes e fortes, circulando sua cintura. Lá fora, no terraço, ela
gostou quando ele a beijou, o calor de seus lábios, quentes e suaves contra
os dela. Ela não deveria ter gostado disso. Nenhum pouco.
— Agora é sua vez, Irlandesa. Fora com a sua máscara.
Maura colocou as mãos no colo, dobrando-as como se estivesse em
submissão.
— Eu rezo, meu bom senhor, que não morda com força. Tenho a
carne tenra, veja.
— Pois vejo. Bem, então, juro que serei gentil.
Maura arqueou uma sobrancelha.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu diria que o juramento de um pirata dificilmente pode ser
considerado!
Ela sentiu o riso que retumbou em seu peito.
— Então eu concederei a clemência que você acha que me falta. Sua
máscara, Irlandesa.
Houve um momento de quietude, de calma absoluta antes que ela
levantasse as mãos e desamarrasse a máscara. Tirando-a, ela a colocou na
mesa de cabeceira.

Sua visão focou em suas mãos, mais uma vez juntas no colo. Ela não
conseguia olhar para ele. Ela não se atrevia.
Estranhamente, ele não estava mais rindo também.
— Seu lenço — ele disse suavemente. — Remova-o, por favor.
Por favor.
Lentamente, Maura levantou as mãos. Por mais relutante que
estivesse, sabia que não deviria demonstrá-lo. Ela puxou o lenço, depois
passou os dedos pelos fios do cabelo. Seu olhar estava abaixado,
concentrado em um ponto em algum lugar distante no chão.
— Olhe para mim, Irlandesa.
Ela não queria. Ela realmente não queria. Naquele momento, ela não
tinha palavras para explicar como se sentia. Por que ela se sentia assim? Era
como se, revelando o rosto e os cabelos, ela revelasse algo que ele não tinha
o direito de ver. Como se ela desse uma parte de si mesma que não
pertencia a ele. Pertencia a ela. A ela.
— Irlandesa — a palavra era pouco mais que um suspiro.
Calmamente, ela levantou o queixo. Ela até conseguiu dar um
sorriso. Aqueles olhos incrivelmente azuis percorreram seu rosto, da
mesma maneira que os dela percorreram o dele. A intensa determinação
em seu olhar era enervante, o silêncio excruciante. Se prolongou até que ela
tivesse certeza de que iria gritar. Seu estômago deu um nó.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Então, sem dizer uma palavra, ele alcançou debaixo dos cabelos
dela. Dedos quentes roçaram sua nuca, moldaram-se ali. Lentamente. Oh,
tão devagar. Ele lentamente baixou o olhar para os lábios dela. Ela fez um
som. Ou foi ele? Maura teve um vislumbre de seu rosto antes de sua boca
encontrar a dela. Seus olhos estavam em chamas, como fogo azul. Ela
fechou os olhos dela, como se quisesse mantê-lo longe.
Pouca esperança tinha disso. Isso não foi nada como o seu primeiro
beijo. Era como se aquele beijo tivesse sido uma brincadeira. Mas este beijo
era tudo menos brincalhão. Ela sentiu vertigem. Ela sentiu fome. Ela sentiu
saudade. Ela experimentou uma paixão que consumia tudo, mundos além
do que ela jamais imaginara. Uma paixão que até agora, eclipsou tudo para
o que ela estava preparada, era quase assustadora.
Ofegando, ela afastou a boca, literalmente buscando ar. Ela tentou
dar uma risada sedutora e convidativa, e temia que apenas tivesse
conseguido revelar o seu pânico ansioso. Ela precisava se controlar.
— Acredite, mas de repente me sinto com sede — disse ela. — Onde
está o vinho?
Ela tentou se afastar. Ele pegou o cotovelo dela.
— Ah, irlandesa, ainda não. Só mais um beijo.
Ela tentou se afastar, mas ele se manteve firme. Ela não conseguiria
se libertar sem despertar suspeitas.
— Eu compensarei você, Escocês. Estou ressecada, Senhor. A sério
que estou! — Ela tocou a garganta, chocada com o calor de sua pele. Por
que estava tão quente quanto o dele! E a sua voz estava, de fato, rouca,
mais seca que osso. — Além disso, por que desperdiçar o que tenho a
certeza de que é uma excelente garrafa de vinho?
Havia um ligeiro tom de diversão no tom dele.
— O seu sabor é tudo o que desejo, Irlandesa. No entanto, eu me
rendo ao seu desejo. Mas vou obriga-la a cumprir essa promessa. — Ele
inclinou a cabeça. Ele roçou os lábios contra a pele nua do braço dela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— E eu vou ter certeza de que você não ficará decepcionado. — O
toque de seus lábios a fez encolher por dentro. Era difícil pensar com
clareza e muito menos falar. — Como piratas — ela se ouviu dizer, em um
tom que acreditava ser provocativo: —procuramos tesouros, não
procuramos?
— E a busca pelo prazer quando e onde o encontrar, hein, Irlandesa?
— Acredito que encontraremos os dois, Escocês. Agora, permita-me
servir-lhe um copo.
Maura deslizou do colo dele, esperando não parecer ansiosa por
ficar longe dele. Lentamente, ela caminhou até ao aparador onde ele
colocara a garrafa de vinho e as duas taças.
Foi então que ela viu um abridor de cartas. Na forma de uma adaga,
parecia letal e afiada; muito mais afiada do que a minúscula faca costurada
no bolso da saia. Ela estava impressionada com a sua sorte. Ela poderia ter
pedido mais alguma coisa? Durante a noite, a fortuna tinha sido sua
principal aliada.
Felizmente, a garrafa já estava aberta. O criado estava a caminho do
salão de baile, e Maura garantiu que não tivesse rolha quando a tirou da
bandeja.
O decote largo da blusa deslizou sobre um ombro nu. Ela resistiu ao
desejo de puxá-lo para cima. Tal modéstia certamente a denunciaria.
Casualmente, esperando que ele não pensasse em nada, ela deslizou a
bolsa que pendia do pescoço para cima e sobre a cabeça, colocando-a sobre
a superfície.
Houve um farfalhar de movimento atrás dela.
— Você precisa de ajuda, Irlandesa? Estou feliz por...
— Não, não. — Cada nervo dentro dela clamou. Apressadamente,
ela derramou vinho em um dos cálices. Em seu nervosismo, ela quase o
encheu demais. Ela olhou por cima do ombro, inclinando-se com o que
esperava fosse um sorriso sedutor. — Mas acredito que seria sensato fechar

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


as cortinas. Não gostaríamos de chocar nenhum dos convidados do barão,
não é?
Ela o ouviu se levantar. Enquanto ele estava de costas para ela, e as
dela para as dele, agarrou a bolsa e a abriu, esvaziando um pequeno fio de
pó branco prateado no vinho. Ela rapidamente a mexeu com a ponta do
dedo e sugou o líquido da pele, depois encheu a outra taça.
Quando ela se virou, o duque havia acabado de girar para longe da
janela. Maura refez os seus passos e entregou-lhe um copo.
— Podemos ser piratas, mas o fato de não termos rum não nos
impede de tomar um pouco de bebida. — Ela ergueu o copo alto.
Ele levantou uma sobrancelha.
— A você, Irlandesa.
— A uma noite você nunca esquecerá, Escocês. — Ha! Ela já estava
certa disso!
Seus copos tilintaram.
— Para dentro — declarou ele.
Para dentro? Maura tomou um gole, seus olhos no cálice dele. Ela o
observou, momentaneamente fascinada pelos fortes tendões em sua
garganta, enquanto ele engolia.
Seu copo estava quase vazio. Sim, ela pensou, mal ousando respirar.
A Desdentada Nan estava certa. Ele nunca notaria o sabor da mistura dela,
Nan a assegurara. E parecia que não. Para dentro foi!
Ele estava sorrindo, um meio sorriso que flertava nos cantos de seus
lábios, quando ela finalmente drenou o cálice. Era um sorriso com o qual
ela já tinha começado a familiarize-se, um que tanto desafiava quanto
convidava.
A sua própria tentação. Pelo menos ela esperava que sim. Desta vez,
quando ele a beijou, ela prometeu que não deve reagir como uma tolinha.
Ela deveria ser ousada, disse a si mesma, tão ousada quanto ele. Tão
descarada e ousada quanto ele. Para esse fim, ela colocou a mão no centro

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


do peito e o empurrou em direção à cama. Ele soltou uma risada rouca,
estendendo a mão para pegá-la quando ele caiu.
Ela não teve escolha a não ser segui-lo. Doce céu, ela estava deitada
em cima dele. Em cima dele.
A perceção mal se registrou quando ele se moveu, um movimento
sutil, mas deliberado. Dedos fortes pegaram atrás do joelho dela,
deslizando de lado, então seus quadris pressionaram com força os dele. Seu
coração deu um pulo, pois o que ela sentiu foi dureza. Bem, ela decidiu,
meio divertida, meio frenética, parecia ter conseguido ter sucesso em sua
busca. Não havia dúvida de que ela o despertara. A prova disso se
projetando contra ela. Ora, o cafajeste conseguiu deixá-la em uma posição
chocante e íntima, separando as pernas para que ela estivesse montada
nele, o vale entre as coxas cavalgando contra a crista dele...
Seus quadris empurram para cima.
Maura ofegou.
O escocês riu, um som baixo e gutural.
— Isso te agrada, hein, Irlandesa?

O cafajeste arrogante! Então ele pensou que ela estava satisfeita, não
é? Chocada, era como ela descreveria. Chocada sem palavras, na verdade.
Tremendo, cada nervo dentro dela agitado. Ele sentiria isso? No entanto, o
que importava se ele sentisse? Sem dúvida, ele confundiria isso com prazer
de novo!
Um estrondo de uma baixa risada passou por sua orelha. Com um
braço nas costas dela, ele a puxou totalmente para a cama, para que se
deitassem frente a frente. Seus dedos invadiram o decote solto da blusa
dela, pegando-o e arrastando o pano para baixo, descobrindo totalmente
um seio.
A mesma mão desavergonhada agora se moldava em torno de uma
nádega. Maura se contorceu. Ah, mas ela sabia disso! Ele confundiu seus
movimentos com a reciprocidade de seu ardor. Ele beijou o arco do ombro

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


dela, passando os lábios pela clavícula até onde ela encontrava com o
pescoço. As pontas dos dedos roçaram uma trilha ardente até a coroa do
peito dela. Uma vez. Então de novo. Um toque que a atordoou além da
medida. Os olhos dela se arregalaram em choque, quando a cabeça escura
dele se abaixou.
A língua dele tocou seu mamilo. Maura assistiu em choque quando
o pico pálido desapareceu na caverna molhada de sua boca. Ele chupou
com força, girando, alternadamente, a língua ao redor do pico. Uma
sensação de fogo explodiu através ela.
Sua garganta abaulou. Um gemido baixo escapou.

Ele levantou a cabeça. Um sussurro rouco e indolente passou por


sua orelha.
— Paciência, Irlandesa. Temos a noite toda.
Não, Maura respondeu em silêncio. Desesperadamente. Eles não
tinham a noite toda. Nan Desdentada, cujo conhecimento de ervas e afins
havia sido transmitido por gerações, disse a ela que não demoraria muito
tempo para que sua mistura fizesse efeito. Silenciosamente, Maura se
criticou. Ela esperou muito tempo. Ela deveria ter servido o vinho mais
cedo...
O pensamento foi obliterado.
Ela não tinha notado que o escocês desamarra suas calças. A mão
dele envolveu a dela. Como se à distância, ela o viu enfiar os dedos dela
nos dele e deslizar para baixo. Para baixo de sua cintura. Para baixo até os
nós dos dedos dela roçarem cabelos escuros e rijos. Para baixo até ele guiar
a palma da mão dela, dedo por dedo, em torno de uma coluna de carne
grossa e rígida.
Maura sentiu o prazer que vibrou no peito dele. Ela ficou atordoada
até o âmago. Nunca deveria ter progredido tão longe. Alguns beijos. Uma
breve carícia proibida, no máximo. Ela se preparara para suportar o toque

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


dele, não importa o quanto pudesse temer. Mal ela percebeu que havia
prazer envolvido!
Mas a única coisa para a qual ela não havia se preparado era para
um toque tão flagrantemente explicito.

O coração dela disparou. Nan havia errado? Ela se perguntava


freneticamente.
Ela se viu rezando. Oh, Senhor, oh, Senhor, oh, Senhor.
Ela teve a senção de que algo estava diferente, mesmo antes de
sentir. O escocês ficou de costas, jogando um cotovelo sobre os olhos.
Maura congelou. O relógio na mesa de cabeceira passava alguns
segundos. Ainda com medo de se mover, de ter esperança, ela engoliu.
— Escocês? — Ela sussurrou.
Ele não respondeu. Os olhos dele estavam fechados.
— Escocês? — Ela sussurrou novamente.
Ainda sem resposta.
O alívio se infiltrou. A consciência apareceu. Algo mais, Maura
percebeu, também era diferente.
O olhar dela deslizou por seu corpo. Só então ela percebeu que sua
mão ainda estava na seu...
Com um grito, ela o libertou.
O triunfo guerreou com a descrença. Ela alcançou o objetivo da
noite. Mas ela sentiu como se o mundo tivesse ficado um pouco louco.
Subindo sobre a forma flácida do escocês, ela começou a trabalhar
para remover as botas dele. Misericórdia, como ele era pesado! Demorou
pelo menos três respirações profundas antes que ela reunisse coragem para
arrancar as calças do pirata. Suas pernas eram duras com músculos.
Revestidas com o mesmo cabelo preto que cobria o seu peito. Quanto à
outra parte dele...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela tentou. Verdadeiramente ela fez. Mas ela não conseguiu evitar
de olhar.
Mesmo flácida, essa parte tão masculina dele era impressionante o
suficiente para fazer seus olhos se arregalarem.
Quando ela terminou de despi-lo, ela cambaleou para trás, caindo
na cadeira. Era como se ela estivesse olhando através de uma névoa. Ela
piscou. Levou um momento para ela se concentrar. Ela percebeu que era o
vinho, tanto, em tão pouco tempo. Ela não estava acostumada.
Despojando-se de sua saia, calções e botas, jogando-as de lado. Não
importava onde pousavam. Na verdade, ela decidiu vagamente, seria
ainda mais convincente.
Mas ela ainda não havia terminado. Havia mais uma coisa a ser
feita.
Ela tropeçou no escritório e pegou o abridor de cartas. Voltando
para a cabeceira, ela se inclinou sobre o escocês e espetou o dedo
profundamente. Uma grossa gota de sangue apareceu e ela rapidamente
espalhou a ponta dos dedos através dos lençóis.
Maura devolveu o abridor de cartas ao escritório, depois cambaleou
de volta para a cama. Rastejando sobre o escocês, ela arrastou a colcha
sobre os dois, insinuou-se sob um braço pesado e depois caiu sobre o
travesseiro.
Suas pálpebras se fecharam, mas ela não podia deixar de pensar. Ela
estava a meio caminho da vitória. Ela havia conseguido o que procurava.
Ela estava aqui. Com o Escocês Negro. Em seus braços. No quarto dele.
E na cama dele.

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Capítulo Cinco

Alec acordou na manhã seguinte com um martelo batendo na sua


cabeça. Estranho, ele pensou vagamente. Vinho, não importa quanto,
raramente tinha esse efeito nele.
E então, bom Deus, ele sentiu um calor suave e imensamente
agradável aninhado ao seu lado.
Ainda com a cabeça girando, ele abriu os olhos.
Ondas macias e sedosas de cabelo preto caíam sobre o seu peito nu.
Chocado, ele passou um fio entre os dedos, seguindo o comprimento, sobre
a curva das costas dela. Que diabo? Quem diabos...
A lembrança se abateu sobre ele.
Era ela. Sua dama pirata, que o enfeitiçara tanto na noite anterior.
Ela o provocara. Mexendo, aconchegando-se mais profundamente
nas profundezas quentes da cama. Ela virou-se de lado, acomodando-se
contra ele.
E abriu os olhos.
Sobrancelhas delgadas e lindamente arqueadas se uniram sobre o
nariz. Em pura e completa perplexidade, ela o viu. Ela olhou para ele como
se... como se...
— Você! — Ela ofegou. Ela recuou contra a parede, o mais longe
possível dele.
Alec sentou-se e estendeu a mão. Isso foi estranho. Sua garganta
estava seca como algodão, sua mente um nevoeiro. Lembrava-se da sua
convidado da meia-noite, como podia não o fazer? A noite anterior voltou
em pedaços irregulares que flutuavam dentro e fora de seu cérebro. Sua
mente tateou. Era quase como se ele não soubesse o que era real e o que
não era.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele procurou entender isso. Lembrou-se de trazê-la para seu quarto,
a brincadeira deles. A última coisa que ele lembrou foi um beijo, um beijo
quente, nebuloso e hipnotizante que prometia tudo.
No entanto, agora a fedelha o considerva como se fosse uma víbora.
Algo acenava dentro e fora de sua consciência, um aviso. Uma
sensação de que algo estava errado. Ele esteve bebendo, sim, mas não se
consideraria bêbado. Pelo amor de Deus, que diabos...
Alguém estava batendo na porta. Ele ignorou.
— Venha agora. — Ele inclinou um sorriso em direção à menina,
para acalmá-la. — Não há razão para... — Ele congelou. Bolas! Ele nem
sabia o nome dela!
Não ajudou que ela continuasse com os olhos arregalados e cheia de
cautela chocada. Ela agarrou um punhado de lençóis e colchas e os puxou
até o queixo, de modo que apenas o nariz e os olhos fossem revelados.
As batidas continuaram, fortemente insistentes.
Alec perdeu a paciência.
— Pare de bater e volte mais tarde, raios!
Ele voltou-se para a garota. Antes que ele pudesse dizer uma
palavra, ele ouviu uma chave ser inserida na fechadura. A porta estava
escancarada. Alec ainda estava considerando como alguém se tinha
atrevido a violar a sua privacidade quando um homem barbudo e de
aparência distinta apareceu.
Alec pulou da cama.
— Quem diabos é você?
O estranho o ignorou.
— Maura? — O olhar do homem circulou o quarto, finalmente se
estabelecendo na fedelha covardemente encolhida em sua cama. — Maura!
Os lindos olhos da garota se encheram de lágrimas. Ela se afastou
ainda mais contra a parede.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Tio! — Ela chorou.
De repente, o barão também estava lá. Ele enfiou uma chave no
bolso do peito.
— Sua Graça, perdoe a intromissão. Mas, por favor, não vamos
compartilhar esse desagrado com os outros convidados.
Alec enfiou as pernas nas calças. Ele se virou para encarar o barão,
sua posição não menos impressionante pelo fato de estar com os pés
descalços e o peito nu.
— O que diabo se passa aqui? Quem é esse homem?
O barão havia se insinuado, com sabedoria, entre Alec e o homem
barbudo.
— Sua Graça, Alec McBride, duque de Gleneden — começou o
barão, mas o outro homem não deu a Lorde Preston nenhuma chance de
continuar.
— Eu sou Murdoch Maxwell — disse ele friamente. — Você me
perdoará se eu não apertar sua mão. Estou muito mais interessado em
saber por que diabos você levou minha sobrinha para o seu quarto ontem à
noite. Eu a procurei a manhã toda, até que uma criada me disse que a viu
subindo as escadas ontem à noite.
A cabeça de Alec estava girando. Imagens brilharam em seu cérebro.
Do toque de sua dama pirata. Passando os dedos pelos cabelos. A certeza
de que ela havia deitado em cima dele enquanto se beijavam. Era como se
ele quase pudesse sentir seu leve peso mais uma vez, o ângulo preciso de
seu joelho entre os dele.
Ele se sentiu tão estranho. Como se seu sangue estivesse em chamas.
Sim, repreendeu uma voz em sua mente, o fogo do desejo.

Depois disso... Deus, mas era como se sua mente tivesse sido limpa.
Ele levantou a cabeça. Sua mandíbula se apertou. Seu olhar deslizou
da pirata em sua cama para Murdoch Maxwell.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Esta mulher...
— Lady Maura — Murdoch estalou. Lady Maura O'Donnell, filha
do falecido conde de McDonough. Por favor, tenha a cortesia de usar o
nome dela.
— Eu não sabia o nome dela! — Alec passou a mão pelos cabelos.
Senhor, mas ele parecia um tolo! Isso era diferente de qualquer outra
situação em que ele já se encontrara. Ele não era um filhote bobo que se
estabelecia entre qualquer par de coxas brancas dispostas a se separar para.
Ele ficava longe de problemas, ele não criava problemas para si mesmo.
— Esta é sua maneira usual de levar mulheres para sua cama, Sua
Graça? — O homem barbudo chamado Murdoch havia se virado para a
cama. — Ele machucou você, moça? Forçou você a vir com ele?
Alec não podia acreditar no que estava ouvindo. Nem ele podia
acreditar no que estava vendo, pois a garota, Lady Maura, abaixou a
cabeça, uma pose de inocência. A boca dela abriu e depois fechou.
— Eu... — ela gaguejou. — Tio, sinceramente, não posso dizer como
cheguei aqui...
— O diabo que você não pode! — Alec explodiu. — Garanto-lhe que
Lady Maura veio ao meu quarto sabendo muito bem do que se tratava!
— Ela veio? — Murdoch se adiantou. — Eu conheço minha
sobrinha, Sua Graça. — Sua voz vibrou com desdém. — Eu sei muito bem o
que ela é e o que ela não é. Também conheço muito bem as intenções e
desejos de homens que veem uma bela jovem como minha sobrinha,
homens que tomam o que querem e não se importam com os que estão
abaixo deles. E acho que a prova está à vista, não é? Com um braço, ele
afastou a colcha.
Sangue manchava o lençol.
Maura afastou os olhos da mancha.
Alec estava atordoado demais para falar.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Murdoch fechou as mãos em punhos. Ele se virou furiosamente
contra o duque.
— Eu sabia. Eu sabia! Você a arrebatou. Por Deus, você a arruinou.
EU...
O barão abriu bem as mãos.
— Senhores, senhores! Eu imploro, permitam-me dizer adeus ao
restante dos meus convidados. Vamos nos encontrar no meu escritório ao
meio-dia. Então estou certo de que este assunto pode ser resolvido.
Murdoch olhou para Maura.
— Maura, junte suas coisas e vá para o seu quarto.
Ela pareceu magoada.
— Tio...
— Maura! — Ele rugiu.

Com os olhos abatidos, a menina saiu da cama dele, o lençol atrás


dela como um trem. Ela olhou em volta, procurando suas roupas. Ele
pegou a fantasia dela da cadeira e enfiou na mão dela.
Alec abriu a porta. Ele não disse uma palavra enquanto os outros
saíam.
Depois que eles se foram, sua mandíbula se apertou.
Ele não era um homem que deixava de lado o seu senso de honra.
Ele não era arrogante quando se tratava do sexo feminino. Ele estabeleceu
limites para si mesmo e aderia a eles. As mulheres casadas estavam fora
dos limites. Virgens estavam fora dos limites. A virgindade de uma mulher
era um presente para o marido, a ser tomado apenas pelo marido.
Então o que diabos aconteceu? Ele estava tão bêbado que quebrou as
sua próprias regras?
Seu olhar voltou para a mancha nos lençóis e permaneceu lá por
muito, muito tempo. A prova estava à vista de fato, ele pensou com um

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


gosto de humor amargo. Ele nunca faria amor com uma virgem. Na
verdade, ele não conseguia se lembrar de fazer amor com a encantadora
Lady Maura.
Mas por Deus, parecia que ele tinha.
Ele deu uma risada negra. Ah, a ironia, ter tomado uma donzela, a
iniciá-la no mundo de fazer amor...
Então, por que diabos ele não conseguia se lembrar disso?

No andar de baixo, Maura parou enquanto estava do lado de fora


do escritório do barão. Murdoch lançou-lhe um longo olhar enquanto
voltavam para o quarto dela. Ela não teve escolha a não ser vestir a fantasia
de pirata num quarto vazio do outro lado do corredor. O duque ergueu
uma sobrancelha, um meio sorriso enervante nos lábios quando ela passou.
Ele não podia saber que tinha sido drogado. Ou poderia?
Nada tinha dado errado até agora. Nada.
Tinha sido bom demais para ser verdade?
Ele era um homem astuto. Ela sentiu isso profundamente, assim
como Murdoch quando discutiram o próximo passo de seu plano. Maura
estremeceu um pouco. Sem dúvida, muito pouco escapava à atenção do
duque. Ela não conseguia impedir sua mente de criar tumultos. Ela rezou
para que ele pensasse na noite passada como um encontro e não uma
armadilha. Ou talvez ele soubesse que era uma armadilha e não um
encontro.
Ela deveria parar com isso, disse a si mesma. Agora. Ela apertou os
dedos contra as bochechas. Os seus dedos estavam frios, sua pele
escaldando.
Tão quente quanto seu corpo tinha estado.
Ela não sabia se ria ou chorava. Murdoch estava fazendo a sua parte,
ao máximo. Quando ela era criança e tinha feito algo impertinente, um
olhar furioso dele sem palavras a enviava correndo. E quando ele a

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


repreendia veementemente, oh, mas ela tinha sido uma criança muito
travessa, ela corria para o quarto o mais rápido que podia.
Não que o duque de Gleneden estivesse intimidado.
Ela suspeitava que não havia muita coisa que o chocalhasse.
Maldito seja o homem. Ela não podia ficar aqui para sempre. Eles
estavam todos lá dentro. Esperando.
Erguendo o queixo, esforçando um comportamento régio, ela entrou
na biblioteca. Seu vestido era de tafetá carmesim, para lhe dar coragem.
Ela piscou com força, evitando as lágrimas, ao pensar em tudo o que
aconteceu ontem à noite. Do jeito que ela agiu. A maneira como ela
encorajara o duque. Tudo o que a levou a esse ponto.
Todos os três homens se levantaram quando ela entrou. Atrás de
sua mesa, o barão fez uma pequena vénia. Murdoch estendeu a mão para
Maura, indicando a cadeira ao lado dele.
Quanto ao duque, bem, ela nunca tinha visto um homem tão ereto.
Tudo nele era impecável. Ele usava um casaco preto sobre uma camisa tão
branca que até Jen poderia ter rido e dito que a cegava. Abotoaduras de
ouro brilharam quando ele ajeitou a jaqueta.
Isso, ela percebeu com uma reviravolta em seu estomago, foi o seu
primeiro vislumbre verdadeiro de Alec McBride, duque de Gleneden.
Altivo e de boca fechada, seu jeito de frio desdém.
Ela roubou um olhar para ele. Ela não pôde evitar, e oh, mas não
deveria! Aquele vislumbre de sua expressão, enviou um arrepio por ela.
Sua aparência dificilmente era de deleite, como tinha acontecido na noite
anterior.
Uma parte dela tremia por dentro. A outra parte dela estava lutando
loucamente. Ainda outra, a advertiu para estar em guarda. Seus olhos eram
como lascas de azul pálido. Ela os sentiu como uma picada de gelo.
E de repente ela desejou ter ousado socá-lo na mandíbula, para ver
se se erguia ainda mais alto!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O barão de Killane acenou com a mão para que se sentassem.
Tossiu, pigarreou e tossiu novamente. Era evidente que ele não tinha
certeza de como abordar os eventos da noite passada.
— Bem, então — ele disse, finalmente — embora eu não goste de me
envolver nos assuntos dos outros, algo aconteceu em minha casa que deve
ser tratado e resolvido. Não desejo que minha casa seja conhecida como um
lugar de estridente indulgência. Espero que este seja um incidente isolado.
Alec apoiou um cotovelo no braço da cadeira, completamente à
vontade.
— Meu Lord — disse ele com um leve sorriso — posso garantir que
ninguém assumirá que você acolhe orgias em sua casa.

Murdoch olhou para ele.


— Vamos esclarecer os eventos da noite passada, então. Maura,
duvido que você tenha entrado no quarto de Sua Graça por vontade
própria. Portanto, Sua Graça, sou obrigado a perguntar. Você levou a
minha sobrinha, Lady Maura, para o seu quarto, ontem à noite?
— Eu levei — o duque disse uniformemente.
— Com a intenção de...
— Certamente. Alec virou a cabeça para olhar o barão, depois
Maura. — Sejamos francos. Todos sabemos que há momentos em que um
homem e uma mulher se tornam... amorosos. Esse foi o caso entre mim e
Lady Maura na noite passada. Ela não é uma criança, ele zombou dela, e
sabia disso, e não posso imaginar que ela não soubesse as consequências de
acompanhar um homem ao seu quarto. Sozinho, por assim dizer.
O olhar de Maura deslizou para o do duque, depois se afastou
rapidamente. Ela juntou os dedos no colo. Sua mentira estava sobre o
ombro dela, um peso que ela não podia descartar. Mas ela não podia deixar
isso influenciá-la.
Ela conteve um meio soluço.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu... tio... — Ela vacilou. — Foi o vinho, eu acho. Demais... Caso
contrário, eu nunca teria... Eu não deveria ter...
— Não dê desculpas, Maura. O que você fez foi muito além dos
limites!
Lágrimas brotaram em seus olhos com a repreensão de seu tio.

Alec olhou Maura friamente. Lágrimas? ele zombou de si mesmo.


Um lábio trêmulo? Ela vacilou tão convincentemente. E agora ela estava
torcendo as mãos. Oh, ela interpretava uma modéstia tão bem! Ela sabia
exatamente quando reclamar, quando soluçar, como jogar o jogo. Por que
ela deveria estar num palco!
Ele se levantou.
— Cegue-se à verdade, senhor, mas sua sobrinha foi muito fácil. Ela
foi bastante recetiva aos meus avanços. Eu não a forcei. Pergunte a ela você
mesmo.
Maura ofegou. Como ele ousava parecer tão superior! Ela estava
inclinada a acreditar que ele a estava provocando. A besta! Ela sabia muito
bem que ele sabia quando continuou, dirigindo-se a Murdoch.
— Talvez — disse o duque — você simplesmente não conheça a sua
sobrinha tão bem quanto pensa.
Murdoch empurrou a cadeira para trás.
— Sua Graça, eu te aviso...
— Você não estava disposta, Lady Maura? — Alec interrompeu. Ele
se virou para Maura. Seu tom era tão gelado quanto seu olhar. — Eu te
forcei a fazer o que não queria? Não recordo protestos. Ou talvez você
queira fornecer sua versão? No calor do momento, tenho a minha mente
um pouco confusa quanto a todos os detalhes. Talvez você esteja melhor
equipado para fornecê-los.
Mais uma vez, ele a ouviu dar um meio soluço e a observou a
balançar a cabeça. Lágrimas de suposta vergonha brotaram em seus olhos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Oh, ela retratava tão bem a arte da imagem da inocência tão bem!
Demasiado vinho, inferno! Onde estava a pirata descarada da noite
passada? Ele estava sendo jogado como um peão, ele decidiu furiosamente.
— Não olhe para ela assim — rosnou seu tio. — Não ouse culpá-la!
O fato é que você a desonrou! Você se aproveitou de uma mulher inocente.
E eu desafio você a me dizer que ela não era pura.
Os olhos de Alec brilharam.
— No entanto, me ocorre que sua sobrinha era...
— Espere! — Murdoch rugiu, agora de pé e se dirigindo ao duque.
— Tome muito cuidado com o que diz, Sua Graça! A sua categoria não
comtempla a ruína da minha sobrinha, e foi exatamente isso que você fez!
Mas para Maura, nada poderia disfarçar a verdade. Não disfarçava
a sua parte no que havia acontecido.
Ela estava desonrada.
Ela sentia vergonha.
Mas ela podia suportar isso. Valia a pena qualquer coisa, tudo!, se
ela encontrasse o Círculo e o trouxesse para casa.
Trêmula, ela se levantou. Murdoch estendeu a mão.
— Por favor, me deixem em paz! — Ela chorou.
O barão também se levantou. Ele rodeou a sua mesa.
— Lady Maura! Talvez você queira se recompor no jardim das rosas,
o orgulho e a alegria da minha falecida esposa. Sr. Maxwell, talvez você
queira acompanhá-la.
Um lacaio conduziu Maura e seu tio através de um conjunto de
portas duplas para o jardim.
Alec olhou para eles. O barão voltou a sentar-se atrás da mesa e
olhou para ele.
— Eu acredito, Sua Graça — Preston declarou friamente — que você
é arrogante.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Sou?
— Você é. E de momento, um tanto imprudente.
Alec deu de ombros.
— Cabeça dura.
— Eu admito plenamente, estou acostumado a fazer as coisas do
meu jeito.
— Acostumado demais a fazer as coisas do seu jeito, eu suspeito.
Por Deus, se seu pai não fosse meu amigo, você nunca seria convidado a
voltar — disse Lorde Preston, severo.
Alec deu um leve sorriso.
— Estou sendo convidado a voltar?
— Isso depende de você.
Alec arqueou uma sobrancelha.
O tom do barão era áspero.
— A mãe de Lady Maura e minha esposa eram primas distantes.
Mesmo se o tio dela não estivesse aqui com ela, você sabe que, como tal, eu
seria obrigado a defendê-la.
Os olhos de Alec se estreitaram.
— Você sabe que Murdoch exigirá que você se case com ela. Isso é
certo. Independentemente do que você afirma sobre a conduta dela, isso
não desculpa a sua. Todos nós vimos a prova, o fato de que a reputação de
Lady Maura agora foi irreparavelmente danificada. Ela perdeu a
virgindade para você, Sua Graça. Você dificilmente pode negar sua parte
nisso.
Os dentes de Alec estavam cerrados com tanta força, que sua
mandíbula doía.
— E se a questionássemos mais, eu apostaria em que ela se colocou
na minha cama com um propósito. Se a questionássemos mais, talvez ela
admitisse pertendia pegar um duque e sua fortuna!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O que! E você não participou? — Preston zombou. — Talvez você
devesse ter pensado nisso antes de levá-la para o seu quarto. Para sua
cama. — Seu tom carregava uma advertência severa. — Como filha de um
conde — ele continuou bruscamente — nenhum homem de boa família se
casará com ela agora. Ela não tem perspetivas...
— Ninguém além de um rico duque escocês! E eu não sabia quem
ela era. Mas aposto que ela sabia exatamente quem eu era.
Preston olhou para ele.
— Mesmo que ela o tenha feito, isso não altera ou desculpa o seu
comportamento.

Alec fez um som de nojo.


O barão ignorou e continuou.
— É perfeitamente possível que Lady Maura possa muito bem dar à
luz um filho seu. Você já pensou nisso?
Como ele podia, Alec pensou sombriamente, quando ele não tinha
nenhuma lembrança de ter se deitado com ela!
— Uma menina católica que não é mais virgem, não tem futuro. Ela
e sua família não enfrentarão nada além de vergonha. Pode facilmente
segui-los para sempre. Se você não fizer a coisa honrosa, Alec, ela também
pode ir direto para um convento. Sua vida não será fácil com tanta mácula.
Você a sujeitaria a isso? Apenas uma coisa restaurará a sua honra. As
circunstâncias não permitem sua recusa.
Alec sentiu vontade de ranger os dentes. Algo o atormentava, a
noção de que algo não estava certo.
— Alec! Você toleraria algo menos se um membro de sua família
fosse comprometido dessa maneira?
Ele não, admitiu a si mesmo, de má vontade. Ele não toleraria. Uma
voz lá dentro o lembrou que ele exigira o casamento da irmã com seu atual
cunhado, Simon Blackwell, por apenas um beijo, não pelo desfloramento

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


de uma dama de família respeitável, como ele próprio aparentemente
fizera.
As regras da sociedade exigiam pagamento, ele pensou com um
toque amargo. Talvez fosse melhor se ele ao menos se lembrasse disso!
Preston interrompeu o seus pensamentos.
— Sua escolha em relação à dama refletirá em você, Sua Graça.
Ofereça — insistiu o barão. — Não faça o Murdoch exigir. Eu acredito que
é o melhor caminho.
Alec desenrolou-se. O barão estava certo. Ele estava acostumado a
seguir o seu caminho, maldição, e quando tudo não seguia do seu jeito...
Bem, nesse caso, pelo menos, ele não teve escolha se não culpar os
efeitos de muito vinho.

Murdoch estava de pé com as mãos atrás das costas quando Alec se


aproximou um pouco, cinco minutos depois.
— Sua Graça? — Ele perguntou friamente.
Alec fez uma dura reverência.
— Gostaria de uma palavra com a minha — seu lábio enrolou —
futura noiva. Ou seja, se encontrar a sua aprovação.
Murdoch olhou para ele.
— Não se dê aos seus ares, garoto. Quero sua palavra de que você a
tratará como uma dama deve ser tratada.
— Pelo amor de Deus, homem, eu não sou um demônio nem um
monstro. — A resposta de Alec foi concisa e de boca fechada. O pedido de
Maxwell provocou nele uma leve admiração pela proteção do homem,
embora ele não estivesse com disposição para admitir isso agora.
— Sua palavra, Sua Graça.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Você a tem. — O tom de Alec era tenso. — Agora eu posso
passar? E gostaria de um pouco de privacidade, por favor.
Murdoch se afastou.
— Ela está no final do caminho, perto da fonte. — Pelo som, ele
tinha certeza de que o velho estava rangendo os dentes. Bem, ele também
estava rangendo os dentes.
Alec caminhou pelo caminho sinuoso. Em seu vestido vermelho, era
fácil identificá-la. Ele soube o momento exato em que ela o ouviu. Ela girou
e o encarou tanto quanto seu tio, ele notou com um leve aborrecimento.
— Lady Maura — ele demorou. Ele executou uma vénia profunda e
exagerada.
E sentiu a pontada de um tapa, no instante em que se endireitou.
Sua mandíbula apertou. Ele lhe lançou um olhar que certamente
faria muitos homens recuarem.
— Para o que foi isso?
— Por dizer que... que eu...
— Que você foi favorável aos meus avanços?
— Sim!
— Não vejo por que devo ser castigado por falar a verdade.
Ela olhou para ele, mas não disse nada.
— Mais alguma coisa que gostaria você de dizer, Lady Maura?
— Por acaso, sim! Era necessário... que...

— Comentasse com você sobre os detalhes da nossa noite juntos?


— Sim! — Ela assobiou.
— Eu pensei que era apenas apropriado, já que na verdade me
lembro muito bem do que fizemos com nossas roupas... mas não sem as
roupas.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O jeito que ela engoliu, não escapou à sua atenção. Ele estava certo,
decidiu sombriamente. Ele estava sendo jogado como um peão, e não havia
nada que ele pudesse fazer sobre isso.
— Ah. Eu vejo que você se lembra. Na verdade, eu me lembro muito
bem de ouvi-la gemer quando descobri os seus seios. Foi no instante em
que você sentiu minha boca na sua...
A mão dela disparou. Alec a pegou pelo pulso, impedindo-a. O
outro braço dele envolveu a cintura dela. Ele balançou sua cabeça.
— Você deveria cessar suas hostilidades, eu acho. Afinal, vim lhe
contar as novidades.
Ele podia sentir o modo como o peito dela subia e descia, o modo
como a respiração dela acelerava. Ele a abraçou com força.
Pouco a pouco, seus olhos se aproximaram dos dele.
— Que notícias? — Ela perguntou, sua voz muito baixa.
Ele inclinou a cabeça para que seus lábios apenas roçassem sua
orelha.
— Parabéns, Irlandesa. Eu vim aqui pescar um pouco e peguei uma
noiva. E você... bem, você acabou de enlaçar de um escocês.—

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Seis

No dia do casamento, Maura acordou com o som doce do canto dos


pássaros. Ela ficou muito quieta, ouvindo os pássaros vibrarem, assobiarem
e cantarem um ao outro do lado de fora da janela. Uma leve melancolia
inchou dentro dela.
Os irlandeses consideraram sorte ser acordado por pássaros
cantando na manhã do casamento. Mas ela temia que fosse condenada para
sempre ao inferno por suas ações nos últimos dias.
Com um suspiro, ela empurrou a colcha para o lado e caminhou até
o lavatório.
Poucos minutos depois houve uma batida na porta. Era Pansy,
esposa do estalajadeiro, Jack. Ele era um homem de ombros caídos, talvez
da idade de Murdoch. Desde o dia que Maura e Murdoch chegaram, Pansy
e Jack os trataram com carinho e generosidade, atendendo a todas as suas
necessidades. Era quase como se fossem amigos, não convidados.
Maura lembrava a Pansy de sua filha mais velha. Ela contou isso no
primeiro dia. Maura lembrou-se disso agora, enquanto Pansy a ajudava a
vestir um vestido listrado de seda, azul e branco. Ela o comprou no
caminho, exatamente para esse fim, servir como um vestido de noiva.
Maura sentiu-se tentada a usar o vestido vermelho que usara para
ter coragem, dois dias antes, quase desafiando Alec. Ela tinha um forte
pressentimento de que ele não teria gostado nem aprovado. Ele não fez
nada além de mostrar seu desdém por ela desde sua proposta, se alguém a
pudesse chamar assim. Ela, por outro lado, havia feito o possível para
manter distância do iminente marido. Era parcialmente por raiva por seu
comportamento naquele dia, e parcialmente por medo. E se ele a olhasse
nos olhos e percebesse o que ela havia feito? O que ela estava prestes a
fazer? Se ele descobrisse a verdade, isso poria em risco o plano dela.
Não, sussurrou uma voz em sua mente, isso anularia seu plano!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


E ela poderia nunca encontrar o Círculo.
Ela odiava admitir, mas precisava muito do duque.

Pansy se ofereceu para lhe enrolar e arrumar o cabelo, mas Maura


recusou, enrolando-o em um nó quase severo em sua coroa e colocando
uma touca. Pansy exasperou-se porque ela não tinha um véu, mas Maura
respondeu que não havia tempo para comprar um.
Além disso, ela não se sentia particularmente noiva. Tudo aconteceu
tão rápido que sua mente ainda estava girando. A aquisição da licença
especial; o pároco local recusou-se a casa-los à luz dessa mesma pressa.
Ela havia antecipado isso. Na verdade, ela e Murdoch haviam
planejado isso. Ah, sim, ela contava com a recusa do padre em casá-los. E,
de fato, tudo tinha acontecido exatamente como ela esperava, e Murdoch
continuou a desempenhar o seu papel surpreendentemente bem. Quando o
padre se recusou a casá-los, Murdoch informou o barão e Alec que ele
assumiria a tarefa de encontrar um oficiante para presidir o casamento.
Um casamento que aconteceria nos belos jardins do barão.
Antes do dia terminar.
Quando ela estava pronta, Pansy segurou a porta e Maura saiu.
Mas, assim que o fez, o seu vestido ficou preso em uma lasca no chão de
madeira, rasgando uma pequena lágrima na bainha.
— Ratos! — Ela murmurou.
Pansy, no entanto, apertou as mãos em deleite.
— Ah, não, Lady Maura, você deve se alegrar! Você não sabe que é a
melhor sorte rasgar seu vestido de noiva no dia do seu casamento?
Maura sabia, e era exatamente por isso que estava tão irritada.
— Você e seu novo marido certamente terão muita felicidade juntos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Se a sorte surgisse, ela pensou, ela e o duque não ficariam juntos por
muito tempo. Mas, por uma questão de aparência, ela se virou e agradeceu
a Pansy.
Murdoch esperava por ela lá em baixo. O baú dela estava carregado
na carruagem e eles foram para a casa de Lorde Preston. A cerimônia
estava marcada para as oito e meia da manhã. Alec deixou claro a sua
intenção de partir para a Escócia, o mais cedo, possível após a cerimônia.
O barão os esperava perto da entrada do jardim, assim como o
diácono O'Reilly, a quem Murdoch havia arranjado para presidir a
cerimônia.
— Pensei que a fonte seria um lugar encantador para um casamento.
— O barão a presenteou com um buquê de rosas brancas e amarelas.
Tocada, Maura deu-lhe um abraço rápido. Ele e Pansy pareciam os
únicos felizes com as núpcias iminentes.
Certamente Alec não estava.

Um vislumbre do quão dura estava a sua mandíbula amarrou seu


estômago em nós.
Ele olhou diretamente para o clérigo. Ousadamente, disse:
— Me pergunto qual o preço que eles lhe pagaram para apressar o
casamento. — Seu olhar se voltou para ela. — E que preço eu paguei por
você, eu imagino?
Maura sentiu como se tivesse levado um tapa. As bochechas dela
queimaram. Atrás dela, ela ouviu Murdoch respirar também. Ela estava
furiosa e com medo. Ele adivinhou a verdade? Ele já estava desconfiado,
ela sabia. Ele podia desmascará-la. Honestamente, ele poderia chamar as
autoridades!
O barão o repreendeu firmente.
— Sua Graça, por favor! Gostaria de lembrá-lo de que é uma
cerimônia de casamento? Sua cerimônia de casamento?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Sim — afirmou Murdoch com uma voz tão ameaçadora quanto
Maura já ouvira. — Você faria bem em se lembrar disso.
Maura descobriu que suas mãos estavam tremendo. Ela sentiu o
olhar de Alec nela, mas ela não podia olhar para ele. Ela não se atrevia.
— Então vá em frente — rosnou o duque.
No momento em que Maura se aproximou dele, o sol surgiu por trás
de uma nuvem. O céu estava cinzento quando eles deixaram a estalagem,
mas quando chegaram à casa do barão, começou a clarear. Agora, o sol
brilhava diretamente sobre ela; ela podia sentir o seu calor.

Uma parte dela desejava rir histericamente. Feliz é a noiva em quem


o sol brilha. Mais um sinal de boa sorte conjugal! Outra parte dela desejava
dar meia-volta e correr, pois certamente nunca seria assim.
Alec McBride parecia muito mais pronto para matar do que para
casar.
De repente, o pulso de Maura estava disparado. Alec era um homem
astuto. Sua posição era a de alguém que não seria enganado ou facilmente
persuadido. Deus a ajude se ele descobrisse a verdade agora.
O diácono pigarreou. Em uma névoa, ela ouviu a voz dele.
— Amados, nos reunimos... para testemunhar e abençoar a união
deste homem e desta mulher...
Alec murmurou um palavrão.
A cabeça de Maura se levantou. Seu corpo se transformou em pedra,
seu sangue em gelo.
O diácono deve ter ouvido também. Ele tropeçou nas palavras, fez
uma pausa e começou de novo, desta vez com pressa. Quando chegou a
hora de Alec fazer seus votos, ele exclamou:
— Eu aceito.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Essas mesmas palavras entupiram a garganta de Maura. Mas ela se
lembrou do que tinha que fazer, lembrou-se de sua promessa ao pai.
— Eu aceito — ela sussurrou. Mas, na verdade, o juramento foi feito
a seu pai, e a seu clã.
Alec colocou um anel de ouro liso em seu dedo. E então estava feito.
Acabado. Vagamente, ela ouviu o diácono os pronunciar marido e mulher.
Lentamente, ela soltou o ar. Aliviada além da conta, ela começou a
se virar. Alec pegou o seu cotovelo.
— Você não esqueceu nada?
Um pequeno sorriso diabólico curvou seus lábios.
Os lábios de Maura se separaram. Ela não confiava naquele sorriso,
oh, nem um pouco!
— Eu ainda tenho que beijar a minha noiva.
Os olhos dela se arregalaram. Ora, o desgraçado!
E não havia como escapar. Uma mão nas costas dela, a outra
enrolada na nuca, ele a beijou com uma ousadia de tirar o fôlego, por muito
tempo e com força. Ele usou a língua, enrolando-a na dela. Embora
desejasse se afastar, o orgulho a mantinha imóvel. Quando ele finalmente a
soltou, sua expressão era de flagrante satisfação.
Maura pressionou os lábios contra as costas da mão. Foi uma farça,
aquele beijo. Ela queria dar um soco naquele maxilar bem barbeado; no
mínimo, um tapa em sua bochecha.
Mas ele ainda a segurava. Maura não tentou se afastar. Algo nela
pressentia que ele a arrebataria de volta, então qual era a utilidade? Ciente
de que os outros se afastaram, ela liberou sua raiva na única saída que lhe
restava.
— Por que você me beijou assim?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O quê! Você não gostou disso? Eu pensei que você ficaria feliz
que eu demonstrasse... — Não havia nada além de zombaria, naquela
pequena pausa deliberada. — ...ardente adoração por minha nova esposa.
Ele a soltou. O idiota! Ele achava que era um prêmio tão grande que
deveria se vangloriar? Seu corpo hirto, os ombros rigidamente eretos,
Maura apertou a mandíbula com tanta força que seus dentes doeram. Ela
começou a se virar, mas ele colocou a mão no cotovelo dela.
Um breve café da manhã se seguiu. Alec foi educado o tempo todo,
mas ela sabia que ele estava se irritando, pronto para partir.
O barão os acompanhou enquanto saíam, onde uma carruagem
esperava. Ele transmitiu seus parabéns. Alec reconheceu com um breve
aperto de mão.
O barão virou-se para Maura.
— Você vai voltar em breve, não vai?
O sorriso de Maura estava trêmulo.
— Logo. — Ela não iria, é claro. E embora ela o tivesse conhecido
brevemente, ela gostava dele. Ela realmente gostava, e isso deixou um
gosto horrível em sua boca, que ela o havia enganado.
Ela acenou para o barão da carruagem quando ela e Alec foram para
o cais, a poucos quilômetros de distância. Murdoch os acompanhou. Mas
logo eles estariam sozinhos.
Ela e o marido.
A atmosfera dentro da carruagem era asfixiante. Murdoch
observava o campo. Maura olhou para a sua simples aliança de casamento.
Sem se aperceber, ela se viu torcendo-a no dedo. Alec não disse nada, mas
ela podia sentir o peso opressivo de seu olhar nela.
Demasiado rápido eles chegaram no cais. Maura viu seu pequeno
baú ser carregado no navio que os levaria para a Escócia.
Escócia... e o Círculo de Luz.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Logo, era hora de embarcar. Para deixar de Murdoch. Para deixar a
Irlanda. Oh, Deus, era como rasgar uma parte do coração dela.
Murdoch disse algo para Alec, depois veio em sua direção. Maura se
jogou contra ele. Os olhos dela se fecharam. Lágrimas vazaram.
— Não, criança! — ele sussurrou ao ouvir seu meio soluço. — Vejo
você em breve. Muito em breve. — Ele tocou os cabelos dela.
Maura assentiu, engolindo em seco, esperando até que estivesse com
os olhos secos antes de caminhar para onde Alec estava esperando, perto
da prancha.
A bordo do navio, ela ficou perto da popa por longos, longos
minutos. Ela permaneceu até sua terra natal desaparecer de vista .
Só então ela se virou, sua garganta dolorosamente apertada. Alec
estava parado no meio do convés, sem sorrir, observando-a com dureza. A
visão dele era chocante. Quanto tempo ele esteve ali?

De repente, a incerteza se agitou em seu peito e ela não conseguiu


detê-la. Deus certamente a mataria algum dia pelo que ela havia feito. Ela
havia se levado a uma armadilha de sua própria autoria? Não. Ela se
recusou a acreditar. O sacrifício dela valia o custo. Valia qualquer custo se
ela encontrasse e devolvesse o Círculo de Luz a casa onde ele pertencia. Ela
batalharia com o próprio diabo, se isso a fizesse obter o Círculo. Um
calafrio a atravessou com o pensamento.
Talvez ela já tivesse.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Sete

A travessia pelo Canal do Norte foi difícil. Ondas batiam alto,


pulverizando sobre o convés. Maura já estivera em barcos pequenos várias
vezes, remando pela baía quando era jovem. Mas isto era diferente. Ela
ficou no convés, olhando para fora, apoiando-se nos pés, como se tivesse
nascido no mar.
Talvez um quarto de hora se passou, então Alec apareceu ao lado
dela.
— Por piedade, não fique aí — ele rosnou. — Você vai cair no mar.
— Então você se livraria de mim — disse ela, levemente. — Eu acho
que isso seria bom para você, Sua Graça.
Ele não concordou nem discordou.
— Pelo menos segure a balaustrada.

Havia algo estranho em seu tom. Maura olhou para ele. Sua testa
franziu... de repente, ela percebeu por que ele estava tão pálido.
— Oh céus. Você tem uma constituição delicada, Senhor? — ela
perguntou brilhantemente. Que estranho que, para um descendente de um
pirata, seu novo marido fosse um mau marinheiro. Era tudo o que ela
podia fazer para não cantar.
Alec lançou-lhe um olhar venenoso.
— Você não precisa se deliciar com isso — ele murmurou.
— Oh, mas eu não me delicio! Eu apenas perguntei por preocupação
com o meu marido. É dever da esposa, não é, cuidar do bem-estar e do
conforto do marido?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


A pequena bruxa! Alec procurou um lenço para pressionar na boca.
Era verdade que o mar aberto o afetava muito. Mas ela não perguntou por
preocupação. Ora, a fedelha estava exultante!
Espere, minha beldade irlandesa. Espere até eu estar em casa na Escócia.
Em Gleneden. Espere até eu ter você só para mim. Então veremos como sua língua
é afiada.
Ah, sim, espere até ele chegar em casa.

O navio atracou na cidade portuária de Stranraer. O cocheiro do


duque, Douglas, estava lá para encontrá-los. Depois de um almoço rápido,
eles partiram. O veículo era pequeno, construído para velocidade, mas
ainda assim confortável e bem equipado.
O que não foi confortável foi Alec quando entrou e tomou o seu
lugar na frente dela, jogando o chapéu no banco. Seus cabelos pretos
estavam despenteados; isso deveria ter feito ele parecer mais jovem. Talvez
isso tenha acontecido. Mas também o fez parecer perigoso. Os olhos dele,
tão gelados e pálidos, flutuavam sobre ela. Era como se ele pudesse ver
através dela, em sua mente. O coração dela. Ela se perguntou, quase
freneticamente, se ele já havia descoberto a verdade. No entanto, como isso
poderia ser?
Maura rapidamente desviou o olhar. A carruagem avançou e
ganhou velocidade. Ela olhou a paisagem pela janela. No entanto, tudo o
que ela podia ver era o rosto sombrio de Alec quando ela se sentou ao lado
dele, naquela manhã na cerimônia de casamento, com o queixo apertado.
Ele estava com raiva. Desconfiado. Suspeito. Ele sentia que tinha
sido enganado.
E ele tinha.
Por fim, ela fingiu dormir. Antes que percebesse, começou a
cochilar. Em algum momento, ela estava meio consciente de ser deitada no
assento. Alguém colocou um travesseiro em baixo da sua cabeça e colocou
um cobertor sobre os ombros.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela acordou muito depois. Ela se sentiu pesada como chumbo, quase
drogada.
— Que bela soneca que você tirou — veio o sotaque de Alec. —
Você não dormiu bem ontem à noite?
Isso foi o suficiente para despertá-la completamente. Inclinando o
queixo para cima, ela se sentou. Ela alisou as saias, ajeitou os cabelos e
resolutamente, o ignorou.
Sua risada suave fez seu queixo se erguer ainda mais alto.
O crepúsculo caiu, pousando sobre as copas das árvores. Seu
coração começou a bater forte. Ela virou a cabeça na direção de Alec. Ela
lutou para acalmar sua voz.
— Estamos nas terras de McBride, não estamos?
Ele olhou para ela estranhamente, depois assentiu. Ele apontou pela
janela, para a esquerda dela. — Gleneden Hall fica a vários quilômetros a
noroeste.
Foi estranho. Maura soube no instante em que estavam em suas
terras. Quando alcançaram uma pequena elevação, ela vislumbrou um
edifício a distância. Não era um castelo como McDonough... Ela viu
madeiras envelhecidas, chaminés de pedra e um telhado de ardósia que
protegia a estrutura maciça, uma estrutura que parecia tão escura quanto
seu dono.
Uma névoa começou a cair sobre a terra, infiltrando-se nas colinas e
nas árvores, quando ela viu as luzes de dentro de sua casa cintilarem, um
minuto depois, no outro, enquanto a carruagem viajava pela floresta densa.
Um calafrio sobrenatural tomou conta dela. O pai dela estava certo.
Ela estava certa. O Círculo estava aqui. Em algum lugar. Em algum lugar
perto. Seus ouvidos zumbiam; um chiado estranho brilhou dentro dela.
Com o coração dolorido, lembrou-se da noite em que seu pai morreu, de
suas palavras.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Isso me chama. O Círculo me chama. Grita para voltar para casa.
Oh Deus. Agora ela sabia o que seu pai queria dizer. Como ele se
sentia!
Pois ela sentia o mesmo, como se o Círculo a chamasse.
A porta da carruagem se abriu. Maura nem percebeu que haviam
parado. Ela se levantou e começou a descer os degraus. Os joelhos dela
ameaçavam dobrar. As longas horas na carruagem cobraram o seu preço,
além de lhe transmitir uma sensação estranha. Alec a pegou pela cintura e
a girou para o chão.
Enormes portas de madeira foram escancaradas. Maura se sentiu
como se estivesse hipnotizada. Esta era a sua casa, pelo menos durante o
tempo que demorasse a encontrar o Círculo. Ela sentiu uma pontada de
medo. Gleneden Hall era enorme. Aos seus olhos, parecia escura e
agourenta.
Alec a conduziu a uma série de degraus de pedra. No limiar, ele
segurou o cotovelo dela. Assustada, Maura olhou para ele. Sua expressão
combinava com seu meio sorriso. Ambos refletiram uma satisfação quase
presunçosa. O instinto a fez começar a recuar; antes que ela soubesse do
que se tratava, Alec a ergueu nos braços e a carregou através do limiar,
passou pelas portas e entrou num grande e vasto salão.
Ele chutou a enorme porta de madeira atrás eles para fechá-la.
— Bem-vinda ao seu novo lar, Irlandesa — ele murmurou, pouco
antes de baixá-la lentamente no chão, um braço curvado, possessivamente,
em volta da cintura.
Uma série de servos estavam alinhados para cumprimentar seu
Senhor. Pegando a mão dela, Alec a levantou, apresentando-a como a nova
duquesa. Maura estremeceu. Ela tinha certeza de que nunca esqueceria
aqueles olhares atordoados, embora fossem rapidamente substituídos por
sorrisos. O único nome de que ela realmente lembrava era da Sra. Yates, a
governanta.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Quando finalmente estavam sozinhos no grande salão, o sorriso de
Alec, foi, no entanto, tudo menos acolhedor.
Ele inclinou a cabeça para o lado.
— Bem, bem, bem — ele disse suavemente — está bem no centro da
barriga da fera para a qual você veio, não é, Irlandesa?
O olhar penetrante que ela lhe deu foi embotado pelo tremor de seus
lábios.
— O que você acha da sua nova casa?
— Bem, eu mal vi...
— Você esperava mais de um duque escocês? Um grande palácio,
talvez? Minha adorável dama, minha duquesa, minha esposa. Espero que
seu novo lar atenda às suas expectativas.
Maura ignorou a sua zombaria. Ela esticou o pescoço para olhar o
enorme teto de madeira, o pico com pelo menos quatro andares de altura.

— Impressionante, não é? É o grande salão original, que foi


inicialmente construído como um pavilhão de caça para Robert Bruce. —
Alec estava no centro do enorme salão, com as mãos atrás das costas. Alto,
um orgulhoso duque.
— O rei Robert II da Escócia criou o primeiro duque de Gleneden
para o apoio da minha família durante as guerras pela independência
escocesa. Dizem que o primeiro duque e Bruce eram primos distantes. De
fato, você pode achar isso interessante, Irlandesa. A segunda esposa do
Bruce, Elizabeth, era filha do conde de Ulster. É possível que você e eu
reivindiquemos a mesma linhagem, através dos tempos.
— Você está sorrindo, Sua Graça. Você acha isso divertido?
Seu meio sorriso se alargou.
— Você é rápida em se ofender. É a sua natureza ardente, não é?
A mandíbula de Maura se apertou com força.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Você não me conhece há tempo suficiente para conhecer minha
natureza, Sua Graça.
Deliberadamente, ela virou o rosto para o lado, deixando o olhar
vagar pela sala. Alec gesticulou.
— As cabeças de veado montadas em cada lado das portas da sala
de jantar formal são cortesia de meu antepassado Duncan, o décimo
segundo duque de Gleneden. A cabeça do lobo cinzento na parede ao lado
da janela oposta, ele acenou com a mão esquerda, foi caçada pelo décimo
duque nos anos de 1600.
Maura não pôde deixar de lembrar o uivo do lobo, na noite em que
seu pai morreu. Um formigar subia e descia por sua espinha.
— O javali na parede acima de você é um troféu muito mais recente,
de uma de minhas caçadas quando menino — continuou Alec.
— A barriga da besta, de fato. — Maura não pôde resistir a uma
piada. — Os McBrides são grandes caçadores, ao que parece. — Ela o olhou
diretamente nos olhos. — Algum marinheiro da família, Senhor?
Se ele estava desconcertado, ele não mostrou sinais disso. Ele
encolheu os ombros.
— Nenhum que eu saiba.
— Suponho que não. Plebeio demais, eu imagino.
A maneira como ele arqueou uma única sobrancelha negra, sugeria
reprovação.
— Você não é apenas temperamental, mas rápido em julgar.
— Como você é — ela disse docemente. Ela respirou fundo. — A
lareira é extraordinária.
E era. Era enorme, sua largura de acordo com as proporções da sala.
— Calcário? — Ela caminhou em direção a ela.
— De fato.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O brasão da família? — Estendendo a mão, ela tocou a escultura
de um lado, a o capacete da armadura de um soldado do outro lado.
Ele assentiu.
— Argent em um...
— Fess gule. — Com as pontas dos dedos, Maura traçou a larga
faixa horizontal através da largura do escudo. — Três tainhas do campo. —
Dentro da banda, ela tocou cada uma das estrelas de cinco pontas. — O
argent, o escudo branco, significa pureza e sinceridade, eu creio, o
vermelho o poder militar. Estou certo, Sua Graça?
As duas sobrancelhas dele se ergueram.
— Você está. Mas por que suspeito que você já sabia disso? Fico
bastante aliviado por saber que casei com uma mulher cuja educação não
foi negligenciada. De fato, meu irmão Aidan, que serviu Sua Majestade por
vários anos na Índia, ficará encantado ao descobrir que me casei com uma
mulher capaz de identificar corretamente os símbolos, e com a
terminologia adequada.
Não foi um elogio. Foi simplesmente sua vez de a picar.
Maura ignorou a piada, ainda observando a sala com seu teto de
madeira e paredes de pedra caiadas de branco. Mas numerosos confortos
foram claramente adicionados ao longo dos anos. Ela olhou para o tapete
feito à mão sob os seus pés.
— Aubusson? — Ela perguntou.
— Persa. Século dezasseis.
Tapeçarias ricamente coloridas estavam penduradas nas paredes. Se
eram franceses ou holandeses, ela não tinha certeza. Ela não estava prestes
a perguntar a Alec, com seus ares superiores, isso era certo. Um deles
representava uma cena de caça, porquê, quem teria pensado nisso?
Um alaúde medieval chamou a sua atenção. Ela parou diante de
uma mesa de píer ornamentada e dourada, com um tampo de mármore
embutido. Especulou que o valor dessa peça, por si só, teria alimentado e

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


mantido confortavelmente todo mundo nas terras de McDonough por, pelo
menos, vários anos. Uma faísca ferveu dentro dela. Ela não pôde evitar o
pensamento que corria desenfreado em sua mente. Quanto foi roubado
pelo Escocês Negro em seus ataques? Prêmios reclamados de outros navios
e levados por conta própria?
Um grupo de móveis estava agrupado em volta da lareira. Dois
divãs com fofas almofadas floridas. Várias poltronas espaçosas, com pés de
garra e apoios para os pés correspondentes. Ela se sentou numa, mas as
suas costas estavam retas.
— Você está certo, Sua Graça. É tudo bastante impressionante. —
Sua primeira impressão estava errada. Ela queria odiar, declarar a casa de
Alec tão proibitiva quanto seu Senhor. Mas ela não podia. Apesar do rico
mobiliário, com o fogo aceso na lareira, a sensação rústica dava um charme
calorosamente convidativo. — E embora eu ainda não tenha visto tudo isto,
duvido que minha opinião mude.
— Alec. Você deve me chamar de Alec. Afinal, somos marido e
mulher agora. — Ele dirigiu-se para uma mesa por baixo da janela onde
havia sido colocada uma bandeja de prata cheia de jarros cintilantes e
copos de cristal. — Vinho? — Ele perguntou. Ele encheu um cálice
delicadamente gravado.
Maura não conseguia tirar os olhos das mãos dele. Seus dedos eram
longos. Graciosos, porém fortes, bronzeado spelo sol. Tão intensamente
masculino que sentiu sua boca secar.
— Acho que não — disse ela finalmente.
— Perdeu o gosto por isso, hein?
Os olhos deles se encontraram. Ele estava brincando com ela, o
salafrário! Maldito seja por lembrá-la!
Ele começou a beber. Parou, depois abaixou lentamente o copo. Ele a
encarou num silêncio tenso até que Maura quis gritar. Então, com uma voz
quase mortalmente calma, ele disse:
— Você acha que eu não sei o que você fez?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura empalideceu. Estar composta era impossível. Sua respiração
ficou suspensa na garganta, mas sua mente estava acelerada. Era o fato de
que ela o drogou? Ou o fato de que o casamento deles...
Ele se aproximou, de modo que eles estavam em lados opostos do
sofá.
— Porquê tão tímida, Sua Graça?
Maura passou a língua pelos lábios.
— Você não está sorrindo, Milady. Eu imaginava que você estaria se
vangloriando. Você conseguiu se casar com um duque.

Ah, mas ele era arrogante! Se ele queria ser provocado, ela o
satisfaria!
— Um duque rico? — Ela ousou.
— Sim — Era uma declaração de fato, ele não se gabou. — Você
ganhou muito com esse casamento. Mas esse era o ponto, não era? E como
você descobrirá de qualquer maneira, sim, também sou titulado em
Inglaterra.
Ela deveria ter percebido mais cedo. Que ele pensou que ela se tinha
casado com ele por dinheiro! Que risível!
Ela passou um dedo ao longo da costura elaborada no braço da
cadeira.
— Com propriedades... onde?
— Duas outras na Escócia, duas na Inglaterra. E uma casa da cidade
em Londres.
— Eu nunca estive em Londres — disse ela docemente.
— Bem, se você está pensando em morar em outro lugar, duquesa...
não.
— E por que não? — Ela estava inclinada a ser tão arrogante quanto
ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Porque desejo mantê-la por perto. É como eu disse antes. Porque
você a minha senhora. Porque você é a minha esposa. Porque você é a
minha duquesa.
Hah! Maura ansiava por revirar os olhos.
— Está com fome?
Sua mudança repentina de assunto, a assustou.
— Faminta, na verdade — ela admitiu cautelosamente.
— Eu tenho alguns negócios a tratar no meu escritório, mas não
devo demorar muito. Vou pedir à Sra. Yates que lhe mostre o seu quarto e
mande uma bandeja. — Ele fez uma pausa. — E depois…
Envolto em seu tom sedoso, havia algo que fez o olhar de Maura
deslizar até o dele, em alarme. Ela estava em terreno instável, e ele sabia
disso. A expressão dele, a luz em seus olhos, aquele toque indecente de um
sorriso, confirmou isso. Ele apreciava o nervosismo dela, caramba!
— O quê? — Ela perguntou fracamente.
Seu sorriso crescendo lentamente, aumentou sua inquietação.
— Vamos compartilhar a nossa primeira noite de felicidade
conjugal.
Ele esvaziou o copo, colocou-o na bandeja e caminhou por uma
porta que ela não havia notado, até agora.
Maura não sabia se ria ou chorava. Se ela já não estivesse sentada,
certamente teria entrado em colapso.
Minha senhora, ele a chamou. Minha duquesa.
Mas ela não era a dama dele. Ela não era sua duquesa.
Ela nem era a esposa dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Oito

Alec se instalou em frente à lareira, as pernas longas cruzadas no


tornozelo, um braço pendurado ao lado da cadeira, o outro com o vinho.
De vez em quando, ele o levava aos lábios. Em pouco tempo, a Sra. Yates
apareceu. Ele recusou a refeição que ela se ofereceu para trazer, mas a
deteve quando ela ia a sair.
— Minha esposa está instalada no quarto da duquesa?
— Sim, Sua Graça. Aggie está a ajudar a desfazer as malas.
— Obrigado, senhora Yates. Você providenciará para que a equipe
atenda qualquer solicitação que ela faça, partir de agora?
— Claro, Sua Graça.
A governanta fez uma reverência e saiu. Alec decidiu, ironicamente,
que haveria uma boa fofoca nos aposentos dos empregados hoje à noite.
Ele olhou para a lareira. Não estava acesa, pois o dia estava quente.
Ele tomou outro gole de vinho, ponderando. Não, não ponderando, ele
decidiu com um raro toque de auto depreciação. Ele estava meditando. E
ele era um homem que meditava, mas raramente.
Pelo amor de Deus, ele estava casado. Casado! O mero pensamento
colocou seus dentes no limite. Ele se repreendeu amargamente por sua falta
de autocontrole.
Não era que ele fosse avesso ao casamento. Não que ele estivesse
determinado a permanecer solteiro. Ele estava atento ao seu título e seus
deveres. Ele nunca desconsideraria suas responsabilidades. A família era
importante para ele. Afinal, ele foi criado em uma família calorosa e
amorosa. Ele queria um herdeiro algum dia, com uma mulher com quem
ele quissesse passar o resto de sua vida. Ele queria um filho, filhos!, tantos
quanto ele fosse abençoado. Crianças que conheceriam a mesma felicidade
aqui em Gleneden, que ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O que levantava a questão... como diabos ele iria explicar o seu
casamento repentino à sua família? Talvez fosse uma bênção que nenhum
deles fosse esperado em Gleneden, em breve. A mãe dele havia lhe escrito
que planejava passar o verão inteiro em Brighton.

Então, o que ele deveria dizer? Que foi amor à primeira vista?
Pensou ironicamente. Mais como luxúria à primeira vista.
Todas aquelas horas na carruagem com ela, hoje... Ela parecia tão
inocente quando fingiu dormir. Ela não o enganara nem um pouco. Ele
sabia que ela estava acordada. Então, quando ela finalmente adormeçeu,
ela parecia tão desconfortável, com a cabeça inclinada contra o lado da
carruagem. Ele finalmente a puxou para o banco, enquanto ele gostaria
muito de a puxar para ele.
Ele afastou sua mente do pensamento. Ela o tinha afetado mais do
que deveria. Muito mais do que ele queria. Ele tocou a sua bochecha, o
lugar onde ela lhe deu um tapa. Deu um tapa nele. Ele já fora agredido por
sua irmã Anne. Por Aidan. Quando eles eram todos crianças. Mas ele
nunca tinha sido esbofeteado antes!
Ele ainda estava surpreso que a adorável Lady Maura tivesse
ousado.
A boca dele se afinou.
Ou talvez ele não estivesse. Alec se considerava um bom juiz de
carateres; ele não era facilmente enganado. Ele não tinha sido influenciado
pela demonstração feminina de arrependimento choroso de Maura,
naquele dia no escritório do barão. Ele suspeitava que ela era uma mulher
de espírito, um espírito que se espalhou para o que só poderia ser chamado
de obstinação e força de vontade. Ele não se casou com uma jovem
covarde.
Ele lutou para conter uma fúria crescente. Ele não gostou que a sua
mão fosse forçada. E, refletiu, negativamente, tinha sido a maneira pela
qual esse casamento havia acontecido! Ele não conseguiu afastar a sensação

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


de ter sido manipulado. Tarde demais, ele viu através de sua manobra. A
bela dama queria se casar com um homem rico. Que maneira melhor do
que encontrar o caminho para a cama dele e ficar juntos até de manhã? Ela
calculou bem, uma mestre em seu papel como sedutora.
Ah, sim, ele fora tentado pela beleza sensual, irresistivelmente
tentado. Ele havia desempenhado o seu papel, nunca imaginando que
estava sendo manipulado.
E ele havia perdido. Bem, ele disse a si mesmo com escárnio, ele
tinha caído rápido e direto nas mãos dela. Não importava que ele estivesse
muito disposto a aceitar o que a pequena megera oferecia. Não importava
que a última coisa que ele esperava levar para casa em Gleneden fosse uma
noiva, uma noiva calculista! Os dois o venceram. Maura... e seu tio
Murdoch.
Fervendo, ele bebeu, fazendo um brinde aos dois.
Seu olhar foi para o teto. Ele demorou um pouco. Uma hora se
passou. Repreendeu-se amargamente por sua falta de autocontrole e depois
serviu outro copo de vinho. Ele estava no limite. Ele a queria. Mas ele não a
queria.

Talvez mais meia hora se passou. Ele deixou suas intenções


perfeitamente claras. Ele estava quase tentado a deixar Maura ansiosa, e em
espera, durante toda a noite.
Quase, mas não exatamente.
Não, ele decidiu.
Um pequeno sorriso sombrio curvou seus lábios. Afinal, a sua noiva
estava esperando por ele.
E que pena seria desapontá-la.
Ele bebeu o resto do seu vinho. Os saltos das botas ecoaram quando
ele subiu os degraus. No andar de cima, na ala mais nova, o corredor
estava coberto de carpete. Ela não o ouviu aproximar. Ela fora instalada na

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


suíte ducal, no quarto da duquesa, o quarto que a mãe dele nunca usara,
pois ela sempre dormiu com o pai. Sempre, até o dia em que ele morreu.
Ele levantou a mão, pronto para bater na porta dela.
Sua mandíbula se curvou de repente. Puta merda! Ele pensou. Que
necessidade havia de se anunciar em sua própria casa?
Ele girou a maçaneta e entrou. A porta se fechou atrás dele. Parecia
que sua noiva não o ouvira. Ela estava curvada sobre uma gaveta no
armário, a sua forma redonda de garotinha deliciosa e claramente visível.
Parecia que ela não o ouvira, ou então não se importava. Ah, mas ela se
importaria se soubesse os pensamentos que estavam correndo pela mente
dele.
O jogo desta noite lhe pertencia, ele decidiu com uma certa
satisfação. Ele gostaria de vê-la se contorcer. Ele gostaria de virar a mesa e
ensinar-lhe uma merecida lição. Ele tinha sido um tolo na Irlanda,
permitindo que ela o controlasse. Ela o enganara uma vez; ele não
permitiria que isso acontecesse duas vezes. Algo dentro dele apreciava a
ideia de fazê-la pensar que ele iria se deitar com ela esta noite.
Ele não o faria. Ainda não. Ele estava com raiva demais, cheio de
ressentimento. Ele a faria esperar. Desconcertá-la. Mantendo-a fora de
ordem um pouco. Fazê-la pensar que...
— Boa noite, Irlandesa.
Ela girou. A mão dela foi para a garganta. Ele a assustou, percebeu.
Mas sua recuperação foi rápida.
— Eu não ouvi você bater — disse ela friamente.
— Isso é porque eu não fiz.
Ele permitiu que seu olhar viajasse sobre ela lentamente. Sua
camisola era feita de algodão branco liso, seu único adorno era um pouco
de renda nas mangas e na bainha.
Seu traje simples pretendia convencê-lo de que não era uma
caçadora de fortunas? Ele não acreditou nem por um instante. Ele tinha

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


sido um tolo cego na Irlanda! Ela havia armado a armadilha e ele havia
mordido a isca. E agora ela tinha o que queria. Um título, seu nome,
dinheiro, segurança pelo resto de sua vida. Ela renunciou à virgindade por
uma vida tranquila. E não era como se ele pudesse expulsá-la, pensou com
um toque amargo.
Ele avançou mais para dentro da sala, enquanto Maura, ciente de
sua presença, pegava seu roupão. Ah, então agora a modesta donzela
reapareceu!
Ela puxou a faixa do roupão com força. Isso só serviu para acentuar
a pequenez de sua cintura, agarrando-se à forma de seus seios, dos quais
ele podia ver as pontas dos mamilos. Ele estava, involuntariamente,
divertido. O traje dela era de pouca importância. Não, seu traje simples não
importava, ela percebia a provocação que apresentava? Seda e renda não a
tornariam menos desejável. Ou talvez ela soubesse. Talvez tenha sido
apenas mais um movimento calculado da parte dela. Talvez ela
simplesmente não se importasse.
A expressão dela mostrava a sua irritação. Oh, a orgulhosa duquesa,
de fato!
— Está satisfeita com o seu quarto? — Seu tom era de polidez.
— Muito, obrigada. — Ela era friamente digna, a pequena
trapaceira! — Foi gentil da sua parte permitir que Aggie me ajudasse a
desfazer as malas. E ainda não tive a chance de explorar. Isso é um quarto
de vestir? — Ela apontou para a porta ao lado do armário.
— Não. — Era incrível como uma única palavra podia dar uma
satisfação tão imensa. — É o meu quarto de dormir. E o mais conveniente,
Irlandesa. Eu posso visitar a sua cama sempre que eu quiser. E você pode
visitar a minha sempre que quiser.
Deliberadamente, tirou o casaco e jogou-o na cadeira ao lado do
espelho.
Os olhos dela se estreitaram.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu me pergunto, então, Sua Graça, o que você está fazendo no
meu quarto. Nós dois estamos cientes de que o nosso casamento é
compelido...
— Mas é um casamento, no entanto. — Casualmente, Alec começou
a desabotoar a camisa. Ele pousou em cima de sua jaqueta. — E eu prometi
a você uma noite de felicidade conjugal. Eu apenas desejo me deitar na
cama da minha noiva e ser o seu vigoroso marido. Eu prometo, você não
ficará desapontada.
O desafio brilhou naqueles olhos verdes incrivelmente coloridos.
— Vangloriando-se, Escocês?
— Um fato, Irlandesa.
Ela o olhou com desdém. Mas a língua dela saiu para molhar os
lábios. Ela fazia isso quando estava nervosa, ele notou. Como ela deveria
estar. Apesar disso, ela não se esquivou. Não, ela não mostrava sinais de
ceder.
— Você já colheu o fruto, Sua Graça. Só pode ser arrancado uma
vez.

Um canto da boca se inclinou para cima. Ele achou sua escolha de


palavras divertida.
— Portanto — ela continuou — você não precisa de se sentir na
obrigação de me proporcionar uma noite de felicidade conjugal, como você
lhe chama. Eu te alívio da necessidade. Além disso, foi uma longa jornada,
não foi? Acho que estou bastante cansada.
— Uma pena, porque eu não estou. — Ele fez a declaração com
grande prazer.
Maura mantivera a postura, perto do armário, os ombros erguidos.
Alec olhou para ela considerando-a astutamente.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Você se aproveitou de mim naquela noite — ele a lembrou
suavemente. — Não tenho direito ao mesmo prazer? Não estou tendo
permissão para me aproveitar de você?
— Gostaria de lembrá-lo, Sua Graça, que você já o fez.
Alec sentou-se ao lado da cama e deu uma tapinha no espaço ao
lado dele.
— Mas lembro-me de tão pouco da nossa noite na cama juntos! Peço
muitas desculpas por isso. Nunca mais vou beber tão excessivamente.
Agora, duquesa, você vê por que eu acho a perspetiva de uma noite com
você tão... revigorante? Estou ansioso para compensar a minha falta de
apreço naquela noite. Eu te dei prazer? — Ele não permitiu chance de
resposta. — Dado o seu estado virginal, rezo para que sim. Se meu
desempenho foi desajeitado, estou decidido a compensá-la. A agradá-la.
Abraçar o meu papel de marido em toda a extensão, particularmente no
que concerne a relações conjugais. Dada a pressa de nosso casamento,
admito que nunca pensei muito nisso, mas acredito que marido e mulher
devem compartilhar o mesmo prazer no leito conjugal. Espero que você
concorde. Agora, sente-se ao lado do seu marido.
Os olhos deles colidiram. Os lábios de Maura se comprimiram. Um
silêncio tenso se prolongou.
O tom de Alec era muito suave.
— Venha, duquesa, ou eu vou buscá-la.
Algo brilhava naqueles lindos olhos verdes. Ainda assim, ela
permaneceu onde estava. Ou ela estava cheia de uma ousadia imprudente
ou era uma tola em acreditar que ele não seguiria adiante. Apesar de sua
decisão anterior em contrário, ele estava prestes a fazer exatamente o que
havia prometido, ir para a cama de sua esposa, quando ela caminhou
rigidamente ao redor da ponta da cama e sentou-se.
A um metro e meio de distância dele.
Ele permitiria isso, ele decidiu. Por enquanto, pelo menos.
Um silêncio tenso surgiu novamente.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alec estudou seu perfil numa especulação silenciosa, navegando em
seu próximo passo, ciente de uma tempestade de sentimentos se
construindo dentro dele. Durante todo o crescente silêncio, Maura manteve
aquele ar de serenidade distante.

Uma batalha de vontades? Ele se perguntou. Ou uma batalha de


inteligência?
Ele considerou. Ela era virgem, mas isso não a impediu de agir como
uma sedutora, e com toda a certeza, serviu para atiçar o seu
temperamento... assim como o seu desejo. De repente, ele estava
determinado a fazê-la quere-lo tanto que ela buscasse prová-lo. Almejá-lo
com um calor que fosse de encontro ao seu.
Porque uma coisa não tinha mudado. Apesar dos seus sentimentos
pela traição, ele queimava por ela tanto quanto na noite do baile de
máscaras. Odiava isso, ele sabia. Negar, ele não podia. Os cabelos delas
estavam soltos, uma cortina de grossas ondas negras em volta dos ombros.
Ela mexeu com ele. Agitou-o incrivelmente. Agitou-o como nenhuma outra
mulher jamais havia feito.
Ela também o rejeitou, como nenhuma outra mulher jamais o fez. O
que não tinha sido sensato. Não era sensato. Ela não percebia que isso
representava um desafio para qualquer homem? Uma afronta? Um apelo
puramente primitivo para provar o contrário? A sua juventude não era
desculpa. Ela não percebia o que fazia com um homem. Seu flerte... e a
reação dele a ela, na noite do baile, meramente o confirmaram.
O movimento de Alec foi rápido e decidido. Ele vislumbrou um
alarme fugaz enquanto passava um braço em volta da cintura dela e
segurava o queixo entre o polegar e o indicador.

— Você não pode me negar, Irlandesa. E eu não negarei, nem


restringirei o meu desejo, o nosso desejo mútuo. Ou você já esqueceu tão

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


rapidamente? Você entregou a sua virgindade para mim. Você não se
lembra?
— Eu... uma lembrança vaga, talvez. É como eu disse ao meu tio. Eu
bebi muito vinho. Nós... nós dois o fizemos!
— E antes disso, você não deu nenhum sinal de que me achou
desagradável. Pelo contrário. Você flertou escandalosamente comigo. Você
estava ainda mais ansiosa no jardim. Ou você vai alegar ignorância sobre
isso também?
Seu lábio inferior estendeu-se. Um beicinho delicioso que o fez
querer cobrir os lábios dela com os dele e puxá-lo na boca. Desejo cru
deslizou sobre ele, subindo pesado e espesso entre as suas coxas, inchando
seu eixo até que ele estava duro como granito, desconfortavelmente duro
como granito. Se ela colocasse a mão naquele trecho da perna dele, sentiria.
Ele tinha vontade de fazer exatamente isso, simplesmente para respigar a
reação dela.
— Você me leva a concluir que você é amorosa apenas quando bebe.
Talvez eu deva te embriagar de novo uma noite, fazemos um excelente
uísque aqui em Gleneden, e ressuscitaremos a sedutora que conheci
naquela noite.
Os olhos dela se arregalaram, mas a língua estava tão azeda como
sempre.
— Não gosto de uísque. E, neste momento, não gosto de você,
Escocês.

— Você é jovem, Irlandesa, mas tem idade suficiente para saber


exatamente o que estava fazendo, seduzir um homem, atraindo-o. E, a
propósito, você foi excelente nisso.
Enquanto ele falava, ele habilmente desatou o nó de seu roupão e o
empurrou de seu ombro, descobrindo pele branca e sedosa. Ele ouviu a sua
respiração repentina.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O que aconteceu com a mulher que eu conheci no baile de
máscaras? — Ele arrastou as pontas dos dedos para frente e para trás,
traçando o decote da camisola dela. — Para onde ela foi? Você interpretou
a pirata ousada, Irlandesa. Agora interprete a esposa amorosa.
— Como posso interpretar a esposa amorosa quando não sou a
esposa amorosa? Nem você é um marido amoroso.
Havia um lampejo de algo nos olhos dela, algo que o fez querer
desafiá-la. Domesticá-la, ao mesmo tempo que a provava e a saboreava,
toda ela. Ele estava certo sobre ela. Ela possuía uma vontade de ferro.
Mas assim como ele. E ele não ia ser dissuadido. Ele não seria
dispensado como um jovem garoto inexperiente!
— Eu acho que você precisa de um lembrete — disse ele de repente.
— Talvez isso refresque a sua memória do nosso primeiro encontro e
reavive o seu desejo. Talvez isso refresque a minha memória de nossa
união.

Ela começou a balançar a cabeça.


— Você parece determinada a esquecer. E tenho experiência
suficiente para saber quando uma mulher retribuiu os meus avanços. O
que você fez e com muito fervor. Devo reconquistar você?
— Sua Graça...
— Eu paguei um preço elevado por você, Irlandesa. Não estou
autorizado a apreciá-la? Não tenho permissão nem para um beijo?
— Não é um beijo que você quer — ela exclamou.
E não era. Os olhos dela estavam enormes. A pequena trapaceira!
Porquê essa relutância repentina? Ela o atraíra. Com palavras, com os
olhos, com o corpo. E sim, ele foi voluntariamente. Por sua própria culpa,
ele pagou o preço, um preço bem elevado por isso, o preço de um ducado.
Mas ela brincou com ele uma vez, e ele aprendeu com sua experiência.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu digo-o claramente — afirmou sem rodeios. — Não é de
admirar? Gostaria de experimentar novamente o que continua a escapar da
minha memória! Peço desculpas pelo meu estado de embriaguez naquela
noite. É muito estranho, no entanto, dado que muito vinho ou qualquer
outra bebida espirituosa, geralmente, tornam um homem... incapaz.
E por Deus, ele ia fazer com que ela o desejasse, desejá-lo do jeito
que ele a desejou na noite do baile de máscaras. Oh, ela agora fingia que
não sentia nada, mas ele sabia melhor. Ele lembrou da macieza de seus
lábios, sua tentadora ansiedade. Isso tinha ficado marcado no seu cérebro.
E agora, bem, talvez ele devesse dar à moça um gostinho do seu próprio
remédio. Ele a faria ofegar e se contorcer e gritar seu desejo por ele. Ele a
levaria ao ponto de êxtase e depois negaria sua conclusão.
Pegando a mão dela, ele a levantou. Ela desviou o olhar, e voltou.
Primeiro a coquete. Agora a donzela.
Ele não era um homem de temperamento explosivo. Mas a moça
consegui atiça-lo e, uma vez desperto, não era facilmente atenuado.
Ela realmente acreditava que ele era tão tolo? Ele já havia sido
vítima do seu ardil. Ele não faria isso tão facilmente de novo. E se ela
estava convencida de que ele era um fantoche cujas cordas ela podia puxar
por capricho, estava enganada.
Alec a pegou contra ele. Ela levantou a cabeça no mesmo instante
em que sua boca desceu sobre a dela. Os dedos dele deslizaram sob os
cabelos dela, moldando sua nuca, assim como ele moldou seus lábios nos
dele. Ele a deixaria sem qualquer dúvida de que não seria um peão. A
língua dele correu ao longo da costura dos lábios dela. Ela os manteve bem
fechados. Então ela ia desprezá-lo, sim desprezá-lo, agora que era sua
esposa e tinha o que queria?

Algo dentro dele endureceu. Não, ele decidiu. Não.


Com um som baixo na garganta, ele a aproximou ainda mais. Ela
estava apertada contra ele, seus seios contra o peito dele, coxas elegantes e

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


macias contra a dureza dele. Ela respirou fundo e Alec atacou. A língua
dele separou lhe os lábios, roubando os dela enquanto ela tentava
empurra-lo de volta; ele a pegou na boca e chupou-a com força. Em algum
canto distante de sua mente, ele registrou o som fraco que ela emitia. Mas
ele não estava com disposição para mais truques. Por que ela persistia em
brincar de inocente?
O braço dele a apertou. A pressão de sua boca era feroz. Ele a beijou
com crua possessividade, como se quisesse imprimi-la, com a boca e a
vontade.
Ele sentiu o jeito que ela se torceu contra ele, tentando se libertar.
Ela não queria o beijo dele, o toque dele.
Finalmente ele a soltou. Ele levantou a cabeça, mas não havia
terminado. Ele ia ver o que era dele. Alguns movimentos rápidos e seu
roupão e camisola estavam no chão.
Ela ficou diante dele, nua.
Quando ela procurou proteger os seus seios, ele a pegou pelos
pulsos, como eram finos e frágeis, e os segurou ao seu lado.

Uma parte distante dele registrou que ela virou o rosto. A sua
bravata estava desmoronando. Sem dúvida, ela o considerava um bruto e
sem coração.
Sua pele era branca como alabastro. Ela era esbelta como uma cana,
as pernas longas e bem torneadas. No entanto, mesmo sentindo-se usado,
ele experimentou uma pontada aguda de luxúria. Ele imaginou aquelas
longas pernas enroladas nos seus quadris, seu pau duro enterrado
profundamente.
Sua consideração foi longa e completamente sem pressa.
Vagamente, ele registrou a sua aflição, pois, enquanto lutava contra a sua
consciência, sua mente estava em outro lugar.
Ela era maravilhosa. Cristo, não fazia sentido. Como ele pôde fazer
amor com uma mulher assim e não se lembrar? Como? Cristo, ele deve ter

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


sentido os efeitos da bebida muito mais do que ele pensava. Certamente ele
teria se lembrado de uma beleza como esta.
Dúvida brotou no seu peito. Sua mente ficou turva enquanto ele
lutava para ressuscitar aquela noite. Talvez no escuro... roupas deixadas de
lado...
Sua mandíbula apertou com força. Sua respiração estava difícil.
Rápida. Ele travou uma batalha abrasadora com um desejo ardente que
ameaçava superar a razão. Soltando os seus pulsos, ele a encarou,
deliberadamente apertando a mão em torno de um seio. Ela se encolheu.
A mão dele caiu. Então, ela o considerava um bruto e sem coração.
Tanta coisa para trazê-la ao êxtase, ele pensou torcendo os lábios.
Abruptamente, ele pegou seu casaco e camisa.
— Eu estou indo para o meu quarto, Irlandesa. Venha ter comigo se
se sentir sozinha.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Nove

É um casamento, no entanto... Eu apenas desejo me deitar na cama da


minha noiva e ser o seu vigoroso marido... Eu prometo, você não ficará
desapontada.
Como o toque dos sinos, Maura ouviu a voz dele, tocando em sua
mente.
Custou-lhe muito a admitir que o encontro deixara seus nervos em
frangalhos. Abalada, com o coração ainda batendo violentamente, ela
vestiu a camisola e praticamente pulou na cama.
Ela não estava enganada. Alec McBride era uma presença
formidável. Ele exalava poder. Autoconfiança. Ele não era um homem que
se pudesse subestimar, ela admitiu silenciosamente. Não é um homem que
se deve subestimar.

Ela estava com muito medo de ter cometido um grave erro de


cálculo.
Alec a deixou sem dúvidas, quanto aos sentimentos dele sobre esse
casamento. Ele se ressentiu disso. Ele acreditava que ela se casara com ele
por sua riqueza.
O que estava tudo muito bem, ela pensou trêmula. Mas, e se ele
descobrisse que Murdoch havia pago ao diácono? E se ele descobrisse que
o diácono O'Reilly não era um diácono? Tinha, uma vez, sido um clérigo.
Mas isso foi antes de ele ser pego roubando os fundos da igreja e despojado
de todos os privilégios.
E se Alec descobrisse que o casamento era uma farsa?
O pensamento enviou rastro de pânico através dela. Quando Alec
saiu hoje à noite, ela nunca tinha visto olhos tão frios e gelados. Ela apenas

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


tentou entrar na casa do Escocês Negro. Ela não tinha contado com o
próprio homem.
Ele era astuto. Ela não esperava que ele entrasse no seu quarto da
forma que ele o fez. Isso, ela reconheceu com um leve toque de pânico, foi
um erro de sua parte. Ela se advertiu para não baixar a guarda. Mas ela
certamente não esperava que ele a despisse, o desgraçado!
Não era sensato provocá-lo, ela se repreendeu profundamente. Ela
deveria aprender a refrear a língua. Mas ele próprio provocou a reação
dela, instigando-a com os pequenos discursos. O homem era grosseiro e
arrogante! Como ele tinha ousado invadir o quarto dela sem aviso prévio!
Você é a intrusa aqui, sugeriu uma pequena voz em sua mente.
Ela olhou para o teto. Ela ainda podia ouvir a voz dele.
Prometi-lhe uma noite de felicidade conjugal.
Ela teve sorte esta noite. Se ele realmente pretendia seguir em frente,
ela não tinha certeza. Ela pensava que não. Havia muita raiva em seu beijo.
Muito orgulho zangado, ela reconheceu, trêmula.
Suas emoções eram loucamente erráticas. Ela estava ao mesmo
tempo excitada e com medo. Pelo menos ela estava aqui. Na Escócia.
Murdoch a avisou, no entanto. Se você cavar uma cova para os outros, poderá
cair nela por conta própria.
Alec McBride pode muito bem provar ser a sua queda. Um
movimento falso e tudo estaria perdido.
Maura não se enganou quanto ao seu comportamento. Sua
mensagem esta noite tinha sido clara. Esta era sua casa e ele faria o que
quisesse. Ela era dele, e ele faria o que quisesse.
Era o jeito dele de dizer que ele não seria manipulado.
Mas ela não podia ceder, pensou. Ela deveria tentar ficar fora da
cama dele. Ela tinha que acreditar que iria conseguir. Tão bravo quanto ele
tinha sido forçado a se casar com ela, ele ainda era um cavalheiro. Um
bastante selvagem e perverso, e havia o atrito.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele acreditava que o casamento deles havia sido consumado, ou ele
nunca teria consentido em se casar com ela. E agora ela estava encarregada
de mantê-lo convencido de que estavam realmente casados, sem levantar
suspeitas de que não estavam.
Esse orgulho irado poderia, muito bem, ser uma vantagem. Uma
maneira de mantê-lo longe da cama dela. Mas por quanto tempo isso
continuaria? De alguma forma, ela deveria encontrar um equilíbrio para
poder procurar o Círculo sem que ele soubesse. Ela deveria encantá-lo
apenas o suficiente para que ele não suspeitasse, mas o tempo todo o
mantendo-o afastado. Se ele descobrisse a virtude dela intacta, descobriria
a verdade.
Ele descobriria o seu ardil.
Uma risada histérica borbulhou dentro dela.
Quão impossível parecia!
Não ajudava saber que tudo isso tinha ocorrido como resultado de
suas maquinações. Ela se achou tão inteligente quando tudo saiu sem
problemas na Irlanda.
Mas agora eles estavam na Escócia, e ela não tinha mais a certeza de
nada. E uma coisa estava se tornando terrivelmente clara.
Alec McBride não era bobo.

Já era tarde quando Maura finalmente entrou na terra dos sonhos.


Mas eles não eram sonhos agradáveis. Pelo contrário.
Ela estava correndo pela floresta, correndo entre as árvores.
Sombras pairavam por toda parte. Alguém estava atrás dela, chamando. A
perseguindo. Seu perseguidor se aproximou. O Escocês Negro, ela
percebeu. A imagem dele apareceu em sua mente. Ele usava o seu traje de
pirata, um chapéu de penas sobre cabelos pretos como a noite. Sob um
bigode escuro e pesado, seus lábios se afastaram. Risadas arrepiantes se
espalharam, pois ele estava quase chegando nela agora. Na mão, apenas na

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mão direita, ele usava uma luva de couro preto. Ele a agarrou, aquela mão
com uma luva preta, mas ela o iludiu.
Então, de repente, ela viu o Círculo de Luz. Era pequeno. Não maior
que a extensão de seus dedos abertos. Pairava, flutuando e brilhando,
girando lentamente, a mais bela miríade de cores refletidas na prata batida.
E, de alguma forma, ela sabia que só precisava tocá-lo para alcançar a
segurança.
Quase lá. Quase lá. Com um grito, ela esticou as pontas dos dedos,
no momento em que a mão enluvada do Escocês Negro segurava a sua
saia. Então, ela estava caindo. Caindo de uma altura muito grande.

Nos braços de um escocês selvagem e perverso, com olhos como


lascas de azul gelado...
— Acorde, Irlandesa. Acorde.
Ela acordou com um suspiro estrangulado. Alec se sentou na cama,
ao lado dela, sacudindo suavemente o seu ombro.
O pensamento mais estranho surgiu em sua mente. Alec na sua
cama não era perigoso.
Alec na sua cama era, na realidade, muito perigoso.
Ele parou quando percebeu que ela estava acordada.
— Meu Deus, Irlandesa, você assustou metade dos criados com os
seus gritos.
Maura estava ainda meio atordoada.
— Eu... eu estava sonhando.
— Sim, eu percebi isso. — Seu olhar residia em seus lábios. Ela
sentiu o rosto esquentar, lembrando-se do jeito que ele a beijou na noite
passada.
O jeito que ele a fez querer ficar nua diante dele.

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E agora ele a olhava novamente, desta vez com a cabeça inclinada
para o lado.
— Com o que você estava sonhando?
Ela, certamente, não tinha vontade de contar a ele.
Com um dedo sob sua mandíbula, ele trouxe o seu olhar para ele.
— Com o que você estava sonhando?
— Um pirata — ela admitiu de má vontade. — Um pirata estava me
perseguindo.
— Um pirata, era? Porque, eu me pergunto porque seria. — Um
brilho bastante perverso brilhou em seus olhos. — O seu pirata era bonito?

Alguma coisa, talvez uma boa noite de sono?, aliviou seu mau
humor da noite anterior.
A falta de uma boa noite de sono, azedou o dela.
— Não — ela disse com uma doçura ácida. — Ele era o pirata mais
miserável e feio que você poderia imaginar.
Um canto da boca de Alec se inclinou para cima, um sorriso
malicioso, sem dúvida.
— E você foi resgatada desse pirata miserável, Irlandesa?
Maura franziu a testa. Era desconcertante que ele estivesse
completamente vestido, enquanto ela estava debaixo do cobertor, vestindo
apenas uma camisola.
— Eu acho que não. Caí nos braços de mais de um pirata. E acredito
que ele pretendia me atormentar, em vez de me resgatar.
— Oh, certamente não. Deixe-me arriscar outro palpite. Este outro
pirata em seus sonhos. Aposto que ele era realmente muito bonito.
Ela comprimiu os lábios.

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— Sim — ele disse — vejo que estou certo. Eu sabia que seria, é
claro.
Que audácia! Ela o encarou com um olhar.
— E por que você assumiria isso?
— Simplesmente porque estou bastante familiarizado com o
funcionamento da mente feminina.
— Você está, Escocês? — Escorregou antes que ela pudesse deter-se.
— Então você está familiarizado com o sexo mais justo? Você sabe, é rude
se gabar de suas conquistas para sua esposa de apenas um dia. — Sem
dúvida ele se gabaria de suas proezas novamente!
Uma sobrancelha negra subiu uma fração.
— Eu estava falando da minha irmã Anne. Quando ela era criança,
ela e minha prima Caro podiam ser bastante melodramáticas.
— Bem, eu não sou criança nem melodramática.
Enquanto falava, ela se mexeu um pouco para poder encará-lo. Mas
o movimento, sem querer, arrastou a gola redonda da camisola, para baixo.
Alec não disse nada. Os olhos dele pousaram no ombro nu dela.
Maura arrastou o lençol de volta para cobri-lo.
Os olhos deles se encontraram.
— Devo ficar e ajudá-la com o seu banho?
Seu olhar de choque deve ter-lhe agradado. Seu meio sorriso
diabólico aumentou.
— Não? Outro dia, talvez. — Ele fez uma pausa. — Sabe, Irlandesa,
se seus sonhos são sempre tão barulhentos, você não me dá outra opção a
não ser movê-la para outro lugar.
Pelo menos então ele não estaria na sala ao lado. Foi a vez dela de
sorrir.
— Onde você puder encontrar espaço, Sua Graça.

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— Pensando bem, Sua Graça — ele cuidadosamente se voltou —
talvez você devesse simplesmente compartilhar a minha. Então eu estaria
lá para cala-la quando precisar de ser calada.
O sorriso de Maura congelou.

— Ou para confortá-la, Irlandesa, qualquer que seja o caso.


Ela olhou para ele com um olhar projetado para empolar.
— De fato, talvez seja, simplesmente porque você teve que passar a
noite sozinha em um lugar estranho que teve um sonho tão horrível. Isso é
facilmente remediado, você não acha?
De repente, ela não estava se sentindo tão convencida. Oh, o
desgraçado! Certamente ele não quis dizer isso. Oh, certamente não!
— Você sempre é uma dorminhoca, Irlandesa?
Maura desviou os olhos do rosto dele para o relógio de cabeceira.
Ela ficou chocada ao descobrir que eram quase dez horas da manhã.
— Quanto tempo até você estar vestida?
— Não muito — disse ela rapidamente. Ela certamente não queria
abordar o assunto dos banhos e tomar banho novamente.
— Excelente.
Ele se levantou, foi em direção à porta e depois voltou-se.
Maura congelou. Ela tinha começado a sair da cama e agora estava
com muito medo de que quase todo o comprimento de uma perna fosse
visível.
Ela soube ao certo quando o olhar dele permaneceu em sua coxa,
depois viajou vagarosamente até seu rosto.
— Eu pensei que poderíamos dar uma volta. Ah, e use algo útil para
o exterior. O sol está fora agora, mas nosso clima pode ser um pouco
imprevisível às vezes.
Maura piscou.

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— Sua Graça?
— Você não é do tipo que se incomoda com um pouco de umidade,
pois não, Irlandesa?
— Certamente que não.
— Você tem um par de botas robustas?
— Sim. — Ela escondeu a sua consternação. Ela planejara começar
sua busca pelo Círculo neste mesmo dia. — Mas não há necessidade de
você se preocupar comigo. Sem dúvida, você deve ter muitas outras
obrigações, especialmente se você acabou de voltar para casa. Então, eu
estou feliz em explorar por mim...
— Oh, eu não sonharia em permitir que você vá a qualquer lugar
sozinha ainda — disse ele suavemente. — Está um dia adorável, adorável
demais para ficar em casa. — Ele puxou o relógio de bolso. — Se eu enviar
o café da manhã, você pode estar pronta em uma hora?
— Oh, muito antes disso! O mais tardar um quarto de hora.
— Uma mulher que não passa metade da manhã em seu banheiro!
Parece que devemos dar muito bem juntos, então.
Maura olhou para ele bruscamente. Ele zombou dela? Ela não sabia
dizer. Mas seu humor definitivamente melhorou.

Cinco minutos antes da hora, ela desceu correndo as escadas


principais. Alec estava parado ao fundo, olhando para ela, mãos atrás das
costas. Ambas as sobrancelhas estavam erguidas quando ele olhou de
relance para o relógio do avô no hall de entrada.
— A casa é imensa. Peguei a escada errada e me perdi, ela disse sem
fôlego. — Receio não estar prestando atenção quando a Sra. Yates me
mostrou as escadas ontem à noite. — Era uma enorme mentira. Ela enfiou o
nariz em alguns dos quartos, para poder ter uma ideia de por onde
começar sua busca pelo Círculo.

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— Não podemos ter minha noiva vagando sem parar, agora,
podemos? Você pode morrer de fome e as autoridades me culparão.
Lá estava novamente. Ela detetou zombaria, ou não? O tom de Alec
era leve, e agora ela não podia dizer, pois ele colocou o braço dela em seu
cotovelo e a estava levando para longe.
— Vou familiarizá-la com a casa e os terrenos quando voltarmos —
ele estava dizendo. — Como eu disse, parece estar um excelente dia para
um passeio, mas nunca se sabe quando pode aparecer uma chuva
ocasional.
Do lado de fora da entrada principal, um garoto esperava com uma
pequena charrete. Alec subiu no assento e ofereceu uma mão para puxá-la
para cima. Ele estava certo, parecia. O sol havia desaparecido sob um
banco de nuvens.
Depois que ela se sentou no assento, ele estalou as rédeas. Maura se
virou e olhou de novo para cima do ombro. Era incrível o quão diferente a
casa dele parecia à luz do dia, recuada dentro de uma névoa de verde,
cercada por árvores, com rajadas de cores por toda parte. Fúcsia vermelho
escuro, jacintos corados de rosa. Havia dezenas de janelas salientes na casa.
Ela estava chocada demais para notar a noite passada, mas a do seu quarto
era particularmente convidativa, pontilhada de almofadas. Agora, ela
podia imaginar-se sentada ali, confortável e quente dentro de casa,
assistindo enquanto o vento e a chuva açoitavam as árvores.
O cavalo trotou ao longo do caminho. Nos dois lados, ovelhas
pontilhavam os pastos. Atrás de uma cerca de pedra, um, border collie,
correu rapidamente junto com a charrete. Uma pontada a atravessou. Sem
dúvida, o Castelo McDonough já havia se parecido com isso, árvores, tons
variados de verde, massas e massas de flores. Mas agora havia muito
pouco verde, as flores raramente desbrochavam, por mais que chovesse.
Aqui, a natureza florescia.
Nas terras de McDonough, nada florescia como deveria.
Logo, o caminho bifurcava para a direita. Atrás das árvores
dispersas, a água brilhava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alec tinha notado a direção de seu olhar.
— Esse é o lago mais próximo de Gleneden Hall — disse ele. — É
bastante agradável no verão.
— Eu posso imaginar. — O lago parecia longo e estreito, ela notou.
Apesar das nuvens que tinham começado a se acumular, ela imaginou
como poderia parecer ao sol, um brilho de safira ondulante. Além, colinas
verdes onduladas.
— Podemos parar aqui no caminho de volta de onde estamos indo?
— Ela perguntou.
— Possivelmente. Se tivéssemos começado mais cedo, teríamos tido
bastante tempo. — Ele a olhou com um olhar pelo canto do olho.
Seu significado era claro.
— O quê! — Maura voltou acidamente. — Você vai me arrastar da
cama todos os dias ao raiar do dia?
Um sorriso preguiçoso e repentino curvou seus lábios.
— Minha querida Maura, prefiro arrastá-la para a cama.
Ela sentiu o rosto queimar escarlate. Sua respiração parou na
garganta quando uma imagem chocante encheu a sua mente, a de Alec
esparramado nu na cama, puxando-a para baixo entre as suas coxas. Cada
centímetro de sua pele nua tocava a dele. Os seios no peito dele, as pernas
moldando todo o comprimento dele, um joelho aninhado contra o dele.
Ela tentou e não conseguiu reprimir o pensamento. Não importava
que eles já tivessem estado juntos nus, embora não de uma maneira tão
flagrantemente erótica como a que encheu a sua mente, louvado céu! Ainda
mais chocante, aos olhos de sua mente, era a sua expressão, quente e
sedutora quando ela voluntariamente ofereceu os seus lábios...

Não importava que isso fosse exatamente o que deveria evitar a


todo custo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Há também um caminho através da floresta, para a casa até o
lago — disse Alec. — Eu vou lhe mostrar, outra hora.
Maura mal o ouviu. A coxa dele deslizava contra a dela a cada
pequeno empurrão. Era perturbador. Ela não podia evitar. Ela estava
impotentemente consciente disso. Dele. Tudo acerca dele.
Ele se vestira como um cavalheiro que trabalha. Botas escuras
envolviam as suas panturrilhas. Suas calças estavam apertadas, não
deixando dúvidas quanto à forma dos músculos por baixo. A brisa
moldava a sua camisa contra o peito, lembrando-a da noite no Lorde
Preston. Estava aberta no colarinho, revelando um emaranhado de cabelos
escuros. Cada centímetro dele era longo, duro e tenso. Ah, mas ela já sabia
disso desde a noite passada no quarto dele quando teve que o despir. Ah,
sim, agora havia uma visão que permaneceria para sempre em sua mente!
Membros longos, cobertos de cabelos pretos encaracolados, mais grossos e
escuros na grande riqueza de seu peito... e mais a baixo também, onde
cresciam densos e densos ao redor...
Fechando os olhos com força, ela baniu a imagem. Mas ainda assim,
a noite do baile de máscaras permaneceu, com uma nitidez cristalina.
Na charrete, o vento chicoteou os seus cabelos; ele não usava
chapéu. Ela quase podia sentir aquelas mechas negras contra os lábios uma
vez mais. Ele também não usava luvas. Ele segurava as rédeas com força,
seus dedos apertando quando necessário, sendo gentil quando necessário
para dirigir o cavalo.
Sentiu uma vibração estranha no seu coração. O olhar dela estava
fixo nas mãos dele. Ela sentiu o rosto esquentar. Seus dedos eram magros e
fortes. Aquelas mãos a tocaram, descobriram seus seios, chocantemente
íntimos. Lembrando-se da maneira como ele a fez tocá-lo, curvando os
dedos...
Ela deve ter feito algum som. Ele olhou para ela.
— O que se passa, Irlandesa?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu... — Ela tentou desconsiderar a sua consciência e conseguiu
desviar o olhar das mãos dele. A leste ficava a floresta. Para o oeste…
— Sinto o cheiro do mar.
— De fato. — Eles fizeram uma curva e uma grande extensão de
água apareceu. — Vamos para a praia?
Maura assentiu.
Ele conduziu a charrete para fora da estrada, pulou e segurou o
cavalo e a carruagem. A essa altura, ela já havia descido sozinha. Puxando
a saia, ela tinha descartado as anáguas quando ele a aconselhou a usar algo
adequado para o ar livre, ela o seguiu por uma franja de ervas altas. Ela
parou na beira, olhando para baixo. A praia ficava talvez uns trinta metros
abaixo.
— Você não tem medo de alturas, Irlandesa?
A cabeça de Maura se levantou. Um desafio?
— Certamente não! Eu cresci perto do mar. Bem acima do mar, devo
acrescentar.
— De alguma forma, eu não pensei que você tivesse medo. — Um
meio sorriso curvou seus lábios. Os olhos deles se encontraram. — Minha
corajosa e destemida esposa irlandesa. Vamos embora então.
Maura teria liderado o caminho, mas Alec a deteve com um aceno
de cabeça.
— Deixe-me ir primeiro. O caminho é íngreme e rochoso, e amplo o
suficiente para apenas um. Seu sorriso se tornou diabólico. — Dessa forma,
eu estarei lá para pegá-la, se necessário, como o pirata em seu sonho esta
manhã.
Ah, mas ele era um trapaceiro! Ela considerou um desafio que ela
não perderia. O caminho serpenteava pela encosta, mas firme como uma
cabra, ela o seguiu. Ela estava se sentindo triunfante quando as pedras
começaram a ceder sob seus pés.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alec se virou naquele momento e, pegando as mãos, puxou-a na
posição vertical, salvando-a de cair no bumbum.
Mas ele não soltou. Em vez disso, um braço longo deslizou em volta
da cintura. Com ele um pé abaixo dela, de encontro a ele assim, eles
estavam, literalmente, cara a cara. O olhar dele vagou lentamente sobre as
feições dela, permanecendo, por séculos, em seus lábios.
O coração de Maura deu um pulo. Sua respiração ficou mais aguda.
Ela teve a mais estranha sensação de que ele queria beijá-la. Ah, mas então
um brilho repentino surgiu naqueles lindos olhos azuis, um brilho
perverso, é claro. Ela teve a sensação de que ele sabia exatamente o efeito
que tinha sobre ela. Oh, que chatice! O que diabos havia de errado com ela?
Ela estava sendo totalmente ridícula. Ele deixou seus sentimentos em
relação a ela perfeitamente claros. Ele não escolheu uma esposa. Ele não a
escolheu.
Alec ajudou-a a dar o ultimo passo na areia.
— Aqui. Chegamos, sãos e salvos.
Maura recuou apressadamente. A praia aqui era larga, contornando
o promontório a sul. Ela apontou para aquele lado.
— O que há além? Outra praia?
Ele assentiu.
— Grande parte da costa aqui, é uma série de promontórios e
enseadas.
— Podemos caminhar até lá?
— Se você quiser.
Ela pegou a saia entre as mãos e caminhou ao lado dele. O vento,
quando eles chegaram ao promontório, era feroz, chicoteando seus cabelos
no rosto, mesmo sob a touca. Ela tentou penteá-los de volta, mas
finalmente parou de lutar contra isso. Mas os ventos se acalmaram quando
se aproximaram da enseada.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Apesar do céu cinzento, era incrivelmente bonito. A praia ao redor
da enseada era apenas um fio estreito, pontilhado de pedras e árvores aqui
e ali. Ondas suaves lambiam a costa.
Com as mãos nos quadris, Alec olhou em volta.
— Senhor, eu não venho aqui há muito tempo. — Um leve sorriso
contornou os seus lábios. — Aidan e eu costumávamos vir aqui e correr
juntos, até hoje a minha mãe não sabe disso. E enquanto estávamos aqui,
fingíamos que éramos piratas. — Ele apontou para um afloramento de
rochas. — Até existe uma caverna atrás daquelas pedras.
— E suponho que você fosse o feroz capitão pirata.
Ele sorriu de repente, um sorriso que a fez prender a respiração.
— Claro. Eu sou o mais velho.
Maura acalmou o clamor de seu coração.
— Em quantos anos?
— Dois.
— Bem, então — ela concluiu secamente — eu suspeito que não era
tanto porque você era o mais velho, mas simplesmente, porque seu irmão
era menor que você.
— Bem, havia isso.
Afofando as saias, ela se sentou nma pedra com o formato quase
como uma cadeira.
— Foi por isso que você foi ao baile de máscaras vestido de pirata?
— Ela perguntou ousadamente.
— Talvez. — Descaradamente, seu olhar deslizou para baixo e se
estabeleceu em seus seios. — Certamente eu nunca esperava encontrar um
outro.
Maura ignorou a piada e cruzou os braços sobre os seios. — Parece o
lugar perfeito para o navio de um pirata navegar. Talvez um dos seus
antepassados fosse um pirata? — Ela prendeu a respiração.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Aí está uma história que eu nunca ouvi antes. Embora,
supostamente, haja um tesouro enterrado em algum lugar perto de
Gleneden. Ah, e não me deixe esquecer! Também existem rumores de uma
maldição familiar, embora eu não tenha precisamente idéia do que essa
maldição seria.
Ela olhou fixamente para ele.
— Por que você não está receoso?
— Sobre o quê?
— Uma maldição nunca deve ser tomada de ânimo leve, Escocês.
Ele não escondeu sua diversão.
— Fale a sério.
Os lábios de Maura se comprimiram.
— Meu Deus, você está falando a sério.
Ela pensou no Círculo.
— Há coisas neste mundo que não podem ser explicadas, Senhor.
— Como duendes, fadas e banshees1?

Um calafrio percorreu-a. Pela janela da sua mente, ela se lembrou do


momento em que o seu pai passou para a vida após a morte. Não era o
grito de uma banshee, mas o uivo assustador de um lobo.
— Em seguida, você estará me dizendo que acredita em fantasmas!
— Ele olhou para ela e depois riu. — Meu Deus, não acredito! Somente os
irlandeses acreditariam nessas coisas!
Os olhos dela brilharam.
— Não se divirta às minhas custas, Escocês. E não me insulte ou aos
meus compatriotas.

1 N.T. fadas da morte da mitologia céltica.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele levantou as duas mãos, um gesto de derrota. Ha! Ela suspeitava
que Alec McBride fosse um homem que nunca admitiria a derrota.
— Não pretendia insultar, Maura. Mas eu te contei acerca da minha
família. Agora me fale sobre a sua. Você disse que cresceu perto do mar.
— Sim.
Uma sobrancelha escura se levantou uma fração.
— Toda a Irlanda está cercada pelo mar, Irlandesa. Onde você
cresceu na Irlanda?
— Inishowen.
— E os seus estudos?
Maura hesitou. Cautela a alertou de que ela deveria ser criteriosa
com o que revelasse. Ela não queria que ele olhasse mais de perto e
investigasse seu passado. Ela sabia que ele já a considerava uma caçadora
de fortunas.
— Meu pai era o meu tutor.

— E você frequentou uma escola para jovens senhoras?


Ela balançou a cabeça.
As duas sobrancelhas dele se ergueram.
— Filha de um conde? E não terminou os estudos?
O queixo dela se ergeu.
— Um título nem sempre pressupõe riquezas como a sua, Sua Graça
— disse ela calmamente.
Eles se olharam.
— Não quis ofender — ele disse suavemente.
— Não ofendeu. — No entanto, seu tom permaneceu rígido de
orgulho.
— Quaisquer irmãos? Irmãs?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não. Minha mãe morreu quando eu era muito jovem. Meu pai,
mais recentemente. — Uma dor se instalou em seu coração. Não houve
tempo para lamentar. Lamentar a perda de seu pai. Por algum milagre, sua
voz permaneceu firme. — Então você vê, sou apenas eu. —
Apressadamente, ela alterou a declaração. — E o tio Murdoch, é claro. Ele
era o único irmão da minha mãe.
— Seu tio é casado?
Seu interesse era afiado. Demasiado interesse para ser só
curiosidade? Ela imaginou.
— Não — ela mentiu. — Quando meu pai morreu, fui morar com o
tio Murdoch.
Ela se levantou e ficou de pé, olhando para o mar. Alec levantou-se e
ficou ao lado dela. De repente, seu interior deu um nó. Ela engoliu uma
onda de consciência. Sua proximidade era perturbadora. Perturbadora.
Nem uma polegada os separava. Ela estava profundamente ciente de sua
altura, seu tamanho. Ela rezou sinceramente para que ele se afastasse.
Ele não o fez. Em vez disso, ela sentiu o olhar dele em seu perfil,
mas não o reconheceu.
— Essa concentração ávida — disse ele. — Posso perguntar o que
você está pensando, Sua Graça?
Ela estav pensando que ele não deveria chamá-la de “Sua Graça”,
por exemplo.
— Você pode perguntar, mas isso não significa que eu deva
responder.
— Oh, então, somos marido e mulher. Não posso tomar
conhecimento de seus pensamentos? Não devo ter conhecimento de seus
pensamentos?
— Só se eu estiver a par dos seus — disse ela levemente.
— Touché — ele disse secamente.
Maura olhou para ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Muito bem então. Há um promontório perto da minha casa. Às
vezes eu subia lá. Demorava quase meio dia, pois fica muito perto da parte
mais ao norte da Irlanda. Você não pode imaginar... Tem uma vista sem
igual.
— Eu creio que posso imaginar. — Ela não tinha idéia de que o olhar
de Alec estava apenas nela.
— O mar estava por toda parte — continuou ela. — Para o norte. O
leste e oeste. Era como estar no topo do mundo e eu imaginava poder ver o
Ártico claramente. Chovia às vezes, mas ainda assim eu ficava. Porque
quando o sol aparecia, havia sempre o arco-íris mais glorioso. Parecia que
se estendia ao redor do mundo. — Uma leve melancolia apareceu em sua
voz. — Era como nada que você já viu antes.
— Oh, mas você ainda não viu um arco-íris escocês.
— O céu está muito cinza aqui para um arco-íris propriamente dito
— ela o informou primorosamente. Como se para provar isso, ela
gesticulou para cima, onde todo o céu estava trancado com nuvens.
Ele deu uma risada estridente.
— Você está divulgando a beleza de um arco-íris Irlandesa? Nesse
pântano encharcado de uma ilha?
Maura torceu o nariz para ele.
Juntos, eles se viraram e foram em direção ao promontório. O vento
soprava furiosamente agora, ardendo em seus olhos fazendo com que ela
mal pudesse ver. Ela liderou o caminho rochoso até ao carreiro com
cuidado, com Alec logo atrás. Uma rajada particularmente forte a fez
recuar. A mão dele, nas costas dela, era tudo que a mantinha de pé. Mais
uma vez, ele a resgatou.
A chuva começou no instante em que eles chegaram ao rochedo. Os
atingia como gelo. Maura agarrou as fitas do chapéu. Elas se rasgaram em
seus dedos e o seu chapéu voou para longe. Sua capa se agitava, como as
asas de um morcego gigantesco.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Pareceu levar uma eternidade para voltar a Gleneden, embora fosse
cerca de pouco mais de um quilômetro. Perto da entrada, um criado
segurou o freio. Ajudando a erger-se, Alec segurou sua mão, enquanto eles
subiam as escadas.
Uma vez que estavam atrás das portas fechadas, ele se virou para
ela.
— Não vou me gabar mais do nosso sol escocês. Agora, por que
você não toma banho, tira uma soneca, se quiser, já que não dormiu bem
ontem à noite. Ou, se desejar, posso lhe mostrar sua nova casa.
Sua nova casa. A culpa a cutucou. Gleneden nunca seria sua casa,
apenas durante o tempo que demorasse a encontrar o Círculo.
— Eu adoraria ver a casa — disse ela rapidamente.
— Nós dois precisamos de roupas secas. Também tenho que assinar
alguns documentos com meu gerente da propriedade, deve demorar meia
hora. Devo bater na sua porta quando estiver pronto?
Ela detectou uma ligeira zombaria da parte dele. Pelo menos ele
perguntou desta vez. Ela se afastou, escondendo sua emoção. Isso lhe daria
a chance de determinar por onde começar sua busca pelo Círculo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dez

Foi a Sra. Yates quem veio buscar Maura. Ela explicou que Alec a
esperava em seu escritório; ele ainda estava conversando com o gerente da
propriedade. Uma mulher carinhosa, Maura soube que a Sra. Yates estava
na casa desde que era jovem. Orgulhosa, informou a Maura, que foi
nomeada governanta quando a mãe de Alec, a duquesa viúva desde que
Alec se casara, fora a própria noiva.
Outra picada de culpa. A mãe de Alec ainda era a duquesa de
Gleneden.
Alec estava curvado sobre um mapa estendido sobre uma mesa de
tamanho monstruoso, junto com outro homem. Quando viu a Sra. Yates e
Maura perto da porta, ele chamou Maura para dentro.

Ele se endireitou.
— Maura. Sr. Campbell, posso apresentar lhe minha esposa,
duquesa de Gleneden. Maura, este é o meu gerente da propriedade,
Malcolm Campbell. Não acreditamos que ele nasceu no clã Campbell, mas
também não o deixamos esquecer. — O tom de Alec era irônico.
O Sr. Campbell riu.
— Och , e sabeis, Sua Graça, cê tê sorte por ter um Campbell que vai
dignar-se a trabalhar pa vós. — O homem virou-se para Maura e inclinou a
cabeça. — Sua Graça.
Maura estendeu a mão e apertou-a profundamente.
— Sr. Campbell, um prazer.
Alec olhou para ela.
— Fique se quiser, Maura. Não devo demorar.
— É claro — ela murmurou.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela caminhou até perto das janelas do outro lado da sala, fingindo
olhar para o pátio. Deliberadamente, ela manteve as costas para os homens.
Lágrimas tolas e inesperadas queimaram o fundo de sua garganta. Ela
lutou para estancá-las, para se recompor. Ao ver Alec provocar o Sr.
Campbell, o ar confortável entre eles provocou dolorosas, ainda que tão
enternecedoras!, memórias de Murdoch e seu pai. Como Murdoch, o Sr.
Campbell era um homem alto, embora apresentasse mais circunferência do
que o corpo esguio de Murdoch.
E o pai dela... oh, Senhor, como ela sentia falta dele! Lembrar a noite
de sua morte foi como uma faca no coração. Uma dilacerante dor rasgou
seu peito quando ela pensou nele. A mágoa ainda era muito nova, o vazio
em sua alma era uma ferida aberta.
Quanto a Alec, ela lembrou-se da maneira como ele a provocou na
noite do baile de máscaras. Ela não tinha voltado a ver o ar provocador
dele, não até agora, com o Sr. Campbell. Claro, seu objetivo era atraí-la
para sua cama, mas ela não podia culpá-lo por isso agora, podia? Não
quando ela se portou de uma forma coquete na mesma medida.
A tornou ainda mais consciente de seu engano, do jeito que ela o
enganara para poder vir para a Escócia. Como ela se arrependia de seu
engano! Mas não poderia ser evitado. Ela deveria continuar a ser forte. Ela
não podia permitir que tais sentimentos atrapalhassem.
Um par de mãos fortes desceu sobre seus ombros. Maura começara.
Ela não tinha ouvido o Sr. Campbell sair.
— Você está pronta? — Alec perguntou levemente.
Maura se virou. Ela manteve a cabeça erguida, o olhar abatido, não
que isso importasse, ela logo descobriu.
Ela estava ciente dele olhando para ela.
— O que é isso? — Ele perguntou.
— O que é o quê?
— Você está chorando? — Ele parecia incrédulo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não. — Maura rangeu os dentes.

— Você está. — Com a ponta de um dedo, ele varreu uma trilha de


umidade e a segurou diante dela, como se fosse um troféu.
— Veja. Você está chorando.
O idiota! Ele achava que ela precisava de provas?
— Não estou, Escocês. Acabei com o choro.
Por um instante, sua expressão ficou totalmente perplexa. Por que,
ela se perguntava, os homens sempre ficavam tão surpresos quando uma
mulher chorava?
Ele persistiu.
— Por que você estava chorando?
Ela não disse nada.
— Se você estiver se sentindo mal... — ele começou.
— Eu não estou — disse ela. Quando ele não mostrou sinal de
movimento, ela acenou com a mão. — Eu... eu estava pensando em meu
pai — ela admitiu, hesitante. — O escritório dele era muito parecido com
este. — Na verdade, era. Madeira quente cobria as paredes. Uma mesa
grande, cadeiras de couro. A diferença era que o de Alec era
meticulosamente mantido e, da mesma maneira, meticulosamente
mobiliado. O pai dela era mantido minimamente, apenas quando ela ou Jen
conseguiam limpar o pó, e escassamente mobiliado. No ano passado, eles
venderam uma valiosa pintura para ajudar os inquilinos no inverno.
Houve um silêncio abismal.
— Sinto muito — Alec disse, finalmente. — Eu tinha esquecido.
Você mencionou isso antes. E lembro-me agora, que seu tio disse algo sobre
seu pai ser o falecido conde.

Foi um momento extremamente embaraçoso.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Se você quiser, certamente, podemos adiar...
Ela balançou a cabeça.
— Não há necessidade. Eu estou perfeitamente bem. Detestaria
perder-me no caminho para a sala de jantar novamente e morrer de fome.
Ele sorriu levemente.
— Nós não podemos que isso aconteça, podemos? — Ele puxou um
lenço do bolso e entregou a ela.
Maura enxugou os traços de lágrimas, assoou o nariz e devolveu de
volta para ele.
— Suponho que meu nariz esteja vermelho agora, não é?
Ele fez uma pausa, como se não soubesse o que dizer.
— Continue — ela murmurou. — Apenas diga. Está terrivelmente
vermelho...
Ele sorriu, o primeiro sorriso verdadeiro que ela viu desde que
chegaram na Escócia.
— Eu ia dizer encantadoramente rosa, mas isso seria uma
imprecisão. Sim, está terrivelmente vermelho.
Estranhamente, isso pareceu aliviar o ar.
Ele estendeu a mão, indicando que ela o precedesse.
— Vamos? — Ele murmurou.
Eles estavam saindo pela porta quando um repentino raio de luz do
sol atingiu o rosto de Alec. Maura ficou sem fôlego, pois ele a lembrou de
um deus que ganha vida. Seus cabelos eram grossos e ricamente negros,
cortados de modo que uma mecha caia sobre sua testa. Suas sobrancelhas
eram tão negras, o arco pronunciado; uma moldura perfeita para os olhos
tão surpreendentemente azul claro, dada a escuridão de seus cabelos. Seu
nariz só podia ser chamado de patrício, sua mandíbula perfeitamente
esculpida. Sua boca era lindamente masculina, sem sorrir no momento.
Cada característica em si era de perfeição. Em suma, Alec McBride, duque

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


de Gleneden, era um homem que exalava masculinidade, tão
surpreendentemente bonito que seria inesquecível. Era de se admirar que
flertar com ele na noite do baile tenha sido tão fácil?
Tenha cuidado, advertiu uma voz em sua mente. Não seria bom
encontrar-se apaixonada por Alec McBride. Sim, ele era o homem mais
atraente de se olhar. Mas, além da noite em que se conheceram, e hoje, se
ela fosse honesta consigo mesma, considerara o caráter dele desprezível.
Ela tinha apenas um objetivo aqui na Escócia, lembrou a si mesma.
Encontrar o Círculo de Luz e levá-lo para casa, para a casa na
Irlanda.
Nada ou ninguém a impediria de honrar sua promessa ao pai, e com
esse voto veio coragem e determinação.

Várias horas depois, a cabeça de Maura estava girando com o


tamanho e a disposição da casa. Tinha o formato de um E, com o grande
salão localizado no centro, dando lugar a longos corredores com várias
alas. Contou nada menos que seis escadas, incluindo a grande escadaria no
corredor. Esta era a parte mais antiga da casa; datada da época de Robert, o
Bruto, como Alec havia dito ontem. Inúmeros acréscimos, como as alas
norte e sul, foram feitas ao longo dos séculos, com confortos adicionados e
os quartos mudados para que, na verdade, as coisas nunca estivessem
desatualizadas.
A ala central era para entretenimento e eventos formais. Incluía o
salão de baile, a sala de música e a biblioteca. A ala norte foi designada
para a família. Nela estavam a suíte do duque e da duquesa, outros quartos
de cama, o escritório de Alec, a sala de estudo e várias salas geralmente
usadas pela família. A ala sul era designada principalmente para
convidados.
Maura não pôde evitar o caminho para a qual sua mente se desviou.
Havia antiguidades, vasos, inúmeros itens de extremo valor, ela tinha

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


certeza. Quantos, ela mais uma vez se perguntou furiosamente, o Escocês
Negro havia adquirido durante seus dias de pirataria?
E onde esse homem esconderia o Círculo de Luz? Ela disfarçou sua
busca superficial como curiosidade. Em um quarto, ela abriu um baú
brilhante e quase berrante do Oriente e olhou para dentro. Um quarto de
hora depois, ela espiou dentro da gaveta da uma elaborada secretária
francesa. Noutra sala, ela deslizou um dedo do pé sob a borda de um
tapete turco intricadamente costurado e lançou um olhar discreto por
baixo.
Ou assim ela pensou.
Ela ficou surpresa ao ver Alec encostado na moldura da porta, os
braços cruzados contra o peito.
— O que você está procurando, Irlandesa? — ele perguntou, seu
tom cheio de diversão. — Eu mencionei uma maldição esta manhã. Você
decidiu que estou escondendo um tesouro secreto? Estranho, mas num
jantar em família em Londres, no início deste ano, conversamos exatamente
sobre isso, que, se houvesse um tesouro aqui em Gleneden, Aidan e eu, e
Annie também, teríamos descoberto isso há muito tempo. Ele ergeu ambas
as mãos — Mas se você conhece alguma superstição ou feitiço irlandês que
faça com que apareça magicamente, convido você a encontrá-lo. Na
verdade, vou aplaudi-la se você o encontrar.
Maura murmurou uma antiga maldição irlandesa.
Eles terminaram de caminhar pelo longo corredor que levava de
volta ao grande salão. Alec claramente se orgulhava de sua herança. Ele
ficou satisfeito com as inúmeras perguntas e interesses dela. Havia retratos
em cada parede, a família por várias gerações.
Maura parou diante do outro lado do salão.

— Isso foi pintado vários anos antes de meu pai ficar doente — Alec
disse a ela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela sorriu para a jovem de cabelos castanhos, parada perto do pai,
que parecia pronto para cair na gargalhada.
— Minha irmã Anne — disse Alec. — Ou Annie, como a chamamos.
E sim, ela é tão animada quanto parece. — Maura sentiu uma melancolia
momentânea. Havia um ar sobre Anne no retrato que a fez querer rir junto
com ela. Ela teria gostado de Anne, ela decidiu.
Alec gesticulou.
— Meu irmão Aidan.
Não havia como confundir o par de irmãos. Ambos eram
extremamente altos, de altura correspondente. O cabelo de Aidan era um
tom mais claro que o de Alec, cuja mandíbula também era mais quadrada,
sua constituição magra, mas poderosa.
Maura piscou para a mãe de Alec. Delicada e de cabelos escuros, ela
se perguntou como uma mulher tão pequena teria gerado filhos tão altos.
Ficou claro que Alec e seu irmão conseguiram a altura do pai, um homem
de peito profundo, com bochechas avermelhadas e cabelos castanhos. O
artista havia captado uma proximidade, um sentimento de amor genuíno e,
por um instante, Maura sentiu um arrependimento passageiro por nunca ir
conhecer o resto de sua família.
Também a fez pensar em como Alec adquirido a sua natureza
desagradável.

Ela olhou para ele.


— Seu pai — ela se aventurou. — Me perdoe por perguntar, mas
que doença ele sofreu?
Alec balançou a cabeça. Não havia como negar a dor que sombreava
sua expressão.
— Essa é a coisa — disse ele. — Inúmeros médicos o viram. Eles
discutiram e brigaram quanto à causa. Eles discordaram sobre o tratamento
dele. Meu pai era saudável e robusto. No entanto, ele simplesmente

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


acordou uma manhã, mortalmente doente, incapaz de reunir forças para se
levantar. Ele permaneceu mortalmente doente por mais de um ano. Todos
os dias, todos os dias, temíamos que pudesse ser o último.
Maura sentiu-se oscilar. Pura força de vontade a manteve na posição
vertical. Assim como o pai dela. Oh, doce céu, exatamente como o pai dela.
Talvez tenha sido uma bênção que ele tenha sofrido apenas um dia.
— Até hoje — Alec disse calmamente — ninguém pode realmente
dizer que doença reivindicou meu pai.
Maura sabia. Uma feroz certeza tomou conta. Foi a maldição. A
maldição que atormentou os clãs McDonough e McBride, o Clã
McDonough como punição por não guardar o Círculo de Luz.
E os McBrides por roubá-lo.
Eles continuaram vendo mais alguns retratos. De repente, uma
sensação estranha tomou conta dela. Era como se alguma força fora de seu
corpo a fizesse se virar para a parede oposta.

Ela quase gritou.


Foi como o sonho dela renascido.
Um homem com um chapéu de penas pretas olhou para ela, com
cabelos tão negros quanto a meia-noite. Seus olhos eram azuis, duros como
pedra; eles brilhavam como se zombassem dela. Como se soubesse algo
que ninguém mais sabia. Como se ele soubesse algo que ela não sabia.
Seu coração batia rápido e com força, quase dolorosamente. O
Escocês Negro, ela percebeu. Sob um bigode escuro e pesado, seus lábios se
afastaram num esgar malicioso. Era como ser atraída de volta ao seu sonho.
Ela podia jurar que o riso sinistro se espalhou. Na mão, apenas na mão
esquerda, ele usava uma luva de couro preto, presa à espada. Um calafrio
se espalhou sobre ela, um calafrio que parecia congelar o próprio ar em
seus pulmões.
Alec se aproximou dela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura ouviu-se sussurrar:
— Quem é ele?
— Esse é James, o sétimo duque de Gleneden. Companheiro
desagradável, não é?
Diabólico foi a palavra que veio a ela. Ela olhou para aquela mão
com luvas pretas. Um arrepio a atravessou, um arrepio que ela sentiu em
seu coração. Era como se ela pudesse sentir a mão em volta da garganta,
sufocando a vida dela.
— Eu teria que verificar os anais da família, mas acredito que ele
sofreu algum tipo de tragédia familiar. Ele tinha apenas um filho, eu acho.
Felizmente por isso — Alec disse secamente — senão eu não estaria aqui
com você agora.
A maldição novamente.
— Eu adoraria ver os anais da família em algum momento — disse
ela. — Essas coisas podem ser uma leitura fascinante. Deve-se orgulhar das
origens da sua família, não acha?
— Concordo plenamente. Quando eu era jovem, sem dúvida, eu
poderia ter lhe dito o nome da sua esposa, se ele teve irmãos ou irmãs,
todas essas coisas. Receio ter esquecido um pouco disso — Alec admitiu.
Talvez fosse verdade, então, que o Escocês Negro ocultara sua
identidade até de sua família. Ou talvez Alec não admitisse ter uma ovelha
negra na família.
Respirando fundo, Maura se virou. Não suportava mais olhar para
James, sétimo duque de Gleneden.
Sua respiração ainda estava rápida e difícil. Ela lutou para acalmar
seu coração. Ela lutou para recuperar a visão do Círculo de Luz, do jeito
que apareceu no sonho desta manhã. Prata e brilhante. Flutuando em uma
cama de nada. Refletindo todas as cores do mundo.
De alguma forma, ela tinha que encontrá-lo.
E rezar para acabar com essa maldição de uma vez por todas.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Quando chegou a hora do jantar, ela vestiu o vestido de tafetá
carmesim que usara no dia seguinte ao baile de máscaras, quando ela e
Murdoch se encontraram com Alec no escritório do barão. A cor, ela
descobrira, emprestou-lhe sua força.
O comportamento de Alec também não foi desagradável. Pelo
contrário. Ele foi tão amável quanto tinha sido esta manhã, e o jantar não
foi a provação que ela temia que fosse.
No entanto, ela não tinha ilusões quanto ao comportamento de Alec.
Ela teve a sensação desconfortável de que, durante a tarde, enquanto eles
estavam juntos, ele estava sondando, investigando o seu passado. Ela rezou
para que ele estivesse satisfeito com suas respostas; ela tinha certeza de que
não havia lhe dado motivos para duvidar dela.
Depois do jantar, ele compartilhou com ela as histórias de suas
viagens. Ele esteve na América. No continente. No Egito para visitar os
túmulos dos antigos faraós.
Maura se viu ouvindo em extasiado embecimento, os cotovelos
sobre a mesa, uma mão apoiando o queixo, sem se importar com a falta de
educação. Antes de vir para a Escócia, Dublin tinha sido a extensão de suas
viagens, ela pensou melancolicamente.
A noite passou muito mais rapidamente do que ela previra. Depois
que o último prato foi retirado, Alec deslizou a cadeira para trás e ficou de
pé e estendeu uma mão. Maura hesitou. Um olhar apressado para cima
revelou que seu olhar estava cheio de diversão.
Respirando fundo, ela colocou a mão na dele e se levantou.
— Um copo de vinho no roseiral, Irlandesa? Ou talvez o grande
salão. É bastante confortável sentar diante do fogo com um copo de
conhaque.
Ela lançou-lhe um olhar revelador.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não? Pensei que você tivesse tomado chá durante o jantar. Você
deve ter se sentindo pior do que eu pensava no dia seguinte ao baile de
máscaras.
— Por favor, não me faça pouco de mim, Sua Graça.
Ele riu, o som baixo e estranhamente agradável.
O coração de Maura pulou uma batida. Sua risada... o jeito que ele
olhava para ela, seus olhos azuis tão quentes...
Ela engoliu em seco.
— Na verdade, acredito que gostaria de me retirar.
As sobrancelhas dele se ergueram. Maura prendeu a respiração.
Caro Senhor, ela rezou para que ele não percebesse isso como um convite.
— Tão cedo? — Ele perguntou. Ela não teve chance de responder. —
Ah, mas eu esqueci — ele murmurou. — Você não dormiu bem ontem à
noite. Nesse caso, permita-me acompanhá-la lá em cima.
Ele ofereceu um braço. Maura não teve escolha senão aceitar. Os
dedos dela pousaram levemente na manga dele. Mesmo através das
camadas de tecido, ela podia sentir o músculo tenso por baixo. Ele ficou em
silêncio enquanto eles subiam as escadas e virou o corredor que levava ao
quarto dela... e ao dele. Ela estava nervosa demais para dizer uma palavra.
Ele a seguiria? Reivindicaria os seus direitos de marido? Ele brincou com
ela ontem à noite. Ela não era boba. Ele queria desconsertá-la, e ele
conseguira.
E agora o seu ar de autoconfiança não a deixava menos inquieta. Ele
ressentia-se. Ele se ressentia deste casamento. Ele deixou isso muito claro
na cerimônia. Hoje, porém, sua atitude tinha mudado e parecia que ele
tinha aceitado as circunstâncias sem mais consideração.
Maura sabia melhor. Ela invejava a sua compostura quando
pararam na porta do quarto dela. Ele abriu, mas permaneceu onde estava,
usando o meio sorriso que estava se tornando tão familiar... um sorriso que
a desarmou, e , no entanto, a deixou cautelosa.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela soltou o braço dele. Ela não tinha certeza do que fazer, o que
dizer. Sua postura a abandonara, assim como sua língua.
A cabeça dele abaixou. Ela olhou bruscamente. Surpreendeu-a
encontrá-lo olhando diretamente para a boca dela, os olhos escuros com
alguma emoção que ela não se atreveu a ponderar. Por um momento de
parar o coração, ela estava convencida de que ele queria beijá-la.
A sua barriga afundou. Sombras das luminárias de parede refletiam
as suas feições. Tudo dentro dela se torceu em um nó. Ah, Senhor, ela
pensou impotente, ele era tão bonito que ela mal conseguia respirar. Ela
queria... ah, mas ela queria que ele...
Os nós dos dedos roçaram a inclinação de sua bochecha.
— Obrigado, Irlandesa, por um dia muito agradável. — Erguendo a
mão, ele roçou os lábios nas pontas dos dedos, depois se virou e se afastou.
Dentro de seu quarto, Maura fechou a porta e depois recostou-se
nela. Inconscientemente, ela levou as costas da mão à boca, no mesmo
lugar que os lábios dele haviam beijado, ela percebeu, e logo a baixou.
Apesar de quão leve o toque dele foi, ela sentiu como se tivesse sido
marcada até aos ossos.
Ela estava tremendo, ela percebeu. Seu coração estava batendo tão
alto que ecoou em seus ouvidos como um tambor. Que Deus a ajudasse,
mas ela era uma tola. Ela não tinha planejado isto. Ela não esperava estar
tão atraída por ele. Ela não esperava se sentir atraída por ele, de todo!, ela
pensou, loucamente.
Mas ela estava, muito mais do que imaginava. Muito mais do que
deveria. E ela tinha estado desde o começo. A admissão não deveria ter
sido uma surpresa, mas foi.
Ela queria sentir o calor e a pressão da boca dele contra a dela. Ela
queria que ele a beijasse do jeito que ele fez na noite do baile, demorada,
lenta e intensamente.
Mais uma razão para se proteger contra ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Pois ela havia aprendido algo naquele dia. Alec era um homem com
muitas facetas. Aqueles olhos azuis pálidos podiam ser gelados e frios, ou
aquecidos e sedutores. Repletos de deliberação fria ou raiva ardente.
Ela não confiava nele. Mais uma vez, teve a sensação de ter sido
sondada e testada ao longo do dia. O que a levou senão a uma conclusão.
Alec McBride era talvez ainda mais perigoso quando ele era
charmoso... do que quando não era.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Onze

Dois dias depois, Maura montou uma égua cinza malhada até a vila
ao sul de Gleneden, passando pela igreja até o cemitério. Amarrou as
rédeas numa árvore e depois olhou em volta.
Murdoch saiu de trás de um robusto carvalho.
Maura correu para ele, abraçando-o. Murdoch seguiu quase
diretamente em seu rastro. Era parte do plano que eles haviam concebido,
uma maneira de manter contato caso ela encontrasse o Círculo.
Quando ele foi capaz, deu um passo atrás, procurando as feições
dela.
— Lady Maura! O que há de errado, garota? — Seu sorriso
acolhedor desapareceu. — É o duque, não é, criança? Eu sabia que ele era
um bruta-montes! Eu juro, se ele a...

Maura balançou a cabeça, piscando para conter as lágrimas.


— Não, não, Murdoch! Estou bem. De verdade que estou. Ele não é
o tipo de homem que prejudica ninguém.
E assim que ela disse isso, ela percebeu que ele não era. Ela sabia
disso instintivamente. Ele permaneceu educado e charmoso, mas ela sentiu
a distância dele. Ela sentiu a vigilância dele. Por sua vez, ela se encarregou
de ser prudente e cautelosa, sempre vigilante para que ela não suscitasse
mais suspeitas.
Nenhum deles permitiu que isso transparecesse, mas Maura sabia
que Alec era tão cauteloso com ela quanto ela era com ele.
— Você descobriu alguma coisa, Lady Maura? Encontrou alguma
coisa?
Ela balançou a cabeça.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Ainda não. A casa é grande, cada ala construída em séculos
diferentes. — Ela hesitou. — Pode demorar mais do que eu pensava — ela
admitiu. — Mas o Círculo está lá, Murdoch. — Ela contou a ele sobre o
retrato de James, o sétimo duque de Gleneden. Enquanto ela falava, um
arrepio deslizou por sua espinha. — Alec disse que sofreu algum tipo de
tragédia familiar. E eu sei o porquê. Seu tom ficou amargo.
— A maldição? — Perguntou Murdoch.
Maura assentiu.
— Procurei nos anais da família, disse a Alec que estava fascinado
por essas coisas. Mas havia pouco sobre ele. A data em que ele se casou e a
data de nascimento de seu filho e da sua morte. — Ela fez uma careta. —
Para um canalha, ele viveu até uma idade avançada. Ele tinha quase oitenta
anos quando morreu. Gostaria de saber quando ele parou de piratear.
Ela ficou em silêncio por um momento. Os olhos dela ficaram
escuros.
— Murdoch, o Círculo está aqui. Eu sei isso. Eu posso sentir isso.
Isso é estranho. Não sei explicar o porquê, mas de alguma forma eu sei que
está. Eu sei que parece bobagem, mas é exatamente como o pai disse. Como
se eu pudesse ouvir o Círculo me chamando. Gritando.
Murdoch apertou o ombro dela.
— Você não precisa me convencer, criança — ele disse gentilmente.
— Tenho fé que você o encontrará.
Maura sorriu para ele, depois levantou um dedo.
— Espere — disse ela. — Espere. — Ela foi até à égua e desamarrou
dois pequenos sacos. Caindo de joelhos, ela desamarrou um e trouxe dois
grandes castiçais com um floreio. — Veja! — Ela lambeu a ponta do dedo e
esfregou-a contra a base. — Prata pura! Trouxe este par e outro, uma
bandeja e um vaso de orla dourada também. Venda-os e leve o dinheiro
para Nan.
— Lady Maura! — Murdoch não conseguiu esconder a sua angústia.
— E se o duque descobrir que eles desapareceram?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela fez uma careta.
— Ele não vai. O Escocês Negro nos roubou. E nunca darão pela
falta destes. Eu os encontrei no sótão. — Alguns dos que ela tinha. Bem, os
castiçais, pelo menos, então não era inteiramente uma mentira. Os castiçais
estavam no sótão. A bandeja e o vaso vieram de um quarto na ala antiga.
Murdoch pegou os sacos, sua expressão sóbria.
— Eu conheço esse olhar, moça. Cuide para que você não seja
demasiado ousada.
Maura sabia o que ele queria dizer, que não deveria correr mais
riscos do que os necessários.
Combinaram de se encontrar no mesmo local daqui a duas semanas.
Ela deu-lhe um beijo apressado na bochecha, montou na égua e voltou para
Gleneden.
Fora do estábulo, ela entregou as rédeas a um cavalariço.
Assobiando uma melodia alegre, ela virou a esquina, apenas para bater de
cabeça em uma forma, sólida como uma parede de granito.
Mãos fortes a firmaram.
— Aí está você — Alec disse suavemente. — Onde você estava?
— Só fui dar uma volta. — Como isso soou ridículo!
— Ao longo da estrada?
— Através dos campos principalmente.
— Não é de admirar que eu não tenha te visto, então. Acabei de
chegar da vila...
O coração de Maura deu um pulo. Misericórdia, e se ele a tivesse
visto com Murdoch!
— ...mas quando eu cheguei em casa, quando fui te procurar,
ninguém sabia onde você estava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Por que você estava me procurando? — Ela procurou acalmar as
batidas rápidas e duras de seu coração.
— Hoje não passamos nenhum tempo juntos, Sua Graça. Pensei que
poderíamos caminhar até o lago.
Sua graça. Maura sentiu sua pele esquentar. Ele deveria chamá-la
assim? Era intencional, ela tinha certeza, para desconfortá-la.
O que, é claro, aconteceu.
— Você já esteve lá, Irlandesa?
— Não. Você me disse que me mostraria um caminho através da
floresta.
Alec pegou o braço dela.
— Eu disse, não disse?
Eles passaram pela ala norte em direção à floresta. Eles não tinham
andado mais de 800 metros quando Maura parou.
— Oh, olhe! — Ela exclamou. — Que adorável.— Ela apontou para
uma ponte de pedra que atravessava um pequeno riacho. Um arco coberto
de trepadeiras levava a uma pequena clareira aberta. — O que é isso? Um
poço? — Um telhado de madeira, quase uma miniatura do grande salão,
cobria um poço de pedra redondo.
— Sim. Sempre foi conhecido como o poço dos desejos.
Maura já havia começado a atravessar a ponte. Ela parou perto do
poço, olhando em volta.
— É adorável aqui, tão calmo e tranquilo.
Alec apoiou um quadril na parede de pedra do poço. — Uma
questão de opinião. Minha mãe o achava bem charmoso. Esteve
emparedado por anos, mesmo no tempo do meu avô, acredito. Minha mãe
o abriu novamente quando eu era menino. — Ele apontou para um banco
de pedra do outro lado da clareira. — Um pouco solitário para o meu
gosto, mas ela achava pacífico e às vezes vem aqui para ler.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura riu.
— Eu estava prestes a dizer exatamente isso!
O poço tinha talvez um metro e oitenta de altura, construído até o
nível de seus quadris. Ela olhou para o fundo da abertura redonda, dos
lados carregados de musgo que terminavam na sombra.
— Está seco — disse ela, decepcionada.
— Não estou surpresa. Não consigo imaginar por que alguém iria
querer fazer um pedido aqui, já que nunca se sabe quando vai encher de
água. — Ele sorriu levemente. — Minha irmã e meu primo Caro
costumavam desejar estrelas. Muitas vezes me perguntei por que eles
nunca vieram aqui.
— Talvez eles tenham — disse Maura.
— Possivelmente — disse Alec ironicamente — mas acho que talvez
eles simplesmente quisessem ficar acordados até tarde da noite e
atormentar a ama ou o resto da família.
Ele fez uma pausa, como se em lembrança, Maura suspeitava.
— Quando o poço se enche de água — ele disse — No dia seguinte,
tudo se foi. É a coisa mais estranha, mas acredito que tenha sido assim por
várias gerações.
— Bem, acho tão charmoso quanto sua mãe — anunciou Maura.
— Você acha? Por que sinto que você simplesmente deseja que sua
opinião seja contrária à minha?
— Sua declaração, Senhor, não minha — ela respondeu.
E uma que ele escolheu ignorar. Ele estendeu a mão.
— Venha. O lago não está longe. Logo após a próximo colina.
Maura hesitou. Ela não queria pegar a mão dele. Ela não queria tocá-
lo. A resposta dela a ele era imprevisível demais. Ela não se conseguia
controlar. O pensamento surgiu em sua cabeça que ela não podia controlá-
lo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Sua graça?
Ele acenou com a ponta dos dedos. O brilho em seus olhos era quase
um desafio.
Ele sabia, maldito seja. Ele sabia muito bem o que fazia com ela.
O queixo de Maura subiu. Quase desafiadoramente, ela colocou a
mão na dele. Talvez tão desafiadoramente, os dedos dele se enrolaram com
força nos dela.
Eles caminharam em silêncio por um tempo, seguindo um caminho
sinuoso pela floresta. A luz do sol brincava de esconde-esconde através das
copas das árvores.
Mas tudo foi esquecido quando ela viu o primeiro vislumbre do
lago. Colinas arborizadas erguiam-se na margem oposta, suas sombras
refletidas no azul brilhante do lago abaixo.
Ela correu pela encosta gramada, exclamando em deleite.
— Uma casa de barcos! Ah, e olhe para a doca! — Ela correu para
mais longe, apoiando as mãos nos quadris, depois apontando para as
colinas. — As árvores próximas à costa, aquelas com os adoráveis galhos
arqueados. São bétulas? E pinheiros escoceses mais alto nas colinas?
— São. — Alec parecia satisfeito que ela sabia. — Fico feliz em ver
que há algo na Escócia que lhe agrada, Irlandesa. Você devia vê-las no
outono, quando todas as folhas são brilhantes e douradas. E na primavera,
com prímulas e violetas por toda parte.
Ah, mas ela não estaria aqui no outono. Ou na primavera.
Maura ignorou a vozinha insistente em sua cabeça. Mergulhando
perto do final do cais, tirou os sapatos, descalçou as meias, subiu as saias e
mergulhou os dedos dos pés na água. Sentindo-se como uma criança
novamente, ela não tinha consciência da maneira como o olhar de Alec
pousava em suas meias de algodão.
Ele se sentou, pernas longas estendidas diante dele. Rindo, Maura,
mirou nele, salpicou-o com um pé.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele se abaixou.
— O quê, Sua Graça! Você não é do tipo que lamenta ficar um pouco
molhado, é?
Desta vez, ele não conseguiu escapar do jato de água que ela enviou.
Com uma gargalhada, Maura recostou-se nas mãos.
— Existe um barco na casa dos barcos?
— Sim. E você não deve se aventurar sozinha nele — ele disse
severamente.
Maura fez uma careta.
— E você, Sua Graça, está se comportando como um velho
rabugento.
— Estou? Por mais adorável que seja, minha irmã Anne e meu
primo Caro certa vez passaram uma noite muito assustadora aqui no lago,
quando uma tempestade repentina surgiu. Se você estivesse sozinha,
Irlandesa, e eu não conseguisse encontrá-la, poderia pensar que você
tivesse sido levada por um selkie.
— Pelo quê?
— Um selkie. Nós, escoceses, também temos nossas lendas, você
sabe. Um selkie é uma criatura do mar, com pele de foca. Quando ele, ou
ela, rejeita sua pele, eles assumem a forma humana. Diz-se que um homem-
selkie é uma criatura muito bonita, com poderes extremamente persuasivos
sobre as mulheres.
— E você ficaria com ciúmes, Sua Graça, se eu fosse encantada por
um homem-selkie?

— Eu ficaria com muita inveja, Irlandesa. E me ocorre que talvez


você seja uma mulher-selkie, que veio me enfeitiçar. Você me disse que
cresceu à beira-mar.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura conteve uma risada.
— Você dificilmente está enfeitiçado! Você me acha mais irritante do
que fascinante.
— Fiquei bastante enfeitiçado na noite do baile de máscaras. E se
você tentar, pode me enfeitiçar mais uma vez.
O pulso de Maura começou a clamar.
— E muito mais facilmente do que você pensa — ele acrescentou
suavemente.
Um desafio ou uma brincadeira? Sua respiração ficou presa no meio
da garganta. Incomodada com sua longa consideração, ela não tinha a
certeza do que fazer com o comentário dele.
— Mas eu agradeceria se você deixasse alguém saber onde você
está. — Ele se referiu à ausência dela naquela manhã. — Eu detestaria te
perder tão cedo.
Maura estava irritada.
— Não gosto que me digam o que posso e o que não posso fazer.
Você mandaria alguém me vigiar, se eu recusar, Sua Graça?
— Não me tente — disse ele agradavelmente.
— Então não me diga.
Um lento sorriso apareceu em seus lábios.
— Vou lhe dizer isto, Duquesa. Se eu quisesse mantê-la fechada e
trancada — seu tom era suave e bajulador — estaria no meu quarto de
dormir.
A julgar pelo seu meio sorriso, Maura decidiu que não era o caso.
Ignorando-o, ela calçou os sapatos e as meias.
Alec ofereceu-lhe a mão.
Eles estavam atravessando a ponte de pedra quando ele olhou para
ela.
— Ocorre-me que fui negligente como marido.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele a deteve. O olhar de Maura voou para ele. Só conseguia pensar
em uma coisa em que ele havia sido negligente.
O sorriso dele era malicioso. Maldição! Era como se ele tivesse
atravessado uma estrada que levava diretamente à mente dela, o canalha!
— Nosso casamento tendo sido tão apressado quanto foi, me ocorre
que você não teve tempo de fazer um enxoval.
Maura piscou.
— Um quê?
— Um enxoval. A noiva...
— Eu sei muito bem o que é — ela interrompeu. Ela poderia muito
bem ser franca. — Não preciso de um. Sou uma moça irlandesa de
coração...
— Que é agora a Duquesa de Gleneden.
Uma pontada de culpa a atingiu. Bem, ela não era, mas...
— Nem eu sou do tipo que desfila como uma boba jovem debutante.
— Bem, é claro que não há necessidade. Você é uma mulher casada
agora. Mas me agradaria se você permitisse que fosse um presente meu
para a minha noiva. — Ele continuou: — Tenho negócios em Glasgow e
vários outros assuntos a tratar. Se partirmos amanhã cedo, podemos pegar
o trem de Tay para Glasgow. É um excelente lugar para comprar o que
você precisa. O que você quiser. Qualquer coisa que você gostar.
Maura consegui não demonstrar a sua ansiedade. Sem ele, era a
oportunidade perfeita para procurar o Círculo!
— Na verdade, prefiro ficar aqui. Mal tive a chance de me sentir em
casa aqui em Gleneden.
— E você tem anos e anos para isso, Irlandesa! Além disso, o que as
pessoas pensariam se eu deixasse minha noiva logo após o casamento?
Alguém pode dizer que eu sou um marido negligente.
Ou que ela era uma esposa negligente.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela respirou fundo.
— Eu realmente prefiro ficar aqui em Gleneden.
— Por quê? — Parecia que era a sua vez de ser franco.
Maura esticou o queixo.
— Eu sei o que você está fazendo — disse ela, sua voz muito baixa.
— Você está me testando. Você acha que eu casei com você para que eu
pudesse me tornar uma duquesa, pelos benefícios que eu poderia ganhar.
Mas não quero o seu título ou a sua riqueza. Ou qualquer coisa que possa
comprar. Em suma, Senhor, não gastarei um único xelim seu.
Uma pequena voz em sua mente a lembrou dos castiçais e outras
coisas que ela havia dado a Murdoch apenas naquela manhã. Isso era
diferente, argumentou outra voz. Isso era o pagamento pelo o que o
Escocês Negro havia roubado dos McDonough. Isso foi para o povo
McDonough. Não para ela. Não para o próprio prazer dela. Ela não queria
nada para si mesma.
— Agora isso — observou Alec secamente — está simplesmente
sendo tola. Você é uma Duquesa. Você deve se vestir de acordo.
— Pena que você me ache tão simplória, Senhor. Lamento tê-lo
envergonhado. — O olhar penetrante que ela lhe deu foi embotado pelo
tremor de seus lábios. A admissão custou um pouco de orgulho, mas ela
manteve a cabeça erguida. Estupidamente, ela sentiu a picada de lágrimas
queimar no fundo da garganta.
— Eu não disse isso, Irlandesa, e você sabe disso. Não é falta de
criação que você sofre.
Ele olhou para ela. Gentil como seu tom era, ela sentiu impaciência.
Ela se irritou com sua altura superior, e com sua incapacidade de ler o que
estava em sua mente quando ele lia tão profundamente a dela.
— E precisamente do que eu sofro?
— Simplesmente isso, Duquesa. Eu me casei com uma linda rosa
irlandesa. Mas descobri que minha rosa irlandesa tem muitos espinhos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Os lábios de Maura se apertaram.
— E eu casei com um cardo escocês espinhoso.

Alec levantou o olhar para o céu.


— Ah — disse ele — uma esposa com beleza e inteligência. O que
mais um homem poderia pedir?
— Eu não vou mentir. É assim que eu me sinto. — Assim que ela
disse isso, Maura se encolheu por dentro. Que hipócrita que ela era. —
Prefiro ficar aqui em Gleneden.
Alec tinha apoiado o quadril no topo da ponte, as pernas cruzadas
nos tornozelos, os braços cruzados no peito. Uma brisa agitou seus cabelos
escuros na testa, dando-lhe um olhar de menino.
Mas não havia nada de infantil no resto dele. Sua camisa estava
desabotoada, revelando uma nesga de peito escuro e áspero. Maura sentiu
a boca secar. Ele não disse nada, apenas olhou para ela, e de repente ela se
lembrou da sensação de seus lábios presos sob os dele na noite do baile de
máscaras. Tão quente, tão calorosamente persuasivo. Severamente, ela
refutou o pensamento.
— Você me ouviu, Senhor?
— Eu ouvi você — ele disse suavemente. — No entanto, você
poderá querer deitar-se cedo. Partimos de madrugada, e eu odiaria ter que
ir ajudar a sua criada a vesti-la, principalmente quando eu preferiria ajudá-
la a despir-se. Mas — um sorriso lento apareceu em seus lábios — estou
feliz em prestar assistência em ambos os casos.

O cafajeste! Então ele pensou que tinha vencido, não era? Ele
adorava atormentá-la. Tudo nele, seu comportamento quase preguiçoso,
aquele sorriso diabólico que agora curvava seus lábios, proclamava sua
presunção. Ela se irritou em prol da sua justiça.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


No entanto, claramente ele não poderia ser convencido de outra
maneira.
— Muito bem, então, Escocês. Se é a minha companhia que você
deseja em Glasgow, você a terá.
Ele lhe ofereceu o braço.
— Excelente. Estou feliz por ter conseguido convencê-la. Eu
destestaria a ideia de estar em Glasgow ansiando por minha esposa.
Ansiando? Ha!
Ela sufocou uma réplica cortante bem a tempo.
Melhor arriscar uma batalha, lembrou a si mesma, do que perder a
guerra.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Doze

Ao chegarem à estação de trem em Glasgow, Alec dirigiu a esposa


para uma carruagem, enquanto um menino guardava as duas malas. Alec
não pôde deixar de sorrir enquanto os cavalos passavam pelas ruas
estreitas. O bonito e pequeno nariz de Maura estava pressionado contra a
janela. Ela o lembrava de uma criança que estava fazendo sua primeira
visita à cidade.
— É muito antigo, não é? — Ela disse.
— Glasgow?
— Sim.
— É. Os romanos construíram fortalezas aqui no primeiro século, e a
própria cidade no sexto ou sétimo, por St. Mungo. Algumas lendas
afirmam que ele era parente do rei Arthur.

— E bastante fedorento também. — Ela fez uma careta.


— Tornou-se uma cidade industrial. Os estaleiros trouxeram riqueza
e poluição. É muito parecido com Edimburgo, pois há uma Cidade Velha e
uma Cidade Nova. Devo dizer que prefiro Edimburgo. Essa é uma cidade
de tirar o fôlego. O Castelo de Edimburgo fica no alto sobre o Firth of
Forth. É uma visão e tanto de se ver.
— Eu gostaria de poder visitá-la, então.
— Eu tenho certeza que você deveria. E Londres também.
Maura sabia que não ia visitar nenhuma delas. Assim que ela tivesse
o Círculo de Luz nas mãos, ela e Murdoch partiriam para a Irlanda e para o
Castelo McDonough.
Quando eles chegaram ao hotel, o porteiro cumprimentou Alec.
— Sua Graça! É bom ter você como hóspede novamente.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Obrigado, David. E desta vez eu trouxe minha esposa.
— Então, posso parabenizar vocês dois! — O porteiro curvou-se
sobre a mão que ela estendeu. — Sua Graça, espero que sua estadia seja
agradável.
Eles foram levados para o andar de cima para uma suíte grande. Era
imensa, com paredes luxuosas e texturizadas e cortinas onduladas de
brocado. Uma sala de estar ficava ao lado do quarto de dormir, onde três
degraus levavam a um amplo sofá e uma escrevaninha.
— Espero que o quarto seja do seu agrado, Sua Graça.

Maura sentiu-se tensa.


— Eu tenho certeza que será, Edward.
A porta se fechou.
Alec se virou, olhando para onde sua esposa estava, perto de uma
pequena mesa lateral. O chapéu dela pendia da ponta dos dedos. Os
ombros dela estavam rígidos e quadrados. Ele sabia muito bem que ela
estava na defensiva.
— Talvez, Sua Graça — ele disse a ela — uma pergunta melhor seria
se o quarto é ou não do seu agrado.
Maura se virou.
— Este é meu quarto?
— De fato é.
— E o seu? — Ela perguntou.
Alec inclinou a cabeça, ciente das duas linhas de preocupação que se
juntaram entre as bem delineadas sobrancelhas negras.
— Eu acredito que a cama é grande o suficiente para nós dois.
Os olhos deles se encontraram. Os dela voaram para longe, depois
deslizaram de volta para ele. O queixo dela subiu um pouco.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O hotel está cheio, então?
Ele encolheu os ombros.
— Não faço ideia.
— Então talvez outro quarto possa estar arranjado.
Ela mascarou bem seu pânico ansioso. Alec, por sua vez, estava ao
mesmo tempo irritado e com raiva. Ele segurou-o à distância.
— Por quê? Não é a primeira vez que dormimos na mesma cama.
Nem uma quinzena se passou desde você estava muito ansiosa para
compartilhar minha cama. Claro, agora que você é minha duquesa, esse
zelo parece ter passado.
Houve um silêncio prolongado. Maura não disse nada.
— Sou conhecido aqui neste hotel, Irlandesa. Não quero dar a
entender que minha esposa e eu precisaremos que ela deve ter seu próprio
quarto. — Uma ligeira acidez surgiu em seu tom. — Podemos não dormir
juntos em Gleneden — ainda não, ele pensou — mas vamos dormir hoje à
noite.
Maura respirou fundo.
— Eu pensei que estivesse subentendido. Você queria minha
companhia, nada mais.
— Como você me lembrou nossa primeira noite em Gleneden, eu já
fiz a colheita das frutas. Por que, então, você está tão pouco tranquila? Sou
totalmente capaz de manter meu desejo sob controle.
Maura rangeu os dentes. Maldita a sua persistência. Maldita a sua
arrogância!
— No entanto, continuo me perguntando para onde a minha pirata
ousada e amorosa desapareceu, e quando ela reaparecerá.
— E se ela não reaparecer? — Seu tom era doce.
Ele inclinou o sorriso mais desarmante para ela.
— Bem, então, simplesmente terei que fazê-la reaparecer.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


A guarda de Maura subiu três vezes. O mesmo fez a batida do seu
coração.

— Agora venha, Duquesa, vamos dar um passeio.


Ela piscou.
— Eu pensei que você tinha negócios aqui.
— E tenho, então vamos andando. — Ele andou sem problemas até
uma das portas duplas e a segurou aberta. — Depois de você, Sua Graça.
Maura ficou sem opção a não ser precedê-lo.
O “passeio” consistiu em sair do hotel e virar à direita na esquina.
Ela respirou fundo. O olhar dela deslizou de um lado da rua para o outro.
Não havia dúvida de que era uma rua de lojas exclusivas. Quando ele
tentou levá-la até a mais próxima, a placa acima dizia MADAME
ROUSSEAU, Maura se afastou.
— Sua Graça — ela disse com tom estridente — pensei que isso
estivesse resolvido ontem. Não há nada que eu exija. Meu guarda-roupa é
bastante satisfatório.
Os olhos de Alec se estreitaram.
— Irlandesa, eu aconselho você a não me desafiar — afirmou sem
rodeios. — Depois de eu me decidir, não há como mudar isso. Concordo
que isso pode fazer com que muitas pessoas fiquem desagradadas, mas se
você não entrar na loja de madame Rousseau, a quem minha mãe uma
mulher extremamente na moda, a prefere acima de todas as outras, mesmo
as de Londres, então você não me deixa escolha. Não tenho aversão a jogar
você por cima do meu ombro aqui e agora.
Ele não tinha a intenção de seguir adiante, mas a expressão dela o
fez sentir vontade de cumprir a ameaça.
Várias pessoas passaram. Maura permaneceu onde estava, seu olhar
o condenando com fogo esmeralda. Fé, mas a fedelha era teimosa!
— Qual será, Duquesa?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Você não ousaria — disse ela entre os dentes.
— Você está preparada para arriscar?
A boca de Maura se abriu e depois fechou. Alec leu em sua
expressão uma incerteza crescente.
— Não é uma exigência que eu faço — ressaltou. — É apenas uma
pergunta que requer uma de duas respostas, sim ou não. Agora, qual será,
Sua Graça? Você entrará por si própria? Ou eu a ajudo a entrar?
Maura olhou furiosa.
— Vejo nos seus olhos a inclinação de me causar danos corporais —
disse ele levemente. — Reze para não. Pelo menos não aqui. Eu preferiria
muito que acontecesse — havia um brilho profano em seus olhos — em
particular.
O gelo refletido em suas feições adoráveis deveria tê-lo congelado,
mas ela entrou na loja.
Atrás do balcão, havia uma mulher pequena e elegante de uns
cinquenta anos. Apenas algumas faixas de cinza em suas têmporas
declararam sua idade. Olhos escuros inclinados brilharam de prazer assim
que ela visse Alec.
— Sua Graça! Prazer em vê-lo!
Ela devia ter sido uma beldade em seus dias, decidiu Maura. Ela
rapidamente avaliou quando Madame Rousseau saiu de trás do balcão, tão
magra quanto devia ter sido em sua juventude. Ao som de sua voz, várias
meninas deslizaram de uma área com cortinas, carregando fitas, tesouras e
alfinetes.
— Madame — Alec cumprimentou. Levemente, ele beijou as pontas
dos dedos. — Posso apresentar a minha esposa, Duquesa de Gleneden.
Madame fez uma pequena reverência.
— Enchanté , Sua Graça — disse ela com uma risada. Ela olhou de
volta para Alec. — Oh, mas muitos corações se partirão quando souberem

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


que o Escocês Negro se casou! — Seus modos se tornaram rápidos. —
Como posso ajudar, hoje?
Alec passou um braço em volta da cintura de Maura e a trouxe para
perto.
— Madame, você me permite conversar com minha esposa em
particular por um momento?
— Mais certainement. — Madame inclinou a cabeça e fez uma
reverência baixa. Ela bateu palmas e suas assistentes desapareceram atrás
da área com cortinas. — Por favor, toque a sineta assim que estiverem
prontos.

— Eu pensei que nós tínhamos resolvidos isto ontem. — Maura


estava tensa, seu tom muito baixo.
— Resolvemos?
— Resolvemos — disse ela calmamente.
— Nós não o fizemos — ele respondeu suavemente. — Eu admito,
no entanto, que você continua me surpreendendo. E você continua me
confundindo, também. Uma mulher que completa a sua toilette em
minutos. Uma mulher que detesta fazer compras e gastar o dinheiro do
marido! Você é completamente diferente de qualquer outra.
Maura não tinha certeza se isso era um elogio ou não. Ela escolheu
tomá-lo como um.
— Obrigada — ela disse secamente. — Agora posso voltar para o
hotel?
Ele ignorou a pergunta.
— Irlandesa, você tem a chance de gastar o que quiser, com o que
quiser, em quantos vestidos quiser. A maioria das mulheres estaria no céu.
— Como você acabou de dizer, eu não sou como as outras mulheres.
E espero que não se importe com a minha franqueza, Escocês, mas me

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


parece um pouco imprudente da sua parte dar carta branca a uma mulher
em uma loja como esta.
Alec também não podia acreditar. Ele respirou fundo. Ele não
entendia. Ele não a entendia. Era isso que ela queria, não era? Colocara-se
na cama dele para ganhar o direito de se proclamar Duquesa de Gleneden.
E agora com sua fortuna na mão, tudo o que poderia comprar, ela o
evitava! Do mesmo modo, ela evitava compartilhar a sua cama!
Ou ela estava bancando de ser tímida para convencê-lo de que ele
estava errado? De qualquer forma, ele estava com raiva e ofendido.
— Um acordo — disse ele de repente. — E se fizermos um acordo?
Ela o olhou com cautela.
— Que tipo de acordo?
Ele a pegou pelo cotovelo quando ela instintivamente recuou. Ele
riu.
— Não é esse tipo de acordo, Irlandesa.
Maura umedeceu os lábios.
— O quê então?
Ele apoiou um cotovelo na bancada.
— Aqui está o que eu proponho. Deixe Madame e suas assistentes
obterem suas medidas. Depois, você pode escolher um item da loja da
madame, vestidos, sapatos, o que quiser, qualquer peça de roupa feminina
que desejar. O custo não interessa.
Ela sacudiu a cabeça.
— Mas não há nada que eu precise.
— Não disse para escolher o que você precisa, Duquesa. Eu disse,
escolha algo que você queira. Algo que vai fazer você feliz.
O olhar de Maura foi para a mesa das meias de seda atrás dele,
depois de volta para o rosto dele.
— Você não tem medo que eu te mande para a casa dos pobres?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele riu.
— Você pode tentar. Tente o quanto quiser.

— E se eu disser não?
— A menos que você escolha algo que queira, eu comprarei a loja
inteira.
— O quê! — Ela exclamou.
— Eu farei — ele prometeu.
Ela inclinou a cabeça para o lado.
— Por que tenho a sensação de que há mais nessa barganha?
— Por minha vez, vou escolher um item também. Quando
voltarmos a Gleneden, você revelará sua escolha e eu revelarei a minha.
Mas quando estivermos em casa, prometa que vai usar o que eu comprar...
e o que você comprar. Essa é o acordo.
Maura apertou os lábios em ávida consideração. Alec respirou
fundo, seu intestino em chamas. Ele resistiu ao desejo de cobrir os lábios
dela com os dele, traçando aquele delicioso beicinho rosa em sua boca e
deixando o desejo levar aonde deveria.
Ele decidiu traçar a carranca entre as sobrancelhas dela.
— Isso é agradável para você, Duquesa?
— Se eu quiser salvar a sua fortuna, parece que devo — ela
resmungou.
Um sorriso roçou seus lábios. Ele floresceu em uma risada baixa e
encorpada.
— Tudo bem, então. — Ele arrastou um dedo pela curva de sua
bochecha. — Madame? — Ele chamou. — Sua Graça está pronta para suas
medições.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Quando ela terminou, Alec levantou-se da cadeira do lado de fora
do camarim.
— Minha vez de conversar com madame.
Assim que ele se foi, Maura foi direto para a mesa de meias de seda.
Pegando um par, ela as deixou deslizar por entre os dedos. Madame olhou
para ela um pouco estranhamente quando ela disse o que queria. E agora
Maura estava tonta de puro deleite. Ela sentiu vontade de girar e se
abraçar. Muito em breve ela teria seu próprio par de meias de seda.
A voz de Alec veio atrás dela.
— Vejo que você está bastante empolgada com isso. Elas são boas,
não são?
Maura estava ocupada demais parabenizando-se alegremente para
perceber que ele exibia um sorriso de gato que engoliu o creme.

Jantaram naquela noite na sala de jantar do hotel, uma sala adorável


decorada em tons de bronze e ouro. A luz das velas piscava nos lustres.
Maura comeu com moderação. Ela procurava com frequência um
cálice delicadamente gravado, com uma dose generosa do garçom, e então
percebeu o escrutínio de Alec enquanto o levava aos lábios.
Ele a agraciou com um sorriso conhecedor.
Maura rapidamente abaixou o cálice sobre a mesa.
A cada momento, a cada segundo, ele sentia seu crescente
nervosismo. Ela recusou a sobremesa, colocando as mãos embaixo da mesa.
De vez em quando, seu olhar voava em direção às escadas.
Alec agitou seu conhaque depois do jantar, depois se recostou na
cadeira. Ele estava bem ciente da razão de sua inquietação.
— Algo está errado, Irlandesa?
— Sim, na verdade. — Ela levou as costas da mão à testa. — Oh
céus. Acho que estou desenvolvendo uma dor de cabeça terrível.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele inclinou a cabeça para o lado.
— Que curioso.
— Curioso? — Ela ecoou.
— Talvez seja o vinho.
Ela olhou para ele estranhamente.
— O vinho parece ter vários efeitos sobre você — ele fingiu pensar.
— Se você se lembra, na noite do baile de máscaras de Lorde Preston,
despertou uma grande atração por mim. — Ele passou a ponta do dedo
pela linha de sua mandíbula. Ela ficou tensa sob seu toque.
O patife! Ele estava gostando disto! Mas ela admitiu para si mesma
que ele estava certo sobre uma coisa, atração era de fato a palavra que lhe
vinha à mente sempre que ele estava perto, e igualmente, quando ele não
estava!
— Sua Graça, eu odeio estragar a noite, mas temo que a dor esteja
ficando bastante abominável.
Alec teve a sensação de que ela estava lhe dizendo, em termos
inequívocos, que ele era bastante abominável.

— Talvez devêssemos chamar um médico, então.


— Não! — Ela disse rapidamente. — Vou descansar um pouco e
tenho certeza de que estarei bem rapidamente. — Ela empurrou a cadeira
para trás. Num instante, ele estava lá ao lado dela, uma mão forte
segurando o seu cotovelo quando chegaram à escada em caracol.
— Irlandesa, talvez eu deva carregar você. Sua dor de cabeça
certamente deve estar deixando você fraca.
No sexto passo, ela rangeu os dentes.
— Realmente, Maura, isso é muito imprudente. Confie em mim.
Mantenha a sua força.
Ela o viu no espelho no patamar. Ele estava rindo dela, o canalha!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Assim que entraram na suíte, Maura percebeu o quanto o julgara
mal.
E quão tolamente o subestimou, pois as mãos dele já estavam nos
botões nas costas de seu vestido.
Ela levantou a cabeça.
— Uma empregada... Certamente o hotel...
— Não há necessidade de uma, não quando seu marido está aqui.
Eu me consideraria muito pouco cavalheiro se deixasse você quando mais
precisa de mim.
Seu vestido caiu no tapete, junto com as camadas de anáguas.

— Pronto, já foi. Deve sentir-se muito melhor. — Ele pressionou um


beijo quente em sua nuca, um beijo que a fez tremer por dentro.
A sensação da boca dele na pele dela enviou arrepios de prazer por
toda a pele.
— Você teve um calafrio? Temos que nos apressar e levá-la para a
cama.
Hábeis dedos masculinos puxaram os laços do espartilho. Maura
balbuciou, depois ofegou quando ele a virou.
— Eu... você... espere!
Seu espartilho em cima de sua saia, sua camisa puxada sobre a
cabeça.
Não mais confinados, seus seios se soltaram. Algum som fraco
escapou de seus lábios quando ela olhou para baixo e confrontou sua
nudez.
— Calma, Irlandesa. Modéstia não é uma palavra que deveria existir
entre marido e mulher, você não concorda? — Um beijo foi plantado na
ascensão de cada seio, enquanto ele tirava as pernas dos calções. — Linda,
Irlandesa. Linda.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Com as mãos no cabelo dela, ele puxou os alfinetes que o
seguravam. O cabelo dela caiu sobre os ombros, sobre as mãos dele. Seus
sapatos foram os próximos, suas meias de algodão descalçadas.
— Está vendo? Afinal, não há necessidade de empregada, não com
um marido atencioso à mão. Agora então, vamos levá-la para a cama.
Com toda a honestidade, Maura não tinha certeza de que fez isso
por si mesma. Ela estava prestes a desmaiar de vergonha, ou choque.
Talvez os dois, ela decidiu com total mortificação, assim como um braço
musculoso deslizou sob seus joelhos e ela se sentiu erguida. E então tudo o
que ela conseguia pensar era como ele conseguia isso com tanta facilidade.
Então ele fez o impensável. Em segundos, a jaqueta e a camisa
estavam fora, revelando o plano poderoso do peito áspero.
Por fim, ela recuperou seus poderes de expressão.
— E se essa doença for contagiosa? — Ela chorou. — Talvez você
deva dormir em outro lugar hoje à noite.
— Absurdo! Infelizmente, admito, se for esse o caso. — Um suspiro
exagerado. — Mas não vou ser acusado de ser um marido insensível. E,
nesse caso, pelo menos podemos nos recuperar juntos. E se não estivermos
doentes, bem, quem sabe? Podemos decidir ficar mais alguns dias “nossa
lua de mel” e permanecer aqui, na cama, se quisermos.
Os pensamentos de Maura eram uma confusão selvagem. Ah, mas
ele estava tão satisfeito consigo mesmo! Sua manobra era totalmente
transparente, sua diversão inconfundível, sua audácia sem limites. Por que
se preocupar em mascará-las por trás da chamada preocupação?
E por que ela se importava, se já estava feito?

Mas parecia que ele não havia terminado. As mãos dele estavam na
cintura. Alguns movimentos rápidos e ele saiu da calça. Sua boca ficou
seca. Ele estava perto o suficiente para tocar. Suas nádegas pareciam duras
e tensas. Ele se virou.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Nu.
Ela poderia ter desviado o olhar. Ela deveria ter desviado o olhar.
Ela não o fez. Uma loucura irracional tomou conta dela quando ela
não o fez, e isso foi o mais mortificante de tudo! Inspirando bruscamente,
ela se virou, apoiando o rosto nos braços com um gemido. Impressa nos
olhos de sua mente, estava a imagem de virilidade bruta e gritante.
Alec apagou a lâmpada na cabeceira e deslizou na cama ao lado
dela.
— Venha, Irlandesa, deixe-me aquecê-la. Deixe-me afastar os seus
pesadelos.
Uma mão forte desceu sobre o seu quadril. Um braço comprido a
capturou, agarrou-a perto, tão perto quanto um homem e uma mulher
poderiam estar sem se unir. Era como se ela estivesse deitada em cada
centímetro dele.
Ela lutou para acalmar a pulsação frenética de seu pulso. Ela estava
com medo de respirar, de se mexer, com medo de agitar a parte dele que
dominava a sua mente.
Seu corpo irradiava calor. Seu coração batia forte. Mas Alec não fez
nada além de acariciar seu braço e ombro, um toque de pena que era
estranhamente reconfortante. Pouco a pouco, sentiu-se relaxar, entrando no
mundo dos sonhos.
Muito, muito antes do que Alec esperava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Treze

Quando Maura acordou, a cama estava vazia. Ela dormiu


profundamente, mais profundamente do que esperava, tendo em vista que
esteve aninhada contra Alec a noite inteira.
Ela estava banhada e vestida quando ele reapareceu. Tomaram o
café da manhã na sala de jantar do hotel e depois foram para a estação de
trem. O cocheiro de Alec, Douglas, encontrou-se com eles em Ayr. Alec
ajudou-a a subir para a carruagem e se sentou à sua frente. Ele permaneceu
friamente educado, embora um pouco distante. Ou ele estava apenas
comtemplativo? Independentemente da razão por trás de seu silêncio, isso
sacudiu seus nervos. E em seu nervosismo, ela começou a tagarelar.
— É terrivelmente triste, não é? Vamos ter imensa chuva, pelo
aspecto daquelas nuvens. Oh, olhe, um pântano! E você se atreveu a
chamar minha Irlanda de pântano em uma ilha, lembra? Não há mais
pântanos nas terras de McDonough, você sabe. Um ano, meu pai viajou até
Donegal para que o castelo e nossos inquilinos tivessem combustível para o
inverno. O clima foi terrivelmente brutal naquele ano, creio. Eu não devia
ter mais de dez anos, mas nunca esquecerei.
Dez minutos depois, ela viu um pônei.
— Aquele é um Shetland2? — Ela deu uma risada encantada. —Isso
me lembra os pôneis de Connemara 3 . Você já viu um Connemara? Os
Connemaras puxaram os carrinhos de turfa de volta para McDonough...
Ela parou. Alec a mirou, sua expressão bastante irritada.
Maura ficou na defensiva.
— O quê?

2
raça de pôneis originária das ilhas Shetland, na Escócia. Têm pelagem densa, pernas curtas e são considerados
muito inteligentes.
3
raça de pôneis originária da Irlanda. São atléticos, versáteis e bem-dispostos. A raça produz excelentes póneis
para espetáculos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Uma sobrancelha se ergueu.
— Eu não tinha ideia de que eu me casaria com uma gralha — ele
falou demoradamente. — Eu gostaria que seu tio tivesse achado
conveniente me dizer.
— Bem, se você não fosse tão rude a ponto de se sentar aí como um
tronco de madeira e se esforçar para conversar de vez em quando, não
haveria necessidade de eu preencher o silêncio — ela o informou com
veemência.
— Uma rajada de mau humor! Por que não estou surpreso? Você é
uma criaturinha feroz, não é?

Maura lançou-lhe um olhar virulento. O queixo dela endureceu. Ela


não deixaria que ele a provocasse. Ela passou o restante caminho até casa, a
olhar pela janela.
Certamente ela não se atreveu a arriscar uma única palavra.
De volta a Gleneden, ela entregou o chapéu a uma criada que
aguardava e pediu que seu traje de equitação fosse preparado.
Houve um toque em seu ombro.
— Eu temo que seu passeio precise esperar. — Alec assentiu. Maura
olhou além do ombro e descobriu que os céus se abriram como uma
comporta. A chuva açoitava as vidraças.
— É claro, vivendo naquele pântano em uma ilha chamada Irlanda,
sem dúvida você está acostumada a um pouco de chuva.
— Você — ela declarou em voz alta — é uma criatura miserável por
me atormentar tanto. — Mas sem dúvida o céu está tão sombrio quanto o
Senhor de Gleneden. — Agraciando-o com um ácido sorriso, ela removeu
as luvas e as entregou a Aggie, a criada. — Eu creio que gostaria de chá na
sala vermelha.
A empregada parecia intrigada. Foi Alec quem forneceu o motivo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Acho, Irlandesa, você quer dizer a sala dourada, na ala norte, a
ala da família. Não existe um salão vermelho, embora haja uma sala rosa na
ala de convidados.

Maura olhou para a empregada.


— A sala dourada, então, por favor.
— Sala dourada, será, Sua Graça.
A empregada fez uma reverência e apressou-se a atender o pedido
da sua Senhora. Maura olhou para Alec, depois virou-se para a ala norte. O
animal estava se divertindo demais às custas dela.
Mas isso fez Maura entender, exatamente, o que ela estava
enfrentando. Desde a sua chegada, sua busca pelo Círculo de Luz não
havia se estendido além de mais de meia dúzia de quartos na ala norte e
uma busca superficial do sótão onde ela encontrou os castiçais que havia
dado a Murdoch.
Sentada na sala dourada com o seu chá, ela lembrou a si mesma que
não havia necessidade de desanimar. Gleneden Hall era simplesmente
maior do que ela esperava. O mais difícil seria descobrir onde um pirata
que viveu duzentos anos atrás teria escondido o Círculo, escondido onde
ninguém o poderia encontrar nos próximos duzentos anos.
Porque ninguém tinha.
Ainda estava aqui.
Algum lugar.
Aquela estranha sensação de que estava aqui, não havia diminuído.

Na verdade, estava mais nítida, ainda mais aguçada, mais forte do


que nunca. Ela sentia isso toda vez que passava pelo retrato de James
McBride, sétimo duque de Gleneden. E toda vez, também, era como se ela
estivesse mergulhando em uma cuba de gelo. Algo brilhava em seus olhos,
como se ele a provocasse.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


E toda vez ela amaldiçoava sua alma enegrecida. Maura mexia o chá
inquieta e recolocou a colherzinha no pires. O olhar dela circulou a sala,
descansando em uma pintura de uma cesta de frutas acima do sofá.
Colocando a cabeça no corredor para se certificar de que não havia
ninguém por perto, ela correu de volta para dentro para espiar por trás de
cada uma das seis pinturas da sala. Não havia compartimentos ocultos
atrás de nenhum deles. Não havia gavetas secretas na longa mesa baixa
atrás do sofá. Ela se irritou. Se Alec não estivesse em casa, ela poderia
rondar à vontade.
Voltando ao chá, ela olhou pela janela. A chuva começou a diminuir.
As horas de viagem a fizeram ansiar por ar livre. Se a chuva parasse e
restasse luz do dia suficiente, ela iria até o poço dos desejos. Maura sorriu.
Não era um lugar de beleza extravagante, mas sim, extravagante. Ela e a
mãe de Alec tinham algo em comum. As duas gostavam dele.

— Sua Graça?
Maura olhou para cima. Era Aggie, e só então ela percebeu que a
garota a havia chamado duas vezes. Ela estremeceu por dentro. Ela não
estava acostumada a ser abordada como “Sua Graça”.
— Sim, Aggie?
— A Sua Graça exige a sua presença em seu quarto, Sua Graça.
— Obrigado, Aggie. — Ele pensou que ela correria com a sua
convocação? Pelo céus, ele poderia esperar.
Passaram-se quinze minutos antes de ela caminhar para o quarto.
Alec estava sentado em uma das grandes poltronas em frente à lareira. A
julgar por sua expressão, não parecia que ele estava impacientemente
esperando.
Ele ficou de pé. Tinha, numa mão, uma pequena caixa com um laço.
Ele bateu-a contra o peito.
— Você acha que eu esqueci a nosso acordo na Madame Rousseau?
— perguntou ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O coração de Maura saltou. As meias dela! Ela pegou a caixa.
Alec segurou-a bem acima da cabeça.
— Tome cuidado para não a perder! — Ele advertiu. — Lembre-se
do que combinamos. O que você comprou, prometeu usar.
— Sim, sim! — Ela estava impaciente.
— E o que eu escolhi, você também usará. Eu tenho a sua palavra?

— Sim! Eu prometo!
Ele entregou-lhe a caixa. Maura arrancou a fita, segurou as meias
contra o peito e cantou:
— Não acredito. Meu primeiro par de meias de seda! Minhas! — No
meio da dança dela para cima e para baixo, ele a pegou pelo cotovelo e a
girou. Ele apontou para a porta.
Aggie e meia dúzia de outras criadas entraram, cada uma
carregando várias caixas redondas que empilharam perto do armário.
Quando elas se retiraram, Alec acenou para Maura.
Ela caiu de joelhos e arrancou tampa após tampa de caixa após
caixa. Com seu ombro apoiado na porta, Alec olhava. No momento em que
ela terminou, apertadas contra o peito e espalhadas por todo lado, havia
dezenas de meias de pura seda. Maura estava rindo impotente.
Ela olhou para Alec.
— Oh, meu Deus, você comprou até ao último par na loja, não
comprou?
— Acredito que a madame disse algo nesse sentido, sim.
Alec olhou pensativo. Se ela pedisse tudo, ele teria comprado pouco
ou nada. Mas como tudo o que ela queria era uma coisa tão simples, e isso
quase arrancado à força! Agora, ele desejava ter comprado até aos últimos
itens em todas as últimas lojas da rua.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Que Deus o ajudasse, valeu a pena para vê-la iluminar-se desse jeito.
Lágrimas de riso escorreram por suas bochechas quando ele a
puxou para seus pés. Ela jogou os braços em volta do pescoço dele.
— Alec McBride, você é muito louco!
Sentindo despertar algo estranho no fundo de seu intestino, ele
respirou fundo. Ele entregou a ela o lenço para enxugar as lágrimas. Ele
nunca viu tanta alegria por algo que, para ele, era tão insignificante.
Sua relutância ganhou muito mais do que a ganância ou a
insistência. Ela alegou que não era dinheiro ou o título dele que esperava
ganhar. Ela ter sido apanhada na cama dele de fato foi um acidente? Se ele
pudesse ter certeza.
Tudo o que sabia era que, não teria trocado, por nada no mundo, o
brilho no rosto dela naquele momento. A luz que brilhava em seus lindos
olhos verdes estava simplesmente além de qualquer preço.

Durante o jantar, de vez em quando Maura deixava o sapato


pendurado na ponta dos pés, inclinava a perna para debaixo da cadeira,
ajeitava a saia levemente para admirar as meias.
Durante o chá, Alec olhou para ela.
— Irlandesa, você está fazendo o que eu acho que você está?
— Não estou fazendo nada, Senhor — disse ela, impaciente.

Ele colocou a xícara no pires, dobrou o guardanapo com cuidado e


colocou-o ao lado do prato. A próxima vez que ela dobrou a perna, ele
alcançou debaixo da mesa e pegou a parte de trás de sua panturrilha.
— Então você gosta de suas meias novas, não é?
— Eu realmente gosto.
Ele passou os dedos atrás do joelho dela e deu uma risada cheia e
gutural.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Bem, eu também, Irlandesa. Eu também. — A mão dele estava
agora errante, quase nas ligas de fita de seda dela. Os olhos de Maura se
arregalaram.
A noite passou muito mais rapidamente do que ela previra. Depois
que o último prato foi retirado, Alec empurrou a cadeira para trás. Maura
começou a fazer o mesmo. A voz dele a deteve.
— Espere — ele disse suavemente. — Suas mãos. Deixe-me vê-las.
Ela olhou para ele, surpresa quando ele se virou para encará-la.
— O quê? — Suas mãos se abaixaram instintivamente debaixo da
mesa, em seu colo.
Ele balançou a cabeça, seu escrutínio repentinamente penetrante.
— Suas mãos, por favor, Irlandesa.
O coração de Maura estava subitamente batendo. Ela se mexeu e o
encarou, depois começou a levantá-las do colo. Dedos magros pegaram os
dela. Virando as palmas das mãos, ele embalou as mãos dela nas dele.
— Suas mãos são pouco maiores que as de uma criança — ele
murmurou.

Ela engoliu em seco, sua garganta, de repente seca. As mãos de Alec,


magras e fortes, eclipsaram em muito as suas.
Ela não conseguiu perscrutar a sua expressão. Ele a olhou por tanto
tempo e tão intensamente que ela instintivamente começou a se afastar.
Assim que ele o sentiu, seus dedos seguraram os seus pulsos.
De repente, ela estremeceu, por dentro e por fora.
Ele olhou para cima, seu olhar encarando o dela.
— Por que você está tremendo?
— Eu não sei — ela sussurrou.
Maura olhou para baixo, onde os dedos dele rodeavam seus pulsos.
Seu domínio era forte, mas de alguma forma gentil.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


De repente, ele puxou o anel da mão esquerda dela, a aliança de
ouro que ele colocou no dedo dela na Irlanda. Quase antes que ela
percebesse, ele a trocou por outro.
Maura virou a mão e olhou. O anel era simples, mas bonito, uma
grande safira cercada por minúsculos diamantes que piscavam à luz.
Os lábios dela se separaram.
— O-o que é isso?
Sua expressão era solene. Intensa.
— Por mais de duzentos anos, todas as duquesas de Gleneden
usaram este anel.
— Mas... sua mãe...
— Agora é a duquesa viúva. Depois que minha mãe deixou o luto,
ela substituiu este anel por outro dado a ela por meu pai, um que ela
aprecia muito pelo sentimento que representa. Mas, como minha noiva,
esse anel pertence ao seu dedo. — Ele fez uma pausa e disse suavemente:
— Parece adorável em você, Duquesa.
Erguendo a mão dela, ele inclinou a cabeça e beijou o interior do
pulso dela. Havia um problema em seu coração. De alguma forma, isso era
tão íntimo como se ele tivesse beijado sua boca.
De repente, ela quis chorar. Sua garganta ficou quente. A ternura de
seu toque, a maneira como ele olhou para ela, derreteu seu interior. Ela
estava se apaixonando por ele? Ela não podia... não deveria!
A verdade era como uma traição. Ela se desprezava. A sua
enganação. O anel dele fez sua missão aqui, ainda mais desagradável. Ela
não tinha o direito de usá-lo. Alec a odiaria quando descobrisse a verdade,
e isso a estava matando. Ela odiava que ela deveria esconder seu engano.
Ele ficou de pé, os dedos ainda ligados. Respirando fundo, Maura
também se levantou.
Um vislumbre de um sorriso tocou os seus lábios dele. O momento
sério se foi.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O que você diz a uma taça de vinho na sala dourada, Irlandesa?
Ou talvez no grande salão. É bem aconchegante sentar na frente da lareira
com um copo de conhaque.
— Isso pode ser difícil. Apesar da chuva, está bastante quente hoje e,
portanto, não há necessidade acender a lareira — ela se viu provocando.
— Então talvez você esteja pronta para o seu outro presente.
O sorriso dela vacilou.
— Mas isto...
— É o seu anel de casamento — ele terminou — não é um presente.
Como Duquesa de Gleneden, é seu direito usá-lo.
Um turbilhão de emoção agitou o peito de Maura. Em sua mente,
um conflito silencioso guerreava. Seu engano a rasgava mais e mais a cada
dia. Mas, caramba, ela não tinha motivos para se sentir culpada. O Escocês
Negro havia roubado de seu clã. Ela estava aqui para recuperar o Círculo, e
estava perto, tão perto! Quando ela pensava em todos os itens de valor
nesta casa... Mas só uma fração do valor deles alimentaria todas as famílias
nas terras de McDonough por muitos anos.
Maldito Escocês Negro. Maldito, maldito, maldito seja!
— Você está pronta para o seu outro presente?
Ela não tinha ideia de que Alec notou todas as emoções que tocavam
em seus traços.
Ela balançou a cabeça.
— Sua Graça, eu tenho o que quero, minhas meias de seda. Muitos
pares de meias de seda, se você se lembra. — Ela forçou uma risada. —
Não preciso de mais nada.
— Você não pode renegar. Um acordo é um acordo. Sim, você teve a
sua escolha, mas ainda não viu a minha que encontrará em seu quarto. —
Uma sobrancelha se ergeu. — Você não está curiosa?
Sim, ela decidiu. Curiosa, sim. E certamente desconfiada.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Vá — ele disse suavemente.
Ela sabia que não tinha escolha. O que ela estava pensando, para
fazer uma promessa tão tola? Pegando as saias, subiu as escadas com
cuidado. A cada passo surgia o desejo de se virar e correr. Mas se ela
corresse, estaria de volta aos braços dele. E se ela o esperasse lá em cima...
Não havia como evitá-lo.
No quarto dela, Maura foi direto para a cama. Deitada na manta,
estava uma camisola de pura renda. Ela constatou que nunca tinha visto
algo tão lindo na sua vida. Ela passou a mão sobre ela quase com
reverência, o laço de fio de pano tão frágil e delicado que ela quase teve
medo de tocá-lo com medo de que desaparecesse.
— Você gosta disso?
A porta se fechou. Era Alec, sua voz baixa e rouca. Ele entrou sem
ela estar ciente disso.
Maura olhou para ele.
— Sua Graça, eu não tenho a certeza do que dizer. — Seu tom era
quase inaudível.

— Você não gosta?


Ela balançou a cabeça.
— Então o quê?
Pela segunda vez naquele dia, lágrimas vieram à superfície.
Infelizmente, estas não eram lágrimas felizes.
— Você está... surpresa?
— Não zombe de mim, Escocês. — Ela lutou contra uma profunda
vergonha. Ela poderia muito bem dizer a ele do que se tratava. Mas ela
tinha medo de que ele a mandasse de volta para a Irlanda, e ela nunca
encontraria o Círculo de Luz. — Eu... eu me sinto como uma ladra.
— Uma palavra estranha para usar, Irlandesa.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Por que é estranho? — Seu tom era muito baixo. — Você não se
coibiu de manifestar os seus sentimentos. Você acha que eu conspirei para
casar com você por causa do seu dinheiro. Por — ela acenou com a mão —
tudo isso.
Enrolando os nós dos dedos sob o queixo dela, Alec guiou os olhos
para ele.
— Eu não sou um avarento, Irlandesa. Não agi como um, nem há
necessidade de você pensar que irei agir. Certamente não há necessidade
de você agir como uma. Você pode comprar o que quiser. Vou garantir que
você tenha uma mesada. Se você precisar de mais, há dinheiro trancado na
gaveta da direita da mesa no meu escritório. A chave está dentro do vaso
diretamente atrás da minha mesa. Ou você pode vir até mim. Agora,
podemos concordar que não teremos essa conversa novamente?

Olhos azuis intensos procuraram os dela antes que Maura assentisse


levemente.
— Excelente. Agora, de volta ao negócio em questão. — Com um
meio sorriso diabólico, ele olhou para a camisola. —Devo confessar, achei
esta camisola excecionalmente... provocante.
Maura a achava excecionalmente... reveladora. Ela engoliu em seco.
— Oh Deus. É... é... — Ela queimaria no inferno pela maneira como
enganara Alec. E se ela não queimasse no inferno por isso, queimaria no
inferno por ousar vestir uma camisola como essa!
— Sim. Eu posso ver como isto pode levar à perda de palavras. —
Ele deu-lhe um empurrão suave em direção ao biombo. — Vista-o.
O queixo dela caiu.
— Espere. Você espera que eu vista...
— Sim.
— Agora?
— De fato.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Agora?
— A gralha regressou, estou vendo. Certamente você deve ter
notado que está de noite, Irlandesa.
Ele deveria soar tão condenadamente racional? Ela lutou para
manter o desespero em seu tom.
— Onde está o roupão?
— Eu não acredito que tenha um. De qualquer forma, eu não o teria
comprado. Isso eliminaria o objetivo de comprar uma camisola como esta.

Ela não pôde apresentar argumentos para essa afirmação e percebeu


que tinha pouca escolha. Droga, ele estava gostando demais disto. Ela a
pegou da cama e deu um passo atrás do biombo.
Do outro lado, Alec ouviu várias maldições murmuradas, bastante
inflamadas. Em uma bastante virulenta, ele suspirou.
— Você precisa de ajuda com seus cadarços?
— Eu nem cheguei ao diabo dos cadarços, não com todos estes
malditos botões para desabotoar!
— Que sorte eu esteja aqui, então. — Ele rodeou o biombo e deu um
passo atrás dela.
Maura não se iludiu. Quando Alec a levou para o andar de cima, ela
certamente não esperava que sua criada a estivesse esperando.
— As restrições das roupas femininas são incômodas, na melhor das
hipóteses. Tortura pura, na pior das hipóteses. Posso sugerir que não há
necessidade de você se restringir a isso, quando estiver no seu quarto de
dormir, ou no meu, aliás. As mãos dele estavam ocupadas durante todo o
discurso. — Pronto, está pronto.
Maura segurou a mão contra o peito, embora seu vestido certamente
não corresse perigo de cair.
— Posso ter um pouco de privacidade?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Claro — Alec desapareceu.
Um tumulto de emoção girou no peito de Maura. Alcançando
profundamente no bolso do vestido, ela pegou sua amada bolsa de veludo
e a colocou na cadeira. Ela soltou um braço do vestido de seda listrado.
Alec estava certo, ela concordou, avançando por suas saias. Ela prometeu
usar o que ele comprasse. Ela se jogou nesta situação do suposto casamento
sem ideias reais, talvez a melhor palavra fosse realista, de como proceder
além de entrar na casa do Escocês Negro. Ela sabia desde o início que tinha
que agir com cuidado em relação às expectativas do marido. Aos seus
deveres de esposa. Alec McBride era um homem intensamente masculino,
de carne e osso.
Com desejos de carne e osso.
E ela dificilmente podia negar que também nutria esses mesmos
desejos.
A atração que começou a noite do baile ainda fervia sob a superfície,
sempre que estavam juntos. Apesar da fúria dele pelas manipulações dela,
ainda estava lá. Sempre uma constante. Ela sentiu que Alec o continha,
controlava e lutava para ignorá-lo.
Ela também lutava contra a mesma coisa.
Era uma dança perigosa de decepção. Uma linha precária que ela
deveria seguir. Se ela o afastasse demais e com muita frequência, ele ficaria
desconfiado. Para seu crédito, ele tinha sido notavelmente contido, dado o
calor explosivo de sua atração naquela noite no baile de máscaras do barão.
Certo, ela não tinha experiência para julgar, mas achou que era explosivo.
Para ela, pelo menos.
Maura deslizou a camisola por cima da cabeça e depois a colocou no
lugar. Puxando os alfinetes de seu simples coque, ela sacudiu os cabelos,
penteando-os com os dedos.
Havia um espelho chanfrado atrás do biombo. Ela lentamente
levantou a cabeça para olhar seu reflexo. Ela ficou chocada com a mulher
que olhou para ela. Sua pele brilhava através da renda. A camisola

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


escondia muito pouco do seu corpo. Era tão fino que ela poderia muito
bem estar nua. As luzes eram fracas; eles banhavam o contorno de seu
corpo com um brilho nebuloso. Com o cabelo desgrenhado, cada
centímetro de sua carne claramente visível, ela parecia uma mulher que
acabara de rastejar da cama de seu amante.
Ou uma mulher prestes a engatinhar na cama de seu amante.
Ela não conseguiu se mover. O coração dela parou. Ela tinha medo
de se virar e encarar Alec.
Ela não precisava.
De repente, ele estava atrás dela, alto e poderoso. Ela teria se virado,
mas ele a deteve com um aceno de cabeça.

Com uma única ponta do dedo por baixo do laço no ombro dela, ele
o deslizou para baixo, descobrindo a pele. Um puxão, e se separou.
Maura não poderia ter se mexido, mesmo que quisesse. Ela olhou,
hipnotizada, o reflexo dele, hipnotizado pelo dela. Seus olhos se
encontraram, os dela arregalados e assustados. Os de Alec queimavam
como tochas azuis ardentes. Era como se ele tocasse na sua alma. O braço
direito dele enrolou em volta da cintura dela, puxando-a de volta contra
ele. Ela estremeceu por dentro, ciente do seu poder e força latentes. Ele
afastou a cortina negra de seus cabelos, expondo o comprimento frágil de
seu pescoço, a inclinação delicada de seu ombro.
Nunca em sua vida ela esqueceria a fome ardente em seus traços.
Ela viu nos olhos dele antes dele abaixar a cabeça. Ele beijou a sua nuca,
uma trilha ardente até o ponto sensível logo abaixo da orelha dela. Ela não
tinha sonhado que poderia ser tão dolorosamente sensível ali. Os lábios
dele roçaram o lado do pescoço dela. Ela inclinou a cabeça, concedendo
ainda mais acesso ao toque tentador de seus lábios.
O corpo dela reagiu instintivamente. Impacientemente. Seus
mamilos empurram contra o pano fino. Eles formigavam, agulhas geladas
que ansiavam... alguma coisa. Algo mais...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela estava vagamente consciente da camisola numa poça a seus pés
e então ela soube o que era aquilo. Suas mãos seguraram o peso de um seio
na mão. O braço dele deslizou sobre o ombro direito, reivindicando seu
seio esquerdo. Seu polegar roçou a coroa; ela quase gritou.
Maura não conseguia desviar o olhar do espelho. Era como se ele a
possuísse, uma armadilha requintada. Seus dedos traçaram círculos ao
redor dos mamilos dela. Seu polegar passou levemente pelos dois picos.
Tomando-o entre o polegar e o indicador, ele apertou levemente, depois
palmas para frente e para trás, para frente e para trás, atormentando-a até
gemer.
Imersa em pura sensação, seus olhos estavam semicerrados. As
mãos dele estavam nos seios dela, magras e escuras contra a pele pálida.
Uma onda de puro prazer a atravessou. Era extremamente erótico
enquanto ela o observava tocar em seu corpo... e vê-lo observá-la era ainda
mais erótico.
Dedos magros se espalharam por sua barriga, abrangendo a largura
entre seus quadris, escuros contra sua suavidade pálida. Suas carícias
impeliram uma persuasão chocantemente convincente. Maura prendeu a
respiração. As pontas dos dedos pintaram um caminho tentador para a
barriga dela, parando por um momento de arrepiar a mente.
Então deslizou descaradamente no triângulo de cachos acima de
suas coxas.

Cada grama de força parecia escorrer de seus membros. A língua


dele traçou o tendão do pescoço dela. A cabeça dela caiu para trás.
Com uma exclamação abafada, Alec a virou nos braços, inundado
de excitação. Com as pernas um pouco afastadas, ele segurou o joelho dela
e o colocou no alto do quadril. Ele a segurou diretamente entre as pernas.
Com uma mão moldando a curva de suas nádegas, ele a apertou com força
contra ele, levantando-a contra a dureza saliente de sua ereção por um
momento de perder a mente. Maura agarrou os braços dele, sentindo a
tensão nos braços dele quando ele a pegou e a levou para a cama.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Lá, eles estavam juntos, lado a lado. A boca de Alec cobriu a dela,
reclamando a sua reivindicação. Empurrando a camisa, ele esfregou o peito
no dela. Sua pele estava pálida, quase translúcida; ele podia ver o traço
frágil de veias embaixo. Um desejo sombrio tomou conta dele. Ele não
tinha poder para controlá-lo. Ele fechou a boca ao redor de um mamilo
inchado e depois do outro, sugando com força.
A mão dele foi mais para baixo. Quão alta ela era, era incrivelmente
delgada e magra. As pontas dos dedos se esticaram, fazendo uma ponte
sobre a cavidade da barriga dela. Um dedo solitário circulou o núcleo de
carne escondido em seu ninho de cachos, o ponto macio entre pétalas
elegantes e femininas. Ele sentiu o choque que passou por ela. Sua própria
necessidade vibrou profundamente em seu peito. Cristo, ela era gostosa.
Umedecida com calor. Tremendo de desejo. E ele estava queimando por
dentro e por fora.
Alec sentiu seus lábios se abrirem sob os dele. Ele rangeu os dentes,
passando um dedo dentro da passagem dela uma escassa polegada.
Mesmo ali ela era pequena, sua carne se apertando ao redor do dedo dele.
Deus, ela se encaixaria em seu pênis como uma segunda pele. Ele quase
podia jurar...
Maura respirou fundo.
— Sua Graça...
Gotas de suor irromperam em sua testa.
— Alec — ele murmurou. — Meu Deus, você me chama de “Sua
Graça” quando tenho minha mão na sua...
— Alec! — Ela exclamou.
Ele capturou seus lábios. Seu polegar circulou aquele ponto de
prazer. Ela se contorceu contra ele, ao seu redor.
— Sim, Irlandesa, é esse o caminho. Em breve serei eu dentro de
você.
Os olhos de Maura se abriram. Alarme a tomou. Sua respiração
ficou irregular, seus pensamentos em explosões irregulares. Se ela

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


permitisse isso, Alec descobriria a verdade do que aconteceu, não, o que
não aconteceu, na noite do baile de máscaras do barão.
A verdade surgiria.
Ela não podia arriscar. Ela não ousa arriscar.
Porque então ela poderia nunca encontrar o círculo.

E tudo estaria perdido.


— Alec — ela sussurrou, e então foi um grito: — Alec!
Algo em sua voz penetrou através da névoa ardente de prazer que o
cercava. Seus olhos se abriram. Ele olhou diretamente para ela.
Seus lábios ficaram ameaçadoramente finos.
O rosto de Maura estava escaldante. Seu pulso batia loucamente.
Com o coração caótico, ela olhou para ele, apenas para desejar que não
tivesse.
— Droga, Irlandesa, o que é isto? — Ele estava inundado de
sensações, morrendo de vontade de estar dentro dela. Ela não percebeu o
quão perto ele estava daquele ponto sem retorno? Ele estava a uma batida
do coração, a ponto de a prenetarar com força e profundamente, o mais
profundo que conseguisse.
Então ele viu o tremor dos lábios dela e uma expressão estranha
passou por suas feições. Ele ficou um pouco pálido.
— O que é foi? Cristo, na noite do baile de máscaras, eu... — as
palavras foram proferidas. — eu machuquei você?
— Não — ela disse fracamente.
— O quê então?
Maura balançou a cabeça. Ele a soltou. Sentando-se, ela cruzou os
braços sobre a nudez. Ela desprezava os seus truques, os seus anseios
proibidos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alec ficou de pé, as suas feições rígidas e tensas, sua boca uma linha
estirada. Maura vislumbrou a fome crua que ainda queimava em seus
olhos. Ela se odiava ainda mais.
Seus olhos estavam subitamente gelados, tão gelados quanto seu
tom.
— Faça do seu jeito por enquanto, Duquesa. A próxima vez será
minha.
Maura deu um pulo quando ele bateu a porta entre os quartos. Seus
lábios ainda latejavam por serem tão beijados. Ela evitou as lágrimas de
vergonha. Ele a odiaria, ela tinha certeza, quando ela revelasse o seu
engano.
O encontro a deixou tremendo por dentro. Abalada até o núcleo.
Repleta de preocupação. De alguma forma, ela teria que encontrar uma
maneira de ficar fora da cama dele. De alguma forma, ela tinha que
encontrar uma maneira de acalmá-lo, de o apaziguar. Quanto tempo, ela se
perguntou desesperadamente, ela poderia segurá-lo?
E, no entanto, Deus a perdoe, mas ela desejava experimentar como
seria fazer amor com Alec McBride. Seu coração se torceu, pois ele nunca
saberia o quanto ela ansiava por isso. Uma vez. Só uma vez.
Mas fazer amor com Alec era a única coisa que ela deveria evitar a
todo o custo. Se ela não o evitasse, todos os seus esforços teriam sido em
vão.
O Círculo de Luz estava aqui. Tão perto. Essa estranha sensação de
certeza nunca a abandonou. Depois que ela o encontrasse, ela e Alec
puderiam retomar as suas vidas como estavam antes de se conhecerem.
Tudo o que ela precisava fazer era encontrar o Círculo, encontra-lo
em breve! Então ela poderia voltar para a Irlanda. Para casa no castelo
McDonough.
E muito, muito longe de Alec McBride.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Quatorze

Preso nas garras de um desejo poderoso, sua ereção pesada, espessa


e latejante, Alec rolou de costas e se levantou.
Faça do seu jeito, duquesa. A próxima vez será minha.
No corredor, ele passou os dedos pelos cabelos e encostou-se na
parede. Ele praguejou, uma maldição vil e cruel. Cristo, sua mente ficava
enevoada quando ela estava perto. Uma batalha se travava no fundo da
sua alma. Ele não conseguia pensar. A fome ainda ardia. O desejo
escaldava suas veias.
Volte para dentro. Tome-a, pediu uma voz interior. Ela é sua esposa. Ela
é sua. Tome-a ela. Por que negar a si mesmo os espólios?
Ele não podia, refletiu sombriamente. Ele não o faria. Assim não.
Não até que ela o desejasse com uma paixão que correspondesse a dele.
Oh, ele não tinha dúvida de que estava lá. Ele sentia isso na forma
ansiosa de seus lábios, cada tremor em seu corpo, a maneira desesperada
que ela se agarrava a ele. Quando ele a beijou, ele sentiu tantas coisas! Era
como se ela travasse a mesma batalha que ele. Não admira que a sua rosa
irlandesa continuasse negando seu desejo.
Porque, afinal, ela estava tão relutante? Porquê?
Seus passos o levaram para o escritório. Ele precisava de distância
entre eles para esfriar o seu sangue. Uma mera parede entre eles, um
quarto individual, simplesmente não era suficiente. A tentação de saber
que ela estava no quarto ao lado seria muito forte. No escritório, ele pegou
a garrafa de uísque e um copo e desabou na cadeira atrás de sua mesa, suas
emoções ainda cruas.
Uma sombra deslizou sobre ele.
Sua adorável Maura era uma mulher bonita. Desde o começo, ele a
queria. Ela o convidou, o atraiu. E ele engoliu a isca, apenas para se tornar

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um marido e adquirir uma esposa de uma maneira que ele nunca esperava.
Ele estava tão ressentido, tão bravo; disse a si mesmo que não a queria. Mas
ele a queria. Deus todo poderoso, ele queria. Ele deu uma risada amarga de
reprovação. E como ela agora era sua esposa, era inteiramente natural levá-
la para a cama de novo, mas algo o contevee. Ela o conteve.
As coisas mudaram desde que se casaram.
Quando eles deixaram a Irlanda, ele estava determinado a
permanecer distante. Ele tinha sido um tolo lá, permitindo que sua paixão
o controlasse.
E agora ele se via numa guerra, numa guerra dentro de si.
Se esse casamento não lhe tivesse sido imposto, ele se perguntava, se
seus sentimentos por Maura seriam diferentes? Ele a desejaria menos? Não,
veio sua admissão relutante.
Mas ao que parecia, a única mulher que ele realmente desejava não
o desejava. E ela era sua esposa, por Deus!
Ele estava furioso e perplexo. Era porque ela tinha o que queria? O
título de duquesa e um marido rico?
Se ele soubesse! Quando ele a beijou, ele sentiu muitas coisas. Como
parecia certo!
No entanto, quão forte era seu orgulho.
E quão forte era a dela!
Ela era como uma farpa sob a pele dele, sempre na sua mente. Era
como se ela travasse a mesma batalha que ele. Necessidade. Tentação. Ele
desejava sentir a rendição dela, não apenas para ele, mas para os
sentimentos dela.
Ele sentiu a sua paixão. O seu desejo. Tão forte, tão desesperados
quanto os dele. Ele sentiu a necessidade vibrando no seu coração, tão
certamente como vibrou no dele. Ele não estava errado. Ou estava? A
dúvida acentou profundamente em seus órgãos vitais.

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Ele deu um sorriso de zombaria. Suas emoções estavam tão
nubladas pelo desejo que ele não podia confiar nelas?
Ele havia feito isso consigo mesmo, percebeu. Ele disse a si mesmo
que poderia permanecer indiferente à beleza dela. Ele se negou os espólios,
porque odiava ter sido enganado. Seu orgulho não permitiria que ele
admitisse que seu desejo ardia tão forte como sempre. Aqui em Gleneden,
naquelas primeiras vezes que ele a beijou, era para provar que, apesar do
que aconteceu na Irlanda, ele não era impotente. Ele queria se afirmar.
Mostrar a ela que ele não seria um fantoche. Se ao menos sua mão não
tivesse sido forçada.
No entanto, o que isso importava? Ela era a esposa dele. Ele era o
marido dela.
Nenhum deles poderia mudar isso.
Nem mudar seu desejo por ela.
E Maura o queria. Os lábios dela não mentiram. Os lábios dela
nunca mentiram.
Ela tremia nos braços dele esta noite. Tremia de prazer, ele tinha
certeza. Ele sentiu o momento exato em que ela se rendeu, o momento
preciso de retirada! Uma suspeita meio formada o atravessou, que ela não
era tão mundana quanto ele pensava. Na verdade, ele podia jurar que
vislumbrou o medo, a vulnerabilidade, e isso foi o mais frustrante de tudo.
Ele tinha sido um bruto na noite em que dormiram juntos na Irlanda?
Ela negou.
Verdade ou mentira, ele admitiu para si mesmo, inevitavelmente
levou à mesma conclusão.
Casamento.
Drenando o copo, Alec apoiou a testa nas costas da mão que o
segurava, olhando para o escuro. Que tolo ele tinha sido, ele disse a si
mesmo com ar irônico. Ele não podia mais segurar seu desejo do que parar
de respirar. Ele só tinha que olhar para ela e o fogo escaldava o seu sangue.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele se inclinou para trás. Sua boca torceu. Ainda o irritava que ela se
tivesse casado com ele por sua riqueza. Ela tinha? Falou uma pequena voz
agitada. Ela era uma caçadora de fortunas? Ela não pediu nada. Na
verdade, ela desprezava o que o dinheiro dele poderia dar a ela!
Um ardil? Não, ele decidiu. Orgulho? Ah, sim, de fato. No entanto,
agradou-lhe, agradou-o imensamente, ver o seu prazer com as meias. Ele se
perguntou o que ela diria quando o resto de suas compras chegasse.
Quando deixaram a loja de madame Rousseau, ela sem dúvida madame
esfregou as mãos em alegria.
Mas ele tinha que reconhecer a verdade. Foi ele quem a procurou
naquela noite. Mas então, ela tinha participado, oh, de bom grado! Ele deu
uma risada quebradiça; ele tinha certeza de que não tinha nada a ver com
sua aparência.
E tudo a ver com o fato de ele ser o duque de Gleneden.
Mas certamente não parecia que era a sua pessoa ou os seus bens
que ela cobiçava!
O quê, então? Ele examinou os motivos dela. O que ela estava
procurando? O que a levou a Gleneden?
Ele não conseguia dissipar a noção de que a adorável Maura
McBride, ele estava bastante surpreso com a facilidade com que o novo
nome dela passava por sua mente, estava tramando algo. Ela queria
alguma coisa. Mas que diabo poderia ser, se não o nome e a fortuna dele?
Alec sorriu com força. Maura ficou chocado com sua carícia
flagrante esta noite. A carne dela se apertou ao redor de seu dedo, tão
apertada que ele teve que interromper sua penetração. Tão apertado que
por um instante uma noção fugaz passou por sua mente.
Mas isso era impossível. Se ele não soubesse melhor, se não tivesse
visto a prova manchada de sangue nos lençóis, junto com Maura, seu tio e
o barão, ele quase podia acreditar...
A suspeita o mordeu. Ele procurou na sua memória. Pedaços de
lembrança apareceram e desapareceram, além do seu alcance. Ele sempre

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


sentiu que algo estava errado naquela noite. Deixou de lado o copo e
empurrou os dois dedos nas têmporas. Por que ele não se lembrava de
fazer amor com ela? Porquê? Era como se sua mente tivesse sido limpa,
como se houvesse um buraco. Ele lutou para preencher a lacuna. Ele lutou
para se lembrar de todos os detalhes. Por que diabos ele não se lembrava
de ter deitado com ela?
Sua mente trabalhou furiosamente. Como a memória o escapava?
Por que ele não conseguia se lembrar? Ele compartilhou um uísque com o
barão antes do baile de máscaras. À luz de ser encontrado na cama com ela
na manhã seguinte, ele acreditou na única coisa possível, que ele devia
estar sentindo os efeitos de muita bebida quando levou Maura para o
quarto mais do que imaginava. Mas estar tão atordoado que não conseguia
se lembrar de dormir com a mulher que agora era sua esposa? Isso o
incomodava.
Sua mente era como uma teia de aranha. Nebulosa, mas
impenetrável.
Ele tentou de novo.
E desta vez... ah, desta vez! Surgindo em sua mente havia beijos
quentes e inflamados. Maura se afastando brevemente para servir vinho.
Ele esvaziou o copo. Então ela também.
Ele fechou os olhos. A memória aguçada.
Saúde, ele disse. E depois...
Ele puxou Maura para a cama. O gosto de sua boca, a curvatura de
sua língua ao redor de seus mamilos... cada toque retornava numa
lembrança vívida. Lembrou-se de sua mão sobre a dela, fechando os dedos
em torno de seu membro, um por um, seu toque quase tímido. Vagamente,
ele se lembrava de ter pensado isso em desacordo com o convite sensual
dela.
Então tudo ficou borrado. Era como se sua mente tivesse ficado em
branco até que ele acordou na manhã seguinte.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Uma sensação passageira passou por ele. O pensamento revelou
uma sensação vaga; ele lutou para mantê-lo. Outra sensação o atingiu... a
de Maura puxando. As botas dele. As calças dele...
O tempo todo ele sentiu que algo não estava certo. Havia uma razão
por trás disso, ele tinha certeza.
E esse motivo tinha algo, tudo!, a ver com a sua noiva. Ele segurou
bem a bebida. Foi isso que tornou tão difícil acreditar que ele estivesse na
cama com uma virgem. E ele estava bem.
Até aquele último copo de vinho.
Seu corpo ficou totalmente imóvel.
Até aquele último copo de vinho.
— Oh, Deus — ele sussurrou.
De repente tudo ficou muito vívido. Ele podia ver isso em sua
mente; ouvir o jeito que seus copos tilintaram. Saúde, ele declarou.
Ele proferiu uma longa e empolgante obscenidade.

Fazia sentido agora. Sua timidez sempre que ele a tocava. O jeito
que ela respondeu, o jeito que ela resistiu antes de finalmente ceder seus
lábios aos dele.
E agora ele sabia o porquê.
Ela havia drogado o vinho dele, a bruxinha!

Na manhã seguinte Maura serviu-se de um prato de aveia escocesa


do aparador. Derramando um pouco de leite por cima, ela foi em direção à
mesa. Era curioso; essa foi a primeira vez que Alec não estava na mesa
diante dela. Ora, ela quase sentia falta da presença atormentadora dele!
A senhora Yates entrou pela porta.
— Ah, pensei ter ouvido você, Sua Graça! Como você está nesta bela
manhã?

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Maura olhou para ela. Ela tinha acabado de colocar a colher na
tigela.
— Excelente, Sra. Yates. — Ela apontou com a colher para a cadeira
de Alec. — Você viu Sua Graça esta manhã?
— Ele foi para Glasgow novamente, Sua Graça. Ele me pediu para
lhe dizer que voltará amanhã, então você não precisa se preocupar.
O coração de Maura acelerou. Ela queria esfregar as mãos em
alegria, pular e cantar. Finalmente, aqui estava a chance que ela estava
esperando. A capacidade de procurar o Círculo de Luz do seu jeito, sem ter
que olhar por cima do ombro a cada poucos segundos, com receio de se
cruzar com alguém. Ela podia procurar e sondar como quisesse, onde
quisesse.
— Estou pensando em mudar algumas coisas aqui e ali em alguns
dos quartos — disse ela levemente. — Não se surpreenda se você me vir
vagueando.
A governanta fez uma reverência.
— Muito bem, Sua Graça. Se precisar de ajuda, basta chamar uma
das criadas — disse ela animada.
Maura deu um sorriso radiante.
— Obrigado, Sra. Yates. Eu irei.

No final do dia seguinte, Maura estava exausta. Ela checou em baixo


de cada cama e cadeira, passou os dedos em cada almofada, procurando o
que não sabia, espiou dentro de cada armário, espiou por trás de cada foto
e tapeçaria da casa, procurando por algo que pudesse revelar um
esconderijo secreto.
No terceiro andar da ala original, havia uma grande sala onde o ar
era espesso e úmido. A luz estava fraca, as cortinas das janelas fechadas e
apertadas. Ela procurou tão cuidadosamente lá como em todos os outros
cômodos.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


A sala estava claramente em desuso há muito tempo. Ela engasgou
com a poeira que se levantou. Erguendo a cabeça, ela olhou em volta,
consciente de uma curiosa sensação de... bem, ela não tinha certeza do que
era. Ela não estava assustada, apenas ciente de que algo estava muito
diferente aqui. Ela torceu o nariz com o cheiro de mofo. Era bastante
inóspito. Se a sala fosse usada, ela decidiu rapidamente, precisaria de uma
pintura e móveis novos.
Ela se conteve. Se isso acontecesse, seria a esposa de Alec quem
assumiria a tarefa. Uma pontada a atravessou. Ela fez a admissão quase
dolorosamente. Uma dor vazia a invadiu.
A esposa de Alec, quem quer que ela seja. Ela seria a verdadeira
duquesa. Não ela. Não Maura O'Donnell. Ah, mas não suportava pensar
nisso. No entanto, de repente, era tudo o que enchia sua mente... outra
mulher deitada nua e definhando contra ele, a mão dele uma carícia ociosa
em seu ombro. Alec despertando essa mulher desconhecida com os lábios,
com a língua e as mãos, como na noite em que comprou as meias dela.
No dia em que ele contou a ela sobre as selkies, ela perguntou
provocativamente se ele ficaria com ciúmes se ela se sentisse apaixonada
por um homem-selkie. Havia algo quase grave quando ele respondeu
afirmativamente.
Sem dúvida, ela ficou com ciúmes quando pensou em Alec com
outra mulher. Ferozmente ciumenta.

Tanto que era quase uma dor física, no fundo da barriga, uma dor
que ela não podia suportar. Lentamente, ela se endireitou, sem saber que
havia se curvado, como se sentisse dor.
E de fato tinha. O coração dela apertou. Sua garganta estava cheia
de emoção. Mais uma razão para não se apaixonar por ele. Não, ela não
podia quere-lo. Ela não devia quere-lo.
Alec era muito perigoso para o seu coração.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Mais uma razão para encontrar o Círculo o mais rápido possível e
voltar para casa.
A Irlanda era onde ela pertencia. Não aqui na Escócia. Não com Alec
McBride, duque de Gleneden.
Foi então...
Oh, misericórdia, ela havia esquecido... Não, ela nunca havia
percebido até agora...
Ela lembrou como Alec falou da prolongada batalha de seu pai com
a morte. E ela reprimiu um grito de desolação ao se lembrar do último dia
de seu pai, de seu último suspiro. Um medo doentio a agarrou.
A maldição que atormentou o Clã McDonough também atormentou
os McBrides.
Não tinha sido dor o que ela havia experimentado antes. Isto era
dor. A certeza de saber que Alec morreria. Muito mais cedo do que deveria.
Ninguém saberia por que, quando ou como...
Por causa da maldição.
A menos que ela encontrasse o Círculo de Luz.
Apenas meio consciente do que estava fazendo, Maura tropeçou
para fora. Antes que ela percebesse, ela estava de pé no poço dos desejos.
Como a mãe de Alec, ela encontrava conforto e paz aqui. Não importava
que o ambiente não fosse particularmente pitoresco. Ela achava o pequeno
poço encantador e caminhava aqui todos os dias.
Ela ficou surpresa ao encontrá-lo meio cheio de água. A luz do sol
manchava a superfície. Como, ela não conseguia entender. Não houve
chuva hoje ou ontem. Através da clareira, a terra estava seca como osso.
Maura girou e caiu no chão, as costas contra a pedra. Suas mãos
tremiam quando ela puxou a bolsa do fundo do bolso. Ela apertou-a
rapidamente entre os dedos.
Dentro havia a terra das terras de McDonough, as pedras e a sujeira
que ela juntara quando saiu de casa. Essa era a razão dela estar aqui.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Dor como uma faca rasgou seu peito.
A Irlanda era onde ela pertencia. Não aqui na Escócia, vivendo sob
uma nuvem de culpa e engano.

Ela procurou pensar em casa. No Castelo McDonough. Jen. Nan


desdentado. Patrick, o Tolo. A igreja antiga no alto da colina, onde pagãos
e cristãos oravam.
O lugar onde antes o Círculo havia brilhado tão intensamente.
Mas tudo o que ela podia ver era Alec, seu olhar gelado e azul,
condenando-a por não o salvar.

Naquele mesmo momento em Glasgow, Alec abriu um pequeno


portão de ferro e caminhou por uma passarela de tijolos. A casa foi
construída com tijolos desgastados pelo tempo, cada um muito parecido
com o outro na rua estreita.
Na porta, ele bateu a aldrava de bronze três vezes. Passos pesados
ecoaram de dentro da casa. A porta foi escancarada.
— Sua Graça! — O homem dentro o cumprimentou com
entusiasmo. Ele tinha quarenta e poucos anos, era corpulento e estava meio
cabeça mais baixo que Alec. Seus ombros e pescoço estavam cheios de
músculos. —Entre, entre, Sua Graça.
— Você pode dispensar as formalidades, Thomas. — Alec sorriu. —
Somos apenas nós dois.
— Hábitos demoram a morrer. Eu ainda chamo o seu irmão de
“Coronel”.
Thomas Gates tinha servido o Regimento Highland sob o comando
de seu irmão. Alec entrou num pequeno hall quando Thomas fechou a
porta.
— Sempre me surpreendi que você tenha ficado aqui na Grã-
Bretanha em vez de voltar à Índia — comentou Alec.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Thomas sorriu.
— Perfiro a minha pensão aquele calor amaldiçoado na Índia.
Alec pegou dois charutos pungentes do colete.
— Gostaria de fumar?
Thomas deu uma risada calorosa.
— Gostaria. Ainda é um pouco cedo, mas tenho exatamente com o
que acompanhar.
Dentro de uma pequena sala, Thomas encheu dois copos de
conhaque. Alec recostou-se e os dois conversaram um pouco.
Os charutos queimavam quando Alec disse:
— Ouvi dizer que você recusou um posto na Scotland Yard,
Thomas.
Thomas encolheu os ombros.
— Eu gosto de trabalhar por conta própria, agora. — Ele sorriu. —
Posso ser mais seletivo com os trabalhos que assumo.
— Precisamente a razão de eu estar aqui.
Thomas riu rcom vontade.
— Eu sabia que não era o meu rosto feio que te trouxe à minha
porta.
Alec esmagou as cinzas deixadas no toco do seu charuto.
— Eu tenho um favor para lhe pedir, Thomas — disse ele, não
perdendo mais tempo em conversa fiada. — Uma vez que agora trabalha
por conta própria, será que você gostaria de visitar a Irlanda?
— Irlanda! — Thomas ficou claramente surpreso. — E o objetivo
dessa visita?
— Algumas perguntas discretas. Você será amplamente
recompensado. — Alec fez uma pausa. — Aidan sempre dizia que não

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


havia homem melhor do que você para o proteger, Thomas. Se ele confiava
em você, eu também confio.
Seu anfitrião olhou para ele bruscamente.
— O quê! Isso parece uma questão de vida ou morte.
— Não. Mas é certamente uma questão de extrema discrição.
— Essa é a natureza do meu trabalho agora — disse Thomas. —
Bem, na verdade tem sido isso por muitos anos — acrescentou com um
sorriso. — E você sabe que farei qualquer coisa pela família do Coronel.
Mas o que poderá haver na Irlanda além de uma superabundância de
vento e chuva?
Maura, Alec decidiu secamente, teria discordado veemente da
descrição dele de sua terra natal. Lembrando sua justa indignação por sua
própria caracterização da Irlanda, um leve sorriso começou a enrugar seus
lábios. Mas então ele pensou no engano dela, e o sorriso nunca chegou a ser
concretizado. Ele ficou sério rapidamente.
O sorriso de Thomas desapareceu ao ver a expressão sombria de
Alec. Ele franziu a testa.
— Uma questão de extrema discrição — ele repetiu. — Uma questão
referente a quê?
Alec ficou muito quieto. Havia um olhar distante em seus olhos.
Thomas fez uma careta.
— Sua Graça — ele solicitou. — Uma questão relativa a...?
A atenção de Alec voltou.
— Uma mulher, Thomas. A ex-Lady Maura O'Donnell. — Ele
respirou fundo. — Minha esposa.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Quinze

Alec voltou a Gleneden no final da tarde seguinte. Ele se viu


impaciente, recusou-se a chamar de ansiedade, para ver sua esposa. Mas
seu gestor da propriedade estava esperando em seu escritório com
documentos a serem assinados.
No topo de um dia de correio, havia uma carta de sua mãe. Alec
hesitou, depois abriu-a. Ele sentiu uma pontada de culpa e fez uma
anotação mental para lhe escrever. Estava na hora... não, já tinha passado a
hora. Ele imaginou sua boca delicada franzida de espanto ao descobrir que
ele estava casado. Sem dúvida, haveria uma indagação sutil sobre quando
ele produziria um herdeiro.
Com um sorriso nos lábios, ele saiu do escritório e saudou a Sra.
Yates no grande salão. Não, a governanta não tinha visto Sua Graça desde
o almoço.
Uma das empregadas do andar de baixo apareceu.
— Eu vi Sua Graça no terraço há algum tempo, Sua Graça.
Alec foi para fora. Talvez ela tivesse ido ao lago. Ou talvez ela
tivesse ido andar. Talvez para a enseada.
Onde diabos estava sua esposa errante?
No meio desse pensamento, surgiu uma visão que o trouxe à tona.
Ele a viu do lado de fora do pátio, onde a inclinação do gramado se
nivelava. Ela estava sentada sob a sombra de um carvalho.
Ansiedade. Saudade. Desejo. Todas essas coisas o inundaram. Ele
lembrou a si mesmo que havia muita coisa que ele não sabia. A sua
adorável moça irlandesa se mantinha demasiado escondida.
Deliberadamente oculta.
No entanto, naquele momento, nada disso importava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Houve uma batida estranha no ritmo do coração de Alec. Apenas
Maura se sentaria assim no chão, descuidada e indiferente de que a grama
poderia manchar seu vestido. Um grupo de filhos dos criados sentavasse
em um semicírculo diante dela.
Maura estava de costas para ele. Alec avançou silenciosamente,
colocando o dedo nos lábios quando um garotinho o viu.
Senhor, ela parecia doce. Calor rolou profundamente na sua barriga.
Sua cabeça se abaixou quando uma garotinha com cabelos encaracolados e
bochechas vermelho-maçã rastejou em seu colo.
As crianças a encaravam extasiadas.
Assim como Alec. Ela contava uma história cheia de mitos e magia.
E quando ela terminou, todos gritaram por outra.
Ela jogou o cabelo por cima do ombro. Estava solto e livre, afastado
do rosto por uma fita.
Ele ouviu enquanto ela falava com seu sotaque irlandês.
— Há um lugar neste mundo — disse ela — um lugar onde o vento
encontra o céu e o céu encontra a terra...
— Escócia — disse ele, declarando sua presença.
— Irlanda — declarou ela, contrariando-o. Ela se virou para encará-
lo. — Talvez você deva continuar contando esta história, Sua Graça. Os
olhos dela chisparam, mas seu tom era doce.
Alec olhou para as crianças.
— Oh, acredito que Sua Graça é muito mais adequada para contar
histórias do que eu.
Maura ficou rígida. O que diabos ele quis dizer com isso?
— E a graça dela é certamente muito mais bonita do que eu, vocês
não acham?
Uma dúzia de acenos vigorosos e risadinhas confirmaram. Alec
apoiou o ombro no tronco da árvore e cruzou os braços.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não interferirei mais, Duquesa. Peço-lhe que continue.
E ela o fez, ignorando-o. Quanto a Alec, ele estava apenas meio
ciente da história. Enquanto ela falava, seu olhar vagou sobre ela. Quando
a história finalmente terminou, ela olhou para o público.
— Algum de vocês gostaria de uma pitada de pó de fada?
Gritos e mãos se ergeram.
Sua risada era como o tilintar de pequenos sinos de prata.
Alcançando o bolso do vestido, ela retirou uma bolsa de veludo. Alec
vagamente se lembrou de vê-la em seu escritório algumas vezes.
Ela a pegou, fingindo puxar algo. Então ela balançou e acenou com
as pontas dos dedos.
— Pronto! Vocês vestem uma capa de pó de fada, minhas pombas.
Ela irá protegê-los e mantê-los seguros, quentes e felizes!
— Outra história, Sua Graça — implorou uma garotinha. A filha
mais nova do encarregado dos estábulos.
Maura sacudiu as mãos.
— Amanhã, Greta. Eu prometo.
Alec deu a mão a sua esposa para a pôr de pé.
— E eu? Não sou digno de aspersão do seu pó de fada?
As crianças se dispersaram.
— Eu acredito que você é capaz de cuidar de si mesmo — ela disse
com severidade.

— Ah, Maura, você me machucou.


Ela bufou, puxando a mão dela.
Eles começaram a caminhada de volta ao caminho.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Peço desculpas pela minha partida abrupta para Glasgow —
disse ele suavemente. — Eu espero que você possa me perdoar. Era uma
questão que eu negligenciei atender antes de sairmos de lá.
— Você não precisa se desculpar, e certamente não há nada a
perdoar. Entendo que você deve cuidar dos seus negócios.
— Uma esposa perdoadora. Eu me considero abençoado. Acredito
que você teve um dia agradável?
— Eu tive.
Seu tom era tal que Alec ficou um pouco ofendido.
— Diga-me, Irlandesa.
— Temo que haja pouco a dizer.
— Oh, vamos, deve haver algo.
De repente, ele parou. Maura virou-se para encará-lo. Sua expressão
era estranha.
Algo pulou em seu peito.
— O quê? — ela disse. — O que é isso?
— Minha boa mulher, tem teias de aranha no seu cabelo. — Ele as
sacudiu com os dedos. — Pó de fada? — Ele perguntou.
Irritada, Maura desejou dar um tapa na mão dele. Maldito seja o
homem! Ele deve ser tão observador?
E ainda não tinha terminado.
— E eu creio — ele arrancou algo das dobras de seu vestido — sim,
eu estava certo. Há pedaços de samambaia na sua saia. Eu esperava
algumas folhas de grama. Mas não samambaias. Certamente não é pó de
fada em nenhum dos casos.
Ele a provocava? Ou ele zombava? Com ele, ela nunca poderia ter
certeza.
Ela molhou os lábios.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu estive no poço dos desejos esta manhã.
— Mas não há samambaias por lá. Não há nada lá, além do poço.
— Eu me desviei do caminho várias vezes. — Se ela estava na
defensiva, ela não podia evitar. Na verdade, ela procurou a área ao redor
do poço dos desejos e todo o caminho até o lago. — Brinquei com as
crianças esta tarde. Ah, e esta manhã passei um pouco de tempo no sótão.
Imagino que foi onde peguei as teias de aranha.
— O sótão?
Maura estava irritada. Ela tinha que dar conta de todos os
momentos do dia? Pelo céu, ela não faria.
Especialmente quando ela se encontrou com Murdoch naquela
manhã.
Na noite anterior, ela entrou no escritório de Alec. O dinheiro sobre
o qual Alec lhe tinha falado, o dinheiro escondido na sua mesa, estava
exatamente onde ele disse que estaria. Ela pegou quase todo e enfiou no
bolso do roupão. Ela dera a Murdoch para que levasse de volta para o
castelo McDonough. Quando ele voltasse para a Escócia, ela esperava que
sua busca terminasse. Seu engano a estava desgastando. A cada dia que
passava, ela temia que Alec descobrisse por que ela estava lá.
Isso não poderia acontecer. Isso não aconteceria, ela se assegurou.
Agora, se ela acreditasse nisso!
Maura levantou o queixo.
— Existem algumas belas peças de prata no sótão. Pensei mandar
limpá-las e por em exibi-las num dos salões.
Olhos azuis brilharam.
— Você não precisa parecer tão defensiva. Afinal, você é a dona da
casa.
Maura olhou para ele. O que ele quis dizer com isso? Oh, Deus do
céu, ela estava sendo ridícula. Ela era a dona da casa.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Por enquanto, pelo menos.
— Ah, e por falar nisso — ele disse — parei na loja de madame
Rousseau. Fiquei satisfeito por ela ter vários vestidos prontos. A essa
altura, eles certamente já estão arrumados no seu roupeiro.
— Eu tenho as minhas meias, Sua Graça. Se você se lembra, era tudo
o que eu desejava da loja dela.
— Que sorte eu ter casado com uma mulher como você. Não há
necessidade de ser frugal, no entanto. E eu seria negligente em meu dever
como marido, se não quisesse presentear minha noiva.

Eles estavam perto de uma parede de tijolos perto do jardim de


ervas. O cheiro de menta provocou suas narinas.
O cheiro do homem teve precedência quando Alec deu um passo
mais perto.
— Acabei de perceber que estamos sozinhos, Irlandesa.
Ah, ela sabia que tinha motivos para suspeitar! O brilho nos olhos
dele fez sua guarda subir. Por causa de uma ligeira inclinação no chão, seus
olhos estavam quase nivelados com os de Alec.
— Pois estamos — ela disse rapidamente.
— Sugiro que nos dêmos as boas-vindas adequadamente, então.
Os batimentos cardíacos de Maura dispararam.
— Diga-me, Irlandesa. Você teve saudades minhas?
Ela não tinha certeza do que ele estava fazendo. Ela estava sem
palavras.
— Eu… com certeza. Com certeza que sim.
Alec deu um passo mais perto. O olhar dele fixou-se nos lábios dela.
— Apesar de seus sentimentos na noite anterior à minha partida?
— Sim.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Seu tom me deixa na dúvida — disse ele com voz rouca. — Me
convença.
Bolas, mas ela não conseguia pensar com ele tão perto!
— O quê?
— Convença-me de que você está feliz por eu estar em casa.
— Estou feliz que você esteja em casa. — As palavras saíram direto.
O alarme deslizou pela espinha de Maura. Menos do que a largura de uma
mão os separava.
Alec balançou a cabeça.
— Isso dificilmente é o acolhimento que eu esperava. Vamos,
querida, você me deixará em desespero? Só peço um beijo.
Querida? Maura quase engasgou. No entanto, seu ar era o de um
tigre perseguindo sua presa. Um tigre com muita fome.
Ah, e como ela preferiria ser a caçadora do que a presa!
Respirando, ela se ergueu na ponta dos pés e roçou os lábios na
bochecha dele. Ela não o enfrentou mais, pois ele cheirava a sabão e
sândalo, e de repente tudo o que ela queria era a boca dele na dela, banindo
todos os pensamentos e cautela. Com exceção do desejo que a atravessava
sempre que ele estava por perto, e quando não estava!
Um braço magro deslizou em torno de sua cintura, pegando-a perto.
Ela foi forçada a se firmar, estendendo a mão no peito dele.
— Isso não foi convincente — ele repreendeu. — O que devo fazer
para atrair minha esposa de volta aos meus braços? O que devo fazer para
seduzi-la de boa vontade e sem questionar?
A respiração de Maura se reduziu a um fio. Amarrado em seu peito
havia um mar de incertezas. Algo no ar dele era perturbador.
— Coloque seus braços em volta do meu pescoço, Irlandesa. Beije-
me do jeito que você me beijou na Irlanda. Agarre-se a mim como você fez
então.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela mal conseguia falar.
— Você brinca comigo — disse ela, sua voz muito baixa.

— Nunca. Não a faço sentir da mesma forma que você me fez sentir
naquela noite na Irlanda? O que mudou desde então, eu me pergunto? —
Seu olhar percorreu suas feições.
Maura lutou para manter o rosto sem expressão. A única maneira
que ela o conseguir, era abaixar os olhos que então se concentraram
diretamente na suavidade esculpida de seus lábios.
— Ah, Maura, você não me deixa escolha a não ser convencê-la.
Seu interior estava agitado. Ela mal podia respirar, muito menos
falar, mas de alguma forma ela conseguiu.
— E como você pretende fazer isso, Escocês?
— Um beijo de cada vez — ele sussurrou antes de fechar a boca
sobre a dela.
Na verdade, foi preciso apenas um beijo para mergulhá-la em
desejo. E sim, seus braços rodearam, de bom grado, o pescoço dele. A boca
dele separou a dela; hálito quente misturado com o dela. O beijo dele a
estava queimando. Magistral. Persuasivo. Isso a fez ficar desfeita, com os
joelhos fracos e desejando. No entanto, havia algo em sua maneira que a
advertia para tomar cuidado.
Ela afastou a boca.
— Por quê? — Ela exclamou. — Por que você continua me beijando
assim?
— Por que você me deixou? — Ele respondeu.
— Você não me queria como sua esposa — ela lembrou-o, instável.
— Isso não significa que eu não quero você na minha cama.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Tudo dentro dela parecia quebrar. Foi um golpe no centro do seu
coração.
— Devo ficar lisonjeada, então? Você dificilmente era um noivo
ansioso.
— Enquanto você certamente estava ansiosa para se tornar minha
noiva.
Maura empalideceu.
— Posso lembrá-lo que foi você quem... quem...
— Reivindicou sua virgindade?
— Sim! Não admira que ela vacilasse. Seus sentimentos, seus
pensamentos, estavam espalhados em todas as direções. Ela não ousou
encontrar os olhos dele, por várias razões. Por um lado, o constrangimento
a inundou por todos os poros. Segundo, ela temia que ele visse a mentira
em seu rosto. A culpa tomou conta de sua alma. Ela não podia deixar isso
influenciá-la. Não havia nada a fazer. Não alterava o que o Escocês Negro
havia feito há muitos anos. O Escocês Negro havia roubado a alma de
todos das terras de McDonough para sempre. Isso não alterava a sua razão
de estar em Gleneden. Oh, Senhor, ela estava se afundando cada vez mais.
Ela tinha que fazer Alec acreditar. Ela tinha que fazê-lo acreditar nela!
Porque se não o fizesse, todo o seu esforço seria em vão. Ela não
podia partir, não sem o Círculo.
— Eu quero você na minha cama, Maura. — Seu tom era muito
deliberado. — Ouso dizer que, com exceção de uma noite na Irlanda, todas
as outras noites — frisou — você se esforçou muito para fica fora dela.
O rosto de Maura ardeu. Seu coração deu um pulo. A honestidade
impunha um preço alto, um preço que ela não podia pagar. Estava a
exauri-la, exauri-la até os ossos. Ela odiava que Alec certamente
desprezasse a sua mentira, e isso a estava matando.
Ela estava certa em ser cautelosa. Consciente de que ele a observava
de perto, ela tinha a profunda sensação de que ele espiava diretamente em
sua alma.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Estou errado, Maura?
Ela desviou o olhar.
— Olhe para mim, Maura.
Ela tentou retirar os braços. Ele apenas a segurou mais apertado.
— Porquê? Você disse que eu não a machuquei — ele a lembrou. —
Eu machuquei?
Ela balançou a cabeça.
— Eu te agradei?
Ela mordeu o lábio. Ela não confiava em si mesma para falar. Ela
restringiu sua visão ao plano da bochecha dele.
— Se não, peço desculpas. Entendo que a primeira vez de uma
mulher pode ser difícil. Lamento se foi esse o caso.
Maura se encolheu por dentro.
— É embaraçoso admitir que não me lembro. Eu imploro,
compartilhe comigo as lembranças que você tem da nossa primeira união.
Talvez eu me lembre então. Talvez eu possa trocar essas memórias por
novas.
O olhar de Maura saltou de volta para o rosto dele. Seu pulso
disparou. Oh, Senhor, ela pensou em súbito pânico, ele sabia que ela o
havia drogado? Ela teve a terrível sensação que ele sabia.
— Você me queria tanto quanto eu queria você. Não me esqueci,
Irlandesa. No entanto, agora você me faz duvidar da minha habilidade
como amante. Caso contrário, permita-me a chance de mudar sua
relutância.
Ela estava presa. Presa numa teia sem saída.
— Você zomba de mim, Escocês.
— Eu apenas questiono o que continua me escapando. Mas admito
que estou intrigado com o seu comportamento.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Como assim? — Ela mal podia forçar as palavras além do aperto
em sua garganta.
O olhar dele nunca saiu do rosto dela.
— Você dança para mim — ele disse suavemente. — Você dança
para longe de mim. É quase como se eu me tivesse me casado com uma
mulher completamente diferente.
Maura sentiu as bochechas queimarem. Ela apertou os punhos
contra o peito dele e se afastou.
Mas não havia para onde ir. Sua postura era ampla, os ombros
largos. Ele era em cada centímetro o altivo duque. Ele era como uma
fortaleza de pedra que não podia ser quebrada.
— Venha aqui — ele disse suavemente.
Ela balançou a cabeça.

— Eu gostaria de um pouco de briga. — Houve uma pausa. — Na


cama ou fora — ele acrescentou suavemente.
Maura sabia que seus olhos estavam enormes.
— Alec...
— Sou um homem, não um garoto, Irlandesa. Estou familiarizado
com as dores do desejo. Estou bem familiarizado com o desejo por você,
Duquesa. Seus lábios não escondem o que você procura esconder. Eu
provei a paixão em você, em cada beijo que já compartilhamos. No calor do
seu corpo, o orvalho entre as suas coxas, cada suspiro sem fôlego na minha
boca. Não posso roubar o que você dá livremente.
Sua compostura estava se desgastando. Ela sentiu como se estivesse
em um labirinto, girando e girando, incapaz de encontrar a saída.
— Quanto tempo, eu me pergunto, você continuará me negando?
— Eu... eu não te nego.
— Oh, mas você nega.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura deu um passo atrás. A mão dela foi instintivamente para a
bolsa no bolso. Ela agarrou-a, puxando-a para fora, enrolando os dedos em
torno dela, desejando que ela lhe desse forças.
— Podemos continuar essa discussão amanhã? Tem sido...
— Ah, sim, eu sei. Um dia cansativo. Ou talvez a dor em sua cabeça
tenha retornado. — Desta vez, ele zombou dela. — Corra, Irlandesa. Fuja
mais uma vez. Mas não demorará muito para eu te pegar.
Maura engoliu em seco. Mas quando ela se virou, seu chinelo ficou
preso na bainha da saia. Ela teria caído se Alec não tivesse agarrado o seu
cotovelo.
E de alguma maneira sua pequena bolsa de veludo escorregou de
suas mãos e caiu na grama.
Alec se baixou e a pegou na palma da mão. Sua expressão mudou
para uma de curiosidade quando ele sentiu o peso dentro dela.
— Talvez seja eu quem precise de ser borrifado com o seu pó de
fada.
Ele abriu os cordões. Maura tentou detê-lo, mas então, tudo dentro
dela congelou. Era como se ela assistisse de algum lugar distante enquanto
Alec abria a bolsa e a virou até estar na vertical.
O conteúdo derramou na sua palma. Sujeira e pedras peneiram
entre os seus dedos para o chão.
E ele riu. Ele riu.
— Bem, se esse não é o pedaço mais maldito de pó de fada que eu já
vi.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dezesseis

Maura fez um som chocado. Aturdida, o olhar dela se voltou para o


dele.
— Maldito seja, Alec McBride. Maldito seja... — Houve uma
pequena pausa em sua voz. — Seu maldito escocês!
De repente, era demais para suportar. Apenas meio consciente do
que estava fazendo, ela pegou as saias e correu em direção ao caminho. Ela
pulou sobre uma raiz exposta. Atrás dela, ela ouviu uma maldição. Alec
não tinha sido tão hábil. Um rápido olhar confirmou seu tropeço.
Lá dentro, ela correu em direção à escada dos fundos, seus pés
voando cada vez mais rápido.
Corra, Irlandesa. Fuja novamente. Mas não vai demorar muito para eu te
pegar.
As palavras meramente aligeiraram o seu vôo. Ele ainda estava atrás
dela, mas estava se aproximando, seus passos na escada, pesados e rápidos.
Sua respiração veio em irregulares surtos. A porta do quarto dela
estava aberta. Ela correu, depois tentou fechá-la.
Demasiado tarde. Alec colocou o ombro, depois a fechou com a
palma da mão.
Ele virou. Maura estava no meio do quarto, com os olhos cheios de
acusação furiosa.
— Maura! — Seu tom refletia sua consternação. Sua perplexidade.
Ele avançou para onde ela estava. — O que diabos está errado? Por que
você correu? Era apenas um punhado de pedras e terra. — Ele a alcançou.
Ela afastou a mão dele.
— Não era — ela quase gritou. — Era um pedaço da minha casa.
Um pedaço do meu coração!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Maura! Eu não entendo.
Ela se lançou para ele então, batendo no peito dele com os punhos.
— Era a Irlanda. As terras do meu pai. Minhas terras.
— Terras de McDonough? — A percepção começou a surgir. Alec
pegou-lhe nos pulsos.
Maura se libertou.
— Sim! — ela berrou. — Você nos roubou novamente. Mas juro que
você nos roubou pela última vez, seu maldito Escocês Negro!
Toda a força foi drenada de seus membros. Ela afundou no chão.
Totalmente desolada, ela abraçou seus braços e começou a balançar para
frente e para trás. Os ombros dela se ergueram, mas ela não fez barulho.
Alec olhou para ela, impotente. Algo apertou em seu peito. Doía vê-
la assim.
— Pelo amor de Deus, Irlandesa. — Caindo de joelhos, seus braços
se fecharam em torno dela. Ele a puxou para perto. Mesmo assim, ela
tentou resistir. A sua linda, forte rosa Irlandesa... Quando ela fechou os
punhos, ele a aproximou, apertando-os contra o peito. Ele a manteve em
cativa, com firmeza, mas sem a magoar.
— Maura... Maura, me escute. — Seu murmúrio agitou os cabelos
em sua têmpora. — Eu sinto muito. Ponha sua mente em repouso, amor.
Você pensou que nunca voltaria à Irlanda? Você vai ver o seu povo,
novamente. Você pode retornar quando quiser. Você só tem que dizer e
será feito.
Ele pretendia tranquilizá-la. Mas parecia que suas palavras tiveram
o efeito oposto. Era como se ela se enrolasse em si mesma. Não era algo que
ele pudesse ver. Mas ele sentiu isso.
E então ela começou a soluçar com soluços secos e irregulares.
Era como uma faca na garganta. De partir o coração.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Durante a tempestade que assolava so eu corpo, Alec a segurou.
Segurou-a até que ela estava flácida no ombro dele, sua garganta
estranhamente apertada.

Por muito, muito tempo eles permaneceram assim, os braços de


Alec ao redor dela, a bochecha de Maura pressionada na cavidade de seu
ombro.
Ela deu um pequeno suspiro.
Por sua vez, Alec pegou um punho pequeno e feminino e deu um
beijo em seus dedos.
Ela se mexeu contra ele.
Alec levantou a cabeça para olhá-la. Seu meio sorriso diminuiu.
O cabelo dela estava desfeito. Espalhado como chuva caindo sobre
as suas costas e ombros, uma corda de seda preta. Alec respirou fundo.
Com um sutil aperto de seu braço, ele colocou os dois em pé.
Num instante, algo mudou. Tudo mudou. A paixão suplantou a
proteção. Desejo sobrepondo-se ao conforto.
O próprio ar entre eles estava carregado de uma consciência febril.
Lentamente, ele baixou a cabeça. Seus lábios se tocaram... se
agarraram. As mãos dela se curvaram contra ele. Com um pequeno
gemido, ela inclinou a cabeça para encontrá-lo completamente.
Ele aprofundou o beijo aos poucos. Com firmeza. Os lábios dela se
abriram sob os dele; ela se abriu para ele como uma flor sob o sol do verão.
Cada fibra do seu ser ameaçando se transformar numa explosão. Ele se
oprimiu, quando tudo o que ele desejava era estar dentro dela, penetrando-
a fundo e duro. Sua mente estava zumbindo. Parecia que ele tinha
esperado a vida inteira por este beijo... por esta mulher.
Dessa vez, ele foi quem arrastou a boca para longe.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


A cabeça dela se baixou. Sua respiração era superficial e rápida. O
cabelo protegia-lhe o rosto. Ele o empurrou para o lado, colocando os fios
de seda atrás da orelha dela. O polegar dele traçou sua bochecha.
— Abra os olhos, Maura. Deixe-me vê-la.
Em seu tom, um ténue um comando silencioso.
O olhar dela subiu lentamente até a boca dele. Ficou ali por longos e
imensuráveis momentos antes de levantar os olhos.
Seus olhos se conectaram.
Não havia como fugir dele agora.
Presa sob o poder de seu olhar, Maura sentiu-se balançar. Sua raiva
se esvaiu. Um desejo forte e doloroso a atravessou. Ela estava cansada, tão
cansada de estar sempre em guarda contra ele. Cansada de lutar contra seu
próprio desejo traiçoeiro. Ela queria ceder. Ela queria ser pega. Ela queria
ser abraçada. Ela queria ser dele.
Ela queria pertencer a Alec McBride, o Escocês Negro.
— Eu não menti quando disse que quero você na minha cama. —
Ele proferiu as palavras com deliberação inconfundível. — E quero você,
Irlandesa. Eu quero você agora. — Vasculhou seu rosto intensamente.
Mesmo com as bochechas manchadas de lágrimas, para ele nunca fora tão
bonita. — Diga-me que você sente o mesmo.
— Eu sinto — ela sussurrou tremulamente. E, novamente, desta vez
ecoando uma necessidade vibrante: — Eu quero você, Alec. Eu quero.
As palavras mal haviam saído de sua boca quando ele a levantou; os
dedos dos pés deixaram o chão. Ela sentiu a dureza de seus bíceps quando
ele a virou, alto em seus braços. Mas não foi para a cama dela que ele
dirigiu seus passos.
Foi para a dele.
Ele fechou a porta de ligação entre os quartos com o salto da bota.
Suas bocas ainda fundidas, ele a abaixou no chão. Seus dedos estavam

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


ocupados abrindo os botões do vestido dela. Ele acariciou cada centímetro
de carne à sua disposição.
Em algum canto distante de sua mente, ela percebeu que deveria
detê-lo. Havia muito em jogo para ela abandonar a sua causa sem se
importar. Sem consciência.
Mas naquele momento ela não se importava. Escolher era
impossível. A decisão era impossível. Beijar Alec era um prazer insidioso,
ela decidiu nebulosamente. Um prazer quase pecaminoso. A atraia como
uma droga. Ela queria mais; ela não conseguia o suficiente dele.
Sua boca se afastou um pouco. Ele amaldiçoou o estorvo da roupa,
conforme atacava e dispensava cada camada. Frustração motivou a sua
declaração.
— Eu juro que vou queimar todos os seus vestidos, Irlandesa. — Ele
arrastou o corpete dos ombros. Um beijo foi jogado no topo de cada seio,
empurrados para cima por seu espartilho. — A partir deste momento você
não precisa se preocupar com o incômodo da roupa. Eu decreto.
— O quê, você se acha rei, Senhor?
— Sim, e você é a minha rainha. Minha rainha pirata.
— E você, meu Lord pirata. — A risada de Maura estava sem fôlego.
A última de suas saias caiu no chão. Alec se abaixou e começou a
descalçar suas meias. Ele acariciou a parte de trás de um joelho, olhando
para ela.
— Encantador. Um presente de um ardente admirador? — Ele olhou
para ela.
A carícia a fez estremecer por dentro.
— Talvez você deva me dizer, Sua Graça.
— Oh, sim. — Ele riu. Luzes prateadas dançavam em seus olhos.
Eles eram lindos, tão claros e azuis, quase cristalinos. — Um ardente
admirador.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O coração de Maura se contorceu. Era maravilhoso provocá-lo
assim. Alec estava de pé agora. Ele ficou calado. Aqueles lindos olhos azuis
a percorriam, cada centímetro quadrado dela. E agora eles queimavam com
um brilho quente e derretido.
Maura sentiu um rubor subir, dos seus pés descalços até ao rosto. Só
então ela percebeu que ainda era dia; a luz do sol da tarde parecia lançar
uma auréola sobre sua nudez.
Cheia de modéstia nervosa, ela tentou se aproximar. Alec balançou a
cabeça.
— Ainda não, meu amor. Deixe-me olhar para você.
Meu amor. Oh, se ele quisesse dizer isso!
Maura prendeu a respiração enquanto os olhos dele viajavam
lentamente ao longo dela. Um sorriso decididamente confiante curvou seus
lábios.
—Pena que não tenho paciência.
Ela piscou.
— O quê?
O sorriso dele aumentou.
— Não faz muito tempo, minha rainha pirata, que você
confidenciou que adorava dançar nua ao redor do fogo. Eu admito, esta é
uma visão que eu gostaria de ver.
Maura abafou um gemido. Alec riu e encolheu os ombros livres de
sua camisa.
— Você está dispensada do pedido — ele disse a ela. — Pelo menos
por hoje.
Ele arrancou as suas roupas com a mesma pressa com que tirou as
dela. O pulso de Maura começou a acelerar quando ele a levou para a
cama. Um empurrão e as calças deslizaram pelas pernas.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


A luz do sol se derramava pelas janelas, banhando-o como a
banhava, e por um espantoso instante, ele ficou ali, a luz do sol atrás dele
dourando o seu corpo.
Não deixando nada para a imaginação.
O coração dela tropeçou. Sua boca ficou seca como um deserto.

Alec McBride, duque de Gleneden, não era um homem que alguém


pudesse ignorar. Havia sobre ele uma intensidade de presença que exigia
atenção, quer a pessoa quisesse ou não. Desde a primeira vez em que o viu
no baile de máscaras de Lorde Preston, elevando-se sobre todos os outros,
ela experimentou aquele pulsar de pura energia explosiva.
Nu, o homem era ainda mais impressionante.
Sua forma era perfeitamente proporcionada, toda elegante e fluida
enquanto ele se esticava ao lado dela. Seu coração saltou para a frente. O
desejo de Alec era... bem, tão impressionante quanto abundantemente
proporcionado. Ah, sim, ela estava bem ciente quando esse elemento de
seu desejo surgiu, tenso e livre contra sua barriga. Na verdade, ela puxou
um folego de choque.
O sorriso de Alec desapareceu.
— Olhe para mim, Irlandesa.
As bochechas de Maura estavam ardentemente quentes. O olhar
dela correu para o dele. Com o polegar, ele traçou o formato da boca dela.
— Eu disse a mim mesmo que não queria você, Irlandesa. Eu disse a
mim mesmo que não precisava... disto.
Ele a chocou pressionando o alto dos quadris contra a parte plana da
barriga dela.
Dedos elegantes deslizaram sob seus cabelos, enrolando-se em sua
nuca.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu fui bobo, Irlandesa. Eu estava errado. Tão errado. — A voz
dele caiu em um sussurro. — Você mexe comigo. Você me tortura. Você me
mata.

Cada palavra poderia ter sido um eco próprio.


Ele a beijou lentamente no começo, oh, tão devagar! E então, com
crescente fervor - com uma fome febril, um beijo arrepiante que deixou os
dois lutando por ar.
— Você é maravilhosa.
A mão de Alec subiu até às costelas. Reivindicou um peito,
brincando com o bico, abrindo os dedos. Com uma exclamação abafada, ele
colocou o mamilo na boca.
Arrepios percorreram a pele dela. Seus seios enrugaram e incharam.
Ele não lhe permitiu vergonha, sem tempo para nada a não ser uma doce e
pura sensação. Os dedos dela na parte de trás do pescoço dele, enrolando-
se nos cabelos dele.
Alec levantou a cabeça. Seus olhos estavam ardendo.
A mão dele prendeu a dela, derrubando-a... cada vez mais. O
coração de Maura mergulhou em um frenesi. Seu olhar se aventurou pelo
mesmo caminho. As pontas dos dedos dela roçaram o plano áspero dos
cabelos do peito dele. A barriga dele. Claramente para a massa de cabelos
escuros e grossos que rodeavam o seu eixo, impelindo. A mão dele
envolveu a dela. Com a pressão de seus dedos, um aperto sutil, ele fechou
os dedos dela ao redor dele... Maura estava atordoada. Os olhos dela se
arregalaram. Se ocorreu alguma coisa, foi que ele inchou mais. O
conhecimento de que ela o excitava era inebriante. Emocionante. No
entanto, girando em sua mente estava a questão de como ela... como eles
poderiam...
E então, até isso se perdeu, quando ele a tocou, entre as coxas dela,
uma possessão ousada que enviou um choque de sensações,
profundamente, no fundo de sua barriga. Ele traçou os lábios do canal dela,

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


executando um ritmo que a deixou meio selvagem. Ele circulou a pequena
pepita secreta enterrada dentro de seu ninho de cachos. Em alguma parte
distante dela, ela estava atordoada; era como se seu corpo procurasse,
descaradamente, essa carícia erótica.
Seus pulmões esvaziaram-se rapidamente.
— Alec — ela ofegou. — Alec...
A boca dele prendeu a dela.
— Está tudo bem, querida. Deixe-me. Deixe-me te tocar. Deixe-me
agradar você.
Maura se contorceu. Ela derreteu contra ele. Em volta dele.
— Sim, moça, assim. Não esconda nada. Apenas deixe acontecer.
Apenas deixe acontecer.
A respiração dela se agitou. Algo dentro dela cedeu. Pleno de
sensações, seu corpo pulsou sua liberação. Ela estava vagamente consciente
de gritar.
Quando a sanidade voltou, Alec estava apoiado acima dela.
Os joelhos dele a abriram. O olhar dela estava fixo na haste dele,
grossa e quente, a ponta inchada enterrada nas úmidas dobras femininas.
Maura se encolheu. Ela não pôde evitar. Ela enterrou o rosto dela
contra a lateral do pescoço dele, consciente de uma pressão cada vez maior.
Ela podia sentir-se sendo esticada. Alargado. Instintivamente, ela tentou
apertar as coxas.
— Alec — Seu nome estava meio sufocado. — Alec, eu... nós não...
— Eu sei. Eu sei. — Ele virou a cabeça levemente. — Você confia em
mim, Irlandesa?
Ela respirou trêmula.
— Sim — disse ela, impotente. — Sim!
Ele se retirou. A cabeça de sua vara brilhava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura respirou fundo. O olhar dela foi atraído para o rosto dele.
Suas feições estavam tensas com uma rígida tensão. As veias no pescoço
dele se destacavam.
Só então ela percebeu a restrição que ele exercia. Emoção crua
encheu sua garganta. Algo dentro de seu caminho cedeu.
— Alec! — Ela chorou. — Alec!
Alec estava tão afetado quanto ela. Ele assobiou num suspiro
escaldante. Doce Jesus, ela era gostosa. Sedosa e lisa ao redor da cabeça de
seu pênis. Ele tentou ser lento. Ele tentou se segurar. Mas quando ela
ofereceu os lábios trêmulos, foi mais do que ele podia suportar.
Com um som rouco de necessidade, ele mergulhou para frente. Ele
sentiu o rasgar de sua carne virgem. Seus lábios engoliram o pequeno
suspiro que ela fez. Algo puramente primitivo, puramente possessivo,
golpeou através dele. Ela pertencia a ele. Ela era dele. Dele.
Introduzindo o mais que pôde, ele beijou seus lábios. A bochecha
dela. O oco na base da garganta. As mãos dele pegaram as dela. Seus dedos
se fundiram. Entrelaçados.
Suas barrigas se pressionavam. Juntas. Suas bocas se agarraram. A
respiração dela pertencia a ele, assim como a dele. Em cada respiração,
cada batida do coração, ele mergulhava mais perto do seu ventre.
— Maura — disse ele, áspero. — Maura...
Seus impulsos perfuraram mais fundo. E então ele estava se
lançando, com uma ternura feroz. Cada mergulho o aproximava de seu
ventre. Mais perto da borda. Em cada respiração, em cada batimento
cardíaco.
Ela fez um minúsculo som. De necessidade. Alec beijou sua boca, o
arco de sua garganta. E então ela estava queimando. Havia febre em suas
veias. Um incêndio em seu coração. E então ela se sentiu lançada no vazio,
explodindo em um clímax cru e escaldante.
E desta vez ela não estava sozinha.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dezessete

Espalhado em cima dela, Alec ainda estava ofegando quando a


realidade surgiu. Suas suspeitas tinham acabado de ser confirmadas.
Maura era, era até hoje, virgem.
Ele ficou de lado, esperando até que seu pulso diminuísse, antes de
se levantar. Sem dizer uma palavra, ele foi até ao lavatório e encheu uma
pequena bacia. Seu sangue ainda estava fervendo. Mas não por paixão.
Não por desejo. Em seu lugar, existia uma traição furiosa.
Molhando um pano, ele voltou para a cabeceira da cama, enfiou a
mão atrás do joelho esquerdo de Maura e puxou-o para cima.
Suas coxas ficaram tensas. Ela fez um movimento fraco e brusco.

Os dedos de Alec se apertaram levemente. Sem palavras, ele


balançou a cabeça.
O pano tocou a carne tenra da mulher.
O som que ela fez foi meio estrangulado. O olhar dele
imediatamente se voltou para o rosto dela.
— Você está bem? — Ele afastou um emaranhado de cabelos escuros
de sua bochecha.
— Sim — ela disse fracamente.
Alec retomou sua tarefa, limpando cuidadosamente o interior de
suas coxas, os traços de sua união. A cabeça dele estava abaixada.
Intencionalmente. Suas ministrações eram um contraste gritante entre a
delicadeza de seu toque e o ferro fundido de sua mandíbula. O rosto de
Maura queimava. De alguma forma, isso parecia muito mais íntimo do que
a pressão dele dentro dela, forte e profunda, o mais profundo que podia.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Finalmente ele se levantou. Como se sua nudez não tivesse
absolutamente nenhuma consequência, ele pegou a bacia e colocou-a no
suporte. Sem quebrar o passo, ele continuou até ao quarto dela. Ainda
intrigado com o porquê, enquanto ela procurava o lençol, ele voltou e
largou o robe, que estava pendurado no biombo no quarto dela, em seu
colo. Maura o vestiu, enquanto Alec pegava o seu no armário perto da
janela. Ele se virou, concedendo a ela uma visão abrangente, a poucos
metros de distância.
Maura se esforçou para não olhar, mas no final ela capitulou. Seu
órgão estava mole agora; ainda restava um traço de seu sangue.
Ela respirou fundo.
Alec sorriu com força.
Ele apontou para a lareira.
— Sente-se, por favor. — Seu tom era sempre tão agradável.
Prendendo a respiração, Maura se sentou na poltrona mais próxima.
Num recanto distante de sua mente, ela registou o seu tom de
absoluta polidez.
Ela logo descobriu o seu erro.
Ela o olhou com cautela enquanto ele se movia para ficar diante da
lareira. O pulso dela acelerou o ritmo. Vestidos ou despidos, ela estava, em
seu intimo, mais ciente deste homem que nunca. O olhar dela foi
involuntariamente atraído pela mecha de cabelos escuros no peito dele,
revelada pelo robe. Ela tentou se impedir, sem sucesso. Saber que ele
estava nu sob o manto, era emocionante e enervante. Ele fazia o seu
coração bater novamente. Maura não contava com isso. Ela pensou que
estar com um homem baniria toda reserva.
Quando o olhar dela finalmente chegou ao rosto dele, ele sorriu com
força. Só então percebeu que ele estava profundamente ciente de seu
escrutínio. Na verdade, ele parecia ter um certo prazer nisso.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Sua língua saiu para umedecer os lábios. Malvado era o que ele era.
Perversamente atraente. Perversamente bonito, também, ela admitiu. Suas
pernas e nádegas eram musculosas, as costas e os ombros claramente
definidos e esculpidos.
— Minha querida Maura — ele disse suavemente — eu me sinto
confuso. Talvez você possa me ajudar; de fato, você é certamente a única
que me pode ajudar. Parece que realizei um feito altamente incomum, o de
reivindicar a virtude da minha esposa, não uma vez, mas duas.
Maura estremeceu por dentro. Sua raiva estava velada em seda.
— Nada a dizer, meu amor? Que sorte, então, que eu me lembre do
que você disse, Duquesa, na noite da nossa chegada aqui. Você me
informou que eu já tinha colhido a fruta e que ela só pode ser colhida
apenas uma vez. Você, por favor, perdoe-me se não me lembro das suas
palavras exatas. Pareceu apreciar, particularmente, de me informar que eu
não precisava me sentir compelido a lhe proporcionar uma noite de
felicidade conjugal.
Mais uma vez, aquele tom de civilidade polida. Maura estremeceu
por dentro. As palavras dele, ela sabia, eram bastante precisas.
Mãos unidas atrás de suas costas, seu olhar, seu tom, a apunhalou.
— Você me livrou dessa obrigação específica, como você diz,
Duquesa. Como é, então, que uma jornada que começou como uma
pequena pirata na Irlanda a trouxe aqui, a Gleneden, mais uma vez na
minha cama, e mais uma vez o sangue de uma virgem nos lençóis.
Maura deu um suspiro trêmulo.
— Alec...
— Sou um homem de sorte? Ou um tolo, absorvido pela alegação de
minha esposa de que eu a havia prejudicado? Pelo menos eu sei por que ela
rejeitara meus avanços enquando estamos na Escócia, ela queria esconder o
fato de que nunca se tinha deitado comigo ou com qualquer homem! Não,
ela não podia correr o risco de ser descoberta! — Ele deu uma risada negra.
— Talvez eu tenha sorte. Pelo menos desta vez eu me lembro.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura lançou um olhar para ele. Um erro. Havia uma tempestade
em seus olhos azuis claros. Só então ela percebeu o quão furioso ele
realmente estava. Ela quase desejou que ele ficasse com raiva e furioso, em
vez desta fachada fria e gelada.
Ela olhou para a porta do corredor. Então para a porta do quarto
dela.
— Nem pense nisso — ele rosnou.
Silenciosamente, ela lhe deitou uma antiga maldição irlandesa.
— Calculo que você teve uma mão no meu lapso na memória?
Os lábios de Maura se apertaram.
Ele estava impaciente.
— Eu sei que fui drogado, Maura. Você também pode me dizer
como foi que fez isso.
Ela confinou a visão à túnica, alisando as dobras.
— Olhe para mim, Irlandesa. — Seu tom era quase perigosamente
suave. — Como foi que o fez?
Ela ficou tentada a dizer para ele ir para o diabo. Quase... mas não
exatamente.
— Uma mistura de ervas. Da Nan Desdentada. — O queixo dela se
ergeu. — Para fazer você dormir.
Um silêncio interminável. Então:
— Nan Desdentada? Nan Desdentada? — ele explodiu. — O que é
isto? Fui transportado de volta à Idade Média?
Os olhos de Maura brilharam.
— Nan Desdentada sabe dessas coisas, de poções e ervas! Por Deus
— disse ela, com emoção — eu devia ter chamado a Nan em vez do médico
no dia em que meu pai morreu! — Assim quando ela disse isso, a escuridão
tomou conta dela como uma mortalha. Isso não teria ajudado. Nada

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


poderia ter impedido. Nada o poderia ter salvo. Nada. Ele teria morrido de
qualquer maneira.
Reivindicado pela maldição. Mantido em cativeiro pela maldição.
Não ajudou que a mente de Alec se desviasse na mesma direção.
— Seu pai — ele disse secamente. — Ele está realmente morto?
Maura ficou atordoada. — Você acha que eu mentiria sobre a morte
de meu pai? — Amargura gravou suas palavras.

Alec foi até o fim da lareira e depois voltou. Ele parou, cruzando os
braços sobre o peito.
— E a sua mãe? Ela não era familiar da falecida esposa do barão,
era?
— Minha mãe foi deixada para descansar quando eu era pequenina.
— E você nunca conheceu o barão antes disso?
Ela balançou a cabeça.
— Foi apenas um ardil para você entrar no baile de máscaras?
— Sim.
— Então não foi por acaso que você me procurou.
— Você parece ter todas as respostas, Sua Graça. O que você acha?
Um músculo tremeu na mandíbula de Alec. Não era hora de
desafiá-lo.
Ela continuou:
— Se você está procurando alguém para culpar, Sua Graça, não
precisa procurar mais.
— Então você mentiu sobre quem você é?
Ela ficou de pé.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu não menti! Eu sou Lady Maura O'Donnell. Meu pai era o
conde!
Alec cerrou os dentes. McBride, ele pensou. Ela não era mais Maura
O'Donnell. Ela era Maura McBride.
— E Murdoch, seu tio? — Ele exigiu. — Por Deus, ele permitiu que
você viesse aqui sozinha? Ele te abandonou sem saber que tipo de homem
eu sou? O que eu poderia fazer quando estivéssemos sozinhos?
Maura pensou em Murdoch, não muito longe na próxima aldeia. Ela
cautelosamente decidiu que era melhor não comentar.
Ele a observou, a observou até que o silêncio se tornasse sufocante.
— Você está escondendo alguma coisa — ele disse suavemente. — O
quê, eu me pergunto? Que papel ele desempenhou nisto?
Maura não pôde evitar. Seu olhar se desviou, enquanto o de Alec se
aguçou.
— Continue, Irlandesa!
— Murdoch não é meu tio — disse ela finalmente. Ela escolheu as
palavras com cuidado. — Ele está... está com minha família há anos.
— Ele está com a sua família há anos, não é? Suponho que de
seguida você vai me dizer que ele é o mordomo da família!
Os olhos dela se arregalaram.
Alec xingou.
— Doce céu, ele é, não é?
Ele não precisava da afirmação de Maura para saber que era
verdade. Seus traços contaram a história muito profundamente.
— Você me enganou para casar — ele acusou. — Porquê, Maura?
Você gostou de me fazer de bobo?

— Pense o que você quiser, mas não foi assim. Não foi nada disso.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alec deu uma risada de zombaria.
— Então como foi? Por Deus, não sei em que acreditar! Você me
enganou, Maura. Você me enganou para casar. Você mentiu, por Deus, não
posso nem imaginar quanto. Por que eu, Duquesa? Por que você me
procurou propositalmente naquela noite? Eu tenho direito a uma
explicação.
Maura desviou o olhar. Ou melhor, ela tentou. Ele capturou seus
ombros.
— Ah não. Desta vez não haverá como fugir.
O ar entre eles estava faiscando.
— Sim — ela gritou. — Sim, eu te enganei. Sim, eu te enganei. Mas
não gostei.
— E o que acabou de acontecer? Nós dois juntos, Maura? Fazia parte
do seu plano?
O coração dela apertou. Um raio de vergonha a atravessou. Ele não
podia saber a culpa que ela sentia. Mas ela sabia que se isso acontecesse
novamente, sua escolha não teria sido diferente.
Sua boca torceu.
— Vejo que não era. Porquê então, Maura? Porquê?
Havia um peso sufocante em seu peito. Ela enfrentou a demanda
cortante em seus olhos o melhor que pôde.
— Eu precisava te encontrar. Eu... eu precisava de vir aqui. Para a
Escócia. Para Gleneden.

— E eu era o meio?
— Sim! Sim! Foi a única maneira que eu consegui pensar para vir
para cá. Ficar e não despertar as suas suspeitas. Para procurar o Escocês
Negro...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— O Escocês Negro! — Ele fez um som de impaciência. — É apenas
um nome invocado por algumas jovens empregadas tolas...
— Não. Não você, Alec. O pirata. O primeiro Escocês Negro. O
verdadeiro Escocês Negro. — No instante em que ela falou o nome dele, foi
como se suas veias estivessem cheias de gelo.
Os olhos dele se estreitaram. Ele a puxou para um pequeno sofá, sua
expressão sombria.
— Que diabos é isso? Maura, você não faz sentido.
— Que diabo, de fato. — Seu tom era fervoroso. — O retrato lá em
baixo. James, o sétimo duque de Gleneden. Aquele que usava a luva negra.
Você mesmo disse que ele era um sujeito desagradável e ele era Alec.
Muito mais do que você imagina.
Alec não fez nenhuma observação.
— Você não sabia, sabia? Que ele era um pirata. Ninguém sabia.
Os olhos dele se estreitaram.
— Absurdo. Minha linhagem é honrosa. Respeitável...
— Oh, pare! Ouso dizer que todas as famílias têm esqueletos no
armário.
— Se mais ninguém sabia que ele era um pirata, o que faz você tem
tanta certeza de que ele o era? — Ele estava com os lábios cerrados e
abrupto.
Maura estremeceu de repente.
— Eu sei, Alec. Eu sei. E meu pai também. Foi isso que me trouxe
aqui. Foi isso que me trouxe até você.
Ela, então, contou sobre o mito. Como o Círculo de Luz trouxe
fortuna e favor aos do Clã McDonough.
Como o Escocês Negro saqueava os mares, ocultando sua
identidade.
Como ele roubou o Círculo de Luz.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela contou como a morte ocorreu a Randall O'Donnell, o senhor que
havia perdido o Círculo de Luz para o Escocês Negro. Dor sangrou através
de sua voz.
— Aconteceu exatamente assim com meu pai e o pai de meu pai
antes dele. Morte, sem aviso prévio. Morte, tão inesperada, desde a época
de Randall O'Donnell, avô do meu avô!
Os lábios de Alec se pressionaram juntos.
— Isso é o que você quis dizer quando disse que eu tinha roubado
você?
— Sim.
Alec não disse nada.
— Você não acredita em mim? — Ela perguntou.
— Uma relíquia celta encantada que viajou através dos tempos?
Uma que ninguém viu, se existir!, por quase duzentos anos? Maura, você
começou a acreditar nos contos que conta às crianças.

Os olhos dela ficaram tempestuosos.


— Você não duvidaria se visse a minha terra natal.
Alec pensou em Thomas Gates. Muito em breve ele saberia.
— Minha família foi amaldiçoada quando o Escocês Negro roubou o
Círculo de Luz, porque falhamos em protegê-lo. O sua também foi
amaldiçoada. Amaldiçoada por Randall O'Donnell enquanto navegava
pela noite. Amaldiçoada quando o Escocês Negro roubou o Círculo de Luz!
— Olhe ao seu redor, Maura. Parece que fomos amaldiçoados?
— E você pode dizer, com certeza, que nenhum mal aconteceu à sua
família?
— Não mais do que qualquer outra.
— E o seu pai? Você me contou como ele sofreu, Alec. Como você o
viu morrer pouco a pouco, mais e mais a cada dia.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Isso não teve nada a ver com o seu Círculo de Luz. E sim, minha
mãe perdeu três filhos. Mas isso também era o destino. Ele fez um gesto de
impaciência. — Fado. Destino. Não foi por causa de qualquer maldição.
— Você disse que a sua irmã e a sua prima ficaram presas no lago
uma noite. Todo mundo estava frenético. Elas podiam ter morrido, Alec.
— Mas elas não morreram. — Ele descartou. — Foi uma tempestade
assustadora.

— Prometi ao meu pai, Escocês. Prometi a ele que encontraria o


Círculo de Luz e o levaria para casa, para que nosso povo não sofresse
mais, para que a terra seja verde e fértil e floresça como antes. Me ajude —
ela implorou —Ajude-me, para que eu possa voltar para casa e pôr um fim
a esta maldição de uma vez por todas.
Alec se levantou.
— Você pode ter se casado comigo para encontrar uma relíquia celta
antiga que pode ou não existir. Mas isso não muda o fato de você ser minha
esposa — ele declarou com um toque de arrogância. — Eu disse antes que
você poderia voltar à Irlanda sempre que quisesse. Eu nunca a impediria.
Mas esta é a sua casa agora, Maura. Gleneden é sua casa.
O coração de Maura se apertou. A cabeça dela inclinou-se.
— Não — ela disse dolorosamente. — A Irlanda é a minha casa.
Irlanda... não Gleneden.
Houve um silêncio estrondoso.
Os olhos de Alec brilharam.
— Não importa mais como ou por que nos casamos. Não pode ser
desfeito. Eu sou seu marido. Você é minha esposa.
Ela balançou a cabeça.
— Não — ela disse. — Não.
Pegando os cotovelos, ele a levantou.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Que diabo! Você quer me dizer que há mais que você me ocultou
Os nervos de Maura estavam gritando, mas seu coração ficou muito
quieto.

— Sim — ela disse fracamente.


Sua expressão era proibitiva. Totalmente feroz. Ela fechou os olhos
para evitar a visão.
Mas não havia consolo. Nenhum santuário. Sem mais esconderijos.
Ela engoliu em seco.
— Alec — ela sussurrou. — Nós não estamos casados.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dezoito

O silêncio que se seguiu foi frágil. Brutal.


Ele a soltou.
Os olhos dela se abriram. Não havia como fugir dele. Ele olhou para
ela, suas feições ferozes. O toque de seus olhos era de um azul gelado, tão
arrepiante quanto o mar do norte. Um olhar daqueles olhos azuis gelados
enviou um arrepio através dela, mas dificilmente um deleite.
Maura se sentiu minúscula. Era tudo o que ela podia fazer para
enfrentar esta situação assustadora. Alec era, novamente, o duque
perentório.
Sua boca era uma linha reta e esticada.
— Explique-se, por favor.
O pulso dela clamava. Ela descobriu que estava tremendo por
dentro e por fora. Maldito seja o homem, mas ele pode ser bastante
intimidador quando ele queria!
— O diácono O'Reilly... Murdoch o encontrou. Você estava certo,
você vê. Nós, eu, lhe pagamos para realizar a cerimônia. Mas ele não tinha
autoridade para presidir o nosso casamento. Nenhum casamento. Ele foi
destituído de todos os privilégios da Igreja quando foi descoberto
roubando fundos da igreja
Ele não respondeu. Maura teve a sensação fugaz de que ele não
ousava falar.
Que ele estava furioso, não havia dúvidas. Seus lábios estavam,
ameaçadoramente, finos. Sua fúria silenciosa era quase pior do que se ele
estivesse gritado. Ela nunca havia percebido que o silêncio podia ser tão
assustador.
Ela engoliu em seco.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não era para isto ter chegado tão longe.
O olhar de Alec resvalou para a cama. Não foi por acaso que seu
olhar permaneceu na mancha no lugar onde eles estiveram.
— Claramente — ele respondeu — não era.
Maura estremeceu com sua farpa gelada.
— Eu pensei que seria fácil encontrar o Círculo. Eu pensei em voltar
para a Irlanda muito antes disto. Uma semana, no máximo. Eu... pensei que
você poderia explicar minha partida dizendo que morri na viagem de volta
à Irlanda.
Os olhos dele pareciam chamejar. O silêncio tomou conta. Maura
ficou parada enquanto ele caminhava ao redor dela em direção à janela, seu
perfil forjado em ferro. Ela teve a sensação de que ele estava se contendo.
Por fim, ele se virou.
— Bem, então — ele declarou friamente — não há mais nada a ser
feito, pois não? Nós vamos nos casar. De imediato.
Maura ficou atordoada.
— O quê?
— Assim que puder ser arranjado.
A cabeça dela estava girando.
— Você quer se casar comigo?
— Não é uma questão de querer. É uma questão de impreterível
necessidade.
Ela ficou rígida.
— Obrigado, Sua Graça, por essa garantia.
Seu tom ficou afiado.
— Isto tem que ser feito, Maura. Você sabe disso tão bem quanto eu.
— Eu não sei nada disso. Você pensa que por ser o duque de
Gleneden, devo me curvar a você. Bem, eu acho que não, Escocês. — A

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


raiva anulou a cautela. Baniu todo o resto. — Você pode ser o Senhor de
Gleneden, Alec McBride, mas não vai me dominar. Você esquece, eu não
sou sua esposa, nem jamais serei sua esposa.
— Você recusa minha proposta?
— Essa foi uma proposta? Eu percebi isso como uma demanda.
Além disso, você espera que eu fique lisonjeada? Eu vim recuperar o
Círculo, que foi roubado — enfatizou ela — pelo seu ancestral, o maldito
Escocês Negro.

— Então você se deita comigo, mas não se casa comigo?


Maura se encolheu por dentro. Ele tinha que fazer com que
parecesse sórdido?
— Ah, mas nunca deveria ter acontecido, certo?
— Sim. Mais uma razão para esquecermos. — Seu tom era muito
baixo. Sua realidade era dolorosamente aguda. — Eu pertenço à Irlanda.
Meu clã precisa de mim, agora mais do que nunca, uma vez que o meu pai
morreu. — Uma leve amargura surgiu. — E você certamente não escondeu
sua aversão por nosso casamento quando estávamos no jardim do barão.
Eu acho que você deveria ficar feliz por não estarmos casados. Que não
estou atrás do seu título, nem das suas riquezas, nem de nenhuma das
suas... —Ela se interrompeu.
O olhar dele encontrou o dela.
— O quê, você furtou as pratas?
Maura engoliu em seco.
— Querido Senhor, você o fez, não fez?
O queixo dela se ergueu.
— Algumas peças do sótão. Algumas dos quartos. O dinheiro que
você disse que eu poderia ter. Nada que você jamais sentirá falta.
Precisamos do dinheiro muito mais do que você.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Deixe-me adivinhar como você conseguiu isso. — Suas
sobrancelhas se ergueram. — Murdoch?
Não havia sentido em mentir.
— Sim, ele está perto. Então, veja bem, ele afinal não me abandonou.
O ar estava carregado e crepitando. Ele deu uma risada amarga.
— Oh, mas isso é fantástico! Minha própria esposa, que nunca foi
minha esposa, é uma ladra saqueadora! — Ele fez uma pausa. — Mas em
breve vou saber a verdade por mim próprio, Irlandesa. Se suas terras são
ou não estéreis como você diz.
— O que diabos isso significa?
— Oh, vamos, querida. Você não pode negar que as circunstâncias
do nosso “casamento” foram suspeitas... e careciam de confirmação.
Maura ainda estava lutando com uma consciência crescente. Logo
ela mesma saberia a verdade.
Os olhos dela nunca deixaram o rosto dele.
— Você enviou alguém à Irlanda? Você enviou alguém para me
espionar?
— Eu dificilmente chamaria isso de espionagem, Irlandesa.
Considero mais uma missão averiguação da verdade.
Ela estava furiosa demais para falar.
O olhar de Alec deslizou por seu corpo.
— Você já percebeu de que existe a possibilidade de que, em breve,
você possa carregar o meu herdeiro?
— Seu herdeiro! Preciso lembrá-lo de que não estamos casados?
— Precisamente a razão pela qual o devemos estar. — Seu tom foi
cortante e abrupto. — Ou a Nan Desdentada também tem uma poção para
isso?
Maura prendeu a respiração. Ah, mas isso era cruel da parte dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Então meu herdeiro crescerá na terra que você chama com tanto
carinho de pântano em de uma ilha.

Ele olhou para ela.


— Já lhe ocorreu que tenho todo o direito de a expulsar hoje
mesmo?
Um choque passou por ela. Ela empaleceu.
— Sim, Irlandesa, vejo que sim.
A raiva a corroeu. Seus pulmões ardiam, mas era como se ela
estivesse congelada no lugar. Ela só pode assistir entorpecida quando ele
enfiou as pernas nas calças, depois pegou a camisa.
O desespero a despedaçou.
— Alec. — Seu nome saiu meio estrangulado. — Alec, por favor,
não! Sim, eu te enganei. Sim, eu menti! Mas eu imploro, por favor, deixe-
me ficar e encontrar o Círculo. Ajude-me a encontrar o Círculo. Então eu
vou embora. Fora da sua vida para sempre.
Ele enfiou os pés nas botas, levantou-se e foi em direção à porta.
— Alec. Alec, o que você está fazendo? Onde você vai?
Suas feições eram sombrias, sua voz cortada e distinta.
— Como você não é minha esposa, certamente não espero que você
se importe com onde eu vou, ou com o que eu faço.
A porta bateu e ele se foi.
Maura explodiu em lágrimas.

Alec colocou as mãos nas costas da cadeira em seu escritório.


Abaixando a cabeça, ele apertou com força, lutando para controlar o calor
que ainda remanescia no seu corpo. Ele inalou profundamente, mas pouco
ajudou a reprimir a agitação dentro dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura estava certa. Ele disse a si mesmo que deveria estar feliz por
ela não ser sua noiva. Ela o enganou. Mentiu. Sem escrúpulos. Foi
exatamente como ele havia dito. Ele tinha todo o direito de expulsá-la.
Mas não lhe deu satisfação de saber que ele estava certo, afinal. Que
o suposto casamento dele com a adorável Maura aconteceu porque ela
queria algo dele, a chance de procurar algum objeto mítico que, sem
dúvida, nunca existiu!
Mas sua fúria competia com um coração atormentado.
Eu pertenço à Irlanda.
Não. Ela pertencia aqui. Com ele.
Mas ela recusou a proposta dele. Recusou! Recusou-o!
Ele estava ferido até à medula de seus ossos. Sua mente, sua própria
alma, estava turbulenta.
Ele quase podia acreditar que ela era uma bruxa irlandesa. Ele
estava enfeitiçado. Deslumbrado. Enganado.
Como se ela lhe tivesse lançado algum feitiço!
Isso também explicaria sua crença em bobagens como o Círculo de
Luz, ele decidiu com humor negro.
Justamente quando ele tinha começado a confiar nela, ele soube a
verdade.
Não era ele que ela queria, mas sim o Círculo de Luz. Como ela
podia acreditar em algo tão absurdo, ele não fazia ideia.
Mas ela tremeu contra ele. Ardendo por ele numa rendição
apaixonada.
O pensamento quase fez sua vara subir mais uma vez.
Com uma exclamação impaciente, ele foi para o estábulo. Ele
precisava de uma boa cavalgada para clarear a cabeça.
Antes que ele se apercebesse, ele estava na enseada onde a levara
naquele primeiro dia em Gleneden e escalou as rochas para onde pudesse

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


se sentar. Ele se lembrou de lhe contar como ele e Aidan brincavam de
piratas quando eram jovens.
Nunca em sua vida ele teria adivinhado que sua adorável noiva
acreditava num pirata chamado Escocês Negro, e seu ancestral ainda por
cima!
Nunca em sua vida ele teria adivinhado que ela tinha ido a
Gleneden em busca de um tesouro que esse pirata havia reivindicado.
O que ela disse?
Uma maldição nunca deve ser tomada de ânimo leve, Escocês.
Por uma fração de momento, um arrepio misterioso dançou em sua
espinha.
Ele se sacudiu e olhou para o outro lado da água, ouvindo as ondas
baterem na costa. Ele observou o sol brilhar no horizonte, depois
mergulhar para baixo. Por um instante foi como se ele visse uma coisa que
ele nunca tinha visto antes, uma silhueta nebulosa do navio de um pirata,
navegando para o sul e oeste.
Para a Irlanda.
Muito tempo depois, levantou-se e montou no cavalo para voltar a
Gleneden. Ele recordou o rosto de Maura quando lhe disse que tinha todo
o direito de expulsa-la.
Sua expressão tinha sido completamente afetada, seus lindos olhos
verdes sombreados e escuros. Era uma imagem que não o deixaria.
Ele procurou os mares tempestuosos em seu coração. Ele ajudaria
em sua busca tola por seu precioso Círculo. A apoiaria até que sua crença
fosse confirmada. E então... e então...
Ele não sabia.
Tudo o que sabia era que o próprio pensamento de deixá-la ir
rasgava seu coração como nada havia feito antes.
O quarto dela estava escuro quando ele entrou, pouco antes da
meia-noite. Silenciosamente, ele se aproximou da cama.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura se mexeu.
— Alec?
Seu intestino torceu. Ele silenciosamente amaldiçoou-se, por sua voz
tremula com som de lágrimas.
Ele sentou. No escuro, seu olhar capturou o dela. Com as costas dos
dedos, ele roçou a suavidade de sua bochecha, a mais leve carícia.

— Depois de procurarmos o seu Círculo, é seu desejo retornar à


Irlanda?
Ele teve o cuidado de manter ausente todo traço de emoção de sua
voz.
Seus cílios caíram.
— Eu devo — ela disse suavemente.
O polegar roçou seus lábios.
— Então, que seja.
Ele se levantou e foi em direção à porta entre os quartos.
— Alec?
Ele se virou.
— Sim?
Ela deslizou por baixo das cobertas e caminhou até ele. Braços
delgados roubaram seu pescoço.
— Obrigada — ela sussurrou.
Alec ficou muito quieto quando ela se levantou na ponta dos pés e
beijou sua boca, o contato quase fugaz.
Mas foi um beijo que o atingiu o cerne de seu ser.
Maura retirou os braços. Seus pés descalços caíram no chão. Alec
deu um leve aceno de reconhecimento.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele se perguntou se ela alguma vez saberia que lhe custaria o céu e a
terra que ela se fosse embora.

Quatro dias vieram e se foram. Era um tempo de aumento de


temperatura, de aumento de calor... de crescente paixão.

Pronto para acender a qualquer momento.


Pois Alec e Maura estavam igualmente cientes um do outro. Tendo
provado o outro, apenas aguçou sua fome. E vivendo juntos sob o mesmo
teto, sabendo que o outro dormia à noite com apenas uma parede entre
eles...
A tensão fervia, ardia.
Alec se considerava um tolo centenas de vezes. Por que ele não
insistiu que Maura se casasse com ele, se ela queria continuar a sua busca?
No entanto, se ela o desprezasse por isso...
Ele não suportava o pensamento.
Ele também não a queria nessas circunstâncias. Se ela ficasse, devia
ser de livre vontade.
Nada menos que isso satisfaria qualquer um deles.
Thomas Gates havia enviado uma nota informado de que a chegada
inesperada de sua irmã e seus filhos atrasara sua viagem à Irlanda, para as
terras de McDonough. Alec se perguntou se ele havia reagido
apressadamente ao envolver Thomas. Não, ele decidiu. Ele precisava da
verdade.
Por isso, seu humor estava inquieto.
Maura, no entanto, estava totalmente motivada. Resoluta. Como se
ela não pudesse esperar para ficar longe dele. Mas não pela razão que Alec
acreditava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Não era mais apenas por causa da sua promessa ao pai que ela
queria desesperadamente encontrar o Círculo.

Era por causa de Alec também.


Ela temia o que poderia acontecer se não o fizesse. O medo a
apertava. Ela temia pela segurança de Alec. Ela tinha que encontrar o
Círculo para que a maldição que unia suas famílias fosse, finalmente,
quebrada.
Ela não podia suportar o pensamento de que algo terrível poderia
acontecer com ele.
Ela reviveu a noite em que ele veio e sentou-se ao lado da cama. A
maneira incomensuravelmente gentil que ele acariciou a sua bochecha.
Toda vez que ela pensava nisso, seu coração se revirava.
Ela recordou a si própria que, quando encontrasse o Círculo, deveria
retornar à Irlanda.
E nunca mais veria Alec.
Mais uma razão para resistir a ele.
Mais uma razão para negar seu próprio desejo traidor.
A busca, agora renovada, ela estava agradecida pela ajuda de Alec.
Ele conhecia Gleneden como ninguém mais. Mas quatro dias de busca na
casa e no no exterior não deram em nada.
Maura não se intimidou. Embora os criados esvaziassem as
prateleiras da biblioteca, ela voltou para lá uma manhã. Alec a encontrou
deslizando as mãos sobre os painéis ao lado da lareira.
— Procurando passagens escondidas? Escadas secretas? — ele
perguntou.

Ela lançou-lhe um olhar assassino.


— Maura, pelo amor de Deus, acabe com isso!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela se virou para encará-lo. Ela era insistente, sua convicção
inabalável.
— Está aqui — ela afirmou. — Eu simplesmente não descobri onde.
— Meus ancestrais eram pessoas honradas.
— E os meus também. Certamente nenhum dos meus era pirata!
— Bem, deixe-me pensar. Suponha que você esteja certa. Por que
meu ancestral pirata, uma vez que eu tenho um bandido na minha
linhagem, ocultou tal tesouro? Ele não iria exibi-lo? Ele certamente não
esconderia isso.
Havia uma inclinação rebelde em seu queixo.
— Talvez se não fosse algo tão precioso quanto o Círculo de Luz.
Todo mundo saberia então que ele realmente era um pirata saqueador.
Todos sabiam que o Escocês Negro era o duque de Gleneden. Eu pensei
bastante nisso, Alec...
— Estou bastante ciente disso, Irlandesa.
Maura fez uma careta para ele, mas continuou.
— Eu imagino que ele o colocaria em algum lugar onde ele poderia
admirar...
— O objeto mítico que ninguém neste século ou no último, jamais
viu. Cuja existência não pode ser provada...
— Não espero que você se importe — exclamou Maura. — Está
aqui. Em algum lugar. Eu sinto isso a cada respiração. Eu sei que está aqui
em Gleneden.

— Se você sente, se tem tanta certeza, por que não o encontrou


antes? Por que ainda estamos procurando por isso?
— Você não acredita em mim, acredita? Você não acredita que está
aqui. Você nem acredita que o Círculo existe.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Perdoe-me por não ser abençoado com as superstições dos
irlandeses — ele retrucou.
Mágoa irritada a inundou. Seus olhos cuspindo fogo, ela começou a
passar por ele.
Alec pegou seu cotovelo.
— Pelo amor de Deus, Maura, me desculpe. Eu não deveria ter
colocado assim.
O queixo dela ergeu-se alto.
— Por que não? — Ela disse rigidamente. — Você é livre para falar o
que pensa e tenho direito às minhas próprias crenças, não tenho? Oro que
me perdoe por virar sua família de cabeça para baixo, Sua Graça. E com
licença. Acredito que gostaria de ficar sozinha por um tempo.
— Maura — ele disse suavemente. — Maura...
Ela se recusou a olhar para ele. Atrás, impaciente, ele sentiu a
compostura se desfazer e a deixou ir.
Talvez ela estivesse certa. Talvez ela precisasse de um tempo para si
mesma.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Dezenove

No início da tarde, Alec decidiu procurar sua esposa... raios, ele


tinha que parar de pensar nela como sua esposa!
Ela não compareceu ao almoço e... bem, ele estava preocupado com
ela. Oh, quem ele estava enganando? Sim, ele estava preocupado. Mas uma
pequena centelha de culpa o atormentava desde que ela deixara a
biblioteca. De fato, ele admitiu, desde o momento em que se conheceram
no baile, os pensamentos sobre ela nunca se afastaram muito de sua mente.
Ele bateu levemente na porta entre os seus aposentos. Não houve
resposta, nem ele ouviu nenhum movimento. Abrindo a porta, ele olhou
para dentro.
Ele voltou para o quarto. Uma hora. Se ele não a visse dentro de
uma hora, ele verificaria com os criados.
Assim que o pensamento passou pela sua mente e ele a viu sozinha
no pátio. Da janela de canto do quarto, ele a observou. Ela não usava touca;
de fato, ela raramente o fazia, enquanto a maioria das mulheres não ousaria
dar um único passo ao ar livre sem uma. E a maioria das mulheres
provavelmente não estaria andando sob a luz do sol sem um guarda-sol.
Um leve sorriso vincou os seus lábios. Maura era como sua irmã
Anne a esse respeito. A vaidade não estava na natureza de Anne. Também
não havia um pingo de vaidade em Maura. Céus, mas ela era tão
dolorosamente bonita, que quase lhe roubava o fôlego.
O sorriso dele morreu. A cabeça de Maura estava baixa, o olhar
voltado para baixo, as mãos atrás das costas. Ele não conseguiu discernir a
expressão dela, mas não foi preciso muita imaginação para ver que o
humor dela era pensativo, na melhor das hipóteses. Talvez um pouco
desanimado...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alguma emoção estranha e contorcida se desenrolou em seu peito.
Havia algo dolorosamente pungente em sua pose. Ela estava tão infeliz,
então? Era por causa dele? Porque eles fizeram amor?
Uma pontada como uma faca perfurou seu intestino. Quase parecia
que ela estava seguindo algum caminho sem rumo, ocasionalmente
chutando o caminho de seixos que se tecia através das flores. Sua mente
voltou. Ele nunca esqueceria como tinha despejado o precioso tesouro de
pedras e sujeira da casa dela... do jeito aquilo a machucara. A maneira
como ele a machucou.
A culpa o queimava. Se o tempo pudesse recuar, se ele pudesse
recuperar aquele momento, ele daria tudo o que tinha, tudo o que possuía.
Mas o tempo era implacável.
O tempo era eterno.
Ele nunca poderia desfazer o que tinha feito.
Então, pela janela, uma criança correu até Maura e pegou sua mão.
Um segundo menino correu e agarrou-se à outra mão. Depois outra e
outra, até que pareciam um rebanho ao seu redor. Uma garota não mais
alta que o quadril de Maura, agarrou um punhado minúsculo de seu
vestido. E de repente a estavam puxando para fora do pátio e descendo a
encosta do gramado.
Alec se lembrou da outra vez em que ele assistiu Maura se reunindo
com as crianças. Não era de admirar que eles a adorassem, gostassem dela
desde o primeiro instante. Havia uma magia, um encanto, uma beleza nela
que não podia ser capturada em palavras. Ele se deliciava com o frescor
dela, com as brincadeiras, principalmente quando argumentava sobre os
irlandeses contra os escoceses. Ela era espirituosa e rápida, sempre pronta
com uma resposta pronta.

Ela era diferente de qualquer outra mulher. Ele a queria como ele
não queria outra mulher.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Puxado por uma força que ele se sentia impotente para resistir, Alec
saiu de casa e a seguiu, mas manteve distância. Ele não poderia ter parado
de segui-la, mesmo que ele quisesse.
Colhendo flores nas proximidades, ela guiou pequenos dedos para
fazer grinaldas de margaridas enquanto elas se sentavam no chão. As
meninas sorriram quando ela colocou uma coroa de flores em suas cabeças.
A pequena Greta jogou uma na cabeça de Maura.
Maura começou a cantar, fora do tom, o que tornou tudo ainda mais
desarmante. Agora de pé, ela dançava uma dança irlandesa. Como
saltadores, as crianças saltaram e se juntaram. Seus risos estrelaram em
guinchos. Maura tirou os sapatos. O cabelo dela havia escorregado em sua
nuca. Crianças ensandecidas corriam loucamente atrás dela enquanto ela
dançava. Então ela e as crianças deram as mãos e pularam em um círculo
selvagem. Gritos de alegria encheram o ar.
Alec se aproximou. Protegido pelo tronco de um carvalho gigante,
ele os observou brincar, consciente de uma sensação estranha crescendo
profundamente em seu peito. Ele não conseguia tirar os olhos de Maura.
Um sorriso apareceu em seus lábios quando a guirlanda de
margaridas escorregou. Ela a pegou e jogou-o torto em cima de sua cabeça.

Então uma das crianças o viu.


— Sua Graça pode dançar?
Ele foi descoberto.
— Venha, Sua Graça! — Gritou Andrew, o neto mais novo da Sra.
Yates. — Venha dançar com a gente!
Alec arqueou uma sobrancelha e estendeu a mão enquanto Maura
girava perto. Seus dedos pegaram os dele e ela o puxou. Então, de alguma
forma, ela e Alec estavam no meio, enquanto os pequenos dançavam ao
redor. Alec girou e girou até que Maura estava ofegante, rindo e tonta, seu
rosto voltado para o céu.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele a pegou contra ele. Apertando-a rapidamente em seus braços,
Maura olhou para os olhos de um profundo fogo azul. E naquelas
profundezas ardentes brilhava um desejo feroz.
Ele queria beijá-la.
Ele queria beijá-la.
O que aconteceu depois foi um borrão. Maura estava ciente de Alec
puxando-a pela mão. Cegamente, ela o seguiu até que ele a puxou para
seus braços, encostando-se no tronco de uma árvore.
— Alec — ela chorou. — Alec, o que você está fazendo?
— O que eu não queria fazer na frente das crianças.
Seus olhos estavam ardendo. Suas palavras a emocionaram como
nada mais o poderia ter feito. A fome crua em seu rosto fez sua boca secar.

Seu pulso clamava loucamente. Ela inalou bruscamente. Uma


batalha se travou dentro dela. Ela não podia, não deveria!, estar com ele
assim.
— Alec — ela disse fracamente — nós não podemos. Não devemos.
— Eu sei.
As palavras eram um murmúrio rouco e irregular.
Ele não parou de beijá-la. Ela também não queria. Ela viu no rosto
dele o mesmo desejo desesperado que ela sentia.
Com o coração tempestuoso e membros trêmulos, os braços dela
passaram pelo pescoço dele. Tudo dentro dela ficou fraco quando ele a
puxou contra ele. Ela sentiu a forma dele através de suas calças, acelerando
em uma respiração, pulsando e erguendo-se contra sua barriga, mesmo
antes da próxima.
O beijo dele minou sua força e a deixou completamente desossada.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura teve pouca lembrança de entrar no corredor pela entrada dos
fundos. Apanhados em seus braços, eles se beijaram loucamente quando
ele fechou a porta do quarto com o salto da bota.
Suas roupas deixaram um rastro até a cama. Ele a depositou na
cama e a seguiu.
— Maura — ele sussurrou. — Eu quero você, querida.
A língua dele duelava com a dela. Seus seios incharam. Ele pegou
um mamilo maduro e inchado na boca. Uma mão pegou suas nádegas. A
outra pegou seu eixo. Ele esfregou-o entre as coxas dela, separando sua
abertura úmida e molhada para encontrar o nó dentro. Ele estava com
febril e duro como pedra.
Os dedos dele a abriram. Ambos estavam meio enlouquecidos
quando ele empurrou para dentro. Nenhum deles desviou o olhar. Ela
gemeu. Ele gemeu. Foi selvagem. Tempestuoso. Ele bombeava
freneticamente e Maura se agarrou a ele, cegamente, arqueando o pescoço
enquanto ela estremecia.
Então Alec caiu ao lado dela, passou um braço em volta dela e a
puxou com força contra o lado dele. Pegando a mão dela, ele a beijou e
puxou a mão para o centro do peito, cobrindo-a com a sua.
Maura deitou a cabeça no ombro dele, aninhando-se contra o calor
dele, acolhendo a paz que se instalava sobre eles.
Eles devem ter cochilado por um tempo. A próxima coisa que ela
soube, um beijo leve como uma pena roçou seus lábios.
Ela apertou os lábios e manteve os olhos fechados.
— Maura — o riso combinava com a voz masculina baixa — você é
bastante encantadora quando faz beicinho, doçura. Mas se não for muito
incômodo, posso ter um momento do seu tempo?
Até então, tudo foi tudo o que Maura pode fazer para abafar o riso.
Mas ela conseguiu manter os olhos bem fechados.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Porque é que eu estou sempre despertando você do sono? Deixe-
me refletir por um momento. — Ele soltou um suspiro falso. — Hummm.
Eu acredito que posso ter a resposta. Acho que talvez a única maneira de
parar de despertá-la do sono seja nunca deixá-la dormir. — A próxima
coisa que ela soube foi que sua mão foi levantada do poleiro em seu peito e
colocada numa coxa musculosa e peluda.
Os olhos de Maura se abriram. Não havia dúvida de que isso era
uma parte dele que não dormia mais.
Alec deu uma risada rouca em sua expressão de choque.
— O quê? — Ela disse fracamente. — Novamente?
— Vejo que tenho toda a sua atenção agora — ele brincou.
Ele se apoiou num cotovelo e a olhou de cima a baixo. Maura corou
até à raiz dos cabelos, provocando outra risada rouca.
Os olhos de Alec, tão quentes, macios e muito, muito azuis, fizeram
sua respiração parar e seu coração revirar.
Inclinando-se, ele a beijou. Não havia demanda faminta, apenas um
beijo dolorosamente doce que ela sentia em todos os cantos de seu ser.
Ele recuou.
— Levante sua mão, amor.

Uma expressão de confusão suave em seu rosto, ela olhou para ele.
Ele levantou a mão direita dela.
— Escolha um dedo — ele sussurrou.
Maura ainda estava confusa.
— Deixe-me escolher, então. — Ele levou o dedo à boca. O lavou
com o calor quente e úmido de sua língua...
...e arrastou-o lentamente pelo comprimento de sua barriga.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Mas ele não parou por aí. Não, ele empurrou seu dedo quente e
úmido através dos sedosos cabelos escuros que cercavam sua feminilidade,
deslizando entre as dobras macias e gordas para encontrar aquela pérola
de sensação coroada por dentro.
O corpo inteiro de Maura estremeceu. A respiração dela parou.
Não, ela pensou, atordoada além da razão. Ah não.
Instinto tomou o controle. Ela tentou afastar a mão. Mas a mão de
Alec ainda estava na dela.
— Alec! — Ela gemeu baixinho. — Eu, eu...
— Shhh. — Seu sussurro era escuro e intenso. — Está tudo bem.
Não pense. Apenas sinta.
Seus dedos guiados pelos dele, ela pressionou. Sondado. Circulou.
Pegando o ritmo e a pressão…
— É isso, querida. Ah, sim, assim.
Foi chocantemente erótico.

Insuportavelmente excitante.
E quando outro dedo se juntou à ação, sua mente ofegou com um
prazer proibido e sombrio.
Ela começou a ofegar.
— Alec...
— Sem vergonha — ele sussurrou. — Apenas prazer.
Era verdade. Alec olhou para ela, obtendo prazer de seu prazer.
Ela gemeu.
— Alec... eu quero...
— Isto? — Ele deslizou o dedo dentro dela.
Os olhos dela se fecharam. Seus quadris estavam torcendo. Se
contorcendo. Agitando o dedo dele... o dela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela gritou seu protesto quando ele a deixou. Ela abriu os olhos no
momento em que Alec se ergueu sobre ela. Seus braços estavam
distendidos, seus olhos brilhando fogo azul.
Encharcada de excitação, encharcada de calor, ela gemeu quando ele
mergulhou forte e profundo. Este foi o desejo desencadeado. Desejo
desmarcado.
Um único impulso e ela se espatifou ao redor da vara dele.
E então começou de novo. Com cada mergulho ardente, cada batida
do coração, arrepios corriam dentro dela. Seu gemido de necessidade
aumentou a ascensão dele. Seu beijo foi ganancioso, seu corpo faminto.
Sentindo a ascensão de seu clímax, ela agarrou seus ombros quando ele
entrou em erupção dentro dela várias e várias vezes.

Estenuado, ele deslizou de costas e a juntou contra ele.


Maura enterrou a bochecha contra a cavidade do ombro dele. Ela
não conseguia olhar para ele. No momento, ela não tinha certeza de que
poderia olhar alguém nos olhos novamente.
— Alec — ela gemeu — eu não posso acreditar que eu...
Ele deu uma risada suave e a envolveu ainda mais.

Maura acordou, esticando-se lentamente. No meio de sua mente, ela


sabia que passara a noite na cama de Alec. Uma vaga lembrança
permaneceu. A lembrança de um beijo leve como o ar pressionou seus
lábios, junto com gargalhadas masculinas. Lembrou-se de fechar a boca
com força, pois estava no meio de um sonho maravilhoso e encantador, do
qual protestou por despertar.
Alec estava lá, em seu sonho. Porquê, onde mais ele estaria?
repreendeu uma voz perentória no sonho. Eles estavam na praia na
Irlanda; O castelo McDonough coroava o topo da falésia acima. Alec estava
rindo. Rindo de uma figura pequena e magra, ela tentou ver, mas não

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


conseguiu. Em algum canto do mundo dos sonhos, ela se perguntou por
que Alec estaria carregando um graveto, manejando-o como se fosse uma
espada poderosa. Mas ela estava feliz. Oh, feliz como nunca antes.

Aquela mesma risada rouca ecoou em seu estado de sonho. Ela se


sentiu acordando, mas odiava deixá-lo, pois era muito, muito perfeito e
sabia que nunca se cansaria daquela risada rouca e masculina. E quando se
foi, com uma respiração tênue, ela voltou ao seu sonho com um suspiro de
admiração novamente.
Quando ela apareceu na sala de jantar onde o café da manhã estava
servido no aparador, a Sra. Yates informou que Alec tinha saído com o
gestor da propriedade. Ela ficou agradecida e desapontada. Na esteira do
erotismo que haviam compartilhado, uma parte dela se perguntava como
poderia enfrentá-lo. Outra parte dela ansiava por ele, se jogar nos braços
dele como se não se importasse com o mundo.
O que era bastante bobo, realmente. Então era essa frustração que a
atormentou. A presença dela não era necessária em lugar algum. Sem saber
o que mais fazer, ela não sabia onde procurar o Círculo em seguida,
examinou os anais da família mais uma vez. Infelizmente, um esforço fútil
que só trouxe mais frustração.
Fechando o livro encadernado em couro que continha os registos da
família, ela saiu da biblioteca. Seu caminho pela casa levou Maura pelos
retratos da família. Ela fez uma pausa, voltou-se. Seu olhar imediatamente
se voltou para o retrato de James, sétimo Duque de Gleneden. Mesmo
quando ela o amaldiçoou, ela rezou para que o retrato dele provocasse uma
grande revelação.
Como anteriormente, arrepios surgiram em seus nervos. Aquela
estranha sensação de que o Círculo estava aqui em Gleneden retornou em
força. Aqui estava o Escocês Negro, o Escocês Negro que ninguém mais
conhecia, zombando dela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


De costas para ele, ela saiu. O dia estava quente. Não havia
necessidade de puxar um xale sobre os ombros. Quase sem consciência,
seus passos a levaram ao lago.
Ela se sentou e passou os braços pelos joelhos erguidos.
Ao sol da manhã, o lago era de um azul brilhante, com padrões
pálidos que tremiam por caminhos prateados. Do outro lado da costa havia
colinas densamente arborizadas.
Com um suspiro, ela se deitou na grama. Com as palmas para cima,
as mãos descansaram ao lado da cabeça enquanto ela olhava para algumas
mechas nubladas no alto.
Tudo ao redor estava em paz. Serenidade.
Mas sua alma, seu próprio ser, estavam tudo menos tranquilos. Se
encheu de dúvidas. Tudo dentro dela gritava. Trancado em seu peito havia
um mundo de tormento.
Ela estava cansada e desolada. Sua busca pelo Círculo se mostrou
infrutífera. Ela estava em uma missão de triunfo ou Alec estava certo? Ela
estava em busca de uma lenda?
Ela prometeu ao pai que encontraria o Círculo, prometeu a ele no
leito de morte. Mas agora, a dúvida a invadia. Como ela poderia encontrar
o Círculo? Algo que ela nunca tinha visto... que ninguém em duzentos anos
jamais tinha visto?
O desespero a atingiu. A esperança era pouca.
Não eram apenas as terras de sua família que estavam em jogo.
Seu coração estava em perigo também.
Desde o início, ela sentiu que ele era perigoso demais para a paz de
espírito. Muito perigoso para o coração dela. Oh, Senhor, quem ela
enganava?
Ela se rendeu a Alec McBride desde a primeira vez que pôs os olhos
nele no baile de máscaras, vestido como um pirata.
Ele roubou o coração dela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capturou ela, corpo e alma.
Ela não podia amá-lo. Ela não se atrevia. Ele zombou da existência
do Círculo. Sim, ele a ajudou a procurar, mas não foi porque ele
acreditava... No entanto, se ela não encontrasse, ele morreria.
Ele morreria.
Ela não suportava perdê-lo. Ela não suportava pensar que ele
poderia sofrer uma morte longa e dolorosa como o pai.

E ele a teria, se ela não encontrasse o Círculo de Luz.


Era apenas mais uma maldição, sua própria maldição.
Assim eram os seus pensamentos quando Alec a encontrou.
Ele se esticou ao lado dela.
— Sonhando acordada? — Ele murmurou.
Maura olhou para o céu. Olhou para ele.
Ele traçou o vinco entre as sobrancelhas dela.
— O que a incomoda, Irlandesa?
Seus olhos se encheram de lágrimas. Ela balançou a cabeça, a
garganta entupida de emoção.
— Eu acho que você precisa de uma pitada de pó de fada. — Ele
bateu palmas e balançou os dedos.
O som que Maura fez foi meio risada, meio soluço. Os olhos dele
eram tão puros e azuis, cheios de pequenas luzes prateadas, a expressão
dele era tão delicada que sentiu um nó dentro dela. Os dedos dela subiram,
roçando a cavidade da bochecha dele, uma carícia sem palavras.
Ele deu um suspiro falso.
— Eu não tenho a sua delicadeza, não é?
Com um grito, Maura o agarrou, enterrando o rosto na coluna do
pescoço dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Alec — ela engasgou. — Oh, Alec.
Tudo que Alec podia fazer era segurá-la. A expressão dela o
dilacerou. Era como se ela estivesse machucada por dentro. E no som de
seu nome, ele ouviu a angústia em sua alma.

Os braços dele se apertaram. Ele a reuniu contra ele. Ela se agarrou a


ele, como se seu coração estivesse quebrado.
Enquanto o dele foi dividido em dois. Ele não poderia mantê-la
aqui. Mas o percurso dela já estava definido. Como, ele se perguntou, ele
poderia deixá-la ir?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Vinte

Eles ficaram ali por um longo tempo, Alec observando o sol


derramar através das copas das árvores, enquanto Maura se aconchegava
contra o lado dele, relutante em liberar o abrigo de seus braços.
Mas era impossível para eles ignorarem o modo como ficaram
juntos por muito tempo. De fato, parecia que os dois se deram conta disso
no mesmo momento.
A cabeça de Maura estava enfiada em baixo do queixo. O punho
dela repousava na camisa dele, logo acima dos botões da calça. Prendendo
a respiração, ela se perguntou o que aconteceria se ela esticasse as pontas
dos dedos um pouquinho...
Ela pulou quando a vara dele saltou sob a mão dela.
A risada de Alec foi baixa e cheia.
— O que eu posso dizer, Irlandesa? Você me atiça — seu sorriso era
decididamente perverso — a uma grande extensão.
— Oh! Você não precisa se vangloriar, Escocês.
Ele notou que a mão dela havia retornado, no entanto, tocando-o
ainda mais.
— Irlandesa?
— Sim?
— Você deseja ver o que toca?
Maura ficou vermelha.
— Sim, eu vejo que você quer.
O queixo dela caiu quando ele começou a se despir diante dela.
— Sua Graça — afirmou ela — você mostra uma terrível falta de
modéstia.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Talvez você deva se juntar a mim, então. — Ele a puxou na
posição vertical. Dedos masculinos e ágeis começaram a dispensar os
botões do corpete. Seu vestido logo foi arrancado dos ombros e depositado
no chão. Anáguas, meias e sapatos foram jogados na pilha.
Ela estava agora tão nua quanto ele. E ele caiu de joelhos diante
dela.
— Alec — ela sussurrou. Céus, mas era difícil falar com a língua
dele traçando círculos lentos e tentadores ao redor de seus mamilos. Ela
engoliu em seco. — Estamos aqui em campo aberto...
Ele a puxou de joelhos também. Eles estavam cara a cara agora. As
mãos dela subiram aos ombros nus dele.

Ele passou a língua pelo arco gracioso da garganta dela.


— Pois estamos.
Maura mal conseguia pensar.
— Talvez — ela disse fracamente — a casa de barcos...
— Da próxima vez, Irlandesa. — Sua boca se fechou sobre a dela.
Sob o prazer do beijo dele, a respiração dela começou a se desgastar.
A língua dela duelou com a dele. O pensamento consciente foi
abandonado.
— Maura — disse ele, áspero. — Toque-me, amor.
Ele arrastou as mãos dela para o peito. Maura deslizou os dedos
pelos cabelos escuros lá, depois explorou os contornos dos ombros dele,
entrelaçando os cabelos escuros em sua nuca. As pontas dos dedos dela
deslizaram sobre a tensão de sua pele, saboreando a textura. Ela não queria
pensar. Tudo o que ela queria era se perder no momento. Perder-se na
sensação. Perder-se nele.
Ela estava ciente de Alec puxando-os para baixo. Ela estava deitada
de lado, como ele; a grama era aquecida pelo sol, enquanto ela era aquecida
por ele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Seus dedos emaranhados na maciez escura, acariciavam dobras
elegantes e rosadas. Ele a encontrou úmida, lubrificada e pronta.
Ele rolou de costas.
As mãos dele pegaram seus quadris. Ela respirou fundo, ao montar
em suas coxas. Seu eixo direcionada ao coração dela, sua coroa embutida
em cachos úmidos e elegantes.
Suas feições estavam tensas pela necessidade, seus olhos intensos e
brilhantemente azuis.
— Seduza-me — disse ele, densamente. — Cative-me. Leve-me.
Ele a baixou em seu eixo inchado. Empalada, os lábios dela se
abriram em choque. A mão de Alec se fechou em torno de seus quadris. Ele
a levantou. Guiou. Mais duro, mais rápido, até que ela pegou o ritmo. E
então ela estava ofegante. Agitada.
Era quente. Estonteante. Requintado. Febre esquentou seu sangue.
Ela apoiou a mão no peito dele e se levantou acima dele. Fascinada pela
visão, ela não conseguia desviar o olhar do lugar onde eles se juntaram. Os
quadris dela se inclinavam de novo e de novo. E de novo e de novo ele a
perfurou, enchendo-a de si mesmo, dirigindo mais fundo com cada
mergulho faminto e de quebrar almas. Os músculos dela se apertaram ao
redor de sua carne inchada.
Alec rangeu os dentes. Ela o estava derretendo. Dentro dele. Em
volta dele.
— Sim Irlandesa. Ah, sim, assim mesmo.
Ele a pegou contra ele, apertando-a com força. Seus olhos se
fecharam quando ela estremeceu espasmos de liberação. Dele…
E dela.

Mais tarde, Alec fechou a porta do escritório. Maura havia declarado


sua intenção de tirar uma soneca antes do chá. Ele alimentou brevemente a
noção de se juntar a ela, depois pensou melhor.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


As regras haviam mudado. O jogo havia mudado. Fazer amor com
ela mudou tudo. Ele não queria força-la. De alguma forma, ele tinha que a
convencer a ficar.
Ele não queria que ela fosse embora.
Nunca.
Ele queria um casamento.
Um verdadeiro casamento desta vez.
Por todas as razões certas.
Ele estava cautelosamente otimista. Os lábios de Maura não
conseguiam disfarçar seus sentimentos. Não, a resposta dela a ele não
escondia nada do que se passava no seu coração. Ela podeia negar, mas ele
sabia melhor. Havia todas as chances de que ela se mostrasse teimosa. Na
verdade, ele esperava isso. Ela podia ser teimosa e feroz, sua adorável
Lady.
Mas de alguma forma ele tunha que encontrar uma maneira de
convencê-la.
Ele entendia as suas necessidades, seu dever para com o seu clã e as
suas terras.
Mas ela pertencia a ele.
Ela tinha que perceber isso mais cedo ou mais tarde. E ele preferiria
muito mais cedo do que mais tarde. Na verdade, ele preferia agora.

Ele dirigiu seus passos em direção ao grande salão. O sol da tarde


brilhava através das janelas do corredor, como se quisesse iluminar o
caminho.
Mas de repente a luz do sol desapareceu, com a rapidez de apagar a
chama de uma vela. Alec parou, olhando para o céu.
Uma única nuvem escura e ameaçadora obscureceu o sol. Que
curioso. Ele poderia jurar que não estava lá um momento antes.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


O pensamento mal passou por sua mente, e os cabelos da nuca se
arrepiaram.
Se ele fosse dado a essas coisas e besteiras, ele poderia ter
considerado o sopro gelado de uma presença que espreitava diretamente
atrás dele.
Uma presença nitidamente ameaçadora.
Se ele fosse dado a essas coisas e besteiras.
O que ele não era, lembrou-se severamente. Ele não dava crédito a
tais coisas. Foi simplesmente toda essa conversa com Maura, com suas
maldições e relíquias antigas.
Ele se virou da janela para retomar o caminho.
Só então, ele percebeu, que reparou que a luz do sol parou diante do
retrato de James McBride, sétimo duque de Gleneden.
Alec olhou para o retrato. Era exatamente como ele dissera a Maura.
Ele sempre pensou nesse antepassado em particular como um sujeito de
aparência desagradável.
Não é de admirar que Maura não gostasse dele.

Mas ele nunca imaginara que James, sétimo duque de Gleneden,


estivesse de alguma forma exultante. Seus olhos pareciam brilhar.
A sensação ficou mais forte. Com cada respiração. Cada batida do
seu coração.
O olhar de Alec se estreitou. Ele combinou o seu olhar com o olhar
de James McBride.
Algo o corroeu. A sensação de que algo não estava certo.
Ele vasculhou o retrato. James McBride estava ao lado de uma
ampla lareira rústica na parede externa, com um pé calçado com botas
plantado, arrogantemente, na lareira.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ele e Maura revistaram a sala apenas alguns dias antes; era como
uma versão em miniatura do grande salão, o teto e as paredes em madeira
e caiados de branco. Servia como sala de contagem depois que Robert
Bruce deu o título ao primeiro duque de Gleneden.
Alec se apercebeu de que em todos estes anos, parecia que nada
havia mudado, desde a época de Robert Bruce, e certamente não, desde
que James McBride estava ali, com aquele sorriso nos lábios. Havia um ar
sobre o duque. Ousado. Desafiador. Imprudente.
Quase antes que ele percebesse, Alec estava subindo as escadas para
o terceiro andar e descendo o corredor até a sala no final. Ele balançou a
porta larga e caminhou até a lareira. A sala caiu em desuso muito antes de
seu avô estar vivo, quando a lareira foi considerada insegura para usar.
Atormentado por uma sensação estranha, Alec estava onde James, o
sétimo duque de Gleneden, posou para seu retrato. Ele colocou a bota onde
James havia plantado a dele. Parou onde James estava.
O tijolo sob seus calcanhares se moveu. Alec caiu de joelhos. Seu
pulso acelerou, tamborilando em seus ouvidos. O tijolo estava solto; o que
tinha sobrado da argamassa se desfez pela idade. Ele tentou agarrá-lo,
apenas para raspar as unhas e as pontas dos dedos. Ele não desistiu.
Tomado rapidamente pelas garras de uma força inexplicável e invisível, ele
olhou em volta, procurando algo que pudesse usar para escavar o que
restava da argamassa. Agarrando um resto de tijolo que havia caído do
outro lado, ele raspou a argamassa segurando o tijolo no lugar.
Lá! Conseguiu. Ele não sabia o que o possuía. Era como se ele
tivesse sido tomado por alguma força externa. Ele puxou o tijolo, depois
alcançou dentro do buraco.
Havia algo lá.
O pulso dele saltou. Deus do céu, Maura estava certa? Poderia ser
isto o seu Círculo de Luz?

Dedos se esforçando, ele agarrou e puxou para fora.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Era um pequeno livro, com a encadernação esfarrapada, as páginas
amareladas. Ele a abriu com muito cuidado, depois respirou fundo.
Seu coração tropeçou. Era um diário, ele percebeu.
O diário de James McBride, sétimo duque de Gleneden.

Maura vagou pelo caminho que levava ao poço dos desejos. Ela
tentou cochilar, mas sua mente não se aquietava. Alec enchia sua mente,
excluindo tudo o mais. Um beijo. Um toque. Um olhar daqueles olhos azuis
aquecidos e ela tremia de desejo. Ela se desesperava com sua fraqueza, se
desesperava com o significado do ato sexual.
Seu coração apertou. Isso significava o mundo para ela. No que
dizia respeito a Alec, ela não tinha determinação, não tinha vontade de
resistir a ele!
Ela não podia confiar em seus sentimentos por ele. Eles eram muito
coloridos pelo desejo. Por necessidade.
Pela paixão.
Ah, sim, seus pensamentos estavam cheios de tormento.
O coração dela, de amor.
Mas ela não o admitia. Não, não para ele. Apesar de ceder seu
corpo, seu orgulho ainda era forte demais.
Mas ela não podia ficar aqui em Gleneden para sempre.

E ela não podia abandonar a sua busca pelo Círculo.


Sua promessa ao pai. Ela era necessária na Irlanda.
Pensando em acalmar seu humor inquieto, em distrair sua mente,
ela trouxe consigo um livro de poesia da sala da biblioteca. No poço, ela
colocou o livro no banco de pedra. Ela não compreendia porque Alec não o
achava encantador. Aliás, ela até iria mais longe e diria que era
encantadamente encantador. Certo, talvez fosse um pouco sem atrativo.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Mas tudo o que precisava era de uma pitada de cor, aqui e ali. Ela podia
imaginar como seria bonito com rosas perfumando o ar.
Com um leve sorriso nos lábios, Maura foi para a parede do poço.
Ela não tinha moedas para pedir um desejo, mas fechou os olhos, inalou
profundamente... e pediu o desejo mais fervoroso de sempre
De repente, houve uma estranha sensação de silêncio. A luz do sol
desapareceu. Ela olhou para cima, atordoada ao ver uma espessa nuvem
negra.
Ela se sentou e, tarde demais, percebeu que as pedras não estavam
seguras. Elas se moveram sob o peso dela e ela se sentiu cair, em direção ao
fundo... Ela gritou quando aterrissou fortemente de lado.
Maura tentou se levantar e depois tropeçou. Sua cabeça doía. Ela se
sentiu ferida e machucada até aos ossos. Cerrando os dentes, ela conseguiu
se erguer.
Ela acalmou os nervos. Ela teve sorte. Ela não estava machucada,
não realmente. Arranhada e ferida, talvez, mas poderia ter sido muito pior.
Mas ela sabia que não podia escalar por si própria. Talvez estivesse a seis
metros do topo, e as paredes do poço estavam escorregadias com musgo.
Ela gritou. Sua voz ecoou de volta para ela.
Ela não ficaria alarmada, disse a si mesma. Ainda não, pelo menos.
Até que alguém percebesse que ela estava desaparecida, ela só podia
esperar. Não havia sentido em gritar até ficar rouca se não havia ninguém
por perto.
Uma hora depois, a nuvem escura havia passado, mas era difícil de
ver. Ela olhou para baixo e foi então que sentiu.
Havia água escorrendo em seus sapatos. Em segundos, atingiu os
tornozelos. Pela primeira vez, o medo se enraizou.
A água estava subindo.
Rápido.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ainda atordoado, Alec mudou-se para uma cadeira de madeira
perto da janela. Nenhum poder na terra poderia impedi-lo de ler as
palavras de seu ancestral. Ele lidou com cuidado; muitas das páginas
estavam soltas. Folheando-o, uma entrada chamou sua atenção.

A princípio, odiei meu pai por insistir em seguir seus passos e servir na
Marinha de Sua Majestade. Eu não estava destinado a servir os outros. Mas uma
vez lá, bem, eu aprendi que o mar estava no meu sangue. E reconheci o que sempre
soube. Enfrentei o perigo... e gostei. Eu ansiava pelo poder... e o encontrei. Eu sou,
afinal, um duque.
E um pirata. Eu também sou um canalha.
Diverte-me imenso quando as mulheres sussurram e estremecem quando
falam do Escocês Negro. Como o ousado vilão assola os mares entre a terra escocesa
e a Irlanda. Mal sabem eles que o Escocês Negro, pode, de fato, se sentar do outro
lado da mesa. Que ele possa estar ao seu lado. Mal sabem eles que o Escocês Negro
é um homem com duas faces. Um homem com dois lados. Mal sabem eles que o
Escocês Negro é um nobre, um duque ainda por cima!
Alec respirou fundo. Havia realmente um pirata chamado Escocês
Negro. E Maura estava certa, o Escocês Negro era seu ancestral, James
McBride. Ele continuou a ler.

Ninguém sabe. Nem mesmo minha adorável Gertrude. Nem a minha filha,
Willa. Nem meus filhos, Gerald e Robert.
Seus olhos desceram a página e depois pararam em uma passagem
se destacou.
Eu cobiço o poder. Eu cobiço as riquezas. Eu cobiço a emoção. Meus
companheiros no navio são leais. Eles cobiçam riquezas como eu. Mas ouvi falar de
um tesouro bem diferente, um círculo celta místico. Dizem que gira e gira através
do seu próprio poder, durante o dia e a noite. Eles dizem que trouxe a fortuna do
Clã McDonough através dos tempos. Eu jurei que seria meu, este misterioso

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Círculo de Luz. Certamente me trará riquezas em abundância, e um homem nunca
poderá ter muitas riquezas.
Caro Senhor, Alec pensou. Seus olhos examinaram o texto que se
seguiu, depois pararam mais uma vez como se estivessem atraídos para
uma entrada específica.
O Círculo de Luz é meu. Mas eu paguei um preço terrível. Pois quando o
toquei pela primeira vez, gritei de dor. Queimou, queimou como fogo. Sempre vou
usar a sua cicatriz na minha mão, uma visão terrível de se ver. Devo escondê-la
para sempre, a mão que me trouxe o Círculo, para que ninguém saiba que eu sou o
Escocês Negro.
Havia mais.
O círculo é amaldiçoado. Gertrude está morta. Ouvi o estalo do pescoço dela
quando ela desceu as escadas. E meu filho, meu filho!, o varreu uma onda enquanto
caminhava pela enseada. Minha doce Willa se afogou no poço dos desejos que agora
está seco. É o círculo, eu sei. O círculo em busca de vingança naqueles que amo.
Enviei o jovem Robert para a Inglaterra. Eu não posso perdê-lo também.
O Escocês Negro é o meu único prazer. Agora eu sei que o Círculo de Luz
tem uma beleza terrível. No entanto, não posso suportar admirá-lo. Nem posso
contemplá-lo, porque odeio o que fez. Ele tem um poder sobre mim que não posso
quebrar.
E depois:
Está feito. Eu enterrei o Círculo de Luz. É tanto triunfo quanto maldição.
Eu sei que está aqui. Encontra-se à vista de Gleneden. Não posso vê-lo ou tocá-lo.
Mas eu sei que está lá, para sempre meu.
Alec fechou o diário e se levantou. Maura estava certa o tempo todo.
Não era uma maldição da família. Era uma maldição que atingiu as duas
famílias.
Onde James enterrou o Círculo?
No grande salão, Alec saudou a Sra. Yates.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu acredito que ela está no poço dos desejos, Sua Graça — ela
disse a ele.
Seu coração ficou parado. Um calafrio percorreu-o.
O poço dos desejos.
Onde a filha de James McBride se afogou.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo Vinte e Um

Maura há muito abandonara a escolha de esperar até que sentissem


sua falta. Ela gritou. Ela gritou até sua garganta ficar crua.
O medo agora se aproximava do terror.
A água girava em torno de sua cintura, fazendo um som
borbulhante. Não estava subindo a um ritmo tão alarmante, mas ainda
estava subindo. E estava gelada. Ela estremeceu. De frio. De medo. Ela
lutou para se manter racional, mas um pequeno gemido escapou. Ela mal
podia sentir os dedos dos pés. Suas pernas estavam começando a ficar
dormentes. Embora ela lutasse, outro gemido escapou de seus lábios. Era
assim que ela morreria? Não, não.
Desesperada, ela reuniu todas as suas forças.
— Alec! — Ela gritou.

— Maura!
O rosto dela se levantou. Ela estava perdendo os sentidos?
O rosto de Alec apareceu por cima do poço. Sua expressão era
frenética.
Ela poderia ter chorado de alegria. Ele estava aqui!
— Maura! Teremos uma escada em apenas um momento. — Ele se
virou. — Depressa! — Ela o ouviu gritar.
A escada foi abaixada. Maura tremia tanto de frio que mal conseguia
subir os degraus.
— Espere, amor! Estou descendo.
Momentos depois, com um braço forte quente e duro em volta da
cintura, ela se segurou firme enquanto Alec subia a escada. No topo, vários
homens a ajudaram a sair do poço.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Alguém arrastou um cobertor sobre os ombros dela. Maura agarrou
as bordas quando Alec a envolveu em seus braços. Por cima de cabeça dela,
ele se enfureceu e xingou.
— Eu vou ter este lugar emparedado novamente. Amanhã, por
Deus...
— Alec! Alec! — Ela se afastou para poder vê-lo, a testa franzida. —
Você sabia, não sabia? Você sabia que eu caíra no poço. — Ela balançou a
cabeça, maravilhada. — Como? Como você sabia?
— Vou lhe dizer, querida, mas primeiro devemos levá-la de volta
para casa e ver se…
— Alec, não. Eu estou bem, verdadeiramente. Apenas me diga
agora!

Ele a puxou para o banco.


— Você estava certa, Irlandesa. Você estava certa o tempo todo.
— Sobre o quê? — Maura tinha uma ideia muito boa do que ele
estava prestes a dizer. Precisamente como ela sabia, ela não podia dizer...
— O Escocês Negro — Alec disse a ela. — O Escocês Negro é, era,
James McBride. E o Círculo de Luz, ele o roubou. Das terras de
McDonough. Suas terras.
Os lábios dela se separaram.
— Você acredita em mim? — Ela sussurrou.
— Oh, sim. Eu acredito em você. — Seus traços sombrios, ele
contou-lhe como ele havia ficado por baixo do retrato de James McBride.
Como, compelido por alguma força estranha, ele o estudou, e como essa
mesma força o atraiu para o quarto retratado no retrato.
Como ele encontrou o diário, e que revelações ele continha.
Como James escreveu que o Círculo o havia queimado, marcou sua
mão.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— É por isso que ele usava a luva no retrato — ela murmurou.
— Assim parece. Dias depois de roubar o círculo, sua esposa morreu
em uma queda nas escadas. Um de seus filhos foi varrido na enseada, que
provavelmente foi de onde James partiu. E a filha dele... ela caiu no poço e
se afogou. Foi assim que soube onde você estava, Maura. Eu não posso
dizer porque ou como, mas eu sabia. — A voz de Alec ficou rouca de
emoção.
— James escreveu que enterrou o Círculo à vista de Gleneden, em
um lugar onde, nem ele nem ninguém mais, poderiam pôr as mãos nele
novamente. Ele acreditava que tinha tanto poder sobre ele que nunca
poderia realmente se separar dele.
— Portanto, não está dentro de casa — disse ela lentamente — mas à
vista dela.
— Sim. Mas a paisagem certamente mudou em duzentos anos. Pode
estar em qualquer lugar. — Seus olhos escureceram. — E farei com que o
poço dos desejos está empedrado novamente. Ora, este poço é, certamente,
amaldiçoado! Minha mãe sempre o amou, assim como a minha avó, e você.
Mas este lugar é maldito. Minha mãe plantou rosas aqui muitas vezes, mas
elas sempre murchavam e morriam. Meu pai ria dela. — Ele lhe disse que a
sua mãe e sua avó tiveram a mesma ideia, plantar rosas aqui, mas elas
sempre morriam. Nada vai crescer aqui.
Maura conteve um sorriso. Ela não estava prestes a admitir que
também adoraria plantar rosas aqui...
De repente, seu sorriso vacilou.
Alec notou a expressão estranha em seu rosto.
— O que há de errado? — Ele perguntou rapidamente.
Ela balançou a cabeça. Sua mente estava agitada.

— Maura? O que se passa consigo? A expressão de Alec mudou. —


Você acha que o círculo está enterrado aqui perto do poço?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Não perto do poço. — Ela respirou. — No poço. — Ela jogou o
cobertor e olhou para o poço dos desejos, onde dois rapazes estavam
estavam subindo a escada. Sua voz soou clara. — Deixe por favor! E um de
vocês vai buscar uma pá?
— Uma pá? — Alec estava de pé. — Amor, isso terá que esperar. A
água no poço...
Ele parou. De pé junto ao poço, Maura olhou para ele, as
sobrancelhas erguidas, um dedo apontando para baixo.
Ele suspirou, preparado para lhe fazer a vontade, dada a sua
provação. Ele se moveu para o lado dela, olhou por cima do lado do poço.
E congelou.
O poço estava seco.
— Está ali — Maura sussurrou. James disse que o enterrou. E ele o
fez. Ele o enterrou no poço. Você não vê? É por isso que nada vai crescer
aqui. É por isso que o poço misteriosamente se enche de água e que depois
desaparece misteriosamente.
Alec ainda estava chocado. Descrente.
— Como isso é possível? A água... o Círculo. Certamente estaria
arruinado.
— Não. — Maura foi inflexível. — Não. É o Círculo de Luz, Alec.
Não pertence aqui. O Círculo... quer estar em casa. Em casa na Irlanda. De
volta à igreja de St. Patrick em McDonough. Casa.
O rapaz voltou com a pá. Maura a pegou, mas o braço longo de Alec
se esticou antes que ela pudesse segurá-la. Ele dispensou os meninos e
virou-se para ela.
Olhos azuis brilharam.
— Você não vai lá a baixo — ele rosnou.
— Então, vamos lá, homem! — Maura estava impaciente. Ela estava
encharcada até aos osso, mas não se importava.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Ela o viu descer a escada e começar a cavar.
— Você encontrou? — Ela chamou depois de um tempo. — Você o
vê?
Alec amaldiçoou.
— Não! Há muitas malditas pedras! — Na verdade, ele estava
prestes a desistir quando a pá bateu em algo duro.
Ele subiu a escada com uma pequena caixa de metal enfiada debaixo
do braço. O corpo de Maura estava quase pulsando.
No banco, com a caixa entre eles, Maura a abriu.
Dentro havia um pequeno anel de prata. Ela começou a alcançá-lo.
— Maura, não! Não toque! Lembra-se de como queimou a mão de
James?

— Não, Alec, está tudo bem. Veja — ela suspirou.


Ela já o havia pegado e agora o embalava, cuidadosamente, nas duas
mãos. O calor se espalhou por ela, um tipo curioso de energia.
O Círculo, então, começou a brilhar. Lentamente, ergueu-se,
suspenso acima das palmas das mãos. Parecia que todas as cores do mundo
brilhavam em suas profundezas, mudando e rodopiando, sempre
mudando.
— Minha nossa — Alec sussurrou — é um milagre.
— Sim, Escocês. — Ela sorriu para ele. — É sim.

De volta a casa, Alec tratou de ter a sua adorável Irlandesa banhada


e alimentada. Ela estava exausta, mas brilhando quase tanto quanto o seu
Círculo de Luz, aconchegado confortavelmente na sua caixa perto da
janela.
Maura terminou o resto do chá, colocando a delicada xícara de
porcelana no pires. Levantando-se, ela se juntou a ele na janela.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Os braços dela deslizaram pela cintura dele. Recuando, ele traçou o
formato da boca dela com as pontas dos dedos.
— Você não parou de sorrir desde que deixamos o poço dos desejos.
Os braços dele se uniram frouxamente ao redor da forma dela, ele
descansou o queixo no topo da cabeça dela. Ele não viu a sombra que
pairava sobre as feições dela, a vacilação daquele mesmo sorriso que ele
elogiou.
Pegando a mão dele, ela o puxou na direção da cama. Dedos
elegantes desamarraram a faixa da túnica e a empurraram dos ombros.
Alec respirou fundo.
— Maura, não! Você esteve...
Com o dedo contra os lábios dele, ela reprimiu o protesto. Então,
com um dedo no peito, ela o empurrou para que ele sentasse na beira.
Com um movimento sinuoso de ombros, ela despiu o robe. Os olhos
de Alec ficaram escuros.
— Irlandesa...
— Está sem vontade, Escocês? — Um dedo já rodava um padrão
ocioso através da densa esteira de pelos em seu peito. A barriga dele.
Direto para...
Palavras o iludiram. Mas do fundo de sua barriga veio um som
fraco.
Uma mão pequena e feminina o empurrou sobre a cama.
— Entendo que isso significa que você não está. Você está incapaz,
então?
Mãos pequenas desceram sobre seus ombros. Ela montou na sua
forma. A prova de que ele era realmente capaz, e sim, bastante disposto,
estava aconchegada entre suas finas coxas brancas.
Ela as apertou levemente, moldou-as em torno de sua largura e
comprimento. Uma carícia erótica, roubou o fôlego dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Mãos fortes moldaram seus quadris.
— Minha senhora pirata, voltou, eu vejo. — Um movimento, e ele
deslizou para dentro até ao fundo. Seus olhos começaram a inflamar-se. —
Este pirata sentiu falta dela.
Ah, sim, ela havia retornado, a sua sedutora pirata da Irlanda. Os
cabelos dela estavam ao redor deles, uma cortina de seda preta,
provocando seu peito, sua barriga.
Foi indescritível. Ela o tentou, o seduziu, o possuiu de corpo e alma,
até que ele estava pegando fogo. O ato de fazer amor era devasso e
selvagem, espantosamente intenso. Um gemido irregular rasgou o peito de
Alec. Ele entrou em erupção dentro dela várias vezes, enquanto a noite
reluzia e o Círculo brilhava.
E quando terminou, ele a arrastou contra ele e a abraçou com força,
sua amada senhora pirata. Ele a capturou, trazendo-a rapidamente para
seu lado, relutante em libertá-la. Durante toda a noite ele a segurou, até que
a exaustão se apoderou dele e ele adormeceu.
E de manhã quando ele acordou...
Ela se foi.
No travesseiro havia um bilhete... e a aliança de casamento da
família que ele colocara no dedo dela. Sem acreditar, com o queixo
apertado, Alec leu:
Caro Escocês,
Serei eternamente grata. Espero que você perdoe minha intromissão em sua
vida, assim como espero que entenda por que isso foi tão importante. Desejo-lhe
felicidades na jornada da vida, Escocês, e rezo para que você faça o mesmo de mim.
Sinceramente,
Maura
Ele estava fumegando quando entrou no estábulo. Maura, ele
descobriu, havia solicitado um coche e um motorista ao amanhecer. Ele
tinha uma muito boa ideia para onde a moça havia ido, para Stranraer,

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


para apanhar um navio de volta para a Irlanda. E diabos, ela estava três
horas à frente dele.
Se ele tivesse sorte, ele a pegaria antes que ela embarcasse.
Infelizmente, parecia que a sorte não estava do seu lado. No
caminho para Stranraer, seu cavalo perdeu uma ferradura e foi forçado a
parar num ferreiro . Para piorar a situação, os céus se abriram e ele ficou
encharcado até o momento em que chegou ao porto.
Alguém o saudou então. Virando-se, ele viu Thomas Gates.
Alec se abrigou sob os beirais de um prédio.
— Que sorte! — Thomas disse. — Eu estava a caminho de vê-lo, Sua
Graça! Acabei de voltar da Irlanda com notícias de sua esposa. — Antes
que Alec pudesse detê-lo, ele continuou: — Ela certamente é quem ela diz
que é. Eu visitei a casa dela e rondei pelas terras de McDonough, e
conversei com alguns dos inquilinos. Confesso, nunca vi nada parecido. As
terras são bastante...
— Estéreis? — Alec forneceu.
— Sim! — Disse Thomas. — E os inquilinos com quem falei
disseram que era por causa de uma maldição e uma relíquia antiga...
— O Círculo de Luz.
O homem mais velho olhou para ele.
— Você certamente não parece precisar dos meus serviços.
Alec sorriu sombriamente.
— Digamos que minha esposa decidiu me esclarecer. E, se você não
se importa, Thomas, posso pagar sua taxa quando voltar? Por mais
estranho que pareça, espero pegar o próximo navio para a Irlanda para ir
buscar minha esposa.
Thomas balançou a cabeça.
— Você vai ter que esperar um pouco, então. Ouvi alguém dizer que
o último barco acabou de sair e espera-se que nenhum deles parta para a

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Irlanda, pelo menos, nos próximos dois dias. — Ele apontou para o céu. —
É o diabo de uma tempestade que se aproxima.
Alec amaldiçoou, demoradamente e alto, tão alto que, certamente,
poderia ter sido ouvido do outro lado do mar, na Irlanda.
Na verdade, ele esperava que assim fosse.

Estava em casa.
No lar, na ponta da península, neste lugar onde o vento encontrava
o mar e o céu, e o céu a terra, onde o Círculo de Luz flutuava no altar de
pedra, flutuava com um poder próprio.
Todos os que vieram, olharam maravilhados para a luz cintilante
que brilhava na igreja de St. Patrick, iluminando a noite. Eles exclamaram
com alegria e admiração, e chamaram isso de um milagre.
Entre os que vieram estavam Nan Desdentada. Patrick, o tolo. Nos
degraus do castelo McDonough estavam Maura, Murdoch e Jen.
Jen sorria, as mãos cruzadas diante dela. Murdoch balançava a
cabeça em reverência.
Jen se virou e abraçou Maura.
— Você conseguiu, criança. Você conseguiu!
Murdoch colocou a mão no ombro dela.
— Seu pai ficaria tão orgulhoso de você, moça.
— Sim. Ele ficaria. — Foi tudo o que ela conseguiu. Maura estava
sorrindo, mas sua garganta estava apertada.
Ela não chorou desde o momento em que chegou a vila perto de
Gleneden. Na pousada, ela se jogou nos braços de Murdoch.
Ela não falou de Alec. Murdoch não perguntou. Quando eles
embarcaram no navio que os levou de volta à Irlanda, Maura ficou na popa
por longos, longos minutos. Ela permaneceu até a Escócia não estar mais à
vista.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Como ela estivera assistindo a Irlanda desaparecer de vista . Ah,
como as coisas mudaram desde então!
Tudo mudou.

Três dias depois, dentro do seu quarto no castelo McDonough,


Maura olhou pela janela. Ela teve que proteger os olhos do brilho do sol.
Um leve sorriso contornou seus lábios. Três dias, ela pensou. O
Círculo estava em casa há três dias, e já havia milagres. Os campos estavam
verdes, brilhantemente verdes em todas as direções.
Ela cumpriu a sua promessa ao pai. Ela trouxe para casa o Círculo.
Oh, mas o seu coração... ela estava com muito medo de ter deixado o
seu coração na Escócia.
A porta do quarto dela se abriu então. Era Jen, com os olhos
arregalados.
Maura gritou.
— Oh, Jen, não! O que foi? O que há de errado?
— É ele, Lady Maura. É ele.
— Quem?
— O Escocês Negro. Ele está lá em baixo. Ah, e ele não é o que eu
esperava, Lady Maura! Se você me perguntar, o Escocês Negro não é tão
negro de coração! Ele é muito charoso.
O coração de Maura tropeçou, depois começou a bater forte.
— Apresse-se, amor e mude seu vestido. Deixe-me arrumar o seu
cabelo. — Jen estava tão animada quanto uma menina da escola.
Segundos depois, Maura estava no topo da escada. Jen apertou a
mão dela.
— Vá, criança! Vá!

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Maura engoliu em seco. Ela tremia tanto que mal conseguia andar.
Alec estava aqui!
Ele estava de costas para ela. Com o sol brilhando através da janela,
dourando sua forma em ouro, ele era todo poder e força.
Força! Ah, mas ela não tinha. Ela segurou firme o corrimão
enquanto descia. No próximo passo, ela descobriu que não podia ir mais
longe.
Ele se virou.
Ele não sorriu. Seu olhar era solenemente atento.
O silêncio pairou. Tudo dentro dela se transformou em um nó. Ela
descobriu que não podia voltar atrás, mas também não podia dar o último
passo em frente.
E então ele sorriu.
— Olá Irlandesa.
Maura abriu a boca. Havia um enorme nó na garganta. Ela não
conseguiu dizer uma palavra.
Ela esperava, rezava, que ele viesse. Ela precisava saber que ele a
queria. Que ele precisava dela como ela precisava dele. Que ele a amava
como ela o amava. E o fato de ele estar aqui só poderia significar uma coisa.
Sua cabeça inclinou-se levemente. Suavemente ele falou.
— Você sabe por que estou aqui, não é, Irlandesa?
Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Vim buscar a mulher que se arrastou para a minha cama... e


nunca deixou meu coração.
Maura deu um meio soluço. Mãos fortes pegaram sua cintura e a
balançaram do degrau. Ela se agarrou a ele.
Um dedo sob o queixo dela, ele trouxe os olhos dela para os dele.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Eu te amo Irlandesa. E eu gostaria muito de saber se você ama
este escocês perverso. Você ama, não é?
Emoção entupiu a sua garganta.
— Um aceno será suficiente por enquanto — ele brincou.
O aceno dela foi bastante vigoroso. Puxando-a contra seu peito,
Maura soluçou.
— Não chore, Irlandesa. — Ele beijou suas lágrimas. — Eu te amo.
Eu te amo, querida.
Os braços dela se enroscaram no pescoço dele.
— Alec? — Ela sussurrou.
— Sim amor?
— Bem-vindo — Com um sorriso torto, ela se afastou. — ao meu
pântano em uma ilha.

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Epílogo

Eles se casaram na igreja na colina. O círculo brilhava do altar


acima.
Cerca de quatro anos depois, seu filho Connor brincava na praia por
baixo do castelo McDonough. Sua irmã Madeline, de dois anos, ou Maddy,
como a chamavam, estava dormindo num cobertor, com o traseiro para o
ar.
A casa era em Gleneden, mas eles sempre passavam parte do verão
aqui na Irlanda.
Connor empunhava um graveto como uma espada.
— Eu sou um pirata — declarou ele — então é melhor tomar
cuidado.
Alec deu um falso suspiro e olhou para a sua esposa, andando
descalça na areia.
— Você tem contado a ele sobre os dias de pirataria de Grace
O'Malley?
Maura fingiu reprovação.
— Meu amor, você tem contado histórias do Escocês Negro?
Um sorriso lento e perverso percorreu os lábios de Alec.
— Bem, está no sangue. — Ele se levantou. — Connor!
Connor correu para cima. Com cabelos pretos e olhos azuis, ele era a
imagem de seu pai.
— Deixe-me contar uma história, rapaz. Muitos anos atrás, havia um
navio pirata que ancorou na baía.
Connor apontou sua bengala.
— Aqui, Papai?

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


— Nesse mesmo local, rapaz. Mas o pirata, bem, ele se viu
apaixonado pela dama que morava no castelo ali. — Alec apontou para o
castelo McDonough, empoleirado no alto do penhasco. — E quando ele viu
essa adorável senhora...— Com um movimento exagerado, Alec girou sua
esposa ao redor e em seus braços. — ele a beijou assim.
Alec se valeu dos doces lábios de sua esposa, um beijo longo e
prolongado que foi interrompido apenas quando uma vozinha insistente
disse:
— Papai! O que aconteceu então?
— Bem, quando o pirata embarcou no seu navio, ele levava jóias no
peito, e a dama que ele beijou.
— Jóias — respirou Connor. — Você acha que isso poderia
realmente acontecer, Papai?
Alec olhou com ternura nos olhos risonhos de sua esposa.
— Meu garoto — ele disse com voz rouca — acho que já aconteceu.

FIM

Conteúdo
Prólogo
A partir das névoas e da magia através dos tempos...

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Capítulo um
O dia começou como qualquer outro.
Capítulo dois
Vá ter com ele, Maura. Vá procurá-lo.
Capítulo três
Alec McBride, Duque de Gleneden, estava à beira de...
Capítulo quatro
Eu prefiro dançar nua em torno do fogo. Eu temo…
Capítulo Cinco
Alec acordou na manhã seguinte com um martelo batendo
insistentemente...
Capítulo Seis
No dia do casamento, Maura acordou ao som doce de...
Capítulo Sete
A travessia através do Canal do Norte era agreste. Ondas salpicavam...
Capítulo Oito
Alec instalou-se em frente à lareira, pernas longas...
Capítulo Nove
É um casamento, no entanto ... Eu só desejo definir...
Capítulo Dez
Foi a Sra. Yates, que veio procurar Maura. Ela…
Capítulo Onze
Dois dias depois Maura montou uma égua cinzenta malhada para...
Capítulo Doze
Após a sua chegada à estação de trem em Glasgow, Alec...
Capítulo Treze
Quando Maura acordou, a cama estaca vazia. Ela tinha dormido...
Capítulo Quatorze
Caindo nas garras de um desejo poderoso, sua ereção...
Capítulo Quinze
Alec voltou para Gleneden no final da tarde seguinte. Ele encontrou…
Capítulo Dezesseis
Maura fez um som abafado. Aflita, seu olhar se levantou para...
Capítulo Dezessete

Noiva de um escocês perverso – Samantha James


Esparramado em cima dela, Alec ainda estava com falta de ar
quando...
Capítulo Dezoito
O silêncio que se seguiu era frágil. Brutal.
Capítulo Dezenove
No início da tarde, Alec decidiu olhar em frente...
Capítulo Vinte
Eles ficaram ali por um longo tempo, Alec observando o...
Capítulo Vinte e Um
Maura à muito tinha abandonado a escolha de esperar até...
Epílogo
Eles se casaram na igreja no morro. O círculo…

Noiva de um escocês perverso – Samantha James

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