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Matemática Financeira e

Engenharia Econômica
E g.º Civil A to io Victori o Avila
Floria ópolis
5- arço.
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

A958m AVILA, Antonio Victorino.


Matemática financeira e engenharia econômica / Antonio
Victorino Avila; Florianópolis. ”Programa de Educação Tutorial
da Engenharia Civil – UFSC”, 2012.
297p.: il. color. ; 24 cm.

Inclui Bibliografia.

1. Matemática financeira. 2. Engenharia econômica. 3.


Juros. 4. Capital. 5. Comissionamento de ativos. 6.
Substituição de ativos. I. Título.

CDU 624

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191

Copyright do autor
Registro EDA nº 585.911 em 12.12.2012

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Matemática Financeira & Engenharia Econômica
2.3.8 - Exercícios Propostos. .................................................................. 40
2.4 - Relação entre as taxas nominal e real. ........................................... 41
2.4.1 – Efeito da Inflação ........................................................................ 41
ÍNDICE. 2.4.2 – Relação entre taxas. ................................................................... 43
2.4.3 – Inflação e Índices. ....................................................................... 44
PRÓLOGO .......................................................................................................8 2.5 – Inflação Acumulada. ........................................................................ 46
2.5.1 – Fórmulas Básicas. ....................................................................... 46
1. Premissas e Conceitos. .............................................................................9 2.5.2 – Atualização de valores monetários. ............................................ 47
1.1 – Introdução. .........................................................................................9 2.5.3 – Aplicação..................................................................................... 49
1.2– Remuneração dos Fatores de Produção. .........................................9 2.6 – Exercícios Considerando Inflação. ................................................ 51

1.3 – Premissas. ........................................................................................10 3. Séries de Capitais. .................................................................................. 57


1.4 - Nomenclaturas das taxas de juros. .................................................13 3.0 – Introdução. ...................................................................................... 57

1.5 – Composição da Taxa Real..............................................................15 3.1 – Série Uniforme Postecipada. .......................................................... 57


3.1.1 - Valor Presente ou Valor Atual da Série Postecipada. .................. 58
1.6 – Definições .........................................................................................15 3.1.2 - Valor Futuro da Série Postecipada. ............................................. 60
1.7 – Necessidades de Alternativas. .......................................................16 3.1.3 - Exemplo. ...................................................................................... 61
3.1.4 - Comparando Juros Simples e Compostos. .................................. 61
2. Matemática Financeira ............................................................................21
3.2 – Série Infinita. .................................................................................... 63
2.0 - Introdução .........................................................................................21 3.2.1 – Conceituação. ............................................................................. 63
2.1 – Conceituações de Juros..................................................................21 3.2.2 – Exercício Resolvido. .................................................................... 64

2.2 – Juros Simples ..................................................................................22 3.3 – Série Uniforme Antecipada. ............................................................ 65


2.2.1 – Definição de Juros Simples. ........................................................22 3.3.1 – Valor Presente da Série Antecipada ........................................... 66
2.2.2 – Operações com Juros Simples. ...................................................22 3.3.2 – Valor Futuro da Série Antecipada. .............................................. 67
2.2.3 - Operações de desconto. ..............................................................23 3.3.3 – Aplicação..................................................................................... 68
2.2.4 - Relações entre Descontos e Taxas .............................................26 3.4 – Série Diferida.................................................................................... 70
2.2.5 – Tempo Exato e Comercial ...........................................................27 3.4.1 – Metodologia................................................................................. 70
2.2.6 – Exercícios Resolvidos. ................................................................27 3.4.2 - Aplicação ..................................................................................... 71
2.2.7 – Exercícios Propostos. ..................................................................30
3.5 – Exercícios Propostos. ..................................................................... 72
2.3 – Juros Compostos. ...........................................................................32
2.3.1 - Definição. .....................................................................................32 4. Amortizações de Dívidas ........................................................................ 77
2.3.2 - Fórmulas Básicas: ........................................................................32 4.1 – Tipos de Sistemas. .......................................................................... 77
2.3.3 – Valor Presente e Valor Futuro .....................................................33
2.3.4 - Exemplos .....................................................................................37 4.2 - Sistemas de Amortização Constante - SAC ................................... 78
2.3.5 – Correlação Entre Taxas de Juros Compostos. ............................37 4.2.1 – A metodologia ............................................................................. 78
2.3.6 - Cuidados a observar. ...................................................................39 4.2.2 - Exemplo ....................................................................................... 79
2.3.7 - Exercício Resolvido. ....................................................................40 4.3 - Sistemas de prestação constante ................................................... 80

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Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
4.3.1 - Conceituação ...............................................................................80 5.3.4 – O Custo de Capital. .................................................................. 108
4.3.2 – Metodologia de Calculo. ..............................................................80 5.3.5 – Fontes de Recursos. ................................................................. 108
4.3.3 - Exemplo .......................................................................................81
5.4 – O Fluxo de Caixa........................................................................... 109
4.4 – O sistema de amortização variável. ...............................................81 5.4.1 – Conceituação ............................................................................ 109
4.4.1 – Conceituação. .............................................................................81 5.4.2 - Diagrama de Fluxo de Caixa – DFC. ........................................ 109
4.4.2 - Metodologia..................................................................................82 5.4.3 – Calculo do Fluxo de Caixa ........................................................ 110
4.4.3 – Comentários ................................................................................82
5.5 – Valor Presente................................................................................ 112
4.4.4 - Exemplo .......................................................................................83
5.5.1 – Valor de um Ativo. ..................................................................... 112
4.5 - O sistema americano. .......................................................................83 5.5.2 – Calculo do Valor Presente Líquido. ........................................... 112
4.5.1 - Metodologia..................................................................................84 5.5.3 – Diagrama de Valor Presente ..................................................... 114
4.5.2 - Exemplo. ......................................................................................84 5.5.4 – Exemplo de Aplicação ............................................................... 115
4.6 – O sistema alemão. ...........................................................................84 5.6 – O Custo do capital. ........................................................................ 116
4.6.1 – Característica ..............................................................................84 5.6.1 – Conceitos. ................................................................................. 116
4.6.2 – Relação entre Amortizações. ......................................................85 5.6.2 – A Taxa de Mínima Atratividade - TMA...................................... 117
4.6.3 – Determinação da Prestação. .......................................................86
5.7 - Fontes de Capital............................................................................ 122
4.6.4 – Equivalência Financeira. .............................................................86
4.6.5 – Exemplo. .....................................................................................87 5.8 - Previsão de Fluxo de Caixa. ......................................................... 125
5.8.1 – Modelo de Procedimento .......................................................... 125
4.7 – O sistema de amortização crescente - SACRE .............................88
5.8.2 – Informações Gerenciais. ........................................................... 126
4.7.1 – O Sistema....................................................................................88
4.7.2 – A metodologia. ............................................................................89 5.9 – Tributos e Depreciação ................................................................. 126
4.7.3 – Exemplo ......................................................................................90 5.9.1 – Influência dos Tributos. ............................................................. 126
4.7.4 - Comentários .................................................................................90 5.9.2 – Influencia da Depreciação. ........................................................ 128
4.8 – Correção do saldo devedor.............................................................91 5.10 – Classificação dos Investimentos. .............................................. 128
4.8.1 – Procedimentos ............................................................................91 5.10.1 – Pela Variação dos Fluxos de Caixa. ....................................... 129
4.8.2 – Metodologia .................................................................................91 5.10.2 – Disponibilidade de Recursos para Investimentos. ................... 130
4.8.3 – Aplicação ao Sistema SAC ..........................................................92
5.11 – Exercício Resolvido. .................................................................... 130
4.9 – Exercícios Propostos..................................................................94
5.12 - Exercícios Propostos. ................................................................. 131
5. –Engenharia Econômica. ....................................................................... 101
6. Método do Valor Presente Líquido. ...................................................... 135
5.1 – Conceituação. ................................................................................ 101
6.1 - Objetivo do Método. ...................................................................... 135
5.2 – Análise de Viabilidade. .................................................................. 102
6.2 – Coerência de Resultados. ............................................................. 135
5.2.1 - O Processo da Tomada de Decisão. ......................................... 102
5.2.2 – Métodos de Decisão. ................................................................. 103 6.2.1 - Projetos na mesma classe de risco ........................................... 136
6.2.2 - A mesma taxa de desconto....................................................... 136
5.3 – O Processo da Análise de Viabilidade. ...................................... 104 6.2.3 - Projetos com idêntica vida útil................................................... 136
5.3.1 - Orçamento de Investimentos. .................................................... 104 6.2.4 - Distinguir projetos de longa duração .......................................... 137
5.3.2 – Projeções Operacionais. ........................................................... 105
6.3 – O Método do valor presente. ........................................................ 137
5.3.3 – Vida Útil ou Horizonte do Investimento...................................... 107
6.3.1 – Incremento de Riqueza. ............................................................ 137
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Matemática Financeira & Engenharia Econômica
6.3.2 - Decisão ...................................................................................... 138 9.1 – Conceituação. ................................................................................ 185
6.3.3 – Diagrama de Valor Presente Líquido ........................................ 142
9.2 – Utilização da TIR. ........................................................................... 186
6.4 - Análise de Sensibilidade e Risco. ................................................. 145
9.3 - Decisão ............................................................................................ 186
6.4.1 – Conceituação. ........................................................................... 145
6.4.2 – Domínio viável de produção. ..................................................... 146 9.5 – Aplicações da TIR. ......................................................................... 187
9.5.1 - Caso de títulos mobiliários. ........................................................ 187
6.5 – Aplicação. ....................................................................................... 147
9.5.2 - Caso de financiamentos............................................................. 188
6.6 - Equalização de tempos de projetos. ............................................ 150 9.5.3 – Caso de investimentos produtivos ............................................ 189
6.6.1 – Reinvestimento em ativos semelhantes .................................... 150
9.6 – Calculo da TIR. ............................................................................... 191
6.6.2 – Caso de Rigidez das Alternativas .............................................. 152
9.6.1 – Função Polinomial ..................................................................... 191
6.6.3 – Caso de Outras Oportunidades. ................................................ 153
9.6.2 - Processo da Bisseção................................................................ 192
6.7 – Consistência VPL e Custo de Capital........................................... 153 9.6.3 – Aplicação da metodologia ......................................................... 193
6.8 – Exercícios Resolvidos. .................................................................. 154 9.7 - Existência de múltiplas TIR ........................................................... 195
6.8.1 – Exercício de Fluxo de Caixa. ..................................................... 154
9.8 – Exercícios. ...................................................................................... 197
6.8.2 - Caso da Jazida Mineral. ............................................................ 155
10. Métodos Algébricos. ............................................................................ 201
6.9 – Exercícios Propostos .................................................................... 157
10.1 – Introdução. ................................................................................... 201
7. Método da Recuperação de Capital ...................................................... 167
10.2 - Caso de Prestações Constantes. ................................................ 201
7.1 - Introdução ....................................................................................... 167
10.2.1 – O método ............................................................................... 201
7.2 - Metodologia..................................................................................... 167 10.2.2 – Aplicação................................................................................. 202
7.3 – Exercício. ........................................................................................ 169 10.3 - Caso de Prestações Crescentes. ................................................ 203
10.3.1 – O Método ................................................................................ 203
8. Método do Valor Uniforme Equivalente. .............................................. 171
10.3.2 – Aplicação................................................................................. 203
8.1 – Introdução ...................................................................................... 171
10.4 – Caso de Prestações Decrescentes. ........................................... 204
8.2 - Decisão ............................................................................................ 172 10.4.1 – O Método. ............................................................................... 204
10.4.2 – Aplicação................................................................................. 205
8.3 – Metodologia do MVUE. .................................................................. 173
8.3.1 – Artificio para Reinvestimentos. .................................................. 173 10.5 - Exercícios...................................................................................... 205
8.3.2 – Procedimentos .......................................................................... 174
11. – Comissionamento de Ativos. ........................................................... 209
8.4 – Exemplos de Aplicação. ................................................................ 175
11.1 - Introdução ..................................................................................... 209
8.4.1 - Caso .......................................................................................... 175
8.4.2 – Manutenção em Comissionamento ........................................... 177 11.2 - Metodologias. ............................................................................... 209
8.4.3 – Análise Crítica. .......................................................................... 179 11.2.1 - Decisão. ................................................................................... 209
8.4.4 – Produção de Novo Produto. ...................................................... 180 11.2.2 - Compra a vista ......................................................................... 210
11.2.3 - Compra a prazo ....................................................................... 211
8.5 - Exercícios Propostos. .................................................................... 183
11.2.4 - Aluguel com devolução do bem ............................................... 211
9. Taxa Interna de Retorno. ....................................................................... 185 11.2.5 - Aluguel sem devolução do bem ............................................... 212

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Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
11.3 - Leasing-back. ................................................................................ 213 14.2 – Fontes de Capital. ........................................................................ 249
11.4 – Exercício Resolvido. .................................................................... 213 14.3 – Definição do Custo do Capital. ................................................... 251
14.3.2 – Custo Médio Ponderado.......................................................... 251
12 – Alienação de Ativos. .......................................................................... 219
14.3.3 – A Partir do Balanço. ................................................................ 252
12.1 – Introdução. ................................................................................... 219 14.3.4 – Consistência Financeira do CMP. ........................................... 253
12.2 - Baixa Sem Reposição................................................................... 221 14.4 - Teoria do Preço das Ações.......................................................... 254
12.2.1 – Processo de decisão. .............................................................. 221 14.4.1 – Introdução. .............................................................................. 254
12.2.2 – Exemplo. ................................................................................. 221 14.4.2 - Dividendos Constantes. ........................................................... 255
14.4.3 - Modelo De Gordon. .................................................................. 255
12.3 - Baixa com Reposição. .................................................................. 222
14.4.4 - Modelo de Modigliani – Miller................................................... 256
12.3.1 - Reforma ou Substituição por não Similar. ................................ 223
14.4.5 – Preço das Ações Preferenciais. .............................................. 257
12.3.2 - Continuidade da Produção com Equipamento Similar. ............ 224
14.4.6. - Custo dos Lucros Retidos. ...................................................... 257
12.4 - Mudança de Tecnologia. .............................................................. 225
14.5 - Debêntures. ................................................................................... 258
12.5 - Ativos Com Longa Vida Útil ......................................................... 225
14.6 – Exercícios. .................................................................................... 258
12.6 – Exercícios. .................................................................................... 226
14.7 - Artigo: Dividendos e Fluxo de Caixa. ....................................... 262
12.6.1 - Análise de alienação de ativo.................................................. 226
12.6.2 - Data de Alienação. ................................................................... 227 Índices de Inflação ..................................................................................... 265
13 – Capital de Giro. ................................................................................... 229 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................... 271
13.1 – A importância do capital de giro. ............................................... 229 ANEXOS - Casos e Trabalhos ............................................................... 272
13.2 – A importância da tomada de decisão. ........................................ 230 Anexo I - Trabalhos. ................................................................................... 273
13.3 – Nível do capital de giro. ............................................................... 231 I.1 – Trabalho: Análise de Fluxo de Caixa. .......................................... 274
13.3.1 - Nível Atual. .............................................................................. 232
I.2 - Trabalho: Métodos de amortização. .............................................. 277
13.3.2 – Capital de giro bruto. ............................................................... 232
13.3.3 - Capital de giro líquido............................................................... 233 I.3 – Trabalho: Viabilidade de troca de lâmpadas ............................... 279
13.3.4 – O capital de giro próprio. ......................................................... 233
Anexo II - Casos em Engenharia Econômica. ........................................ 282
13.3.5 – Aplicação. ................................................................................ 234
13.4.1 – Método das Relações Médias. ................................................ 236 II.1 – Caso: Ampliação da Sede. .......................................................... 283
13.4.2 – Método Analítico. ..................................................................... 237
II.2 – Caso: Fabrica de protendidos. ..................................................... 284
13.4.3 – Método do fluxo de caixa......................................................... 238
13.4.4 – Fluxo de caixa descontado ...................................................... 243 II.3 – Caso: Implantação de Termelétrica. ............................................ 285
13.4.5 – Balanço Projetado. .................................................................. 243
II.4 – Caso: Viabilidade de construção de ponte.................................. 286
13.5 – Exercícios. .................................................................................... 244
13.5.1 – Exercício Resolvido. ................................................................ 244 II.5 – Caso: Refinaria de petróleo .......................................................... 286
13.5.2 – Exercícios Propostos. .............................................................. 246 II.6 – Caso: Aquisição de prensas. ........................................................ 287
14 - Custo de Capital. ................................................................................. 249 II.7 – Caso: Financiamento de residência. ........................................... 287
14.1 – Conceitos...................................................................................... 249
6
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
II.8 – Caso: Venda de Apartamento. ..................................................... 288
II.9 – Caso: Plano de Construção ......................................................... 288
Anexo III ...................................................................................................... 290

7
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Além disso, a análise de viabilidade financeira de projetos
é uma das atividades profissionais dos engenheiros definidas
PRÓLOGO pela Lei 5.194 ao elencar o campo das atribuições do
profissional.
O objetivo desta publicação é dispor ao aluno de uma
expressão documental coerente com o conteúdo apresentado No Brasil, comumente, cinco erros são cometidos em
em sala de aula. E, assim, permitir o acompanhamento e a processos de decisão:


participação nas discussões realizadas.
Desconsiderar a perda do valor aquisitivo da moeda no
O conteúdo abordado abrange a Matemática Financeira e tempo;
a Engenharia Econômica.  Não distinguir entre juros descontados de juros
postecipados;

A Engenharia Econômica corresponde ao campo do
conhecimento que abrange métodos ou modelos que, baseados Utilizar a matemática dos juros simples em lugar de juros
em fatores técnicos, financeiros e sociais, permitem o compostos;
julgamento de conjunto de alternativas propostas para a  Confundir juros nominais com juros reais;

aplicação ou utilização de recursos, sejam naturais, tecnológicos
ou, financeiros, favorecendo a sua otimização. Respeitar a aritmética dos juros compostos, mas, supondo
que as taxas de juros se mantenham inalteradas no tempo.
A Engenharia Econômica inicia pelo conhecimento da Erros que podem levar a decisões equivocadas sobre
Matemática Financeira, campo da matemática destinada à decisões de investimentos. E, incorrer em algum erro de decisão
análise de juros, equivalência de capitais de capitais pode ser fatal para a rentabilidade de um projeto ou da liquidez
considerando, especialmente, sob a ótica do binômio juro versus da empresa.
tempo.
Assim sendo, o conhecimento de Engenharia Econômica
A importância desta área do conhecimento para o é uma ferramenta de decisão imprescindível ao profissional ao
engenheiro é que, inexoravelmente, no exercício da sua efetuar decisões que considerem aplicação de capital.
profissão e como gestor, se deparará com decisões de inversão
de capital em: alternativas de investimentos em ativos e Finalizando, recomenda-se ao interessado consultar a
equipamentos; aplicação de capital financeiro; manutenção, bibliografia apresentada, pois o conteúdo exposto não esgota o
baixa e substituição de ativos; previsão de exigibilidades de assunto.
caixa; etc..
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
MSc. Eng.ª de Produção
8
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Objetivo da
1. Premissas e Conceitos. Engenharia Econômica

1.1 – Introdução. Análise de


Viabilidade Financeira
O objetivo deste capítulo é apresentar ao interessado
uma série de premissas, conceitos e definições que amparam o
processo de decisão financeira e os métodos de decisão
utilizados na Matemática Financeira e na Engenharia
Melhor Alternativa
Econômica. de Aplicação de Capital

Matemática Financeira é definida como sendo a área da


matemática que descreve as relações entre o binômio tempo e
dinheiro necessárias a amparar o calculo de decisões
financeiras.  Investimentos Produtivos
 Aplicação de Capital
Assim sendo, a matemática financeira estuda,  Comissionamento de Ativos
basicamente, a formação dos juros, os montantes de capital
gerados, o valor de prestações em séries e a amortização de
Figura 1.1 – Objetivo da Engenharia Econômica
dívidas.

A Engenharia Econômica contempla um conjunto de


conhecimentos e metodologias que, amparadas na matemática 1.2– Remuneração dos Fatores de Produção.
financeira, permite realizar o processo de tomada de decisão
quanto à eleição ou a classificação de alternativas de No sistema econômico em que vivemos a, demanda por
investimentos financeiros. fatores de capital necessários à produção de bens e serviços
são: mão de obra; capital; terra; empresas; e a capacidade
Esses investimentos podem ser referentes a: aplicação de técnica, requer remuneração.
capital em ações; renda fixa ou variável; aquisição de bens e
equipamentos; implantação de sistemas de produção ou de Conforme o caso, esta remuneração recebe denominação
serviços; a baixa e a substituição de equipamentos; etc.. distinta. Assim sendo, o capital é remunerado pelos juros; a terra
pelo aluguel; a técnica ou patentes pelos royalties; a empresa
pelo lucro ou taxa de mínima atratividade, TMA; a mão de obra
9
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
pelo salário, conforme esquema da Figura 1.2 – Remuneração A matemática financeira e a engenharia econômica, como
dos Fatores de Produção. instrumentos de apoio à tomada de decisão, se apoiam nas
seguintes premissas:
Fatores de Capital 1ª Premissa – MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA.

O objetivo de utilizar a engenharia econômica e a


matemática financeira é amparar um processo de decisão capaz
Mão de Empresa de eleger a alternativa de investimentos que maximize o lucro e
H
Capital Terra Técnica
H H H
Obra
H
a riqueza dos proprietários, sempre.
Lucro
Juros Aluguel Royalties
Salário -TMA-
2ª Premissa – MOMENTO DA DECISÃO.
Figura 1.2 - Remuneração dos Fatores de Produção
As decisões financeiras devem enfocar o quanto uma
ação efetuada no presente resultará em termos de aumento de
Os juros, tanto podem ser relacionados a um empréstimo riqueza no futuro.
tomado por pessoa física ou jurídica, como ao financiamento
tomado na aquisição de bens ou a remuneração do capital de Assim, ao ser analisado um empreendimento já em curso,
sócios. a decisão em data presente em continuá-lo, em alterar a sua
aplicação ou objetivo, ou simplesmente descontinua-lo deverá
O objetivo desta obra será discutir a remuneração do basear-se em perspectivas futuras e não em resultados
capital, ou seja, os juros. E, o aumento de riqueza propiciado passados.
pela aplicação de capital em projetos de investimentos
produtivos ou financeiros. Só se decide sobre ações relativas ao futuro. O passado
já ocorreu e sobre ele nada há que decidir. Em relação ao futuro
Para tanto, será discutido um conjunto de metodologias só temos expectativas. De modo que as decisões são sempre
que permitam a realização de um coerente processo de decisão formadas sobre expectativas.
quanto à escolha de investimentos produtivos ou da aplicação
de capital que atenda, corretamente, aos preceitos da A 2ª Premissa estabelece que o momento da decisão seja
Matemática Financeira e da Engenharia Econômica. sempre a data em que a mesma foi tomada: HOJE.

Como se decide sobre expectativas futuras, há que se


1.3 – Premissas. considerar a variação do valor aquisitivo da moeda no tempo

10
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
para que haja consistência quando se compara valores Sob tal premissa, os critérios de decisão de investimentos
monetários. devem reconhecer o valor do dinheiro no tempo e, como
corolário dessa premissa, a perda do poder aquisitivo do
Isto porque, é de entendimento comum e mesmo de modo dinheiro com o passar do tempo.
intuitivo que, disponível uma quantidade de moedas na data de
hoje, em data futura a quantidade de bens a adquirir com a R$
mesma quantidade de moeda é diferente daquela anterior.

1.500 ≡
Atenção! Coerência !
5 x 385,00 R$
Somente se somam ou se subtraem
valores monetários
correlacionados à mesma data.
tempo
1 2 3 4 5

Sob essa consideração, toda operação efetuada com


valores monetários, seja de adição de valores, ou seja, as Figura 1.3 – Equivalência de Valores Monetários
entradas de caixa. Ou, a diminuição de valores, a exemplo de
custos incorridos, investimentos realizados ou impostos devidos,
Para que um ativo mantenha o seu valor aquisitivo e,
deve ser correlacionada à data da tomada de decisão.
consequentemente, não perca valor no tempo, há que ser
aplicado com um retorno equivalente à taxa de oportunidade
Dado o exposto, somente se somam ou se subtraem
definida pela empresa ou adotada pelo investidor.
valores monetários financeiros quando correlacionados à mesma
data, dada a variação do valor da morda no tempo.
Como exemplo, seja um investidor dispondo de uma
soma de capital equivalente a R$ 200.000,00 e havendo a
oportunidade de aplicá-la a taxa de juros i=14,50 % ao ano, ao
3ª Premissa - VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO.
final de um ano a importância inicial montará em R$ 229.000,00.
Financeiramente falando, uma soma de dinheiro na data
O valor de R$ 229.000,00, nas condições relatadas é
de HOJE, e sob determinadas condições, pode ser
financeiramente equivalente ao valor inicialmente aplicado.
monetariamente equivalente à outra soma diferente de dinheiro
considerando a variação do tempo. Ver Figura 1.3.
Outro exemplo seja o caso do financiamento de um
televisor, cujo preço de aquisição é de R$ 1.500,00 a ser quitado
11
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
em cinco prestações iguais, mensais e consecutivas no valor de
R$ 385,00. Ver Figura 1.2 – Equivalência de valores Monetários. Qualquer aplicação efetuada a uma taxa inferior que a de
oportunidade reduz a realização ou a perspectiva de manter
Sob o conceito de equivalência financeira do valor da seus ganhos num determinado patamar de lucratividade, o que
moeda no tempo, o montante das cinco prestações, a um custo contraria a 1ª Premissa.
de oportunidade de 8,94% ao período, é equivalente ao valor do
financiamento. Ou seja: R$ 1.500,00 ≡ 5 × 385,00 R$.
Tradicionalmente:
Remuneração a k%
4ª Premissa – CUSTO DE OPORTUNIDADE.

O custo de oportunidade corresponde à melhor Oportunidade: Remuneração


remuneração a ser obtida por um fator de produção que seria a X% sendo X% > k%
obtida por ele, caso fosse aplicado em outra alternativa de
investimento, mantida a mesma classe de risco. (Sotto Costa &
Attie, 1984). TMA E X%

Como corolário da definição acima, o custo de


oportunidade corresponde à maior taxa de desconto a ser Figura 1.4 – Evolução da Taxa de Oportunidade
adotada quando se compara a rentabilidade de um dado projeto
com a rentabilidade da melhor alternativa já disponível,
Como exemplo da evolução da taxa de oportunidade, seja
considerando projetos situados na mesma classe de risco.
uma empresa que, tradicionalmente, remunera seus ativos à
taxa de 15% ao ano. Esta é a sua taxa de oportunidade e ela
A literatura existente trata o custo de oportunidade sob
não aceita em aplicar recursos á uma taxa inferior a ela. Porém,
distintas denominações, tais como: taxa de rentabilidade, taxa
se conseguir remunerar a uma taxa mais elevada, tal como 18%
de oportunidade; taxa de retorno; taxa de atratividade; taxa de
desconto ou taxa de mínima atratividade - TMA. Como ao ano, esta passará a ser a sua nova taxa de oportunidade.
nomenclatura nesta obra será a adotada denominação de TMA
O conceito de considerar ou definir a remuneração do
para a taxa de oportunidade.
capital a ser investido como um custo de oportunidade parte do
entendimento de que ao ser aplicado um capital numa
Dentro dessa premissa, um investidor que dispõe da
alternativa qualquer, a empresa estaria perdendo a oportunidade
oportunidade de aplicar seus recursos a X%, e os vinha fazendo
de aplicá-lo em alternativas mais rentáveis a ocorrerem no
a taxa y% < X%, sua taxa de oportunidade passará a ser X%,
futuro.
pois esta será a melhor aplicação disponível para seus ativos.

12
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

5ª Premissa – DECISÃO & RESULTADO.


1.4 - Nomenclaturas das taxas de juros.
É importante observar a diferença entre boas decisões e
bons resultados, pois, nem sempre, são diretamente O mercado de capitais e o comércio utilizam uma
proporcionais. nomenclatura variada para definir as taxas de juros praticadas,
muitas vezes utilizando denominação diferente para a mesma
Uma boa decisão é a melhor possível, considerando o taxa.
conhecimento disponível sobre qualquer ação em julgamento, no
momento de sua realização. Havendo alteração do cenário Visando o entendimento das nomenclaturas utilizadas,
previsto ou ocorrendo azar, uma boa decisão pode redundar são apresentadas as seguintes definições:
num mau resultado. É um fato a ser considerado.
a) Taxa Básica - é a taxa que estabelece a remuneração do
A recíproca, porém, dificilmente se mostrará verdadeira, capital estabelecida por seu proprietário e medida em termos
ou seja, uma má decisão propiciando em bom resultado. Esta de moeda de poder aquisitivo constante. Moeda de poder
assertiva contraria a lei de Murphy que diz: “existindo a aquisitivo constante é aquela cujo poder de compra se
probabilidade de algum fenômeno dar errado, com certeza ele mantém inalterada no tempo. Logo, nesta taxa, não está
dará errado...“. embutido o efeito da inflação.

A ocorrência de uma boa decisão esta vinculada a b) Taxa Real – corresponde à taxa básica acrescida de outros
disponibilidade de dados e informações confiáveis e que as custos, tributos e do risco vinculado ao tomador do recurso.
alternativas reflitam as condições de mercado da época em que
foram desenvolvidas. São dados perfeitamente controláveis e c) Taxa Nominal – corresponde à remuneração do capital
dependentes da acuidade do decisor. Cabe ao analista, elaborar expressa em termos de valores de moeda corrente. Esta
um processo com a melhor qualidade possível, visando à taxa engloba a taxa real e a inflação prevista. Também pode
fidedignidade dos resultados. ser denominada de taxa efetiva. Neste caso corresponde à
taxa empregada para a atualização e pagamento de valores
Recomenda-se a realização de auditorias pós - decisão monetários.
visando analisar o processo decisório passado e aperfeiçoar a
qualidade das decisões futuras. É um processo que educa os d) Taxa Efetiva – É a que corresponde, exatamente, ao custo
responsáveis por decisões possibilitando avaliar o desempenho do dinheiro empregado ou tomado emprestado. Pode ser
da organização. definida, também como aquela que incide sobre o capital
efetivamente exposto ao risco.

13
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Matematicamente, a Taxa Efetiva corresponde à razão entre Das definições acima, pode-se deduzir que a taxa bruta em
o custo do capital tomado e o valor efetivamente recebido. E, alguns contratos represente a taxa efetiva de juros.
deve ser entendida como a efetiva taxa de juros a ser paga pelo
tomador do recurso. g) Juros Descontados - os juros são ditos descontados quanto
pagos no ato da operação financeira que lhes deu origem.
Custo do Capital Considerando que os juros efetivamente pagos são
iEfetiva = calculados sobre o capital efetivamente recebido, a taxa
Valor Recebido efetiva é superior à taxa expressa ou pactuada. Neste caso
Ou
a situação é mais favorável ao fornecedor do recurso.
∑ Juros + Encargos
iEfetiva =
Valor Financiado h) Juros Postecipados – os juros são ditos postecipados
quando pagos na data de vencimento da operação
financeira que lhe deu origem. Neste caso, os juros
e) Taxa Declarada – é aquela declarada ou registrada efetivamente pagos e pactuados são equivalentes, situação
nominalmente nos contratos. Normalmente ela é a base para em que os juros são mais favoráveis ao tomador do recurso.
o cálculo do juro a ser pago em uma operação.
Pelo exposto neste item, pode se constatar certo conflito de
A taxa declarada pode ser vista de dois modos. Como entendimento entre algumas das definições.
sendo a taxa nominal quando expressamente estabelecida em
contrato. Ou, sendo a taxa real quando o contrato estabelecer, Cabe ao tomador do recurso verificar o conceito ou a
numa clausula a taxa de juros e, noutra cláusula, o índice de composição das taxa a ser estipulada em cada contrato, pois
correção da inflação. pode haver entendimento diferente entre instituições financeiras
distintas quanto a definições de taxas de juros expressas em
f) Taxa Bruta e Taxa Líquida – são aquelas referenciadas à contrato.
remuneração bruta ou líquida da inversão financeira.
No transcorrer deste livro e para efeitos didáticos, serão
A taxa bruta expressa a taxa pactuada com a consideração utilizadas como nomenclatura, apenas, a taxa nominal e a taxa
dos encargos incidentes sobre a operação de empréstimo real. Esta ultima, na maioria dos exercícios considerados neste
sejam eles impostos, comissões, incentivos fiscais, etc.. livro, com a conotação de taxa básica.

A taxa líquida corresponde à taxa bruta após a dedução dos


impostos, comissões, incentivos fiscais, etc. incidentes sobre a
operação de empréstimo.

14
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Para tanto são consideradas as seguintes variáveis: o
1.5 – Composição da Taxa Real. histórico comercial de crédito do tomador dos recursos, as
garantias reais que oferece e da vulnerabilidade do mercado
A taxa real de juros praticada no mercado financeiro não é onde atua.
uma simples taxa que expressa a remuneração desejada pelo
capitalista. Ela resulta da composição de custos, tributos e do A taxa básica de juros, iB, varia de país para país sendo
risco incidente sobre uma operação financeira. determinada periodicamente pelos respectivos bancos centrais.

Resumidamente, corresponde à soma da remuneração Como exemplos, no Brasil, ela é denominada de SELIC e
básica do capital estipulada pelo capitalista acrescida de uma periodicamente estabelecida pelo Banco Central. Nos Estados
taxa suplementar denominada, no mercado financeiro, de Unidos é denominada de Prime Rate e na Inglaterra de Libor.
spread.

iR = iB + iSPREAD 1.6 – Definições.

A taxa do spread tem por objeto cobrir os seguintes Neste item são definidos alguns conceitos a serem
custos: comissões de corretagem, iF, (também denominada flat); utilizados nesta obra.
custos vinculados ao processo da intermediação financeira, iC;
tributos sobre operações financeiras, α; e, uma taxa de Entender esses conceitos é importante para a gestão de
remuneração de risco, iρ. qualquer empresa, pois são comuns a áreas do conhecimento
como a contabilidade e ao controle de custos. Assim sendo, as
Dado o acima exposto, o modelo passa a ter a seguinte Figuras 1.7 e 1.8 mostram, respectivamente, um modelo do
expressão, sendo cada uma das variáveis relacionadas ativo e do passivo do balanço patrimonial e a 1.9 o
expressa em percentagem: demonstrativo de resultados do exercício, DRE.

a) Gastos e dispêndios correspondem à assunção de qualquer


iR = iB + ( iF + iC + αIOF + iρ) compromisso financeiro a ser quitado à vista ou futuramente
e que propicie saída de dinheiro do caixa.
No Brasil, o tributo incidente sobre operações financeiras
é o IOF, cujas alíquotas são definidas por lei e disponíveis do b) Custo corresponde a todo dispêndio efetuado com a
site da Receita Federal. produção de um bem ou serviço. São classificados como
diretos e indiretos. Os diretos são os custos realizados no
O valor da taxa de risco, iρ, é definido segundo a esforço de produção de um bem ou serviço. Os indiretos são
classificação do nível de risco atribuída ao tomador do recurso.

15
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
alocados ao esforço de produção, comumente, por meio de e) Valor Econômico – corresponde ao valor ou soma de valores
algum processo de rateio. que não consideram a perda do valor aquisitivo da moeda no
tempo.
Contabilmente, os custos são apropriados no DRE, o que
permite a apuração do resultado do exercício. f) Valor Financeiro – corresponde ao valor ou soma de valores
que consideram a perda do valor aquisitivo da moeda no
c) Despesa corresponde a todo dispêndio que não se identifica tempo.
com o processo de produção de um bem ou serviço. Elas são
relacionadas aos gastos incorridos com a estrutura comercial É interessante notar que no balanço são apropriados valores
e administrativa da organização. econômicos.

Contabilmente, as despesas são apropriadas no DRE, ver


Figura 5.9, visando à apuração do resultado do exercício. 1.7 – Necessidades de Alternativas.

d) Investimento corresponde a qualquer dispêndio realizado Cabe ao analista de investimentos desenvolver


com a aquisição de bens móveis, imóveis ou intangíveis que alternativas de projeto visando a aplicação de capital e verificar
integram os ativos da organização, bem como os insumos se, ou qual delas, aumenta a riqueza dos proprietários. Não
estocados visando consumo futuro. havendo alternativa disponível, não há o que decidir.

Contabilmente, os investimentos são apropriados em contas Para tanto, há desenvolver alternativas viáveis à
do Ativo, ver Figura 1.6, visando registrar o patrimônio, bens e implantação de qualquer empreendimento ou das possíveis
direitos, disponíveis pela organização no final de cada exercício. possibilidades que se apresentam para a sua realização.

Assim sendo, os valores de capital de giro e estoques são Neste contexto, deverá conhecer o processo produtivo,
apropriados no Ativo Circulante. os fornecedores de serviços e equipamentos, preços de
mercado dos concorrentes, a logística, as fontes de capital e
Investimentos em bens móveis ou imóveis e a participação seus custos, a opção tributária adequada, etc..
societária em outras empresas são apropriados no Ativo Não
Circulante. Dada a experiência do autor, é muito pouco provável que
o profissional seja chamado para, simplesmente, aplicar a
São apropriados no Ativo Não Circulante, também, direitos técnica apresentada neste livro a um projeto já desenvolvido.
realizáveis em longo prazo e o intangível.
Porém, será chamado a participar de um processo de
decisão onde terá oportunidade de desenvolver diversas

16
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
alternativas de investimentos, compatibilizar dados, sair em
busca de informações para amparar o processo estabelecido.
1 - Ativo R$
Estará, sem dúvida alguma, envolvido num processo de
imaginação e criatividade! 1.1 - Circulante 712.823.08
1.1.1. Caixa e Bancos 44.653.73
Depois de desenvolvidas o conjunto de possíveis 1.1.2. Recebíveis de Clientes 121.033.96
1.1.3. Aplicações Financeiras 23.872,07
alternativas, caberá ao analista de investimentos verificar não 1.1.4. Prov. Devedores Duvidosos (-) 4.430,51
apenas se um projeto é viável, mas responder e subsidiar a 1.1.5. Impostos a Compensar 1.037,12
tomada de decisão quanto ao modo, opção ou alternativa seja a 1.1.6. Estoques Produtos Acabados 220.000,00
mais interessante para investir e, consequentemente, propicie o 1.1.7. Estoques de Produtos em Elaboração 57.197,70
maior incremento de riqueza ao aplicador. 1.1.8. Estoques de Matérias Primas 70.934,41
1.1.9. Adiantamentos a Fornecedores 9.663,58
1.1.10. Contratos de obras 160.000,00

Qual o modo 1.2 – Não Circulante. 1.275.176,92

mais interessante para investir? 1.2.1 – Realizável em Longo Prazo 216.408,27


 1.2.1.1 – Créditos em Coligadas 13.085,87
 1.2.1.2 – Financiamentos a clientes 103.322,40
Além disso, considerando ser o resultado de qualquer  1.2.1.3 - Contratos futuros 100.000,00
projeto função do comportamento futuro da economia como um 1.2.2 - Investimentos 430.347,00

todo, das peculiaridades do mercado específico onde estiver
1.2.2.1 – Empresa A 130.347,00

inserido e do desempenho de quem o irá implementar e gerir 1.2.2.2 – Empresa B 300.000,00
cabe o alerta! Uma boa decisão favorece a obtenção um bom
1.2.3 – Imobilizado 578.282,57
resultado. Porém é pouco provável que uma má decisão
favoreça a um bom resultado.  1.2.3.1 - Imóveis 370.000,00
 1.2.3.2 - Equipamentos 100.282,57
 1.2.3.3 - Veículos 129.600,00
 (-) Depreciações 21.600,00
1.2.4 - Intangível 50.139,08

Uma boa decisão favorece a obtenção de um
1.2.4.1 - Softwares 20.139,08
bom resultado. Porém é pouco provável que uma  1.2.4.2 - Patentes 30.000,00
má decisão favoreça a obtenção de um bom 1.3 - Total do Ativo. 1.988.000,00

resultado. Figura 1.7 – Modelo de Balanço Patrimonial – Contas do Ativo.

17
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

- DRE - R$
3.1 Receita Operacional Bruta + 956.712,25
3.2 Deduções à Receita (Tributos + Descontos) (-) 147.764,69
2 - Passivo R$ 3.2.1 - Tributos 140.376,26
3.2.2 - Descontos 7.388,43
2.1 - Circulante 294.039,54 3.3 Receita Operacional Líquida = 808.947,56
2.1. 1. Bancos 61.325,00 3.4 Custo de Produtos Vendidos (-) 470.370,65
2.1. 2. Fornecedores 165.895,52 3.4.1 – Produto A 92.630,65
2.1. 3. Obrigações Fiscais a Recolher 10.181,46 3.4.2 - Produto B 178.230,00
2.1. 4. Encargos Sociais 11.283,18 3.4.3 – Serviços Técnicos 199.510,00
2.1. 5. Encargos Trabalhistas 10.500,00 3.5 Lucro Operacional Bruto = 338.576,91
2.1. 6. Outras Obrigações 30.070,75
3.6 Despesas Operacionais. (-) 40.267,59
2.1. 7. Provisões 4.783,63
3.6.1 - Despesas com Vendas 1.237,04
2.2 – Exigível de Longo Prazo. 184.602,63 3.6.2 – Desp. Gerais e Administrativas. 39.030,55
2.2.1. Financiamentos a Pagar 71.104,34 3.7 Lucro Operacional Líquido - EBITDA1 298.309,32
2.2.2. Débitos em Coligadas 13.469,61 3.8 Depreciação (-) 5.500,00
2.2.3. Contratos p/ Entrega Futura 100.028,68 3.9 Amortizações (-) 4.166,51
2.3 – Patrimônio Líquido. 1.509.358,23 3.10 Resultado Financeiro (-) 2.728,54
3.10.1 – Juros Recebidos (+) 4.194,35
2.3.1. Capital Social 1.156.110.00 3.10.2 – Juros Pagos (-) 6.422,89
2.3.2. Reservas de Capital 95.545,85 3.11 Lucro Operacional = 254.531,74
2.3.3. Reservas de Lucro 62.408,78
3.12 Resultado Não Operacional + 5.004,01
2.3.4. Lucros Acumulados no exercício 195.293,60 3.12.1 - Receitas Não Operacional 7.004,01
3.12.2 - Despesas Não Operacionais (-) 2.000,00
2.4 - Total do Passivo. 1.988.000,00
3.13 Lucro Antes do Imposto de Renda - LAIR = 259.535,75
Figura 1.8 – Modelo de Balanço Patrimonial – Contas do Passivo. 3.14 Provisão p/ o Imposto de Renda –
(-) 40.883,93
15%+10%
3.15 Contribuição Social s/ o Lucro Líquido – 9% (-) 23.358,22
3.16 Lucro Líquido do Exercício = 195.293,60
Figura 1.9 – Modelo de Demonstrativo de Resultados do Exercício.

(1) EBITDA = Earnings before interest, tax, depreciation, and amortization.


Esta é a expressão utilizada em língua inglesa para o lucro operacional líquido. Ou
seja, o lucro antes da incidência de juros, taxas, depreciação e amortização.
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Matemática Financeira & Engenharia Econômica

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Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

20
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A remuneração de um capital pode ser efetuada sob dois
2. Matemática Financeira sistemas que diferem conforme a incidência dos juros sobre o
capital: o dos juros simples e o dos juros compostos.

2.0 - Introdução
Juros Si ples
Por definição, a Matemática Financeira corresponde à
área da matemática que descreve as relações entre o binômio
tempo e dinheiro. Juros Co postos
Neste capítulo serão discutidas essas relações o que
permite realizar operações de equivalência de capitais visando
amparar decisões de ordem financeira.
É importante ressaltar que a taxa de juros efetivamente paga
é aquela que incide sobre o capital efetivamente recebido ou
disponível para o próprio manuseio.
2.1 – Conceituações de Juros
Em operações financeiras é comum serem cobradas do
Juro, também denominado de interesse, é definido como a tomador: taxas de abertura de crédito; juros pagos
remuneração efetuada tanto a um dinheiro tomado emprestado antecipadamente ao haver uma operação de desconte de título
como ao capital empregado em atividade produtiva ou aplicação de crédito; o pagamento de uma entrada no caso de
financeira. financiamento de bens de consumo.

Ao ser pactuada uma operação financeira, alguns Em todos esses casos, sob quaisquer dos dois sistemas de
parâmetros devem ser estabelecidos: juros acima mencionados, o princípio a ser estabelecido é que a
remuneração do capital tomado emprestado, isto é, os juros,
E A taxa de juros referente ao período da operação; sejam sempre calculados sobre a importância efetivamente
E O prazo de carência; recebida.
E O período de capitalização ou contabilização dos juros;
E O índice de correção monetária do saldo devedor; Observando esse princípio, é possível verificar quando a
E O sistema de remuneração do capital. taxa de juros pactuada e a efetivamente praticada são idênticas
ou distintas.

21
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

2.2 – Juros Simples J=Pin


2.2.1 – Definição de Juros Simples. 2.2.2 – Operações com Juros Simples.
Por definição, no sistema de remuneração de capital sob 2.2.2.1 – Montante dos Juros Pagos.
a matemática de juros simples somente o principal rende juros
durante todo o tempo em que foi pactuado o financiamento. Definindo como: P, o principal tomado ou o capital
Esquematicamente representado na Figura 2.1. inicialmente aplicado; i (%), a taxa de juros expressa em
porcentagem; n, o número de períodos básicos correspondentes
R$
ao tempo total da aplicação; e, S, o Montante final de aplicação,
representando a soma (P+J), em que J é o montante dos juros a
S=P+J serem pagos.

Períodos
O montante “S” a ser restituído ao aplicador no final do
1 2 3 n-1 n período pactuado é constituído pela soma dos juros rendidos no
período, acrescidos do capital aplicado. Matematicamente:
P
Sn = P + J  Sn = P + P i n  Sn = P ( 1 + i × n )

Figura 2.1 – Diagrama tempo - dinheiro Demonstrando:

Partindo da definição de juros simples, o montante de S1 = P + P× i = P (1+ i)


juros a ser pago na data de quitação da operação financeira é S2 = P + P× i + P × i = P (1+ i × 2)
igual ao produto do principal tomado, pela taxa de juros
S3 = P + P× i + P × i + P × i = P (1+ i × 3)
pactuada e pelo número de períodos contratados.
…………………………………………………………
Considerando que os juros gerados após um único Sn = P + P ×i + P × i + P × i +····+ P × i = P (1+ i × n)
período de aplicação de um capital equivalem à taxa de juros
pactuada multiplicada pelo capital. Matematicamente: J = P  i. Generalizando para n períodos, obtém-se a expressão
canônica do montante de um capital P corrigido a juros simples
No caso do capital ser aplicado por “n” períodos, o durante n períodos:
montante dos juros a serem pagos é diretamente proporcional a
esse numero de períodos. Então: Sn = P (1 + in)
22
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
2.2.3.1 – Tipos de desconto.

2.2.2.2 – Equivalência entre Taxas de Juros. Uma operação financeira corriqueira no mercado é a
denominada de desconto ou deságio efetuada em transações
Um dos questionamentos decorrentes da utilização de com títulos de crédito.
juros é definir a proporcionalidade entre a taxa de juros
correspondente a um período maior e àquela correspondente a Os descontos ocorrem quando títulos são negociados em
frações inteiras desse mesmo período. data anterior à do efetivo vencimento e correspondem aos juros
pagos pelo serviço havido entre a data do desconto e a do
No caso dos juros simples, ocorre relação direta entre efetivo pagamento. Matematicamente, sendo F o valor de face
essas duas taxas de juros. de um titulo e o do desconto D, o valor a ser recebido, P, é dado
por:
Assim, adotando como nT um dado período e nf uma
fração deste período. E, respectivamente, iT e if , as taxas de P = F - Desconto
juros conexas aos períodos considerados, a proporcionalidade
entre estas duas taxas é expressa por: Essas operações de desconto servem como fonte de
financiamento de curto prazo e são lastreadas em cheques “pré-
n i datados” descontados por empresas de factoring; duplicatas e
=
n i letras de câmbio negociadas antes da data do efetivo
pagamento; e empréstimos ou vendas garantidos por notas
Como exemplo seja uma operação de empréstimo cuja promissórias.
taxa mensal de juros foi pactuada em 1,5% a.m. A taxa anual de
juros, iT, é dada por: O valor de face corresponde ao montante expresso no
anverso do título, a ser quitado pelo emissor ou o avalista na
n i i data aprazada e também expressa no título.
= ∴ = ∴ i = % a. a.
n i ,
Neste caso, a quantia a ser paga ao portador (P), isto é,
Atenção quanto à utilização do modelo acima. Ele àquele que está negociando o título, deverá ser inferior ao valor
somente poderá ser utilizado quando adotada a matemática dos nominal ou valor de face. Isto porque, na data de vencimento do
juros simples. É conceitualmente errado utilizar este modelo título, este deverá ser quitado pelo valor de face, conforme
quando se opera sob a égide dos juros compostos. mostrado no desenho da Figura 2.2.

2.2.3 - Operações de desconto.

23
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Valor a ser Desconto E Desco to Racio al ou Por De tro.


recebido
F
P E Desco to Ba cário ou Por Fora.

1 2 3 4 n

Data da Operação de Data do Vencimento


Desconto do Título
Neste item será adotada a seguinte nomenclatura:

Figura 2.2 - Operações de Desconto  F = Valor de Face, importância escrita na face do título e a
ser honrada pelo emitente na data do respectivo
vencimento;
 P = Importância a ser paga ao vendedor do título, quando
O comprador do título, então, o adquire por um valor negociado antes da data do vencimento;
inferior àquele discriminado na face do documento, de forma a  i = taxa de juros praticados ou pactuados;
remunerá-lo durante o período compreendido da data de sua  n = número de períodos que antecedem a data de
negociação até a data do vencimento. vencimento;
 DR = valor do desconto racional.
Interessa então, àquele que vende o título, saber qual o  Dc = valor do desconto comercial.
montante do desconto, ou deságio, a ser efetuado sobre o valor
de face e qual o montante do capital que ira receber pela venda Como será visto no item 2.3.3, o valor de face, F, pode
do título. ser considerado como sendo o valor futuro do título, quando este
é negociado antes da data do vencimento ou na data de sua
Dois são os procedimentos realizados pelo mercado para emissão.
calcular o valor do deságio e denominados de: i) Desconto
Racional ou por Dentro; ii) e Desconto Bancário, Comercial ou Isto porque, um título só terá o valor expresso em sua
por Fora. face, e força legal para cobrança, quando na data de seu
vencimento, isto é, em um momento futuro determinado por esta
data.

24
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
valor de face de um título dada a negociação do mesmo
anteriormente à data de vencimento.

I - Desconto Racional ou por Dentro. Matematicamente, o desconto racional é definido por:

O desconto racional considera o valor da moeda no tempo Dr = F – P


e é calculado segundo a racionalidade dos juros simples. A taxa
de juros pactuada pode ser a taxa real ou a taxa nominal em Da matemática dos juros simples pode-se correlacionar o
havendo a previsão de inflação. valor de face, F, ao valor a ser recebido, P, considerando ser o
primeiro o montante disponível no final do período de aplicação
Assim, o valor nominal do título na data do efetivo e o segundo o principal aplicado. Logo:
pagamento expresso na face do mesmo é financeiramente
equivalente ao valor do mesmo na data em que foi negociado. F
F= P ∙ +iR ∙n ∴ P =
+iR ∙n
Os procedimentos utilizados no desconto racional são
idênticos àqueles utilizados na matemática dos juros simples.
Substituindo “P” na equação acima, obtém-se o montante
do desconto racional.
Porém, deve ser registrado que algumas empresas vêm
combinando procedimentos estabelecidos pela matemática dos
juros compostos com os de juros simples. F F∙iR ∙n
DR =F- ∴ DR =
+iR ∙n +iR ∙n
No caso de ocorrer essa superposição de procedimentos,
ou seja, quando os juros são referidos a um período maior, a
taxa básica de juros, efetivamente utilizada em períodos II - Desconto Bancário, Comercial ou Por Fora.
menores, é calculada segundo a matemática dos juros
compostos. A priori, é importante ressaltar que o desconto “por fora” é
baseado numa convenção mais simples, não se caracterizando
Obtida a taxa básica, os procedimentos seguem àqueles por uma cobrança equivalente de juros. Mas, como a simples
estabelecidos para os juros simples, segundo o expresso a aplicação direta de uma taxa de desconto. Por convenção:
seguir.
D =F∙i ∙n
Definindo o desconto racional, este corresponde ao
montante dos juros expresso em valor monetário, descontado do Neste caso, o valor a ser recebido, P, é calculado
diminuindo do valor de face o valor do desconto. Logo:
25
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
D
D =
P =F−D +n∙i

Ao se igualar as duas expressões acima, obtém-se o valor


a ser recebido, P:
2.2.4.2 - Taxas Equivalentes.
P = F − F ∙ iC ∙ n
Um dos questionamentos efetuados no mercado
P=F∙ −i ∙n financeiro é quanto à correlação entre as taxas praticadas no
desconto comercial e no racional.

2.2.4 - Relações entre Descontos e Taxas Por definição, diz-se que duas taxas de desconto são
equivalentes entre si quando, dado um mesmo valor de face,
2.2.4.1 - Relações entre Descontos. depois de realizado o desconto, resultar num mesmo valor a ser
recebido, P, considerando terem sido praticados sistemas de
Neste item é analisada a correlação existente entre o desconto distintos.
montante do desconto por dentro e o montante do desconto por
fora, considerando que as taxas pactuadas nos dois casos
sejam idênticas, isto é ir = iC.

Sendo iguais as taxas nominais pactuadas, a taxa real DC≡DR


praticada no processo de desconto por dentro, ou racional, é
F = Face
inferior àquela praticada no desconto por fora, ou bancário.
P
Tal assertiva pode ser demonstrada igualando as
expressões dos descontos: tempo

F
DR =F- Data da Negociação Data do Vencimento
+n∙i

E, sendo por convenção, DC = F i n, ao se substituir o Figura 2.3 - Equivalência entre Descontos.


valor de F na expressão acima se obtém a relação entre os dois
descontos:

26
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A equivalência entre estas taxas é demonstrada ao se
igualar os dois valores dos descontos depois de realizadas as Deste modo, o rendimento i devido a uma aplicação P,
respectivas operações. durante um intervalo de tempo t tem-se, respectivamente, para o
tempo comercial e o tempo exato:
a) Considerando o desconto racional tem-se:
IComercial  P  t  IExato  P  t 
i i
 P = F
e
P = F– D + i ∙ n 360 365
b) Considerando o desconto comercial tem-se: Efetuando a relação entre as duas expressões, fica
demonstrado que a proporcionalidade existente entre o
P = F − D� ∴ P = F − i ∙ n) rendimento havido durante ano comercial e rendimento havido
durante ano exato, é função direta do número de dias em que os
Como o valor a ser recebido, P, por definição é igual para mesmos foram definidos. Então:
ambos os casos, podem ser igualadas as expressões acima.

F 
IComercial 365
 1,0139  IComercial = 1,0139 IExato
=F − i ∙n ∴ − i ∙n ∙ +i ∙n = IExato 360
+i ∙n

+� ∙� = 2.2.6 – Exercícios Resolvidos.


− �� ∙ �

Atenção!
2.2.5 – Tempo Exato e Comercial
Em estudos financeiros recomenda-se:
Dada uma mesma taxa de juros e um mesmo principal, o
rendimento ou montante dos juros apurado em tempo comercial 1º. Desenhar SEMPRE o diagrama dos fluxos de caixa;
será ligeiramente superior àquele apurado em tempo real ou 2º. Escrever as formulas disponíveis;
exato. 3º. Visualizar a solução dos problemas, compatibilizando as
fórmulas com os fluxos de caixa!
Essa variação é devido à diferença do número de dias
estabelecida para cada tipo de exercício. Assim, o ano Atendendo à recomendação, este procedimento facilita a
comercial, segundo convenção aceita pelo comercio, estabelece adequada solução dos problemas de engenharia econômica!
que o mesmo tenha 360 dias. O tempo exato segue o ano
calendário com 365 dias.
27
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
1º - Calculo do valor da 1ª prestação:
VF1 =R1 + (R1 × i × n)
2.2.6.1 - Você aplicou a importância de R$ 11.200,00 na VF1 = R$ 4.930,00 + (R$ 4.930,00 × 0,035 × 1)
aquisição de um título, pactuado a juros simples a taxa de 2,2% VF1 = R$ 4.930,00 + (R$ 172,55)  VF1 = R$
a.m. pelo prazo de 14 meses. Transcorridos oito meses desta
operação, resolveu vender o título. Qual o montante a ser 2º - Calculo do valor da 2ª prestação:
recebido se na data da venda a taxa de juros praticada pelo VF2 = R2 + (R2 × i × n)
mercado for de 2,9% a.m.? VF2 = R$ 4.930,00 + (R$ 4.930,00 × 0,035 × 2)
VF2 = R$ 4.930,00 + (R$ 345,10)  VF2 = R$
S = P (1 + i n)
S = 11.200,00 (1 + 0,022 × 14) 3º - Calculo do valor da 3ª prestação:
S = R$ 14.649,60 VF3 = R3 + (R3 × i × n)
VF3 = R$ 4.930,00 + (R$ 4.930,00 × 0,035 × 3)
DC = S × i × n VF3 = R$ 4.930,00 + (R$ 517,65)  VF3 = R$
DC = 14.649,60 × 0,029 × (14-8)
DC = R$ 2.549,03 4º - Calculo do valor o da 4ª prestação:
VF4 = R4 + (R4 × i × n)
VR = S – DC VF4 = R$ 4.930,00 + (R$ 4.930,00 × 0,035 × 4)
VR = 14.649,60 – R$ 2.549,03 VF4 = R$ 4.930,00 + (R$ 690,20)  VF4=R$
VR = R$12.100,57
5º - Calculo do valor do montante:
VFM = VF1 +VF2 +VF3 +VF4  VFM = R$
2.2.6.2 - Um veículo está sendo ofertado em duas condições: a
vista por R$ 23.200,00. Ou, a prazo, sendo 15% de entrada e o
saldo dividido em quatro parcelas mensais, consecutivas, 2.2.6.4 - Uma duplicata cujo valor de face, VF, monta a R$
corrigidas por juros simples à taxa de 42% a.a. 8.500,00 foi emitida há cinco meses passados e tem data de
vencimento estipulada para daqui a sete meses. Caso seja
Nesta condição deseja-se saber: O valor de cada descontada nesta data e se a taxa de desconto comercial for de
prestação; e o montante a ser desembolsado. 26,4% a.a. solicita-se determinar:

 Entrada = R$ 3.480,00 

O desconto comercial, DC.
Financiamento de cada parcela: R = R$ 4.930,00 

O valor a ser recebido, VR.
Taxa mensal de juros: i=42÷12= 3,5% a.m.  Por quanto a duplicata foi negociada, se na data desta
operação o juro comercial vigente era de 33,6% a.a.
28
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 A taxa efetiva de juros no período referente à operação do VF = VR (1 + i × n)
desconto. 8.500,00 = 7.191,00 (1 + i × 7)
1,182 = 1 + 7i
a da
Dat ção
0,182 = 7i
Ope
ra
VF = 8.500 R$ i = 0,026 → i = 2,6% a.m e/ou 31,2% a.a.
VR = ?

2.2.6.5 - Qual será o valor a ser recebido em operação de


desconto de uma duplicata cujo valor de face monta a R$
1.500.000,00, vencível em 90 dias, pactuada a taxa de 3,5% ao
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 mês? Considerar o desconto racional e o comercial.

1º item - Desconto Comercial. a) Desconto Racional:


DC = VF × i × n
DC = 8.500,00 × ( 0,264 ÷ 12 ) × 7 F . . , . . ,
DC = R$ 1.309,00 P = = = = . . , R$
+ in + , × ,
2º item – Valor Recebido. b) Desconto Comercial:
VR = VF – DC
DC= F∙i∙n = . . , × , × = . , R$
VR = 8.500,00 – 1.309,00
VR = R$ 7.191,00
P= F- DC = . . , - . , = . . , R$
3º item - Preço de compra = PC.
c) Comparando os Descontos Realizados:


VF = PC (1 + i × n)
Desconto Comercial = 157.500,00

8.500,00 = PC (1 + 0,336 × 1)
Desconto Racional = 142.533,94

PC = R$ 6.362,27
Economia = 14.966,06 R$
4º item – Taxa real ou efetiva.
Comparando os dois procedimentos verifica-se que o
Adotando a matemática dos juros simples e desconto racional é mais econômico para o interessado.
considerando que os juros são calculados sobre o valor
efetivamente recebido:

29
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
2.2.7 – Exercícios Propostos.  O montante a ser recebido pelo interessado na operação
de desconto.
2.2.7.1 - A importância de R$ 29.345,00 foi recebida após a
operação de desconto de uma nota promissória, vincenda em
120 dias.
Nota promissória
Tendo sido pactuada um taxa de desconto de 42% ao
ano, solicitam-se, para os dois tipos de desconto, as seguintes Nº 07/09* R$ 12.500,00
informações: o valor de face do título; e o montante do desconto. Vencimento: 25 de abril de 2.012.
(R: R$ 34.122,09/ R$ 33.453,30). Ao(s) vinte e cinco dias do mês de abril de dois mil e doze,
PAGAREI por esta única via de nota promissória a
Franz von Souza und Silva, CPF nº 111.222.333-44, ou a sua
2.2.7.2 - Calcular, adotando a matemática dos juros simples, o ordem, a importância supra de doze mil e quinhentos reais,
montante a ser recebido após 4 meses quando um empréstimo em moeda corrente do País.
de D$1.000,00 é tomado a 15% ao mês. (R: 1600,00 R$). Pagarei em: Florianópolis-SC.
Emitente: Jose João Jacob ..................................
CPF nº. 555.666.777-88. assinatura
2.2.7.3 - Um comerciante obtém um empréstimo de um milhão a Rua Elfo dos Santos nº. 100.
juros de 33% ao ano, pactuado a juros simples. Quanto pagará Florianópolis – SC.
na ocasião do resgate se quitar o mesmo em cinco ou em
dezessete meses? (1.126.923/1.431.538 103 R$).

2.2.7.4 - Qual o capital que a juros simples de 14,5% ao ano


gerará em sete meses um montante de trezentos mil reais? (R:
276.603,92 R$) 2.2.7.6 - A que taxa de remuneração um capital aplicado a juros
simples triplicará no prazo de três anos? (R: 66,67% a.a.).
2.2.7.5 - Um Banco pratica operações de desconto de títulos
cambiais à taxa de 4,5% ao mês. Solicitam-se as seguintes 2.2.7.7 - Uma empresa descontou uma duplicata, no Banco da
informações visando comparar o resultado do desconto racional Esquina, à taxa de 84% ao ano. O desconto praticado foi o
com o bancário: comercial, que montou a R$ 10.164,00. Se a operação fosse de
desconto racional, o valor do desconto seria reduzido em R$

1.764,00. Qual é o valor de face da duplicata descontada? (R:
O deságio relativo à operação de desconto de uma
duplicata cujo valor de face é de R$ 12.500,00, vincenda 48.400,00 R$).
em 90 dias; (R: 1486,78/1687,50 R$).
30
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
2.2.7.8 - Você deve a um banco a importância de R$ 1.900,00, a pactuada à taxa de 7% ao mês, pergunta-se qual será a taxa
vencer em 30 dias, garantida por uma nota promissória. Como efetivamente paga por esta operação. (R: 8,86% a.m.)
sabe que não poderá quitar a importância na data aprazada,
propõe que o pagará no prazo de 90 dias após o vencimento 2.2.7.13 - Você dispõe de uma duplicata cujo valor de face
previsto. Admitindo que a taxa de desconto comercial praticada monta a R$ 200 mil, vencível em 60 dias. Decida em qual banco
seja de 72% ao ano, qual será o valor de um novo título a ser deverá ser efetuada uma operação de desconto sabendo que:
assinado? (R$ 2.317,00).
- o Banco A – pratica o desconto racional à taxa de 8,45% ao
2.2.7.9 - O Bank of Squire pratica o desconto por fora à taxa de mês;
3,00% ao mês. Ao aceitar um título cujo valor de face é de R$ - o Banco B – procede ao desconto comercial à taxa de 7,90%
41.000,00, com prazo de vencimento estabelecido para seis ao mês.
meses, quanto o banco pagará pelo título? Qual será a taxa total
de juros correspondente, sabendo que o banco ainda cobra uma 2.2.7.14 - Você efetuou uma operação de desconto para um
taxa de abertura de crédito de 1,0% sobre o valor do título? (R: título vencível em 60 dias à taxa de 42% ao ano. Montando o
23,46% ao semestre). valor do desconto em R$ 840,00. Pergunta-se qual o valor de
face do título nos casos de ser adotado o desconto racional ou o
2.2.7.10 - A financeira WACS pratica o desconto racional à taxa comercial? (R: 12.840,00 / 12.000,00R$ )
de 4,35% ao mês. Ao efetuar o desconto de uma duplicata cujo
valor de face monta a R$ 32 mil vincenda em noventa dias, 2.2.7.15 - Você necessita hoje da importância de R$ 50 mil e foi
cobra uma taxa de administração no valor de R$ 155,00, ao ao seu banco efetuar um empréstimo. O empréstimo é lastreado
efetuar a operação. Informe qual será a taxa de juros mensal, numa nota promissória vencível em 120 dias. O banco calcula o
efetiva, incidente sobre esta operação. (R: 4,56% a.m.) valor de face deste título adotando o desconto comercial à taxa
de 4,5% ao mês. Além disto, cobra uma taxa de abertura de
2.2.7.11 - Determinar o valor de um título a ser resgatado no crédito de 0,55% sobre o valor de face do título e uma taxa de
prazo de 120 dias antes de seu vencimento, pactuado a uma administração de R$77,00, ambos embutidos no valor
taxa de 12,0% ao ano. Sabe-se que a diferença entre o valor do financiado. Pergunta-se, qual a taxa de juros efetiva incidente
desconto comercial e o desconto racional é de R$ 76.923,08. (R: sobre esta operação? (R: 5,74% a.m.)
R$ 50 milhões).
2.2.7.16 - Você resolveu quitar uma dívida, lastreada em nota
2.2.7.12 - O Bank of Squire desconta, antecipadamente e por promissória, sessenta dias antes do vencimento. Qual será o
fora, os juros na operação de um “papagaio”. Sendo uma valor a ser pago se os juros simples pactuados foram de 2,50%
operação de desconto lastreada numa nota promissória cujo ao mês e o valor de face da nota monta a R$ 17.700,00?
valor de face monta a R$ 30 mil, vincenda em noventa dias e

31
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
2.2.7.17 - Sua empresa previu a necessidade de aquisição de
um equipamento no valor de R$ 50 mil e o deseja adquirir com Visando calcular o montante a ser percebido, será adotada a
recursos próprios. Considerando que, neste momento, dispõe da seguinte nomenclatura: n, representando o número de períodos
importância de R$ 20 mil e o Tesouro Nacional esta de capitalização pactuados; Sn = Montante a ser recebido após
remunerando as aplicações em 14% ao ano, pergunta-se: em “n” períodos de capitalização; P = Capital inicialmente aplicado
quanto tempo poderá dispor do montante previsto? ou principal; J = Montante dos juros a serem pagos; i = Taxa de
juros pactuados. Ver Figura 2.4.

2.3 – Juros Compostos.

2.3.1 - Definição.
Sn
S3
O regime de juros composto, também denominado de S2
S1
regime de capitalização ou anatocismo, é caracterizado pela P0
incorporação ao capital dos juros gerados num período, ou seja, Período
capitalizados, passando a gerar juros no período seguinte. 0 1 2 3 n

Estudos de análise de viabilidade de investimentos são Figura 2.4 – Diagrama de Juros Compostos
lastreados na matemática dos juros compostos, pois parte-se do
princípio que investidores e empresas reaplicam os lucros e os
saldos de fluxos de caixa gerados a cada período, fato que O montante após o primeiro período é calculado de forma
contribui para aumentar os lucros esperados futuros. idêntica ao dos juros simples. A partir desse primeiro período, os
juros passam a incidir dobre o novo montante, comumente
Pelo acima exposto, torna-se inconsistente a adoção da denominado de capitalizados. Então, matematicamente se tem:

S1 = P + (P  i) = P (1 + i)
matemática dos juros simples em estudos de viabilidade e, além

S2 = S1 + (S1  i) = S1 (1 + i) = P (1 + i) (1 + i) = P (1 + i)²
disto, vem de encontro ao estabelecido na primeira premissa

S3 = S2 + (S2  i) = S2 (1 + i) = P (1 + i)² (1 + i) = P (1 + i)³


que estabelece a maximização do lucro dos proprietários.

2.3.2 - Fórmulas Básicas: S4 = S3 + (S3  i) = S3 (1 + i) = P (1 + i)3 (1 + i) = P (1 + i)4


.........................................................................................
O principal questionamento nesse sistema de Sn = Sn-1 + ( Sn-1  i ) = Sn-1 ( 1 + i ) = P ( 1 + i )n-1 ( 1 + i )
capitalização é quanto ao montante a ser recebido pela Sn = P ( 1 + i )n
aplicação de um capital, após certo número de períodos de
tempo e conhecidos os juros pactuados.

32
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Assim, a expressão do montante a ser pago após n sendo, então, a matemática dos juros compostos a mais
períodos é dada por: adequada para avaliar e analisar investimentos.

Sn = P (1 + i)n Para tanto, ela se ampara no princípio da equivalência de


capital e operar dois conceitos largamente utilizados nos estudos
financeiros, quais sejam, o valor presente – VP e o valor futuro –
O total dos juros gerados, por sua vez, é obtido
VF equivalente a um dado montante e vice versa.
aritmeticamente, depois de efetuada a diferença entre o
montante a ser percebido e o capital inicialmente aplicado,
R$
também denominado de Principal. Então: i%

J = Sn – P
S = VF
P=VP
Resumo: Períodos
0 1 2 3 n-1 n

Fórmula do Montante: Sn = P ( 1 + i )n Figura 2.5 – Equivalência: Valor Futuro

Fórmula dos Juros: J = Sn – P ou, Assim sendo, dado nesta data um principal expresso pelo
J= P(1+i) -P
n seu valor presente, P=VPn¬i%, após certo número de períodos e
aplicado a taxa de juros i%, gerará uma soma financeiramente
equivalente ou seu valor futuro: S=VF n¬i%. Ver Figura 2.5 –
Equivalência: Valor Futuro.

2.3.3 – Valor Presente e Valor Futuro. Deste modo, considerando o conceito de equivalência de
capital pode-se escrever: VPn¬i% ≡ VF n¬i%.
Como já comentado, a matemática dos juros compostos é
a adotada nos estudos financeiros, a exemplo da determinação Financeiramente, então, denomina-se VPn¬i% de VALOR
do valor de ativos produtivos, investimentos em ações, títulos de PRESENTE do montante de VFn¬i%. De modo análogo, VFn¬i% é
capitalização, etc. denominado de VALOR FUTURO do capital aplicado, VP n¬i%.

A assertiva acima ocorre devido ao entendimento que


investidores e empresas reaplicam os capitais disponíveis,
33
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

b) Valor Presente – VP.


2.3.3.1 - Pagamento Único.
Em operação inversa, o VALOR PRESENTE – VP, nesta data,
correspondente a uma determinada importância futura, VF, é
a) Valor Futuro - VF. equivalente a esta importância quando descontada durante certo
período de tempo n a taxa de juros pactuada, i%.
Por definição, o valor futuro – VF associado a uma
determinada importância P e aplicada durante um período n, é Partindo da fórmula do montante dos juros compostos,
equivalente a esta importância quando capitalizada a taxa de obtém-se o VALOR PRESENTE, VP, equivalente a um dado
juros pactuada, i%. montante futuro, VF, quando descontado à taxa de juros i%,
durante certo período, n.
A expressão do montante dos juros compostos
capitalizados define o VALOR FUTURO a ser recebido pela R$ i%
aplicação de um capital, P, denominado de VALOR PRESENTE,
quando pactuado à taxa de desconto, i%, após “n” períodos de
rendimento.
S ≡ VF
n P≡VP
Sendo: Sn = P (1 + i) , então:
Períodos
1 2 3 n-1 n
VF ≡ VP (1 + i)n 0

Figura 2.6 – Equivalência: Valor Presente


Essa operação, comercialmente denominada de
capitalização, é utilizada em operações financeiras de título de
capitalização, ou seja, de atualização monetária de capital. Sabendo-se que VF ≡ VP (1 + i)n, a expressão da
equivalência de uma importância no presente, conhecido seu
A expressão (1+i)n é denominada de Fator de montante numa data futura é dada por:
Capitalização ou Fator de Valor Futuro de um Principal, cuja
representação pode ser efetuada sob as seguintes VP≡VF
+i n
nomenclaturas:

VF = VP (1 + i)n = VP s n¬i% = VP s in
34
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Essa operação também é denominada de desconto de um
capital a valor presente e realizada quando se deseja conhecer o
valor atual relativo a um capital no futuro.

A expressão 1/(1+i)n é denominada de Fator de Desconto


ou Fator de Valor Presente de um capital, cuja representação
pode ser efetuada sob as seguintes nomenclaturas:

VP ≡ VF = VF × vi = VF × v ¬i
+i

2.3.3.2 - Pagamentos Diversos.


Figura 2.7 – Valor Futuro Diversos Pagamentos

a) Valor Futuro
Levando na expressão acima os valores de cada fluxo de
Dado uma série de pagamentos como na Figura 27, seja caixa e adotando uma taxa de juros de 7% tem-se:
estabelecer o valor futuro da soma desses pagamentos.
VF = , + , + , + , +
Nesta situação, a soma desses pagamentos corresponde
à soma dos valores futuros de cada pagamento singular. VF = , R$.
Noutras palavras, a soma da capitalização de cada pagamento.

Matematicamente: Neste caso, o valor futuro ocorre no momento do ultimo


pagamento.
K

VF = ∑ R × +i
= b) Valor Presente

Ou Considerando a sequencia de recebimentos expressos na


Figura 2.8, a soma do valor presente desses valores
VR = R +i − +R +i −
+R +i −
+R +i − corresponde à soma dos descontos de cada valor singular.

+R +i
35
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
k
Rn 2.3.3.3 – Comparação Juros Simples e Composto.
VP =∑ n
+i
n= Ao serem efetuadas operações financeiras, é interessante
avaliar a evolução do crescimento dos montantes quando
Ou
calculados a juros simples e a juros compostos.
R R R R R
VP = + + + +
+i +i +i +i +i Juros Compostos
Montante – R$
Juros Simples

Tempo
n

Figura: 2.9 - Evolução Juros Simples e Compostos.

Considerando uma mesma taxa de juros totais e até a um


Figura 2.8 – Valor Presente Diversos Pagamentos determinado período, n, o montante dos juros compostos é
inferior ao dos juros simples. A partir desse período, os
montantes calculados a juros compostos passam a superar o
Levando na expressão acima os valores de cada fluxo de dos juros simples.
caixa e adotando uma taxa de juros de 7% tem-se:
A determinação desse período é efetuada ao se igualar a
expressão dos dois montantes, considerando uma mesma taxa
VP = + + + + de juros. Matematicamente: SJC=SJS. Considerando que os dois
, , , , ,
principais são os mesmos, tem-se:
VP(0) = 340,71 R$ �
+� ∙� = + ��

36
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O quadro a seguir mostra a evolução do montante, ou
seja, a situação do saldo devedor no final de cada período.
2.3.4 - Exemplos.

a) Seja definir o valor atual de um capital aplicado por seis Período Principal – R$ Juros – 7% Montante – R$
meses a juros de 7% ao mês, gerou o montante de R$ 0 3.000,00 --- ---
4.502,19? 1 3.000,00 210,00 3.210,00
2 - 224,70 3.434,70
3 - 240,43 3.675,13
P=S× n
=S vin 4 - 257,26 3.932,39
+i
5 - 275,26 4.207,65
Utilizando tabela financeira: 6 - 294,54 4.502,19

s = , →da Tabela Financeira


P=S∙ s = . , × , = . , R$ 2.3.5 – Correlação Entre Taxas de Juros Compostos.

Ou utilizando diretamente o fator de valor presente: Identicamente ao sistema de juros simples, um dos
questionamentos sobre juros compostos é quanto à
proporcionalidade existente entre a taxa de juros correspondente
P=S× = . , × = . , R$
+i n , a um período maior com aquela referente a frações inteiras
deste mesmo período.
b) No caso inverso, seja um capital no valor de R$ 3.000,00,
qual será o montante a ser recebido após seis meses quando No caso de juros compostos, não há relação direta entre
aplicado a taxa de juros de 7% ao mês? essas duas taxas de juros.

S=Psin ∴ S=Ps Por definição, duas taxas de juros são ditas equivalentes
quando, sujeitas a diferentes períodos de capitalização,
E, sendo s 67 = 1,5007  da Tabela Financeira. produzem iguais montantes de juros depois de aplicadas a um
mesmo volume de capital.
S = 3,000 x 1,5007 = 4.502,19 R$
Adotando como nomenclatura: nT para o período total
Ou então: S = P (1+i)n = 3.000×(1,07)6=4.502,19 R$ do financiamento ou empréstimo e nF uma fração inteira deste
mesmo período. E como iT e iF , respectivamente, as taxas de
juros conexas aos períodos considerados.

37
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
P (1 + iT ) = P ( 1 + iF )F  ( 1 + iT ) = ( 1 + iF)F
Demonstra-se a proporcionalidade entre estas duas taxas
ao serem igualados os montantes devidos pelo tomador na data Da expressão acima surgem duas situações:
pactuada para a quitação do contrato, conforme a definição de
taxas equivalentes. Ou seja: ST = SF. a) Conhecida a taxa de juros relativa ao período fracionário,
deseja-se conhecer a taxa de juros correlata ao período
iT
total. Então:


� = + �� −
if
b) Conhecida a taxa de juros relativa a um período maior,
ST=SF deseja-se conhecer a taxa de juros correlata a uma fração
P S1 inteira do mesmo. Então:

iF = F√ +iT -
0 1 2 3 4 n tempo

Esta operação de calcular a taxa menor correlacionada a


Figura 2.9 – Equivalência entre taxas de juros
uma taxa maior é denominada de “pro rata tempore”. Expressão
comumente adotada em contratos de financiamento ou
O montante, ST, a ser pago pela utilização de um capital P aplicação de capital.
contratado por um período nT e remunerado à taxa iT é:
Exemplificando: Seja calcular a taxa de juros trimestral,
ST = P (1+ iT ) calculada “pro rata tempore”, incidente sobre uma aplicação
financeira quando pactuada uma taxa de juros de 25% ao ano.
Por sua vez, o montante SF, a ser pago pela utilização do Matematicamente:
mesmo capital P contratado por um número de períodos nF ,
fração de nT e remunerado à taxa iF é : iTRI = √ +iANO - = , .
SF = P (1+ iF )F
Como um ano dispõe de quatro trimestres, a taxa a
ser considerada no pagamento dos juros é de 5,7371% ao
Como ST = SF, pois os dois montantes referem-se à mesma
trimestre, calculada utilizando a equação de equivalência de
operação financeira, e sendo iF uma fração de iT , obtém-se a
juros compostos.
equação de equivalência de juros compostos fazendo:

38
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

2.3.6 - Cuidados a observar.

Nos estudos de viabilidade há que se observar alguns


cuidados necessários a evitar a incidência em algum erro
conceitual, fato que inviabiliza a confiabilidade nos resultados
encontrados, quais sejam:

1º Considerando que empresas, investidores, etc., costumam Passo APLICAÇÕES EM TÍTULOS DO TESOURO NACIONAL
reinvestir quantias geradas, não se justifica a utilização de
juros simples em estudos econômicos.
1º Abra uma conta corrente em qualquer banco;
2º Ao ser utilizada a matemática dos juros compostos, faz-se
necessária à verificação de qual a efetiva taxa de juros Solicite ao gerente do banco cadastrar sua conta junto ao
2º Tesouro Nacional;
praticada e que correspondente ao período básico de
capitalização. É comum não ser a taxa de referência O Tesouro Nacional lhe enviará uma senha que o habilitará a
expressa em contrato a taxa de capitalização efetivamente 3º efetuar a aplicação desejada;
empregada no cálculo dos juros.
Realize sua aplicação, diretamente, através do site:
4º www.tesourodireto.gov.br
3º Efetuar, sempre, um diagrama de fluxo de caixa visando
visualizar, claramente, os procedimentos a serem O Tesouro Nacional lhe enviará um e-mail informando da
observados. 5º aplicação realizada.

4º Quando se trata da capitalização de aplicações, a Simultaneamente ao procedimento anterior, o Tesouro Nacional


6º efetuará o débito em sua conta corrente da importância aplicada.
matemática utilizada é a dos juros compostos.
Na data aprazada o Tesouro Nacional creditará,
5º Distinguir quando os juros são descontados e quando são 7º diretamente em sua conta corrente,
postecipados. o valor aplicado acrescido dos encargos pactuados.

39
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
2.3.7 - Exercício Resolvido. 2.3.8 - Exercícios Propostos.

Um terreno foi vendido e faltam pagar duas parcelas de R$ 90


2.3.8.1 - Sendo o rendimento de uma caderneta de poupança
mil, vencíveis em 90 e 120 dias. Estas parcelas serão corrigidas
8% ao trimestre, qual o seu rentabilidade anual? (36,05% aa).
à taxa de 152,00 % ao ano. Pergunta-se qual o valor de quitação
das prestações na data de hoje?
2.3.8.2 - Considerando ser a taxa de inflação anual de 54%, qual
a taxa média mensal? (3,66% a.m.)
R$

2.3.8.3 - Um contrato foi pactuado à taxa de 83,7337% ao ano.


Considerando que ele será quitado em prestações mensais,
90.000 90.000 iguais e consecutivas, pergunta-se qual deverá ser taxa de juros
mensais, efetiva, a ser utilizada no cálculo das prestações. (R:
5,20% a. m.)
mês
1 2 3 4
2.3.8.4 - Em quantos meses será possível triplicar uma aplicação
financeira quando pactuada à taxa de juros de 2,37%
1º - Definir a taxa de juros mensal: capitalizados mensalmente? (R: ≈ 47 meses).

imês= √ +iano - = √ + , - = , % a.m. 2.3.8.5 - Em quantos meses se pode levar uma aplicação no
valor de R$ 45 mil ao montante de R$ 100 mil, quando
2º - Calcular o Valor Presente das prestações – HOJE. capitalizados à taxa de 1,55% ao mês? ( R: ≈ 52 meses).

VP  
P1 P2 2.3.8.6 - Um comerciante obtém um empréstimo de um milhão
(1  i) 3
(1  i) 4 de reais a juros de 33% ao ano, pactuado a juros compostos.
Quanto pagará na ocasião do resgate se quitar o mesmo em

VP    71.444,90  66.152,69
cinco ou em dezessete meses? Compare os dados obtidos com
exercício similar efetuado a juros simples. (R: 1,1262 / 1,4978 
90.000 90.000
(1  0,08) (1  0,08)4
3
106 R$ )
VP = 137.597,59 R$ 2.3.8.7 - A empresa Alfa de Engenharia Ltda. Realizou um
empréstimo para aplicação em capital de giro junto ao banco
TDS a ser quitado em noventa dias.

40
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A importância da operação montou a R$ 750 mil sendo, a taxa nominal será determinada fazendo incidir sobre a
pactuados a taxa de 1,5% ao mês (juros compostos), porém taxa real de juros pactuada a variação percentual da inflação
cobrados antecipadamente. ocorrida no período.
iN  f (iR ;  )
Neste contexto solicita-se: o montante dos juros a serem
pagos; e qual a taxa efetiva da mesma. Como será demonstrado no item 2.4.2, a relação entre a
taxa nominal de juros, a taxa real e a inflação é dada,
2.3.8.8 - O banco TDS apresenta uma lucratividade de 30% ao matematicamente, pela seguinte expressão:
ano. Em quanto tempo os lucros gerados serão equivalentes ao
(1 + iN) = (1 + iR) (1 + )
capital aplicado pelos acionistas? (R: t = 2 anos e 8 meses).

2.3.8.9 - O Banco TDS efetua empréstimos pessoais cobrando


a taxa de 4,50% ao mês. Para clientes especiais, ele adota a Definindo então estas três taxas que estabelecem o valor
sistemática do juro postecipado. Para clientes normais, o juro das prestações ou a remuneração de um capital aplicado:
antecipado. Calcule a taxa efetiva mensal para uma operação de
90 dias, calculada a juros simples e a juros compostos. I- A taxa real é definida como sendo a efetiva remuneração
desejada por um investidor e é definida em termos de
moeda de poder aquisitivo constante. Nesta taxa não
2.4 - Relação entre as taxas nominal e real. esta considerada a incidência de inflação no período do
empréstimo.

2.4.1 – Efeito da Inflação. II - A taxa nominal é aquela empregada no calculo das


prestações e pagamentos. Ela é expressa em termos de
A inflação é um fato de capital importância a ser moeda de valor corrente e, matematicamente, equivale à
considerado nos estudos financeiros, especialmente quanto a taxa real acrescida da taxa de inflação ocorrida durante o
definição da taxa de juros adotada no pagamento de prestações período do empréstimo.
ou na quitação de empréstimos.
III - A inflação corresponde à perda do valor aquisitivo da
Isto porque, a taxa de inflação determinará o valor da taxa moeda no tempo, sendo expressa em porcentagem.
nominal de juros a ser utilizada no calculo do montante final,
também denominada de taxa efetiva.
Uma expedita diferenciação entre estas duas taxas é
A inflação corresponde a uma taxa de juros que mede a efetuada no seguinte exemplo: Seja verificar qual a taxa real e a
desvalorização da moeda a cada período de tempo. Assim taxa nominal de juros ocorrida, considerando o financiamento

41
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
relativo à uma importância P=1.000,00 R$ e que após um
determinado período tenha gerado o montante de R$ 1.500,00.
II - Cálculo da Taxa Real:

Constatou-se, neste período a ocorrência de uma taxa de Por definição, a taxa real é equivalente à taxa nominal,
inflação de 40%? porém em moeda de poder aquisitivo constante, isto é,
descontado o efeito da inflação.
iN Com Inflação M=1.500 R$

Considerando ter a taxa de inflação comportamento


M1 Φ Sem Inflação M = 1.071 R$ Inflação equivalente a uma taxa de juros, tem-se:
iR
M1 = (1 + ) M0  M0 = M1 ÷ (1 + ) 

Principal 1500
.
M0 + M0 = = 1.071,43 R$
Juros
1,4
P Principal

período Assim sendo, M1 ≡ M0, ou seja, R$ 1.071,43 é equivalente


0 1
0 1
à R$1.500 quando este valor é deflacionando à uma taxa de
Figura 2.10 – a: Efeito da Inflação. Figura 2.10 - b: Efeito da Inflação Aplicação.
40%.

A taxa real de juros, então, é medida pela razão entre o


acréscimo de dinheiro e o valor aplicado.
I - Calculo da Taxa Nominal:
. , - . . ,
A taxa nominal é definida ao se efetuar a razão entre os iR = = - → iR = , %
. .
juros pagos e o montante do principal sobre o qual renderam
esses juros. Conceitualmente, ela mede o incremento da moeda Analisando os resultados obtidos, a taxa nominal foi calculada
em termos de valor corrente e expresso em percentual. A taxa em 50% e a taxa real em 7,10%.
nominal será de 50% no período. Matematicamente:
Pelo exposto é possível verificar que, em face da inflação
M-P M
iN = ∴ iN = - ocorrida no período 01, a taxa nominal, iN, é muito superior à
P P taxa real, iR.
.
e, iN= - → iN = , %
.
42
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Ao entender a correlação existente entre a taxa real e a Pode-se afirmar também, considerando ser um período
taxa nominal de juros pode o tomador de recurso financeiro, único e a incidência de uma taxa nominal neste período que:
evitar o comprometimento de sua capacidade de pagamento se
o valor de sua renda evoluir na mesma proporção da inflação. M1 = P (1 + iN)

Substituindo na expressão acima a variável M1 em função


2.4.2 – Relação entre taxas. da sua expressão por M0:

A seguir é demonstrada a relação entre a taxa nominal e (1 + ) M0 = P (1 + iN)  (1 + ) P (1 + iR) = P (1 + iN)


a taxa real de juros, dada à inflação ocorrida em certo período.
Simplificando a variável P em ambos os lados da
Adotando como nomenclatura: iN = taxa nominal de juros; igualdade chega-se a expressão que relaciona a taxa nominal de
iR = taxa real de juros;  = taxa de inflação no período; M0 juros com a taxa real e a da inflação.
=montante a ser pago sem considerar a incidência da inflação;
M1 = montante a ser pago havendo a incidência da inflação; P = (1 + iN) = (1 + iR)  (1 + )
Principal ou capital tomado emprestado. 
iN = iR    iR  
Os procedimentos matemáticos para a atualização de
uma capital são expostos no quadro abaixo:
Da expressão acima se conclui que a taxa nominal de
juros é função do somatório da taxa real, da inflação no período
Procedimento e do produto da taxa da inflação pela taxa real.
Matemático
Finalizando, pode-se determinar a inflação num dado
1º - Acrescenta-se o juros ao principal. período, a taxa real e a taxa nominal de juros, a partir de um
2º - Aplica-se a taxa de inflação. montante conhecido e do valor investido ou principal, através
das seguintes expressões:
1  iR  0 e 1  iN 
M M1
Partindo do item anterior (Ver Figura 2.10 – Efeito da P P
inflação), pode-se afirmar que:

M1 = (1 + ) M0 1  
M1
M0 = P (1 + iR) e que
M0

43
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Como exemplo de aplicação, seja calcular a taxa de juros
a corrigir o valor de um título vencido há trinta dias, tendo sido
2.4.3 – Inflação e Índices.
pactuado que renderia juros de 2% ao mês acrescido da
correção monetária no período, definida em 1,5% neste último
mês. Inflação é definida como a perda do valor aquisitivo da
(1 + iN) = (1 + iR) (1 + ) moeda no tempo.

(1 + iN) = (1 + 0,02) (1 + 0,015)  iN = 3,53% A inflação é expressa em porcentagem e definida depois


de conhecidos os índices inflacionários atribuídos a cada
período.

Os índices inflacionários representam a evolução do


Memorize! custo de uma mercadoria, de um serviço por unidade de medida.

A taxa real de juros é utilizada quando não é Como exemplo destes índices tem-se: o CUB, que mede
considerada a ocorrência de inflação. Neste caso, o custo unitário básico para a construção civil, medido em
parte-se do princípio que a moeda em utilização dispõe R$/metro quadrado; o INPC, que mede o custo para sustentar
de poder aquisitivo constante. uma família, medido em R$/cesta de custo incorrido; ou a
Dinheiro em moeda constante i real. evolução do custo do aço, medida por R$/kg, todos esses
índices definidos para determinado período ou mês.

Adotando como nomenclatura: I0 para representar o


índice da inflação no período definido como data base e, In
representar o índice de inflação medido em uma data futura
qualquer “n”. E, representando por  a taxa de inflação ocorrida
A taxa nominal de juros é utilizada quando existe a
ocorrência de inflação. Neste caso, parte-se do
princípio da ocorrência de perda de valor aquisitivo da no período compreendido entre a data base e a data n.
moeda, no tempo.
Dinheiro em moeda inflacionada i nominal. A seguir será discutida a metodologia do calculo da
inflação passada, partindo do conhecimento de índices
inflacionários.

Por definição, a inflação havida no preço de um bem ou


serviço medido num período de tempo equivale à razão entre

44
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
In  Io In
  1
o incremento da evolução dos preços no período e o preço
verificado no período inicial.
Io Io
Φ Modelo este que mede a taxa de inflação acumulada e
I0 ocorrida entre os períodos de tempo zero e n, e expressa em
I1
termos percentuais.

t
0 n 2.4.4 – Tipos de Índices
Data Base Data n
Diversos são os tipos de índices inflacionários utilizados
Figura 2.11 - Inflação e Índices
no País. Cada um deles visando atender a um fim específico e,
portanto, dispondo de distinta metodologia em sua
Além disso, a taxa percentual de inflação ocorrida num determinação.
período pode ser facilmente estabelecida através da utilização
de índices inflacionários, como os já citados, que expressam a Esses índices podem ser destinados a medir a inflação
evolução da perda do valor aquisitivo da moeda, medida a partir de um modo geral, tais como o INPC – Índice Nacional de
de uma determinada data, definida esta como data base. Preços ao Consumidor; o IPCA – Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Ampliado; o IGP – Índice Geral de Preços, todos
Exprimindo a definição acima em termos matemáticos
P
destinados a medir a inflação incidente sobre o consumo das
tem-se que,  
famílias brasileiras ou do comércio em atacado.
ou, similarmente, considerando índices

I0n
P

inflacionários:  
Ou, medir de modo mais específico, a exemplo de custo
. materiais elétricos, serviços de transporte, do alumínio e do aço,
I0 do custo da construção civil, o CUB, ou de qualquer outro
segmento industrial.
Definindo como I0 o índice de inflação atribuído ao início
de um período, ou seja, à data base e In o índice de inflação Existem publicações que tratam, especificamente, deste
estabelecido para o final deste mesmo período, ao substituir o assunto tais como a revista Conjuntura Econômica uma
valor do incremento na expressão acima pelos índices que lhe publicação da Fundação Getúlio Vargas – FGV e a revista
deram origem tem-se: SUMA Econômica, mensalmente publicam uma coleção desses
índices. Ou sites da internet a exemplo de
http://www.debit.com.br.

45
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
No Brasil, o organismo responsável por acompanhar e
P0 P1 P2 P3 ...... Pn
divulgar índices oficiais de inflação é o IBGE – Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, a exemplo do INPC e do IPCA.
Φ0→1 Φ1→2 Φ2→3 Φ3→n
O IBGE produz índices que medem a inflação ocorrida em
diversos segmentos sociais do Brasil bem como os preços por
atacado, sendo os índices adotados oficialmente pelo governo e 0 1 2 3 n
pelos tribunais.
Figura 2.12 - Inflação por Período
No âmbito da construção civil, o mais festejado é o CUB –
Custo Unitário Básico da Construção, elaborado e publicado Geralmente, a cada período de tempo, ocorre uma taxa
mensalmente pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da de inflação distinta dos outros.
Construção Civil de cada região, cujo objeto é medir a inflação
ocorrida tanto em edificações residenciais, como em galpões, Como já comentado, a inflação corresponde a uma taxa
lojas e andares abertos. de juros que mede a desvalorização da moeda a cada período
de tempo.
Finalizando, faz-se um alerta quanto a cuidados a serem
observados ao serem utilizadas a taxa nominal e a taxa real de E, assim sendo, a taxa de inflação acumulada deve ser
juros, sob pena de cometer erro conceitual grave. calculada da forma idêntica à taxa de juros compostos.

A taxa real de juros é utilizada quando não é considerada A Figura 2.12 mostra a existência de inflação havida em
a ocorrência de inflação. Neste caso, parte-se do princípio que a cada período havido entre o momento 0 e o momento n.
moeda em utilização dispõe de poder aquisitivo constante.

A taxa nominal de juros é utilizada quando existe a 2.5.1 – Fórmulas Básicas.


ocorrência de inflação. Neste caso, parte-se do princípio da
perda de valor aquisitivo da moeda, no tempo. Neste item serão discutidos os modelos matemáticos
necessários para calcular a inflação acumulada utilizando as
taxas periódicas havidas e os índices de inflação.
2.5 – Inflação Acumulada.
Adotando como nomenclatura:
Inflação acumulada é aquela havida em determinado
espaço de tempo composto por vários períodos.  Po = preço no tempo 0;
 P1 = preço no tempo 1;

46
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 P2 = preço no tempo 2; Ao serem igualadas as duas expressões acima pode-se
 Pn = preço no tempo n; escrever a taxa de inflação ocorrida entre um período inicial 0,
 o1 = taxa da inflação existente entre o tempo 0-1; também denominado de data base, e um período qualquer n,
 o2 = taxa da inflação existente entre o tempo 0-2; denominado de período final, em função da taxa de inflação
  = inflação medida entre dois períodos quaisquer. medida em cada período intermediário k. Assim:
(1   )  (1  φ01 )(1  φ12 )(1  φ23 )(1  φ( n1)n ) )
n


A definição da taxa de inflação ocorrida entre dois 0

períodos consecutivos pode ser considerada identicamente

(1   )   (1  φn )
como o caso de calculo de juros simples incorridos entre dois n k
períodos consecutivos.
n 0
0

Então, para definir a inflação para diversos períodos


tem-se:
Considerando que os índices inflacionários, In, são
P1 = Po + Po o1 = Po (1+ o1 ) conhecidos, pois mensalmente determinados e publicados, é
possível calcular a taxa de inflação, , ocorrida entre um período
P2 = Po ( 1 + o1 ) ( 1 + 12 ) = Po ( 1+ o2 ) inicial, denominado zero, e um período qualquer denominado de
P3 = Po ( 1 + o1 ) ( 1 + 12 ) ( 1 + 23 ) = Po ( 1+ o3 )
n.

................................................................................... Como já visto a inflação ocorrida entre dois períodos


Pn = Po (1 + o-1) (1 + 1-2) (1 + 2-3)  (1+  (n-1)-n)
quaisquer é dada por:

 1
n In
0 Io
A expressão acima que permite atualizar monetariamente
Pn, pode ser expressa sob a seguinte notação, em que  Por exemplo, seja calcular a inflação acumulada da
representa a taxa de inflação medida entre uma data base, construção civil, medida em CUB, havida entre os meses de
denominada zero, e uma data qualquer n. Então: junho de 2005 e março de 2006.

Pn  Po  (1   )   n 1  1   3,98%
n março
n
I 894,68 2006

0 0
Io 860,43 março
2005

2.5.2 – Atualização de valores monetários.


47
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Então, calculando a atualização monetária em função da
Basicamente, um valor corrigido, P n, é equivalente ao taxa nominal de juros a ser aplicada para o número total de
valor inicial, P0, multiplicado pela taxa nominal de juros relativa a períodos n, tem-se:
todo o período da atualização pactuado. Pn = P0 × (1 + iNT)

Pn = P0 × (1 + iNT) Sabendo-se que a expressão da correção monetária de


um valor é dada por:
Pn  P0  (1   )
n
A taxa nominal de juros, como anteriormente visto, é
função de dois fatores: a remuneração real e periódica do
capital, iR ,e a correção monetária do período,  .
0
E que a expressão do montante dos juros simples pode
ser expressa sob a seguinte forma:
(1 + iN) = (1 + iR ) ( 1 +  )
Pn  P0  (1  n  iR )
Operacionalmente, a remuneração do capital pode ser Substituindo a expressão representativa da taxa nominal
efetuada adotando a matemática dos juros simples ou a dos de juros, (1 + iNT), pelas expressões do produto da taxa real de
juros compostos. juros para cada período e da correção monetária, chega-se à
expressão que permite a atualização de um valor monetário em
A correção monetária, ou seja, atualização monetária do se adotando a matemática dos juros simples.
valor é realizada segundo o índice pactuado em contrato, sendo
considerada nos dois casos da mesma maneira, como será
Pn  P0 (1   )  (1  n  iR )
n
analisado abaixo.
0

I. - Atualização adotando juros simples.


II. - Atualização adotando juros compostos.
A atualização do valor de Po, ou seja, Pn, é efetuada
partindo da expressão {(1+iN) = (1+ iR ) (1 +  )} , generalizada Adotando procedimento idêntico ao anterior, define-se a
para n períodos. Isto porque, a taxa de juros adotada na expressão que permite a atualização de um valor monetário em
atualização de valores monetários é a taxa nominal. E esta, a se adotando a matemática dos juros compostos.

Sabendo-se que: Pn  P0 (1  iR )n
taxa nominal, é função da taxa real – iR pactuada, e da inflação
no período, porém abrangendo todos os n períodos.

48
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
E, utilizando à mesma fórmula da correção da inflação,
chega-se à:
2.5.3 – Aplicação.
Pn  P0 (1   )  (1  iR )
n
n
0

Voltando agora para o caso da relação das taxas de juros,


conforme discutido no item 2.4.2 e sabendo que:

Pn = P0 × (1+ iNT)

Substituindo a expressão de Pn na expressão anterior,


têm-se o caso geral da taxa nominal de juros a corrigir um
pagamento único durante n períodos, considerando a incidência
da inflação no período e da taxa de remuneração do capital.

(1  iNT )  (1  )  (1  iR )n
n

2.5.3.1 – Correlação de Taxas de Juros.

Definir a taxa real, trimestral, de juros relativos a uma aplicação


de capital realizada pelo prazo de noventa dias. Os juros
nominais pactuados foram de 123,6543% ao ano. E, a inflação
no período foi, respectivamente, de: 1,2%; 0,9%; e 1,1% a cada
mês da aplicação. Considerar a aplicação efetuada sob a
matemática dos juros simples e juros compostos.

49
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
I – Juros Simples.

iNT    30,9136%a.t.
i ANO 123,6543
4 4
(1  iN )  (1  iRT )   (1  φ n )
3

n 1

1,309136 = (1 + iRT) x {1,012 x 1,009 x 1,011} 

iRT = 26,81% a.t.

II – Juros Compostos.

iNT  T 1  i ANO  1 iNT  4 1  1,236543  1  22,29%a.t.

(1 + iN) = (1 + iR) (1 + )

(1  iRT )   iRT  18,39%a.t.


1,2229
1,012  1,009  1,011

2.5.3.2 – Correção Monetária de Prestação.

Um dos serviços componentes de um contrato de empreitada foi


orçado em R$ 115.200,00. O contrato foi firmado em
10/fevereiro/2013 e o serviço em questão concluso em
10/setembro/2014. CUBn
Pn =P0 × 1+ ∅ = P0 × ∴
CUB0
Pede-se calcular o preço a ser pago pelo serviço, sabendo-se
que deverá ser corrigido pela variação mensal do CUB. 1.414,81
Pn =115.200 × ∴ Pn =135.323,32 R$.
1.204,42
50
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

2.6 – Exercícios Considerando Inflação. INPC 7.800,00 INPC 8.590,86


Mês 12 Mês 04

2.6.1 – A construtora CPI Ltda. financiou a aquisição de um MES


30/11 31/12 31/11 28/02 31/03 30/04
apartamento durante a construção de um condomínio
residencial.
Considerando que o valor do título foi atualizado
Solicita-se calcular o valor da prestação atualizada para a data monetariamente pelo INPC, calcule a taxa média mensal real de
de 10.12.2014, sabendo-se que: juros adotada para remunerar o capital. Seja adotando o calculo

por juros simples ou compostos. (R: 2,19% e 2,12 % a.m.)
Valor inicial da prestação: R$ 950,00
 Data de fechamento da operação: 10.01.2010.

2.6.4 - Um título no montante de R$5.700,00, vencido em
Juros pactuados: 8% ao ano.

30.01.2005, foi quitado em 30.06.2005 pelo valor de R$
Durante a construção a correção monetária será efetuada 7.639,00. Verifique se a atualização dos valores esta correta, já
pela variação mensal do CUB-SC, médio.

que foi pactuada a correção pelo índice do INPC e os juros em
Após a construção a correção ocorrerá pela variação 2,2 % ao mês (compostos). Caso haja divergência calcule a taxa
mensal do INPC.

de juros aplicada.
Entrega da obra: 25.07.2013.

2.6.2 - Um título cujo valor de face monta a R$ 12.500,00 venceu 2.6.5 - A importância de R$ 2.500 mil foi capitalizada pelo prazo
em 01 março de 2005 e não foi quitado na data aprazada. de quatorze meses, tendo sido pactuada uma taxa de juros
bruta, pré-fixada em 45% ao ano.
Calcular o montante necessário para quitar o título em
28 de fevereiro de 2006, sabendo que deverá ser corrigido pelo Após receber a importância devida, o aplicador
INPC, acrescido dos juros de 1,5% ao mês. Efetuar o solicitado descobriu que no período da aplicação ocorreu uma inflação
utilizando a matemática dos juros simples e a dos juros média mensal de 3,22% ao mês. Pergunta-se qual o ganho de
compostos. ( R$ 15.397,36 e R$ 15.601,15) capital no período.

2.6.6 - Um capital no montante de D$ 77.000,00 foi aplicado por


2.6.3 - Um título no montante de R$ 7.800,00, vencido em dois anos, tendo sido pactuada uma taxa real de juros
31.12.2005, foi quitado em 30.04.2006 pelo valor de R$ capitalizada a taxa de 0,50% ao mês.
8.590,86.

51
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Considerando que no primeiro ano da aplicação a inflação ao ser adotada uma taxa de desconto de 3% ao período.
medida foi de 34% e, no segundo, 48%, deseja-se saber: O Responder o mesmo questionamento caso ocorrer uma inflação
valor montante a ser recebido no final do período. E, A taxa de 2,3% a cada período.
nominal de aplicação para o período completo?
2.6.12 - Uma imobiliária vende um terreno em duas prestações
2.6.7 - Uma dívida no valor de R$ 28 mil foi paga com atraso de de R$ 150.000,00 vencíveis em 180 e 270 dias da data do
14 meses. Os juros pactuados eram de 10,5% ao mês. Calcule a negócio. Considerando serem os juros arbitrados em 83,00 % ao
diferença entre os juros pagos quando quitada sob a matemática ano e capitalizados trimestralmente, pergunta-se qual o
dos juros simples e a do composto. montante a ser pago, à vista, pelo terreno?

2.6.8 - Você recebeu uma carta de cobrança relativa a uma 2.6.13 - Qual a taxa de juros real pactuada sobre uma aplicação
compra efetuada a vinte e dois meses e não quitada. O valor financeira de 24 meses cuja taxa efetiva foi pactuada em 52%
cobrado montava a R$ 2.425,96, sendo que o total da nota fiscal a.a., tendo ocorrido uma inflação de 35% no período da
de origem da dívida somava a R$ 1.350,00. aplicação? ( 71,14% no período).

Pergunta-se: você concorda com o valor cobrado e qual seria 2.6.14 - Considerando a questão anterior, pergunta-se se a taxa
a sua proposta, dado seus conhecimentos sobre cobrança e de 52% pode ser denominada de taxa nominal, efetiva ou bruta.
a incidência de juros, visando quitar a dívida nesta data? Explique cada um dos conceitos.

2.6.15 - Uma aplicação financeira foi pactuada para um período


2.6.9 - A importância de R$ 53 mil foi aplicada pelo prazo de de nove meses, capitalizados mensalmente, a uma taxa de juros
setenta e sete dias, à taxa de 25,58% ao ano, calculada “pro de 27,5% ao ano. Sendo aplicados $ 75.000,00, qual será a
rata tempore”. Qual o montante a ser recebido no final do importância a ser recebida no final do período pactuado? ( R$
período quando os juros pactuados foram o composto? 89.988,46).

2.6.10 - Defina qual o valor da taxa de desconto comercial é


equivalente à da taxa de desconto racional, quando se sabe que 2.6.16 - Considerando a informação abaixo, informe:
um banco pratica uma taxa real de 2,5%, acrescida da inflação,
considerando operações de desconto de títulos pactuadas em  O crescimento nominal e real da economia ocorrido entre
noventa dias. E, o banco utilizou juros compostos. 1995 e 2005.
 O crescimento nominal e real da economia entre 2.000 e
2.6.11 - Você sabe que após 4 períodos vai necessitar da 2.008. ( Utilize o INPC-IBGE).
importância de R$ 7.000,00. Calcular o Valor Presente - VP e o  Qual o crescimento real médio no período?
Valor Futuro - VF após onze períodos da data em consideração,

52
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
2.6.17 - Solicita-se calcular:

- O valor percentual da inflação acumulada entre


01.01.1995 e 31.01.1998, calculada pelo INPC;

- O montante a ser recebido por uma aplicação de R$


700,00, contratada em 31.01.1995, por um prazo de três
anos, a juros de 7,5% ao ano e acrescido de correção
monetária. Sendo sua a decisão, qual dos índices você
escolheria caso fosse o aplicador do recurso: o INPC ou o
IGP-M?

2.6.18 - Qual o tempo necessário para triplicar um capital


Produto Interno Bruto Brasil quando este for capitalizado à taxa de 1,33 % ao mês? ( ≈ 83
Ano Em R$1.000.000 Variação anual real meses).
Preços Correntes Em %
1995 705.641 - 2.6.19 - Elaborar um único gráfico mostrando a taxa de
1996 843.966 2,2 crescimento nominal e a taxa real do lucro de uma empresa,
1997 939.147 3,4 conforme abaixo, utilizando como índice de correção monetária
1998 979.276 0,0 o Índice Nacional de Preços ao Consumidor do IBGE:
1999 1.065.000 0,3
2000 1.179.482 4,3 Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015
2001 1.302.135 1,3 Lucro
2002 1.477.822 2,7 650 760 790 850 880 920
10³ R$
2003 1.699.948 1,1
2004 1.941.498 5,7
2005 2.147.239 3,2
2.6.20 - A caixinha dos funcionários do Braspel, criada para
2006 2.369.484 4,0 atender rapidamente necessidades financeiras de seus
2007 2.661.345 6,1 associados, empresta e aplica dinheiro, praticando sempre a
2008 3.031.864 5,2 taxa de 8% ao período, para qualquer tipo de operação
2009(*) 3.143.015 - 0,3 financeira.
* Estimativa
A política de gestão da caixinha é a seguinte: Quando ela
toma capital emprestado, paga os juros no vencimento. Quando
empresta aos associados, os juros são cobrados

53
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
antecipadamente. Neste caso, o empréstimo tem como garantia a taxa de 15.50 % ao ano acrescido da correção monetária
um cheque pré-datado, a ser descontado no dia do pagamento. prevista para 5% no próximo exercício. Assim, deseja-se saber
qual a taxa de juros embutida na proposta do STS. E, se é
Assim, pergunta-se: vantajoso aplicar no STS, ou melhor, se é uma operação de
risco.
- Se José da Silva emprestar à caixinha a importância de R$
40.000,00 quanto a ele será devolvido no final de um mês? 2.6.25 - Um contrato de empreitada no montante de R$ 333,00
- Se José desejar retirar da caixinha, exatamente, a mil foi firmado em 01.08.2004. A última etapa executada e
importância de R$ 40.000,00, qual será o montante do cheque conclusa em 30.03.2005, no valor de R$ 27,00 mil, não foi
(pré-datado) a ser preenchido como garantia do empréstimo? quitada. O contrato previa o pagamento e a correção das etapas
- Na hipótese anterior, definir a taxa de juros efetivamente durante a construção segundo a variação mensal do CUB.
paga.
Solicita-se seja calculado o valor do montante necessário
2.6.21 - O capital de R$ 5.000,00 foi aplicado em 01.02.2006 e para quitar o título em 30.09.2005, sabendo que o índice
capitalizado durante sete meses, tendo rendido a importância de adotado para a correção da divida é o INPC, acrescido dos juros
R$ 1.077,53 em juros. Pergunta-se qual a taxa mensal de juros de 1,2% ao mês. Efetuar o solicitado utilizando a matemática
praticada. dos juros simples e a dos juros compostos.

2.6.22 - Defina em qual instituição financeira deverá ser 2.6.26 - Uma duplicata relativa à venda de material de
descontada uma duplicata emitida pela empresa Rota Norte, construção foi emitida com pagamento para 30/06/2006. No seu
vincenda em 90 dias. Sabe-se que o banco Brother Inc. pratica valor de face já estava embutida uma remuneração do capital de
uma taxa de juros simples de 5,5% ao mês; e, o banco Fast- 1,5% ao mês (juros compostos) e o principal sendo corrigido
Money Ltda, uma taxa de juros compostos de 4,98 % ao mês. pela projeção da variação mensal do CUB. Montando o valor de
(Ver, a seguir, o citado título). (R$ 23.300,00/23.139,27 R$). face em R$ 22.597,25, pergunta-se qual seria o valor a ser pago
visando a sua quitação sessenta dias antes de seu vencimento.
2.6.23 - O montante de R$ 7.000,00 foi aplicado em 15/12/2004,
capitalizado por cinco anos e atualizado monetariamente pelo
INPC. O valor resgatado foi de R$ 14.987,65. Pergunta-se qual a 2.6.27 - Uma empresa negociou a aquisição de um equipamento
taxa real de juros, mensal, incidente nesta operação financeira. no valor de R$ 22.000,00, financiada pelo fabricante e dividido
em seis parcelas mensais, iguais e consecutivas, sendo a
2.6.24 - O Banco STS S/A, lhe propôs uma aplicação em título primeira delas quitada na data da assinatura do contrato.
de capitalização de R$ 800,00, pelo prazo de 12 meses, findo Calcular o valor efetivo de cada uma das parcelas, sabendo que
os quais lhe devolverá R$ 1.080,00. Considerando que a a taxa de juros pactuada é de 3% ao mês.
aplicação em títulos do Tesouro Nacional remunera o investidor

54
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
2.6.28 - ENADE 2011. desconto de um conjunto de duplicatas no valor global de 928
Uma empresa fez um investimento inicial de R$ 100 mil mil reais, vencíveis em 30, 60 e 90 dias.
com uma taxa de retorno no primeiro mês de 10%; no final Você decidiu e realizou a operação com o BVC Inc.
desse período, necessitou fazer uma retirada de R$ 5 000,00.
Em reunião da diretoria da sua empresa, depois de realizada a
A empresa fez uma segunda aplicação do saldo a uma operação de credito, você foi questionado(a) quanto a operação
taxa de retorno de 8%. realizada, pois os juros cobrados pelo BVC Inc. são superiores
aos praticados pelo Square Financial.
Em um terceiro período, a empresa reaplicou, por mais
um mês, o saldo restante acrescido de R$ 7 000,00, agora a Dado o contexto pergunta-se: Qual a justificativa técnica que
uma taxa de retorno de 10%. A movimentação financeira da amparou a sua decisão? Demonstre.
empresa está representada no fluxo de caixa abaixo.

VF
100.000 R$

7.000,00

10% 1 8% 10%
2 3 período

Fonte: ENADE 2011


5.000.00

Com base na situação apresentada, o valor final (Valor


Futuro) do investimento da empresa será de: R$ 134.800,00; R$
132.400,00; R$ 128.900,00; R$ 127.700,00; R$ 102.000,00.

2.6.29 - Você, como gerente de uma empresa de engenharia,


foi aos bancos BVC Inc. e Square Financial, negociar o

55
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Rua Don João VI nº 1808 – cj. 007


CGC/MF nº 99.888.777/0001-23
Insc. Estadual – Isento
ROTA NORTE Bairro do Bonaparte – Rio de Janeiro – RJ
Engenharia e Construções Ltda.
Data de emissão: 20 de julho de 2006.
FATURA DUPLICATA VENCIMENTO Para uso da Instituição
Valor – R$ Número Valor – R$ Nº de Ordem Financeira.
20.10.2006
100.000,00 1.325 20.000,00 1.433 – C/E
Nota(s) Fiscal(is) nº 2.322/ 2323/2.329.
Desconto de: Até
Condições Especiais: a vista desconto de 5%.
....................................................

Nome do Sacado: Ipsis Literis Editora Ltda.


Endereço: Rua das Maitacas nº 666.
Assinatura do Emitente

Município: Rotunda Ária Estado: ST CEP: 11.111-999


Praça de Pagamento:
CGC ou CPF: 123.321.213/0001-02 Insc. Est. nº 31.313-03
VALOR (vinte mil reais)................................................................................
por extenso ...........................................................................................................
Reconheço(cemos) a exatidão desta Duplicata de Venda Mercantil, em pagamento parcelado na
importância acima que pagarei (emos) à Rota Norte Engenharia e Construções Ltda., ou a sua
ordem, na praça e vencimento indicados.

...................................... .................................................................
Data do aceite Assinatura do Sacado

56
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

3. Séries de Capitais. Série U ifor e Postecipada

Serie U ifor e A tecipada


3.0 – Introdução.

Por definição uma série de capitais é caracterizada como Série U ifor e I fi ita
sendo uma sequência de pagamentos periódicos, consecutivos
e que apresentem alguma lei de formação. Série Diferida
O estudo contido neste capítulo permite efetuar diversas
operações com juros e pagamentos realizados
corriqueiramente no comércio, facilitando o cálculo das As variáveis a serem consideradas no estudo de séries
variáveis desejadas através da adoção de modelos são: a taxa de juros pactuada, o número de períodos da
matemáticos, primordialmente quanto à análise de: operação, o valor presente, o valor futuro dos pagamentos
realizados e o valor da prestação.
i. Formação de fundos de capitalização, a exemplo de
depósitos programados em títulos de capitalização ou a
formação de capital visando à aquisição futura de bens; 3.1 – Série Uniforme Postecipada.
ii. Amortização de dívidas, mediante o pagamento de Uma série uniforme de pagamentos é dita postecipada,
prestações iguais e consecutivas, tais como operações de quando ocorre uma sucessão de pagamentos iguais, R,
crédito e compras a prazo; efetuados em intervalos regulares e constantes, sendo o
iii. Comparação dos resultados econômicos de operações primeiro pagamento realizado concomitantemente com o
financeiras ou análise de decisão entre investimentos que PRIMEIRO PERÍODO POSTERIOR à data da operação financeira que
rendam dividendos periódicos. lhes deu origem. Modelo da série postecipada na Figura 3.1.

Tomando como exemplo de uma série uniforme


Diversos tipos de séries de pagamentos podem ser
postecipada, Figura 3.1, a série de pagamentos iguais a “R” é
adotados nos empréstimos ou financiamentos, neste capítulo
iniciada após a pactuação do principal “P”, ocorrendo o primeiro
serão estudadas aquelas mais comumente utilizadas no
pagamento no primeiro período e, assim sucessivamente, até
comercio e no mercado de capitais brasileiro, a saber:
que o ultimo pagamento seja realizado no período n.

57
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
VP = P1+ P2 + P3 +∙∙∙∙∙ + Pn
R$
Sabendo que o valor presente de cada pagamento
Valor singular é dado pela expressão: Pk = Rk (1+ i)-k e, relacionando
Valor Presente
Futuro
o valor presente para cada “Pk”, com k variando de 1 a n, tem-
1 Per. se:
P =R ∙ +i −
R1 Rn P =R ∙ +i −
período P =R ∙ +i −
0 1 2 3 4 n ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
[P = R ∙ + i − ]
Figura 3.1 - Modelo de Série Postecipada
Ao ser somado os Pk para k = 1, 2, 3,...,n, obtém-se a
Nos itens a seguir, será demonstrado como calcular o expressão geral da soma de uma série de pagamentos iguais e
Valor Presente, VP(SP), e o Valor, VF(SP), Futuro de uma série consecutivos.
uniforme postecipada, conhecida a prestação R(SP), o número
de períodos e a taxa de juros pactuada. E, também, como VP(sp) = R(sp) (1 + i )-1 + R (1+ i )-2 + ... + R (1+ i )-n
determinar a prestação quando conhecidas as demais
variáveis, fato corriqueiro em empréstimos e vendas a prazo. VP(sp) = R(sp) {(1 + i)-1 + (1+ i)-2 + ... + (1+ i)-n }

A série representativa do segundo termo da expressão


3.1.1 - Valor Presente ou Valor Atual da Série Postecipada. acima, colocada entre chaves, pode ser caracterizada como
uma progressão geométrica cuja razão é q = (1 + i)-1 e o
Adotando como nomenclatura, Pk como sendo o valor primeiro termo a = (1 + i)-1.
presente associado a um pagamento singular qualquer Rk, e
Considerando que a soma de uma progressão geométrica
decrescente é dada pela expressão S(PG)  a  (1  q ) , após
considerando que, por definição, se dispõe de uma série n
uniforme de pagamentos, iguais, periódicos e consecutivos,
têm-se que: R1 = R2 = ···· = Rn = R. 1 q
serem substituídos seus termos pelos respectivos valores
(1  i)n  1
financeiros, chega-se a: S(PG) 
Matematicamente, o valor presente da série de
i  (1  i)n
pagamentos, VP, é obtido ao se efetuar o somatório dos , expressão esta
valores presentes de cada pagamento singular. Então:
denominada de fator de valor presente. Demonstrando:

58
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
n - - n) Então, dada a notação, o valor presente de uma série
a× -q +i ×( - +i
S PG = ∴ S PG = postecipada pode ser expresso como:
-q - +i -

VP(SP) = R  FVP n¬i = R(SP)  a ni


- × -
+i +i +i n +i +i n+
S PG = ∴ S PG =
+i -
- Tanto FVPn¬i como a ni são denominados de FATOR
+i +i
DE VALOR PRESENTE ou FATOR DE VALOR ATUAL de uma série de
+i +i +i pagamentos. Ver tabelas do Anexo-I.
S PG = ( - n+
) ∴ S PG = ( - )
i +i +i i +i +i n+
Assim sendo, o fator de valor presente permite
+i − determinar o montante do valor presente de uma série
PG = (− ) c. q. d. S PG = postecipada, ou seja, o valor de um bem na data de hoje,
i +i i +i
quando conhecida a prestação a ser praga, o número de
períodos envolvidos e a taxa de juros pactuada.
Substituindo a expressão da soma da progressão
geométrica decrescente, S (PG), na série acima, fica definida a
De modo inverso, ao se deseja conhecer o valor da
expressão do Valor Presente de uma série uniforme de
prestação a ser paga, quando conhecidos o capital a ser
pagamentos “R”, no caso do primeiro pagamento ocorrer um
financiado, a taxa de juros, e o prazo de pagamento, a fórmula
período após o início da operação financeira que lhe deu
acima é utilizada sob a seguinte forma:
origem:
 i  (1  i)n 
 (1  i)n  1 R(sp)  VP (sp)  
VP (sp)  R(sp)    (1  i)n  1
 i  (1  i)n 
Escrevendo, por facilidade de notação:
O termo entre colchetes expressa um fator que define o
valor atual da série postecipada quando o valor da prestação é  i  (1  i)n 
a unidade. Por motivo de facilidade de notação, este fator de é 
1
  FRCni  ani 
grafado sob a seguinte notação:  (1  i)  1
n

 (1  i)n  1 R(SP) = VP(SP)  FRCn¬i


   FVPn i  a ni
 i  (1  i)n 

59
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
1 número de termos da progressão. Substituindo os valores de q
ni
As expressões FRCn¬i e a correspondem à notação
resumida da expressão entre colchetes acima e são por (1+i):
denominadas de FATOR DE RECUPERAÇÃO DE CAPITAL a taxa de
juros i para n períodos. Ver Tabelas do Anexo-I. +i n - +i n -
S PG = =
+i - i

Ao se proceder as devidas substituições e de modo


Memorize ! idêntico ao caso do valor presente, chega-se a expressão do
Valor Futuro, VF(SP), de uma série de pagamentos iguais e
O VALOR PRESENTE DA SÉRIE POSTECIPADA OCORRE
consecutivos. Assim:

 (1  i)n  1
NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO DO

S(sp)  R(sp)  
PRIMEIRO PAGAMENTO. Valor Futuro:
 i 

E, em decorrência o valor da prestação é dado por:


3.1.2 - Valor Futuro da Série Postecipada.
 
R(sp)  S(sp)  
Valor da Prestação: i
O valor futuro de uma série de capitais postecipada
corresponde ao valor do somatório de todos os valores  (1  i)  1
n

integrantes da série, iguais e consecutivos, financeiramente


considerados na data do ultimo período da série. Noutras Identicamente ao caso do Valor Presente, as expressões
palavras, corresponde ao montante do capital disponível na entre colchetes são denominadas, respectivamente, de Fator
data do último pagamento da série, capitalizado de Valor Futuro e Fator de Formação de Capital de uma série
financeiramente à taxa pactuada. postecipada.

Obtém-se o Valor Futuro equivalente a uma série Por motivo de facilidade de notação, esses fatores
postecipada de modo similar ao utilizado para o cálculo do podem ser escritos sob forma resumida, quais sejam:
Valor Presente, considerando como razão da progressão
geométrica o fator q = (1+ i). +i n − i
[ ] ≡ FVF ¬i e, [ ] ≡FFCn¬i
i +i n -
A expressão da soma de uma progressão geométrica
qn  1
crescente é dada por: S(PG) 
Assim sendo, a expressão do valor futuro de uma série
q 1
em que n representa o postecipada quando conhecida a prestação e, vice versa, a
expressão da prestação quando conhecido o valor futuro de
60
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
uma série postecipada, podem ser expressos sob a seguinte
notação: Memorize !

S(SP) = R(SP)  FVFn¬i e, R(SP) = S(SP)  FFCn¬i O VALOR FUTURO DE UMA SÉRIE POSTECIPADA OCORRE
COINCIDENTEMENTE
COM A DATA DE SEU ULTIMO PAGAMENTO.
O Fator de Valor Futuro, FVFn¬i, permite estabelecer,
por unidade de capital, qual será o montante “S” a ser
disponível em data futura, quando conhecidos: o valor das
prestações, o período de capitalização e a taxa pactuada de 3.1.3 - Exemplo.
juros, “i”.
Como exemplo, seja o caso de uma loja de varejo que
A cultura das áreas econômica e do comércio de capitais vende um equipamento, a vista, por R$ 2.500,00. Deseja-se
adota a denominação de taxa de capitalização para a taxa de saber o valor do mesmo quando financiado em seis prestações
juros “i” quando se deseja conhecer o valor disponível após iguais, mensais e consecutivas, sabendo que a loja remunera
certo número de períodos de aplicação. seus ativos à taxa de 2% ao mês?

Analogamente, o Fator de Formação de Capital, FFCn¬i,  i  (1  i)n   0,02  (1  0,02) 6 


permite definir qual o valor das prestações, iguais e R(sp)  VP (sp)    2500   
 (1  i)  1
   (1  0,02)  1 
 
n n
consecutivas, a serem capitalizadas para que, no final de
determinado período se obtenha o montante “S”.
R (SP)= 2.500,00  0,1785 = 446,31R$
Identicamente ao anteriormente comentado, estes dois
fatores podem ser calculados e, também, encontrados em
tabelas financeiras. Ver Anexo - I.
3.1.4 - Comparando Juros Simples e Compostos.
Finalizando, alerta-se que neste caso de série
postecipada de pagamentos, o valor futuro da mesma é Seja o caso do financiamento de um automóvel novo no
definido coincidentemente com a data do último pagamento. valor de R$ 60 mil. Foi dado como entrada um veículo de
mesma marca, usado, no valor de R$ 45.000,00.

O financiamento do saldo, R4 15.000,00, foi pactuado


para ser quitado em 12 parcelas, a juros de 7% ao mês.

61
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Pretende-se analisar qual a forma de pagamento permite , × + ,
uma maior economia para o comprador. Para tanto será R k = . × = . , R$
+ , −
comparado se o financiamento deverá ser efetuado em
parcelas iguais, mensais e consecutivas, o que caracteriza
juros compostos. Ou por pagamentos crescentes, com cada b) Pagamento por juros simples.
parcela sendo atualizada pela matemática dos juros simples.
Neste caso o valor financiado, R$ 15.000,00, será
quitado em doze parcelas, mensais e consecutivas no valor de
R$ 1.250,00, corrigidas até a data do efetivo pagamento à taxa
a) Série Uniforme – Juros Compostos. de juros pactuada:

Neste caso, o valor a ser financiado monta a R$ 45 mil e 1ª Parcela: 1.250,00 x (1+1 x 0,07) = 1.337,50
o valor da prestação será calculado considerando que os 2ª Parcela: 1.250,00 x (1+2 x 0,07) = 1.425,00
pagamentos se comportam como uma série uniforme 3ª Parcela: 1.250,00 x (1+3 x 0,07) = 1.512,50
postecipada, com o primeiro pagamento ocorrendo trinta dias 4ª Parcela: 1.250,00 x (1+4 x 0,07) = 1.600,00
após a data do financiamento. 5ª Parcela: 1.250,00 x (1+5 x 0,07) = 1.687,50
6ª Parcela: 1.250,00 x (1+6 x 0,07) = 1.775,00
R$ 7ª Parcela: 1.250,00 x (1+7 x 0,07) = 1.862,50
8ª Parcela: 1.250,00 x (1+8 x 0,07) = 1.950,00
9ª Parcela: 1.250,00 x (1+9 x 0,07) = 2.037,50
10ª Parcela: 1.250,00 x (1+10 x 0,07) = 2.125,00
11ª Parcela: 1.250,00 x (1+11 x 0,07) = 2.212,50
1.888,52 R$/mês 12ª Parcela: 1.250,00 x (1+12 x 0,07) = 2.300,00
Mês
Valor total: .....................................R$ 21.825,00
1 3 6 9 12

15.000
c) Análise econômica.

A comparação dos valores obtidos por análise


econômica mede, simplesmente, apenas a diferença dos
 i  (1  i)n  desembolsos efetuados.
R(k)  VP (k)   
 (1  i)  1
n

Total dos desembolsos:

62
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 Juros compostos = 12 ×1.888,52 = 22.662,24 R$. termos da série no montante do valor presente passa a ser nulo
 Juros Simples = Σ parcelas pagas = 21.825,00 R$. ou irrisório. E, este fato é função do grande número de período
 Comparativo: Δ =Juros compostos - Juros simples das séries e da taxa de desconto praticada.
Δ = 22.662,24 - 21.825,00
Δ = 837,24 R$ � é � → � → ∞; �

Fica demonstrada uma economia de R$ 837,24, caso os Como exemplo de perpetuidade, pode-se citar o caso das
pagamentos fossem realizados adotando a matemática dos aposentadorias, prestação da casa própria ou remuneração
juros simples. dos fundos de pensão.

Partindo da expressão do valor presente de uma série


3.2 – Série Infinita. postecipada formada por pagamentos iguais, periódicos e
consecutivos, tem-se:
3.2.1 – Conceituação.
VP(SP) = R(SP)  FVPn¬i
Série infinita, também denominada série perpétua ou
perpetuidade de uma série postecipada, é definida como a Quando n   , tem-se: VP (si)  R(sp) Lim FVPn i
sequência de pagamentos “R”, iguais, periódicos e n
consecutivos, contendo um número muito grande de termos,
pelo qual é considerada infinita. Ver modelo na Figura 3.2. Substituindo a variável FVPn¬i pela sua expressão
R$
matemática tem-se:

 (1  i)n 
  
 (1  i)  1
1
Lim FVPn i = Lim  (1  i) (1  i)n  

n n

n   i  (1  1)n n  (1  i)n


  
=
n
Lim
  
 (1  i)n 
R1 Rn i

1
1
(1  i)n 1  0 1
Períodos

 
0 1 2 3 4 n →∞
Lim
n i i i
Figura 3.2 - Modelo de Série Infinita

Assim, fica demonstrada a expressão de uma


Uma série nestas condições é, matematicamente, Perpetuidade ou Série Perpétua, o que permite calcular o Valor
considerada como infinita porque a influência dos últimos
63
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Presente, VP(SI), de uma série infinita de prestações iguais,
periódicas e consecutivas: R . .
�P º = = = = , R$
+i , . . ,
R si
VP si =
i
Comparando os dois valores presentes, o que ocorrer no
Analisando tabelas financeiras, é possível verificar qual 100º período apresenta um valor irrisório comparado ao que
o período a partir do qual uma série postecipada pode ser ocorrer no 12º. Assim, fica comprovada a assertiva.
considerada como infinita e isto, também, é função direta da
taxa de juros praticada. Nas tabelas financeiras pode-se verificar os fatores de
valor presente cada vez menores com o tempo..
Deste modo, quanto maior a taxa de juros, menor é o
número de períodos necessários a caracterizar a série como
perpetuidade. 3.2.2 – Exercício Resolvido.

Isto porque, qualquer prestação muito distante da data a) Ao completar 10 anos, seu avo lhe abriu uma caderneta
de início, e conforme a taxa de desconto praticada produz um de poupança programada e passou a depositar a
valor presente insignificante ou próximo de zero, não influindo importância de R$ 750,00 por mês de então até a data
significativamente no aumento do montante do valor presente de sua formatura, 15 anos depois. Considerando que o
da série. banco remunera este tipo de investimento à taxa de 8%
ao ano, capitalizados mensalmente, determine o
Isto porque, qualquer prestação muito distante da data montante disponível na data formatura, a valor de hoje.
de início, e conforme a taxa de desconto praticada produz um
valor presente insignificante ou próximo de zero, não influindo i(ano) = 8% aa → i(mês) = 0,66667% a.m.
significativamente no aumento do montante do valor presente
da série. R si ,
P si = = = ,
i ,
Como exemplo da assertiva, sejam os valores presentes
de dois fluxos de caixa iguais, no valor de 400 mil reais, tendo Dos dados obtidos fazem-se os seguintes comentários:
como taxa de desconto 15%. O primeiro ocorrendo no 12º
período e o outro no 100º período.  O montante de R$112.499,40 corresponde ao valor, em
termos de valor aquisitivo medido no momento atual, da
R . . poupança em termos de moeda de poder aquisitivo
VP º = = = = . , R$
+i , , constante, já que desconsiderada a inflação no período.
64
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

 Além disto, justifica-se o calculo do valor presente utilizando VP B =45000+26250∙ FVP4¬3%


o conceito de perpetuidade, pois o horizonte das prestações
atinge 180 meses e, assim sendo, as últimas prestações
tem reduzida influência no montante do mesmo. 1+0,03 4 -1
VP B =45000+26250∙ [ ] =142.573,83 R$
0,03× 1+0,03 4
b) Você esta vendendo um apartamento no valor de R$
150.000,00. Um comprador lhe fez duas propostas para a Como VB (B) > VP(A), a Proposta B é a mais vantajosa.
venda em prestações, nas seguintes condições:
60.000 36.000 54.000
Proposta A: 40% de entrada. O saldo sendo pago em duas
parcelas sem correção:
 A primeira equivalente a 40% do saldo, a ser quitada em
60 dias;
 A segunda, equivalente a 60% do saldo, a ser paga em
120 dias. Prop. A
1 2 3 4 mês

Proposta B: 30% de entrada e o saldo sendo quitado em quatro


parcelas iguais, mensais e consecutivas, sem correção, 45.000
vencendo a primeira trinta dias após o fechamento do negócio.
Analise qual das opções seria a mais vantajosa sabendo
que você utiliza uma TMA = 3% ao mês. 26.250,00
Prop. B
Os diagramas de fluxo de caixa a seguir mostram as
1 2 3 4 mês
condições propostas.
Calculando o valor presente para cada proposta tem-se:
3.3 – Série Uniforme Antecipada.
VP(A)  60000    141.911,75R$
36000 54000
(1,03)2 (1,03)4
Uma Série Uniforme Antecipada é definida como sendo
a sucessão de pagamentos iguais, R, efetuada em intervalos
VP(A)  60000    141.911,75R$
36000 54000 regulares e constantes, cujo primeiro pagamento ocorra na
(1,03)2 (1,03)4
65
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
data da operação financeira que lhe deu origem. O modelo consecutivos, “R”, o primeiro pagamento ocorre na data da
desta série é apresentado na Figura 3.3. operação financeira que lhe deu origem.

Como exemplo de aplicação deste tipo de série, tem-se Ressalta-se que o primeiro pagamento da série ocorre
os casos de: coincidentemente com a data do pactuado. E, que valor futuro
desta série, VF(SA), ocorre um período após o pagamento da
I. Aplicação em depósito programado, também denominado de ultima prestação.
capitalização, quando é pactuado que uma determinada
importância “R” será recolhida em períodos pré- A seguir é demonstrado como calcular o Valor Presente,
determinados, a partir do momento de pactuação da VP(SA), e o Valor Futuro, VF(SA), da série antecipada de
operação financeira e cujo montante “VF” será devolvido ao pagamentos.
aplicador findo o período programado, um período após o
pagamento da última importância, e;
3.3.1 – Valor Presente da Série Antecipada.
II. Aquisição de um bem no valor “VP”, a ser quitado em
parcelas iguais e sucessivas iguais a “R”, sendo que a Efetuando o valor presente de cada um dos pagamentos
primeira parcela é quitada no momento da compra. singulares, VPK, pode-se escrever o valor presente da série de
pagamentos postecipada como:

R$
Valor Futuro
VP(SA) = VP1 + VP2+ VP3 + VP4 + ∙∙∙ + VPn

Valor Presente Escrevendo cada termo da expressão acima em função


1 Per.
de suas variáveis tem-se:

VP = R
R1 R2 Rn
VP = R ∙ + i − −
período
VP = R ∙ + i − −
0 1 2 3 4 n-1 n
VP = R ∙ + i − −
Figura 3.3 - Modelo de Série Antecipada ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
[VP = R ∙ + i − − − ]
Tomando como expressão gráfica de uma Série Uniforme
Antecipada o desenho da Figura 3.3, fica caracterizado que,
neste tipo de série de pagamentos iguais, periódicos e

66
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Substituindo o valor presente de cada pagamento
individual em função do pagamento a ser realizado, tem-se o +i n -
valor presente da série, VP(sa): VP sa = R sa × { }
i × +i n-
VP(SA) = R + R (1 + i) -1 + R (1 + i) -2 + R (1 + i) –3 + + R (1 + i) –n Ao se desejar conhecer o valor da prestação ou
VP(SA) = R { 1 + (1 +i ) -1 + (1 + i) -2 + (1+ i) –3 + + (1 + i) –n }
pagamento, R(SA), conhecido o montante do Valor Presente,
VP(SA), parte-se da expressão acima. Então:
Como definido anteriormente, a soma de uma
progressão geométrica decrescente é dada pela expressão i× +i n-
R sa =VP sa × { }
a -qn +i n -
S PG = -q
em que, substituindo pelos respectivos valores
+i n -
financeiros, chega-se a: PG = n-
i × +i
3.3.2 – Valor Futuro da Série Antecipada.
Demonstrando o processo:
Por definição, o valor futuro, VF(SA), de uma série de
( - pagamentos antecipada é definido no primeiro período
a -qn +i n)
S PG = ∴ S PG = ∴ subsequente ao do último pagamento. Modelo na Figura 3.4.
-q - +i A determinação do Valor Futuro da série antecipada
poderá ser efetuada, de modo mais expedito, partindo da
+i n - expressão do Valor Futuro de uma série postecipada.
+i n +i × +i n -
PG = = ∴
i i× +i n Para tanto determina-se, inicialmente, o Valor Futuro da
+i Série Postecipada - “S”. Estabelecido o valor de “S” para o
tempo t(n-1), o Valor Futuro da Série Antecipada – VF é definido
+i n -
S PG = ao se levar o valor de “S” para o período t(n).
i × +i n-
Matematicamente, o valor futuro da série antecipada,
Substituindo a expressão da soma da progressão
pode ser obtido ao se multiplicar o valor futuro da série
geométrica, S(PG), na série acima, fica definida a expressão do
postecipada, S, pelo fator de valor futuro de um pagamento
Valor Presente, VP(SA) de uma série de pagamentos
único. Isto porque, considerando um mesmo número de
antecipados:

67
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
períodos, a série antecipada inicia um período antes que o da Recomenda-se cuidado na aplicação dessas fórmulas
série postecipada. que envolvam o valor futuro da série antecipada, pois ele é
medido um período após a conclusão do período de
pagamentos.
VF(SP)≡S
VP(SA)
Como exemplo deste caso, seja a aplicação em
VF(SA) caderneta de poupança programada ou em título de
R1 Rn capitalização. O primeiro pagamento da série ocorre no
momento em que é pactuado o contrato de aplicação. O ultimo
momento da série ocorre um período após o ultimo pagamento,
0 1 2 3 4 n-1 n período já que este último pagamento deverá gerar juros por ainda mais
um período.
Figura 3.4 – Valor Futuro de Série Antecipada

Memorize !
Então: VF sa = +i ×VF sp

Ao se multiplicar por (1+i) cada termo de uma Série O VALOR FUTURO DE UMA SÉRIE UNIFORME ANTECIPADA
É DEFINIDO UM PERÍODO APÓS A DATA
Antecipada, obtém-se o valor de cada termo da série no momento
seguinte ao de sua realização, passando, então, a se comportar DE SEU ULTIMO PAGAMENTO.
como uma Série Postecipada, cuja soma já é conhecida.

+i n -
VF sa =R n × { × +i }
i
3.3.3 – Aplicação.
No caso inverso, ao ser conhecido o Valor Futuro de
uma série antecipada, o valor da sua prestação, R(SA), é dado a) Você é um profissional liberal e associado a uma
por: cooperativa de crédito. A cooperativa oferece uma
remuneração de 1,25% ao mês para aplicação em
i investimentos programados em títulos de capitalização.
R n =VF sa × { } Pergunta-se, qual a importância a ser investida visando
{ +i n- } × +i
adquirir um computador cujo preço é de R$ 5 mil no prazo
de quatorze meses?

68
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

R  VF 
i
{(1  i)  1}  (1  i)
n
Atenção:

R  5000   324,97R$
0,0125
{(1,0125)  1}  (1,0125)
Sendo o caso em pauta associado a uma série antecipada, o
14
número de período “´n” da série corresponde à duração total
pactuada para a operação, ou seja, 24 meses.
b) Calcular o montante de capital propiciado pela aquisição A devolução do capital investido ou o Valor Futuro da série ocorrerá
de um título de capitalização pactuado à taxa de 2% ao um período após a realização do ultimo pagamento.
mês e contratado por um período de dois anos, nas
seguintes situações:

 A valores da data de fechamento da operação, ou


seja, na data de hoje; I - Valor Presente: VP = R  FVP (24; 2%)
 E, o montante no final do período.
(1  i)n  1
VP  R 
i  (1  i)n 1
O valor da prestação contratada foi de D$ 700,00 por
mês.

(1,02)24  1
VP  700   13.504,54D$
0,02  (1,02  i)23
R$ - Valor Presente

VF = Valor Futuro
II - Valor Futuro: VF = R  FVF (24;2%)


 (1  i)  1 

es

VF  R    (1  i)
n
es
m


 

R$ 700,00/mês
24
=

i
n


 (1,02) 1 

VF  700    (1,02)  21,721,21D$
0 6 12 18 23 24 mês 24


 0,02 

69
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Deste modo, a aplicação mensal de D$ 700,00 pactuada Qualquer tipo de série pode ser considerada diferida, seja
por um prazo de 24 meses à taxa de 2% ao mês, ela uma série uniforme, uma série gradiente ou mesmo uma
corresponderá à importância de D$ 13.504,54 na data da sequência qualquer de pagamentos já que, em termos
aplicação e de D$ 21.721.21 no final do período. financeiros, diferir significa adiar a data do primeiro pagamento.

No fluxo de caixa representativo da operação, ficam


caracterizadas 24 prestações, pois a primeira delas ocorre na 3.4.1 – Metodologia.
data de fechamento da operação financeira. A última
prestação ocorre um mês antes do final do período, ou seja, no A determinação do Valor Presente de uma série diferida,
23º mês. VP(SD), é efetuada em dois passos:

1º passo - calcula-se o valor presente da série postecipada,


3.4 – Série Diferida. VP(k), como anteriormente demonstrado; Neste caso, o
momento inicial da série corresponde a um momento anterior
Uma série de pagamentos é dita diferida quando a ao do início de pagamentos;
primeira prestação ocorrer após o primeiro período. Ver Figura
3.5. 2º passo – disponível o valor presente da série postecipada,
VP(k), calcula-se o Valor Presente desejado, VP(SD). Para
O processo de calcular seja o valor presente, valor tanto, leva-se o valor de VP(k), a valor presente no momento
futuro, como a prestação de uma operação financeira em que o zero, ou seja, VP(SD).
primeiro pagamento é diferido, é um processo comum no
VP (SD) 
comércio varejista. VP (k )
(1  i)k
2º Passo 1 Passo

Por sua vez, sabendo-se que o Valor Presente de uma


série uniforme postecipada composta por (n-k) pagamentos
VP(k) iguais e consecutivos de valor R é dada por:
VP(0)

VP(k) = R  FVP (n-k; i%)


R R R R
Período
0 1 2 ∙∙∙∙∙∙∙ k k+1 k+2 k+3 ∙∙∙∙∙∙∙ n
Ao se substituir a expressão de VP(k) acima, na
Figura 3.5 – Modelo Série Diferida expressão de VP(SD), chega-se a expressão geral do valor
presente de uma série postecipada diferida.

70
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
R
VP SD = × FVP n − k; i Como segundo passo, calcula-se o valor presente da
+i
série tendo como momento inicial o mês 3.
É importante ressaltar que o momento k corresponde ao
“momento zero” da série uniforme, isto é, o período que O terceiro passo corresponde ao calculo do valor
precede o momento em que se iniciam os pagamentos. presente, como pagamento único, tendo como momento
inicial a data da operação ou seja, a data zero.

3.4.2 - Aplicação VP = R × FVP − ¬i% × k


+i
a) Calcular o valor da prestação relativa à venda de um
equipamento cujo preço monta a D$ 300 mil, negociado . = R × FVP7¬7% × + , 7 3
em sete prestações iguais, mensais e consecutivas,
vencendo a primeira delas cento e vinte dias após o
fechamento do negócio. A empresa adota uma TMA de . = R× , × = × , × , ∴
+ ,
7% ao mês.
R = 72.966,12 D$/mês
R$

b) A empresa Mercado Fácil oferta computadores a serem


R pagos em seis prestações iguais, mensais e consecutivas no
Mês valor de R$ 588,00, sendo a primeira delas vincenda em
2 4 6 8 10 noventa dias. Qual o valor a ser pago a vista sabendo que a
empresa pratica juros de 2% ao mês em seus financiamentos?
300.000,00

VP (SD)   FVP ( n - k, i)
R
(1  i) k

VP (SD)   FVP ( 6, 2%)


Como primeiro passo, deve-se elaborar o diagrama de 588,00
fluxo de caixa do empreendimento.
(1  0,02) 2
O diagrama mostra que a série de pagamentos inicia no
mês 4, sendo seu momento inicial referido ao mês 3.
71
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

VP(SD)   5,6014  3.165,74R$


588,00 primeiro pagamento ocorrendo após 120 dias contados
da data da compra.
1,0404
b.4. Entrada e mais dez pagamentos mensais e
consecutivos, todos iguais e no valor de D$ 9.899,00 por
mês.
3.5 – Exercícios Propostos.
3.5.3 – O gerente da empresa “Só no Barato Varejão Ltda.”
3.5.1 - A empresa Seminovos Veículos Ltda. vende um analisa a aquisição de um lote de televisores junto à Quick-
automóvel, a vista, por R$ 110.000,00. Qual será o valor da Delivery.
prestação considerando um plano de pagamento para ser
quitado em 10 meses a juros de 7% ao mês? As prestações Sabe-se que um lote contém 230 televisores e o preço de cada
deverão ser iguais, mensais e consecutivas. aparelho da QUICK é de R$ 569,99.
Considere: 1º) plano com entrada no valor de R$ 10 mil, O gerente planeja vender aparelhos nas seguintes condições:
vencendo a primeira em trinta dias; 2º) plano sem entrada,

vencendo a primeira em trinta dias da operação; 3º) plano com
A vista com 10% de desconto;

o valor da entrada igual ao valor das dez prestações mensais.
Financiamento sem entrada, pago em quatro prestações
iguais, mensais e consecutivas de R$ 179,99;

3.5.2 - O gerente da empresa Quick-Delivery Lted, empresa do
ramo de atacado, propôs ao “Controler” da mesma os Financiamento em cinco parcelas iguais, mensais e
seguintes planos de pagamento visando à venda de lotes de consecutivas no valor de R$ 195,95 cada, com a
televisores Telecor, conforme abaixo. Os lotes vêm sendo primeira parcela vincenda em 90 dias após a venda.
vendidos, atualmente, por D$110.000,00, porém apresentando
crescente dificuldade de comercialização, dado o lançamento A empresa Sónobarato Varejão Ltda. prevê colocar no
de novos produtos no mercado. mercado sessenta unidades por mês. O custo de capital
Sendo o preço de aquisição dos televisores D$ 63.000,00 qual praticado pelo Varejão é de 18% ao ano e adota um mark-up
será a decisão do Controler? de 33%. Sendo você o diretor financeiro do Varejão pergunta-
se: qual dos planos oferecido será o escolhido?
Considerar uma taxa de desconto de 2,5% ao período.
b.1. À vista com 20% de desconto.
b.2. Dez pagamentos, sem entrada, iguais e consecutivos 3.5.4 - Você vende um imóvel por D$ 36.000,00, para receber
no valor de D$10.099,00 por mês, vencendo a primeira nas condições abaixo. Qual seria o valor a vista da cada
em trinta dias da operação. proposta, considerando as abaixo enumeradas, e sabendo que
b.3. Dez pagamentos mensais e consecutivos no você pratica um custo de capital é de 15% a.a.?
montante de D$10.777,00 por mês, sem entrada, com o
72
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 Com parte à vista e 60% do total no prazo de trinta dias. 3.5.8 - Você deseja adquirir um veículo cujo preço é de R$
 O 1º pagamento em 6 meses (50%) e o final em um ano. 36.000,00. Qual será a sua opção de negócio, entre as
 Em 12 pagamentos, iguais, mensais e consecutivos de D$ seguintes situações:
3.000,00.
 Em 8 pagamentos iguais, mensais e consecutivos de D$ 1ª) Adquirir o veículo por financiamento através do pagamento
4.650,00. de 14 prestações mensais, iguais e consecutivas, com juros
 Considere as opções acima quando ocorrer uma inflação de pactuados à taxa de 26,8242% ao ano;
20,22% ao ano.
2ª) ou, utilizando uma poupança mensal, cujo prazo é
idêntico à anterior, com taxa de oportunidade de 1,3% ao mês
3.5.5 - Calcular o preço a vista de um produto, sabendo-se e adquirir o veiculo após dispor do capital necessário?
que o mesmo é ofertado para pagamento em 5 parcelas. A
primeira equivalente a 30% do valor a vista, quitada no ato da 3.5.9 - Verifique se sua empresa, efetuando uma poupança
compra; As outras quatro parcelas, iguais e consecutivas, no mensal de US$ 2.500,00 aplicados à taxa de oportunidade de
valor de R$ 150,00 cada, vencíveis em 30/60/90/120 dias. 1,20% ao mês e após dez meses, disporá de recursos próprios
Considerar um custo de capital de 2% ao mês. para adquirir um equipamento cujo valor de mercado, hoje,
monta a US$ 26.000,00?
3.5.6 - Um fornecedor de computadores pessoais oferece o
modelo BO-800, a vista, por US$ 1.175,00. Ou, a prazo, em 3.5.10 - Um veículo cujo valor de venda, nesta data, é de R$
pagamentos iguais de US$ 80,00, sendo uma entrada e mais 24.500,00, foi anunciado para ser pago em dez prestações
20 pagamentos mensais e consecutivos. iguais, mensais e consecutivas no valor de 2.796,00 R$,
Verifique qual das duas situações lhe é mais interessante. A vencível a primeira em sessenta dias. O anunciante proclama
taxa de juros a ser estabelecida é a sua taxa de oportunidade. que os juros cobrados são de 1,5% ao mês, sem correção
monetária. Verifique se isto é verdade.

3.5.7 - Sua empresa necessita da importância de R$


175.000,00, no prazo de 15 meses, para ser aplicada num 3.5.11 - Analise a diferença, mensal e total, dos juros pagos
novo projeto de investimento. O banco onde operam oferece, quando da quitação de uma dívida no montante de R$ 28 mil.
para clientes institucionais, uma taxa de juros de 3% ao mês Os juros foram pactuados em 3,5% ao mês, nas seguintes
para contratos de capitalização programados. Quanto deverá condições:
ser o valor da aplicação mensal, para que sua empresa
disponha da importância citada no momento desejado?  Pagamento em seis prestações iguais, mensais e
consecutivas, com a primeira quitada na data da
operação;

73
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
 A mesma situação anterior, porém sob a égide dos juros
simples.
3.5.15 - Um título com valor de face de R$ 290,00, vencido em
3.5.12 - Considerando os coeficientes definidos no exercício 31 de março de 2004 foi pago com 27 meses de atraso. O valor
anterior, pergunta-se qual será o valor da prestação de um pago montou a R$ 1.066,91. Deseja-se saber qual a taxa
veículo cujo preço de tabela monta a R$ 36 mil, negociado nas efetivamente paga, bem como a taxa real de juros já que o
seguintes condições: uma entrada equivalente a 30% do valor mesmo foi corrigido pelo INPC.
do bem e o saldo quitado em cinco prestações iguais, mensais
e consecutivas, vincendo a primeira em sessenta dias?
3.5.16 -- Uma empresa varejista, visando orientar seus
vendedores, deseja estabelecer coeficientes multiplicadores
3.5.13 - Analise o interesse da empresa varejista, definida no para facilitar o calculo das prestações de seus produtos.
exercício anterior, em promover a venda de seus produtos de
modo financiado e desestimular as vendas à vista, sabendo-se É política da empresa disponibilizar aos clientes vários
que: planos de financiamento, todos apresentando prestações em
parcelas iguais, mensais e consecutivas.
 A empresa não oferece descontos para vendas à vista;
 Sobre o preço de vendas a empresa recolhe um tributo Além disto, os clientes poderão optar pelo número de
na ordem de 17% do valor agregado, recolhidos ao fisco prestações e por várias datas de início dos pagamentos,
no mês da operação financeira; segundo o plano de financiamento exposto no quadro !Plano
 Sobre os ganhos de financiamento não incide o tributo de Financiamento”.
acima;
 A empresa pratica um mark-up de 35%; Considerando que as prestações deverão ser definidas
 Aplicações realizadas no mercado financeiro rendem, com a incidência de diversas taxas de juros que variam
em média, 1,1% ao mês. segundo a característica de cada tipo de financiamento,
solicita-se estabelecer os multiplicadores dado as condições
abaixo.
3.5.14 - Um veículo no valor de R$ 28 mil foi financiado em
Plano de Financiamento
Prestação = k  valor financiado
seis prestações iguais, mensais e consecutivas, no valor de R$
5.254,71 cada, sendo que a primeira foi quitada na data do
Finan. Numero Data da 1ª Juros Coeficiente
fechamento do negócio. A taxa de juros pactuada para o Tipo Prestações Prestação Ao Mês Multiplicador
financiamento foi de 3,5% ao mês. Se fosse pactuado a juros 1 3 30 dias 1,50%
simples, deseja-se saber qual o valor da prestação a ser 2 3 60 dias 1,75%
cobrada.
74
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
3 3 90 dias 2,00%
4 5 30 dias 1,50% 3.5.18 - Uma empresa negociou uma dívida de R$ 10 mil junto
5 5 60 dias 1,75% a um banco, solicitando pagá-la em parcelas mensais de R$
6 5 90 dias 2,00% 1.800,00. Sabendo-se que a taxa de juros cobrada em
7 7 30 dias 1,50%
empréstimos deste tipo é de 32,52% ao ano, pergunta-se:
quantas parcelas serão necessárias para quitar o débito?
8 7 60 dias 1,75%
9 7 90 dias 2,00%

3.5.17 - Uma vantagem da obtenção de um diploma de curso


superior é a perspectiva de melhores ganhos futuros, em
comparação com os que não têm titulação. Existe a estima que
a graduação em uma faculdade tenha um custo equivalente de
$28.000 a preços da época da formatura.

Há o entendimento, também, que os benefícios de uma


formação superior se farão sentir durante quarenta anos de
vida profissional e que, em comparação com outros
profissionais não titulados, o mercado vem praticando um
salário de $3.000/ano superior àqueles, durante os dez
primeiros anos após a conclusão do curso.

E, durante os dez anos subsequentes, dado o ganho de


experiência, ocorre uma previsão de renda anual superior em $
6.000 a de profissionais não graduados.

Durante os vinte anos subsequentes o mercado vem


apresentado um salário superior em $12.000 acima daquele
pago a pessoas não graduadas. Admitindo que estas
estimativas estejam corretas, qual será a taxa interna de
retorno prevista como resultado do investimento em curso
superior?

75
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

76
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
cada período. Assim, diferentemente do curto prazo, a
prestação nos empréstimos de longo prazo é composta de
4. Amortizações de Dívidas duas partes: os juros e a amortização.

4.1 – Tipos de Sistemas. PRESTAÇÃO = AMORTIZAÇÃO + JUROS DO PERÍODO

O modo de pagamento de dívidas ou empréstimos é função A amortização corresponde à devolução do principal ou do


do prazo pactuado, do montante e dos juros contratados. capital tomado emprestado a cada período o que permite
reduzir o montante devido. Os juros, por sua vez, são
Sob a ótica do prazo, podem ser classificados em: de curto, calculados período a período sobre o saldo devedor
médio ou de longo prazo. apresentado no período imediatamente anterior ao daquele em
que se vai efetuar o pagamento de uma prestação qualquer.
Os empréstimos de curto e médio prazo geralmente
saldados num prazo de até três anos são calculados conforme No Brasil, o procedimento para amortização do saldo
anteriormente discutido, quando adotados os sistemas de juros devedor é definido por lei e deve ser efetuado em
simples e compostos. conformidade com o art. 6º, alínea “c”, da Lei nº. 4.380/64, que
diz:
Nestes casos, o capital tomado rende juros durante todo o
prazo pactuado. Como exemplos desses empréstimos, citam- “c) ao menos parte do financiamento, ou do preço a ser
se: compras a prazo realizadas no mercado varejista de bens pago, seja amortizado em prestações mensais
de consumo durável e os empréstimos em conta corrente sucessivas, de igual valor, antes do reajustamento,
realizados pelos bancos comerciais. que incluam amortização e juros.”

Os empréstimos de longo prazo são aqueles realizados com Dentro deste contexto, o novo saldo devedor somente
prazos superiores a dois ou três anos, sendo as importâncias deverá ser corrigido depois de amortizada parte da dívida
envolvidas mais vultosas do que as consideradas nos existente naquele período. Deste modo, a amortização
empréstimos anteriores. Esses empréstimos são, geralmente, efetuada em determinado período abate parte do saldo
adotados para o financiamento de bens de capital utilizados por devedor existente. Após esta operação é que será efetuada a
empresas e da casa própria, sendo operacionalizados por correção do saldo devedor, gerando um novo saldo devedor
instituições ou bancos de investimentos. para o período subsequente.

Nos empréstimos de longo prazo, os juros incidem somente Existem diversas metodologias para a quitação dos
sobre o saldo devedor e uma parte de principal é devolvida a empréstimos de longo prazo. E, elas são distintas segundo a
77
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
forma de calcular os juros ou a amortização. A seguir são fluxo de caixa da empresa seu valor é reduzido pela influência
apresentadas quatro das metodologias mais utilizadas: dos tributos que incidem sobre a renda.

 Sistema de amortização constante - SAC Finalizando, um fator a não ser menosprezado em


 Sistema de prestação constante - PRICE financiamentos é quanto à consideração de impostos, taxas e
 Sistema americano comissões, etc., aplicados sobre operações financeiras e que
 Sistema de amortização variável alteram a taxa real a ser paga pelo tomador do empréstimo.
 Sistema de amortização crescente – SACRE/CEF.
 Sistema Alemão Eles reduzem o valor real disponível pela empresa e podem
alterar a atratividade de algum financiamento ou projeto de
Conforme o contrato pactuado entre as partes, os juros investimento.
podem ser pagos, ou não, durante o prazo de carência. Por
prazo de carência é entendido como o período, ou períodos,
em que não ocorre o pagamento de amortizações. 4.2 - Sistemas de Amortização Constante - SAC

Ocorrendo a hipótese de não haver pagamento de juros 4.2.1 – A metodologia


durante o prazo de carência, eles são incorporados ao
principal. Nesse caso, o saldo a cada período fica acrescido No sistema de amortização constante, as prestações
dos juros vencidos e que são incorporados ao montante do são decrescentes e a amortização proporcional ao número de
financiamento. Sobre esse montante é que serão calculadas as períodos pactuados para a devolução do principal ou do saldo
prestações e as amortizações. devedor.

A individualização do valor da amortização e dos juros que Saldo Devedor


a=
compõem cada prestação é importante para a escrituração Período de Amortização
contábil e da definição do fluxo de caixa líquido de cada
exercício. Definida a amortização, os juros são calculados, período
a período, sobre o saldo devedor existente no início do período,
A amortização é lançada no balanço patrimonial como conta sob a égide da matemática dos juros simples.
integrante do ativo imobilizado, registrando o aumento de
patrimônio da empresa. No caso de avaliação do fluxo de caixa A prestação, finalmente, é obtida somando o valor dos
da empresa é considerada por seu valor integral. juros à amortização anteriormente calculada.

Os juros são contabilmente lançados como conta de


despesa, integrando as contas de resultado do exercício. No
78
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O sistema SAC permite o estabelecimento de prazo de Define-se o montante a ser financiado. Em caso de carência, os

carência. Neste caso, os juros poderão, ou não, serem pagos juros poderão ser ou não incorporados ao principal;
durante o prazo de carência.
2º Calcula-se o valor da amortização;
Quando ocorre a dispensa do recolhimento de juros
durante a carência eles são incorporados ao principal gerando 3º Calcula-se o valor dos juros sobre o saldo devedor;
um novo saldo devedor. E, é sobre esse novo saldo devedor
que a amortização deverá ser calculada. A prestação do período é definida somando-se o

valor da amortização ao valor dos juros calculados;

Prestação Calcula-se o novo saldo devedor diminuindo-se do



saldo havido no início do período o valor da amortização;

Repete-se sucessivamente esta operação



até ser definido o valor da ultima prestação.

JUROS

4.2.2 - Exemplo.
AMORTIZAÇÃO
Períodos Seja calcular a prestação relativa a um empréstimo no
1 2 3 ............................................ n montante de D$100.000,00 cujo prazo da operação foi
estabelecido em seis anos. Para tanto, foram pactuados juros
Financiamento de 10% ao ano e um prazo de carência de trinta e seis meses
em que os juros incorridos deverão ser pagos durante este
prazo.

Fig. 4.1 – Modelo de Sistema Amortização Constante Juros


Ano Saque Saldo Amortização Prestação
10%
0 100.000,00 100.000,00 - - -
1 - 100.000,00 - 10.000,00 10.000,00
2 - 100.000,00 - 10.000,00 10.000,00
O calculo da prestação, então, segue a seguinte 3 - 75.000,00 25.000,00 10.000,00 35.000,00
metodologia: 4 - 50.000,00 25.000,00 7.500,00 32.500,00
5 - 25.000,00 25.000,00 5.000,00 30.000,00
6 - - 25.000,00 2.500,00 27.500,00
Tot. - - 100.000,00 45.000,00 145.000,00

79
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Como o valor da prestação é definido a priori, o


amortização   25.000,00D$ / ano
100.000,00 resultado obtido já engloba o valor dos juros e da amortização.
4
Neste caso, então, os juros são definidos, período a
período, sobre o saldo devedor. E a amortização de cada
período é obtida diminuindo do valor da prestação o montante
4.3 - Sistemas de prestação constante dos juros calculados.

4.3.1 - Conceituação Adotando como nomenclatura: R(SP) = saldo devedor e


R(SP) a prestação. E, sendo o valor da prestação definido
O sistema de prestação constante, também denominado segundo a metodologia da série de pagamentos postecipada,
de Sistema Francês tem como característica principal a tem-se:
constância do valor das prestações.
R(SP) = S(SP) x FRC n¬i
As prestações são consideradas como uma série
uniforme de pagamentos postecipados. Tendo sido pactuado prazo de carência, os juros
poderão ser pagos durante este prazo ou então incorporados
Prestação ao principal, da mesma forma que no processo anterior.
R$
No sistema em pauta, o valor da amortização é
crescente e o valor dos juros decrescente.

JUROS Pelas próprias características do processo de cálculo, é


possível ocorrer saldo devedor no final do contrato. Porém,
AMORTIZAÇÃO como foram estabelecidas, em número e valor, as prestações
Períodos devidas, a dívida é quitada concomitantemente com o
1 2 3 .............................. n pagamento da última prestação, havendo ou não ocorrência de
saldo residual.
Financiamento

4.3.2 – Metodologia de Calculo.

Fig.4.2 – Modelo de Prestação Constante

80
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A metodologia de calculo utilizada para definir prestação
e os seus parâmetros de amortização e juros é a seguinte: Logo: R = 100.000,00  0,2637975 = 26.379,75 R$

Define-se o montante a ser financiado. Em caso de carência,



os juros poderão ou não ser incorporados ao principal; Saldo Prestação Amortização Juros
Per
R$ R$ R$ I=10%
Calcula-se o valor da prestação considerando-a 0 100.000,00 - - -

como uma série postecipada;
1 83.620,25 26.379,75 16.379,75 10.000,00
Calcula-se o valor dos juros sobre o saldo devedor; 2 65.602,53 26.379,75 18.017,72 8.362,03

(Juros)n = i × (Saldo Devedor)n-1
3 45.783,03 26.379,75 19.819,50 6.560,25
O valor da amortização é definido ao se diminuir 4 23.981,58 26.379,75 21.801,45 4.578,30

do valor da prestação o valor dos juros do período: An =Pn - Jn 5 0,00 26.379,75 23.981,58 2.398,16
Calcula-se o saldo devedor para o próximo período:  131.898,75 100.000,00 31.898,74

Sn+1 = Sn – An

Repete-se a metodologia até se obter os valores



da amortização e dos juros relativos à ultima prestação. 4.3.4 - O Sistema Price.

O sistema Price é uma variante do Sistema Francês


largamente utilizado no comércio e definido com as seguintes
características:

4.3.3 - Exemplo. a) Taxa de juros contratada em termos nominais, normalmente


referidas ao período de um ano.

Seja calcular o valor da prestação, dos juros e da b) O pagamento das prestações comumente pactuado em base
amortização referentes a um empréstimo no montante de mensal.
D$100.000,00 a ser quitado em cinco anos, com juros c) A taxa de cálculo utilizada é proporcional ao período da
pactuados em 10% ao ano, em que não ocorre prazo de prestação, obtida a partir da taxa nominal.
carência.
É importante notar que as prestações correspondem a
uma série de pagamentos postecipada sendo eles iguais,
4.4 – O sistema de amortização variável.
anuais e consecutivos.

O valor da prestação é dado por: R = S  FRC(5¬10%).


4.4.1 – Conceituação.

81
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
O Sistema de Amortização Variável é um sistema que Pelo exposto, este é um sistema extremamente flexível,
difere dos anteriores, pois não existe definição de lei de cujo objetivo é manter a capacidade de pagamento do tomador
formação na definição das prestações ou da amortização. do recurso adequada às condições do fluxo de caixa, visando à
estabilidade financeira da empresa.
O objetivo maior desse sistema é adequar a capacidade
de pagamento do tomador ao fluxo de caixa a ser gerado pelo
4.4.2 - Metodologia
projeto, visando o manter superavitário em todos os períodos.

Nestas condições, tanto as amortizações como as As prestações em amortização variável seguem a


prestações podem variar a cada período. seguinte metodologia:

Os juros são calculados sobre o saldo devedor. E, em


1º Define-se o montante a ser financiado.
havendo prazo de carência, podem ou não ser incorporados ao
saldo devedor.
O valor da amortização é estabelecido para cada período,
Prestação 2º
R$ segundo a capacidade de pagamento do tomador.

Calcula-se o valor dos juros sobre o saldo devedor.



(Juros)n = iEFT × (Saldo Devedor)n-1

Define-se o valor da prestação para o período:



P n = A n + Jn

Calcula-se o saldo devedor para o próximo período:


JUROS 5º
Sn+1 = Sn – An

AMORTIZAÇÃO Repete-se o processo até se chegar



ao valor da ultima prestação.
Períodos
1 2 3 .................................................. n

Financiamento

4.4.3 – Comentários.

Figura 4.3 – Modelo de Amortização Variável Como será visto no exemplo a seguir, o sistema de
amortização variável utiliza a matemática dos juros simples,
sendo utilizado em financiamentos nacionais ou internacionais.

82
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Porém a taxa de juros efetiva, iEFT, adotada no calculo O primeiro passo necessário ao estabelecimento do
dos juros pode ser variável a cada período, fato que altera o valor da prestação é estabelecer, período a período, o valor da
valor previsto para a prestação. amortização.

Nesses casos, é pactuada uma taxa de juros real Ressalta-se que este valor é definido
acrescida de uma taxa básica de juros que pode ser variável a administrativamente segundo a necessidade em manter
cada período. positivo o fluxo de caixa da empresa.
iEFT = iReal + iBasica
O valor dos juros é calculado sobre o saldo devedor
A taxa básica de juros varia de país para país sendo existente no início de cada período.
determinada periodicamente pelos respectivos bancos centrais.
Como exemplos, no Brasil, ela é denominada de SELIC, nos A prestação, por sua vez, corresponde à soma dos
Estados Unidos de Prime Rate e na Inglaterra de Libor. valores acima:

No Brasil, na data em que foi escrita esta obra, a taxa Pn = An + Jn


SELIC estabelecida pelo Banco Central estava no patamar de
14,25% ao ano.
Per Saldo Amortização Juros 10% Prestação
Qualquer instituição financeira que pactuasse, nesta 0 100.000,00 - - -
data, um empréstimo à taxa real de 12,50% ao ano, estaria 1 100.000,00 - 10.000,00 10.000,00
praticando uma taxa efetiva de 22,75% ao ano. 2 100.000,00 5.000,00 10.000,00 15.000,00
3 95.000,00 5.000,00 9.500,00 14.500,00
4 90.000,00 5.000,00 9.000,00 14.000,00
5 85.000,00 7.500,00 8.500,00 16.000,00
4.4.4 - Exemplo.
6 77.500,00 10.000,00 7.750,00 17.750,00
7 67.500,00 12.500,00 6.750,00 19.250,00
Seja definir as prestações, os juros e a amortização de 8 55.000,00 15.000,00 5.500,00 20.500,00
um empréstimo no montante de D$100.000,00, contratado por 9 40.000,00 20.000,00 4.000,00 24.000,00
prazo de dez anos, sendo dois de carência e havendo o 10 20.000,00 20.000,00 2.000,00 22.000,00
pagamento dos juros relativos a este prazo. Soma - 100.000,00

A taxa de juros foi pactuada em 10% ao período sendo


as amortizações variáveis segundo proposta do tomador.
4.5 - O sistema americano.

83
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
4.5.1 - Metodologia. Ressalta-se que, tanto o sistema financeiro brasileiro, como
os organismos internacionais de crédito, via de regra, não
O Sistema Americano é caracterizado por não ocorrer adotam esse sistema.
amortização durante o prazo do contrato. Nestas condições, o
principal é quitado juntamente com a quitação da ultima
prestação. 4.5.2 - Exemplo.

Pk =i∙P e, Pn = P(1+i) Como exemplo de aplicação do método americano, seja


um empréstimo no montante de R$ 100 mil, pactuado por um
Como o método prevê o pagamento da ultima prestação prazo de quatro anos, a juros de 7,00% ao ano.
em valor muito elevado, com os juros do período acrescido ao
principal, aumenta o risco do tomador em conseguir quitar a
mesma. Este fato inibe sua adoção por parte de tomadores de Per. Saldo Devedor Amortização Juros 7% Prestação
crédito e por organismos financiadores. 0 100.000,00 - - -
1 100.000,00 - 7.000,00 7.000,00
2 100.000,00 - 7.000,00 7.000,00
R$ 3 100.000,00 - 7.000,00 7.000,00
4 - 100.000,00 7.000,00 107.000,00
Total 100.000,00 28.000,00 128.000,00
Amortização

4.6 – O sistema alemão.


Prestação = Juros
4.6.1 – Característica.
Períodos
1 2 3 ....................... n
O sistema alemão, dado suas características, não
Empréstimo apresenta equivalência financeira entre o montante emprestado
e as respectivas contraprestações, dada uma taxa pactuada, A
equivalência financeira ocorrerá a uma taxa de desconto maior
Figura 4.4 – Sistema Americano do que a pactuada, assunto a ser discutido no item 4.6.4.

Este sistema tem três características:

84
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
I. O pagamento dos juros vencíveis no período é cada período. E, P o valor da prestação, pode-se escrever as
antecipado, ocorrendo o primeiro pagamento dos juros três principais características do Sistema Alemão:
no momento em que ocorre a operação financeira;
II. As demais prestações são iguais para todos os  M = a1 + a2+ a3 + ∙∙∙∙∙ + an-1 + an
períodos;  P0 = J0
III. Ao ser paga a ultima prestação ocorre, apenas, a  P1 = P2 = P3 = ∙∙∙∙∙ = Pn-1 = Pn
devolução do resíduo do saldo devedor, porém esse
resíduo tem o mesmo valor das demais prestações Relacionando as prestações em função de suas
pactuadas. variáveis e sabendo que cada prestação corresponde à soma
dos juros e da amortização, tem-se:
Na Figura 4.5 é mostrado o modelo de fluxo de caixa do
sistema alemão. P = amortização + Juros

P0= M  i
J0=P
P1 = a1 + (M – a1 ) i
P2 = a2 + (M – a1 -+ a2)  i
P3 = a3 + (M – a1 – a2 - a3)  i
Financiamento ∙∙·········∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙········∙∙·········∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙········
Pn-1 = an-1 + (M – a1 – a2- a3 - ∙∙∙∙∙ - an-1 )  i
Pn = an + (M – a1 – a2 – a3 - ∙∙∙∙∙ - a n-1 - an)  i = an
1 2 3 4 .......... n-1 n

Per.
a1
Como as prestações são todas iguais, por definição,
Pn=an
pode-se escrever: Pn-1 = Pn então;
J1
an-1 + (M - a1 - a2- a3 - ∙∙∙∙∙ - an-1 )  i =
Figura 4.5 – Modelo do Sistema Alemão = an + (M - a1 - a2 - a3 - ∙∙∙ - an-1 - an)  i

an-1 = an - an  i  an-1 = an  (1- i)

4.6.2 – Relação entre Amortizações.

a n  n1
Adotando como nomenclatura: M correspondendo ao a
capital inicial ou montante emprestado; J e a, representando, (1  i)
respectivamente, os juros e a amortização correspondente a

85
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
prestação, ou seja, p = an. Assim a expressão acima pode ser
4.6.3 – Determinação da Prestação. escrita da seguinte forma:

M = p + an  (n-1)1 + an  (n-1)2 + an  (n-1)3 + ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ +


A determinação do valor da prestação no Sistema an  (n-1)n-2 + an  (n-1)n-1
Alemão é efetuada a partir da série de amortizações. Da
expressão acima, verifica-se que os valores das amortizações
Como os termos da amortização estão em progressão
estão em progressão geométrica cuja razão é {(n-1)-1}.
geométrica, o valor financiado M, corresponde à soma de uma
progressão geométrica cujo primeiro termo é p e a razão (n-1).
Escrevendo a progressão em ordem decrescente dos
termos visando facilitar a demonstração e os exprimindo em
Sabendo que a expressão da soma de progressão
função do último termo, pode-se escrever a seguinte série:
geométrica decrescente em que “a” corresponde ao primeiro
a =a termo, “q” a razão e “n” o número de termos da série, é dada
a − = a × −i por:
a −q
a − = a × −i S PG =
−q
a − =a × −i
a − =a × −i Substituindo na expressão acima os valores da progressão
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ geométrica, obtém-se a expressão que define o valor da
a =a × −i − prestação no Sistema Alemão:
[a =a × −i −
��
Sabendo-se que o montante do financiamento = �
− −
corresponde à soma das amortizações pode-se escrever, de
modo matemático:

M = a1 + a2 + a3 + ∙∙∙∙∙ + a n-1 + an

4.6.4 – Equivalência Financeira.
M= an + an  (n-1) + an  (n-1)2 + an  (n-1)3 + ∙∙∙∙∙ + an  (n-
1

1)n-2 + an  (n-1)n-1 Como já comentado anteriormente, o sistema alemão


não apresenta uma equivalência financeira quando se
Por característica e definição do sistema alemão, a compara o valor do empréstimo com a soma das prestações
última amortização apresenta o mesmo valor da ultima pactuadas à taxa estabelecida.

86
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A definição da taxa real ou efetiva de juros, neste
sistema, é efetuada de modo mais complexo.

Para tanto, recomenda-se utilizar a fórmula de Karpin, o


método de Newton Raphson ou da bisseção, para a definição
da taxa real de juros, métodos a serem discutidos em capítulos 4.6.5 – Exemplo.
posteriores.
Seja determinar o valor das prestações de um
empréstimo pactuado sob as seguintes condições: montante
M-Mi contratado de R$ 100 mil; taxa de juros pactuada, 5% por
período; sete anos de duração, sem carência.
Financiamento Os procedimentos de cálculo devem ser realizados na
1 2 3 4 .......... n-1 n seguinte ordem:
Per.
a) Calculo da Prestação:
Prestação
�×� . × ,
= �
∴ = 7
= . , $.
− −� − − ,

Figura 4.6 – Modelo da Equivalência Financeira


b) Calculo das Amortizações:

Sabe-se que a ultima amortização corresponde à ultima


A taxa real ou efetiva de juros pode ser equiparada à
Taxa Interna de Retorno do financiamento, já que o soma das prestação. Então: a7 = p7.
prestações equivale, financeiramente, ao valor do montante
a −
recebido e corresponde a uma série de pagamentos a = ∴ a − = a × −i ∴
postecipada. Então: −i

M - Mi = p  FRC (n¬ iREAL%)  a6 = a7 (1 - 0,05) = 15.746,06 R$

(1-i )  M = p  FRC (n¬ iREAL%)

87
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
c) Cálculo dos Juros: Os juros podem ser calculados de dois visando calcular a prestação dos empréstimos de aquisição da
modos. Fazendo incidir a taxa pactuada sobre o saldo devedor casa própria.
ou diminuindo do valor da prestação o valor da amortização.
O objetivo do sistema é permitir a amortização de
parcela expressiva do empréstimo no menor tempo possível e,
caso ocorra uma inadimplência do mutuário, reduzir o risco de
perdas para a CEF.
Período Saldo Juros 5% Amortização Prestação
O valor da prestação no sistema SACRE é definido pela
0 100.000,00 5.000,00 - 5.000,00
soma de duas variáveis básicas, quais sejam: o encargo
1 87.816,00 4.390,80 12.184,00 16.574,80 mensal - EM e o seguro, atendendo ao seguinte modelo:
2 74.990,74 3.749,54 12.825,26 16.574,80
3 61.490,46 3.074,52 13.500,28 16.574,80 PM = (EM × CES) + Seguro
4 47.279,64 2.363,98 14.210,82 16.574,80
Uma característica do sistema é ter a prestação mensal
5 32.320,88 1.616,04 14.958,76 16.574,80 calculada em função do montante financiado e o seguro sobre
6 16.574,82 828,74 15.746,06 16.574,80 o valor de avaliação do imóvel.
7 16.574,82 0,00 16.574,82 16.574,80
O CES é um parâmetro referente ao Coeficiente de
Total - - 100.000,00 -
Equivalência Salarial, periodicamente atualizado pela CEF.

Atenção! Visando corresponder à soma das Tanto o CES como o seguro possui uma metodologia
amortizações, exatamente, ao montante tomado, foi efetuado própria para sua definição, porém fugindo do escopo deste
um ajuste de R$ 0,02 no valor da amortização da ultima curso a sua análise.
prestação.
O seguro, por sua vez, é dividido em seguro do imóvel e
seguro pessoal, que abrange morte e invalidez e são dois
4.7 – O sistema de amortização crescente - SACRE. parâmetros a serem considerados no calculo da prestação.

4.7.1 – O Sistema Pelas regras da CEF atualmente em vigor, o saldo


devedor é atualizado anualmente pelo valor da TR, taxa
O SACRE, ou sistema de amortização crescente, é um referencial de juros utilizada no reajuste da poupança. Nos
sistema de financiamento criado pela Caixa Econômica Federal dois primeiros anos do financiamento e pode a, partir do
terceiro ano, ser feito trimestralmente, a critério da CEF.

88
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
destinada a cobrir danos físicos ao imóvel e a outra para cobrir
Finalizando, para calcular o saldo devedor a cada o risco de morte ou de invalidez do tomador.
período em que ocorre o reajuste da prestação, o sistema
utilizado é o de amortização constante. Porém, considerando a Assim sendo, estas taxas de seguro são denominadas,
variação da TR, a amortização pode variar e mesmo diminuir, respectivamente, de: DIF, visando cobrir danos físicos ao
quando o valor desta for baixo. imóvel; e MIP destinada a cobrir casos de morte ou de invalidez
do usuário.

4.7.2 – A metodologia. Seguro = DIF + MIP

As prestações são determinadas adotando a As taxas de seguro, por sua vez, são calculadas em
seguinte metodologia: função do valor do imóvel, da taxa de risco e do CES.

1º - Define-se o Encargo Mensal – EM DIF = valor da avaliação × taxa de risco × CES


MIP = valor da avaliação × taxa de risco × CES
EM = juros + amortização
A definição de cada taxa de risco deverá ser efetuada
EM  P  i     P  (i  )
P 1 após consulta à CEF. Ressalta-se que estas taxas variam
n n segundo a categoria em que for classificado o imóvel. Para
tanto é leva do em consideração o valor da avaliação do
imóvel, a idade do tomador e o prazo de quitação.
Em que P corresponde ao saldo devedor e n o número
de meses pactuados para amortizar o financiamento. Como exemplo de taxas e considerando financiamentos
realizados após 1994, na Categoria de Risco 6 a taxa definida
para a DIF é 0,02402 % e para a MIP é de 0,14429%.
2º - Define-se o parâmetro CES.
4º - Define-se o valor da prestação mensal.
O CES é fixado por circular da CEF. Para o exercício de
2006 foi estipulado em 1,12. Como já definido, a expressão da Prestação Mensal é
dada por:
3º - Calcula-se o valor do seguro. PM = (EM × CES) + Seguro
O seguro, ou seja, a taxa do risco a incidir sobre o 5º - Calcula-se a amortização.
financiamento é composta pela soma de duas variáveis: uma

89
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

A  CES
P PM = (9.500,00 × 1,12) + (134,51+ 808,02)
n PM = 10.640,00 + 942,53 = 11.582,53 R$

6º - Atualização monetária do financiamento.


4.7.4 - Comentários
É possível que tenha sito pactuado que para o calculo
de cada prestação o valor financiado deva ser atualizado O cálculo da prestação de um imóvel financiado é
monetariamente, fato a ser considerado quando da quitação definido pelo sistema de amortização escolhido no ato da
das mesmas. compra. Das três opções oferecidas no mercado — Sistema de
Amortização Crescente (Sacre), Sistema Francês de
7º - Calcula-se o novo saldo devedor. Amortização (Tabela Price) e Sistema de Amortização
Constante (SAC) —, o Sacre tem se revelado o mais vantajoso
SD n+1 = SDn – Amortização do período para o mutuário.

Embora comece com prestações mensais mais altas, se


4.7.3 – Exemplo. comparado à Tabela Price, o Sacre permite maior amortização
imediata do valor emprestado, porque reduz simultaneamente a
Seja calcular a prestação mensal relativa ao parcela de juros sobre o saldo devedor do financiamento.
financiamento de um imóvel avaliado em de R$ 500 mil, dos
quais R$ 300 mil serão financiados pela CEF. Os juros foram SD n+1 = SDn – Amortização do período
pactuados em 1,5% a.m. e o financiamento previsto para ser
quitado em 60 meses. Pelo sistema, as prestações mensais mantêm-se
próximas da estabilidade. No decorrer do financiamento, seus
a) Calculo do encargo mensal – EM. valores tendem a decrescer. Muito utilizado pela Caixa
EM = 300.000 (0,015 + 1/60) Econômica Federal, o Sacre tem recálculo das prestações
EM = 9.500,00 R$. corrigido anualmente pelo banco, nos dois primeiros anos do
contrato, podendo ocorrer trimestralmente a partir do terceiro
b) Calculo dos seguros ano.
DIF = 500.000 × 0,02402% × 1,12 = 134,51 No final de cada ano, a Caixa levanta o saldo devedor e
MIP = 500.000 × 0,14429% × 1,12 = 808, 02 aplica a correção pela variação do índice de reajuste dos
Total do seguro = 942,53. depósitos na caderneta de poupança da pessoa física
(atualmente, a TR) acrescida as taxas de juros de 8%, 10,5%
c) Calculo do valor da prestação. ou 12%, de acordo com a modalidade de financiamento obtida.
PM = (EM×CES)+ Seguro.
90
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Na Caixa, o prazo máximo de financiamento pelo Sacre
é de 20 anos, só podendo ser comprometida 30% da renda 4.8.2 – Metodologia.
familiar, no máximo. No final do contrato, pelo sistema, não há
os desagradáveis resíduos a serem pagos pelo comprador. Seja definir o valor da prestação, dos juros e da
amortização referentes a cada período de um empréstimo a ser
O exercício deste item 4.6 consta do sitio da internet quitado em cinco prestações anuais. Foram pactuadas as
http://www.meusite.pro.br. Amortização pelo Sacre traz seguintes condições:
vantagens ao mutuário. Em 25.08.2006.
 A taxa de juros estabelecida em 10% ao ano;
 O sistema de pagamentos ocorrerá por amortização
4.8 – Correção do saldo devedor. constante, SAC;
 O saldo devedor corrigido pela variação anual do INPC.

4.8.1 – Procedimentos. Adotando como nomenclatura: SDn representando o


saldo devedor num período qualquer n; SCn-1 exprimindo o
Com o objetivo de repor o valor aquisitivo da moeda saldo devedor no período anterior ja corrigido segundo o índice
corroída pelo efeito da inflação, efetua-se a correção do saldo pactuado; a, sendo o valor da amortização; n, o número de
devedor existente, segundo a periodicidade pactuada. períodos a amortizar, Jn correspondente ao montante dos juros
devidos no período n; e In o índice pactuado relativo ao período
Essa correção é efetuada segundo algum índice de n, qualquer.
previamente escolhido e atendendo a procedimentos
legalmente aceitos. Os procedimentos necessários à determinação das
prestações são os seguintes:
No Brasil, dada a jurisprudência vigente, a correção do
saldo devedor é efetuada depois de quitada a prestação do 1º) Calcula-se o valor da amortização para o primeiro período:
período e efetuada a amortização do saldo devedor.
an 
SCn 1
Consequentemente, o saldo devedor a render juros no per.amortizar
período seguinte, SDn, é definido atualizando monetariamente o
saldo devedor do período anterior, SCn-1,apos ser abatido o 2º) Calcula-se o montante dos juros do primeiro período
relativo ao capital tomado:
valor de amortização do saldo devido nesse período anterior.
Jn = i × SCn-1
SDn = (SCn-1 – amortizaçãon-1) × (1+Φ)
3º) Define-se o valor da prestação:

91
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Pn = an + Jn 4 01.01.2005 2,7654 1,061. 329
5 01.01.2006 2,9050 1,050. 481
4º) Calcula-se o novo saldo devedor:
SDn = SCn-1 - a

5º) Atualiza-se o índice de correção e define-se o fator de


correção do saldo devedor.
Calculo do Saldo Corrigido

6º) Corrige-se o saldo devedor: SCn  SDn 


In Saldo Períodos Fator de Saldo
Amortização
Devedor a amortizar Correção Corrigido
In 1 250.000,00 -
200.000,00 5 50.000,00 1,094425 218.885,00
7º) Repete-se o procedimento até ser obtida a ultima 164.163,75 4 54.721,25 1,147378 188.357,87
prestação. Os juros e a amortizações de qualquer 125.571,91 3 62.785,96 1,103834 138.610,54
período subsequente são calculados tendo por base o 69.305,27 2 69.305,28 1.061329 72.803,87
saldo devedor corrigido. 72.803,87 1 72.803,87 1,050481 ---

4.8.3 – Aplicação ao Sistema SAC. Determinação das Prestações


Saldo Saldo Juros
Per Amortiza Prestação
Como aplicação, seja calcular as prestações de um Amortizado Corrigido 10%
financiamento de um equipamento no valor de R$ 250 mil, a 0 250.000,00 - - - -
ser quitado em cinco anos, com juros pactuados a 10% ao 1 200.000,00 218.885,00 50.000,00 25.000,00 75.000,00
período, sob o sistema da amortização constante. O saldo 2 164.163,75 188.357,88 54.721,25 21.888,50 76.609,75
3 125.571,92 138.610,55 62.785,96 18.835,79
devedor deverá ser corrigido segundo a variação anual do
4
INPC ocorrida no período. 5

Por facilidade de entendimento dos procedimentos


INPC
efetuados na determinação das prestações expostos da
Período Exercício Índice Fator de Correção
tabela acima se demonstra, a seguir, os cálculos das três
0 01.01.2001 1,8798 - primeiras prestações.
1 01.01.2002 2,0573 1,094. 425
2 01.01.2003 2,3605 1,147. 378 Solicita-se que o interessado realize os cálculos das
3 01.01.2004 2,6056 1,103. 834 prestações faltantes.

92
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

a2    54.721,25R$
SC1 218.885,00
1ª Prestação: per.amortizar 4
Na primeira prestação, tanto os juros como a
Montante dos Juros:
amortização são calculados sobre o capital inicial tomado, ou
J2 = SD1 × i
seja, R$ 250 mil. Não incide correção sobre este valor.
J2 = 218.885,00 × 0,10 = 21.888,50R$.
Valor da 1ª prestação:
Saldo Devedor:
P1 = a1 + J1
SD2 = SD1 – a2
P1 = 50.000+25.000 = 75.000,00 R$
SD2 = 218.885,00 – 54.721,25 = 164.163,75 R$
Amortização:
Saldo Corrigido:
a1    50.000,00R$
SC0 250.000,00
SC2  SD1  2
I
per.amortizar 5
I1
Montante dos Juros: SD2 = 164.163,75 × 1,147378 = 188.357,88 R$
J1 = 250.000,00 × 0,10 = 25.000,00R$.

Saldo Devedor: 3ª Prestação.


SD1 = SD0 – a1
SD1 = 250.000,00 – 50.000,00 = 200.000,00 R$ Valor da 3ª prestação:
P3 = a3 + J3
Saldo Corrigido: P3 = 62.785,96 + 18.835,79 = 76.609,75 R$

SC1  SD1  1  200.000   218.885,00R$


I 2,0573
Amortização:
a3    62.785,96R$
I0 1,8798 SD2 188.357,88
per.amortizar 3
2ª Prestação:
Montante dos Juros:
Valor da 2ª prestação:
J3 = SD2 × i
P2 = a2 + J2
J3 = 188.357,88 × 0,10 = 18.835,79 R$.
P2 = 54.721,25 + 21.888,50 = 76.609,75 R$
Saldo Devedor:
Amortização:
SD3 = SD2 – a3
93
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
SD3 = 188.357,88 – 62.785,96 = 125.571,92 R$
4.9.4 - Partindo dos dados especificados no exercício 4.9.2,
Saldo Corrigido: pede-se calcular as prestações devidas. O saldo devedor
SC3  SD2  3
I deverá ser atualizado anualmente, segundo a taxa anual de
I2 inflação abaixo.
SD3 = 125.571,92 × 1,103. 834 = 138.610,55R$ Período 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º
Inflação % 3,00 4,50 6,80 8,50 10,10 12,20 15,70

4.9 – Exercícios Propostos. 4.9.5 - Sua empresa deseja substituir um equipamento cujo
valor de mercado é de R$ 125 mil, no prazo de 18 meses. Para
tanto, estuda duas hipóteses:
4.9.1 - Seja um empréstimo de 1 milhão de reais a ser quitado
em sete anos, com pagamentos anuais, a juros de 9% a.a. e 1ª – Efetuar a aquisição utilizando recursos próprios, através de
carência de dois anos. uma poupança programada com juros pactuados de 1.25% ao
mês.
Durante o prazo de carência, também não ocorrerá o
recolhimento dos juros devidos. Calcular as prestações e os 2ª – Utilizando financiamento de um banco de investimentos,
juros a serem pagos pelo credor considerando: que pratica o sistema Price a taxa de 22,0 % ao ano,
financiáveis em dez anos, sem carência.
O sistema de amortização constante;
 O sistema de prestações constantes.
Para ambos os casos definir: o valor da prestação mensal e os
juros.
Sabe-se que a TMA da empresa é de 14% ao ano.
4.9.2 - Comparar o montante dos juros pagos, bem como o
montante do valor das prestações, face os sistemas 4.9.6 - Considerando a aplicação efetuada no item 4.7.2,
especificados para o calculo de cada financiamento recalcular as prestações adotando o sistema de prestação
considerado no exercício 4.9.1. constante.
4.9.3 - Uma construtora contraiu junto ao BNH um empréstimo 4.9.7 - Verifique se o calculo da prestação esta correto.
de 200 mil CUB a ser pago em 10 prestações anuais e O caso em questão refere-se a um contrato de compra e
consecutivas. Qual será a composição da prestação anual, venda de bem imóvel e mútuo com alienação fiduciária em
juros e principal, no Sistema Francês quando os juros garantia. Condições do contrato:
pactuados são de 8% ao ano? (Estabeleça a data da operação
financeira).
94
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
- Valor do bem financiado: R$ 82. 000,00;  As planilhas que demonstrem o valor de cada prestação,
os juros incorridos e a amortização a ser efetuada;

- Valor pago com recursos próprios: R$ 42.000,00;
O custo efetivo, mensal, do empréstimo;
- Valor financiado pela CEF: R$ 40.000,00;  Efetue o diagrama de fluxo de caixa do financiamento.
- Valor da garantia fiduciária: R$ 82.000,00;
- Sistema de Amortização: SACRE.
Tabela - I
-Prazo Amortização: 240 Meses Critério de liberação das parcelas Valor em R$
- Taxa Anual Nominal de Juros (%): 12,0000% 1ª parcela - assinatura 1.300.000,00
2ª parcela - 1º quadrimestre 3.000.000,00
- Taxa Anual Efetiva de Juros (%): 12,6825% 3ª parcela - 2º quadrimestre 500.000,00
- Encargo Inicial – prestação (a + j) = R$ 566,66 Tabela - II
Condições pactuadas Encargos
- Seguros = R$ 39,36 Taxa nominal de juros 9% ao ano
- Total a pagar = 39,36 + 566,66 = R$ 606,02 Período de capitalização Quadrimestral
Comissão de abertura de crédito 0,5% no ato de liberação junto
- Vencimento: 09/07/2001 sobre o valor total do com a 1ª parcela.
- Atualização dos Encargos: nos dois primeiros anos as financiamento.
prestações de amortizações + juros + prêmios de seguros, Imposto sobre operações 1% sobre o total geral.
financeiras – IOF. Valor tomado, valor dos juros e
serão recalculados a cada 12 meses, levando em conta a da comissão de abertura de
data inicial do contrato (08/08/2001 a 08/08/2002 e crédito.
08/08/2003). A partir do 3º ano, tais valores poderão ser Carência Quatro (4) quadrimestres.
recalculados trimestralmente, no dia correspondente ao da Juros durante a carência Serão pagos
assinatura desde contrato, caso venha ocorrer o Prazo do financiamento 5 anos
desequilíbrio econômico-financeiro deste contrato. Sistema de amortização SAC
Período de amortização Quadrimestral
4.9.8 - Uma empresa em fase de expansão obtém um
financiamento no montante de R$ 4,8 milhões a ser liberado
em três parcelas quadrimestrais, segundo o pactuado nos itens 4.9.9 - Seja definir o valor da prestação, dos juros e da
I e II. amortização referentes a cada período de um empréstimo no
montante de R$ 300 mil, a ser quitado em cinco prestações
anuais. Foram pactuadas as seguintes condições:
Solicita-se:  A taxa de juros estabelecida em 10% ao ano;

95
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
 O sistema de pagamentos ocorrerá por prestação
constante;
 O saldo devedor corrigido pela variação anual do INPC.

4.9.10 - Uma empresa visando implantar um novo projeto de


produção obteve um financiamento no montante de R$ 750
mil. Solicita-se a elaboração do diagrama de fluxo de caixa
associado ao empreendimento, bem como o valor das
prestações, da amortização e dos juros incorridos.

Cláusulas pactuadas
Item Condições Contratuais
Taxa nominal de juros 9 % ao ano.
Período de capitalização Semestral.
Comissão de abertura de 0,5% do valor do contrato cobrado no
crédito sobre o valor total ato de adjudicação do contrato de
do financiamento. financiamento.
0,25% do saldo devedor, paga junto
Taxa de administração
com a prestação.
Imposto sobre operações
1% sobre o total geral.
financeiras – IOF. Valor
Valor tomado, valor dos juros e da
financiado junto com as
comissão de abertura de crédito.
prestações
Carência Dois semestres.
Juros durante a carência Serão pagos
Prazo do financiamento 5 anos
Sistema de amortização Prestação constante
Período de amortização Semestral
O saldo devedor é reajustado
Saldo devedor semestralmente pela variação do
INPC.

96
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

4.9.11 - Calcular o valor das prestações dos financiamentos abaixo qualificados.

I – Sistema de Amortização Constante – SAC.

A. - Financiamento sem carência com juros de 10% quitados a cada período. Operação de sete anos.

SAC sem carência


Per. Saldo Saldo Amortizado Amortização Juros – 10% Prestação
0 250.000,00
1
2
3
4
5
6
7
Total

B. - Financiamento com carência de três anos e Juros NÃO quitados durante a carência. Operação de sete anos.

SAC com carência


Per. Saldo Saldo Amortizado Amortização Juros – 10% Prestação
0 250.000,00
1
2
3
4
5
6
7
Total

97
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

C - Financiamento com três anos de carência. Juros de 10% ao ano não quitados durante a carência. Prestação corrigida pela
variação anual do INPC.
Operação pactuada em janeiro de 2.000. Prestações anuais.

SAC com correção monetária e carência


Saldo Índice de
Índice de Saldo Corrigido Prestação
Per. Amortizado Correção AMORTIZAÇÃO Juros - 10% aa
Inflação SC = AS x IC P=A+J
AS IC = ÍN ÷ I0
1/00 250.000,00 - - - - -
1/01
1/02
1/03
1/04
1/05
1/06
1/07
Total
Metodologia: 1º Passo: 2º Passo:

1º - Calcular a amortização para o 1º período sobre o saldo financiado; 1º - Para o 2º período calcular o valor da
2º - Definir o valor dos juros; amortização sobre o saldo corrigido do 1º
3º - Calcular a prestação: P = A + J. período.
4º - Calcular o saldo amortizado; .............
5º - Definir o saldo corrigido ao aplicar o fator de correção monetária Repetir o processo anterior.
sobre o saldo amortizado;
 Atenção: a amortização do período
subsequente é sempre calculada sobre o saldo
corrigido.

98
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

II – Método da Prestação Constante – Francês.

A - Financiamento sem carência com juros de 10% quitados a cada período. Operação de sete anos.

Sistema Francês sem carência


Per. Saldo Saldo Amortizado Prestação Juros – 10% Amortização
0 250.000,00
1
2
3
4
5
6
7
Total

B - Financiamento com carência de três anos. Juros NÃO quitados durante a carência. Operação de sete anos.

Sistema Francês com carência


Per. Saldo Saldo Amortizado Prestação Juros – 10% Amortização
0 250.000,00
1
2
3
4
5
6
7
Total

99
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

C – Financiamento de R$ 250.000,00 com três anos de carência, com base em prestações anuais.
Juros de 10% ao ano, pactuados para não serem quitados durante o prazo de carência.
As prestações deverão ser corrigidas pela variação anual do INPC.
Operação pactuada em janeiro de 2.000.

Prestação constante com atualização monetária


Saldo Índice de Saldo Juros - 10%
Índice de PRESTAÇÃO Amortização
Per. Amortizado Correção Corrigido AA
Inflação P A=P-J
SA IC = IN ÷ I0 SC = SA x IC J
1/00 250.000,00 - - - - -
1/01
1/02
1/03
1/04
1/05
1/06
1/07
Total
Metodologia: 1º Passo: 2º Passo:

1º - Calcular a prestação para o 1º período sobre o saldo 1º - Para o 2º período calcular o valor da
financiado; prestação sobre o saldo corrigido do 1º período.
2º - Definir o valor dos juros; .............
3º - Calcular a amortização: A = P - J Repetir o processo anterior.
4º - Calcular o saldo amortizado;
5º - Definir o saldo corrigido ao aplicar o fator de correção  Atenção: a prestação do período subsequente
monetária sobre o saldo amortizado; é sempre calculada sobre o saldo corrigido do
período anterior.

100
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
4. Qual a taxa de rentabilidade adotada em proposta de
investimento.
5. –Engenharia Econômica.
5. Qual a taxa de rentabilidade de uma aplicação financeira.

5.1 – Conceituação. Cabe ao analista de investimentos propor, desenvolver e


hierarquizar o conjunto de alternativas de investimentos
A engenharia econômica corresponde à área do disponíveis.
conhecimento cujo objeto é a decisão sobre alternativas
financeiras de investimentos. Porém, deve ter em mente que a decisão de eleger
qualquer delas é prerrogativa do empresário, ou do decisor, a
Como premissa para a tomada de decisão, só tem quem caberá a palavra final sobre aquela a ser eleita e a
sentido aplicar os métodos propostos havendo a existência de melhor oportunidade em deflagrar esse processo.
alternativas de investimentos possíveis de serem comparadas.
Não havendo alternativas não haverá decisão a tomar.

As técnicas da Engenharia Econômica baseiam-se na


ATENÇÃO !
ciência denominada Matemática Financeira que, com já visto,
descreve as relações da equivalência de capital sob a ótica do
binômio TEMPO- DINHEIRO.
Dada a assertiva acima, toda a metodologia de
Para que qualquer alternativa seja considerada num análise de investimentos se apoia no sistema de
processo de decisão há que se estudar a sua viabilidade e, juros compostos quando trata do
deste modo, responder aos seguintes questionamentos: estabelecimento de padrões de comparação de
capital ou na decisão quanto à escolha da
1. Qual o incremento de riqueza que uma alternativa
melhor das alternativas propostas de projetos
de investimentos.
propiciará sendo realizada;
2. Qual o tempo de retorno do capital inicialmente aplicado;
3. Qual a máxima taxa de desconto possível de ser adotada
e uma alternativa de projeto permanecer viável;

101
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A seguir é apresentada uma metodologia, disposta em
5.2 – Análise de Viabilidade. cinco etapas, visando o desenvolvimento do processo de
decisão de um projeto. KRICK, 1971. Apud CASAROTTO
5.2.1 - O Processo da Tomada de Decisão. FILHO e KOPITTKE, 1990.

Todas as decisões sobre análise de investimentos ou


propostas de projetos de investimentos são tomadas a partir do 1º Formulação do Problema
desenvolvimento de propostas de alternativas possíveis.
2º Desenvolvimento do Problema
Inexistindo alternativas, não há opção de escolha e,
portanto, não há decisão a tomar. 3º Propostas de Alternativas

Quando se comparam alternativas de investimentos, 4º Análise de Viabilidade das Alternativas


apenas as diferenças existentes entre elas é que são
relevantes para análise. 5º Especificação da Alternativa Eleita

Como as alternativas competem entre si, uma serve de


referência para a outra no processo de seleção. Ao ser Comentando os itens do quadro acima:
considerada a competição de alternativas, o objetivo é definir o
projeto vencedor, aquele que mais aumenta a riqueza dos
proprietários. Isto quer dizer que são comparados, apenas, 1ª Etapa: A formulação do problema - implica na descrição
projetos mutuamente exclusivos. das características gerais do projeto a executar e/ou do
processo produtivo.
Decisões separáveis devem ser tomadas
separadamente. Não há por que considerar num processo de 2ª Etapa: Desenvolvimento do Problema - corresponde a
decisão projetos definidos como independentes com aqueles especificação detalhada das características do projeto. Para
mutuamente exclusivos. tanto se deve dispor do conhecimento das condições e
restrições de mercado, local de implantação, condições de
O processo de formulação de alternativas deve permitir produção, a planta do projeto e processo de construção,
uma visão de cada uma delas, sem entrar em comparações processo de comissionamento, restrições legais e ambientais,
irrelevantes, e que perturbem o claro entendimento processo enfim, conhecer todo o processo de implantação e produção. A
decisório. Figura 5.1 mostra as etapas básicas a serem consideradas
num projeto produtivo de investimento e onde nele se insere a
análise de viabilidade.
102
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Projeto 3ª Etapa: Busca de Alternativas – nesta fase são


desenvolvidas alternativas que atendam as condições e
restrições do projeto estabelecidas. É interessante ressaltar
Análise de Pré Viabilidade que o local de implantação do projeto, do tamanho da planta,
do processo de fabricação e das condições de financiamento
condicionam alternativas distintas.
Projeto da Fábrica
4ª Etapa: Análise de Viabilidade das Alternativas – corresponde
à fase em que algum método ou processo de decisão é
aplicado a cada alternativa visando estabelecer a contribuição
Análise de Viabilidade
de cada uma delas para com os objetivos desejados e,
consequentemente, a hierarquização entre elas. O item 5.2.2
relaciona os métodos de decisão financeira a serem discutidos.
Projeto de Financiamento

5ª Etapa: Especificação da Alternativa Eleita – estabelece e


especifica as condições necessárias à implantação da
Licenças e Alvarás
alternativa eleita.

Implantação 5.2.2 – Métodos de Decisão.

Construção Processo Fabril


Os métodos discutidos neste livro permitem amparar a
tomada de decisão financeira ao estabelecer parâmetros
capazes de permitir a comparação e hierarquização das
alternativas de investimento segundo o incremento de riqueza
Comissionamento proporcionado por cada uma das alternativas ou a rentabilidade
das mesmas. São eles:

E Valor Presente Líquido;


E
Operação/ Utilização
Retorno do Capital ou pay-back;
E Valor Uniforme Equivalente;
Figura 5.1 - Etapas Básicas de um Projeto Fabril. E Taxa Interna de Retorno.
103
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

É muito possível que a adoção de um único método, A verificação do aumento, ou não, da riqueza do
isoladamente, não satisfaça as exigências de um bom processo proprietário ou do investidor é efetuada ao se adotar um dos
decisório. métodos descritos anteriormente, item 5.2.2, cuja metodologia
segue os itens descritos no quadro a seguir.
Visando melhor amparar o processo decisório,
recomenda-se ao analista elaborar a hierarquização das Como já comentado, a consideração do local de
alternativas considerando, conjuntamente, vários dos métodos implantação de um projeto, o tamanho da planta ou capacidade
apresentados e não se limitar a simples adoção de apenas um instalada de produção, a estrutura e o processo de fabricação,
deles, procedimento que vem a enriquecer sua qualidade de e as condições de financiamento condicionam alternativas
analise. distintas.

As premissas que permitem analisar a viabilidade de um


5.3 – O Processo da Análise de Viabilidade. projeto, geralmente, são as seguintes:

Conceitualmente, estudar a viabilidade de um projeto I- O orçamento de investimentos;


significa quantificar suas premissas, construir a projeção dos
fluxos de caixa e verificar se o projeto propicia um aumento de II - As projeções operacionais;
riqueza. O horizonte do prazo do investimento ou tempo de
III -
vida útil do projeto;
O quadro abaixo mostra as etapas básicas para a O custo de capital, ai considerando o capital próprio
IV -
realização de um processo de análise de viabilidade. e o de terceiros;
V- As fontes de recursos disponíveis.
1º Estabelecer as premissas do projeto.

2º - Definir a vida útil do projeto 5.3.1 - Orçamento de Investimentos.

3ª - Definir a taxa de desconto


O orçamento de investimentos considera três tipos de
4º - Levantar as possíveis alternativas para a execução do projeto capitais: os custos associados à administração da implantação
do projeto; o investimento em capital fixo ou imobilizado; e o
5º - Elaborar o Fluxo de Caixa de Cada Alternativa
investimento em capital de giro.
6º - Calcular o VPL de cada Alternativa ou a TIR.
Os custos associados à administração da implantação
7º - Hierarquizar as Alternativas Segundo o Aumento de Riqueza do projeto consideram todos os custos e despesas necessários

104
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
a cumprir as fases de pré-viabilidade, viabilidade, construção e
comissionamento do mesmo. Contabilmente, esse tipo de capital é apropriado em
contas do ativo circulante.
O investimento em capital fixo ou imobilizado engloba
todo aquele investimento que não entrará no “giro” dos Exige cuidados a definição do nível de aporte de capital
negócios tais como: terrenos, obras civis, equipamentos, de investimento, pois ocorre um comportamento distinto no
despesas de engenharia, montagens, administração do projeto, fluxo nos dois tipos de investimento durante a vida do
despesas financeiras durante a construção, etc. Contabilmente, empreendimento.
esse capital é apropriado no item Ativo Não Circulante do
balanço patrimonial. No caso do capital de giro, recomenda-se avaliar a
Orçamento de
oscilação do mesmo para cada nível de produção, pois
Investimentos ocorrerá uma exigência distinta no nível de demanda de capital
de giro a cada nível de produção considerado.
 Projetos
 Terrenos
 Construções
 Acessos
 Equipamentos
5.3.2 – Projeções Operacionais.
 Veículos
 Patentes
 Capital de Giro As projeções operacionais de um projeto de
 Juros Durante a Construção investimento são constituídas pelas estimativas de: demanda
 Administração do Projeto do produto; preço de venda do produto; custos de produção a
 Etc.
cada nível de demanda.

Projeções
Operacionais

 Demanda do Produto
O capital de giro representa os recursos necessários à  Preço de Venda
 Custos de Produção a cada Nível de Demanda
operação quotidiana do projeto na fase de operação até que o
mesmo produza caixa em condições de operação normal. Ele
compreende os investimentos em: necessidades mínimas de
caixa; salários e encargos sociais demandados pelos primeiros
períodos de operação do projeto; estoques de matérias primas,
de produtos em elaboração e de produtos acabados; custos
administrativos; financiamento de vendas; etc.
105
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A demanda do produto corresponde à previsão da Ao ser iniciado um processo produtivo, o faturamento
quantidade do mesmo a ser vendida a cada período de tempo. inicia com valor zero, cresce a taxas crescentes e a partir da
quantidade ótima passa a crescer a taxas decrescentes.
Normalmente, esta quantidade varia com o tempo. Via
de regra, é crescente até alcançar a quantidade máxima de O custo total é função da soma dos custos fixos com os
produção instalada e, decrescente quando o produto fica custos variáveis para cada nível de produção. Ele já se inicia
tecnologicamente ultrapassado ou prescindível pelos no valor do custo fixo existente no momento que a produção. É
consumidores. zero. Assim, os custos totais são crescentes com o aumento de
produção.
O preço de vendas pode ser estimado de dois modos: CT = CFix + CVa iáv = C i + CI i

I. Acompanhando o preço praticado pelas empresas Lucro = Faturamento − Custo Total


líderes de mercado;
II. Ou, impondo o próprio preço ao mercado. R$

Nestes dois casos recomenda-se definir o próprio preço, a Faturamento


partir do orçamento de custo, dos tributos exigidos e do lucro
Ponto Ponto
desejado para poder avaliar a própria situação de lucratividade
Equilíbrio Equilíbrio
e comparar o seu preço frente ao praticado pelo mercado. Inferior Superior
Lucro
Finalizando, é importante analisar o custo de produção a ser Máximo

incorrido a cada nível de demanda.


Custos Totais
Considerando que, em especial, os custos variáveis
oscilam segundo a quantidade produzida, há que se observar e
analisar qual a quantidade ótima de produção que permite Produção

realizar o lucro máximo. QEinf Qótima QEsup

Economia Deseconomia
E, para tanto, observar qual a quantidade de produção De Escala De Escala
que permite economia de escala e a quantidade, ou ponto
ótimo de produção, a partir do qual se entra num processo de Figura 5.1 - Relações de Produção
deseconomia de escala.
A Figura 5.1, mostra um modelo clássico do
comportamento das relações de produção.
106
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O estabelecimento do tempo de vida de um projeto deve ser
É importante notar que, dado o comportamento do estabelecido considerando ser ele um ativo produtivo ou uma
faturamento e dos custos totais, conforme mostrado na Figura, aplicação em ativo financeiro.
ocorrem duas quantidades de produção em que ocorre lucro
zero. São os denominados pontos de equilíbrio inferior e o No caso de investimento produtivo, seu tempo de vida é
superior. função do tempo de utilização que o leva à obsolescência ou o
de sua primeira grande manutenção, quando é possível
O objetivo primeiro do gestor é definir a quantidade de aumentar o tempo de vida do mesmo.
produção a partir da qual o projeto passa a gerar lucro, ou seja,
a partir do ponto de equilíbrio inferior. E, a quantidade ótima de No caso de ativo financeiro, o horizonte de investimento
produção na qual ocorre o lucro máximo do projeto produtivo. dependendo do tempo estabelecido para obter o melhor
retorno ou a rentabilidade pré-definida.
Porém, uma produção superior ao da quantidade ótima
faz com que os lucros entrem em fase declinante e a partir do
ponto de equilíbrio superior o projeto passa a gerar prejuízos. Ativo Produtivo

Horizonte de
Assim, diz-se que um projeto se encontra em fase de Investimento
economia de escala quando a produção é crescente até chegar Ativo Financeiro
ao ponto da quantidade ótima de produção, quando ele
propicia um lucro máximo. A partir da quantidade ótima, o
projeto entra em fase de deseconomia de escala, passando a
produzir lucros declinantes e, até mesmo, chegar a prejuízos.

A quantidade ótima de produção, Qótima, que propicia o Assim, quando se compra ações, regra geral, os
lucro máximo se situa entre as quantidades QEinf e QEsup. analistas recomendam ter um horizonte de longo prazo.
Graficamente, ocorre quando a distância entre a curva de
faturamento e a do custo total é máxima. Embora as ações possam ser vendidas a qualquer
momento, o ideal é que o investidor participe neste mercado
com uma estratégia de ganhar dinheiro no longo prazo. Não
5.3.3 – Vida Útil ou Horizonte do Investimento. convém aplicar hoje em ações o dinheiro que será usado para
pagar a prestação da casa própria amanhã, por exemplo.
Por definição, horizonte de investimento, tempo de vida
ou de operação de um projeto corresponde ao espaço de Esta é uma recomendação natural para investimentos de
tempo que se pretende dispor do mesmo. maior risco. Também não se deve comprar um imóvel sabendo
que será necessário vendê-lo em seis meses. É melhor esperar
107
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
um momento adequado, que pode ser de seis meses, mas Isto porque, por definição, a taxa de juros corresponde à
também pode não ser. remuneração do capital paga pela utilização de um capital de
terceiros.
É interessante notar que, ao termino da vida do projeto,
havendo Investimento Fixo e/ou Capital de Giro residual, eles A Taxa de Oportunidade ou Taxa de Mínima
devem ser incorporados ao fluxo de caixa, como uma entrada Atratividade, por sua vez, é a taxa estabelecida para a
de caixa, ao final do mesmo. remuneração da aplicação de capital próprio. Ela corresponde
à menor taxa de remuneração desejada por uma empresa, ou
5.3.4 – O Custo de Capital. um capitalista, para a remuneração de seus recursos, ao serem
consideradas alternativas que apresentem a mesma taxa de
risco.
O custo de capital é, matematicamente, definido como a
taxa “ï” a ser adotada nos estudos financeiros da empresa,
5.3.5 – Fontes de Recursos.
para o desconto de seus projetos. A fórmula abaixo, que
expressa o valor presente de uma série antecipada de
pagamentos, é um exemplo desta assertiva, onde i expressa o Conforme já mostrado na Figura 1.5, considera-se,
custo de capital. basicamente, duas fontes de capitais necessários à
implantação de um projeto:
+i n -

VP sa = R sa × { }
i × +i n- Capital Próprio;
 Capital de Terceiros.
Esta taxa, também denominada de taxa de rentabilidade,
é taxa de remuneração desejada pelos proprietários pela O custo do capital próprio corresponde à remuneração
remuneração do capital próprio aplicado. Pode receber, estipulada pelo proprietário da empresa ou pela coalizão
também, as denominações de: taxa de mínima atratividade, dominante pela utilização seu capital.
taxa de oportunidade, custo de oportunidade, taxa de desconto
da empresa. O custo de capital de terceiros corresponde à
remuneração estipulada por financiadores pelo aporte de seus
Conceitualmente, a taxa de juros difere da Taxa de capitais, sejam provenientes de empréstimos de curto prazo ou
Oportunidade, mesmo que, matematicamente, o tratamento a de financiamentos de longo prazo. A definição desses custos já
ser dado a estes dois tipo de taxas possa ser idêntico. foi discutida no item 1.5.2 – Fontes de Capital.

É importante notar que a análise de projetos futuros


deve considerar a futura composição de capital da empresa,

108
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
pois cada capital a ser mobilizado, frequentemente, considera
um custo de capital distinto.
5.4.2 - Diagrama de Fluxo de Caixa – DFC.

5.4 – O Fluxo de Caixa. O “diagrama de fluxo de caixa” é o instrumento que


permite visualizar clara e concisamente a série de fluxos de
5.4.1 – Conceituação. caixa.

A análise da viabilidade financeira de investimentos é Graficamente ele é representado em um gráfico


realizada através da elaboração dos fluxos de caixa projetados cartesiano onde, em abscissas, fica determinada a linha dos
e associados a cada uma das alternativas desenvolvidas. tempos e, em ordenadas, o valor monetário de cada fluxo de
caixa singular. Como exemplo seja o diagrama da Figura 5.2.
Conceitua-se fluxo de caixa, como uma série de
pagamentos e recebimentos de dinheiro, distribuídos no tempo. Neste diagrama, receitas ou entradas de dinheiro são
representadas por setas voltadas para cima, sinal (+).
O processo de análise financeira e a elaboração do Pagamentos ou saídas de dinheiro representadas por setas
fluxo de caixa projetado podem ser realizados disponíveis as voltadas para baixo, sinal (-).
seguintes informações:


Convenções
Avaliação da variação da demanda do produto durante o
horizonte de projeto;  Seta voltada para cima indica fluxo de caixa


superavitário ou positivo;
Preço de Venda do Produto;
 Custos de Produção a cada nível de demanda;  Seta voltada para baixo indica fluxo de caixa


deficitário ou negativo;
Alíquotas dos tributos incidentes sobre o lucro e o
faturamento;  Todo fluxo de caixa é lançado em diagrama

no momento final do período que tenha
Utilização do capital próprio ou de terceiros;

ocorrido.
Valor residual dos ativos imobilizados a serem
alienados;
 Taxa de mínima atratividade ou de retorno do capital;
 Horizonte do projeto.

109
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Para a correta montagem dos diagramas de fluxo de
Cada fluxo de caixa, então, expressa graficamente o caixa, DCF, recomenda-se o cumprimento das seguintes
resultado ou saldo das movimentações de caixa havidas em premissas:
determinado período. E deve ser lançado no diagrama ao final
do período em que ocorrer. O modelo de calculo do fluxo de i - O fluxo de caixa de um período equivale à soma algébrica
caixa será discutido no Item 5.4.3. das entradas e saídas de caixa que ocorrerem durante o
mesmo.
ii - Lançar como investimento, apenas os capitais demandados
R$ pelo projeto;
iii - A priori, não considerar risco ou incerteza.
iv - Efetuar a definição do montante de capital próprio
F3 F4 empregado no projeto e o pagamento de dividendos;
F2 F5 Fn
1 v - Desconsiderar a entrada de capital de dívidas, juros e
amortizações, não vinculados ao projeto;
2 3 4 5 n
F1 vi - Efetuar o reinvestimento de fundos gerados pelos projetos.
F0
vii - Desconsiderar decisões financeiras realizadas
anteriormente ao início do projeto em análise.
Figura 5.2 – Diagrama de Fluxo de Caixa

Recomenda-se, especialmente ao iniciante no assunto, 5.4.3 – Calculo do Fluxo de Caixa.


desenhar o diagrama de fluxo de caixa das alternativas
propostas. Este procedimento facilitará o acompanhamento e 5.4.3.1 – Modelo do Fluxo de Caixa.
entendimento do comportamento do fluxo de cada alternativa e
permitirá um adequado tratamento matemático ao processo de
calculo. Considerando que um fluxo de caixa, Fk, registra o
somatório líquido do total das saídas e entradas de caixa
havidos num dado período, k, genérico.
5.4.2.1 – Premissas e Convenções.
E, tendo por nomenclatura:

110
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
a) Receitas, Rec, que correspondem ao faturamento ou O lucro representa o resultado da dedução das
ganhos a serem auferidos pelo projeto, motivo da razão despesas indiretas, custos de produção ou tributos pagos, no
social da empresa; período, do valor das receitas havidas.

b) Despesas, correspondendo ao somatório dos custos Lucro = Σ Receitas – Σ Despesas,


diretos, dos custos indiretos e dos tributos incidentes
diretamente sobre o faturamento; Portanto, pode ocorrer a existência de lucro em um
determinado período e o fluxo de caixa ser negativo. É
c) Investimentos, correspondendo ao somatório das inversões suficiente, para isto ocorrer, a realização de um nível de
realizadas em ativo imobilizado, sejam eles imóveis, investimento superior ao somatório do lucro, das deduções e
equipamentos ou veículos e em capital de giro; do valor residual havidos no período.

d) Deduções expressam os incentivos fiscais que podem ser A constatação da assertiva acima pode ser efetuada
considerados como despesas e que permitem reduzir o pela análise da expressão abaixo, ao se substituir na
lucro antes da provisão para o imposto de renda e da expressão geral do fluxo de caixa os somatórios das receitas e
contribuição social sobre o lucro líquido. Especialmente o despesas pela expressão do lucro. Então:
montante da depreciação dos ativos imobilizados ocorrida
no período; Fk = Lucro – Investimentos + Deduções + VR

e) Valor residual, VR, estabelece o montante do valor das Do acima exposto e, especialmente, da análise da
desmobilizações ocorridas no final do projeto devido à expressão do fluxo de caixa, Fk, pode-se inferir:
venda dos bens imobilizados e, também, ao retorno do
capital de giro inicialmente investido.
• As deduções e o valor residual reduzem o imposto a
O valor do fluxo de caixa em dado período k é dado pelo pagar, melhoram a disponibilidade de caixa.
modelo:
• Pode ocorrer fluxo de caixa negativo, mesmo tendo sido
apurado lucro no exercício, dependendo do volume
Fn =∑Recn -∑Despn -∑Invn -∑Trin +Depn +VRn
monetário aplicado em investimentos.
Alerta-se ao leitor que o conceito de fluxo de caixa No Brasil, como existem várias opções de regime de
transcende ao conceito de lucro. tributação, a depreciação somente é considerada no caso da
opção pelo lucro presumido.

111
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
5.5 – Valor Presente. pelo modelo abaixo, em que VP e VF correspondem,
respectivamente, a uma única saída ou entrada de caixa.
5.5.1 – Valor de um Ativo.

Define-se, financeiramente, como sendo o VALOR de um VP ≡ VF∙ n


+i
ativo ao valor presente líquido do somatório dos fluxos de caixa
descontados que ele for capaz de gerar, considerando o valor E, “n”, representa o número de períodos em que
da moeda no tempo. ocorrerá a entrada de caixa e “i”, a taxa de desconto ou TMA,
pactuada.
Decorre dessa definição que o VALOR PRESENTE LÍQUIDO
de um ativo, ou de qualquer projeto de investimento, é
equivalente à quantidade de riqueza que ele poderá gerar, 5.5.2.2 - Valor Presente de Múltiplos Fluxos de Caixa.
expressa em valores monetários e medida na data de sua
análise. No caso de ocorrer múltiplos fluxos de caixa, conforme
Figura 5.2, o valor presente líquido associado a um projeto p
O Valor Presente Líquido, então, é a metodologia corresponde ao somatório dos fluxos de caixa individuais.
proposta para medir o acréscimo, ou incremento, de riqueza
propiciada pela implantação de um projeto de investimento. Matematicamente, o valor presente líquido pode ser
expresso pela seguinte expressão canônica, em que, F0,
corresponde ao fluxo de caixa inicial no momento zero e F k o
VP(p) = Δ RIQUEZA
fluxo de caixa previsto para ocorrer no período k:

A metodologia leva esta denominação de valor presente F


líquido, pois considera todas as entradas e saídas de caixa VPL p = F + ∑
+i
associadas ao projeto, fato que permite medir o incremento de =

riqueza por ele propiciado e expresso em valor monetário.


Ou, de forma extensiva, pelo polinômio:

5.5.2 – Calculo do Valor Presente Líquido. F F F Fn


VPL p = F + + + +⋯+ n
+i +i +i +i
5.5.2.1 - Valor Presente de Fluxo de Caixa Único.
Alerta-se, ao ser analisado qualquer projeto de
Como já visto no item 2.3.3 – Valor Presente e Valor Futuro,
investimento ou um conjunto de alternativas de investimentos,
o valor presente VP de um único fluxo de caixa, VF, é dado
112
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
para se e elaborar tanto o diagrama de fluxo de caixa como o
$
de valor presente de cada alternativa de projeto, no intuito de
visualizar o comportamento de cada fluxo de caixa singular.

Tal procedimento evita surpresas no processo de 170 170


tomada de decisão, conforme será visto em capítulo posterior. 130 150 150

ano
Financeiramente, o valor presente líquido de um 1 2 3 4 5
investimento de capital expressa o aumento de riqueza
propiciado pelo projeto, além da remuneração habitualmente 420
desejada, medido na data de hoje.

Como exemplo, seja um projeto de investimento que VPL


exigiu um capital inicial no montante de R$ 420. E, houve uma 90,02 Remuneração
previsão do retorno do investimento conforme os fluxos de de 15% a.a.
+ 90,02 R$
caixa expressos na Figura 5.3. Aplicado 510,02
HOJE
Considerando que o investidor estabeleceu seu custo de 420
oportunidade ou taxa de mínima atratividade em 15% ao ano, o
valor presente dos fluxos de caixa dos retornos monta a R$ ano 15% ano
510,02. E, em decorrência, o VPL previsto é de R$ 90,02.

Financeiramente, o exemplo acima exposto significa 420


HOJE
que, aplicada a importância de R$ 420,00, além da
remuneração do capital estabelecida em 15% ao ano, o
investidor obterá um aumento de riqueza no montante de R$ Figura 5.3 – VPL e Fluxo de Caixa
90,02, quando medido na data de HOJE.

VP= + + + + = ,
, , , , ,

VPL= VP - II = , - = , R$.

113
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

5.5.3 – Diagrama de Valor Presente. R$


Valor Presenete do fluxo de
Um importante instrumento utilizado para a análise do caixa descontado à taxa de
comportamento de qualquer fluxo de caixa é o Diagrama de 4% ao período.

Valor Presente.
VP(4%)
Este diagrama exprime, no eixo das abscissas as taxas
de desconto ou TMA e, em ordenadas, o valor presente do
fluxo de caixa descontado à taxa de “i%” ao período.

O exemplo exposto na Figura 5.4, mostra o diagrama de


um fluxo de caixa descontado a taxas de desconto que variam i%
entre 4 a 20% e onde é evidenciado o Valor Presente vinculado 0
4 8 12 16 20
à taxa de desconto de 4% ao período.
Figura 5.4 – Diagrama de Valor Presente – Projeto Convencional
Como será visto no Capítulo-6, disponíveis os diagramas
de valor presente das alternativas vinculadas a um projeto,
torna-se mais fácil e definir adequadamente qual delas propicia No diagrama da Figura 5.5, é possível verificar a
o maior incremento de riqueza. existência de valores presentes positivos, ocorrendo entre as
taxas de zero a 6%. Entre as taxas de 6% a 12% ocorrem
É interessante ressaltar que a curva representativa da valores presentes negativos. Entre 12% a aproximadamente
função valor presente líquido, expressa na Figura 5.4, se 19% ocorrem, novamente, valores presentes positivos. A partir
comporta de modo decrescente, contínua e convexa, quando de 19%, os valores presentes são negativos.
referida a projetos de investimento convencionais.
Investimentos definidos e classificados no item 5.6. Constata-se, então, que o projeto é viável entre taxas de
zero a 6% e de 12 a 19%. Sendo inviável para TMA’s entre 6 e
Ao serem analisadas alternativas de projetos de 12% e, acima de 19%.
investimentos não convencionais, nada se pode afirma a priori
quanto ao comportamento da curva. Ver Figura 5.5. Sob a ótica matemática, isto quer dizer que o polinômio
representativo da função valor presente líquido pode
Isto porque, é possível ocorrer valores presentes apresentar diversas raízes reais.
negativos entre valores presentes positivos, fato que pode
induzir o analista a erro ao elaborar suas recomendações.

114
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
R$
Solicita-se preencher os dados faltantes na tabela da
Figura 5.6, o que permite definir o valor presente do projeto
para cada TMA especificada.

Valores Presentes em R$
Per. i = 0% i = 3% i =6% i =9% 12%
0 - 1.200,00
i% 1 - 850,00
4 8 12 16 20
0 2 450,00
3 520,00
4 570,00
Figura 5.5 – Diagrama de Valor Presente – Projeto Não 5 630,00
Convencional 6 680,00
7 320,00
Nestes casos, recomenda-se elaborar graficamente o ∑ 1.120,00 754,36 449,67 194,25 -21,08
diagrama de valor presente visando amparar a análise de Figura 5.6 – Tabela de Valores Presentes dos Fluxos de Caixa
decisão, e definir corretamente as taxas de desconto que
propiciem valores presentes positivos e as que propiciam
valores negativos. Com os dados obtidos, segundo expresso na ultima
linha da tabela da Figura 5.6: 1.120,00; 754,36; 449,67; 194,25;
-21,08; pode-se traçar o diagrama de valor presente líquido do
5.5.4 – Exemplo de Aplicação. fluxo de caixa, conforme diagrama expresso na Figura 5.7.

Seja, como exemplo de obtenção de um diagrama de Analisando o diagrama do valor presente, é possível
valor presente, um projeto representado pelo seu fluxo de constatar que o projeto em questão passa a ser viável para
caixa: investidores que pratiquem taxas de desconto, ou seja, TMA’s
inferiores a 11,6%.
VP  1200       
850 450 520 570 630 680 320
(1  i) (1  i)
1 2
(1  i) 3
(1  i) 4
(1  i) 5
(1  i) 6
(1  i)7 Para investidores que pratiquem Taxa de Mínima
Atratividade - TMA superiores a 11,6%, o projeto tornar-se-ia
Resolvendo o polinômio acima para cada uma das inviável, já que os valores presentes passam a apresentar
seguintes taxas de desconto: 0,0 %; 3%; 6%; 9% e 12%; valores negativos.
obtém-se o valor presente líquido associado a cada uma das
taxas, conforme disposto na tabela abaixo.
115
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Financeiramente, significa que a este projeto só E, também, o quanto uma pessoa paga pela utilização de
remunera positivamente o investidor que praticar TMA capital de terceiros.
inferiores a 11,6% ao período.
Este capítulo discute o custo de capital sob a ótica da
Valor Presente empresa, ou seja, quanto ela paga para a utilização dos
R$ capitais lhes disponibilizados.

1.200 Ao ser utilizado o conceito “custo de capital”, é


importante entender o contexto em que está sendo empregado.
1.000 Ele pode se referir tanto ao custo a ser pago pela utilização de
capital que a empresa remunera ao capital aportado pelos
800 sócios e por terceiros, como a taxa de desconto adotada na
análise dos seus projetos.
600

400
Há que se evitar a utilização do custo de capital
TIR empregado dentro de um contexto e aplica-lo em outro
200 Taxa de contexto. Como exemplo, seja o custo ou remuneração de um
12 Desconto capital destinado ao financiamento de determinado projeto e o
0,00 i% utilizar, também, como taxa de desconto deste mesmo projeto.
3 6 9 15
-200 Este é um erro a ser evitado, pois, a empresa além de
remunerar o capital dos acionistas, deverá renumerar o
financiamento contratado, fato que necessariamente decorrerá
Figura 5.7 – Diagrama de Valor Presente no estabelecimento de uma taxa de desconto ou TMA superior
às duas citadas.

5.6 – O Custo do capital. No campo financeiro, o conceito “custo de capital” pode


ser utilizado em diversos contextos, todos no sentido de
rentabilidade, bem como receber denominações diversas, a
5.6.1 – Conceitos. saber:

O conceito de custo de capital se refere ao retorno a) Custo de Capital, Taxa de Desconto, Custo de
esperado por uma pessoa física, das firmas individuais, das Oportunidade ou Taxa de Mínima Atratividade expressam o
sociedades limitadas e anônimas na aplicação de seus capitai.

116
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
retorno desejado na aplicação de algum capital, seja em Desta forma a TMA corresponde à taxa de desconto, i,
investimento produtivo ou aplicação financeira. adotada no calculo do Valor Presente Líquido - VP(p)
associado às diversas alternativas do projeto. Na Figura 5.8 é
b) Custo de Oportunidade também definido como a taxa de mostrada a correlação entre uma determinada TMA e o valor
rentabilidade ou retorno que se obtém ao se comparar a presente a ela correspondente.
rentabilidade de uma alternativa de projeto com a F
rentabilidade da melhor alternativa já disponível, na mesma VPL p = F + ∑
classe de risco. Também é denominada “Taxa de +i
=
Oportunidade”.
F F F Fn
VP p =F + + + +⋯+
c) Custo de Capital é o preço que a empresa paga pela +i +i +i +i n
utilização dos fundos obtidos junto às suas fontes de
capital. Como já comentado, havendo diversas alternativas de
investimentos propostas para a aplicação de um mesmo
d) Custo de Capital ou Custo Médio Ponderado é a taxa de capital, deverá ser adotada a mesma TMA ≡ i para o calculo do
retorno que uma empresa necessita obter sobre seus valor presente líquido de cada uma delas.
investimentos de forma a manter inalterado o valor de
mercado da empresa. Isto porque, não há sentido financeiro comparar valores
presentes associados à alternativas de investimentos
descontados à taxas distintas ou, noutras palavras,
5.6.2 – A Taxa de Mínima Atratividade - TMA remunerados segundo parâmetros diferentes.

Obtidos os valores presentes de cada alternativa, as


5.6.2.1 – Conceito de TMA. mesmas podem ser hierarquizadas segundo o aumento de
riqueza quer propiciam. Basicamente, a alternativa que
apresentar o maior incremente de riqueza será considerada
Por definição, a Taxa de Mínima Atratividade, TMA, como a mais interessante.
corresponde à menor rentabilidade desejada para a
remuneração de um projeto. A taxa Interna de Retorno – TIR corresponde à taxa que
zera função valor presente líquido. Ou seja, é a raiz do
A TMA corresponde à taxa de remuneração, ou polinômio representado pelo respectivo fluxo de caixa. Ver
desconto, a ser adotada num processo de decisão de Figura 5.8.
alternativas de investimentos.

117
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A definição da TMA deve ser realizada sob a ótica da Considerando uma análise de decisão de projeto
iniciativa pública ou da particular. produtivo o empresário iniciante pode encontrar dificuldade em
estabelecer a TMA do projeto.
Sob a ótica da iniciativa pública, recomenda-se adotar
uma TMA=10% para a análise de projetos de investimentos Nessa situação sugere-se estabelecer como viáveis
governamentais, convenção adotada por bancos de projetos cujos valores presentes sejam positivos para TMA’s
investimentos públicos, inclusive pelo Banco Mundial. situadas entre a taxa de remuneração da caderneta de
poupança ( 6% ao ano) e a taxa SELIC, taxa esta que serve de
R$ remuneração básica para a aplicação em títulos do Tesouro
Nacional.

II - Se empresa: No caso das empresas, a TMA corresponde à


remuneração desejada pelos acionistas, sendo expressa pelo
custo médio ponderado do capital da empresa. (GITMAN,
2001).
Função Valor
Presente Líquido Lucratividade Obtida
Considerando Balanço
Medida a Posteriori.
VPL>0
VPL E TMA = i

i%
Considerando Fontes de Lucratividade Definida
Capital Medida a Priori
TMA TIR

Figura 5.8. - TIR & TMA. Figura 5.9 - Definições da TMA.

Como será visto a seguir, TMA e custo médio


Na iniciativa particular, a TMA pode ser definida sob a ponderado de capital são conceitos semelhantes e expressam
ótica do investidor ou da empresa. a remuneração de todos os capitais disponíveis para o
financiamento da empresa, a saber: capital próprio, capital de
I - Se investidor: Neste caso, o investidor singular determina, a terceiros e financiamentos de curto e longo prazo.
seu talante, a taxa de remuneração desejada para o capital
disponível a ser investido. O calculo do custo médio ponderado pode ser efetuado
adotando duas metodologias:

118
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 A partir do balanço, caso em que demonstra a lucratividade Neste caso, a TMA expressa e rentabilidade da
que a empresa vem oferecendo para os capitais empresa frente aos capitais que mobiliza.
disponíveis;
 E, considerando os custos dos capitais a serem mobilizados Como exemplo de cálculo, seja o balanço de uma
pela empresa. Este caso demostra qual deverá ser o empresa conforme expresso nas Figuras 5.11 a 5.13, o valor
lucratividade ou TMA da empresa para que tenha condições da CMP = TMA ≡ i, é dado por:
de remunerar os capitais a serem mobilizados conforme o
custo de cada um. . ,
�= = , → , %
. . , + . ,
5.6.2.2 – A TMA e o Balanço.
Pelo exposto, o custo de capital ou taxa de desconto da
empresa é de 12,36 %.
Esta primeira metodologia utiliza o balanço para definir
a remuneração ou o custo de capital e demonstra a O Custo Médio Ponderado de Capital também pode ser
remuneração que a empresa vem apresentando nos exercícios obtido a partir de dados disponíveis no balanço patrimonial,
passados. mais precisamente com as informações apresentadas no DRE
e no Passivo.
Matematicamente a TMA de um exercício é definida
como sendo a razão entre o lucro obtido no exercício e o Além disto, utilizando balanço projetado para o próximo
somatório dos capitais disponíveis em longo prazo: exercício, a empresa pode avaliar a evolução de seu custo de
capital, o que a balizará na captação de novos investimentos.
Lucro
CMP = TMA ≡ i = Analisando os itens do Passivo que contribuem para a
PL + FLP
formação do CMP:
Em que:
O Passivo Circulante não participa da formação do CMP,
 O lucro é definido pelo valor registrado no DRE; pois integra o Capital de Giro, além de ser composto por
 O PL, Patrimônio Líquido, corresponde ao total do exigibilidades de curto prazo.
patrimônio líquido registrado no Passivo;
 E, o FLP, representa o valor total dos financiamentos de O Exigível de Longo Prazo participa com as contas
longo prazo registrados em contas do exigível de longo relativas aos investimentos e dívidas de longo prazo, pois
prazo. esses capitais são destinados à operação da empresa.

119
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Das contas contábeis integrantes do Patrimônio Líquido, conta Patrimônio Líquido com a conta Exigível de Logo Prazo,
o capital integralizado participa da formação do CMP, pois item 2.2.1 – Financiamentos a Pagar. Calculando:
representa o capital exigível pelos acionistas.

Porém, quanto às Reservas de Capital, há autores que


não as consideram, pois argumentam que ninguém dispõe de Lucro do Exercício
exigibilidades sobre elas. Consideram, também, que reduzem o CMP =
PL + ELP
CMP, situação que ocorre em fase passageira enquanto não
lhes forem dado destino, representando uma situação atípica. . ,
CMP = = ,
. . , + . ,
Outros, porém, consideram as reservas na formação do
CMP, pois entendem que a firma utiliza estes valores nas suas Então, o CMP = 12,36% ao ano, pois o balanço é dado
operações. em bases anuais.
O autor é favorável a essa segunda posição, pois, na
realidade, representa um recurso em utilização. Mesmo que
não tenham sido pagos em determinado período, esse tipo de 5.6.2.3 – A TMA e o Custo Médio Ponderado.
recurso foi utilizado a custo extremamente favorável.
Por definição, o custo médio ponderado corresponde ao
O CMP pode ser empregado como taxa de desconto, “i”, custo que a empresa paga pelos capitais que mobiliza. Nestes
a ser adotada nos estudos de viabilidade da empresa já que termos, a TMA corresponde ao custo médio ponderado, CMP,
pode ser entendido como sendo uma medida de competência, e visa remunerar todos os capitais que a empresa mobiliza ou
pois exprime o quanto dos recursos disponíveis pela mobilizará. Capitais esses a serem mobilizados em volumes e
administração da empresa foi transformado em lucro. a custos distintos.
Finalizando ao se desejar conhecer a evolução do CMP O CMP pode ser estabelecido a priori ou a posteriori. A
para exercício futuros, a mesma abordagem acima descrita priori, quando se deseja saber a evolução do mesmo a partir
pode ser adotada, porém a partir de balanços projetados. das fontes de capital a serem mobilizadas. A posteriori, a partir
do fechamento do balanço patrimonial.
Como exemplo de calculo do CMP, seja o balanço de
uma empresa conforme exposto nas Figuras 1.7; 1.8 e 1.9. Assim, a metodologia do CMP permite definir a TMA a
ser adotada para as seguintes situações: a taxa de desconto
Do DRE, tem-se o lucro do exercício no valor de R$ média em utilização na empresa; a taxa de desconto a ser
195.293,60. O capital disponibilizado corresponde à soma da adotada em operações futuras.
120
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
No caso em pauta e tomando para exemplo de
O objetivo em se estabelecer o custo médio ponderado determinação do custo de capital de uma das fontes, o item 1-
dos capitais é dispor de um parâmetro que indique qual o valor Empréstimo de Longo Prazo, seu custo é calculado conforme
máximo a ser remunerado por novos capitais a serem tomados abaixo.
sem haver queda na TMA em utilização ou a redução da
rentabilidade dos controladores. C1 ∙VM1 150.000
n = × 0,0319 = 0,000136 ∴ CMP = 0,0136%
∑i=1 VM 35.150.000
Matematicamente, o CMP é definido ao se utilizar a
média ponderada dos custos associados a cada fonte de
Os custos das demais fontes de capital são
capital e o montante do capital utilizado.
determinados de modo similar.
Considerando o montante de cada tipo de capital
Valor % do Custo do Custo
utilizado pela empresa como VM1, VM2,..., VMn e o custo de Fontes de
Em $ Valor do Capital Médio
capital a ser pago a cada um deles, respectivamente, C1, Capital
Escriturado Capital Em % Ponderado
C2,..., Cn, define-se, matematicamente, o CMP como:
1 - Empréstimo
150.000,00 0,43 3,19 0,0136
de Longo Prazo
C VM C VM C VM Cn VMn
TMA=CMP= n + n + n +⋯+ n 2 - Empréstimos
∑i= VM ∑i= VM ∑i= VM ∑i= VM de Curto Prazo
5.000.000,00 14,22 8,69 1,2361
3 - Ações
Já comentado, a expressão acima pode ser utilizada 10.000.000,00 28,45 5,16 1,4680
Ordinárias
tanto para a definição do custo ponderado de capital em 4 - Ações
utilização como para a análise da evolução do mesmo ao 20.000.000,00 56,90 8,88 5,0526
Preferenciais
serem captados novos recursos no mercado. É de expedita Custo Médio
aplicação. Ponderado - CMP
35.150.000,00 100,00 - 7,7703 %

Como exemplo determinação do CMP, seja os dados Figura 5.10 – Exemplo Determinação do CMP.
apresentados no quadro da Figura 5.10 que mostra o caso de
uma empresa que utiliza quatro tipos de capital. Cada um deles O Custo Médio Ponderado da empresa, CMPE,
com um custo distinto e que variam de 3,19% a 8,88%. corresponde à soma dos custos de capital de cada fonte
específica. Matematicamente:
Aplicadas as informações dispostas no quadro abaixo à
equação acima, o Custo Médio Ponderado obtido é de TMAE = CMPE = CC1 +CC2 +CC3 +⋯+CCN
7,7703%.

121
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Definindo o custo médio ponderado de capital da
empresa, no exemplo acima, tem-se: O modo de avaliar cada custo de capital é função do tipo
da razão social de cada empresa, a saber:
CMP = 0,0136 + 1,2361+1,4680 + 5,0526 = 7,7703%.
- Empresa com Proprietário Único - o custo de capital é o
Finalizando, é interessante notar que o CMP ou TMA da melhor custo de oportunidade que ele tem num mesmo
empresa pode variar segundo o custo e o volume dos capitais nível de risco quanto à aplicação de seus próprios ativos.
a serem mobilizados em novos projetos. E, mesmo assim, a No mínimo, ele aplica na própria empresa.
rentabilidade do capital dos acionistas pode ser mantida
inalterada ao se utilizar a metodologia do CMP. - Sociedade Limitada - é a mesma situação da anterior, em
que reflete o interesse do grupo.

5.7 - Fontes de Capital. - Sociedade de Capital Aberto - ver teoria do preço das
ações. GITMANN, 2001.
Cada fonte de capital de uma empresa pode ter custo
diferente das demais, conforme a origem dos capitais a serem Para a gestão financeira, determinar o custo de capital
utilizados, e podem ser classificadas em dois principais grupos: que a empresa paga por cada um deles e o conhecimento do
Capital Próprio e Capital de Terceiros. custo total dos capitais mobilizados é de importância
fundamental, pois permite definir qual sua própria taxa de
Como exemplo de capital próprio tem-se o caixa, desconto.
estoques e os investimentos de curto prazo. As formas
comumente utilizadas em sua realização são: Para tanto, é utilizado o conceito de Custo Médio


Ponderado de capital que pode ser calculado a partir das
O capital integralizado pelo proprietário de uma firma fontes de capital utilizadas ou diretamente dos dados
individual ou pelos sócios de uma sociedade em cotas de apresentados no Balanço Patrimonial.
capital limitada;
 As ações ordinárias das companhias de capital aberto; As técnicas a serem apresentadas para a obtenção do

Custo Médio Ponderado podem ser utilizadas tanto para
A venda de ativos improdutivos ou de baixa rentabilidade;

determinar o custo de capital ora em utilização, como a
A venda de estoques. previsão do custo de capital futuro.

Como exemplos de capitais de terceiros e que causam No caso da determinação do custo de capital futuro, a
custo para a empresa são aqueles expressos na Figura 5.11 – técnica recomenda utilizar os balanços projetados para os
Fontes de Capital. próximos exercícios considerando a mobilização de novas

122
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
fontes de capital pela qual se tem condições de avaliar a
rentabilidade futura.

3 - DRE R$
3.1 Receita Operacional Bruta + 956.712,25
Próprio CAIXA 3.2 Deduções à Receita (Tributos + Descontos) (-) 147.764,69
3.2.1 - Tributos 140.376,26
3.2.2 - Descontos 7.388,43
Ações 3.3 Receita Operacional Líquida = 808.947,56
Sócios
Fontes de Ordinárias 3.4 Custo de Produtos Vendidos (-) 470.370,65
Capital 3.4.1 – Produto A 92.630,65
3.4.2 - Produto B 178.230,00
3.4.3 – Serviços Técnicos 199.510,00
Ações 3.5 Lucro Operacional Bruto = 338.576,91
Preferenciais 3.6 Despesas Operacionais. (-) 40.267,59
Térceiros
3.6.1 - Despesas com Vendas 1.237,04
3.6.2 - Despesas Gerais e Administrativas 39.030,55
Debêntures 3.7 Lucro Operacional Líquido - EBITDA2 298.309,32
3.8 Depreciação (-) 5.500,00
3.9 Amortizações (-) 4.166,51
Descontos 3.10 Resultado Financeiro (-) 2.728,54
Empréstimos
Duplicatas 3.10.1 – Juros Recebidos (+) 4.194,35
3.10.2 – Juros Pagos (-) 6.422,89
Financiamentos 3.11 Lucro Operacional = 254.531,74
Curto Prazo 3.12 Resultado Não Operacional + 5.004,01
3.12.1 - Receitas Não Operacional 7.004,01
3.12.2 - Despesas Não Operacional (-) 2.000,00
Financiamentos 3.13 Lucro Antes do Imposto de Renda - LAIR = 259.535,75
Figura 5.11 - Fontes de Capital. Longo Prazo 3.14 Provisão p/ o Imposto de Renda – 15%+10% (-) 40.883,93
3.15 Contribuição Social s/ o Lucro Líquido – 9% (-) 23.358,22
3.16 Lucro Líquido do Exercício = 195.293,60
Figura 5.11 – Modelo de Demonstrativo de Resultados do Exercício

(2) EBITDA = Earnings before interest, tax, depreciation, and amortization.


Esta é a expressão utilizada em língua inglesa para o lucro operacional líquido. Ou
seja, o lucro antes da incidência de juros, taxas, depreciação e amortização.
123
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

1 - Ativo R$ 2 - Passivo R$
1.1 – Circulante. 712.823.08 2.1 – Circulante. 294.039,54
1.1.11. Caixa e Bancos 44.653.73 2.1.1. Bancos 61.325,00
1.1.12. Recebíveis de Clientes 121.033.96 2.1.2. Fornecedores 165.895,52
1.1.13. Aplicações Financeiras 23.872,07 2.1.3. Obrigações Fiscais a Recolher 10.181,46
1.1.14. Prov. Devedores Duvidosos (-) 4.430,51 2.1.4. Encargos Sociais 11.283,18
1.1.15. Impostos a Compensar 1.037,12 2.1.5. Encargos Trabalhistas 10.500,00
1.1.16. Estoques Produtos Acabados 220.000,00 2.1.6. Outras Obrigações 30.070,75
1.1.17. Estoques de Produtos em Elaboração 57.197,70 2.1.7. Provisões 4.783,63
1.1.18. Estoques de Matérias Primas 70.934,41
1.1.19. Adiantamentos a Fornecedores 9.663,58 2.2 – Exigível de Longo Prazo. 184.602,63
1.1.20. Contratos de obras 160.000,00 2.2.4. Financiamentos a Pagar 71.104,34
1.2 – Não Circulante. 1.275.176,92 2.2.5. Débitos em Coligadas 13.469,61
1.2.1 – Realizável em Longo Prazo 216.408,27 2.2.6. Contratos p/ Entrega Futura 100.028,68
 1.2.1.1 – Créditos em Coligadas 13.085,87
 1.2.1.2 – Financiamentos a clientes
2.3 – Patrimônio Líquido. 1.509.358,23
103.322,40
 1.2.1.3 - Contratos futuros
2.3.5. Capital Social 1.156.110.00
100.000,00 2.3.6. Reservas de Capital 95.545,85
1.2.2 – Investimentos. 430.347,00 2.3.7. Reservas de Lucro 62.408,78
 1.2.2.1 – Empresa A 130.347,00 2.3.8. Lucros Acumulados no exercício 195.293,60
 1.2.2.2 – Empresa B 300.000,00 2.4 - Total do Passivo. 1.988.000,00
1.2.3 – Imobilizado. 578.282,57 Figura 5.13 – Modelo de Balanço Patrimonial – Contas do Passivo.
 1.2.3.1 - Imóveis 370.000,00
 1.2.3.2 - Equipamentos 100.282,57
 1.2.3.3 - Veículos 129.600,00
 (-) Depreciações 21.600,00
1.2.4 – Intangível. 50.139,08
 1.2.4.1 - Softwares 20.139,08
 1.2.4.2 - Patentes 30.000,00
1.4 - Total do Ativo. 1.988.000,00
Figura 5.12 – Modelo de Balanço Patrimonial – Contas de Ativo.

124
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

5.8 - Previsão de Fluxo de Caixa.


Fluxo de Caixa R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil
5.8.1 – Modelo de Procedimento.
Exercício 2.015 Ago. Set. Out. Nov. Dez.

A definição do fluxo de caixa a ocorrer em cada período 1 - Recebimentos 326 523 550 606 630
vindouro é um processo de previsão dos recebimentos e  Vendas a vista 42 137 144 159 170
pagamentos futuros, investimentos a serem realizados, tributos  Contas a Receber 149 219 230 254 260
a serem pagos, deduções fiscais e depreciação dos ativos; e,  Outros 0 80 84 92 90
do valor residual disponível ao final do projeto.
2 – Tributos s/ Faturam. 55 87 92 101 110

Um modelo de procedimento recomendável para a 3 - Custos de Produção 80 129 136 150 155
elaboração dos fluxos de caixa projetados é seguir o modelo  Insumos 32 52 48 60 65
contábil do DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício.  Mão de Obra + ES 38 61 56 71 71
 Eletricidade 10 16 15 19 19
O exemplo da Figura 5.14, mostra a composição dos
4 - Despesas 203 226 245 260 268
 Fornecedores
fluxos de caixa projetados, relativos aos meses de agosto a 77 89 106 118 124
dezembro de 2.015 e que permite analisar, o fluxo de caixa  Honorários 50 60 60 60 60
projetado e, também, o nível de disponibilidade de caixa a cada  Salários 29 30 32 35 35
período.  Aluguel 25 25 25 25 25
 Impostos 22 22 22 22 24
O objetivo, então, é projetar: os recebimentos ou
5 - Depreciação +8 +12 +12 +12 +12
faturamentos futuros, preferencialmente em função da
capacidade de produção prevista para cada exercício; os 6 – Lucro do Exercício -4 93 89 107 109
custos diretos de produção; as despesas indiretas sejam elas
administrativas ou de vendas; os investimentos em ativos e em 7 - Investimentos - 97 - 32 - 94 - 94 0
capital de giro; a depreciação e a os possíveis incentivos  Equipamentos 67 32 94 94 0
fiscais.  Capital de Giro 30 0 0 0 0

8 - Fluxo Caixa Líquido -111 61 -5 13 109


Há que ressaltar que o valor residual dos investimentos 9 - Saldo Caixa Anterior 145 34 95 90 103
resultante da venda dos ativos ao final do projeto, acrescido do 10 -Saldo Caixa - Final. 34 95 90 103 212
retorno do capital de giro devido ao encerramento da produção, Figura 5.14 – Previsão de Fluxo de Caixa
não constam do DRE. Porém, seu valor é considerado no
ultimo período do fluxo de caixa.

125
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Analisando o Fluxo de Caixa da Figura 5.14, verificam-
se: fortes investimentos nos quatro primeiros meses; dois
fluxos negativos nos meses de agosto e outubro; mensalmente, 5.9 – Tributos e Depreciação.
um crescente nível de caixa.
A importância em conhecer a influência dos tributos e
5.8.2 – Informações Gerenciais. da depreciação na composição de um fluxo de caixa e, em
consequência no calculo do Valor Presente é porque os
tributos reduzem o valor do fluxo de caixa. E, a depreciação, ou
Disponível a previsão dos fluxos de caixa, o gestor
qualquer outra dedução fiscal, aumentam o fluxo de caixa, pois
dispõe de informações para avaliar os saldos disponíveis de
reduzem tributos a pagar.
caixa e, deste modo, ter condições para:

i) Analisar a viabilidade e o comportamento dos fluxos O conteúdo deste item é circunscrito a contratos da
financeiros de projetos, item 9 da Figura 5.14; indústria da construção civil, considerando as situações de
empreitada ou de serviços de engenharia.
ii) Verificar a necessidade de investimento em capital de giro
quando a projeção do fluxo de caixa do projeto prever a
ocorrência de saldo negativo; 5.9.1 – Influência dos Tributos.
iii) Estabelecer a época e a oportunidade de implantar novos
projetos ou aplicação de capital em havendo previsão de No Brasil, os tributos influenciam o Fluxo de Caixa de
expressivo saldo de caixa. dois modos:
iv) Conhecer o saldo final de caixa ao fim de cada período ao
I. Diretamente sobre o faturamento;
se somar o saldo de caixa existente em período anterior.
II. Sobre o lucro do exercício – LAIR. Recomenda-se
v) Possibilidade de distribuição de saltos de caixa. analisar o exposto no exemplo da Figura 5.10 –
Demonstrativo do Resultado do Exercício, onde é
O calculo do fluxo de caixa para cada período, k, em mostrada a incidência dos tributos.
função da quantidade a ser produzida, q, é realizado utilizando
o seguinte modelo matemático: É interessante ressaltar que, conforme a opção tributária
da empresa, Lucro Real ou Lucro Presumido, há que se
Fk = Σ Rec f(q) - Σ Desp f(q) – Invest. + Deduções + V. Residual considerar, separadamente, os tributos incidindo totalmente
sobre o faturamento ou sobre o faturamento e sobre o lucro. A
seguir se discutem as duas situações especificadas conforme
mostrado na Figura 5.15 – Tributos e Fluxo de Caixa.

126
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Fk = Lucro – Inv. + Ded. + VR
PIS/Pasep
Tributos s/
Cofins, ISS Despesa
Faturamento
IPI, ICMS.
Ao considerar o IR e a CSLL, eles atuam reduzindo o
Lucro Real
lucro operacional e também sobre a depreciação, pois esta
melhora o Lucro Líquido do Exercício.
Tributos s/ Imposto Renda
Fluxo Caixa
Lucro CSLL
Opção Tributária
Denominando a soma das alíquotas dos tributos
incidentes sobre o faturamento de αFAT, o modelo acima pode
PIS/Pasep
Cofins, ISS
ter a seguinte notação:
Lucro
Presumido
Tributos s/
Faturamento
IPI, ICMS. Despesa αFAT = αIR + αCSLL
Imposto Renda
CSLL
Fk = Lucro - αFAT Lucro - Inv + αFAT Ded + VR
Figura 5.15 – Tributos e Fluxo de Caixa
Fk = (1 - αFAT) Lucro - Inv + αFAT Ded + VR

I – Opção pelo Lucro Real. Fk = (1 - αFAT) Σ Rec(k) - (1 - αFAT) Σ Desp(k) – Inv(k) +


αFAT Ded(k) + VR(k)
Neste caso, os tributos incidentes sobre o faturamento
são: o ISS, de competência municipal; o ICMS, de competência
estadual; o Pis/Pasep, o COFINS e o IPI, estes de competência II – Opção pelo Lucro Presumido ou o Simples.
federal.
Neste caso todos os tributos incidem sobre o
Considerando que esses tributos incidem diretamente faturamento. E, os tributos podem ser considerados,
sobre o faturamento, eles podem ser tratados na formação do matematicamente, como despesa em que:
fluxo de caixa como sendo uma despesa operacional.
TRI = Σ αFAT Σ Rec(k)
O Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido, CSLL, incidem sobre o Lucro antes da provisão O fluxo de caixa, então, observa o seguinte modelo:
para o imposto de renda, LAIR.
Fk = Σ Rec(k) - TRI - Σ Desp(k) - Inv(k) + VR(k)
Genericamente e inexistindo tributação, um fluxo de
caixa é dado pelo seguinte modelo:
Há que se ter cuidado com a compreensão da
nomenclatura adotada para os fluxos de caixa, pois, caso a
127
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
opção seja pelo lucro real, αFAT corresponde, apenas, à soma
das alíquotas do IR e da CSLL. A depreciação legal é um benefício fiscal destinado a
melhorar o fluxo de caixa visando beneficiar a empresa por
Caso seja o lucro presumido, αFAT corresponde ao investimentos feitos.
somatório das alíquotas de todos os tributos incidentes: o ISS,
o ICMS, o Pis/Pasep, o COFINS, do IR e a CSLL. Existem vários métodos de calcular a depreciação legal.
Porém, será mostrado o método comumente aceite pela
Alerta-se que não existe o benefício da depreciação na Legislação Brasileira.
formação do fluxo de caixa quando a opção tributária for pelo
regime do lucro presumido. Nestes termos, a depreciação legal, d, é definida pela
razão entre o valor do bem conforme lançado na conta do Ativo
5.9.2 – Influencia da Depreciação. Imobilizado e o tempo de vida do mesmo, conforme o
estabelecido na legislação fiscal do imposto de renda.

A depreciação é uma dedução fiscal que permite abater Valor do Bem


a cada exercício fiscal, como se despesa fosse, um percentual d=
Tempo de Vida
do investimento efetuado em ativos, a exceção de terrenos.
É interessante notar que a depreciação só participa na
Este procedimento reduz o imposto de renda a pagar,
formação do fluxo de baixo quando a empresa for optante pelo
fato que melhora o lucro do exercício. Porém este benefício
Lucro Real. Assim sendo, ela integra a expressão do fluxo de
somente é utilizado quando a opção fiscal tenha sido pelo lucro
caixa, Fk, conforme modelo expresso no item anterior, sendo o
real.
valor da depreciação do período multiplicado pela alíquota do
Imposto de Renda incidente sobre o DRE da empresa.
Por definição, o valor da depreciação é função do tempo
de vida fiscal do bem, definido pela legislação.
5.10 – Classificação dos Investimentos.
A depreciação deve ser analisada segundo o objetivo
desejado e que ocorre sob dois aspectos: a depreciação
Os investimentos podem ser classificados segundo:
técnica e a depreciação legal. A diferença entre as duas

corresponde ao tempo de vida estabelecido para o ativo.
A variação dos fluxos de caixa;
Conhecer a depreciação técnica é importante para o  Ou, conforme a disponibilidade dos recursos para
gestor, pois ela é uma das variáveis consideradas na formação investimentos.
do preço e visa repor o valor dos investimentos em ativos fixos
ou imobilizados realizados.
128
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
5.10.1 – Pela Variação dos Fluxos de Caixa. Além disto, o primeiro fluxo de caixa deve ser
caracterizado por uma saída de caixa, ou seja, um movimento
Segundo o número de variações de sinal nos fluxos de negativo, seguido por uma série de fluxos de caixa positivos.
caixa os investimentos podem ser classificados em:
Este caso é o que comumente ocorre em operações de
 Investimento Simples ou Empréstimo; crédito pessoal ou empréstimos à pessoa física, tais como:
 Investimento Convencional; aquisição de um bem de consumo durável a exemplo de
 Investimento Não Convencional. eletrodoméstico e automóvel financiado pelo comércio
varejista; empréstimos pessoais realizados por bancos
comerciais.
I - Investimento Simples ou Empréstimo
Nº F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 b) Investimento Convencional
S1 - + + + + + + + +
O investimento convencional é definido como todo
II - Investimento Convencional aquele em que ocorre, inicialmente, apenas fluxos de saídas de
F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12
caixa (-) e, a seguir, períodos de entrada de caixa (+).
C1 - - - - + + + + + + + + +
C2 - - + + + + + + + +
Neste tipo de investimento, a exemplo do anterior,
III - Investimento Não Convencional ocorre apenas uma variação de sinal no fluxo de caixa. Ver os
F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 projetos n.º C1 e C2 da Figura 5.16.
N1 - - - + + - - + + + - - +
N2 - - + + + - + - + + + + - Como exemplo de investimento convencional tem-se a
N3 + + + - - - - - - + - + + implantação de algum complexo fabril, quando o faturamento
Figura 5.16– Tipificação dos Fluxos de Caixa acontecerá após o período de implantação do mesmo, o que
ocorre em projetos de hidrelétricas, siderúrgicos ou usinas
beneficiadoras de leite.
a) Investimento Simples ou Empréstimo.

O investimento simples ou empréstimo é caracterizado c) Investimento Não Convencional


por apresentar uma única variação de sinal em seu fluxo de
caixa. Ver o projeto nº S1 da Figura 5.16 – Tipificação dos O investimento não convencional distingue-se dos
Fluxos de Caixa. anteriores por apresentar mais de uma variação de sinal em
seu diagrama de fluxo de caixa.

129
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Como exemplo de investimento não convencional tem- Diz-se que uma proposta de investimentos é
se o projeto nº N1 disposto na Figura 5.16 – Tipificação dos economicamente dependente de outra quando os fluxos de
Fluxos de Caixa, que apresenta cinco variações de sinal no caixa esperados da primeira proposta podem sofrer influência
fluxo de caixa. com a aceitação da segunda.

{-FO, -F1, - F2, +F3, +F4, - F5, - F6, +F7, + F8, +F9, - F10, - F11, + F12} b) Investimentos Independentes.

Verificando os exemplos dados na figura citada acima, Dois investimentos são considerados independentes
os fluxos de caixa iniciais podem ser tanto positivos como quando é tecnicamente viável realizar um deles, seja ou não
negativos. aceito o segundo. E, que as receitas líquidas esperadas do
primeiro não são afetadas pela aceitação ou rejeição do
É uma situação muito comum de ocorrer na indústria da segundo investimento.
construção civil, quando ocorrem investimentos pré e durante a
fase de construção, entremeados pela venda de unidades, Havendo disponibilidade financeira para a execução
sejam terrenos ou apartamentos. Fato que propicia a existência simultânea de dois projetos distintos, não há necessidade em
de fluxos de caixa negativos entremeados por positivos, o que compará-los. Mas, simplesmente, verificar se ambos promovem
exige cuidado quanto à decisão e escolha de investimentos o aumento de riqueza dos proprietários.
neste setor.
c) Investimentos Mutuamente Exclusivos

5.10.2 – Disponibilidade de Recursos para Investimentos. Dois investimentos são ditos mutuamente exclusivos
quando as receitas oriundas do primeiro cessarem,
Os investimentos podem ser classificados, também, completamente, havendo a aceitação do segundo. Ou, quando
segundo a restrição de capital o que permite analisar a for tecnicamente impossível implantar um deles em havendo a
viabilidade de sua realização. São classificados em três decisão de executar o outro.
categorias:

 Investimentos Independentes,
 Investimentos Dependentes, 5.11 – Exercício Resolvido.
 Investimentos Mutuamente Exclusivos.
Calcular o Valor Presente e o Valor Futuro do projeto
a) Investimentos Dependentes. abaixo, representado pelo seu Diagrama de Fluxo de Caixa. A
Taxa de Desconto é de 10% por período.

130
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
R$
R$

1850
580 490/período 420 380 380
2 5 11
Período Mês
1 6 10 12
0 2 4 6 8 9 350 350
420
950

1º - Calculo do Valor Presente.

VP  580   490   FVP 610%


1 1
(1  i) 2
(1  i)3 5.12.2 - Determinar o valor presente de um projeto com
 horizonte de quatro anos, cujos dados estão relacionados no
VP = 580  0,8264 + 490  0,7513  4,3553 = 2.082,66 R$
quadro abaixo. Individualizar o que é receita, despesa ou
investimento.

Item Valor R$ mil


 Investimentos em capital de giro
2º - Calculo do Valor Futuro.
3.250,00
 Salários diretores/mês
VF = 580 (1+ 0,10) 7 + 490  FVF (6; 10% ) 
8.000,00
 Salário pessoal da produção/mês
VF = 580  1,9847 + 490  7,7156 = 4.931,77 R$
12.500,00
 Salário pessoal administrativo/mês 7.500,00
 Previdência Social/mês 5.900,00
 Material de consumo/mês
É importante lembrar, que o Valor Futuro é dado no 9º
900,00
 Matérias primas p/ 4 meses.
período, coincidentemente com o ultimo período do fluxo de
6.900,00
 Recebimentos diversos/mês
caixa.
6.000,00
 Venda de produtos/mês 33.000,00
5.12 - Exercícios Propostos.  Venda de equipamento 3.400,00
 Aluguel de Terreno/mês 4.000,00
5.12.1 - Calcular o valor presente e o valor futuro do projeto  Aquisição de Máquina 3.000,00
representado pelo diagrama dos fluxos de caixa abaixo. Adotar  Investimentos em imobilizado podem ser vendidos por 25% do
valor de aquisição findo o prazo do projeto.
a taxa de 10% ao mês como custo de oportunidade.
131
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
representado pelo respectivo fluxo de caixa projetado. Assim
5.12.3 - Calcular o valor presente de um projeto cujas sendo deseja-se saber se a implantação deste projeto é viável
características operacionais estão relacionadas a seguir. para a empresa.

Sabe-se que: Solicita-se, também, definir o fator de valor presente


associado e o valor presente associado a cada fluxo de caixa,
 O tempo de vida do projeto foi estimado em sete anos; bem como traçar o diagrama de valor presente.
 A taxa de mínima atratividade adotada é de 15% ao ano;
 Os dados relacionados no Quadro 2 mostram o Havendo, simplesmente, a soma dos fluxos de caixa
percentual de utilização da capacidade instalada em projetados, o projeto parece viável por se mostra positivo em
cada ano; R$ 765,00.
 A previsão de vendas evoluirá segundo as estimativas
expressas no Quadro 1. Ao ser descontado o fluxo de caixa de cada período a
TMA de 12%, verifica-se que o projeto é financeiramente
inviável, pois seu valor presente líquido é de (-) 940,37 R$.
Quadro 1 - Previsão Anual de Faturamento sobre a
Capacidade Instalada Total.


Ano 1 2 3 4 5a7 1
(1  i)n
Fluxo de Caixa Valor Presente
Percentil 40% 50% 60% 70% 100% Período.
$ $

Quadro 2 – Informações Contábeis Valor R$ mil 0 -1.400,00


Investimento inicial 240.555,00 1 -1.000,00
Salários diretores/ mês 8.000,00
2 -420,00
Salário pessoal da produção/mês 18.500,00
Salário pessoal administrativo/mês 3.500,00 3 0,00
Previdência Social - mês 3.900,00 4 450,00
Material de consumo - mês 1.150,00 5 510,00
Matérias primas - mês 7.900,00
6 550,00
Venda de produtos c/ capacidade total – mês 63.000,00
Valor residual do item 1, Investimento. 48% 7 605,00
8 680,00
9 790,00
5.12.4 - Uma empresa remunera seus ativos a uma TMA de
∑ (+)765,00 (-) 940,37
12% ao período, esta analisando um projeto de investimento

132
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
giro. Este montante esta previsto para ser suprido conforme a
composição de capital expressa no quadro acima.
5.12.5 - Você recebeu a fatura do cartão de crédito, vencível na
próxima segunda feira. O saldo a pagar da fatura monta a R$ A questão:
2.649,90.
Considerando que a GUPSA não dispõe de todo o capital
O banco lhe fez duas propostas de refinanciamento do débito: necessário à implantação do novo empreendimento, pergunta-
se qual a TMA ou CMP a ser adotado pela empresa, já que
a) Pagamento em 7 parcelas de R$ 475,30, com a primeira cada capital a ser mobilizado apresenta um custo diferente?
parcela vencendo na data do parcelamento.
b) Pagamento em 5 parcelas de R$ 619,05, com a primeira
parcela vencendo na data do parcelamento. Previsão da Composição do Capital do Novo Empreendimento
Valores Custo do
Nestes termos pergunta-se: % do Custo
Em R$ Capital
i) Qual a TIR de cada operação de parcelamento? Fontes de Capital Valor Médio
Milhões Em %
Total Ponderado
ii) Qual a sua opinião sobre o caso, especialmente quanto Ao ano
à taxa de juros cobrada? 1 - Capital Próprio em ações
55 22,92 12,00
ordinárias
2 - Ações Preferenciais 55 14,00
5.12.6 – Definir a TMA de uma empresa cujo balanço esta 3 - Debentures 40 15,00
expressa nas Figuras 5.10 a 5.12. 4 - Empréstimo BRDE. 70 9,50
5 - FLIP Invest. Bank Inc. 20 18,00
Custo Médio Ponderado - CMP 240 100,00 -
5.12.7 – O Grupo Ultra Pixel S/A pretende lançar um novo
empreendimento visando à produção de efusivos marítimos.

O Grupo dispõe em caixa de 55 milhões de reais e,


tradicionalmente, remunera seus investimentos à taxa de 18%
ao ano.

Os ativos necessários à implantação e operação da


nova fábrica estão orçados em R$ 240 milhões, ai
considerados os ativos imobilizados, equipamentos e capital de

133
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

134
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

1º Estabelecer as premissas do projeto;


6. Método do Valor Presente Líquido.
2º Definir a vida útil do projeto;

3º Definir a TMA do projeto;


6.1 - Objetivo do Método.
4º Levantar as possíveis alternativas para a execução do projeto;
O método do valor presente líquido tem por objeto definir 5º Elaborar o diagrama de fluxo de caixa de cada alternativa;
qual das alternativas de investimento propostas para a
realização de determinado projeto propicia um maior aumento 6º Calcular o VPL de cada alternativa;
de riqueza.
7º Hierarquizar as alternativas segundo o aumento de riqueza.

O método tem sua aplicação recomendada quando se


estuda a viabilidade de projetos de investimentos produtivos
tais como: incorporação de imóveis; implantação de unidades
fabris; implantação de hidrelétricas e linhas de transmissão; 6.2 – Coerência de Resultados.
avaliação do valor de uma empresa já em funcionamento,
contabilmente denominado de good will; etc.. Ao se comparar alternativas de investimentos, os
resultados obtidos devem ser compatíveis financeiramente,
A metodologia segue os seguintes procedimentos: para que ocorra a coerência nos resultados obtidos.

Para tanto, os seguintes procedimentos devem ser


observados:

 Comparar projetos na mesma classe de risco;


 Adotar a mesma taxa de desconto;
 Comparar projetos com idêntica vida útil;
 Distinguir projetos de longa duração ou grande vida útil
dos demais projetos.

Estes procedimentos são analisados a seguir.

135
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A TMA é recomendada para utilização em processos de
6.2.1 - Projetos na mesma classe de risco. decisão relativos a investimentos produtivos e a TIR é mais
adequada ao se analisar investimentos financeiros ou em
A coerência dos resultados inicia-se ao se eleger para o aplicações bursáteis (3).
processo de comparação e análise projetos cujo risco seja
equivalente, pois não tem sentido comparar alternativas muito Assim sendo, alternativas de projetos dentro de uma
distintas. mesma classe de risco devem ser comparadas com a mesma
taxa de desconto.
Como exemplo, seja o caso de duas alternativas: a
primeira, uma malharia situada no polo têxtil de Santa Catarina Seria ilógico adotar múltiplas taxas de retorno, ou seja,
- Brasil, a segunda, uma mina de ouro na Tanzânia. taxas distintas para cada projeto, pois se partiria do princípio da
aceitabilidade da aplicação de um mesmo capital disponível a
Facilmente se depreende que os riscos associados a diferentes taxas de remuneração.
cada uma das alternativas acima citadas tais como: local do
empreendimento; política governamental; proficiência da
gestão na indústria em que atua; conhecimento do risco
6.2.3 - Projetos com idêntica vida útil.
associado a cada uma delas; cultura da mão de obra;
legislação ambiental e trabalhista de cada local; enfim, o
comportamento de cada alternativa frente ao mercado em que Ao se proceder a comparação de alternativas com
está inserida é muito distinto. Logo, estes projetos são distintas durações, há que haver a compatibilidade temporal
incomparáveis. entre elas, ou seja, projetos com idêntica vida útil.

Assim sendo, a decisão sobre projetos de investimento Não há sentido financeiro comparar, simplesmente, uma
deve ser realizada comparando alternativas que possuam certa alternativa que tenha uma duração de “n” anos com outra
semelhança. prevista para durar “k”, sendo kn.

A assertiva acima é amparada numa premissa da


6.2.2 - A mesma taxa de desconto.
análise de investimento e no procedimento de reinvestimento
de recursos livres comumente adotados por investidores. E, a
Investidores, sejam eles institucionais ou pessoas premissa em questão recomenda eleger a alternativa que
físicas, adotam a TMA – taxa de mínima atratividade ou a TIR – propicie a maximização da riqueza dos proprietários em longo
taxa interna de retorno como parâmetro de decisão e de prazo.
desconto dos fluxos de caixa.

(3) Bursátil, relativo a bolsas de valores ou de mercadorias.


136
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O longo prazo, nesta situação de alternativas com Nesta situação, tornar-se-ia temerária a elaboração de
distinta duração, é entendido como sendo o final do horizonte avaliações e o estabelecimento, no presente, de premissas
de planejamento, horizonte este definido pelo projeto de maior sobre oportunidades futuras de investimentos, dado a
duração. impossibilidade de se prever, antecipadamente, o surgimento
de novas tecnologias, os interesses dos proprietários ou o
Investidores, via de regra, ao disporem de recursos comportamento da economia a ocorrer em futuro muito
livres oriundos do término de outros investimentos, os distante.
reinvestem em outras alternativas disponíveis ou em
alternativas semelhantes. Assim sendo, torna-se inverossímil qualquer previsão
quanto à reaplicação de recursos financeiros e a continuidade
Assim sendo, só se pode comparar projetos que de projetos sobre qualquer alternativa que será finalizada num
apresentem a mesma vida útil. SOTO COSTA & ATTIE, 1984. tempo longínquo. Ressalva-se que a análise desta situação
foge ao escopo deste curso, pela qual recomendamos
No item 6.3 serão discutidos diversos procedimentos consultar a bibliografia complementar.
capazes de compatibilizar os horizontes de alternativas de
projetos que apresentem distintas vidas úteis.
6.3 – O Método do valor presente.

6.2.4 - Distinguir projetos de longa duração. 6.3.1 – Incremento de Riqueza.

Projetos com previsão de vida útil demasiadamente O método do valor presente, melhor denominado de
longa, maior do que 15 ou 20 anos de duração, a exemplo de VALOR PRESENTE LÍQUIDO, considera o valor da moeda no
plantas de fabricas de cimento ou de usinas elétricas e mesmo tempo, medido na data em que foi realizada a análise ou
parte de seus equipamentos como geradores e rotores, devem avaliação de um projeto.
ter seus tempos de duração considerados de modo adequado.
O processo, como o próprio nome diz, visa determinar o
Carece de sentido utilizar os procedimentos relatados valor presente líquido associado a uma alternativa de projeto
no item 6.3, pois estes artifícios são adotados para projetos de investimento, parâmetro que exprime o INCREMENTO DE
com menor horizonte de vida útil. RIQUEZA PROPICIADO pela adoção de uma alternativa.

Justifica-se esta falta de sentido dado ser o tempo de VP(p) =  RIQUEZA


exploração do projeto suficientemente longo.

137
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A denominação de valor presente líquido é muito A TMA,
por sua vez, corresponde àquela taxa que
adequada, pois cada alternativa deve ser expressa em termos oferece a melhor remuneração a ser obtida por um fator de
de todas as receitas, custos, investimentos e benefícios fiscais produção.
e tributos nela incidentes. Enfim, de todas as entradas e saídas
de caixa que afetarão o projeto, permitindo uma análise sobre o Matematicamente, o valor presente líquido do projeto,
incremento de riqueza produzido. então, é dado por:

Dado a conceituação acima, o método do valor presente k


Fn
é compatível com a 1ª e a 2ª das premissas adotadas em VPL p = − F + ∑
+TMA n
investimentos de alternativas de projetos e expostas no n=
Capitulo 1, o que o torna este método extremamente atrativo
como instrumento de decisão. Em que: F0 representa o fluxo de caixa no momento em
que é efetuada a decisão ou o fluxo de caixa inicial; F n um fluxo
O método é recomendado para efetuar a hierarquização de caixa genérico a ocorrer num momento n, qualquer; VP(p)
das alternativas disponíveis para o investimento de capital. E, corresponde ao valor atual ou valor presente líquido associado
especialmente adequado para a decisão sobre investimentos ao projeto p; n o número de períodos integrantes do projeto ou
produtivos. horizonte de projeto; e, a TMA a taxa de desconto adotada pelo
investidor como a rentabilidade desejada.
Enfim, o VPL é recomendado para ser utilizada em
qualquer tipo de decisão financeira, especialmente naquele cujo Estabelecidos os fluxos de caixa, o horizonte do projeto
objeto seja a implantação de ativos produtivos, a exemplo de: e definida a TMA pelo proprietário, depois de calculado o VP(p)
implantação de unidade fabril completa, incorporação de – Valor Presente Líquido utilizando o modelo acima podem
edificações, nova linha de produção, campanha publicitária, etc. ocorrer três situações:

 VPL(P) = 0; neste caso ocorre o que se denomina de


6.3.2 - Decisão.
indiferença de projeto. O investimento é remunerado
Por definição, o valor presente líquido de um projeto de à taxa tradicionalmente obtida, não causando aumento
investimento qualquer p, corresponde à soma algébrica dos na riqueza do proprietário além do que já vem
valores presentes associados aos fluxos de caixa integrantes obtendo;

do projeto, quando descontados a uma taxa de desconto i,
sendo i ≡ TMA. VPL(P) > 0; este é o caso de projeto viável. O projeto
aumenta a riqueza do proprietário em um valor
superior à remuneração estabelecida e igual ΔVPL ;
138
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 VPL(P) < 0; este é o caso de projeto inviável. Esta Nesta condição, o valor presente do retorno esperado é
mostra que o projeto reduz o ganho tradicionalmente equivalente ao valor do capital investido.
desejado e ocorre descapitalização. Esta situação configura um caso de indiferença
financeira, pois, sob a ótica do investidor, a remuneração
Critérios de Decisão oferecida pelo projeto é equivalente a que vem obtendo
tradicionalmente para a remuneração de seus ativos.

Depreendem-se da assertiva acima dois fatos:


VPL(p) > 0 E Projeto Viável
VPL(p) = 0 E Indiferença Financeira
VPL(p) < 0 E
1º) a margem de retorno estabelecida, ou taxa de mínima
Projeto Inviável
atratividade é mantida sem haver acréscimo de riqueza além
do habitualmente obtido;
No caso de haver a análise de um conjunto de
alternativas mutuamente exclusivas, o critério de decisão 2º) o projeto foi descontado à maior taxa de remuneração
deverá eleger a alternativa que apresentar o MAIOR valor que ele pode oferecer, taxa esta denominada de TIR e que,
presente líquido. neste caso, é igual à TMA. Assunto a ser discutido no Capítulo
Esse critério de decisão é coerente com o exposto na 1ª 9. Ver Figura 5.8 – TIR e TMA.
Premissa da matemática financeira, a que trata da
maximização da riqueza. Visando um melhor entendimento dos conceitos
efetuados e uma análise do resultado obtido, a seguir é
Comentando as três situações: efetuado um exemplo numérico do caso em questão, atribuindo
valores aos dois fluxos de caixa, F0 e Fn.
I - Quando VPL(P)=0.
Seja, então, uma empresa ou investidor que dispõe da
Para que o valor presente líquido de um investimento importância de R$ 150,00 e que analisa os seus investimentos
seja zero, há que ocorrer: adotando uma TMA de 18% ao período.

k Ao ser aplicado este capital em um determinado


Fn investimento produtivo pelo prazo de cinco períodos, é previsto
VPL p = -F + ∑ n
=
+TMA um retorno de R$ 343,16.
n=

139
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Descontado este fluxo de caixa de R$ 343,16 a TMA de
18%, obtém-se um valor presente de R$ 150,00. O investimento em pauta, sob a ótica do aplicador que
deseja uma remuneração de 18% sobre o capital investido,
Somado este valor ao investimento inicial o resultado simplesmente corrige o capital inicial a uma taxa igual a da TMA
corresponde ao valor presente líquido do investimento habitualmente praticada.
efetuado, cujo valor é zero. Assim sendo, o investimento não
propiciou um aumento de riqueza maior do que o Quando o valor presente líquido de uma alternativa de
tradicionalmente obtido pelo aplicador Ver Figura 6.1 – Caso investimento for zero, não é o caso de abandonar pura e
da Indiferença de Decisão. simplesmente a alternativa, pois ela pode ser a única
oportunidade dentro da margem de risco desejada.
k
Fn ,
VPL p = -F + ∑ =- , + = Finalizando, quando ocorre o caso de VP(P)=0, projeto
+TMA n , pode não propiciar um incremento de riqueza, mas remunera
n=
os ativos investidos à taxa habitualmente praticada, a TMA.
Aparentemente, como se pode constatar, o projeto é
rentável já que apresenta um retorno bem superior ao
investimento inicial de R$ 343,16. II - Quando VPL(P)>0.

Porém, ele não aumenta a riqueza do investidor já que Considerando o modelo de calculo do Valor Presente:
remunera o capital investido exatamente na porcentagem que
o investidor vem obtendo tradicionalmente pela aplicação de k
Fn
seus recursos, ou seja, no valor da TMA de 18%. VPL P = - F + ∑ n
+TMA
n=
18%
VP – R$ Para que ocorra VP(P)>0, deve-se ter:

343,16 k
150 Fn
F <∑ n
+TMA
Per. n=
1 2 3 4 5

-150 Financeiramente, significa que o valor presente do


retorno previsto, descontado à TMA, é financeiramente superior
ao valor do capital investido.
Figura 6.2 - Indiferença na Decisão

140
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Nestas condições, fica caracterizado que o projeto Fn
produz um incremento de riqueza em proporção superior ao VPL P =-P + n
=- + =+ , R$
+TMA ,
habitualmente obtido.

Logo, é uma situação que caracteriza a No caso de VPL>0 pode-se constatar:


aceitabilidade do projeto sendo o mesmo considerado viável,
pois propicia um incremento de riqueza em valor superior
aquele que vem sendo tradicionalmente obtido. Ver Figura 6.2 1º. - O projeto remunera o investimento à taxa de 18%;
– Caso da Aceitabilidade do Projeto. 2º. - E, além disso, aumenta a riqueza do proprietário em mais
R$ 22,66, além da remuneração prevista.
Exemplificando numericamente, seja um projeto que
oferece uma projeção de retorno após cinco períodos no Nas condições postas, o projeto deve ser considerado como
montante de R$ 395,00. Quando descontado este valor à taxa viável.
de 18% ao ano obtêm-se um valor presente de R$172,66. O
valor presente líquido do projeto é calculado em R$ 22,66.
III - Quando VPL(P)<0.

Para que ocorra VPL(P)<0, deve-se ter:


18%
VP – R$
k
Fn
395,00 F >∑ n
+TMA
172,66 n=

Per. Nesta situação, o valor presente líquido do fluxo de caixa


1 2 3 4 5
projetado descontado à TMA é inferior ao valor do investimento
-150 inicial.

Configura-se o caso de rejeição do projeto, pois ele não


remunera o investimento inicial. Noutros termos, o retorno
Figura 6.2 – Caso da Aceitabilidade do Projeto previsto do investimento, do ponto de vista financeiro, é inferior
ao do investimento inicial.

Matematicamente, o calculo do valor presente líquido do Retomando o exemplo anterior e considerando uma
fluxo de caixa é dado por: projeção de retorno, após cinco períodos, no valor de R$
320,00, o valor presente deste fluxo de caixa é de R$ 139,87.
141
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
18%
VP – R$
Calculado o valor presente líquido do projeto, obtém-se
um valor de investimento R$ (-) 10,13. Ver Figura 6.3 – Caso
da rejeição do projeto. 320,00
139,87
Efetuando o calculo do valor presente líquido do fluxo de caixa:
Per.
1 2 3 4 5
Fn
VPL P =-P + n
=- + =- , R$ -150
+TMA ,

Mesmo sendo previsto um retorno superior ao


investimento inicial, ocorre uma perda financeira, pois ele não Figura 6.3 – Caso da Rejeição do Projeto
consegue obter a remuneração desejada do investimento
efetuado, quando o retorno for descontado à taxa de mínima Porém, segundo a remuneração desejada de 18% ao
atratividade, ou seja, 18%. período pode ser ou não interessante ao aplicador realizar este
investimento de capital.
Logo, sendo o valor presente líquido associado ao fluxo de
caixa projetado de um investimento um valor menor do que Generalizando o caso analisado, quando se analisa
zero, ou seja, negativo, ele deverá ser considerado inviável. projetos que apresentem uma sequência de fluxos de caixa,
especialmente em projetos não convencionais, torna-se o
Os exemplos acima discutidos consideraram o caso de método do valor presente um forte instrumento para amparar a
um projeto isolado. Os resultados obtidos podem ser facilmente tomada decisão.
visualizados e entendidos. É interessante notar que, nos três
casos analisados, o ganho de capital é superior ao Isto porque, os resultados obtidos são de fácil
investimento inicial. interpretação e levam em consideração a dimensão financeira
do investimento ao invés de, simplesmente, um ganho
econômico.

6.3.3 – Diagrama de Valor Presente Líquido.

6.3.3.1 – Traçado do Diagrama.

142
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O diagrama de valor presente é um forte instrumento R$ - Valor Presente
para amparar a análise de decisão de um projeto conforme
modelo da Figura 6.4.

Ele exprime, em diagrama cartesiano, a curva do polinômio Este ponto define a


associado ao fluxo de caixa quanto se determina em abscissas TIR, a maior taxa de
as taxas de desconto e em ordenadas o valor presente remuneração de um
associado à cada taxa de desconto. projeto viável.
VPL > 0
O diagrama permite visualizar o comportamento do fluxo
de caixa, o valor da TIR, fato importante, pois há casos em i%
que o fluxo de caixa apresenta mais do que uma TIR. Fato este 5 10 15 20 25
em que a análise do valor presente associado a uma TMA
determinada TMA deve ser analisada com cuidado.
Figura 6.4 - Modelo de Diagrama
Escrevendo a expressão do valor presente liquido sob a
forma polinomial tem-se:
Com o diagrama traçado pode-se verificar, claramente, o
F1 F2 F3 Fn comportamento do fluxo de caixa, a taxa de desconto
VP P = F0 + + + +⋯+
2
(1+i)1 (1+i) (1+i)
3
(1+i)n equivalente à TIR e o campo de viabilidade financeira do
projeto. Campo este definido entre a taxa de desconto zero e a
O diagrama da Figura 6.5 é obtido ao se descontar o TIR.
fluxo de caixa a diversas taxas de retorno “i”.

6.3.3.2 – Exemplo de Procedimento.

Seja determinar o diagrama de valor presente


representativo de um dado fluxo de caixa, seja o caso de um
projeto A, definido pelo seu conjunto de fluxos de caixa
projetados, conforme abaixo.

FC(A) = { -1.200; 450; 400; 350; 300}

143
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A função valor presente líquido deste fluxo de caixa, R$ - Valor Presente
expressa em forma polinomial, é dada por:
300

VP ( A )  1200    
450 400 350 300
(1  i) (1  i) (1  i) (1  i)4
2 3

Calculando o valor presente para a função VP(A), 200


considerando uma série de taxas de desconto pré-
estabelecidas, obtêm-se os valores presentes expressos no
quadro abaixo:
100
Item Taxa de Desconto - i(%) Valor Presente Líquido - ($)
TIR
1 0 300,00
2 3 200,78
3 6 112,02 0 i%
4 9 32,31 3 6 9 12
5 10,31  TIR 0,00
6 12 (-) 39,56
Figura 6.5 – Diagrama de Valor Presente
O diagrama de valor presente desta função VP(A) é
efetuado ao se traçar um gráfico elaborado em coordenadas
Lançando o par i(%)×VP($), dispostos na tabela, em um
cartesianas, em que no eixo das abscissas tem-se o domínio
diagrama cartesiano, obtém-se à curva representativa do Valor
das taxas de desconto. E, no das ordenadas, o domínio do
Presente conforme exposto na Figura 6.5.
valor presente em expressão monetária.

No exemplo, o valor presente do fluxo de caixa


descontado à taxa i=3% é dado por:
6.2.3.3 – Diagrama de Valor Presente.

VP ( A )  1200      200,78$
450 400 350 300 A metodologia proposta para a elaboração de um
(1,03) (1,03) (1,03) (1,03)4
2 3
diagrama de valor presente é a seguinte:

1º - Calcula-se o valor presente à taxa i=0.

144
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Este procedimento corresponde a desconsiderar o valor Para tanto, deve-se definir a máxima e a mínima
da moeda no tempo. Caso este valor seja igual ou menor do capacidade ou quantidade de produção dentro da qual um
que zero, a alternativa deve ser descartada, pois não apresenta projeto possa ser financeiramente viável.
rentabilidade para qualquer taxa de remuneração. Ela não
apresenta ganho financeiro nem econômico; A técnica recomenda que se efetue o calculo do valor
presente para cada situação limite, em função da quantidade a
2º - Arbitra-se uma taxa de desconto e procede-se o calculo do ser produzida.
fluxo de caixa à taxa arbitrada;

VP (p)  Fo    
F1 F2 F3 Fn
(1  i) (1  i) (1  i) (1  i)n
3º - Repete-se o processo definido no item 2º tantas vezes 1 2 3
quanto o for necessário, de modo a resultar em uma curva a
mais contínua e representativa possível da função
polinomial desejada. Para tanto sugere-se variar a taxa em Fk =Σ Rec f(q) - Σ Desp f(q) – Invest. + Valor Residual
valores constantes;
Partindo do princípio que cada nível de produção possa
4º - O processo deve ser interrompido ao ser obtido um valor ser definido como uma alternativa, a priori, poderá ocorrer três
presente menor do que zero. situações:

5º - No ponto em que a curva cortar o eixo das abscissas, fica 1º. Produção realizada sob a capacidade máxima;
definida a taxa interna de retorno – TIR. 2º. Produção sob a quantidade mais provável;
3º. Produção realizada sob uma quantidade mínima viável.
Esta é a maior taxa de desconto, ou de oportunidade, que
um projeto pode apresentar enquanto viável.
Elaborando, num mesmo diagrama cartesiano, o gráfico de
valor presente para cada uma das alternativas, pode-se
6.4 - Análise de Sensibilidade e Risco. estabelecer o campo de domínio financeiro do projeto. Ver
Figura 6.6.
6.4.1 – Conceituação.
Assim, como primeira alternativa, considerar-se-á a
produção sendo realizada sob capacidade máxima. Neste
A análise de sensibilidade é uma técnica que possibilita caso, adotar-se-á como quantidade de produção a capacidade
verificar o domínio da viabilidade financeira de um projeto e, que corresponda à capacidade instalada do projeto ou a
consequentemente, realizar uma análise do risco de sua máxima produção possível de ser efetuada com o mesmo.
implantação.

145
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Como segunda alternativa, ou seja, a quantidade mais Noutras palavras, o valor do fluxo da caixa relativo à
provável de ocorrer, o recomendável será adotar a quantidade alternativa que adote a quantidade mínima de produção e que
de produção média historicamente utilizada pela indústria onde viabilize financeiramente o projeto, quando descontado à TMA
a empresa estiver inserida. da empresa, é zero. E, nesta situação, tem-se: TIR≡TMA.

VP – R$
6.4.2 – Domínio viável de produção.

Quantidade Mínima O objetivo deste item é mostrar um procedimento


Quantidade Provável derivado do método do valor presente líquido que permite
Quantidade Máxima mostrar o domínio das quantidades de produção
financeiramente viáveis, estabelecida uma TMA.

Corte p/ TMA O primeiro passo do processo é dispor do diagrama de


valor presente de uma alternativa de investimento
considerando diversas quantidades a serem produzidas,
conforme o exposto na Figura 6.6.

i% Como segundo passo, traçar a curva que contemple o


i1 i2 i3 i4 i5 i6 i7
domínio das quantidades viáveis de produção, quando
TIRMIN
determinada uma TMA especificada. Ver Figura 6.7.

Para tanto, deve-se efetuar um corte no campo de


Figura 6.6 – Campo de Domínio Financeiro
viabilidade de um projeto na altura da TMA desejada. E, com os
dados obtidos traçar um gráfico “quantidade versus valor
A terceira alternativa, relativa à quantidade mínima de presente”, em coordenadas cartesianas, mostrado na Figura
produção, deverá corresponder àquela capacidade, qMIN, cujo 6.7. Assim, devem ser lançadas, em ordenadas, as
valor presente líquido do fluxo de caixa, ao ser descontado pela quantidades a serem produzidas. E, em abscissas, o valor
TMA, seja zero. Matematicamente: VP f(qMIN) = 0. presente líquido de cada alternativa desenvolvida, descontada
à TMA previamente estabelecida.
A particularidade desta última alternativa é que a sua
TIR corresponderá à TMA da empresa.

146
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

VP f(qk)
6.5 – Aplicação.

Uma empresa está estudando a aquisição de um


sistema destinado à confecção de perfis moldáveis.

O equipamento em questão produz perfis com 6,00


metros de comprimento sendo a capacidade instalada de
produção prevista para 45 mil metros mensais.
qk
qMIN qPROV qMAX Dados disponíveis:
Figura 6.7 – Limites de viabilidade para determinada TMA.
Item Valores
- Preço do Sistema R$ 2.600.000,00
- Vida útil em anos 10
Da análise da curva obtida, Figura 6.7, depreende-se: R$ 260.000,00
- Valor residual
- Comprimento da peça em metros 6
a) O limite inferior da curva indica o limite de viabilidade R$ 1.100.000,00
- Custo operacional anual
corresponde à quantidade mínima viável de produção, qMIN, R$ 80,00
- Custo do insumo por unidade
caso em que a TMA=TIR.
- Preço de venda por unidade R$ 125,00
- Produção Média 83 %
b) O limite superior corresponde à quantidade máxima de
- Capacidade Máxima em unidades 45.000
produção, qMAX , correspondente à capacidade instalada,
- Custo de oportunidade – TMA ao ano 14%
quantidade esta em que o projeto oferece o maior valor
presente líquido.
A vida média do equipamento em análise é de 10 anos
e, vencido este período, poderá ser vendida a 10% do seu
c) Se o projeto operar a uma capacidade de produção entre a
valor de aquisição.
máxima e a mínima, a quantidade mais provável
apresentará um valor presente líquido maior do que zero.
Como informação orçamentária, estima-se que ocorrerá
um incremento no custo administrativo e de vendas da
Dos limites acima estabelecidos, fica definido o domínio
empresa na ordem de R$ 1,1 milhão por ano.
do VPL viável para a produção possível.

147
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
O custo direto de produção orçado em R$ 80,00 por a) Fluxo de Caixa do Projeto – Figura 6.8:
unidade produzida. E, o investimento em ativos imobilizados no
valor de R$ 2.600.000,00. R$
Valor
Um levantamento efetuado no segmento de mercado em Residual
260.000
pauta indicou que as empresas vêm operando, em média, com
83% da capacidade instalada.
1 Preço de Venda = 125 q 10
Porém, existe campo da expansão dado a inexistência ANOS

de produção similar na região. E, que o preço de Custo Operacional = 1.100.000


comercialização do produto é de R$ 125,00 por unidade.
Valor do Materia Prima = 80 q
Informações oriundas da contabilidade da empresa Equipamento
2.600.000,00
indicam que ela vem remunerando os seus ativos à taxa de
14% a.a. Dado o exposto solicita-se:

a) O fluxo de caixa propiciado pelo projeto; Figura 6.8 – Fluxo de Caixa do Sistema de Perfis
b) A quantidade anual de produção, em metros, para que a
aquisição seja viável; b) Produção viável:
c) O maior e o mais provável acréscimo de riqueza
propiciado pelo projeto; A quantidade mínima de produção que permita tornar viável
o projeto, quando descontado à TMA da empresa, é aquele que
d) A elaboração de um diagrama lucro/produção; zera a função valor presente líquido a ele associado. Nesta
e) A confecção de um diagrama que mostre o campo de situação, o VP f(qMIN) = 0.
viabilidade do projeto.
 2.600.000  125q  80q   FVP 10;14%  1.100.000  FVP 10;14%  0
1  0,1410
260.000

Considerando que se deseja conhecer a quantidade a


ser produzida, denominou-se de q, a variável respectiva. q = 35.222 peças

Assim, o projeto será analisado sob três níveis possíveis O comprimento total dos tubos a serem produzidos é
de produção: produção mínima ou viável; produção máxima; e dado por:
produção mais provável.
L = 6 × q = 211.332 metros/ano.

148
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

c) Máximo acréscimo de riqueza:


5.000.000 Valor
A máxima produção de riqueza ocorre sendo possível Presente
produzir uma quantidade igual à capacidade instalada, durante Líquido
4.000.000
todo o tempo de vida do projeto. A expressão abaixo exprime,
algebricamente, o exposto no desenho da Figura6.9.

VPMAX  2.600.000  125  80  45.000  FVP 10;14%


3.000.000

 1.100.000  FVP 10;14% 


1  0,1410
2.000.000
260.000
1.000.000

VPMAX = 2.295.040,36 R$ -
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
-1.000.000 Taxas de Desconto - %
d) Mais provável acréscimo de riqueza:
Série1 Série2 Série3
Esta situação ocorre em sendo possível produzir uma
quantidade equivalente à capacidade esperada de produção Figura 6.9 - Campo de Viabilidade do Projeto
durante o tempo de vida do projeto. Ou seja, 83% da
capacidade instalada. O diagrama de valor presente mostrado na Figura 6.9,
mostra campo de viabilidade do projeto, com o
Quantidade Esperada = 45.000 × 0,83 = 37.350. desenvolvimento de cada alternativa de produção: em

VPMP  2.600.000  125  80  45.000  0,83  FVP 10;14%


capacidade mínima de produção, quando a maior taxa de
retorno corresponde à TMA; a capacidade mais provável; e a
 1.100.000  FVP 10;14% 
1  0,1410
260.000 capacidade máxima, quando ocorre a utilização da capacidade
instalada durante toda a vida do projeto.

Considerando as curvas de máxima e mínima


VPMP = 499.392,55 R$ quantidade de produção mostradas na Figura 6.10 e, traçando
uma reta perpendicular à taxa de 14%, se obtêm o campo de
variação dos valores presentes das possíveis quantidades
e) Campo de Viabilidade do Projeto. viáveis de produção.
149
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Este diagrama delimita todo o conjunto de quantidades
variando de um limite qMIN= 35.222,44 unidades e um limite
f) Diagrama Lucro Produção superior qMAX = 45.000 unidades que se mostram viáveis
considerando tma taxa de desconto, TMA, de 14,00% ao ano.
Dados de Produção
Produção – em peças Lucro VPL – R$ Implantado o projeto e as quantidades produzidas e
35.222 0,00 vendidas oscilando entre o valor mínimo e máximo citados, a
37.350 499.392,55 empresa tem garantida a ocorrência de um positivo incremento
45.000 2.295.040,36
de riqueza.

O diagrama da Figura 6.10, derivado do diagrama da 6.6 - Equalização de tempos de projetos.


Figura 6.10, relaciona as quantidades de produção viáveis e
os respectivos valores presentes líquidos considerando uma Como já comentado, para se comparar alternativas de
mesma TMA. investimentos com vidas úteis distintas, há que se adotar
artifício que iguale os horizontes de projeto de todas as
alternativas.
2.500.
O objetivo do artifício é suprir a lacuna de informações
Valor Presente-R$10³

2.000 existentes quanto a possíveis fluxos de caixa entre os finais


das alternativas, de modo lógico. Ver Figura 6.11.
1.500
Ao serem analisados investimentos mutuamente
1.000 exclusivos, três situações podem ocorrer, sendo distintas as
premissas propostas para igualar os tempos de projeto:
500.
 Caso de reinvestimento em ativos semelhantes;
0,00  Caso de rigidez das alternativas;
35.222,44 37.350,00 45.000  Caso de outras oportunidades futuras.
Figura 6.10 - Quantidade de Produção x Valor Presente

6.6.1 – Reinvestimento em ativos semelhantes.

150
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Neste caso ocorre o pressuposto da continuidade de Projeto A
vida ou produção do ativo em análise. Isto é, findo o período de
vida do ativo, a firma reinvestirá em outro ativo com R$

características semelhantes à do ativo desmobilizado.


FA2 FA3 FA4
O horizonte de planejamento será, então, o mínimo FA1
múltiplo comum das vidas das alternativas em comparação. Período
1 2 3 4
Exemplificando para o caso da Figura 6.12, em que o FA0
Projeto A esta previsto para tem um horizonte de 4 anos e o
Projeto B de 5 anos.
Projeto B
Ao se analisar investimentos produtivos, o horizonte em
análise deve ser o MMC da vida dos projetos, 4 e 5 anos, o que R$

equivale a 20 anos.
FB3 FB4
FB2
FB1 FB5

Período
1 2 3 4 5

FB0

Figura 6.11 – Alternativas com vidas úteis distintas.

Assim sendo, o Projeto A deve ser repetido 5 vezes e o


Projeto B 4 vezes para que se obtenha a equalização dos
tempos de comparação.

A metodologia a ser utilizada no caso de reinvestimento


em ativos semelhantes será discutida no Capítulo 8 – Valor
Uniforme Equivalente, que mostra um método de fácil aplicação
quando as equalizações dos horizontes dos projetos se
151
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
mostram muito grandes, ou seja, muitos distantes da data
atual. E, Pt, o valor do fluxo de caixa atribuído ao projeto de
menor duração no momento “t”, momento este coincidente com
o término do projeto de maior duração.
6.6.2 – Caso de Rigidez das Alternativas.

É considerado haver rigidez na continuidade de R$


alternativas de investimentos quando não há previsão de
manutenção na continuidade de um projeto ou na
impossibilidade de manutenção em operação do ativo em F(n-2) F(n-1)
F(n-3) F(n) F(n-1)
análise, pois não há sentido ou possibilidade técnica em F(t)
continuar a exploração do ativo.
período
n-3 n-2 n-1 n t-1 t
Os exemplos clássicos desta situação são os
investimentos em minas ou em poços de petróleo, quando
esgotada a jazida os respectivos equipamentos de exploração
ficam impossibilitados de serem removidos ou reaproveitados.

Como o princípio a ser mantido é o de aumento de


riqueza do proprietário, a equalização dos tempos de vida das
alternativas em análise é feita considerando que, ao fim da vida F(n-2) F(n-1) PT
útil de cada ativo, a firma reinvestirá os lucros oriundos do F(n-3) F(n)
projeto que apresentar a menor duração. Estes lucros serão
período
aplicados em ativos que rendam tanto quanto o valor da moeda n-3 n-2 n-1 t
no tempo até alcançar o período do projeto de maior duração.
VF
O diagrama da Figura 6.12, mostra um modelo de Período a
diagrama de fluxo de caixa recomendado para o caso em Considerar

análise.

Nesta situação, VF equivale à reaplicação dos lucros Fig. 6.12 – Rigidez de Alternativas
obtidos com o projeto, equivalente ao Valor Futuro dos lucros
do projeto de menor duração no momento “n”, momento em Então:
que ocorre o fim de utilização deste projeto.

152
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
j Assim sendo, recomendamos consultar a bibliografia
VF = Pj (1+i ) , variando j de 1 até “n” e sendo “i” a taxa de
retorno adotada para o projeto. E, que trata especificamente do assunto, pois foge ao escopo
deste curso.
Pt = (1+ i) (t-n)
6.7 – Consistência VPL e Custo de Capital.
Nestes casos duração de projetos com prazos
rigidamente determinados, o processo de decisão deve ser Considerando que o objetivo da administração financeira
efetuado através do método do valor presente, utilizando o é maximizar a riqueza do proprietário, a utilização do Custo
artifício proposto. Médio Ponderado de capital no julgamento de projetos é
consistente com este objetivo.
Alerta-se que, neste caso, não cabe a utilização do
método do Benefício Anual Equivalente, pois o mesmo Sendo assim, a empresa só deverá utilizar capital de
pressupõe a repetição dos projetos, fato que é obstado pela terceiros cujo custo seja inferior ao custo de capital da firma.
própria caracterização do projeto em pauta. Adotando este procedimento, garantirá a realização de valores
presentes maiores, em outras palavras, o aumento da riqueza
da empresa.
6.6.3 – Caso de Outras Oportunidades.
Considerando como iF o custo de capital praticado por
uma firma, ou CMP, e iNE o custo de utilização de um novo
Neste caso, finda a vida do ativo ou o interesse em sua capital de empréstimo, a condição para ser tomado esse
exploração, a firma tem interesse de considerar outras empréstimo é: iNE < iF.
oportunidades de investimento disponíveis para o futuro, tais
como a mudança de sistema de produção, o lançamento de
novos produtos ou mesmo a mudança de ramo. Condição de Captação de Novo Empréstimo: iNE < iF

Ao analista de investimentos, nestes casos, recomenda- O exemplo da Figura 6.13 mostra o caso em que a
se criatividade e lógica ao utilizar a metodologia disponível. empresa vem praticando um custo de capital igual a CMP-1 e,
ao tomar um capital de empréstimo passa a ter um CMP-2 em
Esta recomendação visa alertar quanto à possibilidade que CMP-2 > CMP-1. Ou seja, iNE > iF.
do processo de decisão transcender a área da Análise de
Investimentos e haver necessidade ou possibilidade, para
maior sofisticação e confiabilidade do processo decisório, do
uso de algum processo de otimização.

153
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Valor Valor
y = f(x) = f(i)
Presente Presente
6.8 – Exercícios Resolvidos.

6.8.1 – Exercício de Fluxo de Caixa.

TIR TIR Seja definir o diagrama de fluxo de caixa e o diagrama


VP-1
VP-2
de valor presente líquido do projeto cujas projeções
i i operacionais estão postas no quadro abaixo.

iF = CMP-1 iNE = CMP-2

Figura 6.13 – Valor Presente x CMP Determinação dos Fluxos de Caixa


FC-0 FC-1 FC-2 FC-3 FC-4 FC-5 FC-6
Projeções
Nesta situação ocorre descapitalização, tornando os R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
valores presentes do projeto inferiores. Isto porque, o CMP se + Receitas - 80 161 190 190 161 140
reduz, passando de uma situação CMP-1 para CMP-2 o que - Despesas - 60 - 82 - 96 -96 - 82 - 102
decorre numa redução do valor presente do projeto. Depreciação 6 6 6 6 6 -
Investimentos - 90 - 71 - - - - -
Analisando o gráfico da Figura 6.14, fica patente que ao Val. Residual - - - - - - 27
aumentar o CMP por emprestimo, iNE, o valor presente dos E Fluxos de
- 90 - 45 85 100 100 85 65
fluxos de caixa vindouros passa a ser inferior ao atual Caixa
reduzindo o ganho de riqueza da empresa, ou dos sócios.
O diagrama representativo dos fluxos de caixa
Dado o comentário anterior, a utilização do Custo Médio determinados na tabela anterior esta expresso na Figura 6.14.
Ponderado como parâmetro de decisão para a captação de
novos recursos e a comparação dos custos deles decorrentes
com o daqueles em utilização, é compatível com o método do
valor presente e um referencial para as operações financeiras
da empresa.

154
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
R$

100,00 100,00
85,00 85,00
65,00

períodos
1 2 3 4 5 6
45,00
90,00

Figura 6.14 - Diagrama de Fluxo de Caixa

A definição do valor presente líquido para cada taxa de


desconto é dado pelo modelo:

VPL= - - + + + + +
+i +i +i +i +i +i

Tabela: Taxa de Desconto e Valor Presente Líquido.


6.8.2 - Caso da Jazida Mineral.
Taxa
0 5 10 15 20 25 30 35 40
I%
VPL
300,00 228,00 172,24 128,43 93,55 65,45 42,57 23,75 8,14
R$ Elaborar o diagrama de valor presente do projeto abaixo,
referente à análise de viabilidade de aproveitamento de uma
Dispondo dos dados da tabela acima pode-se traçar o jazida mineral visando à produção de pedra britada.
diagrama de valor presente como a seguir:
As informações do projeto constam da tabela abaixo. E, os
fluxos de caixa do projeto são apresentados nas Figura 6.15a e
6.15b.

155
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

R$

 Capital Próprios mais Investidores


 Produção mensal: 30 mil m³

11.520
Vida Útil do Projeto: 20 anos
 Preço de Venda: 32,00 R$/m³ 1 5 10 15 20

Ano
Custo de Produção: 8,50 R$/m³

3.060,00
Preço terreno: 3 milhões de reais
 Investimento Equipamentos: 7,50 milhões de reais 3.550

3.110,40
Projetos, autorizações, estudos 550 mil reais
ambientais:
 Opção tributária: Lucro Presumido 1.719,20
 Tributos  Lucro Presumido 27 %
Financiamento Finame – BNDES. - Figura 6.15 b – Fluxo de Caixa Numérico.
- Prazo financiamento 72 meses
- Carência 1 ano
- Taxa de juros 3,50 % ao ano

R$

Faturamento
1 5 10 15 20
Ano
Custos Operacionais
Invest.
Inicial Tributos

Financiamento

Figura 6.15 a – Fluxo de Caixa Conceitual.

Considerando que a TIR ultrapassa a taxa de 70% ao


ano, fica verificado ser um projeto extremamente viável para
investidores que adotam uma TMA inferior a 70 %.

156
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

6.9 – Exercícios Propostos 6.9.2 – Avaliar a viabilidade do projeto representado por seu
fluxo de caixa abaixo, considerando taxas de desconto de 30,
6.9.1 - Considerando as seguintes propostas de investimentos: 40 e 50% ao ano.

Qual a mais interessante para ser implantada?


R$
Adotar uma taxa de Descontos de 7% ao período.
109,76
58,80
28,00 38,42

R$ Ano
1 2 3 4

100,00
Proposta A

500,00
R$ 250,00
6.9.3 - José da Silva pensa alugar uma loja por R$ 24.000,00
0 1 2 3 4 período mensais. Porém, fazendo alguns melhoramentos no prédio
1.000,00 poderá alugar por R$ 31.000,00. Um orçamento de reforma
apresentou um valor de R$ 600 mil. Sendo sua taxa de
atratividade mínima de 1,2% a.m., pergunta-se: seria
R$ financeiramente interessante a execução dos melhoramentos?
Proposta B

330,00
R$ 380,00 6.9.4 - Você atua profissionalmente numa firma de assessoria
e consultoria técnica financeira e lhe coube analisar a aquisição
0 1 2 3 4 período
de um mesmo equipamento para dois clientes distintos.
1.200,00
O equipamento em questão, novo, custa 250 mil reais e
tem condições de oferecer receitas líquidas mensais na ordem
de R$ 5,10 mil.

157
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Dada à evolução contínua da tecnologia, há previsão de 6.9.7 - Você é o diretor de uma construtora que atua a nível
utilizá-lo por cinco anos. regional e esta analisando a realocação do escritório central da
empresa, pois os custos operacionais estão crescendo muito,
É procedimento de empresas que atuam no ramo, dado o incremento de sua carteira de serviços.
substituir o equipamento antigo e o utilizar como entrada para a
aquisição de outro mais moderno, de modo a manter o Para tanto, foram desenvolvidas alternativas situadas
processo financeiramente viável. Sabe-se que equipamentos em quatro cidades distintas, cujos custos envolvem o preço de
com cinco anos de uso custam o equivalente a 15% de um terrenos, os custos de operação nas novas condições e a
novo. construção de instalações de apoio e oficinas necessárias.

Analise e comente o resultado do processo de aquisição Além disso, foi previsto um horizonte de 10 anos de utilização
para os seguintes casos: para as alternativas e os valores residuais dos investimentos
- Cliente A, cujo custo de capital é de 7% ao ano; realizados estão apresentados na tabela abaixo.
- Cliente B, cujo custo de capital é de 16% ao ano.
Obs.: Calcule em período anual. (27.669 R$ /-31.759 R$.) Sendo a TMA praticada pela empresa estabelecida em
15% ao ano, definir qual das alternativas é, financeiramente, a
6.9.5 - Explique porque é desnecessário levar em consideração melhor.
o efeito inflacionário na análise do valor presente de um ativo
produtivo, conhecida a projeção dos fluxos de caixa futuros, do Solicita-se efetuar o processo de decisão utilizando o
horizonte de projeto e do custo de oportunidade. método do Valor Presente. E, traçar em um único gráfico, o
diagrama de valor presente de cada alternativa.
6.8.6 - Uma empresa tomou emprestada uma importância no
montante de R$ 30.000,00 por 60 dias, à taxa de 12% ao mês.
Investimento Redução Anual Valor Residual
Cidade
Ao receber o montante deste primeiro período aplicou 30% à R$ de Custos R$
A 18,00 3,60 14,00
taxa de 13,5% ao mês por 45 dias. O restante aplicou à taxa de
B 34,00 4,70 27,00
14% a.m., também por 45 dias. C 48,00 8,20 41,00
D 64,00 9,30 70,00
Deseja-se saber:

Valores em R$ 105 mil
Qual o fluxo de caixa (montar) desta operação?

Atenção: considerar a redução anual de custos como uma entrada
Qual o montante total destas duas últimas aplicações ao de caixa da empresa. Justifica-se este procedimento, pois com a
mudança, esses recursos permanecerão no caixa.
final deste 2o período?

158
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
6.9.8 - O executivo chefe de uma empresa distribuidora de  Verificar se praticada a taxa de desconto 14,6439%, o
concreto usinado esta analisando a modernização de uma das projeto pode ser aprovado;
suas unidades.
Fluxo de caixa Valor R$ Situação
Essa unidade vem apresentando uma queda de Fo - 255,00 Investimento inicial
produtividade. Devido à idade dos equipamentos, apresentam F1 - 95,00 Investimento no 1º período
paralisações constantes e uma crescente evolução dos custos F2 80,00 Fluxo de caixa líquido
F3 100,00 idem
com manutenção.
F4 120,00 idem
F5 140,00 idem
Para tanto, dois novos processos de fabricação foram F6 160,00 idem
considerados e que propiciam níveis de faturamento
semelhantes.
6.9.10 - Deseja-se saber qual o mínimo valor residual de um
Sendo a taxa de oportunidade praticada pela empresa equipamento usado, para que possa ser dado como entrada na
de 15% ao ano, deseja saber qual das alternativas é a melhor, aquisição de um similar, porém novo e que, financeiramente, o
considerando:
 Aquisição por compra a vista do equipamento;
processo comercial seja viável. Para tanto, dispõem-se das

 Aquisição por financiamento com juros de 8% ao ano


seguintes informações:

e prazo de cinco anos. Adotar o método da prestação  Custo de capital da empresa: 15% ao ano;
constante.  Vida útil do equipamento: 5 anos;
 Receitas anuais líquidas: 7,00 mil reais;

Processo Alfa Processo Beta
Investimento
R$ R$ Preço do equipamento novo: 30,00 mil reais.
Equipamentos 50.000,00 30.000,00
Custo Operacional Anual 13.900,00 18.300,00 6.9.11 - Você como diretor técnico de uma empresa de
Custo de Manutenção Anual 2.100,00 1.800,00 engenharia deve decidir entre dois diâmetros de uma adutora
Valor Residual do Projeto 25.000,00 16.000,00 necessária à implantação de uma pública;
Vida Estimada em anos 10 10
Com base nos dados apresentados no quadro a seguir,
solicita-se:
6.9.9 - Dado o fluxo de caixa representativo de um projeto,
solicita-se: - O monte o fluxo de caixa dos empreendimentos;
- O calculo do Valor Presente (VP) de cada alternativa;
 Demonstrar que, se praticada a taxa de desconto de 12% o - Decidir qual a alternativa a ser selecionada.
projeto pode ser viável;
159
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

ADUTORA ADUTORA Assim sendo, verifique: 1º - a viabilidade do projeto dada


 = 1,00 m.  = 1,20 m.
DISCRIMINAÇÃO
as condições abaixo; 2º - o menor faturamento mensal
Custo Inicial (CI) R$3.000.000,00 R$5.000.000,00 possível, de modo a tornar o projeto viável.
Custo manutenção
7% do Custo Inicial 1% do Custo Inicial
anual (de 0 a 5 anos) Condições:
Custo de


manutenção anual 10% do Custo Inicial 2% do Custo Inicial
A Mikscorp pratica um custo de capital de 15% ao ano;

(de 5 a 15 anos)
Custo de revisão e
10% do Custo Inicial 2% do Custo Inicial
Equipamentos do gênero podem ser vendidos, no final da
Manutenção vida útil, a 18% do valor de um novo;

no ano 5. nos anos 5, 10 e 15.
periódica
O diretor prevê receitas mensais na ordem de R$ 36 mil e
Receita
25% do Custo Inicial 16% do Custo Inicial despesas operacionais de R$ 25 mil por mês;

(de 0 a 5 anos)
Receitas A aquisição dos equipamentos de produção requer
25% do Custo Inicial 18% do Custo Inicial
investimentos iniciais no montante de R$ 1.200 mil;

(de 5 a 15 anos)
Período de cálculo 10 anos 15 anos A empresa dispõe de instalações físicas para instalação dos
equipamentos;

Taxa de Mínima
12,0% 12,0%
Atratividade (TMA) O BDE, banco de investimentos, propôs as seguintes
condições de financiamento: aporte do capital necessário à
produção no fechamento do contrato a ser realizado na data
6.9.12 - O diretor da MiksCorp, empresa atuante na indústria de fechamento do contrato; prestações anuais, constantes e
da telecomunicações e informática, após pesquisa de consecutivas, pagas anualmente a juros de 8% ao ano;
mercado, concluiu haver demanda para absorver o lançamento prazo de pagamento de seis anos sendo dois de carência.
de um novo produto denominado TI-struvspro, equipamento
com capacidade de atender a convergência digital dos diversos
tipos de mídia, telefonia, GPS, tratamento de dados, etc. 6.9.13 - Numa análise realizada em determinada empresa,
foram detectados custos operacionais excessivamente
Dado o comportamento desse mercado, previu que um elevados numa linha de produção, em decorrência da utilização
produto com as características do TI-struvspro teria uma vida de equipamentos velhos e obsoletos.
comercial de sete anos.
Os engenheiros responsáveis pelo problema
Como a empresa estava com os seus recursos propuseram à gerência duas soluções alternativas.
empenhados noutros investimentos e não teria capacidade
financeira para investir neste novo produto, conseguiu suporte A primeira consistindo numa reforma geral da linha,
de um banco de investimentos. exigindo investimentos estimados em $ 10.000, cujo resultado
160
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
será uma redução anual de custos igual a $ 2.000 durante 10 - O custo de oportunidade determinado corresponde a 1,
anos, após os quais os equipamentos seriam sucatados, isto é, 1714917 % ao mês;
sem nenhum valor residual. - Vencida a vida útil dos equipamentos, eles serão repostos.

A segunda proposição foi a aquisição de uma nova linha Pede-se:


de produção no valor de $ 35.000 para substituir os - Qual sua recomendação quanto ao melhor projeto sendo os
equipamentos existentes, cujo valor líquido de revenda foi fluxos de caixa definidos em períodos anuais;
estimado a $ 5.000. Esta alternativa deverá proporcionar - Uma decisão quanto ao melhor projeto, definindo os fluxos
ganhos de $ 4.700 por ano, apresentando ainda um valor de caixa em períodos mensais;
residual de $ 10.705 após dez anos.
6.9.15 - Analise a viabilidade de investir em escritórios
Sabendo-se que a empresa pratica uma TMA de 15% ao comerciais tendo por objetivo a cobrança de alugueis.
ano, qual das alternativas deve ser preferida pela gerência?
(Contribuição Dr. Engº Oscar Ciro Lopes). Após levantamentos efetuados no mercado imobiliário
dispõem-se das seguintes informações:
6.9.14 - Uma empresa mineradora recebeu duas propostas
visando à aquisição de equipamento de escavação necessário - As empresas construtoras praticam um preço de vendas na
à exploração uma jazida mineral até a levar a exaustão. ordem de 2,2 CUB/m².
- Foram coletadas informações de três conceituadas empresas
Previsão dos Fluxos de Caixa que atuam no mercado de construção e vendas de imóveis,
Equipamento Proposta A Proposta B expostas no quadro abaixo.
Investimento Inicial - 4.000,00 -6.000,00
Ano 1 860,00 2.100,00 Área Sala Custo Aluguel mensal
Ano 2 900,00 2.300,00 Empresa Padrão
m² CUB/m² R$
Ano 3 950,00 2.500,00 PrimeTop Alto 65,00 959,61 490,00
Ano 4 1.000,00 2.590,00
Nortecon Médio 48,90 679,82 350,00
Ano 5 1.100,00 -
Ano 6 1.200,00 - Belafonte Baixo 36,95 604,88 270,00
Valores em R$ 10³
- Como informação adicional, a taxa básica de juros
Sabe-se que: estabelecida pelo BCB esta, na data da pesquisa, definida em
14,25% e há o entendimento no mercado que é adequada a
- A previsão dos fluxos de caixa líquido, anuais, de cada remuneração de 12% ao ano para imóveis alugados.
alternativa esta relacionada no quadro de previsão;

161
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
6.9.16 - Um investidor estudou detidamente várias companhias
e suas ações ordinárias. Por sua análise concluiu que as ações Projeto A B C
de seis firmas são as melhores entre as muitas que examinou. Custo instalado - $ 10.000 15.000 20.000
Benefício anual uniforme - $ 1.625 1.650 1.946
Dividendo Preço estimado Vida útil - em anos 10 15 20
Preço por
Ações anual ao final dos 4
Ações
ordinárias por ação anos
(em Reais)
(em Reais) (em Reais) 6.9.18 - Um cliente solicitou sua ajuda para assessorá-lo na
Petrocisa 23,75 1,25 32 aquisição de um imóvel.
Bragantin 45,00 4,50 45
Flyfight 30,53 0,00 42 Para tanto, lhe informou que, para adquirir a residência
Enervale 33,48 2,00 40 que hoje possui, foi necessário contrair uma dívida.
Rechtam 52,55 3,00 60
Ele disse que, ao longo de um ano, com o objetivo de
Essas seis firmas representam praticamente o mesmo risco, e dar entrada na compra do imóvel, fizera três depósitos
assim, ele deseja determinar a firma em que aplicará seu trimestrais numa conta de poupança de um banco que
dinheiro. Ele planeja conservar as ações durante quatro anos, remunerava os seus depósitos a uma taxa nominal de 12 % ao
e exige uma taxa mínima de atratividade de 10% a.a. Que ano com capitalização trimestral.
ações o investidor deve preferir (usar como método de decisão
o VPL)? (Contribuição Eng.º Civil Oscar Ciro Lopes, Dr). Depósitos realizados nas seguintes datas:

Data dos depósitos Valor (em R$)


6.9.17 - Uma firma está estudando três alternativas 01/set/2000 6.500
mutuamente exclusivas como parte de um programa de 01/dez/2000 9.500
melhoramentos na produção. Para tanto sabe-se que: 01/mar/2001 14.000

O valor residual, ao final da vida útil, é zero em qualquer Dado a poupança realizada deram entrada, no dia
uma das alternativas. Ao final da vida útil, cada alternativa 01/jun/2001, na compra da residência.
poderá ser reposta por outra que apresenta custos e benefícios
idênticos. Disse, também, que o montante final dos depósitos
correspondeu a 40% do valor da casa tendo sido necessário,
Sendo a taxa de mínima atratividade definida em 14% portanto, financiar o restante.
ao ano, qual será a alternativa que Você recomendará?
(Contribuição Dr. Oscar C. Lopes). A dívida foi contraída nas seguintes condições:

162
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
- Pagamento em 10 prestações mensais iguais. O banco propôs um financiamento a ser amortizado em
- Taxa de juros de 14% ao ano, capitalizados semestralmente. parcelas semestrais ao longo de cinco anos, adotando o
Sistema de Amortização Constante e pactuada uma taxa de
Após o pagamento da terceira prestação, em juro de 25% ao ano.
01/set/2001, Roberto após consulta ao banco, está pensando
renegociar o saldo devedor nos seguintes termos: É entendimento da WPP Ltda. que o desenvolvimento
- O saldo devedor pago em 20 Prestações mensais iguais. do novo produto abre a perspectiva de ocorrer maiores ganhos
- Taxa de juros de 16 % ao ano, capitalizados trimestralmente. futuros, em comparação com os produtos similares dos seus
concorrentes.
Seu amigo, sabendo que você está no último ano de
engenharia e conhecendo a sua grande habilidade para Entende, também, que os benefícios oriundos do
equacionar este tipo de problemas (montar o fluxo de caixa), lançamento do produto se farão sentir durante quarenta meses
fez as seguintes perguntas: e que o produto, poderá ter uma renda superior em
$30.000/mês em comparação com os dos concorrentes,
 Qual a taxa efetiva anual que o banco pagou para os seus durante os dez primeiros meses após o lançamento.
depósitos e quais as taxas efetivamente cobradas no
financiamento? Durante os dez meses subsequentes, a WPP Ltda.
 Qual o valor da dívida contraída, ou seja, o valor prevê uma renda mensal superior em $60.000,00. E, durante
financiado? os vinte meses restantes, espera que o novo produto tenha
 Qual o valor do saldo devedor renegociado? conquistado uma parcela de mercado que apresente uma
 Qual o valor das prestações da dívida original e da dívida renda de $120.000 acima dos concorrentes.
renegociada?
Admitindo que as estimativas da WPP Ltda. estejam
corretas, informe:


6.9.19 - O gerente de uma empresa produtora de tecidos de
decoração e papeis de parede, a WPP Ltda., está negociando Caso seja contratado o empréstimo, qual o valor da primeira
com um banco um empréstimo cujo objeto é o desenvolvimento prestação?
de um novo produto.  Qual o valor da sexta prestação e qual o saldo devedor
imediatamente após o pagamento desta sexta prestação?

Ele previu que, a época do lançamento do novo produto
a empresa poderá incorrer em custos com pesquisa e Qual será a taxa interna de retorno prevista para o projeto?
desenvolvimento equivalentes a US $280.000,00 e supõe que
este deverá ser o valor a ser contratado.

163
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

6.9.20 - Elabore o estudo de viabilidade para o seguinte 3) Informações Gerenciais Dados


projeto: 3.1 – Taxa Mínima de Atratividade 1,1714917 % a.m.
Sendo VOCE diretor técnico de uma empresa de 3.2 – Tempo de vida do produto 10 anos
construção civil, o Diretor Presidente de sua empresa lhe 3.3 – Preço de venda mínimo/médio 6.380,00 R$/unidade
comunicou ser interessante analisar a implantação de uma 3.4 – Impostos sobre a Renda 15,00 %
nova fabrica para a produção de peças protendidas para 3.5 – Depreciação da Edificação 20 anos
estruturas de pontes. 3.6 – Depreciações dos Equipamentos 5 anos
Para tanto, deseja saber qual a quantidade mensal 3.7 – Impostos sobre o faturamento 10,50 %
mínima de produção para que o empreendimento seja
considerado viável. Além disso, lhe informou que o BNDES 4) Informações Estratégicas & Comerciais
esta financiando equipamentos de forma vantajosa. 4.1 – É pensamento estratégico do grupo vender as instalações após
Sua assessoria lhe forneceu as seguintes informações: a vida do produto e não reinvestir em reformas ou up-grades
industriais.
4.2 – Terrenos situados na área industrial, onde esta localizado o
1) Ativos Imobilizados próprio da empresa, vem sofrendo uma valorização real de 5% ao
1) Investimento R$ Condições ano.
1.1 - Terrenos 100.000,00 4.3 – A perda de valor de edificações industriais do gênero da
1.2 - Edificações 120.000,00 projetada para ser implantada acusa um valor de 70% em dez anos.
4.4 – Propostas das empresas fornecedoras de equipamentos
1.3 - Estoques 75.800,00
daqueles em estudo informam que seu valor comercial decresce a
1.4 - Equipamentos 240.000,00 Juros de 8% ao ano. taxa de 7,5% ao ano.
Financiamento em seis anos com
dois de carência. Prestações
4.5 – Evolução do mercado: A previsão é que esse mercado cresça à
constantes. taxa de 30% ao ano.

2) Custos Operacionais R$
2.1 – Matérias Primas 3.500,00/ unidade 6.9.21 - Analise a viabilidade do aproveitamento de uma jazida
de granito visando à instalação de um britador.
2.2 – Mão de Obra Direta 10.500,00/ mês
2.3 – Vendas – Adm. Central – Custos 23.000,00/ mês
Solicita-se:
Indiretos


2.4 – Eletricidade 3.950,00/ mês
Efetuar o Diagrama de Fluxo de Caixa do projeto;

2.5 - Embalagens 90,00/ unidade
O Diagrama de Valor Presente;
 Comentar quanto à viabilidade do mesmo.
164
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Informações do Projeto:
 Capital: Próprio e investidores
 Produção mensal: 30 mil m³
 Vida Útil do Projeto: 20 anos
 Preço de Venda: 32,00 R$/m³
 Custo de Produção: 8,50 R$/m³
 Preço terreno: 3 milhões de reais
 Investimento Equipamentos: 7,50 milhões de reais
 Projetos, autorizações, estudos
550 mil reais
ambientais:
 Opção tributária: Lucro Presumido
 Carga Tributária: 27 %
 Financiamento Finame – BNDES. 
 Prazo financiamento 72 meses
 Carência 1 ano
 Taxa de juros 3,50 % ao ano

165
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

166
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
empreendimento e, em consequência, aumentará o risco
associado ao projeto.
7. Método da Recuperação de Capital
Isto porque, crescerá a incerteza associada à realização
esperada dos fluxos de caixa futuros, exigindo um adequado
7.1 - Introdução. nível de controle visando à efetiva realização do planejamento
inicial.
O objetivo deste método é eleger a alternativa de
investimento que propicie o retorno do capital investido no Ao ser efetuada uma análise de hierarquização de
menor prazo possível, a fim de dispô-lo para aplicação em alternativas através do MRC, deve estar implícito que os fluxos
futuras oportunidades de investimento. de caixa estejam referenciados a uma moeda de poder
aquisitivo constante, ou seja, levar em consideração o valor da
O método também é conhecido como Método de moeda no tempo.
Recuperação da Capacidade de Investimento ou sob a
terminologia inglesa, pay-back. O MRC também pode servir como critério de desempate
quando se efetua a hierarquização de alternativas de projetos
A metodologia adotada consiste em verificar o tempo de produtivos com idêntico VPL.
retorno do capital inicialmente investido em cada alternativa
disponível, a partir da soma acumulada dos fluxos de caixa. Do ponto de vista financeiro e do reinvestimento de
Matematicamente: capitais, é de fácil entendimento que, ao apresentarem duas
alternativas o mesmo Valor Presente Líquido, aquela que
propiciar um retorno do investimento em menor tempo deverá
VPL = ∑ VPL ser a escolhida.
+
=
Deste modo, além de propiciar o mesmo retorno, o
O tempo de retorno indicara o grau de imobilização de capital inicialmente imobilizado estará disponível para outras
um capital, sendo que a alternativa a ser eleita será aquela que aplicações futuras. Esta situação confere ao MRC a
apresentar o MENOR TEMPO DE RETORNO. Noutras palavras, o atratividade de ser utilizado como critério de hierarquização e
menor grau de imobilização do capital. desempate entre alternativas, subsidiariamente ao método do
valor presente líquido.
Justifica a adoção do método o entendimento dos
investidores que, quanto maior for o tempo de retorno do
capital investido, maior será o grau de maturação do 7.2 - Metodologia.

167
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A metodologia do MRC segue os procedimentos Pelo exposto, as alternativas de investimento deverão
conforme abaixo e mostrados na Figura 7.1. ser hierarquizadas iniciando por aquela que apresentar o
menor tempo de recuperação do capital investido.
1º Levantam-se as possíveis alternativas para o projeto;
Alerta-se que alguns autores efetuam o somatório dos
fluxos de caixa sem considerar o valor da moeda no tempo.
2º Elabora-se o fluxo de caixa para cada alternativa;

3º Calcula-se o VPL de cada alternativa;


Este autor, porém, entende que deva ser considerado o
valor da moeda no tempo.
4º Calcula-se o valor acumulado dos fluxos de caixa;
Justifica-se o procedimento acima, pois assim reduzir-
Decide-se pela alternativa que apresentar o se-á a influência dos fluxos de caixa futuros cujos valores

Menor Tempo de Retorno. sejam sensivelmente superiores aos dos iniciais e,
consequentemente, apresentem maiores riscos para sua
realização.
T → ∑ VPL ≅
Como exemplo de aplicação do MRC, sejam duas
=
alternativas de projeto representadas pelos valores presentes
de seus fluxos de caixa conforme Figura 7.2.

Nas colunas discriminadas como Valor Presente dos


Fluxos de Caixa, o valor aposto já expressa o valor presente de
cada fluxo de caixa relativo ao período especificado, ambos
descontados à mesma TMA.

As colunas denominadas “Fluxo Acumulado”, indicam o


somatório acumulado dos dados indicados nas colunas “Valor
Presente – Fluxo de Caixa”.

No caso em pauta, para ambas as alternativas, ocorre a


previsão de idêntico incremento de riqueza, pois os dois VPL’s
montam a R$ 250,00.

168
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Adotando como critério de decisão o MRC, a escolhida Pelo exposto, fica demonstrado que o método do MRC
será a alternativa “A”, por apresentar o retorno do capital adotado, em complementação ao do VPL, permite atender à
inicialmente investido no 7º período, em comparação com a exigibilidade do retorno do capital inicial. E, também,
alternativa “B” cujo retorno aconteceria no 10º período. estabelecer como critério à tomada de decisão, a eleição de
qual projeto produz o retorno do capital em menor tempo.
Elegendo a alternativa A, o investidor disporá do capital
investido três períodos antes da alternativa – B, fato que reduz 7.3 – Exercício.
a incerteza sobre a realização dos fluxos de caixa em períodos
futuros. Verifique qual o projeto apresenta um menor tempo de
retorno de capital.

Alternativa A Alternativa B Alternativa Alfa Alternativa Delta


Fluxo de Fluxo de
Período

Valor Fluxo de Valor Fluxo de


Presente Caixa Presente Caixa Caixa Caixa
Ano VPLn VPLn
do Fluxo de Acumulado do Fluxo de Acumulado Acumulado Acumulado
Caixa $ Caixa $ R$ 105 R$ 105
0 -180,00 -180,00 -180,00 -180,00 0 -200 -180
1 -100,00 -280,00 -100,00 -280,00 1 -222 -180
2 -150 -180
2 -40,00 -320,00 -40,00 -320,00
3 -80 -150
3 +45,00 -275,00 +30,00 -290,00
4 -55 -100
4 +55,00 -220,00 +30,00 -260,00 5 -50 -50
5 +85,00 -135,00 +40,00 -220,00 6 -9 90
6 +80,00 -55,00 +40,00 -180,00
 +30,00
7 70 100
7 +85,00 +50,00 -130,00 8 130 120
8 +60,00 +90,00 +50,00 -80,00 9 150 120
9 +40,00 +130,00 +50,00 -30,00 10 170 150
10 +60,00 +190,00 +60,00  +30,00 11 190 150
11 +20,00 +210,00 +70,00 +100,00 12 200 150
12 +20,00 +230,00 +50,00 +150,00 13 200 150
13 +20,00 +250,00 +100,00 +250,00 14 200 130
VPL(A) 250,00 VPL(B) 250,00 15 180 100
Obs: os Fluxos de Caixa já estão representados pelo seu valor presente 16 170 90
17 100 -40
Figura 7.2 – Recuperação de Capital 18 -70 -20
VPL(A) VPL(B)

169
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

170
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
período de tempo pré-determinado corresponde a uma
alternativa de investimento distinta.
8. Método do Valor Uniforme Equivalente.
Em ambos os casos acima comentados, seja em
aquisição ou definição de tempo, o objetivo VUE é definir qual
8.1 – Introdução. alternativa apresenta o maior benefício ou o menor custo
equivalente no período.
O método do valor uniforme equivalente é recomendado
para decisões relativas inversões na aquisição de É comum o método ser expresso sob duas
equipamentos cuja reposição seja efetuada periodicamente ou denominações distintas, adotadas quando se analisa,
repetitivo. preponderantemente, custos ou faturamento em período anual.

Um projeto é definido como repetitivo quando, findo o No caso da análise envolver, predominantemente,
período de vida previsto para o investimento inicial, ou parte custos, a metodologia é denominada de Custo Anual
integrante dele, deverá ocorrer a reposição do mesmo visando Equivalente - CAE. Caso se analise, predominantemente,
manter a continuidade do processo produtivo. faturamentos ou o resultado do processo for expresso em
termos de lucro, o método leva a denominação de Benefício
Como exemplo de projeto repetitivo tem-se: ônibus de Anual Equivalente - BAE.
concessionárias de serviços públicos; caminhões e
equipamentos de terraplenagem; partes rodantes de R$ R$ R$
equipamentos a exemplo de pneus e lagarta de tratores; tipos
de escoramento ou formas utilizadas em serviços de
concretagem sejam em obras pré-fabricadas ou moldadas no VPL
local; equipamentos de solda e geradores portáteis;
equipamentos de regulação de tensão de sistemas elétricos, t t
etc.. 1 8

Assim, o VUE é adequado para amparar decisões I - Fluxo de Caixa II - Valor III - Série Uniforme
quanto à aquisição, seja por compra, financiamento ou aluguel Presente Líquido Equivalente
(leasing), de equipamentos que executem idêntico trabalho.
Figura 8.1 – Etapas Básicas do MVUE.
O método permite, também, estabelecer o tempo ótimo
de comissionamento de equipamentos. Neste caso cada

171
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Sob qualquer das denominações acima citadas, o Dado um conjunto de alternativas em análise, a
processo de decisão segue a mesma metodologia básica, hierarquização das mesmas ocorrerá quando comparados o valor
conforme esquema exposto na Figura 8.1: da economia ou do retorno das respectivas séries equivalentes.

No caso de estar em análise, predominantemente, a


1º Elaborar a projeção do fluxo de caixa de cada alternativa; comparação de lucro ou faturamento propiciado pelas alternativas
de investimento, a melhor alternativa será aquela que apresentar
2º Calcular o valor presente das alternativas; o MAIOR BENEFÍCIO PERIÓDICO EQUIVALENTE.

E, definir do valor da série uniforme equivalente, denominado


No caso de estar em análise uma comparação de custos,
3º a melhor alternativa será aquela que apresentar o MENOR CUSTO
de Valor Uniforme Equivalente – VUE.
PERIÓDICO EQUIVALENTE.

Ressalta-se que a unidade da série representativa do valor Quando a analise das alternativas ocorre em bases anuais,
uniforme equivalente associado é dada em unidade monetária por a literatura denomina de Benefício Anual Equivalente – BAE ou
período. E, que ela expressa em termos monetários, o custo Custo Anual Equivalente – CAE quanto trata, respectivamente,
médio incorrido ou o benefício médio propiciado por cada uma análise de faturamento ou de custos. Ver Figura 8.2 –
alternativa na unidade de tempo, considerando o tempo de vida Critérios de Decisão.
estimado da alternativa.

Como equação dimensional tem-se: MAIOR BAE E Predomina Faturamento

VUE(p)  R$
Decisão do

período
VUE(p)

MENOR CAE E Predominam Custos

Assim sendo, a unidade do VUE é dada em R$/mês, R$/ano, Figura 8.2 – Critérios de Decisão.
etc., o que equivale ao custo ou o benefício equivalente ou o
custo a ocorrer periodicamente.
O modelo matemático básico para a definição do valor
8.2 - Decisão uniforme equivalente, seja ele expresso em termos de BAE ou
de CAE, associado a um projeto, qualquer, é dado por:

172
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
n
i× +i
VUE p =VPL p × CAE = CAE + CAE + CAE
+i n - i a

A vantagem da adoção do MVU num processo de CAE i a = . + . + = . R$/anos


decisão em que as alternativas disponíveis sejam repetidas
periodicamente, e que tenham tempos de vida distintos, é Este resultado significa que, independentemente do tempo de
quanto à facilidade de aplicação do método. vida e do custo associado a cada equipamento, mantido o
processo de produção, os custos anuais do sistema previstos
Isto porque, matematicamente, o valor da série uniforme montam a R$ 26.750,00 R$.
equivalente relativo ao fluxo de caixa básico ou o valor da
série para qualquer número de repetições é o mesmo.
8.3 – Metodologia do MVUE.
VUEBásico = VUE k Repetições
8.3.1 – Artificio para Reinvestimentos.
É interessante notar que, sendo um sistema de
produção composto por vários equipamentos distintos. E, cada O MVUE é uma metodologia adequada ao se decidir
equipamento apresentando tempos de vidas diferentes onde financeiramente sobre a continuidade de utilização de um ativo
ocorra a necessidade de reposição periódica, o BAE/CAE do ou a manutenção de bem em produção, expirada a vida útil do
sistema pode ser estabelecido ao se efetuar a soma dos projeto inicialmente implantado.
BAE/CAE de cada equipamento componente do sistema.
Para tanto, findo o período da vida útil, se pressupõe a
Matematicamente e adotando o custo como variável imediata reaplicação do capital gerado pelo projeto em um
tem-se: novo ativo com características semelhantes à do ativo a ser
n
desmobilizado.
CAESistema = ∑ CAEComponentes
Comp.=
Havendo diversas alternativas de investimento que
apresentem vidas distintas, a técnica de decisão adotando o
Como exemplo, seja um sistema de produção composto
VPL recomenda que o horizonte de análise seja equivalente ao
por três equipamentos E1; E2 e E3, cujos tempos de vida estão
mínimo múltiplo comum, MMC, de suas vidas úteis, o que
estimados, respectivamente, em t1= 3 anos; t2= 5 anos e t1= 2
permite a equalização dos tempos de vida das alternativas.
anos. Sendo os custos anuais equivalentes, CAE, dos
equipamentos CAE1 = 8.430 R$/ano; CAE2 = 12.500 R$/ano;
Ao ser adotado o MMC das vidas úteis das alternativas
CAE3 = 5.780 R$/ano, o CAE do sistema é dado pela soma dos
como horizonte de análise do projeto, o processo de cálculo
custos anuais equivalentes dos equipamentos singulares. Logo:
173
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
pode se tornar complexo e trabalhoso devido ao grande 3º Passo - Calcula-se o VPL de cada alternativa, sem
número de fluxos de caixa envolvidos. considerar a repetição:

O MVUE, porém, permite contornar essa complexidade F F F Fn


tornando-se um artifício de fácil e rápida aplicação, pois a VPL p =F + + + +⋯+ n
+i +i +i +i
decisão é efetuada considerando o tempo básico de cada
alternativa, sem haver repetição. 4º Passo - Calcula-se o valor da série uniforme equivalente de
cada alternativa.
Isto porque, o valor da série uniforme equivalente de
uma alternativa de investimento e o de qualquer número de VUE(p) = VP(p) × FRC(n¬i%) ou,
suas repetições será sempre o mesmo: VUEBásico =
VUE k Repetições·. i× +i n
VUE p =VPL p ×
+i n -
No exercício do item 8.4.2, fica demonstrado que o valor
da série equivalente de uma repetição ou repetições é igual ao
5º Passo - Hierarquizam-se as alternativas em ordem
valor da série básica. E, a Figura 8.7 mostra a montagem de
decrescente ou crescente, respectivamente, segundo o maior
um processo de repetição de modo a manter ininterrupta a
beneficio que propiciarem ou o menor custo que apresentarem.
continuidade de produção.

8.3.2 – Procedimentos.

A metodologia para determinar o valor da série uniforme


equivalente, tanto em termos de BAE como de CAE, segue os
seguintes procedimentos:

1º Passo - Define-se o fluxo de caixa básico de cada


alternativa do projeto:

Fk =Σ Rec (p)K - Σ Desp (p)K – I (p)K + Dep + VR(k)

2º Passo - Estabelece-se a TMA do projeto: Alerta-se que o tempo a ser considerado no calculo da
série uniforme corresponde ao horizonte de vida previsto para a
alternativa, ou melhor, do equipamento considerado, quando
174
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
do calculo do valor presente da mesma. Assim cada alternativa
pode apresentar um horizonte de planejamento próprio. b) Calculo do Benefício Anual Equivalente – BAE.

Ao se analisar o fluxo de caixa deste processo, verifica-


8.4 – Exemplos de Aplicação. se que, pra a determinação do fluxo de caixa anual equivalente
torna-se mais imediato calcular a série anual equivalente
8.4.1 - Caso do Novo Produto. associada ao investimento inicial e somar esta, diretamente,
aos demais fluxos de caixa, já que são uniformes.
Uma empresa está estudando a produção de um novo
produto. Para tanto dispõe de dois processos alternativos cujas R$
características estão abaixo especificadas. Decida qual o
50.000 50.000 50.000 50.000
processo que você recomendará para aquisição. -30.000 -30.000 -30.000 -30.000

Os equipamentos em análise são previstos para serem


repostos periodicamente, dado o desgaste contínuo e o alto valor
do custo de manutenção e operação. ano
1 2 3 4
65.000
Item PROCESSO A PROCESSO B
Investimento Inicial R$ 65.000,00 130.000,00
Valor Residual 0,00 30.000,00
Retorno Anual R$ 50.000,00 50.000,00 Figura 8.4 – Processo A – Digrama do Fluxo de Caixa
Custo anual de operação Fixo: 30.000,00 R$/ano Variável: Ver diagrama
Vida útil: 4 anos 6 anos
TMA da empresa 7% ao ano.
- Investimento Inicial:

Considerando que o investimento inicial corresponde à


uma saída de caixa, será definido o seu custo anual
I – Processo A
equivalente.
a) Diagrama de Fluxo de Caixa do Processo A.
CAE(A) = P× FRC ( 7%;4)
CAE(A) = (- 65.000) × 0,2952
Para este processo o diagrama de fluxo de caixa foi
CAE(A) = -19.188 R$/ano.
montado lançando, diretamente na escala de tempo, as
entradas e saídas de caixa previstas, conforme Figura 8.4.

175
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Como se pode verificar no diagrama de fluxo de caixa, variáveis e crescentes, foram lançados diretamente no
Figura 8.5, não há necessidade em calcular os valores diagrama de fluxo de caixa. Figura 8.6.
presentes dos custos anuais ou das receitas, pois já expressos
em valores iguais, o que caracteriza uma série uniforme. Neste caso, o procedimento de calculo seguido foi o de
exprimir, tanto o investimento inicial, como os custos anuais
Com os dados acima, pode-se calcular a série uniforme, variáveis e o valor residual, em termos de série anual
anual, equivalente do Projeto A, expressa em ternos de equivalente visando possibilitar a soma de todos os valores e
benefícios – BAE. definir o BAE do Processo B.

b) Cálculo do Custo Anual Equivalente do Projeto B:


Item BAE em R$/ano
Investimento Inicial (-) 19.188,00
Custo Operacional (-) 30.000,00
b1) Capital Inicial: Pi = 130.000 x FRC (7%,6)
Pi = - (130.000  0.2098)
Receitas (+) 50.000,00
Benefício Anual Equivalente do Projeto A (+) 812,00 R$/ano
Pi = (- 27.274) R$/ano
b2) Valor Residual:
R = S x FFC ( 7,6 ) = 30.000 x ( 0,1398 ) 
50.000 50.000 50.000 50.000 R = 4.194 R$/ano
R$ -30.000 -30.000 -30.000 -30.000
-19.188 -19.188 -19.188 -19.188 30.000
812,00 812,00 812,00 812,00 50.000
R$ 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000 - 26.000
- 21.000 - 22.000 - 23.000 - 24.000 - 25.000 54.000
29.000 28.000 27.000 26.000 25.000

ano
1 2 3 4
ano
Figura 8.5 – Processo A : BAE(A) 1 2 3 4 5 6

-130.000
II - Processo B
Figura 8.6 – Processo B – Diagrama do Fluxo de Caixa
a) Diagrama de Fluxo de Caixa do Processo B.

Os valores do fluxo de caixa relativos aos custos anuais b3) Custo Operacional:
de operação deste processo, que foram previstos como
176
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

- Valor Presente S=  FCi  Vin Assim, a alternativa que apresentou o maior Benefício
Anual Equivalente foi a Alternativa B. Logo, a mais interessante
a ser recomendada pra implantação.
S = -21.000 ( 0,9346 ) - 22.000 ( 0,8734 ) - 23.000 ( 0,8163 )
-24.000 ( 0,7029 ) - 25.000 ( 0,7130 ) -26.000 ( 0,6663 )
8.4.2 – Manutenção em Comissionamento.
S = - ( 19.626 + 19.215 + 18.775 +16.870 + 17.825 + 17.324 )
S = - 109.635 R$/ano Este caso discute a análise de decisão de alternativas
quando há a previsão de continuidade de produção.
- Série Uniforme Equivalente: O caso em questão diz respeito a uma empresa que
esta comparando duas alternativas de projeto visando à
Po = - 109.635 FFC (7,6) = = - 109.635 (0,2098) instalação de um processo produtivo destinadas à produção de
Po = - 23.001,00 R$/ano um mesmo bem.
b4) Calculo do Benefício Anual Equivalente. Esses processos são representados por seus fluxos de
caixa e apresentam tempos de vida útil, distintos.
O benefício anual equivalente do Processo B é obtido ao
se proceder a soma dos valores das séries anuais R$
equivalentes associadas a cada tipo de custo ou retorno anual
equivalente (faturamento). Então:
50 50 50
Item BAE em R$/ano 25
40
25
40
25
40
Investimento Inicial (-) 27.274,00 ANO
Valor Residual (+) 4.194,00
Custo Operacional (-) 23.001,00
Receitas (+) 50.000,00 60 60 60
Benefício Anual Equivalente (+) 3.919,00 R$/ano

III – Análise de decisão: Figura 8.7 – Continuidade na Utilização de Ativo

Pelo acima exposto, o Benefício Anual Equivalente - BAE


relativo ao Processo A é de 812,00 R$/ano e ao Processo B de
3.919,00 R$/ano.
177
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
O objetivo é definir qual destes dois projetos, 2ª Rep -20 -25 45 45 45
representados por seus fluxos de caixa é o mais lucrativo, Final -20 -25 45 45 25 -25 45 45 25 -25 45 45 45
sendo adotada uma TMA de 10% ao ano.
Alternativa B
Básico -60 25 40 50
Período - anos 0 1 2 3 4
1ª Rep -60 25 40 50
Projeto “A” -20 -25 45 45 45
2ª Rep -60 25 40 50
Projeto “B” -60 25 40 50
3ª Rep -60 25 40 50
Valores em 104 R$
Final -60 25 40 -10 25 40 -10 25 40 -10 25 40 50
Figura 8.8 – Exemplo de Procedimentos de Repetição

Havendo o pressuposto da continuidade de produção, a Ressalta-se que o início da 1ª repetição e das


compatibilidade dos tempos de vida útil é efetuada após a subsequentes, deve acontecer durante o último período da
equalização dos tempos de vida dos projetos utilizando o repetição anterior. Este procedimento visa evitar possível
mínimo múltiplo comum dos períodos em consideração. solução de continuidade no processo de produção.

Alerta-se, como disposto na Figura 8.7 para que não Ao serem somados os fluxos de caixa de cada repetição,
haja solução de continuidade, que uma repetição deva ser dispõem-se do fluxo de caixa final das alternativas equalizadas.
iniciada no último período da anterior.
Repetindo o mesmo procedimento para a Alternativa B,
chega-se à solução abaixo que apresenta os fluxos de caixa
1º - Decisão por Valor Presente. equalizados. Exemplo na Figura 8.9.

Como a Alternativa A apresenta quatro anos de vida útil Fluxo de Caixa Final dos Projetos Valores em 104 R$
e a Alternativa B três anos, o mínimo múltiplo comum dos Tempo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tempos é de doze anos. Assim sendo, a Alternativa A deverá Projeto
-20 -25 45 45 25 -25 45 45 25 -25 45 45 45
“A”
ser efetuado por três vezes e a Alternativa B por quatro vezes Projeto
para que os seus períodos de vida sejam equalizados. “B”
-60 25 40 -10 25 40 -10 25 40 -10 25 40 50
Figura 8.9 – Procedimento para Repetição de Investimento - B
O quadro da Figura 8.8 mostra o procedimento de
repetição relativo aos dois projetos. Efetuada a equalização dos tempos, poder-se-á calcular
o valor presente líquido de ambos os projetos, o que permitirá
Alternativa A Valores em 104 R$ estabelecer qual dos dois permitirá aumentar mais a riqueza
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 dos proprietários.
Básico -20 -25 45 45 45
1ª Rep -20 -25 45 45 45

178
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Calculando o valor presente líquido de cada alternativa BAE (A) = 59,01  FRC (4¬10%) = 18,62 R$/ano
tem=se: VP (A) = 126,84 x 106 R$ e VP (B) = 91,38 106 R$.
Repetindo o mesmo procedimento para a alternativa B,
Como a Alternativa A, apresenta um VPL de R$ 126,84 x obtém-se os valores indicados no quadro abaixo que
6
10 R$ sendo, consequentemente, superior ao incremento demonstra, mesmo utilizando ao processo do Beneficio Anual
propiciado pela Alternativa B, sendo o recomendado para ser Equivalente, a superioridade do projeto A sobre o projeto B.
realizado.
BAE (B) = 33,35  FRC (3¬10%) = 13,41 R$/ano.
2º - Decisão por Valor Uniforme Equivalente.

Ressalta-se que o artifício financeiro de calcular os Alternativa Período Original de Cada Projeto
Benefícios Anuais Equivalentes de cada alternativa, sem VP(A) = 59,01 R$
BAE(A) = 59,01  0,3155 = 18,62 R$/ano
A
efetuar a repetição dos fluxos, isto é, de simplesmente apenas
comparar os BAE’s das alternativas base, facilita o processo de VP(B) = 33,35 R$
B
decisão, mas deve ser utilizado em projetos repetitivos. BAE(B) = 33,35 0,4021 = 13,41 R$/ano

Como já comentado, ao ser calculado o VUE de uma


alternativa de projeto tomando o seu fluxo de caixa base e o 8.4.3 – Análise Crítica.
VUE desta mesma alternativa repetida, o valor obtido em
ambos os casos é o mesmo. No exercício 8.4.2, os resultados obtidos pela aplicação
dos dois métodos, VPL e VUE, demonstraram haver uma
Voltando ao exemplo acima, a obtenção do Benefício superioridade da alternativa A sobre a B.
Anual Equivalente relativo a cada projeto segue os
procedimentos: O leitor não pode generalizar o resultado obtido no
exercício quando compara alternativas de investimentos,
1º - Determina-se o valor presente líquido da alternativa base. vinculando, necessariamente, a obtenção de um maior
presente líquido a um maior valor periódico equivalente.

VP A = - + + + + = , R$ Alternativa Mínimo Múltiplo Comum de 12 Anos


, , , ,
VP(A) = 126,84 R$
A
BAE(A) = 126,84 x 0,1468 = 18,62 R$/ano
VP(B) = 91,38 R$
2º - Calcula-se o Benefício Anual Equivalente - BAE B
BAE(B) = 91,38 x 0,1467 = 13,41 R$/ano

BAE (A) = VP(P)  FRC (n; i)


179
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Uma alternativa pode apresentar um maior VPL em iguais, independentemente do número de períodos de
relação às outras e não, necessariamente, o maior VUE, seja repetição utilizados, situação que facilita o processo de tomada
ela calculada em termos de BAE ou de CAE. Os resultados de decisão.
dependerão dos valores fluxos de caixa e da duração de cada
projeto. Como regra geral, a priori, nada se pode inferir. Finalizando, não se deve esquecer que o VUE indica o
acréscimo de riqueza médio gerado por um projeto a cada
Com o objetivo de demonstrar a obtenção de igual período de sua vida útil. Ao se desejar saber qual o acréscimo
resultado no calculo do valor periódico equivalente, aplicando o de riqueza propiciado pelo tempo em que o projeto será
método, simplesmente, ao projeto inicial ou a um número explorado, há que ser calculado o Valor Presente do mesmo,
qualquer de repetições, será vista a situação de se considerar para o tempo originalmente estabelecido.
o horizonte de projeto de doze anos, às duas alternativas.
Prazo este equivalente ao mínimo múltiplo comum do tempo de
8.4.4 – Produção de Novo Produto.
vida de cada uma das alternativas em consideração.

Ao se calcular o valor presente da alternativa repetida Uma empresa industrial está estudando o lançamento e
considerando o horizonte de doze anos, obter-se-á os a produção de um novo produto.
seguintes valores presentes: VP(A) = 126,84 R$ e VP(B) =
91,38 R$. Item PROCESSO A PROCESSO B
Investimento Inicial R$ 65.000,00 130.000,00
A seguir, calcula-se o Benefício Anual equivalente para Valor Residual - 30.000,00
Faturamento R$ 50.000,00 50.000,00
cada alternativa, definindo a série equivalente pelo prazo de
Ano1 = 21.000,00
doze anos. Ano2 = 22.000,00
R$ 30.000,00 - Ano3 = 23.000,00
Custo de Operação
Partindo do caso geral tem-se: Fixos Ano4 = 24.000,00
Ano5 = 25.000,00
BAE (k) = VP(k)  FRC (n¬i%)
Ano6 = 26.000,00

BAE (k) = VP(k)  FRC (12¬10%)


Vida útil Quatro anos Seis anos

Para tanto, dois processos industriais estão em análise


BAE (A) = 126,84 FRC (12¬10%) = 18,62 R$/ano
BAE (B) = 91,38  FRC (12¬10%) = 13,41 R$/ano
duas propostas cujas características estão expostas na tabela
acima.

Estabelecido o custo de capital da firma em 7% a.a.,


Dos resultados encontrados fica a constatação que os calcular o benefício anual equivalente, associado a cada
diversos BAE associados a um mesmo projeto são sempre alternativa.
180
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

O método de decisão a ser adotado quanto à escolha da


melhor alternativa é o do Custo Anual Equivalente dada às
razões: - 65.000
-30.000 -49.188
a) Há previsão de produção continuada. Esgotada a vida
útil dos ativos, eles deverão ser repostos, situação que 1 2 3 4 anos 1 2 3 4 anos
recomenda a adoção do método proposto;
Custo de Operação Custo Anual Equivalente - CAE(A)
b) Sendo equivalentes os faturamentos previstos para os
dois processos, pode-se efetuar a análise considerando
apenas custos. O processo que apresentar o menor Figura 8.10 – Processo A
custo deverá ser o recomendado.
a) Custos Operacionais: CO(A) = 30.000 R$/ano.
A metodologia adotada seguirá os seguintes passos:
b) Custo Anual Equivalente do Investimento Inicial:
a) Definição do Valor Presente de cada processo,
isoladamente; CAE(IIn) = P  FRC (7%,4 )
CAE(IIn) = 65.000  0,2952
b) De posse do Valor Presente, calcular a série relativa ao CAE(IIn) = 19.188 R$/ano
Custo Anual Equivalente;
c) Custo Anual Equivalente – Processo A.
c) Disponíveis os valores dos CAE de cada processo,
comparar os resultados e recomendar para implantação CAE (A) = CAE (IIn) + CO(A)
o que apresentar o menor Custo Anual Equivalente. CAE (A) = 30.000,00 + 19.188,00
CAE (A) = 49.188,00 R$/ano
I - Processo A - Fluxo Caixa Figura 8.10.

II - Processo B - Fluxo Caixa Figura 8.11.

181
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
COE(B) = VPCO(B)  FFC (7%,6).
COE(B) = 109.635 FFC (7%,6) = 109.635  0,2098
COE(B) = 23.001,00 R$/ano.
- 1.300 -26.000
- 25.000
- 24.000 e) Custo Anual Equivalente - Processo B:
- 23.000
- 22.000
-21.000
CAE(B) = Invest. Inicial + Custo Operacional - Valor Residual.
ANO

CAE(B) = 27.274,00 + 23.001,00 - 4.194,00 


0 1 2 3 4 5

30.000
CAE(B) = 46.081,00 R$/ano

Figura 8.11 - Custo de Operação – Processo B III – Recomendação.

Sendo o CAE(A) = 49.188 R$/ano e o CAE (B) =


a) Capital Inicial: 46.081,00 R$/ano; recomenda-se como o mais interessante a
Pi = 130.000 x FRC (7%,6) = 130.000  0.2098
ser implantado o Processo-B, já que apresenta o menor Custo
Anual Equivalente.
Pi = = 27.274 R$/ano
Se, neste exercício, o objetivo fosse o cálculo do
b) Valor Residual:
R = S x FFC (7%,6) = 30.000  0,1398 
Benefício Anual Equivalente, o faturamento no valor anual de
R$ 50.000,00 deveria ser somado às séries de custo anual.
R = 4.194,00 R$/ano

VPCO(B)   Pi  Vi
Os resultados seriam: BAE (A) = 812,00 R$/ano e
c) Custo Operacional: n BAE(B) = 3.919,00 R$/ano. A decisão, como não poderia

VPCO(B) = 21.000  0,9346 + 22.000  0,8734 + 23.000


deixar de ser, seria a mesma da anterior e inclinada ao
Processo-B, por apresentar o maior Benefício Anual
 0,8163 + 24.000  0,7029 + 25.000  0,7130 + 26.000 Equivalente.
 0,6663
VPCO(B) = 19.626 + 19.215 + 18.775 +16.870 + 17.825
+ 17.324 = 109.635,00 R$/ano.

d) Série Uniforme Equivalente do Custo Operacional:


182
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
define sua vida útil em 7 (sete) anos e o valor de aquisição de
8.5 - Exercícios Propostos. uma unidade nova esta orçada US$ 20 mil?

Os valores de mercado de equipamentos usados e os


8.5.1 - Atualmente, a Universidade utiliza na iluminação do custos anuais de manutenção estão apresentados no quadro
campus 150 refletores com lâmpadas de descarga e potência abaixo. Como premissa do problema, adotar o custo de capital
de 1.400 W. Ela estuda a possibilidade de substituí-los por da empresa em 15% a.a.
refletores com LED´s. Assim sendo solicita-se:
Além do acima solicitado, elabore uma curva
 Analise a viabilidade financeira dessa substituição; tempocusto para melhor visualizar os resultados obtidos e
 Mostre a economia mensal pela substituição; amparar a sua decisão.
 Qual o pay-back havendo substituição dos equipamentos.
 Defina qual o tipo de refletor a ser adquirido sem haver Anos de Valor de Mercado Manutenção CAE
Operação US$ Anual US$ R$/ano
redução da luminosidade.
1 18.000,00 2.000,00 7.000,00
2 16.000,00 2.500,00
8.5.2 – Uma empresa dispõe de um sistema de produção 3 14.600,00 2.800,00
composto por três equipamentos singulares a serem
4 13.500,00 3.700,00
periodicamente substituídos e cujas vidas úteis estão previstas
para as seguintes durações: tA = 3 anos; tB = 5 anos; tC = 2 5 12.000,00 4.200,00
anos. 6 10.500,00 4.700,00
7 8.000,00 5.200,00 7.367,88
A empresa pratica uma TMA de 15% ao ano e o valor presente
dos líquidos dos custos anuais associados a cada equipamento
monta a: VPA= 19.247,59 R$; VPB = 41.901,94 R$; VPC =
9.396,60 R$.

Solicita-se: a) elaborar o diagrama da série equivalente de


cada equipamento singular; b) calcular o montante do CAE do
sistema global e elaborar o diagrama do mesmo.

8.5.3 - Qual o tempo ótimo de manter comissionado um


equipamento de terraplanagem cujo catálogo de especificação

183
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

184
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Pelo exposto, a TIR pode ser definida sob a ótica


9. Taxa Interna de Retorno. matemática e a financeira.

I. Matematicamente, a TIR corresponde àquela taxa que zera


9.1 – Conceituação. a função Valor Presente Líquido. Logo, corresponde à raiz
da função Valor Presente Líquido.

F1 F2 F3 Fn
A Taxa Interna de Retorno, TIR, corresponde a uma VPL A =F0 + * 1
+ * 2
+ * 3
+⋯+ n =0
situação especial da TMA. (1+i ) (1+i ) (1+i ) (1+i* )

Alerta-se que, financeiramente, a TIR e a TMA, Noutras palavras, a TIR ≡ I* corresponde à raiz do polinômio
expressam conceitos distintos sobre a taxa de remuneração de expresso pela função valor presente, conforme Figura 9.1.
projetos, seja quanto à inversão de capital financeiro ou a
aplicação em investimentos produtivos. II. Financeiramente, ela expressa a maior taxa de
rentabilidade que uma alternativa de projeto ou aplicação
A TMA corresponde à remuneração desejada pelo financeira possa oferecer.
investidor pela remuneração de seu capital.
VPL- R$
E ela pode ser estabelecida a talante do investidor ou
pelo desempenho da empresa. Neste caso, a TMA pode ser
definida através de duas metodologias: i) considerando dados
do balanço; ii) ou através do conceito de custo médio
ponderado dos capitais disponíveis ou a serem mobilizados.
VPL descontado
Pela TMA
A TIR, por sua vez, corresponde à maior remuneração
possível, oferecida por uma alternativa de investimentos, a VPL
partir da qual qualquer alternativa passa a ser financeiramente
inviável. i%
A R
TM TI
No limite, o campo de remuneração de qualquer projeto
em que a TMA seja viável corresponde ao valor da TIR, o que Figura 9.1– Caracterização da TIR e da TMA.
não implica na distinção conceitual entre as duas. Ver Figura
9.1 – Caracterização da TIR e a TMA.
185
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
O Método da Taxa Interna de Retorno é recomendado
quando se deseja decidir sobre alternativas de aplicação pura
de capital. 9.3 - Decisão

O método da TIR exige a descrição de qualquer proposta Quando se dispõe de várias alternativas de investimento
de alternativa de investimento em termos do fluxo de caixa em julgamento, o processo de decisão adotando a TIR como
projetado, onde sejam externados os custos e as receitas a ele parâmetro de decisão deve atender a duas premissas:
associados, levando-se em consideração a previsão dos
momentos em que os mesmos efetivamente ocorrerem. 1ª Premissa: Para haver a aceitabilidade de qualquer
projeto singular, a TIR deverá superar a taxa de mínima
atratividade, a TMA. Taxa esta que recebe, também, as
9.2 – Utilização da TIR. denominações de: custo de capital da empresa, taxa de
oportunidade, custo de oportunidade da empresa ou taxa de
A utilização da TIR como critério de decisão é desconto do projeto.
recomendada nos seguintes casos:
Neste caso ocorrem três situações, quais sejam:
I. Pelo lado do aplicador, quando realiza aplicações
financeiras no mercado de títulos mobiliários ou bursáteis I) Quando a TMA apresentar valor inferior à TIR, o projeto é
(4), pois ele deseja a maior rentabilidade possível em suas considerável viável. Financeiramente falando, a maior taxa
aplicações financeiras o que decorre num menor tempo de de rentabilidade que uma alternativa pode apresentar
retorno do capital inicialmente aplicado; supera a taxa de atratividade exigida pelo investidor;

II. Pelo lado do tomador, na determinação da taxa efetiva de II) Quando as duas taxas se equivalerem, ocorre uma
juros praticada no financiamento de bens móveis ou situação dita de indiferença financeira.
imóveis;
O projeto, nesta situação, continua sendo viável. Porém,
III. Na definição da maior taxa de remuneração possível neste caso, a maior taxa de remuneração que um projeto possa
propiciada por um projeto de investimento produtivo. apresentar a TIR, equivale à TMA do investidor.

Nos itens seguintes serão analisadas as condições de III) No caso da TMA apresentar valor superior à TIR, o projeto é
aplicação dos casos acima citados. considerável inviável.

Nesta situação, o valor presente das alternativas de


investimento passa a ser negativo o que significa, também, que
(4) Operações relativas às negociações de títulos em bolsas de valores.
186
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
o valor da TIR é inferior à taxa de atratividade tradicionalmente Rendimento de Aplicações
adotada pelo investidor para remunerar os seus investimentos. em Títulos Mobiliários

Rendimento de Aplicações
Critérios de Decisão em Ações - Bolsa
Aplicações da
TIR

E
Definição da Taxa Efetiva
TIR > TMA Projeto Viável Aplicada a Financiamentos
TIR = TMA E Indiferença Financeira
TIR < TMA E Projeto Inviável Verificação da Maior
Taxa de Remuneração
de um Projeto Produtivo

Figura 9.2 - Aplicações da TIR


2ª Premissa: no caso de haver a comparação entre
diversas alternativas de investimento mutuamente exclusivas,
aquela que apresentar a MAIOR TIR será definida como a melhor 9.5 – Aplicações da TIR.
alternativa a ser eleita.

Justifica-se a adoção das duas premissas como 9.5.1 - Caso de títulos mobiliários.
parâmetro de decisão, pois ambas vem ao encontro do
princípio do aumento da riqueza dos proprietários, já que: O método é adequado para ser utilizado pelo investidor no
mercado mobiliário ao desejar conhecer a rentabilidade de uma
1º) a TIR corresponde a maior remuneração possível para aplicação financeira.
que um projeto seja viável;
A TIR demonstra, neste caso da aplicação em títulos
2º) sendo a TIR superior à TMA, o valor presente líquido de mobiliários, à remuneração a ser obtida pelo capital aplicado e
qualquer alternativa de projeto será superior a zero, ao a equivalência financeira quanto aos retornos previstos.
ser adotada esta taxa como parâmetro de decisão.
E, no caso de financiamento, a equivalência entre o capital
tomado e os pagamentos a serem efetuados.

Pelo exposto, verifica-se ser a TIR um instrumento


adequado para análise da rentabilidade de projetos quando
utilizada pela ótica do investidor ou tomador de empréstimos.
187
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

VC  
 n Bk  Dk 
 0
Como exemplo de aplicação no mercado imobiliário, tem-se
k 
VV
 k 1 (1  i*)  (1  i*)
o caso da compra de ações. n

Ao se efetuar a aplicação em ação de qualquer empresa,


o preço e a rentabilidade da mesma e estabelecida ao ser
9.5.2 - Caso de financiamentos.
conhecida a política de dividendos, de bonificações
regularmente pagas sobre o capital investido e do valor de
vendas previsto. Neste segundo caso, o método é recomendado para definir
a taxa de juros efetivamente adotada em projetos de
Neste caso, entende-se que o preço a ser pago pela ação investimentos simples ou empréstimos, correspondendo a uma
seja equivalente ao somatório dos valores presentes dos série postecipada, em que os pagamentos sejam iguais,
dividendos, das bonificações e do valor de vendas previsto periódicos e consecutivos.
para ocorrer em determinado futuro.
A taxa de juros, então, é definida sob a ótica do tomador do
Adotando como nomenclatura: recurso. Para o tomador do recurso, a TIR corresponde à taxa
de juros que faz a equivalência entre o valor do montante
 VC = valor de compra da ação; financiado e o valor das prestações pactuadas. Ver. Figura
 VV = valor previsto para venda de uma ação; 9.2.
 Bk = valor da bonificação referente ao período k, com k
variando de um a n; Como exemplo cita-se o financiamento de eletrodomésticos
 Dk = valor do dividendo referente ao período k; ou veículos vendidos a prestação.
 n = o número de períodos previstos para manter a ação em
carteira; Há o entendimento, então, que valor presente das
 i* = valor da taxa interna de retorno, TIR. prestações corresponde ao valor do bem adquirido,
financeiramente falando. A taxa interna de retorno, em
O valor da ação é dado por: decorrência, exprime a taxa de juros efetivamente paga pelo
tomador.

VC   k
 n B  Dk 
k 

VV
 k 1 (1  i*)  (1  i*)
Dado o entendimento acima, pode-se escrever a seguinte
n
expressão matemática:

Por sua vez, o valor da tir=i* é aquele que resolve o Valor do Bem ≡  das Prestações a Valor Presente
polinômio:

188
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
No Capítulo 10 - Métodos Algébricos, serão
{Valor do Bem} - { das Prestações a Valor Presente} = zero apresentados alguns métodos de calculo da TIR, considerando
situações específicas.

Considerando que a série de pagamentos, conforme


visto na figura 9.3, corresponde a uma série de pagamentos 9.5.3 – Caso de investimentos produtivos.
postecipada, a expressão acima toma a seguinte forma:
9.5.3.1 – Consistência da Decisão.
VB  VB  FVP (n, i * %) ou,
Quando se analisa um conjunto de alternativas de

 (1  i*)n  1 
investimento em projetos produtivos, recomenda-se adotar o
VB  VB   n 
0 valor presente líquido como parâmetro de decisão,
 i * (1  i*)  procedimento que garante o atendimento da premissa de
maximização da riqueza.
Valor Financiado ≡ Tal recomendação visa resguardar a consistência do
R$ Valor Presente da Série
processo decisório, pois a assertiva que deva ser eleita a
alternativa que apresentar a maior TIR pode não ser sempre
Valor
verdadeira e levar à decisão contrária daquela recomendada
Do Bem pelo Método do Valor Presente Líquido.

tempo Isto porque a decisão quanto à escolha da melhor


1 Prestações iguais a R n alternativa, dado um conjunto delas, visando a implantação de
algum investimento produtivo é realizada com o objetivo de
escolher a alternativa que propicie o maior incremento na
riqueza do investidos ou proprietário. Ou seja, o maior valor
Figura 9.3 - Equivalência de Valores
presente líquido. Para tanto, o fluxo de caixa de cada
alternativa em análise é descontado à taxa de mínima
Em operações de financiamento, como é conhecido o atratividade, a TMA.
valor do bem, VB, a financiar e pactuado o número de
prestações, ao se resolver a expressão acima se tem o valor da Ao serem traçados os diagramas de fluxos de caixa, das
TIR≡ i*. alternativas em análise, e analisando o que exprime a Figura
9.3, é possível verificar que, para um conjunto de valores de

189
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
taxas de desconto, a decisão de adotar a TIR como único
parâmetro de decisão pode induzir a erro. No caso em pauta, os fluxos de caixa descontados a uma
Da figura tem-se que: ao se considerar um valor da TMA TMA = 8%, apresentem os seguintes valores presentes: VP (A)
entre zero e a definida pela Intersecção de Fischer(5), o valor = R$ 153,00 e VP(B) = R$ 110,00. Resultado que indica ser o
presente do projeto A supera o do projeto B. projeto A superior ao projeto B. Logo, o projeto A deve ser o
eleito para implantação, fato que contraria a decisão efetuada
A partir da Intersecção de Fischer, o valor presente do utilizando exclusivamente a TIR como parâmetro de decisão.
projeto B passa a superar o do projeto A. Nestas condições fica
demonstrado que, para distintos valores da TMA, a decisão pelo Do desenho, verifica-se que os fluxos de caixa
método do valor presente pode diferir do método da TIR, sendo descontados a uma TMA = 15%, apresentem os seguintes
que este pode induzir o decisor a erro de julgamento. valores presentes: VP (A) = R$ 37,00 e VP(B) = R$ 44,00.

9.5.3.2 – Exemplo. VP – R$

Sendo dados dois projetos de investimentos produtivos Projeto A


representados pelos respectivos diagramas de fluxo de caixa,
conforme Figura 9.4.
153,00 Intersecção
Utilizando, unicamente, a TIR como fator de decisão, pode o de
110,00
analista ser induzido a erro ao recomendar o projeto B como Fischer

sendo mais rentável que o projeto A, sem efetuar uma análise


mais acurada, ao verificar que a TIR(B) = 29% supera a TIR (A) Projeto B
= 22%.
44,00
37,00
Há que se considerar que empresas, ao investir seus
recursos em projetos produtivos, o fazem visando obter o maior
incremento de capital e, para tanto, utilizam o método do valor i%
8 12 15
presente líquido dos fluxos de caixa projetados para medir tal
incremento. E, descontam os citados fluxos de caixa adotando TIR A = 22% TIR B = 29%
a TMA como taxa de desconto.
Figura 9.4 - Consistência TIR e VPL.
5
( ) A intersecção de Fischer corresponde ao ponto de intersecção dos
diagramas de valor presente de dois projetos de investimentos distintos.
Neste ponto, para um mesmo valor de TMA, os projetos apresentam igual
valor presente líquido.
190
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Esse resultado indica ser o projeto B superior ao projeto A, Como visto, matematicamente, a taxa interna de retorno
fato que coincide com a decisão quanto se tem a TIR como é aquela taxa que iguala a zero a função valor presente líquido
parâmetro de decisão. associado aos fluxos de caixa de um projeto.

Observando os dois diagramas expostos na Figura 9.3, Considerando que a função valor presente líquido pode
verifica-se que o projeto A é superior ao Projeto B a taxas de ser representada por um polinômio de grau equivalente ao do
desconto inferiores àquela definida pela interseção de Fischer, número de períodos do fluxo de caixa, a TIR corresponde às
isto é, de zero a 12%. Já o projeto B é superior ao projeto A raízes desta função polinomial.
para taxas situadas entre a interseção de Fischer, 12%, e a TIR
VP ( A )  Fo    
(B), 29%. F1 F2 F3 Fn
(1  i) (1  i)2
(1  i)3
(1  i)n
Pela análise acima efetuada, constata-se a possibilidade de
ocorrer duas soluções tendo como ponto limite a taxa de Da teoria dos polinômios, sabe-se que, um polinômio
desconto conexa à intersecção de Fischer. dispõe de tantas raízes quanto for o seu grau. Logo, um
polinômio do enésimo grau dispõe de n raízes.
A análise em questão foi realizada ao se comparar
apenas dois diagramas de valor presente. Havendo um Então, quando ocorrer o caso de i* = TIR, o valor da
conjunto de alternativas de investimento em julgamento, pode função polinomial passa a ser zero.
ocorrer mais de duas soluções, fato que requer uma análise
criteriosa do decisor. E, sendo a TIR uma raiz da função polinomial que
expressa o fluxo de caixa, pode-se igualar este polinômio a
Finalizando, cabe ao analista se precaver quando julga zero. Deste modo pode-se escrever:
diversas alternativas possíveis destinadas à realização de um

F  FK (1  i*) k  0
investimento produtivo e deseja adotar a TIR como parâmetro n

de decisão. Visando manter a consistência de sua análise,


k 0
0

recomenda-se efetuar um desenho onde conste o diagrama de


VP ( A )  Fo     0
F1 F2 F3 Fn
(1  i*) (1  i*)2 (1  i*)3 (1  i*)n
valor presente de cada alternativa disponível e, deste modo, se
certificar do campo de domínio de cada uma delas.

Como exemplo de função polinomial associada à um


9.6 – Calculo da TIR. fluxo de caixa, seja um projeto representado pelo seguinte
conjunto de fluxos de caixa projetados:
9.6.1 – Função Polinomial.
FC(A) = {-1.200; 450; 400; 350; 300}

191
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
A função valor presente líquido é dada por: Ao ser encontrada uma taxa i em que o Valor Presente
seja menor que zero, volta-se ao procedimento inicial. Ou
VP ( A )  1200    
450 400 350 300 melhor, procura-se uma taxa “i” com valor menor que a ultima
(1  i) (1  i)2
(1  i) (1  i)4
3 encontrada e cujo valor presente seja positivo.

A solução deste tipo de polinômio pode ser efetuada por O processo em questão deve ser repetido até se obter
diversos métodos: o Processo da Bisseção, metodologia um valor presente zero ou insignificante. Ver Figura 9.5 –
iterativa; pelas fórmulas de Karpin que permitem definir a TIR de Determinação da TIR.
modo algébrico, cujo resultado é obtido de modo aproximado,
fórmulas essas recomendadas para serem utilizadas quando os Como recomendação para acelerar o processo de
fluxos de caixa apresentem uma lei de formação conforme cálculo pode-se adotar o processo da bisseção.
modelo pré-determinado; o Método de Newton - Raphson e o
método de Wild, ambos permitindo a obtenção da TIR de forma Justificam a assertiva duas situações: a primeira dado a
algébrica. TIR corresponder à maior remuneração possível para que um
de projeto seja viável; a segunda, pois sendo a TIR superior à
TMA, o valor presente líquido da alternativa de projeto será
superior a zero e, por conseguinte, ocorrerá o aumento da
9.6.2 - Processo da Bisseção. riqueza dos proprietários.

É o processo de mais fácil aplicação, com o Em havendo a comparação entre dois ou mais
inconveniente de ser muito trabalhoso, pois iterativo. investimentos, o que apresentar a mais alta TIR deverá ser
considerado o economicamente mais interessante. Porém,
O processo de tentativa e erro é iniciado ao ser arbitrado como já comentado, para projetos de investimentos produtivos
um valor qualquer para a taxa “ï” e, a seguir, calculado o Valor e que não integrem o mercado mobiliário, essa assertiva pode
Presente do fluxo de caixa para essa taxa. não ser sempre verdadeira.

Sendo este primeiro valor positivo (+), arbitra-se um Neste processo, para cada nova taxa de desconto a ser
novo valor para a taxa de desconto, maior que o anterior, e utilizada dever-se-á adotar o resultado da média aritmética
calcula-se, novamente, o Valor Presente. obtida entre as seguintes taxas: aquela ultima taxa cujo valor
presente tenha sido negativo e aquela cujo ultimo valor
Tal operação deve ser repetida, iterativamente, até ser presente tenha se apresentado como positivo.

im ( VP  0)  in ( VP  0)
encontrado um valor presente negativo.
inova 
2

192
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
É possível, porém, calcular algebricamente a TIR, utilizando
Repetido o processo tantas vezes quantas forem os métodos discutidos no Capítulo 10.
necessárias, ter-se-ão valores de “i” que propiciam valores
presentes cada vez mais próximos de zero. Ressalta-se que os métodos apresentados permitem definir,
apenas, uma das raízes do polinômio, ou seja, uma das TIR
O processo de iteração pode ser dado como concluído associadas ao projeto de investimento.
ao se obter uma taxa de desconto associada a um valor
presente líquido irrisório ou, financeiramente, próximo a zero. Recomenda-se, assim, que seja elaborado um diagrama de
valor presente para que, graficamente, seja verificado se um
Arbitrar uma
apresenta mais de uma única TIR.
taxa “i”

9.6.3 – Aplicação da metodologia


Tentar Taxa Calcula Valor Tentar Taxa
MENOR Presente = VP(i) MAIOR Seja determinar a TIR associada à seguinte função de valor
presente:

VP ( A )  1200    
Comparar
450 400 350 300
(1  i) (1  i) (1  i) (1  i)4
VP<0 VP(i) VP>0
2 3
Com zero

O fluxo de caixa acima apresenta o seguinte diagrama de


valor presente, após serem calculados os valores presentes
VP~0
para taxas de desconto variando a 2 a 12%.

A definição da TIR pelo processo da bisseção é efetuada por


Fim do procedimento iterativo conforme abaixo descrito e cujo
Processo fluxograma básico esta exposto na Figura 9.4.

Viabilidade – antes de iniciar a determinação da TIR,


Figura 9.5 - Determinação da TIR - Fluxograma verifica-se a viabilidade do projeto para a taxa de desconto i=0.

A bibliografia, comumente, indica o processo da tentativa Nesta taxa, sendo VP>0, o projeto é viável e o processo
bisseção para o cálculo da TIR. pode prosseguir. Caso ocorra VP<0, o projeto é inviável para
qualquer TMA e deve ser abandonado.

193
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
respectivamente, o menor valor presente positivo e o maior
valor presente negativo:

i1  i2 10  12
i3    11
2 2

Calculado o valor presente, chega-se a: VP= -16,41 R$.

4ª iteração - A taxa de desconto a seguir adotada


corresponde à média aritmética entre as duas ultimas taxas
que apresentaram, respectivamente, o menor valor presente
positivo e o maior valor presente negativo. Então:

i1  i3 10  11
i4    10.50
2 2

Calculado o valor presente, chega-se a: VP= -4,54 R$.

1ª iteração – Arbitra-se uma taxa de desconto. Nesta


primeira iteração foi adotada uma taxa de desconto i=10%. 5ª iteração – Considerando que na iteração anterior
Calculado o valor presente obteve-se VP = +7,53R$. obteve-se um VP= - 4,54, repete-se o procedimento efetuado.
Logo:
i i 10  10,50
i5  1 4   10,25
2ª iteração – Como na iteração anterior obteve-se VP>0, 2 2
arbitra-se uma taxa maior visando obter um VP<0. Nesta
iteração foi adotada uma taxa de desconto de i=12%. Calculado o valor presente, chega-se a: VP= +1,47 R$.
Calculado o valor presente chegou-se a VP = -39,56R$.
6ª iteração - A taxa de desconto a ser adotada nesta
iteração corresponde à média aritmética entre as duas ultimas
3ª iteração – A próxima taxa de desconto adotada, taxas que apresentaram, respectivamente, o menor valor
utilizando a metodologia da bisseção, corresponde ao resultado presente positivo e o maior valor presente negativo. Ou seja,
da média aritmética definida entre as taxas que apresentaram, i4= 10,50 e i5 =10,25. Então:

194
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
i4  i5 10,50  10,25
i6    10,3750
Tal situação ocorre quando o projeto é do tipo de
2 2 investimento convencional. No caso de projetos tipo “não
convencional”, pode ocorrer a existência de diversas TIR, nada
Calculado o valor presente, chega-se a: VP= -1,54 R$. se podendo afirmar a priori.

Enésima iteração - repetindo o procedimento exposto Justifica-se a assertiva acima já que a função valor
por n-vezes, chega-se ao valor da TIR = 10,3110%. presente associada a um fluxo de caixa pode ser representado
por uma função polinomial do enésimo grau. Assim, apresenta
Iteração Taxa de desconto – i% VPL – R$ um número de raízes igual ao do grau do polinômio.
0 0,00  Projeto Viável VPL(0) > zero + 300,00
1 10,00 +7,53 Como o número de raízes é igual ao do grau do
2 12,00 -39,56 polinômio, existe um número de TAXAS INTERNAS DE RETORNO
3 (10+12)/2 = 11 -16,41 correspondente ao do grau do polinômio associado ao fluxo de
4 (10+11)/2 = 10,50 -4,54 caixa. Porém, sendo a maioria delas múltiplas ou não
5 (10+10,50) = 10,25 1,47
pertencentes ao conjunto dos números reais.
6 (10,50+10,25) = 10,3750 -1,54
7 (10,25+10,3750)/2 = 10,3125 -0,0360
8 (10,25+10,3125)/2 = 10,28125 0,71730 Deste modo, um projeto pode apresentar uma ou várias
9 (10,3125+10,28125)/2 = 10,29688 0,34053 TIR segundo o comportamento do fluxo de caixa. E, o que
······· ···································· ·········· define o comportamento do fluxo de caixa é o número de
n TIR → 10,3110 0,00 variações de sinal que ele apresenta.

Como exemplo deste tipo de fluxo de caixa pode-se ter


9.7 - Existência de múltiplas TIR. um fluxo que apresente três variações de sinal como o conjunto
apresentado acima, caso que pode decorrer na existência de
Quando se utiliza a TIR como parâmetro de decisão, é um diagrama de fluxo de caixa similar ao representado na
recomendável a verificação de que ela seja ÚNICA, caso Figura 9.5, onde fica evidenciada a existência de múltiplas TIR.
contrário poderá o analista incorrer em erro de avaliação.
Ao apresentar diversas variações de sinal, o valor
Esta unicidade de TIR é garantida quando o polinômio presente da função fluxo de caixa pode ser negativo para
representativo do projeto se apresenta como uma função algumas taxas de desconto.
contínua, decrescente e convexa, a exemplo dos diagramas
mostrados na Figura 9.1. No diagrama da Figura 9.5, pode-se verificar,
graficamente, a assertiva acima quanto a existência de um

195
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
conjunto de valores presentes negativo associados à taxas de financeiro efetuar o diagrama de valor presente de modo a
desconto que se situam entre a TIR1 e a TIR2. visualizar o comportamento da função.

{ -F0; -F1; +F2; + F3 ;+ F4; -F5 ;-F6 ;-F7;+F8 ;+F9 ;+F10;+F11;+F12}


Esse procedimento evita incorrer em equivoco durante
seu processo decisão, especialmente quando em análise de
empreendimentos produtivos.

Considerando que um projeto pode ser definido como R$


convencional ou não convencional e esta definição é expressa
pelo número de variações de sinal do fluxo de caixa. E, sendo
viável o projeto, tem-se: Valor Presente
Descontado
Pela TMA
a) Investimento do tipo convencional ou empréstimos
apresenta apenas uma TIR. O comportamento de sua função se
apresenta de modo decrescente, contínua e convexa, o que
leva à existência de apenas uma raiz real. Ver diagrama da
Figura 5.10. i%
0 4 8 12 16 20

TMA
b) Investimento do tipo não convencional pode
apresentar mais de uma variação de sinal no fluxo de caixa. TIR 1 TIR 2 TIR 3
Deste modo o projeto pode dispor de um número de taxas
internas de retorno igual ao número de variações de sinal. (De
Faro, 1980). Figura 9.6 - Existência de Múltiplas TIR

Tomando como exemplo o diagrama da Figura 9.6, Esta situação não é corriqueira, mas pode ocorrer em
qualquer empresa que desconte seus investimentos à TMA’s empreendimentos produtivos, especialmente aqueles ligados à
situadas entre os valores da TIR-1 e da TIR-2, pode incorrer em construção civil e à de mineração, quando grandes
erro se considerar apenas a taxa interna de retorno como investimentos são realizados e ocorrem períodos onde os
parâmetro de decisão. Pois, como visto, ela poderá não ser fluxos de caixa são negativos, especialmente na fase de
única! captação de recursos. Ou, em projetos onde se prevê etapas
sucessivas de aumento de produção que demandem, para
Pelo exposto e quando houver o interesse em conhecer tanto, novos investimentos.
ou analisar um projeto do tipo não convencional adotando a TIR
como parâmetro de decisão, recomenda-se ao analista

196
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
9.8 – Exercícios. 9.8.4 - Qual a diferença conceitual entre TMA e TIR?

9.8.1 - Comparando os projetos representados pelos conjuntos


de fluxo de caixa solicita-se: a) os polinômios representativos 9.8.5 - Quando se deve utilizar, num processo de decisão ou
dos mesmos; b) o diagrama do valor presente dos dois de comparação de alternativas, cada uma delas?
projetos representados em um único diagrama cartesiano; c) e,
aquele a ser recomendado para implantação, sabendo que a
empresa pratica uma TMA=15% ao período. 9.8.6 - Você é um dos diretores de uma empresa quando, em
reunião de diretoria, foi discutida a ampliação e implantação de
P(A) = [-100, 16, 20, 30, 45, 55, 100] e mais uma linha de produção. Para tanto quatro alternativas de
P(B) = [-35, - 45, 35, 45, 55, 55, 45] investimentos foram apresentadas.

Sabe-se que apenas um dos projetos será escolhido,


9.8.2 - Calcular a taxa de juros efetiva das alternativas de pois os recursos disponíveis são limitados.
projetos de financiamento representadas pelos seguintes
conjuntos de fluxos de caixa: O analista financeiro recomendou a adoção do projeto
GAMA! Ele justificou seu ponto anexando o memorial de
FC(A) = {-1.200; 500; 450; 400; 350; 300} calculo da TIR dos projetos, cujo resultado consta do quadro
abaixo.
FC(B) = {-350; -480; 0; 255; 288; 340; 395; 365; 340}
Você concorda com a opinião do analista? Justifique.

9.8.3 - Dentre os cinco projetos de investimentos abaixo, qual Projeto Taxa Interna de Retorno
deles VOCÊ escolheria para ser implantado? Justifique a sua Alfa 36,9432
opinião! Beta 34,5678
Gama 39,0298
Delta 35,7554
V. Presente Líquido Pay Back
Projeto TIR - %
10³ R$ anos
A1 123.456,00 22,07 7,20
B2 132.675,99 19,44 6,40 9.8.7 - Um investimento produtivo cujo horizonte de projeto foi
C3 132.529,78 19,00 5,00 previsto para quinze anos, esta sendo analisado sob duas
D4 101.199,99 29,56 4,10
condições:
E5 125.678,90 31,44 6,90

197
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
1ª) o investimento dos ativos produtivos poderá ser realizado
com a utilização de capital dos acionistas, a ser suprido com Empresa
Equipamento Unidade
aumento de capital da empresa realizado pelos sócios; Prefax Terrapac Complus
Modelo 5 PCM-32 TCON-K9 CP-X5
2ª) utilização de capital oriundo de um banco de investimentos. Preço - Compra 10³ R$/un 420 340 495
Vida Útil Anos 7,0 5,0 9,0
Como condições de financiamento, a proposta do banco previa
TIR % 27,99 30,68 36,40
quitação em dez parcelas iguais, anuais e consecutivas BAE 10³ R$/ano 844 844 798
definidas pelo sistema SAC, dois anos de carência e juros de Manutenção 10³ R$/ano 76 64 45
8,5% ao ano. Valor Presente 10³ R$/ano 3.511,39 2.829,22 3.807,72

O analista de investimentos elaborou os respectivos


fluxos de caixa e os descontou à taxa de remuneração do 9.8.9 - Você, como Diretor Técnico de uma empresa de
financiamento, ou seja, 8,5% ao ano. engenharia que atua no setor de terraplenagem, detém a
responsabilidade de analisar a aquisição de cinco
Pergunta-se: VOCE concorda com a adoção da taxa equipamentos de compactação de solos.
citada? Justifique a sua assertiva.
Tal equipamento pode ser fornecido por três empresas.

9.8.8 - Você, como Diretor Técnico de uma empresa de Visando subsidiar o julgamento das propostas, foi
engenharia que atua na área de terraplenagem, detém a elaborado o quadro de informações abaixo.
responsabilidade de analisar a aquisição de cinco
equipamentos de compactação de solos. Além disso, Você sabe que sua empresa adota uma TMA
no valor de 17,7% aa. Justifique, conceitualmente e á luz de
Tal equipamento pode ser fornecido por três empresas. seus conhecimentos, qual será a sua decisão!

Para julgamento das propostas recebidas, VOCE dispõe Especificações Empresa


das informações constantes do quadro abaixo. E, sabe Unidades
Equipamento Prefax Terrapac Complus
também, que sua empresa pratica uma taxa de atratividade no Modelo 5 PCM-32 TCON-K9 CP-X5
valor de 15% a.a. Preço de Compra 10³ R$/un 420,0 340,0 495,0
Vida Útil anos 7,0 5,0 9,0
Justifique, conceitualmente e á luz de seus TIR % 27,99 30,68 36,40
BAE 10³ R$/ano 844,0 844,0 798,0
conhecimentos, qual será a sua decisão!
Manutenção 10³ R$/ano 76,0 64,0 45,0
Valor Presente 10³ R$/ano 3.511,39 2.829,22 3.807,72

198
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

9.8.10 - Assinale as afirmativas corretas:

 A taxa de desconto adotada na análise de viabilidade de


alternativas de projetos produtivos deve ser a mesma
adotada para a quitação dos financiamentos dos projetos.
 A análise de viabilidade de projetos produtivos, quando
compara alternativas de projetos de longa duração, deve
desconsiderar as distintas vidas úteis das mesmas.
 Ao se comparar duas alternativas de projeto produtivo,
deverá ser eleita a alternativa que apresentar a maior TIR.
 É irrelevante a elaboração dos diagramas de valor presente
quando se analisa alternativas de projetos de investimentos
produtivos não convencionais.
 A TIR é a taxa de desconto tecnicamente recomendável a
ser adotada na analise de viabilidade de projetos não
convencionais.
 Sempre que se realizar a analise de viabilidade de projetos
de investimentos produtivos, os valores dos imóveis e
equipamentos financiados não são considerados no fluxo
de caixa no momento de sua aquisição.
 Todas as assertivas acima são incorretas.
 Todas as assertivas acima são corretas.

199
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

200
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
possibilidade da existência de diversas TIR. Assim sendo, dada
10. Métodos Algébricos. a facilidade de utilização de métodos computacionais para o
traçado de diagramas de fluxo de caixa, recomenda-se elaborar
o desenho dos fluxos de caixa de modo a definir a existência,
10.1 – Introdução. ou não, de uma única TIR.

Neste capítulo são apresentadas três metodologias O calculo da TIR utilizando as fórmulas de Karpin é
destinadas a calcular algebricamente e de modo expedito a TIR recomendado para utilização em projetos de investimentos de
associadas a projetos simples de investimentos cujos modo expedito e que atendam as seguintes condições:
pagamentos sejam séries que apresentem uma lei
característica de formação e que são: i) Em operação de crédito do tipo empréstimo ou
financiamento, liberado em única vez;
E Prestação constante; ii) E, que os pagamentos atendam a uma lei de formação
E Prestação geométrica crescente; pré-definida.
E Prestação linear decrescente.
Logo, fica vedada sua aplicação para séries que
A metodologia em questão, denominada de Fórmulas de apresentem pagamentos distintos ou diferidos.
Karpin é destinada a projetos de investimento do tipo
empréstimo. Isto porque, nestes casos, os diagramas de fluxo É oportuno ressaltar que o resultado obtido pela utilização
de caixa se comportam de modo decrescente e convexo da fórmula de Karpin é aproximado e, para que o resultado seja
ocorrendo uma única TIR. DE FARO, 1980. compatível com o real, os juros deverão ser calculados,
exclusivamente, sobre a importância a ser financiada.
O projeto tipo empréstimo é definido como aquele em que
ocorra apenas uma única saída de caixa seguida de tantas Isto quer dizer que eventuais entradas ou sinal de
entradas de caixa quantos forem os períodos de pagamento. E, negócio devam ser abatidos do montante do bem financiado.
que a primeira entrada ocorra no período imediatamente
subsequente ao da saída de caixa. Como nomenclatura, neste capítulo será adotado: R,
correspondendo ao valor da prestação; VB, o valor do bem
Em projetos de investimento do tipo não convencional, financiado; n, representando o número de prestações.
recomenda-se a definição da TIR adotando os algoritmos de
Wild ou de Newton-Raphson, não considerados neste livro.
10.2 - Caso de Prestações Constantes.
Considerando que em projetos do tipo não convencional
ocorrem variações de sinal nos fluxos de caixa, ocorre a 10.2.1 – O método.

201
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Ou, em forma polinomial,
Como exemplo deste tipo de aplicação seja o caso de
VP(P)   VB    
aquisição de bens de consumo realizado no comércio varejista, R1 R2 R3 Rn
quando os pagamentos são efetuados em prestações (1  i) (1  i)
1 2
(1  i)3
(1  i)n
constantes, conforme Figura 10.1.

O modelo proposto neste caso é recomendado para a Em que, por definição: R1 = R2 = R3 = ···· = Rn = R
determinação da efetiva taxa de juros de um financiamento,
porém sob a ótica do tomador do recurso, pois ai estarão O processo de obtenção da TIR ocorre em duas etapas:
consideradas todas as taxas e comissões incidentes no
financiamento.
1º Etapa – Define-se uma constante denominada “a”:

nRN  VB nRN
R$
a  1
VB VB

R1 R2 R3 Rn 2º Etapa – Calcular-se a TIR:


período
1 2 3 n Disponível o valor da constante a, pode-se determinar a
Valor
Do Bem
TIR, utilizando o modelo abaixo.

2a  (3  a)
TIR (P) 
Figura 10.1 – Diagrama de Prestação Constante 2na  3  (n  1)

Estabelecendo como nomenclatura: S correspondendo ao


valor a ser financiado; Q representando a prestação; e, n o 10.2.2 – Aplicação.
numero de prestações.
Seja calcular a taxa de juros embutida no financiamento
E, considerando um projeto de financiamento representado de um bem cujo preço ofertado é de R$ 1.800,00, a ser pago
por deu fluxo de caixa: em dez prestações iguais, mensais e consecutivas no valor de
R$ 195,00.
Projeto: {-VB, R1, R2, R3,..., Rn } �× � ×
�= − = − = ,
�� .
202
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

a∙ +a × , × , R$
TIR p = = = ,
na+ n+ × × , + +
Rn

R1 R2 R3
Pelo exposto, o valor da TIR(p) = 1,48% ao mês. período
1 2 3 ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ n

Valor
10.3 - Caso de Prestações Crescentes. Do Bem

10.3.1 – O Método.
Figura 10.2 – Prestação em Progreção Geométrica

Neste caso, as prestações são crescentes e variam


segundo uma taxa constante. O fluxo de caixa, então, se
comporta como uma série em progressão geométrica que 1ª Etapa – Define-se uma constante denominada de a,
cresce à razão “q”. definida em função do número de prestações, do coeficiente de
variação das prestações, do valor da 1ª prestação e do valor
Sendo Rj um termo qualquer do fluxo de caixa financiado, conforme o modelo abaixo:
representado pelo diagrama de fluxo de caixa abaixo, então,
por definição, e sendo esse um dos termos de uma progressão n ∙ R − q ∙ VB n∙R
a= ∴ a= −
geométrica, a razão da progressão, ou seja, da série crescente q ∙ VB q ∙ VB
de prestações é dada por:
2º Etapa: Calcula-se a TIR:
Rj = q × R j-1 
Disponível o valor do parâmetro a, calcula-se a TIR
RJ utilizando o modelo.
q= >
R j-
a∙ +a
TIR p ≅q × [ + ]-
De modo similar ao caso anterior, a definição da taxa na+ n+
interna de retorno também é obtida em duas etapas:

10.3.2 – Aplicação.

203
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Seja calcular a taxa de juros embutida no financiamento 10.4.1 – O Método.
de um bem cujo preço ofertado monta a R$ 1.800,00, a ser
pago em dez prestações mensais, crescentes e consecutivas,
Neste caso, as prestações são decrescentes e variam
cuja taxa de crescimento foi determinada em 1% ao mês. A
segundo um valor constante. O fluxo de caixa, então, pode ser
primeira prestação foi pré-determinada em R$ 180,00.
considerado como uma série em progressão aritmética
decrescente a um valor constante k.
1ª Etapa: Calculo do parâmetro a:

n  R1 10  195,00
R$

a 1 1  1  0,0726


1950
q  VB 1,01 1800,00 1818 R1 R2 R3
Rn
período
2ª Etapa: Determinação da TIR 1 2 3 ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ n

 2a(3  a) 
Valor

TIR(P)  q    1  1
Do Bem

 2na  3(n  1) 

 2  (0,0726)  (3,0726) 
TIR(P)  1,01   1  1
Figura 10.3 – Prestação Decrescente

 2  10  (0,0726)  3  (10  1) 
Há, porém, para que o modelo possa ser aplicado,
 0,4461 
verificar se a primeira prestação atende à seguinte condição:
TIR(P)  1,01   1  1  0,0231
 34,4520  VB
R = + n∙k
n
Neste caso, a TIR corresponde a 2,31% ao mês.
Sendo o valor da primeira prestação da série de
pagamentos inferior ao valor de R1, conforme condição acima,
a aplicação deste modelo de determinação da TIR fica
10.4 – Caso de Prestações Decrescentes. inviabilizada.

Então, sendo Rj um termo qualquer do fluxo de caixa


representado pelo diagrama de fluxo de caixa abaixo, então,

204
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
por definição e sendo esse um dos termos de uma progressão 1ª Etapa: Condição da Primeira Prestação.
aritmética, ele é definido por:
O modelo de cálculo da TIR somente será coerente se o
Rj = R j-1 - K e, K = R j-1 - Rj valor da prestação calculado, R1, for igual ao valor pactuado
para a primeira prestação.
Para que seja valida a aplicação do modelo, o primeiro
termo da série de pagamentos, ou seja, a primeira prestação Neste caso, a igualdade existe, o que torna viável a
deve atender a condição definida: aplicação do modelo. Caso contrário, a aplicação do modelo se
mostraria inconsistente.
R1   (n  K )
VB
R1   (n  K )   (10  2,66)  206,60R$
n VB 1800
n 10
Atendida a condição estabelecida para a primeira
prestação da série de pagamentos pode, então, ser calculada a 2ª Etapa: Determinação da TIR.
Taxa Interna de Retorno utilizando a seguinte expressão:
nK 10  2,66
TIR(P)    0,0148
TIR(P) 
nK VB 1.800,00
VB
Neste caso de prestação decrescente a TIR apresenta
Ressalta-se que, em a primeira prestação não atender a uma taxa de juros de 1,48% ao mês.
condição acima, o modelo não pode ser aplicado, cabendo ao
interessado utilizar outra metodologia para a definição da TIR.
10.5 - Exercícios.
10.4.2 – Aplicação.
10.5.1 - Um equipamento é vendido, à vista, por R$
Seja calcular a taxa de juros embutida no financiamento 480.000,00. Calcular as taxas de juros cobradas sob as
de um bem cujo preço ofertado monta a R$ 1.800,00, a ser seguintes condições:
pago em seis prestações mensais, decrescentes e
consecutivas, iniciando a primeira, no valor de R$ 206,60  Financiamento realizado em 10 prestações iguais e
decorridos trinta dias da data da operação. As prestações consecutivas no valor de R$ 78.118,00 mensais;
decrescendo em R$ 2,66 por mês.  Em 10 pagamentos iguais, mensais e consecutivos, com
a primeira prestação no valor de R$ 45.000,00 e as

205
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
demais apresentando uma variação crescente segundo A empresa fixa seu preço adotando o seguinte modelo
um coeficiente de 10% ao mês; matemático:
 Em dez prestações decrescentes, mensais e
consecutivas, pactuadas segundo a sequência abaixo: P = CD( 1+k ) e, k =ML + TR + DI.

R$ 73.000,00 R$ 70.500,00 R$ 68.000,00 R$ 65.500,00 Taxa de financiamento a clientes 26,6750% ao ano


R$ 63.000,00 R$ 60.500,00 R$ 58.000,00 R$ 55.500,00 Margem de lucro = ML 15%
R$ 53.000,00 R$ 50.500,00
Tributos = TR 22,50%
Despesas administrativas indiretas = DI 4,4%
10.5.2 - Calcular a TIR vinculada ao financiamento de um
automóvel nas seguintes condições de pagamento e venda.
10.5.4 - Verifique qual a taxa efetiva de juros cobrada no

financiamento de um veículo. Condições:
Preço do Veículo: R$ 28.000,00
 Entrada: R$ 5.000,00  Valor do bem: R$ 85.000,00;
 Em trinta dias (1º pagamento): R$ 3.000,00  Entrada: R$ 32.000,00;
  Financiamento: 36 meses;

Saldo: cinco prestações mensais, iguais e consecutivas
no valor de R$ 5.987,00. Prestação Mensal: R$ 1.220,61;
 Taxa Declarada: 1,31 % ao mês
10.5.3 - Uma empresa varejista oferta uma geladeira tipo
Gelmax em dez prestações iguais, mensais e consecutivas, no
valor de R$ 599,90, vencendo a primeira delas 30 dias após a 10.5.5 - Verifique qual a taxa efetiva de juros cobrada no
data de aquisição. O preço a vista do produto é de R$ financiamento de um veículo.
5.999,00, e a empresa não pratica desconto algum sobre este Condições:
valor.
• Valor do bem: R$ 85.000,00;
Assim sendo, pergunta-se: • Entrada: R$ 32.000,00;


Financiamento: 36 meses;
O montante do lucro realizado;

• Prestação Mensal: R$ 1.147,83;
O custo do produto, CD. • Taxa de juros pactuada: 1,12% ao mês;
Para o calculo do preço, você dispõem dados gerenciais
• Taxa de abertura de crédito: 1,5% do valor do bem;
abaixo.
• Seguro de garantia: 0,68 % do valor do bem.

206
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
• Para facilidade do cliente o seguro e a taxa de abertura de  O método do valor uniforme equivalente não é o mais
credito serão embutidos na prestação. adequado para ser adotado em análise de
viabilidade de projetos produtivos.
 A TIR e a TMA exprimem, sempre, o mesmo conceito,
10.5.6 - Assinale qual, ou quais, opções são válidas: ou seja, taxa de oportunidade.
 Sempre que a TIR for maior que a TMA um projeto  A matemática dos juros simples é a legalmente
produtivo pode ser considerado como viável. definida para ser adotada em estudos de

viabilidade.
Quando a TIR for igual à TMA um projeto produtivo
deve ser abandonado por ser inviável.
 Quando comparados dois projetos produtivos, o que
apresentar a maior TIR deve ser definido como o
mais atrativo.
 Ao serem comparados dois projetos repetitivos, a
exemplo da reposição de equipamentos, e que
apresentem tempos de vidas distintos, o método
do valor presente não é o mais adequado para ser
adotado no processo de decisão.
 No caso de um projeto apresentar uma TIR igual a
TMA, quanto maior for o valor da TIR, menor é o
tempo de retorno do capital investido.
 A TIR é um método inadequado para definir a taxa de
juros embutida em financiamento de bens no
curto prazo.
 Sob a ótica do tomador do recurso, quando
comparados dois projetos de financiamento de
curto prazo, o que apresentar a maior TIR deve
ser rejeitado.

207
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

208
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

O comissionamento pode se realizar sob as seguintes


11. – Comissionamento de Ativos. alternativas:

 Compra a vista;
 Compra a prazo ou financiamento;

11.1 - Introdução.
Aluguel com devolução, ou leasing;
 Aluguel sem devolução;

Este Capítulo trata do comissionamento de ativos e do
leasing-back. E, o leasing-back.

No contexto em questão, comissionar um ativo O leasing-back (6) é uma modalidade de financiamento


corresponde ao processo de decisão visando a sua aquisição e de ativos a partir da venda de um bem da própria empresa para
utilização por determinado tempo. uma empresa financiadora. Neste caso, a empresa que
vendeu o ativo, imediatamente após a venda, aluga ou financia
A análise de investimentos, então, permite incluir no o mesmo da financiadora.
processo de decisão da escolha de um equipamento, além da
dimensão técnica, a dimensão financeira. Dimensão esta que Este procedimento é realizado, normalmente, quando
possibilita estabelecer uma política de aquisição, uma empresa necessita de capital de giro e deste modo, evita
comissionamento e alienação de ativos e que transcende à alguma solução de continuidade em seu processo de
mera análise técnica ou econômica dos mesmos. produção.

Considerando, comumente, que as alternativas


analisadas nos estudos de comissionamento são destinadas a 11.2 - Metodologias.
comparação de equipamentos que realizarão um mesmo
serviço é comum analisar somente os custos a serem 11.2.1 - Decisão.
incorridos, nesses casos.
O processo de decisão adotado para aplicação na
Assim sendo, pode-se considerar, apenas, os custos escolha da melhor das alternativas acima elencadas é o
associados a cada alternativa, procedimento que facilita e método do valor presente líquido. Para tanto, devem ser
agiliza o processo de tomada de decisão. definidas as seguintes variáveis:

(6) Em português: aluguel com retorno.


209
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
 O valor do bem, ou seja, o seu preço de aquisição; comissionamento elencadas no item 11.2. A decisão da
 A T.M.A. da empresa; escolha da melhor alternativa, como já comentado, deverá ser
 A vida útil do bem ou equipamento; realizada utilizando o método do Valor Presente Líquido.
 O valor residual;
 A taxa de juros do financiamento;
 O valor do aluguel. 11.2.2 - Compra a vista.

A decisão será efetuada segundo a alternativa que A compra a vista é recomendável quando a empresa
apresentar o melhor Valor Presente Líquido - VPL. dispõe de caixa suficiente para a aquisição do bem e não
prejudicar o nível do capital de giro.
E, o valor presente líquido e os fluxos de caixa das
alternativas são calculados segundo o modelo abaixo: Na compra a vista, o fluxo de caixa deve considerar o
investimento inicial correspondendo ao valor do bem adquirido


e todas as entradas e saídas de caixa propiciadas pela
VP(p)  Fo 
n Fk
k 1(1  i)
operação do bem. Um exemplo de fluxo de caixa desta
k
operação é exposto na Figura 11.1.

Em que o valor do fluxo de caixa – FK, genérico, é $ - Valor Presente


definido pelo seguinte modelo:
Valor
Residual
Fk = Σ Rec – Σ Desp - Invest + Deduções + Valor Residual

Ou, 1 Deduções/depreciação

Tributos – taxas- manutenção n


Fk = Lucro – Investimentos + Deduções + Valor Residual Meses/anos
Valor
Do Bem

Alerta-se que, no calculo do valor presente de cada


alternativa, a taxa de desconto i corresponde à TMA da Figura 11.1 – Fluxo de Caixa de Compra
empresa interessada.
Além disso, deve considerar a vida útil do bem, ou seja,
Nos itens a seguir serão discutidos os diagramas de o tempo em que o mesmo estiver em comissionamento.
fluxo de caixa típicos de cada uma das modalidades de
210
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Para tanto há que se considerar os tributos e taxas E, os valores das amortizações considerados como
incidentes, custos e despesas necessárias à operação do investimento. Contabilmente integram o ativo da empresa.
mesmo, taxas e a depreciação legal, esta última, que melhora
o fluxo de caixa. A atratividade das alternativas de compra a prazo e,
também, de aluguel é a possibilidade de dispor do bem sem
Ao final da vida útil do projeto, o bem pode ser vendido haver, necessariamente, um processo de descapitalização.
e, deste modo, haver uma melhoria no ultimo fluxo de caixa,
fato que pode vir a beneficiar sensivelmente o projeto. $ - Valor Presente

Valor
11.2.3 - Compra a prazo. Residual

Na compra a prazo ou financiamento, o bem também é


Deduções/depreciação
considerado, para efeitos legais, como propriedade da
Meses/anos
empresa. 1 Tributos – taxas - manutenção n

Financiamento
O fluxo de caixa associado a uma compra a aprazo deve
levar em consideração: o valor da prestação, ai especificando o
montante dos juros a serem pagos e o valor da amortização a Figura 11.2 – Fluxo de Caixa de Financiamento
cada período. Deve-se considerar no fluxo de caixa, também,
os tributos e taxas incidentes, bem como a depreciação legal.
Além disso, neste caso de financiamento ou aluguel sem
Ver modelo de fluxo de caixa de compra a prazo na Figura
a devolução do bem no final do período contratual, o
11.2.
pagamento do bem ocorre na medida em que vai sendo
realizado o fluxo de receitas da empresa.
Neste caso, conforme já comentado no capitulo
amortização de dívidas, o pagamento das prestações do
financiamento deve ser decomposto na parcela dos juros e na
11.2.4 - Aluguel com devolução do bem.
de amortização.
No caso de ocorrer aluguel com a devolução do bem ao
Prestação = Juros + Amortizações.
final do período de locação, operação comumente conhecida
como leasing, o custo do aluguel ocorre durante toda a vida do
Isto porque, os juros são considerados como despesas
projeto. No final do período o bem retorna à posse do locador.
do exercício e susceptíveis à ação do imposto de renda.

211
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Neste caso o bem é considerado como propriedade do No caso de ocorrer aluguel sem a devolução do bem, o
locador e o custo do aluguel para o financiado tratado custo do arrendamento ocorre durante toda a vida do projeto.
contabilmente como sendo uma despesa de cada exercício E, durante o período de locação, o valor do mesma é
enquanto estiver de posse do financiado. Ver modelo de fluxo considerado como despesa do exercício.
de caixa na Figura 11.3.
Após expirar o contrato de aluguel o bem passa a
$ - Valor Presente integrar o ativo da empresa arrendatária segundo o valor
residual do mesmo.

$ - Valor Presente

1 n

Meses/anos Valor
R = Custo do Aluguel/Leasing
Residual
1 n
Meses/anos
Figura 11.3 – Fluxo de Caixa de Leasing com Devolução R = Custo do Aluguel/Leasing

Matematicamente, o valor do aluguel é definido por uma


série uniforme postecipada, com prestações iguais, mensais e Figura 11.4 – Fluxo de Caixa de Leasing sem Devolução
consecutivas.

i∙ +i Dois procedimentos podem ocorrer ao final desta


R = VB ∙ modalidade de contrato de leasing:
+i −
 Haver uma operação de compra do bem pelo valor
Em que: R = valor da prestação; VB = valor do bem ou
residual, quando há que ser prevista uma saída de
financiado; n = o tempo de financiamento; i = taxa de juros
caixa ao final do contrato;
pactuados.
 Ou, simplesmente, haver a doação do bem à empresa
arrendatária pela arrendadora, situação em que o
11.2.5 - Aluguel sem devolução do bem.
aluguel é ajustado ao início do contrato visando essa
operação. Neste caso se prevê uma entrada de caixa no
212
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
valor residual do bem. Modelo desta situação na Figura
11.4.
$ - Valor Presente

11.3 - Leasing-back.
Valor
O leasing-back é uma operação de leasing financeiro em Do Bem
que o próprio arrendatário atua, também, como o fornecedor do 1 n
bem.
Meses ou anos
Custo do aluguel / leasing-back
Assim sendo, o arrendatário vende um ativo de sua
propriedade para a empresa arrendadora que, em seguida, lhe Despesas de manutenção
aluga o bem. Ao fim do contrato, o cliente recompra o bem pelo
valor residual garantido - VRG(7).
Valor de
Recompra
O valor residual garantido corresponde a uma porcentagem Figura 11.5 - Fluxo de Caixa – Leasing-Back
do valor de aquisição, segundo condições ou parâmetros
contratualmente estabelecidos.

Na prática, o leasing-back funciona como um modo simples A vantagem neste tipo de operação financeira é que ela
e rápido de obtenção de capital de giro de longo prazo com permite o alongamento do perfil do endividamento da empresa
garantia real e sem incidência de Imposto sobre Operações arrendatária do curto para o longo prazo.
Financeiras, IOF. A empresa vende um bem do seu ativo
imobilizado sem perder o uso do mesmo e o recompra Além disso, possibilita à empresa a realização de
concluída a operação de leasing. planejamento fiscal e tributário, pois o cliente utiliza-se das
vantagens contábeis e fiscais do leasing financeiro para bens
O fluxo de caixa para análise desta operação deve anteriormente incorporados ao seu ativo imobilizado.
considerar como entrada de caixa o valor de venda do bem no
momento da operação. E, como saídas de caixa: os custos do
aluguel/leasing; as possíveis despesas de manutenção; e o 11.4 – Exercício Resolvido.
valor de recompra no final do período. Modelo básico na Figura
11.5. O Diretor Financeiro da MORSA Construções & Engenharia
esta estudando a substituição e padronização de sua frota de
(7) Fonte: http://www.unibanco.com.br/epd/emp/rei/bac/index.asp. Acesso automóveis, pois deseja adquirir dez novas unidades.
em 20.10.2009.
213
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
 Após o quinto ano é política da empresa alienar seus
Estude, analise e recomende qual será a ação veículos.

financeiramente mais interessante de comissionamento
possível. A soma das alíquotas dos tributos incidentes sobre o lucro,
imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido,
montam a 24%.
Para tanto, estão disponíveis as seguintes informações:

 A MORSA adota uma TMA de 15% ao ano; I – Definição do método de decisão e resultado.
 O preço de um veículo novo é de R$ 45.300,00. Sendo política da empresa em alienar veículos a cada
 O mesmo veículo com cinco anos de uso pode ser cinco anos, pode-se considerar uma substituição total de frota
negociado a 20% do valor do novo; no final deste período, sem haver a consideração da reposição

com ativos idênticos aos alienados.
A instrução normativa nº 162 da Receita Federal permite
depreciar um automóvel em 5 (cinco) anos;
O estudo de decisão será realizado para apenas um
 Taxas e imposto sobre propriedade de veículos montam a veículo, já que todos os veículos serão similares.
3% ao ano sobre o valor do mesmo, variando segundo o
tempo de uso a uma taxa decrescente de 20% ao ano; Foram analisadas três alternativas de comissionamento:
 O Diretor dispõe de uma proposta de leasing no valor de R$
1º. Compra a vista;
1.888,00 mensais, por veículo. A empresa Pro-leasing
2º. Leasing contratado com CV-leasing;
substitui os veículos a cada dois anos, com devolução do
3º. Financiamento contratado com a Fightwell.
bem alugado;
 A Fightwell, empresa coligada à concessionária de veículos, Foi adotado como método de decisão o valor presente
se propõe a financiar os veículos pelo prazo de 5 anos, ao líquido, tendo sido obtido para cada alternativa analisada os
custo de 18.003,72 R$, anual, por veículo. Juros pactuados seguintes montantes:
de 28,32% ao ano ou 2,1% ao mês. Tributos, taxas e
manutenção suportados pelo cliente.  Compra a vista - 44.742,92 R$
  Leasing: Proleasing - 57.719,28 R$

Uma análise dos custos anuais de manutenção de veículos
da empresa mostra que evoluem, anualmente, sendo de: Financiamento: Fightwell. - 49.969,52 R$
4% do valor do veículo novo no primeiro ano, 5% do valor
do veículo novo no segundo ano; e crescendo 1% a cada Comparando os valores presentes obtidos, a compra a
período. vista é a que oferece o menor custo. Porém, há que se verificar

214
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
se a MORSA dispõe de caixa, ou não vai se descapitalizar, Caixa
para adotar esta alternativa. 1 0,04 1.812,00 1.377,12
2 0,05 2.265,00 1.721,40
3 45.300,00 0,06 2.718,00 0,76 2.065,68
Caso não disponha de recursos, a alternativa a adotar 4 0,07 3.171,00 2.409,96
será realizar o comissionamento da frota utilizando o processo 5 0,08 3.624,00 2.754,24
de financiamento do bem através da Fightwell. O leasing se
mostrou como sendo a alternativa que apresenta o maior custo.
c) Calculo da depreciação anual.
II – Fluxos de Caixa Singulares.
. ,
O valor dos tributos e da manutenção a ser considerado no Valor a Depreciar = = . , R$/ano
Fluxo de Caixa é função de custo anual de manutenção
multiplicado por (1-α), sendo α o somatório das alíquotas do Depreciação = α x 9.060 = 0,24 x 9.060 = 2.174,40 R$/ano
Imposto de Renda e da CSLL, incidentes sobre o lucro do
exercício. Neste caso: (1-α) = ( 1- 0,24) = 0,76.
III – Compra a Vista - Valor Presente.

A - Calculo dos Tributos Anuais. O valor presente do fluxo de caixa relativo à compra a
Valor Desvalor. Base Alíquota Tributo vista do bem é definido pelo modelo a seguir, sendo α = 0,24 o
Ano
do Bem % Calculo % R$
1 45.300,00 1,00 45.300,00 1.359,00
valor da soma das alíquotas do Imposto de Renda e da CSLL
2 45.300,00 0,80 36.240,00 1.087,20 incidentes sobre o lucro da MORSA:
3 36.240,00 0,80 28.992,00 0,03 869,76
4 28.992,00 0,80 23.193,60 695,80 Fk = (1-α) {Σ Rec. - Σ Desp.} - Invest. + α Dep. + V. Residual
5 23.193,60 0,80 18.554,88 556,65
Tributo Valor para E, o valor presente líquido dos fluxos de caixa descontados à
R$
(1-α) Fluxo Caixa
1 1.359,00 1,032,84 TMA de 15% a.a., é definido pelo modelo:

VP(p)  Fo   
2 1.087,20 826,27

 
3 869,76 0,76 661,02 n
Fk 5
Fk
k 1 (1  i)
4 695,80 528,81 F
k 1 (1,15)
k 0 k
5 556,65 423,05

B - Calculo dos Custos de Manutenção.


% Custo Anual Valor para
Ano Valor
Manutenção Manutenção
(1-α) Fluxo

215
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
IV - Leasing – Empresa Proleasing.

R$
III – Fluxo de Caixa - Compra a Vista Neste caso, o leasing é realizado com a devolução do
9.060
bem negociado.

O fluxo de caixa no leasing pode ser associado ao de


uma série uniforme postecipada. E, o valor presente
descontado à TMA de 15%, adotada pela MORSA, calculado
Depreciação Anual
segundo o modelo abaixo:
2 3 4
Ano
+� �−
1.377,12 Manutenção 2.754,24 VP Pro = P × ∴
�× +� �
1.032,84 Tributos 423,05
P = (1-α) x 1.888,00 x 12 = 17.218,56

, −
45.300 VP Pro = . , ×
, × ,
C – Fluxo de Caixa – Compra a Vista
F0 F1 F2 F3 F4 F5 VP(Pro) = - 57.719,28 R$
Valor Bem - 45.300,00
Manuten. 1.377,12 1.721,40 2.065,68 2.409,96 2.754,24
Tributos 1.032,84 826,27 661,02 528,81 423,05
Deprecia. 2.174,40 2.174,40 2.174,40 2.174,40 2.174,40
V.Resid - + 9.060,00 R$ IV – Fluxo de Caixa – Leasing com Devolução
Flx. Caixa - 45.300,00 - 235,56 - 373,27 - 552,30 - 764,37 +3.708,31

Calculando, então, o valor presente dos custos incorridos


considerando uma compra a vista, tem-se: 1 5
2 3 4
Ano
VP CV = − − − − − +
, , , , , PL=1.888 x 12 x 0.76 = 17.218 R$/ano

VP(CV) = - 44.742,92 R$

216
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
V- Financiamento - Fightwell. representado no diagrama do fluxo de caixa exposto no
desenho V.
No caso de financiamento, o bem financiado passa a
integrar o ativo da empresa financiada e, em consequência, os Alerta-se que os valores dos juros foram lançados no
custos de operação e tributos suportados por ela. quadro E - Calculo dos Fluxos de Caixa, já considerado o
redutor de 0,76, relativo ao Imposto de Renda e da CSLL.
Quanto à consideração dos valores das prestações a
serem lançados nos fluxos de caixa ha que se considerar, Com os dados do fluxo de caixa expostos no quadro E,
separadamente, os valores dos juros e os das amortizações. pode-se calcular o valor presente associado a esta alternativa
de financiamento conforme a seguir:
D - Calculo dos Juros e Amortizações – Financiamento.
n
Ano
Saldo
Prestação
Juros
Amortização FK FK
Anual 28,32% a.a. VP p = F + ∑ +∑
+i k , k
0 45.300,00 - - - k= k=

1 40.125,24 18.003,72 12.828,96 5.174,76 . . . . .


VP CV = − − − − −
2 33.484,99 18.003,72 11.363,47 6.640,25 , , , , ,
3 24.964,22 18.003,72 9.482,95 8.520,77
VP(CV) = - 49.969,52R$.
4 14.030,36 18.003,72 7.069,87 10.933,85
5 0,00 18.003,72 3.973,36 14.030,36

Nesta situação, somente os juros sofrem a influencia do


imposto de renda. Assim, os juros a integrar cada fluxo de
caixa anual corresponderão aos juros do financiamento
contratado multiplicado por 0,76.

O valor da amortização, sendo investimento, é lançado


no fluxo de caixa pelo seu valor integral. Ver quadro D, que
mostra os valores dos juros e das amortizações previstos para
cada período.

O fluxo de caixa da alternativa de financiamento é


definido, então, como estabelecido no Quadro-E e
217
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

V – Fluxo de Caixa – Financiamento Fightwell 

R$

9.060

Depreciação = 2.174,402 R$/ano


1 5
2 3 4
Ano
Prestação = 18.003,72 R$/ano

1.377,12 Manutenção 2.754,24

Imposto
1.032,84 423,05

E - Calculo dos Fluxos de Caixa – Financiamento


item F1 F2 F3 F4 F5
Juros 9.750,01 8.636,24 7.207,04 5.373,10 3.019,75
Amortização 5.194,76 6.640,25 8.520,77 10.933,85 14.030,36
Manutenção 1.377,12 1.721,40 2.065,68 2.409,96 2.754,24
Tributos 1.032,84 826,27 661,02 528,81 423,05
Deprecia. 2.174,40 2.174,40 2.174,40 2.174,40 2.174,40
V. Residual + 9.060,00
Fluxo Caixa -15180,33 -15649,76 -16280,11 -17071,32 - 8.993,00

218
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Além dos três motivos acima, recomenda-se estudar e


12 – Alienação de Ativos. prever a possibilidade de desenvolver alternativas de
investimentos outras daquelas ora em utilização. Tal
comportamento exige um constante acompanhamento da
12.1 – Introdução. evolução do mercado o que permite detectar a demanda por
novas tecnologias e/ou produtos, bem como a transferência
Alienar um ativo significa retira-lo de produção, seja por dos locais de produção.
baixa ou por substituição.
Pelo exposto, há que haver constante acompanhamento do
Efetuar a baixa de um ativo significa a eliminação do rendimento propiciado por um ativo para definir o melhor
bem sem haver reposição ou reforma e, consequentemente, a momento de sua alienação, ou melhor, qual o momento
interrupção do processo de produção. adequado para efetuar a sua baixa ou substituição.

A substituição pressupõe a supressão do ativo, sua Como recomendação, o procedimento é efetuar a alienação
substituição com a continuidade do processo da produção. antes do ativo entrar em colapso, perder capacidade de
produção ou ficar tecnologicamente ultrapassado, de modo que
Fatos que geram a necessidade alienar um ativo: os rendimentos ainda propiciados pelo ativo velho contribuam
para o comissionamento de um novo.
E Deterioração física;
E Mudança de tecnologia; A escolha de uma tecnologia alternativa ao processo ora em
E Mudança dos requisitos de produção; utilização, a observação de novos requisitos de produção, as
E Alternativas outras que não aquela em utilização. hipóteses ou premissas a serem adotadas nos estudos em
questão dependerá da sensibilidade e do bom senso do
A deterioração física corresponde com o desgaste do ativo decisor.
devido ao uso. Desta situação decorre uma redução da
produtividade nominal do equipamento, em face de maiores Assim sendo, os estudos podem levar à conclusão de que
tempos de paralisação para manutenção ou de recuperação de um ativo em uso deva ser mantido em operação. Em
peças, com expressão direta na redução do faturamento. decorrência dessa assertiva, manter comissionado um ativo
velho deve ser uma alternativas a ser considerada, desde que
A mudança de tecnologia e dos requisitos de produção são o rendimento do ativo em análise se mantenha financeiramente
exigibilidades que ocorrem pelo lançamento de novos produtos viável.
ou a instalação de processos produtivos mais modernos, dado
o surgimento de equipamentos mais eficientes.
219
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Análises de decisão quanto à alienação devem ser Para efetuar a comparação das alternativas mutuamente
realizadas considerando: exclusivas recomendam-se os seguintes procedimentos:

 A existência de recursos capazes de suportar a  Montar corretamente os fluxos de caixa de cada opção
implantação de uma ou mais alternativas; em julgamento. Isto é, no momento em que efetivamente
ocorrerem;


Se o conjunto em análise apresenta, ou não,
Adotar um adequado método de depreciação dos ativos;
 Avaliar a possível existência de Valor Residual, valor este
alternativas mutuamente exclusivas.

a ser incorporado ao fluxo de caixa no final da vida útil do


Diz-se que alternativas são mutuamente exclusivas quando,
projeto;
implantada uma delas as outras devam ser abandonadas por
insuficiência de recursos ou inviabilidade para tal.  Considerar a queda de produtividade do equipamento ou
a redução da eficiência do processo produtivo face ao seu
Assim sendo, em havendo disponibilidade de recursos, desgaste pelo uso;
 Definir a vida econômica de cada ativo.
recomenda-se hierarquizar as alternativas e realiza-las
segundo rentabilidade ou retorno do investimento.
 Considerar a influência dos tributos conforme a opção
Caso haja escassez de recursos, as alternativas passam a tributária adotada, ou seja, a opção pelo lucro real ou pelo
ser mutuamente exclusivas e o processo de decisão é lucro presumido:

realizado segundo os métodos de decisão já discutidos.

Nos estudos de baixa e substituição de equipamentos, é a) Fluxo de Caixa em Lucro Real.(8)


pouco provável que as alternativas em comparação
apresentem idênticas durações. Teoricamente, projetos com
vidas úteis diferentes são incomparáveis. FCDIR = (1- L) (Rec - Desp) -F Rec + L Ded - (I+ ICG) + V.R.

Porém, adotando determinadas hipóteses, torna-se possível b) Fluxo de Caixa em Lucro Presumido ou Simples.
efetuar a comparação de alternativas que apresentem
horizontes de planejamento distintos. FCDIR = (1- F) Receitas - Despesas - (I+ICG ) + V.R.
O estudo deste Capítulo mostrará algumas hipóteses para a
realização de análise de alternativas que apresentarem
(8) Nomenclatura:
distintas durações. αL = soma das alíquotas dos tributos incidentes sobre o lucro;
αF = soma das alíquotas dos tributos incidentes sobre o faturamento.
220
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Os estudos de baixa e substituição de ativos consideram,
basicamente, os seguintes casos: 1º - Manter o ativo em operação enquanto o valor presente
líquido dos fluxos de caixa superar a zero.
E Baixa sem reposição do equipamento original;
E Baixa com reposição do equipamento original; 2º - Definir como critério de decisão da desmobilização o
E Substituição devido à mudança de tecnologia; momento em que as duas alternativas acima citadas
E Substituição de ativos com longa vida útil. apresentarem, no mínimo, o mesmo valor presente.

Decisão de desmobilizar quando: VP(A) ≥ P(B)


12.2 - Baixa Sem Reposição.
Este critério significa que o ativo não será levado à
Na baixa sem reposição ocorre a presunção da exaustão.
permanência, ou não, de um ativo em operação até esgotar
sua vida útil. E, também, não haver a previsão de substituí-lo, Do exposto, recomenda-se realizar periodicamente a
permitindo ao proprietário se capitalizar antes da exaustão do análise em pauta, principalmente quando ocorre alteração na
mesmo. taxa de retorno da empresa, situação que pode levar à decisão
de baixa sem contrapartida em repor o equipamento em
12.2.1 – Processo de decisão. análise, especialmente quando começa a se aproximar o final
de sua vida útil.
Neste caso, duas alternativas são analisadas:
12.2.2 – Exemplo.
I - Alternativa A: realizar a desmobilização do ativo
enquanto o valor residual apresentar expressão relevante. Como exemplo de procedimento, seja a análise de duas
Isto quer dizer que ele será alienado enquanto apresentar alternativas expostas na Figura 12.1, na qual um ativo vem se
valor econômico e sua venda contribuirá com recursos aproximando do final de sua vida útil. E, a empresa vem
visando a aquisição de outro ativo; analisando o momento adequado para a sua baixa.
II - Alternativa B: alienar o ativo somente quando ocorrer o O ativo em questão vem produzindo fluxos de caixa
esgotamento de sua vida útil e, consequentemente, chegar positivos, porém decrescentes. Sua exaustão e a consequente
à exaustão. Ou, então, quando o mesmo apresentar valor saída de operação esta prevista para ocorrer no período t=3,
residual igual a zero irrelevante. quando ocorrerá a exaustão do mesmo.
A decisão de desmobilização deve observar dois
critérios:
221
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
 Alternativa B - vender o ativo enquanto apresentar um
I – Alternativa A – alienação com valor residual
valor residual significativo, no caso R$ 618,00.

Comentando o esquema acima, a decisão de


FC1=700
desmobilização deverá ocorrer quando VP(A) ≥ VP(B).

VP(A) = 1.146
Previsão de
EXAUSTÃO Isto porque, devido a possibilidade de haver valor residual,
VR = 618
Desmobilização ocorrerá entrada de caixa cujo montante será possível de ser
aplicado em outras oportunidades. Assim, não mais se justifica a
Período permanência da operação mantida a remuneração habitual, à
0 1 2 3 mesma TMA.

No caso, como são idênticos os montantes dos valores


II – Alternativa B – alienação na exaustão
presentes das duas alternativas, a recomendação é a opção pela
Alternativa A, ou seja, efetuar a baixa em t=1.

VP(B)≥1.146 12.3 - Baixa com Reposição.


VP(B)≥VP(A)
FC1=700 FC2 = 450 FC3 = 300 Nesta situação, a empresa avalia substituir ativos em
atividade, porém mantendo a oferta do mesmo produto no
Período mercado.
0 1 2 3

Dois são os casos a serem analisados nesta situação:


Figura 12.1 – Esquema de baixa sem reposição de ativo.
I. Reforma de Equipamento ou substituição por não
similar;
II. Continuidade de produção com equipamento similar;
As duas alternativas propostas para analise no momento
t=0, de decisão são: Basicamente, para os modelos examinados, os métodos de
decisão são os expostos na Figura 12.2.
 Alternativa A – manter o ativo em operação até ocorrer
a exaustão do mesmo;

222
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

I – Manutenção em Operação
Não Similar e Reforma Valor Uniforme Equivalente

VR3 Previsão de
Desmobilização
VP0
Continuidade Com Similar Valor Presente Líquido FC1 FC2 FC3
Período
0 1 2 3
Figura 12.2 - Métodos de Decisão e Substituição

II – Comissionamento ou Reforma
12.3.1 - Reforma ou Substituição por não Similar.
VRt
Neste caso ocorre a possibilidade de avaliar três
FC1 FC2 FC3
alternativas: FCt-1
0 FCt
Período
a) Prever a desmobilização do ativo velho após 1 2 3 t-1 t
determinado período;
b) Reformar o equipamento velho com o consequente II0
aumento de sua vida útil;
c) Efetuar, imediatamente, o comissionamento de um ativo
novo.
Figura 12.3 – Esquema de Baixa Com Reposição.

O esquema da Figura 12.3 - I mostra um modelo para os


fluxos de caixa de manutenção em operação por determinado
período. Neste modelo, ocorre a previsão de desmobilização no Os modelos de fluxo de caixa dessas duas alternativas
período três, porém havendo um valor residual para o ativo. podem ser semelhantes, pois mutuamente exclusivas. Em
ambas ocorre a previsão de um investimento inicial, II0, e um
O esquema da Figura 12.3 – II mostra o caso de um horizonte de projeto a terminar num período “t”.
mesmo fluxo de caixa para a alternativa de reforma do velho ou
a alternativa de comissionamento de um novo. Como decisão, a alternativa que apresentar o maior valor
presente líquido ou o maior benefício anual equivalente será
considerada como sendo o mais interessante a ser adotada.
223
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Alternativa I – Aguardar Exaustão do Antigo
Sendo adotado como método de decisão o VPL, o artifício
a ser utilizado, já estudado, é definir como horizonte de
planejamento o mínimo múltiplo comum o tempo de vida Projeto Novo Projeto Novo
estimada de cada alternativa. Projeto Velho Implantação Repetição 1
Tempo
0 t1 t2 t3 t4 t5

12.3.2 - Continuidade da Produção com Equipamento Similar. Alternativa II – Implantação Imediata do Novo

Este é o caso clássico de definir o momento apropriado da Projeto Novo Projeto Novo Projeto Novo
substituição de um ativo antigo por um novo, cujas Implantação Repetição 1 Repetição 2
características sejam similares. 0
Tempo
n1 n2 n3 n4 n5

Neste caso, ocorre o pressuposto da empresa manter em


linha de produção o mesmo produto. A análise da Figura 12.4 – Continuidade de Produção com Similar.
desmobilização do ativo antigo decorre, geralmente, de
ineficiência crescente, com a consequente redução do volume O diagrama da Figura 12.4 – Continuidade de Produção
de produção e/ou crescimento das despesas de manutenção. Com Similar mostra o procedimento proposto em que:

O procedimento recomendado é dispor de um horizonte de E t1 indica o momento final do Projeto Velho; t2 & t3 o
tempo suficientemente longo de modo a reduzir as influências tempo de vida do Projeto Novo referente à implantação;
dos fluxos de cada opção, o que é conseguido efetuando a t4 & t5 os tempos de inicio e término da primeira
repetição do fluxo do projeto novo em cada alternativa, repetição do Projeto Novo;
conforme mostrado na Figura 12.4. E n1 indica o momento final implantação do Projeto Novo; n2 &
n3, os tempos de inicio e término da primeira repetição
Como primeira alternativa em análise, adiciona-se ao do Projeto Novo; n4 & n5, os tempos de inicio e término
diagrama do fluxo de caixa do Projeto Velho, os fluxos de caixa da segunda repetição do Projeto Novo.
de implantação do Projeto Novo.

A segunda alternativa é iniciada com os fluxos de caixa de Como critério de repetição, quanto menor o tempo de vida
implantação do Projeto Novo. do Projeto Novo recomenda-se efetuar um maior número de
repetições.

224
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
Para o julgamento da alternativa mais interessante pode-se Alternativa I – Desmobilização ao Final do Projeto Fim da Vida
do Projeto Novo
utilizar o método do Valor Presente Líquido ou do Benefício
Anual Equivalente, sendo escolhida a que apresentar o maior Reinvestimentos do Lucro
valor. Projeto Velho

Tempo
0 t1 t2 tn

12.4 - Mudança de Tecnologia. Alternativa II – Continuidade com Nova Tecnologia

No caso de ser analisada a substituição de um projeto por


outro que utiliza uma nova tecnologia, duas alternativas devem Projeto Velho
Projeto
Nova Tecnologia
ser consideradas: Tempo
0 t1 t2 tn

I. A simples baixa do ativo Velho, quando se


Figura 12.5 – Continuidade com Nova Tecnologia
recomenda o reinvestimento dos lucros do Projeto
Velho até coincidir com final do horizonte de vida do
Projeto Novo.
Não é recomendado o método do Custo ou Benefício
II. Iniciar o Projeto Novo imediatamente após a baixa do
Anual Equivalente, já que neste método fica pressuposta a
Projeto Velho;
repetição das alternativas, o que é incompatível com a análise
em curso, já que a premissa da análise prevê a baixa do ativo
velho.
O desenho da Figura 12.5 mostra o modelo proposto,
em que o horizonte de vida do projeto Nova Tecnologia é t n. O
projeto Velho acaba em t1 e o Novo inicia em t2.
12.5 - Ativos Com Longa Vida Útil
O método de decisão proposto é o do Valor Presente
Quando se analisa um investimento em ativos que
Líquido.
apresentam longa vida útil, a exemplo de plantas de fabricas de
cimento ou de usinas elétricas e mesmo alguns de seus
equipamentos a exemplo de geradores e rotores, não faz
sentido utilizar os artifícios anteriormente comentados.

Justifica-se a assertiva acima, pois o tempo de


exploração de ambas as alternativas é suficientemente longo
para que sejam efetuadas previsões ou suposições
225
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
consistentes sobre outras oportunidades, novas tecnologias ou
o comportamento da economia a ocorrer em futuro distante. O método de decisão recomendado é o do Valor
Presente.
Consequentemente, torna-se inverossímil qualquer
previsão, no momento atual, quanto à baixa ou a substituição
futura desses equipamentos. 12.6 – Exercícios.

12.6.1 - Análise de alienação de ativo.


Fim Vida Útil
Ativo A
Seja analisar a desmobilização de um ativo sabendo
que:
Ativo A
- A empresa adota uma TMA de 15 % ao ano;
Anos
1 25
- Não há previsão de reposição do ativo;
IIA - No quadro abaixo consta uma projeção dos fluxos de
Fim Vida Útil
Ativo B caixa de exercícios vindouros até ocorrer a exaustão do
mesmo;
Valor
- Há previsão da exaustão do ativo após cinco anos da
Ativo B Residual data da análise.
Anos
1 25 30 Solicita-se:
IIB
a) Determinar o exercício em que o ativo deverá ser
Figura 12.6 – Ativos com Longa Vida Útil desmobilizado;
b) Traçar um gráfico exercício x valor presente, que
ampare a recomendação efetuada.
Assim o procedimento recomendado é equalizar o tempo
de vida do projeto de maior duração com o de menor duração, Exercício 1 2 3 4 5
Fluxo Caixa 5.500 4.500 3.000 2.500 2.000
fazendo o truncamento daquele projeto.
Valor Residual 4.000 3.500 1.900 1.000 700
Valores em R$ 10³
Além disso, deve ser definido um valor residual para o
ativo de maior horizonte de vida, valor este a ser incorporado
ao seu fluxo de caixa no momento do truncamento, conforme
mostrado na Figura 12.6.
226
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
12.6.2 - Data de Alienação.

A Cometron S/A é uma firma do ramo metalomecânico.

Atualmente, ela está produzindo o Metrocon,


equipamento que vem apresentando benefícios líquidos anuais
na ordem de R$ 3.600 milhões.

Sabe-se que o sistema de produção ora em atividade já


consumiu 2/3 de sua vida útil estimada em 15 anos.

Análises efetuadas em equipamentos similares têm


indicado que tais equipamentos perdem produtividade, a partir
do décimo segundo ano de comissionamento na ordem de 20%
ao ano.

Pergunta-se: “Quando será interessante a substituição do atual


equipamento”?

Outros dados:

a) Custo do equipamento novo: ........... R$ 11.600 milhões


b) Prazo de Instalação: .............................................1 ano
c) Depreciação: .................................................... 10 anos
d) Tributos sobre o lucro: IR+CSLL ............................. 33%
e) Custo de Capital da empresa ................................. 20%

227
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

228
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A Figura 13.1 mostra o ciclo de produção que demanda capital
13 – Capital de Giro. de giro. Ao se analisar a figura 13.1, verifica-se que participam da
formação do capital de giro, os adiantamentos a fornecedores
relativos a bens ou serviços para entregas futuras; os estoques de
13.1 – A importância do capital de giro. insumos, os estoques de insumos em processo de produção; os
estoques de produtos acabados; e o financiamento de vendas
O capital de giro pode ser definido como o montante de capital expresso pelo volume das duplicatas a receber.
disponível para que a empresa tenha condições de movimentar o
seu negócio.
CAIXA Fornecedores

O gerenciamento do capital de giro é um dos itens financeiros


Duplicatas a
merecedores de cuidadosa atenção da administração, qualquer Receber
que seja o tamanho da empresa, já que, em falta do mesmo,
torna-se difícil, senão impossível, a obtenção de resultado Estoques
econômico significativo e mesmo levar um empreendimento a Insumos
bom termo.
Vendas
Para tanto, conhecer o nível do capital de giro visa atender a
dois objetivos: Estoques
Produção
Produtos Acabados

E Avaliar o capital de giro disponível e analisar como esta


sendo empregado na atualidade;
E Prever as futuras necessidades deste capital. Figura 13.1 – Ciclo Básico do Capital de Giro.

A capacidade de realização e o poder da empresa frente ao


mercado em que atua, estão fortemente vinculados a uma boa Para o engenheiro, compatibilizar a disponibilidade de capital
situação de caixa. E, o seu planejamento passa por um firme de giro ou de caixa, com o planejamento físico e financeiro de
gerenciamento do capital de giro. Isto porque, havendo situação seus empreendimentos é de capital importância, já que o
favorável de caixa, a empresa dispõe de real condição de, pôr um cumprimento de contratos, via de regra, é realizado com
lado, aproveitar novas oportunidades de negócios e, pôr outro, numerário expressivo. Além disso, especialmente na construção
evitar recorrer a empréstimos, principalmente os de curto prazo, civil, os fluxos de despesas se realizam de forma contínua
altamente prejudiciais à realização de lucros. durante o mês e o faturamento, na maioria das vezes, ocorre
discretamente. Havendo descompasso entre estes dois fluxos de
capital a empresa facilmente pode entrar em estado de

229
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
insolvência e/ou ter de recorrer a empréstimos de curto prazo Como o capital de giro é considerado como investimento
para cumprir suas responsabilidades. e, tanto o seu processo de captação como a sua utilização,
apresenta custo, seja ele oriundo de seus controladores ou
Além disso, havendo constante preocupação em projetar tomado no mercado financeiro, é recomendável que seja
aportado paulatinamente, segundo as exigibilidades dos níveis
futuras necessidades de capital de giro, a administração pode
prever períodos em que o fluxo de caixa seja insuficiente para de produção planejados.
atender ao nível de operação desejado. E, consequentemente,
estabelecer políticas financeiras capazes de ultrapassar esses Cumprindo esse procedimento, não haverá necessidade
períodos, mantendo operacional a empresa. em aportar integralmente o montante de capital de giro no inicio
de qualquer empreendimento, reduzindo, desta forma, o custo
Políticas essas que, realizadas em tempo hábil, permitirão financeiro de sua utilização e os óbices inerentes à sua
deflagrar ações tais como: captação.

i. Manter inalterada a relação capital de acionistas e o Pelo exposto, é desnecessário dispor integralmente, no
capital de terceiros com a capitalização dos lucros em início do projeto, de todo o capital de giro a ser exigido durante
períodos que antecederem fazes de deficiências de caixa; o processo de construção.
ii. O aporte de capital próprio, podendo ser realizado pelos Assim sendo, o recomendável é aportá-lo
atuais acionistas ou pela agregação de novos sócios; paulatinamente, de modo a atender às exigibilidades havidas, a
iii. Venda de ativos imobilizados e participações acionárias cada níveis de produção, dentro dos limites necessários.
visando reforço de caixa;
iv. Captar financiamentos de longo prazo negociados
tempestivamente; 13.2 – A importância da tomada de decisão.
v. Negociar tempestivamente financiamentos de capital de
giro; Os comentários anteriores mostraram que o adequado
vi. Evitar a utilização de caixa para outros fins visando planejamento do capital de giro é de fundamental importância
manter as exigibilidades futuras com recursos próprios. para a manutenção da saúde financeira de qualquer
organização, pois permite a constante monitoração de seus
É de fácil entendimento que, a cada nível de produção níveis de caixa.
ou do tamanho da construção de qualquer empreendimento, o
capital de giro a ser investido em estoques, equipamentos e Em empresas de engenharia, o orçamento de obras e
mão de obra devam ser compatíveis com os objetivos serviços normalmente é afeto à área técnica que, em muitas
previstos. delas, se limita a efetuá-lo sem compatibilizar as exigibilidades
financeiras do novo empreendimento às necessidades futuras
de capital da empresa.
230
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Bruto
É possível prever e providenciar, antecipadamente, o
aporte de capital de giro nos momentos devidos ao se
compatibilizar informações orçamentárias com as exigibilidades Atual Líquido
da capital de giro e as flutuações dos níveis de caixa da
empresa.
Próprio

Para tanto, é recomendada a instituição de um sistema


de acompanhamento de custos ágil e fidedigno, sem causar Nível de
Capital de Giro
acréscimos adicionais nos custos administrativos. Método das Relações Médias

E isto será conseguido se: i) toda a organização for


Método Analítico
usuária do sistema; ii) for solidária com a implementação e
responsável pela sua manutenção e fornecimento de dados; iii)
e, que o sistema atenda, congregue dados e disponha Futuro Método do Fluxo do Caixa
informações para as áreas eminentemente técnicas, do
planejamento, das áreas contábil e da comercial.
Método do Caixa Mínimo

Igualmente, com uma avaliação criteriosa das


exigibilidades futuras de capital de giro frente à realização de Balanços Projetados
novos empreendimentos, torna-se mais realista decidir quanto
ao tamanho econômico de cada empreendimento; a duração Figura 13.2 – Capital de Giro Atual e Futuro.
do processo de construção; do tempo necessário ao retorno
do capital investido de modo a realizar a rentabilidade prevista;
o lucro futuro; e, a redução do risco do negócio.
13.3 – Nível do capital de giro.
Finalizando, recomenda-se o conhecimento de
contabilidade gerencial e de contabilidade de custos, pois de A definição do nível do capital de giro pode ter dois
importância fundamental para a implantação do processo objetivos: i) conhecer o volume atual do capital de giro
orçamentário que tenha a contribuição e promova a integração disponível; ii) definir as necessidades futuras deste capital,
dos dados de todas as áreas da organização. devido à variação do nível de produção, de modo a manter a
capacidade operacional da empresa segundo o planejado. A
Figura 13.2 mostra os tipos de capital, atual e futuro, a serem
avaliados.

231
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
13.3.1 - Nível Atual. É interessante ressaltar, que a liquidez dos bens e
direitos esta diretamente vinculada a dois fatores: à certeza em
transforma-los em numerário e o tempo requerido para que
O nível atual do capital de giro deve ser analisado sob
esse bem ou direito se realize no caixa.
três abordagens: o capital de giro bruto; o líquido; e o capital de
giro próprio, todos eles obtidos a partir do balanço patrimonial.
No caso de estarem disponíveis balanços ou balancetes
de exercícios pretéritos, é possível definir o montante de capital
de giro em utilização na época de seus fechamentos.
CG Bruto

CGB = disponível + realizável em curto prazo


Quando são elaborados balanços ou balancetes
projetados, há condições de prever a demanda futura do
capital de giro e, desta forma, deflagrar ações que permitam o
CG Próprio seu suprimento segundo as exigibilidades do nível de produção
Balanço CGP = ativo circulante – passivo circulante planejado.

Assim, recomenda-se orçar a demanda futura de capital de


CG Líquido giro utilizando balanços projetados apoiados nos fluxos de
CGL = disponível + realizável em curto prazo – exigível em curto prazo caixa dos empreendimentos futuros previstos. Com este
procedimento terá condições de prever as flutuações periódicas
de caixa, deflagrando ações que reduzam o risco de
Figura 13.3 – Capitais de Giro a Partir do Balanço Patrimonial
insolvência da empresa.

Analisados cada um deles nos subitens a seguir,


constata-se que cada um deles atende a um objetivo gerencial 13.3.2 – Capital de giro bruto.
específico.
Contabilmente, o capital de giro bruto é definido como
A principal diferença entre as três abordagens é quanto sendo o resultado da soma dos recursos disponíveis e dos
à liquidez dos bens e direitos considerados para a avaliação do direitos realizáveis em curto prazo. Sob essa ótica, o capital de
nível de capital de giro e que permitirão a empresa saldar seus giro mostra a quantidade de recursos que a empresa dispõe
compromissos de curto prazo. E, o curto prazo, entendido para o cumprimento imediato de suas exigibilidades de curto
como o espaço de tempo abrangido pelos próximos doze prazo.
meses ou o exercício subsequente ao do fechamento do
balanço em consideração. CGB = disponível + realizável em curto prazo

232
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
fica explicito o volume de recursos externos necessários a
No item disponível, são consideradas as seguintes reforçar o caixa da empresa.
contas contábeis: o dinheiro em caixa, os depósitos bancários
à vista e os títulos vinculados ao mercado aberto. O realizável O modelo abaixo define o capital de giro líquido:
em curto prazo engloba as contas referentes aos títulos a
receber de clientes, os estoques de insumos, os estoques em CGL = disponível + realizável em curto prazo – exigível em
produtos em elaboração e o de produtos acabados. curto prazo.

No setor da engenharia de construção, exemplos de Considerando que os dois primeiros termos do modelo
insumos são: cimento, areia, aço de construção, pedra de acima foram comentados no item anterior, a seguir será
cantaria, aglomerante para asfalto, aditivos para concreto, comentado o exigível de curto prazo.
perfis metálicos, azulejos, pisos cerâmicos e de madeira,
quadros e material elétrico, esquadrias, telhas de barro e O exigível de curto prazo engloba todas as contas
metálicas, tubos e tubulações etc.. Como exemplos de contábeis apropriadas no passivo circulante, a saber: créditos
produtos em elaboração podem ser citados: fundações recebidos de clientes, empréstimos bancários de curto prazo,
conclusas, estruturas de edificações prontas ou em construção, compromissos previdenciários e fiscais, credores diversos, etc..
treliças metálicas ou de madeira acabadas, partes de
estruturas pré-moldadas e não montadas tais como pilares, Esse exigível, então, engloba todas as obrigações a
lajes e vigas, etc. Finalizando, são exemplos de produtos serem cumpridas no exercício seguinte ao do fechamento do
acabados: casas, edificações, pontes, rodovias, etc. balanço ou balancete, com impacto significativo nos fluxos de
caixa próximos vindouros, principalmente àqueles expressos
em bases mensais.
13.3.3 - Capital de giro líquido.

O capital de giro líquido é obtido a partir do capital de 13.3.4 – O capital de giro próprio.
giro bruto, diminuído do exigível de curto prazo, isto é, do
passivo circulante. O capital de giro próprio, CGP, é definido segundo o que
estabelece a Lei das Sociedades Anônimas, Lei n.º 6.404, e
Sob essa ótica, verifica-se quanto a empresa dispõe de representa o saldo obtido entre a diferença do montante do
recursos próprios para desenvolver suas atividades. Sendo o ativo circulante e do montante do passivo circulante.
resultado positivo, fica evidenciada a sua capacidade em saldar
os compromissos, ou exigibilidades, de curto prazo frente aos CGP = ativo circulante – passivo circulante
fornecedores de insumos, bancos e o fisco. Sendo negativo,

233
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Definido sob essas condições fica explicitado o montante Como, no exemplo acima já foi comentado quais os itens a
de capital realmente pertence à empresa, já que foram considerar no realizável em curto prazo e no disponível, agora
descontadas todas as obrigações de curto prazo. Logo, não serão consideradas as contas do exigível em curto prazo. Neste
existe exigibilidade imediata sobre esse montante. caso, contas de menor exigibilidade podem ser excluídas do
calculo do exigível de curto prazo.
Sendo expressivo o montante do capital de giro próprio
dispõe a empresa condições de ampliar o nível de operações
bem como distribuir parte dele aos seus associados. No exemplo, as contas Salários Diretores e Contratos de
Serviços, podem ser retiradas do cálculo do exigível de curto
prazo. Isto porque, a exigibilidade sobre a primeira delas é menor
frente às demais exigibilidades e a conta Contratos de Serviços
13.3.5 – Aplicação.
por ser considerada em ambos os lados do balanço mostra
direitos futuros. As demais contas aparecem no calculo a seguir,
Como exemplo seja calcular o capital de giro utilizando segundo a ordem em que estão relacionadas no balanço
os diversos modelos acima, dado o balanço patrimonial de uma patrimonial.
empresa de engenharia que atua no ramo de construção e
incorporação de edificações. Balanço expresso na Figura 13.4.
CGL = disponível + realizável em curto prazo – exigível em
curto prazo.
a) Capital de giro bruto: CGL = (180+1.100+ 700+1.002+ 665+205) -
(1.023+1.961+95+485+410+67)
Na definição do capital de giro bruto da empresa, estão CGL = 3.852,00 - 4.041,00 = - 189,00 R$.
consideradas as seguintes contas contábeis em ordem de
consideração: Caixa e Bancos, Aplicações Financeiras, Contas de
Neste caso, fica definida a exigibilidade de um aporte de capital
Clientes, Estoques de Produtos Acabados, Estoques de Produtos
de giro no montante de R$ 189,00, para atender demandas de
em Elaboração e o Estoque de Insumos.
curto prazo.
CGB = disponível + realizável em curto prazo.
CGB = 180+1.100+ 700+1.002+ 665+205 = 3.852 R$.

b) Capital de giro líquido:

234
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Floman Engenharia & Incorporações Ltda.


Balanço Patrimonial 2013 – Reais mil
1.0.0.0 - Ativo R$ 2.0.0.0 - Passivo R$
1.1.0.0 - Circulante 3.882 2.1.0.0 - Circulante 4.641
1.1.1.0 - Caixa e Bancos 180 2.1.1.0 - Bancos 1.023
1.1.2.0 - Aplicações Financeiras 1.100 2.1.2.0 - Fornecedores 1.961
1.1.3.0 - Clientes 700 2.1.3.0 - Outros credores 95
1.1.4.0 – Provisão p/ Devedores Duvidosos (170) 2.1.4.0 - Obrigações Fiscais 485
1.1.5.0 - Estoque Produtos Acabados 1.002 2.1.5.0 - Obrigações Trabalhistas 410
1.1.6.0 - Estoque Produtos Elaboração 665 2.1.6.0 - Outras Obrigações 67
1.1.7.0 - Estoque insumos 205 2.1.7.0 – Salários Diretores 400
1.1.8.0 - Contratos Serviços 200 2.1.8.0– Contratos Serviços 200
1.2.0.0 - Não Circulante 5.488 2.2.0.0 - Não Circulante 1.080
1.2.1.0 - Realizável em Longo Prazo 2.987 2.2.1.0 - Financiamentos Bancários 330
1.2.1.1 - Financiamento a Clientes 1.650 2.2.2.0 - Contratos Futuros 750
1.2.1.2 - Contratos Futuros 750
1.2.1.3 – Créditos em Coligadas 587
1.2.2.0 - Investimentos 858 2.3.0.0 – Patrimônio Líquido 3.649
1.2.2.1 – Terrenos para revenda 537 2.3.1.0 – Capital Social 2.800
1.2.2.2 - Participações Acionárias 321 2.3.1.1 – Paulo Silva 1.000
1.2.3.0 - Imobilizado 1.330
2.3.1.2 – Orlando Pontes 1.000
1.2.3.1 - Imóveis 400
2.3.1.3 – Antonio P. da Costa 800
1.2.3.2 – Maquinas e Equipamentos 810
1.2.3.3 - Veículos 120 2.3.2.0 – Reserva de lucros 400
1.2.4.0 – Intangível 313 2.3.3.0 – Lucros Acumulados 449
1.2.4.1 – Fundo de Comércio 120
1.2.4.2 – Software 133
1.2.4.3 – Patentes e Marca Registrada 60
Total do Ativo 9.370 Total do Passivo 9.370
Figura 13.4 – Exercício de Balanço.

235
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Ativo Circulante
IL=
Passivo Circulante
c) Capital de Giro Próprio:
Nessas condições recomenda-se, para aqueles que
No cálculo do capital de giro próprio são participam de licitações, dispor de um ativo circulante entre 10
considerados o total do Ativo e o total do Passivo. a 20% superior ao valor do passivo circulante. No caso do
CGP = ativo circulante – passivo circulante. exercício em pauta, a Floman ficaria impedida de participar de
CGP = 3.882 – 4.641 = - 759 R$ licitações, pois seu IL = 0,84, o que demonstra insuficiência de
capital de giro.
Analisando o Capital de Giro Líquido e o Capital de Giro
Próprio fica evidente que, no fechamento do balanço, a
empresa apresentava déficit em seu capital de giro. Este valor 13.4 – Necessidades Futuras.
deve ser suprido pela injeção de recursos dos acionistas ou de
terceiros. A literatura disponível apresentada cinco métodos para
determinar as necessidades futuras de capital de giro futuro:


Comparando os três tipos de capitais de giro, percebe-
O método das relações médias;

se que a empresa, no curto prazo, deve mais do que tem, o
O método analítico;

que pode ser verificado em CGL. Havendo, entretanto, um
O método do fluxo de caixa;

aporte de capital líquido no montante de R$ 759, como indica o
CGP, ela passa a apresentar uma situação de equilibrada A definição de caixa mínimo;
liquidez.  O balanço projetado.

Dado o montante expressivo do CGB, pode se 13.4.1 – Método das Relações Médias.
considerar que a empresa tem condições de manter a sua
capacidade de produção. Porém, uma ação firme deve ser
realizada para que a empresa não perca esta boa condição de Neste caso, o capital de giro é definido em função do
curtíssimo prazo, o que deverá acontecer com aporte de faturamento previsto, da produção anual ou mensal, do nível de
capital. estoques desejado, etc. Neste tipo de abordagem, o capital de
giro é definido discricionariamente pela administração, segundo
É interessante notar que, em licitações públicas, é sentimento ou sua experiência passada.
comum exigir dos licitantes dispor de um índice de liquidez, IL,
entre 1,10 e 1,20. Definindo: Assim, se propõe as seguintes relações médias na
definição do nível de capital de giro a ser mantido como política
financeira em empresas:

236
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

i. Um quarto do faturamento anual;


Este item prevê a necessidade de capital de giro necessário
ii. Dois meses dos custos de produção;
à manutenção dos estoques. Ele é função da média anual da
iii. Manutenção na empresa, por “x” meses, dos
soma dos recursos a serem investidos em matéria prima, EMP;
estoques de produtos acabados;
do montante dos produtos em elaboração, EPE; e dos
iv. 50% dos custos das obras ou serviços;
estoques a serem mantidos, EPA, considerados a preço de
v. Etc.
custo.

13.4.2 – Método Analítico. Estoque Médio = EMP+ EPE + EPA

O objetivo do método analítico é definir um aporte de Em que:


capital de giro estritamente vinculando às necessidades futuras
de capital.  EMP = (Prazo médio de estoques) x (Custo
aquisição).
O método estabelece que a demanda futura por capital
seja função de quatro variáveis: do custo de manutenção do  EPE = (tempo de permanência da produção em curso
estoque médio previsto; dos recursos a serem dispendidos com x Fração do Custo de Produção).
fornecedores; da política de financiamentos a serem
concedidos a clientes; e, das necessidades mínimas de caixa  EPA = (Prazo Médio de Estoque) x (Custo da
destinadas a atender despesas não previstas. Produção - Custos Imputados).
Matematicamente:

CG =  (Estoque Médio + Fornecedores + Títulos em


Os custos imputados correspondem àqueles custos que não
propiciam saídas efetivas de caixa, a exemplo da depreciação.
Carteira + Caixa Mínimo)

Considerando que os itens relacionados na expressão b) Fornecedores:


acima são variáveis complexas, fruto do somatório de diversas
variáveis contabilmente apropriadas de maneiras distintas, será Este item prevê o processo negocial de suprimentos,
comentada e apresentada a composição de cada uma delas. sendo resultado da diminuição do valor da previsão das
Então: compras pagas por antecipação – CPA, das compras a crédito
– CAC.

a) Estoque Médio: Fornecedores = CPA - CAC


237
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
informação contábil confiável, definida em função da
Em que, apropriação do custo histórico incorrido quanto à realização de
pequenas despesas.
 CPA = (Prazo Médio) x (Valor das Compras Antecipadas).

 CAC = (Prazo Médio) x (Valor das Compras a Crédito). 13.4.3 – Método do fluxo de caixa.

O método do fluxo de caixa permite a projeção das


c) Títulos Em Carteira: futuras necessidades de capital de giro segundo a efetiva
determinação das entradas e saídas de caixa futuras, podendo
Este item visa suprir o capital de giro necessário a cobrir a ser considerado em base mensal ou anual. O método é
politica de financiamento da empresa. Ele é o resultado da facilmente aplicável tanto às necessidades da empresa como
diminuição do volume previsto para vendas a crédito, VAC, do um todo, como o de algum empreendimento em particular.
valor dos descontos de títulos bancários, DTB.
O objetivo, então, é a previsão das futuras
Títulos em Carteira = VAC - DTB necessidades e o acompanhamento de sua evolução mensal.
O orçamento de capital de giro, nesta abordagem, é
Em que: definido a partir do orçamento de caixa. Matematicamente, o
fluxo de caixa com a consideração do capital de giro é dado
 VAC = (Prazo Médio) x (Vendas a Crédito). pelo modelo:

 DTB = (% Desconto de Títulos) x (Vendas a Crédito). FCn = -∝Lucro Rec-Desp - I+CGn + ∝Lucro Depreciação + Valor Res.

O orçamento de caixa é realizado orçando-se os


Do exposto, define-se o volume de capital de capital de giro seguintes itens:
pelo método analítico, pelo modelo:
 Saldo inicial de caixa em cada período;
CG = EMP + EPE + EPA + CPA – CAC + VAC - DTB  As entradas de caixa previstas por natureza;
 As saídas de caixa previstas por natureza da
despesa;
d) Caixa Mínimo:  Resultados intermediários, que orientem a tomada de
decisão quanto a excessos ou insuficiências de
A definição da necessidade de caixa mínima pode ser numerário;
efetuada pôr estimativa ou, havendo disponibilidade de
238
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 Previsões da origem dos recursos para o cobrimento do valor dos créditos a receber, ICR, devido a créditos
de déficits; concedidos a clientes; e do montante dos investimentos em
 Plano de aplicação de recursos eventualmente contas a pagar, ICP, necessários à realização do
excedentes; empreendimento no período “n”.

CGn =  ( IE + ICR – ICP )n
E, o saldo final de caixa em cada período;

Para tanto, há que se conhecer e orçar os custos e


faturamentos relativos às obras e os serviços em execução, os A seguir serão analisados dois casos de definição de um
custos administrativos e de vendas, os investimentos com fluxo de caixa, relativos a uma empresa construtora.
aquisição de novas tecnologias, treinamento de pessoal, sem
esquecer os contratos futuros previstos e passíveis de O primeiro caso trata da definição do fluxo de caixa a
realização. ser gerado pôr um empreendimento isolado e o segundo da
empresa como um todo.
Desta forma, é possível estabelecer as premissas com
que será operado o capital disponível, planejar as Para melhor compreensão do leitor, o fluxo de caixa
necessidades de recursos humanos, técnicos e financeiros e, definido no primeiro caso integrará o fluxo de caixa global da
principalmente, reconhecer claramente em que épocas e em empresa.
que volume ocorrerá a necessidade de novos aportes de
capital de giro.

Além das premissas acima, é possível determinar o 13.4.3.1 – Caso de empreendimento Isolado
horizonte de planejamento da empresa. Os autores
recomendam que deva ser compatível com o tempo de Neste caso o volume de capital de giro é destinado à
realização do contrato de maior duração. realização de um empreendimento específico.
Nesse enfoque e considerando como exemplo que Como exemplo de aplicação, seja o fluxo de caixa
algum dos contratos em carteira tenha duração de trinta e sete propiciado por um contrato denominado de Obra-4, cuja
meses e sendo este o de maior duração, o horizonte do duração é de sete períodos, conforme o modelo apresentado
planejamento financeiro corresponde a estes trinta e sete na Figura 13.5.
meses.

Matematicamente, o montante de capital de giro a ser


investido em dado período “n”, é função do valor médio do
investimento em estoques, IE, a ser mantido devido ao projeto;

239
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Fluxo de Caixa do Contrato Valores em R$ mil


Período
OBRA “4”
1 2 3 4 5 6 7
1 - Entradas de Caixa. Soma das Vendas 488 441 400 550 585 485 400
Despesas Administrativas 100 100 100 120 120 120 120
2 - Saídas de Caixa. Despesas Iniciais 320 140 - - - - -
Custo Produção 120 250 300 400 400 300 200
Soma dos Custos 540 490 400 520 520 420 320
3 - Fluxo de caixa = Entradas – Saídas. - 52 - 49 0 30 65 65 80
4 - Somatório acumulado dos fluxos de caixa. - 52 - 101 -101 -71 -6 59 139
5 - Investimento em capital de giro. 52 49 0 0 0 0 0
6 - Fluxo de caixa ajustado. 0 0 0 30 65 65 80
Figura 13.5 - Modelo de Fluxo de caixa para um empreendimento.

Considerando que a empresa incorre em custo ao


Para tanto há que se orçar, a cada mês do projeto, o utilizar capital de giro, recomenda-se o aportar paulatinamente
volume dos recursos necessários para cobrir despesas com segundo as necessidades reais do projeto. Assim na coluna
vendas e propaganda, despesas administrativas, despesas denominada de “investimento em capital de giro” fica
com projetos e aquisição de terrenos, aluguéis de explicitado que o aporte de R$ 52 mil no primeiro e R$ 49 mil
equipamentos e de imóveis, custos com insumos de produção, no segundo período, cuja soma monta a R$ 101 mil, atendem à
etc.. E, uma avaliação das prováveis entradas de caixa. demanda exigida.

Somando-se os totais das entradas e saídas de caixa, A comprovação da assertiva acima é mostrada na linha
obtém-se o fluxo de caixa do projeto singular. Define-se como do fluxo de caixa ajustado, determinado pela soma das duas
fluxo de caixa singular aquele que não recebe a influência de colunas que o precedem. Ajustado o fluxo de caixa, constata-
outras contas ou de outros projetos da empresa. se que nos três primeiros períodos, devido o aporte de capital,
o fluxo de caixa é zero, passando a ser positivo e crescente
O nível de capital de giro demandado em cada período é nos períodos subsequentes.
função do somatório acumulado dos fluxos de caixa como
mostrado no item 4 da Figura 13.4. No período em que ocorrer
o maior valor negativo estará determinado o aporte de fluxo de
caixa máximo necessário ao projeto. No caso, R$ 101 mil no
período 2.

240
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
A abordagem mostra que, mantidas as condições em que
13.4.3.2 – Caso de carteira de obras foi realizado o planejamento, é possível constatar a passagem por
fases em que as despesas superam as receitas, como o previsto
Neste caso é apresentada uma abordagem para avaliar o para o sétimo e nono períodos. Nestes períodos a empresa
comportamento de caixa da empresa como um todo. Ela dispõe passara por descapitalização na ordem de 40 mil e 69 mil reais.
de uma carteira com quatro obras e analisa as exigibilidades de
capital de giro frente à assunção de novo empreendimento, a Adotada uma política de manter capitalizada a empresa, o
Obra-4, esta analisada acima. fluxo de caixa acumulado previsto até o sexto período atende as
exigibilidade previstas. Assim, poderá ser evitada a captação de
No momento de realização da análise, a empresa já dispõe de novos recursos externos visando cobrir o déficit previsto.
duas obras em andamento, a Obra-1 e a Obra-2. E, a Obra-3,
contratada e prevista para ser iniciada no período 2. O horizonte Como regra geral, o montante total de capital de giro a ser
de planejamento da carteira é de dez períodos como mostrado na investido para atender a dado nível de produção é aquele
Figura 13.6. equivalente ao exigido no período imediatamente anterior à
redução do valor acumulado como se não houvesse este
Neste caso, a necessidade de capital de giro é de 143 mil investimento. Ver a linha "acumulado sem investimento", colunas
reais, montante este podendo ser aportado em duas etapas, referentes aos períodos 1, 2 e 3.
referentes ao 1º e 2º períodos do planejamento, respectivamente,
116 mil e 27 mil reais.
A partir do período em que passa a ocorrer geração própria de
No terceiro período, a necessidade de capital de giro caixa, ainda que em quantidade insuficiente para cobrir o passivo
começa a se reduzir em função do faturamento previsto ficando, realizado, fica evidente que a empresa tem condições de cumprir
assim, estabelecido o nível máximo recomendável para que a com seus compromissos e atingir os objetivos definidos sem
empresa garanta o seu desempenho. novos aportes de capital.

241
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Fluxo de Caixa da Empresa - Consolidado Valores em R$ mil


Períodos
Faturamento
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Obra “1” 170 165

Obra ”2” 146 156 160 160 165 165


Entradas de Caixa
Obra ”3” 280 331 350 320 220 150 120

Obra ”4” 488 441 400 550 585 485 400

Soma das Entradas 316 601 491 998 926 785 700 705 485 400

Despesas e Custos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Despesas administrativas 108 108 108 88 88 88 88 70 70 70

Despesas de vendas 10 10 12 12 12 12 12 14 14 14
Saídas Custos obra “1” 142 179 50
De
Caixa Custos obra ”2” 97 76 81 80 82 40 40

Custos obra ”3” 75 255 230 180 150 100 80 50 50

Custos obra ”4” 540 490 400 520 520 420 320

Soma das Saídas 432 628 481 900 822 640 740 654 554 404

Saldo = Entradas - Saídas -116 -27 10 98 104 145 -40 51 -69 -4


Acumulado sem investimento -116 -143 -133 -35 69 214 174 225 156 152
Invest. em capital de giro 116 27
Fluxo Com Capital de Giro 0 0 10 98 104 145 -40 51 -69 -4
Fluxo de Caixa Acumulado 0 0 10 108 212 357 317 368 299 295
Figura 13.6 - Modelo de Fluxo de caixa para uma empresa.

242
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

VP (i)  F0   Fn (1  i)n
k

13.4.4 – Fluxo de caixa descontado n1

O modelo abaixo apresenta a abordagem geral a ser Para a definição do capital de giro de uma empresa de
utilizada no cálculo de fluxo de caixa descontado, onde uma engenharia, em especial aquelas que atuam no ramo de
das variáveis importantes é o capital de giro. construção civil, o processo mais interessante é aquele
apresentado no item 13.4.3.2, já que este é de mais expedita
O método é recomendado para ser utilizado em análise utilização em análise de projetos específicos.
de viabilidade de projetos de investimento e permite definir o
fluxo de caixa a ser realizado em cada período de tempo da
vida do mesmo.
13.4.5 – Balanço Projetado.
Fn = (1 - ) (Receitas – Despesas) +  Deduções - Investimento +
Valor Residual
Este é o caso mais complexo. A empresa elabora balanços
possíveis de ocorrer em exercícios futuros, visando definir metas
Sendo que a variável investimento corresponde ao somatório
gerenciais estratégicas. Ver Figura 13.7.
das aplicações em ativos imobilizados, estoques e capital de
giro.
Para tanto, a empresa visa manter a lucratividade futura a partir
de estudos de demanda, preços, custos e despesas a serem
Em que:
incorridos.
Fn = Fluxo de Caixa para o período “n”;
i = Taxa de mínima atratividade ou de desconto da Também denominada de gestão a futuro, são estudados
empresa; produtos a serem lançados, expansão de novas unidades e a
n = Número de períodos ou duração de um projeto; definição de tecnologias a serem adotadas visando manter a
Deduções = Deduções fiscais, aí considerada a depreciação competitividade da empresa e as lucratividades desejadas.
legal o que permite deduzir valores do montante do
imposto de renda a ser recolhido aos cofres Com os balanços projetados, será possível definir,
públicos, melhorando o nível final do fluxo de caixa antecipadamente, a demanda de capital de giro em cada exercício
para o período;

futuro e a estratégia a ser realizada para o seu suprimento.
= Somatório das alíquotas dos tributos incidentes
sobre o lucro;
VP(i) = Valor Presente ou Atual do Fluxo de Caixa
descontado à taxa i%.
243
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Este tipo de indústria costuma remunerar seus
investimentos a uma taxa real de 14,0286 % a.a. e José pensa
explorar o negócio por 5 anos.
Sua dúvida, porém, é se realiza o empreendimento no
citado terreno, já que o avô lhe informou que a terra naquela
região vem valorizando, em média, vinte por cento ao ano, ou
no Distrito Industrial cujas condições de pagamento estão
abaixo.
Considerando que o empreendimento em questão,
geralmente, terá como clientes pequenas firmas comerciais,
José da Silva possivelmente terá que financiar as vendas de do
produto por um prazo que varia de 60 a 90 dias.
Por outro lado, a C.N. B. A., fornecedora de alumínio e
baquelita, remete seus títulos, via banco, que costumam ser
cobrados 45 dias após a entrega das mercadorias.
O investimento em questão apresenta as seguintes
características:

i) Vendas ....................................................... R$ 24 milhões/ano


Figura 13.7 – Balanço ii) Investimento Inicial.
Projetado  Prédio................................................ R$ 5.000.000,00
 Terreno.......................................... R$ 3.000.000,00
13.5 – Exercícios.  Máquinas e Equipamentos............ R$
12.000.000,00
13.5.1 – Exercício Resolvido. iii) Custos Operacionais:
 Estoques .............................................. R$ 350.000,00
 Matéria Prima ................................ R$ 700.000,00/mês

José da Silva estuda a implantação de uma fábrica de
implementos de hardware num terreno que recebeu por Mão de Obra Direta ....................... R$ 500.000,00/mês
herança.  Mão de Obra Indireta ..................... R$ 200.000,00/mês
 Energia ........................................ R$ 120.000,00/mês
244
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 Diversos ......................................R$ 100.000,00/mês a) Investimentos em Capital de Giro: ICG = IE + ICR - ICP
iv) Terreno no Distrito Industrial: I. Estoques =
 2 pagamentos anuais e consecutivos deR$ 1.250.000,00
350.000,00
I Contas a Receber = 24.000.000 x ( 90  60 )
 1 pagamento ao final do terceiro ano deR$ 1.500.000,00
=
6.000.000,00
I. Contas a Pagar = - 700.00 x (45  30) =
v) Imposto sobra a (1.050.000,00)
Renda....................................................30% Investimento em Capital de Giro ................... =
vi) Depreciação: 5.300.000,00

 Prédio........................................................................2
5 anos b) Investimento Total
 Equipamento...............................................................
Prédio .............................................. 5.000.000
5 anos
Terreno ............................................ 3.000.000
Máquina/equipamento ................... 12.000.000
A seguir é apresentada a montagem do diagrama de Fluxo de I.C.Giro…………..……………………3.650.0000
Caixa para uma das alternativas: I. Total ...................................... R$ 23.650.000
c) Receitas ................................... R$ 2.000.000/mês
R$

Receitas Líquidas = 2.000.000,00 x 0,70 =


1.400.000,00/mês
Deduções: 730.000/ano
d) Despesas
Faturamento: 3.092.000/ano Matéria Prima ................................ 700.000,00
Mão de Obra Direta ....................... 500.000,00
ano
Mão de Obra Indireta ..................... 200.000,00
1 2 3 4 5 Energia .......................................... 120.000,00
23.650.000 Diversos......................................... 100.000,00
Total Despesas ........................... 1.620.000,00
Imposto Renda ( 30 % ) ................. 486.000,00
Total ..................................... R$ 1.134.000,00

245
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
e) Depreciação do Prédio
Depreciação do Prédio = 5.000.000  25 =
13.5.2.2 – Fluxo de caixa para construção.
200.000,00/ano
Valor a Depreciar = 5.000.000,00 – 4.500.000,00 =
Montar o fluxo de caixa relativo à execução de um edifício
500.000,00
residencial onde se dispõe das seguintes informações:
Valor Residual após 5 anos = 4.500.000,00
Depreciação com Imposto Renda = 0,3  100.000 =
a) Prédio em estrutura de concreto armado, composto
30.000,00
de dez pavimentos tipo, com dois apartamentos de
f) Depreciação do Equipamento igual área por pavimento, térreo, piso de garagem,
Dep. Equipamentos = 12.000.000  5 = 2.400.000,00
torre composta de caixa d’água e casa de máquinas
do elevador.
/ano
Dep. Equipamentos c/ IR = 2.400.000  0,3 =
b) Tempo previsto de construção, 18 meses.
720.000,00
g) Valorização do Terreno
3.000.000 (1,2)5  3.000.000  2,5 = R$ 7.500.000,00
h) Receitas – Despesas = Lucro Operacional
1.400.000 - 1.134.000 = R$ 266.000,00 /mês ou, R$
3.092.000/ano

Finalizando, de a sua avaliação ao caso: é interessante


ou não efetuar o projeto no Distrito Industrial?

13.5.2 – Exercícios Propostos.

13.5.2.1 – Níveis de Capital de Giro

Seja definir os níveis de capital de giro bruto, próprio e


líquido, dado o balanço das Figuras 5.9; 5.10 e 5.11.
246
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Áreas dos pavimentos: - Térreo e Piso Garagem = 600 m2


- Pavimento Tipo = 670 m2
- Torre = 55 m2
Custos dos Pavimentos: - Térreo e Piso Garagem = 0,85 CUB
- Pavimento Tipo = 1,5 CUB
- Torre = 0,6 CUB
Custo do Terreno: - Equivalente ao custo de 2,5 Pavimentos Tipo.
- A empresa adquiriu o terreno onde será realizada a edificação em exercício anterior.
Despesas de Engenharia: - Projetos sobre o custo direto 5,00 %
- Gerenciamento sobre o custo direto 12,00 %
Custo de Produção: - Instalação das Obras - Canteiro 3,30 %
- Fundações e movimento de terra 4,20 %
- Estrutura 21,00 %
- Esquadrias 16,50 %
- Equipamentos Elétricos 8,50 %
- Equipamentos Mecânicos 6,00 %
- Revestimentos 12,50 %
- Equipamentos Hidro Sanitários 10,00 %
- Alvenarias e Escadas 7,00 %
- Pavimentos: Pisos, Escadas, etc.. 6,50 %
- Cobertura 1,00 %
- Ajardinamento e limpeza final. 3,50 %
Despesas com propaganda e vendas: Corretagem e propaganda calculadas sobre o valor de venda. 8,00 %
Preço de venda do imóvel: Equivalente ao valor de mercado de apartamentos de padrão alto.
Previsão de vendas: - Em planta, até a conclusão da estrutura. 30 %
- Durante a fase de Acabamento. 40 %
- Com a obra pronta. 30 %
Lucro: Percentagem de lucro fixada pelos controladores da empresa para a
15 %
remuneração de seus investimentos.

247
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

248
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
no estabelecimento de uma taxa de desconto, ou TMA, superior
às duas citadas.
14 - Custo de Capital.
No campo financeiro, o conceito “custo de capital” pode
ser utilizado sob diversos contextos, todos no sentido de
rentabilidade, bem como receber denominações diversas, a
14.1 – Conceitos.
saber:
O conceito de custo de capital, basicamente, se refere
e) Custo de Capital, Taxa de Desconto, Custo de
ao retorno esperado por uma pessoa física, firmas individuais,
Oportunidade ou Taxa de Mínima Atratividade que
sociedades limitadas e anônimas pela aplicação de seus
expressam o retorno desejado na aplicação de algum
capitais. E, também, o quanto uma pessoa, física ou jurídica,
capital, seja em investimento produtivo ou aplicação
paga pela utilização do capital de terceiros.
financeira.
Este capítulo discute o custo de capital sob a ótica da
f) Custo ou Taxa de Oportunidade que corresponde à taxa de
empresa, ou seja, quanto ela paga para a utilização dos
rentabilidade ou retorno que se obtém ao se comparar a
capitais lhes disponibilizados.
rentabilidade de uma alternativa de projeto com a
rentabilidade da melhor alternativa já disponível, na mesma
Ao ser utilizado o conceito “custo de capital”, é
classe de risco.
importante entender o contexto em que está sendo empregado.
g) Custo de Capital é o preço que a empresa paga pela
Tanto pode ser o custo a ser pago pela utilização de um
utilização dos fundos obtidos junto às suas fontes de
capital como a taxa de desconto adotada na análise dos seus
capital.
projetos.
h) Custo de Capital é a taxa de retorno que uma empresa
Há que se evitar a utilização do custo de capital
necessita obter sobre seus investimentos de forma a
empregado dentro de um contexto e aplica-lo em outro
manter inalterado o valor de mercado da empresa.
contexto. Como exemplo, seja o custo ou remuneração de um
capital destinado ao financiamento de determinado projeto e o
utilizar, também, como taxa de desconto deste mesmo projeto.
14.2 – Fontes de Capital.
Este é um erro a ser evitado, pois, a empresa além de
As fontes de capital de uma empresa podem ter custos
remunerar o capital dos acionistas, deverá renumerar o
diferentes, conforme a origem dos capitais a serem utilizados, e
financiamento contratado, fato que necessariamente decorrerá

249
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
podem ser classificadas em dois principais grupos: Capital Para a gestão financeira, determinar o custo de capital
Próprio e Capital de Terceiros. que a empresa paga por cada um deles e o conhecimento do
custo total dos capitais mobilizados é de importância
Como exemplo de capital próprio tem-se o caixa, fundamental, pois permite definir qual sua própria taxa de
estoques e os investimentos de curto prazo. As formas desconto.
comumente utilizadas em sua realização são:

 O capital integralizado pelo proprietário de uma firma Próprio CAIXA


individual ou pelos sócios de uma sociedade em cotas de
capital limitada;

Ações
Sócios
As ações ordinárias das companhias de capital aberto;

Fontes de Ordinárias
A venda de ativos improdutivos ou de baixa rentabilidade; Capital

 A venda de estoques.
Ações
Preferenciais
Térceiros
Como exemplos de capitais de terceiros e que causam
custo para a empresa são aqueles expressos na Figura 14.1 – Debêntures
Fontes de Capital.
Descontos
O modo de avaliar cada custo de capital é função do tipo Empréstimos
Duplicatas
da razão social de cada empresa, a saber:
Financiamentos
Curto Prazo
- Empresa com Proprietário Único - o custo de capital é o
melhor custo de oportunidade que ele tem num mesmo Financiamentos
nível de risco quanto à aplicação de seus próprios ativos. Figura 14.1 - Fontes de Capital. Longo Prazo
No mínimo, ele aplica na própria empresa.

- Sociedade Limitada - é a mesma situação da anterior, em Para tanto, é utilizado o conceito de Custo Médio
que reflete o interesse do grupo. Ponderado de capital que pode ser calculado a partir das
fontes de capital utilizadas ou diretamente dos dados
- Sociedade de Capital Aberto - ver teoria do preço das apresentados no Balanço Patrimonial.
ações, item 14.4.
As técnicas a serem apresentadas para a obtenção do
Custo Médio Ponderado podem ser utilizadas tanto para

250
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
determinar o custo de capital ora em utilização, como a Neste caso, o CMP da empresa equivale ao somatório
previsão do custo de capital futuro. dos custos ponderados da cada capital disponível ou a
mobilizar. Matematicamente:
No caso da determinação do custo de capital futuro, a
técnica recomenda utilizar os balanços projetados para os k

próximos exercícios considerando a mobilização de novas CMPE = ∑ CPn


fontes de capital pela qual se tem condições de avaliar a n=1
rentabilidade futura.
E, o custo ponderado de cada capital singular participara
da formação do CMP da empresa segundo o percentual do seu
14.3 – Definição do Custo do Capital. montante no volume de capital mobilizado pela empresa:

14.3.1 – Introdução. VMn


CPn = Cn ∙ k
∑n=1 VM
O custo de capital da empresa ou custo médio
ponderado pode ser definido através dois procedimentos: Considerando o montante do valor de mercado
associado a cada tipo de capital disponível pela empresa, VM1,
i Da definição do CMP – Custo Médio Ponderado; VM2, ...,VMn e o custo de capital a ser pago a cada um desses
ii Ou, através do balanço patrimonial. títulos, respectivamente, C1, C2, ..., Cn , o Custo Médio
Ponderado é obtido utilizando a média ponderada dos custos
É interessante notar que a metodologia do CMP é mais associados a cada fonte de capital e o montante do capital
recomendada quando se deseja prever o custo de capital a ser utilizado. Então,
praticado ao se avaliar a adoção de novas fontes de capital.
C1 VM1 C2 VM2 C3 VM3 Cn VMn
A definição do custo de capital utilizando o balanço CMP= k + k + k +⋯+ k
permite avaliar se a lucratividade havida ou se a remuneração ∑n=1 ��� ∑n=1 VM ∑n=1 VM ∑n=1 VM
dos capitais em mobilizados vem correspondendo àquela pré-
definida. Nesta situação, o custo médio ponderado deve ser Como exemplo de aplicação, seja o quadro da Figura
igual à lucratividade. 14.2, caso em que uma empresa prevê a utilização de capital
proveniente de quatro fontes distintas. O CMP da empresa é
obtido somando os custos ponderados de cada fonte singular.
14.3.2 – Custo Médio Ponderado. Matematicamente:

CMPE = CP1 +CP2 +CP3 +CP4

251
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Neste caso, o Custo Médio Ponderado de Capital de um
exercício é definido como sendo a razão entre o lucro obtido no
Valor
% do
Custo do
Custo
exercício e o somatório dos capitais disponíveis em longo
Fontes de Capital Escriturado Capital em prazo. Matematicamente:
Valor Total Ponderado
Em R$ %
1 – Empréstimo de
Longo Prazo
15.000,00 30% 3,19 0,957% Lucro do Exercício
CMP =
2 – Empréstimos
5.000.000,00 10% 8,69 0.869% PL + ELP
De Curto Prazo
3 – Ações Analisando os itens do Passivo que contribuem para a
10.000.000,00 20% 5,16 1,032%
Preferenciais
4 – Ações formação do CMP:
20.000.000,00 40% 8,88 3,552%
Ordinárias
Totais 50.000.000,00 100% CMP 6,419% O Passivo Circulante não participa da formação do CMP,
Figura 14.2 – Calculo do Custo Médio Ponderado – CMP. pois integra o Capital de Giro, além de ser composto por
exigibilidades de curto prazo.
Exemplificando o calculo do custo ponderado associado às
fontes relacionadas, considera-se o caso da Fonte 1 - O Exigível de Longo Prazo participa com as contas
Empréstimo de Longo Prazo constante da Figura 14.2: relativas a investimentos e dívidas de longo prazo, pois esses
capitais são destinados à operação da empresa.
C1 VM1 , × .
CP = n = = , → , % Das contas contábeis integrantes do Patrimônio Líquido,
∑i=1 VM .
o capital integralizado participa da formação do CMP, pois
representa o capital exigível pelos acionistas.
Os calculo dos demais custos segue igual procedimento
e o CMP da empresa é dado pelo somatório dos custos
Porém, quanto às Reservas de Capital, há autores que
ponderados associados a cada fonte singular disponível.
não as consideram, pois argumentam que ninguém dispõe de
Então:
exigibilidades sobre elas. Eles entendem que essas reservas
CMP = 0,0957 + 0,0869 + 1,032 + 3,552 = 6,419 % reduzem o CMP, situação que ocorre em fase passageira
enquanto não lhes forem dado destino, representando uma
14.3.3 – A Partir do Balanço. situação atípica.

Outros, porém, consideram as reservas na formação do


O Custo Médio Ponderado de Capital obtido a partir de CMP, pois entendem que a firma utiliza estes valores nas suas
dados disponíveis no balanço patrimonial utiliza as informações operações.
apresentadas no DRE e no Passivo.

252
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
O autor é favorável a essa segunda posição, pois, na Considerando como iF o custo de capital praticado por
realidade, representa um recurso em utilização. Mesmo que uma firma, ou CMP, e iNE o custo de utilização de um novo
não tenham sido pagos em determinado período, esse tipo de capital de empréstimo, a condição para ser tomado esse
recurso foi utilizado a custo extremamente favorável. E, o custo empréstimo é: iNE < iF.
a ela atribuído deva ser igual ao estabelecido para o capital dos
acionistas, mesmo porque, parte dessas reservas serão
Condição de Captação de Novo Empréstimo: iNE < iF
destinadas aos acionistas e é lógico que eles desejem a elas
uma mesma remuneração efetuada ao seu próprio capital.
O exemplo da Figura 14.2 mostra o caso em que a
O CMP pode ser empregado como taxa de desconto, “i”, empresa vem praticando um custo de capital igual a CMP-1 e,
a ser adotada nos estudos de viabilidade da empresa já que ao tomar um capital de empréstimo passa a ter um CMP-2 em
pode ser entendido como sendo uma medida de competência, que CMP-2 > CMP-1. Ou seja, iNE > iF.
pois exprime o quanto dos recursos disponíveis pela
administração da empresa foi transformado em lucro. Nesta situação ocorre descapitalização, tornando os
valores presentes do projeto inferiores. Isto porque, o CMP se
Finalizando ao utilizar balanços projetados para reduz, passando de uma situação CMP-1 para CMP-2 o que
exercícios futuros, a empresa pode avaliar a evolução de seu decorre numa redução do valor presente do projeto.
custo de capital, o que a balizará na captação de novos
investimentos. Valor Valor
Presente y = f(x) = f(i) Presente

14.3.4 – Consistência Financeira do CMP.

Considerando que o objetivo da administração financeira


é maximizar a riqueza do proprietário, a utilização do Custo
Médio Ponderado de capital no julgamento de projetos é TIR TIR

consistente com este objetivo. VP-1


VP-2

i i
Sendo assim, a empresa só deverá utilizar capital de
terceiros cujo custo seja inferior ao custo de capital da firma. iF = CMP-1 iNE = CMP-2
Adotando este procedimento, garantirá a realização de valores
presentes maiores, em outras palavras, o aumento da riqueza Figura 14.2 – Valor Presente x CMP
da empresa.

253
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Analisando o gráfico da Figura 14.2, fica explicito que ao Ocorrendo distribuição de lucros o acionista preferencial
aumentar o valor do CMP devido a emprestimo, iNE, o valor poderá receber os dividendos em proporção maior do que os
presente dos fluxos de caixa vindouros passa a ser inferior ao portadores de ações ordinárias ou, ter o direito de receber um
atual reduzindo o ganho de riqueza da empresa e, em dividendo mínimo contratual, independentemente do resultado
consequencia, a dos sócios. apresentado pela empresa a cada exercício. Esse
procedimento é definido no contrato de vendas dessas ações
Dado o comentário anterior, a utilização do Custo Médio estabelecido quando de sua emissão pela empresa
Ponderado como parâmetro de decisão para a captação de interessada.
novos recursos e a comparação dos custos deles decorrentes
com o daqueles em utilização, é compatível com o método do O preço das ações reflete a perspectiva dos ganhos
valor presente e um referencial para as operações financeiras futuros deste tipo de aplicação. Esta perspectiva é função do
da empresa. preço de mercado da ação de empresa, da política de
dividendos praticada por cada empresa e das oportunidades
disponíveis para os investidores.
14.4 - Teoria do Preço das Ações.
Assim, quanto mais procurada for uma ação, maior será
14.4.1 – Introdução. o seu preço e, consequentemente, menor o custo desta fonte
de recursos para a empresa. Para o investidor, uma maior
procura decorre em aumento do custo de capital para a sua
As fontes deste tipo de capital são as ações subscritas e aquisição.
integralizadas e os lucros retidos.
Os modelos utilizados para a determinação do preço das
No Brasil, a legislação permite a emissão de dois tipos ações é função do comportamento da empresa quanto à
de ação. As ações ordinárias e as ações preferenciais. Os política de dividendos.
modelos de cálculo para o custo de ações ordinárias são
apresentados nos itens 14.4.2; 14.4.3 e 14.4.4. No caso de No caso da empresa apresentar uma política de
ações preferenciais, o modelo respectivo é apresentado no distribuição de dividendos constantes, o custo da respectiva
item 14.4.5. ação é efetuado conforme o modelo apresentado no item
14.4.2. No caso da política de dividendos apresentar
As ações ordinárias representam o capital que controla a crescimento, os modelos utilizados são aqueles comentados
empresa. Os portadores de ações preferenciais participam, nos itens 14.4.3 e 14.4.4.
apenas, dos lucros distribuídos, isto é, de dividendos, não
tendo direito a vez ou voz na gestão das empresas. Os modelos a seguir são destinados à definição do custo
de capital de ações cujas empresas procedem politica de

254
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
dividendos definida. Fora deste contexto, o mercado acionário Finalizando, ao praticar uma política de dividendos
é meramente especulativo, sujeito aos humores daqueles que constantes, uma empresa pode estar sinalizando que: i)
dele subsistem ou o controlam. utilizara percentual constante dos lucros para ser reaplicada e
um percentual para ser distribuído; ii) não pretende investir em
seu crescimento e prevê permanecer no tamanho em que se
14.4.2 - Dividendos Constantes.
encontra.

Do ponto de vista do investidor, o custo de capital de


uma empresa que pratica a política de distribuição de
dividendos iguais, ou constantes, pode ser determinado 14.4.3 - Modelo De Gordon.
utilizando o método do Valor Presente. O fluxo de caixa inicial
será equivalente ao preço a ser pago pela ação e os demais O modelo de Gordon considera o valor de uma ação
fluxos, os dividendos a serem recebidos. sendo influenciado pela política de distribuição de dividendos
praticada. E, que a empresa reinveste parte de seus lucros
Utilizando como nomenclatura: k = custo de capital, de visando o crescimento de suas operações.
oportunidade ou taxa de retorno desejado pelo acionista; D =
dividendo pago por ação; e, P = o preço de mercado da ação e Para tanto, ao crescer o lucro da empresa a uma taxa
que varia conforme a procura desse título. “r”, uma parte desses lucros, “b”, será retida e destinada a
novos investimentos. E, esses novos investimentos, propiciarão
n maiores lucros futuros, situação que aumenta a atratividade
Dn
P= ∑ n das ações da empresa e, consequentemente, o seu valor no
t=1
(1+k) mercado.

Como a ação não tem prazo de vencimento e os Utilizando como nomenclatura: Kc = custo de capital ou
dividendos são iguais, fica caracterizada uma série de taxa de retorno propiciado por uma ação; D1 = dividendo
pagamentos constantes. Além disso, essa série pode ser esperado para o próximo período; P o = preço de mercado da
considerada uma perpetuidade, pois a empresa pagara, ação; b = taxa de retenção do lucro reaplicados, expressa em
indefinidamente, dividendos iguais e constantes. Então, o custo porcentagem; r = taxa de crescimento anual dos lucros , dos
de capital pode ser calculado utilizando a seguinte expressão: dividendos e das reinversões, também expressa em
porcentagem, o custo de capital é dado pelo seguinte modelo:
D
k= D1
P kc = +b× r
P0

255
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Quando a empresa reinveste parte de seus lucros  Mercados de capitais em regime de concorrência perfeita,
visando gerar novos lucros futuros, os ganhos de capital deles em que todos os investidores são racionais. Isto quer dizer
decorrentes podem corresponder, para o investidor, em que todos os interessados têm igual acesso às informações
bonificações em novas ações, o que aumenta a previsão de
disponíveis, sem qualquer custo; as transações são
ganhos futuros. Deste modo, o capital expresso pelos lucros
retidos, propiciará um aumento percentual “b” na taxa de instantâneas e sem custos; e, nenhum investidor é
crescimento dos dividendos. suficientemente importante para afetar o preço de mercado
de um título.
Assim, o ganho de capital que, futuramente,  Inexistência de custos de lançamento, nas emissões da
corresponderá ao investidor em bonificação em novas ações, é empresa.

expresso por: g = br.
Inexistência de impostos.
 Uma política constante de investimentos.

Substituindo g na expressão do custo de capital, tem-se
o modelo: Certeza absoluta, da parte do investidor, em relação aos
investimentos e lucros futuros da empresa.
D1
kc = +g
P0 Adotando como nomenclatura: Po = Preço de Mercado da
Ação no momento de sua aquisição; ρ = taxa de capitalização
Comparando o modelo acima com o apresentado no para a firma dessa classe de risco. Essa taxa é suposta
item 14.4.2, referente ao caso de dividendo constante, constante; D1 = Dividendos por Ação no momento um, ou o
depreende-se: o primeiro termo da soma, D1/P0 diz respeito ao próximo dividendo esperado; P1 = Preço de Mercado da Ação,
custo de capital relativo a uma perpetuidade; o segundo termo, no momento um, ou o próximo dividendo esperado. Assim, o
g, ao ganho de capital relativo à bonificação em novas ações, o modelo de calculo do preço de uma ação proposto por
que aumenta o capital do investidor. Modigliani-Muller é dado por:

1
P0 = × (D1 + P1 )
14.4.4 - Modelo de Modigliani – Miller. 1+ρ

Comentando os pressupostos do modelo acima,


O modelo de Modigliani-Miller considera que a política verificam-se algumas impossibilidades reais: a) mercado em
de dividendos não influencia a formação do preço da ação. concorrência perfeita, uma abstração acadêmica; b) muito
difícil, senão impossível, todos os interessados disporem de
Suas hipóteses básicas são: igual acesso a informações da empresa e as idiossincrasias do
mercado; c) haver racionalidade de todos os investidores, fato
256
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
que não permitiria ocorrer o chamado efeito manada; d) a serem distribuídos. Além disso, propicia uma excelente
manutenção de uma política constante de investimentos; e) alavancagem para a empresa.
uma certeza quanto aos futuros lucros da empresa.
A principal desvantagem é que, sendo um título de menor
Do acima exposto, se conclui que o modelo pode ser exigibilidade, o retorno a ser exigido pelos interessados é
aplicado a menores horizontes quanto ao tempo de maior, podendo mesmo ultrapassar aquele propiciado pelo
manutenção da ação em carteira. capital de empréstimo ou pelas debêntures. Em consequência,
como o valor dos dividendos para essas ações deve ser
privilegiado, reduz aquele destinado aos acionistas ordinários.
14.4.5 – Preço das Ações Preferenciais.
Adotando como nomenclatura: Kp = custo de capital; d =
dividendos fixos por período; F = valor nominal da ação
As principais características das ações preferenciais são: preferencial; PP = preço de mercado da ação preferencial, o
modelo para o calculo do custo das ações preferenciais é dado
i. O pagamento dos dividendos para essas ações não por:
pode sofrer abatimento para o cálculo do Imposto de
Renda a pagar pela empresa; F × d
ii. Não possuem prazo de vencimento como os demais kP =
PP
tipos de capitais de terceiros;
iii. Não participam das decisões da empresa;
iv. Os dividendos são fixos e pagos preferencialmente
antes dos destinados aos portadores de ações 14.4.6. - Custo dos Lucros Retidos.
ordinárias.
v. Não havendo lucro não há distribuição de dividendos. O custo retido deve ser observado sob a ótica do
acionista e sob a da empresa.
O interesse da emissão nesse tipo de ação para o grupo
controlador da empresa é possibilitar um aporte de capital a Sob a ótica do investidor, o lucro retido apresenta um
baixo custo sem que o acionista portador dessas ações tenha custo de oportunidade, pois, até ser transferido para a conta
direito a voto nas assembleias. Portanto, eles mantêm o Capital Social ou ser distribuído, não lhe propicia remuneração
controle acionário da empresa dispondo de capital necessário à alguma.
realização de novos projetos.
Para a empresa, a utilização de Lucros Retidos não
Para a empresa, é um título de dívida de baixíssima apresenta qualquer custo. Isto somente ocorrerá ao ser
exigibilidade e que só será remunerado havendo dividendos a

257
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
incorporado à conta Capital Social, podendo esta ser
representada por cotas de capital ou ações.
No final do período, e juntamente com a última prestação,
será devolvida a importância paga, ou seja, o valor de face, M.
14.5 - Debêntures. Desta forma, o Valor Presente de uma debênture, VP(D), é
dado pela expressão:
Debênture é um título de dívida resgatável em longo prazo
cujos juros são pagos periodicamente, geralmente semestral ou I I I I+M
VP D = + + + ⋯+
anualmente, conforme o contrato de venda. +i +i +i +i

O preço a ser pago por esse título corresponde ao valor de Finalizando, ressalta-se que, sob a ótica da empresa, o
face do mesmo, sendo os juros serão calculados sobre esse custo de capital equivale à taxa de juros pagos - j. Por outro
valor. lado, sob o ponto de vista do comprador, o custo de capital é
equivalente ao seu custo de oportunidade, i.
A decisão sobre a escolha de uma debênture pode ser
efetuada através do método do Valor Presente Líquido, em que
o preço a ser pago será equivalente à série de pagamentos 14.6 – Exercícios.
pactuada.

Utilizando como nomenclatura: VP (D) = valor atual a ser 14.6.1 - Ações Ordinárias.
pago pela debênture, equivalente ao Valor Presente do
mesmo; n = número de períodos que faltam para resgatar a As ações ordinárias da J. Silva S.A. são cotadas em
debênture; I = montante dos juros a serem pagos a cada bolsa a 120 reais e o seu valor nominal é de R$ 40,00.
período pactuado; M = valor de face da debênture e sobre o Considerando que distribui 15% a.a. de dividendo e que, dado
qual é pago o montante “I” de juros; j = a taxa de juros paga o crescimento normal de mercado, vem bonificando, em média,
pelo emitente da debênture e; i = custo de oportunidade do 35% a.a., qual o custo de capital desta ação?
comprador.

O montante de juros “I” a ser pago, periodicamente, pelo 14.6.2 - Expansão de Capital.
emitente da debênture equivale à aplicação da taxa de juros
pactuada, “j”, aplicada sobre o valor de face do título, M. A empresa MSB Corporation dispõe, atualmente, da
Matematicamente: seguinte estrutura de capital:

I=Mj  R$ 400 mil em debêntures a 9%;

258
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
 Quatro mil ações preferenciais de R$ 100,00 a 8%;
 Cinco mil ações ordinárias de R$ 185,00 a 7%; 14.6.3 - Comparação de Dividendos.
 R$ 500 mil em empréstimo de curto prazo a 12%.
A Transversa S/A deve pagar dividendos de R$ 7,50 por
ação no próximo ano. Espera-se que os dividendos que
O Gerente da MSB Corporation está estudando proposta representam uma distribuição fixa dos lucros cresçam a uma
do banco Squire Bank Inc. para financiar parte de um projeto taxa anual de 9%.
de expansão, Figura 14.3, que apresenta as seguintes
características: Se você pudesse obter 12% sobre investimentos feitos
em outra empresa que produz os mesmos produtos da
 Empréstimo: R$ 420.000,00. Transversa, qual o máximo valor que pagaria pela ação da
 Prestações: Sistema SAC com juros de 10% a.a. empresa?
 Prazo de Pagamento: cinco anos sem carência.
R$
14.6.4 - Deságio de Debêntures.

Uma debênture com valor de face de R$ 100.000,00, é


ofertada com juros semestrais de 9,5%. Considerando que sua
data de vencimento está estipulada para daí a quatro anos,
250 mil 250mil determine o quanto você pagaria por ela. Defina a sua TMA.
ano
1 2 3 4 5

14.6.5 – Preservação do Custo de Capital.


Figura 14.3 – Fluxo de Caixa do Projeto
A empresa Só-no-barato Varejão Ltda. apresenta,
atualmente, uma composição dos seus custos de capital
Considerando que a MSC adota o regime fiscal do lucro real conforme o quadro abaixo.
e a soma das alíquotas dos Imposto de Renda e da CSLL
montam a 34,00%, qual será a decisão do Gerente? Os sócios do Varejão estudam ampliar a oferta de
mercadorias em sua rede de lojas. Para tanto, o gerente do
SEUBANCO S.A, lhes ofereceu um financiamento de capital de
giro ao custo de 16% ao ano.

259
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Considerando a necessidade de um empréstimo no


montante de 22 milhões, pergunta-se: 1. ATIVO 2012 2013
1.1. Circulante 5.495.270,00 4.759.270,00

1.1.1. Caixa & Bancos 420.000,00 180.000,00
Qual será o novo CMP do Varejão a ser utilizado na
1.1.2. Clientes 1.840.000,00 1.700.000,00
análise financeira de seus projetos considerando que 1.1.3. Aplicações Financeiras 680.000,00 300.000,00
os sócios desejam manter o próprio custo de 1.1.4. Provisão Devedores Duvidosos. 184.000,00 170.000,00
oportunidade em 14% ao ano.

1.1.5. Estoques de Produtos Acabados 1.192.000,00 1.002.000,00
O atual custo de capital da empresa. 1.1.6. Estoques de Insumos 942.000,00 870.000,00
1.1.7. Imóveis para Revenda 237.270,00 537.270,00

1.2. Não Circulante 3.645.000,00 4.950.100,00


Composição do CMP da empresa Só-no-barato Varejão Ltda. 1.2.1 - Realizável em Longo Prazo 2.395.000,00 2.560.100,00
Custo 1.2.1.1 - Clientes 2.095.000,00 2.480.000,00
Valor em $ % do Custo do
Fontes De Capital Ponder
Escriturado Valor Total Capital em % 1.2.1.2 – Contratos Futuros 300.000,00 80.100,00
ado
1.2.2 - Ativo Permanente 1.130.000,00 1.950.000,00
Empréstimos de
15.000.000 30% 7,00 1.2.2.1 Imobilizado 300.000,00 920.000,00
Longo Prazo
1.2.2.2 Equipamentos 830.000,00 1.030.000,00
Empréstimos de Curto
5.000.000 10% 8,69 1.2.3 - Investimentos 80.000,00 320.000,00
Prazo
Patrimônio Líquido da 1.2.3.1 - FPF-Ltda. Pré Fabricados. 80.000,00 80.000,00
30.000.000 60% 14,00 1.2.3.2 - Incorporadora PIN Ltda. 0,00 240.000,00
Varejão
Totais 50.000.000 100% - 1.2.4 - Intangível 40.000,00 120.000,00
TOTAL DO ATIVO 9.140.270,00 9.709.370,00

14.6.6 – CMP e TMA de Construtora.

Solicita-se calcular:

a) A taxa de desconto de uma empresa construtora cujo


balanço é apresentado abaixo, para os dois exercícios
considerados.

b) A partir dos balanços apresentados, calcular a


evolução do custo médio ponderado de capital em
cada exercício.
260
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

O Grupo Ultra Pixel S/A pretende lançar um novo


2. PASSIVO 2012 2013 empreendimento visando à produção de efusivos marítimos.
2.1 Passivo Circulante. 3.807.270,00 4.980.176,00
2.1.1. Bancos 1.246.638,00 2.223.121,00
O Grupo dispõe em caixa de 55 milhões de reais e,
2.1.2. Fornecedores 1.490.000,00 1.495.194,00
2.1.3. Obrigações Fiscais 550.162,00 685.000,00
tradicionalmente, remunera seus investimentos à taxa de 18%
2.1.4. Obrigações Trabalhistas 489.321,00 510.195,00 ao ano.
2.1.5. Outras 31.149,00 66.666,00
Os ativos necessários à operação da nova fábrica estão
2.2. Não Circulante 580.000,00 330.000,00 orçados em R$ 240 milhões, ai considerados os ativos
2.2.1 - Financiamentos 280.000,00 250.000,00 imobilizados, equipamentos e capital de giro.
2.2.2 – Contratos Futuros 300.000,00 80.000,00

2.3. Patrimônio Líquido 4.753.000,00 4.399.192,00 O quadro abaixo mostra a composição do capital a ser
2.3.1. Capital Social 2.500.000,00 3.400.000,00 mobilizado, já que a UPSA não dispõe do capital integral ao
2.3.2. Reserva de Lucros 328.320,00 520.000,00 novo empreendimento.
2.3.3. Lucros Acumulados 1.924.680,00 479.192,00
TOTAL DO PASSIVO 9.140.270,00 9.709.370,00 Valores
% do Custo do
Em R$ Custo
Fontes de Capital Valor Capital
Milhões Ponderado
3 - Demonstrativo de Resultado do Exercício – R$ Total Em % ao ano
Item 2012 2013
1 - Capital Próprio - ações
3.1. Receita Operacional 12.500.000,00 10.700.000,00 55 10,50
3.2. Deduções 962.500,00 823.900,00 ordinárias
3.3. Receita Líquida 11.537.500,00 9.876.100,00 2 - Ações Preferenciais 55 12,50
3.4. Custos Produtos Vendidos 6.432.300,00 5.998.100,00 3 - Debentures 40 15,00
3.5. Lucro Operacional Bruto 5.105.200,00 3.878.000,00 4 – Empréstimos BRDE 70 17,00
3.6. Despesas Operacionais 2.002.900,00 2.300.400,00
3.7. Encargos Financeiros 940.500,00 1.328.900,00 5 - FLIP Invest. Bank Inc. 20 19,40
3.8. Lucro Operacional 2.161.800,00 248.700,00 Custo Médio Ponderado 240 100,00 CMP =
3.9. Receita Não Operacional. 242.800,00 336.900,00
3.10. LAIR 2.404.600,00 585.600,00 Dado o exposto pergunta-se: Qual a TMA ou CMP a ser
3.11. Provisões: IR+CSLL 479.920,00 106.408,00 adotado pela empresa, já que cada capital a ser mobilizado
3.12. LUCRO DO EXERCÍCIO 1.924.680,00 479.192,00
apresenta um custo diferente?

14.6.7 – Definição do CMP para Novo Projeto.

261
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
O conceito de lucro líquido (LL), no popular “lucro”, é um dos conceitos
14.7 - Artigo: Dividendos e Fluxo de Caixa. contábeis mais conhecidos. A fórmula pode ser simplificada como:
receitas – custos & despesas – impostos – despesas com juros = lucro
líquido. Para ilustrar:

A Miragem do Lucro.
 AUTOR: POR EDUARDO LUZIO
 DATA: 6 DE NOVEMBRO DE 2014
 FONTE:
HTTPS://EDUARDOLUZIO.WORDPRESS.COM/2014/11/06/A-
MIRAGEM-DO-LUCRO/

Não foi por acaso que colori o quadrado do lucro líquido de


cinza! O problema é que uma empresa que é lucrativa, não
necessariamente é saudável, tampouco sustentável. Pois, uma empresa
que gera lucro líquido não quer dizer que há “dinheiro sobrando”, em
particular para distribuir como dividendos (ou Juros sobre Capital Próprio
– JSCP) para os sócios. Uma empresa pode dar lucro e não ter
dinheiro! O pior é quando o empresário acha que por ter tido lucro, a
empresa pode lhe pagar dividendos.
Este não é um texto para falar mal do capitalismo! No penúltimo post,
Muita coisa acontece do lucro líquido até o “dinheiro sobrando”. Há
intitulado “Mais uma Vítima do Lucro Líquido“, relatei um caso de uma
investimentos em capital de giro (vide o post dedicado a este explosivo
empresa que, dentre outros fatores, pagou muitos dividendos aos seus
tema), investimentos em infra-estrutura, máquinas, equipamentos e
sócios nos anos de “vacas gordas” e não acumulou reservas de dinheiro
outros ativo fixos (também conhecidos em inglês como “capex” ou
para enfrentar os anos difíceis. É disso que quero aprofundar agora:
“capital expenditures“) e o pagamento de empréstimos (também
amiragem do Lucro Líquido.
conhecidos como “amortização do principal da dívida“). Quando
262
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
deduzimos estas outras parcelas do lucro líquido chegamos ao conceito últimas figuras rapidamente deduzirá como o lucro líquido pode ser
de fluxo livre de caixa (FLC), conhecido como “dinheiro sobrando”. muito maior do que o FLC (e frequentemente é).
Para ilustrar:
(3) Em inglês, o O FLC se chama de “free cash flow”. Se o FLC for
positivo, por exemplo R$ 100 mil, isso apenas quer dizer que sobrou R$
100 mil após pagar todos os compromissos da empresa naquele
determinado período. Isso não que dizer que o empresário e seus sócios
possam pagar a si mesmos dividendos de R$ 100 mil, pois no período
seguinte, esse dinheiro pode faltar para pagar os compromissos (dividas
e investimentos) futuros da empresa!

Ou seja, a vida é difícil mesmo: se a empresa tem lucro líquido positivo,


isso não quer dizer que a empresa possa pagar dividendos. Se a
empresa tem FLC positivo, isso também não quer dizer que a empresa
possa pagar dividendos. Dividendos só deveriam ser pagos após a
empresa analisar o futuro próximo (no mínimo 3 anos) e projetar todos
os componentes da última figura (receitas, custos & despesas, impostos,
despesas com juros, investimentos em capital de juros e ativos fixos,
amortização de dívidas). Só assim a empresa consegue ter uma
estimativa mais clara de quanto pode distribuir de dividendos. Não fazer
isso eqüivale a empurrar a “poeira para debaixo do tapete”. Só que um
dia, a tem tanta poeira que o empresário tropeça e cai.

Três características são muito importantes sobre o FLC:

(1) o FLC pode ser positivo (há dinheiro sobrando) ou negativo (há
dinheiro faltando)! E quando o FLC é negativo, os sócios da empresa
precisam estar preparados para abrir suas carteiras e “tampar o buraco”.

(2) Embora a base legal para uma empresa distribuir dividendos seja o
lucro líquido, a base financeira é o FLC. Se você comparar as duas

263
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila
Coisas horríveis podem acontecer a uma empresa se ela distribui
dividendos somente considerando seu lucro líquido. Ou pior ainda,
quando a empresa tem LL>0 e FLC<0 e se endivida para pagar os
dividendos. Se há uma coisa que pode comprometer muito a
sustentabilidade de uma empresa é o tal do FLC negativo.

264
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Índices de Inflação
 CUB
 INPC

265
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

CUB médio - SC

2010 2009

2008 2007

266
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

267
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Índice Nacional de Preço ao Consumidor


INPC (IBGE)
Valores referidos ao 1º dia de cada mês.
Índice Índice Índice Data Índice acumulado
Data Data Data
acumulado acumulado acumulado
01/1982 5.799,343848380
01/1979 - 01/1980 1.500,976070670 01/1981 2.997,280384790
02/1982 6.188,479820600
02/1979 - 02/1980 1.599,440100910 02/1981 3.183,411496690
03/1982 6.595,681792800
03/1979 - 03/1980 1.665,816865100 03/1981 3.376,007892240
04/1982 6.941,295518740
04/1979 1.000,000000000 04/1980 1.751,106688590 04/1981 3.556,624314470
05/1982 7.333,478715550
05/1979 1.034,500000000 05/1980 1.836,035362990 05/1981 3.789,227544640
06/1982 7.821,888398010
06/1979 1.052,707200000 06/1980 1.937,568118560 06/1981 3.998,013982350
07/1982 8.380,371229620
07/1979 1.084,288416000 07/1980 2.044,521878710 07/1981 4.200,713291250
08/1982 8.915,876951200
08/1979 1.142,406275100 08/1980 2.157,175034220 08/1981 4.461,157515310
09/1982 9.412,491297380
09/1979 1.208,551598430 09/1980 2.268,269548480 09/1981 4.734,180355250
10/1982 9.817,228423160
10/1979 1.288,436859080 10/1980 2.369,207543390 10/1981 4.984,145078000
11/1982 10.201,082054500
11/1979 1.353,631764150 11/1980 2.597,836071330 11/1981 5.214,412580610
12/1982 10.737,658970600
12/1979 1.436,203301760 12/1980 2.806,442307860 12/1981 5.487,126358570

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/1983 11.617,073240300 01/1984 32.290,729557400 01/1985 99.812,778124200 01/1986 338.383,161967000
02/1983 12.678,873734400 02/1984 35.322,829062800 02/1985 111.630,611054000 02/1986 389.174,474578000
03/1983 13.698,255182700 03/1984 38.763,272613500 03/1985 123.854,162965000 03/1986 437,665614110
04/1983 14.687,269206900 04/1984 42.573,702311400 04/1985 136.165,266763000 04/1986 451,583380640
05/1983 15.652,222793800 05/1984 46.626,718771500 05/1985 147.848,246652000 05/1986 453,525189180
06/1983 16.702,486943200 06/1984 50.687,905976500 06/1985 158.493,320410000 06/1986 458,423261220
07/1983 18.511,366279200 07/1984 55.736,421411700 07/1985 171.695,814001000 07/1986 462,869966850
08/1983 20.627,215444900 08/1984 60.814,009402300 08/1985 189.002,752052000 08/1986 467,082083550
09/1983 22.658,996166200 09/1984 66.025,770008100 09/1985 210.945,971565000 09/1986 473,761357350
10/1983 25.212,665034100 10/1984 73.354,630479000 10/1985 232.230,420096000 10/1986 479,399117500
11/1983 27.759,144202600 11/1984 81.049,531216300 11/1985 256.034,038156000 11/1986 486,254524880
12/1983 29.804,993130300 12/1984 89.421,947790900 12/1985 292.339,664766000 12/1986 502,252298750

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/1991 9.640,354676330 01/1992 55.442,752422000 01/1993 692.510,202695000 01/1994 17.929,858756500
02/1991 11.660,00898100 02/1992 69.813,513849700 02/1993 891.745,388011000 02/1994 25.338,476394600
03/1991 14.015,33079520 03/1992 86.903,862040200 03/1993 1.112.809,069700000 03/1994 35.618,296267900
04/1991 15.667,73829590 04/1992 105.692,477013000 04/1993 1.419.721,811120000 04/1994 50.962,658300200
05/1991 16.452,69198460 05/1992 127.718,789223000 05/1993 1.822.496,888940000 05/1994 72.805,253647600
06/1991 17.551,73180910 06/1992 159.009,892582000 06/1993 2.310.561,555790000 06/1994 103.914,938531000
07/1991 19.452,58436410 07/1992 192.163,455186000 07/1993 3.012.279,100290000 07/1994 56,015819960
08/1991 21.814,12810590 08/1992 234.593,146091000 08/1993 3.946,386849290 08/1994 60,357046000
09/1991 25.221,49491600 09/1992 287.095,092186000 09/1993 5.262,112224840 09/1994 61,473651350
10/1991 29.161,09242190 10/1992 355.940,495292000 10/1993 7.137,002810550 10/1994 62,334282470
11/1991 35.308,250704400 11/1992 448.734,182415000 11/1993 9.572,148169510 11/1994 64,092109240
12/1991 44.657,875490900 12/1992 551.449,436770000 12/1993 13.018,121510500 12/1994 65,989235670

268
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/1995 67,111052680 01/1996 81,862992890 01/1997 89,326483370 01/1998 93,203377490
02/1995 68,077451840 02/1996 83,058192580 02/1997 90,050027880 02/1998 93,995606190
03/1995 68,765034100 03/1996 83,647905750 03/1997 90,455253010 03/1998 94,503182470
04/1995 69,879027650 04/1996 83,890484680 04/1997 91,070348730 04/1998 94,966248060
05/1995 71,619015440 05/1996 84,670666190 05/1997 91,616770820 05/1998 95,393596180
06/1995 73,123014770 06/1996 85,754450710 06/1997 91,717549270 06/1998 96,080430070
07/1995 74,717096490 07/1996 86,894984910 07/1997 92,038560690 07/1998 96,224550720
08/1995 76,555137060 08/1996 87,937724730 08/1997 92,204230100 08/1998 95,955121970
09/1995 77,335999460 09/1996 88,377413350 09/1997 92,176568830 09/1998 95,484941880
10/1995 78,240830650 10/1996 88,395088830 10/1997 92,268745400 10/1998 95,188938560
11/1995 79,336202280 11/1996 88,730990170 11/1997 92,536324760 11/1998 95,293646390
12/1995 80,534178940 12/1996 89,032675540 12/1997 92,675129250 12/1998 95,122117820

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/1999 95,521630720 01/2000 103,574353360 01/2001 109,034802720 01/2002 119,329609340
02/1999 96,142521320 02/2000 104,206156910 02/2001 109,874370700 02/2002 120,606436170
03/1999 97,382759840 03/2000 104,258259990 03/2001 110,412755120 03/2002 120,980316120
04/1999 98,629259170 04/2000 104,393795730 04/2001 110,942736340 04/2002 121,730394080
05/1999 99,092816690 05/2000 104,487750150 05/2001 111,874655330 05/2002 122,558160760
06/1999 99,142363100 06/2000 104,435506270 06/2001 112,512340860 06/2002 122,668463100
07/1999 99,211762750 07/2000 104,748812790 07/2001 113,187414910 07/2002 123,416740730
08/1999 99,945929790 08/2000 106,204821290 08/2001 114,443795210 08/2002 124,836033240
09/1999 100,495632410 09/2000 107,489899620 09/2001 115,347901200 09/2002 125,909623130
10/1999 100,887565370 10/2000 107,952106190 10/2001 115,855431960 10/2002 126,954673000
11/1999 101,856086000 11/2000 108,124829560 11/2001 116,944473020 11/2002 128,947861370
12/1999 102,813533210 12/2000 108,438391570 12/2001 118,453056720 12/2002 133,319193870

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/2003 136,918812100 01/2004 151,136315410 01/2005 160,405832120 01/2006 168,502085340
02/2003 140,300706760 02/2004 152,390746830 02/2005 161,320145370 02/2006 169,142393260
03/2003 142,349097080 03/2004 152,985070740 03/2005 162,029954010 03/2006 169,531420770
04/2003 144,299279710 04/2004 153,857085650 04/2005 163,212772670 04/2006 169,989155600
05/2003 146,290609770 05/2004 154,487899700 05/2005 164,698008900 05/2006 170,193142590
06/2003 147,738886810 06/2004 155,105851300 06/2005 165,850894970 06/2006 170,414393670
07/2003 147,650243480 07/2004 155,881380550 07/2005 165,668458980 07/2006 170,295103600
08/2003 147,709303570 08/2004 157,019314630 08/2005 165,718159520 08/2006 170,482428210
09/2003 147,975180320 09/2004 157,804411200 09/2005 165,718159520 09/2006 170,448331730
10/2003 149,188576800 10/2004 158,072678700 10/2005 165,966736760 10/2006 170,721049060
11/2003 149,770412250 11/2004 158,341402260 11/2005 166,929343830 11/2006 171,455149570
12/2003 150,324562770 12/2004 159,038104430 12/2005 167,830762290 12/2006 172,175261200

Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado Data Índice acumulado
01/2007 173,242747820 01/2008 182,174642800 01/2009 193,982197350 01/2010 201,962208100
02/2007 174,091637280 02/2008 183,431647840 02/2009 195,223683410 02/2010 203,739475530

269
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

03/2007 174,822822160 03/2008 184,312119750 03/2009 195,828876830 03/2010 205,165651860


04/2007 175,592042570 04/2008 185,252111560 04/2009 196,220534580 04/2010 206,622327990
05/2007 176,048581890 05/2008 186,437725070 05/2009 197,299747530 05/2010 208,130670980
06/2007 176,506308200 06/2008 188,227527230 06/2009 198,483546010 06/2010 209,025632870
07/2007 177,053477750 07/2008 189,940397730 07/2009 199,317176900 07/2010 208,795704670
08/2007 177,620048880 08/2008 191,042052040 08/2009 199,775606410 08/2010 208,649547680
09/2007 178,668007170 09/2008 191,443240350 09/2009 199,935426900 09/2010 208,503493000
10/2007 179,114677190 10/2008 191,730405210 10/2009 200,255323580 10/2010 209,629411860
11/2007 179,652021220 11/2008 192,689057230 11/2009 200,735936360 11/2010 211,558002450
12/2007 180,424524910 12/2008 193,421275650 12/2009 201,478659320 12/2010 213,737049870

Data Índice acumulado


01/2011 215,019472170
02/2011 217,040655210
03/2011 218,212674750
04/2011 219,652878400
05/2011 221,234379130

270
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
KEPNER, Charles e TREGOE, Benjamin. O Administrador
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Racional. Editora Atlas AS. São Paulo, SP. 1980.

KRICK, E.V. Métodos e Sistemas. Editora LTC. Rio de Janeiro,


ABREU, Paulo F. Simas P. de & STEPHAN, Christian. "Análise RJ. 1971.
de Investimentos". Editora Campus Ltda. 1982.
LIMA JUNIOR, João da Rocha. “Formação da Taxa de Retorno
AVILA, Antonio V. e JUNGLES, Antonio E. Gerenciamento na em Empreendimentos de Base Imobiliária”. Boletim
Construção Civil. Editora Argos. Chapecó. SC. 2006. Técnico da Escola Politécnica da USP. BT/PCC/218.
EPESP. São Paulo. 1998.
BIERMAN Jr., Harold and SMIDT Seymour.The Capital
Budgeting Decision. MacMillan, 1975. MAITAL, Shlomo. “Economia Para Executivos”, Editora
Campus. Rio de Janeiro. 1996.
CARVALHO, Fernando M; RODRIGUES, José A.; PINTO, Luiz
F., RODRIGUES, Sérgio F. – “Análise e Administração MATHIAS, Washington F., GOMES, José M. – “Matemática
Financeira”, IBMEC, 1980. Financeira”, ATLAS, 1977.

CASAROTTO FILHO, Nelson e KOPITTKE, Bruno.Análise de MAYER, Raymond R. – “Análise Financeira de Alternativas de
Investimentos. 4ª Edição. Edições Vértice. São Paulo, SP. Investimento”, ATLAS, 1972.
1990.
SANVICENTE, Antonio Z. – “Administração Financeira”,
DE FARO, Clóvis – “Engenharia Econômica” Editora APEC. ATLAS, 1978.
Rio de Janeiro. 1972.
SOTO COSTA, Paulo H. O problema do Capital de Giro na
................................ Curso de Engenharia de Produção. Análise de Viabilidade de Projetos. DEI / PUC – Rio, 1979.
Disciplina Modelos Aplicados à Análise de Investimentos.
Notas de Aula. Pontifícia Universidade Católica do Rio de SOTO COSTA, Paulo H. Introdução à Análise de
Janeiro. Departamento de Engenharia Industrial. Rio de Investimentos. DEI / PUC. Rio de Janeiro. RJ. 1.979.
Janeiro. RJ. 1980.
-----------------------, ATTIE, Eduardo Vieira. Análise de Projetos
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. de Investimentos. Editora da Fundação Getúlio Vargas. Rio
2ª Edição. Editora Bookman. Porto Alegre, RS. 2001. de Janeiro. RJ. 1984.

271
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

ANEXOS - Casos e Trabalhos

272
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Anexo I - Trabalhos.

273
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

I.1 – Trabalho: Análise de Fluxo de Caixa. 2 – Condições:

2.1. Cada equipe será integrada, no máximo, por


Comparar e analisar as duas alternativas de projeto, dois alunos;
relativas à sua equipe. 2.2. Anexar a memória de cálculo;
2.3. O trabalho será realizado em papel A4;
1 – Exigibilidades: 2.4. O Número da Equipe equivale ao número do
exercício indicado na tabela numérica de instrução.
Para tanto se pede: 2.5. Copiar do Quadro dos Fluxos de Caixa, abaixo,
os projetos que lhes couber, antes de iniciar a
Item Peso Nota apresentação da memória de cálculo;
1 - Elaborar o Diagrama de Valor Presente 2.6. Esta instrução precederá a apresentação do
dos projetos, em Excel, com os diagramas 2 trabalho;
expostos em um único gráfico. 2.7. O trabalho será entregue, impreterivelmente, na
2 - Calcular a TIR de cada projeto. 2 data estabelecida e junto com os demais.

E ........ de ............. de 20.......xx.


3 - Arbitrar a TMA de uma empresa e
efetuar sua decisão relatando qual dos 1
projetos indicaria como sendo o melhor.
4 - Calcular o CAE/BAE de cada projeto. 1
5 - Efetuar um relatório comparativo da
analise dos resultados e justificar a adoção 2
da melhor alternativa.
6 - Qualidade da apresentação do trabalho 1
7 - Esta folha e a tabela referente à sua
equipe deverão preceder o relatório. (1ª 1
FOLHA).

274
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Fluxos de Caixa
Equipe Projeto F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 F14
A -100 -100 -30 25 33 44 55 60 65 80 60 30 -20 -10 4
A1
B -100 -90 -50 -32 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 -50
A -80 -90 -100 -50 55 55 55 55 75 175 180 160 160 -20 25
B2
B -155 -320 25 -30 90 90 150 120 120 190 110 110 120 100 20
A -10 -300 -200 -100 80 90 120 150 320 320 450 400 40 -20 -15
C3
B 25 25 -200 -200 -200 50 -45 80 80 200 200 200 200 100 -12
A -80 -45 45 47 48 -33 -33 -30 80 88 90 25 20 150 200
D4
B -70 -20 -20 40 40 -12 42 -15 60 70 80 90 100 145 220
A -120 -65 65 125 -46 -48 -15 120 130 155 150 180 200 125 15
E5
B -150 -78 78 148 58 -57 -50 145 150 180 170 120 120 -30 -15
A -60 -63 63 66 67 -50 -20 -50 120 125 130 35 30 30 30
F6
B 200 -30 -45 14 16 16 20 30 40 50 60 70 -45 30 -20
A -19 -80 -20 30 40 40 50 80 80 50 54 60 80 20 -20
G7
B -100 -40 -20 10 30 50 50 80 80 80 61 -20 -15 10 20
A -45 -50 0 10 10 20 20 50 50 50 21 25 25 -15 -10
H8
B -20 -50 -10 50 50 50 50 30 20 20 20 30 50 50 -30
A -20 -240 -80 60 70 80 70 190 180 170 15 60 50 -77 5
I9
B -40 -100 -15 -15 70 70 90 90 120 120 120 100 100 80 -20
A -100 25 21 50 50 50 50 50 63 75 80 84 91 98 -45
J10
B -125 15 60 60 -45 -40 60 80 119 165 205 245 255 55 -30

275
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Fluxos de Caixa
Equipe Projeto F0 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 F14
A -445 -100 -30 33 44 60 55 -70 -30 80 122 50 200 200 200
K11
B -125 -245 -80 -20 90 120 100 -100 120 120 120 80 80 60 50
A -145 -174 -90 -14 107 136 120 100 -136 -88 113 124 39 63 30
L12
B -174 -108 -120 66 70 80 90 100 90 95 136 192 -24 245 -10
A -96 -140 21 21 62 -28 -30 100 112 112 122 140 123 112 -20
M13
B -140 -64 32 58 68 70 -15 -7 125 124 112 122 123 125 -40
A -72 -124 -25 25 25 26 25 20 -15 40 34 75 124 123 -55
N14
B -50 -75 -15 15 15 16 25 10 -15 24 50 45 77 75 10
A -50 -60 -40 20 20 20 30 30 30 40 40 20 10 5 -10
O15
B -45 -55 -65 20 20 20 25 25 40 50 50 20 15 10 -15
A -56 -56 -45 -40 -35 50 60 70 80 90 100 100 90 80 80
P16
B -50 -40 -60 -70 -80 -80 70 70 75 75 75 90 90 100 120
A -285 -35 20 20 -30 -30 120 120 120 150 150 120 120 130 - 50
Q17
B -280 -30 -30 40 40 40 -60 -60 120 120 140 140 160 160 - 20
A 75 -30 -30 -25 -30 30 30 30 40 40 40 40 20 -15 -20
R18
B 75 -55 -40 0 -35 30 30 30 30 30 30 30 20 -15 -30
A -100 -80 -30 14 20 36 48 58 65 80 60 30 -15 -15 20
S19
B -90 -90 -50 -15 25 30 40 55 65 70 80 70 70 -30 -50
A -80 -90 -100 -50 55 55 55 55 75 175 180 160 160 -20 -25
T20
B -112 -120 - 50 - 48 60 60 60 60 80 150 160 160 160 40 -30
A -300 -200 -100 0 60 60 60 70 70 70 80 80 90 90 90
U21
B -200 -200 -200 50 50 50 70 70 80 80 90 90 90 80 80

276
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

2.3. - Será considerado abandono de disciplina aquele


I.2 - Trabalho: Métodos de amortização. que descumprir a data de estrega acima definida.

Elaborar a tabela de prestações do financiamento conforme 3 - Avaliação.


atribuição da sua equipe.

1. - Do trabalho Item Pontos Nota


1 - Qualidade e Apresentação do
1.1. Apresentar a memória de calculo e a metodologia utilizada 2
Trabalho:
para o calculo das prestações;
2 - Entendimento do processo: 3
1.2. Anexar esta folha de instrução ao trabalho e a tabela de 3 - Exatidões dos resultados 3
correção monetária.
4 - Cumprimento das especificações. 1
1.3. Definir as prestações mensalmente. 5 – Anexar esta folha de instrução ao
trabalho e a tabela de correção 1
1.4. Efetuar o processo de cálculo até a 5ª prestação completa monetária
onde constem os juros pagos, as amortizações realizadas
e as correções monetárias.

1.5. Obtenção dos índices de correção monetária:


FTTP://www.debit.com.br.

2. - Entrega do trabalho:

2.1. - O trabalho será entregue, impreterivelmente, na


data estabelecida e será entregue junto com os demais.

2.2. - Esta instrução precederá a apresentação do


trabalho, bem como o quadro que apresenta as condições
de financiamento.
277
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Condições de Financiamento
Montante Prazo do Contrato Carência Juros Pagos Juros Método Atualização Inflação
Equipe
R$ mil Anos Meses na Carência Mensais % Amortização Monetária Mensal %
A1 90 7 5 Não 3,5 Amortização constante Bimestral CUB-SC
B2 150 9 9 Sim 3,0 Prestação constante Trimestral IPC-A
C3 220 12 12 Não 2,5 Amortização constante Quadrimestral IGPM
D4 330 14 11 Sim 2,0 Prestação constante Anual INPC
E5 110 5 12 Não 3,3 Amortização constante Bimestral IPC-A
F6 250 15 12 Sim 2,4 Prestação constante Trimestral IGPM
G7 300 14 10 Não 2,0 Amortização constante Quadrimestral INPC
H8 190 10 12 Sim 2,0 Prestação constante Anual IPC-A
I9 450 8 11 Não 2,5 Amortização constante Bimestral IGPM
J10 345 7 15 Sim 3,0 Prestação constante Trimestral INPC
K11 98 10 8 Não 3,5 Amortização constante Quadrimestral IPC-A
L12 180 12 10 Sim 2,5 Prestação constante Anual IGPM
M13 150 6 8 Não 2,0 Amortização constante Quadrimestral INPC
N14 200 9 15 Sim 3,0 Prestação constante Trimestral IPC-A
O15 340 12 9 Não 1,5 Amortização constante Quadrimestral IGPM
P16 190 11 6 Sim 2,0 Prestação constante Semestral INPC
Q17 450 7 12 Não 2,5 Amortização constante Quadrimestral IGPM
R18 230 8 18 Sim 2,0 Prestação constante Anual INPC
S19 150 10 12 Não 3,3 Amortização constante Bimestral IPC-A
T20 180 9 15 Sim 2,4 Prestação constante Trimestral IGPM
U21 200 12 6 Não 2,3 Amortização Constante Quadrimestral INPC

278
Matemática Financeira & Engenharia Econômica
4 – Nomenclatura.
I.3 – Trabalho: Viabilidade de troca de lâmpadas.
No quadro, as abreviaturas indicam:
4.1 (E1T) correspondem à iluminação dos escritórios utilizados
1- Objeto do trabalho durante 1ou 2 Turnos. T = turno de trabalho.
4.2 (N) corresponde a equipamento de segurança utilizado
Elaborar um estudo de viabilidade técnico econômico cujo exclusivamente durante a noite visando proteção noturna,
objetivo é a substituição de luminárias incandescentes por 12horas.
lâmpadas fluorescentes eletrônicas, sem prejuízo para a 4.3 Constitucionalmente, 1 turno de trabalho corresponde a 8
qualidade de iluminação. horas p/ dia, com 44 horas semanais de jornada, com duas
horas de intervalo para refeição.
2 – Exigibilidades Acadêmicas: 4.4 No caso de turno corrido, a jornada é de 6 horas diárias.
4.5 No caso de residências, arbitre o número de horas em que
2.1 - Cada equipe será composta por DOIS alunos, no máximo. cada tipo de lâmpada ficará acesa, baseando-se na sua
2.2 - Data de entrega do relatório junto com os demais observação do cotidiano de uma família.
trabalhos.
2.3 - A correção será efetuada se o aluno cumprir todos os Observação: Para realizar suas recomendações ou
requisitos solicitados. conclusões há que definir:

3 – Requisitos do trabalho: - o tempo de utilização diária de cada equipamento;


- o tempo ideal de substituição dos investimentos em análise;
3.1 - Apresentar em forma de relatório técnico. - Ou, o tempo em que os dos equipamentos se equivalerem.
3.2 - Especificar as condições de utilização de cada
equipamento descrição (especificações técnicas) dos 5 – Do julgamento:
equipamentos analisados.
3.3 - Forma do relatório.
 Especificar o objeto do relatório.
Item Pontos
1 - Qualidade e Apresentação do Trabalho: 1
 Mostrar, claramente, a conclusão efetuada. 2 – Cumprimento do Item 3.3. 4
 Relatar e justificar o método de análise, explicando o 3 – Exatidão dos resultados – método 4
motivo da adoção do método eleito; adequado.
 Explicitar as premissas adotadas. 4 – Entrega da Folha de Instrução. 1
 Demonstrar a memória de cálculo.

279
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Especificações dos Consumidores


Equipe Quantidade Potências Instaladas em Watts
Categoria do Consumidor
Horas de Uso 25W 40W 60W 100W 100W 200W
Lâmpadas 4 5
1A Horas 5 2
Residência Baixa Renda
Lâmpadas 3 6 1
2B Horas 3 2 2
Residência Baixa Renda
Lâmpadas 2 (N) 5 2
3C Horas 3 2 3
Residência Baixa Renda
Lâmpadas 3 (E1T) 6 4
4D Horas 20 8 4
Residência Média Renda
Lâmpadas 3 4 5
5E Horas 4 6 5
Residência Renda Média
Lâmpadas 3 4 3
6F Horas 6 5 4
Residência Alta Renda
Lâmpadas 4 4 3 3
7G Horas 10 5 4 3
Residência Alta Renda
Lâmpadas 15 16 6 5
8H Horas 6 10 6 4
Residência Alta Renda
Lâmpadas 10 5 8
9I Horas 9 9 3
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 2 12 9 9
10J Horas 16 9 10 4
Comercial 1 Turno

280
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

Especificações dos Consumidores


Quantidade Potências Instaladas Categoria do
Equipe
Horas de Uso 25W 40W 60W 100W 100W 200W Consumidor
Lâmpadas 2 50 30
11K Horas 14 12 10
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 15 4 10
12L Horas 17 12 12
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 12 45 50
13M Horas 20 10 8
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 4 10 45
14N Horas 12 10 12
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 50 25 6
15O Horas 12 10 8
Comercial 1 Turno
Lâmpadas 40 20 50
16P Horas 10 8 8
Industrial 1 turno
Lâmpadas 100 75 10 Supermercado
17Q Horas 24 16 18 2Turnos
Lâmpadas 100 25 200 Supermercado
18R Horas 24 10 24 4 Turnos
Lâmpadas 12 85 45 200
19S Horas 24 18 16 18
Industrial 2 Turnos.
Lâmpadas 12 90 35 55
20T Horas 12 24 20 24
Industrial 3 Turnos.
Lâmpadas 80 refletores com lâmpadas de Escola Noturno
21U Refletores com LED´s de 700W
Horas descarga de 1400 W Iluminação de Rua.

281
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

Anexo II - Casos em Engenharia Econômica.

282
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

II.1 – Caso: Ampliação da Sede. Adotando a empresa uma TMA de 12% ao ano, qual a
data de início da ampliação de mais três andares que justificaria
Uma construtora planeja construir um edifício de três a escolha do projeto B?
andares. É esperado que, em alguns anos mais tarde, seja
efetuada uma ampliação com a realização de outros três
andares, o que elevaria a edificação para seis andares.

Para tanto duas opções de investimento e projeto foram


desenvolvidos:

Projeto A: foi estabelecido um projeto convencional


considerando, inicialmente, a realização de um edifício de três
andares. O custo inicial foi orçado em R$ 420 mil. Para a
ampliação de outros três andares foi previsto um investimento de
mais R$ 500 mil.

Projeto B: projeto para seis andares efetuado em estrutura


metálica, sendo construídos inicialmente três pavimentos. O
custo inicial deste projeto foi orçado em R$490 mil. A ampliação
dos outros três andares foi prevista em R$400 mil.

Você sabe que a vida útil de uma edificação é prevista


para cinquenta anos, findo os quais não apresenta valor residual.
Sabe também, dadas as características dos projetos, que
os custos de manutenção do Projeto B serão mil reais, anuais,
inferiores aos do Projeto A e deverão se manter durante toda a
vida das edificações.

Outras despesas anuais, tais como seguros, IPTU, água,


luz, etc., são consideradas as mesmas para os dois projetos.

283
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

II.2 – Caso: Fabrica de protendidos.


3) Informações Gerenciais Dados
Elabore o estudo de viabilidade para o seguinte caso. 3.1 – Taxa Mínima de Atratividade 1,1714917 % am
3.2 – Tempo de vida do produto 10 anos
3.3 – Preço de venda mínimo/médio 6.380,00 R$/unidade
Sendo VOCE diretor técnico de uma empresa de 3.4 – Impostos sobre a Renda 15,00 %
construção civil, o Diretor Presidente de sua empresa lhe 3.5 – Depreciação da Edificação 20 anos
comunicou ser interessante analisar a implantação de uma nova 3.6 – Depreciação dos Equipamentos 5 anos
fabrica para a produção de peças protendidas para estruturas de 3.7 – Tributos sobre o faturamento 10,50 %
pontes.
4) Informações Estratégicas & Comerciais
Para tanto, deseja saber qual a quantidade mensal 4.1 – É pensamento estratégico do grupo vender as instalações após a
exaurir a vida do produto e não reinvestir em reformas ou up-grades
mínima de produção para que o empreendimento seja industriais.
considerado viável. Além disso, lhe informou que o BNDES esta 4.2 – Terrenos situados na área industrial, onde esta localizado o próprio
financiando equipamentos de forma vantajosa. da empresa, vem sofrendo uma valorização real de 5% ao ano.
Sua assessoria lhe forneceu as seguintes informações: 4.3 – A perda de valor de edificações industriais do gênero da projetada
para ser implantada acusa um valor de 70% em dez anos.
4.4 – Propostas das empresas fornecedoras de equipamentos daqueles
em estudo informam que seu valor comercial decresce a taxa de 7,5% ao
ano.
1) Investimento Imobilizado R$ Condições 4.5 – Evolução do mercado: A previsão é que esse mercado cresça à
1.1 - Terrenos 100.000,00 disponível taxa de 30% ao ano.
1.2 - Edificações 120.000,00 A construir – 6 meses
1.3 - Estoques 75.800,00 A investir
1.4 - Equipamentos 240.000,00 Juros de 8% ao ano.
Financiamento em seis
anos com dois de
carência. Prestações
constantes.

2) Custos Operacionais R$
2.1 – Matérias Primas 3.500,00/ unidade
2.2 – Mão de Obra Direta 10.500,00/ mês
2.3 - Custos Indiretos: administração e vendas 23.000,00/ mês
2.4 – Eletricidade 3.950,00/ mês
2.5 - Embalagens 90,00/ unidade

284
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

II.3 – Caso: Implantação de Termelétrica. investimento global, devendo o empréstimo ser pago em 10
anos, com três de carência, prazo previsto para a
O Departamento de Planejamento e Expansão - DPE da implantação, com juros de 15% ao ano;
Empresa Federal de Energia Elétrica está estudando a h) o empreendimento deverá comportar duas unidades
viabilidade de implantação de uma nova termelétrica movida a geradoras com capacidade entre 300 a 350 MW cada, ao
carvão. custo de US$ 1500 / KW instalado;
i) o fator de Carga previsto é de 40 a 65%;
Para tanto, serão analisadas duas alternativas: a j) tempo de construção: 3 anos.
implantação com recursos próprios e a participação do Banco
Interamericano de Comércio - BIC como organismo financiador
do empreendimento. DADOS ADICIONAIS
Consumo de carvão 600 gramas p/ kWh
A seguir, são apresentados dados disponíveis pelo DPE Custo de Carvão US$ 17,50 / Tonelada
para a sua análise, bem como as condições de financiamento do Custo da Mão de Obra US$ 136.000 / mês
BIC: Outros Custos US$ 48.000 / mês

a) os valores do projeto são apresentados em dólares;


b) os três últimos balanços da EFEE indicaram que a relação
entre o lucro e o capital disponível (k=L/CD) da empresa foi
respectivamente de 8%, 6% e 7%;
c) a alíquota do Imposto de Renda onde se enquadra a EFEE
não ultrapassa a 15%;
d) pesquisas da Secretaria de Indústria e Comércio tem indicado
que o custo real do carvão no mercado interno vem
crescendo a ordem de 10% a cada 5 anos;
e) a depreciação legal do equipamento é definida em 15 anos e a
vida útil do projeto, estimada em 20 anos;
f) ao final da vida útil o equipamento poderá ser vendido como
sucata e, situações semelhantes, têm demonstrado que o
valor de venda não ultrapassa a 12% de seu preço;
g) para a participação do BIC no empreendimento, há a
exigência de que a EFEE disponha um mínimo de 30% do

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Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

II.4 – Caso: Viabilidade de construção de ponte. II.5 – Caso: Refinaria de petróleo.

Os três países do Cone Sul estão cogitando a construção Uma refinaria de petróleo constatara a necessidade de
de mais uma ponte visando interligar e melhorar o processar, a um preço elevado, seus resíduos líquidos antes de
desenvolvimento do comércio na Região. Obra esta a ser lançá-los em um riacho próximo.
financiada por organismos internacionais de fomento.
O departamento de engenharia estimou que o
A construção dessa ponte contribuirá para reduzir em processamento dos resíduos líquidos custasse $30.000 ao final
cerca de dez horas o tempo de viagem de Buenos Aires - do primeiro ano.
Argentina a São Paulo - Brasil, além de incrementar,
significativamente o fluxo de produtos manufaturados entre os Mediante alterações no processo e nas instalações, o
dois países. custo do tratamento dos resíduos sofrerá uma redução de $3.000
a cada ano.
O custo da nova ponte, com cerca de 28 quilômetros de
comprimento, será de $700 milhões. A ponte exigirá $10 milhões Como alternativa, uma firma especializada, a HCL Ltda.,
anuais de manutenção, relativos a reparos e melhoramentos, e ofereceu um contrato para processar os resíduos líquidos
terá uma vida útil estimada em 70 anos. durante dez anos pelo preço anual fixo de $ 15.000, pagável ao
final de cada ano. Em qualquer das hipóteses não haverá
Calcula-se que 550.000 veículos utilizarão a ponte durante necessidade de tratamento dos resíduos após dez anos. Se o
seu primeiro ano de operação, com um acréscimo anual de 50 administrador da refinaria julga aceitável a taxa de juro de 8%
mil veículos até o 10o ano. a.a., ele deve aceitar ou não a oferta da HCL Ltda.? (Use o
método do fluxo anual de caixa para esta análise). (Contribuição
Estudos econômicos avaliam a possibilidade da cobrança Dr. Oscar C. Lopes).
de pedágio de $90 por veículo. A taxa mínima de atratividade
adotada para projetos públicos e aceita por organismos
internacionais é de 10% a.a.

Pergunta-se: Este projeto gerará receita suficiente para


compensar seu custo? (Contribuição Dr. Oscar Ciro Lopes).

286
Matemática Financeira & Engenharia Econômica

II.6 – Caso: Aquisição de prensas. II.7 – Caso: Financiamento de residência.

Um casal está pretendendo comprar uma residência e,


Sua empresa analisa a aquisição de um conjunto de para tanto, está analisando as duas alternativas de investimentos
prensas automatizadas e computadorizadas, visando produzir descritas no quadro a seguir.
placas de concreto armado em produção seriada, em que os
traços são mudados sem haver paralisação da linha de Discriminação
Casa de madeira Casa de alvenaria
produção. (em R$) (em R$)
Investimento - compra 24.000 40.000
Custos anuais de manutenção 5.500 2.000
O fabricante do equipamento estima que a vida útil
Valor residual 8.500 15.000
sistemas que adotam este tipo de tecnologia é de cinco anos, e a Vida útil 10 anos 20 anos
empresa prevê a possibilidade de colocar 270 mil peças,
anualmente, no mercado. O casal sabe que na metade da vida útil do
empreendimento e em habitações residenciais bem cuidadas,
No caso, a empresa deseja saber:
ocorre a necessidade de realizar uma reforma, estimada em 1/4
do valor do imóvel.
- Qual o preço mínimo de vendas para que o produto seja levado
ao mercado? Em construções do gênero, a partir do ano seguinte ao da
reforma, os custos anuais de manutenção sofrem um incremento
- É viável o investimento nesta nova tecnologia dado os de 10% sobre os valores atuais. Analise qual deverá ser a
concorrentes estarem vendendo peças semelhantes ao preço de decisão do casal. Use uma TMA de 14% ao ano.
R$254,00 por unidade?

Dados operacionais: Valores – R$


1. Custos das prensas 15 milhões
2. Custos fixos mensais 16,32 mil
3. Custo operacional por unidade 120,22
4. Investimento em capital de giro 500 mil
5. Investimento em estoques 1,1 milhões
6. Alíquotas do Imposto de Renda 18%
7. Custo de Capital da empresa 10% ao ano

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Eng.º Civil Antonio Victorino Avila

II.8 – Caso: Venda de Apartamento. II.9 – Caso: Plano de Construção

Você esta vendendo um apartamento cujo valor é “R$ M”! Rocha Dura Construtora e Incorporadora Ltda. é uma
empresa de engenharia, dedicada principalmente à construção
Um corretor de imóvel lhe encaminhou duas propostas de de residências padrão A e B.
compra.
Você foi contratado como gerente regional com a
Por qual das duas será a sua decisão de venda, sabendo responsabilidade de conduzir os negócios da empresa e lhe foi
que seu custo de oportunidade é de 14% ao ano? participada uma pesquisa de mercado que prevê uma previsão
de vendas para os próximos cinco anos conforme exposto no
1ª Proposta: 30% de entrada e o saldo pago em duas parcelas. Quadro-I.

 A primeira parcela equivalente a 60% do saldo devedor, Além disto, foi lhe entregue uma planilha com os preços
vincenda em 60 dias; projetados e possíveis de serem praticados no mercado
 A segunda parcela 40% do saldo devedor, vincenda em imobiliário. Ver Quadro II.
120 dias;
O diretor geral, por uma questão de planejamento
2ª Proposta: 40% de entrada e o saldo pago em cinco parcelas estratégico, é de opinião que a empresa deva optar por um único
iguais, mensais e consecutivas, vencendo a primeira trinta dias plano de investimento e, deste modo, ganhar em custos
após o fechamento do negócio. administrativos e especializar a mão de obra. Assim sendo, lhe
solicitou analisar qual dos planos deva ser implementado.
(Sugestão: utilize o Método do Custo Anual Equivalente).

Para tanto, lhe transmitiu as seguintes informações:

- Os custos unitários de construção de imóveis praticados pela


empresa são os constantes do Quadro III – Custos unitários de
construção de cada unidade.

- A empresa prevê implantar um processo de melhoria técnica e


gerencial dos processos de administração de obras, segundo os

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Matemática Financeira & Engenharia Econômica

custos orçados e resumidos no Quadro IV – Investimentos em


Desenvolvimento. Quadro IV – Investimentos em desenvolvimento
Ano Custos previstos em P&D - $
- A empresa vem praticando uma Taxa de Mínima Atratividade 0 50.000
1 70.000
da empresa de 17% ao ano.
2 70.000
3 80.000
Quadro I – Previsão de Vendas -em unidades vendidas- 4 90.000
PLANO A PLANO B PLANO C 5 150.000
Ano Residências Residências Residências Padrão


Alto Padrão Padrão Médio Alto Médio
1 8 12 4 6
2 8 12 4 6
3 10 12 6 8
4 10 16 6 8
5 14 16 7 8

Quadro II – Preços de Venda por unidade


Ano Alto Padrão - $ Padrão Médio - $
1 380.000 220.000
2 380.000 220.000
3 380.000 280.000
4 450.000 280.000
5 450.000 340.000

Quadro III - Custos unitários de construção


Ano Alto Padrão - $ Padrão Médio - $
1 250.000 155.000
2 260.000 155.000
3 265.000 170.000
4 325.000 175.000
5 350.000 185.000

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Tabelas Financeiras
Anexo III

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