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UMA PARCERIA IDEALIZADA

POR DEUS

Ezinaldo Ubirajara Pereira


Direitos de publicação reservados à
Ezinaldo Ubirajara Pereira

1ª edição: X mil exemplares


2016

Editoração
Revisão:
Projeto Gráfico e Capa: Mariane Baroni

IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil

Os textos bíblicos citados neste livro foram extraídos da versão


Almeida Revista e Atualizada, salvo outra indicação.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total


ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização
escrita do autor.
AGRADECIMENTOS 3

Agradeço a Deus a oportunidade que me deu de escrever este


livro. À minha querida esposa, Teresa Ramos Pereira, por me acom-
panhar desde que iniciei meu ministério como colportor-evangelista,
e hoje como pastor. Aos meus pais, Geraldo Fidelis (in memoriam) e
Maria dos Reis, pela educação religiosa que me proporcionaram, e às
minhas irmãs Valéria e Ednalva. À União Norte-Brasileira, na pessoa
do pastor Marcos Souza, diretor do Departamento de Publicações, por
possibilitar a realização deste trabalho, e à Associação Norte do Pará
(ANPa), o apoio e confiança que em mim depositaram para exercer o
meu ministério em seu território.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11

PARTE 1: OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO 15


O Uso da Escrita com a Pregação nos Tempos Bíblicos
• Os Dois Ministros no Pentateuco 15
• Os Dois Ministros nos Livros Históricos 19
• Os Dois Ministros nos Livros Poéticos 20
• Os Dois Ministros nos Livros Proféticos 22
• Os Dois Ministros no Novo Testamento: Nos Evangelhos, em Atos,
nas Cartas e em Apocalipse 22
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 25
A Pré-Reforma e a Invenção da Imprensa
• Os Valdenses 25
• A Pré-Reforma 27
• A Reforma Protestante 29
O Movimento Adventista Pré e Pós-1844
• O Movimento Adventista Pré-1844 32
• O Movimento Adventista Pós-1844 37
O Início do Adventismo no Brasil 44
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS DOS DIAS ATUAIS 55
O Chamado 55

A Missão 57
O Apoio 60
• Ideias e exemplos da integração pastor/colportor

CONCLUSÃO
81

SÍNTESE DO LIVRO 83

BIBLIOGRAFIA 91
APRESENTAÇÃO 7

Nas minhas memórias de infância, de forma muito marcante,


está a imagem de um homem bem-vestido e gentil que visitava
nossa igreja no interior de São Paulo e que geralmente era convidado
para almoçar conosco. Minha mãe ficava bastante preocupada na
sexta-feira, imaginando o que devia preparar para o almoço de sábado,
pois iríamos receber um ministro de Deus. A alegria e respeito de meu
Pai por poder recebê-lo só era comparada à visita do pastor distrital.
Aquele colportor-evangelista assumia o lugar do pastor,
trazendo sempre bons conselhos e uma palavra de entusiasmo para
minha família e para a igreja. Depois que cresci, fui para o colégio e lá
encontrei a colportagem novamente. Desde a primeira experiência em
Araçatuba, no ano de 1978, minha vida foi verdadeiramente impactada
pela colportagem. Foi na colportagem que conheci um Deus que
me amava, que consegui os recursos para estudar e me tornar um
pastor. Nos últimos vinte e sete anos, tenho dirigido o Ministério de
Publicações e, durante todo esse tempo, tive o privilégio de conviver
com alguns desses homens, ministros da página impressa, também
conhecidos como colportores-evangelistas, que me impressionaram
por sua entrega e dedicação à Causa do Senhor.
Este livro, Os Dois Ministros, nos faz lembrar de que Deus tem
utilizado a Palavra falada e a Palavra escrita para cumprir Seus propósitos.
O pastor e o colportor são agentes escolhidos por Deus para levar essa
Palavra a homens e mulheres ao longo de toda a História.
Cada um tem uma parte, uma função importante a cumprir e,
quando atuam juntos, harmoniosamente, uma sinergia muito especial
aflora. Por alguma razão muito importante, que talvez não consigamos
entender bem hoje, Deus quis que assim fosse. Os resultados são
8 APRESENTAÇÃO

evidentes e inquestionáveis. O Ministério de Publicações da Divisão


Sul-Americana acredita que chegou o momento de voltarmos a investir
de maneira consciente e intencional para que esses dois ministros
possam coexistir e trabalhar juntos, de tal maneira que, onde houver
um pastor distrital, possa haver também um colportor-evangelista.
Queridos pastores e líderes de igrejas, chegou o momento de
levantar um exército para a terminação da Obra de Deus aqui na Terra.
Que pessoas que possuem talento para área comercial possam dedicá-
lo a Deus e torná-lo um ministério em sua vida.
Meu sincero desejo e oração é que a leitura deste livro possa
impressionar a sua mente e o seu coração, e que o Senhor Deus fale a
você como falou comigo.

Pr. Tercio Marques


Líder de Publicações da Divisão Sul-Americana
PREFÁCIO 9

Neste livro, Ezinaldo Pereira conseguiu, a um só tempo,


resgatar a história do Ministério da Página Impressa, mantido e
transmitido pelos fiéis colportores, que desempenharam e ainda
desempenham um papel fundamental na pregação do evangelho
na Divisão Sul-americana, e relembrar o ministério pastoral, de
acordo com a sua função distrital, desde os tempos bíblicos até os
dias atuais.
Temos aqui uma construção harmoniosa entre a análise
histórica desses dois ministérios, iniciando com o relato bíblico,
passando pela história do cristianismo até chegar ao adventismo
contemporâneo, e uma proposta de conciliação entre esses dois
ministérios. Para isso, ele faz aplicações teológicas relevantes e
muito bem-empregadas.
Assim, neste livro, temos a ousada, porém, bem-sucedida
proposta de conciliar o trabalho ministerial do pastor distrital e do
colportor-evangelista, no que diz respeito à integralização desses
dois ministérios na igreja local e na sua estrutura administrativa.
De fato, temos mais do que suficientes exemplos para mostrar que
esses dois ministros devem andar de mãos dadas para que a Obra
do Senhor possa crescer.
Saber quais são essas dicas e conselhos muito bem-formulados
pelo pastor Ezinaldo torna-se imperativo para todos aqueles que
pretendem fazer o máximo esforço possível para disseminar o
evangelho eterno nestes últimos dias da história do nosso mundo.
Fiquei muito contente em ter sido convidado para fazer o
prefácio deste livro. Indico este volume a todas as pessoas envolvidas
na obra da pregação do evangelho, aquelas que amam, de coração,
10 PREFÁCIO

o ministério pastoral adventista, na pessoa de nossos pastores, e


também amam o importante Ministério da Página Impressa, na
pessoa de nossos colportores-evangelistas.
Este livro veio na hora certa! Espero que você, membro,
pastor ou colportor que esteja lendo este volume, possa gostar do
conteúdo, aprender com os exemplos históricos aqui apresentados
e aplicar os conselhos sabiamente empregados pelo pastor Ezinaldo
Pereira.
Que Deus inspire cada leitor a fazer mais e melhor em prol
desse ministério!

Pr. Paulo Godinho


Presidente - Associação Norte do Pará
INTRODUÇÃO

I
saac Newton definiu uma das leis da física em que “dois corpos não
podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo”. Realmente,
isso seria impossível, pois um espaço só pode ser ocupado por um corpo,
e não por dois! O conceito de Newton pode encontrar um paralelo no que
a Bíblia diz sobre duas pessoas não andarem juntas por não compartilharem
as mesmas ideias. No caso de Newton, sua proposta foi em relação ao
espaço; no caso da Bíblia, está relacionado ao propósito. O profeta Amós
assim escreveu: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”
(Am 3:3).
Há dois ministérios na Igreja Adventista do Sétimo Dia que apresentam
uma linha de atuação conjunta ao longo da História: o Ministério da Palavra
e o Ministério da Página Impressa. O primeiro corresponde ao exercício
da pregação da Palavra através da voz do orador, sendo notável ao longo
da história bíblica quando Deus levantou homens e mulheres como Seus
porta-vozes nas comunidades em que estavam inseridos. Esses mensageiros
usaram vários meios e “muitas maneiras” para comunicar a mensagem
divina (Hb 1:1), no entanto, um dos veículos mais usados foi a voz.
O profeta Isaías escreveu que a ele foi dada “língua de eruditos” para
proclamar a mensagem do Senhor (Is 50:4), pois os seus lábios haviam sido
tocados com “a brasa” do altar divino, tornando-se assim o mensageiro
do Senhor (Is 6:7, 8); a Moisés foi dada a ordem para falar “tudo” o que
o Senhor havia ordenado (Êx 7:2); o profeta Jeremias recebeu o toque da
12 INTRODUÇÃO

mão divina em seus lábios e ouviu do Senhor: “Eis que ponho na tua boca
as Minhas palavras” (Jr 1:9). O profeta Ezequiel seria usado como “atalaia”.
Ele ouviria a palavra da boca do Senhor e a anunciaria à casa rebelde de
Israel (Ez 3:17), pois a ordem divina dada a ele foi: “Mas, quando Eu falar
contigo, darei que fale a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus”
(Ez 3:27). Isso aconteceu com outras pessoas que Deus levantou como
profetas porta-vozes da Sua mensagem. Eles usaram amplamente a sua
voz para a pregação da Palavra.
Além da palavra falada, outro veículo que foi usado amplamente na
comunicação da mensagem foi a escrita. Os profetas e escribas dos tempos
bíblicos estavam em constante atividade de escrita em face das revelações
enviadas por Deus. Encontramos no Pentateuco repetidas ordens para que
Moisés, sacerdotes e escribas escrevessem as palavras ditas por Deus em
livros, rolos ou pedras (Êx 24:4; 32:15; 34:1; Nm 5:23; 33:2; Dt 10:2; 17:18;
27:3; 28:58; 31:24). O mesmo processo foi utilizado nos livros históricos (Js
24:26; 1Sm 10:25; 1Cr 28:19), de forma ilustrativa nos livros poéticos (Pv
3:3; 7:3) e nos profetas (Is 8:1; 30:8; Jr 30:2; 36; 51:60; Ez 37:16; Dn 5:5; 7:1;
Hc 2:2; Ml 3:16).
Os livros e cartas do Novo Testamento também mostram que a escrita
era amplamente usada no primeiro século, pois os próprios escritores a
utilizaram para compor a segunda parte das Escrituras Sagradas, que hoje
chamamos de Novo Testamento.
Há dois ministérios na Igreja Adven-
Lucas explica que, na época em
tista do Sétimo Dia que apresentam
que ele escreveu o evangelho que uma linha de atuação conjunta ao
leva o seu nome, não poucos, e longo da História: o Ministério da
sim “muitos empreenderam uma Palavra e o Ministério da Página
Impressa.
narração coordenada dos fatos”
INTRODUÇÃO 13

que haviam ocorrido a respeito Segundo Ellen G. White, os dois


de Jesus (Lc 1:1). ministérios – o pastoral e o da
Pregar e escrever eram colportagem – podem trabalhar
de forma combinada, a fim
atividades que sempre estiveram
de promover a pregação do
entrelaçadas na proclamação evangelho.
da mensagem bíblica, e essas
duas atividades se correspondem atualmente na Igreja Adventista do
Sétimo Dia, na pessoa do pastor, por meio do ministério pastoral, e
do colportor-evangelista, por meio do Ministério da Página Impressa.
Por isso, podemos chamar esses dois ministérios de o “Ministério da
Palavra Falada” e o “Ministério da Palavra Escrita”, que também é co-
nhecido como o “Ministério da Página Impressa”.
Ambos os ministérios compartilham o mesmo chamado, missão
e propósito, pois receberam a mensagem da mesma Fonte, com base
no “assim diz o Senhor”. Esses ministérios podem perfeitamente andar
juntos, pois, “mesmo onde o povo ouve a mensagem do pregador vivo,
o colportor deve continuar sua obra em cooperação com o pastor. […] O
mesmo ministério de anjos que auxilia a obra do pastor acompanha os
livros que contêm a verdade”.1
O objetivo deste volume é analisar a proximidade que existe entre
o trabalho do pastor e o trabalho do colportor, e assim identificar os
resultados espirituais práticos e numéricos dessa ação conjunta. Segundo
Ellen G. White, os dois ministérios – o pastoral e o da colportagem –
podem trabalhar de forma combinada, a fim de promover a pregação do
evangelho.2

Ellen G. White, O Colportor-Evangelista, 7ª ed (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1983), 97, 98.
1

2
Idem.
PARTE
1
OS DOIS MINISTROS NO
CONTEXTO BÍBLICO

O
título “Os Dois Ministros” se refere à participação conjunta
do pastor com o colportor, algo que ficará mais claro à
medida que a temática avançar. Esta primeira parte tratará
sobre a integração das atividades em que ambos os obreiros atuam:
o pastor usando a sua voz para a pregação/ensino, e o colportor
usando a distribuição de literatura/página impressa. Essa integração,
primariamente, será analisada à luz do relato bíblico. Em verdade, nos
tempos bíblicos, não víamos a figura do colportor como a temos hoje,
mas podemos constatar que a natureza do serviço do colportor, por
meio da Palavra escrita, une-se à proclamação da Palavra pelo orador.

O USO DA ESCRITA COM A PREGAÇÃO NOS TEMPOS BÍBLICOS

Os Dois Ministros no Pentateuco

O primeiro exemplo bíblico em que a escrita foi usada para


proclamar uma mensagem vem do próprio Deus. Após a batalha de
Israel com Amaleque, Deus dá a seguinte ordem a Moisés: “Escreve
isto para memória num livro e repete-o a Josué; porque Eu hei de riscar
totalmente a memória de Amaleque de debaixo do Céu” (Êx 17:14).1
Nesse exemplo, nota-se claramente o exercício da mensagem escrita:
“Escreve [...] num livro” – com a mensagem falada: “repete-o a Josué”.
16 OS DOIS MINISTROS

Além de escrever, Moisés teria que transmitir a mensagem a Josué.


Nesse mesmo contexto do monte Sinai e da entrega da
lei de Deus a Israel, encontramos no Pentateuco vários textos que
demonstram a atuação conjunta da pregação falada com a escrita. Em
Êxodo 24:3, 4, Moisés “referiu ao povo todas as palavras do Senhor” [e de-
pois] “escreveu todas as palavras”; no capítulo 24:12, Deus dá as tábuas de
pedra a Moisés, nas quais Ele escreveu a lei para que Seu servo a ensinasse
ao povo; em Êxodo 34:27, 28, a ordem foi para que Moisés escrevesse,
enfatizando que as palavras faladas fossem escritas.
Em Deuteronômio, o livro que repete a Lei,2 vemos o mesmo
contexto em que a mensagem
falada precisaria ser
escrita. O que se vê no exemplo bíblico é
No capítulo 4, verso 13, Deus a junção das atividades – da fala
“anunciou […] a Sua aliança, e da escrita – mostrando que a
pregação falada pode andar
que vos prescreveu, os Dez
de mãos dadas com a página
Mandamentos, e os escreveu impressa.
em tábuas de pedra”; em
Deuteronômio 5:22, o Senhor fala as “palavras” e as escreve em “tábuas
de pedra”; em Deuteronômio 9:10, informa que “nas tábuas de pedra
escritas com o dedo de Deus […] estavam todas as palavras segundo
o Senhor havia falado”. Os mesmos exemplos podemos encontrar em
Deuteronômio 10:2, 4; 11:20; 27:3; 28:58.
O que encontramos no contexto do Sinai é o Senhor entregando a
Moisés os Dez Mandamentos e diversas leis para regerem Israel, tendo o
registro de que “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor” (Êx 24:4).
Deus não só pediu para que Moisés escrevesse, mas Ele mesmo fez uso da
escrita na entrega da Sua lei: “E, tendo acabado de falar com ele [Moisés] no
PARTE 1: OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO 17

monte Sinai, deu a Moisés as duas Encontramos no Pentateuco


tábuas do Testemunho, tábuas de vários textos que demonstram a
pedra, escritas pelo dedo de Deus”. atuação conjunta da pregação
(Êx 31:18). falada com a escrita.
No próprio texto dos
Dez Mandamentos (Êx 20:3-17), observamos os seis elementos
indispensáveis para que ocorra uma comunicação publicada:

1º - O ESCRITOR:

DEUS

2º - A MENSAGEM:
O AMOR
DE DEUS
18 OS DOIS MINISTROS

V
Honra a teu pai e a tua
I mãe

Não terás outros deuses


diante de mim VI
Não matarás.
3º – A MENSAGEM:

AS TÁBUAS
II VII
Não farás para ti Não adulterarás.
imagem de escultura

III VIII

DE PEDRA
Não furtarás
Não tomarás o nome do Senhor
teu Deus em vão
IX
IV Não dirás falso testemu
contra o teu próximo
nho

X
Não cobiçarás

4º – A IMPRESSORA:

O DEDO
DE DEUS

Honra a teu
V mãe
pai e a tua m
5º – O MENSAGEIRO:

MOISÉS
VI
I deuses Não matará
s.
s outros
Não terá te de mim
dian VII
rarás.
Não adulte
II ti
s para
Não fará escultura
de
VIII
imagem Não furtará
s

III do Sen
hor
IX
nome
arás o vão testemunho
Não tom Deus em Não dirás falso próximo
teu
contra o teu

IV X
rás
Não cobiça

6º – OS LEITORES:

OS ISRAELITAS
3
PARTE 1: OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO 19

Outros meios Deus poderia ter usado para Se comunicar. Por


que Ele fez uso da palavra escrita? Algumas razões são enumeradas:
1ª) a capacidade mental diminuiu por causa do pecado. O homem
facilmente ficou propenso a se esquecer, e a mensagem escrita ajudaria
a relembrar as instruções dadas ao longo dos séculos. O quarto
mandamento é um convite a relembrar aquilo que os israelitas haviam
aprendido no passado (Êx 20:8); 2ª) com o surgimento da idolatria e da
apostasia, a mensagem de Deus deveria ser preservada com exatidão;
3ª) a Palavra escrita inspira autenticidade e faz com que o conteúdo
escrito seja preservado para a posteridade.4
Nesses textos do Pentateuco, nota-se claramente o exercício da
pregação da Palavra com o uso da escrita. Ao mesmo tempo em que
Deus, através da Sua voz, proclamava a Sua lei, Israel recebia essa mesma
lei escrita em tábuas de pedra. Este seria um dos métodos que Deus
usaria para comunicar a Sua mensagem aos homens – a Palavra falada
acompanhada da mensagem escrita – ambas usadas pelos profetas no
decorrer dos séculos. “Desde a entrega da lei a Moisés, Deus tem usado
a comunicação escrita para preservar a verdadeira história da criação,
da queda do homem e do plano da redenção, escolhendo homens e
mulheres para a tarefa de escrever a Sua mensagem.”5

Os Dois Ministros nos Livros Históricos

Nesta seção da Bíblia, podemos encontrar Josué reunindo o povo


diante dele, já na terra prometida, a fim de renovar a Aliança que Deus
fez com a nação. Para isso, Josué escreveu “em pedras, uma cópia da
lei de Moisés”, e depois “leu todas as palavras da lei, a bênção e a
20 OS DOIS MINISTROS

maldição, segundo tudo o que Falando através do profeta


está escrito no Livro da Lei”. Isaías, Deus pediu que ele escre-
Assim, vemos que, na vesse a mensagem de “maneira
renovação da Aliança, Josué usa inteligível” (Is 8:1)
os dois veículos de comunicação:
(1º) ele escreve uma cópia da lei, e; (2º) lê a mesma cópia para a
congregação. Josué faz uso conjunto da escrita e da fala no mesmo
evento. O mesmo se repete no final do livro, quando ele escreve as
palavras de juramento do povo “no Livro da Lei de Deus” (Js 24:14-26).
Em 1 Samuel 10:25, encontramos o mesmo exercício conjunto
no ministério do profeta Samuel, quando a Bíblia descreve que ele
“declarou[...] ao povo o direito do reino” e “escreveu-o num livro e o
pôs perante o Senhor”. O uso conjunto da fala com a escrita é claro
quando mostra, primeiramente, Samuel declarando (fala) ao povo, e
depois escrevendo (escrita) aquilo que declarou.

Os Dois Ministros nos Livros Poéticos

Quando Jó se encontra no clímax de sua aflição, um dos seus


lamentos era que não havia ninguém para escrever as suas palavras. Ele
lamentou: “Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras!
Quem me dera fossem gravadas em livro!” (Jó 19:23).
O mesmo princípio de palavras faladas/palavras escritas
encontramos em Provérbios 7:1-3: “Filho Meu, guarda as Minhas
palavras e conserva dentro de ti os Meus mandamentos[...] escreve-os
na tábua do teu coração.” É evidente que a conservação das palavras de
Deus só será possível se forem escritas “na tábua do coração”. Aqui fica
PARTE 1: OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO 21

claro que um dos objetivos da escrita é contribuir para a preservação


de ideias e conceitos que foram ditos ao longo do tempo. A escrita
“guarda” a palavra.6 É por isso
que a pregação da Palavra Essa atividade do uso da escrita
precisa ser acompanhada pela pelos profetas foi tão intensa
página impressa, a fim de ser que resultou na produção da
por ela guardada. Um ministério Bíblia Sagrada, fruto direto da
complementa o outro: a página mensagem pregada e escrita, que
impressa guarda a Palavra, e a foi dada por inspiração divina
Palavra valida a página impressa. (1Pe 1:20-21).
Dentre os textos da seção
poética, o que mais expressa a ideia da ação conjunta da palavra falada/
palavra escrita é o texto que encontramos em Eclesiastes 12:9,10.
Salomão escreveu: “O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao
povo o conhecimento; e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos
provérbios. Procurou o Pregador achar palavras agradáveis e escrever
com retidão palavras de verdade.” Note que o “Pregador” do texto
usa dois recursos para expor o conhecimento: ensina com palavras e
as escreve. Além de ensinar o conhecimento usando as suas palavras,
ele “compôs” o conhecimento em forma de provérbios. Aqui está a
imagem do pregador na seção poética: usa a voz e a escrita para expor
o conhecimento. Expressa o princípio duplo dos ministérios exercidos
pelos dois pregadores do presente estudo: pastor e colportor. O
primeiro é o ministro da Palavra e o outro é o ministro da página
impressa.
22 OS DOIS MINISTROS

Os Dois Ministros nos Livros Proféticos

No exercício profético, a escrita estava entrelaçada com a


pregação. Para a transmissão da mensagem, os profetas usaram várias
maneiras: somente a voz (1 Rs 17,18; 2 Cr 18:12-27; Lc 3:1-20), a escrita
(1 Sm 7:4; 1 Cr 17:3; 1 Cr 29:29), ou encenações (Ez 4:1-8; 5:1-4;
Os 1:1-11; At 21:10,11). Dentre esses meios, o mais usado foi a
conjunção da pregação falada com a escrita. Essa conjunção pode ser
vista de forma abundante nos livros proféticos.
Falando através do profeta Isaías, Deus pediu para que ele
escrevesse a mensagem de “maneira inteligível” (Is 8:1); em outro
momento, o Senhor pediu que a Palavra revelada fosse escrita “numa
tábua” e registrada “num livro” (Is 30:8). A mesma ordem é repetida a
Jeremias (Jr 30:2; 36:2, 28; 51:60) e a Ezequiel (Ez 37:16). Em Daniel,
vemos o próprio Deus atuando com a escrita da Sua mensagem a
Belsazar (Dn 5:5) e o profeta escrevendo “a suma de todas as coisas”
que a ele foram reveladas (Dn 7:1). A ordem foi dada também a
Habacuque para que a visão fosse escrita de maneira bem legível “para
que a possa ler até quem passa correndo” (Hc 2:2).

Os Dois Ministros no Novo Testamento: Nos Evangelhos, em Atos,


nas Cartas e em Apocalipse.

No Novo Testamento, continua a mesma atividade conjunta,


e é onde se encontram as obras, ensinos e sermões de Jesus Cristo,
registrados no grupo que forma os quatro evangelhos (Mateus, Marcos,
Lucas e João). Parte desses sermões e ensinos foram selecionados
PARTE 1: OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO 23

na seguinte ordem de passagens: Mt 5-7; 19:1-12; 23-25; Mc 4; 12;


Lc 12-18; Jo 5:19 a 6:71; 8:12-47; 10:1-21; 14-17. Lucas explica que
não poucos, e sim “muitos” já haviam empreendido “uma narração
coordenada dos fatos” que haviam acontecido concernentes à história
de Jesus (Lc 1:1-4). Isso demonstra a intensa atividade escrita por parte
daqueles que haviam sido comissionados por Cristo para espalhar as
boas-novas da salvação. Para essa missão, um dos meios mais influentes
foi o uso da escrita, porque, segundo João, o objetivo desses registros
era difundir a fé em Jesus Cristo como Filho de Deus, para dar vida a
todos aqueles que cressem “em Seu nome” (Jo 20:30-31).
O mesmo princípio continua no livro de Atos, que é um registro
histórico das atividades dos apóstolos e de suas realizações missionárias
no primeiro século. Lucas, o médico-missionário que acompanhou
Paulo na maioria de suas viagens, ao escrever o livro de Atos,7 registrou
as pregações não só de Paulo, mas de outros oradores daquele tempo
(At 2:14-36; 3:11-26; 7:1-53; 13:16-41; 17:16-31; 22:1-21; 26:1-23).
Assim também ocorre nas epístolas (Romanos a Judas), nas quais
os escritores compartilharam ensinos e diretrizes para as igrejas cristãs
(Efésios, Gálatas, Coríntios, etc.) e pessoas em particular (Timóteo,
Tito, Filemon), contendo até mesmo sermões de seus oradores, como
é o caso da Epístola aos Hebreus, considerada “um sermão na forma
escrita”.8 As cartas que Paulo escrevia eram lidas, compartilhadas e até
copiadas por seus leitores (Cl 4:16).
Chegamos então ao livro do Apocalipse, no qual, mais uma vez, a ordem
para escrever as visões e mensagens foi clara ao último profeta canônico, tanto
no início do livro (1:11, 19) como em sua conclusão (21:5).9 Da mesma maneira
que, no início, a ordem para escrever foi dada a Moisés na composição do
24 OS DOIS MINISTROS

Pentateuco (Êx 17:14), no último livro da Bíblia, o Senhor também ordenou


a João: “O que vês escreve em livro[...] escreve as coisas que tem visto”
(Ap 1:11, 19). E na conclusão do Apocalipse, a ordem é repetida:
“Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:5).
Pode-se ver que as palavras precisavam ser escritas. O acompanhamento
lado a lado do exercício da palavra falada com a palavra escrita é visto
quando as palavras faladas pelos profetas ou comunicadas diretamente por
Deus são escritas em livros.
Essa atividade dos profetas com a escrita foi tão intensa que resultou
na produção da Bíblia Sagrada, fruto direto da mensagem pregada e escrita
pelos próprios profetas (1Pe 1:20,21). Por esses exemplos, vemos a integração
entre a mensagem pregada e a mensagem escrita no período bíblico.

1
O “livro” dos tempos bíblicos era de material diverso dos livros atuais. A escrita era feita
em material de papiro, pergaminho ou até mesmo em pedras. Ver em Emilson dos Reis,
Introdução Geral à Bíblia: Como a Bíblia foi escrita e chegou até nós (Engenheiro Coelho, SP: Im-
prensa Universitária Adventista, 2002), p. 55-57.
2
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Gênesis a Deuteronômio, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2011), p. 1041.
3
Howard Faigao, “O Ministério de Publicações – Um plano divino”, revista O Colportor Evangelista,
Departamento de Publicações da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, abril-junho de
2003, p. 3.
4
Almir Marroni, Colportando com Sucesso: Manual de Capacitação do Colportor-Evangelista, vol. 1
(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 9.
5
Idem.
6
Este princípio é expresso em Isaías 30:8: “Vai, pois, escreve isso numa tabuinha perante eles,
escreve-o num livro, para que fique registrado para os dias vindouros, para sempre, perpetuamente.”
7
Buist M. Fanning, “Teologia de Hebreus”, em Teologia do Novo Testamento, Roy B. Zuck, (Rio de
Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2008), p. 409.
8
Jacynto Col Neto, “A Teologia do ministério impresso”, Revista Adventista (Tatuí, SP: Casa Publi-
cadora Brasileira, novembro de 2001), p. 20.
PARTE
2
OS DOIS MINISTROS NA
HISTÓRIA CRISTÃ
A PRÉ-REFORMA E A INVENÇÃO DA IMPRENSA

Os Valdenses

O
método da colportagem surgiu próximo ao final do século
12, quando foi iniciado e organizado por Pedro Valdo, um
abastado comerciante que morava no sul da França.1 Após ter
lido as Escrituras, converteu-se ao cristianismo e vendeu todas as suas
propriedades, deixando apenas o suficiente para o sustento da família.
Investiu então sua fortuna na tradução da Bíblia para os habitantes do
sul da França e norte da Itália.
Pedro Valdo pregava para as pessoas em suas casas e vendia
exemplares da Bíblia, nos quais ele mesmo trabalhou para serem
traduzidos.2 Muitos se uniram a ele, formando assim o movimento dos
valdenses. Estes continuaram usando o mesmo método de combinar
a pregação do evangelho com
O método da colportagem surgiu
a venda das Escrituras. Eles
próximo ao final do século 12,
se espalharam pela Europa
quando foi iniciado e organizado
vendendo Bíblias e porções
por Pedro Valdo, um abastado
do texto bíblico que haviam
comerciante que morava no sul
copiado, carregando-os em uma
da França.
bolsa pendente ao pescoço, daí
26 OS DOIS MINISTROS

o termo colportor, que é uma palavra derivada do francês e significa


aquele que “vende ou distribui livros religiosos de porta em porta”.3 Já
Wilson Sarli confirma a origem francesa da palavra e acrescenta que o seu
significado é “vendedor ambulante de livros, especialmente de Bíblias,
e tratados religiosos”.4 Entretanto, Sarli completa dizendo que o mais
importante “não é o significado do termo em si, mas, inegavelmente,
seu significado histórico”.5
Durante séculos, os valdenses abrigaram-se nos vales localizados
entre os elevados Alpes do noroeste da Itália.6 Havia entre eles
assistência espiritual dada por
Os que desejassem ingressar
seus líderes/pastores que “não
no trabalho pastoral deveriam
somente pregavam o evangelho,
passar os primeiros três
mas visitavam os doentes,
anos colportando em terras
doutrinavam as crianças,
estrangeiras, a fim de estarem
admoestavam os que erravam
devidamente preparados para
e trabalhavam para resolver as
assumir o pastorado.
questões e promover harmonia
e amor fraternal”.7 Além de prestarem o cuidado pastoral,
esses líderes mantinham-se ocupados em preparar cópias da Bíblia e
promover a sua distribuição.
Os pais, desde cedo, procuravam incutir em seus filhos os
princípios do cristianismo e o apego às Escrituras Sagradas. Os jovens
memorizavam grandes porções da Bíblia e auxiliavam os adultos em
copiá-la. Os que desejassem ingressar no trabalho pastoral deveriam
passar os primeiros três anos colportando em terras estrangeiras, a fim
de estarem devidamente preparados para assumir o pastorado. 8
Nesses exemplos, nota-se que o serviço dos pastores valdenses
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 27

era acompanhado do uso da escrita, que eles utilizavam para a


preservação das Escrituras e sua distribuição.

A Pré-Reforma

Após o período dos valdenses, houve pessoas que também


contribuíram para o surgimento da Reforma protestante. Entre eles,
destacou-se João Wycliffe, nascido na Inglaterra e conhecido como
o “arauto da reforma”.9 Caracterizado pelo estudo da Bíblia, Wycliffe
logo identificou erros doutrinários na Igreja de Roma e viu que a sua
confissão não condizia com os ensinamentos das Escrituras.
Como professor universitário, Wycliffe pregava aos seus alunos e
também às multidões que se aglomeravam para ouvi-lo. Ele “começou
a escrever e a publicar folhetos contra os frades[...] despertando o
espírito do povo ao estudo da Bíblia e do Seu Autor”.10 Além desses
folhetos, ele “pregava ao povo o evangelho simples na linguagem
popular”.11 Essa foi a primeira vez em que Wycliffe começou a usar a
escrita para disseminar seus ensinos.
O maior desejo de Wycliffe era traduzir a Bíblia Sagrada para o Seu
país. Com muito esforço, essa tarefa foi concluída e, então, ele organizou
um grupo de pregadores para disseminar seus ensinos e distribuir a
Bíblia e os seus escritos. Nesse exemplo, pode-se ver claramente a união
conjunta dos dois ministérios: a
pregação da mensagem bíblica
O pregador Wycliffe unia seus
e a distribuição de literatura.
esforços aos dos valentes
O pregador Wycliffe unia os
colportores.
seus esforços aos dos valentes
28 OS DOIS MINISTROS

colportores. Essa técnica avançou “com êxito tal que a nova fé foi aceita
por quase metade do povo da Inglaterra”.12
Os escritos de Wycliffe foram espalhados às terras distantes,
levando as pessoas a se volverem para a Bíblia e abandonarem as
tradições religiosas dominantes na época. Podemos mencionar a
esposa de Ricardo II, que era o rei da Inglaterra. Depois de se converter
por meio da leitura dos escritos de Wycliffe, a rainha os espalhou na
Boêmia, sua terra natal.13 Esse trabalho teve seus resultados na vida de
Jerônimo, um morador da cidade de Praga, que se converteu ao ler os
escritos distribuídos pela rainha. Jerônimo levou os escritos ao reitor
da Universidade de Praga, João
Huss, que também aceitou a Mesmo diante desse grande
mensagem de Wycliffe. Ambos, esforço, a escrita era o principal
Jerônimo e Huss, uniram-se instrumento para a divulgação da
à proclamação desses novos Bíblia e das ideias reformadoras.
ensinos usando também a
escrita para defender o movimento iniciado por Wycliffe. Por fim, foram
condenados pela Igreja de Roma como hereges e terminaram a vida
como mártires. 14
Não resta dúvida de que os escritos de Wycliffe foram os
instrumentos que provocaram o despertamento religioso na Boêmia,15
Florença e norte da Alemanha, preparando “todo o solo europeu” para
o movimento da Reforma.16
Os pré-reformadores tinham que fazer uso da escrita manual,
tarefa que requeria muito tempo da parte do escritor e do copista.
Mesmo diante desse esforço, a escrita era o principal instrumento
para a divulgação da Bíblia e das ideias reformadoras. Entretanto, no
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 29

segundo século da nossa era, os chineses já usavam tipos de madeira,


antes mesmo que Johannes Gutenberg inventasse o prelo no século
15.17 O que Gutenberg fez foi desenvolver letras em tipos de metal
e começar a imprimir com essa nova forma de tipos que eram mais
resistentes do que os de madeira – assim surgiu a imprensa em tipos de
metal, em 1448.18 A primeira obra que Gutenberg imprimiu foi a Bíblia
Sagrada, conhecida como a Bíblia das 42 linhas, por conter este total
de linhas nas duas colunas de cada página. 19
Com a invenção da imprensa, o conhecimento agora poderia
atingir todas as classes. O povo comum teria, com mais rapidez em
suas mãos, a Bíblia Sagrada e os escritos dos reformadores. 20
As
“tiragens fabulosas atingidas nessa época demonstram que o livro
vinha responder a uma necessidade[...]; havia nessas populações que
não conheciam o livro uma extraordinária fome de leitura: nenhuma
invenção terá surgido mais do que a imprensa no seu momento
próprio”.21 Certamente, o cenário estava preparado para o início da
Reforma protestante. Os pré-reformadores haviam lançado as bases
para o movimento, e a imprensa seria o veículo para difundir as ideias
reformadoras.

A Reforma Protestante

Um dos grandes líderes desse período, que deu impulso a


esse movimento, foi Martinho Lutero. Ele nasceu em Eisleben, na
província de Mansfeld, no dia 10 de Novembro de 1483. 22 Estudou na
Universidade de Erfurt e depois obteve o seu doutorado em Teologia
pela Universidade de Wittenberg, tornando-se monge, mais tarde,
30 OS DOIS MINISTROS

nessa mesma universidade.23 O reformador não dispensou o


Nesse período, ele já havia uso da imprensa no seu trabalho.
contrastado alguns erros
da Igreja de Roma com os ensinamentos das Escrituras, erros
tais como o uso das tradições em substituição à Bíblia e a venda de
indulgências que enfatizavam a salvação pelas obras.24
O reformador não dispensou o uso da imprensa no seu trabalho.
Lienhard indica dois canais essenciais pelos quais a mensagem de Lutero
se espalhava: por meio dos seus escritos e por meio da pregação.25 Isto se
vê pela primeira vez quando ele afixou nas portas da igreja de Wittenberg
as suas noventa e cinco teses que contrariavam a doutrina das indulgências
e defendiam a posição bíblica sobre a justificação pela fé.26
Segundo Nicolás Chaij, Lutero organizou um grupo de estudantes
para saírem durante as férias, a fim de vender os seus escritos e ao
mesmo tempo conseguir recursos para continuar os seus estudos.27
Além desses estudantes, muitos dos seus seguidores vendiam seus
escritos e a Bíblia que ele mesmo havia traduzido para o alemão,
formando grupos de pregadores que também tinham sido influenciados
pelas ideias reformadoras e saíam pela Europa levando a mensagem
luterana. Observa-se que o uso de um método não minimizava o outro;
a imprensa acompanhava a mensagem que era pregada.
Ellen G. White informa que o povo recebia com alegria os escritos
de Lutero. Quando seus livros chegavam às aldeias, os professores os
liam em voz alta para que todos ouvissem. Os seus escritos despertavam
no povo interesse e necessidade das Escrituras, cumprindo assim o
objetivo dos reformadores: exaltar a Bíblia Sagrada.28
Não somente na Alemanha, mas em outros países da Europa,
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 31

a Reforma cresceu graças à Os seus escritos despertavam no


ampla disseminação de Bíblias, povo o interesse e a necessidade
livros e folhetos espalhados das Escrituras, cumprindo assim
pelos colportores de Lutero.29 o objetivo dos reformadores:
Ellen White acrescenta que exaltar a Bíblia Sagrada.
“de seus sermões e escritos
procediam raios de luz que despertavam e iluminavam a milhares.”30
A obra mais importante de Lutero foi traduzir a Bíblia, a partir de
seu idioma original para a língua alemã. Com isso, o reformador tinha
por objetivo colocar as Escrituras nas mãos do povo. Lutero começou
com o Novo Testamento, que em onze semanas já estava traduzido e
foi então publicado em 1522. O Antigo Testamento só foi concluído
em 1534, completando assim todo o volume das Escrituras. Essa Bíblia
alcançou ampla circulação, pois, até a morte de Lutero, “mais de 430
edições da Bíblia por ele traduzida ou de extratos dessa Bíblia viram a
luz do dia. Foi possível calcular que, em 1535, um alemão, entre cada
70, possuía um Novo Testamento”.31
Não só Lutero, mas outros reformadores como Zwínglio, João
Calvino, João Wesley e Knox perceberam a vantagem de usar o método
da colportagem acompanhada do exercício da pregação. Eles uniram
a proclamação da Palavra com a distribuição de literatura, sendo esta
última considerada uma força propulsora para a primeira.22 Lutero ainda
afirmou que a “imprensa é o último supremo dom, pois através dela
Deus quer tornar conhecida em toda Terra a questão da verdadeira
religião[...]. É a última chama de luz antes da extinção deste mundo”. 33
32 OS DOIS MINISTROS

O MOVIMENTO ADVENTISTA PRÉ E PÓS-1844

O Movimento Adventista Pré-1844

No final do século 18, começou a haver maior interesse pelo


estudo das profecias bíblicas concernentes ao segundo advento
de Cristo. Nesse período, alguns sinais cósmicos também estavam
acontecendo, o que motivou os estudiosos a se concentrarem nos
estudos dos livros proféticos de Daniel e Apocalipse.34
Esses eruditos também fizeram uso da página impressa para
expôr suas conclusões sobre a brevidade da volta de Cristo, à luz das
profecias bíblicas. É mencionado o exemplo de Manuel Lacunza, um
jesuíta espanhol que, em 1812, publicou na Espanha e na Itália o livro
La Venida del Mesías en gloria y majestad [A Vinda do Messias em
Glória e Majestade]. Antes de publicar o livro, manuscritos de Lacunza
já estavam circulando em latim e italiano.35 Tratando-se do seu livro,
uma “vez impresso, espalhou-se rapidamente, criando uma agitação
considerável em todo sul da Europa e América Latina”.36 Ellen White
também acrescenta que essa obra de Lacunza “serviu para aprofundar
o interesse que já se despertava na Inglaterra pelo assunto do segundo
advento”.37
Bengel e Gaussen também
Esses eruditos também fizeram
foram outros que preferiram usar
uso da página impressa para
a escrita a fim de propagar seus
expor suas conclusões a respeito
estudos sobre o advento. Com
da brevidade da volta de Cristo,
relação a Gaussen, foi informado
à luz das profecias bíblicas.
que ele publicou um conjunto de
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 33

lições com o objetivo de promover o estudo das profecias nas igrejas


de língua francesa.38
Entre esses pesquisadores estava a pessoa de Guilherme Miller,
nascido em 1782, na cidade de Pitsfield, Massachussets.39 Após sua
conversão, dedicou-se ao estudo da Bíblia, procurando compreender
os versos mais obscuros. Desses versos, o que mais despertou a sua
atenção foi Daniel 8:14, levando-o a concluir que a segunda vinda
de Cristo ocorreria por volta de 1843, quando finalizaria a contagem
profética mencionada nesse mesmo texto de Daniel.40
Miller sentiu-se incumbido de pregar essa mensagem com o objetivo
de advertir as pessoas do fim iminente. Para cumprir esse propósito, em 15
de fevereiro de 1836, ele usou pela primeira vez a imprensa como veículo
de comunicação. Suas considerações foram impressas em um jornal batista
chamado The Vermont Telegraf. Posteriormente, ele publicou um folheto
de 64 páginas sobre a segunda vinda de Cristo e o ano de 1843.41
Como resultado da pregação de Miller, milhares aceitaram a sua
mensagem, estimando-se por volta de 100 mil pessoas.42 Pastores e
pregadores de outras denominações também se uniram ao movimento.
Josiah Litch, pregador metodista, após ter lido um dos livros de Miller, aceitou
os seus pontos de vista e uniu a sua voz à pregação do milerismo. Litch
também fez uso da página impressa preparando um livro de 200 páginas,
intitulado The Probability of the Second Comming of Christ About A. D. 1843
[A Probabilidade da Segunda Vinda de Cristo Ocorrer em 1843]. 43
Outro associado de Miller foi Joshua V. Himes. O contato entre
os dois foi feito quando Himes convidou Miller para dirigir uma série de
pregações em sua igreja. Após esse contato, o milerismo recebeu novo
impulso.44
34 OS DOIS MINISTROS

Qual foi a contribuição que Himes deu a Miller? Que método ele
usou para auxiliar o movimento milerita? Segundo George R. Knight,
“o meio mais importante e influente foi a página impressa”. Sentindo a
urgência da mensagem, Himes começou a publicar, em 20 de março de
1840, a revista Signs of the Times [Sinais dos Tempos] que tinha como
objetivo preparar as pessoas para a segunda vinda de Cristo.46
Um dos métodos que Himes usava para fortalecer a pregação
de Miller era distribuir a literatura na época em que eles realizavam
campanhas evangelísticas. No outono de 1842, em Nova Iorque, os dois
planejaram uma série evangelística e, para despertar os habitantes da
cidade, Himes fundou o jornal Midnight Cry [O Clamor da Meia-Noite],
que era vendido por meninos jornaleiros, com uma tiragem diária de
dez mil exemplares. A próxima série foi na cidade de Rochester, e
para essa foi criado um outro jornal intitulado The Glad Tiding of the
Kingdom to Come [As Alegres Novas do Reino Vindouro]. 47
Depois dos resultados dessas experiências, os mileritas adotaram
o método de sempre incluir a distribuição de literatura em seus programas
evangelísticos.48 Dessa maneira, os líderes mileritas anunciavam o breve
retorno de Cristo interligando esses dois métodos de pregação: o uso da
voz e o uso da literatura. Verifica-se que à “palavra falada ajuntaram-se
revistas e folhetos que ensinavam
a doutrina adventista”.49
Os líderes mileritas anunciavam
Himes também produziu A
o breve retorno de Cristo,
Biblioteca do Segundo Advento,
interligando esses dois métodos
uma série constituída de
de pregação: o uso da voz e o uso
tratados e livros de Miller e de
da literatura.
outros pregadores adventistas.
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 35

Além dessa série, ele publicou muitos folhetos com as explicações


de Miller, os quais eram enviados aos correios de todo o país e aos
capitães de barcos nos diversos portos. Esse empreendimento foi de
tamanha amplitude que, no início de 1843, esses folhetos podiam ser
encontrados também em países da Europa, como França e Alemanha.50
Knight explica que:

O método milerita de alcançar o mundo geralmente


não era enviar missionários, mas colocar suas publicações
em navios destinados a vários portos marítimos. Foi assim
que [...] Himes pôde escrever que as publicações mileritas
haviam sido “enviadas a todos os postos missionários
conhecidos do Globo”.51

O uso da imprensa foi marcante no início desse movimento. Seus


defensores não ousaram dispensar esse recurso, pois criam que esse
era o método mais eficiente para cumprirem a comissão evangelizadora
ordenada por Jesus Cristo em Mateus 28:19,20.52
Caso Miller não houvesse encontrado Himes, será que o
milerismo alcançaria tal êxito? O que seria desse movimento sem o uso
da publicidade dada por Himes através da página impressa? O fator
determinante encontra-se nas seguintes palavras: “A distribuição de
literatura e a pregação da mensagem iam de mãos dadas, pois aonde
quer que fosse o pregador havia imediato pedido de literatura, e onde
quer que a literatura chegasse havia pedidos de pregadores.”53 Não
havia uma minimização entre o pregador e o divulgador de literatura,
ambos cumpriam uma missão conjunta indispensável para levar o
36 OS DOIS MINISTROS

movimento “de uma curiosidade local, a uma causa que receberia a


atenção nacional”.54
No final de 1842, Miller prevê, de acordo com os seus estudos
das profecias, que a data para o advento de Cristo seria entre 21 de
março de 1843 e 21 de março de 1844,55 mas Samuel Snow, após
pesquisar o período profético dos 2300 dias de Daniel 8:14 e, fazendo
uma comparação desses dias proféticos com o calendário judaico
caraíta, concluiu que o final exato dessa profecia se daria em 22 de
outubro de 1844.56 Ao aproximar-se o dia, os mileritas redobraram as
suas forças fazendo com que o prelo trabalhasse ininterruptamente e as
literaturas fossem distribuídas aos milhares, de casa em casa.57 Nessa
época, calcula-se que aproximadamente oito milhões de exemplares
da literatura adventista chegaram às mãos das pessoas.58
No entanto, ao chegar o dia marcado, o evento tão esperado
não ocorreu, trazendo assim um profundo desapontamento para os
expectantes. O erro não estava na contagem dos cálculos proféticos,
mas na interpretação do evento que ocorreria no final dessa contagem.
Os mileritas criam que a purificação do santuário fosse a purificação da
Terra com fogo, por ocasião da volta de Jesus, mas estudos posteriores
revelaram que o santuário celestial, e não a Terra, entraria em um
processo de purificação entendido como juízo investigativo.59
Após esse desapontamento, o movimento adventista se dividiu em
quatro grupos: (1) Adventistas Evangélicos; (2) A Igreja Cristã do Advento;
(3) Adventistas da Era Vindoura; e (4) Adventistas do Sábado e da Porta
Fechada. Desse último, surgiram os Adventistas do Sétimo Dia.60 Qual foi a
contribuição das publicações no início da Igreja Adventista do Sétimo Dia e
como foram usadas pelos pioneiros pós- 1844?
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 37

O Movimento Adventista Pós-1844

No dia seguinte ao desapontamento, Hiram Edson, O.R.L.


Crosier e F. B. Hahn reestudaram o texto de Daniel 8:14. Após horas de
estudo e com uma nova compreensão sobre o ministério sacerdotal de
Cristo no santuário celestial, convictos, eles entenderam que em 22 de
outubro de 1844, Jesus Cristo dirigiu-Se do primeiro para o segundo
compartimento no santuário celestial, dando início ao processo
denominado mais tarde como juízo investigativo.61
A primeira literatura que conteve esses estudos de Edson foi
publicada em março de 1845, com o título The Day Dawn [O Amanhecer
do Dia] e, no dia 7 de fevereiro de 1846, foi lançado o The Day Star
[A Estrela da Manhã].62 A interpretação do santuário contida nessas
publicações trouxe aos adventistas dispersos conforto e segurança, ao
compreenderem novos aspectos da profecia e do ministério sacerdotal
de Jesus Cristo.63 Com o êxito dessa publicação em unir o movimento,
Edson convenceu-se do poder da imprensa como um veículo eficaz para
a pregação do evangelho, levando-o, em 1852, a vender a sua fazenda
e aplicar a renda nas primeiras impressoras para o adventismo.64
Além do santuário, outra doutrina já estava sendo compreendida
e aceita pelos adventistas, antes mesmo do desapontamento – a guarda
do sábado. O pastor Frederico Wheeler era um ministro metodista
adventista da cidade de Hillsboro, New Hampshire. Ele recebeu em
sua igreja a visita de uma senhora por nome Raquel Preston, que era
membro da Igreja Batista do Sétimo Dia. Após entreter conversa com
Preston, Wheeler aceitou o sábado em 16 de março de 1844 como
verdadeiro dia de guarda, sendo o primeiro pastor adventista a se
38 OS DOIS MINISTROS

decidir por essa doutrina.65 Entretanto, antes de conversar com Wheeler,


Preston também já havia aceitado o adventismo e tinha distribuído
aos membros da igreja de Wheeler alguns folhetos sobre a guarda do
sábado.66
Outro pastor que também se tornou observador do sábado foi
Tomás M. Preble, em agosto de 1844.67 Um mês depois, no editorial do
Midnight Cry, foi publicado um extenso estudo sobre o sábado.68 Preble
começou a publicar suas convicções sobre o sétimo dia somente em 28
de fevereiro de 1845, na revista Hope of Israel [Esperança para Israel].
Nesse mesmo ano, ele também preparou um folheto de doze páginas,
contendo mais argumentos a favor do sábado, com o título de Tract
Showing That the Seventh-Day Should Be Observed as the Sabbath,
Instead of the First Day; “According to the Commandment” [Folheto
Mostrando que o Sétimo Dia deve ser observado como o sábado, ao
invés do primeiro dia: “Conforme o Mandamento”].69
No ano de 1845, o artigo que Preble publicou na Hope of
Israel foi lido por José Bates, um dos mileritas-adventistas que havia
passado pelo desapontamento e se tornou um dos cofundadores da
Igreja Adventista do Sétimo Dia.70 Ao ler o artigo, Bates convenceu-se
a respeito do sábado e decidiu publicar um folheto que tratasse do
assunto. Bates publicou, em agosto de 1846, o folheto The Seventh
Day Sabbath, a Perpetual Sign [O Sábado do Sétimo Dia, um Sinal
Perpétuo]. Esse folheto contribuiu para que outros adventistas
aceitassem a observância do sábado, entre os quais estavam Tiago
e Ellen G. White.71
Ao entrar em contato com O. R. L. Crosier, F. B. Hahn e Hiran
Edson, Bates obteve conhecimento da doutrina do santuário, e então,
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 39

em seus escritos, procurou relacionar os temas do santuário com o


sábado e integrou ambas as doutrinas com a interpretação profética
das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12. Dessa forma,
nos escritos de Bates, estavam inseridos “em essência a plataforma do
que viria a ser o núcleo da teologia adventista do sétimo dia”.72 Essas
primeiras publicações sobre o sábado foram fundamentais para formar
a teologia adventista sobre o quarto mandamento. Bates fazia com que
as publicações fossem um meio para que a comunidade adventista
conhecesse esses pontos doutrinários, pois, embora “o testemunho
pessoal de Bates tenha tido sua importância no desenvolvimento da
mentalidade sabatista, seus livros foram ainda mais essenciais”.73
As publicações também surtiram efeito impactante na vida
de dois jovens que haviam passado pelo desapontamento, Ellen G.
Harmon e James (Tiago) White. Ellen G. Harmon (depois, Ellen G.
White), cofundadora da Igreja Adventista, nasceu em Gorham, Estado
do Maine, em 26 de novembro de 1826.74 Após o desapontamento de
1844, precisamente em dezembro do mesmo ano, Ellen G. Harmon75
recebeu sua primeira visão, que seria seguida de muitas outras, e
que contribuíram para confirmar sobre Ellen o recebimento do dom
profético, conforme creem os adventistas do sétimo dia.76 Ellen e seu
esposo também fizeram uso
As publicações também surtiram
das publicações para que
efeito impactante na vida de
o grupo de adventistas
dois jovens que também haviam
conhecesse e aceitasse as
passado pelo desapontamento,
visões como manifestações do
Ellen G. Harmon e James
dom de profecia.78
(Thiago) White.
40 OS DOIS MINISTROS

No início de seu ministério, Ellen White foi chamada por Deus para
escrever as visões e as mensagens que a ela foram reveladas. Devido a
essa vocação, ela desenvolveu um profícuo ministério como escritora,
alcançando, no final de sua vida, um total de mais de cinco mil artigos
escritos e cerca de cem mil páginas, incluindo cartas, manuscritos e
livros, o equivalente a 25 milhões de palavras.79
No final da primavera de 1847, foi feita a primeira publicação
conjunta de Tiago, Ellen White e José Bates, intitulada A Word to the
“Little Flock” [Uma Palavra ao "Pequeno Rebanho"]. Essa obra incluía
várias visões de Ellen, algumas considerações de Bates concernentes
às visões e interpretações de Tiago White sobre temas apocalípticos e
acontecimentos relacionados à volta de Cristo.80
A distribuição dessas primeiras literaturas contribuiu grandemente
para a formação inicial do corpo doutrinário dos adventistas sabatistas.
Esses pioneiros não se limitaram apenas à pregação da mensagem
pela voz; fizeram abundante uso da página impressa. Suas publicações
serviram para convocar, informar e unir o grupo de crentes em torno da
tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14:6-12.81
Em 1848, a distribuição de publicações seria o centro das atenções
dentro do adventismo. Everett Dick informa que, em “22 de Outubro
de 1848, numa reunião em Topsham, no Maine, os crentes [entre estes
Tiago White e sua esposa] tornaram a impressão da mensagem assunto
de oração”.82 Um mês depois da reunião, Ellen G. White recebeu uma
visão com um recado para seu esposo:
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 41

“Tenho uma mensagem para ti. Deves começar a publicar


um pequeno jornal e mandá-lo ao povo. Que seja pequeno a
princípio; mas, lendo-o o povo, mandar-te-ão meios com que
imprimi-lo, e alcançará bom êxito desde o princípio. Desde este
pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de
luz que circundavam o mundo.”83

Em seguida, Tiago White começou a concentrar a sua atenção


em preparar o primeiro periódico adventista denominado The Present
Truth [A Verdade Presente], lançado em Julho de 1849. Em agosto de
1850, foi publicado outro periódico intitulado Adventist Review [Revista
Adventista], e em novembro do mesmo ano, os dois periódicos foram
unidos em um só, sob o título Second Advent Review and Sabath
Herald [Revista do Segundo Advento e Arauto do Sábado].84 Em 1852,
Tiago White começou a publicar um outro periódico mais direcionado
aos jovens, intitulado Youth’s Instructor [Instrutor da Juventude]. Com
base nessa publicação, foi criado o Departamento de Escola Sabatina.85
No ano de 1880, George Albert King, jovem canadense
convertido ao adventismo, estruturou o plano de vendas de
literatura dentro da Igreja Adventista. Na assembleia da Associação
Geral de 1881, King solicitou à administração da igreja que publicasse em
um só volume os livros Thoughts on Daniel e Thoughts on Revelation
[Pensamentos Sobre Daniel e Pensamentos Sobre Apocalipse], de autoria
de Uriah Smith. King também recrutou membros da igreja para
ingressarem na colportagem, a fim de ajudá-lo nas vendas desses
livros. Ele foi o primeiro colportor da Igreja Adventista e alcançou
êxito desde o início do seu trabalho.86
42 OS DOIS MINISTROS

Por que os pioneiros Essas publicações ajudaram


dispensaram tanta atenção à a propagar a mensagem em
página impressa? Mais uma lugares onde os fundadores do
vez, o uso desse método serviu movimento adventista sabatista
como uma “alavanca” para não podiam ir pessoalmente.
desenvolver e fortalecer o
crescimento do adventismo do sétimo dia. Alberto Timm completa
dizendo que "essas publicações ajudaram a propagar a mensagem em
lugares onde os fundadores do movimento adventista sabatista não
podiam ir pessoalmente”.87
Nesses exemplos, nota-se o trabalho conjunto do pregador/pastor
com a colportagem. Os pioneiros tanto pregavam como colportavam.
Eles não desvinculavam esses dois ministérios, pois sabiam que a página
impressa daria asas à mensagem falada para que ela alcançasse os lugares
mais remotos.
É comum encontrar na literatura da história da Igreja Adventista
do Sétimo Dia exemplos de pastores pioneiros que usufruiram da
força da imprensa e alcançaram excelentes resultados, tanto para
o crescimento do número de membros como para alcançar novos
conversos. É citado o exemplo do pastor Arthur G. Daniells, que foi
presidente da Associação Geral de 1901-1922. Ele fazia campanhas
evangelísticas e motivava a igreja e seus alunos a promoverem as
publicações no período dessas campanhas.88
Com o exemplo de Daniells, nota-se que os pioneiros
prosseguiram com o mesmo método utilizado pelos reformadores
e pelos mileritas, colocando o programa da colportagem ao lado
do ministério da pregação. Daniells também exemplifica o que
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 43

A partir daquele simples Ellen White escreve sobre os


começo na casa de Tiago White, pastores. Ela endossa o fato de
quando foi impresso o primeiro que esses são os pastores mais
periódico de The Present Truth, qualificados para promover
a colportagem cresceu e se a obra da colportagem,
desenvolveu. pastores que vivenciaram
uma experiência de vida com o Ministério da Página Impressa.89
Tiago White também compartilhava desse mesmo pensamento e,
para ele, uma das maneiras pelas quais o pastor devia fazer essa
promoção era realizar um trabalho conjunto: além de visitar as
pessoas e orar com elas ele [o pastor] deveria fazer circular nossas
publicações por onde quer que fosse.90 Com esse apoio, Tiago
White acrescenta que o ministério das publicações “pode se tornar
mais eficiente e receber um novo ímpeto pela cooperação calorosa
de nossos ministros”.91
A partir daquele simples começo na casa de Tiago White,
quando foi impresso o primeiro periódico The Present Truth, a
colportagem se desenvolveu servindo como método de vanguarda
para a introdução do adventismo em vários países,92 inclusive no
Brasil.
44 OS DOIS MINISTROS

O INÍCIO DO ADVENTISMO NO BRASIL

O Brasil hoje é considerado o país que possui o maior número de


adventistas no mundo.93 Há um expressivo número de escolas e internatos,
a área médica é representada por hospitais e clínicas modernamente
equipadas e o número de membros cresce a cada dia. Apesar de existir
regiões onde não há presença adventista, de forma geral, nota-se o êxito
que a Igreja vem alcançando neste País; portanto, é interessante rever como
foi sua história desde o começo.
Por volta de 1878, um jovem alemão por sobrenome Buchard,
cometeu alguns crimes no sul do país e fugiu de navio para a Alemanha.
Durante a viagem, ele conversou com alguns missionários adventistas
que se interessaram em ajudá-lo. Buchard começou a estudar a Bíblia
com eles e lhes deu o seu endereço aqui no Brasil para que fossem
enviadas literaturas à sua família. Foi assim que um pacote contendo
dez revistas alemãs chegou a um mercado próximo à cidade de
Brusque, Santa Catarina. Esse mercado também servia de agência rural
de correio, e o seu dono era David Hort. O pacote trazia as revistas
Stime der Wahrheit [A Voz da Verdade], que foram distribuídas por um
homem de sobrenome Dreefke.94
Outras publicações continuaram sendo enviadas ao sul do Brasil,
até que um dos exemplares enviados, cujo título era “Comentário
Sobre o Livro de Daniel”, chegou
Um pacote contendo dez revistas
às mãos de Guilherme Belz, que
alemãs chegou a um mercado
avidamente leu o livro e aceitou
próximo à cidade de Brusque, em
de imediato a doutrina sobre o
Santa Catarina.
sábado, juntamente com outras
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 45

três famílias, totalizando vinte e duas pessoas.95


Foi somente em maio de 1893 que pisou em solo brasileiro o primeiro
colportor adventista, Albert B. Stauffer. Depois dele, imigraram para o País
outros colportores, como Elwin Winthrop Snider, W. H. Thurston, Alberto e
Frederico Burger e Augusto Brack.96 Nesse período, eles trabalharam com
literatura alemã no sul do Brasil e alguns livros traduzidos do inglês para o
português, mas somente em 1900, no Rio de Janeiro, foi impresso o primeiro
periódico em língua portuguesa, intitulado “O Arauto da Verdade”, e em
1907, foi impresso o primeiro livro de colportagem: “A Vinda Gloriosa de
Cristo”. Assim começou a ser impressa a literatura adventista no Brasil,
marcando o início das atividades da Casa Publicadora Brasileira (CPB),
editora dos adventistas do sétimo dia.97
Tem-se observado o êxito desse trabalho conjunto entre os dois
ministros, o pastor e o colportor, bem como a sua contribuição para o
desenvolvimento do adventismo no País. As grandes instituições da
denominação, como escolas, internatos, hospitais, indústrias de alimentos e
milhares de igrejas espalhadas em todo o território são o resultado daquele
pequeno pacote de revistas enviado ao mercado-correio de David Hort,
em 1878, e que fortaleceu o ministério da pregação feita por líderes locais
que iniciaram a Obra Adventista neste País.
A respeito dos primeiros colportores que pisaram o solo brasileiro,
Wilson Sarli observa que “os pregadores da Palavra devem um tributo de
gratidão a esses destemidos missionários da página impressa. Se a Igreja
é o que é, hoje, na Divisão Sul-Americana, deve em grande parte àquelas
sementinhas lançadas por humildes colportores-missionários”.98
Por ocasião do seu centenário no ano 2000, a Casa Publicadora
Brasileira classificou os dez livros mais vendidos durante o século passado.99
46 OS DOIS MINISTROS

Destacam-se entre os primeiros, três livros de autoria de Ellen G. White:


1º) Caminho a Cristo – a primeira edição foi lançada em 1908, sob
o título de Vereda de Cristo, e no ano 2000 atingiu mais de 4,5 milhões
de exemplares vendidos.
2º) O Grande Conflito – Lançado em 1921, no ano 2.000, chegou
à sua 35ª edição com 3.162.558 exemplares vendidos.
3º) Vida de Jesus – Sua primeira edição foi em 1910, chegando em
2.000 à sua 74ª edição com 2.180.000 exemplares vendidos.

A relação a seguir traz, em números mais exatos, o trabalho


realizado pela Casa Publicadora Brasileira quanto à produção de livros
impressos durante os anos de 1900 a 2000. 100

Unidades de Consumo de
Período
Livros Produzidas Papel em Quilos
1900-1909 2.700 3.234
1910-1919 112.140 139.339
1920-1929 321.530 385.180
1930-1939 468.410 561.136
1940-1949 1.334.830 1.599.071
1950-1959 3.053.880 3.658.422
1960-1969 4.784.180 5.731.250
1970-1979 6.039.510 7.235.083
1980-1989 6.516.210 7.806.150
1990-1999 17.957.540 21.512.391
Total nos 100 Anos 40.590.930 48.626.257
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 47

Rubens Lessa, que foi redator-chefe da CPB por mais de três


décadas, explica que esses números somam 28 bilhões de páginas
impressas. Se cada página fosse colocada uma ao lado da outra numa
faixa de 25 cm de largura, resultaria em uma extensão de 5.600.000
quilômetros, que equivalem a cento e quarenta voltas ao redor da Terra.101
Na década de 2001 a 2010, com a publicação de outros títulos, a CPB
aumentou mais ainda o número desses círculos ao redor do Globo.
A partir de 2001, foram lançados pela CPB, sob a orientação da
Divisão Sul-Americana, os seguintes livros e revistas para distribuição em
massa pelos membros da igreja, confirmando assim o poder de alcance
da página impressa:

Número de
Título
Exemplares
Revista Momentos de Alegria (2001) 2.145.000
Revista A Oração Faz a Diferença (2004) 692.000
Revista Esperança Para um Mundo em Crise (2007) 2.695.000
Livro Os Dez Mandamentos (2007) 2.142.000
Livro Esperança Para Viver (2008). 1.215.000
Livro Sinais de Esperança (2009). 4.000.000.
Revista Um Dia de Esperança (2010). 19.847.000.
Livro Tempo de Esperança (2010). 7.465.000.
Livro Ainda Existe Esperança (2011) 8.528.000
Livro A Grande Esperança (2012) 31.450.000
Livro A Grande Esperança (2013) +7.200.000 em DVD 2.750.000
Livro A Única Esperança (2014) 16.642.000
Livro Viva com Esperança (2015) 16.943.000
Livro Esperança Viva ( Até Maio de 2016) 14.644.500
Fonte: CPB - Alguns itens tiveram produção posterior, cujos números não constam desse total.
48 OS DOIS MINISTROS

É importante notar que esses Desde este pequeno começo,


dados referem-se apenas à Casa foi-me mostrado assemelhar-se
Publicadora Brasileira, sem incluir a torrentes de luz que
as demais editoras adventistas que circundavam o mundo.
estão em outros países.
Esse resultado pode ser comparado ao que Ellen G. White disse
ao seu esposo sobre o início do trabalho com publicações: “Desde este
pequeno começo, foi me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que
circundavam o mundo.”102
Assim, vemos que o trabalho conjunto da distribuição de
literatura e da pregação da Palavra foi o método escolhido por Deus
para promover o crescimento da igreja e solidificar a confiança dos
próprios membros no movimento.103
Ao recapitular a história da igreja cristã, desde o período
que antecedeu a Reforma, o próprio exemplo dos reformadores,
o movimento adventista pré e pós-1844 e o início do adventismo
no Brasil, nota-se o trabalho inseparável do Ministério da Palavra
Falada unido ao Ministério da Palavra Escrita. Por esses exemplos,
temos um modelo de trabalho conjunto que pode ajudar o pastor
e o colportor na missão de conservar e fazer crescer o número de
membros da sua congregação, bem como promover os ministérios
e o trabalho a ser levado avante na igreja. Devemos continuar
usando o mesmo meio que

O setor de publicações de nossa tem dado força, poder e êxito

Causa é um dos poderosos à divulgação da mensagem

recursos de que dispomos. adventista.


PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 49

A pregação e os livros são as duas pernas que permitem


à Igreja avançar em direção à conquista do mundo
para Cristo. Se faltar um desses elementos à Igreja,
ela apresentar-se-á aleijada, incapaz de trazer vida
completa à humanidade. Devemos pregar e disseminar
a mensagem através da literatura.104

Ellen White ainda acrescenta que "o setor de publicações de


nossa Causa é um dos poderosos recursos de que dispomos". 105

1
Ronald E. Appenzeller, Curso Básico para Colportores, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1997), p. 10.
2
Ibid.
3
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2001), p. 764
4
Wilson Sarli, Colportagem: O que é? Objetivos e Algumas Dicas (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1994), p. 25.
5
Ibid.
6
Virgílio E. Robinson, Heróis de Todas as Épocas – A História dos Valdenses (Santo André, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 1969), p. 7.
7
Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), p. 68.
8
Nicolas. Chaij, O Colportor de Êxito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998), p. 23.
9
White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988) p. 80.
10
Ibid.

A. Knight, & W. Anglin, História do Cristianismo – dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século
11

XX (Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1983), p. 182.
12
White, O Grande Conflito, p. 89.

A. Knight, & W. Anglin, Hi stória do Cristianismo – dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século
13

XX, p. 189.
14
White, O Grande Conflito, p. 99. Ver o capítulo 6 intitulado “Dois Heróis da Idade Média”.
50 OS DOIS MINISTROS

A. Knight, & W. Anglin, História do Cristianismo – dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século
15

XX, p. 189.
16
Sônia M. M. Gazeta, “A Obra de Publicações Através das Eras”, em A Colportagem Ad-
ventista no Brasil: Uma Breve História, ed. Alberto R. Timm (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa
Universitária Adventista, 2000), p. 8.
17
Wilson Martins, A Palavra Escrita Permanece – História do Livro, da Imprensa e da Biblioteca
(São Paulo, SP: Ática, 1998), p. 127, 128 e 135.
18
Appenzeller, Curso Básico para Colportores (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997),
p. 11.
19
Ibid.
20
Rubem M. Scheffel, “A Importância da Imprensa”, Revista Adventista (Tatuí, SP: Casa Publi-
cadora Brasileira, janeiro de 2006), p. 17.
21
Martins, A Palavra Escrita Permanece, p.187 (itálico acrescentado).

A. Knight, & W. Anglin, História do Cristianismo – dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século
22

XX, p. 207.
23
Marc Lienhard, Martin Lutero: Tempo, Vida e Mensagem (São Leopoldo, RS: Sinodal, 1998),
p. 32, 37.
24
Knight & W. Anglin, História do Cristianismo – dos Apóstolos do Senhor Jesus ao Século XX,
p. 212-215.
25
Lienhard, Martin Lutero: Tempo, Vida e Mensagem, p. 95.
26
White, O Grande Conflito, p. 129, 130.
27
Chaij, O Colportor de Êxito, p. 26.
28
White, O Grande conflito, p. 194.
29
Lienhard, Martin Lutero, Tempo, Vida e Mensagem, p. 96.
30
White, O Grande Conflito, p. 133. Nesta citação, observa-se o trabalho conjunto dos “ser-
mões” e “escritos” de Lutero, apontados pela autora como trabalhando em conjunto (itálico
acrescentado).
31
Lienhard, Martin Lutero: Tempo, Vida e Mensagem, p. 274, 277.
32
Gazeta, “A Obra de Publicações Através das Eras”, em A Colportagem Adventista no Brasil
(Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista, 2000), p. 11.
33
Lienhard, Martin Lutero, Tempo, Vida e Mensagem, p. 263.
34
Gerard Damsteegt, Foundations of the Seventh-day Adventist Message and Mission (Berrien
Springs, MI: Andrews University Press, 1990), p. 25, 26.
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 51

35
Richard W. Schwarz; Floyd Greenleaf, Portadores de Luz: Historia de la Iglesia Adventista del
Séptimo Día (Buenos Aires, Argentina: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002), p. 25.
36
Ibid.
37
White, O Grande Conflito, p. 363.
38
Ibid., p. 365.
39
Everett N. Dick, “The Millerite Movement, 1830-1845”, em Adventism in America: a History,
ed. Gary Land (Berrien Springs, MI: Andrews University, 1998), p. 3.
40
Dick, Fundadores da Mensagem (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995), p. 17, 18.
41
Ibid., p. 21
42
Alberto R. Timm, O Santuário e as Três Mensagens Angélicas: Fatores Integrativos no Desen-
volvimento das Doutrinas Adventistas (Engenheiro Coelho, SP: Instituto Adventista de Ensino
– Campus 2, 2002), p. 19.
43
Schwarz e Greenleaf, Portadores de Luz: Historia de la Iglesia Adventista del Séptimo Día, p. 32.
44
Gazeta, “A Obra de Publicações Através das Eras” em A Colportagem Adventista no Brasil,
p. 13.
45
George R. Knight, Uma Igreja Mundial: Breve História dos Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí,
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), p. 13.
46
Ibid.
47
Dick, Fundadores da mensagem, p. 55, 56.
48
Dick, The Millerite Movement, 1830-1855, p. 11.
49
Odair Linhares e Isolina A. Waldvogel, trads., História da Nossa Igreja, 2ª ed. (Santo André,
SP: Casa Publicadora Brasileira, 1965), p. 154.
50
Schwarz e Greenleaf, Portadores de Luz: Historia de la Iglesia Adventista del Séptimo Día,
p. 36, 37.
51
Knight, Uma Igreja Mundial, p. 15.
52
Uma breve descrição das literaturas que foram publicadas neste período encontra-se em
Land, Adventism in América, p. 10-13.
53
Dick, Fundadores da Mensagem, p. 54.
54
Schwarz e Greenleaf, Portadores de Luz – Historia de la Iglesia Adventista del Séptimo Día,
p. 33
55
Timm, O Santuário e as Três Mensagens Angélicas, p. 32.
56
Knight, Uma Igreja Mundial, p. 19.
52 OS DOIS MINISTROS

57
C. Mervyn Maxwell. História do Adventismo (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1982), p. 33.
58
Ibid., p. 18
59
Frank B. Holbrook, O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2002), p. 169-171.
60
Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O Ministério Profético de Ellen G. White (Tatuí,
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002), p. 50.
61
Para um estudo mais detalhado sobre este tema, ver White, O Grande Conflito, p. 479-491,
1988.
62
Gazeta, “A Obra de Publicações Através das Eras” em A Colportagem Adventista no Brasil,
p. 21.
63
Enoch de Oliveira, A Mão de Deus ao Leme (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1985), p. 153.
64
Ibid., p. 154.
65
Alberto R. Timm, História da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Engenheiro Coelho, SP:
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, 2003), p. 23.
66
Chaij, O Colportor de Êxito, p. 36.
67
Timm, História da Igreja Adventista do Sétimo Dia, p. 23.
68
George Knight, Em busca de identidade – O Desenvolvimento das Doutrinas Adventistas do
Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 67, 68.
69
Idem, Uma igreja Mundial, p. 37.
70
Timm, História da Igreja Adventista do Sétimo Dia, p. 37.
71
Ibid.
72
Knight, Em busca de Identidade, p. 69.
73
Ibid.
74
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p. 9.
75
Esse era o seu nome de solteira. Em 30/08/1846, ela se casou com Tiago White e passou
assinar Ellen G. White. Ver Douglass, Mensageira do Senhor, p. 52.
76
White, Vida e Ensinos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira), p. 57-61.
77
Rubens S. Lessa; Márcio D. Guarda; Rubem M. Scheffel e Zinaldo A. Santos (eds.), Nisto
Cremos: 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 9ª ed., (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2015), p. 276-292.
78
Schwarz e Greenleaf, Portadores de Luz – Historia de la Iglesia Adventista del Séptimo Día, p. 69.
PARTE 2: OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ 53

79
Ver dados de Ellen G. White como escritora em Douglass, Mensageira do Senhor, p.108-121.
80
Schwarz e Greenleaf, Portadores de Luz – Historia de la Iglesia Adventista del Séptimo Día,
p. 71.
81
Knight, Uma Igreja Mundial, p. 54.
82
Dick, Fundadores da Mensagem, p. 123.
83
White, Vida e Ensinos, p. 128.
84
Knight, Uma Igreja Mundial, p. 55, 56.
85
Ibid.
86
Chaij, O Colportor de Êxito, p. 38-41.
87
Timm, O Santuário e as Três Mensagens Angélicas, p. 64.
88
Leonard Masuku, “Uma Olhada Histórica no Ministério de Publicações”, revista O Colportor
Evangelista, Departamento de Publicações da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo
Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira – Impressão e acabamento), janeiro-setembro, 2005,
p. 9.
89
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 687.
90
Felix Cores, “O Poder da Imprensa”, revista O Colportor Evangelista, outubro-dezembro de
2000, p. 14.
91
Ibid.
92
Chaij, O Colportor de Êxito, p. 26.
93
Ruy H. Nagel, “Nossa Igreja Cresce sob a Influência do Espírito Santo: Relatório da Divisão
Sul-Americana, publicado na Adventist Review por ocasião da 58ª Assembleia da Associação
Geral realizada em St. Louis, EUA”, Revista Adventista, julho de 2005, p. 10-12.
94
Werner Mayr, “O Ministério de Publicações”, revista O Colportor Evangelista, abril-junho de
2000, p. 3.
95
Michelson Borges, A Chegada do Adventismo ao Brasil, 2ª ed. (Tatuí-SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2001), p. 59-62. Ver também os capítulos 4-6.
96
Débora C. A. Siqueira. “Desenvolvimento Cronológico da Colportagem no Brasil”, em
A Colportagem Adventista no Brasil: Uma Breve História, ed. Alberto R. Timm, (Engenheiro
Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista, 2000) p.137.
97
Ibid.
98
Sarli, “Colportagem: patrimônio histórico e espiritual da Igreja”, Revista Adventista (Tatuí,
SP: Casa Publicadora Brasileira, setembro, 1992), p. 16.
99
Rubens S. Lessa, “Marcos editoriais”, Revista Adventista, (Tatuí, SP: Casa Publicadora
54 OS DOIS MINISTROS

Brasileira), abril de 2000, p. 14.


100
Idem, Casa Publicadora Brasileira – 100 anos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000),
p. 138, 139.
101
Ibid., p. 179.
102
White, Mensageiros da Esperança (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), p. 9 (itálico
acrescentado).
103
Rubem M. Scheffel, “A importância da imprensa”, Revista Adventista, janeiro de 2006, p. 17.
104
R. A. Rodriguez, “O que um livro pode fazer”, revista O Colportor Evangelista,
outubro-dezembro de 2000, p. 3.
105
White, Mensageiros da Esperança (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), p. 83.
PARTE
3
OS DOIS MINISTROS
NOS DIAS ATUAIS

P
ara realçar a importância da elevada posição que o colportor
ocupa no cumprimento da missão evangelística da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, Ellen White afirma: "O colportor
inteligente, temente a Deus e amante da verdade, deve ser
respeitado; porque ele ocupa uma posição igual à do ministro
evangélico”.1 Mas em que aspectos se pode ver essa igualdade?
Podemos encontrar semelhanças no trabalho de ambos os obreiros?
Esta terceira parte tem como objetivo responder a essas perguntas
comparando a função do
pastor com a do colportor O colportor inteligente, temente
e demonstrar como pode a Deus e amante da verdade,
haver maior reciprocidade no deve ser respeitado; porque ele
trabalho de ambos, tornando ocupa uma posição igual à do
assim mais eficaz a manutenção ministro evangélico.
espiritual da igreja e o avanço
da pregação do evangelho.

O CHAMADO

Assim como ocorreu nos tempos bíblicos, Deus ainda escolhe pessoas
para trabalhos específicos em Sua Obra. Essas pessoas são comissionadas
e capacitadas por Deus para cumprir o que lhes foi designado.2
56 OS DOIS MINISTROS

Aqueles que entram no Há três características que


ministério pastoral devem ter a identificam o chamado para o
convicção de que foram chamados ministério pastoral: a primeira é
por Deus. Ter essa certeza é de a convicção interior; a segunda,
vital importância para sustentar a confirmação pela Bíblia; e a
o ministro diante dos desafios e terceira, a aprovação da igreja.
problemas que podem ocorrer Essas mesmas características
na vida da igreja. Segundo Erwin devem ser vistas na vida daqueles
3

Lutzer, essa certeza deve ser que ingressam na colportagem.


confirmada pela Palavra de Deus
e pela igreja.4 David Fisher também concorda que a vocação interior deve
estar acompanhada da vocação exterior, que é adquirida pela aprovação
favorável da igreja para com o ministro,5 portanto, aquele que escolhe
o pastorado deve entender que "o ministério não é simplesmente uma
profissão; é um chamado. Não é por um tempo até que apareça outra
ocupação mais atraente ou conveniente, mas ao contrário disso, é uma
ocupação para toda a vida”.6
Assim como ocorre no pastorado, aqueles que ingressam na
colportagem devem ter essa mesma consciência do chamado que recebem.
Ellen White escreveu que “Deus convida a obreiros de cada igreja entre
nós, para que entrem em Seu serviço como colportores-evangelistas”.7
Há três características que identificam o chamado para o ministério
pastoral: a primeira é a convicção interior; a segunda, a confirmação pela
Bíblia; e a terceira, a aprovação da igreja. Essas mesmas características
devem ser vistas na vida daqueles que ingressam na colportagem. O
colportor precisa ter convicção de que está cumprindo exatamente a missão
que Deus quer que ele faça;8 essa certeza impedirá que ele se desvie do seu
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 57

ministério para outros ramos de trabalho,9 assim como o pastor também


não pode se desviar do seu posto.10
Essa certeza acompanha o colportor, fazendo com que ele
desenvolva o seu ministério com entusiasmo e dedicação, mesmo
diante dos obstáculos, porque "o Ministério de Publicações é mais
do que uma profissão. É um ministério vocacional de Deus. O
colportor-evangelista é uma pessoa chamada pelo próprio Deus para
sair e abrir as portas do Céu para todas as almas”.11 José L. de Campos
acrescenta que "cada colportor deve estar consciente de que é um ministro
de Deus”.12
Giacomo Molina explica que essa certeza pode ser definida como
um impulso intenso que não deixa a pessoa em paz enquanto ela não
atende ao chamado. A pessoa é fortemente impressionada pelo desejo de
evangelizar, então, ela “vê na colportagem a concretização desse desejo
e se apresenta para o trabalho”.13 Molina acrescenta que essa convicção
é despertada e confirmada pelo estudo da Bíblia e pela indicação dos
membros da igreja, que vêem na pessoa características promissoras para o
ramo da colportagem.14

A MISSÃO

O serviço pastoral compreende várias atividades, entre elas, a de


pregar, visitar, administrar, aconselhar e admoestar a igreja.15 O pastor deve
“ser o diretor e conselheiro espiritual da igreja. Compete-lhe instruir os
oficiais da igreja em seus deveres, e com eles planejar todos os ramos do
trabalho e atividades da igreja”.16 E sendo um ministro ordenado, ele está
capacitado para dirigir todos os ritos e cerimônias da igreja.17
58 OS DOIS MINISTROS

No entanto, entre as diversas atividades pastorais, destaca-se a


pregação e a visitação. A primeira é essencial dentro do programa do
pastor18 e é uma das maiores exigências em seu ministério,19 sendo que
a visitação é o que torna a pregação eficaz, como assim observa Orley
M. Berg:

O tempo despendido nos lares do povo é de vital importância,


se deseja que a pregação seja eficaz. Pregação eficaz e fiel
pastoreio do rebanho são dois elementos indispensáveis na
atividade do ministério. Da mesma forma como deve o programa
prover tempo suficiente para o sermão, deve-o para a visitação 20

Um dos temas nos quais o ministro adventista deve se deter em sua


pregação é a apresentação da mensagem do terceiro anjo, acompanhada
das outras mensagens que a antecedem.21 Tal tema compõe o quadro
de assuntos doutrinários e proféticos da Igreja Adventista e deve ser
apresentado pelo ministro com o objetivo de preparar as pessoas para o
clímax escatológico da segunda vinda de Cristo.22
A pregação do pastor, porém, só terá significado e prosseguimento
se ele visitar os membros, atendendo-os de uma forma mais pessoal
e trabalhando com os que foram despertados para o evangelho.23 Ellen
White observa que não só a pregação, mas também a visitação “de casa
em casa constitui uma importante parte do trabalho do pastor”.24
Essas duas importantes atividades do ministro são vistas também no
trabalho do colportor – este, tanto prega como visita. Sua pregação é feita
através da distribuição de literatura, pois, “distribuindo as publicações, o
colportor está evangelizando da mesma forma e com os mesmos méritos
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 59

daquele que faz evangelismo público ou que prega através do púlpito”.25


Como pregador da mensagem, o colportor é chamado de
“mensageiro silencioso”,27 pois, para cumprir a sua missão como pregador,
ele deixa que os livros falem por ele nos lares das pessoas. O conteúdo
da mensagem desses livros é o mesmo que o da pregação do pastor,27
e quando esse conteúdo religioso é enfatizado nos livros, nota-se um
aumento na sua distribuição, como consequência do interesse do público.28
Os colportores também desenvolvem um programa de visitação
aos lares, e é dessa forma que eles encontram pessoas interessadas na
literatura que apresentam. "Ao
entrarem nos lares dos vizinhos Distribuindo as publicações, o
para lhes vender ou dar nossas colportor está evangelizando
publicações e, em humildade da mesma forma e com os
lhes ensinar a verdade, [...] mesmos méritos daquele que
serão acompanhados pela luz faz evangelismo público ou que
do Céu. 29
Essas pessoas podem prega através do púlpito.
ser visitadas várias vezes pelo
mesmo colportor sempre que houver interesse por mais literaturas,
ou quando essas visitas forem seguidas de estudos bíblicos. Assim, o
colportor pode encaminhar pessoas à igreja, prestando esse tipo de
atendimento aos seus clientes. Eis o que diz Ellen White:

Quando o colportor visita as pessoas em seus lares, muitas


vezes terá oportunidade de ler partes da Bíblia ou dos livros que
ensinam a verdade. Quando ele descobre aqueles que estão
buscando a verdade, pode realizar estudos bíblicos com eles.
Esses estudos bíblicos são justamente o que o povo necessita.30
60 OS DOIS MINISTROS

É nesse mesmo contexto, quando o colportor está atendendo


as pessoas em seus lares ou em seus locais de trabalho (escritórios,
consultórios, oficinas ou empresas) que ele assume a posição de um
verdadeiro ministro, um pastor
para aquelas pessoas. Wilmar A importância dessa obra
Hirle, ao falar a respeito de dois é perfeitamente igual à do
textos de Ellen White sobre esse ministério
tema, explica:

Quando um colportor visita um lar, está ali para ministrar à


família, para ajudar a alimentá-la, nutri-la, protegê-la e atender
suas necessidades espirituais. Essa é a razão de Ellen White ter
escrito: “O fiel colportor-evangelista toma o lugar do pregador
vivo” [...] Ela também declarou: “A importância desta obra é
perfeitamente igual à do ministério.” Nenhuma outra citação
poderia definir melhor o papel do colportor. Ele se torna um
“pregador vivo”, […] realizando trabalho pastoral, quando se
encontra em um lar ensinando o evangelho.31

O APOIO

Pastores e colportores devem procurar meios para trabalhar


juntos, a fim de promoverem o crescimento da igreja. Esse crescimento
foi exemplificado na seção anterior, pelos movimentos históricos que
fizeram uso da página impressa e tiveram resultados expressivos no
aumento do número dos membros. Essa cooperação entre o pastor e o
colportor é assim expressa nas palavras de Ellen G. White:
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 61

Fui instruída de que mesmo onde o povo ouve a


mensagem do pregador vivo, o colportor deve continuar
sua obra em cooperação com o pastor; porque ainda que
o ministro apresente fielmente a mensagem, o povo não
é capaz de retê-la totalmente [...] As publicações farão
muito maior obra iluminando e confirmando pessoas na
verdade do que a que pode ser cumprida unicamente pelo
ministério da Palavra. Os silenciosos mensageiros que são
colocados nos lares pelo trabalho do colportor fortalecerão
o ministério evangélico em todo sentido; porque o Espírito
Santo impressionará a mente dos que lerem os livros, do
mesmo modo que o faz à mente dos que ouvem a pregação
da Palavra.32

De que maneira esse exemplo de integração pode ser usado


atualmente? Ao ser usado, que resultados podem ser obtidos? Conforme
exemplificado na seção anterior, a colportagem é um método indispensável
para o crescimento da igreja, tanto em lugares já trabalhados, como naqueles
ainda não alcançados, além de promover a manutenção e o fortalecimento
dos membros da igreja nas doutrinas bíblicas. Se o pastor deseja alcançar
esses dois alvos para as suas congregações, por que não fazer uso da
colportagem? O pastor não
precisa, necessariamente, atuar As publicações farão muito maior
como colportor, mas espera-se obra iluminando e confirmando
que ele seja um defensor e pessoas na verdade do que a que
promotor desse ministério em pode ser cumprida unicamente
suas respectivas congregações. pelo ministério da Palavra.
62 OS DOIS MINISTROS

Ideias e exemplos de integração entre o pastor e o colportor

1. O pastor como colportor

O pastor pode solicitar à administração regional da Igreja


Adventista em que ele trabalha um tempo limitado para atuar como
colportor-evangelista. Ellen White recomenda que pastores que
desfrutam bom estado de saúde podem, com grande propriedade,
empenhar-se no devido tempo na venda de nossas importantes
publicações.33
Ao se empenhar nesse ramo evangelístico, o pastor estará
estendendo o trabalho que ele já faz junto às igrejas. Ellen White explica
ainda que "o pastor-evangelista que se empenha na colportagem está
realizando um serviço tão importante quanto a pregação do evangelho
perante a congregação a cada sábado.”34 Ele estará seguindo o
modelo dos pioneiros adventistas que, mesmo como pastores, ainda
atuavam na colportagem para que a mensagem do advento avançasse
em lugares ainda não trabalhados.35

2. Ao realizar campanhas evangelísticas

O pastor pode solicitar ao diretor


O pastor pode solicitar
de Publicações do Campo local
ao diretor de Publicações do
uma equipe de colportores para
Campo local uma equipe de
trabalhar na região onde será
colportores para trabalhar
realizada a série de conferências
na região onde será feita a
bíblicas.
conferencia bíblica. Por meio
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 63

desse trabalho, os colportores poderão divulgar o início das reuniões


evangelísticas, identificar pessoas interessadas a encaminhá-las para
os membros da igreja. Samuel E. Rodrigues explica que "grupos de
colportores poderão descobrir muitos interessados na área e despertar
o interesse para as palestras que virão. Equipes fazendo assinaturas
ou vendendo revistas avulsas também podem fazer contato com as
pessoas e descobrir interessados em potencial”.36
Ao fazer uma campanha evangelística no seu distrito, o pastor
precisa atentar para alguns requisitos indispensáveis, e entre eles
está a preparação do local a ser evangelizado. Para isso, é importante
atentar para a propaganda da campanha evangelística na comunidade
local. Um dos meios de comunicação que o pastor pode usar para a
divulgação da campanha é a propaganda impressa.37
O uso do método de evangelismo com publicações pode ser
verificado pelas várias experiências relatadas a seguir, por meio das
quais se comprova o seu êxito quando pastor e colportor trabalham em
íntima parceria.
Na Associação do Texas, Estados Unidos, o diretor de Publicações,
na época, Eddie Canales, implantou um plano de trabalho denominado
“Programa de Três Fases: semear, cultivar e colher”. Na primeira fase, foi
organizada uma equipe de colportores para trabalhar em local próximo
a alguma igreja adventista da cidade. Além de oferecerem os livros,
os colportores inscreveram interessados nos cursos bíblicos que foram
ministrados aos sábados; na segunda fase, os colportores solicitaram aos
membros da igreja que os acompanhassem nas visitas a esses interessados,
a fim de que eles (os membros) prosseguissem com os estudos bíblicos;
na terceira fase, o pastor da igreja local realizou uma série evangelística,
64 OS DOIS MINISTROS

e os interessados que receberam os estudos foram convidados a assistir


às reuniões.
Esse método foi aplicado na igreja da cidade de McAllen, no
Texas. Os colportores inscreveram 120 pessoas nos estudos bíblicos;
desses120, 70 continuaram estudando a Bíblia com os membros locais.
Dos 70, entre 55 e 60 compareceram às reuniões regularmente e, no
final da conferência, foram batizadas 40 pessoas. Esse resultado foi um
esforço conjunto dos colportores, dos membros da igreja e do pastor.38
O mesmo modelo foi aplicado na República Dominicana. Para lá,
foi enviado o colportor José Rafael Gomes, que iniciou o seu trabalho
em Constanza, uma cidade com cinco mil habitantes na época, e sem
presença adventista. Gomez começou a vender os livros e reuniu um
grupo de interessados para as reuniões de estudos bíblicos. Como
resultado desses esforços, foi estabelecida uma congregação com
35 pessoas, das quais, dez foram batizadas inicialmente. O trabalho
prosseguiu com uma série de conferências realizada pelo pastor local,
na época, o pastor Dante Gil.39
Para comemorar o 150º aniversário da Obra de Publicações
da Igreja Adventista, foi realizada uma série evangelística em
Nairobi, no Quênia. Essa série teve início no dia 1º de agosto de
1999, porém, quatro meses antes, um grupo de 215 colportores
foi designado para trabalhar no local, visitando e distribuindo a
literatura publicada pela igreja às pessoas que logo depois foram
convidadas para a série. Como resultado desse trabalho, no dia
27 de dezembro do mesmo ano, foram batizadas 3.393 pessoas.40
Outra série foi realizada em Uganda, África. Dessa vez, as palestras
ocorreram em diferentes regiões do país. Essa campanha evangelística
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 65

contou com a participação de 56 colportores que visitaram as pessoas,


juntamente com os membros da igreja, para distribuírem um curso bíblico
preparado especialmente para esse evento. Além desse programa de
visitação, os colportores podiam expor os seus livros a cada noite, após
as reuniões. Como resultado desse trabalho, foram batizadas 10.173
pessoas, e um grande número de interessados continuou estudando a
Bíblia, a fim de se preparar para os próximos bastismos.41
No Camboja, havia dificuldades para fazer com que a Igreja
Adventista crescesse. É um país extremamente pobre e muito
supersticioso. A religião predominante é o budismo, que na
época totalizava cerca de 90% da população. Algumas tentativas
de expansão foram feitas pela sede da Igreja no país, mas não
houve possibilidades de prosseguir. Entretanto, no mês de maio,
do ano 2000, foi idealizado um plano de evangelização através da
colportagem. Primeiramente, foram escolhidos três membros da
igreja para serem líderes de colportagem, e o pastor local, Hang Dara,
uniu-se a eles. Após o treinamento e a formação dessa liderança,
foram recrutados e treinados outros membros mais, dando assim
origem à primeira equipe de 15 colportores. Um ano depois, essa
equipe já estava com 49 integrantes, e durante esse período eles
levaram ao batismo 49 pessoas, resultado direto da colportagem.
Além desses novos membros, 145 pessoas começaram a frequentar
a igreja a cada sábado. A Igreja Adventista de Phnom Penh ficou
pequena para acomodar o número cada vez maior de membros.42
O mesmo método foi usado pelo pastor Richard Elofer, pastor
geral da Igreja Adventista em Israel. Quando ele iniciou o seu trabalho
naquela região, havia apenas 250 membros. Para promover o crescimento
66 OS DOIS MINISTROS

da igreja no país, ele adicionou ao seu programa de evangelismo a


distribuição de literatura. Trouxe de Gana um colportor-evangelista
que obteve grande êxito entre as diversas etnias espalhadas dentro do
território de Israel. Para atender o povo judeu com literatura hebraica,
foram envidados esforços para o início da primeira casa publicadora no
país, denominada Casa Publicadora Amor e Paz. Como resultado, de
250 membros no seu início, a Igreja Adventista em Israel cresceu para
1500 membros, distribuídos em 30 igrejas e grupos liderados por 13
pastores na época.43
Na sede administrativa da Igreja Adventista em Mato Grosso,
a cada ano, era reservado um período para que os pastores se
envolvessem em uma campanha evangelística com publicações. No ano
de 1996, do dia 17 a 26 de junho, dez pastores se dirigiram à cidade
de Sorriso para realizar esse trabalho. Além de visitarem as pessoas
durante o dia e oferecer os livros, todas as noites, eles realizavam
reuniões evangelísticas. Como resultado dessa campanha, um número
expressivo de livros foi entregue às diversas famílias e 54 inscrições
para cursos bíblicos foram passadas às mãos do pastor local da cidade,
naquela época, Roberto Horta.44
Nesse último exemplo, os próprios pastores participaram do
evangelismo como colportores. Ellen White endossou essa prática ao
escrever que o “pastor-evangelista que se empenha na colportagem
está realizando um serviço tão importante quanto a pregação do
evangelho perante a congregação a cada sábado”,45 e ao se empenhar
na colportagem, o ministro não é rebaixado de sua posição, pois ele
segue o mesmo método de trabalho que era usado pelo apóstolo
Paulo ao visitar as pessoas de casa em casa, a fim de levar a mensagem
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 67

evangélica e também pelos pioneiros da Reforma e do movimento


adventista, conforme exemplificado anteriormente.46

3. Literaturas para uso pessoal

O pastor pode utilizar as publicações promovidas pela igreja


não só para o evangelismo público, como também em outras
atividades pastorais. Em seu trabalho de visitação, o pastor pode
levar consigo pequenos livros, revistas ou folhetos para deixar nos
lares dos interessados. Ellen White escreveu que todos “os nossos
ministros devem sentir-se na liberdade de levar livros consigo para
dispor deles, aonde quer que vão. Aonde quer que o ministro vá,
pode deixar um livro com a família em cuja casa se hospeda, seja
vendendo-o ou dando-o”.47

4. Distribuição da literatura pelos membros da igreja

O pastor também pode motivar os membros da igreja a


usarem a literatura para o evangelismo, atendendo assim a uma das
metas estabelecidas pelo Ministério de Publicações da Associação
Geral. 48

Nos últimos anos,


O pastor pode utilizar as
a administração da Igreja
publicações promovidas pela
Adventista na América do Sul
igreja não só para o evangelismo
tem adotado um livro para essa
público, como também em suas
finalidade, na qual todas as
outras atividades pastorais.
sedes administrativas da igreja
68 OS DOIS MINISTROS

têm o desafio de levar cada O pastor pode recrutar pessoas


membro a distribuir o livro da qualificadas do seu distrito para
campanha anual, e o pastor da a colportagem.
igreja local é o maior promotor
e participante dessa campanha.49
Ainda sobre a mobilização dos membros que o pastor deve
promover para a distribuição de literatura, eis o que um líder
presbiteriano escreveu a respeito da consideração que o pastor deve
dispensar à colportagem:

Imagino o que aconteceria se a Igreja Adventista


do Sétimo Dia canalizasse todos os seus recursos para
encorajar cada membro a tornar-se um colportor-
evangelista. Imagine, por exemplo, o efeito que haveria
sobre toda a igreja se uma das mais altas e mais apoiadas
prioridades fosse recrutar e treinar seus estudantes de
faculdade para carreiras profissionais na colportagem-
evangelística. Considerando o impacto e os resultados
a longo prazo, não haveria ataque de mídia que a ele
pudesse se igualar.50

Além desses exemplos aqui relatados, James Cress sugeriu


algumas maneiras de fazer com que o trabalho de ambos os ministros
– pastor e colportor – se torne mais produtivo:

1. O pastor pode recrutar pessoas qualificadas do seu distrito para a


colportagem.
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 69

2. O pastor pode dedicar um tempo do seu trabalho para orar com


o colportor.
3. O pastor pode recomendar o colportor às pessoas que estão
precisando de alguma literatura e estimular os membros da igreja a
adquirirem a literatura do colportor.51

O pastor Cress enfatizou ainda que os pastores devem apoiar o


trabalho dos colportores, pois esses “servem como assistentes pastorais
para tornar a igreja inteira eficiente”.52 O pastor Appenzeller endossou
essa ideia respondendo que "o pastor deve considerar o trabalho do
colportor como uma extensão de seu ministério; deve ver o colportor
como seu assistente, como alguém que está despertando o interesse
das pessoas na mensagem”.52
O que os pastores Cress e Appenzeller escreveram foi
exemplificado na vida do pastor Donald Arthurs, pastor distrital e
colportor-evangelista nas Índias Ocidentais. O pastor Arthurs pediu
licença para ser um colportor-evangelista de tempo integral, mas,
ainda assim, atendia o distrito pastoral atuando nos dois ministérios
ao mesmo tempo. Durante esse período, ele se tornou campeão de
vendas em sua União, vendendo o montante de US$ 45 mil dólares
no ano de 2006 e levando a Cristo 25 pessoas como fruto direto de
seu trabalho pessoal como pastor e colportor.53
Ao relatar a sua própria experiência para motivar os colegas
de ministério, Arthurs escreveu que mesmo “uma ou duas horas por
semana dedicadas a essa obra traz grande recompensa e satisfação.
Se cada pastor adventista fizesse assim, seria possível imaginar o
impacto que causaria no mundo?”.54 Ele ainda explica que o pastor
70 OS DOIS MINISTROS

pode aproveitar a influência e contato que tem com os pastores de


outras denominações para apresentar a literatura adventista, pois, segundo
ele, “os pastores de outras denominações estão desejosos de comprar e
usar nossos livros”.55
O convite de Arthurs é para que os pastores adventistas aproveitem
essa parceria que podem fazer com os colportores-evangelistas, e acrescenta:

Serão grandemente beneficiados ao trabalharem lado


a lado com os colportores em seu distrito. São nossos
parceiros no ministério e seu trabalho pode complementar
o ministério do pastor. É uma boa iniciativa os pastores
participarem de cursos de colportagem e se tornarem
participantes do trabalho dos colportores-evangelistas.56

Há outros elementos que, em linhas gerais, podem ser


compartilhados e vividos por ambos os ministros, pastor e colportor, em
suas respectivas áreas:58

Pastor e colportor precisam pensar grande.


Precisam estabelecer metas a serem alcançadas
em seu ministério. Envolver o maior número
possível de membros no processo do
discipulado; promover o compromisso de
todos os membros no quesito da fidelidade
1 ALVOS na mordomia cristã; estabelecer novas
congregações ou projetos evangelísticos
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 71

ao longo do ano; alcançar o maior número


possível de pessoas com a mensagem do
evangelho; oferecer a literatura para a maior
quantidade possível de pessoas durante o
dia; conseguir o maior número de pedidos de
livros, assinaturas de revistas ou distribuição de
folhetos ao longo do dia; conseguir inscrições
para cursos bíblicos em todas as famílias
visitadas; fazer o maior número possível de
orações nos lares visitados, etc.

Para o exercício de ambos os ministérios,


requer-se consagração e profunda
2
comunhão com Deus para corresponder à
DEPENDÊNCIA
altura da responsabilidade e missão.
DE DEUS

Pastor e colportor são obreiros que estão em


contato constante e direto com as pessoas,
sejam membros ou não da igreja local. Para
isso, eles precisam entender sobre a natureza
humana e como lidar com os diferentes
temperamentos. O interesse de ambos
está em atender as pessoas diante de suas
3 necessidades. Portanto, o movimento de
ambos é em direção às pessoas, um trabalho
IR ATÉ AS
PESSOAS que requer abnegação e desprendimento.
72 OS DOIS MINISTROS

Esse elemento está relacionado ao aspecto


administrativo não só do trabalho, como
4 também pessoal. Pastor e colportor precisam
ser disciplinados e corretos ao lidar com suas
INTELIGÊNCIA
finanças e compromissos financeiros.
FINANCEIRA

Tendo em vista a importância e o aspecto


solene da mensagem que levam, os dois
ministros reconhecem que o trabalho que
desenvolvem precisa denotar relevância, pois
estão trabalhando com interesses eternos.
5 Essa relevância pode ser representada pela
linguagem, postura, vestimenta, modos e a
RELEVÂNCIA
maneira como pastor e colportor lidam com
o seu trabalho.

Por terem como alvo o preparo para a iminente


volta de Cristo, eles sempre estão apelando
para que as pessoas aceitem a mensagem de
salvação, quer pregada, quer escrita. O pastor
faz seus apelos em sermões, estudos bíblicos,
visitas pessoais, aconselhamento e outras
atividades; o colportor faz apelos quando está
diante do fechamento de uma oferta, quando
6 APELO está apresentando os benefícios da palestra ao
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 73

abrir uma empresa, escola, consultório ou outro


local, fechando a assinatura de alguma revista,
etc. O apelo sempre faz parte do trabalho de
ambos.

Tanto o ministério pastoral como o das


publicações estão intimamente relacionados
à história do adventismo, conforme foi citado
na seção anterior. Pastores e colportores
uniram-se para alavancar o movimento
adventista ao longo de muitas décadas.
Quando se fala em história da Igreja Adventista,
7 é necessário mencionar os dois ministérios,
pois um não faz a história sem o outro. Ambos
MEMÓRIA
estão intimamente relacionados à construção
HISTÓRICA
da história do adventismo.

Mais uma vez, o aspecto relacionamento


com as pessoas entra em cena. Ao lidar com
diferentes mentes e personalidades, ou em
diferentes situações, esses dois ministros
precisam ter inteligência emocional no
sentido de saberem administrar as mais
8
diversas emoções. Constantemente, o
INTELIGÊNCIA pastor convive com situações que provocam
EMOCIONAL
diferentes sentimentos, como momentos
74 OS DOIS MINISTROS

felizes (nascimento de crianças, casamentos,


batismos, etc), ou momentos de tristeza e
estresse (falecimentos, disciplinas eclesiásticas,
movimentos heréticos, etc). O colportor
também não escapa dessa variabilidade de
situações em suas atividades diárias: por vezes,
numa casa, ou em uma empresa ele recebe
um “sim”, ao apresentar a oferta; na seguinte,
ele pode receber um “não”. O emocional
de ambos precisa estar bem-equilibrado.

Essas são duas palavras que precisam estar


na primeira linha da agenda do pastor e
do colportor. No caso do pastor, ele deve
planejar bem o trabalho em todo o distrito,
no departamento ou na instituição a que
9 pertence. Por sua vez, o colportor deve fazer

ORGANIZAÇÃO E o devido planejamento no bairro, na cidade


PLANEJAMENTO em que estiver trabalhando de casa em casa,
no comércio ou fazendo palestras. Esses são
dois elementos indispensáveis para o êxito e
a perfeição que se requer do trabalho a ser
realizado.
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 75

Ambos os ministros enfrentam terríveis


momentos de oposição e dificuldades.
Para superar essas situações, é necessário
10 que tenham muita persistência, resiliência
PERSEVERANÇA, e disciplina, pois o alvo só é alcançado por
RESILIÊNCIA E aqueles que trilham esse caminho.
DISCIPLINA

Nesta seção, foram destacados três aspectos relacionados


à semelhança que há entre o ministério do pastor e do colportor: o
chamado, a missão e o apoio recíproco que deve haver entre ambos.
No chamado, tanto o pastor como o colportor recebem a mesma
incumbência divina para o serviço.
Para o cumprimento da missão, dentre as diversas atividades do
pastor, destacam-se a pregação e a visitação, que também são exercidas
pelo colportor, pois, como ministro da página impressa, ele também visita
as famílias em seus lares e prega através da literatura que distribui.
No quesito apoio, observa-se que os dois ministérios podem andar
em recíproca companhia, pois o serviço pastoral pode ser fortalecido
com a participação do colportor na distribuição de literatura.
Pastor e colportor, ambos foram escolhidos para transmitir a
mesma mensagem. Um, através da voz, o outro, por meio da página
impressa. A mesma aprovação
Pastor e colportor, ambos foram
Deus dispensa a ambos os
escolhidos para transmitir a
ministros, a fim de cumprirem a
mesma mensagem. Um, através
missão que lhes foi designada,
da voz, o outro, por meio da
e "o mesmo ministério de anjos
página impressa.
que auxilia a obra do pastor
76 OS DOIS MINISTROS

acompanha os livros que contêm a verdade”.60


Os exemplos demonstram que esse mesmo sistema integrado entre
o ministério pastoral e o das publicações – tendo como seus ministros
o pastor e o colportor – são eficientes para alcançar os que ainda não
conhecem a mensagem do evangelho e fortalecer os membros da igreja
em sua fé e confiança na breve volta do Senhor Jesus.61

1
Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), p.
540 (itálico acrescentado).
2
Donald T. Turner, A Prática do Pastorado, 12ª ed. (São Paulo, SP: Imprensa Batista Regular,
1989), p. 18, 19.
3
David Fisher, O Pastor do Século 21 – Uma Reflexão Bíblica Sobre os Desafios do Ministério
Pastoral no Terceiro Milênio, (São Paulo, SP: Vida, 2001), p. 117, 118.
4
Erwin Lutzer, De Pastor Para pastor – Respostas Concretas Para os Problemas e Desafios do
Ministério, (São Paulo, SP: Vida, 2000), p. 14.
5
Fisher, O Pastor do Século 21, p. 120.
6
Regulamentos Eclesiástico-Administrativos (Brasília-DF: Divisão Sul-Americana da Associação
Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 2013), p. 433.
7
White, Mensageiros da Esperança (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), p. 19. O
mesmo convite é repetido nas páginas 18, 21, 68 e 75.
8
Ibid., p. 38.
9
Ibid., p. 15, 20, 21.
10
Regulamentos Eclesiástico-Administrativos, p. 376.
11
José L. Campos, “Alcançando o sucesso colportando”, revista O Colportor Evangelista, De-
partamento de Publicações da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (Impressão e
acabamento: Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira), abril-junho de 2003, p. 13.

Campos, “Líder de Publicações avalia a colportagem no Brasil”, Revista Adventista (Tatuí, SP,
12

Casa Publicadora Brasileira), maio de 1993, p. 16.


13
Giácomo Molina, Como Folhas de Outono – Memórias e Reflexões de um Colportor
Bem-sucedido (São Paulo – SP: Editora Universitária Adventista – Eduna, 1997), p. 17.
14
Ibid., p. 18, 19.
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 77

15
Orley M. Berg, “O programa diário do pastor”, revista O Ministério, (Tatuí, SP: Casa Publica-
dora Brasileira, julho-agosto de 1990), p. 30.
16
Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Edição de 2010 (Tatuí – SP: Casa Publicadora
Brasileira), p. 34.
17
Ibid.
18
José Carlos Ramos, “A dimensão pastoral da pregação”, revista O Ministério, julho-agosto
de 2000, p. 11.
19
Kittim Silva, De Pastor Para Pastor – Como Melhorar Seu Ministério Pastoral (São Paulo – SP:
Vida, 1995), p. 7.
20
Berg, “O Programa Diário do Pastor”, O Ministério, 30.
21
White, Conselhos Sobre Escola Sabatina, 3ª ed. (Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira,
2002), p. 131.
22
White, Obreiros Evangélicos, 5ª ed. (Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), p.148.
23
White, Evangelismo, 3ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 437, 438.
24
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 338.
25
Wilson Sarli, Colportagem – O que é?, p. 56 (itálico acrescentado).
26
White, Mensageiros da Esperança (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), p. 13.
27
O conteúdo da literatura que é distribuída pelos colportores tem como objetivo principal
preparar as pessoas para o advento de Cristo, através da proclamação da tríplice mensagem
angélica, principalmente com a distribuição do livro O Grande Conflito, de autoria de Ellen G.
White. Ver White, Mensageiros da Esperança, p. 10, 11, 70-73.
28
Campos, Editorial, revista O Colportor Evangelista, julho-setembro de 2002, p. 2.
29
White, Mensageiros da Esperança, p. 53.
30
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 324.
31
Wilmar Hirle, “Trabalhando como pastores”, revista O Colportor Evangelista,
janeiro-março de 2008, p. 3.
32
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, p. 315, 316.
33
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 688, 689.
34
White, Mensageiros da Esperança, p. 30.
35
White, Testemunhos Seletos, vol. 2 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), p. 540.
36
Samuel Eman Rodrigues, Evangelismo Público no Brasil. Dissertação de Mestrado (São Pau-
lo, S.P.: Instituto Adventista de Ensino, 1984), p. 186.
78 OS DOIS MINISTROS

37
Ibid., p. 36-38. Eman apresenta várias formas de propaganda impressa, folhetos, jornais,
cartazes e revistas.
38
Eddie Canales, “Trabalhando em cooperação com o pastor”, revista O Colportor Evangelis-
ta, outubro-dezembro de 1995, p. 15.

Rubens S. Lessa, “Literatura abre portas na Republica Dominicana”, Revista Adventista, maio
39

de 1993, p. 30.
40
Ronald E. Appenzeller, “Campanha em Nairóbi batiza mais de 3.000!”, revista O Colportor
Evangelista, abril-junho de 2000, p. 16.
41
Witson Mwamakamba, “Quando o povo de Deus se reúne”, revista O Colportor Evangelista,
julho-setembro de 2001, p. 6-8.
42
Abraham J. Oberholster, “Uma combinação vencedora no Camboja”, revista O Colportor
Evangelista, julho-setembro de, 2002, p. 14.
43
Campos, “O crescimento da Igreja em Israel: a conexão colportor-evangelista”, revista O
Colportor Evangelista, outubro-dezembro de 2003, p. 7.
44
Wilson Sarli, “Necessidades, desejos, problemas”, Revista Adventista, março, 1997,35. Ver
entrevista com o Pr. Paulo Korkiscko, Apêndice 2.
45
White, Mensageiros da Esperança, p. 30.
46
White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, p. 321, 322.
47
White, Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 540.
48
Lessa, ed., “Torrentes de luz: Líderes estabelecem planos de grande alcance para a Obra
de Publicações”, Revista Adventista, maio de 2001, p. 34. Alguns dos objetivos estabelecidos
nesse Concílio foram: “levar todos os membros a se envolverem na divulgação da mensagem
impressa” e “fortalecer o Ministério de Publicações em nível de igreja local. Cada membro da
igreja, um evangelista com publicações”, p. 34, 35.
49
Rubens S. Lessa e Rubem M. Scheffel, eds., “Finanças e Publicações – Concílio reúne 350
líderes sul-americanos para discutir planos financeiros e de colportagem”, Revista Adventista,
julho de 2002, p. 25. Ver Jolivê Chaves em “Projeto evangelístico mobilizará a igreja na Améri-
ca do Sul”, Revista Adventista, maio de 2008, p. 6-11.
50
Appenzeller, “Carta ao Redator – O colportor-evangelista sob a perspectiva do observador”,
revista O Colportor Evangelista, janeiro-março de 1997, p. 10.
51
James Cress, “Eu acredito no Ministério da Colportagem”, revista O Colportor Evangelista,
abril-junho de 1996, p. 2, 3.
52
Ibid. James Cress, então Secretário Ministerial da Associação Geral da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Nesse artigo, ele escreveu que não gostava “de começar uma série evangelística
em uma cidade sem que uma equipe de colportores passasse ali antes apresentando a liter-
atura”, p. 2.
PARTE 3: OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS 79

53
Appenzeller, “A Obra de Publicações: desafios e metas”, Revista Adventista, agosto de
1994, p. 5 (itálico acrescentado).

Donald Arthurs, “Como o Ministério de Publicações beneficia o trabalho do pastor”, revista


54

O Colportor Evangelista, abril-setembro de 2007, p. 28, 29.


55
Ibid. Arhurs acrescenta que, pela “abertura que há em seu ministério, o pastor pode ter aces-
so àqueles que possuem nível de renda mais alto. Esses também precisam conhecer Jesus”.
56
Ibid.
57
Ibid.
58
Os seguintes elementos listados foram compartilhados pelo pastor Marcos Almeida Souza,
diretor do Departamento de Publicações da União Norte-Brasileira (UNB), no dia 05/04/2016,
por rede social e ampliados pelo autor.
59
White, Mensageiros da Esperança, p. 30.
60
Ibid., p. 58.
61
Almir Marroni, “Alimentando o rebanho”, revista O Colportor Evangelista, janeiro-setembro
de 2005, p.29.
CONCLUSÃO

A
s referências bíblicas e históricas nos demonstram que o
pastor adventista do sétimo dia pode seguir o modelo dos
evangelistas pioneiros e o exemplo de seus colegas de
ministério atuais que utilizaram as publicações para proclamar a
mensagem do evangelho, fazendo uma parceria com o ministro da
página impressa, o colportor-evangelista.
Não só o pastor é beneficiado com essa integração, mas
também o colportor, que passa a perceber a grande importância do
seu trabalho dentro do programa missionário da igreja. Ele percebe
que o seu campo de atuação não é só evangelizar as pessoas que não
possuem nenhum conhecimento do evangelho, mas também prover
o sustento espiritual para os membros da igreja em todo o distrito
pastoral, e mais especificamente para a igreja da qual é membro.
Trabalhando dessa forma, ele auxiliará o pastor na manutenção e
no crescimento do distrito, entenderá que a sua ocupação asse-
melha-se à do pastor e procurará constante crescimento espiritual,
técnico e intelectual, a fim de corresponder às exigências do seu
ministério.
Talvez algumas pessoas não terão a oportunidade de manter
maior convivência com uma igreja ou com o pastor. O colportor
poderá e deverá sentir-se na posição de um copastor, dando toda
assistência espiritual de que seus clientes necessitam. Poderá orar
82 OS DOIS MINISTROS

com eles e por eles, como também; visitá-los regularmente, não


só para vender a literatura. Essa é na verdade a sua igreja e o seu
território de trabalho, o seu distrito pastoral. Cabe ao colportor
facilitar esse conhecimento da igreja a essas pessoas, encaminhando-as
aos líderes e membros das igrejas e grupos locais, ou diretamente
ao seu parceiro de ministério, o pastor.
No trabalho realizado por esses dois ministros, podemos
observar que um participa e colabora com o ministério do outro
– a Fonte de ambos é a mesma. O ministério que realizam pode
ser compartilhado, pois, tanto o pastor pode evangelizar usando
o meio de comunicação do colportor, as publicações, como o
colportor pode evangelizar oferecendo a literatura através do meio
de comunicação que o pastor usa, a voz.
Desse modo, o Ministério da Palavra Falada e o Ministério
da Palavra Escrita se mostram estar interligados e respondem à
indagação levantada pelo profeta Amós, citada no início do livro:
“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Am 3:3).
A resposta é inequívoca: Andarão juntos, desde que haja “entre
eles acordo”, como o próprio texto do profeta dá a entender e como foi
comprovado pela parceria desses dois ministérios. O “acordo” é que
ambos foram idealizados pela mesma Fonte – o Senhor Deus, e que,
necessariamente, devem estar focados no mesmo objetivo: preparar
um povo para a segunda vinda de Cristo, por meio da proclamação da
tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14:6-12. A parceria é bíblica,
profética, histórica, e necessária para o tempo em que vivemos, pois,
na Fonte da Palavra Falada e da Palavra Escrita, encontra-se o poder
para OS DOIS MINISTROS.
SÍNTESE DO LIVRO 83

INTRODUÇÃO

Dois ministérios – Dois ministros: o da Palavra Falada e o da Palavra


Escrita, que andam juntos ao longo da História.

PARTE 1
OS DOIS MINISTROS NO CONTEXTO BÍBLICO

• A Palavra que era falada, era escrita (Palavra Falada, Palavra Escrita).

NO PENTATEUCO
“Escreve num livro” – Escrita
Êxodo 17:14
“repete-o a Josué” – Fala

“referiu... todas as palavras” - Fala


Êxodo 24:3-4
“escreveu todas as palavras” - Escrita

“mandamentos que escrevi” - Escrita


Êxodo 24:12
“para os ensinares” - Fala

“tendo acabado de falar” – Fala


Êxodo 31:18
“deu as tábuas escritas” – Escrita
84 S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS

“escreve estas palavras” - Escrita


Êxodo 34:27-28
“escreveu as palavras” – Fala escrita

Deus “anunciou[...] os dez mandamentos”


Fala
Deuteronômio 4:13
“ e os escreveu em tábuas de pedra”
Escrita

“palavras falou o Senhor” – Fala


Deuteronômio 5:22
“Tendo-as escrito” – Escrita

“tábuas de pedra, escritas” - Escrita


Deuteronômio 9:10 “palavras que o Senhor havia falado”
Fala

“Escreverei” – Escrita
Deuteronômio 10:2 “as palavras” –
Fala (o que era falado era escrito).

“escreveu o Senhor” – Escrita


Deuteronômio 10:4
“mandamentos que falou” – Fala

“Minhas palavras[...] ensinai-as,


Deuteronômio 11:18-20 falando” – Fala
“Escrevei-as nos umbrais” – Escrita

“escreverás” – Escrita
Deuteronômio 27:3
“todas as palavras” – Fala

“todas as palavras” – Fala


Deuteronômio 28:58
“escritas neste livro” – Escrita
S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS 85

NOS LIVROS HISTÓRICOS


“Escreveu uma cópia da Lei” – Escrita
Josué 8:32-34 Depois “leu todas as palavras da lei”
Fala

“escreveu estas palavras” - Fala


Josué 24:14-26
“escreveu estas palavras” - Escrita

“declarou o direito do reino” - Fala


1 Samuel 10:25
“escreveu-o num livro” - Escrita

NOS LIVROS POÉTICOS


“as minhas palavras” – Fala
Jó 19:23
“gravadas em livro” – Escrita

“Minhas palavras[...] mandamentos” – Fala


Provérbios 7:1-3 “escreve-os na tábua do teu coração”
Escrita

“O Pregador ensinou” - Fala


Eclesiastes 12:9-10
O Pregador “compôs” - Escrita

NOS LIVROS PROFÉTICOS


“Disse-me o SENHOR” – Fala
Isaías 8:1
“escreve” – Escrita

“diz o SENHOR” - Fala


Isaías 30:1 e 8
“escreve” - Escrita
86 S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS

“Assim fala o SENHOR” – Fala


Jeremias 30:2
“Escreve num livro” - Escrita

“Toma um livro e escreve” – Escrita


Jeremias 36:2 “escreve todas as palavras que Te falei”
Fala

“Toma outro rolo e escreve” - Escrita


Jeremias 36:28
“escreve todas as palavras” – Fala

“Escreveu num livro” – Escrita


Jeremias 51:60
“todas as palavras” – Fala

“Veio a palavra do SENHOR” – Fala


Ezequiel 37:15-16 “toma um pedaço de madeira e
escreve nele” – Escrita

“apareceram uns dedos e escreviam”


Escrita
Daniel 5:5, 17-28
“lerei ao rei a escritura e farei saber a
interpretação” – Fala

“O SENHOR me disse” – Fala


Habacuque 2:2
“Escreve a visão” – Escrita

• No Novo Testamento – registro (escrita) de sermões e ensinos (fala)

NOS EVANGELHOS
Os sermões e ensinos Todos foram registrados – Escrita
(Mt 5-7; 19:1-12; 23-25; Mc 4; 12; Lc 12-18;
de Cristo – Fala Jo 5:19-6:71; 8:12-47; 10:1-21; 14-17)
S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS 87

Essa atividade escrita tinha como


Lucas apresenta uma intensa objetivo relatar uma “narração
coordenada” dos “fatos” que eram
atividade de escrita no transmitidos “pelas testemunhas
oculares e ministros da Palavra”, que
primeiro século – Lc 1:1. Lucas achou por “bem” relatar por
“escrito” a Teófilo – Lc 1:1-4.

ATOS DOS APÓSTOLOS


Lucas registrou sermões e
Esses sermões estão relatados nos
ensinos de Paulo e outros seguintes textos At 2:14-36; 3:11-26;
7:1-53; 13:16-41; 17:16-31; 22:1-21; 26:1-23
oradores.

NAS CARTAS (ROMANOS A JUDAS)


Escritores compartilharam
ensinos e diretrizes para A Epístola aos Hebreus é considerada
“um sermão na forma escrita”. As
as congregações (Efésios,
cartas que Paulo escrevia eram lidas,
Gálatas, Coríntios, etc.) compartilhadas e até copiadas por
e pessoas, em particular seus leitores (Cl 4:16).
(Timóteo, Tito e Filemon).

“ouvi[...] grande voz[...] dizendo” - Fala


Apocalipse 1:10, 11 e 19 “O que vês escreve em livro[...] Escreve,
que viste” – Escrita

Apocalipse 21:5
“Escreve” – Escrita “estas palavras” – Fala
O mesmo padrão pelo qual a Bíblia Termina no Apocalipse – “Escreve[...]
começou a ser escrita no Pentateuco estas palavras” – Escrita/Fala. O
- “Escreve num livro” – “repete-o a padrão escrita/fala está presente ao
Josué” – Escrita/Fala - (Êx 17:14). longo de toda a Bíblia
88 S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS

PARTE 2
OS DOIS MINISTROS NA HISTÓRIA CRISTÃ

A PRÉ-REFORMA E A INVENÇÃO DA IMPRENSA


Os Valdenses
Copiavam, vendiam e distribuíam as
Pregavam – Fala
Escrituras – Escrita

João Wycliffe
Copiava e publicava os seus sermões
Pregava - Fala
Escrita

Huss e Jerônimo
Escreveram e publicaram seus ensinos
Pregavam – Fala
Escrita

A Reforma Protestante
Martinho Lutero
Copiava e distribuía as Escrituras e
Pregava – Fala
seus próprios livros – Escrita

Zwínglio, João Calvino, João Wesley e Knox


Copiavam, vendiam e distribuíam
Pregavam - Fala as Escrituras e seus próprios livros
Escrita

O Movimento Adventista Pré e Pós-1844


Pré-1844 - Manuel Lacunza
Escreveu em 1812 La Venida del Mesías
en gloria y majestad [A Vinda do
Pregava sobre o advento – Fala. Messias em Glória e Majestade] –
Escrita.
S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS 89

Pré-1844 - Bengel e Gaussen


Gaussen publicou um conjunto de
Pregavam sobre o advento - Fala
lições sobre o advento – Escrita

Pré-1844 – Gulherme Miller


Com Joshua Himes publicou dezenas
Pregava sobre o advento - Fala de livros e folhetos sobre as profecias
do advento – Escrita

Pós-1844 – todos os pregadores desse período inicial do


adventismo...
[...] e publicavam e distribuíam
... pregavam sobre o advento - Fala
literaturas sobre o tema – Escrita

O INÍCIO DO ADVENTISMO NO BRASIL


Todos os pastores e colportores desse período...
[...]pregava sobre o advento e outros ... e publicavam e distribuíam
temas bíblicos, tais como o santuário, literaturas sobre esses temas –
a lei e o sábado – Fala. Escrita.
90 S Í N T E S E: OS D O I S M I N I ST ROS

PARTE 3
OS DOIS MINISTROS NOS DIAS ATUAIS

ELEMENTOS DE CORRESPONDÊNCIA
O chamado
A missão
O apoio

CONCLUSÃO
• A parceria é bíblica, profética, histórica e necessária para o tempo
em que vivemos, pois, na Fonte da Palavra Falada e da Palavra
Escrita encontra-se o poder para OS DOIS MINISTROS.
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