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2023

2ª SÉRIE - ENSINO MÉDIO


1º Trimestre
Dia: 28 de abril (sexta-feira)
Duração: 5h - 90 questões

Nome completo:
Turma:

SIMULADO MODELO ENEM


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 1º
DIA
Ciências Humanas e suas Tecnologias

ORIENTAÇÕES PARA O SIMULADO


1. A prova terá duração de 5h.
2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova.
3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova.
4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova.
5. No CARTÃO-RESPOSTA, marque, para cada questão, a letra correspondente à opção escolhida para a resposta,
preenchendo com caneta esferográfica de tinta azul. NÃO É PERMITIDO O USO DE CANETAS COM
PONTAS POROSAS.
6. Não dobre, não amasse, nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA. Ele não poderá ser substituído.
7. O cartão-resposta deverá ser preenchido desta forma (preenchimento completo). Caso haja qualquer outra
informação / rasura fora dos campos destinados às respostas, o cartão -resposta será anulado /
não lido eletronicamente.
8. O preenchimento incorreto do cartão-resposta implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito.
9. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis, caneta e
borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido
empréstimo de material entre alunos.
10. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida caso venha a
ser usado ou tocar. Na ausência da bolsa, o celular deve ficar na base do quadro durante a prova.

11. Não é permitido o uso de relógios do tipo smartwatch durante a prova.


12. O fiscal deve conferir o preenchimento do cartão-resposta antes de liberar a saída dos alunos.
13. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17h da quarta-feira, 03/05.
14. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova se encerra dia 05/05, sexta-feira. Isso
deve ser feito diretamente com o professor ou com o Pedagogo da Unidade.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

QUESTÃO 1
É água que não acaba mais

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o
Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com volume estimado em 86 000
quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e
Amapá. “Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a população mundial durante 500 anos”, diz
Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do
Aquífero Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do
mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Época. Nº 623, 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de uma pesquisa científica
realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, o autor do texto prioriza
a) As suas opiniões, baseadas em fatos.
b) Os aspectos objetivos e precisos.
c) Os elementos de persuasão do leitor.
d) Os elementos estéticos na construção do texto.
e) Os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: toda notícia tem, como propósito principal, informar o leitor sobre uma situação ou assunto
segundo critérios objetivos, sem traços de parcialidade.

QUESTÃO 2
“Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme
em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá
sentido, princípio, meio e fim.”

A palavra “então” (linha 1) expressa o sentido de


a) Adição
b) Oposição.
c) Conclusão.
d) Consequência.
e) Alternativa.
GABARITO: C
COMENTÁRIO: “então” estabelece uma relação lógica entre as duas orações a partir do que é informado no
primeiro período, criando, assim, um significado de conclusão.

QUESTÃO 3
O pensamento ecológico: da Ecologia Natural ao Ecologismo

Para entender o desenvolvimento do pensamento ecológico e a maneira como ele chegou ao seu atual nível
de abrangência, é necessário partir da constatação de que o campo da Ecologia não é um bloco homogêneo e
compacto de pensamento. Não é homogêneo porque nele vamos encontrar os mais variados pontos de vista e
posições políticas, e não é compacto porque em seu interior existem diferentes áreas de pensamento, dotadas de
certa autonomia e voltadas para objetos e preocupações específicas. Podemos dizer que, grosso modo, existem
no atual quadro do pensamento ecológico pelo menos quatro grandes áreas, que poderíamos denominar Ecologia
Natural, Ecologia Social, Conservacionismo e Ecologismo. As duas primeiras de caráter mais teórico-científico e
as duas últimas voltadas para objetivos mais práticos de atuação social. Essas áreas, cuja existência distinta nem
sempre é percebida com suficiente clareza, foram surgindo de maneira informal na medida em que a reflexão
ecológica se desenvolvia historicamente, expandindo seu campo de alcance.
A Ecologia Natural, que foi a primeira a surgir, é a área do pensamento ecológico que se dedica a estudar o
funcionamento dos sistemas naturais (florestas, oceanos etc.), procurando entender as leis que regem a dinâmica
de vida da natureza. Para estudar essa dinâmica de vida da natureza, a Ecologia Natural, apesar de estar ligada
principalmente ao campo da Biologia, se vale de elementos de várias ciências como a Química, a Física, a
Geologia etc. A Ecologia Social, por outro lado, nasceu a partir do momento em que a reflexão ecológica deixou
de se ocupar do estudo do mundo natural para abarcar também os múltiplos aspectos da relação entre os homens
e o meio ambiente, especialmente a forma pela qual a ação humana costuma incidir destrutivamente sobre a
natureza. Essa área do pensamento ecológico, portanto, se aproxima mais intimamente do campo das ciências
sociais e humanas.
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A terceira grande área do pensamento ecológico – o Conservacionismo – nasceu justamente da percepção


da destrutividade ambiental da ação humana. Ela é de natureza mais prática e engloba o conjunto das ideias e
estratégias da ação voltadas para a luta a favor da conservação da natureza e da preservação dos recursos
naturais. Esse tipo de preocupação deu origem aos inúmeros grupos e entidades que formam o amplo movimento
existente hoje em dia em defesa do ambiente natural. Por fim, temos o fenômeno ainda recente, mas cada vez
mais importante, do surgimento de uma nova era do pensamento ecológico, denominada
Ecologismo, que vem se constituindo como um projeto político de transformação social, calcado em princípios
ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e comunitária.
A ideia central do Ecologismo é de que a resolução da atual crise ecológica não poderá ser concretizada
apenas com medidas parciais de conservação ambiental, mas sim através de uma ampla mudança na economia,
na cultura e na própria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza. Essas ideias têm sido
defendidas em alguns países pelos chamados “Partidos Verdes”, cujo crescimento eleitoral, especialmente na
Alemanha e na França, tem sido notável.
Pelo que foi dito acima, podemos perceber que dificilmente uma outra palavra terá uma expansão tão grande
no seu uso social quanto a palavra Ecologia. Em pouco mais de um século, ela saiu do campo restrito da Biologia,
penetrou no espaço das ciências sociais, passou a denominar um amplo movimento social organizado em torno
da questão da proteção ambiental e chegou, por fim, a ser usada para designar toda uma nova corrente política. A
rapidez dessa evolução gerou uma razoável confusão aos olhos do grande público, que vê discursos de natureza
bastante diversa serem formulados em nome da mesma palavra Ecologia. Que relação pode haver, por exemplo,
entre um deputado “verde” na Alemanha, propondo coisas como a liberação sexual e a democratização dos meios
de comunicação, e um conservador biólogo americano que se dedica a escrever um trabalho sobre o papel das
bactérias na fixação do nitrogênio? Tanto um como o outro, entretanto, se dizem inseridos no campo da Ecologia.
A chave para não nos confundirmos diante desse fato está justamente na percepção do amplo universo em que se
movimenta o uso da palavra Ecologia.
(LAGO, Antonio& PÁDUA, José Augusto. O que é Ecologia, 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989)

Com relação à construção do texto, é correto afirmar que


a) O primeiro parágrafo introduz o assunto, apresentando-o em linhas gerais.
b) O segundo parágrafo retoma, cronologicamente, cada um dos temas apenas mencionados no
primeiro parágrafo.
c) O fato de as áreas da preocupação ecológica aparecerem citadas no primeiro parágrafo serve como
argumento para afirmação de que o campo da Ecologia é um bloco homogêneo e compacto.
d) O texto não está construído logicamente, não sendo possível o leitor reconstruir esquematicamente o
caminho seguido pelos autores.
e) O autor alterna diferentes sequências textuais dentro do mesmo texto, ora desenvolvendo uma argumentação,
ora apresentando uma narrativa.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: no 2º parágrafo, o autor expõe uma relação sequencial entre os fatos, criando uma cronologia a
fim de organizar os assuntos e explicar melhor o assunto aos leitores.

QUESTÃO 4

(Níquel Náusea: cadê o ratinho do titio?, 2011.)


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Na tira, Arlindo Gouveia é caracterizado como


a) Dissimulado
b) Agressivo
c) Pedante
d) Volúvel
e) Orgulhoso
GABARITO: C
COMENTÁRIO: a linguagem desnecessariamente complicada para informar algo simples (cuidado com o cão),
associada ao orgulho que o professor parece sentir de sua criação, demonstra uma personalidade pedante.

QUESTÃO 5
O texto abaixo foi escrito por um aluno, ao qual foi solicitado que se produzisse uma dissertação argumentativa
sobre o tema Patrimônio histórico e cultural brasileiro: um caso de descaso. Leia-o para responder
à questão.

Na noite de domingo dia dois de setembro de 2018 por volta das 19:30 da noite, houve um incidente com o
Museu nacional do Rio de Janeiro. Dentre tantos motivos relevantes, temos: destruição de fósseis antigos e assim
como uma perca para o Brasil.
O Museu foi fundado em seis de junho de 1818, nesse ano completou duzentos anos da sua existência.
Ninguém sabe como começou o incêndio, mas muitos acreditam que seja por conta das assim como um morador
local diz te visto um balão caindo no museu que poderia te causado o devido incêndio. Foram perdidas muitas
estruturas antigas e também a mais importante as fosseis de luzia.
O que aconteceu com o museu deixou vários brasileiros triste, porém foi uma perda de não só de objetos e
sim de lembranças de pessoas importantes que conviveu la, ou seja, a familia real e que também foi contestado a
independência.
O Michel Temer comentou que foi uma perda incalculável para o país e que foi perdido duzentos anos de
pesquisas, assim como o MEC ofereceu ajuda para o que precisar para recuperar o patrimônio histórico do Brasil.

O texto acima, se corrigido de acordo com os critérios de avaliação do Enem, seria zerado, pois
a) Há um número excessivo de erros gramaticais, que dificultam a leitura do texto.
b) Ocorrem diversos problemas de coesão e coerência ao longo de todo o texto, o que impossibilitaria a
sua análise.
c) Não foi apresentada uma proposta de intervenção na sua conclusão.
d) Os parágrafos estão muito concisos, sem a devida apresentação de informações para contextualizar o leitor.
e) O autor apresenta apenas sequências de texto expositivas, sem qualquer argumentação sobre o tema.
GABARITO: E
COMENTÁRIO: o texto está mais próximo de uma notícia em sua estrutura do que uma argumentação
argumentativa, visto que não há apresentação de tese ou proposta de intervenção ao final. Ademais, o texto é
essencialmente não opinativo, sem ser possível perceber qualquer argumentação do autor sobre o assunto.

QUESTÃO 6
"Acho que não pode haver discriminação racial e religiosa de espécie alguma. O direito de um termina quando
começa o do outro. Em todas as raças, em todas as categorias, existe sempre gente boa e gente má. No caso
particular dessa música, não posso julgar, porque nem conheço o Tiririca. Como posso saber se o que passou na
cabeça dele era mesmo ofender os negros? Eu, Carmen Mayrink Veiga, não tenho ideia. Mas o que posso dizer é
que se os negros acharam que a música é uma ofensa, eles devem estar com toda razão."
(Revista Veja)

Sobre o fragmento acima, publicado na Revista Veja, é correto afirmar que


a) A argumentação, desenvolvida por meio de clichês, subentende um distanciamento entre o eu/enunciador e o
ele/negros.
b) A argumentação revela um senso crítico e reflexivo, uma mente que sofre com os preconceitos
e, principalmente, com a própria impotência diante deles.
c) A argumentação, partindo de visões inusitadas, mas abalizadas na realidade cotidiana, aponta para a total
solidariedade com os negros e oprimidos.
d) O discurso altamente assumido pelo enunciador ataca rebeldemente a hipocrisia social, que mascara os
preconceitos.
e) Impossível conceber, como desse mesmo enunciador, essa frase: "Sempre trabalhei como uma
negra", publicada semanas antes na mesma revista.
GABARITO: A
COMENTÁRIO: fica claro que, ao falar de si na primeira pessoa enquanto fala dos negros como um grupo à parte,
Carmen Mayrink Veiga não faz parte desse mesmo grupo. Além disso, seu argumento é problemático por afirmar
que atitudes racistas só podem ocorrer de forma maliciosa e proposital, não sendo possível identificá-las por não
se saber no que o praticante estava pensando.
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QUESTÃO 7

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à
Terra. A charge apresenta uma crítica ao (à)
a) Gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas.
b) Exploração indiscriminada de outros planetas.
c) Circulação digital excessiva de autorretratos.
d) Vulgarização das descobertas espaciais.
e) Mecanização das atividades humanas.
GABARITO: C
COMENTÁRIO: como pode ser visto na imagem em questão, o robô está tirando uma selfie, o que retrata, a partir
de uma situação bem-humorada, a popularização dos autorretratos.

QUESTÃO 8
O Brasil é sertanejo
Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma questão discutida há muito tempo, que desperta opiniões
extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao público um tipo de som nascido das raízes socioculturais
do país. O samba. Outros, igualmente nacionalistas, desprezam tudo aquilo que não tem estilo. Sonham com o
império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta e
cultiva apenas a música internacional, em todas as vertentes. E mais ou menos ignora o resto.
A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora está clara, nada tem a ver com esses estereótipos. O
gênero que encanta mais da metade do país é o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode. Outros
gêneros em ascensão, sobretudo entre as classes C, D e E, são o funk e o religioso, em especial o gospel. Rock e
música eletrônica são músicas de minoria.
É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos musicais – o comportamento dos ouvintes de
rádio sob uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para quem pensava que a
MPB e o samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade, uma má notícia: os dois gêneros foram
superados em popularidade. O Brasil moderno não tem mais o perfil sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam
que se eternizasse. A cara musical do país agora é outra.
GIRON, L. A. Época, n. 805, out. 2013 (fragmento).

O texto objetiva convencer o leitor de que a preferência musical dos brasileiros não é mais a mesma se
comparada à dos anos 1970. A estratégia de argumentação para comprovar essa posição baseia-se no(a)
a) Apresentação dos resultados de uma pesquisa que retrata o quadro atual da preferência popular relativa à
música brasileira.
b) Caracterização das opiniões relativas a determinados gêneros, considerados mais representativos da
brasilidade, como meros estereótipos.
c) Uso de estrangeirismos, como rock, funk e gospel, para compor um estilo próximo ao leitor, em sintonia com o
ataque dos nacionalistas.
d) Ironia com relação ao apego a opiniões superadas, tomadas como expressão de conservadorismo e
anacronismo, com o uso das designações "império" e "baluarte".
e) Contraposição a impressões fundadas em elitismo e preconceito, com a alusão a artistas de renome para
melhor demonstrar a consolidação da mudança do gosto popular.
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GABARITO: A
COMENTÁRIO: a argumentação do autor se baseia nos resultados de uma pesquisa feita pelo Ibope, que trouxe
novidades no aspecto da popularidade, pois, hoje, a preferência é pelo sertanejo, e não pelo MPB ou pelo pagode.

QUESTÃO 9
A revolução digital

Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o outro.
Disse “pareciam”, assim, com o verbo no passado, e já me explico: estão em processo de separação.
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a cada fim
de tarde.
O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita parecia condicionada à
produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as árvores. Entram as
nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda inexploradas. De concreto há apenas a impressão de que, longe de
enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita.
E isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos pelos olhos,
o texto inunda de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória; impressa, desperta o cérebro,
produzindo uma circulação de ideias que gera novos textos.
A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos autores e leitores. Podemos visitar
as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca de correspondências.
Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um deles prometeu: “Mando-te uma carta
qualquer dia desses”.
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto estaria surpreso com a
popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da descoberta do papiro. A era
digital está revolucionando o uso do texto. Estamos virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando
a tecla “enter”.
SOUZA, Josias de. A revolução digital. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 de maio de 1996. Caderno Brasil, p. 2.

Com base na leitura feita, é correto afirmar que o objetivo do texto é


a) Defender a parceria entre o papel e o texto como uma história de êxitos.
b) Discutir as implicações da era digital no uso da escrita.
c) Descrever as vantagens e as desvantagens da internet na atualidade.
d) Narrar a história do papel e do texto desde a antiguidade
e) Criticar métodos considerados antiquados para a comunicação atual.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: o autor apresenta de que forma a linguagem tem sido adaptada ao meio virtual, criando um
distanciamento entre ela e o que era considerado até então o seu parceiro ideal, o papel.

QUESTÃO 10
Leia e responda.
Os pais, os responsáveis, as escolas e as autoridades, por meio de diversos métodos, podem informar mais as
crianças e os jovens para que tomem conhecimento de seus direitos como cidadãos.
O trecho em destaque é o parágrafo de conclusão de uma dissertação argumentativa de um aluno do Ensino
Médio. Analisando-o, é correto afirmar que
a) Apesar de apresentar um bom número de agentes, não há detalhamento individual de responsabilidades que
cabem a cada um, resultando em uma proposta vaga.
b) Falta detalhamento quanto a um objetivo claro para a proposta, isto é, o que o autor acha que essas medidas
podem trazer como resultado.
c) Apresenta corretamente todos os elementos essenciais de uma boa proposta de intervenção, assim,
provavelmente, lhe seria atribuída nota máxima na competência V.
d) É redundante, visto que pais e responsáveis, assim como escolas e autoridades representam a mesma
função, logo, há apenas dois agentes, não quatro.
e) Não é prática ou viável, pois crianças e jovens têm direitos limitados como cidadãos, portanto, a medida não
poderia ser aplicada.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: A
COMENTÁRIO: O autor apresenta quatro agentes, porém não detalha o que é o dever de cada um, apenas afirma
de forma vaga que eles devem trabalhar por meio de diversos métodos. Que métodos são esses? Como eles
podem ser postos em prática? Eles são válidos igualmente para todos?

QUESTÃO 11
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente
honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço
que era um modelo. Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de
uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era muito seco de
maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de
mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só
mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de
certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente
atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha
sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns
meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e
até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o
benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensou numa
expressividade que passaria a caracterizar o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado,
Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao
a) Acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna.
b) Atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos.
c) Considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara.
d) Menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades.
e) Insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: O narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica quando fala da maneira como
Cotrim tratava os escravos, que eram mantidos no calabouço, justamente para mostrar que ele não “possuía um
caráter ferozmente honrado”.

QUESTÃO 12
Capítulo LIV - A pêndula
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as
horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tic-tac
soturno, vagaroso e seco, parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então
um velho diabo, sentado entre dous sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte,
e a contá-las assim:
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e
eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas
instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto,
há-de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exacta em que morre. Naquela noite não padeci essa triste
sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras,
à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes
perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com
Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos porque
a) O narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
b) Como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
c) Na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
d) O relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.
e) O narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

GABARITO: D
COMENTÁRIO: A descrição das batidas do relógio no fragmento apresentado desconstrói certos paradigmas
românticos porque demonstra a preocupação com o tempo e com sua materialização, redirecionando
bruscamente o comportamento idealista e sonhador de Brás Cubas, que se penaliza e sofre com o passar das
horas e instantes a menos de vida e, consequentemente, de amor.

QUESTÃO 13
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se
concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo,
rompeu vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o
sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E
seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que
soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa
floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos;
carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, A. O Cortiço . São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

No romance “O Cortiço” (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos
caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre
brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
a) Destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
b) Exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.
c) Mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
d) Destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
e) Atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.
GABARITO: C
COMENTÁRIO: No trecho citado de O Cortiço, o narrador faz uso de vocábulos como “nostálgico” e “tristeza”, de
aspecto melancólico, para descrever o fado português, ao passo que “vibrantemente”, “despertasse”, “ardentes” e
“delirantes”, de tom alegre, são as palavras que descrevem a música brasileira. Dessa forma, como aponta a
alternativa C, a vitalidade da música crioula prevalece sobre a melancólica portuguesa.

QUESTÃO 14
Capítulo III

Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando
a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze,
mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que esta aqui na
sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja - primor de argentaria,
execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o
aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e
não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados
brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província,
nem pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços.
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).

“Quincas Borba” situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a
peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside
a) No conflito entre o passado pobre e o presente rico, o que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência.
b) No sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes.
c) Na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião.
d) Na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens
produzidos pelo trabalho.
e) Na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.
GABARITO: A
COMENTÁRIO: De acordo com a obra, Rubião precisa se afastar de sua origem pobre e mineira, assim como os
gestos que traz dela, para corresponder às exigências de representação que a nova situação social lhe impõe. A
opção correta (letra A) confirma esse conflito entre o passado pobre e o presente rico.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 15
Leia os trechos a seguir.
Ela entra, escora a porta com o peso de ferro, pensando no irmão que chega mais tarde, escova os dentes e vai
dormir. Pode haver estrelas, vento, risos e ruídos na noite, mas tudo isso pertence a outro mundo. Cada um em
sua cama, é possível até que os noivos sonhem, mas isso ainda não foi comprovado.
VEIGA, José J. Os noivos. In: ______. Melhores contos J. J. Veiga. Seleção de J. Aderaldo Castello. São Paulo: Global, 2000. p. 113.

Pobre Pombinha! no fim dos seus primeiros dois anos de casada já não podia suportar o marido; todavia, a
princípio, para conservar-se mulher honesta, tentou perdoar-lhe a falta de espírito, os gostos rasos e a sua risonha
e fatigante palermice de homem sem ideal [...] mas, de repente, zás! faltou-lhe o equilíbrio e a mísera escorregou,
caindo nos braços de um boêmio de talento, libertino e poeta, jogador e capoeira.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1995. p. 199-200.

Os trechos transcritos sintetizam o confronto entre os desejos do indivíduo e as convenções sociais impostas pelo
meio em que ele vive. Tendo em vista esse confronto, os desfechos da protagonista do conto e da personagem
Pombinha se opõem porque a primeira
a) Agarra-se às convenções por medo de perder-se nos sonhos e a segunda entrega-se aos sonhos para
suportar o peso das convenções.
b) Acomoda-se à prisão das convenções, embora sonhe com uma vida mais feliz, e a segunda rompe com as
convenções, mesmo tentando ajustar-se a elas.
c) Aceita as convenções a que está submetida, sem se dar conta de seu absurdo, e a segunda renega essas
convenções movidas por seus instintos.
d) Sucumbe ao peso das convenções para não frustrar as expectativas de sua família e a segunda rompe com
elas, embora isso cause dor a sua mãe.
e) Compreende a necessidade das convenções para controlar seus impulsos e a segunda assume sua
impulsividade após livrar-se das convenções.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: Ambas as personagens são fruto de seus meios, sendo que a primeira aceita passivamente a sua
condição, ao passo que a segunda, mesmo tentando ater-se aos preceitos estabelecidos, segue seus instintos,
rompendo com eles.

QUESTÃO 16
Esaú e Jacó

Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é
somente um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas ainda um par de
lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro. Por outro lado, há proveito
em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei de solidariedade, espécie
de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos(*).
Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de
torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da marcha de
cada peça, e afinal umas e outras podem ganhar a partida, e assim vai o mundo.
(Machado de Assis)
(*) peças do jogo de xadrez.

A intervenção direta do narrador no texto cumpre a função de


a) Distanciar o leitor da articulação da história, evitando identificação emocional com as personagens.
b) Despertar a atenção do leitor para a estrutura da obra, convidando-o a participar da organização da narrativa.
c) Levar o leitor a refletir sobre as narrativas tradicionais, cuja sequência lógico-temporal é complexa.
d) Sintetizar a sequência dos episódios, para explicar a trama da narração.
e) Confundir o leitor, provocando incompreensão da sequência narrativa.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: A presença de um “narratário” é uma das características mais comuns da obra machadiana. As
referências que o narrador faz a um possível leitor não têm outra intenção que não seja a de “despertar a atenção
do leitor para a estrutura da obra, convidando-o a participar da organização da narrativa”. Eis uma das técnicas
narrativas mais adotadas por Machado de Assis.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 17
Óbito do autor

(…) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de
Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui
acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios.
Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um
daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova:
– ”Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a
perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas
do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe
rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.” (….)
(Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Ilustrado por Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Cem
Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.)

Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor
a) Apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.
b) Retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
c) Distorce a cena descrita no romance.
d) Expressa um sentimento inadequado à situação.
e) Contraria o que descreve Machado de Assis.
GABARITO: A
COMENTÁRIO: Ao relacionar o trecho de Machado de Assis com a ilustração de Portinari, percebemos algumas
diferenças entre eles. A começar pela descrição da chuva, que, no texto, aparece como uma fina chuva, enquanto
a imagem a ilustra como uma chuva mais forte, densa, o que confirma a letra A. As letras C, D e E,
respectivamente, estão erradas, pois a imagem não contraria a cena descrita, tampouco expressa um sentimento
de inadequação à situação.

QUESTÃO 18
Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e
socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela
dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa,
triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos,
escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda.
A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava sempre úmida das
consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando
a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha tinha
quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela
estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos
de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que
Florinda fazia diariamente à venda.
(O Cortiço, 2007.)
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que “O cortiço” está inserido é
a) A referência cuidadosa e delicada à sexualidade dos personagens é parte de um esforço, típico do Realismo,
para apresentar o ser humano em sua totalidade sem sobrecarregar um de seus aspectos.
b) A caracterização dos personagens como indivíduos únicos e isolados da coletividade, deixando em segundo
plano suas relações sociais, é um traço típico do Naturalismo.
c) A preferência dos personagens pela razão e o seu desprezo pela fé, em uma estratégia para valorizar a
ciência e a objetividade e desvalorizar a religião, são características do Realismo.
d) A valorização da vida perto da natureza, com personagens que abrem mão dos métodos e dos objetos frutos
da tecnologia para se ligarem à tranquilidade de uma vida sem máquinas, é uma característica
do Naturalismo.
e) A descrição das características vulgares dos personagens e a frequente associação entre homens e animais
ajudam a estabelecer uma concepção biológica do mundo, o que sintetiza o Naturalismo.
GABARITO: E
COMENTÁRIO: Ao associar as personagens a características animalescas, cumpre-se um dos ideários do
Naturalismo: o estabelecimento de uma concepção biológica (lógica cientificista) do mundo e das coisas que
o compõem.

QUESTÃO 19
Esaú e Jacó

Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma
criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos,
apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla era
suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos olhos. Estes eram
opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram igualmente
compridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e tornavam cá fora,
prontos para nova entrada e outro revolvimento. Não te minto dizendo que as duas sentiram tal ou qual
fascinação. Bárbara interrogou-as; Natividade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os
cabelos cortados, por lhe haverem dito que bastava.
— Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos?
— São. ASSIS,
M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais
representativos da narrativa machadiana — consiste no
a) Modo de vestir dos moradores do morro carioca.
b) Senso prático em relação às oportunidades de renda.
c) Mistério que cerca as clientes de práticas de vidência.
d) Misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem.
e) Interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas.
GABARITO: D
COMENTÁRIO: A apresentação da personagem consiste em um misto de traços singelos (“criaturinha leve e
breve, saia bordada, chinelinha no pé”) e aspectos mais astutos (“O mistério estava nos olhos. Estes eram
opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos…”), constituindo o caráter irônico
na narrativa.

QUESTÃO 20
A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que
esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela. [...]
As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso;
os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada.
Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades, tratava sempre bem aos
pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o
egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao
Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.
Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se.
PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens
femininas revela influência do pensamento
a) Capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.
b) Liberal, buscando a igualdade entre pessoas escravizadas e livres.
c) Científico, considerando o ser humano como um fenômeno biológico.
d) Religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.
e) Afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo.
GABARITO: C
COMENTÁRIO: O texto em questão é um romance naturalista, isto é, apresenta forte influência do pensamento
científico desenvolvido durante a metade do século XIX. A partir dessa lógica, os aspectos biológicos e instintivos
do ser humano prevalecem, conforme apresentado no trecho “… era o egoísta e cru instinto da maternidade…”.

QUESTÃO 21

Sobre a composição de Fernando Anitelli, “Sintaxe à vontade”, é possível afirmar que se faz
a) Uma crítica à organização semântica da língua portuguesa.
b) O anúncio de uma nova gramática da língua portuguesa, na qual a Morfologia deve ter sua liberdade.
c) A ridicularização do uso da norma culta nas instituições de ensino.
d) Uma referência explícita à criatividade proporcionada pela norma culta da língua.
e) A utilização da sintaxe da língua para criticar a falta de liberdade decorrente das normas.
GABARITO: E
COMENTÁRIO:
O texto faz alusão à gramática normativa e às suas regras, as quais determinam o registro da modalidade culta da
língua. As imposições mencionadas limitam o uso fluente da linguagem falada, da liberdade poética nas
produções artísticas e da fluência dos usos e registros observados na variação linguística. Reposta: E.

QUESTÃO 22
Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder à questão a seguir.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço


De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,


Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Eu me engano: a região esta não era;


Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)

Está reescrito em ordem direta, sem prejuízo de seu sentido original, o seguinte verso:
a) “Quem fez tão diferente aquele prado?” (1ª estrofe) → Quem aquele prado fez tão diferente?
b) “Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço” (2ª estrofe) → Uma fonte houve aqui; eu não me esqueço.
c) “Ali em vale um monte está mudado:” (2ª estrofe) → Ali está mudado um monte em vale.
d) “Tudo outra natureza tem tomado,” (1ª estrofe) → Tudo tem tomado outra natureza.
e) “Nem troncos vejo agora decadentes.” (3ª estrofe) → Nem troncos decadentes vejo agora.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
Em ordem direta, as frases transcritas nas opções [A], [B], [C] e [E] teriam, respectivamente, a seguinte
configuração: Quem fez aquele prado tão diferente?, Houve uma fonte aqui; eu não me esqueço,/ Um monte está
mudado em vale ali e Nem vejo troncos decadentes agora. Gabarito: D.

QUESTÃO 23

Com base na leitura da tirinha, é possível afirmar que


a) O verbo precisar, em “precisa-se de empregados”, deveria estar no plural a fim de concordar com o termo
“empregados”.
b) Em “assiste-se a bons filmes”, o sujeito é elíptico.
c) Para que a concordância estivesse correta na sentença “vende-se casas”, o verbo vender deveria estar
no plural.
d) Em todas as frases do primeiro quadrinho, o sujeito é indeterminado.
e) O termo “se”, no primeiro quadrinho, atua como partícula apassivadora em todas as frases.
GABARITO: C
COMENTÁRIO:
O verbo “vender” deveria estar na 3ª pessoa do plural para concordar com o termo “casas” já que, na transposição
para a passiva analítica, teríamos: casas são vendidas. Resposta: C.

QUESTÃO 24
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

A língua é um patrimônio cultural indispensável para a preservação da memória e da identidade de um povo.


Nesse contexto, percebe-se, na tirinha, uma crítica
a) À falta de assistência familiar no que se refere à educação escolar dos filhos.
b) À língua em si, cheia de regras e normas gramaticais desnecessárias.
c) À escrita dos livros em linguagem muito rebuscada, o que dificulta o entendimento dos leitores.
d) À influência dos estrangeirismos na língua, em especial, daqueles provenientes do inglês.
e) Ao ensino da língua que, devido à metodologia utilizada, desestimula os alunos.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
Ao reconhecer o ambiente da casa apenas como “living” e não como sala de estar, Mafalda revela que o uso de
palavras estrangeiras contribui para o esquecimento das equivalentes no léxico da língua do país. Assim, a tirinha
critica a influência dos estrangeirismos na língua, em especial, daqueles provenientes do inglês, como se afirma
em [D]. Gabarito: D.

QUESTÃO 25
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos
processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à
ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136)
analisam as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra
pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se
evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica,
quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade”
no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento
deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido
confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de
outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36,
2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) O estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) Os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) A avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) A adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) Os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.
GABARITO: E
COMENTÁRIO:
A opção E revela o ponto de vista da autora ao afirmar que os comportamentos puristas são prejudiciais à
compreensão da constituição linguística, ou seja, segundo ela, defender a pureza da linguagem de maneira
limitada, só revela um conhecimento deficiente da língua. Resposta: E

QUESTÃO 26
Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua
presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão
mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo
em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é
culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
(Antônio Vieira)
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Na oração “Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu” ocorre uma inversão sintática –
hipérbato –, pois o sujeito aparece posposto ao verbo. Assinale a alternativa em que se nota o mesmo
procedimento estilístico.
a) “como fosse trazido à sua presença um pirata”.
b) “que por ali andava roubando os pescadores”.
c) “Basta, senhor”.
d) “porque roubais em uma armada”.
e) “O roubar pouco é culpa”.
GABARITO: A
COMENTÁRIO:
Nessa alternativa, ocorre a inversão sintática porque o sujeito “pirata” aparece posposto ao verbo da oração na
voz passiva (fosse trazido). Resposta: A.

QUESTÃO 27
Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se
baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam,
por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os
portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós,
brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é
porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e
moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas:
regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas
ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de
comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só
aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por
menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em
toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial, s/d.

Na entrevista, o autor defende as formas linguísticas coloquiais, mas faz uso da norma padrão em toda a
extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
a) Adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso
da norma padrão.
b) Apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser
verificado na materialidade do texto.
c) Propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a
norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
d) Acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu
cotidiano a gramática normativa do português europeu.
e) Defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com
a hegemonia do antigo colonizador.
GABARITO: A
COMENTÁRIO:
O autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão na entrevista, porque o
contexto solicita esse procedimento. Significa que ele adapta o nível de linguagem à situação comunicativa,
conforme afirma a opção A. O gênero entrevista requer o uso da norma padrão.

QUESTÃO 28
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
5. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde
pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
10. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica,
mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos.
Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. (...)
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

15. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o Sol não deslumbra;
sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum
mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas
profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
20. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue
borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo
sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu
mais d’alma que da ferida.
25. O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a
uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. 30. A mão que rápida ferira, estancou mais
rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao
desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.”
“Iracema”. In ALENCAR, José de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959a, vol. III

Em “Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos”:


a) Há dois períodos compostos por duas orações cada um.
b) Há um período composto por duas orações.
c) Não há a formação de um período.
d) Há um período simples.
e) Há dois períodos compostos por uma oração simples cada um.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
O período é simples, uma vez que há a presença de apenas uma forma verbal, isto é, “esparziam”. Assim sendo,
tem-se uma única frase verbal, ou seja, somente uma oração absoluta. Resposta: D

QUESTÃO 29
Revistas terão de informar uso de editor de imagens

Todos os anúncios veiculados em jornais e revistas terão de informar ao leitor se houve uso de software para
manipular imagens de pessoas. É isso o que diz uma lei recém-aprovada em Israel. O objetivo é evitar que a
publicidade divulgue imagens de modelos magras demais, que supostamente estimulam transtornos alimentares
em jovens. O parlamento francês está discutindo uma medida similar, porém mais dura – até embalagens de
produtos e imagens de campanhas políticas teriam de revelar o uso de um software de edição de imagens.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 10 jul. 2012 (adaptado).

A expressão “medida similar” auxilia a progressão das ideias no texto, pois foi empregada com a finalidade de
a) Apresentar uma observação crítica em relação ao conteúdo da lei que está sendo aprovada no
parlamento francês.
b) Impor erudição ao texto, objetivando atender às especificidades do público leitor a que se destina a
notícia veiculada.
c) Incluir no texto a informação de que a lei aprovada pelo parlamento francês, por ser mais rigorosa, retifica a
lei israelense.
d) Estabelecer relação entre uma lei que está sendo discutida no parlamento francês e outra aprovada
recentemente em Israel.
e) Antecipar a informação de que embalagens de produtos e imagens de campanhas políticas deveriam informar
o uso de editor de imagens.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
A expressão “medida similar” auxilia a progressão das ideias no texto, pois foi empregada com a finalidade de
comparar a medida tomada por Israel (“revistas terão de informar ao leitor se houve uso de software para
manipular imagens de pessoa”) e as que serão criadas em França e poderão ser ainda mais severas: “até
embalagens de produtos e imagens de campanhas políticas teriam de revelar o uso de um software de edição
de imagens”.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 30
“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder
político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta
pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos
europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O
latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os
germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa
região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol. Não é à toa que esses
povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes.
“Quando um idioma morre, morre também a história. [...]”
CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31.

Com base no trecho: “Tem uma frase boa que diz [...]”, é possível afirmar que
a) A reescrita desse fragmento para Há uma frase boa que diz [...] não se adequaria à norma culta da língua.
b) Se o verbo “ter” (= “Tem”) fosse substituído pelo “haver”, o sujeito da oração seria “uma frase boa”.
c) A gramática tradicional condena o uso do verbo “ter” com valor existencial.
d) Se tivéssemos a proposta: Existe uma frase boa que diz [...], teríamos uma oração sem sujeito.
e) O verbo “ter” da frase em evidência deve ser classificado como pessoal.
GABARITO: C
COMENTÁRIO:
Não se usa o verbo “ter” em lugar de haver ou existir. Neste caso, a expressão é coloquial e a oração é sem
sujeito. Resposta: C.

QUESTÃO 31
Este gráfico é uma média, em dólares, de quanto o Brasil gasta com educação em comparação a outros países.

(OECD: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

 Primária: Educação Infantil e Ensino Fundamental – séries iniciais


 Secundária: Ensino Fundamental – séries finais e Ensino Médio
 Terciária: Ensino Superior

Sobre as informações trazidas pelo gráfico, é correto afirmar que


a) O Brasil investe mais em Educação que a média dos demais países.
b) O Brasil mais se aproxima da média mundial na Educação Secundária.
c) A maior diferença de investimentos entre Brasil e os demais países é na Educação Primária.
d) A maior diferença de investimentos entre Brasil e os demais países é na Educação Secundária.
e) A maior diferença de investimentos entre Brasil e os demais países é na Educação Terciária.
GABARITO: D
COMENTÁRIO: A questão envolve a interpretação de gráficos de barras, atividade que deve ser simples ao aluno
de Ensino Médio. Portanto, basta ele comparar, mesmo sem identificar os números, qual dos setores da
comunicação contém a maior diferença entre a média mundial e a brasileira, resultando na educação secundária.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 32
Este cartaz foi retirado das redes sociais do Senado Federal brasileiro, com texto do Código de Defesa
do Consumidor.

Podemos afirmar que esse cartaz prioriza a clareza na comunicação, o que tem por objetivo
a) Incluir diferentes canais para o envio da mensagem.
b) Garantir a compreensão da mensagem.
c) Identificar o emissor da mensagem.
d) Simplificar o código, banalizando-o.
e) Deixar o receptor em evidência.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: O principal objetivo de uma comunicação clara e eficiente é garantir que o receptor compreenderá
a mensagem enviada.

QUESTÃO 33
Competência comunicativa se caracteriza pelo(a)
a) Diferenciação de termos mais formais e menos formais.
b) Equalização das normas gramaticais da fala e da escrita.
c) Capacidade de se comunicar em todos os níveis de linguagem, sem precisar conhecer o público-alvo.
d) Capacidade de adequar seu nível comunicativo a qualquer ambiente ou receptor, a depender do contexto.
e) Conhecimento da língua formal: quanto mais conhecedor das normas gramaticais, mais competente o sujeito é.
GABARITO: D
COMENTÁRIO: Ao estudar as funções da linguagem e a teoria da comunicação, o aluno tem acesso à informação
de que o emissor deve adaptar sua linguagem ao seu receptor, para garantir que a mensagem seja corretamente
transmitida, em especial se esse receptor não conhecer, por exemplo, a norma culta da língua portuguesa.

QUESTÃO 34
14 coisas que você não deve jogar na privada
Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa mais
difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos:
• Cotonete e fio dental;
• Medicamento e preservativo;
• Óleo de cozinha;
• Ponta de cigarro;
• Poeira de varrição de casa;
• Fio de cabelo e pelo de animais;
• Tinta que não seja à base de água;
• Querosene, gasolina, solvente, tíner.
Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser
levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada.
(MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).)
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa da
linguagem, predomina também a função referencial, que busca
a) Despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que
beneficiarão a sustentabilidade do planeta.
b) Informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o
correto descarte de alguns dejetos.
c) Transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do
texto em relação ao planeta.
d) Estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de
sustentabilidade está sendo compreendida.
e) Explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos usados de forma a proporcionar
melhor compreensão do texto.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: O aluno deve lembrar que a função referencial está focada no aspecto informacional – então, o
aspecto de orientação é apropriado a este tipo de comunicação.

QUESTÃO 35
Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro

Ao tuitar ou comentar embaixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se
sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta
rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”. Você talvez também reflita sobre como as
gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de
receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres
humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do
livro Writing on the Wall — Social Media, The first 2 000 Years (Escrevendo no mural — mídias sociais, os
primeiros 2 mil anos, em tradução livre).
Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da
elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que
posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma
espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios
comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e
escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Standage à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam
entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões.”
Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e
da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da
acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada
por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem.
NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado).

Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero
mensagem, identifica-se como característica sua que perdura ao longo dos tempos o(a)
a) Imediatismo das respostas.
b) Compartilhamento de informações.
c) Interferência direta de outros no texto original.
d) Recorrência de seu uso entre membros da elite.
e) Perfil social dos envolvidos na troca comunicativa.
GABARITO: B
COMENTÁRIO: O gênero textual mensagem tem como característica transmitir informações de forma objetiva. O
texto em questão compara a comunicação antiga à atual, evidenciando como a mensagem é compartilhada.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 36
Na charge, temos um desencontro de informações de falantes do mesmo país. Considerando os elementos da
charge, seus estudos autônomos da disciplina e seus conhecimentos, podemos afirmar que o profissional da
saúde fica confuso porque

a) Não é brasileiro.
b) O falante não é capaz de se comunicar.
c) Não conhece aquele tipo de enfermidade.
d) Está começando a carreira e não está adaptado às consultas, sobretudo presenciais.
e) Faz parte de uma classe social e de uma região do país que difere do paciente.
GABARITO: E
COMENTÁRIO: Ao tratarmos de comunicação, o aluno aprende que, no país, temos várias “línguas”, conforme,
principalmente, a região do falante. O Brasil é um país continental, portanto, é comum que haja diferenças,
sobretudo no vocabulário.

QUESTÃO 37
No diálogo da tira a seguir, em qual fase da comunicação acontece o ruído responsável pelo mal-entendido?

a) Canal.
b) Código.
c) Emissor.
d) Contexto.
e) Receptor.
GABARITO: E
COMENTÁRIO: Na questão, conhecer os personagens pode ser um facilitador; entretanto, mesmo sem esse
conhecimento de mundo, o aluno consegue responder ao perceber que o ruído se deu por falta de compreensão
de mundo do personagem Eddie Sortudo sobre a fala de Helga.

QUESTÃO 38
Examine a anedota publicada pela comunidade “The Language Nerds”, em sua conta no
Facebook, em 22.01.2020.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

A anedota sugere que


a) O segundo homem tomou, por engano, a bebida do primeiro.
b) O funcionário do bar serviu a mesma bebida para os dois homens.
c) O primeiro homem envenenou o segundo.
d) O segundo homem pretendia envenenar o primeiro.
e) O segundo homem ingeriu um líquido tóxico em lugar de água.
GABARITO: E
COMENTÁRIO:
A anedota diz que dois homens entraram em um bar. Um homem pediu H2O (fórmula da água). O outro disse “eu
vou querer H2O também”. O problema é que “também”, em inglês (too), tem a mesma sonoridade do número 2
(two). O atendente do bar, então, entendeu two em vez de too, e serviu peróxido de hidrogênio (água oxigenada)
para o segundo homem (H2O2), o qual morreu após ingerir esse líquido tóxico.

QUESTÃO 39
About Black Friday

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Disponível em: <http://blackfriday.com/>. Acesso em: 15 dez. 2017.

As enormes liquidações e promoções especiais da Black Friday em novembro têm atraído mais compradores a
cada ano. Fazendo as compras pelo site sugerido, é possível:
a) Economizar, evitar as filas e fugir do estresse.
b) Ter mais opções de escolha do que nas lojas.
c) Ter acesso a todas as mesmas ofertas das lojas.
d) Enviar para as lojas as suas listas de compras.
e) Comprar os últimos lançamentos pelos preços mais baixos.
GABARITO: A
COMENTÁRIO:
A propaganda é de compras on-line. Suas justificativas são exatamente os preços mais baixos, assim como a
possibilidade de compras sem filas e sem estresse.

QUESTÃO 40
Singapore: where passion and possibilities meet

Singapore is much more than the sum of its numerous attractions. It’s constantly evolving, reinventing, and
reimagining itself, with people who are passionate about creating new possibilities.
It’s where foodies, explorers, collectors, action seekers, culture shapers, and socialisers meet–and new
experiences are created every day.
Don’t stop at finding out what you can do when you visit. Let our Passion Ambassadors show you what you
can be when you’re here. Because we’re more than just a destination. We’re where passion is made possible.
Disponível em: <http://www.visitsingapore.com/en/>.Acesso em: 27 mar. 2018.

Buscar informações sobre lugares a serem visitados faz parte da rotina de viajantes e turistas. Nesse sentido, o
texto sobre Singapura:
a) Aconselha algumas medidas de segurança para chamar a atenção dos turistas para possíveis riscos locais.
b) Detalha a história do país para que mais turistas sejam atraídos por seus costumes milenares.
c) Divulga os principais pontos turísticos para ajudar turistas com suas escolhas e planejamentos.
d) Destaca a grande possibilidade de variedades disponíveis para quem decide visitar o país.
e) Informa sobre hábitos religiosos locais para auxiliar turistas no entendimento de diferenças culturais.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
Na primeira frase, é dito que Singapura é mais do que a soma de numerosas atrações. É uma cidade que está em
constante desenvolvimento e se reinventa a todo o momento.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 41

“NOSSA CULTURA NÃO CABE NOS SEUS MUSEUS”.


TOLENTINO, A. B. Patrimônio cultural e discursos museológicos. Midas, n. 6, 2016.

Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa o conflito entre culturas e a presença em
museus de algumas manifestações artísticas em específico, o que decorre da
a) Valorização do mercado das obras de arte.
b) Definição dos critérios de criação de acervos.
c) Ampliação da rede de instituições de memória.
d) Burocratização do acesso dos espaços expositivos.
e) Fragmentação dos territórios das comunidades representadas.
GABARITO: B
COMENTÁRIO:
Os museus conservaram e promoveram durante muito tempo, exclusivamente, a história da elite e dos
colonizadores. No final do século XX, mediante as transformações político-sociais que ocorreram, as instituições
passaram a incluir obras produzidas por grupos minoritários. Foi a partir desse movimento que a crítica ao papel
até então desempenhado pelos museus e seus recortes curatoriais na definição das exposições e dos acervos,
fomentou a inclusão de culturas não ocidentais.

QUESTÃO 42
Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática oriunda dos salões franceses e, depois,
foi difundida por toda a Europa.
No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua
ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações
diversas que os dançarinos desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”,
“Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”,
“Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc.
No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês
aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que
sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.
CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é
considerada uma dança folclórica por
a) Possuir, como característica principal, os atributos divinos e religiosos identificadores de uma nação ou região.
b) Apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo.
c) Necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem.
d) Abordar as tradições e os costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação.
e) Acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais.
GABARITO: D
COMENTÁRIO:
A quadrilha tornou-se uma dança folclórica porque aborda as tradições e os costumes dos povos, ainda que haja
aspectos diferenciadores.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

QUESTÃO 43
Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá
Sou o boneco de Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da Orquestra Armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo no baque solto de maracatu
Eu sou um auto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luiz Gonzaga
E sou do mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO,
M. Olho de peixe. São Paulo: Vetas. 1993 (fragmento).

O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista
exalta as diferentes manifestações culturais pela
a) Valorização de teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares,
compondo um tecido diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional.
b) Exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a
Orquestra Armorial, compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.
c) Identificação de lugares pernambucanos, manifestações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os
bonecos mamulengos e os heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à
cultura popular nordestina.
d) Caracterização das festas populares como identidade cultural e como representante de uma cultura que
reflete valores históricos e sociais próprios da população local.
e) Apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da
musicalidade e do teatro popular religioso, comuns ao folclore brasileiro.
GABARITO: C
COMENTÁRIO:
No texto, ocorre um mosaico das mais variadas expressões artísticas não só de Pernambuco, como também do
Nordeste como um todo. Essa exposição se dá pela referência a elementos, personagens, artistas, espaços que
representam a cultura nordestina evidenciando a riqueza do patrimônio cultural brasileiro.

QUESTÃO 44
“Se não encontrar tempo para exercitar-se, encontrará tempo para adquirir patologias. A qualidade de vida
não depende só da saúde. Precisa-se aprender a conquistá-la”.

Podemos relacionar a frase acima, enfatizando a importância de o indivíduo buscar inserir a prática de atividades
físicas no seu cotidiano, onde as mesmas são fundamentais não apenas para o controle do peso corporal, mas
ajudam a prevenir o aparecimento de diversas doenças, melhorar a circulação sanguínea, aumentar o
metabolismo, melhorar a memória e, claro, dão mais disposição diariamente. No entanto, no desenvolvimento de
exercícios localizados e musculação, é importante ter cuidado com a região das costas para evitar problemas
como hérnias e alterações nas curvaturas normais da coluna.
2023 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

De acordo com o texto, concluímos que os bons hábitos posturais durante as atividades físicas são importantes,
pois
a) Proporcionam apenas uma maior eficiência no exercício.
b) Previnem dores e lesões musculares.
c) Propiciam apenas um melhor efeito estético.
d) Trabalham apenas para um ganho de peso mais eficiente pelo indivíduo.
e) Evitam perda de peso e massa óssea.
GABARITO: B
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
Os hábitos posturais errados durante os exercícios podem levar a dores nas costas que se irradiam para outras
regiões do corpo como ombros, braços e pernas. Além disso, os movimentos inadequados de flexão e de torção
da coluna geram, em médio ou longo prazo, desvios posturais, lombalgias e cervicalgias. Não é só a musculação
que pode agravar em dores nas costas. Correr de forma inadequada também pode resultar em incômodos na
região. Como a lombar atua como transmissor de força para os membros inferiores (pés e pernas) e o tronco,
realizando movimentos essenciais de flexão, extensão e rotação, pode ocorrer lesões pequenas na musculatura
que não está devidamente alongada.

QUESTÃO 45
A obesidade não é mais apenas um problema estético, que incomoda por causa da “zoação dos colegas”. O
excesso de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos
e má formação do esqueleto.

Conforme seus conhecimentos de mundo, pode-se dizer que a diabetes decorre do(s)
a) Consumo demasiado de alimentos gordurosos e prática da atividade física.
b) Consumo de alimentos de baixo valor calórico e depressão.
c) Fatores hormonais, ansiedade e falta de atividade física.
d) Fatores genéticos e redução no consumo de alimentos gordurosos.
e) Exercícios físicos praticados, bem como da depressão e da ansiedade.
GABARITO: C
COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:
A obesidade é um fator de risco para várias doenças, dentre as quais podemos citar: câncer, hipertensão arterial,
doenças cardiovasculares, doenças cerebrovasculares, apneia do sono, osteoartrite e diabete Melittus tipo dois.

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