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Bernoulli Resolve

Língua
Portuguesa
6V Volume 1
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LÍNGUA PORTUGUESA

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Coleção Estudo
COMENTÁRIO
E RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
contra a ideia do “empobrecimento da comunicação”, ele
MÓDULO – A 01 pode argumentar que a língua modifica-se ao longo dos
anos e que essa mudança se reflete também no modo como

Noção de texto os falantes se comunicam. Além disso, com as inovações


tecnológicas, faz-se necessário o surgimento de novas
Exercícios de Fixação formas de comunicação mais ao ritmo da vida moderna,
que, por ser mais dinâmica, exige formas de comunicação
Questão 01 mais rápidas, práticas e interativas. É possível defender,
Comentário: A pergunta de Mafalda pode ser entendida ainda, a ideia de que textos curtos não têm necessariamente
como uma conclusão das ideias apresentadas no primeiro pouco conteúdo, mas que, ao contrário, a necessidade de
quadrinho. Uma vez que as três personagens têm tarefas a se expressar em poucos caracteres em sites como o Twitter
realizar e, em decorrência delas, o tempo é escasso, resta- pode contribuir para melhorar a capacidade dos falantes de
lhes apenas a alternativa de brincar de bomba nuclear. se expressarem de modo conciso. Vale observar que o aluno
A conjunção “então” introduz, assim, uma pergunta que deve evidenciar sua opinião em uma tese clara e objetiva,
serve de conclusão à situação apresentada no primeiro bem como organizar os argumentos para sustentá-la, de
quadrinho. Poderia, dessa forma, ser substituída por modo a redigir um texto coeso e coerente.
conjunções ou por locuções conjuntivas coordenativas Questão 04
conclusivas, como “logo”, “portanto”, “por isso”, “assim”,
“sendo assim”. Reescrita, a pergunta ficaria como a seguir: Comentário: Essa proposta solicita que o aluno posicione-
“Portanto, acho que só dá tempo de brincar de guerra se criticamente a respeito da necessidade de impor limites
nuclear, não é?”. éticos à evolução da ciência. Como o próprio enunciado
explicita, deve-se entender por limites éticos aqueles que
Questão 02 têm como parâmetros valores socioculturais e religiosos.
Comentário: Para responder a essa questão, o aluno pode Caso posicione-se em favor da existência desses limites,
fazer referência à aceleração da vida moderna ou à guerra. o aluno pode argumentar que eles são essenciais para
Para ambos os problemas, a resenha aponta uma mesma se garantir a integridade da vida humana, bem como de
solução: o reestabelecimento do contato com os livros, outras formas de vida. Nesse caso, o exemplo citado pelo
o qual possibilitaria que os homens voltassem a refletir sobre enunciado, que faz referência a pesquisas com células-
si mesmos. A autorreflexão pode ser entendida como uma tronco embrionárias, pode ser usado para sustentar essa
forma de desacelerar a vida, pois o exercício de enxergar a opinião, pois o aluno pode alegar que, se não houvesse
si e de analisar as próprias atitudes e posturas requer tempo limites éticos para a ciência, correr-se-ia, por exemplo,
ocioso e capacidade de introspecção. Quando a possibilidade o risco de que embriões fossem produzidos apenas para
de autorreflexão é pensada não em relação ao indivíduo, servir às pesquisas, caso que poderia ser considerado
mas em relação à espécie humana e à trajetória de suas uma forma de manipulação indevida da vida humana.
sociedades, pode também ser entendida como uma solução É possível fazer referência, também, a outros campos
para a guerra. Vale lembrar que a resposta do aluno deve de atuação da ciência, como às pesquisas que permitem
abordar apenas um desses problemas e apresentar, em desenvolver armas de destruição em massa ou produzir
acordo com as informações da resenha, a solução que lhe organismos transgênicos. Esses exemplos permitem
é correspondente. aprofundar a discussão, focando-a não apenas na produção
de conhecimento científico, mas principalmente na finalidade
Questão 03 com que tais conhecimentos são utilizados. Caso posicione-
Comentário: Espera-se que o aluno seja capaz de se contra a imposição de limites éticos à ciência, o aluno
identificar os muitos e complexos elementos que compõem a pode argumentar que esses limites impedem a realização de
questão proposta, a fim de responder se as novas formas de descobertas que poderiam melhorar e mesmo salvar vidas.
comunicação implicam o empobrecimento da comunicação. Novamente, aqui, valer-se do exemplo dado no enunciado é
Independentemente do posicionamento, o aluno pode levar uma boa estratégia, uma vez que se sabe que a utilização
em consideração, na construção de seu texto, as diversas de células-tronco embrionárias teria o potencial de curar
ideias sugeridas pelos textos motivadores, articulando-as às doenças degenerativas, auxiliar na reversão de traumas
suas próprias reflexões. Caso o aluno concorde que ocorre causados por acidentes, etc. É possível, também, alegar
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um “empobrecimento das formas atuais de comunicação”, que valores religiosos e culturais não são homogêneos,
ele pode recorrer à tirinha, na qual Mafalda e seus amigos mas estão ligados aos grupos em que se manifestam, ao
brincam de “guerra nuclear” devido ao pouco tempo contrário dos conhecimentos científicos, que teriam validade
disponível para lazer na vida moderna, e articular essa universal. Desse modo, dada a variedade de manifestações
situação à resenha do livro Fahrenheit 451, no qual os culturais e religiosas, não há como definir com objetividade
homens abandonam os livros, recorrendo a formas de leitura quais seriam as mais válidas para servirem como limites à
mais rápidas, até que os livros são finalmente extintos. ciência. O aluno pode escolher qualquer posicionamento,
Ainda, pode ser feita uma articulação com a entrevista de desde que o explicite em uma tese clara e bem elaborada.
Saramago, na qual o autor condena a utilização do Twitter, Pode, também, citar outros argumentos, desde que
justamente por essa ferramenta proporcionar um tipo pertinentes à defesa de seu ponto de vista. Vale observar
de comunicação rápida e, possivelmente, sem conteúdo, que o texto deverá configurar-se como um todo coeso e
a qual evidenciaria um retrocesso na evolução do homem, coerente e ser redigido em linguagem formal, em acordo
que estaria retornando aos grunhidos. Caso o aluno seja com a norma-padrão.

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Questão 05 procede porque, embora o autor cite alguns dados estatísticos
no terceiro parágrafo, não são esses dados os responsáveis
Comentário: Essa proposta, cujo tema é apresentado em
forma de uma pergunta direta, solicita que o aluno indique por sustentar a validade da tese do texto. Além disso, essa
modos pelos quais seria possível prevenir a disseminação de estratégia argumentativa só é utilizada nesse trecho do texto.
boatos via Internet, os quais poderiam colocar em risco a A assertiva IV está incorreta porque, no primeiro parágrafo,
eficácia de campanhas de saúde pública. Para problematizar não predominam aspectos descritivos, e sim narrativos.
a abordagem, o aluno pode propor reflexões sobre a rede
Questão 07 – Letra D
de computadores, desenvolvendo a ideia de que, se por um
lado, ela facilita o acesso às informações, por outro, pode Comentário: Uma vez que “o homem” a que se refere o
contribuir para desinformar as pessoas, uma vez que não é trecho citado trata-se do xamã, uma espécie de médico de
possível controlar a idoneidade do conteúdo veiculado. Para sociedades primitivas, a alternativa que melhor o identifica é
demonstrar o perigo da falta de informações sobre questões a D, que faz alusão a uma atitude comum a médicos de todas
de saúde ou da disseminação de informações falsas sobre as épocas. As alternativas A, B e C não identificam a figura
essas mesmas questões, o aluno pode, por exemplo, fazer do médico, pois qualquer pessoa, como um amigo ou um
uma alusão histórica ao movimento popular que ocorreu no religioso, por exemplo, poderia se aproximar de quem sente
Brasil no início do século XX e que ficou conhecido como dor ou estender uma mão vacilante ou emitir um som gutural.
Revolta da Vacina. Nesse episódio, a falta de informação e a
manipulação política da população foram as causas da morte Questão 09 – Letra C
de várias pessoas e quase impediram que as pessoas fossem Comentário: A relação entre as frases apresentadas no item
imunizadas contra a varíola. Como sugestão para resolver o I é de causa e, entre as frases do item II, de explicação.
problema apresentado no enunciado, o aluno pode, assim, Desse modo, a alternativa C apresenta, respectivamente,
mencionar a necessidade de o Estado manter a população as conjunções adequadas para estabelecer a relação lógico-
bem informada sobre os problemas de saúde pública e sobre semântica entre as frases dos itens I e II. Seria, assim, possível
as formas de evitá-los por meio de campanhas informativas.
reescrevê-las das seguintes formas: “De qualquer modo, a
Nesse caso, essas campanhas também podem ter a função de
disposição emocional de ajudar o doente não basta, pois a
alertar a população para o fato de que se deve sempre buscar
emoção precisa se completar pelo pensamento e, depois, pela
informações de fontes fidedignas. É possível sugerir, ainda,
ação.” e “O pensamento médico está, naturalmente, longe de
que os órgãos de saúde monitorem as manifestações da mídia
ser homogêneo, já que varia de lugar para lugar, de época
a esse respeito e empenhem-se para evitar a disseminação
para época.”.
de informações errôneas ou motivadas por questões políticas,
comerciais, ideológicas. O texto elaborado deve ser coeso,
Questão 10 – Letra B
coerente e redigido em língua culta formal.
Comentário: De acordo com a alternativa B, a expressão “de
qualquer modo” poderia ser deslocada sem alterar o sentido da
Exercícios Propostos frase, o que não procede. No texto, ela serve para estabelecer
uma relação de concessão entre as ideias apresentadas no fim
Questão 02 – Letra C do terceiro parágrafo e o fato de que a disposição emocional
Comentário: O quarto parágrafo do texto confirma a ideia de de ajudar, embora caracterize a postura dos médicos em geral,
que o modo como a sociedade se estrutura está relacionado com não é suficiente para o bom desempenho da profissão. Ocorre
seu desenvolvimento. Está correta, portanto, a alternativa C. que, caso essa expressão fosse deslocada para outro local
A alternativa A não procede, pois o texto deixa claro que o na frase, poderia não evidenciar a relação com o parágrafo
fato de filhos e parentes de médicos terem interesse pela anterior ou mesmo adquirir outra função. Isso ocorreria se,
profissão decorre de uma influência do ambiente, e não por exemplo, ela aparecesse logo depois do verbo “ajudar”
de hereditariedade. Não há humor na forma como o autor – “a disposição emocional de ajudar de qualquer modo o
se refere ao desconhecimento que a cultura grega teria do doente não basta.” –, caso em que poderia adquirir a função
inconsciente, o que torna incorreta a alternativa B. Por sua de adjunto adverbial de modo.
vez, a alternativa D está incorreta, pois a juventude não é a
causa de os estudantes ficarem seduzidos pela Medicina, como Seção Enem
sugere a redação dessa assertiva; no texto, apenas se afirma
que, em grande parte dos casos, o interesse por essa carreira
Questão 01 – Letra C
surge muito cedo, ainda durante a juventude dos estudantes.
Eixo cognitivo: II

Questão 03 – Letra B Competência de área: 6

Comentário: As assertivas certas são a II, a III e a V, o Habilidade: 18


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que torna correta a alternativa B. A cena narrada nos dois Comentário: Na tira de Quino, o humor é construído a partir
primeiros parágrafos, bem como o início do terceiro parágrafo, da polissemia da palavra “indicador”. A personagem Mafalda
confirma que a prática da Medicina permeia a história da não diferencia os sentidos da palavra “indicador”, que, no
humanidade desde os tempos Pré-históricos. Ainda no terceiro primeiro quadrinho, refere-se ao dedo da mão situado entre
parágrafo, o autor deixa claro que a prática médica pode os dedos médio e polegar e, no último quadrinho, refere-se ao
ser caracterizada por diferentes sentimentos, tais como o dado utilizado por institutos de estatística para medir a taxa
de entusiasmo ou aborrecimento, ainda que sempre esteja de desemprego de uma região. É interessante notar que a
fundamentada na responsabilidade. O título “Cenas médicas” interpretação de Mafalda não é gratuita. O gesto de expulsar
de fato aponta para o assunto desenvolvido no texto, que faz as pessoas de um ambiente, utilizando o dedo indicador
referência a diferentes formas de se fazer medicina através apontado, é comum em diversas culturas, por isso Mafalda
dos tempos e das culturas. Por outro lado, a assertiva I não relaciona o dedo indicador ao índice de desemprego.

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Questão 02 – Letra D
Eixo cognitivo: II MÓDULO – A 02
Competência de área: 6
Habilidade: 18 Fatores de contextualização
Comentário: Para compreender a propaganda em análise, Exercícios de Fixação
o  aluno deve reconhecer a intertextualidade entre o texto
nela utilizado – “Quem é morto sempre aparece” – e o dito Questão 01
popular “Quem é vivo sempre aparece”. A imagem de pés Comentário: A tira de Angeli ironiza o fato de, no Brasil, as
juntos, em que está anexada uma etiqueta com o nome da pessoas que têm prestígio social e econômico julgarem-se
atração, é uma referência ao modo como costumeiramente desobrigadas de cumprir as leis e de respeitar os demais
são identificados cadáveres nos necrotérios, de modo que a cidadãos. Essa leitura pode ser ampliada se se julgar o conteúdo
do último quadrinho, que alude à realidade de que, inúmeras
escolha da parte do corpo humano mostrada na propaganda
vezes, o dinheiro e a posição social resguardam-nas de pagarem
não foi aleatória, como se afirma na letra C. No contexto da
por seus crimes. Para atender à proposta de redação, o aluno
propaganda, é possível afirmar que a imagem tenha sido usada
deve ser capaz de compreender a denúncia da tira, expressá-la
com a finalidade de satirizar as atrações de terror, mas não
com clareza e, então, apresentar uma opinião. Conforme orienta
é necessário que o aluno a avalie como tal para entender o
o enunciado, a opinião, ou seja, a tese deve ser apresentada na
texto, de modo que a alternativa B não serve como resposta ao
introdução do texto e desenvolvida por meio de argumentos.
que foi solicitado no enunciado. A alternativa A também está Uma boa estratégia para argumentar, independentemente
incorreta, porque não é possível afirmar que a propaganda se de a opinião do aluno coincidir ou não com a denúncia feita
destine a um público-alvo específico e que a identificação do por Angeli, é por meio da exemplificação. Assim, podem ser
leitor com esse público seja imprescindível para a compreensão citados fatos de conhecimento geral em que o prestígio social
do texto. Além  disso, uma vez que “Noites do Terror” é o e econômico serviu ou não para isentar pessoas de pagarem
nome da atração divulgada, essa  expressão não deve ser por seus crimes. Outra forma de argumentar seria mencionar
compreendida em seu sentido literal, como afirma a letra E. casos em que ocorre o contrário, ou seja, pessoas humildes e
com pouco conhecimento são condenadas por crimes banais
Questão 03 ou mesmo por crimes que não cometeram. Vale observar
Comentário: A proposta de redação apresenta dois textos que o enunciado obriga à elaboração de pelo menos quatro
motivadores. O primeiro trata do trabalho escravo – que, embora parágrafos, dos quais um seria de introdução, outro de
ilegal, ainda existe em certas regiões do país – e evidencia sua conclusão e pelo menos dois de desenvolvimento. É importante,
ação degradante. O segundo apresenta uma previsão sobre como também, que haja coerência entre as ideias apresentadas e que
estas estejam bem articuladas entre si. O texto deve, ainda,
será o trabalho no futuro, mostrando que a qualidade de vida,
ser redigido em linguagem padrão, de modo a adequar-se ao
a preocupação com o meio ambiente, o empreendedorismo,
padrão dos textos dissertativo-argumentativos.
tudo isso potencializado pela dinâmica da globalização e do
desenvolvimento tecnológico a ela aliados, serão determinantes Questão 02
para a ideia de trabalho em um futuro próximo. Comentário:
Os textos apresentam situações opostas. O primeiro 1. Milton Santos, autor do primeiro texto, condena a adoção de
exemplifica o trabalho degradante que, em vez de melhorar um livro didático que faça referência às normas populares e
a qualidade de vida do trabalhador e proporcionar-lhe a algumas de suas características linguísticas. Para defender
realização profissional e financeira, retira-lhe a dignidade e a seu ponto de vista, o autor faz referência a uma suposta
liberdade. O segundo explicita uma dinâmica de trabalho que “revolução nas regras de comunicação e expressão”,
engrandece o homem, pois revela perspectivas positivas ao citando uma lei que proíbe o uso de estrangeirismos
em documentos oficiais e publicidades e aos inúmeros
trabalhador e ao meio ambiente, em vez de apenas valorizar
programas lastimáveis em horário nobre. Para o autor, a
o enriquecimento dos donos dos meios de produção. O aluno
opção do MEC pelo livro que cita as normas populares seria
deve servir-se desses textos motivadores e elaborar uma
uma espécie de justificativa às “barbaridades perpetradas
redação em que mostre de que maneira o trabalho pode à cultura brasileira”. Por sua vez, Marcos Bagno, autor
servir para construir ou conservar a dignidade humana. do segundo texto, não vê problemas no fato de o livro
Assim, deve propor a valorização do tipo de trabalho que didático mencionar as normas populares. Para defender
melhore as condições financeiras e a qualidade de vida do seu ponto de vista, ele faz referência à iniciativa do MEC,
trabalhador, que lhe proporcione realização profissional, durante o governo FHC, de incluir o fenômeno da variação
que possa ser desenvolvido em locais adequados a fim de linguística nos livros didáticos, destacando a importância
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preservar-lhe a saúde, que se valha da evolução científica dessa estratégia para que os alunos de classes menos
e tecnológica para tornar-se mais eficiente e dinâmico, etc. favorecidas se reconheçam no material didático, afirma que
as menções às normas populares não cumprem o objetivo
Na proposta de intervenção, o aluno pode sugerir a criação
de desobrigar a escola a ensinar a norma-padrão e, por
de leis que regulamentem esse novo tipo de prestação de
fim, ironiza aqueles que defendem a “língua certa”, mas
serviços e um maior rigor das leis trabalhistas já existentes
cometem deslizes condenados por essa “língua”.
a fim de erradicar, definitivamente, o trabalho escravo. Vale
2. A) A regra gramatical a que se refere o autor é a de
observar que não apenas o Estado deve atuar nesse sentido,
concordância verbal, que postula que, em uma
mas também a sociedade civil, que pode fazer denúncias e oração, o verbo deve concordar em número e pessoa
mobilizar-se contra esse tipo de exploração. O texto deve com o sujeito da frase. Na fala do jornalista, “Como
apresentar uma tese clara e argumentos que, bem organizados é que fica então as concordâncias”, o termo “as
concordâncias” é o sujeito e está no plural, o que
e concatenados, respaldem a opinião apresentada. obriga o verbo a flexionar-se, também, no plural.

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O erro cometido pelo jornalista é bastante comum na Além disso, embora a autora sugira a publicação na Internet
linguagem popular e oral e se deve ao fato de o sujeito dos textos produzidos pelos alunos como forma de tornar a
vir posposto ao verbo, o que faz com que os falantes o leitura significativa na escola, ela não afirma que publicações
interpretem como complemento verbal. só possam ocorrer por meio dessa tecnologia.
B) Reescrita de modo adequado à norma-padrão do
português, a fala do jornalista ficaria da seguinte forma:
Questão 02 – Letra B
“Como é que ficam então as concordâncias?”.
Comentário: Como não foi estudado ainda o conteúdo de
C) O linguista Marcos Bagno qualifica a situação como
“divertida”, porque, como ele próprio esclarece, as gêneros e tipos textuais (isso ocorrerá no módulo 03), você,
pessoas que defendem apenas o ensino da norma - professor, deve auxiliar seus alunos nessa questão. A resposta
padrão na escola e que consideram um absurdo correta é a letra B. Entretanto, pode ser difícil para os alunos
mencionar a existência das normas populares, na relacionar o texto aos gêneros e aos tipos mencionados nas
maioria das vezes, utilizam construções próprias alternativas. Ajude-os nessa tarefa e tranquilize-os, avisando
dessa variedade e, portanto, cometem “erros” que
que esse conteúdo será estudado no próximo módulo.
seriam condenados pela gramática normativa. Pode-se
entender, também, que o erro cometido pelo jornalista
evidencia o fato de que ele, bem como outros que Questão 05 – Letra B
condenam o livro adotado pelo MEC, não dominam tão
Comentário: Nessa questão, solicita-se que o aluno identifique
bem quanto pensam o assunto de que tratam.
a afirmação que não pode ser inferida do trecho citado.
A alternativa a ser assinalada é, portanto, a B. Como se
Questão 03
afirmou no comentário da questão 01, o uso da Internet é
Comentário:
apenas uma sugestão da autora e não implica que professores
1. As frases podem ser reescritas da seguinte forma: devam exigir ferramentas tecnológicas para tornar a leitura
“Ouvimos o ferrolho da porta que dava para o corredor
significativa. Todas as demais alternativas contêm afirmativas
interno; era a mãe que abria. Eu, porque / já que / visto
que podem ser inferidas do trecho citado.
que digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as
mãos da minha amiga...” e “Fomos jantar com a minha
velha. Já que lhe podia chamar assim, ainda que / mesmo Questão 06 – Letra A
que / embora / apesar de que os seus cabelos brancos Comentário: A alternativa incorreta é a letra A. O fragmento II
não o fossem todos nem totalmente; e o resto estivesse é uma carta do leitor que comenta a reportagem
comparativamente fresco...”.
“Demais humano?”. A leitura significativa da reportagem
2. No trecho I, a relação estabelecida é de causa; já no trecho II, resultou na produção da carta que explicita a apreciação
a relação é de concessão. do texto pelo leitor. Assim, pode-se afirmar que a leitura
desse gênero não tem como única finalidade a obtenção de
Questão 04 informações.

Comentário: Diante de um cenário político marcado por


Questão 07 – Letra A
escândalos de corrupção e pela falta de propostas e ações efetivas
para combater os diversos problemas econômicos e sociais do Comentário: Essa questão explora a capacidade dos alunos
Brasil, a proposta solicita que o aluno posicione-se em relação de perceberem no texto a presença de traços da modalidade
oral. Apesar de a elipse de “quando é” no início da segunda
ao poder do voto dos jovens para melhorar a realidade no futuro.
pergunta poder criar algum estranhamento, não há traço de
Para apresentar o tema e problematizá-lo, o aluno pode
oralidade no trecho da alternativa A. Em contrapartida, as
questionar os efeitos que a falta de ação e a corrupção
expressões “não fossem lá”, em B, “encarou”, em C, e “claro”,
políticas geram na população em geral e no jovem em
em D, são traços de oralidade na linguagem escrita.
particular, tais como a falta de interesse pela política,
a decepção com os governantes, o conformismo e a alienação.
A partir dessa problemática, o aluno pode evidenciar seu Seção Enem
conceito sobre o que é um “voto consciente”. Nesse sentido,
vale explicitar a necessidade de que os eleitores, entre eles Questão 01 – Letra B
os jovens, pesquisem os candidatos, o passado político Eixo cognitivo: I
destes e suas propostas antes de decidirem em quem votar. Competência de área: 8
O aluno pode defender o ponto de vista que desejar ao
Habilidade: 25
se posicionar em relação à ideia de que o voto consciente
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Comentário: As variantes linguísticas podem ser identificadas


muda a realidade para melhor. Deve, entretanto, apresentar
por diferenças na pronúncia das palavras, na escolha do
argumentação consistente.
léxico, na organização sintática das frases, na prosódia,
entre outras. No poema de Patativa do Assaré, a vocalização
Exercícios Propostos do grupo “lh” (lh-i), como em “filho-fio” e em “mulher-
muié”, e a apócope do r e do l, como em “dotô” e “coroné”,
respectivamente, são algumas das marcas linguísticas do
Questão 01 – Letra D
chamado dialeto caipira, o que revela que o falante retratado
Comentário: Não está de acordo com o texto a alternativa D, é um habitante da região rural. O próprio assunto do texto – o
porque a autora não afirma que apenas a leitura informativa e flagelo da fome –, associado a figuras como a do coronel e a
pragmática é essencial. Ao contrário, ela cita como significativa do agregado, ajuda a identificar o sertanejo como porta-voz
a leitura de poemas e de textos literários (7º  parágrafo). do poema.

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Questão 02 – Letra E Por fim, a alternativa A está incorreta porque, no texto, não
Eixo cognitivo: II se menciona o fato de que falantes da norma culta, ainda
que possam julgar normas estigmatizadas como inferiores,
Competência de área: 8
desconsiderem a existência delas.
Habilidade: 26
Comentário: De acordo com o texto, o patrimônio linguístico
Questão 05
brasileiro seria resultado da “interação pacífica no uso da
língua portuguesa e da língua tupi”, o que se confirma Comentário: Os textos que compõem a proposta apontam
principalmente pelas ideias presentes no segundo parágrafo diferentes perspectivas sobre o tema. O primeiro trecho,
do texto, em que se afirma que os bandeirantes usavam a retirado de um estatuto, expõe os direitos do idoso e delega a
língua tupi e que famílias de portugueses e índios utilizavam responsabilidade de viabilizá-los tanto ao poder estatal quanto
a língua dos índios no convívio familiar, ao passo que a língua à sociedade civil. O segundo apresenta informação sobre o
dos portugueses era ensinada na escola. A alternativa A não crescimento do número de idosos no país.
procede, uma vez que, no texto, explicita-se que a língua O terceiro propõe uma diferenciação entre ser idoso – o
ensinada na escola era o português. Não há no texto menção que está ligado a ter experiência e à capacidade de sonhar,
às diferenças – ou à origem das diferenças – entre a língua mesmo em um corpo envelhecido – e ser velho – o que se
indígena e a portuguesa, de modo que o que se afirma nas liga à perda de perspectivas, ao pessimismo e ao comodismo
alternativas B e D também não está correto. A alternativa C diante da vida. A redação pode apontar, assim, para uma
está incorreta porque, embora o Padre Antônio Vieira seja proposta que parta de uma mudança de concepção sobre
citado no texto, não se faz menção à sua importância para o envelhecimento e que se concretize tanto em atos de
a literatura. respeito e afeto para com os idosos quanto em uma
postura ativa contra quem lhes submete a maus tratos.
Questão 03 – Letra B Considerando os dados dos textos, também é possível
Eixo cognitivo: III propor ações do Estado, como a viabilização de políticas
Competência de área: 8 que fortaleçam a previdência social e que ofereçam
Habilidade: 27 opções adequadas de saúde e lazer aos idosos. Deve-se
lembrar, entretanto, de que um Estado não é formado
Comentário: A partir das reflexões apresentadas no texto sobre
apenas por governantes, mas principalmente por cidadãos,
a multiplicidade do discurso, só pode ser considerada correta
que também devem zelar pelo cumprimento das leis.
a alternativa B, que afirma que o uso de diferentes variedades
A problematização do tema e a proposta de intervenção deverão
linguísticas por leitores escolarizados demonstra haver uma
ser apresentadas em um texto bem-organizado, que obedeça
diferença entre a norma-padrão, ditada pelas gramáticas,
à norma-padrão.
e a norma praticada efetivamente pelos falantes. As demais
alternativas não podem ser inferidas a partir da leitura do texto.
Não há menção ao fato de que estudantes usam indistintamente
as normas ao produzirem textos verbais e escritos, como se
MÓDULO – A 03
afirma em A. O texto não afirma que moradores de diferentes
regiões têm dificuldade de expressão escrita devido ao fato de Tipos textuais e gêneros textuais
algumas regras estarem se modificando, o que torna a alternativa
C também incorreta. A alternativa D, por sua vez, não procede,
Exercícios de Fixação
uma vez que não se afirma no texto que o uso de construções
que desrespeitam a norma-padrão seja uma estratégia de certos Questão 01
falantes para esconder o fato de que não dominam essa norma.
Comentário: Para atender à proposta, o aluno deve
Segundo o texto, o uso de certas construções que desrespeitam
elaborar uma tese clara, que evidencie seu posicionamento
a norma deve-se ao fato de que alguns desvios do padrão,
em relação ao consumismo. Embora os textos da coletânea
como o uso de “ter” com sentido de “haver”, são tendências
decorrentes do processo natural de mudança linguística, e não apresentem uma avaliação negativa dessa temática,
do fato de usuários terem desvendado mistérios e sutilezas da associando-a ao vazio existencial, à imposição de valores,
língua, conforme afirma a alternativa E. à supervalorização da imagem, ao culto ao materialismo,
o aluno não necessariamente precisa concordar com ela.
Questão 04 – Letra C É possível defender que o consumismo é um fenômeno próprio
Eixo cognitivo: II da contemporaneidade e natural na sociedade capitalista.
Competência de área: 8 Evidentemente, como esse posicionamento vai contra as
Habilidade: 26 opiniões mais críticas sobre o tema, é necessário fundamentá-lo
com argumentos consistentes para que o texto não seja
Comentário: O texto chama atenção para o fato de que
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mal avaliado. Caso posicione-se contra o consumismo,


a existência de diferentes usos da língua evidencia uma
avaliando-o negativamente, o aluno pode apoiar-se nos
distinção entre uma norma brasileira e outra portuguesa,
a qual teria ocorrido principalmente a partir do século XVIII. textos motivadores, procurando, entretanto, desenvolver a
Está correta, assim, a alternativa C. O século XVIII é citado argumentação de forma autônoma. Nesse caso, também é
como o momento em que foi possível verificar diferenças importante tomar cuidado para não repetir clichês e jargões,
entre as variedades continentais, e não como o momento em tornando baixo o nível de informatividade do texto. O texto
que a língua portuguesa difundiu-se pelo território nacional, deve ser escrito, preferencialmente, em linguagem impessoal
conforme afirma a alternativa B. Ao contrário do que se afirma e deve também obedecer aos padrões do registro formal. É
em D, o texto chama atenção para a existência de diferentes preciso cuidar ainda da organização textual para que o texto
normas, uma culta e outras populares. Da mesma forma, a seja coeso e coerente. O aluno não deve se esquecer de dar
letra E contraria o que é explicitado no texto, uma vez que este um título a seu texto, de modo a atender à solicitação feita
reforça a necessidade de se aceitarem diferentes usos da língua. nas instruções da proposta.

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Questão 02 como a emancipação feminina, e impulsionadora de novas
mudanças, como o número cada vez maior de filhos em idade
Comentário: Para atender a essa proposta de redação, o aluno
adulta que não abandonam a casa dos pais. Essas são apenas
deve refletir sobre o potencial dos jovens contemporâneos
algumas sugestões de abordagem, de modo que o aluno
de alterar o futuro. O aluno deve, assim, posicionar-se em
pode apresentar outra concepção sobre a família, bem como
relação a esse potencial e expor sua opinião em uma tese
citar outros aspectos relacionados a esse assunto, desde que
clara, bem como apresentar argumentos consistentes que a
sejam coerentes com a realidade. O texto composto deve ser
sustentem. Caso acredite que a juventude de hoje é capaz
bem organizado, coeso e redigido em acordo com as regras
de alterar o futuro, o aluno pode utilizar a estratégia da
da norma-padrão da língua portuguesa.
exemplificação para sustentar sua opinião. É possível citar,
por exemplo, alguns movimentos recentemente ocorridos no
mundo islâmico contra regimes totalitários, como a oposição Exercícios Propostos
popular – e, nesse caso, como o texto motivador informa que
as populações de países árabes é composta, em sua maioria, Questão 01 – Letra C
por jovens, pode-se inferir que tais movimentos foram feitos Comentário: Nessa questão, o aluno deve apontar a
principalmente por jovens – aos ditadores do Egito, da Líbia e alternativa em que a estratégia metalinguística utilizada
da Síria. É possível, também, fazer referências históricas que pelo autor foi incorretamente identificada. Isso ocorre na
corroborem a ideia de que a juventude pode alterar o futuro, alternativa C. No trecho citado nessa alternativa, o autor
citando, por exemplo, o movimento das Diretas Já!, ocorrido não explora sentidos da palavra “Belo Horizonte”. O trabalho
no início da década de 1980 no Brasil, o qual foi essencial para metalinguístico nesse trecho se dá em torno da sonoridade do
a restauração da democracia no país. Se optar por defender nome da cidade, com o uso de aliterações e de assonâncias.
a ideia de que a juventude não tem potencial para alterar o
futuro, o aluno pode alegar que os jovens apenas propagam
Questão 02 – Letra D
Comentário: Essa questão, além de explorar algumas
valores vigentes nas sociedades em que vivem e que,
características típicas de narrativas, como a oposição entre
portanto, suas ações não são capazes de provocar mudanças
tempo do enunciado e tempo da enunciação, também
significativas no futuro. O aluno pode, também, discutir
cobra a capacidade do aluno de fazer inferências durante a
algumas características comumente atribuídas aos jovens de
hoje, como o conformismo, a alienação e o consumismo, a fim leitura. A única alternativa em que a afirmativa não pode ser
de mostrar que elas comprometem o potencial revolucionário inferida a partir do texto é a D. Não há marcas textuais que
dessa geração. É possível, ainda, apoiando-se nas informações permitam afirmar que o autor tenha ressentimento contra a
do texto II, afirmar que a juventude, no mundo ocidental, administração pública. Ao longo do texto, ele usa frases com
é minoria e que, devido a isso, não é capaz de mudar sujeito indeterminado, de modo que poderia estar se referindo
significativamente o status quo. Essas são apenas algumas a qualquer cidadão. Nada permite afirmar, também, que o
sugestões e há outros argumentos que permitem sustentar narrador tenha saído da cidade. Como se afirma em B, a
ambos os posicionamentos e que podem ser citados no texto. oposição entre “hoje” e “lá” marca os tempos da enunciação
Vale observar que, independentemente do ponto de vista e e do enunciado.
dos argumentos que escolher, o aluno deve compor um texto
coeso e coerente e redigi-lo em linguagem culta e formal. Questão 03 – Letra A
Comentário: Nessa questão, o aluno deve apontar a
Questão 03
afirmativa que não está de acordo com o texto, o que ocorre
Comentário: Para atender a essa proposta, o aluno deve na alternativa A. O trecho de Beira-Mar é predominantemente
compor um texto em que ele apresente sua percepção sobre
narrativo, de modo que a afirmação de que no trecho
a família a partir de dois aspectos: das relações entre seus
predomina a argumentação não procede.
membros e das relações entre a família e a sociedade. Uma
boa forma de problematizar a abordagem é demonstrar
Questão 04 – Letra D
que, hoje, muitas famílias têm composição diferente da
composição da família tradicional, estruturada em torno de Comentário: Nessa questão, todas as afirmações feitas
uma figura feminina e outra masculina, que assume o papel sobre os trechos 1, 2, 3, e 4 estão corretas. De fato, cada
de provedor. As famílias hodiernas apresentam inúmeras um dos textos apresenta a cidade de uma perspectiva única
estruturas distintas: têm apenas um dos cônjuges ou e subjetiva, de modo que os leitores acabam encontrando,
cônjuges que, vindos de outras uniões, passam a conviver ao longo da leitura dos trechos, diferentes cidades. Nenhuma
com enteados (filhos de seus parceiros) ou, ainda, cônjuges dessas cidades condiz com a cidade “real”, descrita em
LÍNGUA PORTUGUESA

do mesmo sexo; são sustentadas pelo casal ou apenas pela manuais de instrução de Geografia ou de turismo. Nos
mulher ou por filhos e enteados; agregam outros membros, manuais, a cidade é apresentada de uma perspectiva
como pais de cônjuges, etc. Isso sugere que as relações pragmática, ao passo que, nos textos literários, aparece
familiares, hoje, estabelecem-se mais por afinidade, e não
retratada subjetivamente, poeticamente.
simplesmente por obediência a valores morais e religiosos
rígidos. Além disso, pode-se dizer que a modificação na Questão 05 – Letra B
estrutura tradicional das famílias também alterou as relações
de poder entre seus membros, relativizando a posição central Comentário: Nessa questão, a alternativa B está incorreta.
que o homem ocupava e abrindo mais espaço para o diálogo Embora a paisagem urbana desumanizada apareça nos textos
entre seus componentes. Desse modo, é possível relacionar 2 e 5, ela não faz parte dos demais textos – 1, 3 e 4 –,
essa mudança com o contexto social, uma vez que ela é, nos quais não se apresenta a urbanização como fator de
simultaneamente, fruto de outras modificações sociais, desumanização da cidade.

Coleção Estudo

8
Seção Enem Questão 04 – Letra E
Eixo cognitivo: I
Questão 01 – Letra D
Competência de área: 9
Eixo cognitivo: II
Habilidade: 28
Competência de área: 6
Comentário: A alternativa correta é a E, como pode ser
Habilidade: 18 confirmado no trecho “[...] o leitor tem condições de definir
interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos
Comentário: Trata-se de uma questão básica de identificação
tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa ou a
e de caracterização dos gêneros textuais. Para resolvê-la, tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma
basta que o aluno identifique o gênero do trecho citado, de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente
a resenha, que é definida por Antônio Houaiss como coautor do texto final”. O autor não afirma que o hipertexto
“resumo crítico do conteúdo de livros, de notícias, etc.”. desfavoreça o leitor por confundir conceitos cristalizados, ou
No caso em questão, apresenta-se o resumo de um filme que gere menosprezo pela escrita tradicional por desviar o foco
(Touro indomável) do cineasta Martin Scorsese, que conta da leitura, ou que deva ser evitado pelos estudantes por exigir
a história de um lutador de boxe, e apresenta-se uma um maior grau de conhecimento de mundo, ou que proporcione
avaliação positiva sobre ele (“essa obra prima de Martin o acesso à informação segura e verdadeira por facilitar a
pesquisa. Assim, as alternativas A, B, C e D estão incorretas.
Scorsese é daqueles filmes que falam à perfeição de seu
tema”). Mesmo que o aluno não tenha conhecimento sobre
as características do gênero resenha, é possível resolver o
Questão 05
exercício, pois o trecho citado no enunciado não descreve Comentário: A proposta de redação segue o modelo de
tipos literários, o que elimina a alternativa C, e não tece avaliação do Enem e solicita ao aluno que aponte formas de
críticas negativas à obra de Scorsese, o que elimina as se combater a mortalidade infantil, de modo a atingir uma
alternativas A, B e E. das metas estabelecidas pela ONU na Cúpula do Milênio.
A coletânea apresentada indica algumas possibilidades
Questão 02 – Letra D que poderão ser exploradas na elaboração do texto.
Os dois primeiros textos marcam o contexto necessário para o
Eixo cognitivo: III
início da reflexão, ou seja, trazem informações sobre as metas do
Competência de área: 7 milênio. O terceiro e quarto texto evidenciam que a mortalidade
infantil é uma realidade no Brasil, um problema a ser enfrentado
Habilidade: 23
com seriedade. O quarto texto, mais especificamente, demonstra
Comentário: A questão, sobre o gênero propaganda, exige que as taxas de mortalidade infantil for‑am reduzidas em
do aluno a capacidade de inferir informações implícitas no algumas regiões, como aconteceu em BH, o que não significa,
texto. As ideias de divulgação intencional da imagem de um entretanto, que a questão esteja solucionada. O quinto texto

produto, de manipulação das massas, de deformação e de aponta dois equívocos de avaliação sobre o problema da
exclusão social e sugere que o combate à mortalidade infantil
parcialidade – todas citadas pelo teórico – revelam como os
é responsabilidade tanto do poder público quanto de cada
anunciantes forjam um discurso de acordo com os “interesses
cidadão. O último texto reforça a ideia de que há fatores – como
de quem vende o produto”.
o aquecimento global – que podem reverter a tendência de
queda dos índices de mortalidade infantil nos próximos anos e
Questão 03 – Letra D
que, portanto, há medidas a serem tomadas em outras áreas.
Eixo cognitivo: I O aluno pode utilizar algumas dessas ideias para compor sua
redação. É necessário que sejam apresentadas propostas efetivas
Competência de área: 9
de combate à mortalidade infantil, dando destaque àquelas que
Habilidade: 28 envolvam a participação de toda a sociedade. Vale lembrar que
os argumentos devem estar organizados em um texto coeso,
Comentário: O cronista defende a ideia de que, ainda que
coerente e adequado à norma-padrão.
o livro de papel deixe de existir no futuro, os textos que
normalmente o têm como suporte não deixarão de existir,

MÓDULO – B 01
mas apenas “reencarnarão” em outros suportes, como
LÍNGUA PORTUGUESA

CD-ROM’s e arquivos de PDF. Está correta, portanto,


a alternativa D. Todas as demais alternativas contêm
afirmações que contrariam essa estimativa feita pelo autor. Figuras de linguagem
Este aposta que o cordel continuará sendo publicado e lido
Exercícios de Fixação
em outros suportes, embora o livro de papel possa deixar de
existir, o que torna as alternativas A, B e E incorretas. Não Questão 01
há menção no texto ao fato de que a mídia eletrônica tenha Comentário: Nessa questão, além da interpretação
decretado o fim do prazer de ler textos impressos, mesmo sustentada pela prática da leitura, exige-se do aluno
porque estes continuam existindo em abundância, ainda que familiaridade com os discursos oral e escrito, formal e
haja a possibilidade de lê-los em mídias eletrônicas, o que informal, além do conhecimento das diferenças entre
torna incorreta a alternativa C. a estrutura do discurso direto e a do discurso indireto.

Editora Bernoulli

9
O próprio sentido de paradoxo também está em jogo, pois, A “noite” designa aqui menos um horário específico de
para interpretá-lo, é preciso saber do que se trata. escuridão e trevas, entre o ocaso e o nascer do sol, do que
A) O paradoxo consiste no fato de que o contato com a um estado de espírito associado a um momento sombrio da
escassez de bens de consumo implica a satisfação de ter história do século XX, no Brasil e no mundo. O sentimento
esses bens, que ativa ainda mais a necessidade e o prazer que o eu lírico experimenta internamente e no mundo objetivo
de ser um consumidor eficiente. O que soa ainda mais não está, como ele mesmo afirma, associado à “morte”, “não
paradoxal é o fato de os turistas afirmarem que, após essa é dor, nem paz”. É um “desânimo” que faz o grito calar fundo
experiência, passam a dar valor ao que realmente importa. dentro dele. Como registra Antonio Houaiss, por derivação
B) O trecho em itálico deve ser reescrito integralmente em de sentido, a noite é metáfora para designar o “estado de
discurso indireto e escrita formal, sem a presença de dor, desesperança; tristeza, melancolia, abatimento”. Na 1ª.
marcas típicas da linguagem coloquial. Várias são as estrofe do poema, a referência a “sentir” a noite, em vez de
possibilidades dessa reescritura, entre elas: “ver” a noite reforça esse uso figurado do termo, associado
O guia afirmou que o turismo na favela é um pouco ao abatimento, ao sentimento de melancolia, decorrente da
invasivo. Anda-se em ruelas apertadas nas quais falta de perspectivas diante daquele momento histórico negro.
as janelas abertas expõem os moradores a turistas Por oposição à 1ª estrofe, a 2ª explora a esperança, a crença
inconvenientes, que invadem a privacidade alheia, utópica do nosso “poeta público” (simpatizante, à época, do
gerando mal-estar. A propósito, o guia relatou o que ideal socialista) na sociedade do amanhã, presentificada,
foi presenciado por um colega de trabalho durante uma metaforicamente, pela “clara manhã” de um novo dia, para
visita: um turista introduziu sua mão pela janela de o qual os homens despertam (“os corpos saltam do sono”) e
uma casa e tirou a tampa da panela de uma moradora
podem sair às ruas (“De novo andar: as distâncias, / as cores,
que cozinhava no momento. Irritada, a moradora o
posse das ruas”), e “o mundo se recompõe”. Esse novo dia
repreendeu com um tapa em sua mão.
representa uma ordem social mais justa e solidária: “A fraterna
Questão 02 entrega do pão. / Amar: mesmo nas canções”, associada ao
sentimento de alegria, amor, fraternidade. A crença utópica
Comentário: É interessante evidenciar para o aluno que
do eu lírico é tamanha, que ele chega a ponto de não só sentir
metáforas e hipérbatos, normalmente, contribuem para o
ou imaginar esse novo amanhã, mas, significativamente,
lirismo e para o requinte de um texto, por isso, muitas vezes,
consegue vê-lo.
são empregados para tratar de temas grandiloquentes. No
caso em questão, seu uso é um tanto inusitado, já que o
assunto tratado, um protesto contra a dieta vegetariana, Exercícios Propostos
é extremamente simples. A disparidade entre o requinte da
linguagem e a banalidade do tema proporciona, de certo Questão 01 – Letra A
modo, um efeito cômico. Comentário: Os versos livres se caracterizam por não
A figura sintática mais evidente nos dois primeiros versos é a seguirem nenhuma regra de composição preestabelecida, eles
inversão (hipérbato ou, mais precisamente, anástrofe), que não têm compromisso com a métrica rígida, portanto, podem
ocorre nos trechos “da alface a verde pétala” e “da cenoura variar quanto ao número de sílabas poéticas. Tendo em vista
as hóstias desbotadas”. Já a figura semântica é a metáfora, essa liberdade de composição, era de se esperar que os versos
que se verifica em “pétala” (em lugar de “folha”) e “hóstias” livres fossem bastante variados, o que não ocorre, segundo o
(em lugar de “fatias” ou “rodelas”). trecho citado, que afirma serem eles “enfadonhamente iguais”.
Verifica-se, portanto, a manifestação de ideias contrárias, que
O efeito de sentido é poetizar elementos tradicionalmente
caracteriza a antítese.
não poéticos, no caso, ”alface” e “cenouras”, ao transformar
o primeiro numa flor e o segundo num símbolo religioso, para,
Questão 04 – Letra B
ironicamente, valorizar o que o eu lírico recusa, em contraste
com o que ele prefere. Comentário: Há várias ocorrências da palavra língua nos
trechos citados, e elas de fato alternam seu sentido: ora a
Obs: São aceitas, também, as indicações de elipse (zeugma)
palavra é empregada no sentido denotativo, ora é empregada
e ironia.
no seu sentido conotativo. Isso, no entanto, não gera nenhuma
Questão 03 ambiguidade. É possível identificar o sentido empregado
em cada uma das ocorrências. Em “roçar a língua”, língua
Comentário: O aluno precisava, necessariamente, perceber
designa o órgão do corpo responsável pela fala; em “língua de
o sentido metafórico das palavras ”noite” e “dia”. O enunciado
LÍNGUA PORTUGUESA

Camões”, o termo é empregado como sinônimo de idioma e


da questão chamava a atenção para o aspecto político da
“na ponta da língua”, como evidencia a alternativa C, “é uma
obra A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade,
metonímia, cujo sentido é explicado nos versos que a seguem.”
o que tornava obrigatória a associação entre a palavra “noite” e o
momento político vivido: a Segunda Guerra Mundial e a ditadura
Questão 07 – Letra D
do Estado Novo no Brasil. Nesse caso, era importante perceber que
o eu lírico do poema de Drummond posiciona-se ideologicamente, Comentário: A figura de linguagem presente na tirinha
e vê na ditadura de Getúlio Vargas um momento que pode ser é o eufemismo, uma vez que a expressão “excesso de
comparado à escuridão da noite. Da mesma forma, a metáfora alimentos” refere-se ao lixo. A mesma figura encontra-se
“dia” tem relação com o momento político, mas um momento empregada na letra D da questão, mais especificamente
político posterior, que ainda estava por vir, em que as agruras no trecho: “pessoas com poucos recursos financeiros”, que
da ditadura de Vargas e a Segunda Guerra Mundial teriam fim. alude aos pobres.

Coleção Estudo

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Questão 08 – Letra B Questão 03 – Letra E
Comentário: Na metáfora desenvolvida por Rubem Alves, Eixo cognitivo: I
o prato representa a forma do texto literário, enquanto a
Competência de área: 6
sopa representa o conteúdo. Ao dizer que certo leitor não
Habilidade: 18
comenta sobre sua sopa e apenas reclama que o prato está
rachado, o cronista faz uma crítica àquele leitor que atribui Comentário: Na alternativa E, a palavra “lata” remete à lata
mais importância à forma que ao conteúdo do texto, o que do poeta, metáfora trabalhada ao longo de toda a canção de
sugere que, para o autor, essa relação de importância deve Gilberto Gil para fazer referência ao poder que o poeta tem
ser inversa: o conteúdo, que é essencial, deve se sobrepor à de transformar o “contível” em “incontível”, ou o “atingível”
forma, que é um acessório. em “inatingível”, ou seja, de alterar o sentido original das
palavras, ampliando-lhes o significado ou dando-lhes novas
Questão 09 – Letra E conotações. Pode-se dizer que a lata do poeta é uma metáfora
Comentário: O paradoxo é a figura de linguagem em que da própria metáfora. Nas demais alternativas, as palavras
imagens antitéticas, utilizadas conjuntamente, produzem foram utilizadas em seus significados denotativos, portanto,
um efeito inusitado ou mesmo absurdo. Verifica-se a nelas, não há metáforas.
presença dessa figura, no poema de Florbela Espanca,
nas construções “doce agonia” e “lembrar [...] o que Questão 04 – Letra E
esquecemos”.
Eixo cognitivo: II
Competência de área: 6
Questão 10 – Letra B
Habilidade: 18
Comentário: Na questão 10, apenas os dois primeiros
Comentário: A bicicleta ergométrica, diferentemente da
comentários são pertinentes. No I, há a afirmativa de
bicicleta comum, não possui rodas, portanto, é incapaz de
que Vieira emprega a analogia em seu texto, o que pode
ser comprovado logo no início da passagem apresentada: conduzir uma pessoa de um espaço a outro; fica sempre
“O pão é comer de todos os dias, que sempre e continuamente fixa em um lugar, independente do quanto se pedale. Essa
se come: isto é o que padecem os pequenos. São o pão imagem é utilizada pela personagem da tira para criticar a falta
cotidiano dos grandes.” Portanto, por meio da comparação, de perspectiva do pai, que, apesar dos esforços constantes
ele estabelece essa associação entre o pão e os pobres. (representados pelas diversas pedaladas), não consegue
O comentário II aponta para a presença da gradação progredir muito em seus objetivos de vida (sair do lugar).
crescente no final do texto, o que se observa nos verbos
empregados pelo autor: “comam, traguem e devorem”. Questão 05 – Letra C
O terceiro comentário não é pertinente, pois a intenção do Eixo cognitivo: II
autor no “Sermão de Santo Antônio” é condenar a exploração
Competência de área: 5
dos pobres e não evidenciar que “a exploração dos pequenos
é aceitável porque é cotidiana”. Habilidade: 15
Comentário: Ainda que em um primeiro momento o aluno
possa pensar na presença da prosopopeia na elaboração
Seção Enem do poema, principalmente devido à expressão “prima
rica do Rio de Janeiro”, que alude à situação de Montes
Questão 01 – Letra A Claros, o professor deve evidenciar como todas as imagens
Eixo cognitivo: I são irônicas para retratar o “avanço” descrito. A própria
terminologia “prima-rica” comprova isso, além da alusão às
Competência de área: 5
cinco favelas já existentes e à promessa de outras, tendo em
Habilidade: 16 vista o “crescimento” e o “progresso” da cidade.
Comentário: Conforme o texto do enunciado da questão,
a sinestesia é a figura de linguagem que “mescla impressões Questão 06 – Letra A
sensoriais diversas”. Na alternativa A, a expressão “branco
Eixo cognitivo: II
sabor” cumpre esse papel de misturar os sentidos, pois o
branco, como uma cor, é perceptível pelo sentido da visão, Competência de área: 6
enquanto sabor é inerente ao paladar. Habilidade: 18
Comentário: Historicamente, a postura encurvada está
Questão 02 – Letra D relacionada, entre outras ideias, à noção de submissão diante
LÍNGUA PORTUGUESA

Eixo cognitivo: I de algo ou alguém. Na charge da questão, o homem encurvado

Competência de área: 5 diante do computador sugere um modelo de submissão,


em que o ser humano torna-se cada vez mais dependente
Habilidade: 16
da máquina, o que torna correta a alternativa A. O aluno
Comentário: A presença do oxímoro ou paradoxo, na obra
poderia ser levado a marcar a alternativa E, que trata de um
Cantares, de Hilda Hilst, pode ser comprovada pela letra D da
retrocesso, já que existe uma semelhança entre a postura
questão: “Ritualiza a matança / de quem só te deu vida. / E me
deixa viver nessa que morre.” Isso se comprova principalmente do Homo sapiens contemporâneo e a de seu ancestral mais
nos dois últimos versos, em que a voz poética suplica para primitivo. Para não cometer esse erro, o aluno teria também de
que a deixem “viver nessa que morre”– construção que é um considerar seus conhecimentos de mundo, que mostrariam ser
evidente caso de paradoxo, uma vez que a ideia de vida está incoerente a afirmação de que o uso de ferramentas significou
expressa dentro da própria morte. um retrocesso no desenvolvimento.

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Nas alternativas A, C e D, isso ocorre, já que o eu lírico delas
MÓDULO – B 02 expressa seu sentimento interior. Na alternativa B, o eu
poético discorre, de forma racional e objetiva, sobre a frieza
Os gêneros literários da poesia, um tema que está fora de si, que não diz respeito
a seus sentimentos ou a seu universo interior.
Exercícios de Fixação
Questão 01 Questão 04 – Letra D
Comentário: Os alunos tendem a associar lirismo a texto em Comentário: Parte dessa alternativa procede, pois se trata de
verso. Essa questão é interessante para mostrar que podem um poema em que um menino “espia os mortos da família”.
existir textos que, embora pertençam ao gênero lírico, tenham É incorreto, no entanto, afirmar que o poema foi escrito em
um caráter mais prosaico. O contrário também é possível. 1ª pessoa e que não é possível identificar o menino. O poema
Existem algumas narrativas – as de Guimarães Rosa, por está na 3ª pessoa e é possível identificar o menino que espia
exemplo – que são extremamente poéticas. os mortos da família como sendo o eu lírico.
A antilira, como o nome sugere, se caracteriza por uma
oposição ao lirismo. Assim, a antilira de João Cabral se Questão 05 – Letra A
verifica na construção de uma poética áspera, objetiva,
Comentário: A afirmativa de que, nos poemas líricos,
concisa, desprovida de sentimentalismo, marcada pela
o tempo verbal será sempre expresso em presente do indicativo
precisão vocabular. Essas características de sua poética são
bem representadas pela metáfora da pedra, recorrente em é completamente arbitrária. Claro que um poema pode ter

sua obra, que diz respeito à vida dura no sertão, mas que um caráter memorialista ou projetar experiências e ideais
também evoca, metalinguisticamente, as características de futuros. A letra A mostra-se, portanto, como uma afirmativa
sua poética: dura, compacta, prosaica. incorreta sobre o tempo presente no gênero lírico, o que pode
ser comprovado, inclusive, com o fragmento apresentado,
Questão 02 como exemplo: “Nem fora muito, / Se a dor cruenta, /
Comentário: Questão simples sobre a confluência de gêneros. Que me atormenta, / Não fosse assídua / Em seu rigor”.
É interessante enfatizar para o aluno como os textos, a partir
do século XIX, tendem a mesclar características de gêneros Questão 07 – Letra C
distintos, sendo os gêneros puros muito raros. Nos textos Comentário: A alternativa incorreta sobre o “Poema tirado
contemporâneos, em especial, verifica-se não só a confluência
de uma notícia de jornal”, de Manuel Bandeira, encontra-
de gêneros literários, mas, às vezes, também de gêneros
se na letra C, cuja assertiva é: “não se pode afirmar que
textuais.
ele seja representante do gênero lírico, porque as marcas
No trecho citado, verifica-se a presença de um narrador de
do gênero lírico não aparecem no texto.” O diálogo com a
1ª pessoa, que conta uma história. Pode-se dizer, portanto,
notícia de jornal, de caráter épico no poema, não exclui
que o trecho apresenta características do gênero narrativo.
a existência do gênero lírico. A disposição dos versos
A presença do discurso direto do padre, no entanto, que
livres, a linguagem subjetiva e a leitura polissêmica do
dinamiza o relato, constitui uma marca do gênero dramático.
texto confirmam, entre outras características, o lirismo
do poema de Bandeira.
Questão 03
Comentário: Questão que trata, de forma mais específica,
do gênero lírico. Ela exige do aluno o conhecimento sobre a Questão 08 – Letra E
ode. A ode é um poema laudatório, que visa à exaltação de Comentário: A obra Morte e vida severina, de João Cabral
algo ou alguém. Uma ode à televisão deveria, portanto, ser de Melo Neto, é um caso exemplar de confluência dos três
um texto que reconhecesse a TV como algo positivo, que gêneros literários: o lírico, o épico e o dramático. Portanto,
abordasse suas vantagens. Não é o que ocorre no poema de a afirmativa correta sobre o livro encontra-se na letra E:
José Paulo Paes. Em “Ode à televisão”, o eu lírico ironiza o
“trata-se de um texto cujo gênero é múltiplo, por não se
aparelho que, apenas supostamente, supre as necessidades
prender exclusivamente a nenhum.”
dos telespectadores. A menção de trechos do poema com fins
de exemplificação seria interessante.
Questão 09 – Letra B
LÍNGUA PORTUGUESA

Comentário: A alternativa incorreta sobre os gêneros


Exercícios Propostos literários é a que se encontra na letra B: “o gênero lírico,

Questão 03 – Letra B única base da poesia, é o mais importante dos gêneros


literários.” Dois erros aparecem em tal afirmativa. O
Comentário: Essa questão dialoga com a questão 01 de
Fixação. O aluno que aprendeu o que foi ensinado a partir da primeiro é o que diz respeito ao lirismo ser a “única base

questão discursiva, provavelmente não terá dificuldade em da poesia”, pois o poema pode apresentar aspectos dos
resolvê-la. Trata-se novamente de perceber o caráter antilírico gêneros dramático e épico; o segundo é o juízo de valor
da obra de João Cabral de Melo Neto. No enunciado há a equivocado, classificar certo gênero como superior a outro,
associação da poesia lírica com um sujeito poético que privilegia o que é uma impropriedade para qualquer julgamento
a sua subjetividade em detrimento da exterioridade do mundo. artístico e estético.

Coleção Estudo

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Seção Enem O texto I contraria os prognósticos do texto II. Na Carta de
Caminha, o escrivão prevê que a catequização dos índios será
fácil, que os nativos aceitarão de bom grado a religião cristã.
Questão 01 – Letra C
No texto de Merquior, no entanto, encontram-se depoimentos
Eixo cognitivo: II
de padres jesuítas, Nóbrega e Anchieta, nos quais os nativos
Competência de área: 6 são retratados como seres “bestiais” e “sem engenho”,
Habilidade: 18 incapazes de aceitar “as coisas de Deus”. As palavras dos
padres jesuítas revelam o insucesso da pregação religiosa
Comentário: Ao caracterizar a estrutura do espetáculo teatral,
entre os índios resistentes ao catolicismo.
Afrânio Coutinho destaca a presença de quatro elementos básicos,
que podem ser resumidos em personagens, enredo, espaço
e tema. Qualquer gênero textual que possua esses elementos Questão 02
pode, pois, servir de base para a criação de um texto cênico. Comentário: Questão a respeito do gênero da Carta de
O que tornará esse texto dramático é a representação, os fatos Caminha. Perceber o texto de Caminha como uma carta,
devem se desenrolar diante dos espectadores, em vez de serem endereçada a um rei com propósitos de colonização,
contados por um narrador. A alternativa correta é, portanto, é fundamental para que o aluno saiba ler nas entrelinhas
a C. Em todas as demais alternativas, há afirmações falsas. A do discurso do escrivão a intenção persuasiva de convencer
alternativa A é falsa porque o espetáculo teatral normalmente D.  Manuel a respeito do potencial de exploração oferecido
é uma representação coletiva. A alternativa B é falsa porque o pela terra descoberta.
cenário de uma peça não é aleatório, é concebido em consonância
O uso de vocativo, data, despedida, a interlocução constante e
com o tema da peça e com o trabalho dos autores. A alternativa
a própria reflexão metalinguística compõem o caráter epistolar
D é falsa porque a atuação do ator é mais importante do que
do texto. A metalinguagem se faz presente no início da Carta,
simplesmente o texto verbal do texto dramático. A alternativa
quando Caminha discorre sobre a própria composição do texto;
E é falsa porque a iluminação de um espetáculo também é feita
ele antecipa para seu interlocutor o conteúdo da missiva e
levando-se em conta a sua produção e a sua recepção.
tenta convencê-lo da fidelidade da sua narrativa.

Questão 02 – Letra D Questão 03


Eixo cognitivo: II Comentário: A questão aborda o encontro de portugueses
Competência de área: 7 e nativos e o estranhamento decorrente da aproximação
de culturas tão diferentes. É interessante ressaltar como o
Habilidade: 22
escrivão, norteado por uma visão eurocêntrica de mundo,
Comentário: O diálogo intertextual presente na tirinha, que
não consegue perceber os costumes do outro como cultura.
retoma o poema “No meio do caminho”, de Drummond, faz com
São fatos que revelam diferenças culturais na Carta de
que os dois textos, pertencentes a gêneros diferentes, utilizem,
Pero Vaz de Caminha e que poderiam ser analisados
basicamente, as mesmas palavras, mas com sentidos contrários.
pelos alunos:
No poema de Drummond, a pedra no meio do caminho pode ser
meramente um obstáculo físico ou uma alegoria para expressar • a surpresa dos portugueses ante a nudez dos nativos,
as adversidades da vida, perspectiva polissêmica que marca e a qual é avaliada por Caminha como evidência de
caracteriza a poesia. Por sua vez, na tirinha, o que está “no meio do pureza e inocência, revelando que os dois povos não
caminho” de Garfield é uma cortina, que sugere o recolhimento do compartilhavam os mesmos valores e costumes morais;
personagem. No entanto, o próprio objeto aprisiona o protagonista
• as representações pictóricas nos corpos e os adornos
e o impede de repousar tranquilamente. Ao retomar os trechos
usados pelos indígenas, que causam grande estranhamento
do poema de Drummond e afirmar que eles “dão samba”,
aos portugueses, de acordo com o relato do missivista;
o quadrinho rompe com a lógica e a previsibilidade, gerando
humor – recurso típico deste gênero textual. Portanto, • a interpretação de Caminha a respeito da inexistência
a alternativa que melhor comenta a relação entre os textos é a de costumes religiosos entre os nativos em oposição à
que se encontra na letra D da questão: “os textos são de gêneros celebração de missas, à distribuição de rosários e cruzes
diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados e às preocupações catequéticas dos portugueses;
com finalidades distintas.” • o medo e / ou indiferença dos nativos em relação aos
animais domésticos que lhes foram mostrados, bem como
a rejeição de alguns alimentos oferecidos a eles.

MÓDULO – B 03 Exercícios Propostos


Quinhentismo Questão 01 – Letra A
LÍNGUA PORTUGUESA

Comentário: A questão, relativa ao significado da expressão


Exercícios de Fixação “literatura informativa”, pretende que o aluno identifique
a alternativa que melhor esclareça o conceito. No caso,
Questão 01 a alternativa é a letra A: “o conjunto de relatos de viajantes e
missionários europeus sobre a natureza e o homem brasileiros.”
Comentário: A questão apresenta dois trechos: um, extraído
da Carta de Pero Vaz de Caminha, que registra as impressões
do escrivão quanto à propensão dos nativos à catequese;
Questão 02 – Letra C
outro, extraído da obra do crítico J. G. Merquior, que registra as Comentário: Nessa questão, a alternativa incorreta sobre a
dificuldades dos jesuítas em impor a fé católica aos “gentios”. Carta de Pero Vaz de Caminha é a letra C, uma vez que o escrivão
O aluno deve perceber o evidente contraste entre a previsão não emprega o “registro coloquial” em sua missiva, apenas um
de Caminha e o que ocorreu na prática. “estilo cerimonioso”, pois seu interlocutor era o rei de Portugal.

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Questão 04 – Letra B para conferir ao texto uma dicção coloquial. Na alternativa B,
não se verifica o uso nem de arcaísmos, nem de termos
Comentário: A questão sobre o padre José de Anchieta
procura abordar panoramicamente a atuação literária dele coloquiais. Nas alternativas C e E, só se registram os termos
no Brasil. A alternativa que não diz respeito à sua produção coloquiais (“a gente”, “tem diamantes”). Na alternativa D,
é a letra B: “Foi o grande orador sacro da língua portuguesa, só há presença de arcaísmo (“mui”), estando ausente o
com seus sermões barrocos”. Tal definição refere-se ao termo coloquial.
padre Antônio Vieira. Aliás, é recorrente nos vestibulares a
aproximação dos dois padres nas questões, com o intuito de Questão 03 – Letra E
saber se os alunos conseguem distinguir os trabalhos e as Eixo cognitivo: II
atuações de cada um deles. É interessante que o professor
Competência de área: 4
alerte os estudantes a respeito disso.
Habilidade: 12
Questão 06 – Letra C Comentário: O texto de Marilena Chauí apresenta a concepção
Comentário: Entre as cinco afirmativas feitas com relação do Brasil como o paraíso terrestre, que se sustenta sobre a
ao Quinhentismo no Brasil, somente a afirmativa IV vegetação luxuriante, a abundância de águas, a temperatura
está incorreta. De fato, na Europa dos séculos XV e XVI, amena e o caráter afável dos nativos. O quadro que melhor
o Renascimento fez com que a produção artística e cultural representa essa descrição é o da letra E, de Rugendas.
se voltasse para as concepções estéticas greco-latinas, daí o Nele estão presentes a ideia da vegetação luxuriante e a da
nome de Classicismo atribuído ao período, já que se propunha convivência harmônica entre o homem e a natureza. Note-
um retorno aos valores da Antiguidade Clássica. A Literatura se que os nativos quase se confundem com a paisagem. As
do Quinhentismo brasileiro, no entanto, não se vinculava a demais obras retratadas não representam bem a ideia do
esse movimento. Ela consistiu numa produção literária muito Brasil como paraíso terrestre. A imagem presente em A, de
específica, que englobava as crônicas dos viajantes (literatura Theodore de Bry, retrata um ritual de antropofagia. Nela, o
informativa) e os textos dos jesuítas. nativo é representado como incivilizado, selvagem, cruel,
o oposto da “gente bela e inocente” descrita pela historiadora.
Em B, obra de Van Gogh, tem-se a retratação de um campo de
Seção Enem trigo, paisagem típica de países temperados e que, portanto,
afasta-se da descrição da paisagem tropical do novo mundo.
Questão 01 – Letra C Em C, obra de Tarsila do Amaral, há a retratação de uma favela.
Eixo cognitivo: I A própria presença de casas, de vestuário, de animais
Competência de área: 07 domésticos poderia ser suficiente para que o aluno descartasse
Habilidade: 21 a possibilidade de se interpretar o cenário como sendo do

Comentário: A questão comparativa envolvendo literatura e século XVI. A alternativa D apresenta um quadro de Portinari,

artes plásticas elaborada pelo Enem tem o objetivo de fazer A chegada da família Real. Também nesse caso o aluno poderia

com que o aluno perceba como a produção Quinhentista, tanto se guiar pelos trajes e pelas edificações para tentar localizar

na pintura Eckhout quanto na Carta de Caminha, tinha um a obra em um tempo histórico.

caráter documental, pois visava informar os europeus sobre


como eram os “gentios” do Novo Mundo. Por isso, é correto
o que se escreveu na letra C: “a pintura e o texto têm uma
característica em comum, que é representar o habitante das
MÓDULO – C 01
terras que sofreriam processo colonizador.”
Acentuação e ortografia
Questão 02 – Letra A
Eixo cognitivo: II
Exercícios de Fixação
Competência de área: 7
Questão 01 – Letra C
Habilidade: 22
Comentário: A questão pede que se aponte a alternativa
Comentário: O poema do modernista Murilo Mendes constitui que contenha palavras que dispensam o acento gráfico. As
uma retomada paródica do texto da Carta de Pero Vaz de palavras da alternativa C, todas paroxítonas (preto, aquele,
Caminha. Por meio, sobretudo, das hipérboles, o poeta satiriza capeta), atendem a essa condição, pois não há regra de
LÍNGUA PORTUGUESA

algumas das características da terra descrita pelo escrivão. acentuação que justifique o acento que nelas foi colocado.
O uso concomitante de arcaísmos e de linguagem coloquial Pelo contrário: pela regra da distribuição complementar,
também é utilizado como recurso expressivo pelo poeta e segundo a qual as palavras paroxítonas recebem acento onde
encontra-se exemplificado na alternativa A. O arcaísmo diz as oxítonas não são acentuadas e vice-versa, o acento nem
respeito a um termo que, tendo sido de uso corrente em poderia existir.
algum momento da língua, no momento de produção do texto, Uma vez que se acentuam as oxítonas terminadas em a, e e
já caiu em desuso. Esse é o caso do advérbio “mui”, forma o, as paroxítonas terminadas nessas mesmas letras não são
arcaica do contemporâneo “muito”. Os termos coloquiais são acentuadas. Nas alternativas A e E, somente a palavra “êle”
exemplificados por meio do trecho “tem macaco até demais”. poderia prescindir do acento. Na alternativa B, somente a
Como se sabe, o uso do verbo “ter” como sinônimo de “haver” palavra “pôde” poderia dispensar o acento. Na alternativa D,
é informal. O uso de “até” em “até demais” também contribui somente a palavra “dôido” não é acentuada.

Coleção Estudo

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Questão 02 – Letra D aquele amor tão forte”, o termo “razão” deve ser entendido
como “faculdade que tem o ser humano de avaliar, julgar,
Comentário: Essa questão trata de termos parônimos, pedindo
ponderar ideias universais; raciocínio, juízo.” (Novo Dicionário
que se identifiquem os sinônimos de “ignorante”, “iniciante”,
Aurélio Eletrônico), e não como “causa, motivo”.
“sensatez”, “confirmar”, que são “insipiente”, “incipiente”,
Em todas as demais alternativas, seria possível substituir
“discrição”, “ratificar”. Nas alternativas A, B e E, houve uma
o termo “razão” por “motivo”, como demonstrado a seguir:
inversão dos termos “incipiente” (iniciante) e “insipiente”
(ignorante). Além disso, nas alternativas A, C e E, citou-se • “Qual a razão / o motivo de tamanha mudança?”

a “descrição” (exposição falada ou escrita, ato de descrever) • “A razão / o motivo de sua renúncia foi a chegada de
em lugar de “discrição” (qualidade de quem é discreto). seu irmão.”
Na alternativa A, há ainda equívoco no uso do vocábulo • “Ninguém descobriu a razão / o motivo de sua morte.”
“retificar”, que significa “corrigir”. • “Que razões / motivos alegou para o pedido de divórcio?”

Questão 03 – Letra D Questão 08 – Letra B


Comentário: O fato de os termos “plateia” e “heroico” Comentário: Nessa questão, a única alternativa que não
apresentarem grafia diferente após o estabelecimento do novo apresenta desvios em relação à ortografia oficial brasileira é a
acordo ortográfico deriva de serem paroxítonos, vocábulos letra B. Em todas as outras alternativas há desvios, conforme
cuja tonicidade recai na penúltima sílaba e cujos ditongos demonstrado a seguir:
abertos “ei” e “oi” não precisam mais ser acentuados. Não se • Em “A Volks ainda está em acensão no país, apesar do
aplica, neste caso, a regra enunciada no primeiro quadrinho excesso de concorrentes”, falta um “s” em “ascensão”.
que se refere especificamente às palavras paroxítonas que
• Em “O viez do mercado é importante, porque qualidade é
apresentam “i” ou “u” tônicos depois de ditongo, como fei-
percepção de mercado”, deve-se usar “s” e acento agudo
u-ra (expressa no balão de pensamento do último quadro da na palavra “viés”.
tirinha) e bai-u-ca, referida em [D]. Os vocábulos “gratuito”
• Em “As montadoras não conseguem esvasiar os páteos, por
e “caiu” não são, nem nunca foram, acentuados.
maiores descontos que deem”, deve-se grafar “esvaziar”
com “z” e “pátios” com “i”.
Questão 04 – Letra C
• Em “Super homem nasceu digitalizado, mas vêm sendo
Comentário: A questão pede que se aponte a alternativa em projetado em modo analógico”, deve-se usar o hífen no
que uma das palavras não foi grafada de acordo com o sistema substantivo composto “Super-homem” e retirar o acento
ortográfico vigente. Na alternativa C, a palavra “advinhar”, circunflexo da forma verbal “vem”, já que, com acento, ela
grafada com “d” mudo, foi escrita de forma incorreta, pois o estaria na terceira pessoa do plural, em desacordo com o
correto seria “adivinhar”. Em todas as demais alternativas, sujeito da oração, que é de terceira pessoa do singular.
as palavras foram corretamente grafadas.

Questão 09 – Letra B
Questão 05 – Letra E
Comentário: A alternativa em que todas as palavras estão
Comentário: Apenas a alternativa E apresenta palavras grafadas corretamente é a B: “repercussão”, “flagrantes”
corretamente acentuadas. Em A e C “entrever” e “compor” e “reclusão”.
são oxítonas terminadas em R, mas apenas as terminadas em
“a”, “e”, “o”, “em” ou “ens” recebem acento. Em B, o sujeito é Questão 10 – Letra A
de 3ª pessoa do singular (Mark Granovetter) e “vêm” é forma
Comentário: Essa questão demanda do aluno a percepção do
verbal de 3ª do plural. Em D, “por” é preposição e não a forma
encaminhamento argumentativo do linguista. O que se pode
verbal, e apenas esta deve ser acentuada. perceber é que Possenti defende a ideia de que a mudança
linguística (como a eliminação do ditongo em “jeito”) não
ocorre de modo desordenado, isto é, existem regras que
Exercícios Propostos podem ser depreendidas das manifestações das mudanças na
língua. Para defender esse ponto de vista, o linguista apresenta
Questão 06 – Letra C outros exemplos, além da palavra “jeito”, os quais evidenciam
Comentário: Para responder a essa questão, o aluno deve a presença de uma regra gramatical de uso.
voltar ao texto e identificar a ideia retomada pelo termo
“mesmo” na frase “Desconfio que já fizemos o mesmo com Questão 12 – Letra B
LÍNGUA PORTUGUESA

a democracia”. Encontra-se o referente desse pronome Comentário: Em C e D, a presença da consoante no final da


na fala do engraxate citado pelo autor do texto: “Pode sílaba coincide com a seguinte afirmação do autor: “Mas o e
deixar, doutor, se o comunismo vier, nós avacalhamos ele”. (ou i, na pronúncia de muitos), está na palavra ‘futebol’ pelas
Sendo assim, “fazer o mesmo” com a democracia significa mesmas razões que falamos um i após o t de ‘atmosfera’.
“avacalhá-la”. A alternativa correta é, portanto, a letra C. Ambas as formas são produto da mesma regra (poderíamos
dizer que o português não gosta de t em final de sílaba).”
Questão 07 – Letra B Em A, coincide com “A palavra ‘jeito’, aliás, mostra que
Comentário: Essa questão trata da relação de sinonímia entre ninguém fala de qualquer jeito (ao contrário do que se diz).
as palavras “motivo” e “razão”. O aluno deve reconhecer a Vejamos: é cada vez mais comum a eliminação de ditongos.
frase em que “razão” não pode ser substituída por “motivo”, Melhor, de certos ditongos: diz-se [pexe], [caxa], [dexa],
o que ocorre na alternativa B. Em “Ele perdeu a razão ao sentir [otro], [ficô] etc.”

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Seção Enem Questão 04 – Letra B
Eixo cognitivo: III
Questão 01 – Letra E
Competência de área: 6
Eixo cognitivo: III
Habilidade: 19
Competência de área: 8
Comentário: Essa questão apresenta em seu enunciado a
Habilidade: 27
evolução do ideograma “cavalo”. Tanto no texto quanto na
Comentário: Nessa questão, o aluno deve ser capaz de relacionar figura, fica evidenciado que o ideograma mais primitivo é
diferentes regras de acentuação a diferentes possibilidades de uma representação quase pictórica de um cavalo, de modo
pronúncia do termo “papalia”. A questão parte da dúvida de um que, para encontrar a resposta correta, deve-se partir da
estudante quanto à correta forma de se pronunciar esse termo. análise do ideograma mais primitivo de cada alternativa e
A fim de solucionar esse problema, os estudantes levantam três encontrar aquele que, pictoricamente, mais se assemelha à
hipóteses que relacionam diferentes pronúncias a diferentes regras ideia de “luta”. A alternativa B é, assim, a que apresenta o
ideograma primitivo mais facilmente associável à “luta”, pois
de acentuação. O aluno deve, então, julgar a pertinência de tais
nele é possível perceber duas formas humanas em confronto.
hipóteses. Sendo assim, deve concluir que:
A título de curiosidade, os demais ideogramas apresentados
• a hipótese I está correta. De fato, se a sílaba tônica de têm os seguintes sentidos: A) homem, ser humano; C) rio,
“papalia” for o segundo “pa”, essa sílaba deve receber um D) montanha; E) pássaro.
acento agudo, já que a palavra seria classificada como
paroxítona terminada em ditongo crescente.
• a hipótese II está incorreta. Se a sílaba tônica de “papalia”
for “li”, e o encontro vocálico entre “i” e “a” for um hiato,
MÓDULO – C 02
não há necessidade de se marcar a sílaba “li” com acento,
já que o “i” seria a primeira, e não a segunda vogal do
Classes de palavras
hiato; hiatos só são acentuados nos casos em que a
Exercícios de Fixação
segunda vogal for “i” ou “u” tônicos.
• a hipótese III está correta. Se a sílaba tônica de “papalia” Questão 01 – Letra A
for “li”, e o encontro vocálico entre “i” e “a” for um ditongo, Comentário: A questão explora a habilidade do aluno
não há necessidade de se marcar a sílaba com acento em identificar as relações lógico-discursivas estabelecidas
por meio de certas palavras. A expressão mencionada no
agudo; apenas os ditongos “éi”, “éu” e “ói” devem receber
enunciado (“Hoje, não é preciso saber escrever pra votar.
acento quando estiverem na última sílaba da palavra.
Hoje, não é preciso saber escrever.”) revela que a habilidade
A alternativa correta é, portanto, a letra E. de escrever é considerada irrelevante na atualidade, tanto
para votar, quanto para se fazer qualquer outra coisa. Isso
Questão 02 – Letra A equivale a dizer que hoje não é preciso saber escrever para
Eixo cognitivo: I votar, aliás, hoje não é preciso nem mesmo saber escrever.
Competência de área: 8 A única alternativa que apresenta um intensificador que traduz
essa ideia é a alternativa A. Os intensificadores apresentados
Habilidade: 25
nas demais alternativas alteram o sentido do enunciado.
Comentário: A questão propõe que se avalie a variação entre
o português que é falado no Brasil e o que é falado em Portugal Questão 02 – Letra E
(variação no espaço). No texto, Ruy de Castro apresenta pares
Comentário: Em E, a palavra “bastantes” refere-se ao
de palavras, compostos por termos da língua falada no Brasil adjetivo “verdadeiros”, portanto é um advérbio de intensidade
e em Portugal, respectivamente, os quais têm significantes que é palavra invariável em gênero e número; a forma
distintos e o mesmo significado (ternos = fatos, paletó = casaco, adequada é “bastante”. Em A, C e D, a palavra “bastante” tem
meias = peúgas, suéter = camisola, calcinhas = cuecas). valor adjetivo e concorda com as palavras a que se refere. Em
A diferença evidenciada pelo autor está, assim, circunscrita à B, está ligada ao verbo e, por isso, fica invariável.
diferença vocabular existente entre as duas línguas.
Questão 03 – Letra C
Questão 03 – Letra A Comentário: A questão testa o conhecimento do aluno
Eixo cognitivo: I quanto ao sentido traduzido pelos artigos. Os artigos definidos
(a, o, as, os) possuem a função de especificar o substantivo
Competência de área: 8
que acompanham. Nesse sentido, dizer “a questão do
LÍNGUA PORTUGUESA

Habilidade: 27 próximo milênio”, em vez de dizer “uma questão do próximo


Comentário: Essa questão apresenta diferenças linguísticas milênio”, é uma maneira de especificar, de particularizar, de
que se evidenciam em uma mesma língua em decorrência da destacar essa questão em meio a outras questões do milênio.
época (variação no tempo). Na versão reescrita do texto de Por isso, pode-se dizer que o artigo definido a indica que a
questão da Engenharia Genética será a principal questão do
Carlos Drummond de Andrade, alterou-se apenas o vocabulário
próximo milênio. A alternativa A está incorreta, pois, para
do texto. Termos utilizados na linguagem de “Antigamente”,
que a Engenharia Genética fosse considerada apenas uma
os quais fazem, portanto, alusão a uma linguagem antiga em
das questões do próximo milênio, teria de ter sido utilizado
relação à época em que o texto foi escrito, foram substituídos
o artigo indefinido. A alternativa B está incorreta porque o
por termos mais atuais (constipação = resfriado, perrengue = enunciado não é irônico. A alternativa D está incorreta porque
mal, botica = farmácia, phtísica = tuberculose, gálico = sífilis, não há nada que nos permita afirmar ou inferir que a questão
lombrigas = vermes). Não houve alterações de outra natureza. da Engenharia Genética será a única do milênio.

Coleção Estudo

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Questão 04 – Letra C • Na alternativa A, “os” é artigo definido e determinante do
substantivo “crentes”.
Comentário: O vocábulo “ora” só pode ser classificado como
advérbio de tempo, pois indica o momento em que o eu • Na alternativa B, “o” é pronome demonstrativo, equivalente
lírico envia o ramo de flores que colheu à sua senhora. Basta em sentido a “aquilo”, e não é determinante de nenhum
pensar que é possível substituir “ora” por “agora” ou “nesse outro termo.
momento”. Logo, está correta a alternativa C.
• Na alternativa C, “o” é artigo definido e determinante do

Questão 05 substantivo “caminho”, assim como o possessivo “seu”.

Comentário: Para responder a essa questão, o aluno deve • Na alternativa D, “o” é artigo definido e determinante do
saber identificar como ocorre a mudança de classe gramatical termo nominalizado “não saber” (forma verbal nominalizada).
da palavra “sempre”. No último verso, “sempre” é, na
primeira ocorrência, um advérbio; na segunda ocorrência, Questão 05 – Letra B
há o processo de substantivação pela anteposição de um
Comentário: Nessa questão, o aluno deve ser capaz de
determinante, como se vê na expressão “no meu sempre”.
identificar o adjetivo “fechados”, que compõe o termo “olhos
Além disso, é preciso que o aluno identifique o efeito de
fechados” da alternativa B, como uma forma nominal do verbo
sentido provocado por essa mudança de classe. Nesse caso,
“fechar”. Nesse caso, “fechados” é o particípio passado desse
a circunstância transforma-se em substância, reforçando a
verbo e pode formar locuções verbais com auxiliares, como
perenidade da ausência.
em “O acordo foi fechado pelos acionistas da empresa”.

Exercícios Propostos Questão 06 – Letra A


Comentário: Nessa questão, o aluno deverá identificar em
Questão 03 – Letra C qual das alternativas o termo destacado não tem função
substantiva. Para isso, deverá observar qual dos termos não
Comentário: Nessa questão, o aluno deverá refletir sobre
o sentido de conectivos presentes em frases retiradas do funciona como núcleo de um grupo nominal, o que ocorre

texto e verificar qual alternativa identifica corretamente na alternativa A, apenas. Na frase “É só porque todo mundo
esse sentido. Isso ocorre na alternativa C. Em “Desde a é tão estúpido [...]”, o termo “todo” não é núcleo do grupo
famosa crise entre Galileu Galilei e a Inquisição [...]”, “desde” nominal, e sim determinante do núcleo, que é o substantivo
expressa a ideia de tempo. Em todas as outras alternativas, “mundo”. Dessa forma, “todo” não tem função substantiva,
o sentido do conectivo foi erroneamente indicado, como e sim adjetiva. Em todas as demais alternativas, o termo
demonstrado a seguir: destacado funciona como núcleo do grupo nominal, como
demonstrado a seguir:
• Em “Enquanto a religião adota uma realidade sobrenatural
[...], a ciência aceita apenas uma realidade, a natural.”, • Em “[...] governar só é assim tão difícil [...]”, embora
“enquanto” estabelece relação de tempo, de simultaneidade. “governar” seja, morfologicamente, uma forma nominal
de um verbo, sintaticamente, funciona como sujeito da
• Em “[...] é absurdo contestar a veracidade desses textos,
oração, sendo, assim, o núcleo de um grupo nominal;
visto que são expressão direta da palavra divina.”,
a expressão “visto que” estabelece relação de causa. • Em “[...] ele nasceria por certo em outro lugar”, o pronome
pessoal “ele” é núcleo de um grupo nominal que funciona
• Em “A função da ciência não é atacar Deus, mas oferecer
como sujeito na oração;
uma descrição do mundo mais completa” a partícula “mas”
dá ideia de contraste, na medida em que distingue as • Em “[...] não havia necessidade de ditadores [...]”,
ideias sem opô-las. “necessidade” é núcleo de um grupo nominal que funciona
como complemento (objeto direto) da forma verbal “há”.
Questão 04 – Letra B
Questão 10
Comentário: Nessa questão, o aluno deve identificar o
termo que funciona como pronome. Embora essa classe Comentário: É correto o que se afirma em A, pois o
de palavras não tenha sido estudada em profundidade no segundo período do texto apresenta uma oração principal
LÍNGUA PORTUGUESA

módulo 02, o aluno será capaz de responder à questão se (“Os crimes foram tão premeditados, tão maléficos e
conseguir diferenciar o pronome demonstrativo “o”, na frase devastadores”) a que estão subordinadas duas orações
da alternativa B, dos artigos definidos “o” e “os”, nas demais adverbiais: consecutiva, através da conjunção subordinativa
alternativas. Para isso, basta que consiga perceber a relação “que” (“que o mundo civilizado não pode tolerar”) e causal,
de determinação que os artigos estabelecem com substantivos introduzida pela locução subordinativa causal “uma vez
nas frases, o que não ocorre com o pronome. Em outras que” (“uma vez que este não seria capaz de sobreviver à
palavras, se analisar cuidadosamente os enunciados, o aluno repetição daqueles”). Também é correto o que se afirma em
conseguirá perceber que o “o” da alternativa B não determina B, pois o autor considera louvável o ato de se entregarem à
nenhum outro termo, ao contrário dos “o” / ”os” das demais justiça os responsáveis pelos crimes praticados e por quem
alternativas, os quais estão determinando substantivos, como as vítimas poderiam, compreensivelmente, sentir ímpetos
demonstrado a seguir: de vingança pessoal.

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Seção Enem ao jornalista o seu sentimento de angústia e ansiedade em
relação ao processo de escrever um livro. Isso se confirma
no último quadrinho, no qual o personagem afirma: “Eu não
Questão 01 – Letra B
aguentava mais escrever e reescrever e revisar e acrescentar
Eixo cognitivo: III e suprimir e reescrever e consertar palavrinhas e revisar e
reescrever...”. Nessa fala, além de fazer referência às várias
Competência de área: 8
etapas do processo de produção, o personagem confirma seu
Habilidade: 27 sentimento ao afirmar “Eu não aguentava mais...”.

Comentário: Nessa questão, o aluno deverá reconhecer os


diferentes sentidos com que o termo “próprio” é utilizado, Questão 04 – Letra B
o que pode ser feito substituindo-se esse termo nas frases Eixo cognitivo: I
por outros que lhe sejam equivalentes em sentido, como Competência de área: 8
demonstrado a seguir: Habilidade: 25
• Em “– É mesmo, é que ela tem um estilo próprio.”, Comentário: O próprio texto da questão explicita o caminho
“próprio” significa “peculiar”, de modo que é possível para a resposta. Trechos como “apresentar o idioma como algo
reescrever a frase substituindo-se “próprio” por “peculiar” vivo é fundamental para entender o que é ser brasileiro” e
sem que haja alteração de sentido: “– É mesmo, é que “a forma como falamos o idioma nas mais diversas situações
ela tem um estilo peculiar”. cotidianas é a melhor expressão da brasilidade” deixam clara
a opção a ser indicada e ressaltam o fato de que a língua é
• Em “– É que ele é próprio para adolescente.”, “próprio”
o reflexo da história, da visão e da cultura de um povo, em
significa “adequado”, de modo que é possível reescrever
suas mais variadas formas de expressão.
a frase substituindo-se “próprio” por “adequado” sem
que haja alteração de sentido: “– É que ele é adequado
para adolescente”.
MÓDULO – C 03
• Em “– Relaxa, Tânia! É próprio da idade. Com o tempo,
ele se acomoda.”, “próprio” tem sentido de “característico”,
de modo que é possível reescrever a frase substituindo-se
Pronomes pessoais
“próprio” por “característico” sem que haja alteração de
Exercícios de Fixação
sentido: “– Relaxa, Tânia! É característico da idade”.
Questão 01 – Letra B
Desse modo, percebe-se que a alternativa B é a que apresenta
Comentário: A questão avalia diversos aspectos relacionados
a sequência correta de palavras.
à norma culta, tais como o emprego adequado dos pronomes e
das formas verbais, a ortografia, a acentuação e a concordância.
Questão 02 – Letra A
Somente as alternativas II e V estão redigidas de acordo com a
Eixo cognitivo: I norma culta. Em I, houve erro no emprego do pronome oblíquo
Competência de área: 7 (usou-se o no lugar de lhe); erro de acentuação em “ataca-los”
Habilidade: 22 e erro no emprego da forma verbal “atacava”. O correto seria

Comentário: Em “[...] não existem meninos de rua”, “Se eu lhe dissesse que fosse atacá-los, você os atacaria?”

a preposição “de” liga a palavra “rua” à palavra “meninos”, de Em III, houve erro em “afim” e em “distraí”. O correto seria:

modo que a expressão “meninos de rua” constitui um grupo “Estou esperando a fim de ver se você os distrai (sem

nominal que funciona como sujeito da oração. Nesse caso, acento) bem”. Em IV, há erro no uso simultâneo de “se” e

“de rua” é classificado como adjunto adnominal do núcleo do “caso” (somente uma das conjunções seria suficiente para

sujeito “meninos” e, portanto, semanticamente, informa uma estabelecer relação de condição) e no uso da forma verbal

qualidade desse substantivo. “distraem”, que está empregada em tempo verbal inadequado
e no plural, quando deveria estar no singular. O verbo “poder”
Em “Existem meninos na rua”, a contração “na” (em + a)
também não está corretamente conjugado. Além disso, o uso
liga o termo “rua” à oração, de modo que “na rua” funciona
do pronome átono os depois da vírgula está incorreto pelas
como um adjunto adverbial de lugar. Nesse caso, “na rua”,
regras da norma culta. Uma alternativa de reescrita seria:
semanticamente, indica o local em que alguns meninos são
“Caso você, inadvertidamente, distraia-os mal, eu não
encontrados ou, no contexto da crônica, o local em que são
LÍNGUA PORTUGUESA

poderei atacar”.
colocados. Está correta, portanto, a alternativa A.

Questão 02 – Letra C
Questão 03 – Letra E
Comentário: Por tratar o interlocutor por um pronome de
Eixo cognitivo: I
3ª pessoa (você), o sargento deveria ter empregado a forma
Competência de área: 1 verbal “vá”, verbo “ir” conjugado no imperativo afirmativo
Habilidade: 1 na 3ª pessoa do singular. A forma verbal “vai”, conjugada
Comentário: Ao responder à pergunta do entrevistador, no imperativo afirmativo, é própria da 2ª pessoa do discurso
o personagem que representa Borges afirma que “Um escritor (tu). O uso concomitante de “vai” e “você” é inadequado, pois,
publica um livro para parar de escrevê-lo”. A partir dessa nesse caso, tem-se o sujeito representado por um pronome
resposta, é possível perceber que o escritor deseja evidenciar de 3ª pessoa e o verbo conjugado na 2ª pessoa.

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Questão 03 – Letra C Exercícios Propostos
Comentário: O infinitivo sempre aceita ênclise, o que torna a
alternativa C correta. Nas outras alternativas, o pronome foi mal Questão 03 – Letra D
colocado. Em A,existe a palavra atrativa não; logo a próclise Comentário: Nessa questão, o aluno deve ser capaz
é obrigatória. Em B, existe a palavra atrativa que; portanto, de reconhecer as relações que os termos destacados
a próclise é obrigatória. Em D, não se pospõe pronome átono estabelecem com os demais termos no período a ser analisado.
a particípio. Por fim, em E, não se inicia frase com pronome A partir desse reconhecimento, deve indicar o termo que
oblíquo átono. desempenha função adjetiva, ou seja, que funciona como
determinante do núcleo de um grupo nominal. Analisando-se
Questão 04 a estrutura frasal, observa-se que:

Comentário: • “todas” compõe o grupo “todas as horas”, cujo núcleo

a) Professora, deixe-me ir ao banheiro. – Caso de sujeito de é “horas”; “todas” (pronome indefinido adjetivo) é

infinitivo. determinante de “horas”, assim como o artigo “as”; assim,


sua função é adjetiva;
b) Não houve condições para eu resolver [...] – Pronomes
oblíquos tônicos não exercem função de sujeito. • “horas”, como já se afirmou, é núcleo do grupo “todas as
horas” e determinado pelo pronome “todas” e pelo artigo
c) [...] deixaram-nas magoadas [...] – O pronome “as”
“as”; assim, sua função é substantiva;
assume a forma “nas” depois de verbos terminados em
som nasal. • “que” é pronome relativo e funciona como sujeito da
forma verbal “se passa”, o que pode ser comprovado
d) Entre ela e mim não há divergências [...] – Pronomes
desmembrando-se a subordinada adjetiva “que se passa
retos exercem apenas a função de sujeito, e “entre ela e
no resto do mundo”; substituindo-se o relativo por seu
mim” é adjunto adverbial.
antecedente – o pronome demonstrativo “o” (= “aquilo”),
e) [...] seus assessores [...] – O pronome de tratamento na frase, em contração com a preposição “de” – seria
Vossa Excelência exige que verbos e pronomes referentes obtida a frase “Aquilo (o) se passa no resto do mundo.”;
a ele estejam em 3ª pessoa. a partir da oração desmembrada, é fácil perceber que o

f) ...que não lhe obedeço porque não o / a respeito. – relativo funciona como sujeito de “se passa”; assim, sua

Os verbos obedecer e respeitar são, respectivamente, função é substantiva;

transitivo indireto e transitivo direto, portanto os pronomes • “resto” é núcleo do adjunto adverbial “no resto do mundo”
foram, na frase modelo, inadequadamente empregados. e determinado pelo artigo definido “o” (em contração com
g) Sabe Vossa Senhoria de suas [...] – O pronome de a preposição “em” que introduz o adjunto) e pela locução
tratamento exige verbos na 3ª pessoa. adjetiva “do mundo”; sendo assim, embora faça parte
de um grupo com função adverbial, a função de “resto”
é substantiva.
Questão 05 – Letra D
Comentário: Questão básica e específica a respeito do uso
Questão 04 – Letra A
de pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo e da
Comentário: Essa questão checa o conhecimento dos
diferenciação entre ambos. A alternativa A não preenche
alunos sobre as regras de colocação pronominal. Apenas na
corretamente as lacunas, pois propõe o uso de “eu” nas
alternativa A, o deslocamento do pronome (próclise para
sentenças II e V. Nessas frases, o uso de “eu” é inadequado,
ênclise) não resulta em erro de colocação, pois não há na
pois o pronome do caso reto não está funcionando como sujeito.
frase nenhum fator que obrigue o uso da próclise. Em todas
Há, nesses casos, uma inversão da ordem direta da frase.
as demais alternativas, o deslocamento infringe os padrões
Passando as frases para a ordem direta e empregando
da língua, conforme justificado a seguir:
corretamente os pronomes, teríamos: “Acreditar na tua
história é muito incômodo para mim” e “Ler durante uma • Em “Foi posto-lhe o nome de Babel”, há erro porque não
LÍNGUA PORTUGUESA

hora seguida é muito difícil para mim”. A alternativa B não se deve pospor pronome átono a particípio passado; nessa
preenche corretamente as lacunas porque propõe o uso de frase, o pronome deve estar em ênclise com o verbo
“mim” nas frases I e IV. Nessas frases, a lacuna é reservada auxiliar (“foi-lhe”).
para um pronome que desempenhe papel de sujeito, portanto
• Em “Mas a comunicação não estabelece-se”, há erro porque
deveria ser utilizado o “eu”. A alternativa C está incorreta
o advérbio de negação “não” atrai o pronome átono para
porque propõe o uso de “eu” na frase II e de “mim” na frase
perto de si e determina a obrigatoriedade da próclise.
V. A alternativa E está incorreta porque propõe o uso de
“mim” na frase I e de “eu” na frase II. Sendo assim, a única • Em “Mas é o velho apólogo que repete-se”, há erro porque
alternativa cujas proposições não contrariam as regras de uso o pronome relativo “que” atrai o pronome átono para perto
desses pronomes é a D. de si e determina a obrigatoriedade da próclise.

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Questão 05 – Letra C • em “[...] as pessoas nunca se comunicaram tanto quanto
na Internet [...]”, o advérbio de tempo / negação “nunca”
Comentário: Essa questão checa os conhecimentos do
obriga o uso da próclise;
aluno sobre as regras de colocação pronominal. Também,
nesse caso, ele deverá reconhecer nas frases a serem
• em “[...] a não ser por medo de sair à noite, pela
analisadas a presença de elementos que obrigam o
insegurança que se alastra [...]”, o pronome relativo “que”
uso da próclise e da mesóclise, proibindo o da ênclise.
obriga o uso da próclise; e
Em nenhuma das frases seria possível usar a ênclise, o que
evidencia que a alternativa C está correta. É possível justificar • em “Encontram-se, em bibliotecas monumentais como a
essa resposta da seguinte forma: do Congresso americano [...]”, a ênclise deve ser usada
porque a forma verbal encontra-se no início do período, e
• Em “E atrever-se-ia a nascer o sol...”, o verbo está
a Gramática Normativa proíbe o uso de pronomes átonos
no futuro do pretérito, forma verbal que obriga o uso
no início de orações.
da mesóclise, exceto se houver fator que determine a
próclise.

Questão 11 – Letra A
• Em “É também difícil, ao que nos é dito...”, o pronome
relativo “que” atrai o pronome átono “nos” para perto de Comentário: A afirmação I é procedente, pois os pronomes
si e obriga o uso da próclise. “ele” e “eu” são mencionados antes dos referentes, ou seja,
a pessoa que explicava as propriedades físicas e químicas
• Em “Não há dúvida que se semearia centeio...”,
da estrutura da bolha de sabão, e o próprio narrador em 1ª
a conjunção subordinativa integrante “que” atrai o
pessoa. A afirmação II é incorreta, pois, sem entrar no mérito
pronome para perto de si e obriga o uso da próclise.
da explicação científica, pode-se inferir que, se a reação
das impurezas da água com o sabão fosse responsável pela
Questão 06
formação da bolha, esta não aconteceria com água limpa,
Comentário: Essa questão explora alguns aspectos o que pode ser desmentido nas ações cotidianas de qualquer
relacionados aos pronomes pessoais, como o fato de poderem pessoa. A afirmação III é igualmente improcedente, porque
funcionar como possessivos e de referenciarem termos já não é a óptica geométrica que estuda a interferência da luz
mencionados no texto. sobre os objetos, mas sim a óptica física.

Na alternativa A, o aluno deve classificar morfologicamente


o termo “deles”, deixando inicialmente o sentido do termo
de lado. Deve responder, assim, que, embora indique
Seção Enem
posse – é adjunto adnominal de “opinião” e equivale
em sentido ao possessivo “seu” –, o termo “dele” é uma Questão 01 – Letra E
contração entre a preposição “de” e o pronome pessoal Eixo cognitivo: I
“ele”. “Ele”, por sua vez, é um pronome anafórico, que Competência de área: 8
retoma Gil Gomes.
Habilidade: 25
Na alternativa B, o “lhe”, apesar de ser pronome pessoal,
Comentário: Para responder a essa questão, o aluno deve
também indica posse; desse modo, funciona como um
perceber que nenhum dos autores condena a existência
pronome possessivo e deve ser classificado como adjunto
das regras de colocação ou o fato de, em determinados
adnominal de “sala”. Tanto que seria possível reescrever a
contextos, elas não serem usadas. Ambos relativizam a regra,
frase da seguinte forma: “Quando ele apareceu à porta, José
o que evidencia que apenas o que se afirma na alternativa
Borges esfregou os olhos como para certificar-se de que
E está correto. No poema de Oswald de Andrade, ele afirma
não era sonho, e que efetivamente o colchoeiro ali entrava
que a regra que proíbe o uso de pronome átono no início
pela sua sala.”
de frase só é conhecida por pessoas letradas (professor,
aluno, mulato sabido) e que, no cotidiano, na oralidade,
Questão 07 – Letra C o mais comum é que essa regra não seja levada em conta.
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Comentário: Apenas na alternativa C a alteração na colocação É proposta dos autores do movimento modernista levar a

do pronome não origina um desvio da norma-padrão. Nesse linguagem popular para os textos literários. Por isso, o autor

caso, o uso do pronome depois da forma verbal no gerúndio é valoriza a coexistência de diferentes registros no português

prescrito pela gramática normativa, de modo que a alteração brasileiro. No trecho citado do gramático Cegalla, também

feita na reescrita torna a frase adequada aos padrões da norma fica evidente que o autor relaciona a regra de colocação em

culta. Nas demais alternativas, a modificação ocasionaria questão a diferentes registros (oral / escrito, formal / informal).

desvios da norma, porque: De acordo com ele, iniciar frases com pronome átono só é
aceitável na oralidade e em situações informais ou na escrita
• em “Já não se encolhe...”, o advérbio de negação “não” quando se tem por objetivo simular o discurso mais informal
obriga o uso da próclise; de uma personagem qualquer.

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Questão 02 – Letra B Questão 05 – Letra B
Eixo cognitivo: I
Eixo cognitivo: III
Competência de área: 8
Competência de área: 8
Habilidade: 26
Habilidade: 27
Comentário: A variante culta da expressão popular “pegá eles
Comentário: O pronome “eles” em “vamos arrasar eles” está
sem calça” é “pegá-los desprevenidos”. O pronome de caso reto
inadequadamente empregado se considerarmos a norma-padrão
“eles” não pode, segundo as normas da língua culta, ocupar
da língua. Os pronomes pessoais retos exercem a função de
a posição de complemento verbal, exceto se desempenhar a
sujeito, portanto, não podem exercer a função de objeto direto
função de objeto indireto e vier, pois, acompanhado de uma
como no caso do 2º quadrinho da tirinha. A forma indicada
preposição. Nesse caso, é necessário substituí-lo por um
seria “vamos arrasá-los”, pois se utilizaria um pronome oblíquo
pronome equivalente, mas que possa desempenhar a função
átono na função de objeto direto.
de objeto direto: “os”. Esse pronome adquire a forma “los”
pelo fato de a forma verbal que o antecede terminar com
a letra “r”. As demais alternativas – “pegá-los na mentira”,
“pegá-los em flagrante”, “pegá-los rapidamente” e “pegá-los
momentaneamente” – apresentam frases em que o pronome
foi usado corretamente. As expressões adverbiais que
as acompanham, entretanto, não denotam o sentido da
expressão popular.

Questão 03 – Letra E
Eixo cognitivo: III
Competência de área: 8
Habilidade: 27
Comentário: O pronome “senhora” é usado na língua
portuguesa no tratamento de respeito, que pode dever-se
ao fato de a pessoa ser mais velha ou de estar em uma
posição social privilegiada em relação à de seu interlocutor
ou de este não ter intimidade com ela. Percebe-se, assim,
que a alternativa E apresenta a melhor justificativa para o
uso que a personagem Sílvia faz do pronome “senhora” em
diálogo com Irene. Nenhuma das ideias apresentadas nas
demais alternativas pode ser justificada com base na leitura
do trecho transcrito.

Questão 04 – Letra E

Eixo cognitivo: II
Competência de área: 6
Habilidade: 18
Comentário: Essa questão é bastante simples e verifica se o aluno
é capaz de identificar o termo substituído pelo pronome “(n)o” no
texto. Na frase “Os troianos, felizes com o presente, puseram-
no para dentro”, o pronome oblíquo retoma o termo “presente”:
“puseram o presente para dentro”. Voltando um pouco mais no
texto, é possível perceber que “o presente” refere-se ao “cavalo de
madeira” deixado pelos gregos às portas da cidade dos troianos.
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