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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

Centro de Ciências Biológicas e da Natureza


Curso: Engenharia Florestal

Disciplina: PATOLOGIA FLORESTAL II - CCBN - 062

DOENCAS ABIÓTICAS OU DE CAUSA NÃO-PARASITÁRIA

Prof. Dr. Nei S. Braga Gomes


• CAUSAS DE DOENÇAS ABIÓTICAS:

• TEMPERATURA EXCESSIVAMENTE ELEVADA

• As plantas apresentam um bom desenvolvimento em temperaturas entre 15º


e 30ºC;

• Temperaturas < 1ºC e > 40ºC afetam os tecidos novos de órgãos em


crescimento, por serem muito sensíveis;

• Altas temperaturas podem causar :

• Assamento de coleto de mudas , devido ao esterco ou a matéria orgânica não


estarem totalmente decompostos nos recipientes ou sementeiras, pois;

• O processo de decomposição terá continuidade no substrato utilizado,


devido ao aumento de temperatura que;

• Poderá ser > 40ºC, devido reações exotérmicas causada por ação de enzimas
de micro-organismos termófilos, por exemplo, fungos basidiomicetos, que;
• São letais ao coleto de plântulas, causado o anelamento;

• A própria insolação, que se intensa pode elevar a temperatura da


superfície do solo;

• Tornando-se letal ao coleto de plântulas, independente da presença de


matéria orgânica não estabilizada;

• Observada principalmente em solos escuros, com húmus e turfa, que


absorvem melhor o calor;

• Em viveiros, pode-se evitar estes danos usando-se “sombrite”;

• O efeito do calor no solo também pode ser reduzido por meio da cobertura
com cascas de arroz, areia, etc...;
• Em reflorestamentos artificiais, pode-se intercalar com espécies não
perenes para abrigo, na sua fase inicial.
Sintomas Causados por Afogamento de Coleto
• TEMPERATURA EXCESSIVAMENTE BAIXA

• A ocorrência de geadas é uma das maiores barreiras geográficas à


introdução de espécies em novas regiões, e causam;

• Queima das folhagens, total ou parcial, tornando sua coloração marrom-


bronzeada e;

• Também a queima de brotações e injúrias nos troncos, que;

• Facilitam a penetração de patógenos, causando por parte da árvore, cancros;

• Induzem à formação de cristais de gelo inter e intracelularmente, sendo que


a água dos espaços intercelulares congela antes;

• Para equilibrar o sistema as células perdem água para os espaços


intercelulares, onde esta também se congela e;

• Posteriormente pode haver formação de cristais de gelo dentro das células,


rompendo a membrana citoplasmática.
Sintomas Causados por Geada
• UMIDADE EXCESSIVAMENTE ELEVADA NO SOLO

• Traz como conseqüência a deficiência de oxigênio para as raízes;

• No entanto, há plantas adaptadas à vida em ambiente com pobre aeração


para o sistema radicular, como, por exemplo;

• As plantas dos manguezais, que são providas de adaptações histológicas e


fisiológicas;

• A maioria das espécies arbóreas é, no entanto, sensível ao alagamento do


solo e;

• Sofre distúrbios fisiológicos acarretados pela excessiva deficiência de


oxigênio para as raízes;

• Também o excesso de irrigação e com folhagem mantida sob elevada


umidade relativa em ambiente pouco ventilado;

• Causam anomalias denominada edemas, teratomas ou calos foliares.


Sintomas Causados por Umidade Excessiva no Solo
• UMIDADE EXCESSIVAMENTE BAIXA NO SOLO

• Afeta basicamente quaisquer tipos de plantas, causando o estresse hídrico;

• Sintoma: lesão ou necrose ou ainda queima na forma de “V” invertido,


acompanhando as beiradas do limbo e aumentando nos ápices;

• Decorrente da perda de água da folha por transpiração intensa, que;

• Não é reposta pelas raízes, em decorrência do déficit hídrico no solos;

• Nas coníferas o sintoma marcador é o secamento do ápice das acículas;

• Também a umidade do ar baixa, associada a ventos frios permanentes, causa


necrose em “V” invertido nas folhosas;

• Mesmo que o solo apresente um teor de umidade considerado normal;


Sintomas de Deficit Hídrico
Sintomas de Deficit Hídrico “V Invertido”
• Outros sintomas que podem ser observados, entre eles;

• Murcha temporária ou permanente de mudas;

• Mortalidade de radicelas em árvores;

• Fissuramento excessivo de casca;

• Seca de ponteiros;

• Secamento total de folhagem da copa;

• Mortalidade;

• OBS: Muitos sintomas de deficiências minerais em estação seca


decorrem, principalmente de carência hídrica no solo.
• LUMINOSIDADE EXCESSIVAMENTE BAIXA OU EXCESSIVAMENTE
ELEVADA

• Plantas expostas a estes fatores apresentam sintomas como:

• Órgãos flácidos, entrenós longos, folhagem de menor tamanho,


amarelecimento, podendo chegar à morte;

• Em situações como, plantas lucíferas, ou seja, adaptadas a ambientes


abertos e iluminados, são levadas a ambientes escuros;

• Também no caso de plantas umbrófilas ou adaptadas a lugares sombreados,


são levadas a locais iluminados, abertos, poderão apresentar;

• Sintomas: amarelecimento de folhas, queima de folhas em "V" invertido;


secamento de terminais de haste principal, galhos e ramos e morte.
Sintomas de Estiolamento
• ACIDEZ E ALCALINIDADE EXCESSIVA DO SOLO

• Estão geralmente relacionadas com deficiência ou toxicidade mineral;

• Depende da atuação de um desses fatores, do solo local e da planta


envolvida;

• Um elemento pode não se tornar disponível para a planta que;

• Na sua falta, pode não assimilar outro, ou;

• Assimilar um terceiro, em nível que lhe pode ser tóxico e também;

• Pode ocorrer o contrário, ou seja, determinado elemento tóxico pode se


encontrar disponível em nível elevado e ser assimilado;

• Causando toxicidade direta ou fazendo com que a planta não assimile


determinado elemento em quantidade suficiente ou;

• Assimile outro que também pode ser tóxico.


• DEFICIÊNCIAS E TOXICIDADE MINERAL PLANTAS

• As conseqüências relacionadas a esses fatores podem ser diversas para as


plantas, pois;

• A falta ou excesso de determinado micro ou macronutriente pode afetar o


teor de disponibilidade de outro elemento;

• Quanto à toxicidade, os micronutrientes podem causar maiores danos às


plantas do que os macronutrientes;

• Entretanto, as deficiências causadas por excesso ou falta de minerais, é um


assunto extremamente amplo, que;

• Necessita de um estudo a parte para um melhor entendimento.


Deficiências Nutricionais

Nitrogênio Fósforo Potássio

Enxofre Magnésio
• FITOTOXICIDADE

• Pode ser causada por fatores como:

a) ADUBAÇÃO INADEQUADA:

• Devido ao excesso ou quando mal misturada com o solo ou substrato, pois;

• O sistema radicular da muda em contato direto com o adubo, sofre danos


devido ao efeito plasmolisante dos sais sobre os tecidos radiculares;

• Os sintomas são semelhantes aos causados por déficit hídrico, como:

• Murcha, necrose foliar em "V", secamento das folhas e morte da planta;

• Nas adubações de cobertura em viveiros e em fase inicial no campo, também


pode ocorrem problemas semelhantes, devido ao efeito plasmolisante do sal;

• Para evita-los recomenda-se, que logo após a aplicação, as mudas sejam


regadas abundantemente para a remoção do resíduo salino em excesso.
b) AGROTÓXICOS;

• O efeito plasmolisante por contato externo e por efeito sistêmico, devido as


substâncias químicas assimiladas, interferem fisiologicamente na planta;

• Principais sintomas por contato externo podem ser:

• Necroses ou manchas irregulares, marrom clara, amareladas à


esbranquiçadas nas folhas, porém;

• Na maioria dos casos as nervuras agem como barreiras e permanecem sadias;

• Os principais sintomas resultantes da atuação sistêmica podem ser:

• Clorose dos limbos, total a internervural, ou apenas nas margens do limbo;

• Superbrotamento, produção de limbos anormais em forma e tamanho e;

• Redução de crescimento ou de matéria seca de raiz e da parte aérea;

• OBS: Deve-se evitar sua aplicação nas horas mais quentes do dia,
principalmente em temperatura ambiente > 30ºC.
• POLUIÇÃO DO AR

• As plantas podem ser afetadas por poluentes presentes no ar, como


derivados da queima de combustíveis, com fins energéticos e de tráfego;

• Exemplos: enxofre na forma de SO2; vários óxidos de nitrogênio e pós;

• Podendo agir isoladamente ou em combinação com outros poluentes,


tornando seu efeito mais agressivo às plantas;

• Podem causar a diminuição de assimilação por falta de luz, no caso dos pós e;

• A destruição dos tecidos e necroses, com processos de perturbação


fisiológica, podendo causar a morte;

• Uma forma de prevenção, poderá ser o plantio de espécies caducifólias,


geralmente mais resistentes do que plantas com folhagem perene.
• COMPETIÇÃO ENTRE PLANTAS E ALELOPATIA

• A competição entre as plantas por água, luz e minerais pode ocasionar


amarelecimento em certas plantas e até levá-las à morte;

• Algumas espécies podem prejudicar outras devido a liberação de


substâncias fitotóxicas (aleloquímicas), que quando produzidas;

• Pelas folhas e chegam ao solo pela ação do orvalho e da chuva, podem ser
tóxicas às sementes em germinação e às raízes de outras espécies, ou
então;

• As substâncias que são eliminadas pelas raízes dessas plantas podem ser
tóxicas às outras raízes presentes no mesmo solo, ou ainda;

• As substâncias podem ser liberadas no solo pela decomposição da matéria


orgânica da planta produtora;

• Principais sintomas: morte de sementes, crescimento reduzido,


amarelecimento de folhas e, até o secamento de galhos e morte da planta.
• VENTO

• É um fator ecológico com múltiplos efeitos;

• Com intensidade baixa (±4 m/seg.), pode favorecer a produção, trazendo


oxigênio e refrigeração às plantas, porém;

• Em maior intensidade, provoca um aumento na transpiração, influenciando


negativamente a produção;

• Induzindo o fechamento dos estômatos, de forma a prejudicar a penetração


de CO2 nas folhas;

• A partir de 20 m/seg., ou 72 km/h, podem arrancar árvores inteiras do solo


quando a pressão ultrapassa a elasticidade do tronco;

• As árvores com menor resistência ao vento são as que possuem troncos


compridos, copas pequenas e com poucas raízes, portanto;

• Recomenda-se povoamentos mistos com árvores de diferentes alturas para


formar copas grandes e raízes fortes.
• MALFORMAÇÃO ANATÔMICA

• Quebra dos galhos grossos ocorre mais frequentemente em árvores


ornamentais, por malformação anatômica, devido a bifurcações nos troncos;

• Com o primeiro trincamento de casca neste local, inicia-se a invasão


microbiana, então a árvore reage formando calos e, devido;

• A ação da chuva, um dos lados fica mais pesado causando a quebra do


tronco;

• As árvores submetidas à podas inadequadas, enfraquecem, deformam-se, e


devido à ação da chuva e do vento, estarão predispostas à quebra das copas.

• As deformações anatômicas também podem ser causadas por patógenos;

• Exemplo: cancro do eucalipto (Cryphonectria cubensis), provocando a


formação de calos laterais com tecidos menos flexíveis que os normais;

• Causando uma diferença de compressão da madeira provocando uma quebra


do tronco devido a ação do vento.
• ANORMALIDADES GENÉTICAS

• São sintomas pouco comuns, afetam em torno de 0,1 % das plantas;

• Por exemplo, o albinismo que ocorre em eucalipto, afeta o crescimento e o


vigor da planta, causando a morte;

• Há também as que são temporárias, afetando apenas parte da vida da planta.

• RAIOS E GRANIZO

• Podem causar quebramento de galhos, fendilhamento de casca e lenho tronco


abaixo, esfacelamento de tronco de árvores isoladas;

• Também podem se tornar o principal fator predisponente para ataques


severos do fungo Sphaeropsis sapinea em plantações de Pinus spp.;

• Um dos sintomas de ocorrência de raios é a morte de árvores em reboleira;

• Atingindo o sistema radicular provocando a morte de todas as plantas que tem


suas raízes próximas.

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