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XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”


Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

MAPEAMENTO DOS RISCOS


OCUPACIONAIS DE UMA LINHA DE
PRODUÇÃO DE ENVASE DE BEBIDAS
Brunna Alcântara Balduino da Nóbrega
brunnaalcantara2@gmail.com
Adriano Matos de Oliveira
adriano687@hotmail.com
Isabella Oliveira de Araujo
isaoliveiraaraujo@gmail.com

O presente trabalho teve como objetivo identificar e mapear os riscos


ocupacionais que estão submetidos os operários de uma linha de
produção de envase de uma indústria de bebidas do estado da Paraíba,
através de uma Analise Preliminar de Riscos (APR). Inicialmente foi
feito a APR baseada na observação das características do ambiente de
trabalho e das atividades desenvolvidas pelos empregados. Seguido da
APR, foi confeccionado o mapa de risco do setor analisado,
caracterizando-os conforme a sua gravidade e classificação. Os
resultados evidenciaram a ocorrência de riscos causados por agentes
físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes. Constatou-se a
necessidade de medidas de controles a serem adotadas nos fatores que
influenciam diretamente a saúde dos indivíduos. As ações corretivas
foram recomendadas com o propósito de gerar benefícios na qualidade
do trabalho. A Sensibilização da gerência sobre os riscos pelo quais
seus funcionários estão expostos também é de grande valia, pois assim
será mais fácil o controle desses. A manutenção preventiva nas
máquinas, utilização de EPC’s e EPI’s, são algumas das medidas que
devem ser aplicadas.

Palavras-chave: riscos ocupacionais, Mapa de Riscos, Análise


Preliminar de Riscos (APR), Envase de bebidas
XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
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1. Introdução
As indústrias de bebidas contam com uma grande participação no cenário nacional, devido a
sua demanda de produção acentuada gerada pelo mercado consumidor (CERVIERI JÚNIOR,
2014). Em 2014, as empresas desse segmento representaram cerca de 10% do Produto Interno
Bruto (PIB) total do país, e mais de 20% do PIB da indústria de transformação, com uma
receita superior a R$480 bilhões (REIS, 2015).

Nesse contexto, os operários que fazem parte desse segmento de indústria lidam com um
processo produtivo intenso, havendo na maioria das vezes a necessidade de fazer hora extra,
tendo assim uma maior sobrecarga de trabalho tanto no aspecto físico quanto no cognitivo.
Essas indústrias também contam com maquinários ruidosos, insumos que representam riscos à
saúde, por serem na maioria das vezes produtos químicos e por se usar comumente matérias
cortantes, tendo também a necessidade de manipular cargas de peso médio.

No Brasil as estatísticas oficiais mostram os altos índices de acidentes e doenças relacionadas


ao trabalho. Dentre os anos de 2013 a 2015 os acidentes no Brasil somaram 2.050.598
acidentes de trabalho. Todavia, esses números podem ser maiores, pois há empresas que
possuem sistemas ineficientes que não comunicam a ocorrência dos seus acidentes de trabalho
(Brasil, 2015). Do total de 2.050.598 acidentes de trabalho, 6,81% equivalem ao setor de
transformação de alimentos e bebidas (BRASIL, 2015). São várias as causas que podem
elucidar esses altos índices de acidentes de trabalho, em especial nas indústrias de bebidas,
tais como condições de trabalho inadequadas, não cumprimento das normas de segurança,
devido a sua fiscalização ser ineficiente e movimento sindical enfraquecido.
(HAMALAINEM; TAKALA; SAARELA, 2006).

Diante dos aspectos apresentados, é de grande importância conhecer a realidade que as


indústrias de bebidas se encontram. Pois, as doenças ocupacionais e os acidentes geram
prejuízos de diversas formas tais como, desgaste humano, isto quando o indivíduo não vem a
óbito, absenteísmo, quebra e até perda de equipamentos e máquinas, degradação do ambiente
de trabalho, dentre outros. Todos esses quesitos impõem custos financeiros, sejam aos
empregadores, cofres públicos e à sociedade em geral.

Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo identificar e mapear os riscos
ocupacionais que estão submetidos os operários de uma linha de produção de envase de uma

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indústria de bebidas destiladas situada no estado da Paraíba, através de uma Analise


Preliminar de Riscos (APR).

2. Referencial teórico
2.1. Riscos ocupacionais
O risco segundo Tavares (2005) é conceituado como sendo uma ou mais condição de uma
variável, com o potencial necessário para causar danos. Ou, ainda, a possibilidade de perda ou
perdas de uma empresa devido a um acidente, bem como a vários acidentes. Para Barbosa
Filho (2001) os riscos ocupacionais se dividem em cinco grupos, a saber:

 Riscos físicos: correspondem a diversas formas de energia, tais como ruído, vibrações,
temperaturas elevadas, radiações ionizantes e não ionizantes, bem como o infrassom e
o ultrassom;
 Riscos químicos: são substâncias compostas que penetram no organismo através das
vias respiratórias ou pelo contato com a pele e estão presente em forma de poeira,
fumos, névoas, gases ou vapores;
 Riscos biológicos: equivalem a microrganismos que podem ser bactérias, fungos,
parasitas, dentre outros;
 Riscos ergonômicos: são levantamento e transporte manual de peso, esforço físico,
exigência de postura inadequada, monotonia e repetitividade, etc;
 Riscos de acidentes (mecânicos): são arranjos físicos inadequados, máquinas sem
proteção, ligações elétricas e iluminação deficiente, e ferramentas inadequadas ou
defeituosas.

Esses riscos apresentados podem está nos ambientes de trabalho, os quais são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade ou
tempo de exposição.

2.2. Análise preliminar de riscos (APR)

A APR é aplicada em uma análise inicial qualitativa, desenvolvida na fase de projeto e de


processo, produto ou sistema, com especial importância para investigação de novos sistemas
de alta inovação ou pouco conhecidos, isto é, quando a experiência em riscos na operação é
deficiente (DE CICCO; FANTAZZINI 2003).

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Além das características básicas de análise inicial, torna-se útil também como uma ferramenta
de revisão geral de segurança em sistemas que já funcionam, mostrando aspectos que
poderiam passar despercebido e que podem gerar consequências negativas para a saúde do
trabalhador e perdas para a empresa (FARIA, 2011).

2.3. Mapa de riscos

O mapa de risco é importante para identificar os perigos perante os quais os funcionários


estão expostos. Corresponde a uma avaliação dos riscos existentes nos locais de trabalho, que
são representados graficamente por meio de círculos de diferentes cores e tamanhos (Figura
1), permitindo assim, sua fácil elaboração e visualização.

Figura 1: Cores e círculos do mapa de risco.

Risco Cor de
identificação
Físico
Químico
Biológico
Ergonomico
Acidente (mecânico)

Risco grande Risco médio Risco pequeno

Fonte: Própria.

O mapa de risco serve como um instrumento preliminar de informação para os demais


empregados e visitantes, e também para as ações preventivas que serão adotadas pela
empresa. O mapeamento de riscos ganha ênfase na informação e conscientização dos
trabalhadores sobre os riscos presentes em seu local de trabalho uma vez que o bom
desempenho das atividades tem relação direta com as condições do ambiente de trabalho,
contribuindo para uma boa execução da atividade do trabalhador (COSTA; BORGES, 2012).

2.3. Descrição da empresa e do setor estudado


A empresa selecionada para realização da pesquisa atua no seguimento de bebidas e está
situada no estado Paraíba. Em 1973 a mesma deu iniciou as suas atividades com a produção

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de vinho, e desde então foi conquistando mercado nas regiões circunvizinhas. Atualmente a
organização conta com um mix de produtos bem diversificados, os quais são: maziles,
catuabas, conhaques, vodkas e vinhos.
A população da empresa objeto de estudo, conta com um quadro de 220 funcionários em
regime de trabalho celetistas divididos nos diversos setores da empresa: Diretoria, Financeiro,
Contabilidade, Recursos Humanos (RH), Engenharia, Logística, Vendas, Produção, Serviços
Gerais.

O setor escolhido para o estudo foi o de envase de garrafas da bebida vodka, o qual conta com
40 funcionáros em sua linha produtiva, e essa é a bebida que apresenta maior participação no
cenário de vendas para a empresa, fabricando em media doze mil (12000) garrafas de bebidas
por hora.

O processo inicia na extração do conta-gotas, seguido da lavagem e enxague dos vasilhames,


enchimento destes com a bebida, rotulagem e inspenção, verificando se as garrafas de bebidas
já estão prontas para consumo do produto (seguindo para o depósito de expedição quando
sim) ou se devem ser descartadas, pois as garrafas são de vidro em alguns momentos se
quebram. Segue abaixo o fluxo do processo do setor de envase através da Figura 2.

Figura 2 – Fluxograma do processo de envase de bebidas

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Fonte: Própria

3. Métodos e técnicas

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, a qual visa descrever a


problemática em discussão, buscando caracterizar o objeto de estudo (Gil, 2002). É de
natureza aplicada, pois objetiva produzir conhecimentos em segurança e saúde no trabalho a
partir de uma análise do ambiente de trabalho (SILVA; MENEZES, 2005), correspondendo a
um estudo de caso, o qual foi desenvolvido no setor de envase de uma indústria de bebidas
destiladas, localizada no sertão paraibano.

Inicialmente foi feito a APR baseada na observação das características do ambiente de


trabalho e das atividades desenvolvidas pelos empregados, como também nas respostas dos
questionários semiestruturados aplicados naquele setor e por meio de registro fotográfico. A
APR foi feita seguindo tais etapas: identificação do risco; enumeração dos possíveis efeitos
danosos de cada risco identificado; classificação da frequência, a qual foi classificada
conforme o Quadro 1; categorização da severidade de acordo com a Figura 3; especificação

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Categoria Classificação Descrição


de
I Desprezível Não ocorrem lesões ou mortes de funcionários, terceirizados e
/ou extramuros. O que pode ocorrer são casos de tratamento risc
médico menor ou primeiro socorros.
o
II Marginal Ocorrem lesões de gravidade leve, em funcionários,
terceirizados ou extramuros. seg
III Crítica Ocorrem lesões de gravidade moderada, em funcionários,
terceirizados e /ou extramuros. Havendo a necessidade de
und
ações corretivas. o o
Qu
adro 2; e proposição de medidas preventivas. Seguido da APR, foi confeccionado o mapa de
risco do setor analisado, caracterizando-os conforme a sua gravidade e classificação.

Quadro 1 – Categoria de Frequência (F) de ocorrência do evento


A Extremamente remota Extremamente improvável de ocorrer
B Remota Não deve ocorrer
C Provável Ocorre com pouca frequência
D Frequente Esperado ocorrer várias vezes
Fonte: Adaptado de Amorim 2010

Figura 3 – Severidade (S) das consequências do evento

Fonte: Adaptado de Amorim 2010

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IV Catastrófica Ocorrem mortes ou lesões graves em funcionários, terceirizados


e /ou extramuros.
Qu
adro 2 - Matriz de Classificação de Riscos (R)

Fonte: Adaptado de Amorim 2010

4. Resultados e discussões
Os resultados obtidos através da APR, apresentados no Quadro 3, evidenciaram a ocorrência
de riscos causados por agentes físicos, químicos, ergonômico e de acidente, os quais estão
diretamente relacionados com o desenvolvimento da atividade em si. Os riscos físicos
encontrados foram: elevado níveis de ruído, o qual ocorre de maneira frequente na jornada de
trabalho, podendo gerar lesões de gravidade leve e até outras mais comprometedoras tais
como, perdas auditivas, podendo ser total ou parcial, dores de cabeça, confusão mental
podendo provocar acidentes de trabalho, este risco foi classificado na categoria 4, sendo sério
e com necessidade de ações corretivas urgentes, as quais são: utilização de equipamento de
proteção coletiva (EPC) nas máquinas, a exemplo o enclausuramento das mesmas,
manutenção dos equipamentos, rodízio de atividades dos empregados que operam nestas
máquinas, exames audiométricos, uso obrigatório do protetor auricular.

O calor excessivo foi o outro risco físico encontrado, o mesmo tende a provocar desconforto
no ambiente de trabalho, desidratação, fadiga, dentre outros fatores que podem ser
desencadeados, este foi evidenciado na categoria 4, necessitando de ações de melhorias, como
refrigeração adequada do local de trabalho e manutenção da máquina que é responsável por
tornar o ambiente mais quente;

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Com relação ao agente químico, estão presentes a soda cáustica e a vodka que dissemina um
odor muito forte no ambiente de trabalho, os dois são dissipados ao mesmo tempo e com
frequência elevada, juntos eles podem provocar no trabalhador alto nível de toxidade podendo
causar pneumonia química, queimaduras, cegueira, dores de cabeça, tontura e até promover
acidentes de trabalho, foi denominado segundo a categoria como risco sério de grau 4,
necessitando de intervenções para controle ou mitigação do risco. É necessário que os
operários utilizem óculos para proteção de respingos de produtos químicos, luvas e máscara
respiratória com respirador e purificador de ar, e que seja colocado um filtro na máquina de
lavagem e enxague, o qual irá evitar que a soda cáustica seja dissipada no local de trabalho.

Os agentes ergonômicos encontrados foram monotonia, repetitividade, imposição de ritmos


excessivos, podendo propiciar elevadas consequências aos trabalhadores, como as doenças
ocupacionais Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT), bem como cansaço e fadiga. Os riscos ergonômicos
foram classificados com grau 3, no entanto vale ressaltar que as doenças ocupacionais
decorrentes por riscos ergonômicos ocorrem em longo prazo. Para uma melhoria nas
atividades do setor de envase é recomendado, alteração no ritmo de trabalho, revezamento das
funções entre os funcionários, realização de ginástica laboral e pausa para descanso.

O risco mecânico ou de acidente foi o que apresentou maior gravidade, devido aos
trabalhadores exercerem suas atividades com materiais cortantes, máquina e equipamentos
sem proteção e ferramentas inadequadas. De acordo com a severidade e classificação, os risco
mecânico ou de acidente se enquadraram em grau 5, pois o mesmo pode ocorrer de maneira
imediata, dependendo do acontecimento seus resultados são irreversíveis, podendo apresentar
como consequências perda de um membro do corpo ou morte de um trabalhador, esses
prejuízos são associados a custos que são desembolsados tanto da empresa (diretos) quanto
dos cofres públicos (indiretos). Para o risco mecânico e de acidente no setor de envase, tais
medidas cooperam para o seu controle, sendo elas: fazer uso das luvas nas atividades de
manipulação de materiais desgastantes e perfurantes, enclausuramento de máquinas e
reorganização do layout.

Quadro 3 - APR aplicada no setor de envase de bebidas


Etapas do Risco Possíveis Categoria Recomendações
processo consequências F S R

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Extração Físico Calor devido à Desidratação, D II 4 Refrigeração


de conta- temperatura das câimbra, problemas adequada do local
gotas máquinas e a cardiocirculatórios, de trabalho;
refrigeração do fadiga física, etc; manutenção da
Lavagem espaço ser máquina;
e enxague deficiente;
das Alto nível de Fadiga, D II 4 Enclausuramento e
garrafas ruído irritabilidade, manutenção das
proveniente das modificação do máquinas; uso
Envase máquinas que ritmo cardíaco, obrigatório do
compõem o perturbações protetor auricular,
Rotulagem setor; gastrointestinais, exames
etc; audiométricos e
Inspeção revezamento das
funções entre os
funcionários que
lidam dirtamente
com estas
máquinas;
Químico Vapores de Queimadura, D II 4 Fazer o uso dos
solução de cegueira, óculos para
NaOH e odor pneumonia proteção de
forte de álcool química, tontura, respingos de
derivado das dores de cabeça, produtos
bebidas; etc; químicos; utilizar
luvas e máscara
respiratória com
respirador e
purificador de ar;
colocar filtro na
máquina de lavar;
Ergonômico Monotonia e Cansaço, dores C II 3 Alteração no ritmo
repetitividade, musculares, de trabalho,
imposição de LER/DORT, etc; revezamento das
ritmos funções entre os
excessivos; funcionários,
realização de
ginástica laboral,
pausa para
descanso;
Mecânico Material Lesões de maior ou D III 5 Fazer uso das
ou de cortante, menor gravidade, luvas nas
Acidente máquina e quedas, morte, atividades de
equipamentos custos diretos e manipulação de
sem proteção; indiretos. materiais
ferramentas desgastantes e
inadequadas. perfurantes,
enclausuramento
de máquinas,
reorganização do
layout.

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Legenda: C – Provável: Ocorre com pouca frequência; D – Frequente: Esperado ocorrer várias vezes; I –
Desprezível: O que pode ocorrer são casos de tratamento médico menor ou primeiro socorros; II - Marginal:
Ocorrem lesões de gravidade leve, em funcionários, terceirizados ou extramuros; III – Crítica: Ocorrem lesões de
gravidade moderada, em funcionários, terceirizados e /ou extramuros; 2 - Menor; 3 - Moderado; 4 - Sério; 5 -
Catástrofe.
Fonte: Própria

Após a finalização da APR foi confeccionado o mapa de risco (Figura 4). O qual foi realizado
com o intuito de simbolizar os riscos encontrados de acordo com as respectivas gravidades
identificadas por meio da APR, como já apresentada acima.

Figura 4 - Mapa de risco do setor de envase

Fonte: Própria

Através da observação do mapa de risco é perceptível que nas áreas de extração de conta-
gotas, lavagem e enxague das garrafas, enchimento de garrafas e inspeção os riscos físicos,

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químicos e de acidentes, são considerados graves. Isso se justifica devido ao alto nível de
ruído que as máquinas destas áreas liberam, ao calor no ambiente de trabalho, devido a
quentura das máquinas e do espaço do local de trabalho ser pequeno e pouco arejado, pelos
borrifos de ar que saem das máquinas de lavagem e enxague com solução de 2,5% NaOH
(soda caústica) em 28.000 litros de água a uma temperatura de 85ºC e da máquina de
enchimento da bebida vodka que é dissipada no ar o cheiro da bebida que apresenta alto teor
de álcool, a falta de equipamentos de proteção coletivas nas máquinas e o seu tempo de vida
útil avançado, bem como a utilização de ferramentas de trabalho inadequadas.

Na área de enchimento das garrafas, inspenção, extração de conta-gotas, lavagem e enxague o


risco ergonômico e foi considerado com gravidade média, isto se da devido a maior parte das
atividades serem monótona e repetitiva, sem apresentar grandes consequências aos
empregados, e também por conta de algumas atividades serem manuais, em que os operários
transportam cargas de peso médio.

Diante dos aspectos observados foram propostas medidas de controle, as quais estão presentes
no Quadro 3 e no decorrer do capítulo 4. Essas medidas preventivas foram recomendadas para
que todos estejam bem informados acerca dos diversos perigos no seu local de trabalho e das
possíveis soluções de controle.

5. Conclusões
Com este estudo constatou-se a importância da avaliação da segurança no trabalho em
empresas do ramo de bebidas, pelo fato de identificar os riscos existentes que na maioria das
vezes passam por despercebidos pela empresa, buscando assim proporcionar benefícios
relacionados à saúde e meio em que se inserem.

Os resultados evidenciaram a ocorrência de riscos causados por agentes físicos, químicos,


ergonômicos e de acidentes. Constatou-se a necessidade de medidas de controles a serem
adotadas nos fatores que influenciam diretamente a saúde dos indivíduos. As ações corretivas
foram recomendadas com o propósito de gerar benefícios na qualidade do trabalho. A
Sensibilização da gerência sobre os riscos pelo quais seus funcionários estão expostos
também é de grande valia, pois assim será mais fácil o controle desses. A manutenção
preventiva nas máquinas, utilização de EPC’s e EPI’s, são algumas das medidas que devem
ser aplicadas.

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Diante do estudo apresentado pode-se afirmar a Higiene e Segurança no Trabalho (HST) é de


grande importância para os mais variados tipos de indústrias. Grandes benefícios são gerados
pela mesma quando aplicado e praticado como convém, sendo alguns deles: a eliminação das
causas das doenças profissionais, redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho,
prevenção do agravamento de doenças e lesões, manutenção da saúde dos trabalhadores, e
aumento da produtividade por meio de controle do ambiente de trabalho. Estes objetivos
podem ser perfeitamente atingidos por intermédio da educação dos operários, chefes,
gerentes, indicando os perigos e ensinando como evitá-los, mantendo constante estado de
alerta contra os riscos existentes na fábrica e pelos estudos e observações dos novos processos
ou materiais a serem utilizados.

A necessidade da HST sempre existiu em toda a atividade laboral, independente da sua


origem, cultura ou religião (NÓBREGA et al., 2016). Ainda conforme os autores
supracitados, na linha das necessidades humanas, a questão da HST mantém um lugar de
destaque, uma vez que o bom desempenho das atividades tem relação direta com as condições
de trabalho, contribuindo para uma boa execução da atividade do trabalhador influenciando o
aumento da produtividade.

REFERÊNCIAS

AMORIM, E. L. C. de. Ferramentas de Análise de Risco. Apostila do curso de Engenharia Ambiental da Uni-
versidade Federal de Alagoas, CTEC, Alagoas: 2010. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/71505557/
Apostila-de-ferramentas-de-analise-de-risco>. Acesso em: 10 jul. 2017.
BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Anuário Estatístico da Previdência Social. Brasília,
DF, 2015, v. 24, p. 1-917. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/AEPS-
2015-FINAL.pdf> Acesso em: 20 out. 2016.

BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do Trabalho. São Paulo, Atlas, 2001.

CERVIERI JÚNIOR, O. et al. O setor de bebidas no Brasil. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 40, 2014.
COSTA, S. M. M., BORGES, F. M. A importância da compreensão da atividade de trabalho na elaboração de
um mapa de riscos. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO:
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção, Bento
Gonçalves, 2012.

DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Tecnologias consagradas de gestão de riscos. 2 ed. São Paulo: Risk
Tecnologia, 2003.

FARIA, M. T. Gerência de Riscos: Apostila do curso de Especialização em Engenharia de Segurança do


Trabalho. Curitiba, Paraná. UTFPR, 2011.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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HAMALAINEM, P.; TAKALA, J.; SAARELA, K. L. Global estimates of occupational accidents. Safety
Science, v.44, p. 137-156, 2006.

NÓBREGA, B. A. B. et al. The safety culture and noise level of a beverage industry. In: Occupational Safety
and Hygiene V: Proceedings of the International Symposium on Occupational Safety and Hygiene (SHO
2017), April 10-11, 2017, Guimarães, Portugal. CRC Press, 2017. p. 347.

REIS, J. T. Setor de Bebidas no Brasil: Abrangência e Configuração Preliminar/Beverage Sector in Brazil:


Preliminary Scope and Configuration. ROSA DOS VENTOS-Turismo e Hospitalidade, v. 7, n. 2, 2015.

SILVA, E. L. DA; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. rev ed.
Florianópolis: UFSC, 2005.
TAVARES, J. C. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho. 4ª ed. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2005.

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