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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO


TRABALHO EM ALTURA NA
CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE
CASO
LORIANE BEATRIZ DE PAULA (UTFPR )
loribia@gmail.com
Rodrigo Eduardo Catai (Universidade Tecnológica Federal do
Paraná - Campus Curitiba )
catai@utfpr.edu.br

O ambiente da construção civil apresenta diversos riscos para seus


trabalhadores. O trabalho em altura é uma atividade bastante comum
nessa área, sendo assim a queda com diferença de nível está entre um
dos mais frequentes e mais críticos aacidentes no set

Palavras-chave: Segurança do trabalho. Trabalho em altura.


Construção civil. Proteção coletiva. Proteção individual.
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
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1. Introdução
A construção civil está entre umas das atividades mais antigas realizadas pelo Homem,
desde as pirâmides do Egito Antigo até obras icônicas como a Torre de Pisa ou os Aquedutos
Romanos a engenharia se confunde com a história da humanidade (BAZZO; PEREIRA,
2006). Um importante setor econômico, que mesmo com queda do número de trabalhadores e
produtividade nos últimos anos ainda continua absorvendo uma grande parcela de
trabalhadores (DIEESE, 2017), entretanto, éum ambiente de trabalho que apresenta os mais
diversos riscos, trabalhadores sem treinamento e capacitação adequados, falta de
equipamentos apropriados de proteção coletivos e individuais e a inexistência de uma Gestão
de Saúde e Segurança fazendo do canteiro de obras um local perigoso para se trabalhar
(LIMA; GARCIA; CAPEL, 2006).
Para Barbosa e Barsano(2012) a engenharia de segurança do trabalho é a ciência que
visa a manutenção da integridade física, mental e social do trabalhador e seu bem estar. Tem
como principais atributos a identificação e avaliação de todos os fatores de risco que podem
causar acidentes ou doenças ocupacionais, propondo medidas de controle e prevenção de
modo a eliminar tais riscos (MATTOS et al., 2011).
Cardella (2008) diz que a diminuição dos acidentes é um grande desafio, embora
muito se tenha investido em prevenção, eles ainda continuam acontecendo. O Brasil é um dos
países que mais sofre com o elevado número de acidentes de trabalho, mesmo que tenha
havido uma diminuição no número de acidentes nos últimos anos, declínio é demonstrado
pela Tabela 1, o Brasil ainda apresenta números elevados, ficando em 4º lugar no cenário
mundial (REVISTA PROTEÇÃO, 2018). “Além de morte e de sofrimento para o trabalhador
e sua família (...) os acidentes de trabalho tem reflexos socioambientais, econômicos e
políticos para toda a sociedade” (MATTOS et al., 2011 p. 24).
Entre os acidentes mais comuns da construção civil, a queda de altura está entre os
que mais causam mortes (FUNDACENTRO, 2016). Os acidentes de trabalho envolvendo
quedas de altura, segundo dados do Ministério do Trabalho, representaram 10,6% dos
acidentes registrados em 2017 no país, se forem considerados acidentes que resultaram em
mortes de trabalhadores esse valor salta para 14,5%.

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Tabela 1- Quantidade de acidentes do Trabalho

Com CAT Registrada


Ano Total Motivo Sem CAT
Total registrada
Típico Trajeto Doença trabalho
2013 725.664 563.704 434.339 112.183 17.182 161.960
2014 712.302 564.283 430.454 116.230 17.599 148.019
2015 612.632 502.942 383.663 106.039 13.240 109.690
Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social-2015. Adaptado

Segundo dados do Ministério do Trabalho, entre 2005 e 2015 o Brasil perdeu mais de
81 mil trabalhadores, entre falecimento ou invalidez permanente decorrente de acidentes ou
doenças profissionais ou do trabalho. Apenas em 2015 houve um total de 6.075 desligamentos
com 1.811 mortes.
Dados do Anuário Estatístico da Previdência Social(AEPS) de 2015 mostram que o
setor da construção civil registrou 41.012 acidentes em 2015, o que equivale a 6,6% do total
de acidentes no Brasil, ficando em 4° lugar na taxa de mortalidade.Num ranking elaborado
pelo DIEESE, baseado nos dados do Ministério do Trabalho, entre as 20 ocupações que mais
causaram desligamento dos trabalhadores em 2015, tanto por morte quanto aposentadoria por
invalidez permanente, tem-se servente de obras e pedreiros ocupando as primeiras
posições.Diante dessa realidade vale ressaltar a importância da prevenção.
Construtoras especializadas em construção de edifícios com um quadro de
funcionários abaixo de 50 empregados, caso da construtora analisada, são desobrigadas a
possuir um profissional habilitado em Saúde e Segurança do Trabalho pela NR- 4 (Quadro II)
cabendo ao engenheiro civil acumular a função também de gerenciador da área de segurança,
porém, nem sempre o profissional tem essa capacitação, tal situação prejudica a adequação
dessas construtoras à legislação. Aliado a isso, o não completo entendimento das normas
pertinentes e o baixo engajamentos dos trabalhadores nas questões de segurança fazem do
canteiro de obras um ambiente propício a acidentes.
O objetivo deste trabalho foi analisar em canteiros de obras de uma construtora de
pequeno porte, na cidade de Curitiba-PR, como são abordadas as questões relativas à

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segurança do trabalho em altura na realização das suas atividades no dia a dia e como os itens
das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, concernentes ao trabalho em
altura, são aplicados.

2. Metodologia
Para realizar este estudo de caso foram feitas visitas aos 4 canteiros de obra dessa
construtora no intuito de verificar a aplicação das normas regulamentadoras NR18 e NR35
respectivamente segurança do trabalho no ambiente da construção civil e trabalho em altura.
Essas visitas ocorreram semanalmente entre agosto de 2017 e janeiro de 2018, na presença da
engenheira civil responsável técnica dos empreendimentos e os mestres de obras de cada
canteiro.
Foi elaborado um relatório fotográfico e criado um questionário do tipo checklist (em
anexo) baseado nestas duas normas focando em itens referentes ao trabalho em altura e que
faziam parte do dia a dia da empresa, por esse motivo itens que não são obrigatórios pela
norma para o tipo de edificação executada, itens que não foram acompanhados ou
desenvolvidos durantes as visitas e itens que a empresa não utilizou foram desconsiderados.
O questionário foi preenchido baseado nas impressões obtidas ao longo das visitas
acompanhando o desenvolvido da obra e nas respostas dadas pelos trabalhadores, mestres de
obras e a engenheira civil da empresa. As respostaspossíveis eram SIM, NÃO ou NSA (não se
aplica), caso o item não fosse pertinente ao canteiro.

3. Resultados e Discussões
Durante as visitas percebeu-se que não havia efetiva aplicação das normas de
segurança NR-18 e NR-35 referentes ao trabalho em altura nos canteiros de obras analisados,
não foi notada uma centralização que facilitaria a disseminação das informações e planos de
ações acerca do tema. Alguns pontos das normas foram atendidos e outros não, porémo
atendimento parcial da norma não garante a segurança dos trabalhadores.
Por sua vez os trabalhadores, mesmo que estivessem cientes de algumas disposições
das normas, principalmente no tocante a proteções coletivas, alegaram que a altura em que
eles trabalham não era grande o suficiente para causar danos a sua saúde em caso de acidente
não sendo necessário, então, se fazer uso de dispositivos de proteção, o que de modo algum
era verdadeiro. Esse pensamento acontecia mesmo que alguns deles já tenham presenciado

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acidentes de colegas ao longo da vida profissional, realizado treinamentos ou trabalhado em


empresas que contavam com uma equipe especializada em segurança do trabalho.
A empresa havia iniciado um programa de treinamento e capacitação de seus
trabalhadores na área de saúde e segurança, alguns treinamentos já foram realizados outros
estavam agendados e o treinamento em altura estava incluído no planejamento.
Treinamentos são de extrema importância para que os envolvidos nas atividades em
altura estejam cientes de todos os riscos envolvidos e capacitados para desenvolver tal
atividade com segurança, familiarizados com equipamentos de segurança e aptos a usa-los da
maneira correta.Aliado com o programa de treinamento e capacitação o Programa de
Condições e meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção, PCMAT é um
documento norteador que facilitaria o emprego da legislação tornando o ambiente de trabalho
mais seguro. O PCMAT de acordo com a NR- 18.3 é um documento de caráter obrigatório
para estabelecimentos com 20 empregados ou mais e deve contemplar as exigências do
Programa de Prevenção e Risco Ambientais (PPRA) da NR-9, sua elaboração deve ser feita
por profissional legalmente habilitado na área de Saúde e Segurança do Trabalho. É um
documento de antecipação de riscos de acordo com cada fase de desenvolvimento da obra,
elencando riscos e medidas preventivas, ele define o cronograma, projetos e especificações de
proteções coletivas e individuais, além de programas educativos sobre a temática de
prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
Não foi encontrado nenhum planejamento específico para as questões de resgate e
salvamento, os trabalhadores sabiam o básico sobre como lidar nessas situações.

3.1 Planejamento, Organização e Execução


Não foram verificados indícios de planejamento e organização para a realização das
atividades em altura em nenhum dos 4 canteiros, o trabalho em altura era desenvolvido a
medida que era necessário para a execução da edificação, com isso não eram feitas análises de
risco nem criados procedimentos operacionais para atividades rotineiras. As atividades não
rotineiras foram realizadas sem ser emitida a permissão de trabalho.
Embora os mestres de obras dos canteiros de certa forma assumissem a
responsabilidade de planejar e organizar o trabalho em altura, a atividade não eraexecutada
respeitando todas as diretrizes da NR-35, em especial de ser realizada com profissional
capacitado e autorizado.

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Não foram tomadas medidas para que a norma para trabalho em altura fosse cumprida,
nem uma sistemática para garantir que todas as atividades em altura ocorressem de acordo
com o estabelecido nessa norma. Não foram encontrados, também, métodos de organização e
arquivamento da documentação referente o trabalho em altura.

3.2 Equipamentos de Proteção Coletiva


Durante as visitas não foram encontrados exemplos de proteções coletivas dentro das
especificações da NR-35 em nenhum dos 4 canteiros visitados, a Tabela 2 demonstra essa
situação. Os trabalhadores ficavam expostos a alturas que variavam entre 3,00 m e 9,00 m em
média sem proteção. Em 2 canteiros foi verificado que quando foi constada a necessidade do
uso de proteções coletivas por parte dos trabalhadores, elas foram construídas, porém não
como preconizado pela norma NR-35 e não foram verificadas quanto sua resistência, podendo
trazer a falsa sensação de segurança.
A utilização de proteções coletivas é o modo mais prático e viável economicamente
para a proteção dos trabalhadores diante do risco de quedas. Sendo um equipamento capaz de
proteger vários trabalhadores de uma vez sem o ônus de limitar e atrasar o deslocamento ou
ser incômodo para eles.
Durantes as visitas foram presenciados alguns incidentes, como por exemplo, a queda
de uma pá de uma altura de aproximadamente 4,00m, essas situações poderiam ter sido
evitadas caso as proteções coletivas estivessem sendo utilizadas.

Tabela 2- Uso de proteções coletivas tipo guarda-corpo encontradas no local

Constatado uso de proteções coletivas do tipo guarda-corpo Sistema GCR


Local Sim Não
Periferia de lajes 
Escadas de uso coletivo 
Rampas e passarelas 
Aberturas no piso 
Fonte: Autora (2018)

3.3 Equipamentos de Proteção Individual

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Foi constata baixa adesão dos EPIs, dos 4 canteiros visitados, em 1 não foi encontrado
nenhum tipo de cinto de segurança contra queda de altura. Em 2 foram encontrados cintos em
boas condições, mas não estavam disponíveis para os trabalhadores e não havia nenhum
estudo sobre a zona livre de queda. Em 2 canteiros foram identificados cintos disponíveis,
mas não em boas condições de uso e segurança e em apenas 1 canteiro foram encontrados 2
trabalhadores efetivamente vestindo o cinto, porém este não estava ancorado em nenhuma
estrutura.
Nesse ponto vale dizer que obras de pequeno porte contam com uma equipe reduzida
de trabalhadores, fato que faz com que não haja trabalhadores específicos para cada atividade,
a todo o momento eles são requisitados numa tarefa diferente causando grande movimentação
deles pelo canteiro da obra, essa situação pode explicar o porquê da baixa adesão dos EPIs, o
equipamento acaba atrapalhando seu deslocamento e atrasando o trabalhador, justificando
mais uma vez a vantagem da proteção coletiva.
Também foi observado o desconhecimento por parte dos trabalhadores sobre os EPIs e
sua correta utilização, o trabalhador não sabia o que significava a inscrição ZLQ indicada no
absorvedor de energia, por exemplo. Essa situação pode acarretar num uso inadequado dos
equipamentos levando, mais uma vez, a uma falsa sensação de segurança podendo causar
acidentes. É necessário que os trabalhadores sejam treinados e orientados quanto ao uso e
conservação dos dispositivos de segurança.

3.4 Andaimes
O uso de andaimes é bastante comum na construção civil e não foi diferente nos 4
canteiros de obras visitados, todos eles contavam com esse recurso. O tipo mais comum
encontrado durante as visitas foi o simplesmente apoiado com uso mais recorrente para
execução de alvenaria.
Dos 4 canteiros visitados nenhum possuía andaimes dentro das especificações da NR-
18.15. Não foi encontrado nenhum andaime com a forração completa do piso de trabalho e em
boas condições de conservação. A situação mais comum encontrada foi a forração incompleta
do piso de trabalho com tábuas de madeira, durante as visitas foi encontrado apenas um
andaime com o piso metálico com travamento, mas este não estava em boas condições, outra
situação recorrente eram andaimes sem guarda-corpo e rodapé, não foi encontrado nenhum
que contasse com esses itens de segurança. A falta de EPIs durante a utilização dos andaimes

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também foi comum aos canteiros analisados, em nenhum foram encontrados trabalhadores
utilizando algum equipamento enquanto estavam sobre os andaimes.
Em contrapartida não foram encontradas situações em que são utilizados artifícios
para alcançar lugares mais altos, como escadas, sobre o piso de trabalho dos andaimes.

3.5 Escadas de Mão, Rampas e Passarelas


Rampas e passarelas estavam presentes nos 4 canteiros e também não obedeciam
diretrizes preconizadas pela NR- 18.12, em especial a falta de corrimão e rodapé, em nenhum
deles foram encontradas passarelas ou rampas que contassem com esse item de segurança.
Durante as visitas foi presenciado um incidente envolvendo uma rampa: o trabalhador quase
caiu de uma altura de aproximadamente 2,00 m quando pisou fora da rampa. Essa situação
não teria acontecido se a rampa contasse com corrimão e rodapé.
As escadas de mão foram encontradas em todos os 4 canteiros. Em nenhum deles
havia escadas de mão com mais de 7,00 m de comprimento, nem escadas de mão de montante
único, não foram encontradas escadas de mão pintadas e em nenhuma visita foi verificado uso
além de acessos provisórios. Em 1 canteiro foi encontrada escada de abrir e ela contava com
dispositivos que a mantinham com abertura constante e não ultrapassava em comprimento os
6,00m. como exigido pela norma. Em 2 canteiros foram encontradas escadas extensíveis,
estas também cumpriam o disposto na NR- 18.12.
Em nenhum canteiro de obras foi encontrado escadas de mão com dispositivos que
impedissem seu escorregamento, em nenhum canteiro as escadas ultrapassavam o nível
superior em 1,00 m como exigido pela NR- 18.12, em 1 canteiro foi encontrada uma escada
com emendas, situação que pode comprometer sua resistência.
Em nenhum dos canteiros visitados foi percebida preocupação em não utilizar as
escadas próximas de aberturas no piso e periferia de lajes, pois em todos eles foram
encontradas essas situações.

3.6 Movimentação e Transporte de Materiais


Nenhum dos 4 canteiros contavam com elevadores então a movimentação e transporte
de materiais era através de içamento manual ou auxiliado por guincho elétrico.
Dos canteiros visitados em apenas 2 foi presenciada essa atividade, os 2 contavam
com guincho elétrico para auxílio no içamento de materiais. Em nenhum dos canteiros foram

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tomadas medidas de proteção contra queda de altura, como uso de EPIs, durante a operação
do equipamento e nas duas situações os trabalhadores ficaram expostos a esses riscos.Em
nenhum dos casos foram feitos estudos quanto à resistência da estrutura que suportava o
guincho.
Em apenas 1 dos canteiros senotou certa precaução para que a carga não caísse durante
o transporteera utilizado um cercado para acomodar a carga e também uma torre de andaimes,
que segundo o mestre de obras do canteiro, limitava o acesso dos trabalhadores na área.
Porém em nenhum dos canteiros foi feita uma sinalização clara para impedir a movimentação
de trabalhadores abaixo da área de içamento de materiais. E em um dos canteiros foi
presenciado o transporte de materias através de lançamento manual, situação que aumentava
consideravelmente o risco de acidentes.

3.7 Considerações Finais


Mesmo com algumas atitudes isoladas no intuito de aumentar a segurança na execução
das atividades em altura, estas ainda estão aquém das exigências das normas de segurança e é
necessário que haja investimentos na área com o propósito de implantar uma gestão de saúde
e segurança do trabalhador. No entanto a falta de conhecimento e, principalmente,
entendimento das normas dificultam essas ações de serem bem sucedidas. O programa de
capacitação e treinamento iniciado pela empresa pode auxiliar nessa questão.
A falta de equipamentos de proteção coletiva em todos os canteiros de obras visitados
foi preocupante. Essa situação vai na contramão da hierarquia que a norma preconiza e expõe
o trabalhador ao risco. Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) tem um importante
papel na redução do número de acidentes, eles protegem um maior número de trabalhadores
utilizando apenas uma medida de proteção, diferente dos EPI, por esse motivo, a proteção
coletiva se torna mais eficiente e muitas vezes mais barata. Outra vantagem da proteção
coletiva é que o trabalhador não está sujeito a possíveis desconfortos e limitações de
movimentação que geralmente acompanham o uso do EPI garantindo maior produtividade.

4. Conclusão
A construção civil também sofre pressão por prazo, concorrência, preços, entre outras
questões, combinado com isso uma fiscalização não tão presente acabam levando a
negligência com algumas áreas, a gestão de saúde e segurança normalmente é afetada. É de

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extrema necessidade que a segurança dos trabalhadores dos canteiros de obras seja estudada e
debatida constantemente a fim de se reduzir os índices de acidentes na área. O Brasil
apresenta números elevados de acidentes ano após ano, e a construção civil é sempre um
destaque negativo na área e a queda de altura dentro desse setor é um dos tipos de acidentes
de trabalho mais recorrentes e, também, um dos que mais causam mortes entre os
trabalhadores.
A Norma Regulamentadora NR- 35 Trabalho em Altura traz as diretrizes mínimas e
obrigatórias para se executar atividades em altura com segurança para os trabalhadores. Ela é
a principal referência do tema no país, trazendo no seu texto a definição de trabalho em altura
e também estabelece que todo trabalho em altura seja precedido de planejamento e
organização. Por esta norma todo trabalho em altura deve ser executado sob supervisão e
realizada análise de riscos previamente. A Norma Regulamentadora NR- 18- Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção traz em seu texto pontos para o
trabalho em altura específicos do setor. Esta norma exige a existência de proteção coletiva
sempre que houver risco de queda dos trabalhadores ou projeção de materiais.
Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível perceber que não existia ninguém
responsável pela área dentro da empresa. Não existia planejamento nem organização para
realizar as atividades em altura. Não havia procedimentos operacionais definidos, nem eram
realizadas análises de risco, o trabalho em altura acontecia sem supervisão e não eram
realizados por profissionais capacitados. O cumprimento das demais exigências da NR 18 e
NR 35 fica comprometido nessas circunstâncias.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras. Manual de


Legislação Atlas. 82a edição. São Paulo: Atlas, 2019

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. HYPERLINK "http://trabalho.gov.br/noticias/5782-


quedas-com-diferenca-de-nivel-sao-a-segunda-principal-causa-de-acidentes-fatais-no-trabalho"
Quedas com diferença de nível são a segunda principal causa de acidentes fatais no
trabalho
Disponivel em: <http://trabalho.gov.br/noticias/5782-quedas-com-diferenca-de-nivel-sao-a-
segunda-principal-causa-de-acidentes-fatais-no-trabalho>. Acesso em: abr 2018.

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BRASIL. Ministério da Fazenda AEPS- Anuário Estatístico da Previdência Social 2015.


Disponivel em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/AEPS-2015-
FINAL.pdf>. Acesso em: jan 2018.

BRASIL. DIEESE- Departamento Intersindical de Estatística e Estudos


SocioeconômicosIndicadores da Saúde do Trabalhador com Base na Rais2016.
Disponivel em: <https://www.dieese.org.br/anuario/2017/Livro7_Saude.html>. Acesso em:
jan 2018.
BRASIL. DIEESE- Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
SocioeconômicosMercado de Trabalho2016. Disponivel em:
<https://www.dieese.org.br/anuario/2017/Livro1_MercadoTrabalho.html>. Acesso em: jan
2018.
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do Trabalho: Guia prático e didático. 1ª
edição 2ª reimp.. ed. São Paula: Érica, 2012.
BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. D. V. Introdução à Engenharia. 1. ed. Florianópolis:
Editora da UFSC, 2006.
CARDELLA, B. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes: uma abordagem
holística. 1ª edição 6ª reimp. ed. São Paulo: Atlas S/A, 2008.
FUNDACENTRO. Queda em altura está entre os principais acidentes fatais na indústria
da construção. Disponível em:<http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-
noticia/2016/4/queda-em-altura-esta-entre-os-principais-acidentes-fatais-na-industria-da-
construcao/>. Acesso em mai 2019.
LIMA, H.; GARCIA, J. M. R, CAPEL, D. Z. Técnicas e práticas na agroindustria, na
construção civil e no ambiente hospitalar. Goiania: AB, 2006.
MATTOS, U. A. D. O.; MÁSCULO, F. S.; (ORGS.). Higiene e Segurança do Trabalho.
Rio de Janeiro : Elsevier, 2011.
REVISTA PROTEÇÃO. Brasil é quarto lugar no ranking mundial de acidentes de
trabalho. Disponível em:
<http://www.protecao.com.br/noticias/acidentes_do_trabalho/brasil_e_quarto_lugar_no_ranki
ng_mundial_de_acidentes_de_trabalho/Jyy5JajbJj/12290>. Acesso em mai 2019

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Fonte: BRASIL (2019)

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