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Frase escrita na porta do químico Friedrich Karl Johannes Thiele, crítico da química de produtos naturais.
F. K. Johannes Thiele (1865-1918) desenvolveu muitas técnicas importantes para isolar compostos
orgânicos. Em 1899, ele propôs a ressonância no benzeno, que só foi completamente resolvida com o
advento da teoria quântica.
b)
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FUNDAMENTOS DA MATÉRIA
Prof. Valéria Spolon Marangoni
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a)
b)
Figura 3. Representação das combinações dos orbitais atômicos resultando nas ligações a) sigma e b) pi
na molécula de benzeno.
Adaptado de https://www.britannica.com/science/chemical-bonding/The-hydrogen-bond
A polaridade
Como vimos na aula passada, se o orbital molecular está mais próximo do orbital
atômico de um dos átomos significa que os elétrons estarão mais próximos desse átomo.
Em outras palavras, é como se a contribuição desse átomo para a formação do orbital
molecular fosse maior. Assim, esse átomo “atrai” mais os elétrons para perto dele e o
resultado é uma separação de carga na molécula, que chamamos comumente de
polarização, e um momento de dipolo diferente de zero.
A Figura 4 abaixo mostra a distribuição de densidade eletrônica na molécula de
água. Quanto mais vermelho, maior. Reparem que os elétrons estão de fato mais
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Além das ligações sigma e pi e da escala contínua das ligações como já discutimos
(da puramente covalente até aquela com maior caráter iônico), as moléculas também
interagem entre si. Talvez você já tenha ouvido que as ligações covalente e iônica são as
ligações reais, enquanto as de hidrogênio e van der Waals são apenas forças. Essa
distorção é muito rígida. As forças relativas dos diferentes tipos de ligação são diferentes,
é claro (Figura 6), mas ligações “fracas” (ou o que chamamos de força) na verdade
também mantém diferentes unidades e sub-unidades e possuem consequências químicas
muito profundas. Pense nas seguintes questões, por exemplo:
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Johannes van der Waals, o mesmo que desenvolveu a equação que prevê o desvio dos
gases do comportamento ideal e incluem as ligações de dispersão (conhecidas também
como London ou dipolo induzido) e as dipolo-dipolo. O primeiro tipo ocorre entre
moléculas não polares e é resultado da criação de momento de dipolos momentâneos
devido ao movimento dos elétrons nas moléculas. Quanto maior a polarizabilidade, ou
seja, maior a separação de cargas momentânea nas moléculas, mais forte será essa atração.
No geral, essa polarizabilidade aumenta à medida que o número de elétrons nos átomos
e moléculas aumentam. Assim, a força desse tipo de interação aumenta com o aumento
da molécula. Já as interações dipolo-dipolo se originam das cargas parciais permanente
das moléculas e, portanto, ocorrem entre moléculas polares. Assim, quanto maior a
polaridade das moléculas, mais forte serão essas interações.
As interações intermoleculares mais fortes são as ligações de hidrogênio. Elas são
resultado da atração entre cargas parciais efetivas (positiva do átomo de hidrogênio que
é ligado a um átomo que faz parte de um grupo retirador de elétrons, e negativa, de um
átomo eletronegativo). Há várias razões que fazem esse tipo de ligação (que não deixa de
ser dipolo-dipolo, certo?) ser tratada separadamente. O átomo de hidrogênio em uma
ligação com átomos eletronegativos fica praticamente sem elétrons. Assim, esse lado
positivo do dipolo possui uma carga concentrada e, como o H é muito pequeno, pode se
aproximar muito do átomo eletronegativo, interagindo fortemente. Portanto, é uma
ligação forte e direcional.
Há um outro tipo de interação que são as íon-dipolo, que existem entre um íon e
uma molécula polar. Cátions são atraídos pela parte negativa de uma molécula polar e os
ânions pela parte positiva. A magnitude das forças de atração aumenta à medida que a
carga iônica ou a magnitude do momento de dipolo aumentam. Essas interações são
especialmente importantes em soluções de substâncias iônicas em líquidos polares, como
NaCl em água.
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Você sabia?
Os métodos quantomecânicos computacionais para tratar moléculas são
classificados como ab initio, funcional da densidade ou semiempíricos. Um cálculo ab
initio usa o hamiltoniano molecular verdadeiro e não utiliza dados empíricos no cálculo.
Ab initio significa ‘desde o início’ em latim. O método de Hartree-Fock, por exemplo, é
um método ab initio.
O método semiempírico utiliza um hamiltoniano mais simples que o real, emprega
dados empíricos para atribuir valores a algumas das integrais que ocorrem no cálculo e
ignora algumas das integrais. Os métodos semiempíricos permitem os cálculos em
moléculas grandes, onde os métodos ‘ab initio’ podem ser bem complicados. Os métodos
semiempríricos foram originalmente desenvolvidos para moléculas orgânicas conjugadas
e, posteriormente, foram estendidos para abranger todas as moléculas.
Os cálculos de funcional da densidade são difíceis para classificar como ab initio
ou como semiempíricos, e geralmente são considerados uma terceira categoria de
métodos de química quântica. Um dos métodos mais populares para os cálculos de
química quântica é a teoria do funcional da densidade (DFT, do inglês, Density Functional
Theory). Na DFT não se tenta calcular a função de onda molecular. Em vez disso,
trabalha-se com a densidade de probabilidade eletrônica. A DFT é baseada em um
teorema provado em 1964 por Pierre Hohenberg e Walter Kohn que afirma que a energia
e todas as outras propriedades de uma molécula no estado fundamental são determinadas
unicamente pela densidade de probabilidade eletrônica no estado fundamental. O prof.
Fazzio e o prof. Felipe são grandes pesquisadores nessa área!
Sugestões de leitura
Gray, Harry B. Chemical Bonds: An Introduction to Atomic and Molecular Structure.
Cap. 4.7. University Science Books, Mill Valley, CA, 1994.
Brown, T.L.; Lemay, H.E.; Bursten, B.E.; Murphy, C.J.; Woodward, P.M. Química a
Ciência Central. Capítulo 11.2. 13ª edição, São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2016.
Referências
1. Nahum, T.V.; Mamlok-Naaman, R.; Hofstein, A. A New “Bottom-up” Framework for
Teaching Chemical Bonding. Journal of Chemical Education, 85, 12, 2008.
2. Brown, T.L.; Lemay, H.E.; Bursten, B.E.; Murphy, C.J.; Woodward, P.M. Química a
Ciência Central. Capítulo 11. 13ª edição, São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2016.