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Ligação Química

O que é ligação química?


Nã o é fá cil definir ligação química! Historicamente, a principal dificuldade estava em
entender a natureza da interaçã o dos á tomos nas espécies poliatô micas. Hoje ligação química pode
ser definida como uma força resultante das interações eletrostáticas de elétrons (carga negativa) e
nú cleos (carga positiva) de dois á tomos. Algumas dessas interaçõ es sã o atrativas – nú cleos e
elétrons de á tomos distintos se atraem – enquanto outras sã o repulsivas – os nú cleos dos dois
á tomos se repelem, e os elétrons também. A intensidade dessa força, ou seja, da ligaçã o, depende
principalmente das configuraçõ es eletrô nicas dos níveis mais externos dos á tomos. A FIGURA 1
mostra um esquema das forças de atraçã o e repulsã o entre dois á tomos iguais.

FIGURA 1 – Representaçã o das forças eletrostá ticas entre dois á tomos

Como se forma uma ligação química?


Um modelo muito simples e adequado para explicar como se forma uma ligaçã o química
baseia-se nas interaçõ es eletrostá ticas de elétrons e nú cleos de á tomos distintos (veja a FIGURA 1).
Elétrons (cargas negativas) e nú cleos (cargas positivas) se atraem e essa atraçã o aumenta à medida
que dois á tomos se aproximam. Mas elétron-elétron e nú cleo-nú cleo repelem-se, e essa repulsã o
também aumenta à medida que os dois á tomos se aproximam. Como as forças atrativas à longa
distâ ncia sã o mais intensas que as repulsivas, os á tomos se aproximam. Essas forças tornam-se cada
vez mais intensas à medida que a distâ ncia diminui. Entretanto, a partir de certo ponto, as forças
repulsivas intensificam-se numa proporçã o maior e se tornam tã o fortes quanto as atrativas. A
distâ ncia ó tima entre os dois á tomos ocorre quando essas forças se igualam. Neste ponto, a energia

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do sistema atinge seu valor mais baixo, mais negativo, e se diz que se formou uma ligaçã o química
entre os á tomos. Essa distâ ncia ó tima, na qual as forças atrativas e repulsivas se igualam, é chamada
comprimento de ligação. As FIGURAS 2(a) e 2(b) apresentam um esquema da interaçã o de dois
á tomos iguais (a) e diferentes (b), formando uma ligaçã o química de acordo com o modelo citado.

(a) (b)

FIGURA 2 – Representaçã o esquemá tica de uma ligaçã o química

FIGURA 3 – Outras possibilidades de arranjo dos elétrons compartilhados

Devem-se notar alguns aspectos importantes nesse modelo de formaçã o da ligaçã o química:
1. Ao formarem uma ligaçã o química, os átomos compartilham elétrons de valência
mantendo-se unidos por atraçã o eletrostá tica entre nú cleos e esses elétrons
compartilhados.
2. Na FIGURA 2, os elétrons compartilhados foram colocados entre os dois nú cleos para
indicar que é nesta regiã o que eles ficam a maior parte do tempo. Mas eles também
podem estar, em determinados instantes, em outras regiõ es, como representado na
FIGURA 3.

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3. O processo de formação de ligação ocorre com liberação de energia, ou seja, é exotérmico,
pois, na distâ ncia ó tima, a energia do sistema atinge seu valor mais baixo, isto é, mais
negativo. É preciso lembrar que i) a energia total de um sistema é a soma da energia
cinética, devido ao movimento das partículas, e da energia potencial, devido à s
interaçõ es eletrostá ticas; ii) o valor da energia potencial é negativo e quanto mais fortes
sã o as atraçõ es, mais negativo ele é. Isto significa dizer que, quando os á tomos estã o
separados, a energia do sistema é mais alta (menos negativa) do que quando estã o
ligados. Entã o, para separar ou dissociar á tomos ligados, é preciso fornecer energia, a
qual é denominada energia de ligação. Este processo de separaçã o é, portanto,
endotérmico. A energia de ligaçã o tem, pois, o mesmo valor daquela que é liberada na
formaçã o da ligaçã o, porém com sinal oposto.

Quando os elétrons compartilhados se concentram na regiã o internuclear, a ligaçã o assim


formada é chamada de covalente.

Como ficam os elétrons quando os átomos se ligam?


Se os á tomos sã o iguais, os elétrons compartilhados sã o igualmente atraídos por ambos os
nú cleos; mas, se eles sã o diferentes, um deles atrairá esses elétrons mais fortemente do que o outro.
Neste caso, os elétrons compartilhados ficarã o mais pró ximos do á tomo que os atrai com maior
intensidade. Assim, esse á tomo ficará com uma maior densidade eletrô nica em torno dele do que o
outro, ou seja, ficará mais negativo.
A ligaçã o formada pelo compartilhamento de elétrons entre á tomos diferentes é chamada
ligação covalente polar. Isso porque nessa ligaçã o formam-se polos: um polo negativo no á tomo
que atrai mais fortemente os elétrons da ligaçã o e um positivo, no outro. Esses polos sã o cargas
parciais, menores que +1 e –1, e sã o representados pela letra grega  (delta), sendo + para o polo
positivo e  para o negativo. A ligaçã o covalente polar é, pois, um dipolo e é representada conforme
mostra a FIGURA 4:

O átomo de oxigênio atrai o par de elétrons da ligaçã o, representado


pelo traço, mais fortemente que o de hidrogênio. A ligaçã o é um
dipolo, o qual está representado pela seta. Por convençã o, a seta é
orientada no sentido do polo negativo e apresenta um corte
semelhante a um sinal + na extremidade pró xima ao polo positivo.

FIGURA 4 – Representaçã o da ligaçã o covalente polar

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Na formaçã o da ligaçã o covalente os á tomos participantes podem compartilhar um ou mais
pares de elétrons. A ligaçã o formada pelo compartilhamento de um par de elétrons é denominada
ligação covalente simples e aquela formada por mais de um, ligação múltipla (dupla, se dois,
tripla, se três). Cada par de elétrons compartilhado é representado por um traço entre os dois
á tomos e, portanto, devem-se colocar tantos traços entre os á tomos quantos forem esses pares,
conforme representado na FIGURA 5:

(a) (b) (c)


FIGURA 5 – Representaçã o de ligaçõ es covalentes: (a) SIMPLES (b) DUPLA (c) TRIPLA

Alguns á tomos, ao formarem ligaçõ es covalentes, nã o utilizam todos os seus elétrons de


valência. Os elétrons que nã o participam das ligaçõ es sã o chamados elétrons não-ligantes e sã o
representados, nas fó rmulas estruturais, como pontos nos símbolos que representam os á tomos aos
quais pertencem. A FIGURA 6 mostra uma representaçã o completa da molécula de á gua H2O:

FIGURA 6 – Representaçã o da forma


(geometria) da molécula H2O

Por que os átomos se ligam formando espécies poliatômicas?


O que se observa é que poucos elementos, especificamente apenas os gases nobres, ocorrem
na forma nã o-combinada na natureza. Assim, quase toda matéria é formada de á tomos combinados
quimicamente, ou seja, unidos por meio de uma ligaçã o química. Entã o, com exceçã o dos gases
nobres, todos os outros elementos sã o mais está veis na forma de espécies poliatô micas.
Em 1916, Lewis e Kossel propuseram que os á tomos se ligam na tentativa de atingir uma
configuraçã o eletrô nica mais está vel, ou seja, de energia mais baixa. Segundo eles, essa configuraçã o
eletrô nica está vel seria aquela dos gases nobres. Esta proposta foi feita com base na pouca ou quase

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nenhuma reatividade desses elementos (sã o os ú nicos que ocorrem naturalmente na forma nã o-
combinada). Hoje já sã o conhecidos vá rios compostos dos gases nobres e também compostos de
outros elementos nos quais existem á tomos com configuraçõ es eletrô nicas diferentes daquela de
um gá s nobre. Entretanto, as ideias sugeridas por Lewis e Kossel ainda formam a base das teorias
modernas de ligaçã o química.
As teorias de ligaçã o apresentam uma ideia da configuraçã o eletrô nica, principalmente dos
elétrons de valência, em torno dos á tomos nas espécies poliatô micas. Isso nã o somente para
explicar a maior estabilidade dessas espécies quando comparadas com os á tomos isolados, mas
também para entender as propriedades das substâ ncias. Uma dessas teorias é a de Lewis, ou do
octeto, segundo a qual os elementos ligam-se quimicamente uns aos outros, compartilhando elétrons
para ficarem com oito elétrons de valência (ou dois no caso do hidrogênio) e, portanto, com uma
configuração de gás nobre. A seguir, serã o dados alguns exemplos para ilustrar a representaçã o da
configuraçã o eletrô nica de espécies poliatô micas, segundo a teoria de Lewis. Essas representaçõ es
sã o conhecidas como Estruturas de Lewis e, ao escrevê-las, representa-se cada elétron por um
ponto ().
 Formaçã o da espécie H2 por combinaçã o de dois á tomos de hidrogênio (H): os elétrons
compartilhados provêm, cada um, de um á tomo de hidrogênio, de modo que a espécie H 2 tem
dois elétrons de valência e, portanto, a configuraçã o do gá s nobre hélio.

 Formaçã o da espécie Cℓ2: cada á tomo de cloro tem sete elétrons na camada de valência e, se dois
desses á tomos compartilham um par de elétrons, cada um fica com oito e, portanto, com a
configuraçã o do gá s nobre argô nio.

Ao escrever estruturas de Lewis costuma-se representar cada par de elétrons


compartilhados por uma linha () e aqueles nã o compartilhados por pontos (). Assim, essas
estruturas para H2 e Cℓ2 sã o escritas como segue:

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É importante nã o esquecer que os elétrons compartilhados nã o estã o localizados em posiçõ es fixas
entre os nú cleos. Eles estã o em constante movimento, mas encontram-se a maior parte do tempo
nesta regiã o e, no caso de á tomos iguais, equidistantes dos dois.
As estruturas de Lewis ajudam a entender as formas das espécies poliatô micas e, portanto,
as propriedades das substâ ncias por elas formadas. Por isso, a seguir serã o dadas algumas
orientaçõ es para desenhar essas estruturas sem dificuldades:
1. Somar os elétrons de valência de todos os átomos que formam a espécie poliatômica. Se a
espécie é um íon, adicionar um elétron para cada carga negativa ou subtrair um para
cada carga positiva. Nã o tem qualquer importâ ncia saber a origem dos elétrons, ou seja,
saber de qual á tomo eles provêm. O que importa é o nú mero total deles.
2. Escrever os símbolos dos átomos envolvidos, mostrando como eles estão arrumados, ou
seja, qual átomo está ligado a qual. Essa informaçã o é encontrada em qualquer livro de
Química ou pode ser procurada numa outra fonte qualquer. Nã o é necessá rio apresentar
a forma geométrica, mas apenas mostrar corretamente o arranjo dos á tomos.
3. Desenhar uma linha () representando dois elétrons entre cada par de átomos ligado.
Some o nú mero de elétrons assim distribuídos, chamados elétrons ligantes, e subtraia do
total encontrado no item 1.
4. Completar os octetos dos átomos ligados ao átomo central. Lembrar que o hidrogênio
completa o dueto.
5. Colocar os elétrons restantes no átomo central, mesmo que ultrapasse o octeto.
6. Se não houver elétrons suficientes para que o átomo central complete o octeto, tentar fazê-
lo com ligações múltiplas. Usar um ou mais pares de elétrons nã o-compartilhados dos
á tomos ligantes para formar ligaçõ es duplas ou triplas com o á tomo central.

EXEMPLOS:
 Desenhar as estruturas de Lewis para as seguintes espécies poliatômicas: H 2O,
CO2, CO, NH4+, NO3, NO, PCℓ5.
Etapa 1 – O nú mero total de elétrons de valência em cada uma das espécies é:
H2O = 8 (6 do O + 2, sendo 1 de cada H)
CO2 = 16 (4 do C + 12, sendo 6 de cada O)
CO = 10 (4 do C + 6 do O)
NH4+ = 8 (5 do N + 4, sendo 1 de cada H  1 da carga positiva)

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NO3 = 24 (5 do N + 18, sendo 6 de cada O + 1 da carga negativa)
NO = 11 (5 do N + 6 do O)
PCℓ5 = 40 (5 do P + 35, sendo 7 de cada Cℓ)
Etapas 2 e 3 – A arrumaçã o dos á tomos e o nú mero de elétrons entre eles (elétrons ligantes) em
cada uma das espécies sã o:
H2O → H  O  H Elétrons ligantes: 4
CO2 → O  C  O Elétrons ligantes: 4
CO → C  O Elétrons ligantes: 2

→ Elétrons ligantes: 8

NO3 → O  N  O Elétrons ligantes: 6


O

NO → N  O Elétrons ligantes: 2

PCℓ5 → Elétrons ligantes: 10

Etapa 4 – Ao completar os octetos dos á tomos ligantes (no caso do H, o dueto) ou de um dos á tomos
(no caso de espécies diatô micas), o nú mero total de elétrons em cada uma das espécies fica:
H2O = 8 (4 ligantes + 4 nã o-ligantes no á tomo central, O). Oxigênio com octeto completo e os
H com dueto; fórmula completa:

CO2 = 16 (4 ligantes + 12 nã o-ligantes, sendo 6 em cada O). O á tomo central nã o completou o


octeto; vai para a ETAPA 6:

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CO = 10 (2 ligantes + 6 nã o-ligantes no O + 2 nã o-ligantes no C). Um dos á tomos nã o
completou o octeto; vai para a ETAPA 6:

NH4+ = 8 (todos ligantes). N com octeto completo e cada H com o dueto. Fórmula completa.

NO3 = 24 (6 ligantes + 18 nã o-ligantes, sendo 6 em cada O). O á tomo central nã o completou


o octeto; vai para a ETAPA 6:

NO = 11 (2 ligantes + 6 nã o ligantes no O + 3 nã o-ligantes no N). O nitrogênio, N, nã o


completa o octeto; vai para a ETAPA 6:

PCl5 = 40 (10 ligantes + 30 nã o-ligantes, sendo 6 em cada Cl). O á tomo central ficou com mais
de 8 elétrons! Fórmula completa.

Etapa 6 – Completar o octeto do á tomo central com ligaçõ es mú ltiplas:


CO2 = 16 (8 ligantes + 8 nã o-ligantes, sendo 4 em cada O). Usa um par de elétrons de cada O
para formar duplas entre C e O:

CO = 10 (6 ligantes + 4 nã o-ligantes, sendo 2 no C e 2 no O). Nesse caso tem-se uma ligaçã o


tripla entre os á tomos de carbono e oxigênio:

NO3 = 24 (8 ligantes + 16 nã o-ligantes, sendo 6 em cada um de dois O e 4 no terceiro). Tem-


se uma dupla entre o N e qualquer um dos três O:

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NO = 11 (4 ligantes +4 nã o ligantes no O + 3 nã o-ligantes no N). Mesmo formando uma
dupla, um dos á tomos, o N, nã o completa o octeto, pois a espécie poliatô mica tem um
nú mero ímpar de elétrons.

A regra do octeto apresenta três tipos principais de falhas: i) para espécies com nú mero
ímpar de elétrons; ii) para espécies nas quais os á tomos nã o formam ligaçõ es mú ltiplas para
completar o octeto do á tomo central; iii) para espécies nas quais o á tomo central tem mais que oito
elétrons. Entretanto, essas falhas nã o comprometem o seu uso para entender as fó rmulas químicas e
as formas geométricas das espécies poliatô micas, assuntos importantes para o entendimento de
algumas propriedades da matéria.

Ligações covalentes polares e eletronegatividade


Com base no que foi proposto por Linus Pauling, em 1937, costuma-se definir
eletronegatividade como “a capacidade de um á tomo, numa molécula, para atrair elétrons de uma
ligaçã o para si mesmo”. Quanto maior a eletronegatividade de um á tomo, mais fortemente ele
atrairá o par de elétrons para si. Entende-se, pois, que eletronegatividade nã o é uma propriedade do
á tomo isolado e sim dele quando ligado.
Por que alguns átomos são mais eletronegativos que outros? A interaçã o entre um á tomo e os
elétrons da ligaçã o resulta da atraçã o exercida pelo nú cleo do á tomo e, também, da repulsã o entre
eles e os outros elétrons do á tomo. A força resultante é, pois, de cará ter eletrostá tico, mas nã o pode
ser medida diretamente nem mesmo ser calculada com precisã o. Entretanto, deve-se esperar que a
eletronegatividade de um á tomo dependa da carga nuclear e da distâ ncia entre o nú cleo e o par de
elétrons ligantes, ou seja, do tamanho do á tomo. Assim, pode-se escrever:

Carga nuclear, q+
Eletronegatividade 
Tamanho do á tomo, r
Podem-se notar duas importantes tendências da eletronegatividade na Tabela Perió dica:
1. Ela tende a aumentar ao longo de um período, à medida que a carga nuclear aumenta e os
elétrons de valência estã o no mesmo nível de energia;
2. Ela tende a diminuir descendo um grupo, pois, apesar de a carga nuclear aumentar nesse
sentido, os elétrons de valência estã o em níveis de energia sucessivos, cada vez mais distantes
do nú cleo.

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Um pouco sobre os valores numéricos da eletronegatividade . Nã o é fá cil estimar
valores numéricos para as eletronegatividades dos elementos. Esses valores nã o sã o determinados,
mas sim calculados a partir de métodos distintos e, por isso, variam entre si. O que nã o se pode
esquecer é que eletronegatividade é uma medida aproximada da capacidade relativa de um
elemento para atrair os elétrons de uma ligaçã o. Para um mesmo elemento, a eletronegatividade
pode variar, dependendo do á tomo ao qual está ligado e das vizinhanças desse á tomo. As variaçõ es
nã o sã o tã o grandes de modo a tornar inú til o uso da eletronegatividade, mas deve-se evitar colocar
muita confiança na precisã o dos valores apresentados nas tabelas. Com isso em mente, os valores de
eletronegatividade podem ser usados como um guia ú til para uma avaliaçã o relativa da polaridade
de ligaçõ es químicas.

Eletronegatividade e polaridade de ligações. A diferença de eletronegatividade entre


dois á tomos é usada para avaliar a polaridade da ligaçã o entre eles. Quando á tomos de diferentes
eletronegatividades se ligam, o par eletrô nico compartilhado fica deslocado para o á tomo mais
eletronegativo, e o outro fica com uma deficiência de carga negativa. O á tomo mais eletronegativo
adquire uma carga parcial negativa () e o outro, uma carga parcial positiva (+), originando,
assim, um dipolo. Neste caso, diz-se que a ligaçã o é covalente polar. Entã o, quanto maior a diferença
de eletronegatividade entre os á tomos, maior a polaridade da ligaçã o.

Um pouco mais sobre o compartilhamento de elétrons


Uma característica da ligação covalente, seja polar ou apolar, é que os elétrons
compartilhados estã o fortemente atraídos por ambos os á tomos e, portanto, têm pouca mobilidade.
Mesmo os elétrons nã o-ligantes estã o fortemente atraídos pelos respectivos á tomos aos quais
pertencem, ficando concentrados em torno desses á tomos. Á tomos que se ligam via ligaçã o
covalente sã o aqueles que possuem alta relaçã o carga nuclear / raio atô mico. Assim, substâ ncias
formadas por á tomos ligados covalentemente, em geral nã o conduzem a corrente elétrica, pois nã o
possuem cargas com mobilidade suficiente para tal fim.
Se a atraçã o entre os nú cleos dos á tomos e os elétrons por eles compartilhados é muito
fraca, ou seja, se os á tomos apresentam baixa relaçã o carga nuclear / raio atô mico, os elétrons nã o
ficarã o concentrados nem na regiã o internuclear nem em qualquer outra regiã o. Eles ficam
deslocalizados por todos os á tomos e, como sã o fracamente atraídos pelos nú cleos, movimentam-se

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com muita facilidade. A ligaçã o assim formada é chamada metálica. Entã o, nos metais, admite-se
que os elétrons de valência dos á tomos estã o deslocalizados por todos eles. Muitas das
propriedades dos metais, por exemplo, a condutividade elétrica, podem ser explicadas por meio
deste modelo, ou seja, admitindo-se a deslocalizaçã o dos elétrons de valência dos á tomos
formadores.
Se por outro lado, um á tomo atrai tã o mais fortemente o par de elétrons compartilhado que
o outro, ou seja, se um á tomo tem alta e o outro tem baixa relaçã o carga nuclear / raio atô mico, pode
acontecer de o par compartilhado ficar muito mais pró ximo de um que de outro. O valor de  é
pró ximo de 1 e o de + é aproximadamente +1. Nesses casos, a partir das propriedades da
substâ ncia, admite-se que se formaram íons positivos e negativos e que eles sã o mantidos juntos
por atraçã o eletrostá tica entre suas cargas (+ e ). Esta ligaçã o é chamada iônica. O que determina a
formaçã o da ligaçã o iô nica sã o as energias envolvidas na formaçã o dos íons e a energia liberada na
interaçã o desses íons. Os compostos assim formados, embora apresentem íons (partículas
carregadas eletricamente) na sua composiçã o, nã o conduzem a corrente elétrica na fase só lida, mas
apenas quando fundidos. É que no estado só lido, os íons formadores estã o atraindo-se fortemente
de modo que a mobilidade é baixa.

MATERIAL ADAPTADO DO LIVRO:


VIVEIROS, A.M.V. Química no Contexto – Á GUA, Vol.1. Salto, Sã o Paulo: Editora Schoba Ltda, 2011.

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